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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS - IV SÉRIE - EDIÇÃO Nº 4 - MARÇO DE 2006 REFORÇAR A ORGANIZAÇÃO LUTAR PELA DIGNIDADE Reestruturação da Administração Pública PRACE SÓ SERVE PARA VALIDAR SUPRANUMERÁRIOS E PRIVATIZAÇÕES

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Distribuição gratuita aos sócios - iV série - eDição nº 4 - Março De 2006

reforçar a organização Lutar peLa DigniDaDe

reestruturação da administração públicaprace só serVe para VaLiDar

supranuMerários e priVatizações

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Nº 4 . Março 2006 . FP2

ÍnDice

Ficha TécNica

Director: paulo trindade

coordenador de redação: rui raposo

conselho de redacção: ana avoila, artur Monteiro, José Manuel Dias, Manuel ramos, natália carvalho e paulo trindade

redacção: regimprensa, crL

Fotografia: gabinete de informação da federação

Propriedade: federação nacional dos sindicatos da função públicarua rodrigues sampaio, 138-3º, 1150-282 Lisboatel: 21 317 24 80. fax: 21 317 24 89 / 21 315 28 20email: [email protected]

Design e Pré-impressão: regimprensa, crL

impressão: impresse 4 – sociedade de edições e impressão, Lda

Periodicidade: Quadrimestral

Tiragem: 42.200 exemplares.

Distribuição gratuita aos sócios dos Sindicatos da Federação

Depósito Legal: 3063/89

sítio internetda federação

www.fnsfp.pt

3 — Editorial – Mais fortes para as grandes e pequenas lutas4 — Subsiste o perigo de liberaliza-ção dos serviços públicos5 — A “directiva Bolkestein” um passo a marcar passo?6 a 8 — Cerca de 25 mil pessoas na manifestação nacional: Trabalhado-res em luta contra atitude arrogante9 a 12 — Acréscimos variam entre 4,76 e 76,47 euros: Aritmética do Governo aumenta as assimetrias salariais 13 a 15 — Reestruturação da Ad-ministração Pública: PRACE só serve para validar supranumerários e privatizações 16 — Federação exige reunião com Ministério da Justiça: Governo

quer extinguir prisões e equipas de reinserção17 — Legislação sobre Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho: Fede-ração quer maior envolvimento dos trabalhadores18 a 20 — Não basta fixar quotas: A luta pela igualdade é de mulheres e homens e Nas faltas para a assistên-cia: DGAP dá razão à Federação21 — Proposta pronta até ao próxi-mo mês de Maio: Governo prepara reforma dos laboratórios22 — Mão-de-obra sem direitos nos laboratórios e universidades: Bolsei-ros engrossam trabalho precário 23 — Escolas só funcionam com trabalhadores24 — Federação espera resolver

impasse na próxima reunião: Con-trato de trabalho das IPSS aguarda publicação 25 — Guardas-Florestais do ex-CNGF: Integração na GNR começa mal 26 e 27 — Discussão do Regula-mento do ISS está atrasada e urge concluir: Segue-se discussão do Acordo Colectivo e Não existem trabalhadores a mais no MADRP28 — STFP Centro: Trinta anos de luta 29 e 30 — Legislação 31 — Sindicato promove passeio cultural 32 — Luta e luto pela política do Governo

gerais6 a 8 e 9 a 12

a manifestação nacional de fevereiro reuniu cerca de 25 mil trabalhadores de todo o país para pro-testar contra as medidas do governo. alegam que a actualização salarial de 1,5 por cento «vai contri-buir para que, pelo sétimo ano consecutivo, os tra-balhadores continuem a perder poder de compra». José sócrates fixou para a administração pública um tecto salarial uniforme em todos os índices, que provoca um aumento das assimetrias salariais em 2006. FP

teMa13 a 16

as conclusões a que vier a chegar o designado pro-grama de reestruturação da administração central (prace) não terão gran-des efeitos práticos nas mudanças que o governo de José sócrates preten-de implementar na admi-nistração pública. serve apenas validar as reformas que o executivo já tem planeadas e que passam pela redução do número

de trabalhadores e pela privatização de serviços públicos. na Justiça cerca de 2.500 postos de traba-lho estão em causa. FP

sectoriais21 e 22

o governo de José só-crates está a preparar a reforma do actual sistema de laboratórios do esta-do. os cerca de oito mil bolseiros de investigação científica, que trabalham nos laboratórios do estado e nas universidades, estão a exercer a sua actividade de uma forma precária. FP

18 a 20 a solução para a igualdade entre mulheres e homens reside, segundo graciete cruz, da cgtp-in, numa metodologia que associe também homens, com po-der de decisão e influência, a esta direcção de trabalho. entretanto, a Direcção-ge-ral da administração públi-ca dá razão à federação nacional dos sindicatos da função pública sobre os efeitos remuneratórios das faltas para assistência a membros do agregado familiar. FP

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Nº 4 . Março 2006 . FP �

Por PAuLo TRINDADE

opinião

eDitoriaLMais fortes para as granDes e peQuenas LutasVivemos tempos em que as OPAS estão na

ordem do dia. Diligentemente os meios de comunicação social dominantes fazem a sua promoção “vendendo-as” como

exemplo da retoma da economia, de dinamismo do mercado e outros chavões com que mimo-seiam a opinião pública.

Ele é a SONAE a querer a PT ou o BCP a pre-tender o BPI. Seráfico o Sr. Ministro das Finanças faz piedosos votos para que a gula dos tubarões respeite as regras do tal mercado.

E tudo se parece passar como se o futuro de quem trabalha estivesse dependente do sucesso de um tubarão comer outro.

Como se no oceano selvático do capitalismo não se perfilassem tubarões maiores de dentes afiados prontos a engolir os frutos de banque-tes menores, sempre dependentes da crescente apropriação de mais valia resultante do esforço laborioso do mexilhão: os trabalhadores.

Os tais que teimam em se agarrar à rocha para defender o emprego, os salários, os direitos, enfim, os tais “privilégios” de que depende a sua sobrevivência, o seu futuro.

É claro que a OPA lançada sobre as funções sociais do Estado – saúde, educação, ambiente, justiça, segurança social, etc. – sendo muito maior e mais selvática do que as publicitadas sobre uma PT ou um qualquer banco (com toda a importância de que se revestem) não assume a mesma forma de promoção porque a consciencialização dos seus efeitos conduz à revolta de todos os mexilhões.

Daí que essa tenebrosa OPA apareça embrulhada em formula-ções como “reforma da Administração Pública”, Menos Estado, Melhor Estado” e “combate aos privilégios”.

É claro que os “privilégios” aludidos nunca são os dos tubarões mas apenas os atribuídos aos mexilhões, ou seja, a resistência que em cada momento são forçados a desenvolver para resistir à gula dos tubarões.

Face à OPA lançada sobre as funções sociais do Estado os TFP’s, primeiros alvos da ofensiva, reagem de forma natural: congregam resistências, reforçam a sua organização.

Foi tudo isto que corporizou a “jornada de luta e de luto” pro-

movida pela nossa Federação: aprofundou-se a ligação aos locais de trabalho através de centenas de plenários, distribuíram-se milha-res de comunicados à população, afixaram-se panos e cartazes, denunciaram-se os efeitos dos anunciados encerramentos, reestrutura-ções/privatizações de serviços, aumentou-se a sindicalização e o número de delegados sindicais eleitos, expressou-se a nossa indig-nação. Os TFp’s reforçaram a sua organização e deram um importante contributo para que a generalidade dos trabalhadores percebesse que a “OPA” sobre os serviços públicos é uma questão central que respeita a todos os trabalhadores.

Com esta jornada os TFP’s demonstraram estar conscientes das preocupações mas que não se deixam dividir em função de vínculos, carreiras ou grupos profissionais encontrando na acção dos Sindicatos que integram a Fede-ração as propostas e as formas de acção com que se identificam.

Março não foi porém um ponto de che-gada.

Foi um ponto de partida para o reforço da capacidade de defesa dos nossos direitos. É

que estamos perante uma OPA muito poderosa: o ajuste de contas com os direitos de quem trabalha, o ajuste de contas com as con-quistas de Abril.

Se dúvidas houvesse foi o Primeiro-ministro quem afirmou na tomada de posse do Presidente da República que “o pior está para vir”. Pois, já sabemos para quem, só que estamos mais organiza-dos, mais fortes para as grandes e pequenas lutas que nos esperam, mais capazes para resistir aos que apostaram em partir a espinha aos nossos Sindicatos.

Mais disponíveis para comemorar, consolidar e defender Abril e as conquistas dos trabalhadores e engrossar o caudal do 1º de Maio.

É que não há OPA que compre a nossa dignidade. Os direitos de quem trabalha não se submetem a especulações mercantis porque da mesma forma que foram conquistados a palmo a palmo serão defen-didos. Por muito que a derrota desta OPA contrarie as sacrossantas regras de mercado endeusadas por quem detém o Poder Político tendo jurado cumprir a Constituição da República… de Abril. FP

Março não foi porém um ponto

de chegada.

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Nº 4 . Março 2006 . FP4

teMa

subsiste o perigo De LiberaLização Dos serViços púbLicos

subsiste ainda o perigo de liberaliza-ção do mercado europeu de servi-ços públicos, segundo comentou a CGTP-IN, após a votação no Parla-

mento Europeu de uma versão substancial-mente alterada da directiva Bolkestein.

Como resultado da luta do movimento sindical europeu, os grupos parlamentares Socialista e do Partido Popular Europeu (democratas-cristãos) e dos Democratas Europeus acordaram em excluir do pro-jecto de directiva um conjunto de matérias mais controversas. O texto que resultou da negociação entre os dois grupos foi votado na sessão de Estrasburgo do Parlamento Europeu, nos dias 14 e 15 de Fevereiro, e obteve 391 votos favoráveis, 213 votos contra e 34 abstenções.

Nas ruas de Estrasburgo, mais de 50 mil trabalhadores de diversos países europeus manifestaram-se contra a directiva Bolkes-tein e reclamaram «mais Europa social». Uma delegação da CGTP-IN e de sindica-listas da Função Pública participaram na manifestação convocada pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES) e rejeitaram os objectivos neo-liberais que estiveram na origem da apresentação desta directiva em Janeiro de 2004.

Embora considere insuficientes as alte-rações introduzidas, a CGTP-IN registou a «atenuação dos efeitos mais perversos contidos na proposta de directiva». Foram excluídos da proposta os «serviços de interesse geral, tal como definidos pelos Estados-membros, com realce para os cuidados de saúde em geral», bem como os serviços sociais prestados às famílias, a habitação social e os serviços portuários e de transportes.

Mas assinala que, quanto aos serviços públicos, «a distinção entre serviços de inte-resse geral e serviços de interesse económico geral se presta a perigosos jogos de influên-cia, ao transferir para a responsabilidade dos Estados-membros a respectiva definição e classificação».

A proposta reconhece, por outro lado, os direitos à contratação colectiva, à greve e à acção colectiva dos trabalhadores nos termos da legislação e «não afecta ainda a legislação nacional vigente nos Estados-membros em matéria de Segurança Social».

Foi também retirado o princípio do país de origem, o qual garantia que o prestador de serviços só estaria sujeito à lei do país

em que estivesse estabelecido, sendo-lhe permitido fornecer serviços a outros países sem estar sujeito à respectiva regulamen-tação (leis e condições laborais). Princípio que encorajaria as empresas e organizações a deslocalizarem-se para Estados-membros com mais baixos níveis. A CGTP considera, todavia, que o texto «deixa ainda grandes ambiguidades na interpretação das normas que, possivelmente, só serão dirimidas pela correlação de forças nas empresas e pelos tribunais».

As indefinições que ainda subsistem levam a central sindical portuguesa a afirmar que «continuará atenta e mobilizada face às próximas etapas do debate sobre a directi-va». Sustenta que ainda há muita matéria «a clarificar e a alterar» e exige que o Governo português adopte «uma posição consonante com as nossas reivindicações, que são as que melhor servem o interesse nacional».

origeM e evoLução

A proposta de directiva sobre o merca-do interno de serviços foi apresentada em Janeiro de 2004 pela Comissão europeia e ficou conhecida pelo nome do comissário proponente. Frits Bolkestein, que tutelava o mercado interno na Comissão de Romano Prodi, é membro do Partido Liberal holandês e um dos convidados das conferências do grupo Bilderberg, nas quais participou entre 2002 e 2004.

A iniciativa, que visou estabelecer um quadro jurídico geral a ser aplicado pelos Es-

tados-membros, suscitou desde logo a con-testação de sindicatos, outras organizações sociais e alguns partidos políticos. A CES convocou uma reunião para Bruxelas, em 19 de Março de 2005, em que participaram mais de 75 mil trabalhadores provenientes de todos os países da União Europeia.

A Comissão europeia recuou e retirou a proposta de directiva Bolkestein. Todavia, o texto agora votado pelo Parlamento Europeu em Estrasburgo baseia-se em grande parte na versão original. O Partido Popular Europeu, em que se integram os deputados do PSD e do CDS/PP, pretendia limitar ao máximo o que considera como poder discricionário dos Estados, enquanto o Partido dos Socialistas Europeus, do qual faz parte o PS, defendia uma ampla margem de manobra para os governos.

Para o grupo da Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Verde Nórdica, de que fazem parte o PCP e o BE, a proposta de directiva mesmo após as alterações pode conduzir à liberalização total dos serviços, principalmente dos que são públicos.

A Comissão Europeia presidida por Durão Barroso vai reformular a proposta com base no texto aprovado pelo Parlamento Europeu e apresentar em Abril uma nova versão ao Conselho de Ministros da União Europeia para que este se pronuncie. Depois da votação dos governos dos 25 Estados-membros, a proposta volta ao Parlamento Europeu para aprovação final. Se não houver acordo num prazo de dois meses, a proposta fica sem efeito e terá de ser elaborado um novo texto. FP

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Quando se diz que a “cons-trução europeia” tem sido feita passo a passo, pragmaticamente, “à Jean

Monnet”, por vezes com passos atrás, diz-se apenas meia verdade. Porque esses passos, os dados e os que ficam por dar — muitas vezes à espera de melhor oportunidade —, se inserem numa dinâmica bem mais ampla que a da “construção europeia”, tal como desta se faz propaganda com o disfarce de in-formação.

A directiva relativa aos serviços é um reflexo dessa dinâmica e dessa propaganda.

Diz-se que tal directiva tem o objectivo de realizar o “verdadeiro mercado interno dos serviços na União”, a juntar à livre cir-culação de capitais, mercadorias e pessoas, sendo — ou dizendo-se que é — a única li-berdade de circulação ainda não realizada.

Por isso se fala em liberalização dos serviços, confundindo-se sempre – e inten-cionalmente – liberalização com mercado e privatização. Depois, usa-se e abusa-se da palavra concorrência com o aceno que de que tudo isso trará muitos benefícios para o consumidor, nunca se referindo os trabalhadores.

Com a falaciosa terminologia que é usa-da, em directa terapêutica manipuladora ou de substituição, esse “mercado interno dos serviços” foi considerado prioridade abso-luta, em resoluções do Parlamento Europeu de 2001 e 2003 e, em Janeiro de 2004, foi apresentada a proposta de directiva que to-mou o nome do comissário que a apresentou e está a ficar tristemente célebre, o holandês Bolkestein.

