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16 ANOS ANO 17 Nº 194 R$ 7,00 SÃO PAULO, JUNHO DE 2009 GENTE DO DIREITO Divulgação ARBITRAGEM Augusto Canuto Andréa Martins Página 17 Selma Maria Ferreira Lemes Caderno de Livros O Poder Judiciário em nova crise CONTRASTE Págs. 25 e 26 Divulgação Internet EXAME DE ORDEM Reprovação assusta Augusto Canuto Caderno Exame de Ordem DIREITO ESPORTIVO Romário perde no STJ Página 5 s discussões entre dois ministros da mais alta Corte do País, um deles o pró- prio presidente do STF, Gilmar Mendes, não trouxe à tona apenas a questão de que eles também são “simples mortais”. Respingou no próprio Poder Judiciário, que agora tenta de qual- quer forma recuperar a imagem que sempre teve perante à opinião pública. O risco de a Corte se dividir, ela que é responsável pelas decisões mais im- portantes da Justiça, levou seus inte- grantes a procurar uma saída honrosa para todos, com articulações nos bas- tidores dignas de romances policiais. Apesar de almoços entre amigos, de declarações formais à Imprensa, no- tas, queixas, cochichos e reclamações à boca pequena, a verdade, como mostra Percival de Souza, é que o consenso ainda passa muito longe da sede do Supremo em Brasília. Entre centenas de processos que são examina- dos pelos ministros, já não é incomum que algumas decisões pareçam ter simples caráter provocativo, ou de revanchismo, simplesmente para mar- car posição. Para se ter uma idéia do cli- ma em Brasília, chegou-se a falar inclu- sive na possibilidade de ser feito um pedido de impeachment, que seria o pri- meiro na história do STF. A Págs 19 e 20

Edição Junho 2009 - nº 194

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Edição Junho 2009 - nº 194

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Page 1: Edição Junho 2009 - nº 194

1JUNHO DE 2009

16ANOS

ANO 17Nº 194

R$ 7,00SÃO PAULO, JUNHO DE 2009

GENTE DO DIREITO

DivulgaçãoARBITRAGEM

Augusto Canuto

Andréa MartinsPágina 17

Selma Maria Ferreira LemesCaderno de Livros

O Poder Judiciário em nova crise

CONTRASTE

Págs. 25 e 26

DivulgaçãoInternet

EXAME DE ORDEM

Reprovaçãoassusta

Augusto Canuto

Caderno Exame de Ordem

DIREITO ESPORTIVO

Romário perde no STJ

Página 5

s discussões entredois ministros damais alta Corte doPaís, um deles o pró-prio presidente doSTF, Gilmar Mendes,

não trouxe à tona apenas a questãode que eles também são “simplesmortais”. Respingou no próprio Poder

Judiciário, que agora tenta de qual-quer forma recuperar a imagem quesempre teve perante à opinião pública.O risco de a Corte se dividir, ela que éresponsável pelas decisões mais im-portantes da Justiça, levou seus inte-grantes a procurar uma saída honrosapara todos, com articulações nos bas-tidores dignas de romances policiais.

Apesar de almoços entre amigos, dedeclarações formais à Imprensa, no-tas, queixas, cochichos e reclamaçõesà boca pequena, a verdade, comomostra Percival de Souza, é que oconsenso ainda passa muito longe dasede do Supremo em Brasília. Entrecentenas de processos que são examina-dos pelos ministros, já não é incomum

que algumas decisões pareçam tersimples caráter provocativo, ou derevanchismo, simplesmente para mar-car posição. Para se ter uma idéia do cli-ma em Brasília, chegou-se a falar inclu-sive na possibilidade de ser feito umpedido de impeachment, que seria o pri-meiro na história do STF.

APágs 19 e 20

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2 JUNHO DE 2009

DOS LEITORES DA REDAÇÃO

TRIBUNA DO DIREITO

Eisbein — "A título de con-tribuição, observo que noexemplar n° 193, na página29, (N.da R. Maio 2009 ) a

forma correta é eisbein (e não einsbein, comoconstou)." Monica Heine,São Paulo.

Um novo advogado —"Adorei a reportagem de EuniceNunes sobre o novo advogado(N.da R. 'Está surgindo um

novo advogado', 'Tribuna', edição de maio, 'Cadernode Livros'). Gostaria de sugerir que fosse dada sequên-cia a esse assunto que é de interesse geral. " Daniel Zai-dan, de Hasegawa e Neto, Advogados Associados.

Nova "cara" — "Gostaria decumprimentá-los por maisuma excelente edição (maio).

Contudo, não posso deixar de criticar o tamanho ea forma da letra, notadamente em três das quatromatérias da página 11 e no texto do dr. Clito For-naciari Júnior ('Caderno de Jurisprudência')." Ferreira

Lisboa Advogados.

Ano 17 — "Cont inuo fãdo ' T r i buna ' e acho umfeito heróico vocês esta-

rem c i rcu lando há tanto tempo. " Rober toPasqualin (Pasqualin Advogados), São Paulo.

Waldir Troncoso Peres— "Maravilhoso o artigopublicado na edição de

maio, página 24, sobre o criminalista Waldir Tron-coso Peres. Parabéns." Oduvaldo Donnini, jorna-lista da "Gazeta de Pinheiros".

Aposentadoria —"No últ i-mo 'Tribuna' (maio), cons-tou à página 27 matéria re-

ferente a aposentadoria, como número do pro-cesso 681/2006-000-06-00.0, quando o corre-to seria 581.2006-000-06-00.0. Parabéns peloótimo trabalho." Amauri Alves Barbosa Junior,São Paulo.

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TRIBUNA DO DIREITO

Diretor-responsávelMilton Rondas (MTb - 9.179)

[email protected]

Editor-chefeFran Augusti - [email protected]

Diretor de MarketingMoacyr Castanho - [email protected]

Editoração Eletrônica, Composição e ArteEditora Jurídica MMM Ltda.

[email protected]ão

FolhaGráficaTiragem: 35.000

PUBLICAÇÃO MENSAL DAEDITORA JURÍDICA MMM LTDA.

