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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MODELO OPERACIONAL PARA EXPORTAÇÃO DE CARVÃO DA VALE EM MOÇAMBIQUE Estudo de caso Beira Moçambique Por: Flávio Ramalho Bastos Orientador Prof. Luis Cláudio Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALaquisições de empresas, e depósitos de minerais estratégicos. Nesse âmbito, em 2004, a VALE, concorreu e foi a vencedora de um concurso

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MODELO OPERACIONAL PARA EXPORTAÇÃO DE CARVÃO

DA VALE EM MOÇAMBIQUE

Estudo de caso Beira Moçambique

Por: Flávio Ramalho Bastos

Orientador

Prof. Luis Cláudio

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MODELO OPERACIONAL PARA EXPORTAÇÃO DE CARVÃO

DA VALE EM MOÇAMBIQUE

Estudo de caso Beira Moçambique

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito para obtenção do

grau de especialista em Engenharia de Produção.

Por: . Flávio R.B.

Rio de Janeiro

2013

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Luis Cláudio, meu orientador, pela sensatez e profundidade

nos seus comentários, sugestões e incentivo nos momentos de incertezas.

Ao meu amigo e companheiro Carlos João Dias, da VALE em Moçambique,

que colaborou repassando sua experiência, pois foi um dos pioneiros aqui

na África, dando o direcionamento e informação da empresa VALE

Moçambique, para realização desta monografia, que de forma objetiva

tornou possível a concretização de meu objetivo profissional.

A secretária Rosana, pela paciência e boa vontade, que ajudou muitas

vezes, em contactar o professor Luis Cláudio, devido a dificuldade de

comunicação com a Universidade e o orientador pela distância.

A minha família Paula Márcia da Silva Pinho Bastos e meu filho Flávio Pinho

Bastos, pelo amor ilimitado e acima de tudo motivação e incentivo nos

momentos mais tensos para realização de mais uma etapa da minha vida.

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RESUMO

O presente trabalho retrata a VALE, a segunda maior mineradora do

mundo, a estratégia competitiva global, como foca na cadeia logística

integrada para exportação de carvão em Moçambique, estudo do caso Beira.

Segundo Ching (2009), a globalização teve reflexos em vários segmentos

industriais, desde o aumento da competitividade e o acesso da tecnologia. O

mercado consumidor também modificou tornando-se cada vez mais exigente

e sobretudo mais bem informado com relação a hora de adquirir bens e

serviços.

A efetivação dos mercados globais obrigou a Vale a assumir

posicionamentos estratégicos que visavam encurtar distâncias para os seus

mais diretos concorrentes, e sua posterior afirmação com uma das maiores

mineradoras do mundo. Para alcançar este objetivo, a VALE passou a fazer

aquisições de empresas, e depósitos de minerais estratégicos. Nesse

âmbito, em 2004, a VALE, concorreu e foi a vencedora de um concurso

público internacional para exploração de carvão em Moçambique. Para

exportação do carvão, foi necessário a implantação de uma solução logística

integrada, compreendida pelos sistemas mina, sistema ferrovia e sistema

porto. No âmbito da concessão da mina de carvão de Moatize, entre vários

acordos firmados entre o governo Moçambicano e a VALE, ficou definido

que a VALE iria construir toda infra-estrutura da mina de modo a iniciar sua

produção em 2011, tendo ficado o governo Moçambicano com a

responsabilidade de construir um terminal dedicado a manuseamento do

carvão pelo porto da Beira, assim como a malha ferroviária para transporte

do carvão da Mina para o Porto. Motivado pela necessidade de honrar seus

compromissos internacionais, a VALE, negociou a implantação de sistema

de manuseio de carvão, temporário, o TCC8. O presente estudo retrata o

sistema porto estrategicamente implantado para permitir a exportação do

carvão em Moçambique, foco do estudo de caso do Modelo Operacional

implantado pela VALE no porto da Beira, doravante denominado TCC8.

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Palavras-chave: Modelo operacional; Sistema integrado; Vantagem

competitiva; VALE.

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ABSTRACT

The paper addresses VALE, the second largest mining company in

the world, global competitive strategy, focusing on its integrated logistics

chain to export coal in Mozambique, Beira case study. According to CHING

(2009), globalization was reflected in several industrial segments, increasing

competitiveness and technology access. The consumer market has also

changed becoming ever more demanding and better informed especially

regarding to the write time of purchasing goods and services.

The implementation of global markets have forced VALE to take strategic

positioning aimed shorten distances to their nearest competitors, and its

subsequent statement as one of the biggest mining companies in the world.

To achieve this objective, VALE became enterprises and high quality mineral

deposits purchaser. As part of its strategy in 2004, VALE was the winner of

an international tender for coal mining in Mozambique. To export coal, it was

necessary to implement an integrated logistics system consisting of mine

system, rail system and port system. As part of the Moatize coal mine

concession, among several agreements signed between Mozambican

government and VALE, it was determined that VALE would build the entire

mine structure to start production in 2011, and Mozambican government had

the responsibility for construction of a dedicated coal handling terminal at

Beira Port, and the rail network to transport coal from the mine to the port.

Motivated by the need to honor its international commitments, VALE,

negotiated the implementation of a temporary coal handling system, TCC8.

The paper addresses the port system strategically implemented to allow the

exportation of coal in Mozambique, focusing on the Beira port case study, the

Operational Model, implemented by VALE at Beira port, hereinafter TCC8.

Keywords: Operational Model; integrated systems; competitive advantage;

VALE.

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LISTA DE FIGURAS:

Figure 1 - Principais localizações da Vale no Mundo. ............................................. 10

Figure 2 - Layout geral da solução Logística. ......................................................... 23

Figure 3 - Capacidade de produção. ...................................................................... 24

Figure 4 - Equipamentos utilizados na mina ........................................................... 24

Figure 5 - Componentes usadas na operação de transporte. ................................. 26

Figure 6 - Lay out do TCC8. .................................................................................. 29

Figure 7 - Sistema de descarga e empilhamento de carvão. .................................. 30

Figure 8 - Sistema de empilhamento e recuperação de carvão. ............................. 31

Figure 9 - Sistema de carregamento de navio. ....................................................... 32

Figure 10 - Operação de transbordo ...................................................................... 32

Figure 11 - Bóia de atracação de navios transoceânicos ....................................... 33

Figure 12 - Embarcação de transbordo. ................................................................. 33

Figure 13 - Processos logísticos do sistema Sena-Beira. ....................................... 34

Figure 14 - Responsabilidades dos intervenientes no sistema logístico ................. 42

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

1.1 Objetivo geral ................................................................................................ 11

1.1.1 Objetivos específicos ........................................................................ 12

1.2 Motivação e justificação da pesquisa e escolha do tema .................. 13

1.3 Delimitação da pesquisa ......................................................................... 13

1.3.1 Organização do trabalho .................................................................. 14

CAPITULO I - Revisão da literatura logística ..................................................... 15

CAPITULO II - Modelo operacional ...................................................................... 20

CAPITULO III - Metodlogia .................................................................................... 22

