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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O SUPERVISOR FORMADOR: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES Por: Mariana Teixeira Avvad Nejaim Ribeiro Orientadora Profª. Edla Trocoli Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O SUPERVISOR FORMADOR: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS

PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES

Por: Mariana Teixeira Avvad Nejaim Ribeiro

Orientadora

Profª. Edla Trocoli

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O SUPERVISOR FORMADOR: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS

PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Administração e Supervisão

Escolar.

Por: Mariana Teixeira Avvad Nejaim Ribeiro.

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AGRADECIMENTOS

A Deus e à Virgem Maria, meu criador

e minha sempre protetora.

A Mauricio Elias Avvad (in memorian),

pela vida e por todo o ensinamento.

À Mara Avvad, pelo apoio mais certo

de todas as horas.

À Alice, a pessoa mais importante.

A Carlos Nejaim, o amor da minha vida

toda.

À Gabriela Teixeira, um exemplo.

À Ana Luiza Avvad, um pedaço do meu

pai aqui comigo.

Aos amigos César Bacchim, Edna

D’Elia, Heloísa Aguiar, Isabel Lopes,

Jussara Medeiros, Maria Aparecida de

Oliveira, Simone Nejaim, e Sônia

Bittencourt, pela convivência fraterna

agostiniana.

Aos Freis Jesus Izarrigue e Heliodoro

Fernández, por acreditarem no meu

trabalho.

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DEDICATÓRIA

Aos 70 anos do Colégio Santo Agostinho.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo traçar um paralelo entre a

função do supervisor educacional e a promoção da formação continuada do

docente, direcionando o olhar para o Colégio Santo Agostinho, situado no

bairro do Leblon, na cidade do Rio de Janeiro. Falaremos formação continuada

nos seus diferentes níveis e abordaremos com especial enfoque as funções do

supervisor educacional na escola: de que formas essa figura poderá intervir na

formação do docente que se pretende para aquela instituição de ensino. Ainda

tentaremos mostrar a importância do plano de ação da supervisão

educacional, através da exposição de um projeto de formação continuada bem

sucedido na escola que analisamos.

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METODOLOGIA

A pesquisa escolhida foi a bibliográfica, que ancora sua técnica em

estudos sistematizados e artigos publicados. Além disso, também será

realizado um estudo de caso, segundo o qual será observado um grupo de

docentes do Colégio Santo Agostinho, no bairro do Leblon, Rio de Janeiro.

O trabalho apresentado tem como objetivo atribuir à escola, em

especial à figura do supervisor educacional, uma parcela de responsabilidade

na formação continuada dos mestres docentes.

O referencial teórico sobre a leitura estará baseado, principalmente,

nas orientações dadas por Maria Teresa Esteban, Heloísa Lück e José Carlos

Libâneo.

Com a finalidade de exemplificar o papel do supervisor no processo de

formação continuada na escola, faremos um estudo de caso, com base em um

projeto realizado com êxito na instituição já citada.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Colégio Santo Agostinho: 70 anos de história 11

CAPÍTULO II - O supervisor educacional: quem é e o que faz? 20

CAPÍTULO III – Formação continuada: como promovê-la? 35

CONCLUSÃO 46

ANEXOS 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55

ÍNDICE 57

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INTRODUÇÃO

“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça a

quase totalidade não sente essa sede.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Como promover a formação continuada do professor? O presente

trabalho tem como objetivo central promover uma clara reflexão sobre a função

do supervisor pedagógico e a promoção da formação continuada na escola de

hoje. Nesse sentido, pretendemos resgatar as funções do supervisor

educacional, enquanto agente de formação, a fim de identificá-lo como figura

de grande importância no processo.

A reflexão será proposta acerca dos desafios postos à Supervisão

Educacional considerando a organização dos dispositivos de formação

continuada dos professores no âmbito escolar. Também se propõe que, uma

vez superados os desafios, sejam traçadas estratégias que promovam o

processo de desenvolvimento do docente, nos níveis profissional, pessoal e

social.

O Supervisor Educacional desempenha, certamente, um importante

papel na elaboração e condução de tais estratégias, uma vez que compete a

ele zelar pelo funcionamento da escola, sobretudo no que diz respeito às

questões de nível pedagógico.

Entende-se por formação continuada o processo subsequente à

formação inicial de um profissional, docente ou não. Os diversos cursos de

especialização, extensão ou mesmo Mestrado e Doutorado oferecidos pelas

instituições de ensino superior e demais atividades propostas pelos diferentes

sistemas de ensino configurariam um tipo eficaz de formação continuada,

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segundo Lise Demailly (1992), mesmo que privilegie o plano individual em

detrimento do coletivo.

Nosso foco, porém, será a formação em serviço, entendida como as

atividades de formação continuada que se dão na própria escola, o local de

trabalho do professor, e direcionada pelo Supervisor Educacional, toma como

base efetivamente o professor como figura principal e referência fundamental.

Com a finalidade de entender o papel do supervisor educacional nesse

contexto de formação de alunos leitores, iremos, inicialmente, fazer uma

abordagem histórica dessa função desempenhada na escola para, em

seguida, conceituar a formação como um conjunto de diferentes práticas

possíveis, distinguindo-se os principais níveis que experimentamos ao longo da

vida. Será preciso esclarecer que há uma espécie de escala entre esses

níveis, sem que haja propriamente um que seja mais importante do que outro

para o profissional docente.

Far-se-á oportuno, ainda, definirmos o papel do supervisor educacional

na escola: junto aos professores, alunos, familiares e demais funcionários.

Enfatizaremos a importância do bom direcionamento oferecido pelo supervisor

à equipe pedagógica, principalmente àqueles que trabalham em sala de aula.

Como o trabalho tem como corpus de estudo a equipe pedagógica do

Colégio Santo Agostinho, cumpre fazer uma contextualização e apresentação

dessa instituição tradicional de ensino da cidade do Rio de Janeiro. Assim,

antes de entrarmos especificamente no cerne da questão, apresentaremos o

colégio.

Por fim, iremos investigar como os alunos se sentem em relação a

esse processo de formação continuada de seus professores, estabelecendo-se

os reflexos dessas ações em seus atos pedagógicos.

Devemos também apresentar, a título de ilustração e exemplificação,

um projeto de formação continuada bem sucedido que é desenvolvido

periodicamente no Colégio Santo Agostinho – Leblon (Rio de Janeiro), nosso

contexto escolar de observação durante essa pesquisa.

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É, portanto, através de embasada pesquisa bibliográfica e de um breve

estudo de caso que envolve um grupo de docentes dos Ensinos Fundamental

e Médio, que tentaremos estabelecer a relação inicialmente proposta entre o

desenvolvimento da formação continuada e a função do supervisor

educacional.

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CAPÍTULO I

O Colégio Santo Agostinho: 70 anos de história

“Conhece-te. Aceita-te. Supera-te..”

(Santo Agostinho)

O colégio Santo Agostinho, situado no bairro do Leblon, na cidade do

Rio de Janeiro é, sem dúvida alguma, uma das mais tradicionais e

reconhecidas instituições de Ensino Fundamental e Médio do Brasil e o ano de

2016 está marcado pelas comemorações de seus 70 anos na arte de educar,

através do lema “Amor e Ciência”.

A formação integral do aluno é o principal objetivo dessa instituição e,

para tal, há uma preocupação constante com a formação continuada dos

profissionais envolvidos nesse processo, especialmente no que diz respeito ao

corpo docente: o professor também deve ser agente de sua formação. Assim,

surge a seguinte reflexão:

Os objetivos da escola se confundem com a ação exercida sobre crianças e adolescentes (principalmente), para torná-las aptas a viver numa determinada sociedade. A ação pedagógica é, assim, o traço de união entre o indivíduo e o social. Entretanto, pelo fato de a realidade social ser histórica e, por isso, superável, é relevante perguntar-se: de que sociedade se trata? que homem se quer formar? qual é o sentido da aprendizagem escolar? que significa falar em desenvolvimento da criança e do adolescente? Têm sido dadas muitas respostas a essas questões e, quaisquer que sejam elas, são marcadas por uma dimensão política, pois que os propósitos da educação individual não se separam da totalidade social em que se insere. (LIBÂNEO, 2014 p.100).

Logicamente, iremos priorizar ao longo do trabalho a formação

continuada do professor, que terá como objetivo a formação do aluno. Nessa

perspectiva, a escola pode se configurar como um meio bastante favorável,

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senão o mais favorável para esse processo acontecer. E essa preocupação

acompanha o Colégio Santo Agostinho desde a sua fundação.

1.1 – Aurélio Agostinho: o carisma agostiniano

Santo Agostinho viveu entre os anos de 354 e 430 da era cristã. O

espírito gregário é, sem dúvidas, o traço mais marcante da personalidade

deste homem que, ao longo de seus 76 anos de vida, travou uma

impressionante luta na busca pela Verdade que encontrou em Deus, no Deus

que existe dentro de cada ser.

