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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Aplicabilidade da Lei 8.429/82
Por: Esli Pereira Gomes Júnior
Orientador
Prof. Mariana Monteiro
Rio de Janeiro
2014
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
AVM FACULDADE INTEGRADA
Aplicabilidade da Lei 8.429/82
Apresentação de monografia à AVM Faculdade In-
tegrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Direito Público e Tributário
Por: . Esli Pereira Gomes Júnior
4
DEDICATÓRIA
..... Agradeço primeiramente a Deus que
me deu a oportunidade de adquirir conhe-
cimento em tempos difíceis, e aos meus
Pais, guerreiros da vida.
5
RESUMO
A problemática do presente trabalho gira em torno da controvérsia
acerca da possibilidade dos agentes políticos figurarem como sujeito ativo
dos atos de improbidade da lei 8429/92,uma vez que o supremo tribunal fe-
deral entende não ser aplicável tal legislação a determinados agentes políti-
cos, pois entende que tais agentes são regidos por outra lei, qual seja a lei
1070/50 que disciplina os crimes de responsabilidade, contudo ,resta claro,
conforme demonstrado no desenvolver do presente artigo que tais institutos,
qual seja os atos de improbidade e os crimes de responsabilidade não se
confundem, pois tem naturezas jurídicas distintas ,portanto, a responsabili-
zação de tais atos se da em esferas distintas, e ainda não há nenhuma
norma constitucional que afaste a responsabilidade dos agentes políticos,
não existindo óbice para excluir a incidência da lei 8429/92 aos agentes polí-
ticos.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - Atos de improbidade e suas sanções 10
CAPÍTULO II -Diferenças das naturezas jurídicas 17
CAPÍTULO III – Agente político na lei 8429/92 23
CONCLUSÃO 29
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31
ÍNDICE 33
7
INTRODUÇÃO
O presente artigo visa discutir acerca da possibilidade de agentes
políticos figurarem como sujeito ativo nos atos de improbidade administrativa
de acordo com a lei 8.429/92, uma vez que o entendimento do STF é no
sentido de afasta a incidência do referido diploma aos agentes políticos.
O STF firmou entendimento de que não se aplica aos agentes po-
líticos a lei 8.429/92, uma vez que os atos de improbidade nada mais seriam
do que infrações político administrativas, sendo que para tais infrações já e-
xistiria um diploma legislativo regulador, a lei 10.079/50, portanto, a aplica-
ção da lei 8.429/72 aos agentes políticos seria um verdadeiro bis in idem.
O Supremo entendeu que o ordenamento constitucional distingue
o regime de responsabilidade dos agentes políticos dos demais agentes pú-
blicos, de forma que aqueles, por estarem regidos por normas especiais de
responsabilidade, não se submetem ao regime da lei de improbidade admi-
nistrativa.
Contudo, este posicionamento está no sentido oposto ao enten-
dimento doutrinário e aos anseios da sociedade, que a cada dia vê se tornar
mais corriqueiro a prática de atos ímprobos, principalmente por agentes polí-
ticos.
A lei 8.429/92 surgiu com o objetivo de regulamentar o art. 37§ 4º,
coibindo a prática de tais atos por parte dos agentes públicos, aplicando pe-
nas mais severas ao agente que for pego praticando a conduta ilícita, en-
tender que a sua incidência não alcança os agentes políticos vai em desen-
contro com a Constituição Federal que por seu contexto histórico, reflete o
propósito constitucionalista da limitação do poder público sobre a liberdade
popular.
Importante salientar que nem todos os agentes políticos estão ex-
cluídos da abrangência da lei 8.429/72 segundo o entendimento do STF,
mas somente aqueles que estão regidos por normas especiais de respon-
8
sabilidade, quais sejam, Presidente da República, Ministro de Estados, Mi-
nistro do STF, e por força do principio constitucional da simetria os Gover-
nadores, e Secretários de Estado-membro.
A Tese de que os agentes políticos que estão regidos por outro
diploma legal, qual seja, a lei 10.079/50, não respondem pelos atos tipifica-
dos na lei 8.429/92 não merece prosperar, uma vez que a responsabilidade
na lei dos atos de improbidade se da na esfera civil, enquanto os crimes de
responsabilidade na esfera administrativa.
A existência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que, ontologicamente,
não se trata de punições idênticas, embora baseadas no mesmo fato, mas
de responsabilização em esferas distintas.
E ainda, o art. 37 § 4º da CRFB/88 estabelece que os atos de im-
probidade administrativa importam na suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, sem prejuízo da ação penal cabível, tendo a lei 8.429/92 regulamen-
tado o comando constitucional com base no principio da moralidade admi-
nistrativa com o intuito de coibir a corrupção pública e reparar o prejuízo
causado ao erário.
De sorte que o tratamento jurídico da lei nº 1.079/50, que regula-
menta o art. 85 CRFB/88 destinado aos crimes de responsabilidade é dire-
cionado aos fins políticos, pois o objetivo visado seria o de afastar o agente
político corrupto da vida pública.
Torna-se de extrema relevância o assunto, visto que na atual so-
ciedade contemporânea esta se tornando cada dia mais corriqueiro a prática
de atos ímprobos por parte de agentes políticos, que utilizam de suas fun-
ções públicas para locupletar-se do erário público causando grandes prejuí-
zos a maquina estatal e a sociedade.
Trata-se, portanto, de tema de grande relevância prática, nota-
damente em vista de recente discussão existente no Supremo Tribunal Fe-
deral a respeito da não incidência da Lei nº 8.429/1992 em relação aos a-
gentes políticos que respondem por crimes de responsabilidade. Assim,
9
conquanto a questão, como se verá, ainda esteja longe de ser pacifica, é
conveniente enfrentá-la, com o objetivo de contribuir com o debate já defla-
grado, que vem ganhando repercussão na mídia nacional
Portanto, utilizando-se da pesquisa bibliográfica e jurisprudencial,
o artigo tem como objetivo demonstrar a plena incidência da lei 8.429/92 aos
agentes políticos, uma vez que não há que se falar em bis in indem, pois os
atos de improbidade administrativa não se confundem com os denominados
crimes de responsabilidade regidos pela lei 1.079/50.
10
CAPÍTULO I
ATOS DE IMPROBIDADE E SUAS SANÇÕES
Com o advento da constituição de 1988 a moralidade administra-
tiva tornou-se um princípio constitucional que impõem que o agente público
não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta,
devendo não só averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça
em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto.
A falta de moralidade administrativa pode afetar vários aspectos
da atividade administrativa, tendo o presente trabalho o enfoque voltado para a
imoralidade consistente em atos de improbidade cujo diploma regulador é a Lei
8.429/92.
