28
nÚmerO 126 15 de maiO a 15 de junhO de 2013 2 € periódico galego de informaçom crítica assOciaçOm PePe rei 20 O jornalista Pepe Rei deixou pegada em Euskal Herria, onde trabalhou nos meios Ekin, Ardi Beltza e Kale Gorria. Desde há meio ano, umha associaçom reivindica a sua figura e a necessidade do jornalismo de investigaçom. memória histórica 21 Maio de 1901 foi na Corunha umha da- ta marcada na luita de classes. Umha greve cobrava na altura a morte de sete pessoas e mais dum cento de deten- çons, nuns feitos que recuperamos pe- rante ao esquecimento geralizado. N ovas da G ali a “A divisom na Real Academia Galega foi por umha questom moral, prévia a todo o demais” XESÚS ALONSO MONTERO NSO MONTERO presidente da Real da Real Academia Galega a Galega Pág. 6 OPiniOm MAIS RIcO é O cALDO por Ernesto v. Souza / 3 UMhA MESMA fERIDA por hadriám Mosquera ‘Senlheiro’ / 3 O PISTOLEIRO DE v.A. por Mauricio Delito / 28 suPlementO central a revista é ROSALIA DE TODOS? Visom de Helena Miguélez-Carballeira acerca do legado de Rosalia de Castro e a sua apropriaçom por parte do poder MANUEL MURGUIA: SEMENTE DE NAÇOM Percurso pola vida e obra do pai da historiografia do nosso país, da infáncia à presidência da Real Academia Galega Parlamento adere sem paliativos o texto da ILP Paz-Andrade, se bem nom há perspetiva de aplicaçom em curto prazo / PÁG.13 Acusam patrom maior de Caiom por fraude dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Coletivos marinheiros acusam o atual patrom maior de Caiom, Evaristo Lareo Viñas, de ser responsável polo desvio de en- tre 80 e 200 milhons de euros de donativos particulares durante o desastre do Prestige. Lareo Viñas, um homem vencelhado com o PP da zona e com diver- sos cargos em pontos estratégi- cos, presidiu a fundaçom Oceá- no Vivo e também estava rela- cionado com a Comissom de Afetados pola Catástrofe do Prestige, cuja conta bancária estava assinada por ele. / PÁG. 15 Mina de ouro ameaça futuro de Bergantinhos PrOjetO transnaciOnal em cOrcOestO O economista Xabier Villares analisa o impacto da mina que a transnacional canadiana Edge- water pretende pór em anda- mento na paróquia de Corcoes- to, no concelho de Cabana de Bergantinhos. Este projeto ame- aça com traer à comarca as de- moliçons e as grandes movi- mentaçons de terra que carate- rizam a mineraçom a céu aber- to. De outra banda, questiona a oferta de postos de trabalho que a empresa publicita. / PÁG. 18 GaiÁs, cidade Pantasma Voto unánime pola lusofonia O ‘PrOjetO estrela’ da cultura fica vaziO e sem futurO clarO A Cidade da Cultura é o edifício mais mediático da Galiza. Situado no cume do monte Gaiás, em Com- postela, o macroprojeto ideado por Manuel Fraga e desenvolvido por Peter Eisenman foi acumulando crí- ticas de cada vez mais setores sociais, a começar por um mundo da cultura que cada vez se vê mais preca- riçado. A decisom tomada polo Parlamento de Galiza de paralisar as obras do complexo com dous edifí- cios sem construir por falta de fundos nom surpren- deu a sociedade galega, já convencida de que o pro- jeto nom podia seguir adiante. Agora, sobre o futuro do conjunto do Gaiás, só ficam dúvidas. / PÁG. 16-17 NURIA PAMPÍN

dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

  • Upload
    ngoque

  • View
    223

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

nÚmerO 126 15 de maiO a 15 de junhO de 2013 2 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

assOciaçOm PePe rei 20O jornalista Pepe Rei deixou pegadaem Euskal Herria, onde trabalhou nosmeios Ekin, Ardi Beltza e Kale Gorria.Desde há meio ano, umha associaçomreivindica a sua figura e a necessidadedo jornalismo de investigaçom.

memória histórica 21Maio de 1901 foi na Corunha umha da-ta marcada na luita de classes. Umhagreve cobrava na altura a morte de setepessoas e mais dum cento de deten-çons, nuns feitos que recuperamos pe-rante ao esquecimento geralizado.

Novas da Gali a

“A divisom na

Real Academia

Galega foi por

umha questom

moral, prévia a

todo o demais”

XESÚS ALONSO MONTERONSO MONTEROpresidente da Realda RealAcademia Galegaa GalegaPág. 6

OPiniOm

MAIS RIcO é O cALDO por Ernesto v. Souza / 3

UMhA MESMA fERIDApor hadriám Mosquera ‘Senlheiro’ / 3

O PISTOLEIRO DE v.A. por Mauricio Delito / 28

suPlementO central a revista

é ROSALIA DE TODOS?Visom de Helena Miguélez-Carballeira acerca do legado de Rosalia de Castro e a sua apropriaçom por parte do poder

MANUEL MURGUIA: SEMENTE DE NAÇOMPercurso pola vida e obra do pai da historiografia do nosso país,da infáncia à presidência da Real Academia Galega

Parlamento adere sem paliativos o texto da ILP Paz-Andrade, se bem nom há perspetiva de aplicaçom em curto prazo / PÁG.13

Acusam patrom maiorde Caiom por fraude

dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe

Coletivos marinheiros acusamo atual patrom maior de Caiom,Evaristo Lareo Viñas, de serresponsável polo desvio de en-tre 80 e 200 milhons de euros dedonativos particulares duranteo desastre do Prestige. LareoViñas, um homem vencelhado

com o PP da zona e com diver-sos cargos em pontos estratégi-cos, presidiu a fundaçom Oceá-no Vivo e também estava rela-cionado com a Comissom deAfetados pola Catástrofe doPrestige, cuja conta bancáriaestava assinada por ele. / PÁG. 15

Mina de ouro ameaçafuturo de Bergantinhos

PrOjetO transnaciOnal em cOrcOestO

O economista Xabier Villaresanalisa o impacto da mina que atransnacional canadiana Edge-water pretende pór em anda-mento na paróquia de Corcoes-to, no concelho de Cabana deBergantinhos. Este projeto ame-

aça com traer à comarca as de-moliçons e as grandes movi-mentaçons de terra que carate-rizam a mineraçom a céu aber-to. De outra banda, questiona aoferta de postos de trabalho quea empresa publicita. / PÁG. 18

GaiÁs, cidade Pantasma

Voto unánime pola lusofonia

O ‘PrOjetO estrela’ da culturafica vaziO e sem futurO clarO

A Cidade da Cultura é o edifício mais mediático daGaliza. Situado no cume do monte Gaiás, em Com-postela, o macroprojeto ideado por Manuel Fraga edesenvolvido por Peter Eisenman foi acumulando crí-ticas de cada vez mais setores sociais, a começar porum mundo da cultura que cada vez se vê mais preca-

riçado. A decisom tomada polo Parlamento de Galizade paralisar as obras do complexo com dous edifí-cios sem construir por falta de fundos nom surpren-deu a sociedade galega, já convencida de que o pro-jeto nom podia seguir adiante. Agora, sobre o futurodo conjunto do Gaiás, só ficam dúvidas. / PÁG. 16-17

NU

RIA

PA

MP

ÍN

Page 2: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

02 OPiniOm Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

O PelOurinhO dO nOvas

alcaldadas

Eu, desde a minha obriga de fisca-lizaçom do governo como primei-ro edil da oposiçom em Jove, criti-quei recentemente um feito indu-bitável: o cobro de dietas do meualcalde por acudir à manifestaçomde Alcoa em Santiago. Um proble-ma este, o da tarifa elétrica para amultinacional do alumínio, que foiutilizado em plena campanha elei-toral às autonómicas dum modoobsceno para proveito políticopróprio, sem sentido da medidanem sentido do ridículo.

Os ataques para a minha pessoa(e ainda os insultos que recebimno passado) nom som algo novono meu alcalde. Mesmo aceito quese podam entender como legíti-mos, dado que para algumhas pes-soas som intrínsecos à exposiçompública de um cargo institucional.Porém, o que nunca me passaranestes quatro anos de dedicaçomà política municipal (dous comoresponsável local do BNG jovensee dous como concelheiro) é que daequipa de governo se utilizasse àminha filha para me fazer dano po-lítico. Umha reaçom que denotadum modo objetivo muito pouca

inteligência. Nom deixa de serruim coma a fame valer-se de um-ha nena de três anos como contra-golpe na crítica pública. Só se podeentender como um comportamen-to canalha que do nosso governi-nho se alegue um presunto abusoda minha nena pola sua escolari-zaçom no infantário municipalque, a propósito, pago mês a mêsreligiosamente e se justifique esteataque infame no feito de que a Es-cola Infantil de Jove é deficitária.Também é deficitária a equipa degoverno local e a mim nom se meocorre botar-lhe a culpa aos filhosdos seus membros, entre outrascousas porque me merecem bas-tante mais respeito que os seuspróprios pais. Este tipo de argu-mentaçom realizada pola alcaldiaassemelha-se cada vez mais à dascortes, mas nom às Cortes de Ma-drid, senom às que se escrevemcom minúscula e das que se quitao esterco. Nom se podem misturaralhos com bugalhos, meus amigos.

Nom lhes nego que, depois destaalcaldada, pensei em sacar a minhafilha da Escola Infantil para nomabusar mais dos recursos de umConcelho com dous milhons de eu-ros no banco; mas na minha casaimpedirom-mo, com bom critério,

porque “a cativa nom tem culpa”.Contudo fiquei com um remorso, ode demonstrar-lhe tanto ao gover-ninho que nos dirige como aos queo apoiam que eu tenho dignidade,mas existem momentos na vida emque há que ceder o orgulho e dei-xar-lhe passo ao sentido comum.

Nom sei se me expliquei bem,mas por se nom fum claro davon-do vou-lho resumir com todas asletras: vale mais um sorriso da

minha pícara que todos os gover-nantes do Concelho de Jove jun-tos, incluído um alcalde que seerigiu em fiel reflexo da cataduramoral da corporaçom municipal.Ainda que algum bom haverá. Al-gum ao que nom lhe pareça bema utilizaçom dumha nena de trêsanos para fazer-lhe dano ao opo-nente político. Ou algumha.

Marco López (BNG Xove)

carta aO Presidente da raG

Estimado senhor Presidente daReal Academia Galega:

Dirigimo-nos a você para lhefazer chegar o nosso mais profun-do desagrado pola maneira de no-mear a nova equipa plenária daentidade que você representa.

(...) A professora Rosário Álva-rez Blanco exerce como Tesourei-ro, enquanto que dona MargaritaLedo Andión ocupa o cargo de Ar-quiveiro-Bibliotecario.

Achamos que vocês, mais queninguém, deveriam ser conscien-tes da importância da dualidadegenérica e das nefastas conse-quências sociais que leva aparelha-do o uso indevido das palavras. (...)

Entendemos que posto que atrajetória em prol da igualdade daRAG tem piorado muito desde asua fundaçom, o que podem fazeragora, no mínimo, já que por pri-meira vez tenhem duas mulheresna cúpula de tam significada ins-tituiçom, é ser justos e responsá-veis no tratamento da mulher ga-lega e da sua língua.

Redaçom de ‘Andaina. RevistaGalega de Pensamento Feminista’

Umha instituiçom para cadavez menos gente. Esse pa-rece o projeto com o que o

recente novo presidente da RealAcademia Galega se achega aoposto de máxima representaçomda RAG. Xesús Alonso Monterovem, em cousa de semanas, de in-sultar nom só os reintegracionis-tas, mas também a toda a base so-cial do BNG, ao que acusa de “aba-far” a língua. O velho militante doPCE aprofunda assim na linha doanterior presidente, que opinava

ter-se que fazer com o reintegra-cionismo “o mesmo que com 'Gali-cia Bilingüe'” por ser “gente queestá em contra do idioma”.

Repartir agora culpas ou ordenarpor gravidade os mais recentes re-presentantes públicos da Academiaque pretende ser defensora da lín-gua de pouco há-de valer. O caso éque a instituiçom caminha a mar-cha rápida para conseguir o desa-feto de cada vez mais setores impli-cados na defesa da língua. Escuda-dos no labor de vigilância e defesa

da norma que o pacto autonómicolhe encomenda, a RAG semelha ca-da dia mais um lugar que nem estáa aproximar-se à populaçom e aosagentes culturais, nem o procura.

Mui na contra, dá a impressomde que os esforços mais gigantesda instituiçom centenária vam emassegurar a sua própria supervi-vência como único organismo re-gulador da escrita -e com isso detoda a economia que em subven-çons ou postos na educaçom deladepende-. De gastar muitas mais

forças em desacreditar qualquerumha prática lingüística ou culturalque nom encaixe com a norma au-tonómica, do que em defender oidioma além das práticas rituais doDia das Letras. Garantem que pu-blicaçons monolingües nom po-dam aspirar a um cêntimo de di-nheiro público por nom estarem“escritas integramente em galegoconforme a normativa oficial vigen-te”, enquanto meios espanholistase em espanhol ao 95% como La Voz

de Galicia recebem subvençons mi-

lionárias polo emprego da língua.É polo desprezo a quem mantém

umha postura diferente a respeitoda decissom política de como gra-farmos a nossa língua, apoiada noaparelho de poder autonómico, quenenhum dos setores implicados nopatético espetáculo vivido na RAGnos últimos meses, pode fingir sur-presa ao nom receber mais que um-ha indiferença de boa parte do teci-do social que dia a dia age por fazerlíngua e pais contra vento, maré, elamentavelmente pese à RAG.

A palavras loucas, orelhas moucaseditOrial

humOr susO sanmartin

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDITORAA.c. MINhO MEDIA

cONSELhO DE REDAÇOMIván G. Riobó, Aarón López Rivas, RubénMelide, Xavier Miquel, Antia Rodríguez Gar-cía, Raul Rios, Xoán R. Sampedro, Olga Ro-masanta, Alonso vidal, Paulo vilasenin

SEcÇONScronologia: Iván cuevas / Economia:Aarón López Rivas / Agro: Paulo vilasenine Jéssica Rei / Mar: Afonso Dieste / Media:Xoán R. Sampedro e Gustavo Luca / A Terra Treme: Daniel R. cao / Além Mi-nho: Eduardo S. Maragoto / Povos: José

Antom ‘Muros’ / Dito e feito: Olga Roma-santa / A Denúncia: Iván García / cultura:Antia Rodríguez / Desportos: Anjo Rua Nova, Isaac Lourido e Xermán viluba /consumir Menos, viver Melhor: Xan Duro /A criança Natural: Maria Álvares Rei /Agenda: Irene cancelas / A Revista: RubénMelide / A Galiza Natural: João Aveledo /Gastronomia: Luzia Rgues., Sino Seco /Língua Nacional: valentim R. fagim / criaçom: Patricia Janeiro / cinema:francesco Traficante, Xurxo chirro

DESENhO GRÁfIcO E MAQUETAÇOMhilda carvalho, Joám fernandes, Manuel Pintor, helena Irímia

fOTOGRAfIAArquivo NGZ, Sole Rei, Galiza Independente(GZI-foto), Zélia Garcia, Borja Toja

ADMINISTRAÇOMJosé viana e carlos Barros Gonçales

LOGÍSTIcA E PUBLIcIDADEJosé viana e Daniel R. cao

AUDIOvISUAL: Galiza contrainfo

hUMOR GRÁfIcOSuso Sanmartin, Pestinho, Xosé Lois hermo,Gonzalo, Ruth caramés, Pepe carreiro, Mincinho, Beto

cORREÇOM LINGÜÍSTIcAXiam Naia, fernando corredoira, vanessa vilaverde, Mário herrero, Javier Garcia, Iván velho

cOLABORAM NESTE NÚMEROErnesto vázquez Sousa, h. Mosqueira 'Senlheiro', María Rúa, Maria Álvares, Xabier I. villares, María do carmo García-Negro, Miguel Rodríguez, Diego Gómez, Ismael R. Saborido, Maurício Delito, NuriaPampín, Manuel varela, helena Miguélez-carballeira, Sole Rei, Evinha da Torre

fEchO DE EDIÇOM: 15/05/2013

Page 3: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

Tantum religio potuit suadere malorum

Lucrécio

Contra tudo quanto nosapreendeu a modernida-de na procura do mais só-

lido Estado-Nação, no ronsel fu-nesto da filosofia cristã e a suaconsolidação como religião Im-perial, o modelo único, inquestio-nável na ortodoxia, não é cousaboa, nem útil.

Quase 40 anos depois, pode-mos perguntar-nos, quanto à lín-gua, de que serve ou a quem a tei-ma de unidade? O dano dos anos80, do “piñeirismo”, não é a Nor-ma sacralizada pelo autonomis-mo, foi a exclusão, a rotura, oconfronto, a perseguição, a que-bra da convivência entre tradi-ções e práticas, entre escolas deescrita e pensamento.

E mais quando aconteceu por-que a escola e a legislação espa-nhola armadilharam o ritmo deuma obrigada unidade adminis-trativa, limitada por lei ao territó-rio autonómico.

Diversa era, é, a prática: dife-rentes as tradições escritas, tantoque dificilmente podemos falar denormas consolidadas: raros são oscasos professor-aluno, e mais ex-traordinários os grupos homogé-neos e publicações corrigidas. Háteoria de escolas posicionadas,tendências pré-fixadas, critérioscomuns defendidos.

Mas nenhuma escola ou teoriaé mais perfeita do que a qualidadedos mestres que nela participem,nenhum modelo programadomais estratégico, nem mais perfei-to tecnicamente, do que os seusresultados demonstrarem; nenhu-ma norma mais ajustada social-mente, nem histórica do que a mo-

da ou a narra-tiva históricafutura queiramdemonstrar.

A experiênciadiz que sãomais produtivosos espaços deconvivência etolerância depráticas, que oterror e o silên-cio. A realidade éde prática mútiplaque todos fomos apren-dendo, como pudemos,para sairmos do comumanalfabetismo.

Por que não mudar a lógi-ca e estabelecer que todanorma é boa mentres nãohaja um Estado galego, umaescola galega? E mesmo de-pois, visto o visto, porque têm de se gastaresforços na procu-ra de uma Normaúnica prévia en-quanto social-mente não hou-ver consenso?

Seja como for,nos modelos en-xebristas defini-dos por aquilo de“ser diferente é serexistente” o categorizadoalheio (seja castelhano, sejaportuguês, seja

alternativo) substrai,por princípio. Nos

modelos aber-tos tudo suma,até o excluden-te, pois retifica,aquilata, refor-

ça, questiona asestruturas bases,estabelece va-riantes formais,de contexto, re-

gistro ou dialeto. Num modelo

aberto, cabem, sãoparte, todas as esco-

las, todos os esforços detantos anos, inteira a tradi-ção e escrita. No meu escre-

ver, a independência, sabore força vêm garantidas pelossedimentos de todos os ele-mentos constituintes, pelo lé-

xico ambiente, pelasmorfologias popula-

res, dialetais, e ar-caicas, pela fra-seologia, pelafortíssima tradi-ção literária, ashesitantes nor-mas gramati-

cais, pela históriae política desse

também dubitativoduplo iberismo nosso.

A minha achega é fi-lha de leituras, teimas,

contato com di-

versos grupos, escolas e perspec-tivas, original como a minha opi-nião, intransferível no seu trânsitoe construção. Porém soma, e éajeitada pelos contributos doutrosque me lerem e nos que eu leio.

O conjunto desenha-se social-mente, por acaso múltiplo, capila-ridade, influência, magistério devozes, figuras ou escolha ambien-te inconsciente. Um por um e es-cola e a estilo, vão-se achegandopeças e ideias, para que os leitorese utentes do futuro, quais huma-nistas doutrora, façam entre en-saio e erro o seu sufrágio.

Deixemos acontecer, longe me-lhor dessa obsessão do modeloúnico perfeito e prévio, que maisrico é o caldo quanta mais e varia-da substância.

03OPiniOmNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

OPiniOm

Recebo a carta de um ami-go da minha aldeia. Eleestá emigrado na França.

É um dos 80.000 jovens que aban-donou o país desde 2008. Diz-meele: "ti preso longe da terra, euemigrado, os dous temos um pe-queno ponto em comum: partilha-mos essa espera, de passar a por-ta da casa, da lareira..."

Prossegue, dando-me fôlegos:"eu fecho os olhos e tento imaginarque caminho polo monte do Pi-com, que meto os pés no rio e que

está tam frio coma sempre, ou a er-va na carvalheira do Constante,porque a imaginaçom é mui gran-de e ninguém pode proibir-no-la".

Outro amigo, antigo compa-nheiro de trabalho, afincado naTerra ele, envia-me junto com assuas saudaçons umha esperpénti-ca cópia da sua petiçom de admis-som num programa de bachare-lato. Apresentada esta, fora depraço, numha folha de cadernoescrita a mao e cheia de gralhas.Diz, literalmente: "cumpridos os25 anos de idade, procedentedumha família totalmente deses-truturada, com um trabalho sem

absolutamente nenhuma possibi-lidade de futuro nem realizaçompessoal, atopando-me num esta-do de desesperaçom e no qual osexpertos qualificam de "exclusomsocial" solicito..."

Ambos dirigem-se a mim, numgesto de solidariedade e apoiomutuo, mas eu penso que falamtambém para si, reflexivamente,buscando em si próprios um ca-minho e umha resposta.

Como este pequeno artigo, essascartas contenhem dentro de si mui-tas perguntas e o mesmo berro-ou-veio de Irmandade e Força. Poisemigrado, precarizado e preso, ostrês partilhamos a mesma arela: vi-ver dignos e livres na nossa Terra.

Ao cair a tarde

a águia sobrevoa este céu

e deixa trás de si umha ferida

é através dela que nos miramos

aos olhos

as irmás

e soam umhas guitarras elétricas

coma lóstregos:

"Que chegue a hora da fúria,

a ira pode ser poder

Sabias que podes utilizá-lo?"

The Clash

"Quando me perguntam pola mi-

nha identidade nas esquinas eu

abro e mostro-lhes a minha ferida"

Higri Izgqren

Umha mesma ferida h. Mosquera ‘Senlheiro’

Mais rico é o caldoErnesto vázquez Sousa

Emigrado, precarizadoe preso, os três partilhamos a mesmaarela: viver dignos elivres na nossa Terra

A experiência diz que

são mais produtivos

os espaços de

convivência de

práticas, que o

terror e o silêncio

Por que têm de se

gastar esforços na

procura de uma

Norma única prévia

enquanto socialmente

não houver consenso?

Page 4: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

04 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

NGZ / A medida que passam osdias, desde a petiçom de concur-so de acreedores por parte dePescanova, novas irregularida-des vam saíndo na complexa tra-ma que abrange a multinacionalgalega do peixe. Irregularidadesque afetam tanto ao seu apoiointerno através das subvençonspúblicas ou ajudas da banca, co-mo ao seu organograma exte-rior, especialmente na sua estru-tura na América do Sul. Depoisdas pesquisas destes meses oque parece cada vez mais credí-vel é que o buraco de Pescanova,que já ascende a 3000 milhonsde euros, era conhecido pormuita mais gente que polo seupresidente. A nível interno háque destacar o papel jogado porNovaGalicia Banco e as duascaixas anteriores à sua fusom, jáque eram duas das principaisacionistas da multinacional, an-tes de vender o seu pacote deaçons a Fernández Sousa no ano2011. Atualmente NovaGaliciaBanco é um dos principais deve-dores da empresa com 161,58milhons de euros, e segundofontes acionáriais consultadaspor este jornal, pode haver asuspeita de que parte do dinhei-ro conseguido com a venda das

polémicas participaçons prefe-rentes, foram aproveitadas paratapar o buraco de Pescanova.

