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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ANÁLISE DOS MÉTODOS DE APURAÇÃO DO IRPJ EM FACE DA EMPRESA DE PRODUÇÃO DE FESTAS E EVENTOS Por: Ana Carolina de Araújo de Oliveira Orientador Prof. Gisele Leite Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 2015. 8. 5. · A monografia foi estruturada em cinco capítulos, iniciando com a definição de Direito Tributário e o poder do

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    ANÁLISE DOS MÉTODOS DE APURAÇÃO DO IRPJ EM FACE

    DA EMPRESA DE PRODUÇÃO DE FESTAS E EVENTOS

    Por: Ana Carolina de Araújo de Oliveira

    Orientador

    Prof. Gisele Leite

    Rio de Janeiro

    2015

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  • 2

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    ANÁLISE DOS MÉTODOS DE APURAÇÃO DO IRPJ EM FACE

    DA EMPRESA DE PRODUÇÃO DE FESTAS E EVENTOS

    Apresentação de monografia à AVM Faculdade

    Integrada como requisito para obtenção do diploma

    de Pós-Graduação em Gestão e Planejamento

    Tributário

    Por: Ana Carolina de Araújo de Oliveira

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço primeiramente a Deus por

    me guiar, a meus familiares e meu

    marido pela paciência e confiança.

  • 4

    DEDICATÓRIA

    Dedico esta monografia a meus familiares

    pela confiança depositada e a todos os

    estudantes da área, para que possa

    ajudá-los em sua caminhada.

  • 5

    METODOLOGIA

    A metodologia usada neste trabalho monográfico foi o uso legislações,

    jurisprudências, doutrinas e pesquisas bibliográficas em materiais recentes.

    Minha pesquisa bibliográfica teve como fontes o uso de livros, publicações e

    sites da internet.

    Através de um breve estudo nos materiais utilizados, relacionados com

    os tributos federais, principalmente o Imposto de Renda Ressoa Pessoa

    Jurídica e com a legislação própria (leis e decretos), Código Tributário Nacional

    e Constituição Federal, foi possível levantar as regras de cada tipo de

    tributação apresentada, fazer um cálculo demonstrativo e comparativo, para

    levantar a forma mais vantajosa para a empresa escolhida.

    A monografia foi estruturada em cinco capítulos, iniciando com a

    definição de Direito Tributário e o poder do Estado de tributar, passando ao

    segundo capítulo com a definição e tipo de tributos. No terceiro capítulo foi

    demonstrada as regras de apuração do IRPJ, no quarto as obrigações

    acessórias e escrituração contábil. Finalizando no quinto capítulo, com o

    planejamento tributário, afim de optar por um das duas formas de apuração

    apresentadas.

  • 6

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 07

    CAPÍTULO I - Direito Tributário 09

    CAPÍTULO II - Tributos 16

    CAPÍTULO III - Imposto de Renda Pessoa Jurídica 23

    CAPÍTULO IV - Obrigações Acessórias e Esc. Contábil 34

    CAPÍTULO V – Planejamento Tributário 38

    CONCLUSÃO 42

    JURISPRUDÊNCIA 43

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

    BIBLIOGRAFIA CITADA 45

    ANEXOS 46

    ÍNDICE 47

  • 7

    INTRODUÇÃO

    O planejamento tributário é uma forma de a organização/empresa

    buscar a economia ou redução de seus gastos com os tributos, devendo

    respeitar a lei de forma integral.

    A base de um bom planejamento fiscal é a existência de dados

    regulares e confiáveis. Sendo a contabilidade uma base de dados e registro,

    pode ser o primeiro passo para um planejamento eficaz.

    Um planejamento bem elaborado pode propiciar à empresa uma boa

    redução de sua carga tributária, gerando assim um aumento em seu fluxo de

    caixa. Com essa “sobra” gerada, tende a tomada de decisões em aumentar

    sua capacidade produtiva, fazer novos investimentos ou até mesmo remunerar

    melhor seus colaboradores.

    Como nosso sistema tributário é complexo demais, abrangendo muitas

    normas, neste trabalho abordaremos sobre a tributação das pessoas jurídicas,

    quanto ao Imposto de Renda, baseado na questão de qual seria a forma

    menos onerosa para uma empresa de produção de festas e eventos.

    Nosso estudo começa na definição de Direito Tributário, baseado no

    pensamento de alguns doutrinadores, que podemos resumir: É o conjunto de

    leis que visam regular a arrecadação de tributos, sua fiscalização e a relação

    entre estado e contribuinte.

    Para que essa relação entre Estado e contribuinte seja harmoniosa,

    temos o conceito do Poder de Tributar e as limitações constitucionais a esse

    poder. Segundo Eduardo Sabbag “As limitações ao poder de tributar são, em

    última análise, qualquer restrição imposta pela CF às entidades dotadas de tal

    poder, no interesse da comunidade, do cidadão, ou, até mesmo, no interesse

    do relacionamento entre as próprias entidades impositoras”.

    Os princípios, tais como da Legalidade, Isonomia, Irretroatividade,

    Anterioridade, Não Confisco, Liberdade do Tráfego são mecanismos

    imprescindíveis para evitar a ofensa às limitações constitucionais.

  • 8

    Como o estudo é sobre o Imposto de Renda, estudaremos sobre os

    Tributos, cuja definição se encontra no Art. 3º do CTN: “Tributo é toda

    prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

    exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

    mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Partindo às suas

    espécies, na teoria pentapartite, temos os impostos, taxas, contribuições de

    melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

    Os impostos tem sua definição no Art. 16 do CTN: “Imposto é o tributo

    cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer

    atividade estatal específica, relativa aos contribuintes”.

    Chegando ao nosso tema, estudaremos todas as regras e disposição

    das duas principais formas de tributação do Lucro da Pessoa Jurídica: Real e

    Presumido, ambas regulamentadas pelo Decreto 3.000/1999.

    Para cálculo do imposto, estuda-se as regras de opção, base de

    cálculo, alíquotas do IR e Adicional, adições, exclusões e compensações,

    forma de pagamento, etc.

    No encerramento de todos os métodos estudados, iremos demonstrar

    o planejamento tributário do IRPJ da empresa ora escolhida (de produção de

    festas e eventos), com o objetivo de responder a pergunta inicial; qual seria a

    forma menos onerosa para esta?

  • 9

    CAPÍTULO I

    DIREITO TRIBUTÁRIO E O PODER DO ESTADO DE

    TRIBUTAR

    1.1 – Definição de Direito Tributário

    Direito Tributário é o conjunto de leis que regulam a arrecadação de

    tributos, assim como a sua fiscalização, regulando as relações jurídicas

    estabelecidas entre o Estado e contribuinte.

    “Direito Tributário é o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o

    fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie,

    limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos

    desse poder”. (Hugo de Brito Machado)

    “Direito Tributário é o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado

    pelo conjunto das proposições jurídico-normativas que correspondam,

    direta ou indiretamente, à instituição arrecadação e fiscalização de

    tributos”. (Paulo de Barros Carvalho)

    “Direito Tributário é o ramo do Direito Público que rege as relações

    jurídicas entre o Estado e os particulares decorrentes de atividade

    financeira do Estado, no que se refere à obtenção de receitas que

    correspondem ao conceito de tributos”. (Rubens Gomes de Souza)

  • 10

    1.2 – O Estado e o poder de tributar

    O poder de tributar deve ser concebido de maneira que, respeitando os

    direitos e garantias dos seus cidadãos, propicie a justiça social e alcance o

    objetivo constitucional de uma vida digna para todos.

    O Estado, com o fim de atender o bem comum, e como organizador

    máximo de soberania tem de dispor do aparelhamento indispensável à sua

    organização, destinada a atender os interesses do bem comum, para isso

    necessita de meios para cumprir seus fins. Um dos modos de soberania do

    Estado é o seu poder de penetrar no patrimônio dos particulares, exigindo-lhes

    a contribuição que necessita, dentro de nossa legislação vigente.

