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Projeto Pardinho SP Modelo Jatobás Ecopolo de Desenvolvimento Sustentável Municipal Ecoparque de Desenvolvimento Sustentável 1 EcoparqueDS 1 Este documento faz parte de conjunto de textos que compõem o Modelo Jatobás de DS Municipal.

Ecoparque de Desenvolvimento Sustentável

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Modelo Jatobás Ecopolo de Desenvolvimento Sustentável Municipal

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Projeto Pardinho SP

Modelo Jatobás

Ecopolo de Desenvolvimento Sustentável Municipal

Ecoparque de Desenvolvimento Sustentável1 EcoparqueDS

1 Este documento faz parte de conjunto de textos que compõem o Modelo Jatobás de DS Municipal.

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Modelo Jatobás de DS Municipal

[17.5] Ecoparque de Desenvolvimento Sustentável (EcoparqueDS)2

Bases para elaboração do Plano de negócios 3

Índice

1. Conceitos de EcoparqueDS_______________________________________________ 3 1.1. Fundamentos e objetivos do EcoparqueDS _________________________________ 3 1.2. Práticas no EcoparqueDS ________________________________________________ 4 2. Concepção do EcoparqueDS _____________________________________________ 5 2.1. Pré-requisitos para o EcoparqueDS________________________________________ 8 2.2. Modelos de EcoparqueDS ________________________________________________ 9 3. Benefícios _____________________________________________________________ 10 3.1. Benefícios para a indústria_______________________________________________ 10 3.2. Benefícios para o ambiente natural _______________________________________ 11 3.3. Benefícios para a sociedade _____________________________________________ 12 3.4. Cautelas ______________________________________________________________ 12 4. Custos, riscos e desafios do EcoparqueDS ________________________________ 14 5. Importância estratégica do EcoparqueDS__________________________________ 15 6. Financiamento do EcoparqueDS _________________________________________ 17 7. Gestão do EcoparqueDS ________________________________________________ 21 8. Esquema de concepção e implementação do EcoparqueDS _________________ 22 9. Benchmarking para concepção e implementação de EcoparqueDS ___________ 24

2 Annelise Vendramini Caridade, FEA/USP & João S. Furtado, PROGESA-FIA

FEA-USP & Instituto Jatobás 3 Este documento foi preparado tendo por base Lowe, E. A. 2001. Eco-industrial Park Handbook for Asian Developing Countries - Report to Asian Development Bank.Califórnia, Estados Uni-dos e Cohen-Rosenthal, E. & Musnikow, Judy. 2003. Eco-industrial strategies. Greenleaf Publ. Ltd. 384 pp.

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Nota prévia

Este documento apresenta, sinteticamente, as considerações básicas a respeito dos conceitos envolvendo o EcoparqueDS.

Decididos o desenho e implantação de empreendimento desse tipo, em determinado EcopoloDS (representado por um município ou área geográfica subnacional, envolvendo dois ou mais municípios), será ne-cessário organizar equipe multidisciplinar para desenvolver o projeto, de modo a envolver administradores de empresas, engenheiros, advo-gados, arquitetos, entre outros profissionais, para tratar de maneira mais aprofundada os temas relevantes para a tarefa.

O ecoparque industrial se configura como uma grande oportunidade de se criar uma nova organização social que atenda aos apelos sempre crescentes da busca pela sustentabilidade. É uma iniciativa inovadora porque traz como premissa o respeito pelo ambiente natural e pelo te-cido social que envolve qualquer atividade empresarial em sua busca pela remuneração justa do capita financeiro investido.

1. Conceitos de EcoparqueDS

1.1. Fundamentos e objetivos do EcoparqueDS

O EcoparqueDS corresponde à visão expandida do que é chamado de Ecopar-que Industrial (EPI), de uso internacional. O modelo usual de EPI foi desenvolvido e gerido como um condomínio, com o objetivo de maximizar os benefícios sociais, ambientais e econômicos e favorecer a excelência dos negócios.

O EcoparqueDS (i) exibe determinado grau de colaboração em gestão ambiental e outros aspectos ou questões relacionados a recursos; (ii) permuta, de maneira sistêmica, materiais e recursos (metabolismo industrial); e (iii) compartilha benefí-cios da comunidade de negócios e outras partes interessadas, a fim de garantir o impacto líquido (expresso por zero emissão, zero impacto, zero acidentes, etc.).

No Modelo Jatobás de DS Municipal ou de área geográfica subnacional especial o conceito de EcoparqueDS implica na implementação e funcionamento de área física, de arranjo virtual ou da combinação de ambos, onde as empresas e organi-zações sem fins lucrativos atuam com base em princípios fundamentais:

• foco comum em setor, segmento, produto ou estratégia de negócios;

• uso de critérios de metabolismo, simbiose ou de ecologia industrial;

• orientação para o Resultado Final Tríplice (Triple Bottom Line)

• alinhamento aos postulados estabelecidos nos Fundamentos de DS; no uso de tecnologias sustentáveis e nas demais diretrizes do EcopoloDS e

• competência em temas relacionados à missão.

O objetivo dos negócios que integram o EcoparqueDS é melhorar o desempenho em três dimensões: econômica, ambiental e social, por meio da colaboração na

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gestão de questões ambientais e sociais. Trabalhando em cooperação, a comuni-dade de negócios busca benefícios coletivos que são maiores do que a soma dos benefícios individuais que cada negócio obteria se otimizasse seu desempenho individual. Portanto, o objetivo da EcoparqueDS é melhorar o desempenho eco-nômico dos negócios participantes ao mesmo tempo em que minimiza seus im-pactos ambientais e potencializa os benefícios sociais.

Outros objetivos da gestão do EcoparqueDS abrangem: manter a combinação (mix) ótimo de organizações necessário para que os subprodutos sejam reaprovei-tados entre elas; apoiar melhorias no desempenho ambiental das organizações individualmente e do parque como um todo e operar um sistema de comunicação que apóie a comunicação entre as organizações, informe os membros das condi-ções ambientais locais e dê retorno sobre no desempenho do EcoparqueDS.

Por isso, o conceito de EcoparqueDS significa o arranjo físico ecossistêmico de co-locatários, rede sistêmica virtual ou combinação de ambos, composto de co-munidade de organizações e de pessoas, para atendimento de seus interesses - com ou sem fins lucrativos - e implementação de ações de cooperação, intercâm-bio e compartilhamento de recursos (informações, materiais, água, energia, infra-estrutura e outros elementos) envolvendo os integrantes e a comunidade local, que resultem em ganhos para todas partes interessadas, para a conservação e preservação dos recursos e serviços derivados dos ecossistemas.