Esta directiva apenas se pode ver como episódio de um percurso e, nomeadamente, ligar-se a passos já dados sobre os serviços públicos, que por definição estão fora da órbita e motivações do(s) mercado(s), entre-tanto baptizados em “serviços de interesse geral” para que nessa órbita e motivações mercantis se integrem.

No entanto, como tem vindo a acontecer frequentemente, o passo tentado foi maior que a perna, as reacções a tal proposta de directiva foram muito fortes e o próprio PE, apesar das suas maiorias, achou que era demais. Pelo que o passo está, numa certa

maneira de dizer, a marcar passo.Porquê essa reacção ao que o senhor

Bolkestein deu o nome?Antes de mais, importa dizer que essa

reacção não é só inter-institucional — lá en-tre o PE, a Comissão, os Governos — como se poderia crer pelo que a alcunhada infor-mação comunitária transmite. Como prova que se está perante dinâmicas muito mais amplas, se a directiva Bolkestein vinha ser-vir os interesses capitalistas transnacionais que se exprimem por pressões sobre o que as instituições estatais e supra-estatais devem decidir, também os trabalhadores, com as suas organizações de classe, além das posi-ções nas instituições, desenvolveram formas de luta muito importantes (pessoalmente, em 2004, em Roterdão, assisti a e participei em tomadas de posição, por parte dos traba-lhadores do porto, muito significativas… e pedagógicas).

Para simplificar, diria que a grande questão (ou uma das) está em determinar a que país compete controlar se o serviço da empresa que o presta está em conformidade com as regras. Se uma empresa portuguesa presta serviço na Bélgica, qual a legislação e condições sociais que devem ser aplica-das? Se, até esta proposta, o princípio era o de que deveriam ser as regras do país onde se presta o serviço, com a aplicação do que tal directiva pretende passariam a ser as do país de origem, e o trabalhador português não trabalharia segundo as regras (horários, segurança e outras condições sociais) belgas mas as portuguesas.

Usando o aprendido em Roterdão: no trabalho de desembarque de um navio vindo de Ásia, naquele porto, as regras a cumprir deixariam de ser as holandesas para passa-

rem a ser as do país asiático de onde vem o navio.

Em nome da con-corrência, da libera-lização, do benefício do consumidor! Mas com evidente prejuízo para os trabalhadores holandeses e, também, para os que embar-cados vinham.

Segundo a proposta de directiva, alguns serviços se excluiriam dela. Os serviços e redes de comunicações electrónicas, os ser-viços financeiros e os chamados “serviços de interesse geral não económico”, um “resto” dos antigos “serviços públicos”, embora, como é reconhecido na tal informação-pro-paganda, «não é fácil, na prática, definir a noção de “interesse geral” e o carácter não económico de um serviço”. Outros serviços de evidente e inegável interesse público, como o abastecimento de água ou de ener-gia (tal como a educação e a administração pública), também seriam excluídos. Mas!, mas acrescentando-se que “o facto de estes serviços não serem abrangidos pela directiva não significa que a sua liberalização não seja prosseguida por outras vias legislativas”. E poder-se-ia substituir “liberalização” por “privatização”.

Embora escamoteado, porque nunca será reconhecido publicamente, o carácter de classe desta proposta de directiva parece-me evidente. Só pode ter uma resposta de classe, institucional e de massas. Como tem vindo a acontecer. E com êxito. Mas, atenção, um passo não dado, pode ser apenas um passo adiado. FP

SéRGIo RIBEIRo

função pública na manifestação de estrasburgo.

a “DirectiVa boLkestein” uM passo a Marcar passo?

sérgio ribeiro

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a manifestação nacional do pas-sado dia 3 de fe-vereiro reuniu cer-ca de 25 mil traba-lhadores oriundos de várias partes do país para pro-testar contra as medidas do go-verno. os traba-lhadores alegam que a actualização salarial de 1,5 por cento «vai contri-buir para que, pelo sétimo ano con-secutivo, os tra-balhadores con-tinuem a perder poder de compra» e que a reestrutu-ração da administração pública «não passa de uma desculpa do gover-no para acabar com todas as conquistas laborais». a frente comum dos sin-dicatos da administração pública garante que a luta vai continuar.

«farei greve e participarei nas manifestações nacionais en-quanto os governos não mu-darem a atitude arrogante em

relação aos funcionários públicos», afirma Celeste Ribeiro enquanto agita uma bandeira vermelha e grita as palavras de ordem da Fe-deração Nacional dos Sindicatos da Função Pública. Esta trabalhadora da Administração Pública é uma das cerca de 25 mil pessoas,

de acordo com estatísticas da PSP, que inte-graram a manifestação nacional do passado dia 3 de Fevereiro.

A iniciativa, convocada pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, percorreu as ruas entre o Parque Eduardo VII e a Assembleia da República em sinal de protesto pelo Governo ter en-cerrado as negociações para a actualização salarial, logo na primeira reunião com os sindicatos. O desfile foi encabeçado pe-los representantes da Frente Comum que seguravam um pano onde se lia «Basta de Sacrifícios», sendo seguidos pelo Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores, pelo Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Centro e pelo Sindi-cato dos Trabalhadores da Função Pública do Norte. O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) fechava o desfile.

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, foi o único líder partidário que esteve presente na manifestação e que acompa-nhou os trabalhadores até à Assembleia da

República. O primeiro-ministro, a par com o minis-

tro do Trabalho e da Solidariedade Social, foi uma das figuras mais visadas nos vários cartazes e nas palavras de ordem dos partici-pantes. «Mentirosos, mentirosos», «O custo de vida aumenta e o povo não aguenta» e «Direitos conquistados não são para serem roubados», foram as palavras de ordem mais ouvidas ao longo de quase três horas de duração da manifestação.

O aumento de 1,5 por cento «vai contri-buir para que, pelo sétimo ano consecutivo, os trabalhadores continuem a perder poder de compra», diz Celeste Ribeiro. O execu-tivo de José Sócrates «fixou este valor e um aumento de dois cêntimos no subsídio de refeição porque os ministros, secretários e Estado e administradores das empresas públicas não estão incluídos, nem ganham o mesmo que os trabalhadores». A reestrutura-ção da Administração Pública «não passa de uma desculpa do Governo para acabar com todas as conquistas laborais e sociais dos trabalhadores, despedir pessoal e iniciar a

gerais

cerca De 25 MiL pessoas na Manifestação nacionaL

trabaLhaDores eM Luta contra atituDe arrogante

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privatização dos serviços públicos».

MaiS iDoSoS Na FuNção PúbLica

Manuel Gomes veio do Porto para participar na manifestação. Integrado na delegação do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Norte segura um cartaz onde se vê um idoso a trabalhar no computador e onde se lê «Funcionário Público com a nova lei da aposentação». Com o prolongamento da idade da reforma «vamos ter muitos idosos parecidos com o do cartaz nos serviços públicos», sustenta. A administração Pública terá, dentro de dez anos, «mais de 50 por cento de trabalhado-res idosos. Prolongam a idade da reforma para não rejuvenescerem os serviços com a entrada de pessoal jovem. Os que saem não serão substituídos».

Deixa de gritar as palavras de ordem para comprar uma dúzia de castanhas assadas a um vendedor no Largo do Rato. «O almoço teve de ser rápido para a comitiva estar a tempo no Parque Eduardo VII e não atrasar o horário». Diz que não tem «muita esperança que o Governo volte atrás nas medidas que está a tomar», mas os trabalhadores «não podem desistir de lutar pelos direitos que estão a ser ameaçados. Temos de mostrar que não ficamos quietos, nem temos receio de ameaças».

Francisco Nogueira partilha da mesma opinião. Trabalha numa escola há vários

anos e, apesar de estar no final da carreira, vai ter de trabalhar mais três anos para ter a reforma na totalidade. A medida do Governo «não é justa. Para não perder dinheiro que sempre descontei tenho que trabalhar mais tempo. Existem centenas de trabalhadores nas mesmas condições e que se sentem

completamente de-fraudados».

Sa l i en t a que quando começou a trabalhar na Admi-nistração Pública os direitos dos tra-balhadores «eram respeitados e nem sequer eram ques-tionados. Agora a situação é completa-mente diferente».

Fátima Martins é assistente admi-nistrativa num esta-belecimento escolar e diz que aguarda há vários anos pela abertura de um con-curso para subir de escalão e progredir na carreira. Mas as medidas do Gover-no «estão a impedir que tal aconteça. Não há concursos há mais de 12 anos quando a lei deter-

mina que sejam de seis em seis. Na função pública não há outra forma de progredir na carreira e este executivo está a cortar as possibilidades a milhares de trabalhadores. Tudo por uma questão económica».

O Estado «deveria ser a primeira enti-dade patronal a dar o exemplo», sustenta

trabalhadores da função pública do norte

trabalhadores da função pública do centro.

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gerais

Tânia Rodrigues, enquanto descansa numa das paragens da manifestação, no princípio da Rua de S. Bento. A voz já está rouca de tanto gritar: «O cinto está a apertar e os lucros a aumentar», mas diz que vai conti-nuar a gritar «até o primeiro-ministro fazer alguma coisa».

Trabalha num dos vários serviços do Ministério da Saúde há cerca de dez anos e já na altura «a situação era complicada. Mas nos últimos cinco anos os governantes que-rem atirar com todas as culpas do mau fun-cionamento da Administração Pública para cima dos trabalhadores quando o Estado é a primeira entidade patronal a contribuir para o aumento da precariedade laboral e para o corte sistemático de direitos, que demora-ram décadas a serem conquistados». Com exemplos destes «não há meio de controlar

o sector privado». A política do Governo «é reduzir ao

máximo o número de trabalhadores e os serviços públicos com uma campanha ne-gativa que está a ter efeito junto da opinião pública». A maioria das pessoas «parece concordar com algumas das medidas, mas esquecem-se que são os trabalhadores da Função Pública que mantém a máquina do Estado a trabalhar e que se os serviços forem privatizados perdem direitos consagrados na Constituição e vão pagar muito mais por eles».

a LuTa coNTiNua

Em frente à Assembleia da República o agitar das bandeiras vermelhas, azuis e

brancas dos três sindicatos da Federação foi uma constante durante o discurso de Paulo Trindade, coordenador da Frente Comum, Francisco Braz, do STAL, e Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP-IN. Pau-lo Trindade garantiu que a luta da Frente Comum vai prosseguir com novas acções contra a política governamental. Responsa-bilizou o executivo pelo «agudizar da con-flitualidade social» caso continue a insistir nos ataques à estabilidade de emprego, às carreiras e à dignidade profissional.

Classificou a actualização salarial de 1,5 por cento e o aumento de dois cêntimos no subsídio de refeição para a Função Pública como uma «provocação ofensiva para todos os trabalhadores» e sustentou «que existe dinheiro no Orçamento de Estado para actualizações salariais superiores». Real-

çou ainda que o ministro das Finanças «afirmou que mesmo que houvesse mais dinheiro no Orçamento para aumentos, não o faria porque queria dar um sinal positivo ao sector privado».

Carvalho da Silva considerou ser ne-cessário que os portugueses conheçam «o impacto real e não propagandístico das medidas que estão a ser tomadas contra a Função Pública» e realçou que «não se pode mexer na estrutura do trabalho da Administração Pública sem se discutir as alterações com os trabalhadores». FP

trabalhadores da função pública do sul e açores.

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José Sócrates fixou para a administra-ção pública um tecto salarial uniforme de 1,5 por cento em to-dos os índices, o que provoca um aumento das assimetrias sala-riais em 2006. nessa sua engenharia, o acréscimo salarial de 1,5 por cento traduz-se num aumento de 4,76 euros mensais para as carreiras de regime geral e regi-mes especiais e de 76,47 euros para o pessoal dirigente do corpo especial de fiscalização e con-trolo do tribunal de contas.

paulo Trindade, coordenador da Frente Comum e da Fe-deração Nacional dos Sin-dicatos da Função Pública,

exprime total discordância quanto aos valores fixados para os índices 100. Alude também a «alguns as-pectos qualitativos novos» que este Governo introduziu.

O processo só foi formalmente aberto pelo Governo de José Só-crates depois de estar aprovado o orçamento de Estado (OE) para 2006. No entanto, a lei estabelece que o processo pode ser aberto em Setembro do ano anterior, data em que os sindicatos apresentaram a sua proposta, e que «deve ser tendencialmente acordado no fim da aprovação do OE», afirma o dirigente sindical.

Além de ter feito tábua rasa da legisla-

ção, o Governo abriu o processo «dizendo aos sindicatos para alterarem a sua posição, sem que tivesse sequer apresentado qualquer proposta». Partiu do princípio que «a polí-tica salarial se subordina ao deve e haver do orçamento». E, embora reconhecesse que «havia disponibilidade para ir até à

taxa de inflação prevista pelo Governo», que se situa nos 2,3 por cento, impôs uma actualização salarial de 1,5 por cento, o que se traduz numa perda de poder de compra de 0,8 por cento.

A proposta governamental foi justificada pela necessidade de «dar um sinal aos priva-

acrésciMos VariaM entre 4,76 e 76,47 euros

aritMética Do goVerno auMenta as assiMetrias saLariais

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gerais

dos». Argumentou o ministro das Finanças que a proposta constitui «um referencial para toda a contratação», isto é, um tecto salarial, que permite ganhos suplementares às empresas. Paulo Trindade considera que os «trabalhadores são utilizados como carne para canhão», ao mesmo tempo que foi desvalorizado o «direito à negociação colectiva na administração pública». Mas a atitude também traduz uma «subordinação do Governo aos interesses económicos».

A proposta sindical apresentada em Setembro consistia num aumento salarial de 5,5 por cento. Na primeira reunião de negociação suplementar, os sindicatos rea-firmaram a disponibilidade para negociar e desceram a proposta para cinco por cento, enquanto o Governo manteve uma posição irredutível. Apenas na segunda reunião avançou com um arredondamento em dois cêntimos do valor da refeição, passando de 3,93 para 3,95 euros. Os sindicatos reivin-dicaram um valor de seis euros, o que repre-sentava um acréscimo de 2,17 euros, face ao valor de 3,83 euros praticado em 2005.

A Direcção-Geral do Orçamento emitiu uma circular, em 15 de Fevereiro, na qual define os valores dos índices 100 e, em 10 de Março, foi finalmente publicada a portaria 229/2006, que procede à revisão anual das remunerações dos funcionários e agentes da administração central, local e regional. Embora produza efeitos desde 1 de Janeiro, a actualização só deverá ser processada em Abril.

O atraso na publicação da portaria reflec-te-se em todos os trabalhadores, incluindo os contratos a termo, contratos de provimento e falsos recibos verdes. Trata-se de um expe-diente dilatório para «conter a despesa».

agrava iNjuSTiça SaLariaL

Embora mantenha o leque salarial, o aumento uniforme de 1,5 por cento determi-nado pelo Governo aumenta a assimetria das remunerações e agrava a injustiça salarial. Essa evidência é patente no quadro sobre a evolução das remunerações (índices 100) que aqui se publica. O acréscimo salarial em euros varia entre 76,47 euros a receber pelo pessoal dirigente do Corpo Especial de Fiscalização e Controlo do Tribunal de Contas e 4,76 euros com que são aumenta-das as carreiras do regime geral e regimes especiais.