    A nossa Constituição Federal não criou tributos, apenas designou

    competências aos entes federados para que possam instituí-los por meio de

    lei.

    1.3 – Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar

    As limitações Constitucionais ao poder de tributar são os limites da

    competência tributária que se exteriorizam através de “princípios” ou regras

    tributárias. A maioria desses princípios encontram-se na Constituição Federal

    em seu Art. 150.

    As limitações são como obstáculos estabelecidos pela própria

    Constituição para que o Ente não exceda o exercício de suas atribuições,

    impondo ao contribuinte uma carga onerosa insuportável. Resumindo, seria o

    disciplinamento jurídico de tais competências.

    O Professor Eduardo Sabbag1 esclarece: “As limitações ao poder de

    tributar são, em última análise, qualquer restrição imposta pela CF às

    entidades dotadas de tal poder, no interesse da comunidade, do cidadão ou,

    1 SABBAG, Eduardo. Direito Tributário. 13ª Edição. São Paulo: Editora Impetus, 2012.

  • 11

    até mesmo, no interesse do relacionamento entre as próprias entidades

    impositoras.”

    No entendimento de Aliomar Baleeiro2: A defesa do sistema tributário e

    do próprio regime político do país processa-se por um conjunto de limitações

    ao poder ativo de tributar. Delas, o mais importante, por suas implicações

    políticas e jurídicas, é o da legalidade dos tributos. Em regra geral, essas

    limitações se endereçam ao poder ativo de tributar. Mas existe, também, ao

    nosso ver, a limitação ao poder de não-tributar ou isentar, inclusive a de a

    União isentar imposto estranho à sua competência (...).”

    Nestes dois entendimentos, é possível considerar a própria atribuição

    das competências, como uma forma limitadora do Poder de Tributar. As

    limitações são como restrições ao Estado e, por sua vez, como garantias para

    o contribuinte, traduzindo-se em meios eficazes, capazes de proteger contra os

    excessos de exação, bem como assegurar a estes o exercício de seus direitos

    e deveres, enquanto cidadãos brasileiros.

    Segundo Carraza3 a aplicação dos princípios constitucionais é “[...]

    aquilo que é identificado como vontade da Constituição deve ser honestamente

    preservado, mesmo que, para isso, tenhamos de renunciar a alguns

    benefícios, ou até a algumas vantagens justas. Quem se mostra disposto a

    sacrificar um interesse em favor da preservação de um princípio constitucional

    fortalece o respeito à Constituição e garante um bem da vida indispensável à

    essência do Estado Democrático.” Afirma que, de fato, na esfera do direito

    tributário, a funcionalidade e a validade dos princípios têm sido sempre mais

    postas em evidência, a ponto de falar-se que eles moldam, interferem e, de um

    certo modo, até antecipam o conteúdo das leis tributárias.

    As normas infraconstitucionais, em sua maioria tributárias, para terem

    validade, necessitam ser avaliadas se estão conforme os princípios

    constitucionais. Deste modo, o contribuinte apenas se sujeitará à lei tributária

    2 BALEEIRO, Aliomar. Limitações ao Poder de Tributar. 7ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006. 3 CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 26 ed. Malheiros Editora. São Paulo, 2010.

  • 12

    quando esta for coerente com os princípios elencados na Constituição, como

    forma de evitar que a prerrogativa de tributar não se torne um instrumento, que

    arbitrariamente manipulado pelo poder público, se torne uma arma contra a

    aquela população.

    Os princípios são mecanismos imprescindíveis para evitar deturpação

    por arte dos entes porque o poder/direito deferido a esses agentes políticos

    não pode ser exercido com desobediência aos direitos dos contribuintes ou

    com ofensa às limitações constitucionais.

    Por fim, podemos concluir que os princípios exercem papel importante

    no direito tributário, uma vez que definem meios e limites de proteção social

    como também são base para criação, interpretação e aplicação de toda a

    legislação tributária.

    No direito brasileiro, de acordo com o apresentado acima, resta alta

    relevância na atenção e debate aos princípios constitucionais tributários, dado

    o momento de conscientização das massas e reivindicação de um Estado mais

    justo, no qual todas as pessoas possam ser contempladas pela justiça social.

    1.3.1 – Princípio da Legalidade

    Conforme inciso I do referido artigo, verificamos que somente através

    de lei pode-se instituir ou extinguir, majorar o tributo, definir fato gerador, fixar a

    alíquota, entre outros.

    Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas

    aos contribuintes, é vedado à União, aos Estados, ao

    Distrito Federal e aos Municípios:

    I-Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

    O princípio da legalidade não abrange tão somente a ideia da cobrança

    do tributo, além disso, a lei que o autorizar tem, obrigatoriamente demonstrar

  • 13

    os aspectos relevantes para que se possa deixar bem claro o sujeito passivo e

    o montante a ser pago.

    Fabretti4 afirma ser o princípio da legalidade a base de todo o sistema

    democrático brasileiro, uma vez que estabelece que o Estado só pode exigir

    determinado comportamento mediante lei.

    1.3.2 – Princípio da Isonomia

    Conforme inciso II do referido artigo, fica vedado tratamento desigual

    aos contribuintes em situação equivalente.

    II-instituir tratamento desigual entre contribuintes que se

    encontrem em situação equivalente, proibida qualquer

    distinção em razão de ocupação profissional ou função por

    eles exercida, independentemente da denominação jurídica

    dos rendimentos, títulos ou direitos. ”. Através desse

    princípio, fica vedado tratamento desigual aos contribuintes

    em situação equivalente.

    Neste assunto, destaca-se o pensamento de Dino Jarach5 (“igualdade

    tributária ‘quer dizer igualdade em condições iguais de capacidade

    contributiva’”) e de Ricca Salerno6 (“uma repartição justa, igual, uniforme do

    imposto consiste nisso: que indivíduos de igual condição econômica paguem

    as mesmas quotas, e indivíduos de condição diversa, quotas diferentes”)

    4 FABRETTI, Laudio Camargo. Direito Tributário Aplicado: Impostos e Contribuições das Empresas. 2 ed. Editora Atlas.São Paulo, 2009. 5 JARACH, Dino. Curso Superior de Derecho Tributario. Buenos Aires: Liceo Professional Cima. 9. ed. p.126 apud OLIVEIRA, José Marcos Domingues de. Ibid., p. 22. 6 SALERNO, Rica APUD JAQUES; Paulino. Da Igualdade Perante a Lei. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense. 1957,p. 201 apud OLIVEIRA, José Marcos Domingues de. Ibid., p. 22.

  • 14

    1.3.3 – Princípio da Irretroatividade

    Tal princípio dá a proibição de fatos geradores anteriores à vigência da

    lei, conforme inciso:

    III-cobrar tributos:

    a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início

    da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

    Fabretti7 explica que tal princípio aplica-se somente aos fatos que

    ocorrem após sua entrada em vigor. Não pode retroagir para alcançar fatos já

    ocorridos na vigência de lei anterior, pela qual se regem, apenas aplica-se aos

    fatos futuros.

    1.3.4 – Princípio da Anterioridade (Anual e Nonagesimal)

    Estes princípios servem para dar segurança aos contribuintes, para

    que não sejam surpreendidos pela legislação. Encontram-se ainda no inciso III:

    III-cobrar tributos:

    b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido

    publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

    c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja

    sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou,

    observado o disposto na alínea b;

    7 FABRETTI, Laudio Camargo. Direito Tributário Aplicado: Impostos e Contribuições das Empresas. 2 ed. Editora Atlas.São Paulo, 2009.

  • 15

    1.3.5 – Princípio do Não Confisco

    Este vem impor a proibição de que o tributo de que o tributo inviabilize

    o direito de propriedade.

