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Edição de novembro de 2006

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∗ Editorial .........................................................................∗ Lançamentos editoriais .................................................∗ Normas para publicação ................................................

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista e são de inteira responsabilidade dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que parcial, só será permitida mediante a citação da fonte e dos autores.

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Sumário

∗ Controle biológico das brocas do pepineiro .................∗ Pesquisador recomenda fortalecimento do controleintegrado de pragas .........................................................∗ IAC lança maracujá de cor roxa .....................................∗ Uma alface mais atraente e nutritiva .............................∗ Poloske – nova cultivar de uva branca ..........................∗ Suco de frutas e verduras é arma contra o mal de Alzheimer∗ A qualidade da agroindústria familiar gera emprego erenda no Alto Uruguai Catarinense ..................................∗ Técnico da Epagri recebe homenagem .........................∗ Epagri recebe o prêmio Top de Agronegócio em Campinas,SP .....................................................................................∗ Epagri premiada no setor “DesenvolvimentoAgropecuário” ..................................................................∗ Litoral Catarinense: prejuízos com a falta de chuva e maréalta ...................................................................................∗ Cisterna é alternativa para propriedades rurais em períodode estiagem......................................................................∗ Milho e derivados fazem bem aos olhos .......................∗ Embrapa espera transformar resíduos de abatedourosem biodiesel .....................................................................∗ O valor do alimento que é jogado fora ..........................∗ Projeto pioneiro entre Unochapecó e Epagri fortalecerá aintegração Ensino-Pesquisa-Extensão ............................

∗ Resposta do milho à aplicação de esterco de suínos enitrogênio mineral em áreas com uso intensivo de aduboorgânico ............................................................................∗ Avaliação participativa de linhagens e cultivares de feijão∗ Taxa fotossintética e transpiratória em diferentes estratosdo dossel de 16 cultivares de tomate ...............................∗ Qualidade de pêssegos cultivares Granada e Macielcolhidos em diferentes graus de maturidade emarmazenamento refrigerado ..............................................∗ Resposta do milho à adubação nitrogenada quandocultivado em sucessão a plantas de cobertura de inverno,no sistema plantio direto ..................................................∗ Influência do ácido giberélico no crescimento de plantaspós-climatizadas de porta-enxerto de macieira cultivarMarubakaido .....................................................................

∗ Avaliação de híbridos de repolho, couve-flor e brócolissob cultivo orgânico, em duas épocas de plantio, no LitoralCatarinense .......................................................................∗ Efeito de produtos alternativos no controle do míldio eno rendimento de cebola ..................................................

∗ A água em uma abordagem integrada ........................

∗ Água na agricultura: poupar e aproveitar melhor, commais renda ........................................................................∗ Semeando para o futuro ...............................................

∗ Mudanças climáticas atuais e seus impactos no Estadode Santa Catarina .............................................................

Registro

Opinião

Conjuntura

Reportagem

Artigo Científico

Nota Científica

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∗ Análise do custo de produção em cultivos de tilápiasalimentadas com ração comercial no Litoral Norte de SantaCatarina ............................................................................∗ Controle integrado da antracnose da cebola ................∗ Descrição dos principais distúrbios em caqui ‘Fuyu’ apósa armazenagem refrigerada ..............................................∗ Análise de gemas de macieira como subsídio paraorientação da poda ..........................................................

Informativo Técnico

* Produto interno bruto dos municípios catarinenses –1999 a 2003 .................................................................... 17

∗ Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) – da flora aomedicamento ................................................................... 36

Plantas bioativas

Mudanças climáticas

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A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina

Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

FICHA CATALOGRÁFICAAgropecuária Catarinense – v.1 (1988) – Florianó-polis: Empresa Catarinense de PesquisaAgropecuária 1988 - 1991)

Editada pela Epagri (1991 – )TrimestralA partir de março/2000 a periodicidade passou

a ser quadrimestral1. Agropecuária – Brasil – SC – Periódicos. I.

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária,Florianópolis, SC. II. Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina,Florianópolis, SC. CDD 630.5

Impressão: Cromo Editora e Indústria Gráfica Ltda.

ISSN 0103-0779

INDEXAÇÃO: Agrobase e CAB International

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publica-ção da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Exten-são Rural de Santa Catarina S.A. – Epagri –, RodoviaAdmar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502,88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, fone:(48) 3239-5500, fax: (48) 3239-5597, internet:www.epagri.rct-sc.br, e-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA DA EPAGRI: Presidente:Athos de Almeida Lopes, Diretores: Ademar PauloSimon, Anselmo Benvindo Cadorin, José Antônio daSilva, Valdemar Hercilio de Freitas, Valmor LuizDall´Agnol

EDITORAÇÃO:Editor-chefe: Dorvalino Furtado FilhoEditor: Roger Delmar FleschEditores-assistentes: Ivani Salete Piccinin Villarroel,Paulo Henrique Simon

JORNALISTA: Márcia Corrêa Sampaio (MTb 14.695/SP)

ARTE: Vilton Jorge de Souza

DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL: Janice da SilvaAlves

PADRONIZAÇÃO: Rita de Cassia Philippi

REVISÃO DE PORTUGUÊS: Vânia Maria Carpes

REVISÃO DE INGLÊS: Airton Spies e Roger DelmarFlesch

CAPA: Foto de Marco Antônio Lucini

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, MariaTeresinha Andrade da Silva, Neusa Maria dos Santos,Mariza Martins, Zilma Maria Vasco

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira eZulma Maria Vasco Amorim – GMC/Epagri, C.P. 502,fones: (48) 3239-5595 e 3239-5535, fax: (48) 3239-5597 ou 3239-5628, e-mail: [email protected],88034-901 Florianópolis, SC.Assinatura anual (3 edições): R$ 22,00 à vista.

PUBLICIDADE: GMC/Epagri – fone: (48) 3239-5682,fax: (48) 3239-5597

REVISTA QUADRIMESTRAL

15 DE NOVEMBRO DE 2006

C ientistas, ambientalis-tas e meteorologistasvêm informando que

nosso planeta está enfrentandoo pior aquecimento dos últimostempos e que nas últimas trêsdécadas ele foi maior do quetoda a era industrial, comaumento de 0,2oC por década.Informam também que grandeparte deste aumento datemperatura da Terra se deveà ação do homem que, após arevolução industrial, permitiua emissão de gases formadoresdo efeito estufa. O desmata-mento e as queimadas tambémcontribuíram para as altera-ções que o mundo já vivencia:derretimento de geleiras, secasmais prolongadas, inundações,furacões, perda da biodiver-sidade, etc.

Santa Catarina tambémsente as mudanças climáticas.A análise dos dados meteo-rológicos dos últimos 50 anos

de São Joaquim e Caçadorpermite verificar que houve umaumento de 3oC na média dastemperaturas mínimas e umaredução de 2oC na média dastemperaturas máximas, comum aumento da temperaturamédia, fato também verificadoem outras regiões do Estado, apartir de 1990. O resultadopara os catarinenses são osproblemas de abastecimento deágua à população e perdas naagropecuária. A quantidade dechuva nem sempre é o maiorproblema, mas a sua distri-buição no período. É o caso daRegião Oeste Catarinense que,embora apresente precipi-tação ao redor de 2.000mmanuais, teve recordes deprecipitações mínimas mensaisentre os anos 2004 e 2006. Asestiagens no Estado sempreocorreram, mas nos últimosanos se intensificaram. Poucotem sido feito no meio ruralpara minimizar estes eventosprevisíveis, pois quando aschuvas recomeçam, os pro-

blemas associados às estiagenssão esquecidos e, da mesmaforma, quando as estiagensocorrem, são esquecidas asgrandes quantidades de chuvaocorridas em períodos ante-riores.

Diante da nova realidade, énecessário agir com preven-ção: ações devem ocorrer paraaumentar o tempo de perma-nência da água nas proprie-dades rurais. É preciso teruma infra-estrutura paraarmazenar água e usá-la naescassez. Reflorestamento,açudes, cisternas, sistema deplantio direto e rotação deculturas são algumas práticasque estão disponíveis e devemser incentivadas. Estas sãoalternativas viáveis que podemajudar as comunidades ruraisa enfrentar seus problemas deadversidades climáticas,sempre tendo como base aspeculiaridades locais, a infra-estrutura necessária e autilização de tecnologiasadequadas.

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5Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Saúde ovina em Santa Catarina:prevenção e controle. 2006. 96p. Livro, R$20,00.

O conteúdo desta obra é estimulante,abrangente, de linguagem acessível e é reflexodo alto grau de conhecimento e da vastaexperiência de campo dos autores, que aquiapresentam com grande clareza e riqueza deilustrações tanto as doenças que acometem osovinos como as principais plantas tóxicas queocorrem em Santa Catarina. Este livro éindicado aos estudantes e profissionais deciências agrárias, pecuaristas e, principalmente,aos ovinocultores.

Contato: [email protected].

Essentia herba: plantas bioativas – v.2.2006. 633p. Livro, R$ 60,00.

O Estado de Santa Catarina já é um dosprincipais produtores de plantas bioativas doBrasil, fornecendo a matéria-prima processadaou essências dessas plantas para o mercadointerno e externo. Este volume, o segundo docompêndio Essentia herba, procura caracterizar40 espécies de plantas com atividadefarmacológica e/ou clínica comprovadacientificamente, além de abordar temasrelacionados a botânica, ecologia, fitotecnia,fitoquímica, toxicologia e outros usos da planta.Esta publicação tem notável importância paraa utilização racional de produtos fitoterápicos.

Contato: [email protected].

Medidas de vazão emcanais de irrigação. 2006. 33p.BT No 129, R$ 8,00.

O objetivo deste trabalho édiscutir alguns métodos quepodem ser empregados nairrigação em canais, apontandosuas vantagens e limitações. Sãoabordados neste Boletim métododos vertedores, calhas Parshall ecalhas CTR. Esta publicaçãoconstitui-se em uma ferramentade grande auxílio aos técnicos daárea para o gerenciamento dosrecursos hídricos.

Contato: [email protected].

Medidas de vazão commolinete hidrométrico e coletade sedimentos em suspensão.2006. 56p. BT No 130, R$ 17,00.

Nesta publicação há umarevisão teórica sobre os aspectosrelacionados com as medidas devazão em rios, abordandoespecificamente os métodos decálculo aplicados para as mediçõesrealizadas com molineteshidrométricos. Ela aborda tambémos aspectos teóricos das coletas deamostras para determinação desedimentos em suspensão.Acompanha um CD-ROM com oprograma Hidromolinetes,elaborado para realizar cálculosde vazão e de amostras desedimentos.

Contato: [email protected].

Produto interno bruto dos municípioscatarinenses – 1999 a 2003. 2006. 24p. DOC No

228. R$ 8,00.A publicação aborda dados como a tipologia dos

municípios catarinenses, a distribuição da produçãoagropecuária e os maiores municípios produtores,o produto interno bruto e a distribuição de riqueza.Este trabalho constitui-se, portanto, em umaferramenta de consulta para técnicos e interessadosna área.

Contato: [email protected].

Plantas nativas do planalto catari-nense com potencial ornamental: resul-tados preliminares. 2006. 23p. DOC No 227.R$ 8,00.

Este trabalho relata as ações desenvolvidaspela Epagri/Estação Experimental de CamposNovos que abrangeram coletas, formação decoleções e atividades de cultivo e domesticaçãode plantas com potencial ornamental nosmunicípios do Planalto Sul Catarinense. Napublicação são descritas as cinco espécies maispromissoras, em função do uso regional comoornamentais e de aspectos técnicos.

Contato: [email protected].

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6 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

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Controle biológico das brocas doControle biológico das brocas doControle biológico das brocas doControle biológico das brocas doControle biológico das brocas dopepineiropepineiropepineiropepineiropepineiro

Figura 1. Adultos das brocas Diaphanianitidalis e D. hyalinata e danos causadosnos frutos e hastes do pepineiro

s brocas-das-cucurbitáceas,como são conhecidas, ata-cam as folhas, brotos novos,

ramos e, principalmente, os frutosdo pepineiro. Os brotos novosatacados secam e os ramos ficamcom as folhas secas. As lagartasabrem galerias e destroem a polpados frutos, acarretando seu apo-drecimento e inutilização. A espécieDiaphania nitidalis ataca os frutosde qualquer idade, enquantoDiaphania hyalinata ataca as folhase hastes da planta (Figura 1).

Com o objetivo de restringir ouaté abolir a utilização de agro-químicos que são utilizados indis-criminadamente em lavouras depepino para conserva, visando ocontrole de brocas, pesquisadoresda Epagri/Estação Experimental deItajaí desenvolveram um trabalho

de controle desta praga,utilizando um micróbioconhecido como Bacillusthuringiensis, com resultadospositivos. Entretanto, algunsprocedimentos devem seradotados pelo produtor paraque o tratamento tenha êxito:a) a área do plantio deveráestar isenta de outrascucurbitáceas que tambémsão hospedeiras das brocas; b)aplicar o Bacillus thuringiensis emtoda a planta logo no início do ataquedas lagartas; c) usar a dose de 1g/Lde água acrescida de 1,5ml deAgr’óleo (espalhante adesivo); d)repetir a cada cinco dias, sempre nofinal da tarde. Caso chova no diaseguinte ao da aplicação, repetir apulverização; e) utilizar pulveri-zador exclusivo para produtos

biológicos; f) guardar a embalagemsempre bem fechada em locais secose à sombra para garantir a eficáciado Bacillus thuringiensis.

Mais informações com osengenheiros agrônomos RenatoArcangelo Pegoraro, José AngeloRebelo e Murito Ternes na Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P.277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47)3341-5244.

PPPPPesquisador recomenda fortalecimento do controleesquisador recomenda fortalecimento do controleesquisador recomenda fortalecimento do controleesquisador recomenda fortalecimento do controleesquisador recomenda fortalecimento do controleintegrado de pragasintegrado de pragasintegrado de pragasintegrado de pragasintegrado de pragas

uso inadequado das técnicasde combate às pragas dasojicultura, em especial a

lagarta da soja, além de aumentar ocusto de produção coloca em riscoum dos mais bem sucedidosprogramas de monitoramentointegrado para a cultura. Isto jáprovocou uma redução de 750 milhectares nos últimos três anos, na

O área tratada com o baculovírus (oinimigo natural da lagarta). O alertaé do pesquisador Flávio Moscardi,da Embrapa Soja, em Londrina,PR.

Moscardi chama a atenção doscientistas para que reforcem aimportância da aplicação doprograma de monitoramentointegrado de pragas, que atual-

mente tem um dos passosbásicos usado de formaerrada. Isso porque osagricultores não fazem aavaliação da incidência dalagarta na lavoura e aplicaminseticida de forma empí-rica, numa fase em que aplanta está pequena,comprometendo a entradado baculovírus.

Apesar da preocupação

e da necessidade de retomar o passo-a-passo correto para o programa,Flávio Moscardi diz que o Brasil éreferência mundial quando o temaé controle biológico. Segundo ele, ouso de agentes para controlarnaturalmente a broca-da-cana-de-açúcar, a cigarrinha-da-cana, acigarrinha-das-pastagens, os pul-gões na lavoura de trigo e a traça-do-tomateiro tem representadoeconomia e preservação doambiente. Somente com o manejointegrado de pragas na soja aeconomia é muito maior do que os20 milhões de litros de inseticidasquímicos ao ano que deixam de serusados, considerando o benefíciosocial que a tecnologia propor-ciona.

Mais informações: EmbrapaSoja, fone: (43) 3371-6000.

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Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

IAC lança maracujá deIAC lança maracujá deIAC lança maracujá deIAC lança maracujá deIAC lança maracujá decor rocor rocor rocor rocor roxaxaxaxaxa

ma nova cultivar de mara-cujá de cor roxa e sabordoce foi lançada pelo

Instituto Agronômico de Campinas– IAC. Trata-se do ‘maracujá roxo –IAC Paulista’, que herdou talcoloração de cruzamento com omaracujá roxinho nativo. A grandeatratividade da ‘IAC Paulista’ é acoloração roxo-avermelhada, compintas brancas na casca, embora apolpa (47% do fruto) tenha coloraçãoamarelo-alaranjada. A nova cultivaré indicada para produção no centro-sul do País, onde há climas amenos.A produtividade média é de 25t/ha/ano e o peso dos frutos varia de 100a 160g. O teor de sólidos solúveis(SST) é de 13 a 18oBrix.

Segundo a pesquisadora do IACLaura Maria Molina Meletti, o ‘IAC-

Paulista’ é indicadopara o mercado defrutas frescas porapresentar frutosdiferenciados paracomercialização novarejo de grandesredes de supermer-cados ou exportação.Pode ser utilizadotambém na agroindústria. Apesarda participação inexpressiva doBrasil no mercado mundial, estacultivar tem tudo para atender ademanda externa: coloração roxa emenor acidez.

A pesquisadora ressalta que nãose deve produzir maracujá amareloe maracujá roxo na mesma área.“Haverá cruzamento natural,resultando num fruto de casca

rosada, com menor valor comer-cial e inadequado para expor-tação”, explica. Se for necessáriomaior proximidade entre oscampos, pode-se utilizar barrei-ras vegetais densas que impeçam ovôo de insetos de um campo paraoutro.

Mais informações: InstitutoAgronômico de Campinas, fone: (19)3242-4246.

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Uma alface mais atraente e nutritivaUma alface mais atraente e nutritivaUma alface mais atraente e nutritivaUma alface mais atraente e nutritivaUma alface mais atraente e nutritivaira Roxa’, uma alface de fo-lhas totalmente roxas de-senvolvida para aumentar a

produtividade no cultivo em climatropical e com um valor nutricionalmaior que as alfaces comuns, foiapresentada aos produtores econsumidores de todo o País pelaEscola Superior de Agricultura Luizde Queiroz – Esalq –, da USP, emPiracicaba, SP.

‘ A coloração roxa intensa se deveà presença em larga quantidade daantocianina, substância que con-fere ao alimento uma cor vermelhaque, ao se misturar com o tomverde da clorofila, resulta na corroxa. A ‘Pira Roxa’ contém trêsvezes mais antocianina que asalfaces comuns e um teor maior deantioxidantes, substâncias queajudam no combate ao enve-

lhecimento. Sua aparência roxa

surpreende os consu-midores e garante boasvendas. Para as mães,a alface roxa é um pratocheio para estimular osfilhos a comeremverduras. “Toda mãesabe que criança rejeitasalada. A ‘Pira Roxa’torna a salada maisatrativa, por causa dacor forte que évisualmente maisbonita. Além disso,hortaliças e frutas que

são coloridas têm muito maisvitaminas, protetoras da saúde”,afirma Cyro Paulino da Costa, umdos responsáveis pela criação danova alface.

Como vantagem aos alfacicul-tores, a ‘Pira Roxa’ é mais resistenteao míldio, um fungo que aparece naforma de lesões amareladas nasfolhas e um pó esbranquiçado maispróximo à raiz. Esse fungo éresponsável por grandes perdas noplantio de alface, que algumas vezeschegam a 100% da produção. Porter maior resistência ao míldio, a‘Pira Roxa’ dispensa o uso deagrotóxicos, o que diminui os custosdo produtor e possibilita o cultivoorgânico da alface. “Os produtoresde alimentos orgânicos gostarammuito da ‘Pira Roxa’. O plantio delanão exige agrotóxicos, o que é críticona criação orgânica e resulta emum alimento de melhor qualidadepara o consumidor”, acrescentaCosta.

Fonte: Jornal da USP, no 777,setembro de 2006.

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PPPPPoloskoloskoloskoloskoloske – nova cultivar de uvae – nova cultivar de uvae – nova cultivar de uvae – nova cultivar de uvae – nova cultivar de uvabrancabrancabrancabrancabranca

nova cultivar de uva brancaPoloske tem aroma mosca-tado, possui sementes,

permite a elaboração de vinhosbrancos e espumantes aromáticos epode ser utilizada como uva de mesapara consumo in natura.

A Poloske é uma cultivar híbridacriada no Instituto Experimentalde Viticultura e EnologiaKecskemét da Hungria e foiintroduzida, a partir da EstaçãoExperimental de Geisenheim,Alemanha, na Epagri/EstaçãoExperimental de Videira em 1990,onde se encontra em avaliação.Produtores de uva da Região doVale do Rio do Peixe já plantaram

esta nova cultivar e aprovaram assuas qualidades para vinificação,produção de espumantes e consumode mesa. A ‘Poloske’ serárecomendada para cultivo já para asafra 2007/08, preferencialmentepara as Regiões do Vale do Rio doPeixe e Oeste do Estado.

Outras características da novacultivar são a alta produtividade,que é acima de 30t/ha, cachosgrandes (ao redor de 500g), altatolerância ao míldio (principaldoença fúngica) e à podridão doscachos, porém, sensibilidade àantracnose. Ela é extremamentevigorosa, e o início da brotaçãoocorre na primeira quinzena de

setembro e a colheita na segundaquinzena de janeiro, junto com as‘Niágaras’ da região de Videira.

Mais informações com oengenheiro agrônomo Enio Schuckna Epagri/Estação Experimental deVideira, fone: (49) 3566-0054 oue-mail: [email protected].

Suco de frutas e verduras é arma contraSuco de frutas e verduras é arma contraSuco de frutas e verduras é arma contraSuco de frutas e verduras é arma contraSuco de frutas e verduras é arma contrao mal de Alzheimero mal de Alzheimero mal de Alzheimero mal de Alzheimero mal de Alzheimer

s sucos de frutas e de ver-duras podem ser uma exce-lente forma para evitar os

problemas do mal de Alzheimer, dizum estudo publicado na revista “TheAmerican Journal of Medicine”. Omal de Alzheimer é uma doença

neurológica, progressiva e incu-rável, que afeta principalmente osmaiores de 65 anos. A doença causaperda de memória, degenerando emdemência, e pode levar à morte.

Após considerar fatores comofumo, educação, atividade física e

consumo de ca-lorias, cientistasda Universidadede Vanderbilt,Tennessee, EUA,descobriram quebeber sucos devegetais três oumais vezes porsemana resultavaem 76% a menosde possibilidadesde desenvolver adoença. O benefício pa-

rece aumentarnas pessoas com

carga genética vinculada à doença.Originalmente, os cientistasacreditavam que o alto consumo deantioxidantes (vitaminas C, E ebetacaroteno) poderiam ter umefeito neutralizador do Alzheimer.No entanto, a chave pode estar emoutro tipo de antioxidante quí-mico: os polifenóis, presentes noschás, sucos e vinhos. A maioria dospolifenóis pode ser encontrada nacasca das verduras e frutas. Osúltimos estudos em animaisafirmam que eles neutralizam adecadência intelectual e físicatípica do envelhecimento. Segundoos cientistas, embora os resul-tados sejam promissores, é impor-tante que o público não se preci-pite nem pense que o suco devegetais é suficiente para evitar adoença”.

Fonte: O Estado de São Paulo,Ciência e meio ambiente, 31/8/2006.

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9Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

A qualidade da agroindústria familiar gera emprego eA qualidade da agroindústria familiar gera emprego eA qualidade da agroindústria familiar gera emprego eA qualidade da agroindústria familiar gera emprego eA qualidade da agroindústria familiar gera emprego erenda no Alto Uruguai Catarinenserenda no Alto Uruguai Catarinenserenda no Alto Uruguai Catarinenserenda no Alto Uruguai Catarinenserenda no Alto Uruguai Catarinense

implantação de empreendi-mentos de pequeno e médioporte, como forma de

promover a industrialização e averticalização do setor primário,está sendo uma eficiente alter-nativa de política de desen-volvimento no Alto UruguaiCatarinense, gerando emprego erenda no meio rural.

A agroindústria, por ser umaatividade que oferece melhorescondições de trabalho e renda queas atividades tradicionais de-senvolvidas na região, está setornando uma importante opçãopara segmentos da agriculturafamiliar que estão deixando omeio rural.

A constituição de cooperativasde produção agroindustrial des-centralizadas está sendo um dosprincipais instrumentos de inclusãoe organização dos produtores, dalegalização das agroindústrias e deseus produtos, bem como daorganização da comercialização.

Nos 16 municípios da Associaçãodos Municípios do Alto UruguaiCatarinense – Amauc – foramconstituídas 15 cooperativas de

produção agroindustrial, além de 40microempresas, todas constituídase legalizadas, gerando mais de 600empregos diretos. Há umadiversidade muito grande, tanto notamanho dos empreendimentoscomo nas atividades que sãodesenvolvidas, compreendendo:unidades de beneficiamento eclassificação de ovos, hortaliçasminimamente processadas, pes-cado, processamento de mel,artesanatos, derivados da cana-de-açúcar, frango colonial, derivadosdo leite, derivados dos suínos ebovinos, doces e conservas,beneficiamento de cogumelos,panificados, massas, fabricação devassouras, produção de fubá,classificação de grãos e vinho.

Considerando os 28 empreen-dimentos de origem animal que sãoinspecionados pelos Serviços deInspeção Estadual – SIE – eMunicipal – SIM –, os númerosdemonstram a importância dapequena e média agroindústria nocontexto regional.

Qualidade – A qualidademicrobiológica e bioquímica dosprodutos de todas as agroindústrias

está dentro dos padrões técnicos esanitários requeridos pelalegislação vigente. Os agricultoresque trabalham nas unidades fazemexames periódicos, possuemcarteira de saúde renovada de seisem seis meses e estão sendocapacitados em boas práticas defabricação pelas prefeituras, Epagrie Cidasc. Todos os agricultorespassaram por capacitação nas áreasespecíficas (elaboração dosprodutos) nos centros detreinamento da Epagri ou emoutros cursos promovidos pelasentidades parceiras.

A Cidasc e as prefeiturastambém têm capacitado permanen-temente os inspetores que atuamnos empreendimentos de origemanimal.

Segurança alimentar – Desde2004 estão sendo realizadas oitoanálises microbiológicas por ano epor unidade agroindustrial deorigem animal (ovos, derivados doleite, mel, derivados de suínos ebovinos), como forma de monito-ramento e controle de qualidadedos produtos. Destas análises feitas,todas se mostraram em confor-midade com os indicadores pre-conizados pela Agência Nacional deVigilância Sanitária – Anvisa – e osregulamentos técnicos de cadaproduto. Semestralmente, sãorealizadas as análises micro-biológicas da água de todas asunidades.

Como incentivo à qualificaçãodos produtos regionalmenteproduzidos, a Associação Cata-rinense de Criadores de Suínos –ACCS – e a Associação Catarinensede Criadores de Bovinos – ACCB –,juntamente com todas as entidadesligadas ao setor, estão promovendo,pelo segundo ano consecutivo, oSuileite (Festa do Suíno e do Leite),que, através do Salão de Sabores,avalia os produtos, promove amelhoria da qualidade, premia edivulga as agroindústrias fami-liares de derivados de suínos e doleite.

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10 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Técnico daTécnico daTécnico daTécnico daTécnico daEpagri recebeEpagri recebeEpagri recebeEpagri recebeEpagri recebehomenagemhomenagemhomenagemhomenagemhomenagem

engenheiro agrônomo daEpagri/Escritório Municipalde Curitibanos, Marco

Antonio Lucini, foi homenageadopela Associação Nacional dosProdutores de Alho – Anapa – pelosrelevantes serviços prestados àalhicultura nacional, em julho pas-sado, em São Gotardo, MG. A home-nagem aconteceu durante o XIXEncontro Nacional de Produção deAlho.

Lucini iniciou sua carreiraprofissional na Acaresc em 1980 edesde então tem trabalhado com acultura do alho em Curitibanos.Coincidentemente, Curitibanos tor-nou-se, a partir daquela década, umcentro difusor de tecnologia na cul-tura do alho para todo o Brasil. Naárea tecnológica Lucini editou o li-vro “Alho – Manual Prático de Pro-dução”, já em sua segunda edição.O Escritório Municipal tem servidode base para esses produtores, tan-to na área de aquisição de alho-semente como na área tecnológica.

Mais informações: EpagriCuritibanos, fone: (49) 3245-0680.

Epagri recebe oEpagri recebe oEpagri recebe oEpagri recebe oEpagri recebe oprêmio Tprêmio Tprêmio Tprêmio Tprêmio Top deop deop deop deop de

Agronegócio emAgronegócio emAgronegócio emAgronegócio emAgronegócio emCampinas, SPCampinas, SPCampinas, SPCampinas, SPCampinas, SP

Epagri premiadaEpagri premiadaEpagri premiadaEpagri premiadaEpagri premiadano setorno setorno setorno setorno setor

“Desenvolvimento“Desenvolvimento“Desenvolvimento“Desenvolvimento“DesenvolvimentoAgropecuário”Agropecuário”Agropecuário”Agropecuário”Agropecuário”

premiação, no dia 18 de se-tembro no Teatro Funchal,em São Paulo, foi recebida

pelo diretor e pelo gerente deMarketing e Comunicação da Epagri,respectivamente, Anselmo BenvindoCadorin e Dorvalino Furtado Filho.

A escolha da Epagri pela GloboRural, da Editora Globo, deve-se aoreconhecido e eficiente trabalhodesenvolvido há 50 anos na extensãorural e há 30 anos na pesquisaagropecuária.

A pesquisa e a extensão rural,pela excelência dos pesquisadores eextensionistas da Epagri, sãoresponsáveis pela modernização daagricultura, pela produção eexportação de maçã, pelo estímuloao associativismo, pelo lançamentode cultivares de arroz irrigado dealta produtividade, pelo desen-volvimento de novas cultivares decereais, pastagens, hortaliças efrutíferas e pela viabilização doscultivos de ostras e mexilhões, entreoutros feitos. “A Epagri temparticipação decisiva na colocaçãode Santa Catarina como um dosmaiores produtores de alimentos doPaís, apesar do seu pequenoterritório”, orgulha-se DorvalinoFurtado Filho.

Mais informações com MárciaCorrêa Sampaio, jornalista daEpagri, fone: (48) 3239-5503, e-mail:[email protected].

Epagri/Cepa foi agraciadacom o prêmio Top de Agro-negócio pelo trabalho

“Estudo da legislação que afeta oagroturismo”, desenvolvido peloengenheiro agrônomo Luis Tore-san e pela economista MárciaVaraschin. O prêmio foi entregueao chefe da Epagri/Cepa, AirtonSpies, e a um dos autores do tra-balho, Luis Toresan, em Campinas,SP, em 30 de junho passado.

A Epagri foi escolhida peloInstituto de Estudos e Pesquisa daQualidade – IEPQ –, que faz umlevantamento anual junto a enti-dades públicas, privadas, consumi-dores, áreas de marketing e divul-gação, para indicar os merecedoresdo Top de Agronegócio nas catego-rias empresarial e turismo rural.

Pela primeira vez SantaCatarina recebeu a premiação, pormeio da Epagri, por um trabalhoinédito no País, que procuroulevantar os entraves contidos nasleis brasileiras que dificultam aatividade do agroturismo.“Elaboramos um conjunto desugestões de mudanças naslegislações pertinentes, espe-cialmente a previdenciária, atrabalhista, a sanitária e a tri-butária”, explica Toresan, cujoobjetivo foi o de adequar as leispara desenvolver a atividade semrestrições de ordem legal.

Mais informações com: LuizToresan, fone: (48) 3239-3919,e-mail: [email protected].

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Litoral Catarinense: prejuízos com a faltaLitoral Catarinense: prejuízos com a faltaLitoral Catarinense: prejuízos com a faltaLitoral Catarinense: prejuízos com a faltaLitoral Catarinense: prejuízos com a faltade chuva e maré altade chuva e maré altade chuva e maré altade chuva e maré altade chuva e maré alta

o outono-inverno de 2006,com a intrusão salina nosrios que abastecem os

reservatórios do serviço de trata-mento de água em Itajaí, SC, a águasalgada percorreu os encanamentose chegou às residências, dificultandoo trabalho doméstico e até mesmodanificando o sistema elétrico dechuveiros. O fenômeno resultou dacombinação de dois fatores: o baixonível dos rios, em decorrência dafalta de chuva, e a significativaelevação do nível do mar.

Nessa época do ano são comunsperíodos com acentuado aumentono nível do mar no Litoral Catari-nense. Isto porque, além da maréastronômica, oscilações periódicas

do nível do mar resultantes daatração gravitacional gerada pelosistema Sol-Terra-Lua, temos amaré meteorológica positiva, que éo aumento do nível do mar associadoa sistemas meteorológicos. Quandoocorre um aumento significativotanto da maré astronômica como damaré meteorológica, a condição épropícia a fenômenos como ressaca,ao longo do litoral, e intrusão salinanos rios.

Em Santa Catarina, os ciclonesextratropicais são os principaisresponsáveis por registro de marémeteorológica positiva. Este sistemano oceano favorece a ocorrência devento sul forte (mais de 60km/h) epersistente na superfície marítima

próxima ao litoral. O efeito da açãodo vento é transmitido às camadasinferiores do oceano (efeito Ekman),o que resulta em um transporte eempilhamento da água do mar emdireção à costa e, conseqüen-temente, no aumento do nível domar.

A falta de chuva no Vale do Itajaíagravou o problema da intrusãosalina. Entre abril e julho de 2006,o total de precipitação em Itajaí foide 204,5mm (estação da Epagri),enquanto a média histórica fica emtorno de 400mm.

Mais informações com MariaLaura G. Rodrigues, meteorologistada Epagri/Ciram, fone: (48) 3239-8053.

Cisterna é alternativa para propriedades rurais emCisterna é alternativa para propriedades rurais emCisterna é alternativa para propriedades rurais emCisterna é alternativa para propriedades rurais emCisterna é alternativa para propriedades rurais emperíodo de estiagemperíodo de estiagemperíodo de estiagemperíodo de estiagemperíodo de estiagem

aproveitamento da água dachuva é uma das saídas paraamenizar os impactos da

estiagem em muitas propriedadesrurais, especialmente no OesteCatarinense. A recomendação dospesquisadores da Embrapa Suínose Aves, em Concórdia, SC, é aconstrução de cisternas paracaptação e armazenamento da águada chuva em propriedades rurais,

para reduzir os riscos da falta deágua e evitar a dependênciaexcessiva de fontes superficiais deabastecimento.

Esta tecnologia é uma práticamuito utilizada em países como aAustrália e a Alemanha, pois permitea captação de água de boa qualidade,de maneira simples e efetiva, emtermos da relação custo-benefício,explica o pesquisador PauloArmando de Oliveira. “A cisterna éum reservatório para o armaze-namento de água da chuva, quepoderá ser usada pelo suinocultorou avicultor para a limpeza emanutenção das instalações e parao consumo dos animais”, disse opesquisador. Porém, para assegurara qualidade desta água, é necessárioinvestir em unidades de filtragem ede tratamento, pois a água captadanos telhados é carregada departículas, como galhos, sujeira,folhas, que são matérias orgânicasque se deterioram e a contaminam.

A cisterna é formada por umconjunto de estruturas compostaspelo sistema de captação, sistemade filtragem, reservatório dearmazenamento e sistema detratamento da água. A construçãoda cisterna deve ser feita de acordocom a legislação quanto ao local edistâncias das edificaçõesexistentes, sistemas de produçãode suínos e aves e divisas. “Oobjetivo é minimizar os riscos decontaminação da água, mesmo quese tenha um sistema completo defiltragem e tratamento”, informa opesquisador Paulo Armando. Ocusto para construção de umacisterna é relativamente acessívele depende do dimensionamento dosistema, que deve ser feito portécnicos.

Mais informações: EmbrapaSuínos e Aves, www.cnpsa.embrapa.br, e-mail: [email protected], fone: (49) 3442-8555 –ramal 352.

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Milho e derivados fazemMilho e derivados fazemMilho e derivados fazemMilho e derivados fazemMilho e derivados fazembem aos olhosbem aos olhosbem aos olhosbem aos olhosbem aos olhos

milho enlatado e os cereaismatinais produzidos à basede milho foram os derivados

com maior concentração de luteínae zeaxantina, dois carotenóidesimportantes para a proteção contradoenças degenerativas oculares. Aconstatação foi feita a partir deanálise realizada na Faculdade deEngenharia de Alimentos daUnicamp, Campinas, SP, comderivados do milho como farinha,fubá, farinha pré-cozida, milhocozido e in natura, polenta frita ecozida, curau e pamonha. Aengenheira Giovanna PisanelliRodrigues de Oliveira, autora dapesquisa, apurou uma diferençasignificativa dos teores destescarotenóides para os diferentesprodutos. “Uma explicação para ofato é que para cada tipo de produtoé utilizada uma variedade diferentedo grão.

Dentre mais de cem alimentosjá analisados no Brasil, o milho é oúnico que concentra em quan-tidades significativas a luteína e azeaxantina, relacionadas à proteçãocontra a catarata e a degeneraçãomacular associada à idade. A enge-nheira explica que quanto maior aingestão de alimentos ricos nessescarotenóides, menor a probabilidadede desenvolver tais doenças, porqueo seu acúmulo acontece seletiva-mente na região central da retina.

Dezenas de análises foram feitaspara chegar aos resultados. Paracada derivado foram escolhidas asprincipais marcas do mercado eanalisados cinco lotes distintos. Nocaso dos pratos típicos, como curau,

polenta frita e cozida e pamonha, osteores de carotenóides foram baixos,pois nestas receitas o milho é apenasum dos ingredientes, que pode seradicionado em maior ou menorquantidade.

No milho enlatado as concen-trações ficaram em torno de 0,56 a4,12μg/g de luteína e 7,10 a22,90μg/g de zeaxantina. Já noscereais matinais, tipo “corn flakes”,os teores para luteína encontradosforam 1,83 a 4,88μg/g e dezeaxantina, 7,57 a 16,24μg/g. A frutapiqui, considerada como fonte dazeaxantina, possui concentraçõesem torno de 7,8μg/g.

Fonte: Jornal da Unicamp,edição 324, 2006.

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Embrapa espera transformar resíduos deEmbrapa espera transformar resíduos deEmbrapa espera transformar resíduos deEmbrapa espera transformar resíduos deEmbrapa espera transformar resíduos deabatedouros em biodieselabatedouros em biodieselabatedouros em biodieselabatedouros em biodieselabatedouros em biodiesel

A Embrapa Suínos e Aves, emConcórdia, SC, está estu-dando a transformação de

resíduos de abatedouros embiodiesel. A proposta é aproveitar agordura de suínos e aves, hojeencaminhada principalmente aempresas que produzem farinhapara ração animal, para gerarcombustível destinado aoaquecimento de sistemas das duasproduções. “Nossa preocupação écontribuir para a sustentabilidadeda cadeia produtiva. Por isso,propomos que o biodiesel extraídoda gordura animal seja aproveitadopara diminuir o custo de produção

dos produtores e agroindústrias”,explica a pesquisadora MarthaHigarashi.

O biodiesel, nome genérico dadoa combustíveis e aditivos derivadosde fontes renováveis, como óleosvegetais e gorduras animais, é umaaposta para o futuro em duasdireções, que visa minimizar oimpacto da redução na oferta dopetróleo sobre a economia e reduziros danos ambientais, já que obiodiesel é menos poluente.

É com este mercado promissor ecom a demanda por novastecnologias que a Embrapa Suínose Aves pretende contribuir. “Como

existe o risco de restrições quantoao uso da gordura animal no fabricode ração, a produção de biodieselpassa a ser uma alternativa viávelpara dar um destino correto a esteresíduo”, afirma Martha Higarashi.

A intenção da Embrapa édisponibilizar nos próximos anosuma metodologia para a geração debiodiesel a partir da gordura animale um modelo com sugestão deequipamentos para transformar obiodiesel em fonte de aquecimentona criação de suínos e aves.

Mais informações: EmbrapaSuínos e Aves, fone: (49) 3441-0400– ramal 454.

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O valor do alimento que é jogado foraO valor do alimento que é jogado foraO valor do alimento que é jogado foraO valor do alimento que é jogado foraO valor do alimento que é jogado fora

PPPPProjeto pioneiro entre Unochapecó e Epagri fortalecerárojeto pioneiro entre Unochapecó e Epagri fortalecerárojeto pioneiro entre Unochapecó e Epagri fortalecerárojeto pioneiro entre Unochapecó e Epagri fortalecerárojeto pioneiro entre Unochapecó e Epagri fortaleceráa integração Ensinoa integração Ensinoa integração Ensinoa integração Ensinoa integração Ensino-P-P-P-P-Pesquisa-Extensãoesquisa-Extensãoesquisa-Extensãoesquisa-Extensãoesquisa-Extensão

valor nutricional de frutas elegumes não é nenhuma no-vidade. O que as pessoas

não sabiam é que as cascas, folhase talos de alguns desses alimentospossuem nutrientes como vitaminaC, carboidratos, cálcio e fibras,muitas vezes em quantidadessuperiores às da própria polpa. Essadescoberta faz parte de umapesquisa desenvolvida no Instituto

de Biociências – IB – da Unesp,campus de Botucatu, SP, queavaliou o valor nutricional, em cada100g, de 20 espécies de frutas ehortaliças das mais consumidaspelos brasileiros.

“Por falta de conhecimento dapopulação sobre o valor nutricionaldos talos, folhas e cascas e comoaproveitá-los nos pratos, elesacabam indo para o lixo, algo

projeto interinstitucionalfirmado entre a Univer-sidade Regional Comuni-

tária de Chapecó – Unochapecó – ea Epagri, que viabilizou a cons-trução de uma unidade didática de427m2 inaugurada no dia 20 desetembro de 2006 dentro da áreaexperimental do Centro de Pes-quisa para Agricultura Familiar –Cepaf –, em Chapecó, SC, pode serconsiderado pioneiro em SantaCatarina.

A cerimônia de inauguração foiprestigiada por inúmeras autori-dades representativas do governoestadual, governo municipal,

dirigentes, professores e acadê-micos da Unochapecó, dirigentes,pesquisadores, extensionistas efuncionários da Epagri.

A unidade didática, construídacom recursos da Unochapecó,possibilitará maior integração entreensino, pesquisa e extensão.Acadêmicos, professores, pesqui-sadores e extensionistas terão aoseu dispor duas salas de aula (notérreo) e uma sala de apoio atrabalhos de campo (no subsolo),havendo possibilidade de sermontada mais uma sala paraatender futuras demandas. Todoeste espaço será utilizado para

ministrar aulas teóricas dos cursosdo Centro de Ciências Agro-Ambientais e de Alimentos daquelaUniversidade. Uma parte do espaçoda unidade didática será utilizadapara alocar os cerca de 20 acadê-micos que fazem estágios naEpagri, anualmente. Uma das salasde aula poderá ser transformada,em breve, em um laboratório deapoio à pesquisa e ao ensino. Oespaço da unidade didática tambémpoderá ser utilizado pela Epagripara atender as demandas de seusprojetos, reuniões técnicas,recepção de visitantes e cursos deprofissionalização.

inadmissível em um País em que adesnutrição atinge cerca de 22milhões de pessoas”, comentaGiuseppina Lima, docente doDepartamento de Química eBioquímica do IB e coordenadorada pesquisa.

