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 O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO É UMA GARANTIA CO NSTITUCIONAL? Entre as discursões juristas surge o principio do duplo grau de jurisdição, este que a doutrinadora D janira define como a ³possibilidade de reexame, de reapreciação da sentença definitiva proferida em determinada causa, por outro órgão de jurisdição que não o prolator da decisão, normalmente de hierarquia superior´. Onde a problematização fixa em torno de o princípio ser uma garantia constitucional ou não , sendo que não é tratado de forma e xpressa em nossa Carta Magma. Uma corrente doutrinária argumenta que se a intenção do legislador constitucional ao prever os recursos aos tribunais superiores, não teria ele aberto a possibilidade da interposição de recurso extraordinário contra decisão de primeiro grau de jur isdição. Ou seja , quando a C onstituição garantiu o recurso extraordinário contra decisão de primeiro grau, afirmou que o direito ao duplo grau não é imprescindível ao devido processo legal.  Ao contrário outra corrente afirma que de forma implícita a Constituição nos apresenta o duplo grau de jurisdição. Em seu art. 5° identificamos facilmente os princípios do devido processo legal, ampla defesa e contraditório e que ambos não se subsistem separadamente, e a integração destes princípios visa assegurar alguns dos principais fundamentos e objetivos constitucionais do nosso país, que consistem na dignidade da pessoa humana e na construção de uma sociedade livr e, justa e solidária. Não há como assegurar o princípio da ampla defesa e do devid o processo legal sem garantir a existência de um segundo grau de jurisdição que possa fornecer uma nova análise de cada caso, se necessário. Nesse sentido, mesmo se tratando de princípio constitucional implícito, o duplo grau de jurisdição pode sofrer limi tações ou restrições pelo legislador ordinári o.  Assim, todo aquele que obtiver uma decisão judicial desfavorável aos seus interesses poderá recorrer deste provimento, nos termos da lei ordinária, respeitando para tanto, determinados r equisitos que, se inob servados, levarão ao não conhecimento do recurso manejado, impossibilitando a manifestação do Tribunal, ou seja, r estringindo a atuação do duplo gr au de jurisdição , como a faculdade de recorrer ou mesmo a tempestividade. O que se percebe ao an alisar estas duas correntes doutrinárias é de que ambas são unânimes ao creditar a existência do duplo grau de jurisdição, divergindo apenas quanto à sua qualidade de princípio fundamental para o exercício do devido processo legal no sistema jurídico brasileiro. Mas, ainda que com todo seu caráter de segurança jurídica e garantia constitucional, o duplo grau de jurisdição não se reveste como princípio de caráter absoluto, podendo a sua aplicação ser restringida pelo legislador ordinário ou pelo próprio constituinte.

Dissertação - O Duplo Grau de Jurisdição como Garantia Constitucional - DPP III

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5/8/2018 Dissertação - O Duplo Grau de Jurisdição como Garantia Constitucional - DPP III - slidepdf.com

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O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO É UMA GARANTIA CONSTITUCIONAL?

Entre as discursões juristas surge o principio do duplo grau de jurisdição, este

que a doutrinadora Djanira define como a ³possibilidade de reexame, de

reapreciação da sentença definitiva proferida em determinada causa, por outro

órgão de jurisdição que não o prolator da decisão, normalmente de hierarquia

superior´. Onde a problematização fixa em torno de o princípio ser uma

garantia constitucional ou não, sendo que não é tratado de forma expressa em

nossa Carta Magma.

Uma corrente doutrinária argumenta que se a intenção do legislador 

constitucional ao prever os recursos aos tribunais superiores, não teria ele

aberto a possibilidade da interposição de recurso extraordinário contra decisão

de primeiro grau de jurisdição. Ou seja , quando a Constituição garantiu o

recurso extraordinário contra decisão de primeiro grau, afirmou que o direito ao

duplo grau não é imprescindível ao devido processo legal.

  Ao contrário outra corrente afirma que de forma implícita a Constituição nos

apresenta o duplo grau de jurisdição. Em seu art. 5° identificamos facilmente os

princípios do devido processo legal, ampla defesa e contraditório e que ambos

não se subsistem separadamente, e a integração destes princípios visa

assegurar alguns dos principais fundamentos e objetivos constitucionais do

nosso país, que consistem na dignidade da pessoa humana e na construção de

uma sociedade livre, justa e solidária. Não há como assegurar o princípio da

ampla defesa e do devido processo legal sem garantir a existência de um

segundo grau de jurisdição que possa fornecer uma nova análise de cada

caso, se necessário.

Nesse sentido, mesmo se tratando de princípio constitucional implícito, o duplo

grau de jurisdição pode sofrer limi tações ou restrições pelo legislador ordinário.

  Assim, todo aquele que obtiver uma decisão judicial desfavorável aos seus

interesses poderá recorrer deste provimento, nos termos da lei ordinária,

respeitando para tanto, determinados requisitos que, se inob servados, levarão

ao não conhecimento do recurso manejado, impossibilitando a manifestação do

Tribunal, ou seja, restringindo a atuação do duplo grau de jurisdição , como a

faculdade de recorrer ou mesmo a tempestividade.

O que se percebe ao analisar estas duas correntes doutrinárias é de que

ambas são unânimes ao creditar a existência do duplo grau de jurisdição,

divergindo apenas quanto à sua qualidade de princípio fundamental para o

exercício do devido processo legal no sistema jurídico brasileiro.

Mas, ainda que com todo seu caráter de segurança jurídica e garantia

constitucional, o duplo grau de jurisdição não se reveste como princípio de

caráter absoluto, podendo a sua aplicação ser restringida pelo legislador 

ordinário ou pelo próprio constituinte.

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