15
Ebola: População africana enfrenta nova epidemia do vírus COMENTE O vírus ebola voltou a preocupar autoridades africanas e de saúde após um novo surto ter sido identificado no início deste ano em Guiné, onde mais de 100 pessoas teriam morrido vítimas do vírus. Isso sem contar os casos suspeitos no Mali, Serra Leoa e Libéria, todos países da África Ocidental . Considerado um dos vírus mais perigosos, a febre hemorrágica ebola é fatal em 90% dos casos, pois não há cura nem vacina para combatê-lo. A violência com que o vírus ataca o corpo humano deve-se a uma proteína que rompe as paredes dos vasos sanguíneos , provocando hemorragia interna e externa . Direto ao ponto: Ficha-resumo Após uma incubação de dois a 21 dias, o vírus provoca uma forte febre, com dores de cabeça e musculares, conjuntivite e fraqueza generalizada. Em um segundo momento, os sintomas são vômitos, diarreia e, às vezes, erupção cutânea. A transmissão ocorre por vias respiratórias ou por contato com fluidos corporais das pessoas infectadas, como o sangue. O ebola é um filovírus (da família Filoviridae), nome dado ao vírus particularmente mortal para o organismo humano. Foi identificado pela primeira vez em 1976, após algumas epidemias graves em Nzara, província oeste-equatorial do Sudão, e em Yambuku, região vizinha no norte da República Democrática do Congo (antigo Zaire) e próxima ao rio Ebola, que deu nome doença.

Ebola

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ebola

Ebola: População africana enfrenta nova epidemia do vírus

COMENTE

O vírus ebola voltou a preocupar autoridades africanas e de saúde após um

novo   surto ter sido identificado no início deste ano   em Guiné, onde mais de 100

pessoas teriam morrido vítimas do vírus.   Isso   sem   contar os casos suspeitos

no Mali, Serra Leoa e Libéria, todos países da   África Ocidental .

Considerado um dos   vírus   mais perigosos, a febre hemorrágica ebola é fatal

em 90% dos casos, pois não há cura nem vacina para combatê-lo.

A   violência   com que o vírus ataca o   corpo humano   deve-se a uma proteína

que rompe as paredes dos   vasos sanguíneos , provocando hemorragia   interna

e externa .

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Após uma incubação de dois a 21 dias, o vírus provoca uma forte febre,

com   dores de cabeça   e musculares, conjuntivite e fraqueza generalizada. Em

um segundo momento, os sintomas são vômitos, diarreia e, às vezes, erupção

cutânea. A transmissão ocorre por vias respiratórias ou por contato com fluidos

corporais das pessoas infectadas, como o sangue.

O ebola é um filovírus (da família Filoviridae), nome dado ao vírus

particularmente mortal para o organismo humano. Foi identificado pela primeira

vez em 1976, após algumas epidemias   graves   em Nzara, província oeste-

equatorial do Sudão, e em Yambuku, região vizinha no norte da   República

Democrática   do Congo (antigo Zaire) e próxima ao rio Ebola, que deu nome

doença.

MALÁRIA: Quando os mosquitos infectados se alimentam do   sangue humano , eles

transmitem os protozoários que causam a doença. Uma vez no sangue, eles crescem

dentro dos glóbulos vermelhos, destruindo-os. Anualmente, entre 350 e 500 milhões de

Page 2: Ebola

casos de malária   ocorrem na África subsaariana. Desses casos, mais de 1 milhão

resultam em morte.

Desde a sua   descoberta , já foram identificados cerca de 2.000 casos, sendo

1.300 fatais. A última   epidemia   do vírus registrou mais de 400 casos e matou

224 pessoas em Uganda, entre outubro de 2000 e março de 2001. No fim de

2007, mais de 100 pessoas foram infectadas com o vírus no país.

Até agora, todos os casos do ebola em humanos foram registrados na África.

No caso dos animais, em 1989 e 1990, um filovírus designado Ebola- Reston   foi

isolado em macacos mantidos em quarentena nos laboratórios americanos de

Reston (Virgínia), Alice (Texas) e na Pensilvânia, nos EUA. O mesmo filovírus

foi identificado em macacos em quarentena nas   Filipinas , perto de Manila,

prontos para serem exportados. Alguns dos macacos morreram e pelo menos

quatro pessoas foram infectadas, embora não tenham tido problemas clínicos.

