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DissertacaoNaianeSangaletti
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Universidade de So Paulo
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Estudo da vida til do queijo Minas frescal disponvel no mercado
Naiane Sangaletti
Dissertao apresentada, para obteno do ttulo de Mestre em Cincias. rea de concentrao: Cincia e Tecnologia dos Alimentos
Piracicaba
2007
Naiane Sangaletti
Tecnloga em Qumica Industrial
Estudo da vida til do queijo Minas frescal disponvel no mercado
Orientador: Prof. Dr. Ernani Porto
Dissertao apresentada, para obteno do ttulo de Mestre em Cincias. rea de concentrao: Cincia e Tecnologia dos Alimentos
Piracicaba
2007
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
DIVISO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAO - ESALQ/USP
Sangaletti, Naiane Estudo da vida til do queijo Minas frescal disponvel no mercado / Naiane Sangaletti. - -
Piracicaba, 2007. 80 p. : il.
Dissertao (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2007. Bibliografia.
1. Anlise sensorial de alimentos 2. Armazenagem de alimentos 3. Microbiologia de alimentos 4. Queijo 5. Vida-de-prateleira I. Ttulo
CDD 637.353
Permitida a cpia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte O autor
3
minha me Marlides Terezinha Sangaletti a quem amarei eternamente,
A minha irm Cassiane Sangaletti pelo apoio e amor
Dedico e Ofereo
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof Dr. Ernani Porto pela orientao, ensinamento e confiana.
A Prof. Dra. Solange Guidolin Canniatti Brazaca pelo emprstimo do laboratrio e
orientao principalmente nas anlises sensoriais.
A Prof. Dra. Thais Lacerda pela disponibilidade e colaborao para a melhoria
deste trabalho.
A Denise, por ser a melhor tcnica de laboratrio em competncia, bondade e
amizade. Muito obrigada!
As minhas estagirias mais amadas Cintia (Bomba), Mariana (Roxinha) e Rebeca
(Panqueca) pela ajuda, dedicao, companheirismo e amizade. A Juliana (Marmota)
pela ajuda e dedicao no decorrer das anlises de laboratrio.
A Dbora pela pacincia e auxlio nas anlises realizadas do Laboratrio de
Anlise Sensorial do Setor de Nutrio Humana e Alimentos.
Ao Prof. Dr. Severino Matias de Alencar pelo emprstimo do Laboratrio,
contribuio nas dvidas no decorrer das anlises e pela amizade.
A Prof. Dra. Marisa Aparecida Bismara Regitano dArce pelos ensinamentos e
convivncia.
Aos funcionrios do Departamento de Agroindstria, Alimentos e Nutrio Cleomar,
Ceclia, Rose, Regina Marafon, Mrcia, Gislaine, Bibliotecria Bia, Sidnei, Fbio,
Silvana, Ivani, Fernanda que de alguma forma colaboraram com a realizao deste
trabalho.
Ao Jlio pelo auxlio nas anlises estatsticas e pela amizade.
A Marizilda pela ajuda na elaborao do abstract e pelos momentos de diverso.
A meu pai Amilton e meus irmos Fernando e Cassiane (Negri) pelo apoio,
compreenso e amor. A minha famlia Tia Mel, Tio Rudi, Tia Ivete, Tia Tnia, Tio Joo
Pedro, Milena, Joo Pedrinho, Silmara que mesmo longe sempre me proporcionaram
muito amor e carinho. A Cica, Ivair, Charles, Clio, Silvana, Rose por me apoiar em
minha escolha e serem muito importantes em minha vida.
5
A Tati (Cuma) por quem tenho muito amor e admirao que me acompanha em
todas as etapas de minha vida nas alegrias e tristezas. Obrigada pelo apoio e por estar
sempre ao meu lado! E a Gabi por me fazer to feliz quando estou desanimada.
A minha amiga irm Ana Paula (Fli) a quem tenho carinho, amor e admirao e
esteve a meu lado ouvindo minhas lamentaes e me aconselhando durante o
mestrado.
Aos meus amigos por quem tenho muito carinho, Diogo Henrique, lio, Eric,
Adilson, Cleverson (Cumo), Xoio, lvaro, Danilo, Henrique, Cinthia, Carla, Quinha,
Selma, Leandro a quem me ajudaram com sua amizade e participao de algumas
anlises. Em especial ao Anderson (Tchu) que participou sem esforo em todas as
anlises sensoriais alm de ser meu amigo do corao.
As amigas da Repblica Psgui, Flipper, Esmer, Kerli e Robert pelas longas
conversas, conselhos e diverso.
As colegas e amigas de laboratrio Aline, Bruna, Vanessa, Lgia, J e em especial
a Carol pelo convvio, desabafos, descontraes e troca de experincias.
Aos colegas e amigos de mestrado Camila (Brioxe), Pricila (Mimela), Matheus
(mola), Karen e Rodrigo (Xuxu) pelo convvio, troca de experincia e amizade.
Agradeo ao Instituto de Pesquisa Data/Eco por me dar oportunidade em trabalhar
e especialmente ao Fernando Iacovantuoni por confiar em meu trabalho, a Raquel por
me dar fora para no desistir, aos amigos que adquiri Waltinho, Joo Vitor, Michele,
Odair, Juliano e principalmente a Renata (Renato) que acompanhou e ouviu muitos
lamentos e alegrias no decorrer de minha dissertao.
Agradeo a CAVE, por me conceder moradia durante um ano do mestrado.
A todos os amigos e familiares que deixei para trs em busca de um sonho e que
mesmo de longe me apoiaram e me deram muito carinho.
6
SUMRIO
RESUMO...........................................................................................................................8
ABSTRACT .......................................................................................................................9
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................10
LISTA DE TABELA..........................................................................................................12
1 INTRODUO .............................................................................................................14
2 OBJETIVO....................................................................................................................16
3 REVISO BIBLIOGRFICA.........................................................................................17
3.1 O queijo .....................................................................................................................17
3.2 O queijo Minas frescal ...............................................................................................17
3.3 Microbiologia .............................................................................................................21
3.3.1 Bactrias mesfilas ................................................................................................22
3.3.2 Coliformes totais e fecais .......................................................................................22
3.3.3 Estafilococos ..........................................................................................................24
3.3.4 Samonella sp..........................................................................................................25
3.3.5 Bactrias lcticas ...................................................................................................25
3.3.6 Bactrias psicrotrficas ..........................................................................................26
3.3.7 Microrganismos proteolticos..................................................................................27
3.3.8 Microrganismos lipolticos ......................................................................................28
3.4 Fsico-qumica e qumicas.........................................................................................29
3.4.1 pH e acidez ............................................................................................................29
3.4.2 Protena e protelise ..............................................................................................29
3.4.3 Lipdios e liplise ....................................................................................................30
3.5 Anlise sensorial .......................................................................................................32
4 MATERIAL E MTODOS.............................................................................................33
4.1 Seleo e tratamento do queijo.................................................................................33
4.2 Anlises microbiolgicas ...........................................................................................34
4.2.1 Preparo das amostras ............................................................................................35
4.2.2 Escherichia coli ......................................................................................................35
7
4.2.3 Estafilococos coagulase positiva............................................................................35
4.2.4 Salmonella sp.........................................................................................................36
4.2.5 Bactrias lcticas ...................................................................................................37
4.2.6 Bactrias mesfilas ................................................................................................37
4.2.7 Bactrias psicrotrficas totais.................................................................................38
4.2.8 Bactrias psicrotrficas proteoltica........................................................................38
4.2.9 Bactrias psicrotrficas lipolticas...........................................................................38
4.3 Anlises fsico-qumicas e qumicas..........................................................................38
4.3.1 Acidez titulvel e pH...............................................................................................39
4.3.2 Teor de gordura......................................................................................................39
4.3.3 Extenso da liplise ...............................................................................................39
4.3.4 Protena..................................................................................................................40
4.3.5 Protelise ...............................................................................................................40
4.3.5.1 Teor de nitrognio total (NT) ...............................................................................40
4.3.5.2 Teor de nitrognio solvel a pH 4,6.....................................................................41
4.3.5.3 Teor de nitrognio solvel em cido tricloroactico (TCA) 12% ..........................41
4.3.5.4 ndice de extenso e ndice de profundidade ......................................................42
4.4 Anlise Sensorial.......................................................................................................42
4.5 Anlises estatsticas..................................................................................................44
5 RESULTADOS E DISCUSSES .................................................................................45
5.1 Seleo do queijo Minas frescal................................................................................45
5.2 Anlises microbiolgicas ...........................................................................................46
5.3 Anlises fsico-qumicas e qumicas..........................................................................54
5.4 Anlise sensorial .......................................................................................................64
6 CONCLUSES ............................................................................................................70
REFERNCIAS...............................................................................................................71
8
RESUMO
Estudo da vida til do queijo Minas frescal disponvel no mercado
O queijo Minas frescal um produto muito perecvel e de curta durao.
necessrio boas prticas de higienizao durante sua produo e condies de armazenamento adequado para evitar a contaminao de microrganismos patognicos e deteriorantes. Este trabalho teve por objetivo avaliar a vida til do queijo Minas frescal durante o perodo de 30 dias armazenado a 4C, atravs de anlises sensoriais, microbiolgicas e fsico-qumicas. Foram selecionadas seis marcas de queijo Minas frescal com registro no Servio de Inspeo Federal (SIF), comercializados em supermercados de Piracicaba/SP at ser encontrado um produto dentro dos padres da legislao vigente (BRASIL, 2001). O queijo selecionado foi adquirido direto do prprio lacticnio. As anlises foram realizadas nos perodos de 1, 10, 20 e 30 dias aps a fabricao do produto em trs diferentes lotes denominados A, B e C. A contagem da populao de microrganismos psicrotrficos totais, psicrotrficas proteolticos, psicrotrficas lipolticos, bactrias lcticas assim como de bactrias mesfilas totais apresentaram constante aumento mostrando crescimento de 8,50; 8,04; 8,30; 6,05 e 7,7 log UFC/g, respectivamente. Apenas do 30 dia do lote C o produto apresentou-se imprprio para o consumo com 1,7x104 NMP/g de Escherichia coli. Observou-se a reduo do pH de 6,66 a 5,85 (0,81) e o aumento do cido lctico de 0,044 a 0,07% (0,026%). O teor de gordura do queijo foi de 21,3% no sendo observado a sua reduo. A quantidade de cidos graxos livres foram determinados pela liplise a qual aumentou em 0,22 mg KOH/g de gordura juntamente com a evoluo dos microrganismos lipolticos. A protena variou de 21,30% a 22,10% sem diferena estatstica significativa. A anlise sensorial realizada pelo teste de aceitao atravs da escala hednia teve entre 6,5 a 7,5 como pontuao o que indica que os julgadores gostaram ligeiramente e gostaram moderadamente do produto respectivamente durante o perodo de 30 dias. Conclui-se que o desenvolvimento das bactrias mesfilas, psicrotrficas totais, psicrotrficas proteolticas, psicrotrficas lipolticas e bactrias lcticas tem crescimento constante no queijo mesmo sob refrigerao levando este a se deteriorar com o passar do tempo. Da mesma forma o aumento significativo da acidez e de cidos graxos livres. Apesar do aumento dos microrganismos e as alteraes qumicas o produto no teve mudanas sensoriais quanto aos atributos aparncia, cor, odor, sabor e textura perante os dias de armazenamento. Uma vez que o queijo seja produzido sob timas condies higinico sanitrias, ele capaz de atingir o perodo de 30 dias de vida til quando mantido a 4 C.
