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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – APAs NO ESTADO DA BAHIA Márcio Augusto Silva Gonçalves Orientador: Antônio C. P. Brasil Dissertação de Mestrado Brasília-DF: Junho / 2003.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – APAs NO ESTADO DA BAHIA

Márcio Augusto Silva Gonçalves

Orientador: Antônio C. P. Brasil

Dissertação de Mestrado

Brasília-DF: Junho / 2003.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO EM ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – APAs NO ESTADO DA BAHIA

Márcio Augusto Silva Gonçalves Dissertação de Mestrado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Desenvolvimento Sustentável, área de concentração Política e Gestão Ambiental, opção profissionalizante. Aprovado por: ___________________________________ Antônio C. P. Brasil, Doutor (UnB) (Orientador) ___________________________________ José Aroudo Mota, Doutor (UnB) (Examinador Interno) ___________________________________ Fermin de C. Garcia Velasco, Doutor (UESC) (Examinador Externo) Brasília-DF, 13 Junho de 2003

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É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

__________________________ Márcio Augusto Silva Gonçalves

GONÇALVES, MÁRCIO AUGUSTO SILVA

Divulgação de Informação sobre Áreas de Proteção Ambiental – APAs no Estado da Bahia, 143p., 297 mm, (UnB-CDS, Mestre, Política e Gestão Ambiental, 2003).

Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Centro de Desenvolvimento Sustentável.

1. Sistema de Informação Ambiental 2. Área de Proteção Ambiental

3. Direito á Informação Ambiental 4. Zoneamento Ecológico - Econômico

I. UnB-CDS II. Título (Série)

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Dedico este trabalho a minha linda esposa Alexsandra, meu alicerce,

pelo nosso grande amor e sua paciência generosa.

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AGRADECIMENTOS

- Aqueles a quem posso contar e chamar de minha família: Francisco e Lourdinha (meus pais) e Tatiana e Francisco Haroldo (meus irmãos). - Ao Prof. Antônio Brasil. Grande “parauara” e orientador preciso. - A todos os professores do CDS-UnB e os 20 colegas da minha turma de mestrado. Tenham certeza da influência positiva, que cada um teve, em todos nós. - A Fausto Azevedo, Teresa Muricy de Abreu e Prof. João Nildo, mentores da realização deste mestrado. - A Ronaldo Martins da Silva, Teresa Muricy e Lúcia Cardoso, que, cada um a seu modo, deram um apoio maior que o da simples relação institucional, para a consecução desta dissertação. - A Margareth Maia, colega de mestrado e amiga fundamental para realizar este trabalho. - A Patrícia Pinha, Sidrônio Bastos, Ana Verônica Szabo, Sonia Portugal, Fausto Azevedo, Marcos Luedy, Julia Salomão, João Batista, Ângela Leony, Ivan Amorim, Jurandy, Fernando Esteves e Cornélia Breslau, que solicitamente me doaram um pouco do seu tempo, para esta dissertação. - A Mônica Sobral, Mônica Mello, Patrícia Pinha, Fábio Costa, Adriana Silva, Andréa Farias, Auberício Sousa e Lana Freitas pelo coleguismo no seu maior grau, pela presteza e material disponibilizado. - A Oscar Neto e Tadeu Mirando pelo trabalho no desenvolvimento do GISWEB APA LN. - Aos colegas da COTI pela força na utilização da estrutura de TI - A turma do Laboratório de Mecânica pela presença no “retiro” de estudo em Brasília. - A todos os colegas do CRA e de fora, que me ajudaram nesta etapa da vida. Não nomino ninguém para não correr o risco de algum lapso de memória, porém eles sabem quem são, principalmente aqueles a quem chamo de amigos.

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RESUMO Informação é um fator intrínseco às atividades do homem e a informação ambiental integrada é um fator necessário para a visão holística do meio ambiente e apropriada para a gestão ambiental. As Unidades de Conservação conhecidas como Áreas de Proteção Ambiental - APAs, por serem de uso sustentável, envolvem o desafio de conciliar o desenvolvimento de uma série de atividades humanas e a conservação dos recursos naturais na mesma área. Um dos principais instrumentos para esse fim é o Zoneamento Ecológico-Econômico-ZEE, e, naturalmente, a disseminação das informações sobre este processo do planejamento. Esta dissertação objetiva mostrar a responsabilidade do poder público como disseminador ativo da informação ambiental em APAs, como forma de cumprir as legislações existentes e de contribuir para a busca do desenvolvimento sustentável. Pretende-se ainda expor um modelo para um Sistema de Informação Ambiental-SIA em APAs; desenvolver e implementar um SIA para informar sobre o ZEE de uma APA; avaliar o uso do sistema; e conhecer a percepção de gestores de APAs sobre divulgação de informações ambientais. A legislação brasileira e uma revisão no conhecimento científico sobre informação ambiental, deram subsídios para a elaboração deste trabalho. O desenvolvimento de um SIA de uma APA, denominado GISWEB APA LN, foi implementado; o sistema foi desenvolvido com tecnologia de informação geográfica, interativa e dinâmica, utilizando a internet como meio de divulgação para um público específico da APA Litoral Norte do Estado da Bahia. O sistema foi avaliado positivamente através de formulários on-line, confirmando os conceitos desenvolvidos. A percepção dos gestores de APAs, obtida através de entrevistas, mostrou a necessidade de disseminação de informação ambiental. Pode-se inferir, portanto, que o sistema GISWEB está pronto para desempenhar outros serviços semelhantes, para público alvo determinado, adicionando-se melhorias detectadas nesta pesquisa. Outras meios além da WEB, podem ser utilizados como estratégia para evitar a exclusão digital e alcançar outros atores na APA, como ONGs e associações. A participação pública, na disseminação de informação ambiental gratuita, é essencial para ajudar a criar no cidadão uma visão mais ampla e o entendimento das inter-relações dos componentes do meio natural, estimulando sua participação na gestão ambiental do seu território.

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ABSTRACT Information is an intrinsic factor to the mankind activities and integrated information systems for environment is a very important mechanism to promote the management of the natural resources in a holistic point of view. The sustainability of legal protected areas, known in Brazil as APA’s, involves a challenge to conciliate the human activities and the conservation in a given part of the Brazilian Territory. One of the most important tools for the management of the APA’s are the ZEE (Land Use Planning), and, of course, the spreading of the information about this planning process. The objective of this dissertation is to show the responsibility of the governmental authority as disseminating asset of the environment information to APAs, fulfilling the legislation and contributing for the search of the sustainable development. This work also intends to display a model for an Environmental Information System - SIA for APAs; develop and implement a SIA to inform about ZEE of an APA; to evaluate the use of the system; and to know the perception of managers of APAs on spreading the environment information. The brazilian laws and the scientific knowledge about environmental information gave subsidies for this work. The development of the SIA in an APA, called GISWEB APA LN, were implemented; the system was developed using technology of geographic information, interactively and dynamicaly using the InterNet as a way for spreading this information for a specific public of the “Litoral Norte” APA of the State of Bahia. The system was evaluated positively through on-line forms, confirming the developed concepts. The perception of the managers of the APAs, obtained through interviews, showed the necessity to disseminate the environmental information. It can be inferred that GISWEB system is ready to play other similar services for a determined public, adding improvements detected in this research. Other ways, beyond WEB, can be used as strategy to prevent the digital exclusion and to reach other actors in the APA, like NGOs and associations. The public participation, in the dissemination of free environment information, is essential to create in the citizen an ampler vision, an understanding about the inter-relations of the nature’s components, stimulating his participation in the environment management of his territory.

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ÍNDICE

LISTA DE TABELAS E QUADROS --------------------------------------------------------------IX

LISTA DE FIGURAS ----------------------------------------------------------------------------------X

LISTA DE SÍMBOLOS-------------------------------------------------------------------------------XI

1 – INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------1

2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 7

2.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS---------------------------------------- 10 2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E O ESTADO DA BAHIA ------------------------- 17 2.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA APAS ------------------------------------------------ 27

3 – ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE INFORMAÇÃO AMBIENTAL--------------------- 40

3.1 INFORMAÇÃO E MEIO AMBIENTE ------------------------------------------------------ 44 3.2 ORGANIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DA INFORMACÃO - -------------------------------52 3.3 O STATUS DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL-------------------------------------------- 55

4 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE APAS NA BAHIA-----------------63

4.1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA GISWEB APA LN ------------------------------------- 66 4.2 APA DO LITORAL NORTE – UMA IMPLEMENTAÇÃO PILOTO----------------- 81

5 – AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO ----------------------------------------- 86

5.1 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO ---------------------------------------------------------- 87 5.2 RESULTADO E DISCUSSÃO-- ----------------------------------------------------------------91 5.3 ESTRUTURA E PROJEÇÃO DO SISTEMA ---------------------------------------------- 101

6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES--------------------------------------------------- 104

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------ 110

APÊNDICE-------------------------------------------------------------------------------------------- 117

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LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Unidades de conservação no Estado da Bahia --------------------------------------------20 LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 - Tipos de Unidades de Conservação e seus objetivos segundo o SNUC -------------13 Quadro 2.2 – Índice de Gestão de APAs – IGA do CRA ----------------------------------------------25 Quadro 4.1 – Descrição do ZEE da APA Litoral Norte ----------------------------------------------68

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LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Mapa de Unidade de Conservação no Estado da Bahia ----------------------------------18 Figura 2.2 – Evolução temporal de APAs Estaduais criadas na Bahia --------------------------------19 Figura 2.3 – Comparativo percentual de entre APAs Estaduais na Bahia e outras unidades de

Conservação -------------------------------------------------------------------------------------19 Figura 2.4 – Localização das APAs estaduais na Bahia --------------------------------------------------21 Figura 2.5 – Evolução do Índice de Gestão de APAs do CRA ----------------------------------------26 Figura 2.6 – inter-relações das assertivas de HAKLAY -------------------------------------------------36 Figura 3.1 – Etapas de transformação do DADO à INTELIGÊNCIA -----------------------------42 Figura 3.2 – Informação Ambiental permeando a estrutura de uma Unidade de Conservação---62 Figura 4.1 – Conceito do Sistema GISWEB APA LN --------------------------------------------------66 Figura 4.2 – Estrutura de Hardware para funcionamento do Sistema GISWEB APA LN -------67 Figura 4.3 – Página inicial do sistema GISWEB APA do Litoral Norte -----------------------------74 Figura 4.4 – Página redirecionada a partir do Link APAs do aplicatido de geolocalização -------75 Figura 4.5 – Tela inicial do aplicativo de geolocalização da APA Litoral Norte --------------------76 Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura 4.6B – Informações da ZOR-E, referente a geolocalização de um ponto na APA -------80 Figura 4.7 – Localização da APA Litoral Norte ---------------------------------------------------------82 Figura 5.1 – Formulário para a escolha do perfil do usuário GISWEB APA LN ------------------89 Figura 5.2 – Formulário com questionário para ser respondido pelo usuário sobre o sistema

GISWEB APA LN ----------------------------------------------------------------------------90 Figura 5.3 – Usuários únicos e Visitantes totais / mês do GISWEB APA LN em 2002 ----------94 Figura 5.4 – Percentual (total) de Acesso segundo perfil de usuário do GISWEB APA LN -----95 Figura 5.5 – Administradora da APA Litoral Norte utilizando o Sistema GISWEB ---------------97

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LISTA DE SÍMBOLOS

APA – Área de Proteção Ambiental

APP – Área de Preservação Permanente

ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológivo

BAHIATURSA – Empresa de Turismo da Bahia (Órgão Oficial de Turismo)

BEM – Brazilian Environmental Mall

CDI – Comitê para Democratização da Informática

CENADEM – Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação

CEPRAM – Conselho Estadual de Meio Ambiente

COIND – Coordenação de Planejamento e Indicadores Ambientais

COINTE – Coordenação de Infra Estrutura Tecnológica

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONDER – Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador

CRA – Centro de Recursos Ambientais

DIRNA – Diretoria de Recursos Naturais

DOE – Diário Oficial do Estado

ECO92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente

EDEA – Esquemas para o Desenvolvimento de Estatísticas Ambientais

EE – Estação Ecológica

EENU – Escritório de Estatística das Nações Unidas

EIA – Estudo de Impacto Ambiental ou Environmental Impact Assessment

EPA – Environmental Protect Agency

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FLONA – Floresta Nacional

FUST – Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações

GERCO – Gerenciamento Costeiro

GIS – Sistema de Informação Geográfica

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

IGA – Índice de Gestão de APAs

MMA – Ministério do Meio Ambiente

NEPA – National Environment Policy Act

NRI – Networked Readiness Index

OEMA – Órgão Estadual de Meio Ambiente

ONG – Organização Não-Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

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PARNA – Parque Nacional

PNMA II – Programa Nacional de Meio Ambiente II

PPA – Plano Pluri-Anual

PRODESU – Programa de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Proteção Ambiental

do Litoral Norte da Bahia

PRODETUR – Programa de Desenvolvimento do Turismo

REBIO – Reserva Biológica

RESEX – Reserva Extrativista

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

RMS – Região Metropolitana de Salvador

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

SACHA – Sistema de APAs da Chapada Diamantina

SAI – Sistema de Informação Ambiental

SALINO – Sistema de APAs do Litoral Norte

SALIS – Sistema de APAs do Litoral Sul

SAREC – Sistema de APAs do Recôncavo

SASER – Sistema de APAs do Sertão

SASF – Sistema de APAs do São Francisco

SEARA – Sistema Estadual de Administração Recursos Ambientais

SEI – Superintendência de Estudos e Informações Sócio-Econômicas

SEIA – Sistema Estadual de Informações Ambientais

SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

SINIMA – Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

TI – Tecnologia da Informação

TRI – Toxic Release Inventory

UC – Unidade de Conservação

UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

USAID – United States Agency for International Development

UTM – Universal Transverse Mercator

WEF – World Economic Forum

WWW – World Wide Web

ZEE – Zoneamento Ecológico-Econômico

ZOR-E – Zona de Ocupação Rarefeita Especial

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

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1 – INTRODUÇÃO

Para toda tarefa empreendida pelo homem, na qual temos que tomar decisões ou seguir uma

determinada forma de agir, a informação é um fator essencial e determinante. Quando pensamos

em termos de informação ambiental, chegamos sem dúvida, não somente a necessidade da

informação em si, mas também em divulgá-la. Essa lógica ocorre em virtude das características

peculiares do meio ambiente, na qual uma atividade exercida em determinado ativo ambiental,

poderá influenciar grandemente outros ativos e atividades econômicas humanas.

A partir dessa percepção, a relação do homem com o meio ambiente nunca mais foi a mesma. O

homem está sendo obrigado a repensar o seu modo de produção, de forma a harmonizar suas

atividades para gerar o menor impacto possível sobre o meio. Essa percepção é, antes de tudo,

ter consciência que o homem faz parte do sistema ambiental e que qualquer dano a esse sistema

irá influenciar todos que nele participam, numa relação ampla. A internalização da questão

ambiental, sedimentou então, a preocupação com a criação de áreas protegidas e novos

instrumentos legais que passem a garantir a divulgação de informações ambientais.

Para áreas protegidas, pode-se dizer de modo simples que são locais especialmente designados

pelo homem, no sentido de garantir a conservação ou preservação de recursos ambientais. A

evolução do surgimento dessas áreas, encontra hoje no Brasil sua mais moderna representação,

por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.

Das variadas unidades previstas no SNUC, com seus tipos e objetivos determinados, as Áreas de

Proteção Ambiental – APAs, são aquelas que conciliam o desenvolvimento de atividades

humanas e a conservação dos atributos naturais, que justificaram a criação da unidade. São, por

assim dizer, a representação do conceito de que o homem faz parte do meio e deve se

harmonizar com ele, buscando formas de garantir um desenvolvimento sustentável. Nesse

contexto, pode-se reafirmar que a informação ambiental é um fator chave para a busca desse

desenvolvimento. No Estado da Bahia, as APAs são ainda a unidade preferencial na política de

criação de Unidades de Conservação, representando bem mais da metade das áreas protegidas

por esse instrumento.

O direito em obter informação ambiental encontra respaldo em vários instrumentos legais. Pelo

seu caráter difuso, o interesse em conhecer o meio ambiente, seu estado atual e suas atividades

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impactantes, bem como atuar efetivamente na gestão ambiental, é um desejo e um direito que

permeia toda a sociedade.

Novas interpretações da Constituição Federal Brasileira (GONÇALVES, 2001), deixam claro o

dever do Estado em atuar na divulgação de informação ambiental, como uma forma de garantir

princípios e garantias fundamentais do cidadão e fazer dele, realmente capaz, de defender e

preservar o meio ambiente, conforme prevê o capítulo VI da carta magna.

Outros instrumentos prevêem diretamente a garantia de acesso a dados e informações ambientais

para a sociedade, como o Sistema de Informações de Recursos Hídricos, a Lei 7.804/89 que

obriga o poder público a produzir informações relativas a meio ambiente, a Resolução

CONAMA 01/86 que obriga a disponibilização pública do RIMA, quando o mesmo existir no

licenciamento de empreendimentos, a Lei de Ação Civil Pública de responsabilidade por danos

ambientais, o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA do Estado da Bahia, que

prevê ampla divulgação de informações para a sociedade e agora, recentemente aprovada pelo

congresso, a Lei 10.650/2003 sobre o acesso a dados e informações ambientais através do poder

público integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, que deve entrar em

vigor a partir de junho de 2003.

Juntem-se agora informações ambientais e APAs e poderemos observar a necessidade dessas

informações para uma gama variada de atores, que residem ou influenciam a área da APA, desde

a criação à gestão dessas unidades. Para APAs, o Zoneamento Ecológico–Econômico – ZEE é

um instrumento base para o ordenamento do solo e o controle do seu uso, sendo realmente

importante um Sistema de Informação Ambiental – SIA para APAs, no sentido de prover

informações públicas para os interessados.

Deste modo, como deve ser conceituado e feito um sistema que contemple o caráter holístico do

meio ambiente, que tenha acesso público, que fomente a participação dos interessados e atinja

com eficiência os atores ambientais?

Com a Lei 7.799/00 que criou o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA, o Estado

da Bahia prevê a divulgação de informações para a sociedade, apontando o uso da internet como

meio para essa divulgação. A disseminação da internet no final dos anos 1980 e durante toda a

década de 1990, influenciou fortemente a forma como as empresas divulgam suas informações e

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se comunicam com seus clientes. Cada vez mais a Web se mostra o meio ideal para integrar

informações e prestar serviços a comunidade (SIMÃO, 2001).

O mesmo movimento também se verifica em órgãos públicos, onde o modelo passa da

divulgação de simples informação para a divulgação completa de informações técnicas,

orientação sobre procedimentos públicos, chegando até a complexos serviços de governo

eletrônico. Essas iniciativas, tem inclusive que passar de estruturas isoladas e não concatenadas

para modelos integrados de informações afins, principalmente quando pensamos em meio

ambiente como um sistema fechado de fatores que se auto-regulam.

Um sistema de informação que possibilite a visão espacial do território, também vai ao encontro

dessas características amplas do meio ambiente. A utilização de tecnologia de Sistema de

Informação Geográfica – GIS, pode ser adequada para propiciar a visão conjunta necessária, dos

vários fatores que influenciam o meio ambiente. Além disso a informação espacializada pode

facilitar a percepção das ações do homem no território com um todo (SIMÃO, 2001).

É preciso atentar, todavia, para a utilização de formas e meios que consigam atingir o possível

público alvo. Em se tratando de toda a população de uma APA, com uma gama heterogênea de

tipos sociais, deve-se ter cuidado para perceber a utilização do meio correto, ou ainda, de mais de

um meio se necessário, para conseguir incluir todos. Formas midiáticas alternativas aos meios

eletrônicos e digitais poderão ser indicadas de acordo com o caso, e a forma de passar a

informação também será muito importante, para a apreensão dos conceitos trabalhados com o

público e para possibilitar o alcance dos objetivos do sistema de informação.

Para APAs, o desenvolvimento de um Sistema que divulgue informação referente ao seu

Zoneamento Ecológico-Econômico e que o usuário esteja necessitando, pode ser utilizado como

um projeto piloto que demonstre a atuação ativa do poder público na disseminação de

informações ambientais e também adote os conceitos teóricos utilizados para o SIA. A avaliação

do sistema poderá indicar se a estrutura utilizada, forma de divulgação e meio de disseminação,

realmente encontram eco e aprovação nos desejos do público alvo focalizado.

Complementarmente, é importante conhecer a percepção dos atores governamentais,

responsáveis pela gestão das APAs, sobre um Sistema de Informação Ambiental. É claro que o

entendimento do poder público, diretamente relacionado a essa unidade de conservação, é que

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fará com que a divulgação de informações ambientais para o público, seja vista como algo

realmente essencial para a gestão da unidade. Dessa percepção poderemos obter ainda um uso

maior e mais disseminado do SIA conceituado para APAs.

1.1 OBJETIVOS

Esta dissertação tem como objetivo geral demonstrar a responsabilidade do poder público como

divulgador ativo de informações ambientais em Áreas de Proteção Ambiental - APAs

São objetivos específicos:

Expor um modelo teórico-conceitual para um sistema de informação ambiental em

APAs;

Desenvolver e implementar um Sistema de Informação Ambiental para o ZEE de

uma APA estadual da Bahia;

Avaliar o uso do sistema de informação desenvolvido; e

Conhecer a percepção de gestores de APAs sobre a divulgação de informações

ambientais.

Neste capítulo, introduzimos o objeto e os objetivos da pesquisa, assim como os fatores que

precisam ser trabalhados e respondidos nesta dissertação.

No capítulo 2, discorremos sobre áreas protegidas, especialmente sobre Áreas de Proteção

Ambiental – APAs no Estado da Bahia, abordando seu conceito, histórico, criação e modelo de

gestão. São analisados ainda, os tipos de informações ambientais sobre APAs, a legislação

incidente e o dever do poder público como provedor dessa informação para a sociedade,

finalizando com um modelo sugerido para um Sistema de Informação Ambiental – SIA para

APAs.

No capítulo 3, tratamos dos aspectos teóricos referentes à informação, dos dados à inteligência, a

interação e a formação de grupos reunidos em torno de identidades culturais, assim como à

evolução histórica da informação ambiental, culminando nos direitos de ser informado, de

conhecer e de participar.

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O capítulo 4 trata da proposição e realização de um Sistema de Informação Ambiental específico

para a APA Litoral Norte, descrevendo o que será informado, quem será informado e as

estratégias de divulgação. Finaliza com uma descrição geral relacionada às características da APA

em questão.

A metodologia de avaliação do SIA implementado para a APA Litoral Norte é descrita, seus

resultados são demonstrados, analisados e discutidos no capítulo 5 desta dissertação. O capítulo

termina analisando o potencial do SIA e sua possível evolução para outras aplicações.

A dissertação encerra-se no capítulo 6, com as conclusões obtidas em relação aos objetivos

propostos e recomendações sobre o tema abordado neste trabalho.

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CAPÍTULO 2

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

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2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Historicamente o surgimento da concepção da destinação de partes do território como áreas

protegidas, generalizadamente chamadas de Parques, é bastante antiga e ocorreu, num primeiro

momento, com a criação de áreas para utilização pela nobreza da sociedade européia, em

atividades como caça e outras ocupações de campo. Nessas áreas não era permitida a presença de

público em geral (BOTKIN & KELLER, 2000, p. 270).

No entanto, já no século XIX, foi criado o Victoria Park na Inglaterra, considerado na época

como o maior parque público da era moderna. Ainda nesse século, foi desenvolvido o conceito

de que os parques são criados para acesso público e proteção da natureza. A partir do século XX

a idéia de parques refletia sua vocação para conservação biológica, idéia esta que se espalhou pelo

mundo.

Portanto, a partir da segunda metade do século XX ganhou força a idéia de parques para

finalidades mais ecológicas, com atividades voltadas prioritariamente para pesquisas científicas e

para manutenção de áreas naturais, representativas das diversas paisagens de uma região ou

nação. (BOTKIN & KELLER, 2000, p. 271).

Enfim, na atualidade os usos para áreas protegidas são os mais diversos, desde o incentivo às

atividades extrativistas, passando por conservação com a visitação humana, até áreas para

pesquisa científica e preservação de paisagens naturais. Hoje em dia no Brasil o conceito de áreas

protegidas acaba por abarcar os modernos conceitos de Unidades de Conservação – UCs, que

envolvem diversos tipos de destinação de uso e aplicações para diferentes tipos de manejo.

O atual Sistema Nacional de Unidades Conservação – SNUC, foi criado pela Lei Federal

9.985/2000 como um dos principais instrumentos de conservação da biodiversidade. O SNUC

definiu UCs como:

“espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,

com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público,

com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de

administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (Art. 2º.

Inc.I).

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O SNUC estabelece basicamente dois conceitos para UCs: as de uso sustentável e as de

proteção integral. Esses modelos entretanto, não impedem o surgimento de eventuais conflitos

de uso do território, com reflexos importantes na efetividade da gestão da unidade.

Segundo o Ministério do Meio ambiente (2003a) os principais problemas que representam esses

conflitos são: a carência de pessoal para realizar a gestão de UCs e a escassez de recursos

financeiros para promover a regularização fundiária. Muitas vezes a implantação das unidades não

vem acompanhada dos recursos, financeiros e humanos para gerenciá-las, ocasionando em

algumas situações uma quase ausência do poder público na área. Ainda dentro desse aspecto,

podem existir situações de luta por direitos legítimos, tanto da sociedade quanto do poder

público gestor da UC, principalmente em áreas onde a presença da população vai de encontro ao

objetivo da unidade ou zoneamento da mesma.

Por vezes, a ausência de conhecimento em relação aos objetivos e limitações impostos pela

unidade, influencia diretamente em um imobilismo e em repetições de erro de ocupação e uso

inadequado do solo pela sociedade local. Em conjunto, acrescentamos que o desconhecimento da

organização econômica-social e de sua dinâmica já estabelecida, também pode refletir em

posturas inadequadas do poder público perante a comunidade.

Dessa forma, grande parte dos problemas apontados podem ser causados pela falta de um

sistema de informação para UCs, desde o ato da sua criação até sua plena administração com o

envolvimento da sociedade.

Na resolução de conflitos, a informação ambiental desempenha um papel fundamental. De um

lado ela posiciona uma base eqüitativa para discussão entre as diferentes partes, por outro lado ela

permite, em várias situações, o vislumbramento de convergência de posições e de possíveis

resoluções de conflitos.

A idéia de utilizar sistemas de informação capazes de instruir sobre qualidade do meio ambiente,

a categoria da unidade mais adequada e, quais e onde poderão ocorrer eventuais conflitos pelo

uso do território, vai exatamente nessa direção. Além disso, a disponibilização de informação

pode ser o melhor caminho e o menor custo para resolver essas questões, e tudo isso na esfera de

planejamento estratégico.

Page 22: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

10

Por outro lado, um sistema de Informação poderá ser essencial para o empoderamento

(empowerment) e afirmação da UC já estabelecida no território. Ao servir para um melhor

planejamento e gerenciamento, um bom sistema de informação também será capaz de envolver e

promover a difusão da informação para conhecimento da sociedade local, fazendo com que esta

participe efetivamente e possa contribuir para a gestão do seu território.

2.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS

Trabalhando dentro do conceito de áreas protegidas, podemos observar historicamente que no

Brasil, e acompanhando a tendência no mundo, as primeiras unidades de conservação surgiram

como Parques. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2003), a primeira iniciativa para criação

de uma área protegida ocorreu em 1876, na tentativa do Engº. André Rebouças (inspirado na

criação do Parque de Yellowstone nos Estados Unidos) de criar dois parques nacionais: um em Sete

Quedas e outro na Ilha do Bananal.

A criação do primeiro parque nacional brasileiro, entretanto, data do ano de 1937, com a criação

do Parque Nacional de Itatiaia no Estado do Rio de Janeiro. Na Bahia, o primeiro Parque

Nacional a ser criado foi o de Monte Pascoal em 1961, tendo sido antecedido, porém, pelo

Parque Estadual Zoobotânico Getúlio Vargas em 1959. (MMA, 2003a; CRA, 2003).

São diversas as áreas protegidas por leis, decretos, resoluções e tratados. Podemos citar, por

exemplo, o Código Florestal Brasileiro – Lei Federal 4.771/1965 que estabelece áreas de

Reserva Legal e de Preservação Permanente; a Convenção Internacional para a Proteção da

Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas dos Países da América; ou ainda a Convenção

sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente com habitats de aves

aquáticas; o programa internacional da UNESCO sobre criação de Reservas da Biosfera - O

Homem e a Biosfera - MaB, lançado em 1971, entre outros. No entanto, é preciso esclarecer

antes de tudo que o estabelecimento de espaços territoriais especialmente protegidos, em todas as

Unidades da Federação, é atribuição constitucional do Poder Público conforme o Art. 225 da

Constituição Federal Brasileira. Sendo assim, o estabelecimento de áreas protegidas é

competência concorrente da união, dos estados e municípios. Essa competência induz a

necessidade de um ordenamento. Dessa maneira, foram criados diversos tipos de unidades sem

Page 23: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

11

que houvesse uma convergência dos tipos. Finalmente, com o surgimento do SNUC no ano

2000, foi criado um sistema unificado para UCs.

Hoje em dia no Brasil, o Ministério do Meio Ambiente calcula algo em torno de 8,13% a área do

território que está inserida em alguma unidade de conservação. Considera-se que esse número

pode estar um pouco superestimado, já que muitas unidades de uso sustentável, principalmente

APAs, tem dentro do seu território outras UCs de proteção integral.

Dentro desse conhecimento de UCs no território, observa-se diretamente a carência de um

sistema de informação, preferencialmente espacializado sobre área protegidas. Um sistema dessa

natureza poderia responder com precisão sobre a localização e áreas das unidades em diversos

tipos de unidades territoriais.

Destacamos agora, o histórico dos instrumentos legais federais que estão relacionados à criação

ou regulamentação de unidades de conservação constantes do SNUC, que consideraremos aqui

como tipos especiais de áreas protegidas:

1LEIS

• Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981 - Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e

Áreas de Proteção Ambiental, e dá outras providências.

• Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Política Nacional do Meio Ambiente -.

• Lei n° 7.804/89 - Cria as Reservas Extrativistas.

