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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Por: Danielle Martins S. Rezende
Orientador
Prof. Jean Alves
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Processo Civil.
Por: Danielle Martins dos Santos Rezende
Rio de Janeiro
2013
3
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que estiveram ao meu
lado no período de elaboração da
presente monografia e no decorrer do
curso. Agradeço as pessoas mais
especiais e importantes da minha vida,
aos meus pais Claudio Rezende e Andréia
Rezende, meu noivo Guilherme Leal,
minhas afilhadas Caroline Rezende e Ana
Clara Gonçalves, pelos ensinamentos e
por todo apoio.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu Pai Claudio Felix
de Rezende, por essa conquista e por muitas
outras conquistas que virão, pois ele motiva
minha busca pelo aperfeiçoamento e maior
conhecimento.
5
RESUMO
No presente trabalho, será realizado um estudo quanto a vigência da Lei nº
11.332/2005 e a sua alteração quanto a impugnação no Código de Processo Civil.
Tratará também de algumas questões referentes à competência e
conhecimento da impugnação, à natureza jurídica, casos de cabimento e efeitos
sobre a execução, com o objetivo de mostrar, bem como explicar a teoria, prática
e correntes doutrinárias em relação à impugnação ao cumprimento de sentença.
6
METODOLOGIA
Para a resolução e desenvolvimento do presente trabalho serão utilizados
alguns instrumentos metodológicos, sendo principalmente a referência bibliografia
a principal fonte de informação deste. Porém também serão utilizadas as
pesquisas de jurisprudência, legislação e webgrafia.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................09
CAPÍTULO I – NOÇÕES GERAIS
1.1.CONCEITO E OBSERVAÇÕES
INICIAIS..................................................................................10
1.2. DO CONCEITO DE
IMPUGNAÇÃO.......................................................................11
1.3. COMPETÊNCIA EXECUTIVA E PARA O
CONHECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO..................................13
1.4. O PRAZO ....................................................................14
1.5. LEGITIMIDADE PARA APRESENTAR A
IMPUGNAÇÃO.......................................................................15
CAPÍTULO II - DA NATUREZA JURÍDICA .......................................16
CAPÍTULO III - CONTEÚDO
3.1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................20
3.2.FALTA OU NULIDADE DA CITAÇÃO SE O PROCESSO
CORREU À REVELIA............................................................21
3.3.INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO.......................................22
3.4.PENHORA INCORRETA OU AVALIAÇÃO
ERRÔNEA.............................................................................24
3.5. ILEGITIMIDADE DAS PARTES......................................25
3.6. EXCESSO DE EXECUÇÃO............................................26
3.7. QUALQUER CAUSA IMPEDITIVA, MODIFICATIVA OU
EXTINTIVA DA OBRIGAÇÃO, COMO PAGAMENTO,
NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO, TRANSAÇÃO OU
8
PRESCRIÇÃO, DESDE QUE SUPERVENIENTE À
SENTENÇA............................................................................28
CAPÍTULO IV - EFEITOS SOBRE A EXECUÇÃO – DA
POSSIBILIDADE DO EFEITO SUSPENSIVO ...................................30
CONCLUSÃO ......................................................................................35
BIBLIOGRAFIA...................................................................................37
ÍNDICE.................................................................................................41
9
INTRODUÇÃO
A impugnação à execução de sentença está regulada nos artigos 475-L,
475-M e respectivos parágrafos.
Tais artigos foram acrescidos ao CPC pela Lei nº 11.232, de 22.12.05 e
foi aceita para o lugar anteriormente reservado aos embargos à execução por
título judicial (art. 741).
A impugnação é de relevante importância no Processo Civil, pois é
através dela que o executado terá sua chance de defesa, uma vez que não é
possível que o Estado-Juiz exproprie bens do executado, no caso de obrigações
de quantia certa ou mesmo altere situações nos casos de obrigação de fazer e
não fazer, sem que ele, o executado, tenha uma oportunidade de se defender.
No presente trabalho pretende-se mostrar a importância da impugnação à
execução, seu procedimento, aplicabilidade, prazos e mudanças quanto a antiga
utilização dos embargos do devedor e sua substituição pela impugnação, bem
como o fato de o processo de execução ter sido substituído por mero
procedimento executivo.
10
CAPÍTULO I – NOÇÕES GERAIS
1.1 CONCEITO E OBSERVAÇÕES INICIAIS
O presente trabalho tem como objetivo realizar alguns comentários sobre
a aplicação da Lei nº 11.232/05, que alterou o Código de Processo Civil no tocante
a liquidação e cumprimento da sentença.
As discussões doutrinárias sobre a alteração trazida pela citada lei quanto
ao próprio conceito, bem como finalidade da impugnação serão mencionadas.
Deve-se ressaltar que, também abordaremos, as questões relativas ao
processo de execução propriamente dito (ou autônomo), agora restrito aos títulos
executivos extrajudiciais, em consonância com a Lei nº 11.382/06.
Englobaremos, ainda, sobre conceitos fundamentais como a sentença, e
de impugnação em si.