Na atual sociedade brasileira, os corriqueiros atos de improbidade
por parte dos agentes públicos tem tomado um enfoque maior, em especial
aos agentes políticos, que são os que realmente têm a sua disponibilidade o
capital público para a execução das diretrizes do poder público.
A cada dia os desvios de verba destinados a educação, a saúde,
etc. trás a tona o problema crônico da imoralidade e improbidade administrati-
va dos agentes políticos, que em detrimento do interesse da sociedade enri-
quecem ilicitamente, não tendo pudores em sobrepor princípios constitucionais
Segundo Di Pietro(2002)1
“os princípios da moralidade e improbidade tem praticamente o
mesmo alcance, mas quando se fala em improbidade como ato
ilícito, deixa de haver sinonímia entre as expressões improbi-
dade e imoralidade, uma vez que aquela tem um sentido mais
amplo, que abrange não só os atos desonestos ou imorais,
mas também e principalmente os atos ilegais”.( DI PIETRO,
Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 14ªedição. São
Paulo: Atlas, 2002, p. 672)
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 14ªedição. São Paulo: Atlas, 2002, p. 672
11
Faz mister trazer a baila o entendimento de Juarez
tas(20072), que diz:
“O princípio da probidade administrativa consiste na proibição
de atos desonestos ou desleais para com a Administração Pú-
blica, praticados por agentes seus ou terceiros,” (FREITAS,
Juarez. Lei de improbidade administrativa comentada São Pau-
lo: Atlas, 2007. p, 235).
A improbidade administrativa como ato ilícito, vem sendo prevista
no direito positivo brasileiro desde longa data, para os agentes políticos, en-
quadrando-se em crime de responsabilidade o que ,conforme será demonstra-
do no decorrer do trabalho é um equivoco
.Para os servidores público em geral, a legislação não falava em
improbidade, mas já denotava preocupação com o combate a corrupção, ao
mencionar enriquecimento ilícito no exercício do cargo ou função.
O mesmo não ocorreu com a lesão a moralidade, que só foi in-
clusa como principio constitucional imposto a toda a administração pública com
o advento da constituição de 1988.
A Constituição Federal de 1988 alçou à categoria de normas
constitucionais o princípio da legalidade, moralidade, impessoalidade, publici-
dade e eficiência, que devem presidir as atividades da Administração Pública
direta, indireta e fundacional, conforme disposto em seu art. 37.
De todos os princípios previstos no art. 37, da Constituição Federal, o que sur-
ge com maior importância é o princípio da moralidade. Nas palavras de Walla-
ce Paiva Martins(2006)3
“o princípio da moralidade “constitui verdadeiro superprincípio
informador dos demais (ou um princípio dos princípios), não se
2 FREITAS, Juarez. . Lei de improbidade administrativa comentada São Paulo: Atlas, 2007. p,235 3 MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Probidade Administrativa. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 31
12
podendo reduzi-lo a mero integrante do princípio da legalida-
de”.( MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Probidade Administra-
tiva. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 31)
Se faz necessário fazer uma abordagem sobre o conceito do ato
de improbidade, tendo em vista que o presente artigo visa discutir a possibili-
dade dos agentes políticos figurarem como sujeito ativo de tais atos. Welling-
ton Pacheco Barros(2002) 4leciona que:
“a palavra improbidade vem do radical latino probus, que signi-
fica crescer reto, e na tradição da língua portuguesa significa
ter caráter, ser honesto, ser honrado. Por via de consequência,
não ter probidade ou ser ímprobo significa não ter caráter, ser
desonesto ou desonrado.”(BARROS, Wellington Pacheco. O
município e seus agentes. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2002 p 177)
A lei 8.429/92 caracteriza no art. 9º o ato ímprobo como sendo
aquele que importe em enriquecimento ilícito auferindo qualquer tipo de vanta-
gem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
emprego ou atividade nas entidades da administração pública direta, indireta
ou fundacional.
E ainda, estabelece no art. 10º e 11º outros dois tipos de atos
ímprobos, aqueles que causem lesão ao erário e aqueles que atentem contra
os princípios da administração pública.
De pleno pode se verificar que a lei 8.429/92 estabelece três mo-
dalidades de ato ímprobo, quais sejam, aqueles que causem enriquecimento
ilícito, prejuízo ao erário, e que atentem contra os princípios da administração
pública
4 BARROS, Wellington Pacheco. O município e seus agentes. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002 p 177
13
Cada um desses artigos definiu genericamente o ato de improbi-
dade no caput e deu uma definição pormenorizada em vários incisos, o que
enseja, certamente, uma interminável discussão quanto à taxatividade ou e-
xemplificatividade das hipóteses elencadas. Segundo Alexandre de Mora-
es(2006):5
“O ato de improbidade administrativa exige para sua consuma-
ção um desvio de conduta do agente público, que no exercício
indevido de suas funções, afaste-se dos padrões éticos e mo-
rais da Sociedade, pretendendo obter vantagens materiais in-
devidas ou gerar prejuízos ao patrimônio público, mesmo que
não obtenha sucesso em suas intenções”. (MORAES, Alexan-
dre de. Direito Constitucional Administrativo, São Paulo: Atlas,
p. 320)
Di Pietro(2006) 6salienta que “qualquer violação aos princípios da
legalidade, razoabilidade, moralidade, interesse publico, e de qualquer outro
imposto a administração pode constituir ato de improbidade” (p 841).
Para Marcelo Figueiredo(2006):7
“a improbidade administrativa constitui uma violação ao principio
constitucional da moralidade, estabelecido no caput do art37 da
CRFB/88. Assim a improbidade pode ser classificada como uma
imoralidade administrativa”. (FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade
administrativa ,São Paulo Malheiros p.46)
Resta claro, portanto, que vários podem ser os atos tipificados
como atos de improbidade, cabendo a cada caso concreto uma interpretação
com base nos princípios norteadores da administração pública e dos dispositi-
vos da lei de improbidade.
5 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional Administrativo, São Paulo: Atlas, p. 320. 6 DI PIETRO,Maria Sylvia Zanella Di Pietro,op. Cit. ,p 841
14
Como bem adverte Fábio Medina Osório (2004) 8“improbidade é
conceito jurídico indeterminado vazado em cláusulas gerais, que exige, portan-
to, esforço de sistematização e concreção por parte do intérprete(p.247).”.