1DECRETOS

• Decreto nº 84.017, de 21 de setembro de 1979 - Aprova o Regulamento dos Parques

Nacionais Brasileiros.

• Decreto nº 84.973, 29 de julho de 1980 - Dispõe sobre a co-localização de Estações

Ecológicas e Usinas Nucleares.

• Decreto n° 88.351, de 1 de junho de 1983 - Regulamenta as Estações Ecológicas.

• Decreto n° 89.336, de 31 de janeiro de 1984 - Dispõe sobre Reservas Ecológicas, Áreas

de Preservação Permanente e Áreas de Relevante Interesse Ecológico.

• Decreto n° 2.473, de 26 de janeiro de 1990 - Dispõe sobre as Reservas Extrativistas.

Page 24: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

12

• Decreto n° 98.897, de 30 de janeiro de 1990 - Regulamenta a criação de Reservas

Extrativistas.

• Decreto n° 99.274, de 06 de junho de 1990 - Regulamenta as Leis 6902/81 e 6938/81.

• Decreto nº 750, 10 de fevereiro de 1993 - Dispõe sobre o corte, a exploração e a

supressão da vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da

Mata Atlântica, e dá outras providências.

• Decreto nº 1.298, 27 de outubro de 1994 - Aprova o Regulamento das Florestas

Nacionais, e dá outras providências.

• Decreto nº 1.922, 05 de junho de 1996 - Dispõe sobre o reconhecimento das Reservas

Naturais Particulares do Patrimônio Natural, e dá outras providências.

1RESOLUÇÕES

• Resolução CONAMA nº 04, 18 de setembro de 1985 - Transforma em Reservas

Ecológicas as formações florísticas e as áreas de preservação permanente do artigo 18, da

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

• Resolução CONAMA nº 04, 18 de junho de 1987 - Declara diversas unidades de

conservação como sítios ecológicos de relevância cultural.

• Resolução CONAMA nº 11, 03 de dezembro de 1987 - Categorias de Unidades de

Conservação.

• Resolução CONAMA nº 10, 14 de dezembro de 1988 - Dispõe sobre áreas de proteção

ambiental - APAs

• Resolução CONAMA nº 11, 14 de dezembro de 1988 - Proteção às Unidades de

Conservação.

• Resolução CONAMA nº 12, 14 de dezembro de 1988 - Dispõe sobre a declaração das

ARIEs como Unidades de Conservação para efeitos da Lei Sarney

• Resolução CONAMA nº 12, 14 de setembro de 1989 - Dispõe sobre a proibição de

atividades em Área de Relevante Interesse Ecológico que afete o ecossistema

• Resolução CONAMA nº 13, 06 de dezembro de 1990 - Proteção dos Ecossistemas do

entorno das Unidades de Conservação.

1 Fonte: Home Page do Ministério de Meio Ambiente-MMA – SBF. Legislação sobre Áreas Protegidas

Page 25: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

13

Com a consolidação das Unidades de Conservação por meio do SNUC, os objetivos de cada uma

delas ficaram claros (Quadro 2.1), podendo ser destacados dois grupos distintos: Proteção

Integral e Uso Sustentável.

Quadro 2.1: Tipos de Unidades de Conservação e seus objetivos segundo o SNUC

GRUPO UNIDADE DE

CONSERVAÇÃO

OBJETIVOS

Estação Ecológica-EE preservação da natureza e a realização de

pesquisas científicas

Reserva Biológica-REBIO preservação integral da biota e demais atributos

naturais existentes em seus limites, sem

interferência humana direta ou modificações

ambientais, excetuando-se as medidas de

recuperação de seus ecossistemas alterados e as

ações de manejo necessárias para recuperar e

preservar o equilíbrio natural, a diversidade

biológica e os processos ecológicos naturais

Parque Nacional-PARNA preservação de ecossistemas naturais de grande

relevância ecológica e beleza cênica,

possibilitando a realização de pesquisas

científicas e o desenvolvimento de atividades de

educação e interpretação ambiental, de recreação

em contato com a natureza e de turismo

ecológico

Monumento Natural preservar sítios naturais raros, singulares ou de

grande beleza cênica

PRO

TE

ÇÃO

INT

EG

RAL

Refúgio da Vida Silvestre proteger ambientes naturais onde se asseguram

condições para a existência ou reprodução de

espécies ou comunidades da flora local e da

fauna residente ou migratória

Page 26: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

14

Quadro 2.1 (continuação): Tipos de Unidades de Conservação e seus objetivos segundo o SNUC

GRUPO UNIDADE DE

CONSERVAÇÃO OBJETIVOS

Área de Proteção Ambiental-APA proteger a diversidade biológica, disciplinar o

processo de ocupação e assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos naturais

Área de Relevante Interesse Ecológico-ARIE

manter os ecossistemas naturais de importância

regional ou local e regular o uso admissível

dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os

objetivos de conservação da natureza

Floresta Nacional-FLONA o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais

e a pesquisa científica, com ênfase em métodos

para exploração sustentável de florestas nativas

Reserva Extrativista-RESEX proteger os meios de vida e a cultura dessas

populações, e assegurar o uso sustentável dos

recursos naturais da unidade

Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de

espécies nativas, terrestres ou aquáticas,

residentes ou migratórias, adequadas para

estudos técnico-científicos sobre o manejo

econômico sustentável de recursos faunísticos*

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

é uma área natural que abriga populações

tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas

sustentáveis de exploração dos recursos naturais,

desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados

às condições ecológicas locais e que

desempenham um papel fundamental na

proteção da natureza e na manutenção da

diversidade biológica*

USO

SU

STE

NT

ÁVE

L

Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN

é uma área privada, gravada com perpetuidade,

com o objetivo de conservar a diversidade

biológica* Fonte: Lei Federal 9.985/00 – SNUC. * Definição constante na lei

Page 27: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

15

A definição dada para cada um dos grupos, deixa bem marcante a diferença entre os seus usos e

limitações de ordem geral. Para as unidades de uso sustentável, tem-se como objetivo básico:

“compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos

naturais”. Já as unidades de proteção integral têm como objetivo básico: “preservar a natureza,

sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos

previstos em Lei” (SNUC, 2000, Art. 7º, § 1º e 2º).

Por exemplo, a Estação Ecológica, na categoria de proteção integral, tem como objetivo a

preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas e a Área de Proteção Ambiental -

APA, na categoria de uso sustentável, tem como objetivos básicos proteger a diversidade

biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos

naturais.

Analisando-se especificamente o caso de Áreas de Proteção Ambiental, um dos focos do

presente trabalho, observa-se que na Lei 6.902/1981 pela primeira vez o governo federal

mencionou a possibilidade de criação destas UCs, quando houver interesse público. A finalidade

também mencionada na lei, já indicava a vocação dessa UC, ao considerar a possibilidade da

presença do homem em sintonia com a conservação do meio natural, in verbis o art.8º:

“O Poder Executivo, quando houver relevante interesse público, poderá declarar

determinadas áreas do Território Nacional como de interesse para a proteção ambiental,

a fim de assegurar o bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as

condições ecológicas locais”

No artigo 9º da Lei, o estabelecimento e desenvolvimento de determinadas atividades humanas

foi objeto de considerações de controle ambiental, onde se enumerou cinco atividades que

poderiam ser limitadas ou proibidas, através de normas, de modo a tornar as atividades

produtivas mais compatíveis com o ecossistema local. Eis as atividades consideradas na lei para

APAs:

a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar

mananciais de água;

b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas

importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;

Page 28: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

16

c) o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um

acentuado assoreamento das coleções hídricas;

d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota

regional.

A lei previu ainda a aplicação de sanções administrativas, para desobediência às normas que

limitam as atividades, descritas acima, com a imposição de multas.

Por isso o Decreto Federal 99.274/1990 regulamenta o conteúdo de informações que devem

constar do decreto de criação de APAs, como a sua denominação, seus limites geográficos,

principais objetivos e as proibições e restrições de uso dos recursos ambientais nela contidos.

Estabelece ainda que “a entidade supervisora e fiscalizadora da Área de Proteção Ambiental

deverá orientar e assistir os proprietários, a fim de que os objetivos da legislação pertinente sejam

atingidos” (Art. 30).

Por outro lado à Resolução CONAMA 10/1988 estabelece em seu Artigo 2º, a obrigatoriedade

da existência de Zoneamento Ecológico-Econômico que irá indicar os usos, limitações e

proibições em cada zona.

Nessa altura já existe uma certa confusão quanto ao cumprimento do que determina esses

instrumentos legais, ou melhor, falta ordenar os passos necessários para criação e gestão de

APAs, e também, como fazer.

O Decreto 4.340/2002 que regulamentou o SNUC começou a clarear como deve ser feito o

processo de criação de UCs de maneira geral, porém ainda deixa para estabelecimento posterior,

diretrizes para diagnóstico, roteiro para planos de manejo, zoneamento e avaliação. Significa dizer

que um verdadeiro modelo, que consolida os passos e instrumentos para criação, gestão e

avaliação de uma UC qualquer, como APAs, incluindo sistemas de informação, pode ser

desenvolvido por cada órgão administrador de unidades de conservação.

Dessa forma, desde o processo inicial de políticas públicas para criação de UCs até a plena gestão

dessas unidades, identificamos que o conhecimento de informações nos mais diversos níveis,

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17

permeia estrategicamente todo o processo de planejamento, discernimento pleno do território,

consulta pública, criação de instrumentos de gestão, participação da sociedade local na

administração da área e avaliação dos objetivos da gestão da unidade. Vê-se, portanto, que a

coleta, organização, sistematização e disponibilização de informações ambientais em todos esses

processos, através de um sistema de informação, seria pleno de uso para todos os atores

envolvidos, do Estado à sociedade em geral e o passo inicial para o exercício da competência de

criação e gestão de áreas protegidas nos moldes do SNUC.

Principalmente para gestão de APAs, a difusão de informações é um componente prioritário,

pois, como já foi comentado, essa UC pode contemplar uma enorme diversidade de usos e incluir

uma grande gama de atores envolvidos diretamente no território.

2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E O ESTADO DA BAHIA

O Estado da Bahia possuía em seu território, até janeiro de 2003, 108 unidades de conservação

nos níveis federal, estadual e municipal (CRA, 2003). Destaque deve ser dado para a categoria

APA, já que a Bahia apresenta 37 dessas unidades, sendo 26 estaduais e 11 municipais espalhadas

por todo o território do Estado (Figura 2.1).

Devemos considerar que a criação de APAs somente foi possível a partir do ano de 1981, com a

Lei Federal 6.902/81, no entanto, o histórico de criação de Unidades de Conservação no Estado

da Bahia, mostra claramente a opção pela criação dessas unidades a partir da década de 90.

Conforme podemos observar na Figura 2.2, até o ano de 1990 existiam apenas 3 do total atual de

37 APAs na Bahia, 26 estaduais e 11 municipais, a partir de então, principalmente durante o

restante da década de 90, houve um aumento considerável na criação de APAs. Essa tendência,

para criação dessas UCs, se mantêm no período 2001/2002.

Se for considerada ainda, apenas as UCs de âmbito estadual, o que exclui o recente fenômeno das

Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPNs, que são criadas por portaria do IBAMA a

partir da iniciativa privada, a tendência do Estado da Bahia pela criação de APAs – 61% do total

de unidades, fica ainda mais evidente quando comparada com todas as outras categorias de UCs

estaduais (Figura 2.3).

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18

Figura 2.1: Mapa de Unidade de Conservação no Estado da Bahia

Fonte: CRA, 2002

Page 31: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

19

13

22

32

37

0

8

16

24

32

40

1985 1990 1995 2000 2002

ANO

Figura 2.2: Evolução temporal de APAs Estaduais criadas na Bahia Fonte: CRA, 2002

Unidades de Conservação Estaduais

61%

23%

16%

APAs Parques Outras

Figura 2.3: Comparativo percentual de entre APAs Estaduais na Bahia e outras unidades

de conservação Fonte: CRA, 2002

Page 32: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

20

Sem dúvida o Estado da Bahia adotou a categoria APA como unidade de conservação prioritária

para criação de Áreas protegidas, já que a categoria sozinha representa 34% do total de UCs, em

todos os níveis, existentes na Bahia. Se for considerado ainda, o total de hectares abrangidos por

todas as UCs na Bahia, as APAs, sozinhas representam 77% do total de 3.198.966 hectares que

significam 5,64% área do Estado da Bahia (Tabela 2.1).

Tabela 2.1: Unidades de conservação no Estado da Bahia

APA ESTADUAL 26 2.477.225 24 77 4,37APA MUNICIPAL 11 45.105 10 1 0,08PARQUE NACIONAL 5 298.965 5 9 0,53PARQUE ESTAUAL 10 68.037 9 2 0,12PARQUE MUNICIPAL 9 7.285 8 0 0,01OUTRAS CATEGORIAS (FEDERAL) 5 219.823 5 7 0,39OUTRAS CATEGORIAS (ESTADUAL) 7 17.821 6 1 0,03OUTRAS CATEGORIAS (MUNICIPAL) 6 41.293 6 1 0,07RPPN 29 23.412 27 1 0,04 TOTAL 108 3.198.966 100 100 5,64

56.729.530,00

QUANT.DENOMINAÇÃO

Superfície Territorial do Estado da Bahia (ha)

QUANT. UC / QUANT TOTAL

(%)

ÁREA UC / ÁREA TOTAL

(%)

ÁREA (HA) ÁREA UC / ÁREA ESTADO

(%)

Fonte: CRA, 2002

Segundo entrevista com Fausto Azevedo (Apêndice A), Diretor do Centro de Recursos

Ambientais – CRA no período de 1999-2003, que exerceu também o cargo de subsecretário de

Planejamento, Ciência e Tecnologia na época em que essa secretaria era responsável pela política

de meio ambiente do Estado da Bahia, a opção pela criação de APAs não foi uma política clara e

bem definida.

A proposição para criação de APAs podia ser feita por vários órgãos governamentais. A grande

maioria das APAs, 15 de um total de 26 APAs estaduais (Figura 2.4), se localizam no Litoral

Norte e Sul do Estado, e sua criação ocorreu como uma ferramenta utilizada em programas

governamentais maiores, como o Desenvolvimento do Turismo e como instrumento para o

controle do uso do solo da Região Metropolitano de Salvador - RMS. Alguns municípios

foram nessa mesma linha, criando APAs na ausência de planos próprios de ordenamento e uso

do solo.

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21

Figura 2.4: Localização das APAs estaduais na Bahia Fonte: CRA, 2002

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22

Em outras situações, a criação de APAs ocorreu para preservar fontes de recursos hídricos

usados para abastecimento humano – APAs Joanes/Ipitanga, Bacia do Cobre/São Bartolomeu,

Lago de Pedra do Cavalo na RMS, e em outras ainda, a intenção foi realmente conservação do

meio natural como é o caso da Baía de Todos os Santos.

Além disso, Azevedo (2002) acrescentou que a criação de APAs também foi vista com

pragmatismo, já que essas UCs não traziam grandes problemas de efetividade, já que o uso é

direto, não exclui o homem e o Estado não precisaria desapropriar e fazer regularização fundiária.

Assim sendo, a criação de APAs na Bahia começou a ser feita de maneira descentralizada em 3

órgãos públicos e com motivação ligada a programas governamentais maiores. Assim, órgãos

como a CONDER, na época Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de

Salvador e a BAHIATURSA – órgão oficial de Turismo no Estado da Bahia, propunham a

criação e por vezes realizavam o diagnóstico das áreas. Até o início de 1999 as 18 APAs estaduais

existentes na época eram administradas por esses três órgãos públicos, incluindo o CRA. A partir

de 11 de fevereiro daquele ano, a administração de APAs foi centralizada no CRA, através da

publicação do Decreto Estadual 7.527/1999. O objetivo, segundo Azevedo (2002) era unificar as

diretrizes, ritmos e linguagens diversos utilizados para fortalecer a gestão dessas unidades e

corrigir algumas distorções, como o fato de CONDER e BAHIATURSA não deterem poder de

polícia para fiscalizar e continuamente demandar do CRA, gerando algumas vezes choques de

política pública.

Portanto, a opção pelas APAs foi paulatinamente adotada, como opção de conservação

conciliada com atividades humanas.

Para se ter uma idéia dessa mudança, desde a administração da primeira APA estadual, Gruta dos

Brejões / Veredas do Romão Gramacho criada em 1985, e administrada pela Bióloga Sônia

Portugal no período 1989/1991, as diretrizes para gestão dessas unidades amadureceram

sobremaneira.

Segundo entrevista com Portugal (Apêndice B), a intenção de criar essa APA em 1985 foi no

sentido de preservação. Não havia na época o conceito de conservar e permitir o uso controlado

dos ativos ambientais locais. Não haviam instrumentos de gestão, como ZEE e plano de manejo.

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23

A idéia de criá-los, e a forma de administração atual só começou a ser amadurecida a partir de

1991, segundo a administradora.

Dessa forma Portugal definiu as diretrizes da época para a administração dessa APA:

De forma geral a área é para preservação dos recursos naturais

Realizar estudos sobre biodiversidade / espeleologia da área, feitos pela própria

administradora e espeleólogo, caminhando em direção de um diagnóstico.

Trabalhar com nativos da região, pagos pelo Estado, como guias locais e multiplicadores

de educação ambiental para a população

Fiscalização para impedir a degradação e o surgimento de atividades que pudessem

destruir as cavernas locais e seus espeleotemas, mantendo afastadas as atividades humanas

dessas características.

Desde o início de 1999 até dezembro de 2002, o CRA começou a implantar o atual modelo de

gestão dessas unidades, de forma que as estratégias podem ser sintetizadas seqüencialmente da

seguinte forma:

1ª - Conhecer efetivamente a estrutura e os atributos da poligonal da área decretada como APA,

para poder ter argumentos de conservação e desenvolver sua administração;

2ª - Criar instrumentos de gestão e estabelecer estruturas administrativas na área para efetivar a

presença de gestores, legitimados por normas e instrumentos legais de controle e uso do solo;

3ª - envolver a comunidade presente na APA, na gestão da unidade, para fortalecer, internalizar e

perenizar a existência da APA na comunidade local e regional, incluídos os poderes públicos e

empresários. (ABREU & AZEVEDO, 2002).

Como pôde ser observado, o conceito atual para APAs realmente não era aquele que era exercido

na administração da APA Gruta dos Brejões / Veredas do Romão Gramacho.

Hoje em dia, ainda segundo Azevedo (2002), a tarefa do Gestor da APA é de um administrador,

portanto a realização de estudos do meio natural e a elaboração do diagnóstico da APA devem

ser feitas por especialistas contratados em licitação pública. Outra diferença perceptível, a partir

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24

das declarações de Azevedo, é que a APA, vista como unidade de negócios, deve captar recursos

financeiros, fazer projetos e ter autonomia para contratar pessoas locais sem depender da

existência de iniciativas e recursos centralizados nos cofres do Estado.

Até dezembro de 2000, inclusive, a parte de fiscalização ambiental das APAs era feita por outro

setor do CRA, quando demandado pelo Administrador da APA. Dessa forma o gestor poderia

trabalhar focado na administração da área, sem correr riscos de se envolver diretamente em

conflitos de interesses entre grupos locais. Poderia atuar então, de fato como um administrador e

solucionador de conflitos, sem perder o trânsito por todos os estratos sociais locais, cumprindo

assim o conceito da unidade e o objetivo disciplinar o processo de ocupação e assegurar a

sustentabilidade dos recursos naturais.

Para garantir que a proposição de gestão de APAs atingiu seu objetivo institucional, foi proposta

a criação de um Índice de Gestão de APAs – IGA para o CRA, que tem como objetivo medir a

implantação do modelo proposto. Tal índice, mostrado na Figura 2.6, demonstra no seu último

componente, veículos de informação que atingem diversos extratos sociais, como a pontuação

indicada para a existência de programas de rádio, jornais informativos, home pages etc. Esses

parâmetros são encontrados justamente na última (3ª), ou seja, a mais avançada das três

estratégias para a gestão de APAs apontadas por Abreu e Azevedo (2002).

Analisando o IGA do CRA, voltamos ao entendimento sobre a necessidade de informações para

APAs. Observamos no IGA que, sem dúvida, a geração de informações e a divulgação das

mesmas, sob diversas formas, são encontradas no início e na fase madura desse modelo de

gestão. Isso serve para reforçar aquilo que já foi comentado anteriormente, sobre a precisão e

adequação de um sistema de informações já a partir do ato da criação de uma UC.

Neste modelo, ainda não se encontra perfeitamente demonstrada a tática sobre como efetuar a

utilização de instrumentos para divulgar informações, levantadas previamente e obtidas

dinamicamente. No entanto, esses instrumentos se mostram como as principais formas de

disseminar conhecimentos ambientais diversos, para os representantes do conselho gestor, caso

este esteja implantado, e para a população na unidade. Ou seja, um sistema de informações pode

representar a verdadeira possibilidade de envolver a comunidade na gestão efetiva da APA, de

consolidar o modelo de gestão e a existência da própria UC.

Page 37: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

25

Deve-se ressaltar ainda, que os instrumentos de comunicação, como indicados, estão concebidos

na sua forma inicial, devendo evoluir para a existência de um verdadeiro sistema de informação

ambiental para a APA, que em suma será o arcabouço alimentador das formas de divulgação

escolhidas.

Quadro 2.2 – Índice de Gestão de APAs – IGA do CRA

COMPOSIÇÃO DO ÍNDICE DE GESTÃO DE APA – IGA

PARÂMETRO/INDICADOR PESO SEDE ADMINISTRATIVA 25 Administrador designado 10 Sede equipada 15 CONSELHO GESTOR 15 Processo de criação 3 Criado 4 Atuando 8 ZEE 15 Diagnóstico em andamento 2 Diagnóstico elaborado 3 ZEE em andamento 2 ZEE elaborado 3 ZEE aprovado pelo CEPRAM 5 PROJETOS ESPECÍFICOS 15 Projeto elaborado 5 Projeto em execução 10 PARCERIAS 15 Cooperação Técnica/apoio institucional 5 Convênio assinado 5 Convênio em execução 5 COMUNICAÇÃO / DIVULGAÇÃO 15 Jornal 2 Programa de rádio 2 Folder 2 Publicação síntese do diagnóstico 3 Publicação síntese do zoneamento 3 Home Page 3 TOTAL 100 Fonte: ABREU & AZEVEDO, 2002

Pode-se observar na Figura 2.5 (ABREU & AZEVEDO, 2002) a evolução do índice de gestão de

APAs no período de julho de 1999 a julho de 2002. Tal evolução mostra um grande

amadurecimento no modelo de gestão proposto. Deixa também claro e ainda mais premente a

necessidade de estabelecer, nessa fase, uma política específica para gestão de informação

Page 38: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

26

ambiental para as APAs, que estão atingindo um grau cada vez maior de envolvimento com a

sociedade e de complexidade em relação às decisões que devem ser tomadas.

Figura 2.5 – Evolução do Índice de Gestão de APAs do CRA

Em relação à estrutura administrativa do Estado da Bahia, ocorreu uma mudança válida a partir

do início de 2003. Foi instituída a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH,

a qual agora tem a competência para propor a criação e fazer gestão de UCs, através da

Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação. Essa competência

sai então do Centro de Recursos Ambientais, órgão de gestão ambiental, que exerce o controle

ambiental de atividades – licenciamento, fiscalização, avaliação, e passa para uma estrutura

própria, mesmo que na administração direta da Bahia. Essa mudança pode refletir uma tendência

para alicerçar o modelo proposto pelo CRA para gestão de APAs, já que pode ser um passo para

a futura criação, quem sabe, de um órgão autárquico/regulador específico, somente para criação e

gestão de UCs. É claro que para se chegar a uma estrutura governamental dessas, uma cultura

institucional do Estado sobre UCs e especificamente sobre APAs, ainda deve continuar a se

desenvolver e a amadurecer nos gestores governamentais da Bahia.

Page 39: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

27

2.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA APAs

Segundo Lima (2002), sistemas de Informação, são “conjuntos de componentes

interrelacionados, trabalhando juntos para coletar, armazenar, processar, recuperar e distribuir

informação, com a finalidade de facilitar o planejamento controle, coordenação, análise e o

processo decisório nas organizações”.

Ao se introduzir a componente ambiental em sistemas de informação, o trabalho se torna muito

mais complexo, já que, segundo Caribé (1992, p. 41) – citando vários autores, a característica

principal da informação ambiental é a inter e multidisciplinaridade. Deve-se levar em conta as

ciências naturais, economia, demografia e sociologia (MUELLER, 1992) e seus assuntos estão

ligados a geologia, geografia, química, biologia, hidrologia, engenharia química, engenharia

ambiental, engenharia sanitária, pesquisa operacional, aspectos econômicos, política econômica,

gerenciamento e administração, política governamental e implicações sociais (CARIBÉ, 1992).

Dentro dessa complexidade, adicionamos mais um desafio, que vem das relações entre sistemas

de informação e os modernos movimentos ambientalistas. O primeiro costuma seguir

continuamente as tendências e as dinâmicas do segundo. Uma das mais recentes dessas

mudanças, no âmbito internacional, ocorreu durante os anos 1990 com uma crescente aceitação

do princípio de amplo acesso público a informação ambiental (HAKLAY, 2003).

Esse princípio também foi incorporado no entendimento de movimentos ambientalistas do

Brasil e foi consubstanciado pelo legislador brasileiro em uma série de instrumentos legais em

vigor:

Lei 7.347/1985 - Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados

ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,

turístico e paisagístico (vetado),e dá outras providências.

CONAMA 01/1986 - obriga a disponibilização pública do RIMA

CONAMA 09/1987 - finalidade expor aos interessados o conteúdo do licenciamento

ambiental em análise e do seu referido RIMA

Lei 7.804/1989 – fala sobre “a garantia da prestação de informações relativas ao Meio

Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes”

Lei 9.433/1997 - Sistema de Informações de Recursos Hídricos

Page 40: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

28

Lei 9.985/2000 – Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC

Lei Estadual 7.799/2000 – Institui a política estadual de administração de recursos

ambientais - Cria o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA

No caso do Estado da Bahia, foi criado, com a Lei 7.799/2000, o Sistema Estadual de

Informações Ambientais – SEIA, que tem como objetivo:

“oferecer à comunidade amplo acesso às informações sobre a qualidade

do meio ambiente, o uso dos recursos naturais, as fontes degradadoras, a

presença de substâncias potencialmente danosas à saúde nos alimentos, na

água, no ar e no solo, e as situações de riscos de acidente”.(BAHIA,

NOVA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, p. 27, 2002).

Desta forma, o SEIA surge como um instrumento da própria Política Estadual de Administração

dos Recursos Ambientais, sendo colocado no mesmo patamar de instrumentos tradicionais

como: licenciamento ambiental, fiscalização ambiental, avaliação da qualidade ambiental,

educação ambiental, criação de áreas protegidas entre outros. Consideramos, portanto com a

existência do SEIA, a legitimação e o aval do Estado da Bahia para um amplo trabalho de

sistematizar informações sobre o meio ambiente, incluídas aí as UCs.

A disponibilização pública de informações ambientais para APAs vai nesse sentido. Conforme

comentários anteriores, informações ambientais permeiam todo o processo de criação,

implementação, gestão e participação social dessas unidades de conservação. Pode-se observar

que são vários usuários e vários níveis da informação em cada etapa, que vão do Estratégico,

passando pelo Tático até o nível Operacional.

Analisando-se a legislação para UCs, ressalta-se que, já no processo de criação de uma unidade, o

SNUC prevê no seu Capítulo IV que trata “DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO

DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO” nos § 2o e 3o que in verbis:

“§ 2o - A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e

de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais

adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.”

Page 41: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

29

“§ 3o - No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é obrigado a

fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes

interessadas.”

Vê-se mais uma vez que, a coleta, organização, sistematização e disponibilização de informações

ambientais é o passo inicial básico para o exercício da competência constitucional que cabe ao

poder público, de definir espaços territoriais a serem especialmente protegidos.

Os estudos técnicos a que se refere o § 2o devem ser feitos em cima de uma ampla gama de

informações constantes de um Sistema de Informação Ambiental - SIA. Seria algo semelhante à

utilização de Zoneamento Ecológico-Econômico, na qual este seria um instrumento para

racionalização da ocupação e do uso do solo e de redirecionamento de atividades, subsidiando a

formulação de políticas territoriais. Sendo assim, o ZEE disporia de um “mecanismo integrado

de diagnóstico sobre o meio físico-biótico, a sócio-economia e a organização institucional, bem

como de diretrizes pactuadas de ação entre os diferentes interesses dos cidadãos”. (MMA,

2003b).

Indubitavelmente, haverá grandes dificuldades para a implantação de um sistema de informações

ambientais, para atender todos os usuários interessados, já que em suma representam toda a

sociedade, justamente pelo caráter difuso do meio ambiente.

As dificuldades, para um dos objetos desse trabalho, poderão começar justamente pelo

entendimento do conceito de unidades de conservação e dos seus objetivos. Nesse caso,

talvez o passo mais difícil seja desenvolver a capacidade de enxergar a relação sistêmica dos

componentes do meio natural, internalizar o fato de que somos um desses componentes e a

necessidade da sociedade em estabelecer áreas protegidas.

Outras terminologias ambientais também teriam que ser apreendidas pelas pessoas, como: Áreas

de Preservação Permanente – APP, reservas legais, conservação, preservação, diversidade

biológica, recursos ambientais, uso sustentável, recuperação, restauração, zoneamento, plano de

manejo, degradação ambiental, poluição, fonte degradante, bacia hidrográfica, cobertura vegetal,

equilíbrio ecológico etc.

Page 42: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

30

No Brasil, há de considerar-se “os desníveis culturais e de desenvolvimento regionais” que

resultam entre outros em diferenças “no nível de conscientização da população quanto aos seus

direitos sobre o meio ambiente” (MESQUITA, 2000, p. 26). O grande desafio está, portanto, nos

níveis diferenciados de entendimento que a sociedade possui, mesmo em escala local, e como

formar um sistema que atenda a todos.

Trazemos como foco agora, a gestão de APAs, dentro do modelo adotado pelo CRA e ainda

considerando os fundamentos teóricos-conceituais tratados no capítulo 3 desta dissertação.

