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URBANISMO ECOLÓGICO Organizado por Mohsen Mostafavi com Gareth Doherty GG Harvard University Graduate School of Design

ECOLÓGICOURBANISMO - scholar.harvard.edu · por exemplo, discute a relação entre as artes visuais e o urbanismo ecológico e, em particular, o trabalho da artista islandesa Katrin

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Ainda que as mudanças climáticas, a arquitetura sustentável e as tecnologias ecológicas sejam questões perfeitamente assentadas no imaginário coletivo, o mesmo ainda não ocorreu com aqueles temas relacionados à sustentabilidade urbana. Este livro surgiu exatamente da necessidade urgente de abordar o urbanismo sob um enfoque ecológico como método prático e criativo para enfrentar a realidade da cidade, e assim se constitui em uma aposta deliberada pela consolidação definitiva do conceito de “urbanismo ecológico” por meio da compilação de uma série de textos-chave sobre a matéria.

Urbanismo Ecológico reúne os artigos do simpósio homônimo que ocorreu em 2009 na Graduate School of Design da Universidade de Harvard, bem como outros ensaios, conferências e aulas vinculados a esta linha de pesquisa promovida pela célebre universidade norte-americana. O livro, organizado por Mohsen Mostafavi e Gareth Doherty, parte de um enfoque interdisciplinar no qual se unem os olhares de arquitetos, planejadores e desenhistas urbanos, teóricos, economistas, engenheiros, artistas e cientistas, entre outros profissionais. O resultado é um amplo panorama que contribui para desenhar a imagem plural, complexa e repleta de nuances que o sistema urbano assume quando estudado sob a ótica ecológica. Em suma, trata-se de uma contribuição importante que atesta o nascimento de uma nova ética e estética do meio urbano.

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Organizado por Mohsen Mostafavicom Gareth Doherty

URBANISMO ECOLÓGICO

Organizado por Mohsen Mostafavicom Gareth Doherty

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Harvard UniversityGraduate School of Design

www.ggili.com.br GG

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URBANISMO ECOLÓGICO

Organizado por Mohsen Mostafavicom a colaboração de Gareth Doherty

GG®

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12 Por que um urbanismo ecológico? Por que agora?Mohsen Mostafavi

PREVER56 Avanços versus apocalipse

Rem Koolhaas

72 ZeekrachtOMA

78 Mumbai em minha mente: reflexões sobre sustentabilidadeHomi K. Bhabha

84 Planeta urbano: MumbaiDaniel Raven-Ellison e Kye Askins

94 Notas sobre a terceira ecologiaSanford Kwinter

106 Desigualdade social e mudanças climáticasUlrich Beck

110 Para um pós-ambientalismo: sete sugestões para uma “Nova Carta de Atenas”Andrea Branzi

112 A metrópole fracaAndrea Branzi

114 Obra fraca: “A metrópole fraca” de Andrea Branzi e o potencial de projeto do “urbanismo ecológico”Charles Waldheim

122 De “sustentar” a “habilidade”JDS Architects

124 Quarenta anos depois: de volta a uma Terra sublunarBruno Latour

COLABORAR130 O campo de trabalho da arte

Giuliana Bruno

132 Urbanismo ecológico e/como metáfora urbanaLawrence Buell

134 Preto e branco em cidades verdesLizabeth Cohen

136 O retorno da naturezaPreston Scott Cohen e Erika Naginski

138 Práticas urbanas ecológicas: As três ecologias de Félix GuattariVerena Andermatt Conley

140 Renovar a cidadeLeland D. Cott

142 Ambientes urbanos produtivosMargaret Crawford

SENTIR146 A cidade sob a perspectiva do nariz

Sissel Tolaas

151 TALKING NOSE - Cidade do MéxicoSissel Tolaas

156 Planeta urbano: Cidade do MéxicoDaniel Raven-Ellison

164 CitySense: uma rede de sensores em escala urbanaMatt Welsh e Josh Bers

166 East loveMarije Vogelzang

168 Ecologias autoconstruídasChristine Outram, Assaf Biderman e Carlo Ratti

174 Ecologias do verde em BareinGareth Doherty

184 Toque-me, sou teuLuke Jerram

186 Mapeando Main StreetJesse Shapins, Kara Oehler, Ann Heppermann e James Burns

Sumário

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CURAR190 Para uma cura dos recursos

Niall Kirkwood

194 O mar e a monção interna: um manifesto de MumbaiAnuradha Mathur e Dilip da Cunha

208 Ecocidades transcendentais ou segurança ecológica urbana?Mike Hodson e Simon Marvin

218 Paisagens aquíferas em CingapuraHerbert Dreiseitl

222 Elevar o nível da água em um viveiro de peixesZhang Huan

224 Imaginando cidades ecológicasMitchell Joachim

230 Retorno à naturezaSandi Hilal, Alessandro Petti e Eyal Weizman

236 Harmonia 57Triptyque

238 Fundamentos para uma estratégia urbana sustentávelMichael Van Valkenburgh Associates

240 Center Street PlazaHood Design

PRODUZIR244 Subestruturas, supraestruturas

e infraestruturas energéticasD. Michelle Addington

252 Parque de ondasPelamis Wave Power Ltd.

254 CR Land Guanganmen: showroom de tecnologia verdeVector Architects

256 Às fazendas, cidadãos!Dorothée Imbert

268 Rio Local: guarda-peixes doméstico com hortaMathieu Lehanneur e Anthony van den Bossche

270 Soft Cities: cidades flexíveisKVA MATx

174 ZEDfactoryBill Dunster

280 Ecocidade LogroñoMVRDV

282 A revolução do pé grandeKongjian Yu

292 La Tour Vivante, ecotorresoa architectes

COLABORAR296 Desafios de gestão na transformação

urbana: organizar para aprenderAmy C. Edmondson

298 Purificação do ar em cidadesDavid Edwards

300 Justiça social e urbanismo ecológicoSusan S. Fainstein

302 Como administrar a cidade ecológicaGerald E. Frug

304 Futuro subterrâneoPeter Galison

306 Temperado e limitadoEdward Glaeser

308 Arquitetura bioinspirada adaptável e sustentabilidadeDonald E. Ingber

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INTERAGIR312 Ecologia urbana e distribuição da natureza

nas regiões urbanasRichard T. T. Forman

324 A agência da ecologiaChris Reed

330 A infraestrutura da cidade de Nova YorkChristoph Niemann

332 Redefinindo infraestruturaPierre Bélanger

350 Urbanismo gerado pelo usuárioRebar

356 Experimentos urbanos ecológicos em espaços públicosAlexander J. Felson e Linda Pollak

364 Uma visão holística do fenômeno urbanoAgência de ecologia urbana de Barcelona

370 O novo sistema de parques de GwanggyoYoonjin Park e Jungyoon Kim (PARKKIM)

372 Uma metodologia para inovação urbanaAlfonso Vegara, Mark Dwyer e Aaron Kelley

374 GreenmetropolisHenri Bava, Erik Behrens, Steven Craig e Alex Wall

MOBILIZAR380 Mobilidade, infraestrutura e sociedade

Richard Sommer

382 Mobilidade urbana sustentável através de veículos elétricos levesWilliam J. Mitchell

398 Mobilidade sustentável em açãoFederico Parolotto

402 Sustentar a cidade diante do avanço da marginalidadeLoïc Wacquant

406 Uma teoria geral do urbanismo ecológicoAndrés Duany

412 A ecologia política do urbanismo ecológicoPaul Robbins

416 O modelo SynCity de sistema energético urbanoNiels Schulz, Nilay Shah, David Fisk, James Keirstead, Nouri Samsatli, Aruna Sivakumar, Celine Weber e Ellin Saunders

