52
BIM Integrando as Empresas da Cadeia Produtiva da Construção

Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

1

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

BIM Integrando as Empresas da

Cadeia Produtiva da Construção

Page 2: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

ÍNDICEAPRESENTAÇÃO 04

1 — A METODOLOGIA APLICADA AO GRUPO DE TRABALHO 05 Dinâmica dos encontros

2 — BIM NA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO 08 Mapeamento do fluxo de trabalho para a implantação do BIM Perfil dos stakeholders e matriz de responsabilidades [Benchmarking setorial Autodoc]: BIM em evolução [Benchmarking setorial Procion Engenharia]: Alinhamento de expectativas [Insights do encontro]

3 — PREPARANDO A EMPRESA PARA IMPLANTAR O BIM 18 Identificação da necessidade do BIM na empresa Desafios e gargalos na implantação do BIM Jornada de implantação do BIM Pontos de atenção [Benchmarking setorial Alphaville Urbanismo]: Melhor compatibilização [Benchmarking setorial Amplus Construtora]: Ferramenta de gestão de projeto

4 — A IMPLANTAÇÃO DO BIM 3D 25 Níveis de colaboração em projetos BIM Diretrizes de implantação do BIM 3D [Benchmarking setorial Kroner & Zanutto Arquitetos]: 100% BIM [Benchmarking setorial Rocontec]: O papel do BIM Mandate [Benchmarking setorial MRV]: BIM levado a campo

5 — A IMPLANTAÇÃO DO BIM 4D: PLANEJAMENTO 31 Modelo BIM para planejamento e execução da obra Diretrizes para implantação do BIM 4D Norma BIM: ISO 19.650 [Benchmarking setorial Rio Verde]: Demanda por projetos BIM [Benchmarking setorial Habiarte]: Trajetória de sucesso

Page 3: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

6 — A IMPLANTAÇÃO DO BIM 5D: CUSTOS E ORÇAMENTAÇÃO 37 A importância dos profissionais da orçamentação Diretrizes para a implantação do BIM 5D [Benchmarking setorial R. Yazbek]: Construtora com orçamentação 5D [Benchmarking setorial]: O BIM na indústria de materiais [Amanco Wavin] [Multidoor]

7 — A IMPLANTAÇÃO DO BIM 6D: LIFE CYCLE BIM 43 BIM para além do projeto e construção Aplicações do life cycle BIM Como preparar um modelo BIM para gestão da operação manutenção? Estágios iniciais Diretrizes para implantação do BIM para gestão de manutenção [Benchmarking setorial ForCasa]: Estratégia e inovação [Benchmarking setorial França e Associados]: Ganhos significativos

8 — CONCLUSÕES 48CRÉDITOS 49 Co-autores Equipe CTE enredes

Page 4: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

4

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Em todo o mundo, o BIM (Building Informa-tion Modeling) se consolida como o novo paradigma de avanço e transformação digi-tal do setor da construção. Quando olhamos para o exterior, além de funcionalidades, como desenvolvimento de modelos virtu-ais para projetos e a possibilidade de veri-ficação de interferências, enxergamos, mais empresas utilizando a metodologia para reunir informações sobre planejamento e execução da obra, custo, sustentabilidade e gestão de operação e manutenção dos edifícios. Como resultado, elas têm colhido ganhos de produtividade, qualidade e, con-sequentemente, resultados financeiros, decorrentes da maior precisão dos projetos e do controle mais assertivo sobre os recur-sos utilizados.

No Brasil, embora haja um número crescente de usuários BIM, há um caminho amplo a ser percorrido até que o setor possa, de fato, auferir todas as vantagens proporcionadas por essa metodologia e desenvolver uma cadeia produtiva integrada. Reconhecendo essa necessidade, perguntas importantes devem ser feitas para provocar o setor.

Como podemos alavancar o BIM na cadeia produtiva da construção?

De que forma cada agente da cadeia deve atuar para impulsionar esse desen-volvimento? Estamos nos referindo a

incorporadores, projetistas, construtoras, fabricantes, fornecedores de softwares, operadores, gerenciadores, consultores e outros agentes.

Com 43 profissionais, representando 27 empresas associadas à Rede Construção Digital e Industrializada (RCDI), o Grupo de Trabalho “BIM: Integrando as Empresas da Cadeia Produtiva da Construção” foi criado e dedicou-se a responder a essas perguntas.

O Grupo organizou um roteiro, cujos conteú-dos foram debatidos ao longo de sete encon-tros para convergir o conhecimento de todos sobre as melhores práticas para alavancar o BIM. Também trabalhou no desenvolvimento deste e-book, um resumo precioso do conhe-cimento e experiências de várias empresas líderes da construção brasileira, com a identi-ficação de gargalos e definição de diretrizes.

Esperamos que a leitura das próximas pági-nas encoraje e auxilie mais empresas a sal-tarem em busca da evolução.

Estamos certos de que o uso do BIM é um marco positivo em direção ao futuro, não só por garantir maior assertividade, produ-tividade e evitar desperdícios, mas porque nos permite ter uma qualidade construtiva melhor.

Desejamos uma excelente leitura!

Roberto de SouzaCEO CTE/enredes

Page 5: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

5

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

1 — A METODOLOGIA APLICADA AO GRUPO DE TRABALHO

1 BENCHMARKING SETORIAL

4 REFLEXÕES E CONTRIBUIÇÕES

2 BENCHMARKING CONCEITUAL

3 DEBATE APLICAÇÃO PRÁTICA

H ii

POSEC

Incorporação

Significação

Habilitação

Informação

Perc

epçã

o

ExperimentaçãoObservação

Conh

ecim

ento

7

8 1

2

3

45

6

Desenvolvimentoda competência

Desenvolvimentoda conciência

O Grupo de Trabalho “BIM: Integrando as Empresas da Cadeia Produtiva da Construção faz parte de um programa colaborativo de debates e desenvolvi-mento de ideias oferecido às empresas da RCDI e administrado pelo CTE enredes.

Idealizado para reunir os principais elos da cadeia produtiva impactados pela implan-tação da modelagem da informação, o GT BIM contou com a participação de empre-sas fabricantes, fornecedores de software, projetistas, construtoras e incorporadoras.

Ao todo foram 27 empresas de diversas regiões do Brasil e 43 profissionais com diferentes backgrounds. Isso garantiu representatividade capaz de gerar debates e insights significativos.

O GT foi estruturado em alinhamento à Roda do Aprendizado, um instrumento de

educação andragógico que estimula o uso do pensamento sistêmico e promove a mudança do modelo mental no sentido de uma visão compartilhada.

Muito aplicada na formação de líderes empresariais, a metodologia pressupõe uma jornada que começa pela expansão da consciência individual orientada por valores e que culmina na aquisição das competências necessárias à transfor-mação dos negócios.

Essa metodologia foi utilizada para a elaboração dos roteiros dos encontros virtuais do GT, que totalizaram mais de 21 horas de trabalhos. Foram realizadas dinâmicas em grupo, compartilhamento de experiências e trabalhos de reflexão, pas-sando pelo ciclo completo de educação.

Page 6: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

6

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Tema dos Encontros Palestrante Especialista

Encontro 1: Mapeamento do fluxo de trabalho BIM LUIZ AUGUSTO CONTIER

Encontro 2: Gargalos e desafios da implantação do BIM ROGÉRIO SUSUKI

Encontro 3: Diretrizes para a implantação do BIM 3D JOYCE DELATORRE

Encontro 4: Diretrizes para a implantação do BIM 4D PRISCILA CASTRO e SÉRGIO LEUSIN

Encontro 5: Diretrizes para a implantação do BIM 5D ROSÂNGELA CASTANHEIRA

Encontro 6: Diretrizes para a implantação do BIM 6D CRISTIANE BUENO

Encontro 7: Lições aprendidas TIME ENREDES CTE

Em cada um dos encontros por videocon-ferência, as atividades foram divididas em três partes. Na primeira delas foram realizados benchmarkings setoriais, onde os participantes do GT apresentam como o tema está sendo desenvolvido interna-mente em suas empresas, compartilhando suas motivações, estratégias, desafios e os benefícios de terem implantado o BIM.

“Essa é uma etapa valiosa porque apren-demos muito quando dividimos os nos-sos conhecimentos e ouvimos parceiros do mesmo mercado”, afirma Luiz Paulo

DINÂMICA DOS ENCONTROS

Teixeira*, responsável pela mediação dos debates e por manter as discussões conectadas aos temas preestabeleci-dos. Segundo ele, a troca de informações oferece uma rica oportunidade para o desenvolvimento mais ágil do setor.

Na segunda parte de cada reunião, foi pro-movida uma palestra com um profissional especialista referência para o setor. O objetivo foi levar para os participantes do Grupo conceitos sólidos sobre os temas abordados.

Page 7: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

7

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

* LUIZ PAULO TEIXEIRA: Executivo com mais de dez anos de experiência no mercado de educação continuada. Líder em projetos de expansão e inovação, é responsável pela gestão das operações, portfólio e estratégias de crescimento do enredes.

Municiados de conhecimento, os par-ticipantes realizaram debates com foco em desafios e oportunidades de imple-mentação do conteúdo obtido nas suas empresas. Em um ambiente de criação coletiva, a última parte da reunião foi provocada por perguntas-chave, que instigavam cada participante a expor pontos de vista, partilhar experiências e vivenciar os aprendizados.

A geração e a troca de conhecimen-tos não se esgotaram nos sete encon-tros online. Elas estenderam-se via ferramentas de comunicação digital, criando comunidades nos aplicativos Whatsapp e Slack, além do preenchi-mento de formulários concebidos para

estimular a reflexão dos participantes sobre os assuntos de cada encontro (Google Forms).

Todo o trabalho foi conduzido com foco na garantia dos objetivos finais do Grupo para diferentes stakeholders. Para as empresas participantes, a iniciativa pro-curou capacitar talentos, tangibilizar conhecimento adquirido e gerar negócios. Para os profissionais, o plano foi auxiliar o desenvolvimento de carreiras, melhorar a empregabilidade e a construção de auto-ridade. Por fim, o GT tinha como ambição agregar benefícios para a sociedade, pro-duzindo conteúdo relevante aplicável às organizações, capaz de contribuir para a perpetuidade dos negócios.

