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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS: INVESTIMENTO NA INFRAESTRUTURA ESTATAL BRASILEIRA Por: Karla Veronica Mendes da Silva Orientador Prof. Luiz Eduardo Chauvet Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS: INVESTIMENTO NA

INFRAESTRUTURA ESTATAL BRASILEIRA

Por: Karla Veronica Mendes da Silva

Orientador

Prof. Luiz Eduardo Chauvet

Rio de Janeiro

2014

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS: INVESTIMENTO NA

INFRAESTRUTURA ESTATAL BRASILEIRA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Pública.

Por: Karla Veronica Mendes da Silva

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AGRADECIMENTOS

...à UNIRIO, ao meu orientador Luiz Eduardo

Chaveut, a Deus...

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DEDICATÓRIA

...dedico o presente trabalho a minha mãe sempre viva nos meus pensamentos...

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RESUMO

A precariedade da infraestrutura brasileira, o mau uso dos recursos

públicos e a ineficiência na prestação dos serviços públicos são fatores que

estimularam a importação de uma nova modalidade de concessão: a parceria

pública-privada, já testada e evidenciada em vários países, com o intuito de torná-

la uma nova opção para reduzir os “gargalos” de infraestrutura que atrapalham o

crescimento econômico do país.

O presente trabalho explora os vários aspectos da parceria público-

privada, desde o seu surgimento em solo britânico até as primeiras experiências

implementadas no Brasil, de modo a mostrar uma visão geral do que pode ser

realizado para o atingimento dos melhores resultados.

O objetivo da utilização das parcerias público-privadas é produzir as

melhores parcerias entre o setor público e privado na construção, execução e

gestão de projetos prioritários de interesse público com redução de custos e

ganhos de eficiência e qualidade na prestação de serviços, particularmente

voltados para a área de infraestrutura.

As várias experiências brasileiras analisadas sinalizam que as PPP

começam, ainda que timidamente, a despontar como uma opção real e disponível

na solução de problemas de infraestrutura.

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METODOLOGIA

Os métodos utilizados neste trabalho que permitiram a pesquisa, o

estudo, a análise e conclusão do tema em questão foram a pesquisa bibliográfica,

através da leitura de livros, em sua maior parte dedicados exclusivamente ao

estudo das parcerias público-privadas; sites e artigos na internet; revistas

eletrônicas e estudo do marco regulatório e outras leis que lhe são correlatas.

Além da análise de conceitos doutrinários já consagrados por

renomados mestres do Direito Administrativo, foram levados em conta também as

opiniões, as propostas, o entendimento e a experiência de vários estudiosos

(professores, advogados, políticos etc.), assim como exemplos práticos de

parcerias público-privadas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 8

CAPÍTULO I – A PARCERIA PÚBLICO- PRIVADA ........................... 10

1.1. Origem ......................................................................................... 10

1.2. Conceito e modalidades ............................................................... 12

1.2.1. Concessão patrocinada ..................................................... 14

1.2.2. Concessão administrativa ................................................. 15

1.3. Diferença entre a concessão comum e a PPP ............................. 16

1.4. Pontos positivos e pontos negativos ............................................ 18

1.5. Análise Value for Money .............................................................. 19

CAPÍTULO II – A LEI Nº 11.079/2004 ................................................. 22

2.1. Alterações introduzidas pela Lei nº 12.766/12 ............................. 22

2.2. Remuneração ............................................................................... 25

2.3. Alocação de riscos ....................................................................... 27

2.4. Garantias ...................................................................................... 29

2.5. Sociedade de Propósito Específico (SPE) ................................... 32

2.6. Orgão Gestor................................................................................ 33

2.7. Fundo Garantidor ......................................................................... 35

2.8. Controle ........................................................................................ 38

CAPÍTULO III – EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS EM ANDAMENTO . 41

CONCLUSÃO ...................................................................................... 45

REFERÊNCIAS.................................................................................... 47

ÍNDICE ................................................................................................. 51

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INTRODUÇÃO

As parcerias público-privadas surgiram no Brasil com a edição da Lei nº

11.079/2004 como uma nova opção de se aumentar o volume de investimentos na

área de infraestrutura econômica e social através de parcerias entre entidades do

setor público e o setor privado.

Trata-se de um tema palpitante e atual que desperta dúvidas e

inseguranças, bem como, divide opiniões. Dessa forma, são necessários debates

buscando elucidar ao máximo essa nova modalidade de concessão, identificando

possíveis falhas e apontando os melhores caminhos.

A relevância do estudo dá-se pela necessidade de a Administração

Pública incrementar investimentos em infraestrutura, buscando mecanismos que

melhorem a eficiência e a qualidade dos serviços públicos. Nesse sentido, é

necessário fazer com que a infraestrutura deixe de ser um entrave e passe a ser a

alavanca propulsora do crescimento econômico no país.

O presente trabalho foi elaborado com o intuito de fortalecer a

discussão em torno das parcerias público-privadas, que por se tratar de um

instituto recente, carece de mais publicações na área que discutam a fundo todas

as suas características e possibilidades de implantação, visto que vários Estados

têm aderido às PPP.

Propõe-se a análise de que modo as PPP podem ser um instrumento

efetivo na viabilização de projetos de infraestrutura.

No primeiro momento serão analisados conceitos, instrumentos,

vantagens e desvantagens de modo a se obter uma melhor compreensão das

características do instituto e o porquê de sua utilização ser a mais adequada para

determinados projetos.

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Em seguida, será analisada a legislação instituidora da PPP, suas

alterações e inovações trazidas para o mundo jurídico.

Por fim, será dada abordagem aos exemplos práticos de projetos

brasileiros realizados em forma de PPP.

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CAPÍTULO I

A PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA

“Não existe nada mais difícil de fazer, nada mais perigoso de conduzir, ou de êxito mais incerto do que tomar iniciativa de introduzir uma nova ordem de coisas, porque a inovação tem inimigos em todos aqueles que têm se saído bem sob as condições antigas, e defensores não muito entusiásticos entre aqueles que poderiam sair-se bem na nova ordem de coisas.”

(NICOLAU MAQUIAVEL)

1.1. ORIGEM

O instituto da parceria público-privada surgiu em solo britânico, mais

precisamente na Inglaterra, no ano de 1992, sob o nome de Private Finance

Iniciative (PFI) – Iniciativa para o Investimento Privado, sendo disseminado aos

poucos entre vários países europeus1.

Esse modelo de contratação foi instituído no Reino Unido com o

objetivo de desenvolver projetos de prestação de serviços públicos com a união de

esforços do setor público e do setor privado, através de parcerias, de modo a

suprir as necessidades de investimento do setor público que apresentava

crescentes déficits.

Num segundo momento, em 1997, o programa foi ampliado e chamado

de Public-Private Partnerships (PPP) tendo como requisitos indispensáveis para

1 (...) de acordo com a European Comission (2003), apud Shinohara &Savoia (2008) o aumento significativo na utilização de PPPs nos Estados-Membros europeus é resultado direto dos esforços para se aumentar a qualidade e eficiência dos serviços públicos, da insuficiência de recursos e das restrições de gastos do setor público e do desejo de acesso às eficiências do setor privado.

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sua ampliação: a análise Value for Money e o enfoque na alocação de riscos

(ambos serão abordados em tópicos específicos).

As primeiras experiências britânicas não foram bem sucedidas por falta

de planejamento e direcionamento. Além disso, houve um número excessivo de

projetos sendo realizados e mal executados ao mesmo tempo. A partir desses

insucessos iniciais, os ingleses foram realizando os ajustes necessários, como a

correta alocação de riscos entre os setores público e privado, para atingir

finalmente o objetivo de melhorar a qualidade e a eficiência na prestação de

serviços públicos através de uma melhor destinação de recursos.

Como não é nosso objetivo nos aprofundarmos na experiência inglesa,

passaremos a abordar o surgimento do instituto no Brasil.

A Parceria-público privada foi introduzida no Brasil pela Lei nº 11.079

de 30/12/2004 (alterada pela Lei nº 12.766/12), a qual institui normas gerais para

licitação e contratos de parceria-público privada, no âmbito da Administração

Pública.

Para entendermos melhor o surgimento das PPP no Brasil,

analisaremos a seguir os antecedentes motivadores de sua adoção.

Por um longo tempo o Estado figurou como garantidor dos direitos

sociais e econômicos, provedor da prestação de serviços na área da educação,

saúde, moradia, saneamento e infraestrutura em geral. Só que o acúmulo de

funções nas mãos do Estado o tornou grande demais, traduzindo-se em

ineficiência e incapacidade de corresponder aos anseios da sociedade.

Nos anos oitenta, esse gigante interventor se viu em meio a uma

enorme crise financeira e econômica, o que motivou as primeiras ideias de

privatização objetivando a redução do aparelhamento estatal.

