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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
DISLEXIA
SORAIA JANAINA CUNHA DINIZ BARREIROS
ORIENTADOR:
Prof. EDLA
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Por: Soraia Janaina Cunha Diniz Barreiros
DISLEXIA
Rio de Janeiro 2016
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus filhos que assim como todos torceram e me incentivaram para que
eu terminasse minha pós. As minhas mestras e minhas amigas, que
transformaram minha pós-graduação em um momento de valor. Em especial
uma pessoa extraordinária que pude ter o grande prazer de conhecer, que me
mostrou que a vida pode ser vivida com mais amor, mais vontade, mais
dedicação e que a amizade é valorosa, que só vem para somar o bem que já
possuímos.
4
DEDICATÓRIA
As crianças e aqueles que as educam. Educam com esperança de que todos
possam serem iguais em suas mais especiais capacidades.
5
RESUMO
O presente artigo abordará os diferentes tipos de dislexias, os sinais
na infância e na iniciação escolar facilitando assim a sua identificação, citará
algumas leis para melhor entendimento da classificação de necessidades
educacionais especiais. Trará também dicas de como o educador deverá atuar
em sala de aula e a importância de estratégias utilizando recursos para as
aulas com crianças disléxicas. Por isso nas últimas décadas tem crescido
substancialmente o interesse público por esse distúrbio de aprendizagem
específico. No entanto muitas vezes, aquele que deveria ser um dos principais
interessados no assunto o (professor), não tem conhecimento dos distúrbios
que dificultam a aprendizagem do aluno. E com isso, não são capazes de
identificá-los, muito menos de dar os encaminhamentos necessários aos
alunos disléxicos. Este trabalho visa melhorar a compreensão sobre a dislexia,
norteando o educador para saber como proceder ante um aluno disléxico em
sala de aula. É endereçado não somente aos professores, mas também aos
pais e aos profissionais da área (fonoaudiólogos, pedagogos, psicopedagogos
e psicólogos), que no exercício do seu trabalho tenham contato com pessoas
disléxicas e aos próprios disléxicos. Pessoas com dislexia têm geralmente
inteligência média (normal) ou acima da média, no entanto suas dificuldades de
aprendizagem resultam em uma diferença vasta entre o seu potencial e o seu
desempenho na vida escolar. Para que ela não seja tão prejudicada é
necessário que as pessoas de seu maior convívio (pais e professores),
conheçam seu distúrbio, para saber como avançar no dia a dia com esta
criança. O Educador não precisa ser um conhecedor profundo da dislexia,
porém é necessário ter os conhecimentos essências sobre distúrbios de
aprendizagem, para que assim saiba como proceder para que o aluno
disléxico, não tenha seu rendimento tão defasado por conta da dislexia.
6
METODOLOGIA
Considera-se que a pesquisa promoveu uma analise sobre o tema
Dislexia, Cada ano que passa a educação vem sendo cada vez mais
priorizada, portanto são de grande valia a importância de uma boa escrita e
leitura, já que no mundo em que vivemos é indispensável termos acesso às
informações e estarmos cientes do que acontece ao nosso redor.
Conforme Ianhez (2002), a dislexia pode ser classificada em vários
tipos a onde iremos ver no decorrer da pesquisa.
Também será abordado lista de vários sinais e sintomas segundo os
autores: Ianhez e Nico (2002) e Cuba dos Santos (1987) listam vários “sinais” e
“sintomas” como decorrentes do que tomam por dislexia.
Foi adotada a pesquisa bibliográfica com consultas a livros, artigos e
a internet. E observou como ser dar o processo das crianças com dislexia nas
escolas e a participação da escola, professores e familiares.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A Dislexia 10
CAPÍTULO II
As dificuldades da aprendizagem 23
CAPÍTULO III
Atitude dos pais e professores perante o aluno com dislexia 37
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA 50
ÍNDICE 52
8
INTRODUÇÃO
Desde o primeiro ano de alfabetização, é importante observar se o
aluno apresenta algum indício de em relação a uma boa leitura e compreensão,
já que uma está ligada à outra.
A sociedade atual nos mostra, cotidianamente, a importância do
valor da leitura e da escrita em nossa conjuntura social. Desta forma, é de
fundamental importância que sejam expostos questionamentos acerca das
principais dificuldades encontradas por alunos que apresentam dificuldades
leitoras e escritoras, a exemplo da dislexia, distúrbio de aprendizagem que
dificulta o acesso à leitura e a escrita.
Uma criança disléxica pode apresentar uma autoestima abalada por
se achar incapaz ou até mesmo inferior aos seus colegas. Por não conseguir
ter a mesma facilidade de seus colegas ao ler um texto, fica desmotivada e
perde o interesse pela leitura. Muitas vezes, podem ser considerados alunos
preguiçosos, desatentos, sem nenhum empenho em aprender, sendo que seu
problema é algo mais sério, e ninguém é capaz de perceber. E isso acontece
muitas vezes, porque pessoas que não participam de cursos de treinamento ou
de inclusão escolar possuem dificuldades de perceber a dislexia, pelo fato de
não terem conhecimento suficientes sobre este distúrbio linguístico. Quanto
mais cedo uma pessoa disléxica for diagnosticada, mais oportunidades terá em
amenizar as suas dificuldades, menos sofrerá por ser motivo de piadas de sua
classe. Para que isso aconteça é preciso o olhar atento e humano de seu
professor. Antes de criticar é necessário avaliar o caso e compreender quais
motivos podem levar estas crianças a se sentirem fracassadas por não terem o
mesmo rendimento e facilidades que seus colegas.
Assim, a dislexia vem sendo diagnosticada como o distúrbio de
maior incidência nas salas de aula, porém, a falta de entendimento da definição
deste distúrbio de aprendizagem por parte dos educadores, tem feito com que
o aluno disléxico se sinta desassistido, desmotivado e confuso, sendo um dos
grandes indícios das causas da evasão escolar. Desta forma, é de suma
importância que os profissionais de educação estejam aptos a atuar com as
9
dificuldades de aprendizagem dos alunos disléxicos, com a finalidade precípua
de auxiliar o avanço da aprendizagem através de metodologias que se tornem
significativas ao seu processo de escolarização.
É preciso que essa aprendizagem venha no decorrer de cada ano
aprimorar o conhecimento do aluno, e para que isto aconteça de forma positiva,
é necessário que os educadores, fator primordial para a alfabetização, estejam
conscientes das dificuldades que alguns de seus alunos possam vir a ter em
relação à aprendizagem. Aprender a ler e escrever envolve um processo
complexo onde se exigem habilidades linguísticas, biológicas, motoras e
cognitivas, de acordo com a coordenadora de educação especial Kanada
(2010).
10
CAPÍTULO I
DISLEXIA
Dislexia é um distúrbio específico da linguagem, congênito e
hereditário, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples.
Não é uma doença, mas sim uma dificuldade de aprendizagem, na
qual a capacidade da criança para ler ou escrever está abaixo do seu nível de
inteligência.
A palavra "dislexia" significa "dificuldades na leitura e na escrita",
onde dis = distúrbio, lexia (latim) = leitura; (grego) = linguagem.
A dislexia mostra uma insuficiência no processo fonológico, em que
as dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação
a idade.
Mesmo recebendo uma instrução convencional, tendo inteligência
adequada, oportunidade sócio-cultural e não apresentando
distúrbios cognitivos e sensoriais, há uma falha no processo de aquisição da
linguagem por parte da criança.
A dislexia manifesta-se através de várias formas de dificuldade, com
as diferentes formas de linguagem, incluindo frequentemente problemas de
leitura, aquisição e capacidade de escrever e soletrar.
A dislexia vai emergir nos momentos iniciais da aprendizagem da
leitura e da escrita, mas já se encontrava subjacente a este processo.
É uma dificuldade específica nos processamentos da linguagem
para reconhecer, reproduzir, identificar, associar e ordenar os sons e as formas
das letras, organizando-os corretamente.
11
É certamente um modo peculiar de funcionamento dos centros
neurológicos de linguagem. É frequente encontrar-se outras pessoas com
dificuldades semelhantes nas histórias familiares.
Dislexia, não é culpa de ninguém, nasce-se assim.
O importante é aceitar a dislexia como uma dificuldade de linguagem
que deve ser tratada por profissionais especializados. As escolas podem
acolher os alunos com dislexia, sem modificar os seus projetos pedagógicos
curriculares. Procedimentos didáticos adequados possibilitam ao aluno vir a
desenvolver todas as suas aptidões, que são múltiplas.
Pode-se considerar que, a partir da teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner (1983; 1993), novas considerações a respeito da inteligência surgiram, ampliando e ressaltando expressões referentes à competência intelectual. atualidade, é predominante a concepção de que a AH/SD envolve uma diversidade de facetas, sendo considerados com altas potencialidades não apenas aqueles indivíduos que se sobressaem em testes tradicionais de inteligência ou na área acadêmica, mas também, por exemplo, aqueles que apresentam um desempenho elevado na área artística e/ou psicomotora, além da capacidade de liderança (ALENCAR, 2007).
Em contrapartida, percebe-se que a definição de Dislexia está,
quase sempre, associada a um baixo rendimento escolar, pois estudantes com
indicadores de transtorno específico de leitura têm dificuldades relevantes em
sala de aula, muitas vezes, sentindo-se inibidos em ler em voz alta um
pequeno texto por mais simples que seja, ou até mesmo uma pequena frase
(SHAYWITZ, 2006). Para os pesquisadores Padula, Santos e Lourenceti
(2011), este déficit pode ser considerado um distúrbio neurológico de origem
congênita, que acomete pessoas com potencial intelectual normal, mas se
caracteriza pelo fato de o indivíduo apresentar defasagem na habilidade para
leitura e/ou escrita. Essa defasagem apresenta-se bastante significativa, se
comparada à relação com a habilidade cognitiva, compreensão verbal,
inteligência, idade cronológica, acuidade visual e auditiva ou nível de instrução
12
recebida (CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2002a; PINHEIRO, 2010; LYON,
SHAYWITZ & SHAYWITZ, 2003). Por sua vez, Lima (2009), em concordância
com os autores, destaca que o educando disléxico não apresenta distúrbios em
nível sensorial, físico, mental ou desvantagens socioeconômicas, culturais ou
institucionais que possam ser associadas à dificuldade na aprendizagem da
leitura. Assim, caso exista algum problema acima mencionado como sendo a
causa do transtorno de aprendizagem, então, provavelmente, não se trata de
Dislexia. “[...] O indivíduo disléxico possui um funcionamento peculiar do
cérebro para processamento de linguagem”. (p. 11).
