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DIREITO DAS SUCESSES 2.ANO Escola Superior de Tecnologia e Gesto de Felgueiras

Docente: Dr. Jos Miguel Coelho Nunes Correio electrnico: [email protected] ou [email protected]

Aula n. 01 07 de Maro de 2008 Sumrios: 1. Apresentao. 2. Indicao Bibliografia. 3. Objecto e caractersticas do Direito das Sucesses. 4. Fontes.

AvaliaoExame Final: 4 de Julho (14h30m)

BibliografiaTextos policopiados do Prof. Francisco Pereira Coelho Lies de Direito das Sucesses - Prof. Pedro Caplo, Coimbra Editora, 2001 Cdigo Civil anotado e comentado Prof. Ablio Neto, Edifor

Artigo 2026. - (Ttulos de vocao sucessria) A sucesso deferida por lei, testamento ou contrato.

A lei designa quem so os sucessveis, existem dois tipos de herana: (art. 2027 CC) Legitima Legitimria Mas tambm por contrato, pode o autor da herana designar as pessoas que tm capacidade para lhe suceder, artigo 2028 CC. Aberta a herana, mas no sendo ainda conhecidos os sucessores/sucessveis ou sendo eles conhecidos mas ainda sem terem aceitado a herana, no aceitando ter que repudiar (artigo 2062 CC)., Dependendo da forma a observar com efeito, segundo o artigo 2063 CC, o repudio esta sujeito forma exigida para a alienao da herana (artigo 2124 CC), nos termos do qual a alienao da herana depende de escritura publica, quando dela fazem parte bens para cuja alienao se requer esse formalismo, e de mero documento particular na hiptese inversa. Portanto, repdio por escritura pblica ou por documento particular, conforme os casos.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 1

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Categoria de herdeiros legtimos art2132 CC Entre a morte do autor e consequente abertura da herana e a aceitao da herana, esta entra num momento de jacncia at que os herdeiros aceitem. Herana jacente art2046CC

Fenmeno sucessrio: Abertura da herana administrao da herana liquidao da herana partilha da herana A herana no se impe a ningum, tem que se verificar sempre um acto de aceitao por parte do sucessivo.

X Z Z

X oo G A A AooB Regime comunho geral de bens entre A e B CDEF A morre, no deixa testamento, nem doao, mas deixa bens.

1 --- = A 2

1 --- = B 2

Meao, s a metade de A que vai ser partilhada

1 4 1 1 1 --- : = --- x --- = --- para a mulher artigo 2139 CC 2 2 4 8 1 1 4 1 3 1 3 --- - --- = --- - --- = --- x --- = --- para cada filho. 2 8 8 8 8 4 32

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Regime de comunho geral

Quota indisponvel

A

BQuota disponvel

A no testamento deixa a sua quota disponvel sua mulher que de 1/3. Quota disponvel 1/3 Quota indisponvel 2/3 A herana legitimria uma forma de herdar mas com mecanismos de fiscalizao. Ttulos de vocao sucessria: Legtima; legitimria; testamentria e contratual. Quando e onde se abre a sucesso? - art2031 Para efeitos do momento da morte tem importncia apenas a comorincia quando duas pessoas morrem ao mesmo tempo, em simultneo. J no que toca ao lugar da morte, esta tem muita importncia (art82CC lugar da sua residncia): A abertura do processo de sucesso feito, por regra, na repartio de finanas do domicilio do de cujos Determina o tribunal competente, para dirimir questes relacionadas com conflitos entre herdeiros Onde se faz o inventrio Para efeitos de cumprimento de legados em dinheiro (legados art2249CC) Para efeitos de colao o valor dos bens dos bens aquele que eles tiverem data da abertura da herana Para revelar a proibio dos pactos sucessrios no momento da morte que a vocao/designao sucessria se concretiza ou verifica. A vocao pode ser legal legitimo, legitimrio, ou vocao voluntria por testamento. Tambm para clculo da legtima, devemos atender ao momento da abertura da herana.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 3

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Art2062 CC Repudio da herana Art20502 CC Aceitao da herana Nota: Quando haja aceitao, os seus efeitos retroagem sempre data da abertura da herana. Herana legitimria uma herana fiscalizadora Herana legtima aquela que legtima, aquela que no necessita de fiscalizao.Aula n. 02 14 de Maro de 2008 Sumrios: 1. Conceito de sucesso. Noo geral. 2. Sucesso e transmisso de direitos. 3. A sucesso por morte. 4. O objecto da sucesso por morte. 5. Espcies de sucesso por morte, quanto fonte da vocao a. Sucesso legal i. Legtima ii. Legitimria b. Sucesso voluntria i. Contratual ii. Testamentria

ConceitodesucessonoogeralNa linguagem comum o conceito de sucesso tem uma grande amplitude. Sucesso em geral, no designa mais do que uma relao entre um prius e um posterius: uma sequncia de fenmenos diversos, ou de diversos momentos ou termos dum curso ou processo desenvolvendo-se no tempo, se no ate uma simples sequncia de momentos lgicos dum raciocnio. Sendo muito numerosas, as aplicaes deste conceito to geral, importa destacar a ideia de sucesso de pessoas; a ideia de que uma pessoa, por vezes, vai substituir ou subingressar em determinada posio que outra ocupava. Importa destacar essa noo porque ela , devidamente acomodada matria de que se trata aquela posio em que uma pessoa se substitui a outra ser naturalmente, agora, uma posio jurdica, a posio de sujeito de uma relao jurdica, a noo jurdica de sucesso no sentido mais geral. O conceito jurdico de sucesso integrado por dois elementos: A sucesso supe, que se opera uma modificao subjectiva em determinada relao jurdica, que por exemplo em certa relao obrigacional ou real, muda a pessoa do credor ou do devedor, do proprietrio, etc.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 4

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Supe igualmente, que a relao jurdica se mantm a mesma apesar da modificao operada, assim so formas de sucesso uma compra e venda, a cesso de crditos, a transmisso singular de divida, a aquisio de bens da herana pelo herdeiro. A expresso sucesso, no restrito ao ramo do direito civil (direito das sucesses), fala-se em sucesso de Estados, sucesso num cargo pblico, sucesso no processo, etc.

SucessoetransmissodedireitosArtigo 66. - (Comeo da personalidade) 1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida. 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento. Artigo 68. - (Termo da personalidade) 1. A personalidade cessa com a morte.

Durante a vida algumas pessoas criam patrimnio e com a morte dessa pessoa o patrimnio ficar disposio dos herdeiros, vai haver uma espcie de substituio do titular. O direito no se transfere, no h transmisso translativa, com a morte os bens ficam sem titular. Para combater este facto, a lei criou determinadas figuras jurdicas, criou alguns efeitos jurdicos e a abertura das sucesses ter esse direito sobre crditos, o mesmo acontecendo quando existam dbitos. H no entanto relaes que no cessam com a morte. Por exemplo: o casamento, pois uma relao ligada pessoa. H relaes jurdicas patrimoniais que cessam com a morte, por exemplo: se A morreu e tem usufruto sobre determinado prdio, com a sua morte o direito extingue-se. H relaes jurdicas no patrimoniais, ligadas pessoa, que cessam com a morte (ex: direitos de personalidade, estado civil, ...) Herdeiros pressupe a existncia de uma relao de parentesco entre o de cujos e os herdeiros O testamento s produz efeitos depois da morte, nunca em vida. Se s produz efeitos depois, os direitos tambm s se produzem depois. O autor da herana conserva inteira disponibilidade dos seus bens at morrer, o legislador tambm transmite uma certa preocupao com os herdeiros. Ex: um filho precisa de capital e quer negociar uma casa que os pais tm que provavelmente ser sua aps eles falecerem, no entanto ele no pode vender a casa porque at morte os pais podem at j no possurem o bem, por terem vendido ou doado. Legislador quer evitar que os potenciais herdeiros celebrarem negcios jurdicos (art. 2028 n.1 do CC)

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Artigo 2028. - (Sucesso contratual) 1. H sucesso contratual quando, por contrato, algum renuncia sucesso de pessoa viva, ou dispe da sua prpria sucesso ou da sucesso de terceiro ainda no aberta. 2. Os contratos sucessrios apenas so admitidos nos casos previstos na lei, sendo nulos todos os demais, sem prejuzo do disposto no n. 2 do artigo 946.

Remete para Artigo 946. - (Doao por morte)

Transmisso dos direitos sucessrios - Na disciplina apenas vamos estudar a sucesso mortis causa

AsucessopormorteArtigo 2024. - (Noo) Diz-se sucesso o chamamento de uma ou mais pessoas titularidade das relaes jurdicas patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devoluo dos bens que a esta pertenciam.

Noo de sucesso, art.2024 CC No momento em que a pessoa falece, abre-se a sucesso e d-se o momento da avocao sucessria (chamamento titularidade das relaes jurdicas do falecido, aqueles que gozam da prioridade na hierarquia das sucessveis) A sucesso como um efeito jurdico mortis causa A sucesso um efeito jurdico, mais concretamente uma aquisio (ou vinculao) mortis causa. Quer isto dizer que a morte de algum , em conjugao com os chamados factos designativos, o facto gerador ou determinante, a causa ou concausa da aquisio de bens (ou da vinculao) de sucessveis. De acordo com a noo analtica e vincadamente estrutural, a sucesso mortis causa, d-se quando a pessoa falecida substituda por uma ou mais pessoas vivas na titularidade das suas relaes jurdico patrimoniais, com a consequente devoluo dos bens que lhe pertenciam, atravs de um processo escalonado ou progressivo que se concretiza por quatro elementos distintos: 1. A morte do titular das relaes jurdicas patrimoniais, como pressuposto necessrio da substituio operada; 2. O chamamento (ou vocao do sucessor); 3. A subsequente devoluo dos bens; 4. A manuteno da identidade das relaes jurdico-patrimoniais compreendidas na herana, a despeito da mudana operada nos seus titulares. A sucesso mortis causa, aberta com a morte do de cuius, principia realmente por um acto de chamamento do sucessor, que o art. 2024 CC, caprichou em destacar, para afastar decididamente a ideia de que a sucesso hereditria seja considerada pelo Direito como uma simples transmisso ou transferncia de bens de uma pessoa (falecida) para outra (que lhe sobrevive).Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 6

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A sucesso: noo de transmisso A transmisso uma transferncia de direitos e obrigaes da esfera jurdica do titular para a de outro, direitos e obrigaes que mantm na esfera do transmissrio a sua identidade jurdica.

OobjectodasucessopormorteArtigo 2025. - (Objecto da sucesso) 1. No constituem objecto de sucesso as relaes jurdicas que devam extinguir-se por morte do respectivo titular, em razo da sua natureza ou por fora da lei. 2. Podem tambm extinguir-se morte do titular, por vontade deste, os direitos renunciveis.

