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D O S S I Ê T É C N I C O Tratamento e Controle de Água de Piscina Nelson Alves Góes Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais CETEC maio 2007

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D O S S I Ê T É C N I C O

Tratamento e Controle de Água de Piscina

Nelson Alves Góes

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais CETEC

maio 2007

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DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................... 3

2 Importância das piscinas................................................................................................... 3

2.1 Importância social ........................................................................................................... 3

2.2 Importância sanitária....................................................................................................... 3

2.3 Importância do tratamento ............................................................................................. 4

3 Qualidade das águas de piscinas .................................................................................... 4

3.1 Doenças atribuídas ao uso das piscinas ...................................................................... 4

3.2 Parâmetros biológicos .................................................................................................... 5

4 Principais características físicas e químicas................................................................... 5

4.1 Temperatura ..................................................................................................................... 5

4.2 Sabor e odor..................................................................................................................... 5

4.3 Cor..................................................................................................................................... 6

4.4 Turbidez............................................................................................................................ 6

4.5 Sólidos totais dissolvidos (STD).................................................................................... 6

4.6 pH...................................................................................................................................... 6

4.6.1 Importância do pH na faixa de 7,2 a 7,8...................................................................... 7 4.6.2 Compostos que afetam o pH....................................................................................... 7 4.7 Alcalinidade...................................................................................................................... 7

4.7.1 Importância da alcalinidade......................................................................................... 7 4.8 Dureza............................................................................................................................... 9

5 Principais características biológicas................................................................................ 9

5.1 Bacteriológicos................................................................................................................ 9

5.1.1 Coliformes totais .......................................................................................................... 9 5.1.2 Contagem padrão de bactérias ................................................................................... 9 5.2 Microscópico.................................................................................................................. 10

5.2.1 Algas............................................................................................................................ 10 5.2.2 Espécies de algas....................................................................................................... 10

5.2.3 Inconvenientes das algas nas piscinas.................................................................... 11

6 Tratamento da água.......................................................................................................... 11

6.1 Tratamento físico........................................................................................................... 11

6.1.1 Filtração....................................................................................................................... 11 6.1.2 Conjunto filtrante........................................................................................................ 12 6.1.3 Casa de máquina ........................................................................................................ 12 6.1.4 Tipos de filtros ............................................................................................................ 12

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6.1.5 Manutenção dos filtros .............................................................................................. 13 6.2 Tratamento químico ...................................................................................................... 13

6.2.1 Sedimentação ............................................................................................................. 13 6.2.2 Processo de clarificação............................................................................................ 14 6.2.3 Etapas do processo de coagulação.......................................................................... 14 6.2.4 Principais agentes coagulantes ................................................................................ 14 6.2.5 Principais auxiliares de coagulação ......................................................................... 14 6.2.6 Reações....................................................................................................................... 15 7 Desinfecção....................................................................................................................... 15

7.1 Conceito ......................................................................................................................... 15

7.2 Importância .................................................................................................................... 16

7.3 Desinfecção ou cloração .............................................................................................. 16

7.4 Desinfecção com derivado clorado ............................................................................. 16

7.5 Supercloração ou oxidação de choque....................................................................... 17

7.6 Cloro não estabilizado .................................................................................................. 17

7.7 Cloro estabilizado.......................................................................................................... 18

7.8 Deteminação do cloro ................................................................................................... 18

7.9 Tratamentos alternativos de desinfecção .................................................................. 18

7.9.1 Ozônio.......................................................................................................................... 18 7.9.2 Geradores de cloro..................................................................................................... 19 7.9.3 Ionizadores.................................................................................................................. 19 8 Generalidades................................................................................................................... 19

8.1 Dosagem de produtos sólidos ..................................................................................... 19

8.2 Dosagem de produtos líquidos .................................................................................... 19

8.3 Dosagem contínua de produtos químicos .................................................................. 19

8.4 Cálculo do volume de piscina ...................................................................................... 19

8.6 Grau de reatividade entre os produtos químicos mais comuns usados no tratamento de águas de piscinas ....................................................................................... 20

9 Qualidade de águas de piscina – Aspectos Legais: ..................................................... 20

9.1 Qualidade biológica....................................................................................................... 20

9.2 Qualidade físico-química .............................................................................................. 20

9.3 Lei 2800........................................................................................................................... 21

9.4 Lei 4323 (Código Sanitátio de Belo Horizonte) e Decreto 5016/87............................ 21

9.5 Projeto e execução de piscinas: NBR – 9818/1987 e NBR – 10339/1988.................. 21

Referências .......................................................................................................................... 23

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DOSSIÊ TÉCNICO

Título Tratamento e controle de água de piscina Assunto Captação, tratamento e distribuição de água Resumo Apresentam-se as várias etapas do tratamento de água de piscina, os processos de clarificação física e química, de desinfecção, os aspectos legais, e a qualidade físico-química e biológica dessas águas. São abordados aspectos relativos à importância da piscina e a necessidade de sua manutenção, cuidando para que se mantenha sempre limpa. São apresentadas, também, informações e conhecimentos disponíveis sobre o assunto em várias fontes, com o objetivo de auxiliar os piscineiros profissionais e amadores em seu trabalho de manter as piscinas seguras do ponto de vista químico e sanitário e agradáveis do ponto de vista visual. Palavras chave Água; cloro; controle de qualidade; filtragem; filtro; piscina; produto químico; tratamento da água Conteúdo 1 INTRODUÇÃO As piscinas, se apresentam como locais que facilitam a prática de atividades consideradas importantes para a saúde e a convivência social. O conceito de saúde da OMS considera a saúde como estado completo de bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças. A piscina é um lugar no qual se consegue combinar a atividade física com atividade social. 2 IMPORTÂNCIA DAS PISCINAS 2.1 Importância social Trata-se de um local de encontro nas residências, em escolas, em prédios, em condomínios, em clubes, etc. No uso das piscinas a natação é encarada como um elemento necessário à saúde, à recreação, ao equilíbrio psico-fisiológico, levando a uma melhor qualidade de vida, por permitir a prática de esportes aquáticos. 2.2 Importância sanitária Em um grupo de pessoas, entre os banhistas, podem existir portadores de patologias que, em função das mucosas e pele, apresentam menor resistência por causa das imersões prolongadas e do atrito com a água, e estas patologias têm facilidade de transmissão. Outro aspecto importante é a qualidade da água da piscina, que com um tratamento inadequado, não assegura a redução da sua flora bacteriana a níveis considerados seguros, o que