CAPITULO IV - Descrição do sistema logistico total implantado .................... 23

CAPITULO V - Descrição do modelo operacional implantado – estudo de caso beira moçambique ......................................................................................... 36

CAPITULO VI - Resultados e discussões ........................................................... 40

CONCLUSAO .......................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO

A Vale é uma das maiores mineradoras do mundo, Brasileira, criada

para exploração das minas de ferro na região de Itabira, no estado de Minas

Gerais em 1942 no Governo Getúlio Vargas, a Vale é hoje uma empresa

privada, de capital aberto, com sede no Rio de Janeiro, e com ações

negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo ( BM&BOVESPA), na Bolsa

de Valores de Paris (L15) (NYSE Euronext (L16), na Bolsa de Valores de

Madri ((L17) (LATIBEX (L18), na Bolsa de Valores de Hong Kong (L19) (R4)

(HKEx) (L20) (R5) 4 (HKEx) e na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE),

integrando o Dow Jones Sector Titans Composite Index. 5

A Vale tornou-se hoje, a maior empresa de mineração diversificada

das Américas e a segunda maior do mundo.

É a maior produtora de minério de ferro do mundo e a segunda

maior de níquel. A Vale destaca-se ainda na produção de manganês, cobre,

carvão, cobalto, pelotas, ferro ligas e alguns fertilizantes, como os fosfatados

(TSP e DCP) e nitrogenados (ureia e amónia).

No Brasil os minérios são explorados por quatro sistemas totalmente

integrados, que são compostos por mina, ferrovia, usina de pelotização e

terminal marítimo (Sistemas Norte, Sul e Sudeste).

Opera em 13 estados brasileiros e nos cinco continentes e possui

mais de dez mil quilómetros de malha ferroviária e 9 terminais próprios. É a

maior empresa no mercado de minério de ferro e pelotas (posição que

atingiu em 1974 e ainda mantém) e a segunda maior produtora integrada de

manganês e ferro ligas, alem de operar serviços de logística, atividade em

que é a maior do Brasil. A Figura 1 indica as principais localizações da Vale

no Mundo.

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Figure 1 - Principais localizações da Vale no Mundo.

Fonte: Vale 2011

A Vale dispõe de uma grande infra-estrutura logística para assegurar

o escoamento de sua produção com agilidade e eficiência. O seu diferencial

é ter um sistema integrado, que liga minas a ferrovias, ferrovias a portos e

portos a navegação, e para isso, a ela investiu em ativos portuários,

marítimos e ferroviários na Argentina, no Brasil, na Indonésia, em

Moçambique e em Omã.

A verticalização da sua cadeia logística faz parte da estratégica da

Vale para a concorrência de mercado VALE global com seu minério de ferro

de elevada qualidade, compensando a maior distância entre o Brasil e o seu

principal mercado mundial, a Ásia, em comparação com outros fornecedores

localizados por exemplo no continente Australiano.

A efetivação dos mercados globais, trás consigo o fenómeno da

internacionalização das empresas. Fenômenos estes, que, obrigaram a

VALE a assumir posicionamentos estratégicos que visavam encurtar as

distâncias para os seus mais diretos concorrentes, e sua posterior afirmação

como uma das maiores se não a maior mineradora do mundo. Para alcançar

este objetivo, a VALE passou a fazer aquisições de empresas, e depósitos

de minerais de elevada qualidade.

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No carvão a Vale associou-se a Henan Longyu Energy Resources

Ltda (Longyu), empresa localizada na China e da qual a companhia possui

25% do capital, em associação com empresas chinesas.

Em 2006, chegou ao terminal de Praia Mole, em Vitória (Espírito

Santo), o primeiro carregamento de carvão antracito, de 40 mil toneladas

produzido pela Longyu.

Avale adquiriu 25% do capital da Shandong Yankuang International

Coking Co., associação como o Yankuang Group Co. E Itochu Corporation,

para a produção de coque metalúrgico.

Desde 2009 a Vale adquiriu a produção de carvão térmico e passou

a exportar ativos da Colômbia de Cementos Argos S.A com um acordo de

US$ 305 milhões.

No âmbito da sua estratégia, em 2004, a VALE, foi o vencedor de

um concurso público internacional para exploração de carvão em

Moçambique. Para exportação de carvão, foi necessário a implantação de

uma solução logística integrada, compreendida pelos sistemas mina,

sistema ferrovia e sistema porto.

O presente estudo retrata o sistema logístico de integração

estrategicamente implantado para permitir a exportação de carvão em

Moçambique, foco no estudo de caso do sistema porto, o porto da Beira,

doravante denominado TCC8 – Terminal de Carvão do Cais 8.

1.1 Objetivo geral

A efetivação do mercado global, fez com que várias empresas assim

como a VALE, assumissem posicionamentos estratégicos que visavam

encurtar distâncias de seus diretos concorrentes e dar foco no que

realmente é lucrativo, neste âmbito em 2004, a VALE foi a vencedora de um

concurso público internacional para exploração de carvão em Moçambique.

Para efetivação desta estratégica e exportação do carvão, foi necessária a

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implantação de uma solução temporária, urgente, mas eficiente para honrar

os compromissos com seus clientes.

O objetivo é explicar o papel da Vale na solução logística, sistema

porto, para exportação de carvão, focalizando os componentes principais do

processo na dimensão pré operacional.

1.1.1 Objetivos específicos

Para viabilizar a exploração do carvão de Moatize, a VALE idealizou

e implantou um sistema logístico integrado, denominado projeto carvão

Moatize. Este projeto liga mina a ferrovia, ferrovia a porto e porto a

navegação.

O TCC8 (terminal de carvão do cais 8) é parte muito importante

neste processo, concebido com a visão temporária, implantado em um

terminal já existente em condições precário em termos de integridade física

das estruturas civil, metálicas e equipamentos obsoletos. Foram feitos

investimentos para reconstrução da infra-estrutura civil do cais e toda parte

estrutural e civil do pátio de estocagem e descarga e aquisição de novos

equipamentos. Para sistema ferrovia, transporte do carvão da mina para

porto, a VALE investiu na aquisição de vagões novos, sendo trazidos de

outras unidades máquinas de segunda mão. Por outro lado a mina é um

projeto greenfield, sendo aplicado o que tem de mais moderno no mundo de

equipamento para exploração de carvão.

Os objetivos específicos associados a pesquisa são:

1. Avaliar o processo de pré operação implantado pela Vale em

Moçambique;

2. Identificação dos riscos adicionados a implantação de um sistema

operacional com a visão Vale, no exterior; e

3. Identificar oportunidades de melhoria.

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1.2 Motivação e justificação da pesquisa e escolha do tema

O TCC8, conforme descrito anteriormente, foi um terminal concebido

em 1960 com intuito de manusear carvão minerado em Moatize, e que

devido a um longo período de guerra civil em que o país esteve envolvido,

nunca chegou a ser operacionalizado. Porem, não existia em moçambique,

mais precisamente na região, conhecimento tecnico operacional para

operação da solução implantada pela vale.