Palavras-chave: Vida til, Microrganismos, Anlises qumicas, Queijo Minas frescal
9
ABSTRACT
Study of the shelf life Minas fresh cheese available in the market
The Minas fresh cheese is very perishable product and its a short shelf life. Good practical of hygienic condition is necessary during its production and adjusted storage to prevent the proliferation of pathogenic and damage microorganism. This work had the objective evaluating the shelf life of the Minas fresh cheese for 30 days storaged at 4C, through sensorial analyses, microbiological and physic-chemistries. Six marks of Minas fresh cheese commercialized in supermarkets in city Piracicaba/SP were selected, those are registered in Servio de Inspeo Federal (SIF), but just one of them is inside of the standards of the current law (BRASIL, 2001). The select cheese was acquire direct of the Factory Dairy. The analyses were carried out in the periods of 1, 10, 20 and 30 days after the manufacturing of the product in the three different lots named A, B and C. The counting of the population of psychrotrophic microorganism total, psychrotrophic proteolytic, psychrotrophic lipolytic, lactic acidy bacteria as well as of mesophilic bacteria pesent constant increase showing growth of 8,50, 8,04, 8,30, 6,05 and 7,7 log UFC/g, respectively. On the 30th day of the lot C the product showed improper for the consumption with 1,7x104 NMP/g de Escherichia coli. It was observed a reduction of pH of 6,66 the 5,85 (0,81) and the increase of the lactic acidy of 0,044 the 0,07% (0,026%). The content of the cheese fat was 21,3% therefore its reduction wasnt observed. The amount of free fatty acid was determined by lipolysis which increased in 0,22 mg KOH/g of fat together with the evolution of the lipolytics microorganisms. The protein varied from 21,30% to 22,10% without difference significant statistics. The sensorial analysis carried through by the test of acceptance out the hednic scale had punctuation between 6,5 the 7,5 what it indicates that the judges liked slightly and moderately respectively during the period of 30 days. The conclusion is that the development of the mesophilic bacteria, total psychrotrophic microorganism total, psychrotrophic proteolytic, psychrotrophic lipolytic and lactic acidy bacteria has constant growth in the cheese under refrigeration taking it this if to spoil with passing of the time. In the same way the significant increase of the acidity and free fatty acid. Despite of the increase of the microorganisms and the chemical alterations the product did not have sensorial changes how much to the attributes appearance, color, odor, flavor and in the presence the storage days. A time that the cheese is produced under excellent sanitary conditions hygienical, it is capable to reach the period of 30 days of shelf life when kept 4 C. Keywords: Shelf life, Microorganisms, Chemical analyses, Minas fresh cheese
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema de fabricao de queijo Minas frescal............................................ 19
Figura 2 - Procedimento realizado com as cinco peas de queijo a cada dia de anlise
para cada lote................................................................................................. 34
Figura 3 - Ficha de avaliao sensorial apresentada aos provadores........................... 43
Figura 4 - Evoluo da populao de bactrias mesfilas no queijo Minas frescal durante
o perodo de 30 dias....................................................................................... 49
Figura 5 - Evoluo da populao de bactrias lcticas no queijo Minas frescal durante o
perodo de 30 dias.......................................................................................... 50
Figura 6 - Evoluo das bactrias psicrotrficas totais no queijo Minas frescal durante o
perodo de 30 dias.......................................................................................... 52
Figura 7 - Evoluo da populao das bactrias psicrotrficas lipolticas no queijo Minas
frescal durante o perodo de 30 dias.............................................................. 53
Figura 8 - Evoluo da populao das bactrias psicrotrficas proteolticas no queijo
Minas frescal durante o perodo de 30 dias................................................... 53
Figura 9 - Correlao linear entre o aumento de cido lctico e o crescimento das
bactrias psicrotrficas totais, mesfilas totais e as bactrias lcticas.......... 56
Figura 10 - Comparativo entre o aumento da liplise e o crescimento das bactrias
psicrotrficas lipolticas e as bactrias lcticas verificados a cada dez dia (1,
10, 20 e 30 dia) armazenado a 4C......................................................... 59
11
Figura 11 - Correlao linear do ndice de extenso da hidrlise verificado a cada dez
dia (1, 10, 20 e 30 dia) armazenado a 4C referente aos lotes A e C.... 63
12
LISTA DE TABELA
Tabela 1 Contagem de Escherichia coli em queijo Minas frescal comercializados em
supermercado do Municpio de Piracicaba/SP............................................ 45
Tabela 2 Evoluo da populao dos microrganismos previstos pela RDC n12 em
queijo Minas frescal durante 30 dias de armazenamento a 4C......... ....... 46
Tabela 3 Evoluo da populao de bactrias mesfilas em queijo Minas frescal
durante 30 dias de armazenamento a 4C entre trs lotes diferentes........ 48
Tabela 4 Evoluo da populao de bactrias lcticas em queijo Minas frescal durante
30 dias de armazenamento a 4C entre trs lotes diferentes..................... 49
Tabela 5 Evoluo da populao de bactrias psicrotrficas totais, lipolticas e
proteolticas em queijo Minas frescal durante 30 dias de armazenamento a
4C entre trs lotes...................................................................................... 51
Tabela 6 Perfil do pH em queijo Minas frescal durante 30 dias de armazenamento a
4C entre trs lotes diferentes..................................................................... 55
Tabela 7 Perfil da porcentagem de acidez expressa em cido lctico em queijo Minas
frescal durante 30 dias de armazenamento a 4C entre trs lotes
diferentes..................................................................................................... 55
Tabela 8 Teor de gordura (%) na base mida em queijo Minas frescal durante 30 dias
de armazenamento a 4C entre trs lotes diferentes.................................. 57
Tabela 9 Perfil da liplise em queijo Minas frescal durante 30 dias de armazenamento
a 4C entre trs lotes diferentes................................................................... 58
13
Tabela 10 Perfil da porcentagem de protena em queijo Minas frescal durante 30 dias
de armazenamento a 4C entre trs lotes diferentes................................ 60
Tabela 11 Perfil da porcentagem de nitrognio total, nitrognio solvel e nitrognio no
protico em queijo Minas frescal durante 30 dias de armazenamento a 4C
entre trs lotes diferentes.......................................................................... 61
Tabela 12 Perfil do ndice de extenso da hidrlise em queijo Minas frescal durante 30
dias de armazenamento a 4C entre trs lotes diferentes........................ 62
Tabela 13 Distribuio dos atributos aparncia, cor, odor, sabor e textura segundo a
escala hednia (CHAVES e SPROESSER, 1993) do queijo Minas frescal
durante 30 dias de armazenamento a 4C do lote A................................ 65
Tabela 14 Distribuio dos atributos aparncia, cor, odor, sabor e textura segundo a
escala hednia (CHAVES e SPROESSER, 1993) do queijo Minas frescal
durante 30 dias de armazenamento a 4C do lote B................................ 66
Tabela 15 Distribuio dos atributos aparncia, cor, odor, sabor e textura segundo a
escala hednia (CHAVES e SPROESSER, 1993) do queijo Minas frescal
durante 30 dias de armazenamento a 4C do lote C................................ 67
Tabela 16 Perfil da mdia dos atributos aparncia, cor, odor, sabor e textura em queijo
Minas frescal durante 30 dias de armazenamento a 4C entre os lotes A, B
e C............................................................................................................ 68
14
1 INTRODUO
O queijo Minas frescal produzido a partir da coagulao do leite pela ao de
coalho e ao de bactrias lcticas existentes ou adicionadas no leite. Trata-se de um
produto largamente consumido, de fabricao simples, rpida comercializao e de
menor custo comparado aos demais queijos. Caracteriza-se como produto altamente
perecvel com uma porcentagem de umidade acima de 55%, com nutrientes suficientes
para o desenvolvimento de qualquer espcie microbiana.
O problema da contaminao do queijo Minas frescal em relao aos
microrganismos patognicos e deterioradores so relatados em muitos trabalhos
publicados, e apontam vrios pontos crticos na linha de produo do produto,
destacando-se a matria-prima, o tanque de coagulao e a salmoura. Dentre tantos
microrganismos deteriorantes na indstria de alimentos os microrganismos psicrotrficos
tm destaque por alterar o produto sob refrigerao devido produo das enzimas
proteases e lipases. As proteases degradam as protenas em peptdios e aminocidos,
aldedos, lcoois, entre outros. As lipases atuam sobre os lipdios do queijo liberando
cidos graxos livres e cidos graxos volteis, ambos os produtos podem resultar em
alteraes organolpticas e texturais, alterando as caractersticas do produto causando
deteriorao.
O grupo dos coliformes constitui-se de bactrias originrias do ambiente ou do
intestino, sua presena no queijo classificada como falhas no processo produtivo
relacionado m higiene. As bactrias lcticas so bactrias desejveis ao queijo para
que atuem no processo de coagulao sendo que, tanto estas como os coliformes
possuem enzimas proteolticas e lipolticas que alteram organolepticamente o queijo
mesmo sob refrigerao.
As propriedades qumicas como a protelise, a liplise e o pH so itens
indispensveis para avaliar quantitativamente esta deteriorao. A anlise sensorial
uma avaliao qualitativa envolvendo os aspectos sensoriais do produto. voltada
diretamente aceitabilidade do consumidor. A relao entre as anlises qumicas,
fsicas, sensorias e a contagem elevada de clulas microbianas avaliar a alterao
qumica causada pelas enzimas.
15
Nas prateleiras de supermercados e de outros estabelecimentos os quais
comercializam o queijo Minas frescal podem ser encontrados queijos que apresentam
seus prazos de validade de 30 dias. Este tempo pode ou no determinar a sua real
durabilidade. Desta forma, a verificao das alteraes fsicas, qumicas,
microbiolgicas e organolpticas ocasionadas durante 30 dias servem para estimar a
vida til do produto garantindo a segurana do consumidor.
