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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL por Cristina Pereira Grijó da Costa Orientada por: Professora Msc. Andréa Villela Mafra da Silva Macaé/RJ, 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Infantil em satisfação dos educandos e educadores em se trabalhar com a ... As bolas de gude também fazem parte deste folclore

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

por

Cristina Pereira Grijó da Costa

Orientada por: Professora Msc. Andréa Villela Mafra da Silva

Macaé/RJ,

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção de grau de especialista em Pedagogia.

Macaé, 2010

JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por Cristina Pereira Grijó da Costa

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EPIGRAFE

“Tocar na criança significa tocar no ponto mais sensível de um todo que tem raízes no passado mais remoto que se dirige para o infinito do futuro. Tocar na criança significa tocar no ponto mais delicado e vital, onde tudo se pode decidir e renovar, onde tudo redunda na vida, onde estão trancados os segredos da alma, porque ali se elabora a educação do homem”. (Maria Montessori).

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AGRADECIMENTOS

A Deus, aos meus filhos, esposo, pai, amigos, parentes, mestres, professora orientada Andréa Villela, e aos professores entrevistados e a equipe do CIEP 271 José Bonifácio Tassara.

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DEDICATÓRIA

Ao Deus da minha salvação, a Ele a minha gratidão, o dobrar dos meus joelhos, o levantar de minhas mãos. Aos meus filhos, Ítalo e Larissa, grandes colaboradores, ao meu José Carlos, ao meu pai Valdeir grande torcedor, aos meus amigos e parentes pela confiança, aos mestres com carinho pelo saber construído, a minha orientadora, professora Andréa Villela pela dedicação incentivo e competência e a equipe do CIEP 271 José Bonifácio Tassara pelo apoio, credibilidade, oportunidade e por me ensinarem a amar minha profissão sempre buscando pela tão sonhada “excelência” e a fazer tudo sempre com amor e fé.

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo estudar as contribuições de uma pedagogia inovadora. A educação clama por mudanças que a transformem numa educação colaborativa e orientadora nas competências e habilidades do aluno. Para Kishimoro (2007), a descoberta da infância se dá a partir da associação da criança ao ato de brincar. A dimensão da criança está sempre presente quando se analisam os brinquedos e as brincadeiras. O brinquedo, como objeto suporte da brincadeiram supõe relação íntima com a criança e implica a ausência de um sistema de regras que organize sua utilização. O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade. Com brincadeiras e jogos o espaço escolar pode-se transformar em um espaço agradável, prazeroso, de forma a permitir que o educador alcance sucesso em sala de aula. Nós, educadores temos que ser multifuncionais, ou seja, não apenas educadores, mas psicopedagogos, recreacionistas e muito mais, para que possamos desenvolver as habilidades e a confiança necessária em nossos educandos. PALAVRAS-CHAVE: Escola. Aprendizagem. Educação Infantil. Jogos.

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METODOLOGIA

Pesquisa bilbiográfica e Pesquisa de campo qualitativa foram realizadas

em websistes, livros e entrevistas com professores da Educação Infantil da rede

municipal da cidade Conceição de Macabu interior do Rio de Janeiro.

Os resultados da analise revelaram uma articulação entre os objetivos

propostos nos planejamentos fomentados pelos jogos e o conjunto de

competências e habilidades presentes na Proposta Pedagógica da Educação

Infantil em satisfação dos educandos e educadores em se trabalhar com a

ludicidade.

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SUMÁRIO

Introdução 09

Capítulo I – A HISTÓRIA 11

Capítulo II – A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 21

2.1. O que é o jogo? 21

2.2. Considerações 21

2.3. Objetivos 22

2.4. Importância 22

2.5. Aprendizagem significativa 23

2.6. Utilizações 24

2.7. Imagens da criança em diferentes contextos 25

Capítulo III – LUDOEDUCAÇÃO: CATÁLOGO DE JOGOS 31

3.1. Catálogo de jogos 33

3.2. Jogos para o bem falar: Jogando conversa 33

3.3. Palavra escolhida 33

3.4. Redação e vivência 34

3.5. Pingue-pongue afetivo 34

3.6. Fantasias coloridas 34

3.7. Construindo nossa história 35

3.8. Problemas e soluções 35

3.9. Um mundo sonoro 36

3.10. Historinhas animadas 36

3.11. O jogo da bichada 37

3.12. Epidemia poética 37

3.13. Telefone sem fio 38

3.14. Estou procurando em você 39

3.15. Transmissão 40

Conclusão 41

Bibliografia 42

Índice de anexos 43

Anexo 1 – Entrevista 44

Anexo 2 – Fotos 48

Folha de avaliação 51

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INTRODUÇÃO

Nos tempos atuais, as propostas de educação infantil dividem-se entre

as que reproduzem a escola elementar com ênfase na alfabetização e números

(escolarização) e as que introduzem a brincadeira valorizando a socialização e

o recriar de experiências. No Brasil, boa parte dos sistemas pré-escolares

tende para o ensino de códigos como letras e números excluindo elementos do

conjunto das tradições brasileira como conteúdos de seu projeto pedagógico.

As raras propostas de socialização que despontam desde o surgimento dos

primeiros jardins de infância acabam incorporando ideologias hegemônicas

presentes no contexto histórico-cultural.

O presente trabalho é composto por três capítulos que permitem uma

melhor compreensão do assunto em questão.

Em seu primeiro capítulo, a História dos jogos é demonstrada desde a

época de antiga, como o jogo romano, asteca e o jogo da Grécia pelos filósofos

Aristóteles e Tomás de Aquino. Para ambos os jogos têm uma dimensão

religiosa.

Com o passar dos anos houve nos jogos na educação infantil uma maior

valorização do mesmo a partir do documento Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil.

No segundo capítulo, percebe-se a importância dos jogos para a

socialização e sua utilidade para a educação, além de demonstrar as diferentes

imagens da criança em diferentes contextos.

Já no seu terceiro capítulo, encontra-se o uso da Ludo educação, como

forma de permitir uma aprendizagem significativa e prazerosa, sem frustrações

e orientações para o professor, para isso um catálogo de jogos também se faz

presente no mesmo.

A atividade lúdica espontânea traz implícito um convite para a criança

expressarem-se de muitas formas, como movimentos corporais, convivência

social, músicas, danças, dramatizações, entre outras. No ambiente lúdico, a

criança desenvolve suas potencialidades e concretiza uma experiência de

funcionamento do indivíduo em uma convivência dinamizadora. Pelo ato de

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brincar (faz-de-conta, desenho, etc), a criança pode tirar do invólucro a

confiança em si mesma, sua imaginação, a auto-estima, o autocontrole, a

cooperação e a criatividade; o brinquedo revela o seu mundo intrínseco e leva

ao aprender fazendo. A escola que respeitar este conhecimento de mundo

exórdio da criança e compreender o processo pelo qual a criança passa até

alfabetizar-se, propiciando-lhe enfrentar e entender com maior tranqüilidade e

sabor os primeiros anos escolares poderá ser considerado, um verdadeiro

ambiente de aprendizagem.

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CAPÍTULO I

A HISTÓRIA Segundo Brougère (2003), no histórico da humanidade, o jogo teve seu

espaço ocupado, desde a antiguidade. Com o jogo Romano, jogo Asteca, e,

jogo da Grécia pelos filósofos Aristóteles e Tomás de Aquino.

Para alguns especialistas há uma origem etrusca em tal jogo. O jogo é

visto a partir não do participante, mas sim a partir do espectador.

É importante ressaltar aqui dois tipos de jogos, jogos de cena (ludi

scaenici) composto por teatro, dançam mímica, concursos de poesias e jogo de

circo (ludi circenses) com corridas de biga, caça e jogos atléticos, encenações

de animais e combates.

O jogo em sua multiplicidade possibilita ao ambiente à criação de um

espaço lúdico em aproveitamento a encenação de mundo.

Tanto para os romanos quanto para os astecas os mesmos têm sua

dimensão religiosa onde para os romanos seus espectadores assumem um

lugar de deus e os patrocinadores oferecem alegria e diversão e relaxamento.

O jogo é com certeza um espetáculo adorado por todos.

O jogo era fenômenos periódicos, anuais, seculares circunstanciais e

qüinqüênio.

O passatempo Asteca caracteriza-se pela presença de um jogo cultural

que tem um caráter unificador cultural bastante diferente dos jogos gregos e

romanos.

O lúdico mais conhecido era o então chamado de Tlachtli (Jogo de

pelota ou paume). O mesmo é jogado com uma bola de borracha em um

terreno em forma de T.

Para os astecas o jogo era como uma renovação cíclica, onde o gasto

de energia era realizado pelo jogo servia para a sua renovação.

