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DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO FRANCYS PERUZZI SALEH ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DE COSTURAS: COMPARATIVO ENTRE COSTURAS REALIZADAS PELA MÁQUINA FECHADEIRA DE BRAÇO E MÁQUINA INTERLOQUE COM PONTO REBATIDO NA MÁQUINA DE PESPONTO DUPLO. PORTO ALEGRE 2015

Dissertação Francys Peruzzi Saleh · 2016-06-15 · submetidas adois tipos de processos de costuras, o primeiro realizado na máquina de braço 1e o segundo realizado na máquina

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DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO

FRANCYS PERUZZI SALEH

ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DE COSTURAS:

COMPARATIVO ENTRE COSTURAS REALIZADAS PELA MÁQUINA

FECHADEIRA DE BRAÇO E MÁQUINA INTERLOQUE COM PONTO REBATIDO

NA MÁQUINA DE PESPONTO DUPLO.

PORTO ALEGRE

2015

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FRANCYS PERUZZI SALEH

ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DE COSTURAS:

COMPARATIVO ENTRE COSTURAS REALIZADAS PELA MÁQUINA

FECHADEIRA DE BRAÇO E MÁQUINA INTERLOQUE COM PONTO REBATIDO

NA MÁQUINA DE PESPONTO DUPLO.

Dissertação submetida , como requisito parcial a obtencao do tıtulo de Mestre em Design pelo Programa de Pos -GraduaçãoStricto Sensu – Mestrado Acadêmico em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis. Orientador: Prof. Dr. Luis Fernando Folle

PORTO ALEGRE

2015

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)!

S164a Saleh, Francys Peruzzi.

Análise da resistência de costuras: comparativo entre costuras realizadas pela máquina fechadeira de braço e máquina interloque com ponto rebatido na máquina de posponto duplo / Francys Peruzzi Saleh. – 2015.

73 f.: il ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Centro Universitário Ritter dos Reis, Faculdade de Design, Porto Alegre, 2015.

Orientador: Prof. Dr. Luis Fernando Folle.

1. Design. 2. Costura. 3. Máquinas de Costura. I. Título. II. Folle, Luis Fernando.

CDU 687

Ficha catalográfica elaborada no Setor de Processamento Técnico da Biblioteca

Dr. Romeu Ritter dos Reis

FRANCYS PERUZZI SALEH

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FRANCYS PERUZZI SALEH

ANÁLISE DA RESISTÊNCIA DE COSTURAS:

COMPARATIVO ENTRE COSTURAS REALIZADAS PELA MÁQUINA

FECHADEIRA DE BRAÇO E MÁQUINA INTERLOQUE COM PONTO REBATIDO

NA MÁQUINA DE PESPONTO DUPLO.

Dissertação submetida , como requisito parcial a obtenção do título de Mestre em Design pelo Programa de Pos -GraduaçãoStricto Sensu – Mestrado Acadêmico em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis. Orientador: Prof. Dr. Luis Fernando Folle

Dissertação de Mestrado aprovada pela banca examinadora constituıda por:

_____________________________________

Prof. Dr. LuisFolle (Orientador) – UNIRITTER

_____________________________________

Prof.ª. Drª. Anne AnicetRuthschilling – UNIRITTER

_____________________________________

Prof.ª. Drª. Jocelise Jacques de Jacques – UFRGS

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Este trabalho e dedicado aos meus pais, Samir e Luzia pelo constante incentivo, e ao meu noivo Alisson Zafalon pelo apoio e dedicação incondicional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, professor Dr. Luis Fernando Folle, pela

orientação, dedicação e paciência e principalmente, por acolher este projeto.

Aos professores Otaviano LuisTalgatti e Rafael Pieretti de Oliveira pela

realização das análises de dados, discussões e ideias para a melhoria deste

trabalho.

Ao professor Dr. Vinicius Gadis, que orientou inicialmente meu trabalho, e

sempre me estimulou para pesquisar e publicar meus artigos.

Ao meu pai Samir por sempre me apoiar nas minhas decisões e incentivar

meu trabalho, por jamais medir esforços para me permitir atingir todos os meus

objetivos. À minha mãe Luzia e irmãs Luizi e Carol pelo carinho, pelos momentos de

desabafo e por compreenderem muitas vezes a minha ausência nos períodos de

maior dedicação aos estudos.

Ao Alisson, meu noivo e maior incentivador , obrigada por todo o apoio e

compreensão. Sem teu amor e paciência durante meus estudos, seria difícil chegar

até aqui.

Às queridas amigas Leci, Angela, Donatella e Pucci, pelo apoio, carinho e

suporte nos momentos que mais precisei, pela companhia nos momentos de estudo

e pelo carinho.

Às queridas colegas de UNIRITTER , Fernanda Theissen, Natalia Braulio e

Priscila Lutz e colegas da UCPEL Tereza Duarte; Lilian Fetzer e Nara Lima

agradeço pela amizade e por me acompanharem ao longo deste trabalho.

A todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho,

seja enviando artigos ou tirando dúvidas. Neste grupo, incluo Antônio Renato Ibeiro,

prof. Dr. Helder Carvalho, prof. Dr. José Heriberto Oliveira do Nascimento, prof Dr.

James Bowen.

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RESUMO

O presente trabalho realiza uma análise de resistência das costuras aplicadas em tecidos planos utilizadas comumente na confecção de calças. O objetivo é identificar se a costura da máquina fechadeira de braço é mais resistente que a costura da máquina interloque com ponto rebatido na máquina de pesponto duplo. Para tal, foram realizados ensaios de tração na máquina universal para ensaios mecânicos, onde os corpos-de-prova ensaiados foram a sarja com 100% de algodão testadas nos diferentes sentidos do tecido (trama, urdume e viés). Os resultados obtidos demonstram que a costura realizada pela máquina Interloque é mais resistente que a máquina fechadeira de braço. Com base nos resultados obtidos é possível orientar o designer na escolha do tipo de maquinário a ser utilizado.

Palavras-chave: Ensaio de tração. Costuras. Máquinas de costuras. Design.

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ABSTRACT

This study makes ananalys is of the strength of the seams in woven fabrics comm. only used in the manufacture of pants. The goal is to identify whether the arm chain stitch machine is more resistant than interlock with the twin needle sewing machine.Based on the results obtained can guide the designer in choosing the type of machinery to be used. To this end, it conducted a tensile test, where the body of the test piece was tested in 100% cotton twill tested in different directions of the fabric (weft , warp and bias ). The results show that the Interlock machine is tougher.

Keywords: Tensile test. Sewing. Sewing machine. Design.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Máquina de costura industrial .......................................................... 20

Figura 2 – Máquina de costura reta ................................................................. 21

Figura 3 – Máquina de costura reta de duas agulhas ou pespontadeira .......... 22

Figura 4 – Máquina de costura interloque ........................................................ 22

Figura 5 – Máquina de costura fechadeira ou máquina de braço .....................

Figura 6 – Torção do fio ....................................................................................

23

25

Figura 7 – Os diversos sentidos de projeção do tecido: urdume, trama e viés. 31

Figura 8 – Estrutura da sarja ............................................................................ 33

Figura 9 – Modelo de calça frente e costas ...................................................... 35

Figura 10 – Máquina de ensaio universal ......................................................... 39

Figura 11 – Tela do computador com o registro gráfico.................................... 40

Figura 12 – Corpos-de-prova ............................................................................ 41

Figura 13 – Estudo do processo ....................................................................... 43

Figura 14 – Tecido estendido........................................................................... 44

Figura 15 – Amostras posicionadas no tecido .................................................. 45

Figura 16 – Amostras prontas para costura....................................................... 45

Figura 17 – Desenvolvimento da costura 1 – máquina fechadeira de braço .... 46

Figura 18 – Classe de costura .......................................................................... 46

Figura 19 – Desenvolvimento da costura 2 – máquina interloque..................... 47

Figura 20– Classe de costura .......................................................................... 47

Figura 21 – Desenvolvimento da costura 2 – máquina de pesponto................. 48

Figura 22 – Classe de costura .......................................................................... 48

Figura 23 – Tipos de costuras e posicionamento no tecido............................... 49

Figura 24 – Corpo-de-prova pronto com tecido desfiado ................................. 50

Figura 25 – Corpo-de-prova durante o ensaio .................................................. 52

Figura 26 – Dados com o tempo de deformação e ruptura............................... 53

Figura 27 – Corpo-de-prova com a costura rompendo-se................................. 54

Figura 28 – Costura de reforço da máquina travete......................................... 55

Figura 29 – Costura na máquina fechadeira rompendo-se .............................. 58

Figura 30 – Corpos-de-prova com as costuras e reforço ................................. 62

Figura 31 – Corpos-de-prova com as costuras e reforço ................................. 63

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipos de linhas e utilização............................................................. 26

Quadro 2 – Tipos de classes de costura .......................................................... 28

Quadro 3 – Amostras das costuras .................................................................. 29

Quadro 4 – Sequência operacional da peça: processo 1 ................................. 36

Quadro 5 – Sequência operacional da peça: processo 1 ................................ 37

Quadro 6 – Propriedades alcançadas no ensaio de tração ............................. 42

Quadro 7– Cronometragem e consumo ........................................................... 55

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Exemplo de gráfico obtido através do ensaio de tração ................ 40

Gráfico 2 – Tecido sentido atravessado – máquina interloque ......................... 57

Gráfico 3 – Tecido sentido atravessado – máquina fechadeira ........................ 58

Gráfico 4 – Tecido sentido fio – máquina interloque ......................................... 59

Gráfico 5 – Tecido sentido fio – máquina fechadeira de braço ......................... 60

Gráfico 6 – Comparativo do corpo-de-prova com e sem costura..................... 60

Gráfico 7 – Tecido sentido fio – comparativo entra as duas máquinas ............ 61

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

1.1 ESCOLHA DO TEMA 13

1.2 JUSTIFICATIVA 15

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA 15

2 OBJETIVOS 17

2.1 OBJETIVO GERAL 17

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 17

3 REFERENCIAL TEÓRICO 18

3.1 MÁQUINAS DE COSTURA 18

3.1.1 Características das máquinas de costura 20

3.1.1.1 MÁQUINAS DE PONTO FIXO 20

3.1.1.2 MÁQUINAS DE PONTO CORRENTE 22

3.1.1.3 MÁQUINA FECHADEIRA DE BRAÇO 23

3.2 PONTOS DE COSTURA 23

3.3 CLASSE DE PONTOS DE COSTURA 27

3.4 TECIDOS: ESTRUTURA 30

3.4.1 Tipos de ligamentos 32

3.5 SISTEMA PRODUTIVO 33

3.6 ENSAIO DE TRAÇÃO 37

4 MATERIAIS E MÉTODOS 43

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RESULTADOS 57

CONCLUSÕES 64

REFERÊNCIAS 66

ANEXOS 69

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1 INTRODUÇÃO

A indústria têxtil e da confecção cresce a cada ano, porém é um tema pouco

explorado pelos pesquisadores. Neste contexto, estudos técnicos estão sendo

desenvolvidos em países asiáticos, onde a mão de obra abundante e o fácil acesso

aos maquinários são uma das vantagens competitivas no setor.

Guoet al.(2011) afirmam que a indústria do vestuário é um dos principais

setores econômicos, que tem um papel importante na vida quotidiana e econômica

global.

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de

Confecção (2015), o Brasil é considerado o quarto maior parque produtivo de

confecção do mundo, além de ser o segundo maior empregador da indústria de

transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas.

Diante do exposto, Cietta (2012) afirma que o mercado da moda está em

constante expansão, necessitando de materiais e equipamentos que se adaptem ao

objetivo de uso do produto final. Por outro lado, Karmakar (2015) salienta que o

mundo da indústria têxtil está passando por um momento difícil e reajustes estão

ocorrendo. O que poderia ser certo hoje pode ser amanhã errado e o que é certo

para o amanhã pode estar errado hoje.

Karmakar (2015) afirma ainda que no mercado de moda globalizado e

desafiador, os designers de moda devem ser profissionais qualificados e flexíveis.

Devem ter a ampla compreensão dos aspectos criativos, tecnológicos, culturais e

econômicos da moda, bem como sua área de especialização específica.

Complementa que para atender às demandas dos clientes finais, precisamos usar

uma série de tecidos e outras matérias-primas, combinando habilidades tradicionais

com técnicas de construção moderna, além de gerenciar o desenvolvimento do

produto e estar continuamente otimizando o processo.