420 Cidade do petróleo: paisagens petrolíferas e futuros sustentáveisMichael Watts

425 Os campos de petróleo do delta do NígerEd Kashi

428 The UpwayRafael Viñoly

430 PESQUISA GSD: Seminário NairóbiJacques Herzog e Pierre de Meuron

MEDIR444 Cinco desafios ecológicos para a cidade

contemporâneaStefano Boeri

454 Revolucionar a arquiteturaJeremy Rifkin

456 O projeto CanarySusannah Sayler

458 “Desempenhabilidade”: sistemas de medição ambientais e planejamento urbanoSusannah Hagan

468 A cultura da naturezaKathryn Moore

472 Investigando a importância de parâmetros personalizados de modelagem energética: um estudo do Gund HallHolly A. Wasilowski e Christoph F. Reinhart

476 Percepção de densidade urbanaVicky Cheng e Koen Steemers

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482 a região do estuário de LondresSir Terry Farrell

484 Planeta Urbano: LondresDaniel Raven-Ellison

496 Iniciativas de sustentabilidade em LondresCamilla Ween

500 Além do LEED: uma avaliação do verde na escala urbanaThomas Schroepfer

502 Paisagens de especializaçãoBill Rankin

504 PESQUISA GSD Meio milhão de árvores: protótipos de locais e sistemas para cidades sustentáveisKristin Frederickson e Gary Hilderbrand

506 SlaveCity: cidade escravaAtelier Van Lieshout

510 ECOBox: rede ecourbana autogeridaatelier d’architecture autogérée

512 Intervenção urbana: praia na Plaza LunaEcosistema Urbano

COLABORAR516 Conforto e pegada de carbono

Alex Krieger

518 Urbanismo ecológico e equidade no domínio da saúde: uma perspectiva ecossocialNancy Krieger

520 Natureza, infraestruturas e a condição urbanaAntoine Picon

522 Sustentabilidade e estilo de vidaSpiro Pollalis

524 O urbanismo ecológico e a paisagemMartha Schwartz

526 A boa e velha escuridãoJohn Stilgoe

538 Estudos religiosos e urbanismo ecológicoDonald K. Swearer

530 O urbanismo ecológico e as literaturas da Ásia OrientalKaren Thornber

ADAPTAR536 Ecologias insurgentes: (re)tomar espaço em

paisagismo e urbanismoNina-Marie Lister

548 Madeira funcional: projeto computadorizado integral para uma superfície lenhosa responsiva ao climaAchim Menges

554 Como reduzir a pegada de carbono de GothamLaurie Kerr

560 Adaptabilidade em arquiteturaHoberman Associates, Ziggy Drozdowski e Shawn Gupta

568 PESQUISA GSD Mudanças climáticas, água, desenvolvimento e adaptação: como planejar com a incerteza (Almere, Países Baixos)Armando Carbonell, Martin Zogran e Dirk Sijmons

INCUBAR572 Equilíbrios e desafios da prática integrada

Toshiko Mori

578 O luxo da redução: sobre o papel da arquitetura no urbanismo ecológicoMatthias Sauerbruch

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584 Bank of AmericaCook+Fox Architects

588 PESQUISA GSD Um lugar no céu, um lugar no inferno: operações táticas em São PauloChristian Werthmann, Fernando de Mello Franco e Byron Stigge

590 In situ: especificidade local em arquitetura sustentávelAnja Thierfelder e Matthias Schuler

598 Projeto bioclimáticoMario Cucinella

600 Wangzhuang: ecocidade agrícolaArup

606 Planejamento urbano ecossistêmico, região DISEZ, SenegalecoLogicStudio

608 Cidade vegetal: sonhando com a utopia VerdeLuc Schuiten

610 Verticalismo (o futuro do arranha-céu)Iñaki Ábalos

616 Protótipos urbanosRaoul Bunschoten

622 Incubador de mudanças climáticas no estreito de TaiwanChora Architecture and Urbanism

629 A CIDADEIan McHarg

630 GSD: ECOLOGICALURBANISM BLOG DA CONFERÊNCIA

APÊNDICE642 Colaboradores

648 Agradecimentos

650 Índice

654 Créditos das ilustrações

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PREVERA previsão fica em algum lugar entre fazer planos definitivos e não fazer qualquer plano. Pegar uma bola é uma forma de previsão: você sabe que ela está vindo, mas não sabe exatamente onde vai cair – é como se antecipar às diversas possibilidades de sua chegada. Os textos desta parte de Urbanismo Ecológico preveem cidades do presente e do futuro e, como sugere Rem Koolhaas, para olhar para frente temos também que olhar para trás. Homi K. Bhabha nos diz que também é preciso refletir sobre o não construído, sobre o que, por alguma razão, não aconteceu: “É sempre cedo demais, ou tarde demais, para falar das ‘cidades do futuro’”, afirma Bhabha. Bruno Latour discute a exploração do espaço sideral, e em particular o desastre do ônibus espacial Columbia. Ele observa: “Não é apenas que o tempo passou. A maneira como costumava passar também mudou completamente”. Com isso, põe em dúvida nossos pressupostos sobre a modernidade, deixando-nos com as imagens do lançamento do Columbia e de seus destroços. Vivemos em um mundo onde as certezas do passados são fragmentos; no entanto, há também esperança nessas imagens, quando se pensa na rede de infraestruturas que mantém as partes conectadas.

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PREVER Avanços versus apocalipseRem Koolhaas

ZeekrachtOMA

Mumbai em minha mente: reflexões sobre sustentabilidadeHomi K. Bhabha

Planeta urbano: MumbaiDaniel Raven-Ellison e Kye Askins

Notas sobre a terceira ecologiaSanford Kwinter

Desigualdade social e mudanças climáticasUlrich Beck

Para um pós-ambientalismo: sete sugestões para uma “Nova Carta de Atenas” e A metrópole fracaAndrea Branzi

Obra fraca: “A metrópole fraca” de Andrea Branzi e o potencial de projeto do “urbanismo ecológico”Charles Waldheim

De “sustentar” a “habilidade”JDS Architects

Quarenta anos depois: de volta a uma Terra sublunarBruno Latour

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COLABORARPor um lado, parece-me tão óbvio que precisamos trabalhar fora das estruturas disciplinares e profissionais; por outro, é mais fácil dizer do que fazer. Esforços colaborativos são, em geral, tolhidos por divergências terminológicas e de linguagem, sem falar nas diferentes maneiras de pensar e trabalhar. Esta série de textos curtos de professores de diversos departamentos e faculdades da Harvard University ressalta não apenas as semelhanças nas perspectivas com respeito à ecologia, mas também as diferenças. Giuliana Bruno, por exemplo, discute a relação entre as artes visuais e o urbanismo ecológico e, em particular, o trabalho da artista islandesa Katrin Sigurdardóttir, cuja obra, de acordo com Bruno, demonstra que o urbanismo ecológico é “um produto da vida mental, propelido pelo movimento da energia mental e pelo impulso empático da emoção”. Verena Andermatt Conley explica As três ecologias de Félix Guattari, enquanto Leland D. Cott discute o reúso nas cidades – o que Guattari poderia ter chamado de “transdução”. Lawrence Buell fala do urbanismo ecológico como uma metáfora urbana; Preston Scott Cohen e Erika Naginski, sobre o lugar da natureza dentro da teoria arquitetônica; enquanto Lizabeth Cohen nos lembra que “um urbanismo sustentável não pode significar cidades verdes para os brancos ricos”. O texto de Margaret Crawford defende um urbanismo mais difuso, integrado com a agricultura e a horticultura, e um modelo de cidade drasticamente diferente das normas passadas.