O art. 2025 CC, indica genericamente, as relaes jurdicas encabeadas na pessoa falecida, a cuja titularidade ningum chamado. E ningum chamado, a suceder em relaes jurdicas que devam extinguir-se por morte do respectivo titular, seja em virtude da natureza da relao, seja do disposto na prpria lei. A lei ao falar na adjudicao de certos direitos aos parentes, e ou, herdeiros, utiliza, frequentemente, a expresso legitimidade para a adopo de certas providncias ou para a prossecuo e transmisso da aco, parecendo bvio que o direito conferido, ainda que moldado sobre o do autor da sucesso, no o mesmo que existia na esfera jurdica daquele. Bastar atentar em que umas vezes esse direito est condicionado ao sentido do seu exerccio pelo de cuius, no podendo os familiares indicados na lei, por exemplo, desistir da instncia ou do pedido.

Espciesdesucessopormorte,quantofontedavocaoDesignao sucessria e vocao sucessria Os sucessores, no momento da morte, tm j de estar designados, por lei ou voluntariamente. A designao prvia abertura da herana, morte, influencia a vocao que posterior a esta. As pessoas vo ser chamadas titularidade do direito. Legitima Legal Legitimaria Designao Sucessria Contratual Voluntaria Testamentria

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Atendendo aos ttulos de designao temos os seguintes espcies de vocao sucessria Legitima Legal Legitimaria Vocao Sucessria Contratual Voluntaria Testamentria

Ordem de chamamento:1. 2. 3. 4. Espcies de vocao legitimria (imperativa/herana forada) art2156 CC Espcies de vocao contratual (no revogvel) (pressupe aceitao) Espcies de vocao testamentria (vontade do testador. contratual e no receptcia) Espcies de vocao legtima (supletiva)

A oo B C D E

A deixa testamento segundo o qual institui um legado a favor da sua mulher B no valor de 5.000 euros. Acontece que o valor da herana de 200.000 euros. Concluso: A falece em 2007, por acto da sua ltima vontade faz um testamento que constitui um legado a favor de sua mulher, ou seja, dispe de parte dos seus bens a B (2156 e 2159). Segundo o artigo 2156, o testador, ao dispor parte dos seus bens est a forar a abertura de uma herana. Testamento legado a B 5.000 Quota disponvel (herana legitimria) = 200.000 x 2/3 = 133.333 Quota disponvel = 66.666 = 61.666 A sucesso contratual apenas admitida em dois casos: Na conveno antenupcial Na partilha em vida Em todos os outros casos a lei sanciona-os com a nulidade art2028CC 20.000 x 1/3 = 6.800 esta a quota disponvel, valor remanesceste da herana 6.800 5.000 = 63.000 Herana legtima (5.000 so da herana testamentaria)Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 8

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Artigo 2156. - (Legtima) natureza imperativa Artigo 2157. - (Herdeiros legitimrios) remisso para o art2131 Artigo 2158. - (Legtima do cnjuge) Artigo 2159. - (Legtima do cnjuge e dos filhos) Artigo 2160. - (Legtima dos descendentes do segundo grau e seguintes) Artigo 2131. - (Abertura da sucesso legtima) Artigo 2132. - (Categorias de herdeiros legtimos) Artigo 2133. - (Classes de sucessveis) remisso para o art1986 e 1992 CC Artigo 2134. - (Preferncia de classes) Designao sucessria prevalente ou preferncia de classes: 1 Classe conjunto de descendentes 2 Classe conjunto de ascendentes 3 Classe adoptados restritos 4 Classe irmos e seus descendentes 5 Classe outros colaterais at ao 4 grau 6 Classe Estado Artigo 2135. - (Preferncia de graus de parentesco) Artigo 2136. - (Sucesso por cabea) (1) Testamento em que deixou a quota disponvel ao seu irmo 5 1 oo 2

+ 2007

5 oo 6

(1)3

oo 4+2005 +2005

7 oo 8

+2006

9 Quais os herdeiros de 3?

10

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o 4, por direito de acrescer dos filhos. Direito de acrescer art2137

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A vocao sucessria tem 4 pressupostos:1. 2. 3. 4. Designao sucessria prevalente Capacidade sucessria Existncia do chamado Aceitao

Capacidade sucessria art2033 a lei diz que todas as pessoas tm capacidade sucessria, salvo aquelas que esto previstas na lei e que so a indignidade (art2034 CC) e a deserdao (art2166CC). Indignidade Art2034 Incapacidade por indignidade tem que haver uma sentena que transitada em julgado, em que o sucessvel seja acusado e condenado por homicdio doloso (intencional) Art2036 CC Declarao de indignidade a indignidade resulta sempre de uma condenao, mas no chega, necessrio outra condenao, alm da sentena que condena pelo crime praticado, s podem ser declarados indignos por sentena do tribunal, no tcito ou oficioso. Art2166 CC Deserdao dos herdeiros legitimrios (cnjuge, ascendente e descendentes) a nica que no necessita de sentena. Art2167 CC Impugnao da Deserdao com fundamento na inexistncia. Art2037 CC Efeitos da indignidade considerado como no herdeiro. Na desero e na indignidade, desde que haja descendentes h lugar a direito de representao, se no houver descendentes lugar a direito de acrescer do conjugue e dos ascendentes.Artigo 2166. - (Deserdao) 1. O autor da sucesso pode em testamento, com expressa declarao da causa, deserdar o herdeiro legitimrio, privando-o da legtima, quando se verifique alguma das seguintes ocorrncias: a) Ter sido o sucessvel condenado por algum crime doloso cometido contra a pessoa, bens ou honra do autor da sucesso, ou do seu cnjuge, ou de algum descendente, ascendente, adoptante ou adoptado, desde que ao crime corresponda pena superior a seis meses de priso; b) Ter sido o sucessvel condenado por denncia caluniosa ou falso testemunho contra as mesmas pessoas; c) Ter o sucessvel, sem justa causa, recusado ao autor da sucesso ou ao seu cnjuge os devidos alimentos. 2. O deserdado equiparado ao indigno para todos os efeitos legais.

Nota: Art2167 CC Prazo de impugnao 2 anos

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Efeitos da indignidade art20371 e 2Artigo 2237. - (Administrao da herana ou legado) 1. Se o herdeiro for institudo sob condio suspensiva, posta a herana em administrao, at que a condio se cumpra ou haja a certeza de que no pode cumprir-se. 2. Tambm posta em administrao a herana ou legado durante a pendncia da condio ou do termo, se no prestar cauo aquele a quem for exigida nos termos do artigo anterior. Remete para Artigo 2236. - (Prestao de cauo)

. A personalidade jurdica adquire-se com o nascimento e com vida Concepturos s podem suceder em testamento Nascituros art20332, podem suceder por lei sucessvel legal Para ser chamado sucesso, a pessoa tem que ter capacidade/existncia sucessria. Existncia do chamado vocao indirecta por direito de representao. Transmisso art2058CCArtigo 2237. - (Administrao da herana ou legado) 1. Se o herdeiro for institudo sob condio suspensiva, posta a herana em administrao, at que a condio se cumpra ou haja a certeza de que no pode cumprir-se. 2. Tambm posta em administrao a herana ou legado durante a pendncia da condio ou do termo, se no prestar cauo aquele a quem for exigida nos termos do artigo anterior. Remete para Artigo 2236. - (Prestao de cauo)

Situao de pr-morte ou repdio Representao, se houver descendentes Espcies de vocao legitimaria ( A sucesso por morte pode ser legal ou voluntaria, conforme o titulo em que se baseia a lei ou um negocio jurdico. E conforme este negocio um testamento ou uma doao por morte (nos casos excepcionais em que as doaes por morte so permitidas), assim se fala em sucesso testamentaria ou contratual. Por sua vez, dentro da sucesso legal lato sensu ainda se distingue entre a sucesso legitima e a legitimaria. Designa-se por sucesso legitimaria a que se d em beneficio de determinados sucessores (os herdeiros legitimrios), aos quais a lei reserva uma fraco da herana de que o autor da sucesso no tem a faculdade de dispor. No havendo herdeiros legitimrios ou, havendo-os, nos limites da quota disponvel, o autor da sucesso dispe livremente, por testamento ou doao por morte; caso no disponha abre-se a sucesso legitima, nos termos e segundo a ordem do art. 2133 do CC.Artigo 2133. - (Classes de sucessveis) 1. A ordem por que so chamados os herdeiros, sem prejuzo do disposto no ttulo da adopo, a seguinte: a) Cnjuge e descendentes; Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 11

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b) Cnjuge e ascendentes; c) Irmos e seus descendentes; d) Outros colaterais at ao quarto grau; e) Estado. 2. O cnjuge sobrevivo integra a primeira classe de sucessveis, salvo se o autor da sucesso falecer sem descendentes e deixar ascendentes, caso em que integra a segunda classe. 3. O cnjuge no chamado herana se data da morte do autor da sucesso se encontrar divorciado ou separado judicialmente de pessoas e bens, por sentena que j tenha transitado ou venha a transitar em julgado, ou ainda se a sentena de divrcio ou separao vier a ser proferida posteriormente quela data, nos termos do n. 3 do artigo 1785. Redaco dada por Decreto-Lei n 496/77 de 25-11-1977, Artigo 138. Cdigo Civil - Alterao Remete para Artigo 1785. - (Legitimidade)

Existem assim quatro espcies de sucesso por morte: legitima, legitimaria, testamentria e contratual.

Sucesso Legal LegitimaA sucesso legtima: regime geral Supletivamente embora, a lei admite no domnio da sucesso legtima, ou seja, daquele conjunto de regras que se aplicam na falta, invalidade ou ineficcia da disposio testamentria quando a todos ou parte dos bens do de cuius, que sejam chamados, para alm do cnjuge, parentes do de cuius, no apenas na linha recta, mas na linha colateral, at ao 4 grau dessa linha (arts. 1578 a 1581 CC). Trs regras fundamentais, alis avocadas pela sucesso legitimria por fora do art. 2157 CC, dominam a sucesso legtima: a da preferncia de classes (art. 2134 CC); a preferncia de graus de parentesco dentro de cada classe (art. 2135 CC) e a diviso por cabea (art. 2136 CC). Quanto regra da preferncia de classes (art. 2137/1 CC) e no que toca posio do cnjuge (que integra as duas primeiras), remete-se para a sucesso legitimria (art. 2141 e 2144 CC). No que toca, regra da preferncia de graus de parentesco dentro de cada classe, ela s pode ser posta em causa pelo instituto do direito de representao (arts. 2039; 2042; 2140; 2160 e 1999/2 CC). A regra da diviso por cabea, pode ser afastada: em caso de concurso do cnjuge com descendente, por fora do art. 2139/1 CC 2131 CC; em caso de concurso de cnjuge com ascendentes (art. 2131 CC) em caso de concurso de irmos germanos e irmo consanguneos ou uterinos (art. 2146 CC); por fora do direito de representao uma vez que opera por estripes (art. 2042 e 2044 CC).