A actualização de 1,5 por cento é escassa em qualquer escalão, mas é irrisória nas car-reiras de regime geral e regimes especiais. «Foi por isso que este ano também reivin-dicámos que nenhum trabalhador tivesse menos de 50 euros de actualização», afirmou

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Paulo Trindade. Mas a reivindicação foi «liminarmente rejeitada pelo Governo».

Posição que revela maior injustiça, tanto mais que o Governo admitiu acréscimos diferenciados nas pensões. São aumentadas em 2,5 por cento as pensões de aposentação, reforma e invalidez até 1.000 euros e as

pensões de sobrevivência, de preço de san-gue e outras de valor global até 500 euros, enquanto as pensões de aposentação, refor-ma e invalidez entre 1.000 e 3.500 euros e as pensões de sobrevivência, de preço de sangue e outras de valor global entre 500 e 1.750 euros tiveram um acréscimo de 1,5

por cento. A preocupação manifestada pelo

Governo quanto às pensões e reformas mais baixas não teve correspondência relativamente aos salários mais baixos. Para Paulo Trindade, esta «duplicidade de critérios distorce as regras» e a única explicação dada aos sindicatos foi a de que uma actualização diferenciada nos salários «podia prejudicar a economia». Este é implicitamente o reconhecimento de uma política que aposta nos baixos sa-lários como factor de competitividade.

Aliás, isso mesmo é patente na administração pública. Em Outubro de 1989, o salário mínimo da administra-ção pública, índice 100, estava 12 por cento acima do salário mínimo nacional (SMN). «Actualmente está 12 por cento abaixo do SMN», que foi fixado em 385,90 euros. «Desde 1989 tivemos uma perda de poder de compra do salário mais baixo em 24 por cento», disse o dirigente

sindical. Acrescentou que, desde 1997, tem sido

feita «uma engenharia para que ninguém receba abaixo do SMN. Em 2005, por exemplo, o salário mais baixo praticado era o índice 123». O ministro das Finanças limitou-se a fazer «uma operação de pro-paganda quando disse que na portaria dos salários ninguém ganharia abaixo do SMN». Ninguém recebe abaixo porque não está lá ninguém, mas dessa forma o Governo trava uma evolução legítima que teria efeito em todos os escalões.

O dirigente sindical chama-lhe uma «po-lítica de insensibilidade social», que elege «o défice como o problema dos problemas do país» e que coloca «o Estado na depen-dência dos grandes grupos económicos», os quais preconizam baixos salários para que «a economia tenha competitividade».

A propaganda e as engenharias gover-namentais são patentes noutros domínios. É o caso da retenção dos impostos. Paulo Trindade admite que, «no ano subsequente, quando se for fazer o acerto, haja quem tenha eventualmente de pagar, quando habi-tualmente não pagava ou lhe era devolvido imposto».

Os suplementos de risco, trabalho nocturno e penosidade também não foram actualizados este ano, nem haverá concursos de promoção, enquanto os escalões estão congelados. Mas Paulo Trindade não acre-dita que a despesa com pessoal seja contida em 1,5 por cento. Vai crescer acima disso «por via das múltiplas mordomias pagas fora da tabela da Função Pública a dirigentes e a assessores».

o aNo De ToDaS aS eLeiçõeS

Foi no ano de 2005 que se verificou uma convergência tendencial entre a evolução dos salários e a inflação. A evolução dos salários médios dos cinco principais gru-pos profissionais da administração pública torna explícito o efeito do ciclo eleitoral no acréscimo remuneratório.

O Presidente da República, Jorge Sam-paio, decidiu no final de Novembro de 2004 dissolver a Assembleia da República, o que colocou na agenda a convocação de eleições legislativas para 2005. Este acto eleitoral juntar-se-ia às eleições autárquicas de Outubro e ao arranque da pré-campanha para as eleições presidenciais no final do ano passado. Três razões de peso para que o acréscimo salarial quase se cruzasse com a inflação.

Numa amostragem referente aos anos de 2003 a 2006 (ver quadro e gráficos), os salários médios de 257.844 trabalhadores da

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administração pública têm em comum a per-da mais baixa de poder de compra em 2005. O pessoal auxiliar, administrativo, operário e técnico só perderam 0,1 por cento, face a uma inflação de 2,3 por cento. O acréscimo salarial destes quatro grupos foi de 2,2 por cento. Embora fosse maior a perda do pes-soal técnico-superior, situou-se em 0,23 por cento. O aumento salarial deste grupo foi superior a dois por cento (2,07%).

Em 2003 em 2004, quem mais perdeu foi o pessoal técnico e técnico-superior. Este último grupo perdeu 3,26 por cento em 2003 e 2,24 por cento em 2004. Quem menos perdeu foi o pessoal operário: 1,43 por cento em 2003 e 0,35 por cento em 2004. No ano de 2006, José Sócrates decretou uma perda uniforme de 0,81 por cento.

O valor perdido acumulado confere primazia ao pessoal técnico-superior que, em quatro anos, perdeu 6,54 por cento do seu poder de compra. No cômputo das per-das acumuladas, seguem-se-lhe o pessoal técnico (menos 6,12%), o pessoal auxiliar (3,11%), o pessoal administrativo (2,99%)

e o pessoal operário (2,69%). Mas com base num acréscimo de 1,5

por cento nos vencimentos dos cargos políticos (ver quadro), até José Sócrates pode dizer que é vítima da sua própria política. Também perde poder de compra em 2006. Ganha menos 36,02 euros do que o somatório de 14 salários mínimos nacionais, enquanto em 2005 recebia mais 41,47 euros. O vencimento do primeiro-ministro ascenderá a 5.366,58 euros em 2006.

O acréscimo de três por cento do salário mínimo nacional fixou o seu valor em 385,90 euros, mais 11,20 eu-ros do que em 2005. Com apenas um acréscimo de 1,5 por cento, José Só-crates supera em sete vezes o aumento do SMN e vê o seu vencimento crescer 79,31 euros.

Mas também crescem mensalmente em 31,72 euros as despesas de represen-tação, que ascendem a 2.146,63 euros por mês, no corrente ano. Um suple-mento que nenhum trabalhador aufere

e que se inclui no conjunto de mordomias que não sofre o desgaste da contenção das despesas. FP

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reestruturação Da aDMinistração púbLica

prace só serVe para VaLiDar supranuMerários e priVatizações

as conclusões a que vier a chegar o designado Programa de Reestru-turação da Administração Central (PRACE) não terão grandes efeitos

práticos nas mudanças que o Governo de José Sócrates pretende implementar na Ad-ministração Pública. A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública sabe que este programa tem como principal objectivo validar as reformas que o executivo já tem planeadas e que passam pela redução do número de trabalhadores e pela privatização de serviços públicos.

As mudanças pretendidas na Administra-ção Pública estão definidas há algum tempo e o PRACE vai apenas sistematizar um conjunto de conclusões que vão ao encontro das pretensões do Governo.

A Federação defende que a reforma na Administração Pública é necessária. Mas discorda da forma como ela está a ser planeada e elaborada, uma vez que todo o processo de reestruturação assenta na redu-ção dos recursos humanos e na diminuição do papel do Estado na prestação de serviços sociais. Uma lógica que não é correcta, nem justa para com os trabalhadores e os portu-gueses em geral.

Considera a Federação inaceitável que os sindicatos tenham sido afastados deste processo e alega que poderiam contribuir para a elaboração de um diagnóstico da situação e para ajudar a encontrar soluções que não pusessem em causa os direitos dos trabalhadores e a qualidade dos serviços prestados às populações.

O Programa de Estabilidade e Cresci-mento 2005-2009 anuncia muitas das mu-danças que o Governo pretende implementar na Administração Central nos próximos três anos. O documento, apresentado à Comis-são Europeia em Junho do ano passado, refere que o aumento das despesas com pessoal em Portugal resulta da conjugação «do crescimento do número de serviços públicos e das suas estruturas internas», do «crescimento elevado do número de funcionários públicos» e dos «crescimentos anuais da remuneração média muito acima da variação da actualização das tabelas dos vencimentos».

Premissas que não têm por base a sus-tentação de um Estado em que os direitos sociais não poderão ser postos em causa.

O corte nas despesas, considerando a sua origem, tem como objectivo pôr definiti-vamente em causa as funções sociais do Estado.

O documento salienta que o Governo fixou como objectivo uma redução, a lon-go da actual legislatura, de dez por cento dos consumos intermédios do conjunto da Administração Central. Em Portugal as despesas com este sector representam 15 por cento do produto interno bruto (PIB), enquanto que nos restantes Estados-mem-bros da União Europeia representam 12 por cento. A racionalização dos recursos financeiros e a sua boa utilização deve ser uma prática dos governos, que não tem sido seguida. Mas reduzir retirando direitos aos trabalhadores e pondo em causa os serviços prestados é de todo recusável.

A modernização da Administração Pú-blica faz-se com investimento em recursos humanos, associada à introdução de nova tecnologias. E concretiza-se com o envol-vimento dos trabalhadores, motivados com melhores condições de trabalho e de vida.

Esta “reforma” não aponta neste sentido.

TriNTa MiL Na boLSa De SuPraNuMerárioS

Sem recenseamento do número de funcionários e agentes da Administração Pública actualizado (os últimos dados fi-dedignos são de 1999), diversos membros do Governo, na sua “cruzada reformadora” avançam com quotas para os supranume-rários, não se sabendo ao certo se resultam da existência de trabalhadores a mais ou da indisfarçável vontade de diminuir o número de trabalhadores na Administração Pública, custe o que custar. O PRACE não tem por primeiro objectivo determinar o número de funcionários públicos que deverão ser dis-pensados, mas o Governo alega que serão 75 mil. Cerca de 45 mil seriam encaminhados para a reforma e 30 mil para a Bolsa de Supranumerários.

No Programa de Estabilidade e Cres-cimento 2005-2009 é reconhecida a im-portância desta bolsa na reforma da gestão dos recursos humanos e por isso o Governo prepara a alteração do decreto-lei 193/2002, no sentido da restrição de direitos na condi-

conselho europeu reuniu-se em 2000, em Lisboa. sob a presidência portuguesa, foi aí defi-nida a estratégia de Lisboa.

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ção de supranumerário em inactividade. O Ministro das Finanças falou já em redução do valor da remuneração, maior mobilidade geográfica e mesmo, desvinculação por mútuo acordo.

O ministro de Estado e da Administra-ção Interna, António Costa, afirmou numa entrevista ao «Jornal de Negócios», de 6 de Fevereiro deste ano, que o Governo já tem «identificadas as zonas do Estado em que há excesso e onde há carência de pessoal». Deu como exemplo a PSP e a GNR, «onde existem cinco mil postos de trabalho que deveriam ser ocupados por funcionários civis e estão a sê-lo por agentes da polícia ou militares da GNR».

O jornal «Diário Económico», na sua edição de 16 de Janeiro de 2006, divulgou que as alterações orgânicas que estavam a ser preparadas no Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, deverão conduzir à saída de mais de dois mil funcionários. O jornal refere ainda que parte destes funcionários deverão engrossar a Bolsa de Supranumerários.

Mas, nos diversos serviços do MADRP, a percepção que se tem é outra. Há falta de pessoal em diversas áreas e em vários grupos profissionais, o que condiciona a concretiza-ção das atribuições dos organismos.

Nos últimos meses, a divulgação de informação sobre a reestruturação da Admi-nistração Pública tem sido uma constante, quer ao nível da redução de pessoal, quer de serviços ou organismos. Inicialmente, o Governo pretendia manter sigilo sobre a

evolução do PRACE até à apresentação das conclusões finais. Mas esta fuga de infor-mação e a sua divulgação avulsa podem ter origem no próprio Governo, para criar várias expectativas nas pessoas e exercer pressão sobre a opinião pública para a necessidade de aplicar a reestruturação pretendida. É uma forma de condicionar os funcionários públicos a tomar uma atitude e a aceitar pacificamente as pretensões do executivo de José Sócrates.

O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, anunciou em Janeiro passado que «várias dezenas de organismos podem vir a ser extintos» na reorganização da Administração Central. Reconheceu ainda que «há Ministérios mais

complexos que outros», entre eles, o da Educação, Administração Interna, Defesa Nacional e Ambiente, Ordenamento do Ter-ritório e Desenvolvimento Regional.

aTraSo No caLeNDário

O Governo anunciou recentemente que as principais mudanças na Administração Pública seriam conhecidas no final deste mês. Porém, a calendarização prevista no PRACE está atrasada e os prazos inicialmente previstos não serão cumpridos.

O programa determina que os grupos de trabalho encarregados de analisar cada um dos Ministérios deveriam terminar a segunda

Parcerias só no papel

A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública considera que a vinda a Portugal de Bill Gates «não passou de um espectáculo para promover o Plano Tecno-lógico do Governo» e a empresa multinacional, havendo muito poucas probabilidades de o acordo celebrado vir a ser executado.

As parcerias que o Governo de José Sócrates celebrou com a Microsoft, para formar um milhão de portugueses até 2010 dificilmente sairão do papel, já que as restrições orçamentais para o investimento da parte portuguesa acabarão por restringir a sua con-cretização, mormente na parte referente à Administração Pública.

A formação prevista para Portugal faz parte de um programa mais vasto desenvolvido para toda a União Europeia e que poderá abranger cerca de 20 milhões de pessoas com o objectivo de dar formação em literacia digital. É um investimento de 60 milhões de euros que vai permitir à Microsoft fortalecer o monopólio das tecnologias de informação na Europa e em Portugal, contrapondo assim aos softwares livres, cuja implantação na Europa tem vindo a aumentar.

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fase até ao dia 24 de Fevereiro. A primeira fase ficou concluída no princípio deste ano com o estudo e análise da macro-estrutura de cada um dos 16 Ministérios.

A segunda etapa tem por objectivo estabe-lecer as linhas fundamentais da organização formal interna de cada estrutura do Ministério (micro-estrutura), tendo em consideração, que caso a estrutura se mantenha, quais são as suas atribuições e alterações a operar e, caso a estrutura seja nova, quais são as atribuições e linhas fundamentais na sua organização formal.

O relatório desta fase ainda não foi avaliado pelos ministros e «não deve estar concluída antes do final deste mês dada a sua complexidade». Estava prevista que a terceira e última fase do PRACE estivesse concluída até ao dia 20 deste mês e tem como objectivo avaliar o número e tipo de recursos humanos necessários à prossecução de atribuições e competências em cada estrutura. FP

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feDeração exige reunião coM Ministério Da Justiça

goVerno Quer extinguir prisões e eQuipas De reinserçãoo Governo de José Só-

crates vai encerrar 23 estabelecimentos prisionais regionais,

quatro centros educativos e vai extinguir 40 equipas do Instituto de Reinserção Social (IRS) em todo o país, pondo em causa cerca de 2500 postos de trabalho. A Federação Nacional dos Sindi-catos da Função Pública acusa o Governo de estar a «atirar para a mão de interesses privados mais serviços públicos essenciais» e de «prestar um pior serviço público aos cidadãos».

A estrutura sindical exige ao Ministério da Justiça a mar-cação de uma reunião solicitada em Maio do ano passado para debater os problemas do Minis-tério. A Federação denunciou no passado dia 7 deste mês, em conferência de imprensa, as intenções do executivo.