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COLABORAR O campo de trabalho da arte Giuliana Bruno

Urbanismo ecológico e/como metáfora urbana Lawrence Buell

Preto e branco nas cidades verdes Lizabeth Cohen

O retorno da natureza Preston Scott Cohen e Erika Naginski

Práticas urbanas ecológicas: As três ecologias de Félix Guattari Verena Andermatt Conley

Renovar a cidade Leland D. Cott

Ambientes urbanos produtivos Margaret Crawford

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SENTIRSe pretendemos projetar a cidade de maneira mais ecológica, abraçando múltiplas ecologias, então precisamos conhecer melhor a cidade. Ao entender com mais profundidade as ecologias do ambiente urbano, podemos projetar com elas de forma mais variada e efetiva. Dois tipos de percepção serão discutidos nesta parte. Uma refere-se a como as tecnologias podem ser utilizadas para sentir (e entender) a cidade de um modo mais sutil; a outra refere-se aos cinco sentidos humanos do tato, olfato, audição e paladar, assim como a visão. O trabalho do SENSEable City Lab mostra como dados de telefonia celular podem ser utilizados para entender as discrepâncias nas rotas de pedestres na cidade e, como resultado, planejar melhor sua convergência com os sistemas de transporte público. Vemos aqui como o poder da tecnologia pode complementar os sentidos humanos. Enquanto isso, Sissel Tolaas desafia os urbanistas a considerar o sentido do olfato no planejamento de cidades. Com efeito, os cheiros são em geral menosprezados, mas não seria o caso de associar certas cidades a certos cheiros? E todos nós não temos opiniões sobre odores de que gostamos ou não? Isso levanta a questão sobre por que gostamos de certos cheiros e como eles podem eventualmente dar forma ao espaço. Em seu ensaio “Ecologias do Verde em Barein”, Gareth Doherty provoca arquitetos e urbanistas a considerar a cor na configuração da cidade, em especial a associação entre verde e ambientalismo. Em alguns climas, o verde não é uma cor fácil de manter. Prestando mais atenção, entendendo e sentindo melhor o contexto, podemos intervir com mais precisão.

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SENTIR A cidade sob a perspectiva do nariz Sissel Tolaas

TALKING NOSE - Cidade do México Sissel Tolaas

CitySense: uma rede de sensores em escala urbana Matt Welsh e Josh Bers

Eat love Marije Vogelzang

Ecologias autoconstruídas Christine Outram, Assaf Biderman e Carlo Ratti

Ecologias do verde em Barein Gareth Doherty

Toque-me, sou teu Luke Jerram

Mapeando Main Street Jesse Shapins, Kara Oehler, Ann Heppermann e James Burns

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SENTIR

Ecologias do verde em BareinGareth Doherty

Como cor, o verde não existe por si mesmo: é uma mistura de azul com amarelo. As cores, no entanto, têm fronteiras subjeti-vas, e o ponto no qual o que consideramos azul se torna verde, ou o verde se torna amarelo, depende em grande parte da cultura eda língua do observador, assim como do contexto. Os antropólo-gos Brent Berlin e Paul Kay escreveram, em 1969, sobre a relati-vidade das cores nas várias culturas; além disso, descobriramque quase sempre há uma palavra para verde, mesmo quandonão existe palavra para azul.1

Filósofos também se dedicaram à questão da cor, mas não chegaram a um consenso sobre se um objeto é de fato colorido ou não. Alex Byrne e David Hilbert delineiam quatro posições prin-cipais sobre a cor na filosofia: os eliminativistas dizem que a cor não é parte de um objeto e a veem como uma espécie de ilusão; para os disposicionalistas, “a propriedade verde (por exemplo) é uma disposição para produzir certos estados perceptivos: grosso modo, a disposição de parecer verde”; fisicalistas, como Byrne e Hilbert, encaram o verde como uma propriedade física do objeto; enquanto os primitivistas concordam que objetos têm cores, mas não concordam que a cor é idêntica à propriedade física do obje-to colorido.2

Contudo, verde é mais que uma cor; é vegetação, espaço aber-to, um tipo de construção ou de urbanismo, uma causa ambien-tal, um movimento político, “a última moda”. Cor da fotossíntese e da clorofila, o verde é principalmente visto como revigorante, exuberante e saudável (exceto quando se refere ao tom da pele humana). Apresentadores de TV descansam em “salas verdes” e os aventais dos médicos (nos Estados Unidos) em geral são ver-des – para contrastar com o vermelho do sangue. Como adjetivo, verde pode significar imaturidade ou o frescor da juventude.

As ilhas de Barein são as menores, as mais densas e proporcio-nalmente as mais verdes entre os estados árabes do golfo Pérsi-co. Com dezesseis quilômetros de largura por 48 de comprimen-to, o reino é menor que Londres ou Nova York, quase do mesmo tamanho que Cingapura.

À medida que a cidade-estado se transforma em uma paisa-gem intensamente urbana, voltada para as demandas de uma população crescente e com uma área limitada de terra, os tons de verde de Barein estão mudando e, com eles, as ecologias da socie-dade, política e infraestrutura com as quais o verde está ineren-temente interligado. Os verdes acinzentados dos bosques de tamareiras nativas estão sendo substituídos pelos verdes radiantes dos gramados de canteiros de avenidas, rotatórias, áreas comuns de condomínios residenciais e empreendimentos

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de lazer. Manter áreas verdes em um ambiente tão marcadamen-te urbano não é muito verde do ponto de vista ambiental, consi-derando os recursos em geral necessários para tal. Barein repre-senta um exemplo extremo do impulso de criar áreas urbanas verdes, um impulso que é ao mesmo tempo global e local.

Barein significa literalmente “Dois Mares” em árabe. Um mar, o golfo, separa Barein do Irã a leste e da Arábia Saudita a oeste (à qual é ligada por uma ponte de 32 km). O outro “mar” de água doce brota do aquífero de Damman, que se origina acima da superfície terrestre na Arábia Saudita e corre para o leste sob o mar, perfurando o leito marítimo em torno do arquipélago de Barein, assim como as ilhas, criando assim uma abundância de nascentes.3 Como resultado, Barein ganhou uma importância regional desproporcional ao tamanho de sua área terrestre, sobretudo graças a essas fontes de água doce que abastecem suas áreas verdes e seu urbanismo.