Ressalvamos, no entanto, que os conceitos aplicados aqui para a divulgação de informação

ambiental, podem ser estendidos a outros objetos da gestão ambiental. As formas tratadas aqui,

também podem ser perfeitamente adaptadas para qualquer organização, onde possam estar

competências de atuação em diversos instrumentos de políticas ambientais, ou até mesmo de

forma interorganizacional, já pensando em organizações administrativas diversas, adotadas pelos

estados, em relação a suas estruturas de meio ambiente.

Apesar da recente mudança administrativa no Estado da Bahia, dos órgãos para gestão de APAs,

a proposição desse sistema de gestão em nada é afetada. Nesta proposição, se adota como válido,

o modelo de administração de APA do CRA, que inclusive continua sendo adotado pela nova

superintendência.

Outro fator a ser considerado é a importantíssima premissa de que informações ambientais têm

que estar relacionadas com conceitos de funcionamento em rede, com interacessibilidade total

entre órgãos, do planejamento até executores de políticas ambientais, tantos quantos ou

quaisquer sejam esses órgãos, já que entre eles existirá o propósito comum de realizar o todo da

gestão ambiental do Estado.

Tal arranjo, através de um sistema integrado de informações ambientais, está de acordo com uma

característica essencial do Meio ambiente: um sistema holístico, integrado e interrelacional, que

não pode ser dividido em partes, assim como suas informações. Qualquer outra abordagem

reducionista, fragmentada e feita em partes não daria tal compreensão (WHITE;

MOTTERSHEAD; HARRISON, 1994).

Em relação “ao que informar?”, numa base de dados sobre unidades de conservação, deverão

constar, segundo Caribé (1992, p. 44): sua localização (memorial descritivo); o ecossistema que

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31

representa; e o mapeamento e inventário dos recursos de fauna e flora existentes. Acrescentamos

que, em caso de unidades de uso sustentável, como APAs, e até mesmo as de proteção integral,

para conhecer as pressões existentes, terão que constar também informações sobre:

caracterização da situação fundiária, das atividades produtivas existentes, da infra-estrutura

presente, a caracterização social, as manifestações culturais, as relações econômicas, as políticas

governamentais incidentes e as dinâmica desse fatores com o meio natural.

Em se tratando de uma APA, a primeira informação básica é justamente a explicação do que é

Área de Proteção Ambiental. Segundo entrevista com o Jornalista Marcos Luedy (Apêndice C),

em relação a pessoas nativas de uma APA: “as pessoas locais podem até saber partes do que é

essa unidade de conservação, porém não entendem o conjunto desse conceito”. A experiência

também me faz crer que muitos da sociedade atual, mesmo aqueles com bom nível de instrução,

também não sabem exatamente o que é esse tipo de unidade de conservação.

A informação seguinte que importa é a poligonal da unidade inserida no território e

georeferenciada em relação a este. É muito importante que se conheça onde você está inserido

espacialmente ou uma atividade qualquer ou ainda uma parte do ambiente, e a referência desta

área em relação a escalas maiores do território.

A seguir devem ser consideradas informações de todas os instrumentos legais relacionadas a

APA. Em APAs na Bahia, a seqüência de normas é a seguinte: um decreto governamental cria a

APA baseado em informações já existentes sobre características ambientais; em seguida uma

resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM aprova o Zoneamento-

Ecológico-Econômico da APA; em terceiro lugar o CEPRAM aprova o Plano de Manejo da

Área. Como conseqüência, todos os estudos técnico-científicos relacionados a estas normas

também devem estar disponíveis no sistema.

Dentre esses estudos, o primeiro é o diagnóstico para conhecimento profundo do território em

todos os seus aspectos, sócio-econômicos e ambientais. A partir desse diagnóstico é proposto o

mais forte instrumento de controle, que é o Zoneamento-Ecológico-Econômico da área, em

concordância com os principais atores envolvidos, que traz os critérios de uso das zonas

(Resolução CONAMA 10/1988). Finalmente vem o plano de manejo, que informa

procedimentos para assegurar a conservação das características da APA.

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32

A APA, como uma unidade ambiental que corrobora a presença humana, a gestão do território

feita através de um conselho gestor, deve privilegiar um máximo de ação executiva da sociedade

como gestor efetivo. A participação do Estado, caminha para ficar apenas dentro da esfera do

planejamento, como suporte, monitor e legitimadora da estrutura gestora.

Diante disso, um sistema de informação para APAs deverá prever acesso pleno ás informações

que guardam relação direta ou indireta aos documentos e instrumentos citados, para todas as

partes envolvidas. Sumarizando, quais seriam essas informações:

Mapas da poligonal da APA, conforme sua criação, inserida no território

Conhecimento da sociedade existente na área e suas inter-relações culturais

Conhecimento pleno das características econômicas e sua dinâmica

Conhecimento de todas as características ambientais, físicas e bióticas

Zoneamento Ecológico–Econômico da APA

Participação e conhecimento do Plano de Manejo da APA

Conhecimento das políticas públicas relacionadas ao território

Conhecimento da aplicação dos outros instrumentos de gestão ambiental da área

Nesse último tópico, encontram-se principalmente o monitoramento da cobertura vegetal, o

conhecimento da gestão hídrica local – com dados de outorga de água, comitês de bacias e sub-

bacias existentes -, dados de avaliação da qualidade de água e monitoramento do ar, fiscalização e

penalidades feitas na APA, programas de educação ambiental aplicados e também todas as

informações referentes ao Licenciamento Ambiental de atividades produtivas.

No caso deste último, no processo de licenciamento do Centro de Recursos Ambientais – CRA

do Estado da Bahia, as atividades efetivas ou potencialmente degradadoras localizadas em APAs,

são objeto de Anuência Prévia do gestor da APA. Essa anuência integra o Parecer Técnico do

processo licenciatório, onde são observados, como fatores preponderantes, os critérios e

parâmetros definidos pelo ZEE para cada zona (BAHIA, Decreto 7.967/2001) e que constarão

na Resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM que também aprovou o

ZEE. Pelo anexo V do decreto em questão, praticamente todas as atividades produtivas são

passíveis de licenciamento ambiental.

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33

Em uma APA com ZEE e plano de manejo, quando se pergunta “quem deve ser informado?”,

uma simples análise desses instrumentos, que efetivamente normatizam o uso do solo em todos

os níveis de poder e de intervenção, indica os potenciais clientes do sistema de informação para

APAs:

Órgão gestor ambiental da APA;

Gestor público em seus diversos níveis: federal, estadual e municipal com atuação na área

da unidade;

Empreendedores e técnicos com projetos de intervenção do solo na área da APA

População local, organizada ou não na forma de entidades civis ou não governamentais

Pesquisadores e estudantes cuja área de atuação ou de interesse esteja relacionada a

qualquer atributo da UC.

Sendo assim, com tão vasto público potencial, um SIA para APAs, caminha pelo menos para

uma razoável complexidade. Como informar a contento, pessoas e níveis de interesses tão

diversos? Primeiramente, devem ser escolhidos um ou mais veículos do SIA para a APA. Nesse

ponto pode-se escolher uma estratégia única ou multimídia.

Ao analisar o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA, nota-se que o mesmo cita

especificamente o uso da Internet (Decreto 7.967/2001, Art. 27) como meio de divulgação de

informações, deixando aberto, porém sem especificar, outros meios. O art. 26, § 1º desse decreto,

também prevê que a parte do sistema relacionada à informações de gestão ambiental deva estar

informatizado.

Sem dúvida a complexidade de um SIA e a facilidade de divulgar informações encontram

resposta em ferramentais tecnológicos eletrônicos e meios digitais. Barreto (1998, p. 126)

considera que a “comunicação eletrônica imprime uma velocidade muito maior na possibilidade

de acesso e no uso da informação”. Esse autor considera, ainda, que o acesso e julgamento à

informação ficam mais facilitados, assim como sua própria assimilação em virtude das novas

possibilidades de conectividade criadas.

Simão (2001), acrescenta que as tecnologias de informação e comunicação estão de fato

revolucionando a forma como trabalhamos, nos comunicamos e aprendemos. Afirma que estas

tecnologias oferecem aos cidadãos e também à administração pública, vastas novas

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oportunidades para o oferecimento de serviços e participação pública, notadamente através da

Internet, utilizando a World Wide Web – WWW.

Isto posto, sem dúvida o uso, por exemplo, de Banco de Dados informatizados, para armazenar,

indexar e recuperar informações, é indiscutível quanto á sua maior eficiência, para facilidade de

conectvidade e seu uso para divulgação.

A despeito dessas formas, de “como informar?”, utilizarem tecnologias informatizadas e meios

como a Internet, devemos considerar dois tipos de problemas: o primeiro é a inadequação para

atingir o receptor de modo que o mesmo assimile a informação transmitida; e o segundo é a

ausência de uma infra-estrutura de acesso amplo, já estabelecida, para que as pessoas consigam

chegar até a informação, a chamada exclusão digital.

Em relação ao primeiro problema, uma entrevista com o jornalista Marcos Luedy (2002), sobre

meios de divulgação de informações sobre ZEE, para comunidades rurais ou com baixo

desenvolvimento social em APAs, indicou outros caminhos. O uso de cordel ou trovas, por

exemplo, foram considerados por ele como meios válidos, já que, como as informações provêm

de conceitos técnicos, os processos cognitivos das pessoas dessas comunidades não

acompanhariam outra forma de passar informação.

Luedy (2002) considera que “o cordel e as trovas usam o lúdico e o imaginário das pessoas,

gerando uma empatia e facilitando a comunicação com a comunidade” e que a intenção tem que

ir de acordo com o público alvo. Tal posição vai ao encontro daquela contida no item 40.22, do

capítulo 40 da Agenda 21, divulgada pela ONU em 1992. Nela, a Agenda 21 recomenda que a

informação seja orientada para diferentes grupos de usuários e que se deva utilizar formatos

eletrônicos e não-eletrônicos. Luedy recomenda, que as crianças da rede escolar de ensino sejam

públicos preferenciais das formas de divulgação e com diversas estratégias, já que representam o

futuro da comunidade.

O jornalista acrescenta, que a forma de passar informação deve gerar um interesse específico ou

uma forma de prazer para essas comunidades, de modo que os instrumentos utilizados devem

carregar o lúdico como um elemento essencial. Para as APAs, recomenda que seja feito um

Cordel somente para informar “o que é APA?” e um cordel para cada zona de um ZEE, já que

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este meio é feito para tratar de assuntos ou motes específicos.“Se quem está dentro da APA não sabe

que ela existe, então todo trabalho será inócuo, já que tudo começa com informação e comunicação” finaliza.

O segundo problema comentado, o da exclusão digital, reflete também a necessidade de utilizar,

em conjunto com meio eletrônicos, outras formas para atingir a sociedade. É claro que o

problema de um desenvolvimento ainda não adequado, para acesso digital de informações, vai as

raias de políticas públicas maiores.

A existência do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST e do

Programa Federal “Sociedade da Informação do Brasil” constante do PPA, especificamente no

seu capítulo 3 que trata da Universalização de Serviços para a cidadania, incluindo acesso

comunitário a Internet e alfabetização digital, mostram boas iniciativas governamentais no

sentido de diminuir ao máximo a exclusão digital no Brasil. Iniciativas de ONG’s como o Comitê

para Democratização da Informática – CDI, que desde 1995 trabalha promovendo inclusão

social utilizando tecnologia da informação, também são dignas de nota. Segundo o Relógio da

Inclusão Digital, uma iniciativa do CDI em conjunto com Fundação Getúlio Vargas-FGV, Sun

Microsystems e United States Agency for International Development – USAID, existem hoje

quase 149 milhões e meio de brasileiros em situação de exclusão digital e pouco mais de 26

milhões e 700 mil brasileiros incluídos, ressalve-se no entanto, que a metodologia do CDI conta

apenas os que tem acesso a computadores em casa, devendo passar por um novo conceito

operacional onde deverá considerar acesso a informática no local de trabalho, nos serviços

públicos (e-gov), escolas e associações (CDI, 2003).

A conseqüência disso tudo talvez seja a declaração do Fórum Econômico Mundial (World

Economic Forum – WEF), sediado em Davos na Suíça em novembro de 2002, que o Brasil é o

líder latino-americano de inclusão digital e desenvolvimento de tecnologia (IG, 2002). O Brasil,

segundo a home page do WEF (2003), ocupa hoje a 29ª colocação mundial no Networked Readiness

Index - NRI que reflete a excelência no uso e aplicação de tecnologia de comunicação e

informação.

Fortalecida e justificada a adoção inicial de novas Tecnologias da Informação - TI, o desafio

agora, nessa proposta de sistema de informação ambiental para APAs, é a utilização de

tecnologias adequadas e a melhor interface para o sistema, a fim de obter a máxima eficiência e

responder melhor aos desejos da sociedade.

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Haklay (2003, p. 165), propõe interessante figura que correlaciona seis importantes assertivas para

um sistema de informação ambiental (Figura 2.8) [tradução do autor].

Haklay, indica que as primeiras três assertivas (A, B e C) originam-se de diferentes segmentos da

arena ambiental e representam transições conceituais. A primeira representa a resposta de

instituições em direção do movimento ambiental. Essa assertiva fala que informações confiáveis,

acuradas e o conhecimento saudável, são vitais para tomadas de decisão ambiental. Na

proposição B, originada na pressão de populações, afirma que dentro da estrutura de

desenvolvimento sustentável todos os participantes interessados devem fazer parte em processos

de tomada de decisão. Finalmente na asserção C, que teve origem nos meios técnicos-científicos,

considera que informações ambientais são excepcionalmente bem representadas através de

Sistemas de Informação Geográfica – GIS.

A assertiva D é uma correlação de A e B, e afirma que para conseguir participação pública em

processos de tomas de decisão ambiental, as pessoas devem ganhar acesso a dados, informação e

conhecimento ambientais. Na letra E, originada de A e C, indica que o uso e a produção de

informação em GIS é essencial para otimizar tomadas de decisão ambiental.

Figura 2.6: inter-relações das assertivas de HAKLAY

Fonte: Haklay, 2003

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37

Ao chegar na assertiva F, que é resultado da interação e conclusões de todas as outras, conclui-se

que sistemas de informação ambiental públicos devem ser baseados em tecnologia GIS. O autor

considerou ainda que tais sistemas são vitais para participação pública em processos de tomadas

de decisão ambiental.

Güttler, Denzer e Houy (2001) consideram que apesar de muitos usuários serem mais

familiarizados com interfaces de sistemas de informação baseado em estruturas em árvore –

como MS Windows Explorer, por exemplo, o conhecimento geográfico é essencial para projetar

informações multidimensionais em um sistema realmente integrado, que é condição necessária

para um SIA. Acrescenta a isso, o fato de que muitos usuários de sistemas de informação, já

estarem se relacionando com freqüência com objetos georreferenciados, que desempenham

importantes funções em seus métodos de trabalho.

Simão (2001), também indicou a adequação de GIS na elaboração de instrumentos de

ordenamento do território, acrescentando que se deve adotar a possibilidade de sua utilização em

navegadores de Internet na WWW, já que um GIS interativo na WWW (GISWEB) é importante

para o contato com os cidadãos na fase de participação pública. O autor afirma ainda que o ato

de comunicar acontecimentos usando sua localização geográfica, estabelece de imediato a sua

associação com o território, consolidando a identificação não apenas do local, mas também da

ação associada a ele, é o que chama da Geografia a serviço do cidadão - G-Government.

Podemos então considerar que a tecnologia GIS, dentro de um SIA, é adequada para as suas

pretensões, já que consegue mostrar na dimensão espacial de uma dada unidade territorial, as

informações textuais e tabulares nela contidas, bem como fazer as necessárias inter-relações entre

elas no espaço, sem deixar de considerar a participação pública desde o uso inicial no sistema.

Em vista disso, um sistema de gestão de informação para APAs deve levar em consideração uma

forma de visão do todo, tanto em relação à dimensão intangível do dado como em relação a

espacialização da informação no território e seus diversos usuários.

Sendo assim, podemos resumir todas as discussões anteriores, sugerindo as seguintes premissas

para formar o arranjo conceitual de um SIA para uma APA:

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38

Informações sobre meio ambiente, por seu caráter difuso, devem estar

disponíveis para toda sociedade.

Os órgãos públicos devem ter papel ativo na divulgação de informações,

cumprindo inclusive o seu papel legal.

As informações ambientais devem ser divulgadas de forma agregada e inter-

relacionadas, para representar o caráter holístico do meio ambiente e da gestão do

território.

As informações deverão ser divulgadas por diversas mídias, de acordo com o

público e o objetivo específico que se pretende atingir.

Tecnologias modernas, como a internet e GIS, devem ser utilizadas por seu

caráter dinâmico, interativo e espacial, não deixando de utilizar, contudo, outros

meios tradicionais, principalmente em virtude dos problemas de adequação ao

usuário e de exclusão digital.

A informação deve ser tratada para prestar serviços governamentais específicos e

também deve estar disponível na sua forma integral, para ser multiplicada,

transmutada e conhecida por técnicos e especialistas.

As informações devem ser usadas por órgãos públicos e pela sociedade para

suprir a demanda de ser informados sobre assuntos específicos e imediatos –

como queimadas, acidentes com produtos químicos, qualidade da água de rios

etc.; para garantir acesso e realizar difusão de conhecimento; e finalmente; para

preparar pessoas, entidades privadas e o terceiro setor, à participarem ativamente

na gestão do seu meio ambiente local.

A realização e o pleno funcionamento do SIA é um desafio de alcance difícil para a administração

pública. Existem diversos fatores que obstaculizam o sistema, como a não consolidação do setor

de geoprocessamento, devido à necessidade de hardware, software e dados de base georreferenciada

que são bastante caros. Outro fator passa pela carência de mão de obra qualificada, de

profissionais com conhecimentos amplos em meio ambiente e treinamento em informação

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geográfica. Chega-se finalmente, até a necessidade da existência, já estabelecida, de sistemas

informatizados com os dados técnicos que acompanharão e integrarão o GIS (MESQUITA,

2000, p. 127). Apesar das dificuldades, este é um movimento indelével na direção deste

paradigma da informação ambiental e cuja adoção deve continuar a ser feita pelo poder público.

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CAPÍTULO 3

ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE INFORMAÇÃO AMBIENTAL

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3. ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE INFORMAÇÃO AMBIENTAL

Neste capítulo pretende-se demonstrar as percepções conceituais básicas que formam um

Sistema de Informação Ambiental. Não se pretende discutir um SIA especificamente, mas os

conceitos fundamentais relacionados à informação, dos Dados à Inteligência. A interação e a

formação de grupos específicos serão abordadas como detentoras de identidades sociais, de

forma que sua organização local possa buscar espaço de legitimação nos conceitos de

funcionamento da sociedade em rede.

Será demonstrado também, como ocorreu à evolução histórica do entendimento sobre

informação ambiental e como ocorreu o amadurecimento do direito de ser informado,

passando pela sua transformação no direito de conhecer até chegar ao direito de participar.

Por fim, pretende-se discutir os benefícios da utilização de tecnologias da informação e que esta

pode, também, levar a problemas relacionados ao direito de participação ambiental de grupos

sociais específicos que se encontram em situação de exclusão digital.

Para começar a situar um SIA, primeiramente devemos conhecer as percepções atuais sobre

informação, seu conceito, sua origem e suas transformações.

Nos dias atuais, considera-se que estamos vivendo a era da informação ou era do conhecimento,

na qual os valores econômicos e sociais serão baseados e medidos, em maior escala, a produtos

não palpáveis, que em suma serão dados gerados pelas pessoas e organizações, principalmente em

forma digital, e que serão transformados em informação e conhecimento (TOFFLER, 1980).

Observando as funções clássicas da administração – planejamento, organização, assessoria e

controle, Meirelles (1985) citou a informação como denominador comum para todas elas.

Segundo esse autor, “atravessamos uma época de mudanças”, em que os administradores

precisam reagir e tomar decisões cada vez mais rápidas e em um mundo onde a quantidade de

informações científicas disponíveis dobra aproximadamente a cada oito anos, tendendo a uma

diminuição cada vez maior do tempo deste ciclo. Complementarmente, conforme informações

do Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação - CENADEM, “a

humanidade gerou a mesma quantidade de informação nos últimos 50 anos que nos cinco mil

anos anteriores. Esse número duplicará nos próximos 26 meses. Em 2010, a informação

duplicará a cada 11 horas” (CENADEM, 2001).

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Observando exatamente a importância da informação, não é mais novidade que nos dias de hoje

informação tem valor estratégico e que a capacidade de uma empresa pode ser medida pelo ativo

“inteligência” dentro da mesma, mas para o entendimento do que se está falando, é preciso

entender antes o que compõe essa inteligência e como se chega até ela.

Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 91) propuseram o ciclo de transformação do

DADO à INTELIGÊNCIA, em três etapas (Figura 3.1).

Figura 3.1: Etapas de transformação do DADO à INTELIGÊNCIA

Segundo Hakken (apud BONSIEPE, 1999), este ciclo pode ser entendido como uma "cadeia

lingüística progressiva que começa nos dados, passa pelos dados processados (informação) até a

verificação de dados (conhecimento) e chega ao que talvez seja a informação existencialmente

confirmada (sabedoria?)". Para Davenport & Prusak (1998) existe uma confusão entre o

significado de dados, informação e conhecimento, que resulta em gastos com soluções

tecnológicos sem que haja o questionamento sobre a sua necessidade e sem que o sistema consiga

disponibilizar a informação desejada. Para eles, Dados são fatos discretos e objetivos sobre

eventos, e em um contexto organizacional são tidos como estruturas de registros de transações.

Já Drucker, (apud DAVENPORT & PRUSAK, 1998), definiu Informação como sendo “dados

dotados com relevância e propósito” [tradução do autor], concluíram então os últimos autores,

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que Dado tem pouca relevância ou propósito. Para eles ainda, Informações são descritas como

mensagens na forma de documentos e são destinadas a mudar o modo como o receptor percebe

alguma coisa, sendo capazes de ter influência sobre seu julgamento e comportamento. Para

Sakamoto (1988, online), “os dados são transformados em informação à medida que são

contextualizados, categorizados, calculados, corrigidos ou condensados. Estas tarefas são

plenamente atendidas pelos sistemas de Informação”.

Deve-se considerar ainda que a produção de grandes volumes de dados pouco confiáveis e

desorganizados faz desaparecer a informação significativa e que informação é sempre muito mais

uma questão de qualidade do que de quantidade (DOWBOR, 2001). Segundo Tarapanoff; Araújo

Júnior e Cormier (2000, p. 91), a informação dispersa, entretanto, também não constitui

inteligência. Considera que “a partir da estruturação da informação é que a inteligência passa a

existir”. Para esses autores o conhecimento vai estar apoiado em dois aspectos: valor da

informação e a validade da informação para o processo decisório. Podemos então considerar que

a informação deve passar por um processo cognitivo para só então gerar Conhecimento.

A definição de Davemport & Prusak (1998) aponta que Conhecimento “é uma mistura fluida da

experiência composta, dos valores, da informação contextual e do discernimento de especialistas,

que fornece uma estrutura de avaliação e incorporação de novas experiências e informações”.

Acrescentam que nas organizações, o conhecimento torna-se freqüentemente embutido,

inclusive, dentro das rotinas, processos, práticas e em normas organizacionais.

Portanto Inteligência seria a conseqüência natural do conhecimento e uma agregação de valores

na Informação em forma de ação ou decisão, “de modo que a mesma adquira uma importância

contextual nas organizações” (DAVEMPORT & PRUSAK, 1998). “Pode-se dizer que a

inteligência visa, principalmente, imprimir um comportamento adaptativo à organização,

permitindo que estas mudem e adaptem os seus objetivos, produtos e serviços, em resposta a

novas demandas do mercado e a mudanças no ambiente” (TARAPANOFF; ARAÚJO JÚNIOR

e CORMIER, 2000, p. 91). Em suma, Inteligência implica em um processo que vai conduzir à

tomada de decisão e determinação para uma dada organização.

Agora precisamos situar todos esses conceitos em relação a informações ambientais. Quando

surgiram, o que representam e os direitos relacionados a ela, chegando até ao direito de

participação da sociedade, ou seja, como dados e informações ambientais podem se transformar

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em conhecimento e gerar ação e interferência da sociedade na gestão ambiental do seu território a

partir de suas percepções.

3.1 INFORMAÇÃO E MEIO AMBIENTE

Para entender o papel atual da informação ambiental e as percepções em relação aos direitos de

obtenção e uso dessa informação, precisamos analisar o histórico recente do surgimento do

paradigma ambiental.

HAKLAY (2003, p. 166) considera que o ponto decisivo do movimento ambientalista no século

XX, surgiu com a publicação da bióloga Rachel Carson do livro “Primavera silenciosa” em 1962.

O livro é considerado a primeira obra a detalhar os efeitos adversos da utilização dos pesticidas e

inseticidas químicos sintéticos, iniciando o debate acerca das implicações da atividade humana

sobre o ambiente e o custo ambiental dessa contaminação para a sociedade humana (PLANETA

ORGÂNICO, 2003). Haklay (2003) ressalva, porém que a percepção ambiental, que é refletida

nas atuais políticas ambientais, surgiu em época anterior à década de 60.

Um dos marcos principais das medidas ambientais surgiu em 1969, nos Estados Unidos, com o

Ato Nacional de Política Ambiental (National Environment Policy Act – NEPA). O NEPA

requer que agências federais considerem valores e fatores ambientais no planejamento e nas

tomadas de decisão (NEPA, 2003). O NEPA também relaciona explicitamente a ligação de

políticas ambientais e informação, estabelecendo dois grandes veículos, considerados como

instrumentos, como: o Relatório Anual do Estado do Meio Ambiente e da Avaliação de Impacto

Ambiental (Environmental Impact Assessment – EIA). Este último determina que todas as

agências federais devem entre outros: tornar disponível aos estados, aos condados, as

municipalidades, as instituições e aos indivíduos, conselhos e informações úteis para restaurar,

manter e realçar a qualidade do ambiente; e iniciar e utilizar informações ecológicas no

planejamento e desenvolvimento de projetos orientados e recursos. (HAKLAY, 2003).

Em outras atividades consideradas notáveis, Briggs (apud HAKLAY, 2003, p. 167) informou que

a Comunidade Européia em 1973, estabeleceu pela primeira vez um programa ambiental comum

que na sua segunda edição em 1977, considera informação ambiental como ponto central

juntamente com o EIA. As diretivas e regulações dessa política estão relacionadas diretamente

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com coleta de dados e informações, como por exemplo um programa para troca de informações

sobre poluição atmosférica de 1979.

Em nível mundial, em 1987, o Relatório Brundtland da Comissão Mundial de Meio Ambiente e

Desenvolvimento da ONU foi o documento que cunhou a clássica definição de desenvolvimento

sustentável, como sendo o desenvolvimento que atende às necessidades das gerações atuais sem

comprometer a capacidade de as futuras gerações terem suas próprias necessidades atendidas

(INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE NO TRABALHO, 2003). Bruno (1994) e Furtado

(1999) (apud MARINHO, 2001, p. 69), informam que o Relatório Brundtland já incluía entre os

pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável, o direito de o cidadão conhecer e ter acesso à

informação sobre as condições ambientais e os recursos naturais, e o direito de ser consultado e

participar da tomada de decisões que afetam o ambiente.

Uma das recomendações do relatório era para a realização de uma grande conferência mundial,

que veio a ser realizada justamente na cidade do Rio de Janeiro. Um dos resultados dessa 2ª

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, conhecida como ECO-92 foi à assinatura

da Agenda 21, documento compromisso em prol do desenvolvimento sustentável. No capítulo

40 da Agenda 21, em “Informação para a tomada de decisões”, está explicitada a recomendação

de que “sempre que existam impedimentos econômicos ou de outros tipos que dificultem a

oferta de informação e o acesso a ela, particularmente nos países em desenvolvimento, deve-se

considerar a formação de esquemas inovadores para subsidiar o acesso a essa informação ou para

eliminar os impedimentos não econômicos” (ONU, 1992).

Um dos princípios adotados durante a ECO92, inclui também importantes entendimentos sobre

o direito à informação ambiental. De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001, p. 2) destacam partes

desse princípio:

“Em nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso apropriado a informações relacionadas

a meio ambiente, mantidas por órgãos públicos, incluindo informações sobre atividades e

materiais perigosos em suas comunidades e ter oportunidade de participar em processos

de tomada de decisão”

Continuou a citação acrescentando adiante:

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“Discussões ambientais são melhores manejadas com a participação de todos os cidadãos

interessados no nível atinente” [Tradução do autor].

Nos relatos feitos por De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001) sobre a cena européia, eles

consideram que muitos dos programas e iniciativas da União Européia já consideram o

envolvimento de comunidades e indivíduos em processos de decisão. O envolvimento do público

é baseado em princípios de subsidiariedade e responsabilidade compartilhada, diálogo e parceria.

Reportam ainda que os “caminhos para um proveitoso acesso a informações mantidas por

autoridade ambientais” reflete princípios e objetivos contidos dentro de programas de ação da

comunidade européia sobre meio ambiente datados de 1973, 1977, 1983, 1987 e principalmente

1993.

Em muitos países da União Européia, avanços mais significativos nesse sentido já ocorreram,

relacionados à evolução de princípios de direitos. Para De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001) a

legislação da comunidade européia evoluiu do “direito de ser informado”, passando pelo “direito

de conhecer” chegando ao “direito de participar”. Como referência, são definidos os princípios

de cada um desses direitos:

O Direito de Ser Informado vem da constatação de que serviços de informação são

benéficos para a população ao atingirem questões do interesse de todos, como saúde e

segurança.

O Direito de Conhecer difere basicamente do anterior, ao assumir que a informação

não é somente necessária, mas sim um princípio mátrio das pessoas, que por sua vez

terão a liberdade de definir o que querem e o que precisam conhecer.

O Direito de Participar detalha como cada cidadão, bem informado e conhecedor do

meio em que está inserido, pode envolver-se em situações em que participe diretamente

de decisões relacionadas a questões ambientais e de saúde.