A reestruturação que o governo pretende concretizar prevê o encerramento dos es-tabelecimentos prisionais de Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Caldas da Rainha, Chaves, Coimbra, Elvas, Évora, Felgueiras, Funchal, Guimarães, Lamego, Monção, Montijo, Odemira, Olhão, Portimão, S. Pedro do Sul, Silves, Torres Novas, Viana do Castelo e Vila Real.

A maioria destes estabelecimentos (15) tem taxas de ocupação de mais de 100 por cento, cinco de mais de 70 por cento e so-mente dois têm taxas de ocupação inferio-res a 50 por cento. Estes estabelecimentos empregam cerca de 230 trabalhadores civis e 1.250 guardas prisionais.

Os centros educativos do IRS de São Fiel (Castelo Branco), Vila Fernando (El-vas), Mondego (Guarda) e São José (Viseu) também vão encerrar as portas. As suas taxas de ocupação variam entre os 82 e os 92 por cento. De acordo com a Federação, o ministério pretende que esta actividade

passe a ser exclusivamente prestada por entidades privadas, pondo em causa mais de 220 postos de trabalho.

A reestruturação também passa pela extinção de equipas de reinserção social do IRS em várias partes do país e que têm como objectivo a integração social dos reclusos e a identificação das causas de exclusão. As equipas funcionam junto dos tribunais de família, de menores e de tribunais de comarca.

Vão ser extintas as equipas da Amadora, Aveiro, Caldas da Rainha, Caxias, Coimbra, Funchal, Leiria, Lisboa, Paços de Ferreira, Parede, Ponta Delgada, Porto, Queluz, Santa Cruz do Bispo, São Mamede Infesta, Setúbal e Sintra. Neste processo são postos em causa cerca de 400 postos de trabalho.

A Federação salienta ainda que a in-tegração nos quadros da Direcção-Geral dos Registos e Notariados (DGRN) dos trabalhadores dos balcões desta direcção nas lojas do cidadão continua por fazer. «Estão em causa mais de 200 trabalhadores que prestam um serviço público de qualidade

em situação precária de emprego desde o início das suas funções há cer-ca de nove anos».

O mesmo se passa em relação aos traba-lhadores da Direcção de Serviços de Identi-ficação Civil (DSIC)/D G R N q u e n u n c a foram integrados na carreira dos registos e do notariado apesar de existir um acordo com o Governo de António Guterres nesse sentido. O acordo resulta de um parecer arbitral feito por José Miguel Jú-dice, que reconheceu que estes trabalhado-res executam funções

de natureza registal. Os governos do PSD-CDS/PP «não

honraram este compromisso» e o execu-tivo de José Sócrates também ainda não o fez. Mas «está a por em causa o seu cum-primento efectivo e cabal, uma vez que dão como certa a extinção do DSIC».

A denúncia das intenções do Gover-no, feita em conferência de imprensa levou o Secretário de Estado da Justiça a desmentir o indesmentível e com um evidente mau estar emitiu uma nota onde procurou negar a intenção de encerrar a DSIC, diversos estabelecimentos pri-sionais e equipas do IRS. Esqueceu-se que a informação sobre a DSIC, foi ele próprio que a transmitiu à Federação, em 14 de Fevereiro, tal como o fez anterior-mente aos trabalhadores deste serviço em Coimbra.

Refira-se que já após a divulgação da nota do Ministério da Justiça, o mesmo Secretário de Estado proferiu declarações à Rádio Renascença, confirmando as intenções do Governo. FP

Dirigentes sindicais denunciam.

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os trabalhadores da Administração Pública e os sindicalistas devem dar mais importância à segurança, higiene e saúde no trabalho (SHST)

para que a prevenção de riscos profissionais e combate à sinistralidade seja uma reali-dade. Nos últimos anos «produziu-se muita legislação sobre esta matéria, mas de muito pouca aplicação prática», sustenta Manuel Ramos, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.

O envolvimento dos trabalhadores e a eleição dos seus representantes neste domí-nio «é fundamental para que a matéria seja discutida e aplicada nos locais de trabalho». Nos serviços da Administração Pública indirecta existem apenas representantes de trabalhadores nos institutos Ricardo Jorge, de Medicina Tropical, Nacional de Engenha-ria, Tecnologia e Inovação e de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Mas só no IEFP «é que o mandato de três anos está actualizado».

Nos restantes institutos, os mandatos «já terminaram e os serviços não nomearam novos representantes. Nem a Inspecção-Geral do Trabalho, nem o Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, entidades responsáveis pela fiscalização, têm representantes eleitos».

Uma situação, que na opinião de Manuel Ramos, demonstra que a Administração Pú-blica «não está a dar conta do recado» e que «a aplicação da legislação foi mal conduzida desde o início pelas entidades patronais».

Portugal ratificou a Convenção 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a segurança e saúde dos tra-balhadores em 1981. Dez anos mais tarde é transcrita para o direito nacional a directiva comunitária 89/391/CEE sobre esta matéria e aprovado o decreto-lei 441/91, de 14 de Novembro. Em 1996, a Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública e o Governo celebraram um acordo que levou a uma primeira aplicação da Lei-quadro da SHST à Administração Pública com a publicação do decreto-lei 191/95, que acabou por ser revogado por não ter atingido a efectiva concretização.

Este acordo teve ainda como conse-quência a aprovação do decreto-lei 488/99 (que actualiza o decreto-lei 191/95) e que

também prevê a eleição dos representantes dos trabalhadores pela entidade patronal e a constituição de comissões de segurança e saúde no trabalho.

Na altura, a Frente Comum dos Sindi-catos da Função Pública concordou com a publicação actualizada da legislação sobre insalubridade, penosidade e risco para atribuição de subsídio, mas «discordou da condução do processo eleitoral dos representantes dos trabalhadores pelos serviços, temendo que o processo não chegasse a bom porto. O que se acabou por concretizar», diz Manuel Ramos.

Em 2001, celebrou-se um novo acordo,

no âmbito do Conselho Econó-mico e Social, com o objectivo de «orientar para a adopção de medidas concretas para a pre-venção dos riscos profissionais e combate à sinistralidade e para a melhoria dos serviços de SHST». Contudo, «não houve grandes avanços».

No mesmo ano, o Governo de António Guterres elabora o Programa de Acção 2001/2002 sobre esta matéria, «mas que também nunca saiu do papel». Manuel Ramos defende que este programa, apesar de ter cinco anos, pode ser posto em práti-ca «depois de actualizado e devidamente acompanhado. Não é necessário produzir mais legislação porque a que existe é suficiente». Desde a rectificação da Con-venção 155 da OIT que «já se passaram 25 anos. O mais importante é envolver os trabalhadores, os sindicatos e as entidades patronais neste processo». FP

Pensões por sangue

A Caixa Geral de Aposentações atribuiu, entre 1997 e 2004, 1.130 novas pensões de preço de sangue. Dados que contribuem para indicar o número de mortes por acidentes em serviço na Administração Pública.

De acordo com as estatísticas da Caixa Geral de Aposentações, em 1997 foram atribuídas 136 novas pensões. As atribuições diminuíram nos três anos seguintes, mas voltaram a aumentar em 2001 com 154 novas pensões. Em 2002 registou-se uma re-dução (115), mas no ano seguinte voltaram a aumentar com 153 atribuições e em 2004 este valor subiu para 206.

Num período de cinco anos (entre 1995 e 1999) foram atribuídas 1.363 pensões de reforma extraordinária por acidentes ocorridos em serviço. Segundo dados da Di-recção-Geral da Administração Pública estes acidentes provocaram 62 mortes e 1.301 incapacitados e um encargo financeiro directo superior a dez milhões de euros. Os dados não revelam as causas da morte, nem se a incapacidade resulta de doença ou de um acidente de trabalho.

Em 1995 foram atribuídas 16 pensões por morte e 306 por incapacidade. Apesar de se terem registado oscilações, o número de pensões atribuídas ao longo dos cinco anos di-minuiu. Em 1999, foram concedidas oito reformas por morte e 273 por incapacidade.

LegisLação sobre segurança, higiene e saúDe no trabaLho

feDeração Quer Maior enVoLViMento Dos trabaLhaDores

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não basta fixar Quotas

a Luta peLa iguaLDaDe é De MuLheres e hoMens a luta pela igualdade é de mulheres e homens. assim dito, parece uma evidência. A dificuldade reside em dar-lhe conteú-do prático. graciete cruz, da comissão executiva e do secretariado do con-selho nacional da cgtp-in e coordenadora da co-missão para a igualdade entre Mulheres e homens da central sindical, opina que a solução reside na metodologia adoptada, que, até há pouco tempo, não tem consistido em associar também ho-mens, designadamente com poder de decisão e influência, a esta direc-ção de trabalho.

a capacidade já hoje alcançada — que é a de «mexer com a realidade», nas palavras da sindicalista — re-sulta de um trabalho que tem sido

desenvolvido de forma mais consequente desde 1991. Na Conferência sobre a Igual-dade entre Mulheres e Homens, realizada em Abril do ano passado, foi adoptado um plano de acção que Graciete Cruz considera pioneiro.

A análise que fazem emerge da vida e as medidas que preconizam visam a sua transformação. No último congresso da central sindical, foi definida uma comissão para a igualdade em que estivessem repre-sentados mulheres e homens, «ambos com responsabilidades e com poder de mudar as coisas».

Opina que não basta fixar quotas para alcançar a igualdade. A participação das mulheres «está muito aquém do que seria esperado numa democracia». Todavia, não

desliga essa questão do direito ao trabalho e do trabalho com direitos. Questiona: «Não vejo como é que estas mulheres com salários baixíssimos, que não têm com quem deixar os filhos, podem participar?» A situação exige «medidas integradas».

Reconhece que no plano sindical tam-bém há atrasos nesta matéria. E embora a situação evolua de forma lenta, a realidade não é igual em todo o lado. Houve progres-são nos primeiros anos da CGTP, a que se seguiram refluxos, inevitavelmente ligados a recuos do próprio processo revolucioná-rio e aos ataques desferidos por sucessivos governos a importantes direitos e garantias de quem trabalha. Mas, na conferência de 2005, que produziu estudos neste domínio com base em dados de 161 sindicatos de 25 sectores de actividade, registaram-se progressos.

Nos três últimos mandatos, entre 1990 e 2004, a eleição de mulheres para os órgãos de direcção central dos sindicatos corres-pondeu a uma taxa de 26,3 por cento no antepenúltimo mandato, a 27,5 por cento no penúltimo e a 29,1 por cento no último. Mas há sectores de actividade que apresen-tam taxas de participação superiores, desde logo na Administração Pública (35,5%), Cultura (35,7%), Saúde (38,5%), Hotelaria (45,3%), Comércio (46,4%), Têxtil (49,4%), e Ensino (62,3%). Quanto aos órgãos de

direcção das federações, a representação das mulheres na Função Pública tem uma taxa de 40 por cento.

«Temos vindo a fazer caminho e, em par-ticular a partir dos anos 90, a trabalhar mais consequentemente, com melhores resultados em termos globais». Graciete Cruz alude aos projectos para a igualdade de género - inseridos nos programas comunitários Now e Equal - que a CGTP tem conduzido, desde 1991, em parceria com organizações e instituições nacionais e estrangeiras. Evidenciando um fio condutor que se foi tecendo à medida que o domínio da reali-dade se ia aprofundando, os projectos, no início centrados na formação (em particular de “agentes para a igualdade”), rapidamente evoluíram para a negociação de protocolos de acções positivas, visando a construção da igualdade no mundo do trabalho.

Essa «componente fundamental de estudo dos locais de trabalho e de apresen-tação de acções positivas» contribuiu para verdadeiras mudanças. Numa transnacional do ramo automóvel, por força das nego-ciações, passaram a admitir mulheres na pintura. Outras acções positivas resultaram na igualdade de retribuição entre homens e mulheres que trabalham em bares de um casino ou na admissão de cantoneiras de limpeza na Câmara Municipal de Lisboa. Graciete Cruz salienta que as «mulheres

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participam mais facilmente nos locais de trabalho», por razões inerentes à esfera pessoal e que resultam de não terem com quem partilhar tarefas.

A Comissão para a Igualdade não aponta para quotas, mas procura que ao nível de cada estrutura sindical haja uma representa-ção feminina correspondente à mão-de-obra do respectivo sector. «Procura que, à medida que são integradas, lhes sejam atribuídas responsabilidades».

Graciete Cruz salienta que uma das áreas de formação sindical é a que tem que ver com participação das mulheres na gestão dos sindicatos. Através da estrutura para a igualdade, procuram acompanhar os proces-sos eleitorais dos sindicatos e desencadear acções positivas que aumentem a represen-tação feminina.

reTroceSSoS

O Código de Trabalho implicou retro-cessos, em matéria de igualdade, designa-damente quanto à discriminação nas remu-nerações. «Houve retrocessos em relação

a conceitos e fragilização de garantias, A legislação anterior tinha um conceito de re-muneração mais amplo», afirma a dirigente sindical. E embora, no que se refere à pro-tecção da maternidade e paternidade, «haja situações em que se registou um reforço», também há retrocessos.

Os pais que gozaram licença por paterni-dade em substituição da licença por mater-nidade (ainda que parcialmente) passaram a estar isentos de trabalho suplementar até aos 12 meses de idade da criança, «direito que estava reservado às mulheres e que foi estendido». Mas houve retrocesso, nomea-damente quanto à protecção da segurança no emprego para as mulheres grávidas. Em caso de despedimento ilícito, a trabalhadora «tinha direito a indemnização em dobro, em alternativa à reintegração. Mas acabaram com isso».

Embora num plano mais vasto, a ameaça de caducidade das convenções colectivas de trabalho afecte os direitos consagrados, os quais não foram fáceis de alcançar.

Também em termos gerais, há avanços na participação das mulheres na actividade profissional e evolução nos seus níveis de escolaridade, enquanto se verificam retro-cessos, designadamente no que se refere ao exercício de direitos. «Em Portugal há um baixo grau de efectivação e aplicação dos direitos».

Além dos já mencionados, há retrocessos no quadro do emprego e da sua qualidade, na perda e fragilização de vínculos contratuais

nas faLtas para a assistência

Dgap Dá razão à feDeraçãoA Direcção-Geral da Administração Pública (DGAP) emitiu uma orientação técnica,

no passado dia 24 de Fevereiro, sobre os efeitos remuneratórios das faltas para assistência a membros do agregado familiar, a qual reconhece o entendimento que sobre a matéria foi expendido pela Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.

A orientação técnica nº1/DGAP/2006 conclui que «às faltas para assistência a membros do agregado familiar deve ser aplicado, por analogia, o nº2 do artigo 29º do decreto-lei nº 100/99, daí resultando que as mesmas determinam a perda do vencimento de exercício», isto é, determinam a perda de um sexto do vencimento.

Em relação ao subsídio de refeição, de acordo com a DGAP, «haverá lugar à sua perda, nos termos do disposto no nº5 do decreto-lei nº 100/99». A direcção-geral deu ainda instruções aos serviços para que procedam «à rectificação dos efeitos decorrentes da posição assumida anteriormente, no que concerne à contagem do tempo de serviço para efeitos de aposentação e ao abono das remunerações que hajam sido indevidamente descontadas».

