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    5.1.1 CLASSIFICAÇÕES

    Os crimes contra a administração são classificados em três grupos:

    1. CRIMES COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA AADMINISTRAÇÃO EM GERAL (ART. 312 A 326);

    2. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA AADMINISTRAÇÃO EM GERAL (ART. 328 A 337); E

    3. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA (ART 338 A359).

    5.1.2 CRIME FUNCIONAIS

    Os crimes funcionais pertencem à categoria dos crimes próprios, pois sópodem ser cometidos por determinada classe de pessoas. Neste tipo de delito,a lei exige do indivíduo uma condição ou situação específica. Os crimesfuncionais classificam-se em:

    Crimes funcionais próprios     São aqueles cuja ausência da qualidade defuncionário público torna o fato atípico. Exemplo claro de crime funcionalpróprio é o delito de prevaricação, previsto no artigo 319 do Código Penal.

     Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato deofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazerinteresse ou sentimento pessoal:

    Se ficar comprovado que na época do fato o indivíduo não era funcionário

    público, desaparece a prevaricação e não surge nenhum outro crime. Percebe-se que a qualidade do sujeito ativo aparece como elemento da tipicidadepenal.

    Crimes funcionais impróprios ou mistos     A ausência da qualidadeespecial faz com que o fato seja enquadrado em outro tipo penal. Exemplo:Concussão – Art. 316; se o sujeito ativo não for funcionário público, o crime éde extorsão – art. 158.

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    5.1.3 FUNCIONÁRIO PÚBLICO

    Durante a aula, falarei por diversas vezes em “funcionário público”, mas qual oreal significado desta expressão?

    Para responder a este questionamento, devemos buscar o conceito exposto noartigo 327 do Código Penal. Observe:

    A r t .  3 2 7 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,emprego ou função pública.

    Com base no dispositivo supra, para fins de aplicação dos artigos de lei queanalisaremos a seguir, devemos entender por funcionários públicos todosaqueles que desempenham função, submetidos a uma relação hierarquizadapara com o ente administrativo, independentemente de ser este ente daadministração direta ou indireta, bem como de ser este labor permanente outemporário, voluntário ou compulsório, gratuito ou oneroso.

    CARGO PÚBLICO Segundo a doutrina, cargo público é a maissimples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressospor um agente. Todavia, há conceito legal de cargo público. Oartigo 3º da lei 8112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos Civisda União) define cargo público como sendo o conjunto deatribuições e responsabilidades previstas na estruturaorganizacional que devem ser cometidas a um servidor.

    EMPREGO PÚBLICO De acordo com a doutrina dominante,emprego público tem, substancialmente, a mesma conceituação

    de cargo público. O que os diferencia é que no emprego a relação jurídica estabelecida entre seu titular e a Administração é regidapela CLT.

    FUNÇÃO PÚBLICA De forma residual, conceituamos funçãopública como a atribuição desempenhada por um agente que nãose caracteriza como cargo ou emprego público. Assim, considera-se funcionário aquele que, sem ter cargo ou emprego público,desempenha função pública extraordinária (contratadoextraordinariamente).

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    Deste modo, o nosso Código Penal adotou a noção ampliada do conceito defuncionário público discutido na esfera do Direito Administrativo. E foi mais

    longe. Não exige, para caracterizá-lo, nem sequer o exercício profissional oupermanente da função pública.

    Verifica-se que o funcionário público, diante do Direito Penal, caracteriza-sepelo exercício da função pública. Portanto, o que importa não é a qualidade dosujeito, de natureza pública ou privada, mas sim a natureza da função por eleexercida.

    5.1.3.1 FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO

    Dispõe o parágrafo 1º do art. 327 do CP:

     Art. 327

    [...]

    § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.

    A lei nº 9.983/2000 estendeu o conceito de funcionário público,equiparando a este:

    1.  QUEM TRABALHA EM ENTIDADE PARAESTATAL  As entidadesparaestatais integram o chamado terceiro setor, que pode serdefinido como aquele composto por entidades privadas da sociedadecivil, que prestam atividade de interesse social, por iniciativaprivada, sem fins lucrativos.

    O terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o próprioEstado, e com o segundo setor, que é o mercado.

    2.  QUEM TRABALHA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOCONTRATADA OU CONVENIADA PARA A EXECUÇÃO DEATIVIDADE TÍPICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA  Difere ocontrato do convênio porque naquele é a Administração Pública,mediante concessão, quem contrata o particular para o exercício deatividade pública. Já no convênio, verifica-se um acordo de duas ou

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    5.2 DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICOCONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

    5.2.1 PECULATO

    O peculato é o delito em que o funcionário público, arbitrariamente, faz sua ou

    desvia em proveito próprio ou de terceiro, a coisa móvel que possui em razãodo cargo, seja ela pertencente ao Estado ou a particular, ou esteja sob suaguarda ou vigilância.

    Está definido assim no Código Penal:

     Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ouqualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a

    FUNCIONÁRIO PÚBLICO PESSOA FÍSICA QUE EXERCE FUNÇÃO

    PÚBLICA, A QUALQUER TÍTULO, COM OU SEM REMUNERAÇÃO.(ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU INDIRETA)

    FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO PESSOA FÍSICAQUE ATUA EM ENTIDADE PARAESTATAL OU EM EMPRESAPRIVADA, CONTRATADA OU CONVENIADA, PARA A EXECUÇÃODE ATIVIDADE TÍPICA.

    OBSERVAÇÃO 01 A EQUIPARAÇÃO APLICA-SE AO SUJEITOATIVO DO DELITO.

    OBSERVAÇÃO 02 NO CASO DE OCUPANTES DE CARGOS EMCOMISSÃO OU DE FUNÇÃO DE DIREÇÃO OU ASSESSORAMENTO

    DE ÓRGÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU INDIRETA, A PENASERÁ AUMENTADA DA TERÇA PARTE.

    NOS DELITOS PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA AADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEVE-SE COMPROVAR A UTILIZAÇÃO DO CARGO,DO EMPREGO OU DA FUNÇÃO; CASO CONTRÁRIO, NÃO HAVERÁ ESSE TIPO DECRIME.

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    Tício, servidor público federal, “subtrai" de dentro da repartição onde trabalhao teclado de seu computador. Para tanto, Tício utiliza-se de sua própria chave

    da repartição, que só a possuia em razão do cargo.Nessa situação, Tício está valendo-se da "qualidade especial de servidorpúblico", pois só tem a chave e o computador porque é servidor. Nese caso, ocrime é de "PECULATO".

    Para finalizar, observe o elucidativo julgado.

    5.2.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO (MUITA ATENÇÃO!!!)

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público.

    2.  SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, podefigurar no pólo passivo um particular, caso o objeto material sejade natureza privada.

    Para exemplificar, imagine que Mévio está em um processo judicialtentando a posse de um bem. Durante o processo, o Juiz colocaeste bem sob a guarda de um funcionário público, que o desvia.Neste caso, figurará no pólo passivo o particular.