1.2. Práticas no EcoparqueDS

As práticas no EcoparqueDS têm por princípios (i) a infra-estrutura e plantas do parque com design ecológico (ii) buscar plena integração com os sistemas natu-rais, em termos de uso racional de recursos e preservação dos serviços ambien-tais ou ecológicos; (iii) maximizar a eficiência energética por meio tanto da gestão sistêmica dos fluxos de energia como do uso extensivo de energia renovável; (iv) enfatizar produção limpa, através da prevenção de poluição, máximo re-uso, reci-clagem de materiais, tratamento integrado de resíduos entre os negócios partici-pantes do eEcoparqueDS e (v) uso inteligente da água.

O tipo de comportamento dos integrantes do EcoparqueDS é denominado meta-bolismo, simbiose ou ecologia industrial pelo fato de que as bases para as vanta-gens competitivas são baseadas na otimização dos fluxos de materiais, de água e de energia na economia local, regional e global, ao contrário de organizações que trabalham de forma isolada.

O EcoparqueDS agrega o fato de que os processos e produtos são focados no Resultado Final Tríplice, otimizados pela abordagem coletiva, a colaboração e as possibilidades sinérgicas proporcionadas pelas proximidades geográficas das ins-tituições integrantes.

A expressão “simbiose” vem do fato de que dois ou mais membros de espécies diferentes convivem de forma que a soma de esforços coletivos supera a soma dos esforços individuais. Este tipo de relacionamento promove a interação social entre os participantes que podem se estender à vizinhança de maneira benéfica.

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A simbiose industrial contrapõe-se, predominantemente, às atividades industriais e comerciais que consideram o intercâmbio de matéria como sua principal caracte-rística, em detrimento do desenvolvimento econômico, planejamento ambiental, atendimento das necessidades das comunidades vizinhas ou uso devido da terra.

O processo de simbiose ultrapassa os limites das empresas e organizações inte-gradas, pelo fato de que o EcoparqueDS se torna interdependente da comunidade ao redor porque esta é a fonte de recursos materiais e humanos, de serviços e de comércio. A comunidade se envolve na tomada de decisão por meio de audiências públicas e os funcionários de EcoparqueDS são da comunidade de entorno e pre-parados pelas instituições de ensino locais. Toda a gama de serviços necessários para a manutenção do EcoparqueDS, tais como, água e esgoto, gestão de resí-duos sólidos e infra-estrutura logística são geralmente operadas por empresas locais.

2. Concepção do EcoparqueDS

Pretende-se que o modelo de EcoparqueDS represente instrumento importante para o progresso quantitativo e qualitativo das pessoas e das organizações, com a devida atenção às condições ambientais determinadas por fatores ou efeitos de-terminados pelos meios ar, água e sol e as influências determinadas pela Bacia Hidrográfica e Unidades de Conservação, como as Áreas de Área de Proteção Ambiental.

Recomenda-se que a concepção, desenho e implementação do EcoparqueDS levem em consideração os aspectos mencionados no quadro-síntese, além de outros que forem apropriados ou pertinentes às características ou desejos das partes interessadas, naturalmente harmonizados às condições do Município ou da área geográfica subnacional alvo.

Natureza jurídi-ca

Organização privada, podendo abranger aspectos de direito pú-blico-privado

Localização ide-al

Área de fronteira geográfica de vários municípios, com infra-estrutura adequada para logística, visão de cadeia de valor e expansão física.

Gestão Privada, com Conselho público-privado (sem fins lucrativos), com modelo gerencial adequado de composição e funcionamen-to

Investimento Fundadores, contribuintes, investidores, comodatários e locatá-rios.

Missão Implantação e funcionamento de empresas e organizações sem fins lucrativos, que operam com base no modelo de metabolis-mo, simbiose ou ecologia industrial.

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Visão Tornar-se agente nucleador de organizações e de pessoas comprometidas com a construção de futuro focado no Desen-volvimento Sustentável e Resultado Final Tríplica (econômico, ambiental e social), com especial atenção para o desenvolvi-mento da área geográfica de influência do EcopoloDS

Princípios direcionadores

• RFT Resultado Final Tríplice

• Água, Energia/Emergia, Desmaterialização, Aquecimento do Planeta, Biodiversidade, Responsabilidade Socioambiental Total..

Integrantes Agentes privados, nacionais e estrangeiros, com e sem fins lu-crativos e públicos, das esferas Federal, Estadual e Municipal.

Pontos focais • Gestão de operações e de processos produtivos orientados para resultados econômicos, ambientais e sociais.

• Incubação de organizações com e sem fins lucrativos

• Cooperação e compartilhamento das partes interessadas

Instrumentos fundamentais

• Gestão do conhecimento e transformação de conhecimento em práticas

• Pesquisa e Desenvolvimento de tecnologias sustentáveis

• Implementação de práticas

• Aprendizagem através da prática

Econômicos, ambientais e sociais.

Institucionais

Programáticos

Estratégicos

Objetivos

Operacionais

Metas Curto, médio e longo prazo.

Infra-estrutura Instalações para provimento de bens e serviços

Operações Desenho de políticas

Desenvolvimento de modelos de gestão estratégica

Produção e oferta de bens e serviços

Programas • Construção de visão de futuro sustentável focado em

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ecoinovações compatíveis com as características econômicas, ambientais e sociais da região, como: Bacia hidrográfica, APA Área de Preservação Ambiental e de Aqüífero para alimentação de Bacia Hidrográfica.

• Produção e consumo sustentáveis, com foco em metas para o Desenvolvimento Sustentável de curto, médio e longo prazo.

• Capacitação institucional, organizacional e acadêmico/profissional para o Desenvolvimento Sustentável Municipal.

• Estímulo ao desenvolvimento de modelos de economia solidária e inserção socioeconômica de produtores com dificuldades de acesso ao mercado privado.

Em certas citações Ecoparque equivale, parcialmente, a Cluster, Arranjo produtivo e Núcleos empresariais. Em outras situações, Ecoparque referido como se fosse o mesmo que Ecopolo.

O cluster representa a concentração geográfica de um grupo de organizações e de atividades de negócios interconectadas envolvendo produtores, fornecedores e associações associadas, em um campo especifico.

O arranjo produtivo, no Brasil, é definido pela presença, em determinada área ge-ográfica, de (1) um número significativo de empreendimentos no território e de in-divíduos que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante (2) que compartilhem formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de gover-nança.

Clusters e arranjos produtivos são focados no compartilhamento de recursos e de competências e na cooperação, como estratégias para aumento de vantagens competitivas em relação a outras regiões geográficas, nacionais ou no mercado global.

