Economia Do Trabalho - Prof Pedro Fernando

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    AULA DEMONSTRATIVA

    APRESENTAO

    Prezados alunos, sou o professor Pedro Fernando Nery e fao umabreve apresentao antes de comearmos nosso curso de Economia do

    Trabalho para o concurso de Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT).Me formei em Cincias Econmicas pela Universidade de Braslia

    (UnB), mesma instituio onde concluo neste ano o meu Mestrado emEconomia, e onde j lecionei o curso de Introduo Economia.Recentemente fui aprovado em 2 lugar no concurso de ConsultorLegislativo do Senado Federal, na rea de Economia do Trabalho, Renda ePrevidncia. Ento, assim como voc, j enfrentei a dificuldade de estudaressa disciplina para concursos pblicos: a ausncia de livros especficospara esses certames (ou mesmo a ausncia de livros didticos brasileiros!)e a pouca quantidade de exerccios para treinar, j que Economia do

    Trabalho raramente cobrada em concursos. No entanto, acredito que possvel sim estudar essa matria de modo a fazer uma boa prova novindouro concurso de AFT. Neste curso, pretendo contribuir com a minhaexperincia como um ex-concurseiro e mostrar o caminho da temidaprova de Economia do Trabalho, com nfase na tendncia que a ESAFmostrou na ltima prova mas disso ns falamos mais frente.

    Aula 0(Demonstrativa)

    Conceitos bsicos e Definies. Populao e fora detrabalho. Populao economicamente ativa e suacomposio: empregados, subempregos e desempregados.

    Rotatividade da Mo-de-obra. Indicadores do mercado detrabalho. Mercado de trabalho formal e informal.

    Aula 1O mercado de trabalho. Demanda por trabalho: o modelocompetitivo e modelos no competitivos, as decises de empregodas empresas, custos no salariais, elasticidades da demanda.

    Aula 2Oferta de trabalho: a deciso de trabalhar e a opo renda x lazer,a curva de oferta de trabalho, elasticidades da oferta. O equilbriono mercado de trabalho.

    Aula 3

    Os diferenciais de salrio. Diferenciao compensatria. Capital

    Humano: educao e treinamento. Discriminao no mercado detrabalho. Segmentao no mercado de trabalho.

    Aula 4Desemprego. A taxa natural de desemprego. Tipos de desempregoe suas causas. Salrio eficincia e modelos de procura deemprego.

    Aula 5

    Instituies e mercado de trabalho. A interveno governamental:poltica salarial e polticas de emprego. Assistncia aodesemprego. Modelos tradicionais sobre o papel dos sindicatos emodelo de preferncia salarial. Sindicato: monoplio bilateral e

    monopsnio.

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    Aula 6 O mercado de trabalho no Brasil. Parte I.

    Aula 7 O mercado de trabalho no Brasil. Parte II.

    Nesta aula demonstrativa, j cobriremos o primeiro tpico doprograma do edital do ltimo concurso (2009/2010), o que nos permitirresolver questes de provas anteriores, e at mesmo j duas das cincoquestes do ltimo certame.

    Antes de comearmos com a matria em si, peo licena para, nasprximas pginas, discorrer de maneira introdutria sobre a disciplina, suaimportncia para o concurso e para o cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho, ea forma com que a ESAF vem cobrando o contedo.

    A importncia de Economia do Trabalho para o concurso de AFT

    No ltimo concurso, Economia do Trabalho dividiu o grupo dedisciplinas D6 com a disciplina Sociologia do Trabalho, totalizando 10questes (5 para cada uma, mas essa proporo no obrigatria). Ambasintegram o rol das disciplinas do concurso com peso 2. Isso quer dizer quea nota possvel em Economia do Trabalho valia cerca de 4% do total danota possvel na prova objetiva. Ela vale menos do que outras disciplinas,mas no deve ser negligenciada. Alm da ESAF cobrar pelo menos 40%de acertos em D6, a disciplina pode ser decisiva porque permite ao

    candidato bem preparado fazer uma boa diferena frente aos concorrentes,dadas as baixas mdias que ela costuma ter. A ESAF no disponibiliza anota mdia de cada disciplina, mas pela classificao dos aprovadospodemos ver qual a mdia de aproveitamento dos 100 primeiroscolocados do ltimo concurso em cada grupo de disciplinas:

    Disciplinas Mdia

    Lngua Portuguesa 89,4%

    Espanhol ou Ingls 81,3%

    Raciocnio Lgico-Quantitativo 51,3%

    Administrao Pblica 82,4%

    Direito Constitucional 82,3%

    Economia do Trabalho eSociologia do Trabalho 60,5%

    Direito: Civil, Penal eComercial 79,7%

    Direito do Trabalho 79,8%

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    Segurana e Sade noTrabalho e LegislaoPrevidenciria 63,6%

    Direito Administrativo e

    tica na AdministraoPblica 82,5%

    Note que o grupo Economia do Trabalho e Sociologia do Trabalhopossui a segunda menor mdia, ganhando apenas da prova de RaciocnioLgico-Quantitativo, enquanto quase todas as outras disciplinas rondam os80% de aproveitamento mdio. Vale ressaltar que essa a mdia dos 100primeiros colocados no concurso, e naturalmente no leva em conta a notade todos aqueles que foram eliminados por no satisfazer os mnimos.

    Espero, nesse curso, preparar voc no apenas para sobreviver notamnima, mas para abrir uma vantagem no concurso em Economia doTrabalho.

    O que Economia do Trabalho? Qual a sua importncia para o c a r g o de AFT? Como vamos estud-la?

    A disciplina que vamos estudar o ramo da economia que analisa omercado de trabalho. Veremos, nas prximas aulas, que os economistas

    tratam muitas vezes esse mercado como outro mercado qualquer. Isso querdizer que consideramos este mercado sujeitos s mesmas foras dedemanda e de oferta presentes em outros cenrios. A mercadoria emquesto o trabalho, seu preo o salrio, quem a oferece so ostrabalhadores, e quem a demanda so os empregadores. Estudaremos emdetalhe a oferta e a demanda de trabalho nas prximas aulas, um tpicoimportante e extenso do edital do concurso.

    S que a demanda e a oferta de trabalho so foras que respondem aoutras variveis. Veremos nesse curso que o mercado de trabalho brasileiropossui peculiaridades, em parte por conta da nossa legislao trabalhista. A

    multa sobre o FGTS que o empregador tem de pagar, caso demita umtrabalhador sem justa causa, poderia desincentivar novas contrataes porparte dele, agindo portando sobre a demanda por trabalho. Veremostambm como o desenho do FGTS e do seguro-desemprego pode agir sobrea oferta de trabalho, ao incentivar trabalhadores a buscar a prpriademisso em perodos de crescimento da economia, quando a contrataoem um novo emprego mais provvel. Usei esses exemplos para mostrarque uma parte importante do nosso curso se refere anlise econmicado direito do trabalho a maneira com que as leis interferem nomercado de trabalho.

    Sabendo disso, fica mais fcil entender porque essa uma disciplinacobrada para o concurso de Auditor-Fiscal do Trabalho, sendo este cargo

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    responsvel por fiscalizar o cumprimento da legislao trabalhista e dasnormas de segurana e sade do trabalho. Vrios dos pontos que vamosestudar aqui se inserem na realidade do mercado trabalho que vocs voencontrar como AFT. Um exemplo mais evidente o da informalidade.Como AFTs, vocs fiscalizaro contratos feitos s margens da lei. Por que

    um trabalhador escolhe por um contrato informal, renunciando a benefciosa que tem direito? O que causa a informalidade e por que ela vem caindo noBrasil? So questes relevantes para o cotidiano de um AFT, que podemosresponder em um curso de Economia do Trabalho como esse.

    Assim, nessa disciplina vamos interagir com o contedo que vocestuda em outras disciplinas cobradas nesse concurso. Esse esclarecimento importante para que voc entenda porque livros de economia do trabalhopodem no ser muito teis neste concurso. O melhor livro didtico dadisciplina disponvel o estrangeiro (traduzido para o portugus)A ModernaEconomia do Trabalho, do Ronald Ehrenberg e Robert Smith, mas ele

    naturalmente no analisa as particularidades do mercado de trabalhobrasileiro, tendncia marcante da ltima prova da ESAF. Tampouco existemlivros didticos nacionais, j que a disciplina Economia do Trabalho sequer obrigatria nas graduaes em Economia no pas (ao contrrio do queacontece com Direito no Trabalho no curso de Direito). Esse um dosmotivos porque estudar essa matria para o concurso pode ser tocomplicado, complicao que vamos superar nesse curso: cobriremos naparte terica os mesmos pontos dos livros estrangeiros, mas adequando,sempre que necessrio, o contedo ao cenrio brasileiro. Para quemrealmente desejar estudar por um material complementar s nossas aulas

    em PDF, indicarei ao longo do curso textos especficos sobre determinadosassuntos da realidade brasileira, luz da teoria, comeando hoje.

    Uma parte fundamental do nosso curso ser a resoluo de exercciosda matria, principalmente de concursos anteriores de AFT. Como esse no um concurso que ocorre o tempo todo, estaramos restringindo aquantidade de questes que poderamos resolver se nos limitssemos s aquestes desse concurso. Assim, vamos trabalhar tambm com questesaplicadas nos poucos outros concursos em que a disciplina foi cobrada: osde Consultor do Senado (2002, 2012) e da Cmara (2012), que possuemum nvel de dificuldade prximo ao das provas de AFT. Quando forpertinente, podemos usar questes da ESAF de outros concursos, j que aEconomia do Trabalho possui uma interseco com as disciplinasMacroeconomia e Microeconomia, cobradas em concursos com maisfrequncia. Vamos trabalhar tambm com questes prprias, criadas parao nosso curso, sempre que no existir uma quantidade satisfatria dequestes de concursos em algum tpico.

