60
2013/2014 Cláudia Sofia Ferreira e Sousa Lima dos Santos Doença de MachadoJoseph: do diagnóstico à terapêutica março, 2014

Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

2013/2014

Cláudia Sofia Ferreira e Sousa Lima dos Santos

Doença de Machado‐Joseph: do

diagnóstico à terapêutica

março, 2014

Page 2: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Neurologia

Trabalho efetuado sob a Orientação de:

Doutora Maria Carolina Lobo Almeida Garrett

Trabalho organizado de acordo com as normas da revista:

SINAPSE

Cláudia Sofia Ferreira e Sousa Lima dos Santos

Doença de Machado-Joseph: do

diagnóstico à terapêutica

março, 2014

Page 3: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,
Page 4: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,
Page 5: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

À memória da minha amiga

Mónica Castro

Page 6: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Doença de Machado‐Joseph: do diagnóstico à terapêutica Cláudia Santos1 1Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Alameda do Professor Doutor Hernâni Monteiro 4200-319, Porto Portugal Telem: 939306592 [email protected]

Page 7: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Doença de Machado‐Joseph: do diagnóstico à terapêutica

Cláudia Santos

Resumo

A doença de Machado-Joseph ou Ataxia Espinocerebelosa tipo 3 é uma ataxia

hereditária dominante que, apesar de rara, é a mais frequente em todo o mundo.

Existe uma elevada prevalência desta doença, inevitavelmente fatal, em algumas

regiões de Portugal com forte impacto na qualidade de vida dos doentes e seus

familiares.

Esta revisão teve como objetivo descrever diferentes aspetos da DMJ, tais como

características clínicas, neuropatologia, genética, mecanismo patogénico e

terapêuticas atualmente em desenvolvimento.

A DMJ caracteriza-se clinicamente pelo aparecimento tardio de ataxia cerebelosa

progressiva, oftalmoplegia, sinais piramidais, e em alguns casos sinais

extrapiramidais, principalmente distonia e neuropatia periférica. A nível patológico, os

doentes apresentam perda neuronal nos núcleos espinocerebelosos, cerebelo,

gânglios da base, ponte, mesencéfalo, bolbo raquidiano. Mais recentemente, foram

observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de

imagem revelaram atrofia da ponte, do bolbo raquidiano e do cerebelo, com o

consequente aumento do quarto ventrículo.

Esta doença é causada por uma mutação dinâmica no segmento (CAG)n do gene

MJD1/ATXN3 (Cr14q32.1), transmitida de uma forma autossómica dominante.

Indivíduos normais apresentam genes com 14-44 CAGs, enquanto que, indivíduos

doentes apresentam um segmento expandido de 54-86 CAGs. O número de

repetições CAG está diretamente relacionado com a gravidade da doença e

inversamente relacionado com a idade de início. A expansão de CAGs origina um

segmento expandido de glutamina na proteína ataxina-3, o que lhe confere

propriedades tóxicas e/ou perda da sua função biológica, por alteração da

Page 8: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

conformação normal da proteína e consequente agregação em inclusões

intracelulares. A ataxina-3 participa no controlo da homeostasia celular como enzima

de desubiquitinação, mas o seu papel na célula parece ser muito mais abrangente, o

que tem dificultado o esclarecimento do mecanismo patogénico subjacente a esta

patologia.

Vinte anos após a descoberta do gene MJD1/ATXN3, não existe ainda cura para a

DMJ. No entanto, aos doentes pode ser oferecido aconselhamento genético e

tratamento farmacológico para os diversos sintomas tais como depressão, alterações

do sono, parkinsonismo, dor e distonia. Os doentes podem ainda beneficiar de apoio

que lhes assegure uma melhor qualidade de vida, como por exemplo, fisioterapia,

terapia da fala e terapia ocupacional.

O grande número de trabalhos publicado nos últimos anos no sentido de descobrir o

mecanismo através do qual a DMJ se desenvolve e, da forma como poderá ser

travada a sua progressão, leva-nos a pensar que num futuro próximo será possível

tratar esta patologia bem como outras semelhantes.

Palavras-chave: Doenças de poliglutaminas, Doença de Machado-Joseph, Ataxia

espinocerebelosa tipo 3, ATXN3, ataxina-3, repetições de CAG

Correspondência com o autor:

Cláudia Santos

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Alameda do Professor Doutor Hernâni Monteiro

4200-319, Porto

Portugal

[email protected]

Page 9: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Machado‐Joseph Disease: from diagnosis to therapeutics

Cláudia Santos

Abstract

Machado-Joseph disease or Spinocerebellar Ataxia type 3 is a dominant hereditary

ataxia that although rare, is the most common worldwide. There is a high prevalence of

this inevitably fatal disease in some regions of Portugal with a strong impact on the

quality of life of patients and their families.

This review aims to describe different aspects of MJD, such as clinical features,

neuropathology, genetics, pathogenic mechanism and promising therapeutics.

MJD is clinically characterized by delayed onset of progressive cerebellar ataxia,

ophthalmoplegia, pyramidal signs, and in some cases extrapyramidal signs, such as

dystonia and peripheral neuropathy. Neuropathological studies reveal neuronal loss in

spinocerebellar nucleus, cerebellum, basal ganglia, pons, midbrain and medulla

oblongata. More recently, changes in other areas such as thalamus and the cerebral

lobes were observed. Imaging studies revealed atrophy of the cerebellum, pons and

medulla oblongata with a consequent increase of the fourth ventricle.

This disease is caused by a mutation in the dynamic segment (CAG)n of the

MJD1/ATXN3 gene (Cr14q32.1), transmitted in an autosomal dominant pattern. Normal

individuals have 14-44 CAGs, whereas MJD individuals have an expanded segment of

54-86 CAGs. The number of CAG repeats is directly related to the severity of the

disease and inversely related to the age of onset.

The expansion of CAGs results in an expanded polyglutamine tract in ataxin-3 protein

altering its normal conformation. The mutated protein gains toxic properties and/or loss

its biological function, and aggregates in intracellular inclusions. Ataxin-3 regulates

cellular homeostasis as a Deubiquitinating enzyme, but its role in cells seems far from

being completly understood, thus MJD underlying pathogenic mechanism remains

elusive.

Page 10: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Twenty years after the discovery of the gene MJD1/ATXN3 there is still no cure for

MJD. However, it can be offered to patients, genetic counseling, as well as,

pharmacological treatment for symptoms such as depression, sleep disturbances,

parkinsonism, dystonia and pain. Patients may also benefit from other support, such as

physical therapy, speech therapy and occupational therapy to ensure them a better

quality of life.

The large number of studies published in recent years in order to elucidate the

pathogenic mechanism in MJD and also how its progression can be stopped, lead us to

think that in the near future it will be possible to treat this and other related diseases.

Keywords: Polyglutamine diseases, Machado-Joseph Disease, Spinocerebellar ataxia

type 3, ATXN3, ataxin-3, CAG repeats

To whom correspondence should be addressed:

Cláudia Santos

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Alameda do Professor Doutor Hernâni Monteiro

4200-319, Porto

Portugal

[email protected]

Page 11: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Introdução

O genoma humano foi durante muito tempo considerado um património estável, sujeito

a recombinação meiótica e muito raramente a mutações. No entanto, há duas décadas

atrás, com a identificação das mutações responsáveis pelo síndrome do X-frágil (1-4)

e pela distrofia miotónica (5-8) este conceito foi alterado. Surpreendentemente, foi

descoberto que aquilo que se pensava ser meras repetições benignas de

trinucleotídeos, quando ultrapassam um determinado tamanho, podem estar

relacionadas com doenças graves. Desde então, diversas patologias têm sido

associadas a este tipo de mutações dinâmicas. Dentro das doenças causadas por

expansão de repetições o grupo das doenças de poliglutaminas é o mais comum.

Foram descritas até à data 9 doenças relacionadas com expansão de sequências de

poliglutamina nos respectivos genes: doença de Huntington (HD), atrofia muscular

espino-bulbar (SBMA), atrofia dentatorubropalidoluysiana (DRPLA) e as outras ataxias

espinocerebelosas tipo (SCAs) 1, 2, 3 (doença de Machado-Joseph), 6, 7 e 17 (9) (ver

tabela I). Todas estas doenças são caracterizadas por disfunção neuronal progressiva

que ocorre tipicamente na meia-idade e que resulta em neurodegeneração. Contudo,

existem sintomas clínicos específicos de cada patologia. As doenças de poliglutaminas

(poliQ) são todas herdadas de forma dominante com exceção da SBMA que se

transmite ligada ao cromossoma X. Nesta revisão será focada especificamente a

Doença de Machado-Joseph, a ataxia dominante mais comum, nos seus aspetos

clínicos, neuropatologia, genética, mecanismo patogénico e estratégias terapêuticas.

Doença de Machado-Joseph

1. Definição

A doença de Machado-Joseph (DMJ) (OMIM #109150) foi descrita, pela primeira vez,

em 1972 por Nakano em famílias originárias do arquipélago dos Açores, sendo mais

tarde encontrada em Portugal continental e em famílias sem ancestrais portugueses,

Page 12: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

nomeadamente americanas e japonesas. (10-15). A heterogeneidade clinica desta

patologia levou a que fosse durante vários anos descrita na literatura com diferentes

designações. Em 1978, Lima e Coutinho propõem o nome de doença de Machado-

Joseph (14) como forma de homenagearem as duas primeiras famílias descritas

“Machado” e “Joseph” e, assim unificarem as diferentes entidades clínicas descritas

anteriormente como Machado disease (10), degenerescência nigro-espino-dentada

com oftalmoplegia (11), Joseph disease (12) ou doença dos Açores (13). Mais tarde,

foi descrita uma ataxia autossómica dominante designada ataxia espinocerebelosa

tipo 3 (SCA3), tendo sido posteriormente demonstrado por estudos genéticos que esta

correspondia afinal à doença de Machado-Joseph (16-17). Assim, a DMJ passou a ser

referida como SCA3 em alguma literatura.

A DMJ apesar de ser uma doença rara é a ataxia dominante mais prevalente (0,3 -

2,0:100000) (18). A sua distribuição geográfica é alargada a todo o mundo com

frequência relativa elevada dentro das Ataxias Espinocerebelosas (SCA) em países

como Brasil (69-72%) (19-20); Portugal (58-74%) (21-22); Singapura (53%) (23); China

(49%) (24-25); Holanda (44%) (26); Alemanha (42%) (27) e, Japão (28-63%) (28-29).

Curiosamente, a prevalência difere consoante a região dentro de um mesmo país. Por

exemplo, em Portugal continental a MJD é relativamente rara 1:100000 (30), com

exceção da região do Vale do Tejo em que a prevalência é 1:1000 (31). No

arquipélago dos Açores particularmente na ilha das Flores foi encontrada a maior

prevalência a nível mundial 1:239 (32).

2. Aspetos clínicos

A doença de Machado-Joseph é uma doença de início tardio, manifestando-se em

média por volta dos 40 anos existindo, no entanto, uma grande variabilidade da idade

de início, tendo como extremos os 5 e os 73 anos (33). Os critérios de diagnóstico

clínico desta doença estão bem estabelecidos e comportam um vasto leque de

sintomas, dos quais o mais frequente é a ataxia cerebelosa progressiva. Os doentes

Page 13: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

apresentam inicialmente desequilíbrio, marcha de base alargada (ataxia), a que se

segue disartria, disfonia e perda de coordenação dos membros inferiores. A

descoordenação dos membros superiores aparece anos mais tarde. O segundo sinal

clínico mais comum é a oftalmoplegia, caracterizada inicialmente por dificuldades no

olhar para cima e da convergência e, anos mais tarde, por limitações no olhar lateral

(34). Em alguns doentes é igualmente observada uma retração palpebral que dá

origem ao aspeto de “olhos arregalados”. Outras alterações oculares igualmente

frequentes e precoces são o nistagmo, presente em 88% dos doentes (35) e a diplopia

(30). Os sinais piramidais são também bastante frequentes, incluindo hiperreflexia,

sinal de Babinski e espasticidade. Além destes, os doentes podem apresentar em grau

variável, sinais extrapiramidais, principalmente distonia, e sinais periféricos, que

podem ir desde a mera ausência de reflexos aquilianos até a atrofias musculares mais

ou menos pronunciadas. Um estudo recente revelou que a fadiga é um sintoma

comum a 60% dos doentes e agrava-se com a evolução da doença (36). A dor crónica

manifesta-se em 50% dos doentes e embora possa ter múltiplas etiologias, muscular,

neuropática ou devido à distonia, na maioria dos casos é de etiologia multifactorial.

Outras manifestações clinicas menos comuns incluem retinopatia, atrofia ótica,

alterações esfinctéricas, hiposmia, epilepsia, caimbras, distúrbios cognitivos e

comportamentais. Distúrbios do sono também podem ocorrer na DMJ e incluem o

distúrbio do sono REM presente em 50% dos doentes, sonolência diurna em 60%,

apneia do sono, insónia, e o síndrome das pernas inquietas presente em 55% dos

doentes (37-43). A depressão é uma manifestação psiquiátrica que poderá estar

subestimada na DMJ. Estas manifestações clinicas não motoras, não descritas

inicialmente, podem ser explicadas pelo facto de existir degenerescência de estruturas

não cerebelosas na DMJ, tal como nos gânglios da base, córtex cerebral, mesencéfalo

ou ponte. Para além disso, sabe-se hoje que, o cerebelo possui outras funções para

além da coordenação motora.

Page 14: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Existem atualmente pelo menos 30 diferentes tipos de ataxia hereditária dominante.

