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www.revistaartereal.com.br ABIM 005 JV Ano IX - Nº 77 - Set/16 “Do ilusório conduz-me ao real, das trevas à luz, da morte à imortalidade”... Henrique José de Souza

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www.revistaartereal.com.brABIM 005 JV Ano IX - Nº 77 - Set/16

“Do ilusório conduz-me ao real, das trevas à luz, da morte à imortalidade”...

Henrique José de Souza

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade

Trata-se de uma coleção histórica de 22 edições publicadas, no período de jul/12 a fev/16. Nada tem a ver com a edição virtual. Confeccionada em 28 pg, em papel couchê, diagramação e edição de imagens de alto padrão. Solicite-nos através do e-mail [email protected]

Coleção CompletaR$ 199,00

frete incluso para todo o Brasil

PROMOÇÃO

Revista Arte Real

Edição Impresssa

22 exemplares

Avulsas - R$ 13,00/exemplar

EditorialChegamos ao mês das fl ores, deixando para

trás os cinzentos e frios dias do inverno, para aquecer nossos corações com os vívidos raios do Sol da Primavera, que já se expressa, em plenitude, dando um colorido especial na estação mais bela do ano.

O compositor mineiro Beto Guedes, descreve o “Sol de Primavera” de forma singular, e afi rma que “quando entrar setembro, a Boa Nova andará nos campos...”. Tal Boa Nova surge quando a natureza atinge seu perfeito equilíbrio, momento em que o dia e a noite passam a ter a mesma duração, conhecido por Equinócio. Esse tema, embora, lamentavelmente, nos dias atuais, não receba a importância que merece, na Antiguidade, tanto na agricultura quanto nos aspectos espirituais, sempre, foi tratado com imprescindível dedicação e responsabilidade. Sobre esse assunto apresentamos a matéria “Equinócios, Solstícios e a Maçonaria”, de nossa autoria, que visa chamar a atenção de nossos leitores para a simbologia e os ensinamentos praticados em nossa Ordem.

O insigne escritor maçom Oswald Wirth nos brinda com uma matéria de sua lavra, de extrema importância, intitulada “O Primeiro Dever de Um Iniciado”, na qual aborda, com propriedades, como o Iniciado deve pautar seus primeiros passos na estreita vereda iniciática, em busca da Luz.

Nosso irmão Wilson Benedito Ferreira completa esta edição de forma sublime, com uma matéria muito interessante, de sua autoria, intitulada “Um Papa na Maçonaria”, contando o ingresso do irmão Giovanni Ferreti Mastai na maçonaria italiana, que viria, mais tarde, a se tornar o Papa Pio IX.

A frase da Capa, de autoria do excelso Professor Henrique José de Souza, é a “cereja do bolo” desta edição, escolhida para expressar o sublime momento em que o iniciado, por méritos próprios, transmuta sua iniciação simbólica em iniciação real.

Boa leitura para todos. Temos um encontro marcado para a próxima edição!

Boa leitura para todos. Temos um encontro marcado para a próxima edição!

Revista Arte Real nº 77 - Set/16 - Pg 03

Equinócio, termo que vem do latim, aequus (igual) e nox (noite), significando “noites iguais”, período em que os dias e as noites

têm a mesma duração, doze horas. Esse fenômeno astrológico trata-se de um instante em que o Sol, em sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste), em sua marcha do Sul para o Norte e do Norte para o Sul. Quando a eclíptica cruza o equador celeste e a luz é distribuída igualmente em ambos hemisférios. Tal fenômeno acontece em março e setembro (outono e primavera – hemisfério Sul), definindo as mudanças das estações.

Assim como os equinócios, os solstícios, também, eram períodos muito especiais na Antiguidade. Os solstícios acontecem em junho e dezembro (inverno e verão – hemisfério Sul). Solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano.

Devido às transformações por que passa a natureza nesses períodos, o homem primitivo dava-lhes especial atenção, dada sua enorme importância para a agricultura. As religiões antigas consideravam tais épocas como momentos mágicos, época de

transformações e renascimentos, surgindo os cultos e rituais específicos para a celebração desses dias. A mudança do ciclo da natureza passou a ter um significado místico e esotérico, creditando-se aos deuses as bênçãos do equilíbrio e da equidade (equinócios) e benção da Luz do “Sol Invictus” ou do “Sol Indiges”, o Sol da Terra (solstícios), quando depositavam as maiores esperanças na concretização dos mais puros desejos dos homens.

