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CEBDS - 30/08/2005 - Comunicação e Educação http://www.cebds.org.br/cebds/artigos.asp?area=5 Incorporar efetivamente o conceito de desenvolvimento sustentável às políticas educacionais. Esse é o objetivo da nova iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que pretende ir muito além das tradicionais questões ambientais, como a conservação da água e a biodiversidade do planeta. A Década da ONU da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DOEDS) abrange também a promoção da diversidade cultural, a igualdade de gênero e aspectos econômicos para o desenvolvimento, destacando a luta contra a pobreza. “Queremos provocar uma efetiva mudança de atitude das pessoas para melhorar a qualidade de vida. O caminho da evolução de nossa sociedade passa pela sustentabilidade. Caso contrário, perderemos de vez os insumos vitais para a nossa sobrevivência”, explica Celso Schenkel, coordenador de Ciência e Meio Ambiente da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). No papel de agência líder da promoção da DOEDS, a Unesco organiza a estratégia mundial de implementação da proposta, que inclui a reorganização de seus projetos já existentes a fim de unificar os esforços. O objetivo primordial é o aumento da consciência pública em relação à sustentabilidade. A iniciativa está engajada na visão global de que a educação para o desenvolvimento sustentável é um mundo onde cada um tem a oportunidade de se beneficiar com educação de qualidade e aprender valores, comportamento e estilo de vida necessários para um futuro sustentável e uma transformação positiva da sociedade. O protocolo da Década da Educação traz recomendações importantes para a atuação dos poderes públicos, entidades privadas, organizações não-governamentais (ONGs) e sociedade. A resolução, apresentada pelo Japão e apoiada por 46 países, foi lançada em 1º de março deste ano na sede da ONU, em Nova York. Na América Latina, será apresentada em maio durante o Sustentável 2005 – Congresso Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável 2005, no Rio de Janeiro. São 14 os temas que permeiam as ações, tais como: biodiversidade, erradicação da pobreza, Aids, meio ambiente, água, turismo sustentável, direitos humanos, urbanização e responsabilidade corporativa.

Ecoeficiencia e Qualidade de Vida

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Page 1: Ecoeficiencia e Qualidade de Vida

CEBDS - 30/08/2005 - Comunicação e Educação

http://www.cebds.org.br/cebds/artigos.asp?area=5

Incorporar efetivamente o conceito de desenvolvimento sustentável às políticas educacionais. Esse é o objetivo da nova iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que pretende ir muito além das tradicionais questões ambientais, como a conservação da água e a biodiversidade do planeta. A Década da ONU da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DOEDS) abrange também a promoção da diversidade cultural, a igualdade de gênero e aspectos econômicos para o desenvolvimento, destacando a luta contra a pobreza. “Queremos provocar uma efetiva mudança de atitude das pessoas para melhorar a qualidade de vida. O caminho da evolução de nossa sociedade passa pela sustentabilidade. Caso contrário, perderemos de vez os insumos vitais para a nossa sobrevivência”, explica Celso Schenkel, coordenador de Ciência e Meio Ambiente da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

No papel de agência líder da promoção da DOEDS, a Unesco organiza a estratégia mundial de implementação da proposta, que inclui a reorganização de seus projetos já existentes a fim de unificar os esforços. O objetivo primordial é o aumento da consciência pública em relação à sustentabilidade. A iniciativa está engajada na visão global de que a educação para o desenvolvimento sustentável é um mundo onde cada um tem a oportunidade de se beneficiar com educação de qualidade e aprender valores, comportamento e estilo de vida necessários para um futuro sustentável e uma transformação positiva da sociedade.

O protocolo da Década da Educação traz recomendações importantes para a atuação dos poderes públicos, entidades privadas, organizações não-governamentais (ONGs) e sociedade. A resolução, apresentada pelo Japão e apoiada por 46 países, foi lançada em 1º de março deste ano na sede da ONU, em Nova York. Na América Latina, será apresentada em maio durante o Sustentável 2005 – Congresso Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável 2005, no Rio de Janeiro. São 14 os temas que permeiam as ações, tais como: biodiversidade, erradicação da pobreza, Aids, meio ambiente, água, turismo sustentável, direitos humanos, urbanização e responsabilidade corporativa. Para a coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Cristina Montenegro, o aspecto mais significativo da DOEDS é criar um ambiente favorável à conscientização sobre os limites e as fragilidades do ambiente físico e seus impactos sobre o desenvolvimento da sociedade. “A Década dará impulso também à inovação, à transferência de tecnologias e à proteção de direitos intelectuais. Deverá retomar valores essenciais, como o respeito duradouro aos direitos humanos, à diversidade e à responsabilidade compartilhada, além de tentar consolidar, cada vez mais, comportamentos e práticas sustentáveis.”