‘‘Segundo dados da pesquisamostrados na Tabela 1, a casca domamão registrou 52mg de vitaminaC, acima da dose diária de 45mg davitamina recomendada pelosmédicos’’, aponta Giuseppina. Em100g de casca de laranja foramencontrados 107mg de fósforo,volume bem superior ao verificadona polpa da fruta (18mg). Esseelemento químico é utilizado pelascélulas humanas para armazenar etransportar energia em forma decalorias. No estudo, essa substânciatambém foi encontrada na casca domamão. Na casca da laranja tambémforam detectados 362mg de cálcio,nutriente que faz parte daconstituição dos ossos, dentes emúsculos.

O potássio, outro nutrienteimportante para a formação dosdentes e ossos nas crianças, foiencontrado na casca do limão(1,9mg). A casca de banana tem odobro do potássio, 0,9mg, encon-trado na polpa da fruta.

Tabela 1. Quantidade de nutrientes em 100g de algumas frutas(1)

Vitamina C Carotenóides Cálcio Potássio FósforoFruta

mg

Abacaxi Polpa 10,4 35,5 3,70 0,15 17,2Casca 16,8 0,48 8,10 0,24 20,2

Banana Polpa 3,90 24,5 4,86 0,45 31,1Casca 10,14 0,008 0,93 15,9

Laranja Polpa 32,6 15,2 7,69 0,21 18,9Casca 13,7 0,003 362,00 0,33 106,9

Limão Polpa 29,8 9,20 5,70 0,17 12,5Casca 14,5 1,41 1,96

Maçã Polpa 2,05 21,5 3,28 0,11 9,40Casca 6,20 0,903 0,07

Mamão Polpa 56,4 99,3 12,1 0,27 35,0Casca 52,8 11,2 10,29 0,45 50,0

(1)Os números em negrito indicam quando a casca possui maior valor nutricionalque a polpa.Fonte: Jornal Unesp no 213, julho/2006.

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N os últimos três anos, o climano Oeste Catarinense temapresentado um quadro

difícil para a agricultura, com asestiagens provocando sérios proble-mas de perdas para os agricultorese a economia local. Apesar dosgraves problemas acumulados, comdéficits significativos nas safras, osvalores totais anuais de precipitaçãoem Chapecó foram relativamenteelevados: 1.937, 1.708 e 2.140mmnos anos de 2003, 2004 e 2005,respectivamente (Figura 1), o quesalienta as potencialidades e anecessidade de adoção da água comofator diferencial de desenvol-vimento na região.

Em 2003, registraram-se pro-blemas associados ao clima emmaio, agosto e setembro. Em 2004,esses problemas foram registradosem março, junho e outubro. Em

A água em uma abordagemA água em uma abordagemA água em uma abordagemA água em uma abordagemA água em uma abordagemintegradaintegradaintegradaintegradaintegrada

Flavio Renê Bréa Victoria1

2005, nos meses de fevereiro, março,novembro e dezembro. Em 2006,apesar de janeiro ter apresentadobom volume de chuvas, foramregistrados problemas de déficithídrico em fevereiro, abril, maio,junho e julho (Figura 2), com asdeficiências ocorrendo em períodosque comprometeram as safras e arenda dos agricultores.

Em Chapecó, o mês de maio de2006 apresentou precipitação de15,1mm, o menor valor já registradonesse mês nos 38 anos de coleta daEstação Meteorológica da Epagri/Centro de Pesquisa para AgriculturaFamiliar – Cepaf. Infelizmente,esses “recordes mínimos mensais”têm se repetido nos últimos doisanos: março de 2004 (37,5mm),junho de 2004 (37,2mm), fevereirode 2005 (8,2mm) e dezembro de2005 (48,3mm).

Água

A necessidade de resolverefetivamente os problemas locaisassociados à água, como os mos-trados anteriormente para Chapecóe Região Oeste, tem conduzido àexigência de abordagens inovadoraspela comunidade científica eorganismos internacionais, deforma a contornar o “hidroachismo”e os conseqüentes diagnósticosequivocados. A visão dos processoshídricos, implementada histo-ricamente pela engenharia civil,esteve sempre mais associada aocontrole dos fluxos de água dos riosatravés de obras civis e seu manejo,conduzindo a uma visão parcial dediagnósticos e à precariedade emsoluções conjuntas para os demaisusuários de água.

O uso da água está ligado a con-dições muito locais de ocorrência,provocando carências diferen-ciadas, mesmo em regiões oubacias bem próximas, o que nosremete à necessidade de trabalharsempre com o monitoramento e ageração de conhecimentos locais, enão com os equivocados valoresmédios gerais de escassez ou deexcesso. Os dados locais precisos e,sobretudo, os conhecimentosresultantes das imprescindíveisações de monitoramento são algunsdos mais poderosos instrumentosque a sociedade civil dispõe paraconstruir o seu desenvolvimentosoberano, diferenciando-se, qualifi-cadamente, nos processos glo-balizados.

Torna-se importante observarque vivenciamos uma crise demanejo de água, agravada pelasdificuldades de definição integradados problemas, nas complexasrelações hidrológicas. A qualificaçãodos processos participativos passapela necessidade de gerar esocializar os conhecimentos locaissobre as questões hídricas,construindo-se uma espécie debanco de conhecimentos que,paulatinamente, qualificará atomada de decisão pelas comuni-dades, técnicos, administradores epolíticos.

Salienta-se que, apesar de aquantidade total de água na Terra

1Eng. agríc., Dr., Epagri/Cepaf, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0619, e-mail: [email protected].

Figura 1. Precipitação anual em Chapecó, SC, nos anos de 2003, 2004e 2005

1.937 1.708

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ter permanecido aproximadamen-te constante nos últimos 500milhões de anos (em 1.386 milhõesde quilômetros cúbicos), a sua qua-lidade tem sido seriamente modi-ficada pelas atividades humanas,principalmente no último século,o que lhe concede agora o caráterde elemento finito e frágil. Então,os problemas agravam-se lo-calmente, com as atividadeshumanas degradando a qualidadedos corpos de água, mesmo emregiões onde, quantitativamente, aágua é suficiente ou mesmoabundante, proliferando as cha-madas carências hídricas quali-tativas, de difícil e custosa recu-peração.

Em função da atuação dinâmicada água em praticamente todos osprocessos vitais no planeta, alte-rações como as previstas nosestudos de mudanças climáticas,(elevação da temperatura doplaneta e intensificação do ciclohidrológico) poderão ter conse-qüências dramáticas para as popu-lações, principalmente pelaslimitações da água disponível, eainda com maior vulnerabilidadedos países com menor capacidadefinanceira de adaptação a esta novarealidade.

O uso da água e aagricultura

Em nível global, a agricultura éo maior usuário (70%), seguida dosetor industrial (21%) e do domés-tico (9%). Entretanto, as especi-ficidades locais dos países e regiõesrefletirão nas diferenças de usos,salientadas também pelo estágio dedesenvolvimento dos países.Enquanto nos países desenvolvidoso maior usuário é o setor industrial(58%), seguido do agrícola (30%) edo doméstico (11%), nos países emdesenvolvimento destaca-se o usoagrícola (82%), seguido do industrial(10%) e do doméstico (8%). Em SantaCatarina, temos bacias em quesequer há significativa extração porirrigação, e mesmo assim mani-festam-se problemas periódicos defalta de água para os usos urbanose industriais. Isso mostra as nossasdeficiências em infra-estruturasbásicas. A questão da água paraagricultura reveste-se de grandeimportância devido à elevadadependência da atividade emrelação ao clima, sujeito às varia-bilidades e a eventos extremos, eainda com infra-estruturas precá-rias. Há necessidade de implemen-tar visões integradas que repre-

sentem as interações existentes nacomplexidade do ciclo hidrológico,fornecendo informações práticaspara o principal tomador de decisãono meio rural: o agricultor.

Em torno de 80% das áreasagrícolas no mundo são cultivadassob condição de sequeiro e respon-dem por 60% da produção de ali-mentos, enquanto 20% são cultiva-das sob irrigação, respondendo por40% da produção. Entretanto, atendência não é que se caminheindiscriminadamente para áreas deagricultura irrigada. Ao contrário,cada vez mais a solução será aexigência de análises criteriosaspara uso onde a tecnologia deirrigação é necessária, onde há águasuficiente e, sobretudo, onde aatividade é sustentável em termosde lucratividade e de preservaçãodos serviços ambientais proporcio-nados pela natureza.

Há uma grande margem paraelevar a eficiência e produtividadedas lavouras na condição de se-queiro. Além disso, será necessáriomelhorar muito o dimensionamentoe o manejo de sistemas irrigados,considerando o grau de desperdícioe a baixa eficiência atual. A produ-tividade de grãos de agriculturairrigada nos países em desenvol-

Figura 2. Precipitação mensal ocorrida e média de 38 anos. Chapecó, SC, 2003 a 2006

Nota: Em vermelho, meses problemáticos.

116

221 237

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68

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vimento mostra-se semelhante àprodutividade de sequeiro nos paísesdesenvolvidos, o que ratifica anecessidade e perspectivas demelhorias e avanços integrados dossistemas agrícolas e naturais.

Em regiões de clima úmido, asalternativas indicam a adoção domanejo integrado da água da chuva,com a incorporação de sistemas deirrigação suplementar e microir-rigação às áreas de sequeiro, visandomitigar os efeitos das secas. O usoconjunto de práticas de manejo decultivo, do conhecimento local, de es-tratégias de manejo que aumentema infiltração e capacidade de reten-ção, de práticas de coleta de água e domanejo de irrigação suplementar,além do seguro agrícola e da utilizaçãode sistemas eficientes de previsãoclimática, deve reduzir os riscos eincentivar os agricultores à realizaçãomais segura dos investimentos emfertilizantes, sementes e tecnologia.

As plantas necessitam devolumes consideráveis de água parao processo de produção. Em SantaCatarina, a maior parte das culturasrecebe essa água da própria natu-reza, através das chuvas. O consu-mo hídrico das culturas no ciclodificilmente é atendido totalmente,resultando em sistemáticas perdasde produtividade devido à distri-buição das chuvas no ciclo em cadasafra e a outros fatores do sistemade cultivo de sequeiro. Ao optarpela irrigação para suplementar asnecessidades de água, busca-secompensar o que a natureza nãoconsegue suprir, em quantidade eno momento adequado para oscultivos. A consideração dos fatoresque interferem nesses processos,em cada local, determinará aviabilidade e a sustentabilidade deadoção de irrigação, considerando-se que sempre acrescentaremosineficiências humanas ao processo.

Ao contrário do que ocorre, oque deve ser criticado pela sociedadesão os desperdícios e a ineficiência,e não a irrigação em si, tecnologiaque contribui muito para a neces-sária produção de alimentos, aestabilidade e a melhoria da rendaagrícola.

Abordagem integrada:água verde e água azul

Na representação dos subpro-

cessos do ciclo hidrológico, deve-sediferenciar a porção de água verde(que é evapotranspirada) e de águaazul (açudes, lagos, fluxo nos rios elençóis subterrâneos), com aconsideração das suas especifici-dades, limitações e potencialidades,além das interações existentes. Aspráticas de conservação de água esolo desenvolvidas nas lavouras têmcomo objetivo atuar na partiçãoentre água verde e azul, reduzindoa evaporação não-benéfica, au-mentando a capacidade do solo emreter água, para viabilizar maisevapotranspiração (benéfica),modificando variedades de plantase datas de semeadura ou usandosistemas de suplementação hídricae aperfeiçoamentos tecnológicos.Tornar-se-á necessário considerar,sempre, a racionalização do uso daágua, tanto nos sistemas naturaisde agricultura de sequeiro quantonos sistemas irrigados. É necessárioproduzir mais com cada vez menoságua. As economias de água obtidasna agricultura irrigada podemviabilizar ações de realocação parao suprimento de outros usos commaior valor social ou econômico,em atividades estratégicas.

Água como fatorestratégico dedesenvolvimento

A água, pelas suas funções vitaise estratégicas, necessita ser assu-mida como fator diferencial dedesenvolvimento. Estudos sobre asmudanças climáticas de longo prazoindicam o agravamento dos extre-mos climáticos, com efeitos dife-renciados sobre as condições devida, disponibilidade de água,produtividade agrícola e produçãode alimentos nas diversas regiões.Isso significa que podemos terchuvas mais concentradas em pou-co tempo e que os períodos de es-cassez podem ser mais acentuadose críticos. Essas são justamente ascondições que já têm sido veri-ficadas no Oeste Catarinense, coma elevação do nível de chuvasanuais e a quebra de recordesmínimos de chuvas em diversosmeses, nos últimos dois anos,trazendo sérios prejuízos aosagricultores e à economia local. Hárecomendação, expressa emdocumentos técnico-científicos do

Banco Mundial, FAO e organismosinternacionais, de que os governosfederais, estaduais e municipaisconsiderem efetivamente asperspectivas de efeitos regionaisdas mudanças climáticas, condu-zindo estudos para a geração deconhecimento, e de reforço localpara enfrentar as adversidadesclimáticas.

Como vivemos em regiões úmi-das, uma cultura da abundância deágua condiciona o comportamentodas pessoas e até das instituições.Isso tem postergado o estabele-cimento das infra-estruturasconfiáveis de abastecimento, assimcomo de processos de investigação,educação e conscientização para anecessidade de tornar mais racionalo uso da água.

Quando recomeçam as chuvasapós período de estiagem, esque-cemos facilmente dos problemasassociados às secas. E quando assecas ocorrem também esquecemosque choveu muito nos períodosanteriores. Nos períodos deabundância, teríamos que estarpreparados com infra-estruturas eprocedimentos práticos paraarmazenar e aumentar o tempo dedisponibilidade das águas, nas suasmais diversas formas e substratosde retenção. Essa é a chave para abusca de alternativas, com açõespreventivas que aumentem o tempode permanência da água nasdiversas escalas: nas bacias, naspropriedades e nos solos, emabordagem sistêmica que a utilizecomo ligação entre os processoshumanos e da natureza.

Nas questões associadas à água,há necessidade de estratégias deEstado com forte base científica, decaráter permanente e, sobretudo,coerentes com as ocorrênciasnaturais do ciclo hidrológico nasbacias catarinenses, através deprocessos de revitalização do cicloda água e aumento do tempo dedisponibilidade desta para asatividades urbanas, rurais e suasinterfaces. A implementação dealternativas deve considerar arealidade catarinense e as poten-cialidades locais, preparando ascomunidades para enfrentar proble-mas e adversidades climáticas, combase no trinômio conhecimentolocal, infra-estruturação e tecnolo-gias adequadas.

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O

PPPPProduto interno bruto dos municípiosroduto interno bruto dos municípiosroduto interno bruto dos municípiosroduto interno bruto dos municípiosroduto interno bruto dos municípioscatarinenses – 1999 a 2003catarinenses – 1999 a 2003catarinenses – 1999 a 2003catarinenses – 1999 a 2003catarinenses – 1999 a 2003

Paulo Ceser Zoldan1

Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística – IBGE–, em parceria com órgãos

e secretarias estaduais deestatística, vem desenvolvendo oprojeto das Contas Regionais coma divulgação de resultados sobre aevolução do produto interno bruto(PIB) de cada unidade da federação.

Em Santa Catarina, os trabalhosforam desenvolvidos pela Secretariade Estado de Planejamento,Orçamento e Gestão, em parceriacom o Instituto de Planejamento eEconomia Agrícola de SantaCatarina – Instituto Cepa/SC –,atualmente Centro de Estudos deSafras e Mercados – Cepa –, daEpagri. Com a consolidação dessasparcerias e com a crescentedemanda por informações comrecortes municipais, o projeto foiampliado com a construção deestimativas do PIB dos municípios.

Este trabalho proporcionou, deforma inédita, a construção deséries do valor adicionado (VA), apreços correntes, da Agropecuária,Indústria e Serviços, bem como oPIB, a preços correntes e per capita,para todos os municípios brasileirosrelativamente ao período de 1999 a2003. Neste artigo, o destaque édado aos municípios de SantaCatarina, com ênfase ao setoragropecuário.

Cabe destacar que a metodologiautilizada está em consonância comas recomendações internacionaisexpressas pela Organização dasNações Unidas – ONU –, peloBanco Mundial e pela Organização

para a Cooperação e Desenvolvi-mento Econômico – OCDE.

O PIB, a preços de mercado,mede o total dos bens e serviçosproduzidos pelas unidades pro-dutoras residentes, sendo, portanto,a soma do VA (valor bruto daprodução menos consumo inter-mediário) dos diversos setores,acrescida de impostos (líquidos desubsídios).

O resultado desse trabalho re-presenta um importante saltoqualitativo no uso das estatísticasnacionais, permitindo que asociedade passe a dispor de im-portantes indicadores econômicos,comparáveis e reconhecidos. Alémdisso, permitirá identificar adinâmica das economias locais, seugrau de desenvolvimento e indi-cativos de suas macrotendências.

O PIB municipalcatarinense

O PIB a preços correntes deSanta Catarina atingiu, em 2003,R$ 62,2 bilhões, representando 4%do total produzido pelo País. O PIBper capita foi estimado em R$10.949,00 (o nacional foi de R$8.694,00). A agropecuária estadualparticipou com 6,4% da produçãoagropecuária nacional, enquanto aindústria participou com 5,5% dototal nacional.

A agropecuária, na sérieestudada (1999 a 2003), vemaumentando sua participação naeconomia estadual, atingindo, em2003, 16,9%. A indústria de

transformação alcançou 49,1%, eos serviços, 34%.

Uma característica marcante doPIB municipal de Santa Catarina,como no do restante do País, é a suaelevada concentração. De um totalde 293 municípios em 2003, apenastrês deles (Joinville, Florianópolise Blumenau) foram responsáveispor aproximadamente 23% daprodução estadual. Estes mesmosmunicípios concentravam, em 2003,cerca de 20% da população. Na faixaentre 25% e 50% do PIB estão apenas3,8% dos municípios (11) e 22% dapopulação do Estado. Nestes doisprimeiros intervalos, portanto, queacumulam quase 50% do PIB, háapenas 14 municípios ou 4,8% delese 42% da população.

Apesar de concentrar-se empoucos municípios, Santa Catarina,assim como os demais Estados doSul do País, tem a atividadeeconômica mais bem distribuída, secomparada com as demais regiões eEstados. Observa-se que a popu-lação, na mesma comparação, estátambém mais bem distribuídaespacialmente.

No período estudado, há umaligeira melhoria nos indicadores dedistribuição, tanto para a Região Sulcomo para o Estado.

Observa-se que em 1999 apenas19 dos 293 municípios agregavam25% do VA da agropecuária. Em2003 este número praticamente semanteve – 20 municípios agregam25% do VA. Esta faixa concentrava12,7% da população. No outroextremo há, em 2003, 25 municípios

1Economista, M.Sc., Epagri/Centro de Estudos de Safras e Mercados – Cepa –, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-3940, e-mail: [email protected].

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(8,5%) que produzem 1% do VA daagropecuária.

De forma geral, metade do VAagropecuário em 2003 é produzidopor 63 municípios (21,5%) onde vive25% da população. Os dados sãoilustrativos da maior dispersão daprodução agropecuária em relaçãoao conjunto da atividade econômica.

Tipologia dos municípios

A tipologia dos municípioscatarinenses pode ser observada naFigura 1. Caracterizou-se comomunicípio com predominância noVA para determinado setor (daagropecuária, indústria ou serviços)quando sua participação relativa noVA fosse igual ou superior a 70% dototal. Definiu-se como municípiocom maioria em algum setor quandosua participação relativa no VA dealguma dessas atividades estivesseentre 40% (inclusive) e 70%(exclusive) do total.

Em alguns municípios aeconomia é mais diversificada,tanto que não há como definir apredominância de um só setor deatividade. Assim, são apresentadasduas faixas específicas: uma deequilíbrio dos três setores e outrade equilíbrio entre indústria eserviços. Poucos municípiosapresentam equilíbrio entreagropecuária e indústria. Consi-derou-se que haveria equilíbrio

entre agropecuária e serviçosquando o município tivesseparticipação relativa maior ou iguala 40% do VA da agropecuária e doVA dos serviços, de modo que adiferença absoluta entre essesvalores fosse menor ou igual a 5%.O equilíbrio entre indústria eserviços foi definido de maneiraanáloga.

Desta forma, pode-se observara maior dispersão da agropecuária(na comparação com os demaissetores), evidenciando-se suaimportância para a grande maioriados municípios catarinenses. Aatividade, no entanto, concentra-senaqueles que se estendem doPlanalto ao Extremo Oeste.Merecem destaque, ainda, osmunicípios agroindustriais doOeste, cuja produção industrial estávoltada ao processamento deprodutos da suinocultura e daavicultura.

De forma geral, observando-se oconjunto da economia e respeitandoa classificação apresentada, tem-seum Estado de maioria industrial, jáque esta atividade participa com49% do VA total.

A importância daagropecuária

Ao se analisarem os municípiosseparadamente, a importância daagropecuária se torna mais

evidente. Por exemplo, 52% delessão predominantemente agro-pecuários ou têm esta atividadecomo preponderante, significandoque a participação relativa do VA daatividade nesses municípios é depelo menos 40%. Ainda há outros7,5% onde a agropecuária está emequilíbrio com os demais setores oucom um deles, pelo menos.

Observando-se unicamente aparticipação da agropecuária,percebe-se que ela responde porpelo menos metade do VA em 47%dos municípios (139). Em 64% deles,a atividade tem pelo menos 30% departicipação.

Certamente, se através deprocessos metodológicos adequadosse estimasse a contribuição dossetores a montante e a jusante daagropecuária, haveria participaçõesainda mais expressivas, nota-damente nos municípios onde estãolocalizadas plantas industriais deprocessamento de carnes.

Os dez maiores municípios doEstado, juntos, respondem porquase metade da produçãoindustrial e de serviços do Estado epor apenas 4% da agropecuária. AFigura 2 apresenta o VA daagropecuária por estabelecimento.Os resultados foram obtidos atravésda divisão entre o VA (agropecuário)total do município e o número totalde estabelecimentos de cada umdeles. Os resultados referem-se,portanto, a médias.

No mapa observam-se as regiõesdo Estado onde há maior densidadeda agropecuária, representada pelasmanchas mais escuras. Observa-se, assim, o Meio-Oeste como aregião que concentra os municípiosmais dinâmicos e produtivos dosetor, embora apareçam outros noPlanalto e Litoral, principalmente.O trabalho permitiu relacionar operfil dos dez maiores municípiosagropecuários de Santa Catarina.Embora tenham uma produçãoagrícola grande, em comparaçãocom os demais, são, na maioria,municípios industriais; apenas doistêm maioria agropecuária e outrosdois têm equilíbrio nas trêsatividades.

Os complexos agroindustriaislotados no Estado estão concen-trados nesse conjunto de muni-cípios, os quais concentram 9% dapopulação estadual. O PIB per

Figura 1. Santa Catarina – tipologia do valor adicionado (VA) – 2002

Fontes: IBGE (2005); Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão de SantaCatarina; Epagri/Cepa – Centro de Estudos de Safras e Mercados.

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capita médio desses municípios é deR$ 15.074,00 (superando em 38% amédia estadual).

As dez maiores agropecuáriasacumulam uma participação deapenas 14,9% do total produzidopelo setor no Estado, bastanteinferior à concentração verificadanos dez maiores municípiosindustriais e de serviços. Estesmunicípios contribuem com outros14,8% do VA industrial e com 10,3%dos serviços produzidos.

Os municípios que mais sedestacaram, em termos de cres-cimento nominal da agropecuáriaentre 1999 e 2003, foram Xanxerê,Mafra e Itá. Nestes, além do cres-cimento expressivo da agriculturae da pecuária, também se destaca ocrescimento da silvicultura,especialmente em Mafra e Xanxerê.

A Figura 3 apresenta, pormunicípio, as principais atividadesdos segmentos da agropecuária em2003. Os municípios foramclassificados conforme o maior VAnaquele ano. Os segmentos maisfreqüentes foram a pecuária (147) eas lavouras (121). Em 24 deles asilvicultura é a maior atividade eem apenas um a horticulturaaparece em primeira colocação.

As cores do mapa evidenciam a

importância da pecuária (suino-cultura e avicultura) nos municípiosdo Oeste e Extremo Oeste, doPlanalto Serrano (bovinocultura decorte e leite) e em alguns outros dafaixa litorânea ou próximos a ela.Estes últimos, vale lembrar, são

aqueles em que a agropecuária épouco expressiva, mas têmprincipalmente na pecuáriaextensiva sua principal atividade.

A agricultura (lavouras) é maiorna faixa que se estende do PlanaltoNorte, Alto Vale até a RegiãoSerrana, estendendo-se até o SulCatarinense e em alguns municípiosdo Litoral Norte, onde predominamas lavouras de arroz ou banana. Asilvicultura tem maior expressãona faixa do Planalto Norte aoPlanalto Serrano, onde se formaum “cinturão” florestal. Apenas omunicípio de Antônio Carlos(Grande Florianópolis) tem nahorticultura sua maior atividade.

Considerações finais

Os dados apresentados permitemum conhecimento mais aprofun-dado da economia catarinense e decada um dos seus municípios. Dadaa abrangência das informações evariáveis que originaram asestimativas e os resultados aquiapresentados, optou-se por apre-sentá-los de forma agregada eresumida, mas que permitisseoferecer um panorama do Estadono contexto nacional e dos seusmunicípios. Mais detalhes poderãoser obtidos na publicação Docu-mentos no 228, da Epagri.

Figura 2. Santa Catarina – valor adicionado (VA) da agropecuária dosmunicípios por estabelecimento – 2003

Fontes: IBGE (2005); Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento eGestão de Santa Catarina; Epagri/Cepa – Centro de Estudos de Safras eMercados. Levantamento Agropecuário, fevereiro de 2006.

Figura 3. Santa Catarina – principal atividade agropecuária – 2003

Fontes: IBGE (2005); Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento eGestão de Santa Catarina; Epagri/Cepa – Centro de Estudos de Safras eMercados.

Valor adicionado da agropecuáriapor estabelecimento agropecuário

(1.000 reais)

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Embora com apenas 1,1% doterritório nacional e com 3,2% dapopulação (11o colocado entre osEstados), o Estado é a sétimaeconomia do País e gera o quintomaior PIB per capita do País.

Santa Catarina tem cinco entreos cem maiores municípiosbrasileiros em relação ao PIB:Joinville (36o), Florianópolis (65o),Blumenau (67o), Jaraguá do Sul (91o)e Chapecó (95o). Entre as cemmaiores economias agropecuárias,o Estado inclui dois municípios:Concórdia (39o) e Campos Novos(91o).

Estes dados ilustram a posiçãoque o Estado ocupa no cenárionacional, dando alguns indicativosdo seu nível de desenvolvimento,‘‘vis-à-vis’’ aos demais Estados dafederação. Vale lembrar que, nacomparação, é importante consi-derar seu tamanho e população e,sobretudo, a forte concentração daprodução no Sudeste do País (55%do PIB).

A produção catarinense érelativamente pequena (4% do totalnacional), mas sua distribuiçãoentre os municípios, emborabastante concentrada, tem o melhorcoeficiente de dispersão emcomparação com o das demaisregiões brasileiras (inclusive com amédia da Região Sul). A dispersãoda produção, a diversidade

produtiva e os indicadores decrescimento mostram um Estadodinâmico e em relativo equilí-brio.

Os desafios do setor produtivodo Estado são grandes e têm sidoamplamente discutidos nos meiostécnicos, científicos e políticos efreqüentemente abordados pelaimprensa.

Os investimentos em infra-estrutura têm sido consideradosfundamentais para a ampliação daprodução. Da mesma forma,investimentos na modernização doparque produtivo, em agregação devalor aos produtos locais e na ofertade novos produtos e serviços sãotambém desafios recorrentes. Avalorização do capital humanoexistente também aparece comoimperativo para que a economia doEstado possa tirar vantagens dasoportunidades existentes e crescerdiante das dinâmicas competitivase cada vez mais exigentes dosmercados globais.

A agricultura catarinense temsua base concentrada na oferta depoucos produtos, basicamente“commodities”. Investir emdiferenciação, em valorização deprodutos e nas dinâmicas terri-toriais acaba se impondo como aalternativa à evidente concentraçãoda produção, tanto em produtos eprodutores quanto em municípios,

como demonstram os dados deste ede outros estudos.

O monitoramento da dinâmicado processo produtivo através demetodologias referenciadas, bemcomo o seu corte em nívelmunicipal, permitirá avaliar odesempenho e a evolução dossetores e subsetores econômicos doEstado, no tempo e no espaço. Esteinstrumento permitirá proporações, planejar políticas e alocarrecursos visando a otimização deresultados em vista de um processode desenvolvimento mais intenso eequilibrado.

Literatura consultada

1. IBGE. Contas regionais do Brasil 2003.

Rio de Janeiro, 2003. 86p.

2. IBGE. Coordenação de população e

indicadores sociais. Rio de Janeiro,

2004. Não paginado.

3. IBGE. Produto Interno Bruto dos

Municípios 1999-2003: Coordenação

de Contas Nacionais. Rio de Janeiro,

2005. 234p.

4. SANTA CATARINA. Levantamento

agropecuário de Santa Catarina: 2002-

2003. Florianópolis, 2005. 255p.

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Água na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupaproveitar melhoraproveitar melhoraproveitar melhoraproveitar melhoraproveitar melhor, com mais r, com mais r, com mais r, com mais r, com mais rÁgua na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupÁgua na agricultura: poupaproveitar melhoraproveitar melhoraproveitar melhoraproveitar melhoraproveitar melhor, com mais r, com mais r, com mais r, com mais r, com mais r

1Eng. agr., M.Sc., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 239-5533, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 239-5533, e-mail:[email protected].

Paulo Sérgio Tagliari1Paulo Sérgio Tagliari1

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oupar eoupar eoupar eoupar eoupar eais rendaais rendaais rendaais rendaais rendaoupar eoupar eoupar eoupar eoupar eais rendaais rendaais rendaais rendaais renda

As constantesestiagens que vêmassolando o Sul doBrasil têm forçado osagricultores abuscar práticasagrícolas quereduzam osprejuízos. Algumasdestas medidas outecnologias, de baixocusto, já estão emuso e recomendadaspor pesquisadoresda Epagri, conformemostrado nestareportagem

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24 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

água doce na Terra repre-senta apenas 2,5% da águadisponível, pois a maior

parte está contida nos oceanos emares, portanto, salgada e im-própria para consumo direto. Sórecentemente é que se está conse-guindo, através de equipamentoscaríssimos, retirar a salinidade daágua do mar para abastecersistemas urbanos; porém, são casosisolados e ainda demorará para estatecnologia tornar-se viável. Dos2,5%, quase três partes dela estánas calotas polares ou em lençóissubterrâneos. A pequena parcelade água doce superficial que sobra(rios e lagos) encontra-se consi-deravelmente poluída por esgotosurbanos, resíduos industriais eagrotóxicos.

Diante desse cenário, que não éficção, mas bem real e preocupante,tanto para nossa geração comotambém para as futuras, resta-nosencarar de frente este poderosodesafio de conviver com a escassezde água. Para começar, cabe a cadaum de nós praticar mudanças emnossos hábitos diários, não apenasporque a água poderá faltar nofuturo. Água não é uma simplesmercadoria, é um bem universal,fundamental para a vida e, acimade tudo, um direito de todos.

Em Santa Catarina, nas últimasduas décadas, a ocorrência deestiagens tem sido cada vez maisfreqüente, provocando gravesconseqüências, principalmente paraa agricultura e o abastecimentourbano. As secas têm causadoprejuízos e estão inviabilizandomilhares de propriedades rurais,inclusive incentivando o êxodorural. Estudos mostram que 85%das perdas de produtividade de milhoem Santa Catarina são devidas aodéficit hídrico. Nos últimos três anosas estiagens se agravaram, sendoque, no ano de 2005, 182 municípioscatarinenses decretaram estado deemergência por causa da seca. Poroutro lado, dados da Epagri/Centrode Informações de RecursosAmbientais e de Hidrometeorologia– Ciram –, em Florianópolis, mos-tram que os índices pluviométricostotais anuais têm sido altos, che-gando a superar as médias históricasde 1.800 a 2.000mm/ano, mesmoem anos de estiagem. O que ocorreé que as chuvas estão mal distri-

A buídas durante o ano, causandoexcesso em alguns meses e escassezem outros.

As medidas tomadas até agora,seja pelo poder público, seja pelainiciativa privada, em geral sãopaliativas e não estão revertendoas situações de calamidade causadaspelas secas no Estado. Em paísesem que o fenômeno da estiagem émais constante, como por exemplona Austrália, o governo local e osprodutores rurais vêm adotandomedidas preventivas e perma-nentes, tais como a captação daágua da chuva através de programascom financiamento para captação,armazenagem e utilização racionalda água. Entre as práticas adotadasestão a captação da água através decalhas em telhados nas casas,armazéns, estábulos, pocilgas,aviários, etc. Outra prática é acaptação nos rios e lagos quandoexiste excesso, em épocas de chuva,e transporte para reservatórios tipoaçudes revestidos de plástico. Essaágua é então utilizada paramúltiplos fins, inclusive para criaçãode peixes, mas, principalmente,para irrigação.

Manejo do solo contra aestiagem

A Epagri, diante deste desafiocausado pelas secas, vem adotandoe difundindo medidas de prevenção

e práticas agrícolas que evitam odesperdício de água. Encontra-se,atualmente, em fase de composiçãotécnica, através da Epagri/Ciram,um projeto para captação, arma-zenagem e distribuição de água nomeio rural catarinense. Para aefetiva execução pelos agricultores,o referido projeto dependerá derecursos financeiros de órgãosfinanciadores, como o ProgramaNacional de Fortalecimento daAgricultura Familiar – Pronaf –,por exemplo. Gerson Conceição,coordenador de Recursos Hídricosdo Ciram, mestre em Meteorologia,explica que os estudos climáticoslevam a crer que os períodos deestiagem continuarão no futuro. Elecita que, no ano de 2004, as perdasagrícolas causadas pela seca noEstado atingiram a cifra dos R$ 335milhões. “Com somente uma parceladeste valor”, diz ele, “poderíamosdesenvolver um programa estadualde recursos hídricos que diminuiriaenormemente os efeitos dasestiagens, e ainda sobraria dinheiropara outras necessidades dapopulação”.

A Epagri/Ciram possui umamalha de postos meteorológicosespalhados por todo o Estado deSanta Catarina e conta comregistros que datam de mais de 50anos. Gerson relata que os dadospluviométricos (chuvas) e de vazão(fluxo de água em rios) são

Técnicos da Epagri/Ciram registrando vazão de rio com aparelho demedição de corrente

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importantes indicadores para umplanejamento da utilização racionaldos recursos hídricos. Com isto,conseguiu-se observar que, emdeterminados locais, a vazão dosrios chegou aos níveis mais baixosjamais registrados. Por exemplo,em Joaçaba, SC, na bacia do Rio doPeixe, na região central do Estado,a vazão do Rio do Peixe atingiu em2006, para o mês de junho, o menoríndice, desde 1951, quando seiniciaram as medições. “Isto é umalerta de que é urgente a execuçãode um plano para o manejo globalda água no Estado”, enfatizaConceição.

Ao contrário do que muitospensam, a irrigação por si só nãoresolve todos os problemas deestiagem. Se mal usada, pode gastaras poucas reservas de água que osagricultores possuem. Nos últimos15 anos, principalmente no Sul doBrasil, tem-se disseminado ochamado Sistema Plantio Direto(SPD), caracterizado pelo mínimoou quase nenhum revolvimento dosolo na semeadura das culturas,pela cobertura permanente do soloe pela rotação de culturas. Estesistema mantém maior coberturacom palha por sobre o solo do queno cultivo convencional, e assimprotege a camada superficial esubsuperficial do solo. Com menoscalor do sol e protegido dos ventos,a evaporação de água é menor, osolo permanece mais úmido e,portanto, mais água fica disponívelpara as plantas.

Recentemente o engenheiroagrônomo Milton da Veiga,pesquisador da Epagri/EstaçãoExperimental de Campos Novos,

finalizou seu doutorado no qualestudou a importância da coberturado solo e sua influência sobre amaior ou menor captação earmazenamento da água das chuvas.Segundo o pesquisador, a melhorcondição de manejo e preparo dosolo para se conseguir o máximo deinfiltração de água no perfil e omínimo de evaporação é a utilizaçãode plantas de cobertura do solo queproduzam grande quantidade deresíduos culturais, associadas aouso de métodos de preparo queresultem na manutenção domáximo de superfície coberta porresíduos. O sistema que melhorpreenche estes requisitos é o SPD,com uso de plantas de cobertura erotação de culturas. Assim acobertura do solo é mantidainicialmente pelos resíduos vegetaisda cultura antecessora e, após aemergência da cultura comercial,também pela parte vegetativa desta.

Milton verificou em sua pesquisaque o sistema de manejo que deixao solo muito solto favorece oaparecimento de macroporos, quedeterminam a rápida percolação daágua para camadas mais profundasda terra e menor retenção nascamadas superficiais, onde seencontra a maioria das raízes dasplantas. Por outro lado, no manejoque utiliza muita maquinariaagrícola, o peso excessivo favorecea compactação do solo, formando osmicroporos, os quais, pelo fenômenoda capilaridade, podem reter a águaem uma condição de energia tãoalta que a maioria das plantas nãoconsegue absorver. Nesta condição,mesmo com muita água no solo, aplanta apresenta sintomas de

estresse hídrico (murchamento).Para o pesquisador, o ideal é umacondição onde haja menoscompactação do solo e menorrevolvimento da terra, através demenor uso de máquinas e maiorutilização de plantas de coberturacom sistema radicular vigoroso ealta produção de palha. Isto favorecea formação de, por um lado,macroporos oriundos dadecomposição de raízes e da ação damesofauna e, por outro, eprincipalmente, mesoporos (porosde tamanho intermediário), quefavorecem a armazenagem de águadisponível para as plantas.

Exemplificando, ao longo de umciclo da cultura do milho na safra2003/04, em Campos Novos, na qualhouve redução significativa daprecipitação a partir doflorescimento da cultura, opesquisador observou, na camadasuperficial do solo (zero a 23cm),maior volume de água armazenadano SPD, volume intermediário nopreparo convencional e menor nopreparo com escarificador,comprovando as consideraçõesdescritas anteriormente. Naquelasafra, a produção de milho no SPDfoi maior do que nos outros sistemasde preparo. O pesquisador alerta,no entanto, que o efeito dos sistemasde manejo e de preparo do solo noarmazenamento de água disponívelpara as plantas é mais significativoem períodos curtos a médios dedéficit hídrico (dez a 20 dias), não seexpressando muito em períodosprolongados de estiagem.

Na região de Campos Novos, oSPD é utilizado em mais de 90% daárea semeada com culturas anuais,apresentando, ao longo dos anos,uma melhoria continuada daqualidade do solo e aumento daprodutividade das culturas, mesmoem condições de déficit hídrico. Parao vice-presidente para SantaCatarina da Federação Brasileirade Plantio Direto na Palha –FEBRAPDP –, engenheiro agrô-nomo e agricultor Hilário DanielCassiano, “os melhores resultadossempre são obtidos quando seutiliza rotação de culturas eplantas de cobertura do solo,inclusive no que diz respeito àredução do uso de insumosagrícolas”.

No município de Chapecó, na

Após 20 dias de déficit hídrico, a cultura de milho no sistema de plantiodireto (à esquerda) apresenta-se mais vigorosa que no sistema convencional(à direita)

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26 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

comunidade Alto da Serra, o agri-cultor Francisco Sedoski há 12 anoscultiva suas terras via plantio direto.Apelidado de Chico da Palha, ele épioneiro neste sistema na região.Ele e mais 16 agricultores dacomunidade formaram, no início dadécada de 90, o Grupo dos Amigosdo Solo do Alto da Serra, associaçãotambém pioneira no Estado.Francisco revela um fato surpre-endente: nesses 12 anos de plantiodireto ele nunca precisou revolverou descompactar sua terrautilizando máquinas agrícolas, comotrator e arado, grade ou esca-rificador. Ele pratica a rotação milhoe soja, e no inverno utiliza adubosverdes, a exemplo do nabo forra-geiro e da aveia, e trigo comolavoura comercial. O nabo forra-geiro tem raízes pivotantes quepenetram no solo mais profunda-mente. Quando suas raízesapodrecem, deixam espaços abertosdentro do solo que funcionam comoverdadeiros drenos, facilitando ainfiltração da água. Ao mesmotempo, suas raízes reciclamnutrientes das camadas maisprofundas do solo. Outros tipos deadubos verdes, tais como asgramíneas (aveia e centeio, porexemplo), têm raízes fasciculadas,que formam uma extensa cabeleirano solo, tipo uma rede, que seguraa terra e dá estrutura ao solo. Oengenheiro agrônomo Leandro doPrado Wildner, pesquisador daEpagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar – Cepaf –, emChapecó, acompanha a lavoura doagricultor há vários anos e dá umaexplicação para a situação: “Osegredo do “Seu Chico da Palha”, ede muitos agricultores que utilizamo SPD, é manter o solo semprecoberto com palha, seja das culturasde grãos, seja das plantas decobertura, que vai se acumulandoao longo do tempo. Assim, ao semearmilho, soja ou trigo, ele simples-mente utiliza uma semeadora, semprecisar lavrar e gradear, ou seja,sem precisar preparar o solo”,esclarece o pesquisador. E continua:“Com isso, ao longo dos anos, aterra vai ficando fofa, deixa infiltrarmais água, não perde tanta umidadepor evaporação e, portanto,armazena mais água; e é por issotambém que os cultivos no plantiodireto sofrem menos com as

Pesquisador Milton da Veiga (à direita) e agricultor Hilário Daniel Cassianosobre palhada de aveia e ervilhaca dessecadas, onde foi semeado milho

estiagens e possuem maiorprodutividade do que os do sistemaconvencional”. Mas os benefícios doSPD não param por aí; com maiságua infiltrando, significa dizer quemais água chega até o lençol freáticoe, portanto, até as fontes de água,córregos, sangas, açudes e rios.Significa dizer, também, que menoságua escoa sobre a superfície dosolo, praticamente eliminando a suaerosão e a poluição dos mananciais.Com menos erosão há redução dasperdas de adubos, sementes ecalcário; maior eficiência e reduçãogradual das doses de adubos;redução dos gastos com com-bustíveis para replantio e reparospara tapar sulcos de erosão; reduçãodos desgastes do trator e máquinasagrícolas; redução da mão-de-obra;e, finalmente, redução dos custosde produção. Somando-se tudo issoe mais o ganho na produtividadedas culturas sobra mais renda parao agricultor.

