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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Edição 81 Ano VII - AGOSTO 2014 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Este veículo, transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem sobre temas dos projetos desenvolvidos pela Associa- ção “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos , com ênfase em assuntos pontuais e inerentes à sustentabilidade social e ambiental. Filipe de Sousa Os direitos humanos devem ser conside- rados como a concretização histórica do princípio da dignidade da pessoa humana, que como dito, encontra-se positivado, hoje, na Constituição Federal. O elo entre o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, os direitos humanos e os direitos de personalidade é um vínculo inquebrantável. Leia mais: Página 3 A conhecida Educação Ambiental surgiu no Brasil em meados de 1999, poucos anos antes do surgimento do ter- mo sustentabilidade. Sancionada como um projeto de lei, a Educação Ambien- tal tem como objetivo incentivar práticas ecológicas nas escolas e outras institui- ções de ensino, além de dissociar a ideia do antropocentrismo, isto é, de que o ho- mem é o centro das atenções, não ligado ao meio ambiente. Leia mais: Pág.10 A partir de 17 de agosto de 1965, o Decreto nº 56.747 estabeleceu o dia 22 de agosto para se comemo- rar o dia do Folclore em todo o ter- ritório Nacional e, por conseguinte, a semana que ocorre, Semana do Folclore. Assim, agosto passa a ser considerado o Mês do Folclo- re. Leia mais: Página 11 ASPECTOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR Podemos afirmar que o consumo é parte fundamental do cotidiano humano. Inde- pendente da origem ou classe social, to- dos nós somos forçados eventualmente a consumir bens ou serviços em nossa tra- jetória de vida. Leia mais: Página 13 Poluição pode ser entendida como qualquer alteração em um meio, de modo a torná-lo prejudicial ao homem e às outras formas de vida que este ambiente nor- malmente abriga, ou que pre- judique um uso previamente definido para ele. Assim, qualquer mudança em um ambiente, resultante da introdução de poluentes nes- te, na forma de matéria ou e- nergia, pode ser entendida como poluição. Geralmente, associa-se a po- luição aos malefícios que pos- sam ser causados ao homem. No entanto, ela pode resultar em danos a fauna e a flora, e até mesmo ao meio material. A legislação brasileira define poluição como a degradação da qualida- de ambiental Leia mais: Página 8 Instrumentos de democracia participativa Democracia é costumeiramente apresentado como um tipo de regime político. Geralmente, faz-se uma comparação entre democracia e suas vanta- gens ante a monarquia e a aristocracia, ficando seu conceito limitado a uma comparação entre regimes. Conhecida definição para democracia foi dada por Abraham Lincoln, que disse ser “o governo do povo, pelo povo, para o povo”. Essa defi- nição, embora sucinta, encerra a essência do que é a democracia. O mestre José Afonso da Silva (2006, p. 125) ensina que democracia não é um valor-fim, mas meio e instrumento de realização de valores essenciais de convivência humana, que se traduzem basicamente nos direitos fundamentais do homem. Leia mais: Página 12 Quase 98 anos depois de sua mor- te, pesquisas apontam Oswaldo Cruz como o símbolo do médico e do cientista brasileiro. Ele ganhou a fama ao vencer a febre amarela: flagelo que, no final do século XIX, transformou o Rio de Janeiro num “porto maldito”. Leia mais: Página 2 UBALDO, RUBEM e ARIANO Todos se foram em uma semana que o Brasil vai demorar para esquecer. Restaram-nos suas OBRAS Até que ponto a tecnologia faz mal na infância? Se antes grande parte dos pequenos passava o dia brincando na rua com os amigos, hoje é cada vez mais comum vermos crianças dentro de casa a maior parte do tempo. Tal realidade foi a- carretada por diversos fatores ao longo dos anos — como o quesito “segurança”, especialmente em cida- des grandes. Mas a tecnologia também tem um dedo nessa história. Afinal, a tecnologia faz mal às crian- ças? Leia mais: Página 14

Edição 81 Ano VII - AGOSTO 2014 Distribuição Gratuita · A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download e ... (Diniz, Maria Helena

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Edição 81 Ano VII - AGOSTO 2014 Distribuição Gratuita

Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

Este veículo, transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem sobre temas dos projetos desenvolvidos pela Associa-ção “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos , com ênfase em assuntos pontuais e inerentes à sustentabilidade social e ambiental.

Filipe de Sousa

Os direitos humanos devem ser conside-rados como a concretização histórica do princípio da dignidade da pessoa humana, que como dito, encontra-se positivado, hoje, na Constituição Federal.

O elo entre o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, os direitos humanos e os direitos de personalidade é um vínculo inquebrantável.

Leia mais: Página 3

A conhecida Educação Ambiental surgiu no Brasil em meados de 1999, poucos anos antes do surgimento do ter-mo sustentabilidade. Sancionada como um projeto de lei, a Educação Ambien-tal tem como objetivo incentivar práticas ecológicas nas escolas e outras institui-ções de ensino, além de dissociar a ideia do antropocentrismo, isto é, de que o ho-mem é o centro das atenções, não ligado ao meio ambiente. Leia mais: Pág.10

A partir de 17 de agosto de 1965, o Decreto nº 56.747 estabeleceu o dia 22 de agosto para se comemo-rar o dia do Folclore em todo o ter-ritório Nacional e, por conseguinte, a semana que ocorre, Semana do Folclore. Assim, agosto passa a ser considerado o Mês do Folclo-re.

Leia mais: Página 11

ASPECTOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR

Podemos afirmar que o consumo é parte fundamental do cotidiano humano. Inde-pendente da origem ou classe social, to-dos nós somos forçados eventualmente a consumir bens ou serviços em nossa tra-jetória de vida.

Leia mais: Página 13

Poluição pode ser entendida como qualquer alteração em um meio, de modo a torná-lo prejudicial ao homem e às outras formas de vida que este ambiente nor-malmente abriga, ou que pre-judique um uso previamente definido para ele. Assim, qualquer mudança em um ambiente, resultante da introdução de poluentes nes-te, na forma de matéria ou e-nergia, pode ser entendida como poluição. Geralmente, associa-se a po-luição aos malefícios que pos-sam ser causados ao homem. No entanto, ela pode resultar

em danos a fauna e a flora, e até mesmo ao meio material. A legislação brasileira define poluição como a degradação da qualida-de ambiental Leia mais: Página 8

Instrumentos de democracia participativa

Democracia é costumeiramente apresentado como um tipo de regime político. Geralmente, faz-se uma comparação entre democracia e suas vanta-gens ante a monarquia e a aristocracia, ficando seu conceito limitado a uma comparação entre regimes. Conhecida definição para democracia foi dada por Abraham Lincoln, que disse ser “o governo do povo, pelo povo, para o povo”. Essa defi-nição, embora sucinta, encerra a essência do que é a democracia. O mestre José Afonso da Silva (2006, p. 125) ensina que democracia não é um valor-fim, mas meio e instrumento de realização de valores essenciais de convivência humana, que se traduzem basicamente nos direitos fundamentais do homem. Leia mais: Página 12

Quase 98 anos depois de sua mor-te, pesquisas apontam Oswaldo

Cruz como o símbolo do médico e do cientista brasileiro. Ele ganhou a

fama ao vencer a febre amarela: flagelo que, no final do século XIX, transformou o Rio de Janeiro num

“porto maldito”. Leia mais: Página 2

UBALDO, RUBEM e ARIANO Todos se foram em uma semana que o Brasil

vai demorar para esquecer.

Restaram-nos suas OBRAS

Até que ponto a

tecnologia faz mal

na infância?

Se antes grande parte dos pequenos passava o dia brincando na rua com os amigos, hoje é cada vez mais comum vermos crianças dentro

de casa a maior parte do tempo. Tal realidade foi a-carretada por diversos fatores ao longo dos anos — como o quesito “segurança”, especialmente em cida-des grandes. Mas a tecnologia também tem um dedo nessa história. Afinal, a tecnologia faz mal às crian-ças? Leia mais: Página 14

Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download e

visa a atender à Cidade de São Paulo e suas Regiões Metropolitanas.

Vale do Paraíba Paulista, Serrana da Mantiqueira, Litoral Norte Paulista, Bragantina e Alto do Tietê e ABC Paulista. Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J Revisão dos textos: Drª. Claudia Andreucci

Veículo divulgador da Associação

“Formiguinhas do Vale”

Gazeta Valeparaibana é um MULTIPLICADOR do Projeto Social

“Formiguinhas do Vale” e está presente

mensalmente em mais de 80 cidades do Cone

Leste Paulista, com distribuição gratuita em

cerca de 2.780 Escolas Públicas e Privadas de

Ensino Fundamental e Médio.

“Formiguinhas do Vale” Uma OSCIP - Sem fins lucrativos

Cidadania Meio

Ambiente

Formiguinhas do Vale www.formiguinhasdovale.org

A Associação tem como princi-pal objetivo interferir nas mudanças compor-tamentais da sociedade que o momento exi-ge, no que tange a preservação ambiental, sustentabilidade e paz social, reflorestamen-to, incentivo à agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares, preservação dos ecossistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico além, de incentivar a preser-vação e o conhecimento de nossas culturas e tradições populares. Formalizado através do Projeto Social ‘EDUCAR - Uma Janela para o Mundo’ e multiplicado e divulgado através deste veículo de interação.

Projetos integrados: • Projeto “Inicialização Musical” Este projeto tem por finalidade levar o conhecimento musical, a crianças e adultos com o fim de formar grupos multiplicadores, sempre incentivando a música de raiz de ca-da região, ao mesmo tempo em que se evi-denciam as culturas e tradições populares de cada região. Inicialmente iremos formar tur-mas que terão a finalidade de multiplicação do conhecimento adquirido, no projeto, em cada Escola e em suas respectivas comuni-dades.

• Projeto “Viveiro Escola Planta Brasil” Este projeto visa a implantação de um Viveiro Escola, especializado em árvores nati-vas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele nos-sas crianças irão aprender sobre os ecos-sistemas estudados, árvores nativas, técni-cas de plantio e cuidados; técnicas de com-postagem e reciclagem de lixo doméstico, etc. Tudo isto, integrando-se o teórico à práti-ca, através de demonstrações de como plan-tar e cuidar, incentivando e destacando tam-bém, a importância da agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares. Serão for-madas turmas que terão a finalidade de se tornarem multiplicadoras do conhecimento adquirido em cada comunidade.

• Projeto “Arte&Sobra” Neste Projeto Social iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finalida-de de preservação dos espaços urbanos e, como fator de geração de renda. Também se-rão formadas turmas multiplicadoras de co-nhecimento, que terão como função a forma-ção de cooperativas ou grupos preservacio-nistas em suas comunidades.

• Projeto “SaciArte” Este projeto é um formador de grupos musicais onde as culturas regionais e a músi-ca de raiz sejam o seu tema. Primeiramente será formado um grupo composto por crian-ças, adolescentes e adultos com responsabi-lidade de participação voluntária, no grupo da comunidade da Região Cajuru na Zona Leste de São José dos Campos.

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Editorial

Rádio web CULTURAonline Brasil NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Socie-dade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebr.org

CADÊ SEU ESPELHO? Por que será que aquilo que está em nós, insistimos em jogar, culposamente, nos outros? O que não queremos enxergar em nós mesmos, refletimos nos espelhos deslocados e desfocados de várias outras pessoas e, quase sempre, não nos identificamos com nenhuma delas. Vivemos num faz de conta, não assumimos posturas perante a vida, aceitamos qualquer julga-mento ou deixamos vir ao nosso encontro o que nem sempre queremos ou escolhemos e esse estado de “paralisia” pode levar-nos a becos escuros e à depressão porque perdemos a capaci-dade de interagir com aquilo que realmente cultivamos e alcançamos, seja o mais íntegro ou frag-mentos que carregamos dentro de nós. Recusamos o que somos e nos envolvemos com pessoas com as quais não temos afinidades e que tomam conta de nossas vidas. Seria como recusar o maior presente que Deus nos deu que é a vida e o livre arbítrio, para ficarmos em busca de recompensas ou culpas em outros espelhos que não são os nossos. Afinal, cada espelho é pessoal e cada um deve ter sua própria sombra. Deixemos vir ao nosso encontro, seja com afinidades ou convergências, somente o que quere-mos e escolhemos, como se guardássemos uma chama todas as noites... Se vivermos de forma transparente a vida será melhor e, mesmo quando ela nos trouxer momen-tos difíceis pelos quais teremos que passar, ainda assim, poderemos protagonizar nossas vidas e somente protagonistas regem espetáculos... Deixemos cair nossos confortáveis disfarces. Não ganharemos pontos nos escondendo do que dá medo ou de quem nos reprova. Cada um tem que ver a vida da forma que conhece e de acordo com o ambiente que foi criado ou onde viveu, assim como a diferença entre o menino da rua, o da periferia e o da classe mais favorecida. Todos tem seu valor na Terra, somos criativos, produtivos e importantes para quem nos conhece. O destino se cumprirá e a morte certamente chegará, mas o que deixaremos será apenas o que fomos e como vivemos, faremos falta por nossa importância e para quem nos carregar dentro de si. Reflitamos sobre nossas questões e aprendamos nessa escola a enfrentarmos qualquer tipo de escuridão que nos aprisione, não nos suicidemos pela alma, vivamos plenamente cada experiên-cia, aceitemos com calma cada momento ruim e imaginemos a melhor forma de sairmos dela. A calma nos trará pensamentos coerentes e bons resultados. Não abramos mão do caminho até a felicidade e mesmo que sejamos inadequados, ainda pode-remos rir e, se não pudermos mudar nossas vidas, temos que contá-las aos nossos filhos e netos, para que eles, através de nossas experiências, possam mudar o curso deles.

