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LONGE DA CURA O desacordo salarial entre prefeitura e médicos prossegue – e resulta em nova greve O Caxias comemora seus números | O Juventude lamenta seus números | Roberto Hunoff mostra números que agradam a todos: o emprego cresce na cidade | Renato Henrichs fala de vitórias e derrotas, saídas e chegadas Caxias do Sul, abril de 2010 | Ano I, Edição 18 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S3 |D4 |S5 |T6 |Q7 |Q8 |S9 Maicon Damasceno/O Caxiense Há quase duas décadas consome-se o polêmico e misterioso chá em Caxias, onde a bebida é cultuada por pelo menos cinco grupos de adeptos AS RAMIFICAÇÕES LOCAIS DO SANTO-DAIME

Edição 18

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Há quase duas décadas consome-se o polêmico e misterioso chá em Caxias, onde a bebida é cultuada por pelo menos cinco grupos de adeptos

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LONGE DA CURA

O desacordo salarial entre prefeitura e

médicos prossegue – e resulta em nova greve

O Caxias comemora seus números | O Juventude lamenta seus números | Roberto Hunoff mostra números que agradam a todos: o emprego cresce na cidade | Renato Henrichs fala de vitórias e derrotas, saídas e chegadas

Caxias do Sul, abril de 2010 | Ano I, Edição 18 | R$ 2,50Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

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Há quase duas décadas consome-se o polêmico e misterioso chá em Caxias, onde a bebida é cultuada por pelo menos cinco grupos de adeptos

AS RAMIFICAÇÕES LOCAIS DOSANTO-DAIME

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Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Caxias do Sul já criou 5,3 mil empregos em 2010

Ameaça à saúde | 5Greve é a receita do Sindicato dos Médicos para tentar forçar um reajuste da prefeitura

Art | 7O que se diz e o que se vê por aqui

Guia de Cultura| 8Pinceladas espanholas e lições de um pequeno viking

Palco ampliado | 10Novo espaço cultural permite que peçasfiquem em cartaz por temporada

Reitor reeleito | 11Membros do Conselho Diretor explicam por que contrariaram o resultado da consulta acadêmica

Mistérios do chá | 13Os rituais de consumo do santo-daime em Caxias do Sul

Hemofílicos | 16Amor – e conhecimento – ao sangue para cuidar da saúde

Balanço grená | 18O Caxias sabe que os números são relativos – mas, por ora, comemora a posição de líder

Guia de Esportes | 20Última rodada do segundo turno do Gauchão faz uma pausa para o rugby no Jaconi

Balanço alviverde | 21O Ju sabia que os números seriam ruins, mas não tanto: é a pior campanha da década no Gauchão

Renato Henrichs | 23A saída de Vinicius Ribeiro e a volta de Jorge Dutra à Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade

TWITTER(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

17ª edição |@marisirena Reportagem pra lá de necessária. Parabéns ao @ocaxien-se pela sensibilidade.

Mariana Sirena em 30 de março

@julianadebrito Desafio vocês a me mostrarem uma capa de jornal com mais qualidade estética que essa d’@ocaxiense. Não encontra-rão.Juliana de Brito, em 30 de março

@bubstessari Valquíria Vita, uma ótima repórter! Parabéns ao jornal O Caxiense pela equipe qualificada

que retrata os temas com tanta delicadeza e responsabilidade!Bruna Tessari, em 30 de março

@julio_objetiva @ocaxiense Em coro às pessoas sensíveis e de bom gosto concordo plenamente. A capa do jornal tá 10. Parabéns!

Júlio Soares, em 27 de março

@JAMURBETTONI As capas do @ocaxiense têm realmente cha-mado bastante atenção, parecem quadros sendo vendidos nas bancas. Muito bacana!

Jamur Bettoni, em 27 de março

@regesschwaab Raras vezes é possível ver uma abordagem assim. Parabéns pela capa e pela escolha do tema.

Reges Schwaab, em 27 de março

@anahifros Nossa, a capa de @ocaxiense está de arrepiar... já ficou para a história.

Anahi Fros, em 27 de março

@inerciaborges parabéns ao jornal @ocaxiense. A capa desta edição está fantástica!

Natalia Borges, em 27 de março

@cristiansr Quero parabenizar pela excelente capa e conteúdo, dá prazer ler o jornal.

Cristian Rodrigues, em 27 de março

@RoseBrogliato Excelente matéria sobre sobre a História que não se conta. Por si só justifica a existência do jornal @ocaxiense.

Rose Brogliato, em 27 de março

Eleições UCS |@fernandoedson Parabéns ao @ocaxiense pela cobertura das eleições da UCS.

Fernando Edson Souza, em 30 de março

Barulho nos Pavilhões |@daidegasperi Parabéns, @ocaxiense! Que a verdade nunca seja omitida. Jornalismo verdadeiro.

Daiane De Gasperi, em 30 de março

Repetência no Emílio Meyer | @RicaMartini Matéria sobre o nível de repetência do Emílio Meyer em @ocaxiense é leitura obrigatória.

Ricardo Martini, em 29 de março

E-MAIL(Escreva para [email protected])

“Parabéns pela matéria sobre os Esquecidos da História, temática que trabalho há décadas. Quanto aos criuvenses que discordam do parque temático, uma contradição: a maioria é descendente de índios. Minhas obras Memorial Açoriano, Os Fundadores de São Francisco de Paula e A Grande Nação, baseadas em farta pesquisa documental, comprovam isto. Parabéns, mais uma vez, pela coragem e abordagem de um tema que é tabu para muitos caxienses.

Luiz Antônio Alves

Erramos | Antonio Machado de Souza não era bandeirante, como publicado na página 13 da edição passada (Esquecidos pela História), mas sim proprietário de terras e tropeiro. O apontamento foi feito pelo pesquisador Luiz Antônio Alves.

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro TrintinagliaCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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QUADRO NEGRO

O colégio que luta contra uma conta terrível:

57% de reprovação no ensino médio

Renato Henrichs fala da expectativa pelo balanço da Festa da Uva | Roberto Hunoff conta que as mulheres de Caxias trabalham mais | Um refúgio culinário perto de Galópolis | Como anda a discussão do transporte coletivo

Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 17 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S27 |D28 |S29 |T30 |Q31|Q1° |S2

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Expulsos da região na metade do século XIX para dar lugar aos imigrantes, os índios Kaingang também foram apagados da memória

A HISTÓRIAQUE NÃO SE CONTA

2 3 a 9 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

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A SemAnAEscolha do reitor na UCS mobilizou comunidade acadêmica e feriadão movimentou a rodoviária

SEGUNDA | 29 de março

UCS

História

Trânsito

Rodoviária

Desvio Rizzo

Zorzi é reeleito reitor

Coleção é doada aoArquivo Histórico

Rua Garibaldi terá trecho de mão única

50 ônibus extras para o feriado

Semáforos no acesso começam a funcionar

O reitor da Universidade de Caxias do Sul, Isidoro Zorzi, foi reeleito para o cargo. O Conselho Diretor da UCS elegeu Zorzi por 8 votos contra 1 voto para a candidata Nilva Stédile. “Eu esperava menos. Esperava 7 a 2. Foi além da expectativa”, disse Zorzi. Na consulta acadêmica, que recebeu 10.748 votos de estudantes, professo-res e funcionários, Nilva Stédile ven-ceu com 50,17% . A consulta é uma das etapas da escolha da nova reitoria.

Enquanto os nove membros do Conselho Diretor participaram da votação secreta, um grupo de cerca de 70 estudantes aguardou o resultado na saída do bloco A. Eles carregavam faixas com os dizeres “Respeito à consulta acadêmica: 9 pessoas não podem decidir por 11 mil” e api-tos. Em vários momentos os alunos cantaram o hino nacional e o hino do Rio Grande do Sul. No mesmo espaço havia apoiadores do candidato Isidoro Zorzi, que também estavam munidos de cartazes dizendo “Zorzi é gestão responsável” e “Zorzi: contigo a UCS está no rumo certo”. “Estamos lutando pela democracia. Indife-rente de qual candidato é. Se fosse o Zorzi o mais votado na consulta nós também estaríamos aqui. A UCS é um grupo muito maior do que nove pessoas”, criticou a estudante de Psicologia Amanda Menezes Tapia.

Parte da pesquisa de 20 anos do historiador Luiz Antônio Alves sobre a região Sul estará disponível para consulta no Arquivo Histórico João Spadari Adami. O autor doou 38 dos 57 volumes que compõem a obra so-bre os diversos povos que habitaram

Mudanças no trânsito da Rua Garibaldi permitirão continuidade das obras de prolongamento da Rua Visconde de Pelotas. Será implan-tado mão única na Garibaldi, no trecho entre a Rua Antônio Prado e a Rua Sarmento Leite, ficando o fluxo somente em sentido Norte-Sul (Centro-Bairro). A Secretaria de Trânsito recomenda aos usuários que normalmente dirigem-se pela Rua Tronca e convertem na rua Garibaldi em direção ao Centro que utilizem a Marechal Floriano para acessar o Centro ou retornar.

O conjunto documental de 332 jornais da família de Júlio João Eberle agora faz parte do acervo municipal. A coleção de periódicos é composta pelos originais dos primeiros jor-nais que circularam na cidade. O mais antigo adquirido foi o nº 01 de

Uma proposta de mudança do lugar onde é realizado um dos Pontos de Safra às sextas-feiras está provocando divergência entre a prefeitura e os agricultores que participam da feira. Desde novembro do ano passado, as secretarias municipais de Trân-sito e Transportes e de Agricultura tentam retirar a venda de frutas e verduras da Rua Dr. Montaury, entre as ruas Pinheiro Machado e Bento Gonçalves, mas enfrentam resistência dos produtores rurais.

O município quer transferir esse comércio para a Bento Gonçalves e sugere a quadra entre a Marquês do Herval e a Dr. Montaury. A escolha foi feita com base na quantidade de pessoas que circulam pela calçada – bem menor que a do espaço atual – e pela área de estacionamento, que seria maior e não prejudicaria o trânsito. Mas os agricultores são contrários porque entendem que, com esse repo-sicionamento, a venda cairá bastante.

Durante o feriado de Páscoa, os semáforos no acesso ao bair-

ro Desvio Rizzo estarão fun-cionando no modo alerta.

Conforme a Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade, o intuito é disciplinar o trânsito na região, para que em breve o conjunto de semáfo-ros entre em funcionamento. Con-forme o DAER, a lombada eletrônica estará desativada neste período.

Cerca de 50 ônibus extras foram disponibilizados na rodoviária de Ca-xias do Sul para atender a demanda do feriadão de Páscoa. A supervisora operacional da Rodoviária, Maki Ka-wano, diz que a maioria das pessoas deixou para comprar passagens de última hora, o que provocou alguns tumultos e fez com que muita gente voltasse para casa sem conseguir ad-quirir os bilhetes desejados. Os prin-cipais destinos dos viajantes são Passo Fundo, Nova Prata e Lagoa Vermelha.

A Unesul esgotou os assentos em veículos para essas cidades na quinta-feira. Ao final da tarde, já não havia mais vagas para nenhum outro lugar. Fora do Estado, o emissor de passagens da Unesul, Wanderson Dutra, diz que os locais mais procu-rados são Cascavel, Barracão e Foz do Iguaçu, no Paraná, e Chapecó, Joaçaba e Xanxerê, em Santa Ca-tarina. O litoral também tem sido um dos campeões de vendas, e as praias preferidas são Torres, Areias Brancas, Arroio do Sal e Curumim.

O proprietário do Expresso São Marcos, Fernando Michelin, diz que teve que colocar ônibus extras para ontem e hoje. “Esse é o últi-mo feriadão de calor que cai em final de semana. A partir de agora, o movimento para o litoral volta a crescer somente lá no último tri-mestre do ano”, ressaltou Michelin.

O Caxiense, de 1897. Há também edições do II Colono Italiano, O Cosmopolita, O 14 de Julho, Cittá di Caxias, Cidade de Caxias e A Tri-buna. Compõem o acervo também vários números do jornal O Brazil/O Brasil, inclusive o que trouxe como manchete a chegada do trem em 1º de junho de 1910. O último jornal adqui-rido da família Eberle data de 1923.

Imprensa

Agricultura

Acervo reúne os primeiros jornais de Caxias

Prefeitura quer mudar o lugar da feira no Centro

SEXTA | 2 de abril

QUINTA | 1º de abril

TERÇA | 30 de março

QUARTA | 31 de março

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Conselho Diretor da Universidade de Caxias do Sul se reuniu no fim da tarde de segunda-feira para eleger Isidoro Zorzi

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a região. Conforme Alves, o enfoque do trabalho é revelar a história não contada. “Se exalta a colonização italiana e alemã e se esquece que antes essa terra já era povoada por índios, negros e povos açorianos. Os assuntos referentes aos índios são um tabu. Parece que as pessoas têm medo de falar que têm ascendência negra, açoriana ou indígena”, reve-la o historiador. A obra Memorial Açoriano contém levantamento de relações familiares interétnicas que compõem o quadro do Rio Grande do Sul. Segundo o pesquisador, agora será possível que pessoas que não pos-suam descendência italiana saibam um pouco mais sobre a sua origem.

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Roberto [email protected]

O Residencial Iandé, entregue nesta semana, no bairro Panazzo-lo, é o primeiro projeto finalizado pela Iandé Incorporadora, criada por 10 investidores com objeti-vo de produzir empreendimentos únicos. O projeto arquitetônico, assinado por Roque Frizzo, traz como diferenciais o conceito si-métrico, com fachadas movimen-tadas pelas formas das sacadas, uma quadrada e outra elíptica.

O Bergson Executive Flat, de Caxias do Sul, fechou o mês de março com 90% de ocupação, resultando num dos maiores fa-turamentos em seus 11 anos de história, que cresceu 32%. Além da atração de visitantes de feiras regionais, como Festa da Uva e Movelsul, o hotel sediou o 1º En-contro Nacional de Coordenadores Regionais dos Serviços Turísticos.

As tendências do varejo mundial apresentadas na National Retail Federation, principal evento do setor em todo o mundo, realizado em Nova York, em janeiro deste ano, serão detalhadas na terceira edição do Meeting de Relacionamento, iniciativa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul. A programação marcada para se-gunda-feira (5), a partir das 19h30, no auditório da CIC Caxias do Sul, também contempla debates sobre o perfil do público consumidor feminino.

As novas diretorias do Sindilo-jas e do Sindigêneros marcaram posse festiva conjunta. Será no dia 8, às 20h, no Hotel Samuara. Nesta semana os novos integran-tes do Sindilojas, que continua-rá presidido por Ivanir Gasparin, reuniram-se para a posse oficial. Sadi João Donazzolo e Nadir Pe-dro Rizzi são seus vice-presidentes.

A Agrimar, ligada ao comércio de produtos para o agronegócio e jardinagem, completou 40 anos de atividades. O presidente da empresa, Nadir Ri-zzi, recebeu homenagem da Câmara de Vereado-res. Atualmente a empresa tem 185 colaboradores.

A Light Design, franquia brasileira com lojas na Europa, traz a Caxias a modernidade e a sofisticação da ilu-minação. O empreendimento de Lu-cas Marcon será inaugurado terça-fei-ra (6), a partir das 19h30, no Villagio Iguatemi. Sua proposta é de comer-

cializar equipamentos exclusivos em soluções luminotécnicas, recursos que projetam a luz através de desenhos ar-rojados e funcionais. No show room de 400 m2 haverá um laboratório de luz, sem similar no Estado, onde poderão ser vistos os efeitos de cada lâmpada.

O presidente do HSBC Bank Brasil, Conrado Engel, fará escala segunda-feira em Caxias do Sul. No cargo desde junho de 2009, ele vem com o objetivo de conhecer as duas agências locais (uma delas Premier Centre) e seus gestores e definir metas. O HSBC

é o quarto maior banco do Brasil. A meta do presidente é aumentar de 5% para 6,5% a participação da insti-tuição no mercado brasileiro em três anos, investindo prioritariamente na ampliação da carteira de crédito, que somente em 2010 deve crescer 20%.

O varejo nacional de materiais de construção registrou incremen-to de 5,1% nas vendas de março em relação a fevereiro último e 11% sobre igual mês do ano pas-sado. No trimestre o setor já apu-ra expansão de 12,5%. Para o ano é esperada alta de 10%, resultando em faturamento de R$ 50 bilhões. O incremento deve-se, principal-mente, aos recursos destinados pelo governo federal à habitação.

Os dados de fevereiro divulgados pela CIC e CDL remetem a um mo-mento histórico. Caxias superou, sem incluir os empregos públicos, 155 mil vagas formais, das quais 83 mil na in-dústria e na construção, 24 mil no co-mércio e 48 mil nos serviços. No ano

já são 5,3 mil novos empregos e, em 12 meses, 6,7 mil. Outro dado signi-ficativo, que merece análise mais pro-funda de lideranças acostumadas ao denuncismo: em 12 meses a economia caiu 1,8%, mas no mesmo período o número de empregos cresceu 4,5%.

Diferenciado

LotaçãoVarejo futuro

Posses

Quarentona Empreendimento luminoso

Escala aqui

Avanço robusto

Número histórico

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Fevereiro foi mais um mês positivo para a economia caxiense, considerando que a queda de 0,9% em relação a janeiro teve como causa a sazonalidade do segmento de serviços, normal-mente desaquecido neste período por força das férias, do verão e do Carnaval. Já a indústria, esta em especial e motor da economia de Caxias, e o comércio apresentaram resultados positivos, de 4,2% e 3,2% sobre janeiro último, e de 21,9% e de 6,3% em relação a fevereiro de 2009. No geral a economia cresceu 15% sobre o mesmo mês do ano passado. A manter-se este quadro, em março, talvez abril, o desempenho de 12 meses já seja positivo; no momento, ainda é 1,8% negati-vo.

