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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
TEATRO DO OPRIMIDO E PSICOPEDAGOGIA: POSSÍVEIS
INTER-RELAÇÕES
Por: Cecilia Vaz Nogueira
Orientador
Profa. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
TEATRO DO OPRIMIDO E PSICOPEDAGOGIA: POSSÍVEIS
INTER-RELAÇÕES
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: Cecilia Vaz Nogueira.
3
AGRADECIMENTOS
A todos os professores que passaram
pela minha vida e deixaram sementes,
especialmente aos professores do
curso de Psicopedagogia da AVM.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à minha família e
aos meus alunos.
5
RESUMO
O presente trabalho visa compreender de que maneira o Teatro do
Oprimido pode colaborar na prática psicopedagógica traçando um breve
panorama histórico do Teatro do Oprimido e da Arte na Psicopedagogia e
analisando as interseções entre o papel do professor-curinga-facilitador e o
papel do psicopedagogo além de elencar quais exercícios do TO podem servir
ao trabalho psicopedagógico.
6
METODOLOGIA
O processo aplicado no presente estudo é a pesquisa e análise
bibliográfica. Os principais teóricos consultados são: Augusto Boal (teatrólogo e
mentor do Teatro do Oprimido), Paulo Freire (pedagogo e criador da Pedagogia
do Oprimido) e Alicia Fernández (psicopedagoga). O entrecruzamento das
ideias desses pensadores modernos, aliada à experiência de 10 anos como
professora de teatro, possibilita uma visão privilegiada na seleção de exercícios
e técnicas do Teatro do Oprimido que podem ser usados na prática
psicopedagógica.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Teatro do Oprimido e a Arte na Psicopedagogia 11
CAPÍTULO II - Interseções entre o papel do curinga-facilitador e o do
psicopedagogo 19
CAPÍTULO III – Exercícios psicopedagógicos do Teatro do Oprimido 24
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
WEBGRAFIA 41
ÍNDICE 42
8
INTRODUÇÃO
O Teatro do Oprimido é uma técnica criada por Augusto Boal, artista
teatral brasileiro, onde o ator-espectador-autor coloca seus anseios, dúvidas e
opressões em cena e ali mesmo tenta entende-los através de debate, ação e
mudanças de ponto de vista, numa oportunidade única de reviver e reorganizar
suas experiências saindo do papel de vítima oprimida para o lugar de ator
realizador de seus desejos. Já a psicopedagogia visa auxiliar o processo de
aprendizagem; com a ajuda da psicopedagogia o discente (psicopedagogia
clínica) e o docente (psicopedagogia institucional) podem olhar para as suas
dificuldades, ultrapassá-las e aprender apesar de e com elas. Nesse sentido,
as duas linhas de atuação (Teatro do Oprimido e psicopedagogia) trabalham na
resolução de problemas, visando a superação deles. A partir dessa visão a
pesquisa pretende elucidar as confluências entre Teatro do Oprimido e
psicopedagogia e de que maneira o primeiro pode instrumentalizar o
psicopedagogo. O estudo também busca compreender como o Teatro do
Oprimido (TO) pode colaborar na prática psicopedagógica tanto
instrumentalizando o psicopedagogo com os exercícios do TO selecionados
quanto ajudando o profissional na sua conduta no trabalho com as dificuldades
de aprendizagem através dos procedimentos do curinga.
A psicopedagogia (compreendida como área multidisciplinar que
pretende ultrapassar a barreira das dificuldades a fim de alcançar o
aprendizado na sua plenitude) facilmente se comunica com a área das artes:
teatro, dança, música e artes plásticas. As diferentes formas de expressão e
comunicação artística cheias de significados e humanidade servem claramente
aos objetivos psicopedagógicos, ajudando o indivíduo a melhor se expressar, a
se escutar e a desenvolver potencialidades adormecidas. O teatro, enquanto
espaço de atuação e de reelaboração do real no plano ficcional é terreno fértil
9
para terapias psicopedagógicas. O psicodrama, viés terapêutico do teatro, vêm
sendo amplamento utilizado e estudado como instrumento da psicopedagogia.
A psicopedagoga argentina Alicia Fernandèz em sua obra Psicopedagogia em
Psicodrama evidencia a importância de tal terapia no tratamento das
dificuldades de aprendizagem. O Teatro do Oprimido pode ser entendido como
uma variação do psicodrama. Portanto, Teatro do Oprimido e psicopedagogia
podem andar juntos na direção da compreensão e solução das dificuldades de
aprendizagem, sejam elas de origem afetiva, cultural, cognitiva ou funcional.
Dentro da metodologia do TO, a figura do curinga é de suma
importância, é ele quem media todos os exercícios, além de avaliar quais
atividades e técnicas cabem melhor àquele determinado grupo. O curinga além
de ser professor é artista, pesquisador, mediador, estimulador, coordenador e
atua com todas essas funções ao mesmo tempo durante o processo das
oficinas. A figura do psicopedagogo assemelha-se ao do curinga por ser
também multitarefa e multifacetada. As posições desses dois profissionais se
encontram na necessidade imperativa de mediar sem medir, avaliar sem julgar.
A atuação do curinga oferece rico material de aprendizado para os profissionais
que atuam na psicopedagogia em diferentes áreas, como uma alternativa de
postura e maneira de agir do terapeuta com o paciente ou grupo de trabalho.
O Teatro do Oprimido compreende diversas técnicas criadas através
das experiências coletivas que Boal teve ao redor do mundo. São muitas
variáveis como: Teatro- Jornal, Teatro-Invisível, Teatro-Legislativo, Teatro-
Imagem, Teatro-Fórum e Arco-íris do Desejo. Todas elas podem servir a
psicopedagogia, umas mais, outras menos, dependendo do enfoque e do
objetivo.
Em termos amplos, o Teatro do Oprimido é uma metodologia que
tem como um dos objetivos principais a utilização da expressão teatral como
espaço de possível superação dos problemas que nos impedem de progredir,
de ascender, de sermos livres. Nessa técnica todos somos, porque podemos e
queremos ser, atores das nossas próprias cenas interpretando nossas próprios
10
conflitos na tentativa de enfrentá-los ficcionalmente para podermos superá-los
na vida real. Um olhar psicopedagógico sobre o tema brevemente descrito
acima, facilmente identifica uma grande possibilidade de uma intervenção
psicopedagógica, tanto clínica quanto institucional, através do Teatro do
Oprimido como fonte colaborativa na melhora do aprendizado e na
compreensão da maneira de aprender do aluno.