Genha Auga Jornalista MBT: 15.320

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Todas as matérias, reportagens, fotos e

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Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 3

Brasil - Políticas

DIREITOS DA PERSONALIDADE E O

RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA

HUMANA

O efetivo reconhecimento dos direitos de personalidade sofreu sérios entraves técnico-jurídicos, vez que são direitos em que há confusão entre objeto e sujeito.

Após a Segunda Guerra Mundial, diante das agressões causadas pelos governos totalitários à dignidade huma-na, tomou-se consciência da importância dos direitos da personalidade para o mundo jurídico, resguardando-os na Assembléia Geral da ONU de 1948, na Convenção Européia de 1950 e no Pacto Internacional das Nações Unidas (Diniz, Maria Helena. Curso..., vol I, p. 118). Foi, portanto, com a Declaração Universal dos Direitos Hu-manos que, de fato, os direitos da personalidade tiveram destaque (LOTUFO. Código civil comentado, p. 48).

Com a aceleração do desenvolvimento tecnológico – pós-guerra – ou seja, com a tensão causada pelo de-senvolvimento, o homem passa a reivindicar um espaço seu, ou melhor, um direito que contemple a especificida-de de sua personalidade. Isso não ocorre com uma reto-mada de concepção individualista ou liberal, mas com a exaltação de uma visão personalista e ética de forma-ção e desenvolvimento do ordenamento jurídico (CAPELO DE SOUSA. O direito geral de personalida-de).

Os direitos da personalidade tutelam a integridade do ser humano. Há, para análise da proteção da personali-dade uma tripartição da personalidade nas respectivas: a)integridade física, compreendendo: vida, alimentos, próprio corpo (vivo ou morto), corpo alheio e partes se-paradas do corpo; b) integridade intelectual, compreen-dendo: liberdade de pensamento, autoria científica, lite-rária e artística e, por fim; c) integridade moral, compre-endendo: honra, segredo profissional, segredo domésti-co, direito de autor, identidade familiar, pessoal e social.

Contudo, este rol de direitos de personalidade é unica-mente exemplificativo. Quando o tema é a personalida-de humana, em nosso sentir, não cabe falar de taxa vida de ou esgotamento de direitos. Não podemos limitar os

direitos de personalidade, posto que são o mínimo para que se tenha a existência digna de um ser humano.

Leciona NELSON ROSENVALD que em apressada aná-lise, poderia o intérprete acreditar que o legislador cons-tituinte abraçou a teoria pluralista dos direitos da perso-nalidade com explícita limitação de proteção apenas àqueles valores consagrados como direitos fundamen-tais. Nenhuma previsão normativa, porém, adquire pre-tensão exaustiva nessa seara. As exigências do ser hu-mano não serão condicionadas a tipos rígidos, pois elas assumem dignidade superior (ROSENVALD.Dignidade humana e boa-fé no código civil).

A satisfação de tais reivindicações, portanto, não vêm, a nosso ver, pelo aumento do número dos direitos especi-ais da personalidade, mas pela consagração de um di-reito geral de personalidade. O que se propugna, por-tanto, é uma cláusula geral de proteção ao ser humano, ou seja, aos seus direitos mais essenciais. O direito ge-ral de personalidade, sob tal perspectiva, pode ser utili-zado para a criação desta cláusula geral de tutela da pessoa, servindo de instrumento adequado para a efeti-vação do princípio da dignidade humana (GARCIA. O direito geral de personalidade no sistema jurídico brasi-leiro).

Assim, o direito geral de personalidade encontra, no direito brasileiro, reconhecimento, não só no princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III da CF), mas com muito vigor, ainda, no art. 12 do CC que traça uma tutela geral aos direitos de personalidade. Isto porque a aferição objetiva da tutela geral do art. 12 do CC depende da inserção e conjunção de ou-tros dispositivos de lei (tais como: o solidarismo constitu-cional do art. 3º, I da CF), que resultarão na subsunção do fato concreto em dispositivo de efetiva proteção da personalidade do indivíduo.

Tal direito geral de personalidade, assim, é consectário lógico e inabalável do direito humano a existência digna. Parece-nos que a proteção da dignidade humana por uma cláusula geral de direitos da personalidade acomo-da de maneira mais confortável a finalidade de proteção extrapatrimonial do homem, da sua dignidade.

Consideram-se, como da personalidade, os direitos re-conhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade, previstos no ordena-mento jurídico exatamente para a defesa de valores ina-tos do homem.

Há uma série aberta de relações e os direitos da perso-nalidade não podem ser vistos como taxativos, mas sim de maneira aberta. Além disso, o ser humano tem valor unitário e a cisão feita para o estudo, para fins didáticos da matéria, não prejudica esta unicidade. (PERLINGIERI. La personalità umana nell’ordinamento giuridico).

A aferição dos direitos de personalidade e das medidas para sua tutela, portanto, deve ser feita em cada relação jurídica. Os direitos da personalidade não podem, de maneira alguma, constituir um rol taxativo, pois são di-reitos que o homem possui, apenas pela sua condição humana.

O ponto de convergência que motiva a presente digres-são pode, agora, ser delimitado de maneira um pouco mais confortável.

Ora, avulta, à evidência, que os direitos da personalida-de possuem uma intrínseca ligação com o princípio da dignidade da pessoa humana. É de se notar que, em verdade, a temática da dignidade da pessoa humana, donde são extraídos, em observação legal, os direitos de personalidade, possui estreita e profícua ligação com os direitos humanos e com o Estado Democrático.

O valor da pessoa humana é traduzido juridicamente pelo princípio constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana, assegurando o mínimo respeito ao ser humano dotado de igual dignidade, sendo esse, co-mo já denotado, inclusive, um princípio explícito dentro de nosso ordenamento.

O princípio fundamental da dignidade da pessoa huma-na, positivado, funciona como cláusula aber-ta e respalda, desta feita, o surgimento de novos direitos não expressos na Constituição de 1988, como por e-xemplo: os direitos humanos, constitucionalizados por via da dignidade da pessoa humana.

Os direitos humanos devem ser considerados como a concretização histórica do princípio da dignidade da pessoa humana, que como dito, encontra-se positivado, hoje, na Constituição Federal.

O elo entre o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, os direitos humanos e os direitos de personalidade é um vínculo inquebrantável.

Por tal motivo, inclusive, mesmo havendo dissonância doutrinária, alguns doutrinadores denotam que os direi-tos humanos e os direitos de personalidade são os mes-mos. Os direitos da personalidade são essenciais à pes-soa humana para que se possa estabelecer o tratamen-to justo e igualitário entre as pessoas. Referidos direitos tutelam a integridade e a dignidade da pessoa humana, desse modo, compreendem a essencialidade do ser, conformando uma noção de mínimo existencial.

Em resumo, pelo valor maior que representam, ou seja: a dignidade da pessoa humana, temos, por inexorável, o elo entre os direitos humanos e os direitos da personali-dade.

Fábio Vieira Figueiredo

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O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de

jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem.

Rubem Alves, 2002

Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 4

Saúde

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5 de agosto: DIA NACIONAL DA SAÚDE

Esse dia foi escolhido em homenagem ao grande médi-co, cientista, epidemiologista, sanitarista, e gestor públi-co Oswaldo Cruz que nasceu em 05 de agosto de 1872. Quase 98 anos depois de sua morte, pesquisas apon-tam Oswaldo Cruz como o símbolo do médico e do cien-tista brasileiro. Ele ganhou a fama ao vencer a febre amarela: flagelo que, no final do século XIX, transformou o Rio de Janeiro num “porto maldito”.

Combateu também a varíola e a peste bubônica. Em sua trajetória foi ferozmente atacado por causa de suas campanhas sanitárias. Teve que enfrentar não só as doenças, como a incompreensão de seus contempo-râneos. A vacinação obrigatória contra a varíola, por ele proposta, provocou violenta revolta no Rio, em 1904. Graças à obstinação desse médico, a vacinação se tor-nou prática corriqueira no Brasil e a preocupação com a saúde pública se implantou em definitivo. O grande sanitarista promoveu expedições científicas que mapearam as principais questões da saúde em todo o Brasil.

A Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, pioneiro e reputa-do centro de medicina experimental, se tornou seu prin-cipal legado.

Oswaldo Cruz é um dos maiores pilares da história da saúde no Brasil. Na sua luta patriótica pela saúde, foi uma das mais fortes lideranças no avanço da política sanitária impulsionando definitivamente o progresso do país.

Na pesquisa sobre percepção pública de ciência e tec-nologia em nosso país, conduzida em 2010, Oswaldo Cruz foi o cientista mais lembrado pelos entrevistados. É indiscutivelmente um herói nacional. Morreu em 1917 aos 44 anos.

Mas qual é a melhor definição de SAÚDE? A definição de saúde possui implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença; sem dú-vida, a definição mais difundida é a encontrada no pre-âmbulo da Constituição da Organização Mundial da Sa-úde: saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Quando a Organização Mundial da Saúde foi criada, pouco após o fim da Segunda Guerra Mundial, havia uma preocupação em traçar uma definição positiva de saúde, que incluiria fatores como alimentação, atividade física, acesso ao sistema de saúde e etc. O "bem-estar social" da definição veio de uma preocupação com a devastação causada pela guerra, assim como de um otimismo em relação à paz mundial — a Guerra Fri-a ainda não tinha começado. A OMS foi ainda a primeira organização internacional de saúde a considerar-se res-ponsável pela saúde mental, e não apenas pela saúde do corpo.

A definição adotada pela OMS tem sido alvo de inúme-ras críticas desde então. Definir a saúde como um esta-do de completo bem-estar faz com que a saúde seja algo ideal, inatingível, e assim a definição não pode ser usada como meta pelos serviços de saúde. Alguns afir-mam ainda que a definição teria possibilitado uma medi-calização da existência humana, assim como abusos por parte do Estado a título de promoção de saúde. Por outro lado, a definição utópica de saúde é útil como um horizonte para os serviços de saúde por estimular a pri-orização das ações. A definição pouco restritiva dá liber-dade necessária para ações em todos os níveis da orga-nização social.

Christopher Boorse definiu em 1977 a saúde como a simples ausência de doença; pretendia apresentar uma definição "naturalista". Em 1981, Leon Kass questionou que o bem-estar mental fosse parte do campo da saúde; sua definição de saúde foi: "o bem-funcionar de um or-

ganismo como um todo", ou ainda "uma atividade do organismo vivo de acordo com suas excelências especí-ficas." Lennart Nordenfelt definiu em 2001 a saúde como um estado físico e mental em que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias.

As definições acima têm seus méritos, mas, provavel-mente, a segunda definição mais citada também é da OMS, mais especificamente do Escritório Regional Eu-ropeu: A medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessi-dades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A sa-úde é, portanto, vista como um recurso para a vida diá-ria, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um con-ceito positivo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os principais determinantes da saúde incluem o ambiente socioeconômico, o ambiente físico e as características e comportamentos individuais da pessoa.

O ambiente físico é talvez o fator mais importante que deve ser considerado na classificação do estado de saú-de de um indivíduo. Isso inclui fatores como água e ar limpos, casas, comunidades e estradas seguras, todos contribuindo para a boa saúde.

A OMS define ainda a Engenharia sanitária como sendo um conjunto de tecnologias que promovem o bem-estar físico, mental e social. Sabe-se que sem o saneamento básico a saúde pública fica completamente prejudicada. A OMS reconhece ainda que a cada unidade monetária despendida em saneamento economiza-se cerca de quatro a cinco unidades em sistemas de saúde e que cerca de 80% das doenças mundiais são causadas por falta de água potável suficiente para atender as popula-ções necessitadas.

A saúde é um direito humano e social. Cabe aos gover-nos e à sociedade encontrar os meios necessários para que seja assegurada de modo universal e igualitário, respeitando-se a autonomia e a diversidade de indiví-duos, grupos e populações, de acordo com as necessi-dades. Claudia Andreucci

Mito ou verdade: dormir depois do almoço engorda?