Os jogos na Grécia ressaltam inúmeros termos como: Athlos (concurso,

jogos como píticos, luta e combate); Agon (assembléia, em particular para os

jogos públicos e jogos ginásticos); paidia (derivado da criança, jogo infantil com

lutas e flautas adaptado a infância). Na Paidéia pode-se dizer que está às

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primeiras semente para o uso do jogo com educação infantil.

Na trajetória histórica dos jogos percebe-se o jogo não tem mais sentido

só religioso e de lutas, há um sentido social e educativo, visto como ferramenta

lúdica no processo ensino aprendizagem. Embora no passado existisse uma

oposição ao jogo e ao trabalho, hoje se valoriza sua utilização na educação.

Finalmente o jogo apareceu como instrumento à sociedade (...) é atualmente um instrumento para a educação da criança. (BROUGÈRE, 2003, p. 49)

A visão do jogo no passado era de pura frivolidade:

Há inegavelmente frivolidade nos jogos gregos, romanos ou astecas. O que é novo é a dificuldade de utilizar o frívolo para o bem estar da sociedade. (BROUGÈRE, 2003, p. 49)

Kishimoto (2009) assegura a origem dos jogos tradicionais às raízes

folclóricas. Para ele os primeiros jogos surgiram no Brasil com a chegada dos

portugueses na colonização, africanos e europeus.

A imigração e o cruzamento de raças deram origem ao folclore e assim

cada povo trouxe consigo sua cultura como contos, histórias lendas, e

superstições, eternizando-se com os negros e ainda os jogos, festas técnicas e

valores.

Entre os jogos infantis tradicionais estão às pipas. Esse jogo para os

portugueses é conhecido como papagaio, raia, arraia gaivotão, etc. e no Brasil

alguns de seus nomes são os mesmos indicados a influencia original de

Portugal.

Já com os primeiros colonizadores chegava também o folclore infantil

como o lobisomem, as lendas de bicho-papão já fazia parte dos falarem negros

e portugueses. As bolas de gude também fazem parte deste folclore infantil. As

canções de ninar somam aos jogos folclóricos desde os primórdios.

Grande parte dos jogos tradicionais globalizados no país é de origem

portuguesa. Outra influência folclórica aos jogos é de origem africana.

Segundo Suzel Tunes (2006, p.06) durante algum tempo as crianças

não eram valorizadas como deferiam, mas eram vistas como uma réplica dos

adultos em miniaturas. Apenas no século XVII que emergiu a idéia de infância,

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onde a sociedade começou a se preocupar com a infância e entender que cada

ser tinha sua peculiaridade em pensar, ver e em seus sentimentos com essa

descoberta, veio também à preocupação com a Educação infantil.

No período da Revolução industrial, no século XVIII foi que começou a

criação de escola para esse nível. Na Europa a intenção dessas instituições

eram apenas cuidar dos filhos das operárias.

Para Brougère (2003), a invenção do jogo educativo está enraizada no

romantismo. Em seus estudos ele apresenta-nos a Sala de Asilo um

estabelecimento de ensino que tece em 1833 um documento circular ministerial

com cerne voltado às sala de asilo dando ênfase a criança desde a mais tenra

idade esta circular não criava creche mais sim uma escolas infantis ou

pequenas escola e não um depósito de crianças. Para isso então, a sala de

asilo conservava um caráter educativo apropriado a idade preocupando-se com

o desenvolvimento moral e intelectual da criança. Essa instituição ajudam as

famílias.

No decorrer dos últimos séculos o jogo e seu valor educativo foram mais

evocados. Para Brougère ainda (2003) há três modos principais de estabelecer

relações entre jogo e educação.

A priori trata-se de recreação: o jogo é o relaxamento fundamental ao

esforço físico em Aristóteles, esforço cognitivo e por fim educacional. O jogo

vem a ser uma estratégia para melhor desenvolvimento do educando em ação

e atenção.

Em segundo lugar dá um valor ao jogo visando à valorização que as

crianças dão ao mesmo.

E por fim é que ele serve como subsídios para fazê-lo pedagógico na

orientação do ensino e construção da personalidade infantil.

A vinculação de jogo e educação está embasada em relaxamento assim

como trabalho e jogo para Tomás de Aquino e Aristóteles.

O divertimento é primordial ao desenvolvimento da criança.

Segundo Quintiliano (apud 1975), o jogo deve ser usado para estimular

a criança.

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Froebel propôs uma pedagogia da primeira infância, em que valoriza

como lugar de descoberta.

Para Kishimoto (2009), os jogos para os escolanovistas se divergiam

das acepções emitidas pelos filósofos gregos. A atividade recreativa com jogos

tem a finalidade do alcance de objetivos. Não são objetivos relacionados à

aquisição de conteúdos, mas ligados ao desenvolvimento social, físico e

cognitivo.

Entre a sucessão de criações e fatos liderados pelo movimento

escolanovista, está a Associação Brasileira de Educação, responsável pela

divulgação de um documento em 1938 relativos aos objetivos dos jogos

educativos. Para estes, os “brinquedos educativos” tinham seu valor pelo poder

de desenvolver hábitos e não pela conquista do conteúdo escolar.

Segundo este autor ainda o desenvolvimento de hábitos inclui diversos

comportamentos, como: preparo para um recreio saudável e ocupação útil,

indivíduo enquanto criador e parte integrante da sociedade, raciocínio e

comportamento estético, e aspectos qualitativos.

Segundo o autor supracitado, Ovide Declory (apud KISHIMOTO, 2009),

tem grande importância para a utilização dos jogos em sala de aula, já que o

mesmo foi um dos percussores dos métodos ativos. Jogos criados por Ovide

Declory (apud KISHIMOTO, 2009) foram divulgados e começaram a tomar

espaço na educação pré-escolar.

Ainda o mesmo autor lembra que muitos contribuíram com a influência

dos jogos e sua valorização, além dos percussores do movimento escola nova

e Ovide Declory, temos Dewey e Maria Montessori com jogo como ação

livre. Montessori sugeriu que seus jogos fossem oferecidos em ordem

progressiva.

Nos anos de 1930, havia uma predominância misturada da proposta de

Educação Infantil, elementos de teorias de Froebel, Declory, Dewey e

Montessori.

No final do século XIX com o surgimento da psicologia da criança

começaram-se novas descobertas para estabelecer relações entre jogo e

educação. A mesma enfatizava o fato da recapitulação, onde a criança

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recapitular as experiências passadas e assimila a história cultural da

humanidade.

Com relação ciência, Jean Piaget nos anos de 1921 e 1932 estuda a

socialização da criança e assim o jogo como uso de regras observando seus

próprios filhos. Assim ele fala do jogo sensório-motor como primeiras formas de

inteligência, o jogo simbólico o faz-de-conta em que a criança faz uso de um

objeto simbolizando outra. E, por conseguinte o jogo de regras abordado nas

dramatizações.

Para Piaget (apud Brougère, 2003) o jogo é estudo por compor

espontaneidade da criança em que se revela a expressão cognitiva da mesma.

Na psicanálise segundo Freud (apud Brougère, 2003) o jogo tem um

caráter de infância poética da Arte voltada a um olhar romântico em a criança e

o poeta em sua semelhança sobressai o imaginário. Segundo Freud o jogo da

arte ou da criança conduz ao prazer.

No jogo estão intrínsecas a criatividade e a liberdade embora existiam

algumas regras em alguns jogos como foi citado anteriormente.

O pensamento romântico e a biologia destacam-se a psicologia infantil

em o jogo é de suma importância para o desenvolvimento e a educação da

criança. Sendo assim Fröbel e Claparède propõem atividades lúdicas, voltadas

à pré-escola.

No Brasil a postura da mulher em trabalhar fora de casa fez com que

surgissem os primeiros ambientes institucionais para Educação Infantil, no país

no século XIX. Todas essas instituições eram filantrópicas até a década de

1920, quando se iniciou um movimento pela democratização do ensino.

Aos poucos o poder público foi se responsabilizando por essa escola

que só se fortaleceu com a Constituição de 1988: “O dever do Estado será

efetivado mediante a garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola às

crianças de zero a seis anos de idade”. Assim os pequeninos começaram a ser

reconhecidos como pequenos cidadãos e atendidos em suas necessidades

para seu desenvolvimento.

A Lei de Diretrizes e bases de 1996 foi promulgada a educação até seis

anos ficou definida como primeira etapa de Educação Básica. A Educação

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Infantil ficou agora assim definida: creche para crianças até três anos e pré-

escola de quatro a seis anos. Porém em maio de 2005 com a sansão

presidencial à Lei Federal nº 11.114, define que as crianças com seis anos,

completos devem ser matriculados no primeiros ano do Ensino Fundamental.