Irrigação: alternativasque estão dando certo

Já se falou que a irrigação, por sisó, não representa a salvação dalavoura, mas quando bemconduzida, usada racionalmente ecom tecnologia adequada, ela faz adiferença e ainda pode pouparpreciosos litros de água. É o casodos irmãos Coser (Valdir, Humberto

e Romildo), na comunidade de MonteBérico, em Videira, SC, que há dezanos utilizam irrigação na suaprodução de frutíferas – pêssego,ameixa, nectarina, maçã e caqui.

Pesquisador Leandro do PradoWildner (à direita) e agricultorFrancisco Sedoski sobre lavoura detrigo no sistema plantio direto,precedendo a lavoura de soja

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27Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

“O total da área atinge 25ha, masnem todo o pomar é irrigado”,esclarece Valdir, e observa que oinvestimento feito foi recom-pensado nestes anos seguidos deestiagem. “Em todo verão semprehá um período de seca, mesmo quesejam dez dias, e se coincidir com oenchimento do fruto do pêssego,por exemplo, é prejuízo na certa”,afirma o fruticultor. Ele revelaainda que, se não fosse a irri-gação, não conseguiria competircom produtores do Rio Grande doSul e Paraná, tradicionaisfornecedores para o mercado dasgrandes capitais, pois este mesmomercado exige frutos de bomtamanho e qualidade.

Os irmãos Coser não esperarampor programa governamental decrédito contra seca e, com recursospróprios, ampliaram um pequenoaçude da propriedade que capta águade nascentes e da chuva e que agorafunciona como importante reservapara as crises. O engenheiroagrônomo e pesquisador RemiDambrós, especialista em irrigaçãoda Epagri/Estação Experimental deVideira, acompanha a família Cosere informa que são utilizados naregião até quatro sistemas deirrigação, quais sejam, gotejamento,aspersão, microaspersão e “canhão”.Remi explica também que não é sócontra a seca que os agricultoresusam a água. Seguidas geadas têmcausado perdas na produção defrutas, sendo este ano um dos piorespara frutas de caroço e até paraalgumas cultivares de uva. À noite,com a expectativa da geada, que fazcom que as temperaturas atinjamalguns graus abaixo de zero, podehaver queima das flores e frutos.Alguns agricultores da região,inclusive os irmãos Coser, utilizamaspersores, os quais lançam umafina camada de água por sobre ospomares e isto forma uma camadade gelo protetora sobre os brotos,flores e frutos, impedindo a queimapela geada. Esse sistema deve serdimensionado para que o volume deágua seja o suficiente para mantero ambiente ao redor de flores efrutos na temperatora superior a-1oC.

O uso racional da água naagricultura teve um grande impulsonos últimos anos na produção detomate e pimentão no Vale do Rio

Irmãos Coser e pesquisador Remi Dambrós (àesquerda) em pomar de pessegueiro mostrandofuncionamento dos aspersores

do Peixe. A irrigação, queera por sulcos, hoje maisde 95% é por gotejamento.Esse sistema utilizamenos água, evita que oadubo seja carreado paraos rios e permite a mesmaprodução por hectare comutilização somente de 30%a 40% de adubos atravésda fertirrigação. O gote-jamento também estásendo utilizado nafruticultura, em pomaresde pêssego, ameixa erecentemente na pro-dução de uva. Esta pro-dução, sob coberturaplástica, tem baixado aprodutividade e a qua-lidade da uva, necessi-tando um suprimento deágua. O pesquisador RemiDambrós está conduzindoexperimentos com irri-gação por gotejamento naVinícola Augusta, emVideira, SC, onde já foramobtidos alguns resultadospreliminares nas cultivares Mos-cato Gialo e Merlot, utilizando-se osistema por gotejamento com umamangueira por fila de plantas. Osestudos terão continuidade para

Funcionário da Vinícola Augusta aferindo aparelho de medição hídricapara iniciar a irrigação por gotejamento no parreiral

obtenção do turno de rega e ava-liação da qualidade da uva e vinhos,bem como da produtividade.

Outro exemplo da importânciado bom aproveitamento da água na

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28 Agropec. Catarin., v.18, n.3, nov. 200528 Agropec. Catarin., v.19, n.2, jul. 2006

propriedade rural é encontrado nacomunidade de Cambuim, tambémem Videira, onde mora o agricultorEtelvino Scapinello. É um pequenoprodutor que cultiva 2,5ha comyacon, aipim, mandioquinha-salsae amora, fazendo parte de umexperimento de pesquisa parti-cipativa orientado pelo pesquisadorRemi, em parceria com o engenheiroagrônomo Jonatan Galio e equipeda Epagri/Escritório Municipal deVideira.

A novidade na propriedade é ouso da “velha roda d’água” quemovimenta uma bomba de pistões.Na verdade a roda não é velha, éum equipamento novo de metal queé girado pela queda livre da água deum pequeno riacho, onde esta ébombeada para um local elevado dapropriedade e depois utilizada parairrigação das hortaliças. “Eupraticamente não tenho gastonenhum com o equipamento, quenão necessita de energia elétrica,nem motor a óleo diesel ou gasolina,e financiei através do Microbacias-

Inversões Rurais, que é um recursoa fundo perdido para ajudar ospequenos agricultores, comentaEtelvino.

Os exemplos de bom uso emanejo de água não param por aí. Oleitor que estiver interessado emmais informações pode acessar osítio da Epagri na internet(www.epagri.rct-sc.br) no qual, àesquerda da página de abertura,está escrito Água – Uso Racional.Ali o leitor vai encontrar detalhesde como construir uma cisternaque armazena água da chuvacaptada pelo telhado de pocilgas,aviários e outras construções nomeio rural. No mesmo artigo estáum orçamento que ajuda as pessoasa comprarem os equipamentos eserviços necessários à construçãoda cisterna e das calhas. E nestarevista, na seção Registro, está umamatéria de autoria da Embrapa quefornece algumas orientações sobrea construção de cisternas, e naOpinião, um artigo de autoria dopesquisador Flavio René Bréa

Utilização racional da água, atravésdo bombeamento por roda d’água,na propriedade do agricultorEtelvino Scapinello

Victoria, especialista em Clima-tologia da Epagri, que relacionatambém aspectos do aproveitamentoda água.

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Agropec. Catarin., v.17, n.1, mar. 2004 2929Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

N

Paulo Sergio Tagliari1

os últimos 15 anos, o númerode associações, grupos deagricultores familiares que

estão se dedicando à produçãoorgânica/agroecológica em SantaCatarina, deu um grande salto. Bemno início dos anos 90 não passavamde meia dúzia, e hoje já são 60,envolvendo quase 2 mil famíliasrurais catarinenses.

Dentre estes grupos, existe umapequena entidade no Alto Vale doItajaí denominada Associação deProdutores Agroecológicos Sementedo Futuro, com sede no municípiode Atalanta. Possui atualmente seisfamílias, que se dedicam à produçãode hortigranjeiros agroecológicos ecomercializam sua produção emfeiras semanais, com destaque paraa da Proeb, em Blumenau, aossábados pela manhã, que é a maiorou uma das maiores feiras agroe-cológicas do Estado. Nas quartas equintas-feiras fazem feira em

Atalanta, Agrolândia e TrombudoCentral. O detalhe é que os agri-cultores também entregam, porencomenda, os produtos em sacolasdiretamente a consumidores nestastrês cidades.

Hortaliças, gado eplantas medicinais

O extensionista da Epagri DanielUba e o engenheiro agrônomo daPrefeitura Municipal de AtalantaLauro Krunvald vêm assistindomais diretamente as famílias daSemente do Futuro. Daniel, queem meados deste ano foi lotado nomunicípio de Canoinhas, noPlanalto Norte Catarinense, revelaque não é fácil manter reunidos osagricultores em torno de umaassociação; houve desistências, maso grupo que ficou, apesar depequeno, é bastante atuante. Eleinforma também que a Associação

faz parte da Rede Ecovida, que reúnediversas associações de agricultoresagroecológicos dos três Estados doSul. A Semente do Futuro recebe achamada certificação orgânica daRede Ecovida que lhe permitecomercializar o produto no local eregionalmente, mas para o comérciocom outros Estados, por exemplo,para São Paulo, a Associação possuio selo da Fundação Mokiti Okada,que é reconhecido nacionalmente.

Na comunidade de SantoAntônio, no interior de Atalanta,encontra-se a propriedade de Emile Úrsula Berschinok, com 13ha,que produz hortaliças e cria bovinosleiteiros. A criação ainda não éorgânica, mas já utiliza técnicasagroecológicas, como a utilizaçãode homeopatia e fitoterapia.“Antibióticos, só em último caso”,comenta dona Úrsula e mostra comorgulho sua pequena farmáciacaseira onde tem pomadas, sabo-

1Eng. agr., M.Sc., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-5533, e-mail: [email protected].

Semeando para o futuroSemeando para o futuroSemeando para o futuroSemeando para o futuroSemeando para o futuro

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30 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

netes e ervas medicinais. Ela apren-deu a fabricar os remédios naturaiscaseiros com a Pastoral da Saúde.

As duas filhas, que moravamcom o casal e ajudavam nas lides dacasa, já deixaram a propriedade. ALucilene casou e a Sueli é faci-

litadora do Microbacias 2. DonaÚrsula, que gosta do trato com ogado, informa que o rebanho é de 15vacas da raça Holandesa, comalgumas mestiças, sendo que dezvacas estão em produção, com umamédia de 15L de leite/dia/animal.Os animais são manejados empiquetes, numa área de 5,8ha, sendoque no inverno a pastagem é deaveia e azevém e no verão temtrevo e cornichão. “A ração écomprada fora, mas a nossa idéia éproduzir a soja aqui na propriedadenum futuro próximo”, planeja aagricultora. O leite é vendido parauma queijaria do município vizinhode Laurentino.

Saúde e mais renda

O casal vem se destacando,porém, é no cultivo de hortaliças. Aárea é atualmente de 1ha, onde sãoproduzidas diversas espécies, comocebola, tomate, folhosas, raízes etubérculos, e ainda há espaço parafrutas, como banana e quivi.

O tomate é produzido em cultivoprotegido, pois ali na região fazmuito frio no inverno, e tambémutiliza irrigação. A variedade é a‘Santa Clara’. “Uma de minhasfilhas teve alergia quando comiatomate produzido com agrotóxicose meu marido teve úlcera”, contadona Úrsula. Agora o casal utiliza omanejo agroecológico nas horta-liças, com uso de supermagro, caldabordalesa e sulfocálcica, esterco e ochamado EM, uma calda que possuiinúmeros microrganismos, queacelera e dá qualidade à fer-mentação do esterco ou compostoe, segundo Emil e Úrsula, fortalecemais as plantas.

O senhor Emil, após conhecer aprática de solarização comagricultores de Uribici, discutiu oprocesso com Daniel e hoje vemempregando-a. Essa prática consistena utilização de plástico preto bemresistente que cobre o solo e comisto concentra muito calor e abafaas ervas espontâneas, principal-mente onde ele cultiva cenoura ecebola. Na área da cebola oagricultor planta a mucuna, comquem faz rotação e assim tambémfertiliza o solo. A família Berschinokcredita parte do sucesso da suaplantação ao uso do calendáriobiodinâmico, que se baseia na

Dona Úrsula e a filha Sueli mostramos produtos da Semente do Futuro

influência da lua e dos planetas,prática milenar que tem origemnos povos árabes. Segundo osagricultores, as hortaliças crescemmais resistentes e florescem me-lhor, entre outras características.

No final das contas, na ponta dolápis, o cultivo agroecológico vale apena? Para o casal Berschinok, aprodução no modo orgânico/agroecológico dá mais trabalho, masdá resultado. Os gastos resumem-se a sementes, combustível pararoçadeira costal e rotativa, uso docarro, calda sulfocálcica e caldabordalesa. Os outros insumos tipoesterco, caldas vegetais, etc. sãotodos produzidos na propriedade.Com as vendas semanais nas feiras,mais a comercialização para SãoPaulo, via EcoSerra, que é umacooperativa que reúne a produçãode diversos grupos ligados à RedeEcovida, a renda mensal varia deR$ 2.000,00 a R$ 2.500,00 brutos sócom os hortigranjeiros, ficando demargem líquida cerca de R$ 1.000,00a R$ 1.200,00.

Dona Úrsula e o extensionista DanielUba, na horta de plantas medicinais(bioativas)

Senhor Emil e dona Úrsula mostramo cultivo de tomateiro orgânico sobcultivo protegido

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31Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

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Mudanças climáticas atuais e seus impactos noMudanças climáticas atuais e seus impactos noMudanças climáticas atuais e seus impactos noMudanças climáticas atuais e seus impactos noMudanças climáticas atuais e seus impactos noEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa Catarina

esde a década de 80, o in-teresse por maiores conhe-cimentos relacionados a

mudanças climáticas vem sendodespertado. Em 1988 foi estabelecidoo Painel Intergovernamental deMudanças Climáticas – IPCC. OIPCC é uma vasta rede de cientistasdedicados à avaliação do conhe-cimento científico sobre mudançaclimática e suas ligações com asociedade humana.

São crescentes as especulaçõesde como o clima de umadeterminada região tem se alteradoe de como estas alteraçõesclimáticas têm influenciado asatividades humanas e econômicas,tanto em nível global comoregional. Aumentar o grau deinformações com relação a estasalterações tem sido um grandedesafio, pois suas conseqüênciastornam-se um grande problemaglobal. Com o passar de cada ano,em diferentes regiões do mundo, ascaracterísticas do clima não seapresentam da mesma forma.Invernos mais quentes, ainda comfortes incidências de eventosextremos de frio, assim comoperíodos de estiagem maisprolongados e tempestades severasmais intensas, são alguns exemplosde alterações climáticas que têmcausado grandes impactos àsociedade.

Claudia Guimarães Camargo Campos1,Hugo José Braga2 e Rita Alves3

Inúmeros são os fatores quecontribuem para a intensificação eidentificação das alteraçõesclimáticas: a intensificação do efeitoestufa, que está relacionado aoaumento na concentração de certosgases na atmosfera terrestre, é umdos fatores mais discutidos,principalmente em decorrência dogrande avanço industrial, do fortedesenvolvimento das grandes áreasurbanas e da queima decombustíveis fósseis pelos meios detransporte; modificações dassuperfícies terrestres, dadas pormudanças da superfície natural deum determinado local; osdesmatamentos e as queimadas,que são grandes distúrbios para osecossistemas, entre outros fatores,também atuam como modi-ficadores do clima. São estes, entremuitos outros, os principais fatoresque induzem a muitas dasmudanças climáticas detectadaspelos cientistas.

Modificações climáticasglobais já detectadas

Muitas das mudançasobservadas no clima e suas causasforam avaliadas no terceirorelatório do IPCC (IPCC, 2001a, b).Segundo esse relatório, atemperatura média global teve umaumento de 0,6 ± 0,2oC desde o

final do século 19. De acordo compesquisas de climatologistas daUnidade de Pesquisas Climáticas(Climatic Research Unit) do ReinoUnido (Jones et al., 1999), os anosda década de 90 foram os maisquentes do período de registrodesde 1856, sendo o ano de 1998 oano mais quente dessa década(Figura 1), com um aquecimento de0,548oC, acima da média de 1961 a1990. O ano de 2005 foi o segundoano mais quente (0,47oC). Comoconseqüência deste aquecimento, oritmo de aumento do nível médiodo mar, em todo o mundo, duranteo século 20, variou entre 1 e 2mm/ano (10 a 20cm/100 anos), com umvalor central de 1,5mm/ano.Segundo registros, o ritmo médiode aumento do nível médio do martem sido mais amplo no século 20do que durante o século 19. Aprecipitação apresenta umavariabilidade mais diferenciada,podendo estar aumentando emalgumas regiões e diminuindo emoutras. Na maior parte das regiõesde latitude média e alta doscontinentes do hemisfério norte,um aumento de 7% a 12% pordécada tem sido medido,acompanhado de uma expansão de2% na cobertura de nuvens.Aumentos significativos deprecipitações também têm sidoencontrados em regiões da China,

1Meteorologista, M.Sc., Epagri/Ciram, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-8053, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Ciram, fone: (48) 3239-8002, e-mail: [email protected], Dra., Epagri/Ciram, fone: (48) 3239-8062, e-mail: [email protected].

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da Austrália, na Argentina, noNordeste e Sul do Brasil, entreoutras regiões. Porém, significa-tivos decréscimos também têm sidoencontrados em algumas regiões,como por exemplo: no Norte daChina, com um decréscimo nonúmero de dias com chuva (3,9%por década), no Sul da Europa, noMediterrâneo e no Sul da África.

Mudanças climáticas emSanta Catarina

Estudos em desenvolvimentopor pesquisadores da Epagri/Ciram,utilizando séries históricas de dadosmeteorológicos, mostraram umforte aquecimento da temperaturado ar ao longo dos anos, comdestaque à década de 90, tal comoem nível global. Estas análisesforam de fundamental importânciapara avaliar os impactos causadospelas alterações do clima nasatividades econômicas do Estadocatarinense. Como exemplo, tem-se a distribuição das temperaturasmínimas nas Estações Meteoro-lógicas de São Joaquim (com dadosmensais de janeiro de 1955 a maiode 2006) e Caçador (janeiro de 1942a maio de 2006), conforme pode serobservado na Figura 2. NestasEstações, a tendência de aumentoao longo do período de dadosanalisados foi de 3 oC em SãoJoaquim e 2,9oC em Caçador. Nosdemais casos analisados, nesteestudo, também foram observadas

tendências positivas da tempe-ratura mínima (aumento datemperatura mínima do ar com opassar dos anos): 2,8 oC em Urus-sanga, 2,2oC em Lages e 2,1oC em

Campos Novos.A única estação meteorológica

em que a tendência da temperaturamínima apresentou-se negativa foia de Florianópolis (-0,3 oC), loca-lizada na região litorânea. Resul-tados semelhantes a estes foramcitados por Camargo & Marengo(2004), que observaram queestações meteorológicas localizadasno Litoral Sul do Brasil apresen-taram anomalias negativas ouanomalias positivas insignificantes(pouco expressivas) de temperaturamínima. Este resultado prova-velmente esteja relacionado àlocalização geográfica destasregiões, ou seja, à proximidade dosefeitos marítimos, considerandoque os oceanos funcionam comoreguladores térmicos.

Os resultados observados comrelação à temperatura máxima(Figura 3) foram diferentes emrelação aos resultados da tempe-ratura mínima; na maioria doscasos, as séries de temperatura

Figura 1. Padrões globais das anomalias da temperatura do ar desde1856 até 2005, referentes à média de 1961 a 1990 (período de referênciarecomendado pela Organização Meteorológica Mundial – OMM)

Fonte: Climate Research Unit – CRU/UEA; UK Met Office.

Ano

Figura 2. Variação da temperatura mínima nas estações meteorológicasde São Joaquim e Caçador. A linha em preto mostra a tendência deaumento da série

Ano

mal

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C)

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Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006 33

máxima apresentaram umatendência negativa ao longo dosanos e, quando positiva, foi poucoexpressiva. Este é o caso deFlorianópolis, que apresentou umaumento da temperatura máximade 0,53 oC durante o períodoanalisado (1911 a 2006). Estadiferença de aumento entre atemperatura máxima e a mínima érefletida nos valores da amplitudetérmica (diferença entre atemperatura máxima e mínima),tendendo a uma diminuição aolongo dos anos, cujos resultados sãocoerentes com estudos realizadosem outras regiões. Esta diferençade tendência entre a temperaturamínima e máxima também con-tribuiu a um menor aumento datemperatura média do ar (Figura4), quando comparado ao aumentoda temperatura mínima. Por isto aimportância do estudo das tem-peraturas extremas e não apenasdas variabilidades das variáveismédias.

As modificações no uso e tiposde solos também são uma dasjustificativas desta diferença entrea mínima e a máxima. Em regiõesem que áreas vegetadas foram

Figura 3. Variação da temperatura máxima nos municípios de SãoJoaquim e Caçador. A linha em azul mostra a tendência de diminuiçãoda série

Figura 4. Variação da temperatura média mensal nas EstaçõesMeteorológicas de São Joaquim e Caçador

substituídas por asfaltos e cons-truções, há maior retenção de calordurante o dia (maior absorção queliberação de calor), fazendo comque a temperatura máxima apre-sente um leve resfriamento. Noperíodo da noite há maior liberaçãode calor, quando as construções eruas liberam o calor solar absorvidodurante o dia. No entanto, obalanço de calor entre superfície eatmosfera pode ser alterado emregiões com crescentes modifi-cações em seus tipos e uso de solo.Observou-se também que o efeitodo desenvolvimento agrícolaaumenta a evaporação durante odia, tendendo a um decréscimo datemperatura máxima: a irrigaçãopoderá aumentar a capacidade decalor do solo, contribuindo para oaumento das tendências datemperatura mínima. Entretanto,ambos os efeitos, urbanização e osefeitos agrícolas, poderão consistirem destacado aumento datemperatura mínima e leve dimi-nuição (ou aumento não tãoacentuado) da temperatura

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34 Agropec. Catarin., v.18, n.3, nov. 200534 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

máxima, contribuindo assim paraa redução da amplitude térmica.Qualquer fator que altere aradiação recebida do sol ou enviadade volta para o espaço, ou que alterea redistribuição da energia dentroda atmosfera e entre a atmosfera,terra e os oceanos, pode afetar oclima.

Analisando as distribuições dastemperaturas médias anuaisverificou-se que, assim como emnível global (Figura 1), no Estadode Santa Catarina, os maioresvalores de temperatura do arconcentram-se nas últimasdécadas. Como exemplo pode-seobservar a distribuição anual datemperatura média no município deUrussanga (Figura 5), cujos valoresmédios de temperatura superam ovalor médio histórico (média doperíodo de dados analisados), commais freqüência a partir da décadade 90. Estes resultados tambémforam observados nas demaisestações meteorológicas analisadasneste estudo.

Outra mudança bastantediscutida nos dias de hoje são asalterações nos regimes deprecipitação ao longo dos últimosanos, que estão intimamenterelacionadas a perdas agrícolas e aproblemas de abastecimento deágua em Santa Catarina. Namaioria das regiões analisadas, ostotais anuais de precipitaçãoapresentam uma tendência deaumento ao longo dos anosanalisados (Figura 6). Comoexemplo, foi observada umatendência de aumento de 37,7mmde precipitação ao longo dos últimos38 anos no município de Chapecó.Os volumes totais de precipitaçãodas diferentes estações meteoro-lógicas apresentaram-se, em sua

Figura 5. Distribuição das temperaturas médias anuais na Estação Meteorológica deUrussanga em relação à média histórica (linha contínua)

maioria, superiores à médiahistórica de cada estação meteo-rológica, principalmente a partir dadécada de 90. Porém, destaca-seque embora os totais de precipitaçãoestejam aumentando, o número dedias consecutivos sem chuvatambém tem aumentado nosúltimos anos. Ou seja, a ocorrênciade eventos extremos de chuva, taiscomo chuvas acima de 100mm, temaumentado, porém com períodosmais distanciados entre um eventoe outro. Estes eventos estão sendoverificados em diferentes regiões doEstado de Santa Catarina.

Mudanças nos padrões deprecipitação afetam a quantidadede água que pode ser captada pelasuperfície. Vários modelos climá-ticos sugerem que chuvas torren-ciais (chuvas fortes e de curtaduração) serão mais intensas. Issoprovocará um aumento de inun-dações e escoamento, reduzindo aspossibilidades de infiltração da

água no solo. Por outrolado, situações de secasintensas durante overão podem agravar oestresse térmico queafeta o gado e animaisdo campo, provocarprejuízos às plantaçõese aumentar o númerode incêndios florestais,além da maior pressãosobre os recursoshídricos. Portanto, asalterações climáticasverificadas criam con-

seqüências de enormes proporçõesa diversos setores econômicos esociais, como presenciado nosúltimos anos em Santa Catarina.Nos próximos anos, muitas regiõesagrícolas serão ameaçadas pelasmudanças no clima, havendoimpactos sobre a produção e aprodutividade, que poderão variarconsideravelmente de uma safrapara outra e de uma região paraoutra.

Na esteira do aquecimentoglobal, já constatado em SantaCatarina, conseqüências de grandeintensidade e imprevisíveis serãouma constante para os próximosanos no mundo todo. Mudanças nasépocas de plantio e de cultivo antesinimagináveis em algumas regiõestambém serão presenciadas.Alguns exemplos de alterações quese pode esperar para os próximosanos, decorrentes do aquecimentoglobal em Santa Catarina, são osseguintes:

Figura 6. Análise mensal da tendência de precipitação ao longo dos anosna Estação Meteorológica de Chapecó

1924

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35Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

• Maior instabilidade e varia-bilidade térmica e hídrica, tantodiárias quanto mensais e sazonais.

• Aumento de impactos e riscosaos setores agropecuário e agrícoladevido a maiores incertezas nocomportamento térmico e hídricodo território catarinense.

• Aumento na intensidade efreqüência de eventos extremos taiscomo ondas de calor mais intensasno inverno (alternadas por eventosextremos de frio) e períodos deestiagem mais prolongados.

• Evapotranspiração maior,requerendo sistemas de reser-vatórios de água para abasteci-mento humano, agrícola e pe-cuário.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Conabe ao CNPq pelo auxilio financeiroe à Epagri/Ciram pela infra-estrutura e espaço físico.

Literatura citada

1. IPCC. Impacts, adaptation, andvulnerability. Contribution of WorkingGroup II to the Third AssessmentReport of the IntergovernmentalPanel on Climate Change. Cambridge,UK: Cambridge University Press,2001b.

2. IPCC. The scientific basis.Contribution of Working Group I to

the Third Assessment Report of theIntergovernmental Panel on ClimateChange. Cambridge, UK: CambridgeUniversity Press, 2001a.

3. JONES, P. D.; NEW, M.; PARKER, D.E. et al. Surface air temperature andits changes over the past 150 years.Reviews of Geophysics, v.37, p.173-199, 1999.

4. CAMARGO, C.G.C.; MARENGO, J.Variabilidades e tendências climá-ticas dos extremos de temperatura naRegião Sul do Brasil. 2004. 210p.Dissertação (Mestrado em Meteo-rologia) – Instituto Nacional dePesquisas Espaciais, São José dosCampos, 2004.

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A

Antônio Amaury Silva Júnior1 eCecília Cipriano Osaida2

espinheira-santa é uma es-pécie subtropical medicinalnativa da América do Sul,

sobretudo do Sul do Brasil, queocorre nas beiradas de matas dearaucária, sub-bosques, capões, àbeira de rios e em matas ciliares.Em Santa Catarina é encontradaprincipalmente nas florestasOmbrófila Mista e EstacionalSemidecidual, nos PlanaltosCentral e Norte e Região Oeste.

Embora o uso medicinal daplanta remonte às primeirascomunidades autóctones daAmérica do Sul, o primeiro relatocientífico sobre a espécie ocorreuem 1922 pelo médico e professorAloízio França, da Faculdade deMedicina do Paraná.

Sua atividade antiulcerogênicafoi comprovada em 1991, quando foi

demonstrado que o chá das folhasde espinheira-santa conseguia sertão eficiente quanto os principaislíderes do mercado de drogasantiúlcera, a ranitidina e acimetidina. Muitos anos de estudoe inúmeros trabalhos científicosresultaram no patenteamento de

produtos da espinheira-santa. Aempresa japonesa Nippon Mektronobteve duas patentes paramedicamentos que utilizam aessência da espinheira-santa (Tabela1). A Universidade Federal de SãoPaulo – Unifesp –, que já desen-volvia pesquisas com espinheira-

1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5244, fax: (47) 3341-5255,e-mail: [email protected] rural, Harmonia Natural, Rua Geral do Moura, Vila Nova, 88230-000 Canelinha, SC, fone: (48) 3264-5160, e-mail:[email protected].

Espinheira-Espinheira-Espinheira-Espinheira-Espinheira-santa (santa (santa (santa (santa (Maytenus ilicifoliaMaytenus ilicifoliaMaytenus ilicifoliaMaytenus ilicifoliaMaytenus ilicifolia) – da flora) – da flora) – da flora) – da flora) – da floraao medicamentoao medicamentoao medicamentoao medicamentoao medicamento

Tabela 1. Empresas patenteadoras de medicamentos à base de espinheira-santa

Empresa PaísData de Atividade Número dadepósito do produto patente

Nippon Japão, União 4/6/1997 Analgésica, EP0776666Mektron Européia antiinflamatória JP9151198Nippon Japão, União 4/6/1997 Antiulcerogênica EP0776667Mektron EuropéiaUnifesp, Brasil 1999 Antiulcerogênica PI no 9904502UFRGS, Aché

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santa desde a década de 80, solicitou,em parceria com a empresabrasileira Aché LaboratóriosFarmacêuticos S/A e a UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, umapatente em 1999.

Mercado

Os relatos científicos, a publi-cação oficial da Central de Medica-mentos – Ceme –, as patentesgeradas e as inevitáveis notíciasbombásticas resultaram em umprocesso de extrativismo desen-freado e predatório, que levou aespécie quase à extinção em algunslocais do Sul do Brasil. Não obstante,o extrativismo é ainda uma práticacomum (quase 95% dos casos), sendoresponsável por uma ostensivaerosão genética na espécie.

Estima-se que o volume decomercialização de folhas secas deespinheira-santa por atacadistasseja de 60t/ano, sendo que pelomenos 30% desse volume é deespécies adulterantes (Maytenusaquifolium, Zollernia ilicifolia,Sorocea bonplandii, etc.).

A cotação da espinheira-santavaria conforme a sua origem(extrativismo, cultivo) e grau deprocessamento (Tabela 2).

Não obstante, o produto agregabastante valor quando processadopor atacadistas, herbanários,indústrias de alimentos e defitoterápicos. Ao chegar aoconsumidor final, folhas rasuradasatingem cotações de R$ 30 a R$ 50/kg, em embalagens de 0,5 a 1kg, ede R$ 80 a R$ 100,00, em embalagensde 10 a 30g. Alguns produtoresprocuram agregar valor secando,rasurando e embalando as folhas deespinheira-santa e comercializandoem supermercados, feiras efarmácias.

Além do uso como chá e produçãode fitoterápicos, as folhas deespinheira-santa já são utilizadasem complemento às da erva-mate,

em algumas moageiras, naproporção de 10% a 15%, comopreventivo de azias e gastralgias.

Caracterização botânicada espécie

A espinheira-santa (Maytenusilicifolia Mart. ex Reissek. – Celas-traceae) é conhecida popularmentetambém como cancerosa, canco-rosa, congorça, coromilho-do-campo, erva-cancerosa, espinheira-divina, espinho-de-deus, janaguba,limãozinho, pau-josé, salva-vidas,sombra-de-touro, entre outros. Éuma planta arbustiva ou subarbórea,de pequeno porte (1,5 a 5m de altura)(Figura 1), perene, multicaule,formando touceiras densas comperfilhos oriundos das raízes (Figura2). As folhas são inteiras, simples,alternas, glabras, persistentes,lanceolado-oblongas, coriáceas,margens com dois a seis pares dedentes espinhosos e ápice e baseagudos a obtusos; raramente osbordos são lisos. Ocorrem variaçõesfenotípicas quanto ao formato eespinescência das folhas (Figura 3).As folhas de plantas que crescemtotalmente expostas ao sol sãogeralmente menores, maiscoriáceas e espessas, com menornúmero de espinhos. As flores sãohermafroditas, muito pequenas,amarelo-esverdeadas, agrupadasem número de três a 20 eminflorescências do tipo fascículo,dispostas nas axilas das folhas(Figura 4). O fruto é uma cápsulaseca, ovóide, bivalve, inicialmenteamarelo-esverdeado, passando aalaranjado e depois a vermelho-castanho (Figura 5). As sementessão castanho-avermelhadas, co-bertas por um arilo branco,suculento, pouco espesso eadocicado. Ocorrem em média deuma a duas sementes por fruto. Oflorescimento ocorre de setembro anovembro e a frutificação, de

Tabela 2. Preços médios pagos a coletores e produtores de espinheira-santa obtida por extrativismo e cultivo, no Paraná, de 2003 a 2005

Extrativismo = folhas + ramos finos Cultivo

.........................................R$/kg..............................................

Folhas frescas Folhas secas Folhas secas

0,40 2,50 a 3,50 8,00 a 10,00

Figura 1. Detalhe de uma plantacom três anos de idade

dezembro a fevereiro. Esta espéciepode ser confundida com a suacongênere – Maytenus aquifolia(Figura 6), cujas diferenças básicassão apresentadas na Tabela 3.

Outras espécies que guardamalguma semelhança e que podemcausar confusões são: Zollerniailicifolia – Fabaceae, Sorocea bon-plandii – Moraceae, Jodinarhombifolia – Santalaceae, Pachis-troma longifolium – Euphorbiaceae,Mahonia aquifolia, Mahoniafortunei – Berberidaceae, Berberislaurina – Berberidaceae, Maytenusrobusta – Celastraceae e Maca-damia integrifolia.

Técnicas de cultivo

• Ambiente de cultivo: preferesolos profundos, areno-argilosos,humosos, permeáveis e bem aerados(Figura 7). Tolera solos levementeácidos. É seletiva esciófila e seletivahigrófita. A planta apresentacrescimento muito lento sob altastemperaturas e radiação solar.Plantas que crescem diretamentesob a luz solar acumulam maioresteores de taninos e fenóis do queaquelas sob sombra. As plantas quecrescem à sombra acumulammaiores teores de nitrogênio,potássio, boro e silício. A lumi-nosidade favorece a frutificação.

• Propagação: por sementes,rebentos de raízes, alporquia e

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Figura 2. Brotações espontâneas de rebentos em raízesde espinheira-santa

Figura 3. Variabilidade natural de formatos eespinescência de espinheira-santa

Figura 4. Disposição das flores de espinheira-santa nosramos

Figura 5. Fruto maturo de espinheira-santa

Figura 6. Ramo foliar de Maytenus aquifolia (espinheira)

mergulhia. O índice de germinaçãoa 25oC varia de 70% a 90%. Agerminação ocorre num período de15 a 35 dias, em temperaturasfavoráveis de 20 a 30oC. A semea-dura pode ser feita em bandejas deisopor de células grandes, contendosubstrato organo-mineral. As se-mentes coletadas em janeiroapresentam melhor germinação.

• Repicagem: após aformação das primeiras trêsa quatro folhas, as mudassão repicadas para saqui-nhos plásticos comcapacidade mínima de400ml; são aclimatadas sobcobertura com tela plástica(70% de sombra) e irrigaçãointermitente, de pre-

Figura 7. Cultivo de espinheira-santa emCanelinha, SC

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Tabela 3. Diferenças morfológicas básicas entre Maytenus ilicifolia e M.aquifolia

Características Maytenus ilicifolia Maytenus aquifolium

Altura média 1,5 a 2,5m 6 a 8m

Hábito Arbustivo ArbóreoDisposição dasfolhas no caule Helicoidal PlanarEstrias longitudinaisno caule Tem Não temFolhas Grandes Pequenas

Limbo Bastante sinuoso Pouco sinuoso

ferência por nebulização (Figura8).

• Plantio: pode ser feito no finaldo verão (via sementes) ou naprimavera (via rebentos). A plantacresce em média 20 a 25cm/ano. Otransplante para o campo é feitoquando as mudas atingem de 35 a40cm de altura. Utiliza-se oespaçamento de plantio de 1,5m x1m ou até 1 x 0,5m.

• Consórcio: leguminosasrústicas (feijão-guandu), camomila,ginkgo, patchuli, melissa ecarqueja.

• Colheita: deve iniciar somenteapós o terceiro ano de cultivo,procedendo-se apenas a umacolheita ao ano. Colhe-se cerca dametade das folhas por planta (Figura9). A colheita é feita na primaveraou verão.

• Produtividade de folhas secas:980kg/ha.

• Secagem: à sombra ou emsecadores com fluxo de ar contínuo,em temperaturas de 45 a 50oC.

• Padrão comercial: folhas lim-pas e isentas de fungos, coliformesfecais e matéria orgânica estranha(Figura 10).

• Armazenamento: as folhaspodem ser mantidas durante 20meses em ambiente seco, dentro deplásticos, vidro ou papel, sem quehaja perdas no teor de fenóis to-tais.

• Produção de sementes: osfrutos devem ser colhidos quandoadquirem coloração vermelho-castanha, culminando com orompimento do epicarpo e exposiçãodas sementes ariladas. Um gramade sementes contém cerca de 40 a50 sementes, que variam notamanho e coloração (Figura 11).As sementes são consideradasortodoxas, devendo ser conservadasem refrigerador (cerca de 10oC),após colhidas.

Fitoquímica

As folhas contêm friedelina,friedelanol, quercetina, campferol,ilicifolinosídeos, maitensinóides,ácidos clorogênico, maitenóico,salasperônico e salicílico, δ-ami-rina, taninos, maitenosídeos, mai-tensina, cangorosinas, pristi-merina, friedooleananona, ilici-

Figura 8. Aclimatação de mudas de espinheira-santa

Figura 9. Colheita manual de ramos foliares de espinheira-santa

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40 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

folina, maitenina, maitolidina,maitenoquinona, hidroximaite-nina, celastrol e flavonóides. Oconteúdo de fenóis totais é de 17%e de taninos é de 3%, podendochegar a 4,6%. O teor desubstâncias tânicas é maior emfolhas de plantas expostas ao sol(3,79%) do que em folhas deplantas à sombra (2,34%).

Atividadesfarmacológicascomprovadas

A atividade antiulcerogênica daplanta é comprovada em váriostrabalhos científicos na áreafarmacológica e clínica. Segundoresultados da Ceme, a infusão e oliofilizado de espinheira-santa

Figura 10. Folhas de espinheira-santa com padrão comercial desejável

Figura 11. Variabilidade morfológica de sementes de espinheira-santa

apresentam um marcante efeitoprotetor em úlceras induzidas porindometacina e reserpina. O efeitoé comparável ao da cimetidina eranitidina. O efeito protetor persistepor um mínimo de 16 meses após acoleta da planta. O efeitoantiulcerogênico deve-se prin-cipalmente aos triterpenosfriedelina e friedelanol e taninos.Os extratos inibem a secreçãogástrica e incrementam o pH. Otratamento de voluntárioshumanos, portadores de úlceras edispepsia, com liofilizados deabafados das folhas de espinheira-santa (200mg, duas vezes ao dia)revelou uma completa recuperaçãoem 28 dias, estatisticamentesuperior ao grupo que não recebeuo tratamento com a planta.

Algumas substâncias existentesna planta (maitenina, pristimerinae maitensina) apresentam atividadeantineoplásica, antitumoral ecitotóxica, principalmente emlinfomas e tumores ovarianos.Liofilizados das folhas apresen-taram significativa atividadeantioxidante, diurética, analgésica,estrogênica, antimicrobiana eparasiticida (Tripanossoma cruzi).

Formas de uso

Folhas e ramos. Raramente sãoutilizados a raiz, casca e caule.

• Decocção: 30g de folhas picadasem meio litro de água. Ferver e,após esfriar, tomar 3 xícaras ao dia(úlcera interna).

• Pó: 400mg/dia. Tomar uma aduas vezes ao dia. Aplicar o pótopicamente sobre lesões dérmi-cas.

Toxicologia

Os extratos da planta nãodemonstram efeito teratogênicos,embriotóxico e anti-esperma-togênico, nem alterações morfoló-gicas no sistema reprodutivo. Aadministração por via oral deinfusos e liofilizados de folhas, naforma aguda, não mostrou qual-quer efeito tóxico em doses até1.600 vezes superiores àquelasutilizadas normalmente por umapessoa.