Em 2000, mais de 300 gorilas morreram vítimas de um surto de ebola, no

noroeste do Congo, na África. Na época, o país também registrava casos entre

humanos. Entre 1990 e 2000, o número de chimpanzés e gorilas foi

drasticamente reduzido nos parques da região africana. Pesquisadores

acreditam que muitos doentes, para   evitar a internação, podem ter procurado

abrigo nos parques e, após sua morte, serviram de alimentos para os animais,

que acabaram contaminados.

Embora não haja cura, pesquisadores continuam

desenvolvendo   medicamentos para tratar o ebola. Em outubro de 2012 um

“coquetel” de anticorpos denominado MB-003 foi testado em animais expostos

aos vírus. O coquetel atua inativando o vírus e estimulando o sistema

imunológico a eliminar as células infectadas. O resultado foi positivo nos

macacos que haviam sido expostos em até uma hora ao vírus.

Ebola é vírus raro no oeste da África

Na   epidemia   atual, chamou atenção o fato de serem raros os casos de ebola

no oeste da África, mais comuns na região central e no leste do continente. O

primeiro e último caso na África Ocidental aconteceu em 1994, na   Costa do

Marfim , quando um cientista contraiu o vírus após ter contato com chimpanzés

infectados.

Por esse motivo, a OMS ( Organização Mundial   da Saúde) alertou que o atual

surto epidêmico de ebola na África Ocidental está entre os "mais assustadores"

desde o aparecimento da doença, há 40 anos. A disseminação do vírus

preocupa, pois pode estar se propagando em direção Conacri, capital da

República da Guiné, e ao país vizinho, Libéria, o que seria preocupante.

Page 3: Ebola

Os hospedeiros naturais do vírus são os morcegos frugívoros (cuja alimentação

é basicamente de frutas), mas gorilas e chimpanzés também são tidos como

transmissores do ebola por meio da ingestão de frutas nas quais os morcegos

salivaram ou defecaram.

No caso dos humanos, o contágio pode acontecer quando comemos estes

animais, o que é comum na África. Para cientistas, foi desta forma que o ebola

se alastrou pela região.

Além disso, um fator cultural pode contribuir para o contágio ser   mais comum

na África: a tradição de lavar os corpos dos mortos durante a preparação para

o enterro. Como o corpo da vítima do ebola permanece contagioso mesmo

depois da morta, dependendo do contato tido com a vítima, o vírus pode ser

transmitido. Por isso, as vítimas devem ser rapidamente enterradas ou

cremadas.

Vacinas em teste: Brasil avança na busca da cura da Aids e contra o câncer e a dengue

COMENTE

A descoberta da cura para a   Aids , de tratamentos menos agressivos para

os pacientes com cânce r e de uma forma de conter a   dengue   são alguns

Page 4: Ebola

desafios atuais da ciência. Vacinas que estão em teste no Brasil podem

encurtar a busca pela cura e por   melhores tratamentos   para essas doenças.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O Instituto Butantã, em parceria com a USP (Universidade de   São Paulo ),

desenvolveu uma   vacina contra a dengue   que começou a ser testada em

voluntários em outubro deste ano. Se os testes forem realizados   com sucesso ,

a vacina poderá chegar à população em até cinco anos. O medicamento

promete combater em uma única dose os quatro tipos da doença já

identificados.

A   dengue   é uma   doença transmitida pela picada do mosquito   Aedes aegypti .

É endêmica no Brasil e em países tropicais, podendo causar a morte. Mas,

com as   mudanças climáticas   e a globalização, ela começa a aparecer em

regiões de temperaturas mais moderadas.

A pesquisa para desenvolver a vacina brasileira começou em 2006, junto com

os institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos . A técnica de produção da

vacina da   dengue   é a do vírus atenuado, utilizada em organismos que têm a

capacidade de se multiplicar. A partir de um vírus normal, cientistas conseguem

modificá-lo até que suas propriedades patogênicas (agente de doença) sejam

drasticamente diminuídas, sem oferecer risco à saúde.

