Diversidade de Vertebra Dos No Brasil

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Ministrio do Meio Ambiente - MMASecretaria de Biodiversidade e Florestas - SBF Diretoria de Conservao da Biodiversidade - DCBioPrograma Nacional de Diversidade Biolgica - PRONABIOProjeto Estratgia Nacional de Biodiversidade - BRA97G31- MMA/GEF/PNUD

Texto Informativo, no destinado a reproduo sem reviso dos autores

AVALIAO DO ESTADO DO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE BIOLGICA DO BRASIL

COBIO/MMA - GTB/CNPq - NEPAM/UNICAMP

PERFIL DO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE DE VERTEBRADOS DO BRASILRELATRIO FINAL

JOS SABINOMUSEU DE HISTRIA NATURAL DA UNICAMP

PAULO INCIO PRADONEPAM - UNICAMP

2000

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Endereo para correspondncia: NEPAM - Ncleo de Estudos e Pesquisas Ambientais, Universidade Estadual de Campinas, Caixa Postal 6166 Campinas - SP - Brasil CEP 13083-970.

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SUMRIO EXECUTIVOO componente vertebrados do projeto AVALIAO DO ESTADO DO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE BIOLGICA DO BRASIL visou produzir uma caracterizao inicial do conhecimento atual sobre diversidade de vertebrados em nosso pas, diagnosticando riqueza dos txons, capacitao de pessoal, situao de acervos e bibliografia, alm de indicar prioridades para as diferentes reas. Para produzir tal diagnstico, as

informaes foram compiladas por meio de consulta a especialistas de diferentes grupos taxonmicos, dados publicados, e consultas a bases de dados. O estado do conhecimento da diversidade de vertebrados muito varivel dependendo do txon, regio e/ou bioma considerados. De maneira geral, aves e mamferos so melhor conhecidos, e a Mata Atlntica o bioma melhor amostrado. Com o recente aumento da explorao das, e a compilao de informao j disponvel sobre, regies ou biomas mal amostrados (Caatinga, Cerrado, Pantanal, Amaznia), o nmero de espcies de vertebrados do Brasil deve aumentar consideravelmente, especialmente entre peixes sseos, anfbios, e rpteis. De modo similar ao conhecimento da diversidade, a capacitao de taxonomistas tambm varia conforme o grupo. Entretanto, possvel destacar que para todas as reas h bons sistematas, porm em nmero insuficiente. Para a maioria das classes, h especialistas j formados, e no contratados pelas instituies. Os acervos so, em grande parte, acessveis e parcialmente suficientes para o estudo dos diferentes txons. As duas principais colees de vertebrados brasileiros encontram-se no Museu de Zoologia da USP (MZUSP) e Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ). H necessidade urgente de melhoria das colees e documentao, contratao de pesquisadores e tcnicos. A melhoria das colees deveria ser feita com coletas direcionadas a biomas e grupos pouco conhecidos, e intercmbio de material. Alm disso, a publicao de guias e manuais de identificao apontada como prioridade para quase todas as classes de vertebrados brasileiros. Os recursos materiais e humanos para estudos de vertebrados esto fortemente concentrados no sudeste e sul do pas, as regies mais populosas e industrializadas, e pior preservadas. Assim, necessrio o fortalecimento das instituies nas outras regies, bem como a atrao e fixao de especialistas.

3 Finalmente, tanto os especialistas consultados pelo projeto como a literatura especfica destacam que o Brasil apresenta uma enorme diversidade de vertebrados, hoje considerada a maior do mundo. Esta megadiversidade ainda mal conhecida e boa parte dela encontra-se seriamente ameaada por atividades humanas, o que refora a necessidade e urgncia da ampliao do conhecimento deste rico patrimnio natural.

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EXECUTIVE SUMMARYThe goal of this document is to provide a first profile of the current knowledge on vertebrate diversity in Brazil. The main aspects considered were species richness (by class and biomes), collections, specialists, and literature available, and also priorities for the near future. About 50 specialists were asked for information on these issues, and additional data were gathered from publications, data-bases, and the Internet. Knowledge on vertebrate diversity varies widely among classes and biomes. Roughly, there is more and better information about birds and mammals, and the Mata Atlntica is the most sampled biome. The recent sampling and data compilation for poorly-known biomes (Caatinga, Cerrado, Pantanal, Amazon rainforest), should entail a great increase of species richness of vertebrates in Brazil, mainly for bony fishes, amphibians, and reptiles. The number of specialists varies among classes, but, as a general rule, there are good experts in all classes, although not in sufficient number. For most classes, there are trained experts not employed in research institutions. Collections are, in general, accessible and partially adequate for taxonomic research. The two most important institutions, with extensive collections for all classes, are the Museu de Zoologia da USP (MZUSP) and Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ). There is urgent need for improvement of collections, and engagement of researchers and technical personnel. Collections can be improved through sampling of poorly-known biomes and groups, and also through specimen exchange. Additionally, publication of identification resources (guides, keys) was considered urgent for almost all classes of Brazilian vertebrates. Resources and experts for the study of vertebrate diversity are very concentrated in southern and southeastern Brazil, the most populated and industrialized regions, and also the worst preserved. Thus, improvement of institutions and engagement of specialists are urgent needs for the other regions of the country. Both published data and specialists that were consulted during this work emphasize the outstanding diversity of vertebrates in Brazil, which is currently the highest in the world. Such megadiversity is still poorly known, and is extensively endangered by human activities, thus reinforcing the pressing need to broaden the knowledge on this precious natural resource.

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1. INTRODUO

1.1. Delimitao dos grupos tratados

O componente vertebrados do projeto AVALIAO DO ESTADO DO CONHECIMENTO DA DIVERSIDADE BIOLGICA DO BRASIL visa produzir uma caracterizao inicial do conhecimento atual sobre diversidade de vertebrados em nosso pas, traando um perfil bsico da capacitao de pessoal, base bibliogrfica, situao de colees, lacunas de conhecimento e prioridades para os txons. Os vertebrados pertencem ao Filo Chordata (animais que apresentam notocorda, pelo menos nas fases iniciais do seu desenvolvimento) e so, freqentemente, componentes abundantes e conspcuos no mundo natural. Vertebrados so muito diversificados, sendo representados atualmente por cerca de 50.000 espcies viventes (Tabela 1). Podem variar muito de tamanho e peso, desde pequenos peixes que quando adultos pesam apenas 0,1 grama, at baleias pesando cerca de 100.000 quilogramas (Pough et al., 1999). O presente projeto ir considerar os vertebrados em sua organizao taxonmica mais conservadora, que os separa em sete classes:

Agnatha Chondrichthyes Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia Estudos recentes de sistemtica filogentica agrupam os vertebrados em categorias

taxonmicas distintas das sete classes apresentadas acima (veja Pough et al., 1999). Entretanto, como os especialistas ainda se separaram de acordo com os agrupamentos anteriores e especializam-se nos grandes grupos taxonmicos citados, optamos por utilizar as classes mais antigas e conhecidas.

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1.2. Diversidade de vertebrados no BrasilO Brasil tem uma enorme diversidade de espcies nas diferentes classes de vertebrados. Boa parte da ateno conservacionista voltada para o pas se deve riqueza destes grupos, devido principalmente sua familiaridade para o grande pblico, sua conspicuidade e beleza. Sob este ponto de vista, os vertebrados constituem as mais importantes e evidentes criaturas para os seres humanos (uma posio chauvinista, segundo Wilson, 1985), muitas delas sendo usadas como espcies-smbolo em programas de conservao (e.g., mico-leo-dourado, muriqui, ararajuba, charo e ona-pintada). Mittermeier (1988) destaca a empatia do pblico para o que chama de megavertebrados carismticos, considerados o melhor veculo para divulgao e popularizao da questo conservacionista. O Brasil tem alta diversidade para a maioria dos grupos de vertebrados (Tabela 1), sendo considerado o mais rico entre os pases de megadiversidade (Mittermeier et al., 1997). Nosso pas apresenta a maior riqueza de espcies de peixes de gua doce e mamferos do mundo, tem a segunda maior diversidade de anfbios, terceira de aves e quinta de rpteis (Tabela 1). O grau de endemismo dos vertebrados brasileiros tambm um dos maiores do mundo. Para os anfbios, cerca de 60% das espcies registradas para o Brasil no ocorrem em nenhum outro pas (Tabela 1). Para as demais classes, o percentual de espcies endmicas varia entre 37% e 10% (Tabela 1), e, na classificao geral, o Brasil o sexto pas em endemismos de vertebrados (Mittermeier et al., 1997). Alm de sua importncia para conservao e pesquisa bsica, os vertebrados possuem espcies de grande importncia para seres humanos (e.g., fonte de alimento, pragas agroflorestais, espcies peonhentas, ornamentais) e para os ecossistemas (e.g., predadores, polinizadores) (Tabela 2).

7 Tabela 1 - Diversidade de vertebrados (em nmero de espcies descritas) no Brasil e Mundo, percentual de espcies endmicas no Brasil, e posio do pas no ranking mundial de diversidade.

Classe

N spp. Mundo 83 (1) 960 (3) ca. 23.800 (6) 4.222 (9) 6.458 (9) 9.700 (10) 4.650 (11) ca. 49.873

N spp. Brasil 01 (2) 137 marinhos (4) 13 gua doce (5)857 marinhos (7) ca. 1800 gua doce (8)

Endemismo Brasil (%) 23% (5) ca. 10% (8) 57 % (9) 37 % (9) 11 % (9) 25 % (12) -

Agnatha Chondrichthyes Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia TOTAL Fontes

517 (9) 468 (9) 1.677 (10) 524 (12) ca. 5.993

Rank diversidade Brasil (9) 1 2 5 3 1 1

1. Potter, 1995. 2. Mincarone & Soto, 1997; Osvaldo Oyakawa, comunicao pessoal. 3. Stevens & Last, 1995. 4. Lessa et al., 1999. 5. Rosa, 1985 e com. pess., para espcies de raias de gua doce. 6. Weitzman, 1995. 7. Rosa & Menezes, 1996 8. Castro, 1998 (endemismo extrapolado da taxa para o Estado de So Paulo, fornecida por este autor) 9. Mittermeier et al., 1997 10. Silva, 1998 11. Vivo, 1998 12. Fonseca et al., 1996

8 Tabela 2 - Importncia Ecolgica e Econmica das Classes de Vertebrados, segundo informadores e literatura. Chondrichtyes Osteichthyes

Amphibia

Importncia

Espcies raras ou em extino Pesquisa bsica Educao ambiental Mapeamento de reas de manejo Predadores de pragas Fonte de alimento Peonhentas ou venenosas Produtos potencial farmacolgico Indicador de impacto Ecoturismo Ornamentais / animais de estimao Pragas agroflorestais Polinizadores Reservatrios de patgenos humanos

X X X

X X X X X

X X X X X X X X

X X X X X X X

X X X

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X X X

X X X X X X

1.3. Estratgia para aquisio de dadosUma das atividades propostas para diagnosticar o conhecimento atual sobre diversidade de vertebrados em nosso pas foi a consulta a especialistas de diferentes grupos taxonmicos. Inicialmente, isso foi feito por meio do questionrio padro, usado por todos os componentes do projeto (ver apresentao geral do diagnstico). O questionrio foi enviado, por correio, a especialistas de todas as classes de vertebrados, acompanhado de uma carta que explicava os objetivos e solicitava apoio ao projeto. Em alguns casos, fizemos reiterados contatos pessoais ou telefnicos com o

pesquisador. Dos 30 especialistas contatados na fase inicial, 25 responderam que poderiam preencher o questionrio e 2 afirmaram prontamente que no poderiam. Este panorama inicial foi animador. Entretanto, ao longo do projeto, aps vrios contatos pessoais, telefnicos ou por e-mail, a realidade se mostrou mais complexa e adversa. Apenas nove questionrios foram respondidos. Alguns dos informadores explicaram que no responderam por ter passado do prazo solicitado na carta (inicialmente, um ms). A maioria disse que, ao aceitar inicialmente a