    • 

    ELEMENTOS: 

    Futuro(a) aprovado(a), lembra no início da aula quando eu falei que osconceitos vistos em aulas anteriores seriam importantes...Então...Aqui émais do que necessário que você saiba a diferenciação entre elemento

    TRF4 - APELAÇÃO CRIMINAL: ACR 22098 RS 2000.71.00.022098-3 

    O delito de peculato, para sua configuração, exige a condição de funcionário público do agente ativo e que ele tenha se valido das facilidades que o cargo lhe propicia para proveito próprio ou alheio, apropriando-se ou desviando valor ououtro bem móvel. É mister que a posse - entendida em sentido amplo,abrangendo não só o poder material de dispor da coisa como também sua livreutilização facultada pela função exercida - seja lícita, ou seja, que a entrega dobem resulte de mandamento legal ou inveterada praxe, não proibida por lei.

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    OBJETIVO, SUBJETIVO e NORMATIVO. Embora eu tenha certeza quevocê já consolidou estes conceitos, eu vou ser “chato” e vou relembrar.

    Observe:

    Agora que você já relembrou, vamos voltar a tratar dos elementos doPECULATO desvio e apropriação:

    1.  OBJETIVO: Conforme você já estudou, a conduta pode realizar-seatravés da apropriação ou do desvio.

    Na apropriação, ocorre a inversão do título de posse e ofuncionário passa a dispor da “coisa” como se sua fosse.Diferentemente, no desvio o funcionário não tem a intenção doapossamento definitivo, mas emprega o objeto em fim diversopara proveito próprio.

    Imagine que Tício ficou responsável pela guarda de uma Ferrari eresolve utilizá-la para sair com uma “amiga”. Neste caso, cometepeculato-desvio.

    2.  SUBJETIVO: É o DOLO. Exige-se a intenção de não devolver oobjeto e a vontade de obter proveito próprio ou de terceiro.Atenção que aqui estamos tratando unicamente do peculatoapropriação e desvio.

    3.  NORMATIVO: A expressão "proveito próprio ou alheio".

    • ELEMENTOS OBJETIVOS  OS ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO REFEREM-SE AO ASPECTO MATERIAL DA INFRAÇÃO PENAL, DIZENDO RESPEITO ÀFORMA DE EXECUÇÃO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC.

    • ELEMENTOS SUBJETIVOS   OS ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL,TAMBÉM CONHECIDOS NA DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DOINJUSTO, DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLÓGICO DO AGENTE, OUSEJA, À SUA INTENÇÃO.

    • ELEMENTOS NORMATIVOS  OS TIPOS PENAIS PODEM CONTER ELEMENTOS

    NA SUA FORMAÇÃO QUE NÃO SÃO DE COMPREENSÃO IMEDIATA, COMO OSELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZÃO DA NECESSIDADE DE UMJUÍZO DE VALOR SOBRE OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTÉMELEMENTOS NORMATIVOS, ALÉM DE O LEGISLADOR INCLUIR EXPRESSÕESCOMO MATAR, SUBTRAIR, OFENDER, ETC., INCLUI ELE AINDA EXPRESSÕESCOMO SEM ‘JUSTA CAUSA’, ‘INDEVIDAMENTE’, ‘FRAUDULENTAMENTE’, ETC.,QUE SÃO CONSIDERADOS ELEMENTOS NORMATIVOS.

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    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  A consumação no peculato-apropriação ocorre quando o indivíduoage como se fosse dono do objeto. Por sua vez, no peculato-desvioocorre quando o indivíduo desvia o bem, sendo irrelevante seconsegue ou não proveito próprio ou alheio. 

    Sendo assim, no exemplo da Ferrari, se o indivíduo não consegue “impressionar” sua amiga e obter o “proveito” almejado...Azar odele!!!

    2.  O Peculato é um delito material e admite a figura da tentativa.

    5.2.1.2 PECULATO-FURTO

    Ainda no artigo 312 temos a caracterização do chamado peculato-furto que,segundo o STF, ocorre quando o funcionário público não detém a posse dacoisa (valor, dinheiro ou outro bem móvel) em razão do cargo que ocupa,mas sua qualidade de funcionário público propicia facilidade  para aocorrência da subtração devido ao trânsito que mantém no órgão públicoem que atua ou desempenha suas funções.

    Observe o texto legal:

     Art. 312

    [...]

    § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, emboranão tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-sede facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

    Para melhor compreensão, veja o exemplo:

    O funcionário A, sabedor de onde o seu colega, B, guarda o numerário(dinheiro) recebido diariamente na repartição pública, vale-se de talconhecimento e, na ausência daquele, subtrai tal valor.

    Observe que, “A” não tinha a posse do bem. Todavia, tinha conhecimento,decorrente do seu cargo, de onde seu colega de trabalho guardava talnumerário.

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    Agora pergunto: Se um funcionário arromba a porta da repartição ondetrabalha, adentra o recinto e subtrai bens públicos, é PECULATO-FURTO?

    A resposta é negativa, pois ele não está valendo-se da função. Logo,responderá por furto qualificado e não peculato-furto.

    5.2.1.2 PECULATO-CULPOSO

    Está descrito no Código Penal nos seguintes termos:

     Art. 312 [...]

    § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime deoutrem:

    Pena - detenção, de três meses a um ano.§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

    Nesta forma típica, o funcionário, por imperícia, imprudência ounegligência, concorre para a prática de crime de outrem. Assim, em faceda ausência de cautela que estava obrigado na preservação de bens dopoder público que lhe são confiados, o sujeito facilita a outrem a subtração,apropriação ou desvio dos mesmos.

    O crime se aperfeiçoa com a conduta dolosa de outrem, havendonecessidade da existência de nexo causal entre os delitos, de maneira queo primeiro (peculato-culposo) tenha permitido a prática do segundo. Seria ocaso, por exemplo, do chefe de determinado setor que, negligentemente,esquece o armário com peças de computador aberto e estas são furtadas.

    O instituto do Peculato Culposo, nos termos do § 3º do art. 312, apresentauma espécie anômala de arrependimento posterior. Normalmente, oarrependimento posterior, que só pode ser argüido em crimes praticados

    PPAAR R A A A A TTIIPPIIFFIICCAAÇÇÃÃO O DDO O PPEECCUULLAATTO O FFUUR R TTO O É É IINNDDIISSPPEENNSSÁÁVVEELL QQUUE E O O FFUUNNCCIIOONNÁÁR R IIOO PPÚÚBBLLIICCO O TTEENNHHA A DDE E AALLGGUUMMA A FFOOR R MMA A SSEE AAPPR R OOVVEEIITTAADDO O OOU U VVAALLIIDDO O DDA A FFUUNNÇÇÃÃO O PPAAR R A A TTEER  R AACCEESSSSOO AAOO 

    BBEEM M QQUUE E SSEER R Á Á OOBBJJEETTO O DDO O CCR R IIMMEE.. 

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    sem violência ou grave ameaça, funciona como atenuante e deve aconteceraté o momento do recebimento da denuncia ou da queixa por parte do

    magistrado. No caso do Peculato Culposo, este arrependimento funcionarácomo excludente, caso ocorra até a sentença transitar em julgado, ou comoatenuante, manifestando-se depois do trânsito em julgado da sentençapenal, situação em que reduzirá a pena pela metade.