Sucesso Legal legitimriaA sucesso legitimria: noo A sucesso legitimria constitui incontestavelmente um limite liberdade de testar, a verdade que ela representa, claramente e tambm, uma modalidade de sucesso que obedece a regras prprias, sem dvida justificativas da sua indiscutvel autonomia. que, para alm daLicenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 12

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injuntividade da sucesso legitimria, h tantas outras regras especficas nesta modalidade da sucesso, tais como: as respeitantes determinao dos sucessveis legitimrios; medida das legitimas respectivas; ao modo de calcular a legtima, objectiva e subjectiva; ao princpio da intangibilidade da legtima, qualitativa e quantitativamente relevante e, bem assim, ao regime de reduo por inoficiosidade. A sucesso legitimria decorre da lei, que determina a transmisso de uma quota da herana do de cuius para certos parentes prximos (descendentes, ascendentes, cnjuge), quota de que o autor da sucesso no pode dispor. Os sucessveis legitimrios So pois sucessveis legitimrios (art. 2157 CC), o cnjuge, os descendentes e os ascendentes, pela ordem e segundo as regras estabelecidas para a sucesso legtima (arts. 2131 segs. CC). O cnjuge (sobrevivo), colocado cabea de todos os herdeiros, quer em concorrncia com os descendentes, quer por maioria de razo em competio com os ascendentes, nos termos do art. 2133 CC, surge no art. 2157 CC, no ncleo dos herdeiros legitimrios, e, dentro desse grupo, aparece justificadamente colocado no primeiro lugar dos chamados. A legtima objectiva ou global, corresponde, quota indisponvel da herana, s que esta expressa a perspectiva (indisponibilidade) do autor da sucesso, enquanto aquela atende sua afectao aos herdeiros legitimrios. A parcela que dentro dessa quota indisponvel ou legtima objectiva cabe a cada sucessvel legitimrio ser a legtima subjectiva.

Sucesso Voluntria ContratualA sucesso contratual: a sua admissibilidade excepcional H sucesso contratual (art. 2028 CC) quando, por contrato, algum renncia sucesso de pessoa viva, ou dispe da sua prpria sucesso ou da sucesso de terceiro ainda no aberta. O contratos sucessrios apenas so admitidos nos casos previstos na lei, sendo nulos todos os demais. Modalidades dos pactos sucessrios Uma referncia fugaz tipificao dos pactos ou contratos sucessrios feita no art. 2028/1 CC. Como que se esboa nesse preceito uma classificao tripartida dos pactos sucessrios: os pactos sucessrios renunciativos, atravs dos quais algum renuncia sucesso de pessoa viva; os pactos sucessrios designativos, pelos quais se dispe da prpria sucesso; e, finalmente, os pactos sucessrios dispositivos, que implicam a disposio da sucesso de terceiro ainda no aberta. Depois de dar no art. 2027 CC, a noo genrica de sucesso legal e de distinguir as duas variantes nela compreendidas, no art. 2028 CC, depois de enumerar tambm as trs variantes da sucesso pacfica ou contratual, define o regime jurdico dos chamados pactos sucessrios, que podem decompor-se em quatro solues distintas: 1) A regra da nulidade, fundada na hostilidade da lei a qualquer limitao ao princpio da livre revogabilidade das disposies mortis causa;Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 13

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A excepo aberta para as doaes de parte ou da totalidade da herana admitidas nas convenes antenupciais (arts. 1700 a 1702, 1705 e 1706 CC); 3) A ressalva da partilha em vida, a favor dos presuntivos herdeiros legitimrios, prevista e regulada no art. 2029 CC; 4) O regime de conciliao entre a nulidade da sucesso contratual e a plena validade das disposies unilaterais da ltima vontade, traado no art. 946 CC. Ao lado dos pactos sucessrios, duas figuras prximas, ou afins deles, se encontram ainda previstas e reguladas na disposio (art. 2028 CC). A primeira delas, a que se pode chamar partilha em vida, (art. 2029 CC) onde explcita ou declaradamente se afirma que a liberalidade a retractada no havida como disposio sucessria. A segunda a figura hbrida ressalvada na parte final do art. 2028/2 CC, atravs da qual, no obstante a nulidade do pacto sucessrio, o legislador reconhece atribuio patrimonial do doador o valor de testamento, desde que tenham sido observadas as formalidades destes, isto , desde que a doao tenha sido feita por escritura pblica. A proteco legal dos sucessveis contratuais em vida do autor da sucesso Os arts. 1701 e 1702 CC, traam o quadro legal do regime da sucesso contratual. Da articulao do art. 1071/1 CC, com o art. 1758 (tambm art. 1755/2 CC), parece enunciar trs princpios fundamentais quanto aos pactos sucessrios: No podem ser unilateralmente revogados depois da aceitao e de que nem lcito ao doador prejudicar o donatrio por actos gratuitos de disposio (art. 1701/1, 1 parte CC). O segundo princpio, relativo apenas aos pactos sucessrios feitos por terceiro a qualquer dos esposados ou vice-versa (arts. 1701/1, 2 parte, 1705/1 CC), que no so unilateralmente revogveis nem prejudicveis por actos gratuitos de disposio por fora do primeiro princpio, ser o de que eles podem ser revogados a todo o tempo por mtuo acordo dos contraentes. O terceiros princpio, decorrente dos arts. 1755/2 e 1758 CC, o de que as doaes entre esposados no so revogveis por mtuo consentimento dos contraentes, abrangendo tal proibio as doaes por morte para casamento. Quanto ao herdeiro-donatrio da totalidade da herana, o art. 1702/2 CC, determina uma correco ao mbito dessa doao por morte, por eventuais razes de indevida ponderabilidade do teor e dos efeitos do acto pelo doador, criando, assim, uma reserva legal de uma tera parte da herana relativamente qual o doador continuaria a deter plenos poderes de disposio em vida ou por morte.

2)

Sucesso Voluntria - TestamentriaSucesso testamentria: noo e caracterizao do testamento No art. 2179/1 CC, declara-se uma primeira noo de testamento tomado como acto unilateral e revogvel pelo qual uma pessoa dispe, para depois da morte, de todos os seus bens ou de parte deles.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 14

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Resulta pois, dessa definio legal que da essncia do testamento, no s a unilateralidade, ou seja, a existncia de uma nica parte, de um nico centro de interesses, como tambm a livre revogabilidade (arts. 2311 segs. CC), a qual legtima a afirmao de que o testamento uma disposio de ltima vontade. Mas o testamento tambm um negcio jurdico. Negcio jurdico mortis causa, unilateral, mas tambm singular (art. 2181 CC). ainda a salvaguarda da liberdade de testar que est em causa nesta proibio dos chamados testamentos de mo comum. O testamento ainda um negcio pessoal, insusceptvel de ser feito por meio de representante ou de ficar dependente do arbtrio de outrem, quer pelo que toca instituio de herdeiros ou nomeao de legatrios, quer pelo que respeita ao objecto da herana ou do legado, quer pelo que pertence ao cumprimento ou no cumprimento das suas disposies (art. 2182/1 CC). O testamento ainda um negcio eminentemente formal, formalismo que ainda surge como garantia da expresso livre e ltima da vontade; com efeito, o testamento pode ser pblico, quando escrito pelo notrio no seu livro de notas, dando azo nomeadamente interveno testemunhal (art. 2205 CC); ou cerrado, quando feito pelo testador ou por outrem a seu rogo e por ele assinado e sujeito a uma aprovao notarial de ndole meramente formal (art. 2206 CC). O testamento naturalmente um negcio no receptcio, ou seja, no testamento no h verdadeiramente um destinatrio. Os sucessveis institudos apenas podem aceitar aquilo que lhes proposto pelo autor da sucesso, ressalvadas certas excepes de divisibilidade da vocao (arts. 2055; 2250; 2306 CC), acrescendo que no h efectivo encontro no tempo das vontades do autor da sucesso e dos sucessveis institudos, se bem que a permanncia dos bens estabelea a conexo negocial necessria. Livre revogabilidade do testamento como negcio jurdico unilateral, o coloca no plano da hierarquia dos factos designativos negociais, aps a designao contratual. Os pactos sucessrios no podem ser unilateralmente revogados (art. 1701/1 CC), nomeadamente atravs de testamentos ulteriores. Por seu turno, os testamentos sero naturalmente revogveis expressa ou tacitamente por um acto designativo (arts. 2312 e 2313 CC). O autor do testamento: incapacidade, inabilidade e ilegitimidade testamentria activa A regra no tocante capacidade testamentria a de que podem testar todos os indivduos que a lei no declare incapazes de o fazer (art. 2188 CC). Reportada a pessoas singulares (indivduos), a capacidade testamentria , entretanto, uma capacidade de exerccio e no de gozo. Diversa a figura da indisponibilidade relativa recortada nos arts. 2192 segs. CC, determina a lei a nulidade. As pessoas relativamente s quais a lei cria situaes de indisponibilidade podem ser chamadas, por exemplo, por sucesso legtima, se for caso disso, j que a indisponibilidade se cinge sucesso testamentria. O art. 2192/3 CC, aplicvel situao prevista no art. 2194 CC, ex vi do art. 2195-b CC, tambm aponta para a incidncia no lado activo da sucesso testamentria da indisponibilidade relativa na medida em que ela no operar nesses casos, apesar da identidade da facti species normativa, por se estar ante descendentes, ascendentes, colaterais at ao terceiro grau ou o cnjuge do testador.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 15

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A prpria expresso legal indisponibilidade relativa, parece acentuar que o que est fundamentalmente em causa so as circunstncias conexas com a facultas agendi por morte do testador. A lei admite (arts. 2297 e 2298 CC), que o progenitor, que no estiver inibido do poder paternal substitua aos filhos os herdeiros ou legatrios que bem lhe aprouver, para o caso do filho falecer sendo menor (substituio pupilar) ou em situao de interdio por anomalia psquica (substituio quase-pupilar). A substituio pupilar e quase-pupilar caducam, entretanto, se o filho adquirir ou readquirir capacidade testamentria (arts. 2297/2. 2298/2 CC) e ainda se o substitudo falecer deixando descendentes ou ascendentes. Aspectos gerais do regime do negcio testamentrio Reportado lei, o conceito lacuna importa a existncia de uma situao que nem a letra da lei, nem o sentido daquela comportariam (art. 10 CC). Transplantada para o campo negocial, e do testamento em especial, e sendo o sentido deste a vontade real do testador (art. 2187 CC), ainda que em conjugao com a relevncia de aspectos formais, a lacuna no pode deixar de se situar sempre no campo de uma vontade real do testador (art. 2187 CC), ainda que em conjugao com a relevncia de aspectos formais, a lacuna no pode deixar de se situar sempre no campo de uma vontade hipottica (art. 239 CC). Acresce que a lacuna no pode incidir, cr-se, no acto dispositivo qua tale (art. 2182/1 CC), devendo circunscrever-se a aspectos instrumentais ou secundrios do mesmo. So quatro as coordenadas fundamentais atravs das quais a lei define a interpretao da disposio testamentria. 1 O intrprete deve procurar o sentido mais ajustado vontade do testador; 2 Manda-se entender, na interpretao de cada disposio, ao contexto do testamento. por virtude do carcter global que o testamento tende a assumir que o art. 2187 CC, manda considera, na interpretao de cada disposio, no apenas o texto da respectiva clusula, mas todo o contexto do testamento; 3 O art. 2187/2 CC, abre declaradamente as portas prova complementar, ou seja, aos elementos exteriores declarao testamentria, mas capazes de auxiliar a determinao da vontade real do testador; 4 Na parte final do art. 2187/2 CC, estabelece o limite de que o carcter formal do testamento no prescinde para a relevncia da ltima vontade do testador.