11
CAPÍTULO I
O TEATRO DO OPRIMIDO E A ARTE NA
PSICOPEDAGOGIA
O Teatro do Oprimido surgiu a partir da observação de um artista
sobre o papel do espectador e do ator como protagonistas da cena e também
da necessidade de retornar as origens do teatro como transformador social. A
partir daí inúmeras possibilidades nasceram dessa metodologia que é
estudada, aplicada e atualizada em mais de setenta países.
A psicopedagogia visa compreender os processos de aprendizagem,
auxiliando os professores que não conseguem ensinar e os alunos que não
conseguem aprender numa articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise
e Pedagogia. A psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 70 e se
encontra desde então em processo contínuo de construção, tão variadas são
as complexidades e possibilidades na relação ensino-aprendizagem. A
aplicação da linguagem artística junto ao trabalho psicopedagógico pode
colaborar para o desenvolvimento das potencialidades dos alunos nas
dimensões afetiva, cognitiva, sócio-cultural e psicomotora.
A experiência artística, expressão da alma e da percepção que o homem tem do mundo, apresenta-se como recurso importante para ampliar a aprendizagem daquele que se relaciona com o outro, e aprende a partir dessa relação. ALLESSANDRINI (1996, p. 29-30)
O presente trabalho debruça sobre as possibilidades do Teatro do
Oprimido num viés especificamente psicopedagógico, procurando elucidar as
inter-relações dessas duas áreas. Esse primeiro capítulo discorre sobre
metodologia do TO (quais são as técnicas e como funcionam) e sobre as
diversas manifestações artísticas aplicáveis na psicopedagogia.
12
1.1 O Teatro do Oprimido
Na década de 70, o diretor teatral Augusto Boal iniciava seu exílio
político, já que ele como muitos artistas da época eram considerados
subversivos e criminosos políticos pelo governo militar. Boal saiu do país com
muitos questionamentos e a certeza de que o Brasil e o teatro que aqui se
produzia estavam indo por um caminho muito negativo, cheios de espaços
vazios, artistas sem voz e afastado das possibilidades de mudanças
libertadoras. Nesse contexto, nasce o Teatro do Oprimido, técnica que Boal
sistematiza e publica em 1973, mas sobre a qual ele já vinha refletindo desde
os tempos em que trabalhava com o Teatro de Arena dos anos 1950 aos 1970.
A força-motriz dessa metodologia e a razão pela qual ela continua
sendo amplamente utilizada nos cinco continentes é “o apoio decidido do teatro
às lutas dos oprimidos” (Boal, 2011). Todos nós, em algum momento das
nossas vidas, nos encontramos ora na posição de oprimido, ora na posição de
opressor. Por tratar de relações tão comuns e caras ao homem, o Teatro do
Oprimido tem muitas e variadas aplicações. No ambiente escolar, hospitais,
prisões, sindicatos, igrejas e em qualquer lugar onde existam pessoas com
desejo de superar suas opressões pode haver teatro do Oprimido.
Para compreender melhor a intrincada metodologia do teatro do
oprimido, Boal resume graficamente as técnicas e suas origens no desenho
que ele nomeia como árvore do teatro do oprimido, que compreende o solo que
nutre, as raízes que originam, o tronco que sustenta, as folhas que crescem e
os frutos que reproduzem a técnica pela multiplicação.
O objetivo de toda árvore é dar frutos, sementes e flores: é o que desejamos para o Teatro do Oprimido que busca não apenas conhecer a realidade, mas transformá-la ao nosso feitio. Nós, os oprimidos (BOAL, 2011. p.21)
13
1.2 A árvore do Teatro do Oprimido
(BOAL, 2011, p.17)
Boal (2011) apresenta as variantes do TO na Árvore do Teatro do
Oprimido. Não obstante, todas as técnicas são interdependentes e tem a
mesma origem no solo da Ética, da Política, da História e da Filosofia. A
Palavra, o Som e a Imagem são os meios através dos quais os indivíduos irão
14
se expressar. Os frutos do TO caem na terra e se reproduzem pela
Multiplicação. E a Solidariedade é parte essencial na medida em que os
participantes se identificam com as opressões alheias, unindo os diferentes
grupos de oprimidos.
O primeiro item a surgir no tronco da árvore é Jogos, que
desenvolve a criatividade com regras, ajudando a desmecanização do corpo e
da mente tão acostumados às tarefas repetitivas e automatizadas do dia a dia.
Logo em seguida vemos Teatro Imagem e Teatro Fórum seguindo para as
folhas: Teatro Jornal, Ações Diretas, Teatro Legislativo, Teatro Invisível e Arco-
íris do desejo.
1.2.1 Jogos
É através do corpo que o ator se mostra, é com ele que a história
será contada, ele é o seu material de trabalho. E para que esse corpo possa
comunicar diferentes personagens, sentimentos e pontos de vista é necessário
que esteja disponível e consciente. Os jogos têm como objetivo converter o
espectador em ator e para tal o indivíduo precisa conhecer primeiramente seu
corpo e suas possibilidades expressivas.
Só depois de conhecer o próprio corpo e ser capaz de torná-lo mais expressivo, o “espectador” estará habilitado a praticar formas teatrais que, por etapas, ajudem-no a liberar-se de sua condição de “espectador” e assumir a de “ator”, deixando de ser objeto e passando a ser sujeito, convertendo-se de testemunha em protagonista. (BOAL, 2011. P.188)
Através dos jogos, os participantes, além de experimentar a
criatividade e a expressão corporal, rompem as idéias pré-concebidas do teatro
elitizado que muitos têm como referência e também seus preconceitos quanto
ao corpo assim como desfazem a rigidez muscular dos corpos. Os exercícios
podem ser propostos tanto pelo dinamizador quanto pelos alunos e outras
15
sugestões de atividades podem ser criadas pelo grupo durante a oficina para
contribuir nesse processo de conscientização corporal dos participantes.
1.2.2 Teatro Imagem
Nessa técnica, o teatro é pensado como uma foto, uma re-
presentação onde os atores são estátuas moldadas por espect-atores
escultores. Através dessa técnica podemos transformar problemas, questões e
sentimentos em imagens concretas e a partir dessas imagens o grupo pode
elaborar a transformação da imagem real (opressiva) na imagem ideal
(libertária). A linguagem verbal é abolida e trocada pela linguagem visual.
1.2.3 Teatro Jornal
O Teatro Jornal é um conjunto de diversas técnicas que permitem
transformar qualquer texto não dramático em cena teatral. O grupo usa o
material escrito para leitura como material escrito para encenação. Pode ser
feito com textos jornalísticos, classificados, contos, etc... Essa técnica tem
como objetivo “desmistificar a pretensa imparcialidade dos meios de
comunicação” (BOAL, 2011).