Nos primórdios, os ritos de fertilidade celebravam a sexualidade como fonte de vida, quando, na primavera, eram realizadas festas orgiásticas, em que casais copulavam nos campos, pois acreditavam que assim poderiam ativar a fecundidade da terra. Assim como o festival de nubentes de Histéria, realizado por homens e mulheres na antiga aldeia grega de Argos, dedicado à Afrodite.

O equinócio de primavera já era celebrado entre os egípcios, sendo a Páscoa hebreia um reflexo ou uma transferência do velho rito egípcio. Os babilônios, também, celebravam, neste dia, o começo das festividades em honra a MARDUK, que duravam onze dias. No cristianismo, surgiram ao redor deste eixo equinocial toda uma série de festividades, que colocam em destaque o ciclo pascoal.

Gebú Urdiz, em seu livro “Magia Delle Runne”, faz remontar a origem destas festas equinociais até os tempos neolíticos, quando se uniram no Norte

Francisco Feitosa

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de Europa duas culturas distintas, de diferente procedência. Uma essencialmente campesina, com a característica de enterrar os seus mortos e de origem não Ariana. A outra, descendendo das zonas hiperbóreas, traz consigo as crenças de uma religião Urânico-Solar. Ela era formada por agricultores, pastores e guerreiros que tinha o machado de dois fios para lutar, representando a expansão na mente, a mobilidade na alma, utilizavam a cremação e colocavam suas origens no céu. Esses possuíam as runas, cultuavam os solstícios e equinócios. Assim, nasceu uma nova cultura onde se mesclaram tanto os simbolismos ígneos e solares como os agrícolas e de fertilidade, os equinócios eram celebrados como festas diurnas e os solstícios eram festas noturnas.

Numerosas tradições ocultistas pleiteiam o início da criação como a eclosão do ovo cósmico, a essência que contém todas as potencialidades e que nutre a tudo o que foi criado. Sua relação com a primavera nos parece clara, devido ao fato que ela simboliza precisamente a abertura do ovo e o nascimento da vida.

A importância do equinócio vernal influencia muitas correntes de pensamento. Uma delas é a alquimia. O próprio Fulcanelli coloca em seu livro “Mystere des Catedrales” o fato de que, nesta data, inicia-se a grande obra alquímica, o que certamente,

tem um valor muito mais simbólico que real. Não querendo nos aprofundar muito, diremos que o ovo filosófico é um elemento, sumamente, importante entre os materiais do alquimista, porque será em seu interior o local onde se desenvolverá a Grande Obra. Para os aficionados em alquimia não será difícil achar aqui uma conexão entre microcosmos e macrocosmos, ao ver que o ovo pode ser associado tanto à natureza como ao homem que é, para muitos, o instrumento, em cujo interior se operam as transformações.

Através da mitologia e da história grega, os rituais de fertilidade chegaram até nós. Deméter, filha de Cronos e Reia, deusa da agricultura, da colheita e das estações do ano. Em Roma, chamava-se deusa Ceres, onde havia um festival chamado Cereália, que era celebrado na primavera. Na Grécia, os Mistérios de Elêusis, é um culto que retrata o rapto de Perséfone, filha de Deméter, por Hades, com relação à origem das estações do ano.

Ao longo da história da humanidade, tais tradições foram absorvidas por gerações, sofrendo adaptações, embora tidas como pagãs, foram incorporadas nos festejos das religiões, de determinadas épocas, desde o culto Solar (Amon Rá), ao mitraismo, chegando ao cristianismo e os dias atuais.

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Os rituais agrários exaltavam a fecundação da Terra. As festividades do Solstício de inverno, ao deus da Floresta, Terracota, e à deusa Diana; do Solstícios de Verão (Norte), as festas agrárias, também, deram origem as festas Joaninas comemoradas no Nordeste do Brasil, as quais celebravam o início da colheita dos cereais, como o milho. A Quaresma e a Semana da Paixão, precedendo a Equinócio de Primavera, são enriquecidos com outros eventos simbólicos, enquadrados pelos rituais agrários de preparação para o período sagrado das sementeiras, dando origem ao Carnaval.