Motivos para rugasEmbora o cenário de confiança, alguns aspec-

tos preocupam. Um deles é a pressão inflacio-nária, que terá como consequência, já sinalizada pelo Banco Central, a elevação dos juros. Con-tribuirá para o aumento da inflação o reajuste de 15%, a partir de abril, nos preços do aço, matéria-prima básica para a economia de Caxias do Sul. Outro problema advirá da expressiva ele-vação dos gastos públicos, que poderá repercutir em aumento de impostos. Por fim, a suspensão dos incentivos tributários, como a isenção do IPI sobre os veículos, encerrada nesta quarta-feira, 31 de março.

Efeito da sazonalidade

O diretor-presidente do Si-credi, Ademar Schardong, será o pa-lestrante desta segunda-feira (5) da reunião-almoço da CIC de Caxias do Sul. Falará sobre perspectivas econô-micas para a instituição financeira, que completa 10 anos de presença em Caxias do Sul.

O ex-governador Germano Rigotto será o palestrante da aula inaugural dos cursos de Ciência Po-lítica, Administração, Ciências Con-tábeis e Relações Internacionais da Faculdade América Latina. Nesta segunda-feira (5) ele abordará o tema Brasil: as barreiras para o desenvolvi-mento.

O diretor-proprietário e de criação da grife Cavalera, Alberto Hiar, e a empresária Heloísa Hervé, diretora da Job & Hervé Alfaiataria Publicitária, participam no dia 7 de abril da aula de início de semestre dos cursos de Design, Design de Moda e Tecnologias Digitais da UCS. O en-contro ocorre a partir das 19h30 no auditório do Campus 8.

O empresário Adair Umberto Mussoi assume na sexta-feira (9), a presidência do Sindicato dos Repre-sentantes Comerciais de Caxias do Sul. Na solenidade, marcada para as 19h30, no Sesc, ele receberá o cargo de Maria Cecília Pozza.

Curtas

4 3 a 9 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

O Grupo Eiffel projeta para este ano a venda de 1,2 mil veículos da marca Citroën, da qual é concessionária autorizada em 54 municí-pios por meio de três unidades localizadas em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Gramado. Em relação a 2009 o crescimento esperado é superior a 30%, índice que será perseguido pela montadora. A em-presa caxiense conquistou recentemente dois prêmios: o Citroën Pai-xão do Cliente, entregue em Paris aos 40 melhores concessionários em qualidade do mundo, e o primeiro lugar no Totalité – Qualidade Pós-Venda, que envolve as autorizadas de todo o país. De acordo com a diretora Fabiana Restelatto (na foto, recebendo o prêmio), a Eiffel tem 4% do mercado caxiense, acima dos 2,5% da média nacional da montadora.

Premiação

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CIC/Caxias do SulEconomia X postos de trabalho (acumulado 12 meses, em %)

Economia Postos de trabalho

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10

0,8

-0,4

4,5 4,6

10,9

7,28,

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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE [email protected]

ambiente ainda estava calmo. No início da tarde de quarta-feira (31), poucas pessoas formam uma fila para receber a vacina da gripe A, logo na entrada da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Centro. Aos poucos, as pessoas co-meçam ocupar os bancos plásticos no corredor. Sob luminárias fluorescentes, o corredor adquire um tom fosco, que combina com o ânimo de quem busca ajuda para curar um problema de saú-de. Às vesperas da greve dos médicos, quando muitas UBSs poderão ficar desprovidas desses serviços, o clima continua calmo. Entre pacientes e fun-cionários, poucos conheciam os planos de paralisação – a partir de segunda-feira (5) – e a reivindicação de 240% de aumento (de R$ 2 mil para R$ 7 mil) por 20 horas semanais (quatro horas por dia).

Este é o caso de Janina Gorczak Se-gelski. Seus cabelos brancos e a surdez de um ouvido denotam a idade avan-çada. Aos 84 anos, mantém o sotaque de origem polonesa. São 14h30, e Jani-na está preocupada. “Vim entregar uns exames para a doutora. Tenho horário marcado para as 15h. Nem sei se vou conseguir ser atendida”, conta, falando alto. Logo em seguida sorri e conta o motivo de estar ali. “Sinto uma quei-mação na perna. Acho que tenho han-seníase.” Ela aguarda pela médica da tarde, Elizabete Bernardi. Atrás de sua mesa, a doutora atende aos mais varia-dos pacientes e seus problemas. “Não é porque ganho mal que vou atendê-los mal”, reflete. Elizabete é funcionária pública desde 1984. Nesse período, tra-balhou em quatro Unidades Básicas de

Saúde (UBSs), e há três anos atende no Centro. Ela lembra que na paralisação de 2009 todos os médicos da UBS Cen-tro aderiram. “Fiz a greve no ano pas-sado e vou fazer novamente”, adianta.

No pavimento superior se encontra o escritório da gerência da UBS. O en-fermeiro Fernando dos Santos Biten-court é encarregado de dirigir a uni-dade. O trabalho administrativo exige habilidades que não são ensinadas no curso de enfermagem. “Estou sempre com documentos urgentes para serem entregues”, conta ele, com um maço de papéis na mão. Apesar da iminen-te greve dos médicos, o ritmo de tra-balho continua normal. “Não percebi nenhuma mobilização ainda”, dizia, na quarta-feira (31).

Fernando ainda não teve o trabalho de gerenciar uma unidade em greve. A última foi no fim de julho do ano passado, e ele assumiu o cargo em no-vembro. Entretanto, ele ressalta que a maior parte das pessoas que procuram o posto de saúde não é socorrida por médicos. “Realizamos aqui em torno de 6 mil atendimentos por mês. Des-te total, apenas 1,5 mil são consultas médicas. A grande maioria é resolvida pelos demais funcionários de saúde.”

A UBS do Centro conta com 25 fun-cionários: seis médicos – três clínicos gerais, dois pediatras e um ginecolo-gista –, dois dentistas, sete auxiliares de enfermagem, dois técnicos de en-fermagem e dois auxiliares administra-tivos, além dos estagiários e funcioná-rios da limpeza. Fernando explica que, durante a paralisação dos médicos, serviços como curativos, vacinas e visi-tas domiciliares continuarão. Assim, os 38 mil habitantes da região contempla-da pela unidade receberão os atendi-

mentos básicos de saúde, mesmo sem médicos, diz o gerente.

Em um pequena sala com paredes brancas, a enfermeira Bianca Bagnati atende os pacientes que chegam para fazer curativos. Uma senhora tem feri-das nos pés devido à diabetes e precisa de atendimento. Após tratá-la, Bianca, em um breve momento de folga, se di-rige a sua sala. “Sou a única enfermeira e sempre tenho muito trabalho. Agora é a pri-meira vez que consigo sentar na minha mesa”, conta ela, que trabalha-va sem um momento de descanso há quase duas horas. Com oito anos de profissão, a enfermeira construiu a maior parte da car-reira no Hospital Moi-nhos de Vento, em Porto Alegre. No ano passado, veio para Ca-xias para trabalhar na UBS do Centro. Bianca se mostra segura, mesmo com o possível tumulto que se avizinha. “A demanda permanece com a greve. Como enfermeira, muitas coisas, legal-mente, não posso fazer. Entretanto, os serviços como curativos especiais, par-te do pré-natal, cadastros, acompanha-mentos, vacinas, sinais vitais e medica-mentos continuarão sendo oferecidos.” Apesar de elencar as suas atribuições, Bianca sabe que a segunda-feira ini-ciará de forma conturbada com a au-sência dos médicos, e muitas pessoas exigirão ser atendidas. “Sei que alguns pacientes vão se sentir prejudicados, principalmente aqueles com doenças agudas. Mas também compreendo o lado do profissional, que tem a greve

como direito constitucional.”

Na sede do Sindicato dos Médicos, no 8º andar de um prédio da Rua Ben-to Gonçalves, o presidente Marlonei Silveira dos Santos explica detalhada-mente sua versão para o impasse da ca-tegoria em Caxias do Sul. Abrandando a voz, com os cotovelos apoiados na mesa, guia-se por um documento que

lhe serve de roteiro. “Nós temos um movi-mento de reivindicação do Sistema Único de Saúde (SUS) que ini-ciou em junho do ano passado. Solicitamos a implantação de um pla-no de carreira, cargos e salários”, recapitu-la. Atualmente, o piso salarial dos médicos, como dos demais fun-cionários públicos com nível superior, é de R$

2.055,70. Eles exigem que o piso seja elevado para R$ 7 mil. “Logicamente que o nosso pedido não exige que se passe automaticamente de R$ 2 mil para R$ 7 mil. A gente sabe que isso é difícil, mas o que sempre se pediu é que viesse uma proposta com um valor intermediário que atendesse, pelo me-nos, o início das nossas reivindicações. Valor este sempre atrelado à implan-tação de um plano de carreira, seja de imediato ou a médio prazo”, pondera.

Como essa proposta não chegou até a tarde de quinta-feira, véspera do feriado, Marlonei convocou a catego-ria a parar nas 41 UBSs. Segundo ele, apenas os atendimentos de urgência e emergência continuarão sendo rea-lizados no Pronto Atendimento 24h.

Desacertos salariais

“Parece que o Sindicato Médico está negociando num tom de ameaça e chantagem”, dizo presidente do Sindserv, João Dorlan da Silva

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Sindicato dos Médicos, que pede 240% de reajuste, promete paralisação a partir do dia 5

Na Unidade Básica de Saúde do Centro, caso haja adesão dos médicos, somente os serviços básicos serão mantidos

GREVE PÕE A SAÚDE EM RISCO

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Lá, conforme o sindicalista, em torno de 70 profissionais, de um total de 100, continuarão trabalhando. “Os médicos comparecerão porque é serviço de ur-gência e emergência. A lei prevê que se deva ir. Mas atenderão apenas casos de urgência e emergência. Vou te dar um exemplo: a pessoa que teve uma cólica renal e está com uma dor insuportável. Esse tem que ser atendido. A pessoa que se acidentou, e está com esmaga-mento ou fraturas. Esse também tem que ser atendido. Se a pessoa chegar no Postão e disser ‘eu estou com a unha encravada’, não vai ser atendida; ‘eu es-tou gripado’, não vai ser atendido; ‘es-tou com dor no peito e suando’, bom, isso pode ser um infarto do miocárdio, então vai ser atendido”, explica.

Marlonei enfatiza que a greve resulta da falta de uma “proposta real” exigida ainda no ano passado, quando ocorreu uma paralisação de três dias. Ela só foi suspensa, lembra o presidente, devido à proliferação do vírus H1N1. Em ou-tubro, com o fim da gripe, o sindicato voltou a cobrar da prefeitura uma con-traproposta. “No dia 16 de dezembro, nos reunimos com o prefeito. Nesta data ele determinou, junto com o se-cretários de Saúde e Finanças, que es-tavam na reunião, que apresentassem uma proposta concreta. Isso foi feito três dias depois pela secretária Maria do Rosário Antoniazzi na tela do com-

putador, nada por escrito num docu-mento formal. Um valor intermediário passando de R$ 2 mil para R$ 3 mil, e com algumas vantagens. A gente ficou de ver e marcar uma reunião para uma semana depois, que seria dia 23 de de-zembro. Quando chegou o dia, nós fi-camos sentados esperando e ninguém apareceu”, reclama.

Marlonei argumenta que o aumen-to de 240% é um pedido referente a quase 50 anos de estagnação salarial. E acrescenta que o valor de R$ 7 mil não é aleatório. “A lei do piso do salarial é de 1961, e prevê três salários mínimos. A FGV corrigiu esse valor para os dias de hoje, o que resultou em R$ 7,5 mil. Em 1961, quem ganhava um salário mínimo, que hoje é R$ 550, recebia o equivalente a R$ 2,5 mil. Na verdade, todos nós perdemos”, analisa.

O ultimato da classe médica não tem o apoio do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindserv). O presiden-te da entidade, João Dorlan da Silva, queixa-se que, apesar de os médicos do SUS serem funcionários públicos, eles partem sozinhos numa campanha por aumento salarial que deixa de fora todas as demais categorias. “Lamenta-velmente, o movimento é próprio. Ele não consulta o Sindserv. Não chama para uma ação conjunta”, afirma. Con-forme João, foi acordado que todas as negociações salariais seriam através do

sindicato. “No ano passado, buscamos um aumento no ganho real de 7,83%, mas só conseguimos 2%, para todos os 8 mil servidores públicos. Nossa dife-rença é que nunca ameaçamos greve. Até podemos chegar a uma paralisa-ção. Mas parece que o Sindicato Médi-co está negociando num tom de amea-ça e chantagem”, conclui.

De junho de 2009 para cá, o de-sencontro entre os representantes dos médicos e da prefeitura continuou. No dia 23 de março a categoria fez uma assembleia em que se determinou a paralisação dos serviços por cinco dias úteis. “Horas antes da reunião a secretária da Saúde ligou dizendo que estava fechando uma proposta salarial de R$ 3 mil, que com as gratificações e produtividade chegaria aos R$ 4 mil. Em princípio, era uma proposta que a gente aceitaria, porque é um avanço. Então ficamos aguardando. Eu liguei sexta-feira (26) para ela, preocupado, para manter o diálogo, e a secretária disse que estava com dificuldades, mas que a proposta viria.”

A greve de julho de 2009 teve como reflexo 75% de adesão dos 368 médi-cos concursados em Caxias do Sul, conforme o sindicato. Marlonei diz que se 30% deles aderirem a essa nova paralisação, nas condições precárias em que o SUS em Caxias se encontra, a

bagunça será instalada em todo atendi-mento. E, persistindo o desacerto com a prefeitura, a categoria já planeja uma segunda paralisação, por mais cinco dias, a partir de 3 de maio.

Caso o poder público aceite a briga e repita a postura do ano passado, o sindicato promete entrar em greve por mais cinco dias a partir de 3 de maio. A secretária da saúde, Maria do Rosá-rio Antoniazzi, foi procurada mas não quis dar depoimento.

Ao longo da semana, a secretária da Saúde, Maria do Rosário Antonia-zzi, não se manifestou sobre o impas-se com os médicos. O encarregado de responder pela crise foi o secretário de Recursos Humanos e Logística, Edson João Adami Mano. Ele diz que a prefei-tura está estudando a possibilidade do reajuste, mas avisa que qualquer deci-são precisará de um longo período de maturação. “O assunto é muito com-plexo. Esse aumento reflete diretamen-te na aposentadoria. Além disso, temos de saber se a prefeitura tem valor em caixa suficiente para este aumento, não só neste primeiro momento como nos próximos anos, visto que já sabemos com certeza que não teremos recursos da União”, argumentou Mano na quin-ta-feira. Diante desse diagnóstico, fica claro que a crise da saúde em Caxias só poderá ser resolvida depois de um longo (e doloroso) tratamento.

6 3 a 9 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

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Marlonei: “Logicamente que o nosso pedido não exige que se passe automaticamente de R$ 2 mil para R$ 7 mil. A gente sabe que isso é difícil”

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Margarete Beatriz Zanchin| Sem título |

Uma cidade movida pela indústria do metal é retratada no mesmo material que a impulsiona. Com a técnica da calcografia, a artista plástica fez uma série de 11 imagens. Na gravura, parte da Avenida Itália.

POR AQUIP

por MARCELO MOURA

or aqui não sorriem de graça, logo esten-dem o chapéu, ou fazem tilintar as moedas que se encontram em suas canecas. Tudo é perto aqui, mesmo assim ninguém cami-nha tranquilo, existe pressa, ou um estra-nho receio de que as distâncias aumentem se os passos não forem largos. Por aqui existem palavras, nascem frases, surgem conversas e inventam-se histórias, o mun-dano é fantástico. Os prédios crescem para os lados por aqui, as plantas para cima, e as pessoas para dentro. Não canso de me perguntar se alguma dessas coisas chegará a ser grande um dia.

Por aqui o sol nasce no leste, lê-se da es-querda para a direita, as faixas de pedes-tres são brancas, e os pedestres também são brancos, enfim, tudo de acordo. Tudo que é velho, quando contado por um novo,

é novidade por aqui. Há música por todo o lado, e música de um lado só também, como uma invenção exclusiva! Discos sem um lado B. Por aqui é possível ver o último dos montes mesmo sem olhar para cima. Aqui o início e o fim são tão próximos que o espaço existente entre eles não pode ser determinado por nenhum forasteiro.

Dizem por aí que, por aqui, pouca coi-sa brilha e nada soa bem... Se prestassem bem atenção veriam que isso não é verda-de. Há diamantes por aqui, um ou outro, é verdade, mas há, também tem ouro de tolo, muito, sem dúvida, mas tem. Por aqui se resmunga pelos cantos, de uma forma que só é entendida por aqui – código inteligen-te – e no centro tentam explicar, para quem vem de fora dessa figura geométrica, o que foi dito nos cantos. Por aqui, muito se vê e sente-se muito, pouco se lê e entende-se pouco.

