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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INTERPRETAÇÃO DOS DISPOSITIVOS NORMATIVOS REFERENTES AO REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA KERMA MACIEL DA SILVA Rio de Janeiro Fevereiro/2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · relações econômicas de comércio e serviço estão globalizadas, resultante do uso das tecnologias de informação. É inegável

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INTERPRETAÇÃO DOS DISPOSITIVOS NORMATIVOS REFERENTES AO REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE

ADMISSÃO TEMPORÁRIA

KERMA MACIEL DA SILVA

Rio de Janeiro

Fevereiro/2017

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO EM LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Aduaneiro. ORIENTADOR: Prof. Renata Alcione de Faria Villela de Araujo

INTERPRETAÇÃO DOS DISPOSITIVOS NORMATIVOS REFERENTES AO REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE

ADMISSÃO TEMPORÁRIA

Por: Kerma Maciel da Silva

Rio de Janeiro

Fevereiro/2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, aos meus filhos e marido pela imensa compreensão nos momentos de ausência. Agradeço de forma muito especial a minha professora orientadora Renata A de F. V. Araujo, pela paciência e excelente trabalho de orientação, pelos comentários adicionais que enriqueceram este trabalho combinado com toda confiança que depositou em mim.

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DEDICATÓRIA

Dedico este meu trabalho, aos meus amados filhos,

Kamila e Ian Maciel, ao meu querido marido Itapuan,

grandes incentivadores para que eu chegasse até

aqui. Muito obrigada!

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RESUMO

A temática sobre comércio exterior é bastante latente num período em que as

relações econômicas de comércio e serviço estão globalizadas, resultante do

uso das tecnologias de informação. É inegável que o Brasil está inserido no

comércio internacional e com alto grau de abertura econômica. Da mesma

forma, devemos reconhecer que este país tem instituições das quais pode

intervir quando necessário. No caso do Comércio Exterior, esta intervenção se

faz através da Aduana (órgão que personifica a Secretaria da Receita Federal

do Brasil). Neste sentido, o fato é que temos um direito aduaneiro, atualmente

consubstanciado em uma extensa legislação. Nesta linha, o objetivo deste

trabalho é apresentar uma abordagem sobre o Regime de Admissão

Temporária, tendo por fundamento jurídico o Decreto 6.759/2009 e as

Instruções Normativas pertinentes. A metodologia de estudo se dá através de

pesquisa bibliográfica de conceituados autores do ramo e legislação. Conclui-

se com o estudo que o Regime Aduaneiro de Admissão Temporária é muito

importante para o desenvolvimento do país e competitividade das empresas.

Espera-se que este estudo possa contribuir para fomentar o debate acadêmico acerca da temática.

PALAVRAS-CHAVE: Regulamento Aduaneiro; Regimes Aduaneiros, Admissão Temporária, Legislação, Aduana; Alfândega; Secretaria da Receita Federal.

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METODOLOGIA

A metodologia de estudo se fundamentou em pesquisa bibliográfica em

conceituados trabalhos acadêmicos da área e legislação.

O arcabouço de legislações que amparam o Direito Aduaneiro,

iniciando-se pelo Decreto-Lei nº 37, de 1966, o Decreto nº 6.759 de 2009,

Instruções Normativas que disciplinam os regimes aduaneiros especiais dentre outros normativos pertinentes.

Exemplos práticos processuais vivenciados de forma direta dentro das

Alfândegas enriqueceram para a facilitação do entendimento e transmissão do

universo aduaneiro.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPITULO 1 – A EVOLUÇÃO DO DIREITO ADUANEIRO

1.1 Abordagem Histórica: O papel da Aduana ao longo dos tempos 12

1.2 O Direito Aduaneiro 14

1.3 Relação entre o Sistema Aduaneiro e o Comércio Exterior 16

1.4 A missão institucional do Direito Aduaneiro 19

1.5 Órgãos intervenientes do Comércio Exterior brasileiro 20

CAPITULO 2 – REGULAMENTO ADUANEIRO - PRINCIPAIS

ASPECTOS NORMATIVOS

2.1 O comércio exterior e o Decreto nº 6.759/2009 24

2.2 Da divisão do Regulamento Aduaneiro 25

2.3 Jurisdição Aduaneira 26

2.4 O Sistema Integrado de Comércio Exterior 29

2.5 Habilitação para importar e exportar no Siscomex -

Cadastro no Siscomex – RADAR 31

2.6 Despacho de Importação e seu conceito 33

2.7 Regimes de Tributação e Tributos incidentes no

comércio exterior 37

2.8 Diferença entre Regime Aduaneiro Comum e o Regime

Aduaneiro Especial 40

CAPITULO 3 – O REGIME ADUANEIRO ESPECIAL

3.1 Trânsito Aduaneiro 44

3.2 Admissão Temporária 45

3.3 Admissão Temporária para aperfeiçoamento ativo 46

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3.4 Drawback 46

3.5 Entreposto Aduaneiro 47

3.6 Entreposto Industrial sob controle informatizado 47

3.7 Exportação Temporária 48

3.8 Exportação Temporária para aperfeiçoamento passivo 48

3.9 Repetro 48

3.10 Repex 48

3.11 Loja Franca 49

3.12 Depósito Especial 49

3.13 Depósito Afiançado 49

3.14 Depósito Afiançado Certificado 50

3.15 Depósito Franco 50

CAPITULO 4 – O REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE ADMISSAO

TEMPORÁRIA

4.1 Da admissão temporária 51

4.2 Da concessão do regime 52

4.3 Da garantia dos tributos suspensos 54

4.4 Da extinção do regime de importação 55

CONCLUSÃO 57

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59

INDICE 60

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INTRODUÇÃO

A política de comércio exterior do Brasil se exerce através de uma

política aduaneira e é condicionada em grande parte pelos acordos

internacionais. Essa política aduaneira é que faz desencadear o intervencionismo estatal nas relações comerciais internacionais.

Sabemos que a diversidade de fatores produtivos bem como as

demandas sociais de consumo, peculiares a cada país, impulsiona os Estados

à prática de uma economia aberta. O comércio internacional continua sendo fator determinante do desenvolvimento econômico de um país.

A globalização, sendo um grande fenômeno universal, é um estímulo à

competição, obrigando os países a garantir uma maior mobilidade de capitais e

fatores produtivos, promovendo a homogeneização das relações jurídicas e

econômicas entre os sujeitos privados e os Estados, aproximando os institutos

jurídicos referentes a sociedades comerciais, mercado financeiro e tributação.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é abordar os principais

aspectos normativos referentes ao Regime Aduaneiro Especial de Admissão

Temporária, transmitindo sobre a sua aplicação, funcionamento e

características essenciais para obtenção de sua concessão.

A leitura deste Regime se dará a partir do Decreto nº 6.759/2009. Para

alcançar o objetivo geral torna-se necessário abordar conceitos fundamentais

sobre o Direito Aduaneiro, bem como aspectos técnicos operacionais

relacionados a entrada e saída de mercadorias (objetos de atividades

econômicas), com o pagamento parcial de tributos na importação, ou mesmo com a suspensão total desses tributos.

O Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que revogou o Decreto

nº 4.543/2002, veio consolidar uma legislação dispersa relativa aos impostos

sobre comércio exterior e ao controle aduaneiro das operações comerciais

internacionais, que teve como marco positivo, na área de importação, o

Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966, que foi a primeira lei básica

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abrangente, na matéria, desde a legislação do império que culminou na Nova

Consolidação das Leis das Alfândegas e Mesas de Rendas, de 1894.

O Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária possui uma

série de particularidades. Inicialmente, é importante ressaltar que a admissão

temporária é o regime que permite a importação de bens que devam

permanecer no País durante prazo determinado com suspensão do pagamento

dos tributos incidentes na importação, ou com pagamento proporcional ao tempo de permanência no País.

Papel fundamental neste processo é a Aduana, com a função de

administrar a nossa capacidade de permutar as necessidades e as carências

do nosso corpo territorial, unir todos os elementos aglutinadores do sistema,

em termos de organização, técnicas, politicas e missão institucional e desta

forma, como decorrência trazer a lei. A metodologia de estudo se fundamentou

em bibliografia de conceituados acadêmicos da área e pesquisa a legislação.

O presente estudo será estruturado em três capítulos, além da

introdução e da conclusão. O primeiro capítulo é referente a evolução do

sistema aduaneiro. O objetivo do capitulo é apresentar algumas considerações

sobre a instituição Aduana, bem como dos órgãos Intervenientes no comércio exterior.

No segundo capítulo é apresentado o Regulamento Aduaneiro (Decreto

6.759/2009) no qual se propõe esclarecer a estruturação da citada norma,

notadamente no que se refere aos conceitos de jurisdição aduaneira, impostos

incidentes no comercio exterior, entre outros conceitos importantes e pertinentes ao tema.

O terceiro capítulo volta-se para o objeto da monografia com uma

abordagem conceitual e operacional sobre o Regime Especial de Admissão

Temporária.

Espera-se que este estudo contribua para fomentar o debate

acadêmico acerca desta importante área do direito e que tanto contribui para o desenvolvimento do País.

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CAPITULO I

A EVOLUÇÃO DO SISTEMA ADUANEIRO

Enquanto a autonomia do direito aduaneiro não alcança a realidade

que o comercio exterior brasileiro merece, caminhamos a passos curtos porem

resistentes. O dever e a consciência nos remetem para aquilo que temos: um

universo de leis, normas, resoluções, e outros demais. Entretanto, hoje, no

meio de tantos ordenamentos, escolhemos alguns que mais se aproximam do que traduz “conhecer o direito aduaneiro”.

Providencialmente, um chamamento nos faz refletir sobre o que

precisamos para que as algemas sejam abertas, para que a noção do real não

se confunda com o emaranhado de regras sem funcionalidade, mas sim

quando todos olham na mesma direção e encontram apenas um único caminho.

“O ideal, no plano de ordenamento jurídico, não é o

irrepreensível em face da ética abstrata, ou o correto em

relação à logica formal, mas o que é satisfatório e

operante em função do interesse de maior valia, pois, se a

lei é uma disciplina das imperfeições humanas, a

aplicação da lei há de informar-se, a fim de que o Direito

efetivamente se realize, no propósito finalístico de

alcançar um modus vivendi que mais se aproxime da perfeição”1.

1 PORTO, Mário Moacir, in Teoria da Aparência e Herdeiro Aparente, RT 260, p.31.

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1.1 ABORDAGEM HISTÓRICA: O PAPEL DA ADUANA AO LONGO DOS TEMPOS

Várias são as origens etimológicas da palavra aduana, tais como: as de

origens Árabe (que provém da palavra Divanum e que significa a casa onde se

recolhem direitos; a da palavra Adayán, que significa livro de contas; da palavra

Ad-diwánar que significa o registro); As de origem ser francesa (Douana, que

significa dizer um direito como tributo); a de procedência italiana (Duxana). De

forma geral percebe-se que o sentido refere-se a interesses que voltam-se para

um Direito Aduaneiro.