As expressões Pólo Ecológico e Ecopolo foram usadas, no Brasil, para represen-tar áreas físicas com diferentes objetivos.

(i) Concentração de organizações de negócios que adotam tecnologias de base ambiental (Prevenção de poluição, Produção Mais Limpa, reutilização de resíduos, entre outras ferramentas). Neste caso, o modelo organizacional tem o mesmo significado de Ecoparque industrial, como usado internacionalmente.

(ii) Área física dedicada a reservas e áreas protegidas, a espaços públicos urbanos ou suburbanos e até empreendimentos combinando atividades produtivas e habitacionais.

Neste documento, o termo Ecoparque não é equivalente ao Ecopolo. O último é usado para representar o conjunto de direcionadores de práticas para produção e de consumo de bens e serviços sustentáveis, em área geográfica definida.

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É importante enfatizar que a estratégia para institucionalizar as ações para o DS Municipal apóia-se na criação de área física, capaz de integrar parceiros; coorde-nar outros, sob a forma de rede, de conjunto ou sistema virtual; ou a combinação dos tipos mencionados.

2.1. Pré-requisitos para o EcoparqueDS

Entre as estratégias para o desenvolvimento de EcoparqueDS destacam-se os seguintes aspectos.

• O papel da comunidade é muito importante, senão indispensável, para a construção e consolidação do empreendimento.

As atividades e ações desempenhadas envolvem: desenvolvimento da vi-são e do plano de implementação, em cooperação com os agentes de go-verno local, as empresas de negócio e as organizações de consultoria.

Projetos que contaram com a participação inicial da comunidade foram bem sucedidos na proposta de criação de empregos, proteção ambiental e pre-servação dos valores sociais.

A falta de capacitação e conhecimentos técnicos, pela comunidade, foi pre-enchida pelo apoio de agências públicas Estaduais e Federais, especial-mente quando o suporte governamental foi orientado para redução de cus-tos de transações e para tornar o papel político da comunidade local mais visível e com maior credibilidade para o planejamento estratégico e capta-ção de recursos financeiros para o empreendimento.

• O EcopoloDS precisará contar com as presença e atuação de diversos ti-pos de organizações, abrangendo empresas âncoras de porte, capazes de organizar as respectivas cadeias de valor, pequenas empresas, incubado-ras, empresas de tecnologia.

1. Integrantes mínimos: componentes empresariais existentes e potenciais; infra-estrutura de transporte; fluxo de materiais na produção e consumo de bens e ser-viços, envolvendo a economia local e externa ao ponto focal e suas relações com os recursos ambientais e sociais da comunidade.

2. Atração dos co-locatários: negócios, organizações sem fins lucrativos e pes-soas alinhadas e compatíveis com os objetivos e alvos do EcoparqueDS; alerta para as demandas e necessidades de mudanças de paradigmas econômicos, am-bientais/ecológicos e sociais locais, regionais e globais que afetam ou são afeta-das pelo EcoparqueDS; incentivos e estratégias para a permanência dos co-locatários e as demais organizações que afetam ou são afetadas pelas estraté-gias.

3. Estrutura de eco-gestão: gerenciamento do empreendimento físico, orientado para o desempenho de negócios e atividades sem fins lucrativos sustentáveis - econômicos, ambientais e sociais e constituição do ecossistema de co-locatários e demais participantes da rede virtual existente.

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4. Financiamento: investimento público-privado, para partida e sustentabilidade econômico-financeira de prazo indeterminado.

5. Padrões de excelência: caracterização de tecnologias e base socioambiental e sustentável para implementação do EcoparqueDS e operações dos integrantes; equilíbrio nas relações entre os sistemas de produção e consumo de bens e servi-ços com a sustentabilidade dos ecossistemas; critérios para reengenharia e reori-entação de processos gerenciais e produtivos clássicos de fim-de-tubo (contenção de emissões e resíduos para processamento em estações de tratamento ou des-carte e destinação para aterros u incineração), visando a migração para Produção Limpa, Ecoeficiência e Resultado Final Tríplice ; ações colaborativas entre os in-tegrantes e as comunidades.

6. Política organizacional: parcerias público-privadas; sistema de ecogestão para a sustentabilidade tríplice (econômica, ambiental e social), relacionamentos insti-tucionais e com a comunidade local.

7. Plano estratégico: desenho e organização de ações de curto (1-3 anos), médio (5-10 anos) e longo (até 50 anos) prazos, orientadas para o uso de recursos e ba-seadas em: parcerias público-privadas; padrões de excelência em desempenho gerencial, econômico-financeiro e socioambiental e de produção de bens e servi-ços; integração com o planejamento urbano local e as características ecológicas locais, regionais e nacionais; relações com a comunidade local, abrangendo de-mandas, infra-estrutura, gestão do espaço, cultura, diversidade e governabilidade, entre outros aspectos.

2.2. Modelos de EcoparqueDS

Os ecoparques implantados geralmente se configuram sob a forma de parceria público-privada entre a comunidade, a empresa desenvolvedora do empreendi-mento, as organizações envolvidas com o ecoparque e o poder público. O desafio é encontrar o equilíbrio entre investimentos privados e benefícios públicos, já que a maior parte dos investimentos é realizada pelo setor privado, enquanto os bene-fícios são obtidos por todos. A solução é o trabalho em conjunto (público-privado) para que os benefícios sejam apropriadamente distribuídos entre os participantes, assegurando também o retorno do capital investido pelos participantes privados.

As descrições a seguir não constituem entendimento universal, mas servem para estabelecer limites ou distinções. A diferença de nomenclatura não é relevante. O importante são os princípios e tipos de operações estabelecidos.

Ecoparque Industrial ou Parque eco-industrial. Parque industrial desenvolvido e gerenciado como um imóvel com a missão de alcançar grandes benefícios soci-ais, ambientais e econômicos aliados à excelência nos negócios. Trata-se de área física ocupada por organizações co-locatárias que adotam práticas de simbiose ou de metabolismo industrial para produção de bens e de serviços de planejamento, sistemas de gestão e desenvolvimento de tecnologias de gestão e de operações, geralmente com foco em processos de fim-de-tubo que geram emissões e resí-duos que precisam ser eliminados ou reaproveitados.

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Parque de tecnologias verdes: área física ocupada por organizações co-locatárias que desenvolvem tecnologias para práticas de simbiose ou de metabo-lismo industrial, gestão, marketing e outras ferramentas destinadas a diferentes clientes, usualmente para atendimento a novas legislações, ações além-de-conformidade, incentivos ou programas governamentais especiais.