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também facilita a transmissão de doenças. Neste contexto, o saneamento tem importância no projeto, na operação, na manutenção e o funcionamento das piscinas, exigindo responsabilidade técnica e operadores capacitados, para manutenção da qualidade da água, impedindo a transmissão de doenças aos banhistas. 2.3 Importância do tratamento Esvaziar e encher a piscina com água nova era o procedimento mais utilizado por grande parcela dos proprietários e tratadores de piscina para solucionar seus problemas quanto à qualidade da água. Isso era possível porque os custos com água nova, produtos químicos para atingir seu balanceamento, estabilização, oxidação e desinfecção nunca eram computados. Com a imposição de restrições ao consumo de água e energia elétrica, a realidade é outra. Precisamos aprender a fazer melhor uso das riquezas disponíveis e nos empenharmos na sua manutenção. A piscina e sua água, devidamente tratadas, são riquezas importantes. A ausência de tratamento deixará a água da piscina exposta a todo o tipo de contaminação, podendo ficar verde, turva e mal cheirosa, provocando um visual desagradável e constituindo-se excelente foco de instalação e reprodução de larvas de mosquitos, inclusive do transmissor da dengue (Aedes aegypti). A melhor forma de manter a água livre de problemas, e também a mais econômica, é manter a água da piscina bem tratada. A água bem tratada dispensa o uso freqüente de corretivos, que sempre demandam funcionamento da filtração/recirculação (e consumo de energia) durante e ou após sua adição. Uma piscina bem tratada fica com visual agradável o ano todo, ornamentando e justificando o investimento na sua construção. 3 QUALIDADE DAS ÁGUAS DE PISCINAS As características físicas, químicas e biológicas da água de piscinas estão associadas a vários fatores, tais como: vento, a chuva, as aves e outros animais, que podem contribuir para a degradação da água. Entretanto, o homem é quem contribui para a maior degradação, em função da eliminação de urina, descargas menstruais, resíduos de fezes pela lavagem da região anal, perianal, das mucosas nasais e bucais, e de outras partes do corpo. Existe ainda a possibilidade da contaminação ser proveniente dos pisos, instalações e objetos comuns que podem ser carreados para a água, Outro aspecto é a diminuição da resistência orgânica, devido ao contato excessivo da água e ao resfriamento corporal, carreando infecções para o tanque prejudicando a qualidade da água. 3.1 Doenças atribuídas ao uso das piscinas As doenças associadas ao uso de instalações como vestiários, solários, dentre outros, podem provocar a infecção de pele e dos olhos, tais como: pé-de-atleta (micose), impetigo (inflamação cutânea bacteriana) dermatites, conjuntivites, etc. As doenças associadas ao uso da piscina, propriamente dita, podem ser devidas à água não ser tratada adequadamente, ou ter passado por um tratamento precário ou, ainda, à água ter sido contaminada por algum banhista doente ou portador. Dentre muitas destacam-se: a candidíase cutânea, a pitiriase versicolor, as piodermites, os resfriados, as sinusites, as inflamações da garganta, dos olhos, dos ouvidos, do nariz, além da febre tifóide, da paratifóide, da desinteria, da hepatite, dentre outras.

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3.2 Parâmetros biológicos Adenovirus: Causadores de doenças que envolvem o trato respiratório e os olhos. Presentes nas secreções oculares e nasais. Enterovirus: Causadores de paralisias parciais ou totais, meningites, infecções respiratórias, diarréias, vômitos, febre. Cândida albicans: Fungo (levedura) oportunista, indicador de poluição fecal, responsável pela candidíase. Pode causar também infecções pulmonares, broncomicose, infecções oculares, endocardite, etc. Mycobacterium balnei: Provoca lesões granulomatosas, associadas à escoriação em vários pontos da superfície corporal. Leptospiras Patogênicas: Agentes causadores da Leptospirose, provocam febre e icterícia, e comprometimento dos rins e fígado. Transmitida pela urina dos roedores. Algas tóxicas (cianobactérias): Provoca otites em nadadores e é altamente resistente aos desinfetantes. Utilizado para se avaliar a qualidade de águas de piscinas. Staphylococcus aureus: Habitantes da pele, mucosa nasal e trato intestinal de indivíduos sadios, porém são agentes etiológicos de infecções purulentas da pele, olhos e ouvidos. Escherichia coli: Aplicável em estudos de avaliação de contaminação microbiológica. Provocam gastroenterites. 4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS 4.1 Temperatura Expressa a energia cinética das moléculas de um corpo, sendo seu gradiente responsável pela transferência de calor em um meio. Causa natural: energia solar. Para piscinas com aquecimento artificial, a temperatura deve ser mantida próxima de 28ºC, e a máxima < 35ºC, segundo a NSPI (National Spa e Pool Instituto) de Washington, DC, USA pois, caso contrário, haverá rápido desenvolvimento de bactérias saprófitas. Tempo máximo de permanência na água para seres humanos: - 24 – 28ºC: tempo indeterminado - 20ºC: 1 hora - 18ºC: 45 minutos - 16ºC: 30 minutos - 14ºC: 15 minutos - < 14ºC: não é recomendado a natação. 4.2 Sabor e odor Geralmente a sensação de sabor decorre da percepção do odor. É uma interação de gosto (salgado, doce, azedo, e amargo) com odor. Causa principal: matéria orgânica em decomposição, aumento da atividade biológica, notadamente algas, presença de sustâncias químicas ou gases dissolvidos, cloro combinado, etc. Metais pesados e alguns compostos organossintéticos não conferem nenhum sabor ou odor á água. O odor pode ser eliminado pela oxidação, neutralização ou remoção das substâncias que causam tais inconvenientes. A supercloração e a aeração (filtração ou recirculação), são processos usados para remoção de gostos e odores das águas.

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4.3 Cor A água é incolor e a presença de qualquer coloração pode ser um indicativo de presença de contaminantes ou impurezas. A cor das águas é produzida pela reflexão da luz em partículas minúsculas, inferiores a 1 mm – denominadas colóides – finamente dispersas no meio aquoso. Origem: é devida a substâncias dissolvidas, de natureza orgânica, como ácidos húmicos e fulvicos, taninos (Fenóis) ou mineral (Íons metálicos, Fe/Mn, associados ou não á matéria orgânica). A cor é removida pelo tratamento químico (coagulação). 4.4 Turbidez É definida como uma medida de interferência á passagem da luz através do líquido, decorrente da presença de material em suspensão ou coloidal. Representa a concentração de partículas (ou organismos) em suspensão, diminuindo a sua transparência, aumentando a sua turvação. Origem: poeiras, algas e organismos planctônicos, suor, urina, excesso de cal argila, silte, areia, óxidos metálicos. A água isenta de turbidez é agradável esteticamente e facilita a filtração e a ação do agente desinfetante. A turbidez é usada para avaliar a qualidade do tratamento. Os contornos de uma chave ou as emendas dos azulejos devem ser vistos do local de maior profundidade. A desinfecção das águas de piscinas geralmente é feita por meio de cloro ou compostos clorados. Para uma desinfecção efetiva é necessário o contato do agente desinfetante com os microrganismos. A turbidez pode atuar como escudo aos microrganismos patogênicos (podem ficar oclusos dentro das partículas), minimizando a ação do desinfetante. A turbudez é removida pela filtação e/ou tratamento químico. 4.5 Sólidos totais dissolvidos (STD) Os sólidos totais dissolvidos é a soma das massas dos materiais dissolvidos no meio aquoso. O uso dos produtos químicos no tratamento faz aumentar a concentraçao de STD na água da piscina, uma vez que o volume de água da piscina é praticamente constante. As perdas e variação do volume, durante a aspiração com drenagem é de cerca de 10% do volume da piscina, e as perdas por evaporação também é pequena. A medida da condutividade elétrica (capacidade da água para conduzir a corrente elétrica em função dos cátions e ânions dissolvidos), indica a concentração aproximada dos sólidos totais dissolvidos. Aproximadamente 2/3 da condutividade equivale ao STD (ppm). A água da piscina deve ser trocada quando o STD atingir o valor de 1500 ppm, segundo recomendação da NSPI (National Spa e Pool Institut) de Washington, DC, USA. 4.6 pH Representa a intensidade das condições ácidas ou alcalinas por meio da medição da presença do íon H+. É a medida quantitativa do valor da acidez ou basicidade do meio. Varia de 0 a 14. pH < 7 faixa ácida; pH = 7 ponto neutro; pH > 7 faixa alcalina. O equilíbrio físico-químico das águas de piscinas é atingido quando o valor do pH do meio é ajustado na faixa de 7,2 a 7,8.

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4.6.1 Importância do pH na faixa de 7,2 a 7,8 • Conforto dos banhistas: evita a irritação dos olhos e da pele dos usuários; • Desinfecção: o cloro é instável na faixa ácida, embora ele seja mais ativo nesta faixa, o

que não acontece de modo tão intenso na faixa alcalina. Em pH muito elevado (pH > 8,0), o cloro tem sua ação desinfetante bastante reduzida. A água ácida é irritante aos olhos e mucosas, e quando alcalina é desengraxante.

