108
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DA QUALIDADE EM PROCESSOS DE TRATAMENTO DE ÁGUA PARA A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA VALIDAÇÃO DE PROCESSOS Edmar Dias da Silva Orientador Mario Luiz Trindade Rocha Goiânia 2011 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO … · O processo de produção de água para uso farmacêutico utiliza uma seqüência de operações unitárias (etapas de um processo) para

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DA QUALIDADE EM PROCESSOS DE TRATAMENTO

DE ÁGUA PARA A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA VALIDAÇÃO

DE PROCESSOS

Edmar Dias da Silva

Orientador

Mario Luiz Trindade Rocha

Goiânia 2011

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DA QUALIDADE EM PROCESSOS DE TRATAMENTO

DE ÁGUA PARA A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA VALIDAÇÃO

DE PROCESSOS

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Estratégica e Qualidade

3

AGRADECIMENTOS

A todos os meus colegas da HalexIsta e

em especial ao Frank, que me apoiou

muito, nunca se preocupando em passar

os seus conhecimentos, que

representou juntamente com a eficiência

a parte divertida do trabalho.

4

DEDICATÓRIA

A minha mãe, meu girassol, pela dedicação e por me

amar tanto.

A minha esposa por confiar e acreditar em mim.

A Silvana, pelo carinho, pela oportunidade e disposição

a me ensinar (sem cobrar nada!), e pela sua paciência

com a minha inexperiência. Farei sempre o possível

para não esquecer os seus ensinamentos, pois tenho a

certeza de que eles me valerão muito tanto em minha

vida profissional quanto pessoal.

Ao meu pai pelo apoio moral, carinho e a confiança.

Às minhas jóias Kamylle, Lucas e Ana Carollina que

através do seu apoio e companheirismo desprendido

mesmo que não saibam medir, me ajudaram a vencer

esta fase de forma mais leve e alegre.

A todos que torceram por mim e que tornaram isso

possível.

E finalmente a Deus, que sempre segura na minha mão

durante a minha caminhada.

5

RESUMO

Segundo a organização americana de Administração de Alimentos e

Medicamentos (Food and Drugs Administration – FDA, 1987), validação

consiste em estabelecer evidência documentada, que proporcione com alto

grau de segurança, que determinado procedimento quando executado sob

condições pré-estudadas e definidas, seja capaz de reproduzir um serviço ou

bem dentro das especificações e atributos de qualidade desejáveis. Na

indústria farmacêutica todos os projetos de validação devem ser

cuidadosamente planejados, objetivando principalmente demonstrar a

conformidade do sistema com o projeto aprovado, assim como contribuir para

implementações de melhorias. Tratando-se de sistemas de purificação de

água, esse estudo de validação deve receber maior atenção, visto que a água

é considerada a principal matéria-prima para produtos parenterais e a sua

qualidade deve ser garantida desde a sua fase de captação até a sua

distribuição, já que as soluções parenterais são aplicadas em via paralela ao

tubo digestivo (via enteral) e sua administração é crítica e sua reversão é

complexa, pois seu meio de transporte é o sangue e este circula rapidamente

pelo corpo estendendo suas características de igual forma. Este trabalho teve

como objetivo validar o sistema de tratamento de água da indústria

Farmacêutica seguindo as diretrizes ditadas pelo FDA, para tanto foram

realizados inicialmente estudos de qualificação do projeto, instalação e

qualificação de operação, que compreendem a qualificação de equipamentos

e, posteriormente, durante doze meses com o intuito de mostrar os efeitos de

sazonalidade, executaram-se análises de qualificação de performance.

Ferramentas estatísticas, como avaliação de estabilidade e capacidade, foram

adotadas na análise do processo. Foi determinado, através de estudo realizado

com a aplicação da ferramenta FMEA e de acordo com as normas vigentes

(USP 30 e Farmacopéia Brasileira), que as variáveis críticas do processo

seriam condutividade, carbono orgânico total (TOC) e cloração.

6

METODOLOGIA

O presente estudo, quanto á natureza, caracteriza-se por ser uma pesquisa do

tipo aplicada, que tem com objetivo gerar reflexão sobre o assunto e a

Validação do Processo de Tratamento de Água da Empresa estudada.

Trata-se de estudo bibliográfico que, para sua execução teve por método a

leitura exploratória e seletiva do material de pesquisa.

A seleção de fontes de pesquisa foi baseada em publicações de autores de

reconhecida importância no meio acadêmico e em livros e artigos veiculados e

pesquisados através da internet.

O delineamento de pesquisa contemplou as fases de levantamento e seleção

da bibliografia, coleta dos dados in loco e leitura minuciosa sobre o assunto.

De posse dos indicadores se buscará analisar junto à empresa a estudar,

seu nível de conformidade aos mesmos, o que se dará pela pesquisa

documental, entrevistas dos operadores do sistema, por meio de relatórios

próprios, e observação in loco pelo pesquisador.

A compilação dos dados se dará por meio da análise dos indicadores

numéricos gerados, que permitirá se chegar a uma valoração relativa à

adequação ao tratamento de água, quanto suas preocupações com a

Qualidade e Validação do Processo que lhe é pertinente.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................ 8

CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................... 11

CAPÍTULO II

ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO..................................................... 16

CAPÍTULO III

PARTE EXPERIMENTAL........................................................................ 58

CONCLUSÃO.......................................................................................... 98

BIBLIOGRAFIA....................................................................................... 100

ANEXO.................................................................................................... 104

ÍNDICE.................................................................................................... 105

8

INTRODUÇÃO

As monografias farmacopêicas definem diferentes níveis de

exigências, vinculados aos tipos de tratamento considerando-se o uso final do

produto onde será empregada uma determinada água.

O escopo, instalação e operação de sistemas para produção de PW

(Água Potável) e WFI (Água para Injetáveis) possuem componentes similares

de controles técnicos e processos. A qualidade atribuída a ambas as águas

difere apenas nas quantidades de endotoxinas e contagem bacteriológica

exigida para a água WFI durante a sua fase de preparação.

A diferença crítica encontra-se no grau de controle do sistema, na

purificação final e nos passos necessários para assegurar a remoção da

contagem bacteriológica e endotoxinas. Quanto à qualidade físico-química da

água WFI, são observados dois parâmetros: TOC (Carbono Orgânico Total) e

condutividade.

O processo de produção de água para uso farmacêutico utiliza uma

seqüência de operações unitárias (etapas de um processo) para dar o

tratamento requerido à água e garantir que ela atenda à especificação e

assegura que não haja interferência de contaminantes que afetem a qualidade

das drogas produzidas ou injetadas, o que é crucial para sua eficácia e para a

saúde do paciente.

Embora as diferentes farmacopéias descrevam diferentes tipos de

água para uso farmacêutico, pode-se dividi-las em dois grupos: água para

injeção (WFI Water for injection) e (PW*: Purified Water) água purificada nosso

trabalho será focado nestas duas linhas. Tecnologia recente baseada no

fenômeno natural de osmose, que consiste na passagem de água pura de uma

solução salina diluída, para uma mais concentrada, através de membrana

semipermeável. O fluxo de água é interrompido quando se atinge o equilíbrio. A

diferença de nível entre as duas soluções é conhecida como pressão osmótica

de equilíbrio. Pressão hidráulica, superior a pressão osmótica de equilíbrio, na

9

solução concentrada, resulta no processo inverso, dando origem ao nome de

osmose reversa.

Constituição de um sistema de tratamento de água: o sistema de

tratamento é constituído por unidades de pré-tratamento, unidade de

tratamento, dispositivos de armazenagem e distribuição de água, dispositivos

necessários para a monitoração e o controle do processo e sistemas de limpeza

química e sanitização. Também devem existir procedimentos de rotina

relacionados às ações corretivas do sistema de tratamento de água, definindo

os pontos nos quais são necessárias atuações. Devem detalhar a função de

cada cargo, quem é responsável pela execução da atividade, e descrever como.

Programa de Monitoração Com os parâmetros críticos definidos é

necessário incluir a freqüência de amostragem, pois estas devem ser

monitoradas e avaliadas para eventuais ações corretivas. Os parâmetros

críticos que devem ser monitorados com freqüência são: condutividade, o índice

de carbono orgânico total e a contagem microbiana bem como algumas análises

específicas.

Controle microbiológico: o controle microbiológico é dos

monitoramentos mais difíceis e deve ser feito utilizando-se um dos seguintes

procedimentos, sendo os dois primeiros mais utilizados pela indústria

farmacêutica: Método de filtração em membranas

, Método de contagem em placas

Existem kits que permitem incorporar amostras e os resultados podem ser

obtidos em torno de 24 ou 48 horas. Muito importante é a coleta da amostra,

pois é esta porção que representará o sistema como um todo.

Qualificação e validação do sistema de tratamento de água: todo

sistema de tratamento de água deve ter seus equipamentos qualificados e

calibrados para que funcionem corretamente e conduzam aos resultados

esperados e validados. Geralmente para sistemas de tratamento de água o

tempo para observação análise e validação gira em torno de um ano.

10

Aplicar a Gestão da Qualidade item 7.5.2 da ISO 9001/2008

Validação de Processos e Serviços, para validar o sistema de tratamento,

armazenamento e de distribuição de água WFI (Water for Injection) da empresa

Halexistar Indústria Farmacêutica em Goiânia para produção de água industrial,

que atenda às especificações requeridas pela USP 30 - The United States

Pharmacopeia-, Farmacopéia Brasileira, Portaria n° 500 de 09/10/1997 do

Ministério da Saúde, FDA - Food and Drug Administration-, ISPE - International

Society for Pharmaceutical Engineering- e BPF - Boas Práticas de Fabricação.

Item 7.5.2 da norma ISO 9001/2008 – Validação dos Processos de

Produção e Prestação de Serviço.

Diz que a organização deve validar quaisquer processos de produção e

prestação de serviço onde a saída resultante não possa ser verificada por

monitoramento ou medição subseqüente e, como conseqüência, deficiências

tornam-se aparentes somente depois que o produto esteja em uso ou o serviço

tiver sido entregue.

Só para exemplificar: Vocês já imaginaram como uma fábrica de fósforos

garante que eles irão funcionar?

A validação deve demonstrar a capacidade desses processos de alcançar os

resultados planejados.

11

CAPITULO – I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. Soluções Parenterais

As Soluções Parenterais (SP), também chamadas de soro, são

soluções aplicadas em via paralela ao tubo digestivo (via enteral) podendo ser

venosa, arterial, muscular e subcutânea, sua administração é crítica e sua

reversão é complexa, pois seu meio de transporte é o sangue e este circula

rapidamente pelo corpo estendendo suas características.

A história das Soluções Parenterais teve início em 1616, quando o

médico inglês William Harvey tornou pública sua descoberta sobre a circulação

sanguínea, assim como os detalhes do sistema circulatório do sangue ao ser

bombeado por todo o corpo pelo coração. Continuando na história das SP’s

tem destaque Thomas Latta que em 1831, devido a uma considerável epidemia

de cólera na Inglaterra, aplicou grande quantidade de solução salina, líquido

intravenoso, em humanos com o intuito de amenizar os efeitos da desidratação

ocasionada pela doença e obteve resultados satisfatórios.

Somando-se a essas descobertas que despertaram interesse da

sociedade científica quanto às soluções parenterais, tem-se no final do século

XIX a descoberta da teoria da infecção microbiana proposta por Louis Pasteur.

Abriram-se então caminho para as soluções parenterais seguras. Desde então

vem ocorrendo modernização e melhorias na sua fabricação. Segundo Elias

(2003), no Brasil o setor se desenvolveu muito tecnologicamente nos últimos

15 anos.

As soluções parenterais podem ser classificadas dentre outros

aspectos, conforme o seu volume e de acordo com a segurança na

administração ao paciente.

Quanto ao seu volume, de acordo com a Diretoria Colegiada da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC 210), elas estão classificadas

12

em Soluções Parenterais de Grande volume (SPGV) e Soluções Parenterais de

Pequeno Volume (SPPV).

As SPGV são soluções injetáveis em base aquosas estéreis e

apirogências, acondicionadas em recipiente único com sistema fechado e

capacidade de 100 mL ou mais, esterilizadas, terminalmente. Estão incluídas

nesta definição as soluções para administração endovenosas, solução para

irrigação e soluções para diálise peritoneal.

Já as SPPV são soluções estéreis e apirogênicas, acondicionadas

em recipiente com capacidade inferior a 100 mL, para administração por via

parenteral.

Quanto à segurança na aplicação no paciente elas estão divididas

em sistema aberto: sistema de administração de SP que permite o contato da

solução estéril com o meio ambiente seja no momento da abertura do frasco,

na adição de medicamentos ou na introdução de equipo para administração; e

sistema fechado: sistema de administração de SP que, durante todo o preparo

e administração, não permite o contato da solução com o meio ambiente.

As SP’s são de grande importância no cuidado da saúde humana,

seja em situações corriqueiras como um desconforto etílico ou em

procedimentos cirúrgicos, que são geralmente mais complexos e requerem

maior cuidado. Daí a preocupação em evitar a potencialização da

contaminação bacteriana e da presença de pirogênios durante a manipulação.

A ANVISA ciente da necessidade de segurança na administração

das SP’s resolveu na Consulta Pública nº 68, de 27 de outubro de 2006,

aprovar as regras referentes ao registro e comercialização para a substituição

do sistema de infusão aberto para fechado. Ficou determinada a proibição da

produção e comercialização, a partir do dia 30/11/2008, de Soluções

Parenterais de Grande Volume em Sistema Aberto, com a indicação para uso

parenteral. As soluções servem para manter imunes de micro-organismos

medicamentos essenciais para o uso de toda a sociedade. Normas e

adequações devem ser seguidas à risca para proporcionar uma melhoria na

produtividade, gerando qualidade em todos os processos de produção. Esse é

13

o panorama das empresas que desenvolvem as soluções parenterais – drogas

intravenosas ou intramusculares acima de 100 ml – que atualmente chegam a

produzir cerca de R$ 31 milhões em medicamentos por mês.

Um dos órgãos de controle do ministério da saúde, com uma série de

mudanças significativas nos procedimentos de produção, por meio das

Resoluções de Diretoria Colegiada – as chamadas e temidas RDC -,

estabelecidas atualmente, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(Anvisa), como o caso da Soluções Parenterais de Grande Volume (SPGV) –

acima de 100 ml – de sistema aberto para fechado, o segmento passou por

uma pulverização e reduziu de 23 para 11 empresas atuantes no mercado e

produção deste tipo de solução.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de

Soluções Parenterais (ABRASP), Luiz Moreira de Castro, o segmento sofreu

com as adequações estabelecidas pela Anvisa, mas isso trouxe

desenvolvimento ao mercado. “Muitas empresas tiveram de se adequar as

novas RDCs da Anvisa, por isso, empresas importantes no segmento deixaram

de existir”, devido ao alto custo para implementação das novas mudanças de

sistemas e tecnologias para desenvolvimento e produção em geral destas

soluções.

A solução parenteral ao contrário do que muita gente pensa ela não está

ligada somente no soro ela é mais abrangente, quando foi estabelecida a RCD

45 pela Anvisa – que submeteu a solução parenteral como todo um processo –

a agencia estabeleceu que todo o medicamento acima de 100 ml deveria estar

enquadrado no sistema fechado. Ainda hoje, os medicamentos abaixo de 100

ml ainda aparecem na versão aberta, como por exemplo, as ampolas de vidro,

mas a tendência do mercado é que esse tipo de embalagem desapareça e se

transforme em soluções fechadas. Nossa legislação cresce acelerado. A

Anvisa tem um papel muito importante, no sentido de impor regras novas, isso

sem estrangular as empresas e causar gargalos no mercado.

Já está acontecendo atualizações importantes no mercado. Hoje temos

uma mudança na legislação, onde a RDC 210 está sendo atualizada e a

qualquer momento ela deve ser publicada. Esta nova resolução aproxima muito

14

o Brasil de países da Europa e dos Estados Unidos, com relação à legislação

de regulação. Além disso, a reformulação da Farmacopéia brasileira, também é

um fator importante da atualização do País com relação ao controle do que é

produzido e distribuído no Brasil. Com relação à indústria, as multinacionais

estão mais próximas destes processos por já viverem realidades parecidas em

seus países de origem, mas a indústria nacional vem acompanhando este

crescimento com responsabilidade e maturidade.