Quem nunca sentiu, depois do almoço, aquele soninho gostoso? Pois é. Tudo o que muitas pessoas desejam é conse-guir tirar um tempo para dormir um pouquinho e depois seguir com as atividades do dia. E sabem o que dizem as pesqui-sas? Que cochilar meia hora depois do almoço faz muito bem para a saúde. Isso mesmo. Revigora e recompõe as forças permitindo, inclusive, maior produtividade à tarde. E o melhor de tudo: NÃO engorda. Portanto, é MITO. Se você puder,

coma saudável e cochile tranquilamente meia hora depois do almoço, sem medo de engordar!

Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

Educação na internet Netiqueta, você tem? Netiqueta, (fusão das palavras net + etiqueta) Desde os primórdios da civilização, sabemos que o homem para viver em sociedade necessita de regras. Para evitar conflitos e divergências de todo tipo é que surgiram as normas jurídicas, as leis. Para que direitos básicos sejam resguardados, surgiu o Direito. Por direitos básicos, entendam, Direitos Humanos (fundamentais), garantidos e assegurados pela Constituição Federal. As regras básicas devem existir, para que se tenha uma coexistência pacífica, para que a vida em sociedade seja organizada, a fim de evitar conflitos e tensões.As regras fazem parte da nossa vida, e com a internet não é diferente. O que ocorre é que a dificuldade em interpretar o que o outro está querendo dizer, acontece com

mais frequência. Não estamos vendo às reações, o tom de voz, a expressão da pessoa com a qual estamos nos comunicando, e um texto, uma frase, até uma palavra, pode dar margem a várias interpretações, se não for bem colocada, ou, se não seguirmos determinadas regrinhas. Sim, existem regras para que a boa convivência com outros usuários do mundo virtual aconteça de maneira correta, para que o outro possa nos entender. Uma comunica-ção eficiente pode nos trazer grandes benefícios, e se for uma comunicação agradável, melhor ainda. Aquele que está do outro lado, recebendo nossa mensagem, seja em chats, redes sociais onde a comunicação acontece simultaneamente, email, fóruns, lista de discussão, ou outra forma de comunicação virtual, precisa entender o que queremos dizer. Para isso temos a Netiqueta. O que é? Nada mais do que a maneira como devemos nos comunicar no mundo virtual. São as regras, as normas gerais, a maneira correta de escrever, é a etiqueta do mundo virtual. São regras de comportamento, códigos utilizados para nos expressarmos melhor. Uma das regras básicas é escrever como escrevemos normalmente, utilizando maiúsculas e minúsculas quando necessário. Se utilizar apenas letras maiúsculas, significa que você está gritando com o outro. Existem outras maneiras de dar ênfase ao que falamos, utilizando, por exemplo, o negrito, o sublinhado. Outra boa dica é usar os “emoticons” ou “smiles” para comunicar o seu humor, evite usar siglas, palavras repetidas, palavras em inglês. Não se esqueça da pontuação, essencial para não sermos mal compreendidos. Existem pessoas que esquecem completamente das boas maneiras, tratando todo tipo de assunto nas redes sociais. Falam da sua vida, da vida alheia, falam mal de alguém, julgam e dei-xam o bom senso de lado. Temos que ter cuidado com as postagens de fotos também, as nossas e as que envolvem outras pessoas. Devo cuidar para não expor a intimidade de ninguém. A educa-ção, o respeito e a nossa conduta, devem ser os mesmos independente do lugar, e na internet estamos interagindo o tempo todo, só que a abrangência do que fazemos e dizemos é muito maior. Alcançamos muito mais pessoas do que normalmente faríamos se a nossa conversa acontecesse pessoalmente. Certas atitudes podem aborre-cer alguns usuários quando não sabemos usar a internet de forma adequada, quando desrespeitamos as regras de “Netiqueta”. Não devemos achar que podemos “tudo”, que não seremos descobertos ou que não haverá consequências. A tecnologia de hoje permite que sejamos encontrados, então “Não Podemos Tudo”. Dizem por aí que a “ internet é terra de ninguém”, utilizou mal, poderá ser responsabilizado sim! Regras Básicas: ( Que todos deveriam saber) Fale, não GRITE! (escrever com maiúsculas é o mesmo que gritar); SorrriaJ, pisque;) chore &-(... utilize os “emoticons” ( smiles) para se comunicar; Emails (Diga o assunto), não envie os nomes dos remetentes anteriores; Arquivos (Envie arquivos anexados apenas quando necessário ) Parágrafos (É boa prática deixar linhas em branco entre blocos de texto) Respostas (Procure responder a todas as mensagens pessoais) Não roube conteúdo ou fotos alheias; Não poste conteúdos inapropriados; Seja claro, objetivo, escreva corretamente; O assunto em torno da “Netiqueta” já tomou tamanha importância, que existem vídeos falando sobre o assunto, blogs, e até livros sendo lançados com esse tema. O não cumprimento dessas regras pode causar muitas dores de cabeça. Mas o mais importante mesmo é respeitar para ser respeitado. Não vamos fazer aos outros, o que não gostaríamos que fizessem com a gente. Isso é uma regra básica, e se a seguirmos já estaremos acertando pelo menos 50%, e isso não é só na internet, é na vida tam-bém!

Mariene Hildebrando Especialista em Direitos Humano

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Na cidade, a pressão da opinião pública é capaz de fazer o que a lei não consegue

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políticos não vem do nada. Para que existam bons políticos para administrar o país, toda a sociedade

precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso.

É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situação atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 6

A advocacia

O ADVOGADO - A ADVOCACIA MUTAÇÕES E SITUAÇÃO ATUAL

Muito já falamos sobre a data de 11 de Agos-to, dia da instituição dos Cursos Jurídicos no Brasil, Dia do Advogado.

Confessamos agora, que não há clima para uma análise profunda sobre o tema "Advogado"; o tempo é ruim, mas houve épo-ca muito pior, em que todas as celeumas sur-gidas em torno do advogado e da advocacia tiveram origem no descalabro em que coloca-ram o ensino do Direito, e isto é público e no-tório. A hora exige objetividade.

Dessa forma, com todo respeito, ouso dizer com relação à advocacia e sua função social, que todos somos advogados em comunidade, pois isolada ou conjuntamente, temos e exer-cemos direitos e obrigações, lutamos contra as arremetidas injustas dos direitos básicos do cidadão e da sociedade, no sentido de que todos são iguais perante a lei, caracterizados nesta premissa, os mandamentos constitucio-nais e as relações entre os indivíduos e, entre estes e o Estado.

Nesse contexto genérico, há que salientar em nossa conduta profissional e social, a defesa intransigente às liberdades públicas submeti-das a força e a coação, aos direitos e garanti-as individuais, enfim, ao desenvolvimento e distribuição da justiça, pois sabido é, ser o ad-vogado quem movimenta a máquina judiciária defendendo os direitos dos cidadãos, defesa esta que não deve cingir-se às lides forenses, mas também por sua participação na vida po-lítica da comunidade em que atua.

De outro lado, é bem verdade que devido às profundas transformações político-sócio-econômicas atravessadas pelo Brasil nas últi-mas décadas, criaram uma situação toda pe-culiar para o advogado.

Tomemos como exemplo, neste particular, a educação universitária, que recebeu enorme incentivo governamental acarretando uma ex-plosão até certo ponto saudável, criando, po-rém, em algumas profissões, verdadeiros ca-taclismos com resultados lamentáveis. Exem-plificando tal fato, porque está em nossa área, o ensino do Direito.

A criação de dezenas de faculdades, sem re-al compromisso com a educação, expõe a ati-vidade à atroz competição, face à colocação no mercado de milhares de jovens desprepa-rados, com enormes dificuldades de sobrevi-vência profissional. O resultado aí está.

Bacharéis uns, paqueiros outros, advogados poucos; enfim todos precisando de cuidados especiais no seu âmbito profissional. Uma coi-sa é certa. Todos são candidatos certos à e-norme frustração.

Assim, só nos resta a esperança de que a nova geração de advogados, em que pese a duvidosa qualidade do ensino superior, se prepare para reconquistar e fazer jus ao con-ceito e ao lugar que lhe cabe na sociedade. É que o advogado, tem que cumprir sua função social e isto é inarredável, sob pena do escár-nio popular. Para tanto, é extremante neces-sário o domínio sobre a língua, não abando-nar os livros ao deixar a faculdade, estudar sempre e sempre o Direito, a lei, o processo, bem como acompanhar a Jurisprudência. O advogado tem que ser independente no seu magistério. O advogado que faz da profissão seu meio e razão de vida não deve e nem po-de exercer outra função fora do seu magisté-rio. Por isso é que, ao lado dos aspectos ne-gativos já examinados, temos a outra face da medalha, que confirma no mundo contempo-râneo, as necessidades e obrigações do pro-fissional.

É que o desenvolvimento abrupto do País vem exigindo formas ou tipos novos de advo-cacia, não compreendidos na advocacia clás-sica.

Mudam-se aos poucos os conceitos tradicio-nais, antes vincados exclusivamente sobre litígios judiciais, agora, a advocacia se espar-rama e transborda para fora do contencioso.

É um caminho vasto, farto e espinhoso, que exige do profissional flexibilidade e ajusta-mento, pede novas normas de conduta, suge-re armas novas e outros princípios ético-

ortodoxos. Como sugere o eminente Dr. Mc. Luhan: "O nosso é o tempo de romper barrei-ras, suprir velhas categorias, de fazer sonda-gens em todas as direções".

Estas características há tempos desnudadas e evidenciadas pelo Prof. Orlando Gomes na sua tese denominada "Meios de Assegurar as Prerrogativas Profissionais - Recife - 1968" que, em outras palavras afirma que dois fato-res ocorrem para deslocar o eixo da advocaci-a: os processos da industrialização e a cres-cente intervenção do Estado na vida social. Como vemos, de um lado temos o fator eco-nômico, de outro o político.

O industrialismo inegavelmente repercutiu no estilo da profissão do advogado, no seu modo de exercício e na própria natureza do vínculo com os clientes, os quais hoje, mais do que defensores, precisam de consultores que pre-param e orientam suas relações com tercei-ros.

O fator político tem por base o intervencionis-mo estatal na propriedade privada, cada vez mais frequente, representado seja pela tribu-tação excessiva, seja pela atribuição de cer-tos privilégios fiscais ou processuais. Exata-mente nesse contexto é que deve aparecer o advogado já "adequado ao meio jurídico atu-al". Evidentemente, que, por tudo que se dis-se acima, não se deve desprezar princípios consagrados em nosso Direito. Queremos é defender a tese de que tais institutos, na me-dida do possível e das necessidades sociais, sejam adequados ao atual contexto, pois o Direito é ciência social e como tal, sempre di-nâmica.

Finalizando, resta dizer que as transforma-ções têm seu preço. Com efeito, dúvida não há que muita água tem que correr até que se ajustem, sem riscos, as tradicionais concep-ções da advocacia e do advogado militante, às exigências do tempo.

Cremos também que com orientação e vigi-lância dos órgãos competentes, as Faculda-des de Direito recém criadas se adaptarão aos requisitos mínimos do ensino honesto, pois o Brasil é um País gigante e como tal precisa de advogados e de uma advocacia gigante, em homenagem à Justiça e à ciência do Direito, esta que vai muito além da alma e da razão.

Tiberany Ferraz Santos

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"É muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos"

Ariano Suassuna

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Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 7

Contos, Poesias e Crônicas

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SUASSUNA FOI PRO CÉU

Neste 23 de julho,

Suassuna foi pro céu.

A Compadecida, ao vê-lo,

fez o maior escarcéu:

"Eis que chega mais um cabra

que sempre amou bom cordel!"

"Amei cordel e soneto; mais que tudo, amei meu povo e o sertão que me inspirou a fazer teatro novo; com a força Armorial até hoje me comovo."

"Chego bem, venho tranquilo, não pedi nenhum socorro. Testamento do escritor não é como o do cachorro: sei que as minhas obras ficam mesmo bem depois que morro."

O sertão fica mais pobre, mas o céu fica mais rico: Ariano Suassuna, nas asas de um tico-tico, foi visitar Rubem Alves e acabou dizendo: eu fico.

Juntos viram João Ubaldo e outro Poeta querido. Essa feira literária vem causar grande alarido: com escritor de primeira eis que o céu tá bem servido!

Estou certo de que o céu nem se abrisse um edital conseguiria uma equipe de tanta força e astral para compor a mais nova redação celestial.

Com esse rol de escritores

de talento extraordinário,

o Brasil, em verso e prosa,

enriquece o relicário,

tornando assim nosso céu

cada vez mais literário.