Embora geralmente considerado um antídoto ao urbano, em ambientes áridos o verde (em forma de áreas cultivadas) indica, em geral, a presença de povoamentos humanos. Os vilarejos que pontuavam as áreas verdes de Barein foram por milênios abaste-cidos pelas fontes de água doce e pelos pomares e hortas que existiam entre e sob os bosques verdes acinzentados de tamarei-ras, até que as pressões do aumento da população e do desenvol-vimento na última parte do século XX perturbaram essa relação. Hoje, Barein usa a maior parte de suas reservas de água para irrigar as áreas agrícolas remanescentes, que produzem apenas 11% dos alimentos do país e menos de 0,05% da renda nacional. Essa agricultura foi o que restou de um tempo em que o país era autossuficiente, com uma população muito menor – Barein cres-ceu de 70 mil habitantes nos anos 1920 para mais de um milhão hoje.

Um sistema complexo de canais de irrigação, os qanats, era alimentado pelas fontes de água doce, e a água era distribuída de acordo com leis consuetudinárias sobre a irrigação que assegu-ravam um acesso justo aos fazendeiros.4 “O lago Adhari mata de fome os próximos e alimenta os distantes”, diz um provérbio local referindo-se ao sistema de irrigação que, devido à topogra-fia e à gravidade, fornecia água para jardins distantes mas não para os que estavam perto.5 A proximidade das fontes em rela-ção às áreas verdes foi ainda mais perturbada em razão dos poços artesianos perfurados durante as décadas de 1920 e 1930 (propiciando indiretamente a descoberta de petróleo), que levou a um rápido aumento do verde em Barein – segundo alguns, as áreas verdes quase dobraram entre meados da década de 1930 e início da de 1970.6 Porém, com o tempo isso contribuiu para a extração excessiva e o subsequente esgotamento e salinação das reservas subterrâneas de água.

As plantações de tâmaras são as áreas verdes mais icônicas e distintivas de Barein, mas estão diminuindo rapidamente. Leis

O verde exuberante dos jardins e pomares contrasta com o branco e o marrom do deserto.

175Ecologias do verde em Barein

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SENTIR

urbanísticas permitem a construção em apenas 30% das áreas agrícolas (em contraste com todas as áreas não agrícolas); assim, muitos proprietários de terra procuram ter suas terras desclas-sificadas como agrícolas para poderem construir nelas. Se a ter-ra não é mais verde, não é mais considerada agrícola, então o verde deve ficar tão branco como as areias do deserto por meio de uma negligência ativa.

Um incorporador imobiliário me disse que é fácil reconstruir o verde dos bosques de tâmaras – que mesmo que as tamareiras sejam cortadas para construir casas, as áreas verdes podem ser replantadas com árvores e gramados para reproduzir o mesmo efeito. Gostaria que fosse tão fácil. Existe algo muito verde nesses espaços que é uma parte indispensável de seu encanto: a riqueza dos tons, a gama de texturas, a variedade e a intensidade das sombras. O fascínio pelo verde é mais do que simples nostalgia, muito mais do que saudade de uma época passada que não pode mais ser recuperada. Muitos desses espaços, quer estejam sendo cuidados ou abandonados, parecem solenes e imemoriais. Muito de seu valor vem de sua história acumulada por milênios de cul-tivo, assim como dos microclimas que as plantações produzem. A urbanidade daquele verde não pode ser recuperada; pode ser imitada, mas não resgatada.

Ao escrever sobre a vida social das tamareiras de Barein, Fuad Khuri afirma que a cultura das tâmaras nas ilhas era tão elabo-rada como a cultura dos camelos entre os nômades pastorais da Arábia central.7 Existem mais de mil palavras para camelo em árabe; não tenho certeza de quantas palavras existem para tâma-ras ou para vegetação, mas um fazendeiro de Barein me contou que deu nomes às tamareiras próximas à sua casa, como a seus filhos, e assim elas são tratadas como membros da família. É uma grande honra para um visitante ser servido com tâmaras dessas árvores. Era comum que os fazendeiros plantassem árvo-

Mapa de Barein, 1901-1902, mostrando os bosques de tamareiras na costa norte

> Alguns dos muitos tons de verde de Barein

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res para comemorar o nascimento dos filhos. Atribui-se a Shaikh Isa, um antigo governante, o dito: “A palmeira é nossa mãe, pode-mos viver sob ela”.8

As tamareiras forneciam material de construção para as barasti, as casas de verão tradicionais. Com efeito, todas as par-tes da árvore tinham um uso: as folhas, o tronco e as tâmaras, cada qual tinha seu papel. Uma dieta de tâmaras supostamente fornece os nutrientes básicos para as necessidades do corpo humano. A estação das tâmaras começa em maio e se estende até outubro ou novembro, dependendo da variedade. As tamareiras formavam apenas uma camada em pomares com diversas frutas, incluindo romãs, bananas, mangas e alfafa, todas protegidas do sol flamejante pelas grandes árvores. As tamareiras têm a capa-cidade de se tornar urbanas, já que penetram em tantos aspectos da vida de Barein, fornecendo alimentos , abrigo, materiais de construção, espaços sociais e status social, além de terem seu papel nas industrias complementares e na produção agrícola e servirem como mote de poesia e folclore.

Ao mesmo tempo que ofereciam fontes de alimentos e empre-gos, os bosques de tamareiras também eram espaços de recrea-ção para a elite. Ao proteger do sol escaldante, os bosques propi-ciavam espaços agradáveis para encontros sociais, especialmente durante os meses de verão. Possuir áreas verdes em Barein tinha, e ainda tem, significados sociais complexos. Grandes plantações de tâmara pertenciam aos mercadores da cidade, que investiam nelas não pelo que produziam, mas pelo status da propriedade. Trabalhadores eram contratados para tomar conta dos pomares, fornecendo algumas cestas de tâmaras por semana aos proprie-tários. Os comerciantes ricos de Manama, a capital, traziam suas famílias para os bosques de tâmara nas tardes de sexta-feira e convidavam parentes e amigos para juntarem-se a eles até as preces do maghrib ao pôr do sol. Algumas vezes, distribuíam convites impressos convidando amigos a visitarem a proprieda-de na ausência do mercador.9

É importante salientar que os pomares de tâmaras do passado não eram tão rentáveis como são hoje. Uma grande propriedade perto de Manama, ao lado de Ain Adhari (uma antiga fonte importante que já secou e será substituída em 2008 por uma pis-cina artificial) foi vendida em 1943 por 40 mil rúpias (aproxima-damente 1,2 milhão de dólares), enquanto uma loja no bazar no centro de Manama, naquela época, custava 4 mil rúpias. Essa terra foi então alugada por um valor de 27,5 rúpias por mês, garantindo assim uma renda anual de 330 rúpias, ou aproxima-damente 1% do valor da propriedade. Não foi exatamente um bom investimento financeiro, e, portanto, parece razoável dedu-zir que a compra deve ter sido feita pelo prestígio social que a propriedade iria conferir.10

Enquanto os proprietários dos pomares pertenciam historica-mente a um grupo de elite das famílias dirigentes e de mercadores,

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SENTIR

os rendeiros que trabalhavam neles pertenciam, em geral, à comunidade xiita Baharna, que vivia nas aldeias vizinhas. O ver-de também é intensamente impregnado na identidade xiita. Durante as comemorações do martírio do imame Hussein, nos primeiros dez dias do mês do Muharram, o centro de Manama é coberto com bandeiras e estandartes verdes, e as ruas são salpi-cadas com manjericão, mashmoom, já que o verde é considerado a cor de Hussein e do Islã. Toda quinta-feira à noite é comum ainda levar ramos verdes de mashmoom para as sepulturas nos cemitérios xiitas.

