18
O Processo de Inclusão do Aluno com Síndrome de Down no Ensino Fundamental Lorena Sant’Ana Bazílio (UNICENTRO) [email protected] Ana Flávia Hansel (UNICENTRO) [email protected] Resumo: A presente pesquisa nos mostra que no decorrer do tempo as crianças que possuem necessidades educacionais especiais vem percorrendo um caminho de dificuldades para ter acesso as escolas de ensino regular. Mesmo tendo o direito de frequentar as instituições escolares garantidos por lei, ainda tem-se um longo caminho a percorrer para que os objetivos propostos pela inclusão sejam executados com qualidade no meio escolar. Neste contexto, esta investigação tem como foco verificar o “Processo de Inclusão do aluno com Síndrome de Down no Ensino Fundamental em uma escola da Rede Municipal de Rebouças” e busca analisar como se dá essa inclusão, este trabalho priorizará o estudo de caso de cunho qualitativo de um aluno com Síndrome de Down. O que pode-se vivenciar foi que o verdadeiro objetivo do processo de inclusão não acontece, pois o que realmente acontece é a integração desse aluno na sala de aula regular, pois não são disponibilizados todos os subsídios para que o aluno se desenvolva integralmente na rede regular. Palavras chave: Inclusão, Síndrome de Down, Integração. The Process of Inclusion of Students with Down Syndrome in Primary Abstract This research shows that over time children who have special educational needs is blazing a path of difficulties to have access to mainstream schools. Even having the right to attend educational institutions guaranteed by law, still has a long way to go before the goals proposed by the inclusion are executed with quality in schools. In this context, this research is focused on checking the "Process of Inclusion of students with Down syndrome in elementary education in a school of the Municipal Rebolledo" and seeks to analyze how is this inclusion, this work will prioritize the case study imprint quality of a student with Down Syndrome. What you can experience is the true goal of the inclusion process does not happen, because what really happens is the integration of this student in the regular classroom, they are not available all allowances for the student to fully develop the network regular. Key-words: Inclusion, Down Syndrome, Integration.

down 2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

tcc sindrome de down

Citation preview

  • O Processo de Incluso do Aluno com Sndrome de Down no Ensino

    Fundamental

    Lorena SantAna Bazlio (UNICENTRO) [email protected] Ana Flvia Hansel (UNICENTRO) [email protected]

    Resumo:

    A presente pesquisa nos mostra que no decorrer do tempo as crianas que possuem necessidades educacionais especiais vem percorrendo um caminho de dificuldades para ter acesso as escolas de

    ensino regular. Mesmo tendo o direito de frequentar as instituies escolares garantidos por lei,

    ainda tem-se um longo caminho a percorrer para que os objetivos propostos pela incluso sejam executados com qualidade no meio escolar. Neste contexto, esta investigao tem como foco verificar

    o Processo de Incluso do aluno com Sndrome de Down no Ensino Fundamental em uma escola da Rede Municipal de Rebouas e busca analisar como se d essa incluso, este trabalho priorizar o estudo de caso de cunho qualitativo de um aluno com Sndrome de Down. O que pode-se vivenciar foi

    que o verdadeiro objetivo do processo de incluso no acontece, pois o que realmente acontece a

    integrao desse aluno na sala de aula regular, pois no so disponibilizados todos os subsdios para

    que o aluno se desenvolva integralmente na rede regular.

    Palavras chave: Incluso, Sndrome de Down, Integrao.

    The Process of Inclusion of Students with Down Syndrome in Primary

    Abstract

    This research shows that over time children who have special educational needs is blazing a path of

    difficulties to have access to mainstream schools. Even having the right to attend educational institutions guaranteed by law, still has a long way to go before the goals proposed by the inclusion

    are executed with quality in schools. In this context, this research is focused on checking the "Process

    of Inclusion of students with Down syndrome in elementary education in a school of the Municipal

    Rebolledo" and seeks to analyze how is this inclusion, this work will prioritize the case study imprint quality of a student with Down Syndrome. What you can experience is the true goal of the inclusion

    process does not happen, because what really happens is the integration of this student in the regular

    classroom, they are not available all allowances for the student to fully develop the network regular.

    Key-words: Inclusion, Down Syndrome, Integration.

  • 1 Introduo

    Neste estudo, o tema de pesquisa refere-se ao Processo de Incluso do aluno com

    Sndrome de Down no Ensino Fundamental em uma escola da Rede Municipal de Rebouas

    e busca analisar como se d essa incluso.

    Tendo em vista que o aluno incluso requer uma ateno especial, levando em conta

    suas potencialidades e suas limitaes na aprendizagem, prope-se responder ao seguinte

    questionamento que surge: Como promover a incluso escolar do aluno com Sndrome de

    Down na rede regular de ensino? Com essa resposta busca-se oferecer informaes que se

    fazem necessrias para compreender o processo de incluso educacional do aluno com

    Sndrome de Down, e aprofundar conhecimentos referentes incluso, considerando que a

    direo escolar, os pais e os professores podem auxiliar na construo de um novo olhar e

    uma nova realidade na questo da incluso escolar de alunos com Sndrome de Down.

    O assunto incluso deve ser tratado como um desafio e no considerado como um

    problema, destacando que a educao inclusiva garante que todas as crianas tenham a mesma

    oportunidade de acesso e permanncia na escola, para isso, necessrio que os alunos com

    necessidades especiais tenham o apoio que necessitam. Os alunos especiais no so

    problemas, mas sim, apresentam desafios s instituies escolares, pois as mesmas devem

    encontrar mecanismos que oportunizem e ofeream uma educao de igualdade e qualidade

    para todos.

    O direito do aluno com Sndrome de Down frequentar as instituies escolares e

    participar da sociedade vem sendo abordado e questionado frequentemente, ao ponto de se

    considerar alguns avanos, no que se refere ao histrico das pessoas com necessidades

    especiais e s leis que asseguram o direito de todos educao, como a obrigatoriedade,

    gratuidade, igualdade e permanncia do aluno.