• Coagulação: existe um pH ótimo para ocorrer à coagulação, entretanto, no tratamento a água deve apresentar uma alcalinidade entre 80 a 120ppm, como CaCO3, para melhor floculação.

• Corrosão: baixos valores de pH podem contribuir para sua corrosividade e agressividade no sistema de recirculação.

• Incrustações: valores altos de pH possibilitam a formação de incrustações nas tubulações.

• Turbidez: valores de pH muito alto (pH > 11) provoca precipitação de metais (Cálcio / Ferro), resultando em turbidez.

• Algas: pH acima de 8,0 favorece o crescimento de algas. 4.6.2 Compostos que afetam o pH • cloro gasoso, cloro orgânico, ácido clorídrico, bissulfato de sódio, são compostos ácidos

que abaixam o pH. • hipoclorito de cálcio, hipoclorito de sódio, carbonato de sódio (barri lha), hidróxido de

sódio, hidróxido de cálcio, são compostos alcalinos que elevam o pH. • suor, urina, água de chuva, abaixam o pH. 4.7 Alcalinidade A alcalinidade indica a concentração de ânions de sais de ácidos fracos e álcalis cáusticos livres, presentes na água. Entre os sais responsáveis pela alcalinidade das águas citam-se os bicarbonatos (mais freqüentes), os carbonatos, os boratos, os silicatos, os fosfatos e os humatos. Em águas com pH na faixa de 6 a 8, a alcalinidade está na forma de bicarbonato (HCO3

-) em equilíbrio com o gás carbônico: CO2 + H2O H+ + HCO3

- Este equilíbrio pode ser deslocado para a esquerda ou para a direita dependendo do produto usado na fase de tratamento. Compostos alcalinos aumentam o pH, e compostos ácidos abaixam o pH. 4.7.1 Importância da alcalinidade Coagulação Química: a adição do coagulante (geralmente sal de Alumínio) às águas provoca abaixamento do pH pela liberação do íon H+ ao meio aquoso, conforme a equação: Al+3 + 3H2O Al(OH)3 + 3H+ A alcalinidade atua como tampão, combinando com o íon H+ conforme a equação abaixo, impedindo demasiado abaixamento do pH, e proporcionando um pH dentro da faixa ideal de coagulação: HCO3

-1 + H+ H2CO3

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Para uma completa coagulação de uma água há necessidade de certo residual de alcalinidade. A faixa de residual desejada é de 80 a 120ppm, como CaCO3. A alcalinidade deve ser ajustada com bicarbonato de sódio (NaHCO3). Deve ser evitado o uso de carbonato de sódio (Na2CO3), pois este composto aumenta o pH e não contribui para o aumento da alcalinidade do bicarbonato, parâmetro importante para o equilíbrio físico-químico da água e para o controle do crescimento de algas. Para aumentar a alcalinidade de 1 litro de água em 10ppm (10mg /l de CaCO3) é necessário adicionar 0,0168g de bicarbonato de sódio (NaHCO3). A quantidade de coagulante (normalmente sais de Al) pode ser calculada, estequiometricamente, conhecendo a concentração da alcalinidade, conforme a equação: Al+3 + 3HCO3

- Al(OH)3 + 3CO2 Ajuste de pH: Na faixa de pH de 6,0 a 8,0 o equilíbrio carbônico das águas apresenta um interesse especial: H2CO3 / HCO3

- Equações do equilíbrio: H2CO3 H+ + HCO3

- K = [ H+ ] x [ HCO3

- ] / [ H2CO3 ] log K = log [ H+ ] + log { [ HCO3

- ] / [ H2CO3 ] } ; x(-1) -log K = -log [ H+ ] - log { [ HCO3

- ] / [ H2CO3 ] } log [H2CO3 ] = pk - pH + log [ HCO3

- ] temos: [ HCO3

-1 ] = [ alcalinidade / 61 ] e pK = 6,35 logo: [ H2CO3 ] = 10 6,35 + log [alcalinidade / 61] – pH Conhecendo o número de moles/litro da alcalinidade e o valor do pH do meio calcula-se , pela equação acima, a concentração do ácido carbônico (H2CO3) em moles/litro. Com este valor encontramos a dosagem necessária de ácido ou base para reduzir ou aumentar o pH da água da piscina.

Redução do pH: Nº de moles do ácido a ser adicionado = [ H2CO3 ] no pH final -- [ H2CO3 ] no pH inicial Aumento do pH: Nº de moles da base a ser adicionado = [ H2CO3 ] no pH inicial -- [ H2CO3 ] no pH final Observações: • Os produtos disponíveis no mercado apresentam nos rótulos as dosagens aproximadas

para aplicação num volume de 1000 litros (1 m3), que deve ser convertido para o volume total da piscina.

• Os produtos usados no tratamento nunca devem ser misturados, sob pena de acontecer um acidente pela liberação de gases numa possível reação química exotérmica. Primeiramente, dissolva o produto em água - que pode ser da própria piscina-, num balde e espalhe na superfície da piscina com a bomba ligada no modo recircular ou filtrar. Isto permite uma distribuição mais homogenea do produto no volume total da água da piscina. Os produtos devem ser usados um a cada vez.

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4.8 Dureza A dureza indica a concentração de cátions na água, principalmente cálcio e magnésio, além de outros metais, excetuando o sódio e o potássio. A dureza pode ser classificada como: Dureza Temporária e Dureza Permanente. A dureza temporária, ou dureza carbonato, é quimicamente equivalente aos bicarbonatos presentes na água, correspondendo à alcalinidade. É denominada temporária, porque ao serem fervidas o cálcio e o magnésio precipitam na forma de carbonato insolúvel. A dureza permanente, ou dureza não carbonato, corresponde a toda dureza não ligada quimicamente aos bicarbonatos. A dureza é expressa em termos de mg/l de CaCO3 e, em relação à concentração, pode ser classificada em: Branda: < 50 mg/l de CaCO3 Moderada: entre 50 mg/l e 150 mg/l de CaCO3 Dura: entre 150 e 300 mg/l de CaCO3 Muito dura: > 300 mg/l de CaCO3 Os inconvenientes de uma água dura são incrustações, entupimento de filtros, dentre outros, provocando desfavoráveis ao equilíbrio. O uso de produtos à base de cálcio aumenta a dureza da água e, consequentemente, a possibilidade de formação de incrustações na piscina. Para diminuir a dureza deve-se escoar parte da água da piscina e repor o volume com água da rede. As águas duras (Dureza > 100 mg/l CaCO3) são tamponadas, não variando o pH devido à água de chuva (que é ácida). 5 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS 5.1 Bacteriológicos 5.1.1 Coliformes totais As bactérias do grupo coliforme são de fácil identificação. Habitam normalmente o intestino de homens e animais servindo, portanto, como indicador de contaminação fecal de uma amostra de água, uma vez que a maior parte das doenças associadas à água é transmitida por via fecal. A ausência deste grupo de bactérias demonstra a eficiência de eliminação dos organismos entéricos patogênicos no tratamento da água da piscina. Quanto maior a população de coliformes em uma amostra de água, maior a chance de contaminação por organismos patogênicos. 5.1.2 Contagem padrão de bactérias Bactérias heterotróficas aeróbicas e anaeróbicas facultativas são utilizadas para avaliar as condições higiênicas de águas de piscinas e para promover a eficiência do tratamento. O índice indicador da eficiência do tratamento deverá apresentar valor < 200 colônias/ml, em 80% de cinco ou mais amostras consecutivas.