A VALE, no contexto Brasil tem experiencia consolidada em operar

sistemas integrados com resultados sustentáveis. O TCC8, apesar de ter

sido implantado na totalidade pela VALE em Moçambique, é propriedade do

governo Moçambicano, no entanto, a VALE motivada pelos compromissos

internacionais tinha a necessidade de iniciar a exportação de carvão de

Moatize. Em 2011, a VALE assumiu a responsabilidade de entregar para o

governo de Moçambique um sistema operacional (equipamentos e rescursos

humanos), em condições de operar dentro dos padrões de qualidade e

segurança das operações implantadas no Brasil, respeitando as

diversidades culturais existentes.

1.3 Delimitação da pesquisa

O presente trabalho, propõe explicitar o processo de implantação de

uma estrutura operacional competitiva, mantendo os padrões consagrados

de segurança e qualidade a imagem dos sistemas operacionais da VALE no

Brasil, em Moçambique, ou seja “o como” e “ o por que” das opções

tomadas. O controle do pesquisador sobre os eventos é máximo, sendo que

o foco retrata a situação presente e suas perspectivas, portanto, considera-

se que o método de estudo de caso seja adequado para a presente

pesquisa. O centra-se no estudo de caso de implementação de uma

estrutura operacional do TCC8. Para um projeto de pesquisa seria

necessário construir ou pelo menos modificar o modelo teórico, relevante

para resolver o problema identificado. Na presente pesquisa foi possível

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modificar um modelo teórico das operações da VALE no Brasil, como é o

caso do modelo operacional implantado no Terminal da Ilha da Guaiba,

testá-lo no TCC8. Estes dois sistemas têm em comum o fato de terem sido

implantados pela VALE e adotaram um modelo de logística integrada.

1.3.1 Organização do trabalho

Introdução, apresenta a motivação e justificativa da pesquisa e

escolha do tema; os objetivos gerais e específicos; delimitação da pesquisa

e por fim a estrutura de organização do trabalho.

No capítulo I, apresenta a fundamentação teórica do trabalho.

Capítulo II, apresenta metodológica adotada para o estudo do caso,

durante o processo de levantamento de dados e análise, assim como as

atividades necessárias e os passos a serem seguidos no sentido de

atendimento dos objetivas traçados.

Capítulo III, apresenta se a descrição do modelo operacional.

Capítulo IV, apresenta se a descrição do sistema logístico

integrado.

Capítulo V, apresenta se o estudo de caso no Terminal de Carvão

do Cais 8 (TCC8), localizado no porto da Beira em Moçambique,

objectivando explicitar o sistema operacional implantado pela VALE, para

exportação de carvão.

O capítulo VI apresenta respectivamente a discussão dos resultados

do estudo.

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CAPITULO I

REVISÃO DA LITERATURA LOGÍSTICA

1.4 Conceitos Básicos

A primeira etapa da elaboração de um trabalho passa pela

compreensão do significado dos termos protagonistas do seu escopo:

“logística” e “Modelo operacional”. Através de uma revisão bibliográfica e

apresentação dos principais conceitos relacionados aos termos

mencionados, buscando promover uma compreensão que possa permitir o

desenvolvimento adequado do trabalho.

1.4.1 Logística

A definição de logística esta vinculada a sua abrangência e

responsabilidade dentro das organizações empresariais. Para algumas

empresas ela assume uma posição mais abrangente e completo merecendo

até um papel de destaque, criando-se dessa maneira um departamento

específico para gerenciá-lo. Para outras empresas ela esta associada

somente ao transporte de mercadorias, porém, na literatura pode-se

encontrar diversos enfoques entre os quais destacam-se alguns que

seguem:

A logística empresarial, segundo Antochiw (2001), é um conjunto de

técnicas constituídas para a gestão da distribuição e transporte dos produtos

finais, do transporte e manuseio interno às instalações e do transporte das

matérias-primas necessárias ao processo produtivo.

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Christopher (1997.pg.2) define a logística como sendo:

“…o processo de gerenciar estrategicamente a

aquisição, movimentação e armazenagem de materiais,

peças e produtos acabados ( e os fluxos de informações

correlatadas) através da organização e seus canais de

marketing de modo a poder maximizar as lucratividades

presente e futura através do atendimento dos pedidos a

baixo custo”.

Reis (2000. P.1), considera a logística como sendo:

“…o processo de planejamento, implementação e

controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo

custo de matérias-primas, estoques em processo,

produto acabado e informações relacionadas, desde o

ponto de origem até o ponto de consumo, o objetivo de

atender aos requisito do cliente”.

Para Assis (2000.p.1) a logística envolve:

“...todas as atividades relacionadas a transporte,

armazenagem, inventário, manuseio (picking) e

separação de produtos, até a colocação ao consumidor

final. A logística sempre foi e continua sendo

fundamental para qualquer empresa, porem, com a

globalização da economia, as companhias precisam

lembrar que seus produtos não são apenas bens de

consumo, tornaram-se commodities, pois â medida que

qualidade e preço tendem a se igualar, o diferencial que

influenciará no produto final esta exatamente nos

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processos de logística, não valendo apenas a qualidade

do produto, mas também a forma como ele é

apresentado, embalagem, prazo (agilidade) e outras.

Esta referência à padronização de produtos decorrente

da globalização da economia também é observada por

McKenna (1999), que afirma que atualmente o custo da

diversidade não poderá custar mais do que o custo da

uniformidade.

Em virtude de muitas indústrias estarem em territórios inexplorados

os estudos de casos que são exaustivamente utilizados, apresentam-se de

pouca utilidade para que esta situação devendo os administradores

experimentarem coisas novas, métodos novos onde a logística poderá

influenciar de forma decisiva na melhoria do serviço prestado ao cliente.

A logística teve sua origem ligada ao serviço militar, ela foi

desenvolvida visando colocar os recursos certos no local certo, na hora

certa, com o objetivo principal de vencer batalhas, Martins (2001.p.251),

descreve o surgimento da importância da interpretação de Reis (2000.p.1), a

evolução da logística pode ser descrita cronologicamente, em quatro fases

distintas, a saber:

1. Até a década de 1940, onde o mundo empresarial era caracterizado

pela alta produção, baixa capacidade de distribuição, despreocupação

com custos e produtos e a inexistência de um conceito de logística

empresarial;

2. De 1950 a 1965 onde surgem os primeiros conceitos a respeito da

logística empresarial, motivados por uma nova atitude do consumidor

pelo início do desenvolvimento da análise de custo total, surgindo

naqule momento os primeiros indícios da preocupação com o serviço

do cliente e de maior atenção com os canais de distribuição.

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3. De 1965 a 1980 há uma consolidação dos conceitos, onde houve uma

colaboração decisiva da logística no esforço para aumentar a

produtividade em relação à energia dispendida, visando compensar o

aumento dos fretes. Isso foi em consequência da crise do petróleo, do

crescimento dos custos da mão-de-obra e também dos juros

internacionais

4. Após 1980, houve um desenvolvimento revolucionário da logística,

decorrente das demandas ocasionadas pela globalização, pelas

alterações estruturais na economia mundial e também pelo

desenvolvimento tecnológico. Analisando a evolução acima pode-se

concordar com Rodriguez (1988, p.2), quando afirma que “o

gerenciamento logístico contribui a alcançar o objetivo da vantagem

competitiva através da redução de custos e de agregação de valor no

serviço”.