Ao tomar uma   vacina   como mecanismo de prevenção, uma pessoa que recebe

o agente infeccioso produz anticorpos para defender o organismo,   mas como   o

invasor está inativado, a pessoa não consegue desenvolver a doença.

Moléstias como a   febre amarela , sarampo, caxumba e rubéola têm suas

vacinas produzidas a partir da técnica de vírus atenuado

Page 5: Ebola

No Brasil, o avanço no número de casos de   dengue   é assustador e constitui

um grave problema de saúde   pública nas cidades e na área rural. Em 2010,

uma epidemia deixou cerca de 4.000 municípios infestados. Em 2013, até

agora, 1,4 milhões de pessoas já foram infectadas pela dengue no país. Mais

de 500 morreram.

Esperança contra a Aids

A vacina brasileira contra o   HIV , o vírus causador da   Aids , também já entrou

em fase de testes. Batizada de   HIVBr18 , a vacina foi desenvolvida por

pesquisadores da FMUSP ( Faculdade de Medicina   da Universidade de São

Paulo), com estudos iniciados em 2001. A vacina foi testada em camundongos,

que após aplicação, apresentaram como resultado um aumento de imunidade

contra o vírus.

Em outubro de 2013, ela começou a ser testada em macacos da espécie

Rhesus, que serão imunizados e apresentam sistema imunológico semelhante

ao dos humanos. Esta fase deve durar dois anos e, se obter sucesso, a

substância poderá ser testada clinicamente em pessoas.

A   HIVBr18   foi desenvolvida a partir da análise do sistema imunológico de

portadores do vírus que demoravam mais tempo para adoecer. O estudo da

FMUSP descobriu que o sangue destas pessoas apresentava uma quantidade

maior de linfócitos T do tipo CD4 do que o normal.  

Page 6: Ebola

Presente no sangue, o   linfócito   é um tipo de   glóbulo branco   que produz

anticorpos que defendem o corpo de possíveis infecções. Existem três tipos de

linfócitos: células B, células T (CD4 e CD8) e células NK. Cada um exerce uma

função específica no combate a invasores.

As células T reconhecem e destroem células do organismo que estejam

alteradas, evitando que elas se multipliquem. O CD4, ou linfócito auxiliador,

“comanda” o sistema imunológico   e, ao receber informações da presença de

organismos estranhos, estimula os outros linfócitos a combater os antígenos.

r

Ao entrar num organismo, o   vírus HIV instala-se nas células CD4 para se

multiplicar e destrói os linfócitos da pessoa portadora, deixando-a exposta a

diversas infecções causadas por fungos, parasitas e bactérias. Estas são

chamadas de doenças oportunistas e são as verdadeiras causadoras da morte

do indivíduo. Os soropositivos com quantidade maior de CD4 conseguem

controlar a quantidade de vírus e demoram mais tempo para desenvolver a

doença.

O   objetivo da pesquisa   brasileira é desenvolver uma vacina que possa ativar

os linfócitos CD4 e CD8 e reduzir drasticamente a carga viral no organismo. A

vacina não “curaria” o paciente, mas induziria a uma resposta imunológica,

evitando que a pessoa desenvolva a imunodeficiência ou transmita o vírus.

Alívio no tratamento para o câncer de próstata

Uma   vacina desenvolvida no Brasil pode ser uma   nova opção   para

o tratamento do câncer   de próstata. Aplicado direto na pele, o produto

terapêutico é feito a partir da célula de tumor, estimulando o sistema

imunológico da pessoa a identificar e destruir as células cancerígenas e assim

reduzir as possibilidades de resistência.

Page 7: Ebola

Testes do laboratório brasileiro Fk Biotec, que patenteou a vacina, demonstram

boas taxas de redução da doença e da   mortalidade por câncer   de próstata.

Entre os pacientes vacinados a taxa de mortalidade se reduziu a 9%, muito

abaixo dos 19% registrados entre os não vacinados.

A vacina brasileira vem sendo desenvolvida desde 2001 e poderá ser uma

alternativa mais barata à americana, lançada nos EUA em 2010 e considerada

uma referência no tratamento. O produto também poderá ser utilizado para

tratar outros   tipos de câncer , como de mama, pâncreas, de intestino e

melanoma. A previsão do laboratório é lançar a vacina em até três anos.