    IV-utilizar tributo com efeito de não confisco.

    O Confisco pode ser entendido como sanção ou punição (art. 5º, XLVI,

    “b”, da Constituição Federal), ou seja, “como a absorção total ou substancial da

    propriedade privada pelo Estado, sem correspondente indenização”.8 Ou como

    nos ensina Renato Lopes Becho: 9 “Como confisco, a Constituição autoriza,

    apenas, a pena de perdimento de bens, que não é medida tributária, mas

    punitiva, própria do direito penal. ”

    1.3.6 – Princípio da Liberdade de Tráfego

    Nesse princípio, somos assegurados de que o tributo seja instituído

    com o escopo de limitar o direito de ir e vir, que também é um direito

    constitucional.

    V-estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,

    por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,

    ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias

    conservadas pelo Poder Público.

    8 COSTA, Regina Helena. Limitações ao poder de tributar na Constituição brasileira cit., nota de rodapé 7, p. 57 9 BECHO, Renato Lopes. Filosofia do Direito Tributário cit., p. 469.

  • 16

    CAPÍTULO II

    TRIBUTOS

    2.1 – Tributos: Definição e Conceitos

    A definição de tributo é encontrada no Código Tributário Nacional

    (CTN) em seu Artigo 3°:

    “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,

    em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não

    constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

    mediante atividade administrativa plenamente vinculada. ”

    O tributo se origina com uma prestação, sendo assim, é necessária

    uma relação jurídica, onde teremos o sujeito ativo e o passivo. Nessa relação é

    dado o início quando da ocorrência do fato gerador, que podemos observar no

    Art. 114 do CTN:

    ”Art. 114º Fato gerador da obrigação principal é a situação

    definida em lei como necessária e suficiente à sua

    ocorrência”

    Segundo Becker10, a vontade do sujeito passivo de prever ou desejar o

    dever jurídico tributário é indiferente para a sua incidência. Assim, conforme

    10 Becker, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 3. ed. São Paulo: Lejus, 1998. p. 265.

  • 17

    Carvalho11, uma vez concretizado o fato previsto na norma tributária, nasce,

    automática e infalivelmente, a obrigação jurídica tributária.

    À época de elaboração do CTN, havia outras maneiras que não fosse

    o dinheiro para pagar o tributo, em razão disso, a redação foi dada com a

    expressão “em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”. Portando, à

    controvérsias, segundo Sabbag12, “o tributo deve ser pago em dinheiro, não

    podendo ser pago in natura ou in labore, ou seja, por meio de entrega de bens,

    produção ou prestação de serviços em troca de quitação de tributos”.

    O fato gerador que constitua tributo sempre deve decorrer de um fato

    lícito. O Art. 118 do CTN diz sobre as atividades lícitas que gera o dever de

    pagar o tributo:

    “Art. 118º A definição legal do fato gerador é interpretada

    abstraindo-se:

     I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados

    pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como

    da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

     II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.”

    Segundo Becker13, a hipótese de incidência da regra jurídica tributária

    pode ser qualquer fato (ato, fato ou estado de fato), desde que seja lícito. Caso

    contrário, se for ilícito, o objeto da prestação não será tributo, mas sanção.

    Atendendo ao princípio da legalidade, todo tributo deve ser instituído

    em lei.

    11 Carvalho, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 25. 12 Sabbag, Eduardo de Moraes. Direito tributário. 9. ed. São Paulo: Premier Máxima, 2008. p. 71-72. 13 Becker, op. cit., p. 262.

  • 18

    2.2 – Tributos: Espécies

    A Constituição Federal em seu artigo 145 e o Código Tributário

    Nacional em seu artigo 5º, dispõem que cabe aos entes federativos instituir:

    impostos, taxas e contribuições de melhoria.

    Portanto, nossa doutrina e jurisprudência assumem a teoria

    pentapartida, ou pentapartite, que incluem ao elenco, o empréstimo

    compulsório e as contribuições especiais, respectivamente citadas nos artigos

    148 e 149 e 149-A da Carta Magna.

    Em 20 de junho de 1992, o Ministro do Supremo Tribunal Federal

    Moreira Alves, no RE nº 146.733-9/SP (Pleno), proferiu voto prestigiando a

    teoria pentapartida:

    EMENTA: (...) De fato, a par das três modalidades de

    tributos (os impostos, as taxas e as contribuições de

    melhoria), a que se refere o art. 145, para declarar que

    são competentes para instituí-los a União, os Estados, o

    Distrito Federal e os Municípios, os arts. 148 e 149

    aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja

    instituição só a União é competente: o empréstimo

    compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de

    intervenção no domínio econômico e de interesse das

    categorias profissionais ou econômicas.

    Concluindo, segundo essa teoria, temos: impostos, taxas, contribuições de

    melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

  • 19

    2.2.1 – Impostos

    Cuja sua definição é encontrada no Artigo 16 do CTN “Imposto é o

    tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de

    qualquer atividade estatal específica, relativa aos contribuintes.”

    A definição do art. 16 encerra conceito puramente jurídico, mas que

    coincide com a noção teórica. Por esta, a nosso ver, imposto é a prestação de

    dinheiro que, para fins de interesse coletivo, uma pessoa jurídica de Direito

    Público, por lei, exige coativamente de quantos lhe estão sujeitos e têm

    capacidade contributiva, sem que lhes assegure qualquer vantagem ou serviço

    específico em retribuição desse pagamento.(a)

    Paga o imposto quem estiver sujeito, por sua pessoa ou seus bens, à ação da

    Pessoa de Direito Público, de sorte que ela possa tornar efetiva a arrecadação.

    Pouco importa, para a condição de contribuinte, ser cidadão ou estrangeiro

    residente. Pouco importa que o cidadão ou estrangeiro residam no território

    nacional ou fora dele, e, portanto, pertençam ou não ao grupo politicamente

    organizado. Pouco importa, ainda, a idade, a capacidade civil, a situação de

    falência (CTN, art. 126). Se alguém está política ou economicamente vinculado

    por qualquer modo a esse grupo, porque dele tira proveito ou no âmbito dele

    exterioriza qualquer manifestação de capacidade contributiva, que pode ser

    objeto de arrecadação, compulsoriamente exequível, o imposto tem cabimento.

    O Estado cobra o imposto do estrangeiro, do residente fora de sua jurisdição,

    quando aqui possui bens, ou de qualquer fonte no território lhe é remetido um

    rendimento ou atribuída uma herança.14

    2.2.2 – Taxas

    De acordo com o Artigo 77 do CTN “As taxas (...) têm como fato

    gerador o exercício do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de

    14 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 12ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva: 2006.

  • 20

    serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte, ou posto à sua

    disposição.”

    A taxa diferencia-se do imposto, pois quando a mesma é devida, em

    contrapartida tem-se a prestação de um serviço público.

    “O fato gerador da taxa é sempre uma atividade específica, relativa ao

    contribuinte. Resulta claro do texto constitucional que a atividade estatal

    específica, relativa ao contribuinte, à qual se vincula a instituição da

    taxa, pode ser: (a) o exercício do poder de polícia, ou (b) a prestação de

    serviços ou colocação destes à disposição do contribuinte.” (Hugo de

    Brito Machado)

    2.2.3 – Contribuições de Melhoria

    A Contribuição de Melhoria pode ser cobrada pela União, pelos

    Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios por suas respectivas

    atribuições. Podem ser instituídas para fazer face ao custo de obras públicas

    de que decorra valorização imobiliária para o contribuinte, tendo como limite

    total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da

    obra resultar cada imóvel beneficiado.

    Como exemplos dessas obras públicas, temos abertura, alargamento,

    pavimentação de vias públicas; construção e ampliação de parques, pontes,

    túneis, viadutos; obras de melhoria no sistema de trânsito; construção de

    aeródromos e aeroportos e seus acessos; construção ou melhoria de sistemas

    de água potável, esgoto, rede elétrica, entre outras.

