Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção
do grau de Mestre em Ciências da Informação e Documentação, realizada sob a
orientação científica de José António Calixto Marques de Oliveira e de Maria de
Lurdes Pereira Rosa
2
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Francisco Lopes e a toda a equipa da Biblioteca Municipal António Botto,
pela forma como me acolheram desde o primeiro momento. A Teresa Lopes e ao Dr.
Paulo Rego, da Divisão de Informática da Câmara Municipal de Abrantes, pela
amabilidade em responder às minhas questões. Sem a colaboração de todos eles não
seria possível a realização desta dissertação.
Aos orientadores da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa pelas palavras de incentivo e confiança. O Doutor José António Calixto
que desempenhou um importante papel no presente trabalho, bem como noutras
aprendizagens do mestrado. A Doutora Maria de Lurdes Rosa um obrigada pelo
acompanhamento interessado desta tese.
Também a todos os outros docentes do mestrado pelas experiências de
aprendizagem que me possibilitaram.
Aos colegas do mestrado da colheita 2011-2013, por toda a ajuda e
companheirismo ao longo deste percurso formativo. As experiências que vivemos e as
conversas que tivemos enriqueceram-me enquanto profissional e ser humano.
Aos amigos e às amigas que me acompanharam durante o percurso do
mestrado e, de uma maneira especial, desta tese. Destes, há que destacar o Pedro
Silva, a Goreti Gonçalves e a Lisete Cordeiro.
Aos meus pais, ao meu irmão e à minha cunhada.
Às colegas da Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, com quem tenho
aprendido muito e cuja compreensão foi fundamental nesta etapa académica.
Ao Dr. Miguel Narciso, pelas boleias e conversas no primeiro ano de mestrado.
3
A BIBLIOTECA PÚBLICA E A LITERACIA DA INFORMAÇÃO : ESTUDO DE CASO DE UMA
BIBLIOTECA DA REGIÃO CENTRO DE PORTUGAL
THE PUBLIC LIBRARY AND THE INFORMATION LITERACY: CASE STUDY OF A LIBRARY
OF THE CENTRE REGION OF PORTUGAL
MARIA DE FÁTIMA CORDEIRO DE OLIVEIRA
[RESUMO]
O objetivo desta dissertação é perceber o papel do profissional de biblioteca pública na promoção da literacia da informação, através do estudo de uma biblioteca municipal do NUTS II Região Centro, a Biblioteca Municipal António Botto. Para isso segue-se uma metodologia do estudo de caso, recolhendo-se à observação de páginas de internet, entrevistas semiestruturadas e análise de documentação para recolha de dados. No primeiro capítulo será feita uma revisão da literatura abordando o conceito de literacia da informação, o papel das bibliotecas públicas em relação a essa questão e a problematização da situação portuguesa. No segundo capítulo será explicada a metodologia usada. No terceiro capítulo será caracterizada a Biblioteca António Botto, através do concelho em que está situada, da sua história e das suas características. No quarto capítulo será feita uma análise interpretativa das suas atividades de promoção de literacia da informação, com destaque para a criação e gestão do Tutorial e do Espaço Criança, disponíveis na sua página da internet. Conclui-se que o profissional da informação desempenha um importante papel no incentivo à literacia da informação, desde que tenha ao seu dispor condições para alcançar esses objetivos.
PALAVRAS-CHAVE: literacia da informação, biblioteca pública, estudo de caso,
Biblioteca Municipal António Botto, profissional de biblioteca
4
[ABSTRACT]
This dissertation aims to understand the role of the public library professional in promoting information literacy through the study of a municipal library of NUTS II Região Centro, the Biblioteca Municipal António Botto. For this purpose follows the methodology of case study, through the observation of web pages, semi-structured interviews and analysis of documentation for data collection. In the first chapter is doing a literature review covering the evolution of the concept of information literacy, the role of public libraries in relation to this issue and questioning nowadays what is the portuguese situation. In the second chapter is explained the methodology used. In the third chapter will be characterized Biblioteca Municipal António Botto, through the county in which it is situated, its history and its features. In the fourth chapter an interpretative analysis of its activities to promote information literacy, with emphasis on the creation and management of Tutorial and Children Space, available on its website. It is concluded that the professional information plays an important role in fostering information literacy, provided you have at your disposal conditions to achieve these goals.
KEYWORDS: information literacy, public library, case study, Biblioteca Municipal
António Botto, library professional
5
ÍNDICE
Introdução ............................................................................................................................. 9
1. A literacia da informação nas bibliotecas públicas portuguesas:
revisão da literatura ............................................................................................................ 12
1.1. A noção de literacia e as várias literacias .................................................................... 12
1.2. A literacia da informação .............................................................................................. 14
1.3. O papel da biblioteca pública na promoção da literacia da informação .............. 17
1.4. A situação portuguesa ................................................................................................... 19
2. Enquadramento metodológico ................................................................................. 24
2.1. O estudo de caso como estratégia de pesquisa ......................................................... 25
2.2. Instrumentos usados para recolha de dados ............................................................. 27
2.2.1. Observação de páginas web e recolha de dados para a escolha do caso .......... 28
2.2.2. Entrevistas semiestruturadas .................................................................................... 28
2.2.3. Observação do sítio da Biblioteca Municipal António Botto ............................ 30
2.2.4. Análise de documentação: a multiplicidade de fontes ......................................... 30
3. Caraterização do caso estudado: Abrantes e a Biblioteca Municipal
António Botto ....................................................................................................................... 32
3.1. Abrantes, enquadramento do concelho ..................................................................... 32
3.2. A Biblioteca Municipal António Botto ...................................................................... 35
3.2.1. História da biblioteca ................................................................................................. 36
3.2.2. Caraterização da biblioteca ........................................................................................ 37
4. A promoção da literacia da informação na Biblioteca Municipal António
Botto : análise do caso ...................................................................................................... 41
4.1. Definição de literacia da informação subjacente ...................................................... 41
6
4.2. A criação e a gestão do Tutorial e do Espaço Criança ............................................ 42
4.2.1. Planeamento e criação ................................................................................................ 43
4.2.1.1. Objetivos da criação do Tutorial e do Espaço Criança .................................... 44
4.2.1.2. A questão do ano de criação .................................................................................. 45
4.2.1.3. O papel do diretor da biblioteca ........................................................................... 47
4.2.1.4. As etapas do projeto, os recursos humanos envolvidos e o financiamento . 47
4.2.1.5. Os programas informáticos usados ...................................................................... 49
4.2.1.6. Obstáculos encontrados ......................................................................................... 50
4.2.2. A divulgação................................................................................................................. 50
4.2.3. A avaliação do impacto .............................................................................................. 51
4.3. A formação de utilizadores em literacia da informação na Biblioteca Municipal António
Botto ........................................................................................................................................ 52
4.3.1. A Biblioteca Virtual .................................................................................................... 52
4.3.2. As ações de formação e as práticas quotidianas .................................................... 54
Conclusão .............................................................................................................................. 57
Bibliografia ........................................................................................................................... 61
Anexos
Anexo 1: Literacias de sobrevivência de acordo com a UNESCO .............................. iii
Anexo 2: Literacia da informação em portugal de acordo com a bibliografia
consultada................................................................................................................................ iv
Anexo 3: Proposta de modelo de análise .......................................................................... vii
Anexo 4: Seriação do caso de acordo com os critérios definidos previamente ......... viii
Anexo 5: Transcrição das entrevistas realizadas .............................................................. xii
Anexo 6: Notícia sobre o Tutorial e o Espaço Criança na página web da Biblioteca Municipal
António Botto ........................................................................................................................ xxxiii
Anexo 7: Estrutura do Tutorial e Espaço Criança .......................................................... xxxiv
Anexo 8: Formação do utilizador entre 2003 e 2013 na Biblioteca Municipal António
7
Botto ........................................................................................................................................ xxxvii
Anexo 9: Texto introdutório da Biblioteca Virtual ......................................................... xxxviii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: O conceito alargado de literacia da informação 16
Figura 2: Mapa dos municípios objeto da pesquisa 24
Figura 3: Mapa de Abrantes com as freguesias existentes até 2013 assinaladas 34
Figura 4: Aspeto da página da BMAB em março de 2014 43
8
LISTA DE ABREVIATURAS
ALA - American Library Association
ACRL - Association of College and Research Libraries
ALFIN – Alfabetización Informacional
AML - Área Metropolitana de Lisboa
BAD - Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas
BMAB – Biblioteca Municipal António Botto
BP – Biblioteca Pública
CHILIAS - Children in Libraries: improving multimedia virtual library access and
information skills
CMA – Câmara Municipal de Abrantes
IFLA - International Federation of Library Associations and Institutions
Infoliteracia – Literacia da Informação
ILIERS - Integrated Library Information Education and Retrieval System
LI – Literacia da Informação
NUTS – Unidades Territoriais Estatísticas de Portugal, que designam as sub-regiões
estatísticas em que se divide o território português de acordo com os regulamentos da
UE
NUTS II – Cinco regiões portuguesas: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Algarve,
região autónoma da Madeira e região autónoma dos Açores
UE – União Europeia
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
9
INTRODUÇÃO
A presente dissertação é realizada no âmbito do mestrado de Ciências da
Informação e Documentação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa.
Esta dissertação está dividida em quatro capítulos, para além deste capítulo
introdutório e de uma conclusão. Neste capítulo será realizada a apresentação da
investigação desenvolvida. No primeiro capítulo será feita uma revisão da literatura
abordando o conceito de literacia da informação, o papel da biblioteca pública em
relação a essa questão e a problematização da situação portuguesa. No segundo
capítulo será explicada a metodologia usada. No terceiro capítulo será caraterizada a
Biblioteca António Botto (BMAB), através do concelho em que está situada, da sua
história e das suas caraterísticas. No quarto capítulo será feita uma análise
interpretativa das atividades de promoção de literacia da informação (LI) desta
biblioteca pública (BP), com destaque para a criação e gestão do Tutorial e do Espaço
Criança, disponíveis na sua página da internet.
Fins da investigação
Este estudo pretende perceber o papel do profissional de biblioteca pública na
promoção da literacia da informação. Para entender isso, é também necessário
compreender o papel dos outros atores sociais, nomeadamente os municípios, as
comunidades locais e as associações profissionais.
O estudo de caso permite uma abordagem descritiva e interpretativa da
realidade, aprofundado o conhecimento da complexidade dos fenómenos sociais. As
atividades de promoção de literacia da informação da Biblioteca Municipal António
Botto, nomeadamente os seus tutoriais em linha, são o objeto do presente estudo.
Para escolha do caso foi feita uma pesquisa preliminar e este foi escolhido com base
em critérios previamente estabelecidos.
10
Esta investigação procurou alcançar os seguintes objetivos específicos:
- Caraterizar a biblioteca investigada em termos de história, concelho em que se
insere, compreendendo as suas caraterísticas e particularidades;
- Perceber quais os condicionantes, do ponto de vista dos recursos humanos, numa
biblioteca pública, para a promoção da literacia da informação;
- Indagar se a biblioteca tem algum programa específico para a promoção da literacia
da informação e perceber como este é gerido;
- Distinguir quem são os utilizadores que mais beneficiam com as ações de promoção
da literacia da informação da biblioteca estudada.
Justificação do tema
O tema deste estudo surgiu com base na leitura do artigo “Literacia da
informação : um desafio para as bibliotecas” de José António Calixto (2004). Neste são
analisados os papéis das bibliotecas, especialmente das BP, no campo da LI, através de
um inquérito aos diretores das bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas e
numa entrevista semiestruturada a diretores de biblioteca e eleitos locais em 15
municípios selecionados. Terminada em 2001, esta investigação mostrou na altura que
a LI era uma questão que havia conhecido algum desenvolvimento nas bibliotecas
escolares, sendo ainda incipiente nas BP. Concluiu apontando os obstáculos que levam
as BP a não cumprir o seu papel na promoção da literacia. Este artigo mantém a sua
importância ainda hoje, tendo o autor deixado inúmeras pistas para futuras
investigações. Como lembrou recentemente Teresa Calçada (2014, p. 34): «Os
professores e as bibliotecas são mediadores por excelência, porque desmistificam a
ideia de que está tudo à distância de um clique. Por outro lado, é importante mostrar a
importância da validação».
A partir deste texto iniciou-se o caminho da leitura de bibliografia sobre o
tema, que se revelou abundante e cheia de possibilidades. Optou-se pelo estudo de
caso com a pretensão de estudar apenas parte da realidade complexa,
compreendendo-se a realidade a partir da(s) teoria(s).
11
Definições operacionais deste estudo
Para melhor entender este estudo, torna-se necessário definir alguns termos
que serão usados nele.
Biblioteca pública pode ser definida como um espaço de acesso ao
conhecimento através de um conjunto vasto de serviços e recursos de informação para
toda uma comunidade local independentemente da idade, do género, da religião, da
língua, das suas (in)capacidades, estatuto económico e profissional, educação,
nacionalidade ou etnia (Koontz e Gubbin, ed., 2010, p. 1).
Para este estudo optou-se pela definição de Lieracia de Informação de
Whitfield (2010, p. 101-102), que a considera a junção de todas as literacias. Define-se
portanto esta como a capacidade de ler, escrever, procurar, selecionar, interpretar,
avaliar, organizar e reutilizar informação.
Por promoção da literacia da informação designam-se todas as as atividades
e/ou programas promotores de literacia da informação. Entre eles encontram-se os
interfaces da web criados com o objetivo de incentivar e estimular as capacidades
descritas atrás.
O tutorial é um interface web que fornece instruções sobre como fazer alguma
coisa.
Ao longo deste estudo será usada a expressão profissional de biblioteca para
designar o grupo formado pelos profissionais com formação e/ou experiência de
trabalho em bibliotecas e/ou ciências da informação e documentação. No mundo
anglo-saxónico estes são designados de “librarian”, que é traduzido em português
como “bibliotecário”. No entanto em Portugal o bibliotecário é um profissional com
formação superior (pós-graduação, mestrado ou doutoramento) na área das ciências
da informação e documentação com funções de chefia, sendo que muitos têm o cargo
de diretor de biblioteca. Os restantes, com formação menor que esta e subordinados
aos primeiros são designados de técnicos de biblioteca.
12
1. A literacia da informação nas bibliotecas públicas portuguesas: revisão da
literatura
A pesquisa para esta revisão da literatura progrediu por quatro fases. Numa
fase inicial foi pesquisada a bibliografia do livro Uma cultura da informação para o
universo digital, de José Afonso Furtado (2012) e feitas as leituras respetivas. Numa
segunda fase foram feitas pesquisas gerais na internet, quer no Google, quer no
Google Scholar, utilizando-se as seguintes palavras-chave, tanto em português como
em inglês: literacia, literacia da informação e biblioteca pública. Numa terceira fase
foram objeto de pesquisa as revistas especializadas da área existentes em Portugal
(Cadernos BAD e Páginas a&b), todas as atas dos congressos da Associação Portuguesa
de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (BAD), os sítios de várias associações
profissionais da área, obras coletivas sobre o assunto publicadas em Portugal e o wiki
ALFIN Iberoamerica. Numa quarta fase, para aprofundamento da situação portuguesa,
foram consultadas as teses disponíveis nos repositórios das universidades que
tratavam o tema. Sempre que possível, procurou-se a consulta do artigo original à sua
citação através de outros autores.
1.1. A noção de literacia e as várias literacias
O significado inicial de “literacy”, quando surgiu, no século XIX, era de
“conhecimentos alfabéticos básicos” (Furtado, 2012, 60). Desde essa época que o
significado tem-se vindo a alargar ao mesmo tempo que o termo se vulgarizou. A sua
ascensão representou também a diminuição do uso dos termos da família de “cultura”
nas discussões sobre educação cívica (Furtado, 2012, 62).
De acordo com Lahire (1999b, citado por Ávila, 2003, p. 103) aquilo que se
considera aceitável em termos de capacidades de leitura e escrita tem vindo a evoluir,
daí a expansão do significado de literacia. Não existe por isso uma definição única de
13
literacia, dependendo o seu significado do contexto em que é empregue (Bawden,
2001, p. 220-221; Scriber e Cole, 1981, citados por Calixto, 2004, p. 3).