Mammalia X X X X X X X X X X X

Reptilia

Aves

9 tarefa, subestimou o tamanho do questionrio e o trabalho correspondente. Acreditamos que o superdimensionamento do formulrio desencorajou diversos participantes. O pequeno nmero de questionrios respondidos no reduz a sua importncia, pois renem um conjunto de informaes inditas e de tima qualidade, tanto em abrangncia, quanto em volume. Para atender aos objetivos propostos para este diagnstico, usamos trs estratgias para obter informaes adicionais: novas consultas a especialistas, busca de dados j publicados (incluindo documentos na Internet) e consultas a bases de dados. Uma nova rodada de consultas foi feita com parte dos especialistas que no responderam aos questionrios, alm de outros que no foram inicialmente contatados. Nesta fase, foram feitas aos informadores apenas as perguntas do questionrio mais necessrias para complementar o diagnstico, preferencialmente por telefone, ou pessoalmente. Devido

abordagem mais direta e ao menor nmero de perguntas, o retorno foi mais satisfatrio. De 30 pessoas contatadas, 26 retornaram as informaes solicitadas. No total, solicitamos dados a 51 especialistas, dos quais 36 responderam (Tabela 3). Para complementar os dados sobre recursos humanos (lista de especialistas representativos, Apndice II), foram consultados os seguintes cadastros de pesquisadores, pela Internet:

Quem Quem em Biodiversidade (BIN-BR) - http://www.binbr.org.br/quem Quem Quem em Mastozoologia - http://www.bdt.org.br/quem-e-quem/mastozoologia/ Sistema Prossiga - CNPq - http://www.prossiga.cnpq.br/

Tambm foram usadas as listas de especialistas do volume de Vertebrados da srie "Biodiversidade do Estado de So Paulo" (Castro, 1998) e a relao de autores de trabalhos de taxonomia de vertebrados publicados entre 1992 e 1998, obtida em pesquisa no Catlogo "Biological Abstracts" em CD-ROM. Dados adicionais sobre colees foram obtidos do documento "Sistema de informao sobre biodiversidade/biotecnologia para o desenvolvimento sustentvel: Colees Zoolgicas do Brasil" (http://www.bdt.org.br/oea/sib/zoocol), de Carlos R. Brando e colaboradores, e atravs de consultas a pginas na Internet de instituies que abrigam colees. Dados de diversidade de vertebrados brasileiros e seu grau de conhecimento esto esparsos na literatura, o que tornou necessria uma compilao de diversas publicaes, impressas e na Internet, alm das informaes fornecidas pelos especialistas. Tais fontes de

10 informao esto sempre indicadas, junto com o respectivo dado. As principais fontes foram os relatrios tcnicos produzidos para a srie de "Workshops" para a definio de reas prioritrias por Biomas Brasileiros, que, como este diagnstico, fazem parte da Estratgia Nacional da Biodiversidade Brasileira. Estes documentos contm os resultados do enorme - e indito - esforo de muitos especialistas para sumariar a diversidade, endemismos e grau de ameaa nos Biomas brasileiros, que resultou em um panorama sem precedentes da biodiversidade brasileira. Para este diagnstico, foram essenciais os documentos j disponveis desses Workshops:

Aes Prioritrias para a Conservao da Biodiversidade do Cerrado e Pantanal (Realizao: Conservation International - Brasil, Fundao Biodiversitas, Universidade de Braslia, Fundao Pr Natureza, FUNATURA) http://www.bdt.org.br/workshop/cerrado/br/ Aes prioritrias para conservao da biodiversidade da Mata Atlntica e Campos Sulinos. (Realizao: Conservation International - Brasil, Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, Fundao Biodiversitas, SOS Mata Atlntica, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, SMA/SP) http://www.bdt.org.br/workshop/mata.atlantica/BR/ Avaliao e identificao de aes prioritrias para a conservao, utilizao sustentvel e repartio dos benefcios da biodiversidade da Amaznia brasileira (Workshop coordenado pelo Instituto Scioambiental) http://www.isa.org.br/bio/index.htm Avaliao e Aes Prioritrias para a Conservao da Biodiversidade da Zona Costeira e Marinha (Realizao: Fundao BIO RIO, Instituto de Desenvolvimento Econmico e Meio Ambiente do RN, Conservation International - Brasil, Bahia Pesca, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, Sociedade Nordestina de Ecologia, Fundao Estadual de Proteo Ambiental Henrique Luiz Roessler) http://www.bdt.org.br/workshop/costa/ Tambm para a avaliao do estado do conhecimento, consultamos os catlogos

bibliogrficos "Biological Abstracts" (BA), e "Zoological Records" (ZR), disponveis em CDROM na Biblioteca do Instituto de Biologia da Unicamp. Na base BA (1992-1998) foi feita a busca de trabalhos de taxonomia ou sistemtica de txons brasileiros. Atravs do campo de endereo institucional, foi possvel obter pas, e estado (caso pas fosse Brasil), que produziu a publicao. O nmero de trabalhos publicados foi usado como um indicador da atividade de pesquisa em taxonomia para cada classe de vertebrado, no pas e no exterior. A base ZR

(1978 - 1995) foi consultada para obter o nmero de espcies descritas no perodo para cada classe de vertebrado, o que foi usado como indicador do grau de conhecimento sobre o grupo,

11 e de atividade de pesquisa. Infelizmente, esta base no fornece o endereo institucional, o que impediu a discriminao da produo por pas e estados. Algumas das estimativas de riqueza de espcies apresentadas no projeto so apenas preliminares, baseando-se em compilaes de diferentes trabalhos, compilaes em andamento ou em informaes de especialistas. O conhecimento precrio da distribuio e taxonomia de muito grupos, somados a divergncias de opinio entre especialistas resulta em avaliaes tentativas. Para vrios grupos de vertebrados brasileiros, as revises taxonmicas so

insuficientes e/ou recentes, criando ou invalidando nomes de espcies com muita freqncia. Espera-se que a disponibilizao das informaes on-line estimule respostas e atualizaes que contribuiam para uma avaliao mais acurada dos diferentes txons de vertebrados brasileiros.

12 Tabela 3 - Lista de especialistas (informadores) contatados para rea de vertebrados, suasinstituies, grupo taxonmico sobre o qual informou, e tipo de informao prestada (Q = questionrio; C = informaes complementares ou parte do questionrio; NR = no respondeu).Nome Instituio Grupo Informao prestada C NR C C C NR Q NR* C C Q Q Q NR Q C NR C NR C C NR NR Q C C C NR C* C C C C C C Q NR C NR C C C C Q Q NR NR NR C C

Gustavo Nunan MNRJ Chondrichthyes Otto Bismarck Gadig UNESP Chondrichthyes Lucia R. Py-Daniel INPA Chondrichthyes, Osteichthyes Ricardo S. Rosa UFPB Chondrichthyes (gua doce) Oscar Shibatta UEL Osteichthyes (gua doce) rica Pellegrini Caramaschi UFRJ Osteichthyes (gua doce) Jansen A.S. Zuanon INPA Osteichthyes (gua doce) Narcio A. Menezes MZUSP Osteichthyes (gua doce) Osvaldo T. Oyakawa MZUSP Osteichthyes (gua doce), Agnatha Ricardo M.C. e Castro FFCLRP-USP Osteichthyes (gua doce) Roberto E. Reis PUC-RS Osteichthyes (gua doce) Eleonora Trajano IB-USP Osteichthyes (caverncolas) Ivan Sazima/Rodrigo L. Moura UNICAMP/MZUSP Osteichthyes (marinhos) Clio F.B. Haddad UNESP Amphibia Jorge Jim UNESP Amphibia Jos Perez Pombal Jr. MNRJ Amphibia Marcelo Gordo FUA Amphibia Maria Lcia M. Alves MCN Amphibia Ulisses Caramaschi MNRJ Amphibia Diva M. B. Nojosa UFC Amphibia, Reptilia Nlson Jorge Silva PUC-GO Amphibia, Reptilia Augusto S. Abe UNESP Reptilia Carlos Frederico da Rocha UERJ Reptilia Carlos Yamashita IBAMA Reptilia Clio Magalhes (curador INPA Reptilia interino) Guarino Colli UnB Reptilia Jlio Csar Moura Leite MHNCI Reptilia Mrcio Martins IB-USP Reptilia Miguel T. Rodrigues MZUSP Reptilia Moema L. de Arajo MCN Reptilia Otvio A.V. Marques I. Butant Reptilia Paulo Buhrhein IMTM Reptilia Paulo R. Manzani UNICAMP Reptilia Ronaldo Fernandes MNRJ Reptilia Jos Maria Cardoso UFPE Aves Luiz P. Gonzaga UFRJ Aves Miguel Marini UFMG Aves Ricardo B. Machado UnB Aves Roberto Cavalcanti UnB Aves Wesley Rodrigues Silva UNICAMP Aves Alberto Alves Campos AQUASIS, UFC Mammalia Alfredo Langguth UFPB Mammalia Emerson M. Vieira UNISINOS Mammalia Emygdio Monteiro Filho UFPR Mammalia Gustavo Fonseca UFMG Mammalia Helena Bergalo UERJ Mammalia Jader Marinho Filho UnB Mammalia Mario de Vivo MZUSP Mammalia Paulo C. Simes-Lopes Lamaq - UFSC Mammalia Srgio Lucena Mendes MBML Mammalia * Comunicou imediatamente a impossibilidade de responder o questionrio

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2. AGNATHA Vertebrados sem maxila; incluem as lamprias e as feiticeiras. No mundo: 81 espcies atuais (Potter, 1995). No Brasil: uma espcie de feiticeira na costa sul do pas (Osvaldo T. comunicao pessoal). Oyakawa,

2.1. Apresentao e caracterizao do grupoOs Agnatha (a = sem; gnathos = maxila) so vertebrados sem mandbula. So peixes alongados, sem escamas, com tegumento mucoso e no possuem tecidos duros internos. Ocorrem nas guas frias, tanto no hemisfrio norte como no sul. Os representantes mais conhecidos so as lamprias (ordem Petromyzontiformes), que no ocorrem no Brasil. As feiticeiras (ordem Myxiniformes) so peixes exclusivamente marinhos. Os Agnatha so importantes para o estudo da evoluo dos vertebrados, pois a ausncia de maxila carter ancestral. Embora lamprias e feiticeiras sejam tradicionalmente reunidas como Agnatha, mais provvel que representem duas linhagens evolutivas independentes (Pough et al., 1999). As lamprias so parasitas de peixes, como os salmes e trutas, e alimentam-se de sangue e tecido muscular de seus hospedeiros. H representantes marinhos e de gua doce, e algumas espcies so migratrias, vivendo no mar e reproduzindo-se em rios e lagos (Potter, 1995). As feiticeiras, em geral, alimentam-se de cadveres ou de pequenos invertebrados bentnicos (Potter, 1995). Ocorrem na plataforma continental e no mar aberto, em

profundidades em torno de 100 metros. Pouco se sabe sobre biologia das feiticeiras no litoral do Brasil (Ivan Sazima, comunicao pessoal). Informaes isoladas sobre sua dieta indicam que tm hbitos necrfagos (Mincarone & Soto, 1997).

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2.2. Importncia Econmica e EcolgicaAlgumas espcies de lamprias so ectoparasitas de peixes e alimentam-se de tecidos e sangue dos hospedeiros. Em algumas regies, como nos grandes lagos da divisa dos EUA com o Canad, o tamanho das populaes de certas espcies de Salmoniformes chegaram a reduzir por causa do parasitismo das lamprias (Storer et al., 1995). O controle das lamprias por meio de pesca seletiva foi adotado na naquela regio (Storer et al., 1995).