Não saias de ti, mas volta para dentro de ti mesmo, a Verdade habita no coração do homem. E se não encontras senão a tua natureza sujeita a mudança, vai além de ti mesmo. Em te ultrapassando, porém, não te esqueças que transcendes tua alma que raciocina. Portanto, dirigi-te à fonte da própria luz da razão. (SANTO AGOSTINHO, A verdadeira religião 39, 72)

Aos 32 anos, após uma vida mundana e pregressa, Agostinho

abandona o paganismo, reúne um grupo de amigos e, juntos, retiram-se para

uma propriedade afastada de Milão, onde estudava com um grupo de sábios

no estilo de Platão e Aristóteles, para ingressar no catolicismo.

Somente aos 33 anos recebera o batismo, no dia 24 de abril de 387,

renunciando a todas as mordomias que tinha e mudando-se para Tagaste,

cidade perdida na província romana da Numídia.

É o próprio Agostinho que forma, com seu grupo, e sem ter

consciência disso, a primeira comunidade agostiniana: onde Deus é o centro

de tudo, e todos se dedicam ao estudo e à oração. Um século depois, São

Bento fundará a ordem beneditina com o lema “ora et labora” (reza e trabalha).

Mais tarde, obrigado a se tornar padre pelo Bispo de Hipona, acaba

por sucedê-lo, mas faz de seu episcopado uma grande comunidade, onde

moravam todos os padres da diocese. Sob a batuta de Agostinho,

multiplicavam-se vertiginosamente os mosteiros do Norte da África, com o

apoio de sua irmã Perpétua, fundam-se mosteiros para religiosas, no estilo dos

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que funcionavam para homens exclusivamente, totalizando-se um

impressionante numero de cerca de 400 mosteiros fundados por ele.

Vândalos invadem as Províncias Africanas do Império Romano e

destroem todos os conventos que conseguem, barbarizando contra os padres

freiras que ali viviam. Muitos morreram, outros fugiram. Aurélio Agostinho

morre durante o cerco a Hipona. Aqueles que conseguiram fugir para a Europa

fundam lá seus mosteiros, mas lhes falta a unidade que possuíam na África.

1.2 – A Ordem de Santo Agostinho e os Agostinianos

Recoletos

Em 1244, sob o patrocínio da Santa Sé, reuniram-se os eremitas de muitos conventos da Toscana. Começou assim a história da Ordem de Santo Agostinho. Em 1256, o Papa Alexandre IV deu um novo impulso à Ordem fundada na Itália, através da bula "Licet Ecclesiae catholicae", à qual foram unidas várias ordens e congregações. A Grande União aconteceu no convento romano de Santa Maria del Popolo e, no ato de sua fundação, a nova Ordem abarcava 180 casas religiosas na Itália, Áustria, Alemanha, Suíça, Países Baixos, França, Espanha, Portugal, Hungria, Boêmia e Inglaterra.

A União de 1256 foi um passo importante na reforma da vida religiosa da Igreja. Com isso, o Papa procurava por fim à confusão provocada pelo excessivo número de pequenos grupos religiosos, canalizando suas forças espirituais no apostolado da pregação e cuidado pastoral nas muitas cidades europeias. Os Agostinianos foram assim colocados no rol das Ordens Mendicantes, junto aos Dominicanos, Franciscanos e, pouco depois, os Carmelitas. Sua característica básica é a de serem "frades", "freis" - irmãos -, vivendo sua vocação imersos no mundo urbano.

O movimento mendicante do século XIII foi uma resposta revolucionária a uma situação também revolucionária. A unidade da Igreja vivia continuamente ameaçada pelas heresias. Surgiam novos desafios ocasionados pelas mudanças sociais e econômicas da sociedade. Os frades foram enviados diretamente aos

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centros de desenvolvimento comercial para pregar às crescentes classes instruídas, à nova classe que surgia - a burguesia - e levar a espiritualidade evangélica às classes populares. (www.agostinianos.org.br)

O século XVI testemunha uma série de cisões na Igreja fundada por

Cristo. A Reforma Protestante, cuja paternidade é atribuída ao Frei Martinho

Lutero, agostiniano de formação, ocasiona uma série de reflexões no interior

da Igreja, fruto dos questionamentos dos religiosos e leigos sobre alguns dos

assuntos que se tornaram mote da Reforma.

Se, por um lado, alguns membros não eram merecedores do nome de

cristão, por outro, havia aqueles que realmente viviam e cultivavam a santidade

como fizeram os primeiros cristãos.

Alguns países europeus, como Portugal e Espanha, acabaram por não

aderir à Reforma que resultou na formação das primeiras Igrejas de

denominação Protestante, pois, de certa forma, viviam uma época de ouro em

relação à política, economia, conquistas, progresso, etc.

Nesse contexto, a Espanha é testemunha do surgimento dos

Agostinianos Recoletos: um grupo de religiosos que desejava viver uma vida

mais santa e de acordo com o carisma de Santo Agostinho.

Os Recoletos não representam, pois, uma oposição à Ordem dos

Agostinianos, mas o desejo de darem um passo mais para a frente.

No dia 5 de dezembro de 1588 esse grupo obteve licença para viver

em mosteiros mais rigorosos (mais recolhidos, daí o nome Recoleto). Contudo,

o recolhimento absoluto que propunham não teve longa duração, devido às

necessidades evangelizadoras da própria Igreja: o grande Império Espanhol

necessitava de missionários enviados ao Novo Continente e ao Extremo

Oriente.

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Os Agostinianos Recoletos foram designados a diversas missões. As

Ilhas Filipinas receberam o maior contingente. De lá, foram ao Japão onde

muitos se tornaram mártires por Cristo.

Os Agostinianos Recoletos de Portugal vieram para o Brasil e

ergueram em Salvador uma Igreja dedicada à Nossa Senhora da Palma, que

ainda resiste ao tempo. Contudo, essa presença foi bastante breve, já que

esse grupo de Agostinianos existiu durante pouco tempo em Portugal.

Colônia e Rival de Pombal, na Espanha, tiveram medidas duríssimas

contra as ordens religiosas, o que reduziu a praticamente zero o ensino – que

se encontrava quase que totalmente nas mãos dos frades – e, se não fosse

pelo grande contingente que já estava nas Filipinas, teria levado a ordem à

extinção.

Já nos últimos anos do século XIX, a independência filipina apoiada

pelos norteamericanos, suscitou violenta animosidade contra os religiosos

hispânicos e muitos foram violentamente mortos naquele solo. Os que

conseguiram sobreviver retornaram à Espanha e revigoraram os mosteiros lá

existentes.

1.3 – Agostinianos Recoletos no Brasil

No contexto da perseguição nas Filipinas, o ano de 1899 viu a

chegada dos primeiros religiosos Agostinianos Recoletos da Espanha ao

Brasil. O Triângulo Mineiro foi o primeiro campo de missão dos freis que aqui

chegaram com o objetivo de construir um Seminário Diocesano e um Centro

de Ensino.

Em pouco tempo, já estariam espalhados por muitos municípios,

extremamente carentes de vocações sacerdotais. Em Ribeirão Preto, a figura

de destaque foi Fr. Santos, homem notável até hoje reconhecido por seus

grandes feitos na região do Noroeste Paulista. São Paulo, Minas Gerais,

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Espírito Santo Bahia, Pará e Amazônia foram recebendo religiosos da Ordem

Agostiniana Recoleta. Também a cidade do Rio de Janeiro recebe a

comunidade de freis.

Era o ano de 1920, quando, no dia 18 de julho, os frades agostinianos

recoletos se encarregaram da Paróquia de Marechal Hermes, que também

abrangia Deodoro, Afonsos, Linha Auxiliar, entre outras localidades. Pouco

mais tarde, a Paróquia de São Januário passaria a ser administrada por eles.

Muitas questões políticas mundiais trazem novos rumos aos

Agostinianos Recoletos no Brasil. Em 1931, a frente monárquica da Espanha

sofre um revês nas eleições e o Rei Afonso XIII abandona o país para evitar

mortes e problemas. Os republicanos, socialistas e comunista, unidos em uma

Frente Popular, tomam o poder e desencadeiam forte perseguição aos

religiosos da Igreja Católica.

Tomados pelo medo e pela necessidade de salvaguardar o futuro da

Ordem, os Superiores decidem enviar os estudantes para o Brasil. Não

havendo aqui instalações suficientes para abrigar a todos, é preciso

providenciar um lugar com urgência, pois não haveria tempo disponível para

construção de nada. E assim, começa a história do Colégio Santo Agostinho.

1.4 – História do Colégio Santo Agostinho - Leblon

O Leblon não passava de um areal, um lugar perigoso para onde

costumavam fugir alguns marginais após cometerem delitos. Um grupo de

Irmãs Clarissas possuía um imóvel para a vida em comunidade. Era um

mosteiro, suficiente para as irmãs de clausura. Mas, devido aos perigos que o

local representava, as irmãs decidiram mudar-se para o alto da Gávea, onde

até hoje estão.

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Por sua vez, os Agostinianos necessitavam de um lugar para seus

seminaristas recém-chegados da Espanha. Foi feito um acordo entre as Irmãs

e antiga proprietária do terreno, e, logo, estavam instalados no Leblon.