Neste sentido, foi realizado esse trabalho para avaliar a vida til do queijo Minas
frescal.
16
2 OBJETIVO
O objetivo do trabalho foi avaliar durante o perodo de 30 dias a vida til do queijo
Minas frescal, estocado a 4 C, atravs das seguintes anlises:
Microbiolgicas: evoluo da populao de bactrias Escherichia coli, bactrias
lcticas, microrganismos mesfilos totais, psicrotrficos totais, proteolticos e lipolticos.
Alteraes fsico-qumicas e qumicas: atravs das anlises de pH, da evoluo do
grau de protelise, liplise e acidez titulvel.
Anlise sensorial: avaliar a aceitabilidade do produto durante o perodo de 30 dias.
17
3 REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 O queijo
Queijo o nome genrico para um grupo de alimentos fermentados base de leite
com grande diversidade de sabor, textura e formas (FOX et al., 2000). um
concentrado lcteo constitudo de protenas, lipdios, carboidratos, sais minerais, clcio,
fsforo e vitaminas. A sua produo uma atividade muito antiga com relatos de
consumo de leite solidificado datando 7.000 anos a.C. (PERRY, 2004). Acredita-se que
sua origem veio dos costumes mediterrneos de armazenar o leite em sacos de couro
de peles de animais ou estmago de bezerros (CAMPOS, 2001). O queijo Kishik,
produzido por uma tribo nmade no Norte da frica, tido como o queijo mais primitivo.
Com o passar dos anos, a fabricao do queijo foi sofrendo modificaes (VARNAN;
SUTHERLAND, 1994).
A fabricao de queijos uma forma conveniente de conservar o leite,
transformando-o em um produto mais estvel, palatvel, cujas qualidades so mantidas,
podendo ser padronizados ou adaptados s necessidades do mercado. O queijo, no
Brasil e no mundo, um dos produtos lcteos que mais se difundiu e o que mais sofreu
adaptaes na tcnica de elaborao, ocasionando, conseqentemente, o surgimento
de vrios tipos existentes (MAGALHES, 2002).
No Brasil, o consumo anual de queijo de 2,3 Kg per capita. O estado de Minas
Gerais o maior produtor brasileiro de queijos, com cerca de 200t/ano, e responde pela
metade do consumo nacional. A produo leiteira no Brasil de cerca de 20 milhes de
litros, sendo 60% deste total destinado fabricao de queijo (PERRY, 2004).
3.2 O queijo Minas frescal
O queijo Minas frescal de origem brasileira, sendo produzido nos mais diversos
estados, tendo sua fabricao iniciada no sculo XVIII em Minas Gerais, em regies que
o gado de leite era dominante (CAMPOS, 2001). um dos queijos mais populares do
Brasil, sendo consumido por todas as camadas da populao durante o ano todo. Trata-
18
se de um produto fresco, para consumo imediato e de curta durabilidade (FURTADO,
2005). Existem no Brasil cerca de 72 tipos de queijos, dentre os quais o queijo Minas
frescal o terceiro mais consumido, representando 9% da produo nacional, perdendo
apenas para os queijos Mussarela, 33% e o Prato, 24% (MARCHIORI, 2004).
Segundo a Portaria no 352 do Ministrio da Agricultura e do Abastecimento
(BRASIL, 1997), o queijo Minas frescal um queijo fresco obtido por coagulao
enzimtica do leite com coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas,
complementada ou no com ao de bactrias lcticas especficas. classificado como
queijo semigordo de alta umidade a ser consumido fresco, de consistncia branda e
macia, com ou sem olhaduras mecnicas, de cor esbranquiada, de sabor suave a
levemente cido, sem ou com crosta fina, de forma cilndrica e com peso de 0,3 a 5 Kg.
O Ministrio da Agricultura, em maro de 2004, atravs da Instruo Normativa no44
(BRASIL, 2004) corrigiu a classificao da umidade, considerando como queijo
semigordo (25 a 44% de gordura no extrato seco) de muito alta umidade (no inferior a
55%).
O queijo Minas frescal um produto de massa crua, com alto teor de umidade (46-
55%) e no maturada, que deve ser consumido nos primeiros quinze dias aps sua
fabricao, sendo, portanto, um produto altamente perecvel (HOFFMAN; SILVA;
VINTURIM, 2002). A composio recomendada pela (ASSOCIAO BRASILEIRA DAS
INDSTRIAS DE QUEIJO - ABIQ, 2007) para o rtulo do queijo Minas frescal de 40%
(mnimo) de gordura no extrato seco (GES), 16g de lipdios/ 100g; 2g de carboidratos/
100g; 18g de protenas/ 100g; 225 Kcal/ 100g (RTULOS, 1996). Contudo no um
produto padronizado e h variaes. Rosa (2004) verificou em queijo Minas frescal
62,5% de umidade, 20,5% de gordura, 1,4% de sal, acidez 0,28% e pH de 6,40.
Elaborado a partir do leite bovino, sua principal caracterstica o sabor pouco cido.
Queijos frescos, brancos e leves que so submetidos a um processamento mnimo
antes de serem embalados so altamente perecveis e por isso, apresentam vida til
curta, mesmo sob refrigerao (SILVA et al., 2003; PERRY, 2004).
A tecnologia de fabricao de queijo, de modo geral, compreende a coagulao do
leite pela adio de fermento lcteo ou cido lctico ou pelo coalho enzimtico, corte,
dessoragem, prensagem da massa, salga mida e embalagem (MADRID, 1994;
19
ROBINSON, 1994). No processo tradicional de fabricao do queijo Minas frescal, a
coagulao enzimtica da casena se d com uso de coalho, em 30-40 min a 35 -37C
quando se usa fermento ou 40-42C quando no usa o fermento. Segue-se o corte, a
dessoragem e a enformagem. A salga pode ser feita por salmoura a 20% a 10-12C.
Esse tipo de queijo no sofre processo de cura (CAMPOS, 2001). A Figura 1 ilustra a
tecnologia de fabricao do queijo Minas frescal.
Figura 1 - Esquema de fabricao de queijo Minas frescal
Devido adoo de diferentes mtodos de fabricao, tornou-se um queijo
bastante irregular em termos de padres de consistncia, textura, sabor, durabilidade e
rendimento, chegando mesmo a ser fabricado atravs do processo de ultrafiltrao
(FURTADO; LOURENO-NETO, 1994).
De acordo com os Padres Microbiolgicos vigentes, da Resoluo Colegiada
(RDC) no12 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) (BRASIL, 2001) os
Leite in natura ou pasteurizado
Ajuste de temperatura 35 ou 41C 1
Sal, CaCl2, fermente lctico, coalho
Coagulao 40-50min
Corte
Repouso e em seguida agitao
Enformagem formas
Dessoragem
Armazenagem de 7 a 8C
20
queijos de muito alta umidade (>55%), como o Minas frescal elaborado por coagulao
enzimtica com ou sem a ao de bactrias lcticas, deve apresentar as seguintes
tolerncias mxima para amostras indicativas: 5x102 Nmero Mais Provvel (NMP) de
coliformes a 45C/g, 5x102 Unidade Formadora de Colnias (UFC) de estafilococos
coagulase positiva/g, e ainda ausncia de Salmonella sp e Listeria monocytogenes em
25g.
Aps a pasteurizao o leite no possui microbiota dominante, portanto na
elaborao de certos queijos procede-se a adio de cultura lctica, as quais fermentam
a lactose, formando cido lctico pela via das hexoses difosfato, o aumento de cido
lctico reduz o pH melhorando a ao da renina (ESKIN, 1990).
Do ponto de vista bioqumico, a microbiota dos queijos pode ser dividida em dois
grupos: bactrias lcticas iniciadoras (BLI) e microrganismos secundrios. As primeiras
so responsveis pela transformao da lactose em cido ltico durante a preparao
do queijo, suas enzimas esto envolvidas com a protelise e pelas propriedades
organolpticas do produto (PERRY, 2004; VARNAN; SUTHERLAND, 1994).
Os microrganismos secundrios compreendem as bactrias no iniciadoras, que
crescem no interior dos queijos, e outras bactrias, leveduras e/ou fungos que crescem
tanto no interior, quanto na parte externa dos queijos. Entre estes microrganismos esto
os proteolticos, lipolticos e produtores de gases podendo ser includo os Clostridium,
Leuconostoc, Pseudomonas, Streptococcus e coliformes respectivamente (PERRY,
2004; VARNAN; SUTHERLAND, 1994).
O queijo Minas apresenta vrios pontos crticos, durante a fabricao, que podem
conduzir as alteraes no produto final, dentre eles destaca-se a alta contaminao
microbiolgica da matria-prima, recontaminao do leite ps-pasteurizado,
temperaturas inadequadas de fabricao e armazenamento (SANTOS; NOGUEIRA;
CUNHA, 1995).
O leite destinado ao fabrico de queijos deve ser de boa qualidade e, quando
possvel, livre de contaminao bacteriana (PERRY, 2004). No processamento de queijo
Minas frescal, Lisita (2005) encontrou entre a pasteurizao at a coagulao um
aumento de 3,38 ciclos log10 de coliformes fecais. As boas prticas de fabricao e as
medidas de sanificao durante o processamento so cruciais para a garantia de um
21
produto de qualidade (PICOLI et al., 2006). A qualidade microbiolgica das salmouras
de fundamental importncia porque ela pode constituir-se em fonte de contaminao
para os queijos, pois Amaral, Nader Filho e Iaria (1991), estudando as caractersticas
microbiolgicas das salmouras utilizadas na salga de queijos Minas frescal, observou
elevados ndices de contaminao cujas contagens de microrganismos mesfilos,
coliformes totais, coliformes de origem fecal atingiram valores respectivos da ordem de
2,9x1011, 7,8x1012, 7,8x1012 UFC/mL. Lisita (2005), tambm avaliando a salmoura,
encontrou contagens de microrganismos psicrotrficos aerbios totais 6,1x105 UFC/mL
e mesfilos totais 2,7x106 UFC/mL.
Recomendaes so feitas para a produo segura de queijos e indicam a
necessidade de utilizar leite pasteurizado para minimizar riscos sade pblica. Alm
desta, outras medidas so importantes para assegurar a produo de queijos livres de
patgenos, tais como: o leite cru deve ser coletado e mantido sob boas condies de
higiene; deve ser refrigerado para minimizar a multiplicao de microrganismos; se no
for utilizado imediatamente deve sofrer pasteurizao completa ou processo equivalente
e ser mantido em boas condies de higiene desde a fabricao at a venda dos queijos
aos consumidores, impedindo a contaminao (LEITE, 2000).
