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www.asbeiras.pt DOMINGO | 29.Julho.2012 diretor: Agostinho Franklin subdiretora: Eduarda Macário Bem-vindo Bienvenu Welcome Willkommen José Cesário Empresas portuguesas no estrangeiro vão ser recenseadas >Págs 4 e 6 edição extra de acolhimento aos emigrantes’2012 Estórias de vida Passos da emigração contados na primeira pessoa >Págs 13 a 17 Portugal A nova vaga de emigração >Págs 8 a 12 distribuição gratuita

Edicao acolhimento emigrantes DB

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Edição especial de acolhimento aos emigrantes publicada pelo DIÁRIO AS BEIRAS na fronteira de Vilar Formoso

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Page 1: Edicao acolhimento emigrantes DB

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pt Domingo | 29.Julho.2012diretor: Agostinho Franklin

subdiretora: Eduarda macário

Bem-vindoBienvenuWelcomeWillkommen

José Cesário Empresas portuguesas no estrangeiro vão ser recenseadas>Págs 4 e 6

edição extra de acolhimento aos emigrantes’2012

Estórias de vidaPassos da emigração contados na primeira pessoa>Págs 13 a 17

PortugalA nova vaga de emigração >Págs 8 a 12

distribuição

gratuita

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diário as beiras | 29-07-2012e encialss abertura

índice04 | 06 José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas: “Estamos a recensear todas as empresas e empresários portugueses no estrangeiro”

08 Mais de 120 mil portugueses emigraram em 2011 e muitos deles são licenciados

09 Suíça, França e Angola entre os principais destinos

10 Remessas dos emigrantes voltam a crescer este ano

11 Empreendedores lusos no estrangeiro com negócios de largos milhões de euros

12 Diáspora formada na mais antiga instituição de ensino superior

13 “Acho muito bem que os jovens portugueses emigrem”

14 De emigrante nos Estados Unidos a autarca na Figueira da Foz

15 Antigos estudantes de Coimbra são empresários de sucesso em Madrid

16 “Já me arrependi muitas vezes de ter regressado a Portugal

17 “Todos os dias penso na hora de regressar a casa”

18 Magia do Centro afirma-se da praia à serra e estende-se a uma imensa riqueza patrimonial

19 Descobrir Coimbra do rio Mondego à Alta universitária

20 Locais paradisíacos para visitar do litoral ou interior

21 Maior feira da região em Cantanhede e ExpOH em Oliveira do Hospital

22-23 Praias e diversidade paisagística e arquitetónica na Figueira da Foz

111 Portugal tem sido, desde o século XV, um país de emigrantes, um cenário que aca-bou por condicionar toda a sua história.

Se nos séculos XV e XVI a emi-gração dirigiu-se, sobretudo, para o Norte de África e Orien-te, mais tarde, em meados do século XIX, os portugueses co-meçaram também a procurar o Brasil. Estados Unidos da Amé-rica, Argentina, Venezuela, Ca-nadá e Austrália são os destinos, fora da Europa, mais procurados ao longo do século XX. O fluxo emigratório para África também aumenta neste século, em espe-cial para Angola, Moçambique e outras regiões da África Austral,

como a África do Sul, Zimbabué ou o Congo.

A grande vaga de emigração ocorre, no entanto, a partir de finais dos anos 1950, e tem como destino a Europa: França, Alema-nha, Bélgica, Holanda, Luxem-burgo e Suíça. Em menos de uma década, emigram para França, por exemplo, mais de um mi-lhão portugueses. Os números da emigração, naturalmente, refletem-se de modo importante na evolução da sociedade lusa.

A emigração portuguesa conti-nua até aos nossos dias, embora com números mais modestos e com um caráter mais tempo-rário e ligado a investimentos económicos, realização de es-

tudos e atividades profissionais qualificadas.

Nos últimos anos, reflexo da crise económica que assola o país e o mundo, a emigração portuguesa volta a ganhar um novo fôlego, assumindo agora contornos e buscando novos países.

Para homenagear os portugue-ses que um dia abalaram das suas terras natais para batalhar por melhores condições de vida, o DIÁRIO AS BEIRAS publica hoje, 29 de julho, uma edição extra que acompanhará uma ação de boas-vindas ao emigran-te na fronteira de Vilar Formoso. Porque Agosto é, por excelên-cia, o mês do regresso dos emi-

grantes, que escolhem a terra natal para passar as merecidas férias de verão, e Vilar Formoso continua a ser a maior fronteira nacional, por onde ainda chega boa parte daqueles que traba-lham na Europa, em França, no Luxemburgo ou Suíça.

Nesta ação de acolhimento aos emigrantes, o DIÁRIO AS BEIRAS pretende homenagear-lhes a saga, contando as suas histórias na primeira pessoa, mas tam-bém levar-lhes notícias das suas terras e sugestões para roteiros de visitas nas férias estivais que agora começam.

Dora [email protected]

Edição de homenagem e acolhimento aos emigrantes

Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação

REGISTADO NO ICS SOB O N.º 109712

Membro da Aind e da APIR

ASSEMBLEIA GERALAntónio Madeira Teixeira (presidente); José Carlos Madeira de Jesus (secretário)

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOPedro Miguel da Silva Teixeira (presidente); Rosinda da Silva Teixeira (vice-presidente); Patrícia Sofia Batista Pereira Forte (vogal)

PRESIDENTE DO CONSELHO EXECUTIVOIvo Magalhães

DIREÇÃODIRETOR

Agostinho [email protected]

Eduarda Macário - CP n.º [email protected]

REDAÇÃOCHEFE DE REDAÇÃO

Dora Loureiro - CP n.º [email protected] Marques (repórter Coordenador) - CP n.º 2442, António Alves - CP n.º 4485, António Rosado - CP n.º 7751, Bruno Gonçalves- CP n.º 9424, Carlos Jorge Monteiro (repórter fotográfico), José Armando Torres CP n.º 5508, Jot’Alves (Figueira da Foz)- CP n.º 7763, Lídia Pereira- CP n.º 2685, Luís Carregã (repórter fotográfico)- CP n.º 2241, Patrícia Cruz Almeida - CP n.º 6427, Rute Melo- CP n.º 7085

DEPARTAMENTO GRÁFICOCOORDENADORA

Carla Fonseca [email protected] José, Ana Vendeiro, Rui Semedo e Victor Rodrigues

PROJETO GRÁFICO

A. Franklin/ P.Costa

DIREÇÃO DE PLANEAMENTO E MARKETINGDIRETOR

Pedro CostaAna Nunes (assist. marketing)

DEPARTAMENTO COMERCIALAna Paula Ramos (coordenadora comercial), Anabela Cardoso, António Neves, Cristina Mota, Margarida Fernandes, Rosa Pereira, Rui Francisco e Vasco Santos

DEPARTAMENTO FINANCEIRO E ADMINISTRATIVOCarlos Fernandes (diretor)Adelaide Gaspar, Carla Santos, Cidália Santos (assinaturas)

COORDENAÇÃO INFORMÁTICA

Samuel Costa

CONTACTOSSEDE: Rua Abel Dias Urbano, n.º 4 - 2.º 3000-001 Coimbra, tel. 239 980 280, 239 980 290, Telem: 962 107 682 fax 239 980 288, [email protected]

REDAÇÃO Tel. 239 980 280, Fax 239 983 [email protected]

PUBLICIDADE tel. 239 980 287,fax 239 980 281, [email protected]

CLASSIFICADOS tel. 239 980 290, fax 239 980 281, [email protected]

ASSINATURAS tel. 239 980 289, [email protected]

Figueira da Foz (delegação)[email protected], Loja N.º 47, Edifício FozCenter – Centro Comercial Figueira Shopping, Rua da República, N.º 202, S. Julião, 3080-036 Figueira da Foz, telm. 962108037 e 962109037 fax 233 425 368

Oliveira do [email protected] Telm: 962108937

Contribuinte nº 508535115

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CRC Coimbra sobre o nº508535115

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Detentores de mais de 10% do capital:

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DE JUNHO: 12.000

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TIRAGEM DESTA EDIÇÃO50.000 EXEMPLARES

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Como se articula a Secretaria de Estado das Comunidades com a política geral do Ministé-rio dos Negócios Estrangeiros, vocacionada para a diplomacia económica?

Há uma articulação perfei-ta. O senhor ministro acom-panha de perto todo o tra-balho que desenvolvemos e eu próprio faço questão de mantê-lo sempre informado. Temos a consciência de que a diplomacia económica é uma opção central do Mi-nistério, mas também o é a ligação estreita às nossas co-munidades, nas quais sabe-mos que existe uma enorme vocação empresarial. Aliás, nós temos em fase de lança-mento um amplo processo de recenseamento de todas as empresas e empresários

portugueses que existem no estrangeiro.

Por que emigram tanto os portugueses?

Nós sabemos que os ciclos da emigração correspondem sempre aos ciclos do empre-go, pelo que quando baixa a capacidade de um país de garantir pleno emprego aos seus cidadãos cresce auto-maticamente o fenómeno da procura desse mesmo tra-balho no estrangeiro. Ora, em Portugal, esta situação é naturalmente acentuada pela predisposição da nossa sociedade para partir, para procurar novas oportunida-des fora de portas. A prova é que os níveis de emigração sempre se mantiveram altos, mesmo em períodos de quase

pleno emprego, como acon-teceu, por exemplo, nos anos 2000 a 2002, quando saíam do país, todos os anos à volta de 30 mil portugueses.

Nada de novo, então?Eu diria que, na última dé-

cada, a sociedade portuguesa adormeceu para o fenómeno da emigração e, a certa altura, pensou que já ninguém mais emigrava. Mas a verdade é que, de há seis anos para cá, saíram do país 100 mil por-tugueses por ano. Por isso eu digo que só pode ter havido a intenção de esconder que, na realidade, andámos a ex-portar taxa de desemprego.

Quantos portugueses par-tem, em cada ano?

Estamos a assistir a um mo-

vimento de entre 120 a 150 mil portugueses a saírem, em cada ano. Mas é muito difícil ter números seguros. Desde logo porque, no espaço da União Europeia, a circulação de pessoas é livre e, na maio-ria dos casos, quem emigra só se torna “oficial” quando se tem de registar nos serviços locais de Segurança Social – registo esse que, a posteriori, acaba por nos chegar. Depois, há o trabalho sazonal, na ho-telaria, agricultura ou cons-trução civil, que faz com que a maioria dos emigrantes não tenha qualquer contacto com serviços oficiais. E há ainda a contratação por empresas de trabalho temporário...

Que controlo têm as autori-dades sobre essas empresas?

Todos sabemos que as em-presas deveriam fazer os competentes registos. Há, de resto, grande pressão sobre elas da parte da Autoridade para as Condições de Traba-lho (ACT). Mas temos tam-bém a consciência de que isso nem sempre se verifica.