Assim como as religiões atuais herdaram e adaptaram algumas tradições da Antiguidade, as Ordens de Construções que deram origem à Maçonaria, ainda quando em sua fase de organizações de ofício, também realizavam essas celebrações, as quais chegaram à Maçonaria Operativa, foram absorvidos pela Maçonaria Especulativa, e os maçons especulativos continuaram a celebrar as festas equinociais e as solsticiais, reconhecendo o seu simbolismo e misticismo.

Segundo a astrologia, o ano, realmente, começa quando o sol, na sua trajetória anual, encontra-se no grau zero de Áries, com o equinócio de outono, a exemplo do calendário judaico religioso. É o equinócio de outono no Hemisfério Sul (Brasil), em 21 de março.

No Cristianismo, todo o calendário baseia-se no equinócio. A Páscoa, por exemplo, ocorrerá no 1º domingo de lua cheia após o equinócio de outono (Brasil), nunca devendo ser antes do dia 22 de março e nunca após o dia 25 de abril.

A tradição diz que o Ano Maçônico, no hemisfério Sul, inicia-se no equinócio de outono, que, hoje, celebramos, mais precisamente, no dia 21 de março, quando o Sol ingressando no primeiro signo do Zodíaco, Áries, inicia um novo ciclo, a exemplo do calendário maçônico utilizado pelo Rito Adonhiramita. As Colunas Zodiacais, em nossos Templos, formam o calendário zodical. É o caminhar do Maçom em sua Vereda iniciática, vencendo o quartenário material (quatro elementos) quando Ap∴M∴, na Col∴ do Norte, Comp∴, na Col∴ do Sul, percorrendo todo o zodíaco, fazendo-se Mestre, ao fi nal, em Peixes, quando despertará, em si, sua Quintessência, o próprio Sol, pois tal trajetória expressa-se como o perpassar do astro-rei pelas doze constelações, o Sol percorrendo a eclíptica. São os Doze Trabalhos que

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e nunca após o dia 25 de abril.

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Hércules precisou realizar para cumprir um resgate cármico imposto pelo Oráculo de Délfos. Assim como são doze as pétalas do Chacra Cardíaco que o Iniciado tem que realizar para o despertar de seu Mestre Interno.

As Reuniões Plenárias das Potências/Obediências Maçônicas Simbólicas, são realizadas com base na semana em que acontecem os equinócios e solstícios, salvo a de solstício de verão, em dezembro, quando esta é antecipada, devido ao recesso maçônico, em função dos festejos natalinos.

O Jantar Ritualístico Maçônico, realizado em Sessão de Mesa, durante os solstícios de inverno e verão, é oriundo da tradição dos povos da Antiguidade. O formato da mesa lembra o círculo do Zodíaco, cujos pontos Equinociais são ocupados pelos Vigilantes e os Solsticiais pelo Venerável Mestre, no verão, correspondente ao superior, e no inverno, ao inferior.

Extraímos do Ritual de uma Cerimônia de Comemoração dos Festejos de Equinócio da Primavera, utilizado pela ARLS Lealdade e Constância nº 284, do Oriente Santana, SP, fi liada à Grande Loja do Estado de São Paulo, o trecho da explicação do Venerável Mestre, na abertura: “a tradição das Cerimônias das Estações perde-se na noite dos tempos, e são tão antigas como as montanhas onde eram celebradas no passado. Em princípio, essas cerimônias tratam de formar a sintonia de nossas

naturezas internas com a Energia Essencial latente na Criação, através dos ciclos que movimentam o Grande Círculo do Cosmos, a que simplesmente denominamos de Natureza. O propósito fundamental das cerimônias das estações é procurar estabelecer laços de relação de nossa pequena natureza humana, ou Microcosmos, com a incalculável natureza Divina, ou Macrocosmos, realizando, assim a Grande Alquimia Universal.”

A grande herança dos Ritos que se desenvolveram na Europa, em especial na França, durante os séculos XVII e XVIII, com destaque para o REAA, foi a enriquecedora infl uência das Escolas de Mistérios europeias (Alquimia, Hermetismo, Rosacruz, Cabala e outras) trazida por seus membros. Proibidos de se reunirem pela Igreja, perseguidos pela “Santa Inquisição”, encontraram acolhida nas Lojas Maçônicas e contribuíram enormemente com ensinamentos místicos e esotéricos na ritualística maçônica, modifi cando, em excelência, o processo de Iniciação em nossa Ordem.