No Brasil pode-se citar como caso de processo de participação, às audiências públicas nas quais

serão apresentados os objetivos para o licenciamento ambiental de empreendimentos e seu

Relatório de Impacto Ambiental-RIMA. O RIMA é um documento que integra a atividade de

licenciamento ambiental de empreendimentos que causam grandes impactos ambientais. A

Resolução CONAMA 01/86 estabeleceu um conjunto mínimo de atividades que devem ter

Estudo de Impacto Ambiental - EIA e seu respectivo RIMA. Acrescenta ainda, que este último

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documento deve estar disponível, respeitando o direito de conhecimento do público, mesmo

durante sua análise técnica e prevendo a possibilidade de realização de audiência pública para

conhecimento do projeto e discussão do RIMA.

Mas foi a Resolução CONAMA 09/87 que estabeleceu como deve ser o processo de convocação

e a realização de audiência pública. Observa-se porém, que esta é apenas uma tentativa de fazer

valer o Direito de Participar, já que uma observação crítica se faz necessária, para entender

porque de fato esta não é uma forma de participação efetiva, conforme a definição desse

princípio, explicitado anteriormente.

A crítica vem justamente da constatação de que quando ocorre a audiência pública, já passou o

momento efetivo de intervir e participar de decisões relacionadas ao empreendimento, ou seja,

conforme a Resolução CONAMA 09/87, a audiência pública gera uma ata em que podem ser

anexados documentos apresentados na seção, e estes servirão de base juntamente com o RIMA

para análise e parecer final. Isso que dizer que o projeto está engessado na sua aprovação ou

não, não existindo o direito de flexibilizá-lo ou amoldá-lo as realidades expostas pela comunidade

nas audiências públicas. Acrescenta-se também, é claro, que para uma efetiva participação da

comunidade, antes é preciso que os direitos de Ser Informado e de Conhecer sejam de fato

exercidos.

No caso do Estado da Bahia, um caminho para a participação efetiva, nesses casos, foi

vislumbrado e materializado através da Resolução CEPRAM 2.929/2002 que aprovou norma

técnica que dispõe sobre Avaliação de Impacto Ambiental. Essa resolução define e detalha que

deve ser realizada anteriormente ao EIA-RIMA, uma Audiência Prévia com a comunidade, e

também define conceito de Participação, conforme itens 5.20 e 5.22 in verbis:

“Audiência Prévia: Reunião prévia com a comunidade na área de influência do

empreendimento, tendo como finalidade apresentar o escopo básico do projeto, metodologia a ser

adotada no desenvolvimento dos estudos, bem como colher subsídios para a elaboração do termo

de referência do estudo de impacto ambiental e/ou estudos ambientais;”

“Participação: Mecanismo pelo qual o CRA faculta ao(s) empreendedor(es) e a(s)

comunidade(s) o envolvimento nas etapas do processo de Avaliação de Impacto Ambiental,

através de realização de reuniões técnicas, inspeção de campo conjunta, elaboração de Termo de

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Referência, realização de Audiências Prévias e Públicas e discussão dos condicionantes da

licença.”

Em nível nacional, verificando-se sob a ótica do direito positivo em relação aos Direitos de ser

Informado, de Conhecer e de Participar, temos muitos instrumentos que já citam ou prevêem,

em legislações ligadas ao meio ambiente, diversos sistemas de informação, ou seja, as ferramentas

básicas para a consecução dos objetivos sociais amplos desses direitos.

Uma das primeiras iniciativas no Brasil, de um “sistema que tenha por objetivo a sistematização,

o tratamento, o armazenamento e a disponibilização de informações e dados ambientais remonta

ao início da década de 1980”, quando a Política Nacional de Meio Ambiente estabeleceu o

Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente – SINIMA como um dos seus

instrumentos (IBAMA 2002, p. 17). Outros exemplos, já citados anteriormente, são Políticas

Estaduais de Meio Ambiente, como a Lei que estabelece o Sistema Estadual de Administração

Recursos Ambientais – SEARA no Estado da Bahia, diversas normas e ainda leis na área de

recursos hídricos, resíduos etc. Especificamente na Bahia, existe no Art. 19 do Decreto Estadual

7967/01 que regulamentou o SEARA, o Sistema Estadual de Informações Ambientais - SEIA,

que tem como objetivo dar à sociedade amplo acesso às informações sobre a qualidade do meio

ambiente, o uso dos recursos naturais, as fontes degradadoras, a presença de substâncias

potencialmente danosas à saúde nos alimentos, na água, no ar e no solo, e as situações de riscos

de acidente.

Ora, então não são questionados os instrumentos legais que possuímos e sim as causas de sua

não implementação. Dentre as dificuldades em implementar verdadeiros Sistemas de Informação

Ambiental - SIA, em toda sua complexidade, as explicações normalmente são aquelas já

tradicionalmente conhecidas, principalmente em empresas públicas, onde falta mão-de-obra

qualificada, falta cultura e visão do valor da informação e, principalmente, faltam prioridades na

aplicação dos recursos financeiros disponíveis. A conseqüência é que não passamos ainda de

banco de dados desorganizados, quando existem, e que não realizam as demandas conceituadas

para os SIAs, como “cruzamento de variáveis, análises e avaliações, caracterização de tendências,

tratamento prospectivo e tratamento estocástico em ambientes de incerteza, enfim, informações

efetivas de suporte à decisão” (BRAZILIAN ENVIRONMENTAL MALL, 2001).

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Na Constituição Federal Brasileira, podemos citar diretamente como garantia do acesso e

recebimento de informações ambientais, o Artigo 5º da carta magna em seus incisos XIV e XXIII

respectivamente. O primeiro assegura a todos o acesso à informação e o segundo garante o

direito de receber dos órgãos públicos, informações de seu interesse particular, ou de interesse

coletivo ou geral, onde podemos colocar aquelas de caráter ambiental, por sua característica

difusa.

Em conjunto com esses entendimentos, também buscamos novas interpretações da constituição

que garantam ao cidadão o direito de ser bem informado e, portanto, de ter condições de exercer

melhor sua cidadania. No Artigo 3º, Inc. III, temos previsto, como princípio fundamental, a

erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais, bem

como no Art. 6º é garantida, como direito social, a educação.

Nada mais adequado, portanto, que a própria carta magna do Estado Brasileiro, para subsidiar o

raciocínio de que marginalização e desigualdade social também são conseqüências da falta de

informação, seja através da inexistência formal ou através de falhas no processo pedagógico da

educação ou ainda na incompetência da divulgação de informações por diversas mídias e pelo

poder público, e que, portanto, uma política adequada de informação, inclusive ambiental, deve

ser considerada como genuíno direito da sociedade. As conseqüências de falhas na

implementação desse direito são encontradas em todos os setores da sociedade brasileira,

refletidas inclusive na representação política e na defesa dos interesses sócio-ambientais.

Para legitimar mais ainda o direito à informação, e desta feita nos voltamos para o cunho

ambiental, observamos que na Constituição Federal existe um capítulo inteiro dedicado ao meio

ambiente, e que, como prerrogativas básicas, são colocadas no Art. 225: “meio ambiente

ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida” e ainda que “é imposto ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo para as

presentes e futuras gerações”. O raciocínio lógico, por conseguinte, fornece todos os subsídios

para que a sociedade exija e faça valer o direito constitucional à informação ambiental de

qualidade e disponível a todos, como uma premissa básica para o exercício desses direitos e

deveres ambientais, exarados na constituição.

Sabemos, ainda, que o papel de divulgar informações ambientais é apenas a ponta final do

processo de obtê-la e um objetivo apenas inicial. Porém, mesmo sendo tão primária a noção de

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que a sociedade tem direito pleno à informações ambientais, parece ainda distante para nós, e

para a maioria dos países em desenvolvimento, o dia em que teremos facilidades de acesso à base

de dados e, posteriormente, de encontrar as informações desejadas. Por muitas vezes, essas

dificuldades mal conseguem sair de dentro das próprias organizações, dentre quais destacamos

principalmente as públicas.

Assim, considerando uma parte da doutrina do sistema em que estamos vivendo atualmente, o

Estado deve fomentar medidas de modernização do seu aparelho estatal, utilizando instrumentos

de regulação e regulamentação que simplifiquem e otimizem as suas ações, visando a promoção

do desenvolvimento econômico e social da nação (BURSZTYN, 1991).

No caso do Brasil ainda teremos muito que caminhar. No entanto, muitas iniciativas já podem ser

adotadas, pelo atual e pelos governos seguintes. Regulamentos que clareiem as formas de acesso a

informações públicas devem ser adotados; seria o mesmo que dizer, fazer valer os que já existem,

principalmente na área ambiental, para garantir à sociedade a possibilidade de obter informações

qualificadas.

Iniciativas tais, como a do Escritório de Estatística das Nações Unidas (EENU) e da Conferência

de Estatísticos Europeus, que criaram os Esquemas para o Desenvolvimento de Estatísticas

Ambientais (EDEA), como esquemas provisórios para sistematizar informações ambientais, em

sociedades com grande degradação do meio natural, também poderiam servir de base para

atitudes de intervenção governamental em áreas críticas (MUELLER, 1992).

Uma iniciativa direta do Governo Brasileiro poderá ser a de privilegiar a difusão de suas

informações públicas através de mídias eletrônicas como a internet, desde que, como condição

sine qua non, seja feito um amplo programa junto às escolas e bibliotecas, com o apoio de outras

instituições públicas ou privadas, que atuem como parceiras ativas, para disseminar o

conhecimento eletrônico, criar postos públicos de acesso à internet e com isso ajudar a evitar a

exclusão digital dos cidadãos.

Esse raciocínio já encontra eco no Programa Sociedade da Informação do Ministério de Ciência e

Tecnologia, onde se considera que a universalização dos serviços de informação e comunicação é

condição fundamental para a construção de uma sociedade da informação para todos. O

programa considera ainda que se deve trabalhar no sentido da encontrar soluções efetivas para

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que “pessoas dos diferentes segmentos sociais e regiões tenham amplo acesso à Internet”

(TAKAHASHI – LIVRO VERDE, 2000, p. 31). Nesse sentido também aponta como opção

mais imediata para universalização do acesso à internet, justamente instituições de ensino,

induzindo inclusive a participação do setor privado nas ações nesse sentido, seja na celebração de

convênios, seja em projetos que utilizem os recursos do Fundo Federal de Universalização dos

Serviços de Telecomunicações – FUST.

Não devemos esquecer do papel de empresas e organizações do terceiro setor no

desenvolvimento de atividades para divulgar informações ambientais, independentemente de

parcerias governamentais. Essas ações significam o cumprimento das responsabilidades sociais

desses grupos dentro de diversos objetivos. O papel dessas mídias, nesse caso, parece bastante

variado, desde a função de denunciar agressões contra o meio ambiente, passando para a

realização da tarefa árdua, de formação da consciência de que os problemas ambientais que

enfrentamos estão intrinsecamente relacionados com o nosso modelo de desenvolvimento e

nossas próprias atitudes, e chegando até o papel de diferenciar produtos e serviços de empresas

com viés ambientalista.

Considerando ainda a premissa expressa por Berna (2001a) de que “sem democratização da

informação ambiental dificilmente haverá pleno desenvolvimento da cidadania ambiental”, seria

de se esperar que o setor da grande mídia pudesse se interessar pela oportunidade de oferecer aos

diversos grupos interessados as mais variadas gamas de informativos de cunho ambiental. No

entanto, segundo Berna (2001a), após a ECO92 o interesse da grande mídia diminuiu e

paradoxalmente aumentou o interesse de um grupo específico e multiplicador da informação

ambiental.

O público interessado vai de pessoas que já desenvolveram a percepção de diversos valores

ambientais, até um público altamente especializado, de empresários, técnicos a militantes

ambientalistas. No entanto, apesar da existência desse público, a grande mídia em geral, passa a

oferecer somente eventos esporádicos de cunho ambiental e de grande repercussão, como

acidentes e grandes empreendimentos capazes de causar grandes impactos.

Uma provável explicação para o fato é o de que o público interessado em questões ambientais é

altamente especializado, e que as informações e o entendimento de questões como poluição do

ar, água, resíduos sólidos, papel de florestas, manguezais, ecossistemas em geral e até mesmo de

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organismos específicos animais e vegetais para um equilíbrio sistêmico do globo são de difícil

apreensão.

A dificuldade desse entendimento, mostra uma confrontação entre o que se deseja hoje pela parte

consciente da sociedade e a herança de um comportamento cultural antigo, cuja visão mostrou a

partir do advento religioso, principalmente de manifestações cristãs históricas, que a civilização,

primordialmente ocidental, colocou a natureza como fonte inesgotável de matéria a serviço do

homem (WHITE, 1967). Essa visão antropocêntrica encontra ainda, eco no comportamento da

mídia comercial, em contraposição ao comportamento desejável da formação de cidadãos

conscientes e atuantes em relação aos problemas do globo.

Com a conjuntura acima acabaram surgindo veículos alternativos e especializados para

informação ambiental, que se encontram divididos entre os institucionais e os do terceiro setor.

As formas de divulgação são as mais diversas, de jornais e boletins vendidos ou enviados como

mala direta, até mais recentemente o surgimento de diversas páginas na internet.

A mídia institucional representa a garantia da divulgação da imagem das atividades e das posições

políticas, junto aos associados e público alvo, de empresas em geral e governos. Aliás a

preocupação com a imagem, como sendo ecologicamente correta, tem se mostrado estratégica

para a diferenciação de muitos serviços e produtos oferecidos a sociedade. Vai ser, todavia,

dentro do segmento de mídias ambientais especializadas e de caráter não institucional, que

ocorrerá uma regularização da quantidade e qualidade de informações ambientais oferecidas,

muitas vezes de maneira segmentada e complementar a especialistas, empresas, estudantes e

profissionais. A ação das ecomídias das ONG’s, como “instrumentos a favor da democratização

da informação” (BERNA, 2001b, p. S.I.), mostra que apesar das dificuldades encontradas no

mercado, para garantir contas, patrocinadores e anunciantes, a ação dos agentes multiplicadores

de informação ambiental tem se tornado cada vez mais freqüente e respeitada por empresas e

governos, a ponto de se tornarem instrumentos de pressão, denúncias e reinvidicação que por

vezes se tornam bastante eficazes.

3.2 ORGANIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO

As formas de divulgação da informação ambiental, de forma direta ou já em forma de

conhecimento, através de diversas mídias e com ação de diversos atores estatais ou privados, são

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primordiais para gerar a energia necessária ao movimento da massa social, em direção da

apreensão e do alicerçamento de novos conceitos e do surgimento de forças transformadoras dos

paradigmas atuais. Seria o mesmo que reconhecer que a informação gerada, organizada, tratada e

divulgada estaria redirecionando o já velho-novo conceito de Toffler, para o conceito de que não

estamos vivendo uma época de muitas e intensas mudanças, mas sim a mudança de uma época,

significando o salto paradigmático.

No entanto, a organização de administradores, dirigentes, dos diversos segmentos da sociedade e,

enfim, todos os atores sociais, como atuantes dinâmicos e participativos numa organização em

rede, com valores e direitos ambientais, têm que passar necessariamente pela resolução do

conflito entre a individualização do ser e a organização social globalizada e universal. Essa

dicotomia é possibilitada pelo uso de novas tecnologias de informação.

A despeito dessas mudanças, principalmente notadas a partir do final do século passado, a

revolução da informação “está remodelando a base material da sociedade em ritmo acelerado”

(CASTELLS, 2000, p. 21). No entanto, em virtude dessa remodelação, às vezes confusa e

incontrolada, as possibilidades de manipulação e as desorganizações e crises institucionais

políticas fazem com que as pessoas da sociedade se reagrupem em torno de identidades

primárias, definidas por sua vez em torno de atributos, principalmente culturais. Com isso,

segundo Castells (2000, p. 23),“Segue-se uma divisão fundamental entre o instrumentalismo

universal abstrato e as identidades particularistas historicamente enraizadas”.

Aguiar (1994), acrescenta sob o ponto de vista histórico das transformações nos modos de

produção, que a partir das revoluções burguesas e do advento das indústrias, o homem sentia-se

só à parte do cosmos e descrente das religiões. Toda essa percepção era impulsionada pela razão,

que o fazia alienado do seu corpo e submetido à nova ordem produtiva. A conseqüência disso era

o seu total direcionamento para si, individualmente, deixando de lado a visão das organizações.

Até mesmo o surgimento de um Direito nessa época, aparecia como “um conjunto de normas

para regular a conduta dos indivíduos” (AGUIAR, 1994), sendo encarado como neutro e

mediador das concorrências apenas individuais dos cidadãos. Hoje em dia, nesse contexto, o

direito, como regulador das atividades humanas, teve que se modificar, passando do limite do

direito nacional para o direito maior que o Estado, imerso na sociedade e explicitado pelas lutas

dos grupos que a compõem.

Page 66: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

54

Dentro da análise dos mecanismos de internalização de valores ecológicos pelas sociedades,

surgem, num contexto filosófico mais amplo, as questões que vão delinear a noção de

informações coletivas. Estas, por sua vez, definirão os modos de integração do mundo em redes

globais instrumentais, e a noção de identidades individualizadas, fundamentais como princípios

libertadores, de autoconservação e autopreservação dos seres.

Na mesma linha comparativa desses dois últimos princípios acima, descritos por Morin & Kern

(1995), nota-se que eles são complementares e ao mesmo tempo paradoxais com o passo

seguinte, apontado pelos autores, para a sociedade: o de alcançar a autotranscendência. Temos

um fato inexorável, de que a sociedade, mesmo cultuando as identidades próprias do ser, fará,

através da evolução natural e tecnológica dos sistemas de informação e da formação de redes, a

subversão dos conceitos tradicionais de sujeitos separados e individualizados. Seria talvez como a

resolução conciliada dos conflitos citados por Castells (2000), entre globalização e identidade,

novas tecnologias e memória coletiva, ciência universal e culturas comunitárias e entre a Rede e o

Ser.

Entre os diversos atores ambientais da sociedade, dos órgãos governamentais responsáveis pela

gestão ambiental municipal, estadual ou federal, passando pelos profissionais que atuam como

técnicos especializados em meio ambiente, os pesquisadores e cientistas, também os empresários

cujos empreendimentos causam impactos ambientais, as organizações sociais do terceiro setor,

nos seus mais diversos níveis – como ONG’s, sindicatos, movimentos culturais etc – e até

mesmo a sociedade como um todo, dentro do mosaico de seus componentes, vem surgindo a

compreensão e a internalização de que a solução dos problemas e conflitos ambientais não se

resolve de forma isolada, mas através de uma ação sistêmica e capaz de afetar sem distinção, o

bem-estar de todos os envolvidos de uma região e, em escala maior, de todo o planeta.

Qual seria o caminho natural então? A busca de parcerias e diálogos entre esses atores seria a

resposta lógica. No entanto, surge uma dificuldade de ordem das identidades dos grupos sociais

ao defenderem suas posições. Os argumentos utilizados parecem supor um convencimento de

que determinada forma de pensamento é presunçosamente superior a outras. Esquecem, no

entanto, da própria epistemologia da palavra Convencer, originária do latim convincere e que

significa adquirir certeza ou ainda persuadir com razões e argumentos. Aqui se faz presente

a importância da informação como balizadora para as discussões dos grupos sociais, em busca de

uma convergência para os seus interesses.

Page 67: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

55

Assim, dentro da conflituosidade de tratamentos que o direito à informação e serviços ambientais

representam, do individual para o social como um todo, dever-se-á focar a concepção do direito

amplo, plural, difuso e advindo sempre de padrões políticos e sociais, definidos por meio desses

conflitos entre grupos organizados.

3.3 O STATUS DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL

Ao se analisar definições da Ciência da Informação, de caráter comportamentalista e funcionalista

nos deparamos com duas vertentes, em que a 1ª seria a informação enquanto elemento regulador

de sistemas, analisado sob o ponto de vista da comunicação, tendo como referência à eficácia, a

regulação e a homeostase; a 2ª vertente seria aquela que vê na informação um fator de mudança e

de alteração de estruturas (MARTELETO, 1987). Considerando a evolução histórica das Políticas

Nacionais de Informação a partir dos anos 70, temos: década de 70 “a maioria das mesmas

refletiam centralmente a ênfase ao desenvolvimento científico e tecnológico, privilegiando a

criação e armazenamento de informações correlatas” (LASTRES & AUN, 1997); década de 80

“as políticas passaram a valorizar a criação de infra-estrutura de informação para a comunicação e

utilização das milhares de bases de dados” (BRAZILIAN ENVIRONMENTAL MALL, 2001);

finalmente na década de 90 com a rápida migração de dados analógicos para digitais, e o aumento

exponencial da capacidade de armazenamento e comunicação, a geração, manipulação, uso e

distribuição de informações passou a ter função estratégica significativa sendo priorizadas pelas

políticas de informação.

Nitidamente percebemos que no Brasil, em pleno regime de exceção na década de 70, muito se

praticava, em termos de políticas de informação em relação ao que se descreveu acima para esse

período, mas não aquela política relacionada a 2ª vertente das definições de ciência da

informação, já que informação como fator de mudança significaria uma ameaça ao regime

totalitário que antes se impunha. Aparentemente, países como o Brasil anteciparam de forma

distorcida, a doutrina liberal que acredita ser funções do Estado aquelas reduzidas à ações

mínimas relacionadas a soberania da nação como defesa, justiça e polícia, sendo as demais

funções, onde aí estava a divulgação de informações ambientais, exercidas pelas mãos invisíveis

do mercado (BURSZTYN, 1991).

Page 68: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

56

Essa histórica falta de ação do Estado Brasileiro na questão da divulgação de informação, deixou

heranças indesejáveis quanto ao desenvolvimento da gestão de informação ambiental no Brasil.

Um exemplo disto é a permanente alternância de poder que atinge a estrutura da administração

pública e que gera a obliteração de projetos de médio e longo prazos, já que não considera que “a

organização e manutenção dos recursos de informação deveriam ser uma atividade contínua e

não de projetos parciais” e que a gestão da informação “em nível básico não se altera na

alternância de poder” (URBAN, 1994, p. 82). Essa Cultura da falta de visão ampla com relação a

informação, pode ter sido herdada da filosofia do medo da mudança, que controlou por muito

tempo as informações que poderiam ou não ser comunicadas no Brasil.

Há de se observar, no entanto, que para o caso de informações de meio ambiente que tratamos

aqui, as políticas aplicáveis terão que se inclinar, segundo Lastres & Aun (1997), para uma de duas

tendências: a de que a informação passa a ser componente fundamental para a agregação de valor

a produtos e serviços tornando-se essencial para a competitividade das organizações e países; ou a

de que a informação deve ser tratada com um bem e direito público, sendo importante

contribuição na área social. Nos dias atuais, está ocorrendo uma reorientação das estratégias,

principalmente dos países desenvolvidos com relação ao desenvolvimento da área de informação

e das políticas adotadas devido a novos fatores, dos quais Lastres & Aun (1997) destacam:

A crescente importância dos fluxos universais de informação

A criação de possibilidades que permitam além do acesso, a transformação de

informações em conhecimento, incluindo criação e fomento a novas bases de

conhecimento e capacitação de organizações, profissionais e sociedade.

Novo papel de intervenção e política pública no estabelecimento de novas formas de

coordenação, regulação, financiamento, definição de padrões, articulação, ética, segurança

e privacidade nos fluxos de informação.

Reestruturação de instituições chave e desenvolvimento de novos formatos

organizacionais (descentralização, terceirização, formação de redes etc.). Novas estratégias

de atuação e interação com parceiros.

Em relação às tendências apontadas por Lastres & Aun (1997), nos direcionamos para dois

fatores que merecem discussão: um é o conceito de informação ambiental gratuita e para todos,

que tanto foi falado até aqui, e o segundo é sobre o sigilo de informações privadas.

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57

Dentro do primeiro fator, particularmente acredito que para funcionar dentro do serviço público,

devemos trabalhar com um SIA, e que a estrutura administrativa do Estado tem que estar

preparada para ser inter-relacional, dinâmica e pouco burocrática. Um SIA pode ajudar a difundir

informações ambientais, somente quando se quebrar a cultura, bastante enraizada, (URBAN,

1994) na administração pública, de que as informações são contingenciadas dentro das

repartições e amarradas por controles burocráticos, em oposição ao conceito de que deveriam ser

correntes, transparentes e disponíveis para a sociedade e tantas quantas repartições a desejarem.

Se o conceito é que na era atual a informação é que tem valor, sendo o verdadeiro ativo das

organizações, então temos que dar um caráter comunitário ao acesso a essas informações, sem

deixar de pensar que tornando-a pública, deixaríamos de ter ganhos, lucros e que

conseqüentemente ficaríamos imobilizados, num engessamento que desestimularia a geração de

novos conhecimentos. Apesar de parecer contraditório, a idéia é exatamente oposta a isso, já que

o conhecimento difundido livremente, teria um potencial de ser multiplicado inúmeras vezes,

gerando debates e a evolução do mesmo. Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 92)

colocam que sob o ponto de vista daqueles que vêem a informação como um bem público e

distinguem que a informação tem características econômicas atípicas como a capacidade de “se

expandir , ser completada, substituída, transportável, difusa e compartilhada”. Consideram ainda

que como produto ou mercadoria, a Informação, não se deprecia, é disponível e tem um valor

que cresce com a reutilização. Desta forma, segundo Young (apud TARAPANOFF; ARAÚJO

JÚNIOR e CORMIER, 2000, p. 92) o argumento do bem público afirma que o acesso amplo à

informação resulta em um uso crescente que beneficia a sociedade como um todo, e não apenas

partes desta sociedade.

Mesmo o cenário que fica, sob os auspícios dos conceitos acima, ainda poderá ir ao encontro de

característica inerente da alma humana, quando, quem soubesse lidar melhor com a informação

difundida livremente, adquirindo conhecimento e gerando inteligência, teria melhor possibilidade

de se beneficiar com novos serviços, produtos e negócios, oriundos dessas informações, e

explorados sob um viés de caráter economicista que tanto satisfaz o homem. Enfim teríamos sim

uma dura competição, onde a matéria prima, a informação, estaria disponível a todos e o conceito

darwiniano de seleção natural estaria transmutado para a seleção da informação, do

conhecimento e da inteligência dentro da própria sociedade humana e de suas organizações.

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Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 93), aprofundam essa discussão, colocando um

contraponto, ao acrescentar, com propriedade, que o grau de livre acesso às informações depende

da viabilidade orçamentária da existência de bibliotecas, centros e sistemas de informação e de

documentação, vistos tradicionalmente como bens públicos. Apesar de considerar que essas

sempre foram organizações sem fins lucrativos, que a prestação de serviços para os indivíduos e a

sociedade se dá de forma cada vez mais acentuada pela Internet, a questão levantada por Young

(apud TARAPANOFF; ARAÚJO JÚNIOR e CORMIER, 2000), é como garantir o

funcionamento de sistema de informação e bibliotecas, se nas duas últimas décadas tem havido

redução orçamentária, tanto no Brasil como no exterior, para essas atividades. É mencionado que

entre outras soluções para esse problema, aflora a possibilidade de cobrança da prestação

diferenciada de serviços e produtos informacionais em que esses setores, vistos como unidades

de negócio, passam a ver, hoje, a informação como “um bem econômico, que pode ser vendida

em forma física ou na forma de comércio eletrônico, e não mais apenas como um benefício

cultural ou social”.

Para Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 92) as discussões sobre, livre acesso à

informação, barreiras para o livre acesso à informação pública e cobrança direta por serviços

bibliotecários com valor agregado, estão em pleno andamento. Os autores colocam, no entanto,

que a questão principal é a definição do que é bem público. Acrescentam que “a importante

distinção entre informação como bem público e informação como bem econômico (commodity)

está na diferença entre a informação a serviço da eqüidade social e aquela que oferece um

portifólio de serviços, representando vários graus de eficiência, a preço compatível de mercado

competitivo”.

Não seria o caso novamente de separar aquelas informações ambientais, de interesse coletivo,

oriundas de órgãos públicos e cujo acesso e direito à informação estão claramente ressalvadas na

constituição brasileira? Parece que esse raciocínio indica a necessidade de políticas públicas que

garantam os recursos necessários para o funcionamento das unidades de informação ou seja as

bibliotecas, centros e sistemas de informação e de documentação governamentais.

Marinho (2001, p. 70), também menciona esse entendimento para a União Européia que

“estabeleceu a obrigação de transmitir as informações relativas ao meio ambiente que sejam de

conhecimento dos governos, a quem as solicite”. O autor acrescentou citando a Agência de

Proteção Ambiental dos Estados Unidos ou Environmental Protect Agency – EPA (2000), e

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59

informa que naquele país é utilizada a internet para a obtenção de informações ambientais para

qualquer cidadão ou instituição. Essas informações são relativas à segurança e qualidade

ambiental e dizem respeito tanto a produtos como a riscos existentes em zona específicas do

interesse do solicitante.

A partir daí nos deparamos então com o desafio de ter acesso a informações ambientais oriundas

de atividades privadas e que estejam protegidas sob a alegação de sigilo. No caso da base de

dados sobre o Toxic Release Inventory - TRI ou Inventário de Emissões Tóxicas dos Estados

Unidos, relativo às emissões, transferências, venda e disposição de determinados produtos

químicos, a EPA através dos relatórios anuais exigidos em lei, das empresas que tem essa

atividade, torna disponível essas informações, utilizando inclusive a Internet (USEPA apud

MARINHO, 2001, p. 72). O conhecimento público sobre a atuação dessas empresas e sobre sua

capacidade para diminuir a emissão ou o transporte de substâncias tóxicas, deve ser um caráter

diferencial para a opinião pública já que Furtado (apud Marinho, 2001, p. 72) cita que menos de

1% das empresas reivindicam a cláusula de sigilo quanto às informações sobre resíduos gerados e

liberados.

A questão do sigilo é realmente polêmica já que o entendimento “do que seja o sigilo industrial e

do que possa interferir na competitividade das empresas limita a informação que pode ser

disponibilizada” (MARINHO, 2001, p. 73). Singer (2003) vai mais além e critica a não

disponibilização do Conhecimento gerado por iniciativa privada, ou seja, aquilo que surge da

análise e interpretação da Informação. Singer (2003) menciona que, “como regra geral, só se

produz conhecimento novo estudando e incorporando ou criticando e rejeitando conhecimentos

anteriores” e acrescenta que no caso de serem protegidos por sigilo industrial, apenas o detentor

da patente terá “acesso a conhecimento indispensável à produção do novo”. Dessa forma, o

autor afirma que ocorrerá uma concentração do conhecimento nos países que detêm a maioria

dos direitos de propriedade intelectual e que para aqueles que integram o 3º Mundo, ocorrerão

impossibilidades de produção de novos conhecimentos e o agravamento da dependência

econômico-financeira em relação aos países mais desenvolvidos.