Via: Cordéis Joseenses

"Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento

essa dura e fascinante tarefa de viver."

(Ariano Suassuna)

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa Programa: Noites de Domingo - Todos os Domingos ás 20 horas

ARIANO SUASSUNA

Sexto ocupante da Cadeira nº 32, eleito em 3 de agosto de 1989, na sucessão de Genolino Amado e recebido em 9 de agosto de 1990 pelo

Acadêmico Marcos Vinicius Vilaça.

Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa (PB), em 16 de junho de 1927, filho de Cássia Villar e João Su-assuna. No ano seguinte, seu pai deixa o governo da Paraíba e a famí-lia passa a morar no sertão, na Fazenda Acauhan.

Com a Revolução de 30, seu pai foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas tam-bém da sua produção teatral.

A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde terminou, em 1945, os estudos secundários no Ginásio Pernambucano e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E, junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vesti-da de Sol. Em 1948, sua peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Deser-tor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano seguinte.

Em 1950, formou-se na Faculdade de Direito e recebeu o Prêmio Mar-tins Pena pelo Auto de João da Cruz. Para curar-se de doença pulmo-nar, viu-se obrigado a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça Torturas de um Coração em 1951. Em 1952, volta a resi-dir em Recife. Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia, sem abando-nar, porém, a atividade teatral. São desta época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.

Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O Santo e a Porca; em 1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna; em 1959, A Pena e a Lei, premi-ada dez anos depois no Festival Latino-Americano de Teatro. Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popu-lar do Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira e a Catarina (1962). No início dos anos 60, interrom-peu sua bem-sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPe. Ali, em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994.

NAQUELE TEMPO GenhaAuga

Houve um tempo em que andávamos juntos. Seguíamos caminhos em busca da paz,

Com palavras de fé, deixávamos esperanças. Nesse tempo éramos todos irmãos,

Lutávamos por causas justas, Amávamos nossos pais e com eles aprendíamos,

Ajudávamos o próximo, Repartíamos o pão,

Respeitávamos a mulher, Praticávamos o perdão

E acreditávamos no amor... Por isso, Jesus carregou e morreu na cruz.

Pela nossa salvação!

Hoje vivemos na discórdia, Destruímos tudo que “Ele” nos deixou.

Não temos amor e nem paz, Não damos mais as mãos, Não somos mais irmãos...

Não há mais quem carregue a cruz. Para nós, não haverá mais salvação!

Por isso, Jesus, não volte por favor. Não terás chance, de nada adiantará.

Nas trevas e com crueldade, Seu próprio semelhante, o matará!

Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 8

Meio Ambiente

Poluição pode ser entendida como qualquer alteração em um meio, de modo a torná-lo prejudicial ao homem e às outras formas de vida que este ambiente normalmen-te abriga, ou que prejudique um uso previamente defini-do para ele.

Assim, qualquer mudança em um ambiente, resultante da introdução de poluentes neste, na forma de matéria ou energia, pode ser entendida como poluição.

Geralmente, associa-se a poluição aos malefícios que possam ser causados ao homem. No entanto, ela pode resultar em danos a fauna e a flora, e até mesmo ao meio material.

A legislação brasileira define poluição como a degrada-ção da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a)Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;

b)Criem condições adversas as atividades sociais e eco-nômicas;

c) Afetam desfavoravelmente a biota;

d) Afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

As atividades humanas, cada dia mais intensas devido ao acentuado crescimento populacional e ao desenvolvi-mento industrial, têm resultado na produção de resí-duos, na forma de energia ou de matérias sólidas, líqui-das ou gasosas, os quais são lançados no ambiente, causando a poluição.

Várias são as formas de poluição em função dos tipos de resíduos ou do ambiente onde os mesmos são lança-dos, a exemplo: poluição do solo, do ar, da água, acústi-ca, entre outras modalidades.

As principais fontes de poluição atmosférica são:

Fontes industriais, incluindo as fábricas e outros proces-sos, tais como a queima de combustíveis derivados do petróleo, em fornos caldeiras etc.;

Transportes, compreendendo os veículos automotores de vários tipos e o tráfego aéreo;

Incineração do lixo; perdas, por evaporação, em servi-ços petroquímicos; queima de combustíveis para aque-cimento de edificações; queima da vegetação (queimadas), entre outras de menor impacto.

Os principais poluentes atmosféricos são: Material parti-culado (fuligem); Monóxido de carbono; Óxido de enxo-fre; Hidrocarbonetos; Óxidos de nitrogênio; Oxidantes fotoquímicos.

Poluição Industrial

A Revolução Industrial foi um fenômeno internacional, ocorrido de maneira gradativa, a partir de meados do século XVIII que provocou mudanças profundas nos meios de produção humanos até então conhecidos, afe-tando diretamente nos modelos econômicos e sociais de sobrevivência humana. O modelo feudal, essencialmen-te agrário - e que caracterizou o período medieval - co-meça a entrar em decadência, cedendo lugar, paulatina-mente, ao modelo industrial - primeiramente em nível local, regional, para, logo em seguida, dar início à Revo-lução Industrial: em nível internacional de larga escala.

A partir deste período, a poluição ambiental causada pelo homem aumentou consideravelmente e de modo descontrolado, de forma que as relações entre o homem e o seu meio ambiente se modificaram. Atualmente não é possível estimar a enorme quantidade de produtos e substâncias produzidas industrialmente, sendo que os dejetos e emissões das mesmas no meio ambiente são igualmente diversos.

A poluição do ar passou a ser considerada um problema ligado à saúde pública a partir desse período, quando começaram a ser adotadas técnicas baseadas na quei-ma de grandes quantidades de carvão, lenha e, posteri-ormente, óleo combustível. O uso intensivo dessas téc-nicas acarretou a perda gradativa da qualidade do ar nos grandes centros urbano-industriais, com reflexos nítidos na saúde de seus habitantes. Portanto, a quali-dade do ar deixou de ser um problema de bem-estar e passou a representar efetivamente um risco à popula-ção.

A poluição industrial ocorre em todos os meios da bios-fera, na água doce, nos oceanos, na atmosfera e no solo. Consequentemente as comunidades biológicas dos ecossistemas estão em contato com substâncias e materiais não naturais, a maioria dos quais causando algum tipo de dano ecológico.

A poluição industrial afeta diretamente o homem, uma vez que estamos sujeitos a ingerir água e alimentos

contaminados, e a respirar o ar poluído.

Agentes principais da poluição industrial são os gases tóxicos liberados na atmosfera, os compostos químicos orgânicos e inorgânicos lançados nos corpos hídricos e a poluição do solo com o uso de pesticidas.

A crescente quantidade de indústrias atualmente em operação, especialmente nos grandes polos industriais do mundo, tem causado o acúmulo de grandes concen-trações de metais nos corpos hídricos como rios, repre-

sas e nos mares costeiros, visto que grande parte das indústrias não trata adequadamente seus efluentes an-tes de lançá-los no ambiente.

Os metais, quando lançados na água, agregam-se a outros elementos, formando diversos tipos de molécu-las, as quais apresentam diferentes efeitos nos organis-mos devido a variações no grau de absorção pelos mes-mos.

Um dos efeitos mais sérios da contaminação ambiental por metais pesados é a bioacumulação dos poluentes pelos organismos vivos. Animais e plantas podem con-centrar os compostos em níveis milhares de vezes mai-ores que os presentes no ambiente.

A presença de poluentes na atmosfera resulta principal-mente em prejuízos à saúde humana, que dentre outras formas, é afetada pela incidência de doenças respirató-rias, irritação nos olhos e pulmões, podendo causar até a morte; a redução da visibilidade, devido à presença de partículas de materiais na atmosfera.

O controle da poluição, principalmente nas grandes ci-dades ou centros industriais, torna-se necessário para garantir uma qualidade satisfatória do meio ambiente de uma forma geral. Entre as principais medidas de contro-le, se pode destacar:

- A localização adequada de indústrias, com relação às residências e a outros usos sensíveis, exigindo-se um afastamento conveniente, em função do potencial de poluição da fonte;

- Instalação de equipamentos de retenção de poluentes, nas indústrias e outras fontes de poluição;

- Controle da emissão de gases a partir dos veículos, através de novas técnicas de fabricação que conduzam a uma menor produção de poluentes atmosféricos;

- Utilização maior do transporte coletivo, nas grandes cidades, em substituição ao transporte individual;

- Controle da queima do lixo e de outros materiais; nos incineradores de resíduos sólidos, devem ser instalados dispositivos de controle da emissão de poluentes;

- Controle do chorume produzido em aterros de resíduos sólidos, evitando que os mesmos alcancem os recursos hídricos;

- Preservação das áreas vizinhas aos recursos hídricos superficiais, por meio da adoção de faixas de proteção marginais aos mesmos, as quais devem ser mantidas com vegetação;

- Disciplinamento do uso do solo nas proximidades dos recursos hídricos, e a construção de redes coletoras e de estações de tratamento de esgotos industriais de forma a evitar que esses resíduos alcancem os recursos hídricos de modo não-sanitário.

As medidas para a melhoria da qualidade ambiental são conhecidas tanto pela sociedade quanto pelos gestores públicos, porém somente será possível uma melhoria na qualidade ambiental das áreas urbanas a partir do mo-mento em que se alterem os paradigmas que norteiam os modelos de desenvolvimento que transformam os setores produtivos da sociedade em agressores vorazes do meio.

Há que se ter consciência de que a luta por uma melhor qualidade de vida deve ser de todos, havendo uma ur-gência na redefinição de certos valores em prol de um benefício coletivo.

Cláudia Andreucci

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Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 9 E agora José? - Opinião

DE ESCOLA REPRODUTORA A ESCOLA

TRANSFORMADORA

A criação da escola no Brasil está liga-da estritamente ao desembarque dos jesuítas para “catequizar e domesticar” os índios. Em seguida, o sistema de ensino implantado tinha como objetivo atender aos anseios da nobreza instalada na colônia para que seus filhos fos-sem corretamente instruídos para voltarem ao velho continente e concluir o ensino superior. Desta forma, por muito tempo nossa escola pública também foi elitista e considerada como uma arma importante para adentrar no mundo universitário. Bom, de lá para cá muita coisa mudou e a universalização do ensino tão pre-gada pelos escolanovistas, está se tornando uma realidade, apesar dos tropeços e enga-nos cometidos, temos avançado nesse ideal de escola para todos.

Mas, porque não temos alcançado os louros da vitória tão desejados? O que estaria faltando para alçarmos voos mais altos em di-reção ao topo da lista das avaliações externas como, por exemplo, o PISA? Avançamos timi-damente e às vezes recuamos nos índices e quase que invariavelmente o debate recai so-bre os professores. Será que a culpa é só e tão somente dos professores? Que escola nós temos, ou seja, que tipo de escola nós temos? Quais os objetivos dessa escola? Bem, a res-posta, acreditamo-nos, é que a nossa escola calcada em valores elitistas e/ou tecnicistas não mudou em quase nada do que era, ou melhor, ela é ainda carrega a estrutura de uma escola tecnicista com ranços elitistas.

A estrutura curricular verticalizada base-ada na escola reprodutora de conteúdos ina-dequadamente agrupados, sem transversali-dade e sem interdisciplinaridade está mais presente e vivo do que durante os anos 1960 e 1970. As disciplinas são desligadas e desco-nexas da realidade, recheadas de conteúdos estanques, nada (ou muito pouco, para não generalizar) aplicáveis ao nosso mundo. Então qual a diferença entre a tradicional e a atual?

O século XXI iniciou-se com mudanças bruscas nos paradigmas sociais, estamos di-ante de uma nova realidade, novos interesses, novos objetivos. O lado negativo é que ainda estruturamos a escola com base em critérios da segunda metade do século XX (que é uma caricatura da estrutura europeia do século XIX). Temos uma escola “para todos” com va-lores elitistas. Agregado a isso se soma o Es-tado lento e burocrático que não sabe se assu-me uma postura neoliberal ou de bem-estar

social. Um Estado que funciona no papel, mas que não se aplica à realidade, ou seja, temos um Estado de “faz de conta” que proporciona uma educação “faz de conta”.

E porque chegamos a esse ponto? Pri-meiro por que não produzimos nenhum siste-ma educacional estritamente nacional voltado às nossas realidades. Segundo, a ingerência de partidos políticos na educação tem sido u-ma constante, haja vista que a cada eleição, as mudanças de secretários, de ministros e agregados políticos resulta em uma reformula-ção do que estava sendo feito, partindo do ze-ro. Os debates sobre a educação têm sempre o mesmo discurso e a mesma receita. Na prá-tica, o resultado é sempre o mesmo: A má qualidade da educação.

Até agora ninguém, de qualquer partido político, teve a sensatez de dizer que educa-ção deveria ser apartidária, traçada em longo prazo, mas com critérios objetivos e bem defi-nidos, visto tratar-se de um bem maior do que as mesquinhas políticas partidárias. Em tercei-ro lugar, podemos dizer que gostamos de im-portar “modismos pedagógicos” e modelos do hemisfério norte. Dentre os modelos importa-dos, só não importamos orientais até agora por que, a bem da verdade, veem mostrando bons resultados, mas requerem uma mudança de postura social e, principalmente, política (sobretudo no campo da ética).

Nessa imensa colcha de retalhos que é o nosso sistema educacional, podemos apon-tar os temas transversais que, na Espanha, tem apresentado bons resultados e poderiam ser melhores trabalhados por aqui. Porém, no Brasil, não passa de um empilhado de temas e ideias que quase não estão presentes em li-vros didáticos ou em estruturas curriculares elaborados pelos sistemas de ensino.

O trabalho interdisciplinar, na prática, fica a cargo do professor que se aventura em desenvolver projetos, diga-se de passagem, à parte do menu acadêmico. Coordenadores pe-dagógicos ficam torcendo para que apareça um grupo de professores dispostos a introduzir os temas transversais e ligar suas disciplinas num âmbito interdisciplinar e com isso dar sentido às suas aulas. As universidades, por sua vez, limitam-se ao conteúdo curricular en-sinado às várias gerações. Não há mobilidade curricular. Professores são engessados dentro de uma “caverna”. Esses profissionais são jo-gados no mercado profissional e levam consi-go a sua “caverna”. Repassam aos seus alu-nos as mesmas sombras que um dia aprende-

ram a acreditar. Kant em sua pedagogia de valores mo-

rais, assim como outros, como, por exemplo, Paulo Freire e Rubem Alves, nos convidam a olhar com outros olhos, a termos um olhar quase metafísico em que o ser é muito mais importante. O ser humano está em constante evolução e, portanto o ensino deveria acompa-nhar essa evolução. O que se vê nas escolas é a transmissão de ideias arcaicas a respeito das ciências. Uma ciência imutável? As teorias científicas se sucedem ao longo do tempo e, em tom jocoso podemos dizer que nada é ab-soluto e tudo é relativo, e essas mudanças profundas ou não, e que podem ser de nature-za epistemológicas, refletem diretamente na educação.

Diante desses fatos porque não se fa-zer uma integração de saberes? O ensino das disciplinas curriculares está enclausurado em gaiolas como pássaros que já não alçam voo. Precisamos de uma força transformadora que faça com que o dia a dia esteja presente no ensino dessas matérias curriculares. Evidente-mente, não podemos relegar a desprezo o en-sino tradicional, não se trata de abandonar um e acolher o outro, mas de integração, união.

Nada melhor para transformar do que miscigenação dos conhecimentos, dos sabe-res. Os temas transversais e a interdisciplinari-dade tem o papel importante de ser o agente aglutinante que irá dar vida nova ao conteúdo curricular bem como despertar no aluno a ne-cessidade de se tornar um ser humano me-lhor. Um ensino integrado pode despertar no horizonte, mas é preciso ter cautela, pois uma simples canetada juntando disciplinas e mu-dando a estrutura curricular de uma hora para outra (como já desponta o MEC), pode piorar o que já está ruim. Omar de Camargo Técnico Químico Professor em Química. [email protected]

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. Articulista e Palestrante. Especialista em Gestão Ambiental. Mestre em Geociências e doutorando em Geologia. [email protected]

Todos os Domingos 18 horas

Na CULTURAonline

BRASIL PROGRAMA:

E agora José? www.culturaonline.br

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Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 10

Projetos Sociais

DESENVOLVENDO A CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DAS CRIANÇAS

Desenvolver a consciência ecológica nas pessoas é um dos grandes passos nos processos promovidos através da sustentabilidade. Ter o consentimento de que todas as pessoas fazem parte do meio ambiente tanto quanto animais e plantas por vezes pode ser complicado. Em vista da quantidade imensa de propagandas e campa-nhas que mostrem o contrário, mas este pensamento sustentável pode ser difundido para boa parte da popu-lação se os responsáveis por ela quiserem. E um dos meios que se provam mais verídicos para estas campa-nhas de conscientização são as escolas. A conhecida Educação Ambiental surgiu no Brasil em meados de 1999, poucos anos antes do surgimento do termo sustentabilidade. Sancionada como um projeto de lei, a Educação Ambiental tem como objetivo incentivar práticas ecológicas nas escolas e outras instituições de ensino, além de dissociar a ideia do antropocentrismo, isto é, de que o homem é o centro das atenções, não ligado ao meio ambiente. Esta educação ambiental é difundida através de literatura, projetos culturais como teatro e feira de ciências, e outras atividades discutidas e planejadas pelos professores e diretores dos colégios. Muitos colégios possuem dificuldades, ou não realizam as práticas definidas pela Educação Ambiental. As ale-

gações são variadas, algumas verídicas, outras apenas desculpas. Motivos comuns são a falta de verba para a produção de material, falta de comunicação entre os órgãos responsáveis, e por fim, muito comum em boa parte do ensino público, negligência. Embora, hoje, haja maiores esclarecimentos sobre os problemas ambientais causados pelo crescimento incon-trolável do ser humano, ainda falta muito para as esco-las manterem um programa mais coeso e concreto de Educação Ambiental. Encontramos estes programas visando a sustentabilidade em maior quantidade em creches e maternais, por vezes construídas em lugares com muito espaço livre e verde, para que as crianças possam sentir como é a natureza à volta.

A SUSTENTABILIDADE NAS ESCOLAS Quando qualquer tema é abordado na educação esco-lar, faz-se necessária uma pesquisa para saber como está sendo trabalhado, qual a qualidade e os recursos utilizados para que os alunos o compreendam verdadei-ramente. As escolas de um modo geral trazem em seu currículo o tema ecologia, mas cada uma diferencia na maneira e qualidade de exposição do assunto. Há escolas que felizmente se tornam modelos a serem seguidos por seus exemplos diários de práticas susten-táveis e levam os alunos (crianças e adolescentes) a participarem ativamente desse processo não só no am-biente escolar como em casa e na sociedade. Porém infelizmente a maioria das escolas não se preo-cupa em trabalhar todos os dias com essa área, e nem tão pouco servem de exemplo para seus alunos.

Vemos ainda escolas que se lembram da sustentabilida-de uma vez por ano apenas, quando é promovida a Se-mana Dedicada à Ecologia. Nessa semana os alunos procuram demonstrar tudo que sabem apresentando trabalhos maravilhosos, ouvindo palestras, participando de debates e gincanas. Encerrada a semana acaba-se tudo que foi divulgado e lá se vão os papéis, chicletes e restos de lanches espa-lhados pelo chão. As carteiras lixadas ganham novamente os desenhos e rabiscos, e nada mais faz sentido em relação a tudo que aprenderam e pregaram. Nem mesmo as escolas dão importância ao fato, pois as luzes continuam acesas sem necessidade, as torneiras voltam a pingar e os fortes produtos de limpeza voltam à ativa, e os alunos continuam agindo como antes tanto na escola quanto fora dela. Crianças e adolescentes que não respeitam o meio am-biente e se a escola não despertar para seu papel prin-cipal de educar todos os dias e não uma vez por ano isso se tornará uma bola de neve e a sociedade continu-ará a formar mais e mais cidadãos adultos que continua-rão a poluir a natureza. Devem ser parabenizadas as escolas que tem como meta a educação por um todo, dando exemplo, ensinan-do e cobrando atitudes de respeito a si próprio, à socie-dade e ao meio ambiente. Já para as escolas que não dão tanta importância à eco-logia apelamos que acordem, pois sem o equilíbrio am-biental não há haverá vida em nosso planeta.

Atitudes Sustentáveis

CURSO DE RECREAÇÃO A ARTE DO BRINCAR

A Recreativa é uma prestadora de serviços especializados que sob a supervisão do Prof. José Paulo Passos, oferece Cursos de Recreação destinados a estudantes e profissionais de Educação Física, Pedagogia e demais interessados, bem como eventos es-portivos de recreação e lazer, gerenciamento de Academias, Co-lônias de Férias, Ginástica Laboral, Palestras, etc.. As férias de Julho se aproximam e com elas a necessidade dos pais em arrumar atividades para os filhos e a vontade de brincar sem compromisso por parte das crianças. Brincar é essencial pa-ra o desenvolvimento das crianças e o valor da brincadeira não pode ser subestimado. Desenvolver a memória, o raciocínio, as emoções, a habilidade

física e a coordenação motora. Estimular a imaginação e a sociabilidade - tudo isso faz parte dos benefícios gerados pelo brincar. A brincadeira é uma coisa séria. Só se torna um adulto completo, com bom desenvolvi-mento cognitivo, social e afetivo, quem brincou na infância. A Recreativa, empresa de Esportes, Recreação e Lazer realiza Colônias de Férias na região e procura oferecer as crianças participantes, a oportu-nidade de brincar na sua forma mais tradicional: colocando os pés no chão, subindo em árvores, se sujando de barro, correndo em espaço ao ar livre e conhecendo novos amigos...atividades essenciais para o seu de-senvolvimento e realização. As atividades são elaboradas e realizadas por profissionais qualificados que sabem da importância do brincar na vida da criança. Para a Recreativa brincar é coisa séria! Contatos: 12 -99793-6664 /98172-2810 E-mail: [email protected] Facebook: http://facebook.com/recreativa

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Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 11

Educação

No decorrer do século XIX cada região ou es-tudioso dava às tradições populares um nome que julgasse mais conveniente, até que, tal-vez incomodado com essa falta de sintonia nos estudos, o inglês Willian John Thoms no ano de 1846 usou num artigo para o jornal londrino O Ateneu um neologismo: criou o ter-mo “FOLK-LORE”, usando duas palavras an-glo-saxônicas, que usualmente se traduzem como saber popular ou conhecimento do po-vo.

Em 1951 por ocasião do I Congresso Brasilei-ro de Folclore, segundo a Carta do Folclore Brasileiro aprovada no evento, os participan-tes estabeleceram a seguinte definição: “constituem fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular, ou pela imitação”.

A partir de 17 de agosto de 1965, o Decreto nº 56.747 estabeleceu o dia 22 de agosto para se comemorar o dia do Folclore em todo o ter-ritório Nacional e, por conseguinte, a semana que ocorre, Semana do Folclore. Assim, agos-to passa a ser considerado o Mês do Folclore.

Desde aquela época o campo para pesquisas se ampliou muito e as próprias reflexões ana-líticas dos temas folclóricos. Mas muita gente por falta de conhecimento usa mal a palavra para designar expressões culturais ou situa-ções que não são propriamente folclóricas. Não por outro motivo o significado da palavra folclore se distorceu, desgastou-se. Assim, muitos estudiosos preferem usar em seu lugar a expressão Cultura Popular.

No Brasil, inúmeros e importantes historiado-res dedicaram-se ao estudo do folclore nacio-nal, como por exemplo Luís Câmara Cascudo, João Ribeiro, Gustavo Barroso, Sílvio Rome-ro, entre outros.

O Folclore Brasileiro é um dos mais ricos e diversificados do mundo, construído ao longo dos anos pelos negros, índios e brancos. As tradições, os costumes, as crenças são trans-mitidas de geração em geração.

Apesar da importância do folclore ser lembra-da apenas no mês de agosto as tradições fol-clóricas são encontradas o ano inteiro, diaria-mente, na zona urbana ou rural, em todos os bairros, florescendo no artesanato, nas cren-ças, nas narrativas de mitos, lendas e causos, na culinária tradicional, no artesanato típico, nas danças e nos folguedos, rituais e muitas outras vertentes.

O estudo do folclore é de suma importância na formação do cidadão. Conhecer seus me-andros abre um novo horizonte ao conheci-mento, mostra outra riqueza do país. Quando se observa e compreende a cultura popular, vemos que não se pode ver o folclore como algo exótico, como curiosidade. É preciso va-lorizar nossas tradições. O mar de novidades que nos chega todo dia não deve afogar o que já nos acompanha desde as origens.

As tradições folclóricas sob a ótica jurídica são bens imateriais protegidos pela Carta Magna em seus artigos 215, 216 e 216A:

Artigo 215 – o Estado garantirá a todos o ple-no exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incenti-vará a valorização e a difusão das manifesta-ções culturais.

Artigo 216 – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens materiais e imateriais, to-mados individualmente ou em conjunto, porta-dores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecno-lógicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edifica-ções e demais espaços destinados às mani-festações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor his-tórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patri-mônio cultural brasileiro, por meio de inventá-rios, registros, vigilância, tombamento e desa-propriação, e de outras formas de acautela-mento e preservação.

[...]

§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Fe-deral vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:

I - despesas com pessoal e encargos sociais;

II - serviço da dívida;

III - qualquer outra despesa corrente não vin-culada diretamente aos investimentos ou a-ções apoiados.

Artigo 216-A - O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de for-ma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano, social

e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.

Porém, apesar de, inclusive juridicamente o folclore brasileiro ser integrado como bem i-material de nosso patrimônio e ter a previsão para sua proteção, desenvolvimento e valori-zação, não é a realidade que encontramos. O que se vê é o folclore brasileiro ser lembrado e divulgado apenas no mês de agosto de ca-da ano.

Exemplo disso é a lei sobre ensino de história e cultura africanas, que deram origem a gran-de parte de nosso folclore, ainda não ser cum-prida na maioria das escolas.

Há dez anos, os movimentos sociais ligados à questão racial ganhavam uma luta de séculos: levar para a escola a contribuição africana na formação da identidade brasileira.

A adoção da Lei 10.639/03, que instituiu a o-brigatoriedade do ensino sobre história e cul-tura afro-brasileira nos currículos do ensino fundamental e médio representou uma con-quista. Mas, uma década depois, o balanço continua preocupante.

“Há avanços, mas se esperava um maior nú-mero de escolas e professores aplicando a lei”, diz Petronilha Silva, relatora das Diretri-zes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais, publicada um ano depois da promulgação da lei. Não há da-dos precisos sobre quantos dos mais de cinco mil municípios brasileiros colocaram a lei em prática. Mas movimentos sociais ligados ao tema estimam que, na melhor das hipóteses, esse número chegue a 10%.

De acordo com Petronilha, estudos mostram que, embora tenha aumentado o número de professores envolvidos, são poucas as esco-las que incluem a história e a cultura africanas e afro-brasileiras em seus currículos.

Do lado das conquistas, há consenso de que a lei abriu caminhos para que a temática afri-cana ganhasse visibilidade dentro do ambien-te escolar, ampliasse a quantidade e a quali-dade desses temas nos materiais didáticos, e aumentasse a oferta de linhas de pesquisas, especializações e cursos voltados para a his-tória africana. Por outro lado, a visibilidade também descortinou resistências. De acordo com o Ministério Público Federal, durante o período foram identificados 93 autos extrajudi-ciais que versam sobre a não aplicação da lei em vários estados do país.

Assim, diante do exposto, quisera num ano eleitoral como este, os candidatos que vence-rem nas urnas desse maior atenção às neces-sidades básicas dos grupos e expressões fol-clóricas de nosso país e, as escolas mais bem aproveitassem e incentivassem seus alunos ao conhecimento desta tão bela e vasta cultu-ra, não se atendo ao assunto apenas durante a semana do folclore.

Claudia Andreucci

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Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 12

ELEITORAL

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A Gazeta Valeparaibana, um veículo de divul-gação da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, orga-nização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de au-las, tais como: educação, cultura, tradições, his-tória, meio ambiente e sustentabilidade, respon-sabilidade social e ambiental, além da transmis-são de conhecimento.

Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conheci-mento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas res-ponsabilidades sociais.

No entanto, todas as matérias e imagens serão creditadas a seus editores, desde que adjudi-quem seus nomes. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato.

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Instrumentos de democracia participativa

Introdução Democracia é costumeiramente apresentado como um tipo de regime político. Geralmente, faz-se uma comparação entre democracia e suas vantagens ante a monarquia e a aristocracia, ficando seu conceito limitado a uma comparação entre regimes. Conhecida definição para democracia foi dada por Abraham Lincoln, que disse ser “o governo do povo, pelo povo, para o povo”. Essa definição, embora sucinta, encerra a essência do que é a democracia. O mestre José Afonso da Silva (2006, p. 125) ensina que democracia não é um valor-fim, mas meio e instrumento de realização de valores essenciais de convivência humana, que se traduzem basicamente nos direitos fundamentais do ho-mem. Assevera também (p. 145) que a nossa Constituição Federal contempla um “modelo de democracia representativa que tem como sujeitos principais os partidos políticos, que vão ser os protagonistas quase exclusivos do jogo político, com temperos de princípios e institutos de participação direta dos cidadãos no processo decisório governamental. Discorre que o regime assume uma forma participativa, ou seja, em que a participação se dá por via representativa (mediante representantes eleitos de partidos políticos, art. 1º, parágrafo único, 14 e 17; associações, art. 5º, XXI; sindica-tos, art. 8º, III, eleição de empregados junto aos empregado-res, art. 11) e por via direta do cidadão (exercício do direto do poder, art. 1º, parágrafo único; iniciativa popular, referendo e plebiscito, art. 14, I, II e III; participação de trabalhadores e empregadores na administração, art. 10; participação na administração da justiça pela ação popular, participação na fiscalização financeira municipal, art. 31, §3º; participação da comunidade na seguridade social, art. 194, VII; participação na administração do ensino, art. 206, VI)”. Formas de exercício da democracia Didaticamente, classifica-se a democracia em: direta, repre-sentativa ou indireta e semidireta ou mista (também denomi-nada plebiscitária): Democracia direta é aquela em que o povo exerce, por si, os poderes governamentais. Não há outorga de mandato do povo aos parlamentares e representantes políticos, e as fun-ções políticas são geridas e desenvolvidas pelos próprios detentores do direito de votar. Democracia indireta ou representativa é o tipo mais utiliza-do e é entendida como aquela em que o povo escolhe os seus representantes para gerir as funções de governo e deci-dir em seu nome. Democracia semidireta ou mista ou participativa é a jun-ção da democracia representativa com alguns institutos de participação direta do povo. A Constituição Federal de 1988 combina a democracia repre-sentativa e a democracia direta, tendendo à democracia parti-

cipativa, conforme previsão do parágrafo único do art. 1º que diz que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos (democracia representativa) ou direta-mente (democracia participativa) (SILVA, p. 137). A democracia participativa pode realizar-se por diversos ins-trumentos de manifestação da vontade popular, como, por exemplo, a iniciativa popular de leis e de emendas constitu-cionais, o referendo, o plebiscito, a revogação de mandatos e o veto legislativo popular. Contudo, no Brasil, estão contem-plados na Constituição Federal apenas três institutos: o ple-biscito, o referendo e a iniciativa popular. Instrumentos de democracia participativa A Constituição Federal brasileira traz, no seu artigo 14, a previsão de três instrumentos de democracia participativa: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Plebiscito é uma consulta popular formulada anteriormente à edição de um ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe foi submetido. Exemplo desse instrumento de democracia participativa é exigido no art. 18, §§3º e 4º da Constituição Federal, que prevê a aprovação da população diretamente interessada para que os estados e municípios incorporarem-se entre si, subdividam-se ou desmembrem-se para se anexarem a ou-tros ou formarem novos estados ou municípios. Ainda como exemplo é possível citar que, em 21 de abril de 1993, foi realizado no Brasil um plebiscito para que a popula-ção deliberasse sobre o regime de governo – monarquia par-lamentar ou república – e sobre o sistema de governo – par-lamentarismo ou presidencialismo –, ocasião em que o povo brasileiro escolheu que o país seria um regime republicano com sistema presidencialista. Referendo também é um meio de consulta popular, só que formulada posteriormente à aprovação de projetos de lei pelo Legislativo, o que demonstra que, por meio dele, o povo ape-nas confirmará ou rejeitará o ato legislativo criado. Nas ques-tões de competência da União, a autorização para a realiza-ção de referendo é exclusiva do Congresso Nacional, e a Constituição Federal não estabeleceu critérios para o seu exercício. Naquelas de competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, o referendo (assim como o plebis-cito) será convocado de conformidade com as constituições estaduais e com as leis orgânicas, respectivamente. No nível nacional, exemplo de utilização do referendo pode ser visto na votação realizada em 23 de outubro de 2005 sobre a proi-bição da comercialização de armas de fogo no Brasil – o cha-mado referendo do desarmamento, por meio qual o povo decidiu pela livre comercialização das armas. Iniciativa popular consiste na apresentação de um projeto de lei de iniciativa do povo ao Legislativo. Esse é um instrumen-to de participação popular que permite ao povo submeter para aprovação do Congresso Nacional textos de lei de gran-de importância para a sociedade. Conforme prevê a Constitu-ição Federal no art. 61, § 2º, para sua aceitação, é exigido

que o projeto esteja subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional (1 milhão e 400 mil eleitores), distribuí-do por, pelo menos, cinco estados, com não menos do que três décimos por cento de eleitores em cada um desses esta-dos. Exemplo de lei proveniente da iniciativa popular é a Lei Complementar nº 135/2010, Lei da Ficha Limpa, que surgiu de uma campanha do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, composto por várias organizações da sociedade civil que conseguiram coletar 1,3 milhão de assinaturas para o projeto. Além desse, dez anos antes, outro projeto de inicia-tiva popular culminou com a aprovação da Lei nº 9.840/99, denominada Lei Contra a Compra de Votos, que permite a cassação de mandatos por compra de votos e uso eleitoral da máquina administrativa. Considerações finais Os instrumentos da democracia participativa estão à disposi-ção da sociedade civil para que participe diretamente das decisões governamentais. Conforme foi mencionado, os constituintes brasileiros de 1988 optaram por um modelo de democracia representativa que tivesse como sujeitos principais os partidos políticos, os quais, até hoje, são os protagonistas quase exclusivos do jogo democrático, deixando os instrumentos de participação direta como leve tempero no processo decisório (SILVA, p.145). Na realidade brasileira, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular têm sido muito pouco utilizados, uma vez que a gran-de parte das pessoas desconhece esses institutos e os parti-dos, por sua vez, não têm interesse em sua utilização devido à dificuldade de abrir mão da exclusividade do processo deci-sório. A inclusão desses três instrumentos de democracia participa-tiva na Constituição de 1988 foi, sem dúvida, um grande a-vanço. Contudo, ainda é necessário, em nosso país, o forta-lecimento da cultura de participação popular que pode se dar, por exemplo, mediante a adoção da revogação de mandatos ou recall, instituto já existente em outros países e cujo objeti-vo é dotar o povo de poder para decidir se uma pessoa que foi eleita deve ou não continuar no cargo. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 22 abr de 2013. ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Democracia Participativa auto-convocação de referendos e plebiscitos pela população (análise do caso brasileiro). Estudos Eleitorais. Tribunal Su-perior Eleitoral, v. 5. n.2, p. 65-87, maio/ago. 2010. GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 8. Ed. – São Paulo: Atlas, 2012.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Posi-tivo. 27ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2006

Fonte: TSE

Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 13

DIREITOS E DEVERES

ASPECTOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR

Podemos afirmar que o consumo é parte fundamental do cotidiano humano. Independente da origem ou classe social, todos nós somos forçados eventualmente a con-sumir bens ou serviços em nossa trajetória de vida.

Conforme o avanço da sociedade, nossos interesses foram migrando das necessidades básicas de sobrevi-vência para o consumo de nossos desejos, alimentados pelo progresso e pela cultura do consumismo capitalista. Com isso, as relações de consumo evoluíram, tornando-se muito mais complexas comparadas às relações inici-ais de simples troca de mercadorias, e com isso veio a necessidade de proteger o consumidor, garantindo seus direitos, e protegendo-o de ser lesionado.

Embora o conceito e demanda de proteção ao consumi-dor já existisse de longa história, somente há pouco tempo tornou-se uma exigência geral da política legisla-tiva, atualmente sendo garantida em nossa Constituição Federal através do artigo 170, inciso V, da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) que dispõe sobre a proteção do consumidor, através do Decreto 2.181/97, que regula a organização do Sistema Nacional de Defe-sa do Consumidor – SNDC, entre outros.

Portanto, é de imensa importância identificarmos as nu-ances deste direito constitucional e sua aplicação diária em nossas vidas, a fim de conseguirmos especificar qual o papel de cada agente nas relações de consumo.

Mas o que é “relação de consumo“? Segundo De Lucca (2008), relação de consumo é “[...] a relação jurídica existente entre fornecedor e consumidor tendo como objeto a aquisição de produtos ou utilização de serviços pelo consumidor”. Ainda nos ensina que “[...] são ele-mentos da relação de consumo, segundo o CDC: a) co-mo sujeitos, o fornecedor e o consumidor; b) como obje-to, os produtos e serviços; c) como finalidade, caracteri-zando-se como elemento teleológico das relações de consumo, serem elas celebradas para que o consumidor adquira produto ou serviço ‘como destinatário final’ [...]“.

Portanto, a relação de consumo somente se concretiza quando todos os elementos expostos acima forem pre-sentes. Caso contrário, se caracterizaria como relação comercial, civil, administrativa, tributária, trabalhista, etc. Nestes casos, seriam aplicadas as legislações específi-cas de cada esfera, ou seja, fora do âmbito de proteção ao consumidor.

Consumidor

De acordo com o dicionário Houaiss (2014), consumidor é “[...] que ou aquele que adquire mercadorias, riquezas

e serviços para uso próprio ou de sua família; compra-dor; freguês; cliente [...]“.

Na esfera jurídica, temos a descrição constante no Códi-go de Defesa do Consumidor, em seu artigo 2º, que diz “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adqui-re ou utiliza produto ou serviço como destinatário final“. Complementa ainda no parágrafo único que “Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo“.

Mais adiante, no capítulo 4, que tutela sobre a qualidade dos produtos e serviços, da prevenção e da reparação dos danos, no artigo 12 cumulado com o artigo 17, te-mos que é equiparado como consumidor todas as víti-mas decorrentes de danos causados por defeitos de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento dos produtos consumidos.

Finalmente, no capítulo 5, das práticas comerciais, te-mos o artigo 29 que equipara a consumidor todas as pessoas determináveis ou não, expostas a oferta, publi-cidade ou prática abusiva.

A pessoa jurídica como consumidora

É possível que a pessoa jurídica se enquadre como con-sumidora, porém, é necessário que exista um desequilí-brio entre o fornecedor e o consumidor que favoreça o primeiro.

Nos casos em que existam lides entre empresas de i-gual potencial econômico, deve-se utilizar o Código Co-mercial ou o Código Civil, visto que o Código de Defesa do Consumidor não veio para revogar os códigos ante-cessores, e sim para proteger a parte vulnerável.

É aí que aparece o conflito de interpretação. Apesar das pessoas jurídicas, independente de seu tamanho, dete-rem maior informação e meios de defenderem-se uns contra os outros nos conflitos de interesses, teoricamen-te excluindo o conceito de vulnerabilidade, devemos utilizar a interpretação objetiva, visto que o artigo 2º do CDC estipula serem as pessoas jurídicas também con-sumidoras.

Nestes casos, utiliza-se a análise “caso a caso”, tendo como parâmetro a verificação de duas questões, confor-me explica Filomeno (2010): “a) Se o “consumidor-fornecedor”, na hipótese concreta, adquiriu bem de capi-tal ou não; b) Se contratou serviço para satisfazer a uma necessidade ou que lhe é imposta por lei ou é da natu-reza de seu negócio, principalmente por órgãos públi-cos, sem qualquer ligação com insumos de produção”.

Isto posto, é fundamental a verificação da manifestação de destinação final do produto ou serviço adquirido. Nos casos de aquisição de bens que entram na cadeia pro-dutiva da empresa, estes não contemplam a apreciação de acordo com o CDC, entrando dessa forma nas inter-pretações do Código Comercial e Código Civil.

Outra questão importante a ser verificada é a vulnerabili-dade econômica para o enquadramento ou não como consumidor. Alguns exemplos que se enquadram como consumidor são fundações, associações sem fins lucra-tivos e organizações não governamentais.

A coletividade de pessoas como consumidoras

A ideia comum que se tem de consumidor é da pessoa individual que adquiriu um produto defeituoso ou um serviço mal feito, e que buscou as reparações necessá-rias via judicial ou extrajudicial.

Contudo, o legislador foi muito feliz em adicionar no pa-rágrafo único do artigo 2º do CDC a seguinte garantia: “Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas rela-ções de consumo”.

Conforme explica Filomeno (2010), “[...] o que se tem em mira no parágrafo único do artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor é a universalidade, conjunto de consumidores de produtos e serviços, ou mesmo grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a determinado produto ou serviço”.

A intenção aqui foi de prevenir que sejam lesadas as universalidades e categorias de potenciais consumido-res, mesmo que em caráter transindividual, conferindo a essa universalidade ou grupos de consumidores os de-vidos instrumentos jurídico-processuais para obter as reparações necessárias dos responsáveis, ou seja, dos fornecedores.

Essa ideia é expressamente tratada mais adiante no CDC, através do artigo 81, que fala sobre os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.

Um bom exemplo da garantia do direito difuso é a prote-ção contra propaganda enganosa. Apesar de não se ter qualquer vínculo jurídico dos titulares de tais interesses (população em geral), o conceito se baseia na natureza extensiva e disseminada do dano, já que independente de atingir um indivíduo em especial, também atinge si-multaneamente a todos na sociedade.

Já o direito coletivo, temos como exemplo prático o di-reito dos alunos de determinada faculdade de receber serviços educacionais de qualidade. Neste caso, é pos-sível determinar quem são os titulares dos interesses e direitos de forma estrita, pois existe uma relação jurídica entre as pessoas atingidas por sua violação ou entre estas e o violador do direito.

Finalmente, sobre os interesses individuais homogê-neos, são aqueles que recebem proteção coletiva e di-zem respeito a pessoas determinadas cujos direitos são ligados por um evento que tenham origem comum, co-mo por exemplo as corriqueiras ações de indenização contra as companhias aéreas por conta de atrasos ex-cessivos em seus voos.

Conclusão

O surgimento da tutela do consumidor está relacionado ao reconhecimento de sua desigualdade em relação ao fornecedor. Dessa forma, a ideia foi de proteger os mais fracos contra os mais poderosos, o leigo contra o melhor informado, o menor potencial econômico contra o gran-de potencial econômico.

O direito do consumidor tem caráter interdisciplinar, vis-to que atualmente é tutelado por diversas áreas do direi-to Brasileiro, como no direito civil, comercial, penal, ad-ministrativo e até constitucional. A amplitude deste direi-to concede ao assunto um caráter difuso, visto serem as normas em sua grande maioria vagas, objetivando o alcance a todos.

Marcel André Rodrigues

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Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 14

INFÂNCIA E TECNOLOGIA

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ATÉ QUE PONTO A TECNOLOGIA FAZ MAL NA IN-FÂNCIA? Queimada, bets, futebol, amarelinha, pega-pega, escon-de-esconde, polícia e ladrão. Praticamente todas essas brincadeiras fizeram parte da infância de diversas pes-soas e são boas lembranças de uma época quando a maior preocupação era fazer a tarefa da escola. Hoje, muitas delas ainda estão presentes no dia a dia de várias crianças, mas algo mudou. Se antes grande parte dos pequenos passava o dia brincando na rua com os amigos, hoje é cada vez mais comum vermos crianças dentro de casa a maior parte do tempo. Tal realidade foi acarretada por diversos fatores ao longo dos anos — como o quesito “segurança”, especialmente em cidades grandes. Mas a tecnologia também tem um dedo nessa história. Agora, a televisão, o video game de última geração e o computador são outros bons motivos que fazem com que as crianças saiam ainda menos de casa — afinal, a diversão encontra-se logo ali, no conforto e na seguran-ça do quarto ou da sala de estar. Por causa disso, diver-sos estudos foram e continuam sendo desenvolvidos a fim de responder a (polêmica) questão: afinal, a tecnolo-gia faz mal às crianças? Trocando o lápis pelo teclado As crianças da geração atual (ou Z, com datas de ani-versário a partir da segunda metade da década de 90) nasceram na era dos computadores, tablets, smartpho-nes e, principalmente, da internet — algo com que as pessoas da geração anterior só puderam ter um contato maior no início da adolescência. O primeiro efeito disso, todo mundo sabe: essas crianças possuem uma maior facilidade e um rápido aprendizado quanto ao uso das tecnologias. Outra consequência desse contato “precoce” com com-putadores é a utilização do teclado antes mesmo do lápis pelas crianças — já que, hoje, é cada vez mais comum vermos os pequenos aprendendo a escrever o nome primeiramente pelas teclas do desktop ou notebo-ok dos pais do que a partir de um livro de caligrafia. Já um pouco maiores, perto do período da adolescên-cia, as pessoas da geração Z também entram no mundo das trocas de mensagens instantâneas na internet e

pelo celular. Nesses meios de comunicação, o uso de gírias e termos específicos é cada vez maior — grande parte não segue nenhuma regra gramatical tradicional. Analisando esse quadro, alguns pesquisadores começa-ram a se questionar se tal realidade estaria fazendo com que as crianças de hoje escrevam pior do que as de outras gerações. O que eles encontraram, na verdade, foi algo bastante positivo. Revolução literária Como em todos os estudos, sempre são encontrados os lados negativos e positivos de cada questão analisada. No caso da escrita por parte das crianças que cresce-ram com computadores, algumas pesquisas apontam que a nova geração estaria se encaminhando, na verda-de, para uma revolução literária que não é vista desde a civilização grega. Isso aconteceria devido ao fato de que, como os compu-tadores, tablets e smartphones estão sempre por perto no dia a dia, as pessoas estariam escrevendo constan-temente — já que a maior parte da comunicação por esses meios envolve a escrita. Além disso, no passado, fora da escola (e mesmo em certas profissões), algumas pessoas não escreviam quase nada por dia. E na questão gramatical? A influência seria positiva ou negativa? Nesses casos, os resultados da tecnologia na vida das crianças surpreendem: - Em 2003, uma pesquisa apontou que o uso de mensa-gens instantâneas ajudava as crianças a se sentirem mais confortáveis quanto ao hábito de escrever. - Já em 2004, outro estudo mostrou que as crianças eram espertas o suficiente para compreender e aplicar, nos momentos certos, as diferenças da escrita formal e da escrita informal (aquela vista na internet). - Uma pesquisa de 2005 ainda confirmou que as crian-ças da geração atual são, na verdade, melhores escrito-res que as da geração passada, usando estruturas fra-sais bem mais complexas, um vocabulário mais amplo e uma utilização mais precisa de letras maiúsculas, pontu-ação e ortografia. Influência na vida social e na saúde Mesmo possuindo muitos pontos positivos no aprendiza-do das crianças (inclusive no desenvolvimento de habili-dades cognitivas), ainda é um pouco polêmica a ques-tão da influência da tecnologia na vida social da geração Z. Afinal, muitos acabam “trocando” os amigos “reais” pe-los “virtuais” e optam por se divertir com jogos de com-putadores e video games em vez de brincadeiras físicas

— que envolvem exercícios como correr e pular, por exemplo. Além disso, ainda existe a eterna polêmica quanto à influência de games de violência na formação das crianças, que crescem em constante contato com esses estilos de jogos. Veja abaixo o que algumas pesquisas recentes aponta-ram quanto aos alcances da tecnologia na vida das cri-anças, especialmente na convivência com os pais; abor-dando quais são os efeitos do uso moderado e os male-fícios do uso em excesso; e a influência disso até mes-mo na saúde dos pequenos: Segundo o jornal The Future of Children, as crianças, por aprenderem rapidamente a usar as tecnologias atu-ais, estão desenvolvendo o costume de ensinar o uso dos dispositivos aos seus pais — e não o contrário. Em teoria, essa inversão de papéis pode enfraquecer a au-toridade dos pais, levando as crianças a desrespeitar os progenitores “ignorantes”. Por outro lado, isso também estreitaria os laços de comunicação e partilha de experi-ências na família.

Já o uso moderado de computadores e video games parece não afetar o desenvolvimento social da criança. Os estudos apontaram que o comportamento social da-queles que usam e os que não usam computadores era praticamente o mesmo nas suas relações com familia-res e amigos.

Por outro lado, o uso excessivo de computadores leva as crianças a se sentirem com menos controle sobre suas vidas do que seus colegas de classe. Além disso, um estudo com 18 universitários chineses publicado no PLoS One mostrou que aqueles que jogavam em seus computadores por pelo menos oito horas por dia, seis dias por semana, mostraram quantidades alarmantes de atrofia em partes do cérebro.

Um estudo da Universidade de Alberta apontou que, quanto mais telas uma criança tem em seu quarto, pior será para sua saúde. No caso, computadores e televiso-res podem atrapalhar o sono (quem nunca ficou até tar-de assistindo à TV?).

Além disso, a mesma pesquisa da Universidade de Al-berta mostrou, em números, como a tecnologia pode fazer com que os pequenos fiquem mais obesos. Se-gundo o estudo, o acesso a um aparelho aumenta em 1,47 vezes as chances de criança ser obesa em compa-ração com uma criança sem tecnologia. Crianças com três dispositivos foram diagnosticadas com 2,57 vezes mais chances de estar acima do peso. ...... E você, o que acha dessas pesquisas? A tecnologia realmente influencia positivamente no aprendizado, mas negativamente em questões soci-ais e na saúde das crianças?

Ráisa Guerra

Agosto 2014 Gazeta Valeparaibana Página 15

www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org

"Canhões, baionetas e muito sangue. A Guerra do Paraguai já durava quatro anos. As tropas não estavam conseguindo passar a ponte do Ribeirão Itororó, para tomar a estrada para Assunção. No meio do campo de batalha surgiu um homem de 65 anos, mas em pleno vigor, montado a cavalo. "Sigam-me os que forem brasileiros."

Era o brado de comando de Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias. Os brasi-leiros ultrapassaram não só a ponte, mas o caminho para a tomada da capital inimi-ga. Finalmente, em 1° de janeiro de 1869, a bandeira do Império brasileiro tremulou vitoriosa, quando o exército brasileiro chegou a Assunção, capital do Paraguai.

