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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA Maria das Graças Martins ORIENTADORA: Prof. Gisele Leite Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 3.3 – A Obrigatoriedade de entrega da Declaração Anual 43 3.3. 1 – Quem declara o Imposto de Renda 43 3.4 – O Lançamento

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 3.3 – A Obrigatoriedade de entrega da Declaração Anual 43 3.3. 1 – Quem declara o Imposto de Renda 43 3.4 – O Lançamento

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA

Maria das Graças Martins

ORIENTADORA:

Prof. Gisele Leite

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão e Planejamento Tributário. Por Maria das Graças Martins

IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA

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Rio de Janeiro 2016

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AGRADECIMENTOS

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Agradeço a Deus que me possibilitou chegar até

aqui e conseguir concluir o meu curso de Pós-

Graduação, e a minha orientadora que, com muita

dedicação e paciência me auxiliou nesse trabalho

final.

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DEDICATÓRIA

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Dedico a mim mesma pelo esforço e

determinação.

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RESUMO

Esse trabalho tratará de um dos mais importantes tributos, que é o

Imposto de Renda se desdobrando em Pessoa Física e Pessoa Jurídica sendo

denominados contribuintes. A abordagem desse trabalho será no campo da

Pessoa Física que será detalhado os diversos grupos como a renda de pessoa

física, a base de cálculo do imposto, a alíquota a ser aplicada, o imposto

apurado, as deduções permitidas em lei, e as isenções.

O Imposto de Renda Pessoa Física que é um imposto federal

brasileiro e que incide sobre todas as pessoas físicas que tenham obtido um

ganho acima de um determinado valor mínimo, e que sobre esse valor sofre a

retenção do imposto diretamente na fonte pagadora, anualmente esses

contribuintes são obrigados a prestar informações à Receita Federal do Brasil,

através do programa de Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física

(DIRPF) que a Receita Federal disponibiliza anualmente. Essa Declaração de

Ajuste Anual tem por finalidade apurar o débito (complemento do imposto a

pagar) ou o crédito (restituição parcial ou total do imposto retido na fonte)

referente o exercício anterior.

O objetivo desse trabalho é esclarecer e detalhar os procedimentos

corretos no preenchimento da declaração de ajuste anual de acordo com as

Normas do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3.000 de 26 de março

de 1999 (Livro I do Art. 2º ao Art. 142), mostrar a maneira como o Imposto de

Renda Pessoa Física é cobrado atualmente e os procedimentos corretos para

o preenchimento da declaração de Ajuste Anual, de modo a evitar que o

contribuinte caia na malha fina.

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METODOLOGIA

O Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) é de competência da

União, conforme art. 153, inciso III da Constituição Federal de 1988. O

propósito desse trabalho é apresentar as características, os princípios e regras

aplicáveis a este tema, com o foco nas hipóteses que configuram o fato

gerador do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) cujo caput do art. 43 do

Código Tributário Nacional (CTN) dispõe:

“O Imposto, de competência da União, sobre a Renda e proventos

de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade

econômica”.

A metodologia dessa pesquisa tem o intuito de levantar as

dificuldades que as pessoas físicas têm em apresentar todo ano a Declaração

de ajuste anual do Imposto sobre a renda da pessoa física. O interesse pelo

assunto é justificado pela oportunidade de aquisição de conhecimento sobre o

tema que está presente na maioria das vidas das pessoas. O Imposto de

Renda (IR) atinge atualmente no Brasil inúmeras pessoas físicas, logo o estudo

visa informar, esclarecer e recomendar, aos contribuintes conhecer os trâmites

do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) dentro da Secretaria da Receita

Feral do Brasil (SRFB).

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I

1.1 - Conceitos básicos e destinação do imposto 13

1.2 - Conceitos e espécies dos rendimentos 15 1.2. 1 – Os Rendimentos Tributáveis 15 1.2. 2 – Rendimentos Isentos e Não Tributáveis 19 1.2. 3 – Rendimentos Tributados Exclusivamente na Fonte 20

1.3 - As deduções permitidas em Lei 21

CAPÍTULO II

2.1 – A Hipótese de Incidência do Imposto 23 2.1. 1 – Jurisprudência 24

2.2 – O Fato Gerador Tributo 26 2.2. 1 – Os Elementos Básicos do Fato Gerador 28 2.2. 2 – O Momento da Ocorrência do fato Gerador 30 2.2. 3 – A Distinção entre hipótese de incidência Tributária e o Fato Gerador 31 2.3 – O Ilícito como Fato Gerador 31 2.4 – Sonegação 32 2.5 – A Base de Cálculo do Imposto de Renda 33 2.6 – As Alíquotas 34 2.6. 1 – Alíquota quantitativa 35 2.6. 2 – Jurisprudência 37 CAPÍTULO III

3.1 – Os Sujeitos Ativo e Passivo do Imposto 39

3.2 – O Regime de Tributação 41 3.2. 1 – A Tributação Modelo Simplificado 42 3.2. 2 – A Tributação Modelo Completo 43 3.3 – A Obrigatoriedade de entrega da Declaração Anual 43 3.3. 1 – Quem declara o Imposto de Renda 43

3.4 – O Lançamento por Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física 45

3.5 – Orientações da receita Federal do Brasil (RFB) para o correto preenchimento da Declaração

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3.5. 1 - Pessoas obrigadas a apresentar a Declaração de Ajuste Anual do IRPF 2015 47

3.5. 2 - Pessoas dispensadas da apresentação da Declaração de Ajuste Anual

do IRPF 2015 49

3.5. 3 - Pessoas que podem ser declaradas como dependentes na Declaração do IRPF 2015 49

3.5. 4 - Declarante em conjunto 51 3.5. 5 - Pessoas consideradas residentes no Brasil para fins tributários 52

CONCLUSÃO 53

REFERÊNCIAS 55

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende mostrar aos contribuintes o que os

mesmos devem saber para declarar o seu próprio imposto de renda, pois, por

mais que se diga que é muito fácil fazer sua própria declaração, sabe-se que

não é bem assim.

Cada contribuinte tem sua declaração diferenciada, de acordo com o

patrimônio que possui, e consequentemente, os resultados financeiros também

serão diferentes.

O Código Tributário Nacional (CTN) define a renda e o fato gerador

do imposto de renda:

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1° A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Parágrafo incluído pela Lei Complementar n° 104, de 10/01/2001). § 2° Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto

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referido neste artigo. (parágrafo incluído pela Lei Complementar n° 104, de 10/01/2001).

O que o contribuinte do Imposto de Renda Pessoa Física precisa

saber no momento do preenchimento de sua declaração?

As recomendações para o preenchimento são iguais para todos os

contribuintes, mas alerta-se que existe especificidade para cada contribuinte,

mesmo tendo-se idêntica tabela para a taxação dos rendimentos e a aplicação

da alíquota correspondente.

O Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) é um tributo de âmbito

federal, que incide sobre os rendimentos do trabalho e de outras receitas da

pessoa física. Nesse tipo de imposto, são tributados salários, comissões,

aluguéis, rendimentos sobre aplicações financeiras e demais proventos e

ganhos obtidos com aplicações de capital.

O Autor CARRAZZA (2006, p. 38) sintetiza de forma clara o que seria

renda e proventos de qualquer natureza, informando ser:

“Os ganhos econômicos do contribuinte gerados por seu

capital, por seu trabalho ou pela combinação de ambos e

apurados após o confronto das entradas e saídas

verificadas em seu patrimônio num certo lapso de tempo”.

Os contribuintes são obrigados a prestar contas junto à Secretaria da

Receita Federal (SRF) anualmente, com o intuito de declarar toda sua evolução

patrimonial, os diversos rendimentos e o valor do imposto do período.

É preciso mais esclarecimentos aos contribuintes, pois os mesmos

acabam, muitas vezes, não computando todos os rendimentos nas

declarações, e por consequência gera divergências nas informações.

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A declaração, depois de enviada à Secretaria da Receita Federal

(SRF), passa pelo processo de verificação, onde são analisados o imposto e os

rendimentos declarados pelo contribuinte, se são compatíveis com o aumento

patrimonial e/ou sua movimentação econômico-financeira em relação ao ano

calendário anterior.

Atualmente a declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF)

é entregue via sistema on-line, diretamente no site da Receita Federal,

utilizando-se o programa específico fornecido pela Receita Federal.

Os rendimentos do capital, do trabalho e da combinação de ambos

são passíveis de tributação. Em relação às pessoas físicas, o Imposto de

Renda (IR) incide sobre os rendimentos oriundos do trabalho, de aluguel, de

pensão alimentícia, de aplicações financeiras e demais proventos definidos em

lei. (PÊGAS, 2008), o renomado autor informa:

“Na maioria das situações relativas à remuneração do trabalho e em alguns casos relativos à remuneração do capital, o imposto de renda devido deve ser calculado e retido pela fonte pagadora, à medida que os pagamentos são efetuados. Nos casos em que não há retenção na fonte, o contribuinte deve tomar a iniciativa de apurar o imposto a pagar e recolhê-lo aos cofres públicos”. (p.225)

PÊGAS (2008) ressalta que o documento que o contribuinte entrega

à Receita Federal não é simplesmente uma declaração de imposto de renda,

mas sim uma declaração de origens e aplicações de recursos com a finalidade

de justificar sua evolução patrimonial.

A Receita Federal do Brasil (RFB) determina que o contribuinte deva

enquadrar seus recebimentos em três tipos:

a) Rendimentos tributáveis;

b) Rendimentos isentos; e

c) Rendimentos com tributação definitiva (ou tributada

exclusivamente na fonte).

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Os rendimentos tributáveis são aqueles submetidos à incidência do

imposto sobre a renda. Todo valor recebido pelo contribuinte e que não for

considerado isento pela legislação, deve ser tributado mensalmente e também

por ocasião da declaração de ajuste anual. Esses rendimentos dividem-se em

quatro tipos: rendimentos do trabalho, rendimentos de alugueis, rendimentos

de pensão e demais rendimentos.