Ilustração de pch.vector / Freepik e adaptação livre por Laboratório de Criação

Page 8: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

8

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

1 CLASH DETECTION: A Detecção de Conflitos é parte do processo de modelagem BIM que identifica conflitos nos projetos de arquitetura, estrutural ou MEP, por meio de uma abordagem automatizada e computacional.

Apesar de inúmeras vantagens da adoção do BIM, a modelagem da informação impõe um novo fluxo de trabalho para a cadeia produtiva. É nesse ponto que residem mui-tos dos desafios a serem superados.

No processo tradicional de desenvolvi-mento de projetos ainda prevalece uma ordem cronológica e sequencial. Isso significa que a arquitetura dá o pontapé inicial, seguida da estrutura e das demais disciplinas, como instalações mecâni-cas, hidráulicas e elétricas. Somente ao final do desenvolvimento desses projetos acontece a análise de compatibilização entre as disciplinas, momento em que as inconsistências podem ser detectadas.

Já com o BIM, o processo de visualização das incompatibilidades é bem mais rápido.

MAPEAMENTO DO FLUXO DE TRABALHO PARA A IMPLANTAÇÃO DO BIM

O trabalho é focado no compartilhamento e na criação colaborativa e integrada entre os projetistas que participam do empreen-dimento. Essa atuação simultânea, cria a oportunidade de verificação das incom-patibilidades, permitindo a imediata cor-reção, de forma antecipada.

A necessidade de ter um fluxo colabo-rativo azeitado na produção de projetos BIM foi abordada em palestra realizada pelo arquiteto Luiz Augusto Contier* aos participantes do GT. Na ocasião ele con-tou que a colaboração é chave para o sucesso da implantação da modelagem da informação. O objetivo é permitir que as diferentes disciplinas trabalhem juntas na confecção do modelo, inclusive reali-zando compatibilização conjunta.

“Um equívoco é julgar ser papel da arquite-tura compatibilizar o projeto. Cada disci-plina é responsável pela compatibilização do seu trabalho e, colaborativamente, encontrar solução para os problemas identificados pelo clash detection1”, disse Contier, ressaltando que clash não resolvido em projeto significa problema para ser revolvido em obra.

2 — O BIM NA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O Building Information Modelling (BIM) consiste em uma metodologia que reúne tecnologias e processos integrados para a criação, utilização e atualização de modelos de informação de uma cons- trução, de modo colaborativo.

Quando bem utilizada, essa metodologia pode elevar o nível de confiabilidade dos pro-jetos, processos de planejamento, controle de obras e operação do edifício, gerando aumento da produtividade, diminuição de custos e os riscos envolvidos.

Page 9: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

9

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

FLUXO DE COORDENAÇÃO E COMPATIBILIZAÇÃO EM BIM COMEÇANDO COM PROJETO BÁSICO

INÍCIO CONSTRUÇÃO MODELOS

MODELOS PRELIMINARES

MODELOS PRÉ-EXECUTIVO

CONSOLIDADOS

EXTRAÇÃO PRELIMINAR DE QUANTITATIVOS

REVISÃO PELAS DISCIPLINAS

TEM INTERFERÊNCIA

NÃO TEM INTERFERÊNCIA

DESIGN REVIEW

CLASH DETECTION

DOCUMENTOS INICIAIS

1

Fonte: Contier Arquitetura

Page 10: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

10

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

DESENVOLVIMENTOMODELOS

CLASH DETECTION REVISÃO DOSMODELOS

MODELOS EXECUTIVOCONSOLIDADOS

EXTRAÇÃO DE QUANTITATIVOS

ORÇAMENTO PLANEJAMENTODE OBRA

REVISÃO PELAS DISCIPLINAS

DOCUMENTOSPROJETO

EXECUTIVO

BASE GAD

TEM INTERFERÊNCIA

“n” X

NÃO TEM INTERFERÊNCIA

DESIGN REVIEW

1

Fonte: Contier Arquitetura

Page 11: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

11

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Um ponto de preocupação, na visão do professor, é levar o BIM até os canteiros de obras de modo que ele possa orientar sobre como construir o que foi desenhado. Outro obstáculo são as práticas de con-tratação, que precisam ser revisadas.

“Os contratantes buscam fazer economia no projeto, contratando pelo menor preço, e recebem, em contrapartida, trabalhos incompletos ou mal compatibilizados. Isso culmina em retrabalhos e revisões de projetos durante a obra”, reforçou Contier.

* LUIZ AUGUSTO CONTIER: Arquiteto e urbanista graduado e pós-graduação pela FAU-USP. Dedicou-se ao magistério por 30 anos e por 22 anos à direção de curso de arquitetura. Está à frente da Contier Arquitetura e há 18 anos atua na implantação e divulgação do BIM. Foi usuário pioneiro do Revit no Brasil.

Uma obra com menos erros, retrabalhos e aditivos se faz com projetos complexos, compatibilizados e contratados com preço justo”.

Luiz Augusto Contier“

Page 12: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

12

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Com base em suas experiências, os participantes do GT identificaram quem são os profissionais envolvidos com o fluxo de trabalho BIM e quais são suas responsabilidades:

Perfil 1: profissionais que já têm algum conhecimento e trabalham com BIM, mesmo que parcialmente. Receberam capacitação em suas empresas atuais ou em trabalhos anteriores.

Perfil 2: profissionais mais jovens, que já possuem contato com a metodo- logia desde que ingressaram na universidade.

Perfil 3: profissionais que não tiveram contato direto com a metodologia, por fatores como acesso a treinamentos, incentivo do uso pelos demais envolvidos na cadeia e custo de implantação.

Perfil 4: profissionais leigos em assuntos técnicos, em geral, clientes.

PERFIL DOS STAKEHOLDERS E MATRIZ DE RESPONSABILIDADES

Page 13: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

13

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Cliente/ Investidores

Projetistas

Consultoria e gerenciamento de obras

Construtores

Fabricantes

Facilities Management

Departamento de novos negócios e desenvolvimento de produto

Arquitetos, engenheiros, analistas técnicos, orçamentistas, especificadores

Analistas, consultores e gerenciadores de obras

Orçamentistas, gestores de projetos, compradores, operações técnicas, assistência técnica, mestres de obras e encarregados de obra

Engenheiros de produtos

Gestores, engenheiros, instaladores e técnicos

Entender o material a ser contratado e o objetivo principal do uso no BIM;

Fornecer o modelo e as instruções para a construção que possibilitem o uso do BIM em todo o processo de construtivo;

Definir metodologia BIM como padrão para consistência na análise e acompanhamento do projeto;

Manter a continuidade do projeto em BIM recebido do projetista, criando um fluxo contínuo do modelo.

Incorporar essas informações no processo de orçamento, planejamento e construção;

Auxiliar os especificadores e orçamentistas quanto aos produtos presentes nas bibliotecas BIM.

Otimizar a operação e manutenção do imóvel a partir de informações do modelo BIM as built.

PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA CADEIA RESPONSABILIDADES

Cadeia de suprimentos(fornecedores)

Projetistas Construtoras

Montadoras

Pré-construtoras

Sistemistas

Page 14: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

14

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Governo

Investidores

Cliente (contratante)

Fabricantes e Fornecedores

Projetistas

Construtoras

Usuários

Academia (Universidades e escolas técnicas)

Incentivar as demandas de projetos realizados com BIM;

Entender o material a ser contratado e o objetivo principal do uso em BIM;

Especificar a metodologia BIM e fazer o respectivo acompanhamento também em BIM;

Disponibilizar “famílias de produtos” que possam ser utilizadas no modelo, com informações que auxiliem os projetistas/construtoras/FM;

Fornecer o modelo que atenda aos requisitos do BIM e possibilite seu uso em todo o processo de construção;

Garantir o uso das informações do modelo BIM para a execução da obra, garantindo a qualidade, eficiência, segurança, custo e prazo.

Reconhecer o valor da entrega do produto imobiliário por empresas que utilizam o BIM.

Formar profissionais que saibam aplicar a metodologia BIM

PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES STAKEHOLDERS

Page 15: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

15

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O formato IFC e a gestão de BCF3(BIM Collaboration Format) vão adquirir protagonismo nos próximos anos.”

Ana Cecília Sestak Ribeiro“A Autodoc trabalha, desde 2003, no desenvolvimento de soluções tecnológicas capazes de atender as necessidades do setor. Integrante do Grupo CTE, a empresa se dedica a entregar soluções inovadoras para elevar a produtividade dos profissionais que projetam, planejam e constroem. Softwares Autodoc já foram incorporados por mais de 2 mil clientes no Brasil e no exterior.

“O BIM não é apenas uma tecnologia, mas um conjunto de métodos e ferramentas que propiciam que o processo de produção da construção tenha mais acurácia e mais informações”, definiu Ana Cecília Sestak Ribeiro, CEO da Autodoc.

A executiva apresentou aos participantes do GT dois dados que sinalizam uma pista sobre o atual estágio de desenvolvimento da modelagem no Brasil. À oportunidade da realização de estudos para provisionamento da sua infraestrutura, a empresa de tecno-logia detectou em 2019, que a quantidade de arquivos BIM no seu sistema era muito pequena, comparados aos arquivos CAD.

[BENCHMARKING SETORIAL AUTODOC]: BIM EM EVOLUÇÃO

“Quando refizemos essa avaliação, em meados de 2020, tivemos uma surpresa. A quantidade de arquivos BIM cresceu 12%”, revelou Ribeiro, ressaltando que esse cresci-mento aconteceu mesmo em um momento de adversidade provocado pela pandemia de Covid-19.

Outro dado que indica a evolução do BIM no mercado brasileiro é o crescimento do volume de arquivos com extensão IFC2 (Industry Foundation Classes) no sistema Autodoc.

2O IFC (Industry Foundation Classes) é um formato de arquivo aberto utilizado no BIM, que permite a interoperabilidade entre os diferentes softwares e facilita a colaboração entre os diferentes profissionais envolvidos no projeto.