Os bareinenses suficientemente velhos para lembrar do mosaico de bosques de tamareiras lamentam sua destruição. É importante, no entanto, não romantizar excessivamente o passa-do e reconhecer que a destruição dos pomares de tâmaras não é um fenômeno recente, embora a escala e o ritmo da destruição tenham certamente acelerado. Curtis Larsen, em Life and Land Use on the Bahrain Islands: The Geoarchaeology of an Ancient Society, cita E.L. Durand, o residente político britânico em Bushi-re, que fez a seguinte observação quando visitou Barein em 1879: “Predominante entre as árvores está naturalmente a tamareira, e alguns dos pomares de tâmara são exuberantes. Muitos, no entanto, estão sendo destruídos, resultado de um mau governo, e em alguns lugares que eram antigamente pomares viridentes, não sobrou nem uma árvore”.11

No passado, os bosques de tâmaras eram pontuados com aldeias onde viviam fazendeiros e pescadores – observe as águas verdes rasas do mar. Agora, casas de praia substituem os bosques com outros verdes menos variados.

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Embora as aldeias fossem entrelaçadas com áreas verdes, o centro de Manama nunca foi muito verde. Andando hoje pelo souq, não se encontra muito verde afora uma ou outra árvore ou um matinho rebentando nas frestas da calçada. Existem muitas persianas verdes e algumas portas verdes, talvez como compen-sação parcial à falta de áreas ajardinadas na cidade. Foi no perí-odo da urbanização do início dos anos 1970, logo após a indepen-dência completa da Inglaterra, que o verde e a cidade realmente começaram a se harmonizar em Barein. Nelida Fuccaro liga isso à crise do petróleo desencadeada pela guerra árabe-israelita de 1973.12 Foi durante esse período, quando a área rural verde, com suas aldeias, e a cidade branca e cinza se tornaram subsequente-mente uma só no imaginário popular, que as pessoas da cidade pararam de ir passear nos pomares nos fins de semana. O jardim não era mais “o outro”; ao contrário, tornou-se “corrompido” e considerado parte da cidade. O verdor especial dos pomares foi prejudicado pelo desenvolvimento imobiliário dos últimos trinta anos. O território limitado de Barein torna a demanda por terra e a continuidade dos usos passados do verde insustentável. Ao mesmo tempo, as extensas infraestruturas de distribuição de água e esgoto tratado hoje oferecem a possibilidade de mais ver-de para a maior parte de Barein.

Novos condomínios residenciais verdes em Barein, com nomes como Green Oasis, são compensações parciais pelos bosques de

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SENTIR

tamareiras perdidos. Ao lado das tamareiras das rotatórias, dos canteiros centrais e dos canteiros centrais de avenidas VIP (ave-nidas concebidas para ter uma área verde “extraverdejante”, mas também com considerações de segurança), eles representam o verde da Barein contemporânea. Tais espaços residenciais e de infraestrutura de transporte são importantes porque são o verde que a maioria das pessoas encontra na vida cotidiana. Os cantei-ros laterais verdes bordeando as avenidas não apontam tanto para o passado – embora as tamareiras simbolizem outros tem-pos –, mas dizem mais sobre o presente de Barein, seu lugar no mundo e suas aspirações para o futuro. Anúncios típicos de novos empreendimentos imobiliários, geralmente em outdoors à beira das estradas, mostram a maior parte da imagem como ver-de, em vez de apresentar as construções que estão anunciando.

Aos fins de semana e à noite, não é raro ver estrangeiros fazen-do piquenique nos canteiros laterais das avenidas, a despeito do trânsito. (Dizem que os bareinenses nunca fariam isso.) As pal-meiras que margeiam as vias, embora em geral de espécies e tons de verde diferentes das plantações tradicionais, ainda mantêm um pouco de seu valor social e agrícola. As tamareiras no Bahrain Financial Harbour, construído na área recuperada do antigo porto no centro de Manama, são polinizadas na primavera, e as tâmaras são colhidas no outono por trabalhadores imigrantes de baixa renda, para consumo pessoal.

Os pomares de tâmaras e as rotatórias e canteiros de avenidas têm valores sociais similares. As áreas verdes à beira das aveni-das podem ser vistas como os bosques de tamareiras de hoje. Ambos têm certo tipo de produção, embora as qualidades produ-tivas sejam obviamente diferentes: os pomares são agrícolas, enquanto as áreas verdes à beira das estradas indicam outra produtividade econômica, o resultado do desenvolvimento imo-biliário, uma paisagem de transformação. A abundância de rota-tórias verdes e de canteiros centrais ajardinados com petúnias das cores nacionais (vermelho e branco) celebram o poder e a benevolência do Estado. Como pode ser visto em muitos outdo-ors de beira de estrada com retratos do rei, do primeiro ministro e do príncipe herdeiro invariavelmente colocados ao lado de áre-as naturais, os governantes se mostram felizes de serem associa-dos ao verde.

“Juntos, vamos tornar Barein verde”, exortavam os organizado-res da exposição internacional de jardinagem Riffa Views Bahrain 2008, que também patrocinaram um concurso de paisa-gismo entre as escolas locais chamado “The Riffa Views Eden Challenge”. A exposição internacional, que acontece por três dias todos os anos, é uma das três organizações em Barein sob o patrocínio direto do rei, Hamad bin Isa Al-Khalifa. O verde man-tém sua posição como catalisador social, com o Clube de Jardi-nagem refletindo um interesse crescente em coisas verdes e belas e, por associação, régias.

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O poder transformativo de verdejar o deserto é extraordinário. Converter o que era árido em algo verdejante é provar que os sonhos podem se tornar realidade, que dá para conquistar o impossível, que o paraíso pode ser construído na terra. Ao escre-ver The Social Life of Trees, Maurice Bloch, invocando Claude Lévi-Strauss, mantém que para ser efetiva, uma transformação precisa ter certa importância.13 Por exemplo, transformar deser-to árido em cascalho ou concreto não é uma transformação tão potente quanto tornar o deserto verde. A presença do deserto, no entanto, não é facilmente esquecida.

Este texto foi adaptado da minha pesquisa de doutorado na Graduate School of Design de Harvard University.1 Berlin, Brent e Kay, Paul. Basic Color Terms: Their Universality and Evolution. Berkeley, University of California Press, 1969, pp. 2-4.2 Byrne, Alex e Hilbert, David. Readings on Color: The Philosophy of Color, v. 1 Cambridge, MIT Press, pp. xi-xxv, 19973 As nascentes que brotam no fundo do mar provocam uma coloração particular em suas águas verdes, assim como um lustre particular nas pérolas, um elemento importante da economia de Barein até os anos 1930.4 Veja Serjeant, R.B. “Customary Irrigation Law among the Baharnah of Bahrain”. In Al--Khalifa, Shaikh Abdullah bin Khalid e Rice, Michael (orgs.). Bahrain Through the Ages: The History. Londres e Nova York, Keegan Paul International, 1993, pp. 471-496.5 Ali Akbar Bushehri, apresentação reali-zada em 21/04/2008. Veja também Fuc-caro, Nelida. Histories of City and State in the Persian Gulf. Cambridge, Cambridge University Press, 2009, p. 23. Como Fuc-caro sugere, o provérbio também se refere cinicamente à apropriação dos recursos de Barein pelos estrangeiros.

