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A Qualidade do Laudo Pericial Contábil e sua Influência na Decisão de Magistrados nas Comarcas localizadas no Distrito Federal e na cidade de Fortaleza/CE1

Idalberto José das Neves Júnior2 e Ivonne Ivette Vergara Rivas3

Resumo Este artigo tem por finalidade constatar a importância de se apresentar um Laudo Pericial Contábil com qualidade e evidenciar a sua influência na decisão do magistrado. Primeiramente foram apresentados conceitos e exigências necessárias ao bom desempenho na elaboração do laudo. Com isso, verificou-se, através de referenciais teóricos, que o Laudo Pericial Contábil é uma peça escrita no qual o perito contador se expressa de forma clara e objetiva toda a síntese do objeto da perícia, com o intuito de esclarecer dúvidas ao magistrado. Dentro deste contexto, este trabalho foi desenvolvido com base na revisão da literatura, e na coleta de documentos de processos judiciais das comarcas do Distrito Federal e da cidade de Fortaleza, no Ceará. Foram analisados, com a utilização de Check-list de verificação, os documentos relativos ao (i)Laudo Pericial, (ii)Parecer Pericial Contábil, (iii)Pedidos de Esclarecimentos e (iv)Sentença do Magistrado, que totalizaram 56 documentos. A análise abordou itens sobre a qualidade do laudo e sua influência na decisão do magistrado. Ao final da pesquisa verificou-se que a maioria os Laudos Periciais Contábeis atendem aos requisitos de trabalhos realizados com qualidade e foi comprovado que essa prova pericial influência a decisão do magistrado. 1. Introdução

O Laudo Pericial Contábil “é uma peça tecnológica que contém opiniões do

perito contador, como pronunciamento, sobre questões que lhe são formuladas e que requerem seu parecer” e que devem ser de “[...] boa qualidade e que contenham argumentos sobre as opiniões”. (SÁ, 2005, p.45)

A relevância do Laudo Pericial Contábil ocorre “quando a prova depender do conhecimento tecnológico e científico contábil, o Juiz, que é leigo na matéria, será assistido por um perito (CPC, art.421) [...]”, que tem como objetivo dar condições para o “Juiz decidir, de forma clara e imparcial”. O Laudo Pericial Contábil é uma “prova técnica, sólida e elucidativa na decisão do Magistrado, determinado em Lei no CPC art.145”. (HOOG, 2005, p.48 - 49)

1 Artigo publicado na Revista Brasileira de Contabilidade. nº 165, maio/junho-2007, pp. 53 a 64. 2 Mestre em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação pela Universidade Católica de Brasília. Graduado em Ciências Contábeis e Tecnologia em Processamento de Dados. Professor e Assessor Pedagógico do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Católica de Brasília. Gerente de Divisão da Diretoria de Controladoria do Banco do Brasil. Endereço: Rua Ipê Amarelo, Lote 2/4, Bloco B, Apartamento 204, Águas Claras, Taguatinga – DF, CEP 71.908-000. Telefone: 0xx61 9272-9352. E-mail: [email protected]. Universidade Católica de Brasília. 3 Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de Brasília. Endereço: Rua 20 Norte, Lote 2, Apartamento 1101, Ed. Portal da Liberdade, Águas Claras, Taguatinga – DF, CEP 71.915-750. Telefone: 0xx61 9217-5207.E-mail: [email protected]. Universidade Católica de Brasília.

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O propósito da pesquisa é verificar a qualidade do Laudo Pericial Contábil e sua influência na decisão de magistrado, dada a importância dessa prova técnica para formação da convicção jurídica do magistrado.

Sendo assim, o problema de pesquisa pode ser caracterizado como sendo: Qual é a avaliação da qualidade do Laudo Pericial Contábil e sua influência na decisão de magistrados nas comarcas localizadas no Distrito Federal e na cidade de Fortaleza?

Para tanto, são apresentados os fundamentos da Perícia Contábil, o conceito de Laudo Pericial Contábil, bem como sua estrutura e requisitos que devem constar e finalmente são discutidos aspectos quanto a qualidade e influência dos laudos na decisão dos magistrados.

A pesquisa foi classificada como bibliográfica, exploratória, qualitativa, documental e empírica (BEUREN, 2004). Os procedimentos adotados para pesquisa estão embasados e fundamentados em levantamento bibliográfico e documental, a partir do qual procedeu-se um levantamento de 14 processos referentes a Laudos Periciais Contábeis nas localidades do DF e da cidade de Fortaleza.

Para análise dos documentos coletados foi elaborado Check-list com pontos de verificação que permitem evidenciar: (i)Dados dos Processos, (ii)Estrutura do Laudo, (iii)Requisitos do Laudo, (vi)Suposições Levantadas e (v)Resposta ao Problema do Artigo.

O estudo desta pesquisa levantou três suposições: (1) Os laudos dos processos analisados atingem o grau de eficiência a que se propõem; (2) O perito não deixou margem para contestação no Laudo Pericial Contábil; e (3) Os laudos foram elucidativos para a decisão dos magistrados. Estas suposições serão discutidas ao final da pesquisa. 2. Revisão da Literatura

2.1 Fundamentos da Perícia Contábil

De acordo com Ghersi e Ghersi (2006) se estabelece uma perícia, quando

existe a necessidade de uma investigação de elementos controvertidos, permitindo ao magistrado o conhecimento técnico e científico da matéria envolvida.

De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (1999), no que se refere à Norma Brasileira de Contabilidade Técnica NBC-T-13 no item 13.1.1:

“A Perícia Contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente”.