3O BCF (BIM Collaboration Format) é um formato de arquivo aberto, não controlado pelos fornecedores de software, criado para a compatibilização de projetos entre diferentes plataformas sem a perda ou distorção de dados.

Page 16: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

16

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

“O nosso produto não é repetitivo, como o gerado pelas indústrias automobilísticas e aeronáuticas. São poucos os projetos que repetem. Isso significa que a indústria da construção tem um degrau a mais a ser superado para vencer industrialização”,

Luiz Costi

“Fundada em 1987, a Procion Engenharia é especializada na elaboração de projetos de sistemas elétricos, hidráulicos e de combate ao incêndio. A empresa também tem forte atuação no gerenciamento, planejamento e fiscalização de obras de sistemas elétricos e hidráulicos e aprovação de projetos junto a concessionárias de água, esgoto, energia, telefonia e gás.

Questões relacionadas à remuneração e ao grau de personalização do projeto realizado em BIM foram debatidas pelos membros do GT BIM. Na experiência de Luiz Costi, sócio-diretor da Procion Engenharia, os profissionais do setor ainda precisam digerir a realidade que metodologia BIM impõe, especificamente na fase de projetos, ou seja, maior complexidade nos processos de modelagem da informação devido às características específicas de cada empreen-dimento. Isso, consequentemente, gera um acréscimo no custo do projeto.

Segundo Costi, é importante haver um alinhamento prévio entre as partes envolvidas, especialmente com relação à expectativa de que o projetista irá trabalhar com um BIM Mandate4 para cada construtor.

[BENCHMARKING SETORIAL PROCION ENGENHARIA]: ALINHAMENTO DE EXPECTATIVAS

“O contratante precisa entender que se ele quer customização, haverá um aumento de custo embutido”, salientou Costi.

Em um comparativo entre a indústria da construção e a indústria automobilística, Costi afirmou que o BIM é imprescindível para industrialização de processos construtivos e o alcance de maior produtividade e qualidade no setor. Porém a construção civil exige características de projeto que tornam o desafio um pouco mais complexo.

4O BIM Mandate consiste em um manual de contratação no qual são definidas e detalhadas as diretrizes, especificações e os padrões esperados dos projetos BIM.

Page 17: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

17

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Se por um lado os números e relatos mostram uma presença maior do BIM nas empresas da cadeia da construção, por outro, há um amplo espaço de expansão, sobretudo com relação ao grau de sofisti-cação da modelagem da informação.

A RCDI realizou uma pesquisa no pri-meiro semestre de 2020 junto às 17 empresas construtoras integrantes da rede, a fim de identificar quais tecnologias digitais elas utilizavam. A expectativa era a de que o BIM, nas dimensões 3D, 4D e 5D tivesse uma participação importante, haja vista a posição de liderança dessas empresas nos seus mercados, bem como à postura já aderente às inovações e

INSIGHTS DO ENCONTRO

transformação digital. Mas o estudo mos-trou que o uso das dimensões 4D e 5D ainda é muito tímido.

Partindo dessa realidade, é oportuno investigar os fatores que dificultam a implantação do BIM nas empresas da construção, como um todo. Entre as empresas participantes do GT BIM, dois motivos se destacaram de forma muito clara:

1) Dificuldades no fluxo de coorde-nação e compatibilização;

2) O desalinhamento de expectativas entre contratantes e contratados, fruto da falta de maturidade da cadeia.

MAPA DO USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA OBRA

2

5

9

SOFTWARES BACK OFFICE

APLICATIVOS MÓVEIS

QR CODE

CATRACAS INTELIGENTESSIST. DE CÂMERAS DE SEGURANÇA

CÂMERAS 360

DRONES

BIM 3D

AR/ VR

BIM 4DIOT

BIM 5D

ÓCULOS INTELIGENTES

CAPACETES INTELIGENTESREID

Fonte: pesquisa realizada com as empresas construtoras associadas RCDI no início do ano de 2020.

Page 18: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

18

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Reconhecida a mudança no fluxo de tra-balho ao se aplicar a metodologia BIM e a importância de todos os elos da cadeia para que benefícios sejam alcançados, é importante pontuar por onde as empresas devem começar a sua jornada de implan-tação do BIM.

3 — PREPARANDO A EMPRESA PARA IMPLANTAR O BIM

O BIM envolve muito mais do que adquirir licenças de softwares e realizar treinamen-tos da equipe. Trata-se de uma decisão estratégica de negócio que precisa de metas claras. Sem isso, os resultados ficam comprometidos.

“Se a empresa não aderir ao BIM, como ela vai sobreviver em um mercado que está investindo em inovação?”. A provo-cação foi realizada pelo consultor Rogério Suzuki* em apresentação ao GT BIM.

IDENTIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DO BIM NA EMPRESA

Na ocasião, ele citou alguns motivos que deveriam induzir as construtoras a bus-carem aprofundamento na modelagem da informação. Entre eles, a movimentação do Governo Federal, através do Decreto nº 10.3065, que exigirá o BIM no desen-volvimento de modelos de arquitetura a partir de 2021 para projetos públicos, e o interesse de algumas prefeituras em criar mecanismos de aprovação rápida de pro-jetos realizados na plataforma.

5 O Decreto nº 10.306 impõe à toda cadeia construtiva o uso do BIM na execução de obras e serviços de engenharia realizados para os órgãos e entidades da administração pública federal. Essa obrigatoriedade começa em 1º de Janeiro de 2021. Após esta data, a modelagem deverá ser utilizada em resposta às licitações de projetos e construções de arquitetura e engenharia de construções novas, ampliações ou reabilitações.

Quem utiliza a modelagem da informação terá uma redução no tempo de aprovação de projeto em comparação a quem não usa BIM. É um diferencial competitivo importante.”

Rogério Suzuki

Page 19: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

19

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

1. PROCESSOS

O entendimento, por parte do cliente, das vantagens do uso do BIM e a comuni-cação de suas expectativas quanto as entregas dos contratados.

A compreensão, por parte da empresa, sobre a prioridade dos processos e fluxos de trabalho integrados, ao invés da contratação de softwares e hardwares para trabalhar com BIM;

O mindset da cadeia para trabalhar colaborativamente, compartilhando infor-mações desde o início do projeto.

2. MODELO DE CONTRATAÇÃO

Acordo entre as partes envolvidas quanto ao prazo, nível de detalhamento e qualidade do entregável que sejam proporcionais a complexidade do novo fluxo de trabalho da modelagem BIM;

O sequenciamento de ações no modelo de contratação tradicional DBB (Design- -Bid-Build) que dificulta o trabalho colaborativo e, consequentemente, a inte-gração da cadeia.

3. RECURSOS

Alto valor de investimento inicial para viabilizar o projeto em BIM, desencoraja o pontapé inicial para implantar o BIM na empresa

Poucos players em algumas disciplinas aplicando a metodologia BIM, faz com que não haja competitividade de custo na contratação;

Curva de aprendizado da equipe na utilização dos softwares BIM, impacta na produtividade esperada;

Interoperabilidade do modelo BIM ao longo da cadeia produtiva do projeto, impede a adoção generalizada da metodologia para todas as empresas do setor;

DESAFIOS E GARGALOS NA IMPLANTAÇÃO DO BIMPara os participantes do GT BIM, os seguintes pontos representam desafios para o sucesso da implantação do BIM:

Page 20: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

20

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O cliente entender as vantagens do BIM e comunicar

o que deseja com o seu uso

Ensino de BIM nas universiades e escolas técnicas

Pensar em processos e sistemas integrados, antes de aderir aos softwares e

hardwares para trabalhar com BIM

Trabalhar colaborativamente, compartilhando informações

desde o início do projeto

Disseminação em larga escala dos benefícios e boas práticas já conquistadas nos processos BIM

Acordos com prazo, nível de detalhamento e qualidade do entregável proporcionais ao

projeto BIM.

Contratação integrada (IPD), que distribua responsabilidades,

riscos e ganhos do processo BIM entre todos os

profissionais envolvidos

O modelo de contratação tradicional DBB (Design-Bid-Build) dificulta o trabalho colaborativo e, consequentemente a integração

da cadeia

Definição de processos que orientem a cadeia produtiva a estabelecer um fluxo de

trabalho e padrão de qualidade mínimo

Monitoramento e avaliação dos resultados obtidos a partir do

uso do BIM

Custos para viabilizar o projeto em BIM

Planos econômicos de aquisição de softwares: garantir a acessibilidade das pequenas

empresas ou profissioanis autônomos à metodologia BIM

Poucos players em algumas disciplinas aplicando a

metodologia BIM

Maior investimento das empresas na aquisição de

equipamentos e sofwares para implementação do BIM

Curva de aprendizado na utilização dos softwares BIM

impacta na produtividade esperada

Configuração do modelo aberto (IFC) e diretrizes de trabalho nesse formato, para facilitar a colaboração sem depender de

um software específico

Interoperabilidade do modelo BIM de cadeia produtiva do

projeto

PROCESSOS

CAPACITAÇÃO E DISSEMINAÇÃODE CONHECIMENTO

MODELO DE CONTRATAÇÃO

CONTRATAÇÃO E PROCESSOS

RECURSOS

RECURSOS

DESAFIOS E GARGALOS IDENTIFICADOS NA CADEIA PRODUTIVA

DIRETRIZES PARA SUPERAÇÃO DOS DESAFIOS E GARGALOS IDENTIFICADOS

Page 21: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

21

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Em um contexto repleto de desafios e gar-galos a serem superados, Rogério Suzuki compartilhou com o GT algumas diretrizes para o sucesso da jornada de implantação do BIM nas empresas.

A primeira delas consiste em dar atenção aos processos internos. Afinal, o BIM só consegue ter uma implantação sólida quando as tecnologias estão apoiadas em processos de gestão consistentes.

Por isso, como preparação para a implan-tação BIM, o consultor recomenda um mapeamento consistente de processos, a revisão de contratos e a correção de falhas de comunicação. “Não adianta incorporar tecnologias boas em processos ruins”, reforçou.

Também é necessário mudar a forma como se produzem os empreendimentos imobiliários. “Todo processo começa com uma ansiedade por parte do incorporador para fazer o lançamento, muitas vezes impondo o cumprimento de prazos irreais.