Geralmente estas ataxias são espinocerebelosas (SCAs) e vão sendo numeradas à

medida que os seus loci vão sendo descobertos. Este enorme número de SCAs, são

um desafio diagnóstico para qualquer neurologista, mais ainda, quando cada uma

delas apresenta uma variabilidade fenotípica considerável. Contudo, os doentes DMJ

quando comparados com doentes com outras formas hereditárias de ataxia dominante

manifestam sintomas distintivos que podem auxiliar o seu diagnóstico. Por exemplo,

apresentam geralmente características mais sugestivas de doença extrapiramidal (44)

o que pode ser explicado por um maior envolvimento dos gânglios basais. Em alguns

casos, conforme foi referido anteriormente, apresentam bradicinesia, rigidez, distonia e

tremor muito semelhantes a um doente com Parkinson (45). A espasticidade grave e

neuropatia periférica pronunciada estão também mais associadas à DMJ do que a

outras ataxias dominantes. Particularmente na doença de início mais tardio, a

neuropatia axonal periférica pode ser proeminente e por vezes acompanhada por

amiotrofia e fasciculações (46), o que revela que os danos no sistema nervoso

periférico dependente da idade são precoces na DMJ. Outra característica que ocorre

mais frequentemente na DMJ do que em outras SCAs é a presença de “olhos

arregalados” por combinação da retração das pálpebras e diminuição dos movimentos

palpebrais (30). O síndrome das pernas inquietas é também mais frequente na DMJ e

normalmente manifesta-se pela ausência de atonia muscular durante os sonhos Esta

pode mesmo ser a única manifestação da doença em casos menos graves (40). Os

movimentos coreicos, são caraterísticos da doença de Huntington mas podem ser

encontrados em ataxias como a SCA1, SCA17 ou DRPLA mas não na DMJ. A

mioclonia pode ser detetada mais frequentemente na SCA2, SCA14, SCA19 ou

DRPLA, a retinopatia pigmentar e cegueira estão associadas à SCA7, a discinesia

ocular à SCA10 e a ataxia cerebelar “pura” com nistagmo vertical é característica da

SCA6. A epilepsia é mais frequente na SCA10, SCA17 e DRPLA (47). Um dado

importante no diagnóstico diferencial da DMJ é que a capacidade cognitiva se mantém

Page 15: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

preservada nestes doentes mesmo em estadios avançados da doença, ou seja,

embora possam ocorrer défices cognitivos ligeiros, a demência ou alterações

cognitivas graves raramente ocorrem. Pelo contrário, na SCA17 os doentes sofrem de

problemas cognitivos graves. Existem, portanto, algumas particularidades que

permitem ao neurologista distinguir clinicamente algumas das ataxias. Mesmo entre

doentes com DMJ é notória a grande variabilidade clínica o que, inclusivamente,

originou alguma controvérsia desde as primeiras descrições que, como se referiu, a

definiram como entidades clínicas diferentes. Foi, assim, necessário organizar uma

classificação em subtipos com o objetivo de tornar a prática clínica mais eficaz em

termos de diagnóstico (15). Na classificação proposta por Lima e Coutinho, o subtipo 1

apresenta uma idade de início menor (menos de 20 anos), com um rápido e mais

grave percurso da doença que associa a ataxia cerebelosa e a oftalmoplegia com

sinais piramidais graves (rigidez e espasticidade) e extrapiramidais (bradicinesia e

distonia). O subtipo 2 é o mais comum, e corresponde a um estado intermédio em

termos de gravidade e idade de início (20 a 50 anos), caracterizando-se pelos

tradicionais sintomas de ataxia cerebelosa e oftalmoplegia com ou sem sinais

piramidais, podendo ser considerada a forma inicial e transitória da doença que pode

ou não evoluir para o subtipo 1 ou subtipo 3. O subtipo 3 é uma forma de início mais

tardio (40 a 75 anos), com uma progressão lenta, apresentando ataxia cerebelosa e

oftalmoplegia, associadas a sinais periféricos mais marcados tais como neuropatia

motora e atrofia muscular. Posteriormente, foi descrito um subtipo 4 mais raro, que

corresponde a doentes com a doença de Machado-Joseph associada a parkinsonismo

que inclusivamente podem responder a L-dopa (45, 48). Finalmente foi descrito um

subtipo 5 muito raro, em que os doentes apresentam paraplegia espástica pura (49).

A sobrevida média na DMJ é de 21 anos, acabando os doentes por falecer devido ao

alectuamento prolongado, pneumonia de aspiração ou asfixia (30).

Page 16: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

3. Patologia e neuroimagem

Macroscopicamente os cérebros de doentes DMJ pesam significativamente menos

que os cérebros de indivíduos sem patologia (50-51). É igualmente notória a

despigmentação da substantia nigra e atrofia do cerebelo, ponte, bolbo raquidiano e

nervos cranianos II a XII (30, 33, 51-52).

Estudos neuropatológicos convencionais documentaram perda neuronal nos núcleos

espinocerebelosos, cerebelar denteado, pálido, subtalâmico, rubro, pôntico, vestibular,

substancia nigra e, coluna de Clarke (12, 14, 30, 51-54). Segundo estes estudos a

lesão da matéria branca está confinada ao lemnisco medial, trato espinocerebelar e

colunas dorsais (51-52, 54).

Estudos de neuropatologia utilizando técnicas não convencionais mostraram

degeneração em outros locais não descritos anteriormente, nomeadamente na

substância cinzenta de múltiplas áreas envolvendo a ansa motora

cerebelotalamocortical, a ansa motora gânglio basal-talamocortical, vários sistemas:

visual, auditivo, somatossensorial, oculomotor e vestibular, região do tronco cerebral

relacionado com a ingestão e pré-cerebelar, sistema pôntico noradrenérgico e sistema

dopaminérgico e colinérgico do mesencéfalo e núcleo reticular talâmico GABAérgico

(55). A degeneração da substância branca é pouco acentuada e foi apenas observada

no cerebelo, medula espinal e tronco cerebral (55).

A característica mais frequentemente encontrada na RMN de DMJ é o aumento do

quarto ventrículo. Estudos volumétricos utilizando RMN revelaram a atrofia da ponte,

cerebelo, pedúnculo médio e superior do cerebelo, dos gânglios da base (putamen,

caudado e globo pálido), alterações do diâmetro ântero-posterior e transverso do

mesencéfalo e do diâmetro ântero-posterior do bolbo raquidiano (56-60). A utilização

de uma nova técnica de imagem associada à RMN ajudou a clarificar o envolvimento

do tálamo na DMJ (61). Estudos de espectroscopia RM mostraram ainda alterações

metabólicas na substância branca sugerindo disfunção neuronal e axonal extensa

(62). A utilização da glucose pelos hemisférios cerebelares, tronco cerebral e córtex

Page 17: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

cerebral é deficitária, e pode ser detetada por PET em portadores da DMJ mesmo

antes de manifestarem os sinais clínicos, o que sugere a existência de uma atividade

pré-clinica da doença (63). Outras alterações detetáveis por PET com 18F-fluorodopa

revelaram diminuição da ligação do transportador da Dopamina em regiões como

cerebelo, tronco cerebral e sistema dopaminérgico nigro-estriado e curiosamente no

córtex cerebral e no estriado (58).

Nos cérebros de doentes DMJ podem ser encontrados agregados proteicos em três

diferentes locais da célula. Foram detetadas inclusões intranucleares (IN) em diversas

regiões do encéfalo de doentes DMJ, principalmente na ponte, mas também no

tálamo, substancia nigra, e mais raramente no estriado (64-65). Estas inclusões

contêm a proteína ataxina-3 (ATXN3) envolvida na DMJ, juntamente com outras

proteínas, tais como, ubiquitina e proteínas ubiquitinadas, fatores de transcrição,

proteínas contendo cadeias poliglutaminas, sub-unidades do proteassoma e proteínas

de Heat-shock (HSP) (64-71). Ao contrário do que inicialmente se pensava, a

presença das IN pode ocorrer não só em zonas afetadas pela neurodegeneração mas

também em regiões do encéfalo geralmente poupadas (55, 72-73). Assim, apesar das

IN serem um marcador da DMJ o seu papel preciso nesta patologia continua por

esclarecer. São igualmente observadas inclusões citoplasmáticas contendo a proteína

ATXN3 mutada em regiões do encéfalo onde geralmente também se observam IN (72,

74-75). Estas inclusões são negativas para a ubiquitina e consistem em grânulos de

1,5 µm de diâmetro. Agregados da proteína mutada podem, também, ser observados

em fibras nervosas que degeneram na DMJ e contêm as proteínas ubiquitina e p62 e

sub- unidades do proteassoma, podendo por isso ser prejudiciais para o transporte

axonal e assim contribuírem para a degeneração das células nervosas (76).

Page 18: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

4. Genética da DMJ

4.1 Gene MJD1/ATXN3

Em 1993 foi mapeado o gene MJD1, atualmente designado gene ATXN3 no

cromossoma 14q24.3-q32.1 em famílias japonesas (77), confirmando-se mais tarde

essa localização em famílias açorianas (78). O gene ATXN3 foi clonado em 1994 (79),

possuindo uma sequência de repetições do trinucleotídeo CAG que se encontra

expandida nos doentes DMJ (79-81). O segmento de trinucleotídios CAG é bastante

polimórfico, apresentando os indivíduos normais entre 12 e 44 CAGs, e os indivíduos

com DMJ entre 54 e 86 CAGs (31). Casos de alelos de tamanho intermédio foram já

descritos, mas são muito raros. Os alelos intermédios provavelmente têm penetrância

incompleta e não parecem associar-se a sintomas da doença ou então associam-se

apenas a manifestações menos graves de ataxia, como o síndrome das pernas

inquietas ou disautonomias (31, 82-85). A confirmação de que alelos entre 44 e os 54

CAG possam estar associados à presença de sintomas associados à DMJ poderá

levar à alteração dos intervalos de repetições CAGs patológicos inicialmente

propostos.

Apesar do gene MJD1/ATXN3 ter sido clonado em 1994, apenas em 2001 foi

determinada a estrutura da sua sequência genómica, que compreende 48240 bp,

incluindo 11 exões (86). A sequência repetitiva de CAGs encontra-se no exão 10.

Foram inicialmente detetados quatro transcritos, expressos ubiquamente, com

diferentes tamanhos - 1.4, 1.8, 4.5, e 7.5 kb que resultam provavelmente de splicing

alternativo dos exões 2, 10 ou 11 e da utilização de diferentes sinais de poliadenilação

(79, 86-87). Com a análise das sequências dos clones de cDNA provou-se a

existência de pelo menos 5 produtos do gene ATXN3: o primeiro clone inicialmente

descrito, MJD1a (79), utiliza o exão 10 como local de terminação a 3´. Outros clones

de cDNA MJD1-1 e MJD5-1 foram descritos por Goto (87) e utilizam o exão 11 como

região 3´ terminal. A diferença entre os clones MJD1-1 e MJD5-1 reside na utilização

de diferentes sinais de poliadenilação. O clone MJD2-1 também descrito por Goto

Page 19: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

utiliza o exão 10 como local de terminação 3´ e contém, relativamente ao cDNA

MJD1a, uma alteração do codão stop (TAA/TAC1118), um polimorfismo frequente na

população (88). O clone H2 salta o exão 2, provavelmente por splicing alternativo

mantendo, no entanto, um quadro de leitura idêntico ao clone MJD1-1 (86).

Um estudo recente realizado a partir de amostras de sangue periférico mostrou a

presença de dois novos exões no gene ATXN3 (6a e 9a) e, ainda, 50 novos

transcritos, dos quais 20 com probabilidade de tradução em diferentes isoformas

proteicas (89). No futuro, é ainda necessário provar a existência destas variantes no

SNC e, ainda, demonstrar o seu nível de expressão nos diferentes tecidos, bem como,

determinar a sua relevância funcional e contribuição diferencial para a patologia da

DMJ.

4.2 Transmissão genética e diagnóstico

A DMJ é transmitida de forma autossómica dominante, o que significa que basta que

um dos progenitores (independentemente do sexo) seja portador da mutação para que

haja um risco de 50% de os seus filhos ou filhas serem afetados.

Na DMJ tal como noutras doenças de repetições de nucleotídeos, ocorre uma

correlação inversa entre o tamanho da repetição, a idade de início da doença, e a

tendência para uma expansão maior da repetição patogénica em gerações sucessivas

(34, 46, 80). Este fenómeno designado por Antecipação explica-se pelo facto de existir

instabilidade genética da repetição de CAG entre gerações. Ou seja, o número de

repetições pode ser diferente entre pais e filhos, existindo inclusivamente maior

tendência para expandir quando o alelo mutado transmitido é paterno. O alelo normal

geralmente é estável entre gerações. O alelo expandido apresenta também alguma

instabilidade somática, ou seja, apresenta diferentes tamanhos de repetições CAG em

diferentes tecidos, fenómeno designado por mosaicismo somático. Contudo a

presença de repetições maiores não está preferencialmente associado a locais do

cérebro afetados (90).

Page 20: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Apesar de estar bem estabelecida uma forte correlação entre o tamanho da repetição,

a gravidade da doença e a idade de inicio, ou seja quanto maior for o tamanho da

repetição mais grave serão os sintomas e mais precoce será o seu aparecimento. Hoje

sabe-se que deverão existir outros fatores modificadores genéticos e/ou ambientais

que podem contribuir para as diferenças clínicas encontradas entre doentes.

Curiosamente, na DMJ parece haver um efeito de dose, já que doentes apresentando

dois alelos expandidos, ou seja homozigóticos para a mutação têm uma idade de

início mais precoce e um fenótipo mais grave (91-96).

Após a descoberta da sequência do gene ATXN3 passou a ser possível confirmar

molecularmente o diagnóstico clínico da DMJ através da determinação do número de

(CAG)n utilizando a técnica de polymerase chain reaction (PCR). Atualmente, estão

disponíveis testes genéticos para doentes e indivíduos pré-sintomaticos que

pertencem a famílias com doentes DMJ. Em alguns países como Portugal podem ser

oferecidos aos casais em risco testes pré-natal ou pré-implantatorio para que possam

fazer as suas escolhas relativamente à sua descendência já que, conforme foi referido

anteriormente, a probabilidade de terem um filho afetado é de 50%. Indivíduos que

desejarem realizar os diferentes testes genéticos deverão simultaneamente ser

encaminhados para consultas de aconselhamento genético e avaliação psicossocial

seguindo protocolos internacionais. Este aconselhamento torna-se particularmente

importante em doenças dominantes de início tardio que permanecem sem tratamento

pois o apoio médico, psicológico e psicossocial pode contribuir grandemente para a

alteração da qualidade de vida dos doentes e dos seus familiares.

5. Proteína ATXN3

O gene ATXN3 codifica a proteína ataxina-3 (ATXN3), uma proteína de apenas 42

kDa. Esta proteína apresenta um segmento variável de glutaminas na região C-

terminal que corresponde ao segmento CAG do gene ATXN3 (79), cuja expansão está

associada à DMJ. A ATXN3 está conservada em vários organismos eucariotas

Page 21: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

incluindo plantas (97-98), no entanto, apenas a proteína humana contém uma cadeia

de glutaminas longa o que indica que esta não é essencial para a função da proteína.

5.1 Isoformas da proteína ATXN3

As isoformas mais representativas da proteína ATXN3 distinguem-se por terem

diferentes regiões carboxílicas, e são atualmente designadas 2UIM e 3UIM. A primeira

é uma variante de splicing que corresponde ao clone MJD1a inicialmente descrito que

inclui 10 exões (79), e contém um domínio Josephin, dois motivos de interação com a

ubiquitina, a cadeia de poliglutaminas e uma região C-terminal hidrofóbica. Esta

variante pode conter mais 16 aminoácidos dependendo da ausência de um codão stop

prematuro devido a um polimorfismo muito frequente na população e passa a

designar-se 2UIM-long. A isoforma 3UIM foi descrita por Goto e corresponde a uma

variante de splicing MJD 1-1 que contém 11 exões e apresenta mais um UIM na região

carboxílica (87). A isoforma 3UIM é largamente expressa (65) e é a principal isoforma

encontrada a nível do encéfalo (99). Um estudo recente revelou que as duas principais

isoformas, 2UIM e 3UIM, partilham a mesma função de desubiquitinação in vitro.

Contudo, a variante 2UIM agrega mais facilmente e é mais rapidamente degradada

pelo proteassoma. Estes dados indicam que sequências de aminoácidos diferentes

conferem propriedade distintas às variantes proteicas da ATXN3, o que associado ao

facto da sua expressão ser também diferenciada pode explicar porque só uma

população específica de neurónios é afetada na DMJ.

5.2 Padrão de expressão

A ATXN3 apresenta uma expressão ubíqua, ou seja, encontra-se distribuída tanto no

SNC como em outros tecidos do organismo (65, 97, 100-104). A nível celular a ATXN3

pode ser encontrada no citoplasma e no núcleo (65, 101, 103, 105). Atualmente,

existem dados que apoiam o facto da proteína normal se encontrar sobretudo no

citoplasma, embora também seja possível a sua localização nuclear. A presença da

Page 22: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

proteína mutada no núcleo é essencial para a patogénese da doença (106-107), nesse

local encontra-se em inclusões nucleares e é completamente imóvel formando

verdadeiros agregados (64-65, 108).