Ornelas (2003, p.35) constata que o objeto central na Perícia Contábil está relacionado ao aspecto patrimonial é tem como principal característica: (i)Limitação da matéria; (ii) Pronunciamento adstrito à questão ou questões propostas; (iii)Meticuloso e eficiente exame do campo prefixado; (iv)Escrupulosa referência à matéria periciada; (v)Imparcialidade absoluta de pronunciamento.

Há vários tipos de Perícia Contábil, as quais dependerão das necessidades processuais. Entre elas estão a Perícia Judicial, Extra-judicial e Arbitral. A definição

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feita por Sá (2005) referente à Perícia Judicial visa esclarecer o juiz no que se refere à matéria técnica e cientifica do litígio, objetivando servir de prova.

Para Alberto (2002, p.53) Perícia Extra-Judicial “[...] é aquela realizada fora do Estado, por necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos particulares [...]”.

Outro tipo de perícia contábil é a arbitral. Segundo Alberto (2002, p.53) Perícia Arbitral “é aquela perícia realizada no juízo arbitral instância decisória criada pela vontade das partes, não sendo enquadrável em nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial”.

Segundo Ornelas (2003) existem várias modalidades de Perícia Contábil e, de acordo com o Código de Processo Civil, pode ser constituída em exame, vistoria ou avaliação.

“Exame Pericial é a modalidade de perícia contábil mais comum. É desenvolvida mediante a análise de livros e documentos [...]”. (ORNELAS, 2003, p.36-37)

A Vistoria Pericial não é muito usada na perícia contábil, mas, o Conselho Regional de Contabilidade (1999) NBC-T-13, 13.4.1.2 a define como sendo uma “diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial”.

De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (1999) NBC-T-13, 13.4.1.7 a Avaliação Pericial “[...] é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas”.

Verifica-se que existem vários tipos de modalidades de Perícia Contábil, as que foram definidas são as mais utilizadas como ferramenta de análise. Quem determinará a modalidade a ser utilizada na confecção do Laudo Pericial Contábil será o perito.

2.2 Ciclo do Trabalho Pericial Contábil

O ciclo do trabalho Pericial Contábil inicia-se pelo despacho saneador lavrado

pelo magistrado nos autos do processo admitindo a necessidade de prova pericial contábil que, por conseqüência, nomeia o perito e conclui-se com a entrega do Laudo, que deve ser feita no prazo legal.

Segundo o Professor Antônio Lopes de Sá o ciclo da perícia judicial se compõe de fase preliminar, operacional e final: (SÁ, 2005, p.64-65)

Fase Preliminar: (i)A perícia é requerida ao juiz, pela parte interessada na mesma; (ii)O juiz defere a perícia e escolhe o Perito; (iii)As partes formulam quesitos e indicam seus assistentes; (iv)Os Peritos são cientificados da indicação; (v)Os Peritos propõem honorários e requerem depósitos; (vi)O juiz estabelece prazo, local e hora para o início.

Fase Operacional: (i)Início da perícia e diligências; (ii)Curso do trabalho; (iii)Elaboração do laudo. Fase Final: (i)Assinatura do laudo; (ii)Entrega do laudo; (iii)Levantamento dos honorários; (iv)Esclarecimentos (se requeridos). Em todas as fases, existem prazos e formalidades a serem cumpridas.

2.3 Laudo Pericial Contábil: conceito, estrutura e requisitos

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De acordo com Alberto (2002) o Laudo Pericial Contábil é um documento escrito pelo perito contador e exprime, de forma clara e objetiva, o objeto da perícia. Nele são evidenciadas as diligências, os estudos e as observações que realizou, os critérios que adotou, os resultados devidamente fundamentados e suas conclusões.

De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (1999) a Interpretação Técnica NBC-T-13 – IT4, no item 13.5.1 define Laudo Pericial Contábil como sendo: “[...] é a peça escrita na qual o perito contador expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as observações que realizou; as diligências realizadas, os critérios adotados, os resultados fundamentados e as suas conclusões”.

Observa-se que tanto Alberto (2002) como o Conselho Federal de Contabilidade (1999) convergem nos seguintes pontos: (i) afirmam que é uma peça escrita; (ii) que deve ser clara e objetiva; (iii) devendo apresentar os estudos, as diligências e observações que o perito realizou; e (iv) principalmente as suas conclusões devidamente fundamentadas.

De acordo com Hoog (2005) o Laudo Pericial Contábil deve ser composto por: (i) cabeçalho, que identifica o processo; (ii) evidenciação do objetivo do laudo; (iii) os métodos de investigação; (iv) as técnicas científicas utilizadas; (v) as diligências referentes aos procedimentos adotados; (vi) e, juntamente com a coleta de dados, deve responder aos quesitos formulados pelas partes; (vii) encerramento; (viii) a bibliografia; (ix) e relação de anexos.

No que se refere ao Conselho Federal de Contabilidade (1999) NBC-T13 – IT4 referente à estrutura do Laudo Pericial Contábil, deve conter no mínimo, os seguintes itens:

(i)Identificação do processo e das partes; (ii)Síntese do objeto da perícia; (iii)Metodologia

adotada para os trabalhos periciais; (iv)Identificação das diligencias realizadas; (v)Transcrição dos quesitos; (vi)Respostas aos quesitos; (vii)Conclusão; (viii)Identificação do perito contador nos termos 13.5.3 desta norma; (ix)Outras informações, a critério do perito contador, entendidas como importantes para melhor esclarecer ou apresentar o laudo pericial.

Verifica-se que Hoog (2005) e o Conselho Federal de Contabilidade (1999) sintetizam pontos fundamentais no que se refere ao momento de formulação da estrutura do laudo, adequada e de qualidade, para facilitar a interpretação do magistrado.