Essa discussão vai muito além, no sentido da proteção de propriedades intelectual e de direitos

autorais. Cerqueira Neto (apud Guimarães, 2000, p. 5), fala por exemplo que o processo de

inovação tecnológica, “é aquele em que se busca desenvolver e comercializar novas tecnologias,

embutidas ou não em processos, produtos ou serviços colocados à disposição dos mercados,

Page 72: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

60

sendo cercadas de regras de sigilo e de proteção, com sua difusão ocorrendo de forma restrita e

controlada”.

A questão relevante a ser colocada é qual é o limite para se exigir sigilo no caso de informações

ambientais que estejam sob a guarda e análise de órgãos públicos. A política Nacional de

Arquivos Públicos e Privados (Lei 8.159/1991) indica, no seu Artigo 7º, que são arquivos

públicos “os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades,

por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrência

de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias” entre outras definições constantes

também no Decreto Federal 2.942/1999.

Segundo o Decreto Federal 2.134/1997 que dispõe sobre documentos públicos sigilosos e seu

acesso. Os órgãos públicos devem forma uma Comissão Permanente de Acesso que poderão

“autorizar o acesso a documentos públicos de natureza sigilosa a pessoas devidamente

credenciadas, mediante apresentação, por escrito, dos objetivos da pesquisa” (Art 9º), ressalvando

porém no Artigo 10 que “o acesso aos documentos sigilosos, originários de outros órgãos ou

instituições, inclusive privadas, custodiados para fins de instrução de procedimento, processo

administrativo ou judicial, somente poderá ser autorizado pelo agente do respectivo órgão ou

instituição de origem”. Isso cabe dizer que informações ambientais contidas em documentos e

estudos originados de entes privados para, por exemplo, subsidiar a análise de processos de

licenciamento ambiental poderão estar nessa circunstância, caso o sigilo seja pedido e declarado.

Nesse ponto cabe, com extremo cuidado a análise do que realmente pode ter necessidade de

sigilo. Entre as definições e categorias que o decreto 2.134/1997 oferece para sigilo, as que irão

mais se aplicar para informações ambientais dentro de OEMAs são aquelas que podem ser

considerados confidenciais e reservadas (Artigos 15-III e IV, 18 e 19). Na primeira, há o

entendimento que “o sigilo deve ser mantido por interesse do governo e das partes e cuja

divulgação prévia possa vir a frustrar seus objetivos ou ponha em risco a segurança da

sociedade e do Estado” (grifo nosso), e na segunda, o entendimento mais aplicável, é sobre

documentos “cuja divulgação, quando ainda em trâmite, comprometa as operações ou

objetivos neles previstos” (grifo nosso). Essas classificações poderão ser feitas pelos dirigentes

máximos das OEMAs ou pessoas que receberam delegação para esse fim.

No caso do Estado da Bahia, o Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA estabelece

que o pedido de sigilo de informação, deve se feito de forma fundamentada pelo interessado,

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61

tendo sua pertinência analisada pelos órgãos integrantes do SEIA e que após confirmação do

pedido de sigilo, essas informações terão sua divulgação proibida. A Lei Federal 10.650/2003

sobre o acesso a informação ambiental pelos órgãos do SISNAMA, que só entrará em vigor a

partir de junho deste ano, também vai nesse sentido, ao prever que o pedido de sigilo seja feito

pelo interessado de forma justificada. O SEIA entretanto, dá um passo para garantir a liberdade

de informações sobre a qualidade do meio ambiente ao expressar no Artigo 30, §3 do Decreto

7.967/2001 que, “não serão consideradas sigilosas as informações referentes às características e

quantidades de poluentes emitidos para o ambiente, bem como outras de interesse da

comunidade, para defesa de sua qualidade de vida e do ambiente”. Acrescentamos ainda, que a

classificação do documento como sigiloso, poderá inclusive ser alterada, tornando-o ostensivo,

considerando o interesse para a pesquisa e para a administração (Decreto 2.134/1997, Art. 22).

São muitos os assuntos comentados aqui, eles vão da transformação do Dado á Inteligência, da

evolução da postura dos governos rumo à difusão necessária de informação ambiental, dos meios

utilizados para essa divulgação, sobre como os usuários historicamente se organizam em suas

relações com o meio ambiente e hoje em dia como podem se organizar para acessar e trocar

melhor essas informações, e finalmente, como essas informações são vistas e como adquirem

novo status, de acordo com sua dinâmica e seu valor na nossa sociedade. Dentro dessa gama

abordada, chama atenção a relação direta e em mão dupla da:

PARTICIPAÇÃO PÚBLICA INFORMAÇÃO AMBIENTAL

Donde podemos assumir, que hoje não estamos mais em um processo onde ficamos esperando a

boa vontade do poder público, para divulgar informação ambiental, mas, parece que já estamos

em um estágio em que a entropia do sistema fará sempre aumentar a participação da sociedade

bem informada na gestão do seu território e quanto mais isso acontecer, mais o homem estará em

busca e exigindo informação ambiental.

Devemos resgatar nesse momento, um dos objetos dessa pesquisa e os conceitos abordados no

capítulo 2 desta dissertação, para aplicar a toda discussão efetuada nesse contexto. Queremos crer

que fica mais nítida agora, a percepção de que toda a complexidade de relações que tem lugar

numa Unidade de Conservação da natureza, notadamente em uma Área de Proteção Ambiental –

APA, também só deverá conseguir se consolidar e ter sucesso, dentro dos seus objetivos, quando

for alcançada a consciência de que a informação ambiental permeia toda a rede de relações para

estas Unidades de Conservação, conforme propomos para encerrar este capítulo, de forma

simplificada através da Figura 3.2.

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62

UNIDADE

DE

CONSERVAÇÃO

PLANEJAMENTO AÇÃO E PRESERVAÇÃO

AMBIENTAL AMBIENTAL

CONFLITOS POLÍTICAS PÚBLICAS

AMBIENTAIS

Figura 3.2: Informação Ambiental permeando a estrutura de uma Unidade de

Conservação

Page 75: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

63

CAPÍTULO 4

SISTEMA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE APAs NA BAHIA

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4 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE APAs NA BAHIA

Neste capítulo, será tratada a implementação do sistema piloto de informações ambientais

georreferenciadas, que foi desenvolvido neste trabalho. Foi focado um aspecto importante para a

gestão de Áreas de Proteção Ambiental – APA, especificamente a APA do Litoral Norte do

Estado da Bahia, que é o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, fundamental instrumento

de ordenamento do uso dos recursos naturais locais.

Considerando o artigo de Albagli (1995), podemos sintetizar a ligação entre a necessidade de

informação e APAs, ao considerar que a autora discute o papel da informação ambiental no

modelo de Desenvolvimento Sustentável que perseguimos. Ao se referir às variáveis sociais,

econômicas, político-institucionais e ambientais do binômio meio ambiente e desenvolvimento e

correlacionar informação como fator essencial no projeto de sustentabilidade desse

desenvolvimento, Albagli nos permite traçar um paralelo, guardadas as devidas escalas, em

relação as APAs como unidades territoriais completas para a prática do desenvolvimento

sustentável, já que este tipo de unidade de conservação traz, intrinsecamente relacionadas em si,

todas essas variáveis apontadas. A autora acrescenta então com propriedade para fechar essa

comparação, que “informação é estratégia para instrumentalizar os diferentes atores para o

exercício da parceria”, e esta parceria é aspecto fundamental para a prática do desenvolvimento

sustentável e para a prática do modelo de gestão de APAs apontado por Abreu & Azevedo

(2002).

Um Sistema de Informação para APAs então, deve trazer uma organização e formato que

permita o cumprimento dos Direitos de ser Informado e Direito de Conhecer, apontados por

De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001). Ao mesmo tempo ele deve servir como ferramenta

básica para subsidiar os atores no exercício do seu Direito de Participar da gestão do seu

território.

Entre as informações apontadas anteriormente como necessárias para integrar um SIA para

APAs, estão entre outras, o Mapa da poligonal da APA, inserido no território e o seu

Zoneamento Ecológico–Econômico. O ZEE é um instrumento que traz não apenas informação,

mas também conhecimento, já que reflete a interpretação e agregação de valores em uma série de

informações sobre vários outros aspectos do território, considerando ainda que foi elaborado a

partir de informações contidas no diagnóstico ambiental da APA. No caso de APAs, a Resolução

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do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA 10/1988, determina que essas UCs

devem possuir Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, que estabelecerá as normas de uso,

de acordo com as condições locais.

No processo de licenciamento ambiental do Centro de Recursos Ambientais – CRA do Estado

da Bahia, a localização de empreendimentos – loteamentos, indústrias em geral, exploração

mineral, atividades agropecuárias, mariculturas, equipamentos turísticos, postos de combustíveis,

etc. – em uma zona específica de uma APA, é fator preponderante para a definição das normas

de uso a que este empreendimento deverá ser submetido. Essas atividades, efetiva ou

potencialmente causadoras de impacto ambiental, quando localizadas em APA, serão objeto de

Anuência Prévia do gestor da unidade, onde são observados os critérios e parâmetros ambientais

definidos pelo ZEE para cada zona (Decreto Estadual 7.967/2001).

É justamente sobre as limitações de uso do solo contidas no ZEE, e que integra o plano de

manejo de APAs, que desenvolvemos um sistema piloto de informação georreferenciadas sobre a

APA do Litoral Norte no Estado da Bahia, o GISWEB APA LN.

Sobre o desafio de como informar, seguimos as assertivas de Haklay (2003) sobre a utilização de

GIS como ferramenta de análise e visualização, sua importância para tomadas de decisão e

finalmente para subsidiar um Sistema de Informação Ambiental que seja de domínio público. Na

mesma linha, também estamos com as recomendações de Simão (2001) para a utilização de

sistemas baseados em GIS e sua disponibilização através da internet com o uso de navegadores

na World Wide Web – WWW. De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001), também se referiram sobre

a utilização da internet em casos de acesso a informações ambientais e para subsidiar participação

pública em atividades envolvendo risco de acidentes, principalmente industriais, no âmbito da

União Européia.

Dessa forma, com base no sistema GISWEB APA LN, procuramos seguir algumas das premissas

sugeridas ao final do capítulo 2 para Sistemas de Informação Ambiental – SIA, onde procurou-se

trabalhar através de um meio dinâmico, interativo e online, que estará disponível através da

internet para toda a sociedade. Foi adotado o status da livre informação ambiental, e nesse caso,

do conhecimento de base necessário para essa unidade de conservação APA, que estamos

tratando. O poder público aqui assume seu papel como provedor ativo dessas informações, o uso

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da tecnologia GIS foi escolhido para alcançar o caráter holístico do meio ambiente e da gestão do

território.

O GISWEB realiza a prestação de um serviço governamental específico para um público

determinado que possa alcançar esse serviço. Um público que possa transformar a informação

ambiental divulgada em conhecimento adquirido, utilizando a inteligência para tomar decisões e

empreender ações. Assim, demonstramos a concepção do sistema GISWEB APA LN através da

Figura 4.1.

Figura 4.1: Conceito do Sistema GISWEB APA LN

4.1 APRESENTAÇÃO DO SISTEMA GISWEB APA LN

O sistema GISWEB APA LN foi conceituado, planejado e desenvolvido no Centro de Recursos

Ambientais – CRA do Estado da Bahia, como um produto desta dissertação de mestrado e da

parceria entre a assessoria da Diretoria de Recursos Naturais – DIRNA, quando estava nessa

função, e a Coordenação de Planejamento e Indicadores Ambientais – COIND, contando ainda

com o apoio da Coordenação de Infra Estrutura Tecnológica – COINTE do CRA.

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67

Para o desenvolvimento dos componentes e estrutura base do sistema, foi adotada a utilização

prioritária de softwares livres – freeware, e uma estratégia de contratação terceirizada para

desenvolver a programação do sistema. Ambas as iniciativas, encontram respaldo nas

observações de Mesquita (2000), sobre as limitações de recursos disponíveis em órgãos públicos

em relação aos custos de software, geralmente elevados, e ao apoio para a área de

geoprocessamento. Mesquita também mencionou a carência de recursos humanos de

profissionais treinados em informação geográfica, e nesse caso, com o perfil de programação e

desenvolvimento desse tipo sistema, o que de fato recomenda a utilização de mão de obra

terceirizada para essa etapa.

O sistema GISWEB APA LN utiliza uma estrutura de Hardware instalada no próprio CRA, desde

as estações de trabalho utilizadas para edição de arquivos georreferenciados até servidores

específicos de WEB e da aplicação de geolocalização. Propomos a Figura 4.2, abaixo, que

esquematiza a estrutura e função das partes de Hardware do sistema:

Figura 4.2: Estrutura de Hardware para funcionamento do Sistema GISWEB APA LN

Os arquivos contendo as informações cartográficas georreferenciadas da poligonal da APA

Litoral Norte e seu respectivo ZEE, estão em formato shapefile e foram produzidos pelo software

ArcView GIS 3.2 para Windows, da empresa Environmental Systems Research Institute, Inc. –

ESRI. Os arquivos com as informações de cada Zona e dos parâmetros e diretrizes de uso do

solo, foram feitos em arquivos .DBF, utilizando editor próprio do ArcView. As informações

foram preenchidas a partir da Resolução CEPRAM 1.040/1995 que aprovou o plano de manejo

da unidade e o respectivo ZEE da APA. Essas informações são apresentadas no quadro abaixo.

PENTIUM III 800 Mhz – 256 RAM: Estação de Trabalho para edição de arquivos Gorreferenciados

PENTIUM III 1.1 Ghz – 128 RAM: Servidor WEB / Servidor GISWEB

Computador Pessoal: Para acesso ao servidor GISWEB pela Internet

Rede Local: 10/100 Mbps Link Internet: 512 Kbps

Page 80: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

68

Qau

dro

4.1:

Des

criç

ão d

o ZE

E d

a AP

A Li

tora

l Nor

te (1

/3)

NO

ME

DA

ZO

NA

ZO

NA

A

BR

EV

INF

RA

EST

RU

TU

RA

RE

QU

ISIT

OS

SIC

OS

USO

S P

ER

MIT

IDO

SP

AR

ÂM

ET

RO

S U

RB

AN

ÍST

ICO

SZ

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A D

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AG

RIC

ULT

UR

AZ

AG

-Fo

rmul

ação

e im

plan

taçã

o de

pro

gram

as g

over

nam

enta

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e ap

oio

aos

pequ

enos

pr

odut

ores

. Só

serã

o pe

rmiti

dos

parc

elam

ento

s de

até

10%

das

pro

prie

dade

s co

m

mai

s de

100

ha,

par

a fin

s de

ativ

idad

e tu

rístic

a de

bai

xa d

ensi

dade

. Lic

enci

amen

to

ambi

enta

l par

a at

iv

Uso

e o

cupa

ção

agríc

ola,

Tur

ism

o de

ba

ixa

dens

idad

e,

Silv

icul

tura

exi

sten

te.

-

ZO

NA

DE

C

OM

PRO

ME

TIM

EN

TO

A

MB

IEN

TA

L

ZC

A-

Form

ulaç

ão e

impl

emen

taçã

o de

pro

gram

as g

over

nam

enta

is e

m p

arce

rias

com

a

inic

iativ

a pr

ivad

a, o

bjet

ivan

do: p

lano

de

orde

nam

ento

esp

acia

l, es

tudo

s am

bien

tais

es

pecí

ficos

, def

iniç

ão d

e te

cnol

ogia

s pa

ra s

iste

mas

de

esgo

tam

ento

san

itário

ad

equa

dos

e ed

ucaç

ão

--

ZO

NA

DE

CO

RC

IO

E S

ER

VIÇ

OS

ZC

SC

apta

ção

e di

strib

uiçã

o de

águ

a po

táve

l, so

luçõ

es d

e tr

atam

ento

de

esg

otos

ade

quad

as, s

iste

ma

de

dren

agem

plu

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, sis

tem

a de

co

leta

e d

estin

ação

fina

l do

lixo.

-Lo

jas

de a

limen

taçã

o,

de m

ater

iais

de

cons

truç

ão, p

osto

s de

se

rviç

os, c

omér

cio

e se

rviç

os d

e ap

oio.

Lote

mín

imo:

300

m2,

gab

arito

máx

imo:

2

pavi

men

tos,

índi

ce d

e pe

rmea

bilid

ade

(Ip)

m

ínim

o: 0

,3 ,

taxa

de

ocup

ação

(Io)

: 0,4

, co

ntro

le d

e ci

rcul

ação

, est

acio

nam

ento

: 1

vaga

/10

m2

de á

rea

cons

truí

da.

ZO

NA

DE

EX

PAN

SÃO

I

ZE

P I

Cap

taçã

o e

dist

ribui

ção

de á

gua

potá

vel,

solu

ções

ade

quad

as d

e tr

atam

ento

de

esgo

tos,

sist

ema

de

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agem

plu

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, sis

tem

a de

co

leta

e d

estin

ação

fina

l do

lixo.

Ela

bora

ção

e im

plem

enta

ção,

pel

os p

oder

es p

úblic

os, d

e um

pla

no d

e or

dena

men

to

do s

olo

envo

lven

do: s

anea

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to b

ásic

o, r

eagr

upam

ento

e r

eman

ejam

ento

de

lote

s e

quad

ras

e re

gula

rizaç

ão d

os lo

team

ento

s. Im

plan

taçã

o de

equ

ipam

ento

s de

apo

io

turís

tico,

dem

arca

Res

iden

cial

un

ifam

iliar

e

plur

ifam

iliar

, C

omér

cio

e se

rviç

os,

Mis

to.

Lote

mín

imo:

300

m2,

gab

arito

máx

imo:

2

pavi

men

tos,

índi

ce d

e pe

rmea

bilid

ade

(Ip)

m

ínim

o: 0

,4

ZO

NA

DE

EX

PAN

SÃO

II

ZE

P II

Cap

taçã

o e

dist

ribui

ção

de á

gua

potá

vel,

solu

ções

ade

quad

as d

e tr

atam

ento

de

esgo

tos,

sist

ema

de

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agem

plu

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, sis

tem

a de

co

leta

e d

estin

ação

fina

l do

lixo.

Ela

bora

ção

e im

plem

enta

ção,

pel

os p

oder

es p

úblic

os, d

e um

pla

no d

e or

dena

men

to

do s

olo

envo

lven

do: s

anea

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to b

ásic

o, r

eagr

upam

ento

e r

eman

ejam

ento

de

lote

s e

quad

ras

e re

gula

rizaç

ão d

os lo

team

ento

s. Im

plan

taçã

o de

equ

ipam

ento

s de

apo

io

turís

tico,

dem

arca

Res

iden

cial

un

ifam

iliar

e

plur

ifam

iliar

, C

omér

cio

e se

rviç

os,

Mis

to.

Lote

mín

imo:

600

m2,

gab

arito

máx

imo:

2

pavi

men

tos,

índi

ce d

e pe

rmea

bilid

ade

(Ip)

m

ínim

o: 0

,4.

ZO

NA

DE

EX

PAN

SÃO

II

IZ

EP

III

Cap

taçã

o e

dist

ribui

ção

de á

gua

potá

vel,

solu

ções

ade

quad

as d

e tr

atam

ento

de

esgo

tos,

sist

ema

de

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agem

plu

vial

, sis

tem

a de

co

leta

e d

estin

ação

fina

l do

lixo.

Ela

bora

ção

e im

plem

enta

ção,

pel

os p

oder

es p

úblic

os, d

e um

pla

no d

e or

dena

men

to

do s

olo

envo

lven

do: s

anea

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to b

ásic

o, r

eagr

upam

ento

e r

eman

ejam

ento

de

lote

s e

quad

ras

e re

gula

rizaç

ão d

os lo

team

ento

s. Im

plan

taçã

o de

equ

ipam

ento

s de

apo

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turís

tico,

dem

arca

Res

iden

cial

un

ifam

iliar

e

plur

ifam

iliar

, eq

uipa

men

tos

turís

ticos

e

com

erci

ais.

Lote

mín

imo:

1.0

00 m

2, ín

dice

de

perm

eabi

lidad

e (I

p) m

ínim

o: 0

,5 ,

gaba

rito

máx

imo:

2 p

avim

ento

s.

ZO

NA

DE

MA

NE

JO

ESP

EC

IAL

ZM

E-

A C

ON

DE

R a

pres

enta

rá a

o C

EPR

AM

, no

praz

o de

360

dia

s, es

tudo

s té

cnic

os e

ci

entíf

icos

vis

ando

indi

caçã

o de

uso

s de

finiti

vos.

Qua

lque

r at

ivid

ade

deve

rá s

er

subm

etid

a a

EPI

A.

Ativ

idad

es

trad

icio

nais

ex

trat

ivis

tas,

Est

udos

cnic

os e

cie

ntífi

cos.

-

ZO

NA

DE

OR

LA

MA

RÍT

IMA

ZO

ME

quip

amen

tos

de s

egur

ança

e

aten

dim

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às

ativ

idad

es d

e pe

sca

e re

crei

o.

Proi

biçã

o de

arr

uam

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s, lic

enci

amen

to d

as a

tivid

ades

de

apoi

o ao

turis

mo

pela

en

tidad

e ad

min

istr

ador

a da

APA

, ilu

min

ação

púb

lica

conf

orm

e Po

rtar

ia I

BA

MA

1.93

3 de

08.

09.9

0, p

roib

ição

de

edifi

caçã

o de

car

áter

per

man

ente

. Con

serv

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dos

co

quei

rais

pro

d

Vis

itaçã

o, p

esca

ar

tesa

nal e

rec

reio

.-

Page 81: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

69

Qua

dro

4.1:

Des

criç

ão d

o ZE

E d

a AP

A Li

tora

l Nor

te (2

/3 c

ontin

uaçã

o)

NO

ME

DA

ZO

NA

ZO

NA

A

BR

EV

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RA

EST

RU

TU

RA

RE

QU

ISIT

OS

SIC

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USO

S P

ER

MIT

IDO

SP

AR

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ET

RO

S U

RB

AN

ÍST

ICO

SZ

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A D

E P

RO

TE

ÇÃ

O

RIG

OR

OSA

ZP

RSi

naliz

ação

, Pos

to d

e F

isca

lizaç

ão, C

erca

men

to d

e ár

eas

espe

cífic

as.

Ela

bora

ção

e im

plan

taçã

o pe

los

pode

res

públ

icos

, de

um p

lano

de

prot

eção

e

fisca

lizaç

ão p

ara

a Z

ona.

Ilu

min

ação

púb

lica

conf

orm

e P

orta

ria

IBA

MA

1.93

3, d

e 28

.09.

90

Vis

itaçã

o co

mte

mpl

ativ

a,

Pes

quis

a ci

entíf

ica

e T

rilh

as e

colà

gica

s co

ntro

lada

s.

-

ZO

NA

DE

OC

UP

ÃO

R

AR

EF

EIT

AZ

OR

Sane

amen

to b

ásic

o, v

ias

de

aces

so.

Tod

os o

s em

pree

ndim

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s tu

ríst

icos

pode

rão

ser

licen

ciad

os a

pàs

Est

udo

Pre

limin

ar d

e Im

pact

o A

mbi

enta

l - E

PIA

. Obr

igaç

ão d

e ar

bori

zar

com

esp

écie

s de

po

rte

mai

or q

ue a

altu

ra d

as e

dific

açõe

s.

Res

iden

cial

un

ifam

iliar

e

plur

ifam

iliar

, T

uris

mo

de b

aixa

de

nsid

ade.

Res

iden

cial

uni

fam

iliar

e p

luri

fam

iliar

-

Lot

e m

ínim

o: 5

.000

m2

(10.

000

alag

adiç

os),

Gab

arito

máx

imo:

2

pavi

men

tos,

índi

ce d

e pe

rmea

bilid

ade

(Ip)

m

ínim

o: 0

,7 .

Tur

ism

o ba

ixa

dens

idad

e -

Lot

e m

ínim

o: 2

0.00

0 m

2, T

axa

de

ocup

ação

(Io)

máx

ima:

0,1

0 , í

ndic

e d

ZO

NA

DE

OC

UP

ÃO

R

AR

EF

EIT

A E

SPE

CIA

LZ

OR

-ESa

neam

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bás

ico,

via

s de

ac

esso

.T

odos

os

empr

eend

imen

tos

turí

stic

os S

ó po

derã

o se

r lic

enci

ados

apà

s E

stud

o P

relim

inar

de

Impa

cto

Am

bien

tal -

EP

IA. O

brig

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de

arbo

riza

r co

m e

spéc

ies

de

port

e m

aior

que

a a

ltura

das

edi

ficaç

ões.

Res

iden

cial

un

ifam

iliar

e

plur

ifam

iliar

, T

uris

mo

de b

aixa

de

nsid

ade.

Res

iden

cial

uni

fam

iliar

e p

luri

fam

iliar

-

Lot

e m

ínim

o: 5

.000

m2

(10.

000

alag

adiç

os),

Gab

arito

máx

imo:

2

pavi

men

tos,

índi

ce d

e pe

rmea

bilid

ade

(Ip)

m

ínim

o: 0

,7 .

Tur

ism

o ba

ixa

dens

idad

e -

Lot

e m

ínim

o: 2

0.00

0 m

2, T

axa

de

ocup

ação

(Io)

máx

ima:

0,1

0 , í

ndic

e d

ZO

NA

DE

PR

OT

ÃO

V

ISU

AL

ZP

V-

Os

empr

eend

imen

tos

turí

stic

os-e

colà

gico

s de

verã

o se

r ob

jeto

de

EP

IA p

elos

àrg

ãos

ambi

enta

is.

Tur

ism

o ec

olàg

ico

cont

rola

do.

-

ZO

NA

DE

RE

SER

VA

E

XT

RA

TIV

IST

AZ

RE

Equ

ipam

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s de

apo

io à

ex

plor

ação

e à

com

erci

aliz

ação

.F

orm

ulaç

ão e

impl

emen

taçã

o de

pro

gram

as g

over

nam

enta

is o

bjet

ivan

do: -

áre

as d

e m

angu

ezai

s: m

arca

ção

dos

limite

s pr

ecis

os d

a zo

na, c

adas

tram

ento

dos

atu

ais

usuá

rios

, ava

liaçã

o da

pro

dutiv

idad

e co

m a

com

panh

amen

to m

onito

rado

des

tas

área

s e

proi

biçã

o de

par

ce

Ext

rativ

ism

o m

onito

rado

de

man

guez

ais,

E

xtra

tivis

mo

de

piaç

ava.

-

ZO

NA

TU

RÍS

TIC

AZ

TSa

neam

ento

bás

ico,

arr

uam

ento

e

ener

gia

elét

rica

.-

Equ

ipam

ento

s tu

ríst

icos

, Com

érci

o e

serv

iços

de

apoi

o ao

turi

smo,

R

esid

enci

al u

ni e

pl

urifa

mili

ar.

Lot

e m

ínim

o: 2

.000

m2,

índi

ce d

e pe

rmea

bilid

ade

(Ip)

mín

imo:

0,5

, G

abar

ito

máx

imo:

2 p

avim

ento

s.

Page 82: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

70

Qua

dro

4.1:

Des

criç

ão d

o ZE

E d

a AP

A Li

tora

l Nor

te (3

/3 c

ontin

uaçã

o)

N

OM

E D

A Z

ON

AZ

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A

AB

RE

VIN

FR

A E

STR

UT

UR

AR

EQ

UIS

ITO

S B

ÁSI

CO

SU

SOS

PE

RM

ITID

OS

PA

ME

TR

OS

UR

BA

NÍS

TIC

OS

ZO

NA

TU

RÍS

TIC

A

ESP

EC

IAL

ZT

ESa

neam

ento

bás

ico,

arr

uam

ento

e

ener

gia

elét

rica

.-

Inst

ituci

onal

, co

mer

cial

e s

ervi

ços,

ce

ntro

s co

mer

ciai

s,

rest

aura

ntes

, bar

es,

equi

pam

ento

s tu

ríst

icos

e p

arqu

es

tem

átic

os.

Lot

e m

ínim

o: 2

.000

m2,

índi

ce d

e pe

rmea

bilid

ade

(Ip)

mín

imo:

0,5

, G

abar

ito

máx

imo:

14

m, T

axa

de o

cupa

ção:

0,3

.

ZO

NA

DE

USO

D

IVE

RSI

FIC

AD

OZ

UD

Sist

ema

de c

apta

ção

e di

stri

buiç

ão d

e ág

ua p

otáv

el,

sist

ema

de tr

atam

ento

de

esgo

tos

adeq

uado

, sis

tem

a de

dre

nage

m

pluv

ial,

sist

ema

de d

istr

ibui

ção

de

ener

gia

elét

rica

, sis

tem

a de

col

eta

e de

stin

ação

fin

al d

o lix

o.

Tod

os o

s em

pree

ndim

ento

s de

verã

o es

tar

em c

onfo

rmid

ade

com

a r

esol

ução

C

ON

AM

A 1

0/88

e le

gisl

ação

am

bien

tal i

ncid

ente

. Cab

erá

aos

pode

res

públ

icos

m

unic

ipai

s a

elab

oraç

ão d

e pl

anos

esp

ecífi

cos

de o

rden

amen

to d

o so

lo.

Res

iden

cial

un

ifam

iliar

e

plur

ifam

iliar

, co

mér

cio

e se

rviç

os,

turi

smo,

agr

icul

tura

, pi

scic

ultu

ra, m

isto

.

Lot

e m

ínim

o: 2

50 m

2, ta

xa d

e oc

upaç

ão

(Io)

máx

ima:

0,5

, ín

dice

de

perm

eabi

lidad

e (I

p) m

ínim

o: 0

,2.