O que é sabido por nós é que a humanidade passou em toda sua

história por duas grandes revoluções - agrícola e industrial, a água esteve

presente nas duas; paradoxalmente ocasionando evolução por um lado e por

outro, conflitos, doenças e morte. O termo revolução é usado devido à

mudança radical que ocorreu nos lugares nos hábitos e costumes dos

humanos nos últimos três milhões de anos. Imaginem pequenos grupos de

pessoas vivendo numa caverna, depois noutra, ou ao relento, enquanto se

moviam atrás dos animais que caçavam ou dos vegetais que coletavam;

nenhum tempo para pensar em algo mais do que comida; vivendo exatamente

como animais. A grande novidade foi fazer a água trabalhar pelo homem; e

aprender a controlar os rios implicava também em controlar homens.

Por mais cuidado que se tenha, sempre é possível ocorrer à

contaminação da solução parenteral. Mas é possível reduzir o risco e detectar

o problema antes de se administrar o produto ao paciente. Água bruta, a água

desse tipo é retirada de poços, lagos, mares, ou seja, é a forma primária de

como se encontra a água. Esta, por sua vez pode ser de boa qualidade, já

sendo própria para o consumo, que é o caso de aquíferos, onde a água já é

previamente filtrada pelo solo terrestre, ou de baixa qualidade imprópria para o

consumo, como ocorre na maioria dos casos. Assim, para se tornar de

interesse industrial, é necessário retirar sedimento, diminuir a carga de

microrganismos e de matéria orgânica, utilizando processos como a filtração

por areia, sedimentação, decantação, floculação e carvão mineral. Este

processo também é conhecido como abrandamento. A partir deste ponto a

água passa a ter outra denominação. Água para injetáveis e água estéril para

injetáveis

15

Com um nível de tecnologia alto aplicado, denominado de osmose

inversa, a água está com um nível de pureza tão alto que os pirogênios

contidos na água são eliminados. A preocupação com a qualidade da água é

tamanha que após todo o tratamento de purificação e armazenamento em

ampolas ou bolsas, as indústrias farmacêuticas ainda enviam o produto

acabado pelas máquinas de autoclave, denominado água estéril para

injetáveis.

16

CAPITULO – II

Água para uso farmacêutico

Yuan Lee, prêmio Nobel em Química em 1986, escreveu: “A água é

esquisita. É um líquido, quando deveria ser um gás; expande, quando deveria

contrair; e dissolve quase tudo que toca, se tiver tempo suficiente. No entanto,

sem a esquisitice da água, a Terra deveria ser mais uma bola de gelo sem vida

no espaço”.

Impossível negar a importância da água, a vida se apoia no

comportamento anormal da água que é uma molécula simples e estranha e

que pode ser considerada o líquido da vida. É a substância mais abundante da

biosfera – onde a encontramos em seus três estados: sólido, líquido e gasoso –

o componente majoritário dos seres vivos, podendo representar de 65 a 95%

de massa da maior parte das formas vivas. Possui extraordinárias propriedades

físico-químicas que são responsáveis por sua importância biológica (ARRAKIS,

2008).

A água além de ser indispensável para os seres vivos ainda possui

diversas aplicações também importantes. Uma dessas utilidades da água está

na manufatura de produtos farmacêuticos (USP 30). A água para uso

farmacêutico exige tratamento de alta pureza para assegurar que não haja

interferência de contaminantes que afetem a qualidade das drogas produzidas

ou injetadas (GRELA, 2004). Esta qualidade é alcançada através de apropriada

seleção, instalação, validação e operação dos processos unitários de sua

purificação, bem como dos sistemas de armazenagem e distribuição (MORETO

e ZARDO, 1999).

A principal referência seguida para a produção, armazenagem e

distribuição de WFI é a farmacopéia americana USP 30, que dita quais os

parâmetros devem ser analisados juntamente com os seus limites de

aceitação, assim como sugere como devem ser feitos o monitoramento das

variáveis de controle, sanitização do tanque de armazenagem e da tubulação

de distribuição de água.

17

Apesar de existirem outros parâmetros importantes para os

processos de purificação de água, como dureza e concentração de cloro na

água, os principais atributos físico-químicos e microbiológicos, que são

especificados tanto pela USP 30 como pela Farmacopéia Brasileira quarta

edição, estão descritos no Quadro 01.

QUADRO 01. Parâmetros de qualidade da água WFI

Ensaio Valores/Limites

Condutividade < 1,3 µS. cm-1

Carbono Orgânico Total < 500 mg.m-3

Bactérias Heterotróficas a 35°C/48

horas

10 UFC.100 mL-1

Coliformes Totais Ausência.100mL-1

Coliformes Termotolerantes / E.Coli Ausência.100mL-1

Pseudomonas Aeruginosa Ausência.100mL-1

Endotoxinas Bacterianas 0,250 EU.mL-1

Esterilidade Estéril

FONTE: USP U.S. Pharmacopeia 30ª Ed.

Onde: µS. cm-1 = microsiemens por centímetro

mg.m-3 = miligramas por metro cúbico

UFC. mL-1 = unidades formadoras de colônia por mililitro

18

EU. mL-1 = unidade de endotoxinas por mililitro

2.1.1 Considerações Físico-químicas

É imprescindível que em um sistema de água opere o maior tempo

possível sem paradas, objetivando o abastecimento às produções e atender às

especificações microbianas. Anteriormente à norma USP 23, eram cobradas

uma série de testes físico-químicos, como cloreto, amônia, cálcio e dióxido de

enxofre, essas análises atendiam às especificações do controle de qualidade,

no entanto eles não resistiam ao teste do tempo, visto que se algum desses

parâmetros atingissem os limites especificados o operador não poderia tomar

nenhuma ação corretiva imediata, devido à demora no resultado das análises.

A introdução de novas normas na USP 23, reafirmada pela USP 24, veio

modicar essa concepção referente à quantidade e especificação de testes

realizados na água WFI, a partir da USP 23 passam a ser recomendados

apenas testes de condutividade elétrica, que abrangem a análise dos íons

inorgânicos, e de Carbono Orgânico Total (TOC- Total Organic Carbon) que é

referente aos contaminantes orgânicos.

Diferentemente das outras análises que eram anteriormente

executadas, as variáveis condutividade e TOC podem ser analisadas de forma

on-line, em tempo real, e em linha, determinando imediatamente as

características da água e permitindo ação corretiva em menor prazo de tempo,

otimizando assim a produção de WFI e ainda evitanto a interferência do meio

no resultado da análise.

2.1.1.1 Condutividade Elétrica

A água é uma solução eletrolítica e a sua condutividade é a

expressão numérica quantitativa da sua capacidade de transportar a corrente

elétrica através dos íons inorgânicos presentes, daí a tomada de decisão de

suprimir os demais testes físico-químicos, visto que se torna redundante a sua

19

determinação já que a determinação da condutividade da água é diretamente

proporcional à detecção destes sais dissociados.

As moléculas de água se dissociam em íons em função da

temperatura e do pH, previsivelmente afetanto a condutividade. No entando

desde a USP 23, nenhuma exigência quanto ao pH da água é feita, pois

entende-se que, se a água estiver em conformidade com o valor de

condutividade fixado, forçosamente deverá estar em conformidade com os

valores de pH exigidos, já que em água WFI as concentrações de íons OH- e

H+ são iguais devido a sua alta pureza, comprovando que não é necessário

medir pH em água ultrapura, conforme a Sociedade Americana para Testes e

Materiais (ASTM - American Society for Testing and Materials) especifica.

Em relação à influência da temperatura, a análise da condutividade

da água é executada no “Estágio 1”, definido pela USP 30, onde a medida é

feita sem compensação da temperatura e com sua simultânea medição, e

também sob exclusão de gases atmosféricos (análise em linha), mais

especificamente o dióxido de carbono (CO2 ). Compara-se a leitura de

condutividade obtida com o Quadro 02, se o valor medido da condutivida for

igual ou menor ao correspondente à temperatura especificada pelo quadro a

água está de acordo com a USP 30.

QUADRO 02. Requerimentos de temperatura e condutividade

Temperatura [°C] Condutividade [µS.cm-1]

10 0,9

15 1,0

20 1,1

25 1,3

30 1,4

35 1,5

20

40 1,7

FONTE: USP U.S. Pharmacopeia 30ª Ed.

2.1.1.2 Carbono Orgânico Total (TOC - Total Organic

Carbon)

A determinação de TOC é uma medida indireta de moléculas

orgânicas presentes nas águas farmacêuticas, essas moléculas são oriundas

tanto de material orgânico presente na água de alimentação como também de

bactérias mortas que liberam moléculas orgânicas.

A tecnologia de determinação de TOC é baseada na foto-oxidação

catalítica, através de radiação ultravioleta, da matéria orgânica, convertendo-a

a dióxido de carbono (CO2), que altera sensivelmente a condutividade da água,

que por fim é registrada por um condutivímetro e convertida em TOC. A medida

da concentração de carbono orgânico é feita diretamente pela diferença da

concentração de carbono total e carbono inorgânico, conforme a Equação 01.

TOC = TC – IC

Eq. 01

Onde: TC = Carbono Total (Total Carbon)

IC = Carbono Inorgânico (Inorganic Carbon)

A análise de TOC é importante, visto que permite revelar a presença

de biofilme nos diversos estágios do processo, como no sistema de distribuição

e armazenamento, favorecendo a tomada de decisões quanto a procedimentos

de ação corretiva ou preventiva em relação às sanitizações do sistema.

A USP 30 recomenda que a concentração de TOC na água para

injetáveis deve ser de 500 mg.m-3, e ainda prioriza que os analisadores do

carbono orgânico sejam qualificados e desafiados com padrões primários de

sacarose e benzoquinona, por procedimento descrito como System Suitability

Test.

21

Um aspecto importante em relação ao TOC deve ser levado em

consideração, são os detalhes estruturais, tais como, utilização de anéis de

vedação em borracha, uso de graxas a base de vaselina, materiais plásticos

não inertes, estes materiais devem ser evitados pois liberam TOC na água.

2.1.2 Considerações microbiológicas

Os microorganismos representam um alto risco à saúde humana, e

se tratanto de produtos farmacêuticos parenterais esse risco é potencializado,

visto que a sua administração é feita no organismo sem a barreira do trato

digestivo, favorecendo a ação de microorganismos patogênicos. Com o intuito

de atingir bom nível de qualidade microbiana nos produtos farmacêuticos é

imprescindível que se conheçam as origens e os mecanismos responsáveis por

esta contaminação.

Existem várias fontes de contaminação microbiológica em potencial

de sistemas de água na indústria farmacêutica, a origem principal é a água de

alimentação, devido a esse fator, para sistemas de produção de água WFI, a

norma USP 30 recomenda que a água deve ser no mínimo potável, a nível de

coliformes totais e fecais. No entanto a água de alimentação não é a única

origem de contaminação microbiana, a contaminação pode ser oriunda das

diversar etapas do processo e também do ambiente, pode-se citar entre outras

fontes os tanques de armazenamento desprotegidos, discos de ruptura

corrompidos e sanitização ineficiente e ainda erros de engenharia como

presença de pontos mortos nas tubulações de passagem e distribuição de

água ou ainda paradas prolongadas da planta, a atenção quanto a esses

fatores é imprescindível, e medidas devem ser tomadas para a eficiente

prevenção, detecção e remediação referente à contagem bacteriológica.

Os microorganismos presentes na água de alimentação, além de

compromoter a qualidade do produto requerido, água WFI, ainda podem

representar risco para as operações unitárias do processo através da formação

de biofilme, como é o caso das resinas de abrandadores, os microorganismos

fixam nas suas superfícies evitando que as mesmas executem a sua função de

22

troca iônica e, tornando-se ainda fonte de cotaminação para as fases

subseqüêntes.

Visando a qualidade da água durante as fases de produção,

armazenamento e distribuição, devem ser selecionados métodos de

monitoramento microbiano capazes de determinar as quantidades e tipos de

microorganismos críticos para o sistema de água (USP 30, 2007), bem como

devem ser determinados procedimentos eficazes de sanitizações e limpezas

que atendam às BPF’s.

2.1.2.1 Endotoxinas

Endotoxinas são complexos de alto peso molecular associandas à

membrana externa de bactérias Gran (-), e são a principal fonte de pirogênio

para a água de grau farmacêutico. As endotoxinas são constituidas

basicamente de lipopolissacarídeos (LPS), e a sua composição, porção central,

auxilia na dispersão da molécula e, a porção lipídica é responsável pela sua

ação biológica.

Dentre as várias atividades biológicas da unidade lipídica das

endotoxinas pode-se citar pirogenicidade, aumento da temperatura corpórea, e

toxicidade letal. As características de universalidade, relativa estabilidade

térmica, e capacidade de provocar profundas alterações fisiológicas quando

administrada via parenteral, tornam sua detecção e eliminação um desafio ao

produtor de parenterais (PINTO, 2000).

As endotoxinas são ainda um ótimo indicador de presença de

biofilme nas instalações de produção WFI, servindo como parâmetro para a

realização de ações corretivas. Um método muito disseminado na indústria

farmacêutica quanto ao controle de endotoxinas é a ultrafiltração, que tem seu

mecanismo fundamentado em limites de exclusão de peso molecular (USP 30,

2007).

23

2.1.3 Sistema de distribuição de água aos pontos de

uso

A USP 30 recomenda que a distribuição da água aos pontos de uso

deve ser de fluxo contínuo (recirculação) e turbulento, com bombas que

distribuam a água e permitam sanitizações à quente, as duas medidas citadas

evitam desenvolvimento microbiológico.

O sistema deverá contar com válvulas de amostragem sanitárias que

permitem a coleta de amostras da água para posterior determinação de suas

características.

2.1.4 Tanque de armazenagem de água WFI

A fabricação do tanque de armazenagem de WFI deve ser feita em

concordância com as BPF’s, objetivando a diminuição do risco de

contaminação microbiana e a ocorrência de corrosão. Essas considerações

são garantidas utilizando-se tanques fechados com polimento interno, entrada

de água através de sprayball que garante que as superfícies internas sejam

molhadas e recirculação constante.

A USP 30 ainda recomenda que seja utilizado filtro de ar hidrofóbico

de retenção microbiana para evitar contaminação proveniente do ar e permitir a

dinâmida de alteração do nível do tanque, além da instalação de um disco de

ruptura para resguardar a integridade física do tanque.

A sanitização do tanque deverá estar defina em procedimento

específico que determine sua freqüência e modo de execução.

2.1.5 Operação, manutenção e controle operacional

do sistema WFI

Toda a planta de purificação, armazenagem e distribuição de água

deverá contar com um programa de manutenção preventiva que assegura que

24

o sistema opera em conformidade com as especificações e sob o modo de

“controlado”.

O programa deverá conter: procedimentos de operação; programas

de monitoramento (RDC 210, 2003) das variáveis críticas assim como a

calibração dos instrumentos analíticos; definição de sanitização periódicas;

realização de manutenções preventivas e finalmente controle de mudanças.

2.1.5.1 Procedimentos Operacionais Padrão – POP’s

Segundo a RDC 210, POP’s são procedimentos escritos e

autorizados que dão instruções detalhadas para a realização de operações

específicas, que podem ser operações rotineiras de uma planta como também

ações corretivas quando essas são necessárias, na produção de produto

farmacêutico e outras atividades de natureza geral.

A elaboração dos POP’s é realizada juntamente com o processo de

validação do sistema estando os mesmos disponívies logo que a planta

começar a operar. Os procedimetos deverão estar disponíveis para todo o

pessoal da operação para que seja consultado quando necessário.