    2.2.4 – Empréstimo Compulsório

    O Empréstimo Compulsório está previsto no Art. 15 do CTN – Código

    Tributário Nacional. Somente a União em casos excepcionais, pode

  • 21

    instituir empréstimos compulsórios para atender despesas

    extraordinárias em virtude de calamidade pública, guerra ou iminência

    de guerra ou no caso de investimento público de caráter urgente e

    relevante interesse social.

    2.2.5 Contribuições Especiais

    As Contribuições Especiais estão previstas na Constituição Federal em

    seu artigo 149, são de competência da União e criadas para atender uma

    finalidade específica. São elas: Contribuições Sociais, de intervenção no

    domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas.

    Inicialmente, alguns doutrinadores sustentavam que as contribuições

    especiais não tinham natureza tributária, pois não estavam no rol do Art. 145

    da Carta Magna. Hoje em dia, tal entendimento não prevalece mais na doutrina

    nacional, bem como nos tribunais.

    De acordo com Paulo de Barros Carvalho15, “A conclusão perece-nos

    irrefutável: as contribuições são tributos que, como tais, podem assumir a

    feição de impostos ou de taxas. Excluímos, de indústria, a possibilidade de

    aparecerem com os caracteres de contribuição de melhoria, posto que esta

    espécie foi concebida em termos de estreito relacionamento co a valorização

    do imóvel, traço que não só prejudica como até impede seu aproveitamento

    como forma de exigência e cobrança das contribuições”.

    As Contribuições Sociais foram criadas para custear a seguridade

    social (INSS, PIS e COFINS, CSLL), instituídas em nossa Constituição Federal

    em seu Artigo 195. E ainda existem outras contribuições sociais, como

    PIS/PASEP, SESC, SENAC, etc. Um exemplo de correlação entre o Imposto

    de Renda, tema deste trabalho e a CSLL, é a forma de cálculo e a base de

    15 CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de Direito Tributário", 14ª ed., São Paulo : Saraiva, 2002, p., 44

  • 22

    cálculo. Ambos são tributos, já que classificamos assim as contribuições, e são

    calculados com base no Lucro da Pessoa Jurídica.

    As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) diz

    respeito a atuação estatal em área de titularidade do setor privado, na busca

    de realização de determinada finalidade para qual a mesma foi instituída.

    Menciona Arthur Maia Ferreira Neto16 que as contribuições de intervenção no

    domínio econômico, mencionadas de modo genérico na norma básica do art

    149, necessitam ser justificadas a partir de finalidades específicas, sendo que

    estas se restringem às hipóteses contidas no título VI da Constituição, que

    trata da Ordem Econômica e Financeira.

    As Contribuições de interesse de categorias profissionais ou

    econômicas são destinadas ao custeio de pessoas jurídicas públicas ou

    privadas que tem o objetivo de fiscalizar e regulamentar o exercício de

    determinadas atividades, assim como representar categorias profissionais ou

    econômicas. Há uma vinculação entre a entidade representativa custeada e

    aqueles que pagam os valores. Como exemplo, podemos citar a contribuição

    paga à Sindicatos, à Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, ao Conselho

    Regional de Contabilidade – CRC, entre outras.

    16 FERREIRA NETO, Arthur Maria. A Invalidade Superveniente das Contribuições em Razão do Descumprimento da Finalidade Constitucional Através da Legislação Orçamentária. Revista de Estudos Tributários, São Paulo, n. 48, p. 130.

  • 23

    CAPÍTULO III

    IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA

    3.1 – Tributação com base no Lucro Presumido

    O Lucro Presumido é uma forma de tributação simplificada para

    cálculo do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro

    (CSLL). A sistemática de tributação pelo Lucro Presumido é regulamentada

    pelos artigos 516 a 528 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto

    3.000/1999).

    3.1.1 – Opção

    A opção pelo Lucro Presumido só poderá ser feita pela pessoa jurídica que não se enquadrar em nenhum dos impedimentos enumerados no art. 14

    da Lei nº 9.718/1998:

    I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja

    superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito

    milhões de reais) ou proporcional ao número de meses do

    período, quando inferior a 12 (doze) meses (Redação

    dada pela Lei 12.814/2013);

    II - cujas atividades sejam de instituições financeiras ou

    equiparadas;

    III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital

    oriundos do exterior;

    IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam

    de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do

    imposto;

    V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado

    pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma

    do art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996;

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art2

  • 24

    VI - cuja atividade seja de factoring;

    VII - que explorem as atividades de securitização de

    créditos imobiliários, financeiros e do

    agronegócio.(Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010).

    O limite de R$ 78.000.000,00 refere-se à receita total do ano

    calendário anterior. A Receita Federal tem esclarecido em seus manuais de

    orientação que integram a receita total:

    a) a receita bruta auferida na atividade objeto da pessoa jurídica

    (venda de mercadorias ou produtos ou da prestação de serviço).

    b) as receitas de quaisquer outras fontes não relacionadas

    diretamente com os objetivos sociais da pessoa jurídica;

    c) os ganhos de capital;

    d) os ganhos líquidos obtidos em operações de renda variável;

    e) os rendimentos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa;

    f) os rendimentos decorrentes de participações societárias.

    O § 1º do art. 13 da Lei nº 9.718/1998 dispões que a opção pela

    tributação com base no lucro presumido será definitiva em relação a todo ano

    calendário. Com isso, está revogada a faculdade prevista no art. 25, § 3, da Lei

    nº 9.430/19969 para mudar a opção por ocasião da entrega da declaração de

    informações.

    A faculdade de mudar de opção de regime tributário não tinha sentido

    porque só prejudicava a arrecadação de tributos. A mudança de opção de

    lucro presumido para lucro real só ocorria quando a base de cálculo do

    imposto era menor no lucro real. Nenhuma empresa mudava de opção para

    pagar mais tributo. Além do prejuízo na arrecadação, a mudança de opção

    prejudicava o controle de conta corrente pela diferença de código de

    recolhimento.

    O § 1º do art. 26 da Lei nº 9.430, de 1996, dispõe que a opção pela

    tributação com base no lucro presumido será manifestada com o pagamento

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12249.htm#art22

  • 25

    da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro

    período de apuração de cada ano calendário (art. 516, § 4º, do RIR/99).

    Conforme mencionado acima, a legislação em vigor não permite mudar

    a forma de tributação o de lucro presumido para real ou desta para aquela

    forma. A opção exercida no primeiro pagamento do imposto de renda do da

    CSLL em cada período de apuração é definitiva. Inúmeras empresas procuram

    fazer o REDARF, isto é, retificação do código de pagamento de tributo para

    viabilizar a mudança de forma de tributação.

    A Instrução Normativa nº 672, de 30/08/2006, que disciplinou a

    retificação de erros no preenchimento de DARF, dispõe em seu art. 11, que

    serão indeferidos os pedidos de retificação que versem sobre alteração de

    código de receita que corresponda à mudança no regime de tributação do

    IRPJ, quando contrariar o disposto na legislação específica.

    3.1.2 – Base de Cálculo

    A base de cálculo do imposto de renda das empresas tributadas pelo

    lucro presumido, em cada trimestre, será determinada mediante aplicação de

    percentuais fixados no art. 15 da Lei 9.249/1995, de acordo com a atividade da

    pessoa jurídica, sobre a receita bruta auferida no trimestre, sendo o resultado

    acrescido de outras receitas, rendimentos e ganhos de capital na forma do art.

    25 da Lei nº 9.430/1996. Com isso os rendimentos e ganhos líquidos auferidos

    em aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável também compõem

    a base de cálculo do imposto de renda trimestral. O imposto retido na fonte ou

    pago separadamente é considerado como antecipação do devido no trimestre.

