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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – APAs NO ESTADO DA BAHIA
Márcio Augusto Silva Gonçalves
Orientador: Antônio C. P. Brasil
Dissertação de Mestrado
Brasília-DF: Junho / 2003.
ii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO EM ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – APAs NO ESTADO DA BAHIA
Márcio Augusto Silva Gonçalves Dissertação de Mestrado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Desenvolvimento Sustentável, área de concentração Política e Gestão Ambiental, opção profissionalizante. Aprovado por: ___________________________________ Antônio C. P. Brasil, Doutor (UnB) (Orientador) ___________________________________ José Aroudo Mota, Doutor (UnB) (Examinador Interno) ___________________________________ Fermin de C. Garcia Velasco, Doutor (UESC) (Examinador Externo) Brasília-DF, 13 Junho de 2003
iii
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.
__________________________ Márcio Augusto Silva Gonçalves
GONÇALVES, MÁRCIO AUGUSTO SILVA
Divulgação de Informação sobre Áreas de Proteção Ambiental – APAs no Estado da Bahia, 143p., 297 mm, (UnB-CDS, Mestre, Política e Gestão Ambiental, 2003).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Centro de Desenvolvimento Sustentável.
1. Sistema de Informação Ambiental 2. Área de Proteção Ambiental
3. Direito á Informação Ambiental 4. Zoneamento Ecológico - Econômico
I. UnB-CDS II. Título (Série)
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Dedico este trabalho a minha linda esposa Alexsandra, meu alicerce,
pelo nosso grande amor e sua paciência generosa.
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AGRADECIMENTOS
- Aqueles a quem posso contar e chamar de minha família: Francisco e Lourdinha (meus pais) e Tatiana e Francisco Haroldo (meus irmãos). - Ao Prof. Antônio Brasil. Grande “parauara” e orientador preciso. - A todos os professores do CDS-UnB e os 20 colegas da minha turma de mestrado. Tenham certeza da influência positiva, que cada um teve, em todos nós. - A Fausto Azevedo, Teresa Muricy de Abreu e Prof. João Nildo, mentores da realização deste mestrado. - A Ronaldo Martins da Silva, Teresa Muricy e Lúcia Cardoso, que, cada um a seu modo, deram um apoio maior que o da simples relação institucional, para a consecução desta dissertação. - A Margareth Maia, colega de mestrado e amiga fundamental para realizar este trabalho. - A Patrícia Pinha, Sidrônio Bastos, Ana Verônica Szabo, Sonia Portugal, Fausto Azevedo, Marcos Luedy, Julia Salomão, João Batista, Ângela Leony, Ivan Amorim, Jurandy, Fernando Esteves e Cornélia Breslau, que solicitamente me doaram um pouco do seu tempo, para esta dissertação. - A Mônica Sobral, Mônica Mello, Patrícia Pinha, Fábio Costa, Adriana Silva, Andréa Farias, Auberício Sousa e Lana Freitas pelo coleguismo no seu maior grau, pela presteza e material disponibilizado. - A Oscar Neto e Tadeu Mirando pelo trabalho no desenvolvimento do GISWEB APA LN. - Aos colegas da COTI pela força na utilização da estrutura de TI - A turma do Laboratório de Mecânica pela presença no “retiro” de estudo em Brasília. - A todos os colegas do CRA e de fora, que me ajudaram nesta etapa da vida. Não nomino ninguém para não correr o risco de algum lapso de memória, porém eles sabem quem são, principalmente aqueles a quem chamo de amigos.
vi
RESUMO Informação é um fator intrínseco às atividades do homem e a informação ambiental integrada é um fator necessário para a visão holística do meio ambiente e apropriada para a gestão ambiental. As Unidades de Conservação conhecidas como Áreas de Proteção Ambiental - APAs, por serem de uso sustentável, envolvem o desafio de conciliar o desenvolvimento de uma série de atividades humanas e a conservação dos recursos naturais na mesma área. Um dos principais instrumentos para esse fim é o Zoneamento Ecológico-Econômico-ZEE, e, naturalmente, a disseminação das informações sobre este processo do planejamento. Esta dissertação objetiva mostrar a responsabilidade do poder público como disseminador ativo da informação ambiental em APAs, como forma de cumprir as legislações existentes e de contribuir para a busca do desenvolvimento sustentável. Pretende-se ainda expor um modelo para um Sistema de Informação Ambiental-SIA em APAs; desenvolver e implementar um SIA para informar sobre o ZEE de uma APA; avaliar o uso do sistema; e conhecer a percepção de gestores de APAs sobre divulgação de informações ambientais. A legislação brasileira e uma revisão no conhecimento científico sobre informação ambiental, deram subsídios para a elaboração deste trabalho. O desenvolvimento de um SIA de uma APA, denominado GISWEB APA LN, foi implementado; o sistema foi desenvolvido com tecnologia de informação geográfica, interativa e dinâmica, utilizando a internet como meio de divulgação para um público específico da APA Litoral Norte do Estado da Bahia. O sistema foi avaliado positivamente através de formulários on-line, confirmando os conceitos desenvolvidos. A percepção dos gestores de APAs, obtida através de entrevistas, mostrou a necessidade de disseminação de informação ambiental. Pode-se inferir, portanto, que o sistema GISWEB está pronto para desempenhar outros serviços semelhantes, para público alvo determinado, adicionando-se melhorias detectadas nesta pesquisa. Outras meios além da WEB, podem ser utilizados como estratégia para evitar a exclusão digital e alcançar outros atores na APA, como ONGs e associações. A participação pública, na disseminação de informação ambiental gratuita, é essencial para ajudar a criar no cidadão uma visão mais ampla e o entendimento das inter-relações dos componentes do meio natural, estimulando sua participação na gestão ambiental do seu território.
vii
ABSTRACT Information is an intrinsic factor to the mankind activities and integrated information systems for environment is a very important mechanism to promote the management of the natural resources in a holistic point of view. The sustainability of legal protected areas, known in Brazil as APA’s, involves a challenge to conciliate the human activities and the conservation in a given part of the Brazilian Territory. One of the most important tools for the management of the APA’s are the ZEE (Land Use Planning), and, of course, the spreading of the information about this planning process. The objective of this dissertation is to show the responsibility of the governmental authority as disseminating asset of the environment information to APAs, fulfilling the legislation and contributing for the search of the sustainable development. This work also intends to display a model for an Environmental Information System - SIA for APAs; develop and implement a SIA to inform about ZEE of an APA; to evaluate the use of the system; and to know the perception of managers of APAs on spreading the environment information. The brazilian laws and the scientific knowledge about environmental information gave subsidies for this work. The development of the SIA in an APA, called GISWEB APA LN, were implemented; the system was developed using technology of geographic information, interactively and dynamicaly using the InterNet as a way for spreading this information for a specific public of the “Litoral Norte” APA of the State of Bahia. The system was evaluated positively through on-line forms, confirming the developed concepts. The perception of the managers of the APAs, obtained through interviews, showed the necessity to disseminate the environmental information. It can be inferred that GISWEB system is ready to play other similar services for a determined public, adding improvements detected in this research. Other ways, beyond WEB, can be used as strategy to prevent the digital exclusion and to reach other actors in the APA, like NGOs and associations. The public participation, in the dissemination of free environment information, is essential to create in the citizen an ampler vision, an understanding about the inter-relations of the nature’s components, stimulating his participation in the environment management of his territory.
viii
ÍNDICE
LISTA DE TABELAS E QUADROS --------------------------------------------------------------IX
LISTA DE FIGURAS ----------------------------------------------------------------------------------X
LISTA DE SÍMBOLOS-------------------------------------------------------------------------------XI
1 – INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------1
2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 7
2.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS---------------------------------------- 10 2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E O ESTADO DA BAHIA ------------------------- 17 2.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA APAS ------------------------------------------------ 27
3 – ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE INFORMAÇÃO AMBIENTAL--------------------- 40
3.1 INFORMAÇÃO E MEIO AMBIENTE ------------------------------------------------------ 44 3.2 ORGANIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DA INFORMACÃO - -------------------------------52 3.3 O STATUS DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL-------------------------------------------- 55
4 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE APAS NA BAHIA-----------------63
4.1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA GISWEB APA LN ------------------------------------- 66 4.2 APA DO LITORAL NORTE – UMA IMPLEMENTAÇÃO PILOTO----------------- 81
5 – AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO ----------------------------------------- 86
5.1 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO ---------------------------------------------------------- 87 5.2 RESULTADO E DISCUSSÃO-- ----------------------------------------------------------------91 5.3 ESTRUTURA E PROJEÇÃO DO SISTEMA ---------------------------------------------- 101
6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES--------------------------------------------------- 104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------ 110
APÊNDICE-------------------------------------------------------------------------------------------- 117
ix
LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Unidades de conservação no Estado da Bahia --------------------------------------------20 LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 - Tipos de Unidades de Conservação e seus objetivos segundo o SNUC -------------13 Quadro 2.2 – Índice de Gestão de APAs – IGA do CRA ----------------------------------------------25 Quadro 4.1 – Descrição do ZEE da APA Litoral Norte ----------------------------------------------68
x
LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Mapa de Unidade de Conservação no Estado da Bahia ----------------------------------18 Figura 2.2 – Evolução temporal de APAs Estaduais criadas na Bahia --------------------------------19 Figura 2.3 – Comparativo percentual de entre APAs Estaduais na Bahia e outras unidades de
Conservação -------------------------------------------------------------------------------------19 Figura 2.4 – Localização das APAs estaduais na Bahia --------------------------------------------------21 Figura 2.5 – Evolução do Índice de Gestão de APAs do CRA ----------------------------------------26 Figura 2.6 – inter-relações das assertivas de HAKLAY -------------------------------------------------36 Figura 3.1 – Etapas de transformação do DADO à INTELIGÊNCIA -----------------------------42 Figura 3.2 – Informação Ambiental permeando a estrutura de uma Unidade de Conservação---62 Figura 4.1 – Conceito do Sistema GISWEB APA LN --------------------------------------------------66 Figura 4.2 – Estrutura de Hardware para funcionamento do Sistema GISWEB APA LN -------67 Figura 4.3 – Página inicial do sistema GISWEB APA do Litoral Norte -----------------------------74 Figura 4.4 – Página redirecionada a partir do Link APAs do aplicatido de geolocalização -------75 Figura 4.5 – Tela inicial do aplicativo de geolocalização da APA Litoral Norte --------------------76 Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura 4.6B – Informações da ZOR-E, referente a geolocalização de um ponto na APA -------80 Figura 4.7 – Localização da APA Litoral Norte ---------------------------------------------------------82 Figura 5.1 – Formulário para a escolha do perfil do usuário GISWEB APA LN ------------------89 Figura 5.2 – Formulário com questionário para ser respondido pelo usuário sobre o sistema
GISWEB APA LN ----------------------------------------------------------------------------90 Figura 5.3 – Usuários únicos e Visitantes totais / mês do GISWEB APA LN em 2002 ----------94 Figura 5.4 – Percentual (total) de Acesso segundo perfil de usuário do GISWEB APA LN -----95 Figura 5.5 – Administradora da APA Litoral Norte utilizando o Sistema GISWEB ---------------97
xi
LISTA DE SÍMBOLOS
APA – Área de Proteção Ambiental
APP – Área de Preservação Permanente
ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológivo
BAHIATURSA – Empresa de Turismo da Bahia (Órgão Oficial de Turismo)
BEM – Brazilian Environmental Mall
CDI – Comitê para Democratização da Informática
CENADEM – Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação
CEPRAM – Conselho Estadual de Meio Ambiente
COIND – Coordenação de Planejamento e Indicadores Ambientais
COINTE – Coordenação de Infra Estrutura Tecnológica
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONDER – Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador
CRA – Centro de Recursos Ambientais
DIRNA – Diretoria de Recursos Naturais
DOE – Diário Oficial do Estado
ECO92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
EDEA – Esquemas para o Desenvolvimento de Estatísticas Ambientais
EE – Estação Ecológica
EENU – Escritório de Estatística das Nações Unidas
EIA – Estudo de Impacto Ambiental ou Environmental Impact Assessment
EPA – Environmental Protect Agency
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FLONA – Floresta Nacional
FUST – Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
GERCO – Gerenciamento Costeiro
GIS – Sistema de Informação Geográfica
IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
IGA – Índice de Gestão de APAs
MMA – Ministério do Meio Ambiente
NEPA – National Environment Policy Act
NRI – Networked Readiness Index
OEMA – Órgão Estadual de Meio Ambiente
ONG – Organização Não-Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
xii
PARNA – Parque Nacional
PNMA II – Programa Nacional de Meio Ambiente II
PPA – Plano Pluri-Anual
PRODESU – Programa de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Proteção Ambiental
do Litoral Norte da Bahia
PRODETUR – Programa de Desenvolvimento do Turismo
REBIO – Reserva Biológica
RESEX – Reserva Extrativista
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
RMS – Região Metropolitana de Salvador
RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural
SACHA – Sistema de APAs da Chapada Diamantina
SAI – Sistema de Informação Ambiental
SALINO – Sistema de APAs do Litoral Norte
SALIS – Sistema de APAs do Litoral Sul
SAREC – Sistema de APAs do Recôncavo
SASER – Sistema de APAs do Sertão
SASF – Sistema de APAs do São Francisco
SEARA – Sistema Estadual de Administração Recursos Ambientais
SEI – Superintendência de Estudos e Informações Sócio-Econômicas
SEIA – Sistema Estadual de Informações Ambientais
SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SINIMA – Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente
SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
TI – Tecnologia da Informação
TRI – Toxic Release Inventory
UC – Unidade de Conservação
UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
USAID – United States Agency for International Development
UTM – Universal Transverse Mercator
WEF – World Economic Forum
WWW – World Wide Web
ZEE – Zoneamento Ecológico-Econômico
ZOR-E – Zona de Ocupação Rarefeita Especial
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
2
1 – INTRODUÇÃO
Para toda tarefa empreendida pelo homem, na qual temos que tomar decisões ou seguir uma
determinada forma de agir, a informação é um fator essencial e determinante. Quando pensamos
em termos de informação ambiental, chegamos sem dúvida, não somente a necessidade da
informação em si, mas também em divulgá-la. Essa lógica ocorre em virtude das características
peculiares do meio ambiente, na qual uma atividade exercida em determinado ativo ambiental,
poderá influenciar grandemente outros ativos e atividades econômicas humanas.
A partir dessa percepção, a relação do homem com o meio ambiente nunca mais foi a mesma. O
homem está sendo obrigado a repensar o seu modo de produção, de forma a harmonizar suas
atividades para gerar o menor impacto possível sobre o meio. Essa percepção é, antes de tudo,
ter consciência que o homem faz parte do sistema ambiental e que qualquer dano a esse sistema
irá influenciar todos que nele participam, numa relação ampla. A internalização da questão
ambiental, sedimentou então, a preocupação com a criação de áreas protegidas e novos
instrumentos legais que passem a garantir a divulgação de informações ambientais.
Para áreas protegidas, pode-se dizer de modo simples que são locais especialmente designados
pelo homem, no sentido de garantir a conservação ou preservação de recursos ambientais. A
evolução do surgimento dessas áreas, encontra hoje no Brasil sua mais moderna representação,
por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.
Das variadas unidades previstas no SNUC, com seus tipos e objetivos determinados, as Áreas de
Proteção Ambiental – APAs, são aquelas que conciliam o desenvolvimento de atividades
humanas e a conservação dos atributos naturais, que justificaram a criação da unidade. São, por
assim dizer, a representação do conceito de que o homem faz parte do meio e deve se
harmonizar com ele, buscando formas de garantir um desenvolvimento sustentável. Nesse
contexto, pode-se reafirmar que a informação ambiental é um fator chave para a busca desse
desenvolvimento. No Estado da Bahia, as APAs são ainda a unidade preferencial na política de
criação de Unidades de Conservação, representando bem mais da metade das áreas protegidas
por esse instrumento.
O direito em obter informação ambiental encontra respaldo em vários instrumentos legais. Pelo
seu caráter difuso, o interesse em conhecer o meio ambiente, seu estado atual e suas atividades
3
impactantes, bem como atuar efetivamente na gestão ambiental, é um desejo e um direito que
permeia toda a sociedade.
Novas interpretações da Constituição Federal Brasileira (GONÇALVES, 2001), deixam claro o
dever do Estado em atuar na divulgação de informação ambiental, como uma forma de garantir
princípios e garantias fundamentais do cidadão e fazer dele, realmente capaz, de defender e
preservar o meio ambiente, conforme prevê o capítulo VI da carta magna.
Outros instrumentos prevêem diretamente a garantia de acesso a dados e informações ambientais
para a sociedade, como o Sistema de Informações de Recursos Hídricos, a Lei 7.804/89 que
obriga o poder público a produzir informações relativas a meio ambiente, a Resolução
CONAMA 01/86 que obriga a disponibilização pública do RIMA, quando o mesmo existir no
licenciamento de empreendimentos, a Lei de Ação Civil Pública de responsabilidade por danos
ambientais, o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA do Estado da Bahia, que
prevê ampla divulgação de informações para a sociedade e agora, recentemente aprovada pelo
congresso, a Lei 10.650/2003 sobre o acesso a dados e informações ambientais através do poder
público integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, que deve entrar em
vigor a partir de junho de 2003.
Juntem-se agora informações ambientais e APAs e poderemos observar a necessidade dessas
informações para uma gama variada de atores, que residem ou influenciam a área da APA, desde
a criação à gestão dessas unidades. Para APAs, o Zoneamento Ecológico–Econômico – ZEE é
um instrumento base para o ordenamento do solo e o controle do seu uso, sendo realmente
importante um Sistema de Informação Ambiental – SIA para APAs, no sentido de prover
informações públicas para os interessados.
Deste modo, como deve ser conceituado e feito um sistema que contemple o caráter holístico do
meio ambiente, que tenha acesso público, que fomente a participação dos interessados e atinja
com eficiência os atores ambientais?
Com a Lei 7.799/00 que criou o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA, o Estado
da Bahia prevê a divulgação de informações para a sociedade, apontando o uso da internet como
meio para essa divulgação. A disseminação da internet no final dos anos 1980 e durante toda a
década de 1990, influenciou fortemente a forma como as empresas divulgam suas informações e
4
se comunicam com seus clientes. Cada vez mais a Web se mostra o meio ideal para integrar
informações e prestar serviços a comunidade (SIMÃO, 2001).
O mesmo movimento também se verifica em órgãos públicos, onde o modelo passa da
divulgação de simples informação para a divulgação completa de informações técnicas,
orientação sobre procedimentos públicos, chegando até a complexos serviços de governo
eletrônico. Essas iniciativas, tem inclusive que passar de estruturas isoladas e não concatenadas
para modelos integrados de informações afins, principalmente quando pensamos em meio
ambiente como um sistema fechado de fatores que se auto-regulam.
Um sistema de informação que possibilite a visão espacial do território, também vai ao encontro
dessas características amplas do meio ambiente. A utilização de tecnologia de Sistema de
Informação Geográfica – GIS, pode ser adequada para propiciar a visão conjunta necessária, dos
vários fatores que influenciam o meio ambiente. Além disso a informação espacializada pode
facilitar a percepção das ações do homem no território com um todo (SIMÃO, 2001).
É preciso atentar, todavia, para a utilização de formas e meios que consigam atingir o possível
público alvo. Em se tratando de toda a população de uma APA, com uma gama heterogênea de
tipos sociais, deve-se ter cuidado para perceber a utilização do meio correto, ou ainda, de mais de
um meio se necessário, para conseguir incluir todos. Formas midiáticas alternativas aos meios
eletrônicos e digitais poderão ser indicadas de acordo com o caso, e a forma de passar a
informação também será muito importante, para a apreensão dos conceitos trabalhados com o
público e para possibilitar o alcance dos objetivos do sistema de informação.
Para APAs, o desenvolvimento de um Sistema que divulgue informação referente ao seu
Zoneamento Ecológico-Econômico e que o usuário esteja necessitando, pode ser utilizado como
um projeto piloto que demonstre a atuação ativa do poder público na disseminação de
informações ambientais e também adote os conceitos teóricos utilizados para o SIA. A avaliação
do sistema poderá indicar se a estrutura utilizada, forma de divulgação e meio de disseminação,
realmente encontram eco e aprovação nos desejos do público alvo focalizado.
Complementarmente, é importante conhecer a percepção dos atores governamentais,
responsáveis pela gestão das APAs, sobre um Sistema de Informação Ambiental. É claro que o
entendimento do poder público, diretamente relacionado a essa unidade de conservação, é que
5
fará com que a divulgação de informações ambientais para o público, seja vista como algo
realmente essencial para a gestão da unidade. Dessa percepção poderemos obter ainda um uso
maior e mais disseminado do SIA conceituado para APAs.
1.1 OBJETIVOS
Esta dissertação tem como objetivo geral demonstrar a responsabilidade do poder público como
divulgador ativo de informações ambientais em Áreas de Proteção Ambiental - APAs
São objetivos específicos:
Expor um modelo teórico-conceitual para um sistema de informação ambiental em
APAs;
Desenvolver e implementar um Sistema de Informação Ambiental para o ZEE de
uma APA estadual da Bahia;
Avaliar o uso do sistema de informação desenvolvido; e
Conhecer a percepção de gestores de APAs sobre a divulgação de informações
ambientais.
Neste capítulo, introduzimos o objeto e os objetivos da pesquisa, assim como os fatores que
precisam ser trabalhados e respondidos nesta dissertação.
No capítulo 2, discorremos sobre áreas protegidas, especialmente sobre Áreas de Proteção
Ambiental – APAs no Estado da Bahia, abordando seu conceito, histórico, criação e modelo de
gestão. São analisados ainda, os tipos de informações ambientais sobre APAs, a legislação
incidente e o dever do poder público como provedor dessa informação para a sociedade,
finalizando com um modelo sugerido para um Sistema de Informação Ambiental – SIA para
APAs.
No capítulo 3, tratamos dos aspectos teóricos referentes à informação, dos dados à inteligência, a
interação e a formação de grupos reunidos em torno de identidades culturais, assim como à
evolução histórica da informação ambiental, culminando nos direitos de ser informado, de
conhecer e de participar.
6
O capítulo 4 trata da proposição e realização de um Sistema de Informação Ambiental específico
para a APA Litoral Norte, descrevendo o que será informado, quem será informado e as
estratégias de divulgação. Finaliza com uma descrição geral relacionada às características da APA
em questão.
A metodologia de avaliação do SIA implementado para a APA Litoral Norte é descrita, seus
resultados são demonstrados, analisados e discutidos no capítulo 5 desta dissertação. O capítulo
termina analisando o potencial do SIA e sua possível evolução para outras aplicações.
A dissertação encerra-se no capítulo 6, com as conclusões obtidas em relação aos objetivos
propostos e recomendações sobre o tema abordado neste trabalho.
7
CAPÍTULO 2
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
8
2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Historicamente o surgimento da concepção da destinação de partes do território como áreas
protegidas, generalizadamente chamadas de Parques, é bastante antiga e ocorreu, num primeiro
momento, com a criação de áreas para utilização pela nobreza da sociedade européia, em
atividades como caça e outras ocupações de campo. Nessas áreas não era permitida a presença de
público em geral (BOTKIN & KELLER, 2000, p. 270).
No entanto, já no século XIX, foi criado o Victoria Park na Inglaterra, considerado na época
como o maior parque público da era moderna. Ainda nesse século, foi desenvolvido o conceito
de que os parques são criados para acesso público e proteção da natureza. A partir do século XX
a idéia de parques refletia sua vocação para conservação biológica, idéia esta que se espalhou pelo
mundo.
Portanto, a partir da segunda metade do século XX ganhou força a idéia de parques para
finalidades mais ecológicas, com atividades voltadas prioritariamente para pesquisas científicas e
para manutenção de áreas naturais, representativas das diversas paisagens de uma região ou
nação. (BOTKIN & KELLER, 2000, p. 271).
Enfim, na atualidade os usos para áreas protegidas são os mais diversos, desde o incentivo às
atividades extrativistas, passando por conservação com a visitação humana, até áreas para
pesquisa científica e preservação de paisagens naturais. Hoje em dia no Brasil o conceito de áreas
protegidas acaba por abarcar os modernos conceitos de Unidades de Conservação – UCs, que
envolvem diversos tipos de destinação de uso e aplicações para diferentes tipos de manejo.
O atual Sistema Nacional de Unidades Conservação – SNUC, foi criado pela Lei Federal
9.985/2000 como um dos principais instrumentos de conservação da biodiversidade. O SNUC
definiu UCs como:
“espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público,
com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (Art. 2º.
Inc.I).
9
O SNUC estabelece basicamente dois conceitos para UCs: as de uso sustentável e as de
proteção integral. Esses modelos entretanto, não impedem o surgimento de eventuais conflitos
de uso do território, com reflexos importantes na efetividade da gestão da unidade.
Segundo o Ministério do Meio ambiente (2003a) os principais problemas que representam esses
conflitos são: a carência de pessoal para realizar a gestão de UCs e a escassez de recursos
financeiros para promover a regularização fundiária. Muitas vezes a implantação das unidades não
vem acompanhada dos recursos, financeiros e humanos para gerenciá-las, ocasionando em
algumas situações uma quase ausência do poder público na área. Ainda dentro desse aspecto,
podem existir situações de luta por direitos legítimos, tanto da sociedade quanto do poder
público gestor da UC, principalmente em áreas onde a presença da população vai de encontro ao
objetivo da unidade ou zoneamento da mesma.
Por vezes, a ausência de conhecimento em relação aos objetivos e limitações impostos pela
unidade, influencia diretamente em um imobilismo e em repetições de erro de ocupação e uso
inadequado do solo pela sociedade local. Em conjunto, acrescentamos que o desconhecimento da
organização econômica-social e de sua dinâmica já estabelecida, também pode refletir em
posturas inadequadas do poder público perante a comunidade.
Dessa forma, grande parte dos problemas apontados podem ser causados pela falta de um
sistema de informação para UCs, desde o ato da sua criação até sua plena administração com o
envolvimento da sociedade.
Na resolução de conflitos, a informação ambiental desempenha um papel fundamental. De um
lado ela posiciona uma base eqüitativa para discussão entre as diferentes partes, por outro lado ela
permite, em várias situações, o vislumbramento de convergência de posições e de possíveis
resoluções de conflitos.
A idéia de utilizar sistemas de informação capazes de instruir sobre qualidade do meio ambiente,
a categoria da unidade mais adequada e, quais e onde poderão ocorrer eventuais conflitos pelo
uso do território, vai exatamente nessa direção. Além disso, a disponibilização de informação
pode ser o melhor caminho e o menor custo para resolver essas questões, e tudo isso na esfera de
planejamento estratégico.
10
Por outro lado, um sistema de Informação poderá ser essencial para o empoderamento
(empowerment) e afirmação da UC já estabelecida no território. Ao servir para um melhor
planejamento e gerenciamento, um bom sistema de informação também será capaz de envolver e
promover a difusão da informação para conhecimento da sociedade local, fazendo com que esta
participe efetivamente e possa contribuir para a gestão do seu território.
2.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS
Trabalhando dentro do conceito de áreas protegidas, podemos observar historicamente que no
Brasil, e acompanhando a tendência no mundo, as primeiras unidades de conservação surgiram
como Parques. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2003), a primeira iniciativa para criação
de uma área protegida ocorreu em 1876, na tentativa do Engº. André Rebouças (inspirado na
criação do Parque de Yellowstone nos Estados Unidos) de criar dois parques nacionais: um em Sete
Quedas e outro na Ilha do Bananal.
A criação do primeiro parque nacional brasileiro, entretanto, data do ano de 1937, com a criação
do Parque Nacional de Itatiaia no Estado do Rio de Janeiro. Na Bahia, o primeiro Parque
Nacional a ser criado foi o de Monte Pascoal em 1961, tendo sido antecedido, porém, pelo
Parque Estadual Zoobotânico Getúlio Vargas em 1959. (MMA, 2003a; CRA, 2003).