Vários autores consideram que todos os indivíduos têm literacia. Mesmo
aqueles que são considerados analfabetos desenvolvem algumas competências,
através da experiência, que lhes permitem ter acesso a um conhecimento mínimo para
as suas atividades. Existem por isso múltiplos níveis e perfis de literacia, dependentes
ou não dos níveis de escolaridade (Ávila, 2006, p. 105-106). Esta observação é
corroborada pela UNESCO (2007, p. 3). A literacia não é, portanto, um fenómeno de
“tudo ou nada”. Existe, aliás, consciência da relação da literacia com a vida quotidiana
(Benavente citada por Calixto, 2004, p. 3; Furtado, 2012, p. 67).
A UNESCO reconhece uma pluralidade de definições para o conceito, que
aumentaram com o avanço das tecnologias da informação e o incremento da
globalização (UNESCO, 2004, p. 6). A última definição proposta pela organização data
do Encontro Internacional de Peritos em Literacia, em 2003 (UNESCO, 2004, p. 13):
«Literacy is the ability to identify, understand, interpret, create, communicate
and compute, using printed and written materials associated with varying contexts.
Literacy involves a continuum of learning in enabling individuals to achieve their goals,
to develop their knowledge and potential, and to participate fully in their community
and wider society».
Esta organização definiu uma família de literacias (plural) fundamentais para o
século XXI, a que chamou literacias de sobrevivência (UNESCO, 2004, p. 6). A
organização afirma que as fronteiras entre estas literacias se esbatem e que devem ser
vistas como uma grupo intimamente unido, como pode ser observado no Anexo 1.
Analisando-o, observamos que a organização considera a Educação à Distância e E-
Learning uma literacia, o que é um sintoma da sua preocupação com o ensino. Ao
mesmo tempo, designar de Literacia Cultural como um tipo de literacia é revelador,
dadas as relações entre os conceitos de “literacia” e “cultura” referidas atrás e o
subjetivismo inerente à própria definição de “cultura”.
14
Owusu-Ansah (2003, p. 221) observa que podem haver tantos tipos de literacia
quantas as necessidades de competências ou conhecimentos especializados. São
criadas novos termos para atender novas necessidades, e nem sempre todos os
autores estão de acordo quanto ao seu uso. De acordo com Bawden (2001, p. 230)
todas as diferentes literacias existentes são o resultado do ambiente complexo da
sociedade da informação.
Bawden (2001, p. 223) designa por Literacia de Bibliotecas um conjunto de
competências de utilização de bibliotecas, sendo neste caso um antecessor da Literacia
da Informação. Ou referir-se ao envolvimento das bibliotecas em programas de
literacia em sentido clássico, como por exemplo na promoção da leitura. Whitfield,
(2010, p. 101) denomina-a Literacia Documental.
O conceito de Literacia Digital, que Bawden (2001, p. 249-250) refere no plural,
tornou-se usual a partir da década de 90 do século XX, estando desde o início
relacionado com a LI (Dudziak, 2003, p. 27). Bawden (2001, p. 249-250) refere-se às
Literacias Digitais como um grupo de literacias consideradas sinónimas entre si:
Literacia de Rede (termo usado muito raramente, sendo a “rede” usada no sentido de
“internet”), Literacia de Internet e Hiperliteracia. De acordo com Bruce (2004) a LI
tornou-se uma extensão natural da literacia na era da informação, sobretudo numa
época em que a tecnologia está em constante mutação.
1.2. A literacia da informação
A expressão “information literacy” foi usada a primeira vez em 1974, num
artigo de Paul Zurkowski, num relatório submetido à National Commission on Libraries
and Information Science (Behrens, 1994, p. 309-310). Mas foi em 1989, no relatório
final do Comité Presidencial da Association of College and Research Libraries (ACRL)
que lhe foi dada a definição que se tornou clássica:
15
«To be information literate, a person must be able to recognize when
information is needed and have the ability to locate, evaluate, and use effectively the
needed information. (…) Ultimately, information literate people are those who have
learned how to learn. They know how to learn because they know how knowledge is
organized, how to find information, and how to use information in such a way that
others can learn from them. They are people prepared for lifelong learning, because
they can always find the information needed for any task or decision at hand» (ACRL,
1989).
O relatório recomendava a introdução de uma nova forma de aprendizagem,
que esbatesse fronteiras entre a sala de aula e a biblioteca (Behrens, 1994, p. 315).
Devido à influência deste relatório da ACRL começaram a aparecer programas
educativos vocacionados para a LI, principalmente em bibliotecas universitárias, nos
Estados Unidos. Tornar o utilizador independente, através da integração curricular e da
cooperação com a comunidade tornou-se num objetivo para os profissionais de
biblioteca. Raminhos (2010, p. 82-83) mostrou a correlação entre os standards da ACRL
e os da IFLA (2006).
A IFLA (2011) emitiu recentemente um conjunto de recomendações sobre
literacia dos media e da informação, definindo-a como a síntese entre o
conhecimento, as atitudes perante a informação e a e a soma das competências para
saber onde e como a informação é necessária. Vitorino e Piantola (2011, p. 102-110)
defendem que a LI possui quatro dimensões: técnica (saber fazer), estética
(“perceção”), ética (ações capazes de propiciar o bem viver em sociedade) e política (a
explosão da informação deve levar a uma cidadania crítica ao mesmo tempo que os
responsáveis políticos são chamados a desenvolver programas no âmbito da LI).
Existem inúmeras definições concorrentes de LI, o que pode ser considerado
uma fraqueza (Virkus, 2011, p. 17). Owusu-Ansah (2003, p. 226) considera no entanto
que muitas polémicas à volta do conceito se devem mais a dificuldades nas práticas
quotidianas que propriamente a diferenças concetuais. O autor (2003, p. 226)
demonstrou num artigo posterior (Owusu-Ansah, 2005, p. 366) as poucas diferenças
existentes entre as definições de vários autores e a da ACRL.
16
O desenvolvimento da internet e a sua evolução, com o aparecimento da Web
2.0 trouxe a informação passou de passou de “sólida” (nos séculos XX e XXI) a “liquida”
ou seja, fragmentada e de difícil acesso (Area e Pessoa, 2011). Por isso houve
necessidade de alargar o conceito, sem no entanto deixar de lado a definição da ACRL,
como observa Whitfield (2010, p. 101). Nesse sentido, a literacia da informação passa
a abarcar todas as outras.
Figura 1
O conceito alargado de LI
Fonte: Whitfield, 2010.
De acordo com Whitfield (2010, p. 101) a LI é a soma de todas as literacias que
permitem ao indivíduo compreender a sociedade da informação.
17
1.3. O papel da biblioteca pública na promoção da literacia da informação
A biblioteca pública serve um conjunto vasto e heterogéneo de públicos
(Koontz e Gubbin, ed., 2010, p. 1), o que lhe dá um enorme um enorme potencial
(Demasson, Partridge e Bruce, 2010) ao mesmo tempo que condiciona os seus papéis.
Debater a promoção da LI nas BP é sempre questionar até que ponto a biblioteca deve
colmatar as deficiências da escola ou apostar em atividades de animação e esquecer
outros aspetos.
O relatório da ACRL de 1989 equacionava já o papel da biblioteca pública na
literacia da informação. Um dos seus pontos era, aliás, a criação de pontes entre as
escolas (universidades ou não) e os recursos e serviços das bibliotecas públicas, para
uma aprendizagem baseada em recursos (ACRL, 1989).
A UNESCO e a IFLA têm desenvolvido um trabalho de grande importância tanto
na clarificação do papel da BP como grupos de pressão. Nos manifestos mais
importantes para a definição do que é a BP a literacia da LI está subentendida como
sendo uma importante função que esta não deve rejeitar.
No Manifesto da UNESCO de 1949, “The public library: a living force for popular
culture” (UNESCO, 1949), que considerava a biblioteca pública uma «agência de
educação democrática» uma «universidade do povo».
No manifesto de 1994, sob auspícios da IFLA e da UNESCO, consagrou-se a
biblioteca pública como «centro local de informação» em que a informação deve ser
acedida por todos numa base de igualdade. Entre as missões do manifesto, destaca-se
a promoção das competências básicas ou funcionais (nomeadamente a promoção da
leitura), «educação individual e a autoformação» (o que a torna num espaço para o
estímulo de todas as literacias) e possibilitar «o desenvolvimento da capacidade de
utilizar a informação e a informática» (o desenvolvimento da literacia da informação e
da literacia computacional e digital) (IFLA e UNESCO, 1994).
Em 2009 a IFLA emitiu o documento “10 ways to make a public library work :
update your libraries” (IFLA, 2009), que pretendia ser um complemento ao Manifesto
18
de 1994. Este manifesto aconselha o profissional de biblioteca a tornar-se de
conselheiro no processo de aprendizagem ao longo da vida - onde a LI desempenha
uma significante função – para além da clássica função de como mediador do
conhecimento.
Calixto (2004, p. 10) afirma que as bibliotecas, graças aos recursos de
informação disponíveis para os utilizadores, a sistemas de gestão da informação
eficientes, à existência de profissionais qualificados e a uma tradição de serviços de
referência de décadas, são as instituições indicadas para a promoção dessas ações.
Num estudo posterior (Calixto, 2005, p. 69-71) o autor afirma que um dos papéis que
as bibliotecas da Rede Nacional de Leitura Pública deveria desempenhar seria o
educacional, destacando-se entre as suas funções o apoio à literacia e o apoio ao
desenvolvimento de habilidades de informação. No mesmo estudo Calixto (2005, p.
79), citando Albrechtsen & Kajberg (1997), afirma que os novos profissionais de
biblioteca devem ter formação em LI, estando entre as suas funções ser educador,
gestor de informação, navegador e especialista em assuntos específicos.
Acompanhando a evolução dos tempos o mesmo autor questiona (Calixto,
2012b), anos depois, até onde deve ir o papel das BP no campo da educação, porque
elas se transformaram mais em instituições de apoio à educação formal. Devido a essa
transformação, a BP encontra-se numa encruzilhada e necessita de criar novos
serviços, como o apoio a trabalhos de casa e à procura de emprego, para integrar
aqueles que estão a ficar excluídos.
De acordo com Amândio (2007) com a evolução da sociedade de informação o
profissional da informação passa a ser, para além de mediador de pesquisas, mediador
de aprendizagens. Noutro estudo (Amândio, 2010, p. 107) a autora sugere que o
futuro da biblioteca pública é a “biblioteca combinada”, ou seja a cooperação das BP
com outros atores (sobretudo outras bibliotecas, para além de museus e arquivos) na
promoção da literacia, beneficiando das ferramentas da Web 2.0.
Pieper (2010) também aconselha os profissionais de biblioteca a abordar de
forma viral a LI nas suas bibliotecas, através de blogues. Um dos desafios das BP é o de
não fazerem parte do sistema educativo, pelo que a formação em LI é virada para
competências específicas, não sendo tratada a avaliação da informação e o
19
pensamento crítico. Para que isso seja possível, é necessário as BP deixarem o seu
didatismo e instruírem de forma encoberta, através de blogues ou outros mecanismos
das redes sociais.
Para Pinto e Uribe Tirado (2012, p. 137) a biblioteca pública deve tornar-se
numa biblioteca híbrida por causa da sua relação com as tecnologias da informação. Os
autores definem-na como uma biblioteca que possui coleções impressas e digitais,
facilita o acesso a todos os suportes e possui serviços e programas de formação tanto
presenciais, como semipresenciais e em linha. Através de uma análise bibliométrica e
uma análise de conteúdo da literatura especializada (Pinto e Uribe Tirado, 2012, p.
140) os autores concluem que as bibliotecas devem desenvolver um maior esforço
para implementar programas de literacia da informação. Para alcançar estes objetivos
sugerem um conjunto de estratégias (Pinto e Uribe Tirado, 2012, p. 143-144) que
passam por identificar o perfil dos utilizadores, usar diferentes fontes de informação
consoante os diferentes públicos, escolher os meios presenciais ou em linha para a
aprendizagem, consoante os conhecimentos e as experiências prévias de cada
segmento da população e fazer uma boa planificação de programas e/ou atividades.
1.4. A situação portuguesa
Ao longo da pesquisa bibliográfica desenvolvida foram encontradas poucas
atividades e/ou programas das bibliotecas públicas direcionadas para a literacia da
informação em Portugal, bem como pouca investigação sobre a mesma, como pode
ser comprovado pelo Anexo 2. A maioria refere-se à Área Metropolitana de Lisboa
(AML). Verifica-se portanto que não têm sido desenvolvidos esforços para uma
sistematização dos programas de LI a nível nacional. Vários autores (Amândio, 2010;
Whitfield, 2010; Mesquita, 2012) é assumem a confluência da LI com outras literacias
como um fenómeno natural.
20
Coexistem várias visões do que é a LI na bibliografia consultada, sendo que a
definição clássica da ACRL e as diretrizes da IFLA são as mais usadas. Estas
desempenham um papel importante junto dos profissionais e dos investigadores por
via das associações profissionais. Cada biblioteca (e cada investigador) tem a sua
interpretação do que deve ser uma BP com preocupações de LI.
Destaca-se a Biblioteca Pública de Évora, a primeira instituição portuguesa a
criar um tutorial na sua página de internet, para formação em literacia da informação
(Whitfield, 2010, p. 107). A rede municipal de Almada merece também ser
evidenciada, com as suas sessões presenciais dirigidas para o público infanto-juvenil.
Lisboa também merece destaque, pois durante alguns anos existiu aí o Programa
Ulisses (Amândio, 2010, p. 109) que misturava formação em literacias digitais e em LI.
Em Alcochete, Loures, Mafra e Porto a LI é vista como Literacia de Bibliotecas. Em
Amadora, Odivelas, Palmela, Seixal, Sesimbra, Viana do Castelo e Vila Franca de Xira
designa-se de LI a formação em Literacia de Computadores e/ou Digital por LI, por
certo devido a esta ter também uma componente de uso e avaliação de informação.
Por vezes chama-se LI à replicação online da função de aconselhamento ao leitor de
qualquer BP (Odivelas e Viana do Castelo).
Em Oeiras o Programa Copérnico que arrancou, ainda numa fase experimental,
em 2006 (Raminhos, 2010, p. 26) é um dos poucos que se encontra em
funcionamento. Este abrange uma série de valências e literacias enorme, cuja junção é
discutível. Este programa é o resultado de circunstâncias e princípios ambiciosos e
dificilmente reproduzíveis em todas as bibliotecas (Amândio, 2007).
No Anexo 2 é visível também que a maioria das atividades e programas se
dirige à população idosa e/ou à população escolar. Por um lado isto demonstra uma
tendência para se trabalhar apenas para o utilizador que vem sempre à biblioteca,
excluindo-se a restante comunidade (Calixto et al., 2012). Por outro lado, isso pode ser
também um sintoma de adaptabilidade da biblioteca ao meio onde se encontra
inserida. Para ilustrar esta problemática o caso de Viana do Castelo é um bom
exemplo. Mesquita (2012, p. 55-57) aponta como grandes lacunas em termos de LI a
falta de um Serviço de Referência estruturado, a falta de continuidade nas ações de
21
formação de utilizadores e o facto de apenas a população sénior beneficiar de ações
no âmbito das TI.
Para compreender a situação portuguesa, há que equacionar quais os papéis
desempenhados pelos seguintes fatores:
A) Os Profissionais de Biblioteca – A qualificação dos profissionais e a consciência da
sua função social são factores importantes (Amândio, 2010, p. 100) para além da
motivação, do individualismo/coletivismo e do seu isolamento/agrupamento (Calixto,
2012a) influenciam todo o seu trabalho. Influem na sua capacidade de analisar as
verdadeiras necessidades dos seus utilizadores, tanto reais como potenciais, levando-
os por vezes à exclusão de elementos da comunidade (Calixto et al., 2012) e são
fatores que influenciam negativamente a possibilidade de efetuar mudanças e de criar
redes tanto dentro da comunidade local como entre colegas (Leal, 2012).