    Os coeficientes fixados pelo art. 15 da Lei 9.249/1995 para aplicação

    sobre a receita bruta da atividade são:

    I- 1,6% na revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo,

    álcool etílico carburante e gás natural;

  • 26

    II - 8% na venda de mercadorias ou produtos;

    III - 8% na prestação de serviços de transporte de cargas;

    IV - 8% na prestação de serviços hospitalares;

    V - 8% na venda de imóveis das empresas com esse objetivo social;

    VI - 8% nas indústrias gráficas

    VII - 8 % na construção civil por empreitada com emprego de material

    VIII - 16% na prestação de serviços de transportes, exceto de cargas;

    IX - 16% na prestação de serviços em geral pelas pessoas jurídicas com

    receita bruta anual de até R$ 120.000,00, exceto serviços hospitalares,

    transportes e profissões regulamentadas;

    X - 32% na prestação de demais serviços não incluídos nos itens

    anteriores.

    3.1.3 – Adições à Base de Cálculo

    Para efeitos da legislação do imposto de renda (art. 9º da Lei

    9.718/1998), as variações monetárias ativas decorrentes de atualização dos

    direitos de crédito em função de taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes

    aplicáveis por disposição legal ou contratual serão consideradas como receita

    financeira. Como exemplo, atualizações de créditos de mútuo, tributos a serem

    restituídos, créditos em moeda estrangeira, etc.

    A ementa do ac. nº 101-95.443/2006 do 1º CC (DOU de 14/06/2006) e

    de acordo com o art. 53 da Lei 9.430/1996, os custos ou despesas

    recuperados não são adicionados ao lucro presumido se comprovado que não

    foram deduzidos em período anterior tributado pelo lucro real ou se referirem a

    período tributado pelo lucro presumido ou arbitrado.

    De acordo com o art. 17 da Lei. 9.249/1995, o ganho na alienação de

    bens do ativo imobilizado, comporá a base de cálculo do imposto de renda

    trimestral, desde que observados os procedimentos do próprio artigo.

  • 27

    3.1.4 – Alíquota e Adicional do Imposto de Renda

    A alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas nesse regime de

    tributação é de 15% que será aplicada sobre a base de cálculo. O § 1º do art.

    3º da Lei nº 9.249/1995, com nova redação dada pelo artigo 4º da Lei

    9.430/1996, dispõe que a parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que

    exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de

    meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional

    de imposto de renda à alíquota de 10%.

    3.1.5 – Deduções do Imposto de Renda Retido

    A pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido poderá

    deduzir, do imposto de renda apurado no trimestre, o imposto de renda pagou

    ou retido na fonte sobre receitas que integram a base de cálculo

    correspondente.

    A partir de 01/01/1997, o imposto de renda retido na fonte sobre

    aplicações financeiras e sobre os juros de capital próprio passou a ser retido a

    título de antecipação. E a partir de 01/01/1998, não é possível efetuar qualquer

    dedução a título de incentivo fiscal do imposto de renda devido (art. 10 da Lei

    nº 9.932/1997).

    Se o imposto de renda pago ou retido na fonte for maior que o imposto

    devido no trimestre, o saldo credor poderá ser utilizado para compensar com

    imposto devido nos trimestres seguintes, mediante apresentação de

    PER/DCOMP (Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso

    e Declaração de Compensação).

  • 28

    3.2 – Tributação com base no Lucro Real

    Lucro Real é a forma completa de apuração do Imposto de Renda e da

    Contribuição Social sobre o Lucro Líquido direcionada a todas as pessoas

    jurídicas quer por obrigatoriedade prevista na legislação vigente quer por livre

    opção.

    Conceitua-se o Lucro Real como lucro líquido contábil do período de

    apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações previstas no

    Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/1999).

    3.2.1 – Opção

    De acordo com o artigo 246 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do

    Imposto de Renda) e artigos 13 e 14 da Lei nº 9.718/98 com a redação dada

    pelo artigo 7 da Lei nº 12.814/2013, estão obrigadas a optar pelo Lucro Real as

    pessoas jurídicas que estiverem enquadradas em qualquer das seguintes

    situações:

    a) cuja receita total, no ano-calendário anterior, tenha sido superior a R$ 78.000.000,00, ou R$ 6.500.000,00 multiplicados pelo número de meses do período, quando inferior a 12 meses;

    b) cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de

    investimentos, bancos de desenvolvimento, agências de fomento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

    c) que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do

    exterior; d) que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios

    fiscais relativos à isenção ou redução do Imposto de Renda; e) que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento

    mensal do imposto com base em estimativa;

  • 29

    g) que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de

    serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);

    h) que exerçam atividades de compra e venda, loteamento, incorporação e construção de imóveis, enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado;

    i) sociedade de propósito específico (SPE) constituída,

    exclusivamente, por microempresas ou empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, na forma do que dispõe o artigo 56 da Lei Complementar 123/2006, com redação da Lei Complementar 128/2008;

    i) que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários,

    financeiros e do agronegócio.

    3.2.2 – Métodos de apuração

    A pessoa jurídica obrigada ao Lucro Real, ou por opção, deverá apurar o

    IRPJ trimestralmente ou anualmente.

    Lucro Real Trimestral

    A apuração trimestral é uma forma completa e definitiva de tributação,

    apurada com base no lucro líquido contábil ajustado pelas adições, exclusões

    e compensações permitidas ou autorizadas pelo Regulamento do Imposto de

    Renda. O imposto será determinado com base no lucro real apurado por

    períodos trimestrais encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de

    setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário.

    O imposto apurado em cada trimestre poderá ser pago em quota única

    no mês seguinte ao trimestre, sem qualquer acréscimo, ou em três quotas

    mensais com juros pela taxa SELIC até o mês anterior ao do pagamento e de

    1% nesse mês. Com isso, se o saldo do imposto devido sobre o lucro do

  • 30

    primeiro trimestre for pago em quota única no mês de abril, a empresa não terá

    pagamentos em maio e junho.

    Se os pagamentos forem efetuados em três quotas, o pagamento de

    abril não terá qualquer acréscimo, o de maio terá acréscimo de juros de 1% e o

    de junho terá acréscimo de juros SELIC do mês de maio mais 1% de junho,

    como determina o art. 5º da Lei nº 9.430/1996.

    Lucro Real Anual

    A apuração anual é uma forma de tributação em que deverá apurar o

    lucro real, definitivamente, em 31 de dezembro de cada ano-calendário, com

    antecipações mensais do Imposto de Renda, determinado sobre a base de

    cálculo estimada. São apurados com base na receita bruta mensal, aplicado os

    percentuais previstos no RIR/1999, art. 223 (Anexo I), ou com base em

    balanços ou balancetes de suspensão ou redução, previsto no mesmo

    Regulamento em seu art. 230.

    Art. 230-A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o

    pagamento do imposto devido em cada mês, desde que

    demonstre, através de balanços ou balancetes mensais,

    que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto,

    inclusive adicional, calculado com base no lucro real do

    período em curso.

    No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual

    correspondente a cada atividade. Assim, se a pessoa jurídica teve receita da

    venda de mercadorias e comissão de intermediação, sobre a primeira será

    aplicado o percentual de 8% enquanto para a receita de comissão será

    aplicado o percentual de 32%.

    Os rendimentos e os ganhos de aplicações financeiras que tiverem

    imposto de renda retido na fonte ou pago em separado não compõem a base

  • 31

    de cálculo de imposto estimado, mas os que não fora, tributados deverão ser

    incluídos. A Instrução Normativa nº 11 de 21/02/1996, determinar que deverá

    acrescer à base de cálculo as variações monetárias ativas, que passaram a ser

    receitas financeiras pelo art. 9º da Lei nº 9.718/1998.