    5.2.2 PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM

    Também denominado Peculato-Estelionato, encontra previsão no CódigoPenal nos seguintes termos:

     Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, noexercício do cargo, recebeu por erro de outrem:

    Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

    A conduta consiste em o funcionário público apropriar-se de dinheiro ouqualquer utilidade mediante aproveitamento ou manutenção do erro deoutrem.

    É imprescindível, para que ocorra o delito, que a entrega do bem tenha sidofeita ao sujeito em razão do cargo que desempenha junto à administração eque o erro tenha relação com seu exercício.

    Exemplo 01: Tício comparece no terceiro andar de uma repartição a fim depagar uma determinada dívida, quando na verdade o pagamento deveria serfeito no quarto andar. Mévio, que já havia trabalhado no quarto andar,aproveitando-se do erro de Tício, apropria-se do dinheiro. Neste caso, temos oPeculato-Estelionato.

    Exemplo 02: José é intimado a levar seu relógio para perícia até a delegacia depolícia. Lá chegando, entrega seu bem a João, o porteiro, sendo que o corretoseria entregá-lo ao Delegado de Polícia. João recebe o bem e, tendoconhecimento do ato errôneo de José, resolve se apropriar do bem.

    A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA REPARAÇÃO DODANO SÓ E POSSÍVEL NO CRIME DE PECULATO CULPOSO.

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    5.2.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público.

    2. 

    SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, podefigurar no pólo passivo um particular, caso seja ele a vítima dafraude.

    •  ELEMENTOS: 

    1. 

    OBJETIVO: São elementares do tipo:•  A apropriação de dinheiro ou qualquer outro bem;

    •  Que a apropriação tenha origem no ERRO de alguém; e

    •  Seja cometido por funcionário público

    2.  SUBJETIVO: É o DOLO. Deve abranger a consciência do erro deoutrem.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  O crime se consuma não no momento em que o funcionário recebea coisa, mas no momento em que, tendo sua posse, dela seapropria.

    2.  O Peculato-Estelionato é um delito material e admite a figura datentativa. Seria o caso, por exemplo, do funcionário público que ésurpreendido no momento em que está abrindo uma cartacontendo valor, a ele entregue por erro de outrem.

    OBSERVAÇÃO!!!O ERRO DE QUEM ENTREGA O OBJETO MATERIAL

    DEVE SER ESPONTÂNEO. CASO HAJA PROVOCAÇÃO,NÃO É PECULATO E SIM ESTELIONATO.

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    A doutrina entende que não. Diz-se que modificar prende-se adados que dizem respeito à estrutura do sistema, já o alterar

    vincula-se a informações contidas no sistema. Essa diferenciaçãonão é importante para a sua PROVA e entende-se que a colocaçãode dois núcleos tão parecidos teve a finalidade de não deixardúvidas aos intérpretes e aplicadores da norma penal.

    2.  SUBJETIVO: Esse crime, para aperfeiçoar-se, não necessita senãodo dolo genérico, conforme classificação doutrinária, traduzido navontade livre e consciente de praticar a conduta típica, que é a demodificar ou alterar o sistema de informações ou o programa deinformática.

    3.  NORMATIVO: Presente na expressão sem autorização ou

    solicitação de autoridade competente.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  Crime de MERA CONDUTA. Consuma-se com a alteração oumodificação.

    2. 

    É admissível a tentativa. Exemplo: O funcionário, no momento emque vai iniciar a modificação, é surpreendido.

    •  CAUSA DE AUMENTO DE PENA 

    O parágrafo único do art. 313-B dispõe que a penalização previstaserá aumentada caso da alteração ou modificação derive dano para aAdministração Pública. Observe:

     Art. 313-B [...]

    Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até ametade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.

    5.2.5 EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DELIVRO OU DOCUMENTO

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    O delito apresenta no CP a seguinte definição:

     Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de quetem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:

    Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crimemais grave.

    Visa o dispositivo supra proteger a Administração no que diz respeito à ordem,regularidade e segurança de livros oficiais e documentação de natureza públicaou privada, que devem manter-se íntegros. Exatamente por isso, pune-se ofuncionário que, tendo a sua guarda em razão do cargo, vem a desviá-los,

    escondê-los ou inutilizá-los.

    5.2.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público que tem a guarda do objeto material em

    razão do cargo.2.  SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode

    figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele prejudicadopela perda do objeto material.

    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: São elementares do tipo:

    •  Extraviar (dar destino equivocado);•  Sonegar (não restituir quando solicitado); e

    •  Inutilizar (tornar imprestável para o fim ao qual servia).

    2.  SUBJETIVO: É o DOLO.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

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    1.  Trata-se de crime de MERA CONDUTA. Consuma-se o delito com arealização das condutas definidas na norma incriminadora, sendo

    irrelevante a ocorrência de dano para a administração pública.2.  É admissível a tentativa nas modalidades de extraviar e inutilizar.

    Com relação à sonegação, não é possível.

    5.2.6 EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDASPÚBLICAS

    Já pensou se o funcionário público pudesse aplicar as verbas públicas da

    maneira que achasse mais conveniente? Obviamente, seria uma confusãomuito grande. Exatamente por isso, o “ordenador de despesas” está limitadona sua atuação por diversos dispositivos legais.

    Desta forma, a fim de proteger a regularidade da atividade administrativa noque diz respeito à aplicação de verbas e rendas públicas, o conhecido crime dedesvio de verbas encontra sua previsão no CP. Observe:

     Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa daestabelecida em lei:

    Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

    Com base no dispositivo supra, pergunto: Imagine que a lei orçamentáriade determinado Estado destine verbas públicas para a construção de umhospital. O Governador, Mévio, acreditando que os problemas começam aser resolvidos com o fornecimento de educação, destina os recursos para aconstrução de uma escola, criando o “CENTRO DE EXCELÊNCIAESTUDANTIL”. Neste caso, poderá ser ele processado e preso?

    A resposta é positiva, pois não importa o fim almejado, a destinação do

    recurso. O que é importante é se a destinação LEGAL foi cumprida ou nãoe, no caso em tela, não foi.

     “Mas professor, coitado do Mévio... Ele só estava querendo ajudar.”

    Realmente, mas o examinador não está com nem um pouquinho de penadele...

    5.2.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

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    De acordo com o artigo 316, caput, do Código Penal, constitui delito o fato deo funcionário público:

     Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,vantagem indevida:

    Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

    Segundo Damásio Evangelista de Jesus, o termo “concussão” tem sua origemetimológica derivada do verbo latino concutere, expressão empregada quandose pretende indicar o ato de sacudir a árvore para que os frutos caiam.Também significa “sacudir fortemente, abalar, agitar violentamente”.

    Como visto no artigo 316, caput, a concussão materializa-se quando ofuncionário exige para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda quefora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagensindevidas. É o desvio da função pública para esbulhar. É um dos crimes maisgraves contra a Administração Pública.

    Assim, o delito de concussão se tipifica quando o funcionário público exige,impõe, ameaça ou intima a vantagem espúria (este termo já foi utilizado emprovas) e o sujeito passivo cede à exigência pelo temor. Em outros termos, o

    crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada pelo funcionáriopúblico, com abuso de autoridade, contra particular que cede ou virá a cederem face do metu publicae potestatis (medo do poder público).