JORNADA DE IMPLANTAÇÃO DO BIM

Isso induz a produção de projetos com falta de escopo, gera retrabalhos e desmo-tiva as equipes”, disse Suzuki.

Na visão do consultor, outra etapa pre-liminar, muitas vezes negligenciada, é a revisão dos contratos. “Não podemos esperar um projeto BIM com o preço e o prazo aplicados no projeto 2D”, alertou.

Além dos mapeamentos de processos internos, a introdução do BIM precisa estar alinhada à estratégia da empresa, considerando que o BIM serve de suporte aos movimentos corporativos. Para Suzuki, só a partir da identificação das metas de negócios, é que se deve partir para a elaboração de um plano de implan-tação do BIM efetivamente. “O BIM não deve ser pensado como uma tecnologia, nem como um fator de custo, mas como algo que cria valor e que representa um primeiro passo essencial para a digitali-zação do setor”, concluiu.

JORNADA DE IMPLANTAÇÃO DO BIM

ESTRATÉGIA Metas de negócios - planejamento

estratégico - recursos financeiros, equipe interna, parceiros e fornecedores

TÁTICA Processos, padrões, contratos, métricas,

cronogramas, KPIs, etc.

OPERAÇÃO, EXECUÇÃO BIM Mandate, plano de execução

E MONITORAMENTO BIM, plataformas, software, hardware, treinamentos.

Fonte: Rogério Suzuki

Page 22: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

22

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

* ROGÉRIO SUSUKI: Arquiteto e urbanista, mestre em inovação na construção civil pela Poli-USP. É consultor para implementação BIM 4D/FM, coordenador técnico da Academia do BIM do Sinduscon-SP e co-autor do Guia BIM ABDI/MDIC.

PONTOS DE ATENÇÃO

De acordo com o consultor Rogério Suzuki, há cinco pontos de atenção que precisam ser bem compreendidos para o sucesso da implantação do BIM:

1 Antes de iniciar uma implantação, é preciso mapear processos e identificar falhas de comunicação;

2 Há um gap de conhecimento sobre a modelagem da informação entre o contratante e o contratado. Geralmente o contratado detém um conhecimento que não é absorvido pelo contratante. Isso pode gerar frustrações de ambas as partes. É fundamental, portanto, trabalhar a comunicação para evitar desgastes e estabelecer de forma clara os requisitos e as exigências do projeto BIM. Isso também reforça a necessidade de se desenvolver um BIM Mandate, um guia de contratação que deixe claro o que o contratante precisa.

3 As pessoas são fundamentais para a consolidação do BIM na cadeia. Para tanto, é preciso um novo perfil profissional capaz de trabalhar na linguagem da construção digital e de integrar o BIM com outras tecnologias, como a Inteligência Artificial e Big Data.

4 A capacitação dos profissionais em BIM requer um plano estruturado dentro da empresa. Não basta aprender a operar os softwares. É necessário investir em cursos mais amplos e que permitam aumentar o repertório das pessoas, como pós-graduações.

5 Não se faz modelagem BIM consistente sem disponibilizar prazos adequados.

Page 23: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

23

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

As experiências compartilhadas por construtoras que já iniciaram a implan-tação do BIM mostram a complexidade dessa jornada. Na Alphaville Urbanismo, a implantação BIM está em estágio inicial. A empresa tomou a iniciativa em adotar a metodologia a partir da necessidade de melhorar compatibilização de projeto e reduzir os custos com aditivos na solução dos problemas que só eram percebidos na obra.

Apesar de reconhecer que esse não é a principal função do BIM, Aline Magalhães, analista de produtos da Alphaville, relata

[BENCHMARKING SETORIAL ALPHAVILLE URBANISMO]: MELHOR COMPATIBILIZAÇÃO

que o BIM já impactou positivamente a compatibilização de projetos e a visão que a equipe de obra tem sobre o projeto como um todo.

A Alphaville Urbanismo começou desen-volvendo projetos em 2D e convertendo-os em modelos BIM 3D. Agora, trabalha com projetos que nasceram em BIM na fase preliminar, e a percepção que tiveram é de que esse processo exige um nível de informação e complexidade nos estágios iniciais de projeto muito maior do que só trabalhando em CAD.

Entre as primeiras impressões do processo de implantação BIM, detectamos que o tempo despendido para o desenvolvimento dos projetos é muito maior do que anteriormente. No entanto, isso é compensado com a construção mais assertiva e facilitada.”

Aline Magalhães

A Alphaville Urbanismo é uma empresa construtora e de planejamento urbano líder nacional em empreendimentos horizontais, bairros planejados e núcleos urbanos. Com 45 anos de atuação, está presente em 23 estados além do Distrito Federal.

Page 24: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

24

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Como executora de obras, a Amplus Con-strutora não tinha a coordenação do pro-jeto em seu escopo. Contudo, essa necessi-dade surgiu ao perceber que a maioria dos projetos recebidos não tinham condições de serem executados, impactando direta-mente na ponta do processo, ou seja, na produtividade da obra.

Ao notar que as revisões e o retra-balho poderiam ser consideravelmente reduzidos, a Amplus decidiu se voltar para

[BENCHMARKING SETORIAL AMPLUS CONSTRUTORA]: FERRAMENTA DE GESTÃO DE PROJETO

o BIM. Na empresa, a estratégia privile-giou o formato IFC para compatibilização.

“Uma lição aprendida foi orientar os pro-jetistas sobre a importância de eles orga-nizarem a estrutura do IFC para viabilizar o nosso trabalho”, contou a gerente de projetos da construtora, Kelly Miranda. Segundo ela, para reduzir a ocorrência de conflitos, uma gestão ágil é uma prática positiva para melhorar a comunicação entre projetistas e resolver problemas.

O nosso desafio, agora, é desenvolver a integração BIM de ponta a ponta na Amplus. Para isso, a gente quer desenvolver um manual de BIM para detalhar e definir esse processo.”

Kelly Miranda

A Amplus Construtora é uma empresa construtora goiana que atua em todo território nacional, tendo como valores fundamentais a inovação tecnológica, a governança corporativa, a valorização das pessoas e a sustentabilidade.

Page 25: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

25

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O BIM 3D é a dimensão mais conhecida e explo-rada da modelagem da informação. Trata-se da reunião de dados gráficos e não gráficos para criar modelos tridimensionais e distribuir informações em um ambiente de compartilha-mento acessível, rastreável e seguro. “O BIM 3D é a base central de informações da empresa. É onde iniciamos o desen-volvimento de modelos com informação e dados”, disse Joyce Delatorre*, especialista técnica da Autodesk.Em palestra realizada, ela explicou que o modelo 3D pode ser utilizado de diferentes maneiras pela indústria da construção. O uso do BIM é cada vez mais presente para a administração e contratações de obras públicas, onde é possível garantir aos contratantes:

Redução de prazos e custos das obras

Transparência nos processos de contratação e execução da obra

Melhor qualidade da obra reduzindo custos com operação e manutenção

Comunicação e aceitação pública

Utilização dos recursos naturais alinhados com princípios de sustentabilidade

Antecipação de riscos

4 — A IMPLANTAÇÃO DO BIM 3D

Há o aumento também da exigência do uso do BIM em financiamentos, por exemplo o Banco Mundial e as Publics Private Partner-ships (PPPs), que possuem objetivos de minimizar os riscos da obra e obter maior precisão na estimativa de ROI.

Na etapa de planejamento urbano, por exemplo, é possível incluir no modelo BIM dados sobre a superfície do terreno, as características demográficas da população e outros aspectos importantes para o desen-volvimento de comunidades saudáveis.

Esse é o caso de Medelín, na Colômbia, onde o uso de soluções BIM permitiu reur-banizar comunidades que estavam em área de risco de deslizamento, reduzindo em 45% de tempo o processo de planeja-mento do projeto. Além disso, foi possível também comunicar o projeto de forma transparente à comunidade, através das propostas apresentadas em modelo 3D, obtendo assim inputs relevantes e apoio ao projeto da cidade.

Outra aplicação do modelo 3D é para a elaboração de simulações em projetos de shoppings, escolas, edifícios corpora-tivos e aeroportos, para prever o tráfego de pessoas e controlar os fluxos, e para a análise de fluxo de ar condicionado em ambientes fechados.

Uma oportunidade de uso do BIM é a simulação da eficiência energética e conforto do edifício, que podem ser realizados ainda em fase de projeto prevendo as características de uso e ocupação dos edifícios para desenvolver projetos mais saudáveis e sustentáveis.”

Joyce Delatorre

Page 26: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

26

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

NÍVEIS DE COLABORAÇÃO EM PROJETOS BIM

COLABORAÇÃO E COORDENAÇÃO

Nível 1: Processo tradicional em 2D e plantas

Nível 2: poucos projetistas em BIM 2D não permite colaboração no BIM

Nível 3: Equipes e departamentos usam o BIM e conseguem trabalhar colaborativamente

Nível 4: Colaboração das equipes em nuvem

A modelagem 3D pode implicar em quatro níveis distintos de colaboração. O primeiro refere-se às empresas que utilizam pro-cessos tradicionais, com CAD e plantas. No nível 2, o BIM já é utilizado por alguns projetistas, mas sem colaboração no pro-jeto. Somente no nível 3 os times e depar-tamentos usam o BIM e conseguem tra-balhar colaborativamente e compartilhar informações no próprio modelo. No nível 4, o mais avançado, a colaboração entre a equipe interna e parceiros externos não só acontece plenamente, como se dá na nuvem. Um passo importante é identificar

* JOYCE DELATORRE: Arquiteta e engenheira civil, é mestre em engenharia civil pela Poli-USP. Membro do Comitê Técnico da ABNT/CEE 134, é co-autora dos Guias BIM da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura). Com certificação Project Management Professional pelo PMI, integra o quadro de especialistas técnicos da Autodesk.

onde cada empresa está e até onde ela quer chegar.

Segundo Delatorre, o BIM 3D agrega uma série de benefícios como a visualização otimizada do projeto, fácil colaboração entre equipes multidisciplinares, além da diminuição de erros, de inconsistências e de incompatibilidades. No entanto, esses resultados não são automáticos. Deve haver uma mudança no fluxo de infor-mações e um grau de maturidade das empresas no mapeamento de seus pro-cessos internos.