1.1. Breve histórico da dislexia
É possível afirmar que o reconhecimento da dislexia de evolução
como problema constitucional foi citado em 1872 num trabalho realizado por
Berlim; em 1896, por W. Pringle Morgan e Hinshelwood, e em 1897, na
Inglaterra, por James Kerr. No entanto apenas com exceção dos autores
Brooner (1917) e Hollingworth (1918, 1925), que se interessaram e se
concentraram no aspecto pedagógico do problema, os psicólogos e
educadores do início do século XX deram a mínima importância aos distúrbios
específicos da linguagem, ao mesmo tempo em que a classe médica
simplesmente desconsiderava tais acontecimentos em sala de aula, criando
assim uma grande lacuna na recuperação das crianças. Nos Estados Unidos
os primeiros que ajudaram no reconhecimento do distúrbio de desenvolvimento
da linguagem foram os oftalmologistas. Suas observações mostraram que a
dificuldade não estaria nos “olhos”, mas no funcionamento das áreas de
linguagem do cérebro: “Não são os olhos que leem, mas o cérebro”. Foi neste
mesmo país em 1925 que se iniciou uma pesquisa sobre as causas do
encaminhamento de crianças para unidades de saúde mental, e um dos
resultados foi justamente a dificuldade de ler, escrever e soletrar. Foi neste
período que o Dr. Samuel T. Orton, psiquiatra, neuronatomista e
neuropatologia a demonstrou um grande interesse no campo dos distúrbios de
aprendizagem.
13
1.2 Tipos de Dislexia
A dislexia pode ser classificada de várias formas, de acordo com os
critérios usados para classificação.
Alguns autores classificam a dislexia tendo como base testes
diagnósticos, fonoaudiológico, pedagógicos e psicológicos.
Conforme Ianhez (2002), a dislexia pode ser classificada em:·.
- Dislexia disfonética: dificuldades de percepção auditiva na análise
e síntese de fonemas, dificuldades temporais, e nas percepções da sucessão e
da duração (troca de fonemas – sons, grafemas – diferentes, dificuldades no
reconhecimento e na leitura de palavras que não têm significado, alterações na
ordem das letras e sílabas, omissões e acréscimos, maior dificuldade na escrita
do que na leitura, substituições de palavras por sinônimos);
- Dislexia diseidética: dificuldade na percepção visual, na percepção
gestáltica, na análise e síntese de fonemas (leitura silábica, sem conseguir a
síntese das palavras, aglutinações e fragmentações de palavras, troca por
equivalentes fonéticos, maior dificuldade para a leitura do que para a escrita);
- Dislexia visual: deficiência na percepção visual; na coordenação
visomotora (não visualiza cognitivamente o fonema);
- Dislexia auditiva: deficiência na percepção auditiva, na memória
auditiva (não audiabiliza cognitivamente o fonema);
- Dislexia mista: que seria a combinação de mais de um tipo de
dislexia.
Para Moojen apud Rotta (2006), é possível classificar a dislexia
em três tipos:
- Dislexia fonológica (sublexical ou disfonética): caracterizada por
uma dificuldade seletiva para operar a rota fonológica durante a leitura,
apresentando, não obstante, um funcionamento aceitável da rota lexical; com
14
frequência os problemas residem no conversor fonema-grafema e/ou no
momento de juntar os sons parciais em uma palavra completa. Sendo assim,
as dificuldades fundamentais residem na leitura de palavras não familiares,
sílabas sem sentido ou pseudopalavras, mostrando melhor desempenho na
leitura de palavras já familiarizadas. Subjacente a essa via, encontra-se
dificuldades em tarefas de memória e consciência fonológica. Considerando o
grande esforço que fazem para reconhecer as palavras, portanto, para manter
uma informação na memória de trabalho, são obrigados a repetir os sons para
não perdê-los definitivamente. Como consequência, toda essa concentração
despendida no reconhecimento das palavras acarreta em dificuldades na
compreensão do que foi lido;
- Dislexia lexical (de superfície): as dificuldades residem na
operação da rota lexical (preservada ou relativamente preservada a rota
fonológica), afetando fortemente a leitura de palavras irregulares. Nesses
casos, os disléxicos leem lentamente, vacilando e errando com frequência, pois
ficam escravos da rota fonológica, que é morosa em seu funcionamento. Diante
disso, os erros habituais são silabações, repetições e retificações, e , quando
pressionados a ler rapidamente, cometem substituições e lexicalizações; às
vezes situa incorretamente o acento prosódico das palavras;
- Dislexia Mista: nesse caso, os disléxicos apresentam problemas
para operar tanto com a rota fonológica quanto com a lexical. São assim
situações mais graves e exigem um esforço ainda maior para atenuar o
comprometimento das vias de acesso ao léxico.
Entre as consequências da dislexia encontramos a repetência e
evasão, pois se o problema não é detectado e acompanhado, a criança não
aprende a ler e escrever. Acontece também o desestímulo, a solidão, a
vergonha, e implicações em seu autoconceito e rebaixamento de sua auto-
estima, porque o aluno perde o interesse em aprender, se acha incapaz e
desprovido de recursos intelectuais necessários para tal. Pode apresentar uma
conduta inadequada com o grupo, gerando problemas de comportamento,
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como agressividade e até envolvimento com drogas. Como podemos constatar
que as sequelas são as mais abrangentes, em todos os setores da vida.
Começa com um distúrbio de leitura e escrita e acaba com um problema que
pode durar a vida inteira, como depressão e desvio de conduta.
Para autora Kajihara (2001) apresenta dois tipos de dislexia. A
dislexia visual e auditiva e apresenta as seguintes características. DISLEXIA
VISUAL Definição: a criança consegue ver, mas não pode diferenciar
interpretar ou recordar palavras devido a uma disfunção do sistema nervoso
central. Características:
1. Confunde letras e palavras que parecem semelhantes – detalhes
internos ou na configuração geral: o-e, c-e, f-t, n-u, m-n, h-b;
2. Velocidade de percepção visual baixa: apesar da discriminação
correta examina as palavras lentamente e não consegue reconhecê-las com
rapidez como sendo igual ou diferente;
3. Tendência à reversão e rotação na leitura ou escrita: lama-mala,
p-q, b-d;
4. Inversão de letras, sílabas ou palavras: m-w, p-d;
5. Dificuldade para seguir e reter sequências visuais: conhecem
todas as letras das palavras, mas não lembra a ordem das mesmas;
6. Desordens na memória visual para: experiências não verbais
(descrever a sua casa, o irmão), experiências verbais, nº, notas musicais e
figuras;
7. Desenhos inferiores e carente de detalhes;
8. Problemas na análise e síntese visual: não conseguem relacionar
as partes ao todo (por exemplo: quebra-cabeças);
9. Dificuldade em acompanhar jogos ou esportes; 10. Problemas de
orientação direita esquerda e orientação espacial (por exemplo: mapas).
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DISLEXIA AUDITIVA Definição: A criança consegue ouvir, mas não pode
discriminar identificar ou recordar palavras devido a uma disfunção do sistema
nervoso central. Ela percebe as semelhanças em partes de palavras, mas não
relaciona os componentes visuais das palavras às suas versões auditivas.
Características:
1. Desordens na discriminação auditiva: f-v/ p-b/ ch-j/ t-d/ s-z/ c-g. Há
dificuldade na analise fonética – incapacidade para “ouvir” semelhanças sons
iniciais e finais das palavras. Por exemplo: dia-deu/mar-lar;
2. Dificuldade na percepção de “sons duplos” formados pelas
combinações de consoantes: canto, bruto, pasto;
3. Dificuldade na analise e síntese auditiva: pode omitir silabas na
escrita;
4. Não consegue reorganizar sons ou palavras auditivamente: olha
uma letra, mas não se lembra do seu som: olha uma palavra, mas é incapaz de
dizê-la mesmo que conheça o seu significado;
5. Presença de parafasias verbais: O cão está comendo sua
refeição/O cachorrinho está comendo sua comida;
6. Distúrbio na formação de sequenciais auditivas: não verbais (não
acompanha um padrão rítmico); verbais (distorce a pronuncia de palavras
muito longas: inimigo/inimigo). Na escrita troca letras por não conseguir reter
uma sequência de sons;
7. Problemas de orientação temporal e ritmo. É possível suspeitar de
um quadro de dislexia, ou quadro de risco, quando apesar de inteligência
adequada, oportunidades de ensino e aprendizagem, a criança ainda
apresentar alguns desses sinais.
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1.3. Causas da Dislexia
As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas, pode ser
herdada de um pai, avô, tio ou primo que seja disléxico. Para entender melhor
a causa da dislexia é preciso compreender como funciona o cérebro, pois
diferentes partes do cérebro exercem funções específicas. A área esquerda do
cérebro está mais diretamente relacionada à linguagem, nela foram
identificadas três subáreas distintas. Uma delas processa fonemas, outra
analisa palavras e a última reconhece palavras. Essas três subdivisões
trabalham em conjunto, possibilitando que o indivíduo aprenda a ler e escrever.
Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando
as letras e seus sons. Dessa forma, ela passa então a analisar as palavras,
dividindo-as em sílabas com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa
a se desenvolver, sua função é a de construir uma memória permanentemente
que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares. À medida que a
criança progride no aprendizado da leitura, esta parte do cérebro passa o
dominar o processo e, consequentemente, a leitura passa a exigir menos
esforço. Porém, o cérebro dos disléxicos, devido às falhas nas conexões
cerebrais, não funciona desta forma. No processo de leitura, os disléxicos
recorrem somente à área cerebral que processa fonemas. O resultado disso é
que os mesmos têm dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua
região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa, suas
ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de
palavras e, sendo assim, a criança com este distúrbio não consegue
reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um
esforço para ela, pois toda palavra que ela lê, parece ser nova e desconhecida.
A partir de uma leitura atenta do histórico da dislexia, Ballone (2001),
ressalta que, a dislexia tem sempre como causa primária a relação espacial
alterada, fazendo com que a criança não consiga decifrar satisfatoriamente os
códigos da escrita. O diagnóstico exige quase sempre uma equipe
multidisciplinar. Esta equipe tem a função básica de eliminar outras
responsáveis pelas trocas de letras e outras alterações de linguagem.
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Para realizar um correto diagnóstico é necessário verificar
primeiramente se na família existem casos de dislexia ou de dificuldades de
aprendizagem e na história de desenvolvimento do indivíduo ocorreu um atraso
na aquisição de linguagem, porque as pessoas disléxicas pensam
primeiramente através de imagens e sentimentos, e não com sons e palavras
sendo bastante intuitivas. Segundo a orientação da ABD
(Associação Brasileira de Dislexia), criada em 1983, o diagnóstico só
pode ser feito após a alfabetização, entre a primeira e segunda série. Pois a
escola alfabetiza precocemente, e a criança não acompanha porque não tem
maturidade neurológica suficiente.
Conforme Pennington (1997, p. 65): A dislexia normalmente não é
diagnosticada até a idade escolar, usualmente não antes do final da primeira
ou segunda série. Contudo, está se tornando progressivamente claro que
percussores da dislexia estão presentes antes da idade escolar. Clinicamente,
as histórias pré – escolares de alguns disléxicos, mas não todo contém
informações sobre retardo leve ao falar, dificuldades de articulações,
problemas ao aprender os nomes das letras ou nome das cores, problemas
para encontrar palavras, sequência errada das sílabas (“aminais” por animais,
“donimós” por “dominós”) e problemas para lembrar endereços, números
telefônicos e outras sequências verbais. Indagar sobre cada um desses
possíveis problemas é uma parte importante a ser registrada na história clínica
em caso de suspeita de dislexia. Então como diagnosticar a dislexia?
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, podem
ser percebidos na escola ou em casa, devem-se procurar especialistas que
componham equipes multidisciplinares, formadas por psicólogo, fonoaudiólogo
e psicopedagogo, que são pessoas capacitadas para iniciar uma minuciosa
investigação, verificando todas as possibilidades, antes de confirmar ou
descartar o diagnóstico de dislexia. Isto é chamado de Avaliação
Multidisciplinar e de exclusão.
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As equipes multidisciplinares devem ser compostas por médicos,
pedagogos, psicólogos, professores e pais, que estejam comprometidos em
contribuir para o diagnóstico o quanto mais cedo, o que propiciará à criança um
melhor desenvolvimento da aprendizagem, da autoestima e consequentemente
do exercício da cidadania.
1.4. Sintomas Disléxicos
Lanhez e Nico (2002) e Cuba dos Santos (1987) listam vários
“sinais” e “sintomas” como decorrentes do que tomam por dislexia. Nessas
listas, citam questões como:
• Dificuldades com cálculos mentais, dificuldade em organizar
tarefas, dificuldade com noções espaço-temporais, entre outras.
• Desempenho inconstante; • Demora na aquisição da leitura e
escrita;
• Lentidão nas tarefas de leitura e escrita, mas não nas orais;
• Dificuldades com os sons das palavras e, consequentemente, com
a soletração;
• Escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinações de
fonemas;
• Dificuldade em associar o som ao símbolo; • Dificuldade coma rima
(sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no inicio das
palavras);
• Persistência no mesmo erro, embora conte com a ajuda do
profissional;
• Discrepância entre as realizações acadêmicas, as habilidades
linguísticas e o potencial cognitivo;
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• Desconforto ao tomar notas e/ou relutância para escrever;
•Dificuldades em associações, como, por exemplo, associar os rótulos aos
seus produtos;
• Dificuldades com cálculos mentais; • Dificuldade para organização
sequencial, por exemplo, as letras do alfabeto, os meses do ano, tabuada etc.;
• Dificuldades em organizar suas tarefas; • Dificuldade em nomear
objetos, tarefas etc.;
• Dificuldade em organizar-se com o tempo (hora), no espaço (antes
e depois) e direção (direita e esquerda);
• Dificuldade em memorizar números de telefone, mensagens fazer
anotações, ou efetuar alguma tarefa que sobrecarregue a memória imediata.
1.5. Importância do Diagnóstico
Segundo Lanhez e Nico (2002) um diagnóstico correto, feito no
momento adequado, ou seja, logo que as dificuldades se tornam aparentes, é
de grande contribuição tanto para a criança quanto para os pais, uma vez que,
frequentemente libera os mesmos da suspeita de deficiência intelectual.
Suspeita essa que traumatiza a criança e pode paralisar os pais na busca de
soluções adequadas. O diagnóstico da dislexia é de exclusão e deve ser feito
por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, fonoaudiólogo e
psicopedagogo. Quando necessário é feito um encaminhamento ao
neurologista e/ou a outros profissionais, como oftalmologista, geneticista,
otorrinolaringologista, pediatra etc. Para se confirmar se existem ou não, outros
fatores que estejam comprometendo o processo de aprendizagem ou mesmo
coexistindo com a dislexia, esses profissionais devem trocar informações para
confirmar o distúrbio. Informações como o desenvolvimento da criança,
histórico familiar, desempenho escolar e métodos de ensino, são de muita
importância para o diagnóstico, por isso os pais e a escola também são fontes
21
essenciais de informação. Essa troca de dados entre os profissionais será
importante também para se fazer o encaminhamento adequado. O diagnóstico
deve esclarecer os pais, os professores, e os profissionais que acompanharão
o caso, bem como o próprio disléxico.
O objetivo nisso tudo não deve ser de apenas encontrar um rótulo,
mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar caminhos eficientes para o
programa de reeducação. Ainda de acordo com Lanhez e Nico a dislexia pode
se tornar aparente, em geral na ocasião da alfabetização (primeiro ano do
ensino fundamental ou mesmo na pré-escola). Mas a realidade é que, a
maioria das crianças disléxicas é identificada por volta do segundo, terceiro
ano, isto é, de forma tardia, dando margem ao inicio de um processo de
comprometimento emocional. É necessário, estar atento a criança que:
• Com três ou quatro anos de idade ainda tem um atraso no
desenvolvimento da fala;
• Com cinco anos, já na pré-escola, for incapaz de reconhecer
palavras que rimem (mato-pato-gato), ou dizer duas ou três palavras que
comecem com o mesmo som (sol-selo-som), ou ainda de distinguir entre três
palavras, qual começa com o som diferente (tutu-casa-túnel);
• No primeiro ano, continuar apresentando dificuldade em aprender
os sons que constituem as palavras (fonemas), bem como incapacidade de
divisão de sílabas e de soletração.
Tendo em vista as crianças com esses tipos de dificuldades,
podemos dizer que elas têm um distúrbio de aprendizagem, podendo ser
dislexia, ou seja, estamos diante de um quadro de risco. Nesse caso a primeira
atitude a ser tomada, é o encaminhamento para um profissional que possa
diagnosticá-la de forma específica. Embora o ideal seja que o diagnóstico seja
feito o mais cedo possível, a dislexia pode ser identificada em qualquer
momento da vida.
22
Não há remédio que cure a dislexia, visto que, é um distúrbio e não
uma doença. O que pode ocorrer é a dislexia se manifestar com outros
quadros, em comorbidade (ao mesmo tempo), com alergias, ansiedade e
hiperatividade (com ou sem déficit de atenção), entre outros. Estes outros
quadros sim podem ser medicados. Só retomando um pouquinho, a dislexia é
um tipo específico de aprendizagem. E é caracterizada por dificuldades na
leitura, escrita e ortografia, porém as pessoas afetadas apresentam grande
desenvolvimento em outras áreas, como: artística, musical, criativa, esportiva
etc.
Autores conceituados como Lanhez, Nico (2002), defendem que na
escola havendo suspeita de que um aluno esteja apresentando algum distúrbio
de aprendizagem, o melhor é não tentar adivinhar ou diagnosticar, mas entrar
em contato com a orientação pedagógica da escola para mais informações
sobre o aluno. Pois com a devida orientação o aluno conseguirá ser bem
sucedido em classe. A compreensão e assimilação da matéria são mais
prováveis se houver clareza, repetição, variedade e flexibilidade no estilo de
ensino.
23
CAPÍTULO II
As dificuldades da aprendizagem
Estudar o cérebro, para compreender o caminho da leitura, começou
a menos de uma década. Ele nos possibilita entender o porquê de pessoas tão
inteligentes apresentarem problemas com a leitura. Através de pesquisas feitas
por ressonância magnética, observando imagens do cérebro em
funcionamento, verificaram-se pelo menos dois caminhos da leitura: um
primeiro para aqueles que estão começando a ler, sendo um percurso mais
lento e outro mais rápido para aqueles que já estão adaptados às letras e aos
sons das palavras. Além disso, é possível identificar falhas nestes circuitos
neurais para aquelas pessoas disléxicas, que acabam por ser obrigadas a
tomar caminhos diferentes como forma de compensação, sendo utilizada cada
vez mais a parte anterior. Conforme vão crescendo, demostram uma
superação da região de Broca localizada na parte frontal do cérebro.