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Seção Técnico-científica

∗ Análise do custo de produção em cultivos de tilápias alimentadas com ração comercial no LitoralNorte de Santa Catarina ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Henrique Boeira Appel∗ Controle integrado da antracnose da cebola .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

João Américo Wordell FilhoPedro Boff

∗ Descrição dos principais distúrbios em caqui ‘Fuyu’ após a armazenagem refrigerada .. . . . . . . . . . . .Luiz Carlos Argenta

∗ Análise de gemas de macieira como subsídio para orientação da poda ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .José Luiz Petri

Alexander SouzaGabriel Berenhauser Leite

∗ Resposta do milho à aplicação de esterco de suínos e nitrogênio mineral em áreas com usointensivo de adubo orgânico ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Elói Erhard SchererIvan Tadeu BaldisseraCristiano Nunes Nesi

∗ Avaliação participativa de linhagens e cultivares de feijão .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Rogério Luiz Backes

Alvadi Antonio Balbinot Junior Adriano Martinho de Souza

Luiz Augusto MeisterJaime Schroeder

∗ Taxa fotossintética e transpiratória em diferentes estratos do dossel de 16 cultivares de tomateAnderson Fernando Wamser

Siegfried MuellerLuiz Carlos Argenta

∗ Qualidade de pêssegos cultivares Granada e Maciel colhidos em diferentes graus de maturidadeem armazenamento refrigerado ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Edson Luiz de SouzaRufino Fernando Flores Cantillano

Rosa de O. Treptow∗ Resposta do milho à adubação nitrogenada quando cultivado em sucessão a plantas de cobertura

de inverno, no sistema plantio direto ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Carla Maria Pandolfo

Milton da VeigaAngelo Mendes Massignam

Cesar V. RombaldiMarcelo Barbosa Malgarim

∗ Influência do ácido giberélico no crescimento de plantas pós-climatizadas de porta-enxerto demacieira cultivar Marubakaido ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Celso Lopes de Albuquerque JuniorJosé Luís Petri

Márcia Mondardo

Informativo Técnico

Artigo Científico

43

Avaliação de híbridos de repolho, couve-flor e brócolis sob cultivo orgânico, em duas épocas deplantio, no Litoral Catarinense ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Luiz Augusto Martins PeruchAntônio Carlos Ferreira da Silva

* Efeito de produtos alternativos no controle do míldio e no rendimento de cebola .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .João Américo Wordell Filho

Marciel João Stadnik

Nota Científica

46

49

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69

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84

87

91

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ISSN 0103-0779

Comitê de Publicações/Publication CommitteeAnderson Fernando Wanser, M.Sc. – EpagriCristiano Nunes Nesi, M.Sc. – EpagriEduardo Rodrigues Hickel, Dr. – EpagriGeorge Livramento, eng. agr. – EpagriHenri Stuker, Dr. – EpagriJefferson Araújo Flaresso, M.Sc. – EpagriJosé Ângelo Rebelo, Dr. – EpagriLuiz Augusto Martins Peruch, Dr. – EpagriPaulo Henrique Simon, M.Sc. – Epagri (Secretário)Roger Delmar Flesch, Ph.D – Epagri (Presidente)Rogério Luiz Backes, M.Sc. – EpagriTássio Dresch Rech, M.Sc. – EpagriValdir Bonin, M.Sc. – Epagri

Conselho Editorial/Editorial Board

Ademir Calegari, M.Sc. – Iapar – Londrina, PRAnísio Pedro Camilo, Ph.D. – Embrapa – Florianópolis, SCBonifácio Hideyuki Nakasu, Ph.D. – Embrapa – Pelotas, RSCésar José Fanton, Dr. – Incaper – Vitória, ESEduardo Humeres Flores, Dr. – Universidade da Califórnia – Riverside, USAFernando Mendes Pereira, Dr. – Unesp – Jaboticabal, SPFlávio Zanetti, Dr. – UFPR – Curitiba, PRHamilton Justino Vieira, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCLuís Sangoi, Ph.D. – Udesc/CAV – Lages, SCManoel Guedes Correa Gondim Júnior, Dr. – UFRPE – Recife, PEMário Ângelo Vidor, Dr. – Epagri – Florianópolis, SCMichael Thung, Ph.D. – Embrapa – CNPAF - Goiânia, GOMiguel Pedro Guerra, Dr. – UFSC – Florianópolis, SCMoacir Pasqual, Dr. – UFL – Lavras, MGNicolau Melo Serra Freire, Ph.D. – UFRRJ – Rio de Janeiro, RJPaulo Henrique Simon, M.Sc. – Epagri – Florianópolis, SCPaulo Roberto Ernani, Ph.D. – Udesc/CAV – Lages, SCRicardo Silveiro Balardin, Ph.D. – UFSM – Santa Maria, RSRoberto Hauagge, Ph.D. – Iapar – Londrina, PRRoger Delmar Flesch, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SCSami Jorge Michereff, Dr. – UFRPE – Recife, PESérgio Leite G. Pinheiro, Ph.D. – Epagri – Florianópolis, SC

Indexada à Agrobase e à CAB International

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICO-CIENTÍFICOS NESTA EDIÇÃO: Albertino de Souza Zamparette, Alvadi Antônio Balbinot Junior,Anderson Fernando Wamser, Anísio Pedro Camilo, Carla Maria Pandolfo, Cassantro Amarante, Clori Basso, Edson Luiz de Souza, Eliane Rute deAndrade, Gilmar Roberto Zaffari, Gilson José Marcinichen Gallotti, Glenio de Oliveira Ferreira, Gustavo de Faria Theodoro, Haroldo Tavares Elias,José Itamar da Silva Boneti, Leandro do Prado Wildner, Luis Carlos Viera, Luiz Carlos Argenta, Márcio Sonego, Milton da Veiga, Osmar TomazelliJunior, Renato Luis Vieira, Walter Ferreira Becker, Zilmar da Silva Souza.

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43Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

O

Análise do custo de produção em cultivos de tilápiasAnálise do custo de produção em cultivos de tilápiasAnálise do custo de produção em cultivos de tilápiasAnálise do custo de produção em cultivos de tilápiasAnálise do custo de produção em cultivos de tilápiasalimentadas com ração comercial noalimentadas com ração comercial noalimentadas com ração comercial noalimentadas com ração comercial noalimentadas com ração comercial no

Litoral Norte de Santa CatarinaLitoral Norte de Santa CatarinaLitoral Norte de Santa CatarinaLitoral Norte de Santa CatarinaLitoral Norte de Santa CatarinaHenrique Boeira Appel1

Litoral Norte de Santa Ca-tarina, compreendendo asRegiões do Baixo Vale de

Itajaí e Joinville, produziu 4.843tde peixes de águas mornas no anode 2002, que correspondem a 25,3%da produção de Santa Catarina(Roczanski, 2003).

Embora existam alguns cultivosde peixes integrados com animaisdomésticos, principalmente comsuínos e aves, esta região tem seusistema de produção baseado noemprego de ração comercial comobase para alimentação dos peixes.Esta característica permitiu odesenvolvimento de espécies não-filtradoras, como o pacu (Piaractusmesopotamicus) e o bagre-ame-ricano – “cat-fish” (Ictaluruspunctatus), em sistemas maisintensivos de produção.

A produção de tilápia no LitoralNorte foi de 32,6% da tilápiaproduzida em Santa Catarina noano de 2002 e 45,9% do pescado daregião (2.222t) (Roczanski, 2003).Por outro lado, Boll et al. (2004)observaram menor crescimentonessa região, 154% no período de1996 a 2002, enquanto que noEstado o crescimento foi de 394%no mesmo período, ultrapassandopela primeira vez a produção decarpas em 20 anos, com 6.814t. Nasregiões onde o sistema de produçãode peixes é praticado de formaintegrada com outras atividades,como a suinocultura e avicultura,a produção manteve-se estável noano de 2002. O aporte de matéria

orgânica, dejeto animal, em umviveiro de produção melhora adisponibilidade de alimento natu-ral, tornando o sistema menosdependente do insumo ração,quando explorado por uma espéciefiltradora como a tilápia.

Acompanhamento dapropriedade

Visando identificar os principaiscustos de produção de tilápia emsistemas que utilizam ração comer-cial como base da alimentação, foirealizado o acompanhamento de umviveiro de cultivo no qual remu-neraram-se os principais custosoperacionais. A análise a seguirvisou identificar a relação entre obaixo crescimento da produção depescados de águas interiores destaregião e a falta de viabilidadeeconômica deste sistema deprodução. Para tanto, foi realizadoum acompanhamento dos principaiscustos operacionais, bem comoamortização da construção de umviveiro de 2.700m2 e respectivosequipamentos, em uma propriedadedo município de Blumenau.

Para elaboração do custo deprodução foi utilizada a metodologiaproposta por Casaca & Tomazelli(2001). O período de cultivo foi de 19de janeiro a 23 de setembro de 2002(247 dias), com valores de receitas edespesas atualizados para julho de2006. O povoamento foi realizadocom 7.680 alevinos II, sendo 7 milunidades de tilápia (91,14%), 500 de

carpa-húngara (6,51%); 100 decarpa-capim (1,30%) e 80 de carpa-cabeça-grande, (1,05%) totalizando2,84 peixes/m². O sistema deprodução foi sem renovação, comentrada de água apenas paracompensar as perdas por evaporaçãoe infiltração de água, com aeraçãodiária de 4 horas, acionada por“timer” a partir das 4 horas damadrugada após os animaisatingirem o peso médio de 150g.

No manejo alimentar foiutilizado ração comercial extrusadacom 32% de proteína bruta (PB) nosprimeiros 30 dias e de ração com28% de PB dos 30 dias até o final docultivo. A taxa de alimentaçãoinicial, tomando-se como referênciao peso médio da tilápia, foi de 5%,sendo reduzida progressivamenteaté 1% no final do ciclo.

As taxas de arraçoamento foramadequadas conforme os seguintescritérios: realização de biometriasmensais durante o período frio equinzenais durante o período verão-outono; oferta de ração apenas como nível de oxigênio dissolvido acimade 2mg/L e temperatura da águaacima de 20oC; e pequenos ajustesna oferta da ração flutuante(aumento ou redução) de acordocom as respostas de consumo dospeixes.

Resultados

A Tabela 1 discrimina os 3.033kgde peixes produzidos, bem como aformação do preço médio recebido

Aceito para publicação em 21/7/06.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Campo Experimental de Pisicultura de Camboriú, C.P. 20, 88340-000 Camboriú, SC, fone: (47) 3365-1319,e-mail: [email protected].

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44 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

e a receita total. Os principaiscustos operacionais da unidade deavaliação são apresentados naTabela 2. O custo de alimentaçãose destaca, pois responde comaproximadamente 60% do custototal. Em segundo plano aparecemos custos de alevinos (11,65%),juros sobre o custo de implantação(7,12%), depreciação anual (6,80%)e mão-de-obra (5,83%).

O custo de produção de R$ 1,98/kg de peixe produzido (Tabela 3)evidencia uma seleção no mercadoque irá absorver o peixe produzidoneste sistema de produção, queneste caso foi o pesque-pague local,que praticou um preço médio de R$2,39.

Sendo a produção comercializadano próprio município para umpesque-pague local, o transporte depeixes vivos foi facilitado, realizadode maneira simples, sem a utilizaçãode intermediários.

Os principais componentes docusto de produção foram:

• Alimentação: Dentro doscomponentes do custo de produção,o item ração tem destaque comparticipação de 60,75%, ou seja,gasta-se R$ 1,20 de ração paraproduzir 1kg de peixe (Tabela 3).

O manejo alimentar adotadopermitiu a obtenção de um índicede conversão alimentar de 1,48:1,que é considerado razoável,levando-se em conta que parte doperíodo de cultivo foi desenvolvidona estação de inverno. A expressivacontribuição da alimentação nocusto final de produção torna aeficiência de utilização da ração umapeça-chave neste modelo deprodução, em que reduções na con-versão alimentar podem inviabilizareconomicamente este sistema decultivo.

Segundo Kubitza (2001), oemprego de ração caseira, obtida apartir da mistura de farináceos napropriedade, como estratégia parabaixar este custo deve ser analisadocriteriosamente, em função doscustos de aquisição e amortizaçãode equipamentos (moinhos,misturador e peletizadora), alémde uma possível redução na con-versão alimentar, em torno de 1,8:1para a tilápia-do-nilo até a faixa depeso de 500g, em relação às raçõescomerciais. O mesmo autor afirmaque as rações extrusadas apre-sentam melhor digestibilidade, emfunção de um pré-cozimento do

Tabela 1. Produção comercializada no viveiro analisado

Espécie Quantidade Preço unitário Receita total

kg .....................R$.......................

Tilápia 2.415 2,50 6.037,50

Carpa-húngara 495 2,00 990,00

Carpa-capim 48 2,00 96,00

Carpa-cabeça-grande 75 1,80 135,00

Total 3.033 2,39 7.258,50

Tabela 2. Custos operacionais da unidade de produção

Custos operacionais Unidade Quanti- Preço Custo Custodade unitário(1) total(1)

...............R$............... %

Custos variáveis

Alevinos Unidade 7.680 0,091 698,88 11,65

Mão-de-obra + encargos Salário 1 350,00 350,00 5,83

Alimentação/ração kg 4.500 0,81 3.645,00 60,75

Calagem t 0,3 235,00 70,50 1,17

Combustível L 50 2,50 125,00 2,08

Energia elétrica kWh 65 0,35 22,75 0,38

Manutenção R$ 150,00 2,50

Análise química Unidade 5 12,00 60,00 1,00

Outros custos variáveis R$ 1 42,72 42,72 0,72

Subtotal 5.164,85 86,08

Custos fixos

Depreciação anual R$ 407,78 6,80

Juros sobre o custo de

implantação % 8 427,51 7,12

Subtotal 835,29 13,92

Custo total 6.000,14 100,00

(1)Valores de julho de 2006.

amido (gelatinização) durante oprocesso de extrusão, conferindo acaracterística de flutuabilidade dogrânulo de ração. As raçõesextrusadas, além de facilitar oconsumo pelos peixes, permitemajustar a quantidade ofertada pelaobservação de sobras.

• Custos fixos: O custo de pro-dução, muitas vezes, é erronea-mente expresso apenas comocusteio, considerando apenas omaterial de consumo que foi utili-zado. Evidenciando-se a importân-

cia da depreciação, verificou-se umaparticipação de 6,80% do custo deprodução (Tabela 2) que, se nãoremunerado anualmente, dificul-tará ao piscicultor a reposição deequipamentos, bem como a ma-nutenção de infra-estrutura deprodução. Os juros de 8% ao anosobre custo de implantação geramum custo fixo de R$ 427,50, comparticipação de 7,12% sobre o custofinal de produção. A depreciaçãoanual e os juros sobre os custos deimplantação representam um custo

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45Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Tabela 3. Indicadores técnicos e econômicos do cultivo

Indicador Unidade Quantidade

Quantidade produzida kg 3.033

Quantidade de alevinos estocados Número 7.680

Período de cultivo Dias 247

Quantidade de ração kg 4.500

Produtividade do cultivo kg/ha/ano 17.074,15

Receita bruta R$ 7.258,50

Preço médio de venda R$/kg 2,39

Custo de produção/kg produzido R$/kg 1,98

Custo da ração/kg produzido R$/kg 1,20

Valor da produção/kg de alimento R$/kg 1,61

Lucro R$ 1.258,36

Taxa de retorno de capital % 39,18

Período de recuperação do capital Anos 3,21

Ponto de equilíbrio da produção kg 2.507,19

Margem bruta R$ 2.093,65

Conversão alimentar (ração) kg 1,48

Custo de implantação do projeto R$ 5.343,80

fixo de R$ 835,29, equivalente a13,92% sobre o custo total deprodução (Tabela 2).

• Alevinos: Com expressivaparticipação no custo de produção,o insumo alevino ocupa o segundolugar do componente de custo deprodução, com participação de11,65% (Tabela 2). Este prova-velmente seja um item a sertrabalhado visando baixar o custofinal de produção. A produção dealevinos para consumo própriotalvez não seja uma práticarecomendada em função dadisponibilidade atual de unidadesprodutoras que se preocupam emofertar alevinos de boa qualidadegenética, com baixos índices deconsangüinidade, além de boaeficiência na reversão sexual(tilápia). Na propriedade ruralpoderia ser realizada a recria dosalevinos I até a fase de alevinos IIou juvenis em pequenos viveiros outanque-rede. Considerando que adiferença é de aproximadamente100% entre as duas categorias dealevinos, a redução no custo finalde produção seria bem expressiva.

• Mão-de-obra + encargos: Amão-de-obra é outro importantecomponente do custo de produção

(5,83%). Por outro lado, cultivos deprimavera-verão deverão ter operíodo de cultivo menor em relaçãoao atual, reduzindo, com isso, aparticipação da mão-de-obra e,conseqüentemente, o custo final deprodução. Neste item foi remu-nerada a mão-de-obra para o arra-çoamento, amostragens (biome-trias), análises de água e despesca.

Considerações finais

O custo final de produção napropriedade, de R$ 1,98, reveladopela análise econômica, selecionaráo mercado que irá absorver opescado produzido neste sistema deprodução. Contudo, deve-se con-siderar que tilápias produzidas deforma integrada com outrosanimais domésticos, em ambientesde cultivos com boa disponibilidadede alimento natural, poderãoameaçar estes mercados por seremmais competitivas economica-mente. Como pontos fortes para osistema arraçoado destaca-se agrande aceitação, entre os consu-midores em geral, pelo pescadoproduzido neste modelo de produ-ção. O fato da própria Região doLitoral Norte absorver a maior

parte do pescado produzido é,também, uma vantagem competi-tiva, uma vez que os custos detransporte estão cada vez maisexpressivos.

O acompanhamento econômicorevelou uma margem de lucro muitopequena para este viveiro amos-trado, de R$ 0,41/kg de peixe. O lu-cro calculado no viveiro acompa-nhado é apenas um indicativo demargens pequenas sobre o custo deprodução para sistemas arraçoadoscom tilápia. Provavelmente,alguma retração na produção deve-se a piscicultores que, devido a umabaixa eficiência produtiva, com-prometeram a rentabilidade daatividade e, conseqüentemente, oestímulo para produção. Comoocorre em demais áreas do setoragropecuário, a eficácia está sendocada vez mais exigida para amanutenção da atividade. Estão semantendo na atividade os pis-cicultores profissionalizados, quetratam a piscicultura como atividadeeconômica e que tenham sistemasde produção e comercializaçãopreviamente definidos. A análiseeconômica deste informe técnicofoi uma amostragem dos custos deum determinado viveiro deprodução e da receita obtida por ummercado consumidor específico.Considerando que a Região doLitoral Norte não apresenta umsistema de produção definido e omercado consumidor é bastantediversificado, os resultados econô-micos poderão sofrer alteraçõesconforme cada situação.

Literatura citada

1. BOLL, M.G.; ROCZANSKY, M.;GAZOLLA, A.C. A produção de peixescultivados na região Litoral Norte deSanta Catarina, Brasil (1996-2002):Resultados e tendências. In: CON-GRESSO DA SOCIEDADE BRASI-LEIRA DE AQÜICULTURA E BIOLO-GIA AQUÁTICA, 1, 2004, Vitória, ES.Anais..., Vitória, 2004. p.361.

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3. KUBITZA, F. Tilápia R$ 1,30 é possível?Panorama da Aqüicultura, v.11, n.67,p.31-45, 2001.

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Page 45: Edição de novembro de 2006

46 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

A

Controle integrado da antracnose da cebolaControle integrado da antracnose da cebolaControle integrado da antracnose da cebolaControle integrado da antracnose da cebolaControle integrado da antracnose da cebola

João Américo Wordell Filho1 e Pedro Boff2

cebola (Allium cepa) é umdos principais condimentosutilizados na culinária

brasileira. No Brasil, são plantadoscerca de 56.800ha da cultura,resultando em uma produção demais de 1 milhão de toneladas(Icepa, 2005). Em Santa Catarina,por sua vez, a produção anual decebola é de cerca de 350 miltoneladas, com rendimento médiode 17,8t/ha, sendo uma dasprincipais culturas na Região doAlto Vale do Itajaí (Icepa, 2005).Seu ciclo de cultivo no Sul do Brasilabrange um período relativamentelongo nas estações de inverno-primavera-verão. A região decultivo, quer na produção desementes, quer na produção debulbos, tem se caracterizado porocupar áreas contíguas, favorecendoa disseminação de patógenos.

A antracnose foliar é uma dasdoenças de maior preocupação parao cebolicultor, pois seus danosinviabilizam as plantas tanto naprodução de sementes como naprodução de bulbos. Tambémconhecida como mal-das-sete-voltas, charuto, cachorro-quente erola, é causada por Colletotrichumgloeosporioides (Penz.). No Brasil,seu primeiro relato foi em 1931, eao longo do tempo intensificaram-se os estudos sobre a etiologia dessadoença, que apresenta um complexoquadro sintomatológico. Ela foirelatada na maioria das regiõesprodutoras de cebola do Brasil,embora com ocorrência esporádicae localizada (Boff, 1993). É umadoença que acontece em condiçõesde clima subtropical e tropical,favorecida por freqüentes preci-

pitações e que pode causar perdasque variam de 20% a 100% naprodução de bulbos (Gupta et al.,1994).

Ainda que uma doença específicapossa, em certos casos, sercontrolada por uma única medidade controle, a complexidade defatores envolvidos requer o uso demais de um método para alcançarcontrole adequado. Daí anecessidade de concentrar esforçosvisando combinar várias medidas evários métodos de controle, quaissejam: físicos, mecânicos, culturais,genéticos, legislativos, químicos ebiológicos, com o objetivo de obtera máxima produtividade semreflexos negativos ao meioambiente. Pela ameaça que estadoença apresenta para acebolicultura nacional, emparticular à catarinense, são

descritos a seguir aspectos concer-nentes a sua etiologia, sintoma-tologia e controle integrado.

Etiologia

A antracnose-foliar da cebola écausada pelo fungo Colletotrichumgloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc(sensu Arx, 1957) f. sp. cepae (exBajungo, 1979) (sin. Vermiculariagloeosporioides Penz.). O fungo C.gloeosporioides pertence à famíliaMelanconiaceae, ordem Melanco-niales, classe Coelomycetes, subdi-visão Deuteromycotina. Os coni-dióforos são hialinos a marrons, empaliçada, unicelulares, formadossobre base estromática, subcuti-cular do tipo acérvulo (Figura 1). Osacérvulos formam setas e por issomostram aparência escura com otempo (Sutton, 1992).

Aceito para publicação em 30/5/06.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, C.P. 121, 88400-000 Ituporanga, SC, fone: (47) 3533-1409, e-mail:[email protected]. agr., Ph.D., Epagri/Estação Experimental de Lages, C.P. 181, 88502-970 Lages, SC, fone: (49) 3224-4400, e-mail: [email protected].

Figura 1. Acérvulos de Colletotrichum gloesporioides formados sobre umabase estromática em folhas de cebola cultivar Crioula Alto Vale

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47Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Hospedeiros

O trabalho realizado por Bajungu(1979) evidenciou que o fungo C.gloeosporioides é específico dohospedeiro cebola (A. cepa). Poroutro lado, Suhardi (1993) descreveo mesmo patógeno em variedadesde cebola roxa (chalota – Alliumcepa) e Sasaki & Cerezine (1995)relatam-no em A. schoenoprasum(cebolinha-francesa). O umbuzeiro(Spondias tuberosa), no Vale do SãoFrancisco, Brasil (Tavares et al.,1996) e Euphorbia hypericifolia(planta daninha do leite), em Java(Suhardi, 1993), Indonésia, têm sidoidentificados como hospedeirosalternativos dentre várias outrasespécies frutíferas e hortícolas.

Sintomas

Os sintomas causados por C.gloeosporioides em cebola mani-festam-se de forma variada e com-plexa, conforme o estádio dedesenvolvimento da planta. Iniciam-se com pequenas lesões brancasdeprimidas sobre a lâmina foliar,axila ou bainha. Estas vãoaumentando de tamanho, apre-sentando-se ovaladas, com aparên-cia rosada, evoluindo para pontospretos, com fundo de tonalidadeclara. A aparência das manchaspassa de tonalidade rosada (massade conídios) a fundo claro compontos escuros, em decorrência dosurgimento de setas negras nosacérvulos. O ataque em plantas nosprimeiros meses de transplanteinduz ao retorcimento foliar,deixando o pescoço mais endurecidoe de cor verde-clara, caracterizandoo sintoma de mal-das-sete-voltas(Figura 2). O pescoço tende aalongar-se e o bulbo toma a formade um charuto. Caso a infecçãoinicie durante a bulbificação háredução da parte aérea, ocorrendoemissão de novas raízes pelamultiplicação do ponto decrescimento, fazendo com que asescamas se rompam na altura dacoroa e, ao se arrancarem os bulbos,desprendem-se do sistema radicular(Wordell Filho & Boff, 2005).

Epidemiologia

A introdução do patógeno nalavoura pode ocorrer pela semente,

máquinas, ferramentas,transporte de bulbos eterra. O fungo C.gloeosporioides sobre-vive na semente, nosrestos culturais ou emhospedeiro alternativo,que constituem fonteprimária de inóculo (Boffet al., 1995).

Os conídios germi-nam e infectam a folhada cebola, sob tem-peraturas de 23 a 30oC.A aderência inicial doesporo ao tecido éauxiliada por um polí-mero mucilaginososecretado pela super-fície do conídio ume-decido. Os conídios, aogerminarem, formamapressórios e penetramno tecido através dosestômatos e ferimentose diretamente nacutícula (Wordell Filho& Boff, 2005).

Os esporos sãoliberados pela ação da água sobreos acérvulos, onde há dissolução damucilagem, indo para as partesinferiores da planta ou caindo aosolo e sendo disseminados pelachuva e/ou água de irrigação. Foramobservados picos na liberação dosconídios após o impacto de três acinco gotas de água de chuva e/ouirrigação sobre a massa de conídios,havendo remoção total após 90segundos do início do processo gota/lavagem. A disseminação pelo ventonão é importante mas o fungo podeser disseminado em maioresdistâncias pelos canais de irrigaçãoe/ou escorrimento superficial(Chawda & Rajasab, 1992).

A doença se desenvolve maisrapidamente em épocas chuvosascom temperaturas entre 24 e 30oC.Nas condições da Índia, Gupta et al.(1994) notaram que a antracnose dacebola foi bastante dependente doperíodo chuvoso, concordando comSuhardi (1993), que estudou aepidemiologia desta doença emJava. Chawda & Rajasab (1992)estudaram o progresso da doença acampo e encontraram de 6% a 28%de área foliar necrosada, conformeo desenvolvimento das manchas,cuja incidência foi estimada em 20%a 79% das plantas.

Controle

O controle da antracnose deveser entendido como o usopermanente de medidas integradas,para, preferencialmente, evitar quea doença apareça ou atinjaproporções epidêmicas queresultem em grandes perdas aosagricultores. As medidasapresentadas a seguir sãopreventivas contra o surgimento ea proliferação da antracnose:

• Manejar adequadamente asirrigações, evitando excesso ouinsuficiência da água durante o ciclodas plantas.

• Não usar água contaminada(que escorre de lavouras afetadaspela doença) nas irrigações e nemnas pulverizações.

• Manter a lavoura e os arredoreslivres de plantas daninhas quefavoreçam a proliferação depatógenos.

• Evitar injúrias ou ferimentosnas plantas durante as capinas epulverizações.

• Inspecionar a lavoura comfreqüência para detectar preco-cemente eventuais focos da doençae proceder ao controle a tempo deevitar epidemia (Wordell Filho &Boff, 2005).

Figura 2. Retorcimento foliar e coloração verde-clara: sintomas típicos do mal-das-sete-voltasda cebola

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• Evitar o trânsito de pessoas emáquinas, procedentes de áreasinfestadas, na lavoura sem antespassar por assepsia.

• Em condições favoráveis aodesenvolvimento da antracnose,pulverizar as plantas, preven-tivamente, com agrotóxicos regis-trados. Aplicar fungicidas preven-tivamente, dando preferência aossistêmicos em épocas favoráveis(máximo de três vezes por ciclo).Fazer rotação de princípios ativospara evitar que o fungo desenvolvaresistência a um tipo de fungicidaespecífico.

• Destruir os restos culturaislogo após a colheita, enterrando-oscom aração profunda ou queimando-os.

• Fazer rotação de culturas,especialmente com gramíneas comocenteio, trigo, aveia-preta, milho,milheto e capins de pastagens, portrês ou quatro anos.

• Eliminar plantas de cebolaespontâneas ou guachas.

• Adubar as plantas de cebola deacordo com a análise química dosolo. As plantas devidamentenutridas (adubação equilibrada)resistem melhor às doenças emtermos gerais.

• Evitar o excesso de nitrogênio.• Usar sementes sadias (na

compra da semente, exigir umatestado fitossanitário, acom-panhado da nota fiscal de venda).

• Utilizar a termoterapia comoerradicante do fungo em sementes.A exposição das sementes a calorseco, 70oC, pelo período de seis dias,é capaz de controlar C.gloeosporioides, Alternaria spp. eStemphylium sp. associados àssementes, sem provocar reduçãona viabilidade e vigor destas (Rota,1997).

• Plantar cultivares maisresistentes, indicadas em catálogosde empresas produtoras desementes, devido às diferentesreações à antracnose apresentadaspelos genótipos de cebolaencontrados no mercado (WordellFilho, 2005).

• O sucesso de uma lavoura decebola está diretamente relacionadocom a qualidade e sanidade dasmudas utilizadas nos transplantes.Mudas pequenas geralmenteapresentam menor capacidade desobrevivência e desenvolvimento

inicial mais lento, propiciando oataque de diferentes patógenos. Deacordo com Arboleya (2005), mudascom tamanho de aproximadamente25cm e diâmetro de aproxi-madamente 4 a 6mm resultam emplantas mais produtivas e maisresistentes às doenças.

• Evitar plantios densos (maiorque 333.333 plantas/ha), que nãopermitem adequada aeração dafolhagem.

Literatura citada

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7. ICEPA. Instituto de Planejamento para

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Page 48: Edição de novembro de 2006

49Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

F

Descrição dos principais distúrbios em caquiDescrição dos principais distúrbios em caquiDescrição dos principais distúrbios em caquiDescrição dos principais distúrbios em caquiDescrição dos principais distúrbios em caqui‘F‘F‘F‘F‘Fuyu’ após a armazenagem refrigeradauyu’ após a armazenagem refrigeradauyu’ após a armazenagem refrigeradauyu’ após a armazenagem refrigeradauyu’ após a armazenagem refrigerada

Luiz Carlos Argenta1

uyu é a cultivar de caqui nãoadstringente mais consumi-da no mundo (Yamada, 1994)

e a principal cultivar de caquidestinada a exportação no Brasil. Ofato de o caqui ‘Fuyu’ ser consumidoquando ainda firme e crocantefavorece seu manuseio durante otransporte e a comercialização.Entretanto, o potencial de arma-zenagem refrigerada do caqui ‘Fuyu’é limitado pelo desenvolvimento devários distúrbios fisiológicos epatológicos. Tentativas de ex-portação marítima de caqui aohemisfério norte têm resultado emperdas de até 100% dos frutos,mesmo quando mantidos emambiente refrigerado por menos de30 dias. A distinção e caracterizaçãodos sintomas dos diferentesdistúrbios e a identificação dosfatores relacionados com a suaetiologia contribuem para odesenvolvimento e introdução detecnologias para prevenção dessesdistúrbios. A redução das perdaspor deterioração pós-colheita decaqui resulta em redução daspressões sazonais da oferta de frutosno Brasil, expansão das exportaçõesao hemisfério norte e contínuoaumento da produção e suprimento.

Alterações na texturados frutos

O desenvolvimento de dis-túrbios, associado às alterações datextura da polpa, é o principal fatorque limita o potencial de

armazenagem refrigerada de caqui‘Fuyu’. Os principais sintomasdesses distúrbios são: rápido esevero amolecimento da polpadissociado da maturação (semdesenvolvimento de cor aver-melhada e sabor, típicos da cultivar)(Figura 1), aparência gelatinosa e

perda da suculência e, em casosmais severos, formação de um gelfirme. A textura gel firmecaracteriza-se pela consistênciaplástica (“emborrachada”) da polpa(um tipo de murcha sem marcas deenrugamento) e perda da crocânciae suculência.

Aceito para publicação em 15/8/2006.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2000, e-mail:[email protected].

Figura 1. Frutos armazenados por 40 dias a 1oC. (A e B) Os frutosexpostos a 1-MCP na colheita, com aparência de maturaçãonormal, amoleceram em 12 dias, e (C e D) os não-expostos a 1-MCP,com sintomas de danos por frio, caracterizados por amolecimentoda polpa, dissociado da cor e sabor típicos da cultivar, amoleceramem três dias após o armazenamento

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50 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Essas alterações da textura sãoconsideradas danos por frio eaumentam com o tempo dearmazenagem, atingindo o máximoquando os frutos são mantidos sobtemperatura de 3 a 8oC (MacRae,1987; Sargent et al., 1993). O gelfirme se desenvolve no ambienterefrigerado, enquanto o amo-lecimento dissociado da maturaçãonormalmente ocorre após a trans-ferência dos frutos para tempe-ratura ambiente. Para mínimaincidência desses danos por friorecomenda-se temperatura de polpade 0,5 a 1oC durante a armazenagemrefrigerada de caqui ‘Fuyu’. NoBrasil, o dano por frio é maisevidente em frutos colhidosprecocemente. A incidência eseveridade dos danos por frio emcaqui ‘Fuyu’ variam muito entreanos, indicando efeitos do climasobre a sensibilidade dos frutos aesse dano.

A manutenção dos frutos sobtemperatura ambiente por cinco asete dias antes da armazenagemrefrigerada previne o desen-volvimento de dano por frio(MacRae, 1987). A exposição dosfrutos ao etileno aumenta enquantoo emprego de permanganato depotássio (KMnO4) para oxidação doetileno da atmosfera de arma-zenagem reduz os danos associadosao amolecimento da polpa (Beede,1983). A atmosfera modificada (AM),formada por bolsas plásticas de0,08mm de espessura, reduz osdanos por frio (Ben-Arie & Zutkhi,1992) e é uma das principaistecnologias complementares àrefrigeração atualmente em usoem nível comercial. Estudosrecentes demonstram que otratamento pós-colheita cominibidor da ação do etileno (1-MCP)reduz efetivamente o dano por friomanifestado pelo amolecimento dapolpa em caqui ‘Fuyu’ (Argenta etal., 2002).

Translucidez da casca

Esse distúrbio pode ocorrer emtoda a superfície (superfícietranslúcida) ou como manchas(manchas translúcidas) (Figura 2) etambém é considerado um dano porfrio. Os sintomas de superfícietranslúcida e de amolecimentodissociado da maturação se

Figura 2. Sintomas de dano por frio em caqui ‘Fuyu’ caracterizado por (Ae B) manchas ou (C e D) toda a superfície translúcida

manifestam juntos em poucos diasapós a transferência dos frutos doambiente refrigerado à sala dematuração (a 23oC). Por outro lado,as manchas translúcidas freqüen-temente ocorrem juntamente como desenvolvimento de textura gelfirme enquanto os frutos sãomantidos em ambiente refrigerado.Da mesma forma que as alteraçõesda textura, os sintomas detranslucidez da casca aumentamcom o tempo de armazenagem,embora danos severos possamocorrer após curtos períodos (20 a30 dias) de armazenagem. Se-melhante ao amolecimentodissociado da maturação, atranslucidez da casca é máximaquando os frutos são mantidos sobtemperatura de 3 a 8oC. A arma-zenagem sob temperatura depolpa de 0,5 a 1oC, o controle doetileno pelo 1-MCP e o uso de AMinduzida por bolsas plásticas de0,08mm de espessura previnem oupelo menos retardam o desen-volvimento de translucidez dacasca.

Manchas escuras nacasca dos frutos

Distúrbios que se expressamcomo manchas escuras na cascatêm sido tipificados principalmentepelo tamanho, relevo e pela posiçãona superfície do caqui ‘Fuyu’produzido no Sul do Brasil.

• “Estrias”Esse distúrbio é identificado pela

formação de pequenos pontos outraços pretos (<2mm) alinhados nasuperfície (epiderme) dos frutosformando feixes de linhas ponti-lhadas ou tracejadas (“estrias”)(Figura 3).

Aparentemente, trata-se de umdistúrbio fisiológico associado acondições pré-colheita, especial-mente relacionadas ao microclima(alta umidade relativa do ar, tem-peratura, freqüência de serração eprecipitação) e ao manejo do pomar(área foliar e manejo da vegetaçãonas linhas e entre linhas) (S. Lurie– Israel, R. Nakano – Japão,comunicação pessoal). Não hánenhuma evidência clara que esse

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Figura 3. (A) Distúrbio leve, (B) moderado e (C) severo caracterizado pelaformação de pequenos pontos ou traços pretos alinhados na superfície dosfrutos com aparência de “estrias”

distúrbio possa ser um dano porfitotoxidez (causada por algumasubstância química aplicada na pré-colheita), embora não estejadescartada essa possibilidade.

Estudos recentes realizados naEpagri/Estação Experimental deCaçador indicam que: a incidênciadas “estrias” varia muito entrepomares; as “estrias” podem serobservadas nos frutos já na colheita;a incidência e/ou severidade dessedistúrbio aumenta durante osprimeiros 20 dias, mas não aumentaconsistentemente de 20 para 80 diasde armazenagem a 0oC; a incidênciae/ou severidade aumenta de zeropara três dias, mas não aumentaconsistentemente de três para novedias de prateleira (a 23oC) pós-armazenagem refrigerada; aarmazenagem sob AM normalmentereduz a severidade das “estrias”; e aoxidação do etileno da atmosfera dearmazenagem pelo KMnO4 nor-malmente não tem efeito, enquantoo controle da ação do etileno pelo1-MCP não tem efeito ou aumentalevemente (dependendo do pomar)o desenvolvimento desse distúrbio.

• Manchas escurasPelo menos três tipos de man-

chas escuras têm sido observadosna casca de caquis ‘Fuyu’ produzidosno Sul do Brasil após a arma-zenagem refrigerada: manchaspretas, levemente deprimidas, de 3a 10mm de diâmetro, distribuídaspor toda a superfície dos frutos(Figura 4); manchas pretas

pequenas, de 2 a 5mm de diâmetro,não deprimidas, espalhadasprincipalmente na região próximaao pedúnculo dos frutos (Figura 5);e manchas roxas superficiais (Fi-gura 4).

A causa dessas manchas não estáclaramente estabelecida ainda. A

literatura descreve que manchassemelhantes àquelas apresentadasnas Figuras 4 e 5 podem ser causadaspor agentes patogênicos, comoColletotrichum sp. (MacRae, 1987),Alternaria alternata (Perez et al.,1995) ou Gloeosporiumu kaki(Anthracnose) (R. Nakano – Japão,comunicação pessoal), ou pelaassociação entre agentes patogê-nicos e condições microclimáticasfavoráveis (alta precipitação,umidade relativa, altitude etemperatura). O desequilíbrio dosteores de minerais (excesso denitrogênio e deficiência de cálcio)nos caquizeiros também podefavorecer o desenvolvimento dessasmanchas (Lee, et al., 1993; R.Nakano – Japão, comunicaçãopessoal). O uso do fungicidaIprodione ou de agentes sanitizantesprevine o desenvolvimento dealgumas dessas manchas (Perez etal., 1995).

As três manchas aparecemprincipalmente a partir de 40 diasde armazenagem refrigerada eaumentam com o tempo dearmazenagem e tempo de prateleira(a 23oC) após a armazenagem. A

Figura 4. Distúrbio caracterizado por (A) manchas pretas iniciais ou (B)severas levemente deprimidas e por (C e D) manchas roxas superficiais

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Figura 5. Distúrbio (A) inicial, (B) moderado e (C) severo caracterizado por manchas pretas pequenas, nãodeprimidas, espalhadas principalmente na região próxima ao pedúnculo dos frutos

incidência dessas manchas variamuito entre pomares. O controledo etileno pelo 1-MCP ou KMnO4normalmente não tem efeito sobreo desenvolvimento dessas manchasescuras. Por outro lado, aarmazenagem sob AM pode reduziro desenvolvimento dessas manchas,dependendo do pomar e período dearmazenagem.

Manchas chocolate

Essas manchas ocorrem comoum anel abaixo da epiderme (Figura6). Em casos severos esse distúrbioaparece externamente como umaescaldadura superficial. Odesenvolvimento desse distúrbioocorre apenas após longos períodosde armazenagem (≥60 dias). Essedistúrbio não tem sido um fatorlimitante à armazenagemrefrigerada, considerando a baixaincidência nos frutos armazenados

a 0oC sob atmosfera do ar ou AM.Sintomas semelhantes tambémocorrem em caquis ‘Fuyu’produzidos na Coréia do Sul e podemestar relacionados ao acúmuloexcessivo de CO2 na atmosfera dearmazenagem (Lee et al., 2003).

Literatura citada

1. ARGENTA, L.C.; KRAMMES, J.G.;MEGGUER, C.; CRESTANI, F.Aumento da conservação da qualidadepós-colheita de caqui e quivi pelo uso de1-MCP In: ENCONTRO NACIONALSOBRE FRUTICULTURA DE CLIMATEMPERADO, 5., 2002, Fraiburgo.Anais... Florianópolis: Epagri, 2002.p.170-174.

2. BEEDE, R.H. The storage performanceof the Fuyu persimmon and itssusceptibility to chilling injury, 1983.94f. Dissertação (Master of Science

Thesis), University of California Davis.

3. BEN-ARIE, R.; ZUTKHI, Y. Extendingthe storage life of ‘Fuyu’ persimmon bymodified-atmosphere packing.HortScience, v.27, n.7, p.811-813, 1992.

4. LEE, S.K.; SHIN, I.S.; PARK, Y.M.Factors involved in skin browning ofnon-astringent Fuyu persimmon. ActaHorticulturae, v.343, p.300-306, 1993.

5. LEE, Y.J.; LEE, Y.M.; KWON, O.C. etal. Effects of low oxygen and highcarbon dioxide concentrations onmodified atmosphere-related disorderof ‘Fuyu’ persimmon fruit. ActaHorticulturae, v.601, p.171-176, 2003.

6. MACRAE, E.A. Development of chillinginjury in New Zealand grown ‘Fuyu’persimmon during storage. NewZealand Journal of ExperimentalAgriculture, v.15, n.2, p.333-344, 1987.

7. PEREZ, A.; BEN-ARIE, R.; DINOOR,A. et al. Prevention of black spot diseasein persimmon fruit by Gibberellic Acidand Iprodione treatments. Phyto-pathology, v.85, n.2, p.221-225, 1995.

8. SARGENT, S.A.; CROCKER, T.E.;ZOELLNER, J. Storage characteristicsof ‘Fuyu’ persimmons. Proc. FloridaState Society for Horticultural Science,v.106, p.131-134, 1993.

9. YAMADA, M. Persimmon. In:KONISHI, K.; IWAHORI, S.;KITAGAWA, H. (Eds.). Horticulture inJapan, Tokyo: Asakura, 1994. p.47-52.

Figura 6. (A) Sintoma de manchas chocolate que ocorrem como um anelabaixo da epiderme. (B) Em casos severos esse distúrbio aparece externamentecomo uma escaldadura superficial

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53Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

A

Análise de gemas de macieira como subsídio paraAnálise de gemas de macieira como subsídio paraAnálise de gemas de macieira como subsídio paraAnálise de gemas de macieira como subsídio paraAnálise de gemas de macieira como subsídio paraorientação da podaorientação da podaorientação da podaorientação da podaorientação da poda

José Luiz Petri1, Alexander Souza2 eGabriel Berenhauser Leite3

indução e diferenciação degemas floríferas na macieirainicia logo após a floração do

ano anterior. Embora seja possíveldistinguir os diversos órgãos defrutificação pela aparência externa,muitas vezes as gemas podem nãose diferenciar em gemas floríferas,continuando como vegetativas.Como a formação das gemasfloríferas ocorre durante o ciclovegetativo, fatores culturais e cli-máticos podem influenciar favo-ravelmente ou negativamente nodesenvolvimento floral do próximociclo.

A análise das gemas permitedefinir o percentual das mesmasque serão floríferas e a sua quali-dade. O conhecimento antecipadoda formação de gemas floríferaspoderá dar informações sobre anecessidade de poda, raleio, adu-bações e polinização, pois permiteprever a intensidade da floração.Com a análise das gemas e aretrospectiva de produção do últimoano podem ser adotadas medidasculturais que definirão a produção.

A intensidade da floração é umdos parâmetros para definir a podae, por conseguinte, minimizar oserros desta prática, mas não garantetotalmente a produção, visto que afrutificação efetiva é variável deano para ano. Conhecendo-se aquantidade de gemas floríferas é

possível se fazer uma poda equi-librada, evitando-se a necessidadede uma poda drástica de invernoque propicia grande crescimentovegetativo e, conseqüentemente,concorrência por nutrientes,reduzindo a frutificação efetiva noano e a diferenciação floral para oano seguinte.