2.1.5.2 Programa de monitoramento e sanitizações

Os atributos críticos de qualidade assim como os parâmetros de

operação de um processo de purificação de água devem ser monitorados, esse

monitoramento tanto pode ser realizado de forma on-line, as análises são feitas

por instrumentos que indicam o resultado do teste (e.g., condutividade e TOC)

instantaneamente, ou também nos laboratórios de análises, que requerem um

tempo maior para a determinação do resultado (e.g., contagem microbiana

total). A vantagem do monitoramento on line, em tempo real, é que, se caso

algum parâmetro atingir o seu limite de alerta, este permite que seja tomada

ação corretiva imediatamente à detecção do problema, otimizando o processo

e evitando paradas prolongadas nos sistemas.

25

No caso dos parâmetros microbiológicos, que não podem ser

monitorados em tempo real, são tomadas medidas indiretas para garantir o

controle microbiano dos processos. Conforme a USP 30 o controle microbiano

deve ser realizado através de sanitizações das plantas de tratamento,

distribuição e armazenagem de água WFI, estas podem ser feitas de diferentes

maneiras, como sanitizações químicas utilizando peróxido de hidrogênio, ácido

peracético dentre outros, no entanto a mais largamente aplicada na indústria

farmacêutica é a sanitização a quente, que confere o controle da formação de

biofilme na planta.

A eficiência da sanitização a quente depende tanto da temperatura

como do tempo de sanitização, podendo o processo variar conforme a Figura

01 (CEPEDA, 2008).

Figura 01: Tempo de esterilização e temperatura

A freqüência de realização dos monitoramentos e sanitizações

deverá estar disponível em procedimento específico bem como os limites das

dadas variáveis, facilitanto a tomada de decisão caso seja detectado algum

26

desvio dos parâmetros analisados.Todos e quaisquer monitoramento ou

procedimento de sanitização devem estar documentado nas fichas de

monitoramento consoantemente a execução de ações preventivas ou

corretivas (RDC 210, 2003).

2.1.5.3 Manutenções preventivas de sistemas de

purificação de água

O programa de manutenções preventivas deve ter sua freqüência

previamente definida e ser feito de forma a abranger todos os equipamentos

da planta (e.g., bombas, válvulas e calibração de instrumentos analíticos). Um

programa de manutenção preventiva assegura que o processo irá operar em

conformidade com as especificações evitanto que ocorram imprevistos que

afetem a viabilidade do processo.

O plano de manutenção preventica deve estar especificado e

documentado, assim como os trabalhos executados na planta.

2.1.5.4 Controle de mudança de sistemas de

purificação de água

As configurações físicas e de operação de sistemas de água devem

ser controladas de modo a manter a confiabilidade e correlação à sua

validação e aos desenhos da planta.

As propostas de mudanças devem ser analisadas por uma equipe

multidisciplinar, formada dentre outros pela equipe de validação, engenharia,

produção e operação, que tem a função de aprovar ou rejeitar a mudança

proposta.

No caso de mudanças aprovadas é de suma relevância a análise do

impacto desta na validação do sistema bem como que se realize revisão

sistemática nos procedimentos e manuais do sistema . De acordo com a RDC

210 devem ser requalificados os processos de fabricação que tiveram

quaisquer modificações significativas, incluindo qualquer mudança de

27

equipamento ou de materiais que possa afetar a qualidade e/ou a

reprodutibilidade do processo. Todas as mudanças executadas devem ser

documentadas (USP 30, 2007).

2.1.6 Instalação, materiais de construção e seleção

de componentes de sistemas de purificação de

água

As técnicas de instalação são importantes porque podem afetar as

integridades mecânicas, corrosivas e sanitárias do sistema. A instalação das

válvulas deve promover e facilitar a drenagem completa do tanque de

armazenagem e da tubulução de distribuição possibilitanto a manutenção dos

mesmos caso for necessário. A construção das tubulações deve estar

desenhada de modo a suportar fluxo, temperatura e vazão sob condições de

estresse.

As conexões e os componentes do sistema, incluindo unidades de

operação, tanque e distribuição requerem cuidado e atenção para evitar

problemas em pontencial, é recomendável que se faça limpezas e passivações

com o intuito de remover contaminação, produtos de corrosão e reestabelecer

a superfície lisa da tubulação, a execução desse procedimento em períodos

pré-determinados é realizada pois com o passar do tempo a vazão turbulenta

juntamente com a água ultrapura, que não possui eletrólitos, arrastam a linha

passivadora, potencializando corrosões e formação de biofilme

As soldaduras devem fornecer uniões seguras, internamente polidas

e livre de corrosão, essas características podem se alcançadas com a

utilização de aço inoxidável de boa qualidade, baixo teor de ácido carbônico na

água e soldaduras de qualidade, além de inspeções regulares. Um exemplo

muito disseminado na indústria farmacêutica é a soldagem orbital autógena,

neste tipo de soldagem é intalado um cabeçote de soldagem que se desloca ao

redor do tubo através de uma cinta. O tubo permanece parado enquanto o

cabeçote de soldagem circunda ou orbita ao longo da junta circunferencial até

completar a soldagem, o processo é autogeno, ou seja, sem utilização de

30

Especificações: documento descrevendo em detalhes os requisitos a

que devem atender os produtos ou materiais usados ou obtidos durante a

fabricação. As especificações servem como base da avaliação da qualidade.

Plano Mestre de Validação (PMV): planejamento de todas as

atividades de validação com os objetivos, procedimentos, prazos e

responsabilidades definidos.

Protocolo de Validação: documento da empresa específico para

cada atividade que descreve os procedimentos a serem realizados na

validação, incluindo os critérios de aceitação para a aprovação de um processo

de produção ou de parte do mesmo.

Qualificação de Equipamentos (QE): conjunto de operações que

estabelece sob condições especificadas, que os resultados dos testes de

determinado equipamento demonstram que o mesmo apresenta o desempenho

previsto. Os instrumentos e sistemas de medição devem estar calibrados. A QE

abrange as fases de Qualificação de Instalação e Qualificação de Operação.

Qualificação de Instalação (QI): conjunto de operações que

estabelece, sob condições especificadas, que a instalação dos equipamentos,

utilidades, instrumentos de pesagem e medidas e áreas de produção; na

fabricação de medicamentos, foram selecionados adequadamente e

encontram-se corretamente instalados, de acordo com as especificações

estabelecidas.

Qualificação de Operação (QO): conjunto de operações que

estabelece, sob condições especificadas, que o sistema ou subsistema

apresenta desempenho conforme previsto, em todas as faixas operacionais

consideradas. Todos os equipamentos utilizados na execução dos testes,

devem ser identificados e calibrados antes de serem usados.

Relatório de validação: documento no qual encontram-se reunidos

os registros, resultados e avaliação de um processo ou sistema de validação

concluído.

Revalidação: repetição do processo de validação aprovado, que

fornece a garantia de que as mudanças introduzidas no processo/equipamento,

de acordo com as mudanças dos procedimentos, ou repetição periódica

31

realizada a intervalos programados, não afetam adversamente as

características do processo nem a qualidade do produto.

Testes de escolha / pior caso: uma condição ou conjunto de

condições abrangendo os limites superior e inferior de processamento e as

respectivas circunstâncias, dentro das especificações dos Procedimentos

Operacionais Padrão, que apresentam as maiores possibilidades de defeito do

produto ou do processo, quando comparadas com as condições ideais.

Validação: ato documentado que atesta que qualquer procedimento,

processo, equipamento, material, operação ou sistema, realmente conduz aos

resultados esperados.

2.2.2 Objetivo da validação de processos

Conforme a RDC 210 (2003) a validação, ao contrário de outros

requisitos das BPF, por sí só, não melhora os processos. Ela possui como

objetivo essencial certificar que o processo ocorre dentro de parâmetros pré-

estabelecidos, de forma reproduzível e robusta.

No entando, ao observar a validação de uma forma menos simplista

fica evidente as demais vantagens que ela pode conferir. Quando a validação é

realizada nas diversar fases do processo industrial ela permite o conhecimento

de particularidades inerentes a este e isso permite a sua otimização e melhoria

contínua.

Um exemplo perfeitamente aplicável encontra-se nas indústrias

farmacêuticas de fabricação de soluções parenterais, onde é exigênica de

orgãos regulatórios como a ANVISA a validação de processos produtivos,

primários e secundários. Nestas indústrias a principal matéria-prima é a água,

logo é de suma importância que esta esteja dentro dos parâmetros exigidos,

isso é garantido quando existe a validação do sistema de tratamento de água,

o que soma as vantagens já referidas, como também agrega valor ao produto

final, visto que a qualidade dos produtos não é garantida apenas nos processos

de manipulação e envase, mas também é assegurada em outros aspectos,

como na conformidade de outras matérias-primas.

32

A confiabilidade, por parte do cliente, em relação aos produtos de

uma empresa que possui todos os seus processos tanto primários, entende-se

processo produtivo, quanto secundários, como tratamento de água, aumenta,

assegurando então a permanênica da indústria no mercado competitivo e

potencializando o seu desenvolvimento.

2.2.3 Tipos de validação de processo

A validação pode ser conduzida em diferentes momentos durante o

ciclo de vida de um processo, esta decisão está vinculada ao período em que é

realizada tendo como referência o projeto do processo.

Conforme a RDC 210 (2003), existem dois tipos de abordagens no

processo de validação: a abordagem experimental, que refere-se às validações

prospectiva e concorrente, onde são realizadas provas relacionadas à

capacidade do processo, verificando-se a sua habilitação a operar sem

dificuldades quando as variáveis se aproximam de limites aceitáveis, assim

como o monitoramento de parâmetros críticos de processo, garantindo a sua

robustez e confiabilidade; e a abordagem de dados históricos, em que não

ocorrem experimentos ou testes, todo o processo e realizado servindo-se de

dados históricos disponíveis referentes a um determinado processo, os dados

são compilados e analisados.

2.2.3.1 Validação prospectiva

A validação prospectiva é um ato documentado, baseado na

execução de um plano de testes previamente definidos, que demonstra que um

sistema, processo, equipamento ou instrumento, ainda não operacionalizado

ou que sofreu alterações expressivas, satisfaz as especificações funcionais e

expectativas de desempenho.

A validação prospectiva é realizada durante o estágio de

desenvolvimento do sistema, através de análise de riscos, onde são detalhados

os passos individuais, com seus pontos críticos, juntamente com a sua

33

probabilidade de ocorrência, extensão e causas. Essa abordagem permite que

sejam criandos planos de contingência quando da circustância de algum

desvio.

Durante o processo de validação todo o sistema é testado

rigorosamente, e analisados os resultados, que tanto podem ser satisfatórios,

sistema validado, ou insatisfatórios, o que faz necessária a sua requalificação

para posterior validação.

Não existe nenhuma referência quanto à freqüência de testes que

devem ser realizados durante o processo de validação, apenas a RDC 210

(2003) recomenda que os 03 (três) primeiros lotes de produção industrial não

sejam liberados da quarentena após sua aprovação pelo controle de qualidade,

até que a validação tenha sido concluída, os resultados apresentados e

revisados e o processo aprovado.

2.2.3.2 Validação concorrente ou simultânea

A validação concorrente é realizada contemporaneamente à rotina

do processo. Este método somente é eficaz quando o estágio de

desenvolvimento do processo tenha resultado no conhecimento adequado das

suas fases. A natureza e as especificações dos testes subseqüentes em

processo e finais estão baseados na avaliação dos resultados do referido

monitoramento (RDC 210, 2003).

Reportando a sistemas de produção de água para injetáveis, a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sugere que a revalidação

seja executada a cada ano, ou quando forem feitas modificações significativas

no processo ou nos equipamentos, com o intuito de garantir a uniformidade e

conformidade do processo em questão.

A validação concorrente é realizada num processo validado

anteriormente para certificar que o mesmo ainda mantém o status validado,

confirmando que não há alterações no processo e há indicação de que ele está

operando em estado de controle (VILLELA, 2004).

34

A diferença entre a validação concorrente e a revalidação é que a

última é realizada quando ocorrem alterações significativas no processo, já a

execução da primeira é periodicamente pré-definida em um Plano Mestre de

Validação (PMV).

2.2.3.3 Validação retrospectiva

Validação retrospectiva é um ato documentado, baseado na revisão

e análise de registros históricos, atestando que um sistema, processo,

equipamento ou instrumento, já em uso, satisfaz as especificações funcionais e

expectativas de desempenho, envolve a verificação da experiência passada de

produção, assumindo-se que a composição, procedimentos e equipamentos

permanecem inalterados.

A referida experiência e os resultados dos testes de controle em

processo são avaliados. As dificuldades e defeitos registrados na produção são

analisados para determinar os limites dos parâmetros do processo. Pode ser

realizada uma análise de tendência para determinar a extensão na qual os

parâmetros do processo encontram-se dentro da faixa permissível.

Neste caso a validação retrospectiva pode ser útil para estabelecer

as prioridades do programa de validação. Caso os resultados da validação

retrospectiva sejam positivos, isto indica que o processo não tem necessidade

de atenção imediata e pode ser validado de acordo com a programação

normal.

Tratando-se de validação retrospectiva é importante salientar que o

Controle Estatístico de Processo (CEP) é uma ferramenta valiosa,

possibilitando e facilitanto tanto a geração quanto a visualização dos dados

necessários para a análise retrospectiva a fim de revalidar um processo e

mostrar que ele continua a operar dentro dos parâmetros pré-definidos

(VILELLA, 2004).

35

2.2.3.4 Revalidação de processo

A revalidação é necessária para assegurar que as mudanças

intencionais ou não, no processo de produção, equipamentos e no ambiente,

não afetam adversamente as características do processo e qualidade do

produto.

De acordo com a RDC 210 (2003) cada mudança de matéria-prima,

material de embalagem, processo de fabricação, equipamento, controles em

processo, áreas de fabricação e utilidades (água, vapor, etc.), deve ser

avaliada pelo grupo de validação da empresa, que decide se a mesma é

suficientemente significativa para justificar a revalidação e sua abrangência.

A revalidação após as mudanças pode estar baseada no

desempenho dos mesmos testes e atividades realizados durante a validação

original, incluindo os testes em processo e aqueles referentes aos

equipamentos.

Todas as atividades de análise crítica, avaliação e revalidação

deverão ser documentadas.

2.2.4 Plano de validação

O plano de validação é concebido para estabelecer a adequação do

sistema, proporcionar um completo entendimento dos mecanismos de

purificação, das condições de operação, necessidades do pré-tratamento, além

de possíveis falhas no processo a ser validado. Também é necessário para

demonstrar a efetividade do sistema e fundamentar a documentação e

qualificação da requerida validação do processo (USP 30, vol. I, p.694).

Antes da implementação do plano de validação é imprescindível que

haja a determinação das características do processo, por parte do usuário,

através do Requerimento do Usuário (RU).

O RU deve conter entre outros, os parâmetros do produto final,

assim como a qualidade da matéria-prima, no caso de tratamento de água, de

acordo com a USP 30 (2007), devem estar claras as características da água de

36

alimentação; definição sistemática das operações unitárias e seus parâmetros

de operação; definição das tecnologias de monitoramento e os instrumentos de

automação e controle.

Subseqüentemente à determinação das características inerentes ao

processo de elaboração do RU o programa de validação é iniciado e submetido

a quatro etapas fundamentais, a Qualificação do Projeto – DQ (Design

Qualification), a Qualificação da Instalação – IQ (Installation Qualification),

Qualificação da Operação - OQ (Operation Qualification) e Qualificação de

Performance – PQ (Performance Qualification) (GRELA, 2004).

A validação é um procedimento contínuo, aonde se deve manter um

registro fidedigno dos controles de operação da planta que perdurará enquanto

a referida estiver em operação. A representação gráfica do ciclo vivo de

validação de sistemas, por exemplo de água, está descrita na Figura 02.

37

Figura 02. Ciclo de Validação

FONTE: USP U.S. Pharmacopeia 30ª Ed.

38

2.2.4.1 Qualificação do projeto – DQ (Design

Qualification)

A Qualificação de Projeto objetiva a verificação de que o escopo do

projeto (desenhos, diagramas, etc.), dos sistemas auxiliares (componentes de

automação) e os equipamentos correspondem aos Requerimentos do Usuário

e, que finalmente ambos atendem às exigencias da ANVISA e os critérios

estabelecidos pelas BPF’s.

É de suma importância efetuar a qualificação dos fornecedores,

tanto de serviços quanto de insumos, pois deve-se manter parceria com os

mesmos objetivando a agilidade para resolver problemas, caso eles apareçam.

Nesta fase da validação é fundamental o desenvolvimento dos

protocolos e dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s), eles devem ser

entregues prontos para o trabalho de campo e proporcionar a comprovação de

que o sistema e os equipamentos foram instalados e operam em conformidade

com o projeto.

Constatado que o escopo do projeto está conforme o RU e as

exigências normativas, elaborados os POP’s e os protocolos, passa-se para a

fase de comissionamento em que os equipamentos serão desafiados quanto a

sua operacionalização.

O comissionamento ocorre em duas fases: Testes na Fábrica – FAT

(Factory Acceptability Test) e Testes no Destino – SAT (Site Acceptability Test).

Ele tem como objetivo evitar que seja desenvolvida a IQ sem que os

equipamentos tenham sido testados.

Os FAT são atividades realizadas antes da liberação do

equipamento na fábrica com a finalidade de testar todos os componentes da

instalação, para verificar se estão operando corretamente, ou se não, realizar a

substituição de peças com defeito, assim como executar ajustes e regulagens.

Os SAT são testes executados no equipamento no seu destino.

Confirmam se os componentes específicos do equipamento foram instalados

corretamente, segundo suas especificações, assim como, se os mesmos se

encontram calibrados e estas atividades documentados. Checa-se aspectos de

39

manutenção e limpeza do equipamento no local instalado. É realizada a

certificação de que os componentes dos equipamentos correspondem ao

projeto do mesmo e seu manual e ainda, confere-se os materiais utilizados na

sua construção, garantindo a identidade dos mesmos. Como exemplo é

cobrada a certificação do aço inox e soldas orbitais utilizadas em um duto para

condução de WFI.

Esta etapa garante que o equipamento foi construído de acordo com

a solicitação da empresa e instalado conforme a especificação do fabricante.

Aspecto imprescindível nesta fase é que haja a identificação do equipamento

pelo uso de numeração seqüencial (TAG), pois facilita por exemplo as futuras

manutenções do sistema.

Evidenciada a conformidade do projeto pela fase de

comissionamento segue-se para a fase da Qualificação de Instalação.

2.2.4.2 Qualificação da instalação – IQ (Installation

Qualification)

Esta fase da validação descreve os procedimentos a serem

realizados para assegurar que todos os equipamentos que compõem o sistema

cumpram com as especificações do projeto e estão corretamente instalados e

calibrados, assegurando que o sistema é capaz de operar dentro dos limites e

tolerâncias estabelecidos. A IQ estabelece a confiança de todos os

equipamentos usados no processo estão corretamente, projetados,

construidos, alocados e instalados, facilitando suas manutenções, ajustes,

limpeza e utilização.

A IQ contempla os sub-sistemas de operação e a revisão da

documentação de engenharia e dos programas de calibração, proporcionando

um nível de segurança que garante que a instalação cumpre com os critérios

de aceitação. Tanto os testes quanto as revisões deverão ser realizados por

pessoal treinado e qualificado. Deve-se garantir que as pessoas que realizarem

as verificações, assim como todas que participaram do processo de

40

qualificação, colocarão suas assinaturas e as datas de execução nos campos

estabelecidos.

Todas as não-conformidades devem ser registradas e analisadas

pelo pessoal técnico para decidir se são críticas ou não-críticas. As não-

conformidades críticas deverão ser sujeitadas a medidas corretivas. Uma vez

corrigidos os desvios e realizados novas provas que comprovem a

conformidade do equipamento em questão, segue-se para a fase de OQ.

Concluidos os testes e confirmada a conformidade do sistema

deverá ser confeccionado um relatório informativo que comprova e aprova

todos os equipamentos e instrumentos que compreendem o sistema a ser

validado (RDC 210, 2003).

2.2.4.3 Qualificação da operação - OQ (Operation

Qualification)

Os testes realizados no protocolo de Qualificação de Operação têm

por finalidade a verificação de que os subsistemas e os componentes

individuais estão operando em conformidade com suas especificações,

metodologias, procedimentos e critérios de aceitação, demonstrando que os

mesmos apresentam características compatíveis no caso de tratamento de

água para injetáveis, para o uso farmacêutico, atendendo às BPF. As

avaliações dos resultados dos testes assim como as condições de operação do

equipamento deverão estar documentadas, referenciadas e registradas. A OQ

é dividida em três etapas principais que devem contemplar todo o sistema a ser

qualificado.

A primeira etapa é a de aceitação e funcionamento do sistema,

nesta fase são executadas as provas de funcionamento dos diferentes

componentes do sistema integrado. No protocolo deverão constar as provas

realizadas, os resultados obtidos e as conclusões e decisões tomadas. Os

resultados podem ser “conforme”, no caso em que todas as provas realizadas

obtiveram resultados satisfatórios, ou “não conforme” quando tenham sido

observados resultados insatisfatório. Caso alguma prova realizada apresente

41

resultado “não conforme”, devem ser realizadas subseqüentes correção e

realização de novo teste. Na documentação de OQ, juntamente com o novo

teste, também deverá constar como corrida dois a descrição do teste que

obteve resultado insatisfatório.

Depois de certificado o funcionamento dos equipamentos e

subsistemas, tem início a a segunda fase da OQ, que é constituida pela

verificação das variáveis de operação com o sistema em serviço. Nesta fase é

observado o comportamento das diversas variáveis inerentes ao

funcionamento do sistema, assegurando que as mesmas estão dentro das

faixas de operação prevista pelo fabricante.

Como na primeira fase, os resultados deverão ser transcritos para as

folhas de testes, que contém os campos para o nome do equipamento,

especificação requerida, resultado obtido, assinatura do executor do teste e

data da execução do teste. Juntamente à sua compilação os resultados dos

testes deverão ser analisados recebendo a caracterização de “conforme” ou

“não conforme” e, no caso de “não conforme”, deverá ser executada a correção

imediata e posteriormente emitida nova folha de testes.

Findada a segunda parte da OQ são realizados os testes de

aceitação do produto, esta etapa constitui a terceira fase da OQ. O produto é

analisado quanto à sua adequação às recomendações das normas vigentes.

Os resultados das analises do produto são confrontados com os critérios de

aceitação definidos, são determinadas então as “Conformidades” ou “Não

Conformidades”

Da mesma forma que na primeira e segunda fase, no caso de não

conformidade, esta deverá ser corrigida e emitida nova folha de testes para a

realização de nova prova, finalizando as atividades de Qualificação de

Operação.

Uma vez encerrados todos os testes e verificações deverá ser

elaborado um relatório de informe final da OQ que contemplará o resultado dos

testes e comprovará de forma documentada a operacionalidade do sistema e

suas funções (RDC 210, 2003). Concluído que o sistema encontra-se

42

qualificado operacionalmente segue-se para os estudos de qualificação de

performance.

Paralelamente aos trabalhos da OQ é recomendado que sejam

realizadas revisões e a aprovação dos POP’s para uso na Qualificação de

Performance, assegurando que um sistema completamente em conformidade

esteja posicionado no serviço de rotina.

2.2.4.4 Qualificação de performance – PQ

(Performance Qualification

Depois de obtidos os resultados dos testes de Qualificação de

Instalação e de Operação e comprovado que os mesmos estão em

conformidade com os critérios de aceitação estabelecidos nos protocolos

específicos tem início a Qualificação de Performance, fase final da validação do

processo definida, de acordo com o FDA - GUIDELINE ON GENERAL

PRINCIPLES OF PROCESS VALIDATION, como fase que demonstra que um

determinado processo é efetivo e reproduzível, comprovando a uniformidade e

consistência das operações descritas nos procedimentos padrões.

Na bibliografia referente à validação não é determinada a quantidade

exata de lotes ou dias para constatar que um produto ou sistema encontra-se

validado, no entanto existe consenso geral, baseado em artigos técnicos e

estudos reconhecidos, de que se a partir de três lotes consecutivos de fabrico

de um produto, este apresentar valores satisfatórios sua validação está

comprovada e no caso de sistemas críticos a RDC 210 determina que a fase

de Qualificação de Performance tem de ser realizada no mínimo com

freqüência anual.

Todo o referido processo de qualificação de performance deve ser

embasado em forte planejamento e deve considerar todos os pontos críticos do

sistema e a estratégia de amostragem. O protocolo deverá conter as

informações gerais do sistema, as responsabilidades dos setores envolvidos

durante processo de qualificação, fluxogramas e a metodologia de análise das

variáveis de processo.

43

A análise de riscos é executada por toda a equipe envolvida na

qualificação e deverá conter os parâmetros envolvidos, os riscos e as medidas

de ação preventiva e corretiva.

De forma sucinta a PQ trata de confirmar os resultados obtidos na

OQ comprovando que os mesmos são robustos. De forma análoga às outras

fases do processo de validação, deve-se elaborar um relatório com a conclusão

de todo o processo, definindo que o mesmo encontra-se validado. O relatório

deverá ser assinado pela equipe de validação.

2.2.5 Estratégia de amostragem

A definição dos pontos de amostragem é de suma importância, visto

que colabora para avaliação dos resultados analíticos obtidos durante e após o

processo, demonstrando que um resultado analítico fora da especificação pode

não ser reflexo de mau desempenho do sistema, mas a indicação de um desvio

pontual no procedimento de amostragem ou de manutenção, não implicando

na revisão de todo o sistema, mas de uma revisão também pontual e uma nova

amostragem do ponto “não conforme”.

Segundo a NBR 5426 (1985) o plano de amostragem determina o

número de unidades de produto de cada lote a ser inspecionado, garantindo

que essa quantidade seja representativa em relação à população.

A metodologia de amostragem mais amplamente utilizada em

validação de processos é a amostragem sistemática, utilizada quando se quer

planejar um período de tempo para execução da coleta de dados ou quando se

deseja cobrir um determinado período de tempo com a amostra estudada e

também por este tipo de técnica ter como premissa que cada componente da

população estudada tem igual probabilidade de ser escolhido para compor a

amostra de forma aleatória e independentemente de sua qualidade (NRB 5426,

1985).

Depois de coletadas as amostras, é realizado tratamento estatístico

que avalia se o denominado processo consegue gerar produtos conformes que

atendam às especificações.

44

2.2.6 Validação estatística do processo

A metodologia de tratamento estatístico de processo consiste em

avaliar estatisticamente as variáveis obtidas durante a fase de PQ do processo

e é constituída das seguintes etapas: avaliação da estabilidade estatística e

quantificação da capacidade do processo.

A fase de avaliação da estabilidade estatística (previsibilidade) é

realizada mediante a construção de gráficos de controle, que consiste em uma

linha central, um par de limites de controle, um dos quais se localiza abaixo e

outro acima da linha central, e valores característicos marcados no gráfico

representando o estado de um processo. O objetivo da construção dos gráficos

de controle é verificar se o padrão de variação do processo se mantém ou não

ao longo do período de qualificação do processo (KUME, 1993).

Em validação estatística de processos existem vários tipos de

gráficos de controle, conforme os valores característicos ou finalidade. Em

qualquer tipo de gráfico de controle, os limites de controle são calculados pela

Equação 02.

(valor médio) ± 3 x (desvio-padrão)

Eq. 02

Onde o desvio-padrão é o da variação devida a causas aleatórias.

Este tipo de gráfico é chamado de gráfico de controle 3j.

Em relação aos valores característicos existem dois tipos de gráficos

de controle: um para valor contínuo e outro para valor discreto. Em validação

de processos em que os dados são obtidos num longo intervalo de tempo, de

forma contínua e que a formação de subgrupos não é justificável, adota-se a

utilização do gráfico de controle “Gráfico x”. Uma vez que não existem

subgrupos e o valor da amplitude R não pode ser calculada, a amplitude móvel

Rm, de dados sucessivos, é usada no cálculo dos limites de controle de x

conforme as seguintes Equações 03, 04 e 05:

LSC = x + 2,66 Rm

Eq. 03

45

LC = x

Eq. 04

LIC = x - 2,66 Rm

Eq. 05

Onde: LSC = limite superior de controle

LC = média dos valores

LIC = limite inferior de controle

Verificada a estabilidade estatística do processo, é iniciada a

segunda e última etapa do tratamento estatístico que é composta pela análise

de capabilidade onde a capacidade do processo e quantificada.

De acordo com BOTHE (1997) a determinação da capacidade do

processo pode ser feita mediante o uso de diversos índices de capacidade, no

entanto em estudos de validação, é recomendada a utilização do índice de

capacidade do processo, Cp, este tanto pode ser um índice bilateral (LSC e

LIC) quanto unilateral (LSC ou LIC), de acordo, respectivamente, com as

Equações 06, 07 e 08.

Cp = LSE – LIE

Eq. 06

6s

Cp = LSE - µ

Eq. 07

3s

ou

Cp = µ – LIE

Eq. 08

3s

Onde: LSE = limite superior especificado

LIC = limite inferior especificado

46

s = desvio padrão

µ = média dos valores

O índice Cp compara a variabilidade total permitida ao produto (ou

tolerância de especificação) com a variação do processo (também chamada de

tolerância natural). Assim, para o processo ser considerado capaz, de acordo

com a AMERICAN SOCIETY FOR QUALITY CONTROL (ASQC, 1986) o índice

Cp deve ser igual ou maior do que 1, o que equivale a dizer que pelo menos

99,73% dos produtos serão conformes.

2.3 PROCESSOS DE TRATAMENTO DE ÁGUA

A seleção das operações unitárias em processos de purificação de

água para uma determinada aplicação específica deve ser avaliada quanto aos

requerimentos necessários e também à vida útil dos equipamentos.

A produção de água de grau farmacêutico emprega uma seqüência

de operações unitárias que acrescentam atributos de qualidade para a água,

assim como protege os subseqüentes passos do tratamento. O processo de

purificação de água é então dividido em duas fases: pré-tratamento e

tratamento final, sendo o primeiro responsável por condicionar a água de modo

a aumentar a vida útil do tratamento final e este, responsável por garantir as

especificações pré-determinadas necessárias.

2.3.1 Operações de pré-tratamento para obtenção de

água WFI

2.3.1.1 Operações de desinfecção

A história da desinfecção teve início em 1880, quando Louis Pasteur

expôs a "teoria dos germes", de acordo com essa teoria toda e qualquer

enfermidade infecciosa tem sua causa num micróbio com capacidade de

47

propagar-se entre as pessoas (CARRETA, 2006). Determinada a causa das

infecções tem início o estudo de formas de combater esses microorganismos.

Os estudos levaram a variados métodos de desinfecção, como a

utilização do gás ozônio, que age na parede celular do microorganismo,

causando a sua lise e conseqüente destruição. Ele é um bom desinfetante e

tem a vantagem de não deixar gosto ou cheiro na água, porém possui os

inconvenientes de não formar resíduo protetor na água tratada devido à sua

alta instabilidade, e apresentar custo elevado (GRELA, 2004).

O método mais amplamente utilizado na desinfecção da água de

sistema de tratamento de água é a cloração através do hipoclorito de sódio

(NaClO). O cloro é um forte agente oxidante, atua por difusão através da

parede celular, para então agir sobre os processos enzimáticos, atingindo

enzimas, proteínas, DNA e RNA (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

Ao discorrer sobre cloração deve-se levar em conta trihalometanos

(THMs) que são carcinogênicos e, sua formação se dá através da reação do

cloro com substâncias orgânicas naturais. Este é um aspecto relevante, uma

vez que presente na água administrada via oral, estes compostos são

rapidamente absorvidos, além da absorção via inalação ou pela pele

ocasionando efeitos tóxicos principalmente no fígado e nos rins (MÍDIO, 1999).

Além da baixa concentração de matéria-orgânica, a Agência

Ambiental dos Estados Unidos (US Environmental Protection Agency - EPA),

em novembro de 2000, após estudos sobre a ação do cloro determinou que a

sua concentração seria problemática, em relação aos THMs, acima do limite de

10 ppm. A legislação brasileira determina que o limite máximo de cloro

presente na água potável deve ser de 2,0 ppm (Portaria MS n° 518, 2004),

valor explicitamente inferior ao recomendável pela EPA.