Parque e sistema de recuperação e permuta de subprodutos. Conjunto de or-ganizações comprometidas com o reuso de seus subprodutos (energia, água e materiais) ao invés do descarte como resíduos. Refere-se, portanto, a área física ocupada por organizações ou rede de cooperação para recuperação e reaprovei-tamento, como base de negócios e atividades, orientados para prevenção de des-cartes de resíduos e economia do estoque de recursos naturais.

Rede eco-industrial. Arranjo virtual de conjunto de empresas e organizações prestadoras de serviços dedicadas à colaboração para aprimorar os desempenhos econômico, ambiental e social na região.

3. Benefícios

3.1. Benefícios para a indústria

O EcoparqueDS favorece a geração de menores custos de produção como decor-rência de maior eficiência no uso de materiais e de energia, reciclagem de resí-duos e eliminação de práticas que podem gerar multas ou penalidades. A eficiên-cia produtiva pode favorecer a produção de produtos mais competitivos pelas in-dústrias participantes.

Adicionalmente, alguns serviços comuns podem ser compartilhados pelos negó-cios participantes como, por exemplo: gerenciamento de processos, treinamentos, compras, equipes de emergência, sistemas de informação ambiental e outros ser-viços de apoio.

O compartilhamento destes custos pode contribuir para que os membros do Eco-parqueDS obtenham maior eficiência econômica, configurando-se também como oportunidade de geração de vantagem comparativa para empresas de pequeno e médio porte.

Em geral, os empreendimentos desse tipo atraem empresas com negócios simila-res e que se beneficiam da localização próxima, formando clusters. Os possíveis maiores beneficiados pela formação de um EcoparqueDS são os negócios alta-mente dependentes de ativos ambientais e energéticos.

Ecoparques Agroindustriais

O EcoparqueDS Agro-industrial é muito importante para o desenvolvimento sus-tentável. O agronegócio convencional tende a ser bastante agressivo ao meio am-biente, altamente poluidor - em grande parte devido ao uso de matérias-primas derivadas do petróleo - e danoso ao solo e aos recursos aquáticos. Por outro lado, a demanda por produtos orgânicos tem crescido consideravelmente na Europa, Estados Unidos, Japão e ainda timidamente em países em desenvolvimento. Este movimento de mercado sugere uma tendência rumo à agricultura sustentável,

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conduzida tanto pela necessidade de se conservar o solo, a água e a energia ao longo da cadeia produtiva como pela demanda dos consumidores de produtos mais saudáveis e não poluentes.

Um EcoparqueDS Agroindustrial tem por objetivos assegurar que as organizações participantes utilizem-se de práticas de negócios em seus processos produtivos que são ecologicamente adequadas, apóiem a transição de uso de matérias-primas derivadas do petróleo para matérias-primas ecológicas, preservem e res-taurem áreas rurais e sistemas aquáticos evitando a degradação, preservem e restaurem a economia e sociedade das comunidades rurais.

Para atingir estes objetivos, o EcoparqueDS Agroindustrial seria composto de em-presas fornecedoras de equipamentos, energia, materiais e serviços às fazendas produtoras, buscando sempre maior ecoeficiência no uso dos recursos naturais e a visão de Resultado Final Tríplice.

EcoparqueDS de Energia Renovável

Há um conjunto de forças econômicas e ambientais poderosas agindo sobre as indústrias para o uso mais freqüente de energias renováveis em seus processos produtivos. Dentre estas forças, destacam-se as seguintes.

i. A dependência de fontes de energia importadas implica em vulnerabilida-de da indústria nacional.

ii. No longo prazo, a demanda por petróleo superará a oferta, desenhando-se uma tendência mundial de aumento de preços.

iii. Os usos de maior valor agregado para o petróleo na manufatura de produ-tos petroquímicos competirão com o uso do petróleo como combustível para transporte e energia.

iv. É provável que as pressões da sociedade ajam sobre os consumidores de petróleo para redução de seu uso para evitar maior aquecimento global.

v. Cada vez mais empresas necessitam de fontes de energia com maior qualidade e mais confiáveis.

vi. São mais freqüentes as pressões dos mercados públicos e privados para o uso de energia verde. Os biocombustíveis representam vantagem com-petitiva e comparativa relevantes para diversas áreas geográficas no Bra-sil, dependendo de políticas públicas agro-ecológicas, tecnologias susten-táveis e capacidade de gestão.

Assim, a criação de um EcoparqueDS voltado para o uso de energia renovável caracteriza-se como uma grande oportunidade para a geração de valor para as empresas participantes. O EcoparqueDS de Energia Renovável pode dar suporte às indústrias da região ou fornecer energia ao sistema distribuidor/transmissor de energia elétrica.

3.2. Benefícios para o ambiente natural

O modelo de negócios integrativo do EcoparqueDS reduzirá as fontes de poluição e resíduos bem como demandas por recursos naturais. Também favorece o de-

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senvolvimento de soluções inovadoras, diluindo o custo de pesquisa e desenvol-vimento para o desafio da produção mais limpa.

Decisões acerca da infra-estrutura e de admissão de organizações serão realiza-das sob o contexto das restrições da capacidade de carga local (local carrying ca-pacity) indicadas, por exemplo, por diagnóstico ambiental e Pegada Ecológica dos potenciais sítios.

3.3. Benefícios para a sociedade

O desempenho econômico dos negócios participantes do EcoparqueDS favorece-rá o desenvolvimento das comunidades de entorno. O parque contribuirá para o desenvolvimento de iniciativas locais como, por exemplo, fornecedores e mão de obra. O desempenho ambiental do empreendimento redundará em melhores con-dições de vida para a comunidade: melhores condições do ar, do solo e uso da terra, da água e redução significativa de resíduos.

3.4. Cautelas

O desenvolvimento ecoindustrial ou de simbiose industrial é movimento novo e testado por pequeno número de indústrias e, mesmo assim, limitado a pequeno número de processos de produção e produtos.

O modelo é considerado importante para o Desenvolvimento Sustentável, por es-tabelecer fluxos de materiais e demais recursos para a produção e consumo de bens e potencializado pela implantação de Ecoparques industriais.

A discussão a respeito desta tendência por especialistas destacou que será preci-so investir por tempo longo, especialmente para a capacitação de lideranças, comprometimento de governos, das comunidades de negócio, inclusive as finan-ceiras.

Além disso, será preciso demonstrar contabilmente, os resultados ambientais, e-ducacionais e de envolvimento das comunidades, o que poderá levar décadas, antes que a sociedade saiba se houve progressos reais derivados da contribuição do modelo ecoindustrial.

• Os casos mais bem sucedidos surgiram espontaneamente, baseados em

vantagens econômicas claras.

• Ações centralizadas de planejamento para criação de redes não são tão bem sucedidas como as determinadas por força de mercado.