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Aula n. 03 04 de Abril de 2008 Sumrios: 1. Espcies de Sucessores 2. Critrio legal de distino entre herdeiros e legatrios 3. Interesse prtico da distino entre herdeiros e legatrios 4. Direito de Exigir partilha 5. Responsabilidade pelos encargos da herana 6. Direito de Acrescer 7. Interesse da distino em matria de inventrio 8. Direito de preferncia na venda da herana 9. Relevncia da vontade do testador

Espcies de sucessoresPor que formas que pode ser designado um herdeiro? Por lei Por forma contratual: testamento; conveno antenupcial Por que formas que pode ser designado um legatrio? S por via testamentria e por vontade expressa do autor da sucesso, porque a lei no institui ningum como legatrio. Legitima no h herdeiros forados. Por exemplo: o autor da sucesso deixa apenas sobrinhos, ento pode dispor de todos os seus bens, pode dividir todos os seus bens em legado Legitimria aqui existem herdeiros forados. O cnjuge, os descendentes e ascendentes. O autor da sucesso no pode dispor de todos os seus bens.

CritriolegaldedistinoentreherdeiroselegatriosArt2030CC Herdeiro aquele que sucede na massa patrimonial e que tem direito quota ideal da universalidade de bens da herana. Legatrio aquele que sucede num bem determinado e certo. O legatrio um credor da herana. Numa herana s existem herdeiros e legatrios. Herana: massa patrimonial = activos + passivos A herana uma pessoa colectiva qual fornecido um nmero fiscal, constituda por activos e passivo, onde s no h direitos pessoais que se extinguem por morte do seu titular. S pela partilha que se extingue a universalidade da herana.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 17

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A partilha pode ser feita de forma judicial em que feito um inventrio de todos os activos e passivos da herana ou por forma extra-judicial em que todos os interessados acordam a forma como ser feita a partilha, assim feita por via consensual. Tornas quando um ou mais herdeiros d um determinado valor a um determinado herdeiro que, de acordo com o seu quinho hereditrio tinha de ganhar por exemplo 3x e s tinha x. Para que seja conseguida a igualdade os outros herdeiros tm que dar o montante restante, por exemplo, no caso de 3 herdeiros, dois deles teriam de dar, cada um, x ao herdeiro que no estava em p de igualdade. S se saber o valor do quinho hereditrio quando se avaliarem os bens. Herdeiro aquele que sucede a toda a massa patrimonial de bens e que tem um direito ideal, pois no sabe concretamente qual o bem a que ter direito. Legatrio o credor da herana pois os herdeiros tm de dar o legado ao legatrio, o legado ser inoficioso quando o seu valor ultrapassar o valor da quota disponvel. O ttulo de transmisso o testamento. Quando h inoficiosidade os herdeiros (que so os prejudicados pois o valor daquele bem j entra na esfera da quota legitimaria) tm de fazer um inventrio para que possam invocar a inoficiosidade do legado. Art2030, n.4 CC Usufruturio usa e frui de determinado bem sem alterar a sua forma ou substancia. Um herdeiro pode ser tambm legatrio e, neste caso deixa de existir herana pois esta no ser uma massa de todos os bens a dividir, por todos os herdeiros pois sendo legatrio tem direito a apenas aquele(s) bem(s). S existe meao quando existir bens comuns na constncia do casamento logo, neste caso, o conjugue herdeiro e mieiro. X Imvel 10,000,00 X automvel 1,000,00 X Lote de aces 1,000,00 Os herdeiros apenas tm direito a uma quota ideal sobre a universidade daqueles bens e no bens especficos. Conjugue 1/3 10,000,00 imvel A 1/3 1,000,00automvel B 1/3 10,000,00 lote de aces 21,000,00 : 3 = 7,000,00

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Tornas Cnjuge 3,000,00 A - +6,000,00 B 3,000,00 S pela partilha se extingue a universalidade da massa patrimonial. Suponhamos agora que o autor da herana deixa de legado o automvel de 1,000,00 Este legado um encargo da herana e o ttulo de transmisso o testamento, se o bem for oficioso (no ultrapassar o valor da quota disponvel) Se o bem for inoficioso (se ultrapassar o valor da quota disponvel), s atravs de um inventrio se pode fazer a reduo do legado. Existem duas formas de proceder partilha: Judicial feita atravs de inventrio Extrajudicial via consensual em que todos os interessados acordam como se vai efectuar a partilha e respectivos valores. \

Interesseprticodadistinoentreherdeiroelegatrio:

Tm direito a exigir a partilha apenas os herdeiros o que no reconhecido ao legatrio art21011CC ; O herdeiro responde pelos encargos da herana at ao limite do valor dos bens herdadosart20712. No entanto, no havendo inventrio corre-se o risco de se fazer confuso entre o que era do herdeiro e aquilo que recebeu da herana. Havendo inventrio, o credor que tem que fazer prova que determinado bem pertencia herana; mas se no houver inventrio, o herdeiro que tem de fazer prova de que os bens j lhe pertenciam antes da herana (inverte-se o nus da prova) Art2278 Os legados remuneratrios, em princpio no respondem pelos encargos; Art2301 e 2302 Direito de acrescer para a sucesso testamentria; para a sucesso legal, o direito de acrescer est previsto no art2137 o regime no portanto igual; Para efeito de abertura de inventrio, o herdeiro pode requerer a abertura do processo de inventrio. O legatrio no pode porque no tem interesse na partilha; mbito do direito de preferncia na habilitao do herdeiro a quinho hereditrio art2130, em relao ao legatrio esse direito no existe.

A vocao (chamamento) quanto ao modo pode ser:

Directa quando aquele que goza da designao sucessria aceita e acede, ele prprio, sucesso: Indirecta quando existe uma espcie de substituio, por outra pessoa, por ele designado

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+ 2002

A oo B+2001

C F

D oo X

E

Diviso por estirpe - art20441 G

Direito de representao vocao indirecta (s existe em caso de filhos) e, s vezes no h substituto Se D no tivesse filhos, a herana seria a acrescer a C, E e B Se D falecesse em 2003 estvamos perante um direito de transmisso existe em relao aos herdeiros. A vocao pode tambm ser originria ou subsequente:

Originria Quando so chamados os sucessveis que gozam de prioridade na hierarquia sucessvel Subsequente quando a designao do sucessivo feita posteriormente abertura da herana

Exemplos de vocao sucessria indirecta:

Direito de representao art2039 a 2045 e 2138 Substituio directa ou vulgar art2281 a 2285 Direito de acrescer art2137 conjugado com os arts2143, 2157 e art2301 a 2307 Direito de transmisso art2058cc Se morrer aps a abertura da herana estamos perante um direito de transmisso para todos os herdeiros (conjugue e filhos art. 2058). Se morrer antes da abertura da herana estamos perante o direito de representao em que apenas os filhos podem responder perante a herana.

Nota:

Pressupostos para que haja representao na sucesso legal:

Que o sucessvel prioritrio no possa ou no queira aceitar a herana; Que o sucessvel prioritrio tenha deixado descendentes

S haver representao reunidos estes pressupostos.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 20

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Pressupostos para que haja representao na sucesso testamentria:

Que o sucessvel prioritrio no possa ou no queira aceitar a herana legada; Que o sucessvel prioritrio tenha deixado descendentes; Que no haja outra causa de caducidade de vocao sucessria, ou seja, que o autor da herana no tenha validamente exposto de modo a afastar o direito de representao ou que no tenha sido designado substituto ao herdeiro ou legatrio; que no esteja em causa o fideicomisso em que o fideicomissrio no possa ou no queira aceitar a herana porque, neste caso, fica sem efeito a substituio no havendo lugar representao e passa a haver uma transmisso plena para o fideicomissrio.

Odireitodeexigirpartilha A primeira diferena respeita ao direito de exigir partilha, reconhecido, nos termos do art. 2101/2 CC, aos co-herdeiros, exercvel quando lhes aprouver, podendo, porm, convencionar-se o protelamento da indeciso por um prazo no superior a cinco anos renovvel uma ou mais vezes (art. 2101/2 CC). A partilha pode ser feita extrajudicialmente, por acordo dos interessados, ou judicialmente, atravs do processo especial de inventrio (art. 1326 CPC art. 2053 CC), e ainda nos casos em que algum dos herdeiros no possa, por motivo de ausncia ou de incapacidade permanente, outorgar em partilha extrajudicial (art. 2102/2 CC). O disposto no art. 2101 CC, facultando a qualquer dos co-herdeiros ou ao cnjuge meeiro requerer a todo o momento a partilha da herana, significa que o co-herdeiro no tem apenas o direito de exigir a todo o momento a sua sada da comunho hereditria. Qualquer dos co-herdeiros ou o prprio cnjuge meeiro pode impor a partilha ou diviso a todos os demais, mesmo que eles constituam maioria. E por isso mesmo o pedido de partilha se h-de considerar como deduzido contra a colectividade dos co-herdeiros e no apenas contra os co-herdeiros uti singuli. A herana s se manter indivisa quando, findo o prazo mximo legalmente prescrito para a indiviso e convencionalmente estabelecido por todos os interessados, no surja uma nica voz, entre todos os interessados, a requerer a partilha. Alm de irrenuncivel, nos termos definidos no art. 2101/2 CC, o direito de exigir a cessao da comunho hereditria , logicamente imprescritvel.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 21

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OteordarelevnciadavontadedotestadorDetermina o art. 2030/5 CC, que a qualificao dada pelo testador aos seus sucessores no lhes confere o ttulo de herdeiro ou legatrio em contraveno do disposto nos nmeros anteriores. Este preceito procurou, pois, clarificar o problema da relevncia da vontade do testador no que concerne instituio dos seus sucessores. Pode acontecer que o de cuius indique, concretamente, os bens que vo preencher a quota do herdeiro (art. 2264 CC), ou, diversamente, indique os bens que sero atribudos, por sua morte a certa pessoa, acrescendo que valero como quota da sua herana correspondente proporo do respectivo montante, concretamente apurado, com a totalidade do patrimnio, verificando-se nesse caos uma perfeita coincidncia entre o montante da quota e o valor dos bens que determinadamente a preenchem.