São diversas as áreas protegidas por leis, decretos, resoluções e tratados. Podemos citar, por
exemplo, o Código Florestal Brasileiro – Lei Federal 4.771/1965 que estabelece áreas de
Reserva Legal e de Preservação Permanente; a Convenção Internacional para a Proteção da
Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas dos Países da América; ou ainda a Convenção
sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente com habitats de aves
aquáticas; o programa internacional da UNESCO sobre criação de Reservas da Biosfera - O
Homem e a Biosfera - MaB, lançado em 1971, entre outros. No entanto, é preciso esclarecer
antes de tudo que o estabelecimento de espaços territoriais especialmente protegidos, em todas as
Unidades da Federação, é atribuição constitucional do Poder Público conforme o Art. 225 da
Constituição Federal Brasileira. Sendo assim, o estabelecimento de áreas protegidas é
competência concorrente da união, dos estados e municípios. Essa competência induz a
necessidade de um ordenamento. Dessa maneira, foram criados diversos tipos de unidades sem
11
que houvesse uma convergência dos tipos. Finalmente, com o surgimento do SNUC no ano
2000, foi criado um sistema unificado para UCs.
Hoje em dia no Brasil, o Ministério do Meio Ambiente calcula algo em torno de 8,13% a área do
território que está inserida em alguma unidade de conservação. Considera-se que esse número
pode estar um pouco superestimado, já que muitas unidades de uso sustentável, principalmente
APAs, tem dentro do seu território outras UCs de proteção integral.
Dentro desse conhecimento de UCs no território, observa-se diretamente a carência de um
sistema de informação, preferencialmente espacializado sobre área protegidas. Um sistema dessa
natureza poderia responder com precisão sobre a localização e áreas das unidades em diversos
tipos de unidades territoriais.
Destacamos agora, o histórico dos instrumentos legais federais que estão relacionados à criação
ou regulamentação de unidades de conservação constantes do SNUC, que consideraremos aqui
como tipos especiais de áreas protegidas:
1LEIS
• Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981 - Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental, e dá outras providências.
• Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Política Nacional do Meio Ambiente -.
• Lei n° 7.804/89 - Cria as Reservas Extrativistas.
1DECRETOS
• Decreto nº 84.017, de 21 de setembro de 1979 - Aprova o Regulamento dos Parques
Nacionais Brasileiros.
• Decreto nº 84.973, 29 de julho de 1980 - Dispõe sobre a co-localização de Estações
Ecológicas e Usinas Nucleares.
• Decreto n° 88.351, de 1 de junho de 1983 - Regulamenta as Estações Ecológicas.
• Decreto n° 89.336, de 31 de janeiro de 1984 - Dispõe sobre Reservas Ecológicas, Áreas
de Preservação Permanente e Áreas de Relevante Interesse Ecológico.
• Decreto n° 2.473, de 26 de janeiro de 1990 - Dispõe sobre as Reservas Extrativistas.
12
• Decreto n° 98.897, de 30 de janeiro de 1990 - Regulamenta a criação de Reservas
Extrativistas.
• Decreto n° 99.274, de 06 de junho de 1990 - Regulamenta as Leis 6902/81 e 6938/81.
• Decreto nº 750, 10 de fevereiro de 1993 - Dispõe sobre o corte, a exploração e a
supressão da vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da
Mata Atlântica, e dá outras providências.
• Decreto nº 1.298, 27 de outubro de 1994 - Aprova o Regulamento das Florestas
Nacionais, e dá outras providências.
• Decreto nº 1.922, 05 de junho de 1996 - Dispõe sobre o reconhecimento das Reservas
Naturais Particulares do Patrimônio Natural, e dá outras providências.
1RESOLUÇÕES
• Resolução CONAMA nº 04, 18 de setembro de 1985 - Transforma em Reservas
Ecológicas as formações florísticas e as áreas de preservação permanente do artigo 18, da
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
• Resolução CONAMA nº 04, 18 de junho de 1987 - Declara diversas unidades de
conservação como sítios ecológicos de relevância cultural.
• Resolução CONAMA nº 11, 03 de dezembro de 1987 - Categorias de Unidades de
Conservação.
• Resolução CONAMA nº 10, 14 de dezembro de 1988 - Dispõe sobre áreas de proteção
ambiental - APAs
• Resolução CONAMA nº 11, 14 de dezembro de 1988 - Proteção às Unidades de
Conservação.
• Resolução CONAMA nº 12, 14 de dezembro de 1988 - Dispõe sobre a declaração das
ARIEs como Unidades de Conservação para efeitos da Lei Sarney
• Resolução CONAMA nº 12, 14 de setembro de 1989 - Dispõe sobre a proibição de
atividades em Área de Relevante Interesse Ecológico que afete o ecossistema
• Resolução CONAMA nº 13, 06 de dezembro de 1990 - Proteção dos Ecossistemas do
entorno das Unidades de Conservação.
1 Fonte: Home Page do Ministério de Meio Ambiente-MMA – SBF. Legislação sobre Áreas Protegidas
13
Com a consolidação das Unidades de Conservação por meio do SNUC, os objetivos de cada uma
delas ficaram claros (Quadro 2.1), podendo ser destacados dois grupos distintos: Proteção
Integral e Uso Sustentável.
Quadro 2.1: Tipos de Unidades de Conservação e seus objetivos segundo o SNUC
GRUPO UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO
OBJETIVOS
Estação Ecológica-EE preservação da natureza e a realização de
pesquisas científicas
Reserva Biológica-REBIO preservação integral da biota e demais atributos
naturais existentes em seus limites, sem
interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de
recuperação de seus ecossistemas alterados e as
ações de manejo necessárias para recuperar e
preservar o equilíbrio natural, a diversidade
biológica e os processos ecológicos naturais
Parque Nacional-PARNA preservação de ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica,
possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de
educação e interpretação ambiental, de recreação
em contato com a natureza e de turismo
ecológico
Monumento Natural preservar sítios naturais raros, singulares ou de
grande beleza cênica
PRO
TE
ÇÃO
INT
EG
RAL
Refúgio da Vida Silvestre proteger ambientes naturais onde se asseguram
condições para a existência ou reprodução de
espécies ou comunidades da flora local e da
fauna residente ou migratória
14
Quadro 2.1 (continuação): Tipos de Unidades de Conservação e seus objetivos segundo o SNUC
GRUPO UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO OBJETIVOS
Área de Proteção Ambiental-APA proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais
Área de Relevante Interesse Ecológico-ARIE
manter os ecossistemas naturais de importância
regional ou local e regular o uso admissível
dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os
objetivos de conservação da natureza
Floresta Nacional-FLONA o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais
e a pesquisa científica, com ênfase em métodos
para exploração sustentável de florestas nativas
Reserva Extrativista-RESEX proteger os meios de vida e a cultura dessas
populações, e assegurar o uso sustentável dos
recursos naturais da unidade
Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de
espécies nativas, terrestres ou aquáticas,
residentes ou migratórias, adequadas para
estudos técnico-científicos sobre o manejo
econômico sustentável de recursos faunísticos*
Reserva de Desenvolvimento Sustentável
é uma área natural que abriga populações
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas
sustentáveis de exploração dos recursos naturais,
desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados
às condições ecológicas locais e que
desempenham um papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da
diversidade biológica*
USO
SU
STE
NT
ÁVE
L
Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN
é uma área privada, gravada com perpetuidade,
com o objetivo de conservar a diversidade
biológica* Fonte: Lei Federal 9.985/00 – SNUC. * Definição constante na lei
15
A definição dada para cada um dos grupos, deixa bem marcante a diferença entre os seus usos e
limitações de ordem geral. Para as unidades de uso sustentável, tem-se como objetivo básico:
“compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos
naturais”. Já as unidades de proteção integral têm como objetivo básico: “preservar a natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos
previstos em Lei” (SNUC, 2000, Art. 7º, § 1º e 2º).
Por exemplo, a Estação Ecológica, na categoria de proteção integral, tem como objetivo a
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas e a Área de Proteção Ambiental -
APA, na categoria de uso sustentável, tem como objetivos básicos proteger a diversidade
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais.
Analisando-se especificamente o caso de Áreas de Proteção Ambiental, um dos focos do
presente trabalho, observa-se que na Lei 6.902/1981 pela primeira vez o governo federal
mencionou a possibilidade de criação destas UCs, quando houver interesse público. A finalidade
também mencionada na lei, já indicava a vocação dessa UC, ao considerar a possibilidade da
presença do homem em sintonia com a conservação do meio natural, in verbis o art.8º:
“O Poder Executivo, quando houver relevante interesse público, poderá declarar
determinadas áreas do Território Nacional como de interesse para a proteção ambiental,
a fim de assegurar o bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as
condições ecológicas locais”
No artigo 9º da Lei, o estabelecimento e desenvolvimento de determinadas atividades humanas
foi objeto de considerações de controle ambiental, onde se enumerou cinco atividades que
poderiam ser limitadas ou proibidas, através de normas, de modo a tornar as atividades
produtivas mais compatíveis com o ecossistema local. Eis as atividades consideradas na lei para
APAs:
a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar
mananciais de água;
b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas
importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;
16
c) o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um
acentuado assoreamento das coleções hídricas;
d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota
regional.
A lei previu ainda a aplicação de sanções administrativas, para desobediência às normas que
limitam as atividades, descritas acima, com a imposição de multas.
Por isso o Decreto Federal 99.274/1990 regulamenta o conteúdo de informações que devem
constar do decreto de criação de APAs, como a sua denominação, seus limites geográficos,
principais objetivos e as proibições e restrições de uso dos recursos ambientais nela contidos.
Estabelece ainda que “a entidade supervisora e fiscalizadora da Área de Proteção Ambiental
deverá orientar e assistir os proprietários, a fim de que os objetivos da legislação pertinente sejam
atingidos” (Art. 30).
Por outro lado à Resolução CONAMA 10/1988 estabelece em seu Artigo 2º, a obrigatoriedade
da existência de Zoneamento Ecológico-Econômico que irá indicar os usos, limitações e
proibições em cada zona.
Nessa altura já existe uma certa confusão quanto ao cumprimento do que determina esses
instrumentos legais, ou melhor, falta ordenar os passos necessários para criação e gestão de
APAs, e também, como fazer.
O Decreto 4.340/2002 que regulamentou o SNUC começou a clarear como deve ser feito o
processo de criação de UCs de maneira geral, porém ainda deixa para estabelecimento posterior,
diretrizes para diagnóstico, roteiro para planos de manejo, zoneamento e avaliação. Significa dizer
que um verdadeiro modelo, que consolida os passos e instrumentos para criação, gestão e
avaliação de uma UC qualquer, como APAs, incluindo sistemas de informação, pode ser
desenvolvido por cada órgão administrador de unidades de conservação.
Dessa forma, desde o processo inicial de políticas públicas para criação de UCs até a plena gestão
dessas unidades, identificamos que o conhecimento de informações nos mais diversos níveis,
17
permeia estrategicamente todo o processo de planejamento, discernimento pleno do território,
consulta pública, criação de instrumentos de gestão, participação da sociedade local na
administração da área e avaliação dos objetivos da gestão da unidade. Vê-se, portanto, que a
coleta, organização, sistematização e disponibilização de informações ambientais em todos esses
processos, através de um sistema de informação, seria pleno de uso para todos os atores
envolvidos, do Estado à sociedade em geral e o passo inicial para o exercício da competência de
criação e gestão de áreas protegidas nos moldes do SNUC.
Principalmente para gestão de APAs, a difusão de informações é um componente prioritário,
pois, como já foi comentado, essa UC pode contemplar uma enorme diversidade de usos e incluir
uma grande gama de atores envolvidos diretamente no território.
2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E O ESTADO DA BAHIA
O Estado da Bahia possuía em seu território, até janeiro de 2003, 108 unidades de conservação
nos níveis federal, estadual e municipal (CRA, 2003). Destaque deve ser dado para a categoria
APA, já que a Bahia apresenta 37 dessas unidades, sendo 26 estaduais e 11 municipais espalhadas
por todo o território do Estado (Figura 2.1).
Devemos considerar que a criação de APAs somente foi possível a partir do ano de 1981, com a
Lei Federal 6.902/81, no entanto, o histórico de criação de Unidades de Conservação no Estado
da Bahia, mostra claramente a opção pela criação dessas unidades a partir da década de 90.
Conforme podemos observar na Figura 2.2, até o ano de 1990 existiam apenas 3 do total atual de
37 APAs na Bahia, 26 estaduais e 11 municipais, a partir de então, principalmente durante o
restante da década de 90, houve um aumento considerável na criação de APAs. Essa tendência,
para criação dessas UCs, se mantêm no período 2001/2002.
Se for considerada ainda, apenas as UCs de âmbito estadual, o que exclui o recente fenômeno das
Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPNs, que são criadas por portaria do IBAMA a
partir da iniciativa privada, a tendência do Estado da Bahia pela criação de APAs – 61% do total
de unidades, fica ainda mais evidente quando comparada com todas as outras categorias de UCs
estaduais (Figura 2.3).
18
Figura 2.1: Mapa de Unidade de Conservação no Estado da Bahia
Fonte: CRA, 2002
19
13
22
32
37
0
8
16
24
32
40
1985 1990 1995 2000 2002
ANO
Figura 2.2: Evolução temporal de APAs Estaduais criadas na Bahia Fonte: CRA, 2002
Unidades de Conservação Estaduais
61%
23%
16%
APAs Parques Outras
Figura 2.3: Comparativo percentual de entre APAs Estaduais na Bahia e outras unidades
de conservação Fonte: CRA, 2002
20
Sem dúvida o Estado da Bahia adotou a categoria APA como unidade de conservação prioritária
para criação de Áreas protegidas, já que a categoria sozinha representa 34% do total de UCs, em
todos os níveis, existentes na Bahia. Se for considerado ainda, o total de hectares abrangidos por
todas as UCs na Bahia, as APAs, sozinhas representam 77% do total de 3.198.966 hectares que
significam 5,64% área do Estado da Bahia (Tabela 2.1).
Tabela 2.1: Unidades de conservação no Estado da Bahia
APA ESTADUAL 26 2.477.225 24 77 4,37APA MUNICIPAL 11 45.105 10 1 0,08PARQUE NACIONAL 5 298.965 5 9 0,53PARQUE ESTAUAL 10 68.037 9 2 0,12PARQUE MUNICIPAL 9 7.285 8 0 0,01OUTRAS CATEGORIAS (FEDERAL) 5 219.823 5 7 0,39OUTRAS CATEGORIAS (ESTADUAL) 7 17.821 6 1 0,03OUTRAS CATEGORIAS (MUNICIPAL) 6 41.293 6 1 0,07RPPN 29 23.412 27 1 0,04 TOTAL 108 3.198.966 100 100 5,64
56.729.530,00
QUANT.DENOMINAÇÃO
Superfície Territorial do Estado da Bahia (ha)
QUANT. UC / QUANT TOTAL
(%)
ÁREA UC / ÁREA TOTAL
(%)
ÁREA (HA) ÁREA UC / ÁREA ESTADO
(%)
Fonte: CRA, 2002
Segundo entrevista com Fausto Azevedo (Apêndice A), Diretor do Centro de Recursos
Ambientais – CRA no período de 1999-2003, que exerceu também o cargo de subsecretário de
Planejamento, Ciência e Tecnologia na época em que essa secretaria era responsável pela política
de meio ambiente do Estado da Bahia, a opção pela criação de APAs não foi uma política clara e
bem definida.
A proposição para criação de APAs podia ser feita por vários órgãos governamentais. A grande
maioria das APAs, 15 de um total de 26 APAs estaduais (Figura 2.4), se localizam no Litoral
Norte e Sul do Estado, e sua criação ocorreu como uma ferramenta utilizada em programas
governamentais maiores, como o Desenvolvimento do Turismo e como instrumento para o
controle do uso do solo da Região Metropolitano de Salvador - RMS. Alguns municípios
foram nessa mesma linha, criando APAs na ausência de planos próprios de ordenamento e uso
do solo.
21
Figura 2.4: Localização das APAs estaduais na Bahia Fonte: CRA, 2002
22
Em outras situações, a criação de APAs ocorreu para preservar fontes de recursos hídricos
usados para abastecimento humano – APAs Joanes/Ipitanga, Bacia do Cobre/São Bartolomeu,
Lago de Pedra do Cavalo na RMS, e em outras ainda, a intenção foi realmente conservação do
meio natural como é o caso da Baía de Todos os Santos.
Além disso, Azevedo (2002) acrescentou que a criação de APAs também foi vista com
pragmatismo, já que essas UCs não traziam grandes problemas de efetividade, já que o uso é
direto, não exclui o homem e o Estado não precisaria desapropriar e fazer regularização fundiária.
Assim sendo, a criação de APAs na Bahia começou a ser feita de maneira descentralizada em 3
órgãos públicos e com motivação ligada a programas governamentais maiores. Assim, órgãos
como a CONDER, na época Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de
Salvador e a BAHIATURSA – órgão oficial de Turismo no Estado da Bahia, propunham a
criação e por vezes realizavam o diagnóstico das áreas. Até o início de 1999 as 18 APAs estaduais
existentes na época eram administradas por esses três órgãos públicos, incluindo o CRA. A partir
de 11 de fevereiro daquele ano, a administração de APAs foi centralizada no CRA, através da
publicação do Decreto Estadual 7.527/1999. O objetivo, segundo Azevedo (2002) era unificar as
diretrizes, ritmos e linguagens diversos utilizados para fortalecer a gestão dessas unidades e
corrigir algumas distorções, como o fato de CONDER e BAHIATURSA não deterem poder de
polícia para fiscalizar e continuamente demandar do CRA, gerando algumas vezes choques de
política pública.
Portanto, a opção pelas APAs foi paulatinamente adotada, como opção de conservação
conciliada com atividades humanas.
Para se ter uma idéia dessa mudança, desde a administração da primeira APA estadual, Gruta dos
Brejões / Veredas do Romão Gramacho criada em 1985, e administrada pela Bióloga Sônia
Portugal no período 1989/1991, as diretrizes para gestão dessas unidades amadureceram
sobremaneira.
Segundo entrevista com Portugal (Apêndice B), a intenção de criar essa APA em 1985 foi no
sentido de preservação. Não havia na época o conceito de conservar e permitir o uso controlado
dos ativos ambientais locais. Não haviam instrumentos de gestão, como ZEE e plano de manejo.
23
A idéia de criá-los, e a forma de administração atual só começou a ser amadurecida a partir de
1991, segundo a administradora.
Dessa forma Portugal definiu as diretrizes da época para a administração dessa APA:
De forma geral a área é para preservação dos recursos naturais
Realizar estudos sobre biodiversidade / espeleologia da área, feitos pela própria
administradora e espeleólogo, caminhando em direção de um diagnóstico.
Trabalhar com nativos da região, pagos pelo Estado, como guias locais e multiplicadores
de educação ambiental para a população
Fiscalização para impedir a degradação e o surgimento de atividades que pudessem
destruir as cavernas locais e seus espeleotemas, mantendo afastadas as atividades humanas
dessas características.
Desde o início de 1999 até dezembro de 2002, o CRA começou a implantar o atual modelo de
gestão dessas unidades, de forma que as estratégias podem ser sintetizadas seqüencialmente da
seguinte forma:
1ª - Conhecer efetivamente a estrutura e os atributos da poligonal da área decretada como APA,
para poder ter argumentos de conservação e desenvolver sua administração;
2ª - Criar instrumentos de gestão e estabelecer estruturas administrativas na área para efetivar a
presença de gestores, legitimados por normas e instrumentos legais de controle e uso do solo;
3ª - envolver a comunidade presente na APA, na gestão da unidade, para fortalecer, internalizar e
perenizar a existência da APA na comunidade local e regional, incluídos os poderes públicos e
empresários. (ABREU & AZEVEDO, 2002).
Como pôde ser observado, o conceito atual para APAs realmente não era aquele que era exercido
na administração da APA Gruta dos Brejões / Veredas do Romão Gramacho.
Hoje em dia, ainda segundo Azevedo (2002), a tarefa do Gestor da APA é de um administrador,
portanto a realização de estudos do meio natural e a elaboração do diagnóstico da APA devem
ser feitas por especialistas contratados em licitação pública. Outra diferença perceptível, a partir
24
das declarações de Azevedo, é que a APA, vista como unidade de negócios, deve captar recursos
financeiros, fazer projetos e ter autonomia para contratar pessoas locais sem depender da
existência de iniciativas e recursos centralizados nos cofres do Estado.
Até dezembro de 2000, inclusive, a parte de fiscalização ambiental das APAs era feita por outro
setor do CRA, quando demandado pelo Administrador da APA. Dessa forma o gestor poderia
trabalhar focado na administração da área, sem correr riscos de se envolver diretamente em
conflitos de interesses entre grupos locais. Poderia atuar então, de fato como um administrador e
solucionador de conflitos, sem perder o trânsito por todos os estratos sociais locais, cumprindo
assim o conceito da unidade e o objetivo disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade dos recursos naturais.
Para garantir que a proposição de gestão de APAs atingiu seu objetivo institucional, foi proposta
a criação de um Índice de Gestão de APAs – IGA para o CRA, que tem como objetivo medir a
implantação do modelo proposto. Tal índice, mostrado na Figura 2.6, demonstra no seu último
componente, veículos de informação que atingem diversos extratos sociais, como a pontuação
indicada para a existência de programas de rádio, jornais informativos, home pages etc. Esses
parâmetros são encontrados justamente na última (3ª), ou seja, a mais avançada das três
estratégias para a gestão de APAs apontadas por Abreu e Azevedo (2002).
Analisando o IGA do CRA, voltamos ao entendimento sobre a necessidade de informações para
APAs. Observamos no IGA que, sem dúvida, a geração de informações e a divulgação das
mesmas, sob diversas formas, são encontradas no início e na fase madura desse modelo de
gestão. Isso serve para reforçar aquilo que já foi comentado anteriormente, sobre a precisão e
adequação de um sistema de informações já a partir do ato da criação de uma UC.
Neste modelo, ainda não se encontra perfeitamente demonstrada a tática sobre como efetuar a
utilização de instrumentos para divulgar informações, levantadas previamente e obtidas
dinamicamente. No entanto, esses instrumentos se mostram como as principais formas de
disseminar conhecimentos ambientais diversos, para os representantes do conselho gestor, caso
este esteja implantado, e para a população na unidade. Ou seja, um sistema de informações pode
representar a verdadeira possibilidade de envolver a comunidade na gestão efetiva da APA, de
consolidar o modelo de gestão e a existência da própria UC.
25
Deve-se ressaltar ainda, que os instrumentos de comunicação, como indicados, estão concebidos
na sua forma inicial, devendo evoluir para a existência de um verdadeiro sistema de informação
ambiental para a APA, que em suma será o arcabouço alimentador das formas de divulgação
escolhidas.
Quadro 2.2 – Índice de Gestão de APAs – IGA do CRA
COMPOSIÇÃO DO ÍNDICE DE GESTÃO DE APA – IGA
PARÂMETRO/INDICADOR PESO SEDE ADMINISTRATIVA 25 Administrador designado 10 Sede equipada 15 CONSELHO GESTOR 15 Processo de criação 3 Criado 4 Atuando 8 ZEE 15 Diagnóstico em andamento 2 Diagnóstico elaborado 3 ZEE em andamento 2 ZEE elaborado 3 ZEE aprovado pelo CEPRAM 5 PROJETOS ESPECÍFICOS 15 Projeto elaborado 5 Projeto em execução 10 PARCERIAS 15 Cooperação Técnica/apoio institucional 5 Convênio assinado 5 Convênio em execução 5 COMUNICAÇÃO / DIVULGAÇÃO 15 Jornal 2 Programa de rádio 2 Folder 2 Publicação síntese do diagnóstico 3 Publicação síntese do zoneamento 3 Home Page 3 TOTAL 100 Fonte: ABREU & AZEVEDO, 2002
Pode-se observar na Figura 2.5 (ABREU & AZEVEDO, 2002) a evolução do índice de gestão de
APAs no período de julho de 1999 a julho de 2002. Tal evolução mostra um grande
amadurecimento no modelo de gestão proposto. Deixa também claro e ainda mais premente a
necessidade de estabelecer, nessa fase, uma política específica para gestão de informação
26
ambiental para as APAs, que estão atingindo um grau cada vez maior de envolvimento com a
sociedade e de complexidade em relação às decisões que devem ser tomadas.
Figura 2.5 – Evolução do Índice de Gestão de APAs do CRA
Em relação à estrutura administrativa do Estado da Bahia, ocorreu uma mudança válida a partir
do início de 2003. Foi instituída a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH,
a qual agora tem a competência para propor a criação e fazer gestão de UCs, através da
Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação. Essa competência
sai então do Centro de Recursos Ambientais, órgão de gestão ambiental, que exerce o controle
ambiental de atividades – licenciamento, fiscalização, avaliação, e passa para uma estrutura
própria, mesmo que na administração direta da Bahia. Essa mudança pode refletir uma tendência
para alicerçar o modelo proposto pelo CRA para gestão de APAs, já que pode ser um passo para
a futura criação, quem sabe, de um órgão autárquico/regulador específico, somente para criação e
gestão de UCs. É claro que para se chegar a uma estrutura governamental dessas, uma cultura
institucional do Estado sobre UCs e especificamente sobre APAs, ainda deve continuar a se
desenvolver e a amadurecer nos gestores governamentais da Bahia.
27
2.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA APAs
Segundo Lima (2002), sistemas de Informação, são “conjuntos de componentes
interrelacionados, trabalhando juntos para coletar, armazenar, processar, recuperar e distribuir
informação, com a finalidade de facilitar o planejamento controle, coordenação, análise e o
processo decisório nas organizações”.
Ao se introduzir a componente ambiental em sistemas de informação, o trabalho se torna muito
mais complexo, já que, segundo Caribé (1992, p. 41) – citando vários autores, a característica
principal da informação ambiental é a inter e multidisciplinaridade. Deve-se levar em conta as
ciências naturais, economia, demografia e sociologia (MUELLER, 1992) e seus assuntos estão
ligados a geologia, geografia, química, biologia, hidrologia, engenharia química, engenharia
ambiental, engenharia sanitária, pesquisa operacional, aspectos econômicos, política econômica,
gerenciamento e administração, política governamental e implicações sociais (CARIBÉ, 1992).
Dentro dessa complexidade, adicionamos mais um desafio, que vem das relações entre sistemas
de informação e os modernos movimentos ambientalistas. O primeiro costuma seguir
continuamente as tendências e as dinâmicas do segundo. Uma das mais recentes dessas
mudanças, no âmbito internacional, ocorreu durante os anos 1990 com uma crescente aceitação
do princípio de amplo acesso público a informação ambiental (HAKLAY, 2003).
Esse princípio também foi incorporado no entendimento de movimentos ambientalistas do
Brasil e foi consubstanciado pelo legislador brasileiro em uma série de instrumentos legais em
vigor:
Lei 7.347/1985 - Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados
ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (vetado),e dá outras providências.
CONAMA 01/1986 - obriga a disponibilização pública do RIMA
CONAMA 09/1987 - finalidade expor aos interessados o conteúdo do licenciamento
ambiental em análise e do seu referido RIMA
Lei 7.804/1989 – fala sobre “a garantia da prestação de informações relativas ao Meio
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes”
Lei 9.433/1997 - Sistema de Informações de Recursos Hídricos
28
Lei 9.985/2000 – Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC
Lei Estadual 7.799/2000 – Institui a política estadual de administração de recursos
ambientais - Cria o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA
No caso do Estado da Bahia, foi criado, com a Lei 7.799/2000, o Sistema Estadual de
Informações Ambientais – SEIA, que tem como objetivo:
“oferecer à comunidade amplo acesso às informações sobre a qualidade
do meio ambiente, o uso dos recursos naturais, as fontes degradadoras, a
presença de substâncias potencialmente danosas à saúde nos alimentos, na
água, no ar e no solo, e as situações de riscos de acidente”.(BAHIA,
NOVA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, p. 27, 2002).