Com relação aos rendimentos do trabalho, estão incluídos: salários e

similares, benefícios da previdência privada, benefícios indiretos a dirigentes,

prêmios recebidos em competição esportiva, valores recebidos em bens, notas

promissórias e demais rendimentos do trabalho.

Os rendimentos isentos são aqueles sobre os quais não há cobrança

de Imposto sobre a Renda na Fonte (IRF), pois, a legislação considerou não

existir a aquisição de disponibilidade econômica para o contribuinte.

Constituem tais tipos de rendimentos a restituição de imposto de renda, os

dividendos recebidos, a rescisão de contrato de trabalho, os rendimentos de

aposentadoria, as bolsas de estudo, os rendimentos de caderneta de

poupança, a ajuda de custo, o auxílio moradia e os demais rendimentos

isentos.

Os rendimentos tributados exclusivamente na fonte não precisam ser

tributados novamente na declaração de ajuste anual, sendo apenas necessário

que o contribuinte informe o valor líquido recebido (já excluídas as deduções

permitidas). Nessa categoria pode-se ser citado o décimo terceiro salário, os

prêmios em dinheiro (distribuídos por loterias, concursos ou sorteios), os

rendimentos de aplicações financeiras e os juros sobre o capital próprio.

O primeiro capítulo trata respectivamente da parte introdutória do

Imposto de Renda Pessoa Física, esta primeira parte expõe a necessidade do

contribuinte em ter melhor conhecimento e conceitos do imposto, dos tipos de

rendimentos, das deduções permitidas em lei, da base de cálculo aplicada

conforme a especificidade de cada contribuinte.

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A segunda parte traz o detalhamento da hipótese de incidência do

tributo/imposto, do fato gerador, das alíquotas aplicáveis, etc.

A terceira parte da pesquisa será uma abordagem completa sobre a

Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física, seus conceitos: formas de

preenchimento; as alíquotas utilizadas; regime de caixa; prazos para entrega;

multa por atraso da entrega e demais informações necessárias aos

contribuintes que estão obrigados a entrega da declaração de ajuste anual, e o

preenchimento correto.

CAPÍTULO I

O IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA

1.1 – CONCEITOS BÁSICOS E DESTINAÇÃO DO IMPOSTO

A palavra “imposto” tem origem no termo latim impositus. O conceito

faz referência à tributação / contribuição que é exigida em função da

capacidade econômica das pessoas sujeitas ao respectivo pagamento. Fala-se

de impostos diretos quando são taxadas as fontes de capacidade econômica,

nomeadamente o patrimônio ou o rendimento. Esses impostos são valores

pagos, realizados em moeda nacional por pessoas físicas e jurídicas. O valor é

arrecadado pelo Estado e são destinados a custear os gastos públicos com

saúde, segurança, educação, transporte, cultura, pagamento de salários de

funcionários públicos, etc. O dinheiro arrecadado com os impostos também é

usado para investimentos em obras públicas (hospitais, rodovias, hidrelétricas,

portos, universidades, etc).

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A utilização do dinheiro proveniente da arrecadação de impostos não

é vinculada a gastos específicos. O Governo, com a aprovação do Poder

Legislativo, é quem define o destino dos valores através do orçamento.

Segundo a Constituição Federal do Brasil de 1988, art. 153, III,

“compete a União instituir impostos sobre: III – renda e proventos de qualquer

natureza”, ainda no art. 153 § 2° “O imposto previsto no inciso III: I – será

informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da

progressividade, na forma da lei”. Esses critérios mencionados na Constituição

Federal de 1988 são exigidos dos contribuintes na declaração de ajuste anual a

quem teve retenção na fonte no ano anterior. A Norma incide de igual maneira

para todos aqueles que auferem renda, determinando que o imposto sobre a

renda e proventos de qualquer natureza seja informado, nos termos da lei,

pelos critérios da generalidade, universalidade e progressividade. Destarte, o

referido tributo deverá incidir sobre todas as espécies de rendas e proventos

(universalidade), auferidas por quaisquer espécies de pessoas (generalidade) e

quanto maior o acréscimo do patrimônio, maior deverá ser a alíquota aplicável

(progressividade).

Para QUEIROZ, M. a definição de renda e proventos mais próximos

aos preceitos constitucionais se estabelece da seguinte forma:

“i) Incide sobre as rendas e proventos de qualquer natureza que constituam acréscimos patrimoniais, riquezas novas, para o beneficiário (os excedentes às despesas e custos necessários para auferir os rendimentos e à manutenção da fonte produtora e da sua família), sobre os quais ele haja adquirido e detenha a respectiva posse ou propriedade e estejam à sua livre disposição, econômica ou juridicamente;

ii) Deve ser dimensionada levando em consideração a periodicidade necessária à sua quantificação, por meio da progressividade, a fim de atender à pessoalidade, de modo a aferir a real capacidade contributiva de quem a lei incumbe o ônus do imposto, no sentido de que aqueles que tenham mais contribuam mais; cuja incidência deverá ser de forma igual, universal e genérica para todos; e que a tributação tributária respeite o mínimo vital necessário à sobrevivência e à dignidade humana e não produza o efeito de exaurir ou resultar

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no esgotamento de respectiva fonte de prestígio ao não-confisco, à legalidade, à isonomia e à segurança jurídica”.

O Imposto de renda é um imposto federal, que processa as

deduções, assim como os pagamentos e os rendimentos ocorridos durante o

ano-calendário anterior ao ano da declaração. Tal imposto é devido pelos

cidadãos brasileiros que teve renda anual superior a R$ 26.816,55 (vinte e seis

mil, oitocentos e dezesseis reais e cinquenta e cinco centavos), para o

exercício 2015 referente ano-calendário 2014, conforme informações no site da

Receita Federal do Brasil (RFB). Houve reajuste de 4,5% em relação ao valor

do ano anterior.

.

1.2 – CONCEITOS E ESPÉCIES DE RENDIMENTO

Os Rendimentos são assim considerados todas as formas de

remuneração por trabalho ou serviços prestados, com ou sem vínculo

empregatício, e se dividem em Rendimentos Tributáveis, rendimentos Isentos

não Tributáveis, e os Rendimentos tributados exclusivamente na fonte, como

serão listados abaixo:

1.2. 1 – Rendimentos Tributáveis.

Os Rendimentos Tributáveis incluem salário, aposentadoria,

pensões e dinheiro ganho com prestação de serviços e aluguel. Veja abaixo

uma lista dos rendimentos tributáveis:

1.2. 1.1 - Vinculados ao trabalho:

• Salários, vencimentos e honorários;

• Diárias de comparecimento;

• Bolsas de estudo se houver vantagem para o doador ou se for

concedida em troca de serviços;

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• Remuneração de estagiários;

• Rendimentos recebidos em moeda estrangeira por ausentes no

exterior a serviço do país;

• Ganhos de representantes comerciais autônomos;

• Recebimentos de conselheiros fiscais e de administração;

• Ganhos de diretores ou administradores de sociedades anônimas,

civis e outras;

• Trabalhadores que prestem serviços a empresas, inclusive

estivadores e conferentes;

• Renda com veículos para transporte de passageiros, agricultura e

outros;

• Ganho de titular de empresa individual ou sócios de qualquer

espécie de sociedade.

1.2. 1.2 - Benefícios dados ao empregado:

• Férias;

• Licença especial ou licença-prêmio gozada;

• Gratificações, prêmios e cotas-partes de multas ou receitas;

• Comissões e corretagens;

• Aluguel do imóvel ocupado pelo empregado e pago pelo

empregador;

• Valor do aluguel de bens de propriedade do empregador;

• Pagamento de imposto e contribuições que a lei prevê como

encargo do assalariado;

• Prêmio de seguro individual de vida do empregado pago pelo

empregador, quando o empregado é o beneficiário do seguro;

• Verbas, para custeio de despesas para o exercício de cargo,

função ou emprego;

• Pensões, civis ou militares e quaisquer outros proventos

recebidos de antigo empregador, de institutos, caixas de

aposentadoria ou de entidades governamentais, em virtude de

empregos, cargos ou funções exercidas no passado;

• Despesas pagas para aquisição de alimentos ou outros bens para

utilização fora da empresa;

• Outras despesas ou encargos pagos pelos empregadores em

favor do empregado.

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1.2. 1.3 – Aposentadoria e Pensão:

• Pensões, civis ou militares, de qualquer natureza, e quaisquer

outros recebimentos em virtude de empregos, cargos ou funções

exercidas no passado;

• Benefícios recebidos de previdência privada, bem como resgate

de contribuições;

• Valores recebidos em dinheiro, a título de alimentos ou pensões;

• Os resgates efetuados pelo quotista de Fundos de Aposentadoria

Programada Individual (FAPI).

1.2. 1.4 – Royalties:

• Direitos autorais de obras artísticas, didáticas, científicas,

urbanísticas, projetos técnicos de construção, instalações ou

equipamentos, quando explorados diretamente pelo autor ou

criador do bem ou da obra;

• Exploração de invenções, processos e fórmulas de fabricação e

de marcas de indústria e comércio.

1.2. 1.5 – Aluguel:

• Locação ou sublocação, arrendamento, direito de uso ou

passagem de terrenos, direito de uso ou aproveitamento de

águas privadas;

• Direito de uso ou exploração de películas cinematográficas ou de

videoteipe;

• Direito de uso ou exploração de outros bens móveis de qualquer

natureza;

• Direito de exploração de conjuntos industriais;

• De colher ou extrair recursos vegetais, inclusive florestais;

• De pesquisar e extrair recursos minerais.