Quanto as sanções o art12 e incisos da lei 8429/92 estabelecem
as sanções cabíveis aos sujeitos ativos do ato ímprobo, quais seja, a perda
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente, perda da função pública, suspen-
são dos direitos políticos, pagamento de multa civil, proibição de contratar com
o poder público ou receber incentivos fiscais ou creditícios e ressarcimento in-
tegral do dano.
Ressalta-se que a Lei nº 8.429/92 consagrou a independência
das sanções penais, civis e administrativas pela prática do mesmo ato ilícito,
independência esta de importância fundamental para o desenvolvimento deste
trabalho, pois denota de forma clara a diferença entre ato de improbidade e os
denominados crimes de responsabilidade, uma vez que, os primeiros configu-
ram ilícitos de natureza civil (extrapenal), muito embora, tenha consequências
na esfera administrativa, enquanto os segundos são infrações político-
administrativas (ou politico-constitucionais).
Devido a este fato que os atos de improbidade estão sujeitos a
um processo e julgamento realizado exclusivamente pelo poder jurisdicional,
tendo um rito próprio sem qualquer aspecto político, enquanto os crimes de
responsabilidade estão sujeitos em relação a alguns agentes a processo e jul-
gamento pelo legislativo.
Com efeito, percebe-se, que os denominados crimes de respon-
sabilidade não se confundem com os atos de improbidade administrativa, sen-
do possível a tramitação de processos simultâneos pelo mesmo fato que im-
porte em responsabilização civil, por crime de responsabilidade e por crime
comum, não havendo que falar em dupla punição.
Não obstante, as sanções indicadas no art37 § 4º da constituição
não tem natureza de sanções penais, porque, se tivessem não estabeleceria
7 FIGUEIREDO,Marcelo.Probidade administrativa ,São Paulo Malheiros p.46 8 OSÓRIO,Fábio Medina.Observações acerca dos sujeitos do ato de improbidade administrati-va,RT750/90
15
que as punições pelos atos de improbidade administrativa serão aplicadas sem
prejuízo da ação penal cabível.
De acordo com Di Pietro(2006),“9a natureza das medidas previs-
tas no dispositivo constitucional está a indicar que a improbidade administrati-
va, embora possa ter consequências na esfera criminal e na esfera administra-
tiva caracteriza um ilícito de natureza civil”( p 831).
Ademais, em vista das sanções possíveis de serem aplicadas, se
tem mais um reforço para a distinção acima.
Realmente, não há previsão na Lei nº 1.079/1950 de outros tipos
de penalidade a não ser a perda do cargo e inabilitação para o exercício da
função pública, diferentemente do que ocorre em relação aos atos de improbi-
dade administrativa, que, de conformidade com o § 4º do art. 37 da Constitui-
ção Federal, prevê para o agente ímprobo as sanções de suspensão dos direi-
tos políticos, perda da função pública, indisponibilidade dos bens e ressarci-
mento ao erário, sendo, ainda, complementado pelo art. 12 da Lei nº
8.429/1992, que regula a aplicação das sanções, do que se denota haver uma
clara distinção entre os crimes de responsabilidade e os atos de improbidade
administrativa.
Porém o STF em contrapartida a todo o entendimento doutrinário
firmou jurisprudência diferente favorecendo a impunidade aos atos de corrup-
ção praticados por agentes políticos, conforme demonstrando em julgamento
do STJ 10que segue abaixo:
Ementa: Processo civil. Questão de Ordem em Ação de improbi-
dade administrativa. Agentes políticos e agentes administrativos.
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da im-
possibilidade de propositura da ação de improbidade, quanto aos
agentes políticos, que se sujeitam à ação penal por crime de res-
ponsabilidade. Aplicabilidade no âmbito do STJ. Ação proposta
contra membro do Tribunal de Contas de Estado da Federação.
Peculiaridades, quanto à sua tipificação da conduta contida na
9 DI PIETRO;Maria Sylvia Zanella op. cit. p.831
16
ação de improbidade, que afasta a orientação preconizada pelo
STF. Possibilidade de sua responsabilização pelo regime de ação
de improbidade. - No julgamento da Recl. 2.138/DF, o STF deci-
diu que o regime da ação de improbidade administrativa não se
aplica aos agentes políticos, cujos atos estariam abrangidos pelos
preceitos contidos da Lei dos Crimes de Responsabilidade , com
o foro privativo estabelecido na Constituição Federal . Haveria,
portanto, para os agentes políticos, 'bis in idem' entre os preceitos
da Lei de Crimes de Responsabilidade e a Lei de Improbidade
Administrativa . - Para Conselheiros do Tribunal de Contas do Es-
tado, a conclusão não pode ser a mesma.
O que causa repudio a sociedade civil que vê desamparado pelos
sucessivos atos ímprobos cometidos por agentes políticos que agem aquém da
impunidade, respondendo apenas por mero crime de responsabilidade indo de
encontro com a Constituição federal que distingue Crimes de Responsabilida-
de dos Atos de improbidade Administrativa.
10 QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QO na AIA 27 DF
17
CAPÍTULO II
Diferenças das naturezas jurídicas
O conceito de ato improbo caracteriza-se por ação ou omissão
dolosa do agente público, ou de quem de qualquer forma concorra para a
realização da conduta, com a nota imprescindível da deslealdade, desones-
tidade ou falta de caráter, que visse a acarretar enriquecimento ilícito, lesão
ao patrimônio das pessoas jurídicas mencionadas no art. 1º da Lei 8429/89,
ou ainda, que violasse os princípios da Administração Pública, nos termos
previstos nos artigos 9º, 10 e 11 da citada lei.
O STF em recente julgamento firmou entendimento para não apli-
car a lei 8429/92 a determinados agentes políticos por entender que estes por
estarem regidos pela lei 1079/50,a qual regula os crimes de responsabilidade,
estariam sofrendo um bis in idem, ou seja, entendeu que tanto os atos de im-
probidade quanto os denominados equivocadamente crime de responsabilida-
de tem a mesma natureza jurídica.