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5.2 Microscópico 5.2.1 Algas Algas são seres vegetais que vivem na água à custa de luz solar, de gás carbônico e de substâncias minerais diversas. São organismos micro ou macroscópicos que causam problemas estéticos às piscinas tais como: redução da transparência, formação de limo e manchas nas paredes. Elas formam películas esverdeadas nas paredes e nos pisos da piscina, tornando-as escorregadios e perigosos para os banhistas e causando repugnância devido ao seu aspecto. Elas podem comunicar sabor e odor desagradáveis à água, desenvolvendo aversão e desconfiança nos usuários. São levadas até á piscina por meio do vento ou das chuvas. Baixo teor de cloro residual livre, recirculação e filtração insuficiente, pH elevado, alta carga de banhistas, chuvas e ventos são fatores que favorecem o crescimento das algas. Pode-se evitar o desenvolvimento e crescimento das algas mantendo um residual de cloro nos níveis de 1 a 3 mg/l de Cl2. Existem no mercado dois tipos de produtos, um para eliminar e outro para evitar o crescimento de algas. Os “algicidas” são produtos para eliminar algas e os “algistatos” para evitar seu crescimento. Estes produtos são à base de sais de Cobre ou Quartenário de Amônia. Os produtos derivados dos sais de cobre são mais baratos, no entanto requerem mais cuidados no uso para evitar o aparecimento de manchas e seu residual deve ser mantido abaixo de 1ppm, devido à toxicidade do cobre. O sulfato de Cobre (CuSO4. 5H2O) utilizado no controle das algas (de 1 a 5 mg/l), precipita a baixas temperaturas, com altas concentrações de carbonato e de matéria orgânica. A dosagem dos produtos à base de quartenário de amônia depende do teor da matéria ativa do produto comercial. Por ser tensoativo, quando adicionado sem controle, leva à formação de espumas. Ressalta-se que a diferença de ação de um produto como “algicida” ou “algistático”, está simplesmente na diferença de concentração indicada. Vale ressaltar que os produtos clarificantes não agem com algicida. • Os produtos clarificantes não agem como algicidas. • Quando ocorre a infestação de algas somente uma supercloração e/ou escovação do

local das manchas para se conseguir removê-las; • Baixo residual de cloro, recirculação e/ou filtração insuficiente, pH elevado, alta carga de

banhistas, chuvas, ventos, etc. são fatores que contribuem para o crescimento de algas; • As algas constituem o problema mais comum em águas de piscinas e ainda não há nada

que se possa fazer para impedir que elas apareçam. 5.2.2 Espécies de algas São conhecidas mais de 21 mil espécies de algas. No caso de piscinas, duas espécies são de interesse especial: Algas Verdes: Organismos de livre flutuação, que tornam as piscinas esverdeadas, podendo transformar, em poucos dias, água límpida e cristalina num caldo parecido com sopa de ervilhas. Podem também formar colônias nas paredes, mas podem ser desprendidas com relativa facilidade pela escovação, e facilmente destruídas pelo cloro. Algas Verde-azuladas: Também são chamadas de “algas pretas” sendo, na verdade, de cor azul escura esverdeada. Apresentam capa viscosa que protegem suas colônias contra os agentes desinfetantes. Apresentam-se como pontos e pequenas manchas negras aderidas ao fundo e às paredes laterais da piscina. São difíceis de serem removidas.

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5.2.3 Inconvenientes das algas nas piscinas • Demanda de cloro – por serem de natureza orgânica, consomem cloro na sua

eliminação (oxidação) dificultando a cloração. • Turbidez – o crescimento das algas aumenta a turbidez e pode trazer problemas aos

filtros devido à colmatação destes, reduzindo o intervalo entre as lavagens dos mesmos. • Acidentes – as algas tornam escorregadias as paredes e fundo da piscina, trazendo com

isso, a possibilidade de ocorrência de acidentes. • Odor – em presença de cloro, cloração insuficiente para oxidação de toda matéria

orgânica, provocam odores notados pelos banhistas. • Crescimento de bactérias – além de “proteger” as bactérias contra o efeito do cloro, as

algas pode favorecer o crescimento das mesmas. • Toxidez – não deve ser desprezada a possibilidade da ocorrência de algas que

produzem as cianotoxinas. 6 TRATAMENTO DA ÁGUA A água sem tratamento se deteriora pelo desenvolvimento de algas, bactérias, fungos, etc., com resultados desagradáveis como mau cheiro, aparência repugnante e risco para a saúde. Conforme já mencionado, nfecções da pele, inflamações da garganta, olhos, dermatites, conjuntivites, otites, resfriados, sinusites, micose (pé-de-atleta), são algumas das doenças associadas ao uso da piscina com tratamento precário, ou contaminada por banhistas doentes ou portadores, ou devido ao uso inadequado de vestiários e outras dependências das unidades de entorno da piscina. Vale destacar que uma outra forma do banhista ficar exposto a doenças contraídas pelaqualidade precária do tratamento de piscinas deve-se aos acidentes decorrentes de condição inadequada e falta de manutenção da piscina e das dependências do entorno. Diariamente, no período do ano em que a piscina é franqueada aos banhistas, devem ser feitas análises para verificação da qualidade da água, inspeção visual da transparência (não turva) em todos os pontos da piscina, estado geral de uso e limpeza de vestiários e arredores da piscina. O sistema de recirculação deve funcionar pelo menos durante as horas de maior freqüência. Todas as piscinas devem dispor do equipamento e dos materiais necessários às determinações de cloro residual, pH e alcalinidade. 6.1 Tratamento físico Inicialmente deve-se fazer uma inspeção visual dos equipamentos, verificando as condições de usos da bomba, do filtro, para a remoção de sujeiras visíveis (detritos, folhas), aspiração do fundo, escovação das paredes, e a verificação das condições de higiene e segurança e conforto dos usuários. Estas ações são necessárias para manter o aspecto limpo e agradável da piscina. 6.1.1 Filtração A filtração consiste em fazer a água atravessar uma camada de material poroso que, em função do diâmetro dos poros, promove a remoção das partículas em suspensão (turbidez), notadamente os flocos formados na etapa de coagulação/floculação, quando se usa um auxiliar de filtração. Verificou-se experimentalmente que a filtração remove os materiais em suspensão e no estado coloidal, bem como reduz o número de microrganismos presentes na água.

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A qualidade da água filtrada depende do dimensionamento, operação e manutenção dos filtros. O filtro deve ser dimensionado com capacidade de recircular todo o volume de água da piscina num período máximo de 8 horas e reduzir a turbidez da água a valores abaixo de 0,5NTU. Todos os componentes dos filtros devem ser acessíveis, de forma a tornar possível sua inspeção e eventual substituição. Os filtros devem ser dotados de dispositivos que indiquem claramente, conforme instrução do fabricante, a necessidade de limpeza de modo a restabelecer a perda de carga (máximo 30Kpa com o filtro operando à taxa de filtração). 6.1.2 Conjunto filtrante • Motobomba – equipamento responsável pelo transporte da água da piscina para o

interior do filtro e deste para a piscina filtrada e limpa. • Tanque – é o reservatório onde está armazenado o elemento filtrante, responsável pela

limpeza física da água, devendo suportar a pressão máxima da bomba de recirculação. • Válvulas Multivias – dispositivo responsável pelo controle da operação do conjunto, ou

seja, seleciona o destino da água trazida pela motobomba: filtrar / recircular / retro lavar / pré-filtrar/fechar.