Desta forma, o SEIA surge como um instrumento da própria Política Estadual de Administração
dos Recursos Ambientais, sendo colocado no mesmo patamar de instrumentos tradicionais
como: licenciamento ambiental, fiscalização ambiental, avaliação da qualidade ambiental,
educação ambiental, criação de áreas protegidas entre outros. Consideramos, portanto com a
existência do SEIA, a legitimação e o aval do Estado da Bahia para um amplo trabalho de
sistematizar informações sobre o meio ambiente, incluídas aí as UCs.
A disponibilização pública de informações ambientais para APAs vai nesse sentido. Conforme
comentários anteriores, informações ambientais permeiam todo o processo de criação,
implementação, gestão e participação social dessas unidades de conservação. Pode-se observar
que são vários usuários e vários níveis da informação em cada etapa, que vão do Estratégico,
passando pelo Tático até o nível Operacional.
Analisando-se a legislação para UCs, ressalta-se que, já no processo de criação de uma unidade, o
SNUC prevê no seu Capítulo IV que trata “DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO
DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO” nos § 2o e 3o que in verbis:
“§ 2o - A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e
de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.”
29
“§ 3o - No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é obrigado a
fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes
interessadas.”
Vê-se mais uma vez que, a coleta, organização, sistematização e disponibilização de informações
ambientais é o passo inicial básico para o exercício da competência constitucional que cabe ao
poder público, de definir espaços territoriais a serem especialmente protegidos.
Os estudos técnicos a que se refere o § 2o devem ser feitos em cima de uma ampla gama de
informações constantes de um Sistema de Informação Ambiental - SIA. Seria algo semelhante à
utilização de Zoneamento Ecológico-Econômico, na qual este seria um instrumento para
racionalização da ocupação e do uso do solo e de redirecionamento de atividades, subsidiando a
formulação de políticas territoriais. Sendo assim, o ZEE disporia de um “mecanismo integrado
de diagnóstico sobre o meio físico-biótico, a sócio-economia e a organização institucional, bem
como de diretrizes pactuadas de ação entre os diferentes interesses dos cidadãos”. (MMA,
2003b).
Indubitavelmente, haverá grandes dificuldades para a implantação de um sistema de informações
ambientais, para atender todos os usuários interessados, já que em suma representam toda a
sociedade, justamente pelo caráter difuso do meio ambiente.
As dificuldades, para um dos objetos desse trabalho, poderão começar justamente pelo
entendimento do conceito de unidades de conservação e dos seus objetivos. Nesse caso,
talvez o passo mais difícil seja desenvolver a capacidade de enxergar a relação sistêmica dos
componentes do meio natural, internalizar o fato de que somos um desses componentes e a
necessidade da sociedade em estabelecer áreas protegidas.
Outras terminologias ambientais também teriam que ser apreendidas pelas pessoas, como: Áreas
de Preservação Permanente – APP, reservas legais, conservação, preservação, diversidade
biológica, recursos ambientais, uso sustentável, recuperação, restauração, zoneamento, plano de
manejo, degradação ambiental, poluição, fonte degradante, bacia hidrográfica, cobertura vegetal,
equilíbrio ecológico etc.
30
No Brasil, há de considerar-se “os desníveis culturais e de desenvolvimento regionais” que
resultam entre outros em diferenças “no nível de conscientização da população quanto aos seus
direitos sobre o meio ambiente” (MESQUITA, 2000, p. 26). O grande desafio está, portanto, nos
níveis diferenciados de entendimento que a sociedade possui, mesmo em escala local, e como
formar um sistema que atenda a todos.
Trazemos como foco agora, a gestão de APAs, dentro do modelo adotado pelo CRA e ainda
considerando os fundamentos teóricos-conceituais tratados no capítulo 3 desta dissertação.
Ressalvamos, no entanto, que os conceitos aplicados aqui para a divulgação de informação
ambiental, podem ser estendidos a outros objetos da gestão ambiental. As formas tratadas aqui,
também podem ser perfeitamente adaptadas para qualquer organização, onde possam estar
competências de atuação em diversos instrumentos de políticas ambientais, ou até mesmo de
forma interorganizacional, já pensando em organizações administrativas diversas, adotadas pelos
estados, em relação a suas estruturas de meio ambiente.
Apesar da recente mudança administrativa no Estado da Bahia, dos órgãos para gestão de APAs,
a proposição desse sistema de gestão em nada é afetada. Nesta proposição, se adota como válido,
o modelo de administração de APA do CRA, que inclusive continua sendo adotado pela nova
superintendência.
Outro fator a ser considerado é a importantíssima premissa de que informações ambientais têm
que estar relacionadas com conceitos de funcionamento em rede, com interacessibilidade total
entre órgãos, do planejamento até executores de políticas ambientais, tantos quantos ou
quaisquer sejam esses órgãos, já que entre eles existirá o propósito comum de realizar o todo da
gestão ambiental do Estado.
Tal arranjo, através de um sistema integrado de informações ambientais, está de acordo com uma
característica essencial do Meio ambiente: um sistema holístico, integrado e interrelacional, que
não pode ser dividido em partes, assim como suas informações. Qualquer outra abordagem
reducionista, fragmentada e feita em partes não daria tal compreensão (WHITE;
MOTTERSHEAD; HARRISON, 1994).
Em relação “ao que informar?”, numa base de dados sobre unidades de conservação, deverão
constar, segundo Caribé (1992, p. 44): sua localização (memorial descritivo); o ecossistema que
31
representa; e o mapeamento e inventário dos recursos de fauna e flora existentes. Acrescentamos
que, em caso de unidades de uso sustentável, como APAs, e até mesmo as de proteção integral,
para conhecer as pressões existentes, terão que constar também informações sobre:
caracterização da situação fundiária, das atividades produtivas existentes, da infra-estrutura
presente, a caracterização social, as manifestações culturais, as relações econômicas, as políticas
governamentais incidentes e as dinâmica desse fatores com o meio natural.
Em se tratando de uma APA, a primeira informação básica é justamente a explicação do que é
Área de Proteção Ambiental. Segundo entrevista com o Jornalista Marcos Luedy (Apêndice C),
em relação a pessoas nativas de uma APA: “as pessoas locais podem até saber partes do que é
essa unidade de conservação, porém não entendem o conjunto desse conceito”. A experiência
também me faz crer que muitos da sociedade atual, mesmo aqueles com bom nível de instrução,
também não sabem exatamente o que é esse tipo de unidade de conservação.
A informação seguinte que importa é a poligonal da unidade inserida no território e
georeferenciada em relação a este. É muito importante que se conheça onde você está inserido
espacialmente ou uma atividade qualquer ou ainda uma parte do ambiente, e a referência desta
área em relação a escalas maiores do território.
A seguir devem ser consideradas informações de todas os instrumentos legais relacionadas a
APA. Em APAs na Bahia, a seqüência de normas é a seguinte: um decreto governamental cria a
APA baseado em informações já existentes sobre características ambientais; em seguida uma
resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM aprova o Zoneamento-
Ecológico-Econômico da APA; em terceiro lugar o CEPRAM aprova o Plano de Manejo da
Área. Como conseqüência, todos os estudos técnico-científicos relacionados a estas normas
também devem estar disponíveis no sistema.
Dentre esses estudos, o primeiro é o diagnóstico para conhecimento profundo do território em
todos os seus aspectos, sócio-econômicos e ambientais. A partir desse diagnóstico é proposto o
mais forte instrumento de controle, que é o Zoneamento-Ecológico-Econômico da área, em
concordância com os principais atores envolvidos, que traz os critérios de uso das zonas
(Resolução CONAMA 10/1988). Finalmente vem o plano de manejo, que informa
procedimentos para assegurar a conservação das características da APA.
32
A APA, como uma unidade ambiental que corrobora a presença humana, a gestão do território
feita através de um conselho gestor, deve privilegiar um máximo de ação executiva da sociedade
como gestor efetivo. A participação do Estado, caminha para ficar apenas dentro da esfera do
planejamento, como suporte, monitor e legitimadora da estrutura gestora.
Diante disso, um sistema de informação para APAs deverá prever acesso pleno ás informações
que guardam relação direta ou indireta aos documentos e instrumentos citados, para todas as
partes envolvidas. Sumarizando, quais seriam essas informações:
Mapas da poligonal da APA, conforme sua criação, inserida no território
Conhecimento da sociedade existente na área e suas inter-relações culturais
Conhecimento pleno das características econômicas e sua dinâmica
Conhecimento de todas as características ambientais, físicas e bióticas
Zoneamento Ecológico–Econômico da APA
Participação e conhecimento do Plano de Manejo da APA
Conhecimento das políticas públicas relacionadas ao território
Conhecimento da aplicação dos outros instrumentos de gestão ambiental da área
Nesse último tópico, encontram-se principalmente o monitoramento da cobertura vegetal, o
conhecimento da gestão hídrica local – com dados de outorga de água, comitês de bacias e sub-
bacias existentes -, dados de avaliação da qualidade de água e monitoramento do ar, fiscalização e
penalidades feitas na APA, programas de educação ambiental aplicados e também todas as
informações referentes ao Licenciamento Ambiental de atividades produtivas.
No caso deste último, no processo de licenciamento do Centro de Recursos Ambientais – CRA
do Estado da Bahia, as atividades efetivas ou potencialmente degradadoras localizadas em APAs,
são objeto de Anuência Prévia do gestor da APA. Essa anuência integra o Parecer Técnico do
processo licenciatório, onde são observados, como fatores preponderantes, os critérios e
parâmetros definidos pelo ZEE para cada zona (BAHIA, Decreto 7.967/2001) e que constarão
na Resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM que também aprovou o
ZEE. Pelo anexo V do decreto em questão, praticamente todas as atividades produtivas são
passíveis de licenciamento ambiental.
33
Em uma APA com ZEE e plano de manejo, quando se pergunta “quem deve ser informado?”,
uma simples análise desses instrumentos, que efetivamente normatizam o uso do solo em todos
os níveis de poder e de intervenção, indica os potenciais clientes do sistema de informação para
APAs:
Órgão gestor ambiental da APA;
Gestor público em seus diversos níveis: federal, estadual e municipal com atuação na área
da unidade;
Empreendedores e técnicos com projetos de intervenção do solo na área da APA
População local, organizada ou não na forma de entidades civis ou não governamentais
Pesquisadores e estudantes cuja área de atuação ou de interesse esteja relacionada a
qualquer atributo da UC.
Sendo assim, com tão vasto público potencial, um SIA para APAs, caminha pelo menos para
uma razoável complexidade. Como informar a contento, pessoas e níveis de interesses tão
diversos? Primeiramente, devem ser escolhidos um ou mais veículos do SIA para a APA. Nesse
ponto pode-se escolher uma estratégia única ou multimídia.
Ao analisar o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA, nota-se que o mesmo cita
especificamente o uso da Internet (Decreto 7.967/2001, Art. 27) como meio de divulgação de
informações, deixando aberto, porém sem especificar, outros meios. O art. 26, § 1º desse decreto,
também prevê que a parte do sistema relacionada à informações de gestão ambiental deva estar
informatizado.
Sem dúvida a complexidade de um SIA e a facilidade de divulgar informações encontram
resposta em ferramentais tecnológicos eletrônicos e meios digitais. Barreto (1998, p. 126)
considera que a “comunicação eletrônica imprime uma velocidade muito maior na possibilidade
de acesso e no uso da informação”. Esse autor considera, ainda, que o acesso e julgamento à
informação ficam mais facilitados, assim como sua própria assimilação em virtude das novas
possibilidades de conectividade criadas.
Simão (2001), acrescenta que as tecnologias de informação e comunicação estão de fato
revolucionando a forma como trabalhamos, nos comunicamos e aprendemos. Afirma que estas
tecnologias oferecem aos cidadãos e também à administração pública, vastas novas
34
oportunidades para o oferecimento de serviços e participação pública, notadamente através da
Internet, utilizando a World Wide Web – WWW.
Isto posto, sem dúvida o uso, por exemplo, de Banco de Dados informatizados, para armazenar,
indexar e recuperar informações, é indiscutível quanto á sua maior eficiência, para facilidade de
conectvidade e seu uso para divulgação.
A despeito dessas formas, de “como informar?”, utilizarem tecnologias informatizadas e meios
como a Internet, devemos considerar dois tipos de problemas: o primeiro é a inadequação para
atingir o receptor de modo que o mesmo assimile a informação transmitida; e o segundo é a
ausência de uma infra-estrutura de acesso amplo, já estabelecida, para que as pessoas consigam
chegar até a informação, a chamada exclusão digital.
Em relação ao primeiro problema, uma entrevista com o jornalista Marcos Luedy (2002), sobre
meios de divulgação de informações sobre ZEE, para comunidades rurais ou com baixo
desenvolvimento social em APAs, indicou outros caminhos. O uso de cordel ou trovas, por
exemplo, foram considerados por ele como meios válidos, já que, como as informações provêm
de conceitos técnicos, os processos cognitivos das pessoas dessas comunidades não
acompanhariam outra forma de passar informação.
Luedy (2002) considera que “o cordel e as trovas usam o lúdico e o imaginário das pessoas,
gerando uma empatia e facilitando a comunicação com a comunidade” e que a intenção tem que
ir de acordo com o público alvo. Tal posição vai ao encontro daquela contida no item 40.22, do
capítulo 40 da Agenda 21, divulgada pela ONU em 1992. Nela, a Agenda 21 recomenda que a
informação seja orientada para diferentes grupos de usuários e que se deva utilizar formatos
eletrônicos e não-eletrônicos. Luedy recomenda, que as crianças da rede escolar de ensino sejam
públicos preferenciais das formas de divulgação e com diversas estratégias, já que representam o
futuro da comunidade.
O jornalista acrescenta, que a forma de passar informação deve gerar um interesse específico ou
uma forma de prazer para essas comunidades, de modo que os instrumentos utilizados devem
carregar o lúdico como um elemento essencial. Para as APAs, recomenda que seja feito um
Cordel somente para informar “o que é APA?” e um cordel para cada zona de um ZEE, já que
35
este meio é feito para tratar de assuntos ou motes específicos.“Se quem está dentro da APA não sabe
que ela existe, então todo trabalho será inócuo, já que tudo começa com informação e comunicação” finaliza.
O segundo problema comentado, o da exclusão digital, reflete também a necessidade de utilizar,
em conjunto com meio eletrônicos, outras formas para atingir a sociedade. É claro que o
problema de um desenvolvimento ainda não adequado, para acesso digital de informações, vai as
raias de políticas públicas maiores.
A existência do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST e do
Programa Federal “Sociedade da Informação do Brasil” constante do PPA, especificamente no
seu capítulo 3 que trata da Universalização de Serviços para a cidadania, incluindo acesso
comunitário a Internet e alfabetização digital, mostram boas iniciativas governamentais no
sentido de diminuir ao máximo a exclusão digital no Brasil. Iniciativas de ONG’s como o Comitê
para Democratização da Informática – CDI, que desde 1995 trabalha promovendo inclusão
social utilizando tecnologia da informação, também são dignas de nota. Segundo o Relógio da
Inclusão Digital, uma iniciativa do CDI em conjunto com Fundação Getúlio Vargas-FGV, Sun
Microsystems e United States Agency for International Development – USAID, existem hoje
quase 149 milhões e meio de brasileiros em situação de exclusão digital e pouco mais de 26
milhões e 700 mil brasileiros incluídos, ressalve-se no entanto, que a metodologia do CDI conta
apenas os que tem acesso a computadores em casa, devendo passar por um novo conceito
operacional onde deverá considerar acesso a informática no local de trabalho, nos serviços
públicos (e-gov), escolas e associações (CDI, 2003).
A conseqüência disso tudo talvez seja a declaração do Fórum Econômico Mundial (World
Economic Forum – WEF), sediado em Davos na Suíça em novembro de 2002, que o Brasil é o
líder latino-americano de inclusão digital e desenvolvimento de tecnologia (IG, 2002). O Brasil,
segundo a home page do WEF (2003), ocupa hoje a 29ª colocação mundial no Networked Readiness
Index - NRI que reflete a excelência no uso e aplicação de tecnologia de comunicação e
informação.
Fortalecida e justificada a adoção inicial de novas Tecnologias da Informação - TI, o desafio
agora, nessa proposta de sistema de informação ambiental para APAs, é a utilização de
tecnologias adequadas e a melhor interface para o sistema, a fim de obter a máxima eficiência e
responder melhor aos desejos da sociedade.
36
Haklay (2003, p. 165), propõe interessante figura que correlaciona seis importantes assertivas para
um sistema de informação ambiental (Figura 2.8) [tradução do autor].
Haklay, indica que as primeiras três assertivas (A, B e C) originam-se de diferentes segmentos da
arena ambiental e representam transições conceituais. A primeira representa a resposta de
instituições em direção do movimento ambiental. Essa assertiva fala que informações confiáveis,
acuradas e o conhecimento saudável, são vitais para tomadas de decisão ambiental. Na
proposição B, originada na pressão de populações, afirma que dentro da estrutura de
desenvolvimento sustentável todos os participantes interessados devem fazer parte em processos
de tomada de decisão. Finalmente na asserção C, que teve origem nos meios técnicos-científicos,
considera que informações ambientais são excepcionalmente bem representadas através de
Sistemas de Informação Geográfica – GIS.
A assertiva D é uma correlação de A e B, e afirma que para conseguir participação pública em
processos de tomas de decisão ambiental, as pessoas devem ganhar acesso a dados, informação e
conhecimento ambientais. Na letra E, originada de A e C, indica que o uso e a produção de
informação em GIS é essencial para otimizar tomadas de decisão ambiental.
Figura 2.6: inter-relações das assertivas de HAKLAY
Fonte: Haklay, 2003
37
Ao chegar na assertiva F, que é resultado da interação e conclusões de todas as outras, conclui-se
que sistemas de informação ambiental públicos devem ser baseados em tecnologia GIS. O autor
considerou ainda que tais sistemas são vitais para participação pública em processos de tomadas
de decisão ambiental.
Güttler, Denzer e Houy (2001) consideram que apesar de muitos usuários serem mais
familiarizados com interfaces de sistemas de informação baseado em estruturas em árvore –
como MS Windows Explorer, por exemplo, o conhecimento geográfico é essencial para projetar
informações multidimensionais em um sistema realmente integrado, que é condição necessária
para um SIA. Acrescenta a isso, o fato de que muitos usuários de sistemas de informação, já
estarem se relacionando com freqüência com objetos georreferenciados, que desempenham
importantes funções em seus métodos de trabalho.
Simão (2001), também indicou a adequação de GIS na elaboração de instrumentos de
ordenamento do território, acrescentando que se deve adotar a possibilidade de sua utilização em
navegadores de Internet na WWW, já que um GIS interativo na WWW (GISWEB) é importante
para o contato com os cidadãos na fase de participação pública. O autor afirma ainda que o ato
de comunicar acontecimentos usando sua localização geográfica, estabelece de imediato a sua
associação com o território, consolidando a identificação não apenas do local, mas também da
ação associada a ele, é o que chama da Geografia a serviço do cidadão - G-Government.
Podemos então considerar que a tecnologia GIS, dentro de um SIA, é adequada para as suas
pretensões, já que consegue mostrar na dimensão espacial de uma dada unidade territorial, as
informações textuais e tabulares nela contidas, bem como fazer as necessárias inter-relações entre
elas no espaço, sem deixar de considerar a participação pública desde o uso inicial no sistema.
Em vista disso, um sistema de gestão de informação para APAs deve levar em consideração uma
forma de visão do todo, tanto em relação à dimensão intangível do dado como em relação a
espacialização da informação no território e seus diversos usuários.
Sendo assim, podemos resumir todas as discussões anteriores, sugerindo as seguintes premissas
para formar o arranjo conceitual de um SIA para uma APA:
38
Informações sobre meio ambiente, por seu caráter difuso, devem estar
disponíveis para toda sociedade.
Os órgãos públicos devem ter papel ativo na divulgação de informações,
cumprindo inclusive o seu papel legal.
As informações ambientais devem ser divulgadas de forma agregada e inter-
relacionadas, para representar o caráter holístico do meio ambiente e da gestão do
território.
As informações deverão ser divulgadas por diversas mídias, de acordo com o
público e o objetivo específico que se pretende atingir.
Tecnologias modernas, como a internet e GIS, devem ser utilizadas por seu
caráter dinâmico, interativo e espacial, não deixando de utilizar, contudo, outros
meios tradicionais, principalmente em virtude dos problemas de adequação ao
usuário e de exclusão digital.
A informação deve ser tratada para prestar serviços governamentais específicos e
também deve estar disponível na sua forma integral, para ser multiplicada,
transmutada e conhecida por técnicos e especialistas.
As informações devem ser usadas por órgãos públicos e pela sociedade para
suprir a demanda de ser informados sobre assuntos específicos e imediatos –
como queimadas, acidentes com produtos químicos, qualidade da água de rios
etc.; para garantir acesso e realizar difusão de conhecimento; e finalmente; para
preparar pessoas, entidades privadas e o terceiro setor, à participarem ativamente
na gestão do seu meio ambiente local.
A realização e o pleno funcionamento do SIA é um desafio de alcance difícil para a administração
pública. Existem diversos fatores que obstaculizam o sistema, como a não consolidação do setor
de geoprocessamento, devido à necessidade de hardware, software e dados de base georreferenciada
que são bastante caros. Outro fator passa pela carência de mão de obra qualificada, de
profissionais com conhecimentos amplos em meio ambiente e treinamento em informação
39
geográfica. Chega-se finalmente, até a necessidade da existência, já estabelecida, de sistemas
informatizados com os dados técnicos que acompanharão e integrarão o GIS (MESQUITA,
2000, p. 127). Apesar das dificuldades, este é um movimento indelével na direção deste
paradigma da informação ambiental e cuja adoção deve continuar a ser feita pelo poder público.
40
CAPÍTULO 3
ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE INFORMAÇÃO AMBIENTAL
41
3. ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE INFORMAÇÃO AMBIENTAL
Neste capítulo pretende-se demonstrar as percepções conceituais básicas que formam um
Sistema de Informação Ambiental. Não se pretende discutir um SIA especificamente, mas os
conceitos fundamentais relacionados à informação, dos Dados à Inteligência. A interação e a
formação de grupos específicos serão abordadas como detentoras de identidades sociais, de
forma que sua organização local possa buscar espaço de legitimação nos conceitos de
funcionamento da sociedade em rede.
Será demonstrado também, como ocorreu à evolução histórica do entendimento sobre
informação ambiental e como ocorreu o amadurecimento do direito de ser informado,
passando pela sua transformação no direito de conhecer até chegar ao direito de participar.
Por fim, pretende-se discutir os benefícios da utilização de tecnologias da informação e que esta
pode, também, levar a problemas relacionados ao direito de participação ambiental de grupos
sociais específicos que se encontram em situação de exclusão digital.
Para começar a situar um SIA, primeiramente devemos conhecer as percepções atuais sobre
informação, seu conceito, sua origem e suas transformações.
Nos dias atuais, considera-se que estamos vivendo a era da informação ou era do conhecimento,
na qual os valores econômicos e sociais serão baseados e medidos, em maior escala, a produtos
não palpáveis, que em suma serão dados gerados pelas pessoas e organizações, principalmente em
forma digital, e que serão transformados em informação e conhecimento (TOFFLER, 1980).
Observando as funções clássicas da administração – planejamento, organização, assessoria e
controle, Meirelles (1985) citou a informação como denominador comum para todas elas.
Segundo esse autor, “atravessamos uma época de mudanças”, em que os administradores
precisam reagir e tomar decisões cada vez mais rápidas e em um mundo onde a quantidade de
informações científicas disponíveis dobra aproximadamente a cada oito anos, tendendo a uma
diminuição cada vez maior do tempo deste ciclo. Complementarmente, conforme informações
do Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação - CENADEM, “a
humanidade gerou a mesma quantidade de informação nos últimos 50 anos que nos cinco mil
anos anteriores. Esse número duplicará nos próximos 26 meses. Em 2010, a informação
duplicará a cada 11 horas” (CENADEM, 2001).
42
Observando exatamente a importância da informação, não é mais novidade que nos dias de hoje
informação tem valor estratégico e que a capacidade de uma empresa pode ser medida pelo ativo
“inteligência” dentro da mesma, mas para o entendimento do que se está falando, é preciso
entender antes o que compõe essa inteligência e como se chega até ela.
Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 91) propuseram o ciclo de transformação do
DADO à INTELIGÊNCIA, em três etapas (Figura 3.1).
Figura 3.1: Etapas de transformação do DADO à INTELIGÊNCIA
Segundo Hakken (apud BONSIEPE, 1999), este ciclo pode ser entendido como uma "cadeia
lingüística progressiva que começa nos dados, passa pelos dados processados (informação) até a
verificação de dados (conhecimento) e chega ao que talvez seja a informação existencialmente
confirmada (sabedoria?)". Para Davenport & Prusak (1998) existe uma confusão entre o
significado de dados, informação e conhecimento, que resulta em gastos com soluções
tecnológicos sem que haja o questionamento sobre a sua necessidade e sem que o sistema consiga
disponibilizar a informação desejada. Para eles, Dados são fatos discretos e objetivos sobre
eventos, e em um contexto organizacional são tidos como estruturas de registros de transações.
Já Drucker, (apud DAVENPORT & PRUSAK, 1998), definiu Informação como sendo “dados
dotados com relevância e propósito” [tradução do autor], concluíram então os últimos autores,
43
que Dado tem pouca relevância ou propósito. Para eles ainda, Informações são descritas como
mensagens na forma de documentos e são destinadas a mudar o modo como o receptor percebe
alguma coisa, sendo capazes de ter influência sobre seu julgamento e comportamento. Para
Sakamoto (1988, online), “os dados são transformados em informação à medida que são
contextualizados, categorizados, calculados, corrigidos ou condensados. Estas tarefas são
plenamente atendidas pelos sistemas de Informação”.
Deve-se considerar ainda que a produção de grandes volumes de dados pouco confiáveis e
desorganizados faz desaparecer a informação significativa e que informação é sempre muito mais
uma questão de qualidade do que de quantidade (DOWBOR, 2001). Segundo Tarapanoff; Araújo
Júnior e Cormier (2000, p. 91), a informação dispersa, entretanto, também não constitui
inteligência. Considera que “a partir da estruturação da informação é que a inteligência passa a
existir”. Para esses autores o conhecimento vai estar apoiado em dois aspectos: valor da
informação e a validade da informação para o processo decisório. Podemos então considerar que
a informação deve passar por um processo cognitivo para só então gerar Conhecimento.
A definição de Davemport & Prusak (1998) aponta que Conhecimento “é uma mistura fluida da
experiência composta, dos valores, da informação contextual e do discernimento de especialistas,
que fornece uma estrutura de avaliação e incorporação de novas experiências e informações”.
Acrescentam que nas organizações, o conhecimento torna-se freqüentemente embutido,
inclusive, dentro das rotinas, processos, práticas e em normas organizacionais.
Portanto Inteligência seria a conseqüência natural do conhecimento e uma agregação de valores
na Informação em forma de ação ou decisão, “de modo que a mesma adquira uma importância
contextual nas organizações” (DAVEMPORT & PRUSAK, 1998). “Pode-se dizer que a
inteligência visa, principalmente, imprimir um comportamento adaptativo à organização,
permitindo que estas mudem e adaptem os seus objetivos, produtos e serviços, em resposta a
novas demandas do mercado e a mudanças no ambiente” (TARAPANOFF; ARAÚJO JÚNIOR
e CORMIER, 2000, p. 91). Em suma, Inteligência implica em um processo que vai conduzir à
tomada de decisão e determinação para uma dada organização.
Agora precisamos situar todos esses conceitos em relação a informações ambientais. Quando
surgiram, o que representam e os direitos relacionados a ela, chegando até ao direito de
participação da sociedade, ou seja, como dados e informações ambientais podem se transformar
44
em conhecimento e gerar ação e interferência da sociedade na gestão ambiental do seu território a
partir de suas percepções.
3.1 INFORMAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Para entender o papel atual da informação ambiental e as percepções em relação aos direitos de
obtenção e uso dessa informação, precisamos analisar o histórico recente do surgimento do
paradigma ambiental.
HAKLAY (2003, p. 166) considera que o ponto decisivo do movimento ambientalista no século
XX, surgiu com a publicação da bióloga Rachel Carson do livro “Primavera silenciosa” em 1962.
O livro é considerado a primeira obra a detalhar os efeitos adversos da utilização dos pesticidas e
inseticidas químicos sintéticos, iniciando o debate acerca das implicações da atividade humana
sobre o ambiente e o custo ambiental dessa contaminação para a sociedade humana (PLANETA
ORGÂNICO, 2003). Haklay (2003) ressalva, porém que a percepção ambiental, que é refletida
nas atuais políticas ambientais, surgiu em época anterior à década de 60.
Um dos marcos principais das medidas ambientais surgiu em 1969, nos Estados Unidos, com o
Ato Nacional de Política Ambiental (National Environment Policy Act – NEPA). O NEPA
requer que agências federais considerem valores e fatores ambientais no planejamento e nas
tomadas de decisão (NEPA, 2003). O NEPA também relaciona explicitamente a ligação de
políticas ambientais e informação, estabelecendo dois grandes veículos, considerados como
instrumentos, como: o Relatório Anual do Estado do Meio Ambiente e da Avaliação de Impacto
Ambiental (Environmental Impact Assessment – EIA). Este último determina que todas as
agências federais devem entre outros: tornar disponível aos estados, aos condados, as
municipalidades, as instituições e aos indivíduos, conselhos e informações úteis para restaurar,
manter e realçar a qualidade do ambiente; e iniciar e utilizar informações ecológicas no
planejamento e desenvolvimento de projetos orientados e recursos. (HAKLAY, 2003).
Em outras atividades consideradas notáveis, Briggs (apud HAKLAY, 2003, p. 167) informou que
a Comunidade Européia em 1973, estabeleceu pela primeira vez um programa ambiental comum
que na sua segunda edição em 1977, considera informação ambiental como ponto central
juntamente com o EIA. As diretivas e regulações dessa política estão relacionadas diretamente
45
com coleta de dados e informações, como por exemplo um programa para troca de informações
sobre poluição atmosférica de 1979.
Em nível mundial, em 1987, o Relatório Brundtland da Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento da ONU foi o documento que cunhou a clássica definição de desenvolvimento
sustentável, como sendo o desenvolvimento que atende às necessidades das gerações atuais sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações terem suas próprias necessidades atendidas
(INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE NO TRABALHO, 2003). Bruno (1994) e Furtado
(1999) (apud MARINHO, 2001, p. 69), informam que o Relatório Brundtland já incluía entre os
pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável, o direito de o cidadão conhecer e ter acesso à
informação sobre as condições ambientais e os recursos naturais, e o direito de ser consultado e
participar da tomada de decisões que afetam o ambiente.
Uma das recomendações do relatório era para a realização de uma grande conferência mundial,
que veio a ser realizada justamente na cidade do Rio de Janeiro. Um dos resultados dessa 2ª
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, conhecida como ECO-92 foi à assinatura
da Agenda 21, documento compromisso em prol do desenvolvimento sustentável. No capítulo
40 da Agenda 21, em “Informação para a tomada de decisões”, está explicitada a recomendação
de que “sempre que existam impedimentos econômicos ou de outros tipos que dificultem a
oferta de informação e o acesso a ela, particularmente nos países em desenvolvimento, deve-se
considerar a formação de esquemas inovadores para subsidiar o acesso a essa informação ou para
eliminar os impedimentos não econômicos” (ONU, 1992).
Um dos princípios adotados durante a ECO92, inclui também importantes entendimentos sobre
o direito à informação ambiental. De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001, p. 2) destacam partes
desse princípio:
“Em nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso apropriado a informações relacionadas
a meio ambiente, mantidas por órgãos públicos, incluindo informações sobre atividades e
materiais perigosos em suas comunidades e ter oportunidade de participar em processos
de tomada de decisão”
Continuou a citação acrescentando adiante:
46
“Discussões ambientais são melhores manejadas com a participação de todos os cidadãos
interessados no nível atinente” [Tradução do autor].
Nos relatos feitos por De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001) sobre a cena européia, eles
consideram que muitos dos programas e iniciativas da União Européia já consideram o
envolvimento de comunidades e indivíduos em processos de decisão. O envolvimento do público
é baseado em princípios de subsidiariedade e responsabilidade compartilhada, diálogo e parceria.
Reportam ainda que os “caminhos para um proveitoso acesso a informações mantidas por
autoridade ambientais” reflete princípios e objetivos contidos dentro de programas de ação da
comunidade européia sobre meio ambiente datados de 1973, 1977, 1983, 1987 e principalmente
1993.
Em muitos países da União Européia, avanços mais significativos nesse sentido já ocorreram,
relacionados à evolução de princípios de direitos. Para De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001) a
legislação da comunidade européia evoluiu do “direito de ser informado”, passando pelo “direito
de conhecer” chegando ao “direito de participar”. Como referência, são definidos os princípios
de cada um desses direitos:
O Direito de Ser Informado vem da constatação de que serviços de informação são
benéficos para a população ao atingirem questões do interesse de todos, como saúde e
segurança.
O Direito de Conhecer difere basicamente do anterior, ao assumir que a informação
não é somente necessária, mas sim um princípio mátrio das pessoas, que por sua vez
terão a liberdade de definir o que querem e o que precisam conhecer.
O Direito de Participar detalha como cada cidadão, bem informado e conhecedor do
meio em que está inserido, pode envolver-se em situações em que participe diretamente
de decisões relacionadas a questões ambientais e de saúde.
No Brasil pode-se citar como caso de processo de participação, às audiências públicas nas quais
serão apresentados os objetivos para o licenciamento ambiental de empreendimentos e seu
Relatório de Impacto Ambiental-RIMA. O RIMA é um documento que integra a atividade de
licenciamento ambiental de empreendimentos que causam grandes impactos ambientais. A
Resolução CONAMA 01/86 estabeleceu um conjunto mínimo de atividades que devem ter
Estudo de Impacto Ambiental - EIA e seu respectivo RIMA. Acrescenta ainda, que este último
47
documento deve estar disponível, respeitando o direito de conhecimento do público, mesmo
durante sua análise técnica e prevendo a possibilidade de realização de audiência pública para
conhecimento do projeto e discussão do RIMA.
Mas foi a Resolução CONAMA 09/87 que estabeleceu como deve ser o processo de convocação
e a realização de audiência pública. Observa-se porém, que esta é apenas uma tentativa de fazer
valer o Direito de Participar, já que uma observação crítica se faz necessária, para entender
porque de fato esta não é uma forma de participação efetiva, conforme a definição desse
princípio, explicitado anteriormente.
A crítica vem justamente da constatação de que quando ocorre a audiência pública, já passou o
momento efetivo de intervir e participar de decisões relacionadas ao empreendimento, ou seja,
conforme a Resolução CONAMA 09/87, a audiência pública gera uma ata em que podem ser
anexados documentos apresentados na seção, e estes servirão de base juntamente com o RIMA
para análise e parecer final. Isso que dizer que o projeto está engessado na sua aprovação ou
não, não existindo o direito de flexibilizá-lo ou amoldá-lo as realidades expostas pela comunidade
nas audiências públicas. Acrescenta-se também, é claro, que para uma efetiva participação da
comunidade, antes é preciso que os direitos de Ser Informado e de Conhecer sejam de fato
exercidos.
No caso do Estado da Bahia, um caminho para a participação efetiva, nesses casos, foi
vislumbrado e materializado através da Resolução CEPRAM 2.929/2002 que aprovou norma
técnica que dispõe sobre Avaliação de Impacto Ambiental. Essa resolução define e detalha que
deve ser realizada anteriormente ao EIA-RIMA, uma Audiência Prévia com a comunidade, e
também define conceito de Participação, conforme itens 5.20 e 5.22 in verbis:
“Audiência Prévia: Reunião prévia com a comunidade na área de influência do
empreendimento, tendo como finalidade apresentar o escopo básico do projeto, metodologia a ser
adotada no desenvolvimento dos estudos, bem como colher subsídios para a elaboração do termo
de referência do estudo de impacto ambiental e/ou estudos ambientais;”
“Participação: Mecanismo pelo qual o CRA faculta ao(s) empreendedor(es) e a(s)
comunidade(s) o envolvimento nas etapas do processo de Avaliação de Impacto Ambiental,
através de realização de reuniões técnicas, inspeção de campo conjunta, elaboração de Termo de
48
Referência, realização de Audiências Prévias e Públicas e discussão dos condicionantes da
licença.”
Em nível nacional, verificando-se sob a ótica do direito positivo em relação aos Direitos de ser
Informado, de Conhecer e de Participar, temos muitos instrumentos que já citam ou prevêem,
em legislações ligadas ao meio ambiente, diversos sistemas de informação, ou seja, as ferramentas
básicas para a consecução dos objetivos sociais amplos desses direitos.
Uma das primeiras iniciativas no Brasil, de um “sistema que tenha por objetivo a sistematização,
o tratamento, o armazenamento e a disponibilização de informações e dados ambientais remonta
ao início da década de 1980”, quando a Política Nacional de Meio Ambiente estabeleceu o
Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente – SINIMA como um dos seus
instrumentos (IBAMA 2002, p. 17). Outros exemplos, já citados anteriormente, são Políticas
Estaduais de Meio Ambiente, como a Lei que estabelece o Sistema Estadual de Administração
Recursos Ambientais – SEARA no Estado da Bahia, diversas normas e ainda leis na área de
recursos hídricos, resíduos etc. Especificamente na Bahia, existe no Art. 19 do Decreto Estadual
7967/01 que regulamentou o SEARA, o Sistema Estadual de Informações Ambientais - SEIA,
que tem como objetivo dar à sociedade amplo acesso às informações sobre a qualidade do meio
ambiente, o uso dos recursos naturais, as fontes degradadoras, a presença de substâncias
potencialmente danosas à saúde nos alimentos, na água, no ar e no solo, e as situações de riscos
de acidente.
Ora, então não são questionados os instrumentos legais que possuímos e sim as causas de sua
não implementação. Dentre as dificuldades em implementar verdadeiros Sistemas de Informação
Ambiental - SIA, em toda sua complexidade, as explicações normalmente são aquelas já
tradicionalmente conhecidas, principalmente em empresas públicas, onde falta mão-de-obra
qualificada, falta cultura e visão do valor da informação e, principalmente, faltam prioridades na
aplicação dos recursos financeiros disponíveis. A conseqüência é que não passamos ainda de
banco de dados desorganizados, quando existem, e que não realizam as demandas conceituadas
para os SIAs, como “cruzamento de variáveis, análises e avaliações, caracterização de tendências,
tratamento prospectivo e tratamento estocástico em ambientes de incerteza, enfim, informações
efetivas de suporte à decisão” (BRAZILIAN ENVIRONMENTAL MALL, 2001).
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Na Constituição Federal Brasileira, podemos citar diretamente como garantia do acesso e
recebimento de informações ambientais, o Artigo 5º da carta magna em seus incisos XIV e XXIII
respectivamente. O primeiro assegura a todos o acesso à informação e o segundo garante o
direito de receber dos órgãos públicos, informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, onde podemos colocar aquelas de caráter ambiental, por sua característica
difusa.
Em conjunto com esses entendimentos, também buscamos novas interpretações da constituição
que garantam ao cidadão o direito de ser bem informado e, portanto, de ter condições de exercer
melhor sua cidadania. No Artigo 3º, Inc. III, temos previsto, como princípio fundamental, a
erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais, bem
como no Art. 6º é garantida, como direito social, a educação.
Nada mais adequado, portanto, que a própria carta magna do Estado Brasileiro, para subsidiar o
raciocínio de que marginalização e desigualdade social também são conseqüências da falta de
informação, seja através da inexistência formal ou através de falhas no processo pedagógico da
educação ou ainda na incompetência da divulgação de informações por diversas mídias e pelo
poder público, e que, portanto, uma política adequada de informação, inclusive ambiental, deve
ser considerada como genuíno direito da sociedade. As conseqüências de falhas na
implementação desse direito são encontradas em todos os setores da sociedade brasileira,
refletidas inclusive na representação política e na defesa dos interesses sócio-ambientais.
Para legitimar mais ainda o direito à informação, e desta feita nos voltamos para o cunho
ambiental, observamos que na Constituição Federal existe um capítulo inteiro dedicado ao meio
ambiente, e que, como prerrogativas básicas, são colocadas no Art. 225: “meio ambiente
ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida” e ainda que “é imposto ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo para as
presentes e futuras gerações”. O raciocínio lógico, por conseguinte, fornece todos os subsídios
para que a sociedade exija e faça valer o direito constitucional à informação ambiental de
qualidade e disponível a todos, como uma premissa básica para o exercício desses direitos e
deveres ambientais, exarados na constituição.
Sabemos, ainda, que o papel de divulgar informações ambientais é apenas a ponta final do
processo de obtê-la e um objetivo apenas inicial. Porém, mesmo sendo tão primária a noção de
50
que a sociedade tem direito pleno à informações ambientais, parece ainda distante para nós, e
para a maioria dos países em desenvolvimento, o dia em que teremos facilidades de acesso à base
de dados e, posteriormente, de encontrar as informações desejadas. Por muitas vezes, essas
dificuldades mal conseguem sair de dentro das próprias organizações, dentre quais destacamos
principalmente as públicas.
Assim, considerando uma parte da doutrina do sistema em que estamos vivendo atualmente, o
Estado deve fomentar medidas de modernização do seu aparelho estatal, utilizando instrumentos
de regulação e regulamentação que simplifiquem e otimizem as suas ações, visando a promoção
do desenvolvimento econômico e social da nação (BURSZTYN, 1991).
No caso do Brasil ainda teremos muito que caminhar. No entanto, muitas iniciativas já podem ser
adotadas, pelo atual e pelos governos seguintes. Regulamentos que clareiem as formas de acesso a
informações públicas devem ser adotados; seria o mesmo que dizer, fazer valer os que já existem,
principalmente na área ambiental, para garantir à sociedade a possibilidade de obter informações
qualificadas.
Iniciativas tais, como a do Escritório de Estatística das Nações Unidas (EENU) e da Conferência
de Estatísticos Europeus, que criaram os Esquemas para o Desenvolvimento de Estatísticas
Ambientais (EDEA), como esquemas provisórios para sistematizar informações ambientais, em
sociedades com grande degradação do meio natural, também poderiam servir de base para
atitudes de intervenção governamental em áreas críticas (MUELLER, 1992).
Uma iniciativa direta do Governo Brasileiro poderá ser a de privilegiar a difusão de suas
informações públicas através de mídias eletrônicas como a internet, desde que, como condição
sine qua non, seja feito um amplo programa junto às escolas e bibliotecas, com o apoio de outras
instituições públicas ou privadas, que atuem como parceiras ativas, para disseminar o
conhecimento eletrônico, criar postos públicos de acesso à internet e com isso ajudar a evitar a
exclusão digital dos cidadãos.
Esse raciocínio já encontra eco no Programa Sociedade da Informação do Ministério de Ciência e
Tecnologia, onde se considera que a universalização dos serviços de informação e comunicação é
condição fundamental para a construção de uma sociedade da informação para todos. O
programa considera ainda que se deve trabalhar no sentido da encontrar soluções efetivas para
51
que “pessoas dos diferentes segmentos sociais e regiões tenham amplo acesso à Internet”
(TAKAHASHI – LIVRO VERDE, 2000, p. 31). Nesse sentido também aponta como opção
mais imediata para universalização do acesso à internet, justamente instituições de ensino,
induzindo inclusive a participação do setor privado nas ações nesse sentido, seja na celebração de
convênios, seja em projetos que utilizem os recursos do Fundo Federal de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações – FUST.
Não devemos esquecer do papel de empresas e organizações do terceiro setor no
desenvolvimento de atividades para divulgar informações ambientais, independentemente de
parcerias governamentais. Essas ações significam o cumprimento das responsabilidades sociais
desses grupos dentro de diversos objetivos. O papel dessas mídias, nesse caso, parece bastante
variado, desde a função de denunciar agressões contra o meio ambiente, passando para a
realização da tarefa árdua, de formação da consciência de que os problemas ambientais que
enfrentamos estão intrinsecamente relacionados com o nosso modelo de desenvolvimento e
nossas próprias atitudes, e chegando até o papel de diferenciar produtos e serviços de empresas
com viés ambientalista.
Considerando ainda a premissa expressa por Berna (2001a) de que “sem democratização da
informação ambiental dificilmente haverá pleno desenvolvimento da cidadania ambiental”, seria
de se esperar que o setor da grande mídia pudesse se interessar pela oportunidade de oferecer aos
diversos grupos interessados as mais variadas gamas de informativos de cunho ambiental. No
entanto, segundo Berna (2001a), após a ECO92 o interesse da grande mídia diminuiu e
paradoxalmente aumentou o interesse de um grupo específico e multiplicador da informação
ambiental.
O público interessado vai de pessoas que já desenvolveram a percepção de diversos valores
ambientais, até um público altamente especializado, de empresários, técnicos a militantes
ambientalistas. No entanto, apesar da existência desse público, a grande mídia em geral, passa a
oferecer somente eventos esporádicos de cunho ambiental e de grande repercussão, como
acidentes e grandes empreendimentos capazes de causar grandes impactos.
Uma provável explicação para o fato é o de que o público interessado em questões ambientais é
altamente especializado, e que as informações e o entendimento de questões como poluição do
ar, água, resíduos sólidos, papel de florestas, manguezais, ecossistemas em geral e até mesmo de
52
organismos específicos animais e vegetais para um equilíbrio sistêmico do globo são de difícil
apreensão.
A dificuldade desse entendimento, mostra uma confrontação entre o que se deseja hoje pela parte
consciente da sociedade e a herança de um comportamento cultural antigo, cuja visão mostrou a
partir do advento religioso, principalmente de manifestações cristãs históricas, que a civilização,
primordialmente ocidental, colocou a natureza como fonte inesgotável de matéria a serviço do
homem (WHITE, 1967). Essa visão antropocêntrica encontra ainda, eco no comportamento da
mídia comercial, em contraposição ao comportamento desejável da formação de cidadãos
conscientes e atuantes em relação aos problemas do globo.
Com a conjuntura acima acabaram surgindo veículos alternativos e especializados para
informação ambiental, que se encontram divididos entre os institucionais e os do terceiro setor.
As formas de divulgação são as mais diversas, de jornais e boletins vendidos ou enviados como
mala direta, até mais recentemente o surgimento de diversas páginas na internet.
A mídia institucional representa a garantia da divulgação da imagem das atividades e das posições
políticas, junto aos associados e público alvo, de empresas em geral e governos. Aliás a
preocupação com a imagem, como sendo ecologicamente correta, tem se mostrado estratégica
para a diferenciação de muitos serviços e produtos oferecidos a sociedade. Vai ser, todavia,
dentro do segmento de mídias ambientais especializadas e de caráter não institucional, que
ocorrerá uma regularização da quantidade e qualidade de informações ambientais oferecidas,
muitas vezes de maneira segmentada e complementar a especialistas, empresas, estudantes e
profissionais. A ação das ecomídias das ONG’s, como “instrumentos a favor da democratização
da informação” (BERNA, 2001b, p. S.I.), mostra que apesar das dificuldades encontradas no
mercado, para garantir contas, patrocinadores e anunciantes, a ação dos agentes multiplicadores
de informação ambiental tem se tornado cada vez mais freqüente e respeitada por empresas e
governos, a ponto de se tornarem instrumentos de pressão, denúncias e reinvidicação que por
vezes se tornam bastante eficazes.
3.2 ORGANIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO
As formas de divulgação da informação ambiental, de forma direta ou já em forma de
conhecimento, através de diversas mídias e com ação de diversos atores estatais ou privados, são
53
primordiais para gerar a energia necessária ao movimento da massa social, em direção da
apreensão e do alicerçamento de novos conceitos e do surgimento de forças transformadoras dos
paradigmas atuais. Seria o mesmo que reconhecer que a informação gerada, organizada, tratada e
divulgada estaria redirecionando o já velho-novo conceito de Toffler, para o conceito de que não
estamos vivendo uma época de muitas e intensas mudanças, mas sim a mudança de uma época,
significando o salto paradigmático.
No entanto, a organização de administradores, dirigentes, dos diversos segmentos da sociedade e,
enfim, todos os atores sociais, como atuantes dinâmicos e participativos numa organização em
rede, com valores e direitos ambientais, têm que passar necessariamente pela resolução do
conflito entre a individualização do ser e a organização social globalizada e universal. Essa
dicotomia é possibilitada pelo uso de novas tecnologias de informação.
A despeito dessas mudanças, principalmente notadas a partir do final do século passado, a
revolução da informação “está remodelando a base material da sociedade em ritmo acelerado”
(CASTELLS, 2000, p. 21). No entanto, em virtude dessa remodelação, às vezes confusa e
incontrolada, as possibilidades de manipulação e as desorganizações e crises institucionais
políticas fazem com que as pessoas da sociedade se reagrupem em torno de identidades
primárias, definidas por sua vez em torno de atributos, principalmente culturais. Com isso,
segundo Castells (2000, p. 23),“Segue-se uma divisão fundamental entre o instrumentalismo
universal abstrato e as identidades particularistas historicamente enraizadas”.
Aguiar (1994), acrescenta sob o ponto de vista histórico das transformações nos modos de
produção, que a partir das revoluções burguesas e do advento das indústrias, o homem sentia-se
só à parte do cosmos e descrente das religiões. Toda essa percepção era impulsionada pela razão,
que o fazia alienado do seu corpo e submetido à nova ordem produtiva. A conseqüência disso era
o seu total direcionamento para si, individualmente, deixando de lado a visão das organizações.
Até mesmo o surgimento de um Direito nessa época, aparecia como “um conjunto de normas
para regular a conduta dos indivíduos” (AGUIAR, 1994), sendo encarado como neutro e
mediador das concorrências apenas individuais dos cidadãos. Hoje em dia, nesse contexto, o
direito, como regulador das atividades humanas, teve que se modificar, passando do limite do
direito nacional para o direito maior que o Estado, imerso na sociedade e explicitado pelas lutas
dos grupos que a compõem.
54
Dentro da análise dos mecanismos de internalização de valores ecológicos pelas sociedades,
surgem, num contexto filosófico mais amplo, as questões que vão delinear a noção de
informações coletivas. Estas, por sua vez, definirão os modos de integração do mundo em redes
globais instrumentais, e a noção de identidades individualizadas, fundamentais como princípios
libertadores, de autoconservação e autopreservação dos seres.
Na mesma linha comparativa desses dois últimos princípios acima, descritos por Morin & Kern
(1995), nota-se que eles são complementares e ao mesmo tempo paradoxais com o passo
seguinte, apontado pelos autores, para a sociedade: o de alcançar a autotranscendência. Temos
um fato inexorável, de que a sociedade, mesmo cultuando as identidades próprias do ser, fará,
através da evolução natural e tecnológica dos sistemas de informação e da formação de redes, a
subversão dos conceitos tradicionais de sujeitos separados e individualizados. Seria talvez como a
resolução conciliada dos conflitos citados por Castells (2000), entre globalização e identidade,
novas tecnologias e memória coletiva, ciência universal e culturas comunitárias e entre a Rede e o
Ser.
Entre os diversos atores ambientais da sociedade, dos órgãos governamentais responsáveis pela
gestão ambiental municipal, estadual ou federal, passando pelos profissionais que atuam como
técnicos especializados em meio ambiente, os pesquisadores e cientistas, também os empresários
cujos empreendimentos causam impactos ambientais, as organizações sociais do terceiro setor,
nos seus mais diversos níveis – como ONG’s, sindicatos, movimentos culturais etc – e até
mesmo a sociedade como um todo, dentro do mosaico de seus componentes, vem surgindo a
compreensão e a internalização de que a solução dos problemas e conflitos ambientais não se
resolve de forma isolada, mas através de uma ação sistêmica e capaz de afetar sem distinção, o
bem-estar de todos os envolvidos de uma região e, em escala maior, de todo o planeta.
Qual seria o caminho natural então? A busca de parcerias e diálogos entre esses atores seria a
resposta lógica. No entanto, surge uma dificuldade de ordem das identidades dos grupos sociais
ao defenderem suas posições. Os argumentos utilizados parecem supor um convencimento de
que determinada forma de pensamento é presunçosamente superior a outras. Esquecem, no
entanto, da própria epistemologia da palavra Convencer, originária do latim convincere e que
significa adquirir certeza ou ainda persuadir com razões e argumentos. Aqui se faz presente
a importância da informação como balizadora para as discussões dos grupos sociais, em busca de
uma convergência para os seus interesses.
55
Assim, dentro da conflituosidade de tratamentos que o direito à informação e serviços ambientais
representam, do individual para o social como um todo, dever-se-á focar a concepção do direito
amplo, plural, difuso e advindo sempre de padrões políticos e sociais, definidos por meio desses
conflitos entre grupos organizados.
3.3 O STATUS DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL
Ao se analisar definições da Ciência da Informação, de caráter comportamentalista e funcionalista
nos deparamos com duas vertentes, em que a 1ª seria a informação enquanto elemento regulador
de sistemas, analisado sob o ponto de vista da comunicação, tendo como referência à eficácia, a
regulação e a homeostase; a 2ª vertente seria aquela que vê na informação um fator de mudança e
de alteração de estruturas (MARTELETO, 1987). Considerando a evolução histórica das Políticas
Nacionais de Informação a partir dos anos 70, temos: década de 70 “a maioria das mesmas
refletiam centralmente a ênfase ao desenvolvimento científico e tecnológico, privilegiando a
criação e armazenamento de informações correlatas” (LASTRES & AUN, 1997); década de 80
“as políticas passaram a valorizar a criação de infra-estrutura de informação para a comunicação e
utilização das milhares de bases de dados” (BRAZILIAN ENVIRONMENTAL MALL, 2001);
finalmente na década de 90 com a rápida migração de dados analógicos para digitais, e o aumento
exponencial da capacidade de armazenamento e comunicação, a geração, manipulação, uso e
distribuição de informações passou a ter função estratégica significativa sendo priorizadas pelas
políticas de informação.
Nitidamente percebemos que no Brasil, em pleno regime de exceção na década de 70, muito se
praticava, em termos de políticas de informação em relação ao que se descreveu acima para esse
período, mas não aquela política relacionada a 2ª vertente das definições de ciência da
informação, já que informação como fator de mudança significaria uma ameaça ao regime
totalitário que antes se impunha. Aparentemente, países como o Brasil anteciparam de forma
distorcida, a doutrina liberal que acredita ser funções do Estado aquelas reduzidas à ações
mínimas relacionadas a soberania da nação como defesa, justiça e polícia, sendo as demais
funções, onde aí estava a divulgação de informações ambientais, exercidas pelas mãos invisíveis
do mercado (BURSZTYN, 1991).
56
Essa histórica falta de ação do Estado Brasileiro na questão da divulgação de informação, deixou
heranças indesejáveis quanto ao desenvolvimento da gestão de informação ambiental no Brasil.
Um exemplo disto é a permanente alternância de poder que atinge a estrutura da administração
pública e que gera a obliteração de projetos de médio e longo prazos, já que não considera que “a
organização e manutenção dos recursos de informação deveriam ser uma atividade contínua e
não de projetos parciais” e que a gestão da informação “em nível básico não se altera na
alternância de poder” (URBAN, 1994, p. 82). Essa Cultura da falta de visão ampla com relação a
informação, pode ter sido herdada da filosofia do medo da mudança, que controlou por muito
tempo as informações que poderiam ou não ser comunicadas no Brasil.
Há de se observar, no entanto, que para o caso de informações de meio ambiente que tratamos
aqui, as políticas aplicáveis terão que se inclinar, segundo Lastres & Aun (1997), para uma de duas
tendências: a de que a informação passa a ser componente fundamental para a agregação de valor
a produtos e serviços tornando-se essencial para a competitividade das organizações e países; ou a
de que a informação deve ser tratada com um bem e direito público, sendo importante
contribuição na área social. Nos dias atuais, está ocorrendo uma reorientação das estratégias,
principalmente dos países desenvolvidos com relação ao desenvolvimento da área de informação
e das políticas adotadas devido a novos fatores, dos quais Lastres & Aun (1997) destacam:
A crescente importância dos fluxos universais de informação
A criação de possibilidades que permitam além do acesso, a transformação de
informações em conhecimento, incluindo criação e fomento a novas bases de
conhecimento e capacitação de organizações, profissionais e sociedade.
Novo papel de intervenção e política pública no estabelecimento de novas formas de
coordenação, regulação, financiamento, definição de padrões, articulação, ética, segurança
e privacidade nos fluxos de informação.
Reestruturação de instituições chave e desenvolvimento de novos formatos
organizacionais (descentralização, terceirização, formação de redes etc.). Novas estratégias
de atuação e interação com parceiros.
Em relação às tendências apontadas por Lastres & Aun (1997), nos direcionamos para dois
fatores que merecem discussão: um é o conceito de informação ambiental gratuita e para todos,
que tanto foi falado até aqui, e o segundo é sobre o sigilo de informações privadas.
57
Dentro do primeiro fator, particularmente acredito que para funcionar dentro do serviço público,
devemos trabalhar com um SIA, e que a estrutura administrativa do Estado tem que estar
preparada para ser inter-relacional, dinâmica e pouco burocrática. Um SIA pode ajudar a difundir
informações ambientais, somente quando se quebrar a cultura, bastante enraizada, (URBAN,
1994) na administração pública, de que as informações são contingenciadas dentro das
repartições e amarradas por controles burocráticos, em oposição ao conceito de que deveriam ser
correntes, transparentes e disponíveis para a sociedade e tantas quantas repartições a desejarem.
Se o conceito é que na era atual a informação é que tem valor, sendo o verdadeiro ativo das
organizações, então temos que dar um caráter comunitário ao acesso a essas informações, sem
deixar de pensar que tornando-a pública, deixaríamos de ter ganhos, lucros e que
conseqüentemente ficaríamos imobilizados, num engessamento que desestimularia a geração de
novos conhecimentos. Apesar de parecer contraditório, a idéia é exatamente oposta a isso, já que
o conhecimento difundido livremente, teria um potencial de ser multiplicado inúmeras vezes,
gerando debates e a evolução do mesmo. Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 92)
colocam que sob o ponto de vista daqueles que vêem a informação como um bem público e
distinguem que a informação tem características econômicas atípicas como a capacidade de “se
expandir , ser completada, substituída, transportável, difusa e compartilhada”. Consideram ainda
que como produto ou mercadoria, a Informação, não se deprecia, é disponível e tem um valor
que cresce com a reutilização. Desta forma, segundo Young (apud TARAPANOFF; ARAÚJO
JÚNIOR e CORMIER, 2000, p. 92) o argumento do bem público afirma que o acesso amplo à
informação resulta em um uso crescente que beneficia a sociedade como um todo, e não apenas
partes desta sociedade.
Mesmo o cenário que fica, sob os auspícios dos conceitos acima, ainda poderá ir ao encontro de
característica inerente da alma humana, quando, quem soubesse lidar melhor com a informação
difundida livremente, adquirindo conhecimento e gerando inteligência, teria melhor possibilidade
de se beneficiar com novos serviços, produtos e negócios, oriundos dessas informações, e
explorados sob um viés de caráter economicista que tanto satisfaz o homem. Enfim teríamos sim
uma dura competição, onde a matéria prima, a informação, estaria disponível a todos e o conceito
darwiniano de seleção natural estaria transmutado para a seleção da informação, do
conhecimento e da inteligência dentro da própria sociedade humana e de suas organizações.
58
Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 93), aprofundam essa discussão, colocando um
contraponto, ao acrescentar, com propriedade, que o grau de livre acesso às informações depende
da viabilidade orçamentária da existência de bibliotecas, centros e sistemas de informação e de
documentação, vistos tradicionalmente como bens públicos. Apesar de considerar que essas
sempre foram organizações sem fins lucrativos, que a prestação de serviços para os indivíduos e a
sociedade se dá de forma cada vez mais acentuada pela Internet, a questão levantada por Young
(apud TARAPANOFF; ARAÚJO JÚNIOR e CORMIER, 2000), é como garantir o
funcionamento de sistema de informação e bibliotecas, se nas duas últimas décadas tem havido
redução orçamentária, tanto no Brasil como no exterior, para essas atividades. É mencionado que
entre outras soluções para esse problema, aflora a possibilidade de cobrança da prestação
diferenciada de serviços e produtos informacionais em que esses setores, vistos como unidades
de negócio, passam a ver, hoje, a informação como “um bem econômico, que pode ser vendida
em forma física ou na forma de comércio eletrônico, e não mais apenas como um benefício
cultural ou social”.
Para Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 92) as discussões sobre, livre acesso à
informação, barreiras para o livre acesso à informação pública e cobrança direta por serviços
bibliotecários com valor agregado, estão em pleno andamento. Os autores colocam, no entanto,
que a questão principal é a definição do que é bem público. Acrescentam que “a importante
distinção entre informação como bem público e informação como bem econômico (commodity)
está na diferença entre a informação a serviço da eqüidade social e aquela que oferece um
portifólio de serviços, representando vários graus de eficiência, a preço compatível de mercado
competitivo”.
Não seria o caso novamente de separar aquelas informações ambientais, de interesse coletivo,
oriundas de órgãos públicos e cujo acesso e direito à informação estão claramente ressalvadas na
constituição brasileira? Parece que esse raciocínio indica a necessidade de políticas públicas que
garantam os recursos necessários para o funcionamento das unidades de informação ou seja as
bibliotecas, centros e sistemas de informação e de documentação governamentais.
Marinho (2001, p. 70), também menciona esse entendimento para a União Européia que
“estabeleceu a obrigação de transmitir as informações relativas ao meio ambiente que sejam de
conhecimento dos governos, a quem as solicite”. O autor acrescentou citando a Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos ou Environmental Protect Agency – EPA (2000), e
59
informa que naquele país é utilizada a internet para a obtenção de informações ambientais para
qualquer cidadão ou instituição. Essas informações são relativas à segurança e qualidade
ambiental e dizem respeito tanto a produtos como a riscos existentes em zona específicas do
interesse do solicitante.
A partir daí nos deparamos então com o desafio de ter acesso a informações ambientais oriundas
de atividades privadas e que estejam protegidas sob a alegação de sigilo. No caso da base de
dados sobre o Toxic Release Inventory - TRI ou Inventário de Emissões Tóxicas dos Estados
Unidos, relativo às emissões, transferências, venda e disposição de determinados produtos
químicos, a EPA através dos relatórios anuais exigidos em lei, das empresas que tem essa
atividade, torna disponível essas informações, utilizando inclusive a Internet (USEPA apud
MARINHO, 2001, p. 72). O conhecimento público sobre a atuação dessas empresas e sobre sua
capacidade para diminuir a emissão ou o transporte de substâncias tóxicas, deve ser um caráter
diferencial para a opinião pública já que Furtado (apud Marinho, 2001, p. 72) cita que menos de
1% das empresas reivindicam a cláusula de sigilo quanto às informações sobre resíduos gerados e
liberados.
A questão do sigilo é realmente polêmica já que o entendimento “do que seja o sigilo industrial e
do que possa interferir na competitividade das empresas limita a informação que pode ser
disponibilizada” (MARINHO, 2001, p. 73). Singer (2003) vai mais além e critica a não
disponibilização do Conhecimento gerado por iniciativa privada, ou seja, aquilo que surge da
análise e interpretação da Informação. Singer (2003) menciona que, “como regra geral, só se
produz conhecimento novo estudando e incorporando ou criticando e rejeitando conhecimentos
anteriores” e acrescenta que no caso de serem protegidos por sigilo industrial, apenas o detentor
da patente terá “acesso a conhecimento indispensável à produção do novo”. Dessa forma, o
autor afirma que ocorrerá uma concentração do conhecimento nos países que detêm a maioria
dos direitos de propriedade intelectual e que para aqueles que integram o 3º Mundo, ocorrerão
impossibilidades de produção de novos conhecimentos e o agravamento da dependência
econômico-financeira em relação aos países mais desenvolvidos.
Essa discussão vai muito além, no sentido da proteção de propriedades intelectual e de direitos
autorais. Cerqueira Neto (apud Guimarães, 2000, p. 5), fala por exemplo que o processo de
inovação tecnológica, “é aquele em que se busca desenvolver e comercializar novas tecnologias,
embutidas ou não em processos, produtos ou serviços colocados à disposição dos mercados,
60
sendo cercadas de regras de sigilo e de proteção, com sua difusão ocorrendo de forma restrita e
controlada”.
A questão relevante a ser colocada é qual é o limite para se exigir sigilo no caso de informações
ambientais que estejam sob a guarda e análise de órgãos públicos. A política Nacional de
Arquivos Públicos e Privados (Lei 8.159/1991) indica, no seu Artigo 7º, que são arquivos
públicos “os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades,
por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrência
de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias” entre outras definições constantes
também no Decreto Federal 2.942/1999.
Segundo o Decreto Federal 2.134/1997 que dispõe sobre documentos públicos sigilosos e seu
acesso. Os órgãos públicos devem forma uma Comissão Permanente de Acesso que poderão
“autorizar o acesso a documentos públicos de natureza sigilosa a pessoas devidamente
credenciadas, mediante apresentação, por escrito, dos objetivos da pesquisa” (Art 9º), ressalvando
porém no Artigo 10 que “o acesso aos documentos sigilosos, originários de outros órgãos ou
instituições, inclusive privadas, custodiados para fins de instrução de procedimento, processo
administrativo ou judicial, somente poderá ser autorizado pelo agente do respectivo órgão ou
instituição de origem”. Isso cabe dizer que informações ambientais contidas em documentos e
estudos originados de entes privados para, por exemplo, subsidiar a análise de processos de
licenciamento ambiental poderão estar nessa circunstância, caso o sigilo seja pedido e declarado.
Nesse ponto cabe, com extremo cuidado a análise do que realmente pode ter necessidade de
sigilo. Entre as definições e categorias que o decreto 2.134/1997 oferece para sigilo, as que irão
mais se aplicar para informações ambientais dentro de OEMAs são aquelas que podem ser
considerados confidenciais e reservadas (Artigos 15-III e IV, 18 e 19). Na primeira, há o
entendimento que “o sigilo deve ser mantido por interesse do governo e das partes e cuja
divulgação prévia possa vir a frustrar seus objetivos ou ponha em risco a segurança da
sociedade e do Estado” (grifo nosso), e na segunda, o entendimento mais aplicável, é sobre
documentos “cuja divulgação, quando ainda em trâmite, comprometa as operações ou
objetivos neles previstos” (grifo nosso). Essas classificações poderão ser feitas pelos dirigentes
máximos das OEMAs ou pessoas que receberam delegação para esse fim.
No caso do Estado da Bahia, o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA estabelece
que o pedido de sigilo de informação, deve se feito de forma fundamentada pelo interessado,
61
tendo sua pertinência analisada pelos órgãos integrantes do SEIA e que após confirmação do
pedido de sigilo, essas informações terão sua divulgação proibida. A Lei Federal 10.650/2003
sobre o acesso a informação ambiental pelos órgãos do SISNAMA, que só entrará em vigor a
partir de junho deste ano, também vai nesse sentido, ao prever que o pedido de sigilo seja feito
pelo interessado de forma justificada. O SEIA entretanto, dá um passo para garantir a liberdade
de informações sobre a qualidade do meio ambiente ao expressar no Artigo 30, §3 do Decreto
7.967/2001 que, “não serão consideradas sigilosas as informações referentes às características e
quantidades de poluentes emitidos para o ambiente, bem como outras de interesse da
comunidade, para defesa de sua qualidade de vida e do ambiente”. Acrescentamos ainda, que a
classificação do documento como sigiloso, poderá inclusive ser alterada, tornando-o ostensivo,
considerando o interesse para a pesquisa e para a administração (Decreto 2.134/1997, Art. 22).
São muitos os assuntos comentados aqui, eles vão da transformação do Dado á Inteligência, da
evolução da postura dos governos rumo à difusão necessária de informação ambiental, dos meios
utilizados para essa divulgação, sobre como os usuários historicamente se organizam em suas
relações com o meio ambiente e hoje em dia como podem se organizar para acessar e trocar
melhor essas informações, e finalmente, como essas informações são vistas e como adquirem
novo status, de acordo com sua dinâmica e seu valor na nossa sociedade. Dentro dessa gama
abordada, chama atenção a relação direta e em mão dupla da:
PARTICIPAÇÃO PÚBLICA INFORMAÇÃO AMBIENTAL
Donde podemos assumir, que hoje não estamos mais em um processo onde ficamos esperando a
boa vontade do poder público, para divulgar informação ambiental, mas, parece que já estamos
em um estágio em que a entropia do sistema fará sempre aumentar a participação da sociedade
bem informada na gestão do seu território e quanto mais isso acontecer, mais o homem estará em
busca e exigindo informação ambiental.
Devemos resgatar nesse momento, um dos objetos dessa pesquisa e os conceitos abordados no
capítulo 2 desta dissertação, para aplicar a toda discussão efetuada nesse contexto. Queremos crer
que fica mais nítida agora, a percepção de que toda a complexidade de relações que tem lugar
numa Unidade de Conservação da natureza, notadamente em uma Área de Proteção Ambiental –
APA, também só deverá conseguir se consolidar e ter sucesso, dentro dos seus objetivos, quando
for alcançada a consciência de que a informação ambiental permeia toda a rede de relações para
estas Unidades de Conservação, conforme propomos para encerrar este capítulo, de forma
simplificada através da Figura 3.2.
62
UNIDADE
DE
CONSERVAÇÃO
PLANEJAMENTO AÇÃO E PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL AMBIENTAL
CONFLITOS POLÍTICAS PÚBLICAS
AMBIENTAIS
Figura 3.2: Informação Ambiental permeando a estrutura de uma Unidade de
Conservação
63
CAPÍTULO 4
SISTEMA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE APAs NA BAHIA
64
4 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE APAs NA BAHIA
Neste capítulo, será tratada a implementação do sistema piloto de informações ambientais
georreferenciadas, que foi desenvolvido neste trabalho. Foi focado um aspecto importante para a
gestão de Áreas de Proteção Ambiental – APA, especificamente a APA do Litoral Norte do
Estado da Bahia, que é o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, fundamental instrumento
de ordenamento do uso dos recursos naturais locais.
Considerando o artigo de Albagli (1995), podemos sintetizar a ligação entre a necessidade de
informação e APAs, ao considerar que a autora discute o papel da informação ambiental no
modelo de Desenvolvimento Sustentável que perseguimos. Ao se referir às variáveis sociais,
econômicas, político-institucionais e ambientais do binômio meio ambiente e desenvolvimento e
correlacionar informação como fator essencial no projeto de sustentabilidade desse
desenvolvimento, Albagli nos permite traçar um paralelo, guardadas as devidas escalas, em
relação as APAs como unidades territoriais completas para a prática do desenvolvimento
sustentável, já que este tipo de unidade de conservação traz, intrinsecamente relacionadas em si,
todas essas variáveis apontadas. A autora acrescenta então com propriedade para fechar essa
comparação, que “informação é estratégia para instrumentalizar os diferentes atores para o
exercício da parceria”, e esta parceria é aspecto fundamental para a prática do desenvolvimento
sustentável e para a prática do modelo de gestão de APAs apontado por Abreu & Azevedo
(2002).
Um Sistema de Informação para APAs então, deve trazer uma organização e formato que
permita o cumprimento dos Direitos de ser Informado e Direito de Conhecer, apontados por
De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001). Ao mesmo tempo ele deve servir como ferramenta
básica para subsidiar os atores no exercício do seu Direito de Participar da gestão do seu
território.
Entre as informações apontadas anteriormente como necessárias para integrar um SIA para
APAs, estão entre outras, o Mapa da poligonal da APA, inserido no território e o seu
Zoneamento Ecológico–Econômico. O ZEE é um instrumento que traz não apenas informação,
mas também conhecimento, já que reflete a interpretação e agregação de valores em uma série de
informações sobre vários outros aspectos do território, considerando ainda que foi elaborado a
partir de informações contidas no diagnóstico ambiental da APA. No caso de APAs, a Resolução
65
do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA 10/1988, determina que essas UCs
devem possuir Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, que estabelecerá as normas de uso,
de acordo com as condições locais.
No processo de licenciamento ambiental do Centro de Recursos Ambientais – CRA do Estado
da Bahia, a localização de empreendimentos – loteamentos, indústrias em geral, exploração
mineral, atividades agropecuárias, mariculturas, equipamentos turísticos, postos de combustíveis,
etc. – em uma zona específica de uma APA, é fator preponderante para a definição das normas
de uso a que este empreendimento deverá ser submetido. Essas atividades, efetiva ou
potencialmente causadoras de impacto ambiental, quando localizadas em APA, serão objeto de
Anuência Prévia do gestor da unidade, onde são observados os critérios e parâmetros ambientais
definidos pelo ZEE para cada zona (Decreto Estadual 7.967/2001).
É justamente sobre as limitações de uso do solo contidas no ZEE, e que integra o plano de
manejo de APAs, que desenvolvemos um sistema piloto de informação georreferenciadas sobre a
APA do Litoral Norte no Estado da Bahia, o GISWEB APA LN.
Sobre o desafio de como informar, seguimos as assertivas de Haklay (2003) sobre a utilização de
GIS como ferramenta de análise e visualização, sua importância para tomadas de decisão e
finalmente para subsidiar um Sistema de Informação Ambiental que seja de domínio público. Na
mesma linha, também estamos com as recomendações de Simão (2001) para a utilização de
sistemas baseados em GIS e sua disponibilização através da internet com o uso de navegadores
na World Wide Web – WWW. De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001), também se referiram sobre
a utilização da internet em casos de acesso a informações ambientais e para subsidiar participação
pública em atividades envolvendo risco de acidentes, principalmente industriais, no âmbito da
União Européia.
Dessa forma, com base no sistema GISWEB APA LN, procuramos seguir algumas das premissas
sugeridas ao final do capítulo 2 para Sistemas de Informação Ambiental – SIA, onde procurou-se
trabalhar através de um meio dinâmico, interativo e online, que estará disponível através da
internet para toda a sociedade. Foi adotado o status da livre informação ambiental, e nesse caso,
do conhecimento de base necessário para essa unidade de conservação APA, que estamos
tratando. O poder público aqui assume seu papel como provedor ativo dessas informações, o uso
66
da tecnologia GIS foi escolhido para alcançar o caráter holístico do meio ambiente e da gestão do
território.
O GISWEB realiza a prestação de um serviço governamental específico para um público
determinado que possa alcançar esse serviço. Um público que possa transformar a informação
ambiental divulgada em conhecimento adquirido, utilizando a inteligência para tomar decisões e
empreender ações. Assim, demonstramos a concepção do sistema GISWEB APA LN através da
Figura 4.1.
Figura 4.1: Conceito do Sistema GISWEB APA LN
4.1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA GISWEB APA LN
O sistema GISWEB APA LN foi conceituado, planejado e desenvolvido no Centro de Recursos
Ambientais – CRA do Estado da Bahia, como um produto desta dissertação de mestrado e da
parceria entre a assessoria da Diretoria de Recursos Naturais – DIRNA, quando estava nessa
função, e a Coordenação de Planejamento e Indicadores Ambientais – COIND, contando ainda
com o apoio da Coordenação de Infra Estrutura Tecnológica – COINTE do CRA.
67
Para o desenvolvimento dos componentes e estrutura base do sistema, foi adotada a utilização
prioritária de softwares livres – freeware, e uma estratégia de contratação terceirizada para
desenvolver a programação do sistema. Ambas as iniciativas, encontram respaldo nas
observações de Mesquita (2000), sobre as limitações de recursos disponíveis em órgãos públicos
em relação aos custos de software, geralmente elevados, e ao apoio para a área de
geoprocessamento. Mesquita também mencionou a carência de recursos humanos de
profissionais treinados em informação geográfica, e nesse caso, com o perfil de programação e
desenvolvimento desse tipo sistema, o que de fato recomenda a utilização de mão de obra
terceirizada para essa etapa.
O sistema GISWEB APA LN utiliza uma estrutura de Hardware instalada no próprio CRA, desde
as estações de trabalho utilizadas para edição de arquivos georreferenciados até servidores
específicos de WEB e da aplicação de geolocalização. Propomos a Figura 4.2, abaixo, que
esquematiza a estrutura e função das partes de Hardware do sistema:
Figura 4.2: Estrutura de Hardware para funcionamento do Sistema GISWEB APA LN
Os arquivos contendo as informações cartográficas georreferenciadas da poligonal da APA
Litoral Norte e seu respectivo ZEE, estão em formato shapefile e foram produzidos pelo software
ArcView GIS 3.2 para Windows, da empresa Environmental Systems Research Institute, Inc. –
ESRI. Os arquivos com as informações de cada Zona e dos parâmetros e diretrizes de uso do
solo, foram feitos em arquivos .DBF, utilizando editor próprio do ArcView. As informações
foram preenchidas a partir da Resolução CEPRAM 1.040/1995 que aprovou o plano de manejo
da unidade e o respectivo ZEE da APA. Essas informações são apresentadas no quadro abaixo.
PENTIUM III 800 Mhz – 256 RAM: Estação de Trabalho para edição de arquivos Gorreferenciados
PENTIUM III 1.1 Ghz – 128 RAM: Servidor WEB / Servidor GISWEB
Computador Pessoal: Para acesso ao servidor GISWEB pela Internet
Rede Local: 10/100 Mbps Link Internet: 512 Kbps
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71
O Servidor WEB roda em Sistema Operacional Windows NT 4.0, utilizando o software MS IIS
5.0. A linguagem de programação, utilizada no desenvolvimento do aplicativo para a WEB, foi o
PHP v.4.1.2, sendo utilizados ainda o PHP MapScript v.3.5, que é um módulo carregável
dinamicamente que executa as funções e classes MapScripts do MapServer, e o Applet Java
ROSA, que extende o controle da aplicação, habilitando a entrada de comandos diretamente
sobre as imagens .GIF ou .JPG, que representam os arquivos georreferenciados na tela do
navegador. Todos esses softwares de desenvolvimento são de domínio público com códigos fonte
aberto. (DM SOLUTIONS GROUP INC; PHP: HYPERTEXT PREPROCESSOR).
Para disponibilização dos mapas georreferenciados na WEB e a interação com estes, o Sistema
GISWEB APA Litoral Norte utiliza como internet mapping, o software MapServer v.3.5, que é um
ambiente de desenvolvimento para construção de aplicações internet espacialmente habilitadas, e
é também um software de código fonte aberto. O MapServer foi desenvolvido pela Universidade
de Minesotta nos Estados Unidos (MAPSERVER HOMEPAGE).
A programação do sistema e a instalação do aplicativo em servidor, foram feitas a partir da
contratação de serviço de consultoria na área, feita através de licitação pública, seguindo Termo
de Referência desenvolvido para esse fim (Apêndice D). O desenvolvimento de páginas com
formulários para identificação do perfil do usuário, bem como com um questionário sobre o
sistema foi desenvolvido pelo mestrando.
Após o desenvolvimento, o sistema foi testado em rede local e lançado oficialmente no dia 05 de
junho de 2002, dia mundial do meio ambiente, tendo o serviço sido denominado Gelocalização
APA do Litoral Norte. O sistema pode ser acessado através de links destacados no Portal Bahia
Ambiental do CRA em http://www.cra.ba.gov.br ou ainda diretamente em
http://gisweb.cra.ba.gov.br . Ele passará a funcionar como um serviço ambiental integrando o
Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA.
O serviço de Geolocalização do sistema GISWEB APA LN, foi desenvolvido visando um
público alvo determinado. A despeito das recomendações do Jornalista Marcos Luedy, para
utilização de recursos midiáticos que trabalhem com o lúdico e o imaginário, de populações
nativas de uma APA, o sistema GISWEB tenciona atingir um público mais qualificado para
utilização de sistemas informatizados, que tenha atuação local mais direta, como formadores de
opinião e sejam fortes interventores do território. Essa estratégia responde, como vimos, as
72
recomendações da Agenda 21 no seu Capítulo 40, para que a informação seja orientada para
grupos diferentes de usuários em formatos eletrônicos e não-eletrônicos. Dessa forma, a
informação passa a ter agora um caráter eletrônico, já que ela já existe em formato textual e de
mapas impressos que são comercializados.
Entre o público alvo, visamos aqueles que, como Castells (2000) indicou, se reuniram em torno
de identidades primárias a partir de atributos culturais comuns em virtude do remodelamento da
base material da sociedade, causada pela revolução da informação. Essas identidades são
identificadas aqui, pelo interesse no território da APA. Sendo assim são potenciais usuários do
sistema GISWEB:
Empreendedores – que tem interesse em conhecer as limitações e uso indicados para o
solo, já que podem ter interesse em realizar projetos de diversas atividades produtivas,
que intervenham diretamente no meio físico, causem alteração no uso do solo e em
padrões já estabelecidos
Associações – de pescadores, marisqueiros, lavadeiras, artezãos etc. que tenham interesse
em conhecer a localização e estruturação de alguma atividade, que possa interferir em
suas rotinas produtivas e culturais, e se está em uma Zona apropriada.
ONGs – ambientalistas ou não, que tenham interesses específicos na conservação dos
atributos naturais da APA e que queiram fiscalizar o surgimento e a implantação de
atividades que possam causar impactos ambientais. Podemos considerar como de ação
similar a das Associações.
Poder Público – em todos os níveis: federal, estadual e municipal, que possam utilizar o
sistema como ferramenta para o controle de atividades que estejam em sua seara de
atuação. Para o município, como um verdadeiro instrumento balizador do ordenamento
do solo; para o estado, como ferramenta para gestão da APA, através do seu
administrador e conselho gestor, e ainda, para análise em casos de implantação de ações
advindas de outras políticas públicas; em nível federal, também como ferramenta de
análise na implantação de projetos diversos, como no âmbito do projeto Gerenciamento
Costeiro – GERCO, integrante do Programa Nacional de Meio Ambiente II – PNMA II
para a APA Litoral Norte.
Consultores – Aqueles profissionais que trabalham em projetos de desenvolvimento
social e de intervenção no uso do solo para implantação de atividades produtivas, desde a
73
confecção do projeto, até como representantes junto as OEMAs para o licenciamento
ambiental.
Pesquisadores – de diversos níveis que tenham interesse em conhecer o ZEE da APA
com objetivo de uso em algum trabalho científico. Em virtude do uso para atividade
profissional, podemos considerar como similar a Consultores para fins de análise.
Estudantes – Para realização de trabalhos escolares de diversos níveis, que tenha como
interesse o conhecimento da APA do Litoral Norte e o desenvolvimento da visão espacial
do território.
Dessa forma o Sistema, se presta a diversos usos, indo ao encontro de possibilitar o
conhecimento base em relação ao ZEE, qual seja: em qual zona de uma APA se está localizado, e
o que pode e o que não pode ser feito dentro da zona. Assim, o uso vai desde aquele que é feito
por um público interno do próprio Centro de Recursos Ambientais, até o feito por atores sociais
intervenientes ou pesquisadores do meio natural da APA. Com isso o GISWEB APA LN tem os
seguintes objetivos:
Disponibilizar gratuitamente através da internet, utilizando tecnologia de informação
geográfica, a poligonal e o Zoneamento Ecológico–Econômico - ZEE da APA Litoral
Norte.