1.2.4 Teatro Fórum
No Teatro-fórum os espectadores são chamados a entrar em cena
rompendo a barreira entre palco e platéia. Consiste na encenação de uma
situação baseada em fatos reais onde oprimido e opressor entram em conflito.
Nesse confronto, o oprimido fracassa e os integrantes da platéia são chamados
a substituir o ator que representa o oprimido, criando novos possíveis
desfechos para a cena.
1.2.5 Teatro Legislativo
16
O Teatro Legislativo tem como objetivo formular Projetos de Leis
viáveis e coerentes com os desejos e necessidades da população. No Brasil, o
Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro já conseguiu aprovação de
quinze leis municipais e duas estaduais com esse método. Consiste em discutir
em plenários legislativos com participação popular os projetos de lei a partir de
uma cena de Teatro-Fórum.
1.2.6 Teatro Invisível
O Teatro Invisível é a representação de uma situação num ambiente
real. É o teatro fora do teatro. Os atores se misturam aos “espectadores”, que
são reais participantes do fato e não sabem que o que se passa é uma
representação. Deve ser realizado num local com grande circulação de
pessoas, as quais devem ignorar o fato de ali estarem atores “representando”.
A encenação deve ocorrer da forma mais natural possível para que a discussão
em torno do tema escolhido envolva as pessoas próximas ao evento
participando ativamente da “cena”. Os atores são “invisíveis” para que os
espectadores atuem livremente como numa situação real. No Teatro Invisível,
diferentemente da performance e do “Flash-mob”, o público não se reconhece
como espectador e os atores não se diferenciam dos transeuntes, não havendo
separação entre palco e platéia.
1.2.7 Arco-íris do desejo
Essa técnica terapêutica-teatral permite a teatralização de opressões
introjetadas, usando palavras e imagens. A partir dela os indivíduos do grupo
podem, além de reconhecer e superar suas opressões internalizadas,
compreender a origem social dos abusos de poder aos quais foram expostos.
1.2.8 Ações diretas
17
Consiste em teatralizar (com máscaras, adereços, músicas,
coreografias e o que mais couber) manifestações de protesto, desfiles,
procissões, marchas e quaisquer outros agrupamentos de grupos organizados.
1.3 Arte e psicopedagogia
“A criação artística realiza-se a partir de um diálogo do artista
com sua produção... A atividade artística constitui então um
instrumento indispensável na terapia dos problemas de
aprendizagem...” (PAÍN in FERNÁNDEZ, 2011)
A Arte é parte fundamental no trabalho psicopedagógico. Utilizar as
linguagens artísticas na intervenção psicopedagógica é importante para
desenvolver a percepção, a atenção, a afetividade, a sensibilidade, a memória,
a observação e formar indivíduos que saibam se expressar e compreender a
expressão dos outros. A arte trabalha essencialmente com a comunicação
(entre indivíduos, entre grupos e entre nosso passado, presente e futuro) e por
desenvolver a expressão humana em suas diferentes possibilidades (sons,
imagens e movimentos) amplia a capacidade expressiva dos alunos.
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas PCN ARTE (1997 p.19)
A Arte na educação, segundo a atual legislação brasileira,
compreende as seguintes linguagens: Artes Cênicas, Artes Plásticas, Dança e
Música. Todos esses componentes contribuem enormemente para a atuação
psicopedagógica. No Teatro e na Dança o corpo é o criador e o suporte para as
criações, podendo assim nas suas especificidades aumentar a auto-confiança,
18
o controle e conhecimento dos movimentos, além de catalizar a energia
reprimida na sala de aula, já que historicamente disciplina e imobilidade
caminham juntos nas regras do ambiente escolar.
Assim como a Arte em geral, o Teatro do Oprimido é
reconhecidamente pedagógico e tem no seu cerne o potencial de transformar
os indivíduos que dele participam, na perspectiva de construção de uma
sociedade mais justa, sendo essa a tarefa inicial pretendida por seu criador.
19
CAPÍTULO II
INTERSEÇÕES ENTRE O PAPEL DO CURINGA-
FACILITADOR E O DO PSICOPEDAGOGO
Tomando o psicodrama como ponto de partida para compreensão
do Teatro do Oprimido como técnica terapêutica, já que em ambas as
intervenções a matéria prima para as “sessões” são as situações
traumatizantes reais do “paciente” e que a partir delas pretende-se retomar e
reviver esses momentos para que possam ser re-significados, temos então o
curinga-facilitador como psicodramaticista. Se considerarmos que o Teatro do
Oprimido é uma das possíveis práticas de uma intervenção psicopedagógica,
como um equivalente do psicodrama, então o psicopedagogo também pode
absorver atitudes e posicionamentos do curinga-facilitador. Partindo dessas
premissas cabe avaliar quais posições e intervenções podem ser (re)
aproveitadas nas experiências dos dois profissionais.
2.1 A função do curinga-facilitador e a função do
psicopedagogo.
O curinga e o psicopedagogo exercem funções análogas, já que
ambos atuam num ambiente terapêutico educacional onde se objetiva a
superação de dificuldades, no caso do primeiro a dificuldade em enfrentar o
opressor e no segundo a dificuldade de aprendizagem propriamente dita que
também é uma espécie de opressão, visto que impede o indivíduo de viver
plenamente seu papel de aprendente/ensinante.
Ao curinga-facilitador cabe avaliar o grupo participante da oficina de
Teatro do Oprimido e partir daí selecionar e aplicar os exercícios do TO mais
indicados para o grupo avaliado. Ele também tem papel primordial nas
mediações com o grupo: sugere temas, levanta questões, determina o tempo
20
para as atividades, coordena as avaliações e auxilia nas criações e ensaios
das cenas.
Também faz parte do trabalho do psicopedagogo analisar o grupo
com o qual será desenvolvido o trabalho. Na psicopedagogia institucional, o
olhar é mais voltado para resolução de dificuldades do grupo como um todo
que abrange professores, alunos e pais. Nesse caso, avaliam-se as relações
entre os pares e entre os grupos e o foco é nas atividades que podem resolver
problemas da instituição, sendo reservadas ao psicopedagogo clínico as
atitudes relativas às dificuldades de aprendizagem individuais. Na clínica, o
diagnóstico debruça sobre o aluno, a família e a escola, porém o
desenvolvimento compreende buscar soluções para as dificuldades de
aprendizagem do estudante. O psicopedagogo atua na seleção e aplicação de
atividades que ajudem a desenvolver as capacidades detectadas como falhas
que podem ter origem cognitiva, emocional ou orgânica. A partir dessas
intervenções o aluno pode encontrar no espaço psicopedagógico as
ferramentas, os caminhos e a possibilidade de ir de encontro às suas
dificuldades para poder superá-las.