Angola e Brasil são privilegia-dos, mas a Europa continua a ser o destino preferido...

Eu julgo que as preferên-cias não mudaram muito. É claro que, para isso, contam as circunstâncias que condi-cionam a emigração, como a geografia, a proximidade linguística e cultural, a pre-sença de familiares e amigos e, claro, a oferta de empre-go. Eu diria, portanto, que a Espanha, a Suíça, a França

e o Reino Unido são os mais procurados. Mas, como re-feriu, também se nota uma procura cada vez maior de Angola enquanto que, no caso do Brasil, o fenómeno ainda não tem a dimensão dos anteriores mas é já muito significativo.

Que tipo de queixas chegam ao Governo por parte destes novos emigrantes?

Bom, é verdade que vão surgindo nota de alguns problemas, mais nuns países do que noutros. Problemas que não são novos mas que vale sempre a pena dar conta. Estamos a falar de situações como os incumprimentos contratuais, a pura inexistên-cia de contratos de trabalho, casos de exploração laboral,

Estamos a recensear todas as empresas e empresários portugueses no estrangeiroJosé Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas admite que saem de Portugal 120 a 150 mil portugueses por ano

Sejam muito bem-vindos

A todos os nossos emigrantes que agora estão de regresso para as merecidas férias de verão quero dizer que são, hoje e sempre, muito bem-vindos. É muito importante a vossa presença no país que é de todos nós. E espero que, no vosso regresso, levem convosco a mensagem do país que somos, da nossa alegria e da nossa capacidade para atrair turistas, que podem ser os vossos vizinhos, os vossos amigos e os vos-sos colegas de trabalho, lá fora. Mas, acima de tudo, que levem convosco uma mensagem de esperan-ça e de muita confiança no futuro, sabendo que estamos a tomar medidas difíceis, é certo, mas que são a garantia da solidez das nossas finanças públicas.

saudação

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salários em atraso, enfim... é sempre bom relembrar uma das maiores preocupações que surgem e que tem a ver com a necessidade absoluta de as pessoas procurarem ao máximo informar-se do que vão encontrar e assegurar-se das condições que os espe-ram.

Esses problemas são típicos de emigração indiferenciada e o que se sabe é que os novos emigrantes portugueses são cada vez mais qualificados...

Não há quaisquer dúvidas de que a nossa emigração é mais qualificada, até pelo simples facto de que a nos-sa sociedade é, ela própria, mais qualificada. Mas isso não significa que haja, da parte de quem emigra, co-nhecimento das realidades dos países de acolhimento. Isto é, aliás, um problema do país, que sempre teve muitos emigrantes mas sempre vi-veu uma espécie de divórcio com o fenómeno, ignorando voluntariamente tudo o que tem a ver com ele. Ora, o ato de emigrar é muito dif ícil e arriscado; encerra muitas vezes enormes dramas. Eu tenho conhecido portugue-ses emigrantes que, hoje, são pessoas muito bem sucedi-das mas que não hesitam em contar inúmeras situações dramáticas por que tiveram de passar, no seu início.

O que faz a tutela para pro-mover a informação esclareci-da dos candidatos a emigrar?

Antes de mais, fazemos em permanência apelos a que toda a gente procure informar-se o mais possível, para saber não apenas tudo sobre o que lhes é oferecido mas também para conhecer a legislação e outras carac-terísticas dos países para onde vão. Pela nossa parte, desenvolvemos há seis anos uma campanha de esclareci-mento e, agora, temos uma outra em curso. Temos na rua cartazes e desdobráveis e contamos sempre com a In-ternet. Procuramos também sensibilizar parceiros ativos, como as câmaras municipais e as próprias paróquias. Mas, claro, temos a consciência de que não chegamos a todos pelo que nunca estamos sa-tisfeitos.

Há casos dramáticos?Os casos piores são aqueles

em que emigram famílias in-teiras. Sabemos que as crian-ças são um enorme proble-

ma, pois os pais raramente sabem onde vão estudar e em que condições. E depois há ainda os problemas dos cuidados de saúde e da segu-rança social, que estão mais facilitados nos países com os quais Portugal tem hoje acordos.

Sente que há, hoje, mais re-

sistência e maiores problemas no acolhimento a emigrantes portugueses?

Hoje há uma crise em todo o mundo e, portanto, as dificul-dades em encontrar trabalho são cada vez maiores. É bom que se saiba que, em todo o mundo, são mais de 250 mi-lhões de pessoas migrantes, formando, em termos eco-nómicos, a quinta potência mundial. Daí que haja, por vezes, problemas com quem recebe e, até, restrições im-postas oficialmente. Mas o pior é mesmo a exploração que se verifica nalguns países onde não se esperaria, como Espanha, Reino Unido, Ho-landa ou Suíça.

Qual a taxa de registo dos no-vos emigrantes?

Como sabe, a inscrição nos serviços consulares só acon-tecem quando as pessoas pre-cisam do primeiro documen-to. Quanto ao recensemaneto eleitoral, é ainda pior, pois trata-se de um ato voluntá-rio. Ainda assim, é um facto que há aumento de registos, como há um aumento de emigração. E há consulados com altos níveis de inscrições e outros nem tanto.

As mudanças no ensino de

Português no estrangeiro têm sido objeto de muitas críticas. Que balanço faz das opções políticas tomadas pelo atual Governo, nesta matéria?

As mudanças são as únicas possíveis para que, finalmen-te, tenhamos um sistema de ensino estruturado. Até aqui, o que existia era um conjunto de professores que, todos os anos, atirávamos para o terre-no, cada um podendo fazer as suas experiências educativas, sem qualquer articulação. Ora, quisemos avançar com os processos de avaliação e a consequente certificação; quisemos também avançar com ações de formação gene-ralizada e temos em marcha outros programas, como o de incentivos à leitura. Por ou-tro lado, trabalhamos numa estratégia de integração do Português nos sistemas edu-cativos locais – o que, nos

Estados Unidos, regista já alguns casos de sucesso.

Como decorreu o processo

de pré-inscrição online dos alunos?

Correu muito bem e a pro-va é que, para o próximo ano letivo, 2012/13, temos já um número maior de alunos do que no que acabou agora. Vamos ter 57 mil estudantes (eram 55 mil) e isto só no EPE – Ensino de Português no Es-trangeiro. Para além destes, vamos distribuir cerca de sete mil manuais a alunos, nos es-tados Unidos e no Canadá, onde o ensino é integralmen-te pago pelos pais e pelas au-toridades locais.

Considera a propina anual de

120 euros adequada?Nós temos a consciência

de que precisamos de meios para esta mudança. É claro que sabemos que a pequena propina que pedimos não é uma medida simpática, mas também temos tidos mui-ta gente a compreendê-la. Agora, com toda a franque-za, a alternativa era fechar algumas escolas e ter menos jovens a estudar português lá fora.

Já está garantida a certifi-

cação das aprendizagens, no estrangeiro, pelo Ministério da Educação e Ciência?

Estamos a trabalhar a fun-do para que não seja apenas o Instituto Camões a proce-der a tudo quanto tem a ver com as avaliações e com as certificações, pelo nosso sis-tema de ensino. O Ministério da Educação e Ciência tem de estar envolvido e a articula-ção tem de ser total comop já está a acontecer.

Outro projeto anunciado foi

o da descentralização das fun-ções consulares. Em concreto, que medidas foram já tomadas e quais as que estão previstas?

Temos em curso uma ex-periência de permanências consulares que permitem tratar de assuntos diversos fora dos consulados, através de equipamentos móveis. Esta experiência, a decorrer na Alemanha e em França, com assinalável sucesso, per-mite tratar de documentos como o cartão de cidadão, o passaporte, etc., aproxi-mando ao mesmo tempo os consulados às comunidades mais isoladas.

Paulo [email protected]

RNos últimos seis anos ten-tou-se esconder que andámos a exportar a nossa taxa de de-semprego

ROs novos emigrantes são mais qualificados mas isso não significa maior conhecimento sobre o que os espera

ROs casos mais dramáticos são os de famílias com crianças

RFinalmente temos um siste-ma estruturado no Ensino de Português no Estrangeiro

RA alternativa à propina (até 120 euros anuais) era fechar escolas

RA experiência de permanên-cias consulares com equipa-mentos móveis, em França e na Alemanha, é um assinalável sucesso

discurso direto

perfilRJosé Cesário é secre-tário de Estado das Co-munidades Portuguesas – pasta que já tinha ocu-pado no XV Governo

RAos 54 anos, é licen-ciado em Administração e Gestão Escolar

REx-presidente da Co-missão Política Distrital de Viseu do PSD e antigo secretário-geral Adjunto do PSD

RDeputado em várias Legislaturas, foi vice-presidente da Comissão de Negócios Estran-geiros e Comunidades Portuguesas, vice-pre-sidente da Delegação Portuguesa ao Fórum Pa r l a m e n t a r I b e ro -Americano e secretário da Mesa da Assembleia da República

RFoi diretor do Sindi-cato de Professores da Zona Centro e fundou a Associação Nacional de Professores do Ensino Básico.

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Mais de 120 mil portugueses emigraram em 2011 e muitos deles são licenciados

111�Apesar de não exis-tirem números concretos sobre a emigração portu-guesa, a Secretaria de Estado das Comunidades admite que entre 120 mil e 150 mil portugueses emigraram no ano passado, confirmando-se assim uma tendência dos últimos anos.

As saídas de portugueses para o estrangeiro estão a aumentar, segundo os mes-mos dados, para países como a Suíça, a França ou Brasil. No Brasil, os destinos pro-curados são o Nordeste mas também, mais recentemente, o Rio de Janeiro e São Paulo.

Aliás, segundo dados da Secretaria Nacional de Jus-tiça do Brasil, os pedidos de residência permanente por parte de portugueses au-mentaram de 276.703 para 328.856 entre dezembro de

2010 e junho de 2011, tendo ainda sido emitidos muitos vistos para a realização de trabalhos temporários, estu-dos e pesquisas.

Apesar de não existirem nú-meros concretos, os “fl uxos” da emigração portuguesa su-gerem que cada vez há mais trabalho temporário. Isto é, os portugueses “emigram” por determinado período de tempo e regressam.

Emigração mais qualifi cadaA emigração portuguesa é

também cada vez mais qua-lificada e começa em faixas etárias mais novas e estende-se até idades mais avançadas.

Os registos do Instituto de Emprego e Formação Pro-fi ssional (IEFP) revelam que a opção pelo estrangeiro está cada vez mais em cima da mesa dos trabalhadores

qualifi cados desempregados. Contudo, em valor absoluto, o número destes emigrantes não chega a 2000 licenciados

O número de licenciados desempregados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5 por cento entre 2009 e 2011, de acordo com os regis-tos do Instituto de Emprego e Formação Profi ssional.