As condies de obteno da matria-prima, do processamento e armazenamento,
podem comprometer as caractersticas organolpticas do produto, bem como torn-los
imprprios para o consumo, em virtude de contaminao por microrganismos
responsveis por toxinfeces alimentares (FREO; REOLON, 2006). Uma vez que os
microrganismos desenvolvem-se nos alimentos podem causar sua deteriorao
prejudicando os valores nutritivos e organolpticos. Muitas vezes difcil verificar pela
aparncia se um alimento est deteriorado ou no (FRANCO; LANGRAF, 1999).
3.3 Microbiologia
Os queijos de massa mole, de pH alto e umidade elevada permitem o
desenvolvimento de muitos microrganismos (VARNAN; SUTHERLAND, 1994). Muitas
bactrias contaminantes utilizam a lactose produzindo cido lctico entre outros
subprodutos. Tambm podem produzir toxinas causando toxinfeces (FOX et al, 2000).
22
3.3.1 Bactrias mesfilas
As bactrias aerbias mesfilas so constitudas por espcies de
Enterobacteriaceae, Bacillus, Clostridium, Corynebacterium e Streptococcus, cuja
temperatura tima de crescimento em torno de 32, mas que podem crescer entre 10
a 35C. Este grupo inclui a maioria dos contaminantes do leite (PERRY, 2004). A
contagem padro em placa (PCA) tem sido usada como indicador da qualidade
higinica dos alimentos, fornecendo dados sobre seu tempo til de conservao e a
quantidade de microrganismos patognicos presentes (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA;
2001; JAY, 1994). Sua presena em grande quantidade reflete em matria-prima muito
contaminada, limpeza e sanificao insuficiente na linha de processamento e condies
de tempo e temperatura durante a produo ou conservao dos alimentos (SIQUEIRA,
1995; JAY, 1994).
3.3.2 Coliformes totais e fecais
O grupo dos coliformes totais inclui a famlia das Enterobacteriaceae e as bactrias
na forma de bastonetes Gram negativos, no esporognicos, aerbios ou anaerbios
facultativos, capazes de fermentar a lactose com produo de gs, em 24 a 48 horas a
35oC. A definio dos coliformes fecais a mesma, porm restringindo-se aos membros
capazes de fermentar a lactose com produo de gs em 24 horas a 44,5 45,5oC
(SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001).
O grupo coliforme fecal restrito aos organismos que vivem exclusivamente no
trato gastrointestinal de humanos e de animais de sangue quente. Isto inclui pelo menos
trs gneros: Escherichia coli, Klebsiella e Enterobacter (HITCHINS; HARTMAN; TODD,
1992; SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001). Dentre essas bactrias, a E. coli a mais
conhecida e a mais facilmente diferenciada dos microrganismos no fecais, e o melhor
indicador de contaminao fecal conhecido at o momento (SILVA; JUNQUEIRA;
SILVEIRA, 2001).
Diversas linhagens de E. coli so comprovadamente patognicas para o homem e
para os animais. Com base nos fatores de virulncia, manifestaes clnicas e
23
epidemiolgicas, as linhagens de E. coli consideradas patognicas so, atualmente,
agrupadas em cinco classes: EPEC (E. coli enteropatognica clssica); EIEC (E. coli
enteroinvasiva); ETEC (E. coli enterotoxignica); EHEC (E.coli enterohemorrgica); e
EEC (E. coli enteroagregativa) (FRANCO; LANDGRAF, 1999).
Os coliformes so absolutamente indesejveis na indstria de laticnios, pois so
causadores de diversos defeitos no leite e seus derivados. So bactrias deteriorantes e
so normalmente utilizadas como indicadoras da qualidade sanitria dos alimentos
porque esto em maior nmero no trato intestinal, em relao a outros microrganismos,
e crescem bem em vrios substratos, tornando-se fcil o seu cultivo (FRAZIER;
WESHOFF, 1993). Essas bactrias tambm esto altamente relacionadas com os
patgenos intestinais presentes nos alimentos. Assim, a presena desses
microrganismos indicar as condies do tratamento trmico feito, falta de sanitizao
dos equipamentos e manuseio inadequado (ASHTON, 1992). Em alimentos
processados, os coliformes indicam processamento inadequado ou uma contaminao
ps-processamento.
A incidncia destes microrganismos pode ser comprovada no queijo Minas frescal
pelos resultados obtidos por Rosa (2004) onde queijos imediatamente aps a
fabricao, apresentaram contagens de 3,32 log UFC de E. coli/g e 3,47 log UFC de
Staphylococcus coagulase positivo /g, estando este produto j acima dos padres
sanitrios (BRASIL, 2001).
Da mesma forma Almeida Filho e Nader Filho (2002) avaliaram 80 amostras de
queijo Minas frescal comercializados no municpio de Poos de Caldas (MG), onde
37,5% e 30% apresentam contagens de coliformes fecais e de Escherichia coli
respectivamente, acima dos limites mximos permitidos pelo Ministrio da Sade.
Nascimento et al. (2001) coletaram 54 queijos tipo Minas frescal, sendo 46 amostras
com SIF, no comrcio de diferentes microrregies do estado do Rio de Janeiro. As
amostras revelaram mdias aritmticas de 5,17 log10 de UFC de coliformes fecais /g,
imprprias para consumo humano conforme legislao vigente (BRASIL, 2001)
A problemtica do queijo Minas frescal reforada pelos resultados obtidos por
Paiva (2005) em anlises microbiolgicas de queijo Minas frescal, comercializados em
supermercado, 23 (76,6 %) das 30 amostras analisadas se enquadrariam na
24
classificao de produto em condies sanitrias insatisfatrias. Em relao a E.coli,
apresentaram 47% das amostras com valores superiores aos limites previstos na
legislao vigente (BRASIL, 2001).
3.3.3 Estafilococos
So cocos Gram-positivos, imveis, agrupados em massas irregulares ou em
cachos de uva, aerbios ou anaerbios facultativos, catalase positiva. Fermentam a
glicose com produo de cido, tanto em anaerobiose quanto em aerobiose (BIER,
1984).
Este microrganismo encontra-se amplamente disseminado no ambiente, o seu
reservatrio principal o homem e os outros animais (CHAVES, 1993).
Produzem intoxicao alimentar causada pela toxina sintetizada por certas cepas
de Staphylococcus aureus. Estas toxinas so protenas simples, facilmente solveis em
gua e em solues salinas, resistentes ao de enzimas e termorresistentes
(FRANCO; LANGRAF, 1999; SIQUEIRA, 1995).
Uma vez efetuada a ingesto do alimento contaminado, os sintomas
caractersticos causados pelas toxinas so nuseas, vmito, contraes abdominais,
diarria, calafrios, cefalia e febre (JAY, 1994).
O Staphylococcus aureus frequentemente encontrado em leite e seus derivados.
As infeces estafiloccicas na glndula mamria bovina representam um reservatrio
de culturas toxignicas de S. aureus (FLOWERS et al., 1992).
No ano de 1987, na cidade de Ouro Preto-MG, ocorreu um surto de intoxicao
alimentar causado pela contaminao de Staphylcoccus aureus em queijo Minas frescal
com contaminao de 9,3x107 UFC/g. Loguercio e Aleixo (2001) analisando 29 amostras
de queijo Minas frescal produzidos artesanalmente verificaram que 96,67% destas
apresentavam valores superiores a 103 UFC/g estando imprprias para consumo
conforme legislao vigente (BRASIL, 2001). Da mesma forma Almeida Filho e Nader
Filho (2000) analisando 80 amostras de queijo Minas frescal 50% apresentavam valores
superiores a 103 UFC/g.
25
3.3.4 Samonella sp.
Esses microrganismos so bastonetes Gram negativos, no esporulados, com
cerca de 0,5 a 0,7 por 1 a 3 m. So mveis por meio de flagelos e, anaerbios
facultativos, crescem bem em meios comuns na presena de oxignio livre. Seu habitat
natural o trato intestinal dos seres humanos e dos animais de sangue quente
(SIQUEIRA, 1995).
A temperatura tima de crescimento encontra-se na faixa de 35 a 37C, podendo
multiplicar-se em temperaturas que variam de 5 a 47C. Apresentam sensibilidade aos
tratamentos trmicos e se congeladas ocorre uma reduo significativa do nmero de
clulas (CHAVES, 1993).
Salmonelose a infeco provocada pela ingesto de alimentos contaminados
com qualquer espcie de Salmonella. Os sintomas comeam a aparecer de 12 a 14
horas depois da ingesto. A febre tifide e febres entricas so manifestaes graves
de infeces por Salmonella sp. (JAY, 1994).
Muitos casos de salmonelose tm sido associados com queijo nesses ltimos anos.
Em 1984 no Canad ocorreram 1500 casos confirmados entre junho e julho de
intoxicao alimentar por S. typhimurium, as quais sobreviveram por 8 meses em
refrigerao (FLOWERS et al., 1992).
vila e Galo (1996) analisaram queijo Minas frescal vendido em diferentes
estabelecimentos no municpio de Piracicaba-SP e no detectaram a presena de
Salmonella sp. Noventa e trs amostras de queijo Minas frescal foram coletadas em
supermercados no municpio de Campinas-SP e analisadas, as quais apresentaram
ausncia de Salmonella sp. (CARVALHO; VIOTTO; KUAYE, 2007).
3.3.5 Bactrias lcticas
As bactrias lcticas constitui um grupo de microrganismo que inclui seis gneros
de bactrias acidricas produtoras de cido lctico, Gram positivas, catalase negativas e
microaerfilas: Lactobacillus sp., Leuconostoc sp., Pediococcus sp., Streptococcus sp.,
Lactococcus sp. e Enterococcus sp. (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001). As
26
bactrias lcticas fermentam a lactose formando cido lctico pela via das hexoses
difosfato. O aumento de cido lctico reduz o pH melhorando a ao da renina na
coagulao do leite e ajuda a prevenir o crescimento de outras bactrias indesejveis
(ESKIN, 1990; FOX et al., 2000). Das culturas mesoflicas (temperatura tima de
crescimento entre 30C) mais comuns nos fermentos para produo de queijo de modo
geral so os Lactococcus lactis spp. cremoris, que juntamente com o Lactobacillus lactis
spp. lactis so as principais bactrias produtoras de cido lctico nas culturas lcticas
(JAY, 1994). As culturas termoflicas (temperatura tima de crescimento entre 42C)
mais comuns so compostas de Streptococcus termophilus, Lactobacillus delbrueckii
spp. delbruekii, Lb. delbrueckii spp. bulgaricus e Lb. delbrueckii spp. lactis (PERRY,
2004).