2.2 A importância do autoconhecimento e da análise
psicopedagógica pessoal (a experiência)
Alicia Fernández atenta para o fato que os terapeutas não podem
simplesmente repassar uma informação. O psicopedagogo-psicodramaticista
precisa vivenciar aquelas experiências (terapêuticas e de aprendizagem) para
poder ensinar aos seus “aprendentes”.
Os profissionais, ao sentirem no corpo suas próprias descobertas,
modos de aprendizagem, opressões não superadas, podem compreender
melhor o que se passa com seus alunos-pacientes. A avaliarem suas próprias
dificuldades de aprendizagem na sua vida escolar pregressa e atual, podem
21
ver com outros olhos as atividades da escola e podem partilhar melhor das
angústias do aluno-paciente através da empatia.
Além das razões elencadas anteriormente, urge um trabalho de
auto-avaliação e de prática terapêutica analítica desses profissionais, pois eles
estão em contato direto com questões de foro íntimo do paciente-aluno (apesar
do teatro do oprimido lidar com questões universais e com a opressão social,
os participantes sempre partem da sua experiência pessoal, a partir da qual os
outros integrantes do grupo se identificam ou não) e ao lidarem com questões
tão delicadas, colocam-se num lugar frágil que merece cuidado e atenção do
próprio terapeuta e de um outro profissional que possa alertá-lo para possíveis
emboscadas nesse caminho.
2.3 A neutralidade.
Outra característica essencial para a atuação tanto do
psicopedagogo quanto do facilitador do Teatro do Oprimido é a neutralidade. É
importante que o mediador assuma uma postura ativa e coerente, porém a ele
não cabe julgar, medir, censurar. Conforme Alicia Fernández (2010): “A
terapeuta permite, mas não consente, acompanha, mas não é cúmplice. O
terapeuta joga e para as crianças se abre o caminho da simbolização.” ( p.37).
Para Augusto Boal, a questão da neutralidade também é complexa e
importante:
...o Coringa, em uma sessão de Teatro-Fórum, por exemplo, deve manter sua neutralidade e não tentar impor suas próprias idéias, porém... só depois de escolhido o seu campo! Sua neutralidade é ato responsável e surge depois da escolha feita; sua substancia é a duvida, semente de todas as certezas; seu fim é a descoberta, não a isenção.(BOAL, 2011, p.26)
Alicia Fernández acrescenta sobre o assunto :
Como psicopedagoga, como terapeuta, como coordenadora grupal, meu lugar de interpretação é simplesmente de colocar-
22
me nesse lugar, às vezes conseguindo ler algo dessa rede interpretativa. Outras vezes intervindo também no bordado, no tecido dessa rede,... (FERNÁNDEZ, 2010, p.50)
2.4 O espaço de reflexão sobre a atuação profissional.
Curingas e psicopedagogos devem manter ativos seus espaços de
reflexão sobre sua prática, caso contrário estarão tendo uma atitude incoerente
com seus próprios ensinamentos. Spolin atenta para o fato de que os
instrutores precisam saber dizer “Eu não sei” para que se coloquem lado a lado
como construtores do conhecimento e da aprendizagem. Somente através da
contínua pesquisa e da inquietação própria dos profissionais que reconhecem a
importância do estudo e da atualização dos saberes pode-se chegar a um lugar
ideal de atuação, onde a reflexão, a dúvida e o aperfeiçoamento terão espaço.
“Seguindo essa perspectiva, podemos afirmar que o artista-docente desenvolve seu trabalho também num processo contínuo de desmonte, recomposição e elaboração de atividades e definição de conteúdos a serem trabalhados pelos alunos nas aulas,....” (TELLES, 2012, p.18)
2.5 O ambiente de trabalho.
A criança tende a restringir as suas possibilidades de criação e de
desenvolvimento ao ser exposta às pressões dos adultos, à olhares julgadores
conforme indica Vera Lúcia Bertoni dos Santos no artigo “Atividade simbólica
na infância e abordagens do teatro no meio escolar: convergências e
incompatibilidades.” Portanto o trabalho terapêutico só pode ser desenvolvido
numa atmosfera livre, de aceitação, onde aprendente e aprendiz se colocam
como parceiros em busca da aprendizagem.
Viola Spolin (2001) fala sobre a necessidade de um ambiente onde
reina a confiança mútua entre os participantes da oficina de teatro e o
23
autoritarismo é colocado de lado para que o jogo possa verdadeiramente
acontecer. Para Boal (2011) também é preciso uma espécie de
companheirismo entre curinga e alunos, para que exista o espaço ideal onde o
oprimido se sinta livre para expor e discutir sua opressão quanto e para que os
participantes possam realizar suas cenas sem medo de serem criticados.
24
CAPÍTULO III
EXERCÍCIOS PSICOPEDAGÓGICOS DO TEATRO DO
OPRIMIDO
Através dos jogos podemos superar as dificuldades de
aprendizagem das mais diversas origens e também é possível melhorar os
ambientes educacionais e as relações entre alunos e entre professores. Assim,
os jogos do Teatro do Oprimido atuam como eficiente recurso
psicopedagógico.
O arsenal de jogos utilizado na metodologia de Augusto Boal é
formado por atividades lúdicas, na sua grande maioria executadas em grupo e
que tem como objetivo principal preparar o corpo para melhor se expressar na
atuação teatral, na transformação do espectador em ator. No presente estudo,
o foco naturalmente recai sobre os jogos que tem melhor aplicação no universo
terapêutico psicopedagógico.
A origem desses exercícios é diversa e vai desde jogos tradicionais
até outros criados pelo próprio Boal, além de outros teóricos que muitas vezes
nem são citados pelo autor. O livro “Jogos para atores e não-atores” serve com
principal fonte, além dos exercícios experimentados em oficinas de teatro do
oprimido com o curinga/professor Luiz Vaz. Vale ressaltar que os mesmos
podem sofrer adaptações de acordo com as necessidades dos grupos, local de
realização do trabalho e outras demandas que visem um melhor
aproveitamento do jogo.
Por serem jogos que são utilizados em grupo, conclui-se que servem
mais facilmente à atuação psicopedagógica institucional, o que não inviabiliza
seu uso na clínica, caso sejam feitas as necessárias adaptações.
25
Os exercícios selecionados serão divididos em: jogos de percepção,
jogos de expressão e jogos de criação, não sendo obviamente trabalhadas
somente essas habilidades nos jogos elencados em uma ou outra categoria.