    A discusso em torno da integrao e da incluso cria ainda inmeras e infindveis

    polmicas, atualmente pode-se perceber que a proposta de incluso o sistema adequar-se e

    no a criana ter que se adaptar as regras rgidas estabelecidas, sendo assim, a estrutura

    escolar que deve adaptar-se as necessidades de todos os alunos, favorecendo a incluso e o

    desenvolvimento de todos, crianas com ou sem necessidades educacionais especiais.

    O objetivo da integrao inserir um aluno ou um grupo de alunos que j foram

    anteriormente excludos e a incluso, ao contrrio, o de no deixar ningum fora ou

    margem do ensino regular, desde o comeo da vida escolar. As escolas inclusivas propem

  • um modo de organizao do sistema educacional que considera as necessidades de todos os

    alunos e que estruturado em funo dessas necessidades.

    O seguinte trabalho tem o intuito de analisar e aprofundar conhecimentos no que se

    refere ao processo de incluso do aluno com Sndrome de Down, pode-se destacar que a

    educao no um direito ou privilgio de alguns, e sim um direito de todos, independente

    da realidade emprica que se apresenta. Com essa pesquisa, pretendo me aprofundar nessa

    temtica, considerando que tenho grande interesse de atuar futuramente na rea da educao

    especial. Sendo assim, espera-se investigar as condies de incluso do aluno com Sndrome

    de Down, a fim de verificar como se d o processo de incluso do mesmo. Pode-se perceber

    que a maior carncia no atendimento das crianas com algum tipo de deficincia o

    desconhecimento de suas capacidades e limites para a aprendizagem, barrando o

    desenvolvimento integral desse aluno.

    A presente pesquisa priorizar o estudo de caso de cunho qualitativo de um aluno

    com Sndrome de Down, incluso no 5 ano do Ensino Fundamental, em uma escola da rede

    municipal, situada em Rebouas, e busca analisar como se d a incluso desse aluno, atravs

    da observao direta e indireta e de questionrios, que sero distribudos aos profissionais que

    se encontram diretamente em contato com o aluno, os quais sero relacionados com o

    processo de incluso do mesmo, bem como, os fatores que interferem nessa incluso.

    Acredita-se que a incluso do aluno com Sndrome de Down, seja mesmo um

    desafio, mas possvel, pois, conhecer a proposta de incluso e a Sndrome de Down o que

    representa toda a diferena na maneira de como agir e de contribuir para que a incluso

    realmente acontea, possibilitando assim uma melhor qualidade de educao para todos os

    alunos.

    2 Incluso Escolar

    A palavra incluso tem origem do latim inclusive, que refere-se ao ato de incluir,

    envolver, compreender. Pode-se destacar que a incluso uma luta das pessoas com

    necessidades educacionais especiais e seus familiares buscando a garantia de seus direitos.

    Nos dias atuais a incluso configura uma forma que busca superar as concepes biolgicas e

    fsicas, as pessoas com deficincia ainda so identificadas e socialmente rotuladas, tende-se a

    generalizar as suas limitaes e minimizar suas potencialidades.

    De acordo com Santin e Zych (2011) a incluso necessita de mudanas de valores na

    sociedade e a vivncia de um novo desafio, que no ocorre com simples recomendaes ou

  • cumprimento de leis, mas sim com o conhecimento de reflexes dos profissionais da

    educao, pais, alunos e comunidade, levando em conta a realidade de cada pessoa e o

    contexto social no qual est inserido.

    Martins et al (2006, p.31) destaca que a palavra incluso refere-se : [...] um

    momento histrico de um processo de progresso porque passa a viso de uma sociedade

    relativa deficincia. importante destacar que para as autoras a educao inclusiva

    relaciona-se a prtica da incluso de todos, tendo em vista que o ensino inclusivo um direito

    de todos, e no algo que tenha que ser conquistado, resultado de uma evoluo histrica e

    social que foi conquistada.

    Na legislao internacional referente s pessoas com deficincia, pode-se destacar a

    Declarao dos Direitos Humanos, em 1948, A Declarao Mundial de Educao para Todos,

    em 1990, a Declarao de Salamanca em 1994, a Conveno de Guatemala, 1999 e a

    Declarao de Madrid, em 2002, que aborda a deficincia como uma questo de direitos

    humanos.

    Segundo Santin e Zych (2012) at a dcada de 1950, no era questionada a educao

    de pessoas com necessidades especiais no Brasil, a qual iniciou-se somente no sculo XIX,

    em que a educao especial teve maior ateno das instituies educacionais e dos rgos do

    governo.

    A educao inclusiva no Brasil visa inserir os alunos com necessidades educacionais

    especiais no ensino regular, apoiando-se na Constituio Federal de 1988 (BRASIL, 1988), a

    qual garante a todos o direito igualdade (Art. 5). No artigo 205, trata do direito de todos

    educao, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da

    cidadania e sua qualificao para o trabalho (BRASIL, 1988). No artigo 206, inciso I,

    apresenta como um dos princpios para o ensino a igualdade de condies de acesso e

    permanncia na escola (BRASIL, 1988). Sendo assim a educao regular e a educao

    especial passam a ser integradas ao Sistema Nacional de Educao.

    Em 1989, a CORDE, Lei n7.853/89, foi aprovada e dispe sobre o apoio s pessoas

    com deficincia, sua integrao social, assegurando o pleno exerccio de seus direitos

    individuais e sociais. A Lei n 8.069/90 dispe sobre o Estatuto da Criana e do Adolescente,

    reiterando os direitos garantidos na Constituio Federal quanto ao atendimento educacional

    para as pessoas com deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino.

    A incluso teve seu marco histrico a partir de junho de 1994, na Conferncia

    Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela

    UNESCO, em Salamanca, na Espanha, em que 92 pases assinaram o documento, que tem

  • como principal finalidade: todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possvel

    independente das dificuldades e diferenas que apresentem (DECLARAO DE

    SALAMANCA, 1994).

    O Congresso Nacional, atravs do Decreto Legislativo n 198, de 13 de junho de

    2001, aprovou a lei baseada no disposto da Conveno da Guatemala, que trata da eliminao

    de todas as formas de discriminao contra a pessoa com deficincia e no permite o

    tratamento desigual aos deficientes (BRASIL, 2004).

