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Bruxelas, 27.12.2000 SEC(2000) 2340 DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO ANEXO À COMUNICAÇÃO SOBRE A REFORMA ECONÓMICA: RELATÓRIO SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS DE CAPITAIS E DE PRODUTOS RESULTADOS DO ACOMPANHAMENTO DO FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS DE PRODUTOS E DE CAPITAIS

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA …ec.europa.eu/internal_market/economic-reports/docs/cardiff01anx_pt.…bruxelas, 27.12.2000 sec(2000) 2340 documento de trabalho dos serviÇos

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Bruxelas, 27.12.2000SEC(2000) 2340

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO

ANEXO À COMUNICAÇÃO SOBRE A REFORMA ECONÓMICA:RELATÓRIO SOBRE O FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS DE CAPITAIS

E DE PRODUTOS

RESULTADOS DO ACOMPANHAMENTO DO FUNCIONAMENTO DOS MERCADOSDE PRODUTOS E DE CAPITAIS

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PARTE A: MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS CIDADÃOS

Os cidadãos continuam a beneficiar da crescente convergência de preços …

Os dados definitivos de 1998 e as estimativas preliminares de 1999 mostram que, emmédia, as variações de preços de consumo na Comunidade estão a diminuir. Após osrealinhamentos da taxa de câmbio de 1995, a dispersão de preços (em termos docoeficiente de variação) nos Estados-Membros para os produtos de consumo finaldiminuiu constantemente, de 0,18 em 1995 para 0,14 em 1998 e 1999 (estimativa). Paraos preços sem IVA, a dispersão de preços é apenas de 0,12 (ver quadro 5).

O padrão da convergência de preços varia segundo os sectores e países. Para os bensduradouros e não-duradouros, a dispersão de preços é relativamente baixa. A dispersão depreços foi significativamente maior para os serviços do que para os produtos, mas adiferença está a diminuir. Não há convergência nas rendas brutas. Os preços finais doscombustíveis e energia divergiram desde 1997, principalmente devido às evoluções naDinamarca e na Grécia, mas os níveis de preços relativos parecem ser bastante similarespara todos os outros Estados-Membros.

A convergência de preços na UE é ainda mais notável se levarmos em conta ocomportamento de cada país. Houve algumas mudanças significativas no ordenamentodos Estados-Membros segundo os seus níveis de preços relativos (ver quadro 6). O ReinoUnido e a Irlanda subiram para a metade superior da distribuição em praticamente todosos grupos de produtos. Isto reflecte principalmente a evolução da taxa de câmbio da libraesterlina, no caso do Reino Unido, e taxas de inflação relativamente mais elevadas naIrlanda. À parte as implicações macro-económicas deste padrão inflacionário diferente, éimportante notar que ele tem também consequências micro-económicas: é evidente queas dinâmicas de preços nestes dois países estão a contribuir para aumentar a dispersão depreços no mercado interno (ver gráfico 1).

Apesar da crescente convergência de preços, mantêm-se diferenças significativas nospreços relativos. O quadro 5 mostra exemplos de bens e serviços com os mais elevados eos mais baixos níveis de dispersão para bens duradouros e não-duradouros e para osserviços. Podem encontrar-se coeficientes de variação até 56% para alguns serviços e até30 ou 40% para produtos. Os países nórdicos têm, em geral, níveis de preços maiselevados, ao passo que os preços mais baixos podem ser encontrados em certos países ounos países com níveis elevados de concorrência no mercado. Está a ser feita maisinvestigação nesta área (ver caixa 2).

As reformas da regulamentação limitaram os aumentos de preços dos serviços deinteresse geral

As tarifas das telecomunicações foram mais baixas em 2000 do que em 1998, com umaredução média, para um utilizador-padrão da UE com baixo consumo, de 4,3%. Umutilizador doméstico intensivo médio beneficiou de um corte de 13% nas tarifas. Noentanto, o efeito do reequilíbrio tarifário implicou, em alguns países, o aumento dastarifas das chamadas locais para os utilizadores domésticos de baixa intensidade,especialmente na Áustria, no Reino Unido e na Finlândia (ver quadros 1 e 2).

Os preços da electricidade foram, em 2000, significativamente mais baixos que em 1996.Houve reduções na maioria dos países para todos os tipos de utilizadores (domésticos;grandes e pequenas empresas). Os utilizadores da Grécia, Espanha e Alemanha

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registaram cortes de preços substanciais entre esses anos. No entanto, alguns dos maiorescortes de preços, líquidos de impostos, foram compensados pelo aumento das margenspara impostos (ver quadros 3 e 4).

Esses cortes de preços pouparam muito às "famílias-padrão": poupanças anuaisestimadas de até € 208 na Áustria , € 125 na Alemanha e € 105 na França, todas emtermos reais (ver caixa 1).

A satisfação dos consumidores em serviços de interesse geral está principalmenteligada a questões específicas dos sectores

Um inquérito recente1 mostra os níveis de satisfação dos cidadãos com o desempenhodos serviços de interesse geral. Pediu-se aos inquiridos que fizessem uma comparaçãodirecta entre diferentes sectores, segundo alguns critérios. Todos os serviços abrangidospelo inquérito obtêm a mesma classificação independentemente do critério declassificação utilizado (preço, qualidade, informação ou condições contratuais). Osserviços postais mostram o nível mais elevado de satisfação do consumidor, seguidospela electricidade, água, telefone fixo, gás, transportes urbanos e telemóveis. Os serviçosferroviários têm o nível mais baixo de satisfação dos consumidores. Isto sugere queelementos específicos de cada sector são variáveis explicativas importantes para asatisfação dos consumidores.

As reformas da regulamentação parecem ter um impacto positivo na satisfação dosconsumidores, embora seja difícil tirar conclusões gerais para todos os sectores. No casodos telefones móveis, por exemplo, os consumidores estão relativamente mais satisfeitosnos países com a estrutura de mercado mais competitiva e onde as reformas daregulamentação chegaram mais longe (ver gráfico 2). O mesmo se pode dizer, embora deforma menos clara, para os telefones fixos e a energia eléctrica. Isto poderia parecersugerir uma certa correlação positiva entre a reforma económica e a satisfação dosconsumidores. No entanto, os dados do inquérito mostram que os consumidores parecemestar mais satisfeitos com sectores ainda fechados à concorrência em muitos países (água)ou que estão apenas a começar a abrir-se à concorrência (serviços postais e electricidade).

Reformas da regulamentação e obrigações de serviço universal para os serviços deinteresse geral são objectivos perfeitamente compatíveis.

Foram adoptadas disposições relativas às obrigações de serviço universal (OSU) sempreque as reformas da regulamentação alteraram a configuração de sectores de serviçospúblicos anteriormente fechados à concorrência.

Os factos não mostram, para já, que as OSU tenham obstruído a abertura dos mercados àconcorrência. Além disso, o objectivo das OSU de manter elevados níveis dedesempenho nesses serviços foi alcançado e não tem sido ameaçado pela entrada emconcorrência. Os ganhos de eficiência e a concorrência parecem ter sido suficientes para

1 Factos e números sobre os europeus e os serviços de interesse geral. DG "Saúde e protecção do

consumidor", Setembro de 2000.

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cobrir os custos das OSU; embora existam mecanismos de financiamento, eles raramentesão aplicados2.

A oferta aos consumidores de qualidade e segurança eficazes não estánecessariamente em conflito com a melhoria do desempenho dos mercados deprodutos

Se os resultados do mercado não satisfazem os níveis de qualidade e segurança que osconsumidores exigem e pagaram, o desempenho do mercado não pode ser consideradosatisfatório - nem na perspectiva dos consumidores nem do ponto de vista da reformaeconómica. Os regulamentos de qualidade e segurança têm efectivamente impacto noscustos de produção. Como em muitas outras áreas, é importante garantir que esses custosnão sejam excessivos, de forma a garantir um bom desempenho do mercado. No entanto,acontecimentos recentes mostraram a importância de elevados padrões de qualidade esegurança para se alcançar um mercado interno totalmente integrado: a confiança nasegurança dos produtos é essencial para garantir o comércio e a integração.

Os consumidores precisam de informação e de transparência do mercado, se se quiserque obtenham níveis tranquilizadores de qualidade dos produtos

Na prática, numa área económica totalmente integrada, com reconhecimento mútuo dasnormas, a existência de diferentes preferências dos consumidores em diferentes regiõesresulta numa maior variedade das qualidades oferecidas a todos os consumidores. Sãonecessárias uma melhor informação e uma maior transparência do mercado, se sepretender que os consumidores, como indivíduos, recebam o nível de qualidade quemelhor lhes convém, em vez de um declínio generalizado da qualidade média oferecidanesse mercado.

Estão a ser tomadas medidas adicionais para melhorar a segurança dos resultados domercado

Uma melhor informação de mercado acerca da qualidade dos produtos é insuficiente paramelhorar a segurança dos resultados do mercado. A regulamentação da segurança dosprodutos tem uma componente de "bem geral". As crises devidas, por exemplo, aqualquer incidente na cadeia alimentar levam a uma perda generalizada da confiança nosníveis de segurança num mercado. Isto atinge todos os produtores, e não só osresponsáveis pelo incidente. Do mesmo modo, mesmo os consumidores que não sofremfisicamente as consequências do incidente têm de suportar, em certo sentido, asconsequências da "falha do sistema" - tanto em termos de incerteza como em termoseconómicos - e podem ter de comprar substitutos caros para o bem em questão, comomedida preventiva.