1.2. 1.6 – Atividade Rural:

• Resultados de agricultura, pecuária, extração e exploração

vegetal e animal;

• Resultados da atividade rural exercida no exterior, por residentes

ou domiciliados no Brasil;

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• Resultado decorrente da atividade rural, exercida no Brasil por

residente ou domiciliado no exterior.

1.2. 1.7 – Outros Rendimentos:

• Benefícios de perdão de dívida em troca de serviços prestados;

• Valores originados dos títulos que tocarem ao meeiro, herdeiro ou

legatário, excluída a parte já tributada em poder do espólio;

• Lucros do comércio e da indústria, por quem não exercer a

profissão de comerciante ou industrial;

• Rendimentos na forma de bens ou direitos, avaliados em dinheiro;

• Rendimentos de governo estrangeiro e de organismos

internacionais;

• Rendimentos recebidos no exterior;

• Multas ou vantagens recebidas no caso de rescisão de contrato;

• Rendimentos de atividades ou transações ilícitas;

• Quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa

física, quando esse acréscimo não for justificado pelos

rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados

exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva;

• Os juros de qualquer natureza, de sentença e outras indenizações

por atraso de pagamento, exceto os correspondentes a

rendimentos isentos ou não tributáveis;

• Salário-educação e auxílio-creche recebidos em dinheiro;

• Os juros do capital aplicado, ainda que resultante de rendimentos

não tributáveis ou isentos;

• O valor do laudêmio recebido;

• Os juros determinados de acordo;

• Lucros e dividendos pagos aos sócios ou titular de empresa

individual que ultrapassarem certo valor;

• Rendimentos do garimpo.

1.2. 2 – Rendimentos Isentos e Não Tributáveis.

A regra do Imposto de Renda Exercício 2015 determina que estão

obrigados a declarar, entre outras situações, todos os contribuintes que tiveram

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rendimentos isento, não tributáveis ou tributado exclusivamente na fonte acima

de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) no ano-calendário de 2014.

Entre os rendimentos isentos e os rendimentos não tributáveis, sobre

os quais não se paga nenhum imposto quando são ganhos, estão os itens

como rendimentos de cadernetas de poupança, indenização de seguro por

roubo e seguro-desemprego, etc.

1.2. 2.1 – Observe a extensa lista dos rendimentos isentos e não

tributáveis:

• Ajuda de custo;

• Alimentação, transporte e uniformes fornecidos pelo empregador;

• Auxílio-alimentação e auxílio-transporte a servidor público federal

civil;

• Benefícios recebidos por deficientes mentais;

• Bolsas de estudo recebidas como doação ou para médico-

residente; a doação não pode representar vantagem para o

doador nem ser feita em troca de serviços;

• Cadernetas de poupança;

• Cessão gratuita de imóvel para parente ou proprietário;

• Contribuições empresariais para o Pait (plano de poupança e

investimento);

• Contribuições pagas pelos empregadores para programas de

previdência privada;

• Contribuições patronais para o plano de incentivo à aposentadoria

programada individual;

• Diárias para pagamento de despesas;

• Dividendos do FND (fundo nacional de desenvolvimento);

• Doações e heranças;

• Ganho com venda de único imóvel (até R$ 440 mil);

• Indenização de seguro por furto ou roubo;

• Indenização de transporte a servidor público da união;

• Indenização decorrente de acidente;

• Indenização por acidente de trabalho;

• Indenização por danos patrimoniais;

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20

• Indenização por desligamento voluntário de servidores públicos

civis;

• Indenização por rescisão de contrato de trabalho e FGTS;

• Indenização reparatória a desaparecidos políticos;

• Indenização em virtude da desapropriação para fins de reforma

agrária;

• Juros recebidos de letras hipotecárias;

• Licença-prêmio (não gozada);

• Lucros e dividendos distribuídos aos sócios de empresa;

• Pecúlio recebido do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS;

• Pensionistas com doença grave;

• Pensões e aposentadorias recebidas por maiores de 65 anos;

• Proventos de aposentadoria por doença grave;

• Proventos e pensões da FEB (força expedicionária brasileira);

• Recebimentos referentes ao PIS e PASEP;

• Redução do ganho de capital na venda de imóvel adquirido até

1988;

• Rendimentos distribuídos ao titular ou a sócios de microempresa

e empresa de pequeno porte, optantes pelo simples;

• Resgate de contribuições de previdência privada;

• Resgate do fundo de aposentadoria programada individual (FAPI);

• Resgate do Pait (planos de poupança e investimento);

• Salário-família;

• Seguro-desemprego e outros auxílios;

• Seguros de previdência privada;

• Serviços médicos pagos, ressarcidos ou mantidos pelo

empregador;

• Valor de bens ou direitos recebidos em devolução do capital;

• Valor recebido da apólice de seguro;

• Venda de ações e ouro, ativo financeiro;

• Venda de bens de até R$ 20 mil.

1.2. 3 – Rendimentos Tributados Exclusivamente na

Fonte.

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Os rendimentos tributados exclusivamente na fonte são recolhidos

obrigatoriamente pela empresa ou instituição que faz o pagamento da quantia.

O contribuinte não precisa pagar o imposto de novo porque já foi recolhido. É o

caso das loterias, por exemplo. A Caixa Econômica Federal já paga o imposto

antes de dar o prêmio ao ganhador. Outro exemplo é o 13º salário.

1.2. 3.1 – E por fim a lista dos rendimentos tributados exclusivamente

na fonte:

• Prêmios de loterias;

• Prêmios em concursos esportivos;

• Prêmios pagos aos proprietários e criadores de cavalos de

corrida;

• Pagamento a beneficiário não identificado;

• Títulos de capitalização;

• Rendimentos pagos a pessoas jurídicas por sentença judicial;

• Multas por rescisão de contratos;

• Rendimentos de pessoas físicas ou jurídicas residentes ou

domiciliadas no exterior.

1.3 – AS DEDUÇÕES PERMITIDAS EM LEI

Em Imposto de renda Pessoa Física (IRPF), deduções são todas as

despesas que podem ser abatidas no imposto, que podem ser na declaração

de ajuste anual ou no pagamento mensal.

O contribuinte pode lançar mão de várias deduções para reduzir o

impacto da mordida do Leão no bolso. As deduções ajudam a reduzir a base

de cálculo do Imposto de Renda, diminuindo, portanto, o valor a pagar ou

aumentando as chances de restituição. Confira as despesas que podem ser

deduzidas:

1.3 1 – Despesas com dependentes. O limite anual é de R$ 2.156,52

por dependente.

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1.3. 2 – Despesas com educação. O limite individual para cada

membro da família é de R$ 3.375,83 por ano. Entre as despesas permitidas,

estão: creche, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, curso

superior, cursos de especialização e profissionalizantes.

1.3. 3 – Despesas médicas. Podem ser dedutíveis integralmente,

desde que relacionadas a tratamento próprio e dos dependentes.

1.3. 4 – Pensão alimentícia. Podem ser deduzidos todos os

pagamentos destinados à pensão alimentícia. Porém, é importante notar que

quem recebe a pensão deixa automaticamente de ser considerado dependente

do contribuinte.

1.3. 5 – Contribuição à Previdência Social. Poderá deduzir sem limites

todas as contribuições pagas à Previdência Social em 2014, tanto como

trabalhador empregado, como contribuinte individual ou facultativo.

1.3. 6 – Contribuição à Previdência Privada. Nos planos PGBL (Plano

Gerador de Benefício Livre) e FAPI (Fundo de Aposentadoria Programada

Individual) as contribuições às entidades de previdência privada que

corresponderem a até 12% da sua renda tributável podem ser deduzidas da

base de cálculo do IR. Para isso, é necessário que o contribuinte recolha INSS.

1.3. 7 – Livro Caixa. Podem ser deduzidas as despesas escrituradas no

livro-caixa por profissionais autônomos como remuneração de terceiros com

vínculo empregatício e os respectivos encargos trabalhistas e previdenciários,

emolumentos e despesas de custeio necessárias à percepção da receita e à

manutenção da fonte produtora.

1.3. 8 – Aposentadorias e Pensões de maiores de 65 anos. Pode ser

deduzida a quantia de R$ 1.787,77 por mês, incluindo o 13º salário, o valor

correspondente à parcela isenta dos rendimentos das aposentadorias e

pensões pagas pelos setores públicos ou privados a partir do mês em que o

contribuinte completar 65 anos de idade. Caso o contribuinte esteja aposentado

no ano de 2014 a mais de 12 meses, o teto máximo de dedução anual será de

R$ 23.241,01

1.3. 9 – Contribuição à Previdência Social do empregado doméstico.

Os valores pagos a título de Contribuição Patronal à Previdência Social do

empregado doméstico serão deduzidos do Imposto devido, obedecendo aos

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limites definidos em lei, limitados a R$ 1.152,88 (incluindo 13º salário e férias).

O valor corresponde à contribuição de 12% paga pelo empregador ao INSS.

CAPÍTULO II

O IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA

Faz presente neste segundo capítulo o detalhamento da hipótese de

incidência do imposto, da base de cálculo, a Jurisprudência, o fato gerador e as

alíquotas aplicáveis, etc.

2.1 – A HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO

A regra matriz de incidência tributária é uma norma de conduta que

visa disciplinar a relação jurídica tributária entre o fisco e o contribuinte.

A lei prevê um determinado fato jurídico tributário como hipótese de

incidência tributária e, uma vez ocorrido o fato previsto, aparece a relação

jurídica entre sujeito ativo e sujeito passivo. Concretizando-se os fatos

descritos na hipótese, e ocorre à consequência, e esta, por sua vez, prescreve

uma obrigação patrimonial. Nela encontraremos uma pessoa (sujeito passivo)

obrigada a cumprir uma prestação em dinheiro.

