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DO TABU À LIBERTINAGEM DE TABU À LIBERTINAGE Lola Ndofusu 1 Ricardo De Bonis 2 RESUMO: Considerando o sujeito num todo, pretendemos buscar através do debate entre o Tabu e a Libertinagem uma postura ética coerente e que seja inserida nos Planos Curriculares Pilotos, visando “humanizar” as relações sociais concernentes às suas principais instabilidades costumeiras. PALAVRAS CHAVES: Tabu, Libertinagem, Limite, Equilíbrio/Justa Medida, Proteção Social. RESUMÉ: Considérant le sujet dans son ensemble, nous avons l'intention de rechercher à travers le débat entreTabou et Libertinage une posture éthique cohérente qui participe dans les Plans Pilotes de l’ Enseignement, afin d’ humaniser les relations sociales concernant leurs principales instabilités habituelles. MOTS CLÉS: Tabou, Libertinage, Limite, Equilibre/Juste Mésure, Protection Sociale. INTRODUÇÃO Diante dos novos desafios educacionais do século XXI, onde as tendências e teorias educacionais dos séculos anteriores que são heranças institucional e escolar, não atendem mais os desafios do atual século. Assim sendo, a maior necessidade na educação não reside mais em uma educação qualquer, mas exige uma educação de qualidade e que contemple, também, os valores éticos (representados pelo Tabu como “limite”) que regulam a vivência social em todos os âmbitos. 1 Lola Ndofusu é Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bacharel, Pós-graduado e Mestre em Teologia pela FETSU-RJ e Doutor em Ciências da Educação pela Universidad Americana de Assunção - Paraguai. Desenvolvendo pesquisas nas áreas de Educação e Ética e é também professor de Filosofia do Instituto Superior de Relações Internacionais – Venâncio Moura e de Metodologia da Pesquisa Científica no INSUTEC (Instituto Superior Politécnico de Ciência e Tecnologia) em Luanda/Angola. Aluno do Programa de Pós- Doutoramento da Universidade Iberoamericana de Asunción – PY, em parceria com o Instituto IDEIA-BR. 2 Ricardo De Bonis - Cirurgião Dentista, Pós-Doutor pela Universidad Iberoamericana, Doutor em Administração pela Universidad Americana, Mestre em ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Coordenador Pedagógico do Instituto IDEIA, Rio de Janeiro - RJ

DO TABU A LIBERTINAGEM - Inesul...favorecesse sua própria posição particular, e os princípios de justiça seriam o resultado de um acordo ou barganha equitativa. Estabelecidas

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DO TABU À LIBERTINAGEMDE TABU À LIBERTINAGE

Lola Ndofusu1

Ricardo De Bonis2

RESUMO: Considerando o sujeito num todo, pretendemos buscar através dodebate entre o Tabu e a Libertinagem uma postura ética coerente e que sejainserida nos Planos Curriculares Pilotos, visando “humanizar” as relações sociaisconcernentes às suas principais instabilidades costumeiras.

PALAVRAS CHAVES: Tabu, Libertinagem, Limite, Equilíbrio/Justa Medida,Proteção Social.

RESUMÉ: Considérant le sujet dans son ensemble, nous avons l'intention derechercher à travers le débat entreTabou et Libertinage une posture éthiquecohérente qui participe dans les Plans Pilotes de l’ Enseignement, afin d’humaniser les relations sociales concernant leurs principales instabilitéshabituelles.

MOTS CLÉS: Tabou, Libertinage, Limite, Equilibre/Juste Mésure, ProtectionSociale.

INTRODUÇÃO

Diante dos novos desafios educacionais do século XXI, onde as tendênciase teorias educacionais dos séculos anteriores que são heranças institucional eescolar, não atendem mais os desafios do atual século. Assim sendo, a maiornecessidade na educação não reside mais em uma educação qualquer, mas exigeuma educação de qualidade e que contemple, também, os valores éticos(representados pelo Tabu como “limite”) que regulam a vivência social em todosos âmbitos.

1 Lola Ndofusu é Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), Bacharel, Pós-graduado e Mestre em Teologia pela FETSU-RJ e Doutor em Ciências daEducação pela Universidad Americana de Assunção - Paraguai. Desenvolvendo pesquisas nasáreas de Educação e Ética e é também professor de Filosofia do Instituto Superior de RelaçõesInternacionais – Venâncio Moura e de Metodologia da Pesquisa Científica no INSUTEC (InstitutoSuperior Politécnico de Ciência e Tecnologia) em Luanda/Angola. Aluno do Programa de Pós-Doutoramento da Universidade Iberoamericana de Asunción – PY, em parceria com o InstitutoIDEIA-BR.

2 Ricardo De Bonis - Cirurgião Dentista, Pós-Doutor pela Universidad Iberoamericana, Doutor emAdministração pela Universidad Americana, Mestre em ciências pela Universidade Federal do Riode Janeiro, Coordenador Pedagógico do Instituto IDEIA, Rio de Janeiro - RJ

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O artigo visa o princípio supremo da moralidade, o que constitui, só por si,no seu propósito uma tarefa reflexiva e bem distinta de qualquer outrainvestigação moral. Isso se torna possível, na medida em que as premissasgnosiológicas remetem-nos ao desdobramento da razão, sendo pressupostofundamental para qualquer tipo de reflexão moral ou obrigação moral. Aconstrução de uma filosofia essencialmente crítica, na qual a razão humana,levada ante o tribunal de si própria, delimita de modo autônomo os confins e assuas possibilidades efetivas.

Partindo desse pressuposto, a polêmica entre Tabu e Libertinagem noslevará a análise de vários aspectos teóricos e práticos, os quais são necessários àcompreensão deste artigo, para que, dentro desse contexto, o ponto que nosinteressa especificamente torne-se claro a partir da perspectiva que o gerou.

Do tabu à libertinagem é uma abordagem moral, se é que podemos mostrardiretamente nossa pretensão do tema diante das vicissitudes sociais, em virtudedo avanço ideológico desenfreado que não só trouxeram maravilhas, comotambém os maiores dilemas a serem dirimidos.

Com esse raciocínio, pretendemos através dos elementos: Tabu eLibertinagem dentro da perspectiva dialógica estabelecer o que seja: Ideal,Equilíbrio e justa medida (aristotélica) que possibilitam uma convivência deamor, de paz, de solidariedade, de generosidade e do altruísmo que só o Tabumesmo com suas idiossincrasias pode oferecer, considerando o caótico quadrosocial, que o lado arrogante da modernidade, não conseguiu resolver, embora seufascínio avanço.

Tabu como observância dos valores – Limite torna-se possível na medidaem que é inserido no cenário educacional que pretende discutir a educação dequalidade, pois esta, não tratará só dos procedimentos que capacitam no sentidomeramente intelectual, mas ao lado deste, discutir, também, o aperfeiçoamentodos mecanismos de observância dos valores que a prática educacional vemtratando com pouca relevância, em detrimento de uma liberdade exacerbada –libertinagem, onde nenhuma forma de proibir, de dizer não, tem espaço namoderna educação. Aliás, vivemos numa sociedade onde é proibido proibir. Oque se percebe neste modelo educativo, a ambição exacerbada (das pessoas)gerou uma delinquência social generalizada, lançando a justa medida (prudência)fora das relações sociais.

Assim sendo, a análise das categorias Ideal, Equilíbrio e justa medida(aristotélica) na questão ética educativa, torna-se imprescindível em todas asáreas de formação antropo-sociológica, com a finalidade de construirmos umasociedade equilibrada baseada no resgate da observância dos valores, pois estestrarão o equilíbrio à sociedade de modo geral.

Temos a consciência de que o assunto seja polémico, mas ao mesmotempo, o caos ético estabelecido anima-nos, pois considerando a enorme criseética estabelecida em todos os âmbitos, nos sentimos exigidos a buscar uma

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educação de qualidade voltada ao resgate da dignidade da pessoa humana eética nas instituições sociais.