    Por fim, quero fazer um esclarecimento em relao a possveis pr-requisitos para o nosso curso: eles no existem. Como eu disse acima,uma parte do nosso contedo se relaciona com a Macroeconomia (comodesemprego) e com a Microeconomia (como a deciso de uma firma dequantos trabalhadores empregar), mas sem que essas disciplinas sejam

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    necessrias para entender o nosso curso. Naturalmente, quem j tiver tidooportunidade de estudar essas matrias ou mesmo alguma matriaintrodutria de economia pode ter um pouco mais facilidade, assim comoquem j tiver estudado clculo diferencial (derivada). Meu objetivo aqui,porm, que voc compreenda Economia do Trabalho mesmo sem essa

    experincia, e sempre que for pertinente ns vamos explicar algum pontoexterno da matria que seja necessrio para sua compreenso (como ocaso do uso de derivadas para resolver alguns exerccios que envolvemmatemtica).

    A prova de Economia do Trabalho da ESAF

    Peo licena mais uma vez para falar um pouco desse assunto, antesde comearmos o curso. Como eu pontuei algumas vezes aqui, a ESAFmudou sua orientao em relao a essa disciplina no ltimo concurso. Nos

    concursos anteriores, ela privilegiava questes que exigiam resolver contas,baseados na teoria. A ltima prova foi muito diferente, com a ESAF optandopor aplicar a teoria no a exerccios e continhas, mas sim a realidade doBrasil.

    Muitos consideraram que, dessa forma, a prova se tornou muitodifcil, e eu at j li comentrios de que o melhor material para resolv-laseria a Bblia Sagrada. No bem assim. J frisei aqui que vamos analisarbastante o mercado de trabalho brasileiro, luz da teoria que estudarmos.Outro ponto que pode deixar essa prova um pouco complicada aexigncia, como no ltimo concurso, de dados sobre o mercado de

    trabalho brasileiro, no apenas atualmente, mas at nos anos 90! Nsvamos estudar tudo isso aqui, mas eu queria recomendar desde j a leiturade um material ao longo dessa sua preparao. Trata-se do Bo l e t i m Me r c a d o d e T r a b a l h o Con j u n t u r a e An l i s e do IPEA, disponvelemhttp://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_alphacontent&view=alphacontent&Itemid=144. Essa uma publicao gratuita e trimestraldo instituto, que relata a conjuntura atual do mercado de trabalho. Ela divida em Anlise do mercado de trabalho e Notas tcnicas. A parte queinteressa voc a primeira, a anlise do mercado de trabalho. umaleitura breve, e fazendo ela ao longo de sua preparao voc ter uma

    noo de como tem evoludo alguns indicadores, como o desemprego, ainformalidade e os rendimentos dos trabalhadores. Eu recomendofortemente essa leitura, porque difcil, com decoreba, responder squestes da ESAF que cobram dados. Lendo brevemente esse boletim (eoutras publicaes), mas periodicamente, voc pode ir sedimentando eamadurecendo algumas informaes coisa difcil de fazer s vsperas daprova. Essas questes, normalmente, podem ser resolvidas comtranquilidade sabendo apenas a direo que esses indicadores vmtomando, sem necessidade de decorar nenhum nmero. Ao longo do curso,darei dicas mais especficas como responder a essas questes.

    Esclareo, por fim, que ns tambm estudaremos a Economia doTrabalho da maneira que a ESAF cobrou em provas mais antigas. Apesar de

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    preferir a abordagem do ltimo concurso, que muito mais adequada parao cargo em questo, ns no temos como escolher a forma como a matriaser cobrada, e vamos estar preparados para o caso de a ESAF retomar aabordagem anterior tambm.

    Feitas essas observaes, vamos para o curso!

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    AULA DEMONSTRATIVA

    POPULAO E FORA DE TRABALHO. POPULAOECONOMICAMENTE ATIVA.

    Vamos comear o nosso curso com algumas definies bemimportantes. Essas definies remetem a uma dificuldade: como medir odesemprego? Sabemos que o desemprego usualmente medido como umapercentagem, como na manchete Taxa de desemprego no Brasil cai para5,3% em agosto. Se estamos falando de uma percentagem uma frao -precisamos de um numerador e um denominador. Se o numerador onmero de desempregados, com o que quantidade estamos comparandoeles para chegarmos a uma percentagem?

    A resposta dessa pergunta a fora de trabalho, tambmconhecida como Populao Economicamente Ativa (PEA). A PEA somados empregados (ou ocupados) e dos desempregados (ou desocupados). Osempregados so, naturalmente, aqueles que possuem um emprego. Masisso no quer dizer que os desempregados sejam aqueles que no possuemum emprego! Para algum ser considerado desempregado, precisoque esteja buscando um emprego. Dessa forma, a PEA integrada poraqueles que esto trabalhando epor aqueles que desejam trabalhar. Se, emum pas, existem 100 milhes de pessoas na fora de trabalho (PEA) e 20milhes esto desempregadas (procuram emprego), a taxa de desemprego de 20%.

    A noo de PEA pode parecer bvia, mas no . Ela exclui pessoasque podem participar do mercado de trabalho, mas no participam, ou seja,no esto empregadas e nem esto procurando emprego. Quer dizer, sopessoas que no esto nem empregadas e nem desempregadas, j que,como falamos, para ser desempregado preciso procurar um emprego. Adefinio que contempla essas pessoas a de Populao em Idade Ativa(PIA). Um jovem de 20 anos, que se dedica integralmente aos estudos emuma faculdade e conta com o apoio dos pais para se manter, integra a PIA,mas no integra a PEA. Ele no tem um emprego e nem est buscando um,e por isso no participa da fora de trabalho (PEA). Mas ele poderiaperfeitamente estar no mercado de trabalho: milhes de jovens de 20 anospossuem um emprego ou esto atrs de um. De maneira anloga, umasenhora que consegue se aposentar com 55 anos e no quer mais trabalharfaz parte da PIA, mas no da PEA. Ela fazia parte da fora de trabalho (PEA)antes de se aposentar, e depois no faz mais. Ela tem condies fsicas detrabalhar, como milhes de outras mulheres nessa idade, mas no trabalhaporque no quer.

    J vimos que existem pessoas que integram a PIA, mas no integrama PEA. O contrrio pode acontecer? Quer dizer, existem pessoas que

    participam da PEA, mas no da PIA? No! A PIA um grupo maior que o daPEA: no possvel existir algum que trabalha ou busca um trabalho e que

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    ao mesmo tempo... no tem condies de trabalhar! O que existem sopessoas que no fazem parte nem da PEA nem da PIA. So todas aspessoas da populao que no tem condies de trabalhar. Uma crianamuito nova ou um idoso na fase final da vida no teriam como trabalhar eno esto em idade ativa. O esquema abaixo busca esclarecer um pouco o

    que falamos:

    Assim, o maior grupo o da populao total. Depois est a PIA, a

    populao em idade ativa, composta daqueles que podem trabalhar. Dentroda PIA, est a PEA, a populao economicamente ativa, a fora de trabalho.Ela compreende todos os que tm um emprego (ocupados) e os que notm, mas buscam um (desocupados). Note que a imagem acima serveapenas para entender as definies, e no reflete a proporo verdadeiradessas variveis no Brasil. A ttulo de curiosidade, segundo o IBGE, em2009 no Brasil a populao era de cerca de 188 milhes de pessoas, a PIAera de cerca de 160 milhes, a PEA 95 milhes, dos quais 87 milhesocupadas e 8 milhes desocupadas.

    Vamos analisar agora dois itens do CESPE.

    1. (CESPE/Cmara dos Deputados/Consultor/2002) A taxa dedesemprego a relao percentual entre as pessoas que procuramemprego e a quantidade de ocupados.

    Comentrios:

    ERRADA. A taxa de desemprego a relao percentual entre as pessoas

    que procuram emprego e a PEA (fora de trabalho). A PEA composta pela

    Populao

    PIA

    PEA

    Desocupados Ocupados

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    quantidade de ocupados e pela quantidade de desocupados (os queprocuram emprego). O enunciado omitiu essa ltima parte.

    2. (CESPE/Cmara dos Deputados/Consultor/2002) A diferena

    entre a populao em idade ativa (PIA) e a populaoeconomicamente ativa (PEA) est no nmero de pessoas que noparticipam do mercado de trabalho, ou seja, que no estoocupadas nem procura de trabalho.

    Comentrios:

    CERTA. exatamente essa a diferena entre a PIA e a PEA que nsfalamos.

    Esses itens no foram difceis, certo? Vamos continuar com a

    matria.Precisamos esclarecer um ponto em relao PIA. relativamente

    fcil contar a populao total e a PEA (ocupados + desocupados), mas comosabemos quantas pessoas fazem parte da PIA? Como dizer quem est emidade ativa e possui condies de trabalhar? No h resposta para essaquesto. A definio de PIA relativa, pode variar entre pases e at em ummesmo pas, se os rgos responsveis pela mensurao tiverem critriosdiferentes. Os principais responsveis pelas pesquisas de emprego noBrasil, o IBGE (do governo) e o DIEESE, estabelecem a idade mnima de 10anos para a PIA, sem idade mxima. Quer dizer, eles consideram que todas

    as pessoas com mais de 10 anos integram a PIA. Note que esse critrio nose baseia no que diz a legislao trabalhista, que estabelece a idade mnimade 14 anos para o trabalho, ou nas idades de aposentadoria da legislaoprevidenciria. O interesse dos institutos medir o que acontece de fato, e possvel que uma criana de 11 anos esteja trabalhando, assim como umidoso de 70. Todavia, dificilmente esse critrio ser cobrado em prova, e oimportante saber que a definio de PIA varia e tem certa dose dearbitrariedade.