As tramas externasUmha das principais problemáti-cas para realizar umha auditoriareal da dívida de Pescanova é acomplexa trama de empresas e

filiais que som controladas dire-ta ou indiretamente por Fernán-dez Sousa e que estám estendi-das por 25 países ao redor domundo. De facto, as investiga-çons apontam que 5 destas em-presas radicadas na América doSul, poderiam ter ocultado nomínimo umha terceira parte da

dívida oculta da multinacional.Embora o secretismo de Pesca-nova aduzindo “informaçom dealto valor estratégico” na memó-ria de 2010, figuram 112,9 mi-lhons outorgados à empresa deNamibia, Novanaman e a uru-guaiana de American Shippins(as duas com um 49% de aciona-

riado nas suas maos). Em Chilee na Argentina, Pescanova contacom duas filiais que estám emquebra (Pesca Chile) e com outraque está pendente de se resolverum concurso de acredores nosjulgados argentinos. Tambémem Portugal, onde a empresatem umha importante atividadeaqüícola (e onde destinou a cen-tral que queria construir no caboTourinhám), houvo ocultaçomde informaçom. Na central deMira, dous acidentes consecuti-vos que levárom à morte de mi-lhons de peixes, fijo que as per-das entre os anos 2011 e 2012 fo-ram de 70 milhons de euros.Ademais a central, que contoucom umha inversom de 140 mi-lhons de euros, nunca tivo asprevisions económicas e produ-tivas que se esperava dela. Final-mente, cumpre destacar umhadenúncia feita por um professorda Universidade Politécnica deMadrid (UPM) onde denuncia aspossíveis irregularidades feitasentre o departamento de Mar daUPM e Pescanova, com algomais de 41 convénios assinadospara projetos no exterior, e comumha possível irregularidadenas contas e no financiamentopúblico dumha empresa privada.

acOnteceUm militante do CS Revira foi detido num-ha manifestaçom antifascista do 1º deMaio na capital castelá. Tratava-se um atode protesto contra a manifestaçom autori-zada de coletivos ultradireitistas. Foi postoem liberdade no dia a seguir.

militante da revira detidO em madrid

Iniciam campanha para que a cantanteNoa nom atue em Compostela o 21 demaio. A israelita tem feito declaraçons afavor do “legítimo direito” de Israel a de-fender-se, especialmente quando o exérci-to hebreu assassinou 1400 civis em Gaza.

bOicOte cOntra cantante israelita

10.04.2013 / Afetados polas pre-ferentes cercam a casa do al-calde de Salvaterra.

11.04.2013 / Remata trás 25 dias agreve do lixo em Vilalva, trásaceitar os trabalhadores um cor-te salarial de 33 euros ao mês.

12.04.2013 / J.B.C. morre emDumbria quando cortava lenhacom umha motoserra.

13.04.2013 / Alcalde de Salzeda,Marcos Besada, e os cinco ve-

readores do BNG na vila anun-ciam a sua baixa no partido na-cionalista.

14.04.2013 / Mais de mil pes-soas manifestam-se em Carva-lho em contra da mina de Cor-coesto.

15.04.2013 / Alfonso Fuente, al-calde de Barreiros, afirma que“os comunistas deixam de sê-lo quando tenhem quartos, asfeministas quando casam e osateus quando cai o aviom".

16.04.2013 / Mais de mil pes-soas manifestam-se na Coru-nha em defesa dos postos detrabalho de Atento.

17.04.2013 / Umha pessoa mor-ta num accidente de trator noPadrom (Fonsagrada).

18.04.2013 / Nasce ContraMI-NAcción, Rede contra a MinariaDestrutiva na Galiza.

19.04.2013 / José Miguel Rodrí-guez, vizinho de Boal, morre

aplastado por um muro en-quanto trabalhava nas Figuei-ras (Castro Pol).

20.04.2013 / Xesús Alonso Mon-tero é eligido presidente daRAG numha apertada votaçom.

21.04.2013 / Mais de 1.000 pes-soas reivindicam com umhamarcha ciclista o uso da bici-cleta em Vigo.

22.04.2013 / Morre C.R.P. emCarvalho ao cair da escaleira

na que trabalhava. J.M.L.G emPedrafita do Zebreiro e Indale-cio Fraga Remuiñán em Carva-lho falecem ao envorcar osseus tratores.

23.04.2013 / Juiz Vázquez Taín ar-quiva a causa contra os controla-dores de Lavacolha acusados de“sediçom” por considerar "clara-mente acreditado" que "nom in-correrom en delito algum".

24.04.2013 / Militante indepen-dentista ‘Nahuel’ P.M. é detido

crOnOlOGia

Novas irregularidades rodeiam oconcurso de credores da Pescanova

denunciam POssível utilizaçOm dO dinheirO das Preferentes Para taPar O buracO da emPresa

Page 5: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

05acOnteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

NGZ / A câmara municipal deCompostela anunciou o adiantoe incremento do cobro do IBI.Fai-no seis meses após ao cobrodo último recibo e muito antesdo outono, quando se cobra ha-bitualmente. As câmaras muni-cipais tenhem neste imposto asua principal fonte de arrecada-çom e empregam-no para neu-tralizarem o efeito da picada naborbulha imobiliária (grava-nosobre construçons e obras - Icio).Em só cinco anos a arrecada-çom do IBI das 315 câmaras mu-nicipais galegas incrementou-seem mais dum 40%, enquantoque a do Icio baixou um 63%.

A concelheira de Fazenda, Ce-cilia Sierra, lamentou esteadiantamento e assegurou “quenom se volveria a repetir”.

Da Candidatura do Povo de-nunciam a “extorsom à vizi-nhança enquanto os bens daIgreja continuam extintos e o PPcolabora na exceçom fiscal dosgrandes empresários”.

Possível negligência na mortedum vizinho que durmia ao raso Também acusam negligenciasna morte dum vizinho de Com-postela que dormia ao raso. An-drés Canet morreu há duas se-manas enquanto dormia na di-que de autocarros de JoamXXIII. A Candidatura do Povo

além de amigos e familiares dofalecido concentrárom-se nomesmo lugar da sua morte paradenunciar publicamente a desa-tençom médica padecida porCanet da que fôrom testemu-nhas várias pessoas que dor-miam com ele. Segundo a ONGCáritas, na capital da Galizadormem ao raso cada noite 200pessoas, 5000 vizinhas padecem“pobreza severa”, existem19.000 vivendas desocupadas eum 23% da populaçom está nolimite da exclusom social.

A Candidatura do Povo qualifi-cou estes factos de “inadmissí-veis” e assegurou que a privatiza-çom generalizada dos serviçossociais desenvolvidas pola câma-ra municipal compostelana somresponsáveis deste homicídio.

No entanto, a Concelheira deSanidade, Rocío Mosquera, ne-gou qualquer tipo de negligen-cia do pessoal sanitário.

Coletivos denunciampolitica antissocial doConcelho compostelano

O centro social de Marim começou umha campanhade conscientizaçom para que a populaçom torne osseus nomes e apelidos ao galego. Querem impulsar“um ato simbólico de grande importância para o pro-cesso de normalizaçom”. Está dentro da campanha“Em galego todo é possível” do centro social.

almuinha inicia camPanha Para GaleGuizar Os nOmes

O coletivo Accion Universitaria começou umha campa-nha para a retirada do escudo franquista da fachada deFaculdade de Químicas de Santiago de Compostela.Desde o sindicato estudantil consideram que é umha“ofensa a todas as pessoas vítimas do franquismo e maisás estudantes, símbolo da luita contra a ditadura”.

POla retirada dum escudO franquista na usc

em Compostela sob a acusa-çom de “desordens públicas”.

25.04.2013 / C.M.P.N., motoristacorunhês, morre ao incendiar-se o seu camiom na A-6 à altu-ra de Ponferrada.

26.04.2013 / Operários de Na-vantia, afetados polas preferen-tes, empregados de FIMO, ati-vistas anti-desafiuzamentos eoposiçom ao porto desportivojuntam-se no pleno de Ferrol eobrigam a suspendê-lo.

27.04.2013 / Marinheiro portuguêsdesaparescido trás naufragar nadesembocadura do Minho.

28.04.2013 / Vizinhança de Cas-trelo de Minho protesta simbo-licamente contra os cortes noensino lançando barquinhosde papel ao rio Minho.

29.04.2013 / Morre um percevei-ro no mar em Mera (Oleiros).

30.04.2013 / Organizaçons femi-nistas realizam concentraçom

contra o governo e a igreja frenteà igreja de Santiago em Vigo.

01.05.2013 / Militante da Reviraé detido em Madrid numha ma-nifestaçom antifascista.

02.05.2013 / Afetadas polas pre-ferentes realizam escrachosnos domicílios da directora deTurismo, Nava Castro e do alcal-de de Nigrám Alberto Valverde.

03.05.2013 / Morre na dársenade Joám XXIII, em Compostela,

Andrés Canet Requena, sem-teito, trás ser atendido polo061, que non considerou ne-cessária a hospitalizaçom.

04.05.2013 / Uns vinte afetadospolas preferentes provocam asuspensom do pleno de Rois.

05.05.2013 / Mesa en defensa dosCamiños de Ferro manifesta-se,coincidindo com os atos do cen-tenário da linha Ferrol-Betanços,para reivindicar o mantementodo ferrocarril em Trás-Ancos.

06.05.2013 / Mulher tenta suici-dar-se em Ourense trás ficarsem vivenda nem trabalho.

07.05.2013 / Serviço de Vigilán-cia Alfandegueira requisa do-cumentaçom na cámara doCarvalhinho no quadro da ope-raçom Pokémon.

09.05.2013 / Greve contra a LeiWert paralisa perto dum 80 porcento do ensino galego numhajornada de protestas por partedo estudantado.

crOnOlOGia

NGZ / O Ministério de Fazendaespanhol tem a intençom de ven-der a sede pontevedresa, um edi-fício histórico construído no sé-culo XIV, que fai parte da igrejade Sam Francisco e que contéma única porta da muralha conser-vada atualmente. Há tempo queos grupos municipais do PP e doPSOE querem reconverter aconstuçom numha sede privadae já houvo as primeiras declara-çons de converti-lo num hotel decinco estrelas (por parte doPSOE) ou numha paragem de lu-xo (tal e como adiantava o PP nacampanha eleitoral das passadaseleiçons municipais). Por suavez, o alcalde nacionalista, Mi-guel Fernández Lores nom estádisposto, num principio, a requa-lificar a parcela para que passe amaos privadas já que poria emrisco o caráter público do edifí-cio. Do tecido associativo da ci-dade vê-se a operaçom como um-ha nova “bomba urbanística” mi-lionária no centro da cidade,além de ser um “atentado contraum pedaço de historia da nossacidade”. Este tecido aposta porum uso público e cultural abertoà cidadania. Desde o CS A Revi-ra, que iniciou umha campanhapara denunciar a situaçom e de-mandar alternativas, proponhema “habilitaçom dumha grande bi-

blioteca pública destinada ao em-préstimo e consulta de livros eaudiovisuais, complementandoas pequenas instalaçons da bi-blioteca Antonio Odriozola”.Também se poderiam utilizar al-gumhas zonas “para exposiçonse concertos, ou locais habilitados

para as associaçons e coletivosda cidade, que atualmente nomdisponhem de espaço físico ondese reunir”. Por fim, afirmam que“os problemas que estamos a so-frer a classe trabalhadora nomvam resolver-se com a turistifica-çom e o recurso ao tijolo”.

Fazenda quer vender a sedehistórica de Ponte Vedra

O tecidO assOciativO vê-O cOmO umha bOmba urbanística

Page 6: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

06 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

A atriz é conhecida pola sua interpretaçom na serie daTVG “Matalobos”. Maria Mera tem rejeitado colaborar na“ceia benéfica” do coletivo antiaborto “Red Madre” des-pois dumha campanha polas redes sociais. A atriz res-pondeu que nom ia apresentar o ato, já que “nom era a in-formaçom que me passaram desde a associaçom”.

maria mera nOm cOlabOrarÁ cOm a ‘red madre’

A Junta contratou o ator que deu apoio à manifestaçomde “Galicia Bilingüe” do ano 2009 e pola qual nove ati-vistas estám a espera de juízo. Manuel Manquinha vaiser o responsável de comemorar o Dia das Letras e ho-menagear a Vidal Bolanho no aniversário dos 150 anosda publicaçom de Cantares Galegos.

a junta cOntrata a manquinha Para O dia das letras

Tem a sensaçom de que o

reintegracionismo progrediu

na última década?

Eu creio que mais ou menos estána posiçom onde estava.

Teresa Moure, Séchu Sende e

Vítor Baqueiro anunciárom pu-

blicamente que abandonavam a

normativa oficial...

Eu continuo a pensar o mesmoque há anos. O galego há que fa-zê-lo a partir dos dialetos e socio-letos do galego que se falam a nor-te do Minho, nom do que se fala asul do Minho: o do sul do Minho éum dialeto do galego, mas é umdialeto egrégio que a partir do sé-culo XV se afastou muito e tivograndes vozes, começando porCamões e terminando por ÓscarLopes, que acaba de morrer, tal-vez a mente marxista mais impor-tante da Filologia na Europa. Sa-bia que morrera Óscar Lopes?

Sabia, sim. Era sócio de honra da

Associaçom Galega da Língua.

Os homens mais eminentes... co-mo dizia Orácio: “Homero de vezem quando dorme”. Entom, pare-ce que aconteceu o mesmo a ÓscarLopes. Voltando ao tema, trata-se,ademais, da tradiçom literária.Nesta tradiçom formárom-se to-dos, inclusive aqueles que algum-ha vez tivérom relaçom com oreintegracionismo. Sei que depois

vinhérom grandes vozes, umha dePortugal, Rodrigues Lapa, e outrada Galiza, Guerra da Cal. Porém,Guerra era um galego extramuros.Eu tratei-no muito por telefone eepistolarmente, mas Guerra che-gou a dizer que nom queria vir àGaliza porque nom estava na dire-çom que ele queria... “Pois venhaaqui e endireite-a!”. Eu admiromuito a inteligência de Guerra,mas ele vivia extramuros da Gali-za e portanto nom pensava socio-lingüisticamente. O próprio Lapa,que era um sábio, se tivesse res-ponsabilidades aqui, políticas eacadémicas, pensaria muito antesde entrar naquela polémica comRamom Pinheiro. Quando se ofe-recer como alternativa o que elepropunha... entom apaga e vamo-nos! Esse dia o castelhano ocuparáo mapa da Galiza. Há esperançaenquanto se oferecer à sociedadegalega, sem excluir o castelhano(cuidado!), o galego de raiz galega.

Tal como foi explicada, pode-se

pensar que a divisom na RAG

tem mais a ver com intrigas pes-

soais que com debates culturais.

Intriga nengumha. Foi umha ques-tom moral, prévia a todo o demais.

Um académico que apoiou a sua

candidatura, Ramón Villares,

afirmou pouco antes de come-

çar o conflito na RAG que talvez

estejamos no momento de re-

considerar a estratégia do “gale-

go como idioma independente”.

Villares é do tipo de pessoas a

que fazia referência antes, com

“responsabilidades políticas e

académicas aqui”. Apesar disso,

fijo umhas declaraçons com um

sentido mui claro.

Andrés Torres Queiruga apoiou-mepor ser ateu? Suponho que nom.Ramón Villares apoiou-me a mimpor ser militante do Partido Comu-nista? Nom. A Academia tem umhapostura sobre o idioma expressadanas Normas. Estas, na última revi-som, fôrom realizadas olhando mi-nimamente para Lisboa.

Tem dito que a principal fun-

çom de umha Academia é ela-

borar umha normativa, mas nas

primeiras declaraçons que fijo

como presidente, atacou a pró-

pria norma da RAG.

Eu digo que a acato. Tampoucogosto do sistema de circulaçomque há, porque creio que haveria

que adotar o sistema do ReinoUnido e circular pola esquerda,mas acato, porque senom esna-fro-me. A sociedade tem aí as nor-mas e já sabe que agora dicioná-

rio se escreve com um só <c>,ainda que seja umha desgraçanos institutos, porque na outraaula, a de castelhano, tenhem queescrever dicionário com dous cês.

Para além de demasiado lenta

para acompanhar as necessida-

des das línguas modernas, umha

instituiçom em que os novos

membros do plenário som no-

meados polas pessoas de dentro,

nom submetida a nengum con-

trolo democrático, parece pouco

defensável para um marxista.

Em países bastante avançados te-

nhem academias e talvez nuncafossem muito ágeis. O inglês e oalemám nom tenhem, mas tenhema BBC e a Alemanha tinha o teatro.Ora, tal como estám as cousasaqui, seria suicida prescindir deumha instituiçom normadora, ain-da que poda ser mais ágil e demo-crática. É verdade que nós elege-mos os novos académicos: eu fumeleito um dia para a cadeira queocupava Rafael Dieste e tenho con-tribuído para a eleiçom de pessoasque fôrom alunos meus, como Da-río Xoán Cabana. Mas quem elegeos catedráticos de Física Teóricaou de Álgebra na Universidade?Resolve-se intramuros. Talvez istopoda ser aperfeiçoado, mas a Uni-versidade tem funcionado e apare-cêrom físicos teóricos e especialis-tas em Álgebra.

O lusismo tem longo percurso na

Academia. Em 1910, Murguia, o

1º presidente, justifica e anuncia

que vai seguir a ortografia portu-

guesa num prólogo recuperado

por Vasques Sousa de um livro

que nunca apareceu.

Murguia é um dos homens maiscontraditórios da existência, o me-nos coerente do mundo. Esta éumha das cousas em que Murguianom tem nenhum sentido da reali-dade. Defendia o galego em caste-lhano mesmo no momento deinaugurar esta Academia. Tinhaaí o momento de começar a dar opasso, no ano 1906. Porque nom ofai? Cuidado! Convém que vocêsnom se apoiem muito em Mur-guia, porque prestigia pouco nesteassunto. Felizmente a Academianom vai no sentido de Murguia.

“felizmente, a Real Academia Galeganom vai no sentido de Murguia”

XesÚs alOnsO mOnterO é Presidente da real academia GaleGa

E. MARAGOTO / A RAG nom dáconseguido tirar o pé da poça.Aos conflitos que precedêroma eleiçom do novo presidente,seguírom-se declaraçons dopróprio Xesús Alonso Monterocriticando a atitude do BNG pa-ra a língua ou as normas orto-gráficas que promove a cente-nária instituiçom. O NOVAS quijosaber se por detrás de tantapolémica existem projetos lin-guísticos e culturais em debatee fomos conversar com AlonsoMontero à rua Tabernas.

“Preferiria que a ILPPaz chegasse de pessoasque nom só tenhem a

ver com o lusismo”

“‘Dicionário’ escreve-secom um <c> aindaque isso seja umha

desgraça nos institutos”

AR

QU

IVO

RA

G

Page 7: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

07acOnteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

Avoaescola é a primeira escola que a entidade Galizaco Galego vai abrir na comarca de Ferrolterra. Oprojeto Galiza co Galego tem a intençom de promo-ver a língua em várias escolas “privadas e populares”que se vam ir abrindo nos próximos meses com aajuda do financiamento popular.

Galiza cO GaleGO abre a Primeira escOla em ferrOl

A plataforma Stop Despejos de Compostela apresen-tou um escrito nos julgados de Fontinhas instando ajudicatura a seguir as recomendaçons do Tribunal deJustiça Europeu, quem recomenda atuar de ofício nosprocessos de despejo quando existirem clausulas abu-sivas e um desequilíbrio da informaçom.

instam Os julGadOs a imPedir eXecuçOns hiPOtecÁrias

NGZ / A Junta vem de aprovar onovo 'Plano Setorial das Ativida-des Extrativas da Galiza'(PSAEG), polo que a totalidadedo território da Comunidade Au-tónoma Galega converte-se empraticável para a indústria mi-neira. Como denuncia a Adeganum comunicado, este plano vi-ria ser “o derradeiro cravo como que o PP remacha o anúnciode 'Galiza é unha mina'”. Tal co-mo foi aprovado, denúncia a As-sociaçom para a Defesa Ecológi-ca, o plano deixa abertos à ex-ploraçom “territórios até agoravedados: Espaços naturais, pai-sagens protegidas, jazigos e mo-numentos históricos”.

A aprovaçom deste plano eraum objetivo marcado pola admi-nistraçom neoliberal da Junta

desde 2010. Na altura, a reformada Lei do Solo de 2002 através da2/2010 de medidas urgentesabria a veda para serem legaliza-das todas as minas anteriores a2002, estiverem no tipo de terre-no no que estiverem, via licençasmunicipais ou, para os solos deproteçom especial dalgum tipo,via Conselho da Junta.

Essa retirada de medidas dedefesa do território vem com-pletar-se com o dito PSAEG, queserá o que regulamente a aber-tura de minas ou canteiras em“todo o território de Galiza”,pois considera o governo auto-nómico que “restringir o ámbitodo Plano poderia supor reduziras possibilidades futuras deaproveitamento dos recursosminerais”. O documento foi diri-

gido na redaçom pola CámaraMineira, e significativo da linhaque o move é o lapso cometidoao sinalar em duas ocasions quea mina de ouro que ameaça Cor-coesto foi declarada “projeto in-dustrial estratégico”, declara-çom que nom se produziu.

Fiscalia investiga a fraude con-tinuada nas licenças de caçaO julgado de instruçom número3 da Corunha investiga a conces-som ilegal de licenças de caçaque supostamente se produziu dejeito maciço ao longo de váriosanos através do Serviço de Con-servaçom da Natureza nessa'província'. A investigaçom apon-ta por agora a que dúzias de per-missos foram tramitados ao com-pleto à margem da lei, mediante

o pagamento dum suborno a'conseguidores' na administra-çom, polo que os caçadores esca-pavam à realizaçom do exame decapacitaçom.

Por agora nom transcenderammais dados que comecem a clari-ficar quantas licenças foram con-cedidas deste jeito e até quê ní-veis da estrutura da administra-çom chega a implicaçom nestarede de corrupçom continuada.Em qualquer um caso, as conse-quências podem ser graves, paraalém da fraude contra o eráriopúblico no nom pagamento de ta-xas, em termos de segurança daspessoas e o ambiente, ao ter-sepermitido o uso de armas a pes-soas sem fazerem exame de ar-mas nem de conhecimento de es-pécies selvagens e protegidas.

Aprovado plano da minaria que fai explorável todo o solo galego

O PlanO deiXa aberta à eXPlOraçOm territóriOs até aGOra vedadOs

Oposiçomao centrocomercialde CabralNGZ / 'Porto Cabral', impulsadopolo grupo britânico Eurofund In-vestments, projeta umha zonadum milhom e meio de metrosquadrados repartidos entre zonasprivadas de lazer e comerciais,em terrenos que som na maioriamonte vizinhal em mao-comum.