Neste contexto, o presente trabalho faz uma análisedas costuras utilizadas

em calças de uniformes pois de acordo com Namiranianet al. (2014), costuras em

peças de vestuário estão constantemente sujeitas a cargas e movimentos repetitivos

durante o uso diário, tais como andar, sentar, agachar, etc. Estes carregamentos

provocam vários defeitos na costura, tais como a ruptura dos pontos ou ainda

provocar rasgos nos tecidos.

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Deste modo, foram realizados ensaios de tração onde as amostras foram

submetidas adois tipos de processos de costuras, o primeiro realizado na máquina

de braço1e o segundo realizado na máquina interloque2 com costura rebatida na

máquina de pespontar de duas agulhas3. O objetivo é analisar qual dos tipos de

costuraé mais resistente em relação a orientação do tecido, pois ambos os

processos são utilizados comumente na indústria do vestuário. As costuras

reproduzidas nos corpos-de-provas são as mesmas utilizadas para costurar partes

das calças, tais como pala, lateral e entrepernas, porém a escolha da utilização da

máquina e tipo de costura, variam de acordo com cada empresa.Essas variáveis

estão ligadas ao custo de cada maquinário, mão de obra qualificada e por vezes, a

estética final do produto, já que as costuras apresentam diferentes resultados em

relação ao conforto do usuário.A matéria-prima utilizada neste experimento será a

sarja 100% algodão no qual testada em três orientações do tecido diferentes,

considerando o fio reto, fio atravessado e o viés.A preferência por testar a sarja deu-

se por ser um tecido versátil, utilizado tanto na confecção de casual wear como de

workwear (uniformes), possui uma cartela de cores abundante e a várias

possibilidades de gramaturas. A escolha da cor do tecido para este experimento

deu-se ao fato de realizar um teste cujas condições fossem próximas da realidade,

deste modo a cor utilizada é a cor bege, tanto para o tecido como para as costuras.

Cabe salientar que durante a pesquisa não foram encontrados estudos

realizados no Brasil. Os livros de costura utilizados nas universidades de moda são

superficiais na parte técnica de especificação de maquinários e pontos de costuras.

Em português, somente há trabalhos publicados pela Universidade do Minho

(Portugal). Os pesquisados da Uminho desenvolvem há mais de 20 anos estudos

nesta área. Os cursos de moda no Brasil utilizam até hoje o livro publicado pelo

professor Mário de Araújo, que também serviu como apoio para a elaboração do

referencial teórico neste trabalho, é importante citar que a última publicação deste

livro foi feita em 1996 e é única até a presente data. Recentemente foram publicados

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1 Máquina de braço ou fechadeira é uma máquina que une embutindo as bordas do tecido e pesponta ao mesmo tempo. Possui a base cilíndrica, facilitando o processo de costuras de entrepernas.

2 Máquina Interloque é utilizada nas indústrias de confecção para fazer duas costuras ao mesmo tempo, uma de fechamento da peça, e outra na borda do tecido, evitando que o mesmo desfie.

3 Máquina de pespontar de duas agulhas é utilizada para fazer o pesponto, ou seja, um tipo de ponto mais largo e utilizado como acabamento externo.

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alguns estudos em jornais na área de engenharia têxtil, esses trabalhos também

foram analisados e utilizados como fundamentação teórica.

1.1 ESCOLHA DO TEMA

O Brasil ainda é carente de estudos na área da costura e confecção de

produtos têxteis, sendo que, como exposto anteriormente, o país ocupa a segunda

posição como empregador do setor.

Juntamente com o fato de ser uma área de estudos recente, com poucos

trabalhos publicados, este aspecto motivou a escolha do tema.

Um estudo publicado este ano (2015), no The Journal of The Textile Institute,

realizado por pesquisadores do departamento de engenharia têxtil da DokuzEylul

University, apontam o fato de que existem poucos trabalhados realizados nesta

área. Eles realizaram um estudo intitulado A comparative study on seam

performance of cotton and polyester woven fabrics, cuja proposta é analisar o

desempenho das costuras em tecidos planos. Neste trabalho, os pesquisadores

analisaram dois tipos de linhas de costuras, aplicados em 20 corpos-de-prova.

Foram analisadas as forças das costuras no equipamento de tração. No entanto as

costuras foram realizadas na máquina industrial de costura reta, ou seja, analisaram

somente um tipo de costura.

Namiranian et al. (2014) analisaram a densidade dos pontos de costura e a

resistência dos tecidos em sentido da trama e urdume4. As propriedades de tração

de tecido e resistência da costura foram medidos e analisados no sentido do fio e

atravessado. Assim como mencionado anteriormente, neste estudo os autores

analisaram somente as costuras feitas com a máquina de costura reta industrial. Os

resultados obtidos apontaram que em geral o aumento da elasticidade do tecido

conduz à diminuição da carga de deslizamento da costura.

O trabalho desenvolvido por Ferdous et al .intitulado: A Comparative Study on

Tensile Strength of Different Weave Structures, publicado em 2014 pelo International

Journal of Scientific Research Engineering & Technology, apresenta a proposta de

análise de tensão nos diferentes tipos de estruturas de tecidos planos, tais como !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!4Tecidos são formados pelo entrelaçamento de dois fios que cruzam-se perpendicularmente. O fio longitudinal, no sentido do comprimento é chamado de urdume, enquanto que o fio transversal, no sentido da largura é o que forma a trama. Deste modo, o sentido do fio é o que segue em sentido do urdume.

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tafetá, sarja e cetim, com composições mistas de algodão e poliéster. As gramaturas

dos tecidos testados variavam entre 152, 154, 156 e 162 gm/m2. Entre alguns dos

dados obtidos, concluíram que a resistência à tração do cetim é menor que a sarja,

isto ocorre porquê o número de fios do urdume utilizado para a fabricação da sarja é

diferente do utilizado para fazer o cetim. O fio de urdidura tem mais força do que o

fio de trama. Em suma, pode-se dizer que, o fio de trama tem menos força de tração

do que o fio de urdidura.No entanto, as normas técnicas para ensaios de tração já

estabelecem que o sentido do fio deve ser respeitado no momento do experimento.

Balea et al. (2009) publicaram um trabalho intitulado: Comportement

mécanique de têxtil estricotés techniques pourdes applications composites, no qual

analisaram as propriedades mecânicas dos tecidos de malha jersey5com

composições diferentes, aplicando o ensaio de tração afim de destacar os

parâmetros que afetam o comportamento da malha. No entanto, descobriram que a

composição do fio não altera de modo significante o resultado final. Este trabalho

analisou exclusivamente tecidos de malha, não consideraram a questão da

resistência das costuras.

Pasayev et al. (2012) publicaram no Textile Research Journal um estudo

sobre as costuras no Chenille6, tecido comumente utilizado para a fabricação de

estofados. O objetivo deste estudo era analisar os efeitos da direção da costura no

sentido trama e urdume, já que em alguns casos os tecido tende a rasgar.Neste

caso não foi levado em consideração o tipo de máquina, apenas o sentido do fio que

resiste melhor ao ensaio de tração.

De modo geral, como observado em outros tantos artigos utilizados como

respaldo teórico, os estudos comparativos analisam diversos tipos de estruturas,

diferentes tipos de composição dos tecidos e tipos de costuras. No entanto, não

encontrou-se experimento semelhante com o que pretende-se fazer.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!5 Tecido de malha leve e de ligamento simples, utilizado para a fabricação de lingeries.

6Fios curtos de seda, algodão ou sintético, com espessuras variadas. Normalmente utilizado em tapetes e colchas.

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1.2 JUSTIFICATIVA

Durante as pesquisas bibliográficas, verificou-se que a utilização do ensaio de

tração é amplamente utilizada em diversos estudos, inclusive em nível mundial.

Variações das aplicações dos estudos de tração foram encontradas, com

diferentes tipos de estruturas têxteis, que variam entre tecidos planos e malhas,

além de diferentes tipos de costuras, porém não foram encontradas pesquisas em

que foram analisadas o caso do entrepernas isoladamente, assim como também não

foram encontrados estudos que realizassem o comparativo entre os processos de

costuras feitos na máquina fechadeira de braço e na máquina interloque com

acabamento na máquina de pesponto duplo, que são os dois tipos de costuras

aplicados na confecção de calças, cuja costura tem precisa ser mais resistente.

Empiricamente sabe-se que a máquina fechadeira de braço é a mais utilizada

pois a costura é reforçada e é feita com um processo só, porém esta máquina tem

um custo elevado em comparação à interloque e a pespontadeira.

A máquina de braço exige mão-de-obra especializada devido à sua estrutura,

que exige força do operador para manipular o tecido, além de causar desconforto

físico, já que a ergonomia da máquina não propicia uma postura correta do

operador. No entanto esta máquina serve somente para fazer o tipo de costura

denominado Lsc-2, enquanto a máquina interloque e a pespontadeira podem realizar

diversos tipos de costuras e podem ser usadas na confecção de diferentes produtos.

Outro fator que motivou a escolha do tema é o fato do entrepernas ser uma

região normalmente afetada pelo desgaste da peça. A fricção continua das pernas

causa, com o tempo, o rompimento da costura, ou ainda o desgaste do tecido.

Este problema é facilmente percebido em calças masculinas de uso contínuo,

como por exemplo, os uniformes. Porém neste caso o estudo não é restrito somente

aos uniformes, visto que é um problema que pode atingir diversos tipos de usuários

que utilizam calças de tecidos planos.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Analisar qual dos dois tipos de costura resistem ao ensaio de tração, pois as

costuras executadas na máquina fechadeira e as realizadas na máquina interloque

com costura rebatida na pespontadeira, apresentam resistências diferentes em

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relação a orientação do tecido, no entanto não existem pesquisas que quantifiquem

esse valores. Isso é sabido pelos confeccionistas devido à experiência, mas não

constatado e provado através de ensaios. Para isso, a presente pesquisa propõe

fazer esses testes e determinar como será o comportamento dos materiais e das

costura e porque ocorrem.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do trabalho é analisar a resistência de dois tipos de processos de

costura utilizados no entrepernas de calças, sejam roupas do segmento workwearou

casualwear. As costuras a serem analisadas são as costurasfeitas na máquina

fechadeira de braçoe costura feitas na máquina interloque, com costura rebatida na

máquina de pesponto duplo.Os dois tipos de processos de costuras serão

submetidos ao ensaio de tração e deste modo espera-se descobrir qual é mais

resistente.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

O presente trabalho tem por objetivos específicos:

· Analisar as costuras da máquina fechadeira de braço e da máquina

interloque com ponto rebatido na máquina de pesponto duplo por meio do ensaio de

tração;

· Verificar qual das costuras é mais resistente;

· Verificar o tempo de cada costura simulando o processo de fabricação,

para descobrir qual dos dois tipos é viável financeiramente.

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3. REFENCIAL TEÓRICO

3.1 MÁQUINAS DE COSTURA

O setor da confecção se mantém de certa forma tradicional, dependendo da

antiga máquina de costura, de 1880. Nota-se que houve alterações e inovações,

mas o sistema em si continua similar (TESTA; SAVIOLO, 2007).

De acordo com Frings (2012), a democratização da moda teve início com a

invenção da máquina de costura, que transformou o que era artesanato em indústria

e possibilitou a produção de roupas em massa. Em 1829, o alfaiate francês

Thimmonier patenteou uma máquina de costura de madeira que fazia ponto

corrente, mas todos os modelos construídos foram destruídos por um grupo de

alfaiates que temia por seus empregos. Em 1832, o americano Walter Hunt

desenvolveu uma máquina de costura, mas não conseguiu patenteá-la. Assim, o

homem que normalmente recebe o crédito pela invenção da máquina de costura é

Elias Howe, que patenteou o seu modelo em 1846. Todas as máquinas de Howe

eram operadas a mão.

Em 1859, Isaac Singer adicionou um pedal às máquinas, uma grande

melhoria, visto que deixava as mãos livres para conduzir o tecido, e produziu essas

máquinas em massa, tornando assim seu nome conhecido pelo mundo inteiro.

Singer gastava US$ 1 milhão por ano em promoção de vendas e, em 1867, já

produzia mil máquinas por dia, modelos movidos a energia elétrica só foram

disponibilizados a partir de 1921.Para economizar tempo e manter o controle sobre a

produção, os empresários reuniram trabalhadores e maquinário em fábricas, e isso

fez com que muitas pessoas, em busca de trabalho, se mudassem para as cidades

onde as fábricas estavam localizadas (FRINGS, 2012).