Diferenças regionais

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Não existe um modelo único de educação para o desenvolvimento sustentável. As diretrizes são gerais e destinadas tanto aos países desenvolvidos quanto aos em desenvolvimento. Cada nação deve implementar as iniciativas conforme sua realidade local, definindo as próprias abordagens e prioridades. No caso do Brasil, antes de incluir efetivamente o conceito de sustentabilidade nos currículos escolares, o País precisa resolver suas sérias pendências com a educação básica. Essa é a opinião do assessor especial da Unesco Brasil, Célio da Cunha. “Um país de dimensão continental precisa ter um planejamento de educação também em larga escala”, ressalta. A Década da Educação é mais uma importante bandeira de luta em prol da importância do ensino de qualidade. “A Unesco é otimista em relação a todas as campanhas, mas não pode ignorar a realidade. Nossos relatórios mostram que os esforços são ainda insuficientes para garantir a educação básica no Brasil.A educação para o desenvolvimento sustentável deve caminhar juntamente com a política da educação básica. É uma mão dupla”, afirma Cunha. Os dois representantes da Unesco são unânimes ao afirmar que há necessidade de mais recursos para educação no Brasil, além da adoção de uma política de Estado que dê continuidade aos projetos bem-sucedidos.

Para Schenkel, alguns setores econômicos no País podem apresentar mais resistência para adotar a sustentabilidade. “Há diferença entre o serrador da madeira e o madeireiro. O primeiro segue a atividade até esgotar toda a matéria-prima, sua fonte de lucro. O madeireiro já tem uma visão mais empreendedora e, com uma perspectiva de longo prazo, tem interesse em desenvolver um negócio sustentável, com obtenção de certificação de qualidade para o seu produto”, diz o coordenador de Ciência e Meio Ambiente da Unesco.

Avaliação da Década

Uma série de indicadores qualitativos e educativos será necessária para compor o sistema de avaliação dos resultados da Década nos âmbitos local, regional, nacional e internacional. É função da Unesco estabelecer uma base de dados e elaborar a melhor forma de avaliar os países participantes, que possuem realidades tão distintas. Na análise qualitativa, abordagens etnográficas deverão proporcionar um olhar mais atento às comunidades, a fim de verificar as mudanças comportamentais, a atenção aos valores do desenvolvimento sustentável e a adoção de novas práticas. Um relatório de acompanhamento será publicado a cada dois anos. A apresentação do estudo geral ocorrerá na 65ª Assembléia Geral das Nações Unidas em 2010.

O U T R A S   I N I C I A T I V A S   G L O B A I S

A ONU possui outras iniciativas voltadas à melhoria da qualidade de vida da população mundial e à preservação da natureza.

Educação para Todos

Compromisso assumido em 2002 em Dakar, no Senegal, por mais de 180 nações que visam assegurar educação de qualidade para todas as crianças até 2015, além de expandir oportunidades de aprendizado para jovens e adultos.

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Década das Nações Unidas para a Alfabetização

A iniciativa lançada em 2003 expressa a vontade coletiva da comunidade internacional em diminuir o índice de analfabetismo, como parte do esforço na direção da paz, do respeito à cidadania e do intercâmbio no mundo globalizado. O Brasil foi o primeiro país que realizou o lançamento interno da Década, em maio do mesmo ano.

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

Lançados em 2000, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram aprovados por 191 países da ONU, entre eles o Brasil, que se comprometem a cumprir as seguintes metas:

1- Acabar com a fome e a miséria; 2- Educação básica e de qualidade para todos; 3- Igualdade entre sexos e valorização da mulher; 4- Reduzir a mortalidade infantil; 5- Melhorar a saúde de gestantes; 6- Combater a Aids, a malária e outras doenças; 7-Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; e 8- Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.

Global Compact (Pacto Global)

Lançada em julho de 2002, a iniciativa pretende disseminar a responsabilidade corporativa.Ao todo são dez princípios a serem adotados pelas empresas com o objetivo de promover inclusão social e uma economia global sustentável. Entre eles estão o respeito e a proteção aos direitos humanos, a erradicação do trabalho infantil e o combate à corrupção em todas as suas formas. Cerca de 1.500 organizações de 70 países aderiram ao pacto, sendo 234 do Brasil.

Agenda 21

Foi aprovada por 179 chefes de Estado ao final da Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, no Rio de Janeiro, em 1992. Apresenta um conjunto de estratégias que possibilita a reversão da degradação do planeta, a ser aplicado nos diversos âmbitos de atuação humana: local, regional, nacional e internacional. O documento contém 40 capítulos. Neste mesmo ano foi lançada, em Brasília, a Agenda 21 Brasileira, elaborada pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável.

Avaliação Ecossistêmica do Milênio

O projeto, lançado em 2001, teve seus primeiros resultados divulgados em 2005. Ao todo 1.360 especialistas em 95 países concluíram que cerca de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão degradados ou sendo usados de modo não sustentável. Se nada for feito, as conseqüências poderão levar a um cenário caótico em 50 anos. A expectativa é de que, com a consciência do estado de degradação do meio ambiente, sejam intensificadas as ações de preservação.

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Reportagem Carline Piva