Mister se faz trazer a baile este julgado nefasto que incita a práti-
ca de atos ímprobos por parte dos agentes políticos, se não vejamos teor da
reclamação 2138 STF11:
MÉRITO. II.1.Improbidade administrativa. Crimes de responsabili-
dade. Os atos de improbidade administrativa são tipificados como
crime de responsabilidade na Lei nº 1.079/1950, delito de caráter
político-administrativo. II.2.Distinção entre os regimes de respon-
sabilização político-administrativa. O sistema constitucional brasi-
leiro distingue o regime de responsabilidade dos agentes políticos
dos demais agentes públicos. A Constituição não admite a con-
corrência entre dois regimes de responsabilidade político-
administrativa para os agentes políticos: o previsto no art. 37, § 4º
2008/0188380-8 (STJ) 11 STF - RECLAMAÇÃO : RCL 2138 DF RECLAMAÇÃO. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CRIME DE RESPONSABILIDADE. AGENTES POLÍTICOS
18
(regulado pela Lei nº 8.429/1992) e o regime fixado no art. 102, I,
c, (disciplinado pela Lei nº 1.079/1950). Se a competência para
processar e julgar a ação de improbidade (CF, art. 37, § 4º) pu-
desse abranger também atos praticados pelos agentes políticos,
submetidos a regime de responsabilidade especial, ter-se-ia uma
interpretação ab-rogante do disposto no art. 102, I, c, da Constitu-
ição. II.
3.Regime especial. Ministros de Estado. Os Ministros de Estado,
por estarem regidos por normas especiais de responsabilidade
(CF, art. 102, I, c; Lei nº 1.079/1950), não se submetem ao mode-
lo de competência previsto no regime comum da Lei de Improbi-
dade Administrativa (Lei nº 8.429/1992). II.
4.Crimes de responsabilidade. Competência do Supremo Tribunal
Federal. Compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal
processar e julgar os delitos político-administrativos, na hipótese
do art. 102, I, c, da Constituição. Somente o STF pode processar
e julgar Ministro de Estado no caso de crime de responsabilidade
e, assim, eventualmente, determinar a perda do cargo ou a sus-
pensão de direitos políticos. II.
5.Ação de improbidade administrativa. Ministro de Estado que te-
ve decretada a suspensão de seus direitos políticos pelo prazo de
8 anos e a perda da função pública por sentença do Juízo da 14ª
Vara da Justiça Federal - Seção Judiciária do Distrito Federal. In-
competência dos juízos de primeira instância para processar e
julgar ação civil de improbidade administrativa ajuizada contra
agente político que possui prerrogativa de foro perante o Supre-
mo Tribunal Federal, por crime de responsabilidade, conforme o
art. 102, I, c, da Constituição. III. RECLAMAÇÃO JULGADA
PROCEDENTE.
19
Equivoca-se, data vênia, o pretório Excelso, uma vez que as con-
dutas tidas como crime de responsabilidade não tem natureza penal e sim polí-
tico administrativo, tendo a própria lei 1079/50 definido os crimes de responsa-
bilidade e regulado o respectivo processo de julgamento.
Destarte, convém seja notado, a expressão ‘crime de responsabi-
lidade’, que aparece na Constituição sem exato conceito técnico ou científico.
Conforme salienta Eugenio Pacelli de Oliveira(2005): 12
“nem sempre o crime de responsabilidade corresponde a infração
penal. Quando motiva o impeachment, por exemplo, caso em
que, sem dúvida, a despeito do nomen juris que lhe dá o Código
Supremo e a Lei que lhe é complementar, o ilícito a ele subjacen-
te não é penal(p.887)”.
Se o crime de responsabilidade não é sancionado com pena cri-
minal, como delituoso não se pode qualificar o fato assim denominado, pois o
que distingue o crime dos demais ilícitos é, justamente, a natureza da sanção
abstratamente cominada.
O crime de responsabilidade pode ser definido como o instrumen-
to jurídico de verificação de regularidade e prestações de contas da função
pública exercida pelo agente político, insere-se como uma das variadas formas
de controle interno do poder, por isso o supremo tribunal federal define como
delito político-administrativo.
Fábio Medina Osório(2004) 13informa que:
“existem três grandes vertentes acerca do tema: os que defen-
dem a natureza criminal dos delitos de responsabilidade, os que
defendem a natureza política e, por fim, os que sustentam a natu-
12 DE OLIVEIRA Eugênio Pacelli (Curso de Processo Penal. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, pp. 87-88
20
reza mista do ilícito. Prevalecendo na doutrina o entendimento de
que se trata de uma infração político administrativa”.
Os atos de improbidade administrativa, diferentemente, possuem
natureza civil, não obstante o legislador tenha denominado “pena” as sanções
que serão aplicadas aos agentes ímprobos (art.12 da lei n° 8.429/92). O texto
constitucional (art. 37, § 4°) deixa isso claro ao dizer que as punições pelos
atos de improbidade administrativa serão aplicadas “sem prejuízo da ação pe-
nal cabível”.
Conforme salienta Di Pietro(2006) 14,
“o ato de improbidade administrativa pode corresponder a um ilíci-
to penal,se puder ser enquadrado em crime definido no Código
Penal ou em legislação complementar.Isso permite concluir que o
ato de improbidade em si,não constitui crime, mas pode corres-
ponder também a um crime definido em lei”.
O entendimento do STF desconsidera a distinção ontológica entre
os atos de improbidade e os crimes de responsabilidade.
Existe uma diferença muito grande entre as infra-
ções político-administrativas e os atos de improbidade, especialmente no que
se refere à finalidade que se pretende atingir com as sanções que lhe são apli-
cadas.
O art. 37, § 4°, CF, regulado pela lei n° 8.429/92, regido pelo prin-
cípio da moralidade administrativa, que tem como escopo essencial coibir a
corrupção pública e reparar o prejuízo causado ao erário.
Já, o tratamento jurídico da lei n° 1.079/50, com base no art. 85
da CF, direcionado aos fins políticos, assumiria outra forma, porque o objetivo
visado seria o de afastar da vida pública o agente político faltoso.
13 OSÓRIO, Fábio Medina. Obstáculos processuais ao combate à improbidade administrativa: uma refle-xão geral. Improbidade administrativa: responsabilidade social na prevenção e controle. Coleção do aves-so ao Direito, Ministério Público do Estado do Espírito Santo, 2004. v.6. p. 201 14 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.op.cit., p. 682
21
Motivo pelo qual os primeiros atos estão sujeitos a um processo e
julgamento realizado exclusivamente pelo Poder Judiciário, valendo-se de um
rito próprio sem qualquer aspecto político, enquanto os segundos estão sujei-
tos em relação a alguns agentes a processo e julgamento pelo legislativo, ten-
do conotação política a sua condução.
No processo e julgamento por crimes de responsabilidade serão
aplicadas as sanções políticas (perda do cargo e inabilitação temporária para o
exercício de função pública),enquanto na ação judicial de improbidade admi-
nistrativa o juiz aplicará as demais sanções elencadas na lei 8429/92.
Ressalte-se que como fundamento da natureza civil o art. 37, §
4º, da Constituição, segundo o qual “os atos de improbidade administrativa im-
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indis-
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e na gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.
