11
Monitoramento dos impactos ambientais das atividades agrícolas na qualidade das águas superficiais Luís Gonzaga de Toledo Analista Ambiental Ibama – Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental e-mail: [email protected] Distribuição das águas superficiais As águas superficiais representam apenas 0,14% de toda água existente no planeta, havendo uma intensa troca entre os diversos ambientes armazenadores de água superficial. Esta mobilidade entre os compartimentos hídricos superficiais ocasiona uma dificuldade no estabelecimento de suas reservas, provocando desta maneira um efeito de sazonalidade que dificulta generalidades tanto em termos quantitativos quanto em termos qualitativos. O reflexo desta complexidade fica evidente nos tempos de residência da água nos diferentes compartimentos, que para as águas superficiais variam entre alguns dias ate meses em media, enquanto que para as águas subterrâneas e geleiras o tempo de residência na maioria dos casos situa-se na faixa de décadas e séculos (vide figura 1). Por ai tem a noção da variabilidade quali-quantitativa que as águas superficiais estão sujeitas, seja pela influência do comportamento natural do ciclo hidrológico ou pelo uso que o homem faz do recurso hídrico. Acrescente-se que esta disponibilidade influencia de maneira efetiva na demanda pelos recursos hídricos, que por si só, acaba influenciando a qualidade da água. No caso do Brasil, por possuir cerca de 12% da disponibilidade hídrica superficial do planeta, a heterogeneidade das águas superficiais também é maior. Quanto ao uso, o Brasil caminha para uma situação similar aos paises desenvolvidos em que o uso agrícola tem predominância sobre os demais: doméstico e industrial. Embora em termos nacionais tenhamos “abundância” de água, as diferenças regionais de disponibilidade hídrica é fonte de conflito quanto ao uso. - 1 -

Downloads Artigos Monitoramento Dos Impactos Ambientais Luis Toledo (1)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

gestao ambiental

Citation preview

  • Monitoramento dos impactos ambientais das atividades agrcolas na

    qualidade das guas superficiais Lus Gonzaga de Toledo

    Analista Ambiental Ibama Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental e-mail: [email protected]

    Distribuio das guas superficiais

    As guas superficiais representam apenas 0,14% de toda gua existente no planeta,

    havendo uma intensa troca entre os diversos ambientes armazenadores de gua superficial. Esta

    mobilidade entre os compartimentos hdricos superficiais ocasiona uma dificuldade no

    estabelecimento de suas reservas, provocando desta maneira um efeito de sazonalidade que

    dificulta generalidades tanto em termos quantitativos quanto em termos qualitativos. O reflexo

    desta complexidade fica evidente nos tempos de residncia da gua nos diferentes

    compartimentos, que para as guas superficiais variam entre alguns dias ate meses em media,

    enquanto que para as guas subterrneas e geleiras o tempo de residncia na maioria dos casos

    situa-se na faixa de dcadas e sculos (vide figura 1).

    Por ai tem a noo da variabilidade quali-quantitativa que as guas superficiais esto

    sujeitas, seja pela influncia do comportamento natural do ciclo hidrolgico ou pelo uso que o

    homem faz do recurso hdrico. Acrescente-se que esta disponibilidade influencia de maneira

    efetiva na demanda pelos recursos hdricos, que por si s, acaba influenciando a qualidade da

    gua.

    No caso do Brasil, por possuir cerca de 12% da disponibilidade hdrica superficial do

    planeta, a heterogeneidade das guas superficiais tambm maior. Quanto ao uso, o Brasil

    caminha para uma situao similar aos paises desenvolvidos em que o uso agrcola tem

    predominncia sobre os demais: domstico e industrial. Embora em termos nacionais tenhamos

    abundncia de gua, as diferenas regionais de disponibilidade hdrica fonte de conflito

    quanto ao uso.

    - 1 -

  • H de reforar a idia de que a abundncia aqui mencionada envolve o conceito de gua

    de boa qualidade para o uso a que se destina. Desta maneira, associando-se ao binmio

    qualidade-quantidade, justamente nas regies com menor quantidade tende-se a ter gua de pior

    qualidade, criando assim um crculo vicioso em que a disputa pelo recurso hdrico chega a beira

    da guerra declarada entre os usurios.