Ao longo dos tempos o comércio sempre foi uma importante atividade

econômica que atende aos interesses da população (SOSA, 1999)2.

Desde que o homem começou a se organizar em comunidades sua

diversidade de necessidades de consumo aumentaram e, simultaneamente, o comércio se aproximou para acompanhar as necessidades3.

A evolução do comércio internacional verificado através da intensificação

das trocas comerciais e da formação de blocos econômicos implicam no

2 SOSA, Roosevelt Baldomir. Temas Aduaneiros. São Paulo: Aduaneiras, 1999, p.40 3 Na Fenicia houve a maior influencia para o comércio Internacional devido ao grande desenvolvimento de atividades Navais. Nesta época se praticavam o protecionismo através da criação de um sistema impositivo que gravava a entrada e saída das mercadorias em seu território; Na Grécia a importância das Aduanas decorre da maior arrecadação destas instituições provenientes dos impostos sobre a entrada de mercadorias, perdendo apenas para aquelas rendas incidentes que vinham das produções internas. Cabe mencionar a proibição a exportação de determinados produtos, como por exemplo, o trigo e as importações de vinhos da Itália e que gerou o pagamento de multas pelo descumprimento; Na Roma antiga a Aduana exercia um papel de enorme protecionismo. Eram cobrados impostos quando as embarcações atravessavam a fronteira com o objetivo de exportar ou importar produtos. O “direito das portas” era cobrado sobre o valor das mercadorias que iriam ser ponto de comercialização dentro do país. A cobrança dos pedágios incidia sobre os trânsitos de navios que circulavam e cruzavam os rios. Nesta época havia direitos as-valorem, e eram cobrados nas províncias. Até mesmo os escravos eram negociados como se mercadorias fossem, sendo aplicada a alíquota de 4%sobre o preço desta “mercadoria”; Um registro sobre a Índia é importante uma vez que a aduana era administrada pelo exercito, que se encarregava de arrecadar todos os tributos que adivinham das entradas e saídas de mercadorias no território; No que se refere a Arábia, esta tem grande importância pela própria origem da palavra Aduana. Seu sistema aduaneiro era bastante organizado, mantendo-se um efetivo controle de todas as entradas e saídas de mercadorias; No Egito todas as transações de entrada e saída de bens, bem como a circulação desses bens, eram administradas pelo governo no Faraó. O Egito importava vinhos, lãs, madeira e exportava têxteis, cerâmica, perfumes e outros. Nesta época cobrava-se um tributo denominado “direito das portas”, significando que todas as mercadorias que transitavam dentro do Egito tinham que pagar um tributo de entrada e saída, e de circulação que somava-se aos cofres do império. O desenvolvimento econômico favoreceu a fundação de muitas Aduanas, cabendo mencionar a Aduana

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surgimento de regras destinadas às situações reais que se originam do

intercâmbio comercial.

1.2 O DIREITO ADUANEIRO

Segundo Carluci (1999, 31)4, “Todo Estado pratica uma função

aduaneira que se traduz em uma politica aduaneira de conteúdo e de atos de

administração e que interferem na atividade econômica e social de uma nação.

Esta atividade aduaneira resulta de uma decisão deliberada do poder politico

de intervir, através de medidas de natureza econômico-jurídicas em dois

seguimentos da economia: a) Nas relações internacionais do estado

relativamente a importação, exportação, trânsito, transportes e competição nos

mercados externos; b) Nas relações econômicas internas, de circulação de

bens, de vigilância de fronteiras, de arrecadação tributária e de poder de

policia, com a função de vigiar e gerir este conjunto de atividades”.

As consequências dessas relações se expressam pela abundante

legislação no âmbito do comércio exterior, tais como os Decretos-leis, Leis

Ordinárias, Leis Constitucionais, Instruções Normativas, Portarias, Resoluções, etc. Isto é prova da existência de uma ciência aduaneira.

As mercadorias5 que chegam ao território aduaneiro estão sujeitas às

normas que regulam as suas relações de transportes, seguros, câmbio e

outras, as quais atraem dispositivos constitucionais, tributários, administrativos,

etc.

O artigo 22, Inciso VIII, da Constituição Federal de 1988, destaca que a

União é privativamente competente para legislar sobre comercio exterior.

Sendo assim, entendemos que este dispositivo constitucional engloba a

competência para legislar em direito aduaneiro.

Kerma, esta considerada umas das maiores fortalezas comerciais e com grande volume de circulação de objetos de valor (joias, perfumes e tecidos). 4 CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1999. P. 31 5 Mercadoria é tudo aquilo que é objeto do comércio. A mercadoria é o objeto da relação aduaneira. Sobre ela serão aplicados os mecanismos de controle que o Estado tem a sua disposição. A aduana tem sua atenção voltada para o bem móvel corpóreo.

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A União se incube da responsabilidade de legislar em matéria de

comercio exterior na medida em que reconhece ser este mercado

extremamente importante, principalmente no que se refere a entrada e saída de divisas no país6.

Para Carluci (1999) o direito aduaneiro se manifesta da seguinte forma:

“O comércio internacional como seu antecedente e a relação aduaneira como

seu consequente, são os dois fatores condicionantes de um direito aduaneiro, aliados à especificidade de princípios e normas.”7

Neste sentido, o Brasil pode-se dizer que o Direito Aduaneiro está

atualmente consubstanciado no Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009.

Sabe-se que os direitos exercidos por um país na política de comércio

exterior são por vezes direitos aduaneiros como, por exemplo, do direito

antidumping (o qual se constitui em taxação de mercadorias importadas para

que seu valor equipare-se a do mercado interno) e direito compensatório.

Quanto a sua natureza, o direito aduaneiro é o ramo do direito público,

pois conforme Cretella Junior (2000:658) o “direito público é o que disciplina

relações jurídicas em que preponderam imediatamente interesses públicos;

direito privado é o que disciplina relações jurídicas em que predominam

imediatamente interesses de ordem particular.”8

1.3 RELAÇÃO ENTRE O SISTEMA ADUANEIRO E O COMÉRCIO EXTERIOR

A definição do termo “comércio” em acordo com Roosevelt Baldomir

Sosa9, é “toda relação de trocas entre dois ou mais sujeitos sociais, e que

implica necessariamente, numa reciprocidade”.

6 Havendo incentivo à exportação, aumenta-se a entrada de capitais; por outro lado, baixando as alíquotas de impostos de importação, facilita-se o ingresso de mercadoria do exterior, e, embora saiam divisas, a politica aplicada consegue suprir o mercado através da oferta de produtos que estão em falta e consequentemente com preços altos. Neste caminho, o poder público mantem o preço baixo evitando efeitos inflacionários na economia interna. 7 CARLUCI, José Lence.Uma introdução ao direito aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1999. P. 21 8 CRETERA JUNIOR, José. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2000. P. 658. 9 Op. Cit p. 19.

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Deve ser feita a distinção entre comercio “interno” e “externo”. O

primeiro é aquele que as ações se realizam entre sujeitos localizados dentro de

um mesmo Estado, sendo norteados por um único sistema normativo. Já o

outro, se caracteriza por ações que se efetuam entre sujeitos de distintos Estados, sendo submetidos às normativas dos seus respectivos países.

Neste sentido, as relações que acontecem dentro do mesmo âmbito

espacial, são regidas pela mesma norma legal, de outro lado, as relações

externas são passiveis de vários sistemas jurídicos diferentes, os quais, são

norteadores de cada sujeito envolvido na relação. Seguem e adotam, cada

qual, a normativa do seu respectivo país.

A consequência de um comércio exterior resulta em conflitos entre os

sistemas normativos, visto que, cada país adota a sua própria concepção em

relação a matérias de direito e que resultam de processos sócio-culturais e

econômicos.

Na verdade, cada país procura adequar seu sistema jurídico aduaneiro

com a necessidade real em que vive, tornando mais fácil a sua atuação dentro

do campo dos Sistemas Alfandegários Nacionais, controlando todas as suas

trocas externas. Essa sistemática faz com que os países de disponham a

reconhecer o que é necessário para sua economia, fazendo validar o aumento

dos fluxos de importação e exportação, ou seja, colocando no mercado interno

o que é escasso em produção e ao mesmo tempo, colocando no meio externo aquilo que é excedente.

Segundo SOSA (1999) a expressão “Território”, se tratando de Aduana,

não designa noção de Territórios Nacionais, mas sim, Territórios Aduaneiros, onde o mesmo fica definido:

“O Território Aduaneiro é, assim, um âmbito espacial

onde rege um determinado conjunto normativo

disciplinando ingressos e saídas territoriais, a teor do

qual se aplica uma mesmo ordem de restrições e um

mesmo sistema tarifário. Um território aduaneiro

distingue-se de outro em razão, sobretudo, do poder

jurisdicional exercido por diferentes nações ou

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países, embora também possam se diferenciar por

força de distintos sistemas normativos e/ou sistemas tarifários”10

Portanto, podemos dizer que o comercio exterior em si, tem sua

atividade econômica regulada internamente pelos Estados-Nacionais, e no

âmbito internacional, se regula por inúmeros Acordos Comerciais, Tarifários, dentre outros.

O Direito Aduaneiro, ao contrário, tem como característica, ser um

conjunto de normas jurídicas, e a sua atividade econômica são reguladas por

um ente administrativo, que é a Aduana, que especialmente se preocupa com os fluxos de carga, pessoas ou veículos transportadores.

Nesse sentido, há uma vinculação entre comércio exterior e Aduana,

pois para se obter um potencial sucesso nas operações de comércio exterior,

deve haver um amplo entendimento para a aplicação das normas aduaneiras,

pois trata-se de um direito especializado, que a ser aplicado em operações

externas gera benefícios (vantagens) para todos os agentes que deles

participam.

Conclui-se, portanto, que o sistema aduaneiro tem por regular os fluxos

físicos que advém das atividades comerciais externas, sem delimitar sua

extensão, e, concomitantemente, a atribuição de aplicabilidade das tarifas aduaneiras sobre as transações comerciais.

1.4 A MISSÃO INSTITUCIONAL DO DIREITO ADUANEIRO

Podemos afirmar, que a Aduana é uma instituição que tem um caráter

universal e seus objetivos estão relacionados aos controles dos portos,

aeroportos ou fronteiras nacionais no que se refere a entrada e saída de bens e

10 Op. Cit p. 48.

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pessoas, mesmo aquelas que se encontram numa situação de trânsito pelo

nosso território.

O poder da soberania que é exercido pela Alfândega, em primeiro lugar,

visa o interesse maior do Estado sobre o particular. Cabe mencionar que a

Alfândega é definida como uma repartição da Aduana, na qual se executam as

normas aduaneiras.

Pode a Alfândega obstruir a entrada de veículos em território nacional,

fiscalizar e vistoriar o que se transporta, exigindo provas documentais que sua

entrada, ou passagens pelo território estejam devidamente legais. Quanto as

mercadorias, acontecem o mesmo controle de entrada e saída do território aduaneiro e estão sujeitas a uma averiguação em todas as esferas.

Essa movimentação de importação e exportação fornece a Alfândega a

incumbência de controlar os fluxos físicos e, sob uma ótica compulsória fiscal,

permitir maior de arrecadação para o Erário Público.