De acordo com Ornelas (2003), o Laudo Pericial Contábil deve apresentar determinadas qualidades intrínsecas, como: ser completo, claro, circunscrito ao objeto da perícia e fundamentado. Com relação ao conteúdo, deve conter duas grandes partes: uma expositiva, outra conclusiva, ou, relatório e parecer.

Barbalho e Oliveira (2006) relatam que o laudo deve ser iniciado pelas “Considerações Preliminares” também conhecidas como “Parte Expositiva”, no que se refere ao aspecto introdutório da peça técnica pericial, devendo ser dividida em sub-tópicos, onde o perito contábil irá relatar, resumidamente, o pedido formulado pelo proponente da ação. Logo em seguida oferecem, de forma sucinta, os fatos relatados na contestação da parte contrária - aspectos fundamentais para se estabelecer o ponto controvertido sobre qual recairá o exame pericial.

Dessa maneira, Hoog (2005) afirma que deve ser seguida a estruturação dos quesitos formulados pelo juiz e pelas partes, devendo ser respeitada a ordem em que foram juntados aos autos do processo. As respostas devem ser claras devidamente

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fundamentadas, seguindo a ordem em que foram formuladas, não sendo aceitas repostas que contenham somente “sim” ou “não”.

No que se refere à linguagem do Laudo Pericial Contábil, o Conselho Federal de Contabilidade (1999) NBC-T-13 – IT4 diz que:

Deverá ser escrito de forma direta, devendo atender às necessidades dos julgadores e ao objeto da discussão, sempre com conteúdo claro e dirigido ao assunto da demanda, de forma que possibilite os julgadores a proferirem justa decisão. O Laudo Pericial Contábil não deve conter elementos e/ou informações que conduzam a dúbia interpretação, para que não induza os julgadores a erro. “Seguindo na construção do laudo pericial contábil, após a oferta das

respostas aos quesitos ou da abordagem da questão técnica, o trabalho prossegue com as conclusões técnicas, ou seja, o parecer que se pode denominar Considerações Finais”. (ORNELAS, 2003, p.96)

Logo após as conclusões da perícia, é chegado o momento do encerramento, deve-se inventariar o número de folhas que compõe o laudo, a quantidade de anexos e documentos, apondo-se data e assinatura. Garantindo-se, com isso, a idoneidade do trabalho pericial.

O Laudo Pericial Contábil deve ter algumas qualidades fundamentais, para a melhor apresentação dos resultados da perícia. Para Sá (2005, p.46-47) deve atender aos seguintes requisitos mínimos: “ter objetividade; rigor tecnológico; concisão; argumentação; exatidão e clareza”. Logo abaixo, estão as definições de Sá (2005) referentes aos requisitos mínimos do laudo:

Apresentar objetividade é excluir o julgamento com base no pessoal ou na subjetividade. Não deve ser inspirado em suposições. O perito deve ater-se aos parâmetros da contabilidade.

Conter rigor tecnológico é limitar-se ao que é reconhecido como científico no campo da especialidade. Por si, expulsa o subjetivo.

Conter concisão exige que as respostas não sejam prolixas, excluindo-se palavras inúteis. Por isso é necessário que seja bem redigido, sendo de fundamental importância ater-se ao assunto e responder satisfatoriamente aos questionamentos. Porém, não deve se chegar ao absurdo da exclusão de argumentos.

No que tange à argumentação, deve alegar por que concluiu ou em que se baseiam suas fundamentações.

A exatidão é condição essencial de um laudo. Com isso o perito não pode supor, mas só afirmar quando tem absoluta segurança sobre o que opina, devendo-se basear em realidades inequívocas.

• A clareza refere-se ao fato de que o laudo está sendo escrito para

terceiros, que não tem obrigação de entender a terminologia tecnológica e cientifica da contabilidade. Dessa maneira frases de que

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abusem da terminologia contábil específica, num aspecto rebuscado que impeçam clareza, devem ser evitadas.

O que pode ser corroborado através do Conselho Federal de Contabilidade

NBC-T13 –IT4 referente ao item 9:

[...] Devem ser utilizados termos técnicos, devendo o texto trazer informações de forma clara. Os termos técnicos devem ser contemplados na redação do Laudo Pericial Contábil, de modo a se obter uma redação técnica que qualifica o trabalho, respeitada a Norma Brasileira de Contabilidade e o Decreto-Lei nº 9.295/46. Tratando-se de termos técnicos, devem os mesmos, caso necessário, ser acrescidos de esclarecimentos adicionais, sendo recomendada a utilização daqueles de maior domínio popular.

Verifica-se que, tanto Sá (2005) quanto o Conselho Federal de Contabilidade (1999) a NBC-T13 – T4 convergem para os mesmos requisitos no que tange a qualidade do laudo.

2.4 Qualidade em serviço da Perícia Contábil

A qualidade máxima de qualquer serviço só é atingida através dos

conhecimentos plenos na área em que está se atuando. De acordo com Santos e Mello (2004), ao contador que tem interesse pelos diversos campos pertinentes a sua área, é necessário considerar o treinamento profissional, a educação continuada, a capacidade técnica. Deve estar devidamente informado no aspecto político e econômico, verificando constantemente as legislações pertinentes e o Exame de Suficiência, como base para a medida da eficiência de sua atuação.

Para Santos e Mello (2004) existem requisitos fundamentais para a prestação

de serviços: “(a) o planejamento do processo; (b) a capacidade técnica das pessoas envolvidas no processo; (c) a satisfação do cliente”.

Sá (1997, p.14) ressalta que “o Laudo Pericial é uma peça de alta responsabilidade, que requer qualidade, devendo atender a requisitos especiais que lhes são pertinentes”.