    Júlio Fabbrini Mirabete, quanto à objetividade jurídica do crime de concussão,leciona:

    “Objetiva a incriminação do fato tutelar a regularidade da administração, noque tange à probidade dos funcionários, ao legítimo uso da qualidade e dafunção por eles exercida. Em plano secundário, protegido está também ointeresse patrimonial de particular, ou mesmo de funcionário, de quem éexigida a vantagem.”

    5.2.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público, MESMO QUE AINDA NÃO TENHAASSUMIDO O CARGO, mas desde que aja em virtude dele.

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    2.  SUBJETIVO: Aqui há dois elementos subjetivos. O primeiro é odolo. Além dele, exige-se outro, previsto na expressão “para si ou

    para outrem”.3.  NORMATIVO: Encontra-se na expressão “indevida”, que qualifica a

    vantagem.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  A concussão é um delito FORMAL e a consumação ocorre com aexigência, no momento em que esta chega ao conhecimento dosujeito passivo.

    2.  É admissível a tentativa. Exemplo: Uma carta é enviada com aexigência e é interceptada pela autoridade policial. Neste caso,temos a tentativa de concussão.

    5.2.8 EXCESSO DE EXAÇÃO

    Podemos dizer que o excesso de exação é uma espécie do gênero concussão.Digo isto porque a diferença fundamental é que aqui o indivíduo não visa aproveito próprio ou alheio, mas, no desempenho de sua função, excede-se nosmeios de execução.

    Sobre o excesso de exação dispõe o Código Penal:

     Art. 316

    § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabeou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrançameio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

    Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

    A INDEVIDA VANTAGEM PODE SER QUALQUER UMA OUPRECISA SER PATRIMONIAL?PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE PODE SER QUALQUERVANTAGEM. EXEMPLO: SEXUAL.

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    em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de talvantagem:

    Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

    Este crime, como você sabe, quase não ocorre em nosso país... É a famosa “propina” exigida para “comprar” um ato de um funcionário público.

    5.2.9.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público.

    2. 

    SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    •  ELEMENTOS: 

    1. 

    OBJETIVO: São elementares do tipo:•  Solicitar (vantagem indevida);

    •  Receber (vantagem indevida);

    •  Aceitar (promessa de vantagem).

    2.  SUBJETIVO: São dois:

    •  Dolo;

    • 

    A expressão “para si ou para outrem”;

    Observe que no delito não há qualquer exigência quanto à

    intenção de realizar ou deixar de realizar o ato de ofícioobjeto da corrupção.

    3.  NORMATIVO:

    •  A expressão “indevidamente”

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

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    1.  Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no momento emque a solicitação chega ao conhecimento do terceiro ou quando o

    funcionário recebe a vantagem ou aceita a promessa de suaentrega.

    2.  É admissível a tentativa no tocante à solicitação.

    • 

    TIPO QUALIFICADO 

    De acordo com o parágrafo 1º do artigo 317 temos:

     Art. 317§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência davantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticarqualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

    O parágrafo supra trata de duas situações:

    A primeira diz respeito ao retardamento ou à não prática de qualquerato. Seria o caso do Auditor Fiscal que retarda a lavratura de um Auto deInfração a fim de operar-se a decadência. Para este tipo de situação,temos a chamada corrupção passiva imprópria.

    A segunda situação trata da chamada corrupção passiva própria, na qualo funcionário realiza ato de ofício violando dever funcional.

    Para os dois casos temos um aumento de pena de um terço.

    •  TIPO PRIVILEGIADO 

    Para a chamada corrupção passiva própria privilegiada, a pena éreduzida. Diferencia-se das outras formas típicas pelo motivo quedetermina a conduta do funcionário. Aqui, o funcionário não “vende” atofuncional pretendendo receber uma vantagem, mas atende a pedido deterceiro, influente ou não.

    Sobre o tema, dispõe o Código Penal:

     Art. 317[...]

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    § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato deofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou

    influência de outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

    5.2.10 FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO

    Encontra previsão no artigo 318 do CP:

     Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de

    contrabando ou descaminho:

    Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

    5.2.10.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público. Não qualquer, mas aquele a quem éimposto o dever de reprimir ou fiscalizar o contrabando.

    Mas e se o funcionário, sem infringir DEVER FUNCIONAL, concorrepara o contrabando?

    Neste caso, ele responderá pelo delito previsto no artigo 334 doCódigo Penal (Analisaremos na próxima aula):

     Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, notodo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria

    DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

    CONTRABANDO É A ENTRADA OU SAÍDA DE PRODUTO PROIBIDO OU QUEATENTE CONTRA A SAÚDE OU A MORALIDADE.

    DESCAMINHO É A ENTRADA OU SAÍDA DE PRODUTOS PERMITIDOS, MAS SEMPASSAR PELOS TRÂMITES BUROCRÁTICOS-TRIBUTÁRIOS DEVIDOS.

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    2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: É elementar do tipo:

    •  Facilitar (o descaminho ou contrabando ).

    2.  SUBJETIVO: São dois:

    •  Dolo

    •  A consciência de estar violando dever funcional.   Se oindivíduo age com dolo, mas sem esta consciência,responderá pelo já citado delito previsto no artigo 334.

    3.  NORMATIVO:

    •  A expressão “com infração de dever funcional”.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a realização da condutade facilitação, seja ela comissiva (Ex: Aconselhar) ou omissiva (Ex:Não criar obstáculos).

    2.  É admissível a tentativa.

    A jurisprudência do STF já se firmou no sentido de ser possível a aplicação doprincípio da insignificância ao delito de facilitação de descaminho, desde que ovalor do tributo sonegado não ultrapasse R$ 10.000,00.

    O STJ tinha posição firmada no sentido de que tal limite seria R$ 100,00, masem recente julgado mudou seu entendimento dispondo no seguinte sentido:

    DESCAMINHO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. A Seção, ao julgar o recursorepetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ), entendeu que, em atençãoà jurisprudência predominante no STF, deve-se aplicar o princípio dainsignificância ao crime de descaminho quando os delitos tributários nãoultrapassem o limite de R$ 10 mil, adotando-se o disposto no art. 20 da Lei n.10.522/2002. O Min. Relator entendeu ser aplicável o valor de até R$ 100,00

     para a invocação da insignificância, como excludente de tipicidade penal, poissomente nesta hipótese haveria extinção do crédito e, consequentemente,desinteresse definitivo na cobrança da dívida pela Administração Fazendária (art.18, § 1º, da referida lei), mas ressaltou seu posicionamento e curvou-se aorientação do Pretório Excelso no intuito de conferir efetividade aos fins

     propostos pela Lei n. 11.672/2008 (REsp 1.112.748/TO, Informativo 406).

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    5.2.11 PREVARICAÇÃO

    A prevaricação encontra sua definição no artigo 319 do Código Penal:

     Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato deofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazerinteresse ou sentimento pessoal:

    Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

    Na prática do fato, o funcionário se abstém da realização da conduta a queestá obrigado ou a retarda ou a concretiza contra a lei, com destinaçãoespecífica de atender a sentimento ou interesse próprios.

    5.2.11.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público.

    2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: São elementares do tipo:

    •  Retardar (ato de ofício);

    •  Deixar de praticar;•  Praticar contra disposição expressa.