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Tel./fax: (0xx11) 5011-22615011-4545 / 5011-7071 5011-8052 / 5011-8118

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AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE EXCLUSIVARESPONSABILIDADE DOS AUTORES

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28 páginas

AASP 4

Advocacia 1 1

À Margem da Lei 2 4

Cruzadas 2 7

Da Redação 2

Direito Comercial 8

Direito do Consumidor 7

Direito Esportivo 5

Direito de Família 3

Direito Imobiliário 6

Dos Leitores 2

Ementas 2 0

Hic et Nunc 1 2

Lazer 24 a 27

Legislação 1 6

Magistratura 12

Nos Tribunais 1 5

Notas 8

Paulo Bomfim 2 7

Poesias 2 7

Precatórios 1 2

Saúde 1 0

Seguros 1 0

Trabalho 21 a 24

Mais os Cadernos de “Exame de Ordem”, “Livros” e “Jurisprudência”

sonho de grande parte dos advogados, de ocupar uma cadeirano STF, que ficaria vaga com a provável ida da ministra EllenGracie para o Órgão de Apelação da Organização Mundial doComércio, acabou se desvanecendo. A OMC preferiu outrocandidato (o mexicano Ricardo Ramirez). Bem que a ministra seempenhou. Fez campanha, deixou de comparecer às sessões do

STF... Pior do que frustrar os advogados, foi a constatação de que o governoLula sofreu mais uma derrota diplomática, já que havia perdido as disputaspara as direções da OMC , da União International de Telecomunicações (UIT),do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de votações para pre-sidência da Confederação Internacional do Trabalho. Agora, só resta disputara organização dos Jogos Olímpicos de 2016 contra Chicago, Tóquio e Madri.

Fran Augusti

E agora?

O

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3JUNHO DE 2009

DIREITO DE FAMÍLIA

TRIBUNA DO DIREITO

recusa da mãe emsubmeter o filho aoexame de DNA gerapresunção de que oex-parceiro não é opai da criança. O

entendimento é da Quarta Turma doSTJ, que deu provimento a uma açãode investigação de negativa de pa-ternidade e determinou anulação doregistro de nascimento do menor.

O suposto pai ajuizou ação pedindoanulação de registro civil, com nega-ção de paternidade, alegando ter sidoinduzido ao erro quando registrou obebê. Afirmou que a criança não seriaseu filho biológico, conforme exame deDNA realizado por conta própria em1997. Segundo ele, a falsa paternidadetambém motivou o ajuizamento deação de separação judicial litigiosa.

O TJ-RJ recusou o laudo apresen-tado pelo requerente e determinou arealização do exame de DNA, mas amãe recusou-se por quatro vezes asubmeter o filho ao exame. Aindaassim, o tribunal rejeitou o pedido do

Recusa em fazer exame gera presunçãoex-marido e aplicou o princípio depresunção de paternidade de filhonascido durante o casamento, base-ado no artigo 1.597 do Código Civil.

No STJ, o ministro FernandoGonçalves divergiu do relator, mi-nistro Luiz Felipe Salomão, que vo-tou pelo desprovimento do recurso.Segundo o ministro Gonçalves, nãocabe a presunção da paternidade,já que, de acordo com o CC, presu-me-se concebida na constância docasamento criança que nasce de-pois de 180 dias do início da convi-vência conjugal.

O casamento ocorreu em novem-bro de 1994 e a criança nasceu ummês depois. O ministro alertou, tam-bém, que a recusa da mãe e a de-terminação do suposto pai em reali-zar o exame junto com a criançabastam para aplicação do artigo 232do CC, que determina que “a recusaà perícia médica ordenada pelo juizpoderá suprir a prova que se pre-tendia obter com o exame”. (RESP786312)B

A

município do Rio de Janeiro terá de pa-gar R$ 80 mil a cada um dos avós de

uma criança de quatro anos, que morreu emconsequência da queda do quarto andar daescola onde estudava. O acidente aconteceuquando a criança deixava a sala de aula, em

fila, com os colegas de classe. Cadaum dos pais receberá indenizaçãode R$ 114 mil por dano moral. Foideterminado, também, o paga-mento de indenização por danomaterial equivalente a 2/3 do salá-rio mínimo a partir da data em quea vítima completaria 14 anos até25 anos, e 1/3 do salário mínimodos 26 até os 65 anos.

O município, considerado culpadodevido à omissão dos responsáveispela escola, protestou contra a repa-ração que favorece os avós, e tam-bém questionou o pagamento dapensão porque a vítima não exerciafunção remunerada. No STJ, o rela-tor, ministro Carlos Meira, entendeuque a legislação não especifica osparentes que podem ser beneficia-dos em situação idêntica. Segundoele, cabe ao magistrado avaliar a ra-zoabilidade da compensação devi-

da pelo sofrimento decorrente da morte dealguém. Em casos como esse, os avós podemfigurar como requerentes de indenização pordano moral.

Em relação à pensão mensal, a SegundaTurma do STJ considerou que a indenizaçãopor dano material deve ser paga, em caso demorte ou lesão definitiva de filho menor, inde-pendentemente se ele tem atividade remune-rada ou não. (RESP 1101213)B

Avós serão indenizados

O

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4 JUNHO DE 2009

AASP

TRIBUNA DO DIREITO

Associação dos Advo-gados de São Paulo(AASP) e o CentroIntegração EmpresaEscola (CIEE) celebra-ram acordo visando o

desenvolvimento de atividades conjuntaspara propiciarem, em conformidade coma legislação vigente, a operacionalizaçãode Programas de Estágio de Estudan-tes, não só nas dependências da AASP,mas também nos escritórios dos advo-gados associados, contribuindo para aformação de futuros profissionais.

Para o presidente da AASP, FábioFerreira de Oliveira, a parceria veio aoencontro do pleito dos associados.“Esta parceria émais um marco his-tórico para a AASP.Já demos início aum projeto de ofe-recer aos estagiáriosadvindos do CIEE, eque serão colocadosem escritórios deassociados, umapreparação inicial

Convênio com o CIEE-SP para capacitação profissionalcom cursos e orientações básicas paraque esses estagiários cheguem aos es-critórios com algum conhecimento”,afirmou.