ZO

NA

DE

U

RB

AN

IZA

ÇÃ

O

PR

IOR

ITÁ

RIA

ZU

PC

apta

ção

e di

stri

buiç

ão d

e ág

ua

potá

vel,

solu

ções

ade

quad

as d

e tr

atam

ento

de

esgo

tos,

sis

tem

a de

dr

enag

em p

luvi

al, s

iste

ma

de

cole

ta e

des

tinaç

ão f

inal

do

lixo.

Res

triç

ão a

o au

men

to d

a ár

ea d

a zo

na. E

labo

raçã

o e

impl

emen

taçã

o, p

elos

pod

eres

blic

os, d

e um

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71

O Servidor WEB roda em Sistema Operacional Windows NT 4.0, utilizando o software MS IIS

5.0. A linguagem de programação, utilizada no desenvolvimento do aplicativo para a WEB, foi o

PHP v.4.1.2, sendo utilizados ainda o PHP MapScript v.3.5, que é um módulo carregável

dinamicamente que executa as funções e classes MapScripts do MapServer, e o Applet Java

ROSA, que extende o controle da aplicação, habilitando a entrada de comandos diretamente

sobre as imagens .GIF ou .JPG, que representam os arquivos georreferenciados na tela do

navegador. Todos esses softwares de desenvolvimento são de domínio público com códigos fonte

aberto. (DM SOLUTIONS GROUP INC; PHP: HYPERTEXT PREPROCESSOR).

Para disponibilização dos mapas georreferenciados na WEB e a interação com estes, o Sistema

GISWEB APA Litoral Norte utiliza como internet mapping, o software MapServer v.3.5, que é um

ambiente de desenvolvimento para construção de aplicações internet espacialmente habilitadas, e

é também um software de código fonte aberto. O MapServer foi desenvolvido pela Universidade

de Minesotta nos Estados Unidos (MAPSERVER HOMEPAGE).

A programação do sistema e a instalação do aplicativo em servidor, foram feitas a partir da

contratação de serviço de consultoria na área, feita através de licitação pública, seguindo Termo

de Referência desenvolvido para esse fim (Apêndice D). O desenvolvimento de páginas com

formulários para identificação do perfil do usuário, bem como com um questionário sobre o

sistema foi desenvolvido pelo mestrando.

Após o desenvolvimento, o sistema foi testado em rede local e lançado oficialmente no dia 05 de

junho de 2002, dia mundial do meio ambiente, tendo o serviço sido denominado Gelocalização

APA do Litoral Norte. O sistema pode ser acessado através de links destacados no Portal Bahia

Ambiental do CRA em http://www.cra.ba.gov.br ou ainda diretamente em

http://gisweb.cra.ba.gov.br . Ele passará a funcionar como um serviço ambiental integrando o

Sistema Estadual de Informações Ambientais – SEIA.

O serviço de Geolocalização do sistema GISWEB APA LN, foi desenvolvido visando um

público alvo determinado. A despeito das recomendações do Jornalista Marcos Luedy, para

utilização de recursos midiáticos que trabalhem com o lúdico e o imaginário, de populações

nativas de uma APA, o sistema GISWEB tenciona atingir um público mais qualificado para

utilização de sistemas informatizados, que tenha atuação local mais direta, como formadores de

opinião e sejam fortes interventores do território. Essa estratégia responde, como vimos, as

Page 84: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

72

recomendações da Agenda 21 no seu Capítulo 40, para que a informação seja orientada para

grupos diferentes de usuários em formatos eletrônicos e não-eletrônicos. Dessa forma, a

informação passa a ter agora um caráter eletrônico, já que ela já existe em formato textual e de

mapas impressos que são comercializados.

Entre o público alvo, visamos aqueles que, como Castells (2000) indicou, se reuniram em torno

de identidades primárias a partir de atributos culturais comuns em virtude do remodelamento da

base material da sociedade, causada pela revolução da informação. Essas identidades são

identificadas aqui, pelo interesse no território da APA. Sendo assim são potenciais usuários do

sistema GISWEB:

Empreendedores – que tem interesse em conhecer as limitações e uso indicados para o

solo, já que podem ter interesse em realizar projetos de diversas atividades produtivas,

que intervenham diretamente no meio físico, causem alteração no uso do solo e em

padrões já estabelecidos

Associações – de pescadores, marisqueiros, lavadeiras, artezãos etc. que tenham interesse

em conhecer a localização e estruturação de alguma atividade, que possa interferir em

suas rotinas produtivas e culturais, e se está em uma Zona apropriada.

ONGs – ambientalistas ou não, que tenham interesses específicos na conservação dos

atributos naturais da APA e que queiram fiscalizar o surgimento e a implantação de

atividades que possam causar impactos ambientais. Podemos considerar como de ação

similar a das Associações.

Poder Público – em todos os níveis: federal, estadual e municipal, que possam utilizar o

sistema como ferramenta para o controle de atividades que estejam em sua seara de

atuação. Para o município, como um verdadeiro instrumento balizador do ordenamento

do solo; para o estado, como ferramenta para gestão da APA, através do seu

administrador e conselho gestor, e ainda, para análise em casos de implantação de ações

advindas de outras políticas públicas; em nível federal, também como ferramenta de

análise na implantação de projetos diversos, como no âmbito do projeto Gerenciamento

Costeiro – GERCO, integrante do Programa Nacional de Meio Ambiente II – PNMA II

para a APA Litoral Norte.

Consultores – Aqueles profissionais que trabalham em projetos de desenvolvimento

social e de intervenção no uso do solo para implantação de atividades produtivas, desde a

Page 85: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

73

confecção do projeto, até como representantes junto as OEMAs para o licenciamento

ambiental.

Pesquisadores – de diversos níveis que tenham interesse em conhecer o ZEE da APA

com objetivo de uso em algum trabalho científico. Em virtude do uso para atividade

profissional, podemos considerar como similar a Consultores para fins de análise.

Estudantes – Para realização de trabalhos escolares de diversos níveis, que tenha como

interesse o conhecimento da APA do Litoral Norte e o desenvolvimento da visão espacial

do território.

Dessa forma o Sistema, se presta a diversos usos, indo ao encontro de possibilitar o

conhecimento base em relação ao ZEE, qual seja: em qual zona de uma APA se está localizado, e

o que pode e o que não pode ser feito dentro da zona. Assim, o uso vai desde aquele que é feito

por um público interno do próprio Centro de Recursos Ambientais, até o feito por atores sociais

intervenientes ou pesquisadores do meio natural da APA. Com isso o GISWEB APA LN tem os

seguintes objetivos:

Disponibilizar gratuitamente através da internet, utilizando tecnologia de informação

geográfica, a poligonal e o Zoneamento Ecológico–Econômico - ZEE da APA Litoral

Norte.

Possibilitar o conhecimento interativo e espacializado da APA Litoral Norte e do seu

ZEE, obtendo seus parâmetros.

Permitir aos usuários do sistema, a localização ativa de pontos de coordenadas do seu

interesse, obtendo as respectivas informações referentes à Zona da APA em que se

encontra o ponto consultado.

Fomentar, através do melhor conhecimento do território e do seu ordenamento expresso

no ZEE, uma participação mais ativa da sociedade na gestão ambiental local do território.

O serviço de geolocalização apresenta formulário de entrada, na página inicial do aplicativo,

contendo os seguintes campos: Nome do ponto, Nome do Interessado, CPF/CNPJ, e-mail,

Telefone (Figura 4.3). O preenchimento dessas informações tem caráter opcional e não impede o

acesso ao aplicativo em si, porém, caso seja preenchido, os dados declarados aparecerão na tela

do aplicativo juntamente com o mapa originado da interação com o sistema. Ambos poderão ser

impressos, gerando um mapa temático personalizado.

Page 86: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

74

A página mostra ainda o link O que é? e o link APAs. O primeiro abre uma segunda janela no

navegador para um texto explicativo sobre o que é a geolocalização da APA Litoral Norte. O

segundo direciona o usuário para página em que o mesmo encontra um texto com uma

explicação do conceito de APA. Na mesma página existe uma mapa do Estado da Bahia com a

indicação de áreas que correspondem as APAs estaduais existentes. O usuário pode então

conhecer a localização da APA Litoral Norte e carregar página específica que fala dos principais

atributos dessa Unidade de Conservação (Figura 4.4).

Figura 4.3: Página inicial do sistema GISWEB APA do Litoral Norte Fonte: CRA, Home Page, 2003.

Depois de iniciada a geolocalização propriamente dita, o sistema mostra ao usuário uma série de

itens, conforme abaixo:

A poligonal do ZEE da APA Litoral Norte;

Legenda contendo o código de cada zona;

Temas da base cartográfica como: rios, rodovias e localidades;

Um mini-mapa de referência da poligonal total do Zoneamento, indicando o

posicionamento global de um eventual Zoom aplicado;

Page 87: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

75

A indicação, de modo dinâmico, da variação das coordenadas relativas à posição do

cursor/mouse sobre a área da poligonal do ZEE da APA visualizada;

Ferramentas como: Informação da Zona, Zoom +, Zoom – , Botão “home” e

Recentralização de ponto clicado.

A escala indicativa do nível de Zoom aplicado;

Área para geolocalização específica de pontos, com campos de entradas para as

coordenadas x e y em UTM do mesmo, e

Texto explicativo: “Este serviço não determina a posição oficial do CRA quanto aos

parâmetros ambientais aos quais será enquadrado o empreendimento consultado,

devendo o mesmo ser submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de

licenciamento junto ao Órgão”.

Figura 4.4: Página redirecionada a partir do Link APAs do aplicatido de geolocalização Fonte: CRA, Home Page, 2003

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76

Na Figura 4.5, que reproduz a página de geolocalização do aplicativo, vemos enumerados, de 1 a

8, os principais componentes da aplicação que são descritos a seguir:

Figura 4.5: Tela inicial do aplicativo de geolocalização da APA Litoral Norte Fonte: CRA, Home Page, 2003

1) O Mapa com a poligonal da APA Litoral Norte aparece já contendo as

manchas referentes ao ZEE. A faixa em Azul indica a posição do oceano

Atlântico. É nesse local onde serão exibidas as consultas submetidas pelo usuário

e as alterações do modo de exibição por ele selecionado.

2) No lado esquerdo, encontramos a Legenda, onde existe uma parte fixa, sempre

ativa, contendo o código de cada zona, cada qual com sua respectiva cor, além de

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77

localidades conhecidas na APA estarem indicadas pelo símbolo de uma estrela

( ), com a identificação destas, aparecendo no mapa a partir de escala apropriada

de vizualização. Além deste tipo de legenda, aparecem aquelas referentes a layers

ou camadas com Rodovia, Vias e Hidrografia que podem ser exibidas, quando o

usuário marcar o respectivo item, ativando-o. O item rodovia representa

especificamente a BA-099 Linha Verde, devido a sua extensão e importância na

APA. Temos também o ícone “Redesenhar Mapa”, que refaz o desenho do mapa

com as mudanças de configuração de legenda escolhida pelo usuário.

3) Barra de Ferramentas do Mapa com 5 (cinco) botões assim descritos:

Botão de Zoom – Aumento: Encontra-se ativado como padrão. Aumenta o mapa ao clicar no ponto em que se deseja uma visualização em escala “mais próxima”.

Botão de Zoom – Diminuição: Deve-se ativar este botão e clicar no ponto do mapa em que se deseja uma visualização em escala “mais distante”.

Botão de Centralização: Ao ser ativado este botão e clicar em um determinado ponto do mapa, temos o mapa redesenhado com o ponto escolhido colocado no centro da figura exibida.

Botão “home”: Ao ser ativado este botão, o mapa volta a ser exibido na sua forma inicial, compreendendo toda a APA Litoral Norte como na figura.

Botão de Informação: Ao ser ativado este botão e clicar em um determinado ponto

do zoneamento do mapa, a respectiva zona será exibida destacadamente em vermelho e

serão listadas na área, denominada “Informação”, abaixo do mapa, todas as informações

do ZEE relativas à zona consultada.

4) Mapa de referência: Indica o posicionamento global na poligonal APA, da área

visualizada no mapa em um eventual Zoom + aplicado.

5) Localizar Ponto: Campos onde o usuário poderá indicar coordenadas UTM “X”

e “Y”, para pesquisa direta de sua geolocalização no mapa. Após indicar os

números desejados para as UTM “X” e “Y” e ativar o botão “Localizar”, o ponto

Page 90: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

78

será exibido no mapa em escala compatível e indicado como um pequeno círculo

negro. O botão “Limpar” retira o ponto localizado do mapa.

6) Observação: Esse campo objetiva informar aos usuários que apenas a consulta e

o conhecimento dos parâmetros da zona em que se encontra, não oficializam

eventuais empreendimentos ou intervenções que se queira realizar, devendo haver

a consulta ao órgão ambiental responsável.

7) É abaixo do campo Informação que aparecerá textualmente a identificação do

usuário e do nome do ponto, preenchidos opcionalmente na entrada do

aplicativo, juntamente com as informações da zona clicada ou que corresponda a

um ponto de consulta. As informações da zona correspondem aquelas

demonstradas na tabela 4.1 e conterão: Nome, Código e Descrição da Zona com

os Usos Permitidos, Parâmetros Urbanísticos, Infra-Estrutura Básica e Requisitos

de Ordem Geral quando existirem.

8) Modo para Impressão: Botão que ativa a janela de impressão. Será aberta uma

nova janela no navegador, em formato amigável para a impressão da consulta

desejada.

O uso de localidades na APA, das vias, da Rodovia BA-099 e da hidrografia, melhora a percepção

espacial do território, já que permite reconhecer pontos e linhas notáveis na unidade, além de

começar a agregar a existência de outras realidades físicas na APA.

A indicação dinâmica das coordenadas UTM no mapa, está indicada no rodapé do mapa e é

ativada simplesmente mexendo o mouse sobre a área da poligonal da APA, quando não há

ferramentas ativadas. O nível de zoom aplicado permite obter escalas interpoladas de até

1:2.000, porém é recomendável que se trabalhe com algo em torno de 1:100.000, mais do que

suficiente para os propósitos do aplicativo, já que os arquivos georreferenciados do

Zoneamento foram trabalhados originalmente pela CONDER nessa escala. Escalas maiores

do que a original, por sofrerem interpolação, podem representar distorções nos temas

representados, além de não serem necessárias para uso do aplicativo.

Caso as coordenadas UTM utilizadas estejam fora da abrangência do mapa, o sistema avisará. Na

Figura 4.6A pode ser visualizada o exemplo de uma consulta de um ponto utilizando

coordenadas UTM.

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79

Figura 4.6A: Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte

Na Figura 4.6B está sendo mostrada a continuidade do campo “Informação” onde além dos

dados de identificação, encontram-se também as informações e características da zona em que

caiu o ponto consultado.

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80

Figura 4.6B: Informações da ZOR-E, referente a geolocalização de um ponto na APA

A APA do Litoral Norte tem características particulares e uma dinâmica atual, que trazem uma

série de atividades, pressões e conflitos de forma bastante acentuada. Por isso foi escolhida como

projeto piloto para o Sistema GISWEB, conforme podemos ver de forma mais detalhada no

tópico a seguir.

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81

4.2 APA DO LITORAL NORTE – UMA IMPLEMENTAÇÃO PILOTO

A Área de Proteção Ambiental Litoral Norte criada no ano de 1992, por meio do Decreto

1.046/1992, estava inserida em uma série de conjunturas da época. Conforme observou o ex-

subsecretário de planejamento, ciência e tecnologia do Estado da Bahia e ex-diretor Geral do

CRA, Fausto Azevedo (entrevista), a APA Litoral Norte foi criada para atender a demandas de

políticas de desenvolvimento do turismo e de ordenamento territorial, e a lógica de sua criação

está atrelada ao prolongamento da Linha Verde – Rodovia BA-099, desde Praia do Forte no

município de Mata de São João até o município de Jandaíra.

Originalmente, segundo o historiador Cid Teixeira (comunicação em palestra, 2002), toda essa

região, no século XVII até o século XIX era de domínio da Casa da Torre de Garcia D’ávila, que

marcava uma grande extensão de terra rumo ao litoral norte e interior. Essas terras teriam

sido transmitidas ao longo da descendência dos D’ávilas, desde a fundação da Casa da Torre, por

Diogo Dias no século XVI (A CASA DA TORRE DE GARCIA D'AVILA). A utilização desse

território ficara restrita então a áreas de pasto e a poucas atividades de extrativismo, garantindo

assim uma boa parte do seu estado de conservação até o século XX, como os mais de 39% do

território ocupado por matas naturais ou plantadas e 46% ocupadas por pastagens (TEIXEIRA,

2002; CONDER, 2001).

Nessa região a APA do Litoral Norte foi criada através do Decreto Estadual 1.046/1992,

“abrangendo áreas da planície marinha e planície fluvio-marinha dos Municípios de Jandaíra,

Conde, Esplanada, Entre Rios e Mata de São João, cuja área territorial está compreendida no

Norte pelo limite fronteiriço entre os Estados da Bahia e Sergipe (Rio Real) que coincide com o

limite Norte do Município de Jandaíra, a Leste pelo Oceano Atlântico, ao Sul pelo curso do Rio

Pojuca, limite Sul do Município de Mata de São João” (Art. 1º), e ao Oeste, formando uma faixa

que adentra cerca de 10km chegando até 15 Km mais ao norte. A APA é contígua a outra APA, a

de Mangue Seco no limite norte do Estado (Figura 4.7).

A APA Litoral Norte possui 142.000 ha, sendo a 3ª maior do Estado da Bahia e está inserida no

domínio do Bioma da Mata Atlântica com clima quente-úmido. Apresenta diversos ecossistemas

e ambientes variados, que vão da Mata ombrófila, passando por manguezais, restingas, dunas,

estuários, lagoas, brejos e praias. Apresenta fauna representativa, sendo o local com maior desova

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Figura 4.7: Localização da APA Litoral Norte (Fonte: Conder) Fonte: CONDER, 2001

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83

de tartarugas marinhas do Estado da Bahia, incluindo espécies ameaçadas, como a tartaruga-de-

pente (Eretmochelis imbricata). Apresenta também uma avifauna bastante rica e diversificada, com

mais de 400 espécies identificadas das cerca de 740 ocorrentes no Estado da Bahia, incluindo

espécies migratórias e cerca de 15 raras ou ameaçadas de extinção, como o pintassilgo-do-

nordeste (Carduellis yarrellii) e o papa-taoca-da-bahia (Pyriglena atra) (CRA, 2000 e CONDER,

2001).

Nessa região existe uma população que desenvolve uma atividade econômica tradicional.

Segundo o Programa de Desenvolvimento Sustentável da APA do Litoral Norte - PRODESU

(CONDER, 2001), a população é bastante jovem com cerca de 50% com até 20 anos, e 2/3 do

total apresenta somente até 4 anos de estudo, onde um dos motivos explicados é a necessidade de

colaborar com a subsistência das famílias e relacionadas a infra-estrutura da educação e

transportes. Dessa forma cerca de 35% da população desenvolve atividades tradicionais agrícolas

e agropecuárias, onde aí estão incluídos o trabalho assalariado e de prestação de serviços a

terceiros, a pequena produção familiar, a pesca, mariscagem e o artezanato.

Dentro dessa linha, a extração de cocos e a mariscagem nos manguezais podem ser a principal

fonte de renda de muitas famílias. Além disso os manguezais, têm grande participação na

manutenção da biodiversidade marinha e sua preservação estaria relacionada a sobrevivência de

comunidades na região costeira da APA (CRA, 2000).

A partir da abertura da Linha Verde, os povoados antes mais isolados passaram a receber um

fluxo turístico bem maior, o que favoreceu uma variação sócio-econômica da região. Dessa

forma, principalmente na parte mais meridional da APA, onde o turismo já vinha sendo

incentivado há alguns anos, as atividades como hospedagem, alimentação e construção civil,

relacionadas ao turismo, já representam grande importância na ocupação das famílias. Sendo

assim, a capacitação de pessoas locais nos setores hoteleiros e de artesanato têm grande

importância, já que a convivência de novas atividades produtivas com atividades tradicionais,

pode geralmente trazer graves conflitos (CONDER, 2001).

Agressões ambientais na APA Litoral Norte, relacionadas à chegada dessas novas atividades,

como o desmatamento, a extração ilegal de areia, a ocupação desordenada do solo e as

queimadas, principalmente ligadas a atividades de turismo, com suas demandas por material de

construção civil e espaço para novos loteamentos, podem trazer danos ao meio ambiente e

prejudicar a continuidade de atividades tradicionais extrativistas das populações sem que elas

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84

consigam se beneficiar diretamente com as novas oportunidades, principalmente pelas baixas

taxas de associativismo indicadas no PRODESU (CONDER, 2001), mesmo entre os

trabalhadores da agricultura, onde a grande maioria não está vinculada a qualquer organização de

classe.

Foi com essa realidade que em 1995 a resolução CEPRAM 1.040, aprovou o plano de manejo da

APA Litoral Norte e o seu Zoneamento Ecológico – Econômico – ZEE, desenvolvidos com

estudos feitos e encomendados pela Companhia de Desenvolvimento Urbano no Estado da

Bahia – CONDER, para tentar ordenar a ocupação do solo e seus parâmetros de uso, de maneira

a tentar ao máximo dirimir conflitos de interesse. Assim a aprovação e instituição de programas

de controle e desenvolvimento, defesa, recuperação, conservação e educação ambiental, são

partes integrantes do Plano de Manejo da APA.

Assim nos últimos anos vem ocorrendo o desenvolvimento de grandes programas e projetos na

APA Litoral Norte, como o programa de gestão administrativa de APAs, dentro do modelo

citado no capítulo 2 desta dissertação, com a existência de sede administrativa, equipamentos e a

presença de uma administradora em tempo integral na área da APA, e o próprio Programa de

Desenvolvimento Sustentável – PRODESU, uma atualização e detalhamento do plano de

manejo aprovado pelo CEPRAM em 1995. Além desses podemos citar ainda investimentos em

infra-estrutura turística, feitos pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR,

para essa APA que se insere na Costa dos Coqueiros, a construção e operação do complexo

hoteleiro Costa do Sauípe, a duplicação e concessão de uso privado da Rodovia BA-099 e a

construção do complexo automobilístico FORD, com influências na área da APA.

É dentro de toda essa complexidade do sistema ambiental, social e econômico que se caracteriza

a APA Litoral Norte, que a divulgação ativa do seu principal instrumento de ordenamento, o

Zoneamento Ecológico – Econômico – ZEE, irá revelar sua grande importância para formar nas

populações da APA, a consciência dos limites de intervenção e induzir uma participação ativa

desta, como fiscalizadora das intervenções que possam ocorrer.

Nessa ótica, ganha mais força o conceito de divulgação ativa e gratuita de informações ambientais

de base, relacionadas a APA, para toda a sociedade. Reforça-se essa postura se considerarmos

ainda, uma das recomendações do GEO BRASIL 2002 - Perspectivas do Meio Ambiente no

Brasil (IBAMA, 2002), para que Sistemas de Informação Geográfica para a gestão territorial,

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85

disponibilizem de forma simples, para a sociedade em geral, através da internet, informações

geograficamente georreferenciadas.

O sistema piloto GISWEB para a APA Litoral Norte, é divulgado através da internet para todos

os atores interessados e quer atingir exatamente os grupos organizados e formadores de opinião,

que possam discutir e lutar, junto com o poder público, pelo cumprimento das normas já

estabelecidas no ZEE. Além disso o GISWEB pode servir como norteador primário das decisões

de localização e investimento em novas atividades produtivas, que por ventura queira se

empreender na APA.

Page 98: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

86

CAPÍTULO 5

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO

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87

5 – AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO

A avaliação desse trabalho deve levar em conta não só o sistema informatizado em si, mas

também as pessoas ligadas a atividades relacionadas a Área de Proteção Ambiental. Dessa forma

uma análise deve ser feita não apenas para o sistema GISWEB e seu uso, mas também deve

contar com o conhecimento da opinião de administradores dessas unidades e dos gestores

governamentais ligados ao desenvolvimento dessa atividade, sobre o tema “Informação e

conhecimento ambiental para moradores e freqüentadores de uma APA”. (Apêndice E).

Com essa preocupação, queremos considerar que não é apenas um sistema de informação

ambiental sozinho, ou advindo de políticas públicas isoladas, que terá chance de alcançar seus

objetivos. Muito mais que Sistemas de Informação Ambiental, vale a postura consciente e pró-

ativa para a divulgação dessa informação ambiental dos atores locais e principalmente do poder

público que está presente na área.

5.1 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO

Foi realizada uma coleta qualitativa de percepções de administradores de APAs e gestores

governamentais ligados a essa atividade, sobre Informação e conhecimento ambiental para

moradores e freqüentadores de uma APA. Foi passado um questionário semi-estruturado

(Apêndice E) para 5 administradores ou ex-administradores de 1 ou mais APAs estaduais, para o

coordenador interino da área e para o Diretor de Recursos Naturais, responsáveis na estrutura

formal do CRA da época, pela gestão dessas unidades.

A escolha dos administradores entrevistados, foi feita em virtude de sua presença na sede do

CRA, para que fosse possível dirimir quaisquer dúvidas em relação ao questionário e também em

virtude de sua representação para a os 6 sistemas de APAs estaduais existentes na Bahia (Decreto

7.967, capítulo II). Entre os administradores de APAs entrevistados, a área de atuação atual ou

passada ocorreu nas APAs Baía de Todos os Santos – BTS e Bacia do Cobre / São Bartolomeu –

ambos do Sistema de APAs do Recôncavo – SAREC; APA Lagoas e Dunas do Abaeté e Litoral

Norte – do Sistema de APAs do Litoral Norte – SALINO; APA do Pratigi do Sistema de APAs

do Litoral Sul – SALIS; APA Marimbus / Iraquara e Serra do Barbado – do Sistema de APAs da

Chapada Diamantina – SACHA; e APA Dunas e Veredas do Baixo-Médio São Francisco –

Page 100: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

88

Sistema de APAs do São Francisco – SASF. A APA Serra Branca / Raso da Catarina, única

representante do Sistema de APAs do Sertão ainda não teve administrador.

Todos esses sistemas, representam basicamente realidades de diversas ordens. Alguns como o

SASF, representam a Bacia do Rio São Francisco, o SALIS e SALINO, representam regiões

administrativas, o SAREC e o SACHA micro regiões geográficas. As APAs do Litoral Norte e

Sul e também do recôncavo baiano, são aquelas que estão inseridas em uma área de influência de

políticas de desenvolvimento do turismo e de expansão imobiliária muito mais acentuada, tendo

por conseqüência uma maior infra-estrutura de serviços governamentais, incluindo a educação

por exemplo.

Os questionários (Apêndice E) foram administrados durante o mês de outubro de 2002 e foram

divididos em duas partes. A primeira parte diz respeito ao entendimento dos entrevistados sobre

divulgação de informação ambiental de maneira geral e a forma para fazer. A segunda parte fala

sobre informações ambientais em APAs, focando por vezes a APA Litoral Norte, atores locais e

formas de divulgação.

Para a coleta de dados sobre o GISWEB APA LN, foram feitas abordagens de modo a conhecer

informações sobre o seu uso quantitativo, o seu perfil qualitativo de usuários e as percepções

destes após o uso.

Na abordagem quantitativa, foram utilizados os arquivos de Log, que guardam os números de

acesso das páginas do sistema. Esses arquivos são gerados automaticamente e ficam armazenados

no servidor do GISWEB. Para interpretar os arquivos de Log e gerar os números estatísticos de

acesso, foi utilizada uma licença temporária do Software Web Trends Reporting Center da

Empresa NetIQ Corporation. Os dados foram tomados mês a mês, começando em junho de

2002 até dezembro do mesmo ano. Na análise foram considerados os números de acesso na

página principal do aplicativo GISWEB, em relação a: Visitas, Usuários Únicos e o número de

Páginas Vistas no período2.

2 Usuário Único é entendido como aquele que acessa a página uma única vez no período, ou seja representa uma audiência individual específica, identificada pelo número IP ou cookie. Visitas, também chamadas de sessão do usuário, que é toda atividade de um usuário em um Web site. É então formada pelo número total de usuários, mesmo repetidos. O número de Páginas Vistas é o registro de cada carregamento de páginas estáticas, formulários e páginas dinâmicas do sistema (Web Trends Reporting Center – Glossary).

Page 101: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

89

Para a análise qualitativa da audiência do sistema GISWEB na internet, foi utilizado no período

de 27/06/2002 a 08/11/2002 na página inicial do aplicativo, um formulário para a escolha do

perfil do usuário do Sistema. O preenchimento não era obrigatório e os perfis colocados

representavam o tipo de usuário que se esperava que fosse utilizar o aplicativo, colocando ainda

um campo que representasse ‘outro usuário’ (Figura.5.1). Os dados eram automaticamente

enviados para um e-mail determinado, utilizando um sistema de redirecionamento, e a página de

navegação era então remetida para o formulário atual de identificação do ponto e nome do

usuário.

A quantidade de perfis recebidos não significa a audiência do site, já que o seu preenchimento não

é obrigatório, no entanto é essencial para se obter determinar de fato quem é o usuário do

sistema e saber assim, se ele está atingindo seus objetivos.

Figura 5.1: Formulário para a escolha do perfil do usuário GISWEB APA LN Fonte: CRA, Home Page, 2003

Page 102: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

90

Para capturar a percepção do usuário quanto ao sistema em si e ao seu uso, bem como para

conhecer suas dificuldades, críticas e sugestões, dispusemos durante o período de 08/11/2002 a

17/02/2003 um formulário em forma de enquete, com perguntas semi-estruturadas para ser

respondido on-line (Figura 5.2). O formulário surgia como uma pequena janela do navegador,

quando o usuário carregava a página do aplicativo de geolocalização em si, a partir da página com

o perfil do usuário. As respostas também eram remetidas automaticamente para um e-mail

determinado.

As respostas deste questionário, identificarão o tipo de usuário que respondeu e seus motivos

para acessar o sistema, além de dar indicações, se o sistema foi aceito e se foi desenvolvido de

uma maneira que consiga ser utilizado minimamente. Ademais, também coleta sugestões e

dificuldades que possam se tornar importantes passos para a evolução do aplicativo.

Figura 5.2: Formulário com questionário para ser respondido pelo usuário sobre o

sistema GISWEB APA LN Fonte: CRA, Home Page, 2002

Page 103: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

91

5.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão colocados seqüencialmente, de acordo com a metodologia utilizada para

obtê-los, sendo discutidos também em seqüência, na medida em que vão sendo conhecidos.