    Agora que j entendemos o que a PEA (fora de trabalho) e a PIA,podemos definir um novo indicador. Veremos, ainda nessa aula, o que so

    os indicadores do mercado de trabalho, mas vamos antecipar alguns nestaseo porque pertinente defini-los agora. Chamamos de taxa deatividade (ou taxa de participao) o valor obtido na diviso da PEApela a PIA. Assim, essa a percentagem de pessoas da PIA que esto naPEA: a percentagem de pessoas que podem participar do mercado detrabalho e de fato o fazem. Esse um indicador muito importante domercado de trabalho, porque traz informaes que a taxa de desempregosozinha no traz. Ns definimos desemprego como a parcela da PEA (forade trabalho) que no tm emprego, mas busca um. Sendo assim, possvelque a taxa de desemprego diminua mesmo que no se crie novos

    empregos. Vamos ver um exemplo.

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    Vamos imaginar uma cidade em que 5 mil pessoas integram a PIA noano de 2011. Dessas, 4 mil integram a PEA: 3 mil esto ocupadas e milesto desocupadas. A taxa de desemprego nessa cidade de 25% (mildividido por 4 mil, multiplicado por 100). A taxa de atividade de 80% (4mil dividido por 5 mil, multiplicado por 100). Agora vamos supor que em

    2012 a PIA se manteve inalterada. Suponha ainda que uma grave criseeconmica tenha atingido essa pequena cidade: ela podia ser dependentede uma grande fbrica instalada ali, que fechou. No ano de 2012, milpessoas foram demitidas, e ningum foi contratado na cidade. O nmero deocupados caiu ento para 2 mil. Dos mil demitidos, apenas 200 resolveramprocurar outro emprego, de maneira que os restantes optaram por sair dafora de trabalho. Nesse momento de crise, ningum que estava fora dafora de trabalho no ano anterior resolveu buscar um emprego. Qual ataxa de desemprego e a taxa de atividade nessa cidade?

    Usaremos o smbolo / (barra) para retratar uma frao (razo), ou seja,

    quando fizermos uma diviso.

    Taxa de desemprego = Desocupados/PEA x 100 =

    Desocupados/(Desocupados + Ocupados) x 100 =

    200/(200+2000) x 100 =

    200/(2200) x 100 = 0,091 x 100 = 9,1%

    Taxa de atividade = PEA/PIA x 100 =

    (Desocupados+Ocupados)/PIA x 100 =

    (200+2000)/4000 x 100 =

    2200/4000 x 100 = 0,55 x 100 = 55%

    Veja que a taxa de desemprego no ano anterior era de 20% e depois dacrise ela caiu para menos de 10%! Isso aconteceu porque boa parte dosdesempregados saiu da fora de trabalho. A taxa de desemprego, ento,

    no nos mostra uma informao relevante nesse caso. Temos que olhar ataxa de atividade, que caiu de 80% para 55%, permitindo que entendamoso que de fato aconteceu. Esse um exemplo extremo e fictcio, mas queilustra o ponto a que queramos chegar.

    Esse exemplo nos mostra ainda os movimentos possveis entre a PEAe a PIA. Um pessoa pode entrar, sair ou reentrar na PEA em qualquermomento de sua vida ativa, e pode ser influenciada pelo cenriomacroeconmico vigente. Em uma crise, por exemplo, uma pessoadesempregada por muito tempo pode decidir parar de buscar trabalho,saindo da PEA. Da mesma forma, uma dona de casa que nunca trabalhou

    pode decidir buscar um emprego e entrar na fora de trabalho para ajudar omarido nessa poca difcil. Note, assim, que embora a PEA seja afetada pela

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    economia, ela no segue uma direo especfica, podendo aumentar oudiminuir em pocas de crise. Por outro lado, esse cenrio no afeta a PIA,j que normalmente ela calculada de acordo com o nmero de pessoasdentro de uma faixa etria. No caso do Brasil, qualquer pessoa com mais de10 anos sempre ser contada na PIA. A PIA, portanto, no depende de

    fatores econmicos, mas de outros fatores, como a demografia.Por fim, vamos definir dois termos que so menos usados, mas que

    podem confundir por serem parecidos com os termos taxa de atividade(participao) e a taxa de desemprego. A taxa de inatividade o opostoda taxa de atividade, a proporo de pessoas que est na PIA e no estna PEA. Trata-se dos estudantes, donas de casa, incapacitados ou qualquerpessoa em idade ativa que no tem emprego e nem busca um emprego(so tecnicamente chamados de populao no economicamente ativa(PNEA) ou populao economicamente inativa (PEI), termos que no socobrados em prova). Ela pode ser calculada simplesmente como a diferena

    entre 100% e a taxa de atividade (no exemplo anterior, em 2012, 100% -55% = 45%).

    J a taxa de emprego a proporo de pessoas ocupadas na PIA. Ataxa de emprego no o oposto da taxa de desemprego, j que nodesemprego nosso denominador a PEA, no a PIA. A taxa de empregoresume as informaes contidas na taxa de atividade e na taxa dedesemprego. No nosso exemplo anterior, a taxa de emprego em 2011 erade 60% (3 mil dividido por 5 mil, multiplicado por 100) e em 2012 era de40% (2 mil dividido por 5 mil, multiplicado por 100), ilustrandoconjuntamente as informaes de pessoas desempregadas e pessoas forada PEA. Devo ressaltar, porm, que, apesar de sua importncia, esteindicador nunca foi cobrado em prova, ao contrrio dos demais.

    Vamos resolver uma questo da ESAF para o nosso concurso em2006.

    3- (ESAF/MTE/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Suponha umaeconomia que possua as seguintes caractersticas: Populaototal=1000 pessoas; Populao em idade ativa=800 pessoas;Populao desocupada=200 pessoas; Populao economicamente

    ativa = 600 pessoas. Podemos afirmar que, nessa economia, a taxade desocupao e a taxa de inatividade so (aproximadamente),respectivamente:

    a) 33,3% e 25,0%

    b) 25,0% e 25,0%

    c) 20,0% e 20,0%

    d) 33,3% e 40,0%

    e) 25,0% e 20,0%

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    Comentrios:

    Nesse tipo de exerccio, no precisamos analisar as alternativas,basta fazer a conta. Comeamos com a taxa de desocupao(desemprego):

    Taxa de desocupao = Desocupados/PEA x 100 =

    Desocupados/(Desocupados+Ocupados) x 100

    O enunciado j deu diretamente todas as informaes que precisamos: aquantidade de desocupados (200) e a PEA (600). Temos ento: 200/600 x100 = 0,333 x 100 = 33,3%. Vamos para a taxa de inatividade.

    Taxa de inatividade = 100% - Taxa de atividade = 100% - ( (PEA/PIA) x

    100 )

    Vamos comear calculando a taxa de atividade, que o contrrio da taxa deinatividade. Como a PEA = 600 e a PIA = 800, a taxa de atividade :600/800 x 100 = 0,75 x 100 = 75%

    Taxa de inatividade = 100% - 75% = 25%.

    Gabarito: Letra A

    Aqui, devo fazer um alerta. O exerccio acima no era difcil, mas erapreciso ateno. Os valores das outras alternativas no foram escolhidospelo examinador por acaso: so todos valores fceis de chegar se voctrocar alguma das definies ou for desatento. No caso da taxa dedesemprego, os valores de 25% e 20% so os que chegaramos sedividssemos o nmero de desocupados pela PIA ou pela populao total,por exemplo.

    4. (ESAF/MTE/Auditor-Fiscal do Trabalho/1998) Com relao aosconceitos bsicos envolvendo o mercado de trabalho, podemosafirmar que:

    a) no se incluem no conceito de desemprego aquelas pessoas que,no estando empregadas, abandonaram a busca de emprego.

    b) considerado desempregado todo o membro da populaoresidente que no possui emprego.

    c) considerado desempregado todo o membro da populaoresidente que no possua carteira de trabalho assinada.

    d) no so computadas no desemprego aquelas pessoas que nuncatrabalharam.

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    e) o fato de um indivduo estar em idade ativa caracteriza-o comosendo membro da PEA (Populao Economicamente Ativa).

    Comentrios:

    Vamos olhar uma alternativa de cada vez.a) CERTA. Para algum ser classificado como desempregado ele deve, almde no possuir um emprego, estar procurando um.

    b) ERRADA. Novamente, no basta no possuir empregado, tem que estarbuscando um.

    c) ERRADA. So temas diferentes. Quem no possui carteira assinada informal, mas no desempregado.

    d) ERRADA. A questo continua insistindo em um mesmo ponto: queaquele que no possui um emprego e procura um considerado

    desempregado. Um contraexemplo para a afirmativa do item um jovemque acaba de sair da faculdade e procura um emprego: ele nuncatrabalhou, mas um desempregado.

    e) ERRADA. Essa fcil: o examinador se refere, na verdade, ao conceitode Populao em Idade Ativa, a PIA.

    Gabarito: Letra A

    Antes de seguirmos com a matria, vamos recapitular os conceitos maisimportantes vistos at agora.