Para melhor entendimento do artigo, torna-se importante conceituar os doiselementos principais e antagônicos (Tabu e Libertinagem) dentro de suascaracterísticas básicas e da sua trilogia composta dos seguintes aspectosexplicativos: Ideal, Equilíbrio e meio termo ou justa medida.

Tabu: Do (francês tabou; inglês – taboo, italiano – tabù). Termo polinésioque significa simplesmente proibir ou proibido e passou a indicar a característicasagrada da proibição em todos os povos primitivos e qualquer proibição nãojustificada em todos os povos. (ABBAGNANO 2007, p. 1104).

O termo é bastante discutido pelos humanistas e quem generalizou oconceito do Tabu foi Solomon Reinach. Mas A.R. Radcliffe-Brown foi quemapresentou o melhor esclarecimento na abordagem do tabu, quando interpreta oTabu como um instrumento ou uma ferramenta para destacar (ressalvar) aimportância social de fatos, ocorrências, feitos, proibidos, regras etc. Nestecontexto, o Tabu se associa com uma orientação ritualística.

Para J. Cook, “fica claro que o tabu não é apenas um fenômeno religioso,mas um fenômeno social, político e econômico. Portanto, o caráter regulador dosistema de tabu social tem a importante função de proteger certos gruposeconômicos. Não é raro seu uso também para garantir legalmente a propriedade(nestes casos, sinais específicos mostram a condição de tabu)”. (WALDENFELS,1998, p 564)

JOHNSON, Allan G. considera o Tabu ser

uma norma que, como forma de RITUAL, proíbe certoscomportamentos. Entre os tabus comuns, temos o costumede nos abster de certos alimentos como parte da observânciareligiosa, ou evitar um determinado lugar consideradosagrado. (1997, p. 226).

Tabus, numa concepção sociológica, têm grande relevância por várias razões.

A observância de tabus, por exemplo, pode servir comoindicador de filiação a um grupo. Em um sentido correlato,Émile Durkheim argumentou que tabus desempenham umpapel relevante na manutenção da COESÂO SOCIAL, comoacontece com os rituais em geral. (JOHNSON, 1997, p. 226).

Os sociólogos C. R. - Douglas (1966) e Makarius (1974) são da mesmaopinião, considerando as nuanças que envolvem o Tabu, pois para eles, “o tabudesigna um interdito sacralizado ao mesmo tempo que a qualidade daquilo que éferido de proibição porque consagrado ou porque impuro. É suposto que a suatransgressão trará consigo uma calamidade, um infortúnio ou uma mancha. Muitasvezes, é estabelecido por pessoas de autoridade, após interpretação deexperiências infelizes, de sonhos, de visões ou de mitos. Tem como função

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proteger o valor de certos bens e de seres frágeis, submetendo ao mesmo tempoo indivíduo à lei do grupo. (BOUDON, 1990, p. 445)

E. Durkheim (1912) liga a noção à de mana totémico e S. Freud (1912-1913) considera-o como um constrangimento limitador do desejo, regulado pela leido pai. Entre outros exemplos desenvolvidos: o evitamento da sogra. Para C. Lévi-Strauss, o tabu entraria nos jogos de oposição lógica que marcam a diferença e aordem dos valores. (BOUDON, 1990, p. 445).

A discussão psicológica, de modo geral, caracteriza o Tabu através da suamanifestação essencial que se realiza – “por uma proibição de tocar certaspessoas ou certos objetos ou de cumprir certas ações. Em relação das outrasproibições, a violação de um tabu nem sempre ou geralmente sancionado pelasociedade: a punição ocorre automaticamente da transgressão, ela tem o efeito deuma força mágica (caso de morte espontânea após a violação do tabu) e a sanção(sanction) social eventualmente não ocorre, se não o próprio tabu punir ou cobrarou se vingar”. (FREUD in: DORON, 1991, ps. 673-674)

O elo do Tabu com as teorias sociais é fundamental, pois, sua atuaçãosempre será de âmbito social, ainda que seja sempre direcionado (Tabu) à religiãoe sacralidade, mas o Tabu é tão real, que assumiu o centro dos debates doshumanistas ainda que posicionamento diferente e até para alguns, uma postura dacrítica negativa do Tabu. Esse é o âmago que nos leva a achar nele, o que é deprecioso e inclinarmos nele, não no sentido simplesmente do domínio ou controle,como alguns procuram reduzí-lo, mas como limite educativo que exige a reflexãodos atos que sejam não comprometedores para mim ou para os meussemelhantes, que na verdade, este se torna a via da construção do equilíbriosocial fundamentado no Tabu, neste sentido como “Limite”, isto é, justa medida,que detalharemos nas próximas páginas.

A partir do elemento ‘Limite’2 (padrão-aferidor) no seu aspecto educacionalque visa, não só a questão do controle – categoria bastante criticada e revestidade impregnações negativas na ótica de determinados humanistas (historiadores,antropólogos, psicólogos, sociólogos, filósofos [Foucault e outros] e educadores)que sempre defenderam uma certa “liberdade” que nem sempre compactuam coma realidade que traduz a natureza do limite como padrão, organizador ou aferidordas próprias atividades dos homens, no âmbito sociocultural e sóciocomportamental, que estrutura as vivências sociais estabelecidas na observânciados direitos e deveres de todos nós que pretendemos criar uma sociedadeequitativa e justa, sociedade de menos delinquências sociopolítica,socioeconômica, sociocultural e ético comportamental, a despeito de umaeducação de qualidade que não só intelectualiza e coloca no centro dacompetição frenética do mercado (que visa exclusivamente o bem estar individual– agir oligárquico3 ou aristocrático), mas uma educação que exalta os valores

3 Ferramenta que indica e mede a qualidade cognoscitiva e ética não só do agir individual, mas também dasrelações sociais.4 Oligarquia de oligoi, poucos, e arche, governo) significa, literalmente, governo de poucos. No entanto,como aristocracia significa, também, governo de poucos - porém, os melhores -, tem-se, por oligarquia, ogoverno de poucos em benefício próprio, com amparo na riqueza pecuniária. As oligarquias são grupossociais formados por aqueles que detém o domínio da cultura, da política e da economia de um país, e que

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estruturantes e sustentadores das vivências sociais, tanto para o nosso bem,como da geração futura.

Para J. Rawls, a sociedade bem ordenada é aquela que estabelece avontade de desenvolver a preferência dos seus componentes e também quandoestá basicamente assentada num conceito público de justiça. Desta forma, osvalores vitais, morais e éticos serão respeitados e defendidos, criando-se um reinode paz, de equidade, de solidariedade e de harmonia. Isso dependeráessencialmente da forma pela qual as oportunidades econômicas e as condiçõessociais forem distribuídas através dos vários setores da sociedade. Presume-seainda que caiba a cada um agir com justiça e operar de forma que as instituiçõesjustas se mantenham, embora a justiça pudesse ser como observou Hume: aprudência, Zelosa qualidade:

Prudência - no sentido de ser atento aos desvios,

Zelosa qualidade - zelar para que a constituição comoaferidor ou limite que traduz o tabu, na qual debruça todaarticulação seja mantida, e esta por sua vez coagirá tanto osindivíduos como as instituições ao cumprimento da justiça.(NDOFUSU, 2015, p.178)

A partir do momento em que todos se posicionam da mesma forma,ninguém seria capaz de fazer uma escolha (desconsiderando justa medida) quefavorecesse sua própria posição particular, e os princípios de justiça seriam oresultado de um acordo ou barganha equitativa. Estabelecidas as circunstânciasda posição original, há uma simetria entre as relações de um pelo outro, estaposição inicial é boa entre indivíduos morais, isto é, agindo como seres racionaiscom seus próprios fins e, supõe-se, com a capacidade de atuar dentro da justamedida ou de um sentido de justiça. (NDOFUSU, 2015, p. 178)