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l Chico Xavier – O Filme | Dra-ma. De sábado à quinta, 14h10, 16h40, 19h10 e 21h40 | Iguatemi

Trajetória do famoso médium brasi-leiro. Dirigido por Daniel Filho. Com Nelson Xavier e Tony Ramos. Livre, 124 min..

l Histórias de amor duram apenas 90 minutos | Comédia. De sábado a quinta, 14h, 16h10, 18h50 e 21h15 | Iguatemi

Escritor de comportamento ado-lescente, ocioso e desmotivado para escrever romance, encontra inspira-ção ao descobrir que sua esposa o trai com outra mulher. Dirigido por Paulo Halm. Com Caio Blat e Maria Ribeiro. 16 anos, 94 min..

l Nova York, Eu Te Amo | Drama. De quinta a domingo, 20h | Ordovás

Onze cineastas, entre eles Natalie Portman estreando na função, diri-gem um curta-metragem cada, unidos para celebrar o amor na Big Apple. Di-rigido por Allen Hughes e Mira Nair, entre outros. Com Christina Ricci e Kevin Bacon. 110 min., leg..

l O Presente | Drama. Quinta (8), 15h. Entrada franca | Ordovás

Avô deixa 12 tarefas a neto para, ao final, ser merecedor de herança. Cada uma delas tem o objetivo de promover alguma mudança, mas nenhuma terá tanta força quanto o encontro casual com uma menina. Dirigido por Mi-chael O. Sajbel. Com James Garner e Abigail Breslin. Livre, 114 min., leg.. Matinê às 3.

l Um Sonho Possível | Drama. De sábado a quinta, 13h50, 16h30, 19h15 e 21h45 | Iguatemi

Mãe de família acolhe em sua casa adolescente sem-teto, acredita em seu potencial e o integra a time de fu-tebol americano. Dirigido por John Lee Hancock. Com Sandra Bullock e Quinton Aaron. 10 anos, 128 min., leg..

AINDA EM CARTAZ - Alvin e os Esquilos 2. De sábado a quinta, 16h. UCS. | Dupla Implacável. Ação. Sába-do, 22h. Pré-estreia. Iguatemi | Ilha do Medo. Suspense. De sábado a quinta, 13h40, 16h20 e 19h. Iguatemi | Lem-branças. Romance. De sábado a quin-ta, 21h50. Iguatemi | O Fada do Den-te. Comédia. De sábado a quinta, 18h. UCS | O Livro de Eli. Ação. De sábado a quinta, 14h20, 16h50, 19h20 e 22h. Iguatemi | O Lobisomem | Suspense. De sábado a quinta, 20h. UCS

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Prefe-rencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crian-ças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professo-res e funcionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Univer-sitária | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316

l Como ver um filme (com Ana Maria Bahiana) | 12 e 13 de abril

"Como ver um filme" (Introdução à apreciação cinematográfica) é o curso gratuito que a Secretaria Municipal da Cultura vai realizar nos dias 12 e 13, no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, em pro-moção da Florense e do jornal O Ca-xiense. A ministrante é a jornalista e escritora Ana Maria Bahiana, atual correspondente em Los Angeles do UOL, portal em que mantém o blog Hollywoodianas (http://anamaria-bahiana.blog.uol.com.br). A carreira de Ana Maria Bahiana cobre três dé-cadas de reportagem e comentário de cultura no Brasil e no Exterior. Inte-

grante da Hollywood Foreign Press Association (que concede os Globos de Ouro), Ana Maria escreveu e es-creve para as mais diferentes publi-cações. De 1992 a 1995, foi a chefe do escritório de Los Angeles da revis-ta inglesa Screen International, e de 1996 a 2002, representante, produtora e correspondente da rede Telecine e da Rede Globo nos Estados Unidos. A idéia do curso é levar ao público, de uma forma simples, prática e diverti-da, elementos necessários para ver um filme do mesmo modo como direto-res, roteiristas, atores e produtores o veem. O curso é dividido em quatro módulos, concentrados em duas noi-tes – sempre a partir das 19h. Cada encontro será ilustrado por sequências de filmes que demonstrem os princi-pais pontos das palestras. OrdovásInscrições gratuitas pelo fone 3901.1067, com Jonas, ou no Ordovás | Luiz Antunes, 312, Panazzolo

l Financiarte | Até dia 7 de abril |Inscrições abertas para projetos cul-

turais. Esclarecimentos e instruções sobre preenchimento de formulários podem ser obtidos nas segundas-fei-ras, às 14h, na Secretaria Municipal de Cultura. O edital está disponível no www.caxias.rs.gov.br. Secretaria de CulturaAugusto Pestana, 50, São Pelegrino | 3901-1381

l 12° Caxias em Cena | Até 14 de maio |O festival recebe inscrições de grupos e companhias, que devem enviar ficha de inscrição, ficha técnica, currículo do espetáculo, necessidades técnicas, material de divulgação, clipping e DVD/Vídeo do espetáculo na íntegra. O material pode ser entregue pessoal-mente ou pelo email [email protected]. Regulamento e ficha

CINEMA

CURSO DE CINEMA

INCENTIVO

TEATRO

[email protected] de Cultura

Cinema | Como treinar o seu dragão

Como aprender com seu dragão

Nas asas de um inesperado amigo, um adolescente viking entende a importância de ser fiel a si mesmo

por CÍNTIA HECHER

Um filme infantil com lição para adultos. A animação Como treinar o seu dragão ensina às crianças e relembra aos maiores a impor-tância de ser fiel a si mesmo. Nem sempre seremos recompensados com a amizade de um dragão, mas vale a pena. No caso, é o pequeno viking Soluço quem conquista um dos lendários e temidos Fúria da Noite, a fera mais assustadora de todas, por não ser percebida até seu ataque mortal. Ninguém jamais sobreviveu para descrevê-lo. Tanto que em um livro sobre as espécies de dragão e suas características – sempre acompanhadas da recomendação “extremamente perigoso. Matar na hora” – o Fúria da Noite merece uma página em branco, sem detalhes. Solu-ço mora em uma aldeia próxima de lugares denominados “Desânimo” ou “Morrendo de frio”, para lembrar que o local mergulha em um inverno de nove meses. Porém, mesmo a aldeia sendo antiga, com 300 anos de história, as casas são novinhas. Logo se descobre por que: são constantemente destruídas por ata-ques de dragões. Os bichos são considerados pragas, e os vikings são matadores de dragões.

Por mais que queira acompanhar a tradição, lutar, matar e deixar o pai orgulhoso, o meni-no não tem sucesso. Numa dessas tentativas, ele acerta o Fúria da Noite, mas ninguém acre-dita. Ao procurar onde o bicho atingido esta-ria, encontra um dragão da cor da noite, ferido e impossibilitado de voar. Ao invés de matá-lo (sua intenção inicial, para ganhar fama na aldeia), ele o liberta. Com o passar dos dias, Soluço sai do seu treinamento diário de caça-dor de dragões para o meio da mata e estuda o bicho atingido. Aos poucos, um laço vai se formando. O que aprende nessa convivência, Soluço aplica nos treinos. Já não luta com os dragões, passa a domá-los. A relação com Ban-guela, claro, é especial: Soluço se vê no dragão fragilizado. O menino recebe o conselho “pare de se esforçar tanto em ser quem você não é”. A oportunidade para se conhecer de verdade é encontrada no dragão. Eles se entendem por ambos serem diferentes e solitários.

Mesmo com vikings bravios defendendo seu território e suas posses de violentos e gigan-tescos répteis voadores, momentos ternos aparecem, sem pieguice. Há cenas encantado-ras, como quando Soluço apresenta seu dragão de estimação à menina que ele gosta: Banguela os leva em um passeio aéreo por fofas nuvens rosadas pelo crepúsculo, depois pela noite pontilhada de estrelas na beira do oceano.

l Como treinar o seu dragão | Ani-mação. De sábado a quinta, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 e 21h30 | Iguatemi

A vida de um adolescente viking vira de ca-beça para baixo quando conhece um dragão que desafia tanto ele quanto seus companhei-ros a encararem o mundo de um ponto de vista totalmente diferente. Dirigido por Dean DeBlois e Chris Sanders. Livre, 98 min., dub..

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Online | Assista aos trailers dos filmes em cartaz na cidade em www.ocaxiense.com.br.

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de inscrição estão disponíveis no site www.caxias.rs.gov.br.Unidade de Teatro da Secretaria Municipal de CulturaLuiz Antunes, 312,Panazzolo | 3901-1316

l Encontro Estadual de Palha-ços (EEPA!) | Até 11 de abril |Oficina de Iniciação Clown/Palhaço | De quinta (8) a domingo (11), das 8h às 13h |

Ministrada pelo espanhol radicado em Florianópolis Pepe Nuñes disponi-biliza 20 vagas.Cia. Municipal de Dança – OrdovásR$ 15 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Oficina Maquialhaçada | Sexta (9), das 13h às 18h30 |

Ministrada pelo maquiador Pepe Pessoa, a oficina ensina maquiagem para palhaço e teatro, disponibilizan-do 20 vagas.Sala de Ensaio Centro Cultural R$ 15 | Júlio de Castilhos, 1526, sala 2, Centro | 39221-0261 e 3028-0261

l Amor à primeira vista | De segunda a quarta, das 9h às 18h e de quinta a domingo, das 9h às 22h |

Inaugura nesta terça (6) a exposição com rótulos de garrafas de vinho, pro-duzidos pela Degráfica.Hall da Sala de Cinema – OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Antártida | De segunda a do-mingo, das 10h às 22h |

Fotografias apresentam o continen-te sob o ponto de vista de Nei Malda-ner, que viajou em um navio quebra gelo em 2004, 2006 e 2009.Shopping Iguatemi CaxiasEntrada franca | RSC-453, 2.780, Dis-trito Industrial | 3289-9292

AINDA EM EXPOSIÇÃO - Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva . De segunda a sexta, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221-2423 | Mulher em foco. De segunda a sexta, das 8h às 20h. Jardim de Inver-no – Sesc. 3221-5233 | Um olhar sobre a CIC. Até 6 de abril. Centro de Con-vivência – UCS. 3218-2100 |

l 44° Concurso Anual Literá-rio de Caxias do Sul | Até 15 de abril |

Concurso premia melhores obras literárias, contos, crônicas e poesias. Regulamento e ficha de inscrição na Biblioteca Pública Municipal.Biblioteca Pública – Casa da CulturaDr. Montaury, 1333, Centro | 3214-5937 ou 3221-1118

l Tango para iniciantes | Quar-tas, 20h30 às 22h |

Inscrições abertas, com início das aulas em 7 de abril. Clube BallroomR$ 160 mensais | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159

l Superguidis e Zava | Rock. Sába-do. 23h30 |

Como diz em seu próprio site, a Superguidis é “um perfeito casamen-to de elementos underground com a ambição radiofônica, pop e em bom português”. Se é perfeito mesmo, só indo conferir o som dos caras, com larga influência de bandas como Pa-vement, Nirvana, Sonic Youth e Que-ens of the Stone Age. A prova está nos dois álbuns – um deles produzido por Philippe Seabra, da Plebe Rude – que a Superguidis já tem lançados. Antes deles, quem faz o show de abertura é

a banda caxiense Zava, que traz seu power rock com uma novidade: ago-ra é um trio. Esse é o primeiro show depois da saída do vocalista e compo-sitor Vinícius Augusto de Lima, mas eles prometem exibir a mesma energia no palco, com o guitarrista João Perez assumindo os vocais. Vagão BarR$ 15 ou R$ 12 com nome na comuni-dade | Coronel Flores, 789, São Pelegri-no | 3223-0007

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: A Dona da Banda. Pop rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Blackout. Música eletrônica. 23h. Studio54Mix. 9104-3160 | Deep Purple Cover. Rock. 23h. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Fantasy in Wonderland. Música eletrônica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | Gru-po Caô. Pagode. 23h. Europa Loun-ge Garden. 3536-2914 ou 8401-2029 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Marmanduke. Samba rock/MPB. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Only Mayer. Rock/John Mayer Cover. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Saturday Ni-ght. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Domingo: Swing Natural. Pagode. 21h. Europa Loun-ge Garden. 3536-2914 ou 8401-2029 | Terça (6): Fernando Aver Jazz Trio. Jazz. 22h. Leeds Pub. 3238-6068 | Ton e os Karas – Tributo a Rolling Sto-nes. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quarta (7): Bóra Balançá. Sertanejo universitá-rio. 22h. Portal Bowling – Martcen-ter. 3220-5758 | Flávio Ozelame Trio. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quinta (8): Evandro Demari e convidados. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Sexta (9): Ale Ravanello Blues Combo. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Bipolar. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Mar-tcenter. 3220-5758 | Blackbirds. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Os Oita-vos. Indie rock. 22h. Leeds Pub. 3238-6068.

exposição | Cataluña - WaterColors

A Espanha pelo repórter das aquarelas

ARTE CIRCENSE

EXPOSIÇÕES

LITERATURA

DANÇA

MÚSICA

Partindo sempre de seu "bloco de anotações", Antônio Giacomin ilumina cenas cotidianas e cenários históricos

por MARCELO ARAMIS

Em 2008, Antônio Giacomin esteve na Espanha e encantou-se pelas arquiteturas moura, romana e bizantina, preservadas há séculos na região. Para o olhar do artista, que se dedica a pintar os efeitos do envelhe-cimento, aquele era um lugar de generosa oferta da sua principal matéria-prima, as ruínas do tempo. Em 2009, Giacomin voltou à Espanha, realizou uma mostra individual sobre a Costa Brava e colheu inspirações que deram origem à Cataluña – Watercolors. São 40 aquarelas, que mostram paisagens urba-nas e rurais, prédios antigos e o cotidiano de 25 cidades espanholas. Uma coletânea de cartões-postais. No entanto, as imagens não se prendem na caricaturização turística da Espanha. Entre prédios históricos e paisagens famosas, Giacomin escolhe os reflexos nas poças d'água, as pacatas vilas do interior, as estratégicas réstias de sol. Em duas viagens, o olhar do turista-artista desvendou a beleza dos “fundos” da Espanha e registrou elementos considerados corriqueiros pelo olhar comum.

O mesmo clima de preservação histórica que chamou a atenção de Giacomin no patrimônio arquitetônico espanhol foi en-contrado nos costumes locais. A delicadeza no preparo da comida, o refinamento dos bares, o despojamento das refeições feitas ao ar livre e a tranquilidade dos pedestres conquistaram o artista pelo seu conteúdo nostálgico, que é a base da sua inspiração.

Cataluña – Watercolors marca o in-gresso da obra de Giacomin em uma fase de pinceladas leves: mais impressionistas e menos acadêmicas. No entanto, a preci-são do traço, herança do design industrial, primeira atividade do artista, ainda resiste nos quadros. Na mistura entre a aquarela e o design – identidade de Giacomin –, bor-rões e tinta escorrida dão a nítida noção de profundidade e iluminação às cenas.

No centro da galeria, há uma mostra do processo de criação de Giacomin, que susten-taria uma exposição à parte. O artista expõe ferramentas de trabalho, estudos e croquis que mostram os diversos momentos da carreira e a evolução de sua obra. São páginas dos seus “blocos de anotações”. É assim, com a mes-ma simplicidade dos temas que retrata, que Giacomin se refere aos cadernos de croquis. Como um repórter das aquarelas, sempre leva consigo um bloco, lápis, tinta e pincéis. O artista para diante de cada cena que merece virar notícia em suas telas. Não demora muito mais do que cinco minutos para captar o movimento, a luz e a essência do lugar. Para Giacomin, a despretensiosa anotação é a sua verdadeira obra de arte. E as obras que nascem a partir dos estudos são meros caprichos. A arte e os belos “caprichos” ficam em expo-sição até o final de abril. Visite sem pressa!

l Cataluña – Watercolors | De se-gunda a sexta, das 8h30 às 18h, e aos sába-dos, das 10h às 16 |

A exposição de Antônio Giacomin reúne 40 aquarelas inspiradas na Espanha, a partir de viagens do artista ao país, em 2008 e 2009.Galeria MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697

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Online | Veja a galeria de aquarelas de Antô-nio Giacomin em www.ocaxiense.com.br.

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por CÍNTIA HECHER [email protected]

m texto que nos aproxima das loucuras que um coração é capaz condiz com a realidade do novo espaço cultural de Caxias, a Casa de Teatro. Isso porque, como enfatiza a atriz e diretora , Zica Stockmans, o elemento básico do tea-tro é a paixão. Nos dias 25 e 26 de mar-ço, a atriz porto-alegrense Ida Celina voltou a Caxias para apresentar, pela primeira vez, o monólogo Maldito co-ração me alegra que tu sofras, escrito pela dramaturga Vera Karam. Naque-les dias, entrava em cena, também, uma outra estreia. Era a inauguração da nova sede da escola de teatro Tem Gente Teatrando. A primeira noite foi para convidados. A segunda, aberta ao público, causou alegre surpresa aos organizadores: 80 lugares disponíveis, mas um público em torno de 100 pes-soas.

O terreno com duas casas recente-mente reformadas para abrigar a Casa de Teatro fica na esquina das ruas Olavo Bilac e Regente Feijó, próximo aos trilhos do trem, no bairro São Pe-legrino. Uma escadaria de pedra leva a uma espécie de átrio, com bancos e muitas plantas. A casa foi completa-mente transformada. A biblioteca era uma cozinha com azulejos velhos, ago-ra com uma parede roxa e uma grande estante, do chão ao teto, com diversos livros sobre teatro, LPs e fitas de vídeo. No lado de fora, cercado por verde e um céu aberto convidativo, há a outra casa do complexo, de janelas amplas. Essa, foi “destruída”, diz Zica. As refor-mas ocorreram em aproximadamente 40 dias. Foram oito contêineres de en-tulho retirados das obras.

Guardado por um biombo coberto por uma espécie de manta, encontra-se o teatro, uma ampla sala que aco-moda 80 cadeiras. O palco não tem degrau ou diferenciação do resto do espaço facilitando a adaptação, não há

nada fixo. E essa é a maior qualidade do local. “É um conceito novo, o de se adequar ao criador. Não é o espetáculo que tem que se adaptar ao espaço. Aqui tudo pode ser diferente. É um conceito mais contemporâneo de arte”, explica Zica. A versatilidade, um trunfo do novo espaço.