Nos anos noventa, a reforma da administração pública proposta pelo

então Ministro Bresser Pereira no governo Fernando Henrique Cardoso teve como

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mola propulsora a crise estatal da década anterior e o advento da globalização

econômica mundial. Esse binômio crise fiscal-globalização foi ensejador da

redefinição do papel estatal. Além disso, a iniciativa privada passou a ter maior

participação em vários setores com a disseminação de programas de privatização.

Apesar das várias formas de descentralizações administrativas do

poder estatal, os serviços de má qualidade persistiram e a alta carga tributária

afastou os investidores externos. Nos últimos vinte anos, os investimentos em

infraestrutura no país tiveram uma drástica redução.

A infra-estrutura existente no Brasil, assim como em diversos outros países de economia emergente, é geralmente caracterizada pela ineficiência e pela qualidade inferior dos serviços em comparação a serviços semelhantes prestados por entidades do setor privado. Além disso, o setor público notadamente possui restrições orçamentárias, cujos efeitos incluem a desistência de projetos e postergação de investimentos de grande importância para a sociedade.(SHINOHARA & SAVOIA, 2008, prefácio).

Nesse contexto é que surgiram as parcerias público-privadas com a

mentalidade de angariar os recursos e o dinamismo do setor privado, somando-os

à máquina administrativa do Estado, para a elaboração de projetos e prestação

de serviços de utilidade pública de qualidade, principalmente nas áreas de

infraestrutura, vitais para a retomada do crescimento econômico do país.

1.2. CONCEITO E MODALIDADES

Esse estudo trata essencialmente do termo parceria público-privada em

seu sentido estrito, logo não nos interessa apresentar conceitos que abranjam

outros tipos de parceria existentes na administração pública. Dessa forma, iremos

explorar o conceito legal, definido pela norma jurídica. Conceito esse que, aliás, é

breve, mas que já nos aponta as duas modalidades de parceria público-privada: a

concessão patrocinada e a concessão administrativa. Segue a definição legal,

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descrita no art. 2º da Lei 11.079/2004: “a parceria público-privada é o contrato

administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa”. Ao

passo que avançamos na leitura da lei, percebemos que alguns aspectos se

encontram definidos e delineados.

Primeiro aspecto: tanto a parceria público-privada na modalidade de

concessão patrocinada quanto na modalidade de concessão administrativa

são regidas pela Lei n° 11.079/2004, mas estão sujeitas a aplicação

subsidiária da Lei n° 8.987/1995;

Segundo aspecto: às concessões comuns não se aplicam os ditames da

Lei das PPP;

Terceiro aspecto: as concessões comuns, entendidas como aquelas

regidas pela Lei das Concessões, não se referem à parceria público-

privada, na circunstância de não envolver contrapartida do parceiro público

ao parceiro privado;

Quarto aspecto: os contratos administrativos regidos pela Lei nº 8.666/1993

não se qualificam como concessão comum, nem patrocinada e nem

administrativa.

Explorando os vários aspectos dessa nova modalidade de concessão,

podemos definir parceria público-privada como o contrato de concessão ou

prestação de serviços firmado entre os setores público e privado, no qual a

remuneração ao parceiro privado se dá pela cobrança de tarifas aos

beneficiários do serviço (usuários) somada à contrapartida do parceiro público

ou somente pela contraprestação pecuniária do Poder Público, com o objetivo

de aumentar a eficiência e a qualidade na prestação de serviços públicos,

mediante a construção e financiamento de projetos de longo prazo voltados

essencialmente para a área de infraestrutura econômica e social.

A seguir abordaremos as duas modalidades de parceria público-

privada.

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1.2.1. CONCESSÃO PATROCINADA

A primeira modalidade de parceria público-privada definida pela lei é a

concessão patrocinada. O art. 2º, § 1º diz:

Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. (art. 2º § 1º da Lei nº 11.079/2004).

O legislador iguala em parte a concessão patrocinada à concessão

tradicional de serviços públicos, ressaltando o fato de que na concessão

patrocinada à cobrança de tarifa aos usuários é acrescida contraprestação

pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Na concessão comum, a

amortização dos investimentos do parceiro privado e sua remuneração são feitos

inteiramente mediante tarifa paga pelos usuários, caracterizada assim a

exploração do serviço ou da obra. Na concessão patrocinada a tarifa cobrada

diretamente dos usuários é insuficiente para amortizar os investimentos realizados

pelo parceiro privado, daí a necessidade do aporte de recursos advindos do Poder

Público.

Existe ainda outra diferença importante entre esses dois tipos de

concessão. É certo que, tanto na concessão comum quanto na patrocinada, a

Administração Pública delega ao parceiro privado a prestação de um serviço e/ou

obra de interesse público. Só que na concessão patrocinada, os riscos do

empreendimento são compartilhados entre as partes, assim como são

compartilhados os ganhos econômicos quando esses decorrerem da mitigação

dos riscos de crédito dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado.

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1.2.2. CONCESSÃO ADMINISTRATIVA

A segunda modalidade de parceria público-privada definida pela lei é a

concessão administrativa. Diz a lei:

§ 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. (art.2º § 2º da Lei nº 11.079/2004).

A princípio a concessão administrativa parece assemelhar-se ao

contrato de empreitada regido pela Lei das Licitações, visto que nesse há também

a contratação com terceiros por parte de órgãos e entidades da Administração

Pública para execução de obra, serviços e instalações. De acordo com Di Pietro

(2012), tanto na concessão administrativa quanto na empreitada, a concessionária

é responsável somente pela execução material da atividade, quando esta se tratar

de pura prestação de serviço à Administração Pública que é a gestora do serviço,

ao passo que na concessão patrocinada a concessionária é responsável pela

gestão e execução material do serviço público que presta. No entanto, ao

analisarmos melhor os dispositivos da Lei Federal que regem a concessão

administrativa, notamos que não se trata de gêneros idênticos. A concessão

administrativa, assim como a concessão patrocinada, não pode ter como objeto

único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento de equipamentos ou a

execução de obra pública. A lei estabelece tal vedação em seu art. 2º § 4º, III.

Além disso, à concessão administrativa, em adição às normas da Lei das PPP que

a regulamenta, aplica-se o que dispõe os art. 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei nº

8.987/1995, e o art. 31 da Lei nº 9.074/1995. Ressalta-se, ainda, que a prestação

de serviço público poderá ser objeto de concessão administrativa.

Uma das principais características da concessão administrativa é que a

remuneração ao parceiro privado é inteiramente paga pelo parceiro público, visto

que nesse regime de concessão é inviável a celebração de contrato subsidiado

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por receita tarifária, em face de circunstâncias de interesse público que impedem

a cobrança de tarifas aos usuários.

1.3. DIFERENÇA ENTRE A CONCESSÃO COMUM E A PPP

A parceria público-privada é um mecanismo que busca trazer um maior

envolvimento da iniciativa privada na prestação de serviços públicos através de

parcerias com o setor público com resultados direcionados, principalmente, para

uma área que pela tamanha deficiência que vem apresentando ao longo dos anos

tornou-se um dos grandes limitadores do desenvolvimento econômico do país – a

infraestrutura. Esse instrumento trouxe algumas inovações no ordenamento

jurídico e como é de se esperar possui algumas diferenças em relação a outras

formas já existentes de concessão de serviços públicos.

Trataremos a seguir dessas diferenças, traçando um comparativo entre

a PPP prevista pela Lei nº 11.079/2004 e a concessão comum de serviços

públicos prevista pela Lei nº 8.987/1995.

O prazo contratual de uma PPP é a primeira diferença que nos

salta aos olhos. O mínimo é de cinco e o máximo é de trinta e

cinco anos, enquanto que no contrato de concessão comum não

é fixado prazo. Além disso, existe também uma limitação quanto

ao valor do contrato de PPP a ser celebrado, que não pode ser

inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais). O

enquadramento da PPP nesses limites que permitem sua

contratação é facilmente justificável, pois envolve projetos de

grande complexidade, inclusive técnica, e altos custos

financeiros e operacionais. Dessa forma, conclui-se que a

contratação através de PPP não será utilizada para qualquer

projeto, e sim para projetos de grande magnitude, envolvendo,

com efeito, investimentos em infraestrutura;

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Os riscos, nos contratos de PPP, inclusive os relativos a caso

fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica

extraordinária são compartilhados pelas partes, ao passo que na

concessão comum apenas os riscos extraordinários são

compartilhados;

Os ganhos econômicos são compartilhados entre parceiro

público e privado quando ocorrer a redução de risco de crédito

dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado;

As garantias são oferecidas pelo parceiro privado e pelo parceiro

público. Além disso, existem as contragarantias prestadas pelo

Poder Público aos financiadores do projeto, sendo que na

concessão comum somente o polo privado oferece garantias;

A constituição de uma Sociedade de Propósito Específico,

anterior à celebração do contrato, é exigência exclusiva do

contrato de PPP. No contrato de concessão comum tal requisito

não existe;

No contrato de PPP a remuneração do parceiro privado poderá

variar de acordo com seu desempenho;

A utilização da arbitragem é prevista no contrato de PPP, na

concessão comum não;

O parceiro público, nos contratos de PPP, ao realizar vistoria nos

bens reversíveis, pode reter os pagamentos ao parceiro privado

no valor necessário para apurar irregularidades detectadas. Na

concessão comum não há retenção de pagamentos;

A forma de remunerar o parceiro privado na PPP se dá de duas

maneiras: a primeira, pela tarifa dos usuários do serviço e pela

contraprestação pecuniária do Poder Público; e a segunda,

somente pelo pagamento do Poder Público. Já na concessão

comum o parceiro privado é remunerado apenas pelos usuários

de serviço;

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No caso das PPP, existe a aplicação de penalidades aos

parceiros público e privado, na concessão comum somente o

parceiro privado poderá ser alvo de penalidades.