Desde a rede A Ria Nom seVende, um dos agentes ambien-tais, vizinhais e partidos políti-cos, denunciam a suposta “cum-plicidade do Concelho de Vigo ea colaboraçom da diretiva daComunidade de Montes de Ca-bral” com a “autêntica surpresaurbanística” projetada. Nestesenso, assinalam como o “muirejeitado, alegado e recorrido”PGOM viguês fijo passar osmontes desta comunidade desolo rústico de especial prote-çom florestal a solo urbanizável.

A dia de hoje, a primeira ten-tativa de obter a aprovaçom dascomuneiras e comuneiros resul-tava na suspensom da assem-bleia na qual a diretiva pretendiaque fosse votado a mao alçadano passado 21 de Abril. Entregritos de "o monte nom se vende"ou "o presidente nom é de Ca-bral", a comunidade exigia maiortempo para estudar a proposta,assim como que a votaçom defi-nitiva seja realizada em furna,propostas que serám valoradasnumha próxima assembleia. Opresidente e a diretiva da comu-nidade denunciárom a “manipu-laçom por gente de fora” à queatribuem a protesta.

centrOs sOciais

cs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

csO casa do ventoFigueirinhas · Compostela

csO a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

distrito 09Coia · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

O frescoBº da Ponte · Ponte Areias

O fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

csO liceo Estribela · Marim

cs lume!Rouxinol nº16 · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

csO PalaveaPalaveia · Corunha

cs en PéZona velha · Ponte Vedra

O PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csO XuntasRua do Carme · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

Page 8: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

08 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

NGZ / No passado 24 de abril oativista P. Martearena, mais co-nhecido como Nahuel, era detidopor agentes da Polícia Nacional.Por volta das 11h da manhá,acordoavam a zona da sua mora-da, na compostelana Rua de Sa-lamanca, para efetuar o registrona sua morada, que se estendeuà beira de duas horas. Um advo-gado de Ceivar estivo presenteem todo momento, e, segundo opróprio afetado, o registo apenasaportou provas para as pescudaspoliciais. As mostras de solidari-

dade repetírom-se durante todoo dia, sendo reprimidas pola Po-lícia com até três cárregas e um-ha detençom.

Finalmente, saiu em liberdadecom cargos arredor das 20h, sobacusaçom de “desordens públi-cas” polos distúrbios ocorridosapós a manifestaçom de apoio aoativista Hadriam Mosqueira (Sen-lheiro) pola sua detençom, no pas-sado 9 de Janeiro. O solidário de-tido era ceivado poucos minutosdepois acusado de “desordens pú-blicas” e “atentado à autoridade”.

Ativista ‘Nahuel’, emliberdade com cargos

NGZ / O 31º Congreso de CircomRegional, organismo que abran-ge as televisons de regions euro-peias de 34 estados e celebradoem Compostela a principios demaio, foi o marco escolhido parafazer pública a nova relaçomque se estabelecerá entre aRTVG e a RTP. O presidente dacanle pública lusa afirmou que“as coincidências culturais, lin-güísticas e sociais de Galicia ePortugal devem ser afirmadascom mais intensidade no campoaudiovisual”, anunciando a assi-natura dum convenio entre am-bas as duas televisons. Este do-cumento fai referência ao troco

de programas, incentivos de co-produçom e a intensinficaçomdas relaçons profissionais.

Aliás, o presidente da RTPconfirmou ante as pessoas asis-tentes o mantimento da canle

portuguesa como um serviçopúblico, apesar dos recortes queestám tendo que efetuar. Entreestas medidas, inclue-se o pagodum canom de 2,25 euros porfamilia ao mês.

Galiza e Portugal estreitamlaços através das televisons

assinaram um cOnvéniO entre televisOns PÚblicas

NGZ / A Associaçom Galega con-tra o Maltrato a Menores (Agam-me) apresentou umha série dealegaçons contra o Projeto deDecreto onde se regulam os co-medores escolares dos centrosdocentes públicos nom universi-tários, publicado pola Conselha-ria de Educaçom e Cultura nopassado dia 24 de Abril. Desde ocitado coletivo critica-se que des-de a Junta se pretenda rematarcom a gratuitidade do serviço de

comedor, sendo o principal moti-vo da sua oposiçom o facto deque, de aplicar-se o decreto, pas-saria a pagar-se umha cota diáriapolo seu uso, entre 1 e 4,50 eurossegundo a renda. Agamme alertatambém do elemento discrimi-natório que o texto apresenta pa-ra as escolas do rural, onde ascrianças tenhem de fazer longosviagens até a escola, o que faiainda mais necessária a existên-cia dum serviço de comedor.

Associaçom contramaltrato de menoressai em defesa doscomedores escolares

NGZ / Umhas 18 pessoas fôromdenunciadas polo dono da Cafe-teria Warhol, em Ferrol, no con-texto dum conflito sindical pro-duto do despedimento improce-dente e o nom-pagamento da dí-vida contraída com umha traba-lhadora filiada à CNT. Desde oSindicato de Ofícios Vários daCNT de Ferrol informa-se deque o citado empresário, Massi-miliano Mariella, ficara obriga-do por conciliaçom pré-judiciala pagar a quantia de 11.000 eu-

ros. Este pagamento devia fa-zer-se por prazos mensais desdeinícios de Abril, mas a dia 22desse mês ainda nom se tinhanotícia de se ter realizado. ParaCNT Ferrol, o “mais grave e in-sultante” é que “o dono da cafe-taria Warhol fechou esta empre-sa e apresentou umha denúnciacontra 18 pessoas presentes nasaçons diretas frente o local porameaças”. O julgamento produ-ziu-se no passado 24 de Abrilnos julgados de Ferrol.

Julgam 18 pessoas porpiquetes em Ferrol

Bota a andar iniciativa aprol da soberania nacional

tem O aPOiO de 130 PessOas dOs mOvimentOs sOciais

NGZ / A começos de mês de Marçoconstitui-se em Compostela a ges-tora de Iniciativa pola Soberania/Galiza pola Soberania, um projetoimpulsado por “galegas e galegossensibilizados pola difícil situa-çom que o nosso país atravessa”,segundo informam através dumcomunicado. Esta iniciativa “pre-tende desenvolver um intenso tra-balho social para colocar na socie-dade galega o debate sobre a ne-cessidade de exercermos a sobe-rania”, exponhem. No comunica-do, Iniciativa pola Soberania/Galiza pola Soberania consideranecessário, no atual momento degrave crise económica, “reagir co-mo País, dotando-nos dos instru-mentos que nos permitam decidirlivremente sobre nosso futuro” equalifica de “cruel e corrupto” oatual sistema político espanhol. Aprimeira declaraçom deste projetorecebeu o apoio dumhas 130 pes-soas com trajetória nos diversosmovimentos sociais da Galiza.

Page 9: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

09crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

crónica GrÁficaPROtestO

A 'Plataforma de Afectados por losescraches' da corunha carregava

com ironia contra um dos deputadosque rejeitaram a ILP contra os despejos

/ GALIZAcOntRAInFO

GReVe cOntRA A LOMceA 9 de abril estudantes, professores epais saírom às ruas contra a reformaeducativa que prepara o ministro José Ignacio Wert / GALIZAcOntRAInFO

cOLetIVOs FeMInIstAsconcentrárom-se diante da igreja desantiago de Vigo em defesa dosdireitos da mulher / GALIZAcOntRAInFO

cOntRA O deseMPReGOOs movimentos de pessoas desempregadas

figérom-se notar nas mobilizaçons do diado Internacionalismo Proletário / cIG

sOLIdARIedAdeMarcha à prisom de Vilabona, em Asturies,na jornada de convívio entre os movimentosanti-repressivos galego e asturiano no diaInternacional de Apoio aos Presos e PresasPolíticos / GALIZAcOntRAInFO

teRRA de tRAsAncOsAtivistas dos movimentos sociais de

Ferrol interrompêrom o pleno do concelho o 26 de abril denunciando a

situaçom da comarca / sUsete FeRROL

Page 10: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

10 acOntece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

aGrO

J.R. / A Uniom Europeia aprovou opassado 29 de abril a proibiçom detrês neonicotinoides –o imidaclo-prid e a clotianidina, produzidos po-la empresa química Bayer, e o tia-metoxam, produzido por Syngenta.O resultado da votaçom foi de 15países a favor (o estado espanholincluído), 8 em contra (entre elesReino Unido) e 4 membros abstivé-rom-se, depois de posponhé-la. Estaera a segunda reuniom para apro-var esta proibiçom que finalmenteserá só de 2 anos, começando o 31de dezembro do 2013, depois doqual se fará umha revisom.

A proposta de proibiçom vemapoiada polos dados que achegouum informe da Autoridade de Se-guridade Alimentaria Europeia(EFSA) publicado o 16 de janeirodeste ano em que assinala que osquímicos neonicotinoides causama morte das abelhas, sendo umhadas principais causa do enfraque-cimento do número de abelhas eda perda das colónias nos últimos10 anos. Contudo, a proibiçom dosnenicotinoides é parcial, já que sóse proíbe o uso no trato de semen-tes, na aplicaçom no solo e no tra-tamento foliar em plantas e cereaisque as abelhas podam consumir,mas permite-se em invernadourose em plantas que já afloraram.

Os nenicotinoides som um tipode pesticidas que atuam no siste-ma nervoso dos insectos. Utilizam-se desde há umha década comotratamento de sementes, o que fa-cilita a penetraçom na planta (no

néctar e no pólen). Os cultivos emque mais se utiliza som no milho,na soja, no trigo e na colza, qual-quer um destes cultivos que se se-mentem este ano, ainda podem le-var nenicotinoides.

Lobbying das industrias químicasEm maio de 2012, como parte daestratégia para combater númerode abelhas em declínio, a Comis-som Europeia atribuiu 3.300.000euros para apoiar 17 Estados-Membros que realizem estudosde vigilância destinadas a reco-lher mais informaçons sobreperdas de colónias de abelhas.Estes estudos motivárom mu-danças em politicas medio-am-bientais na França e Itália, etambém desatou umha campa-nha de presom das industriasquímicas para evitar a proibi-çom dos químicos com os queganham milhons de euros.

Syngenta e Bayer escribiromcartas a Comissários, a todos os

ministros da agricultura da UE e ameios de comunicaçom com o fimde evitar a proibiçom, estes docu-mentos fôrom filtrados ao Corpo-rate Europe Observatory. Os argu-mentos dos laboratórios preten-diam desacreditar o informe daEFSA questionando os protocolosda investigaçom, e prognostica-vam umha caída da produçom dealimentos que afectaria aos consu-midores e lhes faria perder hasta1000 milhons a consumidores eagricultores. Nestes documentostambém se comprovou como Syn-genta ameaçou com demandar in-dividualmente ás pessoas involu-cradas na publicaçom do informeda EFSA (Autoridade Europeia deSeguridade Alimentaria).

EEUU nom apoia a proibiçomUm informe do Departamento deAgricultura e da Agéncia de Prote-çom Ambiental de EEUU, culpoua umha combinaçom como umácaro parasito, vírus, bactérias, nu-triçons pobres e genética, e tam-bém pesticidas da rápida descidade mel das abelhas desde 2006.

As abelhas ganham aos eucaliptosA meados do ano anterior asaçons coletivas e sociais conse-guirom frenar as fumigaçons deeucaliptos que promovia a Juntade Galiza com um pesticida quese proibia com o começo desteano. Este pesticida foi proibidopor ser tóxico para as abelhas epara os animais aquáticos.

UE proíbe pesticidasque danam as abelhas

mar

Na Galiza destroem-sedous empregos diáriosna pesca artesanalA.DIESTE / Nestes cinco anos nonosso país perdérom-se 3.575empregos na baixura, perdacom um forte impacto no tecidoeconómico e social das comar-cas costeiras de Galiza.

A pesca artesanal e sustentá-vel está a sofrer umha verdadei-ra sangria na Galiza. Um sectorde tanta importância e peso nascomarcas costeiras do país estáa ser golpeado pola crise econó-mica, mais também polas con-sequências da sobre-explora-çom de recursos e a pesca in-dustrial. Um cenário que tem si-do denunciado por entidades dopróprio setor do mar e que ago-ra vêm de reafirmar Greenpea-ce no seu informe “Emprego abordo”. Nestes últimos cincoanos, na Galiza destruíram-se3.575 postos de trabalho no se-tor da pesca artesanal, a metadedo total que se perdeu a nível detodo o Estado espanhol.

Aliás, desde 1995, e a nível deEstado, a capacidade da frotaindustrial cresceu um 70% en-quanto a da baixura ou artesa-nal reduzia-se num 34%. Émais, salientam que está em jo-go a perda de 14.000 postos detrabalho num curto prazo de semanter a atual situaçom.

Destaca que, segundo os pró-prios dados da Conselharia doMar oferecidos em 2012, o setorpesqueiro supom 46.000 empre-gos diretos e um volume de ne-gócio que ronda os 4.700 mi-lhons de euros. A metade des-ses empregos corresponderia àpesca artesanal ou baixura. Se-gundo dados dos serviços esta-tísticos da Junta, os setores ex-trativo, aquícola e transforma-dor dam trabalho conjuntamen-te na Galiza a perto de 38.000pessoas, representando aproxi-madamente o 52% do empregototal pesqueiro no Estado espa-nhol e o 10% no conjunto da UE.

Dependência socialA dependência social da ativida-de pesqueira é especialmente im-portante em vários concelhos dacosta. Assim, o emprego pesquei-ro representa o 30% da popula-çom ocupada nos concelhos deRibeira e Bueu e atinge valoresdo 60% para a Ilha de Arouça. Operfil meio do pescador galego éo de um homem de entre 25 e 54anos dedicado à pesca extrativa.Polo contrário, som as mulheres,num número que supera as 4.000as que formam o 90% do coletivode mariscadores a pé.

As açons coletivas conseguirom frear as fumigaçons de eucaliptos

a PrOibiçOm serÁ só POr 2 anOs e cOmeça a 31 de dezembrO

Os nenicotinoidesusam-se para tratar

sementes, polo quepenetram na planta

Syngenta e Bayertentárom evitaresta proibiçom

Page 11: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

A passada sexta-feira 26 deabril um amplo setor da po-pulaçom permanecia atento àrolda de imprensa posteriorao Conselho de Ministros,aguardando as notícias sobreum novo pacote de cortes ereformas. A dificultosa lingua-gem utilizada polos técnicosda política causou estupor naaudiência, espalhando-se ra-pidamente polas redes so-ciais mensagens de indigna-çom. Através de termos con-fusos apresentava publica-mente o Governo espanhol assuas linhas a seguir paraaprofundar nas desigualda-des e na recentralizaçom doEstado espanhol. Disfarçadocom vocábulos economicis-tas, a direita espanhola expu-nha à palestra um “Plano Na-cional de Reformas” de mar-cado caráter classista.

A.L.R. / Tal como já se encarregá-rom de assinalar os mass-media,um dos dados mais arrepiantesda apresentaçom realizada poloExecutivo tras a citada juntançasemanal do Conselho de Minis-tros é que a taxa de desempregonom baixaria do 25% ate finaisde 2015. Mas entre as gráficas ea terminologia economicista oGoverno espanhol estava a apre-sentar algo mais: o derrube daadministraçom pública e dequalquer tipo de prestaçom so-cial. Na longa exposiçom em quese falava de “sustentabilidade”das pensons, “desindexaçom” daeconomia ou “unidade de mer-cado” apenas umhas poucas li-nhas afinal da apresentaçom sededicam a políticas qualificadascomo de protecçom de meio-am-biente (onde por exemplo se in-clui a recém aprovada Lei deCostas, que há perpetuar a pre-sência de ENCE na Ria de Pon-tevedra) ou de proteçom social(às que se lhe dá um enfoquecompletamente caritativo). Todaumha declaraçom de intençonsdas medidas que o governo quepreside Mariano Rajoy pretendedesenvolver a curto praço paradesmantelar os restos do chama-do “Estado de bem-estar”. A

continuaçom exponhem-se ape-nas algumhas das linhas que re-colhe este Plano.

Ajustamentos nas contas públicasNo referente às contas públicas,o Plano expom um maior rigor docontrolo estatal sobre as despesaspúblicas das administraçons,criando para isto umha Autorida-de Independente de Responsabi-lidade Fiscal. Este novo organis-mo há de realizar um seguimentodas políticas orçamentárias dasadministraçons, sendo na práticaum ente que vai supervisionar oscortes que se realizem nestas. Éfundamental lembrar que exis-tem centos de concelhos que seendividárom com o chamado Pla-no de Pagamento a Fornecedorese que tenhem de cumprir com du-ros planos de ajustamento paraamortiçar e pagar os juros dessadívida. Cumpre salientar tambémo ataque frontal que o Governode Mariano Rajoy está a prepararcontra as administraçons locaisatravés da chamada Lei de Racio-nalizaçom e Sustentabilidade daAdministraçom Local, que forta-lecerá às deputaçons provinciaisenquanto pom em perigo a super-vivência de diversas mancomuni-dades e entidades locais menores.Sobre a política impositiva a es-tratégia do Estado é manter as su-bas no IRPF durante dous anosmais, assim como umha prorro-

gaçom da suba extraordinária doIBI. Assim mesmo também seprevê umha suba dos impostosespeciais ou mesmo a criaçom denovos tributos meioambientais.O Plano conta com agir tambémsobre o capítulo de deduçons doimposto de sociedades e anuncia-se também umha nova tributa-çom sobre os depósitos bancá-rios, o que afetará à pessoas compequenos aforros.

Por outra parta, o Plano Nacio-nal projeta também umha remo-delaçom do atual sistema da Se-gurança Social. Assim, tratará-sede incluir, com a escusa de jogara favor de umha suposta “susten-tabilidade” do sistema, diversasvariáveis demográficas e econó-micas como a evoluçom da espe-rança de vida para realizar o cál-culo das pensons. O Plano anún-cia que está constituído um grupode expertos que elaborará umhaproposta para o Pato de Toledo e

que aguarda aprovar-se no tercei-ro trimestre deste ano um Projetode Lei. Por outra banda, recente-mente aparecia nos meios um re-latório do Instituto de EstudiosFiscales, dependente do Ministé-rio de Fazenda e AdministraçonsPúblicas, em que se expom queesses chamados “fatores de sus-tentabilidade”, como a esperançade vida, “soluciona o problema dasustentabilidade mas pode gerarum de adecuaçom mediante a ge-raçom de bolsas de pobreza napopulaçom pensionista”. Aqui semostra espida a fria linguagem doCapital. O termo “sustentabilida-de” nom tem nada a ver com ga-rantir o aceso da populaçom aumhas reformas dignas, senommais bem todo o contrário.

“Unidade de mercado”Dentro das chamadas “Reformasde Competitividade e Crescimen-to” do Plano Nacional acha-seumha das medidas que confor-mam o paradigma da política des-regulamentadora e centralizado-ra da direita neo-liberal espanho-la. Assim, prevê-se o início doPrograma de Unidade de Merca-do, que contará para antes do vin-doiro mês de julho com a aprova-çom polo procedimento de urgên-cia dum Projeto de Lei de Garan-tia de Unidade de Mercado “paraassegurar a livre circulaçom debens e a livre prestaçom de servi-

ços, baixo o princípio de eficáciaem todo o território nacional”.

Para analisar esta iniciativapode-se consultar o ditame emi-tido polo Conselho Económico eSocial (CES) sobre o Anteprojetode Lei de Garantia de Unidade deMercado. O CES salienta que es-ta norma “pode ser de difícil apli-caçom e dar lugar a umha gran-de litigiosidade porque afeta aum bom número de competên-cias autonómicas e locais”. Aler-ta também sobre o chamado“princípio de território de ori-gem”, polo que a normativa dolugar de origem dos operadoresempresariais primará sobrequalquer outra que poida existirem qualquer outro território dedestino dentro do Estado, ponha-mos por exemplo quando umhaempresa decida fazer negócionumha comunidade autónomadiferente à sua de origem. O CESadverte de que “a possibilidadede ir cara a um processo de ho-mogeinizaçom normativa podeproduzir a convergência caranormativas de mínimos ou au-sência de norma, e considera queao estabelecer o princípio de ter-ritório de origem, pode-se produ-zir um incentivo à localizaçomempresarial nos territórios commenor regulaçom ou com aquelamais favorável para a sua ativi-dade”. O ditame conta tambémcom un voto particular dos re-presentantes das centrais sindi-cais CIG e ELA, os que denun-ciam que os efeitos deste “novomecanismo desregularizador”serám umha “maior concentra-çom do capital e maior desigual-dade social e territorial”.

O Plano Nacional está cheio deexemplos de políticas que redun-darám em contra dos interessesdas clases populares. Pese as di-visons que se ponhem em cenana direita espanhola extremistaque procura reformas maisagressivas contra os direitos daspessoas trabalhadora, e os cha-mados da oposiçom estatal àcriaçom dum Governo de con-certaçom, a estratégia do Capitalcontinua o seu caminho enquan-to nas ruas acumula-se o descon-tento contra o atual sistema.

11acOntece

A dificultosa linguagem técnica esconde medidas de caráter desregulador e classista ecOnOmia

Um “Plano Nacional de Reformas” paradesregular e recentralizar o Estado

A "sustentabilidade"da Segurança Socialprovocará pobreza

O estadO eXiGirÁ cOm maiOr riGOr a aPlicaçOm de cOrtes nas administraçOns PÚblicas

A "unidade de mercado"promove que se

concentre o capital

Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

Page 12: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

12 internaciOnal Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

Até 30 missons diferentes estivérom focadas a solucionarproblemáticas estruturais geradas polos governos precedentesa terra treme

A revoluçom bolivariana hojeé bem mais que Venezuela. Defacto nestes intres percorrenumerosos países de LatinoAmérica. Na sua consecuçom,nom se pode pôr em dúvida acapacidade unificadora queHugo Chávez tivo tanto no mo-do de dignificar as classes po-pulares de Venezuela empre-gando os benefícios petrolei-ros da “saudí latino-america-na” para o bem-estar comum,como a importância de plantara semente de Bolívar por umaboa parte de América Latinamediante numerosos convé-nios bilaterais de ajuda quepermitiram avançar na eman-cipaçom dos estados, ante-riormente assovalhados polaspolíticas neoliberais e selva-gens de USA ou o FMI.

MARÍA RÚA / A procura de novas al-ternativas de relaçons geopolíticaspermite-lhe a Venezuela junto comoutros países criar um novo blocode aliados anti-imperialista no queas dialéticas e as relaçons, entreiguais, apontam à meta clara quealcançar a nível interno e contraquem combater a nível externo.

Simon Bolívar dizia que “aindaque a guerra é o compêndio de to-dos os males, a tirania é o com-pêndio de todas as guerras”. As-sim mesmo, e baixo um enfoquesocialista que num primeiro mo-mento baseia as transformaçonssociais nas rentas do petróleo,chega-se à conclusom da impor-tância da diversificaçom econó-mica e da cooperaçom exteriorcom diferentes países que somcompanheiros de lutas paraaprender e para gerar riqueza in-terna ao serem capazes de auto-produzir e nom cair na depen-dência das importações .