Prudência - no sentido de ser atento aos desvios, em analogia com limiteque mostra nossa capacidade psíquica, física e/ou habilidades na medida em queo bom senso nos orienta ou leva-nos a perceber, até que ponto, somos ou nãocapazes e, até onde, podemos ou não podemos. O limite não pode serinterpretado aqui como um mero conservadorismo, muito menos comoinstrumento do controle como alguns possam caracterizar, para exatamente,continuar demonizando de modo geral o Tabu. A ideologia do Tabu (educativo)abordado neste artigo, não visa de modo algum o retorno do arcaísmo, mas,justamente, limite na categoria da prudência.

exercem esse domínio no atendimento de seus próprios interesses e em detrimento das necessidades dasmassas populares; num país pós-colonial, como o Brasil, os interesses oligárquicos estão diretamenterelacionados aos interesses do imperialismo [...]; o imperialismo, por sua vez, participa diretamente dasustentação daqueles grupos sociais oligárquicos no domínio do "seu" país: os oligarcas de um país dominadosão, portanto, "subdominantes". Formadas geralmente por familiares de grande poder. Os partidos políticoscostumam ter nítido caráter oligárquico, sendo dominados por reduzido grupo de pessoas. (OLIGARQUIA,2015)

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Assim sendo, “A ideologia conservadora será caracterizada, não peloretorno ao estado puro das estruturas sociais arcaicas, mas pela reconstituição emesmo reinterpretação racional do antigo sistema. À nobreza judiciária pareceutópica a perspectiva da reversibilidade de uma forma de existência social, masela verifica, na situação real, a coexistência de estruturas arcaicas ao lado dasnovas estruturas”. (TRINDADE, 1978, p. 45)

Como a vida social tem o significado e precisa de uma continuidade, permanênciae persistência não somente de seus elementos básicos, mas também de umaordem (sem ordem criaríamos um reino do caos, e caos é exatamente o que aexpressão significa) básica para sustentar sua permanência.

Nessa linha de raciocínio, Du Bonald, Lamennais e Tocqueville comorepresentantes ou defensores de uma expectativa ou uma esperança teórica doconservadorismo da França, (quanto a Revolução Francesa) o que desestabilizouo sistema monárquico de não reconstruir-se dentro de uma nova realidade queestava em voga, como a citação confere.

A Revolução Francesa foi considerada pela nobrezajudiciária como crise provisória e, ao mesmo tempo,decorrência lógica da situação social do antigo regime. Nãohavia ruptura na estrutura social, apenas um desvio queconduziria inevitavelmente ao retorno da continuidadeestrutural. (TRINDADE, 1978, p. 45)

O conservadorismo é importante em sua natureza de perceber as coisas,embora seu caráter conservador e protetivo, ainda sim, tem nele a necessidade deliberdade que é algo inerente aos humanos, e do outro lado, por mais libertino queindivíduo queira ser, a noção da regra (limite) será sempre eminente nele, pois écondição sine qua non, caso contrário, nem seus desejos conseguirá satisfazer.

A liberdade é um atributo da pretensão de todos os seres humanos. Aliberdade é sempre demonstrada como algo pertencente ao exercício de sereshumanos e que são geralmente dotados de uma vontade.

Kant então diz: “todo o ser que não pode agir se não sob aideia da liberdade é, por isso mesmo, em sentido prático,verdadeiramente livre, quer dizer, para ele valem todas asleis que estão inseparavelmente ligadas à liberdade,exatamente como se a sua vontade fosse definida como livreem si mesma e de modo válido na filosofia teórica.” (KANT,1980, p. 150).

Na verdade, nossa existência não é fruto de uma decisão da nossavontade, agimos com nossa existência, de acordo com a livre escolha da nossavontade. Temos a consciência de sermos dotados no mundo de livre-arbítrio enossas escolhas caracterizam totalmente nossa responsabilidade diante de Deuspela maneira como conduzimos nossa existência. Lutero, Kant e Kierkegaardcompartilham da mesma opinião a cerca da postura moral e a fé.

LIBERTINAGEM

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A transição é sempre inevitável, considerando o mundo dinâmico em quevivemos; entretanto, deve ser recebida com bastante reflexão e ordem para nãoretrocedermos quanto às conquistas adquiridas e vir a se instalar o extremo doTabu conhecido como Libertinagem (que brevemente apresentaremos algunscomentários).

De Maistre vive a época de transição em que o processocapitalista se iniciava com a destruição do ‘antigo regime’.Sente e interpreta as consequências sociais decorrentesdesta mudança como sendo o domínio do mal, o estadopatológico da sociedade e da humanidade. Poderíamosdizer que o mal na sociedade, segundo o significado referidoem De Maistre, corresponde ao estado de anomia social.(TRINDADE, 1978, p. 140)

É exatamente o caminho inverso do Tabu ético reflexivo – O Tabu, embora seuaspecto rigoroso (em determinados pontos de vista), mas pode extrair dele algoimportante, diferente do seu contrário Libertinagem que é símbolo de anomia queDe Maister chamaria do mal na sociedade. Durkheim é da mesma opinião aodeclarar a cerca da anomia4 que aqui chamamos de Libertinagem.

“para cessar a anomia é necessário estabelecer um padrãomoral. Uma tal obra não poderia ser improvisada no silênciode um gabinete, ela só pode emergir por si mesma pouco apouco, sob pressão das causas internas que a tornamnecessária. Mas, a reflexão pode e deve servir paradeterminar o fim a ser atingido”. (TRINDADE, 1978, p. 140)

De Maistre e Durkheim partilham a mesma opinião quanto à anomia ser o domíniodo mal e o estado patológico da sociedade e da humanidade; baseado nesseraciocínio, não resta dúvida de que a Libertinagem seja o correlato da anomia, istoé, ausência do ideal, equilíbrio e justa medida. Esse contexto, não está distante dopensamento de Adelmo José da Silva (2008, p.23), ao relacionarmos o estadopatológico da sociedade gerado pela anomia com a experiência negativa em seuartigo (O marco fundamental dos grandes utópicos sociais desde Platão até acontemporaneidade) ao declarar:

a experiência negativa do humano ameaça à justiça, àliberdade, à paz, à dignidade da pessoa humana; é algo quea moral deve suscitar em comum com outras correntesideológicas que levantam a mesma problemática. Estaexperiência negativa do humano oferece também apossibilidade de uma unidade, como na oposição crítica aohorror e ao terror da não-liberdade, da manipulação e dainjustiça.

5 ANOMIA (in. Anomy fr. Anomie, ai. Anomie, it. Anomíà).Termo moderno usado sobretudo por sociólogos(p. ex., Durkheim), para indicar a ausência ou a deficiência de organização social e, portanto, de regras queassegurem a uniformidade dos acontecimentos sociais.(ABBAGNANO, 2007, p.73).

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A tentativa de resgatar a sociedade no domínio do mal ou a humanidade noestado patológico, preferimos optar, pela observância dos valores ancorado noTabu – debate que não visa retomar os tabus numa realidade conceitual a qualnossa sociedade demonizou, por causa dos determinados avanços tecnológicosque interpretam o humano cada vez mais como uma máquina programada econdicionada a responder aos estímulos que lhe são oferecidos pelos avançossócio-psicológico, sócio-político e etc., geralmente sustentados pela discussãoatenuada e brilhante sobre a liberdade nos séculos XVI, XVII e XVIII nas figurasde Foucault, Karl Popper, Gil Deleuse e Nietzsche que pouco produziu se não oefeito colateral chamado de libertinagem – anomia.

Contrariando anomia (libertinagem), Peter apresenta a importância donomos quando declara: “o nomos socialmente estabelecido pode, assim, serentendido, talvez no seu aspecto mais importante, como um escudo contra oterror. Ou por outras, a mais importante função da sociedade é a nomização. Apressuposição antropológica disso é uma exigência humana de sentido queparece ter a força de um instinto. Os homens são congenitamente forçados aimpor uma ordem significativa à realidade. Essa ordem pressupõe, no entanto, oempreendimento social de ordenar a construção do mundo (BERGER, 1985,p.35)”.