Conforme pudemos verificar os detalhes são muitos, constituindo-se

num verdadeiro desafio para o gestor público em utilizar-se das melhores práticas

trazidas pelas parcerias público-privadas e transformá-las em fonte de

investimentos para a infraestrutura do país.

1.4. PONTOS POSITIVOS E PONTOS NEGATIVOS

A análise das experiências internacionais, o estudo da legislação

pertinente, a observação das primeiras modelagens brasileiras de parcerias

público-privadas, tudo isso permite fazer um balanço de pontos positivos e

negativos sobre a implantação das PPP. Como o que se busca é que as PPP

atinjam bons resultados e se tornem uma boa alternativa de alavancar os

investimentos em infraestrutura no Brasil, um exame detalhado do que é

vantagem e do que é desvantagem é elemento vital para que se possa concretizar

modelos bem sucedidos de PPP.

Alguns pontos positivos observados são:

1. Maior volume de investimentos em infraestrutura;

2. Estímulo ao desenvolvimento econômico;

3. Maior eficiência e transparência na prestação de serviços públicos;

4. Redução de custos globais;

5. Vinculação da remuneração ao desempenho do parceiro privado;

6. Aproveitamento das melhores habilidades de cada parceiro;

7. Alocação eficiente de riscos;

8. Cooperação entre o setor público e o setor privado;

9. Uso eficiente dos recursos públicos e privados.

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Alguns pontos Negativos:

1. Insegurança jurídica;

2. Dificuldade em se contratar consultores e técnicos especializados para

modelagem dos projetos;

3. Lentidão no processo de aprovação de uma PPP devido ao desconhecimento

técnico presente nas várias instâncias;

4. Dificuldade do gestor público em justificar a escolha pela PPP para

determinado empreendimento.

Esses pontos negativos necessitam de um olhar atento dos

especialistas para que possam ser mitigados, de modo a evitar a reprodução de

erros já cometidos por outros países no desenvolvimento das PPP. Nesse sentido,

é necessário que alguns ajustes sejam realizados, principalmente no que diz

respeito à qualificação de profissionais tecnicamente especializados para modelar

as PPP e à legislação que deve ser clara e transparente reduzindo a insegurança

jurídica.

1.5. ANÁLISE VALUE FOR MONEY

De acordo com Shinohara & Savoia (2008, p.20), a expressão Value

for Money (VfM) pode ser traduzida como o uso eficiente do dinheiro. Em

seguida, explicitaremos por que esse tipo de análise constitui-se em elemento

essencial para a modalidade parceria público-privada.

Como já foi dito, a Parceria público-privada é um modelo de parceria

que representa uma alternativa a outras formas já consagradas de contratação

pela Administração Pública. A Lei 11.079/2004 estabelece em seu art. 4º as

diretrizes a serem observadas na contratação de uma PPP. Uma dessas

diretrizes é a “sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos

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projetos de parceria” (inciso VII). Em seu art. 10 a lei condiciona a contratação nos

moldes de PPP à licitação prévia, sendo exigido na alínea a do inciso I a

demonstração da conveniência e da oportunidade da contratação, mediante

identificação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceria público-

privada.

Nesse contexto, a análise Value for Money2 é um instrumento valioso

para a consecução de uma PPP, pois ela permite:

a) Avaliar as vantagens socioeconômicas;

b) Verificar se os recursos aplicados pelo Poder Público, nessa forma de

estruturação, criam valor maior se comparada a outras formas de

concessão de serviço público;

c) Analisar se os custos empregados trarão os benefícios pretendidos;

d) Justificar que a parceria público-privada é a melhor opção para estruturação

de determinado projeto.

Outro aspecto importante a destacar é que os gestores públicos

encontram grandes dificuldades em definir os critérios objetivos para justificar o

porquê em optar pela PPP na realização de um determinado projeto em vez de

outras formas de concessão.

Compete ao Poder Público além de definir os critérios técnicos no

desenvolvimento da modelagem de PPP, apontar quais setores se adequam

melhor ao formato e fazer a escolha adequada de quais projetos são prioritários

para a sociedade.

Um dos motivos do fracasso das PPP em alguns países foi justamente

a falta de identificação de projetos prioritários e o estabelecimento de critérios para

uma análise adequada.

2 De acordo com a European Comission (2003), apud Shinohara & Savoia (2008) uma das principais responsabilidades do setor público é garantir, no caso da aplicação das PPP, que as parcerias estabelecidas garantam Value for Money .

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Dessa forma, o gestor público poderá se beneficiar dessa ferramenta

para justificar a escolha da PPP como forma de contratação para um projeto e

se esse tipo de parceria representa o melhor custo-benefício.

No VfM estão sob análise as vantagens econômicas que reverterão na

otimização do uso dos recursos públicos, bem como os investimentos que trarão

benefícios à sociedade na forma de prestação de serviços públicos eficientes e

qualitativos.

Segundo a European Comission (2003), citada por Shinohara & Savoia

(2008), pode-se realizar essa análise VfM de duas maneiras:

Estimativa da economia de custos requerida: isso envolve acrescer os

custos adicionais de uma abordagem de PPP (inclusive o custo de

financiamento privado, margens de lucro, custos da licitação e custo da

regulamentação pelo setor público) a um comparador financeiro (definido

como a comparação do custo da proposta de PPP preferida com o custo de

fornecer o projeto por meio dos métodos tradicionais do setor público) e

tomar então uma decisão abalizada sobre o potencial do setor privado para

eliminar esses custos adicionais;

Proposta real: envolve o desenvolvimento de uma proposta efetiva para o

projeto de PPP e compará-la com o custo estimado da licitação tradicional

do setor público.

Assim, verificamos que a análise Value for Money é uma

ferramenta essencial e eficaz para a implementação de empreendimentos na

modalidade de parceria público-privada.

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CAPÍTULO II

A LEI 11.079/2004

2.1. Alterações introduzidas pela Lei nº 12.766/12

Em 07 de dezembro de 2011, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP),

representando a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional3

a qual preside, apresentou na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 2892/2011

que dispõe sobre o aperfeiçoamento das regras que regem as parcerias público-

privadas. O projeto que, dentre outras propostas prevê garantias para PPP

estaduais e municipais e que os pagamentos ao parceiro privado, pelo Poder

Público, possam ser iniciados antes da conclusão do serviço, teve algumas de

suas proposições acolhidas pela Medida Provisória 575, convertida na Lei nº

12.766/2012.

Vejamos as alterações implementadas pela Lei:

Art. 6º A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-privada poderá ser feita por: § 2o O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do parceiro privado para a realização de obras e aquisição de bens reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do art. 18 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que autorizado no edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se contratos celebrados até 8 de agosto de 2012. § 3o O valor do aporte de recursos realizado nos termos do § 2o poderá ser excluído da determinação:

I - do lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; e

3 É uma associação suprapartidária destinada a aprimorar a legislação referente a um tema específico. As frentes podem utilizar o espaço físico da Câmara, desde que suas atividades não interfiram no andamento dos outros trabalhos da Casa, não impliquem contratação de pessoal nem fornecimento de passagens aéreas. As frentes parlamentares estão regulamentadas pelo ato 69/05, da Mesa Diretora. Em tese, deveriam conter 1/3 dos integrantes do Legislativo, mas na prática esse piso não é exigido.