    Quando se fala em qualidade da gua, logo nos vem mente a idia de pureza, no sentido

    de inviolabilidade de suas caractersticas qumicas. Entretanto, tais caractersticas no tm valor

    prtico, uma vez que a qualidade da gua relaciona-se mais ao uso que dela os homens fazem do

    que propriamente da identificao dos nveis de elementos presentes na gua, alem de considerar

    o tipo de recurso hdrico utilizado e o nvel de interveno praticado sobre um determinado

    recursos hdrico (vide Quadro 1). Assim sendo, e felizmente o arcabouo legal e normativo

    tambm adotou, que a especificao de qualidade da gua deve basear-se em limites tolerveis

    e/ou aceitveis da presena de elementos estranho a qumica da gua, tendo em vista um

    particular uso que se pretenda fazer deste recurso. Isto , no existiria uma qualidade nica a

    partir da qual aceitaramos uma gua boa ou recusaramos outra, mas estabeleceramos limites

    especficos dos diversos contaminantes para cada uso em particular.

    A partir deste princpio, o primeiro passo para podermos estabelecer entendimento sobre

    qualidade da gua agrupar parmetros especficos de qualidade de gua visando o

    enquadramento dos corpos hdricos de acordo com o uso preponderante que se pretenda fazer.

    Tal tarefa, realizada pelos legisladores, foi nos apresentada pela resoluo CONAMA 20 de

    1986, onde foram definida 9 classe de uso de gua, tendo em cada classe os limites mximos

    estabelecidos para os contaminantes mais comuns. Esta classificao, oriunda de decises

    administrativas, merece reflexo como salienta Machado (1989), uma vez que pela adoo do

    termo uso preponderante relativo a qualidade da gua, resta examinarmos se o uso que

    determina a classe da gua ou se a classe da gua que limita seu uso. O objetivo de qualidade de

    gua e definido a partir de duas noes limites. A primeira o nvel de proteo de base, alem do

    qual a presena de produtos poluentes corresponde a um perigo inaceitvel. O segundo o nvel

    de efeito nulo, pelo qual no se percebe efeitos prejudiciais visveis sobre os diversos alvos

    presentes no recurso hdrico (flora, fauna, seres humanos, coletividade, etc.).

    - 2 -

  • Contaminantes Rios Lagos Reservatrios Patgenos XXX X1 X1SS2 XX NA X MO3 XXX X XX Algas X XX XXX Salinizao X O X Pesticida XXX XX XX Acidificao X XX XX XXX Global 1 Pequenos corpos de gua XX Regional 2 Dejetos e produo autctone X Local 3 Eutrofizao O Raro NA No aplicvel Quadro 1. Relao entre processos e/ou indicadores de QA versus tipo de recurso hdrico

    (adaptado de Chapmann, 1997).

    Crregos Rios guas Correntes

    Figura 1. Caractersticas gerais do tempo de residncia dos compartimentos de guas superficiais.

    Hora Dia Ms Ano Dcada Sculo

    Lagos Rasos Lagos Profundos Lago

    Reservatrio

    ProfundoAluvial Aqfero

    Sedimentar

    Milnio

    - 3 -

  • As guas superficiais na agricultura e seus impactos ambientais

    A agricultura chamada moderna, fundamentada em conceitos de alta tecnologia com

    produtividades economicamente viveis, substitui ecossistemas naturais de enorme complexidade

    e diversidade por campos arados, na maioria dos casos de alta homogeneidade.

    Esta interferncia, mesmo sendo feita de modo racional, provoca desequilbrios nas

    cadeias biolgicas estabelecidas a milhares de anos. As mudanas que ocorrem no ambiente em

    funo do uso agrcola da terra tem na qualidade da gua um forte sistema sinalizador dos

    desequilbrios no seu entorno (Fawcett, 1997). Para o estabelecimento de um diagnstico do que

    de fato est acontecendo ao longo do tempo, a forma mais vivel de abordagem o

    monitoramento da qualidade das guas tendo como unidade bsica exploratria as microbacias

    hidrogrficas (Ryff, 1995).

    O monitoramento dos impactos ambientais nos recursos hdricos

    O monitoramento basicamente conduzido atravs da avaliao de parmetros qumicos

    (nvel de oxignio dissolvido, sedimentos suspensos, metais, nutrientes e pesticidas), parmetros

    fsicos (temperatura, cor da gua, velocidade da gua) e, parmetros biolgicos relacionados a

    abundncia e variedade da flora e fauna do ambiente aqutico.