Page 27: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

27

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

DIRETRIZES DE IMPLANTAÇÃO DO BIM 3D

CULTURA

ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS

CAPACITAÇÃO

PROCESSOS

AVALIAÇÃO E EXPANSÃO

• Inovadora;• Multidisciplinar;• Colaborativa;• Baseada em dados.

• Definição clara dos objetivos de implementação do BIM;

• Roadmap de implantação da modelagem da informação na empresa;

• Convencimento e apoio da alta liderança;• Entendimento do BIM como processo; • Conhecimento genérico da aplicabilidade do BIM na

cadeia produtiva inteira; • Conscientização e disseminação do BIM entre

empresa e parceiros.

• Definir liderança na empresa que irá desenvolver o BIM internamente (BIM Manager);

• Identificar departamentos envolvidos com a modelagem;

• Implementar programa de capacitação técnica da equipe interna;

• Comunicar, engajar, e capacitar stakeholders parceiros.

• Diagnóstico dos processos, pessoas e ferramentas atuais da empresa;

• Investimento em softwares e hardwares compatíveis com a metodologia BIM;

• Adaptação do processo com a metodologia BIM; • Criação de templates com bibliotecas, padrões

gráficos e desenvolvimento de sistema de classificação de elementos;

• Desenvolvimento e padronização dos processos por meio do BIM mandates ou manuais internos;

• Criação de projeto-piloto.

• Definição das métricas de sucesso, análises contínuas dos resultados obtidos;

• Estudos para expansão para outros níveis (4D, 5D, 6D etc).

Page 28: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

28

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Percebemos que é possível utilizar o BIM em projetos de diferentes escalas, inclusive em interiores corporativos. Também notamos que um fator de sucesso é a contratação antecipada dos projetos e uma relação transparente entre contratantes e contratados.”

Anderson Zanutto

Com mais de 25 anos de atuação no mercado, o Kröner & Zanutto Arquitetos Associados investe na implantação do BIM desde 2015. A empresa atualmente desenvolve todos os seus projetos com ferramentas BIM, gerando modelos tridimensionais parametrizados que permitem a simulação da edificação real em suas diversas fases.

No Kröner & Zanutto Arquitetos Associados, o BIM é utilizado de forma colaborativa desde 2017. Desde então, tem agregado maior produtividade para as equipes. Segundo Anderson Zanutto, BIM manager e gerente de projetos do escritório espe-cializado em projetos BIM, gasta-se menos tempo com atividades braçais e mais

[BENCHMARKING SETORIAL KRÖNER & ZANUTTO ARQUITETOS ASSOCIADOS]: 100% BIM

tempo no desenvolvimento de soluções que agregam valor ao projeto.

Por outro lado, o BIM provocou uma pro-funda transformação nos procedimentos internos e exigiu mais investimentos em hardwares, softwares, treinamentos e na formação de um time com profissionais mais capacitados.

Page 29: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

29

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Em parceria com o Kröner & Zanutto Arquitetos , a empresa construtora Rocontec desenvolveu um projeto com as disciplinas de arquitetura, estruturas, instalações e HVAC modeladas em BIM. Segundo André Souza, gerente técnico da construtora, para a construção do projeto, a utilização de um BIM Mandate bem feito foi crucial, pois o documento traz infor-mações específicas sobre os entregáveis exigidos para as empresas de projeto, bem como o nível de detalhamento e pro-fundidade esperados.

[BENCHMARKING SETORIAL ROCONTEC]: O PAPEL DO BIM MANDATE

O BIM Mandate estabelece, também, em quais formatos os dados deverão ser entregues, viabilizando a colaboração e interoperabilidade, e inclui uma planilha que define o momento em que cada infor-mação deve ser inserida. Contudo o BIM Mandate do projeto foi desenvolvido para as especificidades da filosofia do fornece-dor de software específico do projeto, e o objetivo da Rocontec é que o documento seja melhorado para se tornar mais inclu-sivo a outros projetistas do setor.

Agora estamos num novo estágio que é o de revisar o nosso BIM Mandate porque ele foi criado seguindo a filosofia de um fornecedor de software específico. O plano é deixá-lo mais aberto, facilitando o trabalho dos arquitetos que trabalham com softwares diferentes.”

André Souza

A Rocontec é uma empresa incorporadora e construtora civil que atua nos segmentos comercial e residencial de edifícios de alto padrão em São Paulo. Possui vasta experiência em empreendimentos sustentáveis, sendo os responsáveis pela implantação do primeiro empreendimento certificado LEED Platinum do USGBC da América Latina.

Page 30: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

30

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Na MRV, a implantação do BIM teve início no final de 2014. Desde então já foram mais de 30 obras iniciadas a partir da modelagem da informação, como revelou André Pinheiro, coordenador do núcleo de implantação BIM na construtora.

[BENCHMARKING SETORIAL MRV]: BIM LEVADO A CAMPO

Também utilizado nos canteiros de obras, o modelo BIM é combinado com as tec-nologias de realidade virtual (VR6) e aumentada (AR7) para a produção de vídeos instrutivos que facilitam a interpre-tação do projeto pela equipe de campo. O sucesso da implantação depende de alguns fatores, onde um dos principais é o treinamento.

Na MRV a estratégia adotada foi investir na capacitação de todo o ecossistema de projetos. Foram mais de 40 escritórios de projeto, 400 pessoas envolvidas no processo e mais de 1200 horas de treinamento investidas, com foco em treinamentos customizados para os pro-cessos da construtora.

Oferecemos suporte aos projetistas, incluindo a entrega bibliotecas, templates e modelagens padrões desenvolvidas internamente. O objetivo era dar suporte para que esses projetistas pudessem ter a celeridade no desenvolvimento dos projetos.”

André Pinheiro

“No mercado desde 1979, a MRV é atualmente a maior construtora da América Latina. Ao longo de mais de 40 anos de história, se tornou uma plataforma de soluções habitacionais, com presença em mais de 160 cidades de 22 estados. Atualmente, a empresa faz parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&F Bovespa.

6 Realidade virtual: Em inglês Virtual Reality, VR, é a mais conhecida das tecnologias imersivas. É um mundo virtual criado para ser totalmente imersivo, onde o usuário tem seus sentidos estimulados para fazê-lo pensar que está em um ambiente diferente do mundo real.

7 Realidade Aumentada: Em inglês Augmented Reality, AR) é uma experiência visual, onde objetos virtuais são sobrepostos ao ambiente real por meio de smartphones, tablets, HMD e óculos AR.

Page 31: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

31

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O 4D é a dimensão do BIM que adiciona ao modelo 3D informações sobre cro-nograma, sequência de obra e fases de implantação. Já utilizada por algumas construtoras brasileiras, ele aproxima a modelagem da informação dos canteiros ao permitir simular planos de ataque, por exemplo.

Trata-se de uma ferramenta de apoio à decisão na medida em que permite ao cons- trutor testar diferentes cenários e avaliar as melhores opções para cada um deles. As informações obtidas junto às frentes de trabalho, relacionadas ao progresso

5 — A IMPLANTAÇÃO DO BIM 4D: PLANEJAMENTO

ou ao atraso de atividade, alimentam o modelo, auxiliando a tomada de decisões e criando um ciclo virtuoso.

Ao permitir visualizar virtualmente e mais facilmente a progressão da obra, espe-ra-se que o BIM integrado ao planejamento gere controles mais assertivos sobre os prazos de execução. Além disso, diferente do que ocorre tradicionalmente, decisões que provavelmente seriam tomadas num segundo momento são antecipadas para a etapa de projetos. É o caso da logística interna do canteiro e de simulações de conflitos entre serviços.

Por ser um passo além da geometria 3D, a implantação do BIM 4D impõe desafios extras, como a necessidade de os objetos carregarem propriedades e classificações para viabilizar o plane-jamento. A afirmação é de Priscila Castro, especialista em BIM na Sinco Engenharia.

Segundo ela, para que tudo funcione, não basta construir uma sofisticada base tecnológica com um pool de licenças. As equipes de projeto, planejamento e orçamento precisam trabalhar de forma integrada. Para tanto, é necessário

MODELO BIM PARA PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA OBRA

rever processos internos das equipes envolvidas.

Na Sinco Engenharia, que mantém um departamento BIM desde 2011, o BIM 4D vem sendo utilizado como uma fer-ramenta auxiliar para conquistar con-corrências ao permitir apresentar ao incorporador como pretende executar a obra. A modelagem tem um alto valor para a construtora, também, por dar assertividade ao planejamento, incor-porando aspectos relacionados a cro-nograma, plano de ataque, macrofluxo e logística.

Page 32: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

32

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Antes de utilizar o BIM, a construtora fazia o planejamento utilizando o Micro-soft Project (software de gestão de pro-jetos) com base em linha de balanço. Hoje, com uma maior integração entre a equipe de obra e de planejamento, a empresa consegue produzir um modelo de construção BIM pensando em todas as necessidades da obra.

Com um total de obras modeladas de mais de 1,34 milhões m2, Priscila, que também é participante do GT BIM, com-partilhou com o Grupo algumas lições aprendidas no processo de implantação da modelagem da informação, especial-mente na dimensão 4D.

Nesse modelo conseguimos incorporar uma série de estudos e simulações, como locação de balancim, posicionamento de grua, interferências na vizinhança e, mais recentemente, o planejamento de bandejas de proteção.”

Priscila Castro

* PRISCILA CASTRO: Arquiteta e urbanista com MBA em marketing. Atua há nove anos como gerente de projetos e é responsável pelo departamento BIM da Sinco Engenharia. É integrante da comissão de estudos especiais ABNT/CEE134 da ABNT.

Page 33: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

33

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DO BIM 4D

Tratar as questões logísticas e de segurança como elementos visuais do modelo, permitindo ensaios do que será realizado em campo;

Utilizar o BIM para planejamento de canteiro, alocação de equipe e logística de equipamento;

Analisar mês a mês o previsto versus realizado;

Replanejar ou remodelar conforme análise do andamento da obra;

Usar simulações com modelos 4D para verificar diversos cenários e apoiar decisões;

Envolver, desde o início, projetistas, instaladores, equipe do canteiro, suprimentos e fornecedores, no planejamento com o BIM 4D.