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II - da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS. § 4o A parcela excluída nos termos do § 3o deverá ser computada na determinação do lucro líquido para fins de apuração do lucro real, da base de cálculo da CSLL e da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, na proporção em que o custo para a realização de obras e aquisição de bens a que se refere o § 2o deste artigo for realizado, inclusive mediante depreciação ou extinção da concessão, nos termos do art. 35 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. § 5o Por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado não receberá indenização pelas parcelas de investimentos vinculados a bens reversíveis ainda não amortizadas ou depreciadas, quando tais investimentos houverem sido realizados com valores provenientes do aporte de recursos de que trata o § 2o. Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também prever: XI - o cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro privado das parcelas do aporte de recursos, na fase de investimentos do projeto e/ou após a disponibilização dos serviços, sempre que verificada a hipótese do § 2o do art. 6o desta Lei.

Com as alterações contidas nos parágrafos apresentados, os projetos

de PPP, que antes não podiam, agora poderão ser financiados parcialmente com

os recursos do erário. A Lei passou a permitir que o Poder Público inicie o

pagamento ao parceiro privado antes da disponibilização do objeto do contrato. O

mecanismo utilizado para antecipação dos pagamentos durante a fase de

construção do projeto será o aporte de recursos. Essas transferências de recursos

devem ser proporcionais às etapas efetivamente executadas dos investimentos,

de acordo com o § 2º do art. 7º.

Outra questão importante, que contemplou em parte a proposta do

Projeto de Lei 2892/2011, foi a respeito dos tributos que incidem sobre os

faturamentos do parceiro privado. Pela nova regra, o aporte de recursos não será

computado para fins de apuração do lucro real no momento em que é recebido do

parceiro público, ou seja, haverá um adiamento do pagamento do imposto.

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Art. 16. Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações públicas e suas empresas estatais dependentes autorizadas a participar, no limite global de R$ 6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas - FGP que terá por finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou municipais em virtude das parcerias de que trata esta Lei.

Um dos assuntos mais discutidos e pleiteados pelos deputados da

Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional e pelos estudiosos

da matéria foi a oferta de garantias ao parceiro privado num contrato de PPP

realizado nos âmbitos estadual e municipal. Com a mudança na norma, os

Estados e Municípios passam a se beneficiar das garantias oferecidas pelo Fundo

Garantidor de Parcerias Público-Privadas – FGP, vindo a suprir uma necessidade

facilmente justificável, pois a participação de estados e municípios em projetos de

PPP supera em muito a atuação do governo federal. No entanto, cabe ressaltar

que apesar do FGP estar autorizado a prestar garantias de pagamento ao

parceiro privado pelos contratos de PPP estaduais ou municipais, a lei não

esclarece as formas de participação de estados e municípios no Fundo e é

totalmente omissa quanto à remuneração ou prestação de garantias por esses

entes federativos. Logo, merece atenção o fato de que é necessário que se crie

mecanismos de contragarantia dos estados ou municípios, de acordo com a

proposta do Projeto de Lei nº 2892/2011.

Art. 28. A União não poderá conceder garantia ou realizar transferência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Municípios se a soma das despesas de caráter continuado derivadas do conjunto das parcerias já contratadas por esses entes tiver excedido, no ano anterior, a 5% (cinco por cento) da receita corrente líquida do exercício ou se as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 (dez) anos subsequentes excederem a 5% (cinco por cento) da receita corrente líquida projetada para os respectivos exercícios. (grifo nosso).

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O limite percentual mencionado no artigo acima, na redação original,

era de 1% (um por cento) da receita corrente líquida, depois passou para 3% (três

por cento) na redação dada pela Lei nº 12.024/2009 e finalmente atingiu os 5%

(cinco por cento) atuais. Apesar do avanço, alguns estudiosos opinam pela

eliminação do limite para a contraprestação de projetos de PPP, alegando que tal

limite afugenta os investidores.

2.2. Remuneração

A lei define as regras, os critérios e as formas de pagamento utilizadas

pela Administração Pública para remunerar o parceiro privado em contratos de

PPP, como descritas abaixo:

1) O parceiro privado será remunerado por tarifa cobrada aos usuários pela

prestação dos serviços e por contraprestação pecuniária paga pelo Poder

Público;

2) No contrato deverão estar previstas as formas de remuneração e atualização

dos valores contratuais;4

3) As formas de remuneração são: ordem bancária, cessão de créditos não-

tributários, outorga de direitos em face da Administração Pública, transferência

de bens dominicais; além de outros meios admitidos em lei.

4) É facultada a previsão que vincula o pagamento da remuneração ao

desempenho do parceiro privado, consoante metas e padrões de qualidade e

disponibilidade definidos no contrato;

4 As cláusulas contratuais de valor e atualização são da natureza dos contratos de concessão. Como as regras não são fixadas por norma legal e sim, pelo contrato, qualquer mecanismo será lícito tanto para atualização dos valores contratuais a que se obrigar a Administração Pública quanto nas tarifas a serem cobradas dos usuários. Através do mesmo tipo de cláusula, foram majoradas exageradamente as tarifas de energia elétrica e telefonia, excluindo justamente os consumidores menos afortunados. ( ALVARENGA, 2005, p. 36).

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5) O pagamento da remuneração está obrigatoriamente condicionado à

disponibilização do objeto do contrato pelo parceiro privado;

6) Pode ser paga remuneração, ou seja, é facultativo, pela disponibilização

parcial do serviço objeto do contrato que já possa ser usufruído pelos usuários

ou pelo Poder Concedente.

7) O aporte de recursos em favor do parceiro privado para a realização de obras

e aquisição de bens reversíveis, quando realizado durante a fase dos

investimentos a cargo do parceiro privado, deverá guardar proporcionalidade

com as etapas efetivamente executadas.

Ainda, segundo Di Pietro (2012), o fato de a Lei das Concessões se

aplicar subsidiariamente às concessões patrocinadas e o art. 2º § 1º da Lei das

PPP equiparar a concessão patrocinada à concessão de serviços públicos,

permite a inferência de que a remuneração nesse tipo de parceria pode também

abranger as receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos

associados, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, conforme preceitua o

art. 11 daquela lei.

Vale dizer, que a vinculação da remuneração ao desempenho do

parceiro privado seria mais satisfatória se fosse obrigatória, haja vista que

estimula o polo privado a desempenhar suas obrigações com maior eficiência.

Ora, se o desempenho pode causar a variação da remuneração para mais ou

menos, é lógico que o contratado se empenhará ao máximo em prestar um serviço

de qualidade, o que resultará em maiores benefícios aos usuários.

Por fim, outro aspecto positivo é o condicionamento do pagamento à

disponibilização do objeto do contrato, pois estimula a celeridade na entrega,

ainda que parcial, do serviço utilizável.

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2.3. ALOCAÇÃO DE RISCO

Na Lei 8.666/1993, a previsão de riscos nos contratos celebrados pela

Administração Pública com particulares recai exclusivamente sobre o próprio

Poder Concedente. Tais contratos envolvem execução de obras, prestação de

serviços, compras, alienações e locações do Poder Público, o qual uma vez

contrate o serviço ou obra terá que suportar os riscos envolvidos.

Nas concessões regulamentadas pela Lei nº 8.987/1995 os riscos

envolvidos no empreendimento são assumidos pelo concessionário. Diz a lei:

Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: II – concessão de serviço público – a delegação de sua prestação (...) à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; III – concessão de serviço público precedida de execução de obra pública: (...), delegada pelo poder concedente, (...) à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.

Exceção somente ocorre em face de fatos imprevisíveis, diante dos

quais o Poder Concedente é responsável pelo restabelecimento do equilíbrio

econômico-financeiro.

O instituto da parceria público-privada traz como inovação uma

alocação de riscos diferenciada que é uma das vantagens desse tipo de

estruturação em relação a outras modalidades de contratação e concessão

realizadas pelo Poder Público.

A alocação eficiente de riscos é um dos princípios fundamentais das

PPP que lograram êxito no exterior. Nos últimos anos vários países, através das

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experiências vivenciadas, concluíram que uma divisão de riscos bem orientada

resulta em menores custos de financiamento.5

Para que haja uma transferência adequada dos riscos envolvidos no

projeto deve ser obedecido o principio básico de que cada parte deve assumir o

risco que melhor sabe administrar. Porém, deve-se manter um equilíbrio nessa

repartição de riscos, pois uma carga de transferência excessiva em cima do setor

privado elevaria os custos do projeto, contrariando o objetivo de minimizá-los e

comprometendo a parceria como um todo.

A forma de se equilibrar um compartilhamento de riscos é um dos

desafios para quem faz a opção pela PPP, por isso deve ser feita de maneira

minuciosa e detalhada sempre alocando o risco ao parceiro que possui a maior

capacidade para administrá-lo com eficiência.

A Lei nº 11.079/2004 estabeleceu como uma de suas diretrizes a

repartição objetiva de riscos entre as partes (art. 4º, inc. VI) e como cláusula que

deve vigorar no contrato a repartição de riscos entre as partes, inclusive os

referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica

extraordinária. (art. 5º, inciso III). Bem, não se tratam de ditames legais, mas de

mecanismos que devem ser previstos no contrato. Cabe ressaltar que a lei não

estabelece critérios objetivos para a divisão de riscos e nem determina o quanto

de risco cada parte deve assumir. Então que métodos utilizar para compartilhar os

riscos entre o parceiro público e o parceiro privado?