A escola, que também é companhia de teatro, completa 21 anos em 2010. Na sua maioridade, foi finalmente con-cretizada uma ideia antiga para suprir o que o povo teatreiro via como neces-sidade: um novo local para suas apre-sentações. “Caxias é carente de espaço. O Teatro Municipal tem que atender a demanda da cidade toda, não pode ficar só a Zica lá. Os particulares têm aluguéis caros. A proposta da Casa de Teatro é ser um excelente espaço, su-per adequado para os alunos e também para os grupos locais, com ensaios e espetáculos”, explica a diretora.

Uma das melhorias fica por conta da adoção das temporadas. Ter espe-táculos apresentados constantemente, com período maior em cartaz. O ator e membro da administração da esco-la, Sandro Martins, envolvido com a escola desde 1998, pensa que isto ser-ve como aprendizado a qualquer um. “Olha a diferença que é um espetáculo ser apresentado uma vez agora, outra meses depois, ou ele ficar em cartaz por três semanas. O grande exercício é estar em cena”, diz Sandro. Para ele, o que a cidade mais tem a ganhar é na formação de plateia. O costume de vi-sitar o teatro. A indicação de uma peça que, sim, continua em cartaz. “Ruim é dizer que assistiu uma peça ótima e perguntarem quando tem de novo. Responder que só em novembro des-motiva”, analisa.

O teatro é considerado peque-no, de oito metros por 13, comparado a outros da cidade como os 402 lugares do Municipal ou os 750 do UCS Tea-tro. “Mas é preferível lotar um teatro de

80 lugares que colocar 80 pessoas em um teatro de 400 lugares”, diz Sandro. Quem concorda é a diretora da Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima, Magali Quadros. De acordo com ela, Caxias está crescendo na área cê-nica, não só o teatro como outras ma-nifestações. Ela chama o formato do teatro da Casa de “teatro de bolso”, por ter palco que comporta espaço de pequena di-mensão. A adaptação é uma atitude que, ela diz, se vê em outros lugares do Brasil e no exterior. “Essa cultura de que tem que ser pal-co italiano – o clássico, como encontramos no Teatro Municipal – não é normal no resto do mundo. O teatro não está limitado a essa ar-quitetura cênica”, afir-ma Magali. Ela deseja que esse novo espaço abra a cabeça das pessoas e gere multiplicidade cultural. Dessa forma, a diversidade começa a aparecer.

Segundo Sandro, a Casa de Teatro re-novou as perspectivas de futuro da es-cola. “Ensaiar no mesmo lugar onde se apresenta depois é bárbaro”, diz Zica. O desafio agora é a manutenção, encon-trar formas e parcerias para que a Casa continue aberta. Nunca o será por falta de produções, tanto locais quanto de outras cidades. Não há nenhum espe-táculo agendado, mas a programação está sendo formada aos poucos. “Te-mos um espaço adequado a receber outros tipos de proposta. Éramos sem-pre convidados e agora nós que rece-bemos propostas, está mais divertido”, alegra-se a diretora.

Ida Celina, já parceira de anos da es-cola, vindo de Porto Alegre para minis-trar aulas ocasionais, considera a nova sede como o início de um novo ciclo. “É o espaço perfeito, que contempla a necessidade contemporânea, e é alter-

nativo, no sentido de ser diferenciado, de acolher manifestações cênicas e ou-tras formas de linguagem. A cena de Caxias vai se favorecer. Além do mais, a casa é um charme!”, opina a atriz. A convidada de honra das noites de es-treia encontrava-se confortavelmente disposta em um dos sofás da Casa de Teatro, conversando com alunos da

escola, professor, ilu-minador e até um ex-aluno que passava por lá e resolveu ficar para o bate-papo. Essa é uma característica que o local quer manter: a de não só formar ato-res, mas fazer amigos e parceiros.

A Casa de Teatro contempla o trabalho em grupo e a convivên-cia. “É importante essa

roda viva. A pessoa passa, entra e pode encontrar algo. É espontâneo. O teatro é aglutinador”, define Ida. E lá todos concordam que o espaço recém-inau-gurado favorece tanto a comunidade quanto as aulas, guiadas pelo profes-sor Miguel. Como resultado, os alunos são agraciados e estimulados com um espetáculo no final do período letivo, juntamente com apresentações dos profissionais da própria companhia. Tudo isso resulta em uma mostra, que se encaminha para sua 12ª edição. E neste ano, será especial: será realizada, literalmente, em casa.

A equipe Tem Gente Teatrando está satisfeita, mesmo com as complicações enfrentadas. “Foi dificuldade física, psíquica e financeira, mas foi um in-vestimento. Vinte e um anos de traba-lho foram colocados aí. E os próximos 20 também, para pagarmos o financia-mento. Mas quando vi pronto foi como nascimento de filho, que a gente esque-ce das dores e sofrimento”, diverte-se Zica.

Imersão cultural

“É o espaço perfeito, que contempla a necessidade contemporânea. A cena de Caxias vai se favorecer”, diz a atriz Ida Celina

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Espetáculos que ficavam em cartaz por curto período agora têm nova casa, onde podem ficar por longas temporadas

Zica Stockmans: “Éramos sempre convidados e agora nós que recebemos propostas, está mais divertido”.

TEM GENTE INVESTINDO

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por VALQUÍRIA [email protected]

uando Isidoro Zorzi saiu da sala do Conselho Diretor no bloco A da Uni-versidade de Caxias do Sul na noite de segunda-feira (29), caminhou firme-mente até um saguão onde os repórte-res o aguardavam ansiosos. Um pouco antes dele, o presidente do Conselho, João Paulo Reginatto, já havia enfren-tado os mesmos repórteres e dado a notícia: o reitor havia sido reconduzido ao cargo, por 8 votos a 1. Zorzi, entre-tanto, tinha a expressão séria. Esboçou um tímido sorriso apenas ao responder a última das perguntas, sobre os votos que havia recebido dos membros do Conselho minutos antes: “Eu esperava menos. Foi além da expectativa. Espe-rava 7 a 2”.

O reitor comprovou ali o que se dizia nos bastidores: a votação do Conselho, secreta, tinha um final já conhecido por muitos. Sabia-se que os únicos que não votariam em Zorzi seriam os dois representantes do Ministério da Edu-cação (MEC), Roque Grazziotin e Ma-risa Formolo, apoiadores da vontade da comunidade acadêmica, que havia indicado a candidata Nilva Stédile. Ro-que, porém, surpreendeu até o reitor ao mudar o voto na última hora – e esta foi a maior surpresa do processo.

“Padre Roque, por que o senhor acha que o Zorzi ganhou a eleição?”, pergunta a repórter. “Porque ele ga-nhou oito votos”, diz Roque, rindo. De-pois da brincadeira, Roque explica por que mudou o voto, e garante que o fez apenas na sexta-feira (26), nas entre-vistas do Conselho com os candidatos. “Os três apresentaram boas ideias, mas depois os conselheiros fizeram pergun-tas sobre como fazer o planejado e eu me decidi pelo Zorzi. Eu ia votar com a Marisa em quem vencesse a consulta.”

Nilva foi bem no plano teórico, diz Roque, mas deixou dúvidas cruciais no conselheiro sobre sua capacidade de executar o que estava prometendo. “Ali achei que, para este momento, o Zorzi estava mais preparado para tocar a uni-versidade. Porque já vi muita bobagem eleitoral, pessoas que vão pela propa-ganda”, explica.

A outra representante do MEC, Ma-risa Formolo, manteve sua posição. “Eu votei na Nilva porque fui uma organi-zadora dos direitos dos funcionários,

professores e alunos votarem. Na últi-ma consulta oficial, regrada, aprovada pelo Conselho Diretor (em 2006), eu organizei. E foi desta forma que a gen-te votou e aprovou a consulta elegendo o Zorzi. Eu continuo com o mesmo princípio.”

Ela diz que se Zorzi ou Nestor Basso – candidato que, no decorrer do pro-cesso, acabou ficando em terceiro pla-no, pois a disputa se travou claramente entre os outros dois participantes – ti-vessem sido escolhidos pela consulta acadêmica, tomaria como base o mes-mo pensamento. “Não tinha razão para não levar em conta a votação da con-sulta popular. Eu votei pra que se possa continuar o processo de participação da comunidade. Se ninguém votasse, o que seria dessa consulta?”, questiona Marisa, que prefere não opinar sobre o porquê de Nilva ter se saído bem na consulta e mal na eleição do Conselho pois não acompanhou os debates, já que não estava no Brasil.

Reginatto é um dos únicos que não comentam sobre o voto, insistin-do que a votação foi secreta. “O que eu posso fazer é uma análise ampla de por que o Zorzi foi reconduzido. Acho que as propostas que o professor apresen-tou foram mais convincentes. Mas falo de hipóteses. As duas propostas foram boas. Umas, claro, para o lado mais avançado, e outras um pouco mais conservadoras.”

O presidente do Conselho admite que pode ter ocorrido um receio em arriscar o voto em quem apresentou essas propostas mais avançadas, mas diz que este medo é natural: “Lula e FHC foram reeleitos, o prefeito Sartori foi reeleito. No fundo, todos nós somos conservadores. A raça humana é rece-osa na inovação. Sem dúvida isso fez parte.” Por conta disso, destaca que foi estabelecido um limite de reeleição na universidade. É possível administrar a UCS por no máximo dois mandatos. “Dentro de quatro anos teremos outro reitor, por melhor que ele queira ser.”

Hoje, a preocupação de Reginatto é uma só: que professores, funcioná-rios e alunos não deem por encerrado o processo, como fez o Conselho. “A instituição é maior do que ter reitor reconduzido, do que aqueles que não ganharam. Que essa disputa que aca-bou se inventando não seja motivo de divisões lá dentro”, prega.

Eleição na UCS

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Viabilidade das propostas é o argumento dos membros do Conselho Diretor para a recondução de Isidoro Zorzi à reitoria

Zorzi, reeleito: “Eu esperava menos. Foi além da expectativa”

VITóRIA DE ZORZIAS RAZÕES DA

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Na universidade, o que se percebe é que além de o processo não ter sido en-cerrado a palavra democracia está sen-do entoada como nunca antes. Com faixas e folders, alunos protestam e gri-tam por eleições diretas para uma pró-xima escolha. Sem rodeios, Reginatto prefere acabar de uma vez com essa ex-pectativa: “Nunca vai ter eleição direta. Está totalmente fora. Sempre vai ser o Conselho que vai decidir”. Se a comu-nidade acadêmica tivesse poder de de-cisão, de acordo com ele, o candidato vencedor seria sempre aquele com as melhores promessas de campanha, que não necessariamente planejou como administrá-las com o dinheiro dispo-nível na UCS. “Isso não é uma reparti-ção pública, onde quando não se tem, se aumenta imposto. Numa instituição privada não tem essa. Democracia é bom, mas enquanto têm os bobos que pagam impostos, porque o Estado não quebra. A UCS vive do seu suor.”

O representante da Mitra, Paulo César Nodari, e o da Câma-ra de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), Milton Corlatti, fazem coro ao que disse Roque para explicar os votos em Zorzi. “Depois da apresentação das propostas, na sexta, eu conversei com Dom Paulo Moretto e chegamos à con-clusão de que seria o melhor nesta hora rumarmos junto nesse projeto com o Zorzi. Não pela simpatia, por isso ou aquilo, foi diante do projeto mesmo, que era real, embasado e concreto.”

Corlatti utiliza as mesmas palavras

para descrever o planejamento de Zorzi, e acrescenta uma: “consistente”. “Não se pode fazer um planejamento sem a questão financeira. O do Zorzi é mais sensato, com coisas que a UCS tem capacidade de fazer”, completa.

Nenhum dos dois acredita que hou-ve uma rejeição do Conselho à candi-data Nilva, e deixam claro que as ques-tões que conduziram os votos não foram, de forma alguma, pesso-ais. “Se ela não tivesse capacidade, não teria sido pró-reitora. Ela esteve como pró-rei-tora do reitor por três anos e meio, não po-deria ter pensamento tão diferente do Zor-zi”, analisa Corlatti. “Já trabalhei com a Nilva. Não é questão de ter medo. Nada a ver. É o aspecto concreto do projeto de uma universidade para o futuro, e o apre-sentado pelo Zorzi foi o que melhor fez isso”, diz Nodari.

Nilva Stédile foi anunciada vencedora da consulta acadêmica no sábado (20). Como já percebia o apoio de alunos e professores, viu no resul-tado a conquista que faltava para dei-xá-la ainda mais confiante. Depois de passar a semana seguinte inteira plane-jando a vitória cada vez mais próxima, Nilva foi uma das primeiras a receber o resultado da recondução de Zorzi.

Ao falar da derrota, a professora diz ter certeza apenas de uma coisa: “Por ra-zões acadêmicas e técnicas não foi. Eu apresentei uma proposta muito bem estruturada, bem explicada, com ações centradas na situação real da universi-dade. Meu currículo é inquestionável e fui bem na consulta acadêmica”.

A incompreensão com a decisão, conta Nilva, ocorre principalmente porque ao longo daquela sema-na ela recebeu elogios de vários conselheiros com quem conversou individualmente. “Um deles, inclusive, dis-se que a proposta está muito bem fundamen-tada. Não sei o que fez haver a combinação que certamente houve. Di-zer que não é exequível beira o absurdo. Estra-

nho muito que pessoas que entendem de gestão possam estar duvidando disso. Era bastante clara e falava por si mesma”, argumenta, complementando: “A gestão do Zorzi poderia ser melhor. Se eles pensam diferente, a responsabi-lidade é completamente deles”.

Nilva diz perceber uma tentativa de desqualificação da consulta que a acla-mou, mas entende que esta iniciativa não está sendo bem sucedida, prin-cipalmente porque mais de 80% dos funcionários e dos professores parti-ciparam da votação. “A quantidade de alunos que votaram é maior que nas

eleições dos EUA, onde um presidente se elege com 25% de votantes. E nin-guém questiona a democracia lá.”

Isidoro Zorzi analisa o resul-tado falando em terceira pessoa. “O Conselho Diretor é responsável pelos destinos da fundação perante a lei e perante a sociedade e, enquanto esti-ver vigendo essa determinação, dificil-mente um Conselho abre mão de dar a última palavra na escolha do dirigente. Por que escolheu Zorzi e não Nilva, se ela foi a preferida pela comunidade, aí é equivocado dizer, porque eram 40 mil que poderiam ter votado (10.709 participaram), além do que, nessa con-sulta, foram excluídos funcionários do Hospital Geral, do Cetec e ETFAR, que são administrados pelo Conselho.”

Os conselheiros, explica Zorzi, co-nhecem sua administração, que ele diz ter ocorrido até aqui sem atritos. “O Conselho viu na minha proposta mais firmeza, mais confiança. A da Nilva é bastante ampla, bonita, mas é muito aérea, abstrata. É declaração de muito boas intenções”, diz o reitor.

Em carta à comunidade universi-tária um dia depois da decisão, Zorzi cita William Shakespeare: “Eu aprendi que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa?”. Aos 67 anos, quatro já vividos como rei-tor, Zorzi deixou claro durante a breve campanha que não conseguiu execu-tar tudo o que tem planejado para a universidade. Terá até 2014 para fazer bom uso desta segunda oportunidade.

“Nunca vai ter eleição direta. Está totalmente fora. Sempre vai ser o Conselho que vai decidir”, afirmaReginatto

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por GRAZIELA [email protected]

anta Bárbara é uma das muitas comu-nidades rurais de Caxias do Sul. Loca-lizada a cinco quilômetros do centro de Ana Rech, é habitada principalmen-te por pequenos agricultores, a maioria descendente de italianos, que vivem do plantio de hortifrutigranjeiros. Mas o lugar tranquilo, silencioso e cercado de gente simples tem muito mais do que colonos e suas plantações.

As estradas sinuosas de terra da pa-cata localidade levam também a uma espécie de condomínio onde moram oito famílias de médicos, advogados, professores e empresários, entre outros profissionais de classe média, unidos apenas por um elo: o santo-daime.

Santa Bárbara é o lugar que essas pessoas escolheram para viver e prati-car todos os rituais que envolvem o chá de ayahuasca (“cipó dos espíritos”, em língua quíchua), motivo de polêmica nacional depois que um dos consumi-dores do “vinho das almas”, como os daimistas chamam a bebida, matou o cartunista Glauco Villas Boas e seu fi-lho Raoni, em São Paulo.

O condomínio existe há 10 anos

e fica em uma área de 17 hectares, cercada por vegetação. Suas caracte-rísticas naturais e geográficas – longe do barulho, mas perto da zona urbana – foram o que motivou o grupo a esco-lher o lugar. Muitos dos seus morado-res participavam de rituais em Caxias e em Porto Alegre desde o início dos

anos 90, mas achavam ruim não ter uma sede própria para praticar sua re-ligião com tranquilidade.

Por isso, além de se mudarem para Santa Bárbara, eles também construí-ram lá um templo para o santo-daime, que recebeu o nome de Centro Ecléti-co da Fluente Luz Universal Enio Staub (Ceflues), em homenagem ao homem que ajudou a fundar o grupo em Ca-xias, um publicitário que comanda a igreja em Florianópolis.

O templo é o ponto de encontro, de oração e de consumo da ayahuasca, que, segundo quem o ingere, conduz a um estado semelhante ao de meditação profunda que apenas um monge com 50 anos de treinamento seria capaz de alcançar, ampliando a percepção sobre o universo e sobre si mesmo.

Um dos fundadores do grupo e coordenador do Ceflues é o empre-sário Fabrício Longaray, 41 anos, que trabalha com o mercado de exporta-ções. Casado com uma advogada e pai de três filhos – duas meninas e um menino –, Longaray leva muito a sério a religião, que afirma ter lhe mostrado o verdadeiro caminho da espiritualida-de, e garante que não há qualquer rela-ção entre o daime e as drogas.