A presença da proteína no núcleo pode ser explicada pela existência de possíveis

sinais de localização nuclear (NLS) na proteína ATXN3 nos resíduos 282-285 e/ou

273-286, este último confirmado por estudos funcionais (109). Uma vez no núcleo, a

ATXN3 associa-se à matriz nuclear (103). Na proteína existem igualmente vários

possíveis sinais de exportação nuclear (NES) que poderão opor-se à atividade dos

NLS, o que explica a presença da proteína normal sobretudo no citoplasma.

5.3 Estrutura e domínios

A região N-terminal da ATXN3 tem conformação globular e compacta, sobretudo em α-

hélice, em contraste com uma porção C-terminal, contendo as poliglutaminas mais

flexível, destruturada e desorganizada (110-112).

A região N-terminal encontra-se bastante conservada e contém um domínio Josephin,

comum a 30 proteínas de diferentes espécies. Hofmann e os seus colaboradores

através de um estudo bioinformático propuseram, pela primeira vez, que a ataxina-3

está estruturalmente relacionada com uma classe de proteases específicas da

ubiquitina assumindo a mesma conformação das famílias de proteases UCH (Ubiquitin

C-terminal hydrolase) e UBP (Ubiquitin specific protease), o “papain fold” (113). Este

mesmo estudo mostrou que a ATXN3 mantém conservado o local de atividade

catalítica destas proteases e permitiu prever que o domínio Josephin contém um local

catalítico de protease cisteínica (Q9-C14-H119-N134), provavelmente envolvido na

proteólise da ubiquitina, ou seja na hidrólise de ligações isopeptídicas entre

monómeros de ubiquitina ou entre a ubiquitina e outras proteínas (113), observação

posteriormente confirmada experimentalmente (112, 114-116). Assim, a ATX3 em

conjunto com as restantes proteínas contendo o motivo Josephin foram agrupadas

numa nova classe de enzimas de desubiquitinação (DUBs).

Page 23: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Foi posteriormente demonstrado que o domínio Josephin é constituído por dois

subdomínios, um catalítico e globular e outro com uma conformação essencialmente

em gancho helicoidal (helical hairpin) (115-116). O domínio Josephin apresenta na sua

superfície dois locais de ligação para a ubiquitina, o primeiro entre os dois

subdomínios e o segundo contíguo mas na face oposta (117). A importância estrutural

do domínio Josephin originou estudos da sua estabilidade conformacional e tendência

para agregar. Um resultado surpreendente provou que este domínio apresenta um

comportamento semelhante ao da ATXN3, no que diz respeito à estabilidade e às

propriedades de agregação, ou seja, uma transição conformacional de α para β

associada à agregação e dependente da temperatura e concentração (111).

A região C-terminal da ATXN3 é parcialmente desorganizada, sobretudo na região que

contém o segmento poliglutaminas, mas com elevado conteúdo de estrutura

secundária nas regiões onde estão localizados os motivos de interação com a

ubiquitina (UIMs), que se sabe serem em α-hélice (110, 112). Os domínios UIMs foram

inicialmente encontrados na subunidade S5a (Rpn10) do complexo 19S do

proteassoma, e estão conservados nos vários ortólogos da ATXN3, o que sugeriu a

sua relevância na função normal da proteína. Na ataxina-3, existem dois UIMs

localizados antes do segmento de glutaminas, e um outro localizado após o segmento

de glutaminas apenas presente na variante proteica 3UIM (118-119).

5.4 Função e interações

Apesar do número crescente de trabalhos publicados nos últimos anos tendo como

objetivo o esclarecimento das propriedades biológicas da ATXN3, a sua exata função

permanece por determinar. As hipóteses propostas para a função da ATXN3 são as

seguintes:

(i) vários estudos indicam que a ATXN3 pertence a uma classe de proteases da

ubiquitina também designadas de enzimas de desubiquitinação (DUBs). As enzimas

DUB estão implicadas na remoção de monoubiquitina ou poliubiquitinas de proteínas

Page 24: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

alvo e também na separação das ligações entre monómeros de ubiquitina. O processo

de ubiquitinação é um mecanismo através do qual a célula regula várias atividades

celulares, nomeadamente a degradação de proteínas misfolded e proteínas de semi-

vida curta pelo proteassoma, a reparação do DNA, a remodelação da cromatina e o

ciclo celular e vias de sinalização. A ATXN3 liga-se a cadeias com mais de 4

ubiquitinas através dos seus dois primeiros UIMs que atuam de uma forma sinérgica

(114, 119-122). Foi demonstrado que nos neurónios, a ATXN3 liga-se a proteínas

poliubiquitinadas, mais uma vez, de uma forma dependente dos UIMs (123). Quando

os seus UIM estão mutados a capacidade de ligação à ubiquitina é perdida. Foi

demonstrado in vitro que a ATXN3 pode clivar cadeias de poliubiquitina de substratos

ubiquitinados, bem como, separar monómeros de ubiquitina de cadeias de

poliubiquitina. Esta atividade de desubiquitinação é perdida após mutação da cisteína

14 do local catalítico (112, 114-116). Foi ainda possível verificar o aumento de

proteínas poliubiquitinadas em ratinhos KO para a ATXN3 e em células expressando a

proteína inativa (123-124). Vários resultados sugerem que a ATXN3 funciona como

protease na edição das cadeias de ubiquitina, ou seja encurta o tamanho dessas

cadeias em vez de as remover totalmente do substrato alvo (114, 125-127). Desta

forma, é proposto que como DUB a ATXN3 recruta as proteínas poliubiquitinadas

através dos seus UIMs que juntamente com o local 1 de ligação à ubiquitina situado no

domínio Josephin posicionam corretamente as cadeias de ubiquitinas que serão assim

expostas ao local catalítico do domínio Josephin responsável pela sua proteólise. O

facto de não terem sido ainda encontrados o(s) substrato(s) alvo da desubiquitinação

da ATXN3 limita de certa forma o seu enquadramento preciso neste mecanismo

celular.

(ii) Diversas evidências associam a ATXN3 com a via da ubiquitina-proteassoma, por

exemplo, a inibição do proteassoma origina a coprecipitação de proteínas

poliubiquitinadas juntamente com a ATXN3 (119, 121).

Page 25: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Adicionalmente, as diferentes isoformas da proteína podem ligar-se ao proteassoma e

a duas proteínas- hHR23 e VCP- implicadas no transporte de substratos para o

proteassoma para posterior degradação (120). Os homólogos humanos -hHR23A e

hHR23B - da proteína de levedura RAD23 interatuam com a ATXN3 através do

domínio ubiquitin-like (UBL) (128). As proteínas hHR23A e hHR23B ligam-se ao 2º

local de ligação à ubiquitina presente no domínio Josephin da ATXN3 (115, 128). As

hHR23 interatuam ainda com a subunidade S5a do proteassoma (Rpn10) (129); ligam-

se à ubiquitina (130-131), a cadeias de poliubiquitina (132) e a proteínas

poliubiquitinadas (133). A ATXN3 através da sua região C-terminal liga-se à VCP

(valosin-containing protein)/p97, uma ATPase AAA envolvida no controlo da divisão

celular, na fusão membranar, transporte vesicular e na via de degradação ubiquitina-

proteassoma (120, 134-136). Foi assim proposto que a ATXN3 participaria num

complexo que transporta proteínas para o proteassoma com vista à sua degradação.

Adicionalmente, foi proposta que esta função possa estar relacionada em particular

com a degradação de proteínas associada com o retículo endoplasmático (ERAD). O

ERAD é o mecanismo através do qual ocorre a ubiquitinação de proteínas com

defeitos de conformação ou elementos não complexados das vias de secreção que

são exportadas do retículo endoplasmático (RE) para o citosol para serem degradadas

pelo proteassoma. Sabe-se que o complexo VCP/ATXN3 interatua com componentes

da membrana do RE controlando a exportação e a degradação de proteínas misfolded

do RE (137-138). Foi assim porposto que o complexo VCP/ATXN3 pode servir para

transferir substratos poliubiquitinados, após terem sido editados pela ATXN3,

diretamente para o proteossoma ou para outras proteínas transportadoras tal como a

hHRAD23A/B (120, 128).

Outro aspeto interessante que tem vindo a ser estudado é o possível envolvimento da

ATXN3 na regulação da formação de agressomas de uma forma dependente da sua

atividade DUB (125, 139). Estes agressomas correspondem a proteínas misfolded

agregadas junto ao centro organizador dos microtúbulos (MTOC). Os agressomas são

Page 26: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

de extrema importância sempre que o proteassoma não consegue lidar com as

proteínas misfolded já que permitem que estas possam ser degradas pelos lisossomas

contribuindo assim para a manutenção da homeostasia celular. A interação da ATXN3

com outros componentes implicados na organização do agressoma tais como, dineina,

HDAC6 (Histone deacetylase 6 inhibition), PLIC1 (protein linking IAP to the

cytoskeleton) e microtúbulos apoiam a importância da ATXN3 neste processo celular

(125, 139-140). Estes dados apontam para o envolvimento da ATXN3 em mecanismos

de controlo de qualidade celular reconhecendo-a como uma proteica neuroprotetora,

seja como transportadora de substratos para o proteossoma ou como DUB.

(iii) A ATXN3 é capaz de regular a transcrição. A regulação da transcrição pode ser

feita por diversos mecanismos já que a ATXN3 interatua com inúmeros reguladores da

transcrição como por exemplo: TATA box binding protein (TBP)-associated factor 4

(TAF4); com os ativadores da transcrição CBP, P300 e PCAF; Nuclear receptor co-

repressor (NCoRI); Histone deacetylase (HDAC) 3 e 6; Forkhead box O (FOXO) e

hHRAD23A/B. Assim, pode inibir a transcrição por ligação a ativadores da transcrição

CBP, P300 e PCAF impedindo a acetilação do DNA (141-142). Por outro lado, esta

proteína pode inibir diretamente a transcrição in vivo, impedindo a acetilação de

histonas, uma vez que ao ligar-se às histonas H3 e H4 pode bloquear o acesso dos

co-ativadores aos locais de acetilação (142). A ATXN3 interatua igualmente com dois

repressores da transcrição HDAC3 (histone deacetylase 3) e NCor (nuclear receptor

corepressor) promovendo a desacetilação de histonas e a consequente inibição da

transcrição (143).

Estudos recentes revelaram que a ATXN3 para além de estar envolvida na

homeostasia celular, e na regulação da transcrição pode ainda participar em outros

mecanismos celulares tais como miogénese ou organização do citoesqueleto, (140,

144). Contudo, é possível que a proteína esteja envolvida nestes diversos

mecanismos apenas de uma forma indireta, já que participando em mecanismos de

controlo de qualidade da célula como DUB ou como proteína transportadora de

Page 27: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

proteínas para o proteassoma, ela inevitavelmente vai interferir com a semi-vida de

diferentes proteínas que fazem parte de diversos mecanismos celulares.

6. Mecanismo patogénico

Foram descritas 9 doenças relacionadas com expansão da sequência de poliglutamina

nos respetivos genes (9) (ver tabela I). Não foi, até à data, esclarecido o mecanismo

patogénico subjacente a esta classe de doenças, mas diversos estudos em modelos

celulares e animais revelaram que são causadas pela presença da expansão do

segmento de glutaminas (poliQ) (9). Existem aspetos partilhados por todas as doenças

de glutaminas que sugerem a existência de um mecanismo patogénico comum: (I) As

proteínas envolvidas nas doenças de glutaminas não possuem qualquer característica

comum entre elas, para além do segmento de poliglutamina; (II) quanto maior o

tamanho da repetição mais graves são os sintomas da doença; (III) existe uma

correlação inversa entre o tamanho da repetição e a idade de início da doença; (IV)

apresentam inclusões intracelulares, predominantemente intranucleares (IN) que

correspondem a agregados insolúveis contendo as proteínas mutadas ubiquitinadas;

(V) as poliglutaminas mesmo fora do seu contexto proteico particular induzem

neurodegeneração em modelos celulares e animais. Apesar das semelhanças acima

mencionadas, algo que continua a intrigar os investigadores interessados neste grupo

de patologias, é o facto de o leque de sintomas que as caracteriza ser distinto, bem

como, o padrão de degeneração neuronal.

Na DMJ pensa-se que o segmento PoliQ é o fator precipitante da doença mas outros

fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento e especificidade, tais como:

contexto génico onde se localiza a expansão, expressão temporal e espacial da

proteína ATXN3, perda da sua função biológica e alteração das suas interações

proteicas (145).

Page 28: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Seguidamente, irão ser considerados alguns dos mecanismos patogénicos proposto

para a DMJ, os quais, não sendo mutuamente exclusivos, podendo ocorrer em

simultâneo ou funcionarem como uma sequência de fenómenos ao longo da vida.

6.1 Misfolding e Inclusões Nucleares

A ATXN3 contendo um segmento expandido de poliglutamina apresenta uma

conformação anormal, o que lhe confere propriedades tóxicas e a capacidade de

precipitar no interior da célula (146). As inclusões intracelulares foram detetadas nas

diferentes doenças de glutaminas e aparentemente correlacionam-se com o tamanho

de CAGs e a gravidade da doença (64, 66, 147-148). As proteínas mutadas são

ubiquitinadas (64, 66) e, quando presentes no núcleo, recrutam subunidades do

proteassoma formando agregados nucleares (67-68, 70). Este facto indicia o

envolvimento do sistema ubiquitina-proteassoma (UP) no processo patogénico,

provavelmente na tentativa de degradar as proteínas misfolded.

Em linhas celulares e organismos modelo, a toxicidade das cadeias poliQ pode ser

revertida pela sobreexpressão de chaperones (68, 70, 149-153), sugerindo, uma vez

mais, que a célula ativa mecanismos de refolding, eliminação e/ou desagregação das

proteínas que contenham expansão de poliglutaminas. Contudo verificou-se que a

distribuição das IN em tecidos de doentes com DMJ nem sempre corresponde à

distribuição da patologia (154-159).

Assim, se inicialmente parceria óbvio que os agregados eram tóxicos, atualmente

coloca-se a hipótese de estes serem uma forma de diminuir os níveis da forma difusa

das proteínas mutadas. Na doença de Huntington, Arrasate e colaboradores

mostraram que a formação de corpos de inclusão (citoplasmáticos ou nucleares)

provocava a diminuição da forma difusa da huntingtina e prolongava a sobrevida dos

neurónios (160). Bevivino e Loll mostraram, in vitro, que a ATXN3 com expansão de

glutaminas formava rapidamente fibrilas em forma de folha β tipo amiloide (161-163).

Nesse processo são formados vários elementos intermédios como pequenos

Page 29: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

agregados, monómeros ou oligómeros que, atualmente se julga ser as verdadeiras

entidades tóxicas e não agregados macromoleculares como inicialmente se pensava

(164). Posteriormente, verificou-se que quer a variante normal da ATXN3 quer o

domínio Josephin têm tendência para agregar em determinadas condições

desestabilizadoras (111, 165-168). Isto sugere que o ambiente proteico em que o

segmento de glutaminas se insere, e não apenas o segmento de glutaminas, possa ter

interferência no processo de agregação. O domínio Josephin apresenta tendência

intrínseca para auto-associação através dos seus locais de ligação à ubiquitina e pode

constituir um primeiro passo para a alteração da conformação da proteína e modelar a

agregação quer da proteína mutada quer da normal. De facto, julga-se que os

agregados formados pela proteína mutada são insolúveis, mais estáveis e mais

rapidamente formados, enquanto que, os agregados formados pela proteína normal

são solúveis, instáveis e facilmente degradados pelos sistemas de controlo celular.