Estiveram presentes a assinaturado convênio o presidente da AASP,Fábio Ferreira de Oliveira; o presiden-te-executivo do CIEE, Luiz GonzagaBertelli; o presidente do Conselho deAdministração do CIEE/SP, RuyMartins Altenfelder, além dos direto-res da AASP Sérgio Rosenthal, CibelePinheiro Marçal Cruz e Tucci, Dina DarcFerreira Lima Cardoso, Leonardo Sica,e a gerente da Assessoria Jurídica doCIEE, Maria Nilce Mota.B

onselheiros e diretores representaram aAASP na Marcha em Defesa da Cidadania

e do Poder Judiciário, organizada pelo ConselhoFederal da Ordem dos Advogados do Brasil, con-tra a aprovação na Câmara dos Deputados daPEC dos Precatórios, realizada em Brasília.O Conselho Diretor da associação decidiu inte-grar esse relevante movimento, por considerá-lo verdadeiro reclamo da cidadania, tendocomo principal objetivo alertar a sociedade emgeral, parlamentares e as autoridades envolvi-das na discussão a respeito da gravidade querepresenta a aprovação da PEC 12.B

Cursos no RSDepartamento Cultural da AASP fez suaprimeira transmissão de curso por saté-

lite para o Estado do Rio Grande do Sul. Maisde mil advogados, em 29 cidades, assistiram àsaulas. Na abertura, que marcou o início daparceria da AASP com a OAB-RS e a ESA-RS,estiveram presentes o presidente da AASP, Fá-bio Ferreira de Oliveira; o presidente da OAB-RS, Cláudio Pacheco Prates Lamachia; o vice-diretor da ESA-RS, Artur Fonseca Alvim; e o co-ordenador do curso, Eduardo Lemos Barbosa.Todos enalteceram a importância da parceria eda iniciativa pioneira.B

PEC 12

AASP, representada pelo vice-presi-dente, Arystóbulo de Oliveira Freitas,

participou, em Brasília, da reunião de lança-

Frente parlamentar mento da Frente Parlamentar da Advocacia, presididapelo deputado federal Marcelo Ortiz. A Frente Parla-mentar tem como objetivo participar ativamente dasdiscussões de temas relacionados não só com a Advo-cacia, mas também com a cidadania. B

A

C O

A

Reinaldo De Maria

César ViegasReinaldo De Maria

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5JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

DIREITO ESPORTIVO

ex-jogador de futebolRomário de Souza Fariafoi condenado a indeni-zar um torcedor, e oex-técnico Zagallo. Nocaso do torcedor, em

outubro de 2003, durante o treina-mento do Flamengo, o diretor de torci-da organizada, inconformado com amá atuação do time, arremessou seisgalinhas vivas no gramado. Romário eo fisioterapeuta reagiram agredindo otorcedor, que ingressou com ação con-tra ambos, pedindo indenização pordanos moral e material.

O jogador foi condenado pela 21ªVara Cível do Rio de Janeiro a pagarindenização por dano moral de 60salários mínimos, corrigidos, maisjuros a partir da agressão. Os ho-norários advocatícios ficaram porconta dos agressores. A 12ª CâmaraCível do TJ-RJ manteve a decisão.Já a 11ª Câmara isentou o fisiotera-peuta da indenização. No STJ, o mi-nistro João Otávio de Noronha, em

Romário é condenado

OQuarta Turma do TST aplicou ao GrêmioEsportivo São José, do Rio Grande do

Sul, multa de R$ 2 milhões por quebra de con-trato com um jogador.

A reclamação trabalhista foi interposta em2005, depois que o clube dispensou o atleta,em plena vigência do contrato (dezembro de2002 a dezembro de 2006), sem pagamentode verbas rescisórias. O jogador alegou que,dez dias após a assinatura do acordo, foi em-prestado a times portugueses para atuar até2003, e, depois de ter jogado até junho de2004 em outro clube brasileiro, recebeu instru-ção do Esportivo São José para aguardar emcasa “até segunda ordem”. Segundo ele, apartir daí, não recebeu mais salário.

A Vara do Trabalho de Cachoeira do Sul(RS) deu provimento parcial à ação, conceden-do ao jogador apenas as verbas e indeferindo opagamento da multa pelo rompimento docontrato. O atleta recorreu no TRT-4 (RS) quemanteve a sentença. No TST, o relator lem-brou que a Lei Pelé (9.615/98) que disciplina arelação profissional de jogadores com os clubesde futebol ainda é controversa, e que as deci-sões da SDI-1 não têm sido unânimes.

O ministro lembrou que, além de consi-derar juridicamente incorreta a interpreta-ção do artigo 28 da Lei Pelé, que respon-sabiliza unilateralmente o atleta no caso derompimento contratual, os profissionais queconseguem contratos milionários são umaelite reduzida, e a grande maioria dos atle-tas ganha salários pequenos e insuficientes.

Multa por quebrade contrato

A

(RR-400-2005-721-04-00.4) B

decisão monocrática, negou recursodo ex-jogador.

No caso do ex-técnico da SeleçãoBrasileira, Zagallo, a condenação deu-se pelo uso de imagem dele e do au-

xiliar técnico Zico nas por-tas dos banheiros do CaféOnze Bar e Restaurante(Bar Gol) do Rio de Ja-neiro, de propriedade deRomário, na época. O TJ-RJ, inicialmente, estabele-ceu a indenização por danomoral em R$ 60 mil e pordano material em três ve-zes mais do que Zagallo re-ceberia pela utilização daimagem em campanha pu-blicitária. Posteriormente,o tribunal fixou como mar-co para incidência de jurosa data de publicação da de-cisão de liquidação da sen-tença, e reduziu o valor daindenização por dano ma-terial para R$ 240 mil.

A defesa de Zagallo alegou no STJ,sem sucesso, que os juros de morapara dano moral devem correr a par-tir da citação. (AG 1100564 e AG1110076) B

Internet

Page 6: Edição Junho 2009 - nº 194

6 JUNHO DE 2009

DIREITO IMOBILIÁRIO

NELSON KOJRANSKI*

quadro fático vem assimdescrito no acórdão: o con-dômino inadimplente resi-de no imóvel com sua es-posa e filhos maiores, sen-do possuidores de veícu-

los que não se encontram em seus nomes.É titular de um compromisso de venda ecompra e não paga as despesas condomi-niais há mais de 8 anos, “utilizando tran-quilamente as áreas de lazer”. (A.I.1.180.718-0/8, relator desembargadorMendes Gomes, “JTJ-Lex”, 327/39).

Superada a etapa da execução, o con-domínio credor, para encurtar o trajetoprocessual, invocou o artigo 716 do CPC,que dispõe que “o juiz pode conceder aoexequente o usufruto de móvel ou imóvel,quando reputar menos gravoso ao execu-tado e eficiente para o recebimento docrédito”. A norma processual efetivamenteantecipa e facilita o recebimento do créditona hipótese de a unidade condominial seencontrar alugada ou desocupada. Nestecaso, a penhora do direito de uso e fruiçãonão gera dificuldade. Mas, quando o pró-prio condômino devedor reside com suafamília no apartamento, como ocorreu emreferido julgado, o artigo 716 não constituio remédio adequado. É que o produto de-corrente do usufruto judicial do imóvel exigeum pressuposto inevitável, qual seja a deo imóvel se encontrar livre e desocupadode pessoas e bens.