As bactrias lcticas juntamente com outros microrganismos so as protagonistas
encontradas freqentemente na maturao dos queijos, pois so responsveis pelas
transformaes bioqumicas de lipdios e protenas em diferentes compostos
desenvolvendo flavor, caracterizando o produto final quanto ao sabor, aroma e textura
(ESKIN, 1990). O sabor caracterizado por compostos como cido actico,
acetaldedos e diacetil (FOX et al., 2000).
Estas transformaes esto diretamente ligadas s reaes enzimticas de
proteases e lipases, onde as protenas so hidrolisadas liberando resduos de
aminocidos e os lipdios. A presena de cultura lctica influencia significativamente o
aumento do ndice de protelise no queijo Minas frescal produzido com leite
pasteurizado (ISEPON; OLIVEIRA, 1993).
3.3.6 Bactrias psicrotrficas
As bactrias Pseudomonas spp., Bacillus spp., Serratia spp., Listeria spp. Yersinia
spp., Lactobacillus spp., Flavobacterium spp., Corynebacterium spp., Alcaligenes spp.,
Acinetobacter spp., Klebsiella spp., Streptococcus spp., Micrococcus spp. e Clostridium
spp. so as principais bactrias psicrotrficas (FONSECA; SANTOS, 2000). O termo
psicrotrficas se aplica s bactrias que crescem em temperaturas de refrigerao
comercial, ou seja, 2 a 7C, independente de sua temperatura tima de crescimento
27
(ROBINSON, 1987). um grupo muito importante em produtos que so conservados
sob refrigerao por perodos entre 1-4 semanas (PERRY, 2004).
As bactrias psicrotrficas que mais deterioram os produtos lcteos pertencem ao
gnero Pseudomonas. Estes microrganismos so termosensveis, e facilmente
destrudos pela pasteurizao, porm produzem enzimas extracelulares (lipases e
proteases) que so termorresistentes, permanecendo no leite aps a pasteurizao
(MOURA, 1997). O Bacillus spp. psicrotrfico sobrevive pasteurizao limitando, a
vida til do leite durante a estocagem (FRANK; CHRISTEN; BULLERMAN, 2005).
Alguns microrganismos patognicos isolados do leite so psicrotrficos, entre eles o que
se destaca a Listeria monocytogenes que consiste em srio problema para as
indstrias de laticnios principalmente em queijo produzido com leite cru (FRANK;
CHRISTEN; BULLERMAN, 2005; LAFARGE, et al., 2004).
3.3.7 Microrganismos proteolticos
Muitas bactrias responsveis pela deteriorao de produtos lcteos refrigerados
so altamente proteolticas e podem causar defeitos no sabor (FRANK; CHRISTEN;
BULLERMAN, 2005). Os microrganismos proteolticos so responsveis pela quebra
das protenas. Em sua ao, provocam alteraes de aroma, sabor e caractersticas
fsico-qumicas do leite e derivados. Fazem parte deste grupo as Pseudomonas,
Achromobacter, Flavobacterium e Bacillus (PERRY, 2004).
Analisando o leite UHT Vidal-Martins et al. (2005) verificou o aumento da protelise
no decorrer do armazenamento. Esta protelise est relacionada com a quebra da
casena pela ao das proteases bacterianas, originrias principalmente das bactrias
psicrotrficas presente no leite cru refrigerado, as quais aps o tratamento UHT so
eliminadas, porm suas enzimas termorresistentes continuam atuando lentamente sobre
as protenas.
A presena de culturas lcticas no queijo resulta na alterao proteoltica no
produto final, dependendo da cultura inicial usada na manufatura do queijo (HYNES;
OGIER; DELABROIX-BUCHET, 2001). Segundo Isepon e Oliveira (1993) o ndice de
28
protelise influencia significativamente no perodo de conservao em queijos Minas
frescal.
3.3.8 Microrganismos lipolticos
Os microrganismos lipolticos so responsveis pela quebra da gordura e so os
principais causadores do rano. A maioria deles tem caractersticas psicrotrficas. Entre
os microrganismos lipolticos encontram-se bactrias como Pseudomonas e Alcaligenes
(PERRY, 2004).
O crescimento de microrganismos produtores de lipases pode contribuir com
defeitos no sabor em leite e produtos lcteos gordurosos. Alguns cidos graxos
formados pela ao das enzimas lipolticas resulta na alterao do gosto e pode ser
percebido mesmo em baixas concentraes o sabor de rano (FRANK; CHRISTEN;
BULLERMAN, 2005).
No leite pode ocorrer liplise pela ao das lipases originrias do leite, lipases
microbiana proveniente aps processamento, culturas starter, enzimas termorresistentes
originrias de bactrias psicrotrficas que cresceram em leite estocado em temperatura
de 2-4C. As lipases microbianas no so inativadas pela pasteurizao (ALLEN, 1994).
As lipases e esterases de bactrias cido lcticas (LAB) parecem ser o principal
agente lipoltico em queijo Cheddar produzido com leite pasteurizado (FOX et al., 2000).
As bactrias lcticas especialmente o Lactococcus e Lactobacillus spp. tem menor
atividade lipoltica em comparao com as espcies como Pseudomonas, Acinetobacter
e Flavobacterium (MCSWEENEY, 2004). O Lactobacillus lactis spp. cremoris em
estudos mostrados por Kamaly, Takayama e Marth (1990), tem alta atividade lipoltica
em cido tributanico e emulso de gordura do leite.
O Streptococcus thermophilus apresentou habilidade em sintetizar steres em
lcoois via reao transferase (LIU; HOLLAND; CROW, 2003).
29
3.4 Fsico-qumica e qumicas
3.4.1 pH e acidez
A concentrao hidrogeninica, que determina o pH dos alimentos, um dos
principais fatores que exercem influncia sobre o crescimento, a sobrevivncia ou a
destruio dos microrganismos, que nele se encontram presente (SILVA, 2000). A
cultura lctica inicial produz cido facilitando a coagulao da casena pela ao da
enzima renina (MORR; RICHTER, 1999). O valor de pH encontrado por Silva et al.
(2003) em queijo Minas frescal variou de 5,0 a 6,2. Rosa (2004) verificou o pH de 6,71
neste tipo de queijo.
A mais importante reao de fermentao usada no processamento de laticnios
a homofermentao convertendo a lactose em cido lctico. Normalmente as culturas
usadas para acidificar os produtos lcteos so as bactrias lcticas homofermentativas
(FRANK; MARTH, 1999). Bactrias no lcticas como os coliformes tambm so
fermentadores de lactose e produzem cido lctico causando danos ao produto
percebido pelas alteraes organolpticas.
Machado et al. (2004) e Rosa (2004) encontraram em queijo Minas frescal 0,28%
de acidez em cido lctico. J Spadoti, Dornellas e Roig (2005) encontrou 0,85% de
cido lctico neste tipo de queijo.
3.4.2 Protena e protelise
A concentrao de protena no queijo varia at aproximadamente 40%,
dependendo a variedade. A protena predominante no queijo a casena. O processo
de maturao envolve a degradao da protena por enzimas naturais do leite, renina e
enzimas microbianas (FOX et al., 2000). O queijo Minas frescal apresenta de 12% a
18% de protena (ROSA, 2004; MACHADO et al. 2004; MARQUES; OLIVEIRA, 2004).
A protelise de um queijo considerada como o resultado de vrias atividades
enzimticas (proteinase, peptidase) sendo que os principais contribuintes so a
quimiosina (renina, coalho) e as enzimas do fermento ltico adicionadas ao leite no
30
momento da fabricao do queijo. Outros microrganismos porventura presentes como
resultado de contaminao causal, tambm podem contribuir para essa degradao
(WOLFSCHOON-POMBO, 1983).
A protelise , provavelmente, a mais importante transformao bioqumica durante
a maturao para a maioria das variedades de queijo, com um maior impacto sobre o
sabor, aroma e textura (FOX et al., 2000).
O Minas frescal um queijo consumido sem maturao, porm, a tecnologia de
fabricao e conseqentemente a protelise, influenciam decisivamente na consistncia,
sabor e durabilidade do produto (WOLFSCHOON-POMBO; LIMA, 1989).
A extenso da protelise um fator indicativo da protelise primria
caracterizada pela quantidade de substncias nitrogenadas solveis acumuladas
durante o processo, expressas como porcentagens do nitrognio total. Sua
determinao analtica baseada na precipitao da casena at seu ponto isoeltrico
(pH 4,6). Assim, quando uma soluo de queijo (queijo mais citrato de sdio) trazida a
pH 4,6, as casenas intactas, e tambm aquelas que se degradam fracamente, so
precipitadas. Peptdeos de alto peso molecular, peptdeos de cadeia curta e
aminocidos so encontrados nessa soluo. Se for adicionado cido tricloroactico a
uma concentrao final de 12% ao sobrenadante obtido aps precipitao a pH 4,6,
mais peptdeos sero precipitados e somente peptdeos de cadeia curta e aminocidos
permanecero na soluo. Assim, a profundidade da protelise abrange as substncias
nitrogenadas de baixo peso molecular, acumuladas durante o processo. Os peptdeos e
aminocidos das diferentes fraes so geralmente quantificados aps degradao do
nitrognio orgnico pela tcnica de Kjeldahl (WOLFSCHOON-POMBO, 1983).
O ndice de protelise encontrado por Isepon e Oliveira (1993) foi de 4,99% de
nitrognio em queijo Minas frescal no primeiro dia de armazenamento e de 10,71% aps
13 dia.
3.4.3 Lipdios e liplise
A gordura tem uma funo muito importante em queijo em relao s
caractersticas organolpticas (OCONNOR; OBRIEN, 2000). Em queijo Minas frescal o
31
teor de gordura encontrado por Rosa (2004) foi de 20,5%, Machado et al. (2004)
encontrou valores de 29,22%.
Os lipdios presentes em alimentos podem sofrer oxidao ou degradao
hidroltica. (MCSWEENEY; SOUSA, 2000). A liplise a hidrlise dos triacilgliceris
com liberao de cidos graxos e glicerol. o resultado de ao enzimtica que pode
aparecer em todos os produtos lcteos, assim sendo a gordura serve de substrato para
variadas reaes bioqumicas que levam formao de aroma e sabor no queijo.
Grande importncia dada aos agentes responsveis pela sua hidrlise durante a
maturao (FURTADO; CHANDAN, 1983). cidos graxos livres contribuem diretamente
para composio do sabor de grande variedade de queijos (H; LINDSAY, 1991).