2.3. Conhecimento da DiversidadeEm termos de riqueza de espcies, a classe de vertebrados menos numerosa no mundo e no Brasil, com cerca de 80 espcies atuais (Tabela 4). As lamprias ocorrem principalmente nas regies temperadas nos dois hemisfrios (Potter, 1994) e no h espcies registradas no Brasil. Uma espcie de feiticeira, Nemamyxine kreffti, foi registrada no litoral sul do Brasil, mas no est restrita s guas de nosso pas. A amplitude de distribuio das feiticeiras no litoral do Brasil no conhecida (Ivan Sazima, comunicao pessoal), mas, como um grupo de guas frias, possvel que estejam restritas regio sul e, talvez, guas profundas. At o momento, exemplares de Nemamyxine kreffti foram coletadas em cruzeiros ocenicos, incluindo alguns recentes feitos pelo Projeto REVIZEE (Reviso da Zona de Explorao Exclusiva), realizados na costa do sul do Brasil (Osvaldo Oyakawa, comunicao pessoal).

Tabela 4 - Sumrio sistemtico da Classe Agnatha, e sua diversidade.

Ordem Myxiniformes Petromyzontiformes TOTAL

Famlias 01 03 04

Gneros 05 08 13

spp. mundo 43 40 83

spp. Brasil 01 01

Fontes: Potter, 1995; Mincarone & Soto, 1997.

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2.4. ColeesOs exemplares de feiticeiras coletados no Brasil encontram-se depositados no Museu de Zoologia da USP (So Paulo), Museu de Cincias Tecnologia da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (MCP) e no Museu Oceanogrfico do Vale do Itaja, em Itaja, Santa Catarina (Osvaldo Oyakawa, comunicao pessoal). A literatura sobre ocorrncia do grupo no Brasil muito restrita e relata, por exemplo, a ocorrncia de Nemamyxine kreffti no litoral do Rio Grande do Sul, em frente costa do Municpio de Santa Vitria do Palmar (33o00S a 33o30S e 50o20W a 50o00W), com um exemplar coletado entre 140-150 m de profundidade (Mincarone & Soto, 1997).

3. CHONDRICHTHYES Peixes cartilaginosos; incluem os tubares, raias e quimeras. No mundo: cerca de 960 espcies atuais (Stevens & Last, 1995). Brasil: 137 espcies marinhas (tubares, raias e quimeras) 13 espcies de gua doce (raias) 2 espcies descritas para o Brasil entre 1978 e 1995

3.1. Apresentao e caracterizao do grupoTubares, raias e quimeras so peixes de esqueleto cartilaginoso, includos num mesmo grupo denominado Classe Chondrichthyes, com cerca de 960 espcies atuais (Stevens & Last, 1995). Quando comparado com os peixes sseos, os Chondrichthyes somam um nmero pequeno de espcies. Entretanto o grupo tem grande notoriedade, visto que algumas espcies podem atacar humanos. So carnvoros, com maxilas articuladas com o crnio, tm nadadeiras pares, esqueleto cartilaginoso, corpo coberto por escamas placides, fecundao interna e os machos tm clsper. Por ocasio da cpula, o clsper introduzido na abertura genital da fmea, Os Chondrichthyes tm escamas de

permitindo a transferncia do esperma e a fecundao.

um tipo especial, muito diferentes das escamas dos peixes sseos. So chamadas escamas placides ou dentculos drmicos, pois sua estrutura semelhantes de um dente. Estas

16 escamas do aos caes e raias a pele caracteristicamente spera. O tamanho varia de 20 cm a 16 m (maioria entre 0,5 e 2 m). A maioria das espcies marinha e vive prxima do leito. Algumas espcies nadam a meia-gua.

3.2. Importncia Econmica e EcolgicaVrias espcies de Chondrichthyes so pescadas comercialmente no Brasil (Lessa et al., 1999). A Tabela 2 indica a importncia econmica e ecolgica do grupo. A explorao pesqueira constitui-se na maior ameaa aos Chondrichthyes, com a agravante que o manejo complicado pela falta de informao bsica (Lessa et al., 1999). A pesca, dirigida ou acidental, envolve o paradoxo de que tubares e raias tm baixo valor comercial, o que lhes confere baixa prioridade quando se considera pesquisa e conservao, ao passo que a demanda por subprodutos, como barbatanas, muito alta e estimula o aumento da explorao (Bonfil, 1994). No Brasil, a pesquisa no acompanha o aumento da intensidade das pescarias (Lessa et al., 1999). Caractersticas do ciclo de vida, como crescimento lento, maturao sexual tardia, baixa fecundidade e alta longevidade (Hoenig & Gruber, 1990), tornam os Chondrichthyes frgeis e suscetveis sobrepesca (Lessa et al., 1999). Devido s caractersticas biolgicas ressaltadas e ausncia de poltica de conservao para o grupo, pescarias tm alcanado o ponto de colapso sem que qualquer medida de manejo tenha sido tomada, com vrios registros de sobrepesca (Kotas et al., 1995; Vooren, 1997). Entre os brasileiros, h um profundo desconhecimento sobre as questes marinhas, principalmente sobre tubares, cuja imagem pblica muito ruim. A contribuio negativa da mdia, particularmente televiso e cinema, trouxeram ao grupo o estigma de devoradores de humanos (Lessa et al., 1999). Somam-se a este cenrio os ataques de tubares a surfistas, principalmente na cidade do Recife, que, magnificados pela mdia, resultaram em uma relao negativa entre o brasileiro e os Chondrichthyes (Lessa et al., 1999). Estas circunstncias fazem com que a conservao do grupo tenha um apelo muito baixo, diferentemente do que ocorre com tartarugas marinhas, golfinhos e peixes-boi (Lessa et al., 1999). Para reverter ou pelo menos amenizar este quadro desfavorvel aos Chondrichthyes, especialistas sugerem um amplo programa de educao ambiental, a comear por pescadores, tcnicos e instituies responsveis pela pesca, extendendo-se para outros segmentos da sociedade (Lessa et al., 1999).

17 Um tipo de acidente mais freqente do que o ataques de tubares so as dolorosas laceraes causadas pelos ferres presentes em vrias espcies de raias, que injetam veneno necrosante (Pardal & Rezende, 1994).

3.3. Conhecimento da DiversidadeUma compilao recente sobre Chondrichthyes do Brasil apresentada por Spilman (1992), indicando existncia de 104 espcies em nossa costa. De acordo com especialistas, trata-se de um trabalho com omisses e imprecises o que, de certa forma, indica a necessidade de publicaes mais atualizadas. A compilao de Lessa et al. (1999) uma reviso mais atualizada sobre diversidade e estado de conhecimento para o Brasil, indicando a existncias de 136 espcies de elasmobrnquios. Este levantamento identificou na costa

brasileira 82 espcies descritas de tubares, 3 espcies ainda por serem descritas ou revisadas, 45 espcies de raias descritas e 6 em processo de descrio ou reviso. Entre 1978 e 1995 duas novas espcies foram descritas para o Brasil (ver mtodos). Lessa et al. (1999) apresentam um panorama geral sobre o conhecimento da diversidade de elasmobrnquios, baseado principalmente na distribuio destes organismos. Estes autores destacam que o conhecimento, embora incipiente de modo geral, melhor para as regies costeiras e muito deficiente paras as regies ocenicas e de talude (Tabela 5). Mesmo sendo considerada a rea melhor conhecida, entre 1993 e 1999 foram adicionadas 12 novas ocorrncias elasmobrnquios para regio costeira do Brasil, correspondendo a um acrscimo de 16% das espcies deste grupo. O nmero de publicaes tambm espelha o maior conhecimento da regio costeira em relao ocenica: para cada trabalho publicado na regio ocenica, existem 6 da zona costeira (Lessa et al.,1999). Estes autores atribuem parte do desconhecimento s dificuldades de se coletar nos ambientes ocenicos, que exigem embarcaes e logstica mais complexa e cara. Raias, principalmente fora da regio costeira, so sempre menos conhecidas do que tubares (Tabela 5). De acordo com Lessa et al. (1999), o conhecimento sobre distribuio geogrfica, salvo raras excees, insuficiente para concluses consistentes dos padres gerais de ocorrncia de elasmobrnquios. Entretanto, a rea geogrfica melhor conhecida o score Sul (senso REVIZEE, que corresponde costa do sul do pas e maior parte da costa da regio sudeste). Segundo Lessa et al. (1999), isto se deve, principalmente, ao maior nmero

18 de instituies, pesquisadores, maior atividade pesqueira e maior diversificao nas tecnologias de pesca nesta regio. Lessa et al. (1999) destacam ainda a existncia de 14 espcies comprovadamente ameaadas, embora haja indcios de declnio populacional devido a sobrepesca da maioria das espcies. Raias da Famlia Potamotrygonidae representam os peixes cartilaginosos exclusivos de gua doce, com cerca de 20 espcies (Rosa, 1985; Jansen Zuanon, com. pess.), das quais 13 ocorrem no Brasil. Destas 13 espcies, 3 so endmicas de rios brasileiros: Potamotrygon henlei das bacias Tocantins-Araguaia, P. leopoldi da bacia do Xingu, e P. signata da bacia do Parnaba (Ricardo Rosa, com. pess.). Existem espcies de peixes cartilaginosos primariamente marinhas, como os peixes-serra (Pristis spp.) e o tubaro-cabea-chata (Carcharhinus leucas), que invadem ambientes de gua doce, principalmente o rio Amazonas. Para ampliar e difundir o conhecimento sobre Chondrichthyes brasileiros, seria desejvel a produo de chaves de identificao e posteriormente a publicao de guias de campo, similar ao trabalho de Michael (1993). As famlias de Chondrichthyes do Brasil so bem estabelecidas, mas alguns gneros e espcies necessitam de revises taxonmicas (Tabela 15). Tabela 5 - Grau de coleta, conhecimento, riqueza e porcentagem de endemismo de elasmobrnquios brasileiros. Grau de coleta Tubares costeiros Raias costeiras Tubares pelgicos Raias pelgicas Tubares demersais do talude Raias demersais do talude Tubares de ilhas e bancos ocenicos Raias de ilhas e bancos ocenicos Raias de gua doce bom bom ruim pssimo ruim pssimo ruim ruim bom Grau de conhecimento bom bom ruim ruim ruim pssimo bom bom bom Riqueza 38 43 21 2 33 12 16 5 13 % de Endemismo * 16% 9% 0% 0% 18% 58% 0% 0% 23%

Fontes: Lessa et al., 1999; Rosa, 1985; Rosa, com. pess. * Para os grupos marinhos, so consideradas endmicas as espcies restritas a apenas uma das zonas geogrficas do projeto REVIZEE (e.g., norte, nordeste, central e sul).

19

3.4. Colees e Recursos HumanosAs principais colees de peixes cartilaginosos do Brasil localizam-se no Museu de Zoologia da USP (MZUSP) e no Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), embora haja colees menores, de representao regional, como FURG, UFPB, MPEG e INPA (ver Apndice I). As colees, embora poucas, esto bem, distribudas pelas regies do pas (Figura 1) H bons sistematas para o grupo, porm em nmero insuficiente (Lessa et al., 1999). H pesquisadores trabalhando com elasmobrnquios marinhos em instituies no Sul (e.g., FURG e Universidade Vale do Itaja), no Sudeste (e.g., Universidade Santa Ceclia, USP, Instituto de Pesca e UERJ) e no Nordeste (e.g., UFRPE e UFPB). Pesquisas com

elasmobrnquios de gua doce so realizadas na regio norte (e.g., INPA e MPEG) e nordeste (e.g., UFPB). Cerca de 60% dos especialistas esto nas regies sul e sudeste do pas (Figura 2), embora a regio nordeste possua uma parcela importante dos pesquisadores.

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Figura 1 - Fraes de colees de Chondrichthyes por regio do pas (Ver tambm Tabela 21)

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Figura 2 - Fraes de especialistas em Chondrichthyes por regio do pas (Ver tambm Tabela 22)

4. OSTEICHTHYESPeixes sseos; forma o grupo mais numeroso dos vertebrados, sendo constitudo por peixes marinhos e de gua doce. No mundo: cerca de 23.800 espcies conhecidas (Weitzman, 1995). Estimativa para o Brasil: de 800 a 1000 espcies marinhas (Moura & Sazima, questionrio do projeto). Para gua doce, o nmero mnimo de espcies estimado em cerca de 3000 (Menezes, 1996), a maior riqueza do mundo. 330 espcies descritas para o Brasil entre 1978 e 1995.