Cabe alertar que não basta ao condomí-nio ser credor consagrado para ser admi-tido como usufrutuário do imóvel penho-rado. Nesta apreciação, pesada carga desubjetividade influi o juiz na ponderação sea concessão do usufruto constitui o meio“menos gravoso ao executado e eficientepara o recebimento do crédito”. Por outrolado, não basta ao condomínio ser admi-tido como usufrutuário para lhe ser conce-dido a imissão na posse direta do imóvelpenhorado, como entendeu o referido jul-gado. Neste passo, ocorre uma inversão de

Usufruto judicial do condomíniocondições: em vez do pressuposto da de-socupação preceder a concessão do usu-fruto, este é que antecede o pedido deimissão da posse direta. Logo, o roteiro tra-dicional de levar o imóvel (ou os direitos àaquisição) a leilão ainda constitui o remédiomais eficaz e menos permeável à subjetivi-dade do julgador.

Outro caso: se o apartamento penho-rado fosse avaliado em R$155.000,00,mas gravado com uma dívida hipotecária deR$711.911,00, salta aos olhos que jamaisseria arrematado por qualquer interessado.Dificilmente, sequer, seria adjudicado pelobanco credor, na medida em que, além deo imóvel não quitar seu crédito, ainda teriade arcar com as despesas de condomínio,vencidas e por vencer. Neste caso, emboratambém estivesse ocupado, o tribunal pau-lista confirmou, à luz do artigo 716 do CPC,a ordem no sentido de ser desalojados seusocupantes, permitindo a “penhora sobre odireito de uso e fruição da unidade condo-minial em favor do credor. O aluguel do imóvelservirá para abater a dívida, ou, pelo menos,não aumentá-la, aliviando o gravame da mas-sa condominial”. (A.I. 894.002-0/4, rela-tor desembargador José Malerbi, “JTJ-Lex”293/324).

Atestam os dois casos o tormento comque os administradores condominiais de-vem enfrentar os maus pagadores. Mas,ainda que concedido o usufruto judicial(artigo 716, CPC), indispensável é o seuregistro no cartório imobiliário, a fim de queseja efetivamente constituído, como éexigido pelo artigo 1.391 do Código Civil. Oregistro imobiliário do usufruto se faz inar-redável à produção do efeito erga omnes,para alertar eventuais terceiros adquiren-tes do apartamento penhorado. Então surgenovo problema: por não ostentar persona-lidade jurídica, o condomínio, provavelmen-te, verá recusado o registro do usufruto.

Com efeito, submisso a formalismo obs-tinado, a barreira registrária somente vemadmitindo, à guisa de exceção, o registro

imobiliário previsto na hipótese do artigo 63,§ 3º, da Lei 4.591/64. Ainda assim, essapermissão somente foi concedida apóslongo e árduo debate, para destruir o en-tendimento linear de que a adjudicação doimóvel ao condomínio se limitaria à fase deconstrução. Isto porque o caput do artigose refere a “3 prestações do preço de cons-trução”, limitação essa que a jurisprudên-cia conseguiu alargar, para incluir a falta depagamento de parcelas decorrentes decompromisso de venda e compra. O alar-gamento da exegese teve marco inicialrelevante na sentença proferida em 10/7/2001 pelo juiz Venício Antonio de PaulaSalles, então titular da 1ª Vara de RegistrosPúblicos da Capital de São Paulo, ao deter-minar o registro de arrematação em favordo condomínio, divergindo abertamente dapostura pacífica do Conselho Superior daMagistratura. Em apertadíssima síntese, arecusa se constituía na seguinte premissa:“Se o condomínio não tem personalidadejurídica, não pode ser proprietário.” (con-forme Ruy Coppola)

Continua ardorosamente polêmica, nadoutrina, a questão da personalidade jurí-dica do condomínio, como evidenciam osartigos publicados pelos magistrados Egí-dio Jorge Giacoia e Ruy Coppola, na obracoletiva denominada Condomínio Edilício,Aspectos Relevantes, Editora Método 2005(páginas 335/368). Daí se afigura razoávela previsão de que o usufruto judicial, porconstituir espécie não abrangida pela exce-ção contida no artigo 63, §3º, da Lei 4.591/64, provavelmente será obstado a mere-cer acolhida registrária, em obediência aopreceituado no artigo 1.391 do Código Ci-vil. E, então, nova reação jurisprudencialse fará necessária para que mais uma “ex-ceção” seja admitida no reino formal doregistro imobiliário.B

*Advogado e ex-presidente do Instituto dos Advo-gados de São Paulo (Iasp).

O

ma empresa de engenharia econstrução garantiu a retenção de

50% do valor dado como sinal por umcliente que adquiriu um imóvel e, seismeses depois, desistiu do negócio. A de-cisão é da Quarta Turma do STJ, quemanteve entendimento do TJ-SP reconhe-cendo o direito da construtora por nãoter sido culpada pela não concretização donegócio.

O relator, ministro Aldir PassarinhoJunior, levou em conta o fato de o com-prador, um médico, ter alterado o imóvelpara adaptá-lo ao gosto pessoal. As mo-dificações foram realizadas durante osdois meses em que o comprador ficoucom a posse precária do imóvel. Para orelator, esta circunstância favorece a re-tenção superior aos 25% do valor pago.

O médico assinou, em 1993, o contratode compra e venda do apartamento loca-lizado em São Paulo, pelo qual pagou US$40 mil em espécie. Seis meses depois, in-gressou com ação de rescisão de contrato,alegando que teria fechado o negócio com“a falsa ilusão”, que teria sido alimentadapela construtora, de que obteria o financi-amento do saldo, o que não ocorreu.

A construtora contestou e pediu, alémda retenção do sinal, indenização pela refor-ma inacabada realizada pelo médico, masfoi condenada a devolver o sinal. O compra-dor, que faleceu no curso do processo, foiobrigado a pagar as despesas de R$1.040,25 (atualizados) com a reforma, maisdois meses de aluguel.

A construtora recorreu, com êxito. O TJ-SP considerou que “a desistência por partedo falecido impediu, durante meses ouanos, a revenda do apartamento”. O espó-lio do médico tentou reverter a decisão noSTJ, sem sucesso. (RESP 187963)B

Retenção de sinal

U

TRIBUNA DO DIREITO

Page 7: Edição Junho 2009 - nº 194

7JUNHO DE 2009

DIREITO DO CONSUMIDOR

TRIBUNA DO DIREITO

Terceira Turma do STJ confirmou deci-são que condenou a Unilever Bestfoo-

ds Brasil Ltda., a pagar indenização por danomoral de R$ 12 mil a duas irmãs gêmeas, queem maio de 1999, quando ainda tinham trêsmeses de vida, ingeriram o arrozina tradicional,com prazo de validade vencido. As crianças,após o consumo passaram mal e foram hospi-talizadas com gastroenterite aguda.