Assim, começam a desenvolve-rem-se as diferentes Missões co-mo a Grande Missom Vivenda,que outorga casas gratuitamenteàs pessoas sem recursos ou quevivem em zonas de risco; a Mis-som Filhos e Filhas de Venezuelaque assegura umha manutençomalimentaria e de alfabetizaçomaos grupos mais desfavorecidos;a Missom Robinson que se com-

promete a erradicar o analfabe-tismo e a garantir o acesso à uni-versidade a todos e todas as vene-zuelanas. Assim, poderiam-se nu-merar até um conjunto de quase30 missons diferentes focadas aproblemáticas estruturais gera-dos polos governos da IV Repú-blica e anteriores.

Os tecidos de colaboraçom aolongo deste processo som impres-cindíveis. Este é o caso dos CDI(Centros de Diagnóstico Integral)que estám espalhados por toda ageografia do país onde a infraes-trutura está criada polo estadoVenezuelano, mas o pessoal mé-dico que trabalha é de origem cu-bana, assegurando um serviço sa-nitário gratuito, universal para to-da a populaçom.

Foi curioso ver como, depois daseleições de 14 de abril, nas que Ni-colás Maduro, candidato do PSUVsaiu vitorioso, a oposiçom, ou co-mo aqui se conhecem “os esquáli-dos”, atacarom e incendiarom es-tes centros como lógica desestabi-lizadora já que representavamuma das grandes missões do so-cialismo bolivariano.

Verdadeiro é que trás o passa-mento do líder socialista o passadocinco de março e o resultado dasúltimas eleiçons a situaçom dopaís está, em retóricas da militân-cia do PSUV vivendo numha “pazintranquila”. Isto quer dizer que,apesar das 10 mortes e os ataquesàs sedes do PSUV e dos CDIs, a dia

de hoje Venezuela vive numha paz,mas uma paz que está apanhadapor agulhas. A vitória de Maduronas eleiçons segue um mês des-pois a nom ser aceite polos mem-bros da oposiçom.

O seu líder, Capriles, faz girasinternacionais com mandatáriosocidentais para que apoiem a suateoria da fraude eleitoral, ao tem-po que conquista simpatias paradar-lhe peso internacional à im-pugnaçom das eleições.

O que nom conta a oposiçom écomo Polar, uma empresa vene-zuelana que está em maos daoposiçom e que tem no seu poderentorno a 70% dos produtos dacesta básica doméstica, um mêsantes das eleições deixa de sub-ministrar alimentos às lojas, mer-cados e grandes superfícies, paradar a sensaçom de desabasteci-mento no país. Despois encon-tram-se armazéns cheios de ali-mentos básicos e esta escassezdeixa de existir uma vez transcor-

ridas as eleições.Isto gera mal-estar entre a po-

pulaçom que por sua vez culpa aoGoverno. A realidade, ao invés éque esta é a linha de actuaçom deuma empresa venezuelana que aomesmo tempo que desabastecetodo o país para gerar pressõespara que caia o Governo, em ne-nhum momento deixa de surtir aopaís em produtos nos que tam-bém tem alta participaçom comoé a cerveja.

A nível interno, a oposiçom em-prega umha estratégia de marke-ting politico, em boa parte marca-da polas linhas que no seu dia for-mulou Hugo Chávez. Deste modoaproveitam dos sucessos do siste-ma bolivariano para convencer apopulaçom que nom faz parte daelite nem da oligarquia venezue-lana de que é preciso uma mu-dança, mas afastam-se a nível dis-cursivo dos preceitos da direita,ocultando os seus princípios. Aestratégia nestas últimas eleiçõesfuncionou com bastante sucesso.

Segundo a militância da direitaa ênfase da problemática está nainflaçom que aumentou de modoconsiderável nos últimos tempos,a taxa de violência (quando do to-tal das vítimas, seguindo estatísti-cas do Governo só 15% das mor-tes por violência som de modoaleatório e o resto de casos sombandas organizadas e ajustes decontas) e a liberdade de expres-som (argumento que se desmonta

facilmente, sabendo que boa par-te da imprensa e canais de tele-vissom venezuelanos estám emmaos da oposiçom).

Agora bem, o momento políticoque vive Venezuela é complicado.Som numerosas as estratégiasque se desenvolvem para deses-tabilizar o país e que sem dificul-dades levam a pensar no golpe deestado fracassado que se perpe-trou em 2002 durante três diascontra Hugo Chávez. A realidadenom dista demasiado desse esta-do “semi-psicótico”.

Por outro lado, a soma da po-pularidade de Maduro com res-peito à de Hugo Chávez é inferior,polo que se aposta por identificaro povo com o sistema socialistaligando-o ao seu líder carismáticoempregando palavras de ordemcomo “Chávez lo juro, yo voto porMaduro” ou “Chávez no murió, semultiplicó”.

Isso nom implica que paulati-namente se reforce a figura dopresidente e este comece a mar-car um discurso próprio seguindoao mesmo tempo, o plano para aGestom Bolivariana Socialista2013- 2019 para Venezuela queno seu dia se encarregara de defi-nir Hugo Chávez.

As linhas estratégicas básicassom cinco: expandir e consolidara independência nacional, conti-nuar construindo o socialismoBolivariano do século XXI, con-verter Venezuela num país potên-cia no social, económico e políticodentro da Grande Potência Nas-cente da América Latina e as Ca-raíbas, desenvolver uma novaGeopolítica Internacional, preser-var a vida no planeta e salvar a es-pécie humana.

O sistema tem erros e paracorrigi-los empregou-se a pro-posta das 3R2: revisom, retifica-çom, reimpulso, reunificaçom,repolitizaçom e repolarizaçom,“o que implica o reconhecimentodos sucessos da revoluçom faceo adversário, mais também o re-conhecimento dos erros e defi-ciências que podem dificultar osucesso do objetivo estratégico,que é a consolidaçom da revolu-çom Bolivariana no seu caminhocara o socialismo”.

venezuela e como a revoluçom bolivarianasegue caminanhado por América Latina

aPós O PassamentO dO líder sOcialista a situaçOm dO País estÁ vivendO numha “Paz intranquila”

Polar, empresa daoposiçom, deixou sem

alimentos as lojas

Desenvolvem diversasestrategias para

desestabilizar o país

Page 13: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

13internaciOnalNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

A iniciativa tem que passar por comissom parlamentar e submeter-se às modificaçons que figerem os grupos políticosalém minhO

JOSÉ A. ‘MUROS’ / O povo Metis,das Grandes Pradarias de Nor-te-América, é de ascendênciamista entre mulheres das pri-meiras naçons (cree, ojibwai esaltaaux) com empregados daCompanhia da Baía de Hudson(que monopolizava a indústriadas peles), de ascendência fran-co-canadense e escocesa.

Este povo vive em comunidadesurbás e rurais no que, atual e ofi-cialmente, som as províncias cana-dianas de Manitoba, Alberta, Shas-kachewan e zonas de Ontário e oTerritório do Noroeste. Sumam400.000 habitantes repartidos emcomunidades e, sendo um povodespojado, tem mostras no passa-

do e no presente de rebeliom, dig-nidade e recuperaçom.

De elementos culturais mistos emediatizados absolutamente aoseu território, berço das planícies emontes ao igual que a populaçomindígena irmá; os elementos pre-dominantes paternos figérom-nofalante de francês (ou do crioulomichif), de religiom oficialmentecatólica (com crenças pagás), agri-cultor, enganador de castores e ca-çador de búfalos, navegante e na-vegador de imensos rios, habitantede imensas terras povoadas porela. As primeiras naçons fôromvendo com este povo como a pau-latina entrada do humano brancode origem britânica e a incorpora-

çom do seu território ao Canada osiria despojando e marginalizandopouco a pouco durante a segundametade do século XIX.

Durante a última parte do séculoXIX, o povo Metis levantou-se emrebeliom contra o estado e a colo-nizaçom deste. A Rebeliom de RedRiver ou de Sakatchenan é boamostra disso. A conformaçom nes-ta segunda rebeliom dum governoclaramente nomeado como Metisé outra. Fôrom dirigidos e dirigidaspor líderes capazes e competentes,entre os que salienta Louis Riel, elográrom que se assinaram acor-dos vantajosos das famílias Metisindividualmente, que alcançárommanter a chama da liberdade um-

has vezes no próprio território eoutras no exílio nos USA até a exe-cuçom de Louis Riel no 1885.

A partir desta data e bem entra-do o século XX, a marginalizaçome o empobrecimento apodera-sedas comunidades Metis que nomsom reconhecidas como indígenas,mas tenhem a sua exclusom e mar-ginalizaçom. Nom será mais quepaulatinamente até o 2013 quandoo povo Metis lhe irá ganhando pe-lejas legais ao Canada e às provín-cias polo direito à terra e aos seusrecursos (caça e pesca também co-mo uso único e específico), indem-nizaçons e o autogoverno sendo re-conhecidos neste ano como umhanaçom mais do Canadá.

As conquistas judiciais e a pró-pria auto-organizaçom das comu-nidades Metis som um resultadoque evoluciona numha maior coor-denaçom por meio de coordenado-ras provinciais e de todo o seu ter-ritório histórico; o povo Metis gereos seus recursos, educa as suascrianças, cuida os seus maiores eexigem falar como iguais ao Esta-do Canadiano. Sabem orgulhosa-mente que estám enraizados naNorte America pola sangue e o laçodos seus antepassados. Sabem queoutros descendentes de franco-ca-nadianos coma eles reivindicam-nos com orgulho como antecesso-res do seu soberanismo. Quebec, anaçom irmá, reivindica Louis Riele as rebelions Metis como próprias.Os povos irmaos indígenas tam-bém, e mesmo os seus antepassa-dos escoceses e irlandeses.

vivem em comunidades no que, oficialmente, som as canadianas Manitoba,Alberta, Shaskachewan e zonas de Ontário e o Território do NoroestePOvOs

O povo Metis da América do Norte

Dia histórico para a Lusofonia na Galiza

Nunca o reintegracionismochegara tam longe em toda asua história. Que o movimentoprogredia e as suas posiçonsganhavam compreensom so-cial, qualquer militante lusistanotava, mas ao ponto de trêsdas suas reivindicaçons histó-ricas serem assumidas unani-memente no Parlamento daGaliza, isso já era outro cantar:poucas pessoas eram capa-zes de imaginar há só um ano.

E. MARAGOTO / Desta vez, todo sefijo bem. A intençom era ganhar enessa direçom iam todos os passosdesde o primeiro momento. Trata-va-se de retirar o debate sobre oportuguês do confronto políticoque tam maus resultados tinha da-do noutras ocasions e aspirar àunanimidade parlamentar. A jor-nada no Hórreo começava comnervos entre os promotores da ILP.A receçom da mesma tinha sidoboa por parte das 4 forças parla-mentares e o PP até mantivera dis-cretos contactos com empresáriosreintegracionistas para estudar aviabilidade de algum dos parágra-fos da proposta. Porém, ninguémesquecia que só três iniciativas po-pulares de mais de perto de duascentenas tinham sido aprovadasno hemiciclo galego desde mea-

dos dos anos 80. O primeiro sinalfavorável chegou da deputada doBNG Ana Potón, que se mostrougratamente surpreendida polofacto de que por fim o PP tramita-va umha ILP com agilidade. A de-putada aproveitava a ocasiom pa-ra pedir a reforma da lei que regu-la este trámite parlamentar de ma-neira a conseguir que todas po-dam ser cursadas com a mesmadiligência. De todos os discursos,talvez fosse no de Ana Pontón on-de se notou maior sintonia com oespírito dos promotores e nom poracaso a sua força política já tinhalevado ao Parlamento propostassemelhantes, outrora rejeitadaspolos partidos maioritários.Aplaudiu a iniciativa no fundo ena forma e fijo votos para que aproposta prosperasse agora, im-pulsionada pola própria socieda-de, citando Castelao e Biqueira pa-

ra mostrar que se trata de umhaideia com um longo percurso nahistória do galeguismo.

Antes de Pontón tinha defendidoa proposta José Morell, empresá-rio viguês habilmente escolhidopolo grupo promotor para salien-tar o valor estratégico da ILP paraa economia galega. Morell combi-nou os argumentos económicos eos culturais, finalizando com umchamamento a que a Galiza apro-veite todas as “vantagens competi-tivas” que lhe oferece a sua língua.O discurso mostrou que o projetodescansava em argumentos muisólidos, tanto do ponto de vistaeconómico como identitário e foiparabenizado por todos os gruposparlamentares, nomeadamentepolo Partido Popular, que o referiuem várias ocasions. Precisamenteo discurso de Agustín Baamondeera o mais esperado polo grupo

promotor, umha vez que anuncia-ria o voto determinante para que aILP avançasse. Embora insistisseem que “devia ser estudada comatençom”, só revelou a orientaçomdo voto para concluir o discurso.Louvou a figura de Paz Andrade ea filosofia de fundo da Iniciativa efinalmente justificou o voto favo-rável do PP polo interesse na cria-çom de redes lingüísticas e cultu-rais que favoreçam as relaçonseconómicas. Usando um tom dedia histórico em que estava a sercorrigida umha má orientaçom dacultura galega, tivo que deixar cla-ro que a língua portuguesa conti-nuaria a ser estrangeira e portantoteria carácter optativo: “nom te-mos nengumha intençom de en-trar no debate normativo”.

Quanto aos outros grupos daoposiçom, Xavier Ron, pola AGE,quijo matizar que o seu grupo per-segue, nom a Lusofonia imperial,senom a das pessoas, a dos cida-daos, e salientou como esta apostapode ser “enriquecedora para ogalego e para a Lusofonia”. Fran-cisco Caamaño, polo PSOE, deuos parabéns aos promotores porintroduzir no parlamento umhainiciativa que toca “no cerne mes-mo da nossa identidade política ecultural” e refletiu sobre o factode que tivesse que ser a cidadania

a fazê-lo. Ofereceu do seu grupodiálogo e trabalho para concreti-zar a iniciativa em leis e decretos,espírito a que o PP pareceu aderir,embora reconhecendo que a difi-culdade para aplicar alguns pará-grafos da ILP obrigaria a reorien-tá-la na prática.

Na resposta, Morell ofereceudiálogo e assessoramento, paraalém de agradecer a todos os gru-pos, um por um, a sua posiçomnum dia para ser “lembrado”.

Falta a aprovaçom como leiA ILP Valentim Paz Andrade per-segue implantar o ensino do por-tuguês em todos os níveis educa-tivos, a receçom do sinal das te-levisons portuguesas e um esfor-ço diplomático por parte do go-verno que permita situar a Galizano ámbito internacional atravésde fóruns lusófonos. Porém, ape-sar de ter sido tomada em consi-deraçom, ainda nom é umha lei.Terá que passar por comissomparlamentar e submeter-se àsmodificaçons que lhe figerem osgrupos políticos. Só depois volta-rá ao plenário, talvez já bastantemodificada, mas o principal ob-jetivo da mesma já está cumpri-do: inaugurar umha nova diná-mica de relaçons entre a culturagalega e a luso-brasileira.

aPOiO unÁnime à ilP valentim Paz-andrade, que cheGOu aO ParlamentO avalizada POr 17.000 assinaturas

JOsé MOReLLdefende a ILP Paz-Andradeno Parlamento Autonómico

Page 14: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

14 ditO e feitO Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

ditO e feitO “As pessoas precisavam de um espaço de referênciaporque a cidade estava órfã neste sentido”

MARIA ÁLVARES / Portugal e to-dos os países com que parti-lhamos língua encontram-seum bocado mais perto da Ga-liza graças à Ciranda, umhalivraria e projeto cultural nadoem Compostela que apanhao nome de umha dança de ro-da própria da Galiza e de Per-nambuco. Umha aposta fortedesenvolvida polo reintegra-cionismo que pretende serum contributo à lusofonia. Oprojeto complementa-se atra-vés da rede com umha lojavirtual e com as redes sociais(facebook e twitter) que damconta de todas as atividades.No mês das Letras Galegas anossa língua floresce comonunca na Ciranda.

Como nasce a ideia da Ciranda?

Ciranda é composta por quatropessoas: Íria, Loaira, Xurxo e eu.A nossa é a história de quatro só-cias da AGAL (Associaçom Ga-lega da Língua) que colabora-vam em projetos existentes(OPS, Falarmos, Imperdível,aPorto, etc.). A ideia parte umpouco disso, a associação sabiaque os projetos estavam a cres-cer muito como para serem sus-tentados por trabalho voluntárioe decidiu externalizá-los. Umavez que sabíamos que íamosavante com o projeto, faltavamduas coisas: um espaço e um no-me. O primeiro dos assuntos foilogo resolvido graças à LibrariaLila e Patrícia, com quem parti-lhamos espaço. O segundo levoumais tempo. Decidimos chamar-nos Ciranda, porque é uma dan-ça existente em Pernambuco etambém na Galiza, em que aspessoas dançam em roda de

mãos dadas. É um nome lúdicoque indica simbolicamente aunião dos povos lusófonos.

Qual é o perfil da gente que

acode à vossa livraria?

A maioria das pessoas estão rela-cionadas com o mundo do reinte-gracionismo ou com a militânciana AGAL. No entanto, cada vez hámais pessoal jovem, estudantes deportuguês da EOI ou da Universi-dade e também pessoal com certasensibilidade e interesse pelo mun-do da lusofonia mas que nunca ti-veram contato direto com esta. Onosso público está a ser do mais va-riado e é uma das agradáveis sur-presas; pessoas de Compostela ede todo o país, mesmo da Europa edo Brasil; professoras(es),alunas(os), escritoras(es), músi-cas(os), operários(as)...

Nos tempos da Internet onde

muitos negócios prescindem de

um espaço físico, porque acha-

des necessário abrir um?

É certo que a net está a ganhar es-paço, mas é importante sermosvisíveis fisicamente. A Cirandanão é só uma livraria, atendemosoutras áreas que precisam deuma sala, por exemplo, para se-rem realizadas. Aliás, o contactodireto com clientes é uma dasnossas apostas. Muitas pessoascomentaram, após visitar-nos,que já era tempo de contarmos

com um local de encontro e con-vívio, nestes tempos em que o pú-blico está a ser tão vilipendiado.

A Ciranda é muito mais do que

umha livraria com material por-

tuguês; pretende ser um espaço

aberto à lusofonia. Que atividades

há programadas neste sentido?

Pois, a Ciranda é uma empresade serviços culturais à volta dalíngua portuguesa. Desenvolve-mos muitos projetos como osateliês de português para secun-dário (OPS) e primário (Percus-sões), os cursos de imersão na ci-dade do Porto (aPorto) onde, de-vido à alta demanda, já é possí-vel fazer a pré-inscrição emwww.aporto.org, cursos online(Falarmos Brasil), concertos, ex-posições, apresentações de li-vros e palestras... Já no dia daapresentação houve um concer-

to de Ugia Pedreira e Najla Sha-mi e nos meses a seguir tivemosa Carlos Taibo a falar de decres-cimento, crise e capitalismo, Sé-chu Sende apresentando o seuViagem ao Curdistám, IolandaAldrei que junto com Luz Fandi-ño é uma das nossas mais fer-ventes torcedoras, A banda hos-pitaleira do Minho (Uxía, VíctorCoyote e Rómulo Sanjurjo), apoeta portuguesa e perfomer Re-gina Guimarães e o grupo doPorto Osso Vaidoso, Márcio-An-dré, ou um bate-papo com osmúsicos brasileiros ViníciusCantuária e Pierre Aderne que,aliás, apresentou o seu docu-mentário MPB - Música portu-guesa brasileira. O nosso intuitoé achegar a lusofonia ou gale-guia através de várias vias, por-tanto, as atividades que progra-mamos são sempre variadas. Emmuitas ocasiões os eventos sãopartilhados com a Lila de Lilith eneles conjugamos a perspectiva degénero e a lusófona. Há pouco Ma-gin Blanco fez uma apresentação-lanche do livro-disco para criançasA nena e o grilo, do que temos umaexposição na nossa livraria.

Nos últimos anos fôrom surgin-

do diversos clubes de leitura de

obras da lusofonia por todo o

país. Pensades que hoje há mais

recetividade à literatura em

português do que antes?

Nós acolhemos um clube de lei-tura no nosso armazém, o clubede Leitura Santaengrácia, nasci-do arredor da EOI de Composte-la. Todas estas pessoas são leito-ras fieis, que mesmo pertencem aoutros clubes de leitura ou a re-des maiores, como o Clube deLeitura Pega no Livro. Com o tra-balho das EOI, escolas de línguas,cursos, etc. cada vez a ortografiaé menos uma barreira e as pes-soas também reparam em quetêm uma imensa facilidade porserem galegas. Obviamente sabergalego é uma vantagem à hora deaceder ao mundo lusófono.

Porque achades necessário con-

tar com um projeto assim?

Bom, mais cedo ou mais tarde,era necessário criar isto. A luso-fonia nasceu na Galiza e a situa-ção em que estivemos durante sé-culos, de costas viradas cultural-mente está a mudar completa-mente. As pessoas precisavam deum espaço de referência, porquea cidade (e o país) estava órfãneste sentido até ao momento.Até há alguns anos o pessoal diriaque estamos a “viajar na maione-se” como se fala no Brasil, ao que-rermos abrir uma livraria espe-cializada no mundo lusófono,mas hoje podemos ter orgulho noimpacte que estamos a ter e nocálido acolhimento. A Galiza po-de e deve ser uma referência cul-tural a nível mundial e assim, aospoucos, achegamos o nosso grão-zinho para isto virar realidade.

“A situação da Galiza com respeito à lusofonia está a mudar completamente”

a livraria ciranda, em cOmPOstela, Pretende ser um cOntributO à lusOfOnia

“Precisava-se de umespaço de referênciapara o achegamento

à lusofonia”

“A Galiza pode e deveser uma referência

cultural a nível mundial”

Page 15: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

XAVI MIQUEL / Em 10 de dezembrode 2002, emitia-se na televisom pú-blica espanhola um programa titu-lado “Todos somos Galicia” com oobjetivo de arrecadar fundos paraos afetados do Prestige e para aspessoas voluntárias que estavam atrabalhar contra a maré negra pro-vocada polo petroleiro. Com a fi-nalidade de administrar o dinheiroque se recolhera na gala criou-se aComissom de Afetados pola Catás-trofe do Prestige, com umha contabancária do BBVA assinada porEvaristo Lareo Viñas, conta ondefôrom depositados os fundos arre-cadados na gala. Logo a seguir, eraconstituída a fundaçom OcéanoVivo, também presidida por Lareoe com a ajuda da Junta, tendo emvista recuperar, promover e incen-tivar o setor pesqueiro.

Nesta fundaçom chegárom mi-lhons de euros de vários atos e do-nativos com o mesmo objetivo dearrecadar fundos para os danifi-cados do Prestige. Na memóriaapresentada na sua página web, afundaçom unicamente levou a ca-bo dous projetos: a sinalizaçomdas marisqueiras a pé e o projetoMoanha, destinado a comprovar aevoluçom do pré-engorde dasameixas-babosas. Mas, segundovarias entidades e pesqueiros dazona representadas principal-mente pola Plataforma em Defen-sa do Sector Marítimo Pesqueiro(Pladesemapesga), os donativosnunca chegárom aos seus desti-natários e, após várias tentativas eprocessos judiciais para obter acontabilidade, as contas aindanom se tornárom públicas, nemse sabe para onde fôrom destina-dos os subsídios.