O Livro Branco sobre segurança dos alimentos adoptado pela Comissão no ano passadofornece o quadro comunitário correcto necessário para melhorar o nosso desempenho domercado em termos de segurança dos alimentos, aumentando a transparência para osconsumidores e promovendo uma melhor aplicação das regras para toda a cadeia

2 A escolha do mecanismo de financiamento tem impacto sobre o desempenho do mercado e deve,

portanto, ser levada em conta a concepção da regulamentação. Assim, por exemplo, as contribuiçõespara fundos comuns de OSU são sempre preferíveis a mecanismos de financiamento baseados noestabelecimento de preços de acesso ou distorções tarifárias.

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alimentar. Este novo quadro legislativo e institucional, incluindo a criação da AgênciaEuropeia dos Alimentos, e as clarificações da comunicação relativamente ao princípio deprecaução melhorarão o nosso desempenho de mercado em termos de qualidade e desegurança; promoverá também uma maior integração, aumentando a confiança dosconsumidores no mercado interno e reduzindo a margem de uso ilegal das consideraçõesde segurança como barreira ao comercio no mercado interno.

É necessária uma implementação integral e rápida das medidas do Livro Branco, talcomo solicitado no Conselho Europeu da Feira. Foram já feitos progressos com areformulação da legislação sobre higiene e na área dos suplementos alimentares. Alegislação alimentar geral, a criação da Autoridade Alimentar Europeia e a remodelaçãoda legislação de controlo e da etiquetagem foram recentemente propostas pela Comissão.

No que respeita à legislação do mercado interno, o relatório relativo à responsabilidadepelos produtos deverá indicar novas propostas para melhorar a confiança dosconsumidores no futuro próximo.

As preocupações ambientais dos cidadãos devem ser cada vez mais integradas naspolíticas do mercado interno

A revisão da estratégia do mercado interno em 2000 inclui o desenvolvimento sustentadoe equilibrado como um objectivo operacional relevante para melhorar a qualidade de vidados cidadãos. Na sequência das conclusões do Conselho Mercado Interno de Outubro de1999 e da Comunicação [COM(1999)263] sobre o Ambiente e o Mercado Interno, foramdefinidas acções-alvo, cumprindo-se assim o objectivo de integrar os objectivosambientais em outras políticas comunitárias definido no Conselho Europeu de Cardiff .

A escolha dos instrumentos para fins ambientais é vital para a reforma económica

Os Estados-Membros usam combinações muito diferentes de instrumentos políticos paraos fins económicos e o seu desempenho ambiental é também bastante diverso (ver quadro8). Do ponto de vista do desempenho do mercado, os instrumentos de mercado e osimpostos ambientais apresentam muitas virtudes.

Impostos ambientais devidamente implementados poderiam ser instrumentos muito úteis,tanto na perspectiva da reforma económica como do ambiente. Podem ajudar a eliminarencargos fiscais sobre o emprego, contribuindo para a criação de postos de trabalho. Sãotambém instrumentos eficazes para a aplicação do "princípio do poluidor pagador"consagrado no Tratado. Contribuem para resultados eficientes do mercado interno,fazendo os preços de mercado reflectir os custos sociais efectivos, mudando a produçãopara os produtores com os custos mais baixos. São mais simples de implementar do queoutros sistemas baseados no mercado, como os mecanismos de comércio. Aimplementação da política ambiental parece, pois, estar a deslocar-se numa direcção maissujeita às reformas económicas, fazendo um uso mais intensivo de instrumentos baseadosno mercado, como os impostos ambientais, que oferecem muitas vantagens.

As reformas económicas devem ter cada vez mais em consideração os objectivosambientais

As considerações ambientais podem ser tidas em consideração nos contratos públicos, namedida em que estejam directa e economicamente ligadas à natureza dos próprioscontratos. No entanto, têm ainda de ser encontradas formas melhores de integrar os

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objectivos ambientais com outros objectivos do mercado interno, como a livre circulaçãode bens e serviços.

Tem de existir um nível mais elevado de integração entre a reforma económica e aspolíticas ambientais e a integração deve ser simbiótica. Por um lado, a reformaeconómica implica frequentemente alterações regulamentares estruturais substanciais emalguns sectores e actividades económicas com largo impacto no ambiente, como, porexemplo, a energia e os transportes. As reformas económicas nesses sectores devem terem conta objectivos de longo prazo de desenvolvimento sustentado. Por outro lado, aspolíticas ambientais concebidas para velhas organizações e estruturas de mercado podemtornar-se obsoletas após as reformas da regulamentação. É importante substituir aregulamentação antiga e desnecessária por nova regulamentação adaptada ao novo quadroregulamentar. Estas questões têm de ser tratadas em mais pormenor a nível comunitário enacional.

Melhorar o enquadramento legal para os consumidores e os cidadãos nos serviçosfinanceiros …

As conclusões de Lisboa atribuíram a máxima importância ao melhoramento doenquadramento legal para os consumidores e os cidadãos, especialmente nas áreas emrápida mudança dos serviços financeiros e do e-comércio.

A directiva dos fundos de pensões: um valioso novo instrumento …

Em 11 de Outubro de 1999, a Comissão adoptou uma proposta de directiva (COM (2000)507) para melhorar o desempenho dos fundos de pensões e trazer benefícios substanciaisaos cidadãos europeus. A directiva dá atenção especial aos consumidores, estabelecendocondições para garantir que os investimentos dos fundos de pensões são seguros eeficazes. A experiência mostra que é possível oferecer rendimentos muito mais altos semqualquer perda em termos de estabilidade, se os fundos puderem investir em acções. Osfundos de pensões podiam ofereciam produtos melhores e mais diversificados, serestrições desnecessárias fossem levantadas e substituídas por um enquadramento seguroem que os riscos fossem devidamente geridos.

As restrições desnecessárias (ver caixa 3) cerceiam as actividades dos fundos de pensões,fazendo baixar os rendimentos e impedindo o desenvolvimento do capital de risco naEuropa. A sua eliminação cria um impacto positivo nos consumidores. Nos países compoucas restrições, os rendimentos são mais altos e os fundos de pensões são maisatraentes e estão mais ao alcance dos consumidores. Isto baixa os custos salariais e reduza escala dos crescentes problemas com as pensões para a sustentabilidade das finançaspúblicas.

Os fundos de pensões poderiam também contribuir para a integração, se pudessem operarem toda a Europa. Actualmente, uma empresa pan-europeia tem de constituir um fundoespecífico para cada país em que opere. A possibilidade de uma gestão transfronteiriçados regimes de pensões favoreceria a mobilidade e reduziria os custos laborais nãoligados aos salários - os trabalhadores poderiam mudar de Estado-Membro paraEstado-Membro continuando a contribuir para o mesmo fundo (evitando deste modo orisco de perder os seus direitos); além disso, os empregadores poderiam obter economiasde escala significativas e reduzir os custos com a mão-de-obra (as poupança seriam decerca de 1,5 milhões de euros por ano para uma empresa de média dimensão).

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Continuam a existir problemas significativos nos pagamentos transfronteiriços depequenos montantes …

A realização de um mercado interno para os serviços financeiros de pequenos montantesdepende em grande medida de se melhorar a operação dos pagamentos transfronteiriços.Sendo um objectivo do PASF, a realização deste objectivo é importante, se se pretenderque os consumidores aumentem os benefícios que colhem do mercado interno.Actualmente, a situação continua a ser insatisfatória: como mostra o quadro 9, alguémque faça uma transferência de um crédito de 100 euros entre Estados-Membros tem depagar, em média, 15,51 euros; além disso, em 25% dos casos, o beneficiário datransferência tem de pagar ainda 1,59 euros, o que dá um total de 17 euros, segundo uminquérito realizado pela Direcção-Geral Saúde e Consumidores. Os pagamentostransfronteiriços feitos com cartões de crédito oferecem uma alternativa menosdispendiosa. A situação é, no entanto, inadmissível, especialmente porque a duplacobrança nas transferências OUR é ilegal, segundo a Directiva 97/5/CE relativa àstransferências transfronteiras. A demora média mantém-se também a um nívelinaceitavelmente elevado.

A Comissão continua a acompanhar esta questão; as suas opiniões foram apresentadasnuma comunicação em Janeiro de 2000 [COM(2000)36]. O objectivo é criar uma área depagamentos única, uma área onde não haja qualquer efeito transfronteiriço. Há bastantestrabalhos em curso: serão introduzidos um número de conta bancária internacional e umainstrução de pagamento internacional. Foi criada uma nova rede para automatizar osprocessos de pagamento. O próximo marco é agora a data de 1.1.2002, com a introduçãodas moedas e notas em euros.

As conclusões de Lisboa sublinharam a importância de um quadro legal claro e fiávelpara o desenvolvimento do comércio electrónico em geral e dos serviços financeiros emparticular. A proposta sobre o e-comércio deve ser implementada tão cedo quantopossível, para que as grandes demoras na regulamentação não limitem e atrasem osbenefícios para os consumidores. A directiva sobre as vendas à distância deve ser objectode decisão de forma adequada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho.

PARTE B: AUMENTAR A EFICIÊNCIA DO MERCADO ATRAVÉS DA INTEGRAÇÃO E DACONCORRÊNCIA

Esta secção centra a atenção nos progressos feitos na integração do mercado em váriasáreas. Primeiro, nos serviços, devido à sua importância para a competitividade daeconomia da UE, razão pela qual foi também destacada na cimeira de Lisboa. Segundo,nos mercados de produtos, onde a integração do comércio parece bastante avançada, maspodem ainda ser feitas melhorias. Terceiro, nos mercados financeiros, devido ao seupapel potencial para ajudar a criar condições férteis para um enquadramento empresarialmais dinâmico na UE. E também nos contratos públicos, ajudas estatais, serviçospúblicos e, finalmente, indústrias de redes, onde, mais uma vez, se centrou a atenção dacimeira de Lisboa.