    Segundo Oliveira (2004), paralelamente a estes documentos, declaraes

    internacionais, como a Declarao Mundial sobre Educao para Todos e a Declarao de

    Salamanca, substanciam movimentos em favor de uma educao inclusiva, afirmando uma

    situao de igualdade de direitos entre os cidados. A Constituio no s garante o direito

    educao, mas tambm o atendimento educacional especializado.

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB) n 9394/96 (BRASIL,

    1996) caracteriza a educao especial em seu artigo 58: Entende-se por educao especial

    para os efeitos dessa lei, a modalidade de educao escolar, oferecida preferencialmente na

    rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. No 2

    pargrafo da referida Lei, assegura: [...] que o atendimento educacional ser feito em classes,

    escolas e servios especializados, sempre que em funo das condies especficas dos alunos

    no for possvel a sua integrao nas classes comuns de ensino regular.

    Vale destacar as polticas educacionais do MEC, no que se refere educao

    inclusiva, com a Lei n10.172/01, que dispe sobre a flexibilidade e a diversidade que cabe

    educao especial e a Resoluo n 2/2001, aprovada pela Cmara de Educao Bsica do

    Conselho Nacional de Educao, a qual estabelece para os sistemas escolares o desafio de se

    organizar para incluir os alunos e atender suas necessidades educacionais especiais. Assim, no

    Brasil estabeleceu-se em Lei o principio de que a escolarizao da criana com necessidades

    educacionais especiais deve ocorrer preferencialmente em escolas regulares e com

    atendimento de qualidade.

    A Conveno sobre os Direitos das pessoas com deficincia (2006/2008), estabelece

    que deve ser exercido o direito de ser iguais na diferena, tem por objetivo promover e

    assegurar o exerccio pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades

    fundamentais de todas as pessoas com deficincia e promover o respeito pela sua dignidade,

    sem qualquer tipo de discriminao.

    Segundo Magalhes (2006), a escola a instituio responsvel pela passagem da vida

    particular e familiar para o domnio pblico, tendo assim funo social reguladora e formativa

  • para os alunos. A ela no constitui discriminao, diferenciao ou preferncia adotada para

    promover a integrao social ou o desenvolvimento pessoal das pessoas com deficincia, e

    sim o direito igualdade dessas pessoas e que elas no sejam obrigadas a aceitar tal

    diferenciao ou preferncia. Estas escolas so um dos principais espaos de construo de

    cidadania e tem papel fundamental em seu desenvolvimento. na convivncia coletiva que

    aprendemos a exercer a cidadania, a conhecer e a conviver com as diferenas.

    De acordo com Mantoan (2006) os sistemas escolares tambm esto montados a partir

    de um pensamento que recorta a realidade, que permite dividir os alunos em normais e

    deficientes, as modalidades de ensino em regular e especial, os professores em especialistas,

    nesta e naquela manifestao das diferenas. A lgica dessa organizao marcada por uma

    viso determinista, mecanicista, prpria do pensamento cientfico moderno, que ignora o

    subjetivo, o afetivo, o criador, sem os quais no conseguimos romper com o velho modelo

    escolar, para produzir a reviravolta que a incluso impe.

    Essa reviravolta exige, em nvel institucional, a extino das categorizaes e das

    oposies excludentes iguais/diferentes, normais/deficientes e em nvel pessoal, o qual

    busque articulao, flexibilidade, interdependncia entre as partes que se conflitavam nos

    nossos pensamentos, aes, sentimentos. Essas atitudes diferem muito das que so tpicas das

    escolas tradicionais em que ainda persiste e na qual fomos formados para ensinar.

    Como afirma Morin (2001), para se reformar a instituio temos de reformar as

    mentes, mas no se pode reformar as mentes sem uma prvia reforma das instituies, uma

    vez que ao falar de Integrao Incluso entendemos, pela distoro/reduo de uma ideia, a

    nos desviar dos desafios de uma mudana efetiva de nossos propsitos e prticas.

    Os dois vocbulos - integrao e incluso - conquanto tenham significados

    semelhantes, so empregados para expressar situaes de insero diferentes e se

    fundamentam em posicionamentos terico-metodolgicos divergentes.

    necessrio destacar que o processo de integrao escolar tem sido entendido de

    diversas maneiras. O uso do vocbulo integrao refere-se mais especificamente insero

    escolar de alunos com deficincia nas escolas comuns, mas seu emprego encontrado at

    mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiais para pessoas com deficincia, ou

    mesmo em classes especiais, grupos de lazer, residncias para deficientes.Pela integrao

    escolar, o aluno tem acesso s escolas por meio de um leque de possibilidades educacionais,

    que vai da insero s salas de aula do ensino regular ao ensino em escolas especiais.

  • Mantoan (2006) destaca que o processo de integrao ocorre dentro de uma estrutura

    educacional, que oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar, da classe

    regular ao ensino especial, em todos os seus tipos de atendimento.

    Nas situaes de integrao escolar, Mantoan (2006) afirma que nem todos os alunos

    com deficincia cabem nas turmas de ensino regular, pois h uma seleo prvia dos que

    esto aptos insero. Para esses casos, so indicados: a individualizao dos programas

    escolares, currculos adaptados, avaliaes especiais, reduo dos objetivos educacionais para

    compensar as dificuldades de aprender. Em uma palavra, a escola no muda como um todo,

    mas os alunos tm de mudar para se adaptarem s suas exigncias.

    A integrao escolar pode ser entendida como o especial na educao, ou seja, a

    justaposio do ensino especial ao regular, ocasionando um inchao desta modalidade, pelo

    deslocamento de profissionais, recursos, mtodos, tcnicas da educao especial s escolas

    regulares.

    J a incluso objetiva-se em incluir os alunos com necessidades educacionais especiais

    no ensino regular, desde o incio da vida escolar, oferecendo todo o suporte que o aluno

    necessita para seu desenvolvimento pessoal e social.