Possibilitar o conhecimento interativo e espacializado da APA Litoral Norte e do seu
ZEE, obtendo seus parâmetros.
Permitir aos usuários do sistema, a localização ativa de pontos de coordenadas do seu
interesse, obtendo as respectivas informações referentes à Zona da APA em que se
encontra o ponto consultado.
Fomentar, através do melhor conhecimento do território e do seu ordenamento expresso
no ZEE, uma participação mais ativa da sociedade na gestão ambiental local do território.
O serviço de geolocalização apresenta formulário de entrada, na página inicial do aplicativo,
contendo os seguintes campos: Nome do ponto, Nome do Interessado, CPF/CNPJ, e-mail,
Telefone (Figura 4.3). O preenchimento dessas informações tem caráter opcional e não impede o
acesso ao aplicativo em si, porém, caso seja preenchido, os dados declarados aparecerão na tela
do aplicativo juntamente com o mapa originado da interação com o sistema. Ambos poderão ser
impressos, gerando um mapa temático personalizado.
74
A página mostra ainda o link O que é? e o link APAs. O primeiro abre uma segunda janela no
navegador para um texto explicativo sobre o que é a geolocalização da APA Litoral Norte. O
segundo direciona o usuário para página em que o mesmo encontra um texto com uma
explicação do conceito de APA. Na mesma página existe uma mapa do Estado da Bahia com a
indicação de áreas que correspondem as APAs estaduais existentes. O usuário pode então
conhecer a localização da APA Litoral Norte e carregar página específica que fala dos principais
atributos dessa Unidade de Conservação (Figura 4.4).
Figura 4.3: Página inicial do sistema GISWEB APA do Litoral Norte Fonte: CRA, Home Page, 2003.
Depois de iniciada a geolocalização propriamente dita, o sistema mostra ao usuário uma série de
itens, conforme abaixo:
A poligonal do ZEE da APA Litoral Norte;
Legenda contendo o código de cada zona;
Temas da base cartográfica como: rios, rodovias e localidades;
Um mini-mapa de referência da poligonal total do Zoneamento, indicando o
posicionamento global de um eventual Zoom aplicado;
75
A indicação, de modo dinâmico, da variação das coordenadas relativas à posição do
cursor/mouse sobre a área da poligonal do ZEE da APA visualizada;
Ferramentas como: Informação da Zona, Zoom +, Zoom – , Botão “home” e
Recentralização de ponto clicado.
A escala indicativa do nível de Zoom aplicado;
Área para geolocalização específica de pontos, com campos de entradas para as
coordenadas x e y em UTM do mesmo, e
Texto explicativo: “Este serviço não determina a posição oficial do CRA quanto aos
parâmetros ambientais aos quais será enquadrado o empreendimento consultado,
devendo o mesmo ser submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de
licenciamento junto ao Órgão”.
Figura 4.4: Página redirecionada a partir do Link APAs do aplicatido de geolocalização Fonte: CRA, Home Page, 2003
76
Na Figura 4.5, que reproduz a página de geolocalização do aplicativo, vemos enumerados, de 1 a
8, os principais componentes da aplicação que são descritos a seguir:
Figura 4.5: Tela inicial do aplicativo de geolocalização da APA Litoral Norte Fonte: CRA, Home Page, 2003
1) O Mapa com a poligonal da APA Litoral Norte aparece já contendo as
manchas referentes ao ZEE. A faixa em Azul indica a posição do oceano
Atlântico. É nesse local onde serão exibidas as consultas submetidas pelo usuário
e as alterações do modo de exibição por ele selecionado.
2) No lado esquerdo, encontramos a Legenda, onde existe uma parte fixa, sempre
ativa, contendo o código de cada zona, cada qual com sua respectiva cor, além de
77
localidades conhecidas na APA estarem indicadas pelo símbolo de uma estrela
( ), com a identificação destas, aparecendo no mapa a partir de escala apropriada
de vizualização. Além deste tipo de legenda, aparecem aquelas referentes a layers
ou camadas com Rodovia, Vias e Hidrografia que podem ser exibidas, quando o
usuário marcar o respectivo item, ativando-o. O item rodovia representa
especificamente a BA-099 Linha Verde, devido a sua extensão e importância na
APA. Temos também o ícone “Redesenhar Mapa”, que refaz o desenho do mapa
com as mudanças de configuração de legenda escolhida pelo usuário.
3) Barra de Ferramentas do Mapa com 5 (cinco) botões assim descritos:
Botão de Zoom – Aumento: Encontra-se ativado como padrão. Aumenta o mapa ao clicar no ponto em que se deseja uma visualização em escala “mais próxima”.
Botão de Zoom – Diminuição: Deve-se ativar este botão e clicar no ponto do mapa em que se deseja uma visualização em escala “mais distante”.
Botão de Centralização: Ao ser ativado este botão e clicar em um determinado ponto do mapa, temos o mapa redesenhado com o ponto escolhido colocado no centro da figura exibida.
Botão “home”: Ao ser ativado este botão, o mapa volta a ser exibido na sua forma inicial, compreendendo toda a APA Litoral Norte como na figura.
Botão de Informação: Ao ser ativado este botão e clicar em um determinado ponto
do zoneamento do mapa, a respectiva zona será exibida destacadamente em vermelho e
serão listadas na área, denominada “Informação”, abaixo do mapa, todas as informações
do ZEE relativas à zona consultada.
4) Mapa de referência: Indica o posicionamento global na poligonal APA, da área
visualizada no mapa em um eventual Zoom + aplicado.
5) Localizar Ponto: Campos onde o usuário poderá indicar coordenadas UTM “X”
e “Y”, para pesquisa direta de sua geolocalização no mapa. Após indicar os
números desejados para as UTM “X” e “Y” e ativar o botão “Localizar”, o ponto
78
será exibido no mapa em escala compatível e indicado como um pequeno círculo
negro. O botão “Limpar” retira o ponto localizado do mapa.
6) Observação: Esse campo objetiva informar aos usuários que apenas a consulta e
o conhecimento dos parâmetros da zona em que se encontra, não oficializam
eventuais empreendimentos ou intervenções que se queira realizar, devendo haver
a consulta ao órgão ambiental responsável.
7) É abaixo do campo Informação que aparecerá textualmente a identificação do
usuário e do nome do ponto, preenchidos opcionalmente na entrada do
aplicativo, juntamente com as informações da zona clicada ou que corresponda a
um ponto de consulta. As informações da zona correspondem aquelas
demonstradas na tabela 4.1 e conterão: Nome, Código e Descrição da Zona com
os Usos Permitidos, Parâmetros Urbanísticos, Infra-Estrutura Básica e Requisitos
de Ordem Geral quando existirem.
8) Modo para Impressão: Botão que ativa a janela de impressão. Será aberta uma
nova janela no navegador, em formato amigável para a impressão da consulta
desejada.
O uso de localidades na APA, das vias, da Rodovia BA-099 e da hidrografia, melhora a percepção
espacial do território, já que permite reconhecer pontos e linhas notáveis na unidade, além de
começar a agregar a existência de outras realidades físicas na APA.
A indicação dinâmica das coordenadas UTM no mapa, está indicada no rodapé do mapa e é
ativada simplesmente mexendo o mouse sobre a área da poligonal da APA, quando não há
ferramentas ativadas. O nível de zoom aplicado permite obter escalas interpoladas de até
1:2.000, porém é recomendável que se trabalhe com algo em torno de 1:100.000, mais do que
suficiente para os propósitos do aplicativo, já que os arquivos georreferenciados do
Zoneamento foram trabalhados originalmente pela CONDER nessa escala. Escalas maiores
do que a original, por sofrerem interpolação, podem representar distorções nos temas
representados, além de não serem necessárias para uso do aplicativo.
Caso as coordenadas UTM utilizadas estejam fora da abrangência do mapa, o sistema avisará. Na
Figura 4.6A pode ser visualizada o exemplo de uma consulta de um ponto utilizando
coordenadas UTM.
79
Figura 4.6A: Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte
Na Figura 4.6B está sendo mostrada a continuidade do campo “Informação” onde além dos
dados de identificação, encontram-se também as informações e características da zona em que
caiu o ponto consultado.
80
Figura 4.6B: Informações da ZOR-E, referente a geolocalização de um ponto na APA
A APA do Litoral Norte tem características particulares e uma dinâmica atual, que trazem uma
série de atividades, pressões e conflitos de forma bastante acentuada. Por isso foi escolhida como
projeto piloto para o Sistema GISWEB, conforme podemos ver de forma mais detalhada no
tópico a seguir.
81
4.2 APA DO LITORAL NORTE – UMA IMPLEMENTAÇÃO PILOTO
A Área de Proteção Ambiental Litoral Norte criada no ano de 1992, por meio do Decreto
1.046/1992, estava inserida em uma série de conjunturas da época. Conforme observou o ex-
subsecretário de planejamento, ciência e tecnologia do Estado da Bahia e ex-diretor Geral do
CRA, Fausto Azevedo (entrevista), a APA Litoral Norte foi criada para atender a demandas de
políticas de desenvolvimento do turismo e de ordenamento territorial, e a lógica de sua criação
está atrelada ao prolongamento da Linha Verde – Rodovia BA-099, desde Praia do Forte no
município de Mata de São João até o município de Jandaíra.
Originalmente, segundo o historiador Cid Teixeira (comunicação em palestra, 2002), toda essa
região, no século XVII até o século XIX era de domínio da Casa da Torre de Garcia D’ávila, que
marcava uma grande extensão de terra rumo ao litoral norte e interior. Essas terras teriam
sido transmitidas ao longo da descendência dos D’ávilas, desde a fundação da Casa da Torre, por
Diogo Dias no século XVI (A CASA DA TORRE DE GARCIA D'AVILA). A utilização desse
território ficara restrita então a áreas de pasto e a poucas atividades de extrativismo, garantindo
assim uma boa parte do seu estado de conservação até o século XX, como os mais de 39% do
território ocupado por matas naturais ou plantadas e 46% ocupadas por pastagens (TEIXEIRA,
2002; CONDER, 2001).
Nessa região a APA do Litoral Norte foi criada através do Decreto Estadual 1.046/1992,
“abrangendo áreas da planície marinha e planície fluvio-marinha dos Municípios de Jandaíra,
Conde, Esplanada, Entre Rios e Mata de São João, cuja área territorial está compreendida no
Norte pelo limite fronteiriço entre os Estados da Bahia e Sergipe (Rio Real) que coincide com o
limite Norte do Município de Jandaíra, a Leste pelo Oceano Atlântico, ao Sul pelo curso do Rio
Pojuca, limite Sul do Município de Mata de São João” (Art. 1º), e ao Oeste, formando uma faixa
que adentra cerca de 10km chegando até 15 Km mais ao norte. A APA é contígua a outra APA, a
de Mangue Seco no limite norte do Estado (Figura 4.7).
A APA Litoral Norte possui 142.000 ha, sendo a 3ª maior do Estado da Bahia e está inserida no
domínio do Bioma da Mata Atlântica com clima quente-úmido. Apresenta diversos ecossistemas
e ambientes variados, que vão da Mata ombrófila, passando por manguezais, restingas, dunas,
estuários, lagoas, brejos e praias. Apresenta fauna representativa, sendo o local com maior desova
82
Figura 4.7: Localização da APA Litoral Norte (Fonte: Conder) Fonte: CONDER, 2001
83
de tartarugas marinhas do Estado da Bahia, incluindo espécies ameaçadas, como a tartaruga-de-
pente (Eretmochelis imbricata). Apresenta também uma avifauna bastante rica e diversificada, com
mais de 400 espécies identificadas das cerca de 740 ocorrentes no Estado da Bahia, incluindo
espécies migratórias e cerca de 15 raras ou ameaçadas de extinção, como o pintassilgo-do-
nordeste (Carduellis yarrellii) e o papa-taoca-da-bahia (Pyriglena atra) (CRA, 2000 e CONDER,
2001).
Nessa região existe uma população que desenvolve uma atividade econômica tradicional.
Segundo o Programa de Desenvolvimento Sustentável da APA do Litoral Norte - PRODESU
(CONDER, 2001), a população é bastante jovem com cerca de 50% com até 20 anos, e 2/3 do
total apresenta somente até 4 anos de estudo, onde um dos motivos explicados é a necessidade de
colaborar com a subsistência das famílias e relacionadas a infra-estrutura da educação e
transportes. Dessa forma cerca de 35% da população desenvolve atividades tradicionais agrícolas
e agropecuárias, onde aí estão incluídos o trabalho assalariado e de prestação de serviços a
terceiros, a pequena produção familiar, a pesca, mariscagem e o artezanato.
Dentro dessa linha, a extração de cocos e a mariscagem nos manguezais podem ser a principal
fonte de renda de muitas famílias. Além disso os manguezais, têm grande participação na
manutenção da biodiversidade marinha e sua preservação estaria relacionada a sobrevivência de
comunidades na região costeira da APA (CRA, 2000).
A partir da abertura da Linha Verde, os povoados antes mais isolados passaram a receber um
fluxo turístico bem maior, o que favoreceu uma variação sócio-econômica da região. Dessa
forma, principalmente na parte mais meridional da APA, onde o turismo já vinha sendo
incentivado há alguns anos, as atividades como hospedagem, alimentação e construção civil,
relacionadas ao turismo, já representam grande importância na ocupação das famílias. Sendo
assim, a capacitação de pessoas locais nos setores hoteleiros e de artesanato têm grande
importância, já que a convivência de novas atividades produtivas com atividades tradicionais,
pode geralmente trazer graves conflitos (CONDER, 2001).
Agressões ambientais na APA Litoral Norte, relacionadas à chegada dessas novas atividades,
como o desmatamento, a extração ilegal de areia, a ocupação desordenada do solo e as
queimadas, principalmente ligadas a atividades de turismo, com suas demandas por material de
construção civil e espaço para novos loteamentos, podem trazer danos ao meio ambiente e
prejudicar a continuidade de atividades tradicionais extrativistas das populações sem que elas
84
consigam se beneficiar diretamente com as novas oportunidades, principalmente pelas baixas
taxas de associativismo indicadas no PRODESU (CONDER, 2001), mesmo entre os
trabalhadores da agricultura, onde a grande maioria não está vinculada a qualquer organização de
classe.
Foi com essa realidade que em 1995 a resolução CEPRAM 1.040, aprovou o plano de manejo da
APA Litoral Norte e o seu Zoneamento Ecológico – Econômico – ZEE, desenvolvidos com
estudos feitos e encomendados pela Companhia de Desenvolvimento Urbano no Estado da
Bahia – CONDER, para tentar ordenar a ocupação do solo e seus parâmetros de uso, de maneira
a tentar ao máximo dirimir conflitos de interesse. Assim a aprovação e instituição de programas
de controle e desenvolvimento, defesa, recuperação, conservação e educação ambiental, são
partes integrantes do Plano de Manejo da APA.
Assim nos últimos anos vem ocorrendo o desenvolvimento de grandes programas e projetos na
APA Litoral Norte, como o programa de gestão administrativa de APAs, dentro do modelo
citado no capítulo 2 desta dissertação, com a existência de sede administrativa, equipamentos e a
presença de uma administradora em tempo integral na área da APA, e o próprio Programa de
Desenvolvimento Sustentável – PRODESU, uma atualização e detalhamento do plano de
manejo aprovado pelo CEPRAM em 1995. Além desses podemos citar ainda investimentos em
infra-estrutura turística, feitos pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR,
para essa APA que se insere na Costa dos Coqueiros, a construção e operação do complexo
hoteleiro Costa do Sauípe, a duplicação e concessão de uso privado da Rodovia BA-099 e a
construção do complexo automobilístico FORD, com influências na área da APA.
É dentro de toda essa complexidade do sistema ambiental, social e econômico que se caracteriza
a APA Litoral Norte, que a divulgação ativa do seu principal instrumento de ordenamento, o
Zoneamento Ecológico – Econômico – ZEE, irá revelar sua grande importância para formar nas
populações da APA, a consciência dos limites de intervenção e induzir uma participação ativa
desta, como fiscalizadora das intervenções que possam ocorrer.
Nessa ótica, ganha mais força o conceito de divulgação ativa e gratuita de informações ambientais
de base, relacionadas a APA, para toda a sociedade. Reforça-se essa postura se considerarmos
ainda, uma das recomendações do GEO BRASIL 2002 - Perspectivas do Meio Ambiente no
Brasil (IBAMA, 2002), para que Sistemas de Informação Geográfica para a gestão territorial,
85
disponibilizem de forma simples, para a sociedade em geral, através da internet, informações
geograficamente georreferenciadas.
O sistema piloto GISWEB para a APA Litoral Norte, é divulgado através da internet para todos
os atores interessados e quer atingir exatamente os grupos organizados e formadores de opinião,
que possam discutir e lutar, junto com o poder público, pelo cumprimento das normas já
estabelecidas no ZEE. Além disso o GISWEB pode servir como norteador primário das decisões
de localização e investimento em novas atividades produtivas, que por ventura queira se
empreender na APA.
86
CAPÍTULO 5
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO
87
5 – AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO
A avaliação desse trabalho deve levar em conta não só o sistema informatizado em si, mas
também as pessoas ligadas a atividades relacionadas a Área de Proteção Ambiental. Dessa forma
uma análise deve ser feita não apenas para o sistema GISWEB e seu uso, mas também deve
contar com o conhecimento da opinião de administradores dessas unidades e dos gestores
governamentais ligados ao desenvolvimento dessa atividade, sobre o tema “Informação e
conhecimento ambiental para moradores e freqüentadores de uma APA”. (Apêndice E).
Com essa preocupação, queremos considerar que não é apenas um sistema de informação
ambiental sozinho, ou advindo de políticas públicas isoladas, que terá chance de alcançar seus
objetivos. Muito mais que Sistemas de Informação Ambiental, vale a postura consciente e pró-
ativa para a divulgação dessa informação ambiental dos atores locais e principalmente do poder
público que está presente na área.
5.1 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO
Foi realizada uma coleta qualitativa de percepções de administradores de APAs e gestores
governamentais ligados a essa atividade, sobre Informação e conhecimento ambiental para
moradores e freqüentadores de uma APA. Foi passado um questionário semi-estruturado
(Apêndice E) para 5 administradores ou ex-administradores de 1 ou mais APAs estaduais, para o
coordenador interino da área e para o Diretor de Recursos Naturais, responsáveis na estrutura
formal do CRA da época, pela gestão dessas unidades.
A escolha dos administradores entrevistados, foi feita em virtude de sua presença na sede do
CRA, para que fosse possível dirimir quaisquer dúvidas em relação ao questionário e também em
virtude de sua representação para a os 6 sistemas de APAs estaduais existentes na Bahia (Decreto
7.967, capítulo II). Entre os administradores de APAs entrevistados, a área de atuação atual ou
passada ocorreu nas APAs Baía de Todos os Santos – BTS e Bacia do Cobre / São Bartolomeu –
ambos do Sistema de APAs do Recôncavo – SAREC; APA Lagoas e Dunas do Abaeté e Litoral
Norte – do Sistema de APAs do Litoral Norte – SALINO; APA do Pratigi do Sistema de APAs
do Litoral Sul – SALIS; APA Marimbus / Iraquara e Serra do Barbado – do Sistema de APAs da
Chapada Diamantina – SACHA; e APA Dunas e Veredas do Baixo-Médio São Francisco –
88
Sistema de APAs do São Francisco – SASF. A APA Serra Branca / Raso da Catarina, única
representante do Sistema de APAs do Sertão ainda não teve administrador.
Todos esses sistemas, representam basicamente realidades de diversas ordens. Alguns como o
SASF, representam a Bacia do Rio São Francisco, o SALIS e SALINO, representam regiões
administrativas, o SAREC e o SACHA micro regiões geográficas. As APAs do Litoral Norte e
Sul e também do recôncavo baiano, são aquelas que estão inseridas em uma área de influência de
políticas de desenvolvimento do turismo e de expansão imobiliária muito mais acentuada, tendo
por conseqüência uma maior infra-estrutura de serviços governamentais, incluindo a educação
por exemplo.
Os questionários (Apêndice E) foram administrados durante o mês de outubro de 2002 e foram
divididos em duas partes. A primeira parte diz respeito ao entendimento dos entrevistados sobre
divulgação de informação ambiental de maneira geral e a forma para fazer. A segunda parte fala
sobre informações ambientais em APAs, focando por vezes a APA Litoral Norte, atores locais e
formas de divulgação.
Para a coleta de dados sobre o GISWEB APA LN, foram feitas abordagens de modo a conhecer
informações sobre o seu uso quantitativo, o seu perfil qualitativo de usuários e as percepções
destes após o uso.
Na abordagem quantitativa, foram utilizados os arquivos de Log, que guardam os números de
acesso das páginas do sistema. Esses arquivos são gerados automaticamente e ficam armazenados
no servidor do GISWEB. Para interpretar os arquivos de Log e gerar os números estatísticos de
acesso, foi utilizada uma licença temporária do Software Web Trends Reporting Center da
Empresa NetIQ Corporation. Os dados foram tomados mês a mês, começando em junho de
2002 até dezembro do mesmo ano. Na análise foram considerados os números de acesso na
página principal do aplicativo GISWEB, em relação a: Visitas, Usuários Únicos e o número de
Páginas Vistas no período2.
2 Usuário Único é entendido como aquele que acessa a página uma única vez no período, ou seja representa uma audiência individual específica, identificada pelo número IP ou cookie. Visitas, também chamadas de sessão do usuário, que é toda atividade de um usuário em um Web site. É então formada pelo número total de usuários, mesmo repetidos. O número de Páginas Vistas é o registro de cada carregamento de páginas estáticas, formulários e páginas dinâmicas do sistema (Web Trends Reporting Center – Glossary).
89
Para a análise qualitativa da audiência do sistema GISWEB na internet, foi utilizado no período
de 27/06/2002 a 08/11/2002 na página inicial do aplicativo, um formulário para a escolha do
perfil do usuário do Sistema. O preenchimento não era obrigatório e os perfis colocados
representavam o tipo de usuário que se esperava que fosse utilizar o aplicativo, colocando ainda
um campo que representasse ‘outro usuário’ (Figura.5.1). Os dados eram automaticamente
enviados para um e-mail determinado, utilizando um sistema de redirecionamento, e a página de
navegação era então remetida para o formulário atual de identificação do ponto e nome do
usuário.
A quantidade de perfis recebidos não significa a audiência do site, já que o seu preenchimento não
é obrigatório, no entanto é essencial para se obter determinar de fato quem é o usuário do
sistema e saber assim, se ele está atingindo seus objetivos.
Figura 5.1: Formulário para a escolha do perfil do usuário GISWEB APA LN Fonte: CRA, Home Page, 2003
90
Para capturar a percepção do usuário quanto ao sistema em si e ao seu uso, bem como para
conhecer suas dificuldades, críticas e sugestões, dispusemos durante o período de 08/11/2002 a
17/02/2003 um formulário em forma de enquete, com perguntas semi-estruturadas para ser
respondido on-line (Figura 5.2). O formulário surgia como uma pequena janela do navegador,
quando o usuário carregava a página do aplicativo de geolocalização em si, a partir da página com
o perfil do usuário. As respostas também eram remetidas automaticamente para um e-mail
determinado.
As respostas deste questionário, identificarão o tipo de usuário que respondeu e seus motivos
para acessar o sistema, além de dar indicações, se o sistema foi aceito e se foi desenvolvido de
uma maneira que consiga ser utilizado minimamente. Ademais, também coleta sugestões e
dificuldades que possam se tornar importantes passos para a evolução do aplicativo.
Figura 5.2: Formulário com questionário para ser respondido pelo usuário sobre o
sistema GISWEB APA LN Fonte: CRA, Home Page, 2002
91
5.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados serão colocados seqüencialmente, de acordo com a metodologia utilizada para
obtê-los, sendo discutidos também em seqüência, na medida em que vão sendo conhecidos.
Nas 7 entrevistas realizadas com administradores e gestores de APAs, a totalidade achou que
informações ambientais de interesse geral, contidas em documentos de domínio do CRA,
deveriam ser necessariamente disponibilizadas. Esse é o primeiro indicativo de um pensamento
comum, acerca das responsabilidades de órgãos públicos em relação a informações ambientais, e
que se reflete positivamente nas legislações citadas e conceitos utilizados nesta dissertação.
Em se tratando de informações de ZEE e Plano de Manejo de APAs, todos foram unânimes em
se posicionar pela divulgação dessas informações, tendo prevalecido para 4 entrevistados que a
divulgação seja feita na forma original integral e também através de um tratamento da informação
para uma divulgação específica, como é o caso do GISWEB APA LN. Para todos esses
entrevistados, ao tratar informações sobre ZEE e Plano de Manejo de APAs, o que deve ser
conhecido é exatamente o que pode e o que não pode ser feito dentro das zonas da APA, ou seja
as restrições e recomendações de uso. Foram indicados ainda que devem ser divulgadas
informações gerais a respeito da APA, como: localização e limites, o que é uma APA, objetivo,
importância, atributos naturais, aspectos legais, órgãos e competências ambientais e ações de
fiscalização na área.
A estratégia para passar o conhecimento indicado, teve como percepção para quase todos, que
seja utilizada uma forma interativa, dinâmica, autoexplicativa e sem limites de tempo, que seriam
indicadas para pessoas mais esclarecidas ou com maior escolaridade e com acesso a equipamentos
específicos. Foi feita uma ressalva, no entanto, que devem também ser utilizadas formas
presenciais e formais, já que estas seriam mais adequadas para pessoas mais simples ou com
pouca escolaridade, que formam a maior parte dos grupos sociais das APAs.
Dessa primeira parte do questionário, fica claro que a visão desses responsáveis pelas APAs
Estaduais da Bahia, vai ao encontro de uma divulgação ativa de informações por parte do poder
público, detentor da gestão dessas unidades. Ao sobressair às visões de divulgação de informação
integral e específica, a primeira forma atingiria, sem dúvida, um público mais especializado, e a
segunda poderia levar conhecimentos mais específicos para diversos usuários. O GISWEB vai
92
nessa linha, ao tratar informações relativas ao ZEE e divulga-las através da internet de forma
espacializada, acaba visando determinados usuários e utilizando uma estratégia corretamente
identificada pelos entrevistados para um público mais preparado e conseqüentemente formador
de opinião. O uso de tecnologia GIS, responde aliás a demanda levantada pelo diretor
responsável na época por essas UCs no CRA, que mencionou que se deva conhecer em qual zona
se está inserido um determinado ponto ou atividade.
Na segunda parte do questionário, foi indicado por todos os entrevistados que no caso da APA
Litoral Norte, os atores que mais contribuem para pressionar mudanças no ZEE, são loteadores
e empresários ligados ao turismo e/ou indústria. Foi apontado pela maioria que o Poder público
municipal também exerce pressão para mudanças ou adaptações do ZEE, de acordo com o
interesse sobre o uso solo. São mencionados ainda comerciantes, mineradores, fazendeiros e
moradores de áreas urbanas.
O que se pode interpretar desses atores apontados, é que realmente cada grupo tem interesses
específicos na APA e que a atividade de mediar conflitos, apoiada na manutenção do ZEE deve
ser feita a partir do conhecimento deste instrumento por todos. Há, porém, aqueles grupos cuja
atuação se sobressai na busca de espaço para seus interesses particulares. O apontamento de
loteadores e empresários, principalmente de turismo, nos remete as características históricas da
área e das administrações passadas e atual da APA, conforme visto anteriormente. Lembramos
portanto, que políticas de desenvolvimento do turismo foram o fator preponderante para a
criação da APA, além de que o Litoral Norte vem se consolidando como área de expansão
natural da Região Metropolitana de Salvador, causando grande interesse imobiliário, como
alternativa de lazer e moradia, em virtude das novas oportunidades de emprego surgidas com
projetos de turismo, como o Complexo Sauípe e grandes iniciativas como a indústria Ford e
projeto de carcinicultura. Talvez o Poder Público Municipal seja visto como fator de pressão
sobre o ZEE, já que esse tipo de instrumento de uma APA Estadual, reflete diretamente um
ordenamento do solo municipal pelo poder estadual. O ZEE ao ser realizado, tem que levar em
conta os diversos interesses, mas o amadurecimento, por parte do município, de planos próprios
de ordenamento do território, pode estar gerando novos conflitos que devem ser mediados,
talvez por uma efetiva evolução do ZEE. Essas adaptações no ZEE atual, caso sejam necessárias,
devem ser feitas a partir do desenvolvimento do conhecimento espacial do território como um
todo e feito por todos, o que pode ser feito também pelo GISWEB, além da definição de
93
políticas de uso do território que sejam de longo prazo. Somente assim o ZEE poderá se firmar
definitivamente como o principal instrumento norteador da gestão da APA.