6 Veja Hamouche, Mustapha Ben. “Land--Use Change and its Impact on Urban Planning in Bahrain: A GIS Approach”. Conferência “Proceedings of the Middle East Spatial Technology”, Barein, dez. 2007. Acessado em 26/06/2009: <www.gisdevelopment.net/proceedings/mest/200 7/RemoteSensingApplicationsLanduse.htm>7 Khuri, Fuad. Tribe and State in Bahrain: The Transformation of Social and Political Authority in an Arab State. Chicago, Uni-versity of Chicago Press, 1980, p. 39.8 Khunji, Fareeda Mohammed Saleh. The Story of the Palm Tree. Barein, 2003, p. 45.9 Ali Akbar Bushehri, comunicação pes-soal, 25/04/2008.10 Dos arquivos de Ali Akbar Bushehri.11 Larsen, Curtis. Life and Land Use on the Bahrain Islands: The Geoarchaeology of an Ancient Society. Chicago, University of Chicago Press, 1983, p. 22.12 Fuccaro. Histories of City and State in the Persian Gulf, p. 229.13 Bloch, Maurice. “Why Trees, Too, Are Good to Think With: Towards an Anthropo-logy of the Meaning of Life”. In Laura Rival (org.). The Social Life of Trees. Nova York, Berg Publishers, 1998, pp. 39-40. Bloch cita o exemplo da transformação do vinho em sangue na missa católica; a transfor-mação não seria tão intensa se fosse de vinho em whisky.

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CURARCurar em escala urbana implica um envolvimento ativo e simultâneo entre o projeto e a gestão das várias ecologias locais: ambientais, sociais e políticas. Tome a seleção de projetos urbanísticos de Herbert Dreiseitl, que colocam a água no centro da intervenção. Combinando estratégias tradicionais de gestão da água com seu uso urbano para recreação e programas ecológicos, Dreiseitl desenvolveu um plano inovador para recuperar os recursos hídricos de Cingapura, transformando águas residuais em recursos. De forma similar, Anuradha Mathur e Dilip da Cunha questionam se o reconhecimento da monção anual como um benefício, em vez de uma inconveniência ou um problema público, resultaria em uma forma urbana radicalmente diferente em Mumbai. O trabalho de Mitchell Joachim e seus colaboradores sugere maneiras de unir gestão e projeto. De acordo com Joachim, “alinhamo-nos àqueles que estão propondo um novo sentido para a cidade, que privilegiam o jogo da natureza sobre os caprichos antropocêntricos [...] Essas iterações de projeto funcionam porque ativaram a ecologia tanto como um símbolo produtivo quanto como um artefato que evolui”. Curar se relaciona com incubar. Como Raoul Bunschoten nos conta bem mais adiante no livro, temos que ser curadores e artistas e tratar o planejamento urbano como uma forma de arte, “criando novas realidades, dando forma a novas visões de futuro com as quais as pessoas possam se envolver com seus corações e suas almas”. Curar se torna um dispositivo criativo não apenas para fazer e administrar, mas também para projetar.

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Para uma cura dos recursos Niall Kirkwood

O mar e a monção interna: um manifesto de Mumbai Anuradha Mathur e Dilip da Cunha

Ecocidades transcendentais ou segurança ecológica urbana? Mike Hodson e Simon Marvin

Paisagens aquíferas em Cingapura Herbert Dreiseitl

Elevar o nível da água em um viveiro de peixes Zhang Huan

Imaginando cidades ecológicas Mitchell Joachim

Retorno à natureza Sandi Hilal, Alessandro Petti e Eyal Weizman

Harmonia 57 Triptyque

Fundamentos para uma estratégia urbana sustentável Michael Van Valkenburgh Associates

Center Street Plaza Hood Design

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PRODUZIRCidades consomem recursos. Mas seriam capazes de produzir mais do que consomem, provendo energia e alimento em abundância, assim como riqueza e bem-estar? Um fato bastante citado, por exemplo, é que mais da metade da população mundial vive hoje em cidades; contudo, mais de três quartos da energia do mundo é usada pelas cidades. Se as cidades quiserem se tornar mais produtivas, então é imperativo ir além da ideia de que a produção de energia, e suas indústrias conexas, só pode acontecer afastada dos centros. Os jardins verticais da Vector Architects são provocações para nos forçar a questionar se a produção de alimentos pode vir a ser integrada à cidade. Indo além, o trabalho de Sheila Kennedy da KVA MATx sugere um futuro no qual os edifícios podem gerar eletricidade e, consequentemente, exigem menos infraestrutura urbana. A ZEDfactory de Bill Dunster é um exemplo de como princípios de cura e produtividade são integrados em um empreendimento de escala urbana, enquanto Kongjian Yu mostra que a produção de alimentos não é incompatível com um campus universitário. A ecocidade Logroño e a ecotorre La Tour Vivante são exemplos de paisagens hibridizadas. É na sobreposição diversa de paisagens e edifícios que as ideias de produtividade dentro das cidades são mais radicais – e produtivas.

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Subestruturas, supraestruturas e infraestruturas energéticasD. Michelle Addington

Parque de ondasPelamis Wave Power Ltd.

CR Land Guanganmen: showroom de tecnologia verdeVector Architects

Às fazendas, cidadãos!Dorothée Imbert

Rio Local: guarda-peixes doméstico com hortaMathieu Lehanneur e Anthony van den Bossche

Soft Cities: cidades flexíveisKVA MATx

ZEDfactoryBill Dunster

Ecocidade LogroñoMVRDV

A revolução do pé grandeKongjian Yu

La Tour Vivante, ecotorresoa architectes

PRODUZIR

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COLABORARAmy C. Edmondson, professora da Harvard Business School, adverte que pesquisas mostram que os esforços colaborativos entre pessoas com ideias afins são mais bem-sucedidos do que entre grupos diversificados. Uma liderança forte é necessária para coordenar tais esforços, assim como um respeito recíproco e o reconhecimento das várias linguagens e maneiras de trabalhar. A investigação de David Edwards sobre purificação do ar é seguida da provocação de Susan S. Fainstein sobre justiça social. É naquilo que em um primeiro momento pode parecer uma contradição que surge a esperança de novas possibilidades. As questões relativas à qualidade do ar e à justiça social não têm relação entre si? Sem dúvida são mutuamente relacionadas. É nessas supostas contradições que podemos descobrir algumas das respostas para a cidade contemporânea e futura. Edward Glaeser, por exemplo, defende a vida em locais mais temperados, longe dos climas extremos, excessivamente quentes ou frios; no entanto, as zonas temperadas são em geral as mais preservadas: “Se os Estados Unidos querem se tornar mais verdes, então deveriam favorecer mais construção em San Francisco e menos em Houston”. Por que consideraríamos essas cidades mais verdes? Uma das questões que esses textos expõem são os sistemas de medição , assim como a linguagem que usamos para avaliar o urbanismo ecológico. Donald E. Ingber, diretor do Wyss Institute for Biologically Inspired Engineering da Universidade de Harvard, oferece alguns modelos de como as cidades poderiam evoluir no futuro. E adverte que esses esforços exigirão que colaboremos de maneiras jamais experimentadas.