A posição da DGAP reconhece a justeza da posição que a Federação assumiu sobre esta matéria e que há já alguns meses transmitiu ao Governo. O Código de Trabalho, Lei nº 99/2003, de 27 de Agosto, regulamentado pela Lei nº 35/2004, de 29 de Julho, revogou a lei de protecção da maternidade e paternidade, Lei nº 4/84, de 5 de Abril, e todos os diplomas subsequentes, nomeadamente o decreto-lei nº 70/2000, de 4 de Maio.

As faltas para assistência a filhos, adoptados ou enteados menores de 10 anos, ou com deficiência ou doença crónica passaram então a constar do Código do Trabalho e da sua regulamentação. Por outro lado, as faltas para assistência a membros do agre-gado familiar, onde se incluem o cônjuge, parente ou afim na linha recta ascendente ou no 2º grau da linha colateral, apenas se encontravam previstas na regulamentação do Código de Trabalho.

O regime do Código do Trabalho aplica-se a todos aqueles que prestam trabalho subordinado à administração pública, mas àqueles que detêm a qualidade de funcionários ou agentes só se aplicam as normas definidas nos artigos 5º e 6º. Daí que a Federação tenha defendido que lhes fossem aplicáveis os artigos 33º a 52º do Código de Trabalho, sobre protecção da maternidade e da paternidade, com as consequências que a DGAP veio a acolher.

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gerais

MóDuLo sobre LinguageM A adopção de uma linguagem inclusiva, no plano da igualdade entre mulheres e

homens, constitui uma área onde «há atrasos evidentes». Graciete Cruz salienta que essa foi «uma área que trabalhámos na Conferência sobre Igualdade e vamos inserir na formação um pequeno módulo sobre a linguagem».

Nalguns sectores, designadamente enfermeiros e professores, já realizaram acções de sensibilização dirigidas aos executivos das estruturas. Defendemos que haja «preocupação com a comunicação oral e escrita, explicando a importância de uma linguagem integradora dos dois sexos», que não seja sexista e que não torne as mulheres invisíveis.

Uma outra linha de orientação é dirigida a todas as organizações. «Temos re-comendado que sejam produzidos artigos de opinião, em espaço próprio, sobre as questões da igualdade. A própria Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens começou a editar um boletim sobre a temática».

Graciete Cruz considera que haveria também de estabelecer um compromisso com os órgãos de comunicação social para promover acções positivas e combater a discriminação sexista. E, mesmo no que respeita à publicidade, é necessário actuar e sensibilizar para a igualdade. «Entendemos que esta é uma acção a desenvolver em diversas direcções. Na imprensa e informação sindical como nos órgãos de co-municação social temos um papel a desenvolver».

com o consequente aumento da precariedade, que afecta maio-ritariamente as mulheres. Por outro lado, a dirigente sindical opina que se verificam progres-sos em termos de mentalidade. «Há avanços quanto ao exercí-cio pelos homens, por exemplo, da licença parental. São avanços pontuais, sujeitos a uma forte pressão ideológica».

Nos últimos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, verificou-se com Bagão Félix uma tendência que «aponta-va para o regresso da mulher a casa», como deriva de um contexto de agravamento do desemprego e de uma visão instrumental das mulheres. Mas, naturalmente, associada ao pressuposto de que à mulher cabem especiais responsabili-dades no seio da família, o que «é indutor de retrocessos de mentalidade».

Simultaneamente, Graciete Cruz assinala que, de ano para ano, se verifica um enquadramento comercial das comemorações do 8 de Março, Dia Inter-nacional da Mulher, «procurando esquecer as suas origens». Foi dado ênfase à questão da paridade no poder, ignorando o quadro de desigualdades sociais.

A política do actual Governo de José Sócrates reflecte-se negativamente nos di-reitos dos trabalhadores, sendo as mulheres as primeiras vítimas, mesmo na adminis-

tração pública. Também na função pública «as trabalhadoras com vínculo precário não vêem o seu contrato renovado pelo facto de engravidarem». A estes recuos acresce a desregulação do trabalho e dos horários, que se reflectem negativamente na vida das pessoas, criando obstáculos à conciliação entre trabalho e vida pessoal.

Embora na administração pública não se sinta da mesma forma a desregulação a nível dos horários de trabalho ou não haja de todo a discriminação nas remunerações,

a igualdade não está garantida. «Veja-se ao nível dos altos cargos dirigentes quantas mulheres aí ascendem. Não é por ausência de competência, mas por outros critérios». Graciete Cruz afirma que «também na admi-nistração pública há desigualdade de género, que deve ser acompanhada e eliminada».

Em termos gerais, houve uma redução das diferenças salariais entre mulheres e homens, entre 2000 e 2002, que voltaram a agravar-se entre 2003 e 2004. O agravamen-to da desigualdade é, ainda, evidenciado pela comparação em relação a outros países da União Europeia. Um contexto que afecta em primeiro lugar «as mulheres com situação fragilizada», mas também «as profissionais altamente qualificadas».

A dirigente sindical alude a outros as-pectos desvantajosos para as mulheres por-tuguesas. «São as que mais horas trabalham na União Europeia». Todavia, não encara como solução o trabalho a tempo parcial ou o tele-trabalho. Considera que são formas que agravam a segregação e que implicam «salários parciais, direitos reduzidos e re-formas e prestações sociais diminuídas», tendo também impacto negativo no plano das mentalidades e da partilha equilibrada das responsabilidades familiares.

A solução reside, segundo Graciete Cruz, na «valorização dos salários, em horários que respeitem os interesses das trabalhadoras e dos trabalhadores e as suas necessidades familiares e sociais». Requer a criação de infra-estruturas e serviços de proximidade, aumentando designadamente a oferta de serviço público qualificado. FP

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proposta pronta até ao próxiMo Mês De Maio

goVerno prepara reforMaDos Laboratórioso Governo de José Sócrates está a

preparar a reforma do actual sis-tema de laboratórios do Estado. O Ministério da Ciência, Tecnologia

e Ensino Superior foi incumbido de o fazer por resolução do Conselho de Ministros nº 198/2005, de 28 de Dezembro, que estipula que a reforma deve ser submetida à aprecia-ção do Governo até Maio deste ano e que as propostas aprovadas serão alvo de uma consulta pública.

Actualmente o Estado tem em funcio-namento a Direcção-Geral de Protecção de Culturas, o Instituto Nacional de Inves-tigação Agrária e das Pescas (que integra o IPIMAR), o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (os três sob a tutela do Ministério da Agricultura, do Desenvol-vimento Rural e das Pescas), o Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (ambos sob a tutela do Ministério da Saúde), o Instituto Hidrográfico (sob a tutela do Ministério da Defesa Nacional), o Insti-tuto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação que integra o Instituto Geológico e Mineiro (dependente do Ministério da Economia e Inovação), o Laboratório Na-cional de Engenharia Civil (sob a tutela do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações), o Instituto de Investigação Científica e Tropical, o Instituto de Meteo-rologia e o Instituto Tecnológico e Nuclear (na dependência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior).

A resolução nº198/2005 do Conselho de Ministros determina que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior prepare em articulação com os vários Mi-nistérios que tutelam os laboratórios e em concertação com o ministro do Estado e das Finanças e do ministro do Estado e da Ad-ministração Interna, a proposta de reforma para apreciação do Governo. Esta terá por base as recomendações de um grupo interna-cional de trabalho, presidido por Jean-Pierre Contzen, e que terá um período de duração máxima de três anos.

Mas a proposta, de acordo com a reso-lução, deve incluir decisões que incidam sobre a manutenção, fusão, segmentação ou extinção de cada um dos laboratórios;

definição das missões e do regime jurídico, administrativo e financeiro e mecanismos de avaliação e acompanhamento de criação de emprego científico e técnico e de mobilidade e gestão dos recursos humanos.

Deve incidir também sobre a localização dos laboratórios e conversão ou reafectação do património imobiliário actual; financia-mento do programa de reformas e modelo sustentado de financiamento de cada um dos laboratórios; cooperação e partilha de responsabilidades e recursos e definição de contratos-programa para a execução de políticas públicas.

A resolução determinava ainda que, até ao passado dia 31 de Dezembro de 2005, cada laboratório deveria entregar ao grupo de trabalho um relatório sobre a sua situa-ção actual, especialmente sobre a natureza do seu trabalho, a qualificação técnica e científica dos recursos humanos e a nature-za do seu vínculo à instituição e afectação dos seus recursos económicos, financeiros e patrimoniais.

De acordo com a calendarização esti-pulada pela resolução, o grupo de trabalho deveria visitar os laboratórios do Estado nos primeiros três meses do ano e apresentar durante este mês um relatório preliminar sobre a situação actual dos laboratórios e re-comendações sobre a sua reforma. Em Abril deve apresentar ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior um relatório conclusivo e as recomendações finais.

O Governo justifica esta reforma com a «grande precariedade gerada nos últimos anos», permitida pela perda da autono-mia administrativa e financeira de alguns laboratórios com a aprovação da Lei do Orçamento de Estado para 2003. Indica como consequências directas desta perda a indisponibilidade de receitas próprias ou a sua rentabilização, a impossibilidade de recurso ao crédito e uma menor capacidade de realizar despesas.

Na óptica da Federação, a situação a que chegaram os laboratórios do Estado tem muito mais a ver com a falta de investimento dos sucessivos governos, ao longo de anos, na investigação científica, tornando Portugal dependente, também nesta área, do estran-geiro. Uma situação que se comprova facil-mente pela falta de renovação dos recursos humanos, nomeadamente investigadores, bem como pela ausência de investimento em infra-estruturas e nos sucessivos cortes orçamentais que têm impedido o normal funcionamento dos mesmos.

A reforma que agora se perspectiva, a avaliar pelos princípios básicos de-finidos para a mesma, não resolve os problemas, nem augura nada de bom para os laboratórios. Fusões, mais por razões orçamentais que outra coisa, e externalizações, são o indício da desres-ponsabilização do Estado igualmente na área da investigação científica. FP

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gerais

Mão-De-obra seM Direitos nos Laboratórios e uniVersiDaDes

boLseiros engrossaM trabaLho precárioos cerca de oito mil bolseiros de

investigação científica, que traba-lham nos laboratórios do Estado e nas universidades, estão a exercer

a sua actividade de uma forma precária. Acresce que muitos deles estão a ser utili-zados para desempenhar trabalho efectivo e para responder a dificuldades de pessoal, em condições laborais degradantes, segundo acusa a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.

O Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica (aprovado pela Lei nº40/2004, de 18 de Agosto) determina que as bolsas têm como destino o financiamento de trabalhos de investigação tendentes à obtenção do grau ou diploma de académico pós-graduado, o desenvolvimento de investigação científica, tecnológica, a experimentação ou transfe-rência de tecnologia e de saber e actividades de iniciação ou actualização de formação desenvolvidas no âmbito do estágio não curricular. No entanto, a realidade observada nos últimos anos indica que as funções exer-cidas por muitos bolseiros correspondem à satisfação de necessidades fundamentais e permanentes dos serviços.

Este fenómeno, sustenta a Federação, é «transversal a toda a Administração Pú-blica, a começar no Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior onde foram detectados inúmeros casos de bolseiros, que desempenham as mais variadas funções. Mesmo as que não estão relacionadas com a investigação científica, mas que satisfazem necessidades permanentes dos serviços». A própria Fundação para a Ciência e Tecno-logia, principal entidade a financiar bolsas, acolhe vários bolseiros em condições pre-cárias.

Esta situação é provocada pela falta de efectivos na Administração Pública e pelo congelamento de vagas que, nos últimos anos, tem impedido a admissão de novos tra-balhadores nos 11 laboratórios do Estado.

A reforma da Administração Pública pretendida pelo Governo de José Sócrates, em paralelo com a reforma do sistema ac-tual dos laboratórios do Estado, vai agravar a situação dos bolseiros de investigação, adverte a Federação. Por uma via ou pela outra, há o risco de serem postos em causa

diversos organismos e respectivos postos de trabalho através da fusão, segmentação ou extinção e recurso sistemático às parcerias público-privadas.

A promessa do actual Governo de criar mil lugares adicionais de investigadores «é insuficiente para as necessidades identifi-cadas, quer nas unidades de investigação e desenvolvimento das universidades públi-cas, quer nos laboratórios do Estado». As intenções do executivo «são demagógicas». Acresce que não é contemplada a neces-sidade imperiosa de criação de lugares de técnicos, por forma a não distorcer ainda mais os rácios de técnico/investigador

Esta precariedade ocorre devido à falta de fiscalização nos laboratórios e univer-sidades. Apesar do Estatuto do Bolseiro prever a existência de um painel consultivo composto por três elementos (que já foram nomeados por despacho do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) para verificar irregularidades no seu cumprimen-to e suscitar a intervenção da Inspecção-Geral da Ciência e do Ensino Superior este ainda não foi constituído.

Mas os problemas dos bolseiros não se resumem ao vínculo precário. Os montantes das bolsas, além de terem atrasos frequentes, não são actualizados desde 2002, o que está a provocar uma diminuição progressiva do seu valor real. Uma situação que a Federação diz contrariar a Carta Europeia do Investigador, que recomenda às entidades empregadoras/ financiadoras a garantia de condições justas

e atraentes de financiamento ou salários e de segurança social.

De acordo com o Estatuto de Bolseiro de Investigação Cientifica, este profissio-nais só podem aderir ao regime de Seguro Social Voluntário, o que limita o exercício do direito à Segurança Social.

A protecção na doença regula-se pelo regime dos trabalhadores independentes que lhes confere a atribuição de subsídio de do-ença apenas 30 dias após o início da mesma, quando os trabalhadores por conta de outrem têm direito a este subsídio três após o início da baixa. O estatuto também prevê que te-nham acesso a cuidados de saúde no quadro de protocolos entre a entidade financiadora e as estruturas de saúde. Porém, esta matéria nunca chegou a ser regulamentada. FP

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escoLas só funcionaMcoM trabaLhaDores

sectoriais

as «escolas só funcionam com tra-balhadores não docentes», esta a posição que os delegados sindicais das escolas e jardins de infância da

rede pública foram transmitir ao Ministério da Educação, frente ao qual se concentraram no passado dia 17 de Fevereiro, enquanto os seus representantes entregaram a resolução aprovada em encontro realizado nesse dia, em Lisboa.

Exigem que o Ministério tome medidas no sentido de dotar as escolas e agrupamentos de escolas do pessoal necessário para o seu bom funcionamento. Reivindicam que sejam garantidos «os direitos de todos os trabalha-dores sem recorrer ao contrato a termo resolu-tivo, à contratação à hora, aos POC e a outras formas precárias de contratação que não dão resposta às necessidades existentes».

Com a participação de 250 delegados sindicais, o encontro nacional, que se reuniu no Instituto Franco-Português, em Lisboa, foi dirigido por uma mesa constituída por Artur

Sequeira, Mário Ferreira, Natália Carvalho, Eugénio Rosa e Paulo Trindade. Os trabalhos foram muito participados e contaram com duas dezenas de intervenções, as quais estão reflectidas na resolução. No final desfilaram desde a avenida Luís Bívar até à porta do Ministério da Educação, onde gritaram pa-lavras de ordem, exigindo a negociação das suas condições de trabalho.