    O sucesso de estudo de monitoramento est na dependncia direta da escolha e

    localizao dos pontos amostrais e desta maneira, as microbacias, sendo um sistema natural de

    drenagem, representam as interconexes de todos os corpos de gua e se constituem na

    ferramenta ideal de distribuio dos locais de amostragem. Estes pontos de monitoramento

    podem ser estabelecidos na forma de uma base fixa contnua, para atender necessidades

    especficas ou, em forma temporria ou sazonal.

    O propsito de implementar o monitoramento da qualidade da gua deve ser diretamente

    relacionado a objetivos especficos para os quais direcionam-se os trabalhos, isto , verificar

    tendncias de alteraes da qualidade da guas, busca de indicadores, avaliao de impactos

    ambientais, alterao de caractersticas biolgica, etc. (Harmancioglu et all, 1998). Estas

    alteraes podem estar distribudas ao longo do eixo de drenagem num dado momento,

    caracterizando-se desta maneira a presena de fontes pontuais de contaminao. Por outro lado,

    mesmo com a inexistncia de fontes pontuais, alteraes da qualidade da gua so percebidas ao

    - 4 -

  • longo do tempo, em que, por efeitos sazonais ou acclicos relacionados ao uso da terra,

    gradativamente afetam a qualidade dos recursos hdricos. A maioria dos ecossistemas aquticos

    so simultaneamente afetados por fatores relativos a distribuio espacial das fontes pontuais de

    contaminao assim como pelos processos distribudo no tempo ocasionados pela fontes no

    pontuais, o que dificulta a interpretao dos resultados de qualidade de gua.

    Devido complexidade na avaliao de impacto ambiental na qualidade da gua, uma ou

    outra estratgia bsica deve ser definida no sentido de viabilizar o trabalho de monitoramento em

    termos de custos-benefcios, sem acrescer informaes redundantes. Dentre estas estratgias, a

    amostragem continuada, extremamente custosa, mais eficiente quando se tem como objetivos a

    fiscalizao e anlise de tendncias. A outra estratgia, de amostragens intermitentes, factvel

    nos trabalhos de impacto ambiental e seleo de indicadores de qualidade de gua (Sanders e

    Adrian, 1978).

    O uso de indicadores de qualidade de gua esta diretamente relacionado com o propsito

    do monitoramento a ser realizado, sendo escolhidos aqueles que apresentam maiores chance de

    sucesso na caracterizao das mudanas que ocorrem numa microbacia. O conceito de qualidade

    de gua poder ser descrito por um indicador apenas ou pela combinao de mais de 100

    variveis. A seleo das variveis a serem includas num monitoramento freqentemente requer a

    associao entre como conhec-las e a necessidade de conhec-las. A gama de indicadores

    passveis de serem utilizados enorme: pH, OD, DBO, DQO, turbidez, temperatura,

    condutividade, nutrientes, metais pesados, agrotxicos, etc., entretanto nenhum deles poder

    mostrar as mudanas se o objetivo do monitoramento no for delineado (Makela e Meybeck,

    1996; Chapman e Kimstach, 1997).

    Para evitar a sndrome de rico de dados, mas pobre de informao muitos programas de

    monitoramento de qualidade de gua apresentam o estabelecimento de objetivos claros e concisos

    em reas crticas, que, associados a grupos especficos de variveis ambientais tornam-se a

    maneira menos dispendiosa de avaliar as alteraes (positivas ou negativas) na qualidade de

    gua.

    Os impactos ambientais que a agricultura ocasiona so de natureza difusa e adotando-se

    uma abordagem de trabalho que leve em conta a bacia hidrogrfica onde esta atividade insere-se,

    podemos dizer que os efeitos so cumulativos no sentido montante/jusante. Entretanto, os

    parmetros indicadores destes impactos no so s vezes sensveis o suficientes para avaliao

    - 5 -

  • correta destes impactos, acrescentando-se ainda a influncia que o clima provoca sobre estes

    indicadores, principalmente a precipitao, mascarando sobre maneira o comportamento destes

    indicadores atravs de um efeito de sazonalidade (Toledo e Ferreira, 2000).