ResponsabilidadepelosencargosdaheranaO art. 2071 CC, vem estabelecer o regime geral da responsabilidade dos herdeiros pelos encargos da herana, limitando-a s foras da herana: a aceitao pelo herdeiro a benefcio de inventrio gera uma inverso do nus da prova que incumbir aos credores da herana, no sentido de se demonstrar que na herana existem outros bens a responder pelo passivo para alm dos inventariados; nus da prova que caber aos herdeiros na herana aceite pura e simplesmente (art. 2052/1 CC), embora tambm a a regra seja a de autonomia patrimonial da herana, ou seja, a responsabilidade do herdeiro cingida s foras da herana, sem qualquer confuso patrimonial. O art. 2071 CC, trata da delimitao dos bens que correspondem pelos encargos da herana, focando a diferena que sob esse aspecto separa as duas espcies de aceitao distinguidas no art. 2052 CC. As obrigaes do autor da sucesso se transmitem para o herdeiro, passando a ser dvidas do herdeiro logo que se opera a devoluo da herana, o art. 2071 CC, alude na sua epgrafe responsabilidade do herdeiro, como que pressupondo a existncia no patrimnio do herdeiro, a partir do momento da devoluo da herana, de duas massas distintas de bens; uma, que suporta encargos da herana; outra, que, no respondendo j por esses encargos, apenas responde, em princpio, pelos dbitos prprios de herdeiro. Os herdeiros actuam como verdadeiros liquidatrios da herana pagando prioritariamente o passivo da herana, depois os legados e, no fim, as prprias heranas. Os legatrios respondero pelo passivo da herana, no caso da herana toda distribuda em legados (art. 2277 CC); para alm disso, os herdeiros podero reduzir rateadamente a parte atribuda a ttulo de legado, se as deixas a ttulo de herana forem insuficientes para o pagamento do passivo (art. 2278 CC), por fim, pode, inclusive, acontecer que os legados sejam onerados modalmente com encargos (art. 2276 CC), entre os quais parece poder estar eventualmente o pagamento do passivo da herana. O regime sobre a responsabilidade dos encargos da herana decorrente dos arts. 2068, 2071, 2097 e 2098 CC, e no que concerne aos herdeiros, poder tambm ser afectado nos termos do art. 2244 CC. Pode assim um testador que institui trs herdeiros testamentrios estabelecer que apenas um deles suportar o passivo. A relevncia desse encargo, que funcionaLicenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 22

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como clusula modal, no obsta a que externamente os credores da herana se dirijam aos herdeiros (art. 2091 CC) e que, no plano das relaes internas entre os sucessores, os herdeiros no onerados tenham naturalmente direito de regresso sobre o especialmente onerado, regime (art. 2276 CC).

OdireitodeacrescerO acrescer opera, circunscritamente, dentro do respectivo ttulo de vocao sucessria, enformado naturalmente pela prpria qualidade de herdeiro ou legatrio. O direito de acrescer pressupe uma vocao conjunta de dois ou mais sucessveis e a recusa ou impossibilidade de aceitao por parte de qualquer deles. O direito de acrescer vem regulado nos arts. 2301 segs. CC, a propsito da sucesso testamentria, e nos arts. 2137/2 e 2143 CC, aplicveis sucesso legtima e, tambm, por fora do j referido art. 2157 CC, sucesso legitimria. O direito de acrescer tambm uma forma de vocao sucessria indirecta, ou seja, uma espcie de chamamento herana de algum que inicialmente ou directamente no era chamado a essa parte ou quota da herana e que s o merc de qualquer vicissitude ocorrida em momento posterior abertura da sucesso. O fenmeno do direito de acrescer, como juno, no patrimnio de algum, de certo j existente na sua titularidade, transcende a rea das sucesses, passa esporadicamente pela rea das doaes (art. 944 CC) e encontra terreno firme de aplicao no usufruto da favor de duas ou mais pessoas, quer o direito anterior tenha sido constitudo por testamento, quer por meio de contrato. Em contrapartida, no existe direito de acrescer na sucesso contratual, porque a lei trata o direito de acrescer como um instituto prprio da sucesso testamentria. Atente-se na real extenso e significado do direito de acrescer definido no art. 2301 CC. Sempre que haja herdeiros testamentrios, ainda que s em parte da herana, nessa parte hereditria, deliberadamente excluda do domnio da sucesso legtima, o direito de acrescer s refere em favor dos herdeiros testamentrios dos outros herdeiros institudos e no tambm dos herdeiros legtimos eventualmente existentes. A parte da herana afectada a herdeiros testamentrios considera-se assim, definitivamente afastada da rea da sucesso legtima, enquanto houver entre os herdeiros institudos algum que possa e queira aceit-la. 1) O direito um instituto genrico, mas essencialmente unitrio, confinado amplitude do prprio facto designativo ou ttulo de vocao; 2) O direito de acrescer est condicionado na sua configurao e regime pela expressividade e riqueza do contedo da designao subjacente, nomeadamente no que concerne s deixas oneradas (testamentariamente) por encargos; 3) O direito de acrescer no , por isso, um instituto que auxilie ou clarifique decisivamente a diferena de situao e regime do herdeiro e do legatrio; 4) Por fim, frequentemente aparecem confundidas situaes de direito de acrescer com outras que se reconduzem, to s, ao chamamento do sucessvel subsequente (art. 2032 CC).

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Aula n. 04 11 de Abril de 2008 Sumrios: 1. Relevncia da vontade do testador a. Abertura da Sucesso 2. A morte como pressuposto da sucesso a. A abertura da sucesso b. Momento e lugar da abertura da sucesso c. Vocao Sucessria i. Conceito ii. Pressupostos iii. Titularidade da designao prevalente iv. Existncia do chamado v. Capacidade sucessria. A Indignidade e a deserdao d. Modos de vocao e. Vocaes anmalas.

Amortecomopressupostodasucesso A abertura da sucesso corresponde, em termos tcnico-jurdicos, a uma situao de ruptura, de ciso, de perda relativa, que a morte de algum vai necessariamente gerar quanto s situaes jurdico-patrimoniais de que esse algum era titular. evidente que a morte pressuposto, causa da sucesso (art. 2024 CC). O direito das sucesses est confinado ao estudo das consequncias jurdicas provocadas pela morte fsica. Excluem-se, assim, do mbito do fenmeno sucessrio as consequncias da extino de uma pessoa colectiva, aspecto regido, nomeadamente, pelo art. 166 CC. A afirmao regra de que o direito das sucesses tem a ver, fundamentalmente, com a morte em sentido fsico, h, porm, uma situao que a lei faz aproximar, na sua configurao jurdica, da morte fsica. Reporta-se morte presumida, adentro do instituto da ausncia (arts. 114 e 115 CC). Omomentodaaberturadasucesso(art.2031CC)O art. 2031 CC, diz que a sucesso se abre no momento da morte do seu autor, ou seja, no primeiro momento de ausncia de vida. no momento da abertura da sucesso que a designao sucessria se fixa na vocao: o chamado a suceder o titular da designao sucessria prevalecente, no momento da abertura da sucesso. O conceito de vocao no , um conceito unvoco, ele implica, por fora conjugada da actuao de um facto designativo e da morte, a atribuio ao sucessvel ou sucessveis chamados, portanto aos sucessores virtuais, do direito de suceder, o chamado ius delationis, ou seja, um direito potestativo, originrio e instrumental de aceitar ou repudiar a herana ou o legado que lhes compete.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 24

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O exerccio do direito de suceder, o direito potestativo de aceitar ou repudiar, esse exerccio retroagir na sua eficcia jurdica, data da abertura da sucesso.

OlugardaaberturadasucessoEstatui, tambm o art. 2031 CC, que o lugar da abertura da sucesso o ltimo domiclio do autor da sucesso. O sistema de situar espacialmente a abertura da sucesso no ltimo domiclio do de cuius tem no s a vantagem de juridicamente, para efeitos vrios, unificar o fenmeno sucessrio, como tambm de o reportar a um local normalmente mais conhecido por todos aqueles que tm interesses ligados herana (credores, fisco) do que, por exemplo, o domiclio dos herdeiros ou o lugar da situao dos bens.

Avocaosucessria:conceitodevocaoAberta a sucesso de algum, pela eficcia conjugada dos factos designativos prevalecentes e da morte concretiza-se a vocao dos sucessveis prioritrios. Embora a sucesso seja normalmente uma transmisso, o contedo jurdico da vocao um poder originrio, atravs de cujo exerccio se concretiza, ou no (pelo repdio), a aquisio sucessria. um poder instrumental que se extingue automaticamente pelo seu exerccio. A vocao, pode ser olhada pelo prisma no dos sucessveis chamados, mas dos bens ou parte da herana a que os mesmos so chamados. A vocao sucessria o chamamento sucesso, no momento da morte do de cuius, feita pela lei ou por fora do negcio jurdico, do(s) titular(es) da designao sucessria prevalecente. No caso de vocao de herdeiro, este chamado a suceder na totalidade das relaes de herdeiro do de cuius, ou numa quota alquota destas; o legatrio chamado a suceder em relaes jurdicas certas e determinadas.

OspressupostosdavocaosucessriaA concretizao da vocao pressupe a observncia de requisitos. So pois, esses requisitos os pressupostos da vocao sucessria, que o art. 2032/1 CC, genericamente enuncia quando estatui que: aberta a sucesso, sero chamados titularidade das relaes jurdicas do falecido aqueles que gozam de prioridade na hierarquia dos sucessveis, desde que tenham a necessria capacidade. Deste preceito pode inferir-se que so pressupostos do chamamento ou vocao sucessria so a prioridade na hierarquia dos sucessveis, a necessria capacidade, e, a existncia do chamado.