Vale ressaltar que as politicas tributárias, podem também ter o objetivo

de apenas acelerar ou desacelerar determinadas atividades econômicas, com

o intuito de agir no fluxo de mercadorias. Desta forma, há um direcionamento

nas importações e exportações, com as funções extrafiscais (por exemplo,

quando se quer inibir a entrada de determinados produto fazendo com que a industrialização interna seja alavancada com os benefícios ofertados).

As duas formas institucionais (fiscal e extrafiscal) podem contrabalançar

a balança comercial do país, sendo ambas características da atividade da

Aduana, e somente sendo aplicadas quando existir o fato concreto e quando este ato tenha previsão normativa.

1.5 ÓRGÃOS INTERVENIENTES DO COMERCIO EXTERIOR BRASILEIRO

A aplicação do Direito Aduaneiro no Brasil é caracterizada atualmente

pela existência e influencia de uma diversidade de órgãos intervenientes e normatização abundante.

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Consideram-se órgãos intervenientes do comércio exterior aqueles que

de forma efetiva e participativa interferem, controlam, investigam, fiscalizam e

reprimem tudo o que diz respeito ao referido âmbito na aplicação do Direito Aduaneiro, cada um tendo sua função especifica.

O Ministério da Fazenda, através da Secretaria da Receita Federal

controla o fluxo de mercadorias que egressa e ingressa do Estado, fiscaliza a

arrecadação tributária. Nas importações controla o valor aduaneiro das

mercadorias, nas exportações controla os preços de transferência, reprime o

contrabando e o tráfico ilícito de drogas, controla as operações cambiais, controlando assim todo o fluxo de moedas, os créditos e financiamentos.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, através

da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) e Secretaria de Comércio Exterior

(SECEX), recepciona e analisa as licenças de importações, dando o seu status

de deferimento e indeferimento, investiga o Dumping e Subsidio, controla o

preço das mercadorias importadas e exportadas, e ainda processa as reduções ou aumentos das alíquotas do Imposto de Importação.

O Ministério da Justiça, através do Departamento de Polícia Federal,

dentre outras atribuições fiscaliza os passageiros imigrantes, e tripulantes de

embarcações e aeronaves. Repressão também ao trafico de drogas ilícitas, entrada de armas e ao contrabando e descaminho.

Cabe ao Ministério da Defesa, através dos comandos do Exército,

Marinha e Aeronáutica, fiscalizar na importação, os armamentos e as

munições. O Exercito também fiscaliza os produtos que se consideram

controlados. A Marinha já se preocupa com as embarcações, sondas,

plataformas e todos os seus tripulantes. O comando da Aeronáutica abrange

todos os terminais de carga aérea bem como os aeroportos internacionais.

Ministério das Relações Exteriores, órgão que promove as tratativas

internacionais entre o Brasil e os outros países, é responsável pela politica

internacional, as relações diplomáticas, Tem participação direta nas

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negociações comerciais e suas promoções. Suas competências gerais estão

expressas no art. 1º do Decreto 7.304/2010.

As responsabilidades do Ministério da Saúde e da Agricultura vinculam-

se ao controle da parte de medicamentos, sementes, agrotóxicos, vegetais, animais dentre outros.

Cabe ao Ministério dos Transportes regulamentar o transporte

internacional Marítimo, terrestre de veículos, contêineres e os portos

organizadores. Podemos citar dentre os órgãos reguladores e fiscalizadores, a

Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), que fiscaliza o fluxo de

embarcações no País, autorizando ou não a entrada de embarcações

estrangeiras, quando do seu fretamento para operações, mantendo o protecionismo da frota nacional.

De forma geral, por controle governamental, algumas operações de

importação ou exportação necessitam da interveniência e anuência de órgãos

que contribuem para esse controle fiscalizatório. Podemos citar de forma

objetiva os atuais órgãos anuentes, e transcreve-los com a permissão do ilustre professor e Auditor Fiscal Rodrigo Luz11:

Agência Nacional do Cinema (ANCINE)

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

Agencia Nacional de Petróleo (ANP)

Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

Comando do Exercito, do Ministério da Defesa

(COMEXE)

Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)

Departamento de Operações de Comercio Exterior (DECEX), da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)

Departamento de Policia Federal (DPF)

11 LUZ, Rodrigo. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira. Rio de Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2012. Pag.17.

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Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT)

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO)

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)

Ministério da Defesa

Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).

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CAPITULO 2

REGULAMENTO ADUANEIRO - PRINCIPAIS ASPECTOS NORMATIVOS

2.1 O COMÉRCIO EXTERIOR E O DECRETO Nº 6.759/2009

Este capítulo visa apresentar o Regulamento Aduaneiro (RA), Decreto nº

6.759, de 5 de fevereiro de 2009.

Para compreender as normas em vigor é importante mencionar marcos

históricos significativos da evolução das políticas de comércio exterior adotadas no Brasil.

No período de 1930 a 1966, a característica básica da economia

brasileira foi a do seu acentuado sentido de introversão, que segundo Carluci

(1999: 60-80) cuja política se orientava no sentido de restrição à importação,

visando o equilíbrio no Balanço de Pagamentos. As exportações eram bastante

desestimuladas.

A partir de 1964 havia o consenso da necessidade de mudar o modelo

político, com grande incentivo ao setor exportador que se beneficiava de taxas

cambiais mais flexíveis. Neste período, cabe destacar a reformulação da

legislação aduaneira pelo Decreto-Lei nº 37/66, primeiro conjunto de normas

que reuniu grande número de temas referentes ao comércio exterior e pertinentes com o Direito Tributário e Direito Administrativo.

A partir de 1968, a tendência foi de liberalização, principalmente em

matérias-primas, bens intermediários e bens de capital, numa ação deliberada

orientada no sentido de serem atingidas altas taxas de crescimento, Essa

tendência se harmonizava face à tarifa protecionista, com amplas concessões

de isenções e reduções de direitos, permitindo o ingresso de importações a

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baixo custo, dentro de critérios de prioridade e seletividade estabelecidos em

projetos considerados de interesse para o País.

A crise econômica nos anos que sucederam 1974 provocou novamente

uma reversão de tendências. O fomento à exportação tornou-se imperioso, a

fim de evitar que a indisponibilidade de recursos tornasse drástica a redução

das importações.

Ressalta-se que a partir de 1990 o comércio exterior brasileiro vem

ampliando seu processo de abertura, caracterizada pela liberação das

importações, a par das relações comerciais multilaterais e implementação dos

acordos no âmbito da Organização Mundial do Comércio.

2.2 DA DIVISÃO DO REGULAMENTO ADUANEIRO

Inicialmente, cabe destacar que o Regulamento Aduaneiro está dividido

em oito livros, que tratam, respectivamente de:

I- JURISDIÇÃO ADUANEIRA E DO CONTROLE ADUANEIRO DE VEICULOS

II- DOS IMPOSTOS DE IMPORTAÇÃO E DE

EXPORTAÇÃO

III- DOS DEMAIS IMPOSTOS, E DAS TAXAS W

CONTRIBUIÇÕES, DEVIDOS NA IMPORTAÇÃO

IV- DOS REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E DOS

APLICADOS EM ÁREAS ESPECIAIS

V- DO CONTROLE ADUANEIRO DE MERCADORIAS

VI- DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES

VII- DO CREDITO TRIBUTÁRIO, DO PROCESSO

FISCAL E DO CONTROLE ADMINISTRATIVO ESPECÍFICO

VIII- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITORIAS

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2.3 JURISDIÇÃO ADUANEIRA

O conceito de Jurisdição Aduaneira está baseado no conceito político de

território nacional, onde se considera o mesmo como território aduaneiro com

total abrangência, pois os serviços aduaneiros aplicam-se e estende-se por toda ela. Esta jurisdição está dividida em duas partes distintas, a saber:

Zona Primária: Portos, Aeroportos e pontos de fronteira alfandegados;

Zona Secundária: Todo espaço restante fora da

Zona Primaria, incluindo-se a esta, as aguas territoriais e o espaço aéreo.

Para melhor exemplificar o conceito de Jurisdição e Controle Aduaneiro

de Veículos, transcrevemos o artigo 2º e 3º do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto 6.759, de 5 de fevereiro de 2009:

Art. 2o O território aduaneiro compreende todo o território

nacional.

Art. 3o A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se

por todo o território aduaneiro e abrange (Decreto-Lei no 37, de 18 de novembro de 1966, art. 33, caput):

I - a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas pela autoridade aduaneira local:

a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua,

nos portos alfandegados;

b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e

c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira

alfandegados; e

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II - a zona secundária, que compreende a parte restante

do território aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo.

§ 1o Para efeito de controle aduaneiro, as zonas de

processamento de exportação, referidas no art. 534,

constituem zona primária (Lei no 11.508, de 20 de julho de 2007, art. 1o, parágrafo único).

§ 2o Para a demarcação da zona primária, deverá ser

ouvido o órgão ou empresa a que esteja afeta a

administração do local a ser alfandegado.

§ 3o A autoridade aduaneira poderá exigir que a zona

primária, ou parte dela, seja protegida por obstáculos que

impeçam o acesso indiscriminado de veículos, pessoas

ou animais.

§ 4o A autoridade aduaneira poderá estabelecer, em locais

e recintos alfandegados, restrições à entrada de pessoas

que ali não exerçam atividades profissionais, e a veículos

não utilizados em serviço.

§ 5o A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se

ainda às Áreas de Controle Integrado criadas em regiões

limítrofes dos países integrantes do Mercosul com o Brasil

(Acordo de Alcance Parcial para a Facilitação do

Comércio no 5 - Acordo de Recife, aprovado pelo Decreto

Legislativo no 66, de 16 de novembro de 1981, e

promulgado pelo Decreto no 1.280, de 14 de outubro de

1994); e Segundo Protocolo Adicional ao Acordo de

Recife, Anexo - Acordo de Alcance Parcial de Promoção

do Comércio no 5 para a Facilitação do Comércio, art. 3o,

alínea “a”, internalizado pelo Decreto no 3.761, de 5 de março de 2001).

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Os Portos, aeroportos e pontos de fronteiras são alfandegados através

de atos declaratórios emitidos pela autoridade aduaneira, precedido de atos de habilitação pelas autoridades competentes quanto ao tráfego internacional.

Assim, devemos dizer que todo veiculo procedente do exterior ou a ele

destinado, tem a obrigatoriedade de somente se dirigir à zona primaria, onde

será exercido o seu controle pelas autoridades aduaneiras, para cumprimento

de todas as formalidades. Toda carga transportada e destinada ao País, tem o

mesmo tratamento, inclusive bagagem de viajantes ou tripulantes e outros bens existentes no ato de sua entrada no território aduaneiro.

As mercadorias somente podem descarregar em recinto alfandegado de

zona primária, onde as mesmas sofrerão o despacho aduaneiro (procedimento

iniciado pela autoridade aduaneira quando a mercadoria entra no território

aduaneiro). Porem há exceções, onde a descarga em zona primeira é

considerada de passagem, sendo assim, transferida para recintos

alfandegados de zona secundária, devidamente autorizados em seu

funcionamento pelas autoridades aduaneiras, onde sofrerão também o seu controle até o seu efetivo desembaraço aduaneiro.