B) Os Municípios – Os municípios são uma divisão administrativa dotada de
autonomia. Têm um papel normativo e financiador ao nível do concelho que
administram (artigos 235º a 243º da Constituição Portuguesa). A escassez de fundos,
os ciclos políticos e o contexto sócioeconómico influenciam a sua ação (Neves, 2005, p.
76).
O sucesso das BP portuguesas está diretamente relacionado com o investimento nelas
feito pelos municípios (Calixto, 2005, p. 66; Leal, 2012). No entanto as BP têm de
enfrentar o facto dos eleitos locais não perceberem a sua importância (Correia, 2007),
levando ao desvio de fundos para outras prioridades (Leal, 2012).
Por outro lado, a adaptação das componentes doutrinais do “new public
management” aos municípios leva a que se insistam mais nos resultados que nos
processos, insistir na competição entre serviços e de fazer mais por menos (Hood,
1996 citado do Rocha, 2010).
O próprio modelo de administração autárquica tem vindo a evoluir. Durante algum
tempo o modelo mais usado tem sido o modelo burocrático profissional. Esta
configuração é uma adaptação do modelo descrito por Max Weber, onde cada
22
funcionário é apenas devedor de obrigações perante o setor em que trabalha, as
qualificações técnicas são a medida da hierarquia e da disciplina interna de uma
organização (Rocha, 2010, p. 112-113; Mintzberg, 2010, p. 379-382). As BP
portuguesas, funcionando quase sempre em edifícios separados da sede municipal,
com os seus objetivos emanados da IFLA e da UNESCO, com os seus programas e
públicos, podem ser categorizadas neste modelo.
C) O Estado e a União Europeia – O papel destes dois atores, que podemos subdividir
em inúmeras entidades, exerce-se a dois níveis: normativo e financiador. A situação
económica e as doutrinas políticas são fatores condicionantes da sua ação.
A União Europeia (UE) tem feito várias iniciativas ao nível da LI e das bibliotecas, mas
muitas vezes as políticas são incoerentes e não têm continuidade. Durante os anos 90
do século XX abundaram estes programas, no âmbito do projeto Telematics for
Libraries (Virkus, 2003).
Em Portugal, entre as entidades estatais, há que destacar a instituição responsável
pelas bibliotecas portuguesas: a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.
Esta tem responsabilidades na promoção das literacias (Prole, 2005, p. 9),
relativamente à Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP) e aos profissionais
(Calixto, 2012a).
D) As Comunidades Locais – É na comunidade local que se encontram os utilizadores
reais e potenciais da BP e os públicos para as ações de LI. Estes tanto podem ser
estudados na sua especificidade como integrados nos variados grupos de que fazem
parte, entre eles a própria comunidade. A maioria dos utilizadores são os estudantes
(Calixto, 2012a). O envelhecimento, a crise económica e a política são fatores que não
devem ser descurados (Correia, 2007, p. 62). Por outro lado subsiste ainda perceção
pública errada dos papéis das bibliotecas (Calixto, 2004, p. 10), que ainda são vistas
como extensão da escola (Calixto, 2012b).
F) As Associações Profissionais – Prole (2005, p. 8-10) salienta que estas instituições
têm um importante papel na formação dos profissionais e que por isso devem
23
promover a consciencialização da importância da literacia para o saber dos públicos da
BP. Este autor fala do importante papel que a Associação Portuguesa de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas (BAD) pode ter.
Em síntese, o conceito de LI tem vindo a evoluir para uma noção alargada que
integra outras literacias necessárias na era da informação. As bibliotecas públicas são
vistas como o local de todas as aprendizagens, portanto sítios onde a promoção da LI
não pode ser descurada, no âmbito desta função educativa. Há no entanto que
ponderar os limites desta função, para que as BP sejam mais que locais de apoio à
instrução formal. Nesse sentido vários autores propõem estratégias: cooperação com
outros atores locais, ensinar LI de forma encoberta e usar as potencialidades da
internet criando-se BP hibridas. Em Portugal tem sido desenvolvida pouca investigação
sobre o tema, sendo difícil fazer uma avaliação global dos programas existentes. A
prossecução destes está dependente de múltiplos fatores.
24
2. Enquadramento Metodológico
Esta investigação consistiu no estudo de caso dos programas de literacia da
Biblioteca Municipal António Botto, de Abrantes.
Para a escolha do caso procedeu-se numa primeira fase à observação da
presença na Internet das bibliotecas públicas dos municípios pertencentes à Região
Centro. Dado que esta região apresenta diferentes configurações, a pesquisa
desenvolveu-se relativamente aos 100 municípios, pertencentes a 12 sub-regiões, que
fazem parte dos NUTS II tal como foram estabelecidos pelo Decreto-Lei nº 244/2002,
de 5 de novembro (CCDRC, 2012).
Figura 2
Mapa dos municípios objeto da pesquisa
Fonte: CCDRC, 2012
25
A observação começou nas páginas próprias das bibliotecas ou integradas na
Rede Concelhia de Bibliotecas, estendendo-se depois à sua presença nas redes sociais
(nomeadamente no Facebook) e às páginas web e portais dos respetivos municípios.
Procurou-se fazer uma observação o mais aprofundada possível, preenchendo-
se para tal uma grelha com os seguintes itens: (1) os contactos da biblioteca e páginas
da internet; (2) caraterização geral do concelho, quando existia; (2) caraterização geral
da biblioteca; (3) serviços prestados; (4) atividades / projetos desenvolvidos; (5)
aplicações e sistemas informáticos usados e (6) lista das fontes de informação de onde
foi recolhida.
Depois desta pesquisa feita, foram selecionados os casos de acordo com os
seguintes critérios:
1º Bibliotecas com tutoriais na internet de literacia da informação.
2º Bibliotecas que promovam a literacia da informação através de cursos.
3º Bibliotecas que tenham atividades que envolvam a promoção da literacia da
informação, como por exemplo visitas guiadas.
Foram encontradas duas bibliotecas que correspondiam ao primeiro critério
estabelecido: Abrantes e Proença-a-Nova. Estas bibliotecas distinguiam-se por terem
tutoriais nas suas páginas da internet criadas pelas próprias, conforme pode ser
confirmado no Anexo 4. Seguidamente foram contactadas as bibliotecas escolhidas.
Visto que apenas a Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, autorizou a
realização do estudo de caso, acabou por ser apenas essa a instituição escolhida.
2.1. O estudo de caso como estratégia de pesquisa
26
De acordo com alguns autores, como Becker et al. (2012) o estudo da realidade
de forma descritiva existe desde sempre, mesmo antes do desenvolvimento do
método científico. Vários autores afirmam que este método remonta às pesquisas
médicas e psicológicas (Ventura, 2007, p. 384). Outros referem que ele é originário da
antropologia e da sociologia, tendo como referência os trabalhos de Bronislaw
Malinowski e da Escola de Chicago (Ventura, 2007, p. 384; Bogdan e Biklen, 1999, p.
25-29). De entre os primeiros estudiosos que usaram o estudo de caso como método,
destaca-se Robert Park, um ex-jornalista e ex-relações públicas (Bogdan e Biklen, 1999,
p. 26-27). Park trouxe para a sociologia a sua experiência como repórter, por isso
encorajava a ida aos locais ao invés do estudo intensivo de bibliografia (Becker et al.,
2012).
Yin (2003, p. 32-33) define um estudo de caso como uma investigação empírica
que analisa um fenómeno dentro do seu contexto real, principalmente quando os
limites destes não são claramente definidos. Uma investigação deste tipo enfrenta
uma situação complexa com muitas variáveis, por isso tem necessidade de se basear
em várias fontes de dados com o objetivo de fazer uma triangulação. Esta investigação
necessita de um enquadramento teórico prévio. Existe ainda a necessidade de limitar o
número de variáveis a estudar para que a pesquisa não se disperse (Yin, 2003, p. 32).
Para Yin (2003, p. 33-34) o estudo de caso pode incluir ou mesmo ser limitado a
pesquisas quantitativas. No entanto muitos autores destacam o uso de descrição em
profundidade como a sua caraterística definidora (Becker et al., 2012; Bogdan e Biklen,
1999, p. 89). Esta componente descritiva aproxima-a da investigação qualitativa.
Bogdan e Biklen (1999, p. 47-51) caraterizam a investigação qualitativa como
(1) sendo baseada no ambiente natural, portanto mais próxima da realidade; (2) de
índole descritiva, o que leva a um maior aprofundamento das questões; (3) interessa-
se mais pelos processos que pelos resultados ou produtos; (3) os dados tendem a ser
analisados de forma indutiva, sendo a teoria criada à medida que os dados são
recolhidos e não o contrário; (4) dá grande importância aos significados atribuídos às
ações dos sujeitos.
27
Yin (2003, p. 19-20) lista algumas situações em que o estudo de caso é usado:
em política, ciência política e administração, em sociologia e psicologia comunitária,
nos estudos organizacionais e ligados à gestão, em investigação para o planeamento
regional e municipal. Também podem ser usados em investigações ligadas ao ensino
(Bogdan e Biklen, 1999).
De acordo com Yin (2003, p. 43) para os estudos de caso são importantes cinco
componentes: (1) as questões de um estudo; (2) as proposições do estudo, ou seja
observações prévias ao início do estudo, se as houver; (3) a(s) unidade(s) de análise;
(4) a lógica que une os dados aos argumentos do estudo; (5) os critérios de
interpretação do caso.
Definir a unidade de análise é um passo determinante para «definir o que é um
caso». Esta é constituída por um conjunto de proposições que funcionam como limite
para os dados a coletar (Yin, 2003, p. 43). Neste estudo toma-se como unidade de
análise as atividades da Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes ligadas à
promoção da literacia da informação.
Conforme comenta Martins (2008) os estudos de caso apresentam como
principais limitações para o investigador o tempo e o dinheiro.
2.2. Instrumentos usados para recolha de dados
Nesta parte será feita uma pequena descrição dos instrumentos de recolha de
dados usados neste estudo.
2.2.1. Observação de páginas web e recolha de dados para a escolha do caso
28
Moreira (2007, p. 186) nota que é a teoria que deve estar na base da
observação. Este autor enumera as condições para que uma observação se transforme
numa técnica científica, caso «a) for orientada e focalizada para um objetivo concreto
de pesquisa, previamente formulado; b) planificada sistematicamente em fases,
aspetos, lugares e pessoas; c) controlada e relacionada com proposições teóricas; d)
submetida a controles de objetividade, fiabilidade e previsão» (Moreira, 2007, p. 177).
A observação passiva (Moreira, 2007, p. 189) foi usada no início do estudo
como instrumento de análise e recolha de informação. Este foi um instrumento de
integração importante (Bogdan e Biklen, 1999, p. 125) para a compreensão dos
contextos das bibliotecas estudadas.
Os resultados desta observação originaram as grelhas analíticas das 100
bibliotecas pesquisadas. Estes serviram de base, depois de analisadas de acordo com
os critérios referidos atrás, à escolha dos casos a estudar (ver Anexo 4).
2.2.2. Entrevistas semiestruturadas
Moser e Kalton (1971 citados por Bell, 2010, p. 137) definem entrevista como
«uma conversa entre um entrevistador e um entrevistado que tem o objetivo de
extrair determinada informação do entrevistado». Trata-se portanto de uma relação
desigual, que alguns autores comparam a uma pescaria. Esta requer uma preparação
cuidadosa e muita perseverança para conquistar as informações pretendidas (Bell,
2010, p. 138). A entrevista é dos instrumentos mais importantes em qualquer estudo
de caso (Yin, 2004, p. 112).
Neste estudo foram usadas entrevistas semiestruturadas, pois permitem aliar a
recolha de informação estruturada à compreensão das atitudes dos sujeitos e do seu
contexto (Moore, 2006, p. 141).
29
Moreira (2007, p. 208) destaca a importância dos entrevistados serem
selecionados em função da informação relevante que podem prestar e da escolha de
um local adequado para a entrevista.
Para a compreensão do contexto e das condicionantes da criação do tutorial
presente na página web da Biblioteca Municipal António Botto foram entrevistados
três sujeitos: o diretor da biblioteca e dois técnicos que colaboraram ativamente na
sua conceção. Estes responderam a todas as perguntas com simpatia mas houve
muitos detalhes de que não se lembravam. A entrevista ao diretor da biblioteca foi
feita no seu gabinete, praticamente sem interrupções. Mas as entrevistas aos dois
técnicos foram feitas na Divisão de Informática da Câmara Municipal de Abrantes, que
é um ambiente open space, durante a hora de trabalho. Isso levou a que tanto as
perguntas como as respostas fossem mais breves, o que condicionou a recolha dos
testemunhos, como pode ser constatado no Anexo 5.
Para Moreira (2007, p. 210-211) as entrevistas qualitativas permitem obter
grande riqueza informativa, permite a clarificação de algumas ideias da investigação,
facilita a compreensão dos factos estudados e o acesso a informações difíceis de obter.
As desvantagens são a necessidade de tempo para criar uma relação de confiança
entrevistado-entrevistador, potenciais problemas de reatividade, fiabilidade e
validade, dependendo da situação da entrevista e dos comportamentos do
entrevistador e entrevistado e as dificuldades de fazer observação critica da situação
vivida nestas situações.
As entrevistas para este estudo foram gravadas, transcritas e posteriormente
validadadas pelos sujeitos entrevistados. Seguiu-se a sua codificação, usando um
sistema de codificação baseado em Bogdan e Biklen (1999, p. 235-239).
2.2.3. Observação do sítio da Biblioteca Municipal António Botto
30
Dado que os tutoriais se encontravam na página da BMAB,
http://www.bmab.cm-abrantes.pt/, esta constituiu um instrumento de observação
constante ao longo do estudo. Este também é um espaço de divulgação de eventos por
excelência, desempenhando um papel fundamental na comunicação da biblioteca.
2.2.4. Análise de documentação: a multiplicidade de fontes
Os documentos produzidos pelas instituições são naturalmente subjetivos e
condicionados pela defesa de determinados pontos de vista (Bogdan e Biklen, 1999, p.
180-181). Por essas caraterísticas, estes documentos foram importantes na condução
deste estudo pois estes são fontes de dados preciosos, fruto de situações reais, ou
seja, de «contextos naturais de interação social». Um dos problemas colocados ao
longo do estudo foi a questão do caráter único e confidencial de alguns deles, que
poderia ter colocado problemas de acesso (Moreira, 2007, p. 167). No entanto essa
questão acabou por ser ultrapassada graças à boa vontade da instituição estudada.
De acordo com Yin (2004, p. 109) a documentação serve para validar
informações recolhidas através de outras fontes, nomeadamente da entrevista. Por
outro lado, podem ser também fontes de novas hipóteses ou argumentos.
No caso presente a documentação analisada teve várias formas: relatórios de
atividades da biblioteca, documentos da atividade da Câmara Municipal de Abrantes,
um texto do diretor da biblioteca para a exposição comemorativa dos 20 anos da
biblioteca, o boletim do município de Abrantes, a página de Facebook do município, o
regulamento da biblioteca e relatórios de estágio de estudantes cuja formação passou
pela biblioteca. Foi feita uma leitura crítica à documentação, com vista a uma aferição
do seu valor e de uma interpretação (Moreira, 2007, p. 167).
31
3. Caraterização do Caso Estudado: Abrantes e a Biblioteca Municipal António
Botto
3.1. Abrantes, enquadramento do concelho
Em termos geográficos, Abrantes situa-se no «centro geométrico do país»
(Santa-Rita Fernandes, 1966, p. 7). A sua centralidade deve-se a dois fatores (Sequeira,
Malheiros e Magalhães, coord., p. 40): (1) as coordenadas geodésicas; (2) a posição
relativamente aos grandes eixos de comunicação e principais cidades do país.