O   câncer de próstata   matou pelo menos 15 mil brasileiros no ano passado e 60

mil novos casos surgem no país anualmente. A doença é a segunda causa de

morte por carcinoma entre homens no Brasil e no mundo, ficando atrás apenas

do câncer de pele.

Insetos na alimentação: Eles podem ser comida do futuro e ajudar a reduzir a fome no mundo?

Os   insetos   constituem o maior grupo animal da face da Terra -- há um milhão

de espécies vivas conhecidas de um total de 30 milhões que provavelmente

existam. Esses animais desempenham importante   papel ecológico , atuando

em diversas funções:   polinizadores , herbívoros, decompositores, predadores e

Page 8: Ebola

parasitoides. Mas eles também possuem a fama de serem nojentos, pragas de

lavouras e de atrapalhar as pessoas em dias de calor.

E como alimento dos   seres humanos ? Sim, já estão pensando nisso.

A   Organização das Nações Unidas   para Agricultura e Alimentação (FAO)

acredita que o   futuro   do combate à   fome   no mundo está justamente no

consumo desses bichinhos.  

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Recentemente, a FAO publicou um relatório que analisa o potencial dos insetos

na oferta de alimentos para a humanidade. Para a organização, os insetos

podem ser utilizados como reforço na   comida   de boa parte da população no

futuro.  

A organização calcula que quase 1 bilhão de pessoas sofram de desnutrição

atualmente. No futuro, o cenário pode ser pior ainda. A   população mundial   está

estimada em 9 bilhões para o ano de 2050. E, para alimentar esse batalhão de

gente, a atual   produção de alimentos   precisará dobrar.  

Mas a expansão das terras cultivadas e a criação de animais não vão

acompanhar esse ritmo. A solução, acreditam os especialistas, estaria nas

fazendas de criação de insetos. Na África, um dos continentes mais atingidos

pela fome, 62% dos países têm 500 espécies de insetos comestíveis presente

na região, por exemplo.  

Comparada à pecuária, a criação desses bichos causaria um   impacto

ambiental muito menor. Ela utiliza menos espaço e é mais barata. Além disso,

os insetos se reproduzem em uma velocidade maior e emitem menos   gás

carbônico   (causador do efeito estufa ). Outra possibilidade que esse tipo de

cultivo pode abrir é o   aumento de renda   familiar de comunidades carentes,

uma aposta da FAO, já que eles poderiam ter suas próprias criações e

comercializá-las.

Uma ressalva: uma criação como essa requer a mesma atenção zootécnica

que qualquer outro animal.

E os artrópodes apresentam ainda uma relação eficiente entre ração e carne

produzida. Estudos recentes feitos por um grupo de pesquisadores brasileiros

mostram que os insetos têm mais carne a ser aproveitada e podem converter 2

kg de ração em 1 kg quilo de massa. No caso do gado, são necessários 8 kg

de ração para produzir 1 kg de carne.  

Comer insetos, uma questão cultural

Page 9: Ebola

A rejeição aos insetos é uma questão cultural. Para muitas pessoas, esse

hábito é visto como um comportamento primitivo, por isso o preconceito. Mas

os números podem surpreender. Atualmente, mais de dois bilhões de pessoas

usam os insetos em suas refeições diárias. A maioria em países do sul da Ásia

e regiões tropicais, como América Central, que abrigam mais de 300 espécies

de insetos comestíveis.  

O Camboja ( sudeste asiático ), por exemplo, possui aranhas como iguarias

tradicionais; a China aprecia espetos de grilos e larvas de bicho-da-seda. No

México é possível degustar lagartas, ovos de mosquito, gafanhotos e

percevejos, e na Índia, o cupim ao molho curry é prato popular.

A prática de   comer insetos   é chamada de entomofagia. Durante séculos,

muitos povos incluíram insetos em seus cardápios. Na   Roma   e   Grécia

Antiga   eram comuns banquetes repletos de larvas de besouros e de

gafanhotos.  

Segundo o último levantamento feito por cientistas, em abril de 2012, existem

1.900 espécies comestíveis de insetos. O maior grupo é o de coleópteros

(besouros),   com mais   de 400 espécies, seguido por himenópteros

(principalmente   formigas ), com algo em torno de 300 espécies, ortópteros

(gafanhotos e grilos) e lepidópteros ( lagartas de borboletas e mariposas ),

cada   grupo com   mais de 200 espécies registradas, além de cupins, cigarrinhas

e moscas, dentre outros.  