Com base na literatura e experiência internacionais, as PPP podem

lançar mão de um mecanismo essencial e muito utilizado para se quantificar os

riscos pertinentes a determinado projeto chamado Matriz de Riscos. Através da

5 De acordo com o HM Treasury (2003, p. 31), essa abordagem da PPP à alocação dos riscos gera incentivos eficazes para que o parceiro privado apresente na prestação de serviços o desempenho almejado pelo setor público, além de garantir Value for Money para este, uma vez que a relação direta entre riscos e impacto financeiro reside no fato de que o grau de transferência para o setor privado influenciará o custo global do projeto.

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construção de uma Matriz de Riscos pretende-se identificar os riscos, avaliar de

que forma eles impactarão no projeto, para assim então alocá-los e reduzí-los.

Nesse processo todos os riscos devem ser avaliados, inclusive os

difíceis de obter-se uma quantificação exata dos impactos financeiros, pois

poderão tornar o projeto inviável se não forem bem alocados e minimizados os

impactos, quando relevantes.

De qualquer maneira, a ênfase maior deve ser dada em listar os riscos

mais importantes, mais prováveis de ocorrerem e que poderão causar maior

impacto no decorrer da execução do projeto, pois não há justificativa para um

dispêndio de custos para alocar riscos pouco prováveis de ocorrerem e que

produzirão um baixo impacto.

Com efeito, a elaboração de uma Matriz de Riscos contribui altamente

para a implementação de investimentos em infraestrutura de longo prazo, através

da identificação, quantificação, especificação e alocação eficiente dos riscos

reduzindo seus impactos e o volume de ocorrência.

Para a produção de uma matriz eficiente utilizam-se vários critérios de

classificação resultando em uma análise detalhada dos riscos a serem alocados

sempre objetivando a redução de custos de financiamento da parceria, que é

umas das justificativas para a utilização dessa modalidade particular de

concessão.

2.4. GARANTIAS

A Lei Federal estabelece um rol de garantias que são essenciais na

contratação das PPP, pois constituem uma forma de atrair o capital de

investidores privados e diminuir as dúvidas e inseguranças geradas pelos

antecedentes de um Poder Público não cumpridor do pagamento de suas dívidas.

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As garantias constituem um diferencial neste tipo particular de

concessão e sem elas dificilmente investidores privados e financiadores se

arriscariam a se lançarem em projetos, de longo prazo e com elevados custos,

com a Administração Pública. Desse modo, os mecanismos e regras garantidores

de que o Poder Concedente, no caso de inadimplência, cumprirá com suas

obrigações pecuniárias devem ser claros para que o parceiro privado se sinta

calçado ao realizar um contrato de parceria, visto que será o responsável pelo

financiamento e construção do empreendimento. Vejamos o que diz Di Pietro

(2012):

Na realidade, a lei prevê três tipos de garantias para as parcerias público-privadas: (a) a garantia de execução do contrato, prestada pelo parceiro privado ao parceiro público; (b) a garantia de cumprimento das obrigações pecuniárias assumidas pelo parceiro público perante o parceiro privado; e (c) a contragarantia prestada pelo parceiro público à entidade financiadora do projeto.(DI PIETRO, 2012, p. 159).

Em seu capítulo III, a Lei nº 11.079/2004 lista as regras que vão garantir

o cumprimento por parte do poder público das obrigações pecuniárias assumidas

no contrato de PPP com o parceiro privado, quais sejam: vinculação de receitas,

observado o disposto no inciso IV do art. 1676 da Constituição Federal; instituição

ou utilização de fundos especiais previstos em lei; contratação de seguro-garantia

junto a companhias seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público;

garantias prestadas por fundo garantidor7 ou empresa estatal criada para essa

finalidade; outros mecanismos admitidos em lei.

Outro tipo de garantia diz respeito a execução do contrato por parte do

parceiro privado: “ a prestação, pelo parceiro privado, de garantias e execução 6 “Art. 167. São vedados: (...) IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações de serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado respectivamente pelos arts. 198, §2º, 212, e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita previstas no art. 165, §8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo.” 7 No âmbito federal, a Lei permite a criação de Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP) de natureza privada e patrimônio próprio.

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suficientes e compatíveis com os ônus e os riscos envolvidos, observados os

limites dos §§3º e 5º do art. 56 da Lei nº 8.666, de 1993, e, no que se refere às

concessões patrocinadas, o disposto no inciso XV do art. 18 da Lei nº 8.987, de

1995.” (Art. 5º, inciso VIII).

A observância aos limites estabelecidos pela Lei das Concessões

decorre de que o normativo estabelece modalidades de garantia para as

contratações de obras, serviços e compras realizados pela Administração Pública.

A prestação de tais garantias poderá ser exigida, desde que haja previsão no

instrumento convocatório. São elas: caução em dinheiro ou em títulos da dívida

pública; seguro-garantia e fiança bancária. No caso específico da concessão

patrocinada observar-se-á o limite previsto na Lei das Concessões o qual deve

ser adequado a cada caso e limitado pelo valor da obra.

Por fim, as contragarantias prestadas pelo parceiro público aos

financiadores do projeto, desde que previstas em contrato, são estabelecidas pelo

§ 2º do art. 5º da Lei das PPP, a saber:

1) O controle da Sociedade de Propósito Específico (SPE) poderá ser

transferido aos financiadores, com o objetivo de promover a sua

reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação de

serviços, sendo que para tal não será necessário o atendimento às

exigências de capacitação técnica, idoneidade financeira e regularidade

jurídica e fiscal previstas no art. 27, parágrafo único, inciso I, da Lei das

Concessões.

2) Poderá ser emitido empenho em nome dos financiadores do projeto em

relação às obrigações pecuniárias da Administração Pública.

3) Os financiadores possuem legitimidade para receber indenizações por

extinção antecipada do contrato. Nos contratos administrativos regidos pela

Lei das Licitações e pela Lei das Concessões os contratados poderão ser

ressarcidos de eventuais prejuízos que sofrerem, por culpa da

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Administração. Com efeito, nas PPP a indenização pode ser paga ao

financiador, desde que prevista no contrato.

4) Os financiadores são legitimados para receberem pagamentos efetuados

pelos fundos e empresas estatais garantidores de parcerias públicas.

Portanto, se durante o processo da parceria o Poder Concedente

tornar-se inadimplente perante o parceiro privado, a este ficará assegurada a

execução dos ativos, evitando que os serviços sejam interrompidos.

2.5. Sociedade de Propósito Específico (SPE)

Dentre as exigências elencadas na Lei 11.079/2004 está a

constituição de sociedade de propósito específico (SPE), anterior à celebração do

contrato de parceria público- privada.

A sociedade de propósito específico 8 é responsável pela implantação e

gestão do objeto da parceria público-privada e constitui-se em uma das formas

societárias admitidas em lei, com personalidade jurídica, podendo “assumir a

forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no

mercado” (§2º do art. 9º da Lei das PPPs).

Conforme disciplina o §1º do art. 9º, o controle da SPE poderá ser

transferido, desde que haja autorização expressa da Administração Pública, em

conformidade com o disposto no edital e no contrato. Caso a transferência ocorra

sem a devida autorização, a concessão caducará.

Para que o parceiro privado consiga a autorização do Poder Público é

necessário que atenda as seguintes exigências descritas nos incisos I e II do § 1º

do art. 27 da Lei 8987/1995, quais sejam: atender as exigências de capacidade

8 FERES (2005, p.03) conceitua a SPE “como aquela organizada sob um dos tipos societários personificáveis existentes na ordem jurídica, objetivando a criação de um ente, com o concurso dos setores público e privado, para a realização de um contrato de parceria, que lhe é concedido após licitação.

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técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à

assunção do serviço, além de comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do

contrato em vigor.

A lei orienta, ainda, que a SPE deverá obedecer a padrões de

governança corporativa 9 e adotar contabilidade e demonstrações financeiras

padronizadas, de acordo com regulamento.

O ditame do § 4º do art. 9º é claro em vedar a atuação da

Administração Pública como titular da maioria do capital votante nas SPE, porém

determina, como exceção, que instituição financeira controlada pelo Poder

Público, em caso de inadimplemento de contratos de financiamento, possa

adquirir a maioria do capital votante da sociedade.

Outra exceção que merece destaque está prevista no § 2º do art.5º e

versa sobre a possibilidade de que aos financiadores seja transferido o controle da

SPE, dispensadas as exigências quanto a capacidade técnica, idoneidade

financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço,

objetivando a promoção da reestruturação financeira e a garantia da continuidade

da prestação dos serviços.