    No pagamento do imposto de renda mensal, a pessoa jurídica poderá

    deduzir o imposto retido na fonte sobre receitas, rendimentos ou ganho

    computados na apuração do imposto estimado. O imposto de renda retido

    sobre rendimentos de aplicações financeiras somente poderá ser deduzido na

    declaração. A empresa poderá deduzir os incentivos fiscais que trata o art. 34

    da Lei nº 8.981/1995, com nova redação dada pela Lei nº 9.065/1995,

    observados os limites fixados na Lei nº 9.532/1997 e Medida Provisória nº

    2.189-49/2001.

    O CARF decidiu que os rendimentos obtidos em operações de mútuo

    realizadas entre empresas controladoras, controladas, coligadas ou

    interligadas devem ser acrescidas à receita bruta para cálculo da base de

    incidência das estimativas mensais (ac. nº 1801-00.265/2010 no DOU de

    25/04/2011). A partir de 01/01/2004 o mútuo de dinheiro entre essas empresas

    é equiparado à aplicação financeira de renda fixa pelo art. 730 do RIR/1999 e

    tais rendimentos por terem retenção na entram na base de cálculo do imposto

    de antecipação mensal, conforme art. 225, § 1º, do RIR/1999.

    A alíquota e adicional do imposto seguem as mesmas regras do Lucro

    Presumido, já demonstrados acima.

    3.2.3 – Suspensão ou redução do imposto

    O art 35 da Lei nº 8.981/1995, com nova redação dada pela Lei nº

    9.065/1995, dispõe que a pessoa jurídica poderá suspender o pagamento do

    imposto, desde que demonstre que o valor do imposto devido, calculado com

    base no lucro real do período em curso, é igual ou inferior à soma do imposto

    de renda devido por estimativa, correspondente aos meses do mesmo ano-

  • 32

    calendário, anteriores àquele a que se refere o balanço ou balancete

    levantado.

    A faculdade de suspender ou reduzir o pagamento, a partir de

    01/01/1997, foi mantida pelo art. 2º da Lei 9.430/1996. A mesma, aplica-se em

    qualquer mês, para as pessoas jurídicas que vão apresentar a declaração de

    rendimentos com base no lucro real anual.

    3.2.4 – Dedução do Imposto

    O art. 29 do RIR/1999 dispõe que para efeito de pagamento mensal, a

    pessoa jurídica poderá deduzir do imposto apurado no mês, o imposto pago ou

    retido na fonte sobre as receitas que integram a base de cálculo.

    Quando a pessoa jurídica paga a antecipação mensal com base no

    balanço ou balancete, todas as receitas e ganhos de capital integrarão a base

    de cálculo do imposto de renda. Com isso, o imposto de renda retido na fonte,

    qualquer que seja a modalidade de incidência, pode ser deduzido nos

    pagamentos mensais.

    3.2.5 – Falta de pagamento mensal do IRPJ

    Conforme já mencionado anteriormente, a pessoa jurídica que optar

    pelo lucro real anual terá que pagar mensalmente o IRPJ pela forma estimada

    ou com base no balancete. Se a empresa não demonstrar, através de balanço

    ou balancete mensal, a apuração de prejuízo fiscal, a falta de pagamento

    sujeitará à multa isolada lançada de ofício, ainda que tenha apurado prejuízo

    fiscal ao final do ano calendário.

    O art. 14 da Lei 11.488 de 2007 deu nova redação ao art. 44 da Lei

    9.430 de 1996 e reduziu a multa de ofício isolada por falta de antecipação

    mensal para 50%. Essa redução é aplicável retroativamente para os processos

    não definitivamente julgados.

  • 33

    Na falta estimativa mensal para cálculo da multa isolada, a maioria das

    decisões do CARF, consta que após o encerramento do ano calendário, a

    base de cálculo tem como limite os saldos de IRPJ e CSLL a pagar na

    declaração de ajuste, não sendo cabível a sua imposição no valor que exceder

    a este.

    Na Súmula nº 82 do CARF não vinculante (aprovada em sessão de

    10/12/2012 e DOU 14/12/2012) em seu enunciado, menciona em seu

    enunciado que após o encerramento do ano calendário, é incabível

    lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas.

  • 34

    CAPÍTULO IV

    OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS E ESCRITURAÇÃO

    CONTÁBIL

    De acordo com a nossa legislação, que sofre mudanças a todo

    momento, uma empresa do Lucro Real, tem mais obrigações a cumprir do que

    uma empresa do Lucro Presumido. Estudaremos exemplos de obrigações

    acessórias e sua obrigatoriedade em cada forma de tributação, bem como a

    escrituração contábil, para o tipo de empresa que analisaremos: uma

    prestadora de serviços de produção de eventos.

    4.1 – Ambiente SPED – Sistema Público de Escrituração Digital

    O Sistema Público de Escrituração Digital, mais conhecido como SPED,

    foi instituído pelo Decreto nº 6.022 de 22/01/2007, constituindo-se em mais um

    avanço na informatização da relação entre fisco e contribuintes. Consiste na

    modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias,

    transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e órgãos

    fiscalizadores.

    Para o tipo de empresa a ser estudada neste trabalho monográfico,

    temos como exemplo: Sped Contábil, EFD-Contribuições e ECF.

    4.1.1 – SPED Contábil

    A Escrituração Contábil Digital (ECD), mais conhecida como Sped Contábil, tem por objetivo a substituição da escrituração em papel pela

    escrituração transmitida via arquivo. A partir de um sistema de contabilidade, a empresa gera um arquivo digital no formato definido na IN RFB nº 787/2007.

  • 35

    Para as empresas optantes pelo Lucro Real, a apresentação é

    obrigatória desde o ano de 2009. Já as empresas tributadas pelo Lucro

    Presumido, de acordo com a IN RFB nº 1.420/2013, a partir do ano calendário

    de 2014, deverão entregar se distribuiu lucros sem a incidência do Imposto de

    Renda Retido da Fonte.

    4.1.2 – EFD – Contribuições

    A EFD-Contribuições é um arquivo digital a ser utilizado pelas pessoas

    jurídicas de direito privado na escrituração da Contribuição para o PIS/Pasep e

    da Cofins, nos regimes não cumulativo e/ou cumulativo.

    Nessa declaração constarão todos os documentos e operações da

    escrituração representativos das receitas auferidas e de aquisições, custos,

    despesas e encargos incorridos. Assim como, a escrituração das contribuições

    sociais e dos créditos, bem como da Contribuição Previdenciária sobre a

    Receita Bruta.

    Atualmente, nas duas modalidades de apuração do Lucro, Real ou

    Presumido, é obrigatória a apresentação deste arquivo, mensalmente. Porém

    no Lucro Real o detalhamento de informações é um pouco maior.

    4.1.3 – ECF

    A ECF – Escrituração Contábil Fiscal é o mais novo projeto do ambiente SPED, substituindo a antiga DIPJ, devendo o sujeito passivo informar todas as

    operações que foram base para o cálculo e o valor devido do Imposto sobre a

    Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro

    Líquido.

    Sua obrigatoriedade ocorreu a partir do ano calendário de 2014, sendo

    devido para as duas modalidades aqui apresentadas (Lucro Real e Lucro

    Presumido).

  • 36

    4.2 – Outras declarações

    4.2.1 – DCTF

    A DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais

    conterá as informações pertinentes aos tributos e contribuições apurados em

    cada mês, os pagamentos, parcelamentos e compensações de créditos, bem

    como informações sobre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

    Esta declaração é devida para os dois tipos de apuração, Lucros Real

    ou Presumido.

    4.3 – Contabilidade e Cálculo dos Tributos

    Nossa legislação está cada vez mais exigente no que tange ao controle

    dos tributos, a velocidade das informações cresce a cada dia.

    Não apenas basta pagarmos o tributo, precisamos demonstrar

    detalhadamente o cálculo do mesmo, informar para quem está prestando o

    serviço, qual local, qual serviço está sendo prestado, etc.