6.1.3 Casa de máquina O local onde é instalado o filtro e a motobomba é chamado Casa de máquina. Deve ser um recinto coberto e parcialmente fechado, onde se encontram todos os registros que comandam o fluxo da água do tanque para a piscina. Este recinto deve possuir, em seu piso, um ralo ou dreno, para evitar o acúmulo de água que porventura venha a ocorrer. É especialmente recomendado que o local seja bem ventilado, para evitar aquecimento do motor. Deve também ser seco, limpo e livre de intempéries. O filtro, quando bem instalado na condição ideal, bem cuidado, e protegido, apresenta de 5 a 10 anos de vida útil. O nível de sucção (entrada) da motobomba deve ser, preferencialmente, inferior ao da piscina, pois faz o equipamento trabalhar afogado, considerada a melhor circunstância de trabalho, devendo ser posicionada próxima da piscina para diminuir a perda de carga. 6.1.4 Tipos de filtros • Filtros de areia - É o filtro mais utilizado requerendo poucos cuidados em sua

manutenção. O meio filtrante deve ser constituído por areia sílica, livre de carbonato, terra e matéria orgânica, com tamanho efetivo entre 0,40 a 0,5 mm e coeficiente de uniformidade inferior a 1,75. Os sistemas internos de distribuição e coleta de água dos filtros de areia devem ser resistentes à corrosão, à deformação, e ao desgaste e não sujeitos à obstrução. Devem distribuir uniformemente a vazão através do meio filtrante, tanto na filtração quanto na lavagem e devem produzir uma expansão uniforme do meio filtrante.

• Filtros de diatomita - Diatomita é um material pulverulento, de origem natural, formado

pelo acúmulo de minúsculas carapaças de algas diatomáceas. Possui porosidade de 80 a 90% e uma elevada permeabilidade em virtude das dimensões microscópicas que compõem (0,5 a 12 microns). Os depósitos de diatomáceas podem ser de origem marinha ou de água doce. A estrutura e revestimento dos elementos filtrantes dos filtros de diatomáceas devem ser resistentes à corrosão, à deformação e ao desgaste, e devem ser construídos de forma a permitir fácil manipulação, transporte e instalação. Devem existir defletores, ou um sistema interno de distribuição de água, que impeçam a erosão dos elementos filtrantes durante a filtração.O filtro de diatomita retém o cisto da desinteria e a cercária da esquistossomose, enquanto que o de areia não. Ele remove partículas de até 1,5µ (1 micra = 10-6cm) e os de areia até 20µ.

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• Filtros diversos - Os meios filtrantes diferentes de areia ou diatomita, como por exemplo, os de carvão e de antracito devem ser resistentes à deformação e ao desgaste, além de possuir características físico-químicas perfeitamente definidas pelo fabricante.

• Filtros de alta vazão - É o mais moderno filtro rápido de areia. Funciona da mesma

forma que o filtro de pressão. Porém, a saída da água ocorre em drenos especiais que mantém o fluxo inteiramente uniforme. São constituídos por unidades metálicas de forma cilíndrica, hermeticamente fechadas, dentro das quais a água se desloca de cima para baixo, sob pressão. Os materiais devem possuir resistência à corrosão química pela água e substâncias nela contidas, principalmente aos produtos usados no tratamento. Também deve ser atóxico, e não transmitir sabor, odor ou cor à água da piscina. Podem se empregados para filtrar água fria ou quente. No caso de água quente, o meio filtrante deve ser o carvão, porque a água quente, principalmente a água alcalina, pode reagir com cascalho e areia, contaminando a água com sílica. Este tipo de filtro é o preferido no tratamento de água de piscina em função de ocupar pouco espaço, apresentar maior velocidade de filtração, o material filtrante é somente um tipo de areia, ter alta qualidade de filtração, baixo custo, e não necessitar do auxílio de produtos químicos para coagulação.

6.1.5 Manutenção dos filtros • Limpar o cesto de pré-filtro da bomba e da cadeira com freqüência e especialmente após

as retro lavagens; • Retro lavar o filtro sempre que a diferença entre os manômetros for superior a

0,7Kgf/cm2; • Verificar a ocorrência de eventuais vazamentos nas tubulações e juntas de vedação; • Se o motor apresentar ruído excessivo, providenciar a substituição dos rolamentos, pois,

de outra forma, eles poderão travar, ocasionando a queima do motor; • Usar um auxiliar de filtração para melhorar a eficácia do filtro. 6.2 Tratamento químico Os sólidos em suspensão, turbidez, são removidos por sedimentação simples ou sedimentados por coagulação / floculação, e posterior aspiração. Os microrganismos também são removidos, entretanto, o processo de desinfecção é o mais apropriado para reduzir os microrganismos a níveis seguros. 6.2.1 Sedimentação A sedimentação de uma partícula num fluído em repouso e de baixa densidade como a água ocorre sob ação da força de gravidade. A sedimentação simples ocorre naturalmente em lagos e represas. Entretanto, o tempo envolvido neste processo é muito grande, o que inviabiliza sua utilização para remoção da turbidez como único processo de tratamento. Este processo é usado para separar partículas com tamanho maior que 10 micra. A sedimentação por coagulação remove substâncias em estado coloidal, responsáveis pela cor das águas. Os colóides são suspensão de partículas finamente divididas, apresentando comportamento superficial ampliado devido à grande área de contato em relação ao volume. Os colóides são mantidos em suspensão por causa da carga elétrica negativa, que se repelem, e devido ao seu tamanho diminuto. A massa das partículas coloidais é tão pequena que os efeitos gravitacionais não têm nenhuma importância. A coagulação é o processo usado na remoção das partículas coloidais, clarificando as águas em geral, assim como as águas de piscinas.

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6.2.2 Processo de clarificação O processo de clarificação, sedimentação por coagulação, das águas de piscinas, consiste na remoção dos sólidos em suspensão e do material coloidal. O clarificantes têm carga positiva. Sua ação se dá sobre materiais em suspensão, finamente divididos no estado coloidal e que contêm carga negativa, como por exemplo, as poeiras. Este processo ocorre neutralizando as forças internas ao meio coloidal, responsáveis pela sua estabilidade, e a aglutinação dos colóides desestabilizados, formando aglomerados gelatinosos (flocos) mais densos que precipitam com maior velocidade. A neutralização das cargas negativas estabilizador dos colóides, chama-se coagulação, e a aglutinação das partículas desestabilizadas, chama-se floculação. 6.2.3 Etapas do processo de coagulação • Mistura rápida: as substâncias coagulantes reagem com a alcalinidade natural do meio

ou alcalinidade adicionada, formando espécies hidrolisadas com carga positiva, os hidróxidos positivos;

• Mistura lenta: os hidróxidos positivos neutralizam as cargas negativas dos colóides formando partículas maiores, mais densas, denominadas flocos;

• Decantação ou sedimentação: nesta etapa, o líquido em repouso permite a completa deposição dos flocos formados no fundo do tanque; posteriormente faz-se a aspiração dos mesmos.

6.2.4 Principais agentes coagulantes • Sulfato de Alumínio – Al2(SO4)3 – é o mais usado e pouco recomendado devido à alta

toxicidade do alumínio. • Cloreto Férrico – FeCl3 – recomendado para águas com alto teor de ferro e/ou

manganês, entretanto requer muito cuidado por ser muito ácido. • Sulfato Ferroso, Sulfato Férrico, Aluminato de Sódio e outros são de uso restrito. • Polieletrólitos – são polímeros eletricamente carregados, sendo que uma macromolécula

pode conter milhões de cargas. Uma pequena quantidade de polieletrólito pode reunir muitas partículas de sujeira carregadas negativamente, formando flocos fortemente carregados. Os polieletrólitos agem tanto como coagulantes, comumente chamados “auxiliares de filtração”, ou como coadjuvantes do coagulante, reduzindo a quantidade destes.