Católico não praticante, ele conhe-ceu os rituais com a ayahuasca a partir de um interesse pessoal pela Amazônia e pela cultura dos moradores de lá, em especial de uma comunidade chamada Vila do Mapiá, localizada na cidade de Pauini, no Amazonas. É nesse lu-gar que funciona a sede da igreja que

transformou o ritual da bebida em reli-gião, por meio do seringueiro Raimun-do Irineu Serra (1892-1971), chamado de Mestre Irineu.

Homem negro, de origem simples e baixa escolaridade, ele teria tido o contato com o chá por meio de curan-deiros do sertão. Depois de um transe, contou ter visto a Rainha da Floresta, que se apresentou como Nossa Senho-ra da Conceição e lhe deu instruções para fundar uma igreja na qual o santo-daime assumiria papel funda-mental. O nome teria surgido das invocações dai-me amor, dai-me fé.

Movido pela curio-sidade e pelas histórias que cercavam Mestre Irineu, Longaray deci-diu largar tudo em Ca-xias, em 1994, para viver na Vila do Mapiá. Ficou por um ano na comu-nidade amazonense, onde trabalhou como tesoureiro do Conselho Superior da Igreja do Santo-daime e aprofundou os conhecimentos sobre o chá e os ritu-ais que o cercavam.

Ao voltar para Caxias, resolveu se dedicar à religião. Hoje, comanda ora-ções, que são realizadas todos os do-mingos, às 18h, e rituais com o santo-daime pelo menos três vezes por mês: nos dias 15, 27 e 30 e também em fes-tas, como Natal, Dia das Mães ou datas alusivas a alguns santos. “Somos uma religião como qualquer outra. Nos

unimos para rezar e, em alguns mo-mentos, consagrar o santo-daime para bebê-lo, assim como os católicos fazem com a hóstia nas missas”, compara.

O pré-requisito para participar da cerimônia de ingestão do chá, segundo Longaray, é comparecer à oração que acontece todos os domingos. “O obje-tivo é justamente selecionar as pesso-as para eliminar, de cara, aquelas que pensam em tomar o chá para ter um

‘barato’. É para ficar claro que se trata de um ritual religioso e sério. Quem pretende usar pensando que é uma droga, já desiste.”

O empresário,

que conheceu pesso-almente Glauco e a igreja fundada pelo cartunista, indigna-se com as relações feitas entre o daime e maco-nha, cocaína ou bebi-

das alucinógenas. Ele rebate as acusa-ções de que drogas já fizeram parte dos rituais e foram consagradas junto com a ayahuasca com os nomes de Santa Maria, para maconha, e Santa Clara, para cocaína. “Dizem que o padrinho Sebastião, um dos sucessores do Mes-tre Irineu, consagrava maconha junto com o daime nas cerimônias religiosas. Mas isso não acontece, porque essas são drogas proibidas no Brasil. Na Ho-landa, sei que usam maconha em ritu-ais, porque lá é liberada, mas aqui não.”

Longaray parte da premissa de que o

Polêmico ritual

“Nos unimos para rezar e consagrar o santo-daime para bebê-lo, assim como os católicos fazem com a hóstia”, comparaLongaray

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A ayahuasca foi introduzida em Caxias do Sul há 18 anos. Hoje, é consumida por cerca de 150 pessoas e tem até uma comunidade criada para cultuá-la no interior

Participantes da cerimônia levam cobertores para, depois de ingerir a bebida, ficarem imóveis durante horas, em meditação

SANTO-DAIMEAS RAÍZES LOCAIS DO

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santo-daime não é uma droga, muito menos alucinógena. Na sua opinião, trata-se apenas de uma substância psicoativa que amplia os sentidos das pessoas que a ingerem e as ajuda a en-contrar respostas para as perguntas mais fun-damentais aos seres hu-manos, como de onde viemos, para onde va-mos e por que estamos aqui. “Ninguém vê bi-chinhos. Só se enxerga melhor a realidade.”

Na avaliação do co-ordenador do Ceflues, a ayahuasca é terapêu-tica. Além de colocar as pessoas em contato com seu lado espiritual, ela teria poder curativo. “Minha espo-sa toma desde a primeira gravidez. Eu dou para meus filhos. Se fizesse mal, jamais faria isso.”

Tecnicamente, a bebida é um

tipo de chá elaborado a partir da mis-tura de duas plantas originárias da Amazônia: um cipó conhecido como jagube (Banisteriopsis caapi) e um ar-busto chamado chacrona ou erva-rai-nha (Psychotria viridis). O cipó é ma-cerado e, depois, junto com as folhas da planta, fervido longamente.

O resultado é um líquido viscoso e turvo, de coloração ocre, cheiro azedo, gosto amargo e algumas substâncias polêmicas. Uma delas é a harmina, uma espécie de antidepressivo. Outra é a dimetiltriptamina, responsável pelo efeito imediato do chá logo após seu consumo.

O santo-daime é produzido na Ama-zônia e também em alguns centros de comunidades daimistas que têm auto-rização legal específica e se encarregam de distribuir a fórmula entre os templos espalhados pelo país. O chá chegou a constar na lista de drogas alucinóge-nas, mas está legalizado desde 2004. Atualmente, sua fabricação e consumo têm autorização do Conselho Nacional Antidrogas (Conad), desde que seja usado apenas com objetivo religioso e sem fins lucrativos.

No entendimento dos membros do

Conad, não há evidências científicas sobre efeitos danosos à saúde das pes-soas que utilizam o santo-daime. Por isso, segundo a resolução que regula-menta o uso da bebida, ela pode ser

ingerida por qualquer pessoa, desde ela tenha ciência sobre seus efei-tos. “O uso da ayahuas-ca por menores de 18 anos deve permanecer como objeto de delibe-ração dos pais ou res-ponsáveis, no adequa-do exercício do poder familiar; e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal parti-cipação, atendendo,

permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascitu-ro” , descreve o documento.

Nessa mesma resolução, o órgão re-comenda que a ingestão do chá deve ser evitada por pessoas com histórico de transtornos mentais, sob efeito de bebidas alcoólicas ou outras substân-cias psicoativas. Ela determina que as instituições religiosas façam um “controle rigoroso” no momento de autorizar o ingresso de novos adeptos e realizem uma entrevista para saber se os possíveis consumidores usam drogas ou remédios de tarja preta, se já fizeram alguma cirurgia, se tiveram epilepsia, convulsão ou espasmos, se sofrem de distúrbios psiquiátricos ou doenças como hipertensão e diabetes ou se têm problemas nos pulmões.

A lista é extensa, e tem, justamente, o objetivo de alertar seus consumidores sobre os riscos que eles correm se mis-turarem o daime a outras substâncias ou associarem seu consumo a algum tipo de distúrbio. Mas não é exigido nenhum atestado médico para confir-mar se as informações prestadas são verdadeiras. Por isso, quem tiver – apa-rentemente – condições físicas e men-tais para participar dos rituais estará habilitado a ingerir o misterioso chá.

Não há estudos científicos que comprovem o poder curativo da

mistura, e sua divulgação como plan-ta terapêutica é até proibida, embora daimistas promovam rituais de cura. O que há, por enquanto, são afirmações sobre seus efeitos negativos. Segundo um documento produzido pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Dro-gas Psicotrópicas (Cebrid), da Univer-sidade Federal de São Paulo, “são duas plantas alucinógenas que são utilizadas conjuntamente sob forma de uma be-bida que é ingerida no ritual santo-dai-me ou culto da União Vegetal e várias outras seitas”. Fisicamente, elas podem causar vômito, diarreia, palpitações, tremores, taquicardia e hipertensão.

O farmacêutico pós-graduado em toxicologia Marco Aurelio Neto Dor-neles, professor das universidades de Caxias do Sul (UCS) e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considera ab-surdo que uma substância como essa seja liberada, ainda que para uso reli-gioso. “É uma droga de consumo res-trito, mas é uma droga.”

Dorneles teve o primeiro contato com o daime em 1980, quando coor-denava um grupo de alunos da área da saúde no Projeto Rondon, em Rondô-nia. Lá, ele viu a ayahuasca ser usada durante um culto. Chegou a ser convi-dado para experimentá-la, mas negou-se. “Eu vi aquelas pessoas alucinadas, em estado de contemplação, e não quis estar no lugar delas.” Depois disso, re-solveu estudar seus componentes para entender o motivo do transe.

A professora de

farmacologia da UFR-GS Eliane Elisabetsky, que tem formação em biomedicina, conta que há registros de uso do chá em toda a Améri-ca Latina. Ela entende que é louvável que ín-dios tenham encontra-do nessa mistura um uso importante para sua cultura – alguns a bebiam antes de tomar decisões importantes, outros davam às crianças para ensiná-las a se relacionar com animais e plantas da floresta –, mas salienta que as pessoas

não podem se esquecer de que o santo-daime é uma droga com efeito alucinó-geno, independentemente da cultura que ele carrega.

A professora discorda que seja ape-nas uma droga psicoativa, como ar-gumentam os daimistas. “Diazepam é uma droga psicoativa usada para indu-zir o sono, mas não causa alucinações. A própria maconha tem essa caracte-rística. Já o santo-daime faz com que seus consumidores enxerguem luzes e imagens e acreditem estar se comu-nicando com pessoas e seres que não estão presentes. Isso é alucinação.”

No Brasil, calcula-se que 19

mil fiéis utilizem a ayahuasca, que já está presente em pelo menos mais 25 países. Em Caxias do Sul, as cerimô-nias em torno do chá acontecem desde 1992, e reúnem cerca de 150 pessoas. Há, na cidade, pelo menos cinco tem-plos dedicados ao consumo da bebida e os rituais que a envolvem.

O grupo mais antigo é o de Ana Rech, que introduziu o chá na cidade antes de seus integrantes decidirem morar em uma chácara ou construir um templo para a bebida. Eles perten-cem à mesma linha que era seguida pelo cartunista Glauco, que considera o santo-daime uma religião. Os outros quatro institutos são de uma corrente diferente, filiada à Federação do Rio Grande do Sul da Ayahuasca (Fersay),

que não se considera religião. Chegou a ser fundada em Caxias uma terceira via, liga-da à União do Vegetal (UDV), mas não se sabe se ela ainda está ativa.

Essencialmente, as duas correntes atuantes na cidade têm objeti-vos muito parecidos. Como manda a lei, am-bas consideram o ritu-al religioso – embora,

repita-se, a Fersay não se caracterize como religião – e defendem o con-sumo da bebida apenas para ampliar a consciência de quem o ingere. Elas também se consideram universalistas:

“Ninguém vê bichinhos. Só se enxerga melhor a realidade”, diz o empresário que trabalhou um ano na Igreja do Santo-daime na Amazônia

“É uma droga deconsumo restrito,mas é uma droga”, afirma ofarmacêuticoespecialista em toxicologiaMarco AurelioDorneles

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Jorge, que monta um altar daimista em seu restaurante vegetariano, usa a ayahuasca há oito anos: “É lindo. Me emociono só de falar”

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aceitam todas as crenças, cristãs, um-bandistas, espíritas ou hinduístas, por entenderem que Deus não é monopó-lio de nenhuma instituição filosófica ou religiosa. Mas, apesar disso, por questões internas, seus participantes fazem questão de ressaltar que não pertencem ao mesmo grupo.

A reportagem d´O Caxiense assistiu a um ritual no Instituto Es-piritual Xamânico São João, ligado à Fersay, entre sexta-feira (26 de março) e sábado (27). A cerimônia foi den-tro de um templo no bairro Serrano, na pro-priedade do analista de sistemas Jonas Antunes Ramos, 37 anos, o padrinho do insti-tuto, e reuniu pessoas como um bom-beiro, um dono de restaurante e um re-presentante comercial. O instituto fica bem no centro do bairro e é cercado por moradias. Mas, como o terreno é grande e coberto por algumas árvores, os adeptos do santo-daime conseguem garantir um pouco de privacidade.

O espaço destinado ao culto religioso não lembra uma igreja. É quadrangu-lar, sem cruzes ou enfeites externos. Se parece mais com um pavilhão, embora bem menor. Do lado de dentro, o que se vê é uma imensa sala sem divisórias, com tapetes cobrindo o chão, cadeiras de plástico e quadros de divindades, de Jesus Cristo e do Mestre Irineu Silva. O altar fica no chão mesmo. O chá que será servido aos participantes é coloca-do entre as imagens de deuses e santos, incenso e algumas velas.

Os fiéis começaram a chegar por volta das 20h de sexta-feira, com travesseiros, cobertores e colchonetes, pois já sabiam que passariam a noite no lugar. Cada um deles era obrigado a tirar os sapatos antes de entrar. Os que traziam chinelos substituíam os calçados, os demais ficavam descalços. Depois, eles apresentavam a carteira de identidade e preenchiam uma fi-cha com o questionário exigido pelo

Conad. Só então recebiam autorização para entrar, recebendo um saquinho plástico para o caso de vômito – ou de “limpeza”, como dizem os daimistas.

Homens se posicionam do lado direi-to da porta e mulheres do lado esquer-do. Eles devem usar calças compridas

e camisas com mangas. Elas, vestidos longos, soltos no corpo e sem decotes ou transparên-cias. “Parte disso tem relação com a tradição, mas parte está relacio-nada também ao efeito do daime, que, como amplia a consciência, pode também trazer à tona alguns sentidos ampliados. Por isso, é melhor que as mulhe-res se vistam dessa ma-

neira”, explica o padrinho Jonas, que é o encarregado de cuidar para que tudo corra bem nas cerimônias.

Eram 22h30min quando foi iniciado o ritual. Jonas começou a cerimônia explicando o que iria acontecer e res-saltando que aquele era um lugar de oração, onde não poderiam ser usadas drogas como álcool, maconha ou coca-ína, entre outras. Também lembrou do questionário preenchido na entrada e das restrições em relação ao chá. Em seguida, convidou todos a rezar.

Nada de Ave-Maria ou Pai-Nos-

so. Cada um dos participantes, que já estavam acomodados nas cadeiras e envoltos pelos cobertores, fez uma pre-ce em silêncio. Cinco minutos depois, era formada a fila para receber a pri-meira dose do chá – homens primeiro, mulheres depois.

O padrinho Jonas serviu a cada um doses equivalentes a dois copinhos de café. As pessoas recebiam a bebi-da e depois sentavam-se novamente em seus lugares, onde iniciavam o processo de meditação com ajuda da ayahuasca. Cerca de uma hora depois, ele passava de cadeira em cadeira para oferecer o terceiro copinho, que não era obrigatório. “Os dois primeiros nos libertam da casca. O terceiro nos ajuda a fluir melhor”, explicou.

Um fundo musical com canções ca-tólicas, umbandistas e xamânicas, hi-nos de louvor à natureza ou letras que invocam a simplicidade e o desapego material acompanha a cerimônia. E esse é o único som que eles ouvem.

Segundo o presidente do insti-tuto, leva em média 40 minutos para que o chá comece a fazer efeito, que dura entre quatro e cinco horas. Du-rante o transe, as pessoas permanecem quase imóveis, em silêncio e sentadas na mesma posição do início ao fim do ritual, que só terminou por volta das 4h de sábado, quando os primeiros parti-cipantes começaram a deixar a cadeira e se deitar sobre o tapete para dormir.

Por uma questão de segurança, eles só são liberados para ir embora depois do amanhecer e de um café da manhã organizado pelos próprios fiéis, com pratos de comida levados de casa e compartilhados com os demais. Como eles ficam depois de uma noite toda sob o efeito do chá? “Com essa cara de bobo de quem está leve e feliz”, definiu o bombeiro Vanderlei Mena Gonçal-ves, 41 anos, padrinho de uma institui-ção em Flores da Cunha e presidente da Fersay.

E o que eles enxergam? Isso depen-de da fé de cada um e do dia, dizem seus consumidores. De acordo com seus relatos, católicos podem ver Nossa Se-nhora e umbandistas, ser embalados no colo de Iemanjá. “É lindo. Me emociono só de fa-lar”, descreve Jorge Os-car de Matos, 48 anos, dono do restaurante vegetariano Govinda e usuário de ayahuasca há oito anos.

Jorge também co-ordena um institu-to, que funciona junto ao restaurante. Todas as noites de sábado ele afasta as mesas e cadeiras, monta um altar e transforma o lugar em um templo dedicado ao santo-daime. Ele conta que iniciou sua busca espiritual aos 17 anos, frequentando centros espíritas, a

igreja católica e, por fim, templos Hare Krishna. Chegou a morar por seis anos em um templo, de onde acabou saindo porque queria ter filhos.

Jorge ainda acorda todos os dias às 5h para meditar por uma hora e meia e segue os ensinamentos que recebeu ao longo de sua busca. Mas garante que nada se compara ao chá. “A ayahuasca mudou a minha vida. Eu compreendi que estou aqui de passagem, que esse corpo é só matéria. E essa compreen-são fez de mim uma pessoa melhor.” O relato dele é semelhante ao da maioria das pessoas que participam dos rituais com o santo-daime. Cada um vê e sen-te coisas diferentes, mas todos dizem que, no final, a sensação é boa.

São depoimentos como esse que preocupam a professora Elaine Elisa-betsky e o farmacêutico Marco Aurelio Neto Dorneles. Elaine lembra que não há ainda um estudo comprovando que o daime cause dependência ou ligando a bebida a distúrbios psíquicos. Mas já se sabe de seus efeitos sobre pessoas com problemas de saúde mental. “Se a pessoa já possui um distúrbio pode ter consequências que extrapolam, e muito, os reflexos que a droga normal-mente causaria.” Dorneles acrescenta que se o chá amazônico fosse inofensi-vo não haveria tantas restrições ao seu uso na legislação brasileira. “A morte

do cartunista Glauco está aí para nos mos-trar que o caso é sério”, diz, em referência ao assassino do cartunista, Carlos Eduardo Sun-dfeld Nunes, portador de transtornos psíqui-cos que teriam se agra-vado após sua adesão ao daime.