• Daí a interrogação: como programar os fluxos locais de materiais e redes de utilização para promover o desenvolvimento integrado econômico, ambi-ental e social?

• Sem garantir o fluxo de materiais, as empresas se relocariam?

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Estas dificuldades são próprias do Ecoparque de recuperação de materiais, mas, não necessariamente de EcoparqueDS focado em cadeia de valor sustentável com as seguintes características essenciais.

• A empresa âncora está organizada para construir sua rota para a sustentabilidade, os demais elos da cadeia e partes interessadas compartilham de visão de sustentabilidade focada em mercado de bens privados e públicos.

• Os agentes públicos estão preparados para realinhamento e amparados pelo engajamento de desenvolvimento tecnológico e do tecido social.

• Agentes públicos e a comunidade são estimulados para participarem de discussões econômicas e sociais estratégicas para que os instrumentos de mercado (abordados em tópico próprio deste documento) possam ser acio-nados, revistos, aprimorados e implementados, com todos os agentes, ato-res e expectadores participando de jogo ganha-ganha.

• Grupos acadêmicos e empresas de consultoria devem cumprir seus papéis para que não faltem competências profissionais e conhecimento a fim de que os participantes do EcoparqueDS sejam competitivos, do ponto de vista de custos de produção vrs. preço de venda e diferenciação (tecnologia, u-sos, propriedades).

Outro aspecto importante é que o EcoparqueDS parte da premissa de que os pro-cessos e produtos não são focados em geração de resíduos, mas, em métodos preventivos apoiados em tecnologias ou ferramentas de base econômica e ambi-ental, como as mencionadas.

• Ecodesign (concepção de produto com base em atributos ambientais e so-ciais, integrados aos econômicos)

• Avaliação de Ciclo de Vida (identificação de impactos ao longo de todo o ciclo de vida do produto, segundo a visão do-berço-ao-berço)

• Ecoeficiência (relação zero entre custo de produção de bem ou serviço e custo de efeitos ou impactos ambientais) e, idealmente

• Ecoefetividade (reaproveitamento de materiais em pelo menos 3-4 ciclos de produção e consumo de bens e serviços, segundo a visão do-berço-ao-berço).

Neste sentido, há suficiente espaço para negócios baseados em reciclagem e uso de materiais reciclados, mas não para tratamento de resíduos, descarte, destina-ção, bolsa de resíduos, uma vez que tais elementos não fazem parte da visão es-tratégica do EcoparqueDS.

Por conseqüência, o metabolismo ou simbiose industrial assume caráter importan-te do ponto de vista de água, energia, serviços comuns, logística e outros elemen-

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tos que promovem a competitividade quando comparados a empresas que atuam individualmente.

4. Custos, riscos e desafios do EcoparqueDS

O desenvolvimento do EcoparqueDS é tarefa bastante complexa cuja implantação e gestão demandam alto grau de integração no design e nas tomadas de decisão em geral. O sucesso é altamente dependente de estreita colaboração entre agen-tes públicos; profissionais de planejamento, engenharia econômica, tecnologia socioambiental, gestão de projetos; e as organizações que integram o Ecopar-queDS.

Um grande risco potencial, portanto, é a incapacidade destes grupos ultrapassa-rem a barreira da não cooperação. Outros potenciais riscos estão mencionados em seguida.

i. Acesso a fontes de financiamento. O retorno do projeto geralmente é de longo prazo. Se, por um lado, alguns custos de construção, operação e manutenção da infra-estrutura podem ser menores, por outro, o payback em um prazo maior pode dificultar o financiamento do projeto. Assim, os custos e benefícios do EcoparqueDS devem ser considerados em uma perspectiva de longo prazo, em comparação a investimentos imobiliários tradicionais que podem apresentar retornos mais imediatos.

ii. Altos custos de desenvolvimento. Os potenciais maiores custos de de-senvolvimento do EcoparqueDS estão associados ao desenho do projeto, preparação do terreno, características da infra-estrutura e do processo de construção. Se os custos incorridos realmente forem maiores, podem ser plenamente compensados pelos benefícios de longo prazo do Ecopar-queDS, dependendo do período de payback aceitável para os investidores.

iii. Risco de suprimento. O uso, por uma organização do EcoparqueDS, de subprodutos da produção de outra empresa do condomínio, como matéria-prima para seu processo produtivo pode representar um risco estratégico de suprimento caso a planta fornecedora seja descontinuada.

iv. Resistência à substituição de produtos tóxicos. A troca de subprodutos no EcoparqueDS pode favorecer a resistência à descontinuidade no uso de produtos tóxicos. No EcoparqueDS, as soluções de produção limpa ou re-desenho de processos deverão ter prioridade sobre a troca de produtos tó-xicos.

v. Atraso na obtenção de licenças. Agências reguladoras podem não apro-var inovações necessárias para o desenvolvimento do EcoparqueDS ou mesmo o processo de aprovação de relatórios de impacto ambiental de pro-jetos inovadores pode ser mais lento que projetos tradicionais.

vi. Interdependência. Algumas organizações podem perceber a interdepen-dência criada pela operação em comunidade como risco para os seus ne-gócios. Adicionalmente, a colaboração pode ser particularmente difícil se o

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EcoparqueDS incluir organizações de países e culturas diferentes. Por ou-tro lado, empresas de pequeno e médio porte vêem esta interdependência como fonte importante de vantagem competitiva. Alguns ecoparques inclu-em um número grande de pequenas e médias empresas. Embora se bene-ficiem do compartilhamento de serviços ambientais, têm dificuldades finan-ceiras em adquirir as novas tecnologias necessárias para melhorar sua per-formance ambiental, sendo, portanto, necessário apoio financeiro de fontes externas.

Prevenção de riscos econômicos

A autonomia individual de cada membro é um princípio importante do Ecopar-queDS. O processo colaborativo será desenvolvido por meio de auto-regulação e estabelecimento de fluxos de informação e feedback que atendam a todos os membros do empreendimento, assegurando a autonomia de cada membro indivi-dual. A premissa que apóia o processo colaborativo é que em geral, as organiza-ções podem auto-regular seu comportamento de maneira mais eficaz que regula-dores externos, dependendo de fluxos de informações e sistemas de gestão dis-poníveis.

O intercâmbio de subprodutos e recuperação de recursos pode causar o fim de determinados pequenos negócios (às vezes informais) que sobrevivem da comer-cialização de subprodutos e resíduos de indústrias. Estas pequenas empresas podem ser treinadas em suas práticas ambientais e incorporadas ao Ecopar-queDS.