    Nem todas as diferenas necessariamente inferiorizam as pessoas. H diferenas e h

    igualdades, e nem tudo deve ser igual e nem tudo deve ser diferente. Como ressalta Santos

    (1995), preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos

    descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferena nos inferioriza.

    Mesmo sob a garantia da lei, podemos encaminhar o conceito de diferena no que se

    refere aos preconceitos, a discriminao, a excluso, como tem acontecido com a maioria de

    nossas polticas educacionais. Problemas conceituais, desrespeito a preceitos constitucionais,

    interpretaes tendenciosas de nossa legislao educacional, preconceitos distorcem o sentido

    da incluso escolar, reduzindo-a unicamente insero de alunos com necessidades

    educacionais especiais no ensino regular.

    Se antes a integrao defendia o discurso da igualdade abstrata entre os homens,

    afirmando que todos so iguais, agora, o princpio da incluso afirma que todos ns somos

    diferentes, e por isso, devemos permanecer juntos. Dessa forma, somos igualados agora, pela

    diferena, pois, o que temos de comum ou de igual a evidente constatao de que todos ns

    somos diferentes.

    3 Aspectos referentes Sndrome de Down

  • Werneck (1995, p.60) destaca que a palavra Sndrome vem do grego Syndrom, que:

    [...] quer dizer conjunto de sinais e sintomas que caracterizam um determinado quadro

    clnico.

    A verdadeira causa da Sndrome de Down foi identificada pelo cientista francs

    Jerome Lejeune, em 1958, estudando os cromossomos dessas pessoas, percebeu que ao invs

    de 46 cromossomos, elas tinham 47, ou seja, um a mais. Ele conseguiu identificar que o

    cromossomo extra encontra-se no par 21, assim, a sndrome tambm pode ser chamada de

    trissomia do par 21. Trata-se do resultado de um acidente gentico que pode ocorrer com

    qualquer casal, independente da idade (SANTIN; ZYCH, 2012).

    Na viso de Werneck (1995, p.57), a Sndrome de Down: um atraso no

    desenvolvimento neuropsicomotor, ou seja, a criana com Sndrome de Down senta,

    engatinha, anda, sustenta a cabea e fala mais tardiamente do que as crianas ditas normais e

    isto se d devido a alterao no cromossomo 21, no incio da gestao materna. Por se tratar

    de uma alterao na formao gentica da criana, a Sndrome de Down no tem cura,

    entretanto, uma boa educao, estimulao e dedicao resultaro em um desenvolvimento

    mximo e independente do potencial da criana.O diagnstico clnico pode ser detectado nos

    primeiros momentos de vida, a criana com Sndrome de Down apresenta caractersticas

    fenotpicas diferenciadas, sendo a deficincia mental a nica caracterstica presente em todos

    os casos.

    Werneck (1995) comenta que a ser percebidas as caractersticas necessrio fazer

    um exame chamado caritipo, o qual realizado a partir dos cromossomos e que confirma o

    diagnstico da sndrome de Down. Algumas caractersticas fsicas contribuem para a

    realizao do diagnstico da Sndrome de Down, pois geralmente so pessoas que apresentam

    baixo peso e tamanho no nascimento, flacidez muscular, pescoo curto e grosso, rosto

    redondo, prega na plpebra superior no canto interno dos olhos, lngua grande e flcida, nariz

    pequeno e um pouco achatado, orelhas pequenas, mos pequenas com dedos curtos, ps

    pequenos largos e grossos, prega palmar nica, cabelo liso e fino, dentio irregular e tardia.

    Alm das caractersticas fsicas citadas, a criana com Sndrome de Down apresenta

    outros aspectos, como a deficincia mental, problemas cardacos, m formao congnita e

    respiratria, leucemia e doena de Alzheimer em alguns casos (WERNECK, 1995).

    As crianas com deficincia passam pelos mesmos estgios da criana normal, apenas

    com lentido. Na semelhana entre hierarquias das construes de conceitos, os normais e

    deficientes no apresentam quaisquer diferenciaes estruturais, mas funcionais.Mantoan

    (1991, p. 55) conclui que:

  • J ficou claro que a inteligncia dos deficientes evolui na medida em que se atua

    pedagogicamente em duas frentes: a que se refere solicitao do desenvolvimento

    das estruturas mentais e a que propicia uma melhoria de condies de

    funcionamento intelectual. Tm-se, portanto de assegurar ao sujeito cognitivamente

    prejudicado uma ao concomitante de apoio e estimulao da construo de seus

    instrumentos intelectuais (estrutura mental) e de utilizao mais ampla, adequada e

    eficiente dos mesmos na resoluo de situaes-problemas (funcionamento

    intelectual).

    De acordo com Schwatzman (2003) a criana pode falar de forma mais clara, quando

    imita palavras que acabaram de serem ditas por outra pessoa, do que quando ela prpria tem

    que lembrar as palavras para comunicar-se.

    Os bebs com Sndrome de Down parecem ser menos responsivos para as palavras

    ditas pela me, assim como para estimulaes no verbais, como sorrisos, caretas, gestos,

    normalmente sorriem e vocalizam menos do que outros bebs.

    Schwartzman (2003, p. 234) destaca que:

    A Sndrome de Down limita o desenvolvimento, pois a deficincia que as crianas

    apresentam as impedir de absorver todos os estmulos oferecidos pelo meio.

    Evidentemente, conseguiro superar, embora tardis etapas da vida [...]. a ausncia de

    estmulos na Sndrome de Down significa regresso, at mesmo na fase adulta,

    porque frgeis conexes neuronais podem diminuir por falta de estimulao.

    A estimulao da criana com Sndrome de Down em todos os seus aspectos de

    grande relevncia para o desenvolvimento da criana, a qual consiste num processo contnuo

    de interao, envolve aes como: motivar, ensinar, aproveitar momentos e objetos e relaes

    para transformar em conhecimento e aprendizado.