O número de licenciados é, de facto, reduzido face ao total de trabalhadores que decidiram emigrar, mas os dados sugerem que a opção pelo estrangeiro está cada vez mais em cima da mesa dos portugueses com qualifica-cões que se encontram numa situação de desemprego.

Dados parciaisEm 2011, a emigração jus-

tifi cou o fi m da inscrição de

1.893 desempregados licen-ciados (contra os 1.266 regis-tados em 2009), de um total de 22.700 trabalhadores que deixaram de estar inscritos no IEFP porque decidiram aceitar ofertas de trabalho no estrangeiro.

O presidente do IEFP, Octá-vio Oliveira, aconselha po-rém uma “leitura muito limi-tada” destes dados, uma vez que representam “apenas e só as anulações de candidatura a emprego realizadas pelos serviços do IEFP na sequência da declaração do próprio”.

Mercado mais globalizadoPara o responsável, “não é

signifi cativo” o aumento da emigração entre os desem-pregados inscritos que pos-suem uma habilitação supe-rior nos últimos três anos em análise.

Para Octávio Oliveira, a saí-da de trabalhadores para o estrangeiro tem sido cons-tante nos últimos anos e é também resultado de um mercado de trabalho cada vez mais globalizado. “Mes-mo em momentos de cresci-mento da economia nacional foi signifi cativo o número de anulações por motivo de emi-gração”, refere o presidente do IEFP.

Emprego sazonal“A própria emigração tem

hoje uma componente de sazonalidade, sendo normal o aproveitamento de excep-cionais oportunidades, com remunerações e condições interessantes”, acrescenta Octávio Oliveira.

A divulgação de ofertas de emprego no espaço europeu e a cooperação dos serviços

públicos de emprego tem sido, de resto, uma das prio-ridades na União Europeia, reforçou.

De acordo com os dados do Instituto de Emprego e For-mação Profi ssional, a maioria dos desempregados que op-tam por emigrar têm entre 35 e 54 anos (55,2%) e possuem habilitações escolares ao nível do ensino secundário (24,3%).

Entre os grupos de profis-sões com mais trabalhadores a emigrar, estão os operários, artífices e trabalhadores si-milares (20,4% do total), pessoal dos serviços de pro-teção e segurança (12,3%) e os trabalhadores não qualifi -cados dos serviços e comércio (10,5%).

Dora [email protected]

O número de licenciados desempregados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5 por cento entre 2009 e 2011

1893desempregados

licenciados anularam a inscrição nos centros de emprego por terem

emigrado, em 2011, contra 1.266 registados em 2009

49,5% é o aumento da

percentagem, entre 2009 e 2011, de licenciados desempregados que

anularam a inscrição nos centros de emprego para

emigrar

55,2% dos desempregados que

optam por emigrar têm entre 35 e 54 anos

númerosDR

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edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 | especial | 929-07-2012 | diário as beiras

Suíça, França e Angola entre os principais destinos

111�Suíça, França e An-gola são os principais des-tinos dos novos emigrantes, cujo número está a crescer devido ao desemprego e às dificuldades económicas e inclui já pessoas de 40 e 50 anos.

Apesar de ser impossível obter dados específi cos sobre o número de emigrantes – já que a circulação de pessoas é livre na União Europeia –, o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, admite que o número tem aumentado com o cresci-mento das difi culdades eco-nómicas em Portugal.

Os indicadores nesse sen-tido são dados pela admi-nistração dos consulados e abertura de novas contas, que indicam que há um au-mento grande da emigração.

Os novos emigrantes têm algumas diferenças em re-lação às chamadas vagas convencionais. A começar pelos destinos, que agora in-cluem Angola como um dos principais países para onde os emigrantes portugueses se dirigem. Os principais destinos são Suíça, França e Angola, locais procurados por oferecerem oportunida-des de emprego, mas começa também a haver portugueses que procuram emprego no Brasil. As instituições brasi-leiras, de resto, confi rmam o aumento de pedidos de vis-tos por parte de portugueses.

Pontualmente há emigra-

ção mais qualifi cada, como acontece com o Canadá e a Austrália, que têm fluxos migratórios periódicos para gente muito qualifi cada, aos quais nem sempre é fácil aceder.

Geração dos 50 também emigra

O que está a mudar tam-bém é a idade dos emigran-tes. Hoje, a geração que tem 40 e 50 anos também passou a arriscar, indicam os dados disponíveis sobre a emigra-ção a arriscar.

“A grande diferença é que, até há meia dúzia de anos, não havia uma pessoa de 40 ou 50 anos a emigrar e hoje vêem-se várias. Como se vê pessoas que partem com a família toda atrás e como se vê muita gente qualifi ca-da, muita gente com cursos superiores que vai procurar oportunidades lá fora”, des-taca José Cesário.

Imigração diminuiNestes países, a maior parte

do emprego é conseguido nas atividades tradicionais, como sejam a hotelaria, construção civil e limpezas.

A crise económica e conse-quente aumento do desem-prego também se faz notar na imigração. “Hoje, por-que não há empregos, não há praticamente pessoas a entrar em Portugal vindas do exterior”, admite o gover-nante. 36

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Remessas dos emigrantes voltam a crescer este ano

111 As remessas de emi-grantes portugueses volta-ram a aumentar, após a que-bra sentida em anos de crise, como 2008 e 2009, e depois de praticamente terem es-tagnado no último ano. Os dados divulgados pelo Ban-co de Portugal mostram que os emigrantes portugueses enviaram 822,4 milhões de euros para o país nos primei-ros quatro meses deste ano, o que que é o valor mais alto registado na última década e representa um aumento de 17,6% face ao período ho-mólogo de 2011. Em valores absolutos, os emigrantes já não enviavam tanto dinheiro para Portugal desde 2002

O “boom” verificado este ano nas remessas mostra que a nova vaga de emigração,

dos últimos anos, não se tem traduzido num grande aumento do dinheiro que os emigrantes enviam para Portugal.

Emigrantes e destinos diferentes

Contudo, os emigrantes continuam sempre a man-dar as suas poupanças para Portugal, mas essas remessas têm crescido a ritmo mais lento do que o da saída de portugueses em busca de trabalho ou de uma vida melhor no estrangeiro. En-tre 2010 e 2011, as remessas aumentaram apenas 4,6 mi-lhões de euros, para somar 2,430 mil milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal.

Os especialistas adiantam

várias explicações para esta diferença entre o aumento da emigração e o menor va-lor das remessas enviadas pelos emigrantes.

Desde logo, o emigrante de hoje é diferente dos que emi-gravam no passado. Muitos deles são mais jovens e qua-lificados e não tem o objetivo claro de manter uma família em Portugal, para regressa-rem mais tarde.

Depois, as dúvidas sobre a estabilidade da banca na-cional estarão a levar alguns a preferir fazer aforro no estrangeiro. Acresce que a crise está também a atingir destinos fortes de emigração e alguns países dificultam a saída de dinheiro.

No entanto, as atuais di-ficuldades do país podem

estar na origem da inversão de tendência que se está a registar este ano, ou seja, é possível que exista um re-forço do sacrif ício de quem está fora, numa tentativa de ajudar os familiares.

Remessas de alguns países aumentam

De qualquer modo, aumen-taram as remessas de Angola, que em 2009 estava no 6.º lugar da lista das principais origens das remessas e em 2011 chegou ao 3.º lugar.

No último ano cresceram também as quantias envia-das da Suíça, mas, em con-trapartida, o início da crise espanhola fez regressar lar-gos milhares de portugueses e da Alemanha deixaram de vir sete milhões de euros.

Banco de Portugal indica que os emigrantes portugueses enviaram 822,4 milhões de euros para o país nos primeiros quatro meses deste ano. As remessas foram as mais altas desde 2002

Notas na emigração RA taxa de desemprego em Portugal ultrapassa os 15%. As expetativas para 2012 e 2013 não apontam melhorias, com o crescimento previsto do PIB português a ron-dar os -3%. Face a este cenário, a emigração é uma alternativa para cada vez mais jovens.

RAs engenharias e os profissionais de saúde, como os enfermeiros, são alguns dos empre-gos mais procurados a nível mundial. Em Por-tugal, 20% do total de li-cenciados corresponde a profissionais de enge-nharia, uma média muito acima da generalidade internacional. Também os enfermeiros portu-gueses beneficiam do facto de serem formados num dos poucos países em que têm formação superior.

RO Reino Unido, Suíça e França são os que mais contratam profissionais de saúde portugueses. Recentemente, a Allian-ce Française fez mesmo uma campanha de re-crutamento em Portu-gal, tendo levado mais de 700 enfermeiros para terras gaulesas.

RNo Brasil, a procura de engenheiros, designers e de arquitetos tem sido muita, numa altura em que se prepara o aco-lhimento do Mundial de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos 2016. O país tem sido o destino de muitos portugueses RO Canadá, um dos paí-ses com melhor nível de vida do mundo, ne-cessita de profissionais ao nível dos técnicos de saúde, hotelaria, enge-nheiros e informáticos. O problema é que o vis-to nem sempre é fácil de obter

As remessas enviadas este ano pelos emigrantes representam um aumento de 17,6% face ao período homólogo de 2011

1Aumentaram as remessas vindas de Angola e da Suíça, por exemplo

2Da Alemanha vieram menos sete milhões de euros

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edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 | especial | 1129-07-2012 | diário as beiras

Empreendedores lusos no estrangeiro com negócios de largos milhões de euros

111 A COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação quer dar o exem-plo dos empresários lusos que triunfaram em mercados externos. O que é mais um argumento a justificar que a associação tenha lançado o “Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portu-guesa”.

Na última edição do prémio, Isabel Santos Melo foi galar-doada com o prémio, tendo sido também atribuída uma menção honrosa a Cristóvão Fonseca. O prémio foi entre-gue pelo Presidente da Repú-blica no Palácio da Cidadela, em Cascais, numa iniciativa da COTEC Portugal que pre-tende celebrar os portugueses que, pela sua capacidade em-preendedora e inovadora, se notabilizam fora de Portugal

nas suas atividades. “Tenho a certeza que muitos

de vós, que têm conseguido vencer em economias exigen-tes e diferenciadas, poderão também ser fonte de inspira-ção para outros e contribuir para o desenvolvimento do nosso país”, frisou Filipe de Botton, presidente do júri.

De resto, o responsável não deixou de enaltecer a impor-tância para Portugal dos em-preendedores na diáspora, como são os 141 candidatos a esta 5.ª edição do Prémio Diáspora.

Exemplos de sucesso empresarial na diáspora

No discurso de encerramen-to, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirmou a importância deste “reencon-tro de portugueses”. por con-

tribuir para “estreitar os laços entre portugueses separados por geografias longínquas” e servir o propósito de “a todos mobilizar para o desenvolvi-mento de Portugal”.