2.6. ORGÃO GESTOR

Por meio do decreto nº 5385 de 04 de março de 2005 foi instituído o

Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal (CGP), nos termos do art. 14

da Lei nº 11.079/2004 no capítulo que dita as normas aplicáveis a União.

De acordo com o § 1º do art. 14 de Lei de PPP a composição do CGP

é formada por indicação nominal de um representante titular e respectivo suplente

9 A governança corporativa é um dos pilares mais importantes da economia global e um dos instrumentos determinantes da sustentabilidade das empresas. No Brasil, a adoção de boas práticas de governança tornou-se um dos requisitos básicos exigidos pelos investidores e instituições do mercado.

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do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), do Ministério da

Fazenda e da Casa Civil da Presidência da República. Sendo que em suas

reuniões para examinar projetos de parceria público-privada, o órgão gestor

contará com a participação de um representante do órgão da Administração

Pública direta, desde que sua área de competência seja pertinente ao objeto do

contrato a ser analisado.

Ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão caberá a

coordenação das atividades do comitê e o pronunciamento prévio e fundamentado

sobre o mérito do projeto de PPP.

O Ministério da Fazenda ficará incumbido de se pronunciar prévia e

fundamentadamente no que diz respeito à viabilidade de concessão de garantia e

a sua forma, relativamente aos riscos para o Tesouro Nacional e ao cumprimento

do limite previsto no art. 2210.

O órgão gestor conta com uma Comissão Técnica e uma Secretaria

Executiva para o fornecimento de apoio técnico e administrativo necessário ao

desempenho de suas competências (elencadas no art. 14), quais sejam:

I – definir os serviços prioritários para execução no regime de parceria

público-privada;

II – disciplinar os procedimentos para celebração desses contratos;

III – autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital;

IV – apreciar os relatórios de execução dos contratos.

10 “Art. 22. A União somente poderá contratar parceria público-privada quando a soma das despesas de caráter continuado derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver excedido, no ano anterior, a 1% (um por cento) da receita corrente líquida do exercício, e as despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 (dez) anos subseqüentes, não excedam a 1% (um por cento) da receita corrente líquida projetada para os respectivos exercícios.”

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A Lei federal estabelece, ainda, que o comitê deverá remeter,

anualmente, ao Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da União os

relatórios de desempenho dos contratos de PPP, os quais serão disponibilizados

ao público, ressalvadas as informações de caráter sigiloso, por meio de rede

pública de transmissão de dados. Essa publicização tem como objetivo cumprir as

diretrizes de transparência dos procedimentos e decisões exigidas para a

contratação de parceria público-privada.

Assim como a lei incumbe ao órgão gestor o envio de relatórios,

também determina aos Ministérios e Agências Reguladoras que remetam

semestralmente os relatórios circunstanciados sobre a execução dos contratos de

PPP, assim como definido em regulamento. Inserem-se ainda nas competências

desses órgãos a submissão do edital de licitação ao comitê, o procedimento

licitatório e o acompanhamento e fiscalização contratuais.

2.7. FUNDO GARANTIDOR

Como já tivemos a oportunidade de verificar no subcapítulo sobre

garantias, a Lei nº 11.079/2004 prevê que as obrigações de pagamento contraídas

pela Administração Pública em contratos de parceria público-privada sejam

garantidas por meio de fundo garantidor ou empresa estatal criada para tal

finalidade e que possui a grande vantagem de não se submeter ao regime de

precatórios. A criação desses fundos ou empresas tem como objetivo reduzir o

risco de crédito assumido pelo polo privado.

Em decorrência dessa necessidade de se dar uma certa margem de

segurança ao parceiro privado, foi criado o Fundo Garantidor de Parcerias

Público-Privadas (FGP)11 com a finalidade de prestar garantia de pagamento de

obrigações pecuniárias assumidas pelo parceiros públicos federais, distritais,

11 O FGP se encontra disciplinado pelos art. 16 a 21 da Lei das PPP.

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estaduais ou municipais em virtude das parcerias de que trata a Lei. (art. 16).

Cumpre ressaltar que as três últimas esferas; distrital, estadual e municipal foram

incluídas pela nova redação dada ao artigo pela Lei nº 12.766/12.

O FGP possui personalidade jurídica, e como tal, estará sujeito a

direitos e obrigações. Além disso, tem a natureza privada, ou seja, não se sujeita

aos ditames do Direito Administrativo, e sim às normas do direito comum, podendo

se utilizar da arbitragem12 prevista no art. 11, III, quando os conflitos decorrentes

ou relacionados ao contrato constituírem matéria relacionada a direitos

disponíveis.

A União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações

públicas e suas empresas estatais são as pessoas jurídicas autorizadas a

participar do FGP no limite global de R$ 6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais).

Esses entes serão os cotistas que constituirão o patrimônio do fundo por meio de

aporte de bens.

Os bens e direitos que constituírem o patrimônio do Fundo deverão

ser utilizados para responder pelos compromissos financeiros que assumir,

excluindo os cotistas de responderem por qualquer obrigação relativa a ele, exceto

pela integralização das cotas que adquirirem. Os bens e direitos do Fundo

poderão ser objeto de constrição judicial13 e alienação a fim de satisfazer

obrigações garantidas, em caso de inadimplemento. (§7º do art. 18).

O patrimônio do FGP é próprio e separado do dos cotistas e sua

formação é feita pelo aporte de bens e direitos realizado pelos cotistas, por meio

da integralização de cotas e pelos rendimentos obtidos com a administração dos

bens aportados. Do total desse patrimônio pode ser separada uma parcela

destinada a saldar uma dívida específica, denominada “patrimônio de afetação”.

Diz a lei: “É facultada a constituição de patrimônio de afetação que não se

comunicará com o restante do patrimônio do FGP, ficando vinculado

12 A arbitragem é a forma privada utilizada na solução de contendas. 13 São exemplos de constrição judicial a penhora, o arresto, o sequestro, entre outros.

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exclusivamente à garantia em virtude da qual tiver sido constituído, não podendo

ser objeto de penhora, arresto, sequestro, busca e apreensão ou qualquer ato de

constrição judicial decorrente de outras obrigações do FGP”. (art. 21). Ainda sobre

o patrimônio de afetação, a lei determina que sua constituição será efetuada

através de registro em Cartório de Registro de Títulos e Documento, ou se o bem

for imóvel, no Cartório de Registro Imobiliário correspondente.

Segundo regra constante do §3º do art. 16, “os bens e direitos

transferidos ao Fundo serão avaliados por empresa especializada, que deverá

apresentar laudo fundamentado, com indicação dos critérios de avaliação

adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados”. Cumpre

ressaltar, que a lei não especificou qual será a natureza dessa empresa e nem

mesmo quais os critérios utilizados para sua escolha.

A Lei lista as modalidades de integralização de cotas, quais sejam:

dinheiro, títulos da dívida pública, bens imóveis dominicais, bens móveis, inclusive

ações de sociedade de economia mista federal excedentes ao necessário para

manutenção de seu controle pela União, ou outros direitos com valor patrimonial.

A integralização de cotas com os bens referidos acima independem de licitação,

mas necessita ser precedida de avaliação e autorização específica do Presidente

da República, por proposta do Ministro da Fazenda.

A criação, administração, gestão e representação judicial e extrajudicial

do Fundo ficará a cargo de instituição financeira controlada, direta ou

indiretamente pela União. Compete, ainda, a tal instituição financeira deliberar a

respeito da gestão e da alienação dos bens e direitos do Fundo, zelando pela

manutenção de sua rentabilidade e liquidez14. No entanto, a aprovação do estatuto

e do regulamento do FGP não caberá à instituição financeira e sim à assembleia

dos cotistas, na qual a União é representada pelo Procurador- Geral da Fazenda

Nacional ou Procurador da Fazenda Nacional, se o primeiro assim delegar a

14 Rentabilidade é o retorno sobre o capital investido em determinado ativo financeiro e liquidez é a capacidade de transformar um ativo (bens ou investimentos) em dinheiro.

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esse. Também cabe à assembleia dos cotistas a aprovação da forma de garantia

a ser prestada pelo Fundo. Outra competência da assembleia de cotistas é a

deliberação sobre a dissolução do FGP, quando ocorrer, que só acontecerá se a

totalidade dos débitos garantidos for previamente quitada ou as garantias forem

liberadas pelos credores. Se a dissolução for efetuada, o patrimônio será repartido

proporcionalmente entre os cotistas, sempre na dependência da situação

patrimonial do Fundo à época da dissolução.