AexistnciadochamadoA existncia do chamado como pressuposto da vocao sucessria pode distinguir-se dois aspectos: o regime da herana deixada a um ausente, a sobrevivncia do chamado ao de cuius, que tem de ocorrer, nem que seja por um instante temporal.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 25

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A propsito da sobrevivncia como pressuposto da vocao sucessria. A presuno de comorincia (art. 68/2 CC). Presume a lei que, havendo dvidas quanto ao momento do falecimento de duas ou mais pessoas, a respectiva morte ocorre simultaneamente, concomitantemente, da decorrendo, desse modo para a comorincia, o campo sucessrio, o mesmo regime da pr-morte, uma vez que no existir sobrevivncia do chamado. A figura da transmisso do direito de suceder (ius delationis), a que se reporta o art. 2058 CC, e que ainda reafirmao do pressuposto da vocao sucessria da existncia de chamado, mostra bem a relevncia jurdica do art. 68/2 CC, uma vez que a presuno de comorincia vai gerar, por si, o chamamento a dada sucesso do sucessvel subsequente do comoriente, e no dos respectivos herdeiros, porque no se concretizou qualquer vocao. Outro ponto de referncia, a propsito da existncia do chamado como pressuposto da vocao sucessria, o regime da herana (ou legado) deixada a um ausente, tomando-se aqui a ausncia em sentido tcnico-jurdico. Sero chamados os sucessveis subsequentes, encontrados de acordo com os mecanismos sucessrios do ausente, que naturalmente no foi chamado (art. 120 CC). A existncia do chamado pressupe inerentemente a respectiva personalidade jurdica. Mas aqui no pode deixar de colocar-se, desde logo um problema, j que a lei reconhece capacidade sucessria aos nascituros concebidos (art. 2033/1 CC) e tambm aos nascituros no concebidos ou concepturos (art. 2033/2-a CC).

AtitularidadedadesignaoprevalecenteDecorre do art. 2032/1 CC, que pressuposto da vocao sucessria a titularidade da designao prevalecente, quer dizer,. A titularidade do facto designativo prevalecente adentro da hierarquia dos factos designativos. E -o relativamente parte (ou inclusive, totalidade) de herana ou do patrimnio do de cuius face qual opera essa prevalncia. Quer isto dizer que relativamente s mesmas situaes jurdico-patrimoniais da herana do autor da sucesso no pode concretizar-se mais do que uma vocao.

Acapacidadesucessria:indignidadeedeserdaoPara ser chamado sucesso, o titular da designao sucessria prevalecente tem de ser capaz perante o de cuius. Capacidade sucessria, a aptido para ser chamado a suceder em relao a uma certa pessoa, como herdeiro ou legatrio (art. 2033 CC). A capacidade sucessria no fundo, a personalidade jurdica ou a capacidade de gozo (activa) de adquirir o direito de suceder mortis causa a outrem. Uma coisa capacidade sucessria, e outra, a capacidade de testar ou para fazer testamento (arts. 2188 segs. CC); para intervir na partilha, etc. O momento da apreciao da capacidade sucessria o da abertura da sucesso (arts. 2033/1 2035 CC).Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 26

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Do outro lado tem-se a incapacidade, nomeadamente a chamada incapacidade sucessria por indignidade. As incapacidades sucessrias esto reguladas pelo art. 2034 CC. Tratam-se de incapacidade relativas, que funcionam s em relao ao autor da sucesso, e que se fundam, numa ideia de indignidade do sucessvel, em virtude da prtica de actos deste, directa ou indirectamente, contra o autor da sucesso. O carcter relativo da indignidade s por si inconcilivel com uma verdadeira incapacidade. O indigno no um incapaz de suceder, porque pode adquirir verdadeiramente por sucesso e assim concorrer sucesso de outras pessoas. Substancialmente a indignidade uma ilegitimidade, o que apontado pelo seu carcter de relao. O art. 2034 CC, indica pois, as causas de incapacidade sucessria, por motivo de indignidade, que podem reconduzir-se, de um ponto de vista sistemtico, a quatro tipos distintos: decorrentes do atentado contra a vida do testador (arts. 2034-a CC); contra a honra do testador (art. 2034-b CC); contra a liberdade de testar (art. 2034-c CC); e contra o prprio testamento (art. 2034-d CC). O herdeiro e o legatrio indignos, podem readquirir a capacidade sucessria. O instituto da reabilitao pode revestir duas modalidades: a reabilitao expressa (art. 2038/1 CC), feita pelo autor da sucesso, em testamento ou escritura pblica, relativamente ao que tiver incorrido em indignidade, mesmo que esta j tenha sido judicialmente declarada; e a reabilitao tcita (art. 2038/2 CC), que decorre do facto de o indigno ser contemplado em testamento quando o testador j conhecia a causa da indignidade. A deserdao um instituto especfico da sucesso legitimria, regulado nos arts. 2166 e 2167 CC, cujas causas no so coincidentes com as da indignidade. O art. 2166 CC, admite a privao do direito legtima por determinao da vontade do autor da herana (a chamada deserdao), fixa o seus respectivos pressupostos e traa o seu regime jurdico. A legtima, que um direito sucessrio atribudo por lei a determinadas pessoas, independentemente da vontade do autor da herana, em ateno ao vnculo familiar que as une a o falecido, pode afinal ser afastada, por declarao expressa da vontade do finado, quando actos excepcionalmente graves do sucessvel o justifiquem. precisamente ao acto de privao da legtima, determinado pelo testador em alguma das circunstncias excepcionais taxativamente descritas na lei, que esta d o nome de deserdao. A deserdao no priva apenas o sucessvel legitimrio da respectiva legtima (subjectiva). Com efeito, sendo a legtima subjectiva parte da quota indisponvel, aquela que o autor da sucesso no pode tanger. A deserdao , um acto jurdico impugnvel, por via de uma aco judicial, que caduca no prazo de dois anos a contar do testamento.

ModalidadesdevocaoA vocao originria, a que se verifica no momento da abertura da sucesso (art. 2032/1, no princpio CC), por fora conjugada da actuao de um facto designativo e da morte como facto causal principal, j que a aceitao se limita a concretizar a transmisso que a vocao como que pe disposio, desde logo, do sucessvel chamado (art. 2050 CC).Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 27

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A vocao subsequente, s se concretiza em momento posterior ao da abertura da sucesso (ex. arts. 2229, 2237, 2239 CC). Tambm se pode falar na vocao subsequente dos nascituros concebido ou no concebido, em que o nascimento, e apenas ele, concretiza a vocao (art. 66/2 CC). Refira-se ainda a situao do fideicomisso (arts. 22876 segs. CC), em que algum institudo, mas com obrigao de conservar os bens e os fazer reverter por sua morte para outrem. A existncia possvel de uma vocao subsequente importa, via de regra, da parte do legislador a adopo de medidas de proteco ou tutela da mesma, podendo normalmente configurar verdadeiras situaes de expectativa jurdica. Tal como o negcio jurdico, designadamente os negcios unilaterais entre vivos e os contratos, tambm as disposies testamentrias, quer consistam na instituio como herdeiro, quer na nomeao de legatrios, podem ser sujeitas a clusulas, limitativas da sua validade ou da sua eficcia (arts. 2229 a 2248 - arts. 270 segs. CC).

VocaounaemltiplaA distino entre estas modalidades de vocao assenta na circunstncia de um sucessvel ser chamado a suceder com base num nico ttulo de vocao ou em mais, ou com base numa nica qualidade herdeiro ou legatrio ou em ambas. Excepes regra da indivisibilidade Se algum chamado herana simultnea ou sucessivamente por testamento desconhecia a existncia do testamento (art. 2055/1 CC); O sucessvel legitimrio, que tambm chamado h herana testamentariamente, pode repudi-la quanto quota disponvel e aceit-la quanto legtima (art. 2027 CC); O legatrio pode aceitar um legado e repudiar outro, contanto que este ltimo no esteja onerado por encargos impostos pelo testador (art. 2250/1 CC); O herdeiro que seja ao mesmo tempo legatrio tem a faculdade de aceitar a herana e repudiar o legado, ou vice-versa, se a deixas repudiada no estiver sujeita a encargos (art. 2250/2 CC).

VocaodirectaeindirectaSe a vocao directa a regra, a indirecta d-se quando algum chamado sucesso no apenas em ateno relao existente entre o sucessvel e o de cuius, mas tambm em funo da sua posio perante um terceiro, que no entra na sucesso mas serve de ponto de referncia para a devoluo. Na vocao indirecta no h nenhum fenmeno de dupla vocao, mas que o que se passa , to-s, que a vocao do sucessvel prioritrio, que no pode ou no quer aceitar, vai moldar, a vocao de outrem que, como que vai ocupar a sua posio sucessria.

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Quer dizer, a vocao indirecta chama naturalmente, tambm, um sucessvel subsequente. S que a vocao deste no autnoma, pois se justape do sucessvel, que no pde, ou no quis aceitar, o qual lhe serve de ponto de referncia. So tradicionalmente apontadas como modalidades de vocao indirecta, a substituio vulgar ou directa (art. 2281 segs. CC); o direito de representao (arts. 2039 segs. CC) e o direito de acrescer (arts. 2301 segs. CC). O ius delationis, um direito instrumental potestativo, naturalmente susceptvel de avaliao pecuniria, integrante do patrimnio do transmitente, ainda que reportado herana de um outro de cuius. Os herdeiros do transmitente detm, uma vocao directa face ao transmitente, mas indirecta relativamente sucesso a que este chegou a ser chamado.

Vocaesanmalas:asubstituiodirectaouvulgarVem regulada nos arts. 2281 segs. CC, e consiste na designao pelo testador de algum que, se substitua ao sucessvel prioritrio institudo, para o caso de este no poder ou no querer aceitar a herana ou o legado (arts. 2285/2 2302 CC). O substituto acaba por ser um sucessvel institudo sob condio suspensiva, pois a sua vocao depender sempre da resoluo ou da no concretizao da vocao do substitudo, qual ter que sobreviver. O substituto , assim, um sucessvel subsequente, pois o seu chamamento s se concretiza num momento ulterior data da abertura da sucesso, embora retroagindo a esse momento. Pode ser: singular, plural (art. 2282 CC), recproca (art. 2283/2 e 3 CC) e de um ou mais graus. No caso do substituto no poder ou no querer aceitar, e se tiver descendentes, parece ser de aplicar analogicamente o art. 2317-b CC, que impedir o funcionamento do direito de representao se a vocao do substituto no tiver chegado a existir. A substituio directa em princpio, no parece dever operar, se a vocao do substitudo tiver chegado a concretizar-se, dando azo transmisso do direito de suceder; salvo talvez, se puder interpretativamente (art. 2187 CC) vislumbrar-se na clusula testamentria uma inteno institutiva de uma substituio fideicomissria, pois de outro modo no se v que possa o testador predeterminar uma sucesso j alheia. Vocao sucessria Designao sucessria So diferentes mas verificam-se no mesmo momento abertura da sucesso, por morte. Designao sucessria Ttulos: Designao legal herana legitimria aquelas pessoas que o legislador indica como herdeiros. Herana legitimria - ser herana legitimria quando o autor da herana dispe de toda ou parte da sua herana (quota disponvel) Herana contratual Herana testamentria VoluntriaLicenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 29

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Herana legtima Dentro de cada ttulo, quem vai ser chamado herana

Designao sucessria prevalente chamado aquele que goza de designao sucessria prevalente cnjuges e descendentes art2157 que remete para o art2133 Existncia ou personalidade jurdica do sucessivo; Capacidade sucessria.