Nas 7 entrevistas realizadas com administradores e gestores de APAs, a totalidade achou que

informações ambientais de interesse geral, contidas em documentos de domínio do CRA,

deveriam ser necessariamente disponibilizadas. Esse é o primeiro indicativo de um pensamento

comum, acerca das responsabilidades de órgãos públicos em relação a informações ambientais, e

que se reflete positivamente nas legislações citadas e conceitos utilizados nesta dissertação.

Em se tratando de informações de ZEE e Plano de Manejo de APAs, todos foram unânimes em

se posicionar pela divulgação dessas informações, tendo prevalecido para 4 entrevistados que a

divulgação seja feita na forma original integral e também através de um tratamento da informação

para uma divulgação específica, como é o caso do GISWEB APA LN. Para todos esses

entrevistados, ao tratar informações sobre ZEE e Plano de Manejo de APAs, o que deve ser

conhecido é exatamente o que pode e o que não pode ser feito dentro das zonas da APA, ou seja

as restrições e recomendações de uso. Foram indicados ainda que devem ser divulgadas

informações gerais a respeito da APA, como: localização e limites, o que é uma APA, objetivo,

importância, atributos naturais, aspectos legais, órgãos e competências ambientais e ações de

fiscalização na área.

A estratégia para passar o conhecimento indicado, teve como percepção para quase todos, que

seja utilizada uma forma interativa, dinâmica, autoexplicativa e sem limites de tempo, que seriam

indicadas para pessoas mais esclarecidas ou com maior escolaridade e com acesso a equipamentos

específicos. Foi feita uma ressalva, no entanto, que devem também ser utilizadas formas

presenciais e formais, já que estas seriam mais adequadas para pessoas mais simples ou com

pouca escolaridade, que formam a maior parte dos grupos sociais das APAs.

Dessa primeira parte do questionário, fica claro que a visão desses responsáveis pelas APAs

Estaduais da Bahia, vai ao encontro de uma divulgação ativa de informações por parte do poder

público, detentor da gestão dessas unidades. Ao sobressair às visões de divulgação de informação

integral e específica, a primeira forma atingiria, sem dúvida, um público mais especializado, e a

segunda poderia levar conhecimentos mais específicos para diversos usuários. O GISWEB vai

Page 104: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

92

nessa linha, ao tratar informações relativas ao ZEE e divulga-las através da internet de forma

espacializada, acaba visando determinados usuários e utilizando uma estratégia corretamente

identificada pelos entrevistados para um público mais preparado e conseqüentemente formador

de opinião. O uso de tecnologia GIS, responde aliás a demanda levantada pelo diretor

responsável na época por essas UCs no CRA, que mencionou que se deva conhecer em qual zona

se está inserido um determinado ponto ou atividade.

Na segunda parte do questionário, foi indicado por todos os entrevistados que no caso da APA

Litoral Norte, os atores que mais contribuem para pressionar mudanças no ZEE, são loteadores

e empresários ligados ao turismo e/ou indústria. Foi apontado pela maioria que o Poder público

municipal também exerce pressão para mudanças ou adaptações do ZEE, de acordo com o

interesse sobre o uso solo. São mencionados ainda comerciantes, mineradores, fazendeiros e

moradores de áreas urbanas.

O que se pode interpretar desses atores apontados, é que realmente cada grupo tem interesses

específicos na APA e que a atividade de mediar conflitos, apoiada na manutenção do ZEE deve

ser feita a partir do conhecimento deste instrumento por todos. Há, porém, aqueles grupos cuja

atuação se sobressai na busca de espaço para seus interesses particulares. O apontamento de

loteadores e empresários, principalmente de turismo, nos remete as características históricas da

área e das administrações passadas e atual da APA, conforme visto anteriormente. Lembramos

portanto, que políticas de desenvolvimento do turismo foram o fator preponderante para a

criação da APA, além de que o Litoral Norte vem se consolidando como área de expansão

natural da Região Metropolitana de Salvador, causando grande interesse imobiliário, como

alternativa de lazer e moradia, em virtude das novas oportunidades de emprego surgidas com

projetos de turismo, como o Complexo Sauípe e grandes iniciativas como a indústria Ford e

projeto de carcinicultura. Talvez o Poder Público Municipal seja visto como fator de pressão

sobre o ZEE, já que esse tipo de instrumento de uma APA Estadual, reflete diretamente um

ordenamento do solo municipal pelo poder estadual. O ZEE ao ser realizado, tem que levar em

conta os diversos interesses, mas o amadurecimento, por parte do município, de planos próprios

de ordenamento do território, pode estar gerando novos conflitos que devem ser mediados,

talvez por uma efetiva evolução do ZEE. Essas adaptações no ZEE atual, caso sejam necessárias,

devem ser feitas a partir do desenvolvimento do conhecimento espacial do território como um

todo e feito por todos, o que pode ser feito também pelo GISWEB, além da definição de

Page 105: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

93

políticas de uso do território que sejam de longo prazo. Somente assim o ZEE poderá se firmar

definitivamente como o principal instrumento norteador da gestão da APA.

Sobre o meio de divulgação ideal de informações sobre ZEE e plano de Manejo da APA Litoral

Norte, para os atores que mais pressionam esses instrumentos, ocorreram, no seu conjunto, duas

posições equivalentes. Uma recomenda o uso prioritário de meios como programas de rádio,

cursos e seminários e cartilhas e folders, argumentando que seriam meios mais acessíveis e

pessoais, para atingir diretamente a população e a maior área possível da APA. A outra posição

focou um receptor mais específico da informação. Considerou que meios mais tecnológicos,

como o uso de sites na internet e em segundo plano de Vídeos/TV, seriam adequados para

grupos determinados que detêm conhecimento e possuem acesso a tecnologia e ainda

contribuem para a pressão imobiliária e turística na região. Dessa forma, considerou-se que a

informação seria mais direcionada e chegaria mais rapidamente para quem representa de fato a

maior possibilidade de pressão na área.

O Sistema GISWEB APA LN responde a essa última diretriz já que para o caso específico da

APA Litoral Norte, há a proximidade com a Região Metropolitana de Salvador – RMS e a

existência de políticas específicas, bem definidas sobre a área. Deve-se atentar contudo, que para

a divulgação do ZEE de maneira generalizada, deve-se utilizar vários meios.

O aplicativo de Geolocalização do Sistema GISWEB APA LN teve seu acesso analisado de

01/06/2002 até 10/12/2002, estando ativo durante 182 dias desse período e o restante dos dias

em manutenção ou fora do ar. O Sistema obteve 1702 visitantes totais e teve 11261 páginas

vistas durante todo esse período. Até novembro de 2002, a média de usuários únicos/mês foi

de 178,7 e cerca de 50% maior para visitantes totais, com 272,2. A Figura 5.3 mostra o número

desses usuários por mês, considerando para o mês de dezembro uma projeção da audiência

alcançada.

Considerando os 182 dias de atividade do sistema, a média do número de visitantes totais/dia

foi cerca de 9,4 sendo que se registrou um número médio de 6,6 páginas vistas por cada um

desses usuários.

Os dados acima tendem a mostrar que vem se mantendo quase constante, ao longo desses 7

meses de análise, o número de usuários únicos do sistema por mês, enquanto vem diminuindo o

Page 106: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

94

número de usuários totais. Essa tendência pode indicar duas possibilidades que se

complementam: a primeira é que o sistema, por ter sido divulgado durante o seu lançamento na

mídia impressa, tanto no Diário Oficial do Estado-DOE quanto em jornais privados de grande

circulação, atraiu visitantes de diversos níveis, incluindo curiosos e leigos em relação a GIS ou

APA, registrando assim um alto número de visitantes totais no início do período em relação ao

final; ou a segunda possibilidade que o sistema passou a ser mais bem utilizado por aqueles que

realmente o consultam para algum fim específico, bastando agora uma simples visita mensal para

se conseguir manejar a geolocalização e obter-se a consulta desejada.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

jun jul ago set out nov dez

meses

Usuários únicos Visitantes totais

Figura 5.3: Usuários únicos e Visitantes totais / mês do GISWEB APA LN em 2002 Fonte: Análise de audiência em arquivos de Log de serv idor Interner do CRA, 2003

Essa segunda possibilidade encontra apoio no número de páginas vistas por cada usuário. Se

considerarmos que as páginas vistas representam, em sua maior parte, as páginas dinâmicas do

sistema, ou seja com mais ou menos zoom, recentralizadas, com pontos geolocalizados, com

zonas identificadas, páginas redesenhadas ou layers ativados, então pode ser que a quantidade de

interações do usuário com o aplicativo diminua apenas para aquelas realmente necessárias ao seu

objetivo. Essa possibilidade tem sido observada, com a diminuição de páginas vistas por usuário,

que girava ao redor de 9 para o mês de lançamento do sistema e atingiu algo em torno de 5 nos

meses de novembro e dezembro de 2002.

Page 107: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

95

28,8% (162)

21,3% (120)17,1% (96)

16,0% (90)

9,4% (53)5,0% (28)2,5% (14)

Associação / ONG Outro Usuário Empreendedor

Poder Público Não Identificado Consultor / Pesquisador

Estudante

Sobre os usuários do sistema, foram coletados 563 perfis de usuários durante os 127 dias em que

esse formulário ficou acessível (Apêndice F). Para fins de resultado de pesquisa, todos os usuários

do poder público foram reunidos em um único grupo. Da mesma forma foi feito para os usuários

tipo Consultor / Pesquisador, já que ambos seriam profissionais que usariam o sistema como

uma verdadeira ferramenta diretamente relacionada às atividades profissionais que estivessem

desenvolvendo no momento. Da mesma forma foi feito com Associações / ONGs, cujo

interesse pode ser conjunto em monitorar a localização e características de empreendimentos ou

atividades que possam afetar objetivos de conservação, como no caso de ONGs ambientalistas,

ou que influenciem o desenvolvimento de atividades tradicionais ou ligadas ao turismo e que

estejam relacionadas a associativismo. Lógica semelhante foi utilizada para reunir o grupo

Empreendedor pessoa física e pessoa jurídica.

Assim sendo, os usuários que mais acessaram o serviço de geolocalização do GISWEB APA LN

foram na ordem: Estudantes, seguidos de Consultores/Pesquisadores, depois pessoas que não se

identificaram, Poder Público, Empreendedores, outros usuários e em último lugar

Associação/ONGs (Figura 5.4).

Figura 5.4: Percentual (total) de Acesso segundo perfil de usuário do GISWEB APA LN

Fonte: Respostas a formulário de perfil de usuário na Home Page do CRA

Page 108: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

96

Desse resultado, devemos notar primeiramente que o total de perfis é menor que o número de

usuários detectados pelo software analisador de acesso. Esse fato indica que muitos usuários do

sistema estavam carregando diretamente a página da geolocalização em si, sem passar pelo

formulário de identificação de perfil. Esse fato é possível já que o visitante pode marcar no livro

de endereços do seu navegador, especificamente a página dinâmica do aplicativo.

Quanto aos usuários identificados, chama atenção o fato de que a maior fatia é representada por

estudantes, o que demonstra que a internet é um meio especialmente bem sucedido para

atividades de ensino. O uso do sistema por esse grupo, pode então estar ajudando a disseminar

conceitos sobre APAs e estimulando o desenvolvimento de uma visão espacial sobre a área,

contribuindo assim para um entendimento mais holístico do meio.

Consultores/Pesquisadores e o Poder Público são os outros usuários que vem em seguida e estão

bem representados no total com 21% e 16% respectivamente, conforme já era esperado, em

virtude dos usos previstos anteriormente para esses grupos. Vale ressaltar que foram identificados

diversos pesquisadores reconhecidos e projetos de âmbito federal como usuários do sistema, a

própria administradora da APA, a Engenheira Florestal Patrícia Pinha, como Poder Público

Estadual, declarou o uso sistemático do Sistema GISWEB como ferramenta integrante do seu

trabalho. Pinha ressaltou, que o sistema facilita e agiliza, em conjunto com o uso de GPS, uma

rotina constante de identificação de Zonas, onde está exercendo alguma atividade ou oriundas de

demandas da própria comunidade (Figura 5.5).

O número de empreendedores (53) também se mostrou bom, já que muitas vezes suas consultas

já são feitas por consultores contratados e que o ritmo de praticamente 1 consulta a cada dois

dias, pode representar um número considerável de projetos. Por outro lado, consideramos que

ocorreu um uso bastante tímido do sistema por ONGs/Associações, apenas 14 no período. Esse

fato pode significar realmente que há baixo índice associativismo, conforme indicou o

PRODESU, e pouca atividade de ONGs nesse sentido. A outra possibilidade é que esse não é o

meio ideal de uso para esses atores, já que principalmente as associações mais simples, podem

não ter acesso a tecnologia adequada. Apesar do GISWEB ter o potencial de suprir o uso

previsto para esses grupos, que privilegia monitoramento e fiscalização de empreendimentos com

fins de interesses de conservação do meio e manutenção de rotinas produtivas tradicionais, deve

ser necessário uma apresentação mais pessoal do potencial de uso do sistema, juntamente com a

capacitação desses usuários.

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97

Apenas 5% dos visitantes do sistema, se enquadraram como “outros usuários”, o que deve ser

melhor investigado, porém, podem representar principalmente moradores locais e pessoas

comuns com outras ocupações. Os 96 usuários que optaram por não se identificar, podem ser

aqueles que utilizaram o sistema mais de uma vez ou ainda os internautas que tem por hábito o

não preenchimento de formulários.

Figura 5.5: Administradora da APA Litoral Norte utilizando o Sistema GISWEB Fonte: Arquivo fototgráfico do autor

Quanto à investigação realizada on-line sobre o Sistema, relativas a figura 5.2, obteve-se um total

de 42 retornos à enquête, no período indicado em que ficou disponível. Esse número é resultado

apenas da ação voluntária do usuário em responder à enquete, não tendo sido estimulado sob

qualquer forma. Podemos entender essa enquete como duas partes: a primeira que registra o tipo

de usuário que acessa e seus motivos para acessar o Sistema, e depois a sua percepção sobre o

uso em si e obtenção das informações disponibilizadas pelo Sistema. Foram enumerados ainda,

opções de problemas que poderiam ser marcados, escritos e enviados, assim como críticas e

sugestões, que também poderiam ser enviados livremente.

Page 110: DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE ÁREAS DE …‡ALVES, Márcio A... · Figura 4.6A – Simulação de consulta e geolocalização de um aponto na APA Litoral Norte ---79 Figura

98

Do total de 42 usuários, 15 corresponderam a estudantes, outros 15 podem ser atribuídos a

consultores/pesquisadores, 8 a outros usuários, como moradores locais, aposentados e curiosos,

3 questionários são do Poder Público e 1 relativo a Associação. Das 40 pessoas que declararam,

apenas 5 moravam na APA e 8 trabalhavam na mesma, sendo que 12 usuários mantinham uma

dessas duas condições.

Esses fatos indicam que houve um retorno de respostas relativamente parecido ao perfil de

usuários traçados, com um aumento de “outros usuários” em detrimento do poder público e com

ausência de empreendedores. Talvez isso se deva ao fato, de que ao responder uma enquete, o

usuário tenha se identificado pessoalmente, impossibilitando uma extração efetiva do seu perfil,

explicando os quase 20% do total relacionados a outros usuários. Em relação aos usuários

trabalharem ou morarem na APA, os resultados indicam que não há uma correlação direta no

interesse em acessar o GISWEB APA LN, já que a grande maioria de 67% pode fazer uso do

sistema por diversos motivos sem ter algum vínculo sistemático de permanência no território,

fazendo com que o Sistema possa ter um alcance bem maior do que o da população local.

Os motivos que levaram o usuário a acessar o Sistema GISWEB foram diversos e estão bem

distribuídos. São relacionados a pesquisa e consultoria com 11 registros, depois ligados a

trabalho estudantil com 10, para conhecer melhor o sistema 8 pessoas, 7 para realizar uma

consulta específica no aplicativo e 5 buscando outras informações quaisquer relacionadas a

APA.

Da análise que se pode ser feita, podemos observar que o GISWEB está ajudando a suprir

informações principalmente para atividades profissionais ligadas a pesquisa/consultoria, bem

como em trabalhos escolares de diversos níveis, possivelmente de estudantes secundaristas a nível

superior e pós-graduação. Pode ser destacada ainda que o sistema: ainda está sendo explorado

para ser conhecido por cerca de 20% dos usuários; e que contribui diretamente com informações

das consultas que possibilita, sobre geolocalização e conhecimento do ZEE, para um grupo de 7

das 41 declarações de uso.

Especificamente, se considerarmos essa última utilização do GISWEB, para geolocalização de

Zonas, podemos inferir que o sistema atua diretamente na forma de trabalho do órgão gestor de

APAs. Ao observar que há uma grande demanda de interessados, em saber exatamente onde se

encontravam na APA, conforme identificado através de questionário pelos Administradores e

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99

Gestores entrevistados, vimos que esses interessados tem necessariamente que se deslocar até o

órgão gestor, que detêm os mapas georreferenciados das zonas, e que ainda deverão ser atendidos

por um servidor que lhes respondesse a consulta. Assim sendo, o sistema GISWEB possibilitará

conseqüentemente economia de tempo e recursos financeiros, tanta para o serviço público

quanto para o consulente interessado. Esses números, de maneira global, indicam grande

utilidade do sistema para o poder público, consultores e outros usuários.

Quanto ao sistema em si e seu uso, um total de 41 questionários responderam se sabiam o que

era APA, com uma grande parte dizendo que sim, apenas 8 falaram que sabiam em parte, em sua

maioria estudantes, e somente 1 disse que não sabia, um consultor. Somente esse resultado não

permite abstrair se os usuários já sabiam o que era APA antes do uso do sistema, ou, se eles

apreenderam o conceito a partir do uso do sistema, acessando o link que direciona para página

geral de APAs do Portal do CRA e que contêm essa explicação, assim como um texto com os

principais atributos e decreto de criação de uma dessas unidades. De qualquer forma esse

percentual de quase 80% de pessoas que sabem o que é APA, revela um tipo de usuário

realmente mais qualificado.

O Sistema GISWEB APA LN foi considerado positivo por 36 de um total de 38 usuários que

responderam, os 2 restantes indicaram que o sistema é apenas em parte positivo, sendo que um

desses usuários mencionou, justificando talvez, que seu conhecimento sobre o assunto era

sucinto. Esses números nos levam a crer, que o sistema como foi concebido, para divulgar

informações de APA e do ZEE da APA Litoral Norte, é considerado aprovado pelos usuários,

obviamente melhorias devem ser feitas em cima de problemas detectados e de críticas e sugestões

apontadas.

Alguns problemas foram apontados pelos usuários em geral, principalmente entre aqueles que

tiveram dificuldades em obter informações. Dos 39 usuários que responderam essa questão, a

maioria 17 disse que achou fácil obter informações, porém 14 indicaram que apenas em parte e 8

indicaram que não era fácil.

Quanto aos problemas em si, para usar o sistema ou obter informações, 22 usuários não

responderam nada ou indicaram tacitamente que não havia nenhum problema. Das outras 20

respostas, que apontaram um ou mais problemas, a metade indicou que a maior dificuldade é a

falta de pontos de referência, outras 6 respostas incluíam dificuldades em como obter ou usar as

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100

coordenadas, 5 incluíam estorvo no uso das ferramentas do aplicativo, 2 se referiam a sua própria

limitação ou inexperiência com informações georreferenciadas, outra apontamento pediu para

acessar também informações de outras atividades do CRA e por fim foi questionado sobre a

margem de erro da geolocalização nas zonas da APA.

Analisando as colocações, cabe sem dúvida alguma agregar mais pontos de referência além das 34

localidades e pontos notáveis já disponíveis, e mais adiante permitir que se escolham diretamente

as localidades, como forma de busca, para saber de imediato a que zona pertencem. Parece que o

usuário necessita de uma referência física conhecida como fator de percepção espacial, sem a qual

a geolocalização por números de coordenadas ou a simples escolha de determinada zona,

poderão não consolidar a sua visão do todo, nem sedimentar a sua associação com o território e

o fato de que qualquer intervenção influenciará a APA.

Os pontos de referência podem ser agregados a partir de informações conhecidas da própria

OEMA responsável, por exemplo, por licenciamento ambiental. Quer dizer, pode-se criar uma

camada georreferenciada de pontos identificados de empreendimentos com licença ambiental.

Nesse caso, nada mais fácil como ponto de referência do que indicar, fábricas, fazendas, hotéis,

pontes etc., que as pessoas passam freqüentemente, trabalham ou conhecem alguém que trabalhe.

A identificação oficial e local dos nomes dos rios e vias também pode ser agregada, aliás a revisão

dessas camadas foi sugerida também pela administradora da APA Litoral Norte.

A vantagem de um Sistema de Informação baseado em GIS, conforme foi mencionado no

capítulo 2 em relação a Simão (2001), é a capacidade de integrar diversas informações e enxergá-

las no território. Dessa forma, o pedido por mais pontos georreferenciados agrega esforços para

tornar um SIA realmente acessível para o público, como demonstrado no triângulo de Haklay

(2003). Isso contribui sem dúvida para a internalização do paradigma ambiental e para se enxergar

a relação intrínseca entre homem e meio ambiente, e conseqüentemente contribuir para a busca

do desenvolvimento sustentável.

Por outro lado foram demonstrados problemas referentes à interface de utilização do Sistema.

Nos referimos a Güttler; Denzer & Houy (2001) no capítulo 2, para demonstrar que a maioria

dos usuários ainda é mais familiarizada com uma interface em forma de árvore ou diretório e

também para demonstrar a necessidade do uso de informação geográfica para informações

multidimensionais e integradas. Nessa direção, se considerarmos dificuldades com coordenadas,

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101

as ferramentas do sistema e ainda limitação de conhecimentos em GIS, teríamos um total de 13

apontamentos de problemas que correspondem às dificuldades em se trabalhar com informações

geográficas. Para ajudar a minorar o problema e ajudar a disseminar a cultura do uso de

informações geográficas, pode ser feito uma espécie de tutorial on-line sobre o uso de

coordenadas UTM no sistema e como obtê-las com um GPS. O mesmo pode ser feito para

ensinar mais detalhadamente o uso das ferramentas.

Em relação a margem de erro do sistema, esta sempre vai depender de como foi feita a poligonal

da APA, como foram separadas as zonas e de como foram obtidas as coordenadas para

geolocalização. A informação dada pela coordenação responsável pela geomática do CRA indica

que o mapa da APA e suas Zonas foi georreferenciado em uma escala de 1:100.000, ainda deve

ser levado em consideração que no caso de obtenção de pontos por GPS, pode haver um erro de

10 a 30 metros. Essa escala é absolutamente suficiente e o erro é desprezível para realizar

geolocalizações, identificando a zona a que pertence, o que é o propósito do GISWEB APA LN.

Caso existam, casos extremamente específicos que suscitem dúvidas, para pontos próximos de

bordas entre zonas, deve-se recorrer a uma visita em campo e/ou a utilização de um GPS

diferencial. Para uma verdade de campo, ajudaria fortemente uma descrição das Zonas, em cima

de limites físicos identificados na área e com a ajuda de amarração de pontos geodésicos bem

conhecidos.

5.3 ESTRUTURA E PROJEÇÃO DO SISTEMA

A estrutura atual do Sistema GISWEB foi planejada de uma forma, que possibilita a sua utilização

como uma base consolidada de elementos para outros tipos de serviços semelhantes. O Estado

da Bahia possui hoje 26 APAs Estaduais e destas 15 já possuem ZEE definido e aprovado, dessa

forma, o sistema GISWEB da APA Litoral Norte, dado aos seus números de utilização e ao

retorno positivo dos usuários quanto ao sistema em si, poderia ter o seu “Shell ” transformado em

um padrão para aplicações semelhantes para essas APAs e outras Unidades de Conservação. Essa

sugestão, também foi feita a partir da enquete on-line e indicada explicitamente por 3 usuários do

sistema.

Algumas melhorias na interface do GISWEB poderão ser feitas, conforme problemas detectados

e sugestões dos usuários, já comentadas no tópico anterior. Da mesma forma, algumas adições

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como um tutorial de uso do sistema, a integração de outras informações ambientais, como

pontos de licenciamento ambiental e de qualidade de água, a agregação de mais informações

sócio-econômicas da região, por exemplo, seriam uma potencial evolução do sistema e de seus

objetivos, caminhando verdadeiramente para um SIA mais completo.

No caso de aplicativos baseados no GISWEB e que se tornem cada vez mais complexos com

aquelas novas informações, haverá a necessidade de criação e/ou integração entre os vários

bancos de dados alfa-numéricos e espaciais, que possam existir entre os órgãos públicos. Para

esses serviços e informações mais complexos, baseados em informação ambiental integrada de

várias fontes ou órgãos, e que sejam disponibilizados para acesso ao público, baseado no uso de

GIS, seria necessário o conhecimento da capacidade real do software MapServer em buscar as

informações necessárias nos bancos de dados e disponibilizá-las em intranet/internet. Essa

definição poderá confirmar o uso de padrões de software abertos como o MapServer ou

direcionar para o uso de programas comerciais proprietários para o desenvolvimento de novas

aplicações baseadas no GISWEB.

Antes de tudo isso, no entanto, seria necessário uma definição do Estado para uma política que

unificasse as várias iniciativas relacionadas a informações georreferenciadas. Essa posição oficial,

poderia determinar também, através do entedimento comum entre os órgãos estaduais, a troca de

suas informações georreferenciadas, sem que haja dificuldades, cobranças e a geração de novos

ônus para fazer, muitas vezes, o mesmo trabalho. Uma das demandas é a existência e o uso

comum da base cartográfica do Estado, que começou a ser feita a partir da segunda metade de

2002 e disponibilizada gratuitamente pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do

Estado da Bahia – SEI (2002). A partir desse ponto, conseqüentemente pode ser criado uma

padrão para construção de bases georreferenciadas diversas. Assim, poderá haver uma

convergência de iniciativas que consigam otimizar os esforços feitos pelos vários órgãos

estaduais, no sentido de criar condições de existência para um SIA espacializado, que represente a

totalidade dos dados ambientais trabalhados pelo Estado.

Todas essas sugestões, também vão ao encontro daquelas feitas no tópico Sistema de

Informações Geográficas para a Gestão Territorial do livro Geo Brasil 2002 - Perspectivas do

Meio Ambiente no Brasil (IBAMA, 2002, p. 325.). Após o amadurecimento por parte dos

gestores estaduais dessas considerações, aplicações baseadas no GISWEB, poderão permitir a

consulta de pontos de licenciamento ambiental, consultar suas resoluções e portarias, áreas com

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licença de desmate, pontos com outorga de água e suas características, bacias hidrográficas e seus

dados de qualidade de água, localização de cadastro e entidades ambientais, pontos de atuação da

fiscalização ambiental, áreas de ocorrência de fauna e flora, dados sócio-econômicos, localização

de existência de pontos notáveis de infra-estrututra, presença de sedes dos órgãos estaduais em

toda a Bahia, etc.

Um novo viés, que agregue informações mais voltadas a atividades lúdicas e de lazer, como

atividades turísticas, poderia ser implementado para aumentar ainda mais o uso do sistema. Essa

estratégia poderá quem sabe atrair mais a participação de ONGs e associações, em relação as

quais, o sistema atual não conseguiu muita penetração, além de poder demonstrar para o usuário

em geral, todo o potencial de turismo que a região pode oferecer. Aliando-se a este possibilidade,

o fato de trabalhar conjuntamente uma informação técnica e específica, como é o caso do ZEE

da APA, com informações de fácil reconhecimento como as de turismo, poderia fazer com que

mesmo o público não interessado no ZEE, acessasse o sistema e absorvesse a noção espacial e o

planejamento ambiental do território. Com esta conseqüência, o GISWEB estaria entrando na

seara da educação ambiental. Aliás esse ponto pode ser bem explorado, mostrando grande

potencial, haja vista a grande quantidade de estudantes que acessam o sistema.

Uma das possibilidades de se fazer educação ambiental e atingir a percepção da população em

relação a mudanças no território da APA, é fazer com que o GISWEB possa mostrar com clareza

as modificações do meio, como conseqüência do seu uso, ou seja, a demonstração da dinâmica

temporal de vários temas que representem as condições naturais da APA e o uso de seus

recursos.

As possibilidades são muitas, a entrada para todas elas poderá ser a representação geográfica do

Estado da Bahia como um todo e variadas buscas, já pré-definidas, para cada informação e com

acesso integrado a todas as outras. De imediato, por ter tido um baixo custo de desenvolvimento

e poder ser considerado um aplicativo aprovado, a aplicação de geolocalização de ZEE no

GISWEB, poderá ser estendida com tranqüilidade para as outras APAs Estaduais e outros temas

ambientais.

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CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

No Brasil, a existência de instrumentos legais que normatizem a disponibilização de informações

ambientais já está bem desenvolvida e estes instrumentos estão sendo cada vez mais conhecidos,

no entanto a questão focada neste trabalho foi sobre a atuação do poder público como ator ativo

na divulgação dessas informações. Vimos, que existem algumas iniciativas para divulgar

informação ambiental, como o caso de EIAs-RIMA, e ainda algumas iniciativas em

desenvolvimento, como a de utilizar Portais na Internet para esse fim. Apesar disso, podemos

considerar que essas são poucas iniciativas e que não são concatenadas, logo um modelo amplo,

para um Sistema de Informação Ambiental – SIA, que consiga realmente integrar uma gama

diversificada de informações ambientais, ainda está em formação.

A responsabilidade do poder público, como disseminador de informações ambientais, ficou ainda

mais nítida quando foi analisado o caso de APAs, nas quais esse tipo de Unidade de Conservação

necessita da participação dos seus atores, para a busca do equilíbrio entre ações intervenientes

humanas e a conservação dos recursos naturais. Para que exista algum sucesso na busca desse

Desenvolvimento Sustentável, a divulgação de informação ambiental deve permear, portanto,

todos os processos desde a criação da APA, procurando fomentar o máximo possível a

participação pública dos envolvidos. Essa é a forma de garantir a perpetuidade da própria

unidade.