    Bibas (1999, p.01) argumenta que:

    [...] a estimulao fcil, basta associar trs sentimentos importantes: amor, bom-

    senso e vontade de ensinar, de superar os limites de um diagnstico medico possa ter dado ao seu filho. [...], pois na famlia que a criana passa a maior parte de seu

    tempo, no espao de seu lar que ter mais experincias, e so seus pais e irmos os

    maiores interessados em seus progressos. Aos poucos, os familiares se descobriro

    estimulantes e estimuladores, medida que a estimulao vai se tornando to natural

    que passa a fazer parte do cotidiano de cada um.

    Sendo assim a estimulao de grande importncia, pois se bem estimulada a

    criana com Sndrome de Down poder participar da vida familiar e assim estar inserida no

    meio social e consequentemente no contexto educacional.

  • A idade materna ainda um fator de risco no que se refere ao nascimento de um filho

    com Sndrome de Down, pois quanto maior for idade materna, maior ser a incidncia de

    Sndrome de Down.

    Em relao idade materna, Werneck (1995, p.76) destaca que:

    A maioria das pessoas ainda acredita que a idade materna a nica varivel bem

    definida capaz de influenciar no nascimento de um filho com Sndrome de Down. [...] medida que a mulher envelhece, seus vulos envelhecem tambm. Isto daria

    margem a maior ocorrncia de fetos malformados de modo geral. Aps os 35 anos,

    os riscos aumentam consideravelmente.

    Nesse aspecto, a educao para alunos com Sndrome de Down deve estimular o

    desenvolvimento de suas habilidades e deve ser adaptada de acordo com o potencial e as

    necessidades de cada criana, favorecendo o pleno desenvolvimento social, mental e

    expressivo aceitando-a em seu meio, estimulando e proporcionando sua insero na

    sociedade.

    Werneck (1995, p.164) argumenta que: [...] Os portadores de Sndrome de Down

    tem capacidade de aprender, dependendo da estimulao recebida e da maturao de cada um,

    o desenvolvimento afetivo e emocional da criana tambm adquire papel importante [...].

    O aluno com Sndrome de Down pode ser educado, pode vir a falar bem, a ler e

    escrever, ser independente nas atividades dirias, e pode ser inserido no mercado de trabalho,

    assegurado por lei, desde que seja estimulado a ter sua vida social independente.

    4 A Escola e a Sndrome de Down

    Segundo Mantoan (2006), a incluso escolar um meio de mudar o conceito de que

    o fracasso escolar responsabilidade somente do aluno e com isso perceber que um

    resultado do prprio sistema educacional ministrado nas instituies escolares. A autora

    continua, ressaltando que o professor se esconde na antiga maneira de ensinar e rotula seus

    alunos. Sendo assim, a segregao acontece, de maneira consciente ou no, pois criam

    espaos e programas para atender aos alunos rotulados como agressivos, hiperativos,

    deficientes, entre outros.

    Mantoan (2006) destaca que a escola apresenta-se em diversas formas de ser, em

    consequncia, uma escola que abriga o aluno em suas peculiaridades e manifestaes

    intelectuais, sociais, culturais e fsicas, sendo assim, os alunos so simplesmente alunos, esto

    na escola para aprender a ser um cidado crtico e autnomo e no devem ser rotulados em

    moldes e esteretipos.

  • Segundo Mantoan (2006, p.45): Em suma: as escolas de qualidade so espaos

    educativos de construo de personalidades humanas autnomas, crticas, onde crianas e

    jovens aprendem a ser pessoas.

    Em relao ao profissional da educao, Schwartzman (2003, p.238) argumenta que:

    importante no queimar etapas e seguir o roteiro adredemente fixado: estimular o

    desenvolvimento da criana, respeitar sua evoluo gradativa e aguardar o momento

    exato para iniciar uma nova aprendizagem. [...] devem levar em considerao as

    possibilidades de aprendizagem da criana e a motivao necessria para que

    participe ativamente [...].

    Segundo Mantoan (2006), muitos profissionais da educao esperam aprender

    tcnicas e diretrizes pedaggicas de como ensinar crianas especiais. Contudo, ensinar dentro

    da perspectiva da incluso, exige reestruturar e dar um novo significado ao papel do

    professor.

    Nas palavras de Werneck (1995, p.162) em relao educao da criana com

    Sndrome de Down:

    [...] intervm tanto na famlia, na escola, como na sociedade. uma atividade que

    deve comear a partir do nascimento, como uma estimulao capaz de integr-la

    progressivamente ao meio ambiente e vida social. Sem dvida, a participao ativa

    da famlia decisiva para o desenvolvimento integral da criana [...] estudos vem

    demonstrando que o progresso de alunos que foram estimulados desde bebs mais

    acelerado do que o dos que receberam tardiamente ou que nunca a tiveram.

    A educao da criana com de Sndrome de Down inicia-se desde o seu nascimento,

    com o auxlio de sua famlia e procede-se na escola e na sociedade. importante que todas as

    potencialidades do conhecimento sejam estimuladas, principalmente no caso de alunos com

    Sndrome de Down, que necessitam de maior atendimento e ateno para que assim se

    desenvolvam integralmente. Sendo assim, necessrio estruturar melhor as instituies

    escolares e rever suas formas de atuao, para que de fato, possa ser oferecido um ensino de

    qualidade no somente s crianas com necessidades especiais, mas todos, e conscientizar

    os demais alunos, para que compreendam e contribuam para a incluso social.

    5 Anlise dos dados

    A anlise dos dados coletados foi realizada por meio de obseravaes feitas em sala

    de aula, bem como, uma diviso categorial do roteiro da entrevista realizada com a professora

    da referida escola.

  • O tipo de pesquisa ser qualitativa, na qual os dados coletados seram analisados pela

    tcnica de Anlise de Contedo, que de acordo com Bardin (1977, p.137) constitui um bom

    instrumento de induo para se investigarem as causas a partir de seus efeitos [...]. A autora

    afirma que a a anlise categorial serve de base para descrever as principais fases de uma

    anlise de contedo.

    5.1 Observao

    Foi realizada a observao em uma sala de 5 ano, no perodo matutino, em uma

    escola municipal, localizada no municpio de Rebouas/PR. Esta escola contm uma sala

    inclusiva, na qual encontram-se 30 alunos, uma professora e uma estagiria, que serve de

    apoio pedaggico para auxiliar o aluno incluso.