    Desocupados (Desempregados): Pessoas que no tm um emprego,mas procuram um.

    Populao Economicamente Ativa (PEA), fora de trabalho:Quantidade de pessoas ocupadas (tm um emprego) e desocupadas. afetada pelos movimentos de curto prazo da economia.

    Populao em Idade Ativa (PIA): Quantidade de pessoas que tmcapacidade de trabalhar. No Brasil, se consideram todas as pessoas comidade superior a 10 anos. No afetada pelos movimentos de curto prazo

    da economia.Taxa de desocupao (taxa de desemprego): Relao percentual entredesocupados e a PEA.

    Taxa de atividade (taxa de participao): Relao percentual entre aPEA e a PIA. a percentagem de pessoas que trabalham ou procuramtrabalho, dentre as que tm capacidade de trabalhar.

    Taxa de inatividade: O oposto da taxa de atividade. a percentagem depessoas que no trabalha nem procura trabalho, apesar de ter capacidade.

    Taxa de emprego: No o oposto da taxa de desemprego. Relao

    percentual entre ocupados e a PIA.

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    EMPREGADOS, SUBEMPREGOS E DESEMPREGADOS

    Continuamos com o primeiro tpico do edital. Agora falaremos doscomponentes da PEA: os empregados e os desempregados, e tambm dosubemprego. Essas so definies que vamos retirar dos rgos querealizam as pesquisas do mercado de trabalho em vrias regiesmetropolitanas do pas, atravs de entrevistas mensais. Trata-se doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), que elabora a PesquisaMensal de Emprego (PME) e do Departamento Intersindical de Estatstica eEstudos Socioeconmicos (DIEESE), que elabora a Pesquisa de Emprego eDesemprego (PED). Por que duas pesquisas? H alguns anos, esses doisinstitutos tinham diferenas marcantes na metodologia que empregavam.Nos ltimos anos, houve uma convergncia, de forma que boa parte dasdefinies que estudaremos so as mesmas para ambos, mas em algunscasos teremos que salientar as diferenas. Essas definies metodolgicaspodem no parecer um assunto de prova, mas so fundamentais para que

    se compreenda as estatsticas que eles produzem, alm de j terem sidocobradas em prova.

    O c u p a d o s

    J vimos nessa aula que a PEA formada pelos ocupados e pelosdesocupados, aqueles que procuram emprego. Como um instituto depesquisa classifica uma pessoa como ocupada ou como desocupada? Aprimeira parte dessa pergunta mais simples. Para o IBGE, ocupado aquele que trabalhou por pelo menos uma hora na semana anterior

    entrevista (sete dias anteriores). Para o DIEESE, ocupado aquele que possua uma trabalho na semana anterior entrevista,no importando a quantidade de horas, mas apenas que seja umtrabalho regular. Os dois institutos podem considerar empregada umapessoa que no trabalhou nessa semana (chamada de semana dereferncia), se estivesse ausente do trabalho temporariamente, caso dequem estava de frias, por exemplo. Outra observao pertinente se refereao trabalho no remunerado. Um trabalhador que no recebe remuneraopode ser considerado empregado por esses institutos, se estiver auxiliandoo trabalho de uma pessoa de sua famlia que receba remunerao por esse

    trabalho. Essa definio, portanto, exclui as donas de casas (que no soremuneradas e nem auxiliam o trabalho remunerado de algum da famlia)ou trabalhos no remunerados em instituies filantrpicas ou religiosas,que no so considerados empregos. J uma filha que, sem remunerao,ajuda a me a preparar cocadas para vender na praia, consideradaocupada. Alm disso, temos que destacar que esses institutos consideramque um trabalho remunerado quando feito em troca de produtos,moradia ou outro benefcio alm de dinheiro, claro. Por fim, os institutosignoram em suas estatsticas se o trabalho de uma pessoa ilegal (comoum criminoso), e isso no impedimento para que ela seja classificada

    como ocupada.

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    O IBGE classifica as ocupaes em quatro tipos: empregado, contaprpria, empregador e trabalhador no remunerado de membro da unidadedomiciliar que era conta prpria ou empregador:

    Empregado: aquele que trabalha para um empregador, em troca de umaremunerao (no apenas dinheiro). Compreende o trabalhador do setorprivado e do setor pblico, alm dos empregados domsticos. Pode ou noter carteira assinada.

    Conta prpria (autnomo): aquele que trabalha explorando seu prprionegcio, mas no possui empregador nem empregado. Pode ou no ter umscio. Uma parte dos trabalhadores informais se insere aqui.

    Empregador: aquele que trabalha explorando seu prprio negcio, compelo menos um empregado. Pode ou no ter um scio.

    Trabalhador no remunerado de membro da unidade domiciliar queera conta prpria ou empregador: aquele que trabalha semremunerao em um negcio de algum parente (membro da unidadedomiciliar), que conta prpria ou empregador.

    J o DIEESE no faz essa diviso. Na verdade, existem vrias divisespossveis para os ocupados. A diviso do IBGE que vimos acima a maisusada. Essa diviso nunca foi cobrada no concurso, mas temos de estud-laporque a ESAF j explorou as definies seguintes (subempregos edesempregados) nesse nvel de profundidade.

    De s o c u p a d o s

    Antes de falarmos dos subempregos, vamos estudar a definio dedesocupados. Sabemos que eles so aqueles que no tm uma ocupao,mas procuram uma. Como os institutos de pesquisa classificam uma pessoacomo desocupada? Tanto para o IBGE quanto para o DIEESE,desocupado aquele no trabalhou na semana anterior entrevista, mas procurou um emprego no ms anterior a ela (trintadias anteriores). E o que os institutos consideram procurar umemprego? Eles consideram que procura emprego quem de fato tomouprovidncias para conseguir um. So exemplos desse tipo de iniciativa ocontato direto com um empregador ou a realizao de uma prova deconcurso pblico. Nesse sentido, olhar classificados sem entrar em contatocom ningum e estudar para concursos sem realizar nenhuma prova noseriam providncias efetivas de busca por emprego.

    dessa forma que calculada a taxa de desemprego normalmentenoticiada na imprensa. A manchete Taxa de desemprego no Brasil cai para5,3% em agosto revela que, dentre os participantes da PEA, 5,3% nopossua trabalha, mas buscava um. Ela tambm conhecida como taxa de

    desemprego aberto. O desemprego aberto porque a sua percepo clara. Essa mensurao do desemprego sofre algumas crticas, porque no

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    contemplaria especificidades do mercado de trabalho de pases emdesenvolvimento e seria mais adequada para pases desenvolvidos, quecalculam a taxa de desemprego dessa forma.

    O DIEESE, alm da taxa de desemprego aberto, trabalha com a taxade desemprego oculto, espcie de desemprego que estaria mascarada,escondida e no apareceria no conceito de desemprego aberto. Esse umconceito que engloba duas particularidades do mercado de trabalho doBrasil que no so contempladas na taxa de desemprego aberto: odesemprego oculto pelo desalento e o desemprego oculto pelo trabalhoprecrio. Vamos ver em detalhe essas definies.

    O trabalhador desalentado o trabalhador que gostaria de ter umemprego, j buscou um, mas no busca mais. Ele desistiu de procurar umtrabalho pelos desestmulos do mercado de trabalho: improvvel queconsiga uma ocupao de acordo com seu perfil (sua qualificao e

    remunerao desejada) ou porque essa busca muito custosafinanceiramente. Na metodologia do IBGE, esse trabalhador no fazparte das estatsticas de desemprego, porque no pertence forade trabalho(PEA), j que no tem emprego e no procura um. Para oDIEESE, essa uma maneira inadequada de classific-lo. Note que o IBGEpossui estatsticas sobre os desalentados, s no inclui elas no cmputo dodesemprego. E como os institutos consideram uma pessoa desalentada?Tanto para o IBGE quanto para o DIEESE, o desalentado aqueleque no trabalhou na semana anterior entrevista, no procurouemprego no ms anterior a ela, mas procurou emprego no anoanterior (doze meses anteriores). Observe que a diferena em relao pessoa includa na taxa de desemprego aberto que o desalentado noprocurou emprego no ms anterior entrevista da pesquisa, mas somenteno ano anterior. (Os dois institutos tm ainda uma pequena divergncia,que nunca foi cobrada em prova, em relao ao perodo que uma pessoatem de ter buscado emprego no ltimo ano para ser consideradodesalentado: seis meses para o IBGE e quinze dias para o DIEESE).

    Vimos que os inativos, aqueles que integram a PIA e no fazem parteda PEA, ocultam os desalentados. Da mesma forma, dentro do grupo dosocupados est outra forma de desocupao oculta: a por trabalho precrio.