Produtos da liplise dos triglicerdeos, como cidos graxos de cadeia curta, so
importantes na formao do sabor e aroma de diversos produtos, principalmente em
queijos. Os principais cidos graxos formados so butrico, caprico, caprlico, cprico e
lurico (PERRY, 2004).
Segundo Caboni, Zanoni, e Lercker (1990), o ndice de liplise varia entre as
diversas variedades de queijos. Este ndice depende da qualidade inicial do leite e
processos e tecnologias empregadas. Em leite onde tenha ocorrido grande ao de
lipases microbianas e utilizado para fabricao de queijos, o produto resultante poder
apresentar liplise diferenciada.
A presena de cidos livres volteis no queijo Minas foi estudada por Bonassi
(1978). O queijo apresentou teor elevado de cido actico e butrico, e valores
apreciveis de cido isovalrico e caprico. A avaliao organolptica classificou o
queijo como de boa qualidade.
O papel da liplise sobre a formao de sabor no queijo Minas ainda permanece
desconhecida. Para isso, so necessrios estudos de reconhecimento do perfil de
cidos graxos e posterior avaliao do efeito da variao da sua concentrao e da sua
proporo sobre o sabor (SABIONI, 2005).
32
3.5 Anlise sensorial
Atravs da anlise sensorial pode ser determinada a aceitabilidade e a qualidade
dos alimentos, com o auxlio dos sentidos humanos como paladar e olfato. Para avaliar
a qualidade deve ser levada em considerao as propriedades sensoriais aceitveis,
como essenciais no momento da venda e consumo do produto (MORALES, 1997).
Os mtodos sensoriais so agrupados em analticos e afetivos. Os mtodos
analticos so utilizados em avaliaes em que so necessrias as selees e/ou
treinamento da equipe e em que exigida avaliao objetiva, ou seja, na qual so
consideradas as preferncias ou opinies pessoais dos membros da equipe, como no
caso dos testes afetivos (ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS -
ABNT, 1993).
Os testes afetivos uma importante ferramenta porque acessam a opinio do
consumidor j estabelecido ou potencial de um produto, sobre caractersticas
especficas do produto ou idias sobre o mesmo, por isso so chamados de teste de
consumidor e so representados pelos testes de preferncia e aceitao (FERREIRA,
2000). O teste de aceitabilidade utilizado principalmente para testar novos produtos,
bem como para controlar a qualidade e testar o tempo de armazenamento adequado
para cada tipo de produto (CHAVES; SPROESSER, 1993).
Avaliando o queijo Minas artesanal na regio do Serro, Machado et al. (2004)
empregando a escala hednia de aceitao de nove pontos encontrou mdia de 6,03, o
que indica que os provadores gostaram ligeiramente do produto. Estudando a influncia
da quantidade de clulas somticas em queijo Minas frescal Andreatta (2006) obteve
aceitao global de 7,0 pontos no segundo dia de armazenamento a 4-5C e 6,0 pontos
no 30 dia de armazenamento sob refrigerao.
33
4 MATERIAL E MTODOS
O projeto foi desenvolvido no Laboratrio de Laticnios do Departamento de
Alimentos, Agroindstria e Nutrio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(ESALQ-USP), em Piracicaba, SP.
4.1 Seleo e tratamento do queijo
Para a seleo das amostras foram pesquisadas atravs de anlises de contagem
de E. coli seis marcas de queijo Minas frescal com registro no Servio de Inspeo
Federal (SIF) comercializadas em supermercados no municpio de Piracicaba SP at
encontrar uma marca dentro dos padres legais de consumo (BRASIL, 2001). A marca
selecionada apresentou caractersticas necessrias para realizar a anlise sensorial
dando condies aos julgadores em provar o queijo durante o perodo de
armazenamento.
Foram adquiridos direto do lacticnio o qual enquadrado no SIF, cinco quilos do
queijo selecionado para cada lote denominados A, B e C, totalizando em todo o
experimento 15 Kg e analisados um dia aps sua fabricao.
A caracterizao microbiolgica deu-se pela determinao de Escherichia coli,
Staphylococcus coagulase positiva, Salmonella sp., bactrias lcticas, bactrias
psicrotrficas totais, lipolticas e proteolticas. As anlises fsico-qumicas e qumicas
realizadas foram: pH, acidez, gordura, liplise, protena, nitrognio total, nitrognio
solvel, nitrognio no-protico e ndice de extenso da hidrlise protica. A anlise
sensorial teve a avaliao dos atributos aparncia, cor, odor, sabor e textura.
As peas de queijo foram armazenadas em incubadora de BOD 4oC, durante 30
dias. Foram analisadas 5 peas de queijo de 250 gramas por perodo. Cada pea foi
analisada em duplicata, nos diferentes perodos de armazenamento (1, 10, 20 e 30
dias). Foram avaliados 3 repeties do experimento, cada uma tratando-se de lotes
diferentes (Figura 2).
34
Figura 2 Procedimento realizado com as cinco peas de queijo a cada dia de anlise para cada lote.
4.2 Anlises microbiolgicas
As anlises microbiolgicas dos queijos foram realizadas seguindo os
procedimentos gerais (diluies, plaqueamento, repeties e contagens) descritos no
Standard Methods for the Examination of Dairy Products (APHA, 1992). Foi
determinado Escherichia coli, Staphylococcus coagulase positiva, Salmonella sp.,
bactrias lcticas, bactrias mesfilas totais, bactrias psicrotrficas totais, lipolticas e
proteolticas.
50g Microbiologia
50g Microbiologia
Pea de queijo (250 g)
Anlises Fsico-qumicas
Anlises Fsico-qumicas
50g Microbiologia
50g Microbiologia
Pea de queijo (250 g)
Anlises Fsico-qumicas
Anlises Fsico-qumicas
Trs peas do queijo (total 750 g)
Anlise Sensorial
Lote B
1 dia 30 dia 10 dia 20 dia
Lote A
1 dia 30 dia 10 dia 20 dia
Lote C
1 dia 30 dia 10 dia 20 dia
1 2 3 4 5
Tratamento a cada dia
150g 150g
35
4.2.1 Preparo das amostras
As embalagens foram desinfetadas com lcool 70%. Foram retiradas com pores
de vrias regies da pea totalizando 50 gramas de queijo e distribudas em duas partes
de 25 gramas cortadas em pequenos pedaos e homogeneizados em homogeneizador
Stomacher juntamente com 225 mL de gua peptonada 0,1% estril cada parte, sendo
esta a diluio 10-1. A partir destas, foram feitas sucessivas diluies decimais, tantas
quanto necessrias, a partir de 1 mL diluindo-se em 9 mL de gua peptonada, em tubos
de diluio, conforme Standard Methods for the Examination of Dairy Products (APHA,
1992).
4.2.2 Escherichia coli
Utilizou-se o mtodo dos tubos mltiplos, srie de trs tubos, adicionou-se 1,0 mL
das diluies 10-1 a 10-8 em meio Caldo Lauril Sulfato Triptose suplementado com
50mg/L de 4-metil-umbeliferil--D-glucorondeo (LST-MUG/MERCK) com tubos de
Durhan invertidos e incubado por 24 a 48 horas a 35C. O princpio do teste se baseia
na quebra do substrato 4-metil-umbeliferil--D-glucorondeo pela enzima -
glucoronidase exclusiva da bactria E. coli. Como resultado positivo para E. coli foi
considerada a produo de gs e a fluorescncia sob a luz ultravioleta (366 nm). A partir
dos nmeros de tubos positivos procedeu-se a leitura na tabela do NMP (nmero mais
provvel) obtendo o nmero mais provvel por grama (NMP/g).
4.2.3 Estafilococos coagulase positiva
Foi utilizado o mtodo de plaqueamento em superfcie, inoculou-se 1,0 mL da
diluio 10-1, distribuindo o volume por quatro placas, 3 com 0,3 mL e uma com 0,1 mL,
nas demais diluies decimais (102-105) espalhou-se alquotas de 0,1 mL com ala de
Drigalsky em meio Agar Baird Parker (MERCK) enriquecido com soluo salina de gema
de ovo 50% e telurito de potssio a 1%, incubadas a 35C por 48 horas.
36
O meio BP opaco e as colnias tpicas de Staphylococcus so de colorao preta
e apresentam halos transparentes formados em conseqncia atividade enzimtica da
lecitinase. A reduo do telurito produz uma colorao preta nas colnias (SILVA;
JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001).
Para confirmao as colnias tpicas foram transferidas para caldo Bread Heart
Infusion (BHI) e Agar Tripticase Soy (TSA) e incubados por 24 horas a 35C. Aps 24
horas as colnias selecionadas foram submetidas aos testes bioqumicos de coagulase,
catalase e Gram.
O teste da catalase consiste em adicionar o perxido de hidrognio a uma amostra
da cultura em lmina. Se as bactrias produzirem a enzima catalase, degradaro o
perxido de hidrognio e o gs oxignio ser liberado. A liberao do gs forma bolhas
e indicativa de teste positivo.
A coagulase enzima que transforma o fibronognio em fibrina. Para a realizao
deste teste, a partir do caldo BHI retirou-se 0,2 mL, adicionou-se a um tubo de ensaio
estril contendo 0,5 mL de plasma de coelho (Coagu-Plasma Laborclin), novamente
foi homogeneizado delicadamente e incubado em banho-maria por 4 horas a 37oC. A
formao de cogulo indica o teste positivo.
O resultado foi expresso como unidade formadora de colnia (UFC)/g a partir das
colnias confirmadas.
4.2.4 Salmonella sp.
O mtodo de anlise para deteco de Salmonella, define-se apenas como
presena ou ausncia em 25g de alimento. Com o objetivo de recuperar clulas
injuriadas de microrganismos presentes, dentre elas as Salmonellas, 25 gramas das
amostras foram incubadas em caldo no seletivo, por 18 horas a uma temperatura de
35oC em 225mL de gua peptonada tamponada. Foi repassado 1,0 mL deste caldo para
um tubo contendo 10 mL de caldo tetrationato (TT) e outro frasco contendo 10 mL de
Selenite Cystina Broth (SC) e incubou-se a 35C por 24 horas. Aps este perodo foi
estriado em meio seletivo de gar Entrico de Hectoen (HE), gar Xilose Lisina
Dexoxicolato (XLD) e gar Bismuto Sulfito (BS), incubados por 24 horas a 35C. As
37
colnias suspeitas, foram inoculadas por picada em profundidade em tubos de gar
inclinado dos meios gar Trplice Acar Ferro (TSI) e gar Lisina Ferro (LIA), foram
utilizados para que ocorra a ltima seleo, incubados a 35C por 24 horas.