Porque está a crescer a ênfase na integração dos sectores de serviços na UE?

As conclusões da Cimeira Europeia de Lisboa identificam especificamente a necessidadede estabelecer, até ao final de 2000, uma estratégia para eliminar as barreiras ao comérciotransfronteiriço de serviços na UE. Várias razões o justificam. A importância económica

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do sector e o desempenho relativamente fraco da Europa em comparação com os EUAseriam, só por si, suficientes, mas há outras razões.

Os sectores de serviços na UE continuam a estar limitados pelas fronteiras nacionais. Ocomércio de serviços intra-UE está abaixo dos níveis alcançados para o comércio deprodutos, conforme mostrou o relatório de Cardiff no ano passado. A integração dosmercados de serviços que se verificou deveu-se muito mais ao investimentotransfronteiriço do que ao comércio. Na verdade, o comércio de serviços diminuiu deimportância relativamente à dimensão do sector desde 1993, inversamente àintensificação do comércio de produtos transformados. Os dados de um estudo recentesobre fornecedores e utilizadores de serviços empresariais mostram que só 60% dosfornecedores de serviços entrevistados estavam envolvidos em negócios transfronteiriçose que o valor das operações transfronteiriças não ultrapassava 10% do volume denegócios total para 25% dos fornecedores de serviços (ver gráfico 8). Do lado da procura,só 28% dos inquiridos tinham comprado serviços empresariais com origem noutro país ea maioria dessas compras não chegava a exceder 5% da despesa total dos compradoresem serviços empresariais.

Que barreiras específicas continuam a existir?

Os factores relacionados com a informação, como a ausência de transparência naregulamentação, são considerados por metade das empresas que fornecem serviçosempresariais e que estão envolvidas em negócios transfronteiriços como algo querestringe as suas actividades - especialmente as barreiras administrativas e/ouregulamentares (ver caixa 4).

Mesmo o estabelecimento transfronteiriço é dificultado por barreiras regulamentares. Noinquérito, números significativos de fornecedores de serviços empresariais afirmam queno que respeita ao estabelecimento, os custos de estabelecimento de uma operação local eos procedimentos administrativos e jurídicos anexos levaram muito empresas a não seestabelecerem em outros Estados-Membros. Mais de 27% das mesmas consideram aindaque a necessidade de obter um registo local, de estarem representadas por um agente localou de terem uma forma jurídica específica como algo que dificulta significativamente osseus esforços para realizarem ou iniciarem actividades transfronteiriças (ver quadro 9).

Estas barreiras têm uma forte influência na natureza da concorrência nos mercados deserviços empresariais. Embora a maioria das empresas inquiridas identifique os seusmercados como altamente competitivos, metade não enfrenta concorrência de outrospaíses (ver quadros 10 e gráfico).

O que é que torna tão importante atacar estes problemas agora?

Os desenvolvimentos na tecnologia da informação estão a desafiar as estruturastradicionais do mercado de serviços na Europa e poderiam tornar os mercados de serviçosmais competitivos. Isto está a transformar o potencial para negociar serviçostransfronteiras, abrindo os mercados de serviços a muito mais concorrência. Muitosfornecedores de serviços podem operar pela Internet, libertando-se da necessidade deestarem situados junto dos seus clientes.

A realização do mercado interno para os serviços na UE não só intensificaria o grau deconcorrência em geral, mas proporciona também as condições para as empresas europeiasconcorrerem de forma mais eficaz contra a concorrência de fora da UE. Vir de um grande

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mercado de serviços integrado dá aos fornecedores de serviços dos EUA uma vantagemeconómica significativa sobre os fornecedores de serviços europeus; num mundo em queos ciclos de vida dos produtos se estão a reduzir, eles podem repartir os custos dainovação e do investimento por mercados muito maiores. A UE tem de garantir asmesmas condições para os seus fornecedores de serviços. Agora que a tecnologia está atornar mais fácil o comércio transfronteiriço de serviços, o desafio que a UE enfrenta égarantir que o seu enquadramento regulamentar complementa esse processo; não fazernada não é opção.

Que passos estão a ser dados para eliminar as barreiras aos serviços?

A comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho relativa aos serviçosestabelece uma estratégia para a remoção das barreiras aos serviços. O objectivo daestratégia será promover o mercado interno como o mercado doméstico natural paratodos os fornecedores de serviços na UE, especialmente para as PME, e pode contribuirpara tornar as compras transfronteiriças tão atraentes para os consumidores como ascompras no seu mercado doméstico. A estratégia estabelece uma abordagem em duasfases para alcançar este objectivo.

Primeiro, nos próximos doze meses, a Comissão vai acelerar algumas iniciativas emáreas problemáticas específicas, fazendo paralelamente uma análise rigorosa das barreirasremanescentes à livre circulação de serviços através das fronteiras nacionais, de forma areforçar o quadro do mercado interno para fazer face aos desafios futuros.

Segundo, em 2002, a Comissão apresentará um novo conjunto de iniciativas, emparticular para estabelecer um calendário preciso para os Estados-Membrosdesmantelarem essas barreiras específicas identificadas na análise. Além disso, esseconjunto pode também incluir medidas de apoio não-legislativas, um instrumento deharmonização horizontal e medidas legislativas complementares. Ao procurar tornar aactividade transfronteiriça tão fácil como a actividade dentro de um Estado-Membro, aestratégia exigirá uma aplicação eficiente das liberdades fundamentais do Tratado, autilização do reconhecimento mútuo e o teste da proporcionalidade. Desta forma, serãoeliminados alguns níveis de regulamentação de base nacional desnecessários efrequentemente em conflito entre si.

No entanto, qualquer abordagem à política nos serviços tem de procurar sempre garantiràs empresas e aos consumidores a vantagem das novas oportunidades que se lhes abrem:um mercado interno de serviços não pode continuar a ser uma criação apenas no papelque os consumidores não utilizam. Os consumidores têm de estar conscientes das novasoportunidades do mercado interno e ter confiança no fornecimento de serviçostransfronteiriços. Isto exige que seja garantido um elevado nível de saúde e de protecçãodo consumidor em todo o mercado interno e que se dê atenção no sentido de implementarsistemas eficientes para tratar as queixas, resolução de litígios, compensação e aplicaçãoda lei transfronteiras.

Além disso, a estratégia deve ser coerente com outras políticas comunitárias. Algumaspolíticas comunitárias têm um impacto indirecto na economia dos serviços da UE. Temde ser dada atenção no sentido de garantir que a estratégia dos serviços e estas outraspolíticas se reforçam mutuamente. Acima de tudo, isto tem de ser válido para a políticade concorrência da Comunidade.

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Os mercados de produtos transformados estão bem integrados, mas mantêm-seproblemas específicos …

Os mercados internos da UE para os produtos transformados estão bem integrados econtinuam a integração. A maioria do comércio intra-UE faz-se dentro dos maioresEstados-Membros. As percentagens combinadas do comércio da Alemanha, França,Reino Unido e Itália são quase 60% do total das transacções do mercado interno. Poroutro lado, os Estados-Membros de menor dimensão tendem a ser os mais abertos - ouseja, a importância do seu comércio relativamente ao seu PIB é relativamente elevada(ver quadro 13). Em geral, os Estados-Membros estão a integrar-se rapidamente com osseus parceiros da UE através da exportação e importação. Só a Grécia, sobretudo, e aIrlanda apresentam uma tendência para se integrarem na economia europeia mais atravésda exportação do que da importação. A integração de Portugal é a inversa.

Os sectores industriais que comandam a integração do comércio no seio da UE têm nãosó de ser maiores que a média mas também de crescer mais rapidamente do que a média.Os veículos automóveis, os reboques e semi-reboques são um sector que preenche ambosestes critérios, pelo menos durante os períodos de crescimento destes sectores nosúltimos anos. A Comissão apresentou recentemente o seu relatório sobre a avaliação doRegulamento (CE) n.º 1475/95 da Comissão relativo à aplicação do n.º 3 do artigo 85º doTratado CE a certas categorias de acordos de distribuição e de serviços de venda epós-venda de veículos automóveis. Entre as suas muitas interessantes conclusões, orelatório aponta que a concorrência intra-marcas na UE é limitada, entre outras coisas,pela política de oferta baseada em metas de vendas acordadas entre fabricantes e os seusdistribuidores, prática que não permite aos distribuidores vender livremente a todos osconsumidores europeus, por restrições à publicidade personalizada fora do territórioacordado e pela proibição de vender a empresas não pertencentes à rede que realizamuma actividade de revenda. Estas três restrições são permitidas pelo regulamento actual.Dados os relativamente grandes diferenciais de preços relatados pela Comissão, parecehaver margem para um substancial aumento do comércio intra-UE. A Comissãopublicará, no ano 2001, propostas sobre o regime aplicável após 1.10.2002 à distribuiçãodos veículos automóveis, no contexto do qual terá de ter em consideração se a isençãodas restrições da concorrência acima mencionadas ainda se justificam ou não.

No entanto, subsistem problemas particulares, particularmente no comércio degéneros alimentícios…

Uma área problemática é a continuação da utilização pelos Estados-Membros de barreirastécnicas ao comércio transfronteiriço dentro da UE. Desde 1996 foram abertos 275processos por infracção classificados como potenciais violações do princípio doreconhecimento mútuo. Mais de 1/4 dos casos referiam-se a produtos alimentares ebebidas (ver quadro 14). 1/5 referia-se a veículos automóveis, reboques e semi-reboques,embora dizendo sobretudo respeito à importação pessoal de veículos individuais porpessoas que se mudam para outro Estado-Membro. Mais de 10% referem-se ao sector demóveis e outros produtos manufacturados, consistindo sobretudo em casos relacionadoscom o comércio transfronteiriço de artigos de joalharia ou metais preciosos.