A missão do gerênciamento, planejar e coordenar atividades

necessárias para alcançar níveis desejáveis dos serviços e qualidade ao

custo mais baixo possível, o que por si só desempenha papel fundamenta na

competitividade das organizações. A questão do custo é tão importante que

segundo Fleury (2000.p.251), “um dos principais desafios da logística

moderna é conseguir gerênciar a relação entre custo e nível de serviço”.

Esclarece Pinto. (2000.p.3):

“Na era da tecnologia da informação a principal

transformação está na migração do poder do fornecedor

para o varejo/cliente final, com o reflexo direto nas

estruturas de atendimento e serviço ao cliente, que

passam a assumir grande importância pela capacidade

de agregar valor ou melhorar o valor de uso dos

produtos e serviços. A finalidade principal de qualquer

sistema é a satisfação do cliente, e todas pessoas na

organização devem ter o serviço ao cliente como meta”.

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Christopher (1997.p.3), cita que “ a fonte da vantagem

competitiva é encontrada primeiramente na capacidade

de operar a baixo custo e portanto, com maior lucro”.

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CAPITULO II

MODELO OPERACIONAL

Modelo Operacional reflete o modo como a empresa pretende

realizar a transformação dos diversos recursos (matéria-prima, informações,

recursos humanos e outros) em produto, baseando-se na observação e

construção no que diz respeito a tarefa a ser realizada, estabelecendo suas

diversas etapas, recursos e controles necessários. Portanto, pode-se dizer

que seu principal objetivo é favorecer a estruturação da empresa.

A importância desse modelo é calcular os riscos do negócio,

evitando que a organização perca dinheiro, por isso é fundamental um bom

panejamento, a procura pelo seu produto, pelo seu público-alvo, pois a

organização irá ter perda de lucro caso produza demais para poucas clientes

e vice-versa. Os desperdícios podem ocorrer através de estoques grandes

(grandes custos e possibilidade de produtos que poderão se tornar

ultrapassados).

O modelo operacional pode ser fonte de vantagem competitiva e das

competências da organização. Contudo, a organização não consegue ser

ganhadora de pedidos apenas por seu talento isolado. Por traz de uma

organização existe uma rede de relacionamentos com fornecedores que são

essenciais na realização das operações. Estabelecer um modelo

operacional, que valorize esses relacionamentos diminui os riscos de

insucesso, além de ser fonte de competitividade.

Pontos chaves:

Quatro quesitos são essenciais a organização bem sucedida, sendo

fundamental na escolha do consumidor. São eles qualidade, rapidez,

confiabilidade e flexibilidade.

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QUALIDADE- satisfaz o consumidor e reduz os custos com a

correção de falhas;

RAPIDEZ- reduz os custos ao trabalhar com um tempo de estoque

menor;

CONFIABILIDADE- reduz as surpresas e ansiedades e serve como

proteção não gerando desconfianças a respeito da empresa; e

FLEXIBILIDADE- aumenta a rapidez de respostas às mudanças que

significa representar ganho pelo não desperdício com a paralisação

da produção.

Outros aspectos podem ainda alterar as operações de uma

empresa. Aspectos como volume, variedade e variação da oferta podem,

modificar o modo como uma empresa opera.

Uma operação com alto volume de saída acarreta um rítimo

acelerado de trabalho com muita repetição de tarefas. Quanto mais iguais

são os produtos, melhor é o aproveitamento do recurso, e isso se reverte em

ganho financeiro, com menor custo. Em uma operação de baixa quantidade,

a repetição será muito menor.

A VARIEDADE da oferta de produtos influi diretamente na variação

das operações. Se uma empresa produz grande variedade de

produtos, atendendo diferentes tipos de consumidores, deve ter uma

operação que se encaixe em vários processos produtivos. Produzir

diversos produtos num mesmo processo utilizando os mesmos

recursos é atraente, porem grandes variações geram custos.

A VARIAÇÃO DE DEMANDA: alguns negócios possuem altas e

baixas de consumo, e o modelo operacional e produtivo deve

contemplar essa variação, de modo que não haja excessos nos

períodos de baixo consumo, nem insuficiência nos períodos de baixo

consumo, nem insuficiência nos períodos de grande movimento.

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CAPITULO III

METODLOGIA

DESCRIÇÃO DO MODELO OPERACIONAL IMPLANTADO ESTUDO DE

CASO BEIRA MOÇAMBIQUE

O presente trabalho caracteriza-se como sendo um estudo

exploratório (estudo de caso), baseado na revisão bibliográfica de artigos,

dissertações, de trabalhos relacionados a implementação de sistema

operacionais, análise de relatórios técnicos, identificação e análise de

sistemas e soluções operacionais implantados na África em Moçambique,

bem como entrevistas com especialistas da VALE. O Levantamento e estudo

técnico-documental das informações disponíveis sobre os modos operando

VALE Brasil, foram feitos através do estudo e análise de documentos

disponibilizados pela VALE.

Para Yin (2001), o estudo de caso é um estudo empírico que

investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as

fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas, no

qual são utilizadas várias fontes de evidência. É um método a ser utilizado

em situações onde os comportamentos relevantes não podem ser

manipulados, mas onde é possível fazer observações diretas e entrevistas

sistemáticas, caracterizando-se pela capacidade de lidar com uma completa

variedade de evidências, documentos, artefatos, entrevistas e observações.

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CAPITULO IV

DESCRIÇÃO DO SISTEMA LOGISTICO TOTAL

IMPLANTADO

O projeto contempla a construção da mina, solução da logística e construção

do TCC8.

1.1 Sistema Mina

A mina de carvão de Moatize, trata-se de um projeto greenfield, ou

seja idealizado desde o projeto conceitual, projeto detalhado, infra-estrutura,

incluindo instalação de manutenção, transportadores, fornecimento de água

e energia elétrica, vias de acesso e instalação de carregamento ferroviário.

Encontra-se localizada na cidade de Moatize, província de Tete, a 575 km do

TCC8, no porto da Beira.

A figura 2, ilustra a localização da Mina em Moatize (Tete) e a linha

férrea que liga a Mina ao porto (TCC8) Beira.

Figure 2 - Layout geral da solução Logística.

Fonte Vale 2009.

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A capacidade total nominal de produção da mina é de 22 milhões de

toneladas de carvão por ano, cuja construção compreende duas fases. A

primeira fase de construção da mina tem capacidade nominal de 11 milhões

de toneladas de carvão por ano tendo iniciado seu processo de mineração

no primeiro trimestre de 2011. A figura 3 apresenta a produção do início das

operações e no período de 2012. O processo de mineração, tendo em conta

a grandeza de escala de produção, as características da distribuição do

carvão ao longo da área de concessão. O processo de mineração utiliza,

maioritariamente, a tecnologia de escavação a céu aberto. Poderão ser

desenvolvidas em algumas áreas e em momentos específicos, operações de

extração subterrânea de carvão, ou seja, sem a abertura de grandes

crateras. A figura 4 mostra imagem do equipamento e infra-estrutura

utilizados no processo de operações mineiras.