Em 1919 a Companhia Construtora Ipanema já vendia terrenos no bairro. A planta do loteamento, aprovada pela Prefeitura do Distrito Federal em 26 de julho de 1919, mostra as ruas do bairro com seus nomes e localizações.

Em 1920, o então prefeito Carlos Sampaio realizou o saneamento e embelezamento da Lagoa, a construção da Avenida Epitácio Pessoa e de dois canais: o da barra, comunicando a Lagoa com o Mar, que hoje é o Jardim de Alah, e o canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no fim do Leblon.

Em 1938 foi construída outra ponte sobre o canal ligando a Avenida Visconde de Albuquerque à Avenida Ataulfo de Paiva e começou a circulação de bondes pela praia, fazendo com que as duas avenidas passassem a ser uma única via pública. (www.portaldoleblon.com.br)

O mosteiro das Irmãs Clarissas precisou de expansão. Em 15 de

setembro de 1932 efetua-se a compra de um lote de terreno que vai até a

Avenida Ataulfo de Paiva e surge ainda a necessidade de construção de uma

Igreja, tendo em vista que os moradores do bairro frequentavam a Capela dos

freis. O Leblon cresce. E junto com a Igreja começam a ser construídos um

colégio para as crianças e jovens do local e uma residência para os religiosos.

O antigo convento das Clarissa começa a dar lugar ao colégio que

surge em1944, com oito salas de aula, um anfiteatro, um salão nobre e um

pátio coberto para os recreios.

Em 1945, o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jaime de

Barros Câmara, ao completar 25 anos de sacerdócio, cria 25 paróquias. O

Leblon pertencia à Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Agora,

instala-se a Paróquia Santa Mônica, em justa homenagem à mãe de Santo

Agostinho.

O Externato Santo Agostinho é inaugurado em 1946, quando se

findam as obras que remodelaram o antigo convento das Clarissas. No dia 1º

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de março, estavam abertas as matrículas para o curso primário, hoje, 1º

segmento do Ensino Fundamental.

No ano seguinte, abre-se o antigo curso de Admissão, que fora

suprimido devido à grande procura de alunos para o colégio. Também em

1947, a primeira turma de Ginásio (atual 2º segmento do Ensino Fundamental).

Heitor Villa-Lobos compôs, em 1948, o Hino do Colégio Santo

Agostinho (denominação que recebera após ser também chamado de Ginásio

Santo Agostinho), juntamente com a Sra. Lydia da Fonseca, futura Auxiliar de

Secretaria do colégio.

Só no ano de 1954 inaugura-se o primeiro Curso Colegial, atual Ensino

Médio, cuja formatura se daria no ano de 1956.

As instalações já não se faziam suficientes e, em 1962, iniciam-se as

obras para a construção da atual Igreja. Somente em 1968 começou a ser

construído o atual colégio, que se mantinha exclusivamente destinado ao

ensino de meninos até então.

Em 1969 dá a entrada das primeiras meninas na 3ª série do atual

Ensino Médio. Mas apenas em 1983 a mixagem ocorre no restante do turno da

manhã do colégio. O processo fora bastante demorado.

Nos final dos anos 70, ainda, precisamente em 1979, inaugura-se uma

outra unidade do colégio nos domínios da Barra da Tijuca, a fim de dar conta

dos alunos que moram naquela região e precisavam enfrentar um grande

deslocamento até o colégio na Zona Sul. O Colégio Santo Agostinho do Novo

Leblon é inaugurado com a Paróquia Santo Agostinho, dentro do colégio.

A expansão do Colégio Santo Agostinho é notória. Um quarteirão

inteiro no bairro, que culmina com a construção de um prédio novo no ano

2000 para abrigar laboratórios de alta tecnologia, biblioteca, auditório, salas de

palestra, ginásio poliesportivo, entre outros. Já em 2012, o colégio finaliza a

aquisição de um edifício residencial na Avenida General San Martin e lá instala

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todo o seu Ensino Médio, dando comodidade e oferecendo tecnologia de ponta

a seus alunos. Finalmente, em 2015, seguindo uma tendência internacional, é

formada a primeira turma de dupla habilitação: o CHS- Canadian High School,

fruto de uma parceria com a autoridade educacional da província canadense

de New Brunswick.

A presença dos religiosos e o lema agostiniano “Amor e Ciência”

construíram uma história que já dura 70 anos no coração do Leblon e cujos

frutos são permanentemente colhidos: o sucesso dos educandos.

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CAPÍTULO II

O Supervisor Educacional: quem é e o que faz?

“Os relacionamentos humanos são barcos que navegam. Alguns contam com a

sofisticação das bússolas para enfrentarem a grandeza e os mistérios do

mar, enquanto outros se orientam simplesmente pelo sol. Cada um faz o seu

percurso com os instrumentos de que dispõe. Desconhecer as diferenças,

dentro dessa realidade, é deixar o barco à deriva.”

(Cleonice Bosa)

Supervisionar é um verbo de ampla significação: dirigir, orientar ou

inspecionar em um plano superior. Se levássemos em conta que se trata a

supervisão educacional como uma orientação, haveria uma estreita relação

com os pontos cardeais, no sentido de indicar um rumo, guiar, dirigir. Também

significaria reconhecer a situação em que se encontra e dar a ela uma solução,

ou ainda, examinar com cuidado diferentes aspectos de um mesmo fato. O

supervisor educacional é, pois, aquele que precisa estar sempre à frente,

vendo além.

Há, contudo, um sentido dominador também exprimido pela ação de

supervisionar, que precisa ser desmistificado para que de fato o Supervisor

possa exercer o seu papel. Diz-nos Lück:

A eficácia da ação do supervisor escolar torna-se pois diretamente ligada à sua habilidade em promover mudanças de comportamento no professor (KORAN, 1969), isto é, a aquisição de novas habilidades ou reforço a outras já existentes; o desenvolvimento de novas perspectivas, ideias, opiniões, atitudes, etc. Isto porque, em última análise, o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem,

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preconizado pela supervisão escolar, não depende tanto de diretrizes preestabelecidas e de planos prontos, muitas vezes pouco aceitos, ou aceitos passivamente pelo professor, mas das condições apresentadas por este profissional para implementá-los. É o potencial do professor canalizado para o processo de ensino-aprendizagem que “faz diferença” nesse processo (FOSTER, 1969), conforme já foi analisado. (LÜCK, 2013 p.22)

A preocupação central do Supervisor Educacional é também a da

escola que temos: a formação do aluno, que depende da formação do

professor. Através de um olhar atento, o Supervisor deve ser aquele que se

preocupa com a qualidade do profissional que está em sala de aula. Mais do

que isso, deve partir dele a iniciativa para a promoção da formação continuada

ou a quebra da passividade existente em muitos profissionais da educação.

2.1 – A escola dos novos tempos

Novos tempos. O aluno dos novos tempos não é, definitivamente, o

mesmo aluno que estava em sala de aula há dez ou vinte anos. Aliás, o

modelo de sala de aula baseado no modelo clássico de gestão escolar não

sobrevive aos novos tempos e novas tecnologias.

Cabe aqui fazermos um levantamento dos modelos de gestão, até que

se chegue à gestão democrática e participativa, proposta em 1996 através da

LDB e, até hoje, de difícil implementação nas escolas.

A gestão técnico-científica, que tende a centralizar o poder na figura do

diretor, forma sujeitos que não se sentem incluídos no processo de ensino-

aprendizagem como deveriam. Tornam-se alienados, portanto, passivos

demais para a construção do próprio conhecimento. Por sua vez, os

professores também ficam à margem das decisões, operando como meros

reprodutores de conhecimento. Perde, totalmente, a sua finalidade uma aula

cuja função é apenas a exposição de conceitos, frente aos novos tempos.

Conceitos temos, hoje, na palma de nossas mãos, através dos celulares e

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outros mecanismos de acesso à Internet. Cabe-nos a missão de orientar

nossos alunos sobre o que fazer com toda a informação que têm. Transformá-

la em conhecimento é necessário.

O modelo crítico-participativo traz a ideia de que o cidadão deve ser

responsável pelo seu processo educacional. Os alunos precisam se sentir

felizes e protagonistas de sua história na escola. Há um trabalho mais leve do

gestor, ao passo que as regras e normas não são pré-definidas por ele, mas

construídas por toda a comunidade escolar. Quando existem competências

bem desenvolvidas neste modelo de gestão, o aluno tem a capacidade de se

adequar bem às questões da vida. Caso contrário, as críticas que se fazem

fortemente a esse modelo são que a permissividade e a excessiva liberdade

dadas ao aluno leva ao individualismo e que uma escola sem regras (ou com

regras não aprovadas pelos modelos educacionais) não forma o aluno para a

vida em sociedade.

A liderança é um ponto fraco do modelo crítico-participativo. O que se

nota é que a tomada de decisão coletiva na escola. Mas em qualquer

sociedade existem líderes, e sua função precisa ser reconhecida e respeitada.