Agora a Educação Infantil atende crianças até cinco anos de idade.

Na última década houve uma concepção com relação à creche, ela

deixou de ser vista como um lugar onde eram colocadas as crianças para

serem cuidadas. Passou-se a entender que nela é um lugar para a socialização

da criança.

Mancebo (2006, p.07) ressalta que a Educação Infantil inicia o processo

de escolarização pelo lúdico.

O jogo nas instituições educacionais como recurso pedagógico foi

muitas vezes questionado, porém a escola nova contribui muito para o uso

pedagógico desse recurso.

Para Brougère (2003), o surgimento da noção de jogo educativo veio

segundo um texto de 1911, de Jeanne Girard, Inspetora das Escolas Maternais.

Ao apresentar o método francês de educação maternal, em que testemunha a

ocultação do jogo pelo projeto educativo em que observam como um novo meio

de elo entre a vocação da criança para o jogo com dever educativo da escola.

O jogo começa ser conciliado com uma irresistível vontade da criança de

jogar fazendo com que o jogo se torne um meio de educar a criança.

Para a criança o jogo é um fim em si mesmo e um meio para nós.

Portanto este nome “Jogos Educativos”.

O brincar educativo deve ser oferecido sob uma orientação de um

adulto.

O jogo precisa responder a necessidade da criança desenvolvendo suas

faculdades física, intelectual e moram em que seja uma atividade prazerosa.

Segundo Brougère (2003) em 1905 surgiu o jogo cantado como conjunto

de exercícios divertidos. O jogo aparece como uma atividade dirigida. Assim

acontece também com brinquedos que traduzem cenas.

Segundo o autor ainda um circular de 1905 direcionou o caminho dos

jogos na educação infantil, podendo fazer uso de material ou não, mas tem que

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ter uma finalidade definida.

Em 1909 surgiu a idéia de jogos livres. Nesse mesmo ano o editor do

jornal L´education enfantine valorizando o jogo inaugurou sua coleção de jogos

educativos.

O jogo passou a ser um segundo o autor supracitado, um exercício

educativo por excelência. Veio para resolver múltiplos problemas. Mas uma vez

juntos ludus e escola.

Com o passar do tempo começou a necessidade de criar e propor um

material pré-fabricado, valendo como material didático, suporte para uma

aprendizagem eficaz.

Em 1921 a escola maternal ganhou novas instruções que foram bastante

duradouras, perdurando até 1977. Através de um decreto veio também

valorizando a educação física como caminho para aprendizagem infantil. Neste

decreto em seu artigo terceiro propõe o seguinte programa: (1) exercícios físicos:

exercícios respiratórios, jogos, movimentos progressivos acompanhados de

canto; (2) exercícios sensoriais, manuais, de desenho; (3) exercícios de

linguagem e declamação, relatos e contos; (4) exercícios de observação de

objetos e seres familiares à criança; (5) exercícios tendo por objetivos os

primeiros hábitos morais; (6) para crianças do maternal exercício de iniciação a

leitura, a escrita e a realização de cálculos.

Segundo ele a palavra exercício passou a fazer parte de uma pedagogia

maternal.

Assim, a presença do jogo revela uma mudança na natureza do jogo.

O jogo com matérias de madeiras ou borracha, bonecas casinhas de

brinquedo, caixas de areia e jogos diversos começaram tomar conta da sala de

aula.

Na nova escola o jogo passa a ser também muito valorizado, por

entender que a escola e o jogo possibilitam à criança expressar-se livremente.

A criança saiu de uma pedagogia tradicional onde a criança era passiva

e tornou-se ativa. Para se desenvolver a criança precisa agir.

O jogo é uma necessidade biológica para a criança. Os jogos são tão naturais para ela, quanto o canto para os pássaros. (BROUGÈRE, 2003, p 136)

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O jogo segundo autor em questão permite o trabalho em grupo orientado

e supervisionado pelo professor.

Os jogos educativos na escola francesa têm como percurssores Maria

Montessori e Ovide Decroly. O jogo e o trabalho são interligados.

De acordo com Kishimoto (2009), o jardim de infância surgiu no Brasil

como instituição tem o dever e o direito de desenvolver a pedagogia

froebeliana baseada no uso dos jogos.

Essa diretriz aparece nos objetivos do Colégio Menezes Vieira, o

primeiro instituto a oferecer o jardim de infância no Brasil, no ano de 1875.

Esse estabelecimento tinha como filosofia, o desenvolvimento integral,

harmônico da parte física, moral e intelectual do aluno, em um ambiente em

seja aproveitado as múltiplas, variadas e expressivas manifestações da

atividade infantil.

Baseando-se na mesma na escola acima, surgiu no ano de 1877 a

Escola Americana de São Paulo.

Ainda segundo Kishimoto (2009), a valorização do jardim de infância

como ambiente educativo, foi assumida também por escolas oficiais,

designadas à elite da época.

A pedagogia dos jogos veio contrapondo a tradicional. No acervo

iconográfico do laboratório de Brinquedos da Universidade de São Paulo,

compreendidos nos anos de 1920 a 1940, mostram amplas salas de aula com

cantos proporcionais a brincadeira.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil, a expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de

forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da

urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças

na organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está mais

consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motiva

demandas por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos.

A conjunção desses fatores ensejou um movimento da sociedade civil e

de órgãos governamentais para que o atendimento às crianças de zero a seis

anos fosse reconhecido na Constituição Federal de 1988. a partir de então, a

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educação infantil em creches e pré-escolas passou a ser, ao menos do ponto

de vista legal, um dever do Estado e um direito da criança (artigo 208, inciso

IV). O Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, destaca também o

direito da criança a este atendimento.

Reafirmando essas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, Lei nº 9.394, promulgada em dezembro de 1996, estabelece de

forma incisiva o vínculo entre o atendimento às crianças de zero a seis anos e

a educação. Aparecem, ao longo do texto, diversas referências específicas à

educação infantil.

No título III, do Direito à Educação e do dever de Educar, art. 4º, IV, se

afirma que: “O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado

mediante a garantia de (...) atendimento gratuito em creches e pré-escolas às

crianças de zero a seis anos de idade”. Tanto as creches para as crianças de

zero a três anos como as pré-escolas, para as de quatro a seis anos, são

consideradas como instituições de educação infantil. A distinção entre ambas é

feita apenas pelo critério de faixa etária.

A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica

(título V, capítulo II, seção II, art. 29), tendo como finalidade o desenvolvimento

integral da criança de seis anos de idade. O texto legal marca ainda a

complementaridade entre as instituições de educação infantil e a família.

Outras questões importantes para este nível de educação são tratadas

na LDB, como as que se referem à formação dos profissionais, as relativas à

educação especial e à avaliação.

Considerando a grande distância entre o que diz o texto legal e a

realidade da educação infantil, a LDB dispõe no título IX, Das Disposições

Transitórias, art. 89, que: “As creches e pré-escolas existentes ou que venham

a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei,

integrar-se ao respectivo sistema de ensino”.

No título IV, que trata da organização da Educação Nacional, art. 11, V,

considera-se que: “Os Municípios incumbir-se-ão de: (...) oferecer a educação

infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental,

permitida a atuação em outros níveis de ensino quando estiverem atendidas

20

plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos

acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à

manutenção e desenvolvimento do ensino”.

Porém, reafirma, no art. 9º, IV, que: “A União incumbir-se-á de (...)

estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil (...) que

nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar

formação básica comum”.

De acordo com a LDB e considerando seu papel a sua responsabilidade

na indução, proposição e avaliação das políticas públicas relativas à educação

nacional, o Ministério da Educação e do Desporto propõe, por meio deste

documento, um Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.

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CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

2.1. O que é jogo?

Segundo Celso Antunes (2008), em nossa cultura “jogo” muitas vezes se

confunde com competição. Na educação a idéia de jogo não se confunde com

o sentido notório a essa palavra.

Na visão educacional, a palavra jogo se distancia do se pensar em

competição e se aproxima de sua origem etimológica latina, com sentido de

gracejo, ou para melhor definir, divertimento, passatempo e brincadeiras. Desta

forma, os jogos infantis podem até integrar uma alguma competição, porém

primam pelo estímulo e crescimento das aprendizagens, podendo melhorar o

relacionamento interpessoal em dupla ou grupo, entre os indivíduos intrínsecos

a certas regras.

Ainda sob orientações do autor em questão, o brinquedo não há regras

fixas, e já o jogo, guarda propósitos que envolvem a ludicidade.