Na tentativa de exprimir mais claramente os objetivos, realização e formas de
utilização das atividades, seguido do nome do jogo haverá: o número de
participantes mínimo e máximo; explicação de como se dá a organização e
desenvolvimento do jogo; e os objetivos psicopedagógicos que podem ser
alcançados com o jogo.
3.1 Jogos de percepção.
3.1.1 Floresta de Sons.
Número de jogadores: 2 a 20 (o jogo deve ter número par de
integrantes; quanto maior o espaço, maior pode ser o grupo).
Organização e desenvolvimento: O grupo deve ser separado em
duplas. Uma pessoa da dupla permanece todo o tempo do jogo de olhos
fechados. O outro integrante da dupla é o guia e ele faz um som que imite um
animal através do qual o “cego” é guiado. Em alguns momentos esse som
diminui e aumenta, e em todo o momento o guia muda de posição na sala,
fazendo com que o seu parceiro se dirija para diversas direções.
Objetivos psicopedagógicos: exercita a acuidade auditiva e a
capacidade de confiança no outro, além de aumentar a parceria entre as
duplas.
3.1.2 Bolinhas, bolas e balões.
Número de jogadores: 4 a 30 (o jogo deve ter número par de
integrantes; quanto maior o espaço, maior pode ser o grupo).
26
Organização e desenvolvimento: Cada participante cria uma bola
imaginária com um som vocal e um movimento. As pessoas brincam com as
suas bolas imaginárias quicando-as pela sala sempre acompanhando o
movimento pelo som criado. Num momento determinado pelo (a) dinamizador
(a) o jogador se aproxima de outro, formando dupla. Os integrantes das duplas
observam-se e trocam de bolas. Cada um sai brincando pela sala com a sua
segunda bola. Trocam de bolas mais uma vez, com outro integrante. Agora
cada um com a sua terceira bola tenta encontrar a sua primeira e dá um toque
no ombro daquele que estiver fazendo o som e o movimento da sua primeira
bola. A pessoa só pode parar de fazer o som e o movimento quando for
encontrado por alguém. Quem não for encontrado fará o histórico da bola até
encontrar sua bola original.
Objetivos psicopedagógicos: exercita a acuidade auditiva e a criação
sonora livre; propicia a criação de um ambiente de liberdade criativa; auxilia na
aceitação de identidades vocais.
3.1.3 O jogo do líder.
Número de jogadores: 4 a 30.
Organização e desenvolvimento: Num círculo todos os jogadores
fecham os olhos, o dinamizador diz que vai escolher com um toque nas costas,
uma das pessoas, que a partir desse toque irá se comportar como líder do
grupo. Não se deve dar nenhuma orientação do que poderia ser um
comportamento de líder, deixe que a pessoa atue com as suas próprias
conceituações. O dinamizador não toca em ninguém e pede que o grupo abra
os olhos e perceba quem é o líder. Quando o dinamizador pedir todos devem
apontar o suspeito de ter sido escolhido para ser o líder do grupo. Diferentes
pessoas são escolhidas por diferentes motivos: Uma porque está muito séria,
outra porque ri demais. Com a justificativa de que não houve uma unanimidade
o dinamizador repete o exercício, mas desta vez toca em todos. No final do
exercício, discute-se sobre as observações e sobre a postura do líder. Em geral
27
se comenta sobre a diferença da postura dos jogadores nos dois momentos do
jogo.
Objetivos psicopedagógicos: É um exercício muito interessante para
nos flagrarmos em situações de pré-julgamento (preconceito). E sobre as
insígnias e os estigmas sociais. Pode ser utilizado em grupos onde há conflito
de lideranças, dificuldades de reconhecimento de um líder, etc.
3.1.4 Hipnotismo.
Número de jogadores: 2 a 40 (o jogo deve ter número par de
integrantes).
Organização e desenvolvimento: Formam-se duplas. Uma pessoa
fica a frente da outra e põe sua mão na frente do rosto do companheiro como
se estivesse hipnotizando-o. A altura da ponta do dedo acompanha a altura da
testa, assim como o punho acompanha o queixo. Todo o movimento que será
feito pela mão, obrigará ao hipnotizado mudar a posição de todo o seu corpo
para manter a face sempre paralela à mão do hipnotizador. Inverte-se: o
hipnotizador vira hipnotizado. Num segundo momento uma pessoa vai ao
centro do espaço e começa a dançar muito lentamente, sem sair do ponto em
que está na sala, movimentando todo o corpo lentamente. As pessoas em volta
se aproximam hipnotizadas por um ponto escolhido do corpo da pessoa que
está dançando (ombro, joelho, cabeça, barriga, etc.). Pede-se que mantendo o
hipnotismo se afastem ao máximo dos seus pontos de atração. Depois se
aproximam ao máximo do ponto escolhido.
Objetivos psicopedagógicos: Desmecanização e aceitação do corpo,
criação de movimentos, desconstrução das estruturas corporais estratificadas.
3.1.5 Série de nós.
Número de jogadores: 8 a 40.
28
Organização e desenvolvimento: O grupo faz um círculo de mãos
dadas. Criam-se nesse círculo vários nós. Pessoas passando por baixo dos
braços das outras. Depois se tenta desatar todos os nós e voltar ao círculo
original. Outra variante: é feito um circulo e cada pessoa deve gravar quem
está a sua direita e a sua esquerda. O grupo solta as mãos e caminha
aleatoriamente pelo espaço de maneira que fiquem misturados na sala. Sem
mudar de lugar, ao comando do dinamizador, o círculo será refeito e cada
pessoa dará a sua mão ao parceiro que estavam à sua direita e à sua
esquerda no primeiro círculo. O jogo termina depois de desfeito todos os nós.
Objetivos psicopedagógicos: Aumenta a consciência de grupo, a
cooperação entre os pares, o equilíbrio entre iniciativa individual e objetivo em
comum. Por ser um jogo onde só se obtém sucesso se todos trabalharem e se
movimentarem para desfazer os nós, todos os jogadores do grupo têm suas
dificuldades colocadas em jogo: os mais impacientes terão que esperar, os
mais acomodados terão que agir, etc.
3.1.6 Ninguém com ninguém.
Número de jogadores: 7 a 33 (o jogo deve ter número ímpar de
integrantes; quanto maior o espaço, maior pode ser o grupo).