O modelo de gestão que se considera adequado, pois, aos novos

tempos é o democrático e participativo, visto que ele alarga o conceito de

escola reforçando sua autonomia frente às novas realidades (tanto do aluno,

quanto do professor e outras esferas envolvidas). A escola de hoje cumpre um

importante papel social, para além de apenas inserir o aluno no mercado de

trabalho. Por isso, a avaliação institucional é um valioso instrumento para a

gestão que se pretende participativa e democrática: “todos dirigem e são

dirigidos; todos avaliam e são avaliados”. O diretor deverá ser aquele que

coordena, mobiliza, motiva, delega, presta contas, submete-se às avaliações

da equipe, acata sugestões tomadas coletivamente. Nesta gestão há um

processo de integração entre iguais, e não subordinados. Pô-la em prática é

um grande desafio.

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Admitindo-se que ação pedagógica não se reduza nem aos seus componentes técnico-práticos, nem aos psicológicos e nem aos sócio-políticos, sendo, em vez disso, uma totalidade abrangente que integra todos esses componentes e outros, assume-se que o trabalho docente é um momento- síntese, uma totalidade à qual afluem determinantes econômicos, sociais, biológicos, psicológicos que são, ao mesmo tempo, condições (restritoras ou reforçadoras) para o complemento do ato educativo. Se as condições para, são também mediações que irão favorecer ou dificultar a um aluno apropriar-se do saber escolar e, por ele, construir-se como ser social ativo. Não há como entender as ciências auxiliares da educação senão como referidas às exigências que decorrem das situações pedagógicas. O trabalho docente consiste, então, na atuação do professor no ato educativo (como suporte da instituição escolar como um todo), medindo os processos pelos quais o aluno apropria ou reapropria o saber de sua cultura e o da cultura dominante, elevando-se do senso comum ao saber criticamente elaborado. Nesse caso, uma boa parte do campo da didática refere-se às mediações (assumidas pelo professor) pelas quais se promoverá o encontro entre o aluno com a sua experiência social concreta e o saber escolar. Em outras palavras, o professor não comparece à sala de aula provido apenas de sua competência profissional ou simples presença física, antes, como portador das mediações que tornarão viáveis o trabalho docente que garanta o acesso do aluno ao saber escolar. (LIBÂNEO, 2014, p. 148 e 149)

A LDBEN 9394 / 96 institui que a educação brasileira tenha um modelo

de gestão democrático-participativo, deixando claro que o PPP de uma

instituição deve ser construído por todos os setores da escola. A lei prediz que

a única via para alcançarmos a tão desejada educação de qualidade é o

envolvimento de todos. O PPP é uma estratégia de mobilização escolar: é

necessário, contudo que se “lapide a pedra” que é a participação escolar.

Somente quando há participação se podem fazer exigências por uma escola

melhor. É a participação que confere autoridade a todos os envolvidos no

sistema educacional. Ser participativo significa estar engajado, ter

representação, estar presente, ter liberdade de expressão e tomar decisão.

Quanto mais qualidade tiver essa participação, mais democrática será a

escola, tendo em vista que a democracia é o sistema de governo cujos

princípios são a justiça social, a liberdade de expressão, o poder dividido, a

inclusão e o respeito às diferenças.

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Uma escola que esteja de acordo com as necessidades de nossos

tempos precisa, portanto se revelar democrática e participativa, uma vez que

os demais modelos representam uma alienação e um retrocesso ao que se

tem buscado. É uma das funções do Supervisor Educacional garantir que

vigore tal modelo educacional.

O que faz uma escola dar certo são os recursos humanos que ela tem.

Deve-se formar literalmente um grupo operativo dentro da instituição. O

sentimento de “pertença” precisa fazer parte do cotidiano escolar, tanto entre

os alunos quanto entre os professores, assim como entre os funcionários que

fazem uma escola funcionar. Sentir-se acolhido pelo grupo é o primeiro passo

para o sucesso de um professor na escola e, consequentemente, o sucesso do

aluno.

O Supervisor demonstra afeto nesse acolhimento quando ele reconhece

as possibilidades do seu grupo e aponta as soluções para os eventuais

problemas. Entretanto, jamais se deve perder a autoridade e o espírito de

liderança. A professora Maria Lucia Moreira, Mestre em Psicologia, afirma em

seu artigo intitulado “Desafios dos novos tempos e o papel do líder”:

Para sair na frente de seus concorrentes, as organizações buscam mecanismos internos de desenvolvimento. Por muito tempo, estes mecanismos foram baseados na tecnologia e nos processos produtivos. Hoje, a verdadeira liderança é baseada em pessoas. Para atingir seus objetivos, as organizações estimulam o desenvolvimento de lideranças, a capacitação de sua força de trabalho e, principalmente, a criação de um ambiente de trabalho motivador. (MOREIRA, ARTIGO)

2.2 – Breve resgate histórico da Supervisão Educacional no Brasil

A função do Supervisor Educacional envolve a discussão das relações

de poder e controle na escola. Ter sabedoria para entender como essas

relações de poder circulam no ambiente escolar é essencial à função. Também

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perceber se o grupo de professores está operante, conforme as necessidades,

minimizando a competição que desagrega e que torna a educação difícil.

Na Antiguidade, a atuação de Supervisores era associada à ação

percebida como vigilância, praticada por nobre ou mesmo por sacerdotes.

Platão já apresentava como ideia a teoria de que a escola deve

separar líderes e liderados. Na Idade Moderna, o médico e filósofo Juan de

Dios Huarte, precursor da psicotécnica, determinava as aptidões das pessoas

para o trabalho.

A década de 20 é permeada por atividades esparsas e isoladas

voltadas para o aconselhamento moral e religioso. Só nas próximas décadas

vemos surgir a necessidade de formação técnica – por causa da

industrialização – para uma nova realidade de trabalho. Esse seria o

aconselhamento vocacional.

Em 1922, o deputado Fidelis Reis cria o projeto de lei que tornava

obrigatório o ensino profissionalizante do país, projeto esse que não se

efetivou por falta de verbas. Mas os primeiros trabalhos na área da orientação

educacional no Brasil foram produzidos no ano de 1924, por Roberto Mange,

professor do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Já em 1939, dá-se criação da Faculdade Nacional de Filosofia da

Universidade do Brasil, através do Decreto-Lei 1.190 / 39. A formação se daria

como bacharel nos três primeiros anos e, após a conclusão do módulo didático

ou pedagógico, o aluno receberia o diploma de licenciado no grupo das

disciplinas que compunham o bacharelado. Assim, como bacharel, o pedagogo

poderia exercer o cargo técnico de educação do Ministério da Educação. Como

licenciado, o campo de trabalho seria o curso norma.

A partir de 1969, tal modelo é extinto. São criadas as habilitações do

curso de Pedagogia, conforme a Lei 5.540 / 68. De tal forma, fica instituída a

habilitação de Supervisor Escolar, assim como os Especialistas da Educação,

os Orientadores Educacionais, os Administradores e Inspetores Escolares.

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O Parecer CFE 292/2 propôs a obrigatoriedade de três disciplinas para

o curso de Licenciatura: Psicologia da Educação, Elementos da Administração

Escolar e Didática e Pratica de Ensino.

Na década de 70 surgem as Associações dos Supervisores

Educacionais no Brasil. Surgem também as denominações: Supervisor

Escolar, Supervisor Pedagógico, Supervisor de Ensino e Supervisor de

Educação. Tomamos as definições propostas por Rangel (2002, p.76-77):

Supervisão Educacional: situa, mais amplamente, no que diz respeito às questões e serviços da educação, a ação supervisora. O educacional, portanto, extrapola as atividades da escola para alcançar, em nível macro, os aspectos estruturais e sistêmicos da educação. Ressalvando-se que todo serviço pedagógico é educativo, supervisão educacional traz, em si, uma conotação abrangente, que envolve os serviços das instâncias intermediárias e centrais do sistema e da política da educação.

Supervisão Escolar: supõe a supervisão da escola nos serviços administrativos, de funcionamento geral, como também os pedagógicos. Nesse sentido, observam-se ações semelhantes às de direção (gestoras), ficando, portanto, pouco identificada a especificidade da função com referência ao ensino.

Supervisão Pedagógica: refere-se à abrangência da função, cujo “olhar sobre” o pedagógico oferece condições de coordenação e orientação.

Em 1971, a formação de Supervisor Educacional passou a ser

oferecida pela Faculdade de Educação, definida como exercício de um

pedagogo habilitado em Supervisão.

A partir dos anos 80, cresce a demanda relacionada à atuação do

supervisor, critica-se um modelo de educação ultrapassado, com bases

fincadas na ditadura e na abordagem tecnicista: visão reducionista,

fragmentada e hierarquizada. Formava-se um educador apolítico, passivo,

técnico, sem preocupações sócio-políticas, cujas ações eram desvinculadas da

realidade e apoiadas no treinamento profissional.

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O final dos anos 80 vê o surgimento da figura do Coordenador

Pedagógico, a partir da necessidade de aliar o trabalho do Supervisor ao do

Orientador Educacional.

2.3 – As múltiplas funções exercidas na escola

A escola é a instituição que visa promover a melhoria de sua

comunidade através da educação. Adaptando-se à realidade atual, ela precisar

ser o espaço de reflexão social, política, cognitiva e afetiva. Por ser uma

organização sistêmica aberta, qualquer alteração no sistema, como a

demissão de um professor, por exemplo, pode deixá-la disfuncional.