A Equação 09 é a reação chave da ação bactericida do cloro.

NaClO + H2O HClO + Na+ + OH-

Eq. 09

48

Após o cloro ser adicionado à água, primeiramente ocorre a

oxidação da matéria orgânica, que recebe o nome de “demanda de cloro”,

depois de satisfeita a demanda, o cloro combina-se com a amônia, formando

as cloraminas, denominadas de “cloro residual combinado” e, finalmente depois

de formadas as cloraminas, tem-se a presença do chamado “cloro livre”, sob as

formas de ácido hipocloroso (HClO) e íon hipoclorito (ClO-), essa é a sua

principal vantagem, pois além de baixo custo comercial e fácil manuseio

operacional, o cloro possui esse residual que protege a água tratada contra

possível contaminação decorrente dos passos subseqüentes (MACEDO,

2004).

Outro método de controle microbiológico amplamente utilizado no

tratamento de água é radiação ultravioleta. O efeito bactericida da radiação

ultravioleta está relacionado à sua ação ou dose (D) no material genético da

bactéria, quebrando o seu ciclo reprodutivo e evitando seu crescimento quando

irradiadas, ou destruindo o seu material genético (DNA/RNA). A dose depende

fundamentalmente do tempo de exposição e da intensidade da radiação UV,

conforme a Equação 10 (MIERZWA, 2008).

D = I x T

Eq. 10

Onde:

D = dose da radiação UV (mW.s.cm-2 ou mJ.cm-2);

I = intensidade da radiação (MW.cm-2);

T = tempo de exposição (s).

Quando a radiação UV penetra na parede celular de

microorganismos, como vírus e bactérias desencadeiam-se uma reação

fotoquímica que alteram os componentes moleculares essenciais para o

funcionamento da célula causando o dano direto (DONAIRE, 2001). A ação

bactericida é mais efetiva no comprimento de onda de 254 nanômetros (nm),

conforme Figura 03.

49

Figura 03: Espectro de emissão das lâmpadas de radiação UV.

Fonte: http://www.americanairandwater.com/lamps.htm

Além da ação bactericida a radiação ultravioleta ainda inibe o

qualquer fuga de cloro livre após doseamento de metabissulfito de sódio.

2.3.1.2 Operações de pré-filtração

A finalidade da pré-filtração - também denominada inicial, grosseira,

ou filtração de profundidade - é a de remover contaminantes sólidos de

tamanho de 7 a 10 µm e proteger o sistema de componentes particulados que

podem inibir o desempenho de equipamentos e encurtar sua vida útil (USP 30,

2007).

A pré-filtração é utilizada, principalmente, para efeitos de peneiração

de partículas grosseiras, essas unidades de filtração estão disponíveis em uma

ampla gama de modelos e para diversas aplicações. Remoção, eficiências e

capacidades diferem significativamente, a partir de leito granular ou multimedia,

tais como filtros de areia, cartuchos de profundidade para pequenos sistemas

hídricos e ainda filtros tipo bolsa, utilizados para sistemas com alta vazão e

sanitizáveis a quente (USP 30, 2007), este tipo de filtro possui a vantagem de

além de possuir baixo custo de reposição e fácil troca, os sólidos removidos

51

2.3.1.4 Operações de ultrafiltração

O processo de ultrafiltração é uma tecnologia empregada na maioria

das vezes em sistemas de purificação de água de grau farmacêutico, utiliza-se

na grande maioria dos casos membrana de polietersulfona, no entanto existem

outros tipos de materiais, como os ultrafiltros de cerâmica, que são outra forma

de peneiramento molecular, de igual eficiência em relação às membranas de

polietersulfona, porém exigem uma maior pressão de operação da planta.

As membranas de polietersulfona são capilares de fibra oca (ver

Figura 4.b), as fibras resistem a até 2,0 ppm de cloro residual de forma

contínua e 100 ppm de modo instantâneo (DESMINERALIZAÇÃO DE ÁGUA,

2001). A água é submetida à ultrafiltração de acordo o fluxo descrito na Figura

4.a.

Figura 4. (A) Fluxo de passagem de água através das membranas de ultrafiltração; Figura 4. (B) Estrutura da membrana de fibra oca da ultrafiltração. Fonte: www.sanevita.com.br

De acordo com a USP 30 os poros dos ultrafiltro são muito

pequenos de modo que não é possível determinar o seu tamanho, mas sim sua

capacidade de retenção que é de partículas de até 0,001 nm com rendimento

de pelo menos de 99,9%.

No processo são retidas matéria orgânica de alta massa molar,

partículas coloidais e vírus, conforme Figura 5. Dentre essas diversas

partículas, existem as que são especialmente importantes para o processo, as

a)

b)

Membrana de Fibra oca Fluxo de

alimentação do Processo

Fluxo de Saída do Permeado

52

endotoxinas, que são complexos de alta massa molar associados à membrana

externa de bactérias Gram (-), e constituem a principal fonte de pirogênios para

a indústria farmacêutica. As endotoxinas têm a propriedade de provocar

perturbações na estabilidade térmica corpórea, além de alterações fisiológicas

como queda de pressão sanguínea e necrose da medula óssea, quando

aplicada em via parenteral (PINTO, 2000). A ultrafiltração tem a função de

conter esses contaminantes, protegendo as membranas de osmose reversa e

aumentando a sua vida útil.

53

Figura 5: Espectro de Filtração

Fonte: Osmonic, disponível em: http://www.tratamentodeagua.com.br/a1/informativos/acervo.php?chave=131&

54

2.3.1.5 Adição de produtos químicos à água

Os aditivos químicos são utilizados nos sistemas de purificação de

água em diversas aplicações, como exemplos existem as substâncias

utilizadas no controle de microorganismos com o uso de sanitizantes como

ozônio e componentes de cloro e, para remover componentes de cloro, retirada

de dureza da água para evitar saturação de membranas de osmose reversa e

ainda ajuste de pH para retirada de dióxido de carbono e amônia presentes na

água de alimentação.

Um método utilizado na retirada do cloro livre presente na água de

alimentação é a injeção de metabissulfito de sódio dissolvido em água,

procedimento necessário visto que o cloro provoca a degradação das

membranas de osmose reversa, sendo imprescindível a utilização de um

agente redutor para a eliminação do cloro.

O metabissulfito reage com o cloro livre formando um sal inofensivo

que será rechaçado pelas membranas de osmose, conforme a reação

mostrada na Equação 13.

3Na2S2O5 + H2O + 2NaClO3 3Na2SO4 + 3H2SO4 + 2NaCl

Eq. 13

Outro exemplo de aplicação de produtos químicos na purificação de

água é injeção de hidróxido de sódio, que é necessária visto que o dióxido de

carbono, gás dissolvido na água bruta, atravessa as membranas de osmose

reversa. O gás carbônico ainda coexiste com o ácido carbônico, o qual por sua

vez se dissocia segundo a reação mostrada na Equação 14.

CO2 + H2O H2 CO3 CO3- + 2 H+

Eq. 14

Como estes íons aumentam a condutividade da água, pode-se

retirá-los através do aumento do pH da água de alimentação, que converte

55

todo o dióxido de carbono em bicarbonato de sódio, conforme a reação

mostrada na Equação 15.

CO2 + NaOH CO3H- + Na+

Eq. 15

Sendo então estes últimos íons retirados pelas membranas de

osmose reversa, diminuindo assim a condutividade para valores inferiores a

1,30 µS/cm, valor definido de acordo com a USP 30.

2.3.2 Operações de tratamento final para obtenção de

água WFI

Na obtenção de água de grau farmacêutico, WFI, podem ser

empregadas diversas operações unitárias, como destilação, deionização e

osmose reversa, atualmente o mais aplicado na indústria farmacêutica.

No passado, um processo amplamente utilizado era a destilação.

Operação simples que envolve mudanças de fases da água, do estado líquido

para vapor e depois por condensação o vapor passa para a fase líquida,

deixando no destilador, na parte denominada caldeira, as impurezas (WADE e

WELLER, 1994) O processo de destilação pode retirar até 10 ng/L (dez partes

por trilhão) de impurezas, geralmente sais dissolvidos, no entanto os

destiladores não conseguem retirar os contaminantes voláteis, como álcoois,

fenóis e matéria orgânica de baixa massa molecular o que tem influência direta

na condutividade da água.

Outro processo bastante disseminado na indústria farmacêutica

para produção de WFI é a deionização (DI), este processo consiste em suprimir

impurezas ionizadas na água, como sólidos ionizáveis dissolvidos e gases

ionizáveis dissolvidos, com a utilização de resinas sintéticas que realizam a

troca seletiva de íons H+ ou OH- pelas impurezas ionizadas na água

(MACÊDO, 2004). As resinas requerem regenerações periódicas com um

56

ácido, geralmente o ácido clorídrico, e uma base, que pode ser tanto hidróxido

de sódio ou de potássio. Essas soluções ajudam no controle microbiano, já que

diminuem a flora bacteriana presente nas resinas, porém, durante o processo

de purificação dá água é necessária a retirada do cloro presente na água de

alimentação, devido à sua ação oxidante na estrutura da resina, isso contribui

para o crescimento microbiano e também a formação de pirogênios.

De todos os processos mencionados o que é mais eficaz no

tratamento da água é o de osmose reversa. A tecnologia de osmose reversa

teve aplicação prática como operação unitária no final da década de 50 e início

da década de 60, com o objetivo de reduzir o consumo de água e energia e

também controle da poluição.

O processo baseia-se no fenômeno natural de osmose, que consiste

na passagem de água pura de uma solução salina diluída, para uma mais

concentrada, através de uma membrana semipermeável, que separa as duas

soluções. O fluxo de água ocorre até que seja atingido um equilíbrio, que é

representado pela pressão osmótica de equilíbrio. Quando uma pressão

hidráulica, superior a pressão osmótica de equilíbrio, é aplicada do lado da

solução mais concentrada, o fluxo de água passa a ser da solução mais

concentrada para a mais diluída, daí o termo osmose reversa (MIERZWA e

HESPANHOL, 2004). Na Figura 06 é apresentado esquema do processo de

osmose e osmose reversa.

57

Figura 06: Processos de osmose e osmose reversa

O processo de osmose reversa remove material particulado, pirogênios,

microorganismos, como bactérias e vírus, material orgânico dissolvido, material

inorgânico dissolvido e materiais insolúveis. As membranas não removem

apenas os gases dissolvidos, porém esse problema é resolvido quando da

injeção de hidróxido de sódio (GRELA, 2004).

É de grande importância salientar que para garantir a eficácia de

processos de tratamento final para produção de água de grau farmacêutico,

deve ser empregado um pré-tratamento. Depois de determinadas as

características da água de alimentação, é necessário empregar as operações

unitárias que conduzirão a água à qualidade requerida pelos padrões de

potabilidade definidos na Portaria do Ministério da Saúde n° 518, de

25/03/2004.

60

calibrados, e da SAT, com testes realizados nos equipamentos, instalados na

empresa HalexIstar.

3.3 2ª Fase: Qualificação de Instalação

Após o equipamento ter sido instalado e executado o

comissionamento, foi realizada a análise da conformidade das utilidades e

instalações dos componentes do projeto.

Após a conferência das instalações foi realizado, pela equipe de

validação, um Brainstorming, para a determinação dos modos de falhas

potenciais do processo, lançando mão à ferramenta FMEA (ver Anexo V). Esta

análise resultou em informações importantes para a fase de OQ.

3.4 3ª Fase: Qualificação de Operação

Ao término da IQ foram realizados testes nos equipamentos

considerando a capacidade funcional dos mesmos bem como o atendimento

aos comandos.

Foi executada a rastreabilidade da calibração dos equipamentos de

teste juntamente com a elaboração dos procedimentos operacionais padrão do

setor e posterior treinamento do pessoal que iria operar o sistema.

Foi elaborado um plano de amostragem para as variáveis críticas

determinadas na fase de qualificação de instalação esta análise na fase de OQ

teve a duração de um mês e contemplou a amostragem diária dos pontos para

a realização dos testes de adequação às especificações, a estabilidade do

processo através do gráfico 3 j, representada com a Equação o

monitoramento através da flutuação das variáveis críticas e ainda a sua

capacidade por meio das Equações. Este estudo objetivou o conhecimento do

comportamento do processo.

61

3.5 4ª Fase: Qualificação de Performance

Nesta fase foi realizado um plano de amostragem sistemática que

compreendeu a coleta de dados semanais das variáveis críticas do processo

de forma aleatória durante um ano objetivando a análise do efeito da

sazonalidade no sistema. Foi executado ao final do período de um ano os

estudos de estabilidade e capacidade do processo através do gráfico 3 j (Eq.

02, pág. 48), do monitoramento através da flutuação das variáveis e finalmente

do índice de capacidade Cp (Eq. 06, 07, 08, pág. 49), das variáveis críticas na

qualificação de performance.

Durante a fase de qualificação de performance foram realizados os

procedimentos de sanitizações e limpezas, bem como de manutenção

preventiva no equipamento, com o intuito de analisar o seu impacto no

processo de purificação da água e consolidar as suas execuções.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos com a

pequisa experimental, realizada através de análises físico-químicas e

microbiológicas da água nos seus diversos pontos críticos.

Os resultados serão apresentados com o emprego de gráficos de

controle 3j para valores individuais e de flutuação das variáveis críticas, além

da avalidação da capacidade do processo mediante o cálculo dos índices de

capacidade.

Para compreensão dos resultados obtidos será feita a descrição do

processo de tratamento de água da Indústria Farmacêutica.

4.1 Descrição geral do equipamento

A Planta de Tratamento de Água por osmose reversa duplo passo,

fabricada por Idenor Engenharia, empresa argentina, foi instalada em março de

2006, e possui capacidade instalada para produção em torno de 13,5 m3.h-1 de

63

ANÁLISE RESULTADO MÁXIMO

PERMITIDO* POÇO I POÇO III POÇO IV

Odor Não Não Não 5,0

Turbidez (uT) 0,19 0,18 0,19 5,0

Ph 6,44 5,83 6,73 6,0-9,5

Dureza total (mg.L-1) 38,0 28,0 82,0 500,0

Cloretos (mg.L-1) 0,5 11,0 13,0 250,0

Nitrogênio Amoniacal -1

Ausente Ausente Ausente Ausente

Sólidos totais (mg.L-1) 87,0 88,0 162,0 1.000,0

Fluoretos (mg.L-1) 0,05 0,08 0,08 1,5

Contagem Total -1

96 132 68 500

Coliformes Totais

(UFC.100mL-1)

Ausente Ausente Ausente Ausente

Coliformes

Termotolerantes

Ausente Ausente Ausente Ausente

* Limite máximo conforme portaria n° 518 de 25 de março de 2004 do

Ministério da Saúde Onde: uT = unidade de turbidez

mg.L-1 = miligramas por litro

UFC.100mL-1 = Unidades Formadoras de Colônia por 100 mililitros

UFC.mL-1 = Unidades Formadoras de Colônia por mililitro

Analisando os resultados obtidos na Tabela 01, que demonstram a

qualidade da água dos lençóis subterrâneos, podem-se definir quais operações

unitárias são cabíveis em todos os níveis da purificação da água.

64

Figura 07: Poços artesianos

4.1.1.2 Desinfecção por cloro

O método utilizado na desinfecção do sistema de tratamento de

água é a cloração através do hipoclorito de sódio (NaClO). O doseamento do

cloro é realizado com base na vazão dos poços de acordo com a Tabela 02.

Tabela 02. Controle do teor de cloro nos depósitos de água.

Vazão da Água em m³.h-1 Velocidade de Gotejamento a Bomba

(% de 18 litros por hora na escala de 0 a 20 %)

6,0 a 7,0 3% a 4%

7,001 a 9,0 4% a 5%

9,001 a 12,0 5% a 6%

12,001 a 14,0 6% a 8%

14,001 a 19,0 8% a 12%

19,001 a 25,0 12% a 16%

25,001 a 31,0 16% a 18%

31,001 a 34,0 18% a 20%

Fonte: Ficha de Controle do teor de cloro no depósito de água – Clorador

65

4.1.1.3 Pré-filtração com filtro de areia

Depois de determinadas às características da água de alimentação,

é necessário empregar as operações unitárias que produzem água de

qualidade requerida pelos padrões de potabilidade definidos na Portaria do

Ministério da Saúde n° 518, de 25/03/2004.