6.2.5 Principais auxiliares de coagulação Para reagir e formar flocos é necessário que a água contenha alcalinidade natural ou alcalinidade adicionada por intermédio dos auxiliares de coagulação. Os principais auxiliares de coagulação são: bicarbonato de sódio, carbonato de sódio, hidróxido de sódio, hidróxido de cálcio e óxido de cálcio. A alcalinidade desejada é a alcalinidade bicarbonato, obtida com adição bicarbonato de sódio, conforme mencionado no item 4.7.1 – Importância da Alcalinidade. Os dois produtos, coagulante e auxiliar de coagulação, são aplicados na água com agitação para se obter uma melhor homogeneização e formação dos flocos. Em seguida, a água da piscina deve ser deixada em repouso até a decantação total dos flocos, o que ocorre de um dia para o outro. No dia seguinte, retira-se o material flutuante (folhas, insetos, etc.) e aspira-se os flocos sedimentados. De um modo geral, pode ser adicionada uma mistura aquosa de 30g de sulfato de alumínio mais outra mistura aquosa de 20g de carbonato de sódio para cada 1000 litros de água, sob agitação, a fim de homogeneizar as misturas com o meio aquoso. Em seguida, deixar

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decantar por 6 a 12 horas. Os flocos formados desse modo são leves, ficando em suspensão a menor agitação. Durante o processo de aspiração ocorre a perda de 5 a 10% do volume de água, caso a piscina não tenha recirculação. Se a piscina possuir sistema de recirculação, a água será filtrada. Ajustar o valor de pH e proceder à desinfecção da água. 6.2.6 Reações É necessário Alcalinizar (elevar o pH), antes de adicionar o Coagulante. a) Neutralização de cargas: Al2 (SO4 )3 → 2Al+3 + 3SO4−2

Al + 3 + Colóide → Al[Colóide] b) Varredura: 1) 2Al+3 (que não reagiram) + 3H2O → 2Al(OH)3 (gelatinoso) ou 2) 2Al+3 + 3OH− → 2Al(OH)3 A reação 2 é mais rápida e ocorre se o meio já está alcalino. O Hidróxido de Alumínio - gelatinoso - precipita as partículas, por um processo de varredura. c) Se a água possui alcalinidade: Al2 (SO4 )3 .18H2O + 3Ca(HCO3 )2 → 2Al(OH)3 + 3CaSO4 + 18H2O + 6CO2 d) Se a água não possui alcalinidade natural: d.1 adição de barrilha: Al2 (SO4 )3 .18H2O + 3Na2 CO3 + 3H2 O → 2Al(OH)3 + 3Na2 SO4 + 3CO2 + 18H2O d.2 adição de hidróxido: Al2 (SO4 )3 .18H20 + 6NaOH → 2Al(OH)3 + 3Na2 SO4 + 18H2O No tratamento de piscinas trabalha-se na fase de adsorção em filtros rápidos ou de alta vazão, e na fase de varredura, utilizando-se auxiliar de filtração = CLARIFICANTE. Neste caso faz-se a decantação seguida de aspiração do fundo, mantendo-se o filtro desligado. 7 DESINFECÇÃO 7.1 Conceito É o processo que tem por objetivo destruir os microrganismos patogênicos, ou seja, microrganismos que causam doenças, que podem estar presentes nas águas das piscinas e que tenham resistido ás outras etapas do tratamento.

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7.2 Importância É o processo mais importante (crítico) de todo o tratamento, pois além de garantir a inexistência de microorganismo que são nocivos á saúde, tem por objetivo a manutenção da qualidade biológica da água. Esta condição é obtida normalmente por intermédio do cloro residual livre. 7.3 Desinfecção ou cloração A desinfecção é obtida por meio físico (radiações ultravioleta e microondas) e por ação de agentes químicos, tais como: o cloro, o ozônio, o permanganato de potássio, o bromo, o iodo, dentre outros. Os melhores resultados, no entanto, têm sido obtidos com o CLORO, seja na forma gasosa ou de seus compostos. Daí o termo CLORAÇÃO ser usado como sinônimo de DESINFECÇÃO na prática de tratamento de água.

7.4 Desinfecção com derivado clorado Quando um derivado clorado é adicionado à água, desejamos que exista no meio apenas HClO (ácido hipocloroso) e ClO- (hipoclorito), que é o denominado CLORO RESIDUAL LIVRE (CRL) responsável pelo processo de desinfecção. O chamado cloro residual combinado (CRC) e as cloraminas inorgânicas são indesejáveis, pois além de consumir o HCLO, levam à formação do odor característico de cloro. A presença de CRC é devido à reação da amônia (NH3) com HCLO. Cada 1mg de NH3 leva ao consumo de quase 19mg de CRL. Deve-se adicionar mais cloro até oxidar todas as cloraminas inorgânicas. A origem dos compostos nitrogenada pode ser de origem natural ou resultante da presença de urina, suor, algas etc. A ação bacteriana das cloraminas inorgânicas é muito menor que do ácido hipocloroso e do anion hipocloroso. As cloraminas são eliminadas pela supercloração. • Velocidade de desinfecção Ácido Hipocloroso (HClO) = 2 minutos Íon Hipocloroso (ClO-) = 110 minutos Cloraminas NH2Cl / NHCl2 / NCl3) = 6 horas • Relação: pH / HClO / ClO- pH HClO ClO- 5 100% 0% 6 97% 3% 7 80% 20% 8 30% 70% A faixa ideal de CRL é de 1 a 3mg/l, expressos em função de Cl2. Nos lava-pés é recomendado um residual de 15 a 25mg Cl2/l. O tratamento clássico para desinfecção das águas de piscinas, assim com as águas de abastecimento público, é por meio da cloração, seja empregado cloro gasoso, um de seus derivados líquidos ou sólidos ou, ainda, pela geração eletrolítica de cloro a partir do cloreto de sódio (sal de cozinha). Outros métodos alternativos de desinfecção, tais como: radiação ultravioleta, gás ozônio, água oxigenada, íons de metais de transição (Cu/Ag), dentre outros, na verdade não prescindem do uso do cloro, seja como oxidante, como desinfetante ou como mantenedor de residual desinfetante, assim como nenhum reúne tantas vantagens, como baixo custo e a longa experiência adquirida (quase um século).

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Alguns protozoários são resistentes ao cloro (ex: Kriptosporidium), porém, estes mesmos são retidos nos filtros. Vale destacar que o Cloro granulado não deve ser jogado diretamente em piscinas de fibra de vidro, vinil ou pintadas. Deve antes ser dissolvido anteriormente num balde. O residual de cloro livre, até 20ppm, não tem cheiro. c) Vantagens do uso do cloro • Elevado poder germicida que elimina a maioria dos tipos de microrganismos

patogênicos; • Elevado poder oxidante que elimina resíduos dos microrganismos mortos. • Manutenção de residual impedindo a reinfecção; • Baixa toxicidade nas concentrações recomendadas para uso; • Capacidade de reação com compostos sulfurados e nitrogenados que conferem sabor e