Os insetos podem ser consumidos em qualquer   estágio de desenvolvimento ,

mas a maioria dos alimentos para consumo humano envolvem insetos   em

forma de   larva (em fase de desenvolvimento)   ou pupa (estágio do inseto entre

a larva e o adulto), etapas que fazem parte do ciclo dos insetos holometábolos,

ou seja, aqueles que apresentam metamorfose completa durante o seu

desenvolvimento.

No Brasil, o “cascudo” mais famoso é a saúva, formiga que pode ser

encontrada principalmente em panelas da   região Norte . O hábito é uma

herança dos índios amazônicos e dizem que o gosto lembra o de camarão.

Atualmente, apenas uma empresa localizada em Minas Gerais trabalha com a

produção de alimentos à base de insetos no país e já apresentou um pedido

para vender insetos para consumo humano ao Ministério da Agricultura.  

Para acostumar a população a esse tipo de alimento, em 2013, duas redes de

supermercados da França começaram a oferecer produtos testes e rodadas de

degustação. É uma forma de   fazer com   que as pessoas deixem de ver

estranheza num prato com larvas, minhocas e besouros.

Os benefícios e as vitaminas

Page 10: Ebola

Comer insetos   não faz   mal à saúde dos humanos –nós já utilizamos remédios

feitos de insetos, por exemplo. Esses animais são ricos em   proteína, moléculas

importantes na constituição do organismo . A proporção é vantajosa: um corpo

de um inseto pode conter até 80% de proteína (o excesso de proteína deve-se

ao sangue de   temperatura fria   desses bichinhos). Além disso, eles também são

ricos em lipídeos de qualidade (gordura), fibra,   vitaminas   e   minerais .  

O besouro, inseto mais consumido por humanos, por exemplo, possui uma

concentração de ferro   mais alta   do que um bife de carne bovina. O mineral é

um nutriente importante e sua deficiência pode causar anemia. Já o

gafanhoto   S. histrio , oferece vitamina D em níveis semelhantes ao do peixe

arenque, ao do   fígado de galinha   cozido ou à gema do ovo. A formiga da

espécie   Atta cephalotes   (tanajura ou saúva) também não fica atrás: possui

mais proteínas (42,59 %) do que a   carne de frango   (23 %) ou bovina (20 %).

Mas cuidado: não dá para adotar essa iguaria no cardápio "caçando" no jardim

de casa. Assim como os animais, os insetos podem estar contaminados ou

podem ser focos de doença e pesticidas. A recomendação é que venham de

criadores responsáveis.  

Falta de água: com alto consumo, problema afeta a geração de energia

2

Basta uma redução na quantidade de chuvas que as notícias logo chegam: vai

faltar água na sua cidade. Em março, após uma longa estiagem no verão, o

nível do reservatório do Sistema Cantareira, que abastece a   Região

Metropolitana   de   São Paulo ,   chegou a 15% , o mais baixo patamar desde que

o sistema foi construído, em 1974.   O normal para essa época seria de 60%.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Para compensar a perda do volume de água fornecido pela empresa Sabesp,

municípios abastecidos pelo sistema adotaram medidas de diminuição do

consumo. No futuro, a situação pode piorar. Na Região Metropolitana de São

Paulo, por exemplo, a demanda por água será 27% maior em 2035.

Além do uso doméstico (em Nova York, um cidadão chega a gastar 2.000   litros

de água   potável por dia) e público, os recursos hídricos são utilizados na

Page 11: Ebola

agricultura, pecuária, indústria (para fabricar 1 kg de aço são necessários 600

litros de água) e na geração de energia   nas usinas hidrelétricas.

A geração de   energia hidrelétrica , nuclear e térmica precisa de água. No Brasil,

as usinas hidrelétricas são responsáveis por mais de dois terços da energia

gerada no país. Assim, a falta de chuvas e a   escassez de água   afetam o

fornecimento de luz, gerando apagões, racionamento entre outras medidas.

Uma recente decisão do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) foi

aumentar a capacidade de geração das termoelétricas, que custam mais caro.