    Para o DIEESE, o trabalhador em condies precrias aquele quetrabalhou no ms anterior entrevista em ocupao remuneradacasual, de natureza eventual e instvel, ou em ocupao noremunerada ajudando parentes, e que buscou outra ocupao noano anterior entrevista. A ocupao precria porque instvel otrabalhador fica perodos sem trabalhar e porque ela s exercida porsobrevivncia, j que o mercado de trabalho no disponibiliza umaoportunidade melhor para essa pessoa. Observe que uma caractersticaimportante a iniciativa do trabalhador de encontrar outra ocupao, arecusa a permanecer nessa condio, de forma que no se considera quetodo trabalhador no remunerado de membro da unidade domiciliar queera conta prpria ou empregador possua um trabalho precrio. Note ainda

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    que, assim como no caso dos desalentados, nesse tipo de desocupaooculta o trabalhador buscou um trabalho nos doze meses anteriores. Nametodologia do IBGE, esse trabalhador no faz parte dasestatsticas de desemprego, porque integra o grupo dos ocupados.Alm disso, o IBGE no produz estatsticas sobre trabalho precrio, ao

    contrrio do que faz com os desalentados, ainda que nenhum dos casosseja considerado por ele como desemprego.

    importante entender porque o DIEESE distingue a taxa dedesemprego aberto da taxa de desemprego oculto. A primeira opoesconde as informaes sobre aqueles que no trabalham, mas gostariamde faz-lo (os desalentados), e daqueles que possuem uma vida de trabalhoextremamente difcil, apesar de considerados ocupados (trabalho precrio).A ttulo de curiosidade, os ltimos resultados do DIEESE apontam uma taxade desemprego aberto de 8,6% em agosto nas regies metropolitanaspesquisadas. A taxa de desemprego oculto era de 2,5% (1,7% por trabalho

    precrio e 0,8% por desalento), chegando a uma taxa de desemprego totalde 11,1% (8,6% do aberto + 2,5% do oculto). Para o mesmo ms deagosto, a taxa de desemprego do IBGE foi de 5,3%. Essa a taxa dedesemprego aberto, j que o IBGE no calcula a taxa de desempregooculto.

    Vamos ver agora aquela figura anterior de populao, PIA e PEA, comessas novas definies:

    importante ressaltar que a diferena principal entre o IBGE e oDIEESE est no fato do DIEESE divulgar duas taxas de desocupao: aaberta e a oculta. O IBGE divulga apenas a aberta. Eventuais diferenas nataxa de desemprego aberto dos dois institutos no tm nada a ver comdesalento ou trabalho precrio, sendo fruto de outras diferenasmetodolgicas.

    Populao

    PIA

    PEA

    Desocupao

    abertaOcupados

    Desocupao oculta pelo trabalho

    precrio

    Desocupao

    oculta pelo

    desalento

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    Vamos agora dar uma olhada em algumas questes.

    5. (CESPE/Cmara dos Deputados/Consultor/2002) Na metodologiautilizada pela pesquisa de emprego e desemprego (PED) do

    SEADE/DIEESE, o desemprego total a soma do desemprego abertomais desemprego oculto. Este ltimo, por sua vez, definido como asoma do desemprego oculto pelo trabalho precrio maisdesemprego oculto pelo desalento.

    Comentrios:

    CERTA. exatamente essa a definio que ns vimos.

    6. (ESAF/MTE/Auditor-Fiscal do Trabalho/2003) De acordo com o

    IBGE, os trabalhadores desalentados so aqueles que desistem deprocurar emprego porque:

    a) no encontram qualquer tipo de trabalho ou no encontramtrabalho com remunerao adequada ou de acordo com suasqualificaes.

    b) no pertencem a nenhum sindicato.

    c) no esto dispostos a trabalhar, independentemente do salrio,pois valorizam o lazer acima de todas as coisas.

    d) trabalharam efetivamente menos de 40 horas em todos os

    trabalhos da semana de referncia.e) trabalharam efetivamente mais de 40 horas em todos ostrabalhos da semana de referncia.

    Comentrios:

    Vamos analisar as alternativas:

    a) CERTA. Essa definio est de acordo com o que estudamos: Ele

    desistiu de procurar um trabalho pelos desestmulos do mercado detrabalho: improvvel que consiga uma ocupao de acordo com seu perfil

    (sua qualificao e remunerao desejada) ou porque essa busca muito

    custosa financeiramente. Note que o trecho do enunciado De acordo como IBGE serve apenas para o examinador ter uma fonte e se resguardar, jque a ideia de desalento a mesma para qualquer instituto. As diferenasque vimos em relao a essa e outras variveis est na forma demensurao, no no seu significado.

    Poderamos analisar todas as outras alternativas, mas acredito que no

    precisamos, certo? No existe ambiguidade ou dvida, e as quatro

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    afirmaes seguintes parecem ter sido feitas apenas para confundir ocandidato mal preparado.

    Gabarito: Letra A.

    7. (Elaborao prpria) De acordo com o DIEESE, so desocupados,no conceito de desocupao oculta pelo trabalho precrio, ostrabalhadores que:

    a) submetem-se a jornada exaustiva e a condies degradantes detrabalho.

    b) trabalham, sem receber remunerao, ajudando um parente(membro da unidade domiciliar).

    c) recusam-se a permanecer na sua atual ocupao, trabalhandonela por sobrevivncia e por no terem opo melhor.

    d) trabalharam efetivamente menos de 40 horas em todos ostrabalhos da semana de referncia.

    e) trabalharam menos de 1 hora na semana de referncia.

    Comentrios:

    a) ERRADA. Essas so na verdade condies que podem caracterizarsituao anloga escravido. Embora o adjetivo precrio pareaadequado para as situaes descritas, importante ressaltar que ele temum significado especfico no nosso curso e no deve ser usado

    indiscriminadamente.b) ERRADA. Uma condio para a desocupao oculta, tanto pelo desalentoquanto pelo trabalho precrio, o desejo do trabalhador de estar em outrasituao, medido pelo fato de ter buscado uma ocupao no ano anterior entrevista do instituto de pesquisa (semana de referncia). Ostrabalhadores citados nessa alternativa de fato podem ser considerados noconceito de desocupao oculta pelo trabalho precrio, desde que tenhambuscado outra ocupao no ano anterior semana de referncia.

    c) CERTA. Foi essa a definio que estudamos anteriormente: Para oDIEESE, o trabalhador em condies precrias aquele que trabalhou no

    ms anterior entrevista em ocupao remunerada casual, de natureza

    eventual e instvel, ou em ocupao no remunerada ajudando parentes, e

    que buscou outra ocupao no ano anterior entrevista. A ocupao

    precria porque instvel o trabalhador fica perodos sem trabalhar e

    porque ela s exercida por sobrevivncia, j que o mercado de trabalho

    no disponibiliza uma oportunidade melhor para essa pessoa.

    d) ERRADA. Veremos que essa uma definio possvel para osubemprego, no para o trabalho precrio.

    e) ERRADA. Tambm no h qualquer relao. Na verdade, o que ns j

    vimos que ter trabalhado menos de uma hora na semana da entrevista do

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    instituto de pesquisa (semana de referncia) o classifica, nos critrios doIBGE, como desocupado (desocupao aberta).

    Antes de seguirmos com a matria, eu ressalto que trabalhamos comdefinies de ocupados e desocupados dos institutos de pesquisa. Tanto oIBGE quanto o DIEESE disponibilizam a metodologia que empregam emsuas pesquisas na internet. Elas podem ser acessadas em:

    ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Mensal_de_Emprego/Metodologia_da_Pesquisa/srmpme_2ed.pdf (IBGE)

    http://sistemaped.dieese.org.br/analiseped/metodologia.pdf(DIEESE).

    Eu s recomendaria a leitura de partes desses arquivos para quem tiveralguma curiosidade ou dvida: o material que temos aqui no curso j suficiente.

    S u b e m p r e g o s

    O item que vamos estudar agora foi cobrado na ltima prova daESAF. Ao contrrio da forma que estudamos as definies de ocupao edesocupao, para o caso de subemprego, o mais importante a saber queno existe uma nica definio possvel.

    O IBGE trata o conceito de subocupao como insuficincia de horastrabalhadas. Quer dizer, a classificao de uma pessoa como subocupada(subempregada) depende da quantidade de horas que ela trabalhou. Oinstituto segue a orientao de uma Resoluo da Organizao Internacional

    do Trabalho, de 1998, que recomenda a classificao de um trabalhadorcomo subocupado se ele tiver trabalhado menos que certa quantidade dehoras por semana, que pode variar de acordo com as especificidades decada pas. Para o IBGE, o trabalhador subocupado aquele quetrabalhou menos de 40 horas na semana anterior entrevista, quegostaria de trabalhar mais e estava disponvel para faz-lo. Note quea quantidade de horas no a nica condio para classificar uma ocupaocomo subemprego, mas o desejo e disponibilidade de trabalhar mais. Umauditor do TCU que trabalha 30 horas por semana, ou qualquer pessoa quetrabalhe menos de 40 horas (tempo parcial), s poderiam ser considerados

    subocupados se, pudessem, quisessem e no conseguissem trabalharmais. Novamente, querer trabalhar mais para os institutos de pesquisaimplica tomar providncias para fazer isso, como j vimos anteriormente.

    O DIEESE, no entanto, no calcula estatsticas definidas comosubemprego, apesar de ter uma definio para o termo. Para o DIEESE, otrabalhador subempregado aquele que est subutilizado. Essasubutilizao existiria em relao sua fora de trabalho ou ao seu tempodisponvel. Em ambos os casos, a ideia que o trabalhador pode trabalharmais. O subemprego se ligaria ainda a um baixo nvel de rendimento dasua ocupao.

    importante ressaltar que o trabalhador subocupado considerado ocupado nas estatsticas oficiais. Vimos que o DIEESE

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    considera no clculo da taxa de desemprego oculto uma parte dostrabalhadores que aparecem como ocupados no clculo da taxa dedesemprego aberto (os que trabalham em condies precrias). Comovimos, as definies so diferentes: enquanto o trabalho precrio se liga instabilidade e ao desejo de mudar de ocupao, o subemprego se liga

    baixa quantidade de horas trabalhadas e ao desejo de trabalhar mais. Noentanto, importante destacar que trabalho precrio e subemprego soconceitos prximose alguns autores podem usar os dois termos de formaindiscriminada e trat-los como sinnimos, ainda que eles no sejamdefinidos dessa forma pelos institutos de pesquisa. O DIEESE trabalha maiscom a estatstica de trabalho precrio, enquanto o IBGE trabalha mais coma estatstica de subemprego.