O rio Tejo funciona como um ponto de referência fundamental, quase uma
fronteira natural, pois a partir da zona de Abrantes começa a se aproximar cada vez
mais da sua foz, até ao mar. O rio é um fator determinante para caraterizar a cidade
(Santa-Rita Fernandes, 1966, p. 7). Dada a sua importância para o comércio e as
relações com outros concelhos, desde o século XVI que se fazem projetos para
melhorar a sua navegabilidade (Santa-Rita Fernandes, 1966, p. 10-16). O rio foi usado
como local de pesca até meados do século XX, passando depois a ser usufruído
sobretudo para a exploração hidroelétrica através da construção de barragens (Santa-
Rita Fernandes, 1966, p. 16-18). A política da água seguida recentemente pelos
governos português e espanhol para o Tejo tem sido motivo de contestação para
alguns locais que fazem parte da associação luso-espanhola Rede Cidadã para uma
Nova Cultura da Água (Fonseca, 2013b, p. 5). O relevo do concelho de Abrantes é
irregular, o que propicia as cheias do rio (Madeira, 2005, p. 55-56).
O concelho de Abrantes é limitado a norte pelos municípios de Vila de Rei,
Sardoal e Mação, a leste por Gavião, a sul por Ponte de Sor e a oeste por Chamusca,
Constância, Vila Nova da Barquinha e Tomar. Trata-se de um concelho médio,
dependente muitas vezes de outros centros de poder regional. Estes na maior parte
das localizam-se em Santarém (antiga sede distrital) e em Tomar (sede do Instituto
Politécnico).
32
Dada a sua centralidade, o seu enquadramento administrativo tem variado.
Desde que se definiram as NUT, em 1986, que as fronteiras das regiões para efeitos
estatísticos têm variado. Assim, em 2002, através do Decreto-Lei nº 244/2002 de 5 de
novembro, Abrantes ficou a fazer parte do NUTS II do Centro. Através do Decreto-Lei
nº 68/2008 de 14 de abril voltou a fazer parte da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Por
fim, a Lei nº 21/2010, de de 23 de agosto volta a integrar Abrantes na região Centro,
desta vez no NUTS III do Médio Tejo. Para efeitos do Quadro de Referência Estratégico
Nacional (QREN), Abrantes também faz parte da Região Centro (CCDRC, 2012).
O município de Abrantes faz parte da Comunidade Intermunicipal do Médio
Tejo, constituída em 2008 e com sede em Tomar, que é presidida, desde 28 de outubro
de 2013, por Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara de Abrantes (Fonseca,
2013a, p. 6). É também sede da Tagus - Associação de Desenvolvimento Integrado do
Ribatejo Interior, uma parceria público-privada que pretende alavancar o
desenvolvimento da região (Tagus, 2014).
É difícil situar no tempo a fundação de Abrantes. Campos (1988, p. 6, 37)
considera que esta aconteceu depois da conquista de Santarém e Lisboa, ou seja,
depois de 1147. Em 1916 Abrantes foi elevada a cidade. Essa havia sido uma aspiração
dos republicanos desde a última década do século XIX, como forma de propiciar um
maior desenvolvimento ao concelho (Cavalheiro e Campos, p. 12, 21, 33-34). Desde a
sua criação o concelho de Abrantes carateriza-se pela dispersão e descontinuidade do
seu povoamento (Santa-Rita Fernandes, 1966, p. 61).
Tanto o terminal rodoviário como o comboio ficam longe do centro da cidade
de Abrantes, depreendendo-se portanto que a cidade e o concelho foram concebidos
para o automóvel. Aliás, mais e melhores estradas têm vindo a ser construídas, à
medida que a cidade se expande. A construção de autoestradas e a expansão da linha
de comboio contribuíram nas últimas duas décadas para a expansão económica da
cidade e da região de Abrantes. Mas a crise dos últimos anos tem vindo a inverter essa
tendência.
33
De acordo com os Censos 2011 o concelho possui 39148 habitantes, tendo
apenas 312 tendo menos de dois anos (INE, 2012, p. 364). A tendência desde os anos
90 do século XX é a diminuição da população residente (Sequeira, Malheiros e
Magalhães, coord., p. 32; INE, 2012, p. 364; PORDATA, 2012), a diminuição da
densidade populacional (por exemplo, de acordo com os Censos em 2001 era de 58,9
por km² e em 2011 de 54,8 por km²), o envelhecimento da população (em 2011 era de
-330 o saldo natural entre o total de nascimentos e o total de óbitos) e o desemprego
(em 2001 a taxa de emprego era de 46 % e em 2011 era de 42 %) (PORDATA, 2012).
O concelho tem 714,6 km² de área (PORDATA, 2012). Até 2013 o concelho de
Abrantes possuía 19 freguesias. A Lei n.º 11-A/2013, de de 28 de janeiro várias
freguesias abrantinas foram agregadas, resultando uma nova orgânica com 13
freguesias: União das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede;
União das Freguesias de Aldeia do Mato e Souto; União das Freguesias de Alvega e
Concavada; União das Freguesias de São Facundo e Vale de Mós; União das Freguesias
de São Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul Do Tejo; Bemposta; Carvalhal; Fontes;
Martinchel; Mouriscas; Pego; Rio de Moinhos; Tramagal.
Para além da sede do concelho, existem outras localidades que devem ser
referidas. O Tramagal, vila desde 1986, é um deles. É conhecida como a “Vila Convívio”
dada a sua promoção como local turístico de descanso com vegetação luxuriante.
Deveu grande parte do seu desenvolvimento económico à industrialização existente
até aos anos 80 do século XX (Contribuidores da Wikipédia, 2013b). Subsiste aí uma
fábrica da Mitsubishi, que produziu em 2013 cerca de 4 mil viaturas e tem 313
empregados (Fonseca, 2014, p. 4). Outras localidades são a Bemposta e o Pego. Em
tempos importantes, estas três localidades têm conhecido nos últimos anos a
desertificação (Fernandes, 2013, p. 2; Jorge, 2014; O Mirante, 2014), assim como todo
o concelho (CMA, 2010). A tendência é cada vez mais concentrar em Alferrarede as
indústrias e os serviços.
Figura 3
34
Mapa de Abrantes com as freguesias existentes até 2013 assinaladas
Fonte: Contribuidores da Wikipédia, 2013a
Entre os abrantinos famosos destacam-se: Lopo de Almeida (1º Conde de
Abrantes, 1416-1486) Francisco Alves da Silva Taborda (ator, 1824-1909), João Damas
(médico, 1897-1959), António Botto (poeta, 1897-1959) e Maria de Lourdes Pintasilgo
(política, 1930-2004).
3.2. A Biblioteca Municipal António Botto
Nesta parte faz-se uma breve história da biblioteca e uma descrição das principais
caraterísticas da BMAB.
35
3.2.1. História da biblioteca
A Câmara Municipal de Abrantes (CMA) apresentou a proposta de candidatura
ao contrato-programa para a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas em 1987, ano do
seu lançamento. Entre 1990 e 1993 foram executadas as obras de requalificação do
Convento de São Domingos, sendo o arquiteto Duarte Castel-Branco, que
anteriormente havia feito estudos para a construção de um centro cívico e cultural
nesse edifício. A biblioteca foi inaugurada em 1993. Em 1997 são inaugurados o pólos
do Tramagal e do Pego (Lopes, 2013).
Em 1999 é iniciada a implementação do sistema informático na biblioteca, ao
mesmo tempo que é criada a sua primeira página na internet. Em 2001 é atualizada a
página da internet ao mesmo tempo que é aberta a Sala Multimédia. Dois anos depois
passa o catálogo passa a estar disponível em linha. Em 2008 a BMAB passa a possuir
um sistema de gestão documental próprio, criado recorrendo a software livre: o
ZAHARA (Lopes, 2013). Nesse ano também criado o blogue Guerra dos Sapatos
(http://guerra-dos-sapatos.blogspot.pt/), para comemorar os reflexos da Revolução
Francesa de 1807 na região de Abrantes (Delgado, 2008, p. 5).
O pólo da Bemposta, a Biblioteca Lisardo Leitão nasceu em 2007. 80% do seu
espólio foi doado pelas irmãs beneméritas Julieta e Ilda Lisardo Leitão, que também
doaram o terreno, o edifício e custearam as obras de requalificação. A sua criação
resultou de um protocolo entre a CMA e a Junta de Freguesia da Bemposta. O
município ficou responsável pela atualização bibliográfica e a integração na rede de
bibliotecas e a Junta de Freguesia pelos recursos humanos, gestão e manutenção do
espaço (CMA, 2007, p. 23).
Entre 2001 e 2012 foi sendo constituída a Rede Concelhia de Bibliotecas
Escolares (Lopes, 2013), projeto em que a BMAB teve um importante papel.
36
Em fevereiro de 2011 foi inaugurado em Alferrarede um PAB - Posto de Acesso
à Biblioteca (Assembleia Municipal, 2011, p. 34). Em fevereiro de 2012 a CMA
deliberou encerrar os pólos da biblioteca de de Mouriscas, Pego, Rossio ao Sul do Tejo
e Tramagal, passando estes a funcionar nos centros escolares entretanto abertos.
Apenas o pólo da Bemposta se manteve (CMA, 2012a, p. III).
Desde maio de 2013 a BMAB passou a estar aberta aos Sábados de manhã
(Lopes, 2013). Em 30 de abril de 2013 foi inaugurada a Biblioteca Itinerante de
Abrantes, que pretende disponibilizar documentos em variados suportes (livros,
periódicos, documentos audiovisuais e um computador com ligação à internet)
conjuntamente com um atendimento ao público e serviço de referência (Lopes, 2013).
3.2.2. Caraterização da biblioteca
Fortuna e Fontes (2000, p. 32) definiram a BMAB como «um exemplo de um
novo conceito de biblioteca e de leitura pública», que faz parte de um projeto, a Rede
Nacional de Leitura Pública, concebido «competentemente, por profissionais
considerados, assumido seriamente por alguém que estando no Poder falava a mesma
linguagem dos proponentes» (Lopes, 1994, p. 69).
De acordo com o seu regulamento, a biblioteca tem como objetivos gerais
(BMAB, 2013c, p. 1): (1) ser um centro local de informação, proporcionando o acesso
da população a todo o tipo de documentos; (2) fomentar o gosto pela leitura e o
desenvolvimento cultural; (3) contribuir para a ocupação dos tempos livres;
proporcionar condições que sejam apresentadas visões diferenciadas do mundo
através de atividades de intervenção cultural da biblioteca; (4) ser espaço de
excelência de acolhimento e divulgação da cultura local, nomeadamente através do
Fundo Local.
37
Para promover estes objetivos a BMAB disponibiliza os seguintes serviços
(Lopes, 2013): empréstimo domiciliário (livros, filmes, música, etc.); leitura presencial
com livre-acesso às estantes; Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (SABE); pontos
de Acesso à Biblioteca nas freguesias (PAB); Serviço de Leitura em Suportes Especiais
(SELESE) para deficientes visuais; catálogo online; oficinas de animação; Hora do
Conto; encontros com autores; exposições; conferências e ações de formação;
computadores com acesso à internet; internet sem fios; venda de publicações
municipais; cópias de documentos da biblioteca; Cartão Jovem Municipal; empréstimo
interbibliotecas.
Um dos serviços a destacar é o SELESE, que dispõe para além do habitual fundo
de livros em braille, de um fundo de livros sonoros. Este serviço chega, através do
correio, a utilizadores dos distritos de Santarém, Castelo Branco e Portalegre (CMA,
2007, p. 19).
Outro é a animação cultural, uma das marcas essenciais desta biblioteca. As
atividades são planeadas pelo diretor da biblioteca, o Dr. Francisco Lopes, e por uma
animadora ou educadora. Estas são dirigidas sobretudo ao público infanto-juvenil e
funcionam, na maioria dos casos, em regime de ateliê (CMA, 2007, p. 19; Marçal, 2005,
p. 14; Fortuna e Fontes, 2000, p. 40-41). Este regime tem a vantagem de tornar os
participantes sujeitos ativos na leitura e na construção do seu conhecimento (Fortuna
e Fontes, 2000, p. 41).
A biblioteca atualmente divide-se em biblioteca central, um pólo (Bemposta),
uma biblioteca itinerante e três pontos de serviços anexos (BMAB, 2014b, p. 1).
A biblioteca central, com área útil de 1310 metros quadrados (BMAB, 2014b, p.
1), situa-se no Convento de São Domingos, em Abrantes. Está dividida nas seguintes
áreas funcionais (BMAB, 2013a; CMA, 2007, p. 18-21):
- Receção – Situada no piso inferior, é o local mais visível assim que se entra na
biblioteca. Espaço onde os utilizadores são recebidos e encaminhados para outras
38
salas. Está aí permanentemente um funcionário que atende os telefonemas e os
reencaminha.
- Setor Administrativo – Espaço onde são desenvolvidos o tratamento técnico de
documentos e os serviços administrativos. É aqui também que se encontra uma
técnica faz a gestão do SELESE.
- Multimédia e Audiovisuais – Espaço para adultos, onde se encontram CD e DVD para
requisitar. Também neste espaço se encontram livros sobre cinema, música e
tecnologias da informação. Neste espaço os adultos podem, mediante inscrição prévia,
consultar a internet.
- Fundo Local e Periódicos – Aqui estão disponíveis um conjunto de periódicos,
atualizados regularmente, para consulta. Aqui está em livre acesso uma parte do
Fundo Local. É possível consultar, a pedido, o fundo que se encontra em depósito.
- Sala de Leitura de Adultos – Sala com acesso a documentos sobre todos os assuntos,
dado o caráter generalista e universalista da biblioteca.
- Espaço de Exposições – Existem dois espaços de exposição: no piso inferior ao lado da
Receção e no piso intermédio.
- Sala Polivalente – Local onde são realizados eventos de auditório, como palestras e
lançamentos de livros.
- Sala de Leitura Infantojuvenil – Situada no piso superior da biblioteca. O espaço está
dividido em duas zonas: uma com obras adequadas às crianças, outra com obras
adequadas aos jovens. Possui mobiliário adequado a cada faixa etária.
- Multimédia e Audiovisuais para o Público Infantojuvenil – Este espaço dispõe de
condições para o público infantojuvenil consultar CD e DVD. Também é possível,
mediante inscrição prévia, consultar a internet.
A biblioteca central possui 882 prateleiras em livre acesso, 156 lugares
sentados, 124574 documentos em vários suportes, dos quais 5330 são documentos
39
sonoros (CD e áudio-livros) e 3804 documentos audiovisuais (DVD). Em 2013 foram
adquiridas 1409 monografias (das quais 256 para o público infanto-juvenil), 6
documentos sonoros e 98 documentos audiovisuais. Foram eliminados 269
documentos (BMAB, 2014b, p. 2). A BMAB tem 44 computadores, dos quais 13 são
para uso dos utilizadores (BMAB, 2014b, p. 3).
Trabalham na BMAB 30 funcionários, 20 dos quais com formação na área de
biblioteca e documentação. Destes 2 são técnicos superiores e 18 são assistentes
técnicos (BMAB, 2014b, p. 3).
No total a BMAB recebeu em 2013 um total de 86418 utilizadores, repartidos
entre a biblioteca central, a Biblioteca Itinerante de Abrantes e a Biblioteca Lisardo
Leitão. Existem um total de 12975 inscritos, sendo 1252 leitores ativos (BMAB, 2014b,
p. 4; BMAB, 2014c). Foram requisitados 16835 livros impressos, 2 livros em braille, 20
áudio livro, 1 livro digital, 1087 documentos musicais e 6128 documentos de vídeo
(BMAB, 2014c).
Os terminais multimédia foram consultados por 3798 utilizadores no setor
infantojuvenil e 2820 no setor multimédia (setor usado para a internet para os adultos)
(BMAB, 2014c).
Para além destes empréstimos ainda existem as bibliotecas-caixa, cujos totais
de empréstimo não é possível sistematizar devido à falta de estatísticas disponíveis
(BMAB, 2014c).