Foram submetidas para confirmao de Salmonella as colnias que em gar BS
apresentaram o centro negro (oxidao do sulfato de ferro em sulfeto de ferro), bordas
claras, rodeadas por um precipitado preto com brilho metlico devido ao de reduo
de ons bismuto em bismuto metlico. O meio HE com colnias tpicas de colorao azul
esverdeada com ou sem centro. O gar pode tambm detectar a produo do cido
sulfdrico, que d colorao preta ao meio. As colnias tpicas de Salmonella no meio
XLD foram as transparentes sem alterar a cor do meio apresentando centro preto
(precipitado preto de sulfato de ferro) (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001; MERCK,
2000).
4.2.5 Bactrias lcticas
Foi feito o plaqueamento em profundidade, colocando-se 1,0 mL das diluies 10-1
a 10-10 em meio Man, Rogosa & Sharpe Agar (MRSA). As anlises foram feitas em
duplicata. Foi incubada por 3 dias a 35C.
O meio de cultura MRS contm polisorbato, acetato, magnsio e mangans, ao
quais so fundamentais para o crescimento dos lactobacilos. Este meio tem baixo grau
de seletividade, portanto espcies de Pediococcus e Leuconostoc entre outras bactrias
podem crescer (MERCK, 2000).
O resultado foi expresso como unidade formadora de colnia (UFC)/g.
4.2.6 Bactrias mesfilas
Foi feito o plaqueamento em profundidade, colocando-se 1,0 mL das diluies 10-1
a 10-10 em meio Plate Count Agar (PCA). A incubao foi feita por 48 horas a 35C.
O resultado foi expresso como unidade formadora de colnia (UFC)/g.
38
4.2.7 Bactrias psicrotrficas totais
Atravs de plaqueamento em profundidade, colocando-se 1,0 mL das diluies 10-1
a 10-10 em meio Plate Count Agar (PCA). A incubao foi feita por 10 dias a 7C.
O resultado foi expresso como unidade formadora de colnia (UFC)/g.
4.2.8 Bactrias psicrotrficas proteoltica
Foi feito o plaqueamento em superfcie, espalhando alquotas de 0,1 mL das
diluies 10-1 a 10-10 com ala de Drigalsky em gar Caseinato de Clcio (MERCK) com
incubao por 10 dias a 7C. Na contagem foram consideradas apenas as colnias
circundadas por um halo claro caracterstico, indicando protelise.
O resultado foi expresso como unidade formadora de colnia (UFC)/g.
4.2.9 Bactrias psicrotrficas lipolticas
Alquotas de 1,0 mL das diluies 10-1 a 10-10 foram inoculadas em placas com
gar tributirina (AT) por plaqueamento em profundidade e incubadas a 7C por 10 dias.
As colnias tpicas circundadas por um halo caracterstico de liplise foram selecionadas
para a contagem.
O resultado foi expresso como unidade formadora de colnia (UFC)/g.
4.3 Anlises fsico-qumicas e qumicas
As amostras foram trituradas com gral e pistilo e homogeneizadas antes de serem
submetidas s anlises. Todas as anlises foram feitas em duplicata.
39
4.3.1 Acidez titulvel e pH
O teste para pH foi realizado pesando 10 g de amostra triturada e diluda em gua
a 25C. Em seguida a leitura foi feita em um potencimetro, conforme (APHA, 2001)
Para a determinao da acidez titulvel foi utilizado o Mtodo Dornic (AOAC,
1995). Preparou-se 10 gramas de queijo com 105 mL de gua destilada aquecida a
40C agitando vigorosamente e filtrando. Do filtrado foi retirado uma poro de 50 mL e
titulada com soluo Dornic (NaOH 0,11N) usando fenolftalena como indicador.
O resultado para a acidez foi expresso em porcentagem de cido lctico.
4.3.2 Teor de gordura
O teor de gordura foi determinado pelo Mtodo de Babcock, segundo o Standard
Methods for the Examination of Dairy Products (APHA, 1992). Pesou-se 9 g de queijo e
acrescentou 10 mL de gua destilada a 60C agitando-os em seguida. Aps esfriar
juntou-se 15 mL de cido sulfrico (d=1,84). Aps completa dissoluo a soluo foi
colocada no butirmetro de Babcock adicionando de 7 a 10 mL de cido sulfrico diludo
(d=1,73) e, aps homogeneizao, foi acrescentada gua destilada a 60C at o bulbo
do frasco. O butirmetro foi levado para centrfuga (1.100 rpm) por dois minutos.
Adicionou-se gua aquecida (60C) at o lquido na coluna aproximar ao topo da escala
graduada e centrifugou-se por mais um minuto.
A leitura foi feita diretamente pela escala graduada do butirmetro expresso em
gramas/100 gramas.
4.3.3 Extenso da liplise
Para medir o grau de liplise dos queijos foi determinado o teor de cidos graxos
livres (AGL) segundo o mtodo descrito por Caboni, Zannoni e Lercker (1990), onde foi
aplicado o mtodo tritimtrico, determinando-se o ndice de acidez, expresso em mg de
KOH para neutralizar um grama de gordura.
40
Triturou-se em liquidificador 100 gramas de queijo juntamente com 200 mL de gua
destilada a 35C por 2 minutos. Com a agitao a membrana dos glbulos de gordura
rompida e por coalescncia a gordura chega superfcie do frasco a qual foi retirada
com uma esptula. Pesou-se 5 gramas desta gordura diluindo-a em 50 mL de soluo
etanol/ter etlico (1v/1v) sendo titulada imediatamente com soluo metanlica de KOH
0,1N. A fenolftalena foi utilizada como indicador e a titulao cessou assim que obteve
colorao rosa claro.
O resultado foi expresso em mg KOH gasta para neutralizar um grama de gordura.
4.3.4 Protena
A porcentagem de protena foi determinada atravs do teor de nitrognio total
multiplicada pelo fator 6,38, atravs do mtodo Kjeldahl, de acordo com o Standard
Methods for the Examination of Dairy Products (APHA, 1992).
Pesou-se 0,1 g de amostra e digeriu-a por aquecimento com uma soluo
digestora. Nesta etapa o nitrognio orgnico transformado em amnio (NH4+) e os
compostos orgnicos so convertidos em CO2, H2O entre outros. Em seguida, destilou-
se a amostra com ajuda de hidrxido de sdio 40% que tem por finalidade acelerar a
separao do nitrognio amoniacal da soluo. O destilado foi coletado em frasco com
soluo de cido brico a 2% com indicador. A soluo antes citada receptora de NH3
formando o sal NH4H2BO3 que possui alta constante de dissociao e pode ser titulada
facilmente. A soluo receptora teve a finalidade de fixar o NH3 e logo aps foi titulada
com soluo de cido sulfrico 0,02 N.
O resultado foi expresso em porcentagem de protena.
4.3.5 Protelise
4.3.5.1 Teor de nitrognio total (NT)
O teor de nitrognio total (NT) dos queijos Minas frescal foram determinados pelo
mtodo Kjeldahl, segundo Gripon et al. (1975).
41
Acrescentou-se em 10 gramas de queijo triturado 40 mL de soluo citrato de sdio
0,5 mol/L aquecida em banho-maria a 40C. Homogeneizou-se vigorosamente por 30
segundos. O volume foi ajustado at 200 mL. Coletou-se 0,5 mL desta soluo levando-
a para digesto e destilao conforme descrito no item 5.3.4. O resultado foi expresso
em porcentagem de nitrognio (%N).
4.3.5.2 Teor de nitrognio solvel a pH 4,6
Foi determinado o teor de nitrognio solvel (NS) do queijo aps a precipitao
isoeltrica das casenas com soluo de cido clordrico 1,0 mol/L at pH 4,6, partindo
de 150 mL da soluo preparada com citrato de sdio 0,5 mol/L descrita no item 4.3.5.1,
ajustando o volume at 200 mL. Esta mistura foi filtrada em papel de filtro Whatman
n.42, coletando-se uma soluo lmpida, contendo a frao hidrolisada da protena do
queijo solvel em pH 4,6. A quantificao destas substncias solveis foram
determinadas pelo mtodo Kjeldahl descrito no item 4.3.4 utilizando 0,5 mL do filtrado
(Gripon et al., 1975). O resultado foi expresso em porcentagem de nitrognio (%N).
4.3.5.3 Teor de nitrognio solvel em cido tricloroactico (TCA) 12%
Adicionou-se 4 mL de cido tricloroactico (TCA) a 60% em 16 mL do filtrado
obtido NS e aps 1 hora em temperatura ambiente foi filtrado em papel de filtro
Whatman n.42, coletando-se uma soluo lmpida, que contm peptdeos de baixa
massa molecular e aminocidos (Gripon et al., 1975). O nitrognio contido nesta soluo
denominado nitrognio solvel (no protico) e quantificado pelo mtodo Kjeldahl,
partindo-se de 0,5 mL do filtrado. O resultado foi expresso em porcentagem de
nitrognio (%N).
42
4.3.5.4 ndice de extenso e ndice de profundidade
ndice de Extenso: relao entre a porcentagem de nitrognio solvel em pH 4,6 e
a porcentagem de nitrognio total, obtidos como anteriormente relatados.
ndice de Profundidade: relao entre a porcentagem de nitrognio no protico, e a
porcentagem de nitrognio total, obtidos como anteriormente relatados.
4.4 Anlise Sensorial
A anlise sensorial foi realizada no Laboratrio de Anlise Sensorial do Setor de
Nutrio Humana e Alimentos pertencente ao Departamento de Agroindstria, Alimentos
e Nutrio na ESALQ/USP. A avaliao dos julgadores foi realizada utilizando o
software Compusense five release 3.0 (1998).
As anlises foram feitas nos tempos do 1, 10, 20 e 30 dia aps as anlises
microbiolgicas. Foi aplicado o teste de aceitao com o uso da escala hednia com
nove pontos, conforme descrito por Chaves (1993).
As anlises foram realizadas em cabines com luz branca e as amostras foram
submetidas ao teste em temperatura ambiente apresentadas individualmente em
formatos de cubos em pratos brancos de porcelana. O provador expressou sua
aceitao seguindo a escala previamente estabelecida que varia gradativamente, com
base nos atributos gosta e desgosta (Figura 3).
ndice de Extenso = Nitrognio Solvel x 100 Nitrognio Total
ndice de Profundidade = Nitrognio No Protico x 100 Nitrognio Total
43
Figura 3-Ficha de avaliao sensorial apresentada aos provadores.
Os provadores foram adultos selecionados aleatoriamente em nmero de 264 (40
julgadores analisando 12 amostras) com faixa etria na sua maioria entre 20 a 50 anos,
sem restrio de sexo e manifestando seu consentimento assinando o termo de livre
consentimento e esclarecido conforme a Resoluo196/96 do Conselho Nacional da
Sade (BRASIL, 2003). Os atributos avaliados foram aparncia geral, cor, odor, sabor e
textura.