Apesar de, os dados atuais demonstrarem que as inclusões nucleares não são por si

só as causadoras de citotoxicidade, a verdade é que a redistribuição do proteassoma

e de chaperones para os agregados pode ter como consequência a ausência destes

elementos nos locais da célula onde são normalmente necessários, um aspeto que

poderá ser fundamental no mecanismo patogénico. Um outro factor eventualmente

relevante para a patogénese é a presença nos agregados da proteína normal e de

outras proteínas que contêm um segmento de glutaminas como, por exemplo, fatores

de transcrição que, desta forma, se tornariam limitantes no interior da célula (78, 119,

141, 169-172). Recentemente, foi demonstrado que a presença de agregados nos

axónios pode bloquear o transporte axonal, indicando que o papel das inclusões na

patogénese não foi ainda completamente esclarecido (173).

O estudo do processo de agregação e das entidades tóxicas formadas na DMJ, bem

como, em outras doenças de poliglutaminas é de extrema importância, pois permitirá o

desenvolvimento de estratégias terapêuticas dirigidas a este mecanismo.

Page 30: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

6.2 Hipótese dos fragmentos tóxicos

Em trabalhos utilizando linhas celulares e modelo em ratinho da DMJ, foi descrita uma

maior toxicidade resultante da expressão do segmento truncado do gene ATXN3

contendo as poliglutaminas, relativamente ao gene completo (64, 174-175). Alguns

autores propuseram que a ATXN3 sofre proteólise por caspases ou proteases calpaina

dependentes do cálcio, dando assim origem a um fragmento tóxico contendo as

poliglutaminas com uma maior tendência para agregar (176-179). Um modelo de

ratinho demonstrou a existência de um local de proteólise na ATXN3, o qual origina

um fragmento tóxico de 37 kDa, detetado em linhas celulares, em animais e doentes

DMJ (108, 178, 180-181). Em Drosophila a mutação dos locais de clivagem por

caspases reduziu a formação de fragmentos C-terminal e reduziu a toxicidade (178).

Num modelo de ratinho transgénico DMJ foi provada a clivagem da ATXN3 pela

calpaina e, quando o inibidor endógeno desta proteína – a calpastatina – é retirado,

houve um aumento do número de agregados nucleares, da neurodegeneração e o

agravamento do fenótipo (182).

É assim possível que a proteólise da ATXN3 seja um passo importante para a

agregação e a toxicidade. No entanto, a importância deste mecanismo não é

consensual, uma vez que estes fragmentos não são detetados em muitos dos modelos

experimentais da doença e, noutros, foi mesmo demonstrado o contrário, ou seja, a

sequência de glutaminas expandida está menos sujeita a clivagem e por isso a

patogénese seria explicada pela acumulação da proteína expandida completa (183).

6.3 Perda de função da proteína ATXN3

Na DMJ o segmento de poliQ para além de contribuir para a formação de agregados

proteicos pode interferir com a função normal da proteína, com as suas interações e

com a sua localização. Animais KO para a ATXN3 em ratinho ou no nemátode C.

elegans não apresentaram fenótipos detetáveis pelos métodos utilizados, o que indica

que a perda de função não é deletéria nem é crucial para o desenvolvimento da

Page 31: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

doença (98, 124, 184). Uma outra hipótese proposta admite que o segmento PoliQ

confere um ganho de função tóxico à proteína. Por exemplo, se de facto a ATXN3

participar em mecanismos de remodelação e degradação de proteínas misfolded, uma

perturbação nesse mecanismo poderá originar acumulação de produtos celulares

tóxicos. No entanto, sabe-se que a proteína mutada com expansão de poliQ mantém a

função de DUB, tal como, a proteína normal (114, 123). A proteína mutada mantém

ainda a sua capacidade de se ligar através dos seus domínios UIM, com substratos

poliubiquitinados (123).

Uma forma do segmento de poliglutaminas expandido causar distúrbios na regulação

da homeostasia celular poderá ser através da alteração da força de interação com

complexos envolvidos nesse mesmo processo, p.e. proteassoma, estabelecendo com

eles interações mais estáveis e promovendo assim a agregação proteica (120).

Da mesma forma, a interação com os seus parceiros moleculares pode ser alterada

pela existência do segmento poliQ. Por exemplo, a ligação com as proteínas hHR23A

e hHR23B mantém-se mesmo na proteína mutada, no entanto, a hHR23 colocaliza

com a ATXN3 mutada nos agregados (128). Não deixa de ser interessante que a

ATXN3 se ligue à VCP/p97 de uma forma dependente do tamanho do segmento

PoliQ, ou seja, a proteína mutada tem maior afinidade para a VCP do que a proteína

normal. Sabe-se que o complexo VCP/ATXN3 interatua com componentes da

membrana do RE controlando a exportação e a degradação de proteínas misfolded do

RE (137-138).

Assim, é possível que esta alteração no mecanismo ERAD induza stresse no RE e

que isso de alguma forma contribua para o mecanismo neurodegenerativo (137-138).

A confirmação de que a presença da mutação na proteína ATXN3 lhe confere

propriedades tóxicas por um ganho de função depende do completo esclarecimento,

em trabalhos futuros, da sua função biológica e do seu papel nos diferentes

mecanismos celulares.

Page 32: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

6.4 Envolvimento na maquinaria de transcrição

A ATXN3 tem capacidade de se ligar ao DNA e, por outro lado, interatua com vários

reguladores da transcrição. É por isso possível que a desregulação da transcrição

contribua para a patogénese da DMJ. As inclusões insolúveis, principalmente

nucleares, resultantes da agregação das proteínas mutadas recrutam entre outras

proteínas, ativadores e repressores da transcrição, o que indica que o envolvimento da

maquinaria de transcrição pode ocorrer de forma generalizada na patologia das

doenças de poliglutaminas. Foi detetado o sequestro de ativadores/co ativadores

transcricionais tais como TBP, CREB, CREB-binding protein (CBP) e TATA box-

binding protein-associated factor II 130 kDa (TAFII130) para as inclusões formadas

pelas proteínas contendo o segmento de poliglutamina expandido (141, 170-172, 185-

186). O sequestro de ativadores transcricionais para as inclusões formadas pelas

proteínas mutadas, pode ser de grande relevância quando estes se encontram em

quantidades limitantes na célula como acontece, por exemplo, com a CBP (171).

A ATXN3 inibe a acetilação das histonas. Contudo, quando está mutada pela

expansão de poliglutamina este mecanismo de repressão da transcrição fica alterado,

aumenta a acetilação da histona H3, aumentando também a transcrição. Este efeito foi

observado quer em células quer em material humano (143).

Em vários modelos celulares e animais DMJ foram reportadas alterações da

expressão de vários genes relacionados com a maquinaria da transcrição reforçando a

ideia da desregulação desta via nesta doença (98, 187).

Contudo, a hipótese da desregulação da transcrição como mecanismo causador da

DMJ necessita de mais investigação.

7. Estratégias terapêuticas

A doença de Machado-Joseph, tal como todas as outras doenças de poliglutaminas,

permanece sem cura. Contudo, o tratamento farmacológico e não farmacológico pode

ser utilizado nestes doentes de forma a minimizar a sintomatologia e a melhorar a sua

Page 33: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

qualidade de vida (18, 188). Conforme está padronizado em guidelines internacionais,

aos doentes DMJ e familiares em risco deve ser oferecido aconselhamento genético.

Estes doentes devem ser informados da forma como se transmite a doença, do risco

para os seus filhos e outros membros da família, bem como, da atual impossibilidade

de tratamento curativo. Aos familiares em risco pode ser oferecida a possibilidade de

realizarem testes preditivos se assim o desejarem. Os casais que pretendem ter filhos

têm a possibilidade de realizar o diagnóstico pré-natal ou em alternativa o teste pré-

implantatorio com seleção de embriões.

Atualmente, estão disponíveis tratamentos para os diferentes sintomas da doença. Por

exemplo, na depressão podem ser utilizados antidepressivos ou em alternativa

psicoterapia comportamental. As alterações do sono devem ser estudadas por

polissonografia e tratadas em consonância. Por exemplo, no síndrome das pernas

inquietas podem ser utilizados agonista da dopamina e/ou levodopa. A dor deve ser

tratada consoante a sua etiologia, músculo-esqueletica, neuropática, devido à distonia

ou mista. O Parkinsonismo, a distonia e espasticidade podem ser tratados com

Levodopa. Como alternativa podem ser utilizados anticolinérgicos, benzodiazepinas,

baclofeno ou carbamazepina. As caimbras podem ser tratadas com magnésio,

mexiletina ou carbamazepina. A fadiga pode melhorar com tratamento farmacológico

com metilfenidato, modafinil e amantidina, ou não farmacológico, exercício físico,

educação e modificação comportamental. Os doentes podem também beneficiar de

fisioterapia e terapia da fala para avaliar e melhorar a sua disartria e disfagia. A

maioria dos doentes vão precisar de alterações em casa para assegurar a sua

segurança. A médio prazo será necessária a utilização de auxiliadores da marcha

como canadianas ou andarilhos e mais tarde cadeira de rodas.

Como é evidente, o tratamento sintomático não consegue aliviar totalmente o

sofrimento destes doentes, e por isso torna-se urgente conseguir-se um tratamento

curativo para esta doença. Há vários anos que os cientistas se empenham na

obtenção e estudo de modelos celulares e animais que melhor imitem as

Page 34: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

características fenotípicas da DMJ com vista a encontrarem possíveis agentes

terapêuticos preventivos. Várias estratégias estão atualmente ser utilizadas em

diferentes estudos com modelos da doença.

Suportando a ideia de que o silenciamento do gene mutado pode ser uma terapêutica

efetiva nesta doença, um estudo realizado por Boy e colaboradores demonstrou que o

fenótipo de um ratinho transgénico condicional expressando o gene ATXN3 humano

mutado, foi revertido após se “desligar” a expressão da proteína mutada (189).

A técnica de silenciamento pós-transcricional de genes por RNA interference (RNAi)

permite silenciar de uma forma eficiente vários genes causadores de doenças

genéticas, através da degradação do mRNA e consequente diminuição da síntese das

respetivas proteínas mutadas (190). Foi já testada a técnica de RNAi em transcritos do

gene ATXN3 em ratos modelo conseguindo-se suprimir a ATXN3, diminuir o número

de inclusões e a degeneração (191-193). Curiosamente, o silenciamento em

simultâneo da proteína mutada e normal foi bem tolerada, o que indica que a

estratégia de suprimir a expressão do gene ATXN3 mesmo que de forma não

especifica, pode ser considerada como uma estratégia terapêutica eficaz. Contudo,

esta hipótese terá que ser melhor estudada, antes de se passar para ensaios clínicos

humanos. Adicionalmente, a técnica RNAi foi bem sucedida num modelo de ratinhos

transgénicos DMJ contendo um fragmento C-terminal ATXN3 já que conseguiu

melhorar o fenótipo motor e as anomalias patológicas mesmo quando realizada em

estadios avançados da doença (194). Contudo, um outro modelo animal em ratinho

DMJ que se aproxima mais do modelo da doença, a técnica de RNAi conseguiu

silenciar o gene no cerebelo sem que, no entanto, consiga anular o fenótipo motor

(195).

Outra estratégia que pode ser utilizada para inibir a expressão da ATXN3 mutada

utiliza um diferente tipo de moléculas, os oligomeros antisense complementares ao

mRNA, que atuam com base nas diferenças de tamanho da sequência CAG. Estas

Page 35: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

moléculas foram já testadas em fibroblastos mostrando uma redução dos níveis da

ATXN3 in vitro (196-197).

Foi igualmente proposto, um novo método de modificação de proteínas que consiste

na remoção da repetição de poliglutaminas expandida da ATXN3 através de uma

técnica de exon skipping sem alterar a função normal da proteína (198). A vantagem

desta técnica é que mantém os níveis de mRNA e da proteína na célula, já que

apenas uma porção da proteína é retirada, mas não foi ainda avaliada a possibilidade

de modificar o fenótipo de animais DMJ (198).

Uma alternativa às técnicas referidas anteriormente são os procedimentos que

permitem o aumento da degradação da proteína mutada, por indução da autofagia ou

da via ubiquitina-proteassoma. Um éster da rapamicina, o temsirolimus, aumenta a

degradação da ATXN3, reduz o número de agregados e melhora o fenótipo motor de

um modelo da DMJ em ratinhos por aumento da autofagia (199). Outro aspeto que

suporta a indução de autofagia como terapêutica eficaz é o facto da sobreexpressão

da proteína beclina-1 aumentar a degradação da proteína ATXN3 mutada, diminuir os

agregados por ela formados e melhorar coordenação motora em modelos de ratinho

principalmente quando administrada em fases iniciais da doença (200).

Recentemente, o composto H1152, através da indução do proteassoma conseguiu

reduzir os níveis da ATXN3 mutada e mostrou capacidade de redução da morte

neuronal e do fenótipo neurológico de ratinhos DMJ (201).

Um outro estudo mostrou a possibilidade da utilização do lítio num modelo DMJ em

Drosophila (202). Este composto foi utilizado num estudo clinico fase II/III mas,

segundo os resultados publicados, não provocou alterações significativas na

progressão da doença utilizando a escala “Neurological Examination Score for the

Assessment of Spinocerebellar Ataxia” (NESSCA) após 48 semanas de estudo.

Contudo, o estudo foi limitado no tempo e em termos de amostra (62 doentes divididos

por dois grupos de estudo) (203).

Page 36: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

À medida que o mecanismo patogénico vai sendo desvendado, outras estratégias

possíveis vão surgindo, já que certos elementos chave da patologia que participam na

formação de agregados, desregulação da transcrição, alterações da sinalização e dos

padrões de interação proteica podem ser sérios candidatos a alvos terapêuticos.

Outros candidatos a alvos terapêuticos na DMJ são também os genes modificadores

da doença. Por exemplo, sabe-se que as proteínas chaperones podem neutralizar a

toxicidade induzida por proteínas misfolded ou por agregados in vitro e in vivo e por

isso tornam-se um alvo terapêutico atrativo (149, 204-205). Por exemplo, em

Drosophila e C. elegnas foi observada diminuição da agregação da ATXN3 após

tratamento com o composto 17-(allylamino)-17-demethoxygeldanamycin (17-AAG), um

inibidor da HSP90 (heat shock protein) que aumenta a expressão de várias

chaperones (206-207). Um composto análogo o 17-DMAG utilizado em ratinhos DMJ

fez com que melhorassem os aspetos motores, para além da diminuição da proteína

mutada e redução dos agregados nucleares. Contudo, embora tenha havido um atraso

do aparecimento dos défices motores em 8 semanas, o efeito protetor foi perdido às

30 semanas de vida destes ratinhos DMJ (208).