Entretanto, tais explicações serão feitas subsidiariamente, entre os
próprios artigos do texto legal que trazem os conceitos e, em caso de não o
fizerem, serão explicados de forma clara e didática.
Destarte, temos como principal escopo aduzir comentários quanto ao
artigo 475-L e seus incisos, que tratam especificamente das hipóteses de
aplicação, bem como cabimento da impugnação. É de suma importância também
destacar que será abrangida a natureza jurídica da impugnação, sendo este ponto
11
relevante no presente trabalho, bem como possui inúmeras discussões e
correntes doutrinárias.
1.2 DO CONCEITO DE IMPUGNAÇÃO
Daniel Teixeira Dantas, explica de forma brilhante, em seu artigo
publicado no site http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=1734, o conceito
de impugnação, a saber:
“O instituto da impugnação prevista no artigo 475- J, § 1º
do Código de Processo Civil, foi uma inovação trazida pela
Lei Federal nº. 11.232/2005 e prevê uma forma
processualmente sincrética para o executado se opor à
fase do cumprimento da sentença de pagar quantia certa.
Sincrética, pois impugna-se nos próprios autos da
execução de sentença, substituindo a forma antiga dos
embargo do devedor ou embargos à execução, que eram
distribuídos em apenso à ação principal. Por analogia,
aplica-se o referido instituto às demais espécies de
execução de título judicial (fazer, não fazer e dar coisa)(...)
(...)Sabemos que a fase de execução é de cognição
limitada, onde o executado tem a sua defesa mitigada,
pois é chamado a cumprir a obrigação e não a se
defender. Contudo, não se pode falar que não há
contraditório e ampla defesa, pois há garantia
Constitucional do devido processo legal, não cabendo
limitação, conforme artigo 5º, inciso LV da Carta Magna:
LV – “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”;
12
Com isso, passemos a analisar o artigo discutido, 475-J, §
1º, do Código de Processo Civil, especialmente no seu
parágrafo primeiro:
“Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de
quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no
prazo de quinze dias, o montante da condenação será
acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a
requerimento do credor e observado o disposto no art.
614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora
e avaliação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato
intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts.
236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal,
ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo
oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze
dias. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)” (g.n)
Assim, pode-se concluir claramente que a impugnação um meio de
defesa do executado, em atenção aos princípios do contraditório, ampla defesa,
economia processual, celeridade, a boa-fé objetiva do executado em impugnar
sobre matérias impugnáveis e ou questões de ordem pública, observados os
requisitos previstos no Código de Processo Civil, os quais veremos no decorrer do
presente trabalho.
13
1.3 COMPETÊNCIA EXECUTIVA E PARA O CONHECIMENTO DA
IMPUGNAÇÃO
A regra de competência para a execução da sentença cível em primeiro
grau de jurisdição (primeira instância), está disciplinada no art. 475-P, do CPC, em
seu inciso II.
Salienta-se que, desta forma, é esta a competente para conhecer e julgar
a impugnação que lhe corresponde. Tal artigo dispõe o seguinte:
“Art. 475-P. O cumprimento de sentença
efetuar-se-á perante:
[...]
II- o juízo que processou a causa no primeiro
grau de jurisdição;”
Parágrafo único. No caso do inciso II do
caput deste artigo, o exeqüente poderá optar
pelo Juízo do local onde se encontram bens
sujeitos à expropriação ou pelo do atual
domicílio do executado, casos em que a
remessa dos autos do processo será
solicitada ao juízo de origem.”
Ou seja, este artigo explicita de forma clara e cristalina as opções que
podem ser escolhidas pelo credor ao ingressar com a execução:
a) no juízo cível onde originalmente se processou a causa;
b) no juízo do local onde se encontram os bens sujeitos à expropriação;
14
c) no foro do atual domicílio do executado, caso em que o juiz da
execução deverá solicitar, ao juiz da causa, o envio dos respectivos autos.
Assim, a impugnação será dirigida, ao juízo no qual se processa o
cumprimento de sentença,sendo este o competente para processamento e
julgamento da referida impugnação.
1.4 O PRAZO
O art. 475- J em seu § 1º apresenta o seguinte:
“Art. 475- J [...]
§ 1º. Do ato de penhora e de
avaliação será de imediato
intimado o executado, na pessoa
de seu advogado (art. 236 e 237)
ou, na falta deste, seu
representante legal, ou
pessoalmente, por mandado ou
pelo correio, podendo oferecer
impugnação, querendo, no prazo
de quinze(15) dias.”
Logo, pode-se concluir que a impugnação deverá ser apresentada no
prazo de 15 dias, contados da intimação do auto de penhora e avaliação segundo
o artigo acima mencionado, sendo intimado o executado na pessoa de seu
advogado ou representante legal, ou pessoalmente, ou pelo correio.
15
Entretanto, vale destacar, que mesmo havendo prazo, isto não impede
que o executado ofereça sua impugnação. Ou seja, o executado poderá
apresentar sua impugnação antes mesmo do inicio do curso do prazo, desde que
cumpra os requisitos de admissibilidade da impugnação à execução.