A plataforma apresentou um-ha nova querela criminal contraLareo Viñas e contra o Secretá-rio-geral da Conselharia do Mar,Francisco Vidal Pardo, por enco-brimento de documentaçom, jáque calculam que entre 80 e 200milhons de euros dos fundos fo-ram talvez desviados. Ademais,

em declaraçons a este jornal afir-mam que o dinheiro poderia tercontribuído para financiar de for-ma ilegal o PP, mediante os so-bres que se descobrírom no casoBárcenas. A entidade afirma queisso foi nos tempos em que PabloCrespo, ex-tesoureiro do PP naGaliza e um dos principais impu-tados na trama Gürtel, desvioufundos para o financiamento ile-gal do partido que agora está aser investigado.

O campo de futebol da ÍnsuaOutro dos casos que envolvem La-reo Viñas é o referente à remode-laçom urbanística do campo de fu-tebol da Ínsua (Laracha). No ano2003, aproveitando o replanteja-mento do Plano Geral de Ordena-mento Municipal (POUM) do con-celho, foi aprovado um estudo como objetivo de “resolver adequada-mente as rasantes da urbanizaçomcom as ruas adjacentes e com oPasseio Marítimo”, apresentadapola a Confraria de Caiom, cujo

presidente é Lareo Viñas. A Demarcaçom de Costas da

Galiza aprovou a remodelaçom doPasseio Marítimo e no mesmomomento, no POUM desapareciao campo de futebol municipal quelevava 50 anos em propriedade doclube que o desfrutava. Ao mesmotempo, a empresa Elyte, compraos terrenos por 80 milhons de pe-setas (quando a zona estava ava-liada em perto dous milhons deeuros antes dumha possível re-qualificaçom).

Assim, mediante um convénio

entre o concelho e a Confraria deCaiom, requalificava-se a zonaonde estava o campo de futebol eaparecia umha nova promoçomde 60 vivendas de luxo. Atual-mente e por causa da crise eco-nómica, o campo é um descam-pado e a promoçom promovidapola empresa Elyte está parada.Além de todo, o proprietário daempresa Elyte é Teodoro MoredaFernández, home forte do PP naMarinha lucense e envolvido emvários casos de ilegalidade urba-nística na zona. Cumpre destacara investigaçom sobre três pro-moçons feitas polo Concelho deBarreiros outorgadas a TeodoroMoresa SL, onde se previam ocu-par 23.888 metros quadradosnumha zona onde a edificabili-dade estava em 11.944.

A direçom do GAC-3 Outra das posiçons preferentes deLareo Viñas é a presidência doGrupo de Acción Costeira (GAC)3 da Costa da Morte. Os GAC som

grupos supramunicipais sem finslucrativos, formados por váriosagentes públicos e privados comobjetivo de dinamizar açons noterritório para o desenvolvimentoeconómico. Através desta associa-çom, chegam milhares de eurosem forma de subvençons da Jun-ta, do governo espanhol e dos fun-dos europeus, e que se dedicam,principalmente, a projetos de di-namizaçom turística na Costa daMorte. Para pôr um exemplo, noúltimo ano, a Junta, através daConselharia do Mar, subsidioucom 7 milhons de euros os GAC. Entre estes subsídios, há que des-tacar os 65.791,78 euros que a Di-reçom-Geral de DesenvolvimentoPesqueiro (com 60% de fundoseuropeus) deu ao GAC-3 para queremodelasse o arquivo históricoda Cofradia de Pescadores deCaiom, presidida por Evaristo La-reo. Mais aló da polémica com obarco propriedade de Lareo, Es-trella Verde, que recebeu váriassubvençons e que agora já nomtem -polo que nom poderia conti-nuar sendo presidente-, a Confra-ria de Caiom conta unicamentecom 8 pescadores e 15 marinhei-ros a pé. O que acontece é quemuitos destes projetos, que te-nhem que ser aprovados pola Jun-ta do GAC, passam para maos pri-vadas. É o albergue privado deMugia, um Hotel de alto standingem Laracha ou outro hotel chama-do “A pousada de Loló”, tambémem Mugia, que foi subsidiada com200.000 euros.

15a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

a denÚncia

Patrom maior de Caiom, investigado por desvio de fundos do Prestige

Através do Grupo de Acçom Pesqueira recebem milhares de euros em subvençons para projetos privados

evaristO lareO viñas, liGadO aO PP, também estÁ imersO num casO de cOrruPçOm urbanística na laracha

Nas últimas semanas voltou saltar à palestra o caso dos milhons de eurosde fundos destinados a famílias e voluntários durante o desastre do Presti-ge. Nesta polémica destaca com nome próprio o atual Patrom Maior deCaiom, Evaristo Lareo Viñas, quem está a ser investigado e acusado por vá-rias entidades marinheiras do desvio dentre 80 e 200 milhons de euros pro-cedentes dos donativos que figérom várias entidades e particulares durante

o desastre do Prestige. Nom é o único caso em que esta imerso Lareo, jáque também foi julgado numha suposta rede de corrupçom urbanística noconcelho de Laracha. Contodo, Lareo Viñas sempre foi um homem relacio-nado com o PP da zona e com vários postos em pontos estratégicos. Umdeles é o de presidente do Grupo Acción Costeira 3 da Costa da Morte, deonde recebe milhons de euros em subvençons.

O dinheiro nom atopado poderia ter idoilegalmente para o PP

Lareo viñas preside oGrupo de Acción costeira

da costa da Morte

A Junta recusa-se atornar públicas as

contas dos donativos

Querelárom-se contraLareo por encobrir

documentaçom

de esquerda à direita estám evaristo Lareo Viñas, patrom maior de caiom; José Manuel Lopez, alcalde da Laracha; Juan carlos Barreiro, chefe territorial

da conselharia de Mar da corunha num ato público em caiom

Page 16: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

16 a eXame Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

A falta de fundos económicos e a oposiçom cidadá levam a paralisar o macroprojetoa eXame

RAUL RIOS / Ao passear pola Cidadeda Cultura, nom se pode evitarpensar nos 300 milhons de eurosinvestidos no macroprojeto ounos 9.000 euros que custa mantê-lo aberto cada dia. Se esta parti-cular pirámide fraguiana pareceuboa ideia a alguém no tempo daburbulha imobiliária, cada diatem pior imagem entre a opiniompública galega.

No começo e na fim, abril seráruim, di o refrám. Nos dias finaisda primavera galega que aindanom quer deixar entrar o verao,com o mesmo orvalho mas commuito mais vento que no resto deCompostela, no Gaiás é difícilachar alguém com quem conver-sar. A altura endurece o clima.Apenas uns poucos trabalhadoresdo complexo ou, com sorte, algumturista curioso. Mesmo na cafeta-ria, onde o visitante pode refugiar-se da chuva, só se encontra umservidor desocupado.

Competir com Alexandria“Os dias de sol, no verao, vém mui-ta mais gente”, aponta umha tra-balhadora da limpeza. “É normalque a gente prefira ficar na casaem dias como hoje”. Esta mulher,junto com o guarda de segurança,é o único pessoal de que dispom aBiblioteca de Galicia durante astardes. “Sabe se há alguém que mepoida ajudar a procurar um livro?”,pergunta o estudante; “nom che háninguém rapaz, o pessoal da bi-blioteca sai às três da tarde”, res-ponde a limpadora. Ao seu lado,umha rengleira de mesas com um-ha dezena de computadores apa-gados; mas nengum em que umusuário poida consultar o catálogode livros, catálogo que tampouco éacessível na Internet.

O funcionamento desta biblio-teca contrasta com o de qualqueroutra da cidade. Enquanto na bi-blioteca pública Ângelo Casal,perto da zona velha compostela-na, a estampa habitual é a dumhamoreia de estudantes enchendoos lugares, crianças com ativida-des culturais, palestras e exposi-çons de arte para adultos e pes-soal da biblioteca dum lado para ooutro; o que topamos na bibliote-ca do Gaiás som grandes pratelei-

ras baleiras e apenas 50 lugaresde estudo, quase todos tambémbaleiros a maior parte do tempo.Dias atrás, um estudante queixa-va-se: “Nom sei que referenciali-dade pretendia ter esta biblioteca.Aqui nom podes encontrar nem OCapital de Marx nem A Riquezadas Naçons de Adam Smith, comoquerem que alguém poida investi-gar algo de economia?”.

“Garrafas” gigantesMas a Cidade da Cultura tem mui-to que oferecer além da biblioteca.O edifício da Fundaçom, ou o Cen-tro de Inovaçom Cultural, é o maisconcorrido, pois é onde estám osescritórios, mas nom é de acessoao público. O Museu CentroGaiás, mesmo ao lado, está fecha-do: estám a preparar a nova expo-siçom Orenoco.

Depois de visitar a biblioteca eo arquivo, ver os dous edifíciosaos quais nom é permitido o aces-so, e imaginar os outros dous quenunca fôrom construídos; ao visi-

tante só lhe resta visitar as TorresHejduk, com que o arquiteto PeterHeisenman pretendia emular acatedral de Compostela. Estaconstruçom de vidro, que o visi-tante identifica com duas “garra-fas” ou “guitarras do revés”, é amais pequena da Cidade da Cul-tura; mas é também a que atraimais pessoas. Ao nos achegar-mos, descobrimos que as silhue-tas humanas divisadas de longesó eram as esculturas de RamónConde ali expostas, mas é raro veralgum humano contemplando-as.

Quem vai?Sem contar algum ciclista ou vizi-nho da zona, só há dous tipos depessoas na Cidade da Cultura: os

trabalhadores, que som a maioria,e os turistas. Um destes últimos re-vela que é arquiteto, um dos gré-mios que é frequente topar pas-seando polo Gaiás. Sem ser um es-pecialista no projeto, troca algum-has opinions com a sua acompa-nhante. “Isto nom está bempensado. Os que nom trazemos ocarro até Santiago temos queaguardar umha hora a que passecada autocarro”. Perguntado polofuturo do projeto, que o Parlamen-to decidiu paralisar, afirma quenom tem sentido fazê-lo crescermais se nom há nengum conteúdo.“Manter isto é umha selvajaria”.

O outro dos perfis habituais doGaiás, o do trabalhador, mostra-seainda mais crítico com o projeto

do que os turistas. “A isto haviaque lhe meter umha bomba, paraoutra cousa nom vale”, brinca umdeles entre risos. A parelha deoperários acha-se renovando bal-dosas do chao, “que se saem sósporque haverá muito rato por aquiabaixo”. E se a Cidade da Culturaestá tam mal, por que se decidiu ircara adiante com o projeto? “Issohavia que perguntá-lo a Fraga,mas agora já nom se pode!”. A re-tranca nom consegue ocultar omal-estar que sentem ao pensarna quantidade de dinheiro públicoinvestido, “isto é a ruína da Gali-za”. Quanto ao futuro das constru-çons que ficárom paralisadas,nom parecem ter qualquer dúvida:“Estes dous edifícios som os maiscaros. Diziam que iam botar terrae aplanar ou esperar a que haja di-nheiro... eu digo que isto vai que-dar tal como está de por vida”.

Trezentos milhons de eurosnom abondam para comprar o cli-ma. Cara as oito da tarde, o friofai-se mais intenso e o orvalhocompostelano continua sem dartrégua. Os poucos que ficamacham que vai sendo hora de sairdo Gaiás e regressar à civiliza-çom. Algum motor fai eco polaavenida Manuel Fraga, esse limboque une a Cidade da Cultura coma cidade de Compostela. As incóg-nitas sobre este gigante de ourocom pés de barro continuam so-bre a mesa, com a única certezade que o Gaiás continuará dandoque falar durante muitos anos.

trabalhadOres e visitantes mOstram-se céPticOs cOm O futurO da cidade da cultura

“O Gaiás fica como está de por vida”

Na biblioteca destacam grandesprateleiras baleiras

A Cidade da Cultura fica como está, sem rematar. Obrigado pola crise, o grupoparlamentar do PP tivo que apoiar um dos pontos da moçom apresentada poloBNG, em que os nacionalistas pediam a paralisaçom absoluta do projeto. Assim, o

único Centro de Arte Internacional ou o único Teatro da Música que haverá final-mente no Gaiás será o das maquetas que se exponhem numha das salas do com-plexo. Fora do edifício, buracos no chao com muitos metros de queda.

Ao complexo só vamtrabalhadores e

mais turistas

NU

RIA

PA

MP

ÍN

NU

RIA

PA

MP

ÍN

Page 17: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

X.R. SAMPEDRO / Se a tentativa fali-da de construçom no Gaiás deixaum buraco realmente importante,esse é o que abriu no dinheiro pú-blico. Um buraco sem fundo quevéu engolindo a cada ano mais emais dinheiro e do que ainda nomsabemos que hipoteca deixa aopais, mesmo paralisado.

O que já desde que foi projetado

véu sendo alcunhado de 'projetofaraónico', e que em nengum mo-mento conseguiu deixar de sercontroverso, ainda conseguiu comos anos multiplicar as previsonsde se converter num foco de es-banjamento do gasto público daadministraçom autonómica.

Em resumidas contas, um gastoaté o de agora durante a constru-

çom que vem quintuplicar os jáexagerados cem milhons de eurosque foram orçamentados. Qui-nhentos milhons de euros, deixan-do sem construir ainda dous dosedifícios e tendo como pegada umdesmonte enorme no mesmo meiodo complexo do monte Gaiás.

Sem que ali esteja o Teatro, aobra que teria sido a mais cara, há

que sumar a esses quinhentos mi-lhons os 3,6 milhons de euros emmantemento anual, do que a Juntavem de assinar no passado mês oscontratos para os dous anos vin-douros. Segundo a Junta, que pa-rece procurar justificaçom disto, ametade do gasto se corresponde-ria com os serviços administrati-vos que a Junta véu deslocando ao

complexo, como única posibilida-de de encher um mínimo os conti-nentes projetados por Peter Eisen-man. Aceitando essa estimaçom,algo assim como 1,8 milhons deeuros anuais venhem a ser o custodumha montagem arquitetónicaque passa a maior parte do tempobaleira. Os 29 elevadores, 76 cá-maras ou 20 vigilantes de segu-rança que pouco tenhem quem vi-gilar semelham com preocupanteproximidade umha obra perfor-mativa arredor dum esbanjamen-to em obras públicas espetacula-res do qual a Cidade da Cultura jáé um dos exemplos mais reconhe-cidos a nível internacional.

O buraco da Cidade da Cultura, um buraco no peto da Galiza

17a fundONovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

XAVI MIQUEL / A empresa PiedraNatural de Muras SL, estivo des-de o ano 2000 a explorar a lou-seira “Angelita”, na Serra do Xis-tral (Terra Chá), protegida polaRede Natura 2000 e catalogadapola Junta como Lugar de Inte-resse Comunitário (LIC). O pro-jeto recebeu todos os apoios daJunta de Fraga, sem contar comas licenças de concessom minei-ra, nem de águas, nem com a de-claraçom de impacto ambiental.Pouco tempo depois gozou do fa-voritismo de ter os contratos pú-blicos para a residência do presi-dente da Junta em Montepio emais para fornecer a Cidade daCultura compostelana.

Agora, a Audiência Provincialde Lugo vem de absolver dum de-lito contra o ambiente os três res-ponsáveis da louseira já que, em-bora reconheça que “se tratoudumha actividade ilegal por nomter licenças”, nom reconhece apresença de habitats prioritários,minimizando o dano ecológico.Segundo a organizaçom ambien-talista Adega, esta declaraçom éfeita baseando-se num relatóriodo Instituto de Investigacions Tec-nologicas da USC, assinado polo

professor Felipe Macías, o mesmoque avalizou os parques eólicosna própria serra do Xistral.

Propriedade de ex-alcalde do PPA empresa Piedra Natural deMuras SL é propriedade da fa-mília Campo Fernández e, até2009, o extravagante ex-alcaldede Ortigueira, Antonio Campo

Fernández, foi administrador dafirma. A história da família comas louseiras vém de longe, já quedesde 1923 som proprietários daPizarras Campo, empresa queatualmente preside AntonioCampo. No Nº48 do NOVAS DA

GALIzA, já se contava a vida caci-quil do ex-alcalde de Ortigueira,com vários negócios que nomfrutificárom na vila e com escán-dalos como o de Campo da Tor-re, quando se expropriou umhadas zonas mais notáveis da vilapara, tempo depois, começar umprojeto especulativo dedicado áturistificaçom da zona.

absOlvidOs de delitO ambiental resPOnsÁveis da emPresa dO eX-alcalde 'POPular' de OrtiGueira

Julgado decreta atividade ilegal da louseira que forneceu a construçom

sadasdsa

Preenche este impresso com os teus dados pessoais e envia-o a NOvAS DA GALIZA, Apartado 39 (cP 15.701) de compostela

Subscriçom + livro = 35 €

Subscriçom anual = 24 €

Subscriçom + pack bilharda = 30 €

Subscriçom + duplo pack bilharda = 35 €

Assinante colaborador/a = €

Nome e Apelidos Tel.

Endereço c.P.

Localidade E.mail

Nºconta

Junto cheque polo importe à ordem da A.c. Minho Media

ASSINATURA

sadasdsa

O projeto foi apoiadopola Junta de fraga

sem ter licenças

NU

RIA

PA

MP

ÍN

NU

RIA

PA

MP

ÍN

Page 18: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

18 tribuna Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

tribuna A mineraçom a céu aberto caracteriza-se por deteriorar gravemente o território

Xabier I. villares

Anda-se a falar muito nestesdias do projeto que a transna-cional canadiana Edgewatertem em marcha na paróquiade Corcoesto, situada no con-celho de Cabana de Berganti-nhos. Existem, porém, nume-rosas e poderosas razons quenos convidam à extrema pru-dência no momento de abor-dar o assunto.

Em primeiro lugar, devemos ava-liar as conseqüências associadasà mineraçom a céu aberto, poisessa é técnica extrativa que iráseguramente ser usada. Esta téc-nica caracteriza-se por deterio-rar gravemente o território: de-moliçons e grandes movimenta-çons de terra – com o conseqüen-te impacto sobre o ambiente e so-bre as próprias capacidadesfísicas do território – e o empregode cianeto de sódio, cujo proces-so de lixiviaçom para separar oouro dos demais materiais em-prega enormes quantidades deágua colhidas diretamente da zo-na, e restos de arsénico e outrosminerais altamente nocivos paraa vida, presentes nestes tipos deterras e cuja dispersom em for-ma de pó pode chegar a deslocar-se até 30 km em redor.

Isto converteria a mina numproblema que excede de longe oslimites de Corcoesto. Basta pen-sarmos na vida vencelhada ao rioAnlhons - declarado no 2001 Lu-gar de Importáncia Comunitária( LIC) - que decorre, à altura dalocalizaçom prevista da mina, en-tre Ponte-Ceso e Cabana, e ondeo marisqueio de berberecho é ho-je umha atividade mui viva. Já nasua desembocadura, a norte daCosta da Morte, existe outra im-

portante atividade marisqueiracentrada no percebe, de grandeimportáncia local tanto gastronó-mica como cultural. Cara dentro,temos a pataca de Coristanco.Mas, em geral, a mina traria con-sequências nocivas derivadas dapoluiçom do ar e das águas (derios e também de aquíferos).Em segundo lugar, cabe destacara confusom criada entorno aospostos de trabalho que as minapoderia gerar. O cenário de eter-na crise ajuda a que qualquer hi-pótese de emprego pareça hojeatraente. De qualquer modo, épreciso perguntar-se se compen-sará pôr em perigo a vida maris-queira e agrícola comarca (2.714só de postos diretos relacionadoscom as granjas, segundo asUnions Agrárias), bem como aspotencialidades deste territórioem troca dum punhado de em-pregos, poucos e com data de ca-ducidade, centrados na atividadeextrativa mineira.

Poucos, porque o número deempregos será bem reduzido: emprincípio a empresa fala em 271,mas este número contrasta forte-mente com estimativas mais rea-listas feitas por outras organiza-çons sindicais, vizinhais e am-bientalistas que indicam que se-riam menos de 100. E com datade caducidade marcada, nom sópola temporalidade da própriamina (até 13 anos, ainda que am-pliável a 20), como também por-que é só nas primeiras fases doprojeto, durante três ou quatro

anos, que costuma fazer-se usoda mao de obra local.

Enlaçando precisamente coma forte precariedade que costu-mam caracterizar este tipo de tra-balhos, devemos assinalar queestamos diante duns postos queviriam a depender quase porcompleto dum factor tam incon-trolável para nós como é a volati-lidade do preço mundial do ouro.Cabe lembrar a recente queda ex-perimentada por este metal háapenas três semanas (assuntoque foi objeto dum artigo do No-bel da Economia Paul Krugman)desde os 1600 $ a onça até algomais dos 1300 $. Os analistasnom perdem de vista este carac-terístico “valor refúgio”, penden-tes dumha burbulha que poderiaestourar num período de temporelativamente curto, e cujo resul-tado para nós poderia ser o de-sinteresse dos investidores inter-nacionais na mina.

Convém lembrar também a re-forma laboral aprovada no passa-do ano, a qual permitiu, entre ou-tras cousas, “abaratar” considera-velmente os despedimentos. Todaumha vantagem para a Edgewa-ter. Toda umha faena para as vir-tuais trabalhadoras da mina.

Por último, e nom menos impor-tante, devemos reparar em que to-do este plano está a ser impulsio-nado por capital transnacional in-teiramente alheio ao País, sobre oqual a gente – como acontece como preço do ouro – nom tem qual-quer controlo, seja qual for a pers-pectiva que quigermos dar-lhe.

Este projeto, em definitivo, écontrário a qualquer tese de de-senvolvimento endógeno que te-nhamos em mente e nom poten-cia nengumha capacidade do ter-ritório sustentável. Antes ao con-trário: é umha espoliaçom dopaís teledirigida pola filial (Mi-neira de Corcoesto S.L.) dumhagrande empresa, a Edgewater.De tal forma que a gente se tornanun sujeito passivo que mal podeincidir na marcha das cousas aonom ter capacidades sobre as de-cisons da empresa.

Em todo isto, cabe reparar naposiçom das nossas instituiçonsmais próximas. A Conselharia doAmbiente aprovou há alguns me-ses umha Declaraçom de Impac-to Ambiental (DIA) sobre o pro-jeto positiva onde se prevê, entreoutras cousas, o uso de 546.000kg. anuais de cianeto de sódio.Por outra banda, o Plan Sectorial

de Actividades Extractivas deGalicia apresentado pola Xuntae que está a ser tramitado, pareceestar criado para que o País sejaidentificado como um territórioclaramente orientado para favo-recer os interesses da patronaldesta indústria, sem respeitar es-paços naturais, paisagens prote-gidas, monumentos históricos oujazigos. “Galicia é unha mina”,foi o lema escolhido pola Gover-no galego para fazer propagandadas bondades do setor. Porém,cumpriria perguntar-se paraquem o será realmente.

Já no próprio Concelho de Ca-bana, há anos que o alcalde, JoséMuíño, mostra publicamente oseu apoio ao projeto mineiro, le-vando-o mesmo no seu programaeleitoral. Num encontro digitalpublicado por um importantemeio galego há poucos meses as-segurava que “se o projeto nomarranca (...) só queda o caminhoda emigraçom para os vizinhos deCabana e arredores”.