Em termos contabilísticos, o orçamento disponibilizado pela Câmara para a
Divisão Bibliotecas e Arquivo foi em 2012 de 42200 €, em 2013 de 45100 € (CMA,
2012b, p. 34). Para 2014 as atividades com bibliotecas estão orçamentadas em 40100
€ e com os arquivos em 4010 € (CMA, 2013, p. 9-10).
A BMAB consegue obter receitas através do pagamento de fotocópias, multas
por atraso de devolução, emissão de segundas-vias do cartão de leitor, impressões e
venda de publicações editadas pelo município (BMAB, 2014c).
40
4. A promoção da literacia da informação na Biblioteca Municipal António Botto :
análise do caso
Neste capítulo apresentam-se os principais resultados do estudo, fruto das
entrevistas ao Dr. Francisco Lopes, a Teresa Lopes e o Dr. Paulo Rego e de uma análise
aprofundada à documentação disponível e ao sítio da biblioteca.
4.1. Definição de literacia da informação subjacente
Para o Dr. Francisco Lopes não existe iliteracia: a literacia existe em todos os
indivíduos, mas cada um tem diferentes níveis, porque «literacia implica grau. E não
existe, ao contrário do que foi assimilado para o português, não existe no original
britânico ao contrário do que foi assimilado para o português a ideia de iliteracia. (...)
Ela é uma palavra que existe por si só: literacy. E tem diferentes graus. Ou maior ou
menor». Esta posição segue a linha das adotadas por Ávila (2006, p. 105-106) e pela
UNESCO (2007, p. 3).
O seu conceito de literacia reflete-se na definição de LI, que define como «o
grau de competências que as pessoas têm em relação ao uso da informação. E uso
implica interpretação, processamento, produção de nova informação, tudo isso». Essa
definição é, em parte corroborada pela técnica Teresa Lopes, que considera que as
«pessoas veem muito, leem muitas coisas, mas não sabem interpretar informação.
Acho que passa por aí [a definição de literacia de informação]»
Esta conceção de LI vem de uma tradição referida atrás, na qual se destaca,
pelo seu papel fundador, o relatório do Comité presidencial da ACRL em 1989 com a
sua definição (Behrens, 1994, p. 314). Foi dentro dela que nasceram nas bibliotecas os
programas educativos vocacionados para a literacia da informação. No caso das
bibliotecas públicas, esta conceção alcançou o ponto alto em 1994, com o Manifesto
da IFLA e da UNESCO sobre Bibliotecas Públicas.
41
O Dr. Francisco Lopes enfatiza que as competências de LI «deveriam ser
ensinadas curricularmente, na escola, não é? Porque isso limita-nos», ou seja, limita a
«capacidade de recuperar informação pertinente para resolver os nossos problemas
em cada momento que temos agora…». No entanto este também é «um problema da
biblioteca pública, não só das bibliotecas escolares». A biblioteca pública é portanto
uma promotora da literacia da informação, em complemento e colaboração com a
escola. Mas não a pretende substituir, nem à biblioteca escolar. Trata-se de um
complemento à ação destas, ao mesmo tempo que procura chegar a públicos que não
frequentam a escola.
Para o bibliotecário a internet, ao contrário da ideia vulgarmente aceite, não
veio ajudar na promoção da LI porque «como nós fazemos pesquisas nos browsers
aparentemente com a maior das facilidades, que nos dão sempre respostas (...)
Quando a realidade é que se fizéssemos uma avaliação da performance e da qualidade
dessas respostas veríamos que havia baixas taxas de pertinência, e inversamente altas
taxas de ruído». Através dos motores de busca são introduzidas «expressões mas sem
contexto semântico. É pesquisa livre. Não é isso que se passa ou deve passar-se num
sistema devidamente organizado». A informação para ter sentido tem de ser
organizada previamente para ser mais facilmente compreendida, o que não acontece
atualmente.
A posição do Dr. Francisco Lopes é corroborada por Area e Pessoa (2011),
quando falam da Web 2.0 “liquida”, que traz uma quantidade de questões novas que
os indivíduos não conseguem resolver. Cabe ao profissional de biblioteca ser o
mediador de informação, criando mecanismos através dos quais os utilizadores
possam fazer pesquisas assistidas. Nesse sentido as bibliotecas públicas têm aqui um
papel importante a desempenhar (Wallis, 2003, p. 370). Cabe a ele portanto criar
ferramentas para que a informação seja recuperada sem ambiguidade.
4.2. A criação e a gestão do Tutorial e do Espaço Criança
42
Esta parte pretende aprofundar a questão da criação e gestão do Tutorial e do
Espaço Criança, cuja estrutura está recriada no Anexo 7.
O Tutorial é, tal como o nome o designa, um interface que que fornece
instruções. O Tutorial da página web da BMAB explica como se faz pesquisa, tanto no
catálogo como em livre acesso.
O Espaço Criança é um interface de múltiplas valências: (1) explica o que é a
biblioteca, como está organizada e que recursos disponibiliza; (2) tem um espaço para
jogos sobre a biblioteca; (3) outro espaço para oficinas de expressão; (3) dois
repositórios (Inventário de Tradições e As Nossas Visitas), que funcionam em regime
de autopublicação; (4) um espaço para apresentação do concelho de Abrantes; e por
fim (5) uma ligação para a Biblioteca Virtual.
Figura 4
Aspeto da página da BMAB em março de 2014
4.2.1. Planeamento e criação
43
4.2.1.1. Objetivos da criação do Tutorial e do Espaço Criança
O Tutorial e o Espaço Criança foram criados conjuntamente. De acordo com o
Dr. Francisco Lopes a sua conceção partiu da consciência da necessidade de «criar um
instrumento que permitisse fazer essa aprendizagem a todos os tipos de públicos…
Quer a crianças, quer a adultos… Que permitisse fazer de fato um treino». O diretor da
biblioteca reafirma várias vezes ao longo da entrevista que o objetivo do tutorial são
todos os públicos. No entanto, em certo momento da entrevista declara que a «ideia
foi fazer uma coisa que servisse para dois públicos...». Face a esta declaração e partido
da observação e análise da estrutura do Tutorial e do Espaço Criança (Anexo 7) deduz-
se que os dois públicos a que refere serão as crianças em idade escolar e o público
sensibilizado para o uso do Tutorial, ou seja, o público adulto já com alguma
familiaridade com a pesquisa e a biblioteca.
Apesar de toda a boa vontade, as bibliotecas públicas ainda só estão
superficialmente abertas a todos, concluiu um trabalho de investigação coordenado
pela Universidade Metropolitana de Leeds (Muddiman et. al., 2000 citado por Calixto
et al., 2012) , mas servindo antes do mais para quem já é utilizador da biblioteca,
portanto com quem já está familiarizado.
O Tutorial e o Espaço Criança, segundo o Dr. Francisco Lopes, nasceram da
constatação que «pessoas são pouco mais que analfabetas em termos da literacia da
informação. E por outro lado achamos que não há razões para isso. Porque no fim de
contas aquilo que precisamos é de adquirir enquanto utilizadores são competências
básicas».
Tanto o Tutorial como o Espaço Criança estão organizados «a partir da lógica do livre
acesso», procurando explicar aos utilizadores o conceito por detrás do mesmo. Por
isso foi desenvolvido a partir de duas linhas gerais:
- A Classificação Decimal Universal (CDU), usada na maioria das bibliotecas
portuguesas: «Olha, está organizado pela CDU, explicar à pessoa o que é isto do
sistema de classificação, não é… Como aquilo funciona… Não é para ela se tornar
especialista, mas é para ela saber usar minimamente, não é?» (Dr. Francisco Lopes)
44
- A Alfabetação: «Porque (...) … Se as pessoas não encontram o documento na estante
da biblioteca obviamente também não encontram um conteúdo qualquer numa obra
de referência, por exemplo, não é? Não encontram um artigo sobre Camilo Castelo
Branco num dicionário de autores, porque ele também respeita as regras de
alfabetação, portanto não se vai pesquisar por Branco ou Camilo porque entra por
Castelo Branco… Essa foi a ideia base. É perceber o que as pessoas precisam de
aprender.» (Dr. Francisco Lopes)
Para o Dr. Francisco Lopes a classificação e a alfabetação são as «bases para
partir para outras coisas. A própria alfabetação serve de base aos catálogos de autores,
não é? Aos catálogos de títulos, aos catálogos de assuntos… Não é? Serve de base a
isso tudo».
O conceito de LI aqui descrito pode ser confundido com Literacia de Bibliotecas
(Bawden, 2001, p. 223). Robert Coravu (2010) defende que as bibliotecas morrerão se
seguirem a lógica dos motores de busca como o Google e que obter conhecimentos de
Literacia de Bibliotecas é o primeiro passo para obter LI. Tal conceção é partilhada pelo
Dr. Francisco Lopes.
4.2.1.2. A questão do ano de criação
Os entrevistados não sabem situar ao certo o ano de criação do tutorial. De
acordo com o Dr. Francisco Lopes «eu creio que terá sido aqui há… cinco ou seis anos
atrás», o que o faria situar em 2008. Teresa Lopes e o Dr. Paulo Rego não se lembram
já do ano de criação também. No arquivo de notícias da Biblioteca Municipal António
Botto foi descoberta uma que faz datar o seu aparecimento de fevereiro de 2005
(Anexo 6).
É certo que Dayana Moniz Delgado que estagiou na BMAB em 2008, fez uma
atualização e modificação do Espaço Criança (Delgado, 2008, p. 5, 16, 22). Em 2006, a
estagiária Vânia Rodrigues também fez mudanças (Rodrigues, 2006, p. 13), referindo
que o portal já existia «há alguns anos» (Rodrigues, 2006, p. 15). É provável que
tenham existido mais mudanças e atualizações no Espaço Criança, feitas por outros
45
estagiários que passaram pela BMAB. Provavelmente uma delas aconteceu em 2005,
daí a notícia no sítio.
Fortuna e Fontes (2000, p. 85) referem a participação da BMAB em vários
projetos em associação com outras bibliotecas, nacionais e estrangeiras, destacando
entre estes «o Projeto CHILIAS, que visava a criação de software adequado ao
treinamento e familiarização de crianças com a pesquisa em bibliotecas; o Projeto
ILIERS com a mesma finalidade mas tendo como alvo todos os tipos de públicos
utilizadores de uma biblioteca; e o Projeto Info-Universo, ainda a decorrer, que dá
continuidade ao projeto CHILIAS e o alarga ao pretender criar uma biblioteca digital
infantil, em simultâneo à aprendizagem de novas tecnologias de informação adaptadas
ao uso da biblioteca, e à divulgação de atividades destinadas a crianças bem como à
produção de atividades de formação e de animação infantis».
É provável que a criação do Tutorial e do Espaço Criança estejam inseridos
nesses projetos de âmbito europeu, sobretudo no CHILIAS (Comissão Europeia,
1999a). Como já foi referido, a primeira página web da biblioteca foi criada em 1999,
numa altura em que as bibliotecas municipais portuguesas eram chamadas, através de
vários programas no âmbito da Comunidade Europeia, como por exemplo o ILIERS
(Eunice, Trindade e Casteleiro, 2000, p. 138) a ter um papel importante na informação
à comunidade, procurando-se mesmo que ela fornecesse «toda a informação
necessária aos munícipes sobre o órgão que rege a localidade», por isso pode-se
afirmar que ela foi criada antes do aparecimento do POSI – Programa Operacional da
Sociedade do Conhecimento, em 2000. A partir dessa data, e sobretudo a partir de
2005 (Quesado, 2005, p. 27-30) as páginas dos municípios foram na sua grande parte
reformuladas e a maioria das páginas das bibliotecas sofreu mudanças drásticas ou
desapareceu. A página da BMAB foi das poucas que escapou a essa tendência.
Por todas estas razões, a data da criação do Tutorial e do Espaço Criança deve
situar-se entre 1998 e 2001.
4.2.1.3. O papel do diretor da biblioteca
46
O diretor da biblioteca, também chamado de bibliotecário, ocupou um papel
central na conceção do Tutorial e do Espaço Criança, lembrando-se «perfeitamente»
desse papel. «Aquilo foi feito tudo praticamente tudo por mim», afirma. Na conceção
do Espaço Criança o bibliotecário contou «com ajuda de educadores, ou seja pais e
professores». Portanto este caso demonstra a importância da consciência da função
social do profissional de informação (referida por Amândio, 2010, p. 100), para além
da sua motivação, e beneficiando da sua integração na comunidade (Calixto, 2012a),
permitindo assim o alcançar de objetivos a que se propõe.
O papel do diretor da biblioteca no caso da conceção do Tutorial e do Espaço
Criança, bem como noutras atividades promovidas pela biblioteca (Marçal, 2005, p. 19;
Delgado, 2008, p. 5) é ilustrativo do modelo burocrático profissional (Rocha, 2010, p.
112-113; Mintzberg, 2010, p. 379-382). Isto porque o responsável por uma unidade
orgânica de caráter específico do município de Abrantes, a BMAB, detém essa posição
devido ao seu grau de conhecimentos adquiridos, maior do que os outros técnicos com
menor formação profissional que são seus subordinados. As normas profissionais
provém de autoridades fora da estrutura hierárquica municipal, que neste caso são a
IFLA, a UNESCO e a BAD.
4.2.1.4. As etapas do projeto, os recursos humanos envolvidos e o financiamento
Teresa Lopes resume assim as etapas deste projeto: «Primeiro foi elaborado o
texto, o conteúdo do tutorial, e de seguida foi colocado em HTML, depois, de forma a
ser publicado. Mas não teve um planeamento rígido, até porque é uma coisa
extremamente simples de se fazer, não é?». Também o Dr. Francisco Lopes e o Dr.
Paulo Rego referem o projeto como “simples”.
De acordo com o Dr. Francisco Lopes para o Espaço Criança, e tendo por base o
sistema de classificação CDU e a alfabetação, passou-se depois à construção de «uma
bateria de perguntas que permitisse aprender de forma lúdica». Estas podem ser
divididas em três categorias:
47
1. «questões que tinham a ver com a pesquisa externa às obras,
externa aos conteúdos…»;
2. «questões que têm a ver já com a pesquisa interna, ou seja,
saber utilizar um índice… Saber no fim de contas partir daí para a página
respetiva...»;
3. Para além destes dois tipos de questões existem outras, que
«remetem já com uma intenção de levar as pessoas a ler mesmo... Quando se
faz perguntas, se apresenta um extrato de um texto ou se apresenta uma
ilustração e se diz, “pronto, conhece este autor ou esta personagem, ou não sei
quê”… “o que ele faz a seguir?”… Isso é obviamente, se se leu sabe-se, se não
se leu não se sabe, não é?».
A etapa seguinte foi juntar recursos humanos ao projeto. Estes consistiram,
segundo o diretor da biblioteca, numa «assistente técnica de biblioteca que percebia
destes problemas e que ia fazendo, digamos assim, a redação e a montagem destes
conteúdos. Isto era normalmente escrito por mim e depois ela revia e ela montava
tudo, não é… E depois um informático que ia programar aquilo num aplicativozinho,
não é... E foi assim que foi feito». Teresa Lopes não se lembra «se na altura esteve
envolvido algum estagiário ou não, não tenho bem presente isso». O Dr. Paulo Rego
coloca a hipótese de ter havido «também outra colega que também passou por lá e
depois ajudou a fazer aquilo». O certo é que tudo foi feito com a «prata da casa»
(Marçal, 2005, p. 29). Dado que os recursos humanos pertenciam já ao município e os
recursos informáticos estavam disponíveis facilmente, não houve necessidade de
alocar financiamento para este projeto.
O Dr. Francisco Lopes salienta a existência de «uma filosofia que nos ajudou,
(...) que é adquirirmos nós o know-how em vez de fazemos aquisição externa de
serviços». O facto do município não ter de recorrer a a outsourcing de serviços para a
criação de dois interfaces web permitiu poupar custos e os técnicos envolvidos
passaram a «saber fazer». Isso permitiu adquirir «independência» e conhecimento
para futuros projetos a desenvolver.