O farmacêutico deixa claro que não é contra as pessoas praticarem sua religião e terem

suas crenças. O que ele contesta é a di-vulgação do uso da ayahuasca sem que as pessoas tenham a real noção dos da-nos que ela pode trazer. “Se eu tivesse um filho que tomasse santo-daime, fi-caria muito preocupado. Acho que as pessoas precisam refletir sobre isso”.

“A ayahuasca mudou a minha vida. Compreendi que estou aqui de passagem, que esse corpo é só matéria”,resume Jorge

“Se a pessoa já possui um distúrbio, podeter consequênciasque extrapolamos reflexos que a droga causaria”, explica a biomédica Elaine

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Jonas alerta sobre as restrições ao uso antes de servir o chá em copinhos de café: “Os dois primeiros nos libertam da casca. O terceiro nos ajuda a fluir melhor”

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por RODRIGO LOPES

esponda rápido: das doenças a seguir, sobre qual você tem algum conheci-mento, por mais simplista que seja: diabetes, hipertensão ou hemofilia? Provavelmente você dirá que o diabé-tico não pode comer doces e açúcar e o hipertenso é aquele que tem pressão alta. Já o hemofílico é o que... tem o que mesmo? Se você titubeou, ok. Ex-plicar o “problema” é algo a que eles es-tão acostumados. Em linhas rasas, são pessoas cujo organismo tem dificul-dade em controlar uma hemorragia. Ou, pejorativamente falando, gente de “sangue solto”, como os mais antigos costumavam definir.

Mesmo os profissionais de saúde admitem: a expressão hemofílico ain-da é um termo obscuro, que acompa-nhou os nomes do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, do cartunista Henfil e do compositor Chico Mário em uma época nebulosa, os anos 80 e início dos 90, quando as transfusões de sangue vinham acompanhadas do fantasma da Aids, das seringas conta-minadas e do pavor diante de um vírus até então pouco conhecido, o HIV. Po-rém, as campanhas de esclarecimento e o trabalho da Federação Brasileira de Hemofilia (FBH) ao longo das últimas três décadas vêm, aos poucos, tirando-a do rol das patologias que geram um ponto de interrogação ao serem pro-nunciadas. E a transferência, há exata-

mente um ano, da sede da federação de Cuiabá, no Mato Grosso, para Caxias deve contribuir ainda mais para isso.

Na Serra gaúcha, 158 pessoas convivem com a hemofilia, segundo a última atualização fornecida pelo Hemocentro Regional de Caxias do Sul (Hemocs). Só em Caxias do Sul são 76 pacientes, a grande maioria do sexo masculino (raramente mulhe-res nascem com a deficiência no fator de coagulação do sangue). O restante divide-se em outros 21 municípios, destacando-se Bento Gonçalves, em segundo lugar, com 35 casos. Todos estão cadastrados no Hemocs, um dos 62 Centros de Tratamento de Hemofi-lia espalhados pelo Brasil e que forne-cem a aplicação gratuita aos portado-res. Assim como a insulina está para os diabéticos, o Fator VIII está os he-mofílicos. Importado pelo Ministério da Saúde e repassado para os estados, o fator de coagulação deficiente é in-jetado na veia através de uma agulha – o sangramento cessa quando o medi-camento atinge o local afetado, geral-mente articulações e músculos.

Responsável pelo setor de hemofilia do Hemocentro, a enfermeira Eliete da Luz explica que a patologia atinge um em cada 10 mil meninos – por tratar-se de uma doença genética ligada ao cromossomo X, acomete quase que exclusivamente indivíduos do sexo masculino. “Os sintomas aparecem

no primeiro ano de vida – quando a criança começa a engatinhar – e são caracterizados por manchas roxas na pele, hematomas, sangramentos nas articulações e até hemorragia cerebral”, completa.

O diagnóstico é dado após avaliação clínica e exames laboratoriais que me-dem o tempo de coagulação. O histó-rico familiar também é avaliado, pois se trata de uma doença hereditária. No entanto, um terço dos casos acontece por mutações genéticas, aparecendo como primeiro caso na família. Em um mundo ideal, tudo correria desta forma. Mas a realidade de grande parte dos hemofílicos é bem diferente.

Natural de Flores da Cunha, o vi-ticultor Luciano Giácomo Rech, 31 anos, recorda da falta de conhecimen-to que existia quando apresentou os primeiros sintomas. “Lembro de toda uma perna ter ficado roxa. Como mo-rávamos na colônia, não se tinha mui-to conhecimento. Um médico sugeriu cortar, outros engessavam, éramos como cobaias”, comenta Rech, que chegou a passar anos sem frequentar a escola por causa dos sangramentos.

Hoje, ele tem noção de todos os cui-dados e precauções. “Se vou ao dentista ou preciso fazer qualquer tipo de cirur-gia, sei que preciso fazer uma aplicação do fator antes”, revela.

Existem dois tipos de tratamento para assistência aos pacientes com he-mofilia: o por demanda, quando o fa-

tor de coagulação é aplicado somente após a ocorrência de uma hemorragia; e o profilático, quando o fator é infun-dido preventivamente às hemorragias, de duas a três vezes por semana, com o objetivo de evitar possíveis sangra-mentos. Uma rotina que a pedagoga caxiense com especialização em Edu-cação de Surdos Tania Maria Onzi Pie-trobelli conhece bem há 30 anos.

Ao adentrar na sala branca de pouco mais de 40 metros quadrados, nos fun-dos de um prédio comercial da Ave-nida Itália, pouco se vislumbra. Duas mesas de escritório, uma estante com folders e cartilhas explicativas, apenas três cadeiras, um computador portá-til e um telefone celular, chamando quase que ininterruptamente. É nesse local que Tânia coordena, desde abril do ano passado, a Federação Brasileira de Hemofilia (FBH). O aparente vácuo do cenário contrasta com um cotidia-no que em nada lembra ausência de atividades. De Caxias do Sul, Tania co-manda uma entidade fundada em 1976 e que atualmente comporta 23 associa-ções responsáveis por garantir o tra-tamento a todos os portadores. Além disso, participa da política de trata-mento da hemofilia junto ao governo e à comunidade científica do país.

“É um trabalho que não tem fim, desde palestras Brasil afora até a bus-ca por mais verbas do governo federal. Estamos sempre na luta”, observa Ta-nia.

Conhecer é remediar

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Transferência da sede da Federação Brasileira de Hemofilia para Caxias do Sul chama a atenção para uma patologia pouco conhecida

Luciano Giácomo Rech: “Não se tinha muito conhecimento. Um médico sugeriu cortar, outros engessavam, éramos cobaias”

IRMÃOS DE SANGUE

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Em novembro, a presidente foi à Bra-sília, onde realizou reuniões com os se-nadores Paulo Paim (PT-RS), Gin Ar-gello (PTB-DF) e Serys Slhessarenko (PT-MT) e com o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF). A intenção era clara: solicitar mais apoio à Federa-ção - tanto para a compra de medica-mentos suficientes que garantam a in-dependência do paciente quanto para a implantação do tratamento preventivo (a profilaxia). Todas essas ações da Fe-deração junto a classe política deram resultado: a verba do orçamento pas-sou de R$ 210 milhões em 2009 para R$ 360 milhões em 2010.

“Essa conquista é de grande impor-tância, já que em 2009 os portadores de deficiências na coagulação, por de-sabastecimento de fator, acabaram re-correndo ao uso do crio-precipitado, uma técnica proibida por resolução do Ministério da Saúde, com altíssimo ris-co de contaminação, já que não é feita a eliminação dos vírus”, comemora.

Tania já perdeu a conta das viagens, congressos e seminários relativos a he-mofilia de que participou nas últimas três décadas, mas recorda com preci-são do dia em que chegou em casa e percebeu uma espécie de hematoma no filho de apenas seis meses. “Pensei que ele tinha sido machucado por al-guém, sei lá”, recorda.

Corria o ano de 1979, e Tania nun-ca tinha ouvido falar em hemofilia – a Federação havia sido criada há apenas três e mal sabia-se a que se propunha. “Levei-o ao pediatra, que realizou os exames e deu o veredito. Fiquei choca-da na hora, mas depois fui à luta. É co-nhecendo o problema que ficamos ap-tos a ajudar e dar o melhor tratamento”, ensina, completando que o filho sem-pre levou uma vida normal graças ao tratamento preventivo.

“Hoje, ele costuma dizer que não tem uma doença, tem uma diferença”.

De lá para cá, Tania incumbiu-se de

estudar a hemofilia a fundo. Voluntá-ria, orientadora de famílias com porta-dores, vice-presidente e presidente da Associação dos Hemofílicos da Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, vice-presidente da federação, ne-nhuma função escapou até ela assumir a presidência. “Nunca foi fácil, mas hoje, principalmente em Caxias do Sul, podemos nos considerar privilegiados. A estrutura para o tra-tamento é bastante adequada, graças ao empenho da equipe do Hemocentro e da inte-ração com a associa-ção”, avalia Tania, que no próximo dia 16 de abril, véspera do Dia do Hemofílico, partici-pa da Assembleia Geral da Federação Brasileira de Hemofilia, em São Paulo.

Em nível nacional, a situação é um pouco diferente, e as as-sociações enfrentam outros problemas. Segundo o médico carioca Emílio An-tonio da Rocha Neto, vice-presidente da FBH, as entidades necessitam de estrutura web, com sites atualizados, para que a troca de informações seja mais ágil e eficiente e para que o grupo conquiste maior visibilidade e apoios para os problemas dos hemofílicos.

“Nossa bandeira de luta é a profilaxia e a garantia de tratamento. Hoje, quem tem hemofilia no Brasil é refém dos serviços de hematologia. O paciente é subtratado. Só é tratado após uma ocorrência de hemorragia”, revela Neto.

É aí que Caxias sai na frente de várias outras cidades. O Hemocentro fornece a dose domiciliar, e o próprio paciente realiza a aplicação preventiva em casa, obedecendo aos critérios estipulados pelos médicos e evitando o agrava-

mento da doença. O vice-presidente cita o exemplo de médicos do Canadá que estiveram em um evento da área da hemofilia, em São Paulo, e ficaram surpresos com a quantidade de cirur-gias que ainda são realizadas em he-mofílicos brasileiros que desenvolvem sequelas.

“O paciente não tratado, ou subtra-tado, torna-se obrigatoriamente um

deficiente físico. No Canadá e em outros países onde é feita a profilaxia, os portado-res não têm sequelas”, completa.

O hemofílico pode levar uma vida normal, desde que faça o tra-tamento corretamen-te. Porém, quando ele não faz a prevenção, certamente apresenta-rá incapacidade física, por alterações crôni-

cas, irreversíveis e progressivas. Uma das principais complicações da doença são os comprometimentos das articu-lações, que muitas vezes resultam na necessidade de cirurgias para a colo-cação de próteses ortopédicas e geram incapacitação física, que limita ou até impossibilita uma vida produtiva.

Lindonês Antunes da Silva, 41 anos, conhece bem essa realidade. Devido a uma artrose degenerativa nas car-tilagens do joelho e do braço, teve de abandonar o mercado de trabalho há dois anos e meio - cabelereiro, Lindo-nês demorou um pouco a perceber que o manejo constante das tesouras e a permanência em pé por longos perío-dos agravavam ainda mais os sintomas.

A história dele também começa com o desconhecimento por parte da fa-mília. Aos dois anos, ainda morando em Ibiaçá, no norte do Estado, caiu de uma escada e ficou com o queixo roxo por semanas. A partir daí, foi

orientado pela mãe a evitar todas as brincadeiras “perigosas”: correr, jogar bola, subir em árvores, até andar de bicicleta. “Era a recomendação da épo-ca, ninguém sabia direito o que fazer”, recorda ele, que só deu início aos pri-meiros exames aos 10 anos, em Porto Alegre. “Chegavam a confundir hemo-filia com reumatismo. Se ainda existe desconhecimento hoje, imagine há 30 anos”, completa.

A própria presidente da Federação admite que jogar luz sobre a hemofilia é um trabalho de formiguinha. O esti-mulante é que ele desdobra-se em di-versas iniciativas de apoio, de concur-sos de redação para pessoas portadoras até circuitos de atualização para profis-sionais de saúde. A mais recente dessas ações ocorreu no último final de sema-na, por ocasião do evento Homens na Cozinha, organizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas nos Pavilhões da Festa da Uva. No encontro, um real de cada rótulo vendido do Vinho Solidá-rio Vinícola Perini, de Farroupilha, foi revertido para a Federação.

O tema gera curiosidade também entre leigos. No caso da estudante Ka-rina Pasquali, o trabalho como assis-tente administrativa na sede da federa-ção motivou todo um estudo a respeito da hemofilia. Há pouco mais de 10 me-ses atuando no escritório em Caxias, a acadêmica de Administração de Em-presas da Faculdade da Serra Gaúcha não teve dúvidas sobre o que abordar na disciplina Metodologia da Pesquisa Científica: O Tratamento Interdiscipli-nar das Pessoas com Hemofilia.

“Quero avaliar a relação entre os portadores e os outros profissionais envolvidos no tratamento, como psicó-logos e fisioterapeutas. A ideia é con-tribuir ainda mais com a qualidade de vida dessas pessoas”.

O significado do termo hemofilia em grego não poderia ser mais propício: amor ao sangue.

“É conhecendo o problema que ficamos aptos a ajudar e dar o melhor tratamento”, diz a vice-presidente da federação, Tania Pietrobelli

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Quando criança, Lindonês Antunes da Silva evitava brincadeiras na rua: “Era a recomendação da época, ninguém sabia direito o que fazer”

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por MARCELO MUGNOL [email protected]

e alguém puder tirar Albert Einstein do recinto, melhor. É que fica chato para esse senhor, criador da Lei da Re-latividade, entre outras descobertas, ver seus conceitos associados ao fute-bol. Dois assuntos circulam pelos ha-bitantes do planeta bola em Caxias do Sul. Um deles é a boa fase do Caxias. O time grená está classificado para as fi-nais da Taça Fabio Koff, segundo turno do Gauchão, com duas rodadas de an-tecedência. Ocupa a primeira posição e luta para ser o Campeão do Interior, posição que não ocupa desde 1989, se-gundo análise de historiadores como Jorge Roth e dirigentes como Vanderlei Bersaghi, o Pé.

O outro assunto, óbvio, é a má fase do Juventude. Aliás, que fase, hein?! Faz três anos que o time só vem dando decepções. Vem caindo, caindo. Aliás, o torcedor alviverde viveu boa par-te deste segundo turno com medo do rebaixamento. Para a série B do Gau-chão. Desse mal o Juventude não sofre mais, não este ano, pelo menos.

Mas existe uma particularidade nes-sa competição extra-campo, resultado, é claro, do que cada um dos times vem fazendo sobre o gramado. Tudo é re-lativo, como diria Einstein. Afinal de contas, só se consegue perceber a boa fase grená olhando através do prisma da má fase do Juventude. Ou ainda, se o Caxias não se classificou no primei-ro turno é porque outros tinham sido melhor ainda do que ele. Como agora, mesmo com a boa campanha de clubes como o São José, o Caxias foi ainda melhor e por isso é líder, isolado. Na classificação geral, por enquanto, per-de apenas para o Grêmio.

Mais um ponto para Einstein e sua teoria relativística. O Caxias é melhor do que muitos, mas não ainda, pode-mos até reforçar isso no espaço e no tempo – não ainda –, melhor do que o Grêmio. O tricolor, aquele clube que

muitos chamam de Imortal, é o único que venceu o time grená nesta tempo-rada. E já faz tempo. Pra lá de dois me-ses. A importância desse feito depende ainda de cada ponto de vista. Para os papos, não tem a mínima importância, e o torcedor mais atento e apaixonado pelo seu verde clube vai se lembrar de um ano tal em que o Ju ficou o dobro de tempo sem perder.

Da mesma forma, o Grêmio. Seu imortal torcedor não está nem aí para a invencibilidade do Caxias, porque ele tem a sua, dentro do Olímpico. Mas o Caxias vai lutar para sustentar a sua in-vencibilidade, pois quer ser Campeão do Interior, título que pode lhe dar uma vaga à Copa do Brasil em 2011. “E daí?”, dirá um alviverde com um tanto de inveja. “Já fomos até campe-ões da Copa do Brasil”, complementa-ria, saudosista. “Ah, mas o Caxias foi Campeão Gaúcho em 2000, fomos vice em 2009 e podemos ser campeões este ano”, responderá um ufanista torcedor grená. “Vice em 2009 tomando golea-da na final”, retrucará o papo, verde de raiva. Tudo depende do ponto de vista, né, Einstein.

O torcedor que não acompanha o dia a dia do clube grená só enxerga o sucesso do Caxias a partir do que vê em campo, ouve na rádio e lê n’O Ca-xiense. A maioria dos torcedores não tem a oportunidade de conversar fia-do sobre futebol com Julinho Camar-go, treinador do Caxias. Muito menos pode ouvir de Lê, atacante de origem e curinga de profissão, o carinho que ele tem pelo clube onde foi formado, e ao qual voltou como filho pródigo mas encontrou seu lugar na mesa já ocu-pado. Mesmo assim, Lê não deu uma de moleque mimado e ficou chorando pelos cantos. Foi aprender a viver de um jeito diferente. Lê, e talvez disso o torcedor não saiba, suou muito para aprender a jogar do jeito que o novo treinador desejava. E por amor ao clu-be, entrega-se de corpo e alma, mesmo

sem fazer gols (algo que ele tanto gos-ta), porque entendeu que senta em um outro lugar à mesa.