A frequência dos casos de infracção ao PRM abertos pode ser o resultado de diferentesfactores, incluindo a frequência dos controlos públicos, o volume do comércio intra-UE,ou o grau de diversidade dos produtos no sector. O quadro 15 mostra o possível impactodo comércio. As estatísticas registadas devem ser iguais a estatísticas onde a percentagemde casos de um sector seja equivalente à sua percentagem no comércio intra-UE.

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Mostram, por exemplo, que a proporção de casos relativos a PRM envolvendo artigos dejoalharia ou metais preciosos é cause 5 vezes superior à da importância do sector nocomércio.

Os produtos alimentares são também uma fonte de muitos mais casos relativos a PRM doque aquilo a que a sua importância global no comércio poderia sugerir. No entanto, nestecaso, muitos explicam-se certamente pela variedade de produtos no sector e pelo intensocontrolo estatal dos fluxos comerciais, em resposta às legitimas exigências dosconsumidores no sentido de melhores padrões de segurança dos alimentos. Porém, énecessário garantir que as excepções à aplicação do princípio do reconhecimento mútuose justificam devidamente. A sensibilidade do comércio do sector, por um lado, e a suaimportância económica, por outro, requerem uma cuidadosa atenção política na busca desoluções satisfatórias.

Estudo de um caso: Os dados relativos à Nova Abordagem quanto à ultrapassagem dasbarreiras técnicas ao comércio no sector dos aparelhos médicos não são claros …

As vantagens da Nova Abordagem para a harmonização técnica foram sublinhadas norelatório do ano passado e na conclusão do Conselho MI de Março de 2000. Conformerelatado no Painel do Mercado Único de Novembro de 2000, o número de normaseuropeias ratificadas (ou seja, normas que foram acordadas e introduzidas) através destaAbordagem continua a crescer, passando de 39% do número total de normas mandatadasem 1998 para 49% em Outubro de 2000. Um sector em que as directivas da NovaAbordagem foram aplicadas é o dos produtos médicos. Os dados do inquérito sobre o seuimpacto nesse sector foram relativamente positivos (ver quadro 16). Os inquiridossentiam claramente que se tornou muito mais simples fazer o fornecimento a múltiplosmercados dos Estados-Membros. Por outro lado, sentia-se também que aumentaram oprazo e os custos necessários para colocar um produto no mercado pela primeira vez.Existe também a preocupação que há ainda demasiado pouca harmonização no sector,pelo que o mercado interno dos produtos médicos continua a estar incompleto.

Os dados relativos aos fluxos do comércio sugerem certamente que o mercado internodos medicamentos não está concluído. Tomando 1994 como ano-base, não se conseguedetectar qualquer impacto positivo óbvio sobre o comércio resultante da introdução danova abordagem à harmonização no sector (ver gráfico 9).

No entanto, há boas razões para tal impacto não ter surgido. Primeiro, embora a Directiva90/385 devesse entrar em vigor em 1 de Janeiro de 1993, foi dado a todos osEstados-Membros um período de transição para a aplicação da directiva até ao final de1994. A Directiva 93/42, que a completava e entrava em vigor em 31 de Dezembro de1994, dá um novo prazo possível de mais cinco anos a partir desse dia para a aplicação dadirectiva. Além disso, no final de 1994 não tinham sido ratificados sequer 7% do totaldas normas que necessitavam de ratificação segundo essa directiva.

O período de transição da segunda directiva terminou recentemente e a situação melhoroumuito quanto às normas ratificadas (no final de 1999, estavam ratificadas cerca de 60%das normas que necessitavam de ratificação nos termos da Directiva 90/385 e um poucomais de metade das normas que necessitavam de ratificação nos termos da Directiva93/42), pelo que o mercado interno dos produtos médicos pode estar agora muito maispróximo. Isso explicaria os resultados do recente inquérito, e ao mesmo tempo a razãopela qual os valores do comércio (que apenas vão até 1998) parecem tão baixos. Oimpacto do comércio pode estar a começar só agora. Assim, os dados mostram a

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necessidade de apoiar as directivas da Nova Abordagem com normas harmonizadasratificadas e de ter cuidado com períodos de transição longos.

O investimento directo estrangeiro continua a ser um importante motor para aintegração …

O IDE intra-UE mais do que duplicou em valor entre 1992 e 1998, mas não se distribuiuuniformemente por toda a UE. É claro que a Bélgica, o Luxemburgo, os Países-Baixos eo Reino Unido são todos os anos as localizações favoritas para o IDE intra-UE. Por outrolado, a Grécia e a Alemanha parecem ser evitadas pelos investidores estrangeiros e ointeresse pela França e pela Itália parece limitado.

Foram feitos progressos significativos na integração dos serviços financeiros

Apesar da fragmentação ainda existente, foram feitos no ano passado progressosencorajadores rumo a mercados financeiros europeus integrados, particularmente nosmercados monetários, de permutas e de derivados não segurados. Nos mercadosmonetários não segurados, o sistema TARGET ajudou a redistribuir a liquidez por todaa zona do euro, o que resultou numa maior actividade transfronteiriça, em cotaçõeshomogéneas e numa redução nos diferenciais oferta-procura (ver caixa 5). A utilizaçãogeneralizada de EONIA e EURIBOR como termo de comparação resultou numa reduçãodas diferenças de preços e contribuiu para um elevado nível de integração. Um resultadodirecto do alargamento do mercado monetário e do desenvolvimento do mercadosecundário é o recente êxito do mercado de permutas para fins de arbitragem.

Os desenvolvimentos do mercado e os induzidos pela tecnologia (fusões e aquisições,automatização, e-comércio...), a busca por parte dos investidores de rendimentos maiselevados e a busca por parte das empresas de meios de financiamento mais baratosresultaram numa procura de acesso a novos mercados e de formas de financiamentodiferentes dos empréstimos bancários (ver gráfico 10). Isto promoveu o mercado deobrigações privadas, as bolsas e o papel do investidor institucional.

O êxito recente do mercado europeu de obrigações privadas (ver quadro 17) ésobretudo resultado do aumento da actividade de fusões e aquisições, da consolidação dasfinanças públicas e da busca de desintermediação e de rendimentos mais elevados. Aintrodução do euro permitiu um papel cada vez mais importante nos mercados europeusdo investidor institucional, a redução do tradicional enviesamento nacional no querespeita às obrigações detidas e a diversificação por toda a zona do euro, sem riscocambial, frequentemente considerado como sendo o principal obstáculo aosinvestimentos transfronteiriços. Tanto o número como a dimensão das emissões feitas porempresas aumentaram, enquanto a procura de rendimentos mais elevados abriu omercado a empresas abaixo do grau de investimento. Neste contexto em mudança, éainda mais importante para os participantes do mercado terem acesso a informação fiávelquanto ao rating.

A capitalização de mercado das bolsas europeias aumentou de quase 2 biliões de eurosno final de 1996 para mais de 6 biliões de euros no final de Agosto de 2000 (ver gráfico11). O número de novas empresas cotadas está a crescer, em virtude de as bolsas seremcada vez mais acessíveis e cada vez mais importantes na procura de formas alternativasde afectar recursos. No entanto, a participação estrangeira continua a ser reduzida. Oêxito dos índices pan-europeus, em comparação com um índice nacional como o DAX, eas recentes fusões de bolsas nacionais (EURONEXT) mostram a necessidade e a pressão

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do mercado no sentido de mais integração. A integração total e o desenvolvimento detodo o potencial dos mercados accionistas europeus são ainda dificultados por diferençasna regulamentação e fiscalidade nacionais, pela falta de ratings e da aplicação pelasempresas de normas contabilísticas comuns e pela actual estrutura fragmentada dossistemas de compensação e pagamento. Actualmente, dá-se atenção ao estabelecimentode uma estrutura de compensação e pagamento, que promoveria a integração dosmercados accionistas europeus e permitiria consideráveis aproveitamentos.

Os investidores institucionais (fundos de pensões, sociedades de investimentos e deseguros) desempenham um papel cada vez mais importante na gestão de activosfinanceiros em todo o mundo: só nos países da OCDE, os activos financeiros quasetriplicaram em oito anos. Além de permitirem aos consumidores o acesso a um mercadomais vasto e a uma carteira mais diversificada, reúnem também poupanças parainvestimentos. Isto torna-os cruciais para o desenvolvimento de um mercado europeu decapital de risco. Embora o mercado da UE tenha vindo a crescer tão depressa como omercado dos EUA, ele tem apenas metade da dimensão deste (ver gráfico 13). O mercadoeuropeu destinado aos investidores institucionais continua a estar bastante fragmentado eo seu desenvolvimento a ser ditado pela legislação nacional. A importância dos diferentestipos de investidores tem aumentado historicamente: no Luxemburgo, as sociedades deinvestimento dominam o mercado (96% do total). Em França, são as companhias deseguros que desempenham um papel mais proeminente. Os fundos de pensões (vergráfico 14) têm uma dimensão particularmente grande no Reino Unido e nos PaísesBaixos. Só estes dois países representam cerca de 70% do mercado europeu dos fundosde pensões, em 1998. Na maioria dos outros países, a percentagem dos fundos de pensõestem vindo a crescer, em função das preocupações com a sustentabilidade dos regimes depensões profissionais (na maioria, financiados pelo orçamento do Estado), tendo emconsideração o envelhecimento da população. Espera-se que este mercado continue adesenvolver-se, passando dos actuais 2,3 biliões de euros para cerca de 3,5 biliões deeuros em 2005. No entanto, a dimensão e o potencial deste mercado acabarão pordepender da forma como os Estados-Membros enfrentem o desafio de adaptar os seusregimes de pensões às futuras gerações.