2.2. Considerações

O jogo possui implicações essenciais em todas as etapas da vida

psicológica de qualquer criança e é um terrível erro considerar o jogo uma

perda de tempo ou uma atividade insignificante.

Outra importantíssima consideração que embala o jogo diz respeito a

aprendizagem. O educador não está envolto a idéia de utilizar o jogo como

atividade classificatória dividida em: “jogos que divertem” e “jogos que

ensinam”, pois o jogo que se aplica envolve de maneira equilibrada o respeito

pelo amadurecimento da criança, quando o exercita e coloca-o em ação frente

a desafios em sua experiência, integrando sempre regras de convívio, será

sempre um jogo educativo mesmo que conjuntamente ensine e divirta.

Quando bem organizado o jogo permite a criança fazer novas

descobertas, desenvolver-se e construir sua personalidade com riqueza, é

através do jogo que se pode extrair da vida o que ela tem de melhor.

“Jogar é plenamente viver” (CELSO ANTUNES, 2008, p.11).

22

2.3. Objetivos

Para o autor supracitado a aprendizagem é tão essencial tanto quanto,

o desenvolvimento social, e o jogo tornam-se um recurso primordial que

subsidia de forma pedagógica impulsionando progresso social e cognitivo na

criança. O jogo ao mesmo tempo em que ensina diverte, e dessa diversão

resulta o aprendizado.

Jogo precisa de uma organização e objetivos pré-estabelecidos para

uma continuidade significativa.

Ensinar, aprimorar relações interpessoais e causar sensação de prazer,

alegria e motivação é para o autor acima citado os objetivos.

2.4. Importância

Para Freud, Vygotsky e Piaget (apud Celso Antunes, 2008), o brincar é

de sua importância, pois uma insatisfação pode causar tortura psíquica que

podem ser muito prejudicial à criança.

A criança passa pelo processo de sublimação onde ela sai energia da

libido para outras atividades espirituais ou socialmente úteis. A sublimação,

surge na infância, e pode ser trabalhada pelo adulto através da repressão ou

identificação, e esta inúmeras vezes depende de inventivos que fomentados

direta ou indiretamente em um ambiente. Portanto o brincar é caminho mais

eficaz para canalizar essa energia, construindo o processo de sublimação

satisfatório.

A função da educação para uma boa educação infantil seria permitir com

brincadeiras o afeto e a sociabilidade valorizando o sonho da criança.

Já em 1933 Vygotsky, produzia um campo teórico que valorizava a

linguagem do desejo de brincar expressando que este recurso permitia

transpor as barreiras mentais.

Para Piaget a criança que brinca está desenvolvendo sua oralidade, seu

pensamento associativo, suas habilidades auditivas e sociais, construindo

alguns conceitos como: relações espaciais tomando posse de relações de

conservação, classificação, seriação, aptidões visuo-espaciais e outras.

2.5. Aprendizagem significativa

23

Para Celso Antunes (2008) é inquestionável afirmar que as criançsa se

apoderam da aprendizagem jogando, assim como fazem inconscientemente ou

conscientemente frente a qualquer experimento, levando em conta seu

processo de evolução biológica.

Crianças de até três anos de idade, ao jogar não assemelham nenhuma

diferença com o para os adultos são trabalho. Nesta fase estão no que Piaget

chama de anomia, em que não reconhecem regras.

Esse pensamento muda com o tempo, entre quatro ou cinco anos de

idade. Passam a jogar em busca de benefícios. A partir dessa idade o jogo

pode contribuir para o desenvolvimento de modo mais complexo de idéias que

conduzem à reflexão sobre seu processo.

Por essa razão que o jogo pelo jogo, deve ser substituído pelo jogo seguido de um debate e uma reflexão sobre suas regras, sobre o que é, e o que não é aceitável para as pessoas com as quais estão interagindo. (ANTUNES, 2008, p. 30-31)

Para esse autor o papel do educador infantil deve ser como uma ponte

em meio à ludicidade e as reflexões em si mesmas. Com essa postura o

mesmo não perde o ensejo de exercer sua função de facilitador possibilitando

discussões entre os jogadores, que gradualmente construirão sua

aprendizagem.

Esse relacionamento entre os jogos e a aprendizagem significativa

desprende-se de que a boa escola é aquela que está abarrotada de jogos ou

brinquedos eletrônicos caríssimos ditos educativos. Mas o que realmente faz a

diferença é uma equipe bem preparada para uma utilização correta dos

materiais instigando o aprendiz a descobrir em um simplório objeto um caminho

imaginário.

Ainda sob o ponto de vista de Celso Antunes (2008), dentro da

neuropsicologia, existem alguns pontos comuns entre a aprendizagem e o jogo.

Pois a aprendizagem advém da troca de informação entre o ambiente e os

nervos do cérebro, em que o ambiente provoca estímulos cerebrais atingindo

sensações e desencadeando percepções ou imagens significativas.

24

Assim os estímulos se integram a saberes já existentes no cérebro, o

que avança para uma percepção globalizada.

No processo de evolução, também se encontram imagens sensoriais

que necessitam da linguagem. Dessa forma linguagens e memórias começam

a avançar unidas, uma dando suporte a outra.

Dessa união resulta a assimilação e seus produtos mais essenciais:

aprendizagem e pensamento.

Dentro os fatos que servem como facilitadores da aprendizagem podem

ser percebidos:

A motivação, a curiosidade e a alegria da descoberta, satisfação pelos resultados alcançados, o elogio, o bom e estimulante ambiente, a empatia do professor e simpatia dos colegas. (ANTUNES, 2008, p.33)

Para o autor acima, é improvável que existia outro material que sirva de

recurso. E que possibilite uma maior integração de todos os elementos do que,

o jogo. Poucas atividades realizadas podem levar a criança a interagir tão bem

com o meio como o jogo.

2.6. Utilizações

O jogo para Celso Antunes (2008) pode ser um ótimo aliado para

ensinar ética.

Para Piaget (apud Celso Antunes, 2008), os sentimentos éticos são

lapidados através da formação de cidadania, e se firmam a partir do

entendimento sobre regras, com a moralidade integrando-se à conscientização

com o consenso entre indivíduos que cumpram regras, desenvolvendo repeito

reciprocamente.

Para que se torne de fato uma realidade, na pratica, o mestre ou família

deve se organizar com planejamentos sérios seguindo algumas etapas: (a)

uma partida de dominó, instigando-a se preparar para um grande “clássico”.

Aproveite para despertar a fantasia dela explicando que será um jogo muito

interessante, crie expectativas e apresente o as peças para a mesma fazendo

um dialogo sobre o jogo. (b) jogando com empatia: crie um ambiente prazeroso

25

e calmo no dia e hora marcada para o jogo. Prepare tudo, e depois com muita

serenidade explique as regras e peça que a repita, mostrando se as entendeu

de fato. Lamente os erros e aplauda as jogadas significativas. Após o jogo

comete-o como se fosse comentarista esportivo. Mostre que só foi possível

esse jogo porque existiram regras. (c) Aguçando a sensibilidade: através de

uma conversa faça a criança perceber as regras do jogo com as encontradas

na sociedade. Faça-a entender que além da ludicidade e recreação do jogo,

encontramos regras que se pode transpô-las à sociedade. (d) retomando os

valores éticos: com o passar do tempo, aproveite a experiência do jogo para

ajudar a criança a construir relações entre o coletivo e o individual, entre o

privado e o público. Aproveite as regras do jogo para ensiná-las a fragmentar

“necessidades de direito, deveres e responsabilidades, desejos de valores”.

2.7. Imagens da criança em diferentes contextos

Segundo Kishimoto (2009), as crianças na época de engenho de açúcar

eram entregues para serem amamentadas e criadas pelas negras. Isso trouxe

para a educação reflexões na educação das crianças como em seus jogos.

Muitas eram as tradições portuguesas que aos poucos foram

modificadas ou enriquecidas pela influencia da escrava africana.

Nessa época um dos jogos para a criança era a canção de ninar.

O folclore africano era muito presente na vida dessas crianças.

Personagens como príncipes, princesas, pequenos polegares, mouras-

encantadas e mouras-tortas eram contadas pelas avós.

Zumbi, bicho carrapatu, cabra-cabreola, caipora, troncoso, reis e

madrastas malvadas enriqueciam as histórias fantásticas.

A criança de engenho em sua infância tinha em suas brincadeiras faz-

de-conta, que destacam o cotidiano dos tempos da escravidão, do

patriarcalismo e do severo sistema de transporte. Entre elas a mais encontrada

era a que o moleque servia como meio de transporte.

O melhor brinquedo dos meninos de engenho de outrora: Montar a cavalo em carneiros; mas, na falta de carneiros: moleques. Nas brincadeiras, muitas vezes brutas, dos filhos de senhores de engenho, os moleques serviam para tudo: Eram bois de cavalo,

26

eram cavalos de montaria, eram bestas de almajarras: Eram burros de liteiras e cargas as mais pesadas. Mas, principalmente cavalo de carro. Ainda hoje, nas zonas rurais menos invadidas pelo automóvel, onde velhos cabriolés de engenho rondam pelo massapé mole, entre os canaviais, os meninos brancos brincam de carro de cavalo com moleque e até molequinhas filhas de amas servindo de parelhas. Um barbante serve de rédeas; um galho de goiabeira de chicote. (FREYRE, 1963, p. 47)

Outra pratica além da de montar a cavalo no moleque era a do jogo da

peia queimada, belisco, cangaceiro, galinha gorda, engenho de pau, capitão-

de-mato, amarra-negra, nego fugido e Agostinho.

As brincadeiras desta época demonstravam situação de domínio do

branco sobre o negro.

Muitos desses jogos são encontrados até hoje em diferentes regiões e

com nomenclaturas diversas.

Para Chateau (1987), esses jogos são considerados ascéticos.

A imagem da criança negra segundo Kishimoto (2009) remete a fazer

alguns reparos. O jogo no sentido de conduta típica de tribos indígenas não se

aplica ao cotidiano.

O atirar de arco e flecha não é uma brincadeira, mas sim treino para

caça. As imitações de animais expressam comportamentos místicos entre

crianças e adultos.

As condutas de danças, canto e imitação de animais são realizadas

tanto por adultos quanto por crianças. Mesmo esses comportamentos

aparentemente ditos como jogos infantis não passam de condutas de toda

tribo. As brincadeiras não fazem parte apenas da infância tribal.

Os jogos existentes no contexto indígena não são vistos como jogos

típicos de crianças indígenas. O que existe são jogos dos indígenas.

Os indígenas como os das tribos cherentes, tem em sua tradição

brincadeiras como a de imitar bichos, caçar passarinhos, fazer brinquedo,

modelar bichinho de barro, brincar de esconde-esconde, de bola feita de cera e

diversos tipos de corridas com toras, até de roda.

A imagem da criança na pintura brasileira demonstra o brincar como

uma especificidade da infância na iconografia de tempos remotos.

27

Renomados pintores no Brasil demonstram a imagem da criança

brasileira em suas telas. Podemos encontrar diversas obras que expressam a

imagem da criança como a de: (1) Jordão (1999), intitulada à imagem da

criança na pintura brasileira. Essa obra destaca o brincar como tipicidade da

criança. (2) Rodolfo Amoedo, do século XIX, “menino tocando tambor”. Ela

demonstra a ação típica de criança do século passado. (3) Antonio Parreiras

(1860-1937), “menino com arapuca” expressando tradicional brincadeira de

criança da Zona Rural de prender passarinhos. (4) João Batista da Costa

(1865-1926), no “jardim em Petrópolis”, expressando a presença de duas

meninas em que a menor traz no colo uma boneca em demonstração de

liberdade. (5) Lasar Segall (1891-1957), “menino com lagartixa” explicando a

fauna e a flora.

Muitas outras obras de diversos artistas expressavam os animais, pois

nessa época esses seres integravam as brincadeiras das crianças e adultos.

O jogo tradicional da cabra-cega, o futebol de várzea retrata a cultura

lúdica da época. O futebol da época é claramente demonstrado na obra de

Cândido Portinari.

As obras de Jordão é um valioso documento para traduzir as diversas

imagens da criança brasileira, fixando nelas o brincar dos primórdios dos

séculos.

Para Kishomoto (2009), a imagem da criança pobre e rica, mostra

através de suas memórias como o brincar depende da leitura imagética que se

tenha da criança.

As meninas da época, filhas de fazendeiros, não podiam brincar na rua

por serem vistas como meninas de família. Ao sair à rua eram sempre

acompanhadas e brincavam em casa com membros parentais.

As crianças ricas, sempre que brincavam, estavam sob vigilância de um

responsável. Quando brincavam de amarelinha, pega-pega, etc, sempre no

quintal de cada ou no máximo na calçada enfrente a sua casa.

Já na classe dos operários, suas crianças tinham a liberdade de

expressarem suas brincadeiras pelas ruas. A aglomeração dos pequenos

brincando nas ruas despertava o interesse dos religiosos e damas da

28

sociedade, querendo resgatá-los e levá-los para instituições filantrópicas, com

propósito de interná-los em creches, escolas maternais e instituições infantis.

O perigo da rua para a criança motivou autoridades municipais, a instalar

a partir de 1935 parques infantis na intenção de retirá-la da rua.

A rua era vista como uma escola do mal.

No discurso do poder político, a rua era representada como “a grande escola do mal”, espaço público por excelência onde se gerariam os futuros delinqüentes e criminosos irrecuperáveis (...) (RAGO, 1995, p. 121)

Com o aparecimento da pediatria e sua especialização tomou-se

apropriação da infância. Os médicos tornaram-se como novos gurus. Grande

preocupação e domínio sobre a higienização combatem a mortalidade infantil e

reflexões em prol das conseqüências morais, político-sociais a renúncia dos

pequenos abandonados.

O industrial controlava as crianças que controlava nas fábricas com a

intenção de diminuir os encargos para com a população sob miséria.

A imprensa passou a mostrar criancinhas espancadas, humilhadas,

exploradas, maltrapilhas, exaustas do trabalho que chega de 10 a 12 horas. O

contingente de crianças que praticamente eram engolidas por máquinas era

avassalador. Essas crianças não brincavam, não tinham direito à vida.

Quanto tais crianças tentavam de alguma forma escapar da vigilância

dos dominadores industriais sofriam horríveis conseqüências. Tudo sito era

denunciado pelo jornal “A Terra Livre”.

A imagem do menino operário divulgada pelo jornal demonstra a

incompatibilidade com o brincar. O trabalho para a criança era aplicado como

um remédio ou veneno contra a vagabundagem, não permitindo que os

pequenos tivessem infância.

Os jogos de rua nesse período eram desprezados pela classe dominante

e os sócios da criminalidade. O pensamento sobre jogo ao prazer não era vista

como essencial para a formação da criança, porém, vista como mola

propulsora para a corrupção.

O brinquedo começou a aparecer nas instituições filantrópicas e

religiosas como peças de adorno da instituição. Alguns brinquedos surgiam em

29

cima dos armários como peças decorativas. A idéia da importância de tais

objetos relacionados à educação não era cogitada.

O uso educativo do jogo não integrava o ideário da maior parte dos

mantenedores de instituições de infância, com exceção do jardim de infância.

Nas primeiras décadas deste século, presenciam-se brinquedos

industrializados ou artesanais, apenas nas casas de crianças de boa situação

financeira.

As situações sociais das crianças privilegiadas nesse contexto estão

associadas ao uso de brinquedos industrializados ou artesanais e brinquedos

feitos a partir de materiais primários encontrados na natureza como barro para

as crianças pobres.

No passado as brincadeiras de rua e brinquedos ecologicamente

compunham a ludicidade para os menos favorecidos.

É importante averiguar como a imagem da criança expressava na

organização como “depósitos infantis” (Asilo Infantis, creches e escolas

maternais) e apresentando-se na condução infantil estorvando a ação lúdica.

A totalidade dos responsáveis pelos “depósitos infantis” de princípio

filantrópico era associada à pobreza-saúde-promiscuidade-criminalidade em

seu estatuto. Isto em conseqüência era a guia marcada pela moralidade,

trabalho, severa disciplina interna, pela origem da coletividade, e pela falta de

ambientes para o desenvolvimento da personalidade e individualidade,

afeiçoando o dia-a-dia infantil.

Os jogos e brincadeiras eram excluídos das atividades rotineiras por sua

diferença com a imagem da unidade infantil designada a prestar assistência a

criança.

De acordo com a maneira de organizar os asilos infantis Kfouri a

assistente social comenta:

Entre nós os asilos para menores são na sua maioria do tipo já universalmente conhecido como o do quartel ou então “pabellonar” como são chamados na Argentina. Isto é, destinam-se a abrigar grande quantidade de crianças, medindo-se sua eficiência pelo maior número de assistidos. Daí grandes dormitórios com quarenta ou cinqüenta leitos, enfim, um verdadeiro quartel. (KFOURI, 1940, p. 9)

30

A imagem da criança nesse contexto, dos “depósitos infantis”, era de

crianças tristes e sem infância.

[...]. Não são crianças felizes, não vivem a infância. Trata-se, antes, de um punhado de entes condenados a uma vida monótona, sem colorido e sem objetivo (SARAIVA, 1945. p. 12)

Em Kishomoto (2009) as crianças de asilos não tinham um cotidiano

enriquecido ou diversificado: dormir, brincar e trabalhar em diferentes lugares

com vários participantes supervisionando de diferentes autoridades e na falta

de um planejamento nacional.

O isolamento da criança e o rígido controle sobre as mesmas em suas

atividades não possibilitava o desenvolvimento da sociabilidade e de

comportamentos que integrassem a ação de brincar.

Em conseqüência, essa imagem tipificada de estabelecimentos

assistenciais priva a criança do poder brincar e extermina o ambiente da

brincadeira em nome de uma educação consciente dentro de uma idealidade

infantil com má. O jardim de infância fica responsável por recuperar a

valorização dos jogos para a educação infantil.

31

CAPÍTULO III

LUDOEDUCAÇÃO: CATÁLOGO DE JOGOS PARA AS

INTELIGÊNCIAS LINGÜÍSTICAS

Segundo Vânia Dohme (2007), a Ludicidade vem contrapondo a

educação tradicionalista onde o brincar era separado do aprender.

Muitos pais se afligem quando seus filhos chegam a casa trazendo

vestígios de que brincaram na escola, sem se preocuparem se isso foi uma

estratégia de ensino. No geral, os pais costumam tranqüilizarem-se quando

filhos trazem inúmeras “puxadas” lições, do que quando em seus rostos estão

com sorrisos contando das brincadeiras que participaram na escola.

Para desenvolver o raciocínio em favor dos proveitos do uso do lúdico

na educação, necessitamos entender que o brincar faz parte do cotidiano da

criança, isso é o que ela sente prazer em fazer. Quando brinca ela fantasia,

imita os adultos, desafia e testa suas habilidades. Enquanto brinca, a mesma

está crescendo e adquirindo para sua vida adulta.

A ludicidade não pode ser vista apenas como brincadeiras, mas sim

atuando efetivamente do processo de desenvolvimento das crianças.

Essa metodologia pode aplacar uma escola mais saudável, pois coloca o

educando núcleo da ação, fomentando a pesquisa, a investigação, propiciando

a interação aluno-aluno e respeitando a singularidade de cada um.

Outra consideração importantíssima é o sistema de valores que tem

ocorrido em todo o mundo nas últimas décadas. No decorrer do tempo a

educação valorizava a disciplina e a obediência como partes essenciais para

preparação da vida adulta.

Na atualidade a sociedade moderna valoriza a criatividade, a iniciativa e

o senso crítico, e a escola necessita preparar sua clientela de maneira a tirar

do invólucro seu potencial.

Se entendermos o processo de ensino aprendizagem como um processo

de comunicação, reconhecemos que para fixação de um conteúdo precisamos

trabalhar a linguagem adequada ao nosso “cliente”.

32

O lúdico faz parte da vida, é um exercício de viver em sociedade é o

veículo indicado para ser usado na transmissão da mensagem educacional que

almejamos.

Integrar as regras e ao atrativo das brincadeiras os conteúdos teóricos

que desejamos perpassar é quase uma arte, que pode e precisa ser ensinado.

E isto, é a ludo educação, ou seja, uma forma eficiente de entrelaçar uma

atividade agradável e motivadora com o conteúdo educacional que

necessitamos transmitir.

O trabalho com o lúdico não é difícil, é mais simples do que parece:

É analisar um jogo pelo exercício de sociabilidade que ele provocará preocupar-se em adaptar ou criar um jogo para despertar a vontade de conhecer determinada disciplina, de treiná-la ou mesmo avaliá-la (DOHME, 2007, p. 15)

Ainda segundo a autora supracitada a ludoeducação possibilita

desenvolvimento: Pessoal: (a) autodescoberta, (b) autonomia, (c) auto-estima.

Cooperativo: (a) convívio, (b) cooperação, (c) habilidade de liderar e ser

liderado.

O ludoeducador deve ter técnica, conhecer várias atividades, não abdicar jamais de seu papel precípuo de educador. Deve perceber aonde deve chegar com cada criança e com o grupo como um todo. Mas, para justificar esta opção, ele deve ser alegre, sentar com as crianças e saber brincar, seu sorriso deve ser fácil e espontâneo, pois cada ludoeducador deve ter, sobretudo, uma criança dentro de si. (DOHME, 2007, p. 82)

Celso Antunes (2008) nos reitera da importância de o educador infantil

utilizar sempre de diversificado catálogo de jogos, organizando seu emprego

segundo critérios definidos no planejamento pedagógico construído pela equipe

docente. Ao se referir a catálogo, no entanto emerge sempre a dúvida sobre

como classificar os jogos múltiplos que nos colecionou. Nesse contexto sugere-

se que a melhor classificação será sempre firmada a partir dos objetivos dos

jogos.

Mais moderna e bem mais ampla é a classificação espirada nas

inteligências múltiplas que amplia de forma extraordinária essa diversidade,

33

ainda mais considerando que cada inteligência e assim alarga-se em muitas

competências.

Em outra tentativa poderiam ser agrupados segundo alguns campos de

aprendizagem, onde se percebe dificuldades mais específicas entre as

crianças podendo chegar a oito categorias diferentes: (1) Jogos para estimular

a audição; (2) a fala; (3) as habilidades de leitura; (4) as habilidades da

compreensão da leitura; (5) habilidades da expressão escrita; (6) estimulação

do cálculo aritmético; (7) estimulação do raciocínio; e jogos para promover a (8)

Sociabilidade e relações interpessoais.

A qualidade do ensino através dos jogos jamais s manifesta por

quantidade, mais pelo jeito como suas regras são postas em ação e, sobre

modo pelo papel do educador.

Os jogos abaixo propostos servem apenas como simples exemplo e, a

partir dos mesmos muitos outros poderão ser realizados ou adaptados a partir

da bibliografia sugerida.

3.1. Catálogo de jogos:

3.2. Jogos para o bem falar: jogando conversa

Segundo Celso Antunes (2008), o jogo propõe um diálogo entre

intermediador e o(s) jogador(es), proporcionando tempo para suas respostas.

É importante, sem que o jogador perceba, gravar sua participação e ir

construir um arquivo onde o desempenho possa ser progressivamente

comparado. As indagações propostas constituem apenas exemplificações

dentre outras que se preparará previamente.

Exemplo: É & NÃO É.

O que você é e o que você não é? (CELSO ANTUNES, 2008, p. 55)

3.3. Palavra escolhida

É interessante quando o jogo envolve alunos e professores ou a família

inteira. O jogo tem início com a escolha de uma palavra e, pelo tempo que se

marcar – dez minutos a uma hora, todas as frases ditas por qualquer jogador

em sua conversa causal e normal deverão incluir esta palavra.

34

Se a palavra escolhida for televisão, todas as palavras que vierem a ser

ditas deverão incluir essa palavra, contextualizando-a. Dessa maneira, a

palavra não poderá ser dita fora de sentido.

Exemplo: Amanhã se não chover vai passear televisão, mas sim amanhã

se não chover desiste de assistir televisão. (ANTUNES, 2008, p. 56-57)

3.4. Redação e vivência

Após assistir um filme, show, ou a um programa de televisão cada jogador

deve preparar uma redação relatando por escrito os elementos que mais o

impressionaram. Nesta redação não deve existir preocupação com erros ou

acertos, mais deve realçar a forma como cada jogador interpreta os fatos.

Concluída essa etapa, devem ler em voz alta esta redação expressando

seus pontos de vista.

Um debate, sem qualquer preocupação avaliativa, deve enfatizar como

são diferentes os pontos de vista e a validade em se aceitar idéias e relatos

diferentes para o mesmo fato. (ANTUNES, 2008, p. 57)

3.5. Pingue-pongue afetivo

O jogo nada mais é que um pingue-pongue verbal entre o intermediador

entre um ou mais jogadores no qual expressam sentimentos mútuos de ternura

e afeto.

Exemplo: O intermediador inicia dirigindo-se a um dos jogadores e

afirma: “Eu gosto do Renato em dias de calor”. O Renato deve continuar

dirigindo-se a outro jogador e rapidamente afirmando: “Eu gosto da Aline em

manhã de chuva” e assim por diante.

A brincadeira continua como uma partida de pingue-pongue, até que

alguém falhe, podendo ser reiniciado sempre com um tema que distribua afeto

e solidariedade entre os jogadores participantes. (ANTUNES, 2008, p. 59)

3.6. Fantasias coloridas

Ao propor uma série de responsabilidade aos jogadores (como, por

exemplo, guardar brinquedos, arrumar o quarto, terminar a lição, não comer no

35

sofá da sala etc.) oferecer a possibilidade de o excluírem da execução de uma

delas, desde que apresentem uma justificativa falsa, mas altamente criativa.

A proposta pode ser apresentada como um desafio entre diferentes

jogadores como prêmios aos mais criativos. O prêmio será sua exclusão da

tarefa que nesse caso será realizado pelo adulto. Por exemplo: “Hoje gostaria

de não guardar brinquedos porque ouvi ontem na televisão que o cortejo de D.

Pedro I passará pela avenida e a professora avisou que preciso assisti-lo e

descrevê-lo”. (ANTUNES, 2008, p. 59)

3.7. Construindo nossa história

Os adultos (pais, mães, avô, avó, irmãos ou professores) que estiverem

interagindo com os jogadores devem fazer um breve relato de suas vidas. E a

tarefa será a de fazer um álbum de história de um ou mais personagens da

família, utilizando-se de recortes, desenhos, figuras, eventualmente fotos

acompanhados de legendas. Concluída a tarefa, deverá ser registrado um

tempo para que os jogadores apresentem verbalmente sua produção.

Esses trabalhos podem depois ser encadernados ou plastificados e

decorarem algum espaço da casa ou da escola. Constitui excelente estímulo

para a fluência no dizer e também para a compreensão de nações de tempo.

Ficar ainda mais interessante quando os adultos e crianças da família

constroem junta uma linha do tempo na qual assinalam fatos marcantes na

história familiar. (ANTUNES, 2008, p.60)

3.8. Problemas e soluções

Ainda que o jogo possa desenvolver-se com um adulto e uma criança,

será bem mais interessante quando envolve vários jogadores que

compartilharam suas tarefas em duplas, trios ou quartetos. Sua direção deve

ser de aproximadamente quinze minutos e um tempo posterior maior,

necessário para os relatos.

O meditador deve previamente organizar tiras de papel contendo uma

série de problemas contextualizados nas experiências dos alunos; e outras tiras

com as devidas respostas. Por exemplo, em uma tira: Todos os gatos são... E na

36

correspondente: animais e mamíferos. Os jogadores são divididos em grupo e

recebem as tiras com problemas. Devem discuti-las propondo uma série de

respostas possíveis e, depois de certo tempo recebem as tiras com as soluções.

Em seguida cada dupla, trio ou quarteto escolhera um relato que

comentará a experiência. Em etapas mais avançadas as tiras com soluções e

com problemas serão distribuídas de forma aleatória levando os jogadores a

buscarem entre os demais as eventuais respostas. (ANTUNES, 2008, p. 60-61)

3.9. Um mundo sonoro (atividades previstas para crianças de 3 a 6 anos).

Em casa

Este jogo requer a aquisição de um CD – vendido no comércio – que

apresenta sons diversos. Apresentar o CD parando em algum ponto e

solicitando as crianças a tentativa de identificação desse som e a construção

de uma pequena história onde relatará a presença do mesmo. Após essa

experiência, retirar em outras oportunidades, alternando ou não o tipo de som e

dessa forma explorando a acuidade auditiva, a expansão verbal, a criatividade

e a imaginação infantil.

Na escola

Em sala de aula a atividade pode reunir os alunos em duplas ou trias e,

progressivamente, acrescentar outras atividades incluindo o desenho e,

portanto, a representação gráfica – inteligência espacial – dos alunos.

(ANTUNES, 2007, p. 25-26)

3.10. Historinhas animadas

Em casa

Recortar de revistas uma quantidade expressiva de figuras – animais,

ferramentas, pessoas famosas, peças de roupa, objetos e utensílios

domésticos, etc. – e colocar essas figuras em diferentes envelopes. As

crianças sortearão um envelope e ao abri-lo devem construir uma pequena

história ou relato de cena real que tenham vivenciado e que destaque a figura

sorteada. Valem imitações, sons onomatopaicos e tudo mais que leve a criança

a expressar-se oralmente.

37

Na escola

Em sala de aula a atividade pode envolver alunos individualmente e em

pequenos grupos e, progressivamente, utilizar-se do recurso para construir

história, inclusive pedindo a um grupo, por exemplo, que dê continuidade a

história narrada pelo grupo anterior e assim por diante. (ANTUNES, 2007, p. 27)

3.11. O jogo da bicharada

Em casa

O mediador deve preparar o papel-cartão mais ou menos do tamanho de

um baralho, onde colocará uma porção de figuras extraídas de revistas sobre

bichos, contando sempre com duas cartas iguais ou, pelo menos, contendo o

mesmo bicho. Com essas cartas poderá jogar com as crianças oferecendo-lhes

a metade das cartas, devendo esta com as mesmas formar os pares possíveis.

Para completar os pares cujas cartas iguais estão em falta, o mediador ou as

crianças as solicitará expondo “pistas” sobre como é ou quais são os hábitos

do bicho procurando.

Exemplo: têm penas, vive nas matas, possui, entre outras, com azul e

vermelha, e assim por diante.

Na escola

Os alunos serão divididos em dois grupos e cada grupo ficará com a

metade das cartas (cerca de quinze a vinte). Iniciada a atividade por um dos

grupos sorteados pelo mediador, os alunos do outro grupo se revezam para

indicar as pistas sobre os bichos. A atividade leva os alunos a conversarem

consigo mesmos, conversarem com o outro grupo e, dessa forma, além dos

estímulos à inteligência lingüística, estimula-se também a concentração e a

imaginação. (ANTUNES, 2007, p. 34-35).

3.12. Epidemia poética

Em casa

Inicialmente, o mediador deve facilitar o ingresso das crianças no mundo

da rima, e, aos poucos, da trova e da poesia. Estímulos interrogando a criança

38

com perguntas sobre rimas, como no exemplo abaixo, promovem essa

interação.

Faça rima com...? Após esse lento, mas necessário processo, escolher

alguns minutos em dias alternados para brincar de “epidemia poética”

selecionando uma sentença dita ao acaso ou extraída de uma revista, um filme,

um desenho e fazer com que as crianças procurem buscar outras formas mais

expressivas e poéticas para dizê-las.

Na escola

O procedimento não deve ser diferente do sugerido para a atividade em

casa, mas a maior quantidade de alunos permite que haja inegável ganho de

vibração e de intensidade. Alunos divididos em trios devem ser desafiados a

buscarem formas alternativas de pronunciarem esta ou aquela sentença e,

mesmo obtendo êxito em uma oportunidade, a mesma sentença pode servir

como sugestão para um progresso cada vez maior. (ANTUNES, 2007, p. 40-41)

3.13. Telefone sem fio

Em casa

O telefone sem fio é um jogo muito antigo, mas nem por isso menos

válido como recurso estimulador da inteligência linguística e ainda meio

eficiente para desenvolver a concentração, a memória e o raciocínio lógico da

criança. Para o desenvolvimento do jogo em casa é necessário envolver, além

das crianças e do mediador, a ajuda de outras pessoas, mesmo que não

estejam no momento no mesmo local. O mediador deve dizer baixinho, no

ouvido da criança, uma frase significativa que, por sua vez, deverá soprar essa

mesma frase no ouvido de outra pessoa até que, ao final, o último participante

deve dizer em voz alta a todos a frase recebida. Muito provavelmente a frase

sofreu deturpações imensas e chega ao interlocutor final de forma

completamente diferente da maneira como foi dita da primeira vez.

39

Na escola

O mediador pode fazer o jogo com os alunos sentados em fila, de

maneira que quatro a seis frases sejam ditas simultaneamente. O essencial não

é apenas os risos que a alteração do sentido das frases provoca, mas a análise

feita pelo mediador e pelos alunos sobre a fragilidade da palavra oral e sobre a

importância da clareza na interpretação de informações recebidas. Em última

análise, o jogo reafirma a ideia contida no aforismo “quem conta um conto

aumenta um ponto” se não no sentido de efetivamente aumentar, mas na

cuidadosa análise de mudar, alterar, desconstruir. (ANTUNES, 2007, p. 42-43).

3.14. Estou procurando em você

Em casa

A atividade nada mais é que a proposição de um diálogo entre o mediador

e as crianças, mas um diálogo que exalte a ampliação de seu vocabulário, sua

expressão oral e, sobretudo, sua auto-estima. A atividade se inicia com o

mediador referindo-se a uma pessoa da família conhecida das crianças e

dizendo uma letra do alfabeto.

Por exemplo:

A pessoa é tia de Júlia e a letra é F.

Proposto o desafio caberá a criança procurar, através de todos os meios

possíveis – dicionário caso saiba ler, perguntas a outras pessoas e outros meios

–, palavras que, começando por essa letra, possam servir para melhor

caracterizar positivamente a pessoa escolhida (nesse caso, tia Júlia). Dessa

maneira será possível pensar em palavras como “fabulosa”, “formosa”, “faceira”,

“franca”, “feliz” e muitas outras.

Na escola

Em sala de aula é possível trabalhar-se não apenas pessoas conhecidas

das crianças, os próprios alunos da classe, como também personagens

históricos que, de uma maneira ou de outra, já tenham sido pesquisados. Da

mesma forma como o jogo anterior, a atividade propicia meios para que o

educador possa sentir de forma mais nítida o pensamento dos alunos sobre os

seus colegas. É importante que essa atividade “não se perca” e que, dessa

40

maneira, propicie a construção de relatórios para maior análise e discussão

docente. (ANTUNES, 2007, p. 48-49).

3.5. Transmissão

Em casa

A atividade é proposta como estimulo linguístico, mas em verdade

representa ao mesmo tempo um forte apelo à exploração da inteligência espacial

das crianças envolvidas. O mediador deve escolher aleatoriamente dois jogos

iguais de três a quatro objetos (garfo, faca, colher, tesoura, prato, guardanapo,

etc) e arrumá-los sobre uma mesa ou pedir às crianças que os arrumem. Deverá

depois, sem observar a arrumação, e baseando-se somente na descrição oral

feita sobre como estão os objetos arrumados, tentar arrumar o segundo jogo de

objetos para que fique igual ao primeiro.

Como se percebe a tarefa consiste em arrumar o segundo jogo de objetos

da mesma forma como estiver arrumando o primeiro jogo, apoiando-se apenas

em uma descrição oral e não na observação visual dos mesmos. As crianças

devem ser inspiradas a buscar progresso qualitativo em suas arrumações na

medida em que cresce sua capacidade de concentração em descrições verbais.

Em casa

A atividade pode ser desenvolvida da forma escrita, alternando-se os

alunos ou duplas incumbidos da tarefa. (CELSO ANTUNES, 2007, p. 56,57).

41

CONCLUSÃO

Ficou evidente que atividade lúdica trás implícito um convite para as

crianças expressarem-se de muitas formas, como movimentos corporais,

convivência social, músicas, danças, dramatizações, entre outras. No espaço

lúdico, a criança desenvolvem suas potencialidades e concretiza uma

experiência de funcionamento do individuo em uma convivência dinâmica. Pelo

ato de brincar (faz-de-conta, desenho, etc), a criança podem desenvolver a

confiança em si mesma, sua imaginação, a auto-estima, o autocontrole, a

cooperação e a criatividade; o brinquedo revela o seu mundo interior e leva ao

aprender fazendo. A escola que respeitar este conhecimento de mundo prévio

da criança e compreender o processo pelo qual a criança passa até alfabetizar-

se, propiciando-lhe enfrentar e entender com maior tranquilidade e sabor os

primeiros anos escolares poderá ser considerado um verdadeiro ambiente de

aprendizagem.

42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KISHIMOTO. T. M. Jogos Infantis: o jogo, a criança e a educação.

Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

BROUGÈRE, G. Jogos e Educação. São Paulo: Artmed, 2003.

ANTUNES, Celso. Inteligências Múltiplas e seus Jogos. Petrópolis: Vozes,

2007.

ANTUNES, Celso. Escutar e Ouvir. Fascículo 15. Petrópolis: RJ, Vozes, 2008.

DOHME, Vânia. Jogando: o valor educacional dos jogos. Petrópolis: RJ,

Vozes, 2008.

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf

MACEBO, Lino. Educação Infantil, Edição Especial nº 9, Revista nova Escola,

Abril, 2006.

TUNES, Suzel. Educação Infantil, Edição Especial nº 9, Revista nova Escola,

Abril, 2006.

43

ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO 1 Entrevista

ANEXO 2 Fotos

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ANEXO 1

Entrevista

10 de Setembro de 2009.

Ana Lúcia Batista – Professora de Educação Infantil.

Por: Cristina Pereira Grijó da Costa

Cristina: Há quanto tempo trabalha com Educação Infantil?

Professora: Trabalho com Educação Infantil aproximadamente 10 anos.

Cristina: Como começou seu trabalho com Educação Infantil?

Professora: Após um curso que fiz sobre Educação Infantil, fiquei apaixonada,

e resolvi me envolver e comecei a trabalhar desde então.

Cristina: O que você fazia antes de trabalhar com Educação Infantil?

Professora: Eu trabalhava lecionando no Ensino Fundamental.

Cristina: Foi difícil se adaptar a essa nova etapa?

Professora: Sim, foi bastante, um grande desafio.

Cristina: O que fez e faz para se preparar na atuação com a Educação

Infantil?

Professora: Eu pesquisei, fiz cursinhos de capacitação e ainda faço tudo isto,

pois acredito que o professor deve ser pesquisador e estar se atualizando.

Cristina: Como você vê a rotina para a Educação Infantil?

Professora: A rotina é de grande valia pois, auxilia na organização e espaço

temporal.

Cristina: Você valoriza o lúdico em suas aulas?

Professora: Com certeza. O lúdico permite a criança uma maior proximidade

com a realidade, estimula inúmeros aspectos como social afetivo, cognitivo e

outros.

45

Cristina: Qual o conselho você daria para os professores e pais do século

XXI?

Professora: A criança quando brinca se desenvolve. Portanto, se quer que

realmente seus filhos e alunos se desenvolvam, permita-lhes brincar livres e

orientadamente.

Cristina: Deixa-nos uma experiência.

Professora: Há alguns anos recebi uma aluna oriunda de uma escola

tradicionalista. Essa aluna (Ruana), nome fictício, não gostava de participar das

atividades lúdicas. Eu não conseguia entender o por que. Foi então, que resolvi

conversar com sua mãe. Para minha surpresa também não gostava que a filha

brincasse na escola, pois, para ela escola não é para se brincar e sim para

estudar, ler e escrever.

Foi preciso muita perseverança e diálogo com mãe e filha para que essa

situação mudasse.

Depois de muito incentivo, tudo mudou, até a mãe começou a brincar e permitir

que a menina brincasse fora e dentro da escola.

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14 de Setembro de 2009.

Entrevista com Taisa Couto de Souza – Professora de Educação Infantil –

Pedagoga.

Por: Cristina Pereira Grijó da Costa

Cristina: Há quanto tempo trabalha com Educação Infantil?

Professora: Há 2 anos.

Cristina: Como começou seu trabalho com Educação Infantil?

Professora: Durante 2 anos trabalhei como auxiliar de Educação Infantil, e

esses 2 anos foram suficiente para que eu me interessasse por esta etapa. Foi

então, que na Instituição surgiu à vaga, e eu, prontamente a assumi.

Cristina: O que você fazia antes de trabalhar com Educação Infantil?

Professora: Como já mencionado acima, eu trabalhava como auxiliar de

Ensino de Educação Infantil.

Cristina: Foi difícil se adaptar a essa nova etapa?

Professora: Um pouco, já que antes eu apenas auxiliava e agora, é de minha

total responsabilidade.

Cristina: O que fez e faz para se preparar na atuação com a Educação

Infantil?

Professora: Costumo fazer cursos na área, participo de Conferências dentre

outros.

Cristina: Como você vê a rotina para a Educação Infantil?

Professora: É bastante importante, pois possibilita uma organização do

espaço e tempo.

Cristina: Você valoriza o lúdico em suas aulas?

Professora: Claro que sim, a criança aprende mais quando gosta do que faz.

E nas brincadeiras ela tanto aprende quanto nos possibilita conhecê-la melhor.

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Cristina: Qual o conselho você daria para os professores e pais do século

XXI?

Professora: Não queiram que seus filhos e alunos, pulem etapas importantes

em sua vida, respeite cada momento, permita-lhes vivenciar brincadeiras, e só

assim eles sentido prazer e conseguirão aprender e construir uma identidade.

Para encerramos esta entrevista de forma descontraída podemos fazer as

famosas rapidinhas?

Professora: Claro! Vamos lá.

Cristina: Educação?

Professora: Fundamental.

Cristina: Família?

Professora: Base de tudo.

Cristina: Crianças?

Professora: Prioridade.

Cristina: Educação Infantil?

Professora: Brincadeiras.

Cristina: Escola?

Professora: Liberdade de expressão.

Cristina: Deixa-nos uma experiência.

Professora: Há alguns anos recebi uma aluna oriunda de uma escola

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ANEXO 2

FOTOS

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50

51

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: