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Com investimentos nas florestas, o Grupo Ecoverdi foca a sustentabilidade do processo produtivo Composteiras industrializadas ajudam no processamento do lixo orgânico Conheça a empresa paranaense que recicla os resíduos da construção civil USIPAR [ ] A N O 5 EDIÇÃO 24 R$ 11,90 A REVISTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CORPORATIVO

Edição 24 - Geração Sustentável

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Edição sobre resíduos da Construção Civil

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Com investimentos nas florestas, o Grupo Ecoverdi foca a sustentabilidade do processo produtivo

Composteiras industrializadas ajudam no processamento do lixo orgânico

Conheça a empresa paranaense que recicla os resíduos da construção civil

USIPAR

[ • ] A N O 5 E D I Ç Ã O 2 4 R $ 1 1 , 9 0•

A REVISTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CORPORATIVO

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06 Editorial

08 Sustentando

49 Publicações e Eventos

30 Responsabilidade Social

35 Gestão Sustentável

42 Meio Ambiente

48 Gestão Estratégica

Ano 5 • edição 24 • julho/agosto 2011

A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista.Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

Colu

nas

Mat

éria

s

12 Entrevista Almir de Miranda Perru - Vice-presidente da área de Meio Ambiente do Sinduscon/PR

16 Capa Usipar : Transformando entulho da construção civil em novos produtos

22 Desenvolvimento Local Construção civil: desafio a ser superado

26 Visão Sustentável Sustentabilidade florestal é vencer desafios no mercado de hoje

32 Qualidade de Vida Academias ao ar livre elevam a qualidade de vida da população

38 Responsabilidade Ambiental Composteiras industrializadas facilitam aproveitamento de lixo orgânico

44 Responsabilidade Social Corporativa Inovação e incentivo às práticas de responsabilidade social corporativa

Anu

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02 e 03 Parque Carambeí

05 Sustain Total 2011

10 e 11 Junior Achivement

15 Consult

29 DFD

31 Civitas

36 e 37 Junior Achivement

41 Paraná Metrologia

43 GBC

47 Universidade Gama Filho

50 Vitrine Sustentável

51 Unimed/PR

52 3R Ambiental

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 4

16Capa

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Editorial

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho ([email protected]) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula ([email protected]) • Jornalista Responsável Juliana Sartori / MTB 4515-18-155-PR ([email protected]) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck ([email protected]) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas:

Aline Presa, Criselli Montipó, Letícia Ferreira e Lyane Martinelli ([email protected]) • Revisora Alessandra Domingues • Assinaturas [email protected] • Fale conosco [email protected] • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 24ª Edição • julho/agosto • Ano 5 • 2011

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. O papel (miolo e capa) é produzido com matéria-prima certificada e foi o primeiro a ser credenciado pelo FSC - Forest Stewardship Council. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Av. Sete de Setembro, 3815 - sala 15 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 80.250.210 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.brA revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opini-ões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminante-mente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.

CONSTRUÇÃO CiViLum dos motores da atual economia brasileira

“A construção civil é um dos setores mais promissores para as próximas décadas”. Com certeza, você leitor, já deve ter ouvido muito essa frase, seja nos discursos econômicos para aquecer o mercado ou nas pomposas promes-sas governamentais de políticas públicas. Mas vamos deixar esses dois discursos míopes de lado e focar no lado estratégico do setor!

Essa tendência obviamente vai movimentar toda a cadeia produtiva do setor, desde a básica extração da matéria--prima e da indústria de maquinários pesados até as frequentes novidades em acabamento, móveis e decoração. A cadeia é ampla e movimentará cifras altíssimas, além das evoluções tecnológicas e urbanísticas que também entram nesse contexto global.

Com base nessa evolução, essa edição traz várias informações sobre o setor. O entrevistado é o vice-presidente da área de Meio Ambiente do Sinduscon/PR – Almir de Miranda Perru, que abordará o crescimento do setor de forma sustentável. A matéria de capa traz uma abordagem sobre a destinação de resíduos e seus impactos, com destaque para as soluções propostas pela empresa USIPAR da cidade de Almirante Tamandaré/PR, para recebimento, proces-samento de resíduos e criação de novos produtos. Nessa mesma linha, a matéria da editoria de desenvolvimento local traz uma visão geral do setor, destacando de forma crítica a necessidade de infraestrutura, as certificações, as dificuldades de mão de obra qualificada, trânsito, acessibilidade, saneamento, grandes eventos esportivos, enfim, tratando de toda a complexidade desse setor. Sem dúvidas, o crescimento não exime os grandes problemas que também acompanharão o segmento. Fatores críticos terão que ser repensados e superados, como as questões po-líticas em licitações ou o investimento puramente publicitário para conquistar selos e certificações. Espera-se que o “padrão sustentável” exclua aquelas empresas que produzem “pinceladas de empreendimentos verdes” e que sobrevivam apenas as responsáveis.

Nesse sentido, um dos grandes desafios do setor é a destinação de seus resíduos, bem como a viabilidade de novos produtos com base nesses rejeitos. Estudos e novas tecnologias para reciclados serão grandes oportunidades de negócios para quem produz e para quem consome, dentro de um setor que já é um dos principais motores da atual economia brasileira.

Boa Leitura!Pedro Salanek Filho

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ERRATA Edição 23Matéria Responsabilidade Social Corporativa (páginas 36 a 38)Nome correto do Presidente do Conselho Diretor da Junior Achie-vement Paraná e Diretor Comercial é Paulo Pennacchi.

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Revista Digital

Com investimentos nas florestas, o Grupo Ecoverdi

foca a sustentabilidade do processo produtivo

Composteiras industrializadas ajudam

no processamento do lixo orgânico

Conheça a empresa paranaense que

recicla os resíduos da construção civil

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Sustentando

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Um novo uso para o vento

Além da energia eólica, já implantada em algumas regiões do Brasil, o vento pode trazer, nos próximos anos, mais um recurso para a população: o fornecimento de água potável. A Eole Water, empresa de origem francesa, foi a responsável pela

criação de uma turbina eólica que extrai a umidade do ar e a transforma em água potável. Para conseguir isso, a turbina condensa a água presente no

vento, e depois um mecanismo a filtra, para que o produto final seja próprio ao consumo. As turbinas já foram testadas em Abu Dabi,

nos Emirados Árabes, onde a umidade do ar é sempre baixa e as turbinas produziram cerca de 250 litros de água potável por dia

em cada turbina. A tecnologia já está chegando ao Brasil e a expectativa aqui é que as turbinas produzam a média de

1500 litros de água por dia.

Investimento em ser verdeA rede de lanchonetes Kharina, que atua há mais de 35 anos em Curitiba, é hoje a única empresa no sul do Brasil a ser reconhecida como ambientalmente responsável. O reconhecimento vem pelo selo Green Kitchen, concedido pela USP (Universidade de São Paulo), para empresas que estão investindo na mudança de sua realidade com respeito e responsabilidade ambiental. Hoje, o Kharina tem destinação zero de resíduos sólidos para aterros sanitários, uso de produtos de limpeza 100% biodegradáveis e usa gordura de palma na produção de alimentos, deixando todos os seus produtos do cardápio sem gordura trans.

RAy ANDERSON Um legado de sustentabilidadeFaleceu no início de agosto o empresário americano Ray Anderson. Um ícone na gestão de sustentabilidade corporativa, pois transformou a sua empresa - a Interface Flor - em um modelo a ser seguido no mundo todo. Em 1994, ele iniciou uma grande mudança na forma de produzir seus carpetes. Já em 1995, a empresa foi responsável pela fabricação do primeiro tecido produzido a partir de garrafas PET. Após essa iniciativa, Ray Anderson transformou-se em um dos mais importantes líderes em sustentabilidade. Veio ao Brasil em algumas oportunidades para disseminar suas ideias e demonstrar aos empresários brasileiros que era possível ser lucrativo e, ao mesmo tempo, sustentável. Em 2008, quando participou da Conferência Ethos, concedeu uma entrevista exclusiva para a revista Geração Sustentável. Nessa ocasião, Ray Anderson provocou uma reflexão contínua para um processo efetivo de sustentabilidade, pois de forma direta deixou como mensagem no final da entrevista: “O poder de cada um é surpreendente! Cada um de nós tem a oportunidade de criar a mudança. O que você fará hoje?”.

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Sustentando

Outdoor verdinhoEm uma ação de publicidade em parceria com a ONG WWF (World Wildlife Fund), a Coca- Cola colocou nas ruas da cidade de Makati, nas Filipinas, um outdoor vivo, feito com mudas de Fukien (planta conhecida como Camona no Brasil). A planta é conhecida pela sua alta capacidade de absorver a poluição atmosférica, diminuindo a quantidade de CO2 no ar. De acordo com a empresa, cada muda usada no outdoor é capaz de absorver 6 kg de CO2 ao ano, o que dá um resultado de absorver 21,6 toneladas de CO2 da atmosfera em 12 meses. A iniciativa simbólica faz parte do programa Live Positively, promovido pela marca desde 2008 em todo o mundo, realizando atividades que façam a população refletir sobre o problema das mudanças climáticas. Nesse outdoor, as plantas foram colocadas em garrafas PETs usadas e a irrigação foi feita com um sistema que economiza água e libera fertilizante orgânico para as plantas

Arte sustentávelO Contemporânea Art Paraty – Festival Internacional das Artes Visuais – que aconteceu na cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro entre os dias 29 e 31 de julho, mostrou seu lado de responsabilidade ambiental. Toda a sua estrutura foi pensada baseada na sustentabilidade e no reaproveitamento de materiais. Com isso, todos os estandartes usados nas ruas da cidade para divulgação do festival foram feitos em tecido de PET reciclado, assim como as sacolas-brindes distribuídas no evento. Além disso, em todos os materiais do evento foram usadas tintas sem solventes e as madeiras usadas têm certificado de reflorestamento. Para fechar com chave de ouro, a organização do evento fechou parceria com a Associação Tangará Mirin para a coleta e reciclagem de todo o lixo recolhido durante o evento, não deixando resíduos pela cidade e contribuindo para a manutenção da natureza.

itaipu é top em sustentabilidadeA Itaipu foi a grande ganhadora do prêmio Benchmarking 2011, que lista as melhores práticas de sustentabilidade do país. Com o case “Gestão para a sustentabilidade no espaço rural”, a empresa chega ao topo dessa lista pela segunda vez nos últimos quatro anos e desbancou grandes concorrentes como Embratel, Wall-Mart, Pepsico e Klabin. O programa desenvolvido pela Itaipu beneficia mil agricultores de 29 municípios, trabalhando com agricultura orgânica, agricultura familiar, diversificação de culturas, turismo regional e agroindústria. Os agricultores estão organizados em 22 associações de produtores orgânicos e obtêm renda praticando uma atividade que preserva o solo, sem aplicação de agrotóxicos, e os recursos naturais. O prêmio Benchmarking está na sua 9ª edição e já selecionou mais de 220 cases de sucesso na área de sustentabilidade em todo o país, construindo um banco de dados de livre acesso no país, que ajudam a alimentar grades técnico de eventos e pautas de empresas relacionadas à gestão da sustentabilidade.

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A Construção Civil é um dos segmentos mais promissores para as próximas décadas e também um dos mais preocupados em reduzir seus impactos socioambientais. Encontrar alternativas sistêmicas e que envolve todas as etapas do processo, mantendo a viabilidade dos empreendimentos, é o grande desafio desse setor. Para abordar esses pontos e outros assuntos relacionados a sustentabilidade, Almir de Miranda Perru, vice-presi-dente da área técnica de Meio Ambiente do Sinduscon/PR falou com exclusividade para a revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL. Almir é empresário do setor atuando desde 2003 à frente da CTBA Construtora. Em seu currícu-lo, conta com aproximadamente 90 mil metros quadrados de área de construção em obras em andamento e de empreendimentos já concluídos.

Entrevista

Almir de Miranda PerruVice-presidente da área de Meio Ambiente do Sinduscon/PR

EMPREENDIMENTOS VERDESConstruindo um mundo mais sustentável

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O posicionamento empresarial em estra-tégias sustentáveis reverte claramente em vantagens competitivas? Quais são as mais relevantes?Sim, sem dúvidas. Uma obra considerada verde é percebida de outra forma pelo consumidor e pela sociedade como um todo. Investir em constru-ções sustentáveis e divulgar esta bandeira mos-tra que a empresa está preocupada com o mundo que as gerações futuras irão encontrar. Construir um empreendimento verde, sustentá-vel, requer um investimento maior, algo próximo a 5 ou 7% a mais. Mas é um investimento que vale a pena, pois se paga num curto ou médio prazo.

Certificações verdes para construções são di-ferenciais para construtoras e investidores? Sim, com certeza. No Brasil, existem duas certi-ficações que indicam os empreendimentos ver-des, o selo LEED e o Aqua. Investir em um projeto sustentável é, sem dúvida, um excelente negócio, mostra a consciência ambiental da empresa, e o consumidor está cada vez mais atento a essas questões. Vale ressaltar que um prédio construí-do com foco na certificação beneficia não apenas o meio ambiente, mas as pessoas envolvidas na obras, nos chamados empregos verdes, as pes-soas que irão conviver naquele empreendimento, bem como o seu entorno.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Construção e Sustentabilidade caminham juntas?Sim, cada vez mais empresas de construção civil têm se sensibilizado com o tema sustentabilida-de, por uma questão de sobrevivência, sob os aspectos econômico, social, político e ambiental. A indústria da construção tem participado ativa-mente de discussões sobre esse assunto com agentes de todas as esferas do setor produtivo, institutos de pesquisa e desenvolvimento, uni-versidades, fabricantes de materiais, reciclado-res e, principalmente com o poder público, a fim de que o tema seja tratado de forma adequada e igualmente ‘sustentável’. Vale ressaltar aqui a importância de estimular a inovação tecnológica eco-eficiente no País, como uma ferramenta para reformulação de práticas e atitudes, pois toda mudança requer primordial-mente políticas de incentivos.

Que etapas do processo de uma construção são mais críticas e que geram os maiores im-pactos ambientais?Não existe uma fase mais crítica do que outra. Tudo começa com um bom processo de gestão do negócio, desde a fase de desenho do projeto, até a fase de execução. Com planejamento eficiente, os materiais são empregados de forma racional, sem desperdício, o que significa economia de di-nheiro e tempo, além de poupar o meio ambien-te. As novas tecnologias têm contribuído com a redução do impacto ambiental. Os processos in-dustrializados minimizam a geração de resíduos. As construtoras têm utilizado tintas sem solven-te, materiais menos agressivos, têm adotado me-didas que diminuem os desperdícios com água e energia, utilizado sistemas com aproveitamento da energia solar, inibição do uso desnecessário e simultâneo dos elevadores e ares condicionados, entre outros elementos e atitudes que visam à saúde e qualidade de vida dos usuários e preser-vação do meio ambiente. Em termos construtivos, muito se evoluiu tam-bém. Hoje em dia, muitas empresas não empre-gam apenas o sistema convencional de constru-ção, de empilhar tijolo sobre tijolo. Existem vários métodos construtivos, tais como, alvenaria estru-tural, construções pré-moldadas, pré-fabricadas, entre outros que permitem um processo mais controlado, visando sempre a diminuição do des-perdício, aumento da velocidade de produção e consequente diminuição do impacto ambiental nos canteiros de obras.

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Uma obra considerada verde é percebida de outra forma pelo consumidor e pela sociedade. Porque investir em construções sustentáveis e divulgar esta bandeira mostra que a empresa está preocupada com o mundo que as gerações futuras irão encontrar

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Considerando que uma grande obra nunca está sozinha, como promover efetivamente o desenvolvimento do seu entorno?Alguns empreendimentos são construídos em localizações estratégicas, onde os futuros mora-dores contam com um leque de serviços muito grande, escolas, mercados, enfim, com estabe-lecimentos comerciais próximos, possibilitando que o carro fique na garagem, estimulando as pessoas a caminharem. Há empreendimentos que contribuem com o desenvolvimento da re-gião onde são construídos, que acabam atraindo comércio e serviços, beneficiando todos que mo-ram ou circulam no local. Será possível superar o gargalo de infraes-trutura nos próximos anos, diante das exi-gências dos eventos esportivos (copa e olim-píadas)?Curitiba é uma cidade modelo, é reconhecida por desenvolver excelentes projetos para o desenvol-vimento da cidade e região metropolitana. Temos certeza de que é possível vencer os gargalos exis-tentes e que a capital paranaense fará bonito na copa do mundo de 2014. É lógico que para isso existem alguns desafios, como vencer a burocra-cia, a morosidade da administração pública, bem como atribuir transparência a esse processo de preparação para os eventos esportivos.

O setor da construção civil é um dos mais promissores para as próximas décadas, quais são as principais tendências socioam-bientais que influenciam o segmento?Os prédios verdes, que atendem a uma série de critérios e exigências para se tornarem sus-tentáveis, como valorização da iluminação na-tural e lâmpadas mais econômicas para poupar energia, captação da água da chuva, emprego de materiais de fácil manutenção, também para economizar água, entre tantos outros exemplos. Outra tendência são os empreendimentos Home Working, que congregam salas comerciais inte-ligentes, apartamentos, e espaços comerciais, como shoppings, tudo para dar maior comodida-de aos moradores. Num prédio misto como esse, o cidadão não precisa pegar o carro e enfrentar o trânsito para trabalhar ou para ir às compras. Poupa tempo, energia e o meio ambiente. De forma geral, a industrialização dos sistemas construtivos é também um caminho sem volta. Para dar conta da demanda por novas moradias, até mesmo por conta do Programa Minha Casa,

Entrevista

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Minha Vida 2, o setor terá de modernizar os can-teiros de obras, investir em maquinários, novos equipamentos e processos construtivos, bem como em qualificação profissional. Quais ações o Sinduscon/PR vem desenvol-vendo para o fortalecimento e sustentabili-dade do setor?A entidade tem promovido uma série de cursos e eventos para debater com os empresários da construção civil e demais atores da sociedade organizada temas relevantes, como o da sus-tentabilidade. Para assuntos mais técnicos, o Sinduscon/PR disponibiliza também um serviço especializado para os associados, em que enge-nheiro e arquitetos orientam as empresas quanto a procedimentos adequados, legislação urbana e normas técnicas, por exemplo. A entidade participa ativamente das discussões que envolvem o setor na FIEP, na esfera pública e em todos os níveis de governo, por que sabemos que a construção civil é a grande parceira do de-senvolvimento do País. Que mensagem final gostaria de deixar para os leitores da Revista Geração Sustentável?Durante longos, anos o País deixou de tratar a habitação de interesse social com a atenção ne-cessária, situação que culminou em um déficit habitacional de aproximadamente sete milhões de unidades. Esse problema transcende a questão física-es-trutural. A falta de moradia desagrega a família, dificulta a educação, favorece o acesso à crimi-nalidade, reduz as chances de inserção do indi-víduo na sociedade, entre outras consequências igualmente graves. E não é possível falar em construção sustentável, isolando-se apenas o empreendimento, descon-siderando o entorno. É fundamental prover à to-talidade da população brasileira de serviços ade-quados de saneamento básico, para evitar que mais de 500 crianças morram, por dia, vítimas de doenças provocadas pela falta ou pela insuficiên-cia desse serviço público tão importante e vital. Só com moradia digna o trabalhador renderá mais no emprego, a criança estudará melhor e a família passará mais tempo em casa, benefi-ciando e potencializando, por consequência, os investimentos públicos em saúde, educação, mo-bilidade urbana e segurança pública. Sociedade mais feliz e educada: a fórmula para um Mundo Sustentável.

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Capa

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

USiPAR: Transformando entulho da construção civil em novos produtos

Reciclagem de resíduo da construção civil contempla o tripé da sustentabilidade: gera economia, proteção ambiental e desenvolvimento social

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divulgação

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oda obra, seja ela de pequeno ou grande porte, gera entulhos da construção civil. Tijolos, areia, restos de blocos cerâmicos e de concreto, pedras, entre outros são

materiais que podem ser reaproveitados em ou-tras obras. Preocupado com a grande geração de resíduos pela construção civil, o Conselho Nacio-nal do Meio Ambiente (Conama) emitiu a resolu-ção nº 307, de 5 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Segundo o tex-to da resolução, “os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a re-ciclagem e a destinação final”.

Há pouco mais de um ano, foi editada a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Po-lítica Nacional de Resíduos Sólidos. A lei reforça diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos sólidos, como os da construção civil. Afinal, os entulhos podem gerar riscos sanitários, ambientais e econômicos. No caso da reciclagem, por exemplo, os ganhos são inúmeros. Desde a re-dução da utilização de áreas públicas destinadas ao depósito desses entulhos ou o descarte em áre-as irregulares que propiciam a procriação de ani-mais transmissores de doenças, até a diminuição da extração de pedras, minério de ferro e outras matérias-primas utilizadas na construção civil.

“Com a nova lei, as empresas precisam criar um plano de gerenciamento desses resíduos. Um processo de reciclagem irá possibilitar a geração de empregos, o recolhimento de impostos, propi-ciando assim que negócios sejam viáveis do pon-to de vista social-econômico-ambiental.”, comen-ta o promotor Edson Luiz Peters, da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Curitiba. E completa: “Não podemos permitir que esses resíduos ainda sejam jogados em rios, beira de estradas ou em outros locais impróprios”.

Para o promotor, o assunto deve ser tratado com as principais entidades envolvidas, como o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Es-tado (Sinduscon/PR) que representa o setor, com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) que fiscaliza e outras entidades como a Acertar (Associação dos Transportes de Resíduos de Curi-tiba e Região). “Quero envolver também o Estado como um todo. O Estado é um grande agente que demanda construções. E no momento atual, com a Copa e outros projetos de infraestrutura, projeto Minha Casa, Minha Vida (por exemplo), é impor-tante envolver entidades como a Cohapar e a Co-hab nesse processo”, comenta.

O intuito é incluir nos processos de licitação que materiais reciclados façam parte dos editais. “In-cluir que a pavimentação (calçadas e blocos de ci-

T

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

mento para calçadas) sejam feitos com material re-ciclado). Essas calçadas ficarão mais seguras, pois serão mais abrasivas e evitarão alguns acidentes comuns nas calçadas de Curitiba. Solicitei também um estudo para a ABNT sobre o uso desses mate-riais. Temos que perceber que podemos reduzir a mineração e a extração de materiais da natureza e reutilizar materiais reciclados”, salienta o promotor.

Vale lembrar que a atividade da construção civil gera quatro qualidades de lixo, e cada uma deve ser destinada de forma diferente. A bióloga Cláudia Regina Boscardin, da Coordenação Técni-ca de Recursos Hídricos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, explica que o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deve ser elaborado e implementado pelo muni-cípio para estabelecer diretrizes técnicas e proce-dimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos geradores.

No Plano Integrado de Curitiba, foram defini-dos dois tipos de pequenos geradores. “Aqueles que descartam uma única vez a quantidade total de meio metro cúbico de resíduo de construção e demolição (RCD) Classe A e C, previamente segre-gados, num intervalo não inferior a dois meses; e aqueles que geram a quantidade máxima total de dois metros cúbicos e meio de RCD Classe A e C, num intervalo não inferior a dois meses. Para os primeiros, o município realiza a coleta pública no local, mediante solicitação ao serviço 156; para os últimos, o município prevê a implantação de áreas de transbordo para armazenamento tempo-rário e posterior destinação final”, conta Cláudia.

A prefeitura oferece também a coleta pública de RCD Classe B no local até a quantidade de zero vírgula seis metros cúbicos por semana, respeita-da a frequência de coleta no local, e a coleta espe-cial de resíduos tóxicos nos terminais de transpor-te, para os resíduos classe D.

Grandes geradores • Os entulhos provenientes de obras maiores são de responsabilidade dos ge-radores. A Resolução nº 307 do Conama também determina a elaboração de plano integrado de ge-renciamento de resíduos (PIGRCC), de responsa-bilidade dos municípios.

O Plano Integrado de Gerenciamento de Re-síduos da Construção Civil de Curitiba (Decreto nº 1.068/2004) disciplina o manuseio e disposi-ção dos vários tipos de resíduos produzidos nos canteiros de obras. Conforme o Sinduscon/PR, os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) deverão ser elaborados e implementados pelos geradores e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessá-rios para o manejo e destinação ambientalmente adequada dos resíduos.

“Com a Política nacional dos resíduos Sólidos

as empresas precisam criar um plano de

gerenciamento. um processo de reciclagem

irá possibilitar a geração de empregos,

o recolhimento de impostos, propiciando

assim que negócios sejam viáveis do ponto de

vista social-econômico-ambiental”, promotor

Edson Luiz Peters, da Promotoria de Justiça do

Meio Ambiente de Curitiba

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Capa

A Portaria da SMMA nº 07/2008 instituiu o Relatório de Gerenciamento de Resíduos da Cons-trução Civil a ser apresentado pelas empreiteiras e construtoras no momento da conclusão das obras. “O Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil define os geradores desses resíduos como responsáveis pelo seu ge-renciamento, cuja prioridade deve ser a não ge-ração e, secundariamente, a redução, a reutiliza-ção, a reciclagem e a adequada destinação final”, comenta Cláudia.

• Todo material a ser reciclado é depositado em área de triagem onde são selecionados os materiais que não pode-rão ser processados na usina, tais, papel, ferro, madeira, vidro, entre outros. Após previamente separados o material resultante passará pelo processo de reciclagem.

• Esses rejeitos (pedras, terra, resto de concreto) são levados por caminhão ou pás carregadeiras até um ali-mentador vibratório que alimentará mecanicamente um britador que fará a redução destes materiais a tamanhos compatíveis a sua reutilização.

• O resultado dessa britagem é recolhido por um trans-portador de correia que levará o produto até uma peneira vibratória onde se realizará a separação dos materiais que podem chegar a cinco produtos: bica corrida, pedra 1, pe-dra 2, pedrisco e pó. Fonte: 3R Ambiental

reciclagemProcesso realizado pela usipar

Além da reciclagem, os grandes geradores tam-bém dispõem os entulhos em Aterros de Resíduos da Construção Civil licenciados para esse fim. De acordo com dados de 2010, citados no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Curitiba, são geradas cerca de 2,4 mil toneladas de resídu-os da construção civil por dia na capital paranaen-se, correspondente a aproximadamente 65% do montante de resíduo gerado no município.

O Decreto nº 1.120/1997 regulamenta o trans-porte e a disposição de resíduos de construção civil. De acordo com o decreto, o transporte das caçam-bas carregadas deverá ser acompanhado por um Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), expedi-do pela empresa transportadora, além de outros da-dos, como endereço da destinação do resíduo e nú-mero da autorização da área expedida pela SMMA. Na Secretaria Municipal do Meio Ambiente, há 75 empresas cadastradas e licenciadas para transporte de resíduos da construção civil, principalmente para Classe A, e 97 empresas ativas com cadastro ou li-cença em transição de renovação de licença.

Usina recicla entulho da construção civil • Inaugurada em abril e em funcionamento desde junho deste ano na Região Metropolitana de Curi-tiba (RMC), em Almirante Tamandaré, a Usina de Recicláveis Sólidos Paraná (Usipar) atua na reci-clagem de sobra de materiais de construção civil de Curitiba e Região Metropolitana. A usina ocupa uma área de 54 mil metros quadrados e teve um investimento inicial de R$ 7 milhões.

A Usipar recicla resíduos classe A, que inclui a caliça das obras de construção civil - como restos de material cerâmico, concreto e argamassa. Após separar os materiais de acordo com sua classifica-ção, a Usipar tritura a caliça transformando-a em areia, brita, pedrisco e rachão, que são comercia-lizados para nova utilização na construção civil.

O diretor presidente do grupo que implantou a Usipar, Adonai Aires de Arruda, explica que a usina visa atender 15% do mercado de Curitiba e RMC até o final do ano, inclusive ampliando o projeto com a construção de novas unidades em outras regiões. De acordo com ele, o segmento da construção civil, um dos mais aquecidos do país principalmente pela proximidade da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil, aumentará ainda mais a procura por estes produtos e, por consequ-ência, sua destinação correta.

Arruda também destaca as vantagens com-petitivas da reutilização como a preservação ambiental com a redução da extração de areias e pedreiras. “Além de propiciar o não acúmulo desse tipo de material, podemos reciclá-lo e dar

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a destinação adequada. Somos grandes gerado-res de lixo, pois a densidade demográfica cresce em progressão geométrica. Por isso, precisamos dar atenção à preservação das matérias-primas, principalmente à água. Nesse boom da constru-ção civil, em que cada esquina tem uma obra, se não construirmos alternativas, no futuro teremos problemas sérios”, lembra Arruda.

Sua holding tem foco em limpeza e conserva-ção. “Há anos tenho convivido com pessoas do meio que vivenciam o problema de destinação de resíduos de construção civil”, comenta. Foi então que, juntamente com outros profissionais, vislum-brou a oportunidade de negócio. O grupo contratou uma consultoria técnica e iniciou as pesquisas para a implantação da usina há cerca de quatro anos.

Após o período para a obtenção de todas as licenças ambientais e a adequação do projeto às necessidades regionais, a empresa começou sua operação com a capacidade média de 8 mil tone-ladas de resíduos ao mês, com a possibilidade de alcançar em médio prazo a demanda de 20 mil toneladas ao mês.

Atualmente, são 30 colaboradores que atuam em diversos processos: da classificação até a tri-turação da matéria-prima que pode ser reutilizada na construção civil com preço até 25% mais baixo.

A bióloga Priscilla Marques de Arruda, respon-sável pelo Programa de gestão ambiental interno da holding destaca que a criação da usina repre-senta um salto estratégico com foco na sustenta-bilidade. “Não podemos achar que os recursos naturais são infinitos, é preciso preservar para as futuras gerações”, ressalta.

O processo de reciclagem • O gerente comer-cial e operacional da Usipar, Adilson Penteado,

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

que é também presidente da Acertar e do Sindi-resíduos, comenta que a usina busca destinar o material inerte de forma adequada. “Muitas vezes esse material acaba sendo descartado em locais impróprios e agride rios”, lembra.

Ele explica que o processo de reciclagem dos materiais oriundos da construção civil começa no canteiro de obras, quando ocorre uma primeira se-paração dos materiais. Depois, o gerador contrata um transportador de resíduos que os leva até a usi-na. “O gerador deve contratar o destinador final. A Usipar pode fazer o transporte e o laudo de destina-ção adequada. Pagamos R$ 5,00 o metro cúbico de caliça, desde que os materiais de concreto tenham espessura máxima de 60 centímetros”, explica.

Alexandre Graeser Blaszezyk, sócio adminis-trador da usina, comenta que o processo de reci-clagem é simples: ocorre a triagem, a trituração e a separação dos materiais de acordo com a granu-lometria. O processo gera cinco produtos: bica cor-rida, rachão, brita 2, pedrisco e pó de pe-dra que podem ser usados em bases asfálticas e de pisos. Penteado ressalta que o material, após ser reci-clado, pode ser compra-do 25% mais barato com material agregado: cal e cimento que geram eco-nomia desses materiais.

O resíduo da cons-trução civil é um dos mais heterogêneos resíduos in-dustriais. Ele é constituído de restos de praticamente to-dos os materiais de construção (argamassa, areia, cerâmicas, concre-tos, madeira, metais, papéis, plásticos, pe-dras, tijolos, tintas) e sua composição quí-mica está vinculada à composição de cada um de seus consti-tuintes. No entanto, a maior fração de sua

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“o Plano Integrado de Gerenciamento de

resíduos da Construção Civil define os geradores

desses resíduos como responsáveis pelo

seu gerenciamento, cuja prioridade deve ser a não geração e, secundariamente, a

redução, a reutilização, a reciclagem e a adequada

destinação final”, Cláudia Regina Boscardin, da Secretaria Municipal do

Meio Ambiente

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Capa

massa é formada por material não mineral (madeira, papel, plásticos, metais e matéria orgânica).

Por isso, na Usipar, todo o material reciclado que é separado na triagem e não serve para a construção civil, como o plástico e o papelão, são prensados e encaminhados às empresas licen-ciadas para o destino correto destes produtos. O material excedente como aço e madeira é desti-nado para a reciclagem específica. “Cerca de 10% é rejeito (tapetes, roupas) que são encaminhados para aterro industrial”, conta Blaszezyk.

A engenheira Livia Ferreira, da 3R Ambiental – empresa que, juntamente com o Instituto de Ecolo-gia Terrestre atuou nos estudos preliminares desde o início do projeto – destaca que a Usipar é uma planta desenvolvida especificamente para o pro-cessamento de resíduos sólidos da construção, e não uma planta de britagem adaptada como muitas instaladas no Brasil. “Logo, a qualidade do agrega-do produzido pela planta é excelente”, comenta.

Ela ressalta que a reciclagem de resíduos é fundamental para implementar um modelo de de-senvolvimento sustentável, capaz de satisfazer às necessidades do conjunto da população do pre-sente sem comprometer a capacidade de sobrevi-vência das relações futuras. “O processo de reci-clagem de resíduos da construção civil é simples, econômico e principalmente eficiente”, salienta.

Logística inteligente • Penteado salienta que a Usipar desburocratiza a relação entre poder públi-co e os geradores, por meio da contratação direta do gerador com o destinador final. “Facilitando, assim, a fiscalização do descarte dos resíduos, com a emissão de laudos de destinação, contem-plando os números dos MTRS, números das ca-

çambas e quantitativos em metros cúbicos”.Ele também destaca a redução no transporte,

ou seja, otimização de itinerários. “Pois o mesmo caminhão que levar os resíduos na usina poderá retornar para a origem carregado com o material agregado a ser utilizado na obra”.

Apesar de todo o trabalho de triagem prestado nas dependências da Usipar, direcionando para outros recicladores resíduos como plástico e pa-pelão, é imprescindível que seja feita uma melhor separação já nos canteiros de obras. Nesse sentido a empresa atua também na orientação aos gerado-res para que façam a separação desses outros ma-teriais. Assim, a Usipar contribui diretamente para essa mudança cultural na gestão dos resíduos da construção civil.

“Nosso objetivo é mostrar que a reciclagem destes materiais é importante para o meio am-biente, por isso precisamos conscientizar que a separação de lixo tem que ser efetuada desde o começo do processo, como fazemos em casa”, afirma a engenheira Livia Ferreira.

O engenheiro civil Leonardo Almeida, sócio pro-prietário da AN Sistemas Construtivos, há sete anos no mercado, também enfatiza que a separação no canteiro de obra facilita o processo. Ele está usan-do a brita reciclada para a base da rede de esgoto e água em um condomínio residencial de Piraqua-ra com 42 residências. “A Caixa Econômica Federal, financiadora da obra, dá prioridade a projetos que visem à sustentabilidade”, explica Almeida.

Ele destaca que os benefícios são ambientais e econômicos, entretanto, é necessário que se-jam abertas mais unidades de usinas como esta, pois há locais que inviabilizam a compra do ma-terial devido ao longo percurso de transporte.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

o diretor presidente do grupo que implantou a usipar, adonai aires de arruda, explica que a usina visa atender 15% do mercado de Curitiba e rMC até o final do ano, inclusive ampliando o projeto com a construção de novas unidades em outras regiões.

Da esq. p/ dir.: Paulo César Nauiack (Vice-Presidente da FECOMÉRCIO), Agostinho Creplive Filho (Diretor Administrativo Financeiro da COHAPAR), Vilson Goinski (Prefeito de Almirante Tamandaré), Adonai Aires de Arruda (Sócio Usipar), Alexandre Graeser Blaszezyk (Sócio Usipar), Gerson Denilson Colodel (Secretário Municipal de Administração e Previdência de Almirante Tamandaré), Adilson Orlando Penteado (Sócio Usipar) e Artur Granato (Diretor da Nortec)

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divulgação

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Desenvolvimento Local

oje o Brasil vive um período de eu-foria com tantos projetos em andamen-to na construção civil. O bom momento econômico ajudou a alavancar investi-

mentos no setor de construção civil, despontan-do, em primeiro lugar, grandes investimentos no setor de construção de moradias e ampliação da demanda imobiliária. Agora, além desse motor, o setor tem outros pontos que deveriam servir de propulsor para o desenvolvimento pleno, com real sustentabilidade e responsabilidade: as grandes obras que a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 trazem como necessidade.

O governo vem assumindo a postura de usar toda essa movimentação no setor para divulgar investimentos em infraestrutura e melhorias em todas as regiões, com investimentos em habita-ção, estradas, aeroportos e outros setores que muito carecem de investimentos atualmente. A

questão que vem então é: estaria sendo toda essa movimentação bem aproveitada para o desenvol-vimento local, com sustentabilidade e progresso?

Os investimentos anunciados pelo governo através do Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC), que somadas as fase 1 e 2, somam mais de 2 trilhões de reais, estão direcionados para o desenvolvimento em diversas áreas nas cinco regiões do Brasil (veja a tabela). Entre as obras estão ações de infraestrutura de moradia, distribuição de água tratada e energia elétrica, transportes e reforço em questões de educação e saúde, em prol de uma comunidade com cidada-nia em todas as regiões do país.

Dentre todos esses investimentos anuncia-dos, a construção civil faz parte da realização da maior parte dos projetos anunciados pelo gover-no. E isso faz do setor um dos mais importantes do país no momento.

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Setor está em expansão mas muitos pontos ainda estão obscuros quando se trata de sustentabilidade

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Construção civil desafio a ser superado

lyane Martinelli

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A euforia do setor • Diante de todos esses in-vestimentos, quem trabalha com a construção civil está vendo boas oportunidades de inves-timento. De acordo com Wilson Meister, da Ivaí Engenharia, “o setor é fundamental para a manu-tenção da atual situação econômica do país, haja vista a grande quantidade de recursos investidos em projetos de infraestrutura, a necessidade de manutenção do nível de empregos oficialmente registrados e a movimentação de toda a cadeia produtiva envolvida nestes projetos”.

Entretanto, especialistas alertam sobre os sobressaltos no setor. “Existe uma euforia ‘preo-cupante’ sendo verificada no mercado que prevê um crescimento em 2011 da ordem de 5%. No en-tanto, o número de lançamentos nos leva a uma reflexão um pouco mais profunda e por meio de uma abordagem sistêmica, ampliando o campo de percepção visual: o atual ritmo é sustentável por quanto tempo?”, indaga Cleuton Carrijo, co-presidente executivo da Sustentábil Construções de Alto Desempenho Ambiental.

Para a arquiteta Sandra Pinheiro, que tra-balha com certificações na construção civil, a questão dentro do setor já se mostra um pouco mais profunda e vai além da euforia. “Esse mega investimento não tem se traduzido em desenvol-vimento sustentável para a indústria da constru-ção civil brasileira. Há uma morosidade do setor em assimilar novas tecnologias, e até investir em outras largamente utilizadas. Na outra ponta, a aplicação de fechamentos e acabamentos feitos ainda de forma rudimentar, a utilização de mate-riais virgens altamente predatórios, assim como o descarte ilegal de resíduos tem sido um proble-ma a combater”, afirma.

De acordo com Sandra, existem várias ques-tões que afetam o real desenvolvimento da construção civil no Brasil e que precisam de uma atenção diferenciada. “Um ponto muito impor-tante está relacionado à questão da pesquisa. A produção em pesquisa tecnológica está contida e engessada nas universidades, que necessitam de apoio do setor privado para formar conhecimen-to e produzir inovação. Outro ponto se refere ao governo, que é maior interessado na discussão sobre racionalização da construção para diminuir o desperdício, não desenvolve políticas públicas para viabilizar a aplicação dos novos sistemas ou investimentos em inovações tecnológicas”, co-menta Sandra.

Especificamente na questão da sustentabilida-de, Carrijo defende que os princípios da sustenta-bilidade estejam inseridos nos projetos em anda-

mento na construção civil. “Isso porque princípio é onde tudo principia; não é a quantidade do TER e sim a qualidade do SER que faz toda a diferença. E princípio está acima e além da lei do certo x erra-do. Então, como princípios importantes da susten-tabilidade aplicados na construção para torná-la efetivamente sustentável, temos: o planejamento sustentável da obra; o aproveitamento passivo dos recursos naturais; a eficiência energética; a gestão e economia da água; a gestão dos resídu-os na edificação; a qualidade do ar e do ambiente interior; o conforto termo-acústico (impedindo ou dificultando trocas de calor entre o interior e o ex-terior); o uso racional de materiais; e, finalmente, o uso de produtos ditos verdes e tecnologias am-bientalmente verdadeiros”, explica.

A Copa do Mundo e as Olimpíadas • Dois eventos que necessitam de infraestrutura e logís-tica apuradas para seu pleno desenvolvimento, a Copa do Mundo e as Olimpíadas têm surgido como os grandes carros chefes para o desen-volvimento amplo e acelerado nos próximos cinco anos. Para o setor de construção, essa é a oportunidade de crescer, investir e gerar empre-gos. “Com a certeza de que o setor se manterá por vários anos em grande atividade permitindo com que as empresas invistam em qualificação de mão de obra, talvez nossa principal carência atual, novos equipamentos e soluções de enge-nharia. Temos uma previsão de crescimento de 5 a 10% no setor para os próximos cinco anos”, conta Wilson Meister.

Dentro da questão voltada a sustentabilidade nesses empreendimentos de grande porte, exis-tem questões que devem ser consideradas, afinal, vão mudar as estruturas das cidades. “Deve haver

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“esse mega investimento não tem se traduzido em desenvolvimento

sustentável para a indústria da construção

civil brasileira. a utilização de materiais

virgens altamente predatórios, assim como o descarte ilegal de resíduos

tem sido um problema a combater”, arquiteta

Sandra Pinheiro

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Região

Mais de um estado

Não informa a região

Norte

Nordeste

Centro-oeste

Sudeste

Sul

Total

Investimentos de Infraestrutura - Distribuição

BRASILnº de

obras

67

4

887

3.737

871

2.723

1.261

9.550

%

5,2

0,0

6,3

23,2

3,3

53,4

8,6

100,0

Valor do orçamento

(em milhões)

63.066,4

117,8

76.394,2

283.139,9

40.222,8

651.984,3

105.402,9

1.220.328,3

Fonte: Palestra Brian Nicholson - Sobratema/CriActiveAcesse as informações por Estado no link: http://revistageracaosustentavel.blogspot.com/2011/08/investimentos-de-infraestrutura.html

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Desenvolvimento Local

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De acordo com o engenheiro agrônomo Álvaro Cabrini Jr, presidente licenciado do CREA-PR (Conselho Regio-nal da Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Para-ná), os investimentos na área de construção civil são positivos, mas precisam ser concretizados antes de se-rem comemorados. “É preciso entender que uma coisa é anunciar investimento, outra é realizá-lo efetivamen-te, disponibilizar o numerário para que o investimento aconteça. Obviamente que isso é altamente positivo, quando estes recursos estão vinculados à construção civil, mas friso que precisamos de investimentos prin-cipalmente voltados à infraestrutura, direcionados de forma direta e objetiva, sem burocracia nem falsas pro-messas”, avalia.Para Cabrini, hoje as grandes obras trazem benefícios como um todo para o país, mas defende o bom dire-cionamento dos recursos. “Hoje a engenharia e conse-quentemente a construção civil são a mola propulsora do desenvolvimento do Brasil. Quando a construção ci-vil vai bem, naturalmente ela puxa o crescimento nacio-nal. Porém, infelizmente no Brasil nem sempre os recursos são di-recionados corretamente. Além disso, existe o problema da buro-cracia. Às vezes existe disponibili-dade financeira, mas há um con-junto de normas que inviabiliza este financiamento. Precisamos pontuar esta situação, da mesma forma que é preciso ressaltar a di-ficuldade de pequenas e médias empresas obterem recursos em virtude do seu porte”, comenta.

cautela na apreciação desses empreendimentos. A super exposição de um projeto bem elaborado, com todas as medidas e práticas sustentáveis ade-quadamente implantadas inclusive de operação e manutenção será um grande benefício para o en-tendimento dos conceitos de sustentabilidade. No entanto, muitos projetos, adequadamente projeta-dos tanto por arquitetos nacionais quanto interna-cionais, podem não ser corretamente executados pelas construtoras, em função de limitações de prazos ou orçamentárias, e se transformarem em

puro marketing verde, causando um desserviço ao setor”, alerta Sandra Pinheiro.

Em relação às responsabilidades do gover-no e de todo o setor como um todo em relação às obras, Cleuton Carrijo defende mudanças na postura de atuação e execução dessas obras monumentais. “O Brasil será a grande potên-cia ambiental do planeta em poucos anos. E a quinta maior economia do mundo por volta de 2020. Projetos que costumam ser superfatura-dos, fugindo da lei das licitações, sofrem de um problema: quanto mais próximos da Copa ou da Olimpíada, as obras na maioria das ve-zes sofrem um overprice de 30% como ‘taxa de urgência’. Com foco pelo viés da sustenta-bilidade, essas obras deveriam ser financeira-mente viáveis e, uma vez a obra executada, os produtos deveriam durar muito mais, exigindo muito menos manutenção e ao mesmo tempo mais consciência no uso. Porém, se for para ser de outra forma, já deixou de ser sustentá-vel, o que é um problema”, garante.

Sustentabilidade e a responsabilidade am-biental • O crescimento econômico que vem proporcionando a evolução da construção civil no Brasil também precisa ter seu lado de res-ponsabilidade e a inserção da sustentabilidade nos projetos. “Assim como o setor em constante expansão tem sido responsável pela estabilida-de econômica do país, também na mesma pro-porção ou em alguns casos exponencialmente tem produzido severos danos ao meio ambiente e contribuem para a estatística que demonstra que o setor é responsável por 40% das emissões de CO² (dados americanos), maior do que o se-tor de transportes e também o industrial. Esse crescimento econômico então, tem seu lado perverso para o nosso meio ambiente e deve ser equalizado para não ter efeitos irreversíveis”, afirma Sandra.

Carrijo, dentro dessa questão, direciona al-guns questionamentos importantes para que se possa analisar a questão da sustentabilidade e da responsabilidade no setor da construção ci-vil. “Aos construtores: será que os produtos di-tos ‘sustentáveis’ usados por nós realmente tem processos produtivos energeticamente eficien-tes? Será que suas ETEs usam e reaproveitam água em ciclos realmente infinitos? E como anda avançando seu programa de beneficiamento dos resíduos que ela mesma gera e pode reciclar através da manufatura reversa e/ou revender para outras indústrias o que para ela é descar-te mas para outra atividade econômica seria um

Álvaro Cabrini Jr.

Investimento em infraestrutura para o desenvolvimento nacional

divulgação

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Curitiba tem o seu primeiro empreendimento com certificação leeDO Curitiba Office Park (COP), primeiro empreendimento paranaense a oficia-lizar registro no United States Green Building Council (USGBC) conquistou, a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) título iné-dito na cidade de Curitiba e único empreendimento certificado do sul do Brasil. Com o COP, o site do GBC Brasil soma agora 32 empreendimentos certifica-dos no País, sendo 26 em São Paulo, quatro no Rio de Janeiro e um na Bahia. A primeira torre do Curitiba Office Park foi inscrita na categoria Core & Shell, que compreende projeto e construção de edifícios de escritórios de grandes lajes. O COP alcançou certificação nível Silver. Incorporado pela BP Empreendi-mentos e Top Imóveis, o moderno parque corporativo utiliza uma implantação horizontal no modelo Office Park, que poderá contemplar até três torres, que podem chegar a 46,5 mil m² de área construída, em um terreno de 20 mil me-tros quadrados.

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“temos de lembrar que sustentabilidade

na construção civil por enquanto ainda é inovação; e inovação

significa tornar concorrentes irrelevantes.

em outras palavras, não importa se a construtora é

competente e sim se está competitiva para encarar

o futuro. Sair na frente e permanecer adiante

do seu tempo”, Cleuton Carrijo, da Sustentábil

Construções

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substituto à matéria-prima original, aliviando a pressão por extrair na extremidade inicial de toda a cadeia?”, questiona.

Para Carrijo, as questões de sustentabilidade e responsabilidade ambiental são uma questão de prática. “Por que a prática leva à excelência e não à perfeição - uma vez que ninguém é per-feito. Mas cada um pode e deve buscar a auto--superação à cada novo dia. E a auto-superação

conduz ao nível da excelência. E da excelência para a vantagem competitiva é um passo ou dois, de preferência. Temos de lembrar que sustentabi-lidade na construção civil por enquanto ainda é inovação; e inovação significa tornar concorren-tes irrelevantes. Em outras palavras, não impor-ta se a construtora é competente e sim se está competitiva para encarar o futuro. Sair na frente e permanecer adiante do seu tempo”, garante.

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Sustentabilidade florestal é vencer desafios no mercado de hoje

entro das empresas produtoras de pa-pel e celulose, o tripé ambiental – so-cial - econômico é primordial para o desenvolvimento e crescimentos das

indústrias e tem seu início no setor base de toda a cadeira produtiva: as florestas. Ciente disso, e com objetivos de tornar esse setor mais forte e sustentável, o Grupo Ecoverdi vem investindo em um novo foco de ações nessa área, com o obje-tivo de superar as questões econômicas do se-tor. “Superar essas questões (econômicas) é ser

sustentável, pois nos quesitos social e ambiental nós já temos a responsabilidade. Com esse ter-ceiro quesito alcançamos um conceito de supe-ração dentro do setor”, afirma Eduardo Queluz, gestor do setor florestal no Grupo Ecoverdi.

O crescimento econômico, entretanto, vem de diferentes vertentes e está interligado com os dois outros pés desse tripé. “Ser economica-mente viável está ligado com nossas responsa-bilidades ambientais e com nossos investimen-tos na questão social”, garante Queluz. Entre

Grupo Ecoverdi investe em boa estrutura nesse setor para mostrar que o crescimento e o desenvolvimento começam no seu setor mais primordial: a floresta

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

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lyane Martinelli

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

José Paulo Fagnani

suas ações iniciais está a busca pelo melhor aproveitamento das florestas. “Estamos traba-lhando em busca de plantios mais produtivos. Com pesquisa de solo, estudo de adaptação de espécies e escolhas genéticas podemos ter melhores resultados em nossas florestas. Com essas ações, nossa expectativa é chegar a um crescimento de até 30% em nossa próxima rota-ção (ciclo que dura cerca de quatorze anos) na plantação de pinus, ficando dessa forma, acima da média nacional”, explica.

Também dentro desse potencial produtivo que está sendo valorizado, a Ecoverdi usa parte de sua produção florestal para a produção de energia dentro de suas fábricas. “Toda a madeira produzida em nossas florestas não é destinada apenas a produção de papel e celulose. Toda a ár-vore pode ser dividida em diversas partes para di-ferentes aproveitamentos. Em nossas indústrias, esse aproveitamento é também geração de ener-gia para a fábrica”, conta Queluz. Segundo dados do último relatório de atuação do Grupo Ecoverdi, esse aproveitamento bem feito das florestas foi responsável pela geração de 54% da energia con-sumida pelas fábricas do grupo no ano de 2010, pro meio da biomassa (resíduos de madeira me-nos nobre aproveitados para esse fim).

Partindo desse trabalho de base, o setor florestal se vê com foco em outras vertentes de atuação, não menos importantes no processo produtivo. “Nossa proximidade com a comuni-dade em torno das florestas é fundamental. Por ser uma atividade do agronegócio pouco reco-nhecida pela comunidade, é importante nossa convivência próxima para que a população pos-sa entender nossa atuação, percebendo que te-mos respeito pelo espaço deles e que estamos ali, na verdade, para contribuir. Por isso estamos adotando, no Grupo Ecoverdi, políticas de portas abertas com as comunidades em torno de flores-tas”, afirma Queluz. Nesse projeto, de acordo com o gestor florestal, a empresa busca entender às necessidades das comunidades para poder atuar de forma responsável na região. Essa atu-ação abrange estabelecer relações de confiança com a vizinhança, além de valorização da mão de obra local, com a contratação em parceria com sindicatos e prefeituras e até a parceria para resoluções de questões fundiárias nas comuni-dades. “A empresa não é mãe nem governo. Ela também sofre, mas em alguns lugares a empresa é como se fosse o irmão mais velho na região, então tem que fazer algo a mais pelo local onde está inserido”, reflete.

“Com impacto menor, estamos estudando

a melhor forma de propor a vizinhança

o aproveitamento das áreas ociosas das propriedades. É lucro

para quem cede o espaço e para a indústria de

celulose que tem mais matéria-prima para produção”, Eduardo

Queluz, gestor do setor florestal no Grupo Ecoverdi

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Visão Sustentável

Na busca pela expansão da empresa com boas relações em suas comunidades, o Grupo Ecoverdi também está desenvolvendo projetos de fomento para os próximos anos. “Com impac-to menor, estamos estudando a melhor forma de propor a vizinhança o aproveitamento das áre-as ociosas das propriedades. É lucro para quem cede o espaço e para a indústria de celulose que tem mais matéria-prima para produção”, afirma. O projeto, no entanto, já leva em conta as ques-tões de impacto ambiental e social que a ativida-de tem, e já está dentro dos novos conceitos de relações comunitárias do Grupo.

Diante dessas mudanças que estão sendo implantadas, o Grupo Ecoverdi quer mais. Todas essas ações também fazem parte de um projeto importante para o Grupo como um todo, as cer-tificações das unidades de manejo. O objetivo é a Certificação FSC que, no Brasil, são concedidas pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. “Para ter essa certificação, todo o tripé (ambien-tal - social – econômico) deve estar bem resolvi-do. Essa certificação organiza e direciona o tra-

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balho e a atuação da operação florestal”, conta Queluz. O trabalho do grupo para a certificação se dará também através da Certificação em Ca-deia de Custódia, que leva o FSC para além das unidades de manejo, inserindo as fábricas, e con-sequentemente os produtos. “Nesse processo temos a responsabilidade com a rastreabilidade da madeira, uma vez que o produto que com ela for produzido dará origem ao papel certificado e às embalagens certificadas”, explica o gestor florestal do Grupo Ecoverdi. Hoje, a empresa está se adequando para a certificação. “Faremos um trabalho interno para atingir esses patamares essenciais, para depois partirmos para as audito-rias e a obtenção do selo FSC.” Esse objetivo, no entanto, não é somente uma questão de merca-do: “Essas ações para a Certificação FSC tem um objetivo maior: criar uma cultura diferente dentro da empresa, mostrando seu papel e sua impor-tância a todos que estão inseridos nesse proces-so, além de transferir esse espírito para toda nos-sa a cadeia, inclusive para as comunidades em que atuamos”, defende Queluz.

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Às vezes temos a sensação de que não há nada a fazer, que tudo que estava ao alcance já foi realizado e que cabe ao outro o poder de decisão. Mas precisamos refletir se realmente estamos fazendo a nossa parte

fabrício cardoso camposPublicitário, especialista em Administração de Marketing, Gestão Avançada de Pessoas e Estratégica da Inovação

odos os dias temos a responsabilidade de dar continuidade ao que já inicia-mos, sempre contando com recursos que restaram disponíveis depois do

dia anterior. Sejam eles naturais, financeiros ou humanos, a vida nos leva a refletir sobre a ques-tão da sustentabilidade. É preciso inteligência nessa equação para que os resultados que pre-tendemos não consumam esses recursos de forma que não seja equilibrada ou responsável.

Mas a esperança de que essa equação possa ser resolvida reside no fato de que isso depende somente da vontade do ser humano. Às vezes, temos a sensação de que não há nada a fazer, que tudo o que estava ao alcance já foi realizado e que cabe ao outro o poder de decisão. Mas precisamos refletir se realmente estamos fazendo a nossa parte.

Em minha trajetória profissional, tive a feli-cidade de trabalhar na Amana-Key diretamente com diretores, gerentes e supervisores de or-ganizações que, em programas de desenvolvi-mento em gestão para executivos, buscavam ir além do próprio benefício profissional, porque coordenavam equipes e áreas e precisavam encontrar uma forma mais refinada e sutil de tratar com as pessoas com quem conviviam. Dessa maneira, foram entendendo e respei-tando o outro e deixaram transparecer como efeito comum ao final dos programas, que essa forma de ver o mundo contribuiu para que se sentissem melhores ao final do processo. E seu lado profissional ganhou com isso, pois pessoas mais equilibradas, conscientes de seu papel e importância na liderança das organiza-ções desempenham suas tarefas com muito mais qualidade e dão melhores resultados.

Hoje estou na direção da Associação Junior Achievement Paraná, uma organização que tra-balha para beneficiar jovens, adolescentes e crianças, um público maravilhoso e empolgan-te, que nos motiva ainda mais a realizar todas as coisas, pois fazem parte do ciclo natural da

vida, afinal, todos nós um dia tivemos sonhos e esperança semelhantes.

Ao receber o convite, lembro que a primei-ra coisa que imaginei foi a sustentabilidade desse modelo praticado pela associação, em que empresas socialmente responsáveis finan-ciam os projetos para que seus colaboradores possam compartilhar voluntariamente suas experiências em sala de aula com jovens es-tudantes. São aqueles gestores que tiveram a oportunidade de um dia aprender nas universi-dades, ou em cursos e programas de desenvol-vimento, ou em literatura de ponta em gestão, e que, através de uma ação de voluntariado, podem contribuir para a transformação da vida de outros, mais novos, que os observam como referências do que sonham ser um dia, profissionais de sucesso, com conhecimento e generosidade suficiente para oferecer essa parte importante de suas vidas a fim de que eles possam ter uma chance de ter o espírito empreendedor despertado. Seja para acredi-tar que podem estudar um pouco mais além do que estariam normalmente dispostos, ou conhecer outras profissões que poderão lhes trazer muito mais realização do que as haviam se limitado a imaginar, ou, em alguns casos, jovens que passam a sonhar por terem sido tão bem impactados por essa experiência e bus-cam arquitetar os seus caminhos após a ins-piração daqueles voluntários que um dia lhes ofereceram um pouco de seu tempo e fizeram funcionar esse grande círculo virtuoso do bem.

São coisas como essas, tão simples e que dependem de tão pouca coisa para acontecer, no caso a vontade de alguém de compartilhar aquilo que tem e que ainda continuará consi-go depois, que me fazem acreditar que a sus-tentabilidade está cada vez mais encontrando espaço em nossas vidas, nossas crenças e nossas ações. Visto que não há mais outro ca-minho a trilhar que não seja esse, buscando o que é melhor para todos.

Círculo virtuoso e os caminhos da sustentabilidade

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 30

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xistem diferentes formas de a sociedade se relacionar com o meio ambiente. Com a ocupação de espaços públicos de lazer e recreação, como as praças e parques,

as pessoas estão não somente em contato com outras, bem como com a natureza, conscientizan-do-se da necessidade de preservá-la. Para am-pliar a oferta de espaços públicos que promovem esse tipo de interação e ainda proporcionem qua-lidade de vida a população, o poder público de diferentes cidades do Brasil está adotando cada vez mais como estratégia a implementação das academias ao ar livre.

Em Curitiba, as academias já estão localizadas em 64 pontos da capital, consolidando-se como referência para a população que busca melhoria da condição física, qualidade de vida e saúde. É o caso de Leoninda Nogueira Chaves, de 65 anos, que todos os dias, bem cedo pela manhã ou no final da tarde, caminha até o parque Bacacheri para utilizar os equipamentos da academia ao ar livre. Ela conta que tem artrose e osteoporose e por isso sentia muitas dores no corpo, principal-mente nos ombros e no quadril, e que depois que começou a utilizar os equipamentos instalados no parque começou a se sentir melhor. “Eu não gosto de academia fechada, já fiz e parei. Depois

Qualidade de Vida

E

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

comecei a fazer apenas caminhadas, mas meu médico pediu para que eu fizesse ginástica nas academias ao ar livre e eu gosto de vir aqui”, afir-ma a aposentada comentando sobre o ar puro e o cheiro de mato que, segundo ela, dão uma sensa-ção de bem estar durante as práticas.

Além de Leonina, uma pesquisa publicada pela Universidade Estadual de Maringá consta-tou que as academias trazem de fato benefícios à saúde de outros usuários da terceira idade. In-titulada “Frequência da atividade física e uso de medicamentos em usuários das academias da terceira idade no município de Maringá”, o estu-do apontou que um dos maiores benefícios é que as Academias da Terceira Idade (ATI) instaladas na cidade viabilizaram para a população o aces-so à prática de atividade física, uma vez que 40% dos frequentadores relataram que não faziam ne-nhum tipo de atividade física antes de começar a frequentar esses espaços.

De acordo com o estudo que foi feito com uma amostra de 401 frequentadores das 31 aca-demias da cidade, a prática de atividade física na ATI trouxe muitas modificações positivas, como, por exemplo, o aumento da disposição em ge-ral, a melhora no sono e a diminuição do peso. Com relação à saúde e utilização de medicação,

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“através de projetos de mídia externa e alternativa, as empresas ajudam a viabilizar esses espaços, divulgando suas marcas e ainda gerando retorno para a comunidade, que ganha com a manutenção e a implementação de novas academias”, Armando Miranda, diretor da empresa OutofHome

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Academias ao ar livre elevam a qualidade de vida da população

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

aline Presa

Por que esses espaços estão se multiplicando pelo país e como o poder público, em parceria com a iniciativa privada, pode ajudar a manter academias de forma sustentável

a pesquisa aponta que a maior parte dos usuá-rios sentiu melhora na saúde, e quanto à utiliza-ção de medicação nos últimos 15 dias, 60% não precisaram utilizar medicamentos e dos usuários que precisaram utilizar medicamentos, 40,51% reduziram a medicação sob supervisão médica.

Outra pesquisa, realizada pela Secretaria Mu-nicipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, também aponta índices positivos diagnosticados em participantes após seis meses de prática: 96,7% dos hipertensos que utilizam a Academia Carioca estão com a pressão arterial (PA) con-trolada em valores normais; 20% de redução de peso em praticantes com obesidade e IMC (índice de massa corporal) maior que 30 e 15% de redu-ção de peso em praticantes com sobrepeso (IMC maior que 25); 20% dos praticantes que utilizam medicamentos diminuíram a dose ou reduziram o número de medicamentos (por prescrição médi-ca) e 1% deixou de tomar; e 80% dos praticantes diabéticos melhoraram as taxas de glicemia.

Embora muito utilizadas por pessoas da ter-ceira idade, uma vez que os equipamentos não têm peso e utilizam o peso do usuário, sendo indicados principalmente para as pessoas que com o passar do tempo perdem naturalmente um pouco da força muscular; esses equipamentos

também são muito usados por pessoas de dife-rentes idades. A fisioterapeuta Caroline Sávio, de 24 anos, costuma frequentar as academias com parentes e amigos em momentos de relaxamento e lazer.