“Eu vivi coisas bem distintas aqui dentro do clube. Sei o que é o Caxias estar na Série B, e sei o que é viver a má fase”, revela o atleta de 25 anos. Lê não carrega o estereótipo do novo jogador de futebol. Não usa brincos de bri-lhante, não ostenta relógio de grife. Ele se parece muito com aquele primo esportis-ta, boa pinta, um tanto tímido e que prefere fazer seu trabalho sem sair por aí dizendo que faz e acontece. “Sei que o torcedor não enten-dia no início, quando Julinho me colocava para jogar atrás, mar-cando. Porque a torci-da estava acostumada a me ver de centroavan-te. E não foi fácil para eu entender o que o Julinho queria. Mas aos poucos a gente foi se enten-dendo e hoje sei muito bem qual é a minha função no time.”

Há quem diga que Lê é o 12º jogador grená. Faz sentido, porque Lê tem en-trado em quase todos os jogos, sempre para mudar a partida. Seja porque é preciso mais alguém para tocar a bola com capricho no meio de campo, seja para conter o avanço dos adversários por um determinado espaço. Outro que sabe muito bem do seu lugar é o meia Marcelo Costa. O capitão do time, referência em campo, foi trazido ao Centenário por causa da sua expe-riência. No clube, tem sido essencial também por sua paciência e tranqui-lidade. “O Marcelo é o cara que diz pra gente quando tem de avançar ou quando tem de acalmar o jogo”, revela Edenilson, 20 anos, o segundo mais jo-vem do elenco, atrás apenas do terceiro goleiro, Sidvan, de 17.

Edenilson foi entrando aos

poucos, mas parece ter dado uma certa regularidade ao time. Ed, como é chamado pelos companheiros, tem sua teoria: “Joguei todas as partidas desde o confronto contra o Porto Ale-gre e desde então estamos invictos”. A declaração pega o próprio jogador de surpresa, porque até então, durante a breve entrevista, Ed pensava em cada palavra. Mas Ed não é desses caras

que conseguem manter muito a concentração numa coisa só. Prin-cipalmente quando é para ser sério. O garoto Ed é brincalhão, mas em campo tem feito apresentações de gente grande.

“O Julinho tem con-versado muito com a gente durante esses dias porque não con-quistamos nada ainda. Não podemos entrar

de salto alto, achando que ‘somos os caras’. A gente sempre pode melhorar”, diz, como se tivesse repetindo frase a frase o que acabara de ouvir do treina-dor. Ed tem ainda alma de criança, mas é obediente. A prova é o carinho da torcida, a regularidade nos jogos e os telefonemas que o presidente Osvaldo Voges vem recebendo por causa de sua boa fase. “O presidente me disse esses dias que ligaram querendo me con-tratar, mas eu estou bem feliz no Ca-xias, não quero fazer nada apressado. Quando surgir algo bom para o Caxias e para mim, eu vou.”

Quem conhece Ed não consegue imaginá-lo infeliz, em lugar nenhum no mundo. Mas antes que essa teoria relativística passasse pela cabeça do repórter, o jovem atleta saiu-se com essa: “Feliz porque não chegou o inver-no ainda. Tá louco, aqui é muito frio. Vim de Porto Alegre e lá não é tão frio como aqui”, brinca. E há sentimento mais relativo do que a felicidade? Mar-celo Costa, o camisa 10 grená, não é de

O mundo é uma bola

“Eu vivi coisas bem distintas aqui dentro do clube. Sei o que é o Caxias estar na Série B, e sei o que é viver a má fase”, revela Lê

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O Caxias faz até aqui uma excelente campanha no Gauchão. Mas esse bom momento pode dizer até onde vai o time no campeonato?

Julinho comemora, mas pondera: “Vivemos uma boa fase, mas amanhã já pode ser diferente. Cada jogo é um jogo. Falo para meus atletas que eles precisam ter os pés no chão”

TEORIA DA RELATIVIDADE

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soltar gargalhadas ao estilo Edenilson de ser, nem por isso é um cara triste. Mas assim que chegou ao clube ele era um pouco mais na dele do que é hoje. Marcelo vinha de um ano péssimo, en-frentava mais uma batalha espiritual para voltar a ser reconhecido no mun-do da bola.

“A gente sente que é uma boa fase. Mas cada jogo é um jogo. Hoje a gente pode estar muito bem, mas se perder a primeira partida da fase final já vão nos criticar e vai acabar a boa fase”, relativiza Marcelo Costa, 29 anos. E prossegue, sempre no mesmo tom, bem como é em campo: “Precisamos tomar cuidado porque todo mundo vai querer tirar a nossa invencibilida-de”. Mesmo sem ouvir a declaração do camisa 10 grená, o experiente Vander-lei Bersaghi, 51 anos, mais conhecido como Pé, diz a mesma coisa, só que de outro jeito: “É na hora da boa fase que tem de tomar mais cuidado, porque todo mundo quer nos derrubar”.

Pé é daqueles que acompanham até treino físico. Sabe o preço que custa cada bola oficial que o clube utiliza e já viveu bons e maus momentos dentro do Centenário. Tivesse estudado físi-ca, e não trabalhado em banco, como outrora, poderia escrever a Teoria da Relatividade do futebol, a partir dos estudos de Einstein. Pé já viu de tudo. “Olha aqui ó, para ter sucesso na vida, além de competência, é preciso ter sor-te. O Caxias salvou em cima da linha duas vezes no jogo contra o Inter”, en-sina Pé, discípulo de Einstein.

Mas quem coloca em xeque-mate o seu próprio trabalho – sempre, diga-se de passagem –, é o jovem treinador Ju-linho Camargo, 39 anos. “A gente sabe das nossas limitações, vivemos uma boa fase, sim, mas amanhã já pode ser

diferente. Cada jogo é um jogo. Falo para os meus atletas que eles precisam ter os pés no chão. Se alguns já estão tendo alguma visibilidade aqui no Ca-xias, e nem conquistamos nada por enquanto, imagina quando estivermos melhor ainda.” Julinho não vê o futebol apenas do ponto de vista do torcedor, apaixonado, ufanista, que chora e ri em um intervalo de 3 segundos.

Ninguém no planeta, nem Eins-tein, poderia dizer como seria o Caxias se jogasse com este no lugar daquele. Se o time grená, caso tivesse como trei-nador Osmar Loss, estaria classificado, ou se o alviverde, com Julinho Camar-go, estaria em outra posição na tabe-la. Segundo Einstein, só seria possível comprovando, para depois comparar. Ou seja, manda parar o campeonato, troca os treinadores e começa tudo de novo. Quem topa? Einstein toparia. E quem sabe se fosse ele o responsável pela fórmula de disputa não teríamos um pouco mais de racionalidade na percepção do valor dos resultados.

Observar o passado do Caxias pode nos dizer muita coisa. O time não per-de há mais de dois meses. Até este do-mingo (4), o Caxias venceu nove par-tidas, empatou quatro e perdeu apenas uma. Fez 27 gols e levou 16, saldo 11. Se isso o credencia para disputar o tí-tulo? Lógico que credencia. Porque o time já está classificado para a pró-xima fase. Agora, se vai ser campeão, nem mãe Dinah, aquela que mais erra do que acerta os prognósticos, nem Einstein e suas teorias certeiras podem descobrir. Uma porque Einstein, para quem não sabe, já morreu. Outra por-que é preciso aplicar a teoria. E aplicar a teoria, no caso do futebol, é colocar o Caxias em campo, seja com quem for. Não tomar gols. E vencer.

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Edenilson, o alegre Ed, começa a ser cobiçado por outros clubes

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l Superliga de Vôlei | sábado, às 11h |

O Caxias enfrenta o Pinheiros, de Giba, Rodrigão e Marcelinho, pela úl-tima rodada do returno. As duas equi-pes já estão classificadas para a fase eliminatória do campeonato, e o jogo serve para definir a colocação final dos clubes e quem eles enfrentarão nos playoffs. O grupo treinado por Jorgi-nho Schmidt busca reencontrar o ca-minho das vitórias para ingressar em-balado na fase das eliminatórias, que inicia nesta quinta-feira (8). Para isso, Jorginho conta com Bruno Araujo, o quinto maior pontuador do campeo-nato, Marcos Nascimento, segundo melhor bloqueio, e Thiago Machado, o sexto melhor saque.Ginásio Poliesportivo da UCSIngressos a R$ 4 (funcionários da UCS e estudantes em geral mediante iden-tificação) e R$ 8 (público em geral) | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis

l Juventude x Grêmio | domingo, 16h |

A equipe de Osmar Loss tem a difícil missão de quebrar a invencibilidade do Grêmio no Gauchão. Para se clas-sificar à fase eliminatória, o Juventude precisa vencer o time da Capital e tor-cer por derrotas de Avenida e Ypiran-ga. Com 6 pontos, o alviverde amarga a 6ª posição na chave 10. A provável escalação do Ju: Carlão; Bressan, Fred e Ferreira; Bruno, Umberto, Gustavo,

Hiago e Calisto; Denner e Luan.

Estádio Alfredo Jaconi Ingresso promocional a R$ 20, para compra antecipada de torcedores com a camisa do Ju (no dia do jogo, também é preciso comparecer com a camisa). Ingresso normal a R$ 40. Estudantes (com requerimento de matrícula ou histórico escolar) e pessoas acima de 60 anos, R$ 20. Sócios com mensalidades em dia e menores de 12 anos tem entra-da gratuita. Cadeiras: R$ 30 para só-cios, R$ 40 para público em geral e R$ 15 para menores de 12 anos | Hércules Galló, 1.547, Centro

l São Luiz x Caxias | domingo, 16h |

Já classificado para as finais da Taça Fábio Koff, o esquadrão grená luta para ser Campeão do Interior na disputa contra o São Luiz. O desfalque dessa rodada é o lateral direito Alisson. Sem um substituto da posição no elenco, o treinador Julinho Camargo precisará improvisar. O principal nome para substituir Alisson é Edenilson, quem vem atuando como volante mas já jo-gou na lateral no próprio Caxias.

Julinho também pensa em alterna-tivas táticas para surpreender o São Luiz e testar opções para a sequência do Gauchão. Caso o zagueiro Tiago Saleti seja escalado, o time vai jogar no 3-5-2, tendo Edenilson como ala. Ele também pode manter Edenilson na lateral direita e promover a entrada de Lê para atuar no meio-campo.

O Caxias deve começar com Fernan-do Wellington; Edu Silva, Anderson

Bill, Neto e Edenilson; Marcos Rogé-rio, Itaqui, Tiago Saleti (Lê) e Marcelo Costa; Cristian Borja e Everton. No banco, pela primeira vez no campeo-nato, estará à disposição o volante Re-nan, que recuperava-se de lesão.

Sensação do Gauchão no primeiro turno, o São Luiz cedeu terreno aos adversários. Nesta fase, anda trope-çando em si mesmo. Precisa vencer e ainda torcer para outros resultados caso deseje passar à fase final. Por isso, a diretoria do clube resolveu atrair a torcida com preços especiais. Estádio 19 de OutubroIngressos a R$ 10 (antecipados, para os 500 primeiros ingressos) e R$ 15 (na hora). Mulheres, R$ 5 | 24 de Fevereiro, s/nº, esq. 21 de Abril | Ijuí

l Apresentação do Serra Rugby Clube | domingo, 16h45 |

A equipe de rugby de Caxias fará uma demonstração no intervalo do jogo do Juventude contra o Grêmio. Nos 15 minutos que separam os dois tempos da partida, os torcedores po-derão conhecer um pouco mais sobre o esporte, em ascensão no Brasil.

Os atletas do Serra Rugby Clube se dividirão em duas equipes e farão uma partida, inclusive com juízes. A participação do time feminino, possi-velmente com apresentações de ataque e defesa, também estava sendo progra-mada.Estádio Alfredo Jaconi No intervalo de Juventude x Grêmio

l Inscrições para o Brisa Open de Tênis | Até 11 de abril |

As inscrições iniciaram na última quarta-feira (1º) e se estendem até domingo (11). Os interessados devem procurar a Sede Recreativa do Clube Juvenil. A taxa de inscrição custa R$ 40. O campeonato, que faz parte da 2ª etapa do Circuito de Tênis da Serra Gaúcha e soma pontos para o ranking da Federação Gaúcha de Tênis, terá sua abertura no dia 16 de abril, se-guindo até o dia 25, sempre nas sextas, sábados e domingos. Serão disputados os naipes masculino e feminino em di-versas categorias.Sede Recreativa do Clube JuvenilTaxa de inscrição: R$ 40 | Rua Mar-quês do Herval, 197

l 1ª Copa de Padel Tinoco/UCS | Até 6 de abril |

As inscrições para a 1ª Copa de Pa-del podem ser feitas até terça-feira (6), na sede da Tinoco Esportes, na UCS, pelo site www.tinocoesportes.com.br ou pelos telefones, 8402-6364 (com Jaqueline) e 8138-2759 (com Moisés Ribeiro). A taxa é de R$ 50 por atleta. Nesse valor estão incluídos uma cami-seta, troféu para campeões e vices de cada classe e uma confraternização. Os jogos serão realizados no sábado (10) e domingo (11) e nos dias de se-mana, à noite.Quadra Tinoco Esportes, na Vila Olímpica da UCSTaxa de inscrição: R$ 50 | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis

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Atletas do Serra Rugby Clube serão a atração do intervalo de Juventude x Grêmio, no domingo à tarde

VÔLEI

FUTEBOL

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20 3 a 9 de abril de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Online | Acompanhe a cobertura ao vivo, como fotos, áudio, vídeos e parti-cipação da torcida em www.ocaxiense.com.br. Online | Acompanhe a cobertura ao

vivo, como fotos, áudio, vídeos e parti-cipação da torcida em www.ocaxiense.com.br.

AVERGS - Associação Vêneta do RS Rua Bento Gonçalves, 1283 sala 03 - Fone (54) 3223 5083

EDITAL DE CONVOCAÇÃOConvocamos os Srs. associados, quites com a tesouraria, para uma Assembleia que será realizada no dia 13 de abril ( terça - feira) às 19:00, conforme determina o estatuto, tendo como local sua sede social cita no endereço acima, para apreciarem o seguinte:a) Alteração do endereço da Avergs no estatuto;b) Assuntos gerais;

Caxias do Sul, 31 de março de 2010.Tito Armando Rossi - Presidente

EDITAL DE INTERDIÇÃO1° Vara de Família - Comarca de Caxias do Sul. Natureza: Interdição Processo: 010/1.09.0015330 -2 (CNPJ:.0153301- 63.2009.8.21.0010)

Requerente: Maria do Carmo Cesa Valduga. Requerido: Nair Maria Cesa Barison. Objeto: Ciência a quem interessar possa de que foi de-cretada a INTERDIÇÃO do REQUERIDO(A): Nair Maria Cesa Barison, por sentença proferida em 16/12/2009. LIMITES DA INTERDIÇÃO: sem limites. CAUSA DA INTERDIÇÃO: incapacidade total e permanente da parte interditanda para reger sua pessoa e administrar seus bens, por sofrer de doença codificada na classificação internacional de doenças sob n° 10F00.9, G30.9 e 110.. PRAZO DA INTERDIÇÃO: indeterminado. CURADOR(A) NOMEADO(A): Maria do Carmo Cesa Valduga. O prazo deste edital é o do art. 1.184 do CPC.

Caxias do Sul, 18 de março de 2010.SERVIDOR: Geovana Zamperetti Nicoletto, escrivã. JUIZ: Antônio Claret Flôres Ceccato.

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por ROBERTO [email protected]

futebol é uma caixinha de surpresas. Sobre a veracidade deste dito popular não recai qualquer dúvida. Por isso ele é usado na abertura desta matéria. A surpresa, neste caso, será o Juventude superar o Grêmio, domingo, diante de sua torcida, interrompendo uma se-quência de 14 vitórias do Tricolor da Azenha, e ainda sonhar com vaga na fase seguinte do Campeonato Gaúcho de 2010. Mas para que isto ocorra, além de vencer, é preciso a combinação de resultados paralelos – e aí os deuses do futebol terão de jogar muito bem. O Juventude torce por tropeços do Ypiranga, que recebe o Inter de Santa Maria, e – pode acreditar – do Aveni-da, que joga contra o Porto Alegre, na Capital do Estado.

Neste momento, depois da vexatória derrota para o Avenida, lanterna da competição, em Santa Cruz, por um a zero, tudo parece caminhar para a con-firmação de um desempenho histórico negativo do alviverde em competições estaduais. Pelo menos na última dé-cada. Com apenas 12 pontos na soma dos 14 jogos disputados, fruto de duas vitórias e seis empates, o Juventude faz a sua pior campanha desde a conquis-ta do Gauchão em 1998 e da Copa do Brasil no ano seguinte.

  Em toda a história da competição estadual o alviverde caxiense ostenta seis vice-campeonatos, em 1965, 1994, 1996, 2001, 2007 e 2008, além do tí-tulo de 1998. Nos demais anos desta primeira década do milênio, o Juven-tude sempre se manteve dentre os oito melhores. Neste campeonato, se não houver surpresa alguma no domingo, o clube deverá encerrar sua participa-ção na 13ª ou 14ª posição, ou seja, no limite do rebaixamento, já que os dois últimos da classificação geral estarão na Série B do Gauchão em 2011. Abai-xo, hoje, estão Porto Alegre, Esportivo e Avenida, mas nenhum em condições de alcançar o Juventude.