Para atender a referida portaria é utilizado, no tratamento inicial da

água, um filtro de areia (Figura 08), de modelo F20, o filtro possui forma

cilíndrica e é confeccionado em aço-carbono, suas paredes internas são

revestidas de epóxido anticorrosivo e possui sete camadas de areia (quartzo)

de diferentes granulometrias.

O filtro ainda conta com sistema de retrolavagem, em que a água

passa em fluxo contracorrente durante quinze minutos, esse procedimento

elimina as sujidades acumuladas em suas camadas e evita que estas sejam

transmitidas para as caixas de passagem e armazenagem subterrâneas.

Figura 08: Filtro de areia

4.1.1.4 Caixas de passagem e armazenagem

A água depois de clorada e filtrada é armazenada em duas caixas

subterrâneas, feitas de alvenaria e revestimento de epóxido, possuem

66

capacidade de 140,0 m3 e são interligadas para facilitar a sua manutenção

assim como garantir que o seu nível não abaixe.

A água fica armazenada nas caixas por tempo suficiente para

garantir que o cloro exerça sua ação bactericida de forma eficiente e a sua

interligação ainda garante o fluxo constante de um recipiente para o outro

desfavorecendo o crescimento bacteriológico.

A manutenção das caixas é executada a cada seis meses através de

limpeza utilizando água e sabão. Depois de lavadas, as caixas são deixadas 24

horas com uma solução de hipoclorito de sódio a 3,0 mg.L-1.

A água, após ser armazenada, é recalcada por uma bomba

diretamente para os abrandadores para a continuação do tratamento.

4.1.1.5 Retirada da dureza por abrandamento

O sistema de abrandamento é composto por três tanques,

completamente fechados e pressurizados e com três cabeçotes automáticos

programáveis que monitoram e controlam o procedimento de retrolavagem

(Figura 09). O processo de abrandamento é realizado por resinas catiônicas,

através do processo de troca iônica.

O processo de abrandamento é automático e controlado através da

vazão de alimentação, quando o volume de água atinge o valor programado, o

abrandador em questão entra automaticamente em regeneração. A lógica do

sistema garante que nunca ocorre a regeneração de dois abrandadores ao

mesmo tempo, o que diminuiria a vazão de alimentação comprometendo o

perfeito funcionamento dos mesmos.

A regeneração ocorre através de ciclo sódico, com a passagem de

solução de cloreto de sódio pré-lavado, em granulometria grossa, em fluxos

normal e contra fluxo, com pressão mínima de 2,0 bar, valor especificado pelo

fabricante para garantir a eficácia do processo de regeneração.

67

Figura 09: Sistema de abrandamento

4.1.1.6 Bomba de alimentação de Água

Trata-se de uma bomba centrífuga fabricada em aço inoxidável,

exerce a função de manter o pré-tratamento pressurizado e funcionando de

maneira contínua.

A bomba conta com um inversor de freqüência, que assegura tanto a

pressão quanto a vazão contínua na etapa posterior do tratamento da água por

ultrafiltração. O inversor opera a bomba em conformidade com os modos de

operação do sistema, permitindo a passagem de água, caso o tanque de

armazenagem (TQ 05) não esteja cheio, modo de produção. Assim como,

interrompendo a passagem da água caso o tanque de armazenagem apresente

alto nível de água, modo de recirculação.

68

4.1.1.7 Filtração primária

Após o recalque da bomba de alimentação, a água passa por uma

filtração primária. Este sistema é composto por uma carcaça de aço inoxidável,

um elemento filtrante do tipo bolsa manufaturada em 100% de polipropileno

com capacidade de filtração de 0,5 µm absolutos (Figura 10).

O conjunto tem a função de dar polimento à água proveniente dos

abrandadores e proteger os ultrafiltros posteriores ao filtro, retirando materiais

em suspensão, como particulados provenientes das caixas de passagem ou

possíveis partículas de resina advindas dos abrandadores, após o desgaste

das mesmas.

A troca do filtro é feita periodicamente como medida preventiva ou

quando é observado diferencial de pressão maior ou igual a 2,0 bar, valor

obtido pela diferença de leitura de dois manômetros localizados imediatamente

antes e depois da carcaça do filtro (BEGA et al., 2006).

Figura 10: Filtro primário

69

4.1.1.8 Ultrafiltração da água de alimentação

A água, após ser submetida à filtração primária, segue para o

processo de ultrafiltração. Este é composto por quatro módulos constituídos

pelo conjunto de carcaça e membranas capilares de fibra oca de

polietersulfona (Figura 11).

O processo de ultrafiltração conta ainda com o sistema de

retrolavagem automática e periódica, onde a cada 45 minutos é recalcada água

reclorada com a ajuda de uma bomba centrífuga de aço inoxidável, em fluxo

contra corrente para retirar e evitar a deposição das sujidades provenientes do

processo de filtração.

Figura 11: Módulos de ultrafiltração

4.1.1.9 Tratamento microbiológico através de

recloração

Trata-se de um sistema composto por um tanque de armazenagem

de solução de hipoclorito de sódio a 1,5 %, com capacidade de 50,0 L e por

uma bomba dosadora (Figura 12) de diafragma, cujo motor varia a velocidade

de doseamento proporcionalmente aos valores de duas variáveis de processo:

vazão de alimentação medida por um sensor localizado após os abrandadores

70

e a concentração de cloro residual livre, medida através de um sensor de

Potencial de Óxido Redução (ORP – Oxide Reduction Potential) instalado

antes do tanque de armazenagem de água reclorada. O sistema conta ainda

com uma câmara de mistura, que homogeneíza a solução de hipoclorito de

sódio.

Esse sistema que garante que a água estará a uma concentração de

até 3,0 mg.L-1 de cloro, é colocado na entrada do tanque de armazenagem do

pré-tratamento a fim de eliminar uma possível carga microbiana que

eventualmente exista e possa prejudicar o tratamento da água.

Figura 12: Sistema de recloração

4.1.1.10 Tanque de água armazenagem de água

reclorada

71

O tanque de armazenagem de água reclorada tem capacidade de

8,0 m3 e conta com um controlador de nível (Figura 13), que comanda a bomba

de alimentação, as válvulas de alimentação e a bomba dosadora de hipoclorito,

de modo que quando ele está cheio automaticamente os equipamentos entram

em pausa, voltando a operar logo que o nível do tanque abaixe. Este tanque de

retenção faz com que a água de alimentação fique armazenada tempo

suficiente para que o cloro possa exercer sua ação bactericida de forma eficaz.

A água reclorada é também responsável pela retrolavagem dos

ultrafiltros. A água é recalcada para os ultrafiltros através de uma bomba com

as mesmas características da bomba de alimentação, onde em fluxo contra

corrente executa a limpeza dos mesmos.

Figura 13: Tanque de armazenagem de água reclorada

4.1.1.11 Recalque da Água para o Tratamento Final

através da Bomba Booster

72

Bomba fabricada em aço inoxidável tem a função de pressurizar a

água pré-tratada a uma pressão constante que garanta que o sistema de

osmose reversa possa operar de forma correta, otimizando o processo e

aumentando a vida útil dos elementos filtrantes. Essa bomba também é

utilizada para a realização de limpezas químicas e sanitizações do sistema.

A bomba é controlada tanto pelo sensor de nível instalado no tanque

de armazenagem de água reclorada, quanto pela válvula de alimentação da

osmose reversa, sendo que ela para seu funcionamento quando o nível do

tanque de armazenagem está baixo e quando a pressão de alimentação da

osmose também está abaixo 0,5 bar.

Depois de passar pelo pré-tratamento, a água segue para o

tratamento final, onde é submetida a uma série de processos unitários

responsáveis pelo polimento final da água.

O tratamento final é composto pelos seguintes processos: filtração

final, diminuição da temperatura da água de alimentação, retirada de cloro

através de doseamento de metabissulfito de sódio, retirada de dióxido de

carbono por doseamento de hidróxido de sódio, desinfecção por radiação

ultravioleta pré-osmose, recalque para as membranas de osmose através das

bombas de alta pressão, purificação da água por osmose reversa e

esterilização por radiação ultravioleta pré-osmose.

4.1.2 Tratamento final da água WFI

4.1.2.1 Filtração final

Este filtro possui a mesma função do filtro primário, que é dar

polimento à água. Este é instalado antes da osmose reversa com a função de

protegê-la. Possui carcaça em aço inoxidável e elemento filtrante de 1,0 たm

absoluto (Figura 14). O controle do filtro é feito através da pressão de entrada

73

e, as trocas realizadas de forma preventiva a cada três sanitizações a quente

da osmose.

Figura 14: Filtro final

4.1.2.2 Sanitização a quente das membranas de

osmose reversa

Na literatura referente a sistemas de purificação de água para uso

farmacêutico não é encontrada nenhuma indicação quanto à freqüência da

realização de sanitizações, apenas é sugerido que seja feita de forma a evitar a

formação de biofilme. Com o intuito de atender a essa necessidade, o

procedimento de sanitização das membranas de osmose reversa é executado

quinzenalmente e de forma preventiva, objetivando a diminuição do risco de

formação de biofilme (USP 30, 2007) ou quando os limites de alerta

microbiológicos são atingidos.

Para a execução do processo de sanitização, o sistema conta com

um trocador de calor do tipo de placas em aço inoxidável. As mesmas ficam em

contato com a água (Figura 15) e, o controle do sistema de aquecimento é

74

realizado por um controlador lógico programável (CLP) que manipula as

válvulas modulantes de entrada de vapor e água gelada durante o processo de

sanitização, mantendo a temperatura em torno de 80-85 °C durante 01 hora.

A possibilidade de realizar as sanitizações a quente evita que sejam

feitas limpezas químicas em curtos períodos de tempo, o que viabiliza o

funcionamento contínuo do sistema, aumenta a vida útil das membranas e

ainda garante a qualidade microbiológica requerida para água de uso

farmacêutico (GRELA, 2004).

Figura 15: Trocador de calor para sanitização a quente

4.1.2.3 Diminuição da temperatura da água de alimentação

Após da filtração final, a água passa por um trocador de calor, que é

formado por placas de aço inoxidável, onduladas e prensadas com bocais de

entrada que permitem a passagem de dois fluidos, a água gelada e a água a

ser resfriada (Figura 16).

O referido trocador acondiciona o fluido a uma temperatura abaixo

de 25°C de forma constante e controlada por um CLP. Essa intervenção é

executada para diminuir o risco de formação de biofilme nas membranas de

75

osmose, sendo esse processo particularmente importante nos períodos de

recirculação, quando a temperatura tende a aumentar consideravelmente.

Figura 16: Trocador de calor para diminuição de temperatura

4.1.2.4 Retirada de cloro através de doseamento de

metabissulfito de sódio

O método utilizado na retirada do cloro livre presente na água de

alimentação é a injeção de metabissulfito de sódio dissolvido em água. O

sistema injeta uma quantidade de solução proporcional à vazão de água de

alimentação e ao valor de ORP medido após a recloração. O conjunto de

doseamento de metabissulfito de sódio é composto por um tanque de

capacidade de 50 L e uma bomba dosadora diafragma (Figura 17) com vazão

proporcional às variáveis de processo, que são o Potencial de Óxido Redução

(ORP) após recloração e vazão da água de alimentação.

A fim de proteger o sistema contra possíveis falhas de doseamento,

foi instalado um sensor de ORP após o doseamento da solução redutora que

detecta possíveis fugas de cloro, parando a bomba booster e disparando

alarme sonoro.

76

4.1.2.5 Retirada de dióxido de carbono por

doseamento de hidróxido de sódio

O doseamento de hidróxido de sódio é realizado por uma bomba

diafragma, cujo motor oferece a possibilidade de variar a sua capacidade,

alterando a quantidade de solução injetada. Esse conjunto conta ainda com um

tanque de capacidade de 50 L (Figura 17) que detém a solução a ser injetada

na tubulação de passagem.

É importante lembrar que a bomba dosadora opera

automaticamente, com controles proporcional, integral e derivativo (PID) de pH,

o qual dosa de maneira regular e constante a solução de hidróxido de sódio. O

valor de pH a ser determinado varia conforme o valor de condutividade da água

de alimentação, podendo ser hora de maior valor, caso a concentração de CO2

esteja alta, ou de menor valor, caso a concentração de CO2 esteja baixa.

Figura 17: Sistemas de retirada de CO2 e cloro livre

4.1.2.6 Desinfecção por radiação ultravioleta pré-

osmose

O sistema é composto por uma câmara de esterilização de aço

inoxidável e tubos fluorescentes de quartzo contendo eletrodos de mercúrio

(Figura 18) que irradiam radiação U.V. para a água que circula pela câmara de

77

passagem, com comprimentos de onda de 254 nm. O equipamento não

apresenta modos de operação, já que o mesmo funciona durante todo o

processo de operação. Dentro dos painéis elétricos encontram-se indicadores

luminosos que sinalizam o funcionamento de cada lâmpada, facilitando assim a

sua manutenção.

Figura 18: Câmara de esterilização 01

4.1.2.7 Recalque para as membranas de osmose

através das bombas de alta pressão

Trata-se de duas bombas verticais em aço inoxidável que possuem

dois inversores de freqüência que controlam as velocidades dos motores de

acordo com o requerido pelo sistema. As bombas são controladas tanto pelos

inversores quanto por pressostatos localizados anteriormente a elas, tendo a

função de protegê-las evitando que as mesmas operem com pressão inferior a

0,5 bar, o que causa entrada de ar e conseqüente rompimento do seu selo

mecânico.

A água de alimentação é pressurizada para assegurar a força motriz

mínima de operação nos dois passos da osmose reversa, garantindo assim a

sua eficiência.

78

4.1.2.8 Purificação da água por osmose reversa

O processo de osmose reversa possui dupla passagem, sendo a

água pressurizada e encaminhada para o primeiro passo onde o concentrado

(água carregada de sais e matéria orgânica) é reaproveitado nas caixas de

hidrantes e o permeado segue para o segundo passo (Figura 19).

No segundo passo o concentrado (considerado água potável) é

novamente aproveitado em um processo de recirculação, evitando assim o

desperdício de água. O permeado do segundo passo, que é água WFI, é

enviado para o tanque de armazenagem com vazão de 12,5 m3.h-1.

Para garantir a qualidade da água que sai do processo de osmose

reversa e a vazão necessária de produção, são realizadas sanitizações a

quente quinzenalmente e sanitizações químicas preventivas a cada seis

meses. A troca das membranas deve ser realizada quando o seu diferencial de

pressão (〉P) for maior que 2,0 bar ou a cada 2 anos de forma preventiva

Figura 19: Osmose reversa por duplo passo

4.1.2.9 Esterilização por radiação ultravioleta pré-

osmose

79

Após a passagem pelas membranas de osmose reversa a água é

submetida mais uma vez à radiação ultravioleta (Figura 20). Esse equipamento

é instalado como o objetivo de evitar possível fuga bacteriológica proveniente

das membranas de osmose reversa. O equipamento funciona de forma similar

às lâmpadas pré-osmose a sua troca é feita a cada 8.000 h de uso.

Figura 20: Câmara de esterilização 02

4.1.3 Setores de armazenagem e distribuição

4.1.3.1 Tanque de armazenagem de água WFI

O sistema de armazenagem de água conta com um tanque de

capacidade de 15 m3, fabricado em aço inoxidável AISI 316 L (Figura 21). Este

aço inoxidável é padronizado pela norma americana AISI (Association of Iron

and Steel Engineers) e deve ser eletropolido, processo que remove uma

camada bem fina de material na superfície de uma peça ou componente de

80

metal (CATTO, 2006) e, confeccionado de acordo com as Boas Práticas de

Fabricação (BPF).