Segundo o professor de musculação da Pon-tifícia Universidade Católica do Paraná, Fabricio Augusto Stocchero, que está desenvolvendo um trabalho de pós-graduação envolvendo o tema treinamento personalizado e academias ao ar livre, “qualquer exercício de movimentação cor-poral pode trazer benefícios corporais, de saúde e qualidade de vida, desde que praticados de acordo com as recomendações”. Stocchero ins-trui que se uma pessoa praticar pelo menos 150 minutos de atividades físicas moderadas por se-mana ou 75 minutos de atividades vigorosas, os exercícios podem servir tanto para sair da rotina como para obter resultados desejados.

Pensando em oferecer alternativas à popula-ção, com atividades físicas gratuitas e acessíveis, cada vez mais prefeituras de cidades do Brasil e afora vem apostando na implementação desses espaços. No entanto, Armando Miranda, diretor da empresa OutofHome, coloca que o poder pú-blico necessita de ter apoiadores para projetos básicos como esses. Mas como a iniciativa priva-

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Luiz Costa/SMCS

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da pode colaborar com esse cenário? A resposta é simples e inovadora: investindo em projetos de sustentabilidade. Miranda explica que anun-ciando em projetos de mídia externa e alternati-va, empresas ajudam a pagar por esses espaços, divulgando suas marcas de forma positiva e ain-da gerando um retorno para a comunidade, que ganha com a manutenção e a implementação de novas academias. Em Curitiba, 50 pontos da Pre-feitura da cidade são atendidos hoje pela empre-sa OutofHome em um consórcio com a Assix.

A ideia que surgiu em viagens pela Europa e há pouco menos de 2 meses vem sendo ex-plorada de forma comercial pela OutofHome - empresa que já é referência com ações na li-nha environment - funciona assim: quando um

anunciante investe em mídia externa alternativa em uma academia ao ar livre, por exemplo, ele automaticamente adota esse espaço, tornando--se apoiador e oferecendo uma benfeitoria àque-la comunidade e à prefeitura. Armando diz que o trabalho com ações desenvolvidas em espaços urbanos como praças, parques e vias, por meio da exposição estratégica da marca de empresas nos espaços adotados cria um vínculo emocional do usuário com o patrocinador. “Além de cumprir com seu papel ostensivo sem ser invasiva, a mí-dia externa alternativa impacta positivamente o local, fazendo parte da paisagem e mostrando para o consumidor que toda aquela estrutura que lhe está sendo oferecida está sendo propiciada por uma empresa”, conclui.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Qualidade de Vida

“eu não gosto de academia fechada, já fiz e parei. Depois comecei a fazer apenas caminhadas, mas meu médico pediu para que eu fizesse ginástica nas academias ao ar livre”, a aposentada Leoninda Nogueira Chaves

Pesquisa aponta melhorias na saúde dos usuários

Uma pesquisa realizada em janeiro deste ano (2011), com 4000 usuários de 21 academias ins-taladas 21 academias instaladas dentro das Uni-dades de Saúde do Rio de Janeiro, detectou que, após seis meses de prática:

• 96,7% dos hipertensos que utilizam a Acade-mia Carioca estão com a pressão arterial (PA) controlada em valores normais: PA sistólica até 139 mmHg e diastólica até 89 mmHg (Sociedade Brasileira de Cardiologia / Sociedade Brasileira de Hipertensão);• 20% de redução de peso em praticantes com obesidade (IMC > 30) e 15% de redução de peso em praticantes com sobrepeso (IMC > 25);• 20% dos praticantes que utilizam medicamen-tos diminuiram a dose ou reduziram o número de medicamentos (por prescrição médica) e1% dei-xou de tomar;• 80% dos praticantes diabéticos melhoraram as taxas de glicemia (redução da glicemia).

Fonte: SMSDC RJ

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Luiz Costa/SMCS

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jerÔnimo mendesAdministrador, Consultor,

Professor Universitário e Palestrante. Mestre

em Organizações e Desenvolvimento Local

s dias em que a economia mundial era dominada pela agricultura há muito se foram. Por volta de 1750, a força de tra-balho mundial era composta de 90%

de empreendedores ou autônomos: pintores, ferreiros, agricultores, carroceiros, artesãos, co-merciantes em geral. Quem não estava a serviço do rei, do imperador ou da chamada burguesia fazia algo por contra própria para se sustentar.

A partir do século 18, a Revolução Industrial tornou-se um marco decisivo no processo de de-senvolvimento humano e resultou em mudan-ças significativas no que se conhecia até então como trabalho. Se, por um lado, a industriali-zação tornou obsoletos alguns ofícios tradicio-nais, por outro, todos entendiam que os objetos ou mercadorias que pertenciam a poucos privi-legiados poderiam agora ser de todos.

Com suas promessas de trabalho ininter-rupto e o fim da sazonalidade na agricultura, as exigências da indústria não variavam: um só trabalho em um só lugar fazendo uma só coisa até onde o trabalhador pudesse suportar. Essa nova filosofia de trabalho acarretou uma demanda de tal esforço que os estudiosos da época acreditavam que as pessoas comuns não fossem capazes de executá-la.

Com a reestruturação dos hábitos de traba-lhar, uma disciplina rígida, novos incentivos e uma nova natureza humana, o historiador E. P. Thompson chegou a afirmar que “o trabalhador inglês médio tornou-se mais disciplinado, mais sujeito ao tempo produtivo do relógio, mais re-servado e metódico, menos espontâneo e me-nos violento.”

Dessa forma, criava-se, então, uma nova maneira de arranjo social, de sobrevivência e de conduta humana; o trabalho já não era mais o mesmo e um novo conceito começava a ganhar forma: o emprego. Contudo, a transição para os empregos modernos foi lenta e gradual e ocor-reu em diferentes tempos e lugares.

Dois séculos e meio depois, observa-se uma relação inversa, na proporção de mais de 90% de trabalhadores para menos de 10% de empre-endedores ou patrões ainda que o advento da globalização tenha contribuído sobremaneira para a redução de 400 milhões de postos de

trabalho formais.Da mesma maneira que a Revolução Indus-

trial pôs fim à Era da Agricultura, a Era da Infor-mação e do Entretenimento colocam fim à Era da Industrialização. De acordo com John Gray, filósofo de Oxford e Professor da London School of Economics, a indústria continuará ativa, mas a vida econômica já não é mais voltada priorita-riamente para a produção. Seus canhões estão direcionados para a distração.

Segundo Gray, o imperativo que comanda o capitalismo econômico atual não é mais a produtividade, mas a possibilidade de manter o tédio à distância, onde a riqueza é a regra e a maior ameaça é a perda do desejo. Nesse caso, a novidade não é o fato de a prosperidade depender do estímulo da demanda, mas o fato de poder continuar sem inventar novos vícios. Novas experiências tornam-se obsoletas mais rapidamente ainda do que os produtos físicos, razão pela qual as empresas apostam pesado na criação de novas tecnologias, brinquedinhos eletrônicos, mídias sociais e tudo mais que pos-sa entreter o potencial consumidor.

Por essas e outras razões, drogas, sexo, humor, música, viagem, silêncio, culto ao cor-po e narcisismo viraram sinônimo de dinheiro. De certa forma, tudo o que possa nos distrair e provocar uma relativa sensação de conforto são antídotos contra o aborrecimento. A indústria do entretenimento percebe isso com mais velo-cidade do que a nossa capacidade de consumo.

Na medida em que as tecnologias avançam, a necessidade de consumi-las também avança, por estímulo próprio ou indução. O fato é que os novos vícios não serão suficientes para aliviar o peso de uma vida cada vez mais confortável e dependente de tecnologia, afinal, toda essa parafernália não conseguirá reduzir a demanda diária de trabalho de quatorze para quatro ou seis horas, no máximo.

Torço para que tudo isso seja apenas uma febre temporária. Já pensou se toda essa tecno-logia – representada por robôs baratos e alta-mente capazes - conseguir substituir o trabalho humano a ponto de deixar todo mundo desem-pregado? O mundo não seria muito diferente do que era até o século 18. Pense nisso e seja feliz!

A nova ordem econômica

O

na medida em que as tecnologias avançam,

a necessidade de consumi-las também avança, por estímulo

próprio ou indução

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

GESTÃO

ÁSUS EN VEL

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A

Responsabilidade Ambiental

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Reaproveitar resíduos orgânicos é bom tanto para quem o transforma em adubo quanto para

quem protege a saúde do planeta e da humanidade

Composteiras industrializadas

facilitam aproveitamento

de lixo orgânico

fim de obter um adubo mais barato e natural para a horta caseira e o milha-ral da chácara, o psicólogo Nélio Perei-ra da Silva começou a fazer composta-

gem - transformação do lixo orgânico em adubo - há cerca de cinco anos. A horta fica no quintal da casa em Curitiba e, o milharal, em uma cháca-ra em Campo Largo, no Paraná. “Gosto de lidar com planta e usar o lixo orgânico para fazer adu-bo caseiro é um jeito de contribuir com o meio ambiente, transformando o que iria parar em sa-cos lixo em um produto que me ajuda a cuidar da horta, da grama e do milharal”, diz Silva.

Há quatro meses, ele descobriu um jeito mais prático e organizado de fazer a compostagem e adquiriu duas composteiras manuais industria-lizadas: uma pequena, para a casa, onde vivem quatro pessoas, e outra, um pouco maior, para a chácara, onde os sabugos do milho produzido também são utilizados no composto. Silva se diz muito satisfeito com as novas composteiras: “É muito melhor porque antes tinha passarinho re-virando e dava muito mais trabalho. O custo be-nefício vale a pena”.

Como a composteira não libera odor ou libera um odor mínimo e não atrai insetos, a da casa dos Silva fica a cerca de seis metros da cozinha.

letícia Ferreira

O que é prático para depositar os restos de comi-da todos os dias.

Qualquer pessoa da família pode alimentar a composteira: depois de depositar o lixo e fechar a tampa, é só acrescentar um pouco de serragem ou pellets de madeira (ver quadro) e girar a com-posteira algumas vezes. Depois de seis sema-nas, o composto – ou adubo – está pronto para ser retirado e utilizado.

Compostagem traz benefícios em curto e longo prazos • A relação custo-benefício da compostagem, tanto em residências individu-ais quanto em condomínios e empresas, é po-sitiva não apenas levando-se em conta o futuro do meio ambiente, mas pensando no retorno imediato para a saúde humana. Eduardo C. Schreiber, diretor comercial da JORABrasil (re-presentante exclusiva da sueca JORAForm que, desde 1990, desenvolve tecnologia para a com-postagem), afirma que, no Paraná, os resíduos orgânicos são mais de 50% do lixo doméstico são descartados em aterros ou lixões – dados da Secretaria da Saúde do Estado. Porém, somente entram nessa estatística os aterros licenciados para receber Resíduos Sólidos Urbanos.

“O que poucos sabem, é que 60% dos mu-

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Mais de 50% do lixo doméstico são

descartados em aterros ou lixões. o que poucos sabem, é que 60% dos municípios brasileiros não têm seus resíduos

descartados em aterros licenciados, mas em

lixões e terrenos baldios

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nicípios brasileiros não têm seus resíduos des-cartados em aterros licenciados, mas em lixões e terrenos baldios”, afirma Schreiber, baseado em dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Em-presas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). “Sem o devido controle, acontece proliferação de ratos e outros animais que podem causar di-versas doenças, além dos gases e do chorume produzidos pela decomposição que, quando não tratados adequadamente, podem contami-nar rios e lençóis freáticos.” Por consequência, podem contaminar a saúde humana mesmo de quem não reside em suas proximidades.

Schreiber lembra ainda que o lixo descartado em aterros é decomposto anaerobicamente, ou seja, sem a presença de oxigênio – o que não acontece na compostagem, em que o processo é aeróbico. “No Brasil, em poucos aterros sanitá-rios o gás gerado nessa decomposição – metano – é aproveitado. Porém, o potencial de aqueci-mento global desse gás gerado nos aterros é 21 vezes maior que o do dióxido de carbono gerado no processo aeróbico da compostagem.” Esses e outros dados importantes podem ser encontra-dos no site do projeto Mudanças Climáticas e Mí-dia (www.mudancasclimaticas.andi.org.br), da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infân-

cia), com o apoio do Programa de Comunicação em Mudanças Climáticas da Embaixada Britâni-ca no Brasil e do Conselho Britânico.