Na tentativa de diminuir a produção de fragmentos tóxicos da ATXN3 pelas calpainas,

um grupo de trabalho testou a sua inibição pela calpastatina, em modelos de ratinho

transgénico DMJ, verificando uma diminuição da toxicidade e da agregação proteica

(209). Da mesma forma, num outro modelo de ratinho DMJ quando os inibidores

endógenos das calpainas são retirados o número de agregados nucleares aumenta,

assim como, a neurodegeneração havendo agravamento do fenótipo dos animais

(182).

Outra possibilidade em estudo tem como objetivo atuar na desregulação da

transcrição, outro mecanismo alterado na DMJ, focando-se na reversão da

hipoacetilação das histonas H3/H4 em ratinhos DMJ tratados com butirato de sódio,

um inibidor da desacetilação de histonas (HDAC). Este composto consegui induzir um

atraso no aparecimento dos sintomas, aumento da sobrevida e progresso na

Page 37: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

performance motora (210). Outro inibidor HDAC, o valproato foi testado em vários

modelos DMJ com sucesso, com a vantagem de já ser usado há várias décadas em

doentes com epilepsia e doença bipolar, sendo portanto um composto seguro e bem

tolerado (206, 211). Uma vez que, é possível que, a homeostasia do cálcio esteja

alterada na DMJ, uma outra estratégia foi analisada em ratinhos DMJ, utilizando

Dantroleno com o objetivo de estabilizar a sinalização do Ca+ intracelular, permitindo

uma melhoria do fenótipo motor e redução da perda neuronal (212). Um ativador de

canais de potássio dependentes do cálcio, o SKA-31 conseguiu, para além de

melhorar a função motora de ratinhos DMJ, corrigir as alterações na despolarização

das células Purkinje (213).

Por último, foi descrita a possibilidade da cafeína através do antagonismo dos

recetores Adenosina A2A conseguir diminuir a neuropatologia num modelo ratinho

SCA3 (214). Devido à sua administração segura os autores propõem que esta

substância possa ser implementada como medida profilática.

Os trabalhos referidos anteriormente mostram todo o esforço que nos últimos anos

tem vindo a ser aplicado no sentido de se encontrar o tratamento da DMJ. Embora

haja ainda um longo percurso a percorrer, o elevado número de trabalhos publicados

nos últimos anos e os resultados por eles revelados criaram a expectativa de que é

possível encontrar uma cura para esta doença devastadora num futuro próximo.

Qualquer fármaco que possa ser utilizado na prevenção ou tratamento da DMJ muito

provavelmente terá sucesso em outras doenças de poliglutaminas tais como a Doença

de Huntington.

Page 38: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Conclusão

Este ano completam-se 20 anos desde que foi descoberto o gene MJD1/ATXN3

responsável pela DMJ. A partir dessa extraordinária descoberta passou a ser possível

oferecer aos doentes a confirmação molecular do diagnóstico clínico e disponibilizar

testes preditivos aos familiares em risco. Para além disso, a descoberta da mutação

responsável pela doença, um segmento de repetições de CAGs permitiu integrar a

DMJ num leque de nove doenças neurodegenerativas designada no seu conjunto de

doenças de poliglutaminas. Esta classe, que inclui igualmente a doença de Huntington

tem sido extensivamente estudada, pela particularidade de terem por base proteínas

contendo segmentos repetitivos de glutaminas que lhes confere propriedades tóxicas e

que as leva a precipitar em inclusões neuronais. A possibilidade de haver um

mecanismo neurotóxico comum a estas doenças foi apoiada pela presença de

inclusões intracelulares em todas estas doenças. Se inicialmente parecia óbvio que os

agregados eram tóxicos, atualmente coloca-se a hipótese de estes serem um

epifenómeno ou até mesmo um processo benéfico para a célula. Na verdade, só o

cabal esclarecimento da função das proteínas envolvidas em cada uma destas

patologias e da forma como o segmento poliglutaminas pode alterar essa mesma

função vai permitir o conhecimento do mecanismo patogénico subjacente. Assim, a

ATXN3 passou a ser alvo dos mais variados estudos estruturais e de função e

atualmente sabe-se que atua como enzima de desubiquitinação participando em

mecanismo de homeostasia celular e na regulação da transcrição. Nos últimos anos,

foram criados inúmeros modelos celulares e animais na tentativa de recriarem a DMJ.

Estes modelos permitiram o reconhecimento da participação da ATXN3 em diversos

mecanismos celulares e oferecem uma oportunidade única de se testarem diversas

estratégias terapêuticas preventivas. Estas estratégias atualmente estão focadas na

tentativa de silenciar a expressão do gene mutado ou diminuir os níveis da proteína

alterada. Em alternativa, estão a ser testados agentes farmacológicos que possam

interferir nas vias celulares provavelmente envolvidas na patogénese da doença.

Page 39: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Por enquanto, pode ser oferecido aos doentes aconselhamento genético e apoio

psicossocial, tratamentos farmacológicos e não farmacológicos que aliviem os seus

sintomas.

Apesar do longo caminho percorrido, e dos resultados promissores entretanto obtidos

é ainda necessário ultrapassar várias etapas até que se possam iniciar ensaios clinico

em doentes DMJ. Na verdade, há uma forte esperança de que estratégias terapêuticas

bem sucedidas em qualquer uma das doenças de poliglutaminas possam ser utilizada

na prevenção/tratamento das restantes doenças dessa classe.

Page 40: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Bibliografia

1. Kremer EJ, Pritchard M, Lynch M, et al. Mapping of DNA instability at the Fragile X

to a trinucleotide repeat sequence (pCCG)n. Science 1991;252:1711-1714.

2. Oberle I, Rousseau F, Heitz D, et al. Instability of a 550-base pair DNA segment and

abnormal methylation in fragile X syndrome. Science 1991;252:1097-1102.

3. Verkerk AJMH, Pieretti M, Sutcliffe JS, et al. Identification of a gene (FMR-1)

containing a CGG repeat coincident with a breakpoint cluster region exhbiting length

variation in fragile X syndrome. Cell 1991;65:905-914.

4. Yu S, Pritchard M, Kremer E, et al. Fragile X genotype characterized by an unstable

region of DNA. Science 1991;252:1179-1181.

5. Brook JD, McCurrach ME, Harley HG, et al. Molecular basis of myotonic distrophy:

expansion of a trinucleotide (CTG) repeat at the 3´ end of a transcript encoding a

protein kinase family member. Cell 1992;68:799-808.

6. Buxton J, Schelbourne P, Davies J, et al. Detection of an unstable fragment of DNA

specific to individuals with myotonic dystrophy. Nature 1992;355:547-548.

7. Fu YH, Pizzuti A, Fenwick RG, et al. An unstable triplet repeat in a gene related to

myotonic muscular dystrophy. Science 1992;255:1256-1259.

8. Mahadevan M, Tsilfidis C, Sabourin L, et al. Myotonic dystrophy mutation: an

unstable CTG repeat in the 3´untranslated region of the gene. Science 1992;255:1253-

1255.

9. Zoghbi HY and Orr HT. Glutamine repeat and neurodegeneration. Annu Rev

Neurosci 2000;23:217-247.

10. Nakano KK, Dawson DM and Spence A. Machado disease. A hereditary ataxia in

Portuguese emigrants to Massachusetts. Neurology 1972;22:49-55.

11. Woods BT and Schaumburg HH. Nigro-spino-dentatal degeneration with nuclear

ophthalmoplegia. A unique and partially treatable clinico-pathological entity. J Neurol

Sci 1972;17:149-166.

12. Rosenberg RN, Nyhan WL, Bay C and Shore P. Autosomal dominant striatonigral

degeneration. A clinical, pathologic, and biochemical study of a new genetic disorder.

Neurology 1976;26:703-714.

13. Romanul FC, Fowler HL, Radvany J, Feldman RG and Feingold M. Azorean

disease of the nervous system. N Engl J Med 1977;296:1505-1508.

14. Coutinho P and Andrade C. Autosomal dominant system degeneration in Portuguese

families of Azores Islands. Neurology 1978;28:703-709.

15. Lima L and Coutinho P. Clinical criteria for diagnosis of Machado-Joseph disease:

report of a non-Azorean Portuguese family. Neurology 1980;30:319-322.

16. Stevanin G, Sousa PS, Cancel G, et al. The gene for Machado-Joseph disease maps

to the same 3-cM interval as the spinal cerebellar ataxia 3 gene on chromosome 14q.

Neurobiol Dis 1994;1:79-82.

17. Twist EC, Causaubon LK, Ruttledge M, et al. Machado Joseph disease maps to the

same region of chromosome 14 as the spinocerebellar ataxia type 3 locus. J Med Genet

1995;32:25-31.

18. Bettencourt C and Lima M. Machado-Joseph Disease: from first descriptions to new

perspectives. Orphanet J Rare Dis 2011;6:35.

19. Teive HA, Munhoz RP, Raskin S and Werneck LC. Spinocerebellar ataxia type 6 in

Brazil. Arq Neuropsiquiatr 2008;66:691-4.

20. Jardim LB, Silveira I, Pereira ML, et al. A survey of spinocerebellar ataxia in South

Brazil - 66 new cases with Machado-Joseph disease, SCA7, SCA8, or unidentified

disease-causing mutations. J Neurol 2001;248:870-6.

Page 41: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

21. Vale J, Bugalho O, Silveira I, Sequeiros J, Guimaraes J and Coutinho P.

Automosomal dominant cerebellar ataxia: frequency analysis and clinical

characterization of 45 families from portugal. Eur J Neurol 2010;17:124-128.

22. Silveira I, Coutinho P, Maciel P, et al. Analysis of SCA1, DRPLA, MJD, SCA2,

and SCA6 CAG repeats in 48 Portuguese ataxia families. Am J Med Genet

1998;81:134-138.

23. Zhao Y, Tan EK, Law HY, Yoon CS, Wong MC and Ng I. Prevalence and ethnic

differences of autosomal-dominant cerebellar ataxia in Singapore. Clin Genet

2002;62:478-81.

24. Tang B, Liu C, Shen L, et al. Frequency of SCA1, SCA2, SCA3/MJD, SCA6,

SCA7, and DRPLA CAG trinucleotide repeat expansion in patients with hereditary

spinocerebellar ataxia from Chinese kindreds. Arch Neurol 2000;57:540-4.

25. Jiang H, Tang BS, Xu B, et al. Frequency analysis of autosomal dominant

spinocerebellar ataxias in mainland Chinese patients and clinical and molecular

characterization of spinocerebellar ataxia type 6. Chin Med J (Engl) 2005;118:837-43.

26. van de Warrenburg BP, Sinke RJ, Verschuuren-Bemelmans CC, et al.

Spinocerebellar ataxias in the Netherlands: prevalence and age at onset variance

analysis. Neurology 2002;58:702-8.

27. Schols L, Amoiridis G, Buttner T, Przuntek H, Epplen JT and Riess O. Autosomal

dominant cerebellar ataxia: phenotypic differences in genetically defined subtypes? Ann

Neurol 1997;42:924-32.

28. Maruyama H, Izumi Y, Morino H, et al. Difference in disease-free survival curve

and regional distribution according to subtype of spinocerebellar ataxia: a study of

1,286 Japanese patients. Am J Med Genet 2002;114:578-83.

29. Shibata-Hamaguchi A, Ishida C, Iwasa K and Yamada M. Prevalence of

spinocerebellar degenerations in the Hokuriku district in Japan. Neuroepidemiology

2009;32:176-83.

30. Coutinho P. Doença de Machado-Joseph. Tentativa de definição. Tese-Universidade

do Porto 1992;

31. Maciel P, Costa MC, Ferro A, et al. Improvement in the molecular diagnosis of

Machado-Joseph disease. Arch Neurol 2001;58:1821-1827.

32. Bettencourt C, Santos C, Kay T, Vasconcelos J and Lima M. Analysis of

segregation patterns in Machado-Joseph disease pedigrees. J Hum Genet 2008;53:920-

3.

33. Sequeiros J and Coutinho P. Epidemiology and clinical aspects of machado-Joseph

disease. Adv Neurol 1993;61:139-153.

34. Jardim LB, Pereira ML, Silveira I, Ferro A, Sequeiros J and Giugliani R. Neurologic

findings in Machado-Joseph disease: relation with disease duration, subtypes, and

(CAG)n. Arch Neurol 2001;58:899-904.

35. Raposo M, Vasconcelos J, Bettencourt C, Kay T, Coutinho P and Lima M.

Nystagmus as an early ocular alteration in Machado-Joseph disease (MJD/SCA3). BMC

Neurology 2014;14:17.

36. Friedman JH and Amick MM. Fatigue and daytime somnolence in Machado Joseph

Disease (spinocerebellar ataxia type 3). Mov Disord 2008;23:1323-4.

37. Pedroso JL, Franca MC, Jr., Braga-Neto P, et al. Nonmotor and extracerebellar

features in Machado-Joseph disease: a review. Mov Disord 2013;28:1200-1208.

38. Pedroso JL, Braga-Neto P, Felicio AC, et al. Sleep disorders in machado-joseph

disease: frequency, discriminative thresholds, predictive values, and correlation with

ataxia-related motor and non-motor features. Cerebellum 2011;10:291-295.

Page 42: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

39. D'Abreu A, Franca M, Jr., Conz L, et al. Sleep symptoms and their clinical

correlates in Machado-Joseph disease. Acta Neurol Scand 2009;119:277-280.

40. Schols L, Haan J, Riess O, Amoiridis G and Przuntek H. Sleep disturbance in

spinocerebellar ataxias: is the SCA3 mutation a cause of restless legs syndrome?

Neurology 1998;51:1603-1607.

41. Friedman JH. Presumed rapid eye movement behavior disorder in Machado-Joseph

disease (spinocerebellar ataxia type 3). Mov Disord 2002;17:1350-1353.

42. Friedman JH, Fernandez HH and Sudarsky LR. REM behavior disorder and

excessive daytime somnolence in Machado-Joseph disease (SCA-3). Mov Disord

2003;18:1520-1522.

43. Iranzo A, Munoz E, Santamaria J, Vilaseca I, Mila M and Tolosa E. REM sleep

behavior disorder and vocal cord paralysis in Machado-Joseph disease. Mov Disord

2003;18:1179-1183.

44. Paulson H. Machado-Joseph disease/spinocerebellar ataxia type 3. Handb Clin

Neurol 2012;103:437-449.

45. Tuite P, Rogaeva E, St George-Hyslop P and Lang A. Dopa-responsive

Parkinsonism phenotype of Machado-Joseph disease: confirmation of 14q CAG

expansion. Ann Neurol 1995;38:684-687.

46. Durr A, Stevanin G, Cancel G, et al. Spinocerebellar ataxia 3 and Machado-Joseph

disease: clinical, molecular, and neuropathological features. Ann Neurol 1996;39:490-

499.

47. Marmolino D and Manto M. Past, present and future therapeutics for cerebellar

ataxias. Curr Neuropharmacol 2010;8:41-61.

48. Bettencourt C, Santos C, Coutinho P, et al. Parkinsonian phenotype in Machado-

Joseph disease (MJD/SCA3): a two-case report. BMC Neurol 2011;11:131.

49. Sakai T and kawakami H. Machado-Joseph disease. A proposal os spastic

paraplegic subtype. Neurology 1996;46:846-847.

50. Iwabuchi K, Tsuchiya K, Uchihara T and Yagishita S. Autosomal dominant

spinocerebellar degenerations. Clinical, pathological, and genetic correlations. Rev

Neurol (Paris) 1999;155:255-270.