Para Ornelas (2003, p.95) deve-se: “Organizar e desenvolver o conteúdo do Laudo Pericial Contábil de forma lógica e tecnicamente correta obriga ao perito a pensar criativamente como oferecer uma peça técnica inteligível para seus leitores, com qualidade técnica impecáveis, que permitam, por meio de sua leitura, entender os contornos do processo, os fatos controvertidos que ensejaram o próprio pedido ou determinação das prova técnica, bem assim a certificação positiva ou negativa desses mesmos fatos.”

Franco (1997, p.230) adverte que “[...] muitas vezes o problema não é a

qualidade do serviço, mas a forma de apresentá-lo, ou seja, a deficiente qualidade do relatório[...]”.

É de fundamental importância que o laudo apresente uma linguagem simples e seja de fácil entendimento. De acordo com Ornelas (2003) o perito que mostra interesse em ser entendido pelos seus leitores deve buscar o uso de palavras que, sem perderem o significado contábil, sejam inteligíveis a eles: magistrado e os advogados das partes.

2.5 Estudos publicados

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O artigo de Medeiros e Neves Júnior (2005) sobre o tema “A Qualidade do Laudo Pericial Elaborado pelo Perito-Contador na Visão de Magistrado do Rio de Janeiro e Brasília”. A pesquisa foi realizada por meio de questionários de pesquisa. Foi aplicada a 40(quarenta) magistrados com o interesse de verificar a opinião dos mesmos sobre a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelo perito contador. A pesquisa foi classificada como sendo exploratória e descritiva. Num aspecto geral o artigo contribuiu em verificar que a qualidade dos trabalhos produzidos pelos peritos contadores pode ser considerada satisfatória e que, mesmo assim, existe necessidade de melhorar as técnicas que são aplicadas e insistir numa educação continuada para alavancar a qualidade dos trabalhos. Pode-se verificar estas conclusões através dos principais pontos que foram observados:

(i)Os laudos deveriam ser mais explícitos, levando em consideração que são dirigidos a pessoas que não dominam a matéria concernente a contabilidade; (ii)Os textos costumam ser rebuscados e maquiados; (iii)Falta a descrição dos parâmetros e sua fundamentação para elaboração dos laudos; (iv)Não são claros quanto aos procedimentos adotados; (v)Em geral os laudos são de boa qualidade, ocorre que às vezes a linguagem utilizada se torna muito técnica - o que pode dificultar a compreensão por leigos.

A pesquisa de Caldeira (2006) sobre “A Influência do Laudo Pericial Contábil

na Decisão dos Juízes em Processos nas Varas Cíveis”, constituiu em verificar a influência do Laudo Pericial Contábil na decisão dos Juízes em processos nas varas cíveis, das comarcas de Santa Maria e Santiago, no Estado do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados por meio de pesquisa documental e entrevistas semi-estruturadas. Dessa maneira foram pesquisadas três bases distintas: o Laudo (produto), o Juiz (cliente) e o Perito (fornecedor). Foi definida uma amostra de 10 (dez) laudos já com a sentença emitida, como também uma população constituída de 6 (seis) juízes aplicou-se um questionário com objetivo de coletar as decisões através do parecer do laudo pericial contábil.

De acordo com o artigo de Caldeira (2006), é possível verificar a relevância do laudo pericial na sentença. Observou-se que 52% (cinqüenta e dois por cento) dos Laudos da amostra apresentaram muita relevância - o que significa a real importância do conteúdo do laudo pericial na emissão da sentença. Apenas 32% (trinta e dois por cento) dos laudos foram considerados relevantes pelos magistrados, verificando a importância do laudo pericial contábil como meio de prova. E o restante dos 16% (dezesseis por cento) dos laudos da amostra não obteve qualquer participação na sentença emitida pelo juiz.

Através do trabalho de Barbalho e Oliveira (2006) sobre “A Qualidade do Laudo na Perícia Judicial Contábil”. Este trabalho objetivou demonstrar a importância da Perícia Judicial Contábil, referente ao suporte instrumental que oferece ao Poder Judiciário no sentido de solucionar os conflitos quando esses estão relacionados com questões técnicas de ordem patrimonial. Para tanto, foi feita uma análise de 20 (vinte) Laudos Periciais Contábeis, de diferentes varas cíveis da Justiça Federal de 1º instância, em Pernambuco. De acordo com o estudo de Barbalho e Oliveira (2006, p.22) obteve-se as seguintes conclusões:

Apenas 30% dos laudos analisados observaram os requisitos mínimos para uma satisfatória apresentação da peça técnica pericial. 40% dos laudos não apresentavam conclusões, enquanto que os 30% restantes apresentavam falhas do tipo: emitir opinião em matéria de

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competência do juiz, inexistência de relatório, respostas aos quesitos utilizando apenas as expressões do tipo “sim”/”não”, etc.

A pesquisa de Barbalho e Oliveira (2006) contribuiu ao verificar que os laudos analisados encontravam-se incompletos quanto a sua estrutura formal recomendada, analisar a realidade da qualidade dos laudos apresentados em perícias, posto que pecaram quanto a clareza, argumentação, exatidão e rigor tecnológico - requisitos fundamentais para uma boa qualidade de um laudo contábil.

O estudo de Silva (2006), intitulado “A Perícia Judicial Contábil no Estado de Pernambuco: Análise Crítica das Respostas aos Quesitos”, foi desenvolvido com base em documentação direta, ou seja, verificação de processos que necessitaram de Perícia Contábil, com ênfase na estruturação e conteúdo dos laudos e entrevistas a Juízes, Diretores e Secretários de Varas. A amostra estudada compreendeu processos judiciais de Varas Trabalhistas da Capital de Pernambuco.