Ser segregado da sociedade expõe o indivíduo a uma porçãode perigos que ele é incapaz de enfrentar sozinho; num casoextremo ao perigo de extinção iminente. Ser separado dasociedade inflige também ao indivíduo intoleráveis tensõespsicológicas, tensões que se fundam no fato radicalmenteantropológico da sociedade. (BERGER, 1985, p.35)

A separação do grupo expõe o indivíduo a certos perigos, e o maior perigo residejustamente na ausência de sentido.

Esse perigo é o pesadelo por excelência, em que o indivíduoé mergulhado num mundo de desordem, incoerência eloucura. A realidade e a identidade são malignamentetransformadas em figuras de horror destituídas de sentido.Estar na sociedade é ser “são” precisamente no sentido deser escudado da suprema “insanidade” de tal terror.(BERGER, 1985, p.35)

Na medida em que rejeitamos qualquer hipótese da Libertinagem (anomia)como oposto extremo do Tabu, abre-se a discussão que retoma o Tabu não nasua totalidade, permitindo-nos fugir da sua generalização rigorosa conformemuitos humanistas declaram ser o Tabu, atraso de vida. Assim sendo, propomosuma análise minuciosa, por reconhecermos determinados tabus como marcosautênticos, que não poderiam, ou não podem ser removidos, por servirem dopróprio limite do humano que, às vezes movido pelas emoções e determinadossentimentos que dominam seu intelecto a ponto de praticar atos macabros, quevão do roubo do dinheiro da Previdência Social que pagaria milhares deassalariados em detrimento da ambição de um intelectual da formação emCiências Jurídicas ou político por puro egoísmo e benefício próprio, matando

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assim, pais de famílias que ganham apenas um salário mínimo, que mal dá parasustentar sua humilde família; a pedofilia, assassinato ideológico quando não seoferece uma boa educação que leva o indivíduo a entender seus direitos, seusdeveres e seus limites, virtudes que são construídas ao longo da formação docaráter e mantidos pelos ensinamentos idôneos que respeitam o próprio indivíduoe/ou o próximo e, ao mesmo tempo, tendo a consciência no seu agir (equilibrado)do que venha a ser o Ideal para si e, altruisticamente, isto é, Ideal que nada maisé que a justa medida aristotélica – Prudência.

Tabu – desprovido do demonismo, pode ser analisado também como pilar,isto é, um dos sustentáculos moral da sociedade que, ao remover esse tipo detabu, a sociedade torna-se refém de algumas práticas indecorosas e vulnerável atodo tipo de vírus, uma vez que a célula “mater” está enfraquecida e sem defesanenhuma.

Os fatores como: crise de integridade e crise de idoneidade – geram aimprudência, isto é, ausência de justa medida no sentido aristotélico.

A virtude ética, pois, é uma disposição para a escolha, sendouma justa medida relativa a nós, determinada pela razão epor aquilo através de que elegeria um [homem] prudente. Éuma justa medida entre dois vícios, um por excesso, outropor falta, um por não alcançá-la, outro por excedê-la, aopasso que a virtude busca e escolhe a justa medida (1106b,36, 1107a).

A justa medida é interpretada na concepção aristotélica como virtude, eesta sendo como justa medida ou uma habilidade para alcançar o meio(equilíbrio). O Dr. Márcio (2007, p. 22/23) em seu artigo intitulado “A relação entremeios e fins na compreensão Aristotélica [...]” caracteriza a virtude em dois casos.“No primeiro caso, a ideia de justa medida estaria contida na ideia de virtude,como nós julgamos ser o caso (o que, aliás, está inteiramente de acordo com adefinição da virtude ética que citamos no início do nosso estudo), além de sermais coerente, nesse caso, considerar a virtude como um meio, isto é, como umcentro pelo qual se realiza o ato virtuoso. No segundo caso, a virtude seria umahabilidade para atingir a justa medida ou o meio. Nesse último caso, a justamedida é posta como um fim. Mas o caso é que, em atenção ao sentido do passoe ao que virá depois, parece mais correto considerar que a justa medida está tantono meio como no fim. Pois, se a virtude ética é uma justa medida, ela só pode seruma habilidade para atingir a si mesma. Considerar a justa medida como umatributo exclusivo dos fins não parece correto (embora nada impeça que os finstambém possam e devam ser assim considerados, se forem bons), sobretudoporque os fins almejados pelo homem virtuoso são sempre os melhores, de modoque ele não parece errar sobre os fins, mas sobre o caminho para a realizaçãodos fins, isto é, sobre os meios”.

O tabu no sentido da virtude ética regula a proporção da escolha que nemsempre é fácil e, o que significa, a própria realidade peculiar que o ato virtuosoimpõe, ou seja, o tabu ético reflexivo (educativo) como justa medida determina osmeios ou as maneiras mais reguladas (ajustadas) pelos quais se possam

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concretizar os fins ou objetivos, que são, finalmente, aquilo que se volta para opróprio ato ou própria ação.

Em todos os segmentos sociais independentemente das sociedadesdesenvolvidas, em desenvolvimento (emergentes) e subdesenvolvidas, dasclasses: alta, média e baixa com pessoas de formação privilegiada ou não, todosnós, de maneira natural, somos obrigados sempre a decidir, isto é, a escolher e aescolha virtuosa gera homem virtuoso, diferente do libertino que não preza osmeios (sem censura) para a realização de qualquer ato.

Sem censura – é a via básica em determinados pontos de vistas queeliminam nada mais do que o preponderante elemento humano chamado “limite”que regula o comportamento; nesta análise, o sem censura é, nada mais do que avia que regulamenta ou conduz à libertinagem, que neste artigo podemos taxá-lade uma arma facultativa e fortalecedora de uma sociedade permissiva e libertinaque está levando a sociedade a pique por aniquilar o limite, que é o equilíbrio;logo, sem censura – é uma expressão negativa em seu contexto filosófico poreliminar a ética das pequenas e grandes causas que Aristóteles considerasendo, a maior virtude que é a prudência, visto que ela avalia dentro da coerêncialógica o maior benefício nas decisões, não para beneficiar alguns, mas parabeneficiar a grande maioria possível como Kant declara em sua máxima.

Kant aceitou este uso, entendendo por máxima, uma regrade comportamento em geral. Distinguia a máxima, como"princípio subjetivo da vontade", da lei, que é o princípioobjetivo, universal de conduta. O indivíduo pode assumircomo máxima. a lei, outra regra ou mesmo afastar-se da lei.Este segundo significado é o único que ficou. (ABBAGNANO,2007, p. 664)

A ambição exacerbada que aniquila o “espera”, exaltando o “já” comoelemento característico do imediato. O Já, como advérbio de tempo que contrapõecom o Tabu, por ser, às vezes, a espera (a razão e a escolha dos meios - virtude)que é outra expressão de tempo que serve para contra balancear os ânimosalterados que traduzem nossa sociedade do “Já”, que perde a cada instante freiopor causa da imediatez, freio este, que pode também ser analisado como tabu.

Os seres humanos não podem depender de padrões decomportamento inerentes, ou instintivos, como um guia parasuas atividades e vida social; devem adaptar-se a novas evariadas condições e situações de vida, criar meios deresolver problemas conforme vão surgindo5.

A libertinagem tem característica clara no pensamento do sociólogo SamuelKoenig, conforme a referência apresentada, acha que o homem não podedepender de padrões ou guia moral para suas atividades, ora, o que não se podeesquecer, é que todos os seres humanos de diversas épocas da histórianecessitaram, necessitam e necessitarão de proteção sempre, visto que suas

5 KOENIG, Samuel. Elementos de Sociologia. Pg.

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necessidades fundamentais foram sempre as mesmas; embora em épocasdiferentes, o que pode mudar é a forma de solucionar uma vez que os problemassão também diferentes. A dependência nos padrões ou um guia moral por maisque seja mutável, de acordo com a necessidade, até porque surgem situaçõesnovas e condições de vida variadas, como alegam determinados sociólogos quedevem os homens criar novos meios de resolver problemas na medida em quevão se apresentando; ora, criar os mecanismos que solucionam os dilemas jácomportam (em si), de exigências e obrigações a serem cumpridas, não existenenhum meio que busque solucionar os problemas e que não tenha em si próprioa exigência de cumprí-lo corretamente. Isso faz parte da própria natureza dasolução e, neste ínterim, acaba também criando, um novo padrão, mesmo queseja fútil e mutável, mas deve existir para que haja solução.