    2.  SUBJETIVO: São dois:

    •  Dolo;

    •  A expressão “para satisfazer interesse ou sentimentopessoal”. Sem esta finalidade em consonância com o dolo, aconduta é atípica.

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    3.  NORMATIVO:

    •  A expressão “indevidamente” ao retardar ou deixar depraticar ato de ofício.

    •  A expressão “contra disposição expressa em lei” quando

    pratica ato de ofício.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a omissão, oretardamento ou a realização do ato.

    2.  É admissível a tentativa.

    •  PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA 

    Consiste na conduta de deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agentepúblico de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelhotelefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outrospresos ou com o ambiente externo. Encontra previsão no CP. Observe:

     Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público,de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelhotelefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação comoutros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº11.466, de 2007).

    Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

    QUAL A EXATA DIFERENÇA ENTRE OS CRIMES DE PREVARICAÇÃO E DECORRUPÇÃO PASSIVA?

    NA CORRUPÇÃO PASSIVA, O AGENTE ATUA VISANDO A UMAVANTAGEM INDEVIDA; NA PREVARICAÇÃO, NÃO EXISTE A FIGURA DAVANTAGEM INDEVIDA. O INTERESSE PESSOAL PODE SERPATRIMONIAL OU MORAL, MAS RESTRINGE-SE À ESFERA SUBJETIVADO AGENTE. CASO SEJA EXTERIORIZADO NUMA VANTAGEM

    INDEVIDA, PASSA A EXISTIR CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA.

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     “Mas, professor... Como diferenciar a condescendência criminosa daprevaricação?”

    Realmente, a diferença é tênue e você entenderá quando tratarmos doselementos subjetivos do tipo.

    5.2.12.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido

    por funcionário público.2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: São elementares do tipo:

    •  Deixar de responsabilizar (subordinado);

    • 

    Não levar o fato (cometido por subordinado à autoridadecompetente).

    2.  SUBJETIVO: São dois:

    •  Dolo;

    •  A expressão “por indulgência”.

    A EXPRESSÃO ‘‘POR INDULGÊNCIA” SIGNIFICA QUE OSUPERIOR HIERÁRQUICO DEIXA DE AGIR POR TOLERÂNCIA,CLEMÊNCIA, BRANDURA ETC.

    SE A RAZÃO DA CONDUTA É O ATENDIMENTO DE SENTIMENTOOU INTERESSE PESSOAL, O FATO CONSTITUI PREVARICAÇÃO.

    SE HÁ PRETENSÃO DE OBTER VANTAGEM INDEVIDA, É CASO DECORRUPÇÃO PASSIVA.

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    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  É CRIME OMISSIVO PRÓPRIO, consumando-se com a simplesconduta negativa. É crime FORMAL.

    2. 

    NÃO ADMITE TENTATIVA.

    5.2.13 ADVOCACIA ADMINISTRATIVA

    Caro (a) concurseiro (a), você imaginava que existiam tantos delitos? Sei quesão muitos, mas o conhecimento de todos fará uma grande diferença na horada prova. Para aliviar um pouco, vou dar um tempinho para você ler um jornal... MAS NÃO É A PARTE DE ESPORTES E NEM SOBRE AS NOVELAS... É ointeressantíssimo texto que eu separei especialmente para você descansar.Observe:

     “O agente da Polícia Federal de Presidente Prudente, Roland Magnesi Júnior,foi condenado a um mês de prisão pelo crime de advocacia administrativa,como dispõe o artigo 321 do Código Penal:

     Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade defuncionário:

    Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

     A decisão foi do juiz federal Renato Câmara Nigro que entendeu que o agente público valeu-se de sua função, e ofendeu a lisura da administração paragarantir vantagem indevida a particular.

    Em uma interceptação telefônica, o dono da empresa Madureira Serviço deVigilância, Silvio César Madureira, conversa com Magnesi Junior sobre aobtenção da autorização de funcionamento e renovação do certificado desegurança da empresa junto à PF.

     As exigências para a obtenção da autorização não haviam sido cumpridas.Segundo a acusação, era nítido o favorecimento prestado pelo agente aMadureira, já que foram passadas ao empresário informações ilícitas sobrecomo conseguir a autorização.

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    "Revelou-se claro o cometimento de advocacia administrativa por parte deRoland Magnesi Junior, em defesa dos interesses de Sílvio César Madureira. O

     policial vai muito além do mero dever de informação para aventurar-se emterreno proibido, de forma totalmente parcial e ilícita em favor da mencionadaempresa", disse o juiz Renato Nigro.

    Observe que no exemplo acima, o agente valeu-se de sua função, malferindo alisura administrativa para garantir vantagem indevida à particular emdetrimento do interesse público que deveria proteger. Neste caso, cometeuadvocacia administrativa.

    5.2.13.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público.

    2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: É elementar do tipo:

    •  Patrocinar (interesse privado)  Tal termo significa facilitar,advogar etc.

    2.  SUBJETIVO:

    •  Dolo;

    SE O INTERESSE PATROCINADO FOR COMPLETAMENTE LÍCITO, HAVERÁADVOCACIA ADMINISTRATIVA?SIM. O LEGISLADOR NÃO RESTRINGIU A NATUREZA DO INTERESSEPRIVADO. SE FOR LEGÍTIMO, HAVERÁ A FORMA SIMPLES DO DELITO.CASO SEJA ILEGÍTIMO, HAVERÁ ADVOCACIA ADMINISTRATIVA NAFORMA QUALIFICADA, COM PENA DE DETENÇÃO DE 3 (TRÊS) MESES A 1(UM) ANO.

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    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  Consuma-se o delito com a realização do primeiro ato depatrocínio, independentemente da obtenção do resultadopretendido.É crime FORMAL.

    2.  É admissível a tentativa.

    5.2.14 ABANDONO DE FUNÇÃO

    Antes de traçar os aspectos pertinentes ao delito, veja como o conceitua oCódigo Penal:

     Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos emlei:

    Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

    Perceba que, embora o próprio Código Penal atribua o nome abandono defunção ao crime, a tipificação do delito utiliza a palavra CARGO, que, como jávimos, apresenta um conceito mais restrito que o termo função pública.

    E os cargos em comissão, integram o conceito de cargo? A resposta é positiva.Observe o que dispõe sobre o tema a lei nº 8.112/90 (que você conhece

    bem):

     Art. 3o  Cargo público é o conjunto de atribuições eresponsabilidades previstas na estrutura organizacional que devemser cometidas a um servidor.

    Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos osbrasileiros, são criados por lei, com denominação própria e

    A ADVOCACIA ADMINISTRATIVA É UM DELITO EMINENTEMENTESUBSIDIÁRIO. DESSA FORMA, SE O FUNCIONÁRIO ESTIVERRECEBENDO VANTAGEM INDEVIDA PARA PATROCINAR O INTERESSEPRIVADO, HAVERÁ DELITO DE CORRUPÇÃO PASSIVA.

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    vencimento pago pelos cofres públicos, p a r a p r o v im e n t o emca r át e r e f e t i v o ou em com i s são . (grifo nosso)

    Desta forma, o nome correto do crime deveria ser ABANDONO DE CARGO. E oque isso interessa para você? Absolutamente nada, pois para sua prova ocrime denomina-se ABANDONO DE FUNÇÃO, mas restringe-se a CARGOSpúblicos.