De acordo com Shaywitz (2006) quando um bom leitor está em
atividade, ele ativa as regiões posterior e anterior do cérebro, sendo que a
maior parte relacionada à leitura fica na porção posterior, chamado de sistema
de leitura posterior, localizada na região parietotemporal, mais precisamente
acima e atrás da orelha. A parte anterior do cérebro é onde os lobos occipital e
temporal se cruzam (occipitotemporal), parte que se utiliza para a imagem das
palavras, sons e significados a serem armazenados. Nos leitores que estão
começando a leitura, a sua parte parietotemporal é a que será acionada, pois
precisam analisar a palavra com mais atenção e lentidão para que se possa
memorizar e aprender a verbalizar de acordo com seus sons e significados.
Para os leitores mais experientes que possuem uma leitura dinâmica e rápida,
a parte occipitotemporal que será ativada, não sendo preciso analisar as
palavras primeiro, somente em um olhar é possível identificá-las de forma
automática. Esta área também é chamada de sistema de forma da palavra. De
forma compensatória os leitores disléxicos acabam subvocalizando as palavras
por meio da área de Broca, permitindo-lhe fazer uma leitura mesmo que seja
24
de forma lenta, e mesmo os alunos disléxicos universitários que adquirem certa
precisão ao ler continuam tendo que usar essa área, com uma leitura vagarosa
em relação aos demais colegas. Muito se pensava que no decorrer do tempo,
conforme o amadurecimento da pessoa disléxica, esta dificuldade de leitura
fosse desaparecendo. Hoje, como se pode perceber geneticamente, não há
esta possibilidade, o que pode ocorrer é um programa linguístico adequado
para que se possa amenizar esta falha, e os disléxicos poderão se tornar
leitores fluentes, mas lentos, precisando de um tempo diferente dos não
disléxicos para concluírem suas atividades de leitura.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem geralmente fracassam
na escola Para muitos, as expressões “dificuldade” e “transtorno” de
aprendizagem têm o mesmo significado. Mas vale enfatizar que são dois
problemas diferentes e que se manifestam e devem ser tratadas de maneiras
distintas.
As dificuldades de aprendizagem, normalmente, estão relacionadas
a fatores externos que acabam interferindo no processo do aprender do
estudante, como a metodologia da escola e dos professores, a influência dos
colegas_
Em contrapartida, os transtornos, normalmente, estão intrínsecos e
fazem parte do aluno, seja uma disfunção neurológica, química, fatores
hereditários, imaturidade_
Partindo do princípio que, para muitos, dificuldades e transtornos
têm o mesmo significado, podemos citar quais são as principais dificuldades de
aprendizagem:
– Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade: é um
problema de desatenção com ou sem hiperatividade (quando a criança é
agitada e não consegue parar quieta). Elas se machucam com mais frequência,
não têm paciência, interrompem conversas_;
25
Nunca é tarde demais para ensinar disléxicos a ler e a processar
informações com mais eficiência. Obviamente, não existe um tratamento
padrão adequado a todas as crianças com dislexia, pelo que o recurso a uma
intervenção individualizada deverá ser a preocupação principal de quem quer
ajudar. É importante recordar, também, que estas crianças revelam um ritmo
de trabalho mais lento quando comparado com os restantes colegas e, muitas
vezes, incongruente, por isso não é de espantar que num dia consiga ler três
frases, mas no dia seguinte apresente graves dificuldades na leitura de uma
palavra.
Há que dar tempo ao tempo e, acima de tudo, motivá-la e reforçá-la
sempre (por escassos que sejam os resultados positivos) – lembre-se que a
leitura lhe exige um esforço enorme e se ela não faz melhor é porque não
consegue e não porque não quer ou porque é preguiçosa. Quando errar, deve
ser corrigida imediatamente e deve ser explicado o motivo do erro e como
evitar repeti-lo. Deve evitar-se, ainda, obrigá-la a ler em voz alta em frente dos
familiares/colegas – a não ser que ela mostre vontade de o fazer; esta poderá
ser uma tarefa bastante dura e com repercussões drásticas para o seu futuro
desempenho.
Na sala de aula, deve estar sentada numa mesa/secretária próxima
do professor (e não no fundo da sala), para que este possa auxiliá-la sempre
que haja necessidade e para que ela se sinta mais confortável quando
pretende esclarecer alguma dúvida. Devem, ainda, reduzirem-se possíveis
focos de distração, como algum colega mais conversador ou algum outro
barulho que a possa distrair; estas crianças já estão pouco motivadas para se
concentrar, se puderem evitar-se distrações ambientais tanto melhor, para ela
e também para o professor.
No momento da avaliação, devem evitar-se questões longas e
complicadas, pois a criança poderá demorar mais tempo a tentar compreender
a pergunta do que a dar a resposta. Pode, por exemplo, ler as perguntas ou
pedir auxílio ao professor de ensino especial e/ou a um colega de turma, para
que a criança compreenda o que é solicitado. A este respeito, Hennigh (2003,
26
p. 69) propõe o recurso aos pares ou a tutoria entre alunos de diferentes
idades. Deste modo, a criança disléxica recebe “a assistência de que pode
necessitar quando o professor não está disponível para um ensino
individualizado” e “as crianças apreciam o processo de aprendizagem quando
interagem com outros alunos da sala de aula ou de outras salas de aula”. Esta
poderá ser uma forma de promover um bom relacionamento da criança com os
colegas, por exemplo, e/ou de auxiliar o professor, quando tem uma turma com
um grande número de alunos e, obviamente, lhe é difícil “chegar a todos”.
Um outro aspeto a ter em conta na intervenção com estas crianças
é o recurso a uma terapia multissensorial, isto é, aprender pelo uso de todos os
sentidos (Torres & Fernández, 2001). Os métodos multissensoriais são
métodos que combinam a visão, a audição e o tato para ajudar a criança a ler e
a soletrar corretamente as palavras. Assim, a criança começa por observar o
grafema escrito, depois “escreve-o” no ar com o dedo, escutando e articulando
a sua pronúncia; posteriormente, deve cortá-lo, moldá-lo em
plasticina/fimo/barro e, de olhos fechados reconhecê-lo pelo tato. “A realização
destas atividades favorece por isso a criação de imagens visuais, auditivas,
cinestésicas, tácteis e articulatórias que, de modo conjunto, incidem na
globalização ou unidade do processo de leitura a escrita” (p. 56).
Os mesmos autores sugerem, ainda, o treino psicomotor (esquema
corporal, lateralidade, orientação espácio-temporal), percetivo-motor
(capacidades visomotoras e coordenação manual) e também psicolinguístico
(descodificação auditiva, visual, expressão verbal, entre outros). Por último, é
importante referir a necessidade de articulação entre todas as pessoas que
intervêm junto da criança. Rief e Heimburge (2000, p. 127) sublinham que “os
pais devem estar dispostos a partilhar informações com os professores, assim
como devem tentar saber como podem ajudar e apoiar o professor de todas as
maneiras possíveis” (e vice versa). É extremamente importante que pais,
professores, educadores estejam em constante comunicação; só assim se
garantirá o rigor e qualidade do trabalho efetuado e se evita, por exemplo, que
as crianças estejam constantemente a realizar os mesmos exercícios e a
trabalhar as mesmas letras, pois para estas crianças “Há uma grande
27
necessidade de atividades diversificadas que envolvam tanto a expressão
corporal como o sabor, o cheiro, a cor e a expressão plástica. Aprender não é
falar sobre, é fazer!” e “para aprender bem, é necessário estar envolvido” (Silva
2004, p. 44 e p. 56).
A Disgrafia Definição Etimologicamente, disgrafia deriva dos
conceitos “dis” (desvio) + “grafia” (escrita), ou seja, é “uma perturbação de tipo
funcional que afeta a qualidade da escrita do sujeito, no que se refere ao seu
traçado ou à grafia.” (Torres & Fernández, 2001, p. 127); prende-se com a
“codificação escrita (_), com problemas de execução gráfica e de escrita das
palavras” (Cruz, 2009, p. 180). A criança com disgrafia apresenta uma escrita
desviante em relação à norma/padrão, isto é, uma “caligrafia deficiente, com
letras pouco diferenciadas, mal elaboradas e mal proporcionadas”
(A.P.P.D.A.E., 2011b); a chamada “letra feia”. Obviamente que uma criança em
processo de aprendizagem da escrita apresenta, naturalmente, dificuldades no
traçado das letras. Assim, durante este período, o professor deverá revelar
especial atenção e fornecer as orientações necessárias para que os alunos
realizem adequadamente a escrita, evitando, deste modo, na ausência de
outras problemáticas associadas, a permanência de traçados incorretos que,
consequentemente, poderão evoluir para um quadro de disgrafia.
Causas O estudo das causas da disgrafia é complexo, pois são
muitos os fatores que podem levar a uma escrita alterada. Torres & Fernández
(2001) agrupam em três tipos as causas da disgrafia: maturativas, carateriais e
pedagógicas. As primeiras estão relacionadas com perturbações de
lateralidade e de eficiência psicomotora (motricidade, equilíbrio). Estas crianças
são desajeitadas do ponto de vista motor (geralmente possuem idade motora
inferior à idade cronológica) e apresentam uma escrita irregular ao nível da
pressão, velocidade e traçado, bem como perturbações de organização
percetivo-motora, estruturação/orientação espacial e interiorização do esquema
corporal. As causas carateriais, por seu lado, estão associadas a fatores de
personalidade, que podem, consequentemente, determinar o aspeto do
grafismo (estável/instável, lento/rápido), e também a fatores psicoafetivos, pois
o sujeito reflete na escrita o seu estado e tensão emocionais. As últimas –
28
causas pedagógicas – poderão estar relacionadas, por exemplo, com uma
instrução/ensino rígido e inflexível, com uma mudança inadequada de letra de
imprensa para letra manuscrita e/ou uma ênfase excessiva na qualidade ou
rapidez da escrita.