Organização e desenvolvimento: O grupo deve movimentar-se
continuamente pela sala mantendo-a equilibrada. Formam-se duplas que a
partir dos comandos do dinamizador juntarão partes dos seus corpos, como:
Ombro com ombro, um dos joelhos no joelho do outro, uma das mãos em uma
das orelhas do outro. Quando a dupla não conseguir mais se locomover, dá-se
a comanda: Ninguém com ninguém. Então cada qual corre para encontrar
outra pessoa do grupo para ser a próxima dupla. Quem ficar sozinho dará os
comandos. É importante começar com partes do corpo que não causem
constrangimentos ao grupo e aos poucos se pode sugerir encontros entre
partes do corpo mais reservados (nariz com nariz, barriga com barriga, etc)
29
Objetivos psicopedagógicos: Desmecanização e aceitação do corpo,
criação de movimentos, desconstrução das estruturas corporais estratificadas.
3.1.7 Desenhar o próprio corpo
Número de jogadores: 3 a 40.
Organização e desenvolvimento: Os jogadores ficam deitados ou
sentados de olhos fechados e iniciam um relaxamento. Colocamos próximo a
cada um uma folha de papel e um lápis. Cada um desenha seu corpo na folha
de papel mantendo os olhos sempre fechados. Quando todos tiverem
desenhado, o dinamizador formará uma mandala com os desenhos e pedirá
que as pessoas reconheçam as outras pelos desenhos. É interessante
observar que quase todas as pessoas são reconhecidas pelo grupo. Essa
atividade deve ser realizada com grupos que já tenham algum tempo de
convivência.
Objetivos psicopedagógicos: Aceitação da identidade corporal,
aceitação dos indivíduos pelo grupo; trabalha a auto-imagem e a consciência
corporal.
3.1.8 O meu contrário
Número de jogadores: 4 a 20.
Organização e desenvolvimento: Cada pessoa escreve num
pequeno pedaço de papel uma característica que seja o seu contrário. Ex: Sou
muito tímida, escrevo ousada. Recolhe-se os papéis com as características.
Divide-se o grupo em dois ou mais, dependendo do número de participantes.
Um grupo serão os atores e os outros serão a platéia. Pede-se que a platéia
observe bem, já que não se trata de um jogo de adivinhação e sim de
observação. Ao grupo que está no espaço cênico, pede-se que aja
30
normalmente numa ação simples (correr, escrever, comer). Quando o mediador
falar a palavra “contrário” os jogadores devem representar aquilo que
escreveram em seu papel. Terminada a cena a platéia comenta sobre as
impressões e observações do comportamento de cada pessoa que
representou.
Objetivos psicopedagógicos: Reflexão sobre a auto-imagem dos
indivíduos do grupo e a imagem que o grupo tem desses indivíduos. Aceitação
das características comportamentais. Experimentação de possibilidades de
mudança de comportamentos. Mudança de paradigmas comportamentais
dentro do grupo.
3.2 Jogos de expressão.
3.2.1 Circulo rítmico
Número de jogadores: 4 a 30.
Organização e desenvolvimento: Pedimos para que os jogadores
criem individualmente um som com um ritmo. É importante sempre recomendar
que o som seja vocal, pois o som de palmas ou pisadas é impessoal, já o
timbre da voz é pessoal. Depois os jogadores se organizam num círculo e uma
primeira pessoa (A) se dirige para a que está imediatamente ao seu lado direito
(B) e começa a fazer seu ritmo corporal acompanhado de um som vocal. B
imita A. Depois o primeiro jogador (A) caminha e passa para a segunda pessoa
à sua direita (C). C imita A. O jogador A segue seu caminho passando por
todas as pessoas do círculo. Todos devem imitar o ritmo corpo/som daqueles
que passam pela sua frente. Assim que A passar pela frente de B e se dirigir
para C, B cria seu próprio ritmo corpo/som e segue passando pela frente de C
que tem que imitá-la e daí por diante até todos voltarem pros seus lugares no
círculo.
31
Objetivos psicopedagógicos: criação de movimentos, relaxamento
corporal, apropriação do movimento alheio, criação sonora livre; propicia a
criação de um ambiente de liberdade criativa; auxilia na aceitação de
identidades vocais.
3.2.2 Lixeira
Número de jogadores: 3 a 40.
Organização e desenvolvimento: Coloca-se uma caixa ou uma cesta
no centro da roda e pede que cada pessoa escreva num pequeno pedaço de
papel o nome de algum objeto do qual esteja querendo livrar-se, ainda não o
fez, mas, sua intenção é jogá-lo fora. Depois que todos jogarem suas coisas
inúteis na lixeira, cada um pode procurar nela algo que lhe seja útil, geralmente
todos saem com alguma coisa. Pode ser feito com sentimentos ao invés de
objetos.
Objetivos psicopedagógicos: O jogo pode gerar uma interessante
discussão sobre apego e desapego. Sobre como nos apegamos a coisas que
não precisamos mais e que muitas vezes nos atrapalham. Pode ser usado em
grupos com dificuldade de socialização, crianças e famílias muito consumistas,
grupos que estejam com dificuldades de deixar algo pra trás (uma professora
que teve que se ausentar, um aluno que mudou de escola, mudança de chefia,
morte etc).
3.3 Jogos de criação.
3.3.1 Quantos As existem no A.
Número de jogadores: 2 a 40.
Organização e desenvolvimento: O grupo se organiza em um
círculo. O dinamizador pergunta: Existem muitas maneiras de dizer a letra A?
32
Quem tiver uma idéia vai ao centro e pronuncia o som da vogal junto de uma
expressão qualquer: Cansaço, dor, animação, desespero, surpresa, prazer e
etc. Quando terminarem as vogais, pode-se repetir o jogo utilizando palavras
ou frases. Ex: Quais são as diferentes maneiras de falar o sim? Quais são as
diferentes maneiras de falar o não? Quais são as diferentes maneiras de falar a
frase “eu te amo” ?
Objetivos psicopedagógicos: Jogo de estímulo de criação vocal e de
expressão corporal. Abre caminho para discussão e compreensão das
múltiplas possibilidades expressivas, já que a palavra falada vem
acompanhada de um tom de voz, ritmo, volume, posição corporal, contexto.
Pode ser utilizado para melhorar a compreensão da linguagem simbólica
implícita na comunicação verbal, podendo aprimorar a intenção, a percepção e
a compreensão entre os indivíduos do grupo na comunicação verbal e não-
verbal.
3.3.2 Método Sol.
Número de jogadores: 1 a 20.
Organização e desenvolvimento: Desenha-se numa cartolina um
círculo e o grupo sugere palavras para escrever dentro dele, cabe ao
dinamizador animar o grupo que escolha uma dessas palavras. Essa será uma
palavra-mãe, ou seja, uma palavra geradora de muitas outras. A palavra
colocada dentro do círculo gerará por analogia, diversas outras que se
colocarão como raios de sol no desenho da cartolina. Com a palavra de dentro
do círculo, as de fora do círculo e outras que podem ser incluídas, formam-se
frases, que geram parágrafos, que geram textos.