Os delegados sindicais não abdicam do

princípio de que o vínculo público é o único que se aplica aos trabalha-dores das escolas da rede pública e, que o espírito legislativo do decre-to-lei nº 515/99 é aquele que mais se adequa às funções de serviço público que exercem. Exigem que a ministra da Educação adopte uma postura dialogante com os trabalha-dores e com quem os representa, a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.

Querem que o Governo pro-mova a abertura de concursos de

acesso para todas as carreiras existentes nas escolas, independentemente do vínculo con-tratual. No encontro, os delegados sindicais aprovaram a proposta de contrato colectivo sectorial, para que seja enviada à tutela, e exigem que, dentro dos prazos e termos previstos na lei, o Ministério responda de forma diligente e se inicie a negociação colectiva. FP

feDeração exige soLuções ao Ministério Da ciência

A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública exige ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior que apresente uma solução o mais rapidamente possível para os falsos bolseiros, para os trabalhadores dos antigos serviços de acção social e para o pessoal não docente dos ins-titutos superiores politécnicos.

A exigência foi feita durante uma reunião entre uma delegação da Federação, compos-ta pelos dirigentes Marly Antunes, António Magalhães, Artur Sequeira e Armando Dias e os chefes de gabinete do ministro Mariano Gago e do Secretário de Estado do Ensino Superior, no passado dia 9 de Fevereiro. A solução para estes problemas «já se arrastam há muito tempo e têm sido sucessivamente protelados pelos governos do PSD e do PS», afirma Marly Antunes.

A questão dos trabalhadores não docen-tes dos institutos superiores politécnicos «é escandalosa. Arrasta-se pelo menos há 15 anos». Estes trabalhadores tem um contrato administrativo de provimento, ou seja, são

agentes do Estado, mas não são abrangidos pela generalidade das leis aplicadas à Ad-ministração Pública no que diz respeito ao trabalho».

A Federação tem alertado e pressionado os governos do PSD e do PS para a urgência de aprovar os quadros de pessoal para estes trabalhadores, no entanto, «os governantes dizem sempre que estão a ser elaborados es-tudos nesse sentido. Trata-se de uma questão política que não tem razão de ser, uma vez que estes trabalhadores estão a ser pagos pelo Orçamento de Estado». A criação dos quadros «não significa aumento de despesas no Orçamento».

Os dirigentes realçaram ainda que o Mi-nistério tem de encontrar uma solução urgente para os trabalhadores dos antigos serviços sociais das universidades que descontavam para a Segurança Social. De acordo com Marly Antunes, «há trabalhadores que já se reformaram e outros que já faleceram sem que o problema tivesse sido resolvido. Outros optaram por fazer um acordo com a Caixa

Geral de Aposentações para a manutenção de um desconto até atingirem todo o tempo necessário para a reforma».

A dirigente sindical classifica a actual situação dos falsos bolseiros também como «escandalosa» porque «estão a ser utilizados para desempenhar trabalho efectivo. São tra-balhadores que não têm quaisquer direitos e são mão-de-obra barata». Afirma ainda que os laboratórios do Estado e outros serviços do Ministério recorrem à figura do bolseiro para «responder às dificuldades que têm de pessoal e chegam ao ponto de inventar projectos para que o Ministério autorize a sua contratação, tal como acontece na pró-pria Fundação para a Ciência e Tecnologia. Apesar desta realidade, o tutelar da pasta tem alegado sempre que desconhece a existência destes falsos bolseiros».

A delegação saiu da reunião «sem respos-tas e prazos concretos. Ainda assim, vamos aguardar mais algum tempo antes de avançar para acções de luta, onde os trabalhadores serão inevitavelmente envolvidos”. FP

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sectoriais

feDeração espera resoLVer iMpasse na próxiMa reunião

contrato De trabaLho Das ipss aguarDa pubLicação a Federação Nacional dos

Sindicatos da Função Pú-blica vai reunir no dia 27 deste mês com represen-

tantes do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e da Confederação Nacional das Insti-tuições de Solidariedade (CNIS), para definir a publicação do con-trato colectivo de trabalho. Apesar do atraso e de alguns entraves levantados pela CNIS, «estamos convencidos que vamos chegar a bom porto», afirma Manuel Ra-mos, dirigente da Federação.

A publicação do contrato «é essencial» para os trabalhadores. As alterações negociadas com a CNIS «devem entrar em vigor o mais rápido possível», para «criar mais incentivos ao desenvolvi-mento de uma maior actividade sindical nos locais de trabalho».

A Federação conseguiu, no princípio deste ano, que a CNIS aceitasse negociar a revisão do contrato colectivo do trabalho dos trabalhadores das IPSS através de um pedido de conciliação ao Mi-nistério do Trabalho e Solidarieda-de Social, que acabou por mediar a conjugação de vontades.

Desde a conclusão do processo, realiza-ram-se duas reuniões para definir as condi-ções de publicação do contrato no Boletim do Trabalho e Emprego. A nova direcção da CNIS (eleita no passado mês de Fevereiro) «alegou que não estava a par da negociação com a Federação». Na próxima reunião «esperamos que o assunto seja resolvido de vez com a definição de uma data para a publicação do contrato».

Mas, caso a CNIS não concorde com o que foi negociado com a direcção anterior, há sempre a possibilidade do contrato colec-tivo de trabalho ser assinado com as uniões distritais das IPSS. Porém, Manuel Ramos diz que este «é um processo mais demorado» e que a Federação «só o vai desencadear em último caso».

O actual contrato colectivo de trabalho é de 2000 e está desactualizado. No ano pas-sado, a Federação iniciou o processo para a

sua actualização com a apresentação de uma proposta à CNIS. Esta, depois de um pedido de conciliação no Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, «respondeu que não tinha condições técnicas e humanas para negociar com a Federação porque estava a fazê-lo com a UGT e com sindicatos afectos à CGTP».

o MeLhor coNTraTo

A posição da CNIS, conjuntamente com a entrada em vigor do Código de Trabalho, «condicionou as negociações». Mas Manuel Ramos é peremptório em afirmar que a Federação «acabou por negociar o melhor contrato colectivo de trabalho para o sector ao conseguir minorar os malefícios do con-trato que a CNIS assinou com a UGT».

Além da actualização salarial, o contrato estipula a fusão de algumas categorias pro-fissionais do sector. Mas a Federação Nacio-

nal dos Sindicatos da Função Pública garantiu também que na adaptabilidade de horário não sejam ultrapassados os quatro meses no ajuste de horário e um máximo de 50 horas de trabalho semanais.

Traduz-se num ganho relativamente ao Código de Trabalho. Embora este estipule que o horário de trabalho é de 40 horas sema-nais, os trabalhadores podem ser obrigados a trabalhar 60 horas e o ajuste de horas entre a entidade patronal e o trabalhador é feito ao fim de seis meses.

Acordou ainda que, salvo em situações previstas, as entidades patronais não de-vem exigir aos trabalhadores mais do que duas horas por dia de trabalho extra sem que seja considerado trabalho suplementar.

No caso do trabalho noc-turno — em que o Código de Trabalho estipula que seja da meia-noite às 8 horas — mantém-se o horário entre as 20 e as 8 horas, enquanto

que no acordo celebrado com a UGT o tra-balho nocturno começa às 22 horas.

A Federação ainda não desistiu, na vi-gência e cessação, que o contrato colectivo de trabalho se mantivesse até ser substituído por outro, mas conseguirá que a validade do novo acordo seja de dois anos. No caso de não haver denúncia deve ser renovado por períodos de dois anos, sendo os salários revistos anualmente. Foi introduzida ainda uma cláusula de reclassificação profissio-nal.

«Foi uma situação que a Federação quis acautelar», diz Manuel Ramos, mas «não creio que as IPSS tenham interesse em não renovar os contratos com os trabalhadores. Este é um sector com características diferen-tes e as entidades necessitam de ter traba-lhadores para manter e cumprir os acordos que têm com o Ministério do Trabalho e da Segurança Social». FP

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guarDas-fLorestais Do ex-cngf

integração na gnr coMeça MaL a integração dos guardas-florestais

do ex-Corpo Nacional da Guarda-Florestal no SEPNA da GNR está começar da pior maneira possível.

Na reunião realizada no passado dia 21 de Fevereiro no MAI, com o Subsecretário de Estado da Administração Interna e com um representante da GNR, foi assumido pelos mesmos que os guardas-florestais iriam trabalhar em brigadas mistas com os mili-tares da GNR e que, por outro lado, nenhum guarda-florestal seria obrigado a deslocar-se mais do que actualmente se desloca para o local de trabalho.

As reuniões de trabalho até agora rea-lizadas, com as chefias locais do SEPNA, em Beja, Coimbra, Faro, Guarda e Viseu, apontam o contrário. As instruções dadas aos guardas-florestais, indicam que não haverá brigadas mistas e estes serão obri-gados a deslocar-se para os destacamentos, por conta própria, onde serão centralizadas as viaturas.

Se a primeira questão era previsível que acontecesse, já que não foram criadas as condições para o encaixe entre as carreiras civil e militar, nomeadamente no que toca à hierarquia, nem a duração de trabalho era compatível, a segunda constitui um sério atentado contra os interesses dos guardas-florestais.

Em primeiro lugar, houve má fé da parte dos representantes do MAI e da GNR ao darem informações que em nada correspon-dem com a realidade. Em segundo lugar, não é admissível que em resultado desta integração na GNR, os guardas-florestais sejam penalizados nos seus rendimentos

mensais, em muitos casos de forma muito significativa.

A apresentação dos guardas-florestais no SEPNA, será feita no dia 1 de Maio, de acordo com as instruções que receberam nas reuniões de trabalho.

Ficam assim sem sentido as informações que foram transmitidas à Federação, no pas-sado dia 21 de Fevereiro, sobre estes dois assunto, sendo certo que à discriminação salarial que se vai verificar, quando militares da GNR e guardas-florestais passarem a exercer as mesmas funções, se juntará esta nova questão sobre as deslocações.

O subsecretário de Estado da Adminis-tração Interna recusa-se a fazer a equiva-lência das carreiras e a equiparação salarial entre os guardas-florestais e os militares da GNR no SEPNA. Argumenta que «uns são civis e os outros militares, esquecendo-se que ambos irão exercer as mesmas funções de policiamento no SEPNA».

Os guardas-florestais vão desempenhar as funções que desempenhavam, a que acres-cem, futuramente, funções que militares do SEPNA já cum-prem no âmbito da protecção da natureza e do ambiente. Além disso, são quem detém habilitações para investigar as causas dos fogos.

Serão ainda os guardas-florestais, nos anos mais pró-ximos a base de sustentação do SEPNA, já que os militares da GNR são transferidos para ou-tros serviços após um período de permanência no SEPNA de três a oito anos.

Subsistem outros aspectos que terão de ser resolvidos a contento dos guardas-florestais, como sejam a autorização para a condução das viaturas e autorização de uso e porte de arma na GNR.

Outras duas questões abordadas na reu-nião, prendem-se com a manutenção em vi-gor do regulamento de horário de trabalho e com a necessidade de abertura de concursos de promoção, para as categorias de mestre e mestre-principal.

Quanto ao exercício dos direitos sin-dicais dos guardas-florestais, após a sua integração na GNR, o representante daquela força de segurança afirmou que não serão levantados quaisquer obstáculos. Os guardas florestais são trabalhadores civis e têm di-reito a exercer actividade sindical nos locais de trabalho, bem como o direito à greve e à negociação colectiva. FP

VigiLantes Da natureza

O regulamento dos uniformes dos Vigi-lantes da Natureza foi, finalmente, publica-do. A portaria nº 211/2006, de 3 de Março, dá assim satisfação a uma das principais reivindicações após a entrada em vigor do decreto-lei nº 470/99, de 6 de Novembro.

A aprovação do regulamento constitui um passo importante na dignificação da imagem dos vigilantes da natureza. No texto final, foi acolhida boa parte das propostas de alteração ao projecto de regulamento apresentado à Federação em Novembro

passado, o que contribuiu para a sua signi-ficativa melhoria. Mas ainda falta definir o equipamento individual a atribuir aos vigilantes da natureza para o cumprimento das suas funções.

Também no passado dia 20 de Fevereiro foi publicada a portaria nº 389/2006 (2ª série) que aprovou o modelo de cartão de identificação dos vigilantes da natureza. Mas falta ainda que o Ministério do Ambiente tome outras medidas com vista à afirmação da sua carreira no âmbito da protecção do ambiente e da natureza.

Visita a bruxeLasUm grupo de dirigentes e delegados

sindicais dos guardas-florestais, englobaram em representação da Federação, uma delega-ção das associações sindicais e profissionais das Forças de Segurança que no passado mês de Dezembro visitou o Parlamento Europeu em Bruxelas, a convite do grupo parlamentar da Esquerda Europeia e dos Verdes Nórdicos.

A representação da Federação, com-posta por Figueiredo Lopes, do Sindicato do Centro, José Lamego, do Sindicato do Sul, e Rui Pinto, do Sindicato do Norte, foi recebida pelos deputados do PCP no Par-lamento Europeu, Ilda Figueiredo e Pedro Guerreiro. FP

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Nº 4 . Março 2006 . FP26

sectoriais

Discussão Do reguLaMento Do iss está atrasaDa e urge concLuirSegue-Se diScuSSão do Acordo colectivo

não existeM trabaLhaDores a Mais no MaDrp Dirigentes e delegados sindicais do Mi-

nistério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP) contestam a tese do Governo e afirmam que não há trabalhadores a mais. Recusam a colocação de milhares deles como supranumerários, quando se constata que existem manifes-tas insuficiências de pessoal em diversos organismos.

Ainda este mês ou no princípio de Abril, os representantes sindicais reúnem-se para procederem a uma nova avaliação ao proces-so de reestruturação do MADRP, culminan-

do num Encontro Nacional de trabalhadores a realizar em meados do ano. Entretanto, a Federação e Sindicatos da Função Pública vão promover reuniões no maior número possível de locais de trabalho.

Reunidos em Lisboa, no passado dia 10 de Fevereiro, dirigentes e delegados sin-dicais concluíram que os trabalhadores do MADRP estão a ser alvo de um ataque aos seus direitos fundamentais, designadamente à estabilidade de emprego e ao direito ao trabalho. Há dados concretos de que o Go-verno pretende extinguir a Direcção Geral

da Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar, as Direcções de Serviços de Fiscalização e Controlo da Qualidade Ali-mentar e respectivas divisões das Direcções Regionais de Agricultura, da Divisão de Alimentação Animal da Direcção Geral de Veterinária.

Este e outros projectos de cariz privatiza-dor estão a ser feitos sem qualquer informa-ção e sem o envolvimento dos trabalhadores, os quais afirmam que a reestruturação em nada beneficia os interesses da maioria dos agricultores do País. FP

a Federação Nacional dos Sindica-tos da Função Pública vai solicitar a intervenção do Ministério do Trabalho e da Solidariedade So-

cial caso o processo de discussão sobre o regulamento interno do Instituto de Segurança Social (ISS) não avance até ao final deste mês. O conselho directivo do ISS adiou uma reunião prevista para o passado dia 21 de Fevereiro e ainda não indicou uma nova data.