    Pode-se perceber que o aluno carinhoso e afetivo, s vezes teimoso e agressivo,

    dependo da situao e do ambiente, muda de comportamento constantemente, dispera sua

    ateno rapidamente, realiza suas atividades com atendimento individual, no consegue faz-

    las de forma independente, desistindo facilmente. Muitas vezes no controla suas emoes,

    sendo impulsivo. Se contrariado se isola de todos, sendo difcil faz-lo voltar novamente

    sala de aula.

    Mills (2003) argumenta que educar uma criana com Sndrome de Down exige alm

    da integrao social com os colegas, um momento de atendimento individualizado por parte

    do professor que deve considerar as dificuldades do aluno. Sendo assim, o profissional deve

    utilizar-se de todos os recursos de que dispe. Para que a educao inclusiva tenha um bom

    xito necessrio o trabalho em conjunto: equipe pedaggica, famlia e sociedade, todos, sem

    nenhum preconceito, com a finalidade de proporcionar qualidade de ensino e garantir ao

    indivduo com necessidades especiais, melhores oportunidades na sociedade.

    Quanto est de bom humor, demonstra-se feliz e canta na sala de aula para chamar a

    ateno dos demais, entretanto quando est nervoso difcil a interao com ele, pois prefere

    ficar sozinho, xinga e ameaa agredir os que tentam se aproximar dele.

    Devido s suas dificuldades de linguagem e comportamento est em atendimento

    com a psicloga e fonoaudiloga e frequenta a sala de recursos.

    No que se refere as atividades propostas, realiza as que lhe convm, no concentra-se

    por muito tempo, cansando rpido, diz que j sabe, est cansado, faz amanh, para finalizar

    uma atividade, necessita de muita insistncia e ajuda individual, demonstra interesse na

    realizao de caa-palavras e cruzadas, no gosta de ditado e cpia, sendo necessria a

    adaptao curricular. Tem bom relacionamento com todos da escola, participa de algumas

  • atividades em grupo, nem sempre segue e cumpre regras estabelecidas pela escola, no tem

    cuidado com seu material e pertences, necessitando sempre de orientao para guardar e

    organizar seus pertences.

    Os profissionais que atuam na educao e tambm com alunos com Sndrome de

    Down devem proporcionar todo o apoio necessrio, criando assim situaes que despertem o

    interesse, a interao e a participao dos alunos nas atividades propostas, tendo em vista que

    o aluno com Sndrome de Down no concentram-se atividades extensas, sendo assim, as

    atividades selecionadas pelo professor devem facilitar sua aprendizagem e no dificult-la.

    Quanto a coordenao motora lenta e seu traado de letra muito bom, apresenta

    boa oralidade e se expressa muito bem, entretanto s vezes no consegue-se entend-lo devido

    problemas na fala, prprios da Sndrome de Down, fala dentro do possvel, l corretamente

    as palavras e textos, em tom de voz baixa, um pouco meio sem ritmo e entonao, mas l,

    sabe interpretar o que leu e conta oralmente uma histria. O mesmo gosta de fantasiar, fala

    coisas que no tem muito a ver com o que est sendo trabalhado no momento.

    Benatti (1989) destaca que a criana com Sndrome de Down apresenta reaes mais

    lentas do que as outras crianas, devido a um atrasso no desenvolvimento das funes motoras

    e das funes mentais, que do origem hipotomia, a hipotomia muscular faz com que a

    criana apresente um desiquilbrio de fora nos msculos da boca e da face, o que ocasiona:

    [...] alteraes na arcada dentria, projeo maximilar inferior e posio inadequada

    da lngua e dos lbios, com a boca aberta e a lngua sempre para fora, o que acaba

    alterando a forma do cu da boca. Esses fatores, dentre outros, fazem com que os

    movimentos fiquem mal coordenados e a articulao dos fonemas imprecisa e

    prejudicadas. (BENATTI, 1989, p 3)

    Sua produo escrita limitada e lenta, possui alguns erros ortogrficos, resolve

    atividades gramaticais somente com auxlio. Na matemtica faz uso frequente da calculadora

    para clculos e operaes, no memoriza as tabuadas, tem dificuldade no clculo mental e na

    interpretao de problemas.

    Bissoto (2005) destaca que estudos recentes referentes aos processos de

    aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo de crianas com Sndrome de Down

    demonstram que eles necessitam do uso de recursos educacionais visuais que o auxiliem no

    processo educativo. Sendo assim, o uso de sinais, imagens e gestos associados a fala do

    professor diminui as dificuldades de comunicao e melhora a fala, a linguagem e todos os

    aspectos cognitivos da criana.

  • Nas aulas de Educao Fsica participa dos jogos e brincadeiras propostas, entretanto

    nas aulas de Ensino Religioso e Artes sai da sala frequentemente, fica irritado e no participa

    das aulas devido a agitao da turma, normalmente fica retrado em um canto da escola e

    reage de forma negativa se algum tenta se aproximar.

    Schwartzman (2003, p.58) afirma que:

    [...] crianas com Sndrome de Down tem grandes diferenas no que se refere s

    suas personalidades e podem apresentar, da mesma forma que indivduos sem

    alteraes cromossmicas, distrbios do comportamento, desordens de conduta ou

    outros quadros neuropsiquitricos.

    Pode-se perceber que a proposta de educao inclusiva no se concretiza, pois a

    mesma deve proporcionar meios pelos quais o aluno possa se desenvolver integralmente e

    principalmente, que a aprendizegem desse aluno ocorra de maneira produtiva , no apenas na

    socializao do mesmo, mas sim em todo o contexto escolar, gerando assim uma educao de

    qualidade.