A hipótese de incidência descreve a situação necessária e suficiente

ao nascimento da obrigação tributária. Os elementos da regra matriz são a

hipótese e a consequência. Elas se desdobram em critérios.

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Os critérios da hipótese são:

• Critério material: é o verbo mais o complemento da norma. Como,

por exemplo, ser proprietário de veículo automotor. Em outras

palavras o critério material é justamente o enunciado que

delimita o núcleo do acontecimento a ser promovido à categoria

de fato jurídico;

• Critério espacial: é justamente o critério que delimita o espaço

físico em que a norma incidirá;

• Critério temporal: é o que delimita o tempo em que a norma

incidirá;

O Critério da consequência pessoal: é o critério que mostra quem

são os sujeitos da relação e se subdividem em duas partes:

• Sujeito Ativo que é sempre o credor, ou seja, o Estado. Entretanto

devemos lembrar que existem os sujeitos ativos indiretos que

são outros credores que não os entes federados. Por exemplo,

uma entidade de classe CRC (Conselho Regional de

Contabilidade), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CRM

(Conselho Regional de Medicina);

• Sujeito Passivo que é o devedor do tributo.

A Hipótese de Incidência compõe-se do aspecto material que é a

ação ou estado somado ao complemento. Aspecto temporal que é a partir de

quando o tributo está apto a irradiar efeitos. Aspecto espacial que é o local

onde deve ocorrer o fato jurídico tributário para que ocorra a incidência

tributária. O Aspecto Pessoal que é quem pratica. Exemplo: se tal pessoa

infringir a lei tal sofrerá a sanção descrita na lei.

2.1. 1 – Jurisprudência

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O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio de sua secretaria de

Jurisprudência elaborou e publicou em março de 2015 algumas teses sobre o

que incide e o que não incide o Imposto de Renda:

• As verbas concedidas ao empregado, por mera liberalidade do

empregador, quando da rescisão unilateral de seu contrato de

trabalho sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda;

• Incide Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título de

antecipação dos direitos à Aposentadoria Complementar Móvel

Vitalícia (ACMV), pois tais valores decorrem de renúncia de

direito trabalhista de natureza remuneratória, configurando

acréscimo patrimonial;

• Por força da isenção concedida pelo art. 6°, inciso VII, b, da Lei n°

7.713/88, na redação anterior à que lhe foi dada pela Lei n°

9.250/95, é indevida a cobrança de Imposto de Renda sobre o

valor da complementação de aposentadoria e o do resgate de

contribuições correspondentes a recolhimentos para entidade de

previdência privada ocorridos no período de 01/01/1989 a

31/12/1995;

• Não incide Imposto de Renda sobre os juros de mora percebidos

na situação de rescisão do contrato de trabalho decorrente da

perda do emprego, independentemente da natureza da verba

principal;

• São isentas de Imposto de Renda as indenizações de férias

proporcionais e o respectivo adicional;

• A restituição do Imposto de Renda incidente sobre a

complementação de aposentadoria, sob o regime da Lei n°

7.713/88, exige apenas a comprovação do recolhimento da

contribuição para a entidade de previdência complementar,

cabendo à Fazenda Nacional fazer prova sobre a tributação dos

valores;

• Incide Imposto de Renda sobre os valores recebidos título de

complementação temporária de aposentadoria;

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• Não incide Imposto de Renda sobre indenizações por danos

morais;

• Não incide Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título

de licença-prêmio não gozada, verba de natureza indenizatória

que não implica acréscimo patrimonial;

• Incide Imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes de

verbas previdenciárias pagas fora de horas, exceto se o principal

era verba isenta de recolhimento da exação;

• Não incide Imposto de renda sobre a verba paga a título de

indenização por rompimento do contrato de trabalho no período

de estabilidade provisória;

• Não incide Imposto de Renda sobre os proventos de

aposentadoria e pensão dos anistiados políticos, nos termos da

Lei n° 10.559/2002;

• A Indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à

demissão voluntária não está sujeita à incidência do Imposto de

Renda;

• A isenção do Imposto de Renda decorrente de doença grave pode

ser deferida independentemente de laudo pericial oficial,

bastando a existência de provas suficientes nos autos;

• O termo inicial da isenção do Imposto de Renda prevista no art. 6°

da Lei 7.713/88 deve ser fixado na data em que a moléstia grave

foi comprovada através de diagnóstico médico, e não a partir da

emissão do laudo oficial;

• É taxativo o rol de moléstias graves previstas no art. 6°, inciso

XIV, da Lei n° 7.713/88 que dá direito à isenção do Imposto de

Renda sobre os proventos decorrentes de aposentadoria ou

reforma;

• A isenção do Imposto de Renda sobre a aposentadoria ou

reforma concedida aos portadores e moléstias graves, nos

termos do art. 6°, inciso XIV, da Lei n° 7.713/88, não exige do

contribuinte a demonstração da contemporaneidade dos

sintomas, nem a indicação de validade do laudo pericial, ou a

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comprovação de recidiva da enfermidade, para o gozo do

benefício da isenção.

2.2 – O FATO GERADOR DO TRIBUTO.

Em princípio considerando na legislação a ocorrência de um fato que

quando ocorre, faz nascer uma obrigação tributária. Esse fato é denominado no

art. 43 do CTN, de fato gerador. No entanto esta descrição em lei é de forma

abstrata de um fato de possível ocorrência. Por outro lado, no segundo

instante, que vier a ocorrer o fato descrito na lei, fará surgir a Obrigação

Tributária.

Mas, afinal o que vem a ser obrigação tributária? O próprio CTN em

seu art.113 definiu os dois tipos de obrigação que são a principal e acessória.

Assim, MACHADO (2010) define:

A obrigação tributária pode ser principal e acessória. No objeto da obrigação tributária principal, vale ressaltar, que é a prestação à qual se obriga o sujeito passivo, é de natureza patrimonial. É sempre uma quantia em dinheiro. Na terminologia do Direito privado diríamos que a obrigação principal é uma obrigação de dar. Obrigação de dar dinheiro, onde o dar obviamente não tem o sentido de doar, mas de adimplir o dever jurídico. O objeto da obrigação acessória é sempre não patrimonial. Na terminologia do Direito privado diríamos que a obrigação acessória é uma obrigação de fazer. Fazer em sentido amplo, como adiante será explicado. (MACHADO, 2010, p. 128-129).

Nesta linha PAULSEN (2012) define:

O art. 113 do CTN denomina as obrigações de prestar dinheiro seja a título de tributo ou de multa, de obrigações tributárias principais (§ 1º) e as obrigações de fazer, deixar de fazer ou tolerar – os deveres formais – de obrigações tributárias acessórias (§ 2º). (PAULSEN, 2012, p. 134). (grifo do autor)

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Feito as considerações sobre obrigação tributária adentramos o que

vem a ser fato gerador do IRPF. O CTN estatui, em seu artigo 43, como sendo

fato gerador do Imposto de Renda vem a ser a disponibilidade econômica. Isso

quer dizer: recebimento efetivo de acréscimo pecuniário ou jurídico registro

contábil de crédito de valor a favor do contribuinte:

Art. 43. O Imposto, de competência da União, sobre a Renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – Renda – fruto do trabalho, do capital, ou da combinação de ambos; II – Proventos de qualquer natureza (acréscimos patrimoniais não abrangidos no conceito acima). § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2.º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo.

A doutrina consagra à abrangência do fato gerador do imposto sobre

a renda, como sendo:

a) Rendas é fruto de capital, são as recebidas decorrentes da

remuneração do capital investido, (renda oriunda de capital);

b) Rendas fruto do trabalho são as relativas à contraprestação de

serviços por uma pessoa física (renda oriunda de trabalho); e

c) Proventos de qualquer natureza, aqueles que não resultam da

remuneração do capital ou do trabalho, como por exemplo, o ganho de capital

pela venda de um imóvel.

Dessa forma, o Código Tributário Nacional acabou por incluir

quaisquer tipos de aumento do patrimônio da pessoa física ou jurídica como

fato gerador do Imposto de Renda. É justamente esse incremento que

constituirá a base de cálculo do imposto.

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Dispõe o Art. 114 do CTN:

“Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Já o art. 115 do mesmo CTN: “Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal”.

Ensina CEIA (2010):

O fato gerador é o evento, previsto em lei, necessário e suficiente para ocorrência da obrigação tributária. Desta definição, ressalta-se: a obrigatoriedade do fato gerador ser definido em lei e a necessidade da efetiva consumação do evento para caracterização do fato gerador. (CEIA, 2010, p. 22)

O fato gerador do tributo é a ocorrência, em si, que traz à tona a

exigência do respectivo ônus para o contribuinte. A Lei descreve situações que,

ao ocorrerem na vida real, fazem com que se fixe o momento do nascimento da

obrigação tributária.

Essa definição, contida na lei, das hipóteses em que o tributo incide

ou em que o tributo deva ser cobrado, que é denominado de Fato Gerador da

Obrigação Tributária.

O Autor NOGUEIRA define:

“Fato Gerador do tributo é o conjunto dos pressupostos

abstratos descritos na norma de direito material, de cuja

concreta realização decorre os efeitos jurídicos previstos em

lei”. (NOGUEIRA, 1999, p. 142).

O Fato Gerador é a situação de fato, prevista na Lei, de forma

prévia, genérica e abstrata que, ao ocorrer na vida real, faz com que, pela

materialização do direito ocorra o nascimento da Obrigação Tributária, seja

esta principal ou acessória.

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30

Nos artigos 114 e 115 do Código Tributário Nacional (CTN),

encontramos dois conceitos de fato gerador como sendo:

OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA

É a situação definida em lei sendo necessária e suficiente à sua ocorrência.