2.4 O SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR (SISCOMEX)

De forma geral, as operações de importação e exportação serão processadas no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).

Instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, o Siscomex

começou a operar em 1993 com uma interface eletrônica entre exportadores e importadores.

Em janeiro de 1997 um novo módulo foi implantado para as operações

de importação.

Segundo o Decreto nº 660/1992, “o Siscomex é o instrumento

administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e

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controle das operações de comércio exterior, mediante fluxo único,

computadorizado, de informações”.

Substituiu o controle em papel, desinflacionando os setores com os

sucessivos procedimentos e, facilitando a parte operacional em que coloca de

lado as máquinas de escrever, e, ao mesmo tempo criou um fluxo continuo e

único de informações.

Na década de 1990 o Siscomex colocou o Brasil em posição de

destaque por esta evolução tecnológica. Ao longo dos anos e conforme

necessidades temporais, outros sistemas foram sendo criados, como o

Siscomex Carga, Siscomex Drawback Web, e agora o mascote recentemente apresentado o Siscomex Web Importação.

Seus usuários, os importadores, despachantes aduaneiros, depositários

e transportadores, representantes legais, a própria Receita Federal do Brasil,

os órgãos anuentes, Banco Central d instituições financeiras, receberam como presente um meio moderno e facilitador desse tipo de atividade.

Um verdadeiro mérito para a inovação tecnológica do controle

administrativo, com o registro e acompanhamento das operações vinculadas ao

comercio exterior que envolve vários intervenientes públicos e privados.

A plataforma foi otimizada, novas funcionalidades foram agregadas

permitindo um nível de segurança maior e com o compromisso de facilitar a

vida dos operadores de comercio exterior. É importante destacar que todos os acessos agora acontecem com o uso exclusivo de Certificado Digital.

2.5 HABILITAÇÃO PARA IMPORTAR E EXPORTAR – CADASTRO NO SISCOMEX – RADAR

Para a pratica de atividade relativa ao comercio exterior com a utilização

do Siscomex especificamente vinculada ao despacho aduaneiro, a pessoa

física responsável por pessoa jurídica importadora, exportadora ou internadora

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da Zona Franca de Manaus (ZFM) deverá ser submetido ao crivo da

Secretaria da Receita Federal.

Conhecido como Sistema RADAR – (Ambiente de Registro e

Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros), esta ferramenta reúne o conjunto de informações de natureza aduaneira, contábil e fiscal.

A partir dele, a fiscalização consegue mensurar a capacidade

operacional do importador e exportador, tendo como base sua situação

econômica e financeira. É um verdadeiro estudo dos elementos físicos,

naturais e funcionais criando medidas de identificações de riscos para o

mercado nacional.

Estão também incluídos nessa condição os órgãos da administração

publica direta, autarquias, fundações públicas, órgãos públicos autônomos,

organismos internacionais e a outras instituições extraterritoriais, bem como as

pessoas físicas em seus próprios nomes (§1º, do art.1º da IN RFB 1.603, de 2015).

A Instrução Normativa nº 1.603, de 15 de dezembro de 2015 estabelece

procedimentos de habilitação de importadores e exportadores e internadores

da Zona Franca de Manaus para a operação no SISCOMEX.

Ao mesmo tempo a Portaria COANA nº 123, de 17 de dezembro de

2015 vem complementar as orientações de como operacionalizar essa

habilitação no Siscomex, bem como o credenciamento dos representantes legais.

Exceção à regra quando se trata de habilitação no Siscomex, envolve

algumas pessoas físicas ou jurídicas que estão dispensadas do procedimento, conforme expressa a IN RFB 1.603/2015, artigo 10 e seus incisos, sendo:

a) quando a importação, exportação ou internação não

estiverem sujeitas a registro no Siscomex, ou quando

optar pela utilização de formulários de Declaração

Simplificada de Importação ou Declaração Simplificada de

Exportação;

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b) Importações ou exportações de bagagem

desacompanhada, que seja realizadas por pessoa física;

c) quando a importação, exportação ou internação

forem efetivadas através da Empresa Brasileira de

Correios e Telégrafos (ECT) ou de Empresa de

Transporte Expresso Internacional;

d) quando da necessidade de retificação ou consulta

de declaração por pessoa jurídica que tenha operado

anteriormente no comercio exterior, observando a

necessidade do credenciamento de representante legal

para a prática do despacho aduaneiro.

Outros intervenientes também ficam dispensados da habilitação, como

por exemplo o transportador, depositário de mercadoria, agente marítimo,

consolidado e desconsolidador, com o requisito essencial que essas operações

componham sua atividade-fim.

2.6 DESPACHO DE IMPORTAÇÃO E SEU CONCEITO

O despacho de importação tem seu conceito expresso no art. 542 do

Decreto nº 6.759 de 2009. É um procedimento que reúne a verificação e

exatidão de dados declarados pelo importador em relação a mercadorias

importadas, aqueles que estão relacionados aos documentos apresentados e a

aplicabilidade da legislação pátria. O objetivo do despacho de importação é o

desembaraço da mercadoria. Tem sua disciplina quase toda expressa nas IN SRF nº 680/2006 e IN SRF nº 611/2006.

Seu inicio se dá com o registro da Declaração de Importação no

Siscomex (o registro no Siscomex é a regra geral, porem, muitas vezes em

razão da operação, natureza da mercadoria ou mesmo qualidade do

importador, o despacho pode ser processado sem o registro no Siscomex).

Com o registro da DI ou DSI é gerado uma numeração que obedece a ordem:

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17/000000-1 (sendo os primeiros dígitos sempre se referindo ao ano do seu

registro, os demais são sequenciais), nunca havendo duplicidade desta numeração.

O Despacho de Importação deverá ser iniciado em (art. 546 do Regulamento Aduaneiro), em:

1. até 90 (noventa) dias da descarga em recinto

alfandegado de zona primária;

2. até 45 (quarenta e cinco) dias após esgotar-se o

prazo de permanência da mercadoria em recinto

alfandegado de zona secundária;

3. até 90 (noventa) dias do aviso de recebimento de

chegada de remessa postal.

4. até 45 (quarenta e cinco) dias da chegada no país,

quando se tratar de bagagens acompanhadas ou desacompanhadas (art. 29 da IN RFB 1.059/2010)

Se tratando de mala diplomática (considerada aquela que contenha

exclusivamente documentos diplomáticos e objetos de uso oficial) fica

dispensado o despacho de importação (Convenção de Viena – Relações Diplomáticas, art. 27, promulgada pelo Decreto nº 56.435/1965)

O Despacho de Importação pode ser dividido em:

a) Despacho Normal – onde se registra a DI após a

chegada da mercadoria em recinto alfandegado de zona

primaria ou secundária, com previsão no inciso III do art. 15 da IN SRF nº 680/2006.

b) Despacho Antecipado – é aquele em que por

situações especiais a DI é registrada antes de sua

chegada na unidade da RFB (art. 17 da IN SRF nº

680/2006). Podemos citar como exemplo mercadorias que

põem em risco a segurança nacional, aquelas que tem

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características de periculosidade como mercadorias

radioativas, inflamáveis, animais vivos, plantas, produtos perecíveis. Existem várias situações aplicáveis.

Vale a informação complementar que não se confunde Despacho

Antecipado com a Entrega Antecipada da Mercadoria12.

Etapas do Despacho Aduaneiro de Importação

1) Registro da Declaração de Importação (DI) ou Declaração

Simplificada de Importação (DSI). Onde tudo começa, no registro da DI. Não

devemos esquecer de fazer a verificação previa (antes do embarque) da

necessidade de Licença de Importação. Exceção aos casos especiais de

licença automática, como exemplo o Drawback, que a Licença é registrada após a chegada da carga.

2) Aguardar parametrização da DI (Podendo ser canal verde,

amarelo, vermelho ou cinza. Mais a frente isso será detalhado)

3) VICOMEX13 - Se o canal for diferente de “verde”, deverá ser feito

o acesso ao Vicomex, onde deverá ser gerado um dossiê Vicomex (terá uma

numeração) para que todos os documentos sejam ali vinculados. Dessa

12 Entrega antecipada de Mercadoria – disposição no art. 47 da IN RFB nº 680/2006 – Situação atípica na qual o AFRFB responsável pelo despacho aduaneiro “poderá” autorizar (a pedido do interessado) a entrega da mercadoria antes de realizada a conferência aduaneira. Hipóteses expressas em dispositivo legal apontado. <https://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/despacho-de-importacao/etapas-do-despacho-aduaneiro-de-importacao/entrega-da-mercadoria/entrega-antecipada> 13 VICOMEX – Visão Integrada do Comércio Exterior - O Sistema Visão Integrada, desenvolvido pelo Serpro, permite ao importador/exportador e seus representantes legais perante o Siscomex realizarem consultas acerca de sua operações, em andamento e já concluídas, de importação e exportação, com indicação do status atual de cada processo e visualização completa de todas as etapas, sem a necessidade de consultas a diversos sistemas. Objetiva-se principalmente a maior transparência aos processos aduaneiros, simplificado as consultas e indicando responsáveis e tempos entre cada uma das etapas dos processos de importação e exportação. Na atual versão, o sistema Visão Integrada pode ser acessado pelos responsáveis legais e/ou representantes legais de importadores e importadores, mediante certificado digital. Para saber como obter o certificado digital e-CPF, acesso o endereço da internet <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/senhas-e-procuracoes/senhas/certificados-digitais>

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maneira, haverá uma concentração de informações para os intervenientes

simplificando o monitoramento e acompanhamento das operações de comercio

exterior. No canal verde isso ainda não é exigido, mas fica aqui a observação

de que se é para haver um monitoramento, este deve atingir todas as operações.

4) Instrução Documental – Recepção Documental – ação que é

paralela a inserção de documentos no Vicomex. Isso não impede que a

fiscalização exija “também” os documentos conduzidos fisicamente na repartição que será feito o desembaraço.

5) Distribuição para Conferência – pode ser acompanhada pelo

próprio Vicomex. Nesta etapa é designado um Fiscal para o inicio da analise documental e/ou conferencia física, quando for o caso.

6) Conferência Aduaneira – Considerando sempre a

parametrização nos casos de canal amarelo ou vermelho. Nada impede que canais verdes sejam avermelhados por decisão da fiscalização.

7) Desembaraço Aduaneiro – fase final do despacho de

importação aduaneira. Com o desembaraço é emitido o comprovante de

importação, que caracteriza a liberação da mercadoria perante a Receita Federal do Brasil.

O tratamento administrativo das importações brasileiras é feito através de um sistema de Licenciamento das Importações.

Tem como objetivo controlar o que pode ou não entrar em nosso país.

Os deferimentos desses licenciamentos são subordinados a órgãos

governamentais, ou seja, órgãos anuentes. Podemos citar a SECEX

(Secretaria de Comercio Exterior), ANVISA, MAPA, INMETRO, IBAMA dentre

outros.