Criada pelos caldeus, a astrologia se desenvolveu com os sumérios, persas, sírios, praticada pelos palestinos, árabes, egípcios, hindus, gregos, romanos, visigodos, chegando à Idade Média e no Renascimento teve sua difusão destacada, inclusive com apoio do Papado. Sua presença em nossos Templos é patente e seus símbolos incita o Maçom a perscrutar seu arquétipo e se fundir a ele.

Nosso intuito é o de induzir o leitor, que ora nos prestigia lendo essas linhas, a lançar um olhar, com “olhos de ver” (de um iniciado) nas entrelinhas desse “Livro de Pedra”, que é o Templo Maçônico, escrito por alegorias e simbolismos. O verdadeiro Mestre Construtor está dentro de cada um de nós, clamando para ser ressuscitado, e os ensinamentos de nossos rituais e a simbologia de nossos Templos são as ferramentas que nossa Ordem, generosamente, oferece-nos para despertá-Lo, a fi m de que possamos, de fato, fazer parte da Grande Obra do Grande Geômetra. Fiquemos por aqui!

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“O grão de trigo, lançado em terra, para se transformar em planta, se despe de sua casca, se desnuda e ressurge com nova aparência. Sim, de fato, esse grão conservará alguns de seus elementos, porém terá renascido para uma nova vida em que dará origem a muitos outros grãos.”

de que possamos, de fato, fazer parte da Grande Obra do Grande Geômetra. Fiquemos por aqui!

Revista Arte Real nº 77 - Set/16 - Pg 07

O PrimeiroDever de Um Iniciado*

Oswald Wirth

A Iniciação não é de ordem meramente intelectual e não tem por objeto satisfazer a curiosidade, graças à revelação de certos

mistérios inacessíveis ao profano. O que nos vem ser ensinado não é uma ciência mais ou menos oculta, nem uma filosofia que nos desse a solução de todos os problemas: é uma Arte, a Arte da Vida.

Muito bem: a teoria pode ajudar-nos a compreender melhor uma arte, mas, sem a prática, não existe artista. Da mesma maneira, não é realmente iniciado quem não possui verdadeiramente a arte iniciática, e é, portanto, de absoluta necessidade aproveitar todas as oportunidades para colocá-la em prática.

De outra parte, como poderemos começar a praticar a arte de viver? Muito simplesmente, procurando ajudar ao nosso próximo. A vida é um bem coletivo: não nos pertence particularmente; para desfrutá-la, devemos participar da vida dos demais, sofrer com os que sofrem e dar quanto de nós dependa para aliviar suas penas.

Quando, em uma Loja maçônica, o Irmão Hospitaleiro cumpre sua missão com respeito ao neófito, vem a recordar-lhe que seu primeiro dever é ajudar aos infelizes. Poderá ver mais adiante que nunca ficam esquecidos os que estão no infortúnio: em toda reunião maçônica é obrigação circular, antes do fechamento, o Tronco de Solidariedade.

Esse costume que se observa no mundo inteiro dá à Franco-Maçonaria um caráter

humanamente religioso, que, jamais, terão as associações profanas que pretendam nos revelar os mistérios.

Em todos os tempos, têm existido charlatões pontífices e hierofantes: prometem dar-nos uma ciência infalível, um poder ilimitado, a riqueza neste mundo e a felicidade no outro. Não pedem, em troca, mais do que a confiança absoluta em suas palavras e o serem reverenciados como semideuses. Inumeráveis são os que se deixam enganar e jactam-se de ser iniciados, depois de conseguirem assimilar algumas doutrinas e de aprenderem a contentar-se com as miragens de certos fenômenos, que mais pertencem à patologia. As teorias que tudo explicam e os desequilíbrios psicofisiológicos nada têm a ver com a Verdadeira Iniciação.

Esta, e nunca se o dirá bastante, é ativa. Torna-nos co-participantes em uma obra, a Obra por excelência, a Magna Obra dos Hermetistas. A Iniciação não se busca para saber, senão que para obrar, para aprender a trabalhar. Segundo a linguagem simbólica empregada pelas escolas de iniciação, o trabalho tem por objetivo a transmutação do chumbo em ouro (Alquimia), ou a construção do Templo da Concórdia Universal (Franco-Maçonaria). Em um caso como no outro, trata-se de um mesmo ideal de progresso moral. O que busca o Iniciado é o bem de todos, e não a satisfação de suas pequenas ambições particulares. Se não morreu para todas as mesquinharias, é prova de que, ainda, continua profano.