Que barreiras têm de ser enfrentadas?

O PASF e o plano de acção sobre o capital de risco continuam a acompanhar a evoluçãodos mercados financeiros e a estabelecer prioridades. Entre as prioridades que vale a penamencionar conta-se a eliminação das barreiras no acesso ao mercado e no acesso ainformação fiável, das diferenças nas regras contabilísticas, na diferença de tratamentodas operações intra-UE no país ou para o estrangeiro, das diferenças nos requisitosrelativos às carteiras para os investidores institucionais, em particular para os fundos depensões, e da diferença de tratamento fiscal.

O importante papel dos mercados de contratos públicos

A importância de fazer funcionar melhor os mercados de contratos públicos estavaimplícita em duas conclusões explícitas do Conselho Europeu de Lisboa - o pedido deque se continuasse a trabalhar na conclusão, de forma atempada, da actualização dasregras dos contratos públicos, de uma forma que vise facilitar o acesso das PME aomercado e o pedido de avanços no alargamento da e-governação.

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Foram feitos progressos no sentido de os mercados de contratos públicos seremtransparentes …

A legislação do mercado interno aumentou a transparência nos mercados de contratospúblicos. Actualmente 1,83% do PIB da UE são contratos públicos totalmentetransparentes (ver quadro 18). Entre 1993 e 1999, o número total de anúncios deadjudicação de contratos passou para mais do triplo e o número de convites àapresentação de propostas passou para mais do dobro. Esta é uma importante condiçãopara se alcançarem elevados níveis de transparência, necessários para evitar práticasdiscriminatórias e garantir mais segurança jurídica para todos os proponentes (ver gráfico15).

Em resposta às conclusões do Conselho Mercado Interno e na sequência da solicitação doConselho Europeu de Lisboa, foram adoptadas pela Comissão novas propostas dedirectivas. O objectivo destas propostas é modernizar a legislação dos contratos públicos,tornando-a mais clara, mais flexível e mais adaptada às necessidades das administraçõespúblicas modernas. Em particular, as propostas permitem e, de facto, incentivam autilização das novas tecnologias nos procedimentos dos concursos públicos.

Porquê redobrar agora os esforços para abrir os mercados de contratos públicos?

Primeiro, os custos de entrada nos mercados de contratos públicos poderiam serreduzidos, se fossem usadas as tecnologias mais avançadas; isto tornaria os mercadosmais acessíveis a mais empresas, especialmente às PME, de mais países. As novastecnologias abrem novas possibilidades nesta área. Segundo, isto podia incentivar aentrada transfronteiriça em mercados de contratos públicos. Embora não seja possívelobter medidas fiáveis dos contratos tranfronteiriços totais, a informação disponívelmostra níveis relativamente baixos de contratos transfronteiriços directos: 1,5% dosanúncios de adjudicação de contratos registados foram adjudicados a empresasnão-domésticas, na UE-15 (ver gráfico16). Este valor tem sido relativamente estável nosúltimos anos. As estimativas do valor de contratos transfronteiriços directos e indirectosmontavam a cerca de 10,3% dos contratos públicos totais para 1998, mostrando umaligeira diminuição desde 1994. Finalmente, no quadro dos actuais esforços para melhorara qualidade e garantir a sustentabilidade das finanças públicas, a importância doscontratos públicos deve ser explicitamente tomada em consideração. Faz sentido que asautoridades nacionais na área das finanças públicas se envolvam mais de perto nocontrolo dos mecanismos dos contratos públicos e das obrigações de apresentação decontas estabelecidas a nível comunitário, como uma melhor prática dos pontos de vista depolítica fiscal e do mercado interno.

Quais devem ser os próximos passos a dar?

O alargamento da utilização das novas tecnologias da informação nos mercados doscontratos públicos pode necessitar de acções a nível comunitário, dados os potenciaisefeitos transfronteiriços, mas qualquer iniciativa nesta área deve estar sujeita à aplicaçãoestrita do princípio da subsidiariedade.

Apesar dos progressos feitos, são necessárias novas acções políticas nos serviçospúblicos e nas indústrias de redes

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A experiência acumulada nos últimos anos identificou claramente várias questõeshorizontais que têm de ser enfrentadas em breve, se se quiser que o desempenho destessectores continue a melhorar.

O quadro regulamentar precisa de ser bem concebido ...

Em certos sectores, a separação vertical criou estratos de mercados com diferentespotenciais de concorrência. Em alguns casos, como a distribuição de gás e deelectricidade ou as redes ferroviárias, o âmbito de concorrência é limitado por custosfixos substanciais, correndo-se o risco de o mercado falhar. No caso dos aeroportos, aacumulação de faixas horárias pelas companhias aéreas dominantes já existentes podeestar a limitar reduções das tarifas aéreas (ver quadros 19 e 20).

A liberalização do mercado interno permitiu aos transportadores aéreos comunitáriosaceder livremente a rotas intracomunitárias e responder à crescente procura de transporteaéreo. Na verdade, nos principais aeroportos comunitários, o transporte aéreo subiu 8%entre 1998 e 1999. Ao mesmo tempo, as preocupações ambientais levaram váriosEstados-Membros a impor limitações à capacidade aeroportuária disponível para aatribuição de faixas horárias em aeroportos sob a sua responsabilidade. Taisconsiderações, juntamente com o facto de as obras de alargamento de infra-estruturasaeroportuárias nem sempre terem sido possíveis, acentuaram ainda mais o problema dacongestão. Assim, dado não ser possível disponibilizar novas capacidades aeroportuáriasa curto prazo, é da máxima importância optimizar e maximizar a utilização dasinfra-estruturas aeroportuárias. Isto garantirá que os procedimentos relativos à atribuiçãode faixas horárias darão aos transportadores aéreos acesso a aeroportos congestionadosnuma base justa, transparente, neutra e não-discriminatória e criarão possibilidades para amobilidade das faixas horárias. As regras actuais relativas à atribuição de faixas horáriaspermitem aos transportadores aéreos trocá-las entre si na base de uma por uma, mas nãocomercializá-las. Para responder de forma mais eficaz às necessidades das companhiasaéreas e dos aeroportos, a Comissão está actualmente a estudar propostas no sentido demelhorar as formas como as capacidades dos aeroportos são analisadas, para aplicar ocontrolo das faixas horárias e sanções contra abusos e para abrir gradualmente o mercadodas faixas horárias e, assim, aumentar a concorrência efectiva no transporte aéreo.

Para preparar iniciativas para reduzir a congestão do espaço aéreo, a Comissão criou umGrupo de Alto Nível, com representantes qualificados das organizações de controlo dotráfego aéreo civil e militar dos Estados-Membros. Este grupo concluiu o seu relatórioem Novembro de 2000 e a Comissão tenciona prosseguir com um plano de acção aapresentar ao Conselho Europeu em Março e com propostas legislativas a fazer naPrimavera de 2001.

Nos caminhos de ferro, são necessárias acções políticas para evitar conflitos entre aestrutura de incentivos destinada a proporcionar um desempenho de mercado optimizadono segmento de vias férreas do sector e outras questões, especialmente a segurança.

O impacto sobre a concorrência do crescente número de fusões e aquisições tem de sercuidadosamente acompanhado …

A intensificação da actividade de fusões e aquisições nas indústrias de redes aumentou asua concentração nos últimos dois anos. A frequência e a importância de fusões eaquisições puramente domésticas é matéria de séria preocupação no que respeita aosefeitos económicos reais das reformas da regulamentação. No sector da energia, que está

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agora a entrar numa fase decisiva no processo de abertura à concorrência, o valor dosacordos domésticos em 1999 foi o dobro do valor de 1995 (ver gráfico 16). Inversamente,a actividade de fusões e aquisições transfronteiriças foi de apenas 35% das operaçõesdomésticas em 1999. Outro desenvolvimento importante é o crescente controlo, por partedas empresas de correios tradicionais, das novas empresas potenciais. A fusão entre aPTT Post (NL) e a TNT e a participação de 51% da Deutsche Post na DHL reflectem umatendência significativa neste sector.

A reforma da regulamentação ainda não é suficientemente rápida em algumas áreas…

Conforme sublinhado pelo Conselho Europeu de Lisboa, a reforma económica deve seracelerada nos sectores da energia, dos serviços postais e dos transportes. Para esse fim, aComissão apresentou em Maio uma proposta para os sectores postais [COM(2000)319] efará em breve novas propostas para a energia e os transportes.

Os desenvolvimentos do mercado estão a tornar crucial a continuação da abertura àconcorrência nos serviços postais. A directiva actual apenas prevê a abertura de 3% domercado, mas, apesar disso, dois Estados-Membros ainda não a transpuseramcompletamente e cinco outros têm procedimentos de infracção por não-conformidade,uma situação altamente insatisfatória. A abertura de mais 20% do sector até 2003 é umobjectivo razoável e prudente. Não há qualquer razão para que a obrigação de serviçouniversal OSU impeça esse objectivo. A (OSU) pode impor um custo de 5% sobre asreceitas dos fornecedores de serviços, mas a experiência de outros sectores sugere que osganhos de eficiência num enquadramento competitivo podem facilmente compensar essecusto.