Figure 3 - Capacidade de produção.

Fonte Vale 2011

Caminhões Empilhamento Recuperação Carregamento

Figure 4 - Equipamentos utilizados na mina

Fonte própria

Etapas do processo de mineração:

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Limpeza da vegetação da área a ser trabalhada;

Retirada e armazenamento da camada de terra, que deverá ser

utilizada futuramente no encerramento da mina e reabilitação do solo;

Extração do carvão do por meio de escavadeira de grande porte e

seu transporte em caminhões especiais, para futuro beneficiamento;

Recuperação da área que foi extraída o carvão, deixando-a preparada

para outros usos.

A seguir a extração, vem o processo de beneficiamento. O carvão

extraído é transportado para área de melhoramento onde irão triturá-lo e

peneirá-lo, separando-os por tipos, resultando em dois produtos finais:

Carvão metalúrgico e carvão térmico.

1.2 Sistema ferroviário

A ferrovia trata-se de uma linha férrea existente que pertence ao

governo de Moçambique, por isso, a VALE decidiu investir em material

rodante (aquisição de locomotivas e vagões novos). O carvão produzido na

mina é transportado para TCC8, através de linha férrea singela com 575 km,

que liga Moatize ao TCC8, com capacidade nominal instalada de 6,5 milhões

de toneladas de carvão por ano, bitola métrica.

Características do material rodante:

Comboio padrão: composições de 42 vagões, puxados por duas

locomotivas;

Modelo das locomotivas: GT26,C30,U22, RL30;

Tipos de vagões: Gôndola, com 63 toneladas de capacidade de carga

útil;

A Figura 5, apresenta imagem dos componentes usados na operação e

transporte de carvão (linha férrea, locomotiva, vagões).

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Linha Férrea Locomotiva Vagões

Figure 5 - Componentes usadas na operação de transporte.

Fonte própria.

1.3 Sistema portuário

O Porto (TCC8), trata-se de um sistema de manuseio com

capacidade instalada de projeto de 6 milhões de toneladas de carvão por

ano.

Introdução e motivação, que levou a Vale estudarem a

possibilidades de exportação de carvão através do cais 8, no terminal

portuário da Beira. Localizado na costa oriental da África, sobre a margem

esquerda do Rio Aruângua ou Pungue, na sua saída para o Indico, fica a

cidade e Porto da Beira, província de Sofala em Moçambique, nas seguintes

coordenadas 19º48´S e 34º50´E, latitude e longitude, respectivamente.

O Porto da Beira tem um total de 11 cais de atracação, com o

comprimento total de aproximadamente 1994 metros.

A solução logística implantada em Moçambique para exportação de

carvão pelo Porto da Beira, em termos institucionais encontra-se estruturada

da seguinte forma:

Em 2004, o governo de Moçambique lança um concurso público

internacional para concessão da mina de carvão em Moatize, de qual a Vale

foi a vencedora. Em 2007, o Governo de Moçambique assina um contrato de

exploração de carvão em Moatize, no centro do país, com a então

Companhia do Vale do Rio Doce (CVRD), atualmente VALE. A concessão

terá validade de 25 anos, prazo máximo previsto pela lei moçambicana de

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mina. Para escoamento do carvão o Governo de Moçambique teria a

responsabilidade de apresentar um sistema logístico, portanto ferrovia e

porto.

O sistema ferroviário de Moçambique esta dividido em três

subsistemas (corredores de desenvolvimento), independentes, cada um

possui sua diretoria executiva, sendo no entanto, ambas fiscalizadas pela

entidade estadual Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM). A

CFM é uma empresa pública que gere os sistemas ferroviários e portuário

em Moçambique.

O sistema ferroviário de Moçambique encontra-se dividido da

seguinte forma:

Corredor de desenvolvimento do sul do país (CFM-Sul);

Corredor de desenvolvimento do centro do país (CFM-Centro);

Corredor de desenvolvimento do norte do país (CFM-Norte);

Para escoamento do carvão da mina para TCC8, em 2011, a VALE

e o CFM assinaram um contrato um contrato para transporte de carvão.

Devido a localização geográfica tanto da mina como o TCC8, o transporte do

carvão seria feito via corredor de desenvolvimento do centro.

O contrato assinado tem em linhas gerais as seguintes

características:

Concessionário: Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM)

Modelo de contrato: Above/Bellow Rail (neste caso trata-se de

contrato de utilização da linha férrea para transporte de carvão

assinada entre VALE e os CFM têm a responsabilidade de garantir

manutenção da via permanente e controle de toda circulação e

mantém);

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Capacidade: Em reabilitação;

Distância: 575 km;

Bitola: 1.067 mm.

Em 2009, em virtude das obras de construção do TCC8 não terem

sido iniciadas pelo CFM, por outro lado, as obras de construção da mina de

Moatize encontrarem-se numa fase muito avançada, mantendo sua previsão

de término e com previsão de início de operação para o ano de 2011, a

VALE, motivado pela necessidade de honrar seus compromissos

internacionais, negociou a implantação do TCC8.

O memorando de entendimento para implantação do TCC8 teve em

linhas gerais os seguintes pressupostos:

Capacidade de manuseamento e embarque do carvão de 6 milhões

de toneladas por ano;

A vigência do acordo contratual para utilização exclusiva do TCC8

seria por 5 anos, durante esse período a VALE e a Rio Tinto seriam

os únicos utilizadores do terminal;

Os utilizadores partilhariam da capacidade útil do TCC8 na proporção

de 68% para a VALE e 32 % para Rio Tinto, com base em contratos “

Take or Pay” a serem firmados entre os utilizadores e o Governo de

Moçambique (Operador do Terminal);

O pagamento de uma tarifa competitiva ao operador portuário por

parte dos utilizadores; O Governo de Moçambique é o proprietário do

TCC8;

A VALE é a empresa responsável pela implantação do TCC8;

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Foi iniciado o processo investigatório e estudo de capacidade, com

visitas ao local do antigo porto para início dos trabalhos, com isto, foi

verificado que as estruturas das antigas instalações encontravam-se em

estado deplorável e a reforma não era viável. Implantado no porto da Beira,

o TCC8, conforme figura 6, foi constituído conforme descrito abaixo, pelos

seguintes processos: recebimento da composição de carvão, processo de

descarga, processo de estocagem, processo de recuperação e por fim o

processo de embarque do carvão pelo cais 8.

Figure 6 - Lay out do TCC8.

Fonte própria.

A linha de descarga de carvão, tem capacidade de 2000 toneladas

de carvão por hora. O carvão chega ao TCC8 via comboios, cada

composição é composta por 42 vagões com capacidade de 63 toneladas

cada. O carvão é removido do interior dos vagões por escavadeiras

montadas especialmente sobre pórtico móvel, em seguida é descarregado

sobre moegas, com regulador de velocidade para controle do fluxo, que

descarregam nas transportadoras, que transportam o carvão até a

empilhadora (Stacker), para estocagem em pátio pré determinado.