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Se, verdadeiramente, passou pelas provas, seu único desejo será colocar-se a serviço do aperfeiçoamento geral, coletivo e, por conseguinte, correr em socorro do companheiro de fadigas, assoberbado pelo peso de sua tarefa. Ajudar ao próximo: eis aí o primeiro dever do Iniciado.

Sua ajuda espontânea irá a quem o chamar. Não se vai deter em buscar se o sofrimento é ou não merecido, se é conseqüência de um mau carma procedente de encarnações anteriores. Os favorecidos deste mundo não estão autorizados a se acreditarem melhores do que os parias da existência. Uma doutrina que tendesse a sugerir sentimentos de tal natureza resultaria, eminentemente, anti-iniciática. Quem suporta dignamente a dor é um aristocrata do espírito e é credor de nosso respeito, se a sorte foi mais clemente para conosco. Seus sofrimentos não são, necessariamente, expiação de algumas faltas que pudesse haver cometido, e sustentar semelhante tese equivale a uma impiedade. Todo esforço produz um sofrimento, que torna mais meritório nosso trabalho. A dor é santa e devemos honrar aos que sofrem.

O melhor que podemos fazer é, desde logo, solidarizar- nos com eles, compartilhar suas penas

e suas angústias e ajudá-los, do melhor modo que saibamos, material e moralmente. Toda iniciação que não comece pela prática do amor ao próximo resulta falaz, por maior que seja o prestígio que se lhe queira dar.

Pelo fruto se conhece a árvore. Ainda que não proporcione à humanidade um alimento de todo são e reconstituinte, a árvore pode, sem embargo, oferecer-lhe um abrigo sob seus ramos, por mais que tão-só seja utilizável sua madeira, uma vez cortada. Para julgar uma instituição é, portanto, necessário ponderar os serviços que presta à humanidade. Se não inspirar aos indivíduos sentimentos mais humanos, se, graças à sua infl uência, não sentirem mais profundamente o amor, se não se tornarem mais serviçais uns aos outros, não terá direito a proclamar-se iniciática, porque a Iniciação se baseia sobre o desenvolvimento de tudo quanto contribui para elevar o homem acima da animalidade: pelo coração, bem mais que pela inteligência.

Podemos compreender assim toda a importância do rito que convida o neófi to a contribuir para com a assistência das viúvas e órfãos, em cumprimento ao ser primeiro dever de Iniciado.

*Matéria extraída do livro “O Ideal Iniciático”.

Na 68ª Convenção Internacional da Sociedade Brasileira de Eubiose, realizada em São Lourenço-MG, no período de 20 a 24 de

fevereiro de 2016, foi levado a efeito o lançamento do livro “Monumento Eubiose”. Tal obra literária é parte do projeto da construção de um Obelisco, com 11 metros de altura, a ser erigido na cidade de Cuiabá-MT – centro geodésico da América do Sul. Dentre outros mistérios, aquele estado abriga um dos Sistemas Geográfi co do planeta, polos de irradiação de energias sutis para a face da Terra e a humanidade. Todos esses assuntos, e muito mais, estão revelados neste importante livro, que te a autoria de um grupo de diversos estudiosos no assunto, no qual me incluo.

Tenho, também, a honra de ser o criador de seu projeto gráfi co, da capa e da diagramação. Além de seu valoroso conteúdo, os valores arrecadados, com sua venda, serão direcionados para custear a construção desse Monumento. Saiba mais em www.monumentoeubiose.com.br

Lançamento

Esta coluna “Lançamentos” é destinada, exclusivamente, aos escritores, a fi m de que possam divulgar o lançamento de seus Livros. Os interessados, por gentileza, façam contato conosco, pelo

e-mail [email protected] e divulguem sua obra para os nossos mais de 33.000 leitores!

para com a assistência das viúvas e órfãos, em cumprimento ao ser primeiro dever de Iniciado.

