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Resumo expandindo Análise acerca do individualismo, diferenciando os indivíduos Extramundano e Intramundano. Resumo O texto de Louis Dumont tem um valor importante para a discussão sobre a modernidade, pois ele relaciona a modernidade com o individualismo, diferenciando o indivíduo fora do mundo (aquele que se encontra fora do mundo social), chamado o extramundano, com o indivíduo que faz parte da vida social (o indivíduo no mundo), conhecido como o intramundano. Segundo o autor, o individualismo se intensifica com Calvino (protestante). Palavras chave: Extramundano, intramundano, individualismo, indivíduo, holismo. Introdução O presente trabalho trata da figura do renunciante, sendo este o extremo da individuação - o indivíduo faz algo que sirva para todos, pensando no bem comum-, embora não participe da vida social. Esta premissa parte do estudo aprofundado pelo antropólogo Louis Dumont que analisou o sistema de castas da Índia tradicional. É nesse sentido que o individualismo surge nessas sociedades tradicionais, pois a partir do momento que o indivíduo nega a sociedade ele se torna um individualista. “O renunciante pode viver como um eremita solitário ou pode juntar-se a um grupo de confrades na renúncia sob a autoridade de um mestre-renunciante, representante de uma disciplina de libertação particular” (p.36).

Dumont, Luis. O Individualismo. Breve resumo

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Um breve resumo da leita de Luis Dumont, o Individualismo.

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Resumo expandindoAnlise acerca do individualismo, diferenciando os indivduos Extramundano e Intramundano.

Resumo

O texto de Louis Dumont tem um valor importante para a discusso sobre a modernidade, pois ele relaciona a modernidade com o individualismo, diferenciando o indivduo fora do mundo (aquele que se encontra fora do mundo social), chamado o extramundano, com o indivduo que faz parte da vida social (o indivduo no mundo), conhecido como o intramundano. Segundo o autor, o individualismo se intensifica com Calvino (protestante).

Palavras chave: Extramundano, intramundano, individualismo, indivduo, holismo.

Introduo

O presente trabalho trata da figura do renunciante, sendo este o extremo da individuao - o indivduo faz algo que sirva para todos, pensando no bem comum-, embora no participe da vida social. Esta premissa parte do estudo aprofundado pelo antroplogo Louis Dumont que analisou o sistema de castas da ndia tradicional. nesse sentido que o individualismo surge nessas sociedades tradicionais, pois a partir do momento que o indivduo nega a sociedade ele se torna um individualista. O renunciante pode viver como um eremita solitrio ou pode juntar-se a um grupo de confrades na renncia sob a autoridade de um mestre-renunciante, representante de uma disciplina de libertao particular (p.36).Diferentemente do renunciante que um indivduo fora do mundo, uma vez que renuncia ao mundo social, chamado por Dumont de extramundano, temos, por outro lado, o indivduo no mundo, aquele que faz parte da vida social, assim denominado intramundano.Segundo o autor, a partir da teocracia de Calvino, com o surgimento da modernidade, o indivduo extramundano passa a pertencer ao mundo social. nesse sentido que o individualismo se intensifica, sem restries e limitaes nas sociedades modernas. Dessa forma, a partir do momento que o indivduo passa a viver em sociedade, ocasiona a perda da sua liberdade, bem como da igualdade.Diante do exposto, o objetivo principal do referido trabalho mostrar as distines entre o indivduo extramundano e o intramundano, a partir do individualismo na sociedade moderna e, ainda, explanar acerca da estratificao social cujo conceito refere-se diviso dos agrupamentos humanos a partir da posio de cada indivduo no meio da sociedade.

Fundamentao terica

Dumont se baseou na teoria do socilogo Max Weber, a partir de seus estudos sobre o indivduo intramundano e o extramundano. Weber tambm estudou o sistema de castas da ndia antiga, demostrando que esse sistema se refere ao hindusmo, com fortes elementos tradicionais que pode ser comparado com o ocidente.Dumont, assim como Weber, estudou a ndia Antiga, trazendo consideraes acerca do individualismo, acarretando uma contribuio para a sociedade moderna, sendo assim um contedo importante para entendermos essa relao de modernidade com o individualismo.Destarte, o autor enfatiza dos tipos de indivduo: O indivduo como sujeito emprico e como ser moral, formando duas formas de sociedades, quais seja: a sociedade tradicional e a moderna, conforme conceitua o autor:

Nos casos que o individuo um valor supremo, falarei de individualismo; nos casos opostos, em que o valor est na sociedade como um todo falarei de holismo (p.35).

Diante do que foi explanado anteriormente, Dumont entendeu a sociedade holista como aquela sociedade tradicional, onde o valor no est concentrado em uma nica pessoa, ou seja, o indivduo no possui valor moral, e, a sociedade moderna sendo aquela em que o indivduo se apresenta como ser moral. Com isso, ele vai diferenciar esses indivduos em: indivduo fora do mundo e o indivduo no mundo. Tal diviso colabora para o fortalecimento da estratificao social.Dumont exemplifica ambas as sociedades na ndia antiga a partir da figura do renunciante - indivduo desconectado do mundo social, sem possuir bem materiais, sendo considerado como um ser morto para a sociedade -, assim um tipo de casta e como parte da estratificao social.Nessa esteira, o indivduo renuncia ao mundo, basta-se a si prprio, condio essencial para alcanar a individualidade, preocupando-se consigo mesmo. O seu pensamento semelhante ao do individuo moderno, mas com uma diferena, apesar de tudo, essencial: Ns vivemos no mundo social, ele vive fora desse mundo.Exemplos de renunciantes: Francisco de Assis, frade catlico, antes de entrar na vida religiosa e de completa pobreza, era um jovem que participava da vida mundana. Aps se entregar a vida espiritual, fundou a mendicncia, considerada um tipo de ao social. Alm dele, podemos citar o personagem Chuck Noland (Tom Hanks) do filme Nufrago, ele conseguiu sobreviver isolado numa ilha deserta, demostrando adaptao e criatividade. Diante desses estilos de vida, percebemos que, conforme afirma Dumont, quem vive nessas condies est fora de qualquer forma de relao social: (Estado, famlia, etc.), e admitindo uma renuncia ao mundo social, e foi assim que o renunciante da ndia antiga vivia.Ao contrrio dessa sociedade holista, hodiernamente predomina a sociedade moderna da qual apresenta como caracterstica uma solidariedade orgnica, teoria de Durkheim, esta sociedade no compartilha, portanto, dos mesmos valores e crenas sociais, os interesses so mais individuais, com isso a individualidade passa a se intensificar.Alm disso, a partir do protestantismo de Calvino, o indivduo extramundano passa a se transformar no indivduo intramundano, assim a individualidade passa a reinar sem restries, mesmo ele conservando a ideia medieval que a igreja deve dominar o Estado. Dumont afirma que Calvino foi importante no processo de individualizao, pois sua teoria foi o marco histrico para o desaparecimento da dualidade entre mundo e extramundano. O valor soberano agora passou a ser encarado pelo prprio indivduo. A tese simples com Calvino, a dicotomia hierarquia que caracteriza o nosso tempo de estudo chega ao fim: o elemento mundano antagnico, ao qual at ento o individualismo devia dar algum lugar, desaparece inteiramente na teocracia de Calvino. O campo torna-se absolutamente unificado, O indivduo est agora no interior do mundo, e o valor individualista reina em restries nem limitao (p.62).

Para Dumont, o individualismo aparece em sociedades tradicionais holistas, em oposio sociedade, ou seja, sobre a forma de o indivduo fora do mundo. A igreja antiga, mantem esse individualismo da poca, pois antes do protestantismo se tinha apenas a ideia de salvao por meio dos sacramentos e caridades que os fies da igreja catlica seguiam, por outro lado, a igreja protestante prega uma relao direta entre o indivduo e Deus, no dependendo, portanto, das relaes sociais para se salvar e considerando que tudo o que acontecesse ao ser humano seria da vontade de Deus.Diferentemente, na sociedade antiga o indivduo tinha que obedecer as regras dotadas pelas igrejas e no podia contest-las. Mas com a sociedade moderna tudo isso vai mudando, pois, os indivduos passam a ser, mas individualistas e pensam somente em si, sem depender da igreja.A extramundanidade se concentra agora na vontade do indivduo (p.65). Ou seja, a partir da reforma protestante o indivduo extramundano pode decidir a que mundo participar: ou renuncia a todas as formas sociais(igreja, famlia, Estado), ou participa do mundo social onde prevalece o individualismo.Segundo Dumont, a igreja antiga da ndia tradicional apresenta o ponto de partida para o individualismo, pois ela demonstra o surgimento do renunciante (indivduo estranho ao mundo) e com o surgimento da modernidade cresce, sem limites, o fenmeno do individualismo.

Consideraes finais

Por tudo o que foi exposto, podemos perceber que o autor no estava preocupado com a formao em si da sociedade, mas de como ela vista a partir dos conceitos extramundano e intramundano, e ainda ele v a possibilidade de entender o individualismo, partindo da figura do renunciante da ndia Antiga, dando nfase discusso da modernidade, como sendo fundamental para o crescimento do individualismo.A igreja antiga citada pelo autor mantm a ideia que o indivduo deve fazer caridades para obter a salvao, mas com Calvino essa ideia muda, agora o indivduo e Deus, no necessitando de outras formas de crenas para obter a salvao, com essa ideologia moderna Calvinista o individualismo cresce at nos dias atuais.

Referencias bibliogrficas:

DUMONT, Louis. Do Indivduo Fora do Mundo ao Individuo no Mundo. In: O individualismo: uma perspectiva antropolgica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco, 1993, pp. 33-68.DUMONT, Louis: Homo hierarchicus: o sistema de castas e suas implicaes/ traduo de Carlos Alberto da Fonseca. So Paulo: EDUSP, 1992 (2.ed. 1997).