Toda a água que entra no tanque, vinda da osmose ou da

recirculação, passa por um spray ball, que é um equipamento que dispersa a

água no interior do tanque, molhando suas paredes internas e,

conseqüentemente, evitando possível formação de biofilme.

O tanque possui ainda um controlador de nível que comanda a

válvula de alimentação do mesmo. Quanto ele encontra-se cheio, a válvula é

fechada e o sistema de osmose reversa passa ao modo de recirculação.

Quando o nível volta a atingir o limite inferior, o sistema automaticamente abre

a válvula de alimentação e volta a operar em modo de produção alimentando o

tanque.

Sobre o tanque está instalado um filtro de ar, que também tem a

função evitar a contaminação microbiana, pois bloqueia a passagem de

contaminantes do meio externo para o interior do tanque.

Figura 21: Tanque de armazenagem de água WFI

4.1.3.2 Distribuição de água aos pontos de uso

através de bomba sanitária

A água após ser armazenada é recalcada por uma bomba sanitária

de alta pressão, fabricada em aço inoxidável de acordo com a BPF. A bomba

possui um variador de freqüência que mantêm a pressão na linha de

81

distribuição constante e se detêm quando ocorre baixo nível de água no tanque

de armazenagem, voltando a funcionar logo que seja restabelecido o volume

no tanque. Esta bomba tem a função principal de distribuir água aos setores de

produção e também a recirculação desta, impedindo a estagnação da água no

tanque de armazenagem e nas tubulações de distribuição.

4.1.3.3 Controle da temperatura do looping de

distribuição de água e sanitização

Da mesma forma que os outros trocadores de calor citados, o

trocador de calor 03 (CTU 03) é formado por placas de aço inoxidável,

onduladas e prensadas com bocais de entrada que permitem a passagem de

dois fluidos, a água gelada e a água a ser resfriada.

Tem a função de manter a temperatura da água a ser distribuída em

produção abaixo de 21°C, mais uma vez com o intuito de evitar o crescimento

bacteriológico. Paralelamente á função de resfriar a água que alimenta os

pontos de uso, este trocador de calor é empregado, semanalmente, na

realização da sanitização a quente do tanque de armazenagem de WFI e das

tubulações de distribuição de água.

De forma similar ao trocador de calor 01, o CTU 03 possui sistema

de controle PID com válvulas modulantes para a entrada de vapor e água

gelada, e ainda válvulas manuais, que permitem a regulagem da saída de

condensado. As sanitizações do sistema de distribuição e armazenagem são

feitas uma vez por semana, ou quando os valores microbiológicos atinjam os

seus limites de alerta.

4.1.4 Equipamentos de monitoramento e controle do

sistema de purificação de água.

Todo o sistema de tratamento, armazenagem e distribuição de água

WFI conta com instrumentos de indicação e controle das suas operações.

82

Todos são calibrados com data pré-estabelecida e de acordo com as

exigências dos órgãos vigentes. Os principais instrumentos são: células de

condutividade, ORP, pH, temperatura, medidores de vazão, equipamento

analisador de TOC e ainda manômetros e transmissores de pressão. Os dados

fornecidos por esses equipamentos são visualizados de forma on-line (Figura

22, 23 e 24) e registrados em históricos.

A possibilidade de visualizar os dados em tempo real permite que,

caso algum limite seja atingido, o operador possa realizar interferência

preventiva e/ou corretiva no equipamento, garantindo que este opere de forma

eficaz.

Figura 22: Tela de operação do pré-tratamento

83

Figura 23: Tela de operação do tratamento final.

Figura 24: Tela de operação dos sistemas de distribuição e armazenagem de

água

O fluxograma do processo descrito está representado na Figura 25.

84

FLUXOGRAMA DE PROCESSO

85

4.5 Qualificação de projeto (QD)

Na análise da correnspondência do escopo do projeto com o RU,

após o comissionamento, foi verificado que o sistema estava instalado de

acordo com as especificações do usuário, em conformidade com as BPF’s e os

instrumentos críticos encontravam-se calibrados pelo seus fabricantes (ver

Figuras 26.a e 26.b).

Figura 26. (a) Testes do FAT; Figura 26. (b) Conclusão do FAT

Não foram encontradas “não conformidades” significativas, porém na

realização do FAT, conforme Anexo I(Conclusión parcial / final del FAT), foi

observado que alguns manuais da planta, bem como cópia atualizada do

programa de CLP e configuração que permita impressão de relatórios não

constavam, sendo estes entregues na chegada do equipamento à HalexIstar.

4.6 Qualificação de instalação (QI)

Foi verificado através de testes de check-list de equipamentos,

componentes e de utilidades que estes foram corretamente instalados, de

acordo com as especificações do desenho da planta e BPF’s e que operavam

apropriadamente à execução das atividades a que se destinavam. Foi

executada, também a revisão da documentação de engenharia e dos

programas de calibração e comprovado que estes estavam de acordo com as

especificações. Este resultado está descrito no relatório final da IQ no Anexo II.

Após a realização do Brainstorming foram levantados os pontos

críticos do processo utilizando a ferramenta FMEA (ver AnexoV) que

86

demosntrou que as variáveis críticas do processo eram a cloração dos poços

artesianos, a condutividade, o TOC e as quantidades de endotoxinas e

contagem bacteriana de saída da água da osmose. As outras variáveis de

processo (pH, ORP, temperatura, vazão, dureza e pressão) não foram

consideradas neste estudo como fator de risco para a água WFI, e por isto

decidiu-se realizar apenas seu monitoramento quanto às suas adequações às

especificações do fabricante.

4.7 Qualificação de operação (QO)

Foram realizados os levantamentos das calibrações dos

equipamentos e instrumentos de análise e controle, e constatado que estes

estavam, juntamente com os seus certificados, funcionando adequadamente,

possibilitanto assim a realização dos testes subseqüêntes.

Depois de analisados os riscos na fase de qualificação de instalação

foi observado que as variáveis críticas do processo, cloração do poços

artesianos, a condutividade, TOC e as quantidades de endotoxinas e contagem

bacteriana de saída da água da osmose, apresentaram

resultados satisfatórios quanto à estabilidade e à capacidade, portanto

concluiu-se que o sistema estava qualificado operacionalmente (Anexo III),

restando apenas a conclusão dos estudos de qualificação de performance.

A Tabela 03 apresenta os resultados obtidos na fase de qualificação

da operação.

87

Tabela 03: Resultados das variáveis críticas na fase de qualificação de operação

Data Unidades formadoras de colônia

UFC.100 mL-

1

Endotoxinas

EU.mL-1

Concentração de cloro em

mg.L-1

TOC em mg.m-3

Condutividade em uS.

cm-1

29/abr <1 <0,125 1,0 23,0 0,93

02/mai

<1 <0,125 0,9 21,0 0,86

03/mai

<1 <0,125 0,9 22,0 1,06

04/mai

<1 <0,125 1,0 26,0 0,93

05/mai

<1 <0,125 0,8 23,0 1,01

06/mai

<1 <0,125 0,8 24,0 1,02

08/mai

<1 <0,125 0,9 25,0 1,05

09/mai

<1 <0,125 0,9 26,0 0,99

10/mai

<1 <0,125 0,9 22,0 0,91

11/mai

<1 <0,125 0,8 24,0 0,96

12/mai

<1 <0,125 0,9 24,0 0,85

13/mai

<1 <0,125 0,8 22,0 0,93

15/mai

<1 <0,125 0,9 24,0 0,83

16/mai

<1 <0,125 1,0 24,0 0,88

17/mai

<1 <0,125 1,0 24,0 0,93

18/mai

<1 <0,125 0,9 21,0 0,87

19/mai

<1 <0,125 1,0 21,0 0,86

20/mai

<1 <0,125 1,0 24,0 0,82

22/mai

<1 <0,125 1,0 22,0 1,02

23/mai

<1 <0,125 0,8 23,0 1,05

24/mai

<1 <0,125 0,9 21,0 1,05

25/mai

<1 <0,125 0,9 22,0 0,85

26/mai

<1 <0,125 0,8 21,0 1,01

27/mai

<1 <0,125 0,8 21,0 0,96

29/mai

<1 <0,125 0,9 22,0 0,96

30/mai

<1 <0,125 0,9 21,0 1,02

31/mai

<1 <0,125 0,9 22,0 0,89

88

4.7.1 Estabilidade de processo - QO

Para a análise de estabilidade do processo foram empregados os

gráficos de controle 3j para valores individuais e o gráfico de monitoramento

através da flutuação da variável de controle. Verificou-se que o processo pode

ser considerado como previsível quanto ao seu desempenho para as variáveis

críticas condutividade (Figura 27), cloração (Figura 28), TOC (Figura 29),

endotoxinas (Figura 30) e contagem de microorganismos aeróbicos totais

(Figura 31), já que nenhum ponto saiu dos limites de controle e, também, pelo

fato dos pontos não apresentarem nenhuma seqüência estranha de variação.

Figura 27: QO - análise da estabilidade da condutividade da água de saída

da osmose reversa

Figura 28: QO - análise da estabilidade da cloração dos poços artesianos

89

Figura 29: QO - análise da estabilidade do TOC da água de saída da osmose

reversa

Figura 30: QO - Gráfico de flutuação da variável de controle endotoxina

Figura 31: QO - Gráfico de flutuação da variável de controle contagem

bacteriológica total

90

4.7.2 Capacidade de processo - QO

Depois de comprovado que o sistema estava sobre controle, avaliou-

se a capacidade do processo mediante o cálculo dos índices de capacidade,

Cp, das variáveis condutividade, cloração e TOC, apresentados nas Figuras

32, 33 e 34.

O processo foi considerado capaz operacionalmente, devido a todos

os índices apresentaram valores acima de 1,0, não havendo nenhuma “não

conformidade”.

Comparando-se aos demais pontos críticos, a condutividade foi a

variável que apresentou menor índice de capacidade, devido ao sistema de

tratamento de água ser dinâmico e operar ora em fase de recirculação ora em

fase de produção, o que impacta nos seus valores.

A condutividade ainda é sensível a variações provenientes de

alterações na temperatura ou quantidade de dióxido de carbono da água de

alimentação, o que reflete nos valores obtidos da condutividade, o que porém é

facilmente corrigido, haja vista que o sistema conta com um controlador lógico

programável que executa as ações corretivas em tempo real, evitando que o

limite superior especificado pelas normas vigentes (1,3 uS. cm-1) seja atingido.

Quanto ao TOC foi observado, através da Figura 33, uma relevante

descentralização dos resultados obtidos em relação às especificação das

normas vigentes (500 mg.m-3), isso vem corroborar com a qualidade da água

produzida, uma vez que os resultados obtidos estão muito abaixo do limite

superior permitido.

A cloração também apresentou índice de capacidade satisfatório

(Figura 33), o que influenciou na qualidade microbiológica da água utilizada na

produção de injetáveis representada através dos gráficos de monitoramento da

flutuação das variáveis de controle endotoxina e contagem bacteriana

representadas nas Figuras 30 e 31.

91

Figura 32: QO - análise de capacidade da condutividade da água de

saída da osmose reversa

Figura 33: QO - análise de capacidade da cloração dos poços artesianos

92

Figura 34: QO - análise da capacidade do TOC da água de saída da

osmose reversa

4.8 Qualificação de performance (QP)

Com os resultados dos estudos iniciais da qualificação de operação,

a gerência de produção com o apoio da equipe de validação decidiu por utilizar

o produto, água WFI, na produção de injetáveis, uma vez que no decorrer do

processo de análise os resultados da QO comprovaram que o sistema estava

sob controle e que atendia às especificações pré-determinadas.

A análise de um ano, realizada para estudar a sazonalidade,

determinou que não existiam variações decorrentes deste fator.

Durante o período de qualificação de performanse foram executados

os procedimentos de limpeza, bem como de manutenção preventiva do sistema

e comprovado que estes atendiam às necessidades do equipamento, não

oferecendo impacto sobre a qualidade do produto.

Após a avaliação dos resultados obtidos através do monitoramento

do sistema de tratamento de água WFI durante 12 (doze) meses, foi concluído

que o sistema cumpre com as especificações definidas, apresentando

estabilidade e repetibilidade, demonstrando ser capaz para produção de água

para injetáveis com qualidade adequada ao que se destina, sendo, portanto,

considerado validado (Anexo IV).

Os resultados obtidos durante a QP estão representados na Tabela

04.

93

Tabela 04: Resultado das varíaves críticas de qualificação de performance

Mês Unidades formadoras de

colônia UFC.100 mL-1

Endotoxinas EU.mL-1

Concentração de cloro em

mg.L-1

Condutividade em uS. Cm-

1

TOC mg.m-3

Junho <1 <0,125 1,4 0,89 0,90

<1 <0,125 1,2 0,99 1,20 <1 <0,125 1,2 1,11 0,60 <1 <0,125 1,4 0,92 0,90

Julho <1 <0,125 1,4 1,10 0,70 <1 <0,125 1,3 0,97 0,70 <1 <0,125 1,5 0,87 0,60 <1 <0,125 1,4 0,90 1,30

Agosto <1 <0,125 1,4 0,96 0,80 <1 <0,125 1,3 0,92 1,10 <1 <0,125 1,4 1,01 0,90 <1 <0,125 1,2 0,91 1,10 Setembro <1 <0,125 1,4 0,98 0,70

<1 <0,125 1,4 0,97 0,90 <1 <0,125 1,4 1,10 1,20 <1 <0,125 1,3 0,91 1,00

Outubro <1 <0,125 1,2 0,92 0,90 <1 <0,125 1,3 0,99 0,30 <1 <0,125 1,4 1,02 0,50 <1 <0,125 1,3 0,92 0,90 Novembro <1 <0,125 1,3 0,99 0,60

<1 <0,125 1,5 1,04 0,90 <1 <0,125 1,4 1,00 0,80 <1 <0,125 1,3 1,07 0,60 Dezembro <1 <0,125 1,3 0,94 1,00

<1 <0,125 1,4 1,07 0,80 <1 <0,125 1,3 1,02 0,30 <1 <0,125 1,2 1,10 1,00

Janeiro <1 <0,125 1,4 1,08 0,40 <1 <0,125 1,3 0,92 0,50 <1 <0,125 1,2 0,96 0,70 <1 <0,125 1,3 1,09 0,80 Fevereiro <1 <0,125 1,4 1,11 0,60

<1 <0,125 1,2 0,88 1,10 <1 <0,125 1,2 1,08 0,40 <1 <0,125 1,3 1,12 0,60

Março <1 <0,125 1,3 0,95 0,60 <1 <0,125 1,2 1,03 0,80 <1 <0,125 1,2 1,11 1,12 <1 <0,125 1,4 0,91 0,97

Abril <1 <0,125 1,2 1,15 0,72 <1 <0,125 1,3 1,02 1,32 <1 <0,125 1,3 1,04 0,97 <1 <0,125 1,4 0,97 0,87

Maio <1 <0,125 1,3 1,06 1,00 <1 <0,125 1,2 0,93 0,64 <1 <0,125 1,2 0,95 0,97 <1 <0,125 1,2 1,00 1,39

94

4.8.1 Estabilidade de processo - QP

Em consonância à qualificação de operação foi realizada a aplicação

dos gráficos 3j para valores individuais e monitoramento da flutuação da

variável de controle.

Não foi observado nenhum comprimento de seqüência anormal, com

mais de 7 (sete) pontos consecutivos incidindo em um dos lados da linha

central, bem como pontos tendenciosos ou ainda valores próximos aos limites

de controle. Estas observações comprovaram que o sistema era

completamente previsível e robusto através da análise das variáveis críticas

condutividade (Figura 35), cloração (Figura 36), TOC (Figura 37), endotoxinas

(Figura 38) e contagem de microorganismos aeróbicos totais (Figura 39).