Sobre o meio de divulgação ideal de informações sobre ZEE e plano de Manejo da APA Litoral
Norte, para os atores que mais pressionam esses instrumentos, ocorreram, no seu conjunto, duas
posições equivalentes. Uma recomenda o uso prioritário de meios como programas de rádio,
cursos e seminários e cartilhas e folders, argumentando que seriam meios mais acessíveis e
pessoais, para atingir diretamente a população e a maior área possível da APA. A outra posição
focou um receptor mais específico da informação. Considerou que meios mais tecnológicos,
como o uso de sites na internet e em segundo plano de Vídeos/TV, seriam adequados para
grupos determinados que detêm conhecimento e possuem acesso a tecnologia e ainda
contribuem para a pressão imobiliária e turística na região. Dessa forma, considerou-se que a
informação seria mais direcionada e chegaria mais rapidamente para quem representa de fato a
maior possibilidade de pressão na área.
O Sistema GISWEB APA LN responde a essa última diretriz já que para o caso específico da
APA Litoral Norte, há a proximidade com a Região Metropolitana de Salvador – RMS e a
existência de políticas específicas, bem definidas sobre a área. Deve-se atentar contudo, que para
a divulgação do ZEE de maneira generalizada, deve-se utilizar vários meios.
O aplicativo de Geolocalização do Sistema GISWEB APA LN teve seu acesso analisado de
01/06/2002 até 10/12/2002, estando ativo durante 182 dias desse período e o restante dos dias
em manutenção ou fora do ar. O Sistema obteve 1702 visitantes totais e teve 11261 páginas
vistas durante todo esse período. Até novembro de 2002, a média de usuários únicos/mês foi
de 178,7 e cerca de 50% maior para visitantes totais, com 272,2. A Figura 5.3 mostra o número
desses usuários por mês, considerando para o mês de dezembro uma projeção da audiência
alcançada.
Considerando os 182 dias de atividade do sistema, a média do número de visitantes totais/dia
foi cerca de 9,4 sendo que se registrou um número médio de 6,6 páginas vistas por cada um
desses usuários.
Os dados acima tendem a mostrar que vem se mantendo quase constante, ao longo desses 7
meses de análise, o número de usuários únicos do sistema por mês, enquanto vem diminuindo o
94
número de usuários totais. Essa tendência pode indicar duas possibilidades que se
complementam: a primeira é que o sistema, por ter sido divulgado durante o seu lançamento na
mídia impressa, tanto no Diário Oficial do Estado-DOE quanto em jornais privados de grande
circulação, atraiu visitantes de diversos níveis, incluindo curiosos e leigos em relação a GIS ou
APA, registrando assim um alto número de visitantes totais no início do período em relação ao
final; ou a segunda possibilidade que o sistema passou a ser mais bem utilizado por aqueles que
realmente o consultam para algum fim específico, bastando agora uma simples visita mensal para
se conseguir manejar a geolocalização e obter-se a consulta desejada.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
jun jul ago set out nov dez
meses
Usuários únicos Visitantes totais
Figura 5.3: Usuários únicos e Visitantes totais / mês do GISWEB APA LN em 2002 Fonte: Análise de audiência em arquivos de Log de serv idor Interner do CRA, 2003
Essa segunda possibilidade encontra apoio no número de páginas vistas por cada usuário. Se
considerarmos que as páginas vistas representam, em sua maior parte, as páginas dinâmicas do
sistema, ou seja com mais ou menos zoom, recentralizadas, com pontos geolocalizados, com
zonas identificadas, páginas redesenhadas ou layers ativados, então pode ser que a quantidade de
interações do usuário com o aplicativo diminua apenas para aquelas realmente necessárias ao seu
objetivo. Essa possibilidade tem sido observada, com a diminuição de páginas vistas por usuário,
que girava ao redor de 9 para o mês de lançamento do sistema e atingiu algo em torno de 5 nos
meses de novembro e dezembro de 2002.
95
28,8% (162)
21,3% (120)17,1% (96)
16,0% (90)
9,4% (53)5,0% (28)2,5% (14)
Associação / ONG Outro Usuário Empreendedor
Poder Público Não Identificado Consultor / Pesquisador
Estudante
Sobre os usuários do sistema, foram coletados 563 perfis de usuários durante os 127 dias em que
esse formulário ficou acessível (Apêndice F). Para fins de resultado de pesquisa, todos os usuários
do poder público foram reunidos em um único grupo. Da mesma forma foi feito para os usuários
tipo Consultor / Pesquisador, já que ambos seriam profissionais que usariam o sistema como
uma verdadeira ferramenta diretamente relacionada às atividades profissionais que estivessem
desenvolvendo no momento. Da mesma forma foi feito com Associações / ONGs, cujo
interesse pode ser conjunto em monitorar a localização e características de empreendimentos ou
atividades que possam afetar objetivos de conservação, como no caso de ONGs ambientalistas,
ou que influenciem o desenvolvimento de atividades tradicionais ou ligadas ao turismo e que
estejam relacionadas a associativismo. Lógica semelhante foi utilizada para reunir o grupo
Empreendedor pessoa física e pessoa jurídica.
Assim sendo, os usuários que mais acessaram o serviço de geolocalização do GISWEB APA LN
foram na ordem: Estudantes, seguidos de Consultores/Pesquisadores, depois pessoas que não se
identificaram, Poder Público, Empreendedores, outros usuários e em último lugar
Associação/ONGs (Figura 5.4).
Figura 5.4: Percentual (total) de Acesso segundo perfil de usuário do GISWEB APA LN
Fonte: Respostas a formulário de perfil de usuário na Home Page do CRA
96
Desse resultado, devemos notar primeiramente que o total de perfis é menor que o número de
usuários detectados pelo software analisador de acesso. Esse fato indica que muitos usuários do
sistema estavam carregando diretamente a página da geolocalização em si, sem passar pelo
formulário de identificação de perfil. Esse fato é possível já que o visitante pode marcar no livro
de endereços do seu navegador, especificamente a página dinâmica do aplicativo.
Quanto aos usuários identificados, chama atenção o fato de que a maior fatia é representada por
estudantes, o que demonstra que a internet é um meio especialmente bem sucedido para
atividades de ensino. O uso do sistema por esse grupo, pode então estar ajudando a disseminar
conceitos sobre APAs e estimulando o desenvolvimento de uma visão espacial sobre a área,
contribuindo assim para um entendimento mais holístico do meio.
Consultores/Pesquisadores e o Poder Público são os outros usuários que vem em seguida e estão
bem representados no total com 21% e 16% respectivamente, conforme já era esperado, em
virtude dos usos previstos anteriormente para esses grupos. Vale ressaltar que foram identificados
diversos pesquisadores reconhecidos e projetos de âmbito federal como usuários do sistema, a
própria administradora da APA, a Engenheira Florestal Patrícia Pinha, como Poder Público
Estadual, declarou o uso sistemático do Sistema GISWEB como ferramenta integrante do seu
trabalho. Pinha ressaltou, que o sistema facilita e agiliza, em conjunto com o uso de GPS, uma
rotina constante de identificação de Zonas, onde está exercendo alguma atividade ou oriundas de
demandas da própria comunidade (Figura 5.5).
O número de empreendedores (53) também se mostrou bom, já que muitas vezes suas consultas
já são feitas por consultores contratados e que o ritmo de praticamente 1 consulta a cada dois
dias, pode representar um número considerável de projetos. Por outro lado, consideramos que
ocorreu um uso bastante tímido do sistema por ONGs/Associações, apenas 14 no período. Esse
fato pode significar realmente que há baixo índice associativismo, conforme indicou o
PRODESU, e pouca atividade de ONGs nesse sentido. A outra possibilidade é que esse não é o
meio ideal de uso para esses atores, já que principalmente as associações mais simples, podem
não ter acesso a tecnologia adequada. Apesar do GISWEB ter o potencial de suprir o uso
previsto para esses grupos, que privilegia monitoramento e fiscalização de empreendimentos com
fins de interesses de conservação do meio e manutenção de rotinas produtivas tradicionais, deve
ser necessário uma apresentação mais pessoal do potencial de uso do sistema, juntamente com a
capacitação desses usuários.
97
Apenas 5% dos visitantes do sistema, se enquadraram como “outros usuários”, o que deve ser
melhor investigado, porém, podem representar principalmente moradores locais e pessoas
comuns com outras ocupações. Os 96 usuários que optaram por não se identificar, podem ser
aqueles que utilizaram o sistema mais de uma vez ou ainda os internautas que tem por hábito o
não preenchimento de formulários.
Figura 5.5: Administradora da APA Litoral Norte utilizando o Sistema GISWEB Fonte: Arquivo fototgráfico do autor
Quanto à investigação realizada on-line sobre o Sistema, relativas a figura 5.2, obteve-se um total
de 42 retornos à enquête, no período indicado em que ficou disponível. Esse número é resultado
apenas da ação voluntária do usuário em responder à enquete, não tendo sido estimulado sob
qualquer forma. Podemos entender essa enquete como duas partes: a primeira que registra o tipo
de usuário que acessa e seus motivos para acessar o Sistema, e depois a sua percepção sobre o
uso em si e obtenção das informações disponibilizadas pelo Sistema. Foram enumerados ainda,
opções de problemas que poderiam ser marcados, escritos e enviados, assim como críticas e
sugestões, que também poderiam ser enviados livremente.
98
Do total de 42 usuários, 15 corresponderam a estudantes, outros 15 podem ser atribuídos a
consultores/pesquisadores, 8 a outros usuários, como moradores locais, aposentados e curiosos,
3 questionários são do Poder Público e 1 relativo a Associação. Das 40 pessoas que declararam,
apenas 5 moravam na APA e 8 trabalhavam na mesma, sendo que 12 usuários mantinham uma
dessas duas condições.
Esses fatos indicam que houve um retorno de respostas relativamente parecido ao perfil de
usuários traçados, com um aumento de “outros usuários” em detrimento do poder público e com
ausência de empreendedores. Talvez isso se deva ao fato, de que ao responder uma enquete, o
usuário tenha se identificado pessoalmente, impossibilitando uma extração efetiva do seu perfil,
explicando os quase 20% do total relacionados a outros usuários. Em relação aos usuários
trabalharem ou morarem na APA, os resultados indicam que não há uma correlação direta no
interesse em acessar o GISWEB APA LN, já que a grande maioria de 67% pode fazer uso do
sistema por diversos motivos sem ter algum vínculo sistemático de permanência no território,
fazendo com que o Sistema possa ter um alcance bem maior do que o da população local.
Os motivos que levaram o usuário a acessar o Sistema GISWEB foram diversos e estão bem
distribuídos. São relacionados a pesquisa e consultoria com 11 registros, depois ligados a
trabalho estudantil com 10, para conhecer melhor o sistema 8 pessoas, 7 para realizar uma
consulta específica no aplicativo e 5 buscando outras informações quaisquer relacionadas a
APA.
Da análise que se pode ser feita, podemos observar que o GISWEB está ajudando a suprir
informações principalmente para atividades profissionais ligadas a pesquisa/consultoria, bem
como em trabalhos escolares de diversos níveis, possivelmente de estudantes secundaristas a nível
superior e pós-graduação. Pode ser destacada ainda que o sistema: ainda está sendo explorado
para ser conhecido por cerca de 20% dos usuários; e que contribui diretamente com informações
das consultas que possibilita, sobre geolocalização e conhecimento do ZEE, para um grupo de 7
das 41 declarações de uso.
Especificamente, se considerarmos essa última utilização do GISWEB, para geolocalização de
Zonas, podemos inferir que o sistema atua diretamente na forma de trabalho do órgão gestor de
APAs. Ao observar que há uma grande demanda de interessados, em saber exatamente onde se
encontravam na APA, conforme identificado através de questionário pelos Administradores e
99
Gestores entrevistados, vimos que esses interessados tem necessariamente que se deslocar até o
órgão gestor, que detêm os mapas georreferenciados das zonas, e que ainda deverão ser atendidos
por um servidor que lhes respondesse a consulta. Assim sendo, o sistema GISWEB possibilitará
conseqüentemente economia de tempo e recursos financeiros, tanta para o serviço público
quanto para o consulente interessado. Esses números, de maneira global, indicam grande
utilidade do sistema para o poder público, consultores e outros usuários.
Quanto ao sistema em si e seu uso, um total de 41 questionários responderam se sabiam o que
era APA, com uma grande parte dizendo que sim, apenas 8 falaram que sabiam em parte, em sua
maioria estudantes, e somente 1 disse que não sabia, um consultor. Somente esse resultado não
permite abstrair se os usuários já sabiam o que era APA antes do uso do sistema, ou, se eles
apreenderam o conceito a partir do uso do sistema, acessando o link que direciona para página
geral de APAs do Portal do CRA e que contêm essa explicação, assim como um texto com os
principais atributos e decreto de criação de uma dessas unidades. De qualquer forma esse
percentual de quase 80% de pessoas que sabem o que é APA, revela um tipo de usuário
realmente mais qualificado.
O Sistema GISWEB APA LN foi considerado positivo por 36 de um total de 38 usuários que
responderam, os 2 restantes indicaram que o sistema é apenas em parte positivo, sendo que um
desses usuários mencionou, justificando talvez, que seu conhecimento sobre o assunto era
sucinto. Esses números nos levam a crer, que o sistema como foi concebido, para divulgar
informações de APA e do ZEE da APA Litoral Norte, é considerado aprovado pelos usuários,
obviamente melhorias devem ser feitas em cima de problemas detectados e de críticas e sugestões
apontadas.
Alguns problemas foram apontados pelos usuários em geral, principalmente entre aqueles que
tiveram dificuldades em obter informações. Dos 39 usuários que responderam essa questão, a
maioria 17 disse que achou fácil obter informações, porém 14 indicaram que apenas em parte e 8
indicaram que não era fácil.
Quanto aos problemas em si, para usar o sistema ou obter informações, 22 usuários não
responderam nada ou indicaram tacitamente que não havia nenhum problema. Das outras 20
respostas, que apontaram um ou mais problemas, a metade indicou que a maior dificuldade é a
falta de pontos de referência, outras 6 respostas incluíam dificuldades em como obter ou usar as
100
coordenadas, 5 incluíam estorvo no uso das ferramentas do aplicativo, 2 se referiam a sua própria
limitação ou inexperiência com informações georreferenciadas, outra apontamento pediu para
acessar também informações de outras atividades do CRA e por fim foi questionado sobre a
margem de erro da geolocalização nas zonas da APA.
Analisando as colocações, cabe sem dúvida alguma agregar mais pontos de referência além das 34
localidades e pontos notáveis já disponíveis, e mais adiante permitir que se escolham diretamente
as localidades, como forma de busca, para saber de imediato a que zona pertencem. Parece que o
usuário necessita de uma referência física conhecida como fator de percepção espacial, sem a qual
a geolocalização por números de coordenadas ou a simples escolha de determinada zona,
poderão não consolidar a sua visão do todo, nem sedimentar a sua associação com o território e
o fato de que qualquer intervenção influenciará a APA.
Os pontos de referência podem ser agregados a partir de informações conhecidas da própria
OEMA responsável, por exemplo, por licenciamento ambiental. Quer dizer, pode-se criar uma
camada georreferenciada de pontos identificados de empreendimentos com licença ambiental.
Nesse caso, nada mais fácil como ponto de referência do que indicar, fábricas, fazendas, hotéis,
pontes etc., que as pessoas passam freqüentemente, trabalham ou conhecem alguém que trabalhe.
A identificação oficial e local dos nomes dos rios e vias também pode ser agregada, aliás a revisão
dessas camadas foi sugerida também pela administradora da APA Litoral Norte.
A vantagem de um Sistema de Informação baseado em GIS, conforme foi mencionado no
capítulo 2 em relação a Simão (2001), é a capacidade de integrar diversas informações e enxergá-
las no território. Dessa forma, o pedido por mais pontos georreferenciados agrega esforços para
tornar um SIA realmente acessível para o público, como demonstrado no triângulo de Haklay
(2003). Isso contribui sem dúvida para a internalização do paradigma ambiental e para se enxergar
a relação intrínseca entre homem e meio ambiente, e conseqüentemente contribuir para a busca
do desenvolvimento sustentável.
Por outro lado foram demonstrados problemas referentes à interface de utilização do Sistema.
Nos referimos a Güttler; Denzer & Houy (2001) no capítulo 2, para demonstrar que a maioria
dos usuários ainda é mais familiarizada com uma interface em forma de árvore ou diretório e
também para demonstrar a necessidade do uso de informação geográfica para informações
multidimensionais e integradas. Nessa direção, se considerarmos dificuldades com coordenadas,
101
as ferramentas do sistema e ainda limitação de conhecimentos em GIS, teríamos um total de 13
apontamentos de problemas que correspondem às dificuldades em se trabalhar com informações
geográficas. Para ajudar a minorar o problema e ajudar a disseminar a cultura do uso de
informações geográficas, pode ser feito uma espécie de tutorial on-line sobre o uso de
coordenadas UTM no sistema e como obtê-las com um GPS. O mesmo pode ser feito para
ensinar mais detalhadamente o uso das ferramentas.
Em relação a margem de erro do sistema, esta sempre vai depender de como foi feita a poligonal
da APA, como foram separadas as zonas e de como foram obtidas as coordenadas para
geolocalização. A informação dada pela coordenação responsável pela geomática do CRA indica
que o mapa da APA e suas Zonas foi georreferenciado em uma escala de 1:100.000, ainda deve
ser levado em consideração que no caso de obtenção de pontos por GPS, pode haver um erro de
10 a 30 metros. Essa escala é absolutamente suficiente e o erro é desprezível para realizar
geolocalizações, identificando a zona a que pertence, o que é o propósito do GISWEB APA LN.
Caso existam, casos extremamente específicos que suscitem dúvidas, para pontos próximos de
bordas entre zonas, deve-se recorrer a uma visita em campo e/ou a utilização de um GPS
diferencial. Para uma verdade de campo, ajudaria fortemente uma descrição das Zonas, em cima
de limites físicos identificados na área e com a ajuda de amarração de pontos geodésicos bem
conhecidos.
5.3 ESTRUTURA E PROJEÇÃO DO SISTEMA
A estrutura atual do Sistema GISWEB foi planejada de uma forma, que possibilita a sua utilização
como uma base consolidada de elementos para outros tipos de serviços semelhantes. O Estado
da Bahia possui hoje 26 APAs Estaduais e destas 15 já possuem ZEE definido e aprovado, dessa
forma, o sistema GISWEB da APA Litoral Norte, dado aos seus números de utilização e ao
retorno positivo dos usuários quanto ao sistema em si, poderia ter o seu “Shell ” transformado em
um padrão para aplicações semelhantes para essas APAs e outras Unidades de Conservação. Essa
sugestão, também foi feita a partir da enquete on-line e indicada explicitamente por 3 usuários do
sistema.
Algumas melhorias na interface do GISWEB poderão ser feitas, conforme problemas detectados
e sugestões dos usuários, já comentadas no tópico anterior. Da mesma forma, algumas adições
102
como um tutorial de uso do sistema, a integração de outras informações ambientais, como
pontos de licenciamento ambiental e de qualidade de água, a agregação de mais informações
sócio-econômicas da região, por exemplo, seriam uma potencial evolução do sistema e de seus
objetivos, caminhando verdadeiramente para um SIA mais completo.
No caso de aplicativos baseados no GISWEB e que se tornem cada vez mais complexos com
aquelas novas informações, haverá a necessidade de criação e/ou integração entre os vários
bancos de dados alfa-numéricos e espaciais, que possam existir entre os órgãos públicos. Para
esses serviços e informações mais complexos, baseados em informação ambiental integrada de
várias fontes ou órgãos, e que sejam disponibilizados para acesso ao público, baseado no uso de
GIS, seria necessário o conhecimento da capacidade real do software MapServer em buscar as
informações necessárias nos bancos de dados e disponibilizá-las em intranet/internet. Essa
definição poderá confirmar o uso de padrões de software abertos como o MapServer ou
direcionar para o uso de programas comerciais proprietários para o desenvolvimento de novas
aplicações baseadas no GISWEB.
Antes de tudo isso, no entanto, seria necessário uma definição do Estado para uma política que
unificasse as várias iniciativas relacionadas a informações georreferenciadas. Essa posição oficial,
poderia determinar também, através do entedimento comum entre os órgãos estaduais, a troca de
suas informações georreferenciadas, sem que haja dificuldades, cobranças e a geração de novos
ônus para fazer, muitas vezes, o mesmo trabalho. Uma das demandas é a existência e o uso
comum da base cartográfica do Estado, que começou a ser feita a partir da segunda metade de
2002 e disponibilizada gratuitamente pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do
Estado da Bahia – SEI (2002). A partir desse ponto, conseqüentemente pode ser criado uma
padrão para construção de bases georreferenciadas diversas. Assim, poderá haver uma
convergência de iniciativas que consigam otimizar os esforços feitos pelos vários órgãos
estaduais, no sentido de criar condições de existência para um SIA espacializado, que represente a
totalidade dos dados ambientais trabalhados pelo Estado.
Todas essas sugestões, também vão ao encontro daquelas feitas no tópico Sistema de
Informações Geográficas para a Gestão Territorial do livro Geo Brasil 2002 - Perspectivas do
Meio Ambiente no Brasil (IBAMA, 2002, p. 325.). Após o amadurecimento por parte dos
gestores estaduais dessas considerações, aplicações baseadas no GISWEB, poderão permitir a
consulta de pontos de licenciamento ambiental, consultar suas resoluções e portarias, áreas com
103
licença de desmate, pontos com outorga de água e suas características, bacias hidrográficas e seus
dados de qualidade de água, localização de cadastro e entidades ambientais, pontos de atuação da
fiscalização ambiental, áreas de ocorrência de fauna e flora, dados sócio-econômicos, localização
de existência de pontos notáveis de infra-estrututra, presença de sedes dos órgãos estaduais em
toda a Bahia, etc.
Um novo viés, que agregue informações mais voltadas a atividades lúdicas e de lazer, como
atividades turísticas, poderia ser implementado para aumentar ainda mais o uso do sistema. Essa
estratégia poderá quem sabe atrair mais a participação de ONGs e associações, em relação as
quais, o sistema atual não conseguiu muita penetração, além de poder demonstrar para o usuário
em geral, todo o potencial de turismo que a região pode oferecer. Aliando-se a este possibilidade,
o fato de trabalhar conjuntamente uma informação técnica e específica, como é o caso do ZEE
da APA, com informações de fácil reconhecimento como as de turismo, poderia fazer com que
mesmo o público não interessado no ZEE, acessasse o sistema e absorvesse a noção espacial e o
planejamento ambiental do território. Com esta conseqüência, o GISWEB estaria entrando na
seara da educação ambiental. Aliás esse ponto pode ser bem explorado, mostrando grande
potencial, haja vista a grande quantidade de estudantes que acessam o sistema.
Uma das possibilidades de se fazer educação ambiental e atingir a percepção da população em
relação a mudanças no território da APA, é fazer com que o GISWEB possa mostrar com clareza
as modificações do meio, como conseqüência do seu uso, ou seja, a demonstração da dinâmica
temporal de vários temas que representem as condições naturais da APA e o uso de seus
recursos.
As possibilidades são muitas, a entrada para todas elas poderá ser a representação geográfica do
Estado da Bahia como um todo e variadas buscas, já pré-definidas, para cada informação e com
acesso integrado a todas as outras. De imediato, por ter tido um baixo custo de desenvolvimento
e poder ser considerado um aplicativo aprovado, a aplicação de geolocalização de ZEE no
GISWEB, poderá ser estendida com tranqüilidade para as outras APAs Estaduais e outros temas
ambientais.
104
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
105
6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
No Brasil, a existência de instrumentos legais que normatizem a disponibilização de informações
ambientais já está bem desenvolvida e estes instrumentos estão sendo cada vez mais conhecidos,
no entanto a questão focada neste trabalho foi sobre a atuação do poder público como ator ativo
na divulgação dessas informações. Vimos, que existem algumas iniciativas para divulgar
informação ambiental, como o caso de EIAs-RIMA, e ainda algumas iniciativas em
desenvolvimento, como a de utilizar Portais na Internet para esse fim. Apesar disso, podemos
considerar que essas são poucas iniciativas e que não são concatenadas, logo um modelo amplo,
para um Sistema de Informação Ambiental – SIA, que consiga realmente integrar uma gama
diversificada de informações ambientais, ainda está em formação.
A responsabilidade do poder público, como disseminador de informações ambientais, ficou ainda
mais nítida quando foi analisado o caso de APAs, nas quais esse tipo de Unidade de Conservação
necessita da participação dos seus atores, para a busca do equilíbrio entre ações intervenientes
humanas e a conservação dos recursos naturais. Para que exista algum sucesso na busca desse
Desenvolvimento Sustentável, a divulgação de informação ambiental deve permear, portanto,
todos os processos desde a criação da APA, procurando fomentar o máximo possível a
participação pública dos envolvidos. Essa é a forma de garantir a perpetuidade da própria
unidade.
Ao expor o modelo teórico-conceitual de um SIA para APAs, foi indicado que o sistema é
condição intrinsecamente necessária para essas Unidades de Conservação, da sua criação até a
plena gestão. Por conseguinte, foi mostrado que o sistema deve ser planejado como um
instrumento que integre, sistematize e disponibilize todas as informações ambientais necessárias
para dar a apropriada visão holística, que é peculiar ao meio ambiente.
Um SIA com essa concepção é atrelado aos Direitos de ser informado, de conhecer e de
participar, descritos por De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001), além de assumir as assertivas
descritas por Haklay (2003), para a consecução de um SIA com acesso público e que possibilite a
transformação da informação em conhecimento. Viabiliza assim, a participação da sociedade em
processos de tomada de decisão ambiental. Para esse último estágio, o SIA conceituado tem que
ser alicerçado em cima de conceitos de Informação Geográfica, utilizando tecnologia GIS. Este
último formato está em concordância inclusive com Güttler; Denzer e Houy (2001), sobre a
106
necessidade do uso dessa interface para integrar informações multidimensionais,
características dos sistemas ambientais.
Assim sendo, no caso de Áreas de Proteção Ambiental, consideramos que o Poder Público no
Estado da Bahia atuou ativamente, para a divulgação específica de informação ambiental, relativa
ao Zoneamento Ecológico – Econômico da APA Litoral Norte. O modelo de gestão de APAs,
descrito por Abreu & Azevedo (2002) necessita de instrumentos como o ZEE, e a sua
divulgação, conforme demonstrado, tem fundamental importância para o desenvolvimento desse
modelo, já que o ZEE é um instrumento básico de ordenamento e uso do solo dessas áreas
protegidas. É ele que servirá, inclusive, como legitimador para a atuação administrativa dos
gestores dessas unidades.
O Sistema de Informação Ambiental denominado GISWEB APA LN foi desenvolvido e
implementado neste trabalho como um projeto piloto, para demonstrar como agregar vários
conceitos defendidos para um SIA, voltado para as Áreas de Proteção Ambiental - APAs. Foi
adotada uma forma de divulgação, utilizando tecnologias de informação geográfica
disponibilizada através da Web. Tal solução, utilizando esse tipo de tecnologia da informação, foi
defendida por Simão (2001), como novas oportunidades de oferecer serviços governamentais, e
utilizando GIS, conseguir relacionar o usuário ao território.