Deve-se também salientar o fato de que a contagem do prazo irá se dar
como todos os outros, ou seja, iniciando-se da data da publicação do ato na
imprensa oficial ou a partir da juntada do mandado ou do aviso de recebimento
cumprido (art. 241 do CPC).
Cumpre ainda dizer que em caso de bens penhorados via on line através
do BacenJud (art. 655-A do CPC), o prazo para a impugnação começará a partir
da intimação bloqueio judicial em questão.
1.5 LEGITIMIDADE PARA APRESENTAR A IMPUGNAÇÃO
O Código de Processo Civil não diz quem tem legitimidade para
apresentar impugnação, apenas afirma que o executado deverá ser intimado para,
querendo, fazê-lo.
É óbvio que o principal interessado em apresentar a impugnação é o
executado. Porém, a autorização para tanto não é apenas sua, devendo-se aqui
também aplicar a interpretação prevista para os embargos à execução.
16
CAPÍTULO II - NATUREZA JURÍDICA
Atualmente, os grandes debates jurídicos enfatizam muito quanto a
natureza jurídica da impugnação, tendo diversas correntes as quais analisaremos
no decorrer desta pesquisa, dentre elas:
1) a impugnação teria natureza jurídica diversa da contestação e da
ação, trata-se de um instituto novo, considerando ser a impugnação um instituto
próprio sui generis - Glauco Gumerato Ramos1.
2) a impugnação tem natureza jurídica de instrumento de uma ação
incidental, semelhante substancialmente aos antigos embargos à execução de
sentença - Araken Assis e Arruda Alvim2 – no presente entendimento a natureza
jurídica da impugnação seria de mero incidente processual, mediante o qual o
devedor resiste (responde) à pretensão de cumprimento de sentença. Defesa, em
sentido estrito, não se tratando de uma ação autônoma. Ressalta-se ainda que
esta se apresenta como corrente majoritária segundo a doutrina.
É de suma importância destacar o artigo de Pablo de Camargo, publicado
no site http://academico.direito-
rio.fgv.br/wiki/Impugna%C3%A7%C3%A3o_Doutrina:
“O principal aspecto distintivo da impugnação, em
contraposição aos tradicionais embargos à execução, diz 1 RAMOS, Glauco Gumerato, Reforma do Código de Processo Civil, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2006, p. 243. 2 ARRUDA ALVIM, José Manoel, Aspectos polêmicos da nova execução, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2006, p. 44-50.
17
respeito à sua natureza jurídica. Tendo em vista que o
procedimento de cumprimento de sentença não tem o caráter
de um novo processo, mais sim de uma fase do processo que
se iniciou, em regra, com a fase de conhecimento, a
impugnação tem a natureza de mero incidente processual, e
não de uma ação autônoma. Assim, a decisão que julgar
originariamente a impugnação tem, em regra, natureza de
decisão interlocutória, e não de sentença. Ela não extingue uma
ação autônoma, mas sim decide um incidente suscitado ao
longo de um processo que a perpassa. Por consequência,
destas decisões caberá agravo por instrumento (art. 475-M, §
3º) Existe, contudo, uma exceção lógica a esta regra: caso a
impugnação seja julgada totalmente procedente, e tenha por
efeito a conclusão da fase executória, tem-se, aí sim, uma
sentença. Neste caso, o próprio código (art. 475-M, § 3º) prevê
que o recurso cabível será a apelação.”
3) a impugnação tem natureza jurídica de instrumento de defesa - Teresa
Arruda Alvim Wambier3 e Hugo Filardi. – De acordo com este entendimento a
impugnação constitui ato processual que se realiza por meio da apresentação de
petição de impugnação, sendo desta forma simples defesa típica do executado
quando este estiver submetido ao cumprimento de sentença ou processo de
execução.
3 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, Breves Comentários a nova sistemática processual, Civil 2, São Paulo Revista dos Tribunais, 2005, p.150-154
18
Neste caso, vale ainda ressaltar o posicionamento de Hugo Filardi4:
“ A modificação do rótulo do meio de defesa posto à disposição do
executado não foi apenas uma simples modificação de nomenclatura.
Isso ficou mais claro com a manutenção dos embargos do executado na
Lei 11.382/2006 e a clara diferenciação dos mecanismos de defesa entre
a execução de título judicial e extrajudicial. Embargos do executado é
uma modalidade de ação, que introduz espectro de cognição à atividade
executiva. Já a impugnação é um mecanismo de defesa processual que
afere a legitimidade, legalidade e extensão do título judicial, sem contudo,
permitir uma ampliação da zona de cognição já formulada.”
Desta forma, Leonardo Zehuri, em artigo publicado no site
http://leonardoztovar.blogspot.com.br/2009/09/natureza-juridica-da-impugnacao-
ao.html, finaliza brilhantemente quanto as correntes demonstradas:
“Em que pese a existência de opiniões contrárias, ao que nos parece,
para se definir a natureza jurídica da impugnação é necessário que se
observe qual o seu conteúdo.
É que existem hipóteses de cabimento da impugnação que se referem à
própria atuação executivo-jurisdicional, como também aquelas que
ampliam objeto cognitivo submetido ao crivo do magistrado.