Como exemplo dessa mo-bilização, o Presidente da Re-pública apontou a aposta de João Mena de Matos, vencedor da edição anterior deste pré-mio, que após essa distinção decidiu implementar o Cen-tro de Treino Avançado para Equipas Médicas em Portugal, um projeto que representa um investimento de 15 milhões de euros.

Para o Presidente da Repú-blica uma economia exige “a força dos empreendedores para a sua renovação, através de actividades inovadoras que impulsionem o crescimento económico e a produtivida-

de, e que sejam geradoras de emprego”.

Perante o sucesso destes em-presários, a COTEC entende que os empreendedores por-tugueses na diáspora podem ajudar as empresas portugue-sas, através dos seus contactos e como agentes facilitadores e assim contribuírem para o crescimento das exportações, considera Filipe de Botton.

Dados testemunham vitalidade

Os exemplos de empresá-rios lusos de vários setores de atividade que vingaram em mercados além fronteiras não param de crescer. E a impor-tância destes empresários está bem patente nos volumes de faturação, bem como no nú-mero de postos de trabalho que criaram.

Os dados da 4.ª edição do prémio permitiram concluir que os empreendedores can-didatos empregam mais de 60 mil colaboradores e apresen-tavam um volume de negócios global da ordem dos 4,5 mil milhões de euros, segundo a COTEC Portugal.

Para Filipe de Botton, presi-dente do júri da última edição destes prémios, “o projeto da COTEC visa dar um impulso às relações entre Portugal, a diáspora portuguesa e os paí-ses de acolhimento da mesma pelo mundo. Os vencedores das anteriores edições deste prémio são representantes de elevado valor nos países em que se encontram inseridos e têm projetado o nome de Por-tugal e dos portugueses nos vários setores e mercados em que se encontram”, destaca.

COTEC Portugal distingue os portugueses que, pela sua capacidade empreendedora e inovadora, se notabilizam fora de Portugal

Com mais de 30 anos de ex-periência na área social, Isabel Santos Melo tem dedicado a carreira a apoiar pessoas vul-neráveis e com deficiência, sendo fundadora do Grupo Mentaur, que presta serviços residenciais a adultos com di-ficuldades de aprendizagem, saúde mental e necessidades complexas.

Isabel Santos Melo (Reino Unido, 57 anos)

distinções

Com mais de vinte anos de es-tudo no mundo artístico e das belas artes, Cristovão Fonseca é um autor-realizador que co-fundou a empresa de produção de documentários e filmes Les Films de l’Ódyssée, estando actualmente envolvido na cria-ção da Oito TV, um canal para a diáspora portuguesa.

Cristóvão Fonseca( França, 35 anos)

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Diáspora formada namais antiga instituição de ensino superior

111 Não é um mito dizer que “os portugueses continu-am a seguir a rota das carave-las” mas já é um mito dizer que é o espírito aventureiro dos portugueses que os está a empurrar para o mundo.

Os últimos dados apontam para que, fora do país, sejam mais de cinco milhões os portugueses que emigraram em busca de uma vida me-lhor. E, perante a crise que tem marcado o país nos últi-mos anos, a tendência é para este número aumentar de forma significativa. França, Alemanha, Suíça, Luxembur-go e Espanha continuam a ser a preferência dos portu-gueses, mas há quem olhe agora para novas paragens, o que permite falar no reju-venescimento da diáspora portuguesa.

Ou seja, a globalização eco-nómica deu origem a uma globalização laboral mun-dial. Brasil, África (com An-gola e Moçambique nas pre-ferências) e Estados Unidos da América são alguns dos territórios apetecíveis para muitos dos portugueses.

Este aumento de emigran-tes tem levado a aumentar a diáspora portuguesa. Um dos estudos sobre a diás-pora portuguesa refere que grande parte dos nossos emi-grantes são da região Norte e Centro. Muitos deles ainda tentaram, primeiro, a sua sorte em Lisboa, mas pouco tempo depois optaram por viajar para outras regiões do globo, estando espalha-dos pelos “quatro cantos do Mundo”.

Dimensão internacionalImportante em todo este

movimento tem sido as universidades. E, principal-mente, a Universidade de Coimbra. A mais antiga ins-tituição de ensino superior portuguesa levou a que mui-tos portugueses fossem obri-gados a deslocar-se das suas terras natais até à cidade de Coimbra para aqui concluir

os seus estudos superiores. Em muitos casos, houve

quem tivesse preferido per-manecer na cidade onde estudou, mas outros houve que procuraram o sucesso na capital ou do outro lado da fronteira. A sua importância é tal que um dos pilares da candidatura da cidade a Pa-trimónio Mundial da Unesco (que está a decorrer) é a sua diáspora. A dimensão nacio-nal e internacional é refor-çada pela formação de elites para um espaço pluriconti-nental e pela importância da cidade como centro de pro-dução e irradiação cultural.

Se as Faculdades de Direito e Medicina são por excelên-cia um dos polos difusores do saber conimbricense, jun-taram-se depois as Ciências e as Letras. Aliás, nos últimos anos, tem sido nas ciências que o nome da cidade tem dado sinais da sua abrangên-cia. Investigadores formados na Universidade de Coimbra começam a ser reconhecidos a nível nacional e interna-cional, o que leva a que este polo de ensino seja muito procurado por estrangeiros.

Sinal disso mesmo tem sido a crescente procura de alunos estrangeiros para a participação no programa de cooperação e mobilidade Erasmus. Este crescimento revela a imagem positiva dada no exterior pelos alu-nos formados na mais antiga instituição de ensino supe-rior portuguesa, levando mesmo o antigo consul de Portugal em Benguela, Ale-xandre Leitão, a considerar que o prestígio da cidade “é bem maior no estrangeiro do que em Lisboa”.

“No estrangeiro, não me canso de ilustrar o potencial do meu País”, referiu no tex-to de opinião publicado na última edição de aniversário do DIÁRIO AS BEIRAS, publi-cada a 24 de março último.

António [email protected]

Aumento do número de emigrantes permite aumentar a diáspora portuguesa no estrangeiro. Universidade de Coimbra é um dos principais pólos de formação

destaqueRA globalização eco-nómica deu origem a uma globalização la-boral mundial. Brasil, África (com Angola e Moçambique nas pre-ferências) e Estados Unidos da América são alguns dos territórios apetecíveis para mui-tos dos portugueses

RUm dos pilares da candidatura de Coim-bra a Património Mun-dial da Unesco (que já foi entregue) é a sua diáspora

RA dimensão nacional e internacional da Uni-versidade de Coimbra é reforçada pela for-mação de elites para um espaço pluricon-tinental e pela impor-tância da cidade como centro de produção e irradiação cultural

RInvestigadores for-m a d o s n a U n i ve r -sidade de Coi m bra começam a ser reco-nhecidos a nível nacio-nal e internacional

R O crescimento do número de alunos es-trangeiros a estudar em Coimbra revela a ima-gem positiva dada no exterior pelos alunos formados naquela que é a mais antiga institui-ção de ensino superior portuguesa

Candidatura a património mundial da Unesco tem como principal pilar a diáspora DB

-Luí

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edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 | especial | 1329-07-2012 | diário as beiras

“Acho muito bem que os jovens portugueses emigrem”

111 A história dos emi-grantes portugueses escre-ve-se com sangue, suor e lágrimas. A nova geração, porém, na sua maioria alta-mente qualificada, parte com emprego garantido e bem remunerado. Pedro Ribeiro Cura, 63 anos, foi para New Bedford em 1974, cidade onde cerca de 80 por cento da população é portuguesa ou luso-descendente. “Em-barcou” numa vaga de emi-gração de pescadores oriun-dos da freguesia de S. Pedro, Figueira da Foz. Inicialmente, trabalhou na indústria têxtil, mas rapidamente se mudou para as pescas.

Naquela cidade do esta-do de Massachusetts, Pedro Cura é um dos armadores portugueses, detendo socie-dade em duas embarcações de pesca. Os cinco emprega-dos são portugueses, três dos quais figueirenses – dois de S. Pedro e um de Tavarede. An-tes de partir à conquista do sonho americano, o natural de S. Pedro cumpriu serviço militar em Angola, na guer-ra do ultramar, durante 26 meses. Antes disso, porém, concluiu o curso industrial.

Hoje, a sua prole já vai na terceira geração de emigran-tes. Ou melhor, os netos já nasceram americanos. E os filhos preferem a terra firme. “Não conheço ninguém de S. Pedro emigrado em New Bedford cujos filhos se dedi-quem à pesca”, afirma. Mas há coisas que nunca mudam: “sinto a falta do oxigénio da minha terra e do iodo deste mar”. É por isso, e para convi-ver com os poucos familiares que vivem na sua terra natal e com amigos, que Pedro Cura vem a Portugal duas vezes por ano.

Mercado da saudade“Enquanto puder, vou con-

tinuar a vir duas vezes por ano, uma a seguir ao Natal e outra no verão”, assevera o emigrante figueirense, que nos recebeu na sua casa, em S. Pedro. Ressalva, no entan-to, que “está fora de causa

regressar de vez”. Porquê? “Gosto muito desta terra, mas também gosto muito dos Estados Unidos, onde tenho a minha família, que também não que voltar”. A resposta é elucidativa. De resto, “vive” Portugal todos os dias naquela cidade cos-teira norte-americana, que tem o maior porto de pesca da união.

Em New Bedford, “até a água que a tripulação bebe é portuguesa”, pormenoriza

Pedro Cura. Aliás, só a car-ne, o peixe e outros produ-tos perecíveis são “Made In USA (Fabricado nos Estados Unidos)”. “Até o pão que consumimos é feito numa padaria portuguesa”, realça. A música e as notícias tam-bém são portuguesas – existe uma rádio que emite em por-tuguês. Na América, convive, sobretudo com portugueses e americanos. De resto, ser lusitano naquela parte do mundo, assim como noutras, é sinónimo de prestígio, pela sua força e capacidade de tra-balho.

Património genético“Quando os portugueses

chegam ao aeroporto do país para onde emigraram, apetece-lhes logo trabalhar”, ilustra Pedro Cura. Esse é o passaporte que abre as por-tas da integração, do respeito e da admiração à diáspora lusitana. A nova geração de emigrantes tem portanto a vida mais facilitada, fruto do trabalho dos seus ante-cessores e, também, da for-mação académica que levam na bagagem. Pedro Cura não encontra drama na suges-tão de alguns governantes portugueses que apontam o caminho da emigração como forma de encontrarem lá fora o que não têm cá den-tro – emprego.

“Estou plenamente de acor-do que os jovens portugueses devem emigrar, para enri-quecerem os seus conheci-mentos e porque a situação económica em Portugal não vai melhorar tão cedo”, ar-gumenta o emigrante da Figueira da Foz. A seu favor está a capacidade de adapta-ção dos portugueses, realça. Por outro lado, se forem para os Estados Unidos, frisa Pe-dro Cura, encontrarão uma sociedade “mais humana, onde não há diferenças no trato entre classes sociais, profissionais ou económi-cas”.