As conclusões deste trabalho contribuíram para verificar que poucos Laudos Periciais se mostraram de forma completa, objetiva e concisa, além de precários em relação à estrutura. Em 29% dos laudos analisados, o perito não evidenciou sequer o objetivo do seu trabalho. A metodologia utilizada nos trabalhos periciais foi percebida em 43% da amostra. O histórico do processo foi feito apenas em 43%. Verificou-se que 54% dos laudos tinham pedidos de esclarecimentos, sendo grande parte destes motivados pela desatenção dos peritos na elaboração dos cálculos. 3. Pesquisa Empírica

3.1 Caracterização dos processos e documentos analisados.

Os processos jurídicos analisados são relativos às varas cíveis no Distrito

Federal e da cidade de Fortaleza e compreendem o período de 2000 a 2005. Desta forma, a amostra é intencional, uma vez que essas praças foram escolhidas devido a facilidades de acesso às documentações e processos judiciais. Os processos localizados são relativos a litígios de prestação de contas, revisão de cláusulas, ação de execução, ação de monitória, cobrança, atualização monetária, reclamação trabalhista, liquidação de sentença, revisão dos cálculos do financiamento, execução de sentença e embargo a execução. Os seguintes documentos foram analisados: (i)Laudo Pericial; (ii)Parecer Pericial Contábil; (iii)Pedidos de Esclarecimentos; (iv)Sentença do Magistrado.

Para o desenvolvimento desta pesquisa foram utilizados 14 processos - quantidade máxima obtida. Cada processo teve 4 documentos analisados (laudo pericial, parecer pericial contábil, pedidos de esclarecimento, sentença do magistrado), 28 variáveis (itens do Check-list, divididos em 5 agrupamentos: dados do processo, estrutura do laudo, requisitos do laudo, suposições levantadas e resposta ao problema do artigo), totalizando 56 documentos e 392 dados.

3.2 Pretensões da análise

O objetivo desta análise exploratória foi verificar a qualidade do Laudo

Pericial Contábil e sua influência na decisão de magistrado no Distrito Federal e na cidade de Fortaleza, com base em pesquisa bibliográfica e processos periciais judiciais.

3.3 Fundamentação teórica

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Para análise da qualidade do Laudo Pericial Contábil foram considerados nesta pesquisa os fundamentos de Sá (2005) e do Conselho Federal de Contabilidade referente à NBC-T13 – IT4, os quais são sintetizados a seguir:

De acordo com Sá (2005) o Laudo Pericial Contábil deve apresentar os seguintes requisitos de qualidade: (i)Ter objetividade; (ii)Rigor Tecnológico; (iii)Concisão; (iv)Argumentação; (v)Exatidão; e (vi)Clareza.

No aspecto da estrutura do Laudo Pericial Contábil a pesquisa foi baseada na NBC-T13 – IT4, quais definem os seguintes requisitos:

(i)Identificação do processo e das partes; (ii)Síntese do objeto da perícia; (iii)Metodologia adotada para os trabalhos periciais; (iv)Identificação das diligências realizadas; (v)Transcrição dos quesitos; (vi)Resposta aos quesitos; (vii)Conclusão; (viii)Identificação do perito; e (ix)Outras informações, a critério do perito contador, entendidas como importantes para melhor esclarecer ou apresentar o laudo pericial.

No que se refere à análise da influência do Laudo Pericial Contábil na decisão

do magistrado, confrontou-se o resultado da sentença do Juiz com o conteúdo do laudo. Com isso, verificou-se se o laudo pôde elucidar a decisão do magistrado.

3.4 Procedimentos adotados

Os processos judiciais que contemplam a perícia contábil foram analisados

com base em Check-list. Este documento de verificação apresentou os seguintes quesitos: (i)Dados do processo; (ii) Estrutura do laudo; (iii)Requisitos do laudo; (iv)Análise das suposições levantadas; (v)Resposta ao problema do artigo com base no processo analisado. Para responder ao item (v) - Resposta ao problema do artigo do Check-list - foi utilizado uma régua de pontuação onde foi atribuída uma pontuação de 0 (zero) a 19 (dezenove) através da escala a seguir:

Qualidade Mínima → → → → → Qualidade Máxima 0 |----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|---|----|----|----| 19 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Figura 1: Escala de Pontuação Fonte: Elaboração Própria

A pontuação total será obtida pela somatória dos pontos de cada item de

verificação. Cada item equivale a 1 (um) ponto. Desta forma, considerando-se que são 19 (dezenove) itens, cada Laudo poderia obter 19 (dezenove) pontos. Quanto mais próximo de 0 (zero) menos qualidade tem o laudo, o quanto mais próximo de 19 (dezenove), significa que o laudo tem mais qualidade.

Foram utilizados os seguintes procedimentos: (i)Coleta de documentos referentes aos processos periciais; (ii)Elaboração de Check-list para verificação dos processos; e (iii)Análise da qualidade dos Laudos e a relevância dos mesmos para a decisão do magistrado.

A análise da qualidade dos laudos e o estudo da relevância dos laudos para a decisão dos magistrados foram realizados pelos autores deste artigo.

Os dados foram analisados por meio do programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 12.0, que permitiu o cruzamento de dados e possibilitou uma análise exploratória do problema de pesquisa formulado.

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3.5 Resultados da pesquisa.