Assinale com x a resposta que seja mais adequada.
Sexo 1) ( ) Masculino 2) ( ) Feminino
Idade em anos. 1) ( ) 15 20 2) ( ) 21 25 3) ( ) 26 30 4) ( ) 31 35 5) ( ) 36 40 6) ( ) 41 45 7) ( )
+ que 45
Qual a freqncia que voc consome queijo minas frescal? 1) ( ) diariamente 2) ( ) quinzenalmente 3) ( ) mensalmente 4) ( ) anualmente 5) ( ) nunca
No dia que voc consome qual a freqncia de consumo de queijo minas frescal. 1) ( ) 1 vez 2) ( ) 2 vezes 3) ( ) 3 vezes 4) ( ) mais que 3 vezes.
Quanto voc consumo de queijo minas frescal por vez ? 1) ( ) 1 fatia ( )2 fatias mdia ( ) 3 a 5 fatias ( )mais de 5 fatias
Instrues: Avalie a amostra utilizando a escala abaixo para descrever o quanto voc gostou e desgostou.
Marque a nota que melhor corresponde o seu julgamento.
9 gostei extremamente
8 gostei muito
7 gostei moderadamente
6 gostei ligeiramente
5 no gostei / nem desgostei
4 desgostei ligeiramente
3 desgostei moderadamente
2 desgostei muito
1 desgostei extremamente
O que voc achou do produto da aparncia geral do produto __________
O que voc achou da cor do produto __________
O que voc achou do odor do produto __________
O que voc achou do sabor do produto __________
O que voc achou da textura do produto __________
44
4.5 Anlises estatsticas
O delineamento experimental para as amostras foi inteiramente casualizado, com 4
repeties para todas as anlises. Os dados foram submetidos anlise de varincia do
programa SAS verso 8.0 (SAS, 1988), e as diferenas entre as mdias foram testadas
pelo teste de Tukey ao nvel de 5% de significncia.
Para anlise sensorial foi usado o teste de independncia. Foram feitas tabelas de
contingncia para cada cruzamento das variveis estudadas aplicando a anlise
estatstica do 2 (Qui-quadrado) de Pearson para interferncia (ANDERSEN, 1991;
GRENACRE, 1993).
45
5 RESULTADOS E DISCUSSES
5.1 Seleo do queijo Minas frescal
A primeira fase consistiu em selecionar uma marca de queijo que atendesse aos
requisitos microbiolgicos previstos em BRASIL (2001), visto que os queijos seriam
submetidos anlise sensorial, alm do que, o estudo de vida til deve levar em conta
uma populao de microrganismos dentro dos padres sanitrios. Nessa fase, foram
analisadas seis marcas de queijo Minas frescal escolhidas aleatoriamente em
supermercados na cidade de Piracicaba-SP com registro no Servio de Inspeo
Federal - SIF e com no mximo 10 dias aps fabricao. A Tabela 1 mostra que 83,33%
(cinco marcas) apresentaram contagens de Escherichia coli 2,4x103 NMP/g ( 3,38 log
NMP/g) valor acima do permitido pela legislao vigente (2,7 log NMP/g) (BRASIL,
2001) estando o produto imprprio para o consumo. Apenas uma marca (M6) teve
contagem de E. coli (< 3,0 NMP/g) que se adequava aos padres da legislao, sendo
esta a marca de queijo selecionada para o estudo.
Tabela 1 Contagem de Escherichia coli em queijo Minas frescal comercializados em supermercado do
Municpio de Piracicaba/SP
Marcas
M1 M2 M3 M4 M5 M6
2,4x103 2,4x103 2,4x103 2,4x103 2,4x103 < 3,0 Escherichia coli NMP/g
Diversos trabalhos indicam que queijos do tipo Minas frescal no mercado so
amplamente contaminados com populaes de microrganismos acima do estabelecido
pela legislao vigente (BRASIL, 2001). Rocha, Buriti e Saad (2006) encontraram uma
populao acima de 5x103 NMP/g (3,7 log) de E. coli em 61% dos queijos analisados.
Paiva (2005) analisou 30 amostras comercializadas em supermercado e 47% estavam
contaminadas por E. coli, com valores superiores aos limites previstos na legislao
46
vigente (BRASIL, 2001). Da mesma forma Rosa (2004) que encontrou 3,3 log NMP/g de
E. coli em queijo Minas frescal.
A quantidade de microrganismos presente no produto reflete diretamente a higiene
na produo, da ordenha na fazenda at a fabricao do queijo. A vida de prateleira do
queijo Minas frescal est relacionada com a quantidade inicial de microrganismos
presentes, matria-prima e o processo de produo.
5.2 Anlises microbiolgicas
Uma vez selecionada a marca, o queijo foi adquirido direto do laticnio,
imediatamente aps a produo o produto foi submetido ao estudo da vida til. Os
resultados das anlises microbiolgicas dos queijos so mostrados na Tabela 2. Os
produtos apresentaram-se prprios para consumo durante todo o perodo, exceto o lote
C, o qual no 30 dia de armazenamento a contagem de E. coli atingiu 1,7 x104 NMP/g,
enquadrando-se como imprpria para o consumo conforme Resoluo Colegiada (RDC)
no12 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) (BRASIL, 2001).
Tabela 2 Evoluo da populao dos microrganismos previstos pela RDC n12 em queijo Minas frescal1
durante 30 dias de armazenamento a 4C.
Lotes 1 dia 10 dia 20 dia 30 dia
A < 3,0 (
47
Observa-se na Tabela 2 que o lote C de queijo teve presena de E. coli detectada
no 10 dia de armazenamento com populao reduzida (6,0 NMP/g). Visto que o limite
da metodologia do nmero mais provvel (NMP) empregado de 3,0 NMP/g,
populaes abaixo disso no seriam detectados. Essa contagem elevada no 30 dia
pode representar proliferao do microrganismo durante a estocagem, ainda que sob
refrigerao. Rosa (2004), tambm verificou crescimento de E. coli em queijos sob
refrigerao. Portanto possvel que a populao aumente no decorrer do tempo em
temperatura a 4C.
Conforme resultados apresentados, o produto poder tornar-se imprprio para
consumo conforme seu tempo de armazenamento sob refrigerao. Neste caso foi
controlada devidamente a temperatura de conservao (4C) fato que em
supermercados pode no ocorrer, o que determinar a reduo de vida til do produto,
pois a populao poderia crescer mais rapidamente e atingir um nmero de
microrganismos suficiente extrapolando os limites dos padres microbiolgicos. Vrios
trabalhos apontam altos ndices de contaminao dos queijos Minas frescal encontrados
em supermercados e indstrias de lacticnios, o que causa preocupao ao consumidor.
Carvalho, Viotto e Kuaye (2007) avaliaram 97 amostras de queijo Minas frescal vendidos
na cidade de Campinas SP encontrando 29% das amostras com contagem de
coliformes de origem fecal e 12,9% com Staphylococcus coagulase positiva, ambos
acima do padro estabelecido pela legislao vigente. Numa indstria de laticnio Lisita
(2005) encontrou populao de 1,1x108 NMP/g de coliformes de origem fecal e < 10,0
UFC/g de Staphylococcus coagulase positiva. A ausncia de Salmonella sp. no presente
trabalho no rara, vila e Gallo (1996) e Carvalho, Viotto e Kuaye (2007) tambm no
verificaram a ocorrncia de Salmonella sp. em queijo Minas frescal vendido em
diferentes estabelecimentos na regio de So Paulo. Os resultados mostrados na
Tabela 2 reforam a necessidade de aplicao de boas prticas higinicas na produo
do queijo Minas. Apesar do produto atender legislao vigente no momento em que
colocado no mercado, a presena dos microrganismos limitados/tabelados pela ANVISA
poder tornar o produto imprprio para o consumo no decorrer do tempo devido ao
desenvolvimento de patgenos. Isto ocorrer tanto mais cedo quanto maior for
populao inicial.
48
A Tabela 3 mostra o desenvolvimento das bactrias mesfilas e seu
desenvolvimento durante o perodo de armazenamento sob refrigerao dos trs lotes.
Tabela 3 Evoluo da populao de bactrias mesfilas em queijo Minas frescal1 durante 30 dias de
armazenamento a 4C entre trs lotes diferentes.
Mesfilas totais log UFC/g
Lote 1 dia 10 dia 20 dia 30 dia
A 3,59 0,28 a 7,02 0,38 b 8,57 0,50 c 11,40 0,85 d
B 2,75 0,19 a 6,48 0,38 b 9,28 0,12 c 11,62 0,58 d
C 4,91 0,21 a 7,09 0,76 b 9,34 1,47 c 11,40 0,27 d
Mdia 3,75 1,09a 6,86 0,33b 9,06 0,428c 11,47 0,127d
1 Resultados relativos mdia desvio padro de duas peas de queijo para amostras analisadas em duplicatas nos dias 1, 10, 20 e 30 aps o dia de fabricao.
a, b, c Mdias seguidas de diferentes letras nas linhas diferem estatisticamente pelo teste de Tuckey ao nvel de significncia 5%.
Observou-se que a contagem de microrganismos mesfilos totais aumentou
constantemente em mdia de 2,57 log UFC/g, a cada perodo de amostragem. O grande
aumento desta populao no decorrer de 30 dias sob refrigerao mostra a
possibilidade da deteriorao do produto, alterando suas propriedades fsico-qumicas e
sensoriais ocasionando a reduo de sua vida de prateleira (Figura 4). A presena
destes microrganismos tem sido usada como indicador da qualidade higinica dos
alimentos, fornecendo idia sobre seu tempo til de conservao e a quantidade de
microrganismos patognicos presentes (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001; JAY,
1994). Rosa (2004) analisou o queijo fresco e encontrou populao de mesfilos de 6,48
log UFC/g e Lisita (2005) avaliando a linha de produo de queijo Minas frescal em um
lacticnio encontrou no leite pasteurizado 4,75 log UFC/g e 9,45 log UFC/g no queijo
antes da salga. Picoli et al. (2006) avaliando a qualidade do queijo Minas frescal de leite
de cabra armazenado por 14 dias acompanhou a evoluo destas bactrias e observou
sua reduo de 6,23x109 UFC/g no primeiro dia para 3,5x103 UFC/g no 14 dia o que
no foi confirmado (Tabela 3). Manolopoulou et al. (2003) trabalhando com queijo feta,
um queijo fresco de origem grega, obtiveram uma evoluo das bactrias mesfilas de
4