Aliás, Bauman (2001), crítico genuíno das relações sociais, embora moderníssimoem suas avaliações sociais, mas reconhece a importância da construção socialdos indivíduos, a partir das regras e normas que “São esses padrões, códigos eregras a que podíamos nos conformar, que podíamos selecionar como pontosestáveis de orientação e pelos quais podíamos nos deixar depois guiar, que estãocada vez mais em falta. Isso não quer dizer que nossos contemporâneos sejamlivres para construir seu modo de vida a partir do zero e segundo sua vontade, ouque não sejam mais dependentes da sociedade para obter as plantas e osmateriais de construção. Mas quer dizer que estamos passando de uma era de'grupos de referência' predeterminados a uma outra de 'comparação universal', emque o destino dos trabalhos de autoconstrução individual (…) não está dado deantemão, e tende a sofrer numerosa e profundas mudanças antes que essestrabalhos alcancem seu único fim genuíno: o fim da vida do indivíduo”. (BAUMAN,2001)

É de nosso conhecimento que, às vezes, ocorrem mudanças num espaçode tempo que abrange uma única geração, como no caso da geração dos séculosXX e XXI, onde tudo é tão dinâmico e com rápidas mudanças conforme Tofller(1980) expressa com toda propriedade em seu pensamento intitulado de geraçãoliquida. Os sociólogos sabem muito bem que o homem nunca se satisfaz e estáem constante busca de melhorias, novas conquistas com o objetivo de satisfazersuas crescentes necessidades. E essa busca é inevitável, ter em si, um elementoaferidor, que é da própria natureza da razão, como diria Kant: “a vontade carregaem si a exigência de ser realizada corretamente, a não ser que permitamos que avontade domine a razão”, neste caso, a vontade “mã” prevalece e contraria aprópria natureza humana, causando anomalias e outras patologias que podemafetar o próprio indivíduo ou até a sociedade de modo geral. Como temosvivenciado a delinquência caracterizada na corrupção generalizada, desde osgrandes mandatários do país até os mais simples cidadãos.

O tabu desprovido do demonismo e do seu rigor extremo tem nele algo importanteque chamamos de marco removível que estabelece a prudência, limita, controlapara justamente, não cairmos na libertinagem (ausência do limite - anomia) criadapela consciência utópica como chama Adelmo José da Silva (2008, ps. 23-27) setratando do homo sociologicus.

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Sobre a sociedade o homem também projeta suaconsciência utópica, isto é, descobre sempre a sociedadecomo algo inacabado e por isto mesmo a ser transformada. Asociedade possível, aquela idealizada, está muito distante dasociedade real. Este fato constitui o marco fundamental dosgrandes utópicos sociais [...]. Portanto, a sociedade tambémse coloca diante do homem como desafio. Seurelacionamento possui, portanto, uma dimensão moral.

O tabu como aferidor é, serve tal como é e/ou estabelece queira ou não opadrão, o limite a não ser ultrapassado, respeite-o (padrão) e ultrapasse-o (limite)quem quiser. Depois acerta as contas com a própria realidade que reage deformas também diferenciadas. Isso seria o agir do tabu mágico? Pode ser sim,considerando a própria natureza do desejo ou vontade que carrega nele (a) aexigência de ser cumprido (a) satisfatoriamente. Alguém que está com fomesente-se obrigado a saciar sua fome, entretanto, não pode saciar sua fome dequalquer maneira ou por qualquer coisa, pois a vontade de comer está nelaintrínseca o tabu que aqui expressa o tríplice sentido: cuidado, prudência e limite.Essa tríplice categoria envolve séries de perguntas ligadas a cada uma dessascategorias, vejamos.

a) cuidado – Algo podre vale? Qualquer coisa vale? Tenho dinheiro suficiente parasaciar

minha fome?b) prudência – O que devo comer? A comida boa ou péssima?c) limite – Vale qualquer quantidade de comida, uma vez que estou com fome oudevo

mensurar a capacidade do meu estômago?

Pv.23.10 “Não removas os limites antigos nem entres noscampos dos órfãos”.

Dt..19.14 Não mudes o limite do teu próximo, queestabeleceram os antigos na tua herança, que receberás naterra que te dá o SENHOR teu Deus para a possuíres.Dt.27.17 Maldito aquele que remover os limites do seupróximo. E todo o povo dirá: Amém.

Proteção contra o próprio humano, razão da existência das leis.

O tabu serve como metodologia (método) na concepção em que estamosabordando, pois, tudo que realizamos ou pensamos realizar está atrelado com ométodo (lembrando das duas posições da virtude: meio e fim já discutido), isto é;como, para que, quando.

Como – de que maneira, de que via, de que modo? Isto é, virtude como meio.Porquê – com que objetivo? E Para que? Utilidade, para que serve? Ambas asperguntas representam a virtude como fin.Quando – maturidade, ligado a tempo de agir, está ou não na hora de...

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O tabu como marco removível é associado a critérios indispensáveis, quetraduzem a própria metodologia justificada nas sete categorias que explicamos demaneira simples: cuidado, prudência, limite, como, porquê, para quê e quando.Essas categorias fazem parte do cumprimento das exigências que todo desejo ouvontade carrega nele ou nela.

Na questão do estado de natureza e estado civil, nos servimos doscontratualistas, isto é, John Locke, Thomas Hobbes e Jean Jacques Rousseauque discutiram bastante a cerca do cumprimento das exigências, discussão quegerou o contrato social, visando a observância das exigências, uma vez que,homem primitivo estava sempre em guerra com os outros homens, e vivia noterror perene de ser atacado e morto pelos vizinhos. Com o tempo, no entanto,compreendeu que, reunindo-se em bandos e concordando em viver em paz comos vizinhos, seria capaz de livrar-se das condições insuportáveis em que seencontrava. A sociedade organizada emergiu desse período da existênciahumana.

O debate é acirrado quanto ao comportamento do homem apresentadopelos contemporâneos dos séculos XVII e XVIII Thomas Hobbes (filosofo inglês) arespeito do estado original do homem se é pacífico do que beligerante. Eledeclara que o homem desde o princípio, foi um pouco mais do que selvagem, devida isolada e egoísta, buscando somente a satisfação de seus interesses eimpulsos. Já o filosofo francês Jean-Jacques Rousseau (XVIII), qualificou o estadooriginal do homem nem bom nem mau, sendo simplesmente natural, entretanto,declara o homem como selvagem e cruel. E para não se depredarem buscaram aunião entre eles através de um contrato social – justa medida6 (diferente daLibertinagem), isto é, elemento aferidor que estabelece o controle não somente dogrupo em si, mas, formas para que cada indivíduo controlar-se e ser controlado,através do limite.

No estado natural, os homens nascem de fato em igualdade;mas não poderiam permanecer assim. A sociedade os fazperdê-la e eles só voltam a tornar-se iguais por meio das leis(WEFFORT, 2004, p.163).

E o limite natural é aquele que Deus (para os criacionistas) estabelece paraque as coisas funcionem mantendo a ordem – que também depende do padrãocomo aferidor para a permanência das coisas e da própria vida, para ideólogosque dispensam a existência de Deus, ainda sim, existe o limite que a naturezaestabelece tanto para a própria saúde e a ordem que mantém a existência dascoisas.

A vida sem reflexão não merece ser vivida”. Sócrates

Nada caracteriza melhor o homem do que o fato de pensar.Aristóteles

7 Contrato social interpretado como justa medida, uma vez que estabelece acordo equitativo para osenvolvidos.

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Tudo era um caos até que surgiu a mente e pós ordem nascoisas. Anaxágoras7

Muitos outros escritores menos expressivos no assunto, porém, tidos comoexpoentes da teoria do contrato social da sociedade dos homens, concordaram deque a sociedade humana é, nada mais do que o resultado de um acordo ou“contrato” sustentado pelas leis que através dos padrões definidos para asustentação da vida humana na sociedade, diferente da concepção já discutida arespeito da anomia ou da libertinagem.