51. Rub U, de Vos RA, Schultz C, Brunt ER, Paulson H and Braak H. Spinocerebellar

ataxia type 3 (Machado-Joseph disease): severe destruction of the lateral reticular

nucleus. Brain 2002;125:2115-2124.

52. Rub U, Brunt ER, Gierga K, et al. The nucleus raphe interpositus in spinocerebellar

ataxia type 3 (Machado-Joseph disease). J Chem Neuroanat 2003;25:115-127.

53. Coutinho P, Guimarães A and Scaravilli F. The pathology of Machado-Joseph

disease: report of a possible homozygous case. Acta Neuropathol 1982;58:48-54.

54. Koeppen AH, Dickson AC, Lamarche JB and Robitaille Y. Synapses in the

hereditary ataxias. J Neuropathol Exp Neurol 1999;58:748-764.

55. Rub U, Brunt ER and Deller T. New insights into the pathoanatomy of

spinocerebellar ataxia type 3 (Machado-Joseph disease). Curr Opin Neurol

2008;21:111-116.

56. Klockgether T, Skalej M, Wedekind D, et al. Autosomal dominant cerebellar ataxia

type I. MRI-based volumetry of posterior fossa structures and basal ganglia in

spinocerebellar ataxia types 1, 2 and 3. Brain 1998;121 ( Pt 9):1687-1693.

57. Murata Y, Yamaguchi S, Kawakami H, et al. Characteristic magnetic resonance

imaging findings in Machado-Joseph disease. Arch Neurol 1998;55:33-37.

58. Taniwaki T, Sakai T, Kobayashi T, et al. Positron emission tomography (PET) in

Machado-Joseph disease. J Neurol Sci 1997;145:63-67.

Page 43: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

59. Etchebehere EC, Caron M, Pereira JA, et al. Activation of the growth plates on

three-phase bone scintigraphy: the explanation for the overgrowth of fractured femurs.

Eur J Nucl Med 2001;28:72-80.

60. Yoshizawa T, Watanabe M, Frusho K and Shoji S. Magnetic resonance imaging

demonstrates differential atrophy of pontine base and tegmentum in Machado-Joseph

disease. J Neurol Sci 2003;215:45-50.

61. de Oliveira MS, D'Abreu A, Franca MC, Jr., Lopes-Cendes I, Cendes F and

Castellano G. MRI-texture analysis of corpus callosum, thalamus, putamen, and caudate

in Machado-Joseph disease. J Neuroimaging 2010;22:46-52.

62. D'Abreu A, Franca M, Jr., Appenzeller S, Lopes-Cendes I and Cendes F. Axonal

dysfunction in the deep white matter in Machado-Joseph disease. J Neuroimaging

2009;19:9-12.

63. Soong BW and Liu RS. Positron emission tomography in asymptomatic gene

carriers of Machado-Joseph disease. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1998;64:499-504.

64. Paulson HL, Perez MK, Trottier Y, et al. Intranuclear inclusions of expanded

polyglutamine protein in spinocerebellar ataxia type 3. Neuron 1997;19:333-344.

65. Schmidt T, Landwehrmeyer GB, Schmitt I, et al. An isoform of ataxin-3

accumulates in the nucleus of neuronal cells in affected brain regions of SCA3 patients.

Brain Pathol 1998;8:669-679.

66. Becher MW, Kotzuk JA, Sharp AH, et al. Intranuclear neuronal inclusions in

Huntington's disease and dentatorubral and pallidoluysian atrophy: correlation between

the density of inclusions and IT15 CAG triplet repeat length. Neurobiol Dis 1998;4:387-

397.

67. Chai Y, Koppenhafer SL, Shoesmith SJ, Perez MK and Paulson HL. Evidence for

proteasome involvement in polyglutamine disease: localization to nuclear inclusions in

SCA3/MJD and suppression of polyglutamine aggregation in vitro. Hum Mol Genet

1999;8:673-682.

68. Cummings CJ, Mancini MA, Antalffy B, DeFranco DB, Orr HT and Zoghbi HY.

Chaperone suppression of aggregation and altered subcellular proteasome localization

imply protein misfolding in SCA1. Nature 1998;19:148-154.

69. Takahashi J, Tanaka J, Arai K, et al. Recruitment of nonexpanded polyglutamine

proteins to intranuclear aggregates in neuronal intranuclear hyaline inclusion disease. J

Neuropathol Exp Neurol 2001;60:369-376.

70. Stenoien DL, Cummings CJ, Adams HP, et al. Polyglutamine-expanded androgen

receptors form aggregates that sequester heat shock proteins, proteasome components

and SRC-1, and are supressed by the HDJ-2 chaperone. Hum Mol Genet 1999;5:731-

741.

71. Mori F, Nishie M, Piao YS, et al. Accumulation of NEDD8 in neuronal and glial

inclusions of neurodegenerative disorders. Neuropathol Appl Neurobiol 2005;31:53-61.

72. Yamada M, Tan CF, Inenaga C, Tsuji S and Takahashi H. Sharing of polyglutamine

localization by the neuronal nucleus and cytoplasm in CAG-repeat diseases.

Neuropathol Appl Neurobiol 2004;30:665-675.

73. Rub U, de Vos RA, Brunt ER, et al. Spinocerebellar ataxia type 3 (SCA3): thalamic

neurodegeneration occurs independently from thalamic ataxin-3 immunopositive

neuronal intranuclear inclusions. Brain Pathol 2006;16:218-227.

74. Hayashi M, kobayashi K and Furuta H. Immunohistochemical study of neuronal

intranuclear and cytoplasmatic inclusions in Machado-Joseph disease. Psychiatry Clin

Neurosci 2003;57:205-213.

75. Yamada M, Sato T, Tsuji S and Takahashi H. CAG repeat disorder models and

human neuropathology: similarities and differences. Acta Neuropathol 2008;115:71-86.

Page 44: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

76. Seidel K, den Dunnen WF, Schultz C, et al. Axonal inclusions in spinocerebellar

ataxia type 3. Acta Neuropathol 2010;120:449-460.

77. Takiyama Y, Nishizama M, Kawashima S, et al. The gene for Machado-Joseph

disease maps to human chromosome 14q. Nat Genet 1993;4:300-304.

78. Sequeiros J, Silveira I, Maciel P, Coutinho P and al. e. Genetic linkage studies of

Machado-Joseph disease with chromosome 14q STRPs in 16 Portuuguese-Azorean

kindreds. Genomics 1994;21:645-648.

79. Kawaguchi Y, Okamoto T, Taniwaki M, et al. CAG expansions in a novel gene for

Machado-Joseph disease at chromosome 14q32.1. Nat Genet 1994;8:221-228.

80. Maciel P, Gaspar C, DeStefano AL, et al. Correlation between CAG repeat length

and clinical features in Machado-Joseph disease. Am J Hum Genet 1995;57:54-61.

81. Silveira I, Lopes-Cendes I, Kish S, et al. Frequency of spinocerebellar ataxia type 1,

dentatorubropallidoluysian atrophy, and Machado-Joseph disease mutations in a large

group of spinocerebellar ataxia patients. Neurology 1996;46:214-218.

82. Takiyama Y, Sakoe K, Nakano I and Nishizawa M. Machado-Joseph disease:

cerebellar ataxia and autonomic dysfunction in a patient with the shortest known

expanded allele (56 CAG repeat units) of the MJD1 gene. Neurology 1997;49:604-606.

83. van Alfen N, Sinke RJ, Zwarts MJ, et al. Intermediate CAG repeat lengths (53,54)

for MJD/SCA3 are associated with an abnormal phenotype. Ann Neurol 2001;49:805-

807.

84. Gu W, Ma H, Wang K, et al. The shortest expanded allele of the MJD1 gene in a

Chinese MJD kindred with autonomic dysfunction. Eur Neurol 2004;52:107-111.

85. Padiath QS, Srivastava AK, Roy S, Jain S and Brahmachari SK. Identification of a

novel 45 repeat unstable allele associated with a disease phenotype at the MJD1/SCA3

locus. Am J Med Genet B Neuropsychiatr Genet 2005;133B:124-126.

86. Ichikawa Y, Goto J, Hattori M, et al. The genomic structure and expression of MJD,

the Machado-Joseph disease gene. J Hum Genet 2001;46:413-422.

87. Goto J, Watanabe M, Ichikawa Y, et al. Machado-Joseph disease gene products

carrying different carboxyl termini. Neurosci Res 1997;28:373-377.

88. Maciel P, Gaspar C, Guimaraes L, et al. Study of three intragenic polymorphisms in

the Machado-Joseph disease gene (MJD1) in relation to genetic instability of the

(CAG)n tract. Eur J Hum Genet 1999;7:147-156.

89. Bettencourt C, Santos C, Montiel R, et al. Increased transcript diversity: novel

splicing variants of Machado-Joseph disease gene (ATXN3). Neurogenetics

2010;11:193-202.

90. Maciel P, Lopes-Cendes I, Kish S, Sequeiros J and Rouleau GA. Mosaicism of the

CAG repeat in CNS tissue in relation to age at death in spinocerebellar ataxia type 1 and

Machado-Joseph disease patients. Am J Hum Genet 1997;60:993-996.

91. Lerer I, Merims D, Abeliovich D, Zlotogora J and Gadoth N. Machado-Joseph

disease: correlation between the clinical features, the CAG repeat length and

homozygosity for the mutation. Eur J Hum Genet 1996;4:3-7.

92. Takiyama Y, Igarashi S, Rogaeva EA, et al. Evidence for inter-generational

instability in the CAG repeat in the MJD1 gene and for conserved haplotypes at

flanking markers amongst Japanese and Caucasian subjects with Machado-Joseph

disease. Hum Mol Genet 1995;4:1137-1146.

93. Carvalho DR, La Rocque-Ferreira A, Rizzo IM, Imamura EU and Speck-Martins

CE. Homozygosity enhances severity in spinocerebellar ataxia type 3. Pediatr Neurol

2008;38:296-299.

Page 45: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

94. Fukutake T, Shinotoh H, Nishino H, et al. Homozygous Machado-Joseph disease

presenting as REM sleep behaviour disorder and prominent psychiatric symptoms. Eur J

Neurol 2002;9:97-100.

95. Lang AE, Rogaeva EA, Tsuda T, Hutterer J and St George-Hyslop P. Homozygous

inheritance of the Machado-Joseph disease gene. Ann Neurol 1994;36:443-447.

96. Sobue G, Doyu M, Nakao N, et al. Homozygosity for Machado-Joseph disease gene

enhances phenotypic severity. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1996;60:354-356.

97. Costa MC, Gomes-da-Silva J, Miranda C, Sequeiros J, Santos MM and Maciel P.

Genomic structure, promoter activity, and developmental expression of the mouse

homologue of the Machado-Joseph disease (MJD) gene. Genomics 2004;84:361-373.

98. Rodrigues AJ, Coppola G, Santos C, et al. Functional genomics and biochemical

characterization of the C. elegans orthologue of the Machado-Joseph disease protein

ataxin-3. Faseb J 2007;21:1126-1136.

99. Harris GM, Dodelzon K, Gong L, Gonzalez-Alegre P and Paulson HL. Splice

isoforms of the polyglutamine disease protein ataxin-3 exhibit similar enzymatic yet

different aggregation properties. PLoS One 2010;5:e13695.

100. Nishiyama K, Murayama S, Goto J, et al. Regional and cellular expression of the

Machado-Joseph disease gene in brains of normal and affected individuals. Ann Neurol

1996;40:776-781.

101. Paulson HL, Das SS, Crino PB, et al. Machado-Joseph disease gene product is a

cytoplasmic protein widely expressed in brain. Ann Neurol 1997;41:453-462.

102. Wang G, Ide K, Nukina N, et al. Machado-Joseph disease gene product identified

in lymphocytes and brain. Biochem Biophys Res Commun 1997;233:476-479.

103. Tait D, Riccio M, Sittler A, et al. Ataxin-3 is transported into the nucleus and

associates with the nuclear matrix. Hum Mol Genet 1998;7:991-997.

104. Schmitt I, Evert BO, Khazneh H, Klockgether T and Wuellner U. The human MJD

gene: genomic structure and functional characterization of the promoter region. Gene

2003;314:81-88.

105. Trottier Y, Cancel G, An-Gourfinkel I, et al. Heterogeneous intracellular

localization and expression of ataxin-3. Neurobiol Dis 1998;5:335-347.

106. Evert BO, Wullner U, Schulz JB, et al. High level expression of expanded full-

length ataxin-3 in vitro causes cell death and formation of intranuclear inclusions in

neuronal cells. Hum Mol Genet 1999;8:1169-1176.

107. Chai Y, Shao J, Miller VM, Williams A and Paulson HL. Live-cell imaging reveals

divergent intracellular dynamics of polyglutamine disease proteins and supports a

sequestration model of pathogenesis. Proc Nat Acad Sci USA 2002;99:9310-9315.

108. Goti D, Katzen SM, Mez J, et al. A mutant ataxin-3 putative-cleavage fragment in

brains of Machado-Joseph disease patients and transgenic mice is cytotoxic above a

critical concentration. J Neurosci 2004;24:10266-10279.

109. Antony PM, Mantele S, Mollenkopf P, et al. Identification and functional

dissection of localization signals within ataxin-3. Neurobiol Dis 2009;36:280-292.

110. Masino L, Musi V, Menon P, et al. Domain arquitecture of the polyglutamine

protein ataxin-3: a globular domain followed by a flexible tail. FEBS Letters

2003;549:21-25.

111. Masino L, Nicastro G, Menon RP, Dal Piaz F, Calder L and Pastore A.

Characterization of the structure and the amyloidogenic properties of the Josephin

domain of the polyglutamine-containing protein ataxin-3. J Mol Biol 2004;344:1021-

1035.

Page 46: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

112. Chow MK, Mackay JP, Whisstock JC, Scanlon MJ and Bottomley SP. Structural

and functional analysis of the Josephin domain of the polyglutamine protein ataxin-3.

Biochem Biophys Res Commun 2004;322:387-394.

113. Scheel H, Tomiuk S and Hofmann K. Elucidation of ataxin-3 and ataxin-7 function

by integrative bioinformatics. Hum Mol Genet 2003;12:2845-2852.

114. Burnett B, Li F and Pittman RN. The polyglutamine neurodegenerative protein

ataxin-3 binds polyubiquitylated proteins and has ubiquitin protease activity. Hum Mol

Genet 2003;12:3195-3205.

115. Nicastro G, Menon RP, Masino L, Knowles PP, McDonald NQ and Pastore A. The

solution structure of the Josephin domain of ataxin-3: structural determinants for

molecular recognition. Proc Natl Acad Sci U S A 2005;102:10493-10498.

116. Mao Y, Senic-Matuglia F, Di Fiore PP, Polo S, Hodsdon ME and De Camilli P.

Deubiquitinating function of ataxin-3: insights from the solution structure of the

Josephin domain. Proc Natl Acad Sci U S A 2005;102:12700-12705.

117. Nicastro G, Masino L, Esposito V, et al. Josephin domain of ataxin-3 contains two

distinct ubiquitin-binding sites. Biopolymers 2009;91:1203-1214.

118. Hofmann K and Falquet L. A ubiquitin-interacting motif conserved in components

of the proteasomal and lysosomal protein degradation systems. Trends Biochem Sci

2001;26:347-350.