odor desagradáveis; • Facilidade de análises no campo; • Disponibilidade sob diferentes formas, como gás, líquido, sólido (grânulos, tabletes). De acordo com a OMS, a desinfecção por cloração ainda é melhor garantia de se ter água microbiologicamente segura. d) Reações do cloro em meio aquoso 2Cl2 + 2H2O = 2HClO + 2H2O HClO + H2O = H3O+ + ClO- • O ácido hipocloroso (HClO) é o agente bactericida e oxidante mais potente. • O Cloro Residual Livre (CRL) é o cloro nas formas Cl2, HClO e ClO-. 7.5 Supercloração ou oxidação de choque É um tratamento extra, aplicado periodicamente à água para remover, por oxidação (queima), a amônia, os compostos orgânicos nitrogenados, as próprias cloraminas, além de provocar a destruição de microrganismos, dentre eles às algas. Os microrganismos mortos, a matéria orgânica e os resíduos, numa oxidação de choque (10 a 20ppm de cloro), queimam (oxidam) formando gases e cinzas. No processo de oxidação de choque se utilizam derivados clorados, entre 10 a 20 mg de CRL/l, em pH de 7,4 a 7,8. Também são usados produtos à base de água oxigenada em dosagens que variam de 75 a 100 ml de H2O2 (30%) / litro de água de piscina, com a presença de 1 a 2 mg de CRL/l. Como vantagem da utilização de produtos com a presença do “íon peróxido” destaca-se o fato de que, após 15 a 20 minutos, a piscina pode ser utilizada pelos banhistas. A ‘supercloração’ ou ‘oxidação de choque’ é realizada sempre no início do tratamento da água da piscina, para garantir que se alcançará o “break point” (oxidação total dos compostos orgânicos), no processo da desinfecção, após chuvas intensas e após o uso por grande quantidade de usuários. 7.6 Cloro não estabilizado • Cloro gás sob pressão: utilizado normalmente em piscinas grandes (piscinas olímpicas,

por exemplo), ou para várias piscinas simultaneamente. Trata-se de 100% de cloro ativo.

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• Hipoclorito de sódio - NaClO : usualmente chamado de ‘cloro líquido’. De cor escura, contém cerca de 10% de cloro ativo, sendo largamente utilizado na desinfecção das águas de piscinas.

• Hipoclorito de cálcio - Ca(ClO)2 -: comercializado na forma granular, contém cerca de 30% de cloro ativo.

• Cloro cal = hipoclorito de cal. 7.7 Cloro estabilizado • Dicloro-isocianurato de sódio (NaCl2C3N3O3) - Também chamado de cloro granulado

estabilizado, contendo 63% de cloro ativo. Tem pH em torno de 6, provoca pouca alteração do pH do meio. É altamente estável, podendo ser armazenado por longo tempo sem perda significativa de seu teor de cloro.

• Tricloro-s-triazina triona (Cl3C3N3O3) ou ácido tricloro-isocianúrico - Encontrado na forma de pó e granulado apresenta baixa solubilidade em água, por isso o produto é prensado em tabletes de diversos tamanhos e peso utilizado na cloração contínua automática de piscinas residenciais (cloradores flutuantes). É altamente estável, podendo ser armazenado por longo período sem perder seu teor de cloro, tem pH entre 2,8 a3, 0, provocando rápido abaixamento de pH em águas com pouca alcalinidade. A alcalinidade da água deve estar entre 80 a 120ppm.

Observação: A Tricloro-s-triazina triona, em pó ou granular, não pode ser aplicada diretamente na piscina. Sua baixa dissolução conserva seus grânulos ou seu pó presentes na água sem dissolver, causando problemas á pele dos banhistas e/ou superfície da piscina. O processo de estabilização corresponde à adição de substância a água da piscina que reduz a perda de cloro residual pela ação da luz solar. O estabilizador estabelece uma ligação muito fraca com as moléculas de cloro residual, estabelecendo um equilíbrio dinâmico, de ligar e desligar do cloro residual, impedindo que a radiação UV do Sol destrua as moléculas de HCLO. A substância química estabilizadora utilizada é o ácido cianúrico cuja contração deve variar de 25 a 50 mg/L. Concentração superior a 100 mg/L pode ocorrer o chamado “bloqueio de cloro”, que significa a perda das propriedades de desinfecção do cloro. Utiliza-se estabilizador juntamente com cloração inorgânica. 7.8 Deteminação do cloro Métodos: colorimétrico e titulométrico São apresentados em Kit’s comparadores, com disco com escala padrão de concentração de cloro (ppm), e reagentes, e são os mais usuais. Freqüência recomendada: alta temporada, de 2 em 2 horas. 7.9 Tratamentos alternativos de desinfecção 7.9.1 Ozônio O ozônio (O3) é um potente desinfetante, que elimina um amplo espectro de microrganismos como bactérias, vírus e protozoários. Vantagens: não forma THM’s (trihalometanos - compostos organoclorados potencialmente cancerígenos), não altera o pH, a alcalinidade e a dureza da água, além de oxidar praticamente qualquer tipo de matéria orgânica. Desvantagens: alto custo de investimento, tóxico mesmo em baixa concentração, e não apresenta residual (deve ser usado juntamente com outro desinfetante que apresenta residual).

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7.9.2 Geradores de cloro É uma opção relativamente nova, porém com utilização crescente. 7.9.3 Ionizadores Também é uma opção relativamente nova, porém de utilização restrita. 8 GENERALIDADES 8.1 Dosagem de produtos sólidos m = (C x V) / (% x 10) onde: m = massa em gramas do produto a ser utilizado C = concentração final desejada (mg/L) V = volume (em litros) da Piscina % = percentagem do produto (escrito no frasco) 8.2 Dosagem de produtos líquidos V(l) = (C x V) / (% x d x 10000) onde: C = concentração final desejada (mg/L) V = volume em litros da piscina d = densidade do produto V(l) = volume em litros a ser dosado % = percentagem do produto (escrito no frasco) 8.3 Dosagem contínua de produtos químicos ml/min = (C x Q x 6) / (%) onde: ml/min = mililitros por minuto a ser dosado do produto C = concentração final desejada em miligramas/Litro Q = vazão de saída, em litros/segundo 6 = constante % = concentração em percentagem do produto a ser dosado Observação: Os produtos disponíveis no mercado apresentam nos rótulos as dosagens aproximadas para aplicação num volume de 1000 litros (1 m3), que deve ser convertido para o volume total da piscina. 8.4 Cálculo do volume de piscina Piscinas retangulares: V(L) = C x P x L x 1000 Piscinas Redondas: V(L) = D x D x P x 0,785 x 1000 Piscinas Ovais: V(L) = Dmenor x Dmaior x P x 0,785 x 1000 onde: D = Diâmetro C = Comprimento P = Profundidade L = Largura Obs.: todas as medidas são em metros

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8.6 Grau de reatividade entre os produtos químicos mais comuns usados no tratamento de águas de piscinas

1 – Hipoclorito de sódio (Líquido) 2 – Dicloro Isocianurato de sódio (Sólido) 3 – Tricloro – S – triazina triona (Sólido) 4 – Policloreto de alumínio (Líquido) 5 – Sulfato de alumínio (Líquido) 6 – Barrilha (carbonato de sódio) (Sólido) 7 – Soda (hidróxido de sódio) (Sólido) 8 – Ácido clorídrico (muriático) (Líquido) 9 – Hipoclorito de cálcio (Sólido) 10 – Umidade (água) (Vapor)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 - I I I I C C I C C 2 I - I I I C C I C I 3 I I - I I I I I I I 4 I I I - C I I C I C 5 I I I C - I I C I C 6 C C I I I - C I C I 7 C C I I I I - C C I 8 I I I C C I C - I C 9 C C I I I C C I - I

10 C I I C C I I C C - Legenda: C = compatíveis; I = incompatíveis 9 QUALIDADE DE ÁGUAS DE PISCINA – ASPECTOS LEGAIS: Lei No. 4323 (Código Sanitário de B.H.) e Decreto 5016/87, Art. 123, itens I e II; NBR – 10818/1989 – Qualidade de Água de Piscina 9.1 Qualidade biológica Não deve conter (ausência) bactérias do grupo coliforme e/ou Staphylococcus aureus. Recomenda-se a verificação periódica dos seguintes agentes patogênicos: Pseudomonas aeruginosa: são os organismos relacionados com infecções de ouvidos e olhos (otites e conjuntivites) Cândida albicans: organismos relacionados com infecções de pele (micoses) A contagem de bactérias heterotróficas em placas deverá apresentar um número inferior a 200 (duzentas) colônias por mililitro, em 80% de 5 ou mais amostras consecutivas. Avalia a eficiência do tratamento. 9.2 Qualidade físico-química A limpidez da água deve ser tal que permita perfeita visibilidade da parte mais profunda do tanque. A superfície da água deve estar livre de materiais flutuantes. O pH deve ser mantido entre 7,2 e 7,8.