Equipamentos disponíveis para operação de descarga:

4 Escavadeiras, montadas sobre pórtico móvel;

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4 Moegas móveis, disponível para cada escavadeira;

1200 Metros de correia transportadora;

1 Empilhadora (Stacker).

A Figura 7, apresenta a imagem do sistema de descarga utilizada no

TCC8, para descarga de carvão (escavadeira, moega, transportadora,

empilhadora).

Processo: descarga de vagões Processo: empilhamento de carvão

Figure 7 - Sistema de descarga e empilhamento de carvão.

Fonte própria.

O pátio de estocagem é a céu aberto, com capacidade estática de

300.000 toneladas divididas em duas áreas, sendo cada uma com

capacidade estática de 150.000 toneladas de carvão.

Equipamentos disponíveis para operação de empilhamento e

recuperação de carvão para carregamento de navios:

1 Empilhadora;

9 Pás carregadoras;

8 Moegas móveis;

2 Moegas fixa; e

1800 Metros de transportadora.

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A Figura 8, mostra a imagem do equipamento de empilhamento e

recuperação de carvão, utilizados no TCC8.

Processo: empilhamento Processo: recuperação

Figure 8 - Sistema de empilhamento e recuperação de carvão.

Fonte própria.

O carvão recebido do sistema de descarga e empilhado no pátio de

estocagem, é recuperado posteriormente, por meio de pás carregadoras,

que colocam o carvão no interior das moegas (com regulador de velocidade

para controle do fluxo) e estas descarregam o carvão para as

transportadoras, que transportam o carvão até o silo (spliter Bin), onde divide

o volume do carvão em duas partes, alimentando as transportadoras que

alimentam as duas carregadoras de navios.

O Embarque é feito por dois carregadores de navios telescópicos do

tipo telestacker. O sistema tem capacidade de 2400 toneladas de carvão por

hora

Equipamentos disponíveis para operação de embarque de carvão

nos navios:

2 Carregadores de navios telescópicos do tipo telestacker;

1 Silo com dois alimentadores;

1300 Metros de transportadoras.

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A Figura 9, apresenta a imagem dos equipamentos de carregamento

de navios utilizados no TCC8.

Figure 9 - Sistema de carregamento de navio.

Fonte própria.

1.3.1 Transbordo

A operação de transbordo é parte integrante do sistema porto,

TCC8, constituídos por duas embarcações denominadas TU (Transhipment

Unit), uma bóia de atracação de atracação de navios de grande porte

localizada a cerca de 47 km do TCC8, denominada área de transbordo. As

referidas embarcações foram construídas tendo em conta as especificidades

operacionais do porto da Beira. A figura 10 ilustra uma operação de

transbordo, na área citada anteriormente.

Atracação Descarregamento Transbordo

Figure 10 - Operação de transbordo

Fonte própria.

A Figura 11 mostra a bóia de atracação dos navios para transbordo.

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Figure 11 - Bóia de atracação de navios transoceânicos

Fonte própria

O Carvão é carregado nas embarcações (TU- Transhippment Unit)

no TCC8, e estas por sua vez direcionam o carvão para uma área de

transbordo, onde transferem o produto para navios transoceânicos, de

grande porte. As embarcações têm capacidade de transbordar uma média

de 3000 t/h (com máximo de 5500 t/h) em condições padrões de mar e

vento. A operação de transbordo é feita por um sistema híbrido que utiliza

guindastes de alta performance, caçambas, sistema de correias

transportadoras e lança. Figura 12 ilustra a embarcação de transbordo e os

seus respectivos equipamentos de bordo.

Figure 12 - Embarcação de transbordo.

Fonte própria

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Principais características das embarcações de transbordo:

190 Metros de comprimento;

32 Metros de boca;

56000 de DWT;

Dimensão logística

Trata-se da dimensão responsável pelo processo de movimentação

do carvão da mina de Moatize para TCC8. Para melhor compreensão da

dimensão, a figura 13, ilustra a sequência dos processos envolvidos e os

seus respectivos limites e bateria (limitação de responsabilidades de dois

subsistemas num sistema integrado).

Figure 13 - Processos logísticos do sistema Sena-Beira.

Fonte: DIAS C.J. (2012)

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Como se pode observar na figura 13, o sistema logístico implantado

em Moçambique, para exportação de carvão da mina de Moatize pelo TCC8,

conta com processos e intervenientes bem definidos. A operação da mina é

propriedade da VALE (processo extração de carvão, beneficiamento,

armazenamento, carregamento de vagões), por sua vez a ferrovia (Sena-

Beira) é propriedade do Governo de Moçambique, o TCC8 e as operações

de manuseio do carvão, desde o recebimento da composição carregada,

descarga, empilhamento, recuperação e embarque nos navios designados

pela VALE, são da responsabilidade do Governo de Moçambique

representado pela entidade Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique

doravante designado pela sigla CFM. A operação de transporte e transbordo

de carvão em alto mar é de responsabilidade da VALE.

A integração vertical para VALE é parte de seu posicionamento no

mercado estratégico global, podendo isso considerado aspecto como

vantagem competitiva em relação as outras empresas do ramo.

Conforme já abordado, em Moçambique, a Vale e Rio Tinto, são as

únicas empresas que tem possibilidade de fazer o uso do sistema logístico

implantado para exportar carvão pelo TCC8, portanto, embora a gestão da

cadeia logística não seja totalmente controlada pela VALE, ela tem em

relação a Rio Tinto vários aspectos conforme abaixo:

A VALE tem o controle de 68 % da capacidade total do sistema

acordado contratualmente com os CFM;

Tendo em conta a limitação de profundidade do canal de navegação

de entrada para TCC8, permitindo no máximo de 35000 toneladas de

carvão, o que para o mercado de carvão constitui como desvantagem, em

termos de economia de escala, a VALE tem um sistema montado para

operação de transbordo marítimo o que permite a VALE maior poder de

negociação.

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CAPITULO V

DESCRIÇÃO DO MODELO OPERACIONAL

IMPLANTADO – ESTUDO DE CASO BEIRA

MOÇAMBIQUE.

O presente capítulo é dedicado a descrição do modelo operacional

implantado no TCC8.

Devido o fato do porto ter ficado um longo tempo sem este tipo de

operação, tanto os equipamentos que ficaram totalmente destruídos com a

corrosão natural, as pessoas que iniciarão a operação do antigo porto,

também já não existia e no local já não existia mão de habilitada para este

tipo de operação.

A VALE junto a autoridade portuária (Portos e Caminhos de Ferro de

Moçambique, doravante designado “CFM”), responsável pela operação do

porto, fez um acordo entre as partes denominado Memorando de

Entendimento Tripartido.

A VALE é individualmente designada por utilizador. O acordo previa

inicio da operações de exportação para o segundo semestre de 2011, fato

ocorrido em Agosto de 2011, por um período de 5 anos.

O novo terminal de carvão da Beira, prometido pelos CFM, não

estaria pronto, previsão final 2013, para início das operações de exportação

do carvão do utilizador (VALE). Face ao exposto foi necessário viabilizar

uma alternativa que foi a utilização do terminal existente no porto da Beira,

do qual faz parte o cais 8, doravante denominado por Terminal de Carvão –

Cais 8 (TCC). O utilizador partilhará a capacidade útil do TCC8 na proporção

de 68% para VALE e 32% para Rio Tinto, com base nos contratos “Take or

Pay” a serem firmados entre os utilizadores e os CFM/Operador Portuário.

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A VALE foi responsável pelo projeto (Project Leader), pela

implantação do TCC8, que incluía equipamentos, bens móveis e semi-

móveis a serem instalados. O proprietário (dono do projeto) é os CFM, os

financiadores do Projeto TCC8 são VALE e Rio Tinto.

O Memorando de Entendimento tinha como premissa capacitação e

utilização do cais existente na Beira para exportação do carvão de Moatize.

Com passar dos meses e visão estratégica da VALE, foi identificado

que as obras de implantação iriam terminar e o operador portuário não teria

condições de iniciar as operações por falta de mão-de-obra qualificada. Foi

montado um plano de ação visando identificar as fragilidades do operador

portuário e ao mesmo tempo executar ações para evitar surpresas nas fases

de comissionamento, pré operação e operação do porto.

Com a fase de montagem a todo vapor, tínhamos que pensar na

visão Vale de como operar o porto sem ser o operador portuário já que o

mesmo não oferecia segurança na entrega do acordado (disponibilizar a

mão de obra para início das operações), e a VALE tinha que honrar seus

compromissos junto aos clientes.

Foi identificado a fragilidade do sistema, mapeando a mão-de-obra

necessária e qualificada para início da operações portuárias, com suas

devidas especialidades, este efetivo foi contratado pela VALE com a função

de validar operacionalmente o que já tinha sido montado, iniciar as

operações e treinar a mão de obra do operador portuário no menor tempo

possível.

A mão-de-obra contratada em medida de emergência operacional foi

de internacionais vindos do Brasil com conhecimento de operação de

equipamentos de mineração, tais como: empilhadora, recuperadora, pás

carregadoras, escavadeiras, carregadores de navios e pessoal qualificado

em manutenção de correias transportadoras e sistemas de mineração.

Equipe contratada por especialidade:

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Um (1) Supervisor de operação de porto;

Oito (8) Operadores de equipamentos auxiliares (pás carregadeiras e

escavadeiras);

Dois (2) Operadores de carregador de navios;

Um (1) Operador de empilhadora (stacker);

Dois (2) Técnicos de manutenção mecânica;

Um (1) Vulcanizador;

Um (1) Técnico em electrónica e automação;

Um (1) Inspector de embarque.

Após contratação da mão-de-obra especializada teve início dos

procedimentos VALE nos novos contratados, pois a maioria não tinha

conhecimento e nem tinham trabalhado na empresa anteriormente, para que

os treinamentos a serem dados para os contratados do operador portuário

seguissem a metodologia VALE. Foram divididos os treinamentos por

especialidade e disponibilidade dos equipamentos.

Como não tínhamos muito tempo para treinamento, foi feito uma

avaliação dos colaborares do operador portuário e montado um programa de

treinamento de acordo com a especialidade e facilidade de cada para que o

treinamento fosse mais rápido e eficaz.

A dificuldade encontrada e o desafio diário, era fazer com que os

colaboradores contratados do operador portuário começassem a operar os

equipamentos já que a comunicação não era muito fácil, apesar de ser a

mesma língua o português de Portugal, existe no país vários dialetos onde

eles teriam mais facilidade, já o português do Brasil é confuso para eles. A

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estratégia foi treinar alguns para serem multiplicadores, porque a velocidade

do treinamento era importante nesta fase.

A fase de comissionamento e pré operação feito pelos operadores

contratados, foi fator determinante para validar o que havia sido prometido

para direção da VALE e estes com seus investidores. O carvão VALE de

Moatize de Moçambique, finalmente chega ao mercado internacional.

Iniciada a operação de escoamento do carvão pelo sistema porto

implantado e tendo em conta aos volumes de exportação necessários,

tornou-se necessário, acelerar o processo de rumpup do sistema de modo a

que se atingisse a capacidade máxima do sistema instalado. Para isso foi

necessário dividir a equipe existente e dar mais foco e continuidade no

treinamento da equipe de operação do operador portuário, para

conseguirmos maximizar a produção.

Foi montado a equipe para operação e treinamento 24 horas por dia,

de forma a melhorar a performance do sistema.

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CAPITULO VI

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para viabilizar a exploração de carvão de Moatize, a VALE implantou

uma solução logística integrada denominada projeto carvão Moatize. Este

projeto é composto pelas atividades de mineração e escoamento da

produção via ramal ferroviário e embarque no terminal portuário, TCC8. A

solução logística implantada para exportação de carvão em Moçambique é

composta pelos sistemas mencionados, propõe-se dividi-los em três

dimensões e destacar: dimensões técnicas; logística e institucional.

No que concerne a dimensão técnica, a VALE foi responsável pela

idealização e implantação dos projetos e construção da mina, do TCC ( e

operação de transbordo.

Características da mina de Moatize:

Concepção – projeto construído de raiz (Greenfield project);

Capacidade-11 milhões de toneladas de carvão por ano (fase 1);

Equipamentos - Aquisição de equipamentos novos (elevada

tecnologia);

Características da ferrovia:

Concepção utilização de linha férrea existente;

Capacidade 6.5 milhões de toneladas de carvão por ano (fase 1);

Equipamentos aquisição de locomotivas em segunda mão:

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Características do TCC8:

Concepção construção do TCC8;

Capacidade 6 milhões de toneladas de carvão por ano (fase 1);

Equipamentos aquisição de equipamentos novos (elevada

tecnologia);

Características da operação do transbordo:

Concepção construção de dois navios de transbordo e montagem de um sistema de bóias de atracação para os navios transoceânicos.

No que concerne a dimensão logística, a VALE é responsável pela

operação de transporte de carvão da mina para o TCC8, e pela operação de

transporte e transbordo de carvão nos navios transoceânicos.

No que concerne a dimensão institucional, a VALE é detentora de

um contrato de concessão para exploração da mina de Moatize, na que

tange a ferrovia a VALE tem um acordo de utilização da linha férrea para

transporte de carvão firmado com os CFM, em que opera suas locomotivas e

os CFM controla toda circulação e garante a manutenção da linha férrea. No

TCC8, a VALE é apenas um dos utilizadores do porto, tendo firmado com os

CFM um contrato de manuseio de sua carga.

A figura 15 representa de forma sucinta a responsabilidade de cada

um dos Intervenientes dos sistemas logísticos e suas responsabilidades em

cada uma das dimensões destacadas.