Mesmo vencendo e somando 15

pontos, ou 30% de aproveitamento nas 15 partidas das fases classificatórias, o Juventude ficará muito abaixo dos seus piores momentos desta década. A me-nor pontuação, considerando a parti-cipação desde o início da competição, é a de 2005, com 21 pontos e a 7ª colo-cação – repetida no ano passado, mas com 23 pontos.

Na história de campeonatos gaú-chos, registrada partir de 1919, o Ju-ventude garantiu 22 colocações dentre os quatro primeiros. Foi 4º colocado em seis oportunidades, nove vezes che-gou ao 3º lugar, seis em 2º e uma em 1º. Nesta temporada, com time forma-do essencialmente por jovens da base e alguns contratados, mas nenhum de grande nome no cenário nacional, a equipe faz sua pior campanha, digna de ser esquecida. Mas, como disse o presidente Milton Scola, este time foi formado com objetivo de garantir o clube na Série A do Gauchão. E cum-priu sua missão, embora a duras penas e deixando o torcedor receoso de que não pudesse chegar lá. Espera-se que, neste domingo, mostre ser capaz de fa-zer muito mais.

 Se houver a repetição do em-

penho e da dedicação dos treinos desta semana, o Juventude tem a chance de mostrar algo mais do que as melancó-licas atuações de todo o Gauchão. O problema está em enfrentar o Grêmio, líder absoluto da competição, garanti-do na final, e que deve vir com força máxima.

Se considerar os 172 jogos já reali-zados entre os dois times, a vantagem gremista é assombrosa. Nas 17 parti-das disputadas pelas competições es-taduais desde 2000, o Grêmio sustenta 10 vitórias contra três do Juventude e quatro empates. Nas seis vezes em que foi vice-campeão, o Juventude perdeu quatro para o Grêmio. As estatísticas e o momento atual inclinam para o lado gremista. Mas... o futebol é uma caixi-nha de surpresas.

O vice-presidente de futebol do al-viverde, Juarez Ártico, reconhece que

desde o início do ano a diretoria tinha a convicção de que esta temporada não seria nada fácil. O Juventude foi o úl-timo clube a iniciar as atividades, for-mou um novo time em espaço de tem-po muito curto e teve pouco mais de 15 dias de atividades antes da estreia. Situação semelhante ocorreu somente com a dupla Gre-Nal, embora esta te-nha usado jogadores dos times B, em atividade desde o ano passado e atuan-do juntos há tempos.

Para o dirigente, tecnicamente o atu-al grupo do Juventude não ficou mui-to abaixo dos demais. Ártico destaca que na maioria dos jogos houve a influência de fatores pontuais, como gol no início, expul-sões ou pênaltis em momentos cruciais, e as lesões, tanto é que alguns jogadores con-tratados sequer pude-ram ser avaliados em jogos profissionais. Mas admite que num time formado, pronto para uma competição, possivelmente os resultados seriam outros. “O Juventude teve pouco tem-po de preparação, padecemos de lesões dos novos contratados e o time não conseguiu atingir um padrão”, ponde-ra.

Esta combinação de fatores acabou se refletindo no desempenho atual. Para Ártico, que defendeu as cores al-viverdes como jogador, um time pron-to, ajustado, reagiria melhor à pressão. Um exemplo é o jogo contra o Aveni-da, em que o Juventude teve o lateral Luiz Felipe expulso aos 24 minutos do primeiro tempo. “Se o nosso time esti-vesse pronto, a reação certamente seria diferente. Mas, como ainda não atin-gimos um padrão, a pressão acaba se tornando um grande obstáculo.”

 Pressão que pode não ser senti-

da no jogo de domingo contra o Grê-mio. Não há mais o perigo do rebaixa-

mento e o time pode jogar mais solto, liberado. “Se perder, nada vai mudar. Se ganhar, terá a chance de seguir na competição. Desde o início do Estadu-al sempre tivemos que administrar a pressão vinda de todos os lados. Neste jogo estaremos livres dela e os jogado-res poderão mostrar o seu verdadeiro futebol.”

Embora a chance de classificação exista, o Juventude já tem uma progra-mação definida para os próximos me-ses. A mais importante é montar e pre-parar um grupo em condições de fazer

frente à Série C, que se inicia em julho, após a Copa do Mundo.

O vice de futebol e o auxiliar técnico de Os-mar Loss, o ex-zaguei-ro Piccoli, viajam pelo país na prospecção de atletas para montar o grupo que representará o Juventude na terceira divisão do Brasileiro, onde não há exibição pela televisão, tampou-co auxílios da Confe-deração Brasileira de

Futebol. É cada um por si. Para o Ju-ventude, é uma experiência nova de-pois de 13 anos na Série A e dois na B.

 Independentemente do resulta-

do de domingo, a diretoria já definiu a estratégia para a competição nacional. A primeira decisão é que o time ganha-rá reforços e a folha de pagamento do futebol profissional, atualmente na casa de R$ 150 mil mensais, será reajustada, encorpando-se algo como 40%, para perto de R$ 240 mil. Logicamente que, em função do controle financeiro, ou-tros setores acabarão sofrendo os refle-xos da tentativa de montar um time em condições de recolocar o clube na Série B – e de voltar a receber verbas de tele-visão e outros benefícios da CBF. “Para gastar mais no futebol teremos de me-xer em outras áreas. O orçamento geral da instituição não pode ser extrapola-do e isto tem sido motivo de discussão

Números alviverdes

“Se perder, nada vai mudar. Se ganhar, terá a chance de seguir na competição”, diz Juarez Ártico, sobre o confronto com o Grêmio, no domingo

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O Ju escapou do rebaixamento, mas faz a sua pior campanha da década no Gauchão

Mesmo na última partida do segundo turno, o time esmeraldino somaria 15 pontos, muito abaixo dos 21 pontos de 2005

NO LIMITE

Page 22: Edição 18

semanal no clube.” A direção, em conjunto com a

comissão técnica, tem feito avaliações sistemáticas do grupo à disposição. De acordo com Ártico, a filosofia futura é fechar contratações com prazo de 18 meses, ou seja, até o final do ano de 2011. “Não dá para iniciar um ano sem grupo formado. É balela afirmar que o Gauchão deve servir como laboratório. Precisamos de elenco pronto para ini-ciar o Gauchão e, na sequência, o Bra-sileiro. Não dá para administrar uma situação como a deste ano, em que ti-vemos de formar e organizar um time em menos de um mês.”

O grupo que Ártico pretende montar para a Série C terá como comandante o técnico Osmar Loss, embora uma par-te da torcida defenda mudanças. Dos 14 contratados em 2010, seis ainda não tiveram a chance de mostrar o seu potencial, basicamente por problemas de lesão ou falta de oportunidade. Es-tes terão a chance nos amistosos que o clube realizará no período de quase

100 dias que antecederá a Série C. Nes-te meio tempo haverá muitos treinos e pré-temporada, algo que o Juventude não conseguiu fazer no início de ano. Pode até não ser a razão decisiva para o mau desempenho até aqui, mas que exerce influência, é inegável.

Dos oito contrata-dos e aproveitados por Loss, três devem ser dispensados, assim como alguns que vie-ram da temporada pas-sada. A meta da dire-ção é formar um grupo de 28 atletas.

 O trabalho de

identificação de novos valores já se iniciou, porque o Juventude não pretende ficar ape-nas com a chamada “raspa de tacho”, aqueles dispensáveis para qualquer agremiação. Ártico destaca que a di-reção observa jogadores no interior de São Paulo, Santa Catarina, Rio de

Janeiro e Rio Grande do Sul. Eles de-vem vir especialmente para o ataque e defesa. Por questão ética, o dirigente evita antecipar dispensas, mas jogado-res como Marcos Denner, com propos-ta do Criciúma, e o goleiro Sílvio Luiz, contratado para ser titular que virou

reserva de Carlão, não devem fazer parte do grupo que defenderá as cores alviverdes na Série C.

 Voltando ao Gau-

chão, o elenco atual tem a oportunidade neste domingo de mos-trar que, apesar da pífia colocação, tem garra, empenho e hombrida-de. O resultado até não é o mais importante,

porque o Juventude precisa contar com a sorte, e muita, para se classificar. O que a torcida espera é um time foca-do, motivado e preparado para quebrar escritas no Jaconi: a invencibilidade de

14 jogos do Grêmio neste ano, consi-derando Gauchão e Copa do Brasil, e o fato de o alviverde não vencer o trico-lor no Jaconi desde 22 de fevereiro de 2002 (placar de 2 x 1, pelo Estadual). Além do que, se vencer, o Ju premiará dentre outros o vice de futebol, Juarez Ártico, que depois de muitos anos pas-sa uma Páscoa em Caxias do Sul, abrin-do mão da pescaria na praia. Também poderá retocar seu retrato diante do torcedor, como fizeram funcionários do clube, que nesta semana repintaram em amarelo e branco a sinalização para estacionamento dos ônibus que trans-portam os profissionais e os atletas da base.

Para atrair a torcida, a direção mon-tou duas promoções: quem comprar o ingresso usando a camisa alviverde paga R$ 20. Caso contrário, é R$ 40. Mulheres com a camisa do Ju têm in-gresso liberado. E antes de a bola rolar haverá uma partida recreativa, além da caça ao ninho, com crianças de até 12 anos. Depois, o presente ficará por conta dos jogadores.

Direção já decidiu aumentar a folha, de R$ 150 mil para algo em torno deR$ 240 mil mensais, para fazer frente à Série C

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O vice de futebol Juarez Ártico: “O Juventude teve pouco tempo de preparação, padecemos de lesões dos novos contratados e o time não conseguiu atingir um padrão”

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O que significa esse retorno à Secre-taria?

Na verdade, nós não saímos da Secretaria. Estávamos respondendo pela direção geral, onde implementáva-mos com Vinicius Ribeiro, cada um com sua forma de trabalho e com distin-tas aspirações pessoais, o programa de governo da administração Sartori. E, sendo assim, vamos conti-nuar avançando agora com esse programa de governo, que não é um plano pessoal ou da Secretaria. Vamos ter a mesma responsabilidade dos primeiros quatro anos, vamos atuar dentro das mesmas atri-buições e vamos ter uma grande tarefa pela frente, muito trabalho, mas um trabalho que conhecemos. É claro que iremos repassar algumas atividades, temos pessoal qualificado na Secretaria e vamos ver quem pode assumir a dire-ção geral, possivelmente alguém que já conheça a atividade, que possa entrar já produzindo.

Ao mesmo tempo em que o trabalho da Secretaria ganha muita visibili-dade, com trabalhos de porte sendo realizados, os problemas e as críticas também se avolumam. Como fazer para obter um equilíbrio?

Felizmente ou infelizmente, tivemos um incremento do número de veí-culos, carros ou mesmo motos. Isso gerou uma migração de muita gente que usava outro tipo de transporte (até vans, por exemplo). Com a facilidade de crédito, o crescimento da frota de veículos foi acelerado nos últimos três anos. Isso, é claro, motivou um impacto

direto no trânsito. A reativação da construção civil, que está numa fase de grande movimentação, também esti-mulou a concentração de veículos na área central. O contraveneno para isso?

Estamos trabalhando pela troncalização do transpor-te coletivo, que possa ab-sorver parte dos usuários do automóvel. Claro que tem que qualificar mais o transporte coletivo, mas a estruturação viária está sendo feita. Os acessos à cidade estão sendo melho-rados. Mas a grande meta do programa de governo, pela qual o prefeito Sartori

tem carinho especial, é a troncalização do transporte coletivo. Já temos recur-sos para as duas primeiras estações de passageiros.

E a possibilidade do fim de gratuida-des no transporte coletivo?

Temos que fazer uma discussão res-ponsável. O problema está aumentando em todas as cidades, não só em Caxias. Isso porque o benefício não tem fonte de custeio. Quem paga é o usuário, e normalmente alguém de menor poder aquisitivo, cujo ganho sequer permite o suficiente para ele ter vale-transporte. Não tem sentido esse usuário subsi-diar o transporte de muitos que têm condições de pagar a tarifa. Tudo bem, temos que discutir também o direito adquirido. Mas, da forma como está posta, ela não é justa. As pessoas que menos podem e que não têm outra alternativa, a não ser andar a pé, é que estão pagando essa gratuidade.

Renato [email protected]

Nossa luta é para a construção de escolas infantis, uma séria carência do município

Avelino Azevedo, presidente do Conselho Comunitário Municipal, na audiência pública sobre participação popular realizada

na Câmara de Vereadores

Depois de um ano e três meses, o técnico do setor retorna ao comando da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade

perguntas paraJorge Spinelli Dutra

Em ato de pragmatismo político-ad-ministrativo, o prefeito José Ivo Sartori e o diretor geral do Samae, Marcus Vinicius Caberlon, estiveram entre os 1,2 mil convidados que participaram, em Brasília, do lançamento da etapa dois do Programa de Aceleração do Crescimento, PAC 2. Utilizado como trampolim eleitoral para a agora ex-ministra Dilma Rousseff, o PAC 2 prevê investimentos de 1 trilhão e 590 bilhões de reais entre 2011 e 2014 – seja qual for o presidente da República nesse período.

Sartori e Caberlon só estão atentos a um financiamento ou mesmo repasse a fundo perdido de R$ 30 milhões, diminuta parcela dos valores anun-ciados, mas suficiente para cobrir despesas com obras adicionais e atua-lização orçamentária da construção do sistema Marrecas.

Apesar de não abrir publicamente o voto, ao menos por enquanto, e ao contrário do que pregam lideranças peemedebistas gaúchas, a começar pelo guru Pedro Simon, o prefeito José Ivo Sartori apoia a candidatura do tucano José Serra à presidência da República.

Diante das críticas da bancada pe-tista ao resultado da eleição para reitor da Universidade de Caxias do Sul (“Assassinato da democracia”, segundo a vereadora Denise Pessôa), o verea-dor Édio Elói Frizzo (PSB) lembrou de musiquinha adotada no tempo em que coordenava a Comissão Representati-va do Básico: Chororô.

E lembrou da trajetória democrá-tica do reitor reeleito Isidoro Zorzi ao mesmo tempo em que ressaltou as dificuldades dos integrantes da Democracia Socialista (DS), tendência interna do PT, de assimilar derrotas eleitorais, inclusive no movimento estudantil.

Em função de uma conversa para-lela, ocorrida em reunião do diretório peemedebista local, espalhou-se um boato esta semana dando conta de que o prefeito José Ivo Sartori poderia dei-xar o comando do Executivo municipal para disputar uma vaga para a Câmara dos Deputados, nas eleições de outubro próximo.

Bobagem pura, possibilidade zero. Sartori não só vai ficar na prefeitura como se prepara para auxiliar de perto as campanhas dos dois candidatos do PMDB caxiense: Maria Helena Sartori (para a Assembleia Legislativa) e Mauro Pereira (para a Câmara Federal).

Afinal, aumentaram ou redu-ziram os investimentos em obras definidas no Orçamento Comu-nitário? A discussão pode ser antiga, mas não para os vereadores caxienses, que realizaram esta se-mana audiência pública sobre par-ticipação popular. Para Ana Corso (PT), o que o governo Sartori aplica no OC não chega à metade do que era aplicado no tempo da Frente Popular na prefeitura.

Já Édio Elói Frizzo (PSB)

salienta o fato de a atual adminis-tração manter e ampliar a ideia da participação popular. Para ele, não deve existir competição entre os orçamentos Comunitário e Parti-cipativo: “Um é o aperfeiçoamento do outro”.

Morosidade nos atendimentos das secretarias municipais e falta de transparência nos números do orçamento municipal foram outras reclamações surgidas no encontro.

O vereador e sindicalista Assis Melo (PC do B) insiste. Conseguiu uma audiência quinta-feira que vem, dia 8, em Brasília, com o ministro do Traba-lho e Emprego, Carlos Lupi. Voltará a tratar do caso do pagamento do PPR a funcionários da empresa Randon Implementos.

Sem confrontos desnecessários, de forma quase zen, o governo mostra fir-meza diante da reivindicação dos médi-cos concursados do município (ou seria do sindicato da categoria médica?), que querem R$ 7 mil de piso salarial por 20 horas semanais de trabalho.

Não fecha as portas à entidade sindi-cal, mas também abre a possibilidade de iniciar qualquer negociação. Para início de conversa, diz que tal aspiração deve ser encaminhada por intermédio do Sindicato dos Servidores Municipais, já que os 368 médicos da prefeitura são, antes de qualquer outra coisa, fun-cionários do município – o que não é demérito para ninguém. Mesmo assim – ou por isso mesmo –, o Sindicato dos Médicos anuncia paralisação a partir desta segunda-feira.

Aliados mostram indignação com as ações do comando local do PDT, que estaria tentando, das mais variadas for-mas, barrar a candidatura de Vinicius Ribeiro. Acham que o vereador já fez sacrifícios demais em nome do parti-do – concorrendo a deputado federal, abrindo espaço para colegas assumirem vaga na Câmara de Vereadores – e está na hora de investir em sua carreira po-lítica. Por isso, também, a decisão de se colocar como candidato a estadual.

Elemento fundamental para o vereador Vinicius Ribeiro (PDT) deixar a Secreta-ria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade e voltar à Câmara foi a série de conversas telefônicas que manteve nos últimos dias com Romildo Bolzan Júnior.

O presidente da sigla no RS assegurou que Vinicius sairá candidato a deputado estadual com o apoio da Juventude Pede-tista e do diretório estadual. Em Caxias, o diretório local respaldou apenas as pretensões do vice-prefeito Alceu Barbosa Velho em disputar uma vaga na Assem-bleia Legislativa.

Pragmatismo

Palanque

Choro de perdedor

Possibilidade zero

Comunitário x Participativo

Ano eleitoral

Servidores

Por sinal

Agora vai

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