4.1. Apresentao e caracterizao do grupoOs peixes sseos formam a maior classe de vertebrados, com cerca de 23.800 espcies conhecidas, distribudas em 56 ordens, 483 famlias e aproximadamente 4200 gneros

21 (Weitzman, 1995). Vivem em praticamente todos os hbitats aquticos do planeta, desde lagos de altitude s cavernas inundadas, riachos de montanha a rios de plancie, pntanos, lagoas temporrias, oceanos, regies polares e fontes trmicas de desertos. So craniados com maxilas, a maioria apresenta nadadeiras pares e tem endoesqueleto e esqueleto drmico sseos. Grupos ancestrais apresentam originalmente pulmes primitivos, modificados em vescula gasosa (bexiga natatria) na maioria das espcies derivadas. Maioria das espcies marinha (cerca de 60%), mas numerosas espcies vivem em gua doce. O tamanho varia de 1 cm a 5 m (maioria entre 3 e 30 cm).

4.2. Importncia Econmica e EcolgicaMuitas espcies de peixes sseos (marinhos e de gua doce) so pescadas em escala comercial no Brasil (ver Tabela 2, para importncia econmica e ecolgica do grupo). Em algumas regies do pas, como na Amaznia, os peixes constituem a principal fonte de protena das populaes ribeirinhas. A pesca esportiva tambm movimenta um grande

mercado de turismo, tanto ao longo da costa como em regies interiores (e.g., Pantanal Matogrossense). Espcies de colorido vistoso e de pequeno porte so exploradas pelo mercado de aquariofilia, tanto em ambientes marinhos (e.g., peixes recifais, Ferreira et al., 1995), como em rios da Amaznia (e.g., o cardinal Paracheirodon axelroldi, no Rio Negro; Leite & Zuanon, 1991). O alto valor individual de algumas espcies ornamentais, como o bod zebra

Hypancistrus zebra, no Rio Xingu, estimula a pesca seletiva e pode levar sobrepesca (Zuanon, 1999).

4.3. Conhecimento da Diversidade gua doceAcredita-se que nas guas interiores do Brasil existam entre 3000 e 5000 espcies de peixes (Menezes, 1996; Roberto Reis e Jansen Zuanon, questionrio do projeto). Embora

haja uma grande variao nas estimativas de riqueza, o fato que o Brasil apresenta a maior riqueza de espcies de peixes de gua doce do mundo. Para se ter uma idia desta diversidade,

22 basta lembrar que a riqueza de peixes de todos os rios e lagos da Europa de cerca de 320 espcies (Maurice Kottelat, com. pess.). Menezes (1996) divide as bacias hidrogrficas brasileiras em seis sistemas principais: 1. Bacia Amaznica; 2. Pequenas Bacias do Nordeste; 3. Bacia do So Francisco; 4. Bacia do Paraguai-Paran-Uruguai; 5. Bacias Costeiras de Leste-Sudeste e 6. Pequenas Bacias do Sul. A Bacia do Amazonas , de longe, o maior sistema de drenagem e Menezes (1996) aponta-o como centro de origem e disperso da fauna de peixes de gua doce do Brasil. A diversidade de peixes dos ambientes da plancie Amaznica relativamente bem documentada. Entretanto, h claros buracos de coletas em ambientes como riachos (igaraps) de acesso restrito ou os canais profundos dos principais rios, que apenas recentemente comearam a ser explorados (e.g., Projeto Calhamazon). Embora pouco conhecida, a ictiofauna de cabeceira peculiar, com muitos casos de endemismos, e encontra-se seriamente ameada por projetos de barragens de hidroeltricas a serem construdas nos rios da Amaznia (Zuanon, 1999). A Bacia do Rio So Francisco rica em endemismos, com muitas espcies e mesmo gneros com ocorrncia restrita (Britski et al., 1984). Impactos antrpicos, como barragens e pesca, tm reduzido as populaes de certas espcies. A riqueza desta bacia estimada em 150 espcies (Menezes, 1996), mas, recentemente, a descoberta de novas espcies indica que alguns ambientes (e.g., cabeceiras e calha central) ainda so mal amostrados. Na regio da caatinga, as riquezas de peixes esto sendo compiladas e qualquer estimativa geral para o bioma seria prematura (Ricardo Rosa, com. pess.) Entretanto dados de riqueza para algumas reas esto disponveis: para a regio NE oriental mdio, entre as bacias do So Francisco e Parnaba, mas no incluindo estas, h o registro de 103 espcies, 61 gneros, 19 famlias e 8 ordens (Ricardo Rosa, com. pess.). A segunda maior bacia de drenagem do Brasil a formada pelos rios Paraguai-ParanUruguai e contm cerca de 500 espcies conhecidas. Segundo Menezes (1996) esta uma estimativa modesta, considerando a alta complexidade e pobre explorao do sistema. Como exemplo desta pouca explorao, Menezes (1996) cita o Pantanal de Mato Grosso, formado por um complicado sistema de lagoas, piscinas e canais, cuja fauna de peixes tem cerca de 260 espcies (Britski et al., 1999). A despeito desta alta diversidade, o inventrio ictiofaunstico

23 do pantanal ainda incompleto. Uma expedio promovida pelo Conservation International (Aqua-RAP), realizada entre agosto e setembro de 1998 no Pantanal Sul, demonstra o grau de desconhecimento da regio, principalmente das cabeceiras dos rios. Dentre cerca de 120 espcies de peixes coletadas nestas nascentes, aproximadamente de 25% eram desconhecidas para a cincia. As drenagens restantes, formadas por rios isolados ao longo da costa do Brasil, podem ser melhor avaliadas por eco-regies, considerando as formaes vegetais que as rodeiam (Menezes, 1996). Os rios que drenam para o Oceano Atlntico, em direo ao Nordeste, contm basicamente uma fauna amaznica depauperada. Entretanto, qualquer estimativa de riqueza seria prematura, considerando a ausncia de colees representativas (Menezes, 1996). Os rios que correm para o leste nesta regio encontram-se na poro mais setentrional da Mata Atlntica e tm sido muito pouco estudados. Os rios pequenos e grandes e os riachos da

poro nordeste, leste e sudeste da Mata Atlntica guardam uma ictiofauna diversa e rica em endemismos, que tem sofrido srios impactos, como a drstica reduo das florestas marginais, provedoras de alimento, sombra e abrigo para muitas espcies de peixes (Menezes et al. 1990; Sabino & Castro, 1990). Finalmente, as Pequenas Bacias do Sul (cujo principal rio o Jacu) fluem para a Lagoa dos Patos, contm muitos casos de endemismos, embora no sejam to ricas como a bacia adjacente do Rio Uruguai (Malabarba & Isaia, 1992). Com a recente explorao de certos ambientes mal amostrados, o nmero de espcies de peixes de gua doce do Brasil pode aumentar consideravelmente. Uma avaliao feita por Bhlke et al. (1978), estima que de 30 a 40% das espcies de peixes de gua doce permanecem desconhecidas. Isto se deve principalmente ao fato de o Brasil apresentar uma

rica rede de drenagem, com numerosos ambientes pouco amostrados (e.g., riachos de cabeceiras, reas de corredeiras, calhas profundas de rios e cavernas inundadas). Para se ter uma idia deste desconhecimento, mesmo no Estado de So Paulo, considerado um dos mais estudados, ainda h rios muito pobremente conhecidos (e.g., cabeceiras do Rio Paranapanema, cabeceiras do Rio Grande e Rio do Peixe). Adicionalmente, a maioria dos peixes de gua doce do Brasil menor que 15 cm de comprimento padro, sendo de pouca ou nenhuma importncia comercial, o que, de certo modo, contribui para diminuir o interesse em torno do grupo. Mesmo em biomas bem amostrados, como a plancie do Pantanal, a maioria dos peixes pequenos foi descrita recentemente (Tabela 7). Este dado refora o desconhecimento dos

24 peixes de gua doce de pequeno porte e mais acentuado em outras bacias brasileiras menos amostradas. Para peixes de cavernas, representados no Brasil por espcies das ordens Siluriformes e Gymnotiformes, o grau de conhecimento e coleta relativamente bom para a maioria dos biomas do pas, exceto na Amaznia (ruim) e Campos do Sul (nenhum conhecimento; Trajano, questionrio do projeto). Com relao a este conjunto de peixes, cabe ressaltar a dificuldade de inventariar espcies, principalmente em cavernas inundadas que exigem explorao por meio de tcnicas complexas de espleo-mergulho (Sabino & Trajano, 1997). De modo geral, para Osteichthyes de gua doce brasileiros, o conhecimento da sistemtica ainda precrio diante dos problemas existentes, embora muitas revises de famlias tenham sido realizadas recentemente (para uma viso atual da sistemtica destes grupos, ver Malabarba et al., 1998).

Peixes MarinhosPara peixes marinhos, Moura & Sazima (questionrio do projeto) estimam entre 800 e 1000 espcies para a costa brasileira. Segundo os mesmo autores, h em torno de 13000 espcies de peixes marinhos no mundo. O nvel de conhecimento por hbitat, no Brasil, varia entre ruim (e.g., abissal, recife de coral e costo) a bom (e.g., infra-litoral, pelgico e manguezal). O conhecimento do txon bom, com famlias e gneros bem estabelecidos, e identificao possvel por meio de literatura (Tabela 23). Para peixes marinhos, existem estimativas de riqueza para certas categorias de tamanho e seus hbitats (Tabelas 8 e 9 e Figura 3). Entretanto, a falta de padronizao de regies ou zonas da costa, hbitats e zonao dificulta compilaes gerais de riquezas. De modo geral, espcies de valor comercial so melhor conhecidas, tanto pela atividade dos rgo de pesquisa, controle de pesca, como tambm por registros e mapas de bordo de embarcaes pesqueiras. Espcies sem valor comercial so contabilizadas juntas nos registros dos barcos, e sua distribuio e abundncia bem menos conhecida (Hazin et al. 1999)

25 Tabela 6. Riqueza, endemismo, nmero de espcies ameaadas, grau de coleta e conhecimento de peixes de gua doce nos biomas brasileiros. Bioma Amaznia Caatinga C. Sulinos Cerrado M. Atlntica Pantanal Grau de Grau de Coleta Conhec. Ruim Ruim Ruim Ruim Bom Bom Ruim Ruim Ruim Ruim Bom Bom N spp. ca. 1800 ? 50 ca. 1000 350 263 N spp. endm. ? ? 12 ? 133 ? N spp. amea. 2 ? 2 2 12 2 Fontes *Barthem, 1999 R.S. Rosa, com. pess. Rosa & Menezes, 1996 C.I. et al., 1999 Menezes, 1998 e Rosa & Menezes, 1996 Britski et al., 1999

* Adicionais aos dados dos questionrios do projeto.

Tabela 7 - Espcies de peixes registradas no Pantanal, por classe de tamanho e por poca de sua descrio. (Fonte: Britski et al. 1999, excludas espcies de identificao duvidosa). Tamanho* pequenos mdios grandes ND TOTAL sc. XVIII 1 3 5 1 10 sc. XIX 34 61 30 8 133 1900-1950 62 13 2 5 82 1950-1998 15 12 2 3 32 TOTAL 112 89 39 17 257

* Tamanho em classes de comprimento-padro do adulto tpico: pequeno = at 100 mm; mdio = 101 a 300 mm; grande= maior que 300 mm; ND = dado no disponvel

Tabela 8 - Riqueza de espcies de grandes Osteichthyes pelgicos marinhos, e seu grau de conhecimento, por reas da costa (Segundo diviso do Projeto REVIZEE). Fonte: Hazin et al., 1999. Regio Norte Nordeste Central Sul TOTAL Grau de Conhecimento Ruim Bom Bom Bom N de espcies 20 33 33 31 40

26 Tabela 9 - Riqueza de espcies de pequenos Osteichthyes pelgicos marinhos, e seu grau de conhecimento, por reas da costa (Segundo diviso do Projeto REVIZEE). Fonte: Cergole, 1999. Regio Norte Nordeste Central Sul TOTAL Grau de Conhecimento Ruim Bom Ruim Excelente N de espcies 52 108 97 98 241

Figura 3 - Riqueza de Espcies de Osteichthyes Demersais Pelgicos Marinhos, por regies da costa brasileira. Fonte: Haimovici & Klipel, 1999.