Os riscos potenciais podem ser mitigados ou pelo menos, bastante minimizados por um processo de planejamento detalhado, envolvendo profissionais de diferen-tes áreas e posteriormente, pela gestão eficaz do EcoparqueDS.

5. Importância estratégica do EcoparqueDS

O EcoparqueDS busca a aplicação direta do conceito de desenvolvimento susten-tável aos negócios. Neste contexto, “eco” significa a criação de um parque indus-trial às características dos ecossistemas locais e regionais; significa também que o princípio do desenvolvimento deve considerar os recursos e necessidades da e-conomia local.

É importante também mencionar que o planejamento de um parque industrial deve considerar alguns fatores estratégicos tradicionalmente não levados em conside-ração na fase de planejamento. A listagem a seguir não esgota os fatores ou ele-mentos que deverão ser considerados para a elaboração de projeto para desenho e implantação de EcoparqueDS.

• Processos e produtos que causam mudanças climáticas, esgotamento dos recursos naturais e perda de biodiversidade são questões globais devem ser reorientados, levando-se em consideração os sistemas industriais atu-ais.

• Novos conceitos para uma economia sustentável vêm emergindo e catali-sando o processo de transformação, gerando novos desafios aos negócios.

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• Governos em muitos países estão promovendo mudanças como privatiza-ções, redução de pessoal, terceirizando atividades, eliminando programas, desregulamentando e reduzindo recursos disponíveis para o desenvolvi-mento local.

• No mundo globalizado, as economias nacionais estão se tornando alta-mente interdependentes e menos capazes de controlar as taxas de juros e o câmbio.

• A Internet favoreceu um novo fórum para transações e relações nos negó-cios.

O EcoparqueDS deve ser planejado como uma parceria público-privada. O gover-no pode contribuir com o desenvolvimento do empreendimento de diversas manei-ras, destacando, entre elas:

(i) financiando a etapa de desenvolvimento do EcoparqueDS, via emissão de títulos públicos;

(ii) cessão de área pública para o desenvolvimento do empreendimento, já que os ganhos posteriores podem reduzir a necessidade de investimento públi-co adicional;

(iii) criação de políticas públicas e instrumentos de mercado, com especial des-taque para a concessão de benefícios tributários para as empresas partici-pantes do EcoparqueDS. É preciso reconhecer que o setor privado tem im-portância crucial no desenvolvimento e gerenciamento do empreendimento pela complexidade envolvida, visão de prazo intra e intergeracional e, por-tanto, necessária continuidade.

O EcoparqueDS oferece às empresas participantes a oportunidade de terem me-lhores desempenhos econômico, social e ambiental com ganho de eficiência e relações sinérgicas com as demais empresas participantes do empreendimento.

Os benefícios do EcoparqueDS para as empresas participantes são, por exemplo, os seguintes:

i. quando aplicável, obtenção de licença ambiental guarda-chuva para o par-que;

ii. gestão compartilhada de subprodutos; (iii)

iii. compartilhamento de custos com desenvolvimento e treinamento em novas tecnologias;

iv. compartilhamento de serviços de gestão e prevenção de riscos e de emer-gência;

v. venda de subprodutos e de energia, com compartilhamento de serviços que reduzem custos para as empresas participantes;

vi. benefícios para a imagem organizacional ou corporativa ao integrar Eco-parqueDS;

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vii. vantagens competitivas em marketing, treinamento ou pesquisa e desen-volvimento, geradas pela colaboração entre as empresas participantes do condomínio.

Elementos estratégicos para o desenho do EcoparqueDS

Sistemas naturais – O EcoparqueDS se harmoniza com o meio ao seu redor, prevenindo ou minimizando o impacto ambiental e reduzindo custos operacionais.

Energia – O uso mais eficiente de energia é importante para redução de custos e maior eficiência ambiental; o uso planejado dos recursos energéticos pelas indús-trias participantes do EcoparqueDS pode gerar, por exemplo, melhor aproveita-mento dos fluxos de vapor ou água quente de uma planta para outra ou mesmo favorecer o compartilhamento do uso de energia renovável como solar ou eólica.

Fluxo de materiais – No EcoparqueDS, os subprodutos são considerados materi-ais que ainda não foram aproveitados internamente ou reaproveitados por outras empresas/indústrias. No EcoparqueDS haverá esforço comum para o uso maximi-zado dos recursos e materiais e minimização do uso de materiais tóxicos. A infra-estrutura do EcoparqueDS inclui mecanismos para transporte de subprodutos de uma planta para outra, estocagem de subprodutos e estrutura para processar re-síduos tóxicos comuns.

Água – O EcoparqueDS procura desenhar fluxos de água que conservem os re-cursos hídricos e reduzam a poluição de maneira similar ao fluxo de materiais, fazendo re-uso de água, assegurando diversos níveis de qualidade de água, a partir do desenho de sistemas fechados.

Licenças ambientais – É conveniente a criação de uma Associação do Ecopar-queDS para gestão de assuntos regulatórios tratar de envolvendo licenças ambi-entais e outros aspectos relativos a conformidade obrigatória e voluntária, como a definida através de Códigos de Conduta. A entidade funcionaria como uma agên-cia de gestão e monitoramento do nível de conformidade das empresas participan-tes do EcoparqueDS, tendo o poder de punir, através de diferentes instrumentos, inclusive a aplicação de multas pecuniárias, disciplinares e, inclusive, pleitear a exclusão de quaisquer empresas/organizações presentes no EcoparqueDS que não cumprirem rigorosamente as exigências ambientais.

6. Financiamento do EcoparqueDS

As fases de desenvolvimento do empreendimento que requerem financiamento são pelo menos quatro.

Fase 1: avaliações técnicas e econômico-financeiras de viabilidade do Eco-parqueDS.

Fase 2: desenvolvimento da estrutura física do EcoparqueDS e desenvol-vimento de programa de marketing.

Fase 3: desenvolvimento, construção e financiamento das instalações fabris e outras obras físicas.

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Fase 4: desenvolvimento das estruturas de apoio, como a incubadora de negócios, centro de treinamento e outras unidades para operações comuns.

As fontes de financiamento que podem ser utilizadas incluem:

recursos públicos oriundos de agências de fomento e desenvolvimento - especialmente para as fases de desenvolvimento do EcoparqueDS e cons-trução de estruturas de apoio e

recursos privados - mais especificamente para o financiamento de cada planta individualmente – por meio da emissão de títulos privados e/ou em-préstimos de bancos de desenvolvimento.

Há algumas alternativas para financiamento do EcoparqueDS, como as seguin-tes.

• Aquisição do parque por uma empresa holding que detenha participação a-cionária nas empresas participantes do EcoparqueDS. Esta opção possui grande complexidade e, portanto, com pouca viabilidade na realidade brasi-leira.