Direito de acrescer Define-se como o direito do sucessvel chamado simultaneamente com outros de adquirir o objecto sucessrio (herana) que outro ou outros sucessveis no puderam ou no quiseram aceitar e sempre que se verifiquem os seguintes pressupostos negativos e positivos: Pressupostos negativos: 1. Que no se verifique a substituio directa por vontade do autor da herana art2281 . Nota: esta substituio directa no possvel numa herana legitimria, apenas na herana testamentria e contratual. 2. Que no haja lugar ao direito de representao art2138 e 2139 tal significa que no haja descendentes. 3. Que no haja lugar ao direito de transmisso art2058 4. Aplica-se aos legados e nos casos em que o legado no tenha natureza pessoal pois que nestes casos o legado se extingue art20412c) e 2304. Exemplo: Direito de uso e habitao Pressupostos positivos: Que exista uma quota na herana ou um legado vagus Que exista uma pluralidade de co-herdeiros ou de legatrios. Se houver herdeiros: No caso de concurso entre herdeiros legais e herdeiros testamentrios, o direito de acrescer funciona separadamente dentro de cada uma das espcies de sucesso, entre os herdeiros legais ou entre os herdeiros testamentrios. No caso de faltar todos os elementos de classe de herdeiros legais prioritrios, sero chamados os subsequentes e a estes que acrescer (dentro da herana legal) Se os herdeiros testamentrios no quiserem ou no puderem aceitar, so chamados s suas quotas, por direito de acrescer, os herdeiros legtimos.

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A, vivo, com dois filhos B e C, deixa em testamento a sua quota disponvel a dois amigos X e Y. No h lugar a representao, no h substituio ou instituto equivalente. Se B for incapaz face a A, a sua quota legitimria acrescer a C art21372 e 2157 Se X repudiar a herana, a sua quota testamentria vais acrescer a Y. Se B e C repudiarem a sucesso de A, no so chamados a suceder os herdeiros testamentrios X e Y mas sim outros sucessores legais que eventualmente existam legitimrios ou legtimos ou, eventualmente o prprio Estado mas nunca os herdeiros testamentrios.

OdireitoderepresentaoD-se quando a lei chama os descendentes de um herdeiro ou legatrio a ocupar a posio daqueles que no pde ou no quis aceitar o legado (art. 2039 CC). O art. 2040 CC, define o mbito do direito de representao, que considera aplicvel tanto sucesso legtima e legitimria, como sucesso testamentria. O direito de representao constitui uma excepo regra da sucesso legtima de que o parente mais prximo exclui o parente mais afastado de cada classe (art. 2135 CC). No direito de representao, o parente mais afastado substitui o parente mais prximo que no quis ou no pde suceder, sucedendo em vez dele. Pressupostos do direito de representao: a) Sucesso legal, depende de dois pressupostos (art. 2042 CC): o primeiro a falta de um parente na primeira ou na quarta classe de sucessveis do art. 2133 CC (descendentes do de cuius ou irmos e descendentes). A noo de falta de um parente, compreende as hipteses de pr-morte, incapacidade por indignidade, deserdao, ausncia e repdio. O segundo pressuposto, a existncia de descendentes do parente excludo da sucesso. b) Sucesso testamentria, segundo o disposto no art. 2041 CC, a representao d-se na sucesso testamentria, no caso de pr-morte, de repdio e de ausncia (art. 120 CC), mas j no no caso de incapacidade. A representao no admite na sucesso testamentria em qualquer das circunstncias previstas no art. 2041/2 CC: O testador designou um substituto para o herdeiro e legatrio (art. 2041/2-a CC); Se o fideicomissrio no puder ou no quiser aceitar a herana, fica sem efeito a substituio, e a titularidade dos bens hereditrios considera-se adquirida definitivamente pelo fiducirio desde a morte do testador (art. 2041/2-b CC); A representao no se verifica no legado de usufruto ou de outro direito pessoal (art. 2041/2-c CC). No haver lugar ao direito de representao se tiver sido designado substituto ao herdeiro ou legatrio (art. 2041/2-a CC), sendo que parece admissvel, que a substituio possa relevar no mbito da sucesso legtima, onde afastaria igualmente o direito de representao. No haver tambm lugar ao, direito de representao (art. 2041/2-b CC) em relao ao fideicomissrio, nos termos do art. 2293/2 CC. O fideicomissrio, herdeiro ou legatrio testamentariamente institudo para quem reverter os bens do fiducirio por morte deste, tem, para concretizar a sua vocao sucessria, que lhe sobrevier, facto futuro e incerto, que desse modo, acondiciona (arts. 2293/1 e 2294 CC).Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 31

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Quanto ao fiducirio que no possa ou no queira aceitar e que eventualmente tenha descendentes. Ainda aqui no funciona o direito de representao, por fora do converso do fideicomisso em substituio directa ditada pelo art. 2293/3 CC. No se verifica tambm o direito de representao relativamente ao legado de usufruto ou de outro direito pessoal, o que se entende facilmente, porque a natureza vitalcia ou pessoal desse tipo de situaes jurdicas, ainda que de cunho patrimonial, no se harmonizar evidentemente, com o efeito jurdico da ocupao pelo representante da posio sucessria detida pelo representado. A sucesso testamentria tambm no revelar o direito de representao na hiptese de instituio de herdeiro ou legatrio sob condio suspensiva (arts. 2229 segs. CC). O direito de representao origina trs tipos fundamentais de efeitos: 1) Chama sucesso quem, de outro modo, no sucederia, por no ser um sucessvel prioritrio, nem testamentrio, nem legal (arts. 2135 e 2138 CC); 2) Opera por estripes (linha recta descendente art. 1580 CC do sucessvel prioritrio que no pde ou no quis aceitar) ou por subestripes (art. 2044/1 e 2 CC); 3) Confinadamente sucesso legal, dispe o art. 2045 CC, a referncia ao parentesco, facto designativo legal , realmente, explcita da especialidade desse efeito, pelo que, a circunstncia de o direito de representao operar no caso de estripe nica s releva em sede de sucesso legal, nomeadamente legitimria.

DireitodeacrescerEste instituto visa regulamentar a hiptese de dois ou mais herdeiros terem sido institudos na totalidade ou numa quota de bens, fosse ou no conjunta a instituio, e algum deles no poder ou no querer aceitar a herana. O direito de acrescer, com o preenchimento da quota vaga que o caracteriza, importa, realmente, numa verdadeira substituio do herdeiro institudo ou do legatrio nomeado pelo sucessor titular daquele direito e, por conseguinte, na transmisso de uma posio jurdica. O acrescer opera dentro de cada ttulo de vocao sucessria. Tal decorre do art. 2301 CC, que se reporta ao acrescer aos outros sucessveis da mesma classe sem prejuzo do disposto no art. 2143 CC.

AsubstituiofideicomissriaComo decorre do art. 2286 CC, a substituio fideicomissria ou fideicomisso gera duas vocaes distintas: a do fiducirio e a do fideicomissrio, realmente ambas anmalas. O fideicomisso , a disposio pela qual o testador impe ao herdeiro institudo o encargo de conservar a herana, para que ela reverta, por sua morte, a favor de outrem; o herdeiro gravado com o encargo chama-se fiducirio, e fideicomissrio o beneficirio da substituio. um facto que, sendo o fiducirio um proprietrio (art. 2293/2 CC), ainda que fortemente restringido nos poderes de disposio e onerao dos bens objecto do fideicomisso (art. 2291 CC), juridicamente e por sua morte, o fideicomissrio suceder-lhe-ia.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 32

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Aula n. 05 18 de Abril de 2008 Sumrios: 1. Desenvolvimento do sumrio lanado na aula anterior 2. Aquisio Sucessria a. Herana Jacente i. Noo. Herana Jacente e herana vaga ii. Administrao da herana jacente iii. Processo cominatrio de aceitao ou repdio b. Aceitao e repdio da herana i. Regime particular da aceitao ii. Regime particular do Repdio.

HeranaJacenteHerana jacente Art2046 e ss. CC Diz-se jacente a herana aberta mas ainda no declarada vaga para o Estado nem aceite. Com a abertura da herana, concretiza-se a vocao ou o chamamento dos sucessveis (art2032) e a inerente atribuio aos mesmos de um direito originrio, potestativo de natureza instrumental de aceitar ou repudiar a herana ou o legado em que por lei ou por testamento foram legados. Enquanto esse direito no for exercido, dir-se- que a herana est jacente. Existem trs elementos dos quais a lei fixa os limites da jacncia da herana: 1. necessrio que tenha havido a abertura da sucesso; 2. Exige-se que no tenha havido a aceitao da herana mesmo que o herdeiro chamado seja conhecido e os bens hereditrios se encontrem detidos por este; 3. essencial que a herana ainda no tenha sido declarada vaga a favor do estado. Herana vaga art2155 ver art2133CC A herana jacente, resulta da inrcia dos sucessveis designados em aceitar a herana. A Herana vaga, resulta das regras da sucesso legtima (2133, n.1) no tem sucessveis designados a no ser o Estado e no requer aceitao por parte deste. Art2047 administrao da herana jacente. Art2048 Curador da herana jacente pedido formulado ao Ministrio Pblico pelos credores. O MP requer ao Tribunal que o nomeie. O objectivo evitar que os bens se percam ou deteriorem e garantir o pagamento aos credores os seus crditos e o cumprimento dos legados da herana.