Com previsão expressa na Portaria SECEX nº 23, de 14 de julho de

2011, as importações brasileiras de forma geral, estão dispensadas de

Manual disponível para conhecimento no site <http://portal.siscomex.gov.br/informativos/biblioteca-de-arquivos/Manual_VICOMEX.pdf>

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licenciamento. Esse sistema de controle administrativo é dividido em três

modalidades: importações dispensadas de Licenciamento, importações sujeitas

a Licenciamento Automático e importações sujeitas a Licenciamento Não Automático.

O artigo 550 e todos os seus parágrafos do Decreto 6.759/2009 (RA)

determina que a importação de mercadoria está sujeita, na forma de legislação

especifica, a licenciamento (Licença de Importação – LI), que ocorrerá de forma

automática ou não automática, por meio do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).

A Declaração de Importação, conhecida como DI, é o documento que

basilar do despacho de importação. Em regra, o registro da DI será efetuada

quando os bens se encontrarem em território nacional. Deste registro advém o fato gerador se tratando de operações aduaneiras na importação.

Neste momento, os impostos deverão ser recolhidos com débito em

conta corrente, nas contas vinculadas ao Siscomex. Entretanto, pode haver outros meios e momentos para o pagamento dos tributos devidos.

A DI reúne informações de cunho geral, ou seja, as relativas à operação,

assim como informações referentes a mercadoria no âmbito fiscal e cambial, e detalhes sobre a natureza comercial da importação.

O artigo 551 do Decreto 6.759 de 2009, inclui ainda que devem compor

a DI, identificação do Importador e exportador, sobre a mercadoria deve

contem a origem, procedência, identificação, classificação fiscal e o valor

aduaneiro. Lá deverá estar ainda o Incoterm, informação cambial (com o sem

cobertura cambial), moeda negociada, e, ainda, existe um campo livre de

“informações complementares” onde o representante do importador tem a

liberdade para esclarecer, fundamentar, complementar e tudo mais que se fizer

necessário de maneira que facilite o convencimento do auditor fiscal.

A Secretaria da Receita Federal, poderá ainda, exigir que se acrescente

outras informações de cunho estatístico, indicar ou modificar o tipo de

declaração que se enquadre à natureza da operação, o tipo de mercadoria e

mais ainda ao seu tratamento tributário.

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A Declaração de Importação pode ser retificada pelo próprio interessado

ou de oficio pela autoridade aduaneira.

O local de registro da Declaração refere-se à Unidade da Receita

Federal onde se processa o despacho aduaneiro de importação, para fins de liberação da mercadoria para o importador.

A seguir, lista com divisão por Região Fiscal nas Unidades da Receita

Federal (URF):

1ª Região Fiscal (DF, GO, MT, MS e TO)

2ª Região Fiscal (AC, AM, AP, PA, RO e RR)

3ª Região Fiscal (CE, MA e PI)

4ª Região Fiscal (AL, PB, PE e RN)

5ª Região Fiscal (BA e SE)

6ª Região Fiscal (MG)

7ª Região Fiscal (RJ e ES)

8ª Região Fiscal (SP)

9ª Região Fiscal (PR e SC)

10ª Região Fiscal ( RS)

Para a instrução da Declaração de Importação deve-se ter os

documentos que demonstrem toda a operação. De forma geral, deve fazer

parte desse conjunto documental, além da DI, a Fatura Comercial ou Proforma

Comercial, Romaneio de Carga (Packing List), Conhecimento de Carga. Cada

evento de importação deve ser analisado de forma individual, pois conforme o

caso, outros documentos podem ser necessários, como por exemplo

Certificado de Origem, Certificado Fitossanitário, tudo em decorrência de acordos internacionais ou por imposição legal, de norma ou regulamento.

Deve-se considerar principalmente o tipo de operação que se pretende

realizar: Consumo (Recolhimento Integral)? Consumo (Isenção ou Redução)?

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Admissão em Regime Aduaneiro Especial (Teste, evento, pagamento

proporcional, Entreposto Aduaneiro, Drawback, Repetro)? Reimportação?

Ou seja, infinitas possibilidades que devem ser previamente analisadas

junto a um profissional gabaritado, de maneira que não elimine os riscos mas que estes sejam avaliados como os de maior ou menor potencial ostensivo.

Um breve resumo sobre os documentos de instrução de despacho:

1) Conhecimento de Carga – Informação expressa no art. 554 do

Regulamento Aduaneiro. A escolha do modal determinará o tipo de

conhecimento a ser contratado. O Conhecimento é um tipo de contrato pelo

qual o transportador se obriga a entregar a mercadoria no local designado. O

conhecimento de carga original constitui prova de posse ou propriedade da mercadoria.

Importante ainda ressaltar que determinadas situações não é exigida a

apresentação deste, onde podemos citar como exemplo a entrada de

embarcações no País, que tem locomoção por meios próprios, ou seja, não

necessita contratar um frete para que esta chegue ao seu destino. Ou ainda

quando a mercadoria vem transportada em mãos, ou em condições que a

própria legislação desobrigue sua emissão.

Continuando, podemos distinguir os tipos de conhecimento de carga

conforme o contrato estabelecido , sendo:

Transporte Aéreo – A.W.B (Air Waybill)

Transporte Marítimo – B.L (Bill of Lading)

Transporte Rodoviário – CRT (Conhecimento de Transporte Internacional por Rodovia)

Transporte Ferroviário – T.I.F (Conhecimento de Transporte por Ferrovia).

2) Fatura Comercial – é o documento pelo qual se designam todas

as indicações referentes as mercadorias embarcadas, quantidade, preço

unitário e total de cada espécie de mercadoria, marcações, especificações em

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detalhes dos bens em que conste numero de serie e part number, termo da

condição de venda (Incoterm), condições e moeda de pagamento, país de

origem, país de aquisição e procedência, peso bruto e liquido, bem como

nome e endereço completo do exportador, importador e fabricante. Esses requisitos são encontrados do artigo 557 do Regulamento Aduaneiro.

3) Fatura Proforma – como o próprio nome diz, entende-se como

uma previa de um negócio, uma cotação ou mesmo a formalização de um

pedido. Pode ser usada para fazer um fechamento cambial, emitir carta de

credito, porém, este documento não caracteriza uma compra e venda. É

utilizada nos regimes especiais, onde o bem ou mercadoria entra no País a título não DEFINITIVO.

4) Romaneio de Carga (Packing List) – “quando aplicável” este

documento traz consigo todas as informações pertinentes ao tipo de

embalagem, quantidade de volume, marcações e dimensões. Números de

lotes, pelo bruto dos volumes, ou seja, auxilia a identificação dos volumes.

Sua disposição está prevista no artigo 553, paragrafo único do RA, c/c o

artigo 18 da IN RFB 680/2006. Seu objetivo básico é identificar volumes, ou

melhor, quando houver embalagem nas mercadorias. Ao contrario, quando a

prática não amparar este tipo de situação, como exemplo mercadorias a

granel, veículos (que podem ser identificados pelo numero do Chassi),

Embarcações, aviões, grande máquinas e equipamentos (que contenham

identificação expressa), não há o que falar que este componha o rol de

documentos para o despacho. O alerta vai para as importações que

contenham invólucros, pois a falta desse documento ensejará a aplicação da

multa prevista na alínea “e”, inciso VIII do artigo 728 do Regulamento Aduaneiro.

5) Outros Documentos Instrutivos da Declaração – se tratando

de situações especiais vinculadas a Acordos Internacionais que se beneficiem

de tratamento tributário em virtude da origem da mercadoria, deverá ser comprovado através de documentação idônea estabelecido nos meios legais.

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O Decreto 6.759/2009, nos artigos 564 ao 570, expressa definições

sobre a conferencia aduaneira, onde a mesma tem por finalidade identificar o

importador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas a sua

natureza, classificação fiscal, quantificação e valor, e confirmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da importação.

Com o objetivo de determinar a extensão dessa conferencia aduaneira,

existem os canais de seleção por parametrização (Verde, amarelo, vermelho e

cinza) (Norma Relativa ao Despacho Aduaneiro de Mercadorias, Artigos 64 e

65, aprovada pela Decisão do Conselho do Mercado Comum – CMC nº 50,

aprovada no âmbito do Mercosul, de 2004, e internalizada pelo Decreto nº 6.870, de 2009).

A conferencia aduaneira poderá ser realizada na zona primaria ou na

zona secundária. A verificação da mercadoria, no curso da conferencia

aduaneira ou em qualquer outra ocasião será realizada por Auditor Fiscal da

Receita Federal, ou sob sua supervisão, na presença do importador ou de seu

representante legal. Se constatada durante a conferencia aduaneira ocorrência

que impeça o prosseguimento do despacho, o Auditor Fiscal irá interromper o

despacho, lançando no sistema correspondente a observação com a exigência a ser atendida.

Parametrização – Canais de Conferencia de mercadorias importadas

Toda Declaração de Importação após o seu registro, é submetida a um

conjunto de verificações analíticas que direcionam a mercadoria para canais de conferencia aduaneira.

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Esses canais, conhecidos com parametrizações são selecionados por

intermédio do Siscomex e são disponibilizados em horários específicos

determinados pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (COANA) para cada URF de despacho.

Esses parâmetros são inseridos no sistema e se confrontam com as

informações prestadas nas Declarações de Importação. A partir desse

confronto o sistema cruza e pesa alguns elementos (dentre outros) expressos no § 1º do artigo 21 da Instrução Normativa nº 680/2006, sendo eles:

§ 1º A seleção de que trata este artigo será efetuada por

intermédio do Siscomex, com base em análise fiscal que

levará em consideração, entre outros, os seguintes elementos:

I - regularidade fiscal do importador;

II - habitualidade do importador;

III - natureza, volume ou valor da importação;

IV - valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importação;

V - origem, procedência e destinação da mercadoria;

VI - tratamento tributário;

VII - características da mercadoria;

VIII - capacidade operacional e econômico-financeira do importador; e

IX - ocorrências verificadas em outras operações

realizadas pelo importador.

Podemos identificar o tipo de conferencia aduaneira, com suas

peculiaridades conforme disposto no artigo 21 do mesmo dispositivo legal. Demonstramos a seguir:

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Canal Verde – canal que caracteriza o desembaraço automático

da carga. Não há necessidade de conferencia física e nem exame

documental. Importante destacar aqui que esse canal verde não

impede que a fiscalização ao identificar elementos com indícios de

irregularidades, transforme esse canal “livre” em canal de conferencia documental ou mesmo física.

Canal Amarelo – canal que designa a conferencia documental, e

que, ao ser constatado total regularidade, ficará dispensada de

conferencia física, efetuando-se assim, o desembaraço da mercadoria;

Canal Vermelho – este canal, a mercadoria somente será

desembaraçada quando houver todo o exame documental e mais a conferencia física.