DIRETRIZES

BOAS PRÁTICAS

Entender os processos de planejamento e execução da obra;

Desenvolver um modelo que permita a divisão das etapas construtivas;

Incorporar, no modelo, elementos de logística, equipamentos e segurança no can-teiro de obras;

Relacionar cronograma da obra, cronograma financeiro e modelo BIM com as mes-mas classificações de informações para permitir vinculação;

Migrar para o BIM em um projeto para teste e refinamento;

Garantir a interoperabilidade do modelo com IFC (Open BIM);

Acompanhar continuamente o previsto versus realizado e replanejar conforme as incompatibilidades identificadas.

Criar um modelo 4D que reflita a cultura de gestão e execução da obra;

Page 34: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

34

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

NORMA BIM: ISO 19.650

Em apresentação realizada para os mem-bros do GT BIM, o professor Sérgio Leusin* discorreu sobre a norma que trata da organização e digitalização de informação no BIM (ISO 19.650: 2018 - Organization and digitalization of information about buildings and civil engineering works, including building information modelling).

Dividida em cinco partes, a norma oferece recomendações para gerenciar informa-

ções e é aplicável a todo o ciclo de vida do ativo construído.

Segundo o professor a ISO 19.650, apesar de sua complexidade, é um excelente roteiro para definir e monitorar a implan-tação do BIM nas organizações, res-saltando que o texto define de modo claro e completo a responsabilidade de cada agente, permitindo montar um processo de gestão da informação.

A norma é importante também porque pode servir de referência para a certificação de processos de gestão da informação e avaliação de qualificação técnica no tema.”

Sérgio Leusin

* SÉRGIO LEUSIN: Arquiteto, doutor em engenharia de produção, professor-titular da Universidade Federal Fluminense (UFF). É sócio da GPD Gerenciamento e Desenvolvimento de Projetos, empresa especializada em projetos e consultoria no uso de processos BIM.

A ISO 19.650 apresenta requisitos de informação da organização, do ativo, do projeto e de trocas de dados. Ela também define um roteiro para o processo de gestão da informação que pode ser dividido em sete etapas:

1 Levantamento de necessidades;

2 Convite para licitação;

3 Contratação;

4 Mobilização;

5 Produção colaborativa da informação;

6 Entrega do modelo de informação;

7 Fechamento do projeto.

Page 35: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

35

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Com uma atuação forte no segmento industrial, a Rio Verde detectou um aumento da demanda por projetos em BIM por parte dos seus contratantes. Na construtora, a modelagem da informação está muito entrelaçada ao processo de planejamento (para uso interno e para apresentação aos clientes) e à extração de quantitativos. “Hoje, a maior parte dos nossos orçamentos são feitos em BIM”,

[BENCHMARKING SETORIAL RIO VERDE]: DEMANDA POR PROJETOS BIM

comentou o arquiteto orçamentista, Bruno Frungillo.

Ele compartilhou com os participantes do GT algumas dificuldades enfrentadas no dia a dia. Entre elas, o prazo exíguo para o desenvolvimento da modelagem e o fato de alguns projetistas ainda não trabalha-rem com a plataforma.

“Nesse ciclo de evolução, o nosso próximo passo será o desenvolvimento de templates e do BIM Mandate para cada tipologia de obra.”

Bruno Frungillo“

Fundada em 1983, na cidade de Limeira (SP), a Rio Verde é uma das 20 maiores construtoras do país. A empresa atua no mercado privado de construção civil e na incorporação e construção imobiliária, projetando e executando obras para diversos setores da indústria, além de edifícios corporativos, hotéis, resorts, shoppings e obras de infraestrutura.

Page 36: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

36

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Na Habiarte, o BIM começou a ser implan-tado em 2017 visando a extração de quan-titativos confiáveis, a elaboração de plane-jamentos consistentes e a diminuição das dificuldades de execução em campo. No final de 2018 a construtora concluiu o seu BIM Mandate e, no ano seguinte, iniciou a contratação dos projetos em BIM.

[BENCHMARKING SETORIAL HABIARTE]: TRAJETÓRIA DE SUCESSO

“Em 2020 estamos com cinco projetos dentro da plataforma”, revelou a diretora de projetos Teresa Cristina Souza Lima. Ela contou que ao longo dessa trajetória foi possível perceber que o BIM não enco-bre falhas de gestão de projetos.

“No início houve uma frustração com relação ao custo-benefício para visualização do cronograma de obras. Hoje, superada essa etapa, vemos que programação e plugins de rotinas são fundamentais para viabilizar a modelagem.”

Teresa Cristina Souza Lima

A Habiarte é uma empresa incorporadora e construtora que atua nas áreas de urbanização e desenvolvimento imobiliário de empreendimentos de luxo desde 1985. Com forte presença na região de Ribeirão Preto (SP), soma mais 40 empreendimentos e 3.300 unidades entregues.

Page 37: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

37

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O uso do BIM, em suas diferentes dimensões, pode envolver todo o ciclo de vida de uma edificação. Por meio do 3D, por exemplo, é possível agregar infor-mações ao modelo e analisar interferên-cias (clash detections). Já o BIM 4D via-biliza a incorporação da variável tempo, oferecendo oportunidades para se ter um planejamento mais consistente.

O BIM 5D surge quando se adiciona a esse modelo a variável custo. Por meio de softwares de gestão e análise, bem como das próprias ferramentas de modelagem, é possível extrair quantitativos e insumos para a elaboração de um cronograma físi-co-financeiro bastante preciso. Mais além, a criação de modelos 5D possibilita que os diversos envolvidos no projeto (arquite-tos, projetistas, construtores e incorpora-dores) visualizem não só o progresso das

6 — A IMPLANTAÇÃO DO BIM 5D: CUSTOS E ORÇAMENTAÇÃO

atividades de construção, como também a evolução dos custos ao longo do tempo.

Embora ainda seja incipiente, o uso do 5D desperta o interesse das construtoras. Afi-nal, com a modelagem é possível reduzir retrabalho nas etapas de planejamento e orçamentação, atualizar o orçamento con-forme as alterações são realizadas no pro-jeto e, principalmente, obter orçamentos com menos erros e conflitos.

Há, ainda, outras vantagens associadas como um controle orçamentário mais visual tornando possível, por exemplo, visualizar e explorar os impactos das modificações no projeto, bem como man-ter o escopo alinhado entre os projetistas e o proprietário. Ao se aprofundar na orça-mentação com o BIM, a empresa abre a possibilidade de refinar seu orçamento em níveis mais detalhados e assertivos.

Em palestra realizada no quinto encon-tro do GT BIM, a consultora em orçamen-tação com o BIM, Rosângela Castanheira, informa que apesar de ser uma pode- rosa ferramenta, fazer o uso BIM 5D não é um processo rápido, nem exato e muito menos automático. Segundo ela, muitos pensam que o BIM 5D é solução para todos os problemas, porém ele não

A IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS DA ORÇAMENTAÇÃO

resolve orçamento mal feito, assim como não conserta um projeto mal realizado.

Um dos desafios é garantir que o modelo disponha de informações em detalha-mento e formato adequados para a extração de quantitativos. Na prática, algu-mas construtoras têm dificuldades para vincular o modelo recebido dos projetis-tas com as informações de planejamento.

Page 38: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

38

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Em muitos casos, ocorre um retrabalho que desestimula o uso do BIM. As métri-cas, por exemplo, precisam ser alinhadas.

Castanheira explica que, embora seja um aliado importante na extração de quanti-tativos, o BIM 5D continua exigindo profis-sionais preparados e integrados ao time de

modelagem. Isso é especialmente impor-tante pela necessidade de caracterização dos objetos e para garantir que o modelo seja, de fato, útil para a orçamentação. A consultora ressalta que o modelo precisa ser auditado para verificar a extração de quantitativos de serviços e garantir con-formidade com os processos da empresa.

É fundamental conhecer o processo construtivo de cada serviço da obra, as regras de quantificação (Critério de Medição e Remuneração), os parâmetros que estão relacionados a sua quantificação e o software que vai ser usado para a extração de quantidades.”

Rosângela Castanheira

*ROSÂNGELA CASTANHEIRA: Proprietária da Tríade Engenharia de Custos, é docente em cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de engenharia de custos e BIM desde 2011. Em 2015 recebeu a certificação Notório Saber em Engenharia de Custos do International Cost Engeneering Council (ICEC). É pesquisadora e entusiasta do BIM.

Page 39: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

39

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

DIRETRIZES PARA A IMPLANTAÇÃO DO BIM 5D

Simular o planejamento financeiro, buscando o melhor cenário para projeto, orça-mento e contratação;

Identificar quais são os inputs necessários para a estrutura do orçamento inte-grado ao BIM;

Diferenciar a extração de quantitativos para as diferentes necessidades da empresa: orçamento, suprimentos, almoxarifado, etc.

DIRETRIZES

BOAS PRÁTICAS

Definir claramente os objetivos para o 5D;

Definir a metodologia de medição e montagem das composições do orçamento;

Entender quais informações devem ser extraídas do modelo, antes do início do trabalho;

O orçamentista deve acompanhar e participar de forma integrada todo o processo BIM;

Integrar softwares de orçamento e softwares de modelagem BIM;

Construir a informação do modelo de forma que seja possível a extração de dados confiáveis, em convergência com as EAPs (Estrutura Analítica de Projeto) do orçamento/planejamento.

Page 40: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

40

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Na R.Yazbek, onde o BIM também já apoia a área de orçamentação, cada extração de IFC tem um objetivo. Alguns arquivos vão para coordenação de projetos, enquanto outros servem para a extração de quanti-tativos. Porém nem sempre foi assim.

Juliana Ikejiri, gerente de projetos, relata que desde 2013 a empresa investe na implantação do BIM. No início, foram enfrentadas muitas dificuldades especial-mente decorrentes da falta de integração

[BENCHMARKING SETORIAL R. YAZBEK]: CASE DE ORÇAMENTAÇÃO 5D

aos processos existentes na empresa. Em 2018 a empresa tomou a decisão de con-tratar uma consultoria para fazer um diag-nóstico das necessidades da empresa e traçar uma estratégia compatível para implantar o BIM.