Deve continuar a integração de mercados da UE competitivos para as indústrias deredes

Embora se reconheçam as dificuldades, o relatório do ano passado sublinhou aimportância de alcançar uma maior integração no sector da energia. Os prazos para atransposição e aplicação das directivas no sector da energia em alguns Estados-Membrosimpõem encargos a outros Estados-Membros, atrasando a criação do mercado único daenergia. Neste sentido, é necessário recordar que quatro Estados-Membros ainda nãotranspuseram integralmente a directiva do gás, que devia ter sido transposta até Agostopassado.

Devia ser feita claramente uma maior integração em outros sectores onde as dificuldadestécnicas não são um obstáculo, como as telecomunicações móveis, onde as taxas deroaming internacional não reflectem custos reais, mas condições de concorrência. Oexemplo mais claro disto são as diferenças significativas nas tarifas de roaminginternacional entre quaisquer dois países, conforme a origem da chamada. Estasdiferenças são insustentáveis num mercado de telecomunicações totalmente integrado ecompetitivo; desaparecerão, se se permitir que a concorrência cresça neste sector emrápido crescimento ou se forem efectivamente aplicadas as regras da concorrência. Seriatambém desejável um padrão mais consistente na atribuição de UMTS.

As ajudas estatais continuam em geral a diminuir …

A importância quantitativa das ajudas estatais continua a diminuir, segundo os dadosdefinitivos de 1998 e as estimativas provisórias para 1999 (tanto para as ajudas estatais

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em geral como para as ajudas à indústria). Só na Bélgica, Irlanda, Luxemburgo, PaísesBaixos e Suécia é que o total das ajudas aumentou. Para a UE no seu conjunto, as ajudasà indústria caíram de 2,3% do PIB para 2,0% entre 1997 e 1999; só num pequeno númerode Estados-Membros é que houve ligeiros aumentos (ver gráficos 19 a 22).

Assim, em termo quantitativos, podemos dizer que, em geral, os Estados-Membros estãoa seguir a recomendação emitida nas OGPE, no Conselho Europeu de Lisboa e noConselho Mercado Interno. Registaram-se importantes reduções na Itália e em Portugal.

Mas a importância das ajudas sectoriais continua a ser demasiado elevada …

No entanto, a composição das ajudas estatais não dá motivos de satisfação. Desde 1998não houve qualquer mudança significativa nas percentagens relativas das ajudassectoriais, ajudas horizontais e ajudas regionais (ver gráfico 23). As ajudas sectoriais, quetêm os maiores efeitos de distorção de todas as ajudas, continuam a ser importantes nototal. No entanto, houve alguns avanços: muitos Estados-Membros, mas especialmente aIrlanda, a Itália e a Dinamarca, aumentaram a importância relativa das ajudas horizontais,embora estas ainda representem uma pequena percentagem das ajudas totais, mesmonesses países. Entretanto, as ajudas regionais diminuíram também na maioria dos países(ver gráfico 22).

No conjunto, as ajudas sectoriais “ad hoc” diminuíram, mas aumentaram fortementepara os serviços financeiros …

As ajudas “ad hoc”, que são talvez o tipo de ajudas que causa mais distorção,diminuíram de forma muito significativa (quase 40% em apenas um ano). Isto deveu-se àredução muito importante nas ajudas "ad hoc" aos transportes aéreos, mas também àredução das ajudas à indústria. No entanto, as ajudas “ad hod” para os serviçosfinanceiros cresceram para o triplo desde 1993 (ver gráfico 24).

Este é um sério motivo de preocupação, por diversas razões. Primeiro, o sector está apassar por um processo de significativa integração, pelo que as ajudas a instituiçõesfinanceiras nacionais podem distorcer a concorrência num momento crucial, o que podeter um impacto significativo no desempenho futuro do sector dos serviços financeiros.Segundo, as ajudas sectoriais "ad hoc" são frequentemente atribuídas em fasesdescendentes do ciclo económico. Ora. estamos actualmente numa fase de expansão dociclo de negócios. Se houvesse uma descida neste ciclo, esta forma de ajuda aos serviçosfinanceiros, já excessiva, poderia ainda ser aumentada. Por estas razões, a futura evoluçãorelativa à ajuda aos serviços financeiros tem de ser cuidadosamente acompanhada e osEstados-Membros devem tentar controlar esta tendência para a aumentar.

As ajudas estatais estão frequentemente associadas a uma pesada regulamentação dosmercados de produtos, pelo que os mercados já distorcidos ficam com uma distorçãoainda maior …

A evolução global das ajudas estatais pode ser positiva, mas há boas razões para melhoraro acompanhamento do seu impacto económico real no mercado interno. Isto éprecisamente um dos objectivos do recém-criado registo e painel das ajudas estatais. Oimpacto negativo, por exemplo, de um dado nível de ajudas sobre o desempenho domercado será maior se o mercado já estiver distorcido por uma regulamentação pesada. Ográfico 25 mostra que os países com elevados níveis de ajudas têm também, em média,um conjunto de regulamentação muito pesado, especialmente de regulamentação

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administrativa, conforme medido pela base de dados de regulamentação internacional daOCDE, o que resulta numa maior deterioração do seu desempenho de mercado. Naverdade, uma análise mais precisa mostra que elevados níveis de ajudas estatais andamde mãos dadas com um peso administrativo, opacidade regulamentar e administrativa,envolvimento directo do Estado na economia, pesados procedimentos de licenciamento ebaixos níveis de simplificação legislativa.

PART C PROMOVER O ESPÍRITO EMPRESARIAL

O relatório de Cardiff do ano passado sublinhou a necessidade de promover uma Europamais dinâmica e empreendedora. A exploração das oportunidades e a tomada deiniciativa são o cerne da actividade empresarial. A Comissão apresentou factos quemostram que, em toda a Europa, muita coisa podia ainda ser feita para alimentar oespírito empresarial. No entanto, foram tomadas algumas medidas em, pelo menos, trêsimportantes áreas políticas: o enquadramento regulamentar e administrativo, o fomentoda inovação e a redução dos custos de capital para as empresas. Agora, estas melhoriastêm de ser consolidadas e servir de base para restaurar o desempenho competitivo daEuropa.

Simplificação do enquadramento regulamentar e legislativo para as empresas

Os Estados-Membros e a Comunidade têm de garantir constantemente que osprocedimentos administrativos e regulamentares conciliem a necessidade de simplicidadecom a realização dos objectivos de política pública. A avaliação do impacto da legislaçãoexistente e futura, a implementação de regimes de melhor regulamentação e a redução donúmero de passos administrativos necessários para constituir uma nova empresabeneficiarão as administrações públicas, as empresas e os cidadãos.

Os Estados-Membros introduziram um número significativo de medidas …

O primeiro relatório de implementação BEST3 e o Relatório Conjunto sobre o Emprego4

forneceram vasta informação sobre as várias medidas nacionais e as iniciativas seguidasno último ano para reduzir o peso regulamentar e administrativo sobre as empresas (verquadro 16a). Referem-se sobretudo a três questões:

• melhoria do acesso electrónico das empresas à informação e requisitosadministrativos, como parte de uma tendência nascente no sentido de desenvolver ae-administração. As medidas tomadas incluem a introdução de formulários comunsde registo e requerimento, assim como processos de notificação electrónicos;

• a implementação de balcões únicos ou iniciativas similares, que proporcionam àsempresas um ponto de contacto único para os procedimentos administrativos, sãoagora uma realidade na maioria dos Estados-Membros;

3 Relatório sobre a implementação do "Plano de Acção para Promover o Espírito Empresarial e a

Competitividade", SEC(2000)1825

4 Relatório Conjunto sobre o Emprego, COM(2000)551.

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• o desenvolvimento de serviços de apoio melhor orientados para as pequenas empresase os empresários individuais, descendo até ao nível mais local5.

Ao mesmo tempo, os governos nacionais estão a sublinhar cada vez mais a simplificação,a revisão e a análise de impacto da legislação existente e futura, com vista a melhorar osrespectivos quadros regulamentares. Entre os recentes desenvolvimentos nacionaispositivos conta-se a introdução pela Itália de um instrumento analítico para a avaliaçãodo impacto e da conformidade de toda a nova legislação; outro exemplo é a iniciativa daDinamarca com empresas-modelo, que deverão ser usadas para medir e acompanhar onível e a evolução do peso administrativo actual suportado por empresas dinamarquesastípicas; a Suécia está a criar a Simplex, que é uma Unidade para Melhor Regulamentação,e a Finlândia está a usar sistematicamente procedimentos para avaliação do impacto daregulamentação sobre as empresas.

… mas ainda não há provas concretas sobre o seu impacto real …

Conforme se mostra no gráfico 24, os dados estatísticos sobre a criação de empresas,taxas de sobrevivência e crescimento são demasiados esquemáticos e desactualizadospara se poder tirar qualquer tipo de conclusão. Também não é claro se as diferenças vistasse devem simplesmente a diferenças na legislação nacional aplicável aos dadosrecolhidos ou a factores regulamentares ou económicos. As taxas de sobrevivência, quesão mais comparáveis, não mostram muita dispersão. Tudo o que se pode dizer acercados dados é que há uma grande necessidade de melhorar a recolha e a comparabilidade. Otrabalho actualmente em curso para se alcançar uma maior comparabilidade dasestatísticas sobre a demografia das empresas deve prioritariamente alcançar progressosque estabeleçam relações causais entre os parâmetros da demografia das empresas e asvariáveis económicas e da regulamentação.

… e os problemas persistem para os arranques de empresas

Os dados de versões anteriores do relatório de Cardiff sobre o peso dos procedimentos ecustos a suportar no arranque de uma empresa são confirmados por um estudo maisrecente. O peso é demasiado elevado na Europa, em comparação com outras partes domundo (ver quadro 22). Indicadores relativos ao tempo necessário para registar uma novaempresa, aos custos envolvidos e às dificuldades administrativas a ultrapassar sugeremque, em geral, os empresários da UE têm mais dificuldades do que os seus parceiros nosEUA ou no Japão. No entanto, cada Estado-Membro tem valores muito diferentes paracada um dos indicadores em questão.