O fabricante recorreu ao STJ alegando quenão poderia ser responsabilizado porque a ven-da do produto fora da validade seria culpa ex-clusiva de terceiro. A Turma, por maioria, en-tendeu que o fabricante de produto comerci-alizado irregularmente não pode se eximir dodever de indenizar o consumidor sob a alega-ção de que a culpa é exclusiva do comerciante.(RESP 980860)B

Unileverpagará

indenização

m juiz da 30ª Vara Cível de BeloHorizonte (MG) determinou que

um ateliê de “produção de casamen-to” pague indenização no valor de R$ 6mil por dano moral, e R$ 1,2 mil pordano material, corrigidos, pelo nãocumprimento do contrato de prestaçãode serviços.

Os noivos alegaram que em 31 dejaneiro de 2008 contrataram o ateliêpara aluguel de vestido de noiva,maquiagem, penteado e fornecimentode buquê natural. O ateliê informouque o vestido havia sido confeccionadosegundo a noiva e que ela seria a pri-meira a usá-lo e alugá-lo. E que no diado casamento, 24 de maio, a noivaseria arrumada no local, e não levariao vestido para casa.

Disseram, ainda, que no dia da ceri-mônia, a noiva chegou ao ateliê e viuoutras clientes saindo com a cauda dovestido, idêntica à escolhida por ela.Acrescentaram que a noiva chegouatrasada, com o vestido desajustado,sem penteado e com a maquiagem malfeita, e por isso as fotos agendadasnão foram realizadas.

A empresa foi citada, mas nãocontestou. O juiz Wanderley Salgadode Paiva, ao analisar os documentose fotografias juntadas ao processo,concluiu que “o inadimplementocontratual por parte do réu, de nãoprestar o serviço pactuado, gerouaos autores um sentimento de frus-tração e tristeza, que de modo al-gum pode ser desconsiderado”.(0024.08245.610-4)B

Noivos ganham ação

ara que valores cobrados indevidamentedo consumidor sejam restituídos em do-

bro é necessário que seja comprovada a má-féda empresa. Esse é o entendimento da TerceiraTurma do STJ, que, por maioria, deu provimentoparcial ao recurso de AGM, contra a Cruz Azul deSão Paulo, empresa de saúde, por ter cobradomensalidades de um dos filhos por mais de 30anos. O associado insurgiu-se contra acórdão doTJ-SP que anulou a condenação, imposta pelaprimeira instância, de restituir as mensalidades emdobro a partir de 1970. O tribunal determinou adevolução dos últimos cinco anos antes da ação.

O consumidor interpôs a ação em 2005alegando que a Cruz Azul teria cobrado indevi-damente mensalidades do filho desde 1970.

Cobranças indevidas No STJ, a ministra relatora, Nancy Andrighi,acolheu parcialmente a solicitação, ampliando oprazo da cobrança para 20 anos (a partir de1985). O pedido de recebimento em dobro foirejeitado. Segundo a ministra, não ficou claro sehouve má-fé da empresa. (RESP 1032952)B

Terceira Turma do STJ acolheu o pedidode inversão do ônus da prova em favor

de um caminhoneiro que teria adquirido umveículo com defeito da Volkswagen. A partir dadecisão, cabe à empresa demonstrar não seremverdadeiros os fatos alegados pelo consumidor.

O caminhoneiro ajuizou ação contra a Vo-lkswagen do Brasil Ltda. pedindo, entre outros,a anulação do contrato de compra e venda docaminhão, reembolso dos valores pagos, e inde-nização. Alegou que o caminhão apresentoudefeitos no motor, e que foi levado duas vezes àconcessionária para reparos, causando-lhe pre-juízos pelos dias parados, além do cancelamentode contratos de prestação de serviços que seri-am prestados, devido à falta do veículo.

O pedido da inversão do ônus da prova foideferido em primeira instância. A Volkswagenrecorreu e o TJ-MG reformou a decisão. O ca-minhoneiro apelou ao STJ. Para a relatora, mi-nistra Nancy Andrighi, há vulnerabilidade eco-nômica pois o consumidor necessita do bempara trabalhar.

A Turma entendeu que a pessoa-empresáriapode ser reconhecida como consumidora, desdeque fique evidente o nexo de sujeição (vínculo dedependência caracterizada pela incapacidade, ig-norância ou pela necessidade), e cabe a inversãodo ônus da prova. (RESP 1080719)B

Inversão do ônusda prova

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8 JUNHO DE 2009

DIREITO COMERCIAL

m tempos de crise muitasempresas buscam tardia-mente o advogado espe-cializado para impetrar aação de recuperação judi-cial. Algumas, outrora pro-

dutivas e saudáveis financeiramente, che-gam já claudicantes, com passivos eleva-dos de toda ordem: comerciais, bancári-os, trabalhistas e fiscais em progressãogeométrica.

Umas ainda escapam, impetrando dolo-rosa recuperação judicial e atravessandomares revoltos. Até sobrevivem, bem me-nores e humildes. Por “menores e humil-des” entenda-se que, após esse proces-so, o empresário retoma às origens, admi-nistrando seu negócio comercial ou indus-trial tal como fazia nos bons tempos emque “amarrava cachorro com linguiça”. Tema segunda chance que muitos nem imagi-nam existir e a ela, agora, se apega comzelo e dedicação, respeitando as boas téc-nicas administrativas e legais. Existem inú-meros casos de total recuperação devidoà manifesta viabilidade empresarial do ne-gócio, cujos empreendimentos acabam setornando até maiores do que antes eram.

Outras não resistem e morrem de “falên-

Recuperaçãojudicial e a crise

cia múltipla de administração”. Não tiveramseus administradores, nesse caso, o atre-vimento da ação, a perspicácia do negócioe a oportuna busca da terapia jurídica.

Já notei casos em que, mesmo asses-sorada por advogados idôneos e respeitá-veis, certas empresas não se dão conta do“vírus” instalado em sua administração,prestes a corroer suas reservas e queimarsua gordura patrimonial. É que não seachavam ali associados a precaução doempresário e o poder de diagnóstico pre-coce do advogado especializado.