Hoje a construtora já possui o BIM Man-date e o modelo em BIM já auxilia várias áreas da empresa, sendo ferramenta cru-cial de planejamento e compatibilização de projetos.

O modelo é o mesmo, mas a extração da informação acontece de acordo com a necessidade de alimentação de cada área.”

Juliana Ikejiri Dias“

A R. Yazbek é uma empresa de construção e incorporação com 25 anos de atuação nos segmentos residencial, comercial, educacional, hotelaria, hospitalar, shoppings e industrial. Em sua trajetória, já construiu mais de 5.500 unidades autônomas, 80 empreendimentos imobiliários e mais de 1,2 milhão de metros quadrados.

Page 41: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

41

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O sucesso da implantação da modelagem da informação na construção depende do envolvimento dos fabricantes de materiais e componentes. Conscientes dessa responsabilidade, algumas companhias vêm investindo no desenvolvimento de

[BENCHMARKING SETORIAL]: O BIM NA INDÚSTRIA DE MATERIAIS AMANCO WAVIN

bibliotecas BIM8 para apoiar arquitetos e projetistas. A Amanco Wavin, por exemplo, lançou em 2019 no Brasil as bibliotecas dos seus tubos e conexões hidráulicas.

O engenheiro de BIM, Douglas Oliveira, conta que uma estratégia adotada pela empresa foi incorporar recursos adicio-nais às bibliotecas. Entre eles, o assis-tente inteligente, com o qual sempre que o projetista realiza uma mudança de direção ou de diâmetro na tubulação, as conexões são inseridas de forma automática.

Para facilitar o trabalho dos projetistas, desenvolvemos ferramentas como a vista de validação, que evita a inserção de componentes no projeto que não estão disponíveis no mercado.”

Douglas Oliveira

A Wavin tem uma história de mais de 60 anos, é a marca líder e mais conhecida na Europa para sistemas e soluções de tubulações plásticas. Além disso, a marca criou a primeira tubulação de pressão de PVC do mundo em 1955 em Zwolle, na Holanda e hoje está presente em mais de 40 países. A Amanco Wavin é umas das marcas comerciais da unidade de negócios da Wavin no Brasil.

8 Biblioteca BIM: Consiste em um conjunto de objetos/componentes BIM utilizados nos projetos. Sua importância é fundamental para a parametrização, otimizar o tempo de elaboração dos projetos e a qualidade do modelo.

Page 42: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

42

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Processo semelhante ocorre com a Multi-door, que está implantando uma biblioteca BIM de portas prontas parametrizadas. A diretora técnica da empresa, Leila Pimen-tel, explicou que o sistema contempla

[BENCHMARKING SETORIAL]: O BIM NA INDÚSTRIA DE MATERIAISMULTIDOOR

variáveis, como o tipo de construção, a ocupação e o uso, os perfis de desem-penho almejados, a tipologia e dimensões das portas, além do atendimento às nor-mas técnicas vigentes.

Nos motivamos pela necessidade de nos aproximar ainda mais dos projetistas e das obras. Para isso, trabalhamos no desenvolvimento do sistema porta pronta parametrizada, com desempenho certificado.”

Leila Pimentel Lopes

No mercado desde 1981, a Multidoor é líder em engenharia e design de portas no Brasil. Presente em obras em mais de 100 cidades, nos segmentos residencial, hoteleiro, hospitalar e corporativo, a empresa é integrante do Programa Setorial de Qualidade de Portas da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente)

Page 43: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

43

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

O BIM 6D é comumente vinculado à sus-tentabilidade aplicada ao projeto de uma edificação. Ele abrange, por exemplo, aná-lises de eficiência energética, consumo de energia e pegada de carbono.

Essa dimensão muito se confunde com o BIM 7D, que foca principalmente nas ope- rações e gerenciamento de instalações, usada para rastrear dados importantes

7 — A IMPLANTAÇÃO DO LIFE CYCLE BIM

Estima-se que ao longo do ciclo de vida de uma edificação, 20% dos gastos estejam relacionados com as fases de projetos e execução. O restante dos 80% são despen-didos com a operação e gestão. Isso sig-nifica que ganhos de eficiência e redução de custos têm um impacto significativo para a administradora do empreendimento.

Em apresentação do GT BIM, a profes-sora Cristiane Bueno* contou que o BIM pode auxiliar nessa etapa permitindo a criação de um banco de dados do edifício,

do ativo, como status, manuais de manutenção ou de operação, informações sobre garantia e especificações técnicas para uso em um estágio futuro.

Pode-se dizer que tanto o BIM 6D, quanto o 7D olham para o empreendimento além da fase de projetos e construção. Um termo que abrange os dois é conhecido como Life Cycle BIM.

BIM PARA ALÉM DO PROJETO E CONSTRUÇÃO

possibilitando acompanhamentos de inventários e automatizando avisos para a manutenção preventiva de equipamen-tos. Essas aplicações, contudo, são muito incipientes no Brasil.

Segundo a professora, “as aplicações do BIM ainda estão restritas à geometria, extração de quantitativos, simulações estruturais e planejamento. Mas há uma infinidade de utilizações após a construção do edifício até a sua demolição ou des-monte que podem ser aproveitadas”.

Entre as aplicações mais interessantes, na visão da professora, está o uso do modelo de informação na gestão de manutenção a partir de um as built vivo, também con-hecido como digital twin9. A partir desse modelo o usuário pode ter acesso a todas

APLICAÇÕES DO LIFE CYCLE BIM

as informações de todos os subsistemas da edificação. Com isso, torna-se viável e fácil programar manutenções preventivas, executar rapidamente manutenções cor-retivas e reagir a problemas emergenciais de modo mais assertivo.

Page 44: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

44

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Para edificações complexas e que não podem parar, como hospitais, ou sistemas urbanos para fornecimento de água e ener-gia, o digital twin é especialmente vanta-joso, pois reúne todas as informações do edifício de forma organizada. Isso permite maior controle das operações e segurança aos usuários do edifício.

“Os modelos BIM para gestão da operação podem melhorar muito a gestão do edifício ao longo do seu ciclo de vida. O cliente, ou mesmo o projetista, consegue antever a durabilidade de todos os materiais e componentes. É possível fazer escolhas em projeto baseadas em vida útil e nas necessidades futuras de manutenção. Isso é o life cycle BIM.”

Cristiane Bueno

Segundo Bueno, na hora de desenvolver um modelo com foco em operação e manutenção é preciso, antes de tudo, definir o tipo e o nível de detalhamento de informação necessários para gerenciar a manutenção do edifício. É necessário estabelecer, também, quando essa informação deve ser adicionada, bem como quem é responsável por sua inserção.

É fundamental entender que, em cada momento do ciclo de vida de um edifício, haverá demandas diferentes por informação. Um modelo de projeto preliminar pode aceitar informações mais genéricas, já o BIM para construção e planejamento exige especifici-dade principalmente em relação ao tempo e ao sequenciamento da execução em campo.

Quando se chega ao modelo de as built (como construído) a demanda é pelo máximo de detalhamento. A partir do mo- delo de construção, são adicionadas as

COMO PREPARAR UM MODELO BIM PARA MANUTENÇÃO?

alterações realizadas em campo para se ter o modelo mais completo possível.

O estágio seguinte é transformar o as built em um modelo BIM para gerenciamento da operação predial. Para isso, é necessário eliminar informações que não serão utiliza-das e unificar os modelos que podem ter sido produzidos separadamente.

“Para viabilizar a operação, o modelo deve ser limpo e conter o maior nível de informações nos principais sistemas necessários para a operação e manutenção (arquitetura, insta-lações, segurança ao fogo, dados, etc). Além disso, todos os equipamentos, por exemplo, precisam ser numerados e associados a um espaço de modo a facilitar o processo de manutenção”, explica a professora.

9 O digital twin (gêmeo digital) refere-se a uma réplica digital de ativos físicos, processos, pessoas, lugares, sistemas e dispositivos potenciais e reais que podem ser usados para várias finalidades.

Page 45: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

45

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Ainda de uso incipiente, a modelagem com foco em gestão de facilities requer a super-ação de desafios para se tornar viável no Brasil. O primeiro deles é identificar as apli-cações com as operações e manutenções mais críticas e que, por isso mesmo, justi-ficam o investimento na modelagem nesse primeiro momento.

De modo geral, é preciso uma maior per-cepção de valor do 6D para que ele seja considerado. Vale lembrar que, no mer-cado tradicional, os empreendimentos imobiliários são mantidos e operados por empresas diferentes das que fazem a cons- trução e a incorporação. A expectativa é a de que com o crescimento do número de

ESTÁGIOS INICIAISincorporadoras, que também respondem pela operação dos edifícios, a modela-gem para manutenção passe ganhar mais protagonismo.

Outro obstáculo a ser eliminado é o distan-ciamento entre os profissionais de facilities e as equipes de projeto que desenvolvem o modelo 3D. Ainda faltam instrumentos com-putacionais para esse objetivo e é preciso que haja uma integração com ferramentas de outras aplicações e fases do ciclo de vida da edificação. “Não sem motivo, os esforços da academia têm se concentrado em desenvolver interfaces para viabilizar as operações de retroalimentação pelos profissionais de facilities”, conclui Bueno.

*CRISTIANE BUENO: Professora adjunta do departamento de engenharia civil da Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Arquiteta e urbanista, é mestre em arquitetura e urbanismo com doutorado e pós-doutorado pela Universidade de São Paulo. Desenvolve pesquisa nas áreas de BIM, City Information Modelling (CIM) e avaliação de ciclo de vida de edificações e componentes construtivos na UFScar.

DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DO LIFE CYCLE BIM

Pensar no BIM como uma ferramenta de life cycle management, desde a fase de proje-tos até a fase de operações;

Identificar os benefícios de gestão do edifício e comunicar a importância do LIFE CYCLE BIM 6D para todos os envolvidos no projeto;

Incluir profissionais de facilities junto ao planejamento do projeto;

Modelar o Digital Twin (modelo BIM com todas as informações de todos os sub-sistemas as built);

Integrar a gestão de ativos à modelagem do projeto;

Pensar na eficiência energética, conforto ambiental e otimização de espaços no escopo do projeto.