48
«Portanto no fim de contas é parte do nosso trabalho durante um período
tempo, enfim, foi gasto a fazer aquilo. Se não fizéssemos aquilo, fazíamos outra coisa»,
afirma o Dr. Francisco Lopes. A técnica Teresa Lopes confirma esta filosofia.
Estando a BMAB a participar em projetos de âmbito europeu, e dada
importância das tecnologias da informação (Lopes, 1994, p. 76) para as bibliotecas, foi
possível em Abrantes destacar um engenheiro informático, em 1998 ou 1999, para
ajudar na informatização da biblioteca e na criação da página de internet (Lopes,
2013). Isso permitiu criar ferramentas úteis para os utilizadores da biblioteca.
Mais tarde, como vimos atrás, foram os estagiários que, com a coordenação
das técnicas da biblioteca, atualizaram o trabalho feito (Rodrigues, 2005, p. 13;
Delgado, 2008, p. 16).
4.2.1.5. Os programas informáticos usados
Em relação os recursos informáticos, todos os entrevistados referem o uso da
linguagem de programação HTML. O Dr. Francisco Lopes destaca a existência de
«componentes de Java (...) para coisas mais dinâmicas, mas pouco, muito poucas…». A
técnica Teresa Lopes afirma que foi usado «open source na biblioteca… As imagens
possivelmente foram feitas com o Gimp». O Dr. Paulo Rego coloca a hipótese de ter
sido usado «o Frontpage... (...) esse programa entretanto até foi descontinuado, já não
existe...». Na hipótese do Tutorial e do Espaço Criança terem sido concebidos na época
do projeto ILIERS é provável que o ponto de vista do Dr. Paulo Rego esteja certo, pois
este usava o sistema operativo Windows 95 (Eunice, Trindade e Casteleiro, 2000, p.
131), do qual este programa fazia parte. De notar que o Frontpage existiu entre 1997 e
2003 e usava linguagem HTML (Contribuidores da Wikipédia, 2014).
Para o Dr. Francisco Lopes o Tutorial e do Espaço Criança foram «basicamente
são coisas muito simples. Há pouca programação...». O diretor da BMAB refere que um
projeto deste género seria ainda mais fácil de fazer atualmente porque «nem é preciso
aprender HTML, como sabe com certeza, porque há aplicativos para construir sites e
coisas dessas que as permitem fazer com a maior das facilidades». Aplicativos como o
49
WIX, o Blogger ou o Wordpress permitem, de forma amigável e praticamente sem
necessidades de programação HTML, criar sítios e blogues com conteúdos de grande
utilidade para as bibliotecas e para os seus utilizadores.
Posteriormente foram usados outros programas de animação na atualização do
Espaço Criança, como o Flash (Delgado, 2008, p. 22).
4.2.1.6. Obstáculos encontrados
Os três entrevistados não reconhecem grandes obstáculos à criação do Tutorial
e do Espaço Criança. O Dr. Francisco Lopes, no entanto, ressalva a importância que
poderia ter tido «um web designer», o que melhoraria o aspeto gráfico dos interfaces
web.
4.2.2. A divulgação
A divulgação, tanto do Tutorial como do Espaço Criança foi feita recorrendo ao
marketing boca a boca. Apostou-se sobretudo na sua divulgação através nas atividades
realizadas na biblioteca. «Era, simplesmente, vinham cá os grupos [escolares], durante
um determinado período de tempo e todos os miúdos que vinham semanalmente às
atividades da biblioteca, era-lhes divulgado que aquilo existia». Para além disso, alguns
grupos eram desafiados a participar «nalgumas dessas atividades» do Espaço Criança.
Desse modo,«estava garantido o conhecimento da existência do produto, não é?
Portanto, foi essa a estratégia que utilizámos porque era a mais fácil, pareceu-nos a
nós. Não exigia meios publicitários, não é? Tínhamos cá as pessoas e fazíamos a
divulgação nesse contexto».
O Dr. Paulo Rego refere também que a divulgação foi feita através da página da
biblioteca, pois «publicitar na Internet, no site e ao fazer essas ligações, também de
alguma maneira também ajudávamos a promover um pouco».
O município não fez portanto nenhum investimento direto na divulgação.
50
O Dr. Francisco Lopes reconhece, no entanto, que os repositórios existentes no
Espaço Criança - Inventário de Tradições e As Nossas Visitas – não tiveram o
acolhimento desejado por parte da comunidade. «Há uma parte deste projeto que é
uma parte falhada, que é a falta de apropriação de uma das componentes do projeto,
que é o repositório que lá temos, não é?... Para as pessoas publicarem conteúdos».
Para o bibliotecário isso deve-se ao facto de cada escola «gostar de ter a sua própria
ferramenta, quer dizer, e há 50 escolas, 50 escolas têm coisas daquelas». Esse espírito
de cada um no «seu umbigo, [n]o seu quintal» é contrário ao que motivou a criação
destas ferramentas. Esta parte colaborativa do projeto não teve o acolhimento
necessário por parte da comunidade devido à massificação e personalização da
internet, tendência que tem aumentado com o aparecimento da Web 2.0. Esse é um
dos aspetos da questão.
Outro aspeto, também referido pelo Dr. Francisco Lopes, foi a falta de
«investimento suficiente na sensibilização das pessoas», ou seja, à falta de divulgação
do projeto.
Existiu alguma aposta na divulgação mas as estratégias escolhidas foram
insuficientes, pois o boca a boca falhou e a divulgação na página da biblioteca é uma
estratégia insuficiente.
4.2.3. A avaliação do impacto
Não existiu avaliação do impacto do projeto, embora no início fosse possível
medir o interesse do público infantojuvenil através de uma observação empírica. Era
observável, segundo o Dr. Francisco Lopes, que na altura em que foi criado estava «a
ser relativamente bem usado, sim senhora, os miúdos estão a participar, temos mais
livros para oferecer porque já não temos». Nunca foram no entanto feitas «grelhas de
avaliação, nada disso». Por isso o diretor da biblioteca não possui dados
«quantificáveis» acerca deste projeto. Teresa Lopes e o Dr. Paulo Rego também não se
lembram de qualquer avaliação feita.
51
Tal deve-se, de acordo com o bibliotecário, ao facto de se tratar de um «projeto
experimental». De notar que entre 1998 e 2001, datas entre as quais provavelmente
foram criados o Tutorial e o Espaço Criança a Web Analítica e o business intelligence
ainda não tinha conhecido grande desenvolvimento, pelo menos em Portugal.
Para além disso, os entrevistados colocam maior ênfase no “fazer” que no
“avaliar”. O Dr. Francisco Lopes mostra-se satisfeito por ter criado «uma ferramenta,
que é uma ferramenta que nós achamos que é útil e que é utilizada ao longo de vários
anos, continua a ser, temos noção que continua a ser muito consultada e utilizada,
portanto está a desempenhar, em determinada medida, o seu papel, sobretudo o
Tutorial». Já em relação ao Espaço Criança o seu uso «tem momentos. Portanto, houve
um momento em que nós fizemos um investimento grande nela. De facto tínhamos
semanalmente grupos a utilizá-la e depois houve um momento de paragem. Nós
depois vamos fazer outras coisas, vamos fazer uma paragem. Agora vamos ver se eles
fazem por si só. E a nossa perceção aí é que por si só são mínimos, vai havendo um ou
outro que vai fazendo mas a utilização é diminuta, não é?».
Para aumentar o uso do Espaço Criança, o Dr. Francisco Lopes conta, em 2014,
voltar «a centrar um conjunto de atividades nisso. Estamos a planear isso». O
bibliotecário conclui assim que «os públicos ou são direcionados, (ri) ou quando não
são direcionados, não é, de livre e espontânea vontade não utilizam tanto. Essa é a
parte negativa e em que nós nos sentimos um bocadinho mais… Em que a nossa
avaliação não é tão boa, não é?».
4.3. A formação de utilizadores em literacia da informação na Biblioteca Municipal
António Botto
Para além dos tutoriais analisados atrás, o Dr. Francisco Lopes refere que a
BMAB tem desenvolvido regularmente ações de formação, recorrendo a outro
interface disponível na página web da biblioteca: a Biblioteca Virtual.
4.3.1. A Biblioteca Virtual
52
A Biblioteca Virtual é uma ferramenta que permite pesquisar páginas da
internet, tanto através de pesquisa pós-coordenada (uma palavra escolhida ao acaso)
como através da navegação na própria ferramenta, que permite localizar a informação
desejada através de um sistema de classificação (a CDU) e um sistema de indexação (a
Lista de cabeçalhos de assunto para bibliotecas de Martine Blanc-Montmayeur e
Françoise Danset). Esta ferramenta tinha dois objetivos complementares: pesquisar
sítios úteis, tanto para divertimento como para trabalho, escolar ou não; ser a base de
ações de formação. Atualmente encontra-se desatualizada.
Surgiu da necessidade de criar uma ferramenta para indexar conteúdos
importantes da internet e disponibilizá-los aos utilizadores. Esta é acessível através de
vários linques na página da biblioteca, inclusive um situado no Espaço Criança. Não foi
possível saber ao certo a data de criação deste serviço virtual, sendo apenas certo que
já existia em 2003 (BMAB, 2003, p. 31).
Durante a entrevista o bibliotecário leu o texto introdutório da Biblioteca
Virtual, reproduzido no Anexo 9, para explicar a importância do domínio dos sistemas
de classificação, em particular da CDU, por parte dos utilizadores. Mais uma vez a
questão da pertinência foi levantada, visto que «mais informação nem sempre é
melhor informação. Porque não tem ruído, não é?». A Biblioteca Virtual apresenta-se
assim como o substituto ideal, já que a «taxa de ruído quase nula, porque não se trata
de um sistema automático de varrimento, browser. Todas as páginas foram analisadas
por intervenção humana». A «análise» do profissional de biblioteca permite escolher
«aquela expressão [porque] ela corresponde efetivamente àquele assunto. Não a
outro qualquer, não é? Portanto…». O profissional de biblioteca é portanto o melhor
mediador para a informação na época atual.
O Dr. Francisco Lopes reconhece que atualmente este interface «já não tenha,
neste momento, a mesma relevância… Não tem praticamente nenhuma». Com o
aparecimento da web semântica, os interfaces web para indexação por assuntos
correm o risco de se tornar obsoletos. Para além disso, o facto da Biblioteca Virtual
não ter sido atualizada durante muitos anos diminuiu o seu papel enquanto local de
organização e pesquisa de informação.
53
4.3.2. As ações de formação e as práticas quotidianas
O Dr. Francisco Lopes sublinha o facto da biblioteca desenvolver ações de
formação «no uso da internet do ponto de vista das bibliotecas. Está a ver, do ponto
de vista das bibliotecas!».
A formação começa logo no quotidiano, «pela própria disponibilização dos
materiais da internet à leitura. Porque nós entendemos que não devemos
disponibilizar a internet como faziam os cibercafés dantes, não é?» (Dr. Francisco
Lopes).
A BMAB embora seja entendida como um espaço lúdico, não é um espaço de
convívio onde é possível comer e beber, como um cibercafé. Aqui existem regras que é
necessário respeitar (BMAB, 2013c, p. 5-7) pois trata-se de um serviço público. A
sensibilização diária dos utilizadores para esse facto é aqui considerada como uma
formação. Por outro lado, com o aparecimento em 2005 do Centro das Novas
Tecnologias - Edifício Pirâmide, fruto de uma parceria entre a CMA, a Escola Superior
de Tecnologia de Abrantes e a Fundação para a Divulgação das Tecnologias de
Informação e Comunicação, com vista à formação, investigação e reflexão sobre as
tecnologias da informação (CMA, 2005a, p. 23) a BMAB passou a ter um papel
secundário na formação em Literacia de Computadores e Literacia Digital, pois aqui
são desenvolvidas atividades regularmente, organizadas pelo município, dirigidas à
população escolar e idosa do concelho. Também neste espaço existe acesso a internet
gratuitamente e um auditório para a realização de eventos (CMA, 2005a, p. 23; CMA,
2005b, p. 13).
A BMAB fica assim com a possibilidade de se dedicar mais a atividades
de literacia da informação direcionadas para as bibliotecas. Estas consistem na
sensibilização para o uso das bibliotecas: «Porque o que a gente diz é assim: “Você
pode utilizar os browsers, e deve, não é, agora tenha a noção que eles servem para
determinado tipo de necessidades. Porque não usa a Internet para ir às páginas das
bibliotecas? Há lá milhares de bibliotecas, com conteúdos de enorme qualidade. Esses
54
sim, validados pelo sistema editorial e por uma variedade de perfis que lhes dão um
mínimo de qualidade. Utilize a internet e vá às páginas das bibliotecas!». Tratam-se
portanto de ações que pretendem sensibilizar os utilizadores para o valor das
bibliotecas no mundo virtual.
Estas ações focam-se, de acordo com o Dr. Francisco Lopes, na pesquisa e
análise de páginas da internet para «classificar os sítios da internet, que diferentes
autores e sítios lá colocam, e fazê-los relacionar com as tabelas da CDU». Nesse
contexto, a Biblioteca Virtual portanto «é mais um instrumento, não é, relacionado
com as nossas preocupações de dar contributos para a literacia da informação na
nossa comunidade».
Questionado se os utilizadores, depois da formação ministrada, ficam a
perceber o que é a CDU, o bibliotecário não tem dúvidas em afirmar que sim, que «só
não percebem se não quiserem. No fim de contas isto é uma coisa… É uma
aprendizagem mínima».
Em 2013 não existiram ações de formação. Isso deve-se, segundo o Dr.
Francisco Lopes, à necessidade de fazer «pausas às vezes, na nossa programação, de
um ou dois anos, de interrupção, em determinadas linhas de programação, não é? Já
está no nosso programa de 2014 voltar a isto, voltar a estas ações de formação. Mas
depois fazemos umas pausas…».
A população-alvo interessada acaba por ser muito semelhante de uns anos para
os outros, pelo que estas ações de formação são interrompidas, pois, segundo o Dr.
Francisco Lopes, «é um concelho e uma cidade pequenas, médias, e que de vez em
quanto achamos que não precisamos de estar a repetir aquilo que… Porque os
públicos potenciais disto são sobretudo professores… Outras pessoas também, mas os
professores têm aqui o peso dominante, um grande peso… E a rotação não é assim tão
grande. Nos fazemos um ou dois anos seguidos, depois parámos. Depois voltámos a
fazer, não é? Neste caso, neste tipo de produto, é assim que fazemos». Os principais
destinatários destas ações acabam por indivíduos já sensibilizados para a importância
da biblioteca pública e já familiarizados com as questões dos sistemas de classificação.
55
Em 2014 estão já previstas no orçamento várias ações de formação (CMA,
2013), e o Dr. Francisco Lopes conta ter entre elas a formação de utilizadores.
No Anexo 8 encontra-se uma sistematização das ações de formação do
utilizador realizadas na BMAB entre 2003 e 2013, a partir do arquivo de notícias da
BMAB (2013b). Apenas em 2003 foram encontrados indícios de formação usando a
ferramenta Biblioteca Virtual, ano em que esta foi criada. Face a esta situação
colocam-se várias hipóteses: (1) só foi realizada uma formação; (2) foram realizadas
outras formações mas não foram publicitadas no sítio da biblioteca nem em nenhum
outro documento consultado; (3) houve mais formações mas integradas noutros
eventos, por isso é impossível localizar essa informação.
56
CONCLUSÃO
O objetivo desta investigação foi estudar as atividades de promoção de literacia
da informação da Biblioteca Municipal António Botto, nomeadamente os seus
tutoriais.
A revisão da literatura mostrou que o conceito de LI tem vindo a ser alvo de
uma reformulação, criando-se um conceito alargado que integra outras literacias
necessárias à era da informação.
As bibliotecas públicas continuam a ser vistas como o local de todas as
aprendizagens, portanto sítios onde a promoção de LI não pode ser descurada, no
âmbito da sua função educativa. Há no entanto que ponderar os limites desta função,
para que as BP sejam mais que locais de apoio à instrução formal. Nesse sentido têm
vindo a ser propostas várias estratégias de ação para a LI.