    Qual o interesse de estudar o subemprego? Uma das razesprincipais que o subemprego se insere entre o emprego e o desemprego.Em momentos de queda da atividade econmica, trabalhadores demitidos

    podem procurar bicos. Em tempos de prosperidade e crescimento, elespodem encontrar trabalhos melhores. de esperar, portanto, que osubemprego caminhe na mesma direo do desemprego: aumente emperodos de crise, e diminua em pocas que a economia est aquecida.

    Vamos estudar agora uma Resoluo da OIT, entidade que tem suasorientaes seguidas pelo IBGE e pelo DIEESE. Trata-se da Resoluorelativa mensurao de situaes de subemprego e emprego inadequado.Ela no existe em portugus, mas est disponvel em outras trs lnguas nolink abaixo:

    http://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htm

    No se preocupe: aqui ns vamos analisar os seus principais pontos. Emprimeiro lugar, a Resoluo tem o objetivo de orientar estatsticos a medirsituaes de trabalho que no so captadas pelas estatsticas normalmenteusadas (como a taxa desemprego aberto) e que so inerentes scircunstncias de alguns pases. Essa classificao de subemprego eemprego inadequado visa, portanto, propiciar medidas que reflitam de

    maneira mais adequada a realidade do mercado de trabalho de lugarescomo o Brasil.

    Alm do subemprego, ela trata tambm do emprego inadequado,termo que no existe no nosso edital, mas que foi cobrado na ltima prova.Ao meu ver, dificilmente esse conceito ser cobrado novamente no nossoconcurso e, caso seja, provvel que a questo possa ser resolvida sem oseu completo entendimento (como na prova de 2010). De qualquer jeito,vamos estudar ele um pouco tambm.

    Os principais pontos da Resoluo so os seguintes:

    http://www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdfhttp://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htmhttp://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htmhttp://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htmhttp://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htmhttp://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htmhttp://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htmhttp://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/standards-and-guidelines/resolutions-adopted-by-international-conferences-of-labour-statisticians/WCMS_087487/lang--en/index.htmhttp://www.canaldosconcursos.com.br/curso_pdf
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    Os indicadores devem se basear principalmente nascapacidades dos trabalhadores e nas situaes de trabalhodescritas pelos trabalhadores.

    Os conceitos no so baseados em modelos tericos dascapacidades e desejos da populao em idade de trabalhar.

    O subemprego se relaciona com a subutilizao da capacidadeprodutiva dos trabalhadores, em parte devido a um sistemaeconmico nacional ou regional deficiente. Ele se relaciona comuma ocupao alternativa, que as pessoas possuem vontadede ter e disponibilidade para ter.

    O emprego inadequado se relaciona com aspectos como o usodas habilidades do trabalhador, o grau e tipo de riscoseconmicos, horrio de trabalho, o deslocamento at otrabalho (trnsito, transporte), e condies de sade e

    segurana do trabalho. Um trabalhador pode estar simultaneamente nas situaes de

    subemprego e emprego inadequado.

    O subemprego pode ser classificado em relao ao tempo detrabalho. Entram nessa classificao os trabalhadores que notrabalharam uma determinada quantidade de horas, gostariamde trabalhar mais e esto disponveis para trabalhar mais. Noimporta se para isso ele tem que aumentar as horastrabalhadas no prprio emprego, trocar de emprego ouacumular empregos.

    O emprego inadequado no possui medidas objetivas. So trscasos principais de inadequao: em relao s habilidades dotrabalhador (subutilizao do capital humano), em relao aosrendimentos (devido a baixa organizao ou produtividade,alm de ferramentas, equipamento e treinamento insuficientes,e infraestrutura deficiente), em relao jornada excessiva (otrabalhador deseja trabalhar mais).

    A prpria OIT reconhece a dificuldade de mensurar e definir o

    emprego inadequado. Acredito que para fins de prova, possvel usaruma acepo geral do termo, um senso comum, ao invs de decorar todasas possibilidades. Essa no a melhor forma de encarar as definies queestudamos antes, mas aqui me parece pertinente. Algumas possibilidadesque a Resoluo considera como emprego inadequado so transgresses dedireitos individuais do trabalho (como jornada excessiva) e das normas desade e segurana do trabalho. Talvez voc possa pensar como empregoinadequado as situaes que voc gostaria de mudar quando estivertrabalhando como Auditor-Fiscal do Trabalho, ainda que algumas no sevinculem diretamente fiscalizao.

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    8- (ESAF/MTE/Auditor-Fiscal do Trabalho/2010) Avalie as seguintesconsideraes sobre o subemprego e emprego, oriundas daResoluo Relativa Mensurao do Subemprego e das Situaesde Emprego Inadequado, da Organizao Internacional do Trabalho OIT, e assinale a opo incorreta.

    a) A mensurao do subemprego e dos indicadores de empregoinadequado devem basear-se, principalmente, nas atuaiscapacidades dos trabalhadores e na sua situao de trabalho deacordo com o que for descrito por esses trabalhadores.

    b) O conceito de subemprego baseado em modelos tericosrelativos a capacidades potenciais e aos desejos de trabalho dapopulao em idade de trabalhar.

    c) O subemprego reflete a subutilizao da capacidade produtiva dapopulao com emprego, incluindo a que resulta de um sistema

    econmico deficiente ao nvel nacional ou regional.d) O subemprego, ligado durao do trabalho, existe quando adurao do trabalho de uma pessoa com emprego insuficiente emrelao a uma situao de emprego possvel, que essa pessoa estdisposta a ocupar e disponvel para faz-lo.

    e) O emprego inadequado ligado ao rendimento resulta de umaorganizao insuficiente do trabalho ou de uma fraca produtividadede utenslios, equipamentos ou formao insuficientes, ou de umainfraestrutura deficiente.

    Comentrios:

    Essa uma questo do ltimo concurso. Considero ela uma das maisdifceis que a ESAF j fez para essa disciplina: ela explora, ao p da letra,vrias definies de uma Resoluo que no estava mencionada no edital,alm de um conceito que tambm no tinha sido citado (empregoinadequado). No entanto, o candidato que tivesse confiante e no seassustasse, poderia perceber uma sutileza que ajudava a resolver questo.Vamos analisar as alternativas.

    a) CERTA. (Observe que o examinador quer que encontremos a alternativaincorreta). Essa a uma afirmao feita logo no incio da resoluo. Acapacidade de trabalho se liga definio de subemprego, como jtnhamos estudado, e a descrio dos trabalhadores de sua prpria situaose liga ao conceito de empregado inadequado.

    b) ERRADA. A Resoluo afirma o contrrio: o conceito no se baseia emmodelos tericos. Na verdade, todas as variveis que temos estudado sobaseadas nas possibilidades prticas de sua mensurao, no em algumateoria.

    c) CERTA. Novamente, o examinador se valeu de trecho literal daResoluo.

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    d) CERTA. Essa outra afirmao que est na Resoluo, mas que poderiaser respondida sem ela, porque condizente com o uso comum do termosubemprego.

    e) CERTA. Esse era um item particularmente difcil: o emprego inadequadoera, como eu disse, um ponto que no estava expresso no edital, e que foicobrado isoladamente nessa opo. A afirmativa correta, porque essetambm um dos pontos principais da Resoluo, que destacamos maisacima.

    Gabarito: Letra B.

    Gostaria de tecer mais alguns comentrios sobre essa questo. Asalternativas (a), (c) e (d) poderiam ser julgadas pelo candidato que estudouo tema subemprego, ainda que com alguma dvida. Todas elas exploramtermos ligados a esse conceito, como capacidade de trabalho,

    subutilizao da capacidade produtiva e a disposio e disponibilidadepara trocar de emprego. No entanto, como eu disse anteriormente, erapossvel responder questo apenas percebendo que a alternativa (b) erafalsa.

    A afirmao de que um conceito baseado em modelos tericosestaria errada para vrios conceitos que trabalhamos nessa aula, comoocupao, desocupao aberta, desocupao oculta (por desalento ou portrabalho precrio). Toda a nossa discusso das diferenas entre as medidasdo IBGE e do DIEESE refletem o fato de no conseguirmos criar indicadorespara essas variveis usando apenas teoria. Elas refletem ento a

    dificuldadesprticas de medir certas variveis. Vimos que, para o IBGE, otrabalhador ocupado o que trabalhou pelo menos 1 hora na semana dereferncia, mas que, para o DIEESE, no importa a quantidade de horastrabalhadas, desde que seja um trabalho regular. Para os dois institutos,desocupado quem, alm de no possuir trabalho, buscou um no msanterior semana de referncia. Quem buscou um trabalho 35 dias antesdessa semana, mas no nos dias seguintes, no desocupado. Como esse,vimos vrios exemplos de que existe certa dose de arbitrariedade naclassificao das pessoas dentro de qualquer desses conceitos. Dessaforma, para todos eles, a teoria no o que baseia o clculo dos

    indicadores. importante que voc entenda que a existncia dessa seo na

    nossa aula, e no edital do concurso, deve muito dificuldade de medir asvariveis de interesse. A banca quer saber se voc entende o que estpor trs de uma informao como a Taxa de desemprego no Brasil cai para5,3% em agosto, o que ela revela, e o que ela no revela. Ela no diz que95% dos brasileiros possuem um emprego. Ela no diz nada, por exemplo,sobre as pessoas que esto em idade ativa, mas fora da fora de trabalho(que tem a ver com a taxa de atividade), ou sobre as pessoas que ficaramto desestimuladas que pararam de buscar um trabalho, apesar dedesejarem um (desalentadas), alm daquelas que tm ocupaes instveisou trabalham pouco, mas desejariam estar em outra situao

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    (respectivamente, trabalho precrio e subemprego). Assim, voc deve tertranquilidade se na prxima prova o examinador aparecer com algumafonte inesperada. Vamos procurar entender bem o contedo do edital, edeixar esse tipo de questo assustar apenas o concorrente mal preparado.