Objetivos psicopedagógicos: Auxilia na criação de textos e na
compreensão da estrutura textual (palavra- frase- parágrafo- texto). A
disposição das palavras na cartolina e o entendimento do texto como uma
construção de palavras que são unidas paulatinamente, auxiliam os indivíduos
33
a ultrapassar o bloqueio criativo que muitas vezes acontece diante da folha de
papel em branco. Ele pode compreender concreta e visualmente que basta
escrever a primeira palavra que as outras virão.
3.3.3 O Gênio da Garrafa ou Homenagem a Magritte.
Número de jogadores: 1 a 30.
Organização e desenvolvimento: Coloca-se uma garrafa no centro
da sala e o grupo em volta dela deve pensar em algo no que ela possa se
transformar. Ex: Uma luneta, um celular, uma caneta, um bebe. Toda a idéia
deve ser apresentada por meio de pantomima (gesto sem fala). Uma pessoa
de cada vez faz a sua ideia. O grupo “lê”. Depois o dinamizador tira a garrafa e
coloca uma cadeira, depois uma mesa, depois um pano. Repete-se a dinâmica
de utilizar o objeto de diferentes maneiras com os novos objetos. Pedindo que
se utilizem os quatro objetos o dinamizador sugere aos jogadores criar cenas
de problemas que aflijam o seu grupo. Pode-se pedir que se construam cenas
sobre qualquer outro tema que interessar ao trabalho.
Objetivos psicopedagógicos: O jogo trabalha e desenvolve a
linguagem simbólica. Além disso, cria um espaço para que o grupo coloque os
problemas em cena com auxílio dos objetos “modificados” ou não. O exercício
também aumenta a capacidade comunicativa não-verbal.
3.3.4 Série modelagem
Número de jogadores: 2 a 40 (o jogo deve ter número par de
participantes).
Organização e desenvolvimento: O grupo será divido em dois,
formando duas filas. Perfilados um dos grupos será de escultores e o outro a
massa de modelagem. As filas ficam uma de frente para a outra. Cada jogador
irá trabalhar com a pessoa que está a sua frente como uma massa de
34
modelagem onde o escultor executará sua obra. Exercita-se primeiro sem
tema, invertendo os grupos para que todos experimentem tanto a posição de
escultores como a de massa de modelagem. Num segundo momento as
escultura serão feitas a partir de temas como, por exemplo, a atual situação
política da cidade ou do país, a eleição de um Papa, um título de uma música
que toque ao grupo, uma dificuldade que o grupo esteja enfrentando ou
qualquer outro tema que interesse ao trabalho.
Objetivos psicopedagógicos: O exercício trabalha e desenvolve a
linguagem simbólica e aumenta a capacidade comunicativa não-verbal, além
de propiciar a criação de um ambiente de liberdade criativa e a desconstrução
das estruturas corporais estratificadas.
3.3.5 As duas revelações de Santa Tereza
Número de jogadores: 2 a 30 (o jogo deve ter número par de
integrantes).
Organização e desenvolvimento: O grupo caminha aleatoriamente
pela sala. O dinamizador anuncia uma dupla com uma relação, por exemplo:
Pai e filho. Imediatamente os jogadores se organizam em duplas e continuam
caminhando pelo espaço com a sua dupla e agindo de acordo com a relação
determinada anteriormente. Os jogadores não irão combinar quem será o que,
vão escolher aceitar seus papéis a partir da observação mútua. A partir do
comando do dinamizador, irão improvisar diálogos. Em algum momento o
mediador falará: “Primeira revelação”. Algo de inesperado deverá ser dito no
diálogo, como uma revelação. A quem ouviu cabe reagir à revelação. O
personagem que ouviu a primeira revelação irá falar a sua quando o
dinamizador disser “Segunda revelação”. Várias duplas podem ser formadas:
professor e aluno, médico e paciente, policial e transeunte, político e eleitor,
padre e fiel, celebridade e fã, namorada e namorado entre outras.
35
Objetivos psicopedagógicos: esse jogo além de exercitar a
criatividade corporal e verbal dos alunos, também serve com oportunidade para
discutir as relações e experimentar se colocar no lugar do outro possibilitando
aos indivíduos redimensionar e reavaliar seus papéis no grupo e na sociedade.
3.3.6 Agora é tarde!
Número de jogadores: 4 dinamizadores (ou jogadores auxiliares) e
pelo menos 1 jogador-espectador-ator. A platéia pode ter quantos jogadores-
espectadores couber no espaço, ou somente o dinamizador como platéia.
Organização e desenvolvimento: Três jogadores (A, B e C) sentam-
se em uma fileira de cadeira. Uma pessoa (D) dirige-se até a última cadeira da
fileira, ao se aproximar o jogador C fala: Agora é tarde! E sai de cena. A pessoa
(D) vai um pouco mais depressa para a segunda cadeira. Acontece a mesma
coisa, numa inflexão diferente o jogador B fala: Agora é tarde! E sai também. D
corre para a terceira cadeira (primeira da fila) e ouve a mesma resposta do
jogador A. O jogo começa a partir desse momento, quando alguém da platéia
substitui essa pessoa que não consegui ser atendida e tenta dar soluções
inventando situações e argumentos que a permita ser ouvida e convencer os
outros atores nas cadeiras de que não é tarde, de que algo ainda pode ser
feito. Os textos são totalmente improvisados e as situações variam entre
situações de família, trabalho, amizade, paixão. Os atores que estão sentados
devem aceitar as relações criadas pelos que chegam e improvisar a partir das
características que lhes são atribuídas. Por ex: Se a pessoa disse que ele é o
patrão, começa a agir como um patrão.
Objetivos psicopedagógicos: Esse é um jogo da categoria das
IMAGENS PROJETADAS da metodologia do Teatro do Oprimido, exatamente
porque são projetadas várias situações vividas pelos integrantes do grupo. É
um jogo embrião do Teatro-Fórum. Portanto pode servir como terreno para
resolução de questões relacionais do grupo, questões pessoais/ familiares dos
pacientes, preparação para enfrentamento de situações com as quais os
36
indivíduos têm dificuldades em lidar, ou qualquer outra situação que sirva ao
trabalho.
3.3.7 O Quadrado e o Redondo
Número de jogadores: 2 a 30.
Organização e desenvolvimento: A turma será dividida em dois
grupos. Um defende apaixonadamente o quadrado e outro o redondo. Um o
dia, outro a noite. Um o rosa e outro o azul. As meninas, as vantagens de ser
menina. Os meninos as vantagens de ser menino. Depois se inverte a defesa.