Jot´ [email protected]

Radicado nos Estados Unidos, em New Bedford, Pedro Cura vem duas vezes por ano a Portugal. Mas não põe a hipótese de regressar de vez

destaqueRPedro Cura vem a Por-tugal duas vezes por ano uma a seguir ao Natal e outra no verão

REm New Bedford cerca de 80 por cento da po-pulação é portuguesa ou luso-descendente

RAté o pão que a família consome é feito numa padaria portuguesa

RPedro Cura é um dos armadores portugueses de New Bedford , deten-do sociedade em duas embarcações de pesca

RSer lusitano naquela parte do mundo, assim como noutras, “é sinó-nimo de prestígio, pela sua força e capacidade de trabalho”, afirma Pe-dro Cura

Pedro Cura emigrou para os Estados Unidos em 1974

DB-Pedro Agostinho Cruz

estórias de vida

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14 | especial | edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 diário as beiras | 29-07-2012

De emigrante nos Estados Unidos a autarca na Figueira da Foz111 Alberto da Cruz

Ferreira, 56 anos, natural de Anadia, reside em Lavos, onde casou, há 36 anos. Na-quela localidade, exerce o cargo de presidente da As-sembleia de Freguesia, ten-do-se candidatado, nas elei-ções autárquicas de 2009, pelo movimento indepen-dente Lavos Vai ou Racha, li-derado pelo carismático José Elísio, presidente da junta.

Viveu nos Estados Unidos dos 14 aos 27 anos, tempo suficiente para ganhar di-nheiro para se estabelecer em Portugal, quatro anos depois do regresso à pátria. Conserva, porém, a dupla nacionalidade.

Na ilha da Morraceira, na Figueira da Foz, Alber-to Ferreira transformou sal em peixes. Milagre? Não. O ex-emigrante apostou na aquicultura e foi um dos pri-meiros a converter as salinas

em tanques de peixe.“Tenho boas recordações

dos Estados Unidos. Foi lá que vivi a minha juventu-de e aprendi a ser homem”, afirma Alberto Ferreira. E “foi lá que ganhei dinheiro para derreter em Portugal, mais do que investir, por-que aqui não há respeito por quem investe”, acrescenta. Dá como exemplo a mor-tandade de peixes, durante as obras de substituição da Ponte dos Arcos: “a culpa morreu solteira, apesar de terem matado várias tone-ladas de peixe. Muitas pro-messas, mas nenhuma delas foi cumprida”.

Contudo, o ex-emigrante não se arrepende de ter tro-cado o mosaico cultural po-licromático americano pelo bucólico quotidiano lavoen-se. “Não me arrependo por-que em Portugal, apesar de tudo, somos um cantinho

do céu”, explica. No entanto, atira: “os nossos governan-tes não conseguem vender o clima e o sol. Portugal podia ser a Florida da Europa, mas não temos tido bons gover-nantes. Só se interessam com os seus tachos e protegem-se com as leis que fazem, en-quanto nos Estados Unidos são todos iguais perante a lei”.

Os anos da mãeInvariavelmente, Alberto

Ferreira sobrevoa o Atlântico para aterrar em Nova Jérsia. Vai à terra do “Tio Sam” por razões estritamente fami-liares: “vou lá sempre em fevereiro, para os anos da minha mãe”. Nunca se sen-tiu tentado em comprar ape-nas o bilhete de ida? “Nunca pensei ficar lá porque gosto muito de Portugal, embora não se ganhe, aqui, muito dinheiro”, garante. Por outro

lado, continua, “a América também já não é o que era. Mas quem lá tem emprego e a vida organizada, continua a ser muito melhor do que Portugal”.

Pensa em português ou em americano (inglês)? “Depen-de das alturas. Há muitas coisas que penso como um americano. Por exemplo, nos Estados Unidos, quando se decide ser empresário, temos de ter conhecimentos sobre o ramo de atividade, ou então aprendemos. Em Portugal, qualquer um investe sem ter conhecimentos. Neste caso, penso como um america-no”, responde. O seu primei-ro emprego na América foi nos Supermercados Seabra, de empresários portugue-ses, naturais de Seia. Pouco tempo depois, estabeleceu-se por conta própria, na restau-ração.

Por falar em negócios, o an-

tigo emigrante afirma que “a aquicultura já teve melhores dias. Agora luta-se por so-breviver”. Mas parar é mor-rer e os tanques de robalo e dourada de Alberto Ferreira transbordam vida. “Já estou a pensar em reformular o in-vestimento, apostando em espécies diferentes. Gosto daquilo que faço”, adianta.

Acerca da nova vaga de emi-grantes, o autarca de Lavos aconselha: “se fizerem lá fora a vida que fazem aqui, mais vale não emigrarem, porque aqui ainda têm a família. Lá fora, têm de trabalhar, traba-lhar e trabalhar. Só ao fim de semana é que se pode ter um bocado de convívio, mas em casa de amigos ou da família – não se pode andar a comer nos restaurantes todos os dias, como aqui”.

Jot´ [email protected]

O ex-emigrante apostou na aquicultura e foi um dos primeiros a converter as salinas em tanques de peixe

destaqueRAlberto da Cruz Ferrei-ra viveu nos Estados Uni-dos dos 14 aos 27 anos, tempo suficiente para ganhar dinheiro para se estabelecer em Portugal

RO ex-emigrante não se arrepende de ter tro-cado o mosaico cultural policromático americano pelo bucólico quotidiano lavoense

R Ainda hoje vai fre-quentemente a Nova Jérsia, por razões estri-tamente familiares

Alberto Ferreira queixa-se da falta de qualidade dos governantes portugueses

estórias de vida

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edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 | especial | 1529-07-2012 | diário as beiras

Antigos estudantes de Coimbra são empresários de sucesso em Madrid

111 Cláudio Schulz foi estudante de Engenharia de Minas na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e chegou a ser presidente da Assembleia Magna da AAC. Foi em 2004, numa época em que os projetos para o futuro eram ainda tão incertos. Hoje, com 32 anos, o antigo dirigente as-sociativo, natural de Tomar, é um empresário de sucesso em Madrid.

Tudo começou em 2006. “Vim para Espanha para fazer uma formação em SAP e acabei por ter ofertas de trabalho para cá ficar. Como as coisas em Portugal já não andavam muito bem e a diferença de salário era considerável, decidi arris-car”.

E arriscou bem. Nesse ano desempenhou funções de consultor certificado em SAP em diferentes orga-nizações nomeadamente no El Corte Ingles. No en-tanto, Claudio Schulz quis

ir mais longe e, em 2011, j u n t a m e n t e c o m i r m ã o (também antigo estudante de Coimbra) e as respetivas namoradas, deu início a um projeto seu.

Graças a uma parceria com o Rei dos Frangos, com sede em Leiria, Cláudio e o irmão Carlos (master em Comércio Internacional), Sónia Gregório (psicóloga) e Lúcia Carvalho (consul-tora MediaNet) abriram o restaurante “Frangus”, um conceito take away de co-mida portuguesa.

“Havia muitos portugue-ses a comentar que a coi-sa que sentiam mais falta cá era de um bom frango assado. Então decidimos falar com o Rei dos Frangos em Portugal para fazer uma parceria e abrir cá um con-ceito similar ao existente em Portugal”, conta.

Duas lojas inauguradas em 2011

O caminho não foi fácil. “Fizemos um estudo de

mercado e levámos espa-nhóis a Portugal para que pudessem provar a nossa comida. Não foi propria-mente uma tarefa fácil e ouvimos muitas vezes as expressões “isso é impos-sível”. A verdade é que con-seguimos”, afirma o empre-sário.

Em abril do ano passado foi inaugurada a primeira loja. Cinco meses depois, foi aberto um segundo res-taurante “Frangus” também na capital espanhola.

Matar saudades da comida portuguesa

Nos restaurantes de Ma-drid, o frango é o princi-pal produto, mas há outros pratos tipicamente portu-gueses como o bacalhau, o caldo verde e os pastéis de nata, que passaram a fazer as delícias dos espanhóis, mas também de muitos portugueses residentes em Madrid.

“O projeto tem corrido bastante bem. Teve, desde

o início, muita aceitação na comunidade portuguesa, mas também tem tido na comunidade espanhola e nas comunidades PALOP que vivem em Madrid”, adianta Claudio Schultz.

Prémio “Empreendedorismo Inovador”

A parceria, que começou a ser planeada com o Rei dos Frangos em 2010, foi distinguida no passado mês 6 de junho com o prémio “Empreendedorismo Inova-dor” na Diáspora Portugue-sa, atribuído pela COTEC Portugal – Associação Em-presarial para a Inovação.

O prémio, entregue pelo Presidente da República, Cavaco Silva, visa premiar e divulgar publicamente cidadãos portugueses que se tenham distinguido pelo seu papel empreendedor, inovador e responsável nos países de acolhimento e que constituam exemplos de in-tegração efetiva nas corres-pondentes economias .

Pa r a C a r l o s e C l a u d i o Schulz, a emigração não é algo de novo: também o pai de ambos rumou, em tempos, para a Venezuela à procura de melhores opor-tunidades. No entanto, para estes irmãos, o facto de vi-verem ao lado de Portugal faz com que não se sintam tão longe do país onde cres-ceram.

Ainda assim, no final do ano passado, os dois fun-daram, juntamente com outros três amigos, um cen-tro de apoio a jovens portu-gueses que pretendem dar início a novos projetos em Espanha.

O JET (de “Jovens Empre-endedores Portugueses”) quer juntar jovens, ideias e empreendedores.

“Queremos dar a conhecer oportunidades em Espanha e ajudar a quem quer mon-tar negócio”, afirma Clau-dio Schulz.

Patrícia Cruz [email protected]

O restaurante Frangus é propriedade de dois irmãos que estudaram em Coimbra. Em junho, o projeto – que faz parte da cadeia Rei dos Frangos, com sede em Leiria –, foi distinguido com o prémio “Empreendedorismo Inovador” na Diáspora Portuguesa, atribuido pela COTEC

destaqueRGraças a uma parceria com o Rei dos Frangos, com sede em Leiria, Cláudio Schulz, o irmão Carlos e as respetivas namoradas abriram o restaurante “Frangus”, um conceito take away de comida portuguesa

REm cinco meses, abri-ram o segundo restau-rante

RNo final do ano passa-do, os dois irmãos fun-daram, juntamente com outros três amigos, um centro de apoio a jovens portugueses que pre-tendem dar início a no-vos projetos em Espanha

DR

estórias de vida

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16 | especial | edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 diário as beiras | 29-07-2012

“Já me arrependi muitas vezes de ter regressado a Portugal

111 Manuel Eduardo Gil Mascarenhas tem 68 anos. Natural de Buarcos, Figuei-ra da Foz, o antigo pescador fez vida em França, de 1969 a 2003. Fomos falar com ele no campo de petanca, jogo importado da Gália, onde passa as suas tardes. O ex-emigrante conta rápido a sua passagem por terras gaulesas. “Emigrei porque via muita gente daqui a emigrar”, escla-rece. Mas, quando a história é contada na primeira pessoa, nunca se é mais um.