A JORABrasil comercializa composteiras ma-nuais, como as adquiridas por Silva, e automá-ticas, para uma quantidade maior de produção de resíduos orgânicos. Estas podem ser usadas em condomínios, indústrias, empresas, hotéis, escolas, restaurantes e outros ambientes. Para os restaurantes, é uma ótima solução para o des-perdício das sobras de comida. Por medo de cau-sar qualquer intoxicação alimentar, restaurantes não podem doar, mas são obrigados a descartar, toda sobra de alimento não servido.

“A compostagem ainda é menos popular, no Brasil, que a reciclagem de lixo sólido por-que esta é mais lucrativa”, diz Schreiber. “Um excelente exemplo disso é o Brasil ter sido líder mundial na reciclagem de alumínio por nove anos seguidos. Em 2009, 98,2% de todas as la-tas produzidas foram recicladas. Isso é possível, pois é um negócio muito lucrativo”, ele afirma, novamente com base em dados da Abrelpe.

A reciclagem é muito positiva, mas a compos-tagem também, além de ser lucrativa, mas em longo prazo. Assim, Schreiber sugere políticas públicas que beneficiem cidadãos que reduzam

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seu volume de resí-duos descartados: “Poderia ser, por exemplo, redução do IPTU já que, di-minuindo o volume do lixo, deverão di-minuir também os custos com coleta, transporte e descar-te de resíduos”.

Há maneiras ca-seiras de se fazer compostagem, como leiras ou pilhas que podem ser reviradas manual ou meca-nicamente, com ou sem aeração forçada, e pro-cessos realizados em caixas de madeira, tijolos, tela e até buracos no chão. Entretanto, segundo Schreiber, além de serem mais trabalhosos e exi-girem mais espaço, esses métodos levam mais tempo para realizar a compostagem e podem atrair transmissores de doenças.

Educação para a sustentabilidade • Fatima Tsutsumi, gestora de Sustentabilidade da Eco-Curitiba, que desenvolve projetos de educação ambiental para empresas, condomínios e co-munidade em geral, acredita que a população deve ser informada a respeito da importância da compostagem.

“Segundo dados da UNIFESP (2010), cada

pessoa produz em média 1 kg de lixo por dia”, diz ela. “Multiplicando isso pelo número de mo-radores de um condomínio, o volume de resídu-os gerados diariamente é muito grande.”

Visando a esse público, a EcoCuritiba desen-volve o projeto EcoCondomínio, que tem a gestão de resíduos como um dos pilares. A composta-gem é recomendada: “Como em condomínios há uma reunião de pessoas e famílias, um grande número de indivíduos é atingido, principalmente se o síndico adotar a ideia”.

Fatima explica que, para angariar o engaja-mento necessário, é importante disponibilizar as informações corretas: “Num segundo momento, quando os moradores estão empenhados no pro-grama, praticando a separação do lixo, realiza-se a adequação física dos espaços do condomínio, a sinalização e a comunicação ambiental, e a se-leção do sistema geral de disposição dos resídu-os mais apropriados às particularidades e neces-sidades do condomínio. Aqui entra a sugestão da adoção das composteiras adequadas”.

Em seguida, vem o monitoramento e a ma-nutenção para que não haja desmotivação dos envolvidos e o projeto se deteriore. “Viver em condomínio exige um espírito diferenciado, adequado às novas necessidades do mundo, com pessoas que saibam abrir mão de algumas individualidades em prol da coletividade”, con-clui Fatima.

Responsabilidade Ambiental

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A compostagem é um processo biológico que utiliza oxigênio para decompor resíduos orgânicos produzindo adubo rico em nutrientes. Desse processo, participam carbono, nitrogênio e micro-organismos, além da umidade.

A decomposição de resíduos orgânicos acontece espontaneamente na natureza. Entretanto, com a compostagem, o resultado dessa de-composição pode ser aproveitado de maneira a evitar desperdícios.

Funciona assim: o lixo orgânico é colocado dentro da composteira e, quando a tampa é fechada, a quantidade correta de carbono é adicio-nada manual ou automaticamente em forma de serragem ou pellets de madeira (serragem de madeira prensada e seca). Também de forma manual ou automática, a composteira remove o conteúdo para oxigená--lo. Depois do tempo correto (cerca de seis semanas), o material é coletado e pode ser usado em áreas verdes, vasos, jardins, hortas.

A compostagem é útil porque reduz o volume dos resíduos em até 85% e também o trânsito de cami-nhões e custos de coleta; possibilita o reaproveitamento de qualquer resíduo orgânico; facilita a reciclagem dos demais resíduos; reduz a utilização de aterros sanitários; devolve nutrientes à natureza; evita a contami-nação de solos e água e é fácil de ser implantada; reduz odores e produz adubo de excelente qualidade.*

Fonte: JORAForm

Isto é sustentabilidade

divulg

ação

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ente

De códigos, fatos e acontecimentos

S

entre fatos e acontecimentos faltam os novos “Códigos Sociais” que redefinam nossas concepções de qualidade de vida, desenvolvimento e sustentabilidade

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

GasTÃo ocTÁViofranco da LUZBiólogo, Doutor emMeio Ambiente eDesenvolvimento eConsultor emSustentabilidade empre tive em conta que as melhores

crônicas são aquelas em que o autor é capaz de levar o enredo de um dra-ma do dia a dia por um caminho em

consonância com um evento histórico maior e de modo minimalista. Ou seja, contar sobre o flagrante de uma história pessoal dispersa no conteúdo humano, mas dentro de uma con-juntura que salta do episódico, ao coletiva-mente significativo. E tudo, em uma lauda, ou até menos. Eduardo Galeano é ótimo nisso, especialmente em “O livro dos abraços”.

De acordo com Emílio Gennari, as análises de conjuntura (fundamentais aos que pensam sistemicamente), trazem enquanto pré-requi-sito a distinção entre o que é um fato e o que é um acontecimento, coloquialmente tomados como sinônimos, porém não sendo bem assim. Fatos, segundo Gennari, dizem respeito àqui-lo que é significativo, importante, a uma, ou a um grupo restrito de pessoas. Tomemos como exemplo a eventualidade de prejuízos causa-dos a uma propriedade, devido à subida do nível d´água de um rio das proximidades. En-tretanto, quando o fenômeno atinge toda uma comunidade e a enchente toma as proporções de calamidade, torna-se, então, um aconteci-mento. Mas claro está que também, conforme quem seja a pessoa atingida pelo fato (uma celebridade, por exemplo), o mesmo pode vir ser a tratado como acontecimento pela mídia, correndo-se o risco de que não passe então de mero factoide, tendo em vista interesses políti-cos e/ou mercadológicos, por exemplo. Então, como se percebe, a distinção conceitual entre fato, factoide e acontecimento na realidade ob-jetiva, não se dá a conhecer facilmente.

De 1º a 03 de junho deste ano, a cidade de São Paulo sediou a 4ª edição do Climate Leadership Grup/C-40, por meio do encontro de gestores das quarenta megalópoles que abrigam mais da metade da população mun-dial e que, em conjunto, respondem por mais de 80% das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. O escopo central da reu-nião, nas palavras de Michael Bloomberg, Pre-feito de Nova York e Presidente da Rede C-40, foi o de “explorar e intercambiar novas ideias e iniciativas, e, também, discutir novas parce-

rias entre prefeitos e governadores para lidar com as mudanças climáticas e a promoção da sustentabilidade (...), um foco renovado no compartilhamento de boas práticas e na prestação de contas sobre nossas responsa-bilidades, enquanto trabalhamos para alcan-çar nossos objetivos comuns.” No decorrer do encontro, “os prefeitos ambientalmente cor-retos, circularam pela cidade em carros elétri-cos e em ônibus abastecidos com biodiesel. Naqueles dias, um pulmão eletrônico instala-do no Centro registrou que o número de partí-culas nocivas no ar foi três vezes maior que o tolerável. (...). Levaram quase meia hora para ir do Ibirapuera ao Jockey Club, um trajeto de 13 quilômetros – e estavam com batedores.” (FRAGA, 2011). Então, vamos aos fatos (ou, se-riam acontecimentos?).

Dadas as evidências conjunturais, penso que nada há de errado nas contribuições de Gennari, o que não se pode dizer do modelo econômico pelo qual enveredamos e que vis-lumbra uma sensação de contradição, para dizer o mínimo, entre o discurso e a praxe. Supérfluo lembrar que o que se passa em São Paulo não lhe é exclusivo. Curitiba, com uma população de aproximadamente 1.800.000 habitantes (IBGE, 2010), ostenta uma frota motorizada acima de 1.200.000 veículos, se-gundo posição dos cadastrados junto ao DE-TRAN, em junho de 2011, com facilitações de mercado para crescimento do fluxo.

Então, entre fatos e acontecimentos, faltam novos “Códigos Sociais” que redefinam nos-sas concepções de qualidade de vida, desen-volvimento, sustentabilidade e demais termos que têm constituído o vocabulário dos que se dizem preocupados com a problemática so-cioambiental. Os números há muito deixaram de ser apenas factoides ambientalistas – eles apontam para uma curva sob a qual nunca vivemos e que, por decorrência, não sei se teremos a competência necessária para, em tempo, reverter as tendências mais alarmistas.

Como nem de longe sou um Galeano, nem consegui dizer o que desejava em menos de uma lauda, não posso deixar de citá-lo em fra-se lapidar: “Tenho saudades de um país que ainda não existe no mapa.”

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Artigo publicado de forma compactada. Acesse no link abaixo o texto na íntegra:http://revistageracaosustentavel.blogspot.com/2011/08/artigo-de-codigos-fatos-e.html

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N

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

a cidade de Mandaguari, norte do Pa-raná, o projeto Espaço Mulher vem melhorando a qualidade de vida dos seus colaboradores. Desenvolvido na

empresa Romagnole, o projeto visa criar uma po-lítica de equidade de gênero. Em encontros men-sais, as mulheres que trabalham na empresa têm a oportunidade de debater sobre questões voltadas ao ambiente de trabalho, postura profissional, re-lacionamento no ambiente de trabalho e saúde.

O projeto ainda está na sua etapa inicial, mas quando for concluída, terão início ações com base na demanda que for levantada pelas próprias mu-lheres, além da capacitação para os líderes de cada área da empresa sobre questões de gênero. “As participantes mostram em suas avaliações que ficaram satisfeitas com o espaço para colocar suas demandas e dificuldades, já que eram pou-co ouvidas e muitas vezes sofrem preconceitos”, conta a coordenadora de Gestão de Pessoas da empresa, Gisele Galatti.

Por meio da iniciativa do Espaço Mulher, a em-presa fez ainda uma parceria com o Sesi para a im-plantação do projeto Caminhos da Profissão, com o objetivo de proporcionar capacitação profissio-nal para os filhos e familiares dos colaboradores da Romagnole, e também cursos profissionalizan-tes para as esposas e filhas de colaboradores que estão desempregadas. Mas nem sempre foi assim. De acordo com Gisele, o espaço mulher surgiu em fevereiro de 2011, frente à percepção da empresa com relação às modificações sociais que surgiram com a ampliação do número de mulheres nas in-dústrias. O projeto piloto nasceu por meio de uma parceria com a FIEP e com o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). Hoje, a Romag-nole é considerada uma empresa cidadã que vem contribuindo com o desenvolvimento sustentável do Paraná.

Para criar uma ação com foco nas colaborado-ras da empresa, foi realizado um Círculo de Diálo-go com as mulheres voltado para o ODM 5 – Va-

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aline Presa

lorização da Mulher e Igualdade Entre os Sexos, e a aplicação de um questionário socioeconômico com o objetivo de obter informações das próprias mulheres para contribuir na elaboração do projeto e, desde então, tem dado bons resultados. Mas este é apenas um dos cases de sucesso do CPCE – que tem como responsabilidade mostrar que isso é possível por meio de ferramentas“ que não são de filantropia, mas de administração”, segundo Victor Barbosa, presidente executivo do Conselho, fazendo assim com que outras empresas as apli-quem em seus entornos.

Para o presidente que acumula 31 anos de ex-periência empresarial e em ações de responsabili-dade social, o Brasil não é o país mais adiantado quando se trata de consciência sustentável, mas aos poucos os exemplos já começam a aparecer. “Com o trabalho da FIEP e do CPCE, as pessoas co-meçam a perceber que o tripé da sustentabilidade impacta na boa governança, porque não existe boa governança sem o tripé da sustentabilidade”

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

inovação e incentivo às práticas de responsabilidade social corporativa

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afirma Barbosa, acrescentando ainda que o segre-do do sucesso está na simplicidade: “Nós damos a receita do bolo e as pessoas percebem que a coisa é bem mais simples do que se pensa”.