Esse custo adicional será repassado ao consumidor brasileiro na hora de pagar

a   conta de luz .

Com o   crescimento da população , o inchaço desordenado das cidades e o

desenvolvimento econômico que aumenta a demanda por recursos hídricos, a

água de qualidade é cada vez mais escassa.

Escassez de água

A necessidade de um consumo consciente e a   escassez da água   levou

a   ONU (Organização das Nações Unidos) a criar em 2004 o Dia   Mundial da

Água , em 22 de março.

A água é um elemento fundamental a todo ser vivo. Mas o acesso à   água

potável sempre foi um problema para as   populações do mundo . A Terra é

composta de 70% de água, a maior parte localizada nos oceanos. Desse

percentual, cerca de 3% é formado por água doce. E grande parte dela se

encontra congelada nas calotas polares ou embaixo da   superfície do solo .

A possibilidade da escassez de água futura alerta o Brasil para a necessidade

de reduzir sua dependência das grandes hidrelétricas. Um relatório recente

produzido pela Coppe/UFRJ, área de engenharia da universidade, e financiado

pelo   Banco Mundial , aponta para a possibilidade das hidrelétricas em

construção Santo Antonio, Jirau e Belo Monte não gerarem a energia esperada

devido à falta de chuvas na Amazônia.

Dados da ONU de 2006 estimam que até 2050 mais de 45% da população

mundial não terá   acesso à água   potável. Segundo a previsão dos organismos

internacionais, quase todos os três milhões de habitantes que devem ser

adicionados à população mundial até 2050 nascerão em países que já sofrem

com a escassez desse recurso. As áreas mais atingidas serão a África, a Ásia

Central e o Oriente Médio. Num futuro não muito distante, o cenário desenhado

é de países brigando mais por água e menos por petróleo.

Vários problemas afetam a qualidade da água e agravam o seu desperdício.

No campo, as técnicas inadequadas de irrigação e o uso abusivo de produtos

Page 12: Ebola

químicos afetam o meio ambiente. O problema se agrava com o desmatamento

e remoção de áreas de vegetação e matas ciliares que protegem os rios. Nas

cidades, o lançamento de lixo e esgoto sem   tratamento podem poluir os

mananciais que abastecem a região. Sem contar ações cotidianas, como

fechar a torneira enquanto escovar os dentes, economizar o tempo no banho,

ensaboar a louça com a torneira fechada, entre outras.

Brasil, uma potência hídrica

Segundo a ANA ( Agência Nacional   das Águas), o Brasil é considerado a maior

potência hídrica do planeta – dados estimam que o país detenha

aproximadamente 12% da água doce do mundo.

O maior potencial hídrico do Brasil é a Amazônia. No entanto, o   uso da

água   para gerar energia a partir de uma hidrelétrica implica inundar grandes

áreas, o que é visto como um problema socioambiental.    

A riqueza de volume de água é garantida pelas chuvas tropicais e por três

grandes bacias: Amazônica, São Francisco e Paraná. Além disso, o Brasil

possui a maior reserva de água doce subterrânea do mundo, o aquífero

Guarani, que abrange parte dos territórios da Argentina, do Brasil, do Paraguai

e do Uruguai e cruza a fronteira de oito Estados brasileiros (Goiás, Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina

e Rio   Grande do Sul ), e já abastece cidades próximas.

O aquífero é uma formação geológica rochosa capaz de armazenar e ceder

água subterrânea, abastecendo poços artesanais e   fontes de água   doce. Para

especialistas, os aquíferos poderiam ser uma alternativa para atender

necessidades futuras de   consumo de água . No entanto, essa não é uma

solução simples.

O problema é que em quase todos os continentes, importantes aquíferos estão

sendo esgotados de forma   mais rápida   que o tempo de recarga, como é o caso

da Índia, China, Estados Unidos, norte da   África   e   Oriente Médio , causando

um déficit hídrico mundial de cerca de 200 bilhões de metros cúbicos por ano.

Além do risco de contaminação, cidades que estão sob estas águas

subterrâneas podem afundar com o uso indiscriminado, com aconteceu na

Cidade do México (México) e na Califórnia (EUA). Ou seja, são exemplos do

desperdício da água e de uma possível solução para um dos principais

desafios mundiais do século 21.