4.4. Colees e Recursos Humanos

Existem importantes colees de peixes sseos de gua doce no Brasil. Merecem destaque as seguintes: de abrangncia nacional: Museu de Zoologia da USP (MZUSP) e Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ);

27 de abrangncia regional: Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (INPA), Museu Paraense Emlio Goeldi (MPEG), Museu de Cincias Tecnologia da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - Porto Alegre (MCP), Museu de Histria Natural da Unicamp (ZUEC), Nupelia-UEM (Maring), UFSCar (So Carlos), USP (Ribeiro Preto), UNESP (So Jos do Rio Preto) e Universidade Estadual de Londrina (MZUEL).

Com relao s colees de peixes sseos marinhos, merecem destaque os acervos do MZUSP, que tem a maior cobertura geogrfica (principalmente sul e sudeste do pas), e do MNRJ, com material tipo de relevncia. Os acervos do Museu de Histria Natural da

Unicamp (ZUEC), do Museu de Cincia da PUCRS e da USP-Ribeiro Preto possuem cobertura geogrfica mais restrita, mas so colees de referncia para diversos grupos (e.g., peixes recifais, ZUEC) e/ou reas (e.g., So Sebastio, USP-Ribeiro Preto). Ainda merece destaque o acervo da UFPB, que cobre parte da costa nordeste do Brasil, principalmente dos estados da Paraba e Pernambuco. notria a falta de uma coleo de peixes de gua doce representativa na regio Centro-Oeste do pas (Figura 4), que abriga importantes ictiofaunas como as do Pantanal e nascentes de vrios rios Amaznicos. H um pequeno nmero de colees na regio nordeste, tambm com importantes bacias hidrogrficas e com o maior trecho de costa do pas (Figura 4). H sistematas de excelente nvel no pas, embora concentrados no sudeste (Figura 5). Vrios deles esto se aposentando e o nmero de especialistas no grupo pequeno em relao aos problemas de classificao e riqueza dos peixes sseos de gua doce brasileiros. Combinados, estes fatores indicam a necessidade de formao de muitos (no mnimo uns 30, segundo Jansen Zuanon, questionrio do projeto) novos sistematas para os diferentes grupos de peixes sseos de gua doce. Um taxonomista, tendo base em biologia geral e sistemtica, pode ser formado no Brasil, entre 2 e 4 anos (Jansen Zuanon e Roberto Reis, questionrio do projeto). Para peixes marinhos, os informadores consideram que h sistematas em nmero suficiente no pas (Moura & Sazima, questionrio do projeto).

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Figura 4 - Fraes de colees de Osteichthyes por regio do pas (Ver tambm Tabela 21)

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Figura - Fraes de especialistas em Osteichthyes por regio do pas (Ver tambm Tabela 22)

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5. AMPHIBIA Incluem sapos, rs, pererecas, salamandras e ceclias. No mundo: cerca de 4200 espcies (Mittermeier et al., 1997). Estimativa para o Brasil: ca. de 600 espcies de anfbios (Haddad, 1998), maior riqueza do mundo. 115 espcies descritas para o Brasil entre 1978 e 1995. a

5.1. Apresentao e caracterizao do grupoA Classe Amphibia inclui as ceclias (Ordem Gymnophiona; ca. 150 spp.), as salamandras (Ordem Caudata; ca. 400 spp.) e os sapos, rs e pererecas (Ordem Anura; ca. 3700 spp.). Existem, portanto, apenas 3 ordens viventes, com cerca de 4.200 espcies atuais. Embora existam variaes na forma do corpo e nos rgos de locomoo, pode-se dizer que a maioria dos anfbios atuais tem uma pequena variabilidade no padro geral de organizao do corpo. O nome anfbio indica apropriadamente que a maioria das espcies vive parcialmente na gua, parcialmente na terra e constituem-se no primeiro grupo de cordados a viver fora da gua. Entre as adaptaes que permitiram a vida terrestre incluem pulmes, pernas e rgos dos sentidos que podem funcionar tanto na gua como no ar. O tamanho dos anfbios varia de cerca de 1 cm a 1,8 m da salamandra gigante chinesa Andrias davidianus (Lanza et al., 1998). No Brasil, a maioria dos anfbios tem entre 3 e 10 cm de comprimento.

5.2. Importncia Econmica e EcolgicaA maioria das espcies de anfbios apresenta hbitos alimentares insetvoros, sendo, portanto, vertebrados controladores de pragas. Muitas espcies, sensveis a alteraes

ambientais (e.g., desmatamento, aumento de temperatura ou poluio) so consideradas excelentes bioindicadores. A diminuio de certas populaes tem sido atribuda a alteraes globais de clima (Heyer et al., 1988; Weygoldt, 1989). Para certos biomas do Brasil, como a

30 Mata Atlntica, os declnios populacionais ou mesmo extino de anfbios tm sido atribudos ao desmatamento (Haddad, 1998). Algumas espcies, como a perereca-da-folhagem (Phyllomedusa bicolor) e o sapinho pingo-de-ouro (Brachycephalus ephipium) tm sido alvo de estudos bioqumicos e farmacolgicos, para isolamento de substncias com possveis usos medicinais. Estes so apenas dois exemplos de uso potencial de anfbios, que tm despertado interesse cientfico e comercial internacional e gerado problemas de pirataria biolgica devido a falta de uma poltica clara sobre o uso da biodiversidade do Brasil. A Tabela 2 apresenta a importncia econmica e ecolgica geral do grupo.

5.3. Conhecimento da DiversidadeEmbora sejam reconhecidas cerca de 520 espcies de anfbios no Brasil (Conservation International, 1992), esta riqueza deve aumentar, considerando que apenas recentemente os esforos de coleta da anurofauna tm sido intensificados nas florestas Amaznica e Atlntica. Estas duas formaes florestais devem guardar ainda uma considervel parcela de anfbios desconhecida para a cincia, visto que em quase todos os inventrios anurofaunstico ali realizados surgem espcies novas, o que denota seu desconhecimento (Tabela 10). O

levantamento no Zoological Records mostrou que 115 espcies foram descritas entre 1978 e 1995 para o Brasil, correspondendo a cerca de 20% das espcies conhecidas no pas (Tabela 18). O grande nmero de espcies descritas recentemente refora a idia da existncia de txons desconhecidos. Entre os anfbios do Brasil, os Anura correspondem ao grupo mais diversificado e conhecido (Haddad, 1998). Os Gymnophiona, em funo de seus hbitos criptobiticos (vivem em galerias subterrneas escavadas), so pobremente conhecidos em todos os seus aspectos, inclusive em relao sua biodiversidade (Haddad, 1998). Os Caudata, por terem invadido apenas recentemente a Amrica do Sul, tm poucos representantes conhecidos no Brasil, ocorrendo apenas na Amaznia. A Mata Atlntica o bioma com a maior riqueza e endemismos de espcies de anfbios, embora este quadro possa mudar pois outros biomas, como Amaznia e Pantanal, pobremente amostrados e conhecidos (Tabela 10). so

31 As famlias de Amphibia do Brasil so bem estabelecidas, mas muitos gneros exigem revises taxonmicas (Tabela 15).

Tabela 10. Riqueza, endemismo, nmero de espcies ameaadas, grau de coleta e conhecimento de anfbios nos biomas brasileiros.

Bioma

Amaznia Caatinga C. Sulinos Cerrado M. Atlntica Pantanal

Grau de Coleta Ruim Ruim Ruim Ruim Bom Ruim

Grau de Conhec. Ruim Ruim Ruim Ruim Bom Ruim

N spp.

N spp. endm. 12 ? ? 32 87 ?

N spp. Fontes amea. ? ? ? 3 1 3Azevedo-Ramos & Galatti 1999 Haddad & Abe, 1999 Dias, 1996 e C.I. et al., 1999 Haddad & Abe, 1999 C.I. et al., 1999

163 ? ?113-150

340 ?

5.4. Colees e Recursos Humanos

H colees importantes no Brasil, destacando-se as seguintes: Museu de Zoologia da USP (que associada coleo do Dr. Werner Bockermann, incorporada ao MZUSP, forma a maior coleo de anfbios do Brasil), Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), Museu Paraense Emlio Goeldi (MPEG), Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (INPA), Museu de Histria Natural da UNICAMP (ZUEC), UNESP (Rio Claro), UNESP (Botucatu) e UNESP (So Jos do Rio Preto), entre outras. O American Museum of Natural History e a Smithsonian Institution tambm detm importantes acervos de anfbios brasileiros. Embora haja taxonomistas de alto nvel trabalhando em diversas instituies brasileiras, inclusive realizando intercmbios com pesquisadores e instituies do exterior, o nmero de especialista insuficiente. H uma ntida concentrao destes profissionais na regio sudeste do pas (Figura 7). Comparativamente, os especialistas desta rea so em nmero maior que em peixes ou aves (Tabela 20). Um bilogo, para se especializar neste grupo, pode ser formado no Brasil, entre 4 e 10 anos (Jorge Jim, questionrio do projeto).

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Figura 6 - Fraes de colees de Amphibia por regio do pas (Ver tambm Tabela 21)

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Figura 7 - Fraes de especialistas em Amphibia por regio do pas (Ver tambm Tabela 22)

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6. REPTILIA Incluem as tartarugas, cobras, lagartos, jacars e crocodilos. Mundo: ca. 6450 rpteis viventes (Mittermeir et al., 1997). Estimativa para o Brasil: 465 espcies de rpteis (Haddad & Abe, 1999), a maior riqueza do mundo (Mittermeir et al., 1997). 63 espcies descritas para o Brasil entre 1978 e 1995 5

6.1. Apresentao e caracterizao do grupoA Classe Reptilia inclui as tartarugas, cgados e jabotis (Ordem Chelonia), lagartos e cobras (Ordem Squamata), crocodilos e jacars (Ordem Crocodilia) e a tuatara da Nova Zelndia (Ordem Rhynchocephalia). Existem, portanto, apenas 4 ordens viventes,

diferentemente das 16 ordens conhecidas, que floresceram no Mesozico, a era dos rpteis. Embora constitudos por linhagens distintas (parafilticas; veja Pough et al., 1999, para detalhes de filogenia), os rpteis constituem os primeiros vertebrados adaptados vida em lugares de baixa umidade na terra, visto que sua pele seca e crnea reduz a perda de umidade do corpo. Alm da pele crnea, os ovos de rpteis apresentam anexos embrionrios

complexos (mnion, crion e alantide) que lhes conferem independncia da gua para a reproduo. A maioria das espcies terrestre (terrcolas, fossrios e arborcolas), mas h espcies em gua doce e marinhas. O tamanho dos rpteis atuais varia de 5 cm a 10 m, mas a maioria mede entre 25 e 150 cm.

6.2. Importncia Econmica e EcolgicaMuitas espcies de serpentes das famlias Colubridae, Boidae e Viperidae apresentam hbito alimentar rodentvoro, sendo vertebrados predadores de pragas. Cerca de 70 espcies das famlias Viperidae (gneros Bothrops, Crotalus e Lachesis) e Elapidae (gnero Micrurus) so peonhentas e potencialmente perigosas aos humanos, pois podem causar acidentes ofdicos (Sebben et al., 1996).

34 Os rpteis apresentam espcies sensveis a alteraes ambientais, principalmente destruio de hbitat. provvel que declnios populacionais de serpentes como Lystrophis nattereri, Bothrops itapetiningae e B. cotiara no Estado de So Paulo estejam relacionados destruio dos hbitats (Marques et al., 1998). A caa tambm pode ter contribudo para o declnio de espcies maiores como os jacars, especialmente Caiman latirostris (Marques et al., 1998). Programas de manejo, conservao e educao ambiental tm sido aplicados a espcies de quelnios, principalmente as tartarugas marinhas. A Tabela 2 apresenta a importncia econmica e ecolgica geral do grupo.