A carreira militar de Caxias começou cedo, aos cinco anos de idade, quando foi no-meado cadete, seguindo uma tradição familiar de várias gerações. Aos quinze anos, matriculou-se na Real Academia Militar, de onde saiu como tenente para ingressar numa unidade de elite do Exército do Rei.

Veio a Independência e, em 10 de novembro de 1822, coube ao então tenente Luiz Alves de Lima e Silva receber, na capela imperial, das mãos do imperador dom Pedro 1o, a bandeira do Império, recém-criada.

No ano seguinte, Caxias participou de sua primeira campanha, para pacificar os re-voltosos na Bahia, no movimento contra a independência comandado pelo general Madeira de Melo. Em 1825, o então capitão Luiz Alves deslocou-se para a campanha da Cisplatina, nos pampas gaúchos, revelando mais uma vez sua competência ex-cepcional e bravura.

Em 1833 casou-se com Ana Luiza de Loreto Carneiro Vianna, na época com dezes-seis anos de idade. Com ela teria duas filhas, Luisa de Loreto e Ana de Loreto, e um filho, Luís Alves Jr.

Já promovido a tenente-coronel, Caxias rumou à Província do Maranhão para comba-ter os revoltosos do movimento da Balaiada. Tornou-se presidente da Província do Maranhão e comandante geral das forças em operação, num esforço de união civil e militar.

Pelas vitórias, recebeu seu primeiro título de nobreza, o de barão de Caxias, outorga-do em 1841. O título faz referência à cidade maranhense de Caxias, palco de bata-lhas decisivas para a vitória das forças imperiais. Neste mesmo ano, Caxias foi eleito deputado à Assembleia Legislativa pela Província do Maranhão.

Em 1842, explodiu a revolução liberal em São Paulo e, a seguir, em Minas Gerais, reprimidas com êxito por Caxias. O imperador dom Pedro 2o, temeroso de que essa revolta viesse se unir à Farroupilha, em curso no Rio Grande do Sul, nomeou Caxias comandante-chefe do Exército em operações e presidente da Província do Rio Gran-de do Sul. Em 1º. de março de 1845 foi assinada a paz de Ponche Verde, dando fim à revolta farroupilha ou guerra dos Farrapos.

Em 1847, o então conde de Caxias tornou-se senador do Império pela Província do Rio Grande do Sul. No plenário do Senado, tornou-se colega de seu pai, o Senador Francisco de Lima e Silva, representante do Rio de Janeiro.

Após um período de relativa calmaria política, Caxias foi nomeado comandante em chefe das forças no Sul, em 1852, por causa das tensões na fronteira do Rio Grande do Sul. Desempenhou com sucesso uma campanha militar contra os ditadores Ro-sas, da Argentina, e Oribe, do Uruguai. Nesse mesmo ano, tornou-se marquês de Caxias.

Acometido de uma moléstia hepática, Caxias passou uma temporada cuidando da saúde, mas logo voltou a ocupar posições políticas, primeiro como ministro da Guer-ra, chefe do Gabinete conservador e depois, já com os liberais no poder, como con-selheiro de guerra.

Finalmente, em 1866, o chefe militar reconhecido por sua bravura, seus dotes de es-trategista e suas virtudes de pacificador, encarou mais uma vez um grande desafio. A posição brasileira na guerra do Paraguai vivia um momento de crise. Caxias, que já havia atuado como conselheiro no começo da guerra, assumiu o treinamento e a re-organização das tropas. Instituiu o avanço de flancos gerais, o contorno de trinchei-ras e o uso de balões cativos para espionagem.

Sucedeu-se uma série de batalhas vitoriosas. Finalmente, depois da célebre batalha de Itororó seguiu-se a campanha final, a Dezembrada. Foi sua última vitória. Retor-nando ao Rio de Janeiro, Caxias recebeu o título de duque, tornando-se o único bra-sileiro a merecer esta honraria.

Voltou a participar ativamente da vida política, como conselheiro de Estado, presiden-te do conselho e ministro de Guerra, até retirar-se, por motivos de saúde, para a fa-zenda de Santa Mônica, em 1878, onde morreu.

Para culto de sua memória, o governo federal proclamou-o, por Decreto Federal em 1962, "Patrono do Exército Brasileiro". O dia do seu nascimento, 25 de agosto, é con-siderado o Dia do Soldado. Seu nome está inscrito no "Livro dos Heróis da Pátria".

Os cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras prestam o seguinte juramento durante a cerimônia de graduação:

"Recebo o sabre de Caxias como o próprio símbolo da Honra Militar!"

UOL/Wikipédia

História

Cada inimigo seu vai te aplaudir de pé, quando seu escudo for o seu olhar, e sua espada a sua fé! Quando sua meta for felicidade não vitória, quem não se foca no presente não fica para a história .

AGOSTO - 2014

Edição nº. 81 Ano VII - 2014

Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania

A entrada da Guiné Equatorial na Comu-

nidade dos Países de Língua Portuguesa

(CPLP) é um desrespeito pelos povos que

a organização representa, diz Pedro Kru-

penski, presidente da Plataforma Portu-

guesa das ONGD.

Diretor da organização não-governamental OIKOS,

Cooperação e Desenvolvimento, além de presi-

dente da Plataforma das Organizações não-

governamentais para o Desenvolvimento (ONGD),

Pedro Krupenski e outras pessoas de associações

cívicas divulgaram no ano passado uma carta a-

berta à CPLP contra a entrada da Guiné Equatorial.

Hoje, no dia em que em Maputo os ministros dos

Negócios Estrangeiros dos países da CPLP reco-

mendaram a adesão da Guiné Equatorial, Pedro

Krupenski disse à Lusa que nada mudou no país

em termos de falta de respeito pelos direitos hu-

manos.

"Temos fontes credíveis e objetivas que nos asse-

guram que diariamente há prisões arbitrárias, jul-

gamentos sumários, perseguições, já não falando

da corrupção brutal, tudo à custa de um povo 70%

do qual vive abaixo do limiar da pobreza", disse à

Lusa, frisando: "São factos, não são opiniões."

As associações cívicas que estão contra a entrada

da Guiné Equatorial vão reunir-se na próxima se-

mana para concertar uma estratégia de luta con-

tra a adesão, disse o responsável, garantindo que

tudo irão fazer para impedir a adesão de fato.

Hoje, foi "com desânimo" que recebeu a notícia e

afirmou que uma adesão da Guiné Equatorial con-

fronta os estatutos da própria CPLP, porque viola

regras da própria organização em termos de direi-

tos humanos e ao fazê-lo não está a respeitar os

povos da organização.

Depois, a língua portuguesa foi imposta pelo Presi-

dente da Guiné Equatorial e ninguém a fala, sali-

entou Pedro Krupenski, para quem a adesão do

país à CPLP se deve apenas a "motivos econômi-

cos", porque o país tem petróleo.

Mas não tem dúvidas de que há "uma clara viola-

ção dos estatutos" da CPLP, entidade que vai sair

descredibilizada.

Além de Pedro Krupenski, assinaram a carta, na

altura, nomes como Luísa Teotónio Pereira e Mari-

na Costa Lobo, ou a ACEP - Associação de Coope-

ração entre os Povos e a TIAC - Transparência e

Integridade associação Cívica.

Integram agora a CPLP Angola, Brasil, Cabo Ver-

de, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique,

Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Língua de Camões em ascensão há 800 anos

Já tem 800 anos mas não está ainda para morrer.

Segundo a UNESCO, pelo menos 43%, das 6

mil línguas, que se estima sejam faladas no mun-

do, estão em perigo de serem extintas. Mas o por-

tuguês não é uma delas.

A língua portuguesa – originária de um pequeno

país, que tem, hoje, uma área total de pouco mais

de 92 km², incluindo os arquipélagos da Madeira e

Açores – é falada por 244 milhões de pessoas, es-

palhadas pelos cinco continentes, segundo o

“Camões – Instituto da Cooperação e da Língua” e

o “Observatório da Língua Portuguesa”.

O idioma de Fernando Pessoa, ou Camões é, atual-

mente, o quarto mais falado no mundo e a tercei-

ra língua europeia com mais falantes “maternos”,

segundo dados apresentados na exposição

“Potencial Econômico da Língua Portuguesa”, que

esteve patente no Parlamento Europeu, em Bruxe-

las, em fevereiro último.

Mas a importância crescente do português não se

fica por aqui. A sua utilização na internet cresceu,

entre 2000 e 2011, 990%, segundo o “Internet

World Stats”. O português é o quinto idioma mais

usado na web, 82,5 milhões de cibernautas, o que

representa 32,5% do total de falantes de portu-

guês no mundo.

Todos estes aspetos são, desde já, formas de com-

provar a importância que a língua portuguesa tem

hoje, e terá no futuro, mas o português tem um

papel de, ainda maior relevo, em termo mundiais,

que se reflete noutros domínios. Um estudo do

British Council concluiu que o português é a sexta

língua mais importante para o futuro dos britâni-

cos. O português, que o estudo refere como a lín-

gua do romance, ao lado do francês, do espanhol

e do italiano, é a oitava língua mais falada no Rei-

no Unido. Para além disso, e em termos econômi-

cos, o Brasil tem aqui um papel preponderante.

Este estudo refere que este país oferece grandes

oportunidades de negócio em termos energéticos,

de serviços e ciência. O Brasil foi identificado, pelo

governo britânico, como uma prioridade em ter-

mos de educação internacional, foram já criadas,

por exemplo, bolsas de estudo para quem queira

aventurar-se a viajar para o outro lado do Atlânti-

co.

Depois há o turismo, o estudo não esquece

que Portugal continua a ser um dos destinos de

eleição dos britânicos. Em 2011, quase dois mi-

lhões de britânicos aterraram em terras lusas para

passar as suas férias. Esse pequeno “cantinho à

beira mar plantado”, chamado Portugal, de onde

nasceu uma língua chamada português, poderá

conseguir juntar, até 2050, mais 100 milhões de

pessoas ao universo de falantes.

Portugal é o terceiro país da UE em que a dívida

pública mais subiu

Portugal tinha no primeiro trimestre do ano uma

dívida próxima dos 221 mil milhões de euros, mais

sete mil milhões do que nos três meses anteriores

e um valor que correspondia a 132,9% do Produto

Interno Bruto (PIB). Com estes números, o país

registrou o terceiro maior crescimento de dívida

na União Europeia em termos de percentagem do

PIB.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo

Eurostat, o gabinete de estatísticas da UE, e indi-

cam que o país onde a dívida pública mais subiu

face à produção de riqueza foi a Eslovênia: um au-

mento de sete pontos percentuais, passando a

dívida representar 78,7% do PIB daquele país. Se-

gue-se a Hungria, com uma subida de cinco pontos

percentuais e um rácio de 84,3%.

Portugal surge em terceiro, a par da Bélgica, com

um aumento de 3,9 pontos percentuais. No caso

belga, a dívida é de 105,1% do PIB.

Do outro lado da tabela, a maior descida ocorreu

na Polônia, onde se verificou uma queda de 7,6

pontos percentuais este ano em relação ao trimes-

tre anterior, colocando a dívida pública polaca em

49,5% do PIB. Na Alemanha, a queda foi de 1,1

pontos percentuais, para 77,3%, e na Grécia, de

um ponto percentual.

A média dos 28 Estados da União Europeia tam-

bém registrou uma ligeira subida, de 0,8 pontos

percentuais, passando a ser de 88% do PIB. O re-

sultado é pior quando se fazem as contas apenas

aos 18 países da zona euro. Neste caso, a subida

foi de 1,2 pontos percentuais, para uma dívida

média de 93,9% do PIB, um crescimento que surge

depois de dois trimestres consecutivos de desci-

das.

Na comparação entre o primeiro trimestre deste

ano e o do ano passado, a subida portuguesa é

ainda maior. O país tinha então uma dívida de a-

proximadamente 209 mil milhões de euros, o que

significava 127,4% da riqueza produzida, um valor

5,5 pontos percentuais abaixo do registrado em

2014.

Em termos homólogos, os países com melhor de-

sempenho foram a Polônia, a Alemanha e a Repú-

blica Checa. Aqueles em que a dívida mais cresceu

foram o Chipre, a Eslovênia e a Grécia. Nesta com-

paração anual, Portugal fica em sexto lugar.

A dimensão da dívida portuguesa face ao PIB colo-

ca o país também no terceiro lugar dos Estados da

UE com um rácio mais desfavorável. Em primeiro

está a Grécia, com 174,1%, e em segundo surge a

Itália, com 135,6%.

Os países com menor dívida são a Estônia (10%), a

Bulgária (20,3%) e o Luxemburgo (22,8%).