Redação similar possui o art. 12 da Lei nº 8.429/92: “Indepen-
dentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo
com a gravidade do fato: (...)”.
Logo, se as normas constitucional e legal salientam que as penas
aplicáveis aos atos de improbidade podem ser aplicadas juntamente com as
sanções penais e são independentes das punições civis, criminais e adminis-
trativas, há claramente uma diferenciação entre ambas.
Resta claro, portanto, que a natureza jurídica dos atos de impro-
bidade e dos crimes de responsabilidade não se confundem, não tendo qual-
quer amparo a fundamentação do STF para excluir a incidência da lei 8429/92
aos agentes políticos.
Ora, latente demonstrado que não há qualquer semelhança entre
crimes de responsabilidade como ato de improbidade administrativa, podendo
sim, o agente político ser condenado por crime de responsabilidade e por ato
de improbidade não tendo que se falar em bis in idem.
22
Contudo, parece que o Lobbye do Congresso Nacional frente ao
órgão supremo da nossa república ser latente pois com este entendimento es-
ta comprometendo a ordem do estado, deixando impune diversos políticos que
cometem atos nefastos em nossa sociedade.
Vejamos o recente julgamento do TRF 2º 15região, onde determi-
nado agente político simplesmente teve afastado a incidência da lei de impro-
bidade, fundamentado nesse raciocínio falho, acarretando mais uma impuni-
dade na República Democrática Brasileira, vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. AGENTE POLÍTICO. RECLAMAÇÃO N.º
2.138, STF. MINISTRO DE ESTADO. IMPOSSIBILIDADE DE
RESPONDER POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA COM
BASE NA LEI N.º 8.429/1992, MAS APENAS POR CRIME DE
RESPONSABILIDADE. PROCESSO EXTINTO COM RELAÇÃO
AO AGRAVANTE.
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento
da Reclamação n.º 2.138, por maioria de votos, orientando-se no
sentido de que os agentes políticos, por serem regidos por nor-
mas especiais de responsabilidade, inscritas no art. 102, I, 'c', da
Constituição da República de 1988, regulado pela Lei 1.079/50,
não respondem por improbidade administrativa com base no art.
37, § 4º, da CR/88, regulado pela Lei 8.429/92, mas apenas por
crime de responsabilidade perante o STF, devendo ser aplicado
tal entendimento com relação ao agravante, Ministro de Estado
do Esporte à época dos fatos.
2. A sujeição do agente à disciplina do crime de responsabilidade,
na linha da orientação do Supremo Tribunal Federal no julgamen-
to da Reclamação n.º 2.138, acarreta a extinção do processo de
15 TRF-2 - AG - AGRAVO DE INSTRUMENTO : AG 201302010152110
23
improbidade sem julgamento de mérito com relação ao agravan-
te, diante da inadequação do aludido procedimento.
3. Dessa forma, diante da decisão do Plenário do Supremo Tribu-
nal Federal, por maioria de votos, no sentido de que os agentes
políticos, por serem regidos por normas especiais de responsabi-
lidade, inscritas no art. 102, I, 'c', da Constituição da República de
1988, regulado pela Lei 1.079/50, não respondem por improbida-
de administrativa com base no art. 37, § 4º, da CR/88, regulado
pela Lei 8.429/92, mas apenas por crime de responsabilidade pe-
rante o STF, deve ser aplicado tal entendimento com relação ao
agravante.
Lamentável, o judiciário brasileiro compactuar com tamanha im-
punidade, restando somente o STF reconhecer o erro latente deste entendi-
mento e reforma tamanho erro, para assim, vermos uma diminuição dos crimes
de improbidade administrativa com consequente rigor na punição dos agentes
políticos.
24
CAPÍTULO III
Agente político na lei 8429/92
Há enorme controvérsia doutrinária em relação à conceituação
dos agentes políticos, sendo possível apontar para fins didáticos, dois grandes
entendimentos sobre o assunto.
A primeira posição, que é um conceito amplo, define agentes polí-
ticos como componentes do governo nos seus primeiros escalões, que atuam
com independência funcional, tais agentes possuem, normalmente, as suas
funções delineadas na Constituição e não se encontram subordinados aos
demais agentes, pois ocupam os órgãos de cúpula.
Inserem-se neste conceito os Chefes do Executivo (Presidente da
República, Governadores e Prefeitos), os membros do Poder judiciá-
rio(magistrados), membros do Ministério Público ( Procuradores e Promotores.
Para a segunda posição, que é um conceito restritivo, agentes po-
líticos são aqueles que ocupam local de destaque na estrutura estatal, respon-
sáveis pelas decisões políticas fundamentais do estado.
Agentes políticos são aqueles que ocupam cargos eletivos ou vi-
talícios, integrantes dos três poderes do Estado e por equiparação, os integran-
tes do Ministério Público. Segundo Regis Fernandes de Oliveira(2004) 16são
agentes políticos porque detêm e são titulares do Poder do Estado, isto é, pos-
suem a possibilidade jurídica de ingressar na esfera jurídica de outros, impon-
do-lhes deveres ou criando direitos.
Como preleciona Hely Lopes Meirelles(2003) 17“são os compo-
nentes do governo nos seus primeiros escalões, investidos em cargos, fun-
ções, mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delega-
ção para o exercício de atribuições constitucionais.”
16 OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Servidores públicos. São Paulo: Malheiros Editores, 2004. p. 10-11 17 MEIRELLES,Hely Lopes.Direito Administrativo Brasileiro p135
25
Celso Antônio Bandeira de Mello 18defende um conceito mais
restritivo para o termo agente político ao afirma que:” Agentes políticos são os
titulares de cargos estruturais à organização política do País, ou seja, ocupan-
tes dos que integram o arcabouço constitucional do Estado, o esquema fun-
damental do Poder.”
De acordo com esta concepção restritiva, não basta a previsão de
suas atribuições no texto constitucional para que os agentes sejam considera-
dos como políticos. A caracterização dos agentes políticos depende, em regra,
do preenchimento de alguns requisitos, tais como, acesso ao cargo político por
meio de eleição,função política de caráter transitório, e decisões políticas fun-
damentais de Estado.
O vínculo que tais agentes entretêm com o Estado não é de natu-
reza profissional, mas de natureza política. Exercem um múnus público
Só será de importância para o desenvolvimento do presente tra-
balho os agentes políticos que pelo entendimento do STF não estão abrangi-
dos pela lei de improbidade administrativa por estarem regidos por outro di-
ploma regulador, quais sejam, Presidente da República, Ministro de Estados,
Ministro do STF, e por força do principio constitucional da simetria os Governa-
dores, e Secretários de Estado-membro.