SegundoAmaden-Crawford (2014), as máquinas de costura utilizam uma

agulha e um gancho giratório para entrelaçar linhas em cima (linha do carretel) e

embaixo (linha da bobina) de uma peça de tecido e produzir um ponto. Esse ponto

pode ser projetado para unir dois tecidos, arrematar as bordas não acabadas de

uma costura ou decorar o tecido com um padrão específico. Os modelos de máquina

de costura produzem um ou vários tipos de pontos.

Ainda com base em Amaden-Crawford (2014), as máquinas de costuras se

dividem em duas esferas: domésticas e industriais. Ambas podem ser encontradas

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em diversos modelos, no entanto, existe uma grande diferença que está no uso

pretendido. Explica melhor o autor que:

As costuras industriais são projetadas para usos prolongados e contínuos a altas velocidades, e são configuradas para tarefas de costura extremamente repetitivas. As máquinas de costura domésticas operam em uma velocidade muito menor, mas incluem um número maior de funções, pois são projetadas para propósitos gerais, adequadas para reparos e construção de roupas, acolchoados e artesanato (AMADEN-CRAWFORD, 2014, p.9).

Desde então, começam os diversos projetos de máquinas de costura, dado

ao constante interesse em melhorar sua performance. De acordo com Araújo (1996),

na sala de costura as partes bidimensionais e previamente cortadas são montadas

com o propósito de produzir uma peça tridimensional. Esta operação é complexa,

sobretudo no que diz respeito à manipulação do material durante a costura e, por

conseguinte, difícil de automatizar.

Ainda com base em Araújo (1996), tem-se que para produzir determinado tipo

de costura torna-se necessário usar a máquina certa, convenientemente afinada e

com os acessórios próprios para a produção desse tipo de costura da forma mais

eficaz, e em curto espaço de tempo.

A confecção de uma peça de vestuário exige a utilização de determinados

equipamentos. Para tanto, no momento da costura há uma série de maquinários,

acessórios e aparelhos que auxiliam o desenvolvimento e garantem a qualidade das

peças. Neste caso, existem vários sistemas que podem ser adaptados de acordo

com a necessidade do produto a ser fabricado.

Todos os componentes de uma máquina industrial são projetados para a

construção eficiente de uma roupa, visando economizar tempo e dinheiro. O

cabeçote da máquina é colocado em uma mesa, conforme pode ser visualizado na

figura 1, a qual aloja um motor de embreagem, um pedal, um suporte de linha, um

sistema de lubrificação automática, e uma alavanca, conhecida também por

joelheira, que levanta a agulha quando a costureira desejar. Com esta alavanca é

possível que a costureira fique com a mão livre para manipular o tecido.

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#+!

Figura 1 – Máquina de costura industrial

Fonte: <http://www.ids-la.com/assets/images/jukiddl5550smallservomotor2.jpg> Acesso em: 2 jun. 2015.

As máquinas industriais geralmente são utilizadas para um único propósito,

como ponto reto, costuras especiais, casas de botão, zíper ou colocação de viés,

podendo ainda ser especializadas para diferentes tipos de materiais, tais como

couro, plástico etc. Para os diferentes materiais, costuma-se utilizar um pécalcador

personalizado para costurar um material especifico (AMADEN-CRAWFORD, 2014,

p. 10).

Mariano e Rodrigues (2009) apontam que as máquinas de costura mais

utilizadas na confecção de peças de vestuário, dividem-se em duas classes, ou seja,

as que fazem ponto fixo e as que fazem ponto corrente. Atualmente existem no

mercado máquinas muito avançadas para os mais diversos trabalhos, dependendo

do foco da empresa e do tipo de vestuário que produzem.

3.1.1 Características das máquinas de costura

3.1.1.1 MÁQUINAS DE PONTO FIXO

Todas as máquinas que fazem este tipo de ponto possuem bobina e caixa de

bobina. Nesta categoria destaca-se a máquina de costura reta (Figura 2).

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Figura 2 - Máquina de costura reta

Fonte: <http://www.singer.com.br/wp-content/uploads/2013/02/191D-reta_mecanica.png> Acesso em: 2 jun. 2015.

As vantagens desta máquina é que a costura tem a mesma aparência dos

dois lados do tecido. Outro aspecto relevante é que se trata de um ponto difícil de

desmanchar e é mais resistente ao uso. Apresenta algumas desvantagens, como

por exemplo, a linha da bobina acaba frequentemente, neste caso a operadora deve

repor.

O tipo do ponto é formado por duas linhas, uma superior na agulha e uma

inferior na bobina. É uma máquina amplamente utilizada na indústria do vestuário,

principalmente para confeccionar peças de tecido plano, já que o ponto fixo não

possui elasticidade. Na agulha sempre se trabalha com linha, mas na bobina pode-

se trabalhar com fios diferenciados como o lastex, por exemplo. Também dispõe de

diversos tipos de calcadores (peça que segura o material enquanto a agulha penetra

no mesmo). Entre alguns exemplos estão os calcadores para pregar zíper invisível,

para franzir, para embainhar e para pregar viés.

Outra máquina que possui o ponto fixo é a máquina de duas agulhas (Figura

3), também chamada de pespontadeira. Essa máquina é utilizada para fazer

costuras paralelas, podendo executar pespontos e pregar bolsos. Esta máquina

trabalha com duas agulhas e duas bobinas. Existe também a máquina de duas

agulhas alternadas, que é utilizada para fazer costuras paralelas e pespontos em

cantos e ângulos, sem que haja cruzamento das duas carreiras de pespontos.

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Figura 3 – Máquina de costura reta de duas agulhas ou pespontadeira

Fonte: <http://www.singer.com.br/wp-content/uploads/2013/02/251C-_pespontadeira_barra_fixa.png> Acesso em: 2 jun. 2015.

3.1.1.2 MÁQUINAS DE PONTO CORRENTE

As máquinas que fazem o ponto corrente trabalham com lúperes. O lúper ou

looper é um dispositivo que fica abaixo da chapa da agulha e é utilizado na formação

da laçada. Existem máquina com mais de um lúper, dependendo do modelo e da

função específica de cada uma. As vantagens desta máquina é que ela trabalha com

as linhas diretamente dos cones de linhas. Como desvantagem, podemos citar o fato

de que ela se desmancha com mais facilidade, além de que não possui a mesma

aparência dos dois lados.

Semelhante à máquina overloque, a máquina interloque (Figura 4) possui

uma agulha a mais que executa um ponto corrente paralelo ao chuleado. Faz os

trabalhos de fechamento e chuleado ao mesmo tempo. É muito usada para fechar

jeans e moletons.

Figura 4 – Máquina de costura Interloque Fonte: <http://www.singer.com.br/wp-content/uploads/2013/02/321C-ES-DD-_Overlock_Front-

11.png> Acesso em: 2 jun. 2015.

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#$!

3.1.1.3 MÁQUINA FECHADEIRA

Essa máquina une embutindo as bordas do tecido e pesponta ao mesmo

tempo. Por possuir um braço cilíndrico, conforme pode ser visualizada na figura 5,

faz o fechamento de partes tubulares como as entrepernas de calças jeans e

mangas de camisas. A formação do ponto é corrente e pode trabalhar com até 3

agulhas.

Figura 5 – Máquina de costura fechadeira ou máquina de braço Fonte: <http://www.singer.com.br/wp-content/uploads/2014/01/Imagem-811C1-

e1389271034629.png> Acesso em: 2 jun. 2015.

3.2 PONTOS DE COSTURAS

Choudhary e Goel(2013) esclarecem que o fabricante de vestuário está

interessado principalmente nas características do tecido, bem como na qualidade da

costura durante a fabricação e produção de vestuário. Por outro lado, os

consumidores visam somente a aparência final do produto, além do conforto e

usabilidade deste produto. Neste aspecto, pode-se citar Rahman (2012), cujo

trabalho consistia em avaliar os estímulos visuais em relação a uma peça de

vestuário. O autor considerou não só a coloração e tipo de tecido, mas o tipo de

costura para elaborar sua pesquisa.

Para Sülaret al. (2014), a alta qualidade de peças de vestuário não depende

apenas da qualidade do tecido, mas também da qualidade da costura. Tecido e linha

de costura são os materiais básicos da indústria de vestuário. Características

especiais da matéria-prima influenciam a qualidade da costura da peça de vestuário.

A seleção adequada de matéria-prima não só garante o conforto para o utilizador,

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#%!

mas ajuda no bom funcionamento do processo de fabricação.

Por sua vez, Choudhary e Goel (2013) elucidam que a produção de peças de

vestuário, a partir de tecidos de alta qualidade, auxilia no bom funcionamento de

processos de fabricação e ainda podem garantir um produto de vestuário com

poucos defeitos. Além disso, a função principal de uma costura é proporcionar a

transferência de tensão uniforme de uma peça de tecido para outro, preservando,

dessa forma, a integridade global da montagem de tecido. Para uma aparência mais

adequada, a costura não deve apresentar nenhum defeito incluindo pontos saltados,

pontos desequilibrados, distorção ou irregularidade, instabilidade, maleabilidade

imprópria e densidade irregular, pois a qualidade global de uma costura depende da

sua força, elasticidade, durabilidade, estabilidade e aparência.

Com base na bibliografia consultada, muitos pesquisadores elucidam que

existem vários fatores que afetam a qualidade da costura como as linhas de costura,

as condições de costura, ou seja, os maquinários utilizados, o operador, entre

outros. De acordo com Prendergast (2015), dependendo do tipo de tecido utilizado e

do caimento que se deseja obter da peça, existem diversos tipos de linhas

disponíveis. Complementa ainda que as linhas de algodão são amplamente

utilizadas em roupas com apelo sustentável, porém vão perdendo sua resistência de

acordo com as lavagens. No entanto, as linhas de poliéster, são mais econômicas e

utilizadas abundantemente no mercado de massa, já que são mais resistente.

Frings (2012) complementa que antigamente, as linhas de algodão e de

outras fibras naturais atendiam aos requisitos de durabilidade, aparência e

costurabilidade exigidos, já que os tecidos existentes na época eram feitos de fibras

naturais. Com o advento das fibras artificiais surgiram novos tecidos, incluindo as

malhas. Neste contexto, devido às suas novas características, esses tecidos exigiam

linhas mais fortes e elásticas, e para atender esta nova demanda, linhas de

poliéster, nylon e liocel foram desenvolvidas. As linhas de costura desempenham um

papel significativo na roupa, ainda que geralmente representa menos de 1% no total

de uma peça de vestuário. Os diferentes parâmetros de linhas de costura de

fabricação são do tipo acabamento, torção, e espessura (ou finura). No entanto, a

espessura da linha de costura é fator crucial para a estabilidade da costura em

vestuário.

Udale (2009) afirma que durante a produção da fibra, as fibras artificiais são

submetidas a fiação, em que elas são pressionadas através de pequenos furos,

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#&!

como crivos de chuveiros, criando fibras longas e continuas chamadas de

filamentos. Diferentemente das fibras naturais, os fabricantes podem controlar a

espessura da fabrica sintética durante este processo.O fio é torcido durante o

processo, e a torção une as fibras menores e contribui para a resistência. O fio para

tecelagem é firmemente torcido para torná-lo forte, enquanto o fio para malha é

torcido de forma mais solta para torna-lo elástico.

Araújo (1996) salienta que a torção do fio é designada pelo número de voltas

por centímetro de fio ou linha. Se a torção for muito baixa os fios podem desfazer-se

e quebrar, porém, se for muito alta, o fio torna-se instável, causando a auto-retorção

do fio, que acaba resultando nós e outros problemas no fio.

Complementa que o sentido da torção é importante e pode ser inserida no

sentido de rotação dos ponteiros do relógio, também chamado por torção em Z

(Figura 6), ou ainda no sentido contrário à rotação dos ponteiros do relógio, ou seja,

torção em S.

Figura 6 – Torção do fio em Z e S

Fonte: Elaborado pela autora (2015) com base em Araújo (1996)

Importante salientar que durante a passagem da linha pela máquina de

costura, as forças de atrito atuam sobre a linha, inserindo alguma torção,

predominantemente num sentido. Numa máquina de ponto preso, como por exemplo

a máquina de costura reta, durante o processo de costura, os mecanismos da

máquina tendem a inserir algumas voltas de torção Z na linha de costura. Uma linha

com a retorção em Z adequada, atinge o equilíbrio quando possui inserção adicional.

Uma linha com torção S distorce pela ação da máquina de costura, desfazendo-se e

quebrando. Devido ao fato de a máquina de ponto preso ser aquela que mais

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#'!

esforça a linha, a maioria das linhas de costura, utilizam retorção em Z. Este tipo de

linha é adequado à maioria das máquinas.

O fio de costura pode ser construído a partir de fio de fibra, filamento contínuo

ou núcleo fiado. Um filamento pode ser descrito como um fio contínuo de fibra, pode

ser utilizado sozinho como fio, compondo um fio de Monofilamento, e transformado

em tecido, ou ainda, vários filamentos podem ser unidos, torcidos, para criar um fio

de multifilamentos. Fios de filamentos possuem como características serem mais

brilhosos que os fios fiados (FRINGS, 2012).

Atualmente há uma série de tecnologia e acabamentos que proporcionam a

melhoria da resistência e ainda auxiliam na lubrificação da linha, proporcionando

uma boa costurabilidade (é o termo usado para descrever a performance da linha de

costura). A linha com boa costurabilidade é uniforme em diâmetro com um bom

acabamento de superfície. A uniformidade longitudinal da linha contribui para uma

resistência uniforme e reduz a fricção quando passa pelos mecanismos de formação

de ponto. Isto também minimiza as quebras de linhas, os custos que incorrem na

repassagem da linha na máquina, o reparo de pontos e a produção de produtos com

qualidade inferior. As características e utilizações das linhas podem ser observadas

no quadro 1.

Quadro 1 – Tipos de linhas e utilização Fonte: Adaptado pela autora (2015) com base em Amaden-Crawford (2014)

LINHAS UTILIZAÇÃO

Algodão Usado em roupas de algodão ou roupas tingidas depois de prontas, é

produzido com diferentes acabamentos, tais como: suave, mercerizado e glacê.

Core Spun É produzido pela fiação de um filamento de algodão em torno de um núcleo de filamento de poliéster. Caracteriza-se por ser uma linha resistente e fina,

ao mesmo tempo. É utilizada em roupas de melhor qualidade.

Poliéster fiado Caracteriza-se por ser um fio forte e neste caso seu uso é indicado para

tecidos sintéticos, pois consegue resistir a tratamentos térmicos e químicos. É considerado um fio de baixo custo.

Filamento contínuo Pode ser feito de fibras de nylon ou poliéster.

Multifilamento

É feito de filamentos de nylon ou poliéster de alta tenacidade que são torcidos e utilizados para costurar materiais grossos. Fios multifilamentos de

poliéster podem ser mecanicamente “texturizados” e ajustados com calor para garantir a conservação do seu volume. Podem também ser unidos por

uma torção muito leve para criar um monofio.

Monofilamento É produzido a partir de um só filamento sintético contínuo, mas tende a ser duro e não é comumente utilizado no vestuário.

Seda É utilizada em roupas de seda e em algumas peças do vestuário masculino.

Linha de bordado É feita de nylon ou poliéster e é usada para costuras decorativas. É uma linha indicada para trabalhos manuais, pois não embaraça.

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Choudhary e Goel (2013) salientam que há uma série de estudos que

mostram que a aparência de costura, bem como o desempenho, dependem da inter-

relação de tecidos, fios, e o ponto (seleção costura), e por último sobre as condições

de costura que incluem o tamanho da agulha, a tensão da linha da agulha, a

densidade do ponto, a operação apropriada e a manutenção da máquina de costura.

3.3 CLASSE DE PONTOS DE COSTURA

Araújo (1996) afirma que a função da máquina de costura é a produção de

uma cadeia de laçadas de linha interligadas numa pequena seção do tecido. Deste

modo, a costura é a aplicação de uma sequência ou tipos de pontos de costura a

uma ou várias espessuras de material com o objetivo de unir, ornamentar ou

reforçar. A unidade de formação é o ponto de costura obtido pela passagem em

intervalos de espaço definidos e uniformes da agulha pelo tecido e, consequente,

pela passagem de vários fios por laços.

As costuras são constituídas de pontos que são o ciclo de entrelaçamento da

linha no tecido através da agulha e outros elementos que formam a laçada

(MARIANO; RODRIGUES, 2009).

O tipo de ponto é definido como sendo a repetição do ponto em intervalos

regulares. Entretanto, os pontos são utilizados, não simplesmente para unir partes

pela costura, mas para bordar, fazer acabamentos nos tecidos, casear (casa do

botão, ou seja, o orifício onde passa o botão) e pregar botões etc.

Os diversos tipos de pontos de costura são divididos em classes que

obedecem a um critério criado para padronizar a nomenclatura utilizada na indústria.

De acordo com a norma ABNT NBR 13096:1994, essas classes de pontos de

costura são representadas por números de três algarismos, onde o algarismo da

centena corresponde cada uma das classes como será descrito na sequência no

quadro 2.

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Quadro 2 – Tipos de classes de ponto de costura Fonte: Elaborado pela autora (2015) com base em ABNT NBR 13483:1995 (ARAÚJO, 1996).

CLASSES DE PONTOS DE COSTURA

Classe 100

Ponto corrente

ou cadeia simples

Utilizado para costurar alinhavos (101) ou para ponto invisível (103), feito pela máquina de bainha invisível. É formado por uma única linha conduzida pela agulha formando uma corrente e pode se desfazer facilmente a partir do último ponto.

Classe 200

Ponto manual

São pontos formados quando a linha passa de um lado para outro do tecido em sucessivas perfurações. A princípio, eram artesanais, feitos à mão. Atualmente são reproduzidos por máquinas.

Classe 300

Ponto fixo

O ponto fixo é formado por duas linhas e tem a mesma aparência dos dois lados da costura, quando está corretamente regulado. Todas as categorias desse ponto utilizam a bobina (linha inferior). O ponto 301 é feito pela máquina reta de ponto fixo. O ponto 304 é feito pela máquina ziguezague.

Classe 400

Ponto corrente

ou cadeia multilinha

s

Os pontos dessa classe diferenciam-se dos da classe 100 porque são formados por duas ou mais linhas. Essa classe abrange os pontos feitos por máquinas de costura com lúperes tais como a galoneira e a fechadeira. O ponto 401 é o ponto corrente ou cadeia e é formado por duas linhas. A máquina reta de ponto corrente é um exemplo de máquina que executa esse ponto. O ponto 406 é feito pela máquina galoneira com duas linhas nas agulhas e uma no lúper e é muito utilizado em bainhas de camisetas de malha. O ponto 407 é feito pela máquina galoneira com três linhas nas agulhas e uma no lúper. Esses pontos são largamente empregados em malharia já que são mais elásticos do que o ponto fixo. Em contrapartida, eles são mais salientes na parte debaixo, o que pode causar maior desgaste com o uso da peça. Outra máquina que utiliza o ponto corrente é a elastiqueira (própria para costura de elásticos).

Classe 500

Ponto chuleado

Utilizados para melhorar o aspecto das bordas ou unir partes de uma peça. São amplamente utilizados em malharia, já que possuem propriedades elásticas. O ponto 504 é o mais conhecido. A máquina de overloque é um exemplo de máquina que executa esse ponto. Por isso, “overlocar” virou sinônimo de chulear. O ponto 516 é feito formando simultaneamente uma fileira de ponto tipo 401 a uma distância específica da agulha que faz o ponto 504 na borda. Ideal para fechar bolsos, pregar mangas, fechar camisas, fechar calças, etc.

Classe 600

Ponto recobrido

r

As máquinas que fazem o ponto recobridor utilizam um lúper superior, também chamado de trançador ou lúper cego (não possui furo). São chamados recobridores por serem frequentemente usados nas costuras decorativas e acabamentos finais ou por recobrirem outras costuras. O ponto 602 utiliza quatro linhas (duas nas agulhas, outra no lúper inferior e a quarta no lúper superior). O ponto 605 é formado por cinco linhas (três linhas nas agulhas, outra no lúper inferior e a quinta no lúper superior). Ambos os pontos são muito usados para recobrir costuras em peças de malharia, principalmente as de moda praia e lingeries. A galoneira é um exemplo de máquina que executa esses tipos de pontos.

Classe 700

Ponto fixo de

uma linha

É similar ao ponto 301, porém diferencia-se pela bobina que se enche automaticamente com linha da própria agulha. O primeiro ponto não possui pontas livres. Esse ponto é usado em costuras curtas e pespontos.!

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Já no quadro 3 pode-se observar o resultado final da costura. Neste caso

foram selecionados somente as costuras que serão testadas neste ensaio.

Máquina Classe de costura Amostra

Interloque Classe 500 Costura no tecido

Pespontadeira de 2 agulhas Classe 700 Costura no tecido

Máquina fechadeira de braço Classe 400 Costura no tecido

Máquina de costura reta Classe 300 Costura no tecido Quadro 3 – Amostras das costuras

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

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3.4 TECIDOS: ESTRUTURA

O conhecimento prévio sobre os tecidos é fator essencial para o bom

desenvolvimento do trabalho, pois dependendo do material, resultados diferentes

podem ser obtidos.

De acordo com Jones (2005), escolher os tecidos adequados é a chave do

sucesso na criação em moda. O que não se trata de apenas uma questão de gosto

pessoal e visual, masde peso, caimento, preço, disponibilidade, desempenho e

qualidade. O autor enaltece que a adequação de um tecido para a criação de moda

provém da combinação de fios, construção, peso, textura, cor, toque, estampa e

acabamento, além de fatores adicionais, como por exemplo, se o tecido é quente, ou

é resistente a manchas ou fácil de lavar. E acrescenta que “o estilista deve ter uma

expectativa razoável de como o tecido vai se comportar, porque não se pode forçar

o tecido a assumir formas ou estilos incompatíveis com suas características práticas

e visuais” (JONES, 2005, p.122).

Praëneet al. (2005) salientam que na indústria têxtil do vestuário alguns

parâmetros são importantes para seduzir o cliente. Na verdade, quando um cliente

escolhe um artigo têxtil, ele inconscientemente submete o material a diferentes

testes para avaliar o seu conforto. Um dos aspectos que ajuda o cliente a fazer a

sua escolha é a sensação táctil do material.

Yi e Cho (2000) corroboram com o fato acima, afirmando que há uma

crescente demanda por fibras têxteis, e tecidos que possuem efeitos sensoriais

relacionadas com os seus usos finais, uma vez que performance, estética tátil e

visual de têxteis já são requisitos comuns.

Zeydan (2010) afirma que a fabricação do tecido pode ser feita de duas

maneiras, seja transformando a fibra em tecido através da tecelagem ou através da

malharia. Têxteis obtidos através de outros métodos são chamados de não-tecidos,

e nesta classificação encontram-se o feltro e tecidos prensados, como o TNT.

Os tecidos de tear são criados pelo entrelaçamento de fios que se cruzam em

ângulos retos, ou seja, os fios de comprimento (urdume) e os fios de largura (trama)

compõem um tecido plano. Esses ligamentos seguem o sentido do fio (comprimento)

e do viés do tecido (Figura 7). A firmeza e o caimento de um tecido estão

relacionados ao numero de ligamentos por centímetro. As bordas do tecido

geralmente são chamadas de ourelas. Como o urdume é pré-esticado para tecer

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uniformemente, a maioria desses tecidos tem boa estabilidade no sentido do

comprimento. Por essa razão, as roupas são geralmente cortadas paralelemente à

ourela, de forma que o corpo da roupa siga o sentido do fio. Já o estiramento

adicional no sentido do viés ajuda o tecido a esticar em lugares como o traseiro,

joelhos e cotovelos. (JONES, 2005).

Figura 7 - Os diversos sentidos de projeção do tecido: urdume, trama e viés

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

De acordo com Souza (1997), o caimento de um tecido está diretamente

ligado à direção dos seus fios em relação ao solo. Em outras palavras, pode-se dizer

que está sujeito à ação da gravidade. Neste caso, uma roupa pode estar projetada a

fio reto quando o fio longitudinal do tecido tomba em direção ao solo, ou pode ainda

estar projetada a fio atravessado (pouco frequente), quando é a trama ou o fio

transversal que se projeta para o solo. Há, ainda, uma terceira projeção, muito

peculiar, a enviesada, em que nenhum dos dois sentidos do fio citados

anteriormente se projeta para o solo, mas sim numa terceira direção (viés) que se

estabelece em diagonal quanto ao cruzamento da trama e do urdume.

Zeydan (2010) salienta que a previsão de propriedades mecânicas de tecidos,

tais como força, alongamento e flexão é uma tarefa complexa, pois requer

compreensão completa da mecânica e das estruturas do tecido e a interação entre

trama e urdume.

Essas projeções alteram o comportamento de uma única matéria-prima e

requerem uma atenção especial:

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$#!

(a) Em fio reto – Quando a opção recai sobre essa projeção, isto é, com o

urdume tombando no sentido vertical, o caimento da roupa é firme, não tão rígido,

exceto quando se trata de matéria-prima muito encorpada, como por exemplo, brins

e todas as suas variações.

(b) Em fio atravessado – Neste caso, a trama do tecido é que se tomba no

sentido vertical da projeção. As pecas assim projetadas têm um caimento mais

armado, visualmente não muito agradáveis, exceto quando as características da

peça assim exigirem.

(c) Em viés – quando se utiliza a matéria-prima em projeção enviesada, o

caimento da peça, nesse caso, é flexível, dá ideia de mobilidade, criando aderência

aos contornos do corpo, revelando formas da silhueta.

Cabe salientar ainda, que embora aceitável em situações especiais, deve-se

evitar ao máximo o uso de tecidos no sentido atravessado, ou seja, com a trama se

projetando ao solo. Utilizando a matéria-prima dessa forma pode gerar defeitos na

peça confeccionada, deformações após o uso resultante dos movimentos do corpo e

outros inconvenientes que exigirão um controle e conhecimento muito amplo sobre

as características e comportamento dos tecidos em geral. Seu uso, como já foi dito,

é restrito a situações muito peculiares onde se deseja volume sem que esse volume

sofra algum tipo de pressão física.

3.4.1 Tipos de ligamentos

Para Souza (1997) a característica básica de estrutura de um tecido firme ou

tecido plano é que tanto o fio da trama quanto o fio do urdume vão se cruzando de

forma perpendicular, em linha reta, impedindo o movimento de elasticidade. Existem

três tipos de estruturas que são consideradas fundamentais, são elas: tafetá, sarja e

cetim.

No entanto, o ligamento sarja é o que interessa neste trabalho, onde na sua

estrutura, o fio da trama passa por cima e por baixo de dois fios de urdume,

conforme a figura 8, podendo passar ainda por baixo de três fios, ou até mesmo

quatro, mas nunca além desse número. Em cada nova passagem por sobre o fio de

urdume o fio da trama avança uma unidade para a esquerda ou para a direita,

formando desse modo uma espécie de estria em sentido diagonal e é exatamente

por essa razão que os tecidos com essa estrutura costumam ser chamados de

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$$!

tecidos diagonais. De acordo com Souza (1997) resistência á tensãoverificada nessa

estrutura é muito parecida como o do tafetá, mas o entrelaçamento de seus fios não

apresenta a mesma firmeza. Boa parte destes tecidos com esta estrutura é chamado

de sarjas diretas, porque as linhas oblíquas observadas em sua superfície correm do

cano inferior esquerdo para o canto superior direito. Quando ocorre o inverso, esses

tecidos são chamados de sarjas inversas.

Figura 8 – Estrutura da sarja

Fonte: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/d5/f8/f8/ d5f8f8b12a5639b8f518d32351ab5eea.jpg> Acesso em: 6 jul. 2015.

Sobre a superfície dos tecidos com essa estrutura podemos verificar a

predominância dos fios de trama, dos fios de urdume ou, ainda, de ambos. A figura 8

mostra a estrutura onde os fios da trama e do urdume têm a mesma predominância.

Como exemplos de tecidos que apresentam esta estrutura pode-se citar as sarjas

em espinha-de-peixe, sarjas trançadas, sarjas em zigue-zague, etc. Tem-se ainda as

gabardines, brins diagonais de linho, jeans, atoalhados, e mais uma infinidade de

tipos de tecidos.

3.5 SISTEMA PRODUTIVO

Para que a costura de uma peça de roupa seja possível, é necessário um

conjunto de operações prévias em uma fase preliminar de concepção,

desenvolvimento e corte do produto. Toda a peça de vestuário é composta por

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diferentes partes, e o planejamento correto de cada um dos componentes é uma das

mais importantes etapas no processo produtivo.

De acordo com Frings (2012), as etapas da montagem de uma roupa são

chamadas operações. Dependendo do tipo de roupa a ser fabricada, pode ter 200

operações de costuras diferentes. Antes de dar inicio à fabricação de determinado

produto, é realizada sua concepção. Na confecção de peças do vestuário, inicia-se

fazendo o desenho da peça, o desenvolvimento de um protótipo, também chamada

de peça-piloto e a escolha dos materiais.

Após a definição e a aprovação da coleção e das amostras, os moldes são

desenvolvidos, atividade que também pode ser executada manualmente ou por meio

de sistemas CAD, sendo necessário garantir o cumprimento de tabelas de medidas

e fazer a gradação7, pois de acordo com Fischer (2015) os modelos de uma peca de

roupa podem ser produzidos para vestir um unico consumidor ou ser graduados e

alterados para servir em usuarios de diferentes tamanhos.

Com a definição dos moldes e de materiais, estão reunidas as condições para

dar inicio à fase de fabricação. Na confecção, o processo inicia com o corte das

peças.O setor produtivo participa, mesmo que indiretamente, de todas as fases do

projeto do produto, pois é a partir de informações técnicas como custos, capacidade

produtiva, estoque, previsões e prazos que será possível planejar a coleção, desde

seu nascimento até a sua decadência. Se não houver comunicação eficaz entre os

setores de desenvolvimento e as chances de fracasso do produto aumentam, uma

vez que poderão ocorrer diversas falhas e imprevistos durante seu processo.

Embora existam diversos sistemas produtivos empregados na indústria de

confecção, a sequência básica dos processos de criação é na maioria das empresas

a pilotagem ou prototipagem, confecção de mostruário e produção da coleção.

A peça-piloto é a primeira peça confeccionada a partir de um modelo, e sua

execução mostra os possíveis problemas que podem surgir durante o processo de

produção. Essa etapa tem início no setor de criação, quando o responsável pelo

desenvolvimento do produto encaminha a ficha técnica para o gestor de produção,

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!7Graduação é o processo de escalonamento do molde para outro tamanho . Essa mudanca se da por meio da ampliacao ou redução de pontos importantes do molde com base em um conjunto de medidas.

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na figura 9 é possível observar o modelo de calça que será desenvolvida, através do

desenho técnico, no qual é especificado os detalhes de costuras e pespontos.

Figura 9 – Modelo de calça Frente e Costas Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Após o estudo de viabilização do molde o gerente da produção encaminha a

ficha técnica ao setor de modelagem, e o molde desenvolvido passa para o setor de

encaixe no qual o riscador planeja o melhor aproveitamento do tecido no encaixe

dos moldes. O cortador recebe o risco do encaixe junto com a ficha técnica. Após

ser cortada, a peça-piloto é enviada para o setor de pilotagem.

Depois que a peça-piloto é aprovada, o encarregado da produção fica

responsável pelo planejamento de confecção do mostruário da coleção.A quantidade

de peças produzidas, bem como os tamanhos e as cores, será determinada pela

direção da empresa, de acordo com a estratégia de vendas adotada.

A produção de mostruário é de grande importância no processo, pois nela são

confeccionados, em menor escala, todos os modelos aprovados. O

acompanhamento dessa etapa auxilia o cálculo do tempo de produção, a detecção

de dificuldades e facilidades de cada peça, bem como facilita a determinação da

quantidade necessária de insumos para a produção da coleção, o planejamento de

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pedidos e recebimentos de matéria prima, a organização da estrutura produtiva e do

pessoal envolvido no processo para realização das tarefas necessárias.

A engenharia do produto aplicada à calça segue dentro de um sistema de

montagem. Frings (2012) afirma que as operações de costuras devem ser

executadas em sequência. Existem três métodos de sistemas de linhas de

montagens utilizados pelas confecções, que são: sistema de linha de montagem, o

sistema de alfaiate ou roupa inteira e o sistema modular.

No exemplo da calça, o sistema produtivo utilizado é a linha de montagem,

onde cada operador repete uma só o operação de montagem, como colocar um

bolso ou fazer uma bainha. Os operadores são agrupados de acordo com a ordem

de produção e cada grupo passa a peça costurada para o próximo grupo.

Neste caso, o processo se torna diferente de acordo com a máquina que será feito o

processo, por exemplo, se o entrepernas da calça for costurada na máquina

fechadeira de braço, as etapas anteriores e posteriores serão diferentes se a calça

for costurada na máquina interloque e após rebatida na máquina de pespontar.

Outro fato que pode ser constatado neste processo é o uso das máquinas em

diferentes momentos. Por exemplo, a máquina fechadeira de braço é utilizada

apenas para a costura do entrepernas, enquanto as outras máquinas participam em

outros momentos do processo, tais como, pesponto nos bolsos, feito pela máquina

de pesponto duplo, e fechamento do forro do bolso, na máquina interloque. Nos

quadros 4 e 5 é possível visualizar o processo da calça na linha de produção.

Operação Máquina 1 Overlocar vista simples Overloque 2 Overlocar vista dupla com zíper Overloque 3 Pregar vista com zíper na vista simples Máquina de costura reta 4 Overlocar espelho Overloque 5 Overlocar barra do bolso traseiro Overloque 6 Pregar espelho no forro de bolso Máquina de costura reta 7 Pregar revel no reforço do bolso Máquina de costura reta 8 Pregar forro e revel no bolso dianteiro Máquina de costura reta 9 Pespontar bolso dianteiro Máquina de pesponto 10 Fixar espelho no dianteiro Máquina de costura reta 11 Fechar bolso dianteiro (forro de bolso) Interloque 12 Unir traseiro Máquina fechadeira de braço 13 Pregar bolso traseiro Máquina de costura reta 14 Unir parte inferior do dianteiro (gancho) Máquina fechadeira de braço 15 Fechar entrepernas Máquina fechadeira de braço

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16 Fechar lateral Interloque 17 Pregar cós Máquina de 12 agulhas 18 Acabar ponta do cós Máquina de costura reta 19 Fazer barra Máquina de costura reta 20 Costurar passantes Máquina de pregar passante 21 Travetar bolsos Travete 22 Casear Caseadeira 23 Pregar botão Botoneira

Quadro 4 – Sequência operacional da peça com processo de costura 1: Máquina de braço Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Operação Máquina 1 Overlocar vista simples Overloque 2 Overlocar vista dupla com zíper Overloque 3 Pregar vista com zíper na vista simples Máquina de costura reta 4 Overlocar espelho Overloque 5 Overlocar barra do bolso traseiro Overloque 6 Pregar espelho no forro de bolso Máquina de costura reta 7 Pregar revel no reforço do bolso Máquina de costura reta 8 Pregar forro e revel no bolso dianteiro Máquina de costura reta 9 Pespontar bolso dianteiro Máquina de pesponto 10 Fixar espelho no dianteiro Máquina de costura reta 11 Fechar bolso dianteiro (forro de bolso) Interloque 12 Unir traseiro Interloque 13 Pespontar traseiro Máquina de pesponto 14 Pregar bolso traseiro Máquina de costura reta 15 Unir parte inferior do dianteiro (gancho) Máquina de costura reta 16 Pespontar parte inferior Máquina de pesponto 17 Fechar entrepernas Interloque 18 Pespontar entrepernas Máquina de pesponto 19 Fechar lateral Interloque 20 Pregar cós Máquina de 12 agulhas 21 Acabar ponta do cós Máquina de costura reta 22 Fazer barra Máquina de costura reta 23 Costurar passantes Máquina de pregar passante 24 Travetar bolsos Travete 25 Casear Caseadeira 26 Pregar botão Botoneira

Quadro 5 – Sequência operacional da peça com processo de costura 2: Interloque e pespontadeira Fonte: Elaborado pela autora (2015)

3.6 ENSAIO DE TRAÇÃO

De acordo com Ferdouset al.(2014),a resistência à tração é considerada um

dos aspectos mais importantes para a caracterização de excelência do tecido, bem

como uma ferramenta para avaliar o seu desempenho.Atualmente, as

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especificações do teste de ensaio de tração em tecidos são exigênciasobrigatórias,

porque não só é uma indicação da qualidade do tecido, mas também de fios e fibras

usadas para a fabricação no tecido. Além disso, Moonet al.(1993) citam que, em

muitos casos, um tecido apresenta uma resistência muito maior do que o previsto a

partir de suas fibras testadas no mesmo ensaio. Este fato é estudado por vários

autores.

O ensaio de tração consiste em submeter um material a um esforço que tende

a estica -lo ou alonga -lo. O ensaio e realizado em um corpo de prova de formas e

dimensões padronizadas, para que os resultados obtidos possam ser comparados

ou, se necessário, reproduzidos. Este corpo de prova e fixado numa maquina de

ensaio que aplica esforcos crescentes na sua direção axial, sendo medidos os

alongamentos correspondentes por intermédio de um aparelho especial chamado

extensômetro ou relógio comparador, as cargas sao medidas na própriamáquina de

ensaio e o corpo de prova e levado ate a ruptura. (BERTOLDI, 2014).

Dalcin afirma que (2007, p.19), “o corpo de prova é fixado por suas

extremidades nas garras da máquina. Esta provoca uma força axial para fora de

modo a aumentar comprimento do corpo de prova”.

Bluhmet al. (1965 apudBERTOLDI, 2014) relata acerca da simplicidade na

efetivação e reconstrutividade dos resultados que põe o ensaio de tração como um

dos meios fundamentais para designar as propriedades mecânicas dos materiais em

engenharia.

As deformações promovidas no material sao uniformemente distribuıdas em

todo o seu corpo, pelo menos ate ser atingida uma carga maximaproxima do final do

ensaio e , como e possıvel fazer com que a carga cresca numa velocidade

razoavelmente lenta durante todo o teste, o ensaio de tracao permite medir

satisfatoriamente a resistencia do material . A uniformidade da deformacao permite

ainda obter medicoes precisas da variacao dessa deformacao em funcao da tensao

aplicada.

De acordo com Dalcin (2007), frequentemente o ensaio de tração é feito em

uma máquina universal (Figura 10), chamada dessa forma porque viabiliza a

concretização de tipos de ensaio diferenciados.

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Figura 10 – Máquina de ensaio de tração universal

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

O resultado de um ensaio de tração deste tipo é registrado em um registrador

gráfico ou por um computador (Figura 11), na forma de carga ou força em função do

alongamento.

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Figura 11–Tela do computador com o registro gráfico

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Gráfico 1 – Exemplo de gráfico obtido através do ensaio de tração

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Para Dieter (1981), o material promove as deformações e estas são divididas,

de forma proporcional, em toda a extensão do seu corpo, até ser alcançada por uma

carga máxima perto do fim do ensaio. Como existe a possibilidade de fazer com que

a carga se propague numa velocidade bastante lenta no transcorrer de todo o teste,

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o ensaio de tração permite verificar se o material é ou não resistente. A

homogeneidade da deformação ou ainda colher medições indispensáveis da

variação da referida deformação em prol da tensão administrada.

A figura 12 exibe a imagem de corpos-de-prova, desenvolvidos de acordo

com a norma técnica que regulamenta o ensaio em tecidos planos.

Figura 12 – Corpos-de-prova

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A homogeneidade de deformações finaliza quando a carga máxima suportada

pelo material é atingida e quando é dado o início do aparecimento do fenômeno da

estricçao ou redução da seçao do corpo de prova . O rompimento acontece sempre

na região específica do material, salvo defeito interno no mesmo.

Diante de tais esforços, os autores supracitados alegam que as

propriedadesmecânicas básicas de todo e qualquer material são alcançadas pelo

ensaio de tração, visto que os corpos-de-prova são ampliados por determinada força

de tração uniaxial até chegar àsua ruptura, sendo feitas as medidas da tensão e da

deformação equivalente.

O ensaio de tração é muito usado em engenharia com o propósito de

conseguir informações acerca das características dos materiais. É preciso entender

que neste ensaio, um corpo de prova por ter geometrias diferenciadas precisa se

sujeitar à administração de uma carga uniaxial gradual, no qual são tidos

esclarecimentos de forma concomitante acerca de sua conduta no tempo de ensaio,

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onde o produto do referido ensaio vem a ser uma curva tensão em contraste com a

deformação. (BOTELHO,2008).

O momento é adequado para explicar um pouco mais sobre tensão e

deformação com base em Trigo (2003). Desse modo, tem-se que foi Augustin

LoiusCauchy, em 1822, o responsável por inserir na resistência dos materiais, a

tensão, considerada uma grandeza vetorial também conceituada como uma

resistência interna de qualquer corpo. E, no que se refere à deformação de um

corpo, vê-se que a ação de alguma força em cima dequalquer corpo modifica a sua

forma, ou seja, acarreta uma deformação.(BOTELHO, 2008).

Existem outras propriedades alcançadas no ensaio de tração que são: (a)

resiliência; (b) ductilidade; e (c) tenacidade; Características que serão abordadas no

quadro 6, com base em Dalcin (2007), Borges (2010) e Zolin (2011).

Propriedades Caracterização

Resiliência É a capacidade de um material absorver energia quando deformado elasticamente e liberá-la quando descarregado. A medida desta propriedade é dada pelo seu módulo que vem a ser a energia de deformação por unidade de volume necessária para tracionar o metal de origem até o limite da proporcionalidade.

Ductilidade

É uma propriedade que mede a capacidade do material, podendo ser deformado, esticado e dobrado, sem perder sua resistência e suportar a ruptura, como o outro, o cobre, a prata, entre outros. Suas medidas são: alongamento total, redução de área na fratura e coeficiente de encruamento.

Tenacidade É a capacidade de o material absorver energia na região plástica. Consiste em uma propriedade mecânica dos metais, de absorção de energia, que indica a sua resistência, quando lhe é aplicada uma força de tração, podendo levar à deformação ou à ruptura.

Quadro 6 - Propriedades alcançadas no ensaio de tração Fonte: Elaborado pela autora (2015) com base em Dalcin (2007), Borges (2010) e Zolin(2011).

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa realizada em laboratório com levantamento de

dados quantitativos.Para Marconi &Lakatos (1996), a observação em laboratório tem

caráter artificial , mas e importante para isolar o objeto de pesquisa de influencias

externas e descobrir os mecanismos de funcionamento interno do objeto.

Neste contextopodemos concluir que experimentos de laboratório podem ser

uma boa maneira de obter dados, já que as variáveis são facilmente controlados , e

os resultados devem ser facilmente reproduzível.Para exemplificar o processo

metodológico, a figura 13 demonstra as etapas do estudo.

Figura 13 – Estudo do processo

Fonte: Elaborado pela autora

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Após o desenvolvimento do referencial teórico, a próxima etapa foi

desenvolver os corpos-de-prova.

Neste experimento, o tecido utilizado foi a sarja, armação 3x1, 100% algodão,

gramatura de 10 oz. A escolha deste tipo de armação, composição e gramatura deu-

se ao fato de ser um tipo de tecido utilizado para a confecção de calças em geral,

por se tratar de um tecido mais grosso, cuja gramatura é 10 oz, é utilizado também

na fabricação de uniformes variados, além da utilização em revestimentos de sofás.

O tecido foi estendido (Figura 14) e após foi realizado um enfesto para o corte das

amostras, pois a média de amostras necessárias para o ensaio totalizavam 80

peças.

Figura 14 – Tecido preparado para ser estendido

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Após o enfesto8, a próxima etapa foi a marcação do tecido, a figura 15 ilustra

como as amostras foram dispostas sobre o tecido para que fossem cortadas nos três

sentidos, trama, urdume e viés.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!8 Enfestar significa colocar uma camada de tecido sobre a outra para posteriormente efetuar o corte da peça. !

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Figura 15 – Amostras posicionadas no tecido

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Após o corte, as amostras foram numeradas com o código da costura interno

(Figura 16), e encaminhadas para as máquinas de costura.

Figura 16 – Amostras prontas para costura

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

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As costuras foram elaboradas de acordo com a Norma da Associação

Brasileira de Normas Técnicas para materiais têxteis, a norma NBR 13483/1995,

que determina os tipos de pontos.

As máquinas de costuras utilizadas neste trabalho são industriais,

previamente adaptadas e reguladas para realizar costuras em tecidos planos, bem

como o tipo de agulha utilizada, que é apropriada para o tipo de tecido mais robusto.

A linha de costura escolhidafoi a de poliéster, pois de acordo com Prendergast

(2015), é a mais resistente. A primeira amostra foi costurada na máquina fechadeira

de braço. O modelo da máquina é SC 8200 J/01, da marca SUNSTAR (Figura 17).

Figura 17 – Desenvolvimento da costura 1 – máquina fechadeira de braço

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Cabe salientar que esta máquina faz o processo de uma vez, ela une um

tecido ao outro costurando a borda para dentro, pois há um mecanismoque

possibilita que o tecido seja costurado com a borda de um lado “sobreposta” (figura

18) com a outra borda do tecido de forma simultânea, porém esta operação depende

do manuseio correto da operadora.

Figura 18 – Classe de costura que indica como o tecido é costurado na máquina fechadeira de braço.

Fonte: Elaborado pela autora (2015) com base na norma ISO 4916:1991.

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A máquina fechadeira de braço opera com o mecanismo de lúperes, ou seja,

não há bobina. Deste modo são utilizados três fios de linha na parte superior e três

fios de linha na parte inferior. Na fabricação de calças normalmente utilizam uma

linha mais fina na parte interior (título120) e mais grossa na superior (título 80), pois

é a linha que fica aparente na peça e é utilizada também para pespontos. A segunda

amostra foi costurada primeiramente na máquina interloque, modelo ZJ32-86A, da

marca ZOJE (Figura 19).

Figura 19 – Desenvolvimento da costura 2 – máquina interloque

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Esta máquina também opera com o sistema de lúperes, porém utiliza

diferentes linhas, a linha de poliéster texturizada9 (título 150), a linha de poliéster

(título 120) e a linha de poliéster para pesponto (título 80). A costura desta máquina

une os dois tecidos pelas bordas, fazendo dois tipos de costuras e arrematando as

bordas. Os tecidos são costurados sobrepostos, conforme podemos visualizar na

figura 20.

Figura 20 – Classe de costura que indica como o tecido é costurado na máquina interloque.

Fonte: Elaborado pela autora (2015) com base na norma ISO 4916:1991

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!9 A texturização do poliéster é um processo mecânico com o qual se produz volume entre os filamentos e imediatamente se aplica calor para moldar sua nova forma. Isto permite um efeito “strech” no fio, o que o torna ideal para aplicações em overloque, interloque, etc.

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A costura rebatida foi feita na máquina pespontadeira, modelo KM-797BL-7S,

da marca SUNSTAR (Figura 21), modelo eletrônica. Esta máquina opera com o

sistema de bobinas, sendo necessário duas bobinas, que são usadas

simultaneamente, pois a máquina costura com duas agulhas.

Figura 21 – Desenvolvimento da costura 2 – máquina de pesponto duplo

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Nesta máquina são utilizadas as linhas poliéster de pesponto na parte

superior (título 80) e linha de poliéster (título 120) nas bobinas. Como citado

anteriormente, o ponto é rebatido, conforme ilustra a figura 22.

Figura 22 – Classe de costura que indica como o tecido rebatido e costurado na máquina de

pesponto duplo. Fonte: Elaborado pela autora (2015) com base na norma ISO 4916:1991.

A figura 23 ilustra a disposição do corte do tecido e a confecção das

amostras, pois além de serem cortadas nos sentidos atravessado, fio e viés, as

costuras foram feitas unindo partes na horizontal e vertical. Na figura também é

possível observar as costuras de acordo com o tipo de processo.

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Figura 23 – Tipos de costuras e posicionamento no tecido

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Sobre a preparação dos corpos-de-prova, as norma estabelecem que cada

amostra deve ser condicionada de acordo com outra norma, a NBR ISO 139:2008.

Esta norma define as características e uso de uma atmosfera-padrão de

condicionamento para determinar as propriedades físicas e mecânicas de têxteis e

uma atmosfera-padrão alternativa que possa ser usada mediante acordo entre as

partes.

De acordo com a norma, os corpos-de-prova de 300 mm x 60 mm, no sentido

do urdume e da trama, de tal modo que o lado de maior dimensão esteja paralelo

aos fios que estão sendo ensaiados (Figura 24).

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Figura 24 – Corpo-de-prova pronto com tecido desfiado

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Deve-se desfiar os dois lados dos corpos-de-prova no sentido da dimensão

maior até obter a largura de 50 mm. Nos tecidos de difícil desfiamento, os corpos-

de-prova devem ser cortados com exatamente 50 mm de largura.

Para o ensaio de traçãoutilizou-se a Norma da Associação Brasileira de

Normas Técnicas para materiais têxteis NBR 11912 2001, a qual traz a

determinação da resistência à tração e alongamento de tecidos planos pelo método

de tira.

A norma estabelece que:

· CRL (constant rate ofload): O equipamento no qual a taxa de

incremento de carga é uniforme com o tempo de ensaio. O alongamento do corpo-

de-prova depende exclusivamente das suas características de extensibilidade até a

ruptura.

· CRT (constant rate oftransverse): O equipamento no qual uma garra se

move com velocidade uniforme e a carga é aplicada através da carga oposta, de

maneira que a taxa de incremento de carga ou alongamento não é constante e sim

dependente das características de extensibilidade do corpo-de-prova.

· CRE (constant rate ofextension): O equipamento no qual a taxa de

incremento do alongamento do alongamento do corpo-de-prova é uniforme com o

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tempo e o mecanismo de medida de carga se desloca de uma distância desprezível

com o incremento de carga.

· Múltiplo: equipamento que pode operar com o ripo CRE ou CRL.

O método de ensaio determina os seguintes procedimentos sobre a

aparelhagem:O dinamômetro do tipo CRL, CRT ou múltiplo, provido de garras com

um par de mordentes apropriados para prender os corpos-de-prova, sistema para

alongar o corpo-de-prova dentro dos limites apropriados, mecanismo indicador de

força que possa fornecer de forma continua à força aplicada ao corpo-de-prova e ao

seu alongamento, registrador para determinar o alongamento a uma determinada

força e com as seguintes características:

· Precisão – o erro máximo na indicação da força em qualquer ponto não

deve ser maior que 1%. O erro na ajustagem da distância das garras não deve

exceder 1mm.

· Distância entre as garras – o aparelho deve ter um dispositivo para

regular a distância entre as garras para 200 mm ou no caso dos tecidos com

alongamento acima de 75%, para 100 mm.

· Mordentes traseiro e dianteiro – devem ter 50 mm de altura (sentido da

tração), 70 mm de largura ou mais e seus pontos centrais devem estar na linha de

tração, a aresta frontal deve estar em ângulo reto com a linha de tração e as faces

devem estar alinhadas. Os mordentes devem prender os corpos-de-prova de forma

a não permitir deslizamento ou dano. Se ocorrer deslizamento ou se mais de 25%

dos corpos-de-prova romperem próximos até 5 mm das arestas ou, se por qualquer

razão, ocorrer um resultado abaixo da média do conjunto de corpos-de-prova, pode

ser necessário utilizar mordentes que tenham a face que fixa ranhura, recoberta ou

modificada. Qualquer alternativa adotada deve ser descrita no relatório de ensaio.

· Corpos-de-prova altamente resistentes – podem ser fixados com ajuda

de pinos. Cada ponta do corpo-de-prova deve ser dobrada ao redor de um pino e,

então, fixada nos mordentes. Neste caso, o comprimento do corpo-de-prova deve

ser de 500 mm.

Após os corpos-de-prova preparadas foram levados até o equipamento de

tração, o qual foi regulado quanto à distância das garras e a tensão que seria

aplicada aos mesmos. O modelo deste equipamento é a Máquina Universal de

Ensaios, modelo DL500, eletromecânica, microprocessada da marca EMIC. Cada

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corpo-de-prova foi colocado no equipamento sendo observado a mesma colocação

e fixação nos mordentes para todos os ensaios, estando sempre bem centralizados

para garantir resultados válidos (Figura 25).

Figura 25 – Corpo-de-prova durante o ensaio

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Ao lado do equipamento de tração, encontra-se o computador de dados o

qual gravou o tempo de ruptura de cada corpo-de-prova sendo que cada valor da

carga e alongamento de ruptura eram processados no sistema para posterior análise

(Figura 26).

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Figura 26 – Dados com o tempo de deformação e ruptura

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

O processo de colocação do corpo-de-prova no equipamento foi repetido com

todas as amostras, totalizando 80 testes. Sendo que nestes testes foram realizados

em todas as possibilidades do tecido e das costuras, no sentido do fio, atravessado

e viés, com as costuras também atravessadas e no sentido do fio, mesmo sabendo-

se que peças de roupas são cortadas no fio reto do tecido, já que este proporciona

um bom caimento da peça, como foi discutido anteriormente.

Após a realização dos ensaios, foi feito o salvamento destes dados em pen

drive, passado a um computador, após ao programa Excel onde foram computados

todos os dados salvos. Após obter todas as informações necessárias foram

elaborados gráficoscom as médias das cargas de ruptura obtidas para após

expressar os resultados. Com os resultados totais, foi feito a média de força e

deslocamento do corpo-de-prova .

Os testes realizados com a costura atravessada no tecido tiveram que ser

repetidas, pois as costuras abriam-se antes do rompimento. Esse fenômeno foi

notado em todas as costuras, independente do tipo de processo da costura e do tipo

de posição do tecido, como mostra a figura 27. Este fato trouxe dúvidas de no teste

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!!!

!

&%!

e portanto optou-se por refazer todos os corpos-de-prova que tinham as costuras

atravessadas usando um reforço.

Figura 27 – Corpo-de-prova com a costurarompendo-se

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

As amostras foram cortadas e costuradas novamente, de acordo com o

processo feito anteriormente, porém para reforçar as laterais das costuras utilizou-se

a travete, que é um tipo de costura de reforço, utilizado em pontos estratégicos das

roupas para reforçar. A costura é feita pela máquina Travete Eletrônica, da marca

Lanmax, modelo LM9100HS (Figura 28).

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!!!

!

&&!

Figura 28 – Costura de reforço da máquina travete

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A fim de obter maiores informações sobre o processo de cada uma das

costuras, foi realizado a cronometragem de cada processo, bem como o consumo

total de linhas que cada uma das máquinas consumia. Estes dados podem ser

analisados no quadro 7.

!"#$%&'()*(+,'-.( !"#$%&'((%&/*,0.#$*( !"#$%&'(1*21.&/.(

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Quadro 7 – Cronometragem e consumo Fonte: Elaborado pela autora (2015)

A máquina fechadeira de braço, por exemplo, possui três agulhas e três

lúperes, deste modo utiliza três fios na parte superior e três na parte inferior. Para

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!!!

!

&'!

exemplificar a utilização dessas linhas, foram usadas as letras A, B e C, que indicam

que a mesma linha foi usada três vezes. O mesmo acontece com as outras

máquinas. A cronometragem foi realizada enquanto a operadora costurava um

pedaço de tecido de 1 metro, que simula a medida do entrepernas de uma calça

tamanho 40.Com base neste modelo foi possível ter uma média de custo de cada

processo, pois como mencionado anteriormente, cada máquina costura com dois ou

três tipos de linhas simultaneamente. Dependendo do tipo de ponto e mecanismo de

cada máquina, o consumo de linha é maior ou menor.

Foram realizadoslevantamentos de valores das linhas e do custo do

funcionário. Fazendo os cálculos, foi constatado que a máquina de braço gera em

torno de 15% a menos de hora de funcionário e 5% a menos de consumo de fios. É

importante ressaltar, no entanto, que a máquina de braço exige um funcionário mais

treinado e experiente, o que a máquina interloque não exige, nesse sentido as duas

costuras podem ser equivalentes quanto ao custo da costura.

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!!!

!

&(!

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O objetivo deste trabalho é analisar somente a resistência de dois tipos de

costuras em determinado sentindo do fio do tecido, no entanto serão considerados

alguns resultados, que são os realizados com o sentido atravessado e sentido do fio

reto. Os resultados da análise do tecido em viés foram descartados, visto não são

relevantes para este trabalho, além de serem poucos utilizadas em roupas.

Cabe salientar que as análises apresentas a seguir foram realizadas através

da fixação de um deslocamento e comparando-se com a força, pois não é possível

comparar forças diferentes com deslocamentos diferentes.

O gráfico 2 apresenta a força de ruptura da máquina interloque com ponto

rebatido. As costuras deste processo não sofreram rupturas relevantes, pois

somente o fio superior do pesponto foi rompido, deste modo não afetou

consideravelmente a costura.

Gráfico 2 – Tecido sentido atravessado – costura máquina interloque

0

100

200

300

400

500

600

700

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Fo

rça(

N)

Deslocamento (mm)

AIN

AIN_65

AIN_66

AIN_67

AIN_68

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

O gráfico 3 demonstra o comportamento da costura realizada na máquina

fechadeira de braço.

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!!!

!

&)!

Gráfico 3 – Tecido sentido atravessado – costura fechadeira de braço

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Fo

rça(

N)

Deslocamento (mm)

AMBN

AMBN_77

AMBN_78

AMBN_79

AMBN_80

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Nas amostras deste processo nota-se uma ruptura de toda a extensão da

costura, conforme pode ser observado na figura 29. Em uma peça de roupa este tipo

de comportamento afeta negativamente, condenando o uso da mesma.

Figura 29 – Costura da máquina fechadeira rompendo-se.

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

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!!!

!

&*!

No gráfico 4 as costuras foram realizadas no sentido do fio e a tração no

sentido atravessado, ou da trama pela máquina interloque com ponto rebatido.

Nestas amostras foi possível constatar a fragilidade da trama, que quando esticada

rompe perto da costura, e não chega a fragilizar a costura, somente ao lado da parte

costurada.

Gráfico 4 – Tecido sentido fio – costura máquina interloque

0

100

200

300

400

500

600

0 10 20 30 40 50 60

Fo

rça(

N)

Deslocamento (mm)

FIN

FIN_61

FIN_62

FIN_63

FIN_64

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

No gráfico 5 as costuras foram realizadas na máquina fechadeira de braço no

sentido do fio e a tração no sentido atravessado. O comportamento destas amostras

foi similar ao apresentado pelo gráfico 4, percebe-se que quando a trama é esticada

a mesma não suporta e rompe-se antes mesmo de fragilizar a costura.

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!!!

!

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Gráfico 5 – Tecido sentido fio – máquina fechadeira de braço

0

100

200

300

400

500

600

0 10 20 30 40 50 60

Fo

rça(

N)

Deslocamento (mm)

FMBN

FMBN_73

FMBN_74

FMBN_75

FMBN_76

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Através do gráfico 6, é possível observar que a costura, indeterminado o tipo,

sempre fragiliza o tecido. Essa informação já era de conhecimento geral das

indústrias de vestuário, no entanto, não se sabia ao certo a quantificação desse

valor.

Gráfico 6 – Comparativo da amostra com e sem costura

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

0 10 20 30 40 50 60

Forç

a(N

)

Deslocamento (mm)

RELAÇÃO DO FIO SEM COSTURA E COM COSTURA (INTERLOQUE E FECHADEIRA)

FIN_63

FMBN_74

F_58

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

7AB!CDEFGHI!

;DB!CDEFGHI!!

.JKGLMI!NACOIPALHI!

;DB!CDEFGHI!!

.JKGLMI!LMFAHQDKGA!

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!!!

!

'"!

Nessa pesquisa, ficou evidenciado que a costura com a máquina de braço

chega a diminuir em 3,24 vezes a resistência da roupa em relação a uma região não

costurada. Esse valor é calculado fixando-se um patamar de deslocamento

(elasticidade gerada pelo tecido) e achando-se os valores de força. Já para a

costura interloque a roupa chega a ficar 220% menos rígida que o tecido não

costurado. No entanto, se a força for fixada, a costura da máquina fechadeira gera

maior elasticidade, ou seja, gera em torno de 20% a mais de elasticidade no tecido.

Da mesma forma, pode-se fazer a comparação das duas costuras entre si, mostrada

no gráfico 7.