    Na prxima seo vamos sair das definies em um assuntointeressantssimo, que tambm foi abordado na ltima prova. Antes, vamosfixar o que vimos agora:

    Ocupados (Empregados): Pessoas que tm um emprego. Para o IBGE,so aqueles que trabalharam pelo menos 1 hora na semana de referncia.Para o DIEESE, so aqueles que trabalharam na semana de referncia emuma ocupao regular, no importando o nmero de horas. Em geral, soclassificados em quatro grupos: empregados, conta prpria, empregadores

    e trabalhador no remunerado de membro da unidade domiciliar que eraconta prpria ou empregador.

    Desocupados (Desempregados): Pessoas que no tm um emprego,mas procuram um. Para os institutos de pesquisa, so aqueles que notrabalharam na semana de referncia, mas procuraram trabalho no msanterior a ela.

    Taxa de desocupao aberta (taxa de desemprego aberto): Relaopercentual entre desocupados (como definidos no pargrafo anterior) e aPEA.

    Desalentados: Pessoas que no tm um emprego, no procuram um, masprocuraram recentemente. Para os institutos de pesquisa, so aqueles queno trabalharam na semana de referncia, no procuraram trabalho no msanterior a ela, mas procuraram no ano anterior. No so computados naPEA, somente a PIA. No so computados na taxa de desocupao aberta.

    Trabalhadores em condies precrias: Pessoas que tm um empregocasual, de natureza eventual e instvel, ou que tm ocupao noremunerada ajudando um familiar, mas que procuraram outro trabalhorecentemente (ltimo ano). So computados como ocupados. No socomputados na taxa de desocupao aberta.

    Taxa de desocupao oculta (taxa de desemprego oculto): Relaopercentual entre desalentados mais trabalhadores em condies precrias ea PEA. divulgada apenas pelo DIEESE, no pelo IBGE.

    Taxa de desocupao total (taxa de desemprego total): a soma dataxa de desocupao aberta com a taxa de desocupao oculta.

    Subempregados: Pessoas que tm um emprego, mas que tm disposioe disponibilidade de trabalhar mais. So trabalhadores subutilizados e combaixo rendimento. So computados como ocupados. um conceito prximoao de trabalhadores em condies precrias.

    Trabalhadores em emprego inadequado: Pessoas que tm umemprego, mas que esto insatisfeitas com ele por determinadas razes. A

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    insatisfao se relaciona a subutilizao das habilidades do trabalhador, aobaixo rendimento e s ms condies de trabalho.

    ROTATIVIDADE DA MO DE OBRA

    Agora vamos abandonar as definies que estudamos e entrar em umponto do primeiro tpico do edital que mais interessante. Vamos analisardiretamente um problema do mercado de trabalho brasileiro, que decorreem parte do ordenamento jurdico que temos: a rotatividade da mo deobra. Esse um assunto que no veremos apenas nessa aula, j que ele serelaciona com outros temas do edital. Em especial, devemos retomar essadiscusso quando discutirmos capital humano, salrio de eficincia,instituies e mercado de trabalho, e o mercado de trabalho no Brasil.

    Altas taxas de rotatividade so apontadas como um dos principaisproblemas do mercado de trabalho brasileiro. Mas o que rotatividade?

    Vamos usar no nosso curso a definio mais usada: a rotatividadeacontece quando um trabalhador substitudo por outro em umposto de trabalho. Assim, ela ocorre quando h um desligamento, e emseguida, uma admisso. O desligamento pode ser de dois tipos: umademisso (o empregador demite) ou uma sada (o empregado se demite).Note que no todo desligamento de um trabalho que gera um problemade rotatividade: apenas aqueles que so seguidos de uma nova contrao.Da mesma forma, uma admisso realizada em uma nova vaga de empregocriada no configura rotatividade. Ou seja, a rotatividade acontece quandoos postos de trabalho esto, literalmente, rodando. Vamos colocar um

    exemplo fcil de entender: se voc, depois que passar no concurso, assumira vaga de um AFT que se aposentou, teremos um caso de rotatividade.Mas se a Presidenta criar novas vagas para o cargo, e voc assumir umadelas, no teremos um caso de rotatividade: ningum foi substitudo nesseposto. Nas pginas seguintes, vamos entender qual a dimenso darotatividade no Brasil, os motivos dela ser um problema, e as suas causas alm de dar uma olhada em uma questo da ltima prova.

    A r o t a t i v i d ad e n o B r a s i l

    A rotatividade um problema antigo do mercado de trabalhobrasileiro. Atualmente, os estudos apontam taxas de rotatividade anuais deat 50% no pas. Isso quer dizer que, segundo essas estatsticas, cerca demetade das contrataes so substituies. Ou seja, metade das admissesno se d em um novo posto de trabalho, mas em um posto de trabalhoque era ocupado por outro trabalhador anteriormente.

    importante destacar que a alta taxa de rotatividade persiste,apesar do bom momento do mercado de trabalho no pas. Comoestudaremos no curso, nos ltimos anos o Brasil observou melhoras muitosignificativas nos indicadores de desemprego, informalidade e salrios.

    Esses itens passaram a preocupar menos os economistas que estudam omercado de trabalho, em relao ao passado. Nesse sentido, a rotatividade

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    uma espcie de exceo, porque permanece sendo uma fonte depreocupao.

    Antes de prosseguir com a anlise da questo, importante ressaltarque essa outra varivel cuja mensurao problemtica. fcil entendero que rotatividade, mas como medi-la? Como separar contrataes queso substituies de um posto, de contrataes decorrentes da criao devagas? Ou ainda, como distinguir se um desligamento gera uma nova vagade trabalho ou se um desligamento est extinguindo um posto? Paracontornar essas dificuldades, a maioria dos autores (e o MTE) usa o valormnimo entre admisses e desligamentos. Ou seja, entre os nmeros deadmisses e desligamentos, usa-se aquele que for menor. A lgica aseguinte: se em um perodo existem mais admisses do que desligamentos,h criao de vagas, e por isso se usar o nmero de desligamentos. Seexistem mais desligamentos do que admisses, h extino de postos detrabalho, e por isso se usar o nmero de admisses (a varivel de menor

    valor). Vou dar um rpido exemplo: se existem 10 admisses e 7desligamentos, 7 admisses devem repor os 7 desligamentos (rotatividade),e 3 admisses devem se relacionar a novas vagas, de forma que 7 (menorvalor entre admisses e desligamentos) o valor usado para o cmputo darotatividade. Essa ainda uma medida imperfeita, que apresenta outrosproblemas que no nos cabe discutir aqui, mas a mais usada. O banco dedados usado para esse tipo de estimativa pertence ao seu futuroempregador, o Ministrio do Trabalho: trata-se da RAIS Relao Anual deInformaes Sociais.

    A f l e x i b i l id a d e d o m e r c a d o d e t r a b a l h o

    A questo da rotatividade se insere no debate da flexibilidade domercado de trabalho, item que estudaremos bastante no curso e de formapreliminar hoje. Existe flexibilidade quando existe liberdade nos processosde admisso e desligamento. Assim, a rotatividade ser maior se as regrasde contratao e demisso forem flexveis. Uma legislao que impea ademisso, por exemplo, se relaciona com um ndice de rotatividade maisbaixo, j que a demisso em um posto, seguida de uma nova admisso,caracteriza a rotatividade.

    Antes de prosseguirmos, devo admitir que o termo flexibilidade usado com mais de um significado nas anlises do mercado de trabalhobrasileiro. Fala-se de dois tipos de flexibilidade:

    Flexibilidade quantitativa: ligada liberdade de demisso e, portanto, rotatividade.

    Flexibilidade dos contratos: ligada liberdade de desenhos dos contratose, portanto, ao desemprego.

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    A flexibilidade quantitativa se reflete nos altos ndices de rotatividade,porque se refere s possibilidades de demisso. A legislao brasileiraatualmente desincentiva a demisso, mas ela no proibida. O empregadorque demite um funcionrio sem justa causa deve arcar com os custos doaviso prvio e do FGTS. No entanto, antes de 1966, quando o FGTS foi

    criado, o trabalhador ganhava estabilidade quando completava dez anosanos em um posto. Dessa forma, por mais que seja caro para o empregadordemitir um empregado, o atual sistema certamente mais flexvel do que oanterior. O Brasil no signatrio da Conveno 158 da OIT, que probe ademisso imotivada. Os altos ndices de rotatividade no pas seriam umexemplo de que existe liberdade de demisso no pas. Dessa forma,nossomercado de trabalho considerado flexvel em termosquantitativos.