Foi em Buarcos onde ini-ciou a sua vida laboral, cedo, muito cedo, como era tim-bre naqueles tempos. Tendo nascido no seio de uma co-munidade piscatória, é claro que só podia fazer-se ao mar. Primeiro na sardinha e depois no bacalhau. A epopeia na Terra Nova foi alternada com o serviço militar. É que nos

idos anos da ditadura o Esta-do Novo dispensava-se parti-cular importância à captura do “fiel amigo”, enquanto o país combatia o inimigo em África.

Em ambas as “guerras” ha-via fortes possibilidades da vida naufragar. Ainda assim, havia quem preferisse “com-bater” marés e tempestades nas águas agitadas e geladas dos mares do norte, tantas vezes os mares da morte. Manuel Gil era um guerreiro destemido que se livrou de ir para a guerra ultramarina mas que “combateu” por en-tre os blocos de gelo.

O campo de batalha era a costa do Canadá, onde só os mais bravos (pescadores) lu-tavam para sobreviver ao frio, no meio das brumas. Desses tempos restam as memórias que os egrégios avós contam aos seus netos, em terra firme,

no conforto do lar. “Conse-guia licenças de nove meses para a pesca do bacalhau. Depois, voltava ao quartel”, conta.

E assim andou durante três anos e meio. Quando despiu de vez o uniforme militar, o buarcosense deixou o mar e faz-se à estrada, a caminho de Paris. Em Buarcos ficou a mu-lher à espera que a cegonha chegasse da capital francesa. “Quando emigrei deixei cá a mulher grávida”. Mas não perdeu o nascimento do pri-mogénito. Quando regressou a França, voltou para a oficina de automóveis onde um con-terrâneo de lhe arranjou em-prego poucos meses depois de ter chegado.

Pintor de carrosO primeiro trabalho que

Manuel Gil encontrou em França foi na construção ci-

vil. “Nas obras públicas”, faz questão de realçar. Meses de-pois, mudou-se para a oficina onde trabalhava o seu conter-râneo, mas só ao fim de sema-na. O emigrante não tinha descanso. “O patrão gostava de mim e deu-me emprego a tempo inteiro”, afiança.

Haveria de regressar ao seu segundo empregador na ter-ra dos queijos, mas só alguns anos mais tarde. Entretanto, trabalhou cinco anos numa fábrica de suportes para lâm-padas, onde um acidente de trabalho o deixou sem um dedo e outro ficou inutiliza-do. Decidiu, então, regressar à oficina, como pintor de car-ros. E ali ficou até regressar a Portugal.

Descanso do guerreiroQuando lhe perguntámos se

já se arrependeu de ter regres-sado a Portugal, Manuel Dias

não hesita: “já me arrependi muitas vezes. Vim com aquela ideia dos amigos que deixei cá e que as coisas tinham mu-dado. Mas cheguei à conclu-são que fiz mal regressar. Só não volto para França porque, com esta idade, já não con-seguia adaptar-me”. Um dos dois filhos, o mais novo ficou lá. O mais velho veio com ele.

Agora, Manuel Gil passa as tardes a treinar e a jogar pe-tanca, atleta dedicado que participa em torneios. No jogo da vida, sempre pouco propício a prognósticos antes da partida, chega rapidamen-te à conclusão que o descan-so do guerreiro é mais do que merecido. “Já trabalhei muito. Tive uma vida cheia de trabalho. Agora, só quero descansar”, remata.

Jot´[email protected]

Quando despiu de vez o uniforme militar, o buarcosense deixou o mar e faz-se à estrada, a caminho de Paris

destaqueR “Só não volto para França porque, com esta idade, já não conseguia adaptar-me”, afirma o ex-emigrante

RO primeiro trabalho que Manuel Gil encon-trou em França foi na construção civil. “Nas obras públicas”, realça. Meses depois, mudou- -se para a oficina

DB-J.A.

Manuel Gil passou a maior parte da sua vida em França

estórias de vida

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edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 | especial | 1729-07-2012 | diário as beiras

111 Ainda pensou duas vezes antes de partir para o Canadá. A dis-tância era demasiado grande e era necessário pesar os pós e os contras. Paulo Almeida tinha 32 anos, mas as perpetivas de conseguir emprego num Portugal sempre em crise pe-saram mais na decisão de atravessar o Atlântico.

A madrugada em que partiu, dei-xando para trás uma vida, uma famí-lia, um lar, ficar-lhe-á para sempre marcada na memória. Ainda hoje, volvidos 11 anos, a despedida custa. Paulo é solteiro e não tem filhos. Mas os anos passam e o que mais o in-quieta é saber se voltará a ver os pais. “As marcas do tempo são terríveis e o amanhã é tão incerto…”, afirma.

Filho de emigrantes

Se vale a pena? “É um projeto de vida. Desde que vim para o Canadá

nunca me faltou trabalho [Paulo é supervisor numa empresa de ma-nutenção de edif ícios]. Mas é uma vida solitária e todos os dias penso na hora de regressar a casa, a Portu-gal”, adianta.

O Canadá não lhe era um país totalmente desconhecido: Paulo Almeida viveu a adolescência em Toronto com os pais, também ex-emigrantes. E, apesar de ser menos aventureiro, acabou por seguir os passos do pai.

Manuel Almeida não se confor-mou com o país cinzento da época não coincidia com a juventude dos seus 25 anos e à cor que queria dar aos seus sonhos. “Tinha que partir para dar uma vida melhor à minha família. Sabia o risco que estava a correr”, recorda.

Naquele tempo – na década de 60 – a emigração estava sobretudo di-recionada para França. Os portugue-

ses partiam das aldeias, com a ajuda dos “passadores” a quem tinham de pagar o dinheiro que tinham e que não tinham. Naquela altura, dava-se o salto, para que a vida não fosse a mesma, para contrariar o destino, para vencer a miséria. Assim o fez, corria do ano de 1967.

Manuel Almeida ainda trabalhou em França alguns anos, mas a greve geral de Maio de 68 fê-lo regressar. Ainda esteve em Portugal quatro anos, altura em que seria pai pela primeira vez. Mas deixaria o filho, com pouco mais de um ano, e ru-mou para o Luxemburgo.

Voltaria na noite da Revolução dos Cravos em Abril de 1974. Bastariam dois meses para voltar a pegar na bagagem. Desta vez, atravessou o Atlântico e emigrou para o Canadá. Durante mais uma década, ele traba-lhou numa empresa de metalurgia e a mulher num hotel. Tiveram, em 78,

a segunda filha. “Devo muito àquele país. Tenho o que tenho, graças ao que consegui lá. Não foi fácil, mas não me arrependo. Sei que dei uma vida boa aos meus filhos e nunca lhes faltei com nada”.

Paulo confirma. Nunca lhe faltou nada. Faltou-lhe a ausência de opor-tunidades que acabaria por encon-trar no Canadá. Do lado de lá do Atlântico, há duas coisas que custam suportar: os invernos rigorosos, com temperaturas negativas e nevões.

E, claro, a saudade daqueles que o mar separa e que são aqueles que nos dão afeto, ainda que estando distantes.

Paulo Almeida já visitou a família, em Anadia, este ano. “Foram cinco semanas fantásticas”. Mas mal co-locou o pé, de novo, em Toronto e ligou à família, confessou, melancó-lico: “já estou a contar os dias para regressar a casa”.

“Todos os dias penso na hora de regressar a casa”Paulo Almeida, natural de Anadia, emigrou aos 32 anos. Acabou por seguir os passos dos pais, também eles ex-emigrantes no Canadá

RÉ um projeto de vida. Desde que vim para o Canadá nunca me faltou trabalho [Paulo é supervisor numa empresa de manutenção de edifícios]. Mas é uma vida solitária e todos os dias penso na hora de regres-sar a casa, a Portugal.

discurso direto

Paulo Almeida

DR

estórias de vida

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Magia do Centro afirma-se da praia à serrae estende-se a uma imensa riqueza patrimonial

111 A região Centro tem tudo. A frase (feita), usada à exaustão pelos diversos res-ponsáveis a quem tem sido entregue a promoção turís-tica do Centro, é absoluta-mente exata.

Com a diversidade cultural e paisagística do seu terri-tório, o Centro proporciona uma quantidade infinita de cenários de pura beleza. A di-mensão e diversidade de um território que é o verdadeiro coração de Portugal, propor-cionam momentos únicos, onde a surpresa acontece sempre.

Como sugerem os respon-sáveis pela dinamização turística da região, visite museus e monumentos, contacte locais do conheci-mento erudito ou as mais genuínas manifestações da

cultura popular. Aprecie a forma como o homem, des-de tempos imemoriais, se foi relacionando com o vas-to território que faz os seis distritos do Centro, da serra à praia. Caminhe pelas ruas dos centros históricos ou surpreenda-se com as inter-venções de grandes mestres da arquitetura. Percorra os lugares por onde passaram escritores ou grandes vultos da história pátria. Conheça as lendas e o modo de vida de gente simples e acolhe-dora. Aproveite para com-prar peças artesanais que mostram bem a maestria e o sentido artístico com que fo-ram moldadas. Maravilhe-se com paisagens e horizontes sempre diferentes e parta à descoberta de um país, a um tempo único e múltiplo, na

diversidade extraordinária com que a natureza e a ação do homem dotaram este ter-ritório ao centro.

Paisagem e gentes únicasDa beleza da paisagem das

serras às águas límpidas dos rios – o Mondego, o Zêzere, o Tejo ainda, a oferecerem pai-sagens únicas, preservadas e magníficas –, que permi-tem sossego e tranquilidade. Os mesmos que se podem encontrar nas muitas e de qualidade praias fluviais ou parques naturais. Depois há a costa, com extensos are-ais e paisagem envolvente, da Costa de Prata à Nazaré, passando, claro está, pela Fi-gueira da Foz, a rainha das praias, das dunas e das típi-cas casas coloridas, com um mar a perder de vista na forte

influência atlântica que mui-to moldou Portugal.

Os mais aventureiros, po-dem partir de mochila às costas para descobrirem tanto da região e das parti-cularidades de que é feita: de Viseu, as serras do Caramulo, Montemuro, Freita e Arada que escondem um patrimó-nio cultural e paisagístico imenso. Em Aveiro, a Reser-va Natural das Dunas de S. Jacinto, com o birdwatching para os genuínos amantes da natureza. A pé ou de bi-cicleta, não há que perder as espécies daquela importante zona húmida. Mas também pode, simplesmente, cami-nhar pela praia e contemplar a beleza do extraordinário sistema dunar.