Os resultados da pesquisa foram estruturados a partir dos dados e pontos de

verificação contidos no Check-list. A síntese dos resultados é apresentada na tabela 1 a seguir:

Tabela 1: Quadro Geral das Respostas CHECK-LIST Primeiro Grupo: ESTRUTURA DO LAUDO Sim % Não % 1. Contém um cabeçalho que identifica o processo? 11 78,57 3 21,43 2. É apresentado o objetivo do Laudo? 13 92,86 1 7,14 3. O perito mencionou os métodos que serão utilizados na investigação? 11 78,57 3 21,43 4. O perito evidencia quais modalidades e procedimentos de perícia foram utilizados? 9 64,29 5 35,71 5. Comunica as diligências que identificam os procedimentos adotados e a coleta de dados? 6 42,86 8 57,14 6. Responde aos quesitos ou pontos controvertidos formulados pelo magistrado? 5 35,71 9 64,29 7. Responde aos quesitos formulados pela requerente? 10 71,43 4 28,57 8. Responde aos quesitos formulados pela requerida? 9 64,29 5 35,71 9. O laudo apresenta encerramento? 2 14,29 12 85,71 10. O Laudo contém bibliografia? 14 100,00 0 0,00 11. O Laudo apresenta anexo? 13 92,86 1 7,14 12. O Laudo apresenta documentos? 14 100.00 0 0,00 Segundo Grupo: REQUISITOS DO LAUDO Sim % Não % 13. Apresenta objetividade? 13 92,86 1 7,14 14. Contem rigor tecnológico? 13 92,86 1 7,14 15. O Laudo é conciso? 12 85,71 2 14,29 16. Apresenta argumentação nas suas respostas? 13 92,86 1 7,14 Terceiro Grupo: SUPOSIÇÕES LEVANTADAS Sim % Não % 17. O Laudo do processo analisado atinge o grau de eficiência a que se propõe. 13 92,86 1 7,14 18. O Perito não deixou margem para contestação no Laudo Pericial Contábil. 6 42,86 8 57,14 19. O Laudo foi elucidativo para a decisão do magistrado. 13 92,86 1 7,14 Fonte: Elaboração Própria

O primeiro grupo do Check-list contemplou os Dados do Processo. Todos os

campos desses documentos foram devidamente preenchidos: N.º do processo, Cidade/UF, Vara, Fórum, Ação e o Período. Estes dados permitiram caracterizar os processos quanto à estrutura do laudo, os requisitos do laudo, as suposições levantadas e as respostas ao problema do artigo.

O segundo grupo do Check-list e referente à Estrutura do Laudo continha 12

(doze) questionamentos que, durante a leitura, foram respondidos e analisados de forma criteriosa. A seguir são apresentados estes resultados:

1. Contém um cabeçalho que identifica o processo? Verificou-se que dos 14 (quatorze) laudos, 11(onze) ou 78,57% conseguem, de

forma criteriosa responder a este item. Contudo, apenas 3 (três) ou 21,43% têm

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deficiências, sendo que dois não evidenciam o tipo de ação e o outro não evidencia as partes envolvidas no processo.

2. É apresentado o objetivo do Laudo? Constatou-se que 13 (treze) ou 92,86% dos laudos deixam claro o objetivo da

lide, contudo, apenas 1 (um) ou 7,14% não deixou explícito o objetivo do laudo. 3. O Perito mencionou os métodos que serão utilizados na investigação? Identificou-se que 11(onze) ou 78,57% dos laudos mencionam os métodos

utilizados, contudo, 3 (três) ou 21,43% não informaram o método de investigação. 4. O Perito evidencia quais modalidades e procedimentos de perícia foram

utilizados? Constatou-se que 9 (nove) ou 64,29% dos laudos evidenciam quais são as

modalidades e procedimentos que os peritos adotaram, mas 5 (cinco) ou 35,71% dos laudos deixam a desejar neste item, às vezes não mencionavam a modalidade e deixavam claro os procedimentos ou vice-versa, ou apenas comunicavam quais eram os documentos que seriam analisados.

5. Comunica às diligências que identificam os procedimentos adotados e a

coleta de dados? Pode-se verificar que 6 (seis) ou 42,86% dos laudos deixam claro as

diligências e a coleta de dados, mas 8 (oito) ou 57,14% - a grande maioria não se preocupa em esclarecer.

6. Responde aos quesitos ou pontos controvertidos formulados pelo

magistrado? Verificou-se que apenas 5 (cinco) ou 35,71% dos laudos apresentaram quesitos

elaborados pelos magistrados. Estes quesitos foram respondidos pelos peritos. 7. Responde aos quesitos formulados pela requerente? A grande maioria dos quesitos foi respondida de forma fundamentada, o que

correspondeu a 10 (dez) ou 71,43% dos laudos. No restante dos laudos analisados, (quatro) ou 28,57% ,não houve a formulação de quesitos.

8. Responde aos quesitos formulados pela requerida? Neste item, demonstrou-se que 9 (nove) ou 64,29% dos laudos contemplam

respostas aos quesitos de forma circunstanciada e fundamentada. Um perito deixou perguntas em aberto por não conhecer a matéria.

9. O Laudo apresenta encerramento? Verificou-se que em 12 (doze) ou 85,71% dos laudos, os Peritos não fizeram

encerramento e apenas 2 (dois) ou 14,29% dos laudos continham a etapa de encerramento.

10. O Laudo contém bibliografia? Para verificação deste item considerou-se como bibliografia os referenciais

utilizados para a fundamentação do laudo. Desta forma, foi possível observar que todos

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os laudos continham elementos que demonstravam a preocupação dos profissionais em descrever detalhadamente o material utilizado para sua fundamentação.