Mas, além de todas estas impor-tantes questons, restaria por ava-liar ainda outro aspecto: o ouro le-va-o umha empresa canadiana, eaqui só quedam as conseqüênciasda sua extraçom. Um pequeno fa-to de postos de trabalho e umhabalsa de cianeto para as geraçonsfuturas, essa é a troca que nos ofe-recem polo ouro do subsolo gale-go (34 Tm de ouro, nada menos).Isso é matéria para refletirmos lar-gamente sobre que País temos eque País queremos ter. Pergunte-mo-nos se o ouro e os rendimen-tos serám nossos ou se de novo asrédeas ficarám em maos alheias.

O autor é licenciado em Economia

pola USC. Atualmente, investiga os

efeitos económicos da mina de

Corcoesto sobre a comarca.

O PlanO estÁ imPulsiOnadO POr caPital transnaciOnal alheiO aO País

Corcoesto: o ouro de quem?

O projeto é contrárioao desenvolvimentoendógeno da Galiza

Page 19: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

19em anÁliseNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

Mª do carmo García-Negro

Há umha preocupaçommanifestada nos meios decomunicaçom polo paro

existente. Mas nom obstante, hápouca ocupaçom para impedir quesiga medrando. Já temos dito nou-tras ocasions que as medidas deajuste, longe de impedir que sigaaumentando, contribuem ao seuaumento. Como é possível pensar-mos que nom há remédio ou se oque se fai aumenta o paro?

As medidas de política econó-mica que se levam aplicando pologoverno espanhol ao ditado euro-peu som intervençom do Estadopara salvar, ou salvaguardar, a es-trutura de poder económico exis-tente, quer dizer, o poder finan-ceiro. Se para mantermos essaforma actual é preciso salvar osintermediários financeiros (ban-cos e demais) a costa de transferirenergia do resto do aparato pro-dutivo, pois fai-se. Aumentará oparo, decairá a atividade indus-trial, cairá o consumo, cairá aconstruçom, desaparecerám cadadia negócios titulados por autó-nomos e seguirá-se nessa espiralde empobrecimento até que a re-composiçom do negócio financei-ro tope a senda do beneficio. Nomsabemos qual será o benefício es-perado, mas aproximará-se a umtérmino meio entre o atual e o ele-vadíssimo declarado na décadaanterior a 2008. Nom é precisolembrar de novo qual é a origemda dívida pública espanhola: senom for necessário levar a cabo areconversom das caixas a fumede caroço e recapitalizar os ban-cos segundo standards alheios,nom existiria o atual ritmo de caí-da da actividade e, portanto, nomestaria aumentando o paro e a au-sência de investimento da manei-ra que sucede.

Mas há ainda umha caída deatividade que sem aparecer tantonas alarmas mediáticas é real-mente dolorosa para o país, tra-ta-se da desapariçom de explora-çons agro-gadeiras. A caída daactividade agrária, a desapari-çom de cabeças de gado maior,em fim, a caída de valor do pro-duzido no agro.

Galiza é um país rico em recur-sos. Temos umha capacidade pro-dutiva potencial comparável a paí-

ses da rica área escandinava, co-mo é Dinamarca. Mesmo podería-mos manter umha populaçom do-bre da atual; 5 milhons de galegose galegas vivendo na Galiza seriaumha cifra aceitável acorde comas capacidades produtivas pre-sentes e potenciais. Isto tinha quevir acompanhado de instrumentosde política económica própria,sem obstruçons nem fechamen-tos. Tinha necessidade –o país- depoder levar a cabo um programapróprio de crescimento económi-co. Um enfoque cara ao cresci-mento baseado nas capacidadespróprias de produzir e destinado,em primeiro lugar a satisfazer asnecessidades do mercado interiorgalego e, no segundo termo, paraexportar. É dramático constatarcomo já nom temos suficiênciaalimentar, importamos alimentospara o mercado interior galego.Com a atual estrutura produtivanom somos quem de sustentar,com o fornecido no agro, os 2,7milhons de galegos e galegas quevivemos no país.

Do total do nosso território, uns3 milhons de hectares, ocupam-sehoje para destinos agrícolas so-

mente 915.000. Os europeus ocu-pariam o dobre, quer dizer, pertode 2 milhons de hectares. Dessaterra gerida só se dedica ao cultivo630.000 hectares. Estamos usandode forma frutífera umha pequenaparte da capacidade potencial pro-dutiva que possuímos. Nom hájustificaçom para este estrago, sóse entende fruto da imposiçom, daforça imposta. Nom é compreen-sível nem desejável.

Galiza poderia ser como foi nopassado o país das vacas. Podeque ajudara algo que estivéssemosorgulhosos delas e de nós. Que anossa arrogância reconhece-seum passado com vacas é o primei-ro passo para desenharmos um fu-turo produtivo e auto-suficiente.

O drama reflete-se em cifras domais eloqüente:O número de exploraçons passoude 170.782 em 1989 a 81.174 em2009(dados do Censo Agrário).

O total de bovinos passou de980.100 em 1987 a 949.800 em2010, mas o número de vacas pas-sou de 704.000 a 553.000.

E os ocupados e ocupadas noagro diminuírom numha propor-çom enorme: de 330.000 gente ocu-pada em 1989 a 64.300 em 2011. O problema criado pola desapari-çom de exploraçons agrárias e ga-nadeiras é que significa unha caídada produçon. Nom é o beneficio oque sofre, senom que é a produ-çom. Desaparece também o capitale nasce paro onde podia haver pro-duçom mesmo rendível.

Que desapareçam vacas non éum problema para os seus donos,senom para o país. Nom se tratatampouco de botar umha olhada aum passado idealizado semibucó-lico e pretender que volva. Nom.Trata-se de observar como se po-dem utilizar em proveito do país assuas capacidades produtivas e fa-zê-lo a favor da autossuficiênciaalimentaria. Tampouco se trata dereivindicar unha produçom vincu-lada a diminutas exploraçons se-menteiras de trabalho escravo.Nom. Trata-se de identificar possi-bilidades e desenhar um programade produçom que sendo sustentá-vel procure riqueza para o país epara os seus responsáveis

Quando em outros países -porexemplo, os ricos europeus- se le-vam a cabo reajustes e moderniza-çons de setores maduros, fam-secom processos que finalizam noaumento da produçom, incremen-to da capacidade produtiva, au-mento do emprego, tanto diretocomo induzido e melhora da capa-cidade exportadora. Nada disto es-tá a ocorrer no agro galego.

A história recente da agricul-tura europeia discorreu sobre abusca da senda da autossuficiên-cia e umha vez lograda, a neces-sidade de mantê-la. A recentehistória do agro galego é justo acontrária: estamos no caminhode caída livre da nossa capacida-de de auto abastecimento: já pre-cisamos importar alimentos parao mercado interior galego.

A agricultura, a gadaria e a pescasom setores económicos estratégi-cos: produzem bens imprescindí-veis para garantir a sobrevivênciadum país. Nenhum Estado desen-volvido joga à roleta russa com seusetor produtor de alimentos. Os ali-mentos som produtos básicos eprocedem dum setor de atividadeeconómica que tem umhas outrascaracterísticas interessantes:

A agro-gadaria cria relaçonseconómicas de arraste cara outrossetores tanto industriais como deserviços. O arraste-encadeamento

tanto no agro como na pesca é caratrás (provedores da indústria e dosserviços) nomeadamente, maistambém cara adiante para a indús-tria de transformaçom e serviçosde distribuiçom. A produçom agrí-cola ao se fazer no espaço físico doterritório é componente básico daconservaçom e melhora do capitalfísico, mesmo do nom utilizado.Quanto mais extensas sejam as ter-ras ocupadas para explorar menorserá a necessidade de cuidado, vi-gilância e investimento público nasterras baldias. Imaginemos que omonte baleiro for útil para gadarianom estabulada: desapareceriamos incêndios praga que levam cadaano arredor de 100 milhons de eu-ros, gasto desnecessário.

A agricultura própria produz ali-mentos próprios. Nom há melhorforma de aforro coletivo que con-sumir alimentos de proximidade:com menor necessidade de trans-porte, menor consumo energético.Do mesmo modo, o papel da con-servaçom frigorífica, também me-nor, significa menos consumoenergético. O consumo de alimen-tos próprios diminue também a ne-cessidade de grandes distribuido-ras que graças aos enormes cen-tros logísticos conseguirom elevaraté a insustentabilidade a distribui-çom alimentícia. E isso sem men-cionar a parte mais interessante -por perversa- deste processo: apressom á baixa sobre os preçosdos produtos vendidos polo labre-go. Pressom que nos últimos anosé esmagadora.

O feito de contar com alimentospróprios tem ademais a vantagemde que o custe dos bens salariaisalimentícios, som menores sem di-minuir a qualidade de vida, já queo fornecimento de alimentos estágarantido e a preços relativamentemais baratos.

A terra entendida como o depó-sito de recursos herdada dos nos-sos antepassados é um capital nompara destruir senom para pôr emproduçom. Só a partir da aliena-çom disparatada de apreciar oalheio por riba do próprio podería-mos entender como aceitável oprocesso de abandono forçoso docampo. Só desde a inconsciênciase pode justificar nom atuar comose dum feito natural se tratar: éeconomia e é política económica.

Galiza tem umha capacidade produtiva potencial comparável a países da área escandinavaem anÁlise

As vacas e nósPerda de eXPlOraçOns aGrOPecuÁrias afeta a ecOnOmia

é dramático constatarque já nom temos

suficiência alimentar

Passou-se de 170.782exploraçons em 1989a 81.174 em 2009,

menos da metade

Page 20: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

20 media Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

I.G. RIOBÓ / O jornalista PepeRei foi umha referencialidadeineludível para a investigaçomjornalística no País Basco eem todo o Estado. Galego denaçom, começou o seu traba-lho em publicaçons de aqui,se bem foi em terras bascas eatravés do diário ‘Egin’ quan-do ganhou maior notoriedadepública. Entre os efeitos dasinformaçons que sacou à luzatopa-se o seu passo polocárcere em três ocasions dife-rentes por supostos delictosdos que acabou por ser absol-to. O Estado apontava e o juízGarzón mandava prendê-lo, oque nom impediu que conti-nuasse a fazer jornalismo deverdade até que um acidentedetivo o seu labor. A Associa-çom Pepe Rei pretende man-ter vivo o seu legado.

Qué pessoas participam?

A associaçom está encabeçadapolo próprio Pepe Rei como pre-sidente. Acompanhamo-lo Guil-lermo Martorell como secretárioe eu como vicepresidente, amboscompanhieros de Pepe em distin-tos momentos da sua trajetóriaem Egin, Ardi Beltza e Kale Gor-

ria. Miren Iguaran é a tesoureirae Naroa Pérez e Blanca Azkarateas vogais. Este organigrama ofi-cial está arroupado por váriosprofisssionais que partilháromtarefas informativas com Pepe epessoas que querem achegar oseu grau de areia.

Qual é a filosofia do projeto?

É umha organizaçom sem áni-mo de lucro que quer fazer seusos valores que alimentárom atrajetória de Pepe, com umexercício profissional que temsido um exemplo de integrida-de, honestidade, compromissoe reivindicaçom dumha perspe-tiva abertzale, de esquerdas einternacionalista. O jornalismode investigaçom e denúncia so-cial fôrom instrumentos esên-ciais para Pepe e serám-no paraa associaciçom atravês da edi-çom e difussom de trabalhos eprojetos nessa direçom.

Qué atividades tendes em anda-

mento e quais pensades levar a

cabo num futuro próximo?

As atividades englobam-se entres apartados; presença em In-ternet, ediçom de artigos ou li-vros e organizaçom de coló-quios, palestras, mesas e semi-nários. As duas primeiras si-tuam-se no plano informativo ea terceira tem vocaçom formati-va. Já organizámos umha char-la em Donostia sobre o escán-dalo de Caja Navarra que impli-ca os governos de Miguel Sanze de Yolanda Barcina en Nafar-roa e presentámos em EuskalHerria o documentário “Cubil-lo, historia de un crimen de es-tado”. Ademais, preparamos apublicaçom dum livro que reco-pilará artigos de investigaçom,denúncia social e pensamentocrítico e este ano apresentare-mos as bases dos “Premios Pe-pe Rei” de investigaçom e de-núncia social, no seu propósitode promocionar e favorecer aediçom de trabalhos deste tipo.O último apartado será a pre-sença em Internet atravês dacriaçom dumha página web,que se porá em andamento enjunho, e das redes sociais comcontas em Facebook e Twitterque já estám operativas.

Como se financia a associaçom?

Atravês das quotas das suas só-cias. Toda ajuda é pouca para pôrem andamento todas as iniciativasque temos en mente. Para isso,animamos todas as pessoas a quese associem, a que participemnom só pagando a quota, senomtrocando ideias a travês da páginaweb ou do endereço email. A quo-ta é de 60 euros anuais e esse di-nheiro servirá para financiar todosos projetos da associaçom. Além,as pessoas associadas receberámde graça nos seus domicílios os li-vros que edite a associaçom.

Já centrando-nos na figura de

Pepe... de que forma contribuiu

o seu labor para assentar o jor-

nalismo de investigaçom?

O trabalho de Pepe tem sido imen-so com os seus 12 livros e a sua in-finidade de artigos. A sua chegada

ao País Basco foi chave. Punto y

Hora, Egin, Ardi Beltza e Kale

Gorria, em distinta medida, fôromas canles atravês das quais se de-dicou sem descanso a desvendaras misérias que habitam nos esgo-tos do poder. Custou-lhe podero-sos inimigos, mas a admiraçom detodo um povo, sempre vítima dosabusos de poder. Era umha tarefaterapéutica e, ao mesmo tempo,de higiene moral e informativa.

Qué papel deve de jogar este ti-

po de jornalismo na sociedade?

O jornalismo de investigaçom énecessário no caminho para aconstruçom dumha sociedademais justa, já que tem a capaci-dade de incidir na opiniom pú-blica e nom só pom em xequeos corruptos senom que eviden-cia as contradiçons e a grandementira que supom o discursodo poder, que vende bem-estare segurança, quando em reali-dade cerceia liberdades e co-mete abusos intoleráveis. O jor-nalismo de investigaçom cons-titui-se en aríete informativocuja funçom mais importante éa de despertar a conciência crí-tica e, sei lá, a açom da socie-dade contra os poderes econó-micos, financieiros e políticosapodrecidos pola cobiça.

Espinosa foi companheiro do galego em Egin, Ardi Beltza e Kale Gorriamedia

“O jornalismo de investigaçom é necessário para a construçom de umha sociedade mais justa”

nOtas de rOdaPé

Fins de março, o estaleiro daBarreras nom tinha quem lhe

emprestasse dinheiro para aconstruçom dos barcos enco-mendados por Mexico. O presi-dente da Junta anunciou que semavales, a Pemex teria que assinarpedido en outrem.

na ampliaçom do prazo parafinanciar a operaçom, inter-

vinhera a administraçom auto-nómica. O resultado foi nulo.

Fins de abril, o estaleiro daBarreras ofereceu açons da

empresa à Pemex para avaliar aconstruçom. Pemex exigiu maio-ria, a empresa de Bouças recusoue o contrato salva-vidas de dousbarcos (afinal será um só) nomfracassou polo vento que cabenum bater de asas de andorinha.

Os meios diários preferíromdar conta dumha venda for-

mal. De feito, Barreras espera re-cuperar açons segundo for cum-prindo prazos de construçom.

Pablo López explicava em el-

diario.es o problema da Bar-reras para obter um aval, com es-tas palavras: “Como si de un cas-tillo de naipes se tratara, el en-tramado empresarial de Galiciase desmorona desde que le faltael comodín de las Cajas”.

três semanas depois de cantaras altas qualidades de Maria-

no Rajoy como sublime pilotopolítico, Feijoo nota a faltar umhaexplicaçom do rumo da parte doseu amigo na Moncloa: “falta orelato”, acusa.

transmitem temor e reserva al-guns comentaristas anotados

desde há dous anos a cantar a“unidade granítica do PP sob a li-derança de Mariano”. Será verda-de que Feijoo perdeu a esperança?Nom temam: parece antes que aesperança se apodera de Feijoo.

Feijóo nomperde a esperança

Será verdade que Núñez feijóo perdeu

a esperança?

tXisKO esPinOsa é vicePresidente da assOciaçOm PePe rei

“Preparamos um livrocom textos de denúncia

e investigaçom”

“Pepe Rei desvendouas misérias dos

esgotos do poder”

APResentAçOMda Associaçom Pepe Rei.À direita, txisko espinosa

Page 21: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

21memóriaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

Apesar das repercussons quetivo na época e do dramatismodo seu desenlace, os factos do30 e 31 de maio de 1901 da Co-runha caírom quase no esque-cimento da historiografia gale-ga e hoje só um austero monu-mento de pedra no Cemitériode Santo Amaro -erguido em1906 e pago com o dinheiroproveniente das sociedadesobreiras- combate a desmemó-ria desta tragédia.

MIGUEL RGUEZ. / No equador da IRestauraçom Bourbónica, a cidadeda Corunha vivia tempos de con-vulsom política e social, agravadosmais se calhar pola sua condiçomde cidade portuária nuns anos emque o tráfico marítimo decaíraapós a perda em 1898 das últimascolónias espanholas nas Antilhas eno Pacifico. Os trabalhadores dacidade mantinham nesses anosumha constante atitude combativacontra a perda de poder aquisitivo.Como refere o historiador coru-nhês Antón Capelán, “tendo emconta as condiçons de vida do pro-letariado urbano, compreende-seos progressos da sindicaçom nassociedades de resistência e o au-mento da conflitividade laboral”.

É neste contexto que, em marçode 1901, os trabalhadores da em-presa arrendatária de consumosda Corunha iniciam umha grevepara reclamar melhoras salariaisou a justificaçom razoada dos des-pedimentos. Esta empresa era aencarregada de arrecadar o im-posto de consumos, umha taxa in-direta que onerava bens de pri-meira necessidade. A este impos-to se devem os famosos motins deconsumos mui típicos no séculoXIX. Logo da detençom de 20 gre-vistas, trabalhadores e empresachegárom a um acordo que punhafim à greve e reconhecia algumhadas reivindicaçons operárias.

Mas dous meses mais tarde, em29 de maio, esta mesma compa-nhia voltou a ser a protagonistadum conflito laboral que atiçariaa tragédia. Os empregados deconsumos voltárom a entrar emgreve por nom aceder a empresaa aumentar os salários dos traba-lhadores de maior categoria. Co-mo recolhe o historiador GérardBrey, a proposta da empresa erapospor a greve 72 horas, condi-

çom que os empregados rejeitá-rom, sabedores de que nesse tem-po chegariam de trem fura-grevestrazidos da Andaluzia.

Na tarde de quinta-feira dia 30,e segundo contam as crónicas daépoca, umha manifestaçom reu-niu umhas 1.000 pessoas no fielatona zona dos Catro Caminhos. Aochegarem os manifestantes àsruas do fielato, a Guarda Civilabriu fogo contra eles. Mauro Sán-chez, de 34 anos e vizinho de Mon-te Alto, foi a primeira vítima mor-tal. A crónica de El Noroeste relataos feitos assim: “Los gritos eran

horribles entre los manifestantes.

Muchas mujeres lloraban y los

grupos se disolvieron rápidamente

em todas direcciones. Por conse-

cuencia de las descargas quedó

acribillado a balazos el muro fren-

te al fielato y resultando además

de um muerto muchos heridos”.Na sequência destes factos, o

Governador civil mobilizou e dis-pujo em lugares estratégicos da ci-dade tropas da Guarda Civil e sol-dados do esquadrom de cavalariaacantonado na Galiza; enquanto

as sociedades obreiras, reunidasna noite do dia 30, acordárom de-clarar a Greve Geral na cidade –que é considerada a primeira gre-ve geral do movimento obreiro ga-lego–, desde 31 de maio a 2 de ju-nho. Ao dia seguinte, mais 7.000pessoas, segundo Antón Capelán,convocadas polas organizaçonsoperárias, acompanhavam o corte-jo fúnebre de Mauro Sánchez nocemitério de Santo Amaro.

A convocatória desta greve ge-ral tivo repercussons em toda aGaliza. O jornal católico de PonteVedra El Áncora relata-o assim noseu número do 3 de junho: “Todos

los comercios de La Coruña están

cerrados y no se ha publicado nin-

gún periódico local. Los panade-

ros no trabajan y los aguadores no

solo están em huelga sino que im-

piden a las criadas que surtan

agua para las casas em las que sir-

ven. Los obreros llevan lazos ne-

gros en señal de duelo”.Enquanto os trabalhadores des-

pediam no cemitério Mauro Sán-chez, o governador civil entregavao mando ao capitán general de

Galicia, José Lachambre, o quesignificou a declaraçom do estadode guerra na província. A cidadepassou a ser tomada por forças deinfantaria do exército, que, acom-panhadas por unidades montadasda Guarda Civil, fôrom anuncian-do a declaraçom do estado deguerra bairro a bairro.

Segundo refere Antón Capelán,quando as tropas de infantaria es-tavam apostadas no começo daRua Real, numerosos grevistas es-palhados polas vias paralelas fô-rom ao seu encontro. Com a bru-talidade que as caracterizava, astropas montadas lançárom-se adispersar os obreiros, disparandoe nom só contra os operários, cau-sando a morte de sete pessoas:Francisco Garcia Lodeiro, serra-dor de Mabegondo; Benita Garciae Manuela González, serventes doHotel Francia que presenciavamda galeria do edifício os aconteci-mentos quando um bala as matou;Josefa Corral, morta enquanto ob-servava sentada os distúrbios dagaleria da sua casa na rua de San-to André; António Bruno, aguadei-ro; Jacobo Garcia, sapateiro; e An-tónio Maria Veiga, carpinteiro que

morreu no Hospital em conse-quência de três impactos de bala.

Trás destes trágicos feitos, o Ca-pitám-Geral e as sociedades obrei-ras chegárom a um acordo paradistribuir um comunicado entre ostrabalhadores, em que se chamavaa estes “nom exercerem coaçonsnem resistência algumha” após aimplantaçom da Lei Marcial e aque voltassem ao trabalho segun-da-feira. A partir desse momento,e umha vez restabelecida a norma-lidade, começou a perseguiçomdos promotores e participantes dagreve, e em Junho já foram presose encarcerados 104 trabalhadores.A empresa arrendatária despediuos trabalhadores que aderiram àgreve, e voltou a admitir só aquelesque nom a secundaram.

Os acontecimentos da Corunhafôrom seguidos em toda a Espa-nha e figérom-se numerosos mi-tins de solidariedade. Hoje, no en-tanto, nos trabalhos historiográfi-cos sobre a cidade e na própriamemória das suas gentes, poucossom os vestígios dos aconteci-mentos de maio de 1901. O desco-nhecimento é tal que os trabalha-dores do cemitério de Santo Ama-ro se referem ao monumento eri-gido em 1906 como “o Monumen-to à Mulher Trabalhadora”. E,porém, no monumento constagravada referência expressa aos“mortos do 30 e 31 de maio de1901”, juntamente com o nomedas sete vítimas. Em redor, nal-gumha das lápidas que cobrem osnichos mais que centenários, po-demos ler, nom sem dificuldade:“Sociedad de Socorros”, aludindoàs organizaçons primigénias desolidariedade obreira. Matéria pé-trea que dá vida à história.