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Desafios de gestão na transformação urbana: organizar para aprenderAmy C. Edmondson

Purificação do ar em cidadesDavid Edwards

Justiça social e urbanismo ecológicoSusan S. Fainstein

Como administrar a cidade ecológicaGerald E. Frug

Futuro subterrâneoPeter Galison

Temperado e limitadoEdward Glaeser

Arquitetura bioinspirada adaptável e sustentabilidadeDonald E. Ingber

COLABORAR

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INTERAGIRA ecologia, como o “estudo das interações dos organismos com o meio ambiente”, é baseada no princípio da influência mútua. Em seus mapas de regiões urbanas, Richard T. T. Forman investiga a interação entre metrópoles e o interior. Formam registra em mapa 38 regiões urbanas, áreas de 1.000 km2 ou mais, demonstrando no processo que não se pode entender uma cidade em seus limites físicos: as cidades interagem com suas regiões e muito além delas. Chris Reed enxerga a ecologia como “uma ideia (uma força) mais informativa e formadora provocante sobre como as cidades são feitas, e como evoluem ativamente, reconfiguram-se e são reconfiguradas ao longo do tempo”. Pierre Bélanger sugere que a infraestrutura fornece a estrutura que conecta regiões e cidades ao longo do tempo: é o meio a partir do qual as interações ocorrem. O diagrama da cidade de Nova York elaborado por Christoph Niemann ilustra as interações geradas pelas múltiplas infraestruturas da cidade. Enquanto isso, o trabalho coletivo dos artistas do Rebar, de San Francisco, está na seção sobre urbanismo gerado pelo usuário, o que eles descrevem como “o urbanismo dos táticos, daqueles que inventam usos temporários e interinos, e que buscam vazios, nichos e brechas no tecido socioespacial”. A obra do Rebar enfatiza que as interações humanas são um fator fundamental no urbanismo ecológico.

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Ecologia urbana e distribuição da natureza nas regiões urbanasRichard T. T. Forman

A agência da ecologiaChris Reed

A infraestrutura da cidade de Nova YorkChristoph Niemann

Redefinindo infraestruturaPierre Bélanger

Urbanismo gerado pelo usuárioRebar

Experimentos urbanos ecológicos em espaços públicosAlexander J. Felson e Linda Pollak

Uma visão holística do fenômeno urbanoSalvador Rueda

O novo sistema de parques de GwanggyoYoonjin Park e Jungyoon Kim (PARKKIM)

Uma metodologia para inovação urbanaAlfonso Vegara, Mark Dwyer e Aaron Kelley

GreenmetropolisHenri Bava, Erik Behrens, Steven Craig e Alex Wall

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MOBILIZARPor um lado, mobilizar pode se referir a congregar pessoas para participarem de uma atividade social; por outro, também pode se referir à movimentação. Como Richard Sommer nos conta em seu texto, “Mobilidade, Infraestrutura e Sociedade”, esses não são aspectos mutuamente incompatíveis da cidade: a mobilidade e a justiça social estão interligadas. Ao pensar em cidades mais ecológicas, questões de mobilidade são de suma importância. O texto de William J. Mitchell discute possíveis modos de transporte do futuro. O CityCar é estacionado perpendicular à calçada, em vez de paralelo a ela, significando que mais veículos podem caber na cidade. Mas o mais radical é o sistema baseado no princípio da mobilidade sob demanda, no qual os carros são abastecidos com eletricidade gerada in loco. Tal sistema tende a ser mais socialmente igualitário, dando acesso aos carros para grupos de menor renda que seriam normalmente excluídos. Andrés Duany, em sua teoria geral sobre o urbanismo ecológico, revela as insuficiências dos urbanismos velho, novo e paisagístico, que privilegiavam ou a diversidade natural ou a socioeconômica, e sugere que o urbanismo ecológico oferece soluções futuras mais justas ao reconhecer as preocupações naturais e socioeconômicas ao mesmo tempo.

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Mobilidade, infraestrutura e sociedadeRichard Sommer

Mobilidade urbana sustentável por meio de veículos elétricos levesWilliam J. Mitchell

Mobilidade sustentável em açãoFederico Parolotto

Sustentar a cidade diante do avanço da marginalidadeLoïc Wacquant

Uma teoria geral do urbanismo ecológicoAndrés Duany

A ecologia política do urbanismo ecológicoPaul Robbins

O modelo SynCIty de sistema energético urbanoNiels Schulz, Nilay Shah, David Fisk, James Keirstead, Nouri Samsatli, Aruna Sivakumar, Celine Weber e Ellin Saunders

Cidade do petróleo: paisagens petrolíferas e futuros sustentáveisMichael Watts

Os campos de petróleo do delta do NígerEd Kashi

The UpwayRafael Viñoly

PESQUISA GSD Seminário NairóbiJacques Herzog e Pierre de Meuron

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MEDIROs sistemas de medição que usamos para medir as cidades ecológicas são fundamentais para embasar nossos projetos. Stefano Boeri esquematiza cinco desafios das políticas urbanas de grande escala, propondo novas ideias para conectar a ecologia urbana com o desenvolvimento econômico das cidades. O urbanismo ecológico deveria criar novos híbridos, superar fronteiras disciplinares e equilibrar os binários estabelecidos entre o meio ambiente e a economia, a tecnologia e o homem, o racional e o irracional e, como Kathryn Moore sugere, a natureza e a cultura. Kristin Frederickson, Gary Hilderbrand e seus alunos mostram como uma típica rua arborizada norte-americana, algo geralmente considerado sustentável, tem na realidade uma pegada de carbono supreendentemente alta. Eles perguntam se as árvores de ruas deveriam ser cultivadas in loco, no lugar de serem importadas de muito longe. Enquanto isso, Bill Rankin sugere que cultivar no local não é sempre melhor. Depende, é claro, de como se mede a sustentabilidade, e as respostas são especificas a cada questão e contexto. A SlaveCity do Atelier Van Lieshout (AVL) faz uma paródia do fenômeno contemporâneo das ecocidades. Ela toma a lógica da sustentabilidade, incluindo nosso apego ávido à reciclagem, um planejamento bem determinado e o compromisso com a energia zero, tudo dentro de um regime econômico estrito, para uma resolução extrema. “A SlaveCity é uma cidade verde que não desperdiça os recursos do mundo”. O AVL apresenta uma cidade que gera bastante lucro e é sustentável com base em vários sistemas de medição – mas a que custo humano?

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Cinco desafios ecológicos para a cidade contemporânea Stefano Boeri

Re(e)volucionar a arquitetura Jeremy Rifkin

O projeto Canary Susannah Sayler

“Desempenhabilidade”: sistemas de medição ambientais e planejamento urbano Susannah hagan

A cultura da natureza Kathryn Moore

Investigando a importância de parâmetros personalizados de modelagem energética: Um estudo do gund hall Holly A. Wasilowski e Christoph F. Reinhart

A percepção da densidade urbana Vicky Cheng e Koen Steemers

A região do estuário de LondresSir Terry Farrell

Planeta urbano: Londres Daniel Raven-Ellison

Iniciativas de sustentabilidade em Londres Camilla Ween

Além do LEED: uma Avaliação do Verde na Escala UrbanaThomas Schroepfer

Paisagens de especialização Bill Rankin

PESQUISA GSD Meio milhão de árvores: protótipos de locaisbe sistemas para cidades sustentáveis Kristin Frederickson e Gary Hilderbrand