    Todos esses dados são enviados ao fisco por meio de

    formulários/arquivos eletrônicos, com objetivo de fiscalizar as empresas ou

    mesmo autuá-las caso as informações estejam erradas ou divergentes.

    No tipo de empresa que estamos estudando, sendo ela optante pelo

    Lucro Presumido, no ponto de vista atual, as obrigações, a contabilidade e a

    apuração dos impostos é bem menos complexa, já que de certa forma o

    cálculo é “simplificado”, não exigindo da empresa controles internos

    demasiadamente complexos. Para a apuração dos impostos, o profissional

    responsável inicialmente, precisa apenas ter acesso às receitas da empresa,

    agilizando o processo. Posteriormente, preocupa-se com a contabilidade do

    mesmo, ai sim precisa ter acesso às despesas e custos e toda a

    movimentação financeira da mesma.

  • 37

    Já uma empresa do Lucro Real, tanto no Trimestral quanto Anual, o

    contabilista precisa estar acompanhando os custos e despesas quase que em

    tempo real, a contabilidade deve estar sempre em dia e ainda possuir bons

    sistemas de informação para evitar erros. Dessa forma, uma empresa, não

    sendo obrigada, não pode simplesmente querer optar pelo Lucro Real, ela

    deve estar pronta para este perfil tributário, pois o custo de uma decisão errada

    pode ser maior que a economia tributária teoricamente gerada.

  • 38

    CAPÍTULO V

    PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

    (LUCRO REAL OU PRESUMIDO?)

    Para que possamos planejar a tributação da nossa empresa,

    primeiramente precisamos conceituar o que é Planejamento Tributário, que

    segundo nossos doutrinadores:

    “O estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realização do fato

    administrativo, pesquisando-se seus efeitos jurídicos e econômicos e as

    alternativas legais menos onerosas, denomina-se Planejamento

    Tributário, que exige, antes de tudo, bom senso do planejador”

    (FABRETTI, Lauro Camargo. Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas,

    2006)

    “Entende-se por Planejamento Tributário, o planejamento empresarial

    que tendo como objeto os tributos e seus reflexos na organização, visa

    obter economia de impostos, adotando procedimentos estritamente

    dentro dos ditames legais”. (RIBEIRO, Robson. Portal da Administração)

    A empresa “Rio Eventos & Produções Ltda”, é uma prestadora de

    serviços no ramo de produção e apoio em eventos, situada no Rio de Janeiro,

    constituída em 16/10/2014. Estando em início de atividades, não apresentara

    nenhuma obrigatoriedade de opção pelo Lucro Real, fazendo assim, a opção

    pelo Lucro Presumido, porém ao final do 4º trimestre, resolveu fazer cálculos, a

    fim de fazer uma projeção e um Planejamento Tributário para o ano de 2015.

  • 39

    Para isso, fez se necessário o levantamento dos dados do trimestre:

    Descrição/Mês Outubro Novembro Dezembro

    Receita na prestação

    de serviços

    928.555,98 2.852.985,55 4.258.452,25

    Despesas dedutíveis 596.543,02 1.985.489,03 2.536.075,33

    Despesas indedutíveis 4.560,00 8.000,00 145.710,67

    Lucro Líquido 327.452,96 859.496,52 1.576.666,25

    IRRF s/ serviços 13.928,34 42.794,78 63.876,78

    Primeiramente, temos a demonstração do IRPJ apurado e pago pela

    empresa, sendo pela opção pelo Lucro Presumido:

    Apuração Lucro Presumido 4º trimestre/2014

    Receita bruta de serviços 8.039.993,78

    Base de cálculo (32%) 2.572.798,01

    Rendimento Apl. Financeira 5.457,20

    Base de cálculo IRPJ 2.578.255,21

    IRPJ (15%) 386.738,28

    Base de cálculo adicional 2.518.255,21

    IRPJ adicional (10%) 251.825,52

    IRRF s/ serviços (120.599,91)

    IRPJ a pagar 517.963,90

  • 40

    Agora, para empresa fazer uma comparação, foi feito o cálculo como se

    tivesse optado pelo Lucro Real, sendo seu cálculo trimestral

    Apuração Lucro Real 4º trimestre/2014

    Lucro Líquido 2.763.615,73

    Adições

    Doações 125.360,00

    Brindes 32.910,67

    Base de Cálculo IRPJ 2.921.886,40

    IRPJ (15%) 438.282,96

    Base de Cálculo adicional IRPJ 2.861.886,40

    Adicional IRPJ (10%) 286.188,64

    Total IRPJ 724.471,60

    IRRF (120.599,91)

    IRPJ a pagar 603.871,69

    Após feito os cálculos, levando em consideração, apenas o IRPJ a

    forma mais vantajosa para empresa, considerando o desembolso de caixa,

    seria o Lucro Presumido, pois foi recolhido o montante de R$ 517.963,90 e

    caso optasse pelo Lucro Real, o valor seria de R$ 603.871,69, gerando uma

    economia de R$ 85.907,79.

    Apesar desses valores levantados, para que seja feito o Planejamento

    Tributário completo e seguro da empresa “Rio Eventos & Produções Ltda”,

    deve-se levar em consideração o estudo dos outros tributos, nesse caso, a

    Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para o

    Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para Financiamento da

    Seguridade Social (COFINS) e o Imposto sobre Serviços (ISS).

    Já com parte do planejamento em mãos, a empresa optou por

    permanecer com a opção o Lucro Presumido, considerando a economia no

    ano de 2014 com o IRPJ, as obrigações acessórias a serem apresentadas e

    ainda o cuidado com os controles internos da empresa.

  • 41

    No próximo ano, terá que repetir seu planejamento, a fim de projetar se

    não estará obrigada ao Lucro Real. Caso ainda possa optar, irá verificar se

    ainda o Lucro Presumido está sendo mais vantajoso financeiramente.

  • 42

    CONCLUSÃO

    Nosso estudo teve início na definição de direito tributário, caminhando

    para o conceito do Estado do poder de tributar, para chegar então na definição

    de tributos, pois estudamos sobre o Imposto de Renda Pessoa Jurídica, que é

    um imposto, um das espécies de tributos.

    Estudamos duas formas de tributação: Lucro Real e Lucro Presumido,

    de forma geral, pois sabemos que temos diversos tipos de empresas e

    atividades que possuem um ramo muito grande de regras e peculiaridades.

    Nossa alta carga tributária nos leva a fazer um planejamento, porém é

    sempre dificultado pela quantidade de mudanças na legislação.

    De acordo com nosso exemplo de empresa estudado, chegamos à

    conclusão que a forma menos onerosa, foi a do Lucro Presumido pois gerou

    um economia de R$ 85.907,79. Como essa “sobra”, a empresa pode optar por

    novos investimentos, melhoria nos serviços, melhor remuneração aos

    colaboradores. No Lucro Real, além do desembolso ser maior é uma forma de

    tributação que exige mais da empresa e do contador, gerando sempre um

    maior custo com os controles do que no Lucro Presumido.

    A partir desse planejamento, foi decidido continuar na mesma forma de

    tributação no próximo ano, mas para uma correta tomada de decisões, o ideal

    é que se faça um planejamento considerando todos os impostos devidos.

    O planejamento deverá ser repetido sempre que possível, para que haja

    uma confiabilidade alta. Na empresa, a transparência de informações dos

    gestores é muito importante para uma correta escrituração contábil, gerando

    assim um planejamento eficaz.

    Um planejamento tributário é particular, de cada empresa e de um certo

    período de tempo, pois a cada nova situação e valores, a melhor forma de

    tributação pode não ser mais a mesma do período anterior.

    Uma empresa que não faz um planejamento, acaba gerando mais

    impostos, um desembolso maior e muita das vezes isso pode ser um

    diferencial em manter a empresa no mercado.