119. Donaldson KM, Li W, Ching KA, Batalov S, Tsai C-C and Joazeiro CAP.

Ubiquitin-mediated sequestration of normal cellular proteins into polyglutamine

aggregates. Proc Nat Acad Sci USA 2003;100:8892-8897.

120. Doss-Pepe EW, Stenroos ES, Johnson WG and Madura K. Ataxin-3 interactions

with Rad23 and Valosin-Containing protein and its association with ubiquitin chains

and the proteasome are consistent with a role in ubiquitin-mediated proteolysis. Mol and

Cell Biol 2003;23:6469-6483.

121. Chai Y, Berke SS, Cohen RE and Paulson HL. Poly-ubiquitin binding by the

polyglutamine disease protein ataxin-3 links its normal function to protein surveillance

pathways. J Biol Chem 2004;279:3605-3611.

122. Miller SLH, Malotky E and O´Bryan JP. Analysis of the role of ubiquitin-

interacting motifs in ubiquitin binding and ubiquitylation. J Biol Chem

2004;279:33528-33537.

123. Berke SJ, Chai Y, Marrs GL, Wen H and Paulson HL. Defining the role of

ubiquitin-interacting motifs in the polyglutamine disease protein, ataxin-3. J Biol Chem

2005;280:32026-32034.

124. Schmitt I, Linden M, Khazneh H, et al. Inactivation of the mouse Atxn3 (ataxin-3)

gene increases protein ubiquitination. Biochem Biophys Res Commun 2007;362:734-

739.

125. Burnett BG and Pittman RN. The polyglutamine neurodegenerative protein ataxin

3 regulates aggresome formation. Proc Natl Acad Sci U S A 2005;102:4330-4335.

126. Nicastro G, Todi SV, Karaca E, Bonvin AM, Paulson HL and Pastore A.

Understanding the role of the Josephin domain in the PolyUb binding and cleavage

properties of ataxin-3. PLoS One 2010;5:e12430.

127. Winborn BJ, Travis SM, Todi SV, et al. The deubiquitinating enzyme ataxin-3, a

polyglutamine disease protein, edits Lys63 linkages in mixed linkage ubiquitin chains. J

Biol Chem 2008;283:26436-26443.

128. Wang G, Sawai N, Kotliarova S, Kanazawa I and Nukina N. Ataxin-3, the MJD1

gene product, interacts with the two human homologs of yeast DNA repair protein

RAD23, HHR23A and HHR23B. Hum Mol Genet 2000;9:1795-1803.

Page 47: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

129. Schauber C, Chen L, Tongaonkar P, et al. Rad23 links DNA repair to the

ubiquitin/proteasome pathway. Nature 1998;391:715-718.

130. Bertolaet BL, Clarke DJ, Wolff M, et al. UBA domains of DNA damage-inducible

proteins interact with ubiquitin. Nat Struct Biol 2001;8:417-422.

131. Chen L and Madura K. Rad23 promotes the targeting of proteolytic substrates to

the proteasome. Mol and Cell Biol 2002;22:4902-4913.

132. Wilkinson CR, Seeger M, Hartmann-Petersen R, et al. Proteins containing the

UBA domain are able to bind to multi-ubiquitin chains. Nature Cell Biology

2001;3:939-943.

133. Ortolan TG, Tongaonkar P, Lambertson D, Chen L, Schauber C and Madura K.

The DNA repair protein Rad23 is a negative regulator of multi-ubiquitin chain

assembly. Nature Cell Biology 2000;2:601-608.

134. Hirabayashi M, Inoue K, Tanaka K, et al. VCP/p97 in abnormal protein

aggregates, cytoplasmic vacuoles, and cell death, phenotypes relevant to

neurodegeneration. Cell Death and Differentiation 2001;8:977-984.

135. Tsai YC, Fishman PS, Thakor NV and Oyler GA. Parkin facilitates the elimination

of expanded polyglutamine proteins and leads to preservation of proteasome function. J

Biol Chem 2003;278:22044-22055.

136. Matsumoto M, Masayoshi Y, Hatakeyama S, et al. Molecular clearance of ataxin-3

is regulated by mammalian E4. EMBO J 2004;23:659-669.

137. Wang Q, Li L and Ye Y. Regulation of retrotranslocation by p97-associated

deubiquitinating enzyme ataxin-3. J Cell Biol 2006;174:963-971.

138. Zhong X and Pittman RN. Ataxin-3 binds VCP/p97 and regulates

retrotranslocation of ERAD substrates. Hum Mol Genet 2006;15:2409-2420.

139. Heir R, Ablasou C, Dumontier E, Elliott M, Fagotto-Kaufmann C and Bedford FK.

The UBL domain of PLIC-1 regulates aggresome formation. EMBO Rep 2006;7:1252-

1258.

140. Rodrigues AJ, do Carmo Costa M, Silva TL, et al. Absence of ataxin-3 leads to

cytoskeletal disorganization and increased cell death. Biochim Biophys Acta

2010;1803:1154-1163.

141. Chai Y, Wu L, Griffin JD and Paulson HL. The role of protein composition in

specifying nuclear inclusion formation in polyglutamine disease. J Biol Chem

2001;276:44889-44897.

142. Li F, Macfarlan T, Pittman RN and Chakravarti D. Ataxin-3 is a histone-binding

protein with two independent transcriptional corepressor activities. J Biol Chem

2002;277:45004-45012.

143. Evert BO, Araujo J, Vieira-Saecker AM, et al. Ataxin-3 represses transcription via

chromatin binding, interaction with histone deacetylase 3, and histone deacetylation. J

Neurosci 2006;26:11474-11486.

144. do Carmo Costa M, Bajanca F, Rodrigues AJ, et al. Ataxin-3 plays a role in mouse

myogenic differentiation through regulation of integrin subunit levels. PLoS One

2010;5:e11728.

145. Matos CA, de Macedo-Ribeiro S and Carvalho AL. Polyglutamine diseases: the

special case of ataxin-3 and Machado-Joseph disease. Prog Neurobiol 2011;95:26-48.

146. Perutz MF, Johnson T, Suzuki M and Finch JT. Glutamine repeats as polar zippers:

their possible role in inherited neurodegenerative diseases. Proc Nat Acad Sci U S A

1994;91:5355-5358.

147. DiFligia M, Sapp E, Chase KO, et al. Aggregation of huntingtin in neuronal

intranuclear inclusions and dystrophic neurites in brain. Science 1997;277:1990-1993.

Page 48: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

148. Skinner PJ, Koshy BT, Cummings CJ, et al. Ataxin-1 with an expanded glutamine

tract alters nuclear matrix-associated structures. Nature 1997;389:971-974.

149. Warrick JM, Chan HY, Gray-Board GL, Chai Y, Paulson HL and Bonini NM.

Suppression of polyglutamine-mediated neurodegeneration in Drosophila by the

molecular chaperone HSP70. Nat Genet 1999;23:425-428.

150. Chan HY, Warrick JM, Gray-Board GL, Paulson HL and Bonini NM. Mechanisms

of chaperone suppression of polyglutamine disease: selectivity, synergy and modulation

of protein solubility in Drosophila. Hum Mol Genet 2000;9:2811-2820.

151. Kobayashi Y, Kume A, Li M, et al. Chaperones Hsp70 and Hsp40 suppress

aggregate formation and apoptosis in cultured neuronal cells expressing truncated

androgen receptor protein with expanded polyglutamine tract. J Biol Chem

2000;275:8772-8778.

152. Kazemi-Esfarjani P and Benzer S. Genetic supression of polyglutamine toxicity in

Drosophila. Science 2000;287:1837-1840.

153. Cummings CJ, Sun Y, Opal P, et al. Over-expression of inducible HSP70

chaperone suppresses neuropathology and improves motor function in SCA1 mice.

Hum Mol Genet 2001;10:1511-1518.

154. Li M, Miwa S, Kobayashi Y, et al. Nuclear inclusions of the androgen receptor

protein in spinal and bulbar muscular atrophy. Ann Neurol 1998;44:249-254.

155. Kuemmerle S, Gutekunst CA, Klein AM, et al. Huntington aggregates may not

predict neuronal death in Huntington's disease. Ann Neurol 1999;46:842-649.

156. Huynh DP, Del Bigio MR, Ho DH and Pulst SM. Expression of ataxin-2 in brains

from normal individuals and patients with Alzheimer's disease and spinocerebellar

ataxia 2. Ann Neurol 1999;45:232-241.

157. Li M, Nakagomi Y, Kobayashi Y, et al. Nonneural nuclear inclusions of androgen

receptor protein in spinal and bulbar muscular atrophy. Am J Pathol 1998;153:695-701.

158. Koyano S, Uchihara T, Fujigasaki H, Nakamura A, Yagishita S and Iwabuchi K.

Neuronal intranuclear inclusions in spinocerebellar ataxia type 2: triple-labeling

immunofluorescent study. Neurosci Lett 1999;273:117-120.

159. Gutekunst CA, Li SH, Yi H, et al. Nuclear and neuropil aggregates in Huntington's

disease: relationship to neuropathology. J Neurosci 1999;19:2522-2534.

160. Arrasate M, Mitra S, Schweitzer ES, Segal MR and Finkbeiner S. Inclusion body

formation reduces levels of mutant huntingtin and the risk of neuronal death. Nature

2004;431:805-810.

161. Bevivino AE and Loll PJ. An expanded glutamine repeat destabilizes native

ataxin-3 structure and mediates formation of parallel beta -fibrils. Proc Natl Acad Sci U

S A 2001;98:11955-11960.

162. Ellisdon AM, Thomas B and Bottomley SP. The two-stage pathway of ataxin-3

fibrillogenesis involves a polyglutamine-independent step. J Biol Chem

2006;281:16888-16896.

163. Ellisdon AM, Pearce MC and Bottomley SP. Mechanisms of ataxin-3 misfolding

and fibril formation: kinetic analysis of a disease-associated polyglutamine protein. J

Mol Biol 2007;368:595-605.

164. Kayed R, Head E, Thompson JL, et al. Common structure of soluble amyloid

oligomers implies common mechanism of pathogenesis. Science 2003;300:486-489.

165. Shehi E, Fusi P, Secundo F, Pozzuolo S, Bairati A and Tortora P. Temperature-

dependent, irreversible formation of amyloid fibrils by a soluble human ataxin-3

carrying a moderately expanded polyglutamine stretch (Q36). Biochemistry

2003;42:14626-14632.

Page 49: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

166. Marchal S, Shehi E, Harricane M-C, et al. Stuctural instability and fibrillar

aggregation of non-expanded human ataxin-3 revealed under high pressure and

temperature. J Biol Chem 2003;278:31554-31563.

167. Chow MK, Paulson HL and Bottomley SP. Destabilization of a non-pathological

variant of ataxin-3 results in fibrillogenesis via a partially folded intermediate: a model

for misfolding in polyglutamine disease. J Mol Biol 2004;335:333-341.

168. Gales L, Cortes L, Almeida C, et al. Towards a structural understanding of the

fibrillization pathway in Machado-Joseph's disease: trapping early oligomers of non-

expanded ataxin-3. J Mol Biol 2005;353:642-654.

169. Kazantsev A, Preisinger E, Dranovsky A, Goldgaber D and Housman D. Insoluble

detergent-resistant aggregates form between pathological and nonpathological lengths

of polyglutamine in mammalian cells. Proc Natl Acad Sci U S A 1999;96:11404-11409.

170. Nucifora FC, Sasaki M, Peters MF, et al. Interference by Huntingtin and Atrophin-

1 with CBP-mediated transcription leading to cellular toxicity. Science 2001;291:2423-

2428.

171. McCampbell A, Taylor JP, Taye AA, et al. CREB-binding protein sequestration by

expanded polyglutamine. Hum Mol Genet 2000;9:2197-2202.

172. Perez MK, Paulson HL, Pendse SJ, Saionz SJ, Bonini NM and Pittman RN.

Recruitment and the role of nuclear localization in polyglutamine-mediated aggregation.

J Cell Biol 1998;143:1457-1470.

173. Gunawardena S, Her LS, Brusch RG, et al. Disruption of axonal transport by loss

of huntingtin or expression of pathogenic polyQ proteins in Drosophila. Neuron

2003;40:25-40.

174. Ikeda H, Yamaguchi M, Sugai S, Aze Y, Narumiya S and Kakizuka A. Expanded

polyglutamine in the Machado-Joseph disease protein induces cell death in vitro and in

vivo. Nat Genet 1996;13:196-202.

175. Haacke A, Broadley SA, Boteva R, Tzvetkov N, Hartl FU and Breuer P.

Proteolytic cleavage of polyglutamine-expanded ataxin-3 is critical for aggregation and

sequestration of non-expanded ataxin-3. Hum Mol Genet 2006;15:555-568.

176. Berke SJ, Schmied FA, Brunt ER, Ellerby LM and Paulson HL. Caspase-mediated

proteolysis of the polyglutamine disease protein ataxin-3. J Neurochem 2004;89:908-

918.

177. Haacke A, Hartl FU and Breuer P. Calpain inhibition is sufficient to suppress

aggregation of polyglutamine-expanded ataxin-3. J Biol Chem 2007;282:18851-18856.

178. Jung J, Xu K, Lessing D and Bonini NM. Preventing Ataxin-3 protein cleavage

mitigates degeneration in a Drosophila model of SCA3. Hum Mol Genet 2009;18:4843-

4852.

179. Yamamoto Y, Hasegawa H, Tanaka K and Kakizuka A. Isolation of neuronal cells

with high processing activity for the Machado-Joseph disease protein. Cell Death and

Differentiation 2001;8:871-873.

180. Yoshizawa T, Yamagishi Y, Koseki N, et al. Cell cycle arrest enhances the in vitro

cellular toxicity of the truncated Machado-Joseph disease gene product with an

expanded polyglutamine stretch. Hum Mol Genet 2000;9:69-78.

181. Colomer Gould VF, Goti D, Pearce D, et al. A mutant ataxin-3 fragment results

from processing at a site N-terminal to amino acid 190 in brain of Machado-Joseph

disease-like transgenic mice. Neurobiol Dis 2007;27:362-369.

182. Hubener J, Weber JJ, Richter C, et al. Calpain-mediated ataxin-3 cleavage in the

molecular pathogenesis of spinocerebellar ataxia type 3 (SCA3). Hum Mol Genet

2013;22:508-518.

Page 50: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

183. Pozzi C, Valtorta M, Tedeschi G, et al. Study of subcellular localization and

proteolysis of ataxin-3. Neurobiol Dis 2008;30:190-200.

184. Santos C. Genética molecular da doença de Machado-Joseph: modelos de estudo

em C. elegans. Tese-Universidade do Porto 2005;

185. Steffan JS, Kazantsev A, Spasic-Boskovic O, et al. The Huntington´s disease

protein interacts with p53 and CREB-binding protein and represses transcription. Proc

Natl Acad Sci U S A 2000;97:6763-6768.

186. Shimohata T, Nakajima T, Yamada M and al. e. Expanded polyglutamine stretches

interact with TAFII130, interfering with CREB-dependent transcription. Nat Genet

2000;26:29-35.

187. Riley BE and Orr HT. Polyglutamine neurodegenerative diseases and regulation of

transcription: assembling the puzzle. Genes Dev 2006;20:2183-2192.