Dando continuidade à abordagem sobre o Fundo Garantidor, citaremos

as modalidades de garantia do Fundo a serem prestadas proporcionalmente ao

valor de participação de cada cotista. São elas: 1) fiança, sem benefício de ordem

para o fiador; 2) penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do patrimônio

do FGP, sem transferência da posse da coisa empenhada antes da execução da

garantia; 3) hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP; 4) alienação

fiduciária, permanecendo a posse direta dos bens com o FGP ou com agente

fiduciário por ele contratado antes da execução da garantia; 5) outros contratos

que produzam efeito de garantia, desde que não transfiram a titularidade ou a

posse direta dos bens ao parceiro privado antes da execução da garantia; e 6)

garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio de afetação constituído em

decorrência da separação de bens e direitos pertencentes ao FGP. (§ 1º do art.

18). Além desse elenco extenso de formas de garantia, o FGP também poderá ser

responsável pela prestação de contra-garantias a seguradoras, instituições

financeiras e organismos internacionais quando se tornarem os garantidores do

cumprimento das obrigações pecuniárias contraídas pelos cotistas na parceria.

2.8. CONTROLE

Um aspecto extremamente importante para que as parcerias público-

privadas tenham o desempenho e os resultados esperados pela sociedade é a

questão da regulação. Desenvolver mecanismos de controle eficientes é um dos

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fatores que garantirão o sucesso para essa modalidade de contratação de longo

prazo, pois através deles poderá se verificar se estão sendo cumpridos pelo

parceiro privado os padrões e metas de qualidade determinados no contrato.

A Lei, em seu capítulo V sobre as disposições aplicáveis à União, indica

os órgãos que são competentes para realizar o controle durante todo o desenho e

processo da PPP; desde a escolha do projeto que será mais beneficiado se

moldado nesse regime, até a entrega do serviço objeto do contrato.

Ao Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da União (TCU)

compete receber e analisar, anualmente, os relatórios de desempenho dos

contratos de parceria público-privada, enviados pelo órgão gestor de PPP.

Esses relatórios serão disponibilizados ao público seguindo a diretriz de

se manter a transparência dos procedimentos e das decisões em contratos de

PPP. Essa publicização de informações (obviamente ressalvadas as informações

de caráter sigiloso) permitirá que a sociedade possa também exercer o seu

controle.

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é responsável por

emitir parecer fundamentado sobre o mérito do projeto de PPP, isto é, sobre sua

conveniência e oportunidade. Do mesmo modo, o Ministério da Fazenda deverá

se pronunciar previa e fundamentadamente a respeito da viabilidade da

concessão da garantia e à forma, no tocante aos riscos para o Tesouro Nacional e

ao cumprimento dos limites fiscais impostos pela Lei das PPP e a Lei de

Responsabilidade Fiscal.

Ao órgão gestor das parcerias público-privadas (por nós já estudado)

foi atribuída uma gama extensa de competências previstas não só na Lei Federal,

mas também no Decreto nº 5.385/2005, tais quais, autorizar a abertura da

licitação, remeter os relatórios de desempenho contratuais para apreciação do

Congresso Nacional e do TCU, apreciar os relátorios de execução de contratos

enviados pelos Ministérios e Agências Reguladoras etc.

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Às Agências Reguladoras compete a submissão do edital licitatório ao

órgão gestor, o procedimento da licitação, o acompanhamento e fiscalização dos

contratos de parceria público-privada, bem como o encaminhamento ao órgão

gestor, semestralmente, dos relatórios circunstanciados acerca da execução dos

contratos de PPP, como definido em regulamento.

Uma das propostas apresentadas no Projeto de Lei nº 2.892/11 foi a

retomada do projeto de Lei Geral das Agências Reguladoras “visando fortalece-las

e equipá-las adequadamente para o exercício de suas competências”, além da

previsão expressa da regulação dos contratos de PPP pelas Agências

Reguladoras15, trazendo maior segurança jurídica para as parcerias. (Gesner &

Chrysostomo, 2013, p.33).

Nas palavras de Di Pietro, a previsão de controle contida na Lei das

PPP:

não afasta a aplicação dos dispositivos da Constituição referentes a controle (político, financeiro, administrativo, judicial), nem dos contidos nas Leis nº 8.987 (art. 30) e nº 9.074 (art. 36), sobre controle pelo poder concedente e controle popular, exercido, como direito, pelo usuário do serviço, conforme previsto no artigo 7º da Lei nº 8.987. Como também não afasta o controle exercido pelo Ministério Público. (DI PIETRO, 2012, p.169).

É óbvio que o Estado não pode abdicar do seu papel de regulador,

devendo definir bem as competências regulatórias, com vistas a uma melhor

prestação de serviços resultantes das parcerias entre os setores público e privado.

15 Art. 15, parágrafo único do Projeto de Lei nº 2.892/11: “ As agências reguladoras ficarão responsáveis pela regulação e fiscalização das concessões patrocinadas e administrativas relativas ao setor que regulem”.

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CAPÍTULO III

EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS EM ANDAMENTO

O surgimento das parcerias público-privadas no Brasil se deu a partir

dos anos 2000 com a publicação das leis do Estado de Minas Gerais – Lei n°

14.868/2003, do Estado de São Paulo – Lei nº 11.688/20004 e do Estado da

Bahia – Lei nº 9.290 /2004, seguidas pela instituição da Lei nº 11.079/2004

(alterada pela lei nº 12.766/2012).

O desenvolvimento das parcerias público-privadas no Brasil é recente,

e por esse motivo, ainda não existe um número expressivo de projetos em pleno

funcionamento que apontem se os resultados estão sendo satisfatoriamente

alcançados na solução dos problemas de infraestrutura. No entanto, o número de

empreendimentos estruturados por esse sistema vem crescendo paulatinamente.

Os maiores responsáveis pela implantação de PPP no país são os

estados e municípios. São vários projetos em fases diferentes. Um estudo

realizado pela Gesner Oliveira Associados em outubro de 2011, demonstrou que:

no âmbito federal havia um projeto de PPP em andamento, quatro em análise e

um solicitado; no âmbito estadual havia dezessete PPP em andamento com sete

estados participantes; e no âmbito municipal havia trinta PPP em andamento.

(Projeto de Lei nº 2.892/11).

O Estado de Minas Gerais é o que mais tem se empenhado na

realização de programas de PPP para dinamizar a infraestrutura pública. Logo

como pontapé inicial do programa, o governo mineiro deu privilégio ao estudo de

cinco projetos piloto (SHINOHARA & SAVOIA, 2008, p. 48). A PPP MG-050, que

foi uma das pioneiras no Brasil e a primeira em infraestrutura rodoviária, é uma

concessão patrocinada gerida pela concessionária Nascente das Gerais na qual

existe cobrança de pedágio aos usuários e contraprestação adicional paga pelo

governo de Minas Gerais. A concessionária Nascente das Gerais administra o

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trecho entre Juatuba e São Sebastião do Paraíso. A primeira etapa de duplicação

da MG-050 entre Juatuba e Mateus Leme foi entregue em janeiro 201016 e a

segunda etapa de duplicação foi anunciada em fevereiro de 2014, com previsão

de conclusão de obras para o segundo semestre desse ano, para Itaúna e

Divinópolis.17

Outro projeto mineiro que merece destaque é o Complexo

Penitenciário Público-Privado que completou um ano de funcionamento em janeiro

de 2014:

O Complexo Penitenciário Público Privado (PPP), iniciativa pioneira do Governo de Minas no país, completa um ano de funcionamento nesta terça-feira (28). O local é referência nacional e internacional no uso da tecnologia para garantir a segurança de todos os envolvidos no ambiente prisional, tendo recebido, inclusive, o primeiro bloqueador de celular do Estado. A iniciativa ainda foi apontada, no início de 2013, como um dos 40 melhores projetos do mundo pela Emerging Markets, publicação especial da International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial e do Infrastructure Journal, uma das mais importantes revistas de infraestrutura da atualidade. (Disponível em: http://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticias/complexo-penitenciario-publico-privado-completa-um-ano-de-funcionamento/ Acesso em 23/03/2014).

Esse modelo de PPP Penitenciária utilizado em Minas Gerais foi

concebido à luz do sistema prisional inglês e conta com um conjunto de 380

indicadores de desempenho a ser cumprido pelo concessionário privado.

No Estado da Bahia, um dos projetos mais importantes implementado

na forma de PPP foi o Sistema de Disposição Oceânica de Jaguaribe (SDO), parte

integrante do Programa de Ampliação dos Sistemas de Esgotamento Sanitário da

cidade de Salvador. Essa PPP é um contrato de concessão administrativa que foi

16 Dados disponíveis em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/MG-050> Acesso em: 23 de março de2014. 17 Dados disponíveis em: < http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2014/02/duplicacao-da-rodovia-mg-050-comeca-em-divinopolis-e-itauna.html> Acesso em: 23 de março de2014.