O cloro deve ser mantido 0,8 a 3,0 mg/l de cloro livre.

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A concentração de cloro na água do lava-pés deve ser no mínimo de 3,0 mg/lde cloro livre. A concentração de nitrito (NO2) não deverá ser superior a 0,1 ppm. Monitoramento físico-químico de rotina: cloro residual, pH, alcalinidade, temperatura, turbidez, cor. 9.3 Lei 2800, de 18/06/1956: dispõe sobre a profissão do Químico; Decreto 85877, de 07/04/1981, no artigo 2º - item III define como privativo dos químicos o tratamento de águas de piscinas públicas e coletivas. 9.4 Lei 4323 (Código Sanitátio de Belo Horizonte) e Decreto 5016/87 Capitulo XIII: estabelece parâmetros de projetos, construção, instalação e operação de piscinas. • Art. 123 Parágrafos único – serão realizados os exames previstos neste no mínimo 3

(três) vezes ao ano, a critério da autoridade sanitária competente. • Art. 124 – a desinfecção das águas de piscina será feita com emprego de cloro, seus

compostos ou outro agentes de desinfecção de água aprovado pela autoridade sanitária competente.

• Art. 125 – o número máximo permissível de banhistas utilizando o tanque ao mesmo

tempo, não devera exceder de 1 (um) para cada 2,0m2 de superfície líquida, sendo obrigatório a todo freqüentador do tanque o banho prévio de chuveiro.

• Art. 126 – as piscinas estarão sujeitas á interdição pelo não comprimento das prescrições constantes deste regulamento, devendo a interdição vigorar até que se tenha regularizado a situação que a originou.

• Parágrafo único – os casos de interdição serão comunicados por escrito aos

responsáveis pela piscina, devendo ter validade a partir de sua emissão. • Art. 127 – o não comprimento da interdição, referida no artigo anterior, redundará em

multa aplicada pela autoridade sanitária. • Art. 128 – toda piscina deverá ter um técnico responsável pelo tratamento da água e

manutenção das condições higiênicas, ficando os operadores obrigados a verificar de modo rotineiro os padrões ideais exigidos para águas de piscinas.

9.5 Projeto e execução de piscinas: NBR – 9818/1987 e NBR – 10339/1988 Algumas considerações • O afastamento do tanque das divisas das propriedades deve ser de 1,50m no mínimo; • A largura mínima da faixa pavimentada circundante ao tanque deve ser de 1,80m para

as piscinas públicas e coletivas, e de 1,20m para as piscinas de hospedaria e residenciais coletivas, excetuadas as residenciais privativas, desportivas e especiais. Essa faixa deve ser contínua em todo o perímetro do tanque no caso das piscinas públicas e das cobertas fechadas;

• O piso da faixa pavimentada deve possuir declividade mínima de 2% a partir da borda do tanque até o sistema de drenagem;

• É obrigatória a existência de lava-pés em todos os pontos de acesso do usuário à área do tanque. Não serão permitidos lava-pés contínuos circundando totalmente o tanque;

• O tempo máximo de recirculação nas piscinas equipadas com sistema de recirculação e tratamento deve ser suficiente para recircular toda água do tanque no máximo em 8 horas.

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Conclusões e recomendações Para garantir a qualidade das águas das piscinas é necessário: verificar o pH no inicio do tratamento e corrigir o pH devendo ser levemente alcalino. Se houver grande variação de pH da água, verificar se a alcalinidade se encontra entre 80 a 120ppm. Corrigir a alcalinidade adicionando bicarbonato de sódio (NaHCO3). O íon bicarbonato (HCO3−) funcionará como um tampão, conforme a reação: NaHCO3 + H20 ⇔ Na+ + HCO3

− HCO3

− + H+ ⇒ H2CO3 HCO3

− + OH− ⇒ H2O + CO3−2

Qualquer produto a ser adicionado na piscina deve ser dissolvido anteriormente num balde, seguindo as recomendações do fabricante. Ao adicionar algum corretor de pH, agitar bem a água para sua homogeneização. A coagulação, floculação e sedimentação das partículas coloidais (sujeira suspensa) se faz no sentido vertical (de cima para baixo). Aguardar no mínimo 6 horas para que ocorra a decantação. Aspirar cuidadosamente para que os flocos depositados no fundo não se desloquem para a superfície. Ideal para não haver contaminação acumulada: 2m3/banhista por dia. Fazer uma cloração de choque a cada 30 dias, no máximo A cada 4 meses, recomenda-se o controle da qualidade microbiológica da água, tornando-se público o seu laudo para os usuários. Manter as adjacências da piscina sempre limpas e livres de sujeiras que possam ser levadas para a água. Não esvaziar a piscina. Quando a piscina está cheia o peso da águas se equilibra com as paredes existentes, evitando qualquer dano. Três fatores importantes: • Filtração: a filtração promove oxigenação da água, mantém sua limpidez e homogeneíza

a solução de cloro. • pH: manter o pH nesta faixa de 7,2 a 7,8 facilita a ação desinfetante do cloro e do

coagulante. • Cloro residual: a manutenção de residual de cloro e a cloração não permitem a

sobrevivência ou proliferação de qualquer agente contaminante na água. Considera-se como água impecável a água livre da presença de inúmeros microrganismos, tais como: algas, bactérias, fungos. É uma água clara e transparente (não turva) em todos os pontos da piscina e não produz irritações nos banhistas nem corrosão ou incrustações nos equipamentos.

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Problemas mais comuns em águas de piscinas

PROBLEMA CAUSA PROVÁVEL SOLUÇÃO Água turva Partículas ou organismos em

Suspensão Supercloração e filtração

Água verde e turva Presença de Algas Supercloração Água Marrom Presença de Fe e/ou Mn na

forma oxidada Supercloração e filtração

Cheiro forte de cloro Cloraminas, pH baixo Supercloração e elevar o pH Barrado gorduroso Protetor solar, bronzeadores

e/ou fuligem Limpar as bordas com solução de Hipoclorito a 2%

Corrosão de metais Valor de pH baixo Elevar o pH Irritação dos olhos e pele Valor de pH inadequado Corrigir o pH Cabelos duros ou verdes e/ou pele ressecada

Excesso de metais como alumínio ou cobre

Remover os metais pela floculação

Pele brilhando quando molhada parecendo plástico

Valor de pH inadequado Corrigir o pH

Referências Referências COMPANHIA ESTADUAL DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO BÁSICO E DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS. Piscinas de uso coletivo. 2. ed. São Paulo: BNH/ABES/CETESB, 1975. COMPANHIA ESTADUAL DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO BÁSICO E DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS. Tratamento, operação e manutenção de piscinas. São Paulo: CETESB, 1990. GENCO QUÍMICO INDUSTRIAL. Piscinologia I: manual básico de tratamento de piscinas. São Paulo: Genco Químico Industrial Ltda. MACEDO, Jorge Antônio Barros de. Águas e águas. 2. ed. Atual. rev. CRQ-MG, 2004. MACEDO, Jorge Antônio Barros de. Piscinas: água, tratamento e química. CRQ-MG, 2003. SECUNDINO, José Antônio. Código Sanitário Municipal de Belo Horizonte. Belo Horizonte, Del Rey, 1997. Nome do técnico responsável Nelson Alves Góes - Químico Nome da Instituição do SBRT responsável Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC Data de finalização 10 jun. 2007