O contrato ou acordo

Pensando na dedicação e os esforços empreitados por Sumner e Keller queforam registrados numa famosa obra de quatro volumes de 1927, onde Sumnerassocia o termo

cultura em “folkways”, “mores” e instituições.

Folkways são os modos costumeiros de comportar-se e agirque surgem automaticamente dentro de um grupo parasolucionar problemas de vida. São os costumes, convençõese usos transmitidos de gerações anteriores, aos quais novoselementos são acrescentados, conforme surge anecessidade. Sumner concebeu os folkways como o únicomeio que o homem possui para adaptar-se a seu ambiente.8

Na mesma linha de raciocínio, importa-nos também apresentar umacorrelação do conceito da palavra cultura visando dar um entendimento cristalino,uma vez que, quase que, todo desdobramento do nosso artigo (do tabu àlibertinagem) está concentrado na articulação dos vai e vem da cultura, que paraMondin (1980, p. 177), o termo cultura pode ser entendido em três sentidos, asaber: “elitista, pedagógico e antropológico”. No sentido elitista, a cultura significa“uma grande quantidade de saber, em geral ou em particular”; no sentidopedagógico, ela “indica a educação, a formação, o cultivo do homem”; e nosentido antropológico, a cultura “é aquele conjunto de costumes, técnicas evalores que caracteriza um grupo social, uma tribo, um povo, uma nação”.

A elaboração do acordo ou contrato se concentra nos valores que ambas aspartes dentro do seu aspecto cultural defendem, visando a partir do contratocelebrado a proteção contra (nocivos) feras, animais, climas, chuvas, razão deconstruir as casas e outro, contra próprios humanos e seu habitat.

Ultimamente, tem-se discutido bastante a respeito da Ecologia quanto àsações dos humanos como predadores, e grandes campanhas educadoras vêmsendo realizadas com o objetivo de resgatar o limite educativo a partir daconscientização que estabelece o respeito quanto à natureza, a não observânciados valores ecológicos tem trazido grandes transtornos que colocam em grande

8 TELES, Antonio Xavier. Introdução ao Estudo de Filosofia. Pg.98 KOENIG, Samuel. Elementos de Sociologia. Pg.

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perigos a humanidade. Assim, percebe-se mais uma vez, que Tabu, como limiteaferidor, exerce ordem para o benefício social em todos os âmbitos em detrimentoda Libertinagem.

Tabu à Libertinagem X Ética de pequenas coisas

Partindo do princípio que tabu preza o limite (postura ética), torna-seimpossível desvincular o tabu da ética, embora posições comportamentaisdiferentes, mas com a inclinação aos princípios éticos ritualísticos claros edefinidos, pois a ética -

Através de seu objeto – uma forma específica docomportamento humano – a ética se relaciona com outrasciências que, sob ângulos diversos, estudam as relações e ocomportamento dos homens em sociedade e proporcionamdados e conclusões que contribuem para esclarecer o tipopeculiar de comportamento humano que é o moral.(VAZQUEZ, 1985, p.18).

Ética de pequenas coisas, isto é, relacionamento com os outros,relacionamento que envolve disciplina (diferente da libertinagem – anomia) queestabelece boas maneiras baseadas na análise das seguintes categorias que sãoindispensáveis no pensar e no agir humano em todos seus sentidos: Dever9 eDireito10; categorias estas que traduzem nada mais do que a própria concepçãodo LIMITE, que é outra categoria que leva ou que poderia levar qualquer humanoà noção do bom senso (justa medida) e este, na sua vez, pode refletir na questãodo CONTROLE e, também, no autocontrole, que é uma questão de referencialpara o Pai, Mãe, futuro (a) pai e mãe e, finalmente, os próximos – forma de mantera sociedade viva e contínua, logo a disciplina em seu sentido educacionalexpressa os meandros do Tabu na sua amplitude.

Retomando o contexto da anomia interpretada por de Maistre e Durkheimcomo o domínio do mal e o estado patológico da sociedade e da humanidade quea Libertinagem causa no convívio, é cada vez mais complicado, pois, muitasvezes, transferirmos nossos papéis socioculturais, ora por razão de umadeterminada necessidade básica e imediata, já que nos encontramos numasociedade que dita regras e formas de vida que, às vezes, inadequadas paradeterminadas classes sociais e, às vezes, por uma questão simplesmente desatisfação pessoal que não nos permite compartilhar e muito menos, servir atéaqueles que dependem diretamente de nós e que não pediram para vir ao mundo,porém, são frutos aparentemente do nosso amor que despede o compromisso e aresponsabilidade dos nossos atos.

9 Dever - qualquer ação ou comportamento, do homem ou das plantas e animais, que se conforme à ordemracional do todo. "Chamam de dever", diz Diógenes Laércio (VII, 107-09), "aquilo cuja escolha pode serracionalmente justificada...Entre as ações realizadas por instinto, algumas. (ABBAGNANO, 2007, p.276)10 Em sentido geral e fundamental, a técnica da coexistência humana, isto é, a técnica que visa a possibilitar acoexistência dos homens. Como técnica, o D. se concretiza em conjunto de regras (nesse caso leis ounormas), que têm por objeto o comportamento inter-subjetivo, ou seja, o comportamento dos homens entre si.(ABBAGNANO, 2007, p.289)

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Caráter educativo do Tabu

Ao longo dessa pequena análise, procuramos mostrar as relações que oTabu tem de forma como tomamos o tabu como ponto de discussão; justamente,na tentativa de traduzi-lo como “limite” educativo, pois estabelece, nesse sentidoapropriado, elementos ético e educativo, uma vez que entendemos que nãoexistirá uma educação de qualidade que se preza tanto hoje, se ao lado dosprocedimentos pedagógicos meramente intelectuais existentes, não discutirmos,também, o aperfeiçoamento dos mecanismos de observância dos valores que aprática educacional vem tratando com pouca relevância, em detrimento de umaliberdade exacerbada, onde nenhuma forma de proibir, de dizer não, tem espaçona moderna educação. Aliás, por vivermos numa sociedade onde é proibidoproibir, o que se percebe neste modelo educativo, é o fato de que a ambiçãoexacerbada e liberdade exacerbada geraram uma delinquência socialgeneralizada – que culminou na permissividade e na libertinagem.

Ainda que, vários cientistas condenem o Tabu por causa do seu rigor ecaráter obrigatório de transmitir o aprendizado no sentido não de ter medo(pavor), mas temor (respeito) [processo ético limitador a partir da consciência dopróprio indivíduo, para se preservar e preservar todos, isto é conceito dasociedade], mas não podemos negar que o Tabu tenha nele algo (aspecto), ouseja, uma forma de educação com sua transmissão própria como ocorre nasoutras concepções de educação.

Falemos um pouco da religião, uma vez que o tabu é geralmente associadopor muitos teóricos com a religião, ainda que, de maneira simples, apresentar ovínculo existente entre ambos (tabu e religião) no contexto educativo.

Na Religião, por exemplo, embora sua complexidade no procedimento detransmitir seus valores através do objeto do estudo que a educação religiosapreconiza, mesmo aquelas conservadoras e radicais, a religião de modo geral,vem sofrendo mudanças em suas perceptivas educativas da escolástica até aosnossos dias. Considerando os “vai” e “vem” que a modernidade impõe e, aomesmo tempo, buscando ser flexível em suas análises diante das atuaismudanças sem perder o teor de sua natureza.