  • 43

    JURISPRUDÊNCIA

    RE 848535 AgR / PR - PARANÁ AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO Julgamento: 16/12/2014 Órgão Julgador: Primeira Turma

    Publicação

    PROCESSO ELETRÔNICO DJe-034 DIVULG 20-02-2015 PUBLIC 23-02-2015

    Ementa EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. CONSTITUCIONALIDADE DA INCIDÊNCIA SOBRE A PRÓPRIA BASE ECONÔMICA. O Plenário desta Corte, nos autos do RE 582.525/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, concluiu pela impossibilidade de dedução do valor equivalente à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL da respectiva base de cálculo e da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ. Agravo regimental a que se nega provimento.

    Decisão

    A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do relator. Unânime. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Luiz Fux. Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Primeira Turma, 16.12.2014.

    Observação

    - Acórdão(s) citado(s): (IRPJ, CSLL) RE 582525 RG. Número de páginas: 5. Análise: 05/03/2015, MJC.

  • 44

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    RODRIGUES, Aldenir Ortiz. IRPJ/CSLL, PIS/PASEP, COFINS. Coleção IOB

    de Planejamento Tributário. São Paulo: IOB, 2012.

    HIROMI, Higuchi. Imposto de Rendas das Empresas: interpretação e prática.

    38ª edição. São Paulo: IR Publicações, 2013.

    PINTO, João Roberto Domingues. Imposto de Renda, contribuições

    administradas pela Secretaria da Receita Federal e sistema simples. 20ª

    edição. Brasília: CFC, 2012.

  • 45

    BIBLIOGRAFIA CITADA

    CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 26 ed. Malheiros Editora. São Paulo, 2010.

    FABRETTI, Laudio Camargo. Direito Tributário Aplicado: Impostos e Contribuições das Empresas. 2 ed. Editora Atlas.São Paulo, 2009. JARACH, Dino. Curso Superior de Derecho Tributario. Buenos Aires: Liceo Professional Cima. 9. ed. p.126 apud OLIVEIRA, José Marcos Domingues de. Ibid., p. 22. SALERNO, Rica APUD JAQUES; Paulino. Da Igualdade Perante a Lei. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense. 1957,p. 201 apud OLIVEIRA, José Marcos Domingues de. Ibid., p. 22 COSTA, Regina Helena. Limitações ao poder de tributar na Constituição brasileira cit., nota de rodapé 7, p. 57 BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 3. ed. São Paulo: Lejus, 1998. p. 265. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 25. SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito tributário. 9. ed. São Paulo: Premier Máxima, 2008. p. 71-72. AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 12ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva: 2006. BECHO, Renato Lopes. Filosofia do Direito Tributário cit., p. 469. SABBAG, Eduardo. Direito Tributário. 13ª Edição. São Paulo: Editora Impetus, 2012. BALEEIRO, Aliomar. Limitações ao Poder de Tributar. 7ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006.

  • 46

    Anexo I

    ATIVIDADES Percentuais % Reduzido para

    empresa com Receita Bruta Anual até R$ 120.000,00

    Vendas de mercadorias e produtos 8% Não se aplica Prestação de Serviços de transporte de cargas 8% Não se aplica Prestação de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, fisioterapia e terapia ocupacional, fonoaudiologia, patologia clínica, imagenologia, radiologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, exames por métodos gráficos, procedimentos endoscópicos, radioterapia, quimioterapia, diálise e oxigenoterapia hiperbárica, desde que a prestadora desses serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Vide notas 3 e 4 abaixo da tabela.

    8%

    Não se aplica

    Atividade de construção por empreitada com emprego de todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra.

    8%

    Não se aplica

    Atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda

    8%

    Não se aplica

    Prestação dos demais serviços de transporte 16% Não se aplica

    Receita bruta auferida na revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural

    1,6%

    Não se aplica

    Prestação de serviços relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada

    32%

    Atividade não beneficiada

    Intermediação de negócios 32% 16% Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza

    32%

    16%

    Construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra ou com emprego parcial de materiais

    32%

    16%

    Construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura, no caso de contratos de concessão de serviços públicos, independentemente do emprego parcial ou total de materiais

    32%

    Não se aplica

    Prestação de serviços de coleta e transporte de resíduos até aterros sanitários ou local de descarte

    32%

    16%

    A receita bruta auferida pela pessoa jurídica decorrente da prestação de serviços em geral, como limpeza e locação de mão de obra, ainda que sejam fornecidos os materiais, está sujeita à aplicação do percentual de 32% (trinta e dois por cento).

    32%

    16%

    Prestação de qualquer outra espécie de serviço não mencionada neste quadro

    32% 16%

  • 47

    ÍNDICE

    FOLHA DE ROSTO 02

    AGRADECIMENTOS 03

    DEDICATÓRIA 04

    METODOLOGIA 05

    SUMÁRIO 06

    INTRODUÇÃO 07

    CAPÍTULO I

    DIREITO TRIBUTÁRIO E O PODER DO ESTADO DE TRIBUTAR 09

    1.1 – Definição de Direito Tributário 09

    1.2 – O Estado e o poder de tributar 10

    1.3 – Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 10

    1.3.1 – Princípio da Legalidade 12

    1.3.2 – Princípio da Isonomia 13

    1.3.3 – Princípio da Irretroatividade 14

    1.3.4 – Princípio da Anterioridade (Anual e Nonagesimal) 14

    1.3.5 – Princípio do Não Confisco 15

    1.3.6 – Princípio da Liberdade de Tráfego 15

    CAPÍTULO II

    TRIBUTOS 16

    2.1 – Tributos: Definição e Conceitos 16

    2.2 – Tributos: Espécies 18

    2.2.1 – Impostos 19

    2.2.2 – Taxas 19

    2.2.3 – Contribuições de Melhoria 20

    2.2.4 – Empréstimos Compulsórios 20

    2.2.5 – Contribuições Especiais 21

  • 48

    CAPÍTULO III

    IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA 23

    3.1 – Tributação com base no Lucro Presumido 23

    3.1.1 – Opção 23

    3.1.2 – Base de Cálculo 25

    3.1.3 – Adições à Base de Cálculo 26

    3.1.4 – Alíquota e Adicional do Imposto de Renda 27

    3.1.5 – Deduções do Imposto de Renda Retido 27

    3.2 – Tributação com base no Lucro Real 28

    3.2.1 – Opção 28

    3.2.2 – Métodos de apuração 29

    3.2.3 – Suspensão ou redução do imposto 31

    3.2.4 – Dedução do Imposto 32

    3.2.5 – Falta de pagamento mensal do IRPJ 32

    CAPÍTULO IV

    OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS E ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 34

    4.1 – Ambiente SPED – Sistema Público de Escrituração Digital 34

    4.1.1 – SPED Contábil 34

    4.1.2 – EFD – Contribuições 35

    4.1.3 – ECF 35

    4.2 – Outras declarações 36

    4.2.1 – DCTF 36

    4.3 – Contabilidade e Cálculo dos Tributos 36

    CAPÍTULO V

    PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO (LUCRO REAL OU PRESUMIDO?) 38

    CONCLUSÃO 42

    JURISPRUDÊNCIA 43

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

    BIBLIOGRAFIA CITADA 45

  • 49

    ANEXOS 46

    ÍNDICE 47

    AGRADECIMENTOSSUMÁRIOCAPÍTULO I- Direito Tributário09CAPÍTULO II - Tributos16CAPÍTULO III - Imposto de Renda Pessoa Jurídica23CAPÍTULO IV - Obrigações Acessórias e Esc. Contábil34CAPÍTULO V – Planejamento Tributário38

    CONCLUSÃO42JURISPRUDÊNCIA43BIBLIOGRAFIA CONSULTADA44BIBLIOGRAFIA CITADA45ANEXOS46ÍNDICE47FOLHA DE ROSTO02AGRADECIMENTOS03