Figura 35: QP - análise da estabilidade da condutividade da água de saída da

osmose reversa

95

Figura 36: QP - Análise da estabilidade da concentração de cloro nos poços

artesianos

Figura 37: QP - análise da estabilidade do TOC da água de saída da osmose

reversa

Figura 38: QP - gráfico de flutuação da variável de controle endotoxina

Figura 39: QP - gráfico de flutuação da variável de controle contagem

bacteriológica total

96

4.8.2 Capacidade de processo - QP

Com a comprovação de que o sistema era robusto e que não

apresentava variações consideraveis seguiu-se para a confirmação da

capacidade do processo determinada na fase do QO, nesta fase foram

realizados os estudos dos índices de capacidade e feitas algumas

observações.

Foi observado na análise da variável TOC, que este apresenta um

índice Cp (Figura 42) muito alto devido aos seus resultados estarem muito

abaixo das especificações, o que comprovou que o sistema além de ser capaz

de produzir a água WFI dentro dos parâmetros especificados, ainda o fazia

além das espectativas.

Quanto à condutividade o sistema apresentou índice satisfatório de

1,3 (Figura 40) acima do especificado (1,0), o que comprovou que o sistema

era capaz de produzir água WFI de forma robusta.

De forma semelhante às variáveis citadas, a cloração do sistema

também obteve índice satisfatório contribuindo para a qualidade microbiológica

do sistema, que ficou evidenciada nos gráficos de monitoramento de

endotoxinas (Figura 38) e contagem bacteriana total (Figura 39).

97

Figura 40: QP - análise de capacidade da condutividade da água de saída da

osmose reversa

Figura 41: QP - análise de capacidade da cloração dos poços artesianos

Figura 42: QP - análise da capacidade do TOC da água de saída da osmose

reversa

98

CONCLUSÃO

A proposta do trabalho era validar o sistema de tratamento,

armazenamento e de distribuição de água WFI (Water for Injection) da empresa

Halexistar Indústria Farmacêutica em Goiânia para produção industrial, que

atendesse às especificações requeridas pelas normas aplicáveis.

Conforme pôde ser observado nos gráficos de análise de

estabilidade, o sistema é previsível e encontra-se sob controle, pois não

apresentaram, em nenhuma de suas fases de qualificação, resultados fora da

especificação ou padrões estranhos de variação.

Consoantemente à análise de estabilidade a verificação da

capacidade do processo também foi satisfatória, apresentando índices de

capacidade, em todas as fases de qualificação, superiores a 1,0, valor

estabelecido como padrão.

Com base nestas observações o sistema foi considerado validado e

apto a produzir água para fins farmacêuticos.

Este trabalho proporcionou o conhecimento do processo de validação

nas suas quatro fases, evidenciando a sua importância na qualidade do produto

final, medicamentos parenterais, por ser uma possível ferramenta para a

melhoria e garantia da qualidade.

O estudo também evidenciou a grande importância e criticidade da

água, já que esta é a principal matéria-prima utilizada nas indústrias de

injetáveis.

Durante a etapa de qualificação de performance, confirmou-se o

plano de controle de processo desenvolvido na fase de qualificação de

operação pelo atendimento do critérios para o sucesso. Concluindo-se que o

sistema encontrava-se validado e apto a produzir a água para os fins a que se

destinava. Tão importante quanto a conclusão com sucesso da validação é a

sua manutenção, visto que a validação abrange um período restrito de tempo,

recomenda-se então o contínuo monitoramento do processo quanto aos

requisitos pré-determinados juntamente com a continuação da aplicação do

controle estatístico de processo (CEP).

99

Na indústria farmacêutica de injetáveis a validação e revalidação de

sistemas de tratamento de água são de suma importância, visto que a água é a

principal matéria-prima para produtos parenterais. Os resultados obtidos

comprovam que o sistema de tratamento da água atendeu, durante este

período, aos parâmetros requeridos pela legislação vigente. Portanto, podemos

afirmar que está validado e poderá posteriormente ser revalidado.

Os métodos tecnológicos e as intervenções da garantia da qualidade

adotadas para melhoria do processo atribuem ao sistema de tratamento de

água um nível de confiabilidade na obtenção da água que satisfaça plenamente

à especificação legalmente exigida. Pudesse ainda obter o grau de

reprodutibilidade requerida na validação. As FQ (ferramentas da qualidade)

foram estratégias efetivas no processo de validação do sistema de tratamento

de água, uma vez que sistematizou o processo de melhoria contínua, bem

como treinamentos dos colaboradores sensibilizando os para o cumprimento

dos POP.s adotados.

100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução - RDC n° 210

de 04 de Agosto de 2003. Institui o Roteiro de Boas Práticas de Fabricação.

Diário Oficial da União, Brasília, 14 de agosto de 2003.

AMERICAN SOCIETY FOR QUALITY CONTROL. Statistical process control

manual. Milwaukee, ASQC, 1986.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS - ASTM – Standard

Specification for Reagent Water – D 1193-99.

ANDRADE, N. J. e MACEDO, J. A. B., Higienização na Industria de Alimentos.

São Paulo: Livraria Varela Ltda., 1996.

ARRAKIS. El agua: La vida se apoya en su comportamiento anormal.

Disponível em:

http://www.arrakis.es/%7Elluengo/agua.html, acesso em 02-04-2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: Planos de amostragem

e procedimentos na inspeção por atributos. NBR 5426, 1985.

BEGA, E. A. et al (orgs.). Instrumentação Industrial. 2° Edição. s.l. :

Interciência, 2006.

BOTHE, D.R. Measuring process capability. New York, McGraw-Hill, 1997.

BRASIL. Portaria no 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde.

Norma de qualidade da água para consumo humano. Brasília-DF, 2005.

CARRETA, José Augusto. “O micróbio é o inimigo”: debates sobre a

Microbiologia no Brasil (1885 – 1904). Disponível em:

101

http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000401217, acesso em 24 -03-

2011.

CATTO, Marcelo. Processo de Galvanoplastia. Detroid-Circular Informativa

Eng. Aplicação. Número 41. p.1. Abr. 2006.

CEPEDA, Diniz Augusto. Publicação eletrônica [Tempo de esterilização e

temperatura]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 09

abr. 2011.

DESMINERALIZAÇÃO DE ÁGUA. Revista Química e Derivados, São Paulo.

Edição n°390. Fev. de 2001. Disponível em http://www.quimica.com.br, acesso

em 02-04-2011.

DIAS, Tiago. Conceitos simples com ótimos resultados. Revista Meio Filtrante.

Ano V. Edição n° 24. Janeiro/Fevereiro de 2007. Disponível em:

http://www.meiofiltrante.com.br/materias, acesso em 20-03-2011.

DONAIRE, Patrícia Pulsini. Desinfecção de águas utilizando radiação

ultravioleta e fotocatálise heterogênia. Campinas: Universidade Estadual de

Campinas, 2001. Dissertação de Mestrado.

ELIAS, L. E., Soluções Parenterais no mundo. ABRASP – Associação

Brasileira dos Produtores de Soluções Parenterais. Disponível em:

http://www.abrasp.org.br/Artigos/Integra.aspx?artigo=1, acesso em 11-03-

2011.

FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 4.ed. São Paulo: Atheneu editora, 1988.

FDA (Food and Drug Administration), Center for Drug Evaluation and Research

(CDER). General Principles of Validation, Rockville, 1987. Disponível em:

102

http://www.brcompliance.com/process_validation.pdf, acesso em 05-03-2011.

GRELA, Jorge. A osmose reversa de dupla passagem e o mercado

farmacêutico. Revista Meio Filtrante. Ano II. Edição n°8. Jan. Fev. Mar. de

2004. Disponível em:

http://www.meiofiltrante.com.br/materias.asp?action=detalhe&id=90, acesso

em 20-03-2011.

HARVEY, W., Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in

Animalibus. Francofurti, 1628.

JOAQUIM R. e GIMENES L. Soldagem Tig Orbital. Disponível em:

http://www.infosolda.com.br/download/12dda.pdf, acesso em 06-04-2011.

KUME, Hitoshi. Métodos Estatísticos para a melhoria da Qualidade / Hitoshi

Kume; tradução de Dario Ikuo Miyake; revisão de Alberto Wunderler Ramos.

São Paulo: Editora Gente, 1993.

MACÊDO, Jorge Antônio Barros. Águas & Águas. 2° Edição. Belo Horizonte:

Conselho Regional de Química, 751p., 2004.

MÍDIO, Antônio. Exposição humana a trialometanos presentes em água

tratada. Revista de Saúde Pública. v.33. n.4. São Paulo ago. 1999. Disponível

em:

http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-

89101999000400013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt, acesso em: 25-03-2011.

MIERZWA, José Carlos. Desinfecção de água de abastecimento por radiação

ultravioleta, 2008. Disponível em:

http://143.107.96.240/phd/LeArq.aspx?id_arq=1279, acesso em 10-03-2011.

103

MIERZWA, José Carlos; HESPANHOL, Ivanildo. Os processos de separação

por membranas e o processo de troca iônica. s.l.p: s.c.p, 8p., 2004.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vigilância e controle da qualidade da água para

consumo humano. Brasil: Coordenação – Geral de Vigilância em saúde

ambiental, 2006.

MORETO, L. D., ZARDO, H., Água purificada e água para injetáveis na

indústria farmacêutica (Parte II), Pharmaceutical Technology, p.46-48, Dez.

1999.

PINTO, T. J. A., Controle Biológico de Qualidade de Produtos Farmacêuticos,

Correlatos e Cosméticos. 1° Edição. São Paulo: Atheneu Editora, 2000.

THE UNITED STATES PHARMACOPEIAL CONVENTION (USP 30), NF 25 –

The National Formulary. Rockville, MD, USA, 2007.

VILELLA, J. R. A., Validação de processo. Um modelo utilizando ferramentas

de qualidade e estatística. Campinas: Universidade Estadual de Campinas,

2004. Dissertação de Mestrado.

WADE, A., WELLER, P. J., Handbook of Pharmaceutical Excipients, Second

Edition. London: Pharmaceutical Press, 740p., 1994.

104

ANEXOS

105

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ................................................................................. 2

AGRADECIMENTO ................................................................................. 3

DEDICATÓRIA ........................................................................................ 4

RESUMO ................................................................................................. 5

METODOLOGIA ...................................................................................... 6

SUMÁRIO ................................................................................................ 7

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 8

CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 11

1. Soluções Parenterais .................................................................... 11

CAPÍTULO II

ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO .................................................... 16

2.1.1 Considerações Físico-quimicas ...................................................... 18

2.1.1.1 Condutividade Elétrica ............................................................... 18

2.1.1.2 Carbono Orgânico Total (Toc-Total Organic Carbon) ............... 20

2.1.2 Considerações Microbiológicas .................................................... 21

2.1.2.1 Endotoxinas ............................................................................... 22

2.1.3 Sistemas de distribuição de água aos pontos de uso .................. 23

2.1.4 Tanque de armazenamento de água WFI .................................... 23

2.1.5 Operação manutenção e controle do sistema WFI ...................... 23

2.1.5.1 Procedimento operacional padrão Pop’s ................................... 24

2.1.5.2 Programa de monitoramento e satisfação ................................. 24

2.1.5.3 Manutenção preventiva de sistema de purificação de água...... 26

2.1.5.4 Controle de mudança de sistema purificação de água.............. 26

2.1.6 Instalação, materiais de construção e seleção de componentes 27

106

de sistemas de purificação de água ........................................................

2.2 Validação de processos industriais.............................................. 28

2.2.1 Termos e definições aplicados a validação ................................. 29

2.2.2 Objetivo da validação de processos............................................ 31

2.2.3 Tipos de validação de processo .................................................. 32

2.2.3.1 Validação prospectiva ........................................................... 32

2.2.3.2 Validação concorrente ou simultânea ................................... 33

2.2.3.3 Validação retrospectiva ......................................................... 34

2.2.3.4 Revalidação de processo ...................................................... 35

2.2.4 Plano de validação .................................................................... 35

2.2.4.1 Qualificação do Projeto – DQ (Design Qualification) ............. 38

2.2.4.2 Qualificação da Instalação – IQ (Installation Qualification) ... 39

2.2.4.3 Qualificação da Operação - OQ (Operation Qualification)..... 40

2.2.4.4 Qualificação de Performance – PQ (Performance

Qualification)............................................................................................. 42

2.2.5 Estratégia de amostragem........................................................... 43

2.2.6 Validação estatística do processo................................................ 44

2.3 Processos de tratamento de água................................................. 46

2.3.1 Operações de pré-tratamento para obtenção de água WFI......... 46

2.3.1.1 Operações de desinfecção..................................................... 46

2.3.1.2 Operações de pré-filtração..................................................... 49

2.3.1.3 Operações de abrandamento................................................. 50

2.3.1.4 Operações de ultrafiltração.................................................... 51

2.3.1.5 Adição de produtos químicos à água .................................... 54

2.3.2 Operações de tratamento final para obtenção de água WFI ....... 55

CAPITULO 3. PARTE EXPERIMENTAL ................................................ 58

3.1 Materiais utilizados ....................................................................... 58

3.1.1 Reagentes e amostras ................................................................ 58

107

3.1.2 Equipamentos instalados no processo (online) ........................... 59

3.1.3 Métodos de análise microbiológicos empregados....................... 59

3.2 1ª Fase: Qualificação de Projeto...................................................... 59

3.3 2ª Fase: Qualificação de Instalação ................................................ 60

3.4 3ª Fase: Qualificação de Operação ................................................. 60

3.5 4ª Fase: Qualificação de Performance............................................. 61

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................... 61

4.1 Descrição geral do equipamento................................................... 61

4.1.1 Pré-tratamento para obtenção de água WFI................................ 62

4.1.1.1 Captação de água dos poços artesianos .............................. 62

4.1.1.2 Desinfecção por cloro ............................................................ 64

4.1.1.3 Pré-filtração com filtro de areia .............................................. 65

4.1.1.4 Caixas de passagem e armazenagem .................................. 65

4.1.1.5 Retirada da dureza por abrandamento .................................. 66

4.1.1.6 Bomba de alimentação de Água ........................................... 67

4.1.1.7 Filtração primária ................................................................... 68

4.1.1.8 Ultrafiltração da água de alimentação ................................... 69

4.1.1.9 Tratamento microbiológico através de recloração ................. 69

4.1.1.10 Tanque de água armazenagem de água reclorada ............ 70

4.1.1.11 Recalque da Água para o tratamento final através da

bomba booster ........................................................................................ 71

4.1.2 Tratamento final da água WFI ..................................................... 72

4.1.2.1 Filtração final ......................................................................... 72

4.1.2.2 Sanitização a quente das membranas de osmose reversa ... 73

4.1.2.3 Diminuição da temperatura da água de alimentação ............ 74

4.1.2.4 Retirada de cloro através de doseamento de metabissulfito

de sódio.................................................................................................... 75

4.1.2.5 Retirada de dióxido de carbono por doseamento de 76

108

hidróxido de sódio ...................................................................................

4.1.2.6 Desinfecção por radiação ultravioleta pré-osmose ............... 76

4.1.2.7 Recalque para as membranas de osmose através das

bombas de alta pressão .......................................................................... 77

4.1.2.8 Purificação da água por osmose reversa .............................. 78

4.1.2.9 Esterilização por radiação ultravioleta pré-osmose ............... 78

4.1.3 Setores de armazenagem e distribuição ..................................... 79

4.1.3.1 Tanque de armazenagem de água WFI ................................ 79

4.1.3.2 Distribuição de água aos pontos de uso através de bomba

sanitária.................................................................................................... 80

4.1.3.3 Controle da temperatura do looping de distribuição de água

e sanitização ............................................................................................ 81

4.1.4 Equipamentos de monitoramento e controle do sistema de

purificação de água ................................................................................. 81

4.5 Qualificação de projeto (QD) ........................................................ 85

4.6 Qualificação de instalação (QI) .................................................... 85

4.7 Qualificação de operação (QO) .................................................... 86

4.7.1 Estabilidade de processo – QO ................................................... 88

4.7.2 Capacidade de processo – QO ................................................... 90

4.8 Qualificação de performance (QP) ............................................... 92

4.8.1 Estabilidade de processo - QP..................................................... 94

4.8.2 Capacidade de processo - QP..................................................... 96

CONCLUSÃO .......................................................................................... 98

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................. 100

ANEXO .................................................................................................... 104

ÍNDICE .................................................................................................... 105