    5.2 Entrevista: O olhar da professora diante da incluso do aluno com Sndrome de

    Down

    Foi realizada uma entrevista com a professora e com base no roteiro de questes

    levantaram-se as seguintes categorias para anlise:

    a) Concepo de incluso da professora

    b) Caractersticas do aluno com Sndrome de Down na incluso

    c) Aprendizagem do aluno, socializao e relao professor e aluno

    d) Adaptao curricular com foco no ensino aprendizagem e aspectos pedaggicos

    da incluso

    f) Incluso na sala de aula e na escola

    A incluso na sala de aula regular um direiro garantido por lei, visando a qualidade

    de ensino para todos. Como destaca Karagiannis (1999), o qual refere-se incluso de alunos

    com deficincia no ensino regular como uma barreira que precisa ser derrubada, pois

    essencial o convvio destas crianas com outras, no continuando em locais segregados, nos

    quais no se valoriza a diversidade. Sendo assim, essa convivncia facilita a oportunidade de

    interao e insero no contexto social.

    Sobre a concepo de incluso da professora, ela respondeu:

  • Incluso permitir com que o indivduo tenha acesso ao meio comum e tenha seus direitos

    garantidos. E a incluso realmente acontece quando, na escola, professores e alunos aprendem a

    conviver com as diferenas .

    Para Fullan citado por Schwartzman (2003, p.258): a incluso resulta de um

    complexo processo de integrao, de mudanas qualitativas e quantitativas, necessrias para

    definir e aplicar solues adequadas. Sendo assim essencial que as instituies escolares

    criem um novo modelo, implantando escolas abertas a novos desafios, mais flexveis.

    A segunda categoria ir discutir as caractersticas do aluno com Sndrome de Down

    na incluso. A professora entrevistada nos relatou que:

    um aluno que apresenta afetividade, demonstra carinho e se apega com quem lhe ensina. Apresenta

    tambm variao de comportamento, dependendo da situao e do ambiente, demonstra desordem de

    conduta.

    As crianas com Sndrome de Down tambm apresentam um atraso na aquisio da

    linguagem, desenvolvimento da fala, bem como, em todo processo de comunicao. Outro

    aspecto de grande relevncia no desenvolvimento dos processos cognitivos a ateno, sendo

    que o dficit de ateno observado em pessoas com Sndrome de Down pode comprometer

    seu envolvimento em tarefas e sua maneira de explorar o meio social (WERNECK, 1995).

    Sobre a aprendizegem do aluno, socializao e relao professor e aluno, a

    professora argumentou:

    O aluno tem uma aprendizagem mais demorada, complexa, tambm devido ao seu desenvolvimento

    mental, tendo dificuldade em ler e escrever. Com o aluno Down deve-se aproveitar os momentos de

    bom humor e interesse na hora de ensinar. Em relao socializao , o mesmo apresenta

    dificuldade para socializar-se, mas permite que alguns alunos chegem at ele para ajud-lo. A

    relao professor/aluno se estabelece atravs da confiana e afeto que lhe passada.

    Cassarin (2003) destaca que estudos afirmam uma aparente desordem na sequncia

    cronolgica no desenvolvimento de pessoas com Sndrome de Down, sendo necessrio

    considerar que o desenvolvimento cognitivo dessa criana no somente mais lento, mas

    principalmente, um processo que se d de forma distinta, mais individual, intrinsicamente na

    relao professor e aluno.

    Outra categoria levantada a adaptao curricular com foco no ensino aprendizagem

    e aspectos pedaggicos da incluso, pois quando se trabalha com o aluno com Sndrome de

    Down, se faz necessrio a adaptao curricular, para que se possa acontecer uma

    aprendizagem de qualidade. No cabendo somente aos professores, mas sim a toda equipe

    pedaggica analisar e estruturar um currculo diferenciado para esse aluno. A professora

    entrevistada destacou que:

  • Percebendo o que o aluno no consegue fazer ao mesmo tempo que a turma feita a adaptao.

    Auxilia-se, ento, o aluno com materiais especficos para que o mesmo possa aprender o contedo de

    maneira apropriada.

    A criana com Sndrome de Down nasce com limitaes provenientes da prpria

    necessidade especial, se ela encontrar mais dificuldades e limitaes no meio em que vive,

    seu desenvolvimento integral ser ainda mais afetado. Sendo assim, o que ela necessita so de

    pessoas sua volta que acreditem, incentivem e invistam na sua capacidade de

    desenvolvimento integral.

    A ltima categoria analisada verificar se h realmente a incluso na sala de aula e

    na escola, na qual a professora argumentou:

    Sim, pois mesmo que o aluno resista em participar de algumas atividades sempre ele est se

    envolvendo, j que a turma bem compreensiva e se interage bem com o aluno Down. Os demais

    alunos e a escola aceitam e interagem muito bem com os alunos inclusos.

    Voivodic destaca que (2004, p.18):

    evidente que devido s suas caractersticas especificas, oriundas de sua

    deficincia, as crianas com Sndrome de Down necessitam de uma ao educativa

    adequada para atender suas necessidades educativas especiais. No h como

    implementar processos de incluso que visem de fato a uma escolarizao de

    qualidade, sem levar em conta s caractersticas da criana com deficincia.

    O essencial que as escolas estejam preparadas para incluir adequadamente as

    crianas com Sndrome de Down, respeitando suas necessidades e procurando criar condies

    favorveis uma educao de qualidade, contribuindo para concretizar a desmistificao do

    preconceito.

    6 Consideraes finais

    Para que a incluso seja de qualidade necessro o apoio de polticas pblicas

    voltadas incluso e que sejam realmente implantadas na sociedade, com o intuito de

    proporcionar melhores condies para as pessoas com necessidades educacionais especiais.

    Apesar da complexidade que a educao das crianas com Sndrome de Down exige,

    possvel que ela seja de qualidade, entretanto necessrio o apoio entre famlia e escola

    para o bom xito da educao inclusiva, essencial que o trabalho seja em conjunto, com a

    finalidade de proporcionar qualidade de ensino e garantir ao aluno com necessidades

    educacionais especiais melhores oportunidades na sociedade.

  • A educao escolar inclusiva influncia de forma positiva no desenvolvimento da

    criana com Sndrome de Down sendo essencial uma boa educao e estimulao para que a

    criana se desenvolva.