Canal Cinza – além de toda conferencia documental, conferencia

física da mercadoria, existe um alerta que algo está errado. É

aplicado aqui um procedimento especial que levará em consideração

elementos indiciáveis de fraude, inclusive no que diz respeito ao

preço declarado da mercadoria (Valor Aduaneiro), não deixando de lado demais requisitos estabelecidos em norma específica.

Desembaraçar uma mercadoria é o ato final da fiscalização no que tange

as etapas do desembaraço aduaneiro. Significa torna-la livre “mesmo de forma

temerária” (Digo isso em virtude de revisão fiscal) perante à Receita Federal do

Brasil. Registra-se a conclusão da conferencia aduaneira (Decreto-Lei nº 37 de

1966, art. 51, caput, com redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 2º).

Após o desembaraço aduaneiro de mercadoria que foi objeto de

declaração de importação registrada no Siscomex, é emitido eletronicamente o

documento que comprova essa liberação, denomina-se “comprovante de importação”, conhecido vulgarmente como CI.

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Não devemos confundir desembaraço aduaneiro com a retirada da

mercadoria de um Recinto Alfandegado (depositário da mercadoria). O

desembaraço aduaneiro, como dito acima, é o ato final da fiscalização

aduaneira, regido pela Receita Federal do Brasil. Retirar uma mercadoria

desembaraçada de local alfandegado (Porto, Aeroporto, Porto Seco...sendo

estes zona primaria ou secundária) é controlado pelo fiel depositário da

mercadoria. Para que a mercadoria seja retirada do armazém que a detém,

deverão ser apresentados documentos para o atendimento daquela entidade

representativa. São documentos comprobatórios: DI, CI, Conhecimento de

Carga, Fatura, Romaneio de Carga e o comprovante de pagamento do ICMS ou da GLME (Guia de Liberação de Mercadoria Estrangeira).

2.7 REGIMES DE TRIBUTAÇÃO E TRIBUTOS INCIDENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR

Os regimes de tributação na importação, são um total de nove a serem

aplicados, de acordo com o tipo da remessa que chega ao País. Respeita-se

cada particularidade conforme o caso, de acordo com o descrito nas “Tabelas

do Sistema Integrado de Comércio Exterior, instituído pelo Decreto 660, de

1992 e regulamentado através da Portaria Interministerial nº 291, de 13 de dezembro de 1996, são eles:

Regime de Tributação Integral – aplicado a

importação comum, o chamado despacho para consumo,

onde o importador não se beneficia de favor fiscal algum,

sendo os tributos incidentes na importação, aplicados em sua totalidade.

Imunidade – são imunes aos impostos devidos na

importação os casos a seguir relacionados: livros, jornais

e periódicos; papéis destinados a impressão de livros,

jornais e periódicos; União, estados, Distrito Federal,

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municípios, autarquias e fundações instituídas e mantidas

pelo poder público.

Isenção – aplica-se a importação especifica,

estabelecida por norma editada (Lei, Decreto, Decreto-lei

ou Medida Provisória), sendo que pode ser de forma objetiva ou subjetiva.

Redução – também da mesma maneira das

isenções, é estabelecida através de atos normativos,

acordos ou resoluções da Câmara e Comércio Exterior –

CAMEX, onde determinados produtos, por serem

considerados únicos ou específicos, têm o direito de

tratamento diferenciados quanto a sua tributação e geralmente identificados na TEC como Ex tarifário.

Regime de Tributação por Suspensão – aplicam-

se aos casos de importações em Regimes Aduaneiros

Especiais, tais como: Trânsito Aduaneiro, Drawback,

Admissão Temporária, Admissão Temporária para

Aperfeiçoamento Ativo, Exportação Temporária,

Entreposto Aduaneiro, RECOF, Depósito Alfandegado Especial (DAC), dentre outros.

Não Incidência – os impostos não incidem sobre as

mercadorias exportadas temporariamente, quer seja para

reparos ou quer seja como exportação em consignação.

Existe também o fato de se tratar de substituição a bem

importado e constatado como defeituoso após o

desembaraço aduaneiro, onde a reposição por bem igual

em todas as características, inclusive o valor, fica

dispensado o recolhimento dos tributos. Esta regra aplica-

se também a bem em substituição por garantia do fornecedor ou fabricante.

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Regime de Tributação Simplificada (RTS) –

comumente aplicada em despacho aduaneiro de

importação que se vinculem as remessas postais ou

encomenda aérea internacionais no valor de até US$

3,000.00. Seu Imposto de Importação tem alíquota única

diferenciada – 60%. Os demais tributos são isentos (IPI,

PIS/PASEP e COFINS na Importação) Uma peculiaridade

desta modalidade de importação é a classificação de

forma genérica das mercadorias importadas. Se tratando

do ICMS, vale informar que devem ser verificadas junto à

Secretaria de Fazenda de cada unidade da federação correspondente à entrada dos bens.

Regime de Tributação Simplificada de Bagagem

– Aplicam-se as bagagens procedentes do exterior,

acompanhadas ou não, onde é aplicada a alíquota de

50% do valor atribuído ou comprovado, para efeito de

calculo do imposto de importação, sendo este o único

imposto incidente. Vale lembrar que este conceito se

aplica a bens e objetos de uso pessoal, considerados

como bagagem.

Regime de Tributação Unificada (RTU) – é o regime de

tributação regulado pela Instrução Normativa nº 1.245, de

2012, pelo qual mercadorias procedentes do Paraguai, no

modal terrestre, tem o pagamento dos impostos e

contribuições federais na importação cobrados de forma

unificada.

2.8 DIFERENÇA ENTRE REGIME ADUANEIRO COMUM E REGIME ADUANEIRO ESPECIAL

O Regime Aduaneiro Comum é o que se caracteriza por ser aplicado em

regra às importações em caráter definitivo.

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Os recolhimentos dos tributos são feitos em sua totalidade, porem, por

força de lei podem ter favores fiscais de isenção ou redução.

Os Regimes Aduaneiros Especiais são aqueles que caracterizam-se por

fazer exceção ao regime aduaneiro comum, não havendo elementos entre eles

que permita um agrupamento. São aplicados em regra às importações em

caráter não definitivo, que chegam ao país com prazo determinado, devem

obedecer a uma finalidade específica, obrigatoriamente serem de propriedade estrangeira e que são importados sem cobertura cambial.

Os tributos incidentes no comércio exterior são: Imposto de Importação

(II); Imposto de Exportação (IE); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

Imposto sobre Operação e Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS);

Programa de Integração Social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do

Servidor Público (PASEP); Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social (COFINS); Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE).

Dos impostos e contribuições citados, com exceção do ICMS que é de competência estadual, os demais são federais.

Relacionada ainda sobre matéria tributária, em acordo com o Código

Tributário Nacional (CTN), art. 119, sujeito ativo da obrigação é a pessoa

jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento.

O sujeito passivo da obrigação tributária, conforme o Código Tributário

Nacional (CTN), art. 121, é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou

penalidade pecuniária, sendo ele o contribuinte importador, ou a quem a lei

equiparar, ou conforme a letra da lei, qualquer pessoa que promova a entrada do bem em território nacional.

Concluímos, portanto, que no regime aduaneiro comum, isto é, nas

importações de mercadorias estrangeiras que se destinam ao consumo

definitivo no país, os fatos geradores e seus efetivos momento de recolhimento

dos tributos estão circunscritos aos procedimentos de despacho e desembaraço aduaneiro.

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CAPITULO III

O REGIME ADUANEIRO ESPECIAL

O Regime Aduaneiro Especial foi criado pelo Decreto-Lei nº 37/66, que

previu seis regimes: Trânsito Aduaneiro, Drawback, Exportação Temporária, Admissão Temporária, Entreposto Aduaneiro e Entreposto Industrial.

Após a edição do Decreto-Lei nº 37/66, foram criados diversos regimes

aduaneiros especiais, por legislação extravagante, denominados Regimes

Aduaneiros Atípicos. São eles: Depósito Especial Alfandegado, Depósito

Franco, Loja Franca, Zona Franca de Manaus e Depósito Afiançado.

Posteriormente, o Decreto-Lei nº 2.472/88 em seu art. 3º abriu a possibilidade de criação de outros regimes aduaneiros especiais.

Segundo Sosa (1999), na realidade tratam-se todos de regimes

aduaneiros especiais, no sentido de que fazem exceção ao regime comum. Um

fator importante a destacar é a grande relevância do componente econômico

sobre o tributário. E, com isso, as normas estão cada vez mais inseridas no

Direito Administrativo do que no Direito Tributário. Na linha do raciocínio do

autor, a aplicação destes regimes especiais se relaciona ao interesse no desenvolvimento do país e maior competitividade para as empresas.

O Decreto nº 6.759/2009, o então regulador da administração das

atividades aduaneiras, a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comercio exterior, traz os tipos de regimes especiais, que são:

Transito Aduaneiro

Admissão Temporária

Admissão para Aperfeiçoamento de Ativos

Drawback

Entreposto Aduaneiro

Entreposto Industrial sob controle aduaneiro

informatizado – RECOF

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Do Regime Aduaneiro Especial de Importação de

Insumos destinados a industrialização por encomenda de

produtos classificados nas posições 8701 a 8705 da

Nomenclatura Comum do Mercosul - RECOM

Exportação Temporária

Exportação Temporária para Aperfeiçoamento

Passivo

Repetro

REPEX

REPORTO

Loja Franca

Depósito Especial

Depósito Afiançado

Deposito Alfandegado Certificado

Deposito Franco

3.1 TRÂNSITO ADUANEIRO

É o regime que permite o transporte de mercadoria sob controle

aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de

tributos (Art. 315 do RA). De modo geral pode-se transferir a mercadoria

descarregada em zona primaria para outro ponto também de zona primaria, ou,

ainda de zona primaria para uma secundária. A opção de se transferir uma

mercadoria de um local para outro envolve vários critérios por escolha do

interessado: Logística, demanda da unidade, economia nas tabelas de armazenagem, dentre outros.

Ao sair da primeira zona primaria (origem), haverá o desembaraço do

trânsito aduaneiro. A mercadoria é lacrada e assim seguirá até seu ponto de

destino escolhido. Ao ser recepcionada no local de destino, a autoridade

aduaneira observará antes de mais nada, a integridade deste lacre. Não pode

haver indícios de violação. Este feito, quando recepcionada no recinto de

destino haverá a “conclusão do transito aduaneiro”, e o depositário

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disponibilizará no sistema o informe da “presença da Carga”. É relevante

informar que o transporte da mercadoria sob controle aduaneiro somente será

efetuado por transportador previamente habilitado pela Secretaria da Receita

Federal. Os transportadores são submetidos a cumprimentos de requisitos, por

estarem na responsabilidade de carregarem bens nessa modalidade

aduaneira. Isso envolve seguro da carga, monitoramento dos seus veículos via

satélite, frota com capacidade de segurança necessária, e outros. Não pode simplesmente contratar qualquer transportador para tal operação.

O trânsito aduaneiro se divide em varias modalidades, podendo ser

esmiuçadas no art. 318 e todos os seus incisos. Não é apenas utilizado para

locomover mercadorias de uma zona à outra. Ele de desdobra em transportar

bagagem de passageiro em trânsito pelo País, transporte de materiais de

reposição, conserto, manutenção e reparos de embarcações e aeronaves

estacionadas ou de passagem pelo nosso território aduaneiro, dentre outras que vale a pena um estudo mais profundo.