• Formação de um fundo de investimento imobiliário com o objetivo de inves-tir em desenvolvimentos imobiliários sustentáveis, com assento no Conse-lho de Administração do EcoparqueDS.

Os incentivos, sob a forma de instrumentos de mercado constituem importantes elementos para a formação de EcoparqueDS, dependendo da iniciativa de agen-tes governamentais para cria-los por meio de políticas públicas. São apresentados alguns exemplos de instrumentos de mercado para a constituição de Ecopar-queDS.

! Participação de agências públicas em parcerias público-privadas para o de-senvolvimento de ecoparques industriais.

! Criação de empréstimos ou subsídios governamentais para aplicação em investimentos que tenham características sustentáveis.

! Criação de fluxos e padrões para emissão de licenças.

! Instauração de um processo de compra por parte de agentes governamen-tais que privilegiem compras verdes, preferencialmente produtos que sejam produzidos em EcoparqueDS com assegurada excelência operacional so-cioambiental.

! Instauração de um selo de certificação de sustentabilidde para sistemas de gestão, de produção e para produtos de acordo com princípios e valores ecológicos, metas de produção limpa bastante agressivas e de benefícios sociais notáveis.

! Reconhecimento e premiação para empresas e demais organizações que se diferenciarem do ponto de vista da gestão e desempenho socioambiental e, em especial, em relação aos Fundamentos e demais critérios estabeleci-dos pelo EcopoloDS.

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! Modelos de regulamentação que diferencie empresas e demais organiza-ções que adotem os paradigmas de comando-e-controle e de fim-de-tubo, das que implementarem produção limpa, ecoeficiência, ecoefetividade, es-pecialmente as que, comprovadamente, revelem resultados métricos de re-levância socioambiental.

! Criação de arcabouço de instrumentos de mercado e de mecanismos de aplicação, de modo democrático e transparente.

É preciso admitir que a obtenção de financiamento privado representa um desafio considerável, pois, os agentes econômicos não estão familiarizados com a propos-ta do modelo de reduzir os riscos e aumentar as taxas de retorno.

A implantação do EcoparqueDS representa novo conceito e a mudança de atitude dos agentes financeiros tradicionais precisará contar com o esforço e participação das diversas partes interessadas no uso do modelo como instrumento para o DS municipal ou intermunicipal. Para tanto, os agentes mobilizadores terão que orien-tar a argumentação com base em forças de mercado e as oportunidades estraté-gicas proporcionadas pelas disponibilidades e demais características socioambi-entais do EcopoloDS.

A percepção ou real dificuldade para encorajar a relocação de empresas de negó-cios, causadas pela legislação e outros tipos de restrições normativas devem ser estudadas com profundidade, a fim de identificar aspectos que contribuam para contrabalançar os efeitos negativos e estimular o interesse por novas oportunida-des competitivas. As vantagens da sinergia e dos instrumentos de mercado, am-parados em arcabouço de políticas públicas que favoreçam o DS representam vantagens comparativas a serem corretamente exploradas.

O processo de comunicação e a troca de experiências, com compartilhamento de custos são outros tipos de vantagem comparativa a ser analisada para convenci-mento de agentes financiadores do EcoparqueDS.

Os agentes financeiros em parceria com agentes públicos e empresários serão de grande ajuda se criarem modelo ou instruções adequadas para o financiamento a ser procurado em diferentes agências.

Agentes de negócios serão úteis se ajudarem a comunidade a encontrar meios para informar, capacitar e financiar as necessidades de negócios, principalmente se for possível criar cadeias de negócios baseadas em economia solidária.

Tipologia de instrumentos de mercado

As ações dos agentes governamentais, para a criação de instrumentos de merca-do, deverão estar harmonizadas com o papel de regularizadores do espaço e dos bens de direito difuso, como são o caso dos bens naturais e os serviços ecológi-cos.

Para isso, é muito importante que sejam combinadas questões relativas ao mer-cado, às demandas sociais e a necessidade de criar instrumentos, mecanismos e políticas de direitos de propriedade sobre os bens comuns.

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A criação e implementação do EcoparqueDS devem levar em conta o princípio do poluidor-pagador. Entretanto, por se tratar de empreendimento diferenciado da maneira usual como as empresas conduzem seus negócios, a criação de instru-mentos de mercado deve constituir estratégia para o Desenvolvimento Sustentável municipal ou da área geográfica subnacional.

Nestas condições, é recomendável que o instrumento de mercado leve em consi-deração dois níveis de pertinência e relevância.

1. A função, natureza, categoria ou propriedade do instrumento e, de acordo com a situação, poderá funcionar de modo antagônico dependendo da situ-ação como visto a seguir.

i. Instrumentos de intervenção: incentivos ou desincentivos

• Diretos ou econômicos: geradores ou provedores de receita

• Indiretos ou não-econômicos: não geradores de receita

ii. Mecanismos de fortalecimento institucional: regulatórios, processos organizacionais e capacitação

2. O objetivo ou propósito do indicador.

A coluna da esquerda da tabela a seguir contém a lista alfabética de vários ins-trumentos de mercado, propriamente ditos, enquanto que a coluna à direita inclui, também alfabeticamente, os objetivos ou propósitos para utilização dos primeiros.

Tipos de instrumentos Tipo de aplicação ou propósito

Acesso público à informação Aceitação Acordos de permutação (trade-off) Aprimoramento de política empresarial Arrumação da casa (housekeeping) Aprimoramento socioambiental Avaliação de desempenho Aumento de competitividade Bolsas/doações Aumento de receita Campeões Aumento do desenvolvimento econômico Carta de crédito Avaliação de ciclo-de-vida Certificados comercializáveis de permissão Banimento Compensações Capacitação institucional Conversão de dívidas Capacitação técnica operacional Cotas preferenciais Compensações Crédito de impostos Criação de mercado Direitos proprietários Criação e funcionamento do mercado Educação Demandas sociais Fornecimento de serviços socioambientais e ge-renciais Desperdício zero Fundos especiais Ecodesign Gerenciamento de produto (stewardship) Eco-gerenciamento Investimento (apoio e fomento) Eco-rotulagem Isenções Efeitos na distribuição Informações (indicadores, desempenho, assistên-cia, etc.) Efetividade socioambiental Legislação de passivos Eficiência de administração de custos Licenças negociáveis Eficiência econômica Lista negra Eficiência energética

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Mecanismos regulatórios Emissão zero Medidas fiscais Energia renovável Política de compras preferenciais Facilidade de implementação e replicabilidade Poluidores Geração de lixo Punições e multas Imagem Reconhecimento Internalização de externalidades Remuneração por desempenho Melhoria do processo decisório Rotulagem Neutralidade de carbono Seguros (prêmios) Poluição Sistema de depósito e reembolso Produção e produto Sistema de devolução garantida Produto e produção Subsídios (concessão, redução e eliminação) Qualidade da comunidade Taxas, alíquotas e impostos Uso de água Título (bond) de desempenho Uso de energia fóssil/renovável Transferências e doações Uso de recursos naturais Uso do espaço e da terra

7. Gestão do EcoparqueDS

O processo de construção do ecoparque levará em conta a visão para a sustenta-bilidade, refletindo-se em toda a lógica da construção, no uso de materiais, tais como, madeira, concreto, aço, na relação com o ambiente natural e as comunida-des interna e de entorno. O ecoparque, assim, se configura como nova instituição humana.