Como exemplos das primeiras pode-se citar os incisos II e III do art. 475-
L, CPC (inexigilidade do título e incorreção de penhora). Já no que se
refere às hipóteses de ampliação do objeto cognitivo temos as alegações
de causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
superveniente à sentença (inciso VI, do artigo 475-L, CPC).
4 FILARDI, Hugo, Cumprimento de sentença: Comentários sobre a Lei 11.232/2005, Revista de Processo, Ano 32, n. 149, São Paulo, Revista dos Tribunais, julho/2007, p. 151.
19
No campo destas últimas há verdadeiro pronunciamento judicial de cunho
declaratório, que somente pode ser levado a efeito mediante provocação,
porquanto não se tem um rol de matérias cognoscíveis de ofício. Já nas
primeiras - que se referem, como dito, à atuação executivo-jurisdicional -,
a cognição pode ser realizada independentemente de provocação.
Portanto, quando a impugnação versa tão-só sobre questões
relacionadas com os requisitos da fase executiva, nada havendo de novo
em relação à ampliação da atividade cognitiva judicial, estar-se-á diante
de mera defesa incidente. O mesmo não ocorre quando a impugnação
contém em seu bojo um pedido relacionado com o reconhecimento de
uma situação jurídica, caso em que, salvo melhor juízo, não se estará
diante de uma mera defesa, mas sim de verdadeira ação ajuizada, em
verdade, de forma incidente.”
E Fredie Didier5:
“em sendo considerada uma ação autônoma, a impugnação sofrerá
aplicação das disposições inerentes ao processo de conhecimento,
notadamente quanto aos requisitos da petição inicial (art. 282 do CPC),
aos ônus da sucumbência (art. 20 do CPC), ao recolhimento prévio de
custas processuais (art. 257 do CPC), à atribuição de valor à causa (arts.
258 e 259 do CPC), etc. Todavia, diferente regramento legal será
aplicável caso venha sagrar-se vitoriosa a tese de se tratar de mero
incidente; contudo, a prevalecer o entendimento de natureza híbrida, a
impugnação ora teria tratamento típico de ação autônoma, ora de mero
incidente processual, conforme o caso versado”.
Assim, podemos concluir com supedâneo na corrente majoritária que a
impugnação se apresenta para a concretização do exercício do direito de defesa;
5 DIDIER JR, Fredie, Curso de Direito Processual Civil, Salvador, Jus Podivm, 2007, p. 458.
20
cabendo ao executado ele resistir. A pretensão à tutela jurisdicional, que de fato
exerce o executado, mostra-se como reação, que é elemento essencial da
“exceção”, do direito de defesa.
CAPÍTULO III - CONTEÚDO
3.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O art. 475-L, CPC, traz catálogo aparentemente taxativo (pois existem
exceções) quanto ao conteúdo da impugnação e matérias argüíveis.
Cumpre dizer que existem doutrinadores que defendem a corrente de não
ser um rol taxativo. Fabio Montanini Ferrari6:
“A rigor, o citado rol é menos abrangente do que o elenco dos temas
abordáveis nos embargos a execução de título extrajudicial (conforme art.
745, o qual prevê, inclusive, em seu inciso V, a possibilidade ao
executado de se ventilar ‘qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir
como defesa em processo de conhecimento’), o que é plenamente
justificável porquanto no cumprimento de sentença de título executivo e a
própria obrigação nele constante passaram pelo crivo jurisdicional,
enquanto que, na execução de título extrajudicial, o título é apresentado,
ineditamente, ao Poder Judiciário.”
Desta forma, Antonio Adonias Bastos7, entende que o rol do art. 475-L é
exemplificativo.
6 FERRARI, Fabio Montanini, Direito Processual Civil - execução, São Paulo, Elsevier, 2008, p. 49. 7 BASTOS, Antonio Adonias, A defesa do executado de acordo com os novos regimes da execução, Salvador, Jus Podivm, 2008, p. 130.
21
Ressalta-se que maior parte da doutrina entende ser o rol do art. 475-L,
um rol taxativo.
Vale destacar o que dispõe o art. 475-L, CPC:
“Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:
I- falta ou nulidade da citação, se o processo correu à
revelia;
II- inexigibilidade do título;
III- penhora incorreta ou avaliação errônea;
IV- ilegitimidade das partes;
V- excesso de execução;
VI- qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da
obrigação, como pagamento, novação, compensação,
transação, ou prescrição, desde que superveniente à
sentença.”
A seguir, abordaremos de forma explicativa cada inciso do supracitado
artigo, desmembrando assim o conteúdo do artigo 475-L do CPC.