    Com a tipificação da conduta, o legislador visa resguardar a AdministraçãoPública, garantindo a continuidade na prestação dos serviços.

    5.2.14.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1. 

    SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público, MAS este deve estar regularmenteinvestido em CARGO PÚBLICO.

    2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO.

    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: É elementar do tipo:

    •  Abandonar  Para caracterizar o delito, o abandono deve serpor um período razoável e deve acarretar ao menos aprobabilidade de dano ao poder público.

    Exemplo: Em um determinado setor, Tício exerce a função

    de chefia e, visando participar de uma festa, abandona ocargo. Mévio, amigo de Tício, sempre o substituiu quandonecessário e, no primeiro dia de ausência do colega, assumeas funções, dando andamento normal ao expediente.

    Neste caso, poderá ser caracterizado o delito de abandonode cargo?

    A resposta é negativa, pois não houve probabilidade de danopara a Administração.

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    2.  SUBJETIVO:

    •  Dolo;

    3.  NORMATIVO:

    •  A expressão “fora dos casos permitidos em lei”.

    Imagine que Tício resolve viajar para Petrópolis, municípiodo Rio de Janeiro. Chegando lá, uma chuva anormalacontece, gerando o deslizamento de barreiras e impedindoo retorno de Tício por um longo período de tempo. Tal fato,qual seja a ausência de Tício, gera danos para aAdministração Pública.

    Neste caso, há crime?

    Claro que não, pois a lei admite o abandono de cargo nasocasiões de força maior, estado de necessidade, doença, etc.

    Diferentemente, se Tício abandona para participar de umafesta que dura 60 dias, obviamente teremos a ocorrência docrime.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1. 

    Delito OMISSIVO PRÓPRIO. Consuma-se com o afastamento docargo por tempo juridicamente relevante. É crime FORMAL.

    2.  NÃO é admissível a tentativa.

    •  FORMA QUALIFICADA 

    O delito de abandono de função apresenta duas situações em que aspenas são agravadas. São elas:

    1.  QUANDO O ABANDONO EFETIVAMENTE GERA PREJUÍZO PARA AADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

     Art. 323 [...]

    § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:

    Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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    2.  SE O ABANDONO OCORRE EM ÁREA DE FRONTEIRA.

     Art. 323 [...]

    § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa defronteira:

    Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

    5.2.15 EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADOOU PROLONGADO

    Este delito não é muito exigido em prova, mas é importante, ao menos, teruma noção sobre ele. Encontra previsão no art. 324 do Código Penal nosseguintes termos:

     Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitasas exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização,depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,

    substituído ou suspenso:Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

    Segundo Damásio,  “o objeto jurídico é a regularidade da AdministraçãoPública. O irregular exercício do cargo público perturba a normal atividade damáquina administrativa, causando prejuízo ao poder público em sua missão de prestação de serviços. Daí a incriminação do fato.”

    5.2.15.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público.

    2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

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    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: São elementares do tipo:

    •  Entrar (no exercício de função pública antes de satisfeitas asexigências legais) Imagine que Tício, Auditor do ICMS-SP,é aprovado para o concurso de AFT. Após a nomeação, por já conhecer parte do trabalho, resolve iniciar o exercício desuas funções, mesmo tendo plena consciência de que nãoestá legalmente investido no cargo. Neste caso, opera-se odelito.

    Mas quando o servidor está regularmente investido no

    cargo?Quando toma posse, nos seguintes termos da lei nº8.112/90:

     Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivotermo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres,as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargoocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.

    •  Continuar (a exercê-la depois de exonerado, substituído,suspenso ou removido)  Se o funcionário volta a trabalhar

    durante as férias, incorre no tipo penal? A resposta énegativa, pois não se trata de EXONERAÇÃO /SUBSTITUIÇÃO / SUSPENSÃO ou REMOÇÃO.

    2.  SUBJETIVO:

    •  No caso de antecipar o início da atividade  Dolo;

    APOSENTADORIA COMPULSÓRIA

    NOS TERMOS DA LEI Nº 8.112/90, A APOSENTADORIACOMPULSÓRIA É AUTOMÁTICA, OPERANDO-SE NO MOMENTO EMQUE O FUNCIONÁRIO COMPLETA 70 ANOS. SENDO ASSIM, O

    FUNCIONÁRIO QUE SE ENQUADRA NESTA SITUAÇÃO DEVEAFASTAR-SE DO CARGO SOB PENA DE INCORRER NO DELITOCASO AJA COM DOLO (ELEMENTO SUBJETIVO).

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    •  No caso da exoneração, remoção, substituição ou suspensão  O dolo, somado com a expressão “depois de saber

    oficialmente”.Aqui não cabe a PRESUNÇÃO do conhecimento daexoneração, substituição, etc., pelo simples fato de haversido publicado o ato no diário oficial. É indispensável provarque o funcionário tomou conhecimento do ato, não sendocabível a PRESUNÇÃO DE CONHECIMENTO.

    3. 

    NORMATIVO:

    •  A expressão “sem autorização”.

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  Trata-se de crime FORMAL. Consuma-se o delito no momento emque o funcionário pratica o primeiro ato de ofício.

    2.  É admissível a tentativa. Seria o caso, por exemplo, de umindivíduo suspenso que está prestes a finalizar um ato de ofício e éinterrompido pelo seu chefe.

    5.2.16 VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL

    Com certeza você se lembra do caso abaixo noticiado amplamente no pelos jornais e tele-jornais.

     “O delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha, foi indiciadocriminalmente ontem pela Polícia Federal.

    O corregedor da PF, Amaro Ferreira, enquadrou o criador da Satiagraha emdois crimes: quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações.

    Protógenes teria sido responsável pelo vazamento de dados secretos daSatiagraha, investigação federal contra o banqueiro Daniel Dantas, doOpportunity. Tal conduta, na avaliação da PF, caracteriza quebra do sigilofuncional:

     Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e quedeva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:

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    Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato nãoconstitui crime mais grave.”  (grifei) 

    A Administração Pública rege-se pelo princípio da publicidade, plasmado este no“caput” do art. 37 da Carta Magna. Entretanto, tal princípio não é absoluto, poiscertos fatos relacionados com o poder público devem ficar a coberto doconhecimento geral em razão do interesse funcional. Desta forma, o legisladoroptou por tutelar penalmente estes segredos, punindo o autor da violação desigilo funcional.

    5.2.16.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público. E se o indivíduo revela segredo depois deuma demissão?

    Inexiste crime, pois falta a qualidade de “funcionário público”.

    2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, o particular,caso seja afetado pela revelação.

    CARÁTER SUBSIDIÁRIO

    SOMENTE HAVERÁ O CRIME DE VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 325, CP) SEO FATO NÃO CONSTITUIR CRIME MAIS GRAVE (SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA).ASSIM, SE O FUNCIONÁRIO VIOLOU O SEGREDO, RECEBENDO VANTAGEMINDEVIDA PARA ISSO, HAVERÁ CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA E NÃO VIOLAÇÃODE SIGILO (OU SEGREDO) FUNCIONAL.