O ecoparque possui duas macro-características distintas que se inter-relacionam: ao mesmo tempo em que é um negócio imobiliário que deve ser gerido para pro-porcionar retorno aos seus investidores, é, também, uma comunidade de organi-zações que deve ser gerida para assegurar benefícios comuns aos seus mem-bros.

Os gestores do ecoparque devem ter em mente estas duas características. Ao mesmo tempo, zelam pelo retorno sobre o investimento dos proprietários e pela comunidade de organizações, assegurando que o parque mantenha-se funcional e produtivo; que o composto (mix) ótimo de organizações esteja sempre presente (recrutando organizações que componham este mix); que as regulamentações sejam cumpridas; que mantenham e transmitam os valores, princípios e identidade do EcoparqueDS como comunidade; previnam e administrem conflitos: assegurem a futura viabilidade do empreendimento, conduzam auditorias permanentes na performance do EcoparqueDS, e apóiem as operações do ecoparque.

Tais funções devem ser profundamente discutidas com as partes interessadas, no decorrer do processo de planejamento estratégico do EcoparqueDS, bem como a definição da melhor configuração para as estruturas gestoras do condomínio.

O Sistema de Gestão do EcoparqueDS deverá merecer atenção especial, deven-do ser enfatizado que o modelo convencional de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) certificado pela ISO14001 poderá não ser suficiente para atender aos Fun-damentos de DS. Mesmo assim, é preciso considerar que o SGA é um fator im-portante para a competitividade empresarial já que grande parte das indústrias no mundo requer que seus fornecedores possuam a certificação.

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Para o Modelo Jatobás de DS Municipal ou de área geográfica subnacional espe-cial o SGA deverá ir além dos requisitos legais tendo o compromisso de melhorar a performance das organizações participantes, assegurar o aprendizado e as me-lhorias contínuas comprometidas com o Resultado Final Tríplice.

O Sistema de Gestão de Desempenho do EcoparqueDS combina, portanto, as-pectos sociais, ambientais e econômicos, técnicos em um único sistema de avali-ação. Dessa maneira, o EcoparqueDS procura a excelência em quatro categorias: viabilidade técnica, viabilidade econômica, desempenho ambiental e gestão das conseqüências sociais.

Os objetivos de desempenho econômico, técnico, ambiental e social são definidos em fases

posteriores, a partir do planejamento estratégico. Cada categoria de objetivos pode ser des-

membrada em objetivos específicos que atendam a interesses de diferentes partes interes-

sadas, entre as quais a comunidade, a estrutura de administração do parque e as organiza-

ções integrantes do empreendimento e os integrantes das respectivas cadeias de valor.

8. Esquema de concepção e implementação do EcoparqueDS

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9. Benchmarking para concepção e implementação de EcoparqueDS

Opiniões sobre diferentes tipos de Ecoparque

Pontos fracos e ameaças Pontos fortes e oportunidades

Assistência técnica, legal e financeira Aprimoramento econômico, ambiental, social e cultural do site, da localidade e da região

Comprometimento das empresas e organiza-ções integrantes do EcoparqueDS, quando ao capital e tempo de presença

Articulação entre empresas

Cooperação interagências e central de informa-ções e recursos

Consolidação de centro de excelência de tecno-logias e práticas sustentáveis

Dados e Pesquisa e Desenvolvimento de Eco-parque em funcionamento

Criação de empregos e de empresas por pes-soas locais

Desenvolvimento de plano de marketing e de infra-estrutura capazes de tornar o projeto de EcoparqueDS atrativo em relação ao Distrito industrial tradicional, aos Clusters e Arranjos Produtivos

Criação de empregos seguros, saudáveis e mais bem pagos

Dificuldade de estabelecimento de programa efetivo de marketing e recrutamento

Criação de valor agregado a produtos sustentá-veis

Especialistas em implantação do modelo ecoin-dustrial ou de simbiose industrial

Desenvolvimento integrado que fortalece a inte-ração humana e a responsabilidade socioambi-ental

Falta de informações e ferramentas para im-plementação de planos estratégicos de Ecopar-queDS

Design para Emissão Zero

Fontes de financiamento para planejamento e implementação de EcoparqueDS

Força-tarefa local ativa e cobertura freqüente de mídia

Melhor método para determinar sucesso e fra-casso econômico, ambiental e social

Grande visibilidade

Modelo de composição ideal de comodatários, condôminos ou locatários, para áreas de dife-rentes dimensões, abrangendo poucos a muitos hectares

Melhoria da qualidade de vida da comunidade local

O melhor mix de integrantes para construção de competitividade do EcoparqueDS

Suporte institucional e legal Estadual e Federal

Planejamento e zoneamento para indústrias de baixo ou impacto zero

Integração de inovações tecnológicas, coopera-ção, compartilhamento de recursos e operações conjuntas

Processo efetivo de desenvolvimento, gestão e aprimoramento do EcoparqueDS

Integração de sistema produtivo e de negócios com o desenvolvimento urbano e habitacional

Solução de problemas envolvendo informações proprietárias e danos causados por exigências regulamentárias

Novo modelo de geração de renda para as par-tes interessadas

Sistema produtivo com fechamento de ciclos a

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montante e a jusante

Integração entre negócios e bioprodutividade de recursos naturais (biodiversidade e serviços ecológicos)

Preservação de áreas críticas e sensíveis

Proteção e manutenção de recursos naturais

Inserção de empresas em comunidades susten-táveis

Institucionalização de centros de excelência para manufatura, comunidade, venda e marke-ting, negócios ambientais

Suporte da comunidade de multistakeholders, composta por representantes de governo, ne-gócios, organizações sem fins lucrativos, institu-ições educacionais, entre outros

Maior produtividade e eficiência econômica e ecológica por redução de custos diretos e indi-retos

Otimização de logística, com vantagens especi-ais do ponto de vista de transportes