Page 46: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

46

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Em meio ao processo de implantação BIM, algumas empresas têm colhido resultados importantes da migração do modo de pro-dução 2D para a modelagem da informação.

Um exemplo vem da ForCasa, onde a implantação do BIM, embora em fase piloto, tem proporcionado melhoria na compatibilização dos projetos de arquite-tura, estrutura, fundação e instalações, redução significativa das interferências na implantação do projeto, redução do número de chamados de obra e até despertou interesse das equipes de obra em utilizar o modelo 3D no canteiro de obras.

[BENCHMARKING SETORIAL FORCASA]: ESTRATÉGIA E INOVAÇÃO

Segundo Stephanie Ciarlariello, especialista BIM da ForCasa, isso só foi possível graças ao plano de implantação da empresa, que consistiu na contratação da profissional especialista, na identificação dos pontos que podiam ser melhorados através da modelagem, no alinhamento das expecta-tivas entre os departamentos da empresa pensando na colaboração das equipes e, finalmente, na adequação dos processos da empresa para implantação do BIM.

Fizemos um relatório do diagnóstico do BIM, no qual entrevistamos todos os departamentos, analisando principalmente os processos e suas integrações entre departamentos.”

Stephanie Ciarlariello

Eleita a 18ª maior incorporadora/construtora do Brasil, a ForCasa atua com foco exclusivo nos segmentos econômicos e supereconômicos. Certificada pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat – Nível A (PBQP-H), a empresa tem como propósito elevar o nível dos empreendimentos habitacionais por meio de tecnologia e inovação.

Page 47: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

47

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

No escritório de projetos estruturais França e Associados*, os impactos da implantação da modelagem da informação são significativos. A empresa iniciou a sua jornada BIM em 2015 e já soma mais de 125 projetos desenvolvidos na plataforma. Entre os resultados detectados desta-cam-se a redução de 85% do tempo gasto nas modelagens iniciais. Outro indicador positivo foi a redução do número de solici-tações de obra para revisão de projeto.

[BENCHMARKING SETORIAL FRANÇA E ASSOCIADOS]: GANHOS SIGNIFICATIVOS

Thais Evangelista, gerente de projetos, contou que, no escritório, são utilizadas duas plataformas principais: o TQS, para cálculo estrutural e dimensionamento de armação, e o Revit, para fazer a construção digital do modelo, produzir documen-tações e gerenciamento de arquivos e realizar a extração do volume de concreto e de área de formas. No França e Associa-dos, todos os projetos já são desenvolvi-dos exclusivamente em BIM.

Quando trabalhávamos em CAD recebíamos, em média, onze solicitações, seja por falha de compatibilização, seja por um equívoco na informação. Com o BIM, esse número foi praticamente zerado.”

Thais Evangelista

O França e Associados é um escritório de projetos que, desde a década de 1970, desenvolve projetos de estruturas em concreto armado e protendido, consultoria e assistência técnica, recuperação, reforço e ampliação de estruturas existentes. É pioneira no uso de ferramentas inovadoras ligadas ao BIM.

Page 48: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

48

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Ao longo dos sete encontros realizados no segundo semestre de 2020, o GT BIM ofereceu a oportunidade de aquisição de alguns aprendizados, seja via palestras com especialistas, seja pela interação entre os participantes.

Foi possível ter contato com práticas, abordagens e desafios enfrentados por empresas de diferentes ramos de atuação e portes. Isso se mostrou de enorme valor para os profissionais que precisam iden-tificar eventuais problemas nos seus pro-cessos internos antes de definir as suas estratégias de implantação da modelagem da informação. Para quem está iniciando a jornada de implantação BIM, o compartilha-mento das dores inerentes a um processo de transformação tão profunda ajudou a

8 — CONCLUSÃO

perceber que muitos dos obstáculos são comuns a todas as empresas.

Os trabalhos ressaltaram que a modelagem da informação é uma filosofia de trabalho que requer uma mudança de mindset. Eles também enfatizaram a importân-cia do engajamento da alta gestão, da capacitação constante das equipes e de processos fundamentados para viabilizar a implantação da modelagem

Durante os debates, também ficou clara a necessidade de entender o ponto de vista de outros agentes para que a cadeia avance no desenvolvimento do BIM de forma integrada. A interlocução entre as partes envolvidas, sempre importante, se mostrou ainda mais vital para a evolução e o amadurecimento da modelagem da informação.

Page 49: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

49

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

CRÉDITOS

CO-AUTORESAdir Filho, Cofounder/advisor na Noah Tech

Aline Magalhães, Analista na Alphaville Urbanismo

Ana Beatriz de Figueiredo Oliveira, Cientista de Dados na Autodoc

Ana Carolina Pegoraro Cardozo, Engenheira Civil na Amata Brasil

Ana Cecilia Tobias Ribeiro, CEO na Autodoc

Anderson Zanutto, Sócio na Kröner & Zanutto Arquitetos

André Fonseca Pinheiro, Coordenador BIM na MRV Engenharia

André Souza, Gerente técnico na Rocontec

Ariany Gama, Gerente Técnico na Tenda

Arnaldo Lima, Diretor na Lock

Bianca Marques Meo, Analista de Marketing na Gerdau

Bruno Vedovello Frungillo, Arquiteto na Rio Verde Engenharia

Camila Pauluk, Analista na Alphaville Urbanismo

Cantidio Drumond, Gerente de Inovação e Processos na ForCasa

Carla Regina Martins, Arquiteta analista de projetos na Rio Verde Engenharia

Cristiana Mariotto, Consultora no CTE

Cristina De Paschoal, Engenheira na Amanco Wavin

Danielle Yumi, P&D BIM na Multidoor

Diego Pereira Teixeira, Assistente de Engenharia na BN Engenharia

Douglas Henrique de Oliveira, Engenheiro BIM na Amanco Wavin

Erica Maeda, Gerente de Projetos na Even

Gabriela Barreto, Analista de Planejamento Urbano na Prestes Construtora

Glícia Nery, Arquiteta na Kröner & Zanutto Arquitetos

Henrique Figueira Rapaci, Gerente de Planejamento na R.Yazbek

João Pedro Affonso, Assistente de projetos na Habiarte

Juliana Dias Ikejiri, Gerente de Projetos na R.Yazbek

Kelly Miranda, Gerente de projetos na Amplus Construtora

Laísa Cordeiro, Arquiteta Plena na Gaaz Arquitetos

Page 50: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

50

BIM: INTEGRANDO AS EMPRESAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO

Leila Pimentel Lopes, Diretora técnica na Multidoor

Luiz Olimpio Costi, Sócio-diretor técnico na Procion Engenharia Ltda

Monica Abdala, Engenheira no CTE

Murillo Oliveira, Coordenador de Projetos e Orçamentos na Prestes Construtora

Patricia Melo Nito Santello, Arquiteta no CTE

Paulo Magro, Coordenador de Obras na Toledo Ferrari

Pedro Antonio Moreno, Engenheiro Civil na Amplus Construtora

Priscila Castro, Gerente de projetos na Sinco Engenharia

Rafaela Fagundes Hiemer, Gerente de Engenharia na Kingspan Isoeste

Renata Sarbu, Arquiteta na Even

Renne Lopes, Gerente de Planejamento na BN Engenharia

Solon Souza, Líder de Desenvolvimento na Ambar Tech

Stephanie Ciarlariello, Especialista BIM na ForCasa

Taynan de Camargo Santin, Coordenador BIM na Procion Engenharia

Teresa Cristina Souza Lima, Diretora de projetos na Habiarte

Thais Celebroni Evangelista, Gerente na França e Associados

EQUIPE CTE ENREDESFacilitação e curadoria: Mariana Watanabe e Luiz Paulo TeixeiraRedação: Leal & Nakamura Provedores de Conteúdo | Jornalista: Juliana Nakamura - MTB: 46.219/SPRevisão técnica: Roberto de Souza, Mariana Watanabe e Danielle Ávila Diagramação e ArteArte: Laboratório de Criação Coordenação: Carolina Crepaldi Equipe de apoio: Isabel Alexandrino, Cristina Mantovani, Gabriela Barreto de Souza e Fernanda Batista

Grupo de trabalho: 2020

Page 51: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

O “Centro de Tecnologia de Edificações” é uma empresa de consultoria e gerenciamento especializada em qualidade, tecnologia, gestão, sustentabilidade e inovação para o setor da construção. Exerce suas atividades em território nacional desde 1990, desenvolvendo metodolo-gias e tecnologias para a melhoria da gestão das empresas, dos empreendimentos e das obras, estimulando e promovendo a produtividade, a com-petitividade, a cultura diferenciada e o crescimento sustentável da cadeia produtiva da construção.

O “enredes” é uma unidade de negócios do CTE - Centro de Tecnologia de Edificações, cujo foco é a realização de encontros, promoção de missões empresariais, organização de redes de negócios e criação e gestão de redes setoriais de relacionamento e inovação, visando conectar profissionais e empresas, influenciar mudanças e gerar soluções inovadoras para a transformação do setor da construção brasileira. Voltado para os integrantes da cadeia produtiva, o enredes tem foco também na educação, objetivando a capacitação profissional e a difusão da cultura e das boas práticas de gestão, inovação, trans-formação digital, industrialização, qualidade e sustentabilidade no setor da construção.

A “Rede Construção Digital e Industrializada (RCDI)” é um ecossistema de inovação e de relacio-namento setorial que conecta os principais agen-tes da cadeia produtiva com soluções tecnológicas inovadoras para a construção. Atua desde 2018, com o propósito de exponenciar a transformação digital e a industrialização da construção. A RCDI é composta, atualmente, por 70 empresas líderes do setor, divididos em projetistas, incorporadoras, construtoras, indústrias de materiais e equipamen-tos e fornecedores de tecnologia.

Page 52: Ebook Enredes BIM - arataumodular.com

Rua Pascoal Pais, 525 - 13º andarBrooklin Novo | São Paulo

CEP: 04581-060

(011) 2149-0300 | [email protected]

www.enredes.com.br