A religião é o empreendedorismo humano pelo qual seestabelece um cosmos sagrado. Ou por outra, a religião é acosmificação feita de maneira sagrada. Por sagrado entende-se aqui uma qualidade de poder misterioso e temeroso,distinto do homem e todavia relacionado com ele, que seacredita, residir em certos objetos da experiência. (BERGER,1985, p. 38)

Neste interim, a importância de evocarmos o termo “caos” oriundo de umvocábulo grego que significa “voragem”, ao passo que a “religião” oriunda dovocábulo latino que quer dizer “ter cuidado”, “por exemplo aquilo sobre o que ohomem anda “cuidadoso”, é, sobretudo, o perigoso poder inerente às própriasmanifestações do sagrado. Mas por trás desse perigo está o outro, muito maishorrível, de que se possa perder toda conexão com o sagrado e ser engolido pelocaos”. (BERGER, 1985, p.38)

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Considerando “caos” – Libertinagem e “ter cuidado” - Tabu

Pode-se dizer, portanto que a religião desempenhou uma parte estratégiano empreendimento humano da construção do mundo. A religião representa oponto máximo da autoexteriorização do homem pela infusão, dos seus própriossentidos sobre a realidade. A religião supõe que a ordem humana é projetada natotalidade do ser. Ou por outra, a religião é a ousada tentativa de conceber ouniverso inteiro como humanamente significativo. (BERGER, 1985, p.41)

Embora haja uma correlação entre o tabu e a religião, mas não se podeanalisar o tabu simplesmente como fenômeno religioso, pois sua interpretaçãoeducacional perpassa os meandros social, político, econômico e etc. Desta forma,sua postura aferidora do modo de tabu educativo social interpretado, ora paradefender e resguardar determinados grupos de interesse econômico e, às vezes,usado com o objetivo de proteger de forma valida um bem; de modo, também, àsvezes, a religião é usada segundo interesses diversificados.

Nas ideologias esboçadas e nos programas políticos pedagógicos dosditadores ou não, sejam eles, da extrema esquerda (comunistas) ou da extremadireita (capitalistas) trouxeram séries de problemas que a modernidade paga umpreço a reparar. Os avanços considerados na educação moderna que os paísesapresentam a partir do sistema educacional ancorado nos seus PPPs (ProgramasPolíticos Pedagógicos), nem sempre terminaram com as vicissitudes que adinamicidade da vida impõe.

Grandes idealistas contemporâneos como Bergson (1978) apostam napossibilidade de o homem entrar numa nova esfera de vida, liberta de toda formade alienação e desumanização. Esta nova fase incluiria a libertação das correntesque instrumentalizam sua mente, seus instintos e sua vida. A cultura libertaencaminharia o homem a um verdadeiro humanismo.

Temos a consciência de que não se pode esperar um sistema educacionalperfeito, realizador de todos ideais do bem comum fundamentado nos valoreséticos e na democratização da educação, mas que conscientize dos simples aosmandatários (todos os cidadãos):

quanto ao limite (marco que não se pode remover, por ser a própria ordem); quanto ao respeito altruístico; no caso dos mandatários que, pelo menos atendam as necessidades, tanto

das camadas fortes como dos fracos, dos mais ricos, como dos maispobres;

o que significa contemplar ou observar os valores que dignificam todos.

Dentro do contexto educacional que o tabu está inserido, a educação de umaforma geral, parece não ter forma definida, pois cabe em qualquer concepçãoestrutural ou não, aliás, tem a participação quase em tudo e em todas ascivilizações, na conjectura científica, religiosa, politica, grupal, familiar e etc.Assim, podemos caracteriza-la como uma parasita sociocultural que estáatrelada na história constitutiva e estrutural dos homens e da sociedade de modo

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geral. Neste interim, ao discursarmos sobre os modelos de educação, como acimacaracterizado, estamos concordando com o argumento de sua multiformidade deque a educação abarca todas as sociedades, o que significa ser praticamenteimpossível conjecturar sociedades sem arrolamento (relação) com a educação.

A educação é um parasita social que está enraizado nahistória política e histórica dos homens, [...] não somente noEstado, nas classes, nos grupos, mas ainda nas modas, nasopiniões correntes, nos espetáculos, nos jogos, nos esportes,nas informações, nas relações familiares e privadas, e atémesmo nos impulsos liberadores que tentam contestá-lo(BARTHES, 1989, p.11).

Da mesma forma, o Tabu ainda que sempre rechaçado, mas de uma formaou de outra, está presente, não importa o modo pelo qual seja interpretado. Assimsendo, ao discorrermos sobre o Tabu como forma de educação cultural, estamosaceitando o argumento que o Tabu tem como elemento ético correspondente ao“limite” (aferidor) de que o Tabu, em seu aspecto educacional, atravessa todas associedades, ou seja, não podemos pensar em sociedades sem relações atreladasà religião e ao Tabu, e este último, como limite e elemento ético e educacional deaferição.

Ao analisarmos o conceito da educação em seu modo geral, percebemosuma ligação intrínseca entre educação e Tabu, ainda que este último de formaminúscula, em seu aspecto educacional, apresente questões que a educação nosentido amplo trata, conforme detalhes apresentados na citação de Abbagnano(2007, ps. 316-317) da educação no modo genérico que não deixa dúvida que oTabu esteja inserido.

Em geral, designa-se com esse termo a transmissão e oaprendizado das técnicas culturais, que são as técnicas deuso, produção e comportamento, mediante as quais umgrupo de homens é capaz de satisfazer suas necessidades,proteger-se contra a hostilidade do ambiente físico ebiológico e trabalhar em conjunto, de modo mais ou menosordenado e pacífico. Como o conjunto dessas técnicas sechama cultura, uma sociedade humana não pode sobreviverse sua cultura não é transmitida de geração para geração; asmodalidades ou formas de realizar ou garantir essatransmissão chamam-se educação.

Sem sombra de dúvida, Abbagnano apresentou a conceituação de modogeral, que reúne todos os elementos que traduzem a educação que se tornouimprescindível ao considerarmos os fatos que ocorreram e ocorrem tanto nassociedades consideradas primitivas, como também nas sociedades civilizadas, osprocedimentos de educação nos dois tipos de sociedade não encontramosdiferenças de desenvolvimento, a não ser diferenças de atitude, costume (estilo oujeito) ou orientação. Assim está estabelecida a característica das duassociedades.

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A sociedade primitiva caracteriza-se pelo fato de que nela aEducação visa garantir a imutabilidade das técnicas de quedispõe; por isso tende a atribuir caráter sacro a tais técnicas,o que leva a proibir como sacrílega qualquer inovação oucorreção. Uma sociedade civilizada está, acima de tudo,aparelhada para enfrentar situações novas ou em mudança;logo, tende a tornar flexíveis e corrigíveis as técnicas de quedispõe e a confiar à Educação. A tarefa não só de transmiti-las, mas também de corrigi-las e aperfeiçoá-las.(ABBAGNANO, 2007, p.317)

Para Abbagnano (2007, ps. 316-317), essas duas orientações nunca seacham em estado puro: não existem sociedades absolutamente primitivas, quenão permitam — ainda que sub-repticiamente — correções ou modificações lentasem suas técnicas, assim como não existem sociedades absolutamente civilizadasque permitam a rápida e incessante correção das técnicas mais delicadas, quenão são as técnicas de uso e produção de objetos, mas as que controlam aconduta dos indivíduos e seus comportamentos recíprocos.

Na base dessa citação, onde Abbagnano apresenta dois tipos desociedade, primitiva e civilizada, entretanto, ambas carecem, educacionalmentefalando, de mudanças estruturais ordenadas, isto é, sustentadas pelos princípiosno qual o Tabu responsável busca transmitir (como marco irremovível) em seuaspecto educacional, com o objetivo de diferenciar o medo do temor narealização dos nossos desejos, respeitando sempre o limite estabelecido narelação DEVER e DIREITO tanto no contexto individual, como social.

Concluindo esse artigo que insistiu em mostrar o tabu educativo social deforma enfática, pois ao considerarmos os princípios irrevogáveis que a próprianatureza estabelece para uma vida de harmonia entre os homens e a próprianatureza, a educação tende através dos seus mecanismos sustentar da melhorforma possível esses princípios.