Revista Arte Real nº 77 - Set/16 - Pg 09

Um Papa naMaçonaria

Wilson Benedito Ferreira

Dentre os Papas, destacou-se pelo ódio anticristão contra a Maçonaria, Pio IX. Mostrou-se rancoroso contra a Instituição depois de

Papa. Pio IX chamava-se Giovanni Ferreti Mastai. Ele foi Maçom, tendo pertencido ao quadro de obreiros da Loja Eterna Cadena, de Palermo (Itália).

Sob o número 13.715 foi arquivada, em 1839, na Loja Fidelidade Germânica, do Oriente de Nurenberg, uma credencial de que foi portador o Irmão Giovanni Ferreti Mastai, devidamente autenticada, com selo da Loja Perpétua, de Nápolis. Como Irmão, como Maçom, Giovanni Ferreti Mastai foi recebido na Loja Fidelidade Germânica.

O Irmão Ferretti nasceu em 1792. Passou dois anos no Chile, servindo como secretário do vigário apostólico Mazzi; foi Arcebispo de Spoleto, em 1827; bispo de Ímola, em 1832, foi elevado a Cardeal, em 1840, e eleito Papa, em 1846. Confrontando-se as datas, verifi ca-se que, em 1839, quando o Irmão Ferretti foi fraternalmente recebido na Loja Maçônica na Alemanha, já era Bispo. Ascendendo a Papa, Giovanni Ferretti Mastai traiu seu Juramento, feito em Loja Maçônica, com a mão sobre o Livro da Lei e honrou a Maçonaria com o seu ódio, culminando com a publicação, em 08 de dezembro de 1864, do “Syllabus”, e em que amontoou todas as bulas papais e encíclicas contra a Maçonaria, de que fi zera parte.

A Loja Eterna Cadena, fi liada à Grande Loja de Palermo, em 26 de março de 1846 considerando

o procedimento condenável do Irmão Giovanni, resolveu expulsá-lo como traidor, depois de convocá-lo para defender-se. Sua expulsão foi determinada por Victor Manuel, Rei da Itália e de toda a Península e Grão-Mestre da Maçonaria da Itália, que decretou mais tarde, em 1865, sua expulsão da Ordem por ter excomungado todos os membros da Maçonaria. Sua expulsão pelo Rei italiano e Grão-Mestre foi classifi cada como Perjuro. A Igreja Católica, sempre, tem procurado ocultar este episódio.

Pio IX, que tão ferozmente investiu contra os Maçons, sobretudo os da Itália, foi feito prisioneiro em 20 de setembro de 1870, pelos patriotas que lutavam e conquistaram a Unifi cação Italiana, tendo à frente vários Maçons inclusive, entre eles: Garibaldi, Mazzini, Cavour, Manzoni e outros.

Revista Arte Real nº 77 - Set/16 - Pg 10

Apesar de feroz inimigo da Maçonaria que traiu, Pio IX foi tratado com consideração pelos Maçons, seus aprisionadores. Viram nele o antigo Irmão transviado e, embora fosse ele um Perjuro, prevaleceu o Princípio Sagrado de Fraternidade.

Foi belíssima a lição de amor ao próximo, dada pelos Maçons ao Papa Pio IX. Em consequência da bula Syllabus de Pio IX, contra a Maçonaria, é que surgiu no Brasil, a rumorosa Questão dos Bispos, também, denominada. Questão Epíscopo-maçônica, quando Dom Vital, Bispo de Olinda, e Dom Antônio

Revista Arte Real nº 77 - Set/16 - Pg 10

Macedo, Bispo do Pará, pretenderam que o Syllabus se sobrepusesse às Leis Civis Brasileiras, exigindo que as Irmandades religiosas eliminassem do seu seio os numerosos Maçons católicos que a compunham. As Irmandades reagiram e recorreram à Justiça, tendo tido ganho de causa. Os Bispos não acataram a decisão da Justiça. Foram julgados e condenados a quatro anos de prisão, com trabalho forçado. Um ano e pouco depois o Duque de Caxias, Maçom, então, Presidente do Ministério do Segundo Império, anistiou-os. Este, caríssimos Irmãos, é mais um episódio maçônico que deve ser divulgado!

O corpo de Giovanni Ferreti Mastai, o papa Pio IX (1792 - 1878), permanece conservado na Basílica de San Lorenzo.

os. Este, caríssimos Irmãos, é mais um episódio maçônico que deve ser divulgado!