Criado em 2004 pela Federação das Indústrias do Paraná durante o Congresso Paranaense da In-dústria, o Conselho Paranaense de Cidadania Em-presarial conta hoje com 330 organizações entre indústrias e sindicatos, comércio e serviço, insti-tuições educacionais e terceiro setor. O projeto que nasceu com o objetivo de reunir as potencia-lidades e competências empresariais e promover o desenvolvimento sustentável do Paraná já é re-ferência no estado e está em contínua expansão com a criação de regionais em cidades do interior.

A coordenadora do Conselho, Fernanda Rocha, destaca a importância da regionalização dos CP-CEs. Por meio da sensibilização de sindicatos e de visitas as empresas, afirma Fernanda, a iniciativa tem sido muito bem recebida no interior. “Muitos têm interesse no tema, mas não sabem como fazer

“Com o trabalho do CPCe, as

pessoas começam a perceber que o tripé da sustentabilidade

impacta na boa governança,

porque não existe boa governança

sem o tripé da sustentabilidade”,

Victor Barbosa, presidente executivo

do Conselho

divulgação

Iniciativas do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial estimulam o desenvolvimento sustentável do Paraná gerando empresas cidadãs

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e acham muito difícil. Depois que damos alguma ideia, eles veem que são capazes de fazer algo e elaboram seus projetos”, diz a coordenadora so-bre o trabalho realizado com as regionais. O CPCE está instalado em Londrina e Maringá e, nos pró-ximos meses, Cascavel e Ponta Grossa também terão suas regionais.

Com a mobilização realizada pelo Conselho, muitas empresas do Paraná hoje são signatárias do pacto global e em suas práticas de negócios, adotam os valores fundamentais e internacional-mente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à

corrupção, refletidos em dez princípios (ver qua-dro), desenvolvidos pelo ex-secretário da ONU, Kofi Annan. “Anualmente, as empresas signatá-rias apresentam a um comitê um relatório com as ações realizadas de acordo com os princípios do pacto”, explica Fernanda Rocha.

Dividido em núcleos de trabalho, o conselho também articula e apoia ações e projetos de res-ponsabilidade socioambiental, investimento so-cial privado e ações de voluntariado por intermé-dio da participação dos profissionais de diferentes segmentos e setores da sociedade, organizados nos seguintes grupos: Núcleo Organizações do

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

1. Respeitar e proteger os direitos humanos;2. Impedir violações de direitos humanos;3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho;4. Abolir o trabalho forçado;5. Abolir o trabalho infantil;6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho;7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais;8. Promover a responsabilidade ambiental;9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente.10. Combater a corrupção em todas as suas formas inclusive extorsão e propina.

Princípios do Pacto Global

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Gilson Abreu

Sonia Ana Leszczynski, Victor Barbosa e Leonardo Boff durante a Palestra “Educando na Sustentabilidade”

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Terceiro Setor; Núcleo Indústrias e Sindicados; Nú-cleo Comércio, Serviço e Apoio ao Desenvolvimen-to e Núcleo Instituições Educacionais.

Por meio do núcleo Instituições Educacionais, a mais recente iniciativa do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial lançou o Movimento Pa-raná Educando na Sustentabilidade. A coordena-dora desse núcleo, Sonia Ana Leszczynski, define que o enfoque do movimento é muito amplo e vai muito além da visão ambiental. “A sustentabilida-de deve ser trabalhada em diferentes aspectos: social, econômico e ambiental, englobando as-sim vários fatores”, afirma. Segundo a psicóloga, é preciso primeiramente conscientizar as pessoas por meio da difusão da informação, para posterior-mente partir para um plano de ação.

Uma das ações desse movimento que busca a conscientização por meio da educação, foi a pales-tra realizada com o teólogo e professor Leonardo Boff, no dia 2 de agosto. Boff elogiou a iniciativa do CPCE de articular as instituições educacionais para a sustentabilidade e apontou que a educa-ção é a porta de entrada para um novo começo.

“O grande desafio é encontrar um meio de habitar o planeta de tal maneira que consigamos manter o equilíbrio da Terra, como ser vivo. E a educação pode promover a consciência cidadã, aquela ca-paz de proteger e cuidar de tudo que está ao nosso redor”, ressaltou o professor que foi um dos reda-tores da Carta da Terra.

Além da articulação e mobilização, o Conselho trabalha ainda com a criação de material didático sobre a visão da sustentabilidade e para os me-ses de setembro, outubro, novembro e dezembro o núcleo Instituições de Ensino prepara o Curso de Capacitação para Educação na Sustentabili-dade. Outro instrumento criado para motivar os empresários para reflexão e inspirá-los para uma nova cultura empreendedora que gere empresas voltadas não somente ao lucro, mas que priorize o ser humano na empresa e esta na comunidade em que se insere, é o guia Empresário do Tercei-ro Milênio, fundamentado nos Princípios do Pacto Global e nos Objetivos do Milênio (ODM). Até o fim do ano, O CPCE lançará um curso a distância com base nesse guia.

““Muitos têm interesse nessa área,

mas não sabem como fazer e acham muito difícil. Depois

que damos alguma ideia, eles vêem que são capazes de fazer

algo e elaboram seus projetos”, Fernanda Rocha coordenadora

do CPCE

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ma boa imagem organizacional é fundamental para se estabelecer no mercado, pois hoje não basta mais pensar apenas em vender.

Organizações bem-sucedidas preocupam-se em construir uma imagem sólida e positiva perante seus clientes.

Essa imagem está relacionada ao que a or-ganização “é”, “diz” e “faz”, e será favorável se houver consonância entre esses três quesi-tos e as exigências dos clientes. Preço e quali-dade já não são mais suficientes para garantir o sucesso das organizações em um mercado cada vez mais competitivo. Os consumidores, conscientes e preocupados com a sociedade e o meio ambiente, buscam produtos e ser-viços oferecidos por empresas sustentáveis. Essa é a realidade atual e a tendência para as próximas décadas.

O primeiro passo para as empresas que buscam ser sustentáveis é acreditar na sus-tentabilidade, adotando atitudes sustentá-veis em todos os setores e processos da or-ganização e em todos os níveis hierárquicos.

Reduzir o consumo é fundamental para evitar o desperdício de energia e recursos naturais. Aqui se engloba tanto a redução de produtos prontos, acabados, utilizados no dia a dia empresarial, como a matéria-prima utilizada na produção de produtos e recursos como água, energia, gás.

Quando do planejamento e gestão da sustentabilidade, a organização precisa rever todos os itens consumidos, analisando se é possível a redução deles, o que pode ser feito com atitudes simples e baratas como adqui-rir somente máquinas e equipamentos mais duráveis; reformar e consertar máquinas e equipamentos, quando possível; evitar pro-dutos descartáveis na organização (como o copinho do cafezinho, por exemplo); preferir materiais reciclados ou recicláveis (cartuchos de tinta para impressora e toners podem ser facilmente recondicionados, por exemplo); utilizar o correio eletrônico para comunicação entre setores e imprimir apenas o que for es-tritamente necessário; utilizar fontes de ener-

gia alternativa, entre outras ações. Acreditar, planejar e gerir a sustentabilidade dentro das organizações contribui para que as ações sustentáveis se tornem realidade e não ape-nas um conceito moderno utilizado somente para atrair clientes.

A sustentabilidade empresarial é funda-mental para garantir o sucesso da organiza-ção, ao mesmo tempo em que favorece o de-senvolvimento da sociedade e a manutenção de um meio ambiente saudável, promovendo a qualidade de vida para a atual e as próximas gerações. Tendo em vista que o mercado vem cada vez mais exigindo que a sustentabilidade seja tomada como atividade crítica pelas orga-nizações, tanto quanto a qualidade do produ-to ou serviço a ser oferecido, organizações que visam o sucesso incluem o meio ambiente na sua filosofia empresarial e adotam a sustenta-bilidade como questão estratégica para sobre-vivência e prosperidade dos seus negócios.

Aliando todas as atividades inerentes ao marketing com a preocupação ambiental, o Marketing Verde pode contribuir para o for-talecimento da imagem da marca e seduzir o consumidor, já que possibilita aos gestores a identificação e satisfação das exigências des-ses consumidores, de forma ao mesmo tem-po lucrativa e sustentável.

As atividades de marketing verde são vol-tadas para a minimização dos efeitos negati-vos sobre o ambiente físico ou melhoraria da sua qualidade; trata-se de uma importante ferramenta que contribui em todo o processo produtivo, do desenvolvimento do produto (ou serviço), entrega, até o seu descarte.

Assim o marketing verde surge como uma ferramenta para auxiliar as organizações no processo de entrega de valor aos seus clien-tes com garantia de preservação ambiental. Lembrando que o mesmo precisa ser traba-lhado na empresa de forma clara, com ações que possibilitem as mudanças cultural e es-tratégica, objetivando, assim, a melhoria nos resultados e a redução de custos. Tendo nas pessoas e na sua qualidade de vida a base solidificadora do sucesso!

U

As atividades de marketing verde são voltadas para a minimização dos efeitos negativos sobre o ambiente ou melhoraria da sua qualidade

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

eVandro raZZoToProfessor e Consultorem SustentabilidadeEmpresarial

Marketing verde como ferramenta estratégica de sucesso

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tão

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Page 49: Edição 24 - Geração Sustentável

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVELJosé Carlos BarBieri e Jorge emanuel reis CaJazeiraeditora saraiVa

MANUAL DO EMPREENDEDORComo construir um empreendimento de sucessoJerônimo mendeseditora atlas

LOGÍSTICA REVERSAEm busca do equilíbrioeconômico e ambientalPatriCia guarnierieditora CluBe de autores

AqUECIMENTO GLOBAL ECRéDITOS DE CARBONOrafael Pereira de souza (org.)editora quartier latin

ORGANIZAÇÕES INOVADORAS SUSTENTÁVEISJOSé CARLOS BARBIERIMOySéS ALBERTO SIMANTOBUma reflexão sobre o futuro das organizaçõesJosé Carlos BarBierimoysés alBerto simantoBeditora atlas

CIÊNCIA AMBIENTALTerra, um Planeta Vivodaniel B. Botkin e edward a. kellerltC editora

AUDITORIA AMBIENTAL fLORESTALJulis oráCio feliPeeditora CluBe dos autores

GESTãO PARA A SUSTENTABILIDADEJulis oráCio feliPeeditora CluBe dos autoreseditora atlas

ESCOLhAS SUSTENTÁVEISDiscutindo biodiversidade, uso da terra, água e aquecimento globalrafael morais ChiaraValloti e Cláudio Valadares Páduaeditora urBana

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Responsabilidade Social

Empresarial e Empresa

SustentávelDa teoria à prática

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Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

Escrever sobre Responsabilidade Social é um verdadeiro desa-

� o porque ainda não existe um consenso universal sobre o real sig-

ni� cado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda

estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribui-

ção a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabili-

dade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar

esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na in-

tenção de re� etir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o

tema com super� cialidade. Se os autores focam demais em uma

questão ou em um grupo pequeno de temas, � ca difícil transmitir

uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretan-

to, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadi-

lhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro

entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto

na profundidade quanto na abrangência.

• ALAN BRYDEN Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

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sten

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José Carlos Barbieri

Jorge Emanuel Reis C

ajazeira

José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EA-ESP-POI) desde 1992. Foi professor em reno-madas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Pau-lo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio am-biente e da responsabilidade social. Coor de na-dor do Centro de Estudos de Gestão Empresa-rial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Parti-cipou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certi� cação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês cientí� cos de diversas revistas e congressos cientí� cos, nacionais e internacionais, e de vá-rias agências de fomento.CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Enge-nheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Exe-cutivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Elei-to pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da nor-ma NBR 16001 – Responsabilidade Social e pre-sidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certi� cação socioam-biental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).CONTATO COM O AUTOR: [email protected]

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Publicações e Eventos

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Feira de Gestão da FAE apresenta soluções para os Desafios do MilênioDe 20 a 22 de setembro, Curitiba será palco da 11ª Feira de Gestão da FAE. Considerado um dos mais importantes eventos do Sul do País na área de business, a edição desse ano traz discussões e propostas inovadoras para cinco Desafios do Milênio: saúde, habitação, mobilidade, energia e inclusão. A estrutura do evento inclui a construção de uma arena com 1400 lugares, além da utilização do novo Teatro Bom Jesus, com capacidade para 600 pessoas, e do anfiteatro, para a realização das palestras magnas e dos painéis. No último dia, haverá a cerimônia de premiação FAE Desafios do Milênio, na qual serão apresentados os trabalhos vencedores sobre ações empreendedoras que envolvem a comunidade e o mercado em torno de atitudes mais sustentáveis. Local: FAE Centro Universitário – Rua 24 de Maio, 135 – Centro – Curitiba/PR. Mais informações e inscrições pelo site www.fae.edu/feiradegestao2011

Page 50: Edição 24 - Geração Sustentável

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