11. O Laudo apresenta anexo? Constatou-se que em 13 (treze) ou 92,86% dos laudos, houve a preocupação

de produzir anexos para melhor fundamentar as respostas. Apenas 1 (um) laudo ou 7,14% não necessitou a apresentação de anexo.

12. O Laudo apresenta documentos? Após a análise verificou-se que 100% dos laudos evidenciam quais são os

documentos nos quais os Peritos fundamentaram suas respostas.

O terceiro grupo é referente aos Requisitos do Laudo. Conteve 4 (quatro) questionamentos e apresentou os resultados a seguir.

13. Apresenta objetividade? Constatou-se uma quase unanimidade: 13 (treze) ou 92,86% dos laudos

ativeram-se ao assunto, não utilizando suposições para fundamentar as respostas. Apenas 1 (um) laudo utilizou o julgamento pessoal.

14. Contem rigor tecnológico? A mesma constatação do item anterior: 13 (treze) ou 92,86% dos laudos

ativeram-se ao que é reconhecido como científico na contabilidade e apenas 1 (um) não apresentou o rigor tecnológico em algumas respostas.

15. O Laudo é conciso? 12 (doze) ou 85,71% dos laudos não foram prolixos, em 2 (dois) ou 14,29%

não houve respostas satisfatórias, que dariam margem a contestação. 16. Apresenta argumentação nas suas respostas? Verificou-se, em um total de 13 (treze) ou 92,86% dos laudos, que os

profissionais apresentam respostas fundamentadas. Em apenas 1 (um) laudo ou 7,14% não houve essa preocupação.

O quarto grupo se refere às suposições levantadas no artigo. Composto de 3

(três) quesitos apresentou os seguintes resultados: 17. O Laudo do processo analisado atinge o grau de eficiência a que se

propõem? A concentração ficou em 13 (treze) ou 92,86% dos laudos, que conseguiram

atingir a eficiência a que se propuseram: auxiliar a justiça no aspecto de poder servir de prova e influenciar na decisão de uma lide. Em apenas 1 (um) laudo ou 7,14%, de acordo com o juiz, não houve a necessidade de uma prova pericial, uma vez que o juiz tinha a sentença decidida.

18. O Perito não deixou margem para contestação no Laudo Pericial

Contábil? Seis ou 42,86% dos laudos deixaram dúvidas, dando margem para

contestação pelas partes envolvidas do processo. O restante dos laudos (oito) ou 57,14%

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não deixaram dúvidas. Verificou-se em alguns laudos que os advogados das partes envolvidas, para ganhar tempo, faziam a mesma pergunta só de maneira diferente, questionando pontos que tinham sido devidamente respondidos anteriormente.

19. O Laudo foi elucidativo para a decisão do magistrado? Neste quesito foi possível constatar, após a leitura do processo, que 13 (treze)

ou 92,86% dos laudos atingiram o objetivo de serem elucidativos: conseguiram influenciar na decisão do magistrado dada a importância da prova técnica para a formação da convicção jurídica do magistrado. O restante - 1 (um) ou 7,14% - apenas serviu como mais um elemento de prova, já que o juiz achou desnecessário a Perícia Contábil por ter decisão já formulada antes da Perícia.

De acordo com análise dos processos e com o auxílio do Check-list foi

possível sintetizar as seguintes conclusões com relação ao item (v)Resposta ao problema do artigo:

No aspecto da qualidade verificou-se, pela régua de pontuação, que os laudos

atingiram 14 (quatorze) pontos, o que representou estar bem próximo da qualidade máxima a ser observada. Constatou-se que os peritos procuraram atentar aos quesitos da qualidade na confecção do laudo. A figura 2 apresenta a pontuação do resultado obtido na análise dos laudos.

Qualidade Mínima → → → → → Qualidade Máxima

0 |----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|---|----|----|----| 19 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 1415 16 17 18 Figura 2: Escala de Pontuação Fonte: Elaboração Própria

A seguir, evidenciamos algumas informações constatadas a partir da análise dos documentos.

No aspecto dos requisitos, foi constatado um cuidado por parte do profissional em

responder os quesitos com objetividade, rigor tecnológico, concisão e a devida argumentação das respostas. No que se refere à estrutura, não se evidenciou as modalidades e procedimentos adotados - os profissionais não comunicavam as diligências efetuadas, deixando a desejar quanto a parte expositiva e conclusiva dos laudos, deixando a parte expositiva e conclusiva dos laudos a desejar. No que se refere ao encerramento dos trabalhos, verificou-se que a maioria não apresenta esta etapa, prejudicando a veracidade das informações. Foi possível verificar com clareza que existe a preocupação em evidenciar a bibliografia, o objetivo do laudo e em criar anexos para melhor fundamentar as repostas.

Quanto aos laudos atenderem as Normas Brasileiras de Contabilidade,

verificou-se que a maioria dos relatórios analisados evidencia: • a metodologia utilizada para o desenvolvimento da perícia; • a síntese do objeto da perícia, a utilização de estrutura; • a linguagem adequada para a redação dos laudos.

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Contudo, alguns laudos não apresentaram estrutura adequada, a linguagem foi pouco acessível a leigos ou muitas vezes não seguiam rigorosamente as normas.

No que se refere à influência do laudo, foi possível responder este quesitos

através da confrontação dos laudos com a decisão do juiz. Constatou-se uma quase unanimidade no quesito da influência na decisão do magistrado, 13 (treze) laudos foram decisivos na influência, elucidação e convicção do juiz com relação à matéria envolvida, conseguindo suprir as insuficiências do magistrado no que se refere ao conhecimento técnico e científico. Apenas 1 (um) laudo não teve a relevância necessária, já que a matéria que estava envolvida não apresentava grandes complicações para o magistrado decidir.