Meninos defendem a condição de meninas e vice-versa.
Objetivos psicopedagógicos: Trabalha a capacidade de
argumentação, a agilidade verbal, a escuta, além de auxiliar o respeito e a
compreensão das diferenças. Muito interessante ser feito em grupos onde há
enfrentamento de categorias, vitimização das partes e dificuldade de
entrosamento.
3.3.8 Jogos com Jornal
Número de jogadores: 4 a 40.
Organização e desenvolvimento: Com folhas de jornal as pessoas
sentadas num círculo devem fabricar algum objeto sem utilizar tesoura, cola ou
barbante. Trabalhando apenas com as mãos e o jornal. Esse objeto deve ser
defendido pelo seu criador que enaltecerá a qualidade do produto, ou pode ser
dado a outra pessoa do grupo utilizando-se do seu valor simbólico para
presentear, dessa maneira a pessoa que recebeu é quem vai presentear outra
até fechar o círculo. No final do jogo amassa-se o jornal e faz-se com ele um
rabo que é colocado atrás dos jogadores. Depois que todos estiverem com
seus rabos de jornal estenderão os braços para o alto. Após o comando do
mediador começa a “Corrida de caça aos rabos”.
37
Na “corrida de caça aos rabos” os corredores não podem encostar
nas paredes, nem segurar o seu próprio rabo, devendo apenas desviar das
mãos caçadoras de rabos. Aquele que terminar com mais rabos na mão é o
ganhador. Esse jogo é um aquecimento para e é inspirado num jogo de
capoeira chamado “O rabo do macaco”.
Agora os jogadores irão recostar do jornal as partes das manchetes
do dia, economia, política, variedades. O dinamizador divide o grupo em
subgrupos de 3 a 7 pessoas e cada subgrupo deverá representar uma notícia
de maneira teatral para o restante do grupo. A primeira apresentação da notícia
será feita “para surdos” e a palavra não será usada, assim os participantes
deverão colocar nos seus gestos expressivos toda a comunicação. A platéia
deverá entender toda a notícia. Logo em seguida se reapresenta a cena
utilizando as palavras.
Objetivos psicopedagógicos: Nas três partes do exercício é
trabalhada a polissemia do jornal, a transformação e criação de novos sentidos
e formas para um mesmo objeto, exercitando a criatividade, a interferência do
corpo na transformação da realidade e o questionamento do estabelecido.
Na primeira parte temos também a interação do grupo, a observação
e aceitação das diferenças e o estímulo a troca e a doação entre os integrantes
do grupo. Na segunda parte, acrescentamos o exercício da mobilidade
corporal, atenção espacial e descontração do ambiente. E na última parte,
podemos trabalhar as diferenças entre comunicação verbal e não-verbal.
38
CONCLUSÃO
O Teatro do Oprimido e a psicopedagogia anseiam pela libertação
dos indivíduos das suas dificuldades, nem sempre as superando, mas olhando-
as de frente e criando alternativas para seguir adiante. A arte tem papel
fundamental nessa tentativa de lançar um olhar questionador sobre as
barreiras, propondo novas e inusitadas ideias para problemas que parecem
não ter solução. Ao proporcionar o estranhamento, o deslocamento do olhar
cotidiano e repetitivo a arte auxilia na construção de novas possibilidades. Ao
invés de ficarmos paralisados diante da dificuldade a arte nos permite ousar
apesar dos obstáculos.
O Curinga exerce o papel de mediador do jogo, conciliador,
facilitador do processo, assim como o psicopedagogo. Desenvolve
competências e potencialidades. Existe uma relação de troca horizontal entre
coringa-educador e espectador-educando. Estimular as pessoas a revelarem
para si os seus potenciais é a função primordial dos profissionais da educação
que desejam melhorar o aprendizado dos alunos.
Tanto no diagnóstico quanto na intervenção ou na preparação do
grupo os exercícios do TO aqui descritos podem ser utilizados no trabalho
psicopedagógico, cabendo ao profissional selecionar aqueles que melhor
atendem as necessidades dos indivíduos trabalhados.
O maior ganho da prática do TO é a conquista da autonomia; o
sujeito que antes era passivo espectador, se coloca em cena, intervém nos
exercícios, cria suas próprias histórias, valida sua existência. E aí
psicopedagogia e arte caminham podem se fortalecer e caminhar juntas
39
BIBLIOGRAFIA
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Alegre: Casa do Psicólogo, 1996.
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Civilização Brasileira, 1991.
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Brasileira, 1998.
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42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O TEATRO DO OPRIMIDO E A ARTE NA PSICOPEDAGOGIA 11
1.1 O Teatro do Oprimido 12
1.2 A árvore do Teatro do Oprimido 13
1.2.1 Jogos 14
1.2.2 Teatro Imagem 15
1.2.3 Teatro Jornal 15
1.2.4 Teatro Fórum 15
1.2.5 Teatro Legislativo 15
1.2.6 Teatro Invisível 16
1.2.7 Arco-íris do desejo 16
1.2.8 Ações Diretas 16
1.3 Arte e Psicopedagogia
CAPÍTULO II
INTERSEÇÕES ENTRE O PAPEL DO CURINGA-FACILITADOR
E DO PSICOPEDAGOGO 19
2.1 A função do curinga-facilitador e a função do psicopedagogo. 19
2.2 A importância do autoconhecimento e da análise psicopedagógica
pessoal (a experiência) 20
2.3 A neutralidade 21
2.4 O espaço da reflexão sobre a atuação profissional 22
43
2.5 O ambiente de trabalho 22
CAPÍTULO III
EXERCÍCIOS PSICOPEDAGÓGICOS DO TEATRO DO OPRIMIDO 24
3.1 Jogos de percepção 25
3.1.1 Floresta de Sons 25
3.1.2 Bolinhas, bolas e balões 25
3.1.3 O jogo do líder 26
3.1.4 Hipnotismo 27
3.1.5 Série de nós 27
3.1.6 Ninguém com ninguém 28
3.1.7 Desenhar o próprio corpo 29
3.1.8 O meu contrário 29
3.2 Jogos de expressão 30
3.2.1 Círculo rítmico 30
3.2.2 Lixeira 31
3.3 Jogos de Criação 31
3.3.1 Quantos As existem no A 31
3.3.2 Método Sol 32
3.3.3 O gênio da garrafa ou homenagem a Magritte 33
3.3.4 Série Modelagem 33
3.3.5 As duas revelações de Santa Tereza 34
3.3.6 Agora é tarde! 35
3.3.7 O quadrado e o redondo 36
3.3.8 Jogos com Jornal 36
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
WEBGRAFIA 41
ÍNDICE 42