O referido diploma regulador é a lei1079/50 que regulamenta os
crimes de responsabilidade. A aplicação da Lei 8429/92 aos agentes políticos,
submetidos ao referido regime especial é bastante controvertida, sendo neces-
sário trazer a baila os três entendimentos doutrinários da atualidade.
O primeiro entendimento, este adotado pelo STF, é que os agen-
tes políticos submetidos a legislação especial, que versa sobre os crimes de
responsabilidade, não se submetem a lei 8429/92.
Isto porque a Constituição teria dispensado dois tratamentos dis-
tintos aos atos de improbidade.
Para os agentes públicos em geral sujeitam-se aos termos do
art37,§4º,da CRFB/88,regulamentado pela lei 8429/92,e para os agentes políti-
18 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004 p 229
26
cos,estes se submetem as regras especificas do crime de responsabilidade,
na forma dos arts52,I,85,V e 102,I,c,CRFB/88,regulamentados pela lei
1079/50.
Conforme demonstrado em recente julgado do TRF1
Ementa: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL POR ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. AGENTES POLÍTICOS. APLICABILIDADE
DA LEI Nº. 8.429 /92. PRECEDENTE DO STJ E DESTE
TRIBUNAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. RECEBIMENTO DE PETIÇÃO INICIAL DE
AÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. 1. O STF entendeu, na Re-
clamação n. 2.138, que os agentes políticos, por serem regidos
por normas especiais de responsabilidade, não respondem por
improbidade administrativa com base na Lei 8.429 /92, mas, ape-
nas, por crime de responsabilidade em ação que somente pode
ser proposta perante a Corte, nos termos do art. 102 , I , c , da CF
. 2. A decisão proferida na Reclamação n. 2.138,( TRF-1 -
AGRAVO DE INSTRUMENTO AG 9473 PA 0009473-
59.2011.4.01.0000 (TRF-1)
De acordo como este primeiro entendimento, os agentes políticos
por estarem regidos por normas especiais de responsabilidade, não respon-
dem por improbidade administrativa, mas apenas por crime de responsabilida-
de.
A corrente citada desconsidera o princípio da separação ou inde-
pendência entre as instâncias consagrado na nossa legislação no art. 935 do
Código Civil de 2002, olvidando que “a ilicitude, enquanto contrariedade do fato
à norma de direito, pode se estender a diversos ramos do mesmo ordenamen-
to jurídico, podendo um único fato constituir tanto ilícito penal como civil, admi-
nistrativo e disciplinar”.
27
Vejamos um julgado que diverge desta corrente:
Ementa: PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. APLICABILIDADE DA LEI Nº. 8.429 /92 AOS
AGENTES POLÍTICOS. PRELIMINAR AFASTADA.
INDISPONIBILIDADE DE BENS. PERICULUM IN MORA NÃO
DEMONSTRADO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Os Prefeitos Munici-
pais, ainda que sejam agentes políticos, estão sujeitos à Lei de
Improbidade Administrativa , conforme o disposto no art. 2º dessa
norma, e nos artigos 15 , V , e 37 , § 4º , da Constituição Federal .
Também estão sujeitos à ação penal por crime de responsabili-
dade, na forma do Decreto-Lei nº. 201 /67, em decorrência do
mesmo fato. Assim, é cabível ação de improbidade contra agente
político. Precedentes do STJ e deste Tribunal. Preliminar afasta-
da. 2(TRF 1-AGRAVO DE INSTRUMENTO AG3365BA 0003365-
48.2010.4.01.0000 (TRF-1)
Para este entendimento, os agentes políticos sujeitam-se as san-
ções de improbidade administrativa, previstas na lei 8429/92, e as sanções por
crime de responsabilidade, tipificadas na lei 1079/50, que podem ser aplicadas
de forma cumulativa sem que isso configure Bis in idem.
Salienta os adeptos desta corrente que não há norma constitu-
cional alguma que imunize os agentes políticos, sujeitos a crime de responsa-
bilidade, de qualquer das sanções por ato de improbidade previstas no art37
§4,seria incompatível com a constituição eventual preceito normativo infracons-
titucional que impusesse imunidade dessa natureza.
E finalmente o terceiro entendimento, que parece ser o mais ade-
quado, entende que não há que se falar em imunidade do agente político à
aplicação da Lei de Improbidade administrativa.
A interpretação sistemática do ordenamento jurídico demonstra
que a intenção do legislador constituinte foi a de estabelecer regras especiais
para os agentes políticos que cometerem atos de improbidade/crimes de res-
28
ponsabilidade em relação exclusivamente à aplicação de sanções políticas
(perda do cargo e inabilitação temporária para o exercício de função pública),
mas não no tocante às demais sanções que não possuem caráter político e
que estão previstas no art12 da lei 8429/92.
Ou seja, afastada a aplicação das sanções políticas é perfeita-
mente cabível a incidência da lei 8429/92, nada obstando a aplicação de ou-
tras sanções previstas no referido diploma, tais como o ressarcimento de da-
nos causados ao erário, perda dos bens resultantes do enriquecimento ilícito e
multa civil.
A respeito deste entendimento Di Pietro(2006) 19conclui que na
aplicação da Lei de Improbidade Administrativa aos agentes políticos faz-se
necessário algumas ressalvas. Primeiro, em relação aos parlamentares não é
possível, segundo a autora, a aplicação da sanção de perda da função pública,
que implicaria em perda de mandato, porque tal medida é de competência da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, tal como previsto no art. 55 da
Constituição Federal.
Entretanto, nada impede que sejam suspensos os direitos políti-
cos aos Deputados Federais e Senadores, em ação civil por improbidade ad-
ministrativa, haja vista a disposição do art. 15, V, da CF, que inclui entre as
hipóteses de perda ou suspensão de direitos políticos a "improbidade adminis-
trativa, nos termos do art. 37, § 4
Com a devida vênia aos que se filiam as outras correntes, enten-
der pela não aplicação das normas da lei de improbidade administrativa aos
agentes políticos implica em estabelecer imunidade que a Constituição Federal
não previu e nem excepcionou no §4º do art37.
Destaque-se, ainda, que esta "imunidade" aos efeitos da Lei nº
8429/92, , deferida aos agentes políticos, além de produzir nefastos efeitos
políticos, incorre em flagrante ferimento à Constituição Federal de 1988, que
garante a proteção aos Princípios da Moralidade, da Legalidade e da Probida-
de.
19 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella.op. cit., p.799
29
Ademais, trata-se de entendimento que vem solapar o Princípio
da Isonomia Simétrica, já que inexiste fundamento constitucional, para conces-
são da dita "imunidade", tratando-se de forma diferenciada os servidores públi-
cos que continuam a responder por atos de improbidade às previsões da Lei nº
8429/92 e limitando-se indevidamente o campo de aplicação de norma legal
que procurou diminuir as mazelas sociais do país, em grande parte devidas ao
desrespeito à Probidade Administrativa
Nesse sentido, aliás, é a posição de Sérgio Monteiro Medei-
ros(2003) 20, membro do Ministério Público Federal, que em obra comentada
sobre a Lei de Improbidade Administrativa, ao analisar o entendimento do STF,
destaca que tal entendimento, se vier a ser consolidado instituirá um sistema
de castas na Administração Pública, onde uns poderão ser responsabilizados,
enquanto que outros, por maiores que sejam os prejuízos causados ao erário,
ficarão indenes.
O pequeno peculatário da Empresa Brasileira de Correios e Telé-
grafos continuará a ser processado e punido na forma preconizada pela Lei de
improbidade Administrativa, já o ministro de Estado, por exemplo, que vier a se
utilizar do cargo para defraudar as finanças do Estado, em milhões, estará livre
de responder pela improbidade perpetrada, pelo menos ex vi da Lei de Impro-
bidade Administrativa.
Tal entendimento também propiciaria verdadeira blindagem pa-
trimonial, já que não seria possível a reparação dos danos causados, o perdi-
mento dos bens adquiridos em enriquecimento ilícito e o pagamento de multa
civil, evidenciando uma violação ao principio da isonomia inserto no caput do
art5º da CFRB/88.
A respeito do exposto, Mônica Nicida Garcia 21leciona que:
20 MEDEIROS, Sérgio Monteiro. Lei de Improbidade Administrativa. Comentários e anotações jurispru-denciais. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003. 21 GARCIA, Mônica Nicida. Agente político, crime de responsabilidade e ato de improbidade. Boletim dos Procuradores da República. a. v, n. 56, dez/2002
30
“não encontra guarida na Constituição Federal a tese de que os
agentes políticos por responderem por crime de responsabilidade
seriam exonerados da responsabilização por crime comum, por i-
lícito civil, ou por ato de improbidade administrativa”.
Tanto é assim que o art. 52 da Magna Carta prevê que a conde-
nação se dará sem o prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis, tal como
ressaltamos anteriormente neste trabalho.
Em conformidade com este entendimento Gabriel Abrão Fi-
lho(2007) 22assevera que:
“se concluir pela corrente de que a Constituição ter previsto a es-
fera de responsabilidade político-administrativa exclui a possibili-
dade de responsabilização em qualquer outra instância ou esfera,
ainda que constitucionalmente albergada, como é o caso da im-
probidade administrativa, haverá que se admitir que inexiste, para
os agentes políticos, a responsabilidade penal, o que, verdadei-
ramente, não se concebe”
Então, se existe a responsabilidade penal e se esta não se con-
funde, nos termos da lei, da doutrina e da jurisprudência, com a responsabili-
dade pela prática de ato de improbidade administrativa, é inafastável a conclu-
são pela existência e incidência desta última.
A interpretação de tal disposição constitucional só nos permite
chegar a opinião de que a Constituição em nenhum momento afastou os agen-
tes políticos da possibilidade de responsabilização por atos de improbidade
administrativa por estarem sujeitos à incidência da Lei dos Crimes de Respon-
sabilidade.
Como bem defende Luiz Gonzaga Pereira Neto (2007) 23,
22 ABRÃO FILHO, Gabriel. Aspectos materiais, processuais, e procedimentais da ação civil por impro-bidade administrativa. 2007. 299 f. Dissertação (Mestrado em Direito Processual Civil)-Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade Católica. São Paulo.
31
“o argumento de que a submissão dos agentes políticos ao regi-
me de crimes de responsabilidade afastaria a concorrência com a
responsabilização de acordo com a Lei de Improbidade Adminis-
trativa corresponderia a bis in idem, não deve prosperar, pois ine-
xiste dependência entre as diferentes esferas de responsabilida-
de (tanto administrativa, civil e penal)”
Ademais, outro argumento que pode ser utilizado pelos que de-
fendem a incidência da lei 8429/92,conforme assevera Min. Barbosa no julga-
mento da Reclamação 2138-6 no STF é que trata-se de disciplinas normativas
diversas,embora visem à preservação do mesmo principio constitucional.
Nesse sentido o art37 §4º da CRFB/88, disciplinado pela lei de
improbidade administrativa, traduz, como já dito anteriormente, a concretização
do principio da moralidade administrativa, buscando coibir a prática de atos
antiéticos aplicando-se aos acusados, atendidos os princípios da proporciona-
lidade e da razoabilidade, as inúmeras e drásticas penalidades previstas na lei
– e tão somente elas".
Por outro lado, a apuração da responsabilização política, tal como
prevista no art. 85, V da CF e na Lei 1.079/50, assume outra roupagem porque
o objetivo constitucional buscado é mais elevado.
Faz mister trazer o entendimento do Ministro Joaquim Barbosa
no já mencionado julgamento da reclamação 2138-6-DF que diferencia os dois
institutos chegando a conclusão: que “estamos diante de entidades distintas e
nada mais. Distintas e que não se excluem, podendo ser processadas separa-
damente, em procedimentos autônomos, com resultados absolutamente distin-
tos, embora desencadeados pelos mesmos fatos.”
Nesse sentido, o Ministro relembra o fato de que o ex-presidente
Fernando Collor teve sua Ação Penal julgada perante o Supremo Tribunal Fe-
23 PEREIRA NETO, Luiz Gonzaga. Os agentes políticos e sua responsabilização à luz da lei nº 8.429/92. Revista da AGU, Brasília, a. IV, n. 12, abr. 2007
32
deral após ter respondido pelo crime de responsabilidade perante o Senado
Federal.
Assim, fica demonstrado que não há óbices constitucionais para a
existência da duplicidade de sanções iguais quando o escopo dos processos
de punição é diferente.
Entender pela não incidência da Lei de Improbidade Administrati-
va para os agentes que respondem por crimes de responsabilidade estar-se-á
comprometendo seriamente a efetividade no combate, à improbidade adminis-
trativa, abrindo-se perigosa válvula de escape para a impunidade.