A revisão da literatura mostrou também a falta de investigação profunda sobre
o tema em Portugal. Apenas a Área Metropolitana de Lisboa e mais três bibliotecas
(Évora, Porto e Viana do Castelo) têm sido alvo de estudos.
Esta escassez de estudos é complementada pela falta de atividades e/ou
programas promotores da literacia da informação nas BP portuguesas. Através da
observação de páginas de internet das bibliotecas municipais e dos municípios de 100
municípios da Região Centro (NUTS II de acordo com o Decreto-Lei nº 244/2002),
concluiu-se que apenas 31 desenvolvem práticas promotoras de LI.
No estudo do caso da Biblioteca Municipal António Botto, de Abrantes, foi
possível constatar que:
(1) Cabe aos profissionais de biblioteca um importante papel na promoção
da literacia da informação, desde que saibam analisar as necessidades dos seus
utilizadores. Estes tiveram um papel fundamental na criação dos projetos da Biblioteca
António Botto viradas para a literacia da informação.
(2) Destaque para o papel do diretor da biblioteca, que criou e geriu o
Tutorial e o Espaço Criança.
57
(3) No caso de Abrantes não existe financiamento, por parte do município,
para um projeto em particular de promoção da literacia da informação mas para todas
as atividades da biblioteca durante um ano.
(4) Não foi possível definir a data de criação do Tutorial e do Espaço
Criança, sendo no entanto quase certo que esta se situa entre 1998 e 2001. Essa
criação nasceu no contexto da informatização da biblioteca e da participação da BMAB
em projetos da Comunidade Europeia, como o CHILIAS, ILIERS e o Info-Universo.
(5) Os profissionais de biblioteca consideram muito importante o seu papel
como mediadores da informação, sobretudo dadas as dificuldades trazidas pela
chamada Web 2.0.
(6) As caraterísticas da comunidade local influenciam o papel que as
bibliotecas públicas podem desempenhar numa comunidade. E o contrário também é
válido. A maioria dos utilizadores ainda são os estudantes e os professores e a
biblioteca ainda é vista como uma continuação da escola. Por isso a biblioteca exclui,
de forma indireta, outros públicos.
(7) O conceito de literacia da informação subjacente na Biblioteca
Municipal António Botto é o do relatório de 1989 da ACRL, com alguns ajustamentos.
Por isso conclui-se que o profissional da informação desempenha um
importante papel no incentivo à literacia da informação, desde que tenha ao seu
dispor condições para alcançar esses objetivos. Estas são tanto recursos humanos
capacitados, tempo disponível e recursos financeiros.
Obstáculos encontrados
Ao longo deste estudo foram encontrados vários obstáculos:
O primeiro foi a falta de tempo, que não permitiu as deslocações desejadas à
Biblioteca Municipal António Botto, compreendendo-se apenas um pequeno recorte
da realidade complexa.
O segundo prende-se com as entrevistas feitas. O facto de os técnicos
envolvidos na criação do tutorial não se lembrarem das condições em que este foi
58
criado e das entrevistas terem sido realizadas durante a sua hora de trabalho
perturbou os resultados.
O terceiro reporta-se à documentação. Embora houvesse muita documentação
disponível, esta tinha pouca informação relevante para as questões em estudo. Por
isso a informação teve de ser trabalhada e inferida pelo investigador.
Principais contributos
O estudo de caso, usado nesta investigação, permitiu estudar a promoção da
literacia na Biblioteca Municipal António Botto estando esta instituição inserida no seu
contexto local, sem descurar a sua integração num contexto mais amplo, nacional e
internacional.
Outro contributo importante foi o facto da observação de páginas web e
recolha de informações para a escolha do caso ter permitido entreabrir as portas de
um território do país ainda pouco estudado, dado a sua interioridade: o NUTS II da
Região Centro.
Por fim, ao longo do estudo foi possível perceber que observar e compreender
as aplicações e sistemas informáticos usados é importante para se perceber a história
de uma organização, dado que a informatização da sociedade é uma realidade
incontornável.
Recomendações
O sítio da Biblioteca Municipal António Botto é dos poucos, em Portugal, a
manter-se sem grandes alterações desde a sua criação e de uma maneira geral com
informação de qualidade. Seria bom que os interfaces disponibilizados na página web
– de que destacámos o Tutorial, o Espaço Criança e a Biblioteca Virtual - fossem
atualizados em termos de conteúdos usando programas informáticos atualizados. Era
aconselhável que o software fosse livre. O sistema de gestão documental da biblioteca
já segue essa filosofia (o ZARAH).
59
Sugestões para futuras investigações
Durante esta investigação foram observadas as páginas web de 100 bibliotecas
municipais portuguesas de um ponto de vista qualitativo, procurando-se recolher
informações úteis para o estudo. A partir destas investigações preliminares, seria
interessante em futuros estudos perceber como e porquê as bibliotecas municipais do
NUTS II Região Centro promovem a literacia e, caso o não façam, perceber as razões,
históricas e sociais, de tal facto.
60
BIBLIOGRAFIA
ABRANTES. Assembleia Municipal – Assembleia Municipal : 25 fevereiro 2011. Passos
do concelho : boletim informativo da Câmara Municipal de Abrantes. A. 18, nº 84 (jan.-
fev. 2011), p. 34.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – A magia continua na pirâmide : a terceira idade
na sala da Pirâmide Mágica. Passos do concelho. A. 12, nº 52 (nov.-dez. 2005), p. 23.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – Pirâmide. Passos do concelho. A. 12, nº 49
(maio-jun.), p. 13.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – Plano estratégico da cidade de Abrantes 07-13
[em linha]. Abrantes : Câmara Municipal, [2006?] [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL:http://www.cm-abrantes.pt/NR/rdonlyres/637D4C5E-9F82-4FFB-9138-
BC7CC4FADEA4/0/PEC_ABT.pdf>.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – Biblioteca Municipal António Botto : um
produto de excelência. Passos do concelho : boletim informativo da Câmara Municipal
de Abrantes. A. 14, nº 64 (nov.-dez. 2007), p. 18-23.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – Descobrir Abrantes. Abrantes : Câmara
Municipal, 2009.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) - Alteração ao Plano Director Municipal : PDM
Abrantes : termos de referência [em linha]. Abrantes : Câmara Municipal, [2010].
[Consult. mar. 2014]. Disponivel em WWW: <URL: http://www.cm-
abrantes.pt/NR/rdonlyres/66780FE3-E032-45F5-8CAF-
16797ACC200C/125402/MicrosoftWordTermosdeReferência_Alteração.pdf>.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – Ata nº 4 : 20/02/2012. Passos do concelho :
boletim informativo da Câmara Municipal de Abrantes. Nº 89 (jan.-mar. 2012), p. 3.
61
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – 2013 grandes opções do plano e orçamento
[em linha]. Abrantes : Câmara Municipal, 2012. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL: http://sic.cm-
abrantes.pt/contabilidade/Orçamento%202013%20CMA.pdf>.
ABRANTES. Câmara Municipal (CMA) – 2014 grandes opções do plano e orçamento
[em linha]. Abrantes : Câmara Municipal, 2013. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL:http://sic.cm-abrantes.pt/contabilidade/CMA_2014.pdf>.
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) – Sugestões
de leitura : as nossas sugestões. Passos do concelho : boletim informativo da Câmara
Municipal de Abrantes. A. 10, nº 37 (maio-jun. 2003), p. 31.
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) – Guia do
utilizador : Biblioteca Municipal António Botto : 20 anos : uma rede de bibliotecas para
a sociedade do conhecimento. Abrantes : BMAB, 2013.
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) - Notícias -
Arquivo [em linha]. Abrantes : BMAB, [2013]. [Consult. jan. 2014]. Disponível em
WWW: <URL:http://www.bmab.cm-abrantes.pt/default.asp?arquivo#naq>.
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) -
Regulamento [em linha]. Abrantes : BMAB, 2013. [Consult. jan. 2014]. Disponível em
WWW: <URL:http://www.bmab.cm-abrantes.pt/Regulamento.pdf>. Regulamento com
sucessivas alterações, a última em 2013.
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) – Relatório
de atividades 2009-2013. Abrantes : BMAB, [2013]. Documento policopiado. Acessível
a pedido.
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) – Biblioteca
Municipal António Botto [em linha]. Atual. a última vez em 10/01/2014. [Consult. jan.
2014]. Disponível em WWW: <URL:http://www.bmab.cm-abrantes.pt/>.
62
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) -
Questionário de recolha de dados estatísticos 2013. Mar. 2014. Resposta ao
questionário anual da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.
ABRANTES. Câmara Municipal. Biblioteca Municipal António Botto (BMAB) – Relatório
de atividades 2013 : subunidade orgânica de bibliotecas e arquivo. Abrantes : BMAB,
[2014]. Documento policopiado. Acessível a pedido.
ACRL - Presidential Committee on Information Literacy: final report [em linha].
10/01/1989 [Consult. mar. 2024]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.ala.org/acrl/publications/whitepapers/presidential>.
ACRL - A progress report on information literacy: an update on the American Library
Association Presidential Committee on Information Literacy: final report [em linha].
Mar 1998 [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://www.ala.org/acrl/publications/whitepapers/progressreport>.
AMÂNDIO, Maria José - Literacia de informação 2.0 nas Bibliotecas Municipais de
Oeiras: uma abordagem ao Programa Copérnico. In CONGRESSO NACIONAL DE
BIBLIOTECÁRIOS, ARQUIVISTAS E DOCUMENTALISTAS, 9, Ponta Delgada (Açores), 2007
– Bibliotecas e arquivos: informação para a cidadania, o desenvolvimento e a inovação
[CD-ROM]. Lisboa : BAD, 2007.
AMÂNDIO, Maria José – Literacias de in(formação) 3.0 em tempos de web 2.0 : novas
perspectivas. Cadernos BAD. Nº 1-2 (número duplo 2009-2010), p. 84-112.
AREA, Manuel ; PESSOA, Teresa - De lo sólido a lo líquido: Las nuevas alfabetizaciones
ante los cambios culturales de la Web 2.0. Comunicar : revista científica de
comunicación y educación [em linha]. 01/03/2012. [Consult. jan. 2013]. Disponível em
WWW:
<URL:http://www.revistacomunicar.com/index.php?contenido=detalles&numero=38&
articulo=38-2012-03>.
63
ÁVILA, Patrícia - A literacia dos adultos: competências-chave na sociedade do
conhecimento [em linha]. Lisboa : ISCTE, 2006. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL: http://repositorio-
iul.iscte.pt/bitstream/10071/577/1/A%20literacia%20dos%20adultos_Patr%c3%adcia
%20%c3%81vila.pdf>. Tese de doutoramento em Sociologia, na especialidade de
Sociologia da Comunicação, da Cultura e da Educação.
BAWDEN, David - Progress in documentation information and digital literacies: a
review of concepts. Journal of documentation [em linha]. Vol. 57, nº 2 (mar. 2001), p.
218–259 [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://arizona.openrepository.com/arizona/bitstream/10150/105803/1/bawden
.pdf>. Artigo originalmente publicado no Journal of documentation, em 2001.
BEHRENS, Shirley J. - A conceptual analysis and historical overview of information
literacy. College and research libraries [em linha]. Vol. 55, nº 4 (jul. 1994), p. 309-323.
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:https://www.ideals.illinois.edu/handle/2142/41773>.
BECKER, Bronwyn et al. - Writing@CSU Writing Guide: case studies [em linha]. 2012
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://writing.colostate.edu/guides/pdfs/guide60.pdf>. Sítio desenvolvido pela
Universidade do Colorado entre 1994 e 2012.
BELL, Judith – Como realizar um projecto de investigação. 3ª ed. Lisboa : Gradiva, 2004.
BOGDAN, Robert ; BIKLEN, Sari – Investigação qualitativa em educação: uma
introdução à teoria e aos métodos. Porto : Porto Editora, 1999.
BRUCE, Christine - Information literacy as a catalyst for educational change : a
background paper. [Em linha]. In DANAHER, Patrick A., coord. - "Lifelong Learning:
Whose responsibility and what is your contribution?", the 3rd International Lifelong
Learning Conference [Consult. Mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://eprints.qut.edu.au/4977/1/4977_1.pdf>.
64
Conferência realizada entre 13 e 16 jun. 2004, em Yeppoon, Queensland, Estados
Unidos.
CALÇADA, Teresa – Fazer leitores. Ler. Nº 133 (mar. 2014), p. 30-41. Entrevista de Ana
Sousa Dias.
CALIXTO, José António – Bibliotecas públicas portuguesas : transformações,
oportunidades e desafios. Páginas A & B. Nº 16 (2005), p. 61-88.
CALIXTO, José António – Bibliotecas públicas hoje : conclusões : 13º Encontro Rede
Nacional de Bibliotecas Públicas [em linha]. 05/05/2012. [Consult. mar. 2014].
Disponível em WWW: <URL:
http://rcbp.dglb.pt/pt/etc/Documents/13EncontroRNBP_Ap_Conclusoes.pdf >.
Compilação das conclusões do encontro realizado no Estoril, em maio de 2012.
CALIXTO, José António – Literacia da informação : um desafio para as bibliotecas [em
linha]. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/artigo5551.PDF>. Texto parte da obra
“Homenagem ao Professor Doutor José Marques, 26 e 27 de Junho de 2003 : actas do
Colóquio do Documento à Informação e da Jornada sobre Sistemas de Informação
Municipal : memória do Curso de Especialização em Ciências Documentais : 1985-
2003”, publicada em 2004.
CALIXTO, José António - O papel educacional das bibliotecas públicas em Portugal [em
linha]. 2012. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://www.goethe.de/ins/pt/lis/wis/bzu/umf/por/ptindex.htm>.
CALIXTO, José António et al. - Bibliotecas públicas, exclusão social e o fim da esfera
pública [em linha]. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://www.bad.pt/publicacoes/index.php/congressosbad/article/view/340>.
Comunicação apresentada ao 11º Congresso da Associação Portuguesa de
Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, realizado na Fundação Calouste
Gulbenkian, entre 18 e 20 de outubro de 2012.
65
CAMPOS, Eduardo - Notas históricas sobre a fundação de Abrantes. 2ª ed., revista e
aumentada. Abrantes : Câmara Municipal, 1988.
CAMPOS, Eduardo – Cronologia de Abrantes no século XIX. Abrantes : Câmara
Municipal, 2005.
CAMPOS, Eduardo – Cronologia de Abrantes no século XX. Abrantes : Câmara
Municipal, 2000.
CANÁRIO, Idalina dos Anjos Farinha - Mobilidade e transformação dos públicos da
Rede de Bibliotecas de Vila Franca de Xira : estudo de caso [em linha]. Lisboa :
Universidade de Lisboa, 2011. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://repositorio.ul.pt/handle/10451/6976>. Tese de mestrado em Ciências da
Documentação e Informação, Área de Especialização em Biblioteca.
CAVALHEIRO, Isabel ; CAMPOS, Eduardo – Abrantes 1916 : processo de elevação a
cidade. Abrantes: Câmara Municipal, 1992.
COMUNIDADE EUROPEIA. Comissão Europeia - Telematics for Libraries: Projects :
CHILIAS [em linha]. Actualizado em 22/11/1999. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL:http://cordis.europa.eu/libraries/en/projects/chilias.html>.
COMUNIDADE EUROPEIA. Comissão Europeia - Telematics for Libraries: Projects :
ILIERS [em linha]. Actualizado em 22/11/1999. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL:http://cordis.europa.eu/libraries/en/projects/chilias.html>.
COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO MÉDIO TEJO – Médio Tejo portal regional [em
linha]. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://www.mediotejodigital.pt/>.
CONTRIBUIDORES DO ALFIN IBEROAMERICA – ALFIN Iberoamerica [em linha]. Atual.
em 25 de mar. 2014. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://alfiniberoamerica.wikispaces.com/>.