A Federação aceitou este processo de discussão «porque o conselho directivo se comprometeu a negociar, depois do regulamento estar pronto, o Acordo de Pessoa Colectiva Pública (APCP)», afirma Alcides Teles, da Federação. O compro-misso ficou registado na acta da reunião do passado dia 7 de Fevereiro, assinada pelos representantes do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, do Ministério das Finanças e Administração Pública, do ISS, da Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho e da Federação Na-cional dos Sindicatos da Função Pública, que pode ser facultado aos trabalhadores associados nos seus Sindicatos.

O APCP resulta de «um trabalho de-senvolvido pela Federação e vai abranger apenas os trabalhadores que estão sindi-calizados nos sindicatos da Federação, de acordo com a legislação».

A estrutura sindical não concorda com elaboração e aplicação do regulamento interno, mas «é a única forma de obter o APCP». Alcides Teles salienta que este documento «está elaborado de forma a

camuflar o direito de opção dos traba-lhadores em relação ao vínculo público e que é estatutariamente obrigatório no ISS». Mas esta faculdade «nunca foi posta à disponibilidade dos trabalhadores por incumprimento da administração do instituto que face à proposta apresentada, estamos certos, ninguém optará porque objectivamente o proposto é redutor de mais».

Com este regulamento, mais do que procurar conceder direitos aos trabalha-dores em regime de c.i.t., o Conselho Directivo está a cumprir uma disposição estatutária.

O regulamento, salienta Alcides Teles, «é um acto unilateral da administração do instituto que pode ser substituído por

outro a qualquer momento sem que seja necessário dar uma justificação a alguém. Trata-se de uma forma de poder arbitrário e autoritário».

Desde a criação do ISS que estava prevista a existência de um regulamento interno, mas nunca chegou a ser elabora-do. Em 2002, a Federação negociou com o conselho directivo um regulamento que nunca foi publicado. Uma situação que «beneficiou bastante a entidade patronal porque pode gerir os recursos humanos da forma que quis e lhe apeteceu dada a ausência de legislação».

Ao longo dos anos, o conselho directivo «foi elaborando orientações técnicas para aplicar aos trabalhadores com base na lei ge-ral» e sempre que surgia um período eleitoral

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Retomar a carreira de fiscalização é inaceitávelO regulamento interno do Instituto de Segurança Social pretende voltar a inserir

nos serviços da Segurança Social a carreira da fiscalização extinta em 2001. A situação, segundo a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, «cria um problema legal e de justiça».

A Federação defende que a solução mais rápida e mais justa passa pelo alargamento do quadro de inspectores e pela abertura de um concurso externo ao nível dos serviços de inspecção. Mas o conselho directivo do ISS procura encontrar outra solução que não atribua o direito à carreira de inspecção, camuflando a situação com a proposta de reposição da carreira de fiscalização.

O trabalho de fiscalização, de acordo com a lei, «só pode ser efectuado por trabalha-dores em regime de emprego público. Neste momento existem 75 inspectores que não têm este regime (têm um contrato individual de trabalho) mas que estão a desempenhar esta função. Só não assinam os autos. Entretanto, não têm direito à carreira, ganham menos 500 euros por mês que os restantes inspectores, não recebem horas extraordiná-rias, pelo menos desde Setembro de 2005, não têm livre-trânsito.

A carreira de inspecção no ex-ISSS, agora ISS-IP é uma conquista dos trabalhadores e o resultado de um processo que culminou no reconhecimento de que o trabalho desen-volvido pelos trabalhadores tinha e tem um nível superior ao da mera fiscalização.

Esse reconhecimento foi dado pelo Decreto Regulamentar nº 22/2001, de 25/12, que regulamentou a aplicação da lei de bases das carreiras de inspecção e teve reflexos do ponto de vista das funções desempenhadas e das condições de trabalho.

É inaceitável, deste modo, reintroduzir o mero conceito de fiscalização, ainda para mais quando são exigidas aos trabalhadores maiores responsabilidades e mais conhecimentos profissionais e numa altura em que o Governo propagandeia resultados alcançados que só o são graças ao esforço dos trabalhadores.

actiViDaDe Dos sinDicatos

os «responsáveis enviavam informação aos trabalhadores a dizer que o assunto estava quase resolvido. Inclusive, um membro do governo publicou um despacho no “Diário da República” a determinar que o Conse-lho Directivo tinha 60 dias para concluir o Regulamento.

Em Julho do ano passado a Federação apresentou uma proposta de APCP ao abrigo do Código de Trabalho ao qual o conselho directivo estava obrigado a responder no prazo de 30 dias, mas não o fez. «Argumen-

tou que tinha o regulamento pronto e que o estava a tentar articular com outros dois institutos da Segurança Social. A Federação teve que recorrer, através da conciliação, à intervenção do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social».

Até ao momento realizaram-se três reu-niões com o conselho directivo para analisar o projecto de regulamento e estava «tudo encaminhado até a reunião prevista para o dia 21 de Fevereiro ser desmarcada».

A responsabilidade desta situação não

pode ser imputada à Federação e esta realça que o Conselho Directivo deve, na próxima reunião deve reconhecer ser o único e ex-clusivo responsável pelos atrasos, porque o fez e lavrar em acta tal facto.

Refira-se que os regulamentos internos, de acordo com o Código do Trabalho, só podem conter matéria de disciplina e organi-zação do trabalho. A Lei nº 23/2004 alargou o leque de matérias às carreiras e salários.

Assim, caso o regulamento interno de autoria do Conselho Directivo do ISS venha a referir outras matérias, só o mesmo será responsável pela sua publicação e pelos efeitos legais que tal vier a ter.

Tudo o que diga respeito à definição das condições de trabalho deve fazer parte de um verdadeiro instrumento de regulamentação colectiva, como é o APCP que, de acordo com o estabelecido será negociado logo após a publicação do regulamento interno e num prazo de seis meses.

O regulamento interno e o APCP só surgem em resultado do trabalho desen-volvido pela Federação em conjunto com os trabalhadores do ISS, ao longo destes meses, ao contrário de outras organizações que procuram chamar a si os louros, sem nada terem contribuído para os resultados alcançados.

A sindicalização e reforço dos Sindicatos da Função Pública permitirá certamente um melhor acordo colectivo que contribua para um futuro com mais direitos e garantias para os trabalhadores do ISS. FP

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actiViDaDes Dos sinDicatos

stfp centro

trinta anos De Luta O Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Centro

completou em 28 de Fevereiro 30 anos de um trabalho abnega-do, fraterno e colectivo, período durante o qual conquistou um «património indesmentível de prestígio, coerência, firmeza e luta constante, de que resulta a confiança dos trabalhadores e o respeito das instituições».

Face à entrega por parte dos governos de funções sociais ao sec-tor privado, o sindicato soube adaptar-se para continuar a representar os trabalhadores, independentemente do seu vínculo contratual. «Continuamos a exercer as mesmas funções e a prestar os mesmos serviços, sejam ou não pagos directamente pelo Estado, incluindo

IPSS/ Misericórdias e ensino particular e cooperativo».

A acção do sindicato continua a ser «esclarecer, organizar e mobilizar». Essa é a constante dos seus planos de trabalho, «procurando trazer para a luta mais e mais trabalhadores».

eM s. João Da MaDeira

reguLaMento interno

O Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Centro está a nego-ciar com a administração do Centro de Formação Profissional da Indústria do Calçado, de S. João da Madeira, o regu-lamento interno do serviço. Contactado pelos delegados sindicais, o sindicato desencadeou uma acção com vista a esclarecer «aspectos que consideramos como eventuais ilegalidades».

Aguardam que a administração do centro lhes faça chegar uma versão final do documento, que contém as matérias já acordadas, para se pronunciarem. O compromisso foi assumido pela administração na reunião realizada no passado dia 16 de Fevereiro.

A negociação foi encetada em 23 de Novembro de 2005. Nessa reunião foram acordadas, designadamente, as matérias que prevêem a aproximação ao regime da Função Pública, no que respeita às faltas justificadas, e ao direito ao mesmo regime de férias apli-cado à Função Pública. Do texto que a administração está a elaborar constam também propostas relativas ao horário de trabalho, avaliação de desempenho, carreiras e chefia. No futuro próximo, o sindicato participará na elaboração de um contrato colectivo para os centros protocolares. FP

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Ministério Da saúDe

7 de Junho de 2005Decreto-Lei nº93/2005:Transforma os hospitais socieda-

des anónimas em entidades públicas empresariais.

9 de Junho de 2005Decreto Regulamentar nº4/2005:Procede à fusão dos Serviços Sociais

do Ministério da Saúde nos Serviços Sociais da Presidência do Conselho de Ministros.

10 de Agosto de 2005Decreto Regulamentar nº7/2005:Cria, em execução do Plano Nacio-

nal de Saúde, o Alto Comissariado da Saúde e extingue a Comissão Nacional de Luta contra a Sida, revogando os nºs2 a 5 do artigo 2º do Decreto-Lei nº257/2001, de 22 de Setembro.

29 de Dezembro de 2005Decreto-Lei nº233/2005:Transforma em entidades públicas

empresariais os hospitais com a natureza de sociedade anónima, o Hospital de Santa Maria e o Hospital de São João e cria o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, E.P.E., o Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E., e o Centro Hospitalar do Nordeste, E.P.E., e aprova os respectivos Estatutos.

16 de Fevereiro de 2006Despacho Normativo nº9/2006:Aprova o Regulamento para Lança-

mento e Implementação das Unidades de Saúde Familiar.

Ministério Da Justiça

9 de Junho de 2005Portaria nº511/2005:Altera a Portaria nº196/2002, de

5 de Março, que regulamenta o seguro de acidentes em serviço do pessoal dirigente e dos funcionários da Polícia Judiciária.

30 de Dezembro de 2005Decreto-Lei nº235/2005:Altera o regime de aposentação e

de disponibilidade do pessoal de inves-tigação criminal e de apoio da Polícia Judiciária.

15 de Fevereiro de 2005Decreto-Lei nº28/2006:Procede à regulamentação do artigo

7º do Decreto-Lei nº177/2000, de 9 de Agosto, prevendo a atribuição de uma compensação mensal de disponibilida-de permanente ao pessoal que exerça funções nos tribunais da relação e nos tribunais centrais administrativos.

Ministério Da aDMinistração interna

16 de Junho de 2005Decreto-Lei nº97/2005:Altera o Decreto-Lei nº49/2003, de

25 de Março, que cria o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil e extin-

gue o Serviço Nacional de Bombeiros e o Serviço Nacional de Protecção Civil.

13 de Julho de 2005Decreto-Lei nº 113/2005:Cria um regime de compensação por

invalidez permanente ou morte aplicável aos membros da Guarda Nacional Repu-blicana, Polícia de Segurança Pública, Polícia Marítima, Serviço de Estran-geiros e Fronteiras, Corpo da Guarda Prisional e o Corpo da Guarda Florestal, revogando o Decreto-Lei nº189/2004, de 17 de Agosto.

3 de Novembro de 2005Decreto-Lei nº 181/2005:Altera o Decreto-Lei nº504/99, de

20 de Novembro, que estabelece o regi-me remuneratório aplicável aos oficiais, sargentos e praças da Guarda Nacional Republicana.

presiDência Do conseLho De Ministros

24 de Junho de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº102/2005:Aprova um conjunto de medidas

para a consolidação das contas públicas e o crescimento económico.

30 de Junho de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº109/2005:Aprova um conjunto integrado de

medidas relativas à gestão da função pública.

Resolução do Conselho de Minis-tros nº110/2005:

Aprova as orientações e medidas ne-cessárias para reforçar a convergência e a equidade entre os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e os da segurança social e a garantir a sustentabilidade dos sistemas de protecção social, bem como medidas tendentes a reforçar a equidade e eficácia do sistema do regime geral da segurança social.

Resolução do Conselho de Minis-tros nº 111/2005:

Incumbe os Ministérios das Finan-ças e do Trabalho e da Solidariedade Social e o ministério pertinente em razão da matéria de conduzir o processo de avaliação dos regimes especiais que consagram, para determinados grupos de subscritores da Caixa Geral de Aposen-tações, desvios às regras do Estatuto da Aposentação, por forma a convergirem com o regime geral.

13 de Julho de 2005Declaração de Rectificação

nº58/2005:De ter sido rectificado o Decreto-Lei

nº93/2005, do Ministério da Saúde, que transforma os hospitais sociedades anó-nimas em entidades públicas empresa-riais, publicado no Diário da República, 1ª série, nº109, de 7 de Junho de 2005.

21 de Julho de 2005

Resolução do Conselho de Minis-tros nº117/2005:

Cria a estrutura de missão «Rede portuguesa de museus», na dependên-cia directa do Instituto Português de Museus.

Resolução do Conselho de Minis-tros nº118/2005:

Extingue o Conselho Consultivo para a Formação das Forças e Serviços de Segurança.

4 de Agosto de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº124/2005:Determina a reestruturação da

administração central do Estado, esta-belecendo os seus objectivos, princípios, programas e metodologia.

10 de Agosto de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº128/2005:Cria uma estrutura de missão de-

nominada «Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar».

17 de Agosto de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº137/2005:Determina a adopção do sistema de

facturação electrónica pelos serviços e organismos da Administração Pública.

18 de Agosto de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº139/2005:Aprova o estatuto remuneratório dos

responsáveis e restantes elementos da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais 2005.

31 de Agosto de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº142/2005:Dispensa do serviço os bombeiros

voluntários que sejam funcionários públicos para colaborar no esforço do combate aos incêndios.

6 de Outubro de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº155/2005:Prevê um conjunto de orientações

no sentido de tornar mais justos e equi-librados os sistemas de remunerações e pensões nas empresas e institutos públicos.

2 de Dezembro de 2005Portaria nº1256/2005:Regulamenta o Programa Está-

gios Profissionais na Administração Pública.

28 de Dezembro de 2005Resolução do Conselho de Minis-

tros nº198/2005:Encarrega o Ministro da Ciência,

Tecnologia e Ensino Superior de, em ar-ticulação com os ministros da tutela e em concertação com o Ministro de Estado e das Finanças e com o Ministro de Estado e da Administração Interna, preparar uma proposta de reforma do sistema actual

dos laboratórios do Estado.

18 de Janeiro de 2006Resolução do Conselho de Minis-

tros nº5/2006:Adopta as Orientações Estratégicas

para a Recuperação das Áreas Ardidas, aprovadas pelo Conselho Nacional de Reflorestação em 30 de Junho de 2005.

26 de Janeiro de 2006Decreto-Lei nº16/2006:Segunda alteração à Lei Orgânica

do XVII Governo Constitucional, apro-vada pelo Decreto-Lei nº79/2005, de 15 de Abril, e alterada pelo Decreto-Lei nº11/2006, de 19 de Janeiro.

15 de Fevereiro de 2006Declaração de Rectificação

nº10/2006:De ter sido rectificado o Decre-

to-Lei nº235/2005, do Ministério da Justiça, que altera o regime de aposen-tação e de disponibilidade do pessoal de investigação criminal e de apoio da Polícia Judiciária, publicado no Diário da República, 1ªsérie, nº250, de 30 de Dezembro de 2005.

Ministério Das finanças e Da aDMinistração púbLica

24 de Junho de 2005Despacho Normativo nº32/2005:Aprova o Regulamento Interno

do Instituto de Investigação Científica Tropical, I.P.