Gráfico 7 – Tecido sentido fio – comparativo entre costura realizada na máquina fechadeira de braço e interloque

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

Para patamares de deslocamento constantes a costura interloque é 2,2 vezes

mais resistente que a costura com a maquina de braço. Se, de forma semelhante,

fixar-se um patamar de força constante, é possível observar que a costura interloque

é em torno de 15% menos elástica (deslocamento no ensaio) que a costura com a

máquina de braço. Isso, no entanto, pode ser compensado pelo fato que a costura

realizada na máquina interloque é mais flexível que a da máquina fechadeira de

braço, apesar desse dado ser meramente qualitativo, ou seja, não foi quantificado.

Nesse sentido, fazendo uma análise geral, ao contrário do que se pensava,

na opinião da autora e também das indústrias, onde achava-se que a costura de

.JKGLMI!3MFAHQDKGA!!

.JKGLMI!NACOIPALHI!PA!

RHISD!

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braço era a mais resistente, ficou evidenciado aqui o contrário, e mais, em termos de

custo, as duas costuras podem chegar a uma variação de apenas 10% de diferença,

o que não justifica o uso da máquina fechadeira de braço.

Também é importante ressaltar aqui que não foi possível identificar o motivo

pelo qual a costura de braço enfraquece mais o tecido, seriam necessários mais

testes e investigações para melhorar o entendimento sobre esse fenômeno.

Outra informação importante levantada por esse estudo foi que a adição do

travete não fez com que a costura resistisse mais, no entanto, o ensaio ficou mais

estável, ou seja, a ruptura se deu de forma localizada, como pode ser visto nas

figuras 30 e 31. Com isso, se deixa aqui como recomendação, já que não existem

normas sobre ensaio com costura, o uso de travete para melhorar os resultados do

ensaio.

Figura 30 – Costura da máquina fechadeira de braço sem e com o travete.

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

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Figura 31 – Costura da máquina interloque sem e com o travete

Fonte: Elaborado pela autora (2015)

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CONCLUSÔES

Os objetivos do trabalho foram alcançados, foi possível perceber uma

diferença considerável entre os dois tipos de processos. Deste modo é possível

optar por determinado maquinário levando em consideração os prós e contras que

cada um apresenta.

Com base em testes realizados anteriormente em amostras sem costuras,

constatou-se que a costura fragiliza 50% o tecido. Acredita-se que este fator

contribuiu para o resultado final, porém este poderá ser tema para trabalhos futuros.

Este resultado já havia sido apresentado por Ferdouset al., cujo trabalho também

aponta que o tecido no sentido da trama apresenta uma fragilização maior que o

sentido do urdume.

No sentido do tecido que simula o atrito das costuras do entrepernas a

máquina interloque mostrou-se mais resistente. De acordo com a análise visual

percebeu-se que a costura da máquina interloque estava menos fragilizada que a

costura realizada pela máquina de braço.

Outro fator que pode justificar a escolha do processo realizado pela máquina

de costura interloque é o fato de que a costura realizada pela máquina fechadeira de

braço é mais grossa e isso pode gerar desconforto ao usuário.

A costura da máquina interloque chega a ser 2,2 vezes mais resistente que a

costura da máquina fechadeira de braço.

No entanto, do ponto de vista financeiro e produtivo, a máquina de braço é

vista como uma melhor alternativa, pois tempo e o consumo de linha utilizados para

fazer a costura na máquina de braço é inferior que o processo realizada pela

máquina interloque e após pela máquina de pesponto duplo.

A máquina fechadeira de braço representa uma economia de 15% de tempo

comparado ao processo realizado com as máquinas interloque e pespontadeira.

Sugestão para trabalhos futuros

Fazer testes com carga e descarga de força na máquina para ver se sob

condições dinâmicas haverá o mesmo resultado entre as costuras.

Fazer mais testes para verificar o motivo que leva a costura de braço

enfraquecer o tecido mais que a de interloque.

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!!!

!

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Fazer os mesmos testes para outros tecidos com as mesmas costuras.

Tentar fazer testes que simulem a condição de carga e atrito na zona da

costura para deixar os resultados mais próximos do real e também verificar se há o

mesmo comportamento.

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!!!

!

''!

REFERÊNCIAS

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'(!

DIETER, G. E. Metalurgia Mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1981. FERDOUS, N.; RAHMAN, S.; KABIR, R. A ComparativeStudyonTensileStrengthofDifferentWeaveStructures. InternationalJournalofScientificResearchEngineering& Technology. v. 3, n. 9, 2014. p. 1307-1313. FISCHER, Anette. Fundamentos de Design de Moda: Construção de Vestuário. Tradução: Porto Alegre: Bookman, 2015 FRINGS, G. S. Moda: do conceito ao consumidor. Tradução: Mariana Belloli. Porto Alegre: Bookman, 2012. GUO, Z.X.; Wong, W.K.; Leung, S.Y.S.; Li, M.; Applicationsof artificial intelligence in theapparelindustry: a review, Textile Res. J., Vol. 81 No. 18, 2011, pp.1871–1892. JOHNSON, B;CHRISTENSEN, L. EducationalResearch: Quantitative, Qualitative, andMixed Approaches. CA: SAGE, 2013 JONES, S. Fashion Design: manual do estilista. Tradução: Iara Biderman. São Paulo: Cosac Naify, 2005. KARMAKAR, Rajashish. Creativity, technologyand management in textileindustry. American ResearchThoughts. V.1. n. 6. April 2015 MANTELONI, J. A historia das maquinas de costura: um anuncio brasileiro vende uma maquina de costura americana. 2012. Disponível em: <http://cihe.fflch.usp.br/sites/cihe.fflch.usp.br/ files/Joana%20Monteleone_0.pdf> Acesso em: 11 jan. 2015. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execucao de pesquisas; amostragens e tecnicas de pesquisa; elaboração e análise de dados. 3a edicao. São Paulo: Editora Atlas, 1996 MARIANO, M. L. V.; RODRIGUES, J. R. Tipos de Pontos de Costura. São Paulo, 2009. MOON, H. S.; REALFF, M. L. et al. MechanicalPropertiesofFabricWovenfromYarnsProducedbyDifferentSpinning Technologies: YarnFailure in WovenFabric. TextileResearchJournal. V.63, n. 3, 1993. p.123-134. NAMIRANIAN, Rostam ; SHAIKHZADEHNajar; Etrati, Seyed Mohammad ; Manich, Albert M. Seamslippageandseamstrengthbehaviorofelasticwovenfabricsunderstaticloading. IndianJournalofFibre&TextileResearch (IJFTR). v. 39. n. 3. 2014. p. 221-229.

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!!!

!

')!

PRAËNE, J. M.; BREUGNOT, C.; BUENO, M. A.; ROLL, J. P. Mechano-acousticalDiscriminationofHairyFabricsfromNeurosensorialCriteria.TextileResearchJournal.V. 77, n. 7, 2007. p.462-470. PRENDERGAST, Jennifer. Técnicas de costura. Tradução: Michele Augusto. São Paulo: Gustavo Gili Brasil, 2015. RAHMAN, O. The Influence of Visual and Tactile Inputs on Denim Jeans Evaluation. International Journal of Design. V. 6, n.1, 2012. p.11-25. SOUZA, S. C.. Introdução à Tecnologia de Modelagem Industrial. Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT, 1997. SÜLAR, V.; MEŞEGÜL, C.; KEFSIZ, H.; SEKI, Y. A comparative study on seam performance of cotton and polyester woven fabrics. The Journal of The Textile Institute. V. 106, n.1, 2014. p.19-304. TESTA, S.; SAVIOLO, S. La gestión de las empresas de moda. Barcelona: Gustavo Gili, 2007. TRIGO, T. Propriedades Mecânicas. 2003. Disponível em: <http://www.infoescola.com/fisica/propriedades-mecanicas/>. Acesso em: 1º ago. 2015. UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda: tecidos e moda. Tradução: Edson Furmankiewicz. Porto Alegre: Bookman, 2009. YI, E.; CHO, G. PsychoacousticCharacteristicsofFibers. FibersandPolymers. v.1, n.1, 2000. p. 59-65. ZEYDAN M., PredictionofFabricTensileStrengthByModellingtheWovenFabric, WovenFabricEngineering, Polona DobnikDubrovski (Ed.), Sciyo Publisher (2010). ZOLIN, I. Curso técnico em automação industrial: ensaios mecânicos e análises de falhas. 3. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria: Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_ctrl_proc_indust/tec_autom_ind/ensaios_mec/161012_ens_mec_an_fal.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2015.

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ANEXOS

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ANEXO A – Mapeamento de artigos

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ANEXO B – Quadro de artigos

CITADO PERIÓDICO / ANO

TÍTULO AUTOR / INSTITUIÇÃO / PAÍS

1 THE JOURNAL OF THE TEXTILE INSTITUTE TAYLOR & FRANCIS

2014

A COMPARATIVE STUDY ON SEAM PERFORMANCE OF COTTON AND POLYESTER WOVEN FABRICS

VILDAN SÜLAR, CANSU …

DEPARTMENT OF TEXTILE ENGINEERING

TURKEY 2 INTERNATIONAL JOURNAL OF SCIENTIFIC

RESEARCH ENGINEERING & TECHNOLOGY IJSRET

2014

A COMPARATIVE STUDY ON TENSILE STRENGTH OF DIFFERENT WEAVE STRUCTURES

ESTUDO COMPARATIVO EM DIFERENTES TECIDOS PLANOS

NASRIN FERDOUS UNIVERSITY OF

CREATIVE TECHNOLOGY BANGLADESH

3 INDIAN JOURNAL OF FIBRE & TEXTIL RESEARCH

2014

A GEOMETRICAL MODEL OF STICH LENGTH FOR LOCKSTITCH SEAM

GHOSH INSTUTE OF TECHNOLOGY

JALANDHAR INDIA

4 TESE MESTRADO AJUSTE AUTOMÁTICO EM MÁQUINAS DE COSTURA E CONTROLO ON-LINE DA QUALIDADE DA COSTURA

CARVALHO

UMINHO

PORTUGAL 5 SICE ANNUAL CONFERENCE IN FUKUI

2003 ANALYSIS OF TEXTILE FABRIC STRUCTURE WITH

THE CT IMAGES TOSHIHIRO TOKYO

INSTITUTE OF TECHNOLOGY

JAPÃO 6 TEXTILE RESEARCH JOURNAL

SAGE PUBLICATIONS 2011

APPLICATIONS OF ARTIFICIAL INTELLIGENCE IN THE APPAREL INDUSTRY: A REVIEW

ZX GUO ET AL. INSTITUTE OF TEXTILES

AND CLOTHING

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CHINA

7 REVISTA BRASILEIRA DE SAÚDE OCUPACIONAL

SCIELO 2004

COMPREENDENDO O TRABALHO DA COSTUREIRA: UM ENFOQUE PARA A POSTURA SENTADA

SÃO PAULO - BR

8 JOURNAL OF ENGINEERED FIBERS AND FABRICS

JEFF 2015

COST AND EFFICIENCY ANALYSIS OF COMMERCIAL SOFTENERS IN THE SEWABILITY BEHAVIOR OF

COTTON FABRICS

VIDRAGO ET AL. UMINHO

PORTUGAL

9 AMERICAN RESEARCH THOUGHTS 2015

CREATIVITY, TECHNOLOGY AND MANAGEMENT IN TEXTILE INDUSTRY

KARMAKAR RAJASHISHINDIAN

INSTITUTE OF CARPET TECHNOLOGY

INDIA !"#$%&'"()*$$*+()*+,"-"+)".(

/001 EFFECT OF COTTON FIBER QUALITY ON

THE STRENGTH PROPERTIES OF A MILITARY UNIFORM FABRIC

G.F. RUPPENICKER, A.P. SAWHNEY, L.B.

KIMMEL, J.B. PRICE, AND T.A.

CALAMARI, JR.SOUTHERN

REGIONAL RESEARCH CENTER

NEW ORLEANS, EUA

10 JOURNAL OF TEXTILES HINDAWI PUBLISHING CORPORATION

2013

EFFECT OF SOME FABRIC AND SEWING CONDITIONS ON APPAREL SEAM

CHARACTERISTICS

K. CHOUDHARY AMIT GOEL

INSTITUTE OF TECHNOLOGY

INDIA 11 JOURNAL OF REINFORCED PLASTICS AND EFFECTS OF FIBRE CONTENT AND TEXTILE ENGINEERING,

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LOCKSTITCH SEAMS IN ELASTIC FABRICS UNDER AYÇA GÜRARDA

ULUDAG

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