A cidade estivo tomada por forças de infantaria do exército e nos enfrontamentos morrêrom sete pessoas trabalhadorasmemória

Acontecimentos da Corunha em 1901: mais umha tragédia obreira esquecida

A perseguiçom degrevistas deixou 140

pessoas encarceradas

Declaram a greve geralapós o assassinato

dum vizinho

MA

NU

EL

VA

RE

LA

MA

NU

EL

VA

RE

LA

Page 22: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

22 cultura Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

cultura A história deste fantoche é a história do teatro tradicional de bonecos de luva

volta a Barriga verdeO livrO-dvd mOrreu O demO recuPera O PrinciPal fitO cénicO dO GaleGO durante O franquismO serôdiO

A.R.G. / No número 119 do NOVAS

DA GALIzA, falávamos com PedroSolla, realizador do documentárioMorreu o Demo, acabouse a pese-

ta, no qual a companhia ViravoltaTíteres reconstrói a voluminosabarraca de madeira de BarrigaVerde. Naquela altura, Solla con-tava que a história deste fantocheia além da história da família detiteriteiros que o criou e o levou àsgrandes feiras do país, os Silvent,já que é também a história dos ti-teriteiros para além das frontei-ras, do teatro tradicional de bone-cos de luva. Nom é apenas umhapersonagem com o seu garrote: éumha questom humana, de lutarcontra o que tememos e chegar àcatarse de vencer. 

Agora é recuperada umha das

peças deste boneco de luva, oprincipal fito cénico, contam de-le, da língua galega durante ofranquismo serôdio. Apesar daimportáncia desta comédia, quese tinha feito imprescindível emtoda quanta feira havia, nom ha-via registos das peças que se re-presentavam na barraca. Quasenom se sabia que consistia num-ha sucessom de confrontos emque o protagonista batia com opau nos seus inimigos até vencer

o mesmo Demónio.Segundo contam no portal Cul-

turaGalega.org, fôrom as memó-rias de pessoas como ManuelMaria, Alonso Montero, Borobó,Fernández del Riego ou AntonioFraguas as principais fontes paraa pesquisa de Viravolta, mas deforma fragmentada. Havia frasessoltas, estava a estaca na mau dofantoche, mas ninguém sabiacom certeza qual era o argumen-to. Indagando até em velhos ar-

quivos, chegárom à família Sil-vent, umha família do espetácu-lo, da feira. Após anos de investi-gaçom, com as lembranças do fi-lho dum dos Silvent -eram dousirmaos, que em certa altura se-parárom as suas barracas, e con-tinuárom a percorrer o país comBarriga Verde, mas cada um poloseu lado-, chegárom à conclusomde que a história de Barriga Ver-de, e o seu argumentário, nasciano teatro popular de luva, da his-

tória dos monecreiros ambulan-tes, que, desde há séculos, repre-sentavam a mesma sucessom deencontros de umha personagemcom vários antagonistas. Em ca-da lugar, os titeriteiros locais as-sumem este Pulcinella, e confe-rem-lhe caráter autóctone, dan-do origem a um boneco novo, co-mo o Dom Roberto português, ouo Barriga Verde. 

A história de Barriga Verde foiincorporada ao repertório de Vi-ravolta, mas com alguns acres-centados: mais maus a trabalhar,nova cenografia… Com a obra jáintegrada no repertório da com-panhia, a certa altura apareceu apossibilidade de recrear tambéma barraca de José Silvent –umdos dous irmaos Silvent, o quemais tempo continuou com o es-petáculo, até que a saúde nomlho permitiu-, cujo processo derecuperaçom está documentadano Livro-DVD do documentáriode  Solla, onde, ademais, som ex-plicadas as conexons internacio-nais do mais famoso títere gale-go. Barriga Verde, as suas aven-turas e a sua barraca poderámser vistas no Festival Internacio-nal de Títeres de Redondela, noDia das Letras.

Membros da companhia Vira-volta Títeres recuperam a obrado mítico monicreque quepercorreu o país durante dé-cadas, até os anos 60 que foidesaparecendo. Há anos queesta companhia investiga so-bre Barriga Verde, mas agoracom a publicaçom do livro-DVD Morreu o Demo, acabou-se a peseta, chegou o mo-mento de voltar às táboas.

AUTODETERMINAÇOM

DIREITO DE AUTODETERMINAÇOM, UM POTENcIAL DEMOcRÁTIcO

Texto de henrique del BosqueZapata, prologado por Uxío-Breo-gán Diéguez cequiel

Editam: causa Galiza e A fenda8 euros (com os gastos de en-vio)Breve e acessível manual sobre odireito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na Galizaversom em norma AGAL e RAG

ATLAS hISTÓRIcO

ATLAS hISTÓRIcO DA GALIZAE do seu contorno Geográfico e cultu-ralTexto de José Manuel Barbosa

Design Gráfico e Ilustraçom de JoséManuel Gonçales Ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)Edita: Edições da Galiza

Amplo percurso pola história da Gali-za através dos diferentes mapas decada etapa a toda a cor

Solicita-os em: [email protected] ou no telefone. 692 060 607

O cONTO DO APALPADOR

Textos de Lua Sende e Alexandre MiguensIlustraçons de Leandro Lamas15 € (gastos de envio incluídos)Editam: Edições da Galiza e

A fenda Editorialcuidada ediçom para criançasque aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons, tampas duras

Page 23: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

23culturaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

Foi apresentado o terceiro volume daBD sobre CastelaoREDAÇOM. / Da colaboraçom deDemo Editorial com a livrariaKómic de Compostela nasce oterceiro volume da série Caste-lao, que percorre a biografia dointelectual galeguista.

O guionista Inacio e o debuxan-te Iván Suárez abordam desta vol-ta a viagem por Europa que Cas-telao realizou em 1921, revendoas sua visitas a museus ou encon-tros como os que manteve com ofilósofo Bergson, o pintor Corre-doira ou o músico Manuel Quiro-ga. A nova banda desenhada inti-tula-se Máis Alá!

O volume foi apresentado este15 de Maio na livraria Kómic, eentre os que comprem ali umexemplar ou o reservem previa-mente será sorteada uma página

original de Iván Suárez. O volu-me conta com 64 páginas embranco e preto e sai à venda a umpreço de 12 euros.

Pola recuperaçom do rueiro tradicional da cidade de OurenseREDAÇOM / O projeto Recuperar

os nomes nasce das ganas deum grupo de pessoas de dife-rentes ámbitos, interessadas emrecuperar um pedaço da histó-ria de Ourense.

Conhecedores de que em mea-dos do XIX os nomes tradicionaisdas ruas e prazas fôrom substi-tuídos por outros novos que nadatinham a ver com a história da ci-dade - próprios do novo estado li-beral que nascia- os membrosdeste coletivo querem voltar asprimeiras denominaçons, por-que, contam numha nota de im-prensa, “representam um nexo

com a nossa história mais próxi-ma, as histórias vitais daquelaspessoas que pisaram antes quenós, as ruas e prazas de Ourense.Histórias que nos falam de intri-gas, revoltas e luitas polo poder.Falam também de bispos e po-bres, de nobres e artesaos, em de-finitiva das mulheres e homensque figérom Ourense", assinalamnum comunicado.

Para isso, organizaram já vá-rias atividades, dentre elas vá-rias visitas guiadas que estámenquadradas na da Semana dasLetras que organiza o coletivo"Galiza em Punk". 

PrOduzidO POr estudantes GaleGOs e catalÁns

‘Fora do continente’: documentáriofocado sobre os ilhéus das Ons

REDAÇOM / ‘Fora do continen-te’ é o título desta peça docu-mentário que está a gravar um-ha equipa de jovens de Catalu-nha e da Galiza, que acabam determinar os seus estudos de Co-municaçom Audiovisual naPompeu Fabra em Barcelona. Opeso do projeto é levado por Ni-colás Martínez Millán, do Hio(Cangas), e o professor RicardoÍscar é o tutor. 

Ons está a pouco mais de qua-renta minutos em transportemarítimo do continente, algomais de 4,5 milhas náuticas. Éumha paragem natural situadana boca da ria de Ponte Vedraque fai parte do Parque Nacio-nal das Ilhas Atlánticas, junto àsilhas Cíes, Sálvora e Cortegada.A ilha conta com umha particu-laridade que a fai única nesteconjunto: mantém populaçompermanente desde há mais de200 anos, ainda que pouco apouco, e devido ao envelheci-mento da mesma, esta é cadavez menor. Há pouco mais desessenta anos, em meados do sé-culo XX, a Ilha de Ons estava ha-bitada por mais de 500 pessoas,

distribuídas em nove aldeias.Mas também as duras condiçonsmeteorológicas dos Invernos e afalta de serviços e comodidadesfigérom com que esta popula-çom diminuísse rapidamente.Na atualidade há cinco pessoas,dous casais e este Inverno che-gou umha dona mais. Os cincohabitam a ilha, para além dostrabalhadores do Parque Nacio-nal das Ilhas do Atlántico.

O objetivo do documentário érefletir "a idiossincrasia dos habi-tantes da ilha, a sua forma de vi-da, o contacto com o continente,

os motivos que os levam a conti-nuar ali, os seus medos...", comodestaca a equipa, que acrescentaque estas pessoas "desafiam a ló-gica temporária" e que "o seu mo-do de vida é único, como agora oé o seu status legal".

A equipa procura financia-mento através de uma campa-nha de crowdfunding: precisam700 euros para pagar o transpor-te e a estadia e, em troca, ofere-cem o reconhecimento nos cré-ditos, o documentário em DVD,algo de merchandising e convi-tes para a sua estreia.

REDAÇOM / O Cancioneiro popu-lar galego que compilou DorothéSchubarth com a colaboraçomde Antón Santamarina, continuaa ser um dos trabalhos mais im-portantes sobre a música populardo país, e a sua importáncia vaicrescendo de ano para ano. Ago-ra, a Fundaçom Barrié, que tinhaeditado originalmente esta obra,pom na Rede uma versom digitalda mesma, o que vai ajudar nasua popularizaçom.

No site próprio da Fundaçompode-se chegar à digitalizaçomdo trabalho de investigaçom re-colhido e ordenado por DorothéSchubarth eaAntón Santamari-na durante os anos 1980 a 1985.A obra supom a máxima achegarealizada até o momento naárea de conhecimento e conser-vaçom da música tradicional daGaliza, e cada volume é divididonum tomo de melodias e outrode letras. O primeiro tomo con-tém umha introduçom, as melo-dias, comentários melódicos,notas bibliográficas, nómina deinformantes, índice de localida-des e mapas. O segundo tomo

apresenta os textos ordenadospor temas e géneros. As partitu-ras e os áudios do cancioneiro

podem ser descarregados emhttp://www.fundacionbarrie.org

/cancioneiro/ 

Publicam na Rede o Cancioneiro PopularGalego de Schubarth e Santamarina

Page 24: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

24 desPOrtOs Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

d desP

OrtO

snasce ‘Pró Oficialidade GaleGa’

No passado 27 e 28 de abril fôrom rea-lizados em Ponte Vedra os campeona-tos estatais de duatlo. A delegaçom ga-lega situou atletas nas primeiras vagasem todas as categorias. Em elite so-bressaírom Gustavo Rodriguez sub-campeom, e Aida Valiño, quarta.

Galiza também destaca em duatlO

O sábado 11 de maio, coincidindo com oamigável Galiza-Euskadi de ráguebi,apresentou-se a plataforma Pró Oficiali-dade Galega, impulsada por Siareir@sGaleg@s, com o objetivo de lograr a so-berania desportiva e para “ouvir o hinogalego num campeonato oficial".

DIEGO GÓMEZ / Fagamos umhaviagem no tempo aos anos em quea tecnologia mais inovadora dasnossas vidas eram os telemóveiscomo tijolos e o teletexto. Quetempos aqueles! Nesses anos, ofutebol americano era algo com-pletamente desconhecido paramuita gente, do qual apenas setinha conhecimento através dosfilmes, era visto como um despor-to de estrategia e contato.

Com a chegada da Internet, umgrupo de moços galegos começoua mostrar um interesse mais pro-fundo por este desporto. Umhamodalidade que pode praticarquem o desejar, independente-mente das suas condiçons físicas.Fomenta valores como o trabalhocoletivo, pois nom há jogadoresque desequilibrem por si sós, pre-cisam sempre do trabalho da equi-pa para avançar as jardas neces-sárias. Destaca também a sua es-petacularidade e o alto grau deconhecimento dos imensos livrosde jogadas, e a inteligência que háque possuir para que a jogada ele-gida culmine com sucesso nestexadrez humano.

No ano 2008 nasce Coruña To-wers, e no 2009 Teo Black Thun-der, equipas que seriam a sementedos conhecidos Galiza Black To-wers, a esquadra resultante destafusom em 2010. Decidem partici-

par na Liga Portuguesa de FutebolAmericano, que começa a sua his-tória nesse ano 2010, alcançandosempre os Play-Offs em todas asediçons em que participárom.

Devido à mudança geracional,no ano 2012 tem lugar a dissolu-çom dos Galiza Black Towers evoltam ao anterior formato. Porum lado os Coruña Towers e poroutro os Teo Black Thunder, agoracom o nome de San Francisco TeoFootball. Mas a maior parte dosjogadores decidem manter essachama da uniom acendida e aideia de competir na Liga Portu-guesa, e assim fundam os atuais

representantes da Galiza nessacompetiçom: os Santiago BlackRavens. Um dos maiores sucessosque atingiu o futebol americanogalego foi que um jogador destaequipa foi a primeira fichagem in-ternacional da canteira galega.Desde 2012 V. Tenreiro defende ascores do combinado alemám dosMarburg Mercenaries.

Na Terra de Trasancos, um gru-po de moços e moças começa apraticar flag-football, modalidadede futebol americano sem contato,para ganhar experiência e dar osalto à modalidade com placa-gens. Estou a falar dos NarónTrasnos, equipa importantíssimapara a criaçom da Liga Galega.Em abril de 2013 nasce a primeiraLiga Galega de Futebol America-no integrada polos Naron Tras-nos, Santiago Black Ravens, SanFrancisco Teo e com os OviedoMadbulls, que se unem à Liga pa-ra progressar, ajudarem-se, pas-sá-lo bem, consolidar este trabal-

ho e tentar ser competitivos con-tra as equipas das principais ligaseuropeias.

A NFL está caraterizada porprocurar a igualdade entre equi-pas, com tope salarial, eleiçom dejogadores por draft, reparto dosbenefícios das vendas de roupadesportiva e das bilheteiras entretodas as franquias, e onde todaspodem ser campeoas. Todo o con-trário ao que estamos habituadosa ver na Europa, onde as ligas cos-tumam ser ganhadas sempre po-los mesmos e as equipas ricas somas que exercem umha ditadura so-bre as outras.

Fora dos terrenos de jogo, des-taca toda a cultura que rodeia estedesporto. O público que vai ver osjogos é cada vez maior, e é normalir pola rua e topar um cartaz anun-ciando um jogo de futebol ameri-cano em muitas cidades e vilas dopaís. Muitos bares emitem em di-reto a festa mundial deste despor-to, que é a Super Bowl, o primeirodomingo de fevereiro e organizamfestas mui concorridas.

Pola continuidade, o aumentodos núcleos onde é praticado, poloseguimento e aumento de siarei-ros e siareiras, podemos dizer queé um desporto com umha certaimplantaçom na nossa sociedadee que busca consolidar-se e cres-cer nos vindouros anos.

História do futebol americano na Galiza

A cultura do desportovai além do campo

no futebol americano

XERMÁN VILUBA / Com um palámnumha mao e na outra umha es-trela a serpe multicor da LNBnom podia quedar à margem nemum momento mais do estouro so-cial contra da massacre ecológicaque supóm a implantaçom da mi-na de Corcoesto polo que a finaisdo mês de abril o ativismo bilhar-deiro coordenou umha históricaaçom na vila de Carvalho paranum futuro imediato invadir a co-marca de Bergantinhos toda comas perigosas charamenas bilhar-deiras da LNB. Quase trinta pala-

nadores e palanadoras organiza-das em quatro equipas (Faisca,Associaçom Vizinhal de Monte-pio, Coristanco e Furacáns) fôromos encarregados de abrirem lumenesta histórica tarde do já mítico28 de abril em que o sub-coman-dante Sérgio Caamanho aboríge-ne dessas bravas terras bergan-tinhás que foi o responsável dacoordenaçom deste I Aberto deBilharda que se converteu numhagrande jornada de festa e exalta-çom vitalista do entorno e dosmanjares que este nos oferece já

que fôrom os membros da refe-rencial Carnelao, "Associaçompola soberania alimentar ", os en-carregados da entrega e gestomdos majestosos prémios para ocampeom do Aberto "Bolo de pamde Carvalho e meia dúzia de sar-dinhas", produtos ambos os dousdefinitórios no máximo desta po-derosa vila da futura ConferênciaBergantinhos que foi parar amaos do grande palanador daFaisca Xosé Miguel que celebroua vitória enchendo o copo de cam-peom de saboroso licor café da te-rra. Um licor café que vai correr aregos este 26 de Maio no campode futebol de terra da paróquiaCompostelá de Marroços quandoas bilhardas comecem a bruar naexplosiva ediçom 2013 do PlayOff Nacional da LNB... Para nósnunca é maio, Sempre é Inverno!

Play Off Nacional 2013... fura oNordeste com um seco varado

Jogo entre a equipa compostelana Black Ravens e os Fene trasnos / JOLOPe

Page 25: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

25desPOrtOsNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

ISMAEL R. SABORIDO / Os batéisgalegos trouxérom dez das vintee umha medalhas em jogo docampeonato estatal realizadoem águas de Camargo no passa-do mês de abril. Agora aguar-dam penduradas até a próximatemporada. As trainerilhas, quesó competem neste mês de maio,em breve estarám penduradasao par dos bateis e todo vai vol-tar estar centrado, como cadaverao, nas trainhas.

Como já vem sendo habitual,Tirán vai continuar a ser a únicarepresentante galega na ligaACT. Cada ano que passa parecemais complicado que melhoremos seus próprios resultados, masos de Moanha continuam supe-rando-se temporada após tem-porada, e a experiência diz-nosque podemos esperar o melhorde sua tripulaçom, mas melho-rar o resultado do ano de 2012implica estar no pódio. Na últi-ma ediçom acabárom na quartaposiçom a apenas cinco pontosde arrebatar o pódio aos berme-otarras de Urdaibai.

Entretanto, as demais trainhasgalegas dividírirom-se em duascategorias na Liga Galega. Nacategoria A permenecem oitoequipas competindo, enquanto acategoria B aumentará até dez onúmero de participantes. NaLGT A, temos como nova incor-poraçom a trainha de Mecos deOgrobe, que ganhou a vaga de-pois de vencer a LGT B na últimatemporada, e que vai ocupar o lu-gar de Ares, descido. Se no anopassado o título foi muito dispu-tado entre as tripulaçons deAmegrove e Chapela, que foi de-cidido na última jornada do cam-peonato em favor da tripulaçom

ogrobense, neste verao a luitapode ser ampliada a três tripula-çons, umha vez que a trainha deSamertolameu de Meira, com achegada de um novo treinador,reforçou substancialmente aequipa. Sem esquecer Cabo daCruz, Mugardos ou Vila Joám,que também vam luitar para en-trar na quenda de honra.

Por outro lado, na liga B temosumha de cal e outra de areia. Denove passa a dez participantes,mas enquanto Robaleira de AGuarda colga a trainha depois deconseguir o quarto lugar na ligaB e até mesmo vencer na XVIIbandeira do Concelho de Bueu, oClube de Remo Muros, volta a sa-

car a trainha após alguns embranco. Com o retorno dos mu-radáns às regatas, aguarda-seumha forte rivalidade com osseus vizinhos da Esteirana. Porúltimo, temos a novidade, de Ca-bo da Cruz, que vai competircom duas embarcaçons, umhaem cada categoria. Pola primeiravez existe na Galiza umha tripu-laçom filial na competiçom ofi-cial: Cabo da Cruz "B", que vaivogar na liga B, formada por jo-vens das categorias inferiores doclube e remeiros veteranos quevam ajudar a completar a equipa.Umha boa maneira de formarnovos remeiros para se irem ini-ciando nas regatas de trainhas.

A liga estreara-se no primeirofim de semana de julho no peiraode Sam Genjo.

Remo femininoA nota negativa parte esta vez doremo feminino. Depois de cincoanos dando guerra nos peiraos doCantábrico, a melhor trainha femi-nina, a Rias Baixas, nom vai parti-cipar na Liga Euskotren. A equipaque foi vencedora das duas primei-ras ediçons (2009 e 2010) e sub-campeoa nas duas seguintes (2011e 2012) renunciou definitivamentea participar na ediçom deste ano, oque por sua vez complica tambéma sua participaçom na Bandeira daKontxa, umha vez que o facto denom poder participar numha ligaregular durante o verao deixaria

coxa a preparaçom da equipa. A li-ga funciona como um banco deprovas para a regata mais impor-tante do ano, o método prova-erroajuda a otimizar o rendimento datrainha para a regata da Kontxa.

Desde a sua criaçom, o S.D.R.Rías Baixas foi um clube sui gene-

ris, um clube que só existia no ve-rao, por assim dizer. Durante o in-verno nom tem remeiras, mas um-ha vez que finalizam as regatas debateis e trainerilhas, os outros clu-bes galegos com tripulaçons femi-ninas, cediam as desportistas queeram requiridas polo treinador pa-ra passarem a fazer parte da SDRRías Baixas. Este modelo de fun-cionamento, focado na competi-çom, permitia formar umha equipade qualidade capaz de competir aomais alto nível, e eis estám as cincobandeiras da Kontxa para acreditá-lo, mas nom permitia ter umha es-trutura sólida por baixo para evitaro que aconteceu nesta temporada.

Existem várias causas que moti-várom este desenlace. Em primei-ro lugar, os fatores externos: a di-ficuldade habitual de encontrar fi-nanciamento para umha competi-çom que é disputada integramenteem águas bascas, e a intransigên-cia da liga Euskotren para flexibi-lizar este modelo permitindo com-petir umha jornada na Galiza. Masesses fatores nom mudárom emrelaçom a ediçons anteriores, oque fai pensar que a causa defini-tiva foi interna. Numha entrevistacom o treinador, Benigno Silva,comentava que o ano passado“nom havia bom ambiente” e que“havia diferenças com um grupo

de remeiras”, por isso, decidiu dei-xar a equipa. Perante a falta de al-ternativas, Galiza nom vai ter re-presentaçom feminina.

Com o 4º posto de Alessandra Aguilar na prestigiosa mara-tona de Rotterdam e a vitória de Vanessa Veiga em Madrid,o atletismo galego confirma o seu potencial internacionalna distáncia. Na maratona da Corunha, Pedro Nimo e Ma-ría Jesús Gestido alcançárom o campeonato galego e fô-rom, ao mesmo tempo, subcampeom e campeoa estatais,numha corrida que reuniu milheiros de atletas populares.