Essa falta de combinação pode ser trá-gica, pois o empresário em geral não acre-dita no mal que lhe aflige e o outro não vêmal algum a ser tratado.

Assim, o empresário que não se dá contado problema e continua administrando suaempresa sem perceber que, aos poucos,suas reservas financeiras se foram, o di-nheirinho da família também desapareceu,o saldo bancário ficou negativo, os contra-tos de empréstimos se multiplicaram, osatrasos no pagamento dos tributos sesucederam, dos salários igualmente...

De repente, os bancos se fecham e nãomais descontam duplicatas, que antes per-maneciam em carteira, mesmo eletrônicas;os fornecedores, que antes ofereciam seusprodutos, agora dificultam a venda ou, pior,não vendem a prazo e, talvez, só à vista.

É o começo do fim!Na crise anunciada o empresário deve

estar mais atento do que nunca para, nomenor sinal de desajuste econômico-finan-ceiro, buscar o remédio certo, no lugar certo.Sem hesitação!B

JEREMIAS ALVES PEREIRA FILHO*

E

*Advogado e professor.

TRIBUNA DO DIREITO

NOTAS

FADITU, 40 ANOS

Divulgação

AjufespOs juízes federais de São Paulo eMato Grosso do Sul escolheram anova diretoria da Ajufesp. O presi-dente eleito foi Ricardo de Castro

Nascimento, e a vice-presidente, Márcia Hof-mann do Amaral e Silva Turri.

AnamatraA Associação Nacional dos Magis-trados da Justiça do Trabalho (Ana-matra) empossou a nova diretoria,dia 27 de maio, em Brasília: Lucia-

no Athayde Chaves (presidente), Renato HenrySant´Anna (vice), e Maria de Fátima CoelhoBorges Stern (secretária-geral).

AnuárioO Conjur (Consultor Jurídico)lançou,em solenidade no STF, oAnuário de Justiça 2009, que con-tém um perfil dos ministros dos tri-

bunais superiores e as decisões mais importan-tes desses tribunais, além de opiniões sobreanistia, quinto constitucional, policia federal,etc.

Bulhões PedreiraO escritório de Advocacia está fun-cionando desde o dia 11 no CentroEmpresarial Charles De Gaulle, naAvenida Marechal Câmara 160, GR

1.301, Rio de Janeiro (RJ).

Concurso de monografiasA Comissão Ibero-Americana deÉtica Judicial (CIEJ) abriu inscriçõespara a terceira edição do ConcursoInternacional de Trabalhos Mono-

gráficos para operadores do Direito dos paísesmembros da Cúpula Judicial Ibero-America-na (Cumbre). O tema deste ano é “ImparcialidadeJudicial”. Informações em http://www.cidej.org

In memoriamFaleceram dia 4,em São Paulo, aos99 anos, o advogado e professor Al-fredo Nagib; dia 13, aos 60 anos, oadvogado Ademar Boaventura Mi-

chels ; dia 15, o advogado Ernani de AlmeidaMachado, sócio-fundador do Machado,Meyer, Sendacz e Opice Advogados; e o advo-gado Munir Jorge, 68 anos, de Mogi das Cruzes(SP); dia 16, no Ceará, o advogado CíceroEmericiano da Silva, 47 anos; dia 23, em SãoPaulo, o advogado Idel Aronis, 85 anos; dia 24,em Brasília, o advogado e jornalista D’AlambertJaccoud; dia 25, em São Paulo, o delegado Jairde Castro Oliveira Vicente.

“Justiça para todos”A Ouvidoria da Defensoria Públicade São Paulo premiou os desta-ques na defesa dos direitos da po-pulação carente em 2008. Na ca-

tegoria “defensor público” foram premiadosCarmem de Moraes Barros e Vânia Agnelli

Faculdade de Direito de Itu (Faditu)completa 40 anos em agosto. É co-

nhecida na região de Sorocaba (SP) como“Francisquinho”, por ter um corpo docente for-mado em sua maioria por professores oriundosda Faculdade de Direito da Universidade deSão Paulo. A aula inaugural foi proferida em 11de agosto de 1969 pelo professor emérito daUSP, Gofredo Telles Junior.

O professor Loureiro Junior foi o primeiro di-retor da faculdade, que viria abrigar importan-tes nomes do cenário sociopolítico e econômi-co do País. O deputado Michel Temer, presi-dente da Câmara dos Deputados, por exem-plo, foi assistente do professor Ataliba Noguei-ra, tornando-se mais tarde titular de DireitoConstitucional. Ulisses Guimarães e FlávioMarcílio, ex-presidentes da Câmara, tambémfizeram parte do corpo docente, além de no-mes de expressão no mundo jurídico, comoJosé Afonso da Silva, Nelson Nery Jr., RenatoRibeiro, Alexandre Correia, Viana de Moraes,Antonio Carlos Marcato, Maria Helena Diniz,Ignácio da Silva Telles, entre outros.

Michel Temer (foto) foi homenageado dia7 de maio com o título de “Professor Emérito”e descerrou a placa do auditório que recebeuseu nome.

REVISTA

A Malheiros Editores está lançando o n° 104 da Revista

de Direito Tributário, publicação trimestral do Instituto Ge-raldo Ataliba – Idepe – Instituto Internacional de DireitoPúblico e Empresarial. Apresenta Cadernos de Direito Tri-butário, estudos e comentários. Informações pelos telefones(0xx11) 3078-7205) e 3289-0811.

A

Casal, enquanto em defensorias, foram pre-miadas as regionais de Ribeirão Preto e deTaubaté.

Julgamento eletrônicoA Turma Nacional de Uniformiza-ção da Jurisprudência dos JuizadosEspeciais Federais (TNU) iniciou nodia 28 de maio o julgamento ele-

trônico por lista e destaque. O novo procedi-mento visa dar maior agilidade aos julgamentos

MagistraturaO CNJ decidiu que os concursospara ingresso na Magistratura se-guirão as mesmas regras e pa-drões. Serão compostos de pro-

vas seletivas (duas escritas, uma discursiva euma prática), oral, de títulos, e uma sindi-cância sobre a vida pregressa e funcional docandidato, além de exame de sanidade físi-ca e mental e psicotécnico.B

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9JUNHO DE 2009

INFORME PUBLICITÁRIO

TRIBUNA DO DIREITO

Por um quórum expressivo de 75votos a favor e 2 contra, foi aprovadaem 20 de maio pelo plenário da Assem-bléia Legislativa a Emenda Aglutinati-va Substitutiva nº 60 ao Projeto de Leinº 236/09, que trata da continuidadeda Carteira de Previdência dos Advo-gados do Ipesp, cuja extinção havia sidoproposta pelo Executivo. “Trata-se deuma vitória da união da classe, poisiríamos perder tudo e agora as quase40 mil família podem contar com suajusta aposentadoria”, ressalta o presi-dente da OAB SP, Luiz Flávio BorgesD´Urso.

A Lei nº 13.549 foi sancionadapelo governador do Estado no dia 27de maio e publicada no “Diário Ofi-cial” na mesma data.“Esta sançãoencerra um período de 6 anos de lutada OAB SP, AASP e IASP para pre-servar os direitos dos colegas ins-critos na Carteira de Previdência dosAdvogados no Ipesp. A liquidação daCarteira seria um desastre porque nãohaveria dinheiro nem para os 4 mil apo-sentados e pensionistas e os 34 milcolegas contribuintes perderiamtudo”, destaca D´Urso.

O presidente da OAB SP afirmaque a lei permite a continuidade daCarteira de Previdência dos Advo-gados em regime de extinção atéatender ao último advogado inscri-to, numa estimativa de 80 anos. “To-dos aposentados e pensionistas con-tinuarão a receber seus benefíciose os segurados estão com seu di-reito contemplado.Trata-se de umuniverso de 37 mil famílias no Esta-do de São Paulo”, ressalta D´Urso.

Não haverá aumento compulsório

Não haverá aumento compulsório eo valor das contribuições fica a critério

Presidente da OAB SP comemora sanção da leique mantém a Carteira dos Advogados do Ipesp

Presidente D´Urso, diretores e conselheiros acompanharam a votação na Alesp

Ricardo Bastos

O presidente da OABSP, Luiz Flávio BorgesD´Urso, diretores, con-selheiros e presidentesde Subsecções da Or-dem paulista participa-ram no dia 6 de maio daMarcha Pública em De-fesa da Cidadania e doPoder Judiciário, emBrasília, contra a PEC12 e o calote dos pre-catórios. Ao final dopercurso, os manifes-tantes entregaram ummanifesto pela rejei-ção da PEC 12 ao pre-sidente da Câmarados Deputados, Mi-chel Temer.

“Este movimentodemonstrou seu pesopelo número de enti-dades que aderiram(170). Mais do que re-jeitar a PEC 12, a mar-cha buscou abrir o diá-logo com o Congressopara viabilizar o paga-mento dos precatóriosque, embora sejam de-cisões judiciais sobreas quais não cabem recursos, têmsido alvos de flagrantes descum-primentos”, afirmou D´Urso.

A PEC 12, já aprovada no Se-nado e em análise na Câmara, aten-

Marcha defende rejeição à PEC 12

do advogado. Pode ser igual ao quepagava antes e pode ser menor, masnão inferior a 8% da Unidade Monetá-ria da Carteira dos Advogados, ou seja,R$ 37,20. “O valor do benefício, por-tanto, resulta de quanto o colega pa-gou, mais sua parte das custas de 2009e sua parte na taxa de juntada de pro-curação, além de quanto ele investirá”,ressalta D´Urso. O reajuste das con-tribuições será feito pela variação doINPC-IBGE, apurada a partir de 1º defevereiro desse ano.A receita da Car-teira de Previdência dos Advogadosserá constituída pela contribuição dossegurados, taxa de juntada de procu-ração recolhida pelos advogados, doa-ções, legados recebidos e rendimentospatrimoniais e financeiros.

Tempo de aposentadoria

Para se aposentar e receber o be-nefício, o segurado terá de ter idademínima de 65 anos e 35 anos de ins-crição na OAB SP ou esteja inválidopara o exercício da profissão. O requi-sito da idade mínima terá implantaçãogradativa, isto é, na data de publica-ção da lei, hoje portanto, será de 65anos; dois anos depois, 66 anos; qua-tro anos, 67 anos; seis anos, 68 anos;oito anos, 69 anos e 10 anos depois,70 anos, onde ficará congelado.

Pela nova lei, os segurados que de-sejarem poderão requerer o desliga-mento da Carteira, no prazo de 120dias, a contar da publicação da lei,podendo fazer o resgate de 60% a 80%dos valores de suas contribuições járealizadas, com base no cálculo dasreservas matemáticas atuarialmentecalculadas. “Esta possibilidade de res-gate não existia, agora foi criada paraque os colegas tenham todas as op-ções”, ressalta D´Urso.

ta contra o Estado de Direito. De acor-do com o texto, o pagamento de dívi-das judiciais será limitado a 2% do orça-mento dos Estados e 1,5% da recei-ta dos municípios.

Seccional derruba restrição da SAPA Segunda Turma do STJ acatou

por unanimidade recurso da OAB SPe anulou os efeitos da Resolução 49/02, da Secretaria da AdministraçãoPenitenciária de São Paulo, que pre-via o agendamento de entrevistasentre os advogados e seus clientesque cumprem o Regime Disciplinar Di-ferenciado com 10 dias de antece-dência mediante requerimento à Di-

Eugênio Novaes

reção da unidade prisional, que es-tabelecia dia e horário.

“Essa decisão reconhece as prerro-gativas profissionais dos advogados eas garantias constitucionais do direitode defesa”, afirmou o presidente daOAB SP, Luiz Flávio Borges D´Urso.“A Resolução 49/02 cerceava a am-pla defesa e o contraditório a que todocidadão tem direito”, completou.

Ao final do percurso, os manifestantes entregaramum manifesto pela rejeição da PEC 12 a Temer

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10 JUNHO DE 2009

SEGUROS

Antonio PenteadoMendonça*

SAÚDE

Horizontais Verticais

1) Inalienável; 2) Necessitado; 3) FT; Io; Nato;

4) Lot; 5) Isonomo; MA; 6) Remo; MAM; 7)

Inominado; 8) Rãs; Agentes; 9) UO; Aero. B

1) Infligir; 2) Netos; Nau; 3) AC; Toroso;4) Lei; Nem; 5) Isonomia; 6) ES; Monge;7) Ninho; AE; 8) Ata; DNA; 9) Vate; Mote;10) Edo; MA; ER; 11) Lo; Famoso.

Soluções das Cruzadas

Suicídio e acidentes pessoaisCódigo Civil, em seu arti-go 798, determina que “obeneficiário não tem direi-to ao capital estipulado quan-do o segurado se suicidanos primeiros dois anos de

vigência inicial do contrato, ou da sua recon-dução depois de suspenso, observado o dis-posto no parágrafo único do artigo ante-cedente”.