66
CONTRIBUIDORES DA WIKIPÉDIA - Abrantes. Wikipedia [em linha]. Atual. Em 10 de
nov. 2013 [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://pt.wikipedia.org/wiki/Abrantes>.
CONTRIBUIDORES DA WIKIPÉDIA - Microsoft FrontPage. Wikipedia [em linha]. Atual.
Em 27 de mar. 2014 [Consult. abr. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://en.wikipedia.org/wiki/Microsoft_FrontPage>.
CONTRIBUIDORES DA WIKIPÉDIA - Tramagal. Wikipedia [em linha]. [Atual. em dez.
2013]. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://pt.wikipedia.org/wiki/Tramagal>.
CORAVU, Robert - Library literacy: the step before information literacy [em linha].
2010. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://eprints.rclis.org/14540/>. Comunicação apresentada na First International
Conference in Romania on Information Literacy, realizado em Sibiu (Roménia), entre
21 e 23 de abril de 2010.
CORREIA, Zita P. – A biblioteca pública como espaço de cidadania. In CALIXTO, José
António, ed. – Bibliotecas para a vida: literacia, conhecimento, cidadania. Lisboa :
Colibri ; Évora : CIDEHUS-UE : Biblioteca Pública de Évora, 2007.
DELGADO, Dayana Moniz - Relatório de estágio. Abrantes : ESTA, 2008. Relatório de
estágio para licenciatura em Comunicação Social, pela Escola Superior de Tecnologia
de Abrantes do Instituto Politécnico de Tomar. Acessível para consulta na Biblioteca
Municipal António Botto.
DEMASSON, Andrew ; PARTRIDGE, Helen ; BRUCE, Christine – How do public librarians
constitute information literacy? [em linha]. 2010. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL: http://eprints.qut.edu.au/39896/1/c39896.pdf>. Comunicação
apresentada na 5th Conference on Qualitative Research in IT, em Brisbane (Austrália),
em 29-30 de nov. 2010.
DUDZIAK, Elisabeth Adriana – Information literacy: princípios, filosofia e prática.
Ciência da informação [em linha]. Vol. 32, nº 1 (jan.-abr. 2003), p. 23-35. [Consult. mar.
67
2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/123>.
DUDZIAK, Elisabeth Adriana – Os faróis da sociedade de informação : uma análise
crítica sobre a situação da competência em informação no Brasil. Informação &
sociedade : estudos [em linha] Vol.18, nº 2 (maio-ago. 2008), p. 41-53. [Consult. mar.
2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://bogliolo.eci.ufmg.br/downloads/DUDZIAK%20Os%20farois%20da%20SI.p
df>.
EUNICE, Fernanda ; TRINDADE, Francisca ; CASTELEIRO, Rui – Projecto Comunitário
ILIERS. In ENCONTRO DE LEITURA PÚBLICA DO DISTRITO DE SETÚBAL, 5, 1999 – As
bibliotecas públicas e a sociedada da informação. Setúbal : Associação de Municípios
do Distrito de Setúbal, 2000. P. 129-134.
FERNANDES, Maria – O que se disse e o que nada se fez : os projectos prioritários na
freguesia da Bemposta. Abarca. A. XXIII, nº 348 (14 nov. 2013), p. 2.
FONSECA, Mário Rui – Maria do Céu Albuquerque é a nova presidente da Comunidade
Intermunicipal do Médio Tejo. Jornal de Abrantes. A. 114, nº 5513 (nov. 2013), p. 6.
FONSECA, Mário Rui – Rede de defesa diz que memorando espanhol viola legislação
sobre água. Jornal de Abrantes. A. 114, nº 5513 (nov. 2013), p. 5.
FONSECA, Mário Rui – Mitsubishi do Tramagal vai iniciar exportações para Turquia e
Marrocos. Jornal de Abrantes. A. 114, nº 5517 (mar. 2012), p. 4).
FORTUNA, Carlos ; FONTES, Fernando – Bibliotecas públicas, utilizadores e
comunidades : o caso da Biblioteca Municipal António Botto. Lisboa : Observatório das
Actividades Culturais, 2000.
FURTADO, José Afonso – Uma cultura da informação para o universo digital. Lisboa :
Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2012.
68
IFLA - IFLA media and information literacy recommendations [em linha]. 2011. .
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.ifla.org/publications/ifla-media-and-information-literacy-
recommendations>. Aprovadas pelo Conselho da IFLA, na sua reunião de Den Haag,
Holanda, em 7 de dezembro de 2011.
IFLA. Information Literacy Section - Guidelines on information literacy for lifelong
learning [em linha]. 2006. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.ifla.org/files/assets/information-literacy/publications/ifla-guidelines-
en.pdf>. Redigido por Jesús Lau.
IFLA. Public Libraries Section – 10 ways to make a public library work : uptodate your
libraries [em linha]. Aprovado em 2009 [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL: http://www.ifla.org/publications/10-ways-to-make-a-public-library-work-
update-your-libraries>.
IFLA ; UNESCO - Manifesto IFLA-UNESCO sobre Bibliotecas Públicas [em linha]. 1994.
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://archive.ifla.org/VII/s8/unesco/port.htm>.
JORGE, Jerónimo Belo - População tenta impedir encerramento de farmácia. Rede
regional [em linha] 22/02/2013. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.rederegional.com/index.php/health/7691-populacao-de-bemposta-tenta-
impedir-encerramento-de-farmacia.html>.
KOONTZ, Christie ; GUBBIN, Barbara (ed.) – IFLA public library service guidelines.
Berlin: De Gruyter Saur, 2010.
LEAL, Filipe – Transformar as bibliotecas públicas portuguesas [em linha]. 05/05/2012.
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://rcbp.dglb.pt/pt/etc/Documents/13EncontroRNBP_Ap_FilipeLeal.pdf>.
Comunicação apresentada no 13º Encontro da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas,
no Estoril, em maio de 2012.
69
LOPES, Francisco – Rede pública de bibliotecas uma leitura agradável. Cadernos BAD,
nº 3 (1994), p. 69-78.
LOPES, Francisco – “20 anos : uma rede de bibliotecas para a sociedade do
conhecimento” [documento electrónico]. 2013. Texto da exposição comemorativa do
20 anos da Biblioteca Municipal António Botto. Documento em Word.
MARÇAL, Ana Sofia Lourenço de Sousa – Relatório de estágio. Lisboa : ISLA, 2005. Tese
de pós-graduação em Ciências Documentais, variante Bibliotecas-Documentação.
Acessível para consulta na Biblioteca Municipal António Botto.
MADEIRA, Cristina – Cheias e inundações do rio Tejo em Abrantes. Territorium [em
linha] dez. 2005. [Consult. mar. 2014], p. 55-67. Disponível em WWW:
<URL:http://www1.ci.uc.pt/nicif/riscos/downloads/t12/cheias%20e%20inundacoes%2
0do%20rio%20tejo%20em%20Abrantes.pdf>.
O MIRANTE - População da Bemposta teme perda da farmácia para Abrantes. O
Mirante [em linha]. 22/02/2014. [Consult. 22 de fev. 2013], p. 55-67. Disponível em
WWW:
<URL:http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=54&id=69938&idSeccao=556&Act
ion=noticia>.
MINTZBERG, Henry – Estrutura e dinâmica das organizações. 4ª ed. Lisboa : Dom
Quixote, 2010.
MORATO, Manuel António, coord. – Memória histórica da notável vila de Abrantes
para servir de começo aos anais do município. 3ª ed., revista / introdução, organização
e notas críticas de Eduardo Campos. Abrantes : Câmara Municipal, 2002.
MOREIRA, Carlos Diogo - Teorias e práticas de investigação. Lisboa : Instituto Superior
de Ciências Sociais e Políticas, 2007.
MOTA, Marta - Serviços e inovações que fazem a diferença nas bibliotecas pública :
premiar as boas práticas? [em linha]. 05/05/2012. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
70
WWW: <URL:
http://rcbp.dglb.pt/pt/etc/Documents/13EncontroRNBP_Ap_MartaMota.pdf>.
Comunicação apresentada no 13º Encontro da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas,
no Estoril, em maio de 2012.
MARTINS, Gilberto Andrade – Estudo de caso : uma reflexão sobre a aplicabilidade em
pesquisas no Brasil. Revista de contabilidade e organizações [em linha]. Vol. 2, nº 8
(jan.-abr. 2008). [em linha]. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.rco.usp.br/index.php/rco/article/view/21>.
MESQUITA, Carla Maria Meira Dias - A biblioteca pública e os desafios da literacia da
informação [em linha]. Porto : Universidade Fernando Pessoa, 2012 [Consult. mar.
2014]. Disponível em WWW: <URL:http://bdigital.ufp.pt/handle/10284/3260>. Tese de
mestrado em Ciências da Informação e Documentação.
MOORE, Nick – How to do research: a practical guide to designing and managing
research projects. London : Facet Publishing, 2006.
NEVES, Mário Nuno – A importância de uma política cultural na consolidação de uma
comunidade : o caso da Maia. Autárquica. A. 1, nº 2 (mar.-maio 2005), p. 74-77.
OWUSU-ANSAH, Edward K. - Information literacy and the academic library: a critical
look at a concept and the controversies surrounding it. The journal of academic
librarianship [em linha]. Vol. 29, nº 4 (jul. 2003), p. 219-230. [Consult. mar. 2014].
Disponível em WWW:
<URL:http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0099133303000405>.
PINTO, María ; URIBE TIRADO, Alejandro - Las bibliotecas públicas híbridas en el marco
de la alfabetización informacional. Revista española de documentación científica [em
linha]. 2012 (nº monográfico), p. 136-168. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://redc.revistas.csic.es/index.php/redc/article/view/747/828>.
PORDATA - Números dos municípios e regiões de Portugal : Quadro-resumo: Abrantes
[em linha]. [2012]. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
71
<URL:http://www.pordata.pt/Municipios/Quadro+Resumo/Abrantes+(Municipio)-
3925>.
PORTUGAL. Instituto Nacional de Estatística (INE) - Censos 2011 : resultados definitivos
: Portugal : XV recenseamento geral da população : V recenseamento geral da
habitação. Lisboa : INE, 2012.
PORTUGAL. Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC)
– Mapas da Região Centro [em linha]. 23 março 2010. Atualizado em 15 fevereiro
2012. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.ccdrc.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=367&Itemid=2
49&lang=pt>.
PIEPER, Louise – Information literacy in public libraries : a covert operation [em linha].
2010. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://conferences.alia.org.au/access2010/pdf/Paper_Thu_1100_Louise_Pieper.
pdf>. Comunicação apresentada na conferência ALIA Acess 2010, realizada entre 1 e 3
de setembro 2010 em Brisbane, Austrália.
PROLE, António – O papel das bibliotecas públicas face ao conceito de literacia [em
linha]. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://195.23.38.178/casadaleitura/portalbeta/bo/documentos/ot_bibliotecas_li
teracia_a.pdf>. Originalmente publicado em “Educação e leitura : actas do seminário”,
seminário realizado em Esposende nos dias 27 e 28 de outubro de 2005.
QUESADO, Jaime – Conhecimento : “a rede” para Portugal. Autarquica. A. I, nº 2 (mar.-
maio 2005), p. 27-30.
RAMOS, Ana Luísa - O todo é maior que a soma das partes [em linha]. 05/05/2013.
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://rcbp.dglb.pt/pt/etc/Documents/13EncontroRNBP_Ap_AnaLuisaRamos.pdf
>. Comunicação apresentada no 13º Encontro da Rede Nacional de Bibliotecas
Públicas, no Estoril, em maio de 2012.
72
RAMINHOS, Nádia Palrão – Estudo do impacto do Projecto Infoliteracia da RBMO nas
competências de informação dos formandos. Lisboa : FCSH, 2010. Relatório de estágio
realizado para obtenção do grau de mestre em Ciências da Informação e
Documentação.
ROCHA, J. A. Oliveira - Gestão pública : teorias, modelos e prática. Lisboa : Escolar
Editora, 2010.
RODRIGUES, Vânia - Relatório de estágio : Biblioteca Municipal António Botto. Leiria :
ESEL, [2006]. Relatório realizado no âmbito do curso de Comunicação Social e
Educação Mutimédia da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria.
Acessível para consulta na Biblioteca Municipal António Botto.
SANTA-RITA FERNANDES, José D. – Abrantes cidade : análise critica. Abrantes : Câmara
Municipal, 1966. Edição comemorativa do cinquentenário da elevação de Abrantes a
cidade.
SEQUEIRA, José ; MALHEIROS, Jorge ; MAGALHÃES, Andreia, coord. – Reestruturação
produtiva na zona de Abrantes, Tomar e Torres Novas. Lisboa : Observatório do
Emprego e Formação Profissional, 1999.
TAGUS - ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO RIBATEJO INTERIOR –
Tagus - Associação De Desenvolvimento Integrado Do Ribatejo Interior [em linha]. Site
produzido por Tecla Digital. Última atualização em 06/03/2014. [Consult. mar. 2014].
Disponível em WWW: <URL:http://www.tagus-ri.pt/>.
UNESCO – The public library: a living force for popular culture [em linha]. 16/05/2014.
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001474/147487eb.pdf>. Manifesto sobre
bibliotecas públicas de 1949.
UNESCO – The plurality of literacy and its implications for policies and programmes :
UNESCO Education Sector position paper [em linha]. Paris : UNESCO, 2004 [Consult.
73
mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001362/136246e.pdf>.
UNESCO - Declaration of principles : building the information society: a global
challenge in the new millennium [em linha]. 12/12/2003. [Consult. mar. 2014].
Disponível em WWW: <URL:http://www.itu.int/wsis/docs/geneva/official/dop.html>.
UNESCO – Towards information literacy indicators [em linha]. Paris : UNESCO, 2008.
[Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001587/158723e.pdf>. Documento
preparado por Ralph Catts e Jesús Lau.
UNESCO. Information for All Programme - Understanding information literacy: a
primer [em linha]. Paris : UNESCO, 2007 [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL: http://www.unesco.org/new/en/communication-and-
information/resources/publications-and-communication-materials/publications/full-
list/understanding-information-literacy-a-primer/>.
VENTURA, Magda Maria – O estudo de caso como modalidade de pesquisa. Revista da
Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro [em linha]. Vol.
20, nº 5 (set.-out. 2007), p. 383-386. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2007_05/a2007_v20_n05_art10.pdf>.
VIRKUS, Sirje - Information literacy in Europe : a literature review. Information
research [em linha], Vol. 8 Nº 4 (jul. 2003) [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://informationr.net/ir/8-4/paper159.html>.
VIRKUS, Sirje - Information literacy as an important competency for the 21st century :
conceptual approaches. Journal of the Bangladesh Association of Young Researchers
[em linha]. Vol. 1, nº 2 (jun. 2011), p. 15-29. [Consult. mar. 2014]. Disponível em
WWW: <URL:http://www.banglajol.info/bd/index.php/JBAYR/article/view/10028>.
VITORINO, Elizete Vieira ; PIANTOLA, Daniela – Dimensões da competência
informacional (2). Ciência da informação [em linha]. Vol. 40, nº 1 (jan.-abr., 2011), p.
74
99-110 [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW: <URL:
http://www.scielo.br/pdf/ci/v40n1/a08v40n1.pdf>.
YIN, Robert K. – Estudos de caso : planejamento e métodos. 2ª ed. São Paulo :
Bookman, 2003.
WALLIS, Jake - Information-saturated yet ignorant : information mediation as social
empowerment in the knowledge economy. Library review [em linha]. Vol. 52, nº 8
(2003), p. 369-372. [Consult. mar. 2014]. Disponível em WWW:
<URL:http://www.emeraldinsight.com/journals.htm?articleid=859743>.
WHITFIELD, Joanna - As bibliotecas públicas portuguesas e a literacia da informação :
percepções e práticas dos profissionais no século XXI : um projecto de investigação. In
CALIXTO, José António, ed. – Para além da Branca de Neve: bibliotecas, educação e
literacia da informação. Lisboa : Colibri; Évora : CIDEHUS-UE : Biblioteca Pública de
Évora, 2010.