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Belém, vol. 1, n. 2, p. 6-20, julho/dezembro 2015
Duas regiões quilombolas a caminho do litoral do Rio Grande do Sul
Luiz Eduardo Robinson Achutti1
Este conjunto de vinte fotografias é uma parte do material fotografado em duas
regiões quilombolas distantes 50 km da cidade de Porto Alegre, RS para a pesquisa
“Etologia do sono humano: um estudo do processo evolutivo do sono em ambientes de
luz natural e artificial”.
Trata-se de uma pesquisa da área médica, do Laboratório de Cronobiologia do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre/ UFRGS; Faculdade de Medicina da UFRGS;
Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria (CAPES nota 7), de
autoria dos professores Maria Paz Loayza Hidalgo, Rosa Levandovski, Till Roenneberg
em colaboração com Professores José Roberto Goldim, Elaine Elisabetsky e Betina
Tschiedel Martau.
Este projeto tem como objetivo principal analisar o padrão de sono-vigília em
diferentes níveis de exposição à iluminação natural e artificial. Muitas condições
modernas resultam em perda crônica de sono e ainda não sabemos o quanto e como este
estilo de vida tem repercutido na fisiologia humana. Por exemplo, cerca de 80% da
população precisa de um despertador para acordar nos dias de trabalho a fim de exercer
suas atividades laborais ao longo do dia. Isto significa que estamos interrompendo o
sono. Alem disso, o uso de iluminação elétrica durante o período do escuro altera a
produção de substâncias como a melatonina. No Brasil passamos por um momento
impar devido a atual política governamental de que todo cidadão terá direito a luz
elétrica, portanto este momento histórico do nosso país proporciona uma situação única
para acompanhar o efeito desta medida. Assim, as comunidades quilombolas no Rio
1 Fotógrafo, possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(1985), mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996) e
doutorado em Antropologia pela Universidade de Paris VII Denis - Diderot (2002). Atualmente é
professor Associado III do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e esteve
ligado ao Programa de Pós-Graduação Antropologia Social / UFRGS até 2014. É profissional da fotografia
e pesquisa na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia Visual, atuando principalmente nos
seguintes temas: fotografia, arte, fotoetnografia, memória, antropologia e antropologia visual. Membro
associado a PHANIE centre de l'ethnologie et de l'image - Paris e do Laboratório de Cronobiologia do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA/UFRGS.
Luiz Eduardo Robinson Achutti
Belém, vol. 1, n. 2, p. 6-20, julho/dezembro 2015
Grande do Sul são uma situação privilegiada (talvez a melhor no mundo todo) para
resgatar as mudanças que ocorreram no nosso padrão de sono da era pré-elétricidade
para as condições modernas atuais. As diferentes comunidades vivem em diferentes
estágios de modernização - da completa falta de acesso à energia elétrica, passando por
casos de recente disponibilidade de luz artificial chegando a comunidades em que se
vive perto de cidades sob condições modernas. Por isto é fundamental a caracterização,
bem como deixar um registro histórico das diferentes comunidades que estão em rápida
transformação. Assim o método proposto pela foetnografia vem ao encontro das
necessidades de fazer este registro e construir esta memoria.
Uma experiência nova para a minha Fotoetnografia que pela primeira vez se
afasta da Antropologia como núcleo central. Esta via de interdisciplinaridade tem sido
um campo rico de possibilidades ao atender este chamado de colaboração.
Dois núcleos populacionais pequenos que vivem em condições muito difíceis do
ponto de vista da infraestrutura em geral e das necessidades mais básicas. De toda a
maneira um campo rico no que tange aos contornos culturais e a acolhida por parte das
pessoas que habitam.
Texto: Maria Paz Loayza Hidalgo e Luiz Eduardo Robinson Achutti
Luiz Eduardo Robinson Achutti
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