As acções políticas a nível da UE têm de ser revistas de forma a responderem a novosdesafios 5 A França está a desenvolver a etiqueta de qualidade para o fornecimento de serviços de apoio

orientados para o ciclo de vida da empresa. A Finlândia e a Suécia propõem uma colaboração estreitaentre os serviços de emprego e as entidades de aconselhamento de empresas a nível local, visandomelhorar o equilíbrio entre a oferta e a procura de emprego. A Alemanha e a Irlanda vão reforçar opapel de aconselhamento das câmaras de comércio e dos municípios, respectivamente. A Dinamarca e aItália apresentaram uma nova política de empresa, abrangente e destinada a fornecer melhorescondições de enquadramento para os empresários e as pequenas empresas e cuja característica-chave é ofornecimento de um aconselhamento mais orientado. Na Áustria, ao abrigo da iniciativa de criação deempresas nas profissões liberais, os notários e os consultores fiscais oferecem uma primeira consultagratuita aos potenciais empresários.

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Iniciativas da UE, como a BEST (Task Force para a Simplificação do EnquadramentoEmpresarial), SLIM (Simplificação da Legislação do Mercado Interno), a avaliação doimpacto da legislação comunitária sobre as empresas e o projecto-piloto Painel deEmpresas, tiveram todas um objectivo básico: a criação de um enquadramentoregulamentar mais fácil para o cidadão. No entanto, do mesmo modo que osEstados-Membros devem seguir uma abordagem mais coerente e sistemática paramelhorar o enquadramento regulamentar e administrativo, chegou o momento de seguiruma abordagem mais radical e coerente a nível da UE. Especialmente agora que aglobalização e as tecnologias e mercados em rápida evolução estão a lançar novos ecomplexos desafios às autoridades reguladoras que tentam desenvolver e aplicar regrasnovas e mais apropriadas.

Será desenvolvida uma abordagem nova e reforçada

Uma política regulamentar eficiente abrangendo a decisão de propor legislação, aabordagem à preparação de nova legislação e a revisão da legislação existente podem terde desenvolver novas formas de cooperação política para responder a novas condiçõeseconómicas. Tem de ser examinada a utilização tanto da regulamentação tradicional"pura" como de abordagens alternativas; têm de ser promovidas novas formas de parceriaentre diferentes níveis de administração; o sector privado tem de ter um melhorenvolvimento na elaboração, implementação prática e aplicação dos objectivos políticos,assim como na reavaliação do impacto das legislações existentes sobre a eficiênciaeconómica e a inovação. Essa nova abordagem tem de garantir que, em áreas deinteresses públicos fundamentais, os direitos dos cidadãos sejam protegidos e os seusinteresses defendidos. Isto leva a um desafio mais amplo, relacionado com a necessidadede novas formas de coordenação política entre os sectores público e privado que tragatanto flexibilidade como segurança.

Para alcançar estes vastos objectivos, a Comissão, com as outras instituições e osEstados-Membros, procurará primeiro maximizar o impacto das iniciativas existentes. Aqualidade e a coerência da regulamentação a nível comunitário e nacional devem tambémser abordadas. Novas propostas legislativas têm de ser cuidadosamente analisadas à luzdos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, assim como em termos do seuimpacto provável. Avaliações adequadas do impacto da regulamentação acompanharão aspropostas legislativas, incluindo, onde for adequado, uma análise completa dos custos ebenefícios do impacto sobre as empresas, o ambiente ou os consumidores e sobre aeconomia em geral. É intenção da Comissão reforçar o seu sistema de avaliação doimpacto sobre as empresas, incluindo o processo para consulta externa tanto com o sectorcomo com outros interessados. Serão examinados instrumentos para consulta tanto novoscomo já existentes, incluindo a consulta das empresas através dos Painéis de Teste dasEmpresas e por meio de consultas em linha através do sítio da Internet Dialog withBusiness. Após uma avaliação das iniciativas existentes, um plano claro de acção,baseado na análise do Livro Branco sobre Governação, a sair em breve, será estabelecidona estratégia da Comissão para simplificar o enquadramento regulamentar, que seráadoptado antes do fim de 2001.

Melhorar o enquadramento financeiro das empresas europeias ...

A importância do desenvolvimento de um mercado de capital de risco a funcionar bempara o crescimento europeu é sublinhado pelo Plano de Acção Capital de Risco (PACR),que deverá estar completamente implementado até 2003.

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Financiamento de arranques …

Os dados relativos ao capital de empresas privadas na Europa (capital fornecido aempresas não cotadas em bolsas de valores, incluindo capital de risco e "buy-outs")mostram um forte crescimento em 1999, elevando a carteira de investimentos em acçõesde empresas privadas europeias, no total, a 58,3 milhares de milhões de euros.

Em 1999, o montante de novos fundos recolhidos alcançou um recorde máximo de 25,4milhares de milhões de euros. As principais fontes para estes fundos continuaram a ser osbancos (29%) e os fundos de pensões (19%). Os investimentos dos bancosacompanharam o ritmo de crescimento do mercado, mas os dos fundos de pensões não ofizeram. Os fundos de investimento estão-se a tornar numa fonte de fundos paraparticipações em empresas privadas. O montante investido em participações em empresasprivadas em 1999, 25,1 milhares de milhões de euros, foi 74% superior ao de 1998 (vergráfico 27).

Apesar do montante de capital afectado a investimentos nas fases iniciais (semente earranque) tivesse duplicado de um ano para o outro, ele apenas representou cerca de 12%do total do capital investido em acções. O capital de risco, em si, montou a 42,5%. Noentanto, a maioria do capital para participações em empresas privadas na Europa continuaa ir para "buy-outs". O Reino Unido continua a desempenhar um papel dominante naestrutura e na gestão do mercado de participações em empresas privadas: 38,9% dosfundos totais foram geridos no Reino Unido, onde os "buy-outs" representaram 63% dototal dos fundos recolhidas em 1999 (abaixo dos 89% de 1998).

Um desenvolvimento positivo é a crescente percentagem recolhida para o lançamento,arranque e expansão de empresas nos sectores de alta tecnologia e comunicações. Outro éo facto de os montantes recolhidos para capital próprio por outros Estados-Membros estara aumentar, criando um mercado mais equilibrado. Esta recente mudança poderiatambém explicar a redução da percentagem dos fundos de pensões. Em França, os fundosde pensões contribuíram apenas com 9,2% para o capital recolhido para participações emempresas privadas, e na Itália 6,3%. Na Alemanha, pelo contrário, os fundos de pensõescontribuíram com 22,9%. Um quarto do total das participações em empresas privadas em1999 foi investido em empresas de alta tecnologia. Aqui, foi positivo o facto de o númerode empresas que beneficiaram dos fundos ter subido de 2.402 em 1998 para 3.702.

Custo do financiamento da dívidas das empresas …

Os empréstimos têm sido a principal fonte de financiamento para a maioria das empresas.As informações sobre balanços e demonstrações de resultados fornecidas pela base dedados BACH mostram que o efeito combinado da consolidação orçamental e dasmudanças nos mercados financeiros tem tido um impacto positivo nas condições definanciamento através de empréstimos para as empresas da UE. A taxa de juro caiu entre1993 e 1998 em todos os países para os quais há dados disponíveis. Isto resultou numarentabilidade financeira muito mais elevada para as empresas (ver quadro 23).

As tendências para um maior financiamento através de participações não se reflectemainda na informação dos balanços. A importância do financiamento por empréstimos nãose alterou significativamente para as empresas europeias, com excepção das grandesempresas em Espanha e França. No entanto, a percentagem dos empréstimos bancários

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mostra uma descida clara desde 1992. Esta tendência foi patente na maioria dosEstados-Membros durante vários anos, sugerindo uma mudança estrutural.

Um enquadramento empresarial para promover a inovação e lubrificar a transiçãopara a Nova Economia

As empresas só investirão na inovação e nas tecnologias que melhoram a eficiência seesperaram compensações suficientes e se a concorrência as obrigar a fazê-lo. A reformada regulamentação e o aumento da concorrência são, pois, componentes essenciais de umenquadramento que leve à inovação e receptivo a novas tecnologias. Os dados do sectordos telefones móveis mostram que a taxa de difusão de uma nova tecnologia é maiselevada num contexto altamente competitivo com um quadro regulamentar relativamentemais leve. Sendo cada vez mais dirigida pelo mercado e tendo uma natureza cada vezmais global, a inovação requer um sistema de propriedade intelectual que garanta que osinovadores recebem uma compensação adequada pelo seu investimento através daprotecção fiável das suas ideias a um preço suportável, incentivando simultaneamente arápida difusão de inovações. Os trabalhos no sentido de melhorar e alargar os actuaisdireitos de propriedade intelectual e industrial, incluindo a adopção do regulamento sobrea patente comunitária e outros desenvolvimentos dos DPI relacionados com as novastecnologias deveriam ajudar a consegui-lo. Mas é também necessário que as empresaspossam ter acesso a mercados geográficos mais vastos de forma mais rápida, de forma aobterem rendimentos mais elevados pela sua inovação num período curto. Isto éparticularmente válido para as inovações relacionadas com a Nova Economia.