Galiza cOnfirma O seu POtencial na maratOna

O desporto galego somou-se à campanha internacionalde Boicote, desinvestimentos e sançons a Israel com ummanifesto em que, para além de reclamar o fim da ocu-paçom sionista e os direitos do povo palestiniano, aspessoas assinantes -profissionais e de base- comprome-tem-se a nom participarem em nengum evento enquantonom mudar a situaçom em Israel.

bOicOte desPOrtivO a israel

Batéis: prontos para começar

é difícil obter financiamento apesar

do êxito logrado

Page 26: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

26 temPOs livres Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

XAN DURO / Vai chegando, dis-que, o bom tempo. Brotam de no-vo as bicicletas nas cidades (ain-da nom reparamos em que a bici-cleta é perene, nom estacional).Assistimos à enésima luita entrealcaldes com aeroportos, escuta-mos por boca de (i)responsáveispolíticos e da administraçom as"potencialidades" do turismo, re-galamos dinheiro a eito às linhasaéreas para manterem voos nes-tes aeroportos inimizados saca-mos peito com a chegada de nomsei quantos milheiros de turistasem cruzeiros, outros tantos pere-grinos de bota e cajado, enquantoa hotelaria chora a falha de ocu-paçom. Nada novo, nada que nomescutáramos antes.

Entre todo este enleado "dejavú", sempre encontramos um va-zio surpreendente, umha ausên-cia berrante, umha potencialida-de que os gurus das "potenciali-dades do país" nom olham, que ig-noram e desprezam: o turismo dealforjas, turismo em bicicleta oucicloturismo.

Eis uma verdadeira potenciali-dade galega por várias razons: acultura e a paisagem, sem dúvida;a extensa rede de estradas secun-dárias e terciarias de escassotránsito e a variedade de aloja-mentos, particularmente de turis-mo rural (e que hoje esmorece).

Quais som as vantagens destetipo de turismo? Todas. Em pri-meiro lugar, os investimentossom mínimos: sinalizaçom, infra-estruturas selecionadas, adequa-çom de algumha instalaçom tu-rística e pouco mais.

Em segundo lugar, é um turismorespeitoso, integrado no território,pousado, sem estridências nemmassificaçons ruidosas, geradora deemprego (hotelaria, reparaçons,manutençom de rompidas, guias ...).

Em terceiro lugar é um turismo

que gasta em cousas de alto valoracrescentado (nom em gasolina,estacionamentos...)

E por último, nom tem risco.Funciona, como podemos com-provar se olharmos para a Euro-pa. Ao nom precisar grandes in-

vestimentos, garante uns retor-nos económicos rápidos e, muiimportante, espalhados polo ter-ritório, nom concentrados nasgrandes cidades.

A modo de exemplo, França re-cebeu entre 2008 e 2010 um mi-lhom de cicloturistas que geráromperto de 2000 milhons de euros. Anível estatal as Isles Balears cifrá-rom em 90.000 os cicloturistas e64 milhons os ingressos gerados.

A Junta leva mais de um ano aelaborar o Plano Galego de Mobi-lidade Alternativa1, que inclui um-ha rede de itinerários para bicicle-ta por todo o território. Agora estáem fase de consulta. Parece queserá um novo brinde ao sol, já quenom conta com orçamento pró-prio nem rango legal suficiente pa-ra se executado obrigatoriamente.

Algum responsável políticodeste país reparará no que signi-fica converter este país num pa-raíso do cicloturismo?

1.http://goo.gl/5SEDi

temPOs livres

A.L.R./ A recente apariçom daproduçom em prosa de ManuelAntonio (Rianxo, 1900-1930) pomfim ao longo sequestro de boaparte da sua obra. Até agora aconstruçom académica da sua fi-gura situava-o no fantasmagóricoaltar oficialista da literatura gale-ga como um poeta romántico, liri-çador do mar e a soidade. Mas adesclassificaçom dos papéis doex-presidente da RAG, DomingoGarcía-Sabell, mostra aquelas fa-cetas se tentavam ocultar: o forteapego à Terra que Manuel Antó-nio plasmou nos seus escritos eos ideias de justiça social que es-palhou em diferentes textos decarácter político e social.

A ediçom da prosa do rianjeiro

que em 2012 lançou a Real Aca-demia Galega está dividida emtrês partes: prosa literária, prosaensaística e diversas traduçons.Na produçom literária salienta Anovela de Ramón Cruceiro, ondeo rianjeiro expom as luzes e som-bras dumha vila marinheira e jáse fai notar a sua querência polasabedoria e a cultura popularescomo altas expressons do conhe-cimento, lembrando-lhe a quemlê que se nom fosse polas pessoasque trabalham no mar “os poetasnon saberían que o ronsel se cha-ma assi”.

Mas é na prosa ensaística ondeo ideário do Manuel António émostrado sem aditivos, assim co-mo a sua paixom por todo aquilo

que consegue inverter os conven-cionalismos e que é exemplo derebeldia. Em Gabanza do piano

mal tocado di: “Dendes que ouvín

os pianos espontáneos n-a mand'o principiante, rebeldes e loita-dores contra o pentágrama, ple-namente líricos, xa lle perdín fé ópiano autómata do virtuoso”.

É nessa paixom pola rebeldiaem que o rianjeiro embarca paradefender os seus ideais políticose sociais. No seu artigo até agorainédito O Estado Manuel Antónioexpom: “Vexa-se como o Estado,en todol-os casos posibes, tiráni-co ou democrático, é sempre un-ha negación d'a Libertade (…). Anegación do Estado é a Acraciaou Anarquía. Compre agora de-mostrar: Iº que a Acracia non éunha negación d'a Libertade. 2ºque é a única forma d'o seu con-seguimento universal”.

O amor pola Terra e pola línguaficou patente na sua vida quandode moço, com outros dous ami-gos, fazia um pato de sangue poloqual se comprometiam a falar ga-lego para sempre. Também o seucompromisso arredista, termoatravés do que ele gostava de sedefinir, protagonizava os seus es-critos. “A nosa Terra precisa pou-cas estátoas xogo-floralescas pe-ro moitas estátoas de carne e ósopenduradas d'o adival d'unha for-ca”, escrevia em 1925 Manuel An-tónio, antes de que o poder aca-démico o condenara a cair da cor-da frouxa do horizonte.

Manuel Antonio. Obra Completa: Vol. I.

Prosa. Real Academia Galega. 2012

viajando de bicicleta

entrelinhas manuel antóniO, arredista e libertÁriO

cOnsumir menOs, viver melhOr

O cicloturismo é umturismo respeitoso,

integrado no territórioe sem estridências

MORRAZO 20 20

Page 27: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

27temPOs livresNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2013

que fazer

17, e 18.05.2013 / IV ANIVER-SÁRIO DO C.S.O. A CASA DAESTACIÓN / Todo o dia noC.S.O. A Casa da Estación.PONTE D’EUMECabaret, campeonato de matra-quilhos, palestra sobre repres-som, jantar e concerto. Progra-ma completo em csocasadaes-tacion.blogspot.com.

17, 18 e 19.05.2013 / TATTOOCIRCUS GALIZA / Todo o diano C.S.O.A. Palavea (Rua RioQuintas, 31). CORUNHAEncontro para arrecadar din-heiro para projetos antirrepres-sivos fazendo tatuagens, pier-cings, etc. Informaçom em oku-pacorunha.wordpress.com.

18.05.2013 / ROTEIRO CIRCU-LAR ‘MONTE PINDO: PARANON PERDERSE’ / 10:00 noPindo. CARNOTAOrganiza a Associaçom MontePindo Parque Natural. O per-curso será por volta de 10 qui-lómetros.

18.05.2013 / IV FESTIVAL DAFIGHEIRA / 22:30 no MonteSiradelha. OGROVEAtuam Extinción, Calle del Rui-do, Mortos en Vida e outros. Oprograma está em http://afig-heiradomeco.org/.

21.05.2013 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras. Inclui‘Espaço de Troca’ de diferentesobjetos, roupa, etc.

22.05.2013 / PROJEÇOM DASCURTAS PARTICIPANTES NOCONCURSO ‘FILMAR PARACAMBIAR’ / 20:00 na A.VV. AXuntanza (Corredoira dasFráguas, 37). COMPOSTELADentro do ciclo ‘Conhecer paraCambiar’ da associaçom vici-nal, Verdegaia e Amarante. Ha-verá votaçom para eleger a cur-ta ganhadora e petiscos.

22.05.2013 / PALESTRA DECARLOS TAIBO: ‘POR QUE ODECRESCIMENTO?’ / 20:00no Salom Noble do Liceo(Rua Lamas Carvajal, 5). OURENSENo ciclo de palestras 'Creandoalternativas', polo segundo ani-versário do 15M.

22.05.2013 / PROJEÇOM DECOR CAM QUE FOXE, DE AN-DRÉS DUQUE / 21:30 no C.S.O Pichel (Rua Santa Clara,21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VO.

22 a 25.05.2013 / FESTIVALDE CANS / Toda a jornada emCans. PORRINHOO festival de curtas-metragensfai 10 anos. Programa comple-to em http://www.festivalde-cans.com/.

23.05.2013 / CONVERSASCOM A PALESTINA / 20:00no C.S. O Pichel (Rua SantaClara, 21). COMPOSTELAEspaço de convívio com pesso-as palestinianas. OrganizamGaliza por Palestina, BDS Gali-za e a Gentalha do Pichel.

23.05.2013 / APRESENTA-ÇOM DA REVISTA ARREDIS-TA ‘O GOLPE’ / 20:30 no C.S.Mádia Leva (Rua Serra dosAncares, 18). LUGO

24.05.2013 / GRUPO DE ES-TUDOS / 21:30 no C.S. MádiaLeva (Rua Serra dos Ancares,18). LUGOSobre ‘A crise do dinheiro’.Ceia e debate.

24.05.2013 / FESTA POLALÍNGUA ‘EN GALEGO, SENWERT-GOÑA!’ / 23:00 no Clu-be Clavicémbalo (Rua Passa-rinhos, 22). LUGOMonólogo de Anxo Manoel ('A-nimaliños. Homenaxe a Rober-to Vidal Bolaño') e atuaçom dosUltraqäns. Organizam A.C.Cultura do País e Liga Estudan-til Galega.

26.05.2013 / ROTEIRO ‘DAPENA DO FRAIRE AO TE-SOURO DE FERANZOS’ (XO-VE) / 09:00 frente à Faculda-de de Magistério (Avenida deRamón Ferreiro). LUGOOrganiza Adega.

26.05.2013 / ROTEIRO EM BI-CI / No C.S. Mádia Leva (Rua

Serra dos Ancares, 18). LUGOMais informaçom no bloguehttp://agal-gz.org/blogues/in-dex.php/madialeva/.

29.05.2013 / PALESTRA DEJORGE ÁLVAREZ YÁGÜEZ:‘DESOBEDIÊNCIA CIVIL’ /20:00 no Salom Noble do Li-ceo (Rua Lamas Carvajal, 5).OURENSENo ciclo de palestras 'Creandoalternativas', polo segundo ani-versário do 15M.

29.05.2013 / PROJEÇOM DASCURTAS-METRAGENS VI-RANDO / VENTANA / SEETHE SEA / LIMPAPARABRI-SAS / PONTE QUIETA / CIE-LULOSAS / CORPI IN MOVE-MENTO DUE / NUEVE / 8, DE

CRIS LORES / 21:30 no C.S.O Pichel (Rua Santa Clara,21). COMPOSTELAApresentada por Alberte Pa-gán. Com a presença do reali-zador e a música ao vivo deUrro.

31.05.2013 / CONCENTRA-ÇOM POLA LIBERDADE DOSPRESOS INDEPENDENTIS-TAS / 20:00. LUGO, OUREN-SE, VIGO E COMPOSTELAAs últimas sextas-feiras de ca-da mês. Informaçom emhttp://www.ceivar.org/.

01 e 02.02.2013 / JORNADASDE HISTÓRIA E PATRIMÓNIO‘DE CASTROS A CASTELOS’ /10:00 na na Casa do Concel-ho (Praça de Sam Gregório,19). CARNOTAOrganiza a Associaçom MontePindo Parque Natural. Sobre oprocesso de fortificaçom e asua decadência. O programacompleto está em http://xorna-das.montepindo.org/.

05.06.2013 / PALESTRA DETEREIXA OTERO DACOSTA:‘SOBERANIA ALIMENTÁRIAE FEMINISMO’ / 20:00 no Sa-lom Noble do Liceo (Rua La-mas Carvajal, 5). OURENSENo ciclo de palestras 'Creandoalternativas', polo segundo ani-versário do 15M.

06 a 08.06.2013 / FESTIVAL‘MILLO VERDE’ / Toda a jor-nada ao pé do campo de fu-tebol do Choco. REDONDE-LAAtuam The Bocket Boyz, TheGüintervan, O Sonoro Maín ouThe Anomalys. Organiza A.C.Millo Verde. Atividades despor-tivas e de lazer toda a jornada.Mais informaçom na página:http://www.milloverde.org/.

07.06.2013 / VENRESPIRAR +VENRESPIRINHO / 22:30 noCafé Ollo Ledo (Praça dasMercedes). OURENSEFesta tradicional itinerante. Or-ganiza A.C. Algaravia.

08.06.2013 / FESTIVAL ‘AOSON DO MASMA’ / 23:00 emCeleiro de Marinhaos. BA-RREIROSAtuam Leña Verde, Carapaus ezurrumalla. Durante o dia ha-verá ateliês, festa de artesana-to, jogos e animaçom musical.

15 e 16.06.2013 / FESTIVAL AREBUSCA / Toda a jornada.MACEDAAtuam Always Drinking, LaTroba Kung Fu, Cuchufellos,Sacha na Horta, Quempallou, emais grupos. Haverá 'Novo Cir-co', ateliês, "picadiscos"...

Música, poesia, bicicletas e reivindicaçom emtodo o país polo Dia das Letras GalegasO 17 de maio, às 12:00, umhamanifestaçom convocada porQueremos Galego percorrerá asruas de compostela na defesa dalíngua. Soma-se a ela um ‘BlocoLaranja’ do reintegracionismo.Desde as 10:30 (Alameda decompostela), verdegaia e a Gen-talha organizam umha ‘Bicicletadapola língua’. A associaçom convo-

ca também umha cheia de ativi-dades nas praças da cidade e noseu centro social, que finalizamcom um concerto de Liska e fami-lia caamagno (22:00 no c.S. OPichel). O programa completo estádisponível em http://gentalha.org/.O c.S. A Revira, de Ponte vedra,leva as atividades pola língua ao18 de maio. haverá um jantar, re-

gueifa e poesia na Praça da ver-dura, e também umha foliada.Em Noalha, A Esmorga organizano Lokal (Altím, 8), umha mostrade obras de vidal Bolanho, ummonólogo e um concerto.O c.c. Laxes de Paramos (Tui)acolhe, também no 17 de maio, oII Serám Aspenizas folk, polas Le-tras, desde as 22:00.

Seminário sobre a MemóriaNova Escola Galega organiza oseu Iv Seminário sobre a Memó-ria, titulado ‘Da loita pola terra áloita pola democracia: do agraris-mo á guerrilla antifranquista'. Oseminário será desenvolvido entreOroso, Rianjo e Boqueixóm, nosdias 24, 25 e 26 de maio.

Durante as jornadas haverá pa-lestras, projeçons, roteiros e ou-tras atividades. O programacompleto de horários, ubicaçonse atividades pode ser consultadono site da organizaçom:h t t p : / /www.no va - e s c o l a -

galega.org/.

A ScD do condado organiza, osábado dia 25, a festa dosMaios. A atividade começa demanhá, com um roteiro que sai-rá às 11:30 das muralhas deSalvaterra para ir recolher asflores com que elaborar o maio.À volta, desde as 13:00, haveráumha sesom vermute no pontode partida do roteiro, onde, des-de as 17:00 , se fará o maio ese botarám as coplas. A festa fi-nalizará com umha foliada quecomeça às 19:00.

Salvaterracelebra aprimavera

25 de maiO

17 de maiO

de nOva escOla GaleGa

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

Page 28: dOnativOs POlO desastre dO PrestiGe Acusam patrom maior de ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz126.pdf · p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i

Novas da Gali a Apartado 39 (15701) cOMPOSTELA Tel. 692 060 607 [email protected]

ver muitos westerns naadolescência determinaa maneira em que te

comportas nos bares ao seresadulto. Isso sabe-o todo o mun-do, bebas salsaparrilha ou nom.Também o sabia Roi vidalquando decidiu escrever a bio-grafia de seu pai Roberto e tin-ha-o presente durante as longastardes de redaçom no gabineteda sua casa, com música defundo de Kendrick Lamar.

John Wayne era um malnas-cido como pessoa e um pedaçode carne com olhos quando fa-zia de ator. Nom o digo eu, di-zia-o John ford. Quando o pe-daço de carne se embebedavaera invadido pola melancolia eo público adorava esse cepticis-mo melancólico. Porque nos sa-

loons serviam um vinho más es-curo que o mais intenso doscrepúsculos.

Umha noite de passeio acheina fachada dumha casa em vis-ta Alegre umha placa que pun-ha: aqui nasceu o ator Robertovidal Bolaño, lenda local. Ima-xinei-no a atravessar o caminhode jucas e empedrado que se-parava daquela o seu bairro docinema capitol no final dos cin-quenta, princípios dos sessenta,em Santiago de compostela. Iaver westerns.

Umhas vozes que procediamda esplanada do bar de emfrente, o Jacobeo 93 (que tam-bém vaia nome para lhe pôr aum bar), interrompêrom a min-ha cena mental. Eram pessoasmarginais, com cigarros nas bo-cas. Acheguei-me a elas e um-ha delas diz: “rapaz, por quenom vamos esta noite à zonanova e roubamos um banco?”

No ano jacobeu 2004 dedi-cárom as Letras ao etnógrafoXaquín Lorenzo 'Xocas' e eusentim como nas ruas se espal-hava o desánimo. A gente esta-va triste e O carro na Galiza nasmesinhas de noite à esperadum momento de misericórdia.Agora que todo é medo e mal-dades, darám-lho a outro artistado conflito e acumulador decargos como carlos casares.

No monólogo 'Sem ir maslonge' explicita-se umha consig-na que vidal Bolanho levou to-da a vida tatuada no cérebro:quando a cousa se emerda, épreciso sacar a artilharia.Aprendeu-no dos westerns. cer-teza que sim.

Maurício Delito

O PistOleirO de v.a.

Como se converte um em taxista?

No meu caso coincidiu. Meu paiera taxista e toda a vida convivimcom o táxi dele. Mas nunca mechamara muito a atençom comosaída laboral. Num momento da-do, apareceu a possibilidade decontinuar ao se reformar meu pai.E como nom estava mui à vontadeno trabalho, foi umha saída labo-ral que nom ocupa muito a cabeçae deixa-me tempo para dedicar aoutras cousas. Nom sou o típicotaxista que está na paragem a es-perar, tenho trabalhos fixos acor-dados, levo pessoas enfermas àssessons de diálise... um trabalhoa fazer todo o ano de segunda-fei-ra a sábado. Numha temporadaandei a trabalhar eu só, mas aca-bei por arranjar com a minha ir-má, que também nom estava muicontente no seu trabalho, andoagora a fazer quendas de quinze-nas. E assim sim que é um trabal-ho que me permite realmente terdias livres para cousas de quegosto mais.

Parece, porém, que é um trabalho

com muita auto-exploraçom...

Há um pouco de todo, segundo asituaçom de cada quem. Há mui-tíssima gente que passa umha

cheia de horas, isso é assim jápolo simples facto de ser autóno-mo, porque qualquer autónomoacaba por fazer umha semanamui longa em horas. Para alémdisso, também está o facto de terde pagar as paragens de táxi.Ainda que isso já depende de ca-da sítio, por exemplo aqui em Lu-go som mui caras. Isso implicaque entres a trabalhar com o táxitendo que pagar umha hipotecaou empréstimo, portanto come-ças fazendo muitas horas e a in-ércia provoca que se continue as-sim. Há pessoas que vendem um-ha propriedade ou outras que játenhem o dinheiro para pagar nomomento, ou mesmo o meu caso,que foi umha herdança, e estasopçons permitem que formules otrabalho doutra maneira.

Existe umha consciência

coletiva de trabalhadores?

No trabalho a tendência é bastan-te individualista, no que eu con-heço. Há sítios onde muda a cou-sa, por exemplo, em Valéncia hágente que trabalha dum jeitomais organizado, tenhem um es-tabelecimento com os surtidoresde combustível, para lavar o ca-rro ou fazer algum amanho, e

mesmo negociam em conjuntopara comprar os carros à fábricasem passarem polo concessioná-rio... Mas na maior parte a diná-mica é mui diferente, mais indivi-dualista na hora de trabalhar.Ainda que há umha relaçom muifluida na hora de estar nas para-gens ou de ir tomar algo, laboral-mente nom há muita iniciativacoletiva, nem para problemas quenos afetam a todo setor. Em qual-quer caso, como a amplíssimamaioria de autónomos, há umhaconsciência clara de ser trabalha-dores e nom empresários.

Esses problemas a que te refe-

rias, quais seriam?

Pois som os problemas de ser-mos autónomos a trabalhar nosetor serviços. Dada a situaçomeconómica, é evidente que a gen-te o primeiro no que deixa degastar é no mais inecessário. E otáxi entra aí. Nom sendo um casode umha mulher asturiana queumha vez me comentava que tin-ha feito o cálculo e que lhe saiamais a conta colher sempre umtáxi que manter um carro, para amaior parte de gente nom deixade ser um luxo. Mesmo a gentesai de noite e nom está em condi-

çons de conduzir, em última ins-táncia pode ir a pé. E para alémdisso, também estám os proble-mas de qualquer pessoa que es-teja no regime de autónomos, umregime injusto onde pagas comoum empresário quando és umtrabalhador com muitos gastos epoucos direitos.

E que há da 'lenda negra' que

assinala os taxistas como dela-

tores? que há de certo?

Isso, que eu penso que nom é cer-to, ou em qualquer caso, igual decerto que noutros ofícios, pareceser que tem umha razom. Umhavez transportei no táxi um ho-mem que ao parecer tinha sidopolícia secreta em Barcelona, eledizia que nom era estranho queos polícias utilizassem carros ca-muflados de táxi para as vigilán-cias ou seguimentos porque as-sim resultavam menos suspeitosdo que um carro normal paradocom umha pessoa dentro. Aliás,se um taxista tivesse interesseem ter boas relaçons com a polí-cia, seria com a local -ainda queas relaçons costumam ser maisbem más- do que com a nacional,que nom lhe afeta em relaçom àsmultas e demais.

“Laboralmente nom há iniciativa coletiva,nem para os problemas de todo o setor”XOÁN R. SAMPEDRO / Xosé Manuel Seixas (Castro Verde, 1971),foi insubmisso, trabalhou para a CIG em Lugo em duas eta-pas, e dedicou-se à hotelaria noturna também num tempo, en-tre outros múltiplos empregos. Desde há já um tempo, temparado como taxista, ofício que pode “compatibilizar com a

artesania, fabricaçom de marionetas, máscaras, gigantes ecabeçudos...”. Este militante de anos da FPG e agora de Anovalembra que nom é “o único independentista ou nacionalistano táxi”, e sinala o grupo catalám de 'Taxistes per la Indepen-dència' contra os estereótipos construídos.

XOsé manuel seiXas, taXista em luGO