SlaveCityAtelier Van Lieshout

ECOBox: rede ecourbana autogerida atelier d’architecture autogérée

Intervenção urbana: praia na plaza Luna Ecosistema Urbano

MEDIR

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COLABORARA seção “Colaborar” aparece três vezes no livro, em parte para reforçar a ideia de que colaborar é um aspecto essencial do urbanismo ecológico. A cada professor que escreve nesta seção foi pedido que discutisse brevemente sustentabilidade segundo sua posição disciplinar. Os textos foram organizados alfabeticamente conforme seus títulos em inglês, criando uma ordem tematicamente arbitrária, para destacar não tanto as similaridades, mas as divergências entre as abordagens. Diversos textos desta seção dizem respeito às relações entre sustentabilidade e estilo de vida. John Stilgoe nos lembra de apagar as luzes, não tanto como um aspecto punitivo da sustentabilidade, mas como uma maneira de aproveitar a noite. Antoine Picon escreve sobre a relação entre natureza, infraestrutura e urbanismo; enquanto Nancy Krieger demonstra uma relação entre longevidade e contexto social e urbano. Donald Swearer sugere que o urbanismo ecológico não deveria ser “apenas verde, mas de todas as cores do arco-íris – um símbolo de esperança, expectativa, aspiração e promessa” (p. 529). O urbanismo ecológico tem, de fato, inúmeras vozes.

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Conforto e pegada de carbono Alex Krieger

Urbanismo ecológico e equidade no domínio da saúde: uma perspectiva ecossocial Nancy Krieger

Natureza, infraestruturas e a condição urbana Antoine Picon

Sustentabilidade e estilo de vida Spiro Pollalis

O urbanismo ecológico e a paisagem Martha Schwartz

A boa e velha escuridãoJohn Stilgoe

Estudos religiosos e urbanismo ecológico Donald K. Swearer

O urbanismo ecológico e as literaturas da Ásia Oriental Karen Thornber

COLABORAR

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ADAPTARA adaptação é uma característica que se refere tanto ao estado atual do ser quanto ao processo pelo qual um organismo responde a mudanças das condições ambientais para sobreviver. Nina-Marie Lister iguala arquitetura adaptável a design sustentável. Ela nos conta: “Uma arquitetura resiliente, adaptável e, por conseguinte, sustentável significa uma arquitetura capaz de ‘prosperar’, devendo necessariamente incluir saúde econômica e ecológica, além de vitalidade cultural, entre os objetivos do planejamento e do projeto”. De uma perspectiva urbana, ambientes adaptáveis antecipam mudanças. Lister continua nos dizendo que precisamos projetar ecologias que sejam ao mesmo tempo “contextuais e deliberativas”. Os exemplos de madeira funcional de Achim Menges mostram como um material se torna adaptável com o tempo. Enquanto isso, as Adaptive Fritting [Fritas Adaptáveis] de Chuck Hoberman, uma instalação na Graduate School of Design de Harvard, são um protótipo de sistema material que permite que o arquiteto microcontrole a experiência do usuário. Hoberman nos conta que está interessado em como “pequenos movimentos levam a mudanças macroscópicas, [pois] transformações físicas em organismos ocorrem por meio da agregação de muitos pequenos movimentos”. A coordenação contextual e deliberativa de pequenas intervenções como essas ao longo do tempo pode nos ajudar a desenhar e planejar ecologias urbanas adaptáveis.

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Ecologias insurgentes: (re)tomar espaço em paisagismo e urbanismoNina-Marie Lister

Madeira funcional: projeto computadorizado integral para uma superfície lenhosa responsiva ao climaAchim Menges

Como reduzir a pegada de carbono de gothamLaurie Kerr

Adaptabilidade em arquiteturaHoberman Associates, Ziggy Drozdowski e Shawn Gupta

PESQUISA GSD Mudanças climáticas, água, desenvolvimento e adaptação: como planejar com a incerteza (Almere, Países Baixos)Armando Carbonell, Martin Zogran e Dirk Sijmons

ADAPTAR

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INCUBARQuando pensamos em incubação, podemos pensar em um pássaro chocando ovos em um ninho, ou em pintinhos recém-nascidos. Incubar sugere a ideia de um cuidado protetor por um período de tempo, tanto antes como após o nascimento. Ecologias urbanas precisam de incubação também. Raoul Bunschoten e o Chora Architecture and Urbanism, de Londres, mapeiam as complexas ecologias econômicas, culturais e ambientais no estreito de Taiwan e propõem uma série de projetos piloto. Eles desenvolveram um dispositivo organizacional para os protótipos, um incubador, que cuida dos vários projetos antes e depois deles “nascerem”. Esses projetos vão desde intervenções em pequena escala e com custos baixos, como aquecimento geotérmico e painéis solares, até intervenções em escala regional com grandes investimentos, tais como cinturões verdes, ecocidades e comercialização de créditos de carbono. Nesse sentido, os projetos não são vistos como intervenções isoladas, mas como parte de uma rede complexa, na qual uns se relacionam com os outros e com as cidades ao redor deles. Essas relações contextuais e deliberativas precisam ser alentadas, nutridas e cultivadas ao longo do tempo. A incubação é um componente essencial do urbanismo ecológico.

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Equilíbrios e desafios da prática integradaToshiko Mori

O luxo da redução: sobre o papel da arquitetura no urbanismo ecológicoMatthias Sauerbruch

Bank of AmericaCook+Fox Architects

PESQUISA GSD Um lugar no céu, um lugar no inferno: operações táticas em São PauloChristian Werthmann, Fernando de Mello Franco e Byron Stigge

In situ: especificidade local em arquitetura sustentávelAnja Thierfelder e Matthias Schuler

Projeto bioclimáticoMario Cucinella

Wangzhuang: ecocidade agrícolaArup

Planejamento urbano ecossistêmico, região DISEZ, SenegalEcologicstudio

Cidade vegetal: sonhando com a utopia verdeLuc Schuiten

VerticalismoIñaki Ábalos

Protótipos urbanosRaoul Bunschoten

Incubador de mudanças climáticas no Estreito de TaiwanChora Architecture and Urbanism

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Urbanismo Ecológico

Organizado por Mohsen Mostafavi, com Gareth DohertyGraduate School of Design, Universidade de Harvard

Arte: Integral Lars Müller, Lars Müller e Martina MullisLitografia: connova GmbH, Appenweier, Alemanha

Impressão e montagem: E&b engelhardt und bauer, Karlsruhe, Alemanha

© 2010/2013 Lars Müller Publisherse President and Fellows of Harvard College

Nenhuma parte deste livro pode ser usada ou reproduzida de nenhuma forma sem permissão por escrito, exceto no caso de citações curtas em artigos e re-senhas.

Lars Müller PublishersZurique, Suíçawww.lars-mueller-publishers.com

ISBN 978-3-03778-189-0

Impresso na Alemanha

Obras relacionadas em nosso programa:

R. Buckminster FullerOperating Manual for Spaceship EarthReimpressão, editado por Jaime SnyderLars Müller Publishers, 2008, 2010ISBN 978-3-03778-126-5 inglêsISBN 978-3-03778-188-3 francês

Petra KempfYou are the city: observation, organization and Transformation of Urban settingsLars Müller Publishers, 2009 ISBN 978-3-03778-159-3 inglês

Sense of the cityAn alternate approach to UrbanismOrganizado por Mirko Zardini e Canadian Centre for Architecture CCALars Müller Publishers, 2005ISBN 978-3-03778-060-2 inglêsISBN 978-3-03778-061-9 francês