Pode-se dizer que o orientador educacional é o maestro dessa

orquestra: é parte de suas funções criar condições para que a instituição

exerça verdadeiramente seu papel social. Chama-se papel social o conjunto de

normas, direitos e deveres de um indivíduo dentro de uma instituição.

Em relação a esses papéis, podemos destacar a importância de outras

quatro figuras dessa instituição: o professor, o diretor, o administrador e o

supervisor escolar. Todos unidos em prol de um único objetivo – a formação do

aluno ideal.

O centro máximo de atenção da escola deve ser o aluno. A escola existe em função dele, e, portanto, para ele. A sua organização, em qualquer dos seus aspectos, deve ter em vista a consideração do fim precípuo a que a escola se destina: a criação de condições e de situações favoráveis ao bem-estar emocional do educando, e o seu desenvolvimento em todos os sentidos: cognitivo, psicomotor e afetivo, a fim de que o mesmo adquira habilidades, conhecimentos e atitudes que lhe permitam fazer face às necessidades vitais e existenciais. (LÜCK, 2013, p. 63)

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Sabe-se que o professor é aquele que mais próximo está do aluno. A

vivência da sala de aula é, assim, o primeiro passo a ser dado por aqueles que

desejam conhecer profundamente a dimensão do ensino-aprendizagem.

Compete a ele o conhecimento dos processos de desenvolvimento humano,

bem como a compreensão das influências do ambiente socioeconômico e

cultural do indivíduo. Também o professor precisa manter um relacionamento

afetivo com o educando, comunicando-se clara e eficazmente, a fim de motivá-

lo a trabalhar cooperativamente e promover a educação.

O diretor é uma figura de autoridade máxima no ambiente escolar.

Embora a tomada de decisões dependa desse cargo, é preciso que ele saiba

delegar funções àqueles que têm habilidades para exercê-las. Isso porque

cabe a ele o desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, dinamizando e

controlando todos os recursos para que a estrutura funcione.

A equipe administrativa tem como função principal coordenar e orientar

todos os esforços no sentido de que a escola produza os melhores resultados

possíveis.

O supervisor escolar é aquele que promove a melhoria no processo

ensino-aprendizagem, com o objetivo de organizá-lo e aprimorá-lo. Antes de

abordarmos a fundo as funções do orientador educacional, cabe um pequeno

histórico sobre a origem dessa função até os dias atuais no Brasil.

2.4 – A função do Supervisor Educacional

Os Supervisores Educacionais são interlocutores entre professores e

alunos. É ele o principal articulador do Projeto Político-Pedagógico da

Instituição com os campos administrativos e comunitários. Deve, ainda,

caminhar na linha da Interdisciplinaridade. O compromisso do Supervisor é

sempre com a educação para que os alunos não passem pela escola apenas,

mas tenham a escola como parte de suas vidas e como uma das responsáveis

pela formação de sua identidade.

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No âmbito disciplinar, o Supervisor precisa ter um olhar cuidadoso

voltado aos aspectos comportamentais e para a formação dos valores que

interferem no processo de ensino-aprendizagem dentro do contexto escolar.

Quanto ao âmbito motivacional, cabe ao Supervisor resgatar o desejo

de aprender do educando. Quanto aos educadores, é sua função contribuir

para o aperfeiçoamento profissional de cada um (individual) e, ao mesmo

tempo, ajudá-los a se entenderem como um grupo.

Junto às famílias, o Supervisor tem a função de estimular sua

participação nos projetos da escola de diferentes formas, desde o

planejamento do Projeto Político-Pedagógico até as mais difíceis decisões que

a instituição precisa tomar.

Junto à direção, cabe ao Supervisor participar das decisões tomadas

com a obtenção e coleta de dados inerentes aos aspectos administrativos, já

que ele deve participar de toda a prática que organiza a escola.

Aos professores o Supervisor deve, também, solicitar colaboração e

participação na construção do Projeto Político-Pedagógico da escola, de forma

a contribuir para a discussão sobre as questões técnico-pedagógicas da

instituição.

2.4.1- O que é o PPP?

O projeto político pedagógico é um documento teórico-metodológico, ou

seja, um caminho a ser seguido, não algo empírico, mas que se apoia em

princípios teóricos. A lei não estabelece um prazo de validade para o PPP de

uma escola, mas a literatura sugere que a cada quatro anos ele deva ser

repensado, uma vez que há trocas políticas e consequente descontinuidade

das políticas públicas.

Sobre esse documento, alguns teóricos tecem considerações. Celso

Vasconcellos (2010) diz que “trata-se de um documento teórico-metodológico

para a intervenção e mudança de uma realidade”. Abadia (2005) considera-o

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“o eixo ordenador do pensar e do fazer da escola”. Para Diogo (2010), é “um

documento de planificação escolar que deveríamos caracterizar do seguinte

modo: de longo prazo quanto a sua duração; integral quanto a sua amplitude,

na medida em que abarca todos os aspectos da realidade escolar; flexível e

aberto; democrático, porque elaborado de forma participativa.”

A designação “Projeto Político Pedagógico” é criada por volta dos anos 90

por Danilo Gandin. A ideia era justamente reforçar a ideologia de cada escola,

tornando-se a identidade da escola e, para que não se torne um problema,

frequentemente é preciso confrontas as perspectivas documentadas nele com

efetivas práticas das instituições.

De tal forma, está nas mãos dos especialistas a construção de um clima

organizacional favorável a que os gestores e toda a equipe de gestão estejam

dispostos a levar a escola para frente em todos os sentidos.

Há níveis de abrangência dos planejamentos que se fazem na educação.

O 1º nível é o do sistema de ensino, que se faz obrigatório a todas as escolas

públicas e opcional às particulares. A secretaria de educação é o órgão

responsável pela fiscalização desse planejamento. O 2º nível é o escolar e

aqui se encontra o PPP, que é o maior plano da escola. Quaisquer outros

planos precisam estar apoiados em seus princípios. O 3º nível é o curricular,

que envolve as experiências que uma escola deve apresentar. Há ainda os

níveis setorial, que traz as propostas de trabalho de todos os segmentos da

escola, e o nível ensino-aprendizagem, que apresenta os planos de curso e de

aula.

2.4.2- A legislação e os elementos estruturantes do PPP

São princípios propostos pela LDBEN 9394/96:

a. Igualdade, que se entende por proporcionar as condições

necessárias ao acesso e permanência dos alunos na escola.

b. Qualidade, através de um proposta educativa eficaz e eficiente.

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c. Gestão Democrática, prática que abrange as dimensões

pedagógica, administrativa e comunitária.

d. Liberdade, princípio constitucional articulado à ideia de

autonomia.

e. Valorização do Magistério, através da consolidação de estratégias

de formação continuada dos professores centradas na escola.

Na visão de Vasconcellos, trata-se do marco referencial do PPP a busca

pelos posicionamentos político e pedagógico. Tal marco subdivide-se em:

a. Marco situacional: a realidade global existente (Como vemos o

mundo em que vivemos?)

b. Marco doutrinal ou filosófico: a utopia social do grupo. Trata-se da

realidade global desejada. (Como gostaríamos que a sociedade fosse

estruturada?)

c. Marco operativo: expressa as opções de campo de ação da

escola, fundamentando-as em teorias. É o conhecimento pedagógico.

São dimensões da escola: a pedagógica (tendência pedagógica), a

comunitária (relacionamento entre a escola e a comunidade) e a

administrativa (gestão escolar efetivamente).

O diagnóstico é o momento de confronto entre o que temos e o que

desejamos ter. Após realizado, é a vez de traçarmos as linhas de ação

organizadas sob três perspectivas: ações concretas; normas e regras

(apoiadas no regimento interno) e atividades permanentes.

E, como se trata de um texto teórico, devemos apoiá-lo em referências

que norteiem toda a prática pedagógica.

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2.4.3- O papel do Supervisor Educacional na elaboração do PPP

O papel do Supervisor é essencial ao desenvolvimento dessa construção.

É muito importante que ele leve em conta, suas responsabilidades e

dificuldades, no âmbito escolar, utilizando de seu papel como líder e tendo,

como finalidade maior, determinar objetivos e metas.

O Supervisor necessita ter, ou desenvolver, algumas habilidades,

competências e saberes, para que possa construir, junto com o grupo que vai

coordenar, um clima onde que atenda à diversidade cultural e respeite as

diferenças, incentive a participação consciente e crítica; gerencie os conflitos

dentro de um clima organizacional democrático; desenvolva um

comportamento ético e valorize a dimensão afetiva dos membros de seu

grupo.

Ele deve coordenar todo o processo de elaboração do Projeto Político-

Pedagógico como mediador, organizador, incentivador da participação de

todos. Ele é responsável por traçar estratégias de ação, para que todos

compreendam a dimensão da responsabilidade que eles têm.

É muito importante e necessário que ele compreenda os seus próprios

valores, saiba aonde quer chegar e os caminhos que deve percorrer. Se não

estiverem claros e definidos seus propósitos, ele ficará vulnerável às pressões

e acabará desviando-se do rumo escolhido e ficará longe do que pretendia. A

convicção a respeito de suas próprias metas é fundamental para que, ele

possa desempenhar com segurança o importante papel de coordenador, na

construção do Projeto Político-Pedagógico.

2.5 – O Supervisor e o docente

O grupo legitima o líder. Para tal, existem algumas características

imprescindíveis ao Supervisor Educacional. Esse tipo de liderança demanda:

ter um bom relacionamento interpessoal, ter controle emocional, ter iniciativa,

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saber ouvir, ser discreto, ponderado e modesto, se comunicar de forma clara e

objetiva, ter fundamentação teórica e prática, além de ser organizado,

responsável e inspirar confiança. Diante disso, como o Supervisor pode ajudar

os docentes a construir o seu conhecimento pedagógico?

Em primeiro lugar, pela sua presença e atuação, pelo diálogo propiciador da compreensão dos fenômenos educativos e das potencialidades dos professores, pela monitoração avaliativa das situações e desempenhos. Ou, dito de outra forma: pelo que é e pelo que faz, pelo que diz e pelo que sabe. Grosso modo, isto significa que a fala em diálogo formativo, alicerçada na observação e na capacidade de escuta atenta, se constitui pedra angular na construção do conhecimento profissional. (ALARCÃO, 2003, p.66-67)

E é dessa forma integradora que o Supervisor Educacional precisa

trabalhar, já que o grupo tende a reconhecer nele uma figura de liderança.

Como parte do processo de formação continuada do professor, é função do

Supervisor integrar as diversas disciplinas do currículo, com a formulação de

estratégias didático-pedagógicas a serem desenvolvidas com os alunos. O

mais eficaz ponto de partida é fazer com que os alunos percebam que as

disciplinas não são isoladas, mas existe um fio condutor para seu bom

desempenho em todas as disciplinas, bem como em todos os outros setores

de sua vida pessoal.

Logicamente, saber ouvir o professor faz com que o líder não se

coloque no papel de dono da verdade. Saber liderar não significa que irá

prevalecer a sua vontade, pois as ideias dentro de uma instituição não partem

de uma pessoa só.

Tudo o que se planeja na escola precisa ser documentado e registrado

a fim de que a comunicação seja clara e eficiente. A troca de e-mails, por

exemplo, faz uma excelente estratégia para tal.

Enquanto ações indiretas do Supervisor podem-se destacar:

→ A elaboração do planejamento de Supervisão e documentação do setor

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→ O controle do cumprimento da carga horária do professor, das aulas dadas

e previstas na grade curricular;

→ A realização de levantamentos estatísticos de rendimento escolar do aluno;

→ A organização do Conselho de Classe, que é considerado um dos 200 dias

letivos do calendário escolar.

→ Revisão de notas e conceitos do aluno;

→ Verificação e preenchimento dos diários de classe;

→ Elaboração do plano global da escola;

→ Organização do quadro de pessoal;

→ Planejamento do calendário escolar;

→ Planejamento dos eventos culturais, atividades extracurriculares, reuniões

administrativas ou pedagógicas;

→ Distribuição dos professores e disciplinas nas turmas (quadro de horários);

→ Encaminhamento de solicitações / sugestões dos professores à Direção.

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CAPÍTULO III

Formação continuada: como promovê-la?

“Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses

sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções.

Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio,

seu eu e as suas circunstâncias.”

(Paulo Freire)

A reflexão proposta acerca dos desafios postos à Supervisão Educacional

considerando a organização dos dispositivos de formação continuada dos

professores no âmbito escolar baseia-se no artigo de Maria das Graças

Nascimento intitulado A formação continuada dos professores: modelos,

dimensões e problemática, parte de sua dissertação de Mestrado, que também

propõe que, uma vez superados os desafios, há uma série de estratégias que

podem ser traçadas para o processo de desenvolvimento do docente, nos níveis

profissional, pessoal e social.

O Supervisor Educacional desempenha, certamente, um importante

papel na elaboração e condução de tais estratégias, uma vez que compete a ele

zelar pelo funcionamento da escola, sobretudo no que diz respeito às questões

de nível pedagógico.

Entende-se por formação continuada o processo subsequente à formação

inicial de um profissional, docente ou não. Os diversos cursos de especialização,

extensão ou mesmo Mestrado e Doutorado oferecidos pelas instituições de

ensino superior e demais atividades propostas pelos diferentes sistemas de

ensino configurariam um tipo eficaz de formação continuada, segundo Lise

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Demailly (1992), mesmo que privilegie o plano individual em detrimento do

coletivo.

A formação em serviço, entendida como as atividades de formação

continuada que se dão na própria escola, o local de trabalho do professor, ou

que sejam geridas por instituições superiores de ensino e oferecidas aos

professores que dele fazem parte, tomam como base efetivamente o professor

como figura principal e referência fundamental.

Demailly (1992) fundamenta sua teoria com base em quatro modelos

formais de formação continuada dos professores: a forma universitária (os

mestres como produtores do saber), a forma escolar (os formadores não são os

responsáveis pelos programas, que são definidos pelos organizadores), a forma

contratual (caracterizada pela negociação entre os diferentes parceiros no

processo de formação) e a forma interativa-reflexiva (ligada à resolução de

problemas reais).

Logicamente, as estratégias de formação continuada precisam ser

híbridas. Se apenas valoriza-se um dos modelos em detrimento de outros, não

há sucesso.

Alguns educadores portugueses, pensando sobre o assunto, destacam

aquilo que chamam de dimensões para a formação continuada, a saber: 1)

dimensão pessoal e social, segundo a qual a formação de professores deveria

ser mais uma forma de desenvolvimento da pessoa humana do que uma forma

de ensinar a ensinar; 2) dimensão da especialidade, permitindo a atualização

continua de seus conhecimentos; 3) dimensão pedagógica e didática da

formação de professores, que se traduz nos conhecimentos no âmbito das

ciências da educação; 4) dimensão histórico-cultural, contribuindo para a

realização do homem múltiplo / pluridimensional e 5) dimensão expressivo-

comunicativa, que valoriza as potencialidades criativa e expressiva dos

professores, aproveitando-as no processo de ensino-aprendizagem.

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Diz Maria das Graças Nascimento:

A concepção de um projeto de que um projeto de formação de professores não pode visar unicamente à aquisição de conhecimentos, mas também ao desenvolvimento do professor quanto ao conhecimento de si próprio e da realidade, implica necessariamente numa ação prolongada, baseada numa reflexão contínua e coletiva sobre as questões que atingem o trabalho pedagógico.

Dessa forma, o que se verifica comumente é uma formação

“descontínua”, quando não de conseguem superar as dificuldades postas.

Pensando-se acerca de tais dificuldades, Maria das Graças Nascimento

postula algumas razões que tornam o processo de formação continuada bem

complicado de ser executado. Certamente, entendemos que a Supervisão

Educacional precisa superar tais desafios a fim de interferir positivamente para

que tal processo se estabeleça.

O Supervisor Educacional precisa, portanto, tentar: 1) Promover uma

continuidade as ações que têm sido postas em prática; 2) Diminuir o abismo

entre a teoria e prática no que tange aos sentimentos e valores; 3) Não

demonstrar atitude normativa e perspectiva em relação aos professores; 4)

Planejar custos de cursos, seminários, palestras para professores; 5) Prever

ações dentro do horário de trabalho do professor; 6) Articular as ações com os

projetos coletivos e/ou institucionais; 7) Conscientizar o professor de que tais

ações não devem ser vistas com simples atualização ou reciclagem, mas como

uma oportunidade de desenvolvimento profissional; 8) Diminuir a distância

entre a concepção de uma proposta e sua eventual prática escolar; 9) Evitar o

confronto entre o sistema e os professores, sobretudo por causas salariais,

lutando igualmente por salários justos; 10) Desmistificar a ideia de que a

formação continuada é uma obrigação, tendo em vista o modo como ela é

imposta pela escola.

Superadas as dificuldades, a escola é, sim, o espaço privilegiado de

formação de professores. Contudo, não se quer defender que a formação

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continuada centrada nas escolas descarte o conhecimento produzido no âmbito

das universidades. Como já dissemos, é preciso que se criem estratégias

híbridas para a eficaz formação de professores. Há que se perceber que,

recuperando-se o espaço pedagógico da escola, estaremos fortalecendo aquilo

que denominou-se formação em serviço.

O ganho que se tem é grande. Tendo em vista o fortalecimento da

consciência do educador, a construção de um referencial teórico que

fundamente a sua prática e o fortalecimento dos vínculos afetivos e sociais do

grupo de trabalho, algumas mudanças seriam necessárias nas estruturas dos

sistemas de ensino e da organização interna das escolas. Visa-se garantir a

cooperação efetiva das autoridades, com ajuda financeira que promova o

investimento no professor. Da mesma forma, a escola precisa abrir espaço para

que essa formação aconteça, quebrando preconceitos, favorecendo o acesso ao

conhecimento científico, articulando as diversas áreas de conhecimento.

Assim, teremos uma formação centrada nas escolas e nos saberes

produzidos pelo professor: não objetivando apenas uma competência técnica,

mas também o autoconhecimento, a autonomia e o compromisso político do

educador.

O resultado final da parceria entre a escola, representada pela

Supervisão Educacional, e o professor é traduzido por Maria das Graças

Nascimento em:

- o desenvolvimento de profissionais reflexivos;

-a articulação teoria / prática;

- a socialização de experiências bem sucedidas;

- a construção do projeto pedagógico da escola;

- o desenvolvimento psicossocial do professor;

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- o desenvolvimento do potencial criativo e expressivo do professor;

- o surgimento de lideranças.

Somente adotando-se essas estratégias, haverá a construção de uma

escola efetivamente solidária e competente, que contribua para a urgente

mudança social exigida em nosso país.

3.1 – Mediações do Supervisor Educacional frente à pratica da formação

continuada

Um plano de ação é o planejamento de todas as ações necessárias

para atingir um resultado desejado. Sendo assim, o Supervisor Educacional

precisa traçar estratégias no início do ano letivo que deverão ser postas em

prática através dos projetos que serão desenvolvidos na escola.

Há escolas, por exemplo, em que o orientador educacional entra em

sala de aula para realizar diretamente seu trabalho com o aluno. Em outras, o

que se tem é a orientação feita ao professor sobre como executar um

determinado projeto com o seu aluno. O Supervisor é, portanto, aquele que

oferece um suporte para que o trabalho seja melhor executado.

É importante que o plano de ação da Supervisão Educacional seja

registrado no cronograma do ano letivo e, logicamente, seja avaliado no final

do ano a fim de se cobrar resultados.

Como mediador de todo o processo, o Supervisor Educacional precisa

ser reconhecido como figura de liderança pelo grupo para que de fato haja

êxito, pois quanto maior a quantidade de pessoas envolvidas, melhor

elaborado precisa ser o plano de ação.

3.3.1 – Dados de um plano de ação

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a) Objetivos: delimita-se o que fazer. Aquilo que se quer alcançar

durante um determinado período de tempo preestabelecido. É preciso que se

estabeleçam objetivos para que se avaliem os resultados.

b) Estratégias: viabilizam os objetivos, ou seja, tratam-se do como

fazer. De que maneiras, por quais caminhos, iremos alcançar nossos objetivos.

c) Cronograma: todo projeto precisa estar previsto para um tempo de

realização. É o cronograma que irá identificar o tempo necessário para a

execução em face dos recursos disponíveis. Também analisa a possibilidade

de superpor atividades, executando-as em paralelo, e verifica a dependência

entre as atividades.

d) Responsável: devemos saber quem irá executar o projeto ou a

atividade. Logicamente, serão delegadas funções, a fim de não haver uma

sobrecarga desnecessária.

e) Recursos necessários: toda ação necessita de recursos para sua

execução. Depois de elaborado o plano, é preciso acompanhar atentamente a

sua execução.

Um plano de ação que viabilize o estímulo da leitura na escola dará

sentido a essa reflexão de Esteban (2002):

Olhando de perto, o que se encontra ainda é o caos. O ano letivo tem de começar, e as professoras estão sem saber exatamente o que fazer. Parecem compreender que no cotidiano se misturam ordem e desordem, sendo sem sentido considerar a desordem evento negativo e a ordem o estado positivo que deve ser alcançado e mantido a qualquer custo. Neste contexto, quero destacar a importância de as professoras assumirem o seu não-saber e de estabelecerem um movimento em direção a novos saberes. (ESTEBAN, 2002, p.136)

Tentar colocar ordem no caos pode não ser a melhor solução, mas é

uma solução possível através de projetos bem orientados.

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3.2 – Projetos de formação continuada no Colégio Santo Agostinho -

Leblon: Estudo de Caso

O educador agostiniano é caracterizado por ser um indivíduo aberto

aos desafios apresentados na contemporaneidade. Educar é mais do que

simplesmente planejar ou teorizar. Educar é ter um posicionamento crítico

diante da vida e manter uma atitude pensada, firme, crítica e efetiva.

Os educadores do Colégio Santo Agostinho, das unidades Leblon e

Novo Leblon acreditam que a reflexão e a partilha são instrumentos que

favorecem a prática docente. A partir de um “olhar”, de um “pensar”, vai-se

construindo a história que já dura 70 anos e que mantém viva o lema e o

carisma do fundador “Amor e Ciência”.

Nossos jovens se caracterizam pela singularidade, autonomia e

liberdade. O educador dos novos tempos, muitas vezes, se vê confuso diante

de uma turma com o “coração inquieto” agostiniano. Sem saber como agir em

uma sala de aula, sente necessidade de adaptar sua linguagem à do aluno,

rever a metodologia que há anos utiliza e reformular práticas e avaliações que

sempre adotara.

A dicotomia que pode aparecer, ora rejeitando toda forma de avanço

tecnológico, por exemplo, ora estagnando e engessando a dinamicidade do

progresso, causa um enorme prejuízo ao ser em formação que é o nosso

educando.

A formação e a valorização profissional do professor merecem sempre

um olhar atento e reflexivo, cuidadoso e zeloso. E para repensar o sentido da

prática docente e a importância efetiva da formação continuada, o Colégio

Santo Agostinho promove, “dentro dos muros da escola”, ações efetivas de

formação continuada dos seus professores, sempre com discussões muito

salutares e atuais sobre a educação.

Ao longo dos 70 anos de existência, de maneira regular e frequente,

foram promovidas reuniões pedagógicas com a orientação da Supervisão

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Educacional durante o calendário escolar. Tais reuniões começaram a adquirir

status de projeto a partir do ano 2004, já sob a direção de Fr. Jesus Izaguirre,

ainda diretor da Unidade Leblon, quando foi proposta a 1ª “Manhã de

Formação dos Educadores Agostinianos”, ocorrida no dia 7 de março. Este

encontro formativo já está em sua 16ª edição, sempre acontecendo no mês de

março, como forma de iniciar o ano letivo pensando sobre questões instigantes

que possam motivar a pesquisa e o conhecimento pedagógico.

A partir de 2010, também no mês de julho, quando há o retorno do

recesso escolar, realiza-se a “Semana Pedagógica Agostiniana”, quando

durante uma semana os professores e funcionários das duas unidades do

colégio reúnem-se para aprender, discutir, analisar, questionar e propor

soluções aos desafios da educação de nossos tempos.

À frente da concepção, organização, promoção e realização dos

eventos dessa natureza no Colégio Santo Agostinho, a Supervisão

Educacional é a principal responsável pela promoção da formação continuada

no ambiente de trabalho do professor e, através das propostas de reflexão

sempre atuais e assertivas, o profissional da educação encontra motivação

para buscar sua formação complementar e constante também fora dos

domínios da escola.

A seguir, será apresentado o projeto para Semana Pedagógica de

agosto de 2016. Em meio aos Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro e

após um recesso escolar atípico, uma vez que as férias de meio de ano foram

postergadas para agosto, os educadores agostinianos reúnem-se para as

seguintes reflexões:

PROJETO “SEMANA PEDAGÓGICA AGOSTINIANA 2016”

OBJETIVO GERAL:

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A Semana Pedagógica de 2016 pretende abordar a permanente

arte de recriar do educador agostiniano, pensando acerca dos alunos que

temos e aqueles que desejamos formar: cidadãos que exerçam seus deveres e

exijam seus direitos na sociedade contemporânea.

ESTRATÉGIAS:

- A Direção das Unidades do Colégio Santo Agostinho, suas Supervisões e

Orientações Educacionais, através de estudos e pesquisas recentes e

interessantes ao seu corpo docente, escolhem um tema para conduzir o

pensamento ao longo dos dias de evento.

- Os professores, inspetores, secretárias e demais funcionários das duas

Unidades são convidados a participarem e, em alguns casos, conduzem

também as reflexões e estudos.

- Palestrantes são convidados e mesas-redondas são formadas.

METODOLOGIA:

Todos os dias da Semana Pedagógica são iniciados por um

momento de mística e espiritualidade agostinianas. As equipes de Pastoral e

os Freis promovem uma breve celebração em louvor e agradecimento a Deus

por mais um encontro. Antes da celebração, todos os educadores e

funcionários são recebidos com um café da manhã no pátio do colégio e

dirigem-se ao auditório.

A celebração é um momento de acolhida a todos que chegam.

Logo em seguida, a reflexão da manhã será uma palestra, ou mesa-redonda.

Durante os três dias de encontro, discutir-se-ão os seguintes temas: “A

permanente arte de recriar do professor(a) / educador(a) agostiniano”, Aluno(a)

que temos e o/a que esperamos” e Os direitos fundamentais das crianças e

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adolescentes – prevenção e responsabilização dos atos e atitudes ao bom

convívio escolar”.

Há sempre uma proposta diferenciada aos inspetores de alunos,

que se dirigem à biblioteca, onde algum tema mais relacionado à sua prática

será desenvolvido por algum profissional capacitado. O tema dos inspetores

será “Mediação de conflitos”

Após as palestras e mesas-redondas, os professores dividem-se em

de acordo com suas áreas de conhecimento para partilharem em grupos

menores suas vivências em sala de aula e possíveis aplicações das práticas

propostas.

Há um pequeno intervalo para um lanche no meio da manhã e ao

final de cada dia, novamente todo o grupo de cerca de 500 pessoas reúne-se

novamente no auditório e um representante de cada grupo expõe no plenário o

que foi proposto/refletido.

CROGRAMA:

A Supervisão Pedagógica prepara o evento para a duração de

três dias, entre os dias 23 e 25 de agosto de 2016.

RESPONSÁVEIS:

ü Diretores das Unidades do Leblon e Novo Leblon

ü Supervisores Educacionais

ü Orientadores Educacionais

ü Coordenadores de áreas

ü Pastoral escolar

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CONTEÚDOS:

Os temas a serem pensados na Semana Pedagógica Agostiniana

de 2016 são:

Ø A permanente formação / atualização docente.

Ø A mediação de conflitos.

Ø A dicotomia aluno real e aluno ideal.

Ø Os direitos fundamentais das crianças e adolescentes.

RECUSOS UTILIZADOS:

Ø Auditório com recursos audiovisuais para as palestras e mesas-

redondas.

Ø Biblioteca e salas de reunião para pequenos grupos de trabalho.

Ø Material para estudo elaborado pela equipe de Supervisão

Educacional.

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CONCLUSÃO

“O conhecimento é como um andaime que ajuda a construir o edifício do

amor e da sabedoria, edifício que durará para sempre, inclusive quando o

conhecimento for esquecido.”

(Santo Agostinho)

Associar a formação continuada e a Supervisão Educacional foi o

objetivo desse trabalho, através do qual se buscou resgatar o papel do

Supervisor Educacional, desde a sua origem histórica até os dias de hoje,

estabelecendo as funções que lhes são pertinentes no ambiente escolar.

Com a finalidade de promover a formação continuada dos professores,

o Supervisor Educacional é aquele que deverá estar revestido de sua

autoridade para ordenar os diversos setores da escola, mediando conflito e

propondo soluções. Antes de tudo, é aquele que pensa, em conjunto com a

equipe pedagógica, um plano de ação que viabilize o pleno funcionamento de

projetos que possam ser executados com toda a equipe.

Nosso objeto de observação foi o Colégio Santo Agostinho (Unidade

Leblon), que em 2016 comemora 70 anos de fundação. Traçou-se um

pequeno estudo sobre essa instituição e seu carisma educacional, que

remonta ao seu fundador Aurélio Agostinho.

A função do Supervisor Pedagógico, situada no ambiente educativo

agostiniano, é de promoção das condições máximas para que se realize o

processo de ensino-aprendizagem com excelência acadêmica.

O objetivo da promoção de projetos de formação continuada é

colaborar para uma permanente e contínua busca do professor pelo seu

aprimoramento profissional, já que estamos inseridos nas constantes

transformações da sociedade contemporânea.

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Decidir o que estudar, julgar se é bom ou ruim, estudar novamente ou

parar de estudar antes do tempo previsto para o término são decisões que só

cabem ao professor em formação continuada constante, a mais ninguém. A

orientação da escola para uma determinada atitude do professor, portanto,

também deve dialogar com a vontade dele sobre o que deseja fazer.

Mas a escola é corresponsável nesse ato. Cabe a ela oferecer a seus

profissionais oportunidades que lhes sejam convenientes e agradáveis para

que, em seu próprio ambiente de trabalho sejam fomentadas reflexões,

discussões e partilha de conhecimento.

O projeto de formação continuada que é suscitado por uma vontade,

ou mesmo curiosidade, do grupo é fadado ao sucesso. Realizar um projeto que

agregue as diversas disciplinas do currículo em torno de uma reflexão

movimenta uma série de saberes e áreas do conhecimento e faz com que os

professores experimentem verdadeiramente a transdisciplinaridade ou a

interdisciplinaridade, rompendo as barreiras que envolvem as disciplinas em

seus casulos e seguindo as tendências dos modelos de educação atuais.

Por fim, lembramo-nos de Libâneo (2001):

Uma boa parte dos professores, provavelmente a maioria, baseia sua prática em prescrições pedagógicas que viraram senso comum, incorporadas quando da sua passagem pela escola ou transmitidas pelos colegas mais velhos; entretanto, essa prática contém pressupostos teóricos implícitos. Por outro lado, há professores interessados num trabalho docente mais consequente, professores capazes de perceber o sentido mais amplo de sua prática e explicitar suas convicções. Inclusive há aqueles que se apegam à última tendência da moda, sem maiores cuidados em refletir se essa escolha trará, de fato, as respostas que procuram. Deve-se salientar, ainda, que os conteúdos dos cursos de licenciatura, ou não incluem o estudo das correntes pedagógicas, ou giram em torno de teorias de aprendizagem e ensino que quase nunca têm correspondência com as situações concretas da sala de aula, não ajudando os professores a formar um quadro de referência para orientar sua prática. (LIBÂNEO, 2001, p.19-20)

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Também nesse campo entra o trabalho de Supervisão Educacional. O

professor é aquele que está mais próximo ao aluno. O dia a dia da sala de aula

é dividido entre eles. Caberá ao Supervisor Educacional direcionar

positivamente a prática docente desse profissional, intervindo sempre que

necessário para o bem maior: a formação do aluno.

Uma das chaves para o sucesso da educação é, sem dúvida a atenção

que a Supervisão Educacional de uma escola dedica à prática da formação

continuada dos profissionais que lá trabalham.

O Colégio Santo Agostinho cumpre bem esse desafio. E põe em

prática a ideia de constante renovação da prática docente.

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ANEXOS

Índice de anexos

Em anexo, estarão disponíveis algumas imagens sobre que ilustram as

“Manhãs de Formação dos Educadores Agostinianos” e as “Jornadas

Pedagógicas Agostinianas”

Anexo 1 >> Cartaz da 1ª Manhã de Formação: 7 de março de 2004

Anexo 2 >> Cartaz da 16ª Manhã de Formação: 5 de março de 2016

Anexo 3 >> Cartaz da “Semana Pedagógica”: 23 a 25 de julho de 2016

Anexo 4 >> Galeria de fotos dos eventos de formação continuada

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Anexo 1

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Anexo 2

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Anexo 3

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Anexo 4 – GALERIA DE FOTOS DOS EVENTOS DE FORMAÇÃO CONTIUADA

Freis Jesus e Francisco – Diretores das Unidades Leblon e Novo Leblon

Plateia de Educadores Agostinianos

Palestrante convidada

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Inspetores na biblioteca

Supervisor Educacional orientando os grupos de trabalho

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo:

Cortez, 2003.

ESTEBAN, Maria Teresa. A avaliação no processo ensino/aprendizagem:

os desafios postos pelas múltiplas faces do cotidiano. In: Revista Brasileira

de Educação. n. 19 - Jan/Fev/Mar/Abr de 2012.

LIBÂNEO. José Carlos. Democratização da Escola Pública. 28.ed. São

Paulo: Edições Loyola, 2014.

LÜCK, Heloísa. Ação integrada: administração, supervisão e orientação

escolar. 29.ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

LÜCK, Heloísa. Gestão Participativa na Escola. 10.ed. Petrópolis: Vozes,

2011

MOREIRA, Maria Lucia. Desafios dos novos tempos e o papel do líder.

(ARTIGO)

NASCIMENTO. Maria das Graças. A formação continuada dos professores:

modelos, dimensões e problemática. (DISSERTAÇÃO DE MESTRADO)

PARSINATO, Darciel. História da orientação educacional no Brasil. In:

Revista Semina V11 n. 01- 2012.

RANGEL, M. Supervisão: do sonho à ação – uma prática em

transformação. In: FERREIRA, N.S.C. (Org.). Supervisão educacional e

para uma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 2002.

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ROTH, Martina. Revista Nova Escola – Guia de Tecnologia na Educação /

julho 2012. São Paulo: Abril.

WEBGRAFIA:

www.agostinianos.org.br

www.csa.com.br

www.portaldoleblon.com.br

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O Colégio Santo Agostinho – Leblon: 70 anos de história 11

1.1- Aurélio Agostinho: o carisma agostiniano 12

1.2- A Ordem de Santo Agostinho e os Agostinianos Recoletos 13

1.3- Agostinianos Recoletos no Brasil 15

1.4- História do Colégio Santo Agostinho – Leblon 16

CAPÍTULO II

O Supervisor Educacional: quem é e o que faz? 20

2.1- A escola dos novos tempos 21

2.2 – Breve resgate histórico da Supervisão Educacional no Brasil 24

2.3- As múltiplas funções exercidas na escola 27

2.4- A função do Supervisor Educacional 28

2.4.1- O que é o PPP? 29

2.4.2- A legislação e os elementos estruturantes do PPP 30

2.4.3- O papel do SE na elaboração do PPP 31

2.5- O Supervisor e o docente 32

CAPÍTULO III

Formação continuada: como promovê-la? 35

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3.1- Mediações do SE frente à pratica da formação continuada 39

3.3.1- Dados de um plano de ação 39

3.2- Projetos de formação continuada no CSA- Leblon: Estudo de Caso 41

CONCLUSÃO 46

ANEXOS 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55

ÍNDICE 57