3.2 FALTA OU NULIDADE DA CITAÇÃO, SE O PROCESSO CORREU À
REVELIA (ART. 475-L, I, CPC)
O inciso I do art. 475-L dispõe quanto a ausência ou nulidade da citação
em caso de revelia. Fabio Montanini Ferrari:
“Tão grave é a nulidade ou falta de citação – defeito que se situa no
campo da validade (e não da existência) da demanda (Marcato, 2005,
22
p.42) – que o legislador, neste específico caso (inciso I), abriu manifesta
exceção a sistemática legal armando a impugnação de função de função
‘rescindente’ (rescinde a sentença, mas não se pode falar que
desconstitui a coisa julgada, pois a mesma não se impõe perante parte
não integralizada à demanda cognitiva, devido ao limite subjetivo restrito
da eficácia da res iudicatae, art. 472), porque a nulidade ou inexistência
da citação retroage a compreender, especificamente, o inicio do processo
de conhecimento (mesmo porque, em regra, no cumprimento de sentença
não há citação).”
Antonio Adonias Bastos8 explica que:
“Entendemos que a matéria do art. 475-L, I, pode ser utilizada para
impugnar qualquer título judicial, já que a citação na fase cognitiva é
imprescindível a qualquer espécie de atividade jurisdicional e que a
decisão da impugnação não tem eficácia de desconstituir o título judicial,
mas de declarar a sua inexistência. Cuida-se de situação em que o
executado visa obstar execução que não está lastreada em título.”
Assim, para que a impugnação seja fundamentada no inciso I, deverá
ocorrer a revelia, ou seja, não havendo apresentação de defesa pelo réu e
tampouco a atuação deste em qualquer oportunidade.
3.3. INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO (ART. 475, L, II, CPC)
No inciso II, é apresentado um outro requisito da execução, que é a
existência de título que contenha obrigação líquida, certa e exigível.
8 BASTOS, Antonio Adonias, A defesa do executado de acordo com os novos regimes da execução, Salvador, Jus Podivm, 2008, p. 132.
23
A exigibilidade da obrigação baseada em título é um dos requisitos
impostergáveis.
Alexandre Câmara9 explica:
“exigibilidade diz respeito ao interesse-necessidade, pois, não há
necessidade de tutela jurisdicional quando o que se pretende é a
realização de um crédito ainda não vencido”.
Fredie Didier Jr entende que:
”O executado pode defender-se alegando inexigibilidade da pretensão
creditícia. A inexigibilidade não é do título, mas da pretensão.
Será inexigível a pretensão se pender alguma condição ou termo que
iniba a eficácia do direito reconhecido na sentença (art. 572 do CPC40,
aqui aplicável por força do art. 475-R, CPC).
Araken de Assis sugere outra interpretação para o inciso II do art. 475-L.
O autor entende que o inciso refere-se à “inexeqüibilidade, ou seja, à falta
de título ou à ausência de seus respectivos atributos (certeza e liquidez)”;
“a inexigibilidade do título executivo impropriamente mencionada no inciso
II do art. 475 representa excesso de execução (art. 475-L, V, c/c art. 743,
IV e V) e integra, portanto, a correspondente rubrica”.
‘Nos casos do art. 741, I, a não-arguição, tendo comparecido o
executado, supre”. (MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de.
Comentários ao Código de Processo Civil. 2a. ed., t. 11, cit., p. 77.)
9 CÂMARA, Alexandre Freitas, A nova execução de sentença, Rio de Janeiro, Lumin Júris, 2006, p. 429-430.
24
‘Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o
credor não poderá executar a sentença sem provar qie se realizou a
condição ou que ocorreu o termo”.
Parece correta a observação de Araken de Assis. A inexigibilidade da
pretensão ficaria mais bem acomodada à hipótese de excesso de
execução (art. 743, IV e V).
De fato, cuida o inciso de alegação de falta de título executivo ou de seus
atributos. Há inexeqüibilidade se o exeqüente valer-se de sentença
submetida a recurso com efeito suspensivo, sentença estrangeira sem
homologação do STJ ou sentença rescindida”
3.4. PENHORA INCORRETA OU AVALIAÇÃO ERRÔNEA (ART. 475-L,
III, CPC)
É de suma importância destacar que a impugnação do executado é
precedida da penhora e de avaliação. Nesse aspecto reside um traço distintivo
entre a impugnação e os embargos à execução: a avaliação é ato posterior ao
julgamento dos embargos à execução. Assim, cabe ao executado, se quiser
discutir o valor da avaliação, fazê-lo já na impugnação, sob pena de preclusão.
Desta forma, cabe ao executado, no caso de optar por discutir o valor da
avaliação, fazê-la já na impugnação, sob pena de preclusão.
Para Manuel Maria Antunes de Melo, em artigo publicado no site
http://jus.uol.com.br/ :
“ Penhora incorreta é aquela que não observa a gradação
legal (art. 655 do CPC), a que incide sobre bens
absolutamente (art. 649 do CPC) ou relativamente (art.
25
650 do CPC) impenhoráveis, a que grava sobre bens de
alto valor, havendo outros de menor valor, suficientes à
garantia do juízo, etc.; a avaliação é errônea quando não
estima corretamente o objeto avaliado, quando o faz em
desacordo com o preço corrente no mercado, etc.,
rendendo ensejo à impugnação, de acordo com o art. 475-
L, inc III, do CPC.”
Como visto anteriormente, a penhora e avaliação são pressupostos básicos
para que o devedor possa oferecer a impugnação Assim caberá impugnação com
fundamento no inciso III do art. 475-L do CPC.
Se a penhora for incorreta, este é o momento para o devedor (executado)
argüir a sua validade. De igual maneira deve agir com a avaliação errônea, sob
pena de preclusão.
3.5. ILEGITIMIDADE DAS PARTES (ART. 475- L, IV, CPC)
Deve-se explicar desde já que a ilegitimidade, aqui referida, não é a
mesma que poderia era argüida em fase de conhecimento e sim apenas à fase
executiva.
Desta forma, o executado, em sua defesa, e observado o disposto no art.
475-L, IV, CPC, poderá alegar a ilegitimidade das partes.
Assim, os legitimados para promover a execução, são as pessoas
presentes no art. 566, incisos I e II, do CPC: (a) o credor, a quem a lei confere
titulo executivo e (b) o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.
Cumpre destacar que na execução, a legitimidade é pressuposto
indispensável para que sejam válidas e regulares as medidas satisfativas
elencadas no ordenamento jurídico em face do devedor inadimplente.
26
Vale ainda ressaltar, que podem promover a execução, além dos citados
supra, ou mesmo prosseguir na que já foi iniciada, as pessoas do art. 567, incisos
I a III, do CPC: (a) o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor no direito
resultante do título executivo; (b) o cessionário por ato "inter vivos" e (c) o sub-
rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
Para Sérgio Cruz Arenhart10:
“se a execução constitui apenas a fase final da ação que
conduziu à sentença condenatória, o réu apenas poderá
argüir a ilegitimidade das partes a partir da relação de
adequação como o requerimento de execução e a
sentença condenatória. Ou seja, a impugnação permite
apenas que se aponte defeito nos pólos da fase executiva
– sempre a partir do que restou cristalizado na sentença
condenatória-, ou porque quem requer a execução não
poderia faze-lo, ou porque o executado não responde pela
dívida exigida.”
3.6. EXCESSO DE EXECUÇÃO (ART. 475-L, V, CPC)
Com supedâneo no art. 743 do CPC, o executado poderá alegar excesso
de execução nas seguintes hipóteses:
I- quando o credor pleiteia quantia superior à do título;
II- quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no
título;
III- quando se processo de modo diferente do que foi
determinado na sentença;
10 ARENHART, Sergio Cruz, Curso de Processo Civil, Execução, v. 3, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2007, p.302.
27
IV- quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe
corresponde, exige o adimplemento da do devedor (art.
582);
V- se o credor não prova que a condição se realizou.
Em sede de impugnação quando o executado for alegar que o credor
requer um valor superior à do título, deve-se observar o que cita Fredie Didier Jr
em seu artigo publicado no site http://www.panoptica.org:
“a) Conforme o § 2º do art. 475-L, cabe ao impugnante
declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena
de rejeição liminar dessa impugnação. O executado
deverá demonstrar, a partir da sua memória de cálculo, a
razão do erro do exeqüente e o motivo que evidencia que
o seu valor é o correto. Não fosse assim, não teria sentido
exigir do exeqüente a discriminação da sua memória de
cálculo quando do requerimento de execução (art, 475-J e
614, II do CPC).
b) Nesses casos, há sempre uma parcela incontroversa,
situação que permite o prosseguimento da execução em
relação à parcela não-impugnada. Não obstante o silêncio
normativo, permite-se o prosseguimento da execução em
relação à parcela não-impugnada.”
28
3.7. QUALQUER CAUSA IMPEDITIVA, MODIFICATIVA OU EXTINTIVA
DA OBRIGAÇÃO, COMO PAGAMENTO, NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO,
TRANSAÇÃO OU PRESCRIÇÃO, DESDE QUE SUPERVENIENTE À
SENTENÇA ( ART. 475- L, VI, CPC)
Neste inciso estão presentes todas as causas que, de alguma maneira,
alteram o conteúdo da obrigação exigida, seja para extingui-la, seja para modificar
seu conteúdo, seja ainda para impedir sua exigibilidade.
O executado, conforme citado anteriormente, poderá alegar, na
impugnação, fato impeditivo, modificativo ou extintivo da obrigação.
Quando se trata de fato impeditivo, modificativo ou extintivo da obrigação, o
ônus da prova é do impugnante, de acordo com o conceito de ônus da prova
disposto no art. 333, inc. II, do CPC;
Art. 333 - O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.
Cumpre salientar que as causas impeditivas e modificativas acarretarão
na extinção da execução e acarretará na paralisação da execução no caso de
matérias modificativas.
29
Manuel Maria Antunes de Melo, em artigo publicado no site
http://jus.uol.com.br/, conclui:
“A sentença que acolher a alegação de desaparecimento
ou impedimento da obrigação implica, necessariamente,
na extinção da execução, sendo atacável por via de
recurso apelatório; no entanto, a que acolher a alegação
de mera modificação daquela enseja apenas a adequação
da execução aos limites da obrigação modificada,
recorrível mediante agravo de instrumento, nos termos do
art. 475-M, § 3º, do CPC.”
Ficando claro, desta forma, o entendimento de tal ponto.
30
CAPÍTULO IV
EFEITOS SOBRE A EXECUÇÃO – DA
POSSIBILIDADE DO EFEITO SUSPENSIVO
Conforme artigo publicado por Denise Cristina Mantovani Cera no site
http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2618883/a-impugnacao-na-fase-de-cumprimento-
de-sentenca-tem-efeito-suspensivo-denise-cristina-mantovani-cera, a impugnação
em regra não apresenta efeito suspensivo, a saber:
“Em regra não. O Código de Processo Civil em seu
artigo 475-I, 1º, dispõe que é definitiva a execução da
sentença transitada em julgado e provisória quando se
tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual
não foi atribuído efeito suspensivo .
Como regra, a impugnação, na fase de cumprimento de
sentença, não tem efeito suspensivo, conforme preceitua o
artigo 475-M, ex vi :
Art. 475-M . A impugnação não terá efeito suspensivo,
podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes
seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestamente suscetível de causar ao executado grave
dano de difícil ou incerta reparação.
1º Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é
lícito ao exeqüente requerer o prosseguimento da
execução, oferecendo e prestando caução suficiente e
idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.
31
2º Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída
e decidida nos próprios autos e, caso contrário, em autos
apartados.
3º A decisão que resolver a impugnação é recorrível
mediante agravo de instrumento, salvo quando importar
extinção da execução, caso em que caberá apelação.
Assim, o oferecimento da impugnação não suspende o procedimento
executivo automaticamente. O regramento, neste aspecto, é semelhante ao dos
embargos em execução de título extrajudicial (art. 739 do CPC).
Todavia, o juiz, a requerimento do executado, poderá determinar a
suspensão do procedimento executivo, desde que ouvido o exeqüente, conforme
dispõe o art. 475-M, caput, CPC. A saber:
“Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo,
podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes
seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestamente suscetível de causar ao executado grave
dano de difícil ou incerta reparação.”
São então estes os pressupostos: requerimento do executado,
manifestação do exeqüente, relevante fundamento e perigo de grave dano de
difícil ou incerta reparação.
De tal decisão caberá agravo de instrumento, visto ter caráter de decisão
interlocutória.
A suspensão do procedimento executivo é determinada pelo juiz e não um
efeito necessário da lei.
32
Sérgio Cruz Arenhart11 entende que:
“a suspensão da execução só é legítima quando é
possível ao juiz demonstrar, através de raciocínio
argumentativo, que a relevância dos fundamentos da
impugnação e a possibilidade do dano se sobrepõem à
sentença condenatória e à normal produção dos seus
efeitos.”
Já para Antonio Adonias Bastos12 o termo “poderá” fora mal utulizado:
“Primeiramente, porque dá a idéia de que ele teria a
discricionariedade de atribuir, ou não, o efeito suspensivo,
uma vez preenchidos os requisitos legais. Como já visto
anteriormente, entendemos tratar-se de ato vinculado do
magistrado, em observância ao princípio da legalidade
estrita. Em segundo lugar, porque a interpretação literal
daquele verbo também permitiria ao magistrado atuar de
ofício, o que é negado pelo § 2º do mesmo artigo de lei,
que afirma que “deferido efeito suspensivo, a impugnação
será instruída e decidida nos próprios autos e, caso
contrário, em autos apartados”. Ao afirmar que o efeito
suspensivo será deferido, o legislador faz referência
implícita ao requerimento da parte, já que o juiz só pode
deferir ou indeferi os requerimentos que lhes são
11 ARENHART, Sergio Cruz, Curso de Processo Civil, Execução, v. 3, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2007, p. 473. 12 BASTOS, Antonio Adonias, A defesa do executado de acordo com os novos regimes da execução, Salvador, Jus Podivm, 2008, p.141.
33
apresentados. Caso fosse hipótese de atuação de ex
officio, o § 2º estatuiria o seguinte: “ordenado o efeito
suspensivo” ou “determinado o efeito suspensivo...”.
Para Sérgio Cruz Arenhart13, para que seja concedido o efeito suspensivo
a impugnação deverá existir prévia garantia do juízo, embora o art. 475-M não
contemple:
“Não há racionalidade em exigir a prévia segurança do
juízo para outorgar efeito suspensivo aos embargos do
executado (título executivo extrajudicial) e deixar livre
desta condição a concessão de feito suspensivo à
impugnação. Como é óbvio, a sentença condenatória – por
constituir o resultado de amplo debate entre as partes e de
aprofundada cognição judicial – merece maior
credibilidade que o título extrajudicial. Ora, se a lei
expressamente prevê a necessidade de garantia do juízo
para outorga de efeito suspensivo aos embargos do
executado, o sistema evidentemente não deseja que o
processamento da impugnação com efeito suspensivo
deixe o exeqüente desamparado”.
Logo, pode-se concluir que a concessão de efeito suspensivo à
impugnação irá depender de garantia do juízo – por penhora, caução ou depósito
idôneo, devendo tal garantia ser compatível com o valor da própria execução.
13 ARENHART, Sergio Cruz, Curso de Processo Civil, Execução, v. 3, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2007, p.307-308.
34
Cumpre salientar que o juiz que concede o efeito suspensivo poderá, de
forma lícita, requerer o prosseguimento da execução (art. 475-M, § 1º ):
“Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo,
podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes
seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestamente suscetível de causar ao executado grave
dano de difícil ou incerta reparação.
§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à
impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando
caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e
prestada nos próprios autos. (g.n)
35
CONCLUSÃO
Com o advento da Lei nº 11.232/2005 várias mudanças significativas
ocorreram no Código de Processo Civil, principalmente no que tange à execução
das sentenças. Vários artigos que abordavam esse tema como sendo um
processo autônomo foram revogados, implantando-se uma fase denominada “do
cumprimento da sentença” dentro do processo de conhecimento.
Destaca-se que buscando tornar o processo mais rápido, com as
mudanças foi eliminada toda a parte que tratava da execução das sentenças
judiciais como sendo um novo processo. Agora a execução tornou-se apenas uma
fase daquele processo que originou a sentença executada.
Outra alteração diz respeito ao início da execução da sentença onde não
haverá mais a citação na pessoa do devedor, mas a intimação na pessoa do
advogado devidamente constituído, haja vista que muitas das vezes o devedor se
furtar a ser encontrado. Uma vez feita a intimação, o débito deverá ser pago no
prazo de 15 dias, sob pena de multa automática de 10% (dez por cento). Em caso
de não pagamento, expedir-se-á o mandado de penhora e avaliação e somente
depois de intimado o devedor poderá interpor o recurso próprio da fase de
execução, que, conforme a lei passou a ser chamado de impugnação e não mais
de embargos do devedor.
O recurso de impugnação à execução serve para assegurar a direito
constitucionalmente assegurado do exercício do direito de ampla defesa e
contraditório, onde o executado não demanda, ele se opõe.
Vale ainda destacar um ponto relevante quanto a sua natureza jurídica,
onde pudemos concluir, com base na corrente doutrinária majoritária, ser a
impugnação instrumento de defesa do executado.
36
Outro ponto a ser citado é a forma de execução instituída pelas Leis nº
11.232/2005 e 11.382/2006 a qual pôs fim a regra que suspendia a execução com
a apresentação de impugnação ou embargos do executado (art. 475-M e 739-A do
CPC), ou seja, com as mudanças, a simples interposição da impugnação não
suspende automaticamente a execução.
E, conforme o caso, o ato judicial que analisa a impugnação pode
constituir decisão interlocutória ou sentença (art. 475-M, §3º, do CPC).
Finalmente, em sendo acolhida a impugnação, os efeitos sofrerão suas
variações, conforme o respectivo conteúdo, podendo ser tornado inválido o título
judicial e/ou do procedimento executivo, com a reabertura da fase de
conhecimento (art. 475-L, I do CPC), ocorrer a redução do valor executado (art.
475-L, V do CPC) ou obter-se o reconhecimento da inexistência da obrigação (art.
475-L, VI do CPC).
37
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25-http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=1734
26-http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2618883/a-impugnacao-na-fase-de-
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27 - Código de Processo Civil
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO............................................................................ 02
AGRADECIMENTO.............................................................................03
DEDICATÓRIA....................................................................................04
RESUMO.............................................................................................05
METODOLOGIA..................................................................................06
SUMÁRIO............................................................................................07
INTRODUÇÃO ....................................................................................09
CAPÍTULO I – NOÇÕES GERAIS
1.1.CONCEITO E OBSERVAÇÕES
INICIAIS..................................................................................10
1.2. DO CONCEITO DE
IMPUGNAÇÃO.......................................................................11
1.3. COMPETÊNCIA EXECUTIVA E PARA O
CONHECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO..................................13
1.4. O PRAZO ....................................................................14
1.5. LEGITIMIDADE PARA APRESENTAR A
IMPUGNAÇÃO.......................................................................15
CAPÍTULO II - DA NATUREZA JURÍDICA .......................................16
CAPÍTULO III - CONTEÚDO
3.1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................20
3.2.FALTA OU NULIDADE DA CITAÇÃO SE O PROCESSO
CORREU À REVELIA............................................................21
3.3.INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO.......................................22
42
3.4.PENHORA INCORRETA OU AVALIAÇÃO
ERRÔNEA.............................................................................24
3.5. ILEGITIMIDADE DAS PARTES......................................25
3.6. EXCESSO DE EXECUÇÃO............................................26
3.7. QUALQUER CAUSA IMPEDITIVA, MODIFICATIVA OU
EXTINTIVA DA OBRIGAÇÃO, COMO PAGAMENTO,
NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO, TRANSAÇÃO OU
PRESCRIÇÃO, DESDE QUE SUPERVENIENTE À
SENTENÇA............................................................................28
CAPÍTULO IV - EFEITOS SOBRE A EXECUÇÃO – DA
POSSIBILIDADE DO EFEITO SUSPENSIVO ...................................30
CONCLUSÃO ......................................................................................35
BIBLIOGRAFIA...................................................................................37