    Pode-se perceber com a pesquisa realizada que na escola h a integrao do aluno

    com Sndrome de Down, pois o mesmo inserido na escola e no so dados todos os

    subsdios para que ele se desenvolva integralmente, nesse contexto, para que uma incluso de

    qualidade ocorra realmente, necessrio algumas mudanas.

    Incluso no significa somente o aluno estar incluso na escola, significa estar

    inserido na escola, tendo todos os subsdios necessrios para que a incluso acontea,

    aprendendo, participando e desenvolvendo suas potencialidades, pois a incluso um

    processo de aprendizado para ambas as partes, incentivando a criana em seu

    desenvolvimento intelectual e emocional, o qual depende tambm do processo de interao do

    sujeito com o outro e com o meio social, A escola um importante segmento social que

    contribui para o desenvolvimento da criana com Down, favorecendo o descobrimento de

    novas conquistas, estmulo para a linguagem oral e escrita, a comunicao e expresso.

    Incluir significa tambm uma parceria, reconhecer o outro, aceitar e ser aceito. A

    escola deve trabalhar esse processo de forma conjunta, sendo assim, necessita da ajuda tanto

    da sociedade como da famlia. Sendo a famlia o mais importante e o primeiro contato da

    criana com Sndrome de Down, oferecendo o suporte para a ampliao do contato social com

    o mundo e com os elementos da sociedade juntamente com a escola.

    Referncias

    BIBAS, Josiane Mayr. Guia de estimulao para a criana com Sndrome de Down. Curitiba: Ed, DEAG-

    LEGRAF Banestado, 1999.

    BENATTI, Aureni Martins; et all. Sndrome de Down: Estimulao da fala e linguagem. So Paulo, Ed. Projeto

    Down, 1988.

    BISSOTO, M. L. O desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem do portador de Sndrome de

    Down:revendo concepes e perspectivas educacionais. Cincia e Cognio; ano 02, Vol. 04, maro/2005.

    Disponvel em: www.cienciasecogniao.org. Acesso em 13/06/2013.

    BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Senado Federal:1988.

    BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Ministrio da Educao, 1996.

    BRASIL/MINISTRIO PBLICO FEDERAL, FUNADAAO Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva

    organizadores. O acesso de alunos com deficincia s escolas e classes comuns de rede regular. Braslia:

    Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado, 2004.

    CASARIN, Sonia. Aspectos psicolgicos na Sndrome de Down. In: Jos Salomo Schwartzman. (Org.).

    Sndrome de Down. 2 ed. So Paulo: Mennom: Mackenzie, 2003. P. 263-280.

    CURITIBA, Diretrizes Curriculares da Educao Especial Para A Construo de Currculos Inclusivos.

    Secretaria de Estado da Educao. Curitiba, 2006. MEMVAVMEM Editora.

  • DECLARAO DE SALAMANCA. Declarao de Salamanca e linhas de ao sobre necessidades

    educativas. Braslia: UNESCO, 1994.

    GENTILI, Pablo (Org.): Pedagogia da Excluso. Petrpolis, Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1995.

    GONSALVES, Elisa Pereira. Conversas sobre Iniciao Pesquisa Cientifica. 4 Ed. Campinas, SP: Editora

    Alnea, 2007.

    KARAGIANNIS, Anastasios; STAINBACK, Willian; STAINBACK, Susan.Incluso: um guia para

    educadores. Porto Alegre: Artmed, 1999.

    MATTOS,Rafael da SilvaRevista Filosofia Capital ISSN 1982 6613 Vol. 5, Edio 11, Ano 2010.

    MANTOAN, Maria Teresa Egler. A Integrao de pessoas com deficincia: contribuies para uma reflexo

    sobre o tema. So Paulo: Memnon. Editora SENAC, 1997.

    MANTOAN, Maria Tereza Egler. Incluso escolar o que ? por que? Como fazer? 2. Edio. So Paulo: Moderna, 2006.

    _____________, M. T. E. Incluso Escolar caminhos e descaminhos, desafios, perspectivas. Disponvel em:

    http://www2.varzeapaulista.sp.gov.br/educar/wpontent/uploads/2009/06/inclusoeducacionaldosalunosvp.pdf.

    Acesso em 11/06/2012.

    _____________, M. T. E. Caminhos pedaggicos da incluso (2002).Disponvel em:

    http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=83:caminhos-

    pedaggicos-dainclusao&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17. Acesso em 11/06/2012.

    MARTINS, Lucia de Araujo Ramos, et al. Incluso: compartilhando saberes. Petrpolis: Vozes, 2006.

    MILLS, Nancy Derwood. A educao da criana com Sndrome de Down. In: SCHWARTZMAN. Jos

    Salomo. Sndrome de Down. 2 ed. So Paulo: Memnom: Mackenzie, 2003.

    OLIVEIRA, I. A. Saberes, imaginrios e representaes na educao especial. Petrpolis: Ed. Vozes, 2004.

    SANTIN, Andrieli Alves da Cruz; ZYCH, Anzia Costa. O Processo de Incluso Educacional das Crianas

    com Sndrome de Down. I Seminrio de Pedagogia: Educao e Prtica Pedaggica.

    SANTIN, Andrieli Alves da Cruz; ZYCH, Anzia Costa. Apoio Familiar na Incluso de Crianas com

    Sndrome de Down no Ensino Regular. 4 Congresso Internacional de Educao, Pesquisa e Gesto, 2012.

    SCHWARTZMAN, Jos Salomo. Sndrome de Down. 2. Ed. So Paulo: Ed. Memnon: Mackenzie, 2003.

    SILVA, Yara Cristina Romano. Psicomotricidade Relacional: O Adulto Diante da Criana na Educao

    Infantil. In: Encontro Internacional de Produo Cientfica, VII, 2011, CESUMAR, Maring.

    VOIVODIC, Maria Antonieta M.A. Incluso escolar de crianas com Sndrome de Down. 2. Ed. Petrpolis:

    Vozes, 2004.

    WERNECK, Claudia. Muito prazer, eu existo: um livro sobre pessoas com Sndrome de Down. 4. Ed. Rio de Janeiro: WWA, 1995.