    Os rios so sistemas complexos caracterizados como escoadouros naturais das reas de

    drenagens adjacentes, que em princpio formam as bacias hdricas. A complexidade destes

    sistemas lticos deve-se ao uso da terra, geologia, tamanho e formas das bacias de drenagem,

    alm das condies climticas locais.

    O uso de indicadores de qualidade de gua consiste no emprego de variveis que se

    correlacionam com as alteraes ocorridas na microbacia, sejam estas de origens antrpicas ou

    naturais.

    Cada sistema ltico possui caractersticas prprias, o que torna difcil estabelecer uma

    nica varivel como um indicador padro para qualquer sistema hdrico. Neste sentido, a busca

    em trabalhos de campo a obteno de ndices de qualidade de gua que reflitam resumidamente

    e objetivamente as alteraes, com nfase para as intervenes humanas, como os usos agrcolas,

    urbanos e industriais (Couillard & Lefevbre, 1985).

    As interaes entre as diversas variveis mensuradas numa amostra de gua constituem no

    ponto de partida para avaliao da qualidade da gua, desde que estas interaes sejam obtidas de

    uma distribuio amostral no espao e no tempo das variveis do sistema a ser estudado

    (Harmancioglu et al., 1998).

    As fontes difusas de poluio, especialmente a agricultura, tm sido objeto de ateno em

    muitos pases devido dificuldade de se estabelecer procedimentos de avaliao de impactos

    ambientais e de adotar padres aceitveis, como outrora ocorreu com as fontes pontuais (Parry,

    1998; Sims et al., 1998). Embora estes autores enfatizem a complexidade das fontes difusas no

    mecanismo de transporte de fsforo em microbacias agrcolas, uma abordagem mais ampla que

    envolva outras variveis de qualidade de gua deve ser considerada.

    Varias tcnicas para elaborao de ndice de qualidade de gua tm sido usadas, sendo a

    mais empregada aquela desenvolvida pela National Sanitation Foundation Institution e usada em

    pases como EUA, Brasil, Inglaterra (Oliveira, 1993). Outros ndices foram desenvolvidos

    baseados em caractersticas fsico-qumicas da gua, como o de Liebmann, Harkins; alm de

    ndices baseados em caractersticas biolgicas, comumente associados ao estado trfico dos rios.

    Todos estes ndices contemplam um grau de subjetividade, pois dependem da escolha das

    - 6 -

  • variveis que constituiro os indicadores principais das alteraes da qualidade de gua. ndices

    baseados em tcnicas estatsticas favorecem a determinao dos indicadores mais caractersticos

    do corpo de gua em estudo, embora no permitam generalizaes para todos os corpos de gua,

    j que cada sistema hdrico, em princpio, possui sua caracterstica peculiar (Haase e Possoli,

    1993, Shoji, 1966). Por outro lado, como instrumento de avaliao ao longo do tempo ou do

    espao, estes ndices permitem acompanhar as alteraes ocorridas no eixo hidrogrfico.

    O monitoramento da qualidade das guas superficiais Consideraes prticas

    Muitos trabalhos de monitoramento de qualidade da gua j foram desenvolvidos no

    Brasil, sem entretanto constituir-se num padro a ser adotado em mbito nacional. As

    dificuldades encontradas pelos diversos rgos que se propuseram a monitorar os recursos

    hdricos vo desde os custos de implantao at a ausncia de pessoal capacitado a gerenciar as

    informaes produzidas. Dentre estas dificuldades, a falta de definio nos objetivos do

    monitoramento tem mostrado ser a causa de abandono de muitos programas, uma vez que os

    custos envolvidos em monitoramento de recursos hdricos distribudos por uma ampla rea do

    territrio nacional inviabilizam a continuidade de projetos que no apresentaro resultados

    satisfatrios num curto perodo de campanha.

    Como mencionado acima, por razes diversas, a escolha dos parmetros a serem

    monitorados tem dependncia das caractersticas naturais da bacia hidrogrfica em questo, alm

    da escolha de variveis envolvidas nas alteraes ambientais objeto de investigao. Assim

    sendo, muitos destes programas que tinham o objetivo de acompanhamento das variaes de

    qualidade da guas se transformaram em diagnsticos pontuais com pouca relao com as

    mudanas encontradas na regio impactada.