Poderão ser beneficiários deste regime: o importador, o exportador, o

depositante, o representante no País de importador ou exportador, o

permissionário ou concessionário de recinto alfandegado, o operador de

transporte multimodal, o transportador habilitado e o agente credenciado a

efetuar operações de unitização ou desunitização da carga em recinto alfandegado, obviamente atendendo às condições especificas de cada caso.

3.2 ADMISSÃO TEMPORÁRIA

É o regime que permite a importação de bens com suspensão total dos

tributos, ou com pagamento parcial dos mesmos, por tempo fixado de

permanência no País, com finalidade especifica e sem cobertura cambial.

Como o próprio nome já determina, são bens que ficam em território aduaneiro

com caráter temporário, que ao final do seu objetivo providencias devem ser

tomadas para que este regime seja extinto, evitando assim penalidades para o beneficiário do regime.

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O regime de admissão temporária está disposto no Regulamento

Aduaneiro, em seu capitulo III, dos artigos 353 ao 379. Tem disciplina através

de Instruções Normativas, das quais trabalharemos em especial com a IN RFB 1.415, de 2013 e a IN RFB 1.600/2015.

É expressamente proibido o arrendamento mercantil nesta modalidade,

pois a finalidade deste tipo de importação é prestação de serviços, eventos

culturais, exposições, dentre outros que veremos de maneira especial mais a frente.

3.3 ADMISSÃO TEMPORÁRIA PARA APERFEIÇOAMENTO ATIVO

Este regime permite o ingresso no País com suspensão dos tributos, de

bens destinados a aperfeiçoamento de ativos do importador e posterior

reexportação.

Considera-se para esta modalidade as operações de industrialização

relativas ao beneficiamento, montagem, renovação, ao recondicionamento, ao acondicionamento ou ao reacondicionamento aplicadas ao próprio bem.

Também aplicado ao conserto, reparo, ou restauração de bens

estrangeiros, que devam retornar, modificados, ao País de origem. Os

requisitos básicos de admissibilidade deste regime é que o bem seja de

propriedade estrangeira e admitidas sem cobertura cambial, que o beneficiário

seja pessoa jurídica sediada no País e que a operação esteja prevista em

contrato.

Tem previsão legal no art. 380 ao 382 também do Regulamento

Aduaneiro, Decreto 6.759/2009, Decreto 7.213/2010.

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3.4 DRAWBACK

Trata-se de um regime totalmente voltado para incentivo a

exportação. São aplicados em duas modalidades: suspensão, isenção e

restituição total ou parcial de tributos pagos na importação. No caso de

suspensão, destina-se a suspender o pagamento do imposto de exportação de

mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada.

No caso da isenção, é o favor fiscal para importações destinadas em

quantidades e qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação,

complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada. Para a

modalidade de restituição, esta pode total ou parcial relativa ao pagamento da

mercadoria importada para ser exportada após beneficiamento ou utilizada na

fabricação, complementação ou acondicionamento de outra.

3.5 ENTREPOSTO ADUANEIRO

Este regime é o que permite a importação de mercadorias para serem

armazenadas no País, em terminais próprios, alfandegados, para posterior utilização.

O Regime é concedido também com suspensão total dos tributos

inicialmente tem o prazo de até um ano, podendo ser prorrogado. A extinção

deste regime é através de despacho para consumo, reexportação, exportação

ou transferência para outro regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais.

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3.6 ENTREPOSTO INDUSTRIAL SOB CONTROLE INFORMATIZADO

Trata-se do Recof. É destinado a permitir que a empresa importe

mercadorias com ou sem cobertura cambial e com suspensão dos tributos

devidos na importação, sob controle informatizado regido pela Receita Federal

do Brasil e que após industrialização seja destinado a exportação.

3.7 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA

Permite a saída do País de mercadoria nacional ou nacionalizada, com

suspensão do pagamento do imposto de exportação, condicionada a

reimportação por prazo pré-determinado e no mesmo estado em que foi exportada.

3.8 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA PARA APERFEIÇOAMENTO PASSIVO

Este regime também prevê a saída de mercadoria nacional ou

nacionalizada, por tempo determinando, para ser submetida a operações de

transformação, elaboração, beneficiamento ou montagem no exterior e

posterior reimportação do mesmo bem transformado, com o pagamento dos

tributos sobre o valor agregado, ou seja, dos acréscimos efetuados no bem inicial.

3.9 REPETRO

Este destina-se exclusivamente às operações de lavra, exploração e

produção de petróleo e gás natural no País. Permite a importação de bens

relacionados em anexo próprio na IN RFB 1.415/2013, com suspensão total de

tributos. Prevê também a saída ficta do Pais, de bens a serem utilizados na

operação, fabricados no País e agregados a estes equipamentos, comparando-

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se esta modalidade a uma exportação. Ainda prevê também importações no

regime de Drawback.

3.10 REPEX

É a modalidade de importação somente de petróleo bruto e seus

derivados, com suspensão de tributos devidos na importação, para serem exportados no mesmo estado em que foram importados.

3.11 LOJA FRANCA

O regime aduaneiro especial de loja franca é o que se destina a

permissão de instalação de estabelecimento para vender mercadorias

nacionais ou estrangeiras em zona primaria de porto ou aeroporto alfandegado,

para passageiros em viagem internacional, contra pagamento em cheques de

viagem ou em moeda conversível. A concessão e outorgado regime será para

empresas selecionadas através de concorrência publica e habilitadas pela

Receita Federal do Brasil. As mercadorias importadas por concessionários de

lojas francas permanecerão com suspensão de tributos até a sua venda efetiva.

A venda de mercadoria estrangeira converterá imediatamente e

automaticamente a suspensão concedida em isenção de conformidade com a

lei nº 8.032/90. No caso de mercadorias nacionais, estas sairão do

estabelecimento industrial ou equivalente, com isenção de tributos nos termos do Decreto-lei 1.455/76 e lei 8.402/92.

3.12 DEPÓSITO ESPECIAL

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É modalidade de regime especial que permite a estocagem de partes,

peças, componentes e materiais de reposição ou manutenção, com suspensão

de tributos, destinados a veículos, maquinas, aparelhos e instrumentos,

estrangeiros, nacionalizados ou não, nos casos definidos pelo Ministério de Estado da Fazenda.

3.13 DEPÓSITO AFIANÇADO

Permite a estocagem de materiais importados sem cobertura cambial,

com suspensão de tributos, destinados a reparos e manutenção de

embarcações e aeronaves de propriedade de empresa autorizada a atuar no transporte comercial internacional utilizadas nesta atividade.

O regime poderá ser concedido ainda a empresa estrangeira de

transporte rodoviário. Os casos de empresa de transporte marítimo e aéreo o

regime será concedido também para as provisões de bordo destes veículos.

3.14 DEPÓSITO ALFANDEGADO CERTIFICADO

Regime que permite considerar como exportada, para todos os efeitos

fiscais, creditícios e cambiais a mercadoria nacional depositada em recinto

alfandegado, vendida à pessoa sediada no exterior, mediante contrato de entrega no território nacional ou à ordem do adquirente.

3.15 DEPÓSITO FRANCO

Este regime permite o armazenamento de mercadoria estrangeira em

recinto alfandegado, para atender ao fluxo comercial de países limítrofes com

terceiros países.

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CAPITULO IV

O REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE ADMISSAO TEMPORARIA

4.1 DA ADMISSÃO TEMPORARIA

O Regime de Admissão Temporária , segundo o Decreto 6.759/2009, em

seu art. 343 é o que permite a importação de bens que devam permanecer no

País durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos14, ou com suspensão parcial15, no caso de utilização econômica.

Segundo Sosa (1999), o regime está sujeito a algumas condições, tais

como: importação em caráter temporário e sem cobertura cambial, ser o bem

exclusivamente de propriedade estrangeira, que a mercadoria tenha a sua

utilização de forma adequada à finalidade para a qual será importada; tudo em

conformidade com o prazo de permanecia bem como vinculado a atos expedidos pelo poder executivo, como exemplo o Regime de Repetro.

A Instrução Normativa da RFB nº 1.600/2015, define em seu art. 1º,

baseada no art. 353 do Decreto nº 6.759/2009:

Art. 1º Art. 1º Os regimes aduaneiros especiais de

admissão temporária com suspensão total do pagamento

de tributos, de admissão temporária para utilização

econômica, de admissão temporária para

aperfeiçoamento ativo, de exportação temporária e de

exportação temporária para aperfeiçoamento passivo

serão aplicados na forma e nas condições estabelecidas

nesta Instrução Normativa.

14 A suspensão total dos tributos fica condicionada a ato normativo emitido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou amparados por acordos internacionais. 15 A suspensão parcial dos tributos é admitida a bens que se destinam a uma utilização econômica, como forma de prestação de serviço ou na produção de outros bens.

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Os bens em admissão temporária gozam da suspensão dos tributos

federais (I.I., I.P.I, PIS/Cofins importação), de forma total ou proporcional ao tempo de contrato.

Todos os tributos que porventura ficarem “suspensos” ficam literalmente

suspensos, pois a qualquer inadimplemento por parte do interessado

importador, no que diz respeito ao “descumprimento do regime”, esses valores serão lançados.

4.2 DA CONCESSÃO DO REGIME

O pedido para a concessão regime é feito através da abertura de Dossiê

Digital de Atendimento (D.D.A), com um formulário denominado SODEA,

através de agendamento no Portal da Receita Federal do Brasil.

Gera-se uma numeração, esta ação pode ser equiparada a geração de

um processo administrativo. Ele servirá de base e controle para todas as suas

movimentações, prorrogações de regime, transferências e até a extinção do

regime.

O D.D.A pode ser gerado antecipadamente às ações iniciais do

despacho aduaneiro, porém, em até 30 dias de sua abertura deverão ser

anexados documentos que comprovem a intenção do pedido. Ultrapassando os

30 dias ele é automaticamente cancelado, não gerando nenhum tipo de

penalidade para o interessado.

O momento da efetiva concessão é aquele onde a autoridade aduaneira

realiza o desembaraço da mercadoria e emite um despacho decisório que

fixará o prazo de permanecia no País do referido bem, que em outras palavras

significa a “vigência do regime”16. Este prazo obedecerá o prazo estipulado

em contrato ou em outro elemento que caracterize o objeto do pedido. Esta

16 Entende-se por vigência do regime o período compreendido entrea data do desembaraço aduaneiro e o termo final do prazo fixado pela autoridade aduaneira para a permanência da mercadoria no País, considerado, inclusive, o prazo de prorrogação, quando for o caso (§1º do art, 360 do Decreto 6.759/2009.

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vigência deve ser absolutamente controlada para que não seja infringido o

beneficio que está sendo concedido, e não se descumpra o regime

Atentar que se a mercadoria a ser importada tiver a condição de “usada”,

esta deverá ser submetida a licença de importação, e para não incorrer em penalidades, o seu deferimento deve ser prévio ao embarque.