É qualquer situação que, na forma dalegislação aplicável, e não só exclusivamente na lei, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

Fonte: Receita Federal do Brasil

2.2 1 – Os Elementos básicos do Fato Gerador são três, a saber:

• Legalidade, que se refere à exigibilidade do cumprimento do

princípio constitucional da legalidade;

• Economicidade, que se refere ao aspecto econômico do fato

tributável (como regra geral, envolvendo a base de cálculo e

alíquota do tributo) e à capacidade contributiva do sujeito

passivo;

• Causalidade, que corresponde à consequência ao efeito, do fato

gerador; enfim, ao nascimento da Obrigação Tributária.

2.2. 2 – Momento da Ocorrência do Fato Gerador.

O artigo 116 do Código tributário Nacional (CTN) define que, salvo

disposição de Lei em contrário, considera-se ocorrido o Fato Gerador existente

os seus efeitos:

a) Tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se

verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que

produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

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b) Tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que

esteja definitivamente constituída, nos termos de direito

aplicável.

Para os efeitos da letra “b” anterior e sempre ressalvando disposição

de lei em contrário, vem o artigo 117 do Código Tributário Nacional (CTN)

dispor que os atos ou negócios jurídicos condicionais serão reputados como

perfeitos e acabados, desde o momento de seu implemento, sendo a condição

suspensiva e da prática do ato ou da celebração do negócio, sendo a condição

resolutória.

2.2. 3 – A distinção entre hipótese de incidência tributária e o fato

gerador na visão dos Autores PAULSEN e MACHADO:

“A hipótese de incidência integra o antecedente ou

pressuposto da norma tributária impositiva. O fato gerador

é a própria situação que, ocorrida, atrai a incidência da

norma”. (PAULSEN, 2008, p. 137).

“A expressão hipótese de incidência designa com maior

propriedade a descrição, contida na Lei, da situação

necessária e suficiente ao nascimento da obrigação

tributária, enquanto a expressão fato gerador diz respeito

da ocorrência, no mundo dos fatos, daquilo que está

descrito na Lei. A hipótese é simples descrição, é simples

previsão, enquanto que o fato gerador é a concretização

da hipótese, é o acontecimento do que fora previsto”.

(MACHADO, 2004, p. 136).

2.3 – O ILÍCITO COMO FATO GERADOR DO TRIBUTO.

Se imaginássemos possível a tributação de atividade ilícita,

estaríamos diante de penalidade àquela atividade ilícita, o que destoaria do

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próprio conceito de tributo, descrito no Código Tributário Nacional, portanto, de

observância obrigatória.

Todavia, conforme bem observa MACHADO (2004, p. 71):

“Um fato gerador de tributo pode ocorrer em

circunstâncias ilícitas, mas essas circunstâncias são

estranhas à hipótese de incidência do tributo, e por isso

mesmo irrelevante do ponto de vista tributário”.

Para ilustrar essa situação, toma-se como exemplo a renda auferida

por traficante no tráfico ilícito de entorpecentes. Independentemente da pena

de perdimento dos valores auferidos pelo traficante na seara penal, a

disponibilização de rendimentos obtida ilicitamente será tributada pelo imposto

de renda. Nesse caso, não será o tráfico a hipótese de incidência e, sim, a

própria renda auferida.

2.4 – SONEGAÇÃO

Sonegar é o ato realizado visando suprimir ou reduzir tributo,

mediante omissão, fraude, falsificação, alteração, adulteração ou ocultação.

Como exemplo, deixar de emitir nota fiscal, quando devido.

A fraude ou sonegação fiscal consiste em utilizar procedimentos que

violem diretamente a lei fiscal ou o regulamento fiscal. Desta forma,

conscientemente, um contribuinte age no intuito de beneficiar a si ou terceiros

pela sonegação.

Engana-se o contribuinte que crê que sua conduta, ao sonegar, não

será detectada. Atualmente, os diversos agentes fiscalizatórios têm à mão

muitos instrumentos que possibilitam detectar a sonegação fiscal. Como

exemplos, declarações sobre movimentação de cartões de crédito, operações

imobiliárias, cruzamento de dados sobre pagamentos e deduções efetuadas,

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DIRF, arquivos magnéticos transmitidos ao fisco - contendo entradas e saídas

de mercadorias, etc.

Os contribuintes precisam organizar seus procedimentos e

atividades, visando excluir de suas condutas qualquer ato considerado como

sonegação. A primeira orientação é conhecer adequadamente a legislação

tributária, visando atendê-la de forma correta, organizando a contabilidade e a

escrituração fiscal. Outra forma é utilizar o planejamento tributário, como

ferramenta de redução de custos. Tal planejamento, quando feito de forma

profissional e responsável, pode reduzir encargos tributários de forma lícita,

sem risco para o contribuinte.

2.5 – A BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA

Para MACHADO (2010, p. 143) assim se manifesta quando o

assunto é base de calculo:

“A base de cálculo é, portanto, elemento essencial na identificação do tributo, sobre o qual se aplica a alíquota para ter-se como resultado o valor do tributo correspondente”.

Em termos legais a base de cálculo IR está previsto art. 44 do

Código Tributário Nacional (CTN), que define “A base de cálculo do imposto é o

montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis”.

O artigo 37 e seguintes, do Decreto nº 3.000 de 26 de março de

1999, que Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração

do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (RIR/1999),

também traz, in verbis:

Art. 37. Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, os

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proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados (Lei nº 5.172, de 1966, art. 43, incisos I e II, e Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 1º). Parágrafo único. Os que declararem rendimentos havidos de quaisquer bens em condomínio deverão mencionar esta circunstância (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 66). Art.38. A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título (Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º).

Os rendimentos serão tributados nos meses que forem recebidos,

considerado como tal o da entrega de recursos pela fonte pagadora, mesmo

mediante depósito em instituição financeira em favor do beneficiário.

Observa-se nos dispositivos que a base de cálculo possível é o total

da renda ou dos proventos percebidos pelo contribuinte dentro de um lapso

temporal, geralmente o ano anterior, porém, o contribuinte pode fazer as

deduções enumeradas pelos artigos 74 a 82, do RIR/1999.

O Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) é caracterizado pela

progressividade, ou seja, para aqueles contribuintes que ganham mais, mais

elevados será o imposto. Neste sentido PAULSEN (2012) traz:

A progressividade, por sua vez, é critério que exige variação positiva da alíquota à medida que há aumento da base de cálculo. De fato, ocorre progressividade quando há diversas alíquotas graduadas progressivamente em função do aumento da base de cálculo: quanto maior a base, maior a alíquota. Como imposto de natureza pessoal, o IR deve, necessariamente, ser graduado segundo a capacidade econômica do contribuinte também por força de determinação expressa constante do art. 145, § 1º, da CRFB. A progressividade, aliás, serve de instrumento para a tributação da renda conforme a capacidade contributiva. (PAULSEN, 2012, p. 231).

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2.6 – AS ALÍQUOTAS

As alíquotas são variáveis conforme a renda dos contribuintes, de

forma que os de menor renda não sejam alcançados pela tributação.

Como já mencionado anteriormente as Alíquotas incidem sobre a

renda e os proventos de contribuintes residentes no País ou residentes no

exterior que recebam rendimentos de fontes no Brasil. Sendo consideradas as

deduções legais para a obtenção da base de cálculo e consequentemente a

aplicação da alíquota conforme a base apurada. A partir daí, e de forma

crescente, incide imposto de renda às alíquotas de 7,5%, 15%, 22,5% e de

27,5% sobre a parcela da renda que exceder determinados limites.

2.6. 1 – Alíquota Quantitativa

As alíquotas para pagamento do Imposto de Renda Pessoa Física

(IRPF) estão dispostas na ultima Lei nº 12.469 de 26 de agosto de 2011, que

Altera os valores constantes da tabela do Imposto sobre a Renda da Pessoa

Física e altera as Leis nos 11.482, de 31 de maio de 2007, 7.713, de 22 de

dezembro de 1988, 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 9.656, de 3 de junho

de 1998, e 10.480, de 2 de julho de 2002, que contém as tabelas para

pagamento anual do imposto de renda para os anos de 2011a 2015, além dos

limites para dedução das despesas e outros assuntos pertinentes.

As progressivas para o ajuste anual e mensal do IRPF vigentes no

respectivo ano-calendário, PAULSEN (2012) assim se manifesta:

A lei também estabelece montante a ser deduzido do próprio imposto devido, conforme o patamar dos rendimentos auferidos, de modo que a faixa isenta assim o seja para todos os contribuintes, e que a faixa sujeita à cada alíquota assim o seja para todos os contribuintes, ou seja, de modo a fazer com que se tenha a chamada progressividade gradual, por faixas, e não a progressividade simples. [...] (PAULSEN, 2012, p. 234-235).

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Feito estes registros a base de cálculo do IRPF, em cada mês, será

determinada mediante a aplicação do percentual determinado pela legislação

pertinente e vigente sobre a receita bruta auferida mensalmente e de acordo ao

ramo de atividade exercido pela pessoa física será calculado o imposto às

alíquotas relacionadas as tabela mensal/anual com base no ano-calendário.

Estas tabelas de cálculos são editadas por lei. A última alteração de reajuste do

Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) está contida na Lei nº 12.469 de 26 de

agosto de 2011.