A descrição da metodologia deanálise de gemas tem por objetivoorientar a prática de poda damacieira.

Indução e diferenciaçãofloral

O processo de formação de floresem macieira pode ser dividido emquatro etapas:

a) Indução floral.b) Diferenciação.c) Desenvolvimento.d) Floração.O processo de indução floral é

influenciado por fatores climáticos,nutricionais, culturais, fisiológicose genéticos.

A indução floral é favorecida pelapresença de área foliar adequada eé desfavorecida pelo excesso defrutos na planta. A desfolha da plantaantes de ocorrer a indução, amanutenção de uma quantidade defrutos muito grande ou ainda arealização tardia do raleio inibem aindução floral. Segundo Baab &

Neuenahr (1988), o grau de induçãofloral na macieira varia com a quan-tidade de frutos e a disponibilidadede reservas.

Entre os fatores ambientais, aluz é um dos mais importantes. Aexposição à luz é crítica para aformação de gemas floríferas, a qualaumenta com a intensidade de luz(Jackson et al., 1997). Em geral aspartes altas e externas das plantas,que recebem mais luz, são as queformam maior quantidade de gemasfloríferas. No interior do dossel daplanta, quando não há uma boapenetração de luz, ocorre reduçãona taxa fotossintética e, conse-qüentemente, redução na induçãofloral devido a menor quantidadede carboidratos disponíveis para agema.

A época da indução floral damacieira é no início do crescimentovegetativo, em torno de 45 a 60 diasapós a plena floração, porémexistem evidências que esta induçãopode ocorrer mais tardiamente, atémesmo após a colheita dos frutos,principalmente em regiões quentes.Segundo Petri (2002), a época deindução pode variar em função dacultivar, da localização das gemasnas plantas, das condições cli-máticas e de fatores nutricionais. Amaior parte da indução floral ocorreno início do verão, mas podeestender-se até o início de outono

Aceito para publicação em 30/5/06.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 5563-0211, e-mail: [email protected]. agr., UnC/Engenharia da Horticultura, 89560-000 Fraiburgo, SC, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Caçador, e-mail: [email protected].

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54 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

sobre determinadas condições, comoem regiões subtropicais (Dennis Jr.,2003).

Após a indução floral, ocorre adiferenciação floral, que se estendedurante todo o ciclo vegetativo atépróximo à floração. A seqüência doprocesso de diferenciação se dá como aparecimento das sépalas,estames, pistilos, ovários, anteras,pólen e óvulo. Quando o ovário e asanteras já estão formados, é possíveldistinguir as gemas floríferas dasvegetativas com o auxílio de umalupa, o que para as condições do Suldo Brasil ocorre a partir de maio.

Órgãos de frutificação

A macieira se caracteriza porpossuir órgãos de frutificaçãomistos, ou seja, possui folhas e floresna mesma gema. Estes órgãos sãoclassificados em brindilas, esporõese gemas axilares (Figura 1). Osesporões podem ser divididosconforme a sua idade, de dois oumais anos. As brindilas são ramosde 10 a 40cm que se formam no anoanterior, apresentando na sua

extremidade uma gema, em geralflorífera, e ao longo do ramo, nainserção das folhas, gemas axilares.

Análise e identificaçãodas gemas

Embora em muitos órgãos defrutificação da macieira a aparênciaexterna possa ser um indicativo deflorada, uma informação maisprecisa, através da análise dasgemas, indicando a porcentagemreal de gemas floríferas e em quetipo de órgão ou ramo se encontram,é importante para o direcionamentodos trabalhos de poda. Esporõesmais velhos tendem a produzirfrutos pequenos de qualidadeinferior se comparados a esporõesjovens desenvolvidos em ramos detrês anos ou menos (Camelatto &Nachtigall, 1999).

Época de amostragem

A amostragem pode ser iniciadaa partir de maio, pois deste períodoem diante as estruturas internasdas gemas estarão diferenciadas,

permitindo a visualização, atravésde uma lupa, se a gema é floríferaou vegetativa. Quanto mais tardiaa análise, mais fácil será a suaidentificação.

Sistema de amostragem

A amostragem deve ser a maisrepresentativa possível da área. Opomar deve ser dividido em quadrasuniformes, com no máximo 5ha.

Retiram-se todas as gemas deum ramo submestre, em cincoplantas por quadra. Cada ramo deveconter pelo menos 20 gemas, e cadaamostra deve conter no mínimo200 gemas. Os ramos são coletadosnas partes baixa e intermediária daplanta e dos lados esquerdo e direitodas entrefilas.

As gemas devem ser destacadasdos ramos, deixando um pedaço delenho na base da mesma para quedurante a análise seja possívelprendê-la com uma pinça, facili-tando o seu manuseio (Figura 2).As estruturas de frutificação de-vem ser classificadas em esporõesde até dois anos, esporões com trêsou mais anos, brindilas curtas comaté 30cm e brindilas longas commais de 30cm de comprimento(Figura 1).

Identificação das gemas

As gemas (Figura 3) devem sercortadas longitudinalmente, de umterço a dois quintos do seu tamanho,com auxílio de um bisturi e vi-sualizadas em uma lupa binocu-lar com aumento de 40 vezes. Comeste aumento são facilmentereconhecidas as estruturas florais,onde no centro estão os carpelos(Figura 4A). As sépalas e as pétalasestão localizadas em torno doscarpelos. Nas gemas vegetativasnão são visualizados os carpelos,pois ficam mais fechadas, e a parteinferior é composta por parteslenhosas contendo cristais de açúcare amido (Figura 4B). É necessáriodeterminar somente a presença doscarpelos ou saco polínico para seregistrar como gema de flor.

Interpretação dosresultados

De posse dos resultados queincluem o número total de gemas

TipoA B

C

D

Figura 1. Diferentes órgãos de frutificação da macieira: (A) esporão dedois anos, (B) esporão de três ou mais anos, (C) brindila curta e (D)brindila longa e gemas axilares ao longo das brindilas

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analisadas e o número degemas floríferas de acordo comas estruturas de frutificação,os dados são transformados emporcentagem de gemas florí-feras por tipo de estrutura defrutificação (Tabela 1).

Os resultados permitemidentificar o percentual degemas floríferas total e por tipode estrutura de frutificação,bem como a distribuição das

gemas por tipo de estrutura defrutificação. Este último dadopermite inferir se a planta seencontra equilibrada ou se necessitade poda de renovação.

O percentual de gemas por tipoindica a localização das gemas naplanta e se a planta tem umequilíbrio entre gemas novas egemas envelhecidas. Uma plantaequilibrada dever ter no mínimo60% das gemas concentradas nostipos 1 e 3 e de 5% a 10% no tipo 4.Percentuais acima de 30% no tipo2 indicam que a planta estáenvelhecida, necessitando umapoda de renovação. Os percentuaisde gemas floríferas permitemdeterminar o número de gemas quedeve permanecer na planta após apoda. Se o percentual total for de60% a 80% de gemas floríferas,pode-se dizer que a floração seránormal. Isto significa que a podaserá normal, renovando-se osramos frutíferos, preparando-separa um raleio químico. Entre 30%e 60% será uma florada regular,evitando-se fazer, neste caso, a podade renovação, devendo-se preo-cupar com a polinização para evitara queda de flores.

Na Tabela 2 observam-se osdados do pomar, como o número deplantas por hectare, a capacidadede produção (CP), que é a me-tragem quadrada da copa (Ebert etal., 1987), o número de frutos pormetro quadrado de copa, que édefinido de acordo com a cultivar(Ebert et al., 1988), a produçãoestimada por hectare, o número defrutos por planta necessário paraatingir a produção estimada,considerando-se o número defrutos predeterminado por qui-lograma. Estas informações per-mitem calcular a quantidade degemas que devem ficar na plantaapós a poda (Tabela 3).

Orientação da poda

De posse dos resultados daTabela 3 pode-se dar o direcio-namento da poda, retirando-semaior ou menor quantidade degemas. Os percentuais de gemasdos vários tipos permiteminterpretar se a planta está noprocesso de envelhecimento.Quando apresentar percentuaisacima de 30% de esporões de três

Figura 4. Visualização de (A) gema florífera e (B) gema vegetativa emlupa binocular

A B

Tabela 1. Resultado da análise de gemas em quatro tipos de estrutura defrutificação na cultivar Gala. Caçador, SC, 2002

Tipo de estrutura deDiscriminação frutificação/amostra(1)

Total

1 2 3 4

Total de gemas (no) 310 50 230 40 630

Gemas floríferas (no) 217 40 193 20 470

Gemas floríferas (%) 70 80 84 50 74

Gemas por tipo (%) 49 8 36 6 -

(1)Tipo 1 – esporão com até dois anos; Tipo 2 – esporões com três ou maisanos; Tipo 3 – brindilas com até 30cm; Tipo 4 – brindilas com mais de30cm.

Figura 2. Gema destacada do ramo com pedaço de lenho na base

Figura 3. Gema preparada paravisualização em lupa binocular

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Tabela 2. Características do pomar e produção esperada em função dacapacidade de produção (CP) e do número de plantas por hectare

Planta/haFruto/

CP Fruto/m2 Fruto/kgProdução

planta esperada

..................nº.................. m2 de copa ..................nº.................. t/ha

1.480 229 2.820 x 120 ÷ 7 = 48,4

Tabela 3. Número de gemas que devem ficar e porcentagem de poda

FrutosGemas

Fertili-Gemas Fator de Gemas de Gemas

dispo- de corre- flor pós- pós-necessáriosníveis(1) dade

flor ção(2) correção poda(3)

.................nº................. % nº % ................nº................

229 860 x 74 = 636 20 509 387

(1)Número de gemas por planta antes da poda.(2)Variável de acordo com o histórico da frutificação efetiva do pomar, podendoser até 40%.(3)Frutos necessários x gemas disponíveis ÷ gemas de flor pós-correção.

ou mais anos (Tipo 2), há neces-sidade da poda de renovação.Quando ocorrerem percentuaiselevados de brindilas com mais de30cm há indicação de um exces-sivo crescimento vegetativo, epara amenizar deve ser evitado oex-cesso de poda de inverno e

reduzidas as adubações nitro-genadas.

Literatura citada

1. BAAB, G.; AHRWEILER – NEUE-NAHR, B. Zweijahrige Erfahrungenmit der knospnutesuchung. Obstbau,

v.13, p.460-469, 1988.

2. CAMELATTO, D.; NACHTIGALL, G.R. Influência da posição e do tipo deramo frutífero na qualidade das maçãs.Agropecuária Clima Temperado,Pelotas, v.2, n.1, p.29-35, 1999.

3. DENNIS Jr. F. Flowering, pollinationand fruit set and development. In.FERREE, D.C.; WARRINGTON, I.J.(Ed.). Apples, botany, production anduses. Wallingford, VK, 2003. p.153-166.

4. EBERT, A.; KREUZ, C.L.; RAASCH, Z.S. et al. Capacidade de produção damacieira. Florianópolis: Empasc, 1987.23p. (Empasc. Boletim Técnico, n.41).

5. EBERT, A.; KREUZ, C.L.; RAASCH, Z.S. et al. Raleio dos frutos da macieirano Alto Vale do Rio do Peixe em SantaCatarina. Florianópolis: Empasc, 1988.65p.

6. JACKSON, J.E.; PALMER, J.W.;PERRING, M.A. et. al. Effects of shadeon the growth and cropping of appletrees. III. Effects on fruit growth,chemical composition and quality atharvest and after storage. Journal ofHorticultural Science, v.52, p.267-282,1997.

7. PETRI, J.L. Formação de flores,polinização e fertilização. In. EMPASC.A cultura da macieira. Florianópolis,SC: Epagri, 2002. p.229-260.

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57Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

RRRRResposta do milho à aplicação de esterco de suínos eesposta do milho à aplicação de esterco de suínos eesposta do milho à aplicação de esterco de suínos eesposta do milho à aplicação de esterco de suínos eesposta do milho à aplicação de esterco de suínos enitrogênio mineral em áreas com uso intensivo denitrogênio mineral em áreas com uso intensivo denitrogênio mineral em áreas com uso intensivo denitrogênio mineral em áreas com uso intensivo denitrogênio mineral em áreas com uso intensivo de

adubo orgânicoadubo orgânicoadubo orgânicoadubo orgânicoadubo orgânico

Elói Erhard Scherer1, Ivan Tadeu Baldissera2 eCristiano Nunes Nesi3

Introdução

Com a crescente utilização deesterco em suplementação ou emsubstituição aos adubos minerais,principalmente nas regiões commaior densidade animal, deve-se

Resumo – Visando avaliar o efeito do esterco líquido de suínos e do adubo nitrogenado na produção de milhoem sistema plantio direto, foram conduzidos dois experimentos em Chapecó e Guatambu, SC, sobre um LatossoloVermelho distroférrico típico, no período de 2000 a 2004. O delineamento experimental foi em blocos casualizadoscom três repetições e tratamentos dispostos em parcelas subdivididas. Nas parcelas foram aplicados zero, 40 e115m3/ha de esterco na superfície e 40m3/ha no sulco de semeadura. Nas subparcelas foram aplicados zero, 60 e120kg/ha de N, sendo um terço na semeadura e dois terços 45 dias após. Em Guatambu, a resposta do milho àadubação nitrogenada mineral e ao esterco foi significativa nos anos com incrementos lineares para N mineral,na ausência de esterco, e com efeito quadrático para esterco, na ausência de N mineral. O rendimento máximofoi obtido com aplicação de 85m3/ha de esterco. Em Chapecó, em área adubada com esterco por vários anos, aresposta do milho à adubação nitrogenada e esterco foi menor. Não foram observadas diferenças em produção degrãos entre os modos de aplicação do esterco.Termos para indexação: produtividade, fertilidade do solo, plantio direto.

Corn response to pig slurry and nitrogen fertilization in areas highly fertilizedwith organic manure

Abstract – Two field experiments were carried out from 2000 to 2004 in Chapecó and Guatambu, State of SantaCatarina, Brazil, to evaluate the effect of pig slurry and N fertilizer on yield of corn cultivated under no tillagein an Oxisol. The experimental design was randomized block with treatments set in split plots and threereplications. The main plots received pig slurry (zero, 40 and 115m3/ha) broadcasted on the surface or incorporatedin furrows (40m3/ha). In the subplots, the annual N fertilizer (zero, 60 and 120kg/ha) was split in 1/3 at corn sowingand 2/3, 45 days later. In Guatambu, in most growing seasons, corn yields increased linearly with the N fertilizerrates. The response to pig slurry without N fertilizer was quadratic in all seasons. The maximum yield wasobtained with 85m3/ha of pig slurry. In Chapecó, on a soil that had received pig slurry for a long time, the Nfertilizer had little effect on corn yield. There was no difference in corn yield between the application methodsof pig slurry.Index terms: corn yield, organic fertilization, soil fertility, no tillage.

conhecer a resposta das culturasaos adubos adicionados, a mag-nitude das reações dos nutrientescom os argilominerais do solo, adisponibilidade para as plantas epotenciais riscos de poluição am-biental.

O nitrogênio (N) é o nutrienteencontrado em maior quantidade noesterco líquido de suínos (Scherer& Castilhos, 1994; Scherer et al.,1995) e o que tem maior efeito nocrescimento do milho e, freqüen-temente, é o que mais limita a

Aceito para publicação em 9/5/06.1Eng. agr., Dr., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar – Cepaf –, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (49) 3361-0600,e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Cepaf, e-mail: [email protected].

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produção de grãos (Yamada, 1995).O N estimula o crescimento e aatividade radicular, com reflexospositivos na absorção de outrosnutrientes (Olson & Kurtz, 1982).Porém, pela sua grande mobilidadeno solo, na forma de nitrato, podechegar facilmente aos mananciaisde água e tornar-se um problemaambiental (Loehr, 1974).

A rápida adoção do sistema deplantio direto à exploração agrícolaem Santa Catarina, além de reduziras perdas de solo e nutrientes porerosão e minimizar os riscos dedegradação ambiental, altera adinâmica dos nutrientes no solo,aumentando a eficiência dos adubosaplicados (Ceretta & Fries, 1997).No plantio direto, os adubosminerais e orgânicos são adicio-nados na superfície, sem revolvi-mento do solo. Isso, aliado à depo-sição dos resíduos vegetais, favo-rece sua ciclagem nessa camada,diminuindo o contato dos nutrien-tes com o solo e determinando oacúmulo dos elementos menosmóveis na camada superficial(Ceretta & Fries, 1997; Amado &Mielniczuk, 2000). Parte do Nadicionado pela adubação poderáser imobilizado pelos micror-ganismos nos restos culturaisexistentes na superfície do solo, oque retarda a mineralização(Amado et al., 1999) e aumenta seuefeito residual, reduzindo possíveisimpactos ambientais pela lixiviaçãode nitrato (Loehr, 1974). Porém, aaplicação superficial do esterco e doadubo nitrogenado pode aumentaras perdas por volatilização deamônio (Lara-Cabezas et al., 1997).

A recomendação de adubaçãonitrogenada para milho e demaisculturas no Rio Grande do Sul eSanta Catarina é baseada no teorde matéria orgânica (MO) do solo ena resposta das culturas emensaios de adubação (SociedadeBrasileira de Ciência do Solo, 2004),a maioria realizados no sistemaconvencional de cultivo, comlavração, incorporação dos adubose utilização de adubos minerais(Ceretta & Fries, 1997). Essaspráticas não refletem a realidade daRegião Oeste Catarinense, em queesterco de suínos e outros ferti-lizantes orgânicos são usados naadubação das culturas.

O objetivo desse trabalho foi

avaliar a resposta do milho àadubação nitrogenada e à aplicaçãode esterco de suínos em solos queregularmente vinham recebendoadubação orgânica.

Material e métodos

O trabalho foi realizado noperíodo de 2000 a 2004, em doisestabelecimentos agrícolas deChapecó e Guatambu, Região Oestede Santa Catarina. Os solos sãoclassificados como Latossolo Ver-melho distroférrico típico. Asanálises de solo (Tabela 1) foramrealizadas na implantação doexperimento seguindo metodologiada Rede Oficial de Laboratórios doRS e SC.

O delineamento experimentalutilizado foi em blocos ao acaso comtrês repetições e com os trata-mentos dispostos em parcelassubdivididas. Nas parcelas foramavaliadas as doses de estercolíquido de suínos (zero, 40 e 115m3/ha), aplicadas na superfície semincorporação, e uma dose de 40m3/ha com incorporação. Nas sub-parcelas foram avaliadas as doses

de N (zero, 60 e 120kg/ha) na formade nitrato de amônio, aplicando-seum terço na semeadura e o restante45 dias após. O esterco foi todoaplicado na semeadura, com tanquede distribuição acoplado ao trator.Os resultados da análise do estercosão apresentados na Tabela 2.

O milho foi semeado em linhasespaçadas de 0,9m, com seisplantas por metro, em parcelas de144m2 e subparcela de 48m2. Orendimento de grãos foi avaliadonas quatro linhas centrais dasubparcela (área útil de 21,60m2),corrigido para 15% de umidade esubmetido à análise de variância ede regressão. Nas safras 2000/01 e2003/04 foi utilizado o híbrido AG-6018 e nas safras 2001/02 e 2002/03, o híbrido AG-9090. No invernocultivou-se aveia-preta, exceto noano de 2001 em Chapecó, quandofoi cultivado nabo forrageiro. Noflorescimento, o nabo foi roladocom rolo-faca, enquanto a aveia-preta foi dessecada com Glifosato,em torno de 20 dias antes dasemeadura do milho, realizada nofinal de setembro/início de outubro.Antes da instalação dos experi-

Tabela 1. Características químicas do solo antes da instalação dosexperimentos de Chapecó e Guatambu (camada de zero a 20cm)

Local Argila pH (1:1) I-SMP P K MO Al Ca Mg

% ..mg/dm3.. % ....cmolc/dm3....

Chapecó 49 5,4 5,8 192 351 4,2 0,3 6,6 2,5

Guatambu 56 5,2 5,5 18 242 4,0 0,2 6,2 1,8

Tabela 2. Concentração de nutrientes e matéria seca no esterco líquidode suínos utilizado nos experimentos de Chapecó (quatro safras) eGuatambu (três safras)

Local Safra N – total P2O5 – total K2O – total MS

............................kg/m3.............................. %

Chapecó 2000/01 2,77 0,56 1,72 1,04

2001/02 3,59 0,76 2,58 0,98

2002/03 4,29 0,53 1,40 0,91

2003/04 2,80 0,90 1,20 1,96

Média 3,36 0,68 1,73 1,22

Guatambu 2001/02 4,21 3,04 1,68 5,06

2002/03 4,02 1,84 2,18 2,21

2003/04 3,21 2,13 2,01 2,12

Média 3,81 2,34 1,97 3,12

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mentos, as áreas eram cultivadasem plantio direto. A área deChapecó era adubada com estercolíquido de suínos havia 12 anos, e aárea de Guatambu, com cama deaviário por quatro anos e, nosúltimos dois, com adubo mineral.O sistema de plantio direto era deoito anos em Chapecó e três anosem Guatambu, pois o solo haviasido revolvido para incorporação de4t/ha de calcário. Não foramrealizadas adubações com fósforo epotássio, pois os solos apresen-tavam efeito residual de adubaçõesanteriores acima dos níveis críticosde suficiência (Sociedade Brasileirade Ciência do Solo, 2004).

Resultados e discussão

O rendimento médio de grãos demilho (Tabela 3) foi sempre maiorem Chapecó. Isso pode seratribuído às diferenças em algumascaracterísticas de fertilidade do solo(Tabela 1), precipitação, manejo dosolo e rotação de culturas. Noexperimento de Guatambu, aprodução de grãos foi influenciadapelas doses crescentes de esterco ede adubo nitrogenado, porém sem

efeito significativo para a interação(Tabela 4). No experimento deChapecó, as adubações exerceramefeito na produção de milho apenasem 2001/02. Nos demais anos nãohouve resposta significativa paranenhum dos adubos. O modo deaplicação dos 40m3/ha de esterco(incorporado ou na superfície) nãoinfluenciou a produção de milho emnenhum dos locais e anos decultivo. Resultados semelhantesforam obtidos por Scherer &Castilhos (1994) em um Latossolode Santa Catarina e por Konzen etal. (1989) em solos de Cerrado noEstado de Minas Gerais. Estesresultados podem ser atribuídos,principalmente, ao baixo teor dematéria seca dos estercos (Tabela2), possibilitando uma rápidainfiltração do líquido no solo, e comisso havendo menor perda de N porvolatilização de amônio (Lara-Cabezas et al., 1997).

Foram ajustadas funções deprimeiro e segundo graus (Tabela4) e estimados os pontos demáxima eficiência técnica (PMET).Verifica-se que, em Guatambu, aresposta do milho às doses de N,na ausência de esterco, foi qua-

drática em 2001/02 com PMET em130,7kg/ha de N mineral e linearcom incrementos de 18,8 e 19,2kgde grãos por quilograma de Naplicado em 2002/03 e 2003/04,respectivamente. Com a utilizaçãode 40m3/ha de esterco, a respostado milho a N foi linear esignificativa (P < 0,05) apenas noprimeiro ano. Nesse ano foialcançado incremento de 14,3kg degrãos para cada quilograma de Naplicado. Quando se utilizaram115m3/ha de esterco, o incrementofoi de 11,3kg de grãos para cadaquilograma de N aplicado. Re-sultados semelhantes foram obtidospor Scherer (2001) com utilizaçãode diferentes fontes de nitrogênioem milho no sistema plantio direto.

O efeito do esterco na produçãode grãos de milho foi significativo,variando com as doses de Nutilizadas (Tabela 4). Na ausênciade adubo nitrogenado, o PMET foiobtido com a aplicação de 81,5; 88e 93,1m3/ha de esterco, nas safrasde 2001/02, 2002/03 e 2003/04, res-pectivamente. Quando se utilizouN mineral, com exceção doprimeiro ano, em que o PMET foiobtido pela aplicação de 78,7m3/ha

Tabela 3. Produção de milho nas safras 2000/01, 2001/02, 2002/03 e 2003/04 comutilização de esterco de suínos e nitrogênio no sistema de plantio direto, nosmunicípios de Chapecó e Guatambu

Chapecó GuatambuEsterco N

2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2001/02 2002/03 2003/04

m3/ha ...............................................................kg/ha...........................................................

0 0 9.998(1) 7.800 8.251 6.754 3.005 4.311 3.998

0 60 9.860 8.226 9.435 7.644 5.412 5.809 6.001

0 120 9.949 8.013 9.668 7.944 6.357 6.563 6.306

40 0 10.672 8.149 8.553 7.368 5.565 6.753 6.856

40 60 10.783 8.439 8.131 7.610 6.354 6.973 8.457

40 120 10.588 8.985 8.131 7.765 7.287 7.204 8.550

40(2) 0 10.791 7.435 7.832 7.698 5.581 3.973 6.949

40(2) 60 10.730 8.471 8.450 7.685 6.452 7.204 8.293

40(2) 120 9.978 8.874 8.852 7.260 7.212 7.371 8.712

115 0 9.953 8.642 9.321 8.377 5.874 7.144 7.967

115 60 10.367 8.672 9.635 8.115 6.413 7.645 8.436

115 120 10.421 8.469 9.120 8.332 7.235 8.060 8.855

(1)Média de três repetições.(2)Aplicação incorporada.

de esterco combinado com60kg/ha de N, não foiencontrada resposta àutilização de esterco. Essasquantidades de esterco paraPMET são maiores que asrelatadas por Scherer &Castilhos (1994) e porScherer et al. (1995). Essefato deve ser atribuído àqualidade do esterco, quenos ensaios anteriores tinhaaproximadamente o dobrode matéria seca (MS) (6%)que a atualmente encon-trada (Tabela 2), tornando-se necessária a aplicação demaiores quantidades doesterco para a equivalênciaem nutrientes.

Em Chapecó, foram obti-das altas produções de grãosem todos os tratamentos(Tabela 3), bem acima dasproduções alcançadas emGuatambu, inclusive nasparcelas sem esterco e N.Essas produções nas quatrosafras estão bem acima damédia estadual (abaixo dos5.000kg/ha) e podem ser

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atribuídas à boa fertilidade do soloconseguida graças a sucessivasaplicações de esterco e adubosminerais nos anos que ante-cederam à instalação do experi-mento. Comparando-se as caracte-rísticas químicas do solo antes dainstalação do experimento (Tabela1) com os valores de referência(Sociedade Brasileira de Ciência doSolo, 2004), verifica-se que a áreaera de alta fertilidade, com boadisponibilidade de MO (acima de 4%)e teores de P e K quase dez vezessuperiores ao nível de suficiênciaestabelecido para solos argilososclasse 2. Nos dados da Tabela 3observa-se que em Chapecó aadubação nitrogenada promoveuum baixo incremento na produçãode milho. Em três safras (2000/01,2002/03 e 2003/04) não foramobservadas respostas significativasdo milho à utilização de esterco e

N. Apenas na safra 2001/02, aresposta do milho foi significativatanto para esterco (quando não foiaplicado N) como para N (quandoforam aplicados 40m 3/ha deesterco). Os incrementos naprodução de grãos foram de 6,9 e7,2kg para cada quilograma de N emetro cúbico de esterco, respec-tivamente.

Na análise conjunta dasprodutividades dos três anos deGuatambu, a resposta à aplicaçãode N foi linear (Figura 1A), comincrementos de 21,9; 10,7 e 8,8kgde milho para cada quilograma deN aplicado nas parcelas com zero,40 e 115m 3/ha de esterco,respectivamente. Por sua vez, aresposta à utilização de esterco, namédia dos três anos (Figura 1B), foisignificativa para as doses zero e60kg/ha de N. Na primeiracondição, a resposta foi quadrática

e PMET com 85,5m 3/ha deesterco. Com a utilização de60kg/ha de N, a resposta foilinear, com incremento de13,7kg de grãos para cadametro cúbico por hectare deesterco aplicado. Possi-velmente, a maior respostado milho ao adubo nitro-genado, mesmo nas parce-las com a maior dose deesterco (115m3/ha), pode seratribuída ao melhor apro-veitamento do N aplicado deforma parcelada. Resultadossimilares, porém com maiormagnitude, foram obser-vados por Pandolfo & Veiga(2001) com adubação nitro-genada em plantio diretoem solo do Meio-OesteCatarinense e por Scherer(2001) em Latossolo noOeste Catarinense. Atravésdesses resultados observa-se que a resposta diferen-ciada em favor da adubaçãoparcelada depende muitodas condições climáticas queocorrem durante o ciclo dacultura.

Este estudo evidenciaque, do ponto de vista defornecimento de N aomilho, para uma produ-tividade próxima de 7t/ha degrãos, a demanda da culturapode ser atendida exclu-sivamente pela minera-

Tabela 4. Equações de regressão e respectivos coeficientes de determinação paraprodução de grãos de milho ( y ) em função das doses de adubo nitrogenado (kg/ha) e esterco de suínos (m3/ha) para cada safra e local

Guatambu ChapecóSafra(1) N Esterco

Equação R2 Equação R2

2001/02 x 0 0,88 ns -

x 40 0,78 0,62

x 115 0,80 ns -

2002/03 x 0 0,63 ns -

x 40 ns - ns -

x 115 ns - ns -

2003/04 x 0 0,57 ns -

x 40 ns - ns -

x 115 ns - ns -

2001/02 0 x 0,88 0,42

60 x 0,67 ns -

120 x ns - ns -

2002/03 0 x 0,93 ns -

60 x ns - ns -

120 x ns - ns -

2003/04 0 x 0,91 ns -

60 x ns - ns -

120 x ns - ns -

(1)Dados da safra 2000/01 não tiveram resposta significativa.Notas: x = as doses variam de acordo com a fonte de adubo; ns = não-significativo.

lização da matéria orgânica do solo.Estes resultados confirmam o altopotencial de suprimento de N desolos que recebem constantementeadubação orgânica, fato registradoem outros experimentos (Schereret al., 1984). Por outro lado,contrasta com os resultados obtidoscom adubação mineral em milho nosistema plantio direto (Amado etal., 1999; Amado & Mielniczuk,2000; Pandolfo & Veiga, 2001),principalmente quando é utilizadaaveia-preta antes do milho, em quehá maior imobilização do N e,portanto, maior necessidade deaplicação desse nutriente viaadubação.

Tomando conjuntamente osquatro anos, somente a adubaçãonitrogenada mineral apresentouefeito significativo na produção demilho. Os incrementos médiosanuais para cada quilograma de N

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Figura 1. Produção média de milho de três safras com aplicação de (A) nitrogênio e (B) esterco de suínos emGuatambu

Pro

du

ção

de

grã

os

(kg

/ha)

aplicado foram da ordem de 5,7kgde grãos. Isso mostra que, apesardos solos dos dois locaisapresentarem um teor de MOsemelhantes (Tabela 1), a respostaà adubação nitrogenada foibastante distinta. Isso aponta paramaior taxa de mineralização de Nno solo de Chapecó e que arecomendação atual de N, baseadaexclusivamente no teor de MO dosolo, pode superestimar asnecessidades de adubação,principalmente em solos manejadoscom plantio direto, rotação deculturas e adubação orgânica. Autilização contínua de esterco eadubo mineral em plantio diretoproporcionou maior produção eacúmulo na superfície do solo deuma palhada mais rica em N ecom menor relação C/N, fator quedeve ter proporcionado maiorefeito residual e mineralização doN durante todo o ciclo da cultura eresulta em altos rendimentos demilho, mesmo sem adubaçãonitrogenada. Trabalhos de Amadoet al. (1999) e Amado e Mielniczuk(2000) mostram que em plantiodireto existe efeito positivo daadubação nitrogenada aplicada naaveia sobre o rendimento de milhocultivado em sucessão e relatamque a redução da relação C/N,induzida pela adubação nitro-genada, foi a principal responsávelpela maior produtividade do milho

em sucessão. Há dois aspectosimportantes a considerar nessaresposta da cultura ao N: amagnitude da resposta e a dose deN para obter um resultadoeconômico favorável. Verifica-seque, aos preços médios de R$ 2,10/kg de N e R$ 0,35/kg de milho, sóseria econômica a utilização deadubo nitrogenado no milho quandohouvesse um incremento mínimode 6kg de grãos para cadaquilograma de N aplicado semconsiderar capital e juros, o que nãoaconteceu em nenhum dos quatroanos no experimento de Chapecó.Portanto, seria antieconômico ouso de adubo nitrogenado nacultura do milho nessa condição defertilidade e manejo do solo.

Conclusões

A magnitude de resposta domilho à adubação com esterco e Ndepende das características locais,solo e histórico da área. Portanto,a utilização exclusiva do teor de MOdo solo para embasar a recomen-dação de adubo nitrogenado emáreas continuadamente fertiliza-das com esterco pode não sersuficiente.

Não há diferença em rendi-mento de grãos para o modo deaplicação do esterco líquido, sulcoou na superfície do solo.

Para maximizar a produção demilho é necessário aplicar-se entre80 e 90m3/ha de esterco líquido desuínos com teor médio de 3% deMS.

Em áreas intensivamenteadubadas com esterco, as doses deadubo nitrogenado recomendadaspela Comissão de Fertilidade doSolo podem ser reduzidas.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPqpelo suporte financeiro e aosprodutores Mario Lanznaster eMarlene Colombi, proprietários dasterras onde foram conduzidas aspesquisas.

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0 20 40 60 80 100 120 0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

0m3/ha de esterco (y = 3.987,0 + 21,9x R2 = 0,85) 40m3 /ha de esterco (y = 6.466,5 + 10,7x R2 = 0,41) 115m3/ha de est erco (y = 6.987,0 + 8 ,8x R2 = 0 ,57)

(A) Nitrogênio (kg/ha)

Pro

du

ção

de

grã

os

(kg

/ha)

(B) Esterco de suínos (m3/ha)

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62 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

mentos e práticas culturais. Lages, SC:Sociedade Brasileira de Ciência doSolo, Núcleo Regional Sul, 1997. p.111-120.

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63Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Avaliação participativa de linhagens eAvaliação participativa de linhagens eAvaliação participativa de linhagens eAvaliação participativa de linhagens eAvaliação participativa de linhagens ecultivares de feijãocultivares de feijãocultivares de feijãocultivares de feijãocultivares de feijão

Rogério Luiz Backes1, Alvadi Antonio Balbinot Junior 2, Adriano Martinho de Souza3,Luiz Augusto Meister4 e Jaime Schroeder5

Introdução

No desenvolvimento de culti-vares das espécies de importânciaagrícola, buscam-se caracteres deimportância agronômica e econô-mica. Este trabalho geralmente érealizado em áreas experimentaisde instituições de pesquisa, queprocuram atender regiões amplascom suas cultivares. Entre oscritérios de seleção, a produtividadetem recebido especial atenção,

Resumo – Os objetivos deste trabalho foram realizar avaliações em ensaio de linhagens e cultivares de feijãocom a participação de agricultores, comparar esses resultados com as avaliações tradicionais e verificar a associaçãode avaliações realizadas por técnicos e agricultores. O trabalho foi conduzido pela Epagri/Estação Experimentalde Canoinhas, em ensaio de VCU (valor de cultivo e uso) de feijão preto na safra 2004/05, com a participação deseis agricultores e cinco técnicos, todos com experiência na cultura. Houve consonância entre as avaliaçõesvisuais realizadas por agricultores e por técnicos, e estas estão, em geral, associadas às avaliações tradicionaisutilizadas nos programas de melhoramento de plantas. Para produtividade de grãos, a avaliação visual se mostroueficiente apenas na identificação de genótipos de baixo potencial. CNPF 7762 foi o genótipo que recebeu osmelhores conceitos na média das variáveis avaliadas.Termos para indexação: Phaseolus vulgaris, melhoramento, avaliação visual.

Participatory evaluation of bean lines and cultivars

Abstract – The objectives of this study were to compare the farmers evaluations of bean lines and cultivarswith traditional evaluations, as well as to verify the correlation among technician and farmer evaluations. It wascarried out at Epagri/Experiment Station of Canoinhas, in a crop and use value (VCU) experiment of black beanin the season 2004/05. Six farmers and five technicians experienced in common bean crop evaluated the genotypes.There were strong agreement among visual evaluations made by farmers and technicians, and these evaluationsare, in general, correlated with traditional evaluations used in breeding program. However, for grain yield, thevisual evaluation was only efficient to identify the genotypes that had low yield potential. The genotype CNPF7762 received the highest scores in the participative evaluation.Index terms: Phaseolus vulgaris, breeding, visual evaluation.

principalmente nas culturas degrãos. O melhoramento genéticode plantas também possibilitouganhos pela incorporação deresistência a doenças, estabilidadede produção, melhoria da qualidadedo produto colhido, resistência aoacamamento, melhoria na ar-quitetura de planta, redução dealtura, precocidade e adaptação,entre outros.

Uma forma de potencializar osganhos genéticos e adequar estes

às verdadeiras necessidades dosagricultores é buscar a participaçãodestes nos programas demelhoramento (Rhoades & Booth,1982). É sabido que agricultores,pela experiência que possuem nocultivo de determinada espécie,podem e devem contribuir para oaperfeiçoamento das atividades deseleção, especialmente quanto acritérios a serem avaliados emelhorados (Baidu-Forson, 1997).Alguns trabalhos realizados têm

Aceito para publicação em 30/5/06.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, C.P. 216, 89460-000 Canoinhas, SC, fone: (47) 3624-1144, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected]. agr., Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, e-mail: [email protected]écnico agrícola, Epagri/Escritório Municipal de Major Vieira, C.P. 12, 89480-000 Major Vieira, SC, fone: (47) 3655-1013, e-mail:[email protected]écnico agrícola, Epagri/Escritório Municipal de Canoinhas, C.P. 216, 89460-000 Canoinhas, SC, fone: (47) 3622-4013, e-mail:[email protected].

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mostrado que a seleção realizadapor agricultores tem sido con-sistente. Neste sentido, Kitch et al.(1998) relatam que 67% dosgenótipos de Vigna unguiculataselecionados por um grupo deagricultores foram novamenteselecionados na safra seguinte poroutro grupo de agricultores,mostrando o aspecto preditivo daseleção realizada por estes.Tradicionalmente, os agricultorestendem a escolher suas cultivaresbaseando-se em uma série decaracterísticas importantes rela-cionadas a produtividade, quali-dade, estabilidade e resistência afatores bióticos e abióticos (Baidu-Forson, 1997; Kitch et al., 1998;Morros & Pire, 2003). O conceitode produtividade utilizado pormuitos melhoristas tambémengloba a análise de característicascomo acamamento, altura deplanta, ciclo de desenvolvimento,tipo de grão e ocorrência dedoenças. Assim, a seleção visualpara produtividade de grãos sofreinfluências que diminuem aeficiência da seleção direta. Noentanto, há autores que re-comendam sua utilização emprogramas de melhoramento,especialmente no descarte degenótipos menos promissores(Cutrim et al., 1997; MarquesJunior et al., 1997).

Algumas estratégias podem seradotadas para garantir a conso-nância entre o trabalho demelhoramento genético executadopelas instituições de pesquisa e asdemandas de agricultores: cultivoe avaliação dos genótipos pelosagricultores em suas propriedades,avaliação dos genótipos pelosagricultores em áreas experi-mentais e programas de melhora-mento participativo. Neste sentido,alguns autores têm recomendado oenvolvimento de agricultores nafase final do programa de melho-ramento, após o descarte dosmateriais menos promissores, masem fase que ainda exista varia-bilidade genética, permitindo aincorporação dos critérios deinteresse dos agricultores eaumentando a probabilidade deuso das cultivares desenvol-vidas (Rhoades & Booth, 1982;Baidu-Forson, 1997; Thiele et al.,1997).

Os objetivos deste trabalhoforam realizar avaliações em ensaiode linhagens e cultivares de feijãocom a participação de agricultorese comparar esses resultados com asavaliações tradicionais, bem comoverificar a associação de avaliaçõesrealizadas por técnicos e agri-cultores e identificar genótiposdesejáveis segundo estes critérios.

Material e métodos

Avaliou-se um ensaio de VCUcom 24 genótipos de feijão preto,no delineamento de blocos casua-lizados, com quatro repetições.Ensaios de VCU passaram a serexigidos para o registro de novascultivares pela Lei de Proteção deCultivares (Lei no 9.456/97). Aunidade experimental foi cons-tituída por quatro fileiras de 4m,espaçadas em 0,5m. O ensaio foiimplantado em 24/11/2004, nomunicípio de Papanduva, SC noCampo Experimental SaltoCanoinhas da Epagri/EstaçãoExperimental de Canoinhas.

Foram adotados dois processosde avaliação: tradicional e partici-pativo. No esquema tradicional, ospesquisadores realizaram asseguintes avaliações: dias para amaturação (DPM), intensidade doataque de bacteriose (BACT);intensidade do ataque de antrac-nose na vagem (ANT), manchaangular na vagem (MANG) eprodutividade em quilogramas porhectare, corrigidos para 13% deumidade (PRO). A partir da somadas variáveis ANT e MANG, criou-se a variável DVG, que expressaintensidade total de doenças navagem. A incidência das doenças foiavaliada no período de enchimentode grãos com base em escala de 1(ausência de sintomas) a 10 (altaintensidade e severidade dadoença).

No esquema participativo, umgrupo de seis agricultores definiualguns critérios de avaliação,considerados determinantes naescolha de cultivares. Os critériosdefinidos foram: porte das plantas(PRT), intensidade de ataque dedoenças (DOE), precocidade(PREC), uniformidade de matu-ração (UMA), presença deaberturas (início de deiscência) naextremidade basal das vagens

(ABV); rendimento de grãos(REND) e aspecto geral do genótipo(AGE). Considerando estes cri-térios, os genótipos foram avaliadosvisualmente por meio de escala comnotas de 1 a 5 (Marques Junior etal., 1997), com a seguinte cor-respondência: 1 = muito ruim, 2 =ruim, 3 = bom, 4 = muito bom e 5 =ótimo. A avaliação dos genótipos,considerando os critérios definidospelos agricultores, foi realizada poreste mesmo grupo e também porum grupo de cinco técnicos comexperiência na cultura do feijão.Esta avaliação foi realizada porocasião da maturação das plantas.

Portanto, há três conjuntos dedados: a) avaliações tradicionais, b)avaliações por agricultores e c)avaliações por técnicos. As ava-liações b e c se referem aos critériosdefinidos pelos agricultores. Osresultados destas avaliações foramsubmetidos a análise de variânciae, nas variáveis em que o teste Ffoi significativo, as médias foramagrupadas pelo teste de Scott &Knott (5%). Adicionalmente,estimou-se a correlação linear dePearson entre variáveis. Osprocedimentos estatísticos foramrealizados com auxílio do programaSaeg.

Resultados e discussão

Do conjunto de característicasdefinidas pelos agricultores, aabertura de vagens (início dedeiscência) é provavelmente aúnica pouco considerada comocritério de seleção em programasde melhoramento de feijão.

Os agricultores elegeram aabertura de vagens ou início dedeiscência na extremidade basal(Figura 1) como característicaimportante a ser considerada naescolha de cultivares, pois com aabertura há entrada de umidade navagem, principalmente em períodoschuvosos, o que pode comprometera qualidade dos grãos.

Na Tabela 1, observa-se que oscoeficientes de variação dos parâ-metros avaliados visualmente, pormeio de escala de notas, são altos,mas menores para produtividade eciclo. Entre os genótipos avaliados,encontram-se materiais que aliamalta produtividade e baixa inci-dência de doenças nas vagens.

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Figura 1. Detalhe da abertura (inícioda deiscência) na extremidade basalda vagem

Tabela 1. Médias de características avaliadas tradicionalmente emensaios de VCU de feijão. Epagri, Papanduva, ano agrícola 2004/05

Características(1)

GenótipoPRO DPM ANT MANG DVG

BRS Expedito 4.178,2 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

CHP 97-04 4.018,0 93,5 b 1,5 b 1,0 c 2,5 b

CHP 97-01 4.014,7 95,2 b 1,5 b 1,0 c 2,5 b

CHP 98-58 3.999,0 97,0a 1,5 b 1,0 c 2,5 b

BRS Campeiro 3.887,0 93,5 b 1,0 b 1,5 b 2,5 b

CHP 97-02 3.840,0 93,5 b 1,7 b 1,0 c 2,8 b

CHP 99-55 3.833,5 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

CNFP 7762 3.818,2 95,2 b 1,0 b 1,0 c 2,0 b

IPR Uirapuru 3.805,5 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

FTS Soberano 3.752,5 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

LP 98-123 3.748,0 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

CHP 97-06-17 3.748,0 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

CHP 98-59 3.738,7 98,7a 1,7 b 1,0 c 2,8 b

Diamante Negro 3.735,0 98,2a 1,7 b 1,2 c 3,0 b

BRS Valente 3.710,2 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

IPR Chopim 3.685,5 93,5 b 1,0 b 1,0 c 2,0 b

IPR Graúna 3.677,5 93,5 b 1,0 b 1,2 c 2,3 b

SM 99-06 3.616,0 97,0a 1,2 b 1,0 c 2,3 b

FT Nobre 3.528,8 95,2 b 3,2a 1,2 c 4,5a

CHP 99-54 3.514,0 95,2 b 3,5a 1,0 c 4,5a

LP 01-51 3.499,0 98,2a 2,0 b 1,0 c 3,0 b

TB 97-13 3.461,7 98,7a 1,0 b 1,0 c 2,0 b

J 56 3.453,2 95,2 b 1,0 b 2,0a 3,0 b

CHP 99-65 2.774,2 97,0a 3,7a 1,0 c 4,8a

CV % 13,7 2,3 45,8 24,9 30,4

(1)Médias seguidas de mesma letras nas colunas constituem um grupohomogêneo (Scott & Knott a 5%).Nota: VCU = valor de cultivo e uso, PRO = produtividade, DPM = diaspara maturação, ANT = intensidade do ataque de antracnose na vagem,MANG = intensidade do ataque de mancha angular na vagem, DVG =intensidade total de doenças na vagem, CV = coeficiente de variação.

Para a produtividade de grãosnão foram observadas diferençassignificativas entre os genótipos,apesar da grande variaçãoobservada (Tabela 1). Os genótiposavaliados formaram dois gruposhomogêneos quanto ao ciclo, sendoque os mais tardios apresentaramciclo acima de 97 dias até amaturação, enquanto o grupo maisprecoce apresentou ciclo inferior a95,2 dias (Tabela 1).

Quanto à intensidade de an-tracnose nas vagens, também houvea formação de dois grupos homo-gêneos. Os genótipos CHP 99-65,CHP 99-54 e FT Nobre apresen-taram maior intensidade e seve-ridade dessa doença. Quanto àincidência de mancha angular nasvagens, os genótipos foram divididosem três grupos e os mais suscetíveisforam J 56 e BRS Campeiro.

Os resultados da avaliação dascaracterísticas definidas pelosagricultores são apresentados naTabela 2, onde é possível observarque, apesar da avaliação ter sidorealizada por meio da atribuição denotas, os coeficientes de variaçãoestão todos abaixo de 19% e, àexceção da característica porte, nasdemais os coeficientes de variaçãoda avaliação realizada poragricultores e por técnicos sãomuito próximos.

A linhagem CNPF 7762 recebeuas maiores notas quanto a porte deplanta na avaliação realizada pelos

agricultores e pelos técnicos (Ta-bela 2). Destaca-se que a avaliaçãorealizada pelos agricultoresresultou na formação de quatrogrupos, e a dos técnicos três,indicando que os agricultores forammais precisos que os técnicos.Entende-se que o último grupo degenótipos, que apresentava porteinadequado, não deve ter aceitação

por parte dos agricultores da região,mesmo que neste grupo hajacultivares já usadas, como FTSSoberano e Diamante Negro.

Com base nas notas médiasatribuídas pelos agricultores paraintensidade de doenças, os genótiposforam agrupados em quatro gruposde similaridade, ao passo que aavaliação dos técnicos resultou em

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três grupos (Tabela 2). No entanto,observa-se boa concordância entreos resultados, tanto considerandoos genótipos mais suscetíveis comoos mais resistentes. Esta concor-dância é reforçada pela correlaçãoexistente entre estas variáveis e anota para doenças da vagem (DVG)e, especialmente, com a ocorrência

Tabela 2. Médias das notas para características definidas por agricultores e avaliadas pelos mesmos e pelostécnicos em um ensaio de VCU de feijão. Epagri, Papanduva, ano agrícola 2004/05

Médias das notas atribuídas às características(1)

Genótipo PRT DOE PREC UMA ABV REND AGE

Agric.(2) Téc.(3) Agric. Téc. Agric. Téc. Agric. Téc. Agric. Téc. Agric. Téc. Agric. Téc.

BRS Expedito 3,83 b 3,50 b 3,79 b 3,65 b 2,63 c 2,20 c 2,83 c 2,95a 3,50 b 3,40 b 3,71a 3,45 b 3,29 b 3,40a

CHP 97-04 3,67 c 3,00 c 3,46 c 3,65 b 3,75a 3,40a 3,58 b 3,45a 3,88a 4,05a 3,42 b 3,20 b 3,33 b 3,05 b

CHP 97-01 3,46 c 3,05 c 3,50 c 3,85a 3,58a 3,40a 3,71 b 3,60a 3,83a 4,00a 3,54 b 3,60a 3,38 b 3,50a

CHP 98-58 3,13 d 2,25 c 3,29 c 3,55 b 3,21 b 3,25a 3,38 b 3,35a 3,58 b 4,00a 3,38 b 3,10 b 3,08 b 2,80 b

BRS Campeiro 3,71 c 3,30 b 3,83 b 3,85a 4,08a 4,10a 4,33a 4,20a 4,08a 4,10a 3,88a 3,45 b 3,83a 3,65a

CHP 97-02 4,00 b 3,80 b 3,58 b 3,70 b 3,83a 3,65a 4,04a 3,85a 3,79 b 4,05a 3,83a 3,95a 4,00a 3,70a

CHP 99-55 3,29 d 2,60 c 3,25 c 3,45 b 3,04 b 2,65 c 3,00 c 2,80a 3,92a 4,20a 3,38 b 3,10 b 3,00 b 2,90 b

CNPF 7762 4,83a 4,85a 4,50a 4,45a 4,13a 3,85a 4,71a 4,00a 4,67a 4,50a 3,75a 3,30 b 4,17a 3,90a

IPR Uirapuru 4,21 b 3,95 b 3,71 b 3,45 b 2,92 c 2,50 c 3,50 b 3,35a 4,29a 4,20a 4,17a 4,05a 3,67a 3,80a

FTS Soberano 3,63 c 2,90 c 3,33 c 3,65 b 2,71 c 2,40 c 3,00 c 3,60a 3,92a 4,20a 3,33 b 3,10 b 3,13 b 2,80 b

LP 98-123 3,63 c 3,35 b 3,38 c 3,60 b 2,58 c 2,50 c 2,58 c 2,55a 3,92a 3,80a 3,42 b 3,40 b 3,17 b 3,05 b

CHP 97-06-17 3,50 c 2,90 c 3,21 c 3,35 b 3,08 b 2,95 b 2,96 c 3,00a 4,08a 4,20a 3,38 b 3,15 b 3,13 b 3,05 b

CHP 98-59 4,00 b 3,70 b 3,67 b 3,55 b 3,29 b 3,10 b 3,25 b 3,00a 3,71 b 3,85a 3,63 b 3,80a 3,42 b 3,45a

Diamante Negro3,92 b 3,35 b 3,29 c 3,55 b 3,04 b 2,85 b 3,46 b 3,15a 4,29a 4,30a 3,46 b 3,55a 3,21 b 3,35a

BRS Valente 4,04 b 3,50 b 3,79 b 3,90a 3,38 b 3,20a 3,50 b 3,45a 4,42a 4,30a 3,96a 3,90a 3,63a 3,80a

IPR Chopim 3,96 b 3,75 b 4,38a 3,80a 4,08a 3,80a 4,33a 4,00a 4,08a 4,30a 4,25a 3,95a 4,17a 3,95a

IPR Graúna 4,25 b 3,70 b 3,83 b 4,05a 4,04a 3,60a 4,04a 3,80a 3,25 b 3,25 b 4,13a 4,00a 3,75a 3,85a

SM 99-06 3,58 c 3,40 b 3,58 b 3,45 b 3,25 b 3,10 b 3,42 b 3,30a 4,17a 4,10a 3,67 b 3,55a 3,38 b 3,45a

FT Nobre 3,75 c 3,40 b 2,50 d 2,30 c 3,12 b 3,00 b 3,17 c 3,10a 3,63 b 4,05a 3,17 b 3,45 b 2,96 b 2,95 b

CHP 99-54 3,79 c 2,85 c 2,13 d 1,75 c 3,38 b 3,35a 3,46 b 3,25a 3,96a 3,85a 3,21 b 2,85 b 3,08 b 2,40 b

LP 01-51 4,08 b 3,35 b 3,46 c 3,75 b 2,87 c 2,75 b 3,29 b 3,10a 3,71 b 4,10a 4,17a 4,00a 3,42 b 3,50a

TB 97-13 4,17 b 3,80 b 4,17a 4,10a 3,33 b 2,90 b 3,67 b 3,20a 3,17 b 2,85 b 3,96a 3,65a 3,79a 3,60a

J 56 3,96 b 3,60 b 3,33 c 3,25 b 3,54a 3,15 b 3,46 b 3,40a 3,96a 3,90a 3,50 b 3,35 b 3,38 b 3,55a

CHP 99-65 3,29 d 2,90 c 2,38 d 2,05 c 3,46 b 2,95 b 3,13 c 3,05a 4,00a 4,00a 2,96 b 2,70 b 2,83 b 2,45 b

CV % 6,62 11,53 9,77 9,29 12,11 14,16 12,17 18,19 9,66 9,14 8,63 9,82 10,59 11,30

(1)Médias seguidas de mesma letra nas colunas constituem um grupo homogêneo (Scott & Knott a 5%).(2)Avaliação realizada por seis agricultores.(3)Avaliação realizada por cinco técnicos.Notas: VCU = valor de cultivo e uso, PRT = porte das plantas, DOE = intensidade de ataque de doenças, PREC = precocidade, UMA= uniformidade de maturação, ABV = presença de aberturas (início de deiscência) na extremidade basal das vagens, REND =rendimento de grãos, AGE = aspecto geral do genótipo, CV = coeficiente de variação.

de antracnose nas vagens (Tabela3). Houve unanimidade naverificação de CHP 99-54, CHP 99-65 e FT Nobre como genótipos maissuscetíveis a doenças da vagem.

Houve alta correlação (0,78)entre notas para precocidadeatribuídas por agricultores e portécnicos, e destas com o número de

dias para maturação (Tabela 3).Verifica-se que foi possívelidentificar com relativa precisão osgenótipos mais precoces (Tabelas 1e 2). Quanto à uniformidade damaturação, os agricultores classi-ficaram os genótipos em trêsgrupos, enquanto os técnicos con-sideraram os genótipos uniformes

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Tabela 3. Estimativas de correlações de (e entre) notas atribuídas acaracterísticas definidas pelos agricultores (avaliadas pelos mesmos e portécnicos) e características tradicionalmente avaliadas em um ensaio deVCU de feijão. Epagri, Papanduva, ano agrícola 2004/05

Características Características avaliadas

Correlação avaliadas

Correlação

DOE-A ANT 0,58(*) REND-T PRO 0,11(ns)

DOE-T ANT 0,64(*) REND-A PRT-A 0,54(*)

DOE-A MANG - 0,02(ns) REND-T PRT-T 0,57(*)

DOE-T MANG 0,03(ns) REND-A REND-T 0,66(*)

DOE-T DVG - 0,54(*) AGE-A PRO 0,11(ns)

DOE-A DVG - 0,61(*) AGE-T PRO 0,19(*)

DOE-A DOE-T 0,80(*) AGE-A REND-A 0,75(*)

AGE-A ANT - 0,30(*) AGE-T REND-T 0,78(*)

AGE-A MANG 0,07(ns) AGE-A PRT-A 0,64(*)

AGE-T ANT - 0,42(*) AGE-T PRT-T 0,68(*)

AGE-T MANG 0,14(ns) AGE-A DOE-A 0,76(*)

ABV-A ABV-T 0,65(*) AGE-T DOE-T 0,72(*)

UMA-A UMA-T 0,59(*) AGE-A UMA-A 0,70(*)

PREC-A DPM - 0,50(*) AGE-T UMA-T 0,46(*)

PREC-T DPM - 0,47(*) AGE-A PREC-A 0,65(*)

PREC-A PREC-T 0,78(*) AGE-T PREC-T 0,40(*)

REND-A PRO 0,10(ns) AGE-A AGE-T 0,68(*)

(*) = significância estatística a 5% de probabilidade pelo teste t.(ns) = não-significativo.Notas: VCU = valor de cultivo e uso, DOE = intensidade de ataque de doenças,ANT = intensidade do ataque de antracnose na vagem, MANG = intensidade doataque de mancha angular na vagem, AGE = aspecto geral do genótipo, ABV =presença de aberturas (início de deiscência) na extremidade basal das vagens,DVG = intensidade total de doenças na vagem, UMA = uniformidade de maturação,PREC = precocidade, DPM = dias para maturação, REND = rendimento de grãos,PRO = produtividade, PRT = porte das plantas, A = avaliação realizada pelosagricultores, T = avaliação realizada pelos técnicos.

quanto a esta característica (Tabela2). No entanto, a correlaçãobaseada nas notas foi significativa(Tabela 3).

Para abertura de vagens, tantona avaliação dos técnicos como dosagricultores houve formação dedois grupos de médias. Com basena avaliação dos técnicos, o grupode genótipos com maior freqüênciade abertura de vagem é formadopor apenas três cultivares, ao passoque na avaliação dos agricultoreseste é formado por oito genótipos(Tabela 2). Destaca-se que esta éuma característica que tradicio-nalmente não tem sido avaliada nosprogramas de melhoramento defeijão.

Na avaliação participativa, osgenótipos foram divididos em doisgrupos quanto ao rendimento degrãos (Tabela 2), mas na avaliaçãotradicional (Tabela 1) não foramdetectadas diferenças significativasentre os genótipos. Isto explica asbaixas correlações encontradasentre estas avaliações visuais derendimento de grãos realizadas poragricultores e técnicos e a produçãoobtida na colheita (Tabela 3).

Observando as médias atri-buídas, verifica-se que não houveeficiência na identificação visual dosgenótipos mais produtivos, o que éjustificado primeiramente pelaspequenas diferenças de produti-vidade existentes entre osgenótipos de melhor desempenho.Sabidamente, o conceito deprodutividade, tanto para técnicoscomo agricultores, envolve outrascaracterísticas importantes paraaceitação das cultivares, dimi-nuindo a eficiência da seleção visualdireta. Por outro lado, os doisgrupos que realizaram a seleçãovisual identificaram o genótipomenos produtivo que foi o CHP 99-65, o que vem reforçar a afirmaçãode autores como Cutrim et al.(1997) e Marques Junior et al.(1997), que indicam a seleção visualde produtividade apenas para odescarte de materiais não-promissores. Na Tabela 3 observa-se, ainda, que houve forte asso-ciação entre as notas atribuídaspara rendimento de grãos poragricultores e por técnicos, indi-cando concordância nos conceitosrelacionados à produtividade degrãos. Ainda nesta tabela, destaca-

se a correlação existente entre asnotas para rendimento de grãos eo porte, que foram de 0,54 e 0,57nas avaliações realizadas poragricultores e técnicos, respecti-vamente, podendo-se afirmar que,na avaliação visual, o porte dasplantas esteve relacionado aoconceito de rendimento.

Os genótipos foram classificadosem dois grupos quanto ao AGE. Oprimeiro grupo foi constituído porapenas oito genótipos na avaliaçãorealizada pelos agricultores, e naavaliação realizada pelos técnicoseste grupo foi composto por 15genótipos (Tabela 2). As notas de

AGE estão fortemente corre-lacionadas às notas de rendimentode grãos, intensidade de doenças eporte, mostrando que os genótipospreferidos, tanto pelos agricultorescomo pelos técnicos, devem aliarpelo menos boas características deporte e algum nível de resistênciaa doenças. Verificou-se, também,associação das notas de aspectogeral com uniformidade de matu-ração e precocidade (Tabela 3).

Considerando conjuntamente oscritérios da avaliação participativa,a linhagem CNPF 7762 foi ogenótipo, ou estava no grupo degenótipos, que recebeu as melhores

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notas médias. As cultivares BRSCampeiro e IPR Chopim tambémestavam com grande freqüênciaentre os genótipos de melhoresnotas.

Conclusões

• As avaliações realizadas poragricultores e por técnicos sãofortemente associadas.

• As avaliações visuais estão, deforma geral, associadas àsavaliações tradicionais.

• Há consenso entre agricul-tores e técnicos quanto aosconceitos de avaliação utilizadosdentro de cada característica.

• A avaliação visual de pro-dutividade só é eficiente naidentificação dos genótipos menosprodutivos.

• A linhagem CNPF 7762 foi ogenótipo que recebeu as melhoresnotas médias na avaliação partici-pativa.

Agradecimentos

Aos agricultores Adélio JoseZacaluzne, Airton Novack, Ber-nardino Zakaluzne, Márcio Sem-pkoski, Sidnei José Schroeder eVanderlei Dejair Guth pelaparticipação na realização destetrabalho.

Literatura citada

1. BAIDU-FORSON, J. On-stationfarmer participatory varietalevaluation: a strategy for client-oriented breeding. ExperimentalAgriculture, v.33, p.43-50, 1997.

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69Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

TTTTTaxa fotossintética e transpiratória em diferentesaxa fotossintética e transpiratória em diferentesaxa fotossintética e transpiratória em diferentesaxa fotossintética e transpiratória em diferentesaxa fotossintética e transpiratória em diferentesestratos do dossel de 16 cultivares de tomateestratos do dossel de 16 cultivares de tomateestratos do dossel de 16 cultivares de tomateestratos do dossel de 16 cultivares de tomateestratos do dossel de 16 cultivares de tomate

Anderson Fernando Wamser1, Siegfried Mueller2,Luiz Carlos Argenta3

Introdução

A produção de frutos de tomateestá distribuída no dossel dasplantas. A importação de fotoas-similados pelos frutos ocorrepreferencialmente a partir dasfolhas mais próximas (Hocking &Steer, 1994). Assim, a produtividadedo tomateiro depende, em parte,das taxas de assimilação do gáscarbônico CO2 das folhas nosdiferentes estratos da planta e nãoapenas da fotossíntese total dodossel.

No dossel das culturas existe

Resumo – O presente trabalho teve por objetivo avaliar as taxas fotossintéticas e transpiratórias em cultivaresde tomate nos estratos superior, médio e inferior do dossel. As taxas fotossintéticas e transpiratórias, a condutânciaestomática, a concentração interna de CO2, a temperatura da folha, a temperatura do ar e a radiaçãofotossinteticamente ativa incidente foram avaliadas no início da colheita. Não houve diferenças expressivasentre as cultivares com relação às variáveis estudadas. As taxas fotossintéticas no início da colheita forammaiores nos estratos superiores do dossel. Todavia, em todos os estratos as taxas fotossintéticas estavam acimado ponto de compensação luminosa, contribuindo com fotoassimilados para o crescimento e desenvolvimentodos frutos. As taxas transpiratórias também foram maiores nos estratos superiores. Já a temperatura foliar foimaior nos estratos inferiores.Termos para indexação: Lycopersicon esculentum Mill, fotossíntese e transpiração.

Photosynthetic and transpiration rates in different canopy layers of 16 tomatocultivars

Abstract – The aim of this study was to evaluate the photosynthetic and transpiration rates in differentlayers of tomato cultivars. Photosynthetic rate, transpiration, stomata conductance, internal CO2 concentration,leaf temperature, air temperature and photosynthetically active radiation were evaluated in the beginning ofthe harvest. There were no differences among cultivars for all parameters. Photosynthetic rates were higher inthe upper layers. However, the photosynthetic rates in all layers were above the light compensation point,contributing with carbohydrates for the growth and development of the fruits. The transpiration rates were alsohigher in the upper layers. The leaf temperature was higher in the downer layers.Index terms: Lycopersicon esculentum Mill, photosynthesis and transpiration.

extinção gradativa da radiaçãofotossinteticamente ativa incidente(RFAi) em direção aos estratosinferiores (Wilson et al., 1992). Asfolhas superiores, expostas ao sol,geralmente operam em níveissaturantes de RFAi, enquanto queas folhas inferiores trabalhamabaixo destes níveis. O processo desenescência das folhas tambéminfluencia a fotossíntese total dodossel. A senescência no tomateiroocorre inicialmente nas folhas maisvelhas localizadas nos estratosinferiores (McAvoy & Janes, 1989).A perda de CO2 pela respiração em

folhas senescentes se aproxima, emestádios mais avançados, da fixaçãode CO2 pela fotossíntese. Destaforma, a estrutura produtiva dodossel das plantas pode ser divididaem duas partes: a camada superiore produtiva na qual a fotossínteseexcede a respiração e a camadainferior na qual a respiração excedea fotossíntese (Loomis & Connor,1992). O ponto de divisão é acamada de folhas que se encontrano ponto de compensação luminosa,onde a taxa de fixação do CO2 pelafotossíntese se iguala à taxa deconsumo de CO2 pela respiração.

Aceito para publicação em 8/11/05.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2023, e-mail:[email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Caçador, fone: (049) 3561-2011, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Caçador, fone: (049) 3561-2028, e-mail: [email protected].

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70 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Assim, cultivares que possuammaiores taxas fotossintéticas nosestratos inferiores, no início damaturação dos frutos, podempossuir maior potencial deprodutividade de frutos.

O presente trabalho teve comoobjetivo avaliar as taxasfotossintéticas e transpiratórias emdiferentes estratos do dosselvegetativo de 16 cultivarescomerciais de tomateiro.

Material e métodos

O experimento foi realizado nasafra de 2004/05, na Epagri/EstaçãoExperimental de Caçador – EECd–, localizada no município deCaçador, SC, região fisiográfica doVale do Rio do Peixe. O clima daregião é temperado constanteúmido, com verão ameno, do tipoCfb, conforme a classificação deKöepen. A temperatura do ar,umidade relativa e a precipitaçãototal anual, média dos últimosanos, é de 15,4oC, 80,5% e1.800mm, respectivamente (Pan-dolfo et al., 2002).

Avaliou-se a assimilação de CO2e as relações hídricas em 16cultivares de tomate: Alambra,Aplauso, Avansus, Cazador, Colibri,Débora PTO, Fanny, Kombat,Millennium, Netta, Netuno, Paron,Raiza N, Sebring, Sensação eStyllus e em três estratos dodossel: terço inferior, médio esuperior.

As mudas preparadas nosistema “float” foram transplan-tadas no dia 12/11/2004 utilizandoo sistema de plantio direto sobrepalha de aveia. A adubação de basefoi feita no sulco utilizando 60, 600e 300kg/ha de N, P2O5 e K2O,respectivamente, na fórmula 03-30-15, 10t/ha de esterco de frango,2,75kg/ha de B como bórax e40kg/ha de Zn como sulfato dezinco. As adubações de coberturaforam realizadas semanalmente apartir dos 30 dias após o plantio com30kg/ha de N e de K2O, totalizandooito aplicações até o momento dasavaliações. O espaçamento entrefileiras foi 1,75m e entre plantas foi0,6m. Cada cultivar foi plantada emduas linhas de 15m cada uma,totalizando 50 plantas por cultivar.Foram conduzidas duas hastes porplanta no sistema vertical com

bambu com a retirada de brotoslaterais e realização de amarrio dasplantas semanalmente. A irrigaçãopor gotejamento foi realizadaconforme necessidade da cultura.

As taxas fotossintéticas (A) etranspiratórias (E), a condutânciaestomática (g), a concentraçãointerna de CO2 (Ci), a temperaturada folha (Tfolha), a temperatura do ar(Tar) e a radiação fotossinte-ticamente ativa incidente (RFAi)foram determinadas com aparelhode análise de gases por infraver-melho portátil (IRGA, Li-6400, Li-Cor). As nomenclaturas estãosistematizadas na Tabela 1. A, Ci,E, g e Tar foram estimadas sob RFAde 2.000, 1.000, 500, 100 e zeroμmol de fótons/m2/s e concentraçãoconstante de 360μmol de CO2/mol.As variações de RFA foram obtidasatravés de uma fonte artificial deluz vermelha (LED) controlada porum sensor de quantum localizadosdentro da câmara de trocas gasosasdo IRGA. As avaliações foram feitasdurante seis dias a partir dos 80dias após o plantio (DAP) e entre as13 e 17 horas. Foi realizada umaleitura por estrato por dia comintervalo de um dia para cadacultivar. O delineamento experi-mental utilizado foi o inteiramenteao acaso. Até esta época não haviasido realizada a colheita de frutos.A resposta da A em função da

variação da RFA foi ajustada deacordo com a seguinte equação:

A = Amax [1-e-k(RFA-Qc)],onde Amax é a máxima taxa

fotossintética, k é a constante, RFAé a radiação fotossinteticamenteativa e Qc é o ponto de compensaçãoluminosa.

A eficiência do uso da radiação(EUR) foi estimada a partir daseguinte equação:

EUR = k.Amax.e(k.Qc),

sendo k a constante, Amax amáxima taxa fotossintética e Qc oponto de compensação luminosa.

Resultados e discussão

Não houve diferenças expres-sivas entre as cultivares para todasas variáveis analisadas. Destaforma, foram analisados somenteos valores médios de A (Figura 1),Ci, g, E e Tfolha (Figura 2) das 16cultivares, em função da variaçãoda RFA e dos estratos do dossel dasplantas.

A Tar média a partir dos 80 DAPdurante os seis dias de avaliações eentre as 13 e 17 horas variarampouco ao longo do dossel da cultura(Tabela 2). Já a avaliação da RFAimédia para este mesmo períodomostrou a sua extinção em direçãoaos estratos inferiores (Tabela 2).Os desvios-padrão foram altos paraa RFAi em todos os estratos em

Tabela 1. Variáveis analisadas e respectivas nomenclaturas

Variável Nomenclatura

A Taxa fotossintética

Amax Taxa fotossintética máxima

Ci Concentração interna de CO2

E Transpiração

EUR Eficiência do uso da radiação

g Condutância estomática

k Constante da equação

Qc Ponto de compensação luminosa

Rd Respiração no escuro

RFA Radiação fotossinteticamente ativa

RFAi Radiação fotossinteticamente ativa incidente

Tar Temperatura do ar

Tfolha Temperatura da folha

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71Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Figura 1. Taxa fotossintética (A) de diferentes estratos do dossel deplantas de tomate em resposta à radiação fotossinteticamente ativa(RFA) no início da maturação de frutos, média de 16 cultivares detomate. Caçador, SC, 2004/05

Figura 2. (A) Concentração interna de CO2 Ci, (B) temperatura da folha,(C) condutância estomática (g) e (D) taxa transpiratória (E) de diferentesestratos do dossel de plantas de tomate em resposta à radiaçãofotossinteticamente ativa (RFA) no início da maturação de frutos, médiade 16 cultivares de tomate. Caçador, SC, 2004/05

virtude da medição pelo IRGA serpontual, coincidindo muitas vezescom pequenos picos de menor oumaior insolação.

A taxa de respiração no escuro,obtida quando a RFA é igual a zero,e o ponto de compensação luminosa,valor de RFA onde a taxa fotos-sintética se iguala à taxa respira-tória, decresceram em direção aoestrato inferior das plantas (Tabela

2, Figura 1). Estes resultados sãosemelhantes aos encontrados porAcock et al. (1978). A menorrespiração e o menor ponto decompensação luminosa sãocaracterísticas de folhas de sombra(Taiz & Zeiger, 2004), permitindoque um pequeno aumento na taxafotossintética seja suficiente paralevar a zero as taxas líquidas detroca de CO2. Desta forma, as folhas

conseguem prolongar sua sobre-vivência em um ambiente comlimitação por luz (Loomis & Connor,1992). Acima do ponto de compen-sação luminosa há aumento linearna A, correspondendo à fase demáxima eficiência do uso daradiação (EUR), até o ponto desaturação luminosa, onde nãoocorrem mais aumentos em A como aumento da RFA. No entanto, oponto de saturação luminosa variouentre os estratos das plantas, sendoaproximadamente 1.000, 750 e500μmol de fótons/m2/s para osestratos superior, médio e inferior,respectivamente (Figura 1). Damesma forma, a Amax também variouentre os estratos das plantas,decrescendo em direção ao estratoinferior do dossel (Tabela 2, Figura1). Resultados semelhantes tambémforam observados por Acock et al.(1978). A variação do ponto desaturação luminosa e da Amax emfunção do estrato da planta tambémreflete um processo de aclimataçãodas folhas. Nota-se que a RFA desaturação no estrato inferior foisemelhante à RFAi nesta época.Embora folhas de sombra possuamum sistema mais eficiente naabsorção de radiação, elasapresentam, por unidade de áreafoliar, menor aparato fotossintéticopara captação de energia e reduçãodo CO2 (Salisbury & Ross, 1991).Analisando a EUR ao longo dodossel, o maior valor foi observadono estrato médio, seguido pelosestratos superior e inferior (Tabela2). Estes resultados mostram que amenor Amax em folhas dos estratosinferiores está mais relacionada aosprocessos naturais que ocorremdurante a senescência da folha(McAvoy & Janes, 1989), como adegradação de proteínas do aparatofotossintético, do que a aclimataçãoda folha à limitação de luz.

Embora a diferença em A tenhasido discrepante entre os estratos(Figura 1), a diferença entre a Ci foipequena (Figura 2A). Isto mostraque o CO2 não foi o limitante para aredução nas taxas fotossintéticasdos estratos inferiores. A reduçãoem A no estrato inferior do dosselpode estar ligada mais aos fatoresfotoquímicos e bioquímicos do queao suprimento de CO2. A tendênciade maiores teores de Ci em direçãoà camada superior, onde o consumo

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72 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Tabela 2. Temperatura do ar (Tar ), radiação fotossinteticamente ativaincidente (RFAi), ponto de compensação luminosa (Qc), respiração noescuro (Rd), taxa fotossintética máxima (A max) e eficiência do uso daradiação (EUR) em três estratos do dossel das plantas, média de 16cultivares. Caçador, SC, 2004/05

Estrato Tar RFAi Qc Rd Amax EUR

μμμμμmoloC μ μ μ μ μmol fótons/m 2/s μ μ μ μ μmol CO2/mol/s CO2/μμμμμmol

fótonsSuperior 33,0 ± 2,9 705 ± 655 36,56 3,0 16,53 0,072

Médio 33,3 ± 2,9 397 ± 489 30,46 2,3 12,81 0,083

Inferior 33,1 ± 2,6 454 ± 529 30,47 1,4 5,92 0,065

de CO2 é maior pela maior A, estárelacionada à maior g observadanesta camada (Figura 2C),facilitando a difusão do CO2 do meioexterno para a cavidade subesto-mática.

A E foi maior nos estratossuperiores das plantas (Figura 2D),o que também está relacionado àmaior g das mesmas (Figura 2C).Houve, porém, um aumentogradativo da E com o aumento daRFA. Possivelmente o aumentoda E esteja mais relacionado aoaumento da Tfolha (Figura 2B) queda g, já que o aumento destaúltima em relação à RFA foimenos expressivo. Como a Tar semanteve constante, o aumentoda Tfolha pela absorção da radia-ção aumentou a pressão de vaporna cavidade subestomática e,conseqüentemente, o déficit depressão de vapor entre a folha e oar.

A Tfolha na camada superior daplanta foi menor que na camadainferior (Figura 2B). A menor Tfolhana camada superior da planta estárelacionada, em parte, à maior E. Atranspiração é um processo queenvolve a evaporação da água dasuperfície das células do mesófilopara os espaços intercelulares dasfolhas e a difusão do vapor de águadas folhas para o meio (Taiz &Zeiger, 2004). A evaporação da águaimplica em absorção de calor latentee resfriamento dos tecidos das folhas(Taiz & Zeiger, 2004). Quando asfolhas transpiram a evaporação daágua retira o calor delas e asrefresca. Como houve maior E nasfolhas superiores, a Tfolha foi menor

nessa camada.Considerando os valores médios

de RFA i em cada uma das trêscamadas (Tabela 1) e as taxasfotossintéticas correspondentes aesses valores de RFA (Figura 1),verifica-se que as folhas de todas osestratos do dossel operam dentrodos limites da EUR. Assim, apesarde A ser menor no estrato inferiorque no estrato superior das plantas,as folhas de todos os estratos dotomateiro cultivado por 80 dias eantes da primeira colheita operampróximas à EUR e presumivelmenteainda contribuem com fotoassi-milados para o crescimento edesenvolvimento dos frutos.

Conclusões

Não há variação entre cultivaresde tomate quanto à taxafotossintética e transpiratóriaavaliadas até o início da maturaçãodos frutos.

Até o início da maturação defrutos, as taxas fotossintéticas dasfolhas ao longo do dossel dotomateiro estão acima do ponto decompensação luminosa e contri-buem com fotoassimilados para ocrescimento e desenvolvimento dosfrutos.

Agradecimentos

Os autores agradecem àsempresas Agrocinco, BHN, Clause,Hortec, Horticeres, Nunhems,Rogers, Sakata, Seminis eTecnoseed pela disponibilização dascultivares utilizadas no presenteexperimento.

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73Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Qualidade de pêssegos cultivares Granada e MacielQualidade de pêssegos cultivares Granada e MacielQualidade de pêssegos cultivares Granada e MacielQualidade de pêssegos cultivares Granada e MacielQualidade de pêssegos cultivares Granada e Macielcolhidos em diferentes graus de maturidade emcolhidos em diferentes graus de maturidade emcolhidos em diferentes graus de maturidade emcolhidos em diferentes graus de maturidade emcolhidos em diferentes graus de maturidade em

armazenamento refrigeradoarmazenamento refrigeradoarmazenamento refrigeradoarmazenamento refrigeradoarmazenamento refrigerado

Edson Luiz de Souza1, Rufino Fernando Flores Cantillano2, Rosa de O. Treptow3,Cesar V. Rombaldi 4 e Marcelo Barbosa Malgarim5

Introdução

O sistema mais empregado noBrasil para a conservação de pês-

Resumo – Nesse estudo foi avaliado o efeito do grau de maturação na qualidade pós-colheita de pêssegoscultivares Granada e Maciel, durante o armazenamento refrigerado. As frutas foram selecionadas nos estádiosde maturação verde, meio-verde, meio-maduro e maduro, sendo armazenadas por até 30 dias as da cultivarGranada e até 40 dias as da cultivar Maciel, em temperatura de 0 ± 0,5oC e 85% a 90% de umidade relativa. A cadadez dias as frutas foram retiradas da câmara, e após três dias em temperatura de 20 ± 0,5oC avaliou-se a perdade peso, a firmeza de polpa, os sólidos solúveis totais (SST), a acidez total titulável (ATT), as porcentagens depodridões, o escurecimento interno, a farinosidade, a atividade da polifenoloxidase, os fenóis e característicassensoriais. A partir dos resultados, pode-se concluir que pêssegos ‘Granada’, colhidos nos estádios de maturaçãomeio-verde e meio-maduro são conservados com qualidade comercial, durante 30 e 20 dias, respectivamente; eos pêssegos ‘Maciel’, durante 20 dias, quando colhidos no estádio de maturação meio-verde e por dez dias no estádiomeio-maduro.Termos para indexação: pós-colheita, conservação, ponto de colheita.

Ripening stage on the quality of peaches cultivars Granada andMaciel in cold storage

Abstract – In this study the effects of ripening stages on the quality of peaches cultivars Granada and Macielduring cold storage were evaluated. Peaches of both cultivars at ripening stages: green, semi-green, semi-ripenand ripen, were kept during 30 days (‘Granada’) or 40 days (‘Maciel’) in a cold room, at 0 ± 0,5oC cold storagetemperature and 85% to 90% relative humidity. At every-ten-days period fruits were taken out of the cold roomand after three days under room temperature, the following variables were evaluated: weight loss; color, firmness;total soluble solids (TSS); total titratable acidity (TTA); decay; internal browning; mealiness; polyphenoloxidaseactivity; phenols and sensorial aspects. It was concluded that for regular cold storage, peaches of ‘Granada’should be harvested at the semi-green stage and cold stored for up to 30 days; harvested at the semi-ripen stageand cold stored for up to 20 days; harvested at the ripen stage for immediate marketing. Peaches of the ‘Maciel’should be harvested at the semi-green ripening stage and cold stored for up to 20 days; harvested at the semi-ripen stage and cold stored for up to ten days and or harvested at the ripen stage for immediate marketing.Index terms: postharvest, conservation, maturity at harvest.

segos in natura é o armazenamentorefrigerado. Nesse sistema, autilização de baixas temperaturas,associadas à alta umidade relativa

do ar, reduz os processos dematuração e senescência, prolon-gando o período de oferta de pêsse-go no mercado, podendo ainda

Aceito para publicação em 10/5/06.1Eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Videira, C.P. 21, 88560-000 Videira, SC, fone: (49) 3566-0054, e-mail: [email protected]. agr., Dr., Embrapa-CPACT, Pelotas, RS, e-mail: [email protected] doméstica, M.Sc., UFPel, Pelotas, RS, e-mail: [email protected]. agr., Dr., DCTA/FAEM/UFPel, e-mail: [email protected]. agr., M.Sc., UFPel, Pelotas, RS, e-mail: [email protected].

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74 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

viabilizar o transporte para regiõesdistantes. Durante o armaze-namento refrigerado de pêssegos,os fatores limitantes na preservaçãoda qualidade são a perda de firmezada polpa, a ocorrência de podridõese distúrbios fisiológicos, como oescurecimento interno e a fari-nosidade. Segundo Girardi et al.(2000), o ponto de colheita estárelacionado com o destino que sedeseja dar à fruta colhida, ou seja,pêssegos colhidos em estádiosmenos avançados de maturaçãopreservam a firmeza de polpa masaumentam a ocorrência deproblemas fisiológicos e diminuema qualidade sensorial (gosto earoma), quando armazenados. Poroutro lado, frutas colhidastardiamente melhoram a qualidadesensorial, porém reduzem o períodode conservação; portanto, énecessário determinar para cadacultivar as características das frutasno momento da colheita, visando oarmazenamento a curto, médio elongo prazo.

O objetivo desse trabalho foiavaliar a qualidade de pêssegoscultivares Granada e Macielcolhidos com diferentes graus dematuridade em armazenamentorefrigerado.

Materiais e métodos

Os dois experimentos foramrealizados em Pelotas, RS, na safra2001/02. No Experimento 1 uti-lizaram-se pêssegos da cultivarGranada e no Experimento 2, daMaciel, sendo as frutas de cadacultivar colhidas em uma única veze separadas em quatro estádios dematuração: verde; meio-verde;meio-maduro e maduro, carac-terizadas visualmente pelacoloração de fundo. As frutas foramselecionadas, numeradas e pesadasindividualmente, acondicionadasem caixas de madeira e arma-zenadas em câmara fria a 0 ± 0,5oCe 85% a 90% de umidade relativa doar (UR), até 30 dias para a cultivarGranada e 40 dias para a Maciel. Acada dez dias, a partir da instalaçãodo experimento, foram retiradas dacâmara três repetições com dezfrutas cada uma. Três dias após apermanência das frutas a 20 ± 1oC,simulando o período de comer-cialização, avaliou-se a perda de

massa, a firmeza de polpa, os sólidossolúveis totais (SST), a acidez totaltitulável (ATT), as porcentagens depodridões, o escurecimento interno,a farinosidade, a atividade dapolifenoloxidase, os fenóis e ascaracterísticas sensoriais. A análisesensorial foi realizada por umaequipe treinada de nove julgadores,que avaliaram a simulação dacomercialização e a qualidade geral,representando a primeira a inten-ção de compra, levando-se emconsideração as características deaparência (cor da epiderme,defeitos, desidratação), e a segundao conjunto de características desabor (sabor característico e saborestranho) e textura (maciez,suculência e adstringência). Osdados foram coletados através defichas individuais, utilizando-seescalas não estruturadas de 9cm,cujo extremo esquerdo correspondeà menor intensidade e o direito, àmaior intensidade dos atributos emanálise. Os dois experimentos foramavaliados um independentementedo outro, seguindo delineamentointeiramente casualizado, emesquema fatorial (estádios dematuração x períodos de armaze-namento refrigerado). Após aanálise da variância, as médias dascaracterísticas sensoriais foramcomparadas pelo teste de Tukey a5% de probabilidade de erro. Asdemais variáveis foram comparadaspelo teste de DMS de Fisher a 5% deprobabilidade de erro.

Resultados e discussão

A perda de massa das frutasaumentou com o prolongamento doperíodo de armazenamento nas duascultivares. Isso ocorreu devido àbaixa umidade relativa da câmara(85% a 90%). Quando no arma-zenamento de frutas de climatemperado a umidade relativa do ar(UR) é inferior à faixa de 90% e 95%,ocorre uma elevada perda de águapor transpiração (Kluge et al.,2002). Devido a problemas técnicosocorridos na câmara fria, não foipossível trabalhar com umidaderelativa do ar ideal. Durante todo operíodo de armazenamento, não foipossível concluir qual foi o estádiode maturação com menor perda demassa na ‘Granada’ e na ‘Maciel’.Ao final do período de armaze-

namento, as frutas do estádio meio-maduro seguido pelo madurotiveram maior porcentagem deperda de massa que as do verde emeio-verde (Figura 1).

De acordo com Wills et al. (1981),os principais fatores que afetam aperda de água nos produtos são: aárea de superfície da fruta porunidade de volume de câmara, apresença de coberturas naturais nasuperfície da epiderme, os danosmecânicos nos tecidos, a umidaderelativa e a velocidade de ventilaçãona câmara de armazenamento.

Na variável firmeza de polpa(FP), nas cultivares Granada eMaciel houve efeito significativo dosestádios de maturação e períodosde armazenamento. Os pêssegoscolhidos no estádio de maturaçãoverde tiveram os maiores valoresde FP, seguidos do meio-verde,meio-maduro e maduro (Figura 2).Vendrell & Carrasquer (1994) citamque há elevada correlação entre oavanço do estádio de maturação e aredução de FP. Com relação aoperíodo de armazenamento, a FPnas frutas diminuiu em ambas ascultivares da colheita ao período deaté dez dias de armazenamento etornou a subir, na cultivar Granada,em todos os estádios de maturaçãoa partir do período de 20 dias dearmazenamento, e na cultivarMaciel, nos estádios verde e meio-verde (a partir do período de 30 diasde armazenamento) e nos estádiosde maturação meio-maduro emaduro (a partir do período de 20dias de armazenamento).

O aumento nos valores de FP empêssegos armazenados em câmarafria deve-se, em parte, à desidrata-ção superficial, e assim pode es-tar relacionado com a perda depeso observada nesses períodos.A perda de água causa murcha-mento e enrijecimento dos tecidos,fazendo com que a polpa ofereçamaior resistência à perfuraçãodo penetrômetro (Girardi et al.,2000).

O teor de SST nas cultivaresGranada e Maciel aumentou so-mente ao longo do período dearmazenamento (Tabela 1).Rombaldi et al. (2001), trabalhandocom pêssegos, observaram o in-cremento no teor de SST durante oarmazenamento em pêssegoscultivar Chiripá.

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Figura 1. Perda de massa (%) em pêssegos (A) ‘Granada’ em diferentes períodos de armazenamento e (B) ‘Maciel’em diferentes estádios de maturação e períodos de armazenamento. Barra vertical: intervalo DMS (P < 0,05)

A B

Figura 2. Firmeza de polpa (Newtons) em pêssegos (A) ‘Granada’ e (B) ‘Maciel’ em diferentes estádios de maturaçãoe períodos de armazenamento. Barra vertical: intervalo DMS (P < 0,05)

A ATT na ‘Granada’ foiinfluenciada significativamentesomente em função dos diferentes

estádios de maturação. Quanto maisavançado foi o estádio de maturaçãona colheita, menores foram os valo-

res da ATT. Na ‘Maciel’, a ATT foiinfluenciada significativamentepelos estádios de maturação e perío-dos de armazenamento (Figura 3).

Quanto à incidência de podridõesnas frutas, ocorreu aumento com oavanço dos estádios de maturaçãonas duas cultivares; e na ‘Maciel’,também com a evolução do períodode armazenamento (Figura 4). Osaltos índices de podridões podemser explicados pela alta precipitaçãopluviométrica ocorrida antes dacolheita, pela elevada presença deinsetos (gorgulho-do-milho) eproblemas nos tratamentosfitossanitários no pomar. O principalorganismo identificado comocausador de podridões pós-colheitafoi o fungo Monilinia fruticola .Segundo Salles (1998), o gorgulho-do-milho (Sitophilus zeamais) causapequenas lesões que abrem pontospara o início de infecções fúngicas,como a podridão-parda.

A B

Tabela 1. Valores de sólidos solúveis totais (SST) em pêssegos cultivaresGranada e Maciel nos diferentes períodos de armazenamento. Pelotas,RS, 2001/02(1)

SSTPeríodo de armazenamento

‘Granada’ ‘Maciel’

Dias ..................oBrix..................

10 10,92 b 11,96 b

20 10,70 b 11,98 b

30 11,41a 12,36ab

40 - 12,59a

Média (11,01) (12,22)

CV% (1,16) (1,15)

(1) Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si peloteste DMS de Fisher a 5% de probabilidade de erro.Nota: CV = coeficiente de variação.

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76 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

B

Figura 3. Acidez total titulável (meq/100ml) em pêssegos (A) ‘Granada’ em diferentes estádios de maturação e (B)‘Maciel’ em diferentes estádios de maturação e períodos de armazenamento. Barra vertical: intervalo DMS (P <0,05)

Figura 4. Incidência de podridões (%) em pêssegos (A) ‘Granada’ em diferentes estádios de maturação e (B) ‘Maciel’em diferentes estádios de maturação e períodos de armazenamento. Barra vertical: intervalo DMS (P < 0,05)

Com relação aos distúrbiosfisiológicos, a farinosidade não foidetectada nos dois experimentos. Oescurecimento interno foi verificadosomente na cultivar Maciel, a partirdos 30 dias de armazenamento,ocorrendo altas porcentagens deescurecimento (Figura 5). Aos 40dias de armazenamento, a avaliaçãoda porcentagem de escurecimentointerno foi prejudicada pelos altosíndices de podridões. Parussolo(2001) verificou em pêssegos‘Chiripá’ que o escurecimentointerno teve maior incidência nasfrutas mais maduras. SegundoGirardi et al. (2000), o escure-cimento interno está associado ainjúrias por baixas temperaturas,pois em nível celular a permea-bilidade da membrana é alterada,afetando a sua fluidez e fun-cionalidade; o problema se agravaapós a retirada das frutas da câmarafria, e as cultivares de polpa amarela

têm maior suscetibilidade aoescurecimento que as de polpabranca.

Quanto à enzima polifenolo-xidase (PFO) na ‘Granada’, da

colheita a dez dias de armaze-namento houve redução nos valoresda atividade de todos os estádios dematuração, e posteriormente osvalores oscilaram, com tendência a

Figura 5. Escurecimento interno (%) em pêssegos ‘Maciel’ em diferentesestádios de maturação e períodos de armazenamento. Barra vertical:intervalo DMS (P < 0,05).

A

A B

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77Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

aumentar com avanço dos períodosde armazenamento (Tabela 2). Na‘Maciel’ os valores obtidos naatividade da enzima PFO oscilaramentre os estádios de maturação, nacolheita e períodos de arma-zenamento, demonstrando compor-tamento irregular. Cantillano(1998) afirma que a variação daatividade da PFO se deve àdeterioração do tecido, à perda daestrutura da membrana celular eao aumento da concentração doscompostos fenólicos, motivo peloqual, às vezes, os resultados sãocontraditórios.

Os teores dos compostos fenólicostotais nos dois experimentososcilaram entre os estádios dematuração, na colheita e períodosde armazenamento, demonstrandocomportamento irregular. Noensaio de Cantillano (1998), oconteúdo de compostos fenólicos empêssegos armazenados emdiferentes tratamentos tambémteve comportamento irregular. Noexperimento foram obtidos valoresentre 25,3 e 50,3mg/100g de pesofresco (‘Granada’) e 25,9 e 55mg/100g de peso fresco (‘Maciel’). Aalteração na coloração da polpa(escurecimento interno) se deve adanos causados às células porprodutos intermediários tóxicos,acumulados durante a frigocon-servação, e à oxidação dos compos-tos fenólicos, causada principal-mente pelo aumento na atividadeda enzima PFO (Kluge et al., 2002).Segundo Robertson et al. (1988),pêssegos de baixa qualidade pos-suem altos conteúdos dos compostosfenólicos (120 e140mg/100g de pesofresco) e de alta qualidade possuemvalores abaixo destes.

Na avaliação sensorial, asimulação da comercialização, querepresenta a intenção de compra,na cultivar Granada, indepen-dentemente do estádio de matu-ração, as frutas tiveram melhoraceitação na colheita e bons níveis,principalmente com dez e 20 dias dearmazenamento (Figura 6). Com 30dias de armazenamento foramaceitas, mas com restrições, devidoà presença de defeitos edesidratação. A aceitação das frutasda cultivar Maciel decresceramcom o aumento do período dearmazenamento. As frutas dosestádios de maturação verde e meio-

verde evoluíram da colheita,inicialmente “rejeitadas” porestarem verdes, até 20 dias dearmazenamento, classificadas como“aceitas”, voltando a decrescer nosperíodos seguintes. As frutas dosestádios meio-maduro e madurotiveram melhor aceitação nacolheita e a partir de 30 dias dearmazenamento passaram a ser

rejeitadas pelos julgadores, devidoà sobrematuração e presença dedefeitos, como podridões edesidratação (Figura 6).

Quanto à qualidade geral, ospêssegos ‘Granada’ dos estádios dematuração meio-verde e meio-maduro obtiveram os melhoresníveis de qualidade, sendoclassificados como bons. As frutas

Figura 6. Avaliação sensorial da comercialização em pêssegos ‘Granada’e ‘Maciel’ em diferentes estádios de maturação na colheita e períodos dearmazenamento

y = -0,0379x + 5,111R2 = 0,9079 (maduro)

y = -0,0412x + 5,918R2 = 0,9749 (meio-maduro)

y = -0,0792x + 7,488R2 = 0,9308 (meio-verde)

y = -0,0471x + 7,494R2 = 0,9226 (verde)

y = 9,474 - 0,203xR2 = 0,8927 (maduro)

y = 9,33-0,2214xR2 = 0,8108 (meio-maduro)

y = 1,27 + 0,6266x - 0,0155x2

R2 = 0,9271 (meio-verde)

y = 1,0951+ 0,5674x - 0,0143x2

R2 = 0,8715 (verde)

Tabela 2. Atividade da enzima polifenoloxidase (PFO/min/g de pesofresco) em pêssegos cultivar Granada em diferentes estádios de maturaçãona colheita e nos períodos de armazenamento. Pelotas, RS, 2001/02 (1)

Estádio Colheita Períodos de armazenamento dematuração 10 dias 20 dias 30 dias

..................PFO/min/g.................

Verde 0,056 0,024a C 0,057a A 0,039abB

Meio-verde 0,065 0,026a B 0,050a A 0,044a A

Meio-maduro 0,068 0,034a B 0,049a A 0,048a A

Maduro 0,076 0,026aA 0,025 bA 0,029 bA

Média (0,066) (0,028) (0,048) (0,040)

(1) Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha ou minúscula nacoluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste DMS de Fishera 5% de probabilidade de erro.

Esc

ala

sen

sori

al (

cm)

Período de armazenamento (dias)

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do estádio de maturação verde ecom dez dias de armazenagemforam consideradas verdes eextremamente duras e nos outrosperíodos de armazenamento foramavaliadas com notas inferiores àsdos estádios de maturação meio-verde e meio-maduro. O estádio dematuração meio-verde teve osmelhores níveis de qualidade apartir de dez dias de armazenagem.O estádio meio-maduro manteve aqualidade em todos os períodos. Oestádio maduro a partir da colheitafoi perdendo a qualidade, prin-cipalmente nos atributos de sabore odor característicos (Figura 7). Ospêssegos ‘Maciel’ dos estádios dematuração meio-verde, meio-maduro e maduro na colheita foramconsiderados bons e decaíram nosperíodos de armazenamento. Com30 dias de armazenamento, asfrutas de todos os estádios dematuração foram consideradasregulares. Com 40 dias de arma-zenamento, as frutas dos estádiosmeio-maduro e maduro foramconsideradas ruins devido àpresença de sabor e odor estranhos.As frutas dos estádios de maturaçãoverde e meio-verde, aos 40 dias dearmazenamento, foram classi-ficadas de regulares a ruins.Parussolo (2001) afirma que colherpêssegos em estádios menosavançados de maturação prolongao período de conservação da fruta,porém a qualidade decresce deforma significativa.

Conclusão

• Pêssegos ‘Granada’ colhidosnos estádios de maturação meio-verde e meio-maduro conservam-se com qualidade comercial por 30 e20 dias, respectivamente, ematmosfera refrigerada (AR).

• Pêssegos ‘Maciel’ conservam-se por 20 dias em atmosferarefrigerada, quando colhidos noestádio de maturação meio-verde,e por dez dias no estádio meio-maduro.

Literatura citada

1. CANTILLANO, R.F.F. Estudio del efectode las atmósferas modificadas duranteel almacenamiento y comercializaciónde algunas frutas y hortalizas. 1998.276f. Tese (Doutorado em Tecnologia de

Figura 7. Qualidade geral em pêssegos ‘Granada’ e ‘Maciel’ em diferentesestádios de maturação na colheita e períodos de armazenamento

Y = 4,1719 + 0,1522x – 0,0028x2

R2 = 0,9895 (verde)

Y = 5,4303 + 0,1123x – 0,0022x2

R2 = 0,9073 (meio-verde)

Y = 6,3058 + 0,0266x – 0,0006x2

R2 = 0,9808 (meio-maduro)

Y = 6,5969 – 0,1016xR2 = 0,9503 (maduro)

y = -0,1366x + 8,37R2 = 0,9357 (maduro)

y = -0,1055x + 7,826R2 = 0,943 (meio-maduro)

y = -0,0677x + 6,902R2 = 0,8965 (meio-verde)

y = -0,0033x2 + 0,1124x + 4,8631R2 = 0,9691 (verde)

Alimentos). Universidad Politécnica deValencia, Valencia, 1998.

2. GIRARDI, C.L.; ROMBALDI, C.V.;PARUSSOLO, A. et al. Manejo pós-

colheita de pêssegos cultivar Chiripá.Bento Gonçalvez, RS: Embrapa Uva eVinho, 2000. 36p. (Embrapa Uva e Vinho.

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Esc

ala

sen

sori

al (

cm)

Esc

ala

sen

sori

al (

cm)

Período de armazenamento (dias)

Período de armazenamento (dias)

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79Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

RRRRResposta do milho à adubação nitrogenada quandoesposta do milho à adubação nitrogenada quandoesposta do milho à adubação nitrogenada quandoesposta do milho à adubação nitrogenada quandoesposta do milho à adubação nitrogenada quandocultivado em sucessão a plantas de cobertura decultivado em sucessão a plantas de cobertura decultivado em sucessão a plantas de cobertura decultivado em sucessão a plantas de cobertura decultivado em sucessão a plantas de cobertura de

inverno, no sistema plantio diretoinverno, no sistema plantio diretoinverno, no sistema plantio diretoinverno, no sistema plantio diretoinverno, no sistema plantio diretoCarla Maria Pandolfo1, Milton da Veiga2 e

Angelo Mendes Massignam3

Resumo – O milho é uma cultura exigente em nitrogênio (N), e a espécie de planta de cobertura cultivadaanteriormente pode afetar a resposta desta cultura à adubação nitrogenada. O objetivo deste trabalho foi avaliaro rendimento de grãos de milho cultivado em sucessão à aveia-preta, ao centeio, à ervilhaca comum e ao naboforrageiro em sistema plantio direto, em resposta à adubação nitrogenada, bem como estabelecer as doses de Npara a máxima eficiência técnica (MET) e econômica (MEE). Foram conduzidos quatro experimentos nos quaisse testaram doses de N na semeadura (zero, 20, 40 e 80kg/ha) combinadas com doses de N em cobertura (zero,20, 40 e 80kg/ha). O milho respondeu em termos de rendimento de grãos à dose total de N aplicado,independentemente da cultura antecedente. Para aveia-preta, centeio, ervilhaca comum e nabo forrageiro, asdoses de N para a MET foram de 138, 128, 131 e 161kg/ha, respectivamente, e para a MEE foram de 117, 108, 97e 120kg/ha de N.Termos para indexação: aveia-preta, centeio, nabo forrageiro, ervilhaca comum, nitrogênio, milho.

Corn yield response to nitrogen fertilizer following winter covercrops in no-till system

Abstract – Corn is highly responsive in yield to nitrogen (N) supply, but winter cover crops cultivated beforecould affect this response. The objectives of this study were to evaluate the corn response to N fertilization, whencultivated after black oat (Avena strigosa), rye (Secale cereale), common vetch (Vicia sativa) and oilseed radish(Rhaphanus sativus) in recently implanted no-till system, and to determine the N doses to the maximum technicalefficiency (MTE) and maximum economical efficiency (MEE). A combination of N doses at sowing (zero, 20, 40and 80kg/ha) and top-dressing (zero, 20, 40 and 80kg/ha) was applied. Corn grain yield was related to the total Napplied independently of the winter cover crop. The maximum technical efficiency was at 138, 128, 131 and 161kg/ha of N, and the maximum economical efficiency was at the 117, 108, 97 and 120kg/ha of N, respectively, to blackoat, rye, common vetch and oilseed radish.Index terms: black oat, rye, oilseed radish, common vetch, nitrogen, corn.

Introdução

O milho é uma das culturas demaior importância econômica emSanta Catarina em função da áreaplantada (874.434ha), da produção(4.323.696t) e da sua participaçãona formação do valor bruto daprodução do subsetor lavourastemporárias (27,3%), de acordo coma Síntese Anual da Agricultura de

Santa Catarina 2002-2003 (Sín-tese..., 2003). É uma culturaexigente em N, necessitando de 14a 20kg para cada tonelada de grãosproduzida, sendo que os estádios demaior demanda de N são naelongação dos entrenós e noflorescimento (Sá, 1998). A dose deN recomendada para o milhodepende do teor de matéria orgânicado solo, da cultura de inverno

antecedente e da expectativa derendimento de grãos (CQFS-NRS,2004).

A utilização de plantas decobertura de inverno é expressivana região, destacando-se a aveia-preta, a ervilhaca comum e o azevém(Veiga & Trombetta, 1997). Asucessão aveia e/ou azevém/milhoé também bastante utilizada pelosagricultores que têm atividade

Aceito para publicação em 6/6/06.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Campos Novos, C.P. 116, 89620-000 Campos Novos, SC, fone/fax: (49) 3541-0748,e-mail: [email protected]. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Campos Novos, e-mail: [email protected]. agr., Ph.D., Epagri/Estação Experimental de Campos Novos, e-mail: [email protected].

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pecuária na sua propriedade. Asleguminosas se destacam, entre asespécies utilizadas como culturasde cobertura/adubo verde, emfunção da sua capacidade de fixarsimbioticamente o N atmosférico eincorporá-lo à fitomassa, como é ocaso da ervilhaca, que pode reduzira dose de N em relação à aveia-preta em 40% a 60% (Sá, 1997). Poroutro lado, as gramíneas sãoimportantes para a formação decobertura morta persistente sobrea superfície do solo, requisito básicopara a implantação e manutençãodo sistema plantio direto (SPD).Nesta condição, porém, podeocorrer imobilização temporária doN pelos microrganismos decom-positores em razão da elevadarelação C/N do material, causandocompetição por N com o milho nafase inicial de crescimento dacultura.

O presente trabalho teve porobjetivo avaliar o rendimento degrãos de milho cultivado emsucessão a plantas de cobertura deinverno em sistema de plantiodireto, em resposta à adubaçãonitrogenada, bem como estabeleceras doses de N para a máximaeficiência técnica e econômica paraas condições edafoclimáticas em quese realizou o estudo.

Material e métodos

Quatro experimentos foramconduzidos na Epagri/EstaçãoExperimental de Campos Novos eem áreas arrendadas de agri-cultores, localizadas no municípiode Campos Novos, SC. Os expe-rimentos foram conduzidos em SPD,com milho cultivado em sucessão àaveia-preta (Avena strigosa ), aocenteio (Secale cereale), à ervilhacacomum (Vicia sativa) e ao naboforrageiro (Rhaphanus sativus).Cada espécie de cobertura do soloconstituiu um experimento. Osexperimentos foram conduzidos porduas safras, em anos não neces-sariamente consecutivos e/ousimultâneos entre as culturas decobertura, no período de 1996 a2001. Em cada safra os experimentosforam instalados em locais dife-rentes para viabilizar a rotação deculturas de inverno e de verão. Otempo de adoção do SPD nas áreasutilizadas para condução dos

experimentos variou de dois aquatro anos e os teores de matériaorgânica do solo variaram de 3% a4% e foram classificados comomédios (Sociedade Brasileira deCiência do Solo, 2004).

Os tratamentos constaram daaplicação de doses de N no plantio(Np) (zero, 20, 40 e 80kg/ha)combinadas com doses em cobertura(Nc) (zero, 20, 40 e 80kg/ha). Odelineamento experimental foi o deblocos casualizados com trêsrepetições, no esquema fatorial 4 x4 (quatro doses de Np e quatro deNc). A fonte de adubo nitrogenadoutilizada foi a uréia. A aplicação deN na semeadura foi feita em sulcoadjacente à linha do milho, com ofechamento do sulco após acolocação do adubo. A aplicação dasdoses de Nc foi efetuada na linha desemeadura, sem incorporação,preferencialmente em solo úmido,quando o milho apresentava dequatro a oito folhas expandidas,salvo nos anos em que houve atrasoem função de períodos de déficithídrico. A adubação com fósforo epotássio seguiu a recomendaçãooficial, baseada na análise de solo, efoi aplicada na linha durante asemeadura. A área total da parcelafoi de 36m 2, com uma área útil de14,4m2. O manejo das plantas decobertura foi realizado por ocasiãodo florescimento pleno, utilizando-se um dessecante com o princípioativo glifosato. Para a estimativada produção de massa seca (MS) dasplantas de cobertura foramcoletados cinco pontos de 0,5m 2 cadaum, dentro da área total de cadaexperimento, com secagem damassa verde a 65oC até o pesoconstante. Em pelo menos um dosanos avaliados foi determinado oteor de N no tecido de cada culturade cobertura, bem comoestabelecida a relação C/N domaterial coletado. A semeadura domilho foi efetuada, aproxima-damente, 15 dias após o manejo dasplantas de cobertura, em linhasespaçadas em 0,9m, com umapopulação final de aproxima-damente 55 mil plantas por hectare.As cultivares de milho utilizadasforam híbridos de ciclo precocerecomendados para a região.

Nos quatro experimentos foiavaliado o rendimento de grãos demilho, cujos resultados foram

inicialmente submetidos à análisede variância, individualmente paracada experimento. Foramelaboradas, também, superfícies derespostas em função das doses deNp e Nc. Adicionalmente, equaçõesde regressão foram ajustadas paraas doses totais de N aplicadas,somando-se o Np e o Nc dentro decada combinação de fatores. Asdoses de máxima eficiência técnica(MET) e máxima eficiênciaeconômica (MEE) foram obtidasatravés da derivada de primeiraordem das equações de regressãoquadrática entre as doses de N totaisaplicadas e o rendimento de milho,igualando-se a zero (MET) ou àrelação de custo unitário dofertilizante nitrogenado pelo preçodo produto (MEE) (Ferreira et al.,2003; Silva et al., 2005). Neste caso,considerou-se o preço da sériehistórica do N, tendo como fonte auréia, e do milho no período dejulho de 1994 a junho de 2003, comdados fornecidos pela Epagri/Centrode Estudos de Safras e Mercado –Cepa – (informação pessoal), queresultou na relação 5,4:1. A estevalor se acrescentaram 20%, quecorrespondem ao risco atribuído aosanos com déficit hídrico, quando aresposta ao Nc é menor.

Resultados e discussão

Na análise de variância dosexperimentos se observou que aresposta ao Np ou ao Nc foisignificativa em todos os expe-rimentos, porém a interação Np xNc somente foi significativa para omilho cultivado após a aveia-preta(Tabela 1). Como os ajustes dasequações para doses de Np e de Nc,tomadas individualmente, nãopermitiram a determinação da dosede MET devido à resposta linear nafaixa estudada, a determinaçãodesta dose foi obtida através deequações de regressão quadráticaconsiderando-se a dose total de Npor tratamento (Np + Nc).

A resposta do milho em termosde rendimento de grãos às doses deNp e Nc é apresentada na Figura 1.Observa-se que várias combinaçõesentre Np e Nc propiciaram umrendimento de grãos de milho acimade 6.000kg/ha. De modo geral, omilho respondeu em maiormagnitude ao Nc, principalmente

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Tabela 1. Teste F para a variável rendimento de grãos, em quatroexperimentos com a cultura do milho cultivada em sucessão a culturasde inverno para cobertura de solo, de acordo com a causa de variaçãoconsiderada

Plantas de cobertura de inverno

Causa da variação Aveia-Centeio

Ervilhaca Nabopreta comum forrageiro

Anos ns * * *

N no plantio (Np) * * * *

N em cobertura (Nc) * * * *

Interação Np x Nc * ns ns ns

CV (%) 11,6 15,8 10,0 12,7

*Significância estatística a 5% de probabilidade.Notas: ns = não significativo, CV = coeficiente de variação.

Figura 1. Rendimento de grãos de milho cultivado após aveia-preta,ervilhaca comum, centeio e nabo forrageiro, em resposta às doses de Naplicadas no plantio e em cobertura

quando cultivado após a aveia-preta.A aplicação de 80kg/ha de Np nãoafetou negativamente o rendimentode grãos de milho, provavelmenteem função de ter sido aplicado emsulco separado do sulco desemeadura, não afetando o “stand”final da cultura (dados nãomostrados). Por outro lado, Motteret al. (2005) verificaram que a adiçãode altas doses de N-uréia prejudicoua germinação e o desenvolvimento

inicial do milho em quatro dos cincosolos estudados, atribuindo àvolatilização da amônia, princi-palmente quando o pH é elevado.Em feijão, Valério et al. (2003) nãoconstataram injúria às sementes eprejuízo à emergência das plântulas,quando aplicadas doses de N de até120kg/ha. Entretanto, além dadificuldade operacional de aplicação,altas doses de Np acarretammaiores riscos de perdas de N por

lixiviação e volatilização quando ascondições edafoclimáticas foremfavoráveis às perdas.

Equações de regressão qua-dráticas foram ajustadas entre o Ntotal aplicado e o rendimento degrãos de milho cultivado após aveia-preta, centeio, ervilhaca comum enabo forrageiro (Figura 2). O ajustede todas as equações foi significativoa 5% de probabilidade de erro.Observa-se que em termos derendimento de grãos houve respostado milho ao N total aplicado, com aMET sendo obtida nas doses de 138,128, 131 e 161kg/ha de N para aveia-preta, centeio, ervilhaca comum enabo forrageiro, respectivamente.Nesta mesma ordem, as doses deMEE foram de 117, 108, 97 e 120kg/ha de N. Estas doses de MEE estãorelativamente próximas às dosesde N recomendadas pela SociedadeBrasileira de Ciência do Solo (2004),que são, neste caso, de 115kg/hapara a aveia-preta, 100kg/ha para ocenteio e 95kg/ha para a ervilhacacomum e o nabo forrageiro. Nestarecomendação, considerou-se comomédia a produção de massa seca daaveia-preta e do nabo forrageiro ealta para centeio e ervilhacacomum. Considerou-se, ainda, como7.000kg/ha a expectativa derendimento de grãos de milhocultivado sobre ervilhaca comum,aveia-preta e nabo forrageiro e de6.000kg/ha para milho cultivadosobre centeio (baseado nos dadosmédios dos experimentos).

Quando não foi aplicado N, orendimento de grãos foi de 5.441,4.596, 6.154, e 4.402kg/ha, o quecorrespondeu a 64%, 63%, 79% e70% do rendimento de grãos obtidosna dose de MET em sucessão aocultivo de aveia preta, centeio,ervilhaca comum e nabo forrageiro,respectivamente (Figura 2). A maiorprodução de milho cultivado emsucessão à ervilhaca está associadaao maior aporte de N através dafitomassa desta espécie (fixaçãosimbiótica), bem como à menorrelação C:N encontrada nesta(Tabela 2). O rendimento de grãosde milho cultivado após a ervilhacacomum foi alto, mesmo semaplicação de N mineral, prova-velmente devido ao maior aportede N oriundo do sistema, compre-endido como o solo e a fitomassadas plantas de cobertura. Neste

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82 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Figura 2. Rendimento de grãos (y) em resposta ao N total aplicado (x) e indicação dasdoses de máxima eficiência técnica (MET) e máxima eficiência econômica (MEE) para omilho cultivado após plantas de cobertura do solo

Tabela 2. Massa seca, N no tecido, relação C/N e N total na fitomassadas plantas de cobertura de inverno

Planta de Massa N no C/N N nacobertura seca tecido fitomassa

kg/ha % kg/ha

Aveia-preta 3.641 1,3(1) 38,4(2) 46

Centeio 5.355 1,6(2) 28,9(1) 87

Ervilhaca comum 3.413 4,1(1) 9,8(2) 140

Nabo forrageiro 3.974 2,3(2) 23,9(1) 90

(1) Resultado de um ano.(2) Média de dois anos.

sentido, Aita (1997) afirma que asplantas de cobertura da família dasleguminosas, com alta produção defitomassa, poderão fornecer N aomilho para atingir níveis deprodutividade em torno de 5t/ha degrãos. Sá (1997), por outro lado,expõe que o cultivo do milho apósespécies com elevada e/ou baixarelação C/N apresenta respostasdiferenciadas quanto à utilizaçãode N, e o fluxo de liberação de N ao

sistema será sensivelmenteinfluenciado por esta relação. Alémdisto, Sá (1996) verificou que, emsistemas de rotação onde o milhosucedeu a uma leguminosa, houveeconomia de 50% da dose de N. Amenor relação C/N da ervilhacacomum em relação às demaisespécies também pode tercontribuído para o alto rendimentode grãos do milho na ausência deadubação nitrogenada. Embora a

expectativa seja deque a necessidade deN para a cultura domilho em sucessão àaveia-preta seja su-perior à sucessão comleguminosa (Sá,1996), verifica-se queas doses de METpraticamente não sediferenciaram entre aervilhaca comum(131kg/ha) e asgramíneas (138kg/hapara a aveia-preta e128kg/ha para o cen-teio).

Com relação aorendimento de grãose à dose para a METdo milho cultivadosobre o nabo forra-geiro (161kg/ha), ve-rifica-se que estes sãodiferentes daquelesobtidos com a ervi-lhaca comum, o quepode ter sido influen-ciado pelos anos elocais. Neste caso, emuma das safras, a

adubação de cobertura do milhocultivado após o nabo atrasou emfunção de um período de estiagem.O nabo forrageiro pode sercomparado a uma leguminosa demédia produção de fitomassa parasolos com teores de matériaorgânica acima de 3% (SociedadeBrasileira de Ciência do Solo, 2004)e, portanto, era esperado que omilho cultivado após o naboforrageiro respondesse de maneirasemelhante àquele cultivado após aervilhaca comum. A produção médiade massa seca da ervilhaca comumfoi de 3.413kg/ha e a do naboforrageiro, de 3.974kg/ha, mas oteor de N no tecido do nabo foimenor do que o da ervilhacacomum, além da relação C/N destaser menor (Tabela 2). Giacomini etal. (2004) concluíram que o cultivode ervilhaca comum e de naboforrageiro consorciados com aveia-preta ou como culturas solteiras,proporcionou maior produtividadede milho em sucessão, compa-rativamente ao pousio e à aveiasolteira.

^

Ervilhaca comum

N to tal ap licado ( kg/ha)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Ren

dim

ento

de

grão

s (k

g/ha

)

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

Ave ia-preta

N tota l aplicado (kg/ha)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Ren

dim

ento

de

grão

s (k

g/ha

)

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000 Cente io

N total ap licado (kg/ha)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Ren

dim

ento

de

grão

s (k

g/h

a)

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

Nabo forrageiro

N total aplicado (kg /ha)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Ren

dim

ento

de g

rãos

(kg

/ha)

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

MEE MET

MEE MET

MEE MET

^

Y= 5.441 + 43,684x -0,159x2 R2 = 0,81

MEE MET

^

Y = 6.154 + 25,150x -0,096x2 R

2 = 0,79

^

Y = 4.402 + 25,420x -0,079x2 R

2 = 0,84

^

Y = 4.596 + 41,777x -0,163x2 R

2 = 0,83

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83Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Conclusões

O milho responde com maiorrendimento de grãos à dose total deN aplicado (base mais cobertura),independentemente da planta decobertura antecedente. Porém, amagnitude desta resposta dependeda espécie da planta de coberturautilizada.

As doses de N para a máximaeficiência técnica da produção degrãos de milho cultivado após aveia-preta, centeio, ervilhaca comum enabo forrageiro são, respec-tivamente, de 138, 128, 131 e 161kg/ha de N.

As doses de N para a máximaeficiência econômica são, para omilho cultivado após aveia-preta,centeio, ervilhaca comum e naboforrageiro, de 117, 108, 97 e 120kg/ha.

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Influência do ácido giberélico no crescimento de plantasInfluência do ácido giberélico no crescimento de plantasInfluência do ácido giberélico no crescimento de plantasInfluência do ácido giberélico no crescimento de plantasInfluência do ácido giberélico no crescimento de plantaspóspóspóspóspós-----climatizadas de porta-climatizadas de porta-climatizadas de porta-climatizadas de porta-climatizadas de porta-enxenxenxenxenxerto de macieiraerto de macieiraerto de macieiraerto de macieiraerto de macieira

cultivar Marubakaidocultivar Marubakaidocultivar Marubakaidocultivar Marubakaidocultivar Marubakaido

Celso Lopes de Albuquerque Junior1, José Luís Petri2 eMárcia Mondardo3

Introdução

A macieira é destaque naeconomia de Santa Catarina,fazendo do Estado o maior produtorbrasileiro (Síntese ..., 2003). Aconstante renovação e a implan-tação de novos pomares requeremmudas de elevada qualidade eisentas das principais viroses. Oporta-enxerto deve permitir altaprodutividade, boa qualidade dosfrutos, resistência às principaisdoenças e pragas de solo e adap-

Resumo – O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de verificar a eficiência do ácido giberélico(GA3) em plantas pós-climatizadas de porta-enxerto de macieira ‘Marubakaido’, visando evitar a entrada emdormência das gemas. Foram utilizadas plantas enraizadas in vitro e recém-aclimatizadas. Foram realizadastrês pulverizações do ácido giberélico, com intervalos de 12 dias, nas concentrações de zero (testemunha), 100,200 e 300mg/L. Aos 36 dias avaliaram-se altura da planta, diâmetro do caule e distância dos entrenós. O ácidogiberélico evitou a dormência e estimulou o crescimento das plantas, proporcionalmente ao aumento da dose.Termos para indexação: Malus prunifolia , crescimento, propagação.

Effect of gibberelic acid on the growth of post-acclimatized plants of applerootstocks cultivar Murabakaido

Abstract – The present study was developed to assess the efficiency of the use of the GA 3 in plants post-acclimatized of ‘Marubakaido’ rootstocks, to avoid the possible dormancy in this development phase. Plants rootedin vitro and recently acclimatized were transferred to plastic vases with 1L of growth medium of purple soil andcarbonized peel of rice (1:1- v:v). The treatments consisted of three pulverizations of the GA3 with 12 days interval,in concentrations of zero, 100, 200 and 300mg/L. Thirty-six days after treatments the following variables wererecord: height of the plant, diameter of the stem and distance of the buds. The use of GA3 post-acclimatizationstimulated the growth of ‘Marubakaido’ plants with the increase of the dose and inhibited the dormancy of plants.Index terms: Malus prunifolia, growth, propagation.

tação aos fatores edafoclimáticoslocais (Denardi, 2002).

A multiplicação por cultura demeristema permite preservar ascaracterísticas genéticas dasplantas. Para este fim, é umatécnica eficiente na multiplicaçãomassal, possibilitando a produçãode plantas de alto padrão, além dereduzir o risco de disseminação depatógenos (Hartmann et al., 1997).

O porta-enxerto de macieira‘Marubakaido’ (Malus prunifoliaWilld, Borkh), de origem japonesa,

apresenta vigor acentuado. Éresistente à podridão do colocausada pelo fungo Phytophtoracactorum, não produz “burrknots”e é indicado para replantio, mesmoem solos pouco férteis. Além disto,é de fácil multiplicação in vitro viacultura de tecidos (Schwartz et al.,2000).

A eficiência da micropropagaçãona produção massal de mudas passapela definição de um protocolo, queinclui a fase de aclimatização. Porisso, problemas associados à

Aceito para publicação em 1o/6/06.1Eng. hort., M.Sc., Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul –, C.P. 370, 88704-900 Tubarão, SC, fone: (48) 3621-3000, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (49) 3561-2000, e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone: (48) 3239-3900, e-mail: [email protected].

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85Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

transferência das plantas para osambientes naturais, dentre os quaisa indução de dormência, devem sersuperados, para se garantir umritmo de crescimento similar ao deplantas propagadas por métodosconvencionais (Howard & Oehl,1981). Ao serem transferidas parao ambiente natural, as plantasentram em dormência, paralisandoseu crescimento (Isutsa et al., 1998)e aumentando o tempo paraatingirem um tamanho quepermita levá-las ao campo.

A aplicação de giberelina durantea aclimatização foi testada por váriosautores: Howard & Oehl (1981) emPrunus insititia, Druart & Gruselle(1986) em P. domestica e Ponchia &Gardiman (1993) em P. lauro-cerasus. Mohr & Schopfer (1995)verificaram aumento da sobre-vivência e do crescimento em mudasmicropropagadas devido à ausênciade dormência inicial das gemas e aoaumento do crescimento dosinternódios. Isutsa et al. (1998), aoutilizarem o tratamento com frio(3,3oC durante quatro semanas) eácido giberélico, melhoraram aaclimatização de porta-enxertos demacieira. Mencionam que adormência das gemas é um problemade ocorrência freqüente naaclimatização de mudas. Em geral,o ácido giberélico exerce atraso nasenescência e na dormência degemas (Iwasaki, 1980). O objetivodeste trabalho foi determinar ainfluência do ácido giberélico sobrea dormência e estímulo aocrescimento de porta-enxerto demacieira cultivar Marubakaido pós-aclimatados.

Material e métodos

O experimento foi desenvolvidono Laboratório de Cultura deTecidos Vegetais da Epagri/EstaçãoExperimental de Caçador, emoutubro de 2003. Foram utilizadasplantas do porta-enxerto demacieira ‘Marubakaido’ prove-nientes de cultura de meristema.As plântulas foram enraizadas invitro, em meio MS (Murashige &Skoog, 1962) acrescido de 0,49mg/Lde ácido indolacético (AIB), ondepermaneceram por 30 dias. Após oenraizamento, foram transferidaspara bandejas alveoladas paraaclimatização, conforme meto-

dologia descrita por Pedrotti (1993).As bandejas alveoladas foramcolocadas em caixas plásticascontendo lâmina de água de 5mmpara manter o ambiente em 100%de umidade relativa. Cobriram-seas caixas com vidro de 2mm deespessura para facilitar a pene-tração de luz e evitar a perda deágua por evapotranspiração. Ascaixas permaneceram no escuro porcinco dias, sendo então transferidaspara sala de crescimento, emtemperatura de 25oC (±1), foto-período de 16 horas e luminosidadede 3.000lx (lux). Lá permanecerampor mais 25 dias até a aclimatizaçãocompleta das plantas. Após, asplantas foram transferidas paravasos plásticos com capacidade de1L, contendo o mesmo substratoutilizado na aclimatização. Nessemomento mediu-se a altura e odiâmetro inicial do caule das plantas.O comprimento dos internódios nãofoi medido nesta fase inicial poisestes apresentavam aspecto deroseta. Também nesse momentoiniciaram-se as aplicações de ácidogiberélico. Os tratamentosconsistiram em três pulverizaçõesdo ácido giberélico com intervalode aplicação de 12 dias entre elas,nas concentrações de zero(testemunha), 100, 200 e 300mg/L.Após 36 dias avaliou-se a altura daplanta, o diâmetro do caule e adistância dos internódios. Odelineamento experimental foiblocos ao acaso, com sete repetições(três vasos por repetição), sendoque cada vaso continha uma únicaplanta, totalizando 21 plantas por

tratamento. As médias dostratamentos foram submetidas àanálise de variância e ao teste deTukey a 5%.

Resultados e discussão

Houve efeito significativo doácido giberélico na altura dasplantas (Tabela 1). Observou-se quena ausência de GA3 (testemunha),por efeito da dormência, prati-camente não ocorreu crescimento– as plantas continuaram com amesma altura inicial (3,5cm) –,enquanto que na presença de GA3houve nítido crescimento,mostrando que a giberelina evitoua dormência (Figura 1). Rugini(1986), trabalhando com mudas deoliveira associadas a pulverizaçõesde ácido giberélico, obteveresultados satisfatórios na quebrade dormência com a concentraçãode 300mg/L de GA3. Resultadossemelhantes foram obtidos porKanavagh et al. (1993), os quaisobservaram aumento no cres-cimento de mudas de cerejeiraquando utilizado tratamento com100mg/L de GA3 associado ao frio.Este crescimento foi relacionadocom o efeito de inibição dadormência da gema apical eestímulo ao alongamento do cauledurante a aclimatização.

No presente estudo, verificou-seque houve aumento da altura dasplantas proporcional ao aumento daconcentração de GA3 (Tabela 1).Hoffmann et al. (2001), utilizandofrio combinado com GA3, obtiveramresultados satisfatórios na pré-

Tabela 1. Valores médios de altura, diâmetro de caule e comprimentodos internódios de plantas aclimatizadas do porta-enxerto de macieira‘Marubakaido’, após 36 dias dos tratamentos com GA 3. EstaçãoExperimental de Caçador, 2003(1)

Concentração Altura das Comprimento Diâmetrode GA3 plantas dos internódios do caule

mg/L ....................cm...................... m m

300 11,60a 1,44a 1,90a

200 8,20 b 0,82 b 1,96a

100 5,50 bc 0,64 bc 1,85a

0 3,50 c 0,51 c 1,85a

(1)Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste deTukey a 5% de probabilidade.

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aclimatização de plântulas micro-propagadas de ‘Marubakaido’.

A análise estatística mostroudiferença significativa entre ocomprimento dos internódios nosdiferentes tratamentos. Os valoresforam maiores com presença deácido giberélico (Tabela 1). Notratamento testemunha, após os 36dias, o comprimento ficou commédia de 0,51cm; já o tratamentocom 300mg/L de GA3 foi superior àsdemais doses em altura de plantase comprimento dos internódios,obtendo uma média de 11,60 e1,44cm, respectivamente. SegundoMohr & Schopfer (1995), este é umdos principais efeitos fisiológicosocasionados pelo ácido giberélico,resultando no aumento do cresci-mento. Já para o fator diâmetro docaule não foi verificado diferençasignificativa entre os tratamentos,sendo a média do diâmetro 1,90mm(Tabela 1).

O aumento da altura das plantasna presença de GA3 é indicativo deque estas não entraram emdormência. Com este hormônio,pode-se atingir em menos tempo aaltura desejada, permitindo levarmais cedo as plantas micropro-pagadas para o campo.

Conclusões

O ácido giberélico (GA3) evita a

Figura 1. Efeito da concentração de GA3 no crescimento das plantas pós-

aclimatizadas do porta-enxerto de macieira ‘Marubakaido’. (A) Plantaem GA 3 (testemunha) e (B) Planta tratada com 300mg/L de GA3 – Epagri/Estação Experimental de Caçador, 2003

A B

dormência e estimula o cresci-mento das plantas pós-aclima-tizadas de porta-enxerto demacieira cultivar Marubakaido,proporcionalmente ao aumento dadose.

A concentração de 300mg/Lmostra-se mais eficiente paraevitar a dormência e estimular ocrescimento das plantas do porta-enxerto de macieira ‘Marubakaido’.

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14. SCHWARTZ, E.; RONCATTO, G.;FORTES, G.R.L. Multiplicação in vitrodo porta-enxerto de macieira cv.Marubakaido utilizando 6- Benzila-minopurina e ácido Naftalenoacético.Revista Brasileira de Fruticultura,Jaboticabal, SP, v.22, n.1, p.77-79, abr.2000.

15. SÍNTESE ANUAL DA AGRICUL-TURA DE SANTA CATARINA 2002 –2003. Florianópolis: Icepa, 2003. 285p.

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87Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Avaliação de híbridos de repolho, couveAvaliação de híbridos de repolho, couveAvaliação de híbridos de repolho, couveAvaliação de híbridos de repolho, couveAvaliação de híbridos de repolho, couve-flor e brócolis-flor e brócolis-flor e brócolis-flor e brócolis-flor e brócolissob cultivo orgânico, em duas épocas de plantio, nosob cultivo orgânico, em duas épocas de plantio, nosob cultivo orgânico, em duas épocas de plantio, nosob cultivo orgânico, em duas épocas de plantio, nosob cultivo orgânico, em duas épocas de plantio, no

Litoral CatarinenseLitoral CatarinenseLitoral CatarinenseLitoral CatarinenseLitoral CatarinenseLuiz Augusto Martins Peruch 1 eAntônio Carlos Ferreira da Silva2

família Brassicaceae é com-posta por várias espécies ve-getais com destaque para o

repolho (Brassica oleracea var.capitata L.), a couve-flor (Brassicaoleracea var. botrytis L.) e os brócolis(Brassica oleracea var. italica L.). Orepolho, entre as brássicas, éconsiderada a hortaliça de maiorimportância em Santa Catarina,ocupando 5.604ha de área cultivadapor 3.306 produtores, com uma

Resumo – Neste trabalho foram avaliados a produtividade, o peso médio de cabeça e a intensidade de doençasfoliares em híbridos de repolho, couve-flor e brócolis, sob cultivo orgânico, em plantios na primavera/2003 eoutono/2004, no Litoral Catarinense. Os dados de produção foram comparados pelo teste de Duncan e os deintensidade das doenças, por Kruskall-Wallis. Na primavera verificaram-se diferenças significativas apenas entreos híbridos de repolho quanto à produção. Quanto às doenças, os híbridos de brócolis ‘AF-817’ e o de couve-flor‘Sharon F1’ apresentaram menores intensidades de alternariose. Não houve diferenças entre os híbridos de todasas espécies para podridão negra. No plantio de outono não ocorreram diferenças significativas quanto à produçãoe à intensidade da alternariose em todas as espécies testadas. Entretanto, constatou-se diferença na podridãonegra entre híbridos de brócolis, sendo que o ‘AF-567’ foi o que apresentou maiores intensidades da bacteriose.Termos para indexação: brássicas, produtividade, doenças.

Evaluation of hybrids of cabbage, cauliflower and broccolis under organiccultivation in two seasons on coastal areas of Santa Catarina

Abstract – The aim of this study was to evaluate the productivity and disease intensity on cabbage, cauliflowerand broccolis in organic cultivation in Spring/2003 and Autum/2004. Variables related to productivity werecompared by Duncan test and those related to disease intensities by Kruskall Wallis test. Differences inproductivity were verified only for cabbage in the Spring/2003. Broccolis and cauliflower did not differ inproductivity and head weight. Broccolis ‘AF-817’ and cauliflower ‘Sharon F1’ presented lower intensities of blackspot, but not of black rot. In Autumn/2004 no differences were observed in productivity, however black rotintensities were different for hybrids of broccolis.Index terms: brassica, productivity, diseases.

produção de 212.952t (Schalle-nberger, 2000).

O repolho e a couve-flor sãotradicionalmente culturas deinverno que se desenvolvemmelhor em climas amenos comtemperaturas de 15 a 20 oC, e osbrócolis, de 7 a 22oC (Souza &Resende, 2003). Em Santa Catarinainexistem trabalhos de pesquisasobre o comportamento de híbridoslançados recentemente sob cultivo

convencional e, especialmente, nocultivo orgânico.

O presente trabalho teve comoobjetivo avaliar o desempenho dehíbridos de repolho, couve-flor ebrócolis quanto à produtividade e àintensidade de doenças nos plantiosde primavera e outono, sob cultivoorgânico, no Litoral Sul Cata-rinense.

Os experimentos foram con-duzidos na Epagri/Estação Expe-

A

Aceito para publicação em 6/6/05.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, C.P. 49, 88840-000 Urussanga, SC, fone/fax: (48) 3465-1209,e-mail:[email protected]. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experimental de Urussanga, e-mail: [email protected].

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88 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

rimental de Urussanga em soloPodzólico Vermelho-Amarelocascalhento epieutrófico ócrico(argissolo de origem granítica),durante a primavera de 2003 eoutono de 2004 (Figura 1). Oespaçamento utilizado foi de 0,80mentre linhas por 0,50m entreplantas. Os híbridos testadosconstam nas Tabelas 1 e 2. Para oplantio de primavera adotou-se osistema de cultivo mínimo, abrindo-se apenas os sulcos em áreacultivada com aveia-preta nooutono/inverno de 2003. No plantiode outono lavrou-se o solo com 30dias de antecedência e efetuaram-se duas gradagens por ocasião dotransplante das mudas. Asquantidades de adubos aplicadasforam definidas de acordo com asanálises de solo. As adubações deplantio foram realizadas no sulcocom 10t/ha de cama de aviário(postura), incorporadas com 15 diasde antecedência na primavera eoutono. Duas adubações decobertura foram feitas depois dotransplante numa faixa de 20cm aolado das plantas com 5t/ha de camade aviário. As plantas espontâneasforam manejadas através decapinas nas linhas de plantio, porocasião da adubação de cobertura.Nas entrelinhas manteve-se umacobertura de aveia no plantio deprimavera (Figura 2) e plantasespontâneas no plantio de outono.O manejo de pragas (curuquerê dacouve e a traça das brássicas) foirealizado com pulverizações de óleode nim (Azadirachta indica) eproduto à base de Bacillusthuringiensis, quando necessário.Não foram aplicados métodos decontrole de doenças com o objetivode avaliar-se a intensidade dasmesmas nos híbridos.

O desempenho dos híbridos foimedido pela produtividade e pesomédio das cabeças. As doençasalternariose (Alternaria brassi-cicola) e podridão negra (Xantho-monas campestris pv. campestris)foram avaliadas pela incidência eseveridade. A severidade foimensurada com auxílio de escalasdiagramáticas com notas variandode zero a 50% para alternariose(Conn et al., 1990) e zero a 32% parapodridão negra (Azevedo et al.,2000). Durante os experimentosforam monitoradas as condições

Figura 1.Vista geral doexperimentosob cultivoorgânico naEpagri/EstaçãoExperimentalde Urussanga(plantio deoutono/2004)

Tabela 1. Rendimento, ciclo e intensidade de doenças em híbridos debrássicas sob cultivo orgânico, no plantio de primavera/2003, no LitoralSul Catarinense. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, 2006

Rendimento(1) Doenças(2)

CicloCultivar Prod. Peso (dias) PN Alt(t/ha) (kg) (%) (%)

Brócolis

AF-817 21,6 ns 0,7 ns 94 0,3 ns 2,6 b

Legacy 20,4 0,6 104 6,6 70,0 ab

AF-649 16,0 0,8 104 0,0 75,0 ab

AF-567 14,0 0,7 94 10,0 90,0 a

CV 31% 27% 81% 34%

Couve-flor

Barcelona AG-324 27,1 ns 1,0 ns 104 3,3 ns 33,3 ab

Julia F1 23,2 0,9 107 17,5 37,5 ab

AF- 919 21,6 0,8 94 7,5 52,5 ab

Verona 20,8 0,8 96 2,2 45,0 ab

AF-1182 20,5 0,9 94 15,0 60,0a

Sharon F1 18,7 0,7 96 10,0 20,0 b

CV 9,1% 10,2% 58% 49%

Repolho

Ombrios 64,2 a 2,5 a 110 2,5 ns 22,5 ns

Fuyutoyo 63,1 ab 2,5 a 120 5,0 5,0

AF-528 61,9 ab 2,4 ab 114 33,3 6,6

Emblem 59,4 ab 2,3 ab 110 10,0 12,5

Sagittarius 50,4 b 2,0 b 110 0,0 0,0

Nozomi 19,3 c 0,77 c 87 0,0 0,0

CV 12,9% 12,9% 78% 58%

(1)Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si peloteste de Duncan a 5% de probabilidade.(2)Médias da incidência da (PN e Alt.) seguidas da mesma letra nãodiferem entre si pelo teste de Kruskall-Wallis a 5% de probabilidade.Nota: Prod. = produtividade;

Peso = peso médio;PN = podridão negra;Alt. = alternariose;CV = coeficiente de variação;ns = não-significativo.

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89Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

climáticas por uma estaçãometeorológica situada a 100m dasáreas experimentais. O delinea-mento experimental utilizado foi ointeiramente casualizado com trêsrepetições na primavera e quatrono outono. Os dados de produ-tividade e peso médio dos híbridosforam comparados pelo teste deDuncan, enquanto que a incidênciae severidade das doenças, pelo testenão-paramétrico de Kruskall-

Tabela 2. Rendimento, ciclo e intensidade de doenças em híbridos debrássicas sob cultivo orgânico, no plantio de outono/2004, no LitoralSul Catarinense. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, 2006

Rendimento(1) Doenças(2)

Cultivar Ciclo PN AltProd. Peso (dias)(t/ha) (kg) Inc Sev Inc Sev

(%) (%) (%) (%)

Brócolis

AF-817 14,4 ns 0,5 ns 113 0,0 b 0,0 b 3 ns 0,1 ns

Majestic Crown 14,0 0,5 115 0,0 b 0,0 b 20,0 0,8

AF-649 10,0 0,3 118 0,0 b 0,0 b 6,0 0,4

AF-567 8,6 0,3 118 23,0 a 0,7 a 0,0 0,0

CV 27% 27% 73% 23% 73% 53%

Couve-flor

Júlia F1

22,1 ns 0,8 ns 118 16,0 ns 0,8 ns 0,0 ns 0,0 ns

Sharon F1

16,4 0,6 106 23,0 1,3 3,0 0,1

AF-1182 16,2 0,6 98 3,0 0,1 0,0 0,0

AF-1169 15,3 0,6 98 3,0 0,1 0,0 0,0

CV 17% 17% 65% 22% 25% 57%

Repolho

Fuyutoyo 48,1 ns 1,9 ns 132 0,0 ns 0,0 ns 0 ns 0,0 ns

AF-528 44,0 1,5 125 10 0,4 10 0,1

Emblem 38,0 1,7 125 6 0,5 0 0,0

Sagittarius 31,0 1,2 125 10 0,1 3 0,1

CV 17% 17% 83% 11% 63% 18%

(1)Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste deDuncan 5% de probabilidade.(2)Médias da incidência da (PN e Alt.) seguidas da mesma letra não diferem entresi pelo teste de Kruskall-Wallis a 5% de probabilidade.Nota: PN = podridão negra;

Alt. = alternariose;Prod. = produtividade;Peso = peso médio;Inc = incidência;Sev = severidade;CV = coeficiente de variação;ns = não-significativo.

Figura 2. Cultivo mínimo debrássicas no plantio de primavera

Wallis, ambos a 5% de probabi-lidade.

Na primavera destacaram-se oshíbridos de repolho ‘Ombrios’,‘Fuyutoyo’, ‘AF-528’ e ‘Emblem’(Tabela 1) com ciclo vegetativo de138 dias e produtividades acima de59t/ha em função do maior pesomédio das cabeças (Tabela 1). Estesresultados são similares aos obtidospor Souza & Resende (2003) nosistema orgânico. O híbrido

‘Nozomi’ foi o menos produtivodevido à formação de cabeçaspequenas (0,7kg), mas teve maiorprecocidade (115 dias). Dentre oshíbridos de couve-flor não severificaram diferenças signifi-cativas quanto à produtividade e aopeso médio da cabeça (Tabela 1). Ohíbrido ‘Barcelona Ag-324’ (Figura3) apresentou um ciclo de 104 diase rendimento de 27,1t/ha. Pesquisarealizada por Souza & Resende(2003) revelou no cultivo orgânicoprodutividade média de 13,7t/ha, ouseja, 60% inferior ao rendimentomédio obtido neste trabalho. Nacultura dos brócolis também nãohouve diferenças quanto àprodutividade e ao peso médio dacabeça (Tabela 1). Os híbridos ‘AF-817’ e ‘Legacy’ apresentaram ciclosvegetativos de 94 e 104 dias eprodutividades de 21,6 e 20,4t/ha,respectivamente.

No cultivo de outono não houvediferenças significativas naprodutividade entre os híbridos derepolho, de couve-flor e de brócolis(Tabela 2). Os híbridos de repolho‘Fuyutoyo’ e ‘AF-528’, com ciclosvegetativos de 132 e 125 dias,

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90 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

Figura 3. Híbrido de couve-flor ‘Barcelona Ag-324’ sob cultivo orgânico,no plantio de primavera/2003, na Epagri/Estação Experimental deUrussanga

apresentaram produtividades de48,1 e 44t/ha, respectivamente. Nacultura da couve-flor, o híbrido‘Júlia F1’ apresentou produtividadede 22,1t/ha e 0,8kg de peso médiode cabeças. Os híbridos de brócolis‘AF-817’ e ‘Majestic Crown’, comciclos de 112 e 119 dias, apre-sentaram produtividades de 14,4 e14t/ha, respectivamente, e pesomédio de cabeças de 0,5kg.

Em relação às doenças no cultivode primavera, constataram-se altasincidências de alternariose noshíbridos testados, especialmente nacouve-flor e brócolis. Os híbridos decouve-flor ‘Sharon F1’ e ‘Barcelona’apresentaram apenas 33,3% e 20%de plantas doentes, respecti-vamente, enquanto que os demaisalcançaram 37,5% a 60%. Osbrócolis ‘AF-567’, ‘AF-649’ e ‘Legacy’apresentaram incidências acima de70% da alternariose, enquanto queno ‘AF-817’ ocorreu em apenas 2,6%das plantas. A suscetibilidade do‘Legacy’ à alternariose em cultivoorgânico já foi apontada an-teriormente (Peruch, 2004), motivopelo qual a doença pode causarperdas sob condições climáticasfavoráveis e alta quantidade deinóculo. Não foram verificadasdiferenças entre os híbridos decouve-flor e brócolis avaliados emrelação à podridão negra, muitoembora a couve-flor ‘Verona’ sejaconsiderada resistente (Mariano etal., 2002). Os repolhos não apre-

sentaram diferenças quanto àsdoenças. Todavia, o ‘Fuyutoyo’ éconsiderado resistente à podridãonegra (Mariano et al., 2002) e temse destacado pelas baixas seve-ridades da alternariose (Rodrigueset al., 2004).

No cultivo de outono consta-taram-se baixas intensidades daalternariose e da podridão negranos híbridos de brássicas. Esteresultado pode ser explicado pelascondições climáticas desfavoráveis,visto que a média nos meses demarço a junho variaram de 15 a22 oC, temperaturas desfavoráveispara a alternariose e podridãonegra. No repolho verificou-se quea incidência das doenças nãoultrapassou 10% das plantas e aseveridade alcançou apenas 0,5%.Em relação à couve-flor, não foramverificadas diferenças entre oshíbridos na intensidade das doenças(Tabela 2). Nos brócolis foramdetectadas diferenças nas inten-sidades da podridão negra, mas nãoda alternariose. ‘AF-567’ apresen-tou valores significativamentesuperiores de incidência (23%) eseveridade (0,7%) em relação aosdemais.

Os resultados preliminaresindicam que para o cultivo orgânicono Litoral Catarinense os híbridosmais promissores são:

Plantio de primavera :repolho – ‘Ombrios’, ‘Fuyutoyo’,‘IAF-528’ e ‘Emblem’; couve-flor –

‘Barcelona Ag-324’, ‘Verona 184’,‘Julia F1’ e ‘AF-919’; brócolis – ‘AF-817’.

Plantio de outono: repolho –‘Fuyutoyo’, ‘AF-528’, ‘Emblem’ e‘Sagittarius’; couve-flor – ‘Julia F1’,‘Sharon’, ‘AF-1182’ e ‘AF-1169’;brócolis – ‘AF 817’ e ‘MajesticCrown’.

Literatura citada

1. AZEVEDO, S.S.; MICHEREFF, S.J.;MARIANO, R.L.R. Levantamento daintensidade da podridão negra e daalternariose do repolho no Agrestede Pernambuco e determinação dotamanho das amostras paraquantificação dessas doenças. SummaPhytopathologica, v.26, n.3, p.299-306,2000.

2. CONN, K.L.; TEWARI, J.P.; AWASHI,R.P. A disease assesment key forAlternaria blackspot in rapeseed andmustard. Canadian Plant DiseaseSurvey, v.70, n.1, p.19-22, 1990.

3. MARIANO, R.L.R.; SILVEIRA, E.B.;ASSIS, S.M.P. et al. Diagnose e manejode fitobacterioses de importância nonordeste brasileiro. In: MICHEREFF,S.J; BARROS, R. Proteção de plantasna agricultura sustentável. Recife:Editora da Universidade FederalRural de Pernambuco, 2001. p.141-170.

4. PERUCH, L.A.M. Levantamento daintensidade da alternariose e dapodridão negra em cultivos orgânicosde brássicas e longevidade deesporulação de Alternaria brassi-cicola em restos culturais de bró-colis . 2004. 54p. Tese (Doutorado emFitopatologia) – Universidade Fe-deral Rural de Pernambuco, Recife,PE.

5. RODRIGUES, V.J.L.B.; MICHEREFF,S.J.; MENEZES, D. et al. Epidemiologiacomparativa da alternariose emcultivares de brássicas sob cultivoconvencional e orgânico. SummaPhytopathologica , Botucatu, v.30, n.2,p.226-233, 2004.

6. SCHALLENBERGER, E. A produçãode hortaliças em Santa Catarina. Itajaí:Epagri/Estação Experimental de Itajaí,2000. 26p.

7. SOUZA, J.L. de; RESENDE, P. Manualde horticultura orgânica. Viçosa:Aprenda Fácil, 2003. 564p.

Page 90: Edição de novembro de 2006

91Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

A

Efeito de produtos alternativos no controle do míldio eEfeito de produtos alternativos no controle do míldio eEfeito de produtos alternativos no controle do míldio eEfeito de produtos alternativos no controle do míldio eEfeito de produtos alternativos no controle do míldio eno rendimento de cebolano rendimento de cebolano rendimento de cebolano rendimento de cebolano rendimento de cebola

João Américo Wordell Filho1 eMarciel João Stadnik2

cebola (Allium cepa L.) éuma cultura economica-mente importante para o

Brasil. A expectativa de áreasemeada no ano de 2005 é de56.734ha, totalizando um volumede produção de 1,065 milhão detoneladas e rendimento médio de18,78t/ha (Icepa, 2005). A ocor-rência de doenças constitui-se emfator limitante da produção e daqualidade de bulbos colhidos. Umadas principais doenças da culturada cebola é o míldio, causado pelofungo Peronospora destructor L.(Figura 1).

A doença apresenta maior impor-tância em regiões de clima

Resumo – O míldio da cebola, causado por Peronospora destructor, é a principal doença dessa cultura, em funçãodas perdas de produtividade que provoca nas plantas infectadas. Buscando uma forma eficiente e menos danosaao meio ambiente e ao homem, avaliou-se, em condições de campo, a eficiência de produtos como alternativa decontrole dessa doença. Dentre os produtos testados, os melhores resultados foram obtidos com o fertilizante foliar(Kendal®), a calda bordalesa 0,3% combinada com fosfito de potássio (Potássio 20®) e fungicidas. O maiorrendimento de bulbos de cebola se deu com os tratamentos calda bordalesa + fosfito e os fungicidas, que nãodiferiram dos tratamentos Potássio 20®, Bion 500 WG®, Kendal® e extrato de alga.Termos para indexação: Peronospora destructor, controle, Allium cepa.

Effect of alternative products on downy mildew control and onion yield

Abstract – Downy mildew caused by Peronospora destructor is the main disease of onion due to the lossescaused to this crop. Searching for a more efficient and less harmful way to human beings and the environment,the efficiency of alternative products for the control of downy mildew was evaluated. Among the tested products,leaf fertilizer (Kendal®), bordeaux mixture at 0,3% combined with potassium phosphite (Potassium 20®) andfungicides had the best results for the disease control. The highest onion yield was obtained with the spray ofbordeaux mixture plus phosphite and fungicides, but they did not differ from the treatments Potassium 20®, Bion®

500 WG Kendal® and alga extract.Index terms: Peronospora destructor, control, Allium cepa.

temperado, onde são freqüentes osperíodos de temperaturas amenas,alta umidade relativa e baixaluminosidade (IMI, 1990). Nasregiões tropicais ou subtropicais,onde as perdas podem atingir até60%, os períodos favoráveis àocorrência de míldio coincidemgeralmente com a época mais friado ano (Mirakhur et al., 1977). NoBrasil, o míldio destaca-se nosEstados do Sul, embora tenha sidotambém descrito como limitante naprodução de cebola no TrópicoSemiárido-Nordeste (Tavares, 1995;Boff, 1996) e Cerrado (JaccoudFilho, 1988).

Na Região do Alto Vale do Itajaí,

a cebola é cultivada predomi-nantemente no sistema conven-cional, com a utilização freqüente,e muitas vezes excessiva, depulverizações com fungicidas parao controle da doença. Essa práticade controle, além de onerar oscustos de produção, pode trazerdiversos efeitos negativos, como aresistência do fungo a diferentesprincípios ativos, intoxicaçãohumana e contaminação ambiental.Por estes motivos, a procura deprodutos alternativos que possuamefeito no controle de doenças éimperativo na busca de umaagricultura mais limpa e eficaz.O objetivo deste trabalho foi ava-

Aceito para publicação em 14/3/06.1Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, C.P. 121, 88400-000 Ituporanga, SC, fone: (47) 3533-1409, e-mail:[email protected]. agr ., Dr., UFSC/Centro de Ciências Agrárias, C.P. 476, 88040-900 Florianópolis, SC, fone: (48) 3331-5338, e-mail:[email protected].

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92 Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

liar o uso de produtos alter-nativos para o controle do míldioda cebola.

O ensaio foi conduzido no campoda Epagri/Estação Experimental deItuporanga, SC, de agosto adezembro de 2004. O delineamentoexperimental foi de blocoscasualizados com quatro repetições.Foram avaliados oito tratamentos:a) testemunha; b) fungicida:propineb (Antracol 700 PM® 3kg/ha) e Metalaxil + Mancozeb (RidomilGold® 2,5kg/ha), aplicados emalternância; c) fosfito de potássio(Potássio 20®, na formulação 00-30-20, 250ml/100L); d) fertilizante foliar(Kendal®, nitrogênio 3% e óxido depotássio 16%, 400ml/100L); e) caldabordalesa 0,3% e fosfito de potássio(Potássio 20® 250 ml/100L),aplicados semanalmente, porém nãoem mistura de tanque, por seremprodutos incompatíveis. Primeira-mente foi aplicado o fosfito depotássio e no dia seguinte foi aplicadoa calda bordalesa; f) extratoetanólico de alga (Ulva fasciata)(0,100g de peso seco/mL – 1.000ml/100L); g) extrato etanólico de babosa(Aloe vera L.) ( 0,140g de peso seco/ml – 1.000ml/100L) e h) Acibenzolar-S-Methyl (Bion 500 WG® 5g/100L).Todos os tratamentos foramaplicados semanalmente. Não foifeita inoculação nas plantas devidoao fato de o ensaio ter sido instaladoem área infestada e com históricoda doença.

Figura 1. Sintomas de míldio (Peronospora destructor)em folha de cebola

fosfito de potássio (Potássio 20®),apresentou a menor AACPD entreos tratamentos utilizados noexperimento. Por outro lado, a caldabordalesa + fosfito não diferiu datestemunha.

De acordo com Huber (1990 e1994), adubações foliares ricas empotássio são capazes de reduzir aseveridade de muitas doenças devidoao enrijecimento da parede celular.Porém, as aplicações semanais defosfito de potássio (Potássio 20®), oqual também é rico neste nutriente,não foram capazes de controlar omíldio. Por outro lado, em estudosrealizados no Planalto Catarinensepor Katsurayama & Boneti (2002),um fertilizante foliar semelhante(Fitofos-K plus; Wiser, 00-30-20),aplicado semanalmente na dose de1,4L/ha, foi eficiente no controle domíldio da cebola, com nível decontrole semelhante ao alcançadopor pulverizações com os fungicidasDithane ® PM (2kg/ha) e RidomilGold® MZ (2kg/ha). Esta aparentecontradição sugere que as condiçõesambientais possam afetarfortemente a eficiência de produtosque atuam provavelmente pelaindução de resistência, tais como osfosfitos (Stadnik & Maraschin,2004), ou ainda que pequenasdiferenças nas formulações dosprodutos comerciais possam afetara sua eficácia. No entanto, maisestudos são necessários paraelucidar o efeito do ambiente, dasformulações de fertilizantes foliarese de suas interações.

Considerando que o uso do fosfitode potássio (Potássio 20®) isola-damente não afetou significa-tivamente a doença, a redução daAACPD nas parcelas tratadas com acombinação de calda bordalesa 0,3%e fosfito de potássio (Potássio 20®)deve ser melhor investigada,visando esclarecer os papéis dosfosfitos de potássio e da caldabordalesa isoladamente e emcombinação no controle dessadoença.

Com relação ao rendimento epeso médio de bulbos, foi verificadadiferença significativa entre ostratamentos (Tabela 2). Ostratamentos fungicida e calda bor-dalesa 0,3% + fosfito de potássio(Potássio 20 ®) apresentaram altasproduções mas foram superioresapenas à testemunha e ao extrato

A cultivar decebola utilizadafoi a Crioula AltoVale, transplan-tada em 24/8/2004 para parce-las de 3 x 2,8m. Adeterminação daquantidade deadubo químicoutilizado foi ba-seada na análisedo solo, segun-do as recomen-dações daC Q F S R S / S C(2005). Na adu-bação de baseu t i l i z a r a m - s e250kg/ha da fór-mula 5-20-10 (N-P-K), distribuídam a n u a l m e n t esobre as parcelas,

sendo após incorporada com grade.Aos 30 e 45 dias após o plantio,foram realizadas adubações decobertura com uréia, utilizando-se40g/parcela, equivalente a 21,4kgde N/ha.

As pulverizações iniciaram-seaos sete dias após o plantio e foramfinalizadas aos sete dias antes dacolheita, totalizando 13 pulve-rizações. As pulverizações foramrealizadas utilizando-se umpulverizador costal, pressurizadocom CO 2, bico do tipo DG 110015,ajustado para um volume de caldade 400L/ha. As avaliações deseveridade iniciaram sete dias apósa primeira pulverização, baseando-se em observações visuais daporcentagem de área foliarinfectada, totalizando 13 avaliações.Posteriormente, determinou-se aárea abaixo da curva de progressoda doença (AACPD), através dafórmula AACPD = Σ [(y1 + y2).Δt/2],em que y1 e y2 são duas avaliaçõesconsecutivas de severidade e Δt é ointervalo de tempo (em dias) entreelas. Após a colheita, os bulbosforam pesados e classificados deacordo com o diâmetro transversaldo bulbo, em classes de dois a cinco(Kroger et al., 2003), sendo a classe2 considerada como descarte.

Houve efeito significativo dostratamentos na AACPD do míldioda cebola (Tabela 1). O tratamentofungicida, embora não diferindo deKendal ® e calda bordalesa (0,3%) +

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Tabela 1. Efeito de produtos alternativos sobre a área abaixo da curva deprogresso da doença (AACPD) no controle do míldio da cebola cultivarCrioula Alto Vale. Epagri. Ituporanga, SC. 2005(1)

Tratamento AACPD

Potássio 20® 510,88a

Testemunha 463,13a b

Extrato de babosa (Aloe vera) 460,50a b

Bion 500 WG® 447,25a b

Extrato de alga (Ulva fasciata) 430,88a b c

Calda bordalesa 0,3% + Potássio 20® 398,88 b c d

Kendal® 347,75 c d

Fungicida 330,13 d

CV (%) 13,41

(1)Médias seguidas das mesmas letras não diferem significativamentepelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.Nota: CV = coeficiente de variação.

Tabela 2. Rendimento total, comercial e peso médio de bulbos (PMB) decebola cultivar Crioula Alto Vale obtidos após a aplicação de produtosalternativos no controle do míldio da cebola. Epagri. Ituporanga, SC,2005(1)

TratamentoRendimento Rendimento PMB

total (2) comercial (3)

t/ha g

Fungicidas 29,35a 28,21a 144,97aCalda bordalesa 0,3%+ Potássio 20® 28,30a 26,54a 136,86abPotássio 20® 26,85ab 25,22ab 133,83ab

Bion500 WG® 26,30ab 24,72ab 130,63ab

Kendal® 25,53ab 23,00ab 131,38abExtrato de alga(Ulva fasciata) 25,50ab 23,71ab 129,04abExtrato de babosa(Aloe vera ) 21,87 b 18,86 b 109,00 b

Testemunha 21,80 b 18,80 b 108,94 b

CV (%) 13,30 18,00 14,54

(1)Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferemsignificativamente pelo teste de Duncan a 5 % de probabilidade.(2) Rendimento total de bulbos, correspondendo à soma de todas as classes(bulbos com diâmetro transversal entre 35 e 90mm).(3)Rendimento baseado nas classes 3, 4 e 5 (bulbos com diâmetrotransversal superior 50mm).

de babosa. Os demais tratamentos:extrato de babosa, testemunha, ex-trato de alga, fertilizante foliar (Ken-dal®), acibenzolar-S-Methyl (Bion500 WG®) e fosfitos de potássio (Po-tássio 20®) não diferiram entre si.

Em relação ao peso médio de

Entre os produtos alternativostestados nesse experimento, otratamento calda bordalesa +Potássio 20® apresenta-se promissorno controle do míldio da cebola.Esses produtos possuem a vantagemde ter baixo impacto ambiental emenor custo que os fungicidassintéticos.

Literatura citada

1. BOFF, P. Levantamento de doenças nacultura da cebola em Santa Catarina.Fitopatologia Brasileira , v.21, p.110-114, 1996.

2. HUBER, D.M. Fertilizers and soil-bornedisease. Soil Use and Management,Cambridge, v.6, n.4, p.168-173, 1990.

3. HUBER, D.M. The influence of mineralnutrition on vegetable diseases.Horticultura Brasileira , Brasília, v.12,n.2, p.206-214, 1994.

4. ICEPA. Instituto de Planejamento parao desenvolvimento agrícola, pesqueiroe floresta de Santa Catarina.Disponível em: <http://www.icepa.rct-sc.br >. Acesso em: 24 de nov. de 2005.

5. IMI. Distribuition maps of plantdiseases. England: C.A.B., 1990. (Nº 76).(IMI. n.76).

6. JACCOUD FILHO, D. de S. Relaçãoentre o controle das doenças foliares emétodos de cura e a incidência demicroorganismos em bulbos de cebola(Allium cepa L.) armazenados . Viçosa:Imp. Univ., UFV, 1988. 98p.

7. KATSURAYAMA, K.; BONETI, J.I.S.Avaliação da eficiência do Fitofos-Kplus no controle do míldio(Peronospora destructor) da cebola.São Joaquim, SC: Epagri, 2002. 7p.(Relatório Técnico da Wiser).

8. KROGER, A.; SCHMITT, D.R.;SANTOS, I.A. dos et al. Cursoprofissionalizante de cebola : infor-mações técnicas. Florianópolis, SC:Epagri. 2003. 59p. (Epagri BoletimDidático, n.48).

9. MIRAKHUR, R.K.; DHAR, A.K.; KAW,M.R. Downy mildew of Allium cepa andits control with fungicides in Kashmirvalley. Indian Phytopathology, v.30,p.576-577, 1977.

10.STADNIK, M.J.; MARASCHIN, M.Indução de resistência de plantas afitopatógenos. In: STADNIK, M.J.,TALAMINI, V. Manejo ecológico dedoenças de plantas. Florianópolis: CCA/UFSC, 2004. 293p.

11.TAVARES, S.C.C. de H. Principaisdoenças da cultura da cebola no TrópicoSemi-Árido brasileiro. In: TAVARES,S.C.C. de H. Principais doenças dasculturas de : cebola, tomate, feijão ecucurbitáceas. Petrolina, Embrapa-CPATSA, 1995. Não publicado.

bulbos (PMB), os tratamentosapresentaram médias entre 144,97e 109g, sendo que o tratamentofungicida diferiu significativa-mente apenas dos tratamentostestemunha e extrato de babosa(Tabela 2).

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Normas para publicação na revistaAgropecuária Catarinense – RAC

A revista Agropecuária Catari-nense aceita para publicaçãomatérias ligadas à agropecuária e àpesca, desde que se enquadrem nasseguintes normas:

1. As matérias para as seções ArtigoCientífico, Germoplasma eLançamento de Cultivares e NotaCientífica devem ser originais evir acompanhadas de uma cartaafirmando que a matéria éexclusiva à RAC.

2. O Artigo Científico deve serconclusivo, oriundo de umapesquisa já encerrada. Deve estarorganizado em Título, Nomecompleto dos autores (semabreviação), Resumo (máximo de15 linhas, incluindo Termos paraindexação), Título em inglês,Abstract e Index terms,Introdução, Material e métodos,Resultados e discussão, Con-clusão, Agradecimentos (opcio-nal), Literatura citada, tabelas efiguras. Os termos para indexaçãonão devem conter palavras jáexistentes no título e devem terno mínimo três e no máximocinco palavras. Nomes científicosno título não devem conter onome do identificador da espécie.Há um limite de 12 páginas paraArtigo Científico, incluindotabelas e figuras.

3. A Nota Científica refere-se apesquisa científica inédita erecente com resultadosimportantes e de interesse parauma rápida divulgação porémcom volume de informações

insuficiente para constituir umartigo científico completo. Podeser também a descrição de novadoença ou inseto-praga. Deve terno máximo oito páginas (incluí-das as tabelas e figuras). Deveestar organizada em Título, No-me completo dos autores (semabreviação), Resumo (máximo de12 linhas, incluindo Termos paraindexação), Título em inglês, Abs-tract e Index terms, texto corrido,Agradecimentos (opcional), Lite-ratura citada, tabelas e figuras.Não deve ultrapassar dez refe-rências bibliográficas.

4. A seção Germoplasma e Lança-mento de Cultivares deve conterTítulo, Nome completo dosautores, Resumo (máximo de 15linhas, incluindo Termos paraindexação), Título em inglês,Abstract e Index terms, Intro-dução, Origem (incluindo pedi-gree), Descrição (planta, brota-ção, floração, fruto, folha, sistemaradicular, tabela com dadoscomparativos), Perspectivas eproblemas da nova cultivar ougermoplasma, Disponibilidade dematerial e Literatura citada. Háum limite de 12 páginas,incluindo tabelas e figuras.

5. Devem constar no rodapé daprimeira página: formaçãoprofissional do autor e do(s) co--autor(es), título de graduação epós-graduação (Especialização,M.Sc., Dr., Ph.D.), nome eendereço da institutição em quetrabalha, telefone para contato eendereço eletrônico.

6. As citações de autores no textodevem ser feitas por sobrenomee ano, com apenas a primeiraletra maiúscula. Quando houverdois autores, separar por “&”; sehouver mais de dois, citar oprimeiro seguido por “et al.” (semitálico).

7. Tabelas e figuras não devemestar inseridas no texto e devemvir numeradas, ao final damatéria, em ordem de apre-sentação, com as devidaslegendas. As tabelas e as figuras(fotos e gráficos) devem ter títuloclaro e objetivo e ser auto-explicativas. O título da tabeladeve estar acima da mesma,enquanto que o título da figura,abaixo. As tabelas devem serabertas à esquerda e à direita,sem linhas verticais e horizon-tais, com exceção daquelas paraseparação do cabeçalho e dofechamento, evitando-se o usode linhas duplas. As abreviaturasdevem ser explicadas aoaparecerem pela primeira vez.As chamadas devem ser feitasem algarismos arábicos sobres-critos, entre parênteses e emordem crescente (ver modelo).

8. As fotografias devem estar empapel fotográfico ou em diaposi-tivo, acompanhadas das respec-tivas legendas. Serão aceitasfotos digitalizadas, desde que emalta resolução (300dpi).

9. As matérias apresentadas paraas seções Opinião, Registro,Conjuntura e Informativo

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95Agropec. Catarin., v.19, n.3, nov. 2006

68.72447.38745.03767.93648.31359.50593.037

64.316

64.129 -

Tabela 1. Peso médio dos frutos no período de 1993 a 1995 e produção média desses trêsanos, em plantas de macieira, cultivar Gala, tratadas com diferentes volumes de caldade raleantes químicos(1)

Tratamento Peso médio dos frutos Produção

média

TestemunhaRaleio manual16L/ha300L/ha430L/ha950L/ha1.300L/ha1.900L/hac/pulverizadormanual1.900L/hac/turboatomizador

C.V. (%)Probabilidade >F 0,0002(**) 0,0011(**)0,0004(**) - -(1)Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probalidade.(**) Teste F significativo a 1% de probabilidade.

Fonte: Camilo & Palladini. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.11, nov. 2000.

113 d122 cd131abc134ab122 cd128abc138a

125 bc

133ab4,8

95 d110 bc121a109 bc100 cd107 bc115ab

106 bc

109 bc6,4

80 d100ab 91 bc 94 bc 88 cd 92 bc104a

94abc

95abc6,1

96,0110,7114,3112,3103,3109,0119,0

108,4

112,3 -

1993 1994 1995 Média

................................g............................. kg/ha

Técnico devem se orientar pelasnormas do item 10.

9.1 Opinião – deve discorrer sobreassuntos que expressam aopinião pessoal do autor sobre ofato em foco e não deve ter maisque três páginas.

9.2 Registro – matérias que tratamde fatos oportunos que mereçamser divulgados. Seu conteúdo éa notícia, que, apesar de atual,não chega a merecer o destaquede uma reportagem. Não devemter mais que duas páginas.

9.3 Conjuntura – matérias queenfocam fatos atuais com baseem análise econômica, socialou política, cuja divulgação éoportuna. Não devem ter maisque seis páginas.

9.4 Informativo Técnico – refere-se à descrição de uma técnica,uma tecnologia, doenças,insetos-praga e outrasrecomendações técnicas decunho prático. Não deve termais do que oito páginas,incluídas as figuras e tabelas,nem ultrapassar 15 referênciasbibliográficas.

10. Os trabalhos devem serencaminhados em quatro vias,impressos em papel A4, letraarial, tamanho 12, espaço duplo,sendo três vias sem o(s) nome(s)do(s) autor(es) para seremutilizadas pelos consultores euma via completa para arquivo.As cópias em papel devempossuir margem superior,inferior e laterais de 2,5cm,estar paginadas e com aslinhas numeradas. Apenas aversão final deve vir acom-panhada de disquete ou CD,usando o programa “Word forWindows”.

11. Literatura citadaAs referências bibliográficasdevem estar restritas àLiteratura citada no texto, deacordo com a ABNT e em ordemalfabética. Não são aceitascitações de dados não publicadose publicações no prelo. Quandohouver mais de três autores,citam-se apenas os trêsprimeiros, seguidos de et al.

Eventos

DANERS, G. Flora de importânciamelífera no Uruguai. In: CON-

GRESSO IBERO-LATINOAME-RICANO DE APICULTURA, 5.,1996, Mercedes. Anais... Mercedes,1996. p.20.

Periódicos no todo

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DOBRASIL-1999. Rio de Janeiro: IBGE,v.59, 2000. 275p.

Artigo de periódico

STUKER, H.; BOFF, P. Tamanhoda amostra na avaliação da queima-acinzentada em canteiros de cebola.Horticultura Brasileira, Brasília,v.16, n.1, p.10-13, maio 1998.

Artigo de periódico em meioeletrônico

SILVA, S.J. O melhor caminho paraatualização. PC world, São Paulo,n.75, set. 1998. Disponível em: www.idg.com.br/abre.htm>. Acesso em:10 set. 1998.

Livro no todo

SANTANA, S.P. Frutas Brasil:Mercado e transporte. São Paulo:Empresa das Artes, 1991, v.1,166p.

Capítulo de livro

SCHNATHORST, W.C. Verticilliumwilt. In: WATKINS, G.M. (Ed.)Compendium of cotton diseases.St.Paul: The American Phyto-pathological Society, 1981. Part 1,p.41-44.

Teses e dissertações

CAVICHIOLLI, J.C. Efeitos dailuminação artificial sobre o cultivodo maracujazeiro amarelo(Passiflora edulis Sims f. flavicarpaDeg. ), 1998. 134f. Dissertação(Mestrado em Produção Vegetal),Faculdade de Ciências Agrárias eVeterinárias, Universidade EstadualPaulista, Jaboticabal, SP.