Além de todos os documentos de instrução do despacho falado nos

capítulos anteriores, uma importação sob o regime de admissão temporária,

deve estar acompanhada de formulário próprio emitido pela Receita Federal do

Brasil denominado RAT – Requerimento de Admissão Temporária. Neste

formulário os campos devem ser preenchidos de maneira clara, sem erros,

indicando a pretensão, fundamento legal, inicio e fim do contrato ou do evento ao qual se destina, a finalidade, dentre outras informações muito relevantes.

É cabível a prorrogação do regime de importação desde que o

importador apresente elementos comprobatórios da necessidade dessa

extensão, cabendo ou a autoridade deferir o pedido. O pedido de prorrogação

deve ter formalidade administrativa a ser cumprida e de forma tempestiva. Não serão aceitos pedidos após o vencimento do prazo incialmente concedido.

Além do formulário, deve compor a operação o contrato ou instrumento

legal que ampare o pedido, dentre outros documentos idôneos que se façam

necessários e ajudem a formar a convicção da autoridade aduaneira, que será a responsável pela liberação da mercadoria estrangeira.

4.3 DA GARANTIA DOS TRIBUTOS SUSPENSOS

Todas as obrigações fiscais referentes aos tributos suspensos, totais ou

remanescentes (quando se tratar de pagamento proporcional de tributos),

serão consignadas em “Termo de Responsabilidade”.

Hoje em dia este Termo é redigido dentro da própria Declaração de

Importação, e lá são firmadas clausulas de responsabilidade em assumir

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quaisquer eventos que venha a romper com a Receita Federal o compromisso

assumido.

Ou seja, a administração pública concede um beneficio ou um incentivo

fiscal, de maneira que impulsione a economia tanto do empresário importador, mas também da própria nação.

Em contrapartida, deve haver uma forma de garantir que não haverá o

descumprimento do acordo e prejudicando a arrecadação da fazenda pública,

afinal, o importador circulariza e arrecada sobre a prestação de serviço ou sobre a operação que se dispôs a realizar.

Se o crédito tributário relativo aos tributos suspensos for igual ou

superior a R$ 100.000.00 (Cem mil reais), será exigida a prestação de garantia

em favor da Receita Federal, com valor equivalente ao montante dos tributos. Conforme disposto no art. 60, §1º da IN RFB 1.600/2009, são elas:

1) Depósito em Dinheiro

2) Fiança idônea, ou

3) Seguro Aduaneiro

Existem situações de dispensa de garantia para os casos elencados no

§4º do art. 60 da IN RFB 1.600/2015.

4.4 DA EXTINÇÃO DO REGIME DE IMPORTAÇÃO

Segundo o art. 367 do Regulamento Aduaneiro, na vigência do regime

providencias devem ser tomadas de maneira que se cumpra o regime e que se libere a garantia prestada aos tributos suspensos:

Art. 367. Na vigência do regime, deverá ser adotada, com

relação aos bens, uma das seguintes providências, para

liberação da garantia e baixa do termo de responsabilidade:

I - reexportação;

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II - entrega à Fazenda Nacional, livres de quaisquer

despesas, desde que a autoridade aduaneira concorde em recebê-los;

III - destruição, às expensas do interessado;

IV - transferência para outro regime especial; ou

V - despacho para consumo, se nacionalizados.

§ 1o A reexportação de bens poderá ser efetuada

parceladamente.

§ 2o Os bens entregues à Fazenda Nacional terão a

destinação prevista nas normas específicas.

§ 3o A aplicação do disposto nos incisos II e III não obriga

ao pagamento dos tributos suspensos.

§ 4o Se, na vigência do regime, for autorizada a

nacionalização dos bens por terceiro, a este caberá promover o despacho para consumo.

§ 5o A nacionalização dos bens e o seu despacho para

consumo serão realizados com observância das

exigências legais e regulamentares, inclusive as relativas

ao controle administrativo das importações (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 77).

§ 6o A nacionalização e o despacho para consumo não

serão permitidos quando a licença de importação, para os

bens admitidos no regime, estiver vedada ou suspensa.

§ 7o No caso do inciso V, tem-se por tempestiva a

providência para extinção do regime, na data do pedido

da licença de importação, desde que este seja

formalizado dentro do prazo de vigência do regime, e a licença seja deferida.

§ 8o A unidade aduaneira onde for processada a extinção deverá comunicar o fato à que concedeu o regime.

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§ 9o Na hipótese de indeferimento do pedido de

prorrogação de prazo ou dos requerimentos a que se

referem os incisos II a V, o beneficiário deverá iniciar o

despacho de reexportação dos bens no prazo de trinta

dias, contados da data da ciência da decisão, salvo se

superior o período restante fixado para a sua permanência no País.

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CONCLUSAO

Este trabalho destacou a importância do Regime Aduaneiro Especial de

Admissão Temporária como recurso de atender as maiores demandas do

mercado globalizado e que impõem às empresas necessidades de maior competitividade.

Neste sentido, o trabalho mostrou a importância das instituições

nacionais no processo ao constatar a existência de mecanismos fiscais que

permitem ao contribuinte o não pagamento de determinados tributos ligados à

importação ou exportação. O objetivo maior é o interesse nacional em

fortalecer de forma estratégica os setores ou atividades da sua cadeia

produtiva, Esse é o entendimento da atual conjuntura vivida pelo Brasil, em que

é fato a necessidade de consolidar e ampliar as suas relações comerciais

internacionais, notadamente m=em setores reputados estratégicos, no

comercio global.

Inegável é a importância da admissão temporária na logística, no

desenvolvimento do País e para a competitividade das empresas, diminuindo custos administrativos e eliminando etapas intermediarias.

O papel da Aduana objetiva o controle aduaneiro da concessão,

administração e aplicação dos regimes aduaneiros.

Vimos que o Decreto-Lei 37/66 é a matriz legal do sistema normativo

aduaneiro. Vimos também que, atualmente, o Decreto 6.759/2009 consiste no nosso Regulamento Aduaneiro.

Quanto aos despachos aduaneiros de importação e exportação,

verificamos que existem duas modalidades de tratamento: os regimes comuns

e os regimes especiais, como por exemplo deste ultimo: Admissão Temporária,

Entreposto Aduaneiro, Drawback suspensão e isenção, exportação temporária,

Transito Aduaneiro dentre outros. Cada um deles com benefícios diferentes.

Nesse sentido se conceitua o Regime Aduaneiro Especial de Admissão

Temporária, como aquele a que a União permite a importação de bens que

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devam permanecer no País durante prazo fixado, com suspensão total ou

parcial do pagamento dos tributos decorrentes da importação, obedecendo determinados requisitos expressos nas normativas pertinentes ao assunto.

Na admissão temporária, fica em destaque que as condições básicas

para que o regime seja concedido são: constituição das obrigações fiscais em

Termos de Responsabilidade garantido ou não; utilização dos bens no prazo e

nas finalidades previstas; identificação dos bens na importação e exortação.

Caráter de temporariedade; bens exclusivamente de propriedade estrangeira, sem cobertura cambial e a sua perfeita adequação à finalidade.

Não foi escopo desta monografia proceder a um estudo aprofundado

acerca do regime aduaneiro de admissão temporária, porem apresenta-lo,

resumidamente em seus requisitos e suas características básicas, identificando

seus pontos comuns e aqueles que os distinguem no contexto das disposições

legais e finalmente normas administrativas disciplinadoras de tal regime.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009.

ALMEIDA, Paulo Roberto de. O mercado no contexto regional e internacional.

São Paulo: Aduaneiras, 1993

CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. São Paulo:

Aduaneiras, 1997, p.22.

CRETELLA JUNIOR, José. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro:

Forense, 2000.

DIALLO, Alfa Oumar. Tributação do Comércio Brasileiro e Internacional. São

Paulo: Editora Método, 2001.

SOSA, Roosevelt Baldomir. A Aduana e o Comércio Exterior. São Paulo:

Aduaneiras, 1995.

RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 8. Ed. São Paulo:

Aduaneiras, 1994.

LUZ, Rodrigo. Comércio internacional e legislação aduaneira, São Paulo:

Editora Elsevier. 2012 5ª ed.

BRASIL, Planalto do. CÓDIGO TRIBUTARIO NACIONAL. Lei nº 5.172, de 25

de out.1966. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm

Acesso em 26.02.2017.

BRASIL, Planalto do. Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966.

Disponivel em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0037.htm

Acesso em 26.02.2017. BRASIL. Receita Federal do. INSTRUÇÃO NORMATIVA, nº 1.415, de 4 de

dezembro de 2013. Disponível em

http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=48306&vis

ao=anotado Acesso em 26.02.2017

BRASIL, Receita Federal do. INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 1.600/2015, de

BRASIL. Disponível em

http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=48306&vis

ao=anotado Acesso em 26.02.2017

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 01

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 09

CAPITULO 1 – A EVOLUÇÃO DO DIREITO ADUANEIRO

1.1 Abordagem Histórica: O papel da Aduana ao longo dos tempos 12

1.2 O Direito Aduaneiro 14

1.3 Relação entre o Sistema Aduaneiro e o Comércio Exterior 16

1.4 A missão institucional do Direito Aduaneiro 19

1.5 Órgãos intervenientes do Comércio Exterior brasileiro 20

CAPITULO 2 – REGULAMENTO ADUANEIRO - PRINCIPAIS

ASPECTOS NORMATIVOS

2.1 O comércio exterior e o Decreto nº 6.759/2009 24

2.2 Da divisão do Regulamento Aduaneiro 25

2.3 Jurisdição Aduaneira 26

2.4 O Sistema Integrado de Comércio Exterior 29

2.5 Habilitação para importar e exportar no Siscomex -

Cadastro no Siscomex – RADAR 31

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2.6 Despacho de Importação e seu conceito 33

2.7 Regimes de Tributação e Tributos incidentes no

comércio exterior 37

2.8 Diferença entre Regime Aduaneiro Comum e o Regime

Aduaneiro Especial 40

CAPITULO 3 – O REGIME ADUANEIRO ESPECIAL

3.1 Trânsito Aduaneiro 44

3.2 Admissão Temporária 45

3.3 Admissão Temporária para aperfeiçoamento ativo 46

3.4 Drawback 46

3.5 Entreposto Aduaneiro 47

3.6 Entreposto Industrial sob controle informatizado 47

3.7 Exportação Temporária 48

3.8 Exportação Temporária para aperfeiçoamento passivo 48

3.9 Repetro 48

3.10 Repex 48

3.11 Loja Franca 49

3.12 Depósito Especial 49

3.13 Depósito Afiançado 49

3.14 Depósito Afiançado Certificado 50

3.15 Depósito Franco 50

CAPITULO 4 – O REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE ADMISSAO

TEMPORÁRIA

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4.1 Da admissão temporária 51

4.2 Da concessão do regime 52

4.3 Da garantia dos tributos suspensos 54

4.4 Da extinção do regime de importação 55

CONCLUSÃO 57

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59

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