Abaixo a demonstração da tabela progressiva do Imposto de Renda

Pessoa Física exercício 2015 e ano-calendário 2014:

Tabela progressiva mensal e anual do IRRF - Ano Calendário 2014

TABELA PROGRESSIVA MENSAL DO IRPF - Ano Calendário 2014

Base de Cálculo (R$) Alíquota (%)

Parcela a Deduzir do IR (R$)

Até 1.787,77 - - De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08 De 2.679,30 até 3.572,43 15 335,03 De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96 Acima de 4.463,81 27,5 826,15

Dedução máxima por dependente/mês: R$ 179,71

Dedução máxima com instrução por dependente/ano: R$3.375,83

TABELA PROGRESSIVA ANUAL DO IRPF - Ano Calendário 2014

Base de Cálculo (R$) Alíquota (%)

Parcela a Deduzir do IR (R$)

Até 21.453,24 - De 21.453,25 até 32.151,48 7,5 1.608,99 De 32.151,49 até 42.869,16 15 4.020,35 De 42.869,17 até 53.565,72 22,5 7.235,54 Acima de 53.565,72 27,5 9.913,83 Dedução máxima por dependente/ano: R$ 2.156,52 Dedução máxima com instrução por

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dependente/ano: R$ 3.375,83

Fonte: Receita Federal do Brasil

2.6. 2 – Jurisprudências

TRF-5 - AGRAC Agravo Regimental na Apelação Civil AGRAC 1848372012405850001 (TRF-5)

Data de publicação: 13/06/2013 Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM APELAÇÃO. JULGAMENTO POR DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557 DO CPC. VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE DECORRENTES DE DECISÃO DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. OBSERVÂNCIA DAS ALÍQUOTAS APLICÁVEIS À ÉPOCA. 1. Agravo regimental interposto de decisão que, com base no artigo 577 do CPC, negou seguimento à apelação e à remessa oficial. 2. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento segundo qual em se tratando de rendimento correspondente a prestações periódicas, recebidas acumuladamente em virtude de sentença judicial, o cálculo do imposto de renda deve ser promovido levando em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refere à obrigação. 3. No caso concreto, o imposto de renda deve, portanto, incidir sobre cada uma das parcelas devidas e não pagas na época própria, observando-se as alíquotas e faixas de isenções vigentes nos respectivos períodos. 4. Agravo ao qual se nega provimento.

TRF-5 - AC Apelação Civil AC 200983000193565 (TRF-5)

Data de publicação: 09/12/2011 Ementa: TRIBUTÁRIO. VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE DECORRENTES DE DECISÃO JUDICIAL. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NAFONTE. OBSERVÂNCIA DAS ALÍQUOTAS APLICÁVEIS À ÉPOCA. JUROS DE MORA. APÓS O ADVENTO DO NOVO CÓDIGO CIVIL. ART. 404. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IR. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. No caso sub examine, a apelante se insurge contra a incidência de imposto de renda sobre verbas recebidas de forma acumulada, mediante precatório, decorrente decisão judicial transitada em julgado que lhe reconheceu o direito à percepção de benefício previdenciário de pensão por morte. 2. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento segundo qual em se tratando

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de rendimento correspondente a prestações periódicas, recebidas acumuladamente em virtude de sentença judicial, o cálculo do imposto de renda deve ser promovido levando em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refere à obrigação. 3. A novel orientação jurisprudencial do egrégio Superior Tribunal de Justiça é de que, após o advento do Novo Código Civil, os juros moratórios passaram a ter nítido caráter indenizatório, afastando a sua tributação pelo imposto de renda. 4. Incidência do imposto de renda sobre a correção monetária, uma vez que os valores referentes ao benefício previdenciário recebido por meio de precatório sofreriam tributação se acaso fossem pagos na época própria, sendo, portanto, natural, agora, a incidência do IR sobre a base atualizada. 5. Apelação parcialmente provida.

TRT-2 - AGRAVO DE PETICAO AP 2252200305502001 02252-2003-055-02-00-1 (TRT-2)

Data de publicação: 04/09/2009 Ementa: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE - REGIME DE CAIXA - OBSERVÂNCIA DAS ALÍQUOTAS E FAIXAS DE GANHO ESTIPULADAS LEGALMENTE - PRINCÍPIOS DA GENERALIDADE, UNIVERSALIDADE E PROGRESSIVIDADE. O critério de cálculo do imposto de renda retido na fonte é estabelecido legalmente e seu recolhimento guia-se pelo denominado "regime de caixa", ou seja, o valor total recebido, desde que tributável, deve ser considerado como um único auferimento de renda, enquadrando-se nos critérios legais vigentes à época do referido recebimento. A norma incide de igual maneira para todos aqueles que auferem renda. A Constituição Federal, em seu artigo 153, parágrafo 2º, inciso I, determina que o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza seja informado nos termos da lei, pelos critérios da generalidade, universalidade e progressividade. Destarte, o referido tributo deverá incidir sobre todas as espécies de rendas e proventos (universalidade), auferidas por quaisquer espécies de pessoas (generalidade) e quanto maior o acréscimo de patrimônio, maior deverá ser a alíquota aplicável (progressividade).O constituinte originário atribuiu ao legislador ordinário, ao exercer a sua competência tributária atinente ao imposto de renda, a tributação de rendas e os proventos de qualquer natureza de forma geral e não seletiva, isto é, sem qualquer diferenciação entre as espécies de renda ou proventos, em decorrência da origem, natureza ou destino. O critério da progressividade está sendo respeitado, pois diz respeito à gradação da tabela de imposto de renda, segundo o rendimento auferido, com a diferenciação de alíquotas, faixas de isenção e parcelas a deduzir. O princípio da progressividade conjuga-se com o princípio da capacidade

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contributiva, ambos informando o prefalado "regime de caixa". Destarte, o princípio da progressividade não impede a tributação de haveres acumulados que são quitados de uma única vez, como em geral ocorre em sede judicial. Encontrado em: Número: 20090675449 4ª TURMA.

CAPÍTULO III

O IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA

Este último tópico vai apresentar o sujeito ativo e o sujeito passivo, o

regime de tributação, o fato gerador, o preenchimento da declaração do

imposto de renda conforme a determinação e orientação da Receita Federal do

Brasil (RFB).

3.1 – OS SUJEITOS ATIVO E PASSIVO DO IMPOSTO DE

RENDA

O CTN conceitua sujeito ativo e sujeito passivo, nos termos dos

artigos 119 e 121 respectivamente:

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento. [...] Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I. Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II. Responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

Para PAULSEN (2012) quando o assunto é sujeito ativo:

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O sujeito ativo da relação tributária é o credor da obrigação, tendo as prerrogativas de editar normas complementares necessárias à fiscalização e à cobrança, exercer a fiscalização, constituir o crédito tributário mediante lançamento, inscrevê-lo em dívida ativa e exigir o seu pagamento, se necessário, mediante o ajuizamento de execução fiscal. O art. 119 do CTN exige que a lei coloque na condição de sujeito ativo uma pessoa jurídica de direito público, ou seja, o próprio ente político, uma autarquia ou uma fundação pública. Tal dispositivo está em perfeita harmonia com o art. 3º, que diz que os tributos são cobrados mediante “atividade administrativa plenamente vinculada”, e com o art. 7º do CTN, que diz da possibilidade de uma pessoa jurídica de direito público conferir a outra as funções de arrecadar ou fiscalizar tributos e de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas sem matéria tributária. (PAULSEN, 2012, p. 140)

Para ICHIHARA (2001, p. 128):

“Sujeito ativo da obrigação tributária é o detentor do poder de legislar e exigir tributos”.

No apontamento por MACHADO (2010):

O art. 119 do Código Tributário Nacional cuida da relação de tributação nesse estágio em que a mesma se apresenta como relação jurídica obrigacional. Cuida digamos assim da obrigação tributária, definindo seu sujeito ativo, que é o titular da competência para lançar e cobrar o tributo. Como acontece nas relações jurídicas obrigacionais em geral, o sujeito ativo da obrigação é titular da competência para exigir o adimplemento da obrigação. Isto é ordinário no âmbito do Direito Obrigacional, de sorte que o art. 119 do Código Tributário Nacional nem seria necessário, não fossem o caráter ainda embrionário de nosso Direito Tributário e a necessidade, daí decorrente, da edição de normas para ajudar na construção da doutrina desse importante ramo da Ciência Jurídica. (MACHADO, 2010, p. 146).

Do lado oposto ao sujeito ativo está o sujeito passivo, mas, segundo MACHADO (2010, p. 149):

“O sujeito passivo da obrigação tributária é a pessoa, natural ou jurídica, obrigada a seu cumprimento. O sujeito ativo, como vimos, tem o direito de exigir. O sujeito passivo tem o dever de prestar o seu objeto”.

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MACHADO (2010) ainda faz distinção quando o assunto é sujeito ativo e passivo e obrigação principal e acessória:

Sujeito passivo da obrigação principal, diz em seu art. 121, é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. O objeto da obrigação principal é o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. É sempre um dar, um pagar. O sujeito passivo da obrigação principal, portanto, é sempre obrigado a pagar, ou um tributo ou uma penalidade pecuniária, vale dizer, multa. Conforme a sua relação com o fato gerador da obrigação, pode o sujeito passivo ser (a) contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador (CTN, art. 121, parágrafo único, inc. I), e (b) responsável, quando, sem ser contribuinte, isto é, sem ter relação pessoal e direta com o fato gerador, sua obrigação de pagar decorre de dispositivo expresso de lei (CTN, art. 121, parágrafo único, inc. II). (MACHADO, 2010, p. 149).

Também para PAULSEN (2012):

O art. 121 do CTN cuida do “sujeito passivo” da obrigação tributária principal. Ao fazê-lo, limita-se a dizer que sujeito passivo “é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária” e que pode ser “contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador” ou “responsável, quando sem revestira condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei”. Cuida-se, contudo, de uma simplificação grosseira e que leva a diversos equívocos na interpretação e na aplicação das normas tributárias. (PAULSEN, 2012, p. 141) (grifo do autor)

3.2 – OREGIME DE TRIBUTAÇÃO DO IMPOSTO

Quanto ao tipo de declaração, existem duas espécies: declaração

simplificada e declaração completa. Segundo a Receita Federal do Brasil (RFB)

na opção simplificada o contribuinte tem direito, no exercício 2015 referente

ano-calendário 2014, a uma dedução de 20% (vinte por cento) sobre os

rendimentos tributáveis limitados ao teto de R$ 15.880,89 (quinze mil

oitocentos e oitenta reais e oitenta e nove centavos). Nessa espécie

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simplificada não é preciso comprovar nenhuma dedução, ela é indicada para os

contribuintes que não possuem deduções que alcancem tal valor.

Já a declaração completa é recomendada aos contribuintes que têm

deduções comprovadas superiores a 20% (vinte por cento) da sua renda

tributável. Levando em consideração que a declaração simplificada não permite

deduções.

Regime de Tributação

Formas de tributação Regras

Utilizando as deduções previstas na legislação tributária

O contribuinte pode utilizar todas as deduções legais a que tem direito e que possa comprovar.

Utilizando o desconto de 20% do valor dos rendimentos tributáveis na declaração,

limitado a R$ 15.880,89

Este desconto substitui todas as deduções legais, sem a necessidade de comprovação.

Fonte: Receita Federal do Brasil

3.2. 1 – A Tributação Modelo Simplificado

O modelo simplificado é a melhor opção para quem não tem muitas

despesas para deduzir. Nele, você irá somar todos os rendimentos tributáveis

recebidos ao longo de 2014, e sobre este valor será concedido um desconto de

20% sobre a base de cálculo do imposto, limitado a R$ 15.880,89. Este valor é

usado para reduzir a base de cálculo do imposto.

O imposto recolhido no ano anterior, seja pela retenção em fonte,

seja por meio do recolhimento obrigatório mensal (carnê-leão), deverá ser

informado, pois será descontado do cálculo final do IR a pagar.

O desconto simplificado pode ser usado independentemente do

montante dos rendimentos recebidos e do número de fontes pagadoras.

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Não pode usar o modelo simplificado para o contribuinte que

pretende compensar prejuízo de atividade rural ou imposto pago no exterior.

3.2. 2 – A Tributação no Modelo Completo

O modelo completo é indicado a quem tem muitas despesas para

deduzir, como gastos com plano de saúde, educação, dependentes etc. Nele, é

necessário informar todos os gastos e rendimentos ocorridos em 2014.

Se a soma total das deduções exceder o limite de R$ 15.880,89 do

modelo simplificado, a melhor opção é fazer a declaração completa.

As despesas médicas podem ser deduzidas integralmente. As

despesas com educação têm o limite individual anual de R$ 3.375,83 e as

deduções com dependente estão limitadas a R$ 2.156,52 por dependente.

Lembrando a importância em guardar todos os comprovantes das

despesas dedutíveis informadas na declaração. A Receita Federal tem um

prazo de cinco anos para pedir a comprovação destes valores.

3.3 – A OBRIGATORIEDADE DA ENTREGA DA

DECLARAÇÃO

Nos últimos anos, o governo vem cada vez mais fechando o cerco

quanto à sonegação fiscal no Brasil, e para isto ele conta com o auxílio de

diversos programas eletrônicos de cruzamento de dados, com a finalidade de

acabar com a sonegação fiscal de seus contribuintes.

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A entrega da declaração é uma obrigação acessória que informa à

Receita Federal do Brasil (RFB) tudo o que ocorre com o patrimônio de um

determinado contribuinte durante determinado ano. É através da declaração

que os contribuintes apresentam o quanto tiveram de gastos durante todo o

ano-calendário anterior, e também apresentam a evolução dos bens

patrimoniais que ocorreram, tais como: compra, venda ou troca de

apartamento, casa, carro, terreno etc.

É na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física que o

contribuinte observa o quanto terá de imposto a pagar ou a restituir do Imposto

de Renda retido no ano-calendário anterior.

3.3. 1 – Quem declara o Imposto de Renda Pessoa Física.

Quanto à obrigatoriedade da Declaração de Ajuste Anual do Imposto

de Renda, em alguns casos pode ser facultativa. Abaixo são apresentados os

dois casos, obrigatório e facultativo.

• Estão obrigados a declarar e entregar a Declaração de Ajuste

Anual do Imposto de Renda Pessoa Física, quem teve, no ano-

calendário de 2014, rendimentos tributáveis superiores a R$

26.816,55 (vinte e seis mil, oitocentos e dezesseis reais e

cinquenta e cinco centavos) ou que receberam rendimentos

isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte,

cuja soma foi superior a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais);

• Quem obteve, em qualquer mês, ganho na alienação de bens ou

direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações

de bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e

assemelhados;

• Obteve receita bruta na atividade rural em valor superior a R$

134.082,75 (cento e trinta e quatro mil, oitenta e dois reais e

setenta e cinco centavos);

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• Quem teve de 1° de janeiro até 31 de dezembro de 2014 a posse

ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de

valor superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).

Segundo a Receita Federal do Brasil (RFB), estão dispensadas da

declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) as pessoas que

constam como dependentes em declaração apresentada por outra pessoa

física com todas as suas informações relativas a bens, direitos e rendimentos

caso os possua. As pessoas que não estão obrigadas a declarar também

podem declarar com fins de informar a evolução do seu patrimônio.

3.4 – O LAÇAMENTO POR DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE

RENDA PESSOA FÍSICA

O artigo 147 do CTN descreve o lançamento por declaração como

sendo o lançamento efetuado com base nas declarações fornecidas pelo

sujeito passivo ou por terceiros e precede o lançamento diretamente:

Art. 147 O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro quando, um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.

Para que o lançamento aconteça como determina o artigo acima a

Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) se apropria da Declaração de

Ajuste Anual informada pelo contribuinte que declara os valores recolhidos a

título de Imposto de Renda incidente sobre todos os rendimentos aferidos

durante o exercício financeiro.

Diante dessa apropriação, a Secretaria da Receita Federal do Brasil

(SRFB), apura se o valor recolhido pelo contribuinte durante todo o ano anterior

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foi menor ou maior que o devido. Portanto, de acordo com Melo (2002), nessa

modalidade de lançamento, a relação fisco e sujeito passivo:

O devedor tem a obrigação de informar ao Fisco todas as operações, estados, fatos e situações ocorridas num determinado período de tempo, em razão do que a Fazenda tem condição de adequá-los à legislação aplicável e emitir o ato de lançamento. (MELO, 2002, p. 285).

Quando o assunto é lançamento por declaração CEIA (2010)

enfatiza:

A constituição do crédito tributário ocorre pelo lançamento do tributo pela autoridade fiscal. O lançamento é o ato administrativo pelo qual a autoridade competente verifica a ocorrência do fato gerador, determina a base de cálculo e o montante do imposto devido, identifica o contribuinte e aplica eventuais penalidades. (CEIA, 2010, p. 19)

O art. 85 do Decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999, estabelece

“a pessoa física deverá apurar o saldo em Reais do imposto a pagar ou o valor

a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos no ano-calendário”.

Interpretando este dispositivo o imposto sobre a renda das pessoas

físicas, apesar de ser recolhido em bases mensais, tem a sua apuração anual.

Neste sentido Ceia (2010) entende:

[...] O imposto sobre a renda é apurado com base na renda anual auferida pelo contribuinte. O imposto sobre a renda é antecipado mensalmente para que ao final do período seja consolidado. A apuração do imposto sobre a renda tem base anual e é efetuada na Declaração de Ajuste Anual, na qual todos os rendimentos auferidos são reportados, bem como o imposto de renda pago (antecipado) durante o período. (CEIA, 2010, p. 17)

Finalmente CEIA (2010) consagra a declaração de ajuste anual:

Quando da apresentação da Declaração de Ajuste Anual, apura-se o imposto devido com base na renda anual auferida pelo contribuinte. Do imposto de renda anual devido é abatido o saldo de imposto de renda que já fora pago (antecipado)

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durante o período (ano). A diferença entre o imposto devido e o imposto antecipado (recolhido mensalmente) poderá ser positiva ou negativa. Se positiva, representa saldo de imposto a pagar, se negativa, representa saldo de imposto a restituir. Por isso que o documento que demonstra o imposto sobre a renda das pessoas físicas é denominado Declaração de Ajuste Anual, pois esta concilia a renda auferida durante o ano, bem como o imposto antecipado, determinando a base de cálculo anual e verificando a necessidade ou não de se efetuar o ajuste entre o imposto devido e o imposto pago durante o ano. (CEIA, 2010, p. 18)

3.5 – ORIENTAÇÕES DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

(RFB) PARA O CORRETO PREENCHIMENTO DA

DECLARAÇÃO IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA

3.5. 1 - Pessoas obrigadas a apresentar a Declaração de Ajuste

Anual do IRPF 2015

Estão obrigadas a apresentar a Declaração de Ajuste Anual do Imposto

sobre a Renda referente ao exercício de 2015, a pessoa física residente no

Brasil que, no ano-calendário de 2014:

Critérios Condições

Renda

- Recebeu rendimentos tributáveis, sujeitos ao ajuste na declaração,

cuja soma anual foi superior a R$ 26.816,55;

- Recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados

exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40.000,00.

Ganho de capital e operações em - obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou

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bolsa de valores direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em

bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;

- optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o

ganho de capital auferido na venda de imóveis residenciais, cujo

produto da venda seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis

residenciais localizados no País, no prazo de 180 (cento e oitenta)

dias contados da celebração do contrato de venda, nos termos do art.

39 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005.

Atividade rural

- Relativamente à atividade rural:

a) obteve receita bruta anual em valor superior a R$ 134.082,75

b) pretenda compensar, no ano-calendário de 2014 ou posteriores,

prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário

de 2014.

Bens e direitos

- Teve a posse ou a propriedade, em 31 de dezembro de 2014, de

bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$

300.000,00.

Condição de residente no

Brasil

- Passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e nessa

condição se encontrava em 31 de dezembro de 2014.

Fonte: Receita Federal do Brasil

AVISO:

O contribuinte que, no ano-calendário de 2014, recebeu rendimentos

tributáveis sujeitos ao ajuste na declaração, cuja soma anual foi superior a R$

10 milhões, rendimentos isentos e não tributáveis, cuja soma foi superior a R$

10 milhões, rendimentos tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi

superior a R$ 10 milhões, realizou pagamentos de rendimentos a pessoas

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jurídicas, quando constituam dedução na declaração, ou a pessoas físicas,

quando constituam, ou não, dedução na declaração, cuja soma foi superior a

R$ 10 milhões, em cada caso ou no total, deve transmitir a Declaração de

Ajuste Anual com a utilização de certificado digital.

3.5. 2 - Pessoas dispensadas da apresentação da Declaração

de Ajuste Anual do IRPF 2015

A pessoa física está dispensada da apresentação da declaração,

desde que:

a) não se enquadre em nenhuma das hipóteses de obrigatoriedade da

tabela anterior, ou

b) conste como dependente em declaração apresentada por outra

pessoa física, na qual tenham sido informados seus rendimentos, bens e

direitos caso os possua.

c) teve a posse ou a propriedade de bens e direitos, inclusive terra nua,

quando os bens comuns forem declarados pelo cônjuge, desde que o valor

total dos seus bens privativos não exceda R$ 300.000,00, em 31 de dezembro

de 2014.

AVISO:

Mesmo que não esteja obrigada, qualquer pessoa física pode

apresentar a declaração. Desde que não tenha constado em outra declaração

como dependente. Exemplo: uma pessoa que não é obrigada, mas teve

imposto sobre a renda retido em 2014 e tem direito à restituição, precisa

apresentar a declaração para recebê-la.

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3.5. 3 - Pessoas que podem ser declaradas como dependentes

na Declaração do IRPF 2015

Relação com o

titular da

declaração

Condições necessárias para que possam ser declarados

como dependentes

Cônjuge ou companheiro

- Companheiro com quem o contribuinte tenha filho ou viva há mais

de 5 anos, ou cônjuge.

Filhos e enteados

- Filho ou enteado, de até 21 anos de idade, ou, em qualquer

idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho;

- filho ou enteado, de até 24 anos, se ainda estiver cursando

estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo

grau.

Irmãos, netos e bisnetos

- Irmão, neto ou bisneto, sem arrimo dos pais, de quem o

contribuinte detenha a guarda judicial, de até 21 anos, ou em

qualquer idade, quando incapacitado física e/ou mentalmente para

o trabalho;

- irmão, neto ou bisneto, sem arrimo dos pais, de até 24 anos, se

ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou

escola técnica de segundo grau, desde que o contribuinte tenha

detido sua guarda judicial até os 21 anos.

Pais, avós e bisavós

- Na Declaração de Ajuste Anual: pais, avós e bisavós que, em

2014, tenham recebido rendimentos, tributáveis ou não, até R$

21.453,24.

- na Declaração de Saída Definitiva do Pais: pais, avós e bisavós

que, em 2014, receberam rendimentos, tributáveis ou não, não

superiores à soma do limite de isenção mensal de R$ 1.787,77,

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correspondente aos meses abrangidos pela declaração.

Menor Pobre - Menor pobre, de até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque,

desde que detenha sua guarda judicial.

Tutelados e curatelados

- Pessoa absolutamente incapaz da qual o contribuinte seja tutor

ou curador.

Fonte: Receita Federal do Brasil

AVISOS:

• Podem ser consideradas dependentes as pessoas que, de acordo

com a tabela acima, mantiveram relação de dependência com o

declarante, mesmo que por menos de doze meses no ano-

calendário de 2014, como nos casos de nascimento e

falecimento. O valor da dedução anual é de R$ 2.156,52 por

dependente.

• No caso de dependentes comuns e declarações em separado,

cada titular pode deduzir os valores relativos a qualquer dos

dependentes comuns, desde que cada dependente conste em

apenas uma declaração.

• É obrigatório informar o número de inscrição no CPF de

dependentes relacionados na declaração com dezesseis anos

ou mais, completados até 31/12/2014.

• Os rendimentos, bens e direitos dos dependentes devem ser

relacionados na declaração em que constem como

dependentes.

3.5. 4 - Declarante em conjunto

Somente é considerado declarante em conjunto, cônjuge,

companheiro ou dependente, cujos rendimentos sujeitos ao ajuste anual

estejam sendo oferecidos à tributação na declaração apresentada pelo

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contribuinte titular.

A declaração em conjunto supre a obrigatoriedade da apresentação da

declaração a que porventura estiver sujeito o cônjuge, o companheiro ou o

dependente.

3.5. 5 - Pessoas consideradas residentes no Brasil para fins

tributários

Considera-se residente no Brasil para fins tributários a pessoa física:

- que resida no Brasil em caráter permanente;

- que se ausente para prestar serviços como assalariada a autarquias ou

repartições do Governo Brasileiro situadas no exterior;

- que ingresse no Brasil com visto permanente, na data da chegada;

- que ingresse no Brasil com visto temporário:

a) para trabalhar com vínculo empregatício, na data da chegada ou atuar como

médico bolsista no âmbito do Programa Mais Médicos, de que trata a Medida

Provisória nº 621, de 8 de julho de 2014, convertida na Lei nº 12.871, de 22 de

outubro de 2013, na data da chegada;

b) na data em que complete 184 dias, consecutivos ou não, de permanência no

Brasil, dentro de um período de até doze meses;

AVISO:

Para fins do disposto no item "b", caso, dentro de um período de doze

meses, a pessoa física não complete 184 dias, consecutivos ou não, de

permanência no Brasil, novo período de até doze meses será contado a partir

da data do ingresso seguinte àquele em que se iniciou a contagem anterior.

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Na data da obtenção de visto permanente ou de vínculo

empregatício, se ocorrida antes de completar 184 dias, consecutivos ou não,

de permanência no Brasil, dentro de um período de até doze meses:

- Brasileiro que adquiriu a condição de não residente no Brasil e retorne ao

País com ânimo definitivo, na data da chegada;

- que se ausente do Brasil em caráter temporário, ou se retire em caráter

permanente do território nacional sem apresentar a Comunicação de Saída

Definitiva do País, durante os primeiros doze meses consecutivos de ausência.

AVISO:

A partir do momento em que a pessoa física adquira a condição de

residente ou de não residente no País, dar-se-á o retorno à condição anterior

somente quando ocorrer qualquer das hipóteses que fundamente a nova

condição.

Para o ano-calendário de 2014, exercício de 2015, deve ser utilizado

o programa IRPF2015 para preenchimento da Declaração de Ajuste Anual

(DAA)

O programa IRPF2015, entre outras condições, observa os limites

legais, apura automaticamente o imposto a pagar ou a restituir e informa ao

contribuinte a opção de declaração que lhe é mais favorável.

CONCLUSÃO

Finalizando a presente pesquisa, faz-se uma análise dos estudos

obtidos, para verificar o alcance do trabalho com relação aos seus objetivos

propostos. A pesquisa proporcionou uma visão social do (Imposto de Renda

Pessoa Física (IRPF), considerando, para sua cobrança, diferentes perfis de

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despesa. A observação da distribuição da cobrança do imposto permitiu a

constatação de que a arrecadação do imposto está concentrada nas maiores

rendas. Observou-se que, de fato, a tabela progressiva do IRPF proporciona

uma cobrança maior do imposto para aqueles com maior renda, desonerando

aqueles das classes mais baixas. Porém, também se chegou a conclusão de

que o incremento da alíquota efetiva decai substancialmente para rendas

superiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais). Pode-se tomar esse resultado

como uma constatação da necessidade de tributar grandes fortunas, já que

quanto maior a renda mensal maiores as chances destes contribuintes serem

detentores de grandes somas patrimoniais. A pesquisa permitiu verificar que o

IRPF cumpre satisfatoriamente sua função social em harmonia com sua função

arrecadatória. Apesar da pouca quantidade de alíquotas da tabela progressiva

de cobrança do imposto e da pouca flexibilidade em relação às despesas

dedutíveis, observou-se um maior ônus do IRPF sobre os contribuintes de

maior renda do que sobre os de baixa renda. Também verificou-se que além

daqueles que já estão isentos por perceberem renda inferior ao limite mínimo

de cobrança do imposto, muitos contribuintes acabam por não ter imposto a

pagar, visto que conseguem deduzir da base de cálculo do imposto de renda

boa parte, ou a totalidade, de suas despesas dedutíveis de acordo com a

legislação. Verificou-se a pouca aplicabilidade destes no que tange a legislação

pertinente às despesas dedutíveis. De fato, a composição do orçamento

familiar não é fator relevante em relação a itens dedutíveis ou limites de

dedução. Uma análise da alíquota efetiva do IRPF possibilitou a constatação

de seu incremento de acordo com a renda do contribuinte. Entretanto, também

ficou evidente a pouca acentuação do crescimento da alíquota para rendas

muito altas. Uma possível indagação seria: Qual o melhor caminho para a

progressividade – aumentar a faixa de isenção ou aumentar o número de faixas

de alíquotas? Verificou-se aqui que grande parte dos contribuintes em potencial

não tem imposto a pagar. Porém o limite superior da faixa de isenção está

aquém do salário mínimo desejável. Quanto às deduções, seria adequado

permitir a dedução de mais despesas? Até onde isso seria saudável para os

cofres públicos? Outro tema a ser explorado com maior profundidade é a

relação entre a cobrança do IRPF e a distribuição de renda. De que forma a

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mudança na tabela do IRPF contribuiria para uma melhora na distribuição de

renda no Brasil? Estas questões são sugestões que poderiam beneficiar o

contribuinte na apuração do imposto de renda a pagar ou a restituir.

REFERÊNCIAS

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