4. Considerações Finais

A partir das fundamentações expostas e os resultados obtidos, foi possível

responder a questão inicial desta pesquisa: Qual é a avaliação da qualidade do Laudo Pericial Contábil e sua influência na decisão de magistrado nas comarcas localizadas no Distrito Federal e na cidade de Fortaleza?

Como resposta a esta pergunta, verificou-se que a qualidade dos laudos, de

acordo com a régua de pontuação, atingiu 14 (quatorze) pontos - o que representou quesitos que revelaram alto grau de qualidade dos laudos analisados. É importante destacar que as questões apresentadas pelos litigantes do processo apresentaram os requisitos objetividade, rigor tecnológico, concisão e argumentação. No aspecto da estrutura do laudo, constatou-se a preocupação dos peritos em desenvolver e fundamentar o trabalho realizado. Estes profissionais evidenciaram o objetivo do laudo, apresentaram a metodologia e fundamentaram o trabalho com documentos e anexos que pudessem demonstrar as análises e conclusões da causa periciada.

No aspecto da influência do laudo na decisão do magistrado, verificou-se que

os laudos conseguiram atingir o objetivo de elucidar e esclarecer as dúvidas do magistrado, dando a convicção jurídica necessária para que o juiz conseguisse formular a decisão das lides.

É importante ressaltar que existiram pontos nesta análise que evidenciaram o

descuido do profissional em não formular o encerramento do laudo, em não se ater com rigor às NBC-T13-IT4, criadas para auxiliar o perito na confecção do laudo.

Quanto aos resultados obtidos pela aplicação do Check-list, verificou-se que os

laudos apresentaram os quesitos de qualidade apresentados por Sá (2005) e atendem parcialmente a NBC-T13-IT4.

A partir dos resultados desta pesquisa comprovamos que os laudos conseguiram

atingir a eficiência a que se propuseram e são extremamente elucidativos, o que representou um total de 92,86% dos laudos analisados, podendo servir de prova e influenciar na decisão de uma lide, dada a importância da prova técnica para a formação da convicção jurídica do magistrado.

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Quanto aos peritos, deixaram margem para contestação. Verificou-se que 57,14% dos laudos analisados não tiveram contestações. Contudo, devemos destacar que nos demais laudos contestados, os advogados das partes envolvidas no processo faziam perguntas de maneira diferente, provavelmente como objetivo de ganhar tempo, uma vez que verificamos que as perguntas formuladas já tinham sido devidamente respondidas em outros quesitos.

Como contribuição, aos interessados da perícia contábil, este trabalho

verificou a importância do laudo pericial contábil para a decisão dos magistrados e levantou aspectos a serem melhorados pelos peritos para uma melhor apresentação da prova técnica.

Outro ponto a ser destacado é a necessidade de ampliação da quantidade dos

processos analisados. As inferências declaradas neste trabalho poderão ser confirmadas em novas pesquisas. 5. Referências ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BARBALHO, Claudia Reis; OLIVEIRA, Everaldo Luiz de. A Qualidade do Laudo na Perícia Judicial Contábil. Disponível em: http://www.classecontabil.com.br/trabalhos/17CBC trab2.doc >. Acesso em: 16 maio 2006 BEUREN, Ilse Maria et al. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. CALDEIRA, Sidenei. A influencia do laudo pericial contábil na decisão dos Juizes em processos nas varas cíveis. Disponível em: <http://www.urisantiago.br/nadri/artigos/ A%20INFLU%CANCIA%20DO%20LAUDO%20PERICIAL.pdf. Acesso em: 12 mar. 2006. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileira de Contabilidade Resolução n. 978/03, de 29.10.99, do Conselho Federal de Contabilidade – DOU de 29.10.99 NBC T13- IT4 - Laudo Pericial Contábil Disponível em:< http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/res857.htm> Acesso em: 03 maio 2006 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade. Resolução n. 858/99 - Conselho Federal de Contabilidade - Publicada no DOU de 29.10.99 Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC T 13 – Da Perícia Contábil. Disponível em : http://www.inpecon.com.br/nbc_t_13.htm Acesso em: 03 maio 2006. FRANCO, Hilário. Temas Contábeis. São Paulo. Atlas:1997 GHERSI, Sebastián R., GHERSI, Carlos A. La Responsabilidad del Perito Judicial. Disponível em: http://www.Lapampa.gov.ar./PodEjecutivo/AsesoriaLetrada/Responsabilidad%20perito%20 judicial . Acesso em: 04 out 2006. HOOG, Wilson Alberto Zappa. Prova Pericial Contábil: Aspectos Práticos & Fundamentais. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2005. MEDEIROS, Thaís Alves; NEVES JUNIOR, Idalberto José das. A Qualidade do Laudo Pericial Elaborado pelo Perito Contador na Visão de Magistrados do Rio de Janeiro e Brasília. Anais do 2o Congresso USP de Iniciação Científica. São Paulo: USP, 2005. Disponível em: <http://www.congressoeac.locaweb.com.br/artigos22005/408.pdf>.Acesso em: 25/08/2006. ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. 4. ed. São Paulo: Altas, 2003.

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SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005. SANTOS, Creusa Maria Alves dos; MELLO, Onice Maria de. Breve discussão sobre a qualidade total em serviços periciais. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, DF, a.32, n.146, p.84- 89, mar/abr 2004. SILVA, Creusa Formosina Dantas. A Perícia Judicial Contábil no Estado de Pernambuco: Análise Crítica das Respostas aos Quesitos. Disponível em:< http://www.classecontabil.com.br/trabalhos/monografiaCreusaUfpePericia.doc > Acesso em: 16 maio 2006.