    O APOSENTADO PODE SER SUJEITO ATIVO DO CRIME DE VIOLAÇÃODE SIGILO FUNCIONAL?

    SIM. É O ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO DA DOUTRINA PORQUE OAPOSENTADO NÃO SE DESVINCULA TOTALMENTE DOS DEVERESPARA COM A ADMINISTRAÇÃO.

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    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: São elementares do tipo:

    •  Revelar;

    •  Facilitar a revelação  Exemplo: Deixar uma gaveta aberta.

    Aqui cabem algumas importantes considerações:

    1- Se o terceiro já tinha conhecimento do fato, não secaracteriza o delito, pois o crime exige a possibilidade dedano.

    2- Para a caracterização da violação de sigilo funcional, há

    necessidade de que o funcionário tenha tomadoconhecimento do segredo EM RAZÃO DO CARGO.

    Imagine que Tício trabalha no ICMS-RJ e tomaconhecimento, por circunstâncias alheias à sua função, deum informe sigiloso da Polícia Federal. Nesta situação, casorevele a informação, não será enquadrado no presentedelito.

    2.  SUBJETIVO:

    •  Dolo;

    •  A expressão “de que tem ciência em razão do cargo”

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  O delito é consumado no momento do ato da revelação dosegredo. Por ser um crime formal, independe da real ocorrência dedano, bastando a potencialidade.

    2.  É admissível a tentativa.

    • 

    SIGILO FUNCIONAL DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 

    Com o avanço da informática, visando preservar também o sigilo desistemas de informações, a lei nº 9.983/00 inseriu os seguintesdispositivos no Código Penal:

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     Art. 325

    § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

    I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento eempréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoasnão autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública;

    II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

    § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública oua outrem:

    Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

    5.2.17 VIOLAÇÃO DE SIGILO DE PROPOSTA DECONCORRÊNCIA

    Um dos principais aspetos a ser verificado para a garantia da lisura de umcertame licitatório é o sigilo das propostas.

    Em uma concorrência, a idéia é que os participantes coloquem seus “preços”em um envelope lacrado e, após o julgamento, caso a licitação seja do tipomenor preço, a empresa com a proposta de menor valor seja declaradavencedora da licitação.

    Obviamente que se as propostas forem violadas antes do julgamento, fica fácilmanipular o resultado, pois basta que determinada empresa, conhecendo aspropostas das outras, apresente um valor inferior. Exatamente para impediresta situação, o Código Penal preceitua:

     Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:

    Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.

    5.2.17.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    •  SUJEITOS DO DELITO:

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    1.  SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometidopor funcionário público, MAS não qualquer funcionário. O tipo

    exige mais uma qualidade específica do autor: Deve serfuncionário público com a função de receber as propostas, guardá-las e permitir o conhecimento a quem de direito só no momentoadequado.

    2.  SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, osparticipantes prejudicados.

    •  ELEMENTOS: 

    1.  OBJETIVO: São elementares do tipo:

    •  Devassar (tomar conhecimento indevido de proposta)

    •  Proporcionar (a terceiro o ensejo do devassamento)

    2.  SUBJETIVO:

    •  Dolo;

    •  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 

    1.  Crime Material. A consumação ocorre no momento em que ofuncionário ou o terceiro toma conhecimento do conteúdo daproposta.

    2.  É admissível a tentativa.

    5.2.18 VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA

    Há uma discussão na doutrina e na jurisprudência, não havendo posiçãomajoritária definida, sobre a vigência do artigo 322 do CP. Para alguns ele foirevogado em virtude da lei que tipifica os delitos de abuso de autoridade. Paraoutros não.

    Exatamente por isso a cobrança pela FCC sobre o delito, embora muito pouca,restringe-se a literalidade do Código Penal que dispõe:

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     Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto deexercê-la:

    Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da penacorrespondente à violência.

    *****************************************************************

    Futuros(as) Aprovados(as),

    Chegamos ao final de mais uma aula e eu garanto a você que o conhecimentodos CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A

    ADMINISTRAÇÃO EM GERAL fará grande diferença na hora de sua prova.No próximo encontro a parte teórica não será tão extensa. Seguiremos o assuntocom os crimes praticados por particular contra a administração em geral efinalizaremos com vários exercícios sobre os CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA.

    Sendo assim, consolide bem os conceitos, dedique-se e lembre-se sempre que sóDEPENDE DE VOCÊ!!!

    Abraços e bons estudos!

    Pedro Ivo

    "A esperança se adquire. Chega-se à esperança através da verdade, p a g a n d o op r eço d e r e p e t i d o s e s f o rços   e de uma longa paciência. Para encontrar a

    esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite,encontramos a aurora”.

    (Georges Bernanos)

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    RESUMO DA MATÉRIA APRESENTADA

    CRIME CONDUTA CONSUMAÇÃO TENTATIVA

    PECULATO

    DIVIDE-SE EM:

    PECULATO-APROPRIAÇÃO

    E

    PECULATO-DESVIO

    Apropriar-se o funcionáriopúblico de dinheiro, valor ouqualquer outro bem móvel,público ou particular, de quetem a posse em razão docargo, ou desviá-lo, em

    proveito próprio ou alheio.

    A consumação nopeculato-apropriaçãoocorre quando o indivíduoage como se fosse dono doobjeto. Por sua vez, nopeculato-desvio ocorre

    quando o indivíduo desviao bem, sendo irrelevantese consegue ou nãoproveito próprio ou alheio.

    PECULATO-FURTO

    O funcionário público, emboranão tendo a posse dodinheiro, valor ou bem osubtrai ou concorre para queseja subtraído, em proveitopróprio ou alheio, valendo-sede facilidade que lheproporciona a qualidade defuncionário.

    Ocorre quando ofuncionário público subtraiou concorre para que sejasubtraído.

    PECULATOCULPOSO

    Quanto aos delitos acima, seo funcionário concorreculposamente para o crime deoutrem.

    A reparação do dano, se

    precede à sentençairrecorrível, extingue apunibilidade; se lhe éposterior, reduz de metade apena imposta.

    Refere-se aos delitosacima.

    PECULATOMEDIANTE ERRO DE

    OUTREM

    Apropriar-se de dinheiro ouqualquer utilidade que, noexercício do cargo, recebeupor erro de outrem.

    O crime se consuma nãono momento em que ofuncionário recebe a coisa,mas no momento em que,

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    tendo sua posse, dela seapropria.

    INSERÇÃO DEDADOS FALSOS EM

    SISTEMA DEINFORMAÇÕES 

    Inserir ou facilitar, ofuncionário autorizado, ainserção de dados falsos,alterar ou excluirindevidamente dados corretosnos sistemas informatizadosou bancos de dados daAdministração Pública, com ofim de obter vantagem

    indevida para si ou paraoutrem ou para causar dano.

    O crime é FORMAL,atingindo a consumaçãono momento em que asinformações falsas passama fazer parte do sistemade informações.

    MODIFICAÇÃO OUALTERAÇÃO NÃOAUTORIZADA DE

    SISTEMA DEINFORMAÇÕES 

    Modificar ou alterar, ofuncionário, sistema deinformações ou programa deinformática sem autorizaçãoou solicitação de autoridadecompetente.