188. D'Abreu A, Franca MC, Jr., Paulson HL and Lopes-Cendes I. Caring for Machado-

Joseph disease: current understanding and how to help patients. Parkinsonism Relat

Disord 2010;16:2-7.

189. Boy J, Schmidt T, Wolburg H, et al. Reversibility of symptoms in a conditional

mouse model of spinocerebellar ataxia type 3. Hum Mol Genet 2009;18:4282-4295.

190. Miller VM, Xia H, Marrs GL, et al. Allele-specific silencing of dominant disease

genes. Proc Natl Acad Sci U S A 2003;100:7195-7200.

191. Alves S, Nascimento-Ferreira I, Dufour N, et al. Silencing ataxin-3 mitigates

degeneration in a rat model of Machado-Joseph disease: no role for wild-type ataxin-3?

Hum Mol Genet 2010;19:2380-2394.

192. Alves S, Nascimento-Ferreira I, Auregan G, et al. Allele-specific RNA silencing of

mutant ataxin-3 mediates neuroprotection in a rat model of Machado-Joseph disease.

PLoS One 2008;3:e3341.

193. Rodriguez-Lebron E, Costa M, Luna-Cancalon K, et al. Silencing mutant ATXN3

expression resolves molecular phenotypes in SCA3 transgenic mice. Mol Ther

2013;21:1909-1918.

194. Nobrega C, Nascimento-Ferreira I, Onofre I, et al. Silencing mutant ataxin-3

rescues motor deficits and neuropathology in Machado-Joseph disease transgenic mice.

PLoS One 2013;8:e52396.

195. Costa Mdo C, Luna-Cancalon K, Fischer S, et al. Toward RNAi therapy for the

polyglutamine disease Machado-Joseph disease. Mol Ther 2013;21:1898-1908.

196. Hu J, Matsui M, Gagnon KT, et al. Allele-specific silencing of mutant huntingtin

and ataxin-3 genes by targeting expanded CAG repeats in mRNAs. Nat Biotechnol

2009;27:478-484.

197. Hu J, Gagnon KT, Liu J, et al. Allele-selective inhibition of ataxin-3 (ATX3)

expression by antisense oligomers and duplex RNAs. Biol Chem 2011;392:315-325.

198. Evers MM, Tran HD, Zalachoras I, et al. Ataxin-3 protein modification as a

treatment strategy for spinocerebellar ataxia type 3: removal of the CAG containing

exon. Neurobiol Dis 2013;58:49-56.

199. Menzies FM, Huebener J, Renna M, Bonin M, Riess O and Rubinsztein DC.

Autophagy induction reduces mutant ataxin-3 levels and toxicity in a mouse model of

spinocerebellar ataxia type 3. Brain 2010;133:93-104.

200. Nascimento-Ferreira I, Nobrega C, Vasconcelos-Ferreira A, et al. Beclin 1

mitigates motor and neuropathological deficits in genetic mouse models of Machado-

Joseph disease. Brain 2013;136:2173-2188.

201. Wang HL, Hu SH, Chou AH, Wang SS, Weng YH and Yeh TH. H1152 promotes

the degradation of polyglutamine-expanded ataxin-3 or ataxin-7 independently of its

Page 51: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

ROCK-inhibiting effect and ameliorates mutant ataxin-3-induced neurodegeneration in

the SCA3 transgenic mouse. Neuropharmacology 2013;70:1-11.

202. Jia DD, Zhang L, Chen Z, et al. Lithium chloride alleviates neurodegeneration

partly by inhibiting activity of GSK3beta in a SCA3 Drosophila model. Cerebellum

2013;12:892-901.

203. Saute JA, Castilhos RM, Monte TL, et al. A randomized, phase 2 clinical trial of

lithium carbonate in Machado-Joseph disease. Mov Disord 2014;

204. Chai Y, Koppenhafer SL, Bonini NM and Paulson HL. Analysis of the role of heat

shock protein (Hsp) molecular chaperones in polyglutamine disease. J Neurosci

1999;19:10338-10347.

205. Schmidt T, Lindenberg KS, Krebs A, et al. Protein surveillance machinery in

brains with spinocerebellar ataxia type 3: redistribution and differential recruitment of

26S proteasome subunits and chaperones to neuronal intranuclear inclusions. Ann

Neurol 2002;51:302-310.

206. Teixeira-Castro A, Ailion M, Jalles A, et al. Neuron-specific proteotoxicity of

mutant ataxin-3 in C. elegans: rescue by the DAF-16 and HSF-1 pathways. Hum Mol

Genet 2011;20:2996-3009.

207. Fujikake N, Nagai Y, Popiel HA, Okamoto Y, Yamaguchi M and Toda T. Heat

shock transcription factor 1-activating compounds suppress polyglutamine-induced

neurodegeneration through induction of multiple molecular chaperones. J Biol Chem

2008;283:26188-26197.

208. Silva-Fernandes A, Duarte-Silva S, Neves-Carvalho A, et al. Chronic Treatment

with 17-DMAG Improves Balance and Coordination in A New Mouse Model of

Machado-Joseph Disease. Neurotherapeutics 2014;Jan 30:

209. Simoes AT, Goncalves N, Koeppen A, et al. Calpastatin-mediated inhibition of

calpains in the mouse brain prevents mutant ataxin 3 proteolysis, nuclear localization

and aggregation, relieving Machado-Joseph disease. Brain 2012;135:2428-2439.

210. Chou AH, Chen SY, Yeh TH, Weng YH and Wang HL. HDAC inhibitor sodium

butyrate reverses transcriptional downregulation and ameliorates ataxic symptoms in a

transgenic mouse model of SCA3. Neurobiol Dis 2011;41:481-488.

211. Yi J, Zhang L, Tang B, et al. Sodium valproate alleviates neurodegeneration in

SCA3/MJD via suppressing apoptosis and rescuing the hypoacetylation levels of

histone H3 and H4. PLoS One 2013;8:e54792.

212. Chen X, Tang TS, Tu H, et al. Deranged calcium signaling and neurodegeneration

in spinocerebellar ataxia type 3. J Neurosci 2008;28:12713-12724.

213. Shakkotai VG, Costa Mdo C, Dell´Orco JM, Sankaranarayanan A, Wulff H and

Paulson HL. early changes in cerebellar physiology acconpany motor dysfunction in the

polyglutamine disease, Spinocerebellar ataxia type 3. J Neurosci 2011;31:13002-13014.

214. Goncalves N, Simoes AT, Cunha RA and de Almeida LP. Caffeine and adenosine

A(2A) receptor inactivation decrease striatal neuropathology in a lentiviral-based model

of Machado-Joseph disease. Ann Neurol 2013;73:655-666.

Page 52: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Tabela 1. Lista de doenças causadas por expansão de CAGs/poliglutamina nas regiões codificantes.

Page 53: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Doença Modo de

Gene Locus Proteína

Tamanho da repetição CAG

transmissão normal mutada

Atrofia muscular espino-bulbar recessiva ligada ao X AR Xq13-21 receptor de androgénio 9-36 38-66

(Doença de Kennedy)

Doença de Huntington autossómica dominante HD 4p16.3 huntingtina 6-35 36-121

Atrofia dentatorubropalidoluysiana autossómica dominante DRPLA 12p13-31 atrofina-1 6-35 49-88

(Sindroma de Haw-River)

Ataxia espinocerebelosa tipo 1 autossómica dominante ATXN1 6p23 ataxina-1 6-44 39-82

Ataxia espinocerebelosa tipo 2 autossómica dominante ATXN2 12q24.1 ataxina-2 15-31 36-63

Ataxia espinocerebelosa tipo 3 autossómica dominante ATXN3 14q32.1 ataxina-3 12-44 54-86

(Doença de Machado-Joseph)

Ataxia espinocerebelosa tipo 6 autossómica dominante CACNA1A 19p13 subunidade canal cálcio 1A 4-18 21-33

Ataxia espinocerebelosa tipo 7 autossómica dominante ATXN7 13p12-13 ataxina-7 4-35 37-306

Ataxia espinocerebelosa tipo 17 autossómica dominante TBP 6q27 TATA binding protein 30-42 45-63

Page 54: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer à minha família especialmente aos meus pais por todo o apoio

que me deram ao longo destes anos. Ao meu irmão, à minha cunhada Paula e sobrinha

Inês agradeço o carinho com que sempre me brindaram.

À Doutora Carolina Garrett agradeço-lhe a disponibilidade e por ter aceite a minha

orientação.

Um especial agradecimento aos meus colegas de curso ano 2008/2014 pelo excelente

ambiente que me proporcionaram durante estes 6 anos.

Ao Paulo pela compreensão e por ter estado sempre ao meu lado.

Page 55: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Anexos

Page 56: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Anexo

Normas de candidatura Revista SINAPSE

1. Os trabalhos candidatos a publicação serão inéditos, e não deverão ser enviados para

outras publicações.

2. Deverão ser remetidos por correio electrónico, em documentos anexos (attached files)

Microsoft WordTM, em qualquer versão actual.

3. Deverão ser evitados símbolos, sublinhados, palavras em maiúsculas, bolds, itálicos, notas

de topo ou de rodapé, e artifícios formais.

4. As páginas não deverão ser numeradas.

5. Deverão ser redigidos em português ou em inglês. Poderão, excepcionalmente, aceitar-se

trabalhos em francês ou espanhol.

6. Da primeira página constarão: título do trabalho, nome próprio, apelido, departamento ou

serviço, instituição, profissão, cargo, endereço, telemóvel e correio electrónico de todos os

autores.

7. A segunda página incluirá: o título do trabalho, o nome dos autores, o resumo, as palavras-

chave e o título de cabeçalho; a morada institucional e o endereço de correio electrónico a

incorporar no artigo.

8. A terceira página será a versão em inglês da segunda página, se o artigo foi redigido em

português (e vice-versa). Se o artigo for redigido em francês ou espanhol, a terceira e quarta

página serão versões em português e Inglês, respectivamente.

9. As restantes folhas incluirão as diferentes secções do trabalho. Os trabalhos originais

incluirão as seguintes secções: introdução/objectivos, metodologia, resultados,

discussão/conclusões e bibliografia. Os casos clínicos serão estruturados em introdução, caso

clínico, discussão e bibliografia. As revisões incluirão, pelo menos, introdução,

desenvolvimento, conclusões e bibliografia. Os editoriais e as cartas estarão isentos de

organização em secções. No texto das secções, a identificação institucional será evitada,

podendo ser acrescentada, se imprescindível, no fim do processo de avaliação e antes da

publicação do artigo.

Page 57: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

10. As tabelas e figuras deverão ser enviadas em documento adicional Microsoft WordTM, uma

por página, precedidas por uma página que inclua as notas correspondentes. As figuras serão

enviadas em ficheiros GIF ou JPEG.

11. Os agradecimentos ou menções particulares constarão em página própria.

12. Os compromissos particulares ou institucionais (patrocínios, financiamentos, bolsas,

prémios) serão expressos obrigatoriamente em página adicional.

Page 58: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

Regras para elaboração do trabalho

1. Título

Será claro e informativo, representativo do conteúdo do artigo e captando a atenção do leitor.

Não terá iniciais ou siglas, nem excederá vinte palavras. Sub-títulos genéricos ou vulgares

como “caso clínico” ou “ a propósito de um caso clínico” não serão aceites.

2. Autores e instituições

A autoria exige, cumulativamente, contribuições substanciais para:

a) concepção e desenho, ou aquisição de dados, ou análise e interpretação de dados;

b) redacção ou revisão crítica de uma parte importante do seu conteúdo intelectual;

c) responsabilidade pela aprovação da versão final. Cada um dos autores deve ter participado

suficientemente no trabalho para assumir responsabilidade pública pelo seu conteúdo. A

obtenção de financiamento, a colecção de dados ou a supervisão da equipa de investigação

não justificam a autoria. Todas pessoas designadas por autores devem cumprir os critérios;

nenhuma pessoa qualificada para autoria deve ser excluída. Membros do grupo de trabalho

(coordenadores, directores, técnicos, consultores), que não cumpram os critérios internacionais

de autoria, poderão ser listados em “agradecimentos”. O número de autores será parcimonioso,

particularmente em “Casos Clínicos”. A inclusão e compromisso do nome das instituições é da

responsabilidade dos autores.

3. Resumo

O resumo tem um limite máximo de 400 palavras. Não deve incluir abreviaturas. Deve

apresentar-se estruturado.

Originais: Introdução, Objectivos, Metodologia, Resultados e Conclusões.

Revisões: Introdução, Objectivos, Desenvolvimento e Conclusões.

Casos clínicos: Introdução, Caso Clínico e Conclusões.

O resumo será coerente com o conjunto do artigo.

Page 59: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

4. Palavras-chave

Devem ser incluídas até seis palavras-chave, na língua original do artigo e em inglês,

preferencialmente previstas na lista do Medical Subject Headling List of the Index Medicus.

5. Cabeçalho

Versão reduzida do título, para eventuais efeitos de composição gráfica.

6. Introdução / Objectivos

Exposição, completa e sucinta, do estado actual do conhecimento sobre o tema doartigo.

Expressão clara das motivações e objectivos que levaram ao planeamento do trabalho.

7. Metodologia

Descrever os critérios de selecção do material do estudo e o desenho do mesmo. Usar

unidades internacionais. Assinalar os métodos estatísticos.

8. Resultados

Devem ser escritos os dados relevantes.

Os dados constantes de tabelas ou figuras não devem, em princípio, ser repetidos no texto. As

tabelas devem ser nomeadas em numeração romana (p. ex.: Tabela IV), por ordem de

aparecimento no texto. As figuras devem ser nomeadas em numeração árabe (p. ex.: Fig. 4.),

pela ordem de aparecimento no texto. A responsabilidade de protecção dos direitos de figuras

previamente publicadas é da responsabilidade dos autores. A publicação de fotografias de

pessoas exige a completa dissimulação da sua identidade ou uma folha assinada de

consentimento informado e parecer de uma Comissão de Ética de uma instituição pública.

9. Discussão

Não voltar a apresentar resultados, evitando redundâncias. Não mencionar dados que não

foram apresentados nos resultados. Dar-se-á relevo aos aspectos novos, reflectir sobre as

limitações e justificar os erros ou omissões. Relacionar os resultados com outros estudos

Page 60: Doença de Machado Joseph: do diagnóstico à terapêutica · observadas alterações noutras áreas como tálamo e lobos cerebrais. Estudos de imagem revelaram atrofia da ponte,

relevantes. As conclusões deverão basear-se apenas nos resultados. Poderão fazer-se

recomendações.

10. Bibliografia

As referências bibliográficas devem ser identificadas no texto através de numeração árabe,

entre parêntesis, ao nível da linha. Devem ser numeradas segundo a ordem de aparecimento

no texto. A referência deve incluir o apelido e inicial de todos os autores; se o artigo tiver mais

de seis autores, devem ser referidos apenas os três primeiros, seguindo-se a expressão et al.

Os nomes dos autores devem ser seguidos por título do artigo, abreviatura da revista segundo

as recomendações do List of Journals Indexed in Index Medicus, ano de edição, volume,

primeira e última página. As referências a livros devem incluir o título do livro, seguido do local

de publicação, editor, ano, e páginas relevantes. Se alguma referência se encontrar pendente

de publicação deverá descrever-se como “in press”. A referência a comunicações pessoais não

é aceitável.

11. Dúvidas ou casos omissos

Serão resolvidos de acordo com as normas do ICMJE (http://www.icmje.org).