    A flexibilidade dos contratos um tema que estudaremos com maisprofundidade no futuro, j que ele se relaciona menos com a rotatividade. A

    liberdade de desenho dos contratos existe quando a legislao trabalhistapermite que empregador e empregado elaborem contratos da maneira queacharem melhor. No Brasil, o propsito da legislao trabalhista deproteger o empregado, elo mais fraco de uma relao de trabalho, acabaimpedindo muitas vezes que um contrato de interesse dele seja desenhado.A dificuldade de criar contratos especficos, a rigidez dos contratos, apontada como um problema grave do mercado de trabalho brasileiro,levando informalidade e ao desemprego. Imagine a seguinte situao:uma bab presta servio a uma famlia h algum tempo, famlia essa queest satisfeita com esse trabalho. A bab decide fazer uma faculdade e

    prope para a famlia para trabalhar em tempo parcial, aceitando umareduo proporcional do salrio. A famlia aceita, porque o seu beb j estmais crescido e inspira menos cuidado, e porque gosta muito dos serviosda atual bab, no se interessando na possibilidade de ter de troc-la poroutra. Esse novo contrato mutuamente benfico para as duas partes: abab pode se dedicar a sua nova faculdade e continuar na sua atualocupao e a famlia no precisa demitir a bab que gosta tanto. Vocssabem, porm, que esse no um contrato possvel de ser feito no Brasil!Com o intuito de proteger o empregado, nossa legislao probe que umcontrato antigo como da bab, seja alterado de forma a diminuir seu

    salrio, mesmo com reduo das horas trabalhadas. A famlia tem duasopes: demitir a bab e procurar uma nova, j que para a novata ocontrato a tempo parcial seria possvel, ou continuar com essa bab, smargens da lei, em uma relao informal. Esse um exemplo real, que ouvirecentemente de um economista, em que a baixa flexibilidade contratualleva ao desemprego ou informalidade. Resumindo, nosso mercado detrabalho no considerado flexvel em termos contratuais.

    A flexibilidade contratual um tema que estudaremos mais a fundoquando falarmos no mercado de trabalho no pas. O importante a saber que no h um consenso em relao flexibilidade, porque o termo

    flexibilidade pode ter dois significados, e que, em geral, se reconhece que aflexibilidade quantitativa existe, e a contratual no.

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    Con s e q u nc i a s d a r o t a t i v i d a d e

    J vimos que a rotatividade dos postos de trabalho alta no pas.Mas por que isso um problema? Quais as consequncias dos postosrodarem tanto? Veremos agora os motivos de a rotatividade ser ruim paraempregadores, empregados, e para a economia como um todo.

    A rotatividade reconhecida como uma das razes para a baixaqualificao dos trabalhadores no Brasil. A literatura da capital humano, queveremos de modo mais profunda em outra aula, considera que acapacitao (treinamento) dos empregados um investimento em capitalhumano que uma empresa faz. Por um tempo, ela vai gastar paraqualificar esse funcionrio de modo que se ele possa se adequar ao novotrabalho. Para isso, ela pode incorrer em custos diretos, como pagamentode instrutores, e indiretos, como os decorrentes do tempo que ele est notrabalho aprendendo, e no de fato produzindo, e decorrentes tempo que

    outros recursos (empregados, mquinas) perdem no trabalho para ainstruo do novo colega. Passada a fase do gasto, esse investimento vaitrazer frutos para a empresa, medida que o novo empregado, maisqualificado, passa a produzir para a empresa. S que se um trabalhador ficapouco tempo em uma empresa, o retorno do investimento no aparece.Sabendo que os trabalhadores costumam ficar pouco tempo em um posto,obviamente a empresa no far o tal investimento em capital humano.

    Esse comportamento estaria generalizado no mercado de trabalhobrasileiro e, por isso, considera-se que a alta taxa de rotatividade leva aum baixo investimento em capital humano, e, assim, a uma fora de

    trabalho pouco qualificada. Observe que os empregadores no so osnicos perdedores nesse cenrio. Os trabalhadores, mesmo que optem porrelaes de trabalho de curto prazo, tambm saem perdendo: a baixaqualificao limita a produtividade que eles podem ter, limitando ento aspossibilidades futuras de rendimento. De maneira geral, tambm o pascomo um todo sofre com a baixa qualificao. Veremos mais a frente nocurso que a baixa produtividade uma caracterstica marcante da economiabrasileira atualmente.

    Ressalta-se que essa ltima consequncia de rotatividade, emboramuito apontada, no unnime. Alguns autores no acreditam nessa

    ligao direta entre a qualificao dos trabalhadores e a produtividade: paraeles, a produtividade decorre no do nvel de instruo do empregado, masda qualidade do prprio posto de trabalho. Entraremos mais nessadiscusso quando estudarmos capital humano.

    A baixa qualificao no apontada como a nica consequncia darotatividade. Dois outros problemas principais tambm so apontados. Oprimeiro se refere relao empregador-empregado: relaes de curtoprazo so tidas como pouco cooperativas. A literatura considera querelao mais duradouras so mais benficas para o trabalhador, porquelevaria a postos de trabalho de maior qualidade. Um segundo problema

    envolve o governo. A rotatividade se liga ao saque do Fundo de Garantiapor Tempo de Servio (FGTS). Os saques frequentes por parte dos

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    trabalhadores demitidos afetam o resultado desse fundo, que usado pelogoverno para financiar a poltica habitacional (como o Minha Casa, MinhaVida) e de infraestrutura urbana do pas.

    Por fim, importante ressaltar que a rotatividade nem sempre ruim. O que se concebe como um problema no Brasil a taxa derotatividade muito alta. Um pouco de rotatividade, porm, visto comoessencial para o mercado de trabalho e para a economia de um pas. importante que empregadores tenham liberdade para buscar o melhorocupante possvel para um posto, e que os empregados tenham liberdadepara buscar a melhor ocupao possvel para eles. A rotatividade umaparte natural desse processo.

    Ca u s a s d a r o t a t i v i d a d e

    Agora que entendemos os problemas ligados rotatividade, vamos

    analisar o motivo dela ser to alta no Brasil. As causas indicadas para oproblema da rotatividade se vinculam mais s demisses causadas pelosempregados do que pelos empregadores.

    A legislao do pas incentivaria os empregados a buscarem aprpria demisso, especialmente em perodos de crescimento, eessa seria a principal causa da rotatividade no Brasil. Os economistasconsideram que os ganhos de curto prazo compensariam s perdas dessademisso para parte dos trabalhadores, contribuindo em muito para arotatividade. Quer dizer, para eles, os benefcios so maiores que os custos.Para entender essa questo, precisamos discutir os ganhos e perdas

    associadas a essa demisso.O que ganha um trabalhador que demitido sem justa causa? Voc

    sabe que ele tem direito indenizao do aviso prvio, ao saque do FGTS, e multa paga pelo empregador sobre 40% do valor do FGTS, alm doseguro-desemprego. Trata-se, portanto, de uma quantidade substancial dedinheiro, principalmente para o trabalhador de baixa renda que pode noter acesso outra forma de crdito. Em um momento de dificuldade,negociar ou buscar a prpria demisso (o que diferente de se demitir)pode ser uma estratgia muito adequada para ele.

    O que perde um trabalhador demitido? Naturalmente, ele perde arenda que aufere naquele emprego por um perodo de tempo. Essa perdavai ser to maior quanto maior for o perodo que ele permanecerdesempregado. por isso que em momentos em que a economia vai bem arotatividade aumenta. A probabilidade de encontrar um novo empregoformal maior, diminuindo o risco de ficar desempregado por mais tempo.Por isso, trabalhadores buscam mais a demisso em perodos assim. Outrapossibilidade que o trabalhador consiga sua demisso e fique um perodotrabalhando na informalidade (como trabalhador formal ele perderia odireito ao seguro-desemprego).

    Uma evidncia interessantssima desse tipo de comportamento aforma com que os pedidos de seguro-desemprego se correlacionam com o

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    crescimento da economia. Na maioria dos pases, os pedidos de seguro-desemprego aumentam quando a economia vai mal. Em uma economia comproblemas de crescimento a taxa de desemprego tende a aumentar,aumentando tambm os pedidos desse benefcio. Por esse motivo, oseguro-desemprego considerado uma varivel contracclica, ou seja, que

    caminha na direo contrria a do ciclo econmico: se a economia vai bem,diminuem os pedidos, mas se a economia vai mal, aumentam os pedidos.No entanto, no Brasil o seguro-desemprego uma varivelpr-cclica: seuspedidos se aceleram justamente quando a economia vai bem! O grficoabaixo retirado de um artigo, do economista Jos Mrcio Camargo, queexamina o tema, e mostra como o crescimento do seguro-desemprego vai direo contrria da taxa de desemprego.

    Mesmo em outros pases que no apresentam essa peculiaridade, arotatividade se liga possibilidade de conseguir um novo emprego. Por essemotivo, de se esperar, por exemplo, que a rotatividade seja menor emzonas rurais e cidades pequenas.

    Esse desenho institucional do pas no leva a movimentaes apenasdos trabalhadores, apesar dela ser a principal. Como o saldo do FGTS

    aumenta com o passar do tempo, a multa que o empregador deve pagarsobre esse saldo na demisso tambm aumenta quanto mais antigo for umtrabalhador em uma empresa. Com a modificao feita recentemente noaviso prvio, a demisso de trabalhadores mais antigos fica ainda maiscara. Por essas razes, se o empregador espera que um empregado no vficar muito tempo em uma firma, ele acabar o demitindo o quanto antes,j que, com o passar do tempo, demiti-lo ficar ainda mais caro. Esse mais um motivo para as relaes de trabalho no Brasil durarem poucotempo.

    Por fim, importante observar que vrias causas para a rotatividade

    so naturais e no so motivos de preocupao. Parte dos desligamentos causada pelo ciclo sazonal da economia: na agricultura vrios trabalhadores

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