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AceitaoerepdiodaheranaProcesso cominatrio de aceitao ou repdio art2049CC Um ou vrios credores pede ao tribunal que notifique um determinado herdeiro par que dentro do prazo fixado este aceite ou repudie a herana. Se este no juntar qualquer tipo de documento escrito presume-se que tenha aceite, de acordo com o n.2. Em caso de sub-rogao dos credores (art2067), estes no podem receber da herana mais do que os seus crditos representam, isto acontece quando os credores aceitam a herana em nome do herdeiro repudiante, o remanesceste fica na herana. Aceitao da sub-rogao ltimo pressuposto da vocao sucessria. Aceitao H quem considere a aceitao da herana como o ultimo pressuposto da vocao sucessria. Caractersticas Consiste numa declarao de vontade do sucessvel designado, um acto unilateral de sua vontade, um acto no recepticio, irrevogvel (depois de aceite no pode ser revogado), incondicional (o herdeiro designado no pode impor condies para aceitar a herana), no pode ser aceite em termo e tambm no pode ser aceite s em parte. Dados da aceitao da herana: 1. Pura e simples ou extrajudicial 1.1. Aceitao pura ou tcita aquela em que se depreende do comportamento dos sucessveis, herdeiros ou legatrios. 1.2. A aceitao ser expressa quando, por documento, o sucessvel chamado aceitar a herana. 2. A benefcio do inventrio. O inventrio destina-se essencialmente a por termo herana, a fazer a partilha, a adjudicar os bens a cargo de um dos herdeiros. Quando um herdeiro notificado para a aceitao da herana, em processo de inventrio, e no vem repudiar o inventrio, diz-se que h aceitao a benefcio da herana. Partilha de bens

Judicial Atravs de processo de inventrio Extrajudicial (documento escrito ou escritura, desde que existam bens imveis e haja unanimidade entre os herdeiros de quem ir levar mais do que o seu quinho hereditrio)

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Devoluo sumria Domnio e posse dos bens aos herdeiros mesmo que aceitao seja feita no limite temporal retroagem-se ao momento de abertura da herana. Art2050 efeitos da aceitao da herana Art2051 pluralidade de sucessveis Art2052 Espcies de aceitao Art20522 proibio de outras formas de aceitao Art2053 Aceitao a benefcio do inventrio Processo de inventrio art1326 e ss. do Cdigo processo Civil O processo de inventrio no obrigatrio O inventrio pode ser requerido pelo MP ou pelos herdeiros (por exemplo quando exista um menor incapaz) Havendo dvidas, os herdeiros tm todo o interesse em pedir inventrio para que se arrolem todos os bens que fazem parte da massa patrimonial, desse modo o nus da prova de que existem mais bens est do lado dos credores. Se no o fizerem, o nus da prova fica na parte da famlia, que tem que provar que os bens da herana no so suficientes para a liquidao dos dbitos. Art2054 aceitao sob condio, a termo ou parcial Art2055 devoluo testamentria e legal. Sucesso legal herana legtima (supletiva) 1. Herdeiro legitimria herana legitimria (imperativo) 2. Herdeiro testamentrio 3. Herdeiro legtimo Art2057 caso de aceitao tcita Art2058 transmisso vocao directa ou indirecta Art2059 caducidade

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Aula n. 06 02 de Maio de 2008 Sumrios: 1. Petio da herana a. Noo b. mbito subjectivo c. Forma e prazo da aco de petio 2. Administrao da Herana a. Incio e termo da administrao.

Herana jacente toda aquela herana que j est aberta mas que ainda no foi aceite enquanto no for aceite diz-se que existe uma administrao da herana jacente. Havendo aceitao, os herdeiros j esto determinados e, da administrao da herana jacente passamos a uma administrao da herana.

AdministraodaHeranaObjectivos da administrao da herana: Conservao Frutificao natural (que no extraordinria) Obrigao da prtica de determinados actos pblicos: participao do bito para efeitos fiscais; participao do imposto de selo; habilitao de herdeiros. A administrao da herana deve ainda cumprir e satisfazer determinados encargos: Os credores querem satisfazer os seus crditos e quem o vai fazer quem administra a herana, nuns casos e noutros tero que ser todos os herdeiros. A liquidao poder ser entendida como o saneamento de tudo aquilo que prende a herana em todos os seus encargos e legados e, havendo necessidade de alienao de bens para cumprir esses crditos feita por todos os herdeiros (art2079). A administrao da herana at sua liquidao feita pelo cabea de casal No mbito da herana temos um perodo antes da sua aceitao e outro depois da sua aceitao:

Antes da aceitao administrao da herana jacente Depois da aceitao administrao da herana, aqui o administrador assume a designao de cabea de casal

Timing para a administrao da herana A herana jacente abre-se com a morte do seu autor e cessa com a aceitao ou com a declarao vaga a favor do Estado; A administrao da herana inicia-se com a aceitao e cessa depois da partilha, deixando assim de existir a comunho hereditria da massa patrimonial. Cabea de casal independentemente da aceitao do cargo, ele definido por lei.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 36

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mbito dos poderes de administrao da herana

O cabea de casal pode alienar os frutos da herana para satisfazer face a encargos da prpria herana, mas nunca est dispensado de prestar contas O cabea de casal pode lanar mo da fruio ordinria (art2090) J o administrador da herana jacente apenas pode praticar actos que visem prevenir a deteriorao ou perigo da herana (fruio natural)

Anlise dos artigos: 2088; 1276 e 1278 Art2075 aqui j no falamos em posse mas em direito de propriedade Art20752 Todo o tempo deve ser entendido como estabelecendo dois limites: 10 anos para a aceitao da herana ar2059 a contar do conhecimento Tambm no pode intentar esta aco se a posse, por parte do possuidor lhe tenha conduzido aquisio do direito de propriedade por usucapio

Art. 2080, n.1 a E se o conjugue for herdeiro? quando que o conjugue no herdeiro mas mieiro ? No herdeiro em caso de deserdao e indignidade. Art. 2080, n.2 a So herdeiros legais aqueles que so designados por lei. Art. 2088Artigo2088.(Entregadebens)

1.Ocabeadecasalpodepediraosherdeirosouaterceiroaentregadosbensquedevaadministrarequeestestenhamem seupoder,eusarcontraelesdeacespossessriasafimdesermantidonapossedascoisassujeitassuagestoouaela restitudo. 2.Oexercciodasacespossessriascabeigualmenteaosherdeirosouaterceirocontraocabeadecasal.

Com a herana, h a comunho hereditria. Aces sucessrias mbito da posse, esta nem sempre corresponde ao direito de propriedade. Sempre que h herdeiros que esto na posse de bens da herana o cabea-de-casal pode intentar uma aco para obter a sua posse. Artigo 1276 - A aco e manuteno da posse. A aco possessria tambm pe ser intentada pelos herdeiros ou terceiros contra o cabea de casal.

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Aula n. 07 16 de Maio de 2008 Sumrios: 1. Alienao da herana a. Generalidades. b. Objecto, forma e efeitos da alienao c. Direito de preferncia na alienao de quinho hereditrio d. Sucesso do adquirente nos encargos da herana e. Direito de preferncia na alienao da herana.

AlienaodaheranaA universalidade da herana composta por todos os bens que fazem parte da herana. Sobre esta universalidade cada um dos herdeiros tem a sua quota ideal. Se for um s herdeiro, pode vender toda a sua herana mas, se forem vrios podem vender de per si o seu quinho hereditrio, este tambm pode ser denominado por direito e aco herana. O adquirente do quinho hereditrio, fica investido dos mesmos direitos e obrigaes a que estaria o herdeiro que vendeu o seu quinho (direito sobre todo o activo da herana e as obrigaes de todo o seu passivo).

X XX Activo 50,000 Passivo 5,000

Herana ilquida e indivisa

No est partilhada logo, quem responde pelo passivo o activo, isto , a prpria herana. Depois de feita a liquidao (5,000) que feita a partilha regra geral. Se a liquidao no for feita antes da partilha, cada um dos herdeiros fica com a sua parte do passivo e vo responder os bens adjudicados (activo). Se estes no chegarem, o herdeiro tem que fazer prova de que apenas recebeu X, que no d para cobrir a dvida. Se for feito inventrio, o herdeiro j nada tem que provar, o credor que ter que fazer prova de que falte certo bem. H aqui uma inverso do nus da prova. Exemplo: A B 90,000 activo C 6,000 No houve liquidao houve partilha Quem responde pelos 6,000 sero os herdeiros, que por sua vez receberam, cada um, 30,000, ou seja, se receberam em partes iguais da herana, cada um ir pagar 2,000e ou ento paga apenas um sendo certo que este ter para com os outros dois direito de regresso nos termos do art20911.Licenciatura em Solicitadoria - Apontamentos 8060188 Rui Pinho 38

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Insolvncia da heranaAcontece quando o valor do activo da herana menor que o valor do activo. As dvidas que sero pagas pela herana sero rateadas pelos credores, isto , cada um receber a sua poro consoante o valor da dvida.

Alienao do direito da aco heranaAtravs de um contrato de compra e venda Objecto toda a comunho resultante da herana (activo e passivo) Forma o contrato pode ser oneroso (C/V); gratuito (ex. doao); pode ainda resultar de uma doao em pagamento em que um credor tem um direito sobre o herdeiro e este dlhe a sua parte da herana; pode haver tambm uma transmisso mortis causa, por testamento. Se a herana integrar bens imveis, a alienao tem de ser feita por escritura pblica, bem como os bens mveis sujeitos a registo; no sendo nenhum deste tipo de bens, tem de ser por documento particular (art2126CC) Direito de preferncia apenas quando alienado o direito de alienao herana a estranhos que os co-herdeiros tm o direito de preferncia. Entende-se por estranho todo aquele que no concorre Herana (art2130CC)Aula n. 08 23 de Maio de 2008 Sumrios: 1. Encargos da herana e sua liquidao a. Encargos da herana e suas prioridades b. Responsabilidade pelos encargos c. Modos de liquidao dos encargos.

EncargosdaheranaA lei tipifica os encargos art2068 O art20702 estabelece a ordem na sua liquidao1. 2. 3. 4. 5.

Despesas com o funeral Sufrgios do seu autor Encargos com a testamentria Dvidas do falecido Cumprimentos dos legados

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1- Todas as despesas inerentes preparao, preservao e transporte do cadver e ainda ritos funerrios, enterramento e trasladao de acordo com os costumes da terra e em conformidade com o estilo de vida do falecido. Estas despesas com o funeral gozam do privilgio mobilirio geral sobre os bens mveis da herana (art7371a)) 2- Missas, ddivas de sufrgio, esmolas, etc. 3- o autor pode designar testamenteiro e fixar-lhe uma remunerao. Nas despesas com a administrao e liquidao do patrimnio tem que haver um nexo de causalidade entre as despesas e os actos de administrao. 4- Contradas em vida do autor da herana, ou: - no tm garantia real - tm garantia real (bens mveis penhor; bens imveis hipoteca). partida estas ultimas (dvidas) esto cobertas/garantidas por aqueles bens. Os outros bens da herana s respondero solidariamente se as garantias forem inferiores ao crdito. No havendo direito real de garantia, responde toda a herana pelo cumprimento daquelas dvidas. 5- O legado um encargo da herana. Os herdeiros tero que entregar aquele legado ao legatrio e s assim o legado fica liquidado. Nota: H sempre herana at aceitao dos legados, ainda que a herana esteja toda feita em legados. No momento em que se aceitam os legados acaba a herana. Resumo do Dr. : Dr. Jos Miguel Coelho Nunes

Sobre as dvidas da heranaRelativamente aos credores da herana, enquanto esta permanecer indivisa, o devedor um e apenas um, ou seja, aquele patrimnio autnomo dotado de personalidade jurdica, e por isso susceptvel de ser pago, isto , de ser demandado (2097 e 2091) Mas aps a partilha, esse devedor desaparece dando lugar a uma pluralidade de devedores, tantos quantos os herdeiros art1098. A medida da re