A regra consta da sessão III do códigoque regula os seguros de pessoas. A ques-tão que se coloca é se ela vale para todo equalquer seguro, ou apenas para os segu-ros em que a vida é o objeto da cobertura.

Para as apólices de seguros de vida emgeral não há discussão. Com o Código Civilde 2002, a lei introduziu uma carência dedois anos, nos quais, acontecendo o si-nistro, a seguradora não tem que pagara indenização prevista na apólice, mas apósos quais o suicídio é coberto, devendo aseguradora indenizar os beneficiários pelamorte do segurado.

Mas, será que a regra pode ser auto-maticamente estendida aos seguros deacidentes pessoais? De início é preciso seter claro que se trata de dois seguros com-pletamente diferentes, a começar peloobjeto da cobertura. O seguro de vida temcomo fato gerador da indenização a mor-te do segurado. Morte que pode aconte-cer pelas mais variadas razões, de doen-ças a acidentes, mas que é sempre o fatodeterminante do qual decorre a obriga-ção da seguradora indenizar.

No seguro de acidentes pessoais a carac-terização do sinistro se dá pela ocorrênciado acidente pessoal, que pode gerar ou nãoo dever da seguradora indenizar, em funçãoda ocorrência ou não de um prejuízo econô-mico garantido pela apólice. Um tombo, emfunção de um tropeção, é um acidente pes-soal. Ou seja, é o sinistro. O que o seguroindeniza são as consequências econômicasdeste tombo. E elas variam em função daextensão do dano, já que do tombo poderesultar apenas a vergonha de ter caído, semoutro dano além do orgulho ferido, até a morteda pessoa, passando por lesões de todas asnaturezas e graus de gravidade.

Enquanto o seguro de vida tem um fatogerador claro e absoluto — a morte do se-gurado —, que obriga a seguradora a pagarintegralmente a importância segurada da apó-lice, o seguro de acidentes pessoais temtambém um fato gerador claro, mas de for-ma alguma absoluto ou impositivo no sen-tido de obrigar o pagamento de uma indeni-zação com base na apólice.

Além disso, o seguro de vida indeniza amorte, decorrente das mais diversas cau-sas, ao passo que o seguro de acidentespessoais cobre apenas um tipo de dano, qualseja, o decorrente de um acidente pessoal,

tipificado como “um evento de causa exter-na, súbito, com hora e data caracterizadas,imprevisto, violento e independente da von-tade do segurado”. E que, para gerar umaindenização de seguro, deve causar umprejuízo econômico.

Como se vê, o suicídio não se enquadrana definição de acidente pessoal. Seja porser a ação deliberada do segurado em tirara própria vida, seja pela interpretação juris-prudencial, segundo a qual o indivíduo, aotirar a própria vida, está sem o controle desuas faculdades mentais, esta modalidadede morte foge da abrangência de um seguroque tem como objeto de cobertura apenasevento de causa externa e independente davontade do segurado.

Se for aceita a tese da independênciada vontade do segurado, a definição deacidente pessoal faz com que a indeniza-ção não seja devida, em função de o suicidater a intenção de tirar a própria vida. Aindaque levando em conta a interpretação ju-risprudencial brasileira, segundo a qualexiste o suicídio voluntário e o suicídio in-voluntário, o seguro de acidentes pesso-ais não pagaria a indenização, com baseno disposto no artigo 768 do Código Civil,que determina a perda ao direito de rece-ber a indenização quando o seguradoagravar intencionalmente o risco.

Se for aceita a tese da ausência do con-trole das faculdades mentais como fatogerador da intenção da vítima atentar con-tra a própria vida, então a morte por suicídionão caracteriza um acidente pessoal, já quea origem do sinistro não é a morte do segu-rado, mas a perda da razão, que leva ao atode tirar a própria vida. Ou seja, o sinistroacontece antes da morte, caracterizado pelomomento em que há a perda do controle dasfaculdades mentais, que leva a pessoa a ten-tar o suicídio. Como se não bastasse, o even-to, sob esta ótica, não poderia ser tipificadocomo proveniente de causa externa.

Com base nestas considerações, pode-se dizer que a regra do artigo 798 do CódigoCivil é impositiva para os seguros que tema morte do segurado como a caracteriza-ção do sinistro, mas ela não se aplica aosseguros que dão cobertura para sinistrosdecorrentes de um evento de causa ex-terna, independente da vontade do segu-rado e que pode ou não causar um pre-juízo econômico. Assim, as apólices deseguros de vida em geral devem indenizaro suicídio acontecido pelo menos doisanos após a contratação do seguro, masa mesma regra não se aplica aos segurosde acidentes pessoais.B

O

*Advogado, sócio de Penteado Mendonça Ad-vocacia, professor da FIA-FEA/USP e do PEC daFundação Getúlio Vargas.

TRIBUNA DO DIREITO

lano de saúde nãopode limitar o valordo tratamento e deinternações do asso-ciado. A decisão unâ-nime é da Quarta

Turma do STJ, que entendeu que a li-mitação de valores é mais lesiva doque restringir o tempo de internaçãodos pacientes, prática já proibida pelaSúmula 302 do tribunal.

Com o entendimento, amplia-se aaplicação da Súmula 302, que conside-ra “abusiva a cláusula contratual deplano de saúde que limita no tempo ainternação hospitalar do segurado”.Segundo o relator, ministro Aldir Pas-sarinho Junior, a restrição de valornão é idêntica, mas merece um trata-mento mais severo, “pois a cláusula émais abusiva ainda”. Ele indagoucomo seria a situação de um seguradointernado “sem saber o que tem, não

Plano não podelimitar valor do

tratamentoconhecendo o tipo de cura e, após al-guns dias dentro do hospital, é infor-mado de que seu crédito acabou eterá de abandonar o tratamento...”.

A decisão deve-se a uma ação dafamília de Alberto de Souza Meirelles,que recorreu ao STJ contra decisão doTJ-SP que não considerou “abuso” daseguradora Notre Dame limitar o valoranual a ser utilizado pelo associado doplano de saúde. O segurado ficou in-ternado, quase 30 dias, em 1996. Aseguradora recusou-se a pagar a des-pesa excedente a 2.895 Ufesp (Unida-de Fiscal do Estado de São Paulo),conforme cláusula contratual, obrigan-do a família a assumir a dívida com oHospital Samaritano (SP).

Os familiares recorreram ao STJ,com sucesso. A Turma, ao reformar oacórdão do tribunