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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA, FUNÇÃO E A INTERVENÇÃO DOS
NEUROTRANSMISSORES NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Por: Tathiane Cristina Queiroz de Azevedo
Orientador
Professora Marta Relvas
Rio de Janeiro
2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA, FUNÇÃO E A INTERVENÇÃO DOS
NEUROTRANSMISSORES NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Cognitiva.
Por: Tathiane Cristina Queiroz de Azevedo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela chance
de viver e por colocar em meu caminho
pessoas capazes de despertar meu
interesse pelas descobertas. Agradeço,
também, à Professora Marta Relvas,
pelo carinho e ensinamentos. Aos
meus familiares, pelo apoio de sempre
e aos colegas de profissão e
caminhada neurocientífica.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, e todos os
que virão, aos meus pais; meus amigos,
conselheiros e meus maiores e sinceros
incentivadores. Sem eles eu nada seria.
Obrigada por tudo. Amo vocês!
RESUMO
O trabalho apresentado tem por finalidade esclarecer e auxiliar o
profissional da educação bem como sua atuação em sala de aula, tendo como
base principal a Neurociência Cognitiva, suas pesquisas, contribuições e
ensinamentos.
Sendo a Neuropedagogia uma grande desmistificadora de grandes
mistérios de como o cérebro aprende, de como ele adquire saberes, este
trabalho, em conjunto com a neurociência cognitiva, pretende mostrar a
atuação, intervenção, função e importância de cada substância transmissora –
neurotransmissor presente no encéfalo em alunos da educação infantil, sendo
possível ao professor, então, identificar cada neurotransmissor e saber onde
cada um deles atua, tendo como referencial o processo ensino-aprendizagem
deste aluno.
Palavras-chave: Cérebro; Aprendizagem; Neurotransmissor; Memória
METODOLOGIA
Após as aulas assistidas, encontros neurocientíficos, leitura de livros e
demais materiais relativos ao assunto, ficou perceptível a necessidade do
conhecimento que o professor deve ter em relação aos neurotransmissores,
sua importância, função e intervenção diante do processo de aprendizagem na
Educação Infantil.
Desta forma, este trabalho de conclusão de curso está sendo realizado
e desenvolvido baseado em pesquisas a livros, artigos, jornais, revistas, sites;
palestras, congressos e trabalhos publicados. Os dados foram coletados por
uma seleção de assuntos coerentes com a importância e objetivo do trabalho.
Alguns autores serão essenciais durante o processo de
desenvolvimento deste trabalho. Ivan Izquierdo, Joseph Ledoux, Roberto Lent
Gazzanig, Marcus Lira Brandão e Marta Relvas serão os principais destacados.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................08
CAPÍTULO I - O FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO HUMANO .....................10 CAPÍTULO II - OS NEUROTRANSMISSORES ...............................................19 CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA, FUNÇÃO E A INTERVENÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM EM ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL ...............................................................29
CONCLUSÃO ...................................................................................................39
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................40
ÍNDICE ..............................................................................................................41
INTRODUÇÃO
De acordo com Vigotsky, a aprendizagem é resultado de um
desenvolvimento mental; é um processo de aquisição de novas informações
que serão guardadas na memória, portanto, a aprendizagem é, então, um
processo relevante e complexo na vida do ser humano. Lent afirma que a
aprendizagem está diretamente relacionada ao funcionamento dos
neurotransmissores, que ativam a memória e o processo de pensar.
Sendo as neurotransmissoras substâncias químicas produzidas pelos
neurônios, e responsáveis pelo envio de informações intracelular (RELVAS
2010), não se pode deixar de destacar seu importante papel, bem como suas
funções e intervenções diante do processo de aprendizagem. Pesquisas atuais
revelam que o segredo de um cérebro habilidoso está nos neurotransmissores
e nas conexões neurais, no entanto, ainda segundo Relvas (2010), há muito
que pesquisar.
Os neurotransmissores, ou substâncias transmissoras, estão divididos
de acordo com as proteínas das quais são derivados: Aminoácidos, Aminas e
Purinas. Desta forma, faz-se necessário destacar os seguintes
neurotransmissores: GABA, Glutamato, Glicina, Aspartato, Acetilcolina,
Adrenalina ou Epinefrina, Dopamina, Histamina, Noradrenalina ou
Norepinefrina, Serotonina, Adenosina e Trifosfato de Adenosina, tendo cada
um sua função, intervenção e importância, porém, juntos, contribuem em
grande escala para que a aprendizagem se concretize. Deste modo,
educadores precisam compreender a relação “neurotransmissor x
aprendizagem”, precisam, também, compreender a função de cada
neurotransmissor acima citado, sua intervenção e seu papel diante do
desenvolvimento cognitivo, afim de que seja possível criar mecanismos para
que seu educando aprenda de forma satisfatória.
É necessário e relevante, também, compreender a causa e
consequência da falta e/ou excesso de cada uma dessas substâncias
transmissoras. Sendo assim, para que isso ocorra, é preciso conhecer,
também, o funcionamento do cérebro humano e a/as consequência/as do
excesso e/ou falta dos neurotransmissores - GABA, Glutamato, Glicina,
Aspartato, Acetilcolina, Adrenalina ou Epinefrina, Dopamina, Histamina,
Noradrenalina ou Norepinefrina, Serotonina, Adenosina e Trifosfato de
Adenosina - o que isso afeta na escola; e quais as áreas cerebrais que são, ou
não, comprometidas diante dessas consequências em alunos da Educação
Infantil.
CAPÍTULO I – O FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO HUMANO
1.1 - O CÉREBRO HUMANO
Segundo Lent, o século XX foi notável para o estudo do cérebro.
Através da tecnologia (exames de imagem) foi possível perceber e discriminar
as áreas cerebrais em pessoas com atividades diferentes. Os resultados
obtidos através de tantas técnicas de estudo, trazem concepções sobre ação
cerebral, fazendo surgir novas teorias para o estudo da cognição, da memória,
etc. Relvas afirma que o cérebro sempre foi o órgão essencial à aprendizagem,
que educar sempre foi estimular, acordar a mente.
Para que seja possível conhecer o cérebro humano, é necessário
saber que, de acordo com Relvas, existem formas as quais os cérebros
humanos se apresentam e realizam as tarefas. São elas: Cérebro Individual,
Social, Motor, Afetivo-Emocional e Criativo-Inventivo.
Relvas propõem que o Cérebro Individual é o órgão localizado dentro
da caixa craniana. É formado por estruturas anatômicas e dividido em regiões –
frontal, parietal, temporal e occiptal. Cada uma dessas regiões tem suas
especificidades, sendo estas responsáveis pela cognição, memória, tarefas
intelectuais, escolhas e decisões.
Já o Cérebro Social é o responsável pelas relações com o meio social,
a cultura, os conflitos. O Cérebro Social depende do Cérebro Individual na
realização de suas tarefas. Por requerer atenção e habilidades nas atitudes
positivas da personalidade, este cérebro está representado nas regiões do pré-
frontal.
O Cérebro Motor, ainda de acordo com Relvas, é representado pelos
movimentos do corpo. Localizado na região parietal, é responsável pelas
destrezas e pelo refinamento destas habilidades. Ele é conjugado ao cerebelo
e assim, nos dá a possibilidade de nos tornarmos eretos e bípedes, mantendo,
desta forma, o tônus e a rigidez muscular.
“Ao entendermos os movimentos dos músculos do corpo,
compreenderemos sua dinâmica e sua multiplicidade. Ao
compreender a dimensão motora do sujeito, pode-se
perceber o quanto é importante conhecer a
Neurofisiologia muscular, pois, em muitos dos casos,
alterações nestes comandos acontecem, trazendo, então,
transtornos na locomoção que, muitas vezes, atrapalham
ou não a aprendizagem. Isso dependerá de como o
sujeito será estimulado para a realização de suas
atividades.” (RELVAS, 2011, P. 44)
O Cérebro Afetivo-Emocional é inseparável e fundamental para a
realização e manutenção de nossas vidas, afirma Relvas. São sistemas
naturais que organizam as emoções positivas ou negativas, controlando e
equilibrando o comportamento humano. Várias são as regiões interconectadas
O Cérebro Criativo-Invetivo é o que os humanos desejam, buscam, ou
seja, usar todas as potencialidades e habilidades do hemisfério direito para
resolver problemas e, por meio dele, segundo Relvas, expressar melhor os
desejos, vontades e sentimentos.
1.2 – O CÉREBRO E SEUS HEMISFÉRIOS.
“Não existe nada que seja unicamente regulado por um dos
hemisférios.”
(Marta Relvas)
De acordo com Lent, Relvas e outros pesquisadores da Neurociência,
o cérebro humano constitui-se em dois hemisférios cerebrais: esquerdo e
direito. O hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo e o hemisfério
direito controla o lado esquerdo do corpo. Cada hemisfério citado divide-se em
lobos: lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo temporal. Segundo
Relvas, os dois hemisférios eram vistos como dois irmãos; um ativo, dinâmico e
falante e o outro tolo e mudo.
“Em 1950, verificou-se que, mesmo separando os dois
hemisférios, estes continuavam a funcionar
independentemente. Em 1960, percebeu-se que o
hemisfério direito era mudo, mas não tolo. O esquerdo é
resumidamente verbal e analítico. O direito é rápido,
complexo, espacial, perceptivo e configuracional.”
(RELVAS, 2009, P. 35).
Ainda de acordo com Relvas, nosso cérebro é duplo, sendo assim,
necessita receber estímulos específicos.
As funções de cada hemisfério são:
Hemisfério Esquerdo
Hemisfério Direito
• Função verbal: seleciona palavras
para descrever, definir.
• Simbólica: usa símbolos para
representar.
• Analítica: desenvolve a habilidade
passo a passo.
• Abstrata: seleciona pequena parte
da informação para representar o
todo.
• Temporal: marca o tempo e a
sequência.
• Racional: busca razão dos fatos.
• Lógica: extrai conclusões lógicas,
• Função não verbal: percebe as coisas
através de imagens.
• Concreta: concebe coisas em sua
integralidade.
• Sintética: agrupa informações e forma
num todo.
• Analógica: compreende relações e
percebe semelhanças.
• Não temporal: não possui sensação
de tempo.
• Intuitiva: prefere seguir palpites ou
amostras.
Figura 1: Divisão do cérebro em seus dois hemisférios.
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
1.3 – ANATOMIA DA APRENDIZAGEM
Sendo o cérebro humano dividido em dois hemisférios, é necessário
compreender que, de acordo com Lent, a ativação de uma área cortical,
determinada por um estímulo, provoca alterações também em outras áreas,
pois o cérebro não funciona como regiões isoladas.
“Isto ocorre em virtude da existência de um grande
número de vias de associações, precisamente
organizadas, atuando nas duas direções. Estas vias
podem ser muito curtas. Ligando áreas vizinhas que
trafegam de um lado para outro, sem sair da substância
cinzenta. Outras podem constituir feixes longos e
trafegam pela substância branca para conectar um giro a
outro, ou um lobo a outro, dentro do mesmo hemisfério
cerebral. São as conexões intra-hemisféricas. Por último
existem feixes comissurais que conduzem a atividade de
um hemisfério para outro, sendo o corpo caloso o mais
importante deles.” (RELVAS, 2011, P.35).
De acordo com Relvas, as associações recíprocas entre as diversas
áreas corticais asseguram a coordenação entre a chegada de impulsos
sensitivos, sua decodificação e associação, e a atividade motora de resposta. A
isto, Relvas chama de funções nervosas superiores, desempenhadas pelo
córtex cerebral.
1.4 – ÁREAS ASSOCIATIVAS DO CÓRTEX
De acordo com LENT, todo o córtex cerebral é organizado, estruturado,
em áreas funcionais. Cada uma dessas áreas assumem tarefas receptivas,
integrativas ou motoras no comportamento.
“São responsáveis por todos os nossos atos conscientes,
nossos pensamentos e pela capacidade de respondermos
a qualquer estímulo ambiental de forma voluntária. Existe
um verdadeiro mapa cortical com divisões precisas em
nível anatomofuncional, porém todo ele está mais ou
menos ativado, dependendo da atividade que o cérebro
desempenha, visto que há a interdependência e a
necessidade de integração constante de suas
informações diante dos mais simples comportamentos.”
(RELVAS, 2009, P.42)
Figura 2: Divisão do cérebro em lobos.
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
• Lobo Frontal – Córtex pré frontal – Responsável pela elaboração de
pensamentos, planejamento, programação de necessidades individuais
e emoção. Está relacionado com as funções superiores representadas
por diferentes aspectos do comportamento humano. Recebe os
impulsos nervosos dos lobos parietal e temporal por meio dos feixes de
longas fibras de associações situados no giro cíngulo.
De acordo com RELVAS, lesões bilaterais da área pré-frontal,
determinam perda da concentração, diminuição na habilidade intelectual e
déficit de memória e julgamento.
Incluem-se três giros frontais: o giro orbital, a maior parte do giro frontal
medial e, aproximadamente, a metade do giro cíngulo.
• Lobo Temporal – É relacionado primeiramente com o sentido de
audição, possibilitando o reconhecimento de tons específicos e
intensidade do som. Esta área também, exibe um papel no
processamento da memória e da emoção. Possui funções situadas em
porções diferentes. A parte posterior está relacionada com a recepção e
decodificação de estímulos auditivos, que coordenam com impulsos
visuais; a parte anterior está relacionada com a atividade motora visceral
– olfação e gustação – e com alguns aspectos de comportamentos
instintivos.
Segundo RELVAS, tumor ou acidente afetando esta região provoca
deficiência de audição ou surdez.
• Lobo Parietal – Está relacionado à interpretação, à integração de
informações visuais, provenientes do córtex occipital, e às
somatossensitivas primárias, sendo responsável pela sensação de dor,
tato, gustação, temperatura e pressão. Estimulação de certas regiões
deste lobo em pacientes conscientes produz sensações gustativas. Esta
área também está relacionada com a lógica matemática.
A autora afirma, ainda, que lesões do córtex primário occipital
determina perda do campo visual, enquanto lesões do lobo parietal resultam
em perda do conhecimento geral, inadequação do reconhecimento de impulsos
sensoriais e falta de interpretação das relações espaciais – visual espacial e
motora.
• Lobo Occipital – Responsável pelo processamento da informação visual,
ou seja, esta região realiza a integração visual a partir da recepção dos
estímulos que ocorrem nas áreas primárias, leva informações a serem
apreciadas e decodificadas nas áreas secundárias e de associação
visual. Estes centros visuais são conectados por fibras intra-hemisféricas
ao córtex do parietal do mesmo lado, bem como a outras áreas corticais,
tais como: ao lobo temporal, para outras atividades integradoras. Além
da integração intra-hemisférica, as áreas parietais direita e esquerda e
temporais posteriores são conectadas por meio do corpo caloso,
comunicando os dois hemisférios pelas fibras comissurais inter-
hemisférica.
Ainda de acordo com RELVAS, danos nesta área provocam cegueira
total ou parcial.
• Lobo Límbico – Está localizado ao redor da junção do hemisfério
cerebral e tronco encefálico, está relacionado com aspectos de
comportamento emocional e sexual e com o processamento da
memória.
1.4.1 – RELAÇÃO DAS FUNÇÕES DESEMPENHADAS POR
DIFERENTES REGIÕES CORTICAIS
O encéfalo possui determinadas divisões corticais, sendo
cada uma delas responsáveis por desempanhar uma ou mais
funções.
• Córtex Motor Primário – Giro Pré-Central: Responsável pelo início do
comportamento motor voluntário.
• Córtex Sensitivo Primário – Giro Pós-Central: Responsável por
receber as informações sensitivas do corpo humano.
• Córtex Visual Primário: Responsável por detectar os estímulos visuais.
• Córtex Auditivo Primário: Responsável por detectar os estímulos
auditivos.
• Córtex de Associação Motora – Área Pré-Motora: Responsável por
coordenar os movimentos mais complexos.
• Centro da Fala – Área de Broca: Responsável pela produção da fala
articulada.
• Córtex de Associação Somestésica: É a base do esquema corporal.
• Área de Associação Visual: Responsável pelo processamento da visão
complexa.
• Área de Associação Auditiva: Responsável pelo processamento da
audição complexa.
• Área de Wernicke: Responsável pela compreensão da fala.
• Área Pré-Frontal: Responsável pelo planejamento, pelas emoções e
pelo julgamento.
• Área Temporal e Parietal: Responsável pela percepção espacial.
CAPÍTULO II – OS NEUROTRANSMISSORES.
2.1 – O QUE SÃO NEUROTRANSMISSORES.
Segundo Ivan Izquierdo, a aprendizagem de qualquer indivíduo está
diretamente relacionada com o funcionamento dos neurotransmissores, pois
estes ativam a memória e, então, contribuem e aceleram o processo do
pensamento. Os neurotransmissores também modulam os comportamentos e
as emoções, e, de acordo com a sua composição e estrutura, os
neurotransmissores são divididos entre três categorias: as aminas, os
aminoácidos e as purinas. A maior parte destas composições está diretamente
relacionada ao processo de construção da aprendizagem.
Popularmente eles são conhecidos como os “mensageiros do cérebro”,
porém, segundo Roberto Lent, os neurotransmissores são moléculas
especializadas na condução química das informações do neurônio pré-
sináptico para o neurônio pós-sináptico, ou seja, a informação é transportada
pelos neurotransmissores, ou substâncias químicas, até a membrana pós-
sináptica. Essas substâncias, também chamadas de moléculas, são,
normalmente, derivadas de precursores de proteínas e são, geralmente,
encontradas em vesículas pré-sinápticas neurais.
Na membrana pós sináptica são encontradas grandes concentrações
de receptores moleculares e, assim, os neurotransmissores realizam contato e
interagem entre si, gerando uma mudança nas suas estruturas. A liberação de
um neurotransmissor é denominada transmissão sináptica.
Uma reação química ocorre através da combinação dessas moléculas
podendo, então, inibir ou excitar seus impulsos nervosos ou seu potencial de
ação. Roberto Lent nos diz que esta variação é determinada pela associação
entre o neurotransmissor e o receptor.
“Não se pode afirmar que um mediador ou um receptor
sejam excitatórios ou inibitórios, porque isso dependerá
da combinação entre eles. Por exemplo, a acetilcolina,
quando é reconhecida por um tipo de receptor chamado
nicotínico, produz potenciais excitatórios, mas quando é
reconhecida por um receptor do tipo muscarínico, pode
provocar potenciais inibitórios.” (LENT, 2008, p. 75)
2.2 – O POTENCIAL DE AÇÂO
Os impulsos nervosos ou potencial de ação são causados pela
despolarização da membrana. Primeiramente ocorre a passagem de Na+
permitindo a entrada de uma quantidade significativa desses íons na célula.
Desta forma, a quantidade de carga positiva na região interna da membrana, é
aumentada, gerando, assim, sua despolarização. Após este processo, ocorre a
passagem de K+, permitindo, então, a saída de grande quantidade desses
íons. Ocorre, desta forma, a repolarização, ou seja, o interior da membrana
volta a ficar com excesso de cargas negativas.
Não há transmissão de informação de um neurônio ao outro se não
houver o potencial de ação, gerando, assim, dificuldades de aprendizagem,
pois, é através do potencial de ação que se desenvolvem as conexões neurais.
“Tudo começa com a capacidade do “neurônio em
repouso” (imaginando-se que o repouso fosse possível
em um sistema nervoso vivo) de manter uma diferença de
potencial elétrico entre a face interna e a face externa de
sua membrana. Essa é uma capacidade de todas as
células vivas, que depende da existência de canais
iônicos abertos inseridos na membrana. Esse tipo de
canais iônicos simplesmente deixa passar lentamente
íons específicos de um lado para o outro da membrana,
como se fosse um vazamento”. (LENT, 2008, P.67)
De acordo com Lent, o potencial de ação possui algumas
características relevantes e que é preciso tomar conhecimento.
“(..)a primeira é que ocorre sempre do mesmo modo para
cada tipo de neurônio, o que significa que a sua forma
gráfica é invariante(...). A segunda característica do
potencial de ação é que ele torna inexcitável o local da
membrana em que ele aparece. A característica é a sua
condução ao longo do axônio. Essa é uma característica
essencial para a comunicação no sistema nervoso, pois é
ela quem possibilita que as mensagens sejam enviadas
de uma área funcional para outra por meios de feixes de
fibras nervosas, e comuniquem o sistema nervoso central
com a periferia do corpo por meio dos nervos”. (LENT,
2008, P.69)
Ainda de acordo com Lent, para que os impulsos nervosos ou potencial
de ação ocorram, é preciso que os neurônios recebam estímulos e que estes
sejam passados a diante, através de sinapses. São nas sinapses que ocorrem
a passagem química entre os neurônios. Essas substâncias químicas são os
neurotransmissores.
2.3 – AS SINAPSES: O PONTO DE ENCONTRO ENTRE
NEURÔNIOS
Sabemos que os neurônios formam uma cadeia de atividades
elétricas, portanto, pode-se afirmar que eles, de algum modo, precisam estar
interligados. Essa interligação ocorre através das sinapses.
Figura 3: Comunicação entre neurônio – Sinapse.
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
Segundo Lent, as sinapses são as estruturas de contato formadas
pelo prolongamento de um neurônio dito pré-sináptico e um neurônio dito pós-
sinápticos. Ainda de acordo com Lent, a membrana pré-sináptica geralmente
pertence à extremidade de um ramo axônico, e a membrana pós-sináptica, em
geral, se localiza em um dendrito ou no corpo celular do segundo neurônio.
“A estrutura da sinapse é especializada na transmissão
química da informação do neurônio pré-sináptico para a
célula pós-sináptica, que para isso emprega moléculas
transmissoras chamadas neurotransmissores ou, de
modo mais geral, neuromediadores.” (Lent, 2008, p.73)
Lent afirma que nosso cérebro possui centenas de bilhões de
neurônios. Cada neurônio é responsável pelo recebimento de, em média, 10
mil sinapses. Quando um impulso alcança o final de seu axônio, ele percorreu
como um potencial de ação, entretanto, não existe uma continuidade celular
entre o primeiro neurônio e o seguinte; existe um espaço chamado sinapse.
Existem dois tipos de sinapses: A sinapse elétrica e a sinapse
química. A maioria das sinapses e mais frequente, são as sinapses químicas.
As sinapses elétricas ocorrem nas junções, formando canais que
permitem que os íons passe do citoplasma de uma célula diretamente para o
citoplasma de outra célula. Nas sinapses elétricas, a transmissão ocorre de
maneira mais rápida.
“(...)assim, um potencial de ação no neurônio pré
sináptico, pode produzir quase que instantaneamente um
potencial de ação no neurônio pós-sináptico.” (LENT,
2011, p.33)
Já na sinapse química, o sinal de entrada é transmitido quando um
neurônio libera um neurotransmissor na fenda sináptica o qual é detectado pelo
segundo neurônio através da ativação de receptores situados do lado oposto
ao sítio de liberação.
Existem dois tipos de sinapses químicas, de acordo com o efeito que
causam na membrana pós-sináptica: Sinapses excitatórias e inibitórias.
Segundo Gazzaniga, as excitatórias causam uma mudança elétrica excitatória
no potencial pós sináptico. Isso ocorre quando o efeito da liberação do
transmissor é para polarizar a membrana. As inibitórias, ainda de acordo com
Gazzaniga, causam potencial pós-sináptico inibitório, pois o efeito da liberação
do transmissor é hiperpolarizar a membrana.
“Uma única célula nervosa, normalmente, tem centenas
ou milhares de sinapses químicas excitatórias ou
inibitórias, que chegam em seus dendritos ou corpo
celular.” (GAZZANIGA, 2011, P.119)
2.4 – OS NEURÔNIOS
“Os neurônios se comunicam por meio da química”.
(Marta Relvas)
No cérebro humano existem bilhões de neurônios. Toda e qualquer
atividade cerebral se dá através das atividades neuronais (comunicação entre
os neurônios). Os neurônios, também conhecidos como células nervosas, são
células que pertencem ao Sistema Nervoso e, de acordo com Relvas, são
células especializadas, feitas para receber conexões específicas e executar
funções apropriadas.
“Não são apenas estrelas no universo que fascinam o
homem com seu impressionante número. Em outro
universo, o nosso universo biológico interno, uma gigante
“galáxia” com centenas de milhões de pequenas células
nervosas, que formam o cérebro e o sistema nervoso,
comunicam-se umas com as outras pelos pulsos
eletroquímicos para produzir atividades muito especiais,
mentais e físicas, sem as quais não seria possível
expressarmos toda a nossa riqueza interna sem perceber
o nosso mundo externo, como som, cheiro, sabor e,
também, luz e brilho, inclusive o das estrelas”. (RELVAS,
2009, P.25)
Os neurônios, por serem constituídos por estruturas capazes de
conduzir informações, são, segundo Relvas, capazes de estabelecer
sensações, percepções, sentimentos e funções inconscientes e involuntárias
do indivíduo que aprende. Seu formato é diversificado, no entanto, a grande
maioria é alongada, o que facilita sua função.
As células nervosas ou neurônios diferenciam-se das outras células do
organismo, pois apresentam duas propriedades específicas: apresentam
conexões com células musculares – lisas e estriadas – que permitem que
sejam produzidas respostas no músculo cardíaco, liso e esquelético, glândulas
exócrinas, e neurônios pós-sinápticos através da liberação das substâncias
químicas – neurotransmissores -, conexões com células glandulares e outras
células nervosas, e por serem capazes de conduzir sinais bioelétricos por
distâncias longas sem que ocorra o enfraquecimento do impulso ao longo do
percurso, afirma Brandão (2004).
De acordo com Relvas, os neurônios diferencem-se das outras células
em um aspecto muito importante, inclusive para a aprendizagem, ou seja, eles
processam informações.
“Eles devem desencadear informações sobre o estado
interno do organismo e seu ambiente externo, avaliar esta
informação e coordenar atividades apropriadas à situação
e às necessidades correntes das pessoas.” (RELVAS,
2009, P.27)
Além dos Neurônios, o sistema nervoso apresenta-se constituído em
células glias, cuja sua função é dar sustentação aos neurônios, auxiliando seu
funcionamento.
“As céluas glias constituem cerca de metade do volume
do nosso encéfalo. Há diversos tipos de células glias. Os
astrócitos, por exemplo, dispõem-se ao longo dos
capilares sanguíneos do encéfalo, controlando a
passagem de substâncias do sangue para as células do
sistema nervoso. Já os oligodentrócitos e as células de
Schwann enrolam-se sobre os axônios de certos
neurônios, formando envoltórios isolantes.” (RELVAS,
2009, P.28)
Figura 4: A estrutura do neurônio
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
2.5 – AS PARTES DE UM NEURÔNIO
Muito se escuta falar no termo “massa cinzenta”, quando se fala de
cérebro.
“Em uma secção transversal feita no cérebro, é fácil ver
as áreas cinzentas e brancas. O córtex e outras células
nervosas são cinzentos, e as regiões entre eles, brancas.
A coloração cinzenta é produzida pela agregação de
milhares de corpos celulares, enquanto a cor branca é a
cor da mielina. A cor branca revela a presença de feixes
de axônios passando pelo cérebro, mais que em outras
áreas nas quais as conexões estão sendo feitas. Nenhum
neurônio tem conexão direta com o outro. No final do
axônio, encontram-se filamentos terminais, e estes estão
próximos de outros neurônios. Eles podem estar próximos
dos dendritos de ouros neurônios (algumas vezes em
estruturas especiais chamadas espinhas dendríticas), ou
próximos ao corpo celular.” (RELVAS, 2009, P.28)
As células nervosas, ou neurônios, são constituídas por algumas
partes: corpo celular, membrana neuronal, dendritos e axônio. O corpo celular
produz todas as proteínas para os dendritos, os axônios e os terminais
sinápticos. Segundo Relvas, é a “fábrica do neurônio”, é a parte de maior
importância da célula nervosa, pois nele encontram-se todas as informações
genéticas. É no corpo celular que se podem encontrar organelas
especializadas, como mitocôndria, aparelho de Golgi, retículo endoplasmático,
grânulos secretórios, ribossomos e polissomos para, ainda de acordo com
Relvas, fornecer energia e agrupar as partes em produtos completos. É no
retículo endoplasmático granular que são produzidas as substâncias químicas,
os neurotransmissores, elementos estes ativos nas sinapses.
A membrana neuronal é responsável por muitas funções importantes.
Servindo de barreira na união do citoplasma interno do neurônio e excluindo
algumas substâncias que flutuam no fluido que nutre o neurônio, é, também,
responsável, segundo Lent, por manter íons e pequenas moléculas fora da
célula e deixa outras dentro delas, por acumular nutrientes e rejeitar
substâncias nocivas, por catalisar as reações enzimáticas, por estabelecer um
potencial elétrico dentro da célula, por conduzir um impulso e é sensível a
certos neurotransmissores e neuromoduladores.
“A membrana é feita de lipídeos e proteínas – gorduras e
cadeia de aminoácidos.A estrutura básica desta
membrana é uma camada bilateral de fosfolipídeos,
organizada de tal forma que a região polar (carregada)
está voltada para fora e a região não polar, para dentro. A
face externa da membrana contém receptores, pequenas
regiões moleculares especializadas que fornecem uma
espécie de “recipiente” para outras moléculas externas,
em um esquema análogo a uma chave e fechadura. Para
cada molécula externa, existe um receptor
correspondente.” (RELVAS, 2009, P.31)
Os dendritos, conhecidos pelas suas ramificações, servem,
principalmente, para receber sinais de outras células nervosas; Relvas
apresenta os dendritos como sendo “antenas” do neurônio, sendo coberto por
milhares de sinapses.
“Os dendritos são prolongamentos citoplasmáticos curtos,
ramificados, e desempenham a função de ampliar a área
de capacitação da membrana neuronal dos estímulos
nervosos externos à célula, para que sejam avaliados no
corpo celular. Quanto maior for a quantidade de dendritos,
maior será a quantidade de informação, isso permite ao
corpo celular a elaboração de uma resposta mais
completa e complexa. Pode-se dizer que a potencialidade
às ramificações que possui, quanto mais informações
forem colhidas, mais precisas serão as respostas
motoras. (RELVAS, 2011, P.41)
O axônio, via de resposta de expressão da célula nervosa, serve como
um fio que conduz estímulos gerados no corpo celular como resposta aos
estímulos recebidos que cheguem ao órgão efetor.
“O axônio é a principal unidade condutora de neurônios,
capaz de conduzir sinais elétricos a distâncias longas e
curtas, ou seja, desde 0,1mm até 2m. Muitos neurônios
não têm axônios, estes são chamados de “células
amácrinas”, pois todos os processos neuronais são
dendritos. Neurônios com axônios muito curtos também
são encontrados. (RELVAS, 2009, P. 31)
Uma cobertura rica em gordura é encontrada no axônio. Esta é
conhecida como bainha de mielina, que funciona como um isolante de
informação, ou seja, de acordo com LENT, ela impede que as informações se
percam, garantindo, assim, a chegada desta ao local do alvo.
CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA, FUNÇÃO E A INTERVENÇÃO
DOS NEUROTRANSMISSORES NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL.
3.1 – O CÉREBRO, A MEMÓRIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL.
“A educação infantil é tudo, o resto é quase nada”.
(Celso Antunes)
A educação infantil é uma etapa de suma importância da educação
formal, de acordo com Antunes.
“A neurociência mostra que o período que vai da gestação
até o sexto ano de vida é o mais importante na
organização das bases para as competências e
habilidades que serão desenvolvidas ao longo da
existência humana, prova-se que a educação infantil é
tudo, mas é essencial que possamos refletir sobre como
fazê-la bem”. (ANTUNES, 2009, P.9)
ANTUNES ainda afirma que a primeira etapa da infância é o período
das oportunidades, classificado, segundo o autor, como “janela das
oportunidades”. Esta “janela” que o cérebro apresenta, durante pequenos
períodos da infância, possibilitará que a criança aprenda a enxergar, andar,
falar e escutar, sendo nossos órgãos sensoriais e motores, segundo
BARBIRATO, “meros equipamentos que obedecem ao seu comando central”.
Considerando que o cérebro é o órgão que forma a cognição e é o
mais estruturado e organizado do corpo humano, de acordo com BARBIRATO,
aprendizagem do ser humano se estabelece na relação:
BARBIRATO explica que desde o nascimento pode-se afirmar que o
desenvolvimento é resultado da relação intrínseca do cérebro – biológico – com
o ecossistema representando o campus social e cultural e o corpo, sendo
assim, sem essa relação o desenvolvimento humano seria deficiente.
A educação infantil é uma etapa importante, pois promove um
ambiente saudável para que o corpo leve informações ao cérebro, provocando,
então, sinapses que promovem a plasticidade cerebral.
Considerando que o funcionamento dos neurotransmissores, segundo
Izquierdo, está diretamente relacionado à aprendizagem e a aprendizagem
está diretamente relacionada com a “janela de oportunidades” de Antunes, é
possível compreender, então, que os neurotransmissores exercem uma função
primordial na etapa da educação infantil, no que se trata de aprendizagem.
A maioria dos neurotransmissores está diretamente relacionada à
memória. De acordo com Relvas, “um homem sem memória é um homem sem
história. A memória é o brinquedo da aprendizagem.”
Com base nessa informação, é possível compreender que
aprendizagem é um aglomerado de memória, atenção, concentração,
interesses, desejos, estímulos intrínsecos e extrínsecos que norteiam a mente
e o cérebro humano e que os neurotransmissores exercem funções
importantes nessa aprendizagem.
CÉREBRO
ECOSSISTEMA CORPO
3.2 – ACETILCOLINA
A Acetilcolina – Ach – é um neurotransmissor envolvido em muitos
comportamentos, principalmente nas funções cognitivas. A atenção, a memória
e o aprendizado estão diretamente relacionados a este neuromediador. De
acordo com Relvas, todo o aprendizado da criança e de qualquer indivíduo
depende da memória.
A memória está presente em todas as funções do cérebro humano. A
aprendizagem trata-se do primeiro estágio da memória, ou seja, é a fase da
aquisição de informações a serem memorizadas.
Estudos em animais de laboratórios comprovam que ao bloquear a
liberação da Acetilcolina, cria-se um déficit na aprendizagem e na memória. Em
alguns casos, deste mesmo estudo em animais de laboratório, a colina,
somente, é sugerida para aumentar a memória e assim facilitar o processo de
aprendizagem.
A liberação da Acetilcolina dos neurônios para as fibras musculares
promove, também, os movimentos dos músculos do corpo humano, sendo
estes movimentos de extrema importância no desenvolvimento infantil.
Figura 5: Estrutura química da Acetilcolina.
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
3.3 – SEROTONINA
A Serotonina – 5HT - é um neurotransmissor que provoca
interferências no humor, na agressividade e, também, na ansiedade. Relvas
propõe que as oscilações do humor estão diretamente interligadas a diminuição
da liberação da serotonina no SNC.
Estudos comprovam que o comportamento agressivo em crianças da
educação infantil tem sido associado aos níveis reduzidos de serotonina no
encéfalo. Barbirato afirma que em crianças agressivas e ansiosas o processo
de aprendizagem se torna problemático, sendo necessárias intervenções
psicológica e pedagógica.
A Serotonina, de acordo com Relvas, também é responsável pelo
controle da liberação de alguns hormônios, regulação do sono e do apetite.
Figura 6: Estrutura química da Serotonina.
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
3.4 – DOPAMINA
A Dopamina – DA – é um neurotransmissor que controla os níveis de
estimulação e controle motor em muitas áreas do encéfalo. Quando seus níveis
estão extremamente baixos, segundo Silvia Helena Cardoso, psicobióloga, a
locomoção voluntária é afetada.
Ainda de acordo com a autora, os seus níveis de liberação, para o
terminal pós sináptico, estando excessivamente elevados, é característico de
esquizofrenia, sendo necessário tratamento com drogas que bloqueiam a
liberação da dopamina no receptor pós sináptico.
A dopamina, além do movimento e controle motor, exerce, também,
algumas importantes funções no cérebro humano: memória, recompensa
agradável, comportamento e cognição, atenção, inibição de produção do
prolactina, sono e humor, sendo todos esses fatores relacionados diretamente
para uma aprendizagem satisfatória e significativa. Níveis baixos de dopamina
podem contribuir para o transtorno de déficit de atenção, já na memória, a
dopamina, em níveis balanceados, principalmente no córtex pré frontal,
contribui significativamente.
A Dopamina presente nos lóbos frontais do cérebro controla a
circulação da informação de outras áreas encefálicas, afirma Lent. As
desordens da mesma, nesta região, conduzem para diminuir em funções
neurocognitivas, especialmente memória, atenção, e a resolução de
problemas, fatores estes, segundo Barbirato, de suma importância no
desenvolvimento da criança nas séries iniciais.
Figura 7: Estrutura química da Dopamina
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
3.5 – NORADRENALINA
Esse neurotransmissor chamado de noradrenalina – NA -,
principalmente, está relacionado à excitação física e mental, bem como é
conhecido por promover o bom humor. A noradrenalina é atuante na função de
mediadora dos batimentos cardíacos, afirma Lent.
De acordo com Relvas, sua liberação facilita a atenção e o estado de
alerta durante o dia, já durante o sono, seus níveis estão reduzidos. A redução
na captação atua no humor, provocando depressão, sendo necessário o uso de
algumas “drogas” para que, então, seja evitada a sua recaptação.
A Noradrenalina, assim como muitos neurotransmissores, é importante
nos processos de memória de longo prazo e aprendizagem.
Figura 7: Estrutura química da Noradrenalina
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
3.6 – ÁCIDO GAMA AMINO BUTÍRICO – GABA
O ácido Gama Amino Butírico – GABA - desempenha um papel
importante na regulação da excitabilidade neuronal ao longo de todo o sistema
nervoso, sendo o principal neurotransmissor inibitório do encéfalo. De acordo
com Lent, o processo inibitório ocorre quando o GABA se liga ao receptor
permitindo, dessa forma, a entrada de Cloro para dentro da célula. Nos seres
humanos, o GABA também é diretamente responsável pela regulação do tônus
muscular e responsável pela coordenação dos movimentos.
Ainda de acordo com o autor, há hipóteses que a deficiência do ácido
gama butírico acarreta em algumas formas de esquizofrenia, sendo necessário
o uso de “drogas” específicas capazes de ressaltar o efeito do ácido nas
sinapses. O GABA pode influenciar no desenvolvimento do cérebro e regular a
formação das sinapses.
Também está relacionado com a ansiedade, sendo esta prejudicial na
vida da criança, principalmente na educação infantil, e de qualquer
outro indivíduo, tomando proporções patológicas. Neste caso ela se
caracteriza por sensações de perigo e medo sem que haja uma
ameaça real, ou sem que esta ameaça seja proporcional à
intensidade da emoção.
Figura 7: Estrutura química do Ácido Gama Amino Butírico
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC.
3.7 – GLUTAMATO
O glutamato é um neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, o
mais comum em mamíferos. Atua em duas classes de receptores: os
ionotrtópicos – que quando ativados exibem grande condutividade a correntes
iônicas – e os metabotrópicos – que agem ativando vias de segundos
mensageiros e é armazenado em vesículas nas sinapses.
O impulso nervoso causa a libertação de glutamato no neurônio pré-
sináptico; na célula pós-sináptica, existem que ligam o glutamato e se ativam.
O glutamato é precursor na síntese de GABA em neurônios produtores de
GABA.
Lent afirma que o glutamato age em funções cognitivas no cérebro,
atuando no processo de aquisição da memória e, consequentemente, na
aprendizagem.
Figura 8: Estrutura química do Glutamato
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC
3.8 – PEPTÍDIOS: ENDORFINAS E ENCEFALINAS
São neurotransmissores peptídicos opiáceos endógenos capazes de
modular a dor e reduzir o estresse. Esses neurotransmissores são encontrados
em diversas áreas do encéfalo (sistema límbico, mesencéfalo). Também são
produzidos por glândulas pituitárias e liberados como hormônios e envolvidos
na redução da dor, pressão – por aumentar a produção de dopamina, segundo
Lent - , e hibernação. Todos os neurotransmissores opiáceos, ainda de acordo
com o autor, sejam eles endógenos ou sintéticos, alteram o comportamento,
pois agem nos receptores de encefalina do encéfalo.
Os neuropeptídeos e polipeptídeos são neurotransmissores
encontrados no hipotálamo, particularmente no núcleo paraventricular. Esses
são relacionados diretamente com distúrbios de apetite, podendo levar a
excessiva ingestão de alimentos e armazenamento de gorduras, fatores que
corroboram com o processo ensino-aprendizagem na educação infantil.
Especialistas afirmam que crianças que mantém uma alimentação saudável,
estão propensas a uma aprendizagem mais significativa.
A endorfina e encefalina atuam como drogas – heroína e morfina. Elas
podem estar envolvidas nos mecanismos de dependência.
A diminuição dessas substâncias, de acordo com Lent, pode provocar
alteração no sistema supressor da dor, causando enxaqueca, depressão,
ansiedade, fibromialgia, dor crônica, Alzheimer, doença de Parkinson e tantas
outras alterações.
Figura 9: Estrutura química da morfina/endorfina.
Fonte: Laboratório Nacional de Computação Científica – LNCC
Muitos estudos comprovam que a aprendizagem não é uma simples
absorção ou depósitos de conteúdos. Para que ela se concretize é preciso a
interação de uma rede neuronal bastante complexa; Uma rede neurofisiológica
e neuropsicológica que se associam, combinam e organizam estímulos, sendo
necessária a liberação de neurotransmissores para que seja possível
concretizar este processo.
CONCLUSÃO
A partir das informações colhidas neste estudo, é possível
compreender que é a educação infantil é a etapa mais importante na
organização das bases neurais para que sejam desenvolvidas as competências
e as habilidades ao longo da vida.
Tais competências e habilidades exercem papéis importantes durante o
processo de aprendizagem de qualquer indivíduo. Este processo de
aprendizagem, de aquisição de informação e conhecimento, neste caso os
alunos da educação infantil, estão diretamente relacionados com o
funcionamento dos neurotransmissores, substâncias popularmente conhecidas
por “mensageiros do cérebro”. Tais neurotransmissores ativam a memória,
contribuindo, então, com a construção do pensamento, já que estas
substâncias atuam na transmissão química da informação.
Os neurotransmissores citados neste estudo exercem importantes
funções no processo ensino aprendizagem em alunos da educação infantil.
Cada um deles atua de diferentes formas no encéfalo e contribuem ou impede,
de acordo com seu nível no encéfalo, para que este processo se dê de forma
significativa, sem qualquer intercorrência.
É necessário ressaltar que as substâncias transmissoras estão
diretamente interligadas com a memória e o processo de memorização do
indivíduo e tal processo é relevante ao extremo na vida social, profissional e
educacional deste indivíduo.
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, Celso. Educação Infantil: prioridade imprescindível. 6ª edição.
Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2009.
BARBIRATO, Fábio e DIAS, Gabriela. A mente de seu filho: como estimular
as crianças e identificar distúrbios psicológicos na infância. Rio de
Janeiro: Editora Agir, 2009.
CARRARA, Kester. Introducão a psicologia da educação. São Paulo:
Avercamp, 2004.
GARDNER, Howard. Inteligência um conceito reformulado. São Paulo:
Objetiva, 2002.
GAZZANIGA, Michael. Neurociência Cognitiva: A Biologia da Mente.
Tradução: Angélica Rosat. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006.
GOLGBERG, E. O Cérebro Executivo: Lobos Frontais e a Mente Civilizada.
Rio de Janeiro: Imago Editora, 2002
LENT, Roberto. Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação, gêneros e potencialidades
na sala de aula. Rio de Janeiro, 2ª ed. WAK Editora, 2010.
RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação –
Despertando Inteligências e Afetividade no processo da Aprendizagem.
Rio de Janeiro, 5ª edição. WAK Editora, 2010.
VIGOTSKYi, L.S.. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Editora Martim
Fontes, 2003.
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .............................................................................02
AGRADECIMENTO .............................................................................03
DEDICATÓRIA .....................................................................................04
RESUMO .............................................................................................05
METODOLOGIA ..................................................................................06
SUMÁRIO ............................................................................................07
INTRODUÇÃO .....................................................................................08
CAPÍTULO I
O Funcionamento do Cérebro Humano ...............................................10
1.1 – O Cérebro Humano .....................................................................10
1.2 – O Cérebro e Seus Hemisférios ...................................................11
1.3 – Anatomia da Aprendizagem ........................................................13
1.4 – Áreas Associativas do Córtex .....................................................14
1.4.1 – Relação das Funções Desempenhadas por Diferentes Regiões
Corticais ...............................................................................................17
CAPÍTULO II
Os Neurotransmissores .......................................................................19
2.1 – O Que São Neurotransmissores .................................................19
2.2 – O Potencial de Ação ...................................................................20
2.3 – As Sinapses ................................................................................21
2.4 – Os Neurônios ..............................................................................22
2.5 – As Partes de Um Neurônio .........................................................26
CAPÍTULO III
A Importância, Função e Intervenção dos Neurotransmissores no
Processo Ensino Aprendizagem em Alunos da Educação Infantil ......29
3.1 – O Cérebro, A Memória e A Educação Infantil .............................29
3.2 – Acetilcolina ..................................................................................31
3.3 – Serotonina ...................................................................................33
3.4 – Dopamina ....................................................................................34
3.5 – Noradrenalina ..............................................................................34
3.6 – GABA ..........................................................................................35
3.7 – Glutamato ....................................................................................35
3.8 – Peptídeos: Endorfina e Encefalina ..............................................36
CONCLUSÃO ......................................................................................39
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................40
ÍNDICE .................................................................................................41