Outro autor, Cinel (2003), apresenta-nos cinco grupos de causas
promotoras da disgrafia: - Distúrbios na motricidade ampla e fina, relacionados
com a falta de coordenação entre o que a criança se propõe fazer (intenção) e
o que realiza (perturbações no domínio do corpo); - Distúrbios na coordenação
visomotora, associada à dificuldade no acompanhamento (visual) do
movimento dos membros superiores e/ou inferiores; - Deficiência na
organização temporoespacial (direita/esquerda, frente/atrás/lado e
antes/depois); - Problemas na lateralidade e direccionalidade (dominância
manual); - Erros pedagógicos, relacionados com falhas no processo de ensino,
estratégias inadequadamente escolhidas pelos docentes ou mesmo
desconhecimento deste problema.
2.1. Quais as principais dificuldades, definição e causa.
A Disortografia Definição Etimologicamente, disortografia deriva dos
conceitos “dis” (desvio) + “orto” (correto) + “grafia” (escrita), ou seja, é uma
dificuldade manifestada por “um conjunto de erros da escrita que afetam a
palavra, mas não o seu traçado ou grafia” (Vidal, 1989, cit. por Torres &
Fernández, 2001, p. 76), pois uma criança disortográfica não é, forçosamente,
disgráfica. “Perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se traduz por
dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor
textos escritos. As dificuldades centram-se na organização, estruturação e
composição de textos escritos; a construção frásica é pobre e geralmente
curta, observa-se a presença de múltiplos erros ortográficos e [por vezes] má
qualidade gráfica.” (Pereira, 2009, p. 9).
Causas Citoler (1996, cit. por Cruz, 2009) apresentam como fatores
potencialmente justificativos das dificuldades disortográficas: - Problemas na
automatização dos procedimentos da escrita, que se traduzem na produção
29
deficiente de textos; - Estratégias de ensino imaturas ou ineficazes, com a
consequente ignorância das regras de composição escrita; - Desconhecimento
ou dificuldade em recordar os processos e subprocessos implicados na escrita
(carência nas capacidades metacognitivas de regulação e controlo desta
atividade).
Para Torres & Fernández (2001), por outro lado, as causas da
disortografia estão relacionadas com aspetos percetivos, intelectuais,
linguísticos, afetivo-emocionais e pedagógicos. As causas de tipo percetivo
estão associadas a deficiências na perceção, na memória visual e auditiva e/ou
a nível espácio-temporal, o que traz consequências na correta orientação das
letras e na discriminação de grafemas com traços semelhantes, por exemplo.
Quanto às causas de tipo intelectual, estão associadas a um défice
ou imaturidade intelectual; um baixo nível de inteligência geral pode levar a
uma escrita incorreta porque a criança não domina as operações de caráter
lógico-intelectual necessária ao conhecimento e distinção dos diversos
elementos sonoros. Problemas de linguagem (pronúncia/articulação) e/ou
deficiente conhecimento e utilização do vocabulário (código restrito) são
apontados como causas de tipo linguístico. Relativamente às de tipo afetivo-
emocional, as autoras apontam, entre outras, baixos níveis de motivação e
atenção, que poderão fazer com que a criança cometa erros ortográficos
(mesmo que conheça a ortografia das palavras).
Por último, as causas de tipo pedagógico remetem para métodos de
ensino desadequados: por exemplo, quando o professor se limite à utilização
frequente do ditado, que não se ajusta às necessidades individuais dos alunos
e não respeita os seus ritmos de aprendizagem. Assim, embora fornecendo
nomenclaturas diferentes, os dois autores completam-se, sendo indispensável
considerar os seus respetivos contributos para que possam encontrar-se, de
uma forma abrangente, todas as possíveis origens desta problemática.
Caraterização Uma criança com disortografia demonstra, geralmente, falta de
vontade para escrever e os seus textos são reduzidos, com uma organização
pobre e pontuação inadequada. A sua escrita evidencia numerosos erros
30
ortográficos de natureza muito diversa (Torres & Fernández, 2001): Erros de
caráter linguístico-percetivo - omissões, adições e inversões de letras, de
sílabas ou de palavras; - troca de símbolos linguísticos que se parecem
sonoramente (“faca”/“vaca”). Erros de caráter visoespacial - substituem letras
que se diferenciam pela sua posição no espaço (“b”/“d”); - confunde-se com
fonemas que apresentam dupla grafia (“ch”/“x”); - omite a letra “h”, por não ter
correspondência fonêmica. Erros de caráter visoanalítico - não faz sínteses
e/ou associações entre fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer
sentido. Erros relativos ao conteúdo - não separa sequências gráficas
pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras (“ocarro” em
vez de “o carro”), junta sílabas pertencentes a duas palavras (“no diaseguinte”)
ou separa palavras incorretamente.
Erros referentes às regras de ortografia - não coloca “m” antes de “b”
ou “p”; - ignora as regras de pontuação; - esquece-se de iniciar as frases com
letra maiúscula; - desconhece a forma correta de separação das palavras na
mudança de linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen. De uma forma
geral, a caraterística mais comum nas crianças com disortografia é, sem
dúvida, a ocorrência de erros ortográficos, sejam estes de caráter linguístico-
perceptivo, visoespacial, visoanalítico, de conteúdo ou referentes às regras de
ortografia. No entanto, quando intervimos junto destes indivíduos, devemos ter
a noção de que outros aspetos estão envolvidos no ato da escrita e,
consequentemente, importa trabalhá-los.
A intervenção junto de alunos com disortografia não deve obedecer
a um único modelo em concreto, mas sim a uma variedade de técnicas que
tenham em conta não apenas a correção dos erros ortográficos, mas também a
percepção auditiva, visual e espaçotemporal, bem como a memória auditiva e
visual. Torres & Fernández (2001) salientam duas áreas importantes na
reeducação da disortografia: a intervenção sobre os fatores associados ao
fracasso ortográfico e a correção dos erros ortográficos específicos. No que diz
respeito à primeira, são importantes os aspetos relacionados com a percepção,
discriminação e memória auditiva (exercícios de discriminação de ruídos,
reconhecimento e memorização de ritmos, tons e melodias) ou visual
31
(exercícios de reconhecimento de formas gráficas, identificação de erros,
percepção figura-fundo); as características de organização e estruturação
espacial (exercícios de distinção de noções espaciais básicas, como
direita/esquerda, cima/baixo, frente/trás); a perceção linguístico-auditiva
(exercícios de consciencialização do fonema isolado, sílaba, soletração,
formação de famílias de palavras, análise de frases); e também exercícios que
enriqueçam o léxico e vocabulário da criança. Quanto à intervenção específica
sobre os erros ortográficos, atentem-se particularmente nos de ortografia
natural (exercícios de substituição de um fonema por outro, letras semelhantes,
omissões/adições, inversões/rotações, uniões/separações); de ortografia visual
(exercícios de fonemas com dupla grafia, diferenciação de sílabas, reforço da
aprendizagem); e de omissão/adição do “h” e das regras de ortografia (letras
maiúsculas/minúsculas, “m” antes de “b”/“p”, “r”/“rr”). Por outro lado, é
importante, também, que se diferenciem os erros de ortografia das falhas na
compreensão e, consequentemente, da possibilidade de elaboração de
respostas. No momento da avaliação, é importante dar-lhe mais tempo para
responder às questões e/ou certificar-se de que os enunciados/questões foram
compreendidos; privilegiar a expressão oral também poderá ser uma boa
estratégia. Para finalizar, importa acrescentar que qualquer que seja o
procedimento a adotar, é importante que o educador (seja ele o professor, o
psicólogo, o pai, o tio ou o irmão) tenha em conta as reais habilidades e
dificuldades da criança e seja capaz de planear um conjunto de atividades que
vão ao encontro dessas (in) capacidades específicas. Tal como afirma Micaelo
(2005, p. 59) “o trabalho a desenvolver (_) passa, acima de tudo, por conhecer
as características individuais de cada aluno e o seu modo de funcionamento,
de forma a encontrar as respostas pedagógicas adequadas”. A Discalculia
Definição Etimologicamente, discalculia deriva dos conceitos “dis” (desvio) +
“calculare” (calcular, contar), ou seja, é “um distúrbio de aprendizagem que
interfere negativamente com as competências de matemática de alunos que,
noutros aspetos, são normais.” (Rebelo, 1998a, p. 230). Assim, trata-se de
“uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa
compreender e manipular números.” (Filho, 2007). Indicadores estatísticos
dizem-nos que a maior parte dos alunos revela problemas na aprendizagem
32
desta disciplina. Muitos deles não compreendem os enunciados dos
problemas, outros demoram muito tempo a perceber se precisam
somar/dividir/multiplicar e alguns não conseguem concluir uma operação
aparentemente simples. É importante referir, no entanto, que estas dificuldades
podem não estar associadas a fatores como a
preguiça/desmotivação/desinteresse (como alguns pais/professores julgam),
mas relacionadas com a discalculia. Causas Não existem uma causa única e
simples que possa justificar o aparecimento da discalculia. Os estudos
efetuados nesta área são recentes e as conclusões não podem, ainda, ser
generalizadas. No entanto, têm sido feitas investigações em vários domínios,
como a neurologia, a linguística, a psicologia, a genética e a pedagogia (Silva,
2008b).
O desenvolvimento neurológico é caracterizado pelas diferentes
funções do sistema nervoso que se vão estabelecendo ordenada, progressiva
e cronologicamente, ou seja, cada nível etário de maturação corresponde ao
desenvolvimento de novas funções (perceção, espacio-temporal, lateralidade,
ritmo) resultantes de experiências que produzam estímulos adequados. Nesta
linha, distinguem-se três graus de imaturidade neurológica que permitem a
definição de graus de discalculia correspondentes (Romagnoli, 2008):
1) grau leve, quando a criança discalcúlica reage favoravelmente à
intervenção terapêutica;
2) grau médio, que coexiste com o quadro da maioria dos que
apresentam dificuldades específicas em matemática;
3) grau limite, quando se verifica a existência de uma lesão
neurológica gerada por traumatismos que provocam um défice intelectual.
No domínio da linguística, Cazenave (1972, cit. por Silva, 2008b)
afirma que a compreensão matemática só é possível com a assimilação da
linguagem, que tem um papel fundamental na evolução do intelecto de cada
ser humano. Neste caso, um discalcúlico apresenta deficiente elaboração do
33
pensamento devido às dificuldades no processo de interiorização da
linguagem.
Estas crianças revelam défices na compreensão de relações e
também na sua reversibilidade e/ou generalização; apresentam, ainda,
dificuldades na resolução de problemas, mais especificamente no simbolismo
numérico (correspondência número-quantidade), bem como na sua
representação gráfica. Na área da psicologia, as conclusões apontam para o
facto dos indivíduos portadores de alterações psíquicas se tornarem mais
propensos a apresentar problemas de aprendizagem, pois o aspeto emocional
interfere no controlo de determinadas funções, caso da memória, da atenção e
da percepção, por exemplo. Existem também explicações de base genética
apontando para a determinação de um gene responsável pela transmissão dos
transtornos ao nível dos cálculos.
Embora existam registos significativos de antecedentes familiares de
crianças com discalculia que também apresentam dificuldades na matemática,
os estudos de hereditariedade/genética carecem ainda de aprofundamento e
comprovação. Por último, as conclusões na área da pedagogia vêm apontar a
discalculia como uma dificuldade diretamente relacionada com os fenómenos
que sucedem no processo de aprendizagem, como métodos de ensino
desadequados, inadaptação à escola e entre outros.
2.2. Como interagir e contribuir para aprendizado da criança
dislexia.
Uma educação para todos precisa valorizar a heterogeneidade, pois a
diversidade dinamiza os grupos, enriquece as relações e interações, levando a
despertar no educando o desejo de se comprometer e aprender. Desta forma,
a escola passa a ser um lugar privilegiado de encontro com o outro, para todos
e para cada um, onde há respeito por pessoas diferentes.
34
É na escola que a dislexia, de fato, aparece. Há disléxicos que revelam
suas dificuldades em outros ambientes e situações, mas nenhum deles se
compara à escola, local onde a leitura e escrita são permanentemente
utilizadas e, sobretudo, valorizadas. Entretanto, a escola que conhecemos
certamente não foi feita para o disléxico. Objetivos, conteúdos, metodologias,
organização, funcionamento e avaliação nada têm a ver com ele. Não é por
acaso que muitos portadores de dislexia não sobrevivem à escola e são por ela
preteridos. E os que conseguem resistir a ela e diplomar-se o fazem, astuciosa
e corajosamente, por meio de artifícios, que lhes permitem driblar o tempo, os
modelos, as exigências burocráticas, as cobranças dos professores, as
humilhações sofridas e, principalmente, as notas.
Dados da Escola Profissional de Aveiro, que podem contribuir para o
aprendizado de crianças que sofrem com esse transtorno.
• Ajudar na leitura
1. Ler um livro, uma frase, um texto em voz alta, ajuda o aluno com
dificuldades de aprendizagem na leitura.
2. Tomar tempo para ver as figuras e falar sobre elas. Deixe o aluno
falar sobre elas também.
3. Pergunte ao aluno algumas coisas sobre aquilo que ela pensa que o
autor queria dizer. Acompanhe o ritmo das emoções e deixe transparecê-las
através da voz. Pratique a leitura com qualquer livro que achar interessante,
que tenha ação ou humor.
4. Os alunos podem aprender que os livros ocupam um lugar importante
na sua vida. A maneira como pega nos livros e folheia as páginas ensina ao
aluno mais que um milhão de palavras.
5. O aluno pode aprender que a biblioteca é um lugar bom para se
visitar, por ter mais variedade de livros, por podermos estar confortáveis e
sossegados.
35
6. O professor pode demonstrar que se preocupa com aquilo que o
aluno pensa e com aquilo que tem interesse para ele.
7. O professor pode mostrar que não sabe todas as respostas a todas
as perguntas, e que tem que ir ler estudar ou aprender alguma coisa. Mostrar
ao aluno que ele pode não saber onde fica determinada cidade ou rio, mas que
há um lugar onde podem ir para saber.
• Ajudar na matemática
- A discalculia caracterizam-se pela dificuldade em qualquer uma das
atividades aritméticas básicas, tais como quantificação e numeração ou cálculo
aritmético. É causada por disfunção de áreas temporo - parietais. A discalculia
está muitas vezes associada à dislexia.
- Não há diferenças entre números e palavras. Os números podem até
ser escritos por palavras, e as palavras são usadas para descrever problemas
reais da vida que requerem números para serem resolvidos. O que se pode
fazer com o aluno que apresente dificuldades na matemática:
- Evitar ressaltar as dificuldades do aluno, diferenciando-o dos demais.
- Evitar mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança
ou interrompa pela várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer
completando a sua fala.
- Evitar corrigir o aluno frequentemente diante da turma, para não o
expor.
- Evitar ignorar o aluno com dificuldades.
- Não forçar o aluno a fazer as tarefas quando estiver nervoso por não
ter conseguido.
- Explique ao aluno as suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-
lo sempre que precisar.
- Proponha jogos na sala.
36
- Não corrija os trabalhos de casa com canetas vermelhas ou lápis.
- Procure usar situações concretas, nos problemas.
• Avaliações
O uso de provas frequentes ou acumulativas é especialmente útil. Além
disso, é muito importante analisar os erros tanto processuais como do
resultado. As instruções deverão ser claras, utilizando poucas diretrizes
escritas.
- As perguntas ou as tarefas deverão ser variadas no formato, com a
finalidade de que se adquiram os conceitos de forma flexível.
- Para a preparação das provas, a ajuda e orientação do professor são
fundamentais, potencializando o estudo independente.
- Num teste, as linhas deverão ter um espaçamento de 1,5.
- Os textos apresentados, em todas as disciplinas, deverão ser
numerados de cinco em cinco linhas, na margem esquerda e os números
deverão estar ligeiramente afastados do texto.
- As questões deverão fazer referência à linha ou às linhas a reler para
encontrar ou auxiliar a resposta à questão.
- A linguagem dos enunciados deverá ser constituída por frases mais
simples e as questões formuladas deverão ser de estrutura familiar
(anteriormente trabalhada nas aulas e utilizadas nas fichas formativas).
- O número de questões dos testes deverá ser mais reduzido.
- Sempre que o teste ou ficha de avaliação tiver um texto, se possível
ampliá-lo.
- O professor deverá supervisionar a compreensão das questões por
parte do aluno.
37
• Estratégia de intervenção em contexto de sala de aula.
- Faça saber ao aluno que se interessa por ele e que deseja ajudá-lo.
Ele sente-se inseguro e preocupado com as reações do professor.
- Será importante para o aluno, a ajuda do professor no
desenvolvimento da sua autoestima, autoconceito, mediante o êxito que
consegue ter em algumas tarefas.
- Estabeleça critérios para o seu trabalho em termos concretos que o
aluno possa entender, sabendo que, realizar um trabalho sem erros pode ficar
além das suas.
38
CAPÍTULO III
Atitude dos pais e professores perante alunos com
dislexia.
Definição de atitude:
Antes de iniciar o estudo referente às atitudes dos pais e professores
é importante realizar uma pequena análise sobre o que são as atitudes, uma
vez que as atitudes não se resumem exclusivamente à acção, isto é existem
outras componentes das atitudes, daí a importância de um breve estudo acerca
das mesmas. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa de J. Almeida Costa
e A. Sampaio e Melo, “atitude deriva do latim aptitudine, aptidão pelo it.
attitudine e pelo fr. Attitude, «disposição do espírito, traduzida pela do corpo;
maneira de significar um propósito, modo de proceder”. (J. Almeida Costa e A.
Sampaio e Melo 1993) Na maioria das vezes consideramos que a atitude se
resume meramente a uma determinada ação em relação a determinado objeto,
pessoa, animal, entre outras coisas. Contudo a noção de atitude vai mais além
da ação, visa à racionalização, o sentimento e a exteriorização. A atitude não é
um processo exógeno.
É algo interno, que deve ocorrer de dentro para fora. Entre a
consciencialização e a ação, necessariamente, o sentimento deverá estar
presente como elo. Atitudes, como valores, são adquiridos a partir de algumas
predisposições genéticas e muita carga fenotípica, oriunda do meio em que
vivemos. Mudamos as nossas atitudes a partir daqueles com quem
convivemos, admiramos, respeitamos e até tememos. Por este motivo,
reproduzimos muitas das atitudes de nossos pais, amigos e pessoas de nosso
círculo de relacionamento. As atitudes são bastante voláteis, motivo pelo qual
os media costumam influenciar, as pessoas no que se refere a hábitos de
consumo. Atitude deriva do latim aptitudinem atitude, através do italiano
attitudine que, para Kardec “significa uma maneira organizada e coerente de
pensar, sentir e reagir em relação a grupos, questões, outros seres humanos,
ou, mais especificamente, a acontecimentos ocorridos no nosso meio
39
envolvente”. (Kardec, 1978). É um dos conceitos fundamentais da psicologia
social. Faz a união entre a opinião (comportamento mental e verbal) e a
conduta (comportamento ativo) e indica o que interiormente estamos dispostos
a fazer.
As atitudes de um sujeito dependem da experiência que tem da
situação à qual deve fazer face. Pode dizer-se também que é, a tendência para
reagir a um estímulo de maneira positiva ou negativa, agir de uma maneira de
preferência a outra. Uma atitude é formada por três componentes básicas: dos
pais e professores em crianças com dislexia.
Componente cognitiva é os nossos pensamentos, crenças e
conhecimentos conscientes de determinado facto; Componente afetiva
corresponde ao nosso lado sentimental e emocional em relação a determinado
facto; Componente comportamental é as nossas tendências para reagir. Esta
componente está relacionada com a nossa intenção de nos comportarmos de
determinada maneira com relação a alguém, alguma coisa ou evento. Kardec
considera “que uma atitude está formada quando essas componentes se
encontram de tal maneira inter-relacionadas que os sentimentos e tendências
recativas específicas ficam coerentemente associadas com uma maneira
particular de pensar em certas pessoas ou acontecimentos. Desenvolvemos
nossas atitudes ao enfrentarmos e ajustarmo-nos ao meio social e uma vez
desenvolvida, emprestam regularidades aos nossos modos de reagir e de
facilitar o ajustamento social” (Kardec, 1978). Os processos que podem levar à
aquisição de atitudes podem ser resumidos:
• Pelos resultados de nossa própria experiência;
• Pelas nossas tendências e preconceitos perceptivos;
• Pelas nossas observações das reações de outra pessoa
perante uma determinada situação;
• Pela nossa observação dos resultados das experiências de
outra pessoa. Apesar de considerarmos que a atitude é o nosso
40
comportamento, esta ideia esta errada, uma vez que, a atitude é a intenção
enquanto o comportamento é a ação.
Como a atitude é uma intenção de se comportar de certa maneira,
esta pode ou não ser consumada, dependendo da situação ou das
circunstâncias. A nossa atitude é fruto da nossa experiência e esta exerce uma
influência dinâmica e orientadora sobre todos os objetos e situações com os
quais estabelece alguma relação. Neste sentido, considera-se a atitude como
uma forma de motivação social que impulsiona e orienta a ação para
determinados objetivos ou metas. Mudanças nas atitudes de uma pessoa
podem demorar muito para causar mudanças de comportamento que, em
alguns casos, podem nem chegar a acontecer.
3.1. Atitudes dos pais.
Quem melhor para ajudar os disléxicos senão os seus próprios pais? Os
pais conhecem seus filhos melhor do que ninguém, por isso precisam estar
atentos a qualquer mudança ou diferença existente na criança como
frustrações, tensões, ansiedades, baixo desempenho e desenvolvimento.
Notando essas mudanças, os pais devem procurar profissionais para realizar m
diagnóstico multidisciplinar, o quanto antes, pois assim as oportunidades de
sucesso são maiores.
A família é o fator principal no que respeita à aprendizagem das
questões sociais e emocionais da criança. Contudo, à medida que a criança
cresce, ela convive cada vez mais com pessoas fora do círculo familiar,
pessoas essas que, por sua vez, passam a ter parte ativa na socialização da
criança. O seio familiar é o melhor ambiente em que a criança poderá encontrar
aquilo que necessita. A família fica por este motivo, obrigada a constituir-se de
modo a poder cumprir devidamente essa função. Em contrapartida, a família
que desconhece as suas responsabilidades relativamente à criança,
desconhecendo as suas necessidades, vivendo uma vida onde não existe lugar
para ela, nem tempo para estar com a criança pode levar a situações de
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angústia, de inibições, entre outros problemas. Com o passar do tempo, tem
sido cada vez mais aprovada à ideia de que a família é considerada como parte
integrante do processo.
Com o passar do tempo, tem sido cada vez mais aprovada à ideia
de que a família é considerada como parte integrante do processo educativo
dos seus educandos e a sua envolvência na escola é indispensável e
extremamente necessária. Neste sentido, é importante que os encarregados de
educação acompanhem de perto o percurso escolar do seu educando, para
serem, atempada mente, colocadas em prática estratégias que o possam
auxiliar para que da melhor forma consiga alcançar o seu sucesso escolar. No
que se refere a alunos com dislexia, os pais têm uma grande importância e é
objeto de atenção redobrada, uma vez que a falta de bem-estar no seio da
mesma, motivada por complicações ou dificuldades, pode ser a causa dos
problemas dos seus descendentes.
A família é também um dos pilares mais importantes no processo de
ensino aprendizagem, por este motivo, se fizerem parte integrante da equipa
de intervenção desde o diagnóstico ao tratamento, estão a criar condições
emocionais e de sustentabilidade ao aluno. As famílias em que existe um
elemento com NEE enfrentam inúmeros desafios e situações difíceis que
podem ter um impacto profundo na vivência familiar e que pode provocar
ansiedade e frustração.
3.2. Algumas providências que ajudarão a obter informações
mais úteis sobre este processo como:
1- Informar-se sobre regulamentos federais e locais que estão
disponíveis na secretaria de educação, procurando saber sobre os direitos
legais dos estudantes com deficiências e de suas famílias, e sobre as fórmulas
ou diretrizes que são usadas em seu estado para o estabelecimento da
existência de uma dificuldade de aprendizagem.
2- Investigar os investigadores, ou seja, descobrir exatamente quem
seu filho verá durante o curso de avaliação, as qualificações e áreas de
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especialização, ou a experiência específica na área, da equipe que o
examinará.
3- Perguntar sobre os testes, pois estes devem ser conduzidos em
uma base individualizada e dados na língua nativa do aluno.
4- Descobrir outros tipos de informações que podem ser coletadas,
pois os testes não podem ser considerados um quadro completo em uma
avaliação de dificuldades de aprendizagem.
5- Preparar seu filho para a avaliação, dando a ele o máximo de
informações que puder sobre o que acontecerá durante a avaliação, acabando
com seu estresse, confusão e ansiedade.
6- Guarde todos os registros. As avaliações para dificuldades de
aprendizagem geram muitos papéis e a maioria é entregue aos pais e se não
forem entregues, solicite cópias desses, pois alguns têm realmente valor legal
que protegem seus direitos e demonstram que o distrito escolar está operando
de acordo com os regulamentos.
7- Dar a si mesmo tempo para lidar com os resultados da avaliação.
Se alguma deficiência foi documentada durante a avaliação, algumas
recomendações serão feitas, um membro da equipe avaliadora compartilhará
com os pais os resultados da avaliação, portanto é importante que você use
todo o tempo necessário para entender os resultados da avaliação e
recomendações.
8- Quando em dúvida, obter uma segunda opinião, você tem direito,
sob a lei federal, de obter uma “Avaliação Educacional Independente”, essa
avaliação usa os mesmos critérios estaduais e federais para determinar se
existe ou não uma deficiência. Quanto mais informação tiver, mais
provavelmente a criança obterá o tipo de ajuda exata de que precisa. Algumas
famílias não são bem esclarecidas a respeito da dislexia e acabam se sentindo
incapazes, portanto uma boa orientação é fundamental para que os pais
compreendam as dificuldades do disléxico e tenham uma conduta de apoio e
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incentivo, além de se sentirem motivadas a ir além e estar sempre buscando
novas informações sobre a dislexia que possam ajudá-los a tratar cada vez
melhor o filho disléxico, e nunca esquecer que carinho é tão importante quanto
acompanhamento profissional, como ajudar a criança sendo mais
encorajadoras e afetuosas, prestando atenção nos mínimos detalhes, fazendo
com que a criança se sinta amada e importante. Segundo Kappes et al., (2012)
é importante que os pais focalizem o que a criança faz melhor, encorajando-a a
fazê-lo, não deixando que ela desista mesmo que ela considere difícil, tentando
tranquiliza-la, fazendo com que ela se sinta valorizada como pessoa, e
deixando-a mais segura. Contudo, é sempre bom lembrar que nem os pais,
nem os professores sabem de tudo, pois todas as pessoas mesmo que não
sejam disléxicas, têm suas limitações. É importante que as pessoas que sofrem
desse distúrbio sejam reconhecidas por aquilo que fazem bem, e apesar das
dificuldades, levar uma vida normal do ponto de vista acadêmico, familiar e
afetivo.
3.3. Disléxico e a escola: Papel do professor.
As crianças disléxicas aprendem de maneira diferente, mas podem
acompanhar o ensino convencional se tiverem o apoio necessário para
contornar suas dificuldades específicas, portanto a escola como contexto
institucional da ação educativa, é um vértice fundamental no âmbito das
dificuldades de aprendizagem, no caso a dislexia, pois, a responsabilidade na
prevenção do “insucesso escolar” recai inteiramente sobre ela e sobre os
professores que são os profissionais responsáveis pelo ensino da leitura e da
escrita.
A escola ao suspeitar que o aluno seja disléxico e mesmo portador
de qualquer outro distúrbio deve realizar uma avaliação e depois encaminhá-lo
para os testes necessários, e ao ser diagnosticado que a criança realmente é
disléxica a escola deve realizar algumas mudanças que ajudem os disléxicos.
Ianhez e Nico (2002) também nos fala algumas funções que a
escola deve adotar ao constatar que a criança possui dislexia:
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- Dar encorajamento - Atender e respeitar as capacidades e os
limites das crianças - Estar informada para amparar a criança em sua
dificuldade.
- Manter o professor da classe familiarizado(s) e sensibilizado(s)
com a dislexia para compreender e apoiar a criança na sala de aula, ou ainda
reconhecer a necessidade de ajuda extra.
- Desenvolver um clima de paciência, para que as crianças possam
ter tempo suficiente para cumprir suas tarefas e até mesmo repeti-las várias
vezes para retê-las.
- Permitir que a criança erre isso fará com que ela se sinta mais livre
para se expressar e mais interessada em corrigir o erro.
- Manter uma relação de troca de experiências e evolução com os
pais e, se for o caso, com o profissional que acompanha a criança.
Para Cogan (2002), apud Lima et al., (2012), a formação dos
professores neste domínio deveria abordar a relação entre a linguagem oral e a
linguagem escrita, como a correspondência entre fonemas e grafemas, a
estrutura fonêmica da língua, regras de ortografia, sintaxe, semântica e
diferentes modelos de funcionamento do processo de leitura. José e Coelho
(1996) disponibilizaram um quadro que pode servir como referência para os
professores na sala de aula, onde nos mostram sugestões e motivos para se
trabalhar com as crianças disléxicas, veja abaixo:
Para ajudar a criança disléxica na escola
Sugestões Motivos
1- Explique à criança
quais são seus
problemas.
A criança normalmente já tem conhecimento prévio
de seus problemas, porém não sabe quais são nem
o porquê. Uma explicação ajudará a compreensão
de si mesma.
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2- Tente restaurar a
confiança do aluno em
si próprio.
Como já tinha sido rotulado como “mau aluno”,
agora vem a oportunidade para a criança vencer.
Ela tem de compreender isto.
3- Sente-se ao lado da
criança.
Para diminuir a possibilidade de troca de posições
(má orientação corporal), nunca sente na frente do
aluno. Sentando-se ao seu lado você cria uma
atmosfera menos formal.
4- Nunca force o aluno
a aceitar a lição do dia.
Algumas vezes ele não está disposto a fazer suas
lições. Existem outras maneiras de ensinar sem
usar lápis e papel. Os jogos, por exemplo, podem
ajudar. Seja versátil em relação às necessidades da
criança.
5- Evite submeter o
aluno à pressão de
tempo ou competição
com outras crianças.
Essas pressões fazem com que o aluno concentre-
se em ser o primeiro e não em estar correto. Ser o
primeiro é secundário quando o que importa é estar
certo. A competição pode levar à amarga
experiência de fracassos seguidos.
6- Seja flexível em
relação ao conteúdo da
lição.
Algumas vezes a criança disléxica não está
preparada para determinada lição, mesmo que se
pense o contrário. Deixe tal lição de lado ou tente
outra abordagem.
7- Fique ciente da
possibilidade de a
criança disfarçar seus
erros.
Crianças disléxicas tentam, às vezes, disfarçar seus
erros através de artimanhas e artifícios (por
exemplo, caligrafia ilegível), para evitar que seus
erros sejam vistos.
8- Use a crítica de uma
maneira construtiva.
É preferível sempre mostrar as razões dos erros e
as maneiras de evitá-lo e supera-lo, a uma atitude
negativista.
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9- Permita vários tipos
de ajuda para auxiliar o
aluno.
Certos artifícios podem auxiliar o aluno a se
concentrar mais no objetivo de uma tarefa do que
nos mecanismos de sua feitura. Por exemplo: um
marcador qualquer ajudará a concentração na linha
de leitura; uma máquina de datilografar erradicará
uma caligrafia fraca e criará nova motivação; um
gravador de som ajudará na lembrança de suas
tarefas ou na explicação de como fazê-las.
10- Estimule a criança a
escrever em linhas
alternadas.
Isso ajudará o professor a ler uma caligrafia
imprecisa e frequentemente amontoada, e também
a fazer a correção próxima aos erros e não no fim
da lição.
11- Certifique-se que as
instruções para
determinadas tarefas de
casa sejam entendidas
pela criança.
A deficiência de coordenação visual e motora da
criança disléxica resulta na cópia incorreta do
quadro-negro. É preferível escrever as instruções
de suas tarefas de casa e ler para ela certificando-
se de que entendeu.
12- Peça aos pais que
releiam as instruções
das tarefas de casa.
A criança pode esquecer o que foi pedido na escola
ou não conseguir ler instruções mais complexas.
Tempo e frustrações serão eliminados se os pais
relerem as instruções da professora.
13- Quando corrigir
lições seja realista, mas
não exagere.
Se a professora anotar todo erro, isso pode ser
desagradável para a criança. O conteúdo da lição é
o que importa e um comentário sobre a sua
importância é psicologicamente mais útil do que
inúmeros sinais de correção.
14- Não corrija lições
com lápis ou canetas
vermelhas.
Correções com cor vermelha são desmoralizantes
para as crianças com problemas de aprendizagem.
Use maneiras mais sutis e corrija sem alardes
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pictóricos.
15- Procure identificar
áreas de interesse da
criança.
Uma má vontade para aprender pode ser
contornada usando-se material diferente. Por
exemplo, não tire o estímulo da leitura das histórias
em quadrinhos se a criança aprende através delas.
16- Encontre livros de
leitura que interessem à
criança mesmo que eles
sejam complexos para
sua habilidade.
Na falta de material de leitura mais apropriado, que
prenda a atenção da criança, tente suplementar
com livros, mesmo que estejam acima de seu nível
de leitura, conquanto que captem e mantenham sua
atenção.
Fonte: José e Coelho (1996, p. 104).
O professor da criança disléxica é aquele que, além da competência,
habilidade interpessoal, equilíbrio emocional, tem a consciência de que mais
importante do que o desenvolvimento cognitivo é o desenvolvimento humano e
que o respeito às diferenças está acima de toda pedagogia. Portanto é
necessário que o professor encaminhe o disléxico para o tratamento e que
colabore para que o mesmo tenha sucesso, reconhecendo que só através de
um trabalho paciente e constante poderá prestar à criança a ajuda que ela
tanto necessita, e quanto mais rápido forem detectadas as dificuldades, mais
fácil será de lidar e trabalhar com a dislexia, pois menos serão as frustrações e
sentimentos de fracasso que afetam negativamente a motivação do aluno.
Além da família, a escola é um dos principais agentes responsáveis
pela integração da criança na sociedade, além da família. A escola contribui
para o bom desenvolvimento social adequado de uma criança, através do
relacionamento e da participação em atividades de grupo. Desta forma, está a
contribuir para que a criança se sinta um ser social. Neste sentido Ferrari
afirma:
“Concebendo-se que o processo de educar as novas gerações não é tarefa somente da escola ou da família, mas de ambos e de toda a sociedade, sendo necessário criar oportunidades de comunicação e colaboração entre sociedade – família - escola, de forma a Sofia Carneiro Atitude dos pais e professores em
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CONCLUSÃO
A dislexia é uma temática de bastante interesse para vários
investigadores. Ao longo do tempo este termo foi sofrendo alterações. Para
Vitor Fonseca, “a dislexia é uma dificuldade duradoura da aprendizagem da
leitura e aquisição do seu mecanismo, em crianças inteligentes, escolarizadas,
sem qualquer perturbação sensorial e psíquica já existente” (Vítor Fonseca,
1999). As crianças com dislexia estão inseridas num prol alargado de
Necessidades Educativas Especiais. Crianças com NEE requerem certas
modificações ou adaptações no programa educacional, para que possam
atingir todo o seu potencial. Para que isto se verifique, espera-se que todos os
intervenientes no seu processo de ensino aprendizagem adotem atitudes
positivas.
A atitude dos pais e professores pode afetar o desenvolvimento da
criança disléxica. É de referir que os professores inquiridos não realizam
formação na área da dislexia, contudo é indispensável para a sua função
docente, pois devem constantemente atualizar-se para aperfeiçoar a sua
prática pedagógica, adaptando recursos e materiais necessários para atender
às diferenças do aluno, como referem no inquérito.
O seu papel é de grande responsabilidade e o processo educativo
exige uma profunda reflexão e uma grande disponibilidade, para apoiar estes
alunos. Apesar dos seus esforços, os professores também referiram que o
elevado número de alunos dificulta o trabalho diário do professor, devido à
multiplicidade de alunos e o facto de ter que atender às dificuldades existentes.
Atitude dos pais e professores em crianças com dislexia. Para que a
aprendizagem e o desenvolvimento se concretizem, é fundamental um bom
relacionamento entre o professor e o aluno, no qual deverá haver um diálogo e
interatividade entre todos os pares, pois todos os inquiridos consideram
importante a inclusão destas crianças no ensino regular. É de referir que os
professores consideram que estas crianças podem ser inteligentes se forem
adaptadas diferentes estratégias, para que atinjam o seu sucesso educativo.
50
Isto porque estas crianças apresentam geralmente desmotivação e incomodo
na realização das tarefas, gerados na maioria das vezes por sentimentos de
incapacidade o que leva à frustração pelo fracasso sucessivo. Para ultrapassar
estes sentimentos o professor pode criar estratégias inovadoras e
diversificadas em que o aluno obtenha o sucesso e deste modo permite o
aumento da sua confiança. Por todos estes motivos, o seu papel é de extrema
importância, daí que consideramos que estes professores adoptavam medidas
corretas para proporcionar o bem-estar aos seus alunos.
Os pais inquiridos de uma forma geral estão formalizados com o
conceito de dislexia, bem como na adoção das atitudes que devem ser
seguidas nestes casos. Podemos concluir que estes pais revelaram um
conhecimento acerca da temática em estudo. O momento do diagnóstico da
dislexia é para muitos pais um momento onde geram sentimentos negativos,
mas nesta amostra apenas um referiu que entraria em choque, enquanto os
restantes tomavam as atitudes certas para o desenvolvimento do seu
educando. Quando as crianças apresentam esta dificuldade, a forma como os
seus pais reagem perante estas dificuldades pode agravar ou pelo contrário
ajudar a sua recuperação. Perante o diagnóstico da dislexia estes pais
tomavam as medidas necessárias de modo a proporcionar uma boa educação
ao seu filho, apesar das suas limitações e criar as condições financeiras e
emocionais para cuidar da criança.
O apoio que os pais dão aos filhos é muito importante, pois eles
sentem que os seus progenitores estão com eles e que os encorajam e
elogiam nas suas conquistas, aumentando assim a autoconfiança dos seus
educandos. Como alguns professores também referiram é importante a sua
participação e envolvência no processo educativo do seu filho.
Ao realizarem este acompanhamento, podem ser colocadas,
atempada mente, em prática estratégias que o possam auxiliar para que da
melhor forma consigam alcançar o seu sucesso. As crianças com dislexia
necessitam de todo o apoio por parte de todos os intervenientes no seu
processo de ensino-aprendizagem. A comunicação entre o professor e os pais
52
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20h03min horas
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I Dislexia 10 1.1. Breve histórico 12 1.2. Tipos de dislexia 13 1.3. Causas da dislexia 17 1.4. Sintomas da dislexia 19 1.5. Importância do diagnóstico 20 CAPÍTULO II As dificuldades de aprendizagem 23 2.1. Quais as principais dificuldades, definição e causa 28 2.2. Como interagir e contribuir para o aprendizado da criança dislexia 33 CAPÍTULO III Atitude dos pais e professores perante o aluno com dislexia 38 3.1. Atitude dos pais 40 3.2. Algumas providências que ajudarão a obter informações mais úteis sobre esse processo 41 3.3. Disléxico e a escola: papel do professor 43 CONCLUSÃO 49 BIBLIOGRAFIA 52 ÍNDICE 56