    Como metodologia factvel de ser aplicada em microbacias sob a mais diferentes forma de

    ocupao do solo, o uso de ndice de qualidade de gua a partir de tcnicas estatsticas provem

    uma ferramenta de avaliao centrada no objeto de estudo, com vantagens de incorporar variveis

    naturalmente presentes no ambiente. Por outro lado, por se tratar de tcnica estatstica, a

    avaliao da qualidade dos dados pode ser verificada e a seleo das variveis mais sensveis que

    poderiam ser usadas como indicadores poder ser revista a qualquer tempo (Toledo e Nicolella,

    2002).

    - 7 -

  • Entre os estudos que aplicaram estes ndices, um trabalho feito na cidade de Guara (SP)

    mostra claramente o emprego da tcnica de analise fatorial na construo de um ndice de

    qualidade de gua, em um perodo de campanha de apenas um ano (vide figura 2). Mais do que

    definir valores estanques de IQA para apresentao de argumentos fiscalizatorios, o trabalho

    identificou os principais parmetros que afetam ou foram afetados pelo uso do solo na microbacia

    do crrego Jardim, alem de fornecer a relao de importncia de cada parmetro na construo do

    IQA. Em menor proporo, a sazonalidade associada s variaes de qualidade de gua foi

    tambm identificada (Toledo e Nicolella, 2002).

    -2

    -1,5

    -1

    -0,5

    0

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    20/6

    10/7 1/8

    21/8

    12/9

    3/10

    23/1

    0

    13/1

    1

    12/1

    2

    4/1

    23/1

    12/2 4/3

    25/3

    15/4 6/5

    29/5

    17/6

    IQA

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    Prec

    ipita

    cao

    (mm

    )

    Chuva Usina J1 J2 J3 J4

    Figura 2. Distribuio espao-temporal do ndice de qualidade de gua (IQA) aplicado na microbacia do ribeiro Jardim, Guara (SP).

    No caso de Guara mostrada abaixo uma equao obtida na construo do IQA

    calculado pela tcnica fatorial, adotando o mtodo de Bartllet na determinao do fator de escala:

    IQA = 0,152P +0,166 NH4 +0,181 NO3 +0,169 TURB +0,157STS - 0,077 PO4-0,322OD +0,031

    pH. +0,081. COND +0,057Clor

    - 8 -

  • Nota-se que das variveis com maior poder de definio do IQA pra o caso de Guara, o

    oxignio apresenta influncia negativa, sendo as demais variveis com influncia positiva a

    amnia, o nitrato, a turbidez e o fsforo total, denotando que estes parmetros seriam os que

    deveriam constar prioritariamente em futuros programas de monitoramento.

    A aplicao desta tcnica de monitoramento por meio de ferramentas estatsticas tambm

    comea a ser adotada em pequenos programas de monitoramento, principalmente associada s

    atividades de pesquisa. Em Santa Catarina, a EPAGRI tambm se utilizou o IQA para definio

    das alteraes de qualidade de gua em microbacias, com vistas a identificao dos impactos das

    atividades agrcolas sobre os recursos hdricos (Toledo et all, 2001).

    Da mesma maneira, no caso do trabalho realizado na regio produtora de arroz de Itaja

    (SC), a quantidade de variveis pesquisadas foram em nmero de dezoito, sendo que as que mais

    contriburam na definio do IQA foram nitrito, nitrato, fsforo solvel, turbidez e fsforo total.

    IQA = 0,12165.P+0,09602.Fe+0,20878.TURB-0,00553.pH-0,07053.COND+0,24166.NO2+ 0,1335.NO3+0,06218.NH4+0,16888.PO4-0,07281.OD+0,10578.CT+0,06462.CF -

    0,09356.ALC-0,10834.DUR-0,00234.K-0,06398.Ca-0,0651.Mg+0,10256.TEMP

    Dos estudos de caso apresentados deve-se considerar que mais importante que os valores

    numricos dos ndices, a seleo dos parmetros mais importantes de se monitorar pelo uso de

    mtodos estatsticos de construo de ndice de qualidade de gua permite que os programas de

    acompanhamentos da qualidade da ambiental sejam direcionados para obteno de eficincia e

    eficcia, em prazos mais curtos e com uso das disponibilidades de infra-estruturas das instituies

    envolvidas.