Em Arganil, a paisagem protegida da Serra do Açor,

de uma beleza deslumbran-te. Ou a Reserva Natural Par-cial da Mata da Margaraça, mas também o esforço com-pensado no cume da Fraga da Pena.

E a Estrela, com os seus va-les, lagoas e paisagens mag-níficas, intactas e únicas. Do Vale Glaciar do Zêzere a joias como o Vale do Rossim ou a grandiosa Nave de Santo António.

Mais a sul, o Geopark Na-turtejo e Parque Natural do Tejo Internacional exige uma visita: Rota dos Fósseis, Rota das Aldeias Históricas, Rota dos Abutres, Rota dos Vea-dos... E o deslumbramento das Portas de Ródão ou o extraordinário genuíno de Penha Garcia e de Monsanto. E a hospitalidade única das gentes das terras da Beira.

Dos longos areais com que a natureza lhe bafejou a costa à magnificência da mais alta montanha de Portugal continental, passando por um patrimónioedificado e imaterial de exceção, o Centro tem tudo para oferecer aos seus visitantes. Nestas páginas, apresentamos sugestões para conhecer melhor a região

destaqueRO Centro, com a diver-sidade cultural e paisa-gística do seu território, proporciona uma quanti-dade infinita de cenários de pura beleza

RVisite museus e monu-mentos, contacte locais do conhecimento erudi-to ou as mais genuínas manifestações da cultura popular

RCaminhe pelos centros históricos ou surpreen-da-se com as interven-ções de grandes mestres da arquitetura

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edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 | especial | 1929-07-2012 | diário as beiras

Descobrir Coimbra do rio Mondego à Alta universitária

111 Quem quiser conhe-cer Coimbra, conhecê-la de verdade, começar a amá-la e preparar-se para um encon-tro íntimo com a cidade, tem de ouvir o dedilhar tocado pelo génio de Carlos Pare-des na guitarra que parece ter sido talhada para cantar “Verdes anos”. Aos primeiros acordes, fica desvendada a alma da cidade e os forastei-ros prontos para um encon-tro que há de consumar-se em lugares como a Bibliote-ca Joanina [da Universidade de Coimbra] ou as ruínas de Santa Clara-a-Velha. Ou a margem do Mondego, a ver o casario subir a encosta até à colina sagrada que alberga as raízes milenares da cidade que se diz dos estudantes.

Numa Coimbra onde é necessário começar por fa-zer o roteiro dos muitos e magníficos templos – das fundadoras Santa Cruz e Sé Velha até às igrejas anexas aos colégios que pontificam na rua da Sofia, passando por Santa Clara-a-Nova, sob a égide majestosa de Isabel de Aragão, a Rainha Santa de Portugal, mas também a Sé Nova, nascida “capela” do grandioso Colégio de Jesus, a igreja da Misericórdia (com o museu anexo), a capela de S. Miguel (da Universidade de Coimbra) ou o Mosteiro de Celas –, que ao longo dos séculos lhe foram moldando a alma, os passos dos seus visitantes não podem deixar de seguir logo depois para Santa Clara-a-Velha.

Marcas patrimoniais eo pavilhão dos dois Pritzker

O mosteiro medieval que, em ruínas e submerso pelas águas do Mondego, marcou o imaginário de gerações in-teiras serve agora de pano de fundo ao contraste pro-fundo com a paisagem que hoje domina todo o espaço entre o Rossio de Santa Cla-ra e o velho Choupalinho, integrado no Parque Verde do Mondego como Praça da Canção. Projeto estruturante na preservação e valorização patrimonial, mas também na dinamização pedagógica, cultural e turística, Santa Cla-

ra-a-Velha tem-se afirmado dentro e fora do país. E tem conquistado cada vez mais visitantes.

Mas a cidade patrimonial oferece outras marcas fun-damentais, algumas renasci-das pela intervenção de uns quantos dos mais importan-tes arquitetos portugueses da contemporaneidade e que importa conhecer.

Da profunda intervenção concretizada no histórico Pátio da Inquisição – com a instalação no antigo Co-légio das Artes, que depois deu lugar às celas da Inqui-sição, do Centro de Artes Vi-suais (agora, infelizmente, encerrado por via dos erros de julgamento a que a cri-se tem dado cobertura) e a construção do Teatro da Cerca de São Bernardo –, ao Parque Verde do Mondego, onde pontifica o Pavilhão de Portugal (obra assina-da pelos dois portugueses vencedores do Pritzker: Siza Vieira e Souto Moura), mas também ao centro histórico e à Alta universitária – área candidatada a Património da Humanidade – com o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra instalado no La-boratório Chimico, o Museu Nacional Machado de Cas-tro, cuja reabertura total se anuncia para muito breve mas pode e deve-se visitar o criptopórtico romano, a Casa da Escrita ou a Casa das Caldeiras.

De entre todas estas possi-bilidades, para além dos par-ques e jardins da cidade – dos quais há a destacar o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, o Choupal imorta-lizado na voz dos poetas que o cantaram, mas também o Jardim da Sereia/Parque de Santa Cruz –, e do Museu Municipal de Coimbra, com todas as suas valências, uma referência particular à Torre de Almedina, com o percurso sugerido e explicado da ve-lha muralha da cidade.

De portas abertas desde abril de 2009, após um pro-cesso de requalificação ini-ciado em 1992, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha afir-mou-se como marca estru-

turante do turismo cultural e patrimonial em Coimbra. De então para cá, o mais importante “sítio” medie-val da Europa, tem sabido construir-se como núcleo interpretativo de um patri-mónio riquíssimo, num rigor absoluto e atestado pelas dis-tinções nacionais e interna-cionais que, entretanto, foi recebendo.

Uma das mais preciosas joias da museologia portuguesa

A reabertura total daque-la que é uma das joias mais preciosas da museologia na-cional está para muito breve. A intervenção profunda con-duzida pelo arquiteto Gon-çalo Byrne e em “plano” há quase duas décadas, reforça a magnificência do espaço, mas também o esplendor de um espólio a estender-se em património e coleções fundamentais para a história da escultura, mas também da arquitetura e da arte em Portugal.

Os cinco anos passados desde a abertura da primei-ra fase do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra – um dos projetos estrutu-rantes da contemporanei-dade da histórica escola, no emblemático Laboratório Chimico herdado da inter-venção pombalina na rees-truturação do ensino em Portugal –, têm-se revelado um sucesso junto do público, mas também de organismos nacionais e internacionais, que já o distinguiram.

O espaço do antigo Colé-gio das Artes, no Pátio da Inquisição, é emblemático por duas diferentes ordens de razões. Desde logo, por-que “resulta” de uma his-tória rica contada nas duas décadas (1980/2000) em que aconteceram os Encontros de Fotografia de Coimbra. Mas também porque, com a instalação do Centro de Artes Visuais (2003), Coimbra ga-nhou mais um espaço mag-nífico para as artes (agora, espera-se que apenas tempo-rariamente, encerrado).

Lídia [email protected]

A cidade oferece-se a quem a quiser conhecer, numa dádiva construída de pedras e sentimento. Dos templos aos projetos de recuperação patrimonial

Arquivo

Arquivo-Carlos Jorge Monteiro

Arquivo

DRArquivo

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20 | especial | edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 diário as beiras | 29-07-2012

Locais paradisíacos para visitar do litoral ou interior

111 Para quem está de férias na região Centro, o di-f ícil é mesmo escolher entre as muitas opções. Do litoral ao interior, são inúmeras as propostas para um dia bem passado, entre paisagens des-lumbrantes e as mais genuí-nas tradições.

No litoral, as belas praias e areais desenhados na costa convidam. O areal da Figueira da Foz, o surf no Cabedelo, o pitoresco da Praia da Tocha ou da praia de S. Jacinto, as belezas da Murtinheira e de Quiaios (Figueira da Foz), do Palheirão (Cantanhede), da Praia de Mira, da Costa Nova, em Aveiro, ou, mais sul, as praias do distrito de Leiria.

Mas para quem viajar pelo interior é também obrigatório uma paragem pelas praias flu-viais de águas límpidas. E não faltam praias fluviais com re-cantos paradisíacos, em quase todos os concelhos do Centro.

Beleza infinita nas aldeias do xisto

As 24 aldeias do xisto, dis-tribuídas por 14 concelhos da região Centro, são territórios de enorme beleza que ofere-cem infinitas possibilidades de lazer.

Ao longo dos últimos anos, as 24 aldeias foram alvo de um programa de requalificação que lhes permitiu adquirir po-tencial humano de desenvol-vimento, transformando-se em polos de atração turística dinâmicos que possibilitam a criação de uma nova base económica. Este trabalho teve sempre como objetivo primeiro a melhoria da quali-

dade de vida das populações, sem esquecer a recuperação das tradições, a valorização do património arquitetónico construído, a dinamização das artes e ofícios tradicionais e a defesa e preservação da pai-sagem.

Encaixadas nas serras, aben-çoadas pela frescura das flo-restas e dos rios, as aldeias do xisto fazem reviver as tradi-ções em saberes e artes que nunca se esquecem e que ago-

ra renascem.São o cenário ideal para um

passeio ou um piquenique, ou, para os mais aventureiros, para a prática de desportos mais radicais.

Nas aldeias pode apreciar o belíssimo património recu-perado, as paisagens deslum-brantes, as piscinas e praias fluviais e, claro, os restauran-tes e bares que servem o me-lhor da gastronomia regional.

À espera da visitaTodas as aldeias do xisto me-

recem uma visita e em cada uma delas encontram-se por-menores únicos.

Neste roteiro, pode passar pela aldeia do Candal. Ani-nhada na Serra da Lousã, a aldeia de Candal ergue-se numa colina voltada a sul. Estrategicamente colocada junto à estrada nacional, que liga Lousã a Castanheira de Pera, a aldeia está habituada a receber visitantes. Estes são recompensados após a subida das ruas inclinadas, quando do miradouro observam a be-líssima vista sobre o vale.

Não muito longe, situada na vertente oriental da serra da Lousã, o Gondramaz dis-tingue-se pela tonalidade do xisto. Até o chão que se pisa é exemplo da melhor arte de trabalhar artesanalmente a pedra. Esta é, aliás, uma terra de artesãos cujas mãos hábeis criam figuras carismáticas que são marca da serra e que levam consigo o nome do mestre e da aldeia além-fronteiras.

Dora [email protected]

sugestõesRAnimação nas praias fluviais Aldeias do Xisto:

RAcontece magia, dias 4 e 5 de agosto, nas praias fluviais de Açude Pinto (Oleiros) e das Rocas (Castanheira de Pera), com momentos únicos proporcionados por dois mágicos de Luís de Ma-tos Produções

R Na Praia Fluvial de Açude Pinto (Oleiros) há música ao vivo todas as sextas-feiras à noite, em agosto.

REm Figueiró dos Vi-nhos, nas praias fluviais de Ana de Aviz e de Fra-gas de São Simão, de-corre a iniciativa Verão em Ação’12

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edição extra acolhimento aos emigrantes’2012 | especial | 2129-07-2012 | diário as beiras

Maior feira da região em Cantanhede e ExpOH em Oliveira do Hospital

111 A XXII Expofacic cresceu este ano mais dois dias. O certame decorre até ao próximo dia 5 de agosto e, por isso, tem como novidade o facto de ser a maior.

São várias as razões que le-varam os responsáveis autár-quicos a tomar esta decisão, a mais forte das quais tem a ver, fundamentalmente, com a circunstância de o feriado municipal se ter assinalado a uma quarta-feira, o que, alia-do à necessidade de cumprir a tradição de o evento abran-ger dois fins de semana, aca-bou por ser determinante na definição da datas de início e encerramento deste ano.

Por outro lado, o facto de Expofacic 2012 passar de 10 para 12 dias vai ao encontro das expetativas da genera-lidade dos expositores, par-ticularmente das empresas, que todos os anos têm vindo a solicitar com muita insistên-cia o alargamento do período de realização do certame, por forma disporem de mais tem-po para promoverem os seus produtos e serviços e assim rentabilizarem o investimen-to na montagem dos stands e todo o trabalho logístico inerente.

Além disso, também teve influência na decisão de prolongar o evento o facto de assim ser possível visitá-lo durante alguns dias de agosto, uma vez que o en-cerramento será no dia cinco desse mês, um domingo, o

que é de molde a satisfazer o interesse de muitos milhares se emigrantes do concelho e da região que normalmente marcam férias para essa al-tura do verão.

Para além da valorização da feira de atividades eco-nómicas, que contará mais uma vez com a participação de empresas de todo o país, são de destacar o cartaz de espetáculos de nível inter-nacional e as tradicionais e incontornáveis tasquinhas, sem esquecer a presença as inúmeras manifestações de cultura popular e a “Aldeia de Portugal” constituída por espaços de divulgação de vá-rios municípios portugueses, que apresentam aí elementos representativos da sua oferta cultural, turística e gastro-nómica.

No que diz respeito à área agrícola, esta vai continuar ter algumas novidades ao ní-vel da exposição de animais e o habitual picadeiro será utilizado não só para exibi-ções dos cavalos em exposi-ção como para competição, nomeadamente concursos de saltos e de outras modali-dades equestres.

Concertos para todas as idades

O programa dos concertos musicais, completado com uma programação paralela de DJ, começou com a atua-ção de David Carreira, Diego Miranda e Ana Free. Pedro

Abrunhosa e Mónica Ferraz, Buraca Som Sistema e Mas-tiksoul e Tony Carreira. Hoje atuam Jorge Palma & Friends e Micaela e amanhã Richie Campbell .

A primeira “estrela” estran-geira a atuar na Expofacic é Pablo Alborán, a 31 de agos-to, num espetáculo onde par-ticipa também a dupla alemã de electrohouse Booka Shade.

Mariza (1 de agosto), Pau-lo Gonzo e Amor Electro (2), Boss AC e Pete Tha Zouk (3), são outros artistas presentes.

No sábado, 4 de agosto, é outro dia grande deste programa musical, com a atuação do inglês Mika. Na mesma noite está também programada a subida ao palco do duo Tim Royko & Cosmo Klein. Cabe aos Xutos e Pontapés encerrar a feira no dia 5.

O programa de espetácu-los de DJ inclui, entre outros, Pedro Tabuada, Rui Maia, Mi-guel Rendeiro, Rita Mendes, Fernando Alvim, John Way-nes e Moullinex.

ExpOH anima Oliveira do Hospital

Noutra cidade do distri-to de Coimbra, Oliveira do Hospital, o Parque do Man-danelho é também o palco da terceira edição da ExpOH – Feira Regional de Oliveira do Hospital.

Assumindo-se como a gran-de mostra de promoção da

riqueza e das potencialida-des do concelho de Oliveira do Hospital nas áreas eco-nómica, social, desportiva e cultural, o certame realiza-se entre os dias 28 de julho e 5 de agosto, mantendo o obje-tivo de se tornar um evento de referência para a região da Beira Serra.

O cartaz do palco principal mantém a qualidade e ecle-tismo que caracterizaram as edições anteriores, com a no-vidade da final do concurso “Soltem Talentos”, respon-sável por uma das noites de maiores sucesso da edição de 2011, passar agora a ter honras de encerramento de cartaz. Outras novidades da programação passam pela realização do III Encontro de Concertinas de Oliveira do Hospital, iniciativa iniciada em 2010 mas que integra a ExpOH pela primeira vez; e pelo acolhimento ao progra-ma da TVI “Somos Portugal”, que será transmitido a partir do recinto da feira no dia 5 de agosto. Mickael Carreira atua a 3 de agosto e os Expensive Soul no dia 4.

Mantém-se também a pro-gramação do Palco 2, por onde passarão grupos do concelho e que proporciona-rá animação a quem decidir jantar na feira, já que está instalado junto à restauração.

O preço dos bilhetes oscila-rá entre os dois e os três euros, registando-se três noites com entrada gratuita.

DB-Luís Carregã

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Figueira da Foz Praia da Leirosa

Praia de S. Pedro

Ténis de praia

Rota das SalinasMosteiro de Seiça

Figueira da Foz

Praia da Cova

Praia de Quiaios

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Praias e diversidade paisagística e arquitetónica na Figueira da Foz

111 Verão é sinónimo de praia, mas também convida a mergulhar na natureza e no património arquitetó-nico, histórico e cultural. O concelho da Figueira da Foz oferece ambas as coisas. Co-meçando pelo mar, de norte para sul, Quiaios abre as por-tas a cerca de 20 quilómetros de praias. Nesta dádiva da natureza, o Oceano Atlânti-co tem como companhia o Cabo Mondego, a Serra da Boa Viagem, as dunas e as matas nacionais. É a única estância balnear fora da sede do concelho com unidade hoteleira (Quiaios Hotel, de quatro estrelas).

Buarcos é a freguesia com praias que se segue, fazen-do fronteira (invisível) com o extenso areal da Figueira da Foz. Depois de atraves-sar a Ponte Edgar Cardoso e a Ponte dos Arcos, S. Pedro também sabe receber com os braços abertos. É ali, no Cabedelo, onde se encontra a “capital” do surf do Baixo Mondego. Seguindo viagem, a Costa de Lavos e a Praia da Leirosa, respetivamente, são as praias situadas mais a sul do concelho.

Seja qual for a escolha, to-das as freguesias com praia oferecem diversidade paisa-gística e locais de interesse turístico. Para quem também gosta de férias culturais e de espetáculos, o Centro de Ar-tes e Espetáculos da Figueira da Foz, o Casino Figueira, o museu e a biblioteca muni-cipais são os sítios certos. Há ainda as diversas exposições de artes, patentes em vários espaços da cidade, para visi-tar. Na época balnear, a noite na cidade da foz do Mondego despede-se com a chegada do dia, tendo o Bairro Novo como ponto de encontro de várias gerações de notívagos.

Viagem pré-históricaA Rota do Megalitismo, na

Serra das Alhadas, dá a co-nhecer a pré-história e revela

a vida dos povos que ali ha-bitavam. Naquela localidade do norte rural do concelho encontra-se uma necrópole megalítica, que se estende por quase 13 quilómetros, descoberta pelo fundador do museu municipal da Figueira da Foz, Santos Rocha. O dól-men das Carniçosas, a fonte/lavadouro, a igreja, o coreto, a casa do pintor Mário Au-gusto e a Casa da Renda são os principais pontos de inte-resse, além da contemporâ-nea broa de Alhadas.

Seiça e o seu património religioso e arquitetónico

A Rota de Seiça, a sul, en-che o olhar de paisagens verdes. E quando o sol raia e aquece a terra, a sombra das centenárias árvores servem de porto de abrigo, sob as quais também se fazem pi-queniques. Mas Santa Maria de Seiça (Paião) é conhecida pelo seu património arquite-tónico, históricos e religioso. Naquela bucólica povoação foram geradas lendas e histó-rias que o mosteiro e a capela octogonal testemunharam.

Uma vila singularNa Rota de Buarcos desco-

bre-se uma vila que nasceu do mar. Com profundas raí-zes piscatórias, Buarcos tem para ver ruas e vielas, os res-tos do castelo de Redondos e um conjunto arquitetóni-co cujas peças têm vida por dentro - as pessoas, valioso património daquela loca-lidade que há de conservar a sua identidade para lá de todas as reformas adminis-trativas. Em Buarcos respira-se o Atlântico e degusta-se a gastronomia local, rica em pescado, com a praia a seus pés e a Serra da Boa Viagem e o Cabo Mondego nas suas costas.

Com vistas para o concelho

As investidas do Oceano Atlântico não impressio-

nam a Serra da Boa Viagem, que se sente protegida pela guarda avançada – o Cabo Mondego. Local de lazer e de miradouros com vistas para todos os lados, o “pulmão” da cidade guarda “tesou-ros” geológicos, ecológicos e histórico-arqueológicos. Do seu cadastro histórico salienta-se o trabalho reali-zado pelo regente florestal Manuel Alberto Reis, em prol da florestação da serra e da planície dunar que se pro-longa para norte.

Rota temperada com sal

A Rota das Salinas, na margem Sul, é mais antiga das rotas interpretativas do concelho. Os visitantes são convidados a visitar o pro-cesso natural e artesanal de transformação das águas do Atlântico no sal certifi-cado da Figueira da Foz. Esta rota inclui visitas ao Núcleo Museológico do Sal e à Sa-lina do Corredor da Cobra, propriedade da câmara. Já agora, aproveite para visitar as explorações piscícolas da ilha da Morraceira e degus-tar a especialidade dos três restaurantes de Armazéns de Lavos - a enguia.

A riqueza de MaiorcaOs campos do Mondego

dão-lhe cor e vida, e as serras que a rodeiam exibem qua-dros naturais, qual galeria ao ar livre e puro, com o cas-telo de Montemor-o-Velho a impor-se no horizonte próxi-mo, guardador de histórias e de lendas longínquas. A Rota de Maiorca exige, todavia, uma paragem no seu valioso património arquitetónico, com o Paço de Maiorca e o Palácio Conselheiro Branco a destacarem-se do conjunto. Por sua vez, o Castro de Santa Olaia, a estrada manuelina e a Ponte do Arco convidam a um olhar pausado sobre a povoação e a sua envolvente paisagística.

Durante os meses de verão não faltam motivos para uma visita ao concelho da Figueira da Foz. Das praias à serra, a oferta turística é vasta

Feira de Maiorca

Carroças de Maiorca

Paço de Maiorca

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