Se partíssemos do ponto de vista bíblico e aceitássemos que Deus criou ohomem perfeito e completo, seria razoável sustentar que o papel da humanidadeseria preservar os propósitos de Deus. No entanto, na hipótese criacionistareferida, nos desviamos do propósito de Deus e esbarramos nos problemas quenós mesmos criamos. Assim, na tentativa de resolver um problema, criamosoutros, como diz o ditado francês: “la solution d’ un problème cause encore unproblème” (a solução de um problema causa ainda outro). O homem, de fato,privilegia o seu egoísmo (caso tomássemos por base a narrativa bíblica), assimcomo a sua soberba, o que acaba por construir um mundo egoísta, desigual econturbado. De fato, a história da humanidade nos mostra, com abundância deexemplos, o quão difícil é contar esses defeitos e atitudes da humanidade, creia-se na narrativa bíblica ou não.

Apesar de todos os avanços consideráveis, o comportamento humanoprecisa e deve ser trabalhado, pois fica debilitado nas relações humanas,chegando ao ponto de concordarmos com o teólogo austríaco Rowland Croucher(1988) que disse: “somos inimigos de nós mesmos”. Em analogia com a

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concepação de Hobbes “homo omni lopus” Temos a consciência dos problemas esabemos como resolver, mas não nos interessa quando não estamos diretamenteenvolvidos, isto é, quando afeta mais os outros e não a nós mesmos.

Insistimos ao longo do artigo em não trabalhar o tabu em sua totalidade oude forma genérica, mas naquilo que consideramos sua representação social comomarco irremovível em que cada pessoa, cada grupo, cada cultura, cada sociedadedeve saber e descobrir o que seja esse marco irremovível no sentido docomportamento pessoal, grupal, cultural e social.

O que significa para Adelmo (2008, ps. 23-27), “o homem deve descobri-la;isto faz parte da essência desta moralidade. É mister ter presente que o homem éum ser pessoal e histórico. Deve, portanto, assumir, experimentar, considerar, nasua situação atual, a humanidade, o mundo e a si mesmo, mas antes deve tomá-lo, dominá-lo, plasmá-lo, exprimi-lo, imprimir, de um modo todo especial, suaforma própria. Portanto, humanizá-lo sempre mais”.

Visando o bem estar social em que todos devem inclinar-se, esta reflexãoética do tabu apresentada implica em rejeitar a concepção libertina do laissez-faireque domina, historicamente, as pessoas, as instituições e sociedades de modogeral, na medida em que cada um, cada grupo, cada cultura e cada sociedadedescubra o marco irremovível (justa medida) do tabu e defendê-lo para umasatisfação segura de si e de toda sociedade.

Em síntese, os humanistas contemporâneos prestam umagrande colaboração à elucidação da justa moral comressonâncias em nossos dias ao considerar que sem estaperspectiva dinâmica não seria possível a superação desituações desumanas e de tudo aquilo que desfigura ohomem e a humanidade como um todo. (ADELMO SILVA2008, ps. 23-27)

Análise metodológica conclusiva e Conclusão

Discutimos a polêmica entre Tabu e Libertinagem que nos levou à análisede vários aspectos teóricos e práticos, os quais tornaram necessários àcompreensão deste artigo, a partir da perspectiva que o gerou.

Análise metodológica

Área de estudo

A sociedade de modo geral foi nossa área de pesquisa, pois nela, residemconflitos (tensões, crises) éticos que geraram nossa expectativa quanto àsextremidades Tabu e Libertinagem.Quanto a área de estudo (a área temática), fizemos uso da interdisciplinaridadepara atender o interesse da pesquisa, que é a educação, mais especificamente aobservância dos valores éticos. O fio condutor da pesquisa foi a filosofia daeducação ética, respaldada pela filosofia política, pois a política é, sem dúvida, abase para qualquer modelo educativo e reparador.

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Tipo de pesquisa

Pesquisa “qualitativa” realizada pela via da argumentação dialética ededutiva pura e simples. A pesquisa reuniu análises históricas, filosóficas,sociológicas, psicológicas (políticas e educacionais) que nos permitiram formularraciocínios dedutivos. Não utilizamos entrevistas semi-estruturais, mas ouvimosopiniões de pessoas envolvidas (teóricos da área humana, políticos, comunidades,igrejas), e também opiniões de outros cidadãos sobre o que pensam a respeito doTabu e da Libertinagem.

Universo, população e amostra

O universo de pesquisa, isto é, o público que consultamos de formaaleatória foi o conjunto de teóricos da área humana, políticos, comunidades,igrejas, e também de outros cidadãos. Não utilizamos métodos complexos decoleta de dados. Utilizamos apenas entrevistas (aleatórias) com público do nossouniverso, livros, artigos e textos de jornais e revistas dentro das limitações queartigo exige.

Perspectiva do artigo

Durante a pesquisa, discutimos através de dois elementos básicos que são:o Tabu e a Libertinagem e, quais eram as implicações que caracterizaram amboselementos (Tabu e Libertinagem) concernente o comportamento costumeirohumano. Na perspectiva histórica apresentamos uma sucessão de dispositivosmorais que correspondem às diferentes correntes teóricas conforme o campo dainterdisciplinaridade (filosóficas, sociológicas, psicológicas e etc.) e sociedadesque se sucedem no tempo. Mudam os princípios e as normas morais, aconcepção daquilo que é bom e daquilo que é mau, bem como do obrigatório.Durante o desdobramento da construção do artigo, foi de caráter relevante frisar ateoria kantiana da obrigação moral (Teoria Deontológica - dever e teleológica - fin).Teorias essas que responderam à questão de como determinar o que devemosfazer de modo que esta determinação possa orientar-nos numa situação particularou coletivo. Espelhando-se em Kant.

Mostra:

Melhor é que, cada um (a) não importa o estado social ou instituiçãoeducativa ou não tenha consciência do limite e observe-o, como valor éticoindispensável, diante das vicissitudes em que temos que tomar decisões que avida impõe.

Conclusão

Buscamos apresentar ao longo da nossa discussão a análise doselementos Tabu e Libertinagem dentro da perspectiva dialógica, estabelecer o queseja: Ideal, Equilíbrio e justa medida ou meio termo (aristotélico) que possibilitamuma convivência de amor, de paz, de solidariedade, de generosidade e doaltruísmo que o Tabu e a Libertinagem, como dois extremos não podem satisfazer,

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considerando o caótico quadro social que o lado arrogante da modernidade nãoconseguiu resolver, embora seu fascínio avanço (desenvolvimento).

Por estas razões, o artigo discutiu a educação de qualidade a partir doresgate daquilo que o tabu oferece como limite e justa medida, pois esta não sepreocupou com os procedimentos que capacitam no sentido meramenteintelectual, mas discutiu o aperfeiçoamento dos mecanismos de observância dosvalores que a prática educacional vem tratando com pouca relevância, emdetrimento de uma liberdade exacerbada onde nenhuma forma de proibir, de dizernão, tem espaço na moderna educação, o que transparece nada mais que alibertinagem.

Pelo que vimos ao longo do artigo, não resta dúvida em declarar que; otabu sobrepõe a libertinagem, visto que, em termos absolutos, a ordem semsombra de dúvida é inerente aos humanos, isto é, os seres humanos privilegiam aordem (o tabu) em detrimento do caos, desordem, guerra e, ou qualquer coisadessa natureza. Pois, o conservadorismo é importante em sua natureza deperceber as coisas, embora seu caráter conservador e protetivo, ainda sim, temnele a necessidade de liberdade que é algo inerente aos humanos, e do outrolado, por mais libertino que indivíduo queira ser, a noção da regra (limite) serásempre eminente nele, pois é condição sine qua non, caso contrário, nem seusdesejos conseguirá satisfazer.

Neste ínterim, a análise das categorias representativas do tabu: Ideal,Equilíbrio e justa medida-meio termo (aristotélico) na questão ética educativa,pode se tornar imprescindível em todas as áreas de formaçãoantropossociológica, com a finalidade, de construirmos uma sociedade equilibradabaseada no resgate da observância dos valores.

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