    As penas são aumentadas deum terço até a metade se damodificação ou alteraçãoresulta dano para aAdministração Pública ou parao administrado.

    Crime de MERA CONDUTA,consumando-se com aalteração ou modificação.

    EXTRAVIO,SONEGAÇÃO OU

    INUTILIZAÇÃO DELIVRO OU

    DOCUMENTO

    Extraviar livro oficial ouqualquer documento de quetem a guarda em razão docargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.

    Trata-se de crime de MERACONDUTA. Consuma-se odelito com a realização dascondutas definidas nanorma incriminadora,sendo irrelevante a

    ocorrência de dano para aadministração pública.

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    EMPREGOIRREGULAR DEVERBAS OU RENDAS

    PÚBLICAS

    Dar às verbas ou rendaspúblicas aplicação diversa daestabelecida em lei.

    O crime é consumado coma aplicação irregular derendas e verbas públicas,não bastando a simplesindicação sem execução.

    CONCUSSÃO

    Exigir, para si ou paraoutrem, direta ouindiretamente, ainda que forada função ou antes deassumi-la, mas em razão

    dela, vantagem indevida.

    A concussão é um delitoFORMAL e a consumaçãoocorre com a exigência, nomomento que esta chegaao conhecimento do

    sujeito passivo.

    EXCESSO DEEXAÇÃO

    Se o funcionário exige tributoou contribuição social quesabe ou deveria saberindevido ou, quando devido,emprega na cobrança meiovexatório ou gravoso que a leinão autoriza; OU se desvia,em proveito próprio ou deoutrem, o que recebeuindevidamente para recolheraos cofres públicos.

    Trata-se de crime Formal eo delito se consuma nomomento da exigência oudo emprego do meiovexatório ou gravoso.

    CORRUPÇÃOPASSIVA

    Solicitar ou receber, para siou para outrem, direta ouindiretamente, ainda que forada função, ou antes deassumi-la, mas em razãodela, vantagem indevida, ouaceitar promessa de talvantagem.

    A pena é aumentada de umterço se, em conseqüência davantagem ou promessa, ofuncionário retarda ou deixade praticar qualquer ato deofício ou o pratica infringindodever funcional.

    Trata-se de crime Formal eo delito se consuma nomomento em que asolicitação chega aoconhecimento do terceiroou quando o funcionáriorecebe a vantagem ouaceita a promessa de suaentrega.

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    FACILITAÇÃO DECONTRABANDO OU

    DESCAMINHO

    Facilitar, com infração dedever funcional, a prática decontrabando ou descaminho.

    Consuma-se o delito com arealização da conduta defacilitação, seja elacomissiva (Ex: Aconselhar)ou omissiva (Ex: Não criarobstáculos).

    PREVARICAÇÃO

    Retardar ou deixar depraticar, indevidamente, atode ofício, ou praticá-lo contradisposição expressa de lei,

    para satisfazer interesse ousentimento pessoal.

    Consuma-se o delito com aomissão, retardamento ourealização do ato.

    PREVARICAÇÃOIMPRÓPRIA

    Deixar o Diretor dePenitenciária e/ou agentepúblico de cumprir seu deverde vedar ao preso o acesso aaparelho telefônico, de rádioou similar, que permita acomunicação com outrospresos ou com o ambienteexterno.

    O crime se consuma com oacesso do preso aoaparelho telefônico, aindaque não consiga utilizá-lo.

    CONDESCENDÊNCIACRIMINOSA

    Deixar o funcionário, porindulgência, deresponsabilizar subordinadoque cometeu infração noexercício do cargo ou, quandolhe falte competência, nãolevar o fato ao conhecimentoda autoridade competente.

    É CRIME OMISSIVO PRÓ-PRIO, consumando-se coma simples condutanegativa.

    ADVOCACIAADMINISTRATIVA

    Patrocinar, direta ouindiretamente, interesseprivado perante aadministração pública,valendo-se da qualidade defuncionário.

    Há agravante se o interesse éILEGÍTIMO.

    Consuma-se o delito com arealização do primeiro atode patrocínio,independentemente daobtenção do resultadopretendido.

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    ABANDONO DEFUNÇÃO

    Abandonar cargo público, forados casos permitidos em lei.

    Delito OMISSIVOPRÓPRIO. Consuma-secom o afastamento docargo por tempo

     juridicamente relevante.

    EXERCÍCIOFUNCIONAL

    ILEGALMENTEANTECIPADO OU

    PROLONGADO

    Entrar no exercício de funçãopública antes de satisfeitas asexigências legais ou continuara exercê-la, sem autorização,depois de saber oficialmente

    que foi exonerado, removido,substituído ou suspenso.

    Consuma-se o delito nomomento em que ofuncionário pratica oprimeiro ato de ofício.

    VIOLAÇÃO DESIGILO FUNCIONAL

    Revelar fato de que temciência em razão do cargo, eque deva permanecer emsegredo, ou facilitar-lhe arevelação.

    O delito é consumado nomomento do ato darevelação do segredo. Porser um crime formal,independe da realocorrência de dano,bastando a potencialidade.

    VIOLAÇÃO DESIGILO FUNCIONAL

    DE SISTEMAS DEINFORMAÇÃO

    Permitir ou facilitar, medianteatribuição, fornecimento eempréstimo de senha ouqualquer outra forma, oacesso de pessoas nãoautorizadas a sistemas deinformações ou banco dedados da AdministraçãoPública;

    Utilizar, indevidamente, oacesso restrito.

    O delito é consumado nomomento da permissão oufacilitação.

    VIOLAÇÃO DOSIGILO DE

    PROPOSTA DECONCORRÊNCIA

    Devassar o sigilo de propostade concorrência pública ouproporcionar a terceiro oensejo de devassá-lo.

    A consumação ocorre nomomento em que ofuncionário ou o terceirotoma conhecimento doconteúdo da proposta.

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    VIOLÊNCIAARBITRÁRIA

    Praticar violência, no exercíciode função ou a pretexto deexercê-la

    Consuma-se o delito com aprática da violência.

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    PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

    DOS CRIMES PRATICADOSPOR FUNCIONÁRIO PÚBLICOCONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

    Peculato 

    Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outrobem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, oudesviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

    Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

    § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo aposse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona aqualidade de funcionário.

    Peculato culposo 

    § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

    Pena - detenção, de três meses a um ano.

    § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentençairrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a penaimposta.

    Peculato mediante erro de outrem 

    Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício docargo, recebeu por erro de outrem:

    Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

    Concussão 

    Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que forada função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

    Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

    Excesso de exação 

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    PROFESSOR PEDRO IVO

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    CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TRE-PEPROFESSOR PEDRO IVO 

    § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveriasaber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou

    gravoso, que a lei não autoriza:Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

    § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeuindevidamente para recolher aos cofres públicos:

    Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

    Corrupção passiva 

    Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,

    ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagemindevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

    Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

    § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem oupromessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou opratica infringindo dever funcional.

    § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, cominfração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

    Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

    Prevaricação 

    Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, oupraticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ousentimento pessoal:

    Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

    Condescendência criminosa 

    Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinadoque cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:

    Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

    Advocacia administrativa 

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