    Por ltimo, ressalta-se que qualquer avaliao dos impactos ambientais da agricultura

    sobre os recursos hdricos dever contemplar uma viso de longo prazo e, conjuntamente com os

    demais usos dentro de uma microbacia, dever estabelecer estratgias que evitem ou previnam a

    ocorrncia degradao dos ecossistemas aquticos. O monitoramento ambiental com objetivos

    claros e especficos que considerem as caractersticas naturais do ambiente aquticos podero

    constituir-se em ferramentas eficientes para avaliao proposta.

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    - 9 -

  • CHAPMAN, D.; KIMSTACH, V. Selection of water quality variables. In: CHAPMAN, D. (ed).

    Water Quality Assessment. London: E&FN ISPON, 1997. p. 59-126.

    COUILLARD, D; LEFEVBRE, Y. Analysis of water quality indices. J. Environmental

    Management. v. 21, n. 2, p. 161-179, 1985.

    FAWCETT, R. S. Influences of the no-till system on drinkkabilty of water; consequences on

    water tratament and avalability. II Sem. Intern. Sistema Plantio Direto. 6 a 9 out. Passo

    Fundo (RS). Anais Embrapa-CNPT, pp 3-10, 1997.

    HAASE, J.; POSSOLI, S. Estudo da utilizao da tcnica de anlise fatorial na elaborao de um

    ndice de qualidade de gua: comparao entre dois regimes hidrolgicos diferentes, RS.

    Acta Limnologica Brasiliensia, v.6, p.245-255, 1993.

    HARMANCIOGLU, N.B.; OZKUL, S.A E ALPASLAN, M.N Water Monitoring and Network

    Design. In: HARMANCIOGLU, N.B.; SINGH, V.P. E ALPASLAN, M.N. (Ed.).

    Environmental Data Management. Water Science Tecnology Libary, vol 27. The

    Netherlands, Kluwer Academic Publishers, 1998. pp 61-100.

    MAKELA A.; M. MEYBECK. Designing a monitoring programme. In: BARTRAM, J & R.

    BALLANCE (ed.) Water Quality Monitoring. 383pp. UNEP/WHO E&FN Spon, London.

    1996. pp35-59.

    OLIVEIRA, J.B.; J.R.F. MENCK; J.L. BARBIERI; C.L. ROTTA E W. TREMOCOLDI..

    Levantamento Pedologico Semidetalhado do Estado de So Paulo: Quadrcula de Araras.

    Boletim Tcnico Instituto Agronmico, n 71, Campinas SP. 1982. 180 p.

    PARRY, R. Agriculture phosphorus and water quality: A U.S. Environmental Protection Agency

    persperctive. Journal Environmental Quality. v. 27, p. 258-261, 1998.

    RYFF, T. Microbacias hidrogrficas: Um novo conceito de desenvolvimento rural. Agroanalysis

    15(5), 8-11. 1997.

    SANDERS, T.G.; ADRIAN D.D. Sampling frequencies for river quality monitoring. Water

    Resources Research 14, 569-576. 1978.

    SIMS, J. T.; SIMARD, R. R.; JOERN, B. C.; SHARPLEY, A. Phosphorus loss in agricultural

    drainage: historical perspective and current research. Journal Environmental Quality. v.

    27, n. 2, p. 277-293, 1998.

    - 10 -

  • SHOJI, H.; YAMANOTO, T.; NAKAMURA, T. Factor analysis on stream pollution of the Yodo

    River systems. Air and Water Pollution, v.10, p.291-299, 1966.

    TOLEDO, L. G., NICOLELLA, G. ndice de qualidade de gua em microbacia sob uso agrcola e

    urbano. Scientia Agricola. Piracicaba: v.59, n.1, p.181 - 186, 2002.

    TOLEDO, L.G.; DESCHAMPS, F. C.; NICOLELLA G.; NOLDIN, J. A.; EBERHARDT, D. S.

    Uso da anlise fatorial na avaliao do impacto ambiental da cultura do arroz irrigado sobre a

    qualidade das guas superficiais. Jaguarina (Embrapa Meio Ambiente), Comunicado

    Tcnico, p.4. Nov. 2001.

    TOLEDO, L.G; FERREIRA, C.J.A. Impactos das atividades agrcolas na qualidade da gua.

    Rev. Plantio Direto, 58, p.21-27. Jun/Ago. 2000.

    - 11 -