2 de Novembro de 2005Decreto-Lei nº179/2005:Altera os artigos 78º e 79º do

Estatuto da Aposentação, definindo as condições de exercício de funções públicas ou de trabalho remunerado por aposentados, em quaisquer serviços do Estado, pessoas colectivas públicas ou empresas públicas.

7 de Novembro de 2005Decreto-Lei nº194/2005:Fixa as condições de funcionamento

e financiamento da comissão técnica e dos grupos de trabalho previstos no âmbito do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros nº124/2005, de 4 de Agosto.

30 de Dezembro de 2005Decreto-Lei nº234/2005:Procede à terceira alteração do De-

creto-Lei nº118/83, de 25 de Fevereiro, que estabelece o funcionamento e o es-quema de benefícios da Direcção-Geral de Protecção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE).

16 de Fevereiro de 2006Portaria nº132/2006:Fixa os montantes das prestações

por encargos familiares, bem como das prestações que visam a protecção de crianças e jovens com deficiência e ou em situação de dependência. Re-

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Nº 4 . Março 2006 . FP�0

LegisLação

voga a Portaria nº183/2005, de 15 de Fevereiro.

17 de Fevereiro de 2006Decreto-Lei nº33/2006:Cria o cargo de controlador finan-

ceiro de área ministerial.

asseMbLeia Da repúbLica

24 de Junho de 2005Lei nº39/2005:Altera o Código do IVA, aprovado

pelo Decreto-Lei nº394-B/84, de 26 de Dezembro, e legislação complementar, procedendo ao aumento da taxa normal deste imposto.

12 de Agosto de 2005Lei Constitucional nº1/2005:Sétima revisão constitucional.

29 de Agosto de 2005Lei nº43/2005:Determina a não contagem do tempo

de serviço para efeitos de progressão nas carreiras e o congelamento do montante de todos os suplementos remuneratórios de todos os funcionários, agentes e demais servidores do Estado até 31 de Dezembro de 2006.

Lei nº44/2005:Lei das associações de defesa dos

utentes de saúde.

Lei nº45/2005:Primeira alteração à Lei nº13/2003,

de 21 de Maio, que revoga o rendimento mínimo garantido, previsto na Lei nº19-A/96, de 29 de Junho, e cria o rendimento social de inserção.

Lei nº46/2005:Estabelece limites à renovação su-

cessiva de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais.

Lei nº47/2005:Estabelece o regime de gestão limi-

tada dos órgãos das autarquias locais e seus titulares.

30 de Agosto de 2005Lei nº51/2005:Estabelece regras para as nomeações

dos altos cargos dirigentes da Adminis-tração Pública.

31 de Agosto de 2005Lei nº52/2005:Aprova as Grandes Opções do

Plano para 2005-2009.

7 de Outubro de 2005Resolução da Assembleia da Re-

pública nº56/2005:Criação de uma comissão eventual

de acompanhamento e avaliação das medidas para a prevenção, vigilância e combate aos fogos florestais e de reestru-turação do ordenamento florestal.

Resolução da Assembleia da Re-pública nº57/2005:

Recomenda ao Governo que pro-

ceda a medidas urgentes no sentido de aumentar as brigadas de vigilantes flo-restais nas matas e florestas públicas.

10 de Outubro de 2005Lei nº52-A/2005:Altera o regime relativo a pensões

e subvenções dos titulares de cargos políticos e o regime remuneratório dos titulares de cargos executivos de autar-quias locais.

29 de Dezembro de 2005Lei nº58/2005:Aprova a Lei da Água, transpondo

para a ordem jurídica nacional a Directiva nº2000/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro, e estabe-lecendo as bases e o quadro institucional para a gestão sustentável das águas.

Lei nº59/2005:Primeira alteração à Lei nº5/2001,

de 2 de Maio, que considera o tempo de serviço prestado na categoria de auxiliar de educação pelos educadores de infân-cia habilitados com cursos de formação a educadores de infância para efeitos da carreira docente, e ao Decreto-Lei nº180/93, de 12 de Maio, que determina a transição dos auxiliares de educação dos serviços e estabelecimentos do sector da segurança social para a carreira de educador de infância.

30 de Dezembro de 2005Lei nº60-A/2005:Orçamento do Estado para 2006.

região autónoMa Da MaDeira

11 de Julho de 2005Decreto Regulamentar Regional

nº27/2005/M:Aprova a orgânica da Direcção

Regional de Agricultura e Desenvolvi-mento Rural.

3 de Agosto de 2005Decreto Legislativo Regional

nº13/2005/M:Adapta à Região Autónoma da Ma-

deira a Lei nº35/2004, de 29 de Julho, que regulamenta o Código do Trabalho.

Ministério Do trabaLho e Da soLiDarieDaDe sociaL

12 de Julho de 2005Decreto Regulamentar nº5/2005:Cria o Gabinete de Intervenção

Integrada para a Reestruturação Empre-sarial (AGIIRE), bem como os núcleos de intervenção rápida e personalizada responsáveis pela aplicação local da política de emprego.

3 de Agosto de 2005Decreto-Lei nº125/2005:Suspende o regime de flexibilização

da idade de acesso à pensão de reforma por antecipação, constante do nº2 do artigo 23º, do nº2 do artigo 26º e dos nºs1 a 4 do artigo 38º-A do Decreto-Lei nº329/93, de 25 de Setembro, na redacção em vigor, assim como revoga o regime de

antecipação da idade da reforma para os trabalhadores desempregados, previsto no artigo 13º do Decreto-Lei nº84/2003, de 24 de Abril.

26 de Agosto de 2005Decreto-Lei nº146/2005:Altera o Decreto-Lei nº28/2004, de 4

de Fevereiro, que estabelece o novo regi-me jurídico de protecção social na eventu-alidade doença no âmbito do subsistema previdencial de segurança social.

29 de Dezembro de 2005Decreto-Lei nº232/2005:Cria o complemento solidário para

idosos.

30 de Dezembro de 2005D e c r e t o R e g u l a m e n t a r

nº11/2005:Altera o Decreto Regulamentar

nº20/2001, de 23 de Dezembro, que regu-lamenta a estrutura das carreiras do grupo de pessoal de inspecção do quadro de pessoal do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, actual Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, I.P.

30 de Dezembro de 2005Decreto-Lei nº238/2005:Actualiza os valores da retribuição

mínima mensal garantida para 2006.

Ministério Do aMbiente, Do orDenaMento Do território e Do DesenVoLViMento regionaL

13 de Julho de 2005Decreto-Lei nº114/2005:Segunda alteração ao Decreto-Lei

nº104/2003, de 23 de Maio, que extingue as comissões de coordenação regionais e as direcções regionais do ambiente e do ordenamento do território e cria as comis-sões de coordenação e desenvolvimento regional no âmbito do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional.

Ministério Da agricuLtura, Do DesenVoLViMento ruraL e Das pescas

5 de Agosto de 2005Decreto-Lei nº127/2005:Estabelece o regime de criação de

zonas de intervenção florestal (ZIF), bem como os princípios reguladores da sua constituição, funcionamento e extinção.

29 de Dezembro de 2005Decreto-Lei nº231/2005:Extingue a Agência de Controlo das

Ajudas Comunitárias ao Sector do Azeite (ACACSA).

26 de Janeiro de 2006Decreto-Lei nº17/2006:Aprova o regime excepcional de

despesas públicas, até 31 de Dezembro de 2006, para o Programa Nacional de Luta contra o Nemátodo da Madeira do Pinheiro.

Ministério Da ciência, tecnoLogia e ensino superior

17 de Agosto de 2005Decreto-Lei nº141/2005:Atribui um regime especial de au-

tonomia administrativa e financeira aos laboratórios do Estado.

Ministério Dos negócios estrangeiros

18 de Agosto de 2005Despacho Normativo nº42/2005:Determina que todas as unidades

orgânicas do Ministério dos Negócios Estrangeiros se orientarão pelo princípio da gestão por objectivos e estabelece os termos de execução desse sistema.

Ministério Da eDucação

26 de Agosto de 2005Decreto-Lei nº 147/2005:Prorroga, excepcionalmente, pelo

período de três meses os contratos admi-nistrativos de provimento do pessoal não docente do ensino não superior celebra-dos ao abrigo do Decreto-Lei nº344/99, de 26 de Agosto.

12 de Setembro de 2005Decreto Regulamentar n º

10/2005:Adapta o sistema de avaliação de

desempenho da Administração Pública ao pessoal da carreira técnica superior de inspecção da Inspecção-Geral da Educação.

tribunaL constitucionaL

14 de Outubro de 2005Acórdão nº323/2005:Declara, com força obrigatória

geral, a inconstitucionalidade da norma constante do artigo 17º, nº3, do Decreto-Lei nº353-A/89, de 16 de Outubro, na medida em que permite o recebimento de remuneração superior por funcionários que, cumulativamente, detenham menor antiguidade na categoria e na carreira, restringindo a respectiva produção de efeitos.

Ministério Das obras púbLicas, transportes e coMunicações

7 de Novembro de 2005Portaria nº1139/2005:Actualiza os montantes da tabela de

remunerações base e diuturnidades do pessoal técnico de pilotagem.

Ministério Da econoMia e Da inoVação

30 de Dezembro de 2005Decreto-Lei nº237/2005:Cria a Autoridade de Segurança

Alimentar e Económica e extingue a Ins-pecção-Geral das Actividades Económi-cas, a Agência Portuguesa de Segurança Alimentar, I.P., e a Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar FP

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Nº 4 . Março 2006 . FP �1

sinDicato proMoVe passeio cuLturaL

rota Do fresco DiVuLga arte no aLenteJo o Sindicato dos Trabalhadores da

Função Pública do Sul e Açores organiza no próximo dia 6 de Maio uma excursão à «Rota do Fresco

Interconcelhia», com visitas aos concelhos de Cuba, Vidigueira, Portel e Viana do Alentejo. A rota inclui visitas à Igreja Matriz de Cuba, à Igreja de São Luís de Faro do Alentejo, ao Núcleo arqueológico romano e santuário de São Cucufate, à capela de São Brás de Portel, santuário de Nossa Senhora de Aires e a visita a um oleiro.

O Alentejo é um dos centros privilegia-dos da pintura mural portuguesa que durante anos foi considerada uma forma de arte gros-seira. Os concelhos do Alvito, Cuba, Portel, Vidigueira e Viana dos Castelo concentram um conjunto de exemplares romanescos significativo em termos de quantidade e de qualidade desde o século XV até ao início do século XX.

Um património que levou estes cinco conce-lhos a criar a Associação dos Municípios do Alen-tejo Central com o objec-tivo de dinamizar a Rota do Fresco Interconcelhio. Mas há também uma rota específica para cada um destes concelhos.

A iniciativa pretende divulgar o património cultural desta zona do Alentejo, mas também despertar sensibilidades para a importância da preservação da pintura mural e dos próprios edifícios que albergam as pinturas. Procura ainda dinamizar a região com a criação de um novo pro-duto turístico adaptado às exigências do património arquitectónico.

O santuário de S. Cucufate (santo martiri-zado por degolação no século IV), a meio cami-nho entre a Vidigueira e o Alvito, tem um conjunto

variado de pinturas murais, entre elas, uma que representa a Nossa Senhora e o Menino e que data do século XVI.

Na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção (Alvi-to), que data do século XVI, encontra-se um painel que terá sido realizado entre 1481 e 1499 com as representações de Santo André, Santiago Maior e S. Sebastião. Mas neste monumento podem ser vistos ainda 30 falsos cai-xotões pintados na abóboda de berço redondo da capela-mor.

A iniciativa do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores inclui o almoço no restaurante «A encruzilhada», na Vidigueira, e encerra com a visita a uma

olaria em Viana do Alentejo. O preço por pessoa é de 39 euros e, além da viagem e do almoço, inclui a entrada nos monumentos, acompanhamento permanente e interven-ções expositivas a cargo de especialistas. As crianças até aos quatro anos não pagam e dos quatro até aos 11 anos pagam 21 euros. A partida está marcada para as 7 e 30 do dia 6 de Maio, em Sete Rios (porta do Zoo), em Lisboa. FP

rotas Do contrabanDoA Câmara Municipal de Vinhais promove no próximo

dia 30 de Abril a Rota do Contrabando Ibérico que inclui um maratona e meia maratona em BTT. A iniciativa no âmbito da XIII Feira Franca na localidade de Moimenta pretende divulgar uma das principais rotas de contrabando da região do nordeste transmontano.

O percurso iniciar-se-á na aldeia da Moimenta, tendo passagem prevista pelas aldeias de Hermisende (Espanha), Mofreita, Dine, Travanca e Moutouto. O trajecto da mara-tona (60 quilómetros) e da meia-maratona (35 quilómetros) termina na Moimenta.

As inscrições custam dez euros e inclui o almoço e um seguro.

No dia 7 de Maio realiza-se o Percurso Pedestre ao Mon-santo com uma distância de 14,5 quilómetros. A iniciativa promovida pela Junta de Freguesia do Monsanto tem um limite de 80 participantes e as inscrições podem ser efectu-adas até ao dia 1 de Maio.

A Câmara Municipal de Idanha-a-Nova promove no dia 14 do mesmo mês um passeio a pé e de burro na localidade do Ladoeiro, com um percurso de 16 quilómetros.

Para o dia 28 de Maio está prevista a realização da Rota do Contrabando a Pé e a Cavalo na localidade de Penha Garcia. O percurso tem 25 quilómetros e pretende mostrar como é que o contrabando era feito e como é que as pessoas se deslocavam. Quando os percursos eram grandes as dis-tâncias eram vencidas no dorso de um burro.

torneio 1º De Maio A 20ª edição do Torneio 1º de Maio em

natação realiza-se no próximo dia 13 de Maio no Estádio Náutico do Sport Algés e Dafundo. Esta prova é uma iniciativa conjunta do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores e da União dos Sindicatos de Lisboa.

O torneio é uma das provas mais importantes do calendário nacional de natação não federada e deverá reunir cerca de 600 nadadores de todos os escalões etários.

As inscrições são feitas no Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e as informações podem ser solicitadas através do telefone 21 319 33 20. FP

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Decorreu entre 6 e 17 de Março, a Semana de Luta e de Luto, com a realização de plenários e visitas aos locais de

trabalho, distribuição de co-municados à população e afi-xação de faixas alusivas aos problemas dos trabalhadores da Função Pública, em todas as capitais de distrito.

Em todo o País, os Sin-dicatos da Função Pública filiados na Federação promo-veram dezenas de plenários, onde foi discutida a presente ofensiva contra os direitos e interesses dos trabalhadores, assente na alegada reforma da Administração Pública, na alteração do regime de carreiras e na degradação dos salários.

O Sindicato do Norte realizou mais de 40 plenários nos locais de trabalho, nestas duas semanas, enquanto o Sindicato

do Centro promoveu para cima de 90. O Sindicato do Sul e Açores concretizou, também, muitas dezenas de reuniões em

serviços e organismos do seu âmbito.

Esta semana de luta e de luto (simbolizado pela distribuição de 30 mil pequenos laços preto, nos locais de trabalho, para serem usados na lapela ou colados na secretária) serviu, fundamentalmente, para esclarecer os traba-lhadores para as conse-quências das medidas que o Governo pretende levar a cabo e para os mobilizar para as lutas que neces-sariamente terão que ser concretizadas nos próxi-mos tempos. FP

Luta e Luto peLa poLÍtica Do goVerno