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assinado em 2006 com a Concessionária Jaguaribe S/A pelo prazo de 18 anos

para construção e operação do sistema. A contraprestação pecuniária ao agente

privado será paga através de recebíveis da Empresa Baiana de Águas e

Saneamento S.A. - EMBASA.18 Em 27 de maio de 2011, o SDO Jaguaribe foi

inaugurado e a operação do emissário teve início em junho do mesmo ano,

marcando uma nova fase para o saneamento básico da Bahia e da região

metropolitana de Salvador, permitindo que a RMS atinja a meta de universalização

do saneamento até 2020.19

No Estado de São Paulo, a Linha 4 - Amarela do Metrô de São Paulo

foi a primeira PPP do Brasil a ser concretizada e também a primeira linha de metrô

a ser operada nessa modalidade de contratação. O prazo da concessão é de trinta

anos e o parceiro privado é responsável pelos vários investimentos, dentre eles a

compra da frota de trens. Desde o começo, o projeto enfrentou vários problemas,

desde a greve de funcionários do metrô em 2006 até a falta de banheiros para os

usuários e mapa dos arredores da estação na inauguração em 2010. Mesmo

assim, o empreendimento foi em frente e estima-se que em setembro desse ano

sejam entregues todas as estações da 2ª fase da Linha 4.

Outra experiência em PPP no Estado de São Paulo ocorreu em 2008

com a assinatura do contrato da primeira parceria público-privada – a PPP do

Sistema Produtor do Alto Tietê (SPAT) - implementada pela Companhia de

Saneamento Básico de São Paulo (SABESP) e pelo consórcio Águas de São

Paulo, formado pela Companhia Águas do Brasil (CAB Ambiental) e pela Galvão

Engenharia, com a meta de aumento da capacidade de abastecimento da

Estação de Tratamento de Água (ETA) do reservatório de Taiaçupeba, passando

de 10 metros cúbicos por segundo para 15 metros cúbicos por segundo.

(GESNER & CHRYSOSTOMO, 2013, p. 225).

18 Dados disponíveis em: < http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/ppp/projeto_emissariosub.htm> Acessado em 23/03/2014. 19 Dados disponíveis em:< http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1414740> Acessado em 23/03/2014.

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No âmbito federal, o Complexo Datacenter Cidade Digital do Banco do

Brasil e Caixa Econômica Federal é a primeira parceria público-privada na

modalidade de concessão administrativa constituída diretamente pelo Governo

Federal e foi inaugurado em março de 2014 no Parque Tecnológico Capital Digital,

em Brasília (DF).

O Datacenter é um conjunto de prédios destinado a abrigar e dar suporte aos equipamentos de TI das duas instituições financeiras proprietárias do complexo. A proporção é de 80% para o Banco do Brasil e de 20% para a Caixa. O complexo tem o objetivo de garantir a continuidade e a expansão dos negócios do BB e da Caixa para os próximos 15 anos, além de reduzir os riscos operacionais e de seguir normativos internacionais que tratam de segurança em TI em bancos. (http://www.bb.com.br/portalbb/page118,3366,3367,1,0,1,0.bb?codigoNoticia=36954 Acesso em 23/03/2014).

Outro projeto de PPP do Governo Federal (através da empresa

pública Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do

Parnaíba - CODEVASF), em fase de licitação, é o projeto Pontal. Trata-se de um

projeto de irrigação na região semi-árida do Estado de Pernambuco, mais

precisamente no Município de Petrolina que exporta atualmente mais de US$

100 milhões em frutas/ano, em sua maior parte em terras irrigadas. O Projeto

possui uma área total de 33.526 hectares, dos quais 7.717 são de terras irrigáveis.

Essa parceria é uma PPP na modalidade de concessão patrocinada na qual o

parceiro privado será remunerado através da venda de água (cobrança de tarifas

aos usuários) e do pagamento da contraprestação pelo governo.20

Os dados e experiências estudados demonstram que ainda existe

uma certa resistência à utilização das PPP, principalmente no âmbito federal,

devido a uma série de obstáculos existentes na conjuntura atual que, aos poucos,

esperamos que sejam ultrapassados.

20 Disponível em: < http://www.pontal.org/projeto.htm>l acesso em 28/03/2014.

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CONCLUSÃO

É fato que o Brasil precisa priorizar investimentos na área de

infraestrutura e melhorar a qualidade dos serviços públicos para não comprometer

seu desenvolvimento socioeconômico. Contudo, diante das restrições fiscais, de

seu grande endividamento e ineficiência em administrar a coisa pública, o Estado

sozinho não tem condições de arcar com investimentos vultosos em projetos

complexos e de longo prazo.

Nesse contexto, é imprescindível buscar a participação da iniciativa

privada como parceira e investidora/financiadora de projetos de interesse público,

em vistas da sua conhecida expertise e capacidade gerencial.

Desde a década de 90, vários serviços que eram prestados

tradicionalmente pelo Estado passaram a ser administrados pela iniciativa privada

por meio de diversos tipos de parceria com o Poder Público, com vistas a reduzir o

tamanho da máquina estatal.

Como as formas de concessão e contratação já existentes são

insuficientes para realizar os investimentos capazes de mudar a cara da deficiente

infraestrutura brasileira, a parceria público-privada surge como opção para suprir

tal necessidade.

Os estados, a exemplo de Minas Gerais, são os que mais têm

investido nesse modelo de estruturação. É necessário que o Governo Federal

aumente a sua participação na implementação de projetos de PPP.

Vimos alguns exemplos de parcerias público-privadas em andamento

com grande potencial para obtenção de bons resultados e que poderão servir de

modelo para novos projetos.

Com base no estudo realizado, podemos apontar alguns requisitos

indispensáveis para que as parcerias público-privadas sejam bem sucedidas:

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Observar os exemplos internacionais, tirando as melhores lições do que já

foi realizado no exterior, evitando as falhas já cometidas;

Fazer bons planejamentos;

Definir os critérios para escolha dos projetos;

Escolher bem os projetos, definindo quais empreendimentos melhor se

adequam ao formato de PPP;

Efetuar contratos bem desenhados;

Ter transparência legal;

Alocar eficientemente os riscos, de modo que cada parte assuma os riscos

que melhor capacidade possui para administrar;

Utilizar a análise Value for Money para determinar se a PPP é a melhor

forma de contratação para determinado projeto;

Contratar consultores e especialistas capazes de estruturar e modelar

projetos com excelência.

Implantar mecanismos eficazes de controle, procurando ampliar a

participação das agencias reguladoras.

Dessa forma, as parcerias público-privadas poderão seguir com a

possibilidade de se tornar, não uma tábua de salvação, mas uma forma concreta

de contribuição na solução de problemas de infraestrutura no Brasil.

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REVISTA NT NEGÓCIOS EM TRANSPORTE. O primeiro fruto: a PPP da Linha 4 do Metro de SP. Disponível em: http://www.negociosemtransporte.com.br/ferroviario/reportagens/o_primeiro_fruto_a_ppp_da_linha_4_do_metro_de_sp.html Acesso em 23/03/2014.

SABESP. Sabesp dá início a obras da PPP do Alto Tietê. Disponível em:

<http://www.sabesp.com.br/CalandraWeb/CalandraRedirect/?temp=4&proj=Agenci

aNoticias&pub=T&db=&docid=AEF5DEAEA2825CCE8325755B003CBA3C>

Acesso em 23/03/2014.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO................................................................................ 2

AGRADECIMENTO................................................................................ 3

DEDICATÓRIA ....................................................................................... 4

RESUMO ............................................................................................ 5

METODOLOGIA..................................................................................... 6

SUMÁRIO ............................................................................................ 7

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 8

CAPÍTULO I – A PARCERIA PÚBLICO- PRIVADA ............................. 10

1.1. Origem ......................................................................................... 10

1.2. Conceito e modalidades ............................................................... 12

1.2.1. Concessão patrocinada ..................................................... 14

1.2.2. Concessão administrativa ................................................. 15

1.3. Diferença entre a concessão comum e a PPP ............................. 16

1.4. Pontos positivos e pontos negativos ............................................ 18

1.5. Análise Value for Money .............................................................. 19

CAPÍTULO II – A LEI Nº 11.079/2004 .................................................. 22

2.1. Alterações introduzidas pela Lei nº 12.766/12 ............................. 22

2.2. Remuneração ............................................................................... 25

2.3. Alocação de riscos ....................................................................... 27

2.4. Garantias ...................................................................................... 29

2.5. Sociedade de Propósito Específico (SPE) ................................... 32

2.6. Orgão Gestor................................................................................ 33

2.7. Fundo Garantidor ......................................................................... 35

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2.8. Controle ........................................................................................ 38

CAPÍTULO III – EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS EM ANDAMENTO .. 41

CONCLUSÃO ...................................................................................... 45

REFERÊNCIAS .................................................................................... 47

ÍNDICE ................................................................................................. 51