Os desafios da "Nova Economia"

O desenvolvimento da sociedade de informação e do comércio electrónico temimplicações cruciais para o clima empresarial na UE. A exploração das novas tecnologiasrequer uma reinvenção das empresas existentes, a descoberta de novas oportunidades denegócio e o arranque de novas empresas. A explosão do e-comércio B2B parece estar aultrapassar o crescimento do e-comércio B2C. Em certa medida, isto reflecte o facto de amaioria das transacções comerciais serem de natureza B2B no mundo fora de linha e deterem já instalados complexos sistemas de gestão para fornecimentos em cadeia. Comoconsequência, o e-comércio B2B levantou voo (ver gráfico 30, embora, como mostra ográfico 29, as estimativas actuais da dimensão do B2B variem tremendamente) e oe-comércio B2C está atrasado.

Enquanto, nos EUA, as vendas B2C, no último trimestre de 1999, foram equivalentes acerca de 0,66% das vendas a retalho, a penetração do B2C na Europa é de apenas 0,2%das vendas a retalho, embora, em alguns países, incluindo a Suécia, os Países Baixos e oReino Unido, seja similar à taxa de penetração nos Estados Unidos. Não estão incluídasnestas estatísticas as vendas fora de linha para as quais a Internet foi usada comoprincipal fonte de informação (por exemplo, para comparações de preços) e influenciouas compras.

No que respeita ao B2C, a complexidade regulamentar e as dúvidas dos consumidoresacerca deste meio explicam em larga medida o seu lento desenvolvimento. A políticapública tem um importante papel a desempenhar na busca das fontes destas dúvidas. Sãonecessários elevados padrões de prática comercial em linha, juntamente com iniciativaspara desenvolver a utilização de métodos alternativos de resolução de litígios e,finalmente, para garantir o acesso dos consumidores aos tribunais, como último recurso.

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As iniciativas sobre e-confiança da Comissão relativas a códigos de conduta e à EEJ-Net,ligando mecanismos ARL, são passos importantes para esse fim.

Os custos de acesso á Internet estão a baixar, mas continuam a ser relativamente altos

Os altos custos de acesso, assim como a estrutura tarifária, são um factor-chave queexplica o relativo desenvolvimento do comércio electrónico na UE. As taxas decomunicação local - um dos custos mais significativos para os consumidores e aspequenas empresas poderem entrar no e-comércio - continuam a ser excessivamente altasem alguns países. Apesar de novos desenvolvimentos na estrutura tarifária, as taxas dechamadas locais representam uma proporção muito grande do custo de acesso total naUE, ao passo que as taxas dos fornecedores de serviços têm constantemente diminuído,especialmente com a introdução, em alguns Estados-Membros, de serviços gratuitos defornecedores de serviços de Internet (FSI). Em média, as tarifas telefónicas locaisconstituem actualmente cerca de 2/3 dos custos mensais totais por 40 horas de acesso àInternet em período de ponta, aumentando para cerca de 75-80% em algunsEstados-Membros, especialmente em períodos de ponta (ver gráficos 31 e 32).

Dados muito recentes, porém, apontam para uma substancial diminuição do custo médiopara os utilizadores, em resultado de taxas telefónicas locais mais baixas e da introduçãode uma crescente diversidade na estrutura de preços. Os custos de acesso incluem,normalmente, três componentes: taxas fixas e de utilização das telecomunicações e astaxas de um FSI. No entanto, notou-se, nos últimos meses:

• o desenvolvimento de preços de telecomunicações independentes do consumo, para oacesso à Internet. Isto é agora possível numa série de Estados-Membros, incluindo aAlemanha, o Reino Unido e a Espanha. Isto leva a uma queda drástica dos custos deacesso de longa duração ou de ligação permanente, sendo os custos de utilizaçãonestes países 3 a 4 vezes inferiores aos de países com facturação segundo o consumo.Esta opção, embora torne possível aos compradores na Internet navegar e comprarsem se preocuparem com as taxas por minuto, pode causar problemas de congestãodas redes, reduzindo desse modo a utilidade do e-comércio;

• uma tendência crescente de os fornecedores de serviços oferecerem aos utilizadoresum número fixo de horas de acesso por mês, com os custos de comunicações locais jáincluídos no preço de assinatura. Em alternativa, os fornecedores podem serremunerados pelo operador de telecomunicações e oferecer os seus serviços semqualquer facturação directa aos utilizadores. Estas novas estruturas de tarificaçãovisam facilitar um maior acesso e utilização da Internet;

• introdução de novos métodos de tarificação, com serviços medidos não em função dotempo mas em função da quantidade de Mbytes telecarregados. É o caso das linhasalugadas de alta velocidade (serviços ADSL), que são de particular importância parao comércio B2B.

A crescente diversidade nas opções tarifárias tem de ser vista como uma resposta àprocura, por parte dos utilizadores, de tarifas que correspondam melhor às suasnecessidades e à procura por parte de empresas cujos negócios estejam estreitamenteinterligados com o crescimento da utilização da Internet. A chave para uma maiorinovação nas tarifas e maior gama de opções tarifárias, em particular as que facilitam

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possibilidades de ligação permanente, continuará a ser uma concorrência crescente,especialmente ao nível local.

Várias respostas políticas

Desde o ano passado, várias iniciativas foram tomadas a nível da UE para fazer face aosdesafios colocados pela revolução do e-comércio e acelerar a transição da Europa para aNova Economia6:

• a iniciativa eEuropa, lançada em Dezembro de 1999, propôs áreas prioritárias para aacção conjunta por parte da Comissão, Estados-Membros e indústria, estabelecendometas ambiciosas. Para enfrentar as principais barreiras à realização dos objectivos dainiciativa eEuropa, a Comissão lançou o Plano de Acção eEuropa 20027. Centrado naInternet, o impulso do plano é acelerar o aspecto legislativo e apoiar as infra-estruturase serviços por toda a Europa;

• na mesma linha, a Comissão apresentou um pacote de propostas legislativas8 em Julhocom vista a reforçar a concorrência nos mercados das comunicações electrónicas naUE e a adaptar os regulamentos existentes aos requisitos da sociedade da informação;

• em Abril de 2000, a Comissão Europeia adoptou uma recomendação sobre a ofertaplenamente separada da linha de assinante - permitindo que elementos da linha local,como as ligações, sejam separados e alugados por fornecedores de serviços - aimplementar até ao final do ano. A queda dos custos de acesso significa agora que, emmuitos países da UE, especialmente nos países nórdicos, a penetração na Internet écomparável à dos EUA. A vantagem para os compradores via Internet nos países comchamadas locais não medidas é o facto de terem a oportunidade de navegar e comprarsem se preocuparem com as tarifas por minuto. Por outro lado, não facturar em funçãoda duração da ligação à rede poderia criar problemas de congestão da rede e reduzir autilidade do e-comércio. O comércio B2B, em contrapartida, assenta principalmenteem linhas alugadas de alta velocidade, o que é fundamental para tornar atraente o usoda Internet. Quanto às famílias, o custo do acesso varia substancialmente e é,normalmente, mais alto nos países onde as empresas de telecomunicações tradicionaiscontinuam a dominar;

• a adopção final pelo Parlamento Europeu da directiva sobre o enquadramento legal docomércio electrónico9 em Maio de 2000 constitui outro importante desenvolvimentoda transição da Europa para uma economia baseada no conhecimento. A directiva

6 Centramos aqui a atenção nas iniciativas estritamente ligadas aos mercados de produtos e de capitais.

Foram adoptadas importantes iniciativas noutras áreas, como a Comunicação da Comissão "Estratégiasde criação de empregos na sociedade da informação" COM(2000)48 final.

7 “eEuropa 2002 – Uma sociedade da informação para todos" - Projecto de Plano de Acção preparadopela Comissão Europeia para o Conselho Europeu da Feira (COM/2000/330 final).

8 Seis propostas de directivas, uma proposta de regulamento e uma decisão. Para uma breve descriçã, vero comunicado de imprensa n.°IP/00/749 de 12.7.2000.

9 Directiva 2000/31/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Junho de 2000, relativa a certosaspectos legais dos serviços da sociedade de informação, em especial do comércio electrónico, nomercado interno ("Directiva sobre o comércio electrónico"), JO n.°L178 de 17.7.2000.

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sujeita os fornecedores de serviços da sociedade da informação, tanto de empresa aempresa como de empresa ao consumidor, aos princípios do mercado interno relativosà livre circulação dos serviços e à liberdade de estabelecimento. Isto dá segurançajurídica às empresas, especialmente às PME, que ficam a saber que, cumprindo a leido país em que estão estabelecidas, estão a oferecer legalmente os seus serviços emoutros Estados-Membros. Esta segurança jurídica dada pela directiva sobre oe-comércio protege, pois, fortemente os interesses dos consumidores, aumentando onível de comportamento competitivo nos mercados e obrigando as empresas a umamelhor oferta em termos de preço, qualidade e interesses do cliente. Além disso, sãotratadas importantes questões para os consumidores, como os requisitos detransparência para as empresas, de forma a identificarem claramente quem são e ondeestão estabelecidas, assim como disposições sobre os contratos e pontos de contactopara os consumidores.

Assim, uma rápida e rigorosa transposição da directiva sobre e-comércio é essencial paramelhorar o funcionamento do mercado interno dos serviços. Além disso, deve serassegurada uma maior coerência entre todas as iniciativas que possam ter impacto noe-comércio, em particular as discussões dos interessados sobre: jurisdição, fiscalidade,cibercriminalidade e outras iniciativas sectoriais. No entanto, há ainda duas importantesáreas onde os princípios do mercado interno necessitam de ser aplicados e que ajudarão aresponder aos dois desafios-chave acima mencionados: a determinação da jurisdição paracontratos e fiscalidade, questões ainda pendentes de decisões e sobre as quais estão a serdiscutidas propostas no Parlamento Europeu e no Conselho.