33
CONCLUSÃO
Com o presente artigo cientifico pretendeu-se analisar a possibilidade
dos agentes políticos serem responsabilizados por atos de improbidade admi-
nistrativa, tal como disposto na Constituição Federal e na Lei nº 8.429/92
Com base no exposto durante o desenvolvimento do presente trabalho
denota de forma clara que não existe óbice para a problemática levantada pelo
STF, uma vez que, restou demonstrado de forma clara que é perfeitamente
cabível a incidência da lei 8429/92 aos agentes políticos.
Entender que os atos de improbidade regidos pela lei
8429/92 e os crimes de responsabilidade regidos pela lei 1079/50 tem a mes-
ma natureza jurídica de infração político administrativa, e por tal,estaria confi-
gurado um bis in idem incidindo duas leis sobre um mesmo fato esta totalmen-
te equivocada conforme restou comprovado no decorrer deste trabalho.
Após a análise das correntes existentes acerca do tema,
entende-se que os agentes políticos devem responder por atos de improbidade
administrativa independente de sua responsabilização por crimes de respon-
sabilidade.
Chega-se a tal entendimento em virtude da importância dada pela
Constituição Federal ao princípio da moralidade administrativa e por não haver
nenhum óbice à responsabilização dos agentes políticos por crimes de respon-
sabilidade e por atos de improbidade administrativa, afinal de contas, trata-se
de punições de diferentes naturezas.
Tanto o é que a própria constituição no art37§4º assevera que as puni-
ções referentes aos atos de improbidade serão impostas sem prejuízo da ação
penal cabível.
Nada obsta, portanto, a sujeição dos agentes políticos a lei 8429/92,
nem poderia ser diferente em uma republica na qual todos são iguais e as o-
brigações e o dever de agir corretamente são ainda mais potencializados no
caso dos eleitos pelo voto direto.
Preservar a possibilidade de incidência da Lei nº 8.429/1992 para to-
dos agentes políticos é fundamental para que se tenha uma proteção suficiente
34
da probidade administrativa, conforme determinou a Constituição Federal em
seu art. 37, § 4º, fundamental para a manutenção do Estado Democrático de
Direito enfim, é fundamental para que seja respeitado o princípio da dignidade
da pessoa humana.
Com efeito, no estágio atual da realidade brasileira, em que se multipli-
cam os atos de improbidade, com grande risco para o efetivo e concreto cum-
primento das prestações sociais pelo Estado, mais do que nunca se reclama
da necessidade de se conferir a máxima efetividade à Lei de Improbidade Ad-
ministrativa, o que estará seriamente comprometido caso se entenda inaplicá-
vel a Lei nº 8.429/1992 em relação a determinados agentes.
Portanto, em que pese a posição que vem sendo trilhada pelo Supre-
mo Tribunal Federal, entendemos que ainda que o agente político possa ser
responsabilizado pela prática de atos considerados como crimes de responsa-
bilidade, acaso sua conduta também configure ato de improbidade administra-
tiva tipificado na Lei nº 8.429/1992, também poderá ser submetido ao processo
civil coletivo, sujeitando-se às sanções prevista na citada lei.
Em consonância ainda com o art. 37, § 4º, da Constituição Federal,
que configura, como já destacado, o regramento constitucional para responsa-
bilização dos agentes que atentam contra a probidade administrativa, sem
constar qualquer ressalva em relação aos agentes políticos, como, aliás, não
poderia ser diferente, diante do princípio da isonomia de tratamento em se tra-
tando do exercício da res publica.
Este entendimento visa garantir a lisura da administração pública evi-
tando os rombos aos cofres públicos que rotineiramente lesão o erário público
brasileiro promovidos por agentes políticos inescrupulosos que atuam com total
sentimento de impunidade.
Corroborar um entendimento contrário vai de encontro a atual busca
por punição aos crimes de corrupção, posto que com a Lei135/2010(lei de fi-
cha limpa) estabeleceu novas hipóteses de inelegibilidade dos agentes políti-
cos relacionadas à condenação por ato de improbidade administrativa.
Neste sentido, por exemplo, o art 1º da LC64/1990, com a redação da-
da pela LC135/2010,estabelece a inelegibilidade para qualquer cargo daqueles
35
que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas
rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbida-
de.
Da mesma forma o art.1,I, da referida Lei Complementar torna inelegí-
vel o agente que for condenado à suspensão dos direitos políticos em decisão
transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso
de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enri-
quecimento ilícito.
Ora como asseverado por este diploma, só podemos aplicar a inelegi-
bilidade por atos quanto a estas irregularidades aos agentes políticos,visto que
essencialmente esses tem suas contas vistoriadas.
Desta forma, comprovado esta que nada obsta o agente político ser
sujeito ativo do ato de improbidade, posto que não poderia ser diferente em
uma República na qual todos são iguais e as obrigações e o dever de agir cor-
retamente são ainda mais potencializados no caso dos eleitos pelo voto direto.
Salientando que esta eventual condenação por ato improbo não obsta
a responsabilidade política e criminal, pois conforme demonstrando no presen-
te trabalho, são esferas diferentes de atuações, portanto, não havendo qual-
quer limitação quando a atuação do estado em punir tais agentes políticos.
Com tudo o que foi exposto, com a devida vênia, esta latente o erro do
STF ao dar entendimento divergente do que foi construído no presente traba-
lho
O entendimento do preterio excelsor cria uma situação desigual para
pessoas que a Lei nº 8.429/92 e a Constituição não tratam de forma desigual
em relação à prática de atos de improbidade.
O conceito de justiça formal, desde Aristóteles, está relacionado ao tra-
tamento igualitário entre os semelhantes e desigual entre aqueles em situa-
ções diferenciadas.
Aqui, a justiça parece consistir na igualdade. Portanto, tendo todos um
direito igual, é justo considerar como lei o que agradar à maioria. A liberdade e
a igualdade dão a cada um o direito de fazer o que quiser, e assim, nessas
sociedades, diz Eurípides, cada um vive a seu modo e como bem entende.
36
Porém, na aplicação da Lei de Improbidade Administrativa, excepcio-
nalmente o STF tratou desigualmente quem não é tratado de forma diferencia-
da na Constituição ou na lei específica, mas que apenas recebe penalidades
específicas por infrações políticas (em virtude da natureza, da relevância e da
responsabilidades do cargo que ocupa), e tal acórdão viola o princípio da i-
gualdade formal, além de não ter fundamento expresso para aplicar a isonomia
material.
,
37
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União. Reclamado: Juiz Federal Substituto da 14ª Vara da Seção Judiciária do
Distrito Federal e outro. Relator: Min. Nelson Jobim, Rel. para acórdão Min.
Gilmar Mendes. Brasília/DF, DJe nº 70 de 18/04/2008