Ao expor o modelo teórico-conceitual de um SIA para APAs, foi indicado que o sistema é

condição intrinsecamente necessária para essas Unidades de Conservação, da sua criação até a

plena gestão. Por conseguinte, foi mostrado que o sistema deve ser planejado como um

instrumento que integre, sistematize e disponibilize todas as informações ambientais necessárias

para dar a apropriada visão holística, que é peculiar ao meio ambiente.

Um SIA com essa concepção é atrelado aos Direitos de ser informado, de conhecer e de

participar, descritos por De Marchi; Funtowicz e Pereira (2001), além de assumir as assertivas

descritas por Haklay (2003), para a consecução de um SIA com acesso público e que possibilite a

transformação da informação em conhecimento. Viabiliza assim, a participação da sociedade em

processos de tomada de decisão ambiental. Para esse último estágio, o SIA conceituado tem que

ser alicerçado em cima de conceitos de Informação Geográfica, utilizando tecnologia GIS. Este

último formato está em concordância inclusive com Güttler; Denzer e Houy (2001), sobre a

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necessidade do uso dessa interface para integrar informações multidimensionais,

características dos sistemas ambientais.

Assim sendo, no caso de Áreas de Proteção Ambiental, consideramos que o Poder Público no

Estado da Bahia atuou ativamente, para a divulgação específica de informação ambiental, relativa

ao Zoneamento Ecológico – Econômico da APA Litoral Norte. O modelo de gestão de APAs,

descrito por Abreu & Azevedo (2002) necessita de instrumentos como o ZEE, e a sua

divulgação, conforme demonstrado, tem fundamental importância para o desenvolvimento desse

modelo, já que o ZEE é um instrumento básico de ordenamento e uso do solo dessas áreas

protegidas. É ele que servirá, inclusive, como legitimador para a atuação administrativa dos

gestores dessas unidades.

O Sistema de Informação Ambiental denominado GISWEB APA LN foi desenvolvido e

implementado neste trabalho como um projeto piloto, para demonstrar como agregar vários

conceitos defendidos para um SIA, voltado para as Áreas de Proteção Ambiental - APAs. Foi

adotada uma forma de divulgação, utilizando tecnologias de informação geográfica

disponibilizada através da Web. Tal solução, utilizando esse tipo de tecnologia da informação, foi

defendida por Simão (2001), como novas oportunidades de oferecer serviços governamentais, e

utilizando GIS, conseguir relacionar o usuário ao território.

A partir dessas colocações, o GISWEB APA LN é um aplicativo que disponibiliza, através da

internet, um serviço de Geolocalização interativa no ZEE da APA Litoral Norte, cumprindo

como conseqüência, o dever do Poder Público em prover à sociedade o seu Direito à

Informação, que lhe é legítimo. A intenção em relação a este tipo de serviço, no entanto, não se

limita a esse direito. O trabalho conduzido, buscou também identificar, através dos

coordenadores governamentais ligados a gestão de APAs e principalmente através dos

administradores dessas Unidades de Conservação, que lidam diretamente com o público, quais as

informações que a sociedade gostaria de obter, fomentando então o Direito de Conhecer. A

demanda principal identificada: descobrir onde se está, dentro da poligonal e Zoneamento da

APA, e descobrir o que pode e o que não pode ser feito em relação ao uso do solo, conforme

diretrizes do ZEE, é plenamente possibilitado através do GISWEB.

Dessa forma, é realizado um passo em direção a um cidadão mais consciente, e de que ele pode e

deve ser um membro fiscalizador e atuante na gestão ambiental do Estado, ou seja o Direito de

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Participar. A partir do funcionamento devido desse direito, a participação da comunidade local

de uma APA na gestão ambiental do seu território será facilitada, colaborativa com o poder

público e até mesmo poderá garantir a existência da própria Unidade de Conservação. Em suma,

as questões dos direitos ambientais, passam a ser questões de cidadania, exercidas mediante

práticas políticas e sociais, ao se constatar que dessas questões existe uma profunda, sistêmica e

interdependente ligação do homem com seu ambiente.

Iniciativas desse tipo, de prover informação em ambiente WEB, compõem o conjunto de

serviços que também formam uma estratégia conhecida como ‘Governo Eletrônico’. Essas ações,

que visam facilitar a obtenção de informações e o requerimento de serviços públicos, utilizando

meios digitais, principalmente através da internet, nos remete a necessidade de existência de

iniciativas de combate à exclusão digital da comunidade que pode ser interessada. A preocupação

com esse aspecto, de forma a dar mais acessibilidade a esses meios tecnológicos, não esgota,

porém, outras tentativas de prover acesso à informação, através de outros meios mais tradicionais

para as comunidades do território da APA.

Caso as escolhas das políticas públicas continuem apontando para as facilidades de serviços

digitais, serão realmente necessárias ações governamentais amplas, que propiciem

verdadeiramente o conhecimento e os meios necessários, para que os interessados possam

usufruir integralmente desse tipo de serviço.

Os resultados da avaliação do sistema GISWEB APA LN, permitem concluir pela sua aprovação.

A iniciativa teve números de uso bastante positivos e o retorno esperado para boa parte dos

usuários que se procurou alcançar. A geolocalização no ZEE da APA Litoral Norte, encontrou

como usuários principais os pesquisadores/consultores e o poder público, inclusive a própria

administradora da APA, para um uso mais direto sobre o território. O sistema mostrou uma

grande utilidade como ferramenta de apoio a trabalhos escolares, já que entre os maiores usuários

estão os estudantes.

O uso para monitorar/fiscalizar o meio em prol de sua conservação, que poderia ser feito por

Organizações Não Governamentais e Associações, se mostrou baixo, de modo que se pode

concluir que: ou há pouca presença dessas ONGs e baixo associativismo na APA ou precisam de

uma infraestrutura e capacitação mais adequadas para o uso do GISWEB. De qualquer forma,

outras estratégias de fortalecimento ou de divulgação de informação do ZEE devem ser pensadas

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para esses extratos sociais. Nessa linha um bom caminho para pesquisas futuras é trabalhar em

uma melhoria do Índice de Gestão das APAS, introduzindo indicadores que consigam medir a

participação e o envolvimento da população local.

O conceito do que seja uma APA, se mostrou realmente claro para a grande maioria dos usuários

do sistema, todavia, pode carecer de um foco melhor e uma investigação mais específica para

outros usuários, que pertençam a populações mais tradicionais nas APAs e que não foram

alcançados pelo GISWEB.

A evolução do sistema e uma melhoria devem ser feitas, no entanto, para resolver os problemas

indicados e atender as novas demandas identificadas. Entre os problemas, deverá ser enfocada

uma forma de explicar melhor o uso do sistema e agregar mais conhecimento geográfico de

referência, no território e na obtenção de coordenadas. Entre as demandas, está justamente a

agregação de mais informações ambientais, que compõem o mosaico de conhecimento necessário

para promover uma percepção mais ampla do meio. Essa demanda confirmou a conceituação de

um SIA que seja um integrador de informações de diversas partes e diversos níveis. A estrutura

base do GISWEB já está pronta e pode ser utilizada a baixo custo, para outras aplicações que

prestem serviços similares, principalmente para outras APAs com ZEE.

Como sugestão, fica a possibilidade de um sistema que integre um maior número de informações

ambientais e que estas informações estejam relacionadas ao dia a dia dos grupos sociais. Por

exemplo, pode-se sugerir um sistema que integre ao ZEE imagens de belezas naturais relevantes,

para estudantes, turistas etc. Ou ainda, que agregue informações sobre locais de trabalho e

estruturas de lazer para o usuário em geral, e mais, dados sócio-econômicos por cada zona, para

atrair o interesse de associações e ONGs. Outra possibilidade é integrar informações de riscos

ambientais com o ZEE da APA, mostrar a dinâmica do território e fazer com que essas

informações possam ajudar a alertar e sensibilizar a sociedade sobre acidentes e impactos

ambientais. Enfim, as possibilidades podem ser diversas e essas sugestões podem ser trabalhadas

em novas pesquisas.

A percepção dos gestores de APA se mostrou apropriada no que diz respeito à necessidade de

divulgar informações ambientais, de maneira que existe realmente uma demanda para a existência

de estratégias de divulgação dessas informações. A questão que chamou atenção é uma percepção

dividida entre os que foram entrevistados quanto à utilização preferencial do SIA como foi

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concebido, ou a utilização de estratégias mais tradicionais como o uso de folders cartilhas,

programas de rádio e seminários locais. A ilação que se permite é que para toda a população de

uma APA, devem ser utilizadas várias estratégias para disseminar o conceito do que é APA, ZEE

e controle e uso do solo. Já para situações em que se pretende atingir atores que exercem mais

pressão no território, sendo potenciais modificadores do meio e formadores de opinião, o sistema

GISWEB APA LN se mostra apto para cumprir sua função em relação às informações que

aborda. Em suma, do Cordel á Internet, tudo é válido como iniciativa de divulgação de

informação ambiental, para unidades de conservação como as APAs.

Um Sistema de Informação Ambiental mais amplo, integrado e de acesso público, ainda deve ser

desenvolvido. Iniciativas como o GISWEB APA LN, complementam caminhos que já vem

sendo utilizados, porém, a demanda por informações cresce e uma maior rapidez no

desenvolvimento desses sistemas se mostra mais urgente. A questão da organização e do acesso à

informação, especificamente à informação ambiental, já se apresenta pretérita em alguns países,

onde já se discute o direito à participação. No Brasil, o desafio do poder público não é apenas

cumprir legislações sobre divulgação de informação ambiental, mas, principalmente, a partir desse

fato, fomentar na sociedade a sua participação efetiva na gestão ambiental do território e deste

modo, contribuir para a internalização do paradigma ambiental e a busca do desenvolvimento

sustentável.

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APÊNDICE

GESTÃO DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

AMBIENTAL – APAs NO ESTADO DA BAHIA

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APÊNDICE A: ENTREVISTA

A opção pelas APAs no Estado da Bahia

Entrevistado: Fausto Antonio Azevedo

Apresentação: Mestre em Análises Toxicológicas pela USP / Diretor Geral do CRA

1) Analisando os dados de criação de UCs no Estado da Bahia, vê-se uma clara

opção pela criação de APAs a partir da década de 90 se comparado com todos as

outras UCs. Porque se deu esse fenômeno? E Porque a adoção de APAs?

R:

2) O que motivou o CRA a pleitear e obter, em 1999 a centralização da administração

de todas as APAs estaduais?

R:

3) Quais as diretrizes principais do modelo de gestão de APAs adotado pelo CRA?

R:

Autorizo a divulgação das informações prestadas acima para a Dissertação de Mestrado de Márcio Gonçalves a ser apresentada ao CDS/UnB em 2003 Fausto Azevedo:

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APÊNDICE B: ENTREVISTA

A criação de APAs no estado da Bahia

Entrevistado: Sônia Regina Silva Portugal

Apresentação: Bióloga do CRA, Administradora da 1ª APA Estadual da Bahia

1) O que motivou a criação da primeira APA estadual da Bahia - Gruta dos

Brejões/Veredas do Romão Gramacho?

R:

2) Quais foram as diretrizes da administração naquela época?

R:

3) Quais eram os objetivos de empresas como CONDER e Bahiatursa, de

proporem e administrarem diferentes APAs na Bahia?

R: Autorizo a divulgação das informações prestadas acima para a Dissertação de Mestrado de Márcio Gonçalves a ser apresentada ao CDS/UnB em 2003 Sônia Portugal:

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APÊNDICE C:

ENTREVISTA

Formas adequadas de divulgar informações relacionadas a APAs para grupos sociais com

menor desenvolvimento social e comunidades rurais.

Entrevistado: José Marcos Luedy

Apresentação: – Jornalista formado em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia –

UFBA. Coordenador de projetos do convênio CRA/ABARÁ. Editor dos Jornais das APAs do

Pratigi e Lagoa Encantada.

1) O Sr. Acha adequado divulgar informações sobre Zonenamento-Ecológico-

Econômico de APAs e parâmetros de uso e ocupação do solo através de Cordel ou

Trovas para comunidades rurais ou com baixo desenvolvimento social?

R:

2) Em caso de Cordel ou trovas como deveria ser feita a formatação e a divulgação

das informações sobre ZEE e plano de manejo?

R:

3) Essas formas vem sendo feitas atualmente para as APAs?

R:

Autorizo a divulgação das informações prestadas acima para a Dissertação de Mestrado de

Márcio Gonçalves a ser apresentada ao CDS/UnB em 2003

José Marcos Luedy:

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APÊNDICE D:

TERMO DE REFERÊNCIA

GEOLOCALIZAÇÃO EM ÁREAS DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL EM AMBIENTE WEB

1.0 APRESENTAÇÃO

A Resolução CONAMA n° 10, de 14.12.88, em seu Art. 2° determina que todas as APAs estaduais deverão possuir Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE, o qual estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições locais, geológicas, urbanísticas, agro-pastoris, extrativistas, culturais, entre outras. As atividades efetivas ou potencialmente degradadoras, localizadas em Áreas de Proteção Ambiental – APAs administradas pelo Centro de Recursos Ambientais – CRA, deverão ser objeto de Anuência Prévia integrando o Parecer Técnico do Processo Licenciatório, onde serão observados os critérios e parâmetros definidos pelo ZEE (Decreto Estadual n° 7.967, de 05.06.01). No processo de licenciamento, a localização de um empreendimento em uma zona específica de uma APA é fator preponderante para a definição dos parâmetros ambientais e as normas de uso a que este empreendimento deverá ser submetido, de acordo com o Decreto de Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE. O CRA pretende disponibilizar no seu Portal o serviço denominado “Geolocalização em Áreas de Proteção Ambiental”, com o objetivo de possibilitar uma consulta prévia, na internet, de localização de pontos no Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE de uma APA. Neste piloto, será disponibilizado apenas consultas ao Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, sendo este serviço posteriormente estendido as demais APAs. É relevante mencionar que este serviço não define um posicionamento oficial do CRA quanto a localização de determinado empreendimento, devendo o mesmo ser submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de licenciamento junto ao Órgão.

2. OBJETIVO

Disponibilizar no Portal do CRA, um serviço que possibilite aos usuários de internet, localizar

pontos de coordenadas de seu interesse na poligonal de Zoneamento Ecológico-Econômico da

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APA Litoral Norte e obter informações sobre a Zona da APA em que se encontram esses

pontos.

2.1 Objetivos Específicos

2.1.1 Desenvolver um aplicativo que possibilite ao usuário, utilizando um navegador WEB,

inserir coordenadas geográficas ou UTM de um ponto e, visualizar o posicionamento deste no

Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte;

2.1.2 Disponibilizar em servidor adequado a base cartográfica do Zoneamento Ecológico-

Econômico da APA Litoral Norte e o aplicativo desenvolvido;

2.1.3 Inserir no Portal do CRA um link de acesso ao serviço “GEOLOCALIZAÇÃO EM

ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL”;

2.1.4 Possibilitar a visualização da descrição e dos parâmetros ambientais relativos a cada Zona

constante no Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte;

2.1.5 Implantar um modo de impressão para a saída dos dados das consultas realizadas.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Um aplicativo deverá ser desenvolvido para possibilitar ao usuário internet/intranet inserir

coordenadas Geográficas ou UTM de um ponto e visualizar o posicionamento deste no

Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, utilizando para isto apenas um

navegador WEB padrão;

3.2 As informações cartográficas do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte e

os arquivos e códigos de programação do aplicativo desenvolvido, deverão ser instalados e

armazenados no servidor WEB MS IIS do CRA, que roda no sistema operacional WIN NT 4.0;

3.3 O aplicativo deverá rodar a partir de um link no Portal do CRA denominado

“GEOLOCALIZAÇÃO EM ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL”;

3.4 O serviço deverá possibilitar ao usuário a visualização dos seguintes itens:

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3.4.1 – A poligonal do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, contendo o

código de cada zona, a grade de coordenadas e temas da base cartográfica (rios, rodovias,

localidades) e o seguinte texto no “rodapé”: “Este serviço não determina a posição oficial do

CRA quanto a localização de um empreendimento e os parâmetros ambientais aos quais será

enquadrado, devendo o mesmo ser submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de

licenciamento junto ao Órgão”;

3.4.2 - A descrição e os parâmetros ambientais relativos a cada Zona constante no Zoneamento

Ecológico-Econômico da APA Litoral Norte, quando utilizada ferramenta específica para

obtenção dessas informações;

3.4.3 – Link de acesso ao serviço de geolocalização de pontos, o qual deverá constar de

formulário de entrada contendo os seguintes campos: Nome do ponto, Latitude (campo

obrigatório), Longitude (campo obrigatório), Nome do Interessado, CPF/CNPJ, E-mail,

Telefone;

3.4.4 – Após a inserção dos dados acima, deverão ser visualizados com o zoom adequado: o

ponto, o nome do ponto, a localização deste na poligonal do Zoneamento Ecológico-Econômico

da APA Litoral Norte, temas da base cartográfica (rios, rodovias, localidades), a grade de

coordenadas, um mini mapa da poligonal total do Zoneamento, a descrição e os parâmetros

ambientais relativos a Zona específica do ponto consultado e o seguinte texto no “rodapé”:

“Este serviço não determina a posição oficial do CRA quanto a localização de um

empreendimento e os parâmetros ambientais aos quais será enquadrado, devendo o mesmo ser

submetido, quando pertinente, aos procedimentos legais de licenciamento junto ao Órgão”;

3.5 – Implantar um modo de impressão para a saída dos dados das consultas realizadas, que

contenha a poligonal do Zoneamento Ecológico-Econômico da APA, imagem da Zona onde se

encontra o ponto consultado, o código da Zona do ponto consultado, temas da base cartográfica

(rios, rodovias, localidades), a grade de coordenadas, o nome deste ponto e a descrição e os

parâmetros ambientais relativos a Zona específica do ponto consultado;

3.6 – O aplicativo deverá ter a capacidade de indicar de modo dinâmico, a variação das

coordenadas relativas à posição do cursor/mouse sobre a área da poligonal do Zoneamento

Ecológico-Econômico da APA visualizada;

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3.7 – Deverão estar disponíveis para utilização algumas ferramentas como: Informação da Zona,

Zoom in, Zoom out, Zoom para a poligonal (Zoom to Full Extent), Arrasto de mapa (Pan), Salvar

o mapa e impressão do mapa ativo contendo todas as consultas.

3.8 – Ao final do trabalho, deverão ser apresentadas em CD Room todas as informações relativas

a documentação do sistema desenvolvido, incluindo códigos fonte.

4. CRONOGRAMA

O prazo de execução do trabalho é de 20 (vinte) dias após assinatura do contrato,

conforme programação abaixo:

ATIVIDADES PRAZO (Dias)

Desenvolvimento do Aplicativo 15 Implementação de testes do aplicativo 07 Implantação Definitiva 03

5. PRODUTOS

O projeto objetiva a geração dos seguintes produtos:

5.1 Aplicativo de Geolocalização em Áreas de Proteção Ambiental em Ambiente Web, de

acordo com as condições especificadas no item 3 (três) deste Termo de Referência;

5.2 CD Room contendo todas as informações relativas a documentação do sistema/aplicativo

desenvolvido e códigos fonte.

6. CONDIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS

6.1 . OBRIGAÇÕES DO CONTRATANTE

• O CRA fornecerá todos os arquivos digitais em formato Shape (ArcView GIS 3.2) da APA

Litoral Norte referentes ao Zoneamento Ecológico-Econômico da APA e temas da base

cartográfica como rios, rodovias, localidades, entre outros e, arquivo texto (Formato Word)

contendo a descrição e parâmetros ambientais das zonas da APA Litoral Norte;

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• O CRA fornecerá acesso, quando solicitado, ao servidor WEB do Portal do CRA e o código

de programação da página que conterá o link do serviço objeto deste Termo de Referência;

• O CRA fará o acompanhamento do trabalho, colocando-se à disposição para a definição de

critérios técnicos e disponibilização das informações necessárias.

7 - QUALIFICAÇÃO TÉCNICA EXIGIDA DA CONTRATADA

7.1 - Atestados Técnicos:

A LICITANTE deverá apresentar atestados técnicos, que comprovem a realização e

experiência em serviços de geotecnologias em ambiente WEB.

7.2 Comprometimento

A LICITANTE deve apresentar atestado individual de comprometimento da equipe técnica em

participar do serviço objeto desta licitação.

8. QUALIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO

8.1 Condição de Participação

As empresas interessadas em participar e não convidadas, deverão cumprir o que determina o

parágrafo 3° do art. 22 da Lei Federal n° 8.666/93, apresentando o Grupo Classe XXXXXX

além de apresentarem os demais documentos exigidos neste Convite.

Abril / 2002 Salvador-BA

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APÊNDICE E:

QUESTIONÁRIO SOBRE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO AMBIENTAL PARA MORADORES E FREQÜENTADORES DE UMA APA

(Para ser respondido por gestores ambientais e administradores de APA)

Obs.: Marque apenas a alternativa que você considerar mais correta, quando instruções específicas não forem informadas.

Obs.2: As respostas servirão para fins acadêmicos na dissertação de mestrado em Desenvolvimento sustentável CRA/UnB-CDS/Uneb.

1ª PARTE

1) Você acha que determinadas informações ambientais, contidas em documentos gerados ou recebidos dentro do CRA, e que sejam de interesse geral, devem ser necessariamente disponibilizadas?

Sim Não Alguns sim e outros não

2) No caso das informações contidas dentro dos documentos: Zoneamento Ecológico-

Econômico e Plano de Manejo de APAs. Você acha que as informações deveriam ser divulgadas?

Sim Não Alguns sim e outros não

3) Você acha recomendável que as informações sejam divulgadas na integra em sua

forma original ou que elas devem ser tratadas para divulgar exatamente aquilo que o usuário pretende conhecer?

Devem ser divulgadas na íntegra em sua forma original

Devem ser tratadas para divulgar aquilo que o usuário pretende conhecer

Devem ser divulgadas nas duas formas acima

4) No caso de você ter achado que, toda ou parte da informação deve ser tratada para oferecer aquilo que o usuário pretende conhecer, escreva o que, de maneira geral, as pessoas que habitam ou freqüentam a área de uma APA, desejam conhecer a respeito das informações contidas no ZEE e Plano de Manejo da mesma?

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5) Qual a forma que você acha que seria mais adequada para obter o conhecimento das informações destacadas? (Marque quantas questões achar necessárias).

Uma forma interativa Uma forma fixa

Uma forma dinâmica Uma maneira formal

Uma forma autoexplicativa Uma forma presencial

Uma forma sem limitação de tempo Uma forma com tempo e freqüência

determinados Explique Por Quê?

2ª PARTE Qual dos grupos abaixo você considera como o(s) que mais contribui(em) para pressionar o ordenamento do território de uma APA, pressionando o ideal de uso sustentável da mesma (marque uma ou mais alternativas):

Comunidades Tradicionais Moradores residentes em áreas urbanos

Empresário da Indústria Loteadores

Empresários de Turismo Artesãos

Comerciantes Fazendeiros

Poder Público do Município Poder Público Estadual

Poder Público Federal Outro: Qual?________________________ Baseado nos seus conhecimentos de Administrador de APAs, destaque, dos atores acima, os que você acha que mais pressionam o ZEE, focando-se especificamente da APA Litoral Norte:

I.__________________________________________________

II.__________________________________________________

III.__________________________________________________

IV.__________________________________________________

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6) Considerando somente a APA Litoral Norte e os atores destacados acima, numere em ordem de importância de 1 a 7, qual meio de divulgação você recomendaria para o conhecimento das informações que você destacou sobre ZEE e Plano de Manejo.

Através de cartilhas e folders

Através do Portal do CRA na INTERNET

Através de cursos e seminários

Através de CD-ROMs

Através de Vídeos/TV

Através de Rádio

Através de Jornal Local

7) Explique porque você escolheu o meio acima:

8) Considerando uma APA com características essencialmente rurais, escreva dois meios

de divulgação de informações sobre ZEE e Plano de Manejo.

I. ________________________________________________ II. ________________________________________________

9) Explique porque você escolheu os meios acima:

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APÊNDICE F: ESTATÍSTICA DE ACESSO INTERNET AO SISTEMA GISWEB APA LN NO PORTAL BAHIA AMBIENTAL

DATA ASSOCIAÇÃO / ONG EMPREENDEDOR ESTUDANTE CONSULTOR /

PESQUISADOR PODER

PÚBLICO OUTRO

USUÁRIO NÃO

IDENTIFICADO TOTAL

27/06/02 - - 5 6 1 1 2 15 28/06/02 - - 2 1 3 - 4 10 29/06/02 1 - - 1 - - - 2 30/06/02 - - - - - - - 0 01/07/02 - 1 1 2 3 1 2 10 02/07/02 - 1 3 1 - - - 5 03/07/02 - 5 8 1 - - 1 15 04/07/02 1 - 1 - 2 - 1 5 05/07/02 - - 2 2 - 1 1 6 06/07/02 - - - - - - - 0 07/07/02 - - 2 - - - - 2 08/07/02 1 - 2 2 - 1 1 7 09/07/02 1 - 1 1 - 2 - 5 10/07/02 - - 1 - 1 - 1 3 11/07/02 - - 1 2 - - 1 4 12/07/02 - - 1 2 2 - - 5 13/07/02 - - - 1 - - - 1 14/07/02 - - - - - - - 0 15/07/02 1 1 2 2 - - - 6 16/07/02 - 2 6 5 2 - 1 16 17/07/02 - 1 5 1 8 - 5 20 18/07/02 - - - 1 2 - - 3 19/07/02 1 - - 1 - - 3 5 20/07/02 - - 2 - - - 1 3 21/07/02 - 2 - - - - 2 4 22/07/02 - - 1 2 - 1 3 7 23/07/02 - - - 1 - - 1 2 24/07/02 - - - - - - - 0 25/07/02 - - 3 5 2 - - 10 26/07/02 - - - - - - - 0 27/07/02 - - - - - - - 0 28/07/02 - - - - - 1 - 1 29/07/02 - - - - 1 - 1 2 30/07/02 - - 1 1 - 1 1 4 31/07/02 - - 1 1 1 - - 3 01/08/02 - - 2 3 1 - 2 8 02/08/02 - - 3 1 1 1 - 6 03/08/02 - - - 2 - - - 2 04/08/02 - - - - - - - 0 05/08/02 - - 1 - - - 2 3 06/08/02 - - - - 2 - 1 3 07/08/02 - - 1 2 - - - 3 08/08/02 - 1 2 3 1 3 5 15 09/08/02 - - 1 - 1 - - 2 10/08/02 - 1 - - - - - 1 11/08/02 - 1 1 1 - - - 3

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12/08/02 - 1 1 1 1 - 4 8 13/08/02 1 - 4 1 - - - 6 14/08/02 - - - - 1 - 1 2 15/08/02 - 1 1 3 2 - 1 8 16/08/02 - - - - - - 1 1 17/08/02 mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 18/08/02 mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 19/08/02 - - 2 1 - - - 3 20/08/02 1 - 3 1 1 - 1 7 21/08/02 - - 2 2 1 1 1 7 22/08/02 - 1 2 2 1 - 1 7 23/08/02 - - 1 1 - - 1 3 24/08/02 0 0 1 1 0 0 - 2 25/08/02 0 0 1 0 0 0 - 1 26/08/02 - - 2 1 8 2 2 15 27/08/02 - 1 3 1 5 2 2 14 28/08/02 - 0 5 1 0 1 1 8 29/08/02 - 1 3 1 3 0 4 12 30/08/02 - 0 2 0 0 0 0 2 31/08/02 - 0 1 0 0 0 2 3 01/09/02 - 0 0 0 0 0 0 0 02/09/02 - 0 2 1 0 0 3 6 03/09/02 - 1 0 1 0 0 0 2 04/09/02 - 0 0 1 0 0 0 1 05/09/02 1 - - - - - 1 2 06/09/02 1 - 1 - - - - 2 07/09/02 - - - 1 - - - 1 08/09/02 - 1 1 - 1 - - 3 09/09/02 - 1 1 - 2 1 1 6 10/09/02 - 3 3 11/09/02 1 1 - 2 12/09/02 - 2 1 3 13/09/02 1 1 2 - 3 7 14/09/02 - - - - - - - 0 15/09/02 - - - - - - - 0 16/09/02 - 1 1 2 1 5 17/09/02 - 1 1 18/09/02 1 - 1 19/09/02 1 1 - 2 4 20/09/02 1 1 - 2 21/09/02 - - - - - - - 0 22/09/02 - 1 1 23/09/02 - 1 1 2 24/09/02 mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 25/09/02 2 - 2 1 5 26/09/02 2 1 1 2 6 27/09/02 2 1 1 1 5 28/09/02 - - - - - - - 0 29/09/02 2 2 4 30/09/02 2 1 1 4 01/10/02 2 2 4 02/10/02 1 2 2 2 7

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03/10/02 2 2 4 04/10/02 1 1 1 1 4 05/10/02 1 1 06/10/02 1 1 07/10/02 3 1 1 5 08/10/02 1 3 5 1 10 09/10/02 2 5 1 1 9 10/10/02 1 1 11/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 12/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 13/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 14/10/02 1 2 3 15/10/02 4 1 1 2 1 2 11 16/10/02 1 2 4 7 17/10/02 1 1 1 1 4 18/10/02 1 2 1 2 6 19/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 20/10/02 Mnt mnt mnt mnt mnt mnt mnt 0 21/10/02 1 1 22/10/02 - - - - - - - 0 23/10/02 1 3 1 1 1 7 24/10/02 1 1 1 3 25/10/02 - - - - - - - 0 26/10/02 1 1 2 27/10/02 - - - - - - - 0 28/10/02 - - - - - - - 0 29/10/02 3 1 5 1 10 30/10/02 4 1 1 6 31/10/02 3 2 5 01/11/02 2 1 4 1 8 02/11/02 - - - - - - - 0 03/11/02 - - - - - - - 0 04/11/02 1 1 05/11/02 2 2 4 06/11/02 1 5 2 3 1 1 13 07/11/02 1 1 2 2 6 08/11/02 2 2 2 6 TOTAL 14 53 162 120 90 28 96 563

mnt=manutenção Fonte: Respostas a formulário de perfil de usuário na Home Page do CRA