6.3. Conhecimento da DiversidadeAs estimativas sobre diversidade em rpteis tambm deve ser consideradas por Ordens. Os representantes da Ordem Chelonia constituem um grupo restrito (considerando as espcies terrestres, aquticas e marinhas, h 27 espcies no Brasil) e so relativamente bem conhecidos. Entre as oito espcies de tartarugas marinhas do mundo, cinco espcies ocorrem no Brasil. Os Crocodylia, representados por cinco espcies, tambm so bem conhecidos e o nmero de espcies no deve aumentar. A Ordem Squamata, representada pelos lagartos (ca. de 170 spp. no Brasil) e serpentes (ca. de 260 spp. no Brasil), a mais numerosa e colonizou praticamente todos os tipos de ambientes no Brasil. Este o grupo que se espera tenha ainda muitas espcies por serem descobertas, principalmente na Amaznia, regio rica em espcies e mal amostrada (Tabela 11). Esta previso se baseia no fato de que a Amaznia tem locais ainda pouco explorados pelos herpetlogos e mesmo prximo a Manaus, uma das regies mais estudadas, recentemente espcies e at gneros novos foram descritos (Mrcio Martins, com. pess.).

35 Tabela 11. Riqueza, endemismo, nmero de espcies ameaadas, grau de coleta e conhecimento de rpteis nos biomas brasileiros.

Bioma

Amaznia Caatinga C. Sulinos Cerrado M. Atlntica Pantanal

Grau de Coleta Ruim* Bom Ruim* Ruim* Ruim* Ruim

Grau de Conhec. Bom Bom Bom Ruim* Bom Ruim

N spp.

N spp. endm. 340 ? ? 20 60 5

N spp. amea. 6 *** ? ? 15 3 15

Fontes

550 ? ? 150-180 197 113

Dixon, 1979 apud Vogt et al. 1999 M.T. Rodrigues, com. pess. e P. R. Manzani, com. pess. Haddad & Abe, 1999 Dias, 1996 e C.I. et al., 1999 Haddad & Abe, 1999 C.I. et al., 1999

* Um dos informadores julga melhor a classe "regular", para os biomas assinalados como grau "ruim".

6.4. Colees e Recursos HumanosAs principais colees de rpteis encontram-se no Museu de Zoologia da USP (MZUSP), Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), Museu Paraense Emlio Goeldi (MPEG), Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (INPA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto Butantan, Museu de Histria Natural da UNICAMP (ZUEC), UNESP (Rio Claro) e PUC-MG, entre outras. Embora as maiores colees estejam no sudeste do pas, h uma distribuio relativamente eqitativa pelas regies do Brasil (Figura 8). Comparativamente a outros grupos de vertebrados (e.g., peixes sseos) h um nmero razovel de especialistas (Tabela 20), embora nitidamente concentrados na regio sudeste Brasil (Figura 9). A maior carncia seria por profissionais ligados aos Squamata (cobras e lagartos), a ordem mais rica e desconhecida dos rpteis brasileiros

36

S

N

NE

SE CO

Figura 8 - Fraes de colees de Reptilia por regio do pas (Ver tambm Tabela 21)

S

N NE

CO

SE

Figura 9 - Fraes de especialistas em Reptilia por regio do pas (Ver tambm Tabela 22)

37

7. AVES Incluem todos os vertebrados com penas. Mundo: cerca de 9700 espcies atuais (Silva, 1998). Brasil: 1677 espcies descritas (Silva, 1998). 10 espcies descritas para o Brasil entre 1978 e 1995

7.1. Apresentao e caracterizao do grupoAs aves compreendem o grupo de vertebrados mais facilmente reconhecvel, dadas as suas caractersticas diagnsticas e ao perodo de atividade, predominantemente diurno. So os nicos vertebrados que apresentam penas que revestem e isolam o corpo, o que facilita regular a temperatura e auxilia no vo. So tetrpodas, com o par anterior transformado em asas; o posterior adaptado para empoleirar, andar ou nadar. A capacidade de voar permite s aves ocupar alguns hbitats impossveis para outros animais. A temperatura do corpo regulada internamente (endotrmicos). O tamanho varia desde cerca de 5 cm e 3 gramas nos pequenos beija-flores at o avestruz, com 2,1 m de altura e cerca de 130 kg.

7.2. Importncia Econmica e EcolgicaAs aves so muito utilizadas como indicadores biolgicos e o maior conhecimento delas pode subsidiar programas de conservao e manejo de ecossistemas (Silva, 1998). Por exemplo, espcies tpicas de florestas so sensveis ao desmatamento e apresentam declnios populacionais ou mesmo extines locais aps alteraes do hbitat (Willis & Oniki, 1992; Silva 1998). A caa predatria ou de subsistncia, mesmo ilegal, continua a ser praticada em muitas regies do pas. A colorao e o canto de algumas espcies chamam ateno dos olhos e ouvidos humanos, muitas delas so usadas como animais de estimao e algumas espcies que so domesticadas, contribuem para o suprimento da alimentao humana.

38

7.3. Conhecimento da DiversidadeTrata-se de um dos grupos de vertebrados mais conspcuos e estudados. Por serem muito evidentes, acredita-se que, comparativamente, existam menos espcies por serem descritas (quando comparado a mamferos e peixes, por exemplo). Alteraes da riqueza do grupo se devem mais a revises taxonmicas. Mesmo assim, pelo menos 14 espcies de aves foram descritas no Brasil aps 1990, algumas delas, como o macuquinho (Scytalopus ivaiensis) e o acrobata (Acrobatornis fonsecai), descobertas em regies populosas e supostamente bem exploradas como Curitiba e Ilhus, respectivamente (Rudi Laps, com. pess.). O conhecimento taxonmico da fauna de aves do Brasil bom, com famlias, gneros e mesmo espcies bem estabelecidas e a identificao podendo ser feito atravs de literatura especfica (L.P. Gonzaga, questionrio do projeto). A Mata Atlntica o bioma melhor amostrado e conhecido (Tabela 12), e com o maior nmero de espcies registradas, embora a diversidade de espcies na Amaznia ainda subestimada, devido ao nmero de coletas relativamente pequeno (Oren, 1999; Tabela 12). Embora a diversidade de aves seja melhor conhecida, comparativamente s outras classes de vertebrados, a maioria das espcies pobremente estudada sob os mais diferentes aspectos de sua biologia e ecologia.

Tabela 12. Riqueza, endemismo, nmero de espcies ameaadas, grau de coleta e conhecimento de aves nos biomas brasileiros.

Bioma

Amaznia Caatinga C. Sulinos Cerrado M. Atlntica Pantanal

Grau de Grau de N spp. Coleta Conhec . Ruim Ruim ca. 1000 Ruim Ruim Ruim Bom Ruim Ruim Bom Ruim Bom Ruim 476 837 1020 346

N spp. endm. 32***amz. bras.

N spp. amea. 26 5 10 33 - 34 104 4 - 34

Fontes

Oren, 1999 J.M. Cardoso, com. pess. Pacheco & Bauer, 1999 e C.I. et al., 2000 C.I. et al., 1999 e Silva, 1998 Pacheco & Bauer, 1999 e C.I. et al., 2000 C.I. et al., 1999 e Silva, 1998

2 29 188 0

39

7.4. Colees e Recursos HumanosOs acervos so, em grande parte, acessveis e suficientes para o estudo do txon at o nvel de espcie, embora fortemente concentrado no sudeste do pas (Figura 10). As principais colees encontram-se nas seguintes instituies: Museu de Zoologia da USP (MZUSP), Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), Museu Paraense Emlio Goeldi (MPEG), Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (INPA), Instituto Adolfo Lutz, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Minas Gerais, Museu de Histria Natural da UNICAMP (ZUEC) e UNESP (Rio Claro), entre outras. Como caracterstica peculiar do grupo, existem tambm acervos importantes de aves mantidos por particulares, dos quais alguns atuam em pesquisa e concordam e divulgar a existncia da coleo (Silva, 1998). Tambm merecem destaque dois arquivos sonoros: A.S. Neotropical (Campinas, SP), sob responsabilidade de Jacques Vielliard, e o A.S. Elias Coelho (Rio de Janeiro, RJ), coordenado por L.P.Gonzaga. O American Museum of Natural History, o Field Museum de Chicago, o Naturhistorisches Museum de Viena e o Zoologisches Museum de Berlim tambm detm importantes acervos de aves brasileiras. H taxonomistas em pouqussimo nmero no pas (Tabela 20) e um especialista, tendo base em biologia geral e sistemtica, pode ser formado no Brasil, entre 2 e 4 anos, visto que as colees e a base bibliogrfica existentes so suficientes (L.P. Gonzaga, questionrio do projeto). De modo similar s colees, os especialistas concentram-se no sudeste do pas (Figura 11). Especialistas destacam a necessidade e a urgncia da criao de um banco de DNA no Brasil, ressaltando ainda a importncia da ampliao das colees por meio de coletas direcionadas e do aumento da documentao em arquivos sonoros (L.P. Gonzaga, questionrio do projeto). Embora seja o grupo de vertebrados melhor documentado com guias de campo, h necessidade de guias regionais, pois os existentes cobrem apenas parte da avifauna (L.P. Gonzaga, questionrio do projeto).

40

S

N NE CO

SE

Figura 10 - Fraes de colees de Aves por regio do pas (Ver tambm Tabela 21)

S

N NE

CO

SE

Figura 11 - Fraes de especialistas em Aves por regio do pas (Ver tambm Tabela 22)

41

8. MAMMALIA So os vertebrados providos de plos e glndulas mamrias. Mundo: cerca de 4650 espcies (Vivo, 1998). Estimativa para o Brasil: 524 espcies de mamferos (Fonseca et al., 1996), sendo 483 espcies continentais e 41 marinhas. 18 espcies descritas para o Brasil entre 1978 e 1995.

8.1. Apresentao e caracterizao do grupoOs mamferos constituem o grupo de vertebrados mais derivado, do ponto de vista evolutivo. Entre seus representantes temos gambs, roedores, gatos, morcegos, baleias, cavalos, macacos, o homem e outras formas vivas, alm de muitas outras espcies extintas. Estes exemplos demonstram que a classe, com cerca de 4600 espcies viventes, uma das mais variadas em termos morfolgicos e de ocupao de hbitats. H espcies de mamferos que vivem desde as regies polares aos trpicos, desde as florestas tropicais midas aos desertos mais trridos e secos, alm de espcies capazes de explorar os mares, rios e o ar. Todos os mamferos so, em maior ou menor grau, cobertos por plos e tm controle interno de temperatura (endotrmicos). O termo distintivo "mamfero" se refere s glndulas mamrias das fmeas, que fornecem o leite para alimentar os filhotes. O cuidado prole mais desenvolvido nesta classe e alcana seu clmax na espcie humana. Os menores mamferos so musaranhos e camundongos com menos de 5 cm de comprimento e pesando apenas alguns gramas. O maior mamfero terrestre o elefante africano (Loxodonta aficana) , que pode pesar at 7 toneladas. No mar, a baleia-azul (Balaenoptera musculus), que pode alcanar 31,5 m e 119 toneladas de peso, o maior animal conhecido. No Brasil, o tamanho varia desde cerca de 5 cm e alguns gramas nos pequenos roedores at aproximadamente 300 kg da anta (Tapirus terrestris).

8.2. Importncia Econmica e EcolgicaOs mamferos so de extrema importncia ao homem. Espcies domesticadas

fornecem alimento, vesturio e transporte (embora no existam mamferos brasileiros tipicamente domesticados). Alguns roedores e carnvoros causam, respectivamente, danos s

42 colheitas e s criaes do homem, enquanto outras espcies podem ser reservatrios de doenas (e.g., morcegos hematfagos). Podem ser ainda destacadas espcies de grande valor para educao ambiental e ecoturismo, como primatas (Fonseca & Moura, questionrio do projeto). Certas espcies so caadas por causa de sua pele ou carne. Os mamferos

domesticados fornecem alimento, vesturio e transporte ao homem. A Tabela 2 apresenta a importncia econmica e ecolgica dos mamferos.

8.3. Conhecimento da DiversidadeMuitos mamferos tm o hbito de se esconder ou so noturnos e, assim, raramente so vistos. Esta, talvez, seja a principal razo pela qual ainda haja muitas espcies desconhecidas. A mastofauna brasileira no foi suficientemente inventariada (Tabela 13) e novas espcies devem ser descobertas. De acordo com Vivo (1996), h uma grande parcela da fauna de mamferos escondida. Este conceito se aplica de forma distinta para as diferentes ordens de mamferos brasileiros. Por exemplo, os representantes da Ordem Rodentia (roedores) so claramente subestimados quanto sua diversidade, devido ao seu pequenos porte e hbitos criptobiticos. Os roedores junto com morcegos, marsupiais e primatas formam as quatro ordens mais numerosas no Brasil e, com exceo de uma espcie de preguia, as nicas ordens com espcies descritas no sculo XX (Tabela 14). Por outro lado, ordens de mamferos maiores e conspcuos so melhor conhecidas quanto riqueza de espcies e suas espcies foram descritas nos sculos XVIII e XIX (Tabela 14). De qualquer modo, os mamferos ainda podem reservar surpresas, visto que mesmo ordens tidas como de grande porte e muito conspcuas, como a dos primatas, podem ter espcies desconhecidas no Brasil. Um exemplo deste desconhecimento dado pelo mico-leo-caiara (Leontopithecus caissara), um pequeno primata descrito no incio dos anos 90 no Parque Nacional de Superagui, localizado no litoral dos estados do Paran e So Paulo. Segundo Vivo (1998), descobertas de novas espcies de mamferos no Brasil, incluindo primatas, no deveriam ser surpreendentes, dado o grande desconhecimento que temos da Classe e ao pouco esforo de coleta comparado s nossas dimenses continentais. O conhecimento da sistemtica tambm bastante varivel, dependendo principalmente da Ordem considerada. Por exemplo, as famlias e gneros de Cetacea so bem estabelecidos,

43 ao passo que representantes da Ordem Rodentia tm famlias ambguas que exigem redefinio, alm da necessidade de reviso taxonmica em nveis genricos e especficos.

Tabela 13. Riqueza, endemismo, nmero de espcies ameaadas, grau de coleta e conhecimento de mamferos nos biomas brasileiros.

Bioma

Amaznia Caatinga C. Sulinos Cerrado M. Atlntica Pantanal

Grau de Coleta ruim ruim ruim ruim bom ruim

Grau de N spp. Conhec. ruim ruim bom bom bom ruim 320 101 80 195 250 132

N spp. endm. 174 ? 0 18 82 2

N spp. Fontes amea. 85 13 25 16-33 75 14Silva et al., 1999 Fonseca et al., 1996 C.I. et al., 2000 C.I. et al., 1999 e Marinho-Filho, 1998 C.I. et al., 2000 C.I. et al., 1999 e Marinho-Filho, 1998

Tabela 14 - Nmero de espcies de mamferos que ocorrem no Brasil, por ordem e poca em que foram descritos. (Fonte: A partir da lista de Fonseca et al. 1996). Ordem Didelphimorphia Xenarthra Chiroptera Primates Carnivora Cetacea Sirenia Perissodactyla Artiodactyla Rodentia Lagomorpha TOTAL Sc XVIII 7 11 10 10 16 6 1 1 5 10 1 78 Sc. XIX 23 7 92 47 16 30 1 0 3 97 0 316 1900-1949 10 0 23 7 0 0 0 0 0 37 0 77 1950-1996 4 1 16 11 0 0 0 0 0 21 0 53 Total 44 19 141 75 32 36 2 1 8 165 1 524

8.4. Colees e Recursos HumanosAs principais colees de mamferos brasileiros encontram-se em instituies como o Museu de Zoologia da USP, Museu Nacional do Rio de Janeiro e Museu Paraense Emlio Goeldi. H tambm colees de carter regional, como as do Instituto Nacional de Pesquisas

44 da Amaznia (INPA), Museu de Histria Natural da UNICAMP (ZUEC), Universidade Federal da Paraba e UnB. As regies sul e sudeste concentram quase 70% das colees no Brasil (Figura 12). Vale lembrar que existem colees significativas no exterior (incluindo muito material-tipo), com destaque para as seguintes localidades: Estados Unidos (Museum of Zoology-University of Michigan; Museum of Comparative Zoolology-Harvard University; Carnegie Museum of Natural History e University of California-Berkeley), Alemanha (Berlim e Frankfurt), Sucia (Estocolmo) e Rssia (So Petesburgo) Segundo os dados levantados no projeto, h necessidade de melhoria das colees e documentao, contratao de pesquisadores e tcnicos, bem como capacitao de pessoal. A melhoria das colees deveria ser feita com coletas extensivas, coletas direcionadas e intercmbio de material (Fonseca & Moura, questionrio do projeto). Alm disso, a

publicao de guias e manuais apontada como prioridade para os mamferos (Fonseca & Moura, questionrio do projeto). Embora existam especialistas capacitados no Brasil, o nmero de taxonomistas para mamferos insuficiente e a formao de novos profissionais poderia der feita no pas, com orientao daqui ou do exterior (Fonseca & Moura, questionrio do projeto). A maioria dos taxonomistas do grupo atua em instituies do sudeste e sul do Brasil (Figura 13).

N S

NE

CO

SE

Figura 12 - Fraes de colees de Mammalia por regio do pas (Ver tambm Tabela 21)

45

N S NE

CO

SE

Figura 13 - Fraes de especialistas em Mammalia por regio do pas (Ver tambm Tabela 22)

9. COMENTRIOS FINAIS9.1. Conhecimento da Diversidade de Vertebrados no BrasilOs vertebrados so um dos grupos melhor conhecidos quanto diversidade, no mundo e no Brasil. Este primeiro perfil mostra que, ainda assim, h importantes lacunas nesse conhecimento. Tambm importante notar que os tipos de lacunas, e sua extenso, no so iguais para todas as classes de vertebrados, regies do pas, ou biomas. Comparados a outros grupos (e.g. insetos, nematdeos), o conhecimento taxonmico dos vertebrados est, em geral, mais completo. Para todas as classes, as famlias que ocorrem no Brasil foram consideradas bem estabelecidas, mas os gneros de peixes sseos, anfbios, e rpteis necessitam, em geral, de reviso (Tabela 15). Essas mesmas classes so as que exigem comparao com colees de referncia para a identificao de espcies (Tabela 16). A identificao por no-especialistas foi considerada vivel pelo menos at gnero para todas as classes (Tabela 17). Todavia, h grupos importantes, mesmo nas classes melhor conhecidas,

46 com gneros mal definidos, e cuja a identificao de espcies difcil e exige comparao com colees. Em geral, esses grupos de taxonomia mais complexa so os mais diversificados de cada classe (e.g. roedores, marsupiais e morcegos entre os mamferos, algumas famlias de passeriformes entre as aves).

Tabela 15 - Conhecimento Taxonmico: Classes de Vertebrados cujas as famlias neotropicais, e gneros neotropicais (ou brasileiros) esto bem estabelecidas (os), em geral. Fonte:

informao de especialistas, atravs de questionrio.

Famlias bem Gneros bem Estabelecidas estabelecidos Agnatha X X Chondrichthyes X X Osteichthyes X Amphibia X Reptilia X Aves X X Mammalia X X Obs: Entre os Mammalia, alguns gneros de roedores e marsupiais necessitam de reviso.

Classe

Tabela 16 - Recursos necessrios para a identificao de espcies, por classe de vertebrado. Fonte: informao de especialistas, atravs de questionrio. Classe Comparao com colees Basicamente guias, chaves e descries X X Biblioteca extensa

Agnatha Chondrichthyes Osteichthyes X X Amphibia X Reptilia X Aves X Mammalia X Obs: embora uma parcela importante dos gneros e espcies de aves e mamferos possam ser identificados apenas com a literatura, h grupos que exigem comparao com colees (e.g. parte dos Passeriformes para as aves, e boa parte dos roedores, pequenos marsupiais e morcegos para os mamferos).

47 Tabela 17 - Viabilidade de identificao (at gnero, ou espcie) e de separao em morfotipos por pesquisadores que no sejam taxonomistas, para cada classe de vertebrado. Fonte: informao de especialistas, atravs de questionrio. . Identificao Separao vivel at morfotipos Agnatha espcie Chondrichthyes espcie X Osteichthyes gnero X Amphibia espcie X Reptilia gnero X Aves* espcie X Mammalia* espcie X *Obs: Entre os mamferos, boa parte dos roedores, pequenos marsupiais e morcegos, s podem ser identificados seguramente at espcie por especialistas, e, entre as aves, muitos Passeriformes (e.g. Tyranidae, Furnariidae). Classe

Os grupos de animais maiores, e mais conspcuos, tendem a ser melhor conhecidos (ver Tabelas 7 e 14). Isso explica porque aves e mamferos sejam as classes com menores nmeros de espcies descritas recentemente (Tabela 18), alm dos Chondrichthyes, que, na maioria, so peixes grandes, marinhos de ampla distribuio, e de grande importncia econmica. O nmero de espcies descritas entre 1978 e 1995 de anfbios, rpteis e peixes sseos corresponde, respectivamente, a 20%, 14%, e 13% das espcies hoje conhecidas (Tabela 18), o que indica que essas so as classes de vertebrados menos conhecidas, e com maior nmero de espcies por descrever. O conhecimento da diversidade tambm muito varivel entre biomas, o que certamente est associado com as diferenas nos recursos disponveis para pesquisa em cada regio do pas (ver prxima seo). As regies mais populosas e economicamente mais desenvolvidas tendem a concentrar os recursos de pesquisa e ser as melhor conhecidas. Paradoxalmente, estas so as regies sob maior impacto humano, com pouco de seus biomas originais preservados (Groombridge 1992, Wilson 1988). Este caso da Mata Atlntica, o bioma melhor conhecido, e mais ameaado. A Caatinga , atualmente, o bioma menos conhecido (Tabelas 6, 10, 11, 12, 13), embora esse quadro deva melhorar com as compilaes de espcies que esto em preparao para o Workshop "Aes Prioritrias para a Conservao da Caatinga". Todos os outros biomas possuem lacunas de conhecimento notveis, como o

48 desconhecimento da diversidade de rpteis nos campos sulinos, de anfbios no Pantanal e Campos Sulinos, e a falta de taxas de endemismos para a maioria das classes na Amaznia.

Tabela 18 - Nmero de espcies descritas por classe de vertebrado entre 1978 e 1995, para o Brasil, mdia de descries por ano, nmero de espcies registradas atualmente, razo entre nmero de espcies descritas e conhecidas atualmente. Fonte: Zoological Records em CDROM, ver mtodos Classe Chondrichthyes Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia N Descritas (1978-1995)* 2 330 115 63 10 18 Mdia descries / ano 0,1 18,3 6,4 3,5 0,6 1 N atual de spp. 150 2657 517 468 1677 524 Razo spp. descritas: N atual 1: 75 1: 8 1: 5 1: 7 1:167 1: 29

9.2. Recursos para o Conhecimento da DiversidadeNa opinio dos especialistas consultados, h grande carncia de especialistas em todas as classes de vertebrados no Brasil, embora existam colees e bibliotecas pelo menos em parte suficientes para seu estudo (Tabela 19). Ainda que parcialmente, essa carncia poderia ser rapidamente reduzida, pois os informadores indicam a existncia de especialistas disponveis para contratao para todas as classes, exceto mamferos e peixes cartilaginosos (Tabela 19).

49 Tabela 19 - Avaliao dos recursos existentes no pas para a identificao de espcies, para cada classe de vertebrado. Fonte: informao de especialistas, atravs de questionrio.

Classe

N de especialistas no Brasil insuficiente insuficiente* insuficiente insuficiente pouqussimo insuficiente

Chondrichthyes Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia

H especialistas no absorvidos pelas instituies? no sim sim sim sim no

Acervos no Brasil so suficientes? em grande parte em parte** em grande parte em parte em grande parte em parte

H bibliotecas no pas com a literatura necessria? sim em parte*** sim em parte sim em parte

* suficiente para Osteichtyes marinhos, segundo informadores. ** em grande parte para Osteichthyes marinhos *** sim para Osteichthyes marinhos Embora sempre insuficiente, o nmero de especialistas em cada classe, e seu grau atual de conhecimento criam contextos diferentes. Por exemplo, embora o nmero de especialistas indicados para peixes sseos e mamferos seja equivalente (Tabela 20), h cinco vezes mais espcies de peixes do que mamferos no Brasil, e, certamente, muito mais espcies por descrever. Nesse sentido, aves e peixes sseos possuem as maiores razes espcies descritas/especialista (Tabela 20), mas esto em situaes bem diversas de conhecimento da diversidade. O principal trabalho taxonmico para aves so revises taxonmicas, e a resoluo do status de vrias sub-espcies. A classe bem conhecida no Brasil e, provavelmente, restam poucas espcies para descrever. Para peixes sseos, assim como para anfbios e rpteis, h grandes regies e biomas sub-amostrados, e, possivelmente, uma frao importante das espcies so ainda desconhecidas.

50 Tabela 20 - Nmero de espcies de vertebrados por classe no Brasil, nmero especialistas representativos por classe de vertebrado (Apndice II), e taxa de espcies "per capita" de especialistas. Classe Chondrichthyes Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia N spp 150 2657 517 468 1677 524 N Razo spp/ especialistas especialista 7 21 33 81 18 29 41 11 17 99 36 15

Os recursos materiais e humanos hoje existentes esto fortemente concentrados nas regies sudeste e sul do pas, que agregam cerca de 70% das colees importantes e dos especialistas representativos (Tabelas 21 e 22, Figuras 14 e 15). Um dos reflexos dessa concentrao, que a maioria esmagadora (80%) dos trabalhos de taxonomia de vertebrados publicados pelo Brasil provm dessas regies (Tabela 23, Figura 16). Outra conseqncia o menor conhecimento dos biomas que esto nas regies com menos pesquisadores e instituies, como a Caatinga, Pantanal, e Amaznia (Tabelas 6, 10, 11, 12, 13).

Tabela 21 - Nmero de colees representativas de cada Classe de Vertebrado, por regio do pas. Fonte: Apndice I Classe Chondrichthyes Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia Total N 2 2 2 3 1 2 12 NE 1 1 1 2 0 3 8 CO 0 0 2 2 1 1 6 SE 2 6 7 4 8 7 34 S 1 5 2 3 1 4 16 Total 6 14 14 14 11 17 76

51 Tabela 22 - Nmero de Especialistas em cada Classe de Vertebrado, por regio do pas. Fonte: Apndice II Classe Chondricthyes Osteichthyes Amphibia Reptilia Aves Mammalia Total N 1 5 3 4 2 4 19 NE 2 1 1 4 1 4 13 CO 0 4 2 4 2 4 16 SE 3 18 11 24 11 16 83 S 1 5 1 5 1 8 21 Total 7 33 18 41 17 36 152

A qualidade e quantidade de pesquisadores e instituies que o Brasil tem hoje permite manter pesquisa autnoma, e formar novos especialistas para todas as classes de vertebrados (informao dos especialistas). Por outro lado, necessrio notar que o conhecimento da diversidade de todas as classes depende de colees estrangeiras, e, muitas vezes, da colaborao com pesquisadores de outros pases. Um indicador dessa dependncia que um tero dos trabalhos de taxonomia de vertebrados brasileiros publicados recentemente tm o endereo institucional de outros pases (Tabela 24).

Tabela 23 - Nmero de trabalhos de taxonomia para vertebrados brasileiros, publicados entre 1992 e 1998, com endereo institucional brasileiro do primeiro autor, por classe de vertebrado e por regio do endereo institucional. Fonte: Biological Abstracts (Ver mtodos)

Regio N NE CO SE S TOTAL

Chondrichthyes Osteichthyes Amphibia 0 2 0 0 0 0 0 1 2 3 20 18 0 3 0 3 26 20

Reptilia 3 2 1 20 1 27

Aves 4 0 0 8 3 15

Mammalia 2 1 0 10 1 14

TOTAL 11 3 4 79 8 105

52 Tabela 24 - Nmero de trabalhos de taxonomia para vertebrados brasileiros, publicados entre 1992 e 1998, por classe de vertebrado e por pas do endereo institucional. Fonte: Biological Abstracts (Ver mtodos)

Pas Brasil EUA Alemanha Reino Unido Argentina Sua Uruguai frica do Sul Dinamarca Franca Holanda Total

Chondri chthyes 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3

Osteich thyes 26 13 4 0 1 1 0 1 0 0 0 46

Amphibia Reptilia Aves 20 3 1 1 0 0 1 0 0 0 1 27 27 9 0 1 1 0 0 0 0 0 0 38 15 2 2 0 0 0 0 0 1 0 0 20

Mammalia Total 14 8 0 1 0 1 1 0 0 1 0 26 105 35 7 3 2 2 2 1 1 1 1 160

S

N

NE

CO

SE

Figura 14 - Fraes das colees de vertebrados por regio do pas (Ver tambm Tabela 21)

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S

N

NE

CO

SE

Figura 15 - Fraes dos especialistas em todas as classes de vertebrados, por regio do pas (Ver tambm Tabela 22)

S

N NE CO

SE

Figura 16 - Fraes dos trabalhos de taxonomia publicados entre 1992 e 1998 pelo Brasil, para todas as classes de vertebrados, por regio do pas (Ver tambm Tabela 24)

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9.3. Recomendaes1. Incremento dos acervos atravs de coletas direcionadas, que enfatizem regies, biomas e grupos mal conhecidos. 2. Estimular produo e publicao de listas de espcies, revises taxonmicas, guias e chaves, com nfase para grupos importantes e ainda pouco conhecidos. 3. Estimular a publicao de recursos que permitam a identificao de espcies por noespecialistas, como chaves, guias, manuais, e sistemas especialistas. 4. Aumento do quadro de especialistas atravs de formao de novos profissionais, e colocao dos j formados e no absorvidos. 5. Minorar a desigualdade regional na distribuio dos recursos humanos e materiais para estudo da diversidade, fortalecendo instituies e estimulando a fixao de pesquisadores nas regies hoje menos atendidas (NE, N e CO). 6. Suprir as carncias dos principais acervos bibliogrficos e de colees biolgicas, quanto necessidade de pessoal qualificado, instalaes e catalogao. 7. Criar bases de dados informatizadas dos acervos das colees, como maneira de facilitar sua consulta pela comunidade cientfica. 8. Usar a rede mundial de computadores para disseminao da informao j disponvel em formato digital, e estimular a compilao da informao no digitalizada para este fim, enfatizando cadastros de acervos, pesquisadores, e bibliografia.

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10. Relao Bsica de Fontes de Informao BibliogrficaAs referncias citadas neste relatrio esto assinaladas com um asterisco (*).

10.1. Geral para diversidade de vertebradosBERNARDES, A.T.; A.B.M. MACHADO & A.B. RYLANDS, 1990. Fauna brasileira ameaada de extino. Brazilian fauna threatened with extinction. Belo Horizonte, Fundao Biodiversitas para a Conservao da Diversidade Biolgica. BICUDO, C.E & N.A. MENEZES (eds.), 1996. Biodiversity in Brazil: a first approach. So Paulo, CNPq. CMARA, I.G., 1991. Plano de ao para a Mata Atlntica. So Paulo, Fundao SOS Mata Atlntica. * CASTRO, R.M.C. (ed.), 1998. Biodiversidade do Estado de So Paulo: sntese do conhecimento ao final do sculo XX. Volume 6: vertebrados. So Paulo, Fapesp. COIMBRA-FILHO, A. F. & I.G. CMARA, 1996. Os limites originais do bioma da Mata Atllntica na Regio Nordeste do Brasil. Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza, 86 p. * CONSERVATION INTERNATIONAL, 1992. Biodiversity at risk: a preview of Conservation Internationals Atlas. Washington, Conservation International. * CONSERVATION INTERNATIONAL, UNIVERSIDADE DE BRASLIA, FUNATURA E FUNDAO BIODIVERSITAS, 1999. Aes Prioritrias para a Conservao da Biodiversidade do Cerrado e Pantanal. Belo Horizonte, Fundao Biodiversitas. * CONSERVATION INTERNATIONAL, 2000. Avaliao e Aes Prioritrias para Conservao dos Biomas Floresta Atlntica e Campos Sulinos. Primeira verso do Relatrio-Sntese, fevereiro de 2000. Costa, C.M.R.; G. Hermann; C.S. Martins; L. V. Lins & I.R. Lamas (coords) 1998. Biodiversidade em Minas Gerais, um atlas para sua conservao. Belo Horizonte, Fundao Biodiversitas. * DIAS, B.F.S., 1996. Cerrados: Uma Caracterizao. pp 11-25 In: Dias, B.F.S. (coord). Alternativas de Desenvolvimento dos Cerrados: Manejo e Conservao dos Recursos Naturais Renovveis. 2 ed., Braslia, Fundao Pr-Natureza (FUNATURA). GROOMBRIDGE, B. (ed.), 1992. Global Biodiversity: status of the Earths living resources. London, Chapman & Hall. Lins, L.V.; A.B.M. Machado; C.M.R. Costa & G. Hermann, 1997. Roteiro metodolgico para elaborao de listas de espcies ameaadas de extino. Belo Horizonte, Fundao Biodiversitas. [Publ. Avulsas n. 1] Machado, A. B. M.; G. A. da Fonseca; R. B. Machado, L. M. de S. Aguiar & L. V. Lins (eds.), 1998. Livro Vermelho das Espcies de extino da fauna de Minas Gerais. Belo Horizonte, Fundao Biodiversitas. * MITTERMEIER, R.A., 1988. Primate diversity and the tropical forest. pp.145-154. In: Wilson, E.O. (ed.). Biodiversity. Washington D.C., National Academy Press. * MITTERMEIER, R.A.; C.G. GIL & C.G. MITTERMEIER (eds.), 1997. Megadiversity: Earths Biologically Wealthiest Nations. Mxico, Cemex.

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10.2. Classe Agnatha

* MINCARONE, M.M. & J.M.R. SOTO, 1997. Incluso da Classe Myxini (Agnatha) na ictiofauna do Brasil, com base na segunda ocorrncia de Nemamyxine kreffti McMillan & Wisner, 1982 (Myxiniformes: Myxinidae). pp. 122. In: XII Encontro Brasileiro de Ictiologia. Resumos. Instituto Oceanogrfico da USP. So Paulo. * POTTER, I.C., 1995. Jawless Fishes. pp. 56-59. In: Paxton, J.R. & W.N. Eschmeyer (eds.). Encyclopedia of Fishes: A Comprehensive Guide by International Experts. Academic Press, San Diego.

10.3. Classe ChondrichthyesAMORIM, A. F.; ARFELLI, C. A., 1992 The Shark Fishery in South and Southeastern Brazil. Chondros , 3(3): 1-2. AMORIM, A. F.; ARFELLI, C. A., 1993. Status of Shark Catch off Brazilian Coast. In: Fourth IndoPacific Fish Conference, Bangkok, Thailand, Program and Abstracts of Papers, Bangkok, 64. AMORIM, A. F.; C. A. ARFELLI; FAGUNDES, L., 1998. Pelagic Elasmobranchs Caught by Longliners off Southern Brazil During 1974-97: An Overview. Mar. Freshwater Research, 49, 621632. * BONFIL, R.. 1994. Overview of World Elasmobranch Fisheries. FAO Technical Paper, NO. 341, 119P. FIGUEIREDO, J.L. & N.A.MENEZES, 1978. Manual de Peixes Marinhos do Sudeste do Brasil: Caes, raias e quimeras. Volume 1, Museu de Zoologia da USP, So Paulo. * HOENIG, J. M. & GRUBER, S. H., 1990. Life-history patterns in Elasmobranch : Implications for fisheries Management. NOAA Technical Report NMFS 90: 1-15. * KOTAS, J. GAMBA, M. da R.; CONOLY, P. C.; HOSTIM-SILVA, M.; MAZZOLEN