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Figure 14 - Responsabilidades dos intervenientes no sistema logístico

Fonte própria

A operação da mina é propriedade da VALE (processos extracção

de carvão, beneficiamento, armazenamento, carregamento dos vagões), por

sua vez a ferrovia ( Sena-Beira) é propriedade dos CFM, o TCC8 e as

operações de manuseio do carvão, são da responsabilidade dos CFM e por

fim a operação de transporte e transbordo de carvão em alto mar da

responsabilidade da VALE.

O terminal de carvão implantado no porto da Beira, o TCC8, é um

terminal Publico gerido pelo governo representado pela entidade portos e

caminhos de Ferro de Moçambique, CFM, em que sob óptica dos

utilizadores tem as seguintes características:

O memorando de entendimento para implantação do TCC8, trata-se

de um contrato tripartido do tipo “take or Pay” (é um tipo de contrato

operacional em que as partes se comprometem com volume, ou seja os

utilizadores se comprometem a fazer chegar ao porto determinada

quantidade de produto, neste caso o carvão e o operador se compromete a

embarcar a mesma quantidade, sob pena de serem penalizados ao não

cumprimento) envolvendo os CFM (dono do terminal), a VALE e Rio Tinto

como utilizadores exclusivos do terminal durante um período de 5 anos. Os

utilizadores partilhariam da capacidade útil do TCC8 na proporção 68% para

VALE e 32% para Rio Tinto, com base nos contratos “take or Pay” a serem

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firmados entre os utilizadores e o governo de Moçambique (Operador do

Terminal), capacidade de embarque de 6 milhões de toneladas de carvão

por ano. Para que o porto alcance esse objetivo o sistema logístico integrado

terá que ser capaz de permitir a movimentação diária de 14 comboios, 7

chegando carregados ao porto e outros 7 chegando vazios a mina,

considerando um Commitment (comprometimento) do berço igual 85%.A

implantação deste sistema logístico insere uma possibilidade de fragilidades

na Operacionalização. A análise do risco destas fragilidades não é o objetivo

principal deste trabalho, mas podemos apontar de forma resumida quais

são:

A linha férrea que liga a mina ao porto, trata-se de uma linha singela re- potencializada para ser capaz de transportar 6,5 milhões de toneladas de carvão por ano. O volume em causa nunca antes, foi manuseado pelo sistema;

Os CFM não possuem experiência comprovada para dar

garantias de que o sistema irá ter capacidade para transportar a demanda acordada;

A operação de manuseio de carvão pelo TCC8, considerando

os volumes em causa trata-se de uma atividade pioneira no país;

Evidente deficit na região Sul-Africana de mão-de-obra

qualificada para execução deste tipo de atividade de forma confiável;

Evidente deficit de existência em Moçambique de empresas

com capacidade de garantir manutenção deste tipo de equipamento com celebridade;

Robles, Cutrim e Moura (2011) Caracterizam o sistema logístico

implantado pela VALE para exportação do minério da mina de Carajás pelo

TPPM, como sendo sistema logístico de integração vertical. Os autores

salientam que a gestão da cadeia de logística integrada (recepção do

minério, armazenamento Intermediário, instalações de carga dedicados,

manuseio e operações, portuárias e marítimas) é realizada a base de uma

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estratégia de integração vertical, em que a VALE tem o controle de todos os

processos da cadeia.

O desempenho geral das empresas pode ser suportado, segundo

Bowersox (2001), Pelas vantagens do estoque. Segundo o autor, o estoque

tem as vantagens de posse, tempo e lugar desejados para menor custo total,

assim sendo, o estoque tem pouco valor ate que seja posicionado no

momento e no local certo para criação de valor agregado, ou seja, uma

empresa não tem o que vender se não for capaz de atender as exigências

de prazo e local. Para obter o máximo de vantagens estratégicas da

logística, todo o trabalho funcional deve ser executado de forma integrada.

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CONCLUSAO

Analisando minuciosamente a solução logística implantada em

Moçambique para exportação do carvão da Mina de Moatize através do

TCC8, focalizando os componentes principais desse processo nas

dimensões técnicas logística e institucional legal, torna-se evidente perceber

que o sistema não é controlado exclusivamente pela VALE. Diferente dos

sistemas logísticos implantados pela VALE em território Brasileiro, exemplo

concreto do sistema TIG, no Rio de Janeiro, Mangaratiba , sistema utilizado

para transportar minério das minas em Belo Horizonte para o Porto e

posteriormente embarcado para navios transoceânicos. De forma resumida,

o sistema logístico em estudado tem as seguintes características:

-.Sistema Mina (Planta de produção de carvão) – controlado pela

VALE;

- Sistema ferroviário (acesso) – controlado pelos CFM;

- Sistema Porto (TCC8) – controlado pelos CFM;

-.Sistema de transbordo (Operação de Transbordo Marítimo) –

controlado pela VALE.

Portanto, podemos concluir que solução logística implantada em

Moçambique para exportação do carvão da Mina de Moatize através do

TCC8, caracteriza-se como sendo um sistema logístico de integração não

vertical. Fato esse que constitui a grande diferença entre esta solução e as

demais implantadas pela VALE, no território Brasileiro citado acima. Este

tipo de configuração de solução logística implantada em Moçambique, insere

possibilidades de fragilidades e riscos na operacionalização, tais como:

- Risco associado ao menor controle sobre a qualidade do carvão;

- Risco associado a prazos de entrega do carvão;

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-.Risco associado a não cumprimento com o volume anual

programado;

- Risco de diminuição do poder negocial sobre os clientes;

- Risco associado ao benefício da economia de escala.

Analisando as fragilidades do sistema implantado pela VALE, em

Moçambique tendo em conta a globalização dos mercados em que atua para

que ela possa manter elevados padrões de níveis de serviços para com seus

cliente, torna-se evidente que ela terá que estabelecer uma relação de forte

parceria com os CFM, no que concerne a transmissão de conhecimento,

troca de experiência. Principalmente nesta fase inicial da operação, de modo

a permitir por um lado um controle maior de cadeia logística e por outro,

auxiliar aos CFM no desenvolvimento de um sistema que seja robusto,

confiável, de elevada qualidade e acima de tudo sustentáveis sob a

perspectiva de ciclo de vida total do sistema ou projeto implantado.

Conforme abordado, o memorando de entendimento para utilização

do sistema logístico implantado em Moçambique, reconhece apenas duas

empresas como utilizadores exclusivos do sistema no que respeita ao

transporte de carvão, a Vale detêm 68% e Rio Tinto com 32% da capacidade

máxima do sistema, aspecto este que confere a VALE uma das vantagens

competitivas em relação a Rio Tinto.

Tendo em conta as fragilidades que o sistema apresenta,

normalmente no que concerne a capacidade dos CFM garantir confiabilidade

do sistema logístico implantada, entende-se que a redução de intervenientes

no que tange a gestão das operações de transporte poderia trazer

consideráveis benéficas para VALE e Rio Tinto. Neste âmbito, recomenda-

se que a Vale tente um acordo com a Rio Tinto no sentido de haver um

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único transportador, transportando a carga total do sistema, sendo este a

própria VALE.

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