A partir dessas colocações, o GISWEB APA LN é um aplicativo que disponibiliza, através da
internet, um serviço de Geolocalização interativa no ZEE da APA Litoral Norte, cumprindo
como conseqüência, o dever do Poder Público em prover à sociedade o seu Direito à
Informação, que lhe é legítimo. A intenção em relação a este tipo de serviço, no entanto, não se
limita a esse direito. O trabalho conduzido, buscou também identificar, através dos
coordenadores governamentais ligados a gestão de APAs e principalmente através dos
administradores dessas Unidades de Conservação, que lidam diretamente com o público, quais as
informações que a sociedade gostaria de obter, fomentando então o Direito de Conhecer. A
demanda principal identificada: descobrir onde se está, dentro da poligonal e Zoneamento da
APA, e descobrir o que pode e o que não pode ser feito em relação ao uso do solo, conforme
diretrizes do ZEE, é plenamente possibilitado através do GISWEB.
Dessa forma, é realizado um passo em direção a um cidadão mais consciente, e de que ele pode e
deve ser um membro fiscalizador e atuante na gestão ambiental do Estado, ou seja o Direito de
107
Participar. A partir do funcionamento devido desse direito, a participação da comunidade local
de uma APA na gestão ambiental do seu território será facilitada, colaborativa com o poder
público e até mesmo poderá garantir a existência da própria Unidade de Conservação. Em suma,
as questões dos direitos ambientais, passam a ser questões de cidadania, exercidas mediante
práticas políticas e sociais, ao se constatar que dessas questões existe uma profunda, sistêmica e
interdependente ligação do homem com seu ambiente.
Iniciativas desse tipo, de prover informação em ambiente WEB, compõem o conjunto de
serviços que também formam uma estratégia conhecida como ‘Governo Eletrônico’. Essas ações,
que visam facilitar a obtenção de informações e o requerimento de serviços públicos, utilizando
meios digitais, principalmente através da internet, nos remete a necessidade de existência de
iniciativas de combate à exclusão digital da comunidade que pode ser interessada. A preocupação
com esse aspecto, de forma a dar mais acessibilidade a esses meios tecnológicos, não esgota,
porém, outras tentativas de prover acesso à informação, através de outros meios mais tradicionais
para as comunidades do território da APA.
Caso as escolhas das políticas públicas continuem apontando para as facilidades de serviços
digitais, serão realmente necessárias ações governamentais amplas, que propiciem
verdadeiramente o conhecimento e os meios necessários, para que os interessados possam
usufruir integralmente desse tipo de serviço.
Os resultados da avaliação do sistema GISWEB APA LN, permitem concluir pela sua aprovação.
A iniciativa teve números de uso bastante positivos e o retorno esperado para boa parte dos
usuários que se procurou alcançar. A geolocalização no ZEE da APA Litoral Norte, encontrou
como usuários principais os pesquisadores/consultores e o poder público, inclusive a própria
administradora da APA, para um uso mais direto sobre o território. O sistema mostrou uma
grande utilidade como ferramenta de apoio a trabalhos escolares, já que entre os maiores usuários
estão os estudantes.
O uso para monitorar/fiscalizar o meio em prol de sua conservação, que poderia ser feito por
Organizações Não Governamentais e Associações, se mostrou baixo, de modo que se pode
concluir que: ou há pouca presença dessas ONGs e baixo associativismo na APA ou precisam de
uma infraestrutura e capacitação mais adequadas para o uso do GISWEB. De qualquer forma,
outras estratégias de fortalecimento ou de divulgação de informação do ZEE devem ser pensadas
108
para esses extratos sociais. Nessa linha um bom caminho para pesquisas futuras é trabalhar em
uma melhoria do Índice de Gestão das APAS, introduzindo indicadores que consigam medir a
participação e o envolvimento da população local.
O conceito do que seja uma APA, se mostrou realmente claro para a grande maioria dos usuários
do sistema, todavia, pode carecer de um foco melhor e uma investigação mais específica para
outros usuários, que pertençam a populações mais tradicionais nas APAs e que não foram
alcançados pelo GISWEB.
A evolução do sistema e uma melhoria devem ser feitas, no entanto, para resolver os problemas
indicados e atender as novas demandas identificadas. Entre os problemas, deverá ser enfocada
uma forma de explicar melhor o uso do sistema e agregar mais conhecimento geográfico de
referência, no território e na obtenção de coordenadas. Entre as demandas, está justamente a
agregação de mais informações ambientais, que compõem o mosaico de conhecimento necessário
para promover uma percepção mais ampla do meio. Essa demanda confirmou a conceituação de
um SIA que seja um integrador de informações de diversas partes e diversos níveis. A estrutura
base do GISWEB já está pronta e pode ser utilizada a baixo custo, para outras aplicações que
prestem serviços similares, principalmente para outras APAs com ZEE.
Como sugestão, fica a possibilidade de um sistema que integre um maior número de informações
ambientais e que estas informações estejam relacionadas ao dia a dia dos grupos sociais. Por
exemplo, pode-se sugerir um sistema que integre ao ZEE imagens de belezas naturais relevantes,
para estudantes, turistas etc. Ou ainda, que agregue informações sobre locais de trabalho e
estruturas de lazer para o usuário em geral, e mais, dados sócio-econômicos por cada zona, para
atrair o interesse de associações e ONGs. Outra possibilidade é integrar informações de riscos
ambientais com o ZEE da APA, mostrar a dinâmica do território e fazer com que essas
informações possam ajudar a alertar e sensibilizar a sociedade sobre acidentes e impactos
ambientais. Enfim, as possibilidades podem ser diversas e essas sugestões podem ser trabalhadas
em novas pesquisas.
A percepção dos gestores de APA se mostrou apropriada no que diz respeito à necessidade de
divulgar informações ambientais, de maneira que existe realmente uma demanda para a existência
de estratégias de divulgação dessas informações. A questão que chamou atenção é uma percepção
dividida entre os que foram entrevistados quanto à utilização preferencial do SIA como foi
109
concebido, ou a utilização de estratégias mais tradicionais como o uso de folders cartilhas,
programas de rádio e seminários locais. A ilação que se permite é que para toda a população de
uma APA, devem ser utilizadas várias estratégias para disseminar o conceito do que é APA, ZEE
e controle e uso do solo. Já para situações em que se pretende atingir atores que exercem mais
pressão no território, sendo potenciais modificadores do meio e formadores de opinião, o sistema
GISWEB APA LN se mostra apto para cumprir sua função em relação às informações que
aborda. Em suma, do Cordel á Internet, tudo é válido como iniciativa de divulgação de
informação ambiental, para unidades de conservação como as APAs.
Um Sistema de Informação Ambiental mais amplo, integrado e de acesso público, ainda deve ser
desenvolvido. Iniciativas como o GISWEB APA LN, complementam caminhos que já vem
sendo utilizados, porém, a demanda por informações cresce e uma maior rapidez no
desenvolvimento desses sistemas se mostra mais urgente. A questão da organização e do acesso à
informação, especificamente à informação ambiental, já se apresenta pretérita em alguns países,
onde já se discute o direito à participação. No Brasil, o desafio do poder público não é apenas
cumprir legislações sobre divulgação de informação ambiental, mas, principalmente, a partir desse
fato, fomentar na sociedade a sua participação efetiva na gestão ambiental do território e deste
modo, contribuir para a internalização do paradigma ambiental e a busca do desenvolvimento
sustentável.
110
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117
APÊNDICE
GESTÃO DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL – APAs NO ESTADO DA BAHIA
118
APÊNDICE A: ENTREVISTA
A opção pelas APAs no Estado da Bahia
Entrevistado: Fausto Antonio Azevedo
Apresentação: Mestre em Análises Toxicológicas pela USP / Diretor Geral do CRA
1) Analisando os dados de criação de UCs no Estado da Bahia, vê-se uma clara
opção pela criação de APAs a partir da década de 90 se comparado com todos as
outras UCs. Porque se deu esse fenômeno? E Porque a adoção de APAs?
R:
2) O que motivou o CRA a pleitear e obter, em 1999 a centralização da administração
de todas as APAs estaduais?
R:
3) Quais as diretrizes principais do modelo de gestão de APAs adotado pelo CRA?
R:
Autorizo a divulgação das informações prestadas acima para a Dissertação de Mestrado de Márcio Gonçalves a ser apresentada ao CDS/UnB em 2003 Fausto Azevedo:
119
APÊNDICE B: ENTREVISTA
A criação de APAs no estado da Bahia
Entrevistado: Sônia Regina Silva Portugal
Apresentação: Bióloga do CRA, Administradora da 1ª APA Estadual da Bahia
1) O que motivou a criação da primeira APA estadual da Bahia - Gruta dos
Brejões/Veredas do Romão Gramacho?
R:
2) Quais foram as diretrizes da administração naquela época?
R:
3) Quais eram os objetivos de empresas como CONDER e Bahiatursa, de
proporem e administrarem diferentes APAs na Bahia?
R: Autorizo a divulgação das informações prestadas acima para a Dissertação de Mestrado de Márcio Gonçalves a ser apresentada ao CDS/UnB em 2003 Sônia Portugal:
120
APÊNDICE C:
ENTREVISTA
Formas adequadas de divulgar informações relacionadas a APAs para grupos sociais com
menor desenvolvimento social e comunidades rurais.
Entrevistado: José Marcos Luedy
Apresentação: – Jornalista formado em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia –
UFBA. Coordenador de projetos do convênio CRA/ABARÁ. Editor dos Jornais das APAs do
Pratigi e Lagoa Encantada.
1) O Sr. Acha adequado divulgar informações sobre Zonenamento-Ecológico-
Econômico de APAs e parâmetros de uso e ocupação do solo através de Cordel ou
Trovas para comunidades rurais ou com baixo desenvolvimento social?
R:
2) Em caso de Cordel ou trovas como deveria ser feita a formatação e a divulgação
das informações sobre ZEE e plano de manejo?
R:
3) Essas formas vem sendo feitas atualmente para as APAs?
R:
Autorizo a divulgação das informações prestadas acima para a Dissertação de Mestrado de
Márcio Gonçalves a ser apresentada ao CDS/UnB em 2003
José Marcos Luedy:
121
APÊNDICE D:
TERMO DE REFERÊNCIA
GEOLOCALIZAÇÃO EM ÁREAS DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL EM AMBIENTE WEB
1.0 APRESENTAÇÃO
A Resolução CONAMA n° 10, de 14.12.88, em seu Art. 2° determina que todas as APAs estaduais deverão possuir Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, o qual estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições locais, geológicas, urbanísticas, agro-pastoris, extrativistas, culturais, entre outras. As atividades efetivas ou potencialmente degradadoras, localizadas em Áreas de Proteção Ambiental – APAs administradas pelo Centro de Recursos Ambientais – CRA, deverão ser objeto de Anuência Prévia integrando o Parecer Técnico do Processo Licenciatório, onde serão observados os critérios e parâmetros definidos pelo ZEE (Decreto Estadual n° 7.967, de 05.06.01). No processo de licenciamento, a localização de um empreendimento em uma zona específica de uma APA é fator preponderante para a definição dos parâmetros ambientais e as normas de uso a que este empreendimento deverá ser submetido, de acordo com o Decreto de Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE. O CRA pretende disponibilizar no seu Portal o serviço denominado “Geolocalização em Áreas de Proteção Ambiental”, com o objetivo de possibilitar uma consulta prévia, na internet, de localização de pontos no Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE de uma APA. Neste piloto, será disponibilizado apenas consultas ao Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, sendo este serviço posteriormente estendido as demais APAs. É relevante mencionar que este serviço não define um posicionamento oficial do CRA quanto a localização de determinado empreendimento, devendo o mesmo ser submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de licenciamento junto ao Órgão.
2. OBJETIVO
Disponibilizar no Portal do CRA, um serviço que possibilite aos usuários de internet, localizar
pontos de coordenadas de seu interesse na poligonal de Zoneamento Ecológico-Econômico da
122
APA Litoral Norte e obter informações sobre a Zona da APA em que se encontram esses
pontos.
2.1 Objetivos Específicos
2.1.1 Desenvolver um aplicativo que possibilite ao usuário, utilizando um navegador WEB,
inserir coordenadas geográficas ou UTM de um ponto e, visualizar o posicionamento deste no
Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte;
2.1.2 Disponibilizar em servidor adequado a base cartográfica do Zoneamento Ecológico-
Econômico da APA Litoral Norte e o aplicativo desenvolvido;
2.1.3 Inserir no Portal do CRA um link de acesso ao serviço “GEOLOCALIZAÇÃO EM
ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL”;
2.1.4 Possibilitar a visualização da descrição e dos parâmetros ambientais relativos a cada Zona
constante no Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte;
2.1.5 Implantar um modo de impressão para a saída dos dados das consultas realizadas.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Um aplicativo deverá ser desenvolvido para possibilitar ao usuário internet/intranet inserir
coordenadas Geográficas ou UTM de um ponto e visualizar o posicionamento deste no
Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, utilizando para isto apenas um
navegador WEB padrão;
3.2 As informações cartográficas do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte e
os arquivos e códigos de programação do aplicativo desenvolvido, deverão ser instalados e
armazenados no servidor WEB MS IIS do CRA, que roda no sistema operacional WIN NT 4.0;
3.3 O aplicativo deverá rodar a partir de um link no Portal do CRA denominado
“GEOLOCALIZAÇÃO EM ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL”;
3.4 O serviço deverá possibilitar ao usuário a visualização dos seguintes itens:
123
3.4.1 – A poligonal do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, contendo o
código de cada zona, a grade de coordenadas e temas da base cartográfica (rios, rodovias,
localidades) e o seguinte texto no “rodapé”: “Este serviço não determina a posição oficial do
CRA quanto a localização de um empreendimento e os parâmetros ambientais aos quais será
enquadrado, devendo o mesmo ser submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de
licenciamento junto ao Órgão”;
3.4.2 - A descrição e os parâmetros ambientais relativos a cada Zona constante no Zoneamento
Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, quando utilizada ferramenta específica para
obtenção dessas informações;
3.4.3 – Link de acesso ao serviço de geolocalização de pontos, o qual deverá constar de
formulário de entrada contendo os seguintes campos: Nome do ponto, Latitude (campo
obrigatório), Longitude (campo obrigatório), Nome do Interessado, CPF/CNPJ, E-mail,
Telefone;
3.4.4 – Após a inserção dos dados acima, deverão ser visualizados com o zoom adequado: o
ponto, o nome do ponto, a localização deste na poligonal do Zoneamento Ecológico-Econômico
da APA Litoral Norte, temas da base cartográfica (rios, rodovias, localidades), a grade de
coordenadas, um mini mapa da poligonal total do Zoneamento, a descrição e os parâmetros
ambientais relativos a Zona específica do ponto consultado e o seguinte texto no “rodapé”:
“Este serviço não determina a posição oficial do CRA quanto a localização de um
empreendimento e os parâmetros ambientais aos quais será enquadrado, devendo o mesmo ser
submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de licenciamento junto ao Órgão”;
3.5 – Implantar um modo de impressão para a saída dos dados das consultas realizadas, que
contenha a poligonal do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA, imagem da Zona onde se
encontra o ponto consultado, o código da Zona do ponto consultado, temas da base cartográfica
(rios, rodovias, localidades), a grade de coordenadas, o nome deste ponto e a descrição e os
parâmetros ambientais relativos a Zona específica do ponto consultado;
3.6 – O aplicativo deverá ter a capacidade de indicar de modo dinâmico, a variação das
coordenadas relativas à posição do cursor/mouse sobre a área da poligonal do Zoneamento
Ecológico-Econômico da APA visualizada;
124
3.7 – Deverão estar disponíveis para utilização algumas ferramentas como: Informação da Zona,
Zoom in, Zoom out, Zoom para a poligonal (Zoom to Full Extent), Arrasto de mapa (Pan), Salvar
o mapa e impressão do mapa ativo contendo todas as consultas.
3.8 – Ao final do trabalho, deverão ser apresentadas em CD Room todas as informações relativas
a documentação do sistema desenvolvido, incluindo códigos fonte.
4. CRONOGRAMA
O prazo de execução do trabalho é de 20 (vinte) dias após assinatura do contrato,
conforme programação abaixo:
ATIVIDADES PRAZO (Dias)
Desenvolvimento do Aplicativo 15 Implementação de testes do aplicativo 07 Implantação Definitiva 03
5. PRODUTOS
O projeto objetiva a geração dos seguintes produtos:
5.1 Aplicativo de Geolocalização em Áreas de Proteção Ambiental em Ambiente Web, de
acordo com as condições especificadas no item 3 (três) deste Termo de Referência;
5.2 CD Room contendo todas as informações relativas a documentação do sistema/aplicativo
desenvolvido e códigos fonte.
6. CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS
6.1 . OBRIGAÇÕES DO CONTRATANTE
• O CRA fornecerá todos os arquivos digitais em formato Shape (ArcView GIS 3.2) da APA
Litoral Norte referentes ao Zoneamento Ecológico-Econômico da APA e temas da base
cartográfica como rios, rodovias, localidades, entre outros e, arquivo texto (Formato Word)
contendo a descrição e parâmetros ambientais das zonas da APA Litoral Norte;
125
• O CRA fornecerá acesso, quando solicitado, ao servidor WEB do Portal do CRA e o código
de programação da página que conterá o link do serviço objeto deste Termo de Referência;
• O CRA fará o acompanhamento do trabalho, colocando-se à disposição para a definição de
critérios técnicos e disponibilização das informações necessárias.
7 - QUALIFICAÇÃO TÉCNICA EXIGIDA DA CONTRATADA
7.1 - Atestados Técnicos:
A LICITANTE deverá apresentar atestados técnicos, que comprovem a realização e
experiência em serviços de geotecnologias em ambiente WEB.
7.2 Comprometimento
A LICITANTE deve apresentar atestado individual de comprometimento da equipe técnica em
participar do serviço objeto desta licitação.
8. QUALIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO
8.1 Condição de Participação
As empresas interessadas em participar e não convidadas, deverão cumprir o que determina o
parágrafo 3° do art. 22 da Lei Federal n° 8.666/93, apresentando o Grupo Classe XXXXXX
além de apresentarem os demais documentos exigidos neste Convite.
Abril / 2002 Salvador-BA
126
APÊNDICE E:
QUESTIONÁRIO SOBRE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO AMBIENTAL PARA MORADORES E FREQÜENTADORES DE UMA APA
(Para ser respondido por gestores ambientais e administradores de APA)
Obs.: Marque apenas a alternativa que você considerar mais correta, quando instruções específicas não forem informadas.
Obs.2: As respostas servirão para fins acadêmicos na dissertação de mestrado em Desenvolvimento sustentável CRA/UnB-CDS/Uneb.
1ª PARTE
1) Você acha que determinadas informações ambientais, contidas em documentos gerados ou recebidos dentro do CRA, e que sejam de interesse geral, devem ser necessariamente disponibilizadas?
Sim Não Alguns sim e outros não
2) No caso das informações contidas dentro dos documentos: Zoneamento Ecológico-
Econômico e Plano de Manejo de APAs. Você acha que as informações deveriam ser divulgadas?
Sim Não Alguns sim e outros não
3) Você acha recomendável que as informações sejam divulgadas na integra em sua
forma original ou que elas devem ser tratadas para divulgar exatamente aquilo que o usuário pretende conhecer?
Devem ser divulgadas na íntegra em sua forma original
Devem ser tratadas para divulgar aquilo que o usuário pretende conhecer
Devem ser divulgadas nas duas formas acima
4) No caso de você ter achado que, toda ou parte da informação deve ser tratada para oferecer aquilo que o usuário pretende conhecer, escreva o que, de maneira geral, as pessoas que habitam ou freqüentam a área de uma APA, desejam conhecer a respeito das informações contidas no ZEE e Plano de Manejo da mesma?
127
5) Qual a forma que você acha que seria mais adequada para obter o conhecimento das informações destacadas? (Marque quantas questões achar necessárias).
Uma forma interativa Uma forma fixa
Uma forma dinâmica Uma maneira formal
Uma forma autoexplicativa Uma forma presencial
Uma forma sem limitação de tempo Uma forma com tempo e freqüência
determinados Explique Por Quê?
2ª PARTE Qual dos grupos abaixo você considera como o(s) que mais contribui(em) para pressionar o ordenamento do território de uma APA, pressionando o ideal de uso sustentável da mesma (marque uma ou mais alternativas):
Comunidades Tradicionais Moradores residentes em áreas urbanos
Empresário da Indústria Loteadores
Empresários de Turismo Artesãos
Comerciantes Fazendeiros
Poder Público do Município Poder Público Estadual
Poder Público Federal Outro: Qual?________________________ Baseado nos seus conhecimentos de Administrador de APAs, destaque, dos atores acima, os que você acha que mais pressionam o ZEE, focando-se especificamente da APA Litoral Norte:
I.__________________________________________________
II.__________________________________________________
III.__________________________________________________
IV.__________________________________________________
128
6) Considerando somente a APA Litoral Norte e os atores destacados acima, numere em ordem de importância de 1 a 7, qual meio de divulgação você recomendaria para o conhecimento das informações que você destacou sobre ZEE e Plano de Manejo.
Através de cartilhas e folders
Através do Portal do CRA na INTERNET
Através de cursos e seminários
Através de CD-ROMs
Através de Vídeos/TV
Através de Rádio
Através de Jornal Local
7) Explique porque você escolheu o meio acima:
8) Considerando uma APA com características essencialmente rurais, escreva dois meios
de divulgação de informações sobre ZEE e Plano de Manejo.
I. ________________________________________________ II. ________________________________________________
9) Explique porque você escolheu os meios acima:
129
APÊNDICE F: ESTATÍSTICA DE ACESSO INTERNET AO SISTEMA GISWEB APA LN NO PORTAL BAHIA AMBIENTAL
DATA ASSOCIAÇÃO / ONG EMPREENDEDOR ESTUDANTE CONSULTOR /
PESQUISADOR PODER
PÚBLICO OUTRO
USUÁRIO NÃO
IDENTIFICADO TOTAL
27/06/02 - - 5 6 1 1 2 15 28/06/02 - - 2 1 3 - 4 10 29/06/02 1 - - 1 - - - 2 30/06/02 - - - - - - - 0 01/07/02 - 1 1 2 3 1 2 10 02/07/02 - 1 3 1 - - - 5 03/07/02 - 5 8 1 - - 1 15 04/07/02 1 - 1 - 2 - 1 5 05/07/02 - - 2 2 - 1 1 6 06/07/02 - - - - - - - 0 07/07/02 - - 2 - - - - 2 08/07/02 1 - 2 2 - 1 1 7 09/07/02 1 - 1 1 - 2 - 5 10/07/02 - - 1 - 1 - 1 3 11/07/02 - - 1 2 - - 1 4 12/07/02 - - 1 2 2 - - 5 13/07/02 - - - 1 - - - 1 14/07/02 - - - - - - - 0 15/07/02 1 1 2 2 - - - 6 16/07/02 - 2 6 5 2 - 1 16 17/07/02 - 1 5 1 8 - 5 20 18/07/02 - - - 1 2 - - 3 19/07/02 1 - - 1 - - 3 5 20/07/02 - - 2 - - - 1 3 21/07/02 - 2 - - - - 2 4 22/07/02 - - 1 2 - 1 3 7 23/07/02 - - - 1 - - 1 2 24/07/02 - - - - - - - 0 25/07/02 - - 3 5 2 - - 10 26/07/02 - - - - - - - 0 27/07/02 - - - - - - - 0 28/07/02 - - - - - 1 - 1 29/07/02 - - - - 1 - 1 2 30/07/02 - - 1 1 - 1 1 4 31/07/02 - - 1 1 1 - - 3 01/08/02 - - 2 3 1 - 2 8 02/08/02 - - 3 1 1 1 - 6 03/08/02 - - - 2 - - - 2 04/08/02 - - - - - - - 0 05/08/02 - - 1 - - - 2 3 06/08/02 - - - - 2 - 1 3 07/08/02 - - 1 2 - - - 3 08/08/02 - 1 2 3 1 3 5 15 09/08/02 - - 1 - 1 - - 2 10/08/02 - 1 - - - - - 1 11/08/02 - 1 1 1 - - - 3
130
12/08/02 - 1 1 1 1 - 4 8 13/08/02 1 - 4 1 - - - 6 14/08/02 - - - - 1 - 1 2 15/08/02 - 1 1 3 2 - 1 8 16/08/02 - - - - - - 1 1 17/08/02 mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 18/08/02 mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 19/08/02 - - 2 1 - - - 3 20/08/02 1 - 3 1 1 - 1 7 21/08/02 - - 2 2 1 1 1 7 22/08/02 - 1 2 2 1 - 1 7 23/08/02 - - 1 1 - - 1 3 24/08/02 0 0 1 1 0 0 - 2 25/08/02 0 0 1 0 0 0 - 1 26/08/02 - - 2 1 8 2 2 15 27/08/02 - 1 3 1 5 2 2 14 28/08/02 - 0 5 1 0 1 1 8 29/08/02 - 1 3 1 3 0 4 12 30/08/02 - 0 2 0 0 0 0 2 31/08/02 - 0 1 0 0 0 2 3 01/09/02 - 0 0 0 0 0 0 0 02/09/02 - 0 2 1 0 0 3 6 03/09/02 - 1 0 1 0 0 0 2 04/09/02 - 0 0 1 0 0 0 1 05/09/02 1 - - - - - 1 2 06/09/02 1 - 1 - - - - 2 07/09/02 - - - 1 - - - 1 08/09/02 - 1 1 - 1 - - 3 09/09/02 - 1 1 - 2 1 1 6 10/09/02 - 3 3 11/09/02 1 1 - 2 12/09/02 - 2 1 3 13/09/02 1 1 2 - 3 7 14/09/02 - - - - - - - 0 15/09/02 - - - - - - - 0 16/09/02 - 1 1 2 1 5 17/09/02 - 1 1 18/09/02 1 - 1 19/09/02 1 1 - 2 4 20/09/02 1 1 - 2 21/09/02 - - - - - - - 0 22/09/02 - 1 1 23/09/02 - 1 1 2 24/09/02 mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 25/09/02 2 - 2 1 5 26/09/02 2 1 1 2 6 27/09/02 2 1 1 1 5 28/09/02 - - - - - - - 0 29/09/02 2 2 4 30/09/02 2 1 1 4 01/10/02 2 2 4 02/10/02 1 2 2 2 7
131
03/10/02 2 2 4 04/10/02 1 1 1 1 4 05/10/02 1 1 06/10/02 1 1 07/10/02 3 1 1 5 08/10/02 1 3 5 1 10 09/10/02 2 5 1 1 9 10/10/02 1 1 11/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 12/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 13/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 14/10/02 1 2 3 15/10/02 4 1 1 2 1 2 11 16/10/02 1 2 4 7 17/10/02 1 1 1 1 4 18/10/02 1 2 1 2 6 19/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 20/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 21/10/02 1 1 22/10/02 - - - - - - - 0 23/10/02 1 3 1 1 1 7 24/10/02 1 1 1 3 25/10/02 - - - - - - - 0 26/10/02 1 1 2 27/10/02 - - - - - - - 0 28/10/02 - - - - - - - 0 29/10/02 3 1 5 1 10 30/10/02 4 1 1 6 31/10/02 3 2 5 01/11/02 2 1 4 1 8 02/11/02 - - - - - - - 0 03/11/02 - - - - - - - 0 04/11/02 1 1 05/11/02 2 2 4 06/11/02 1 5 2 3 1 1 13 07/11/02 1 1 2 2 6 08/11/02 2 2 2 6 TOTAL 14 53 162 120 90 28 96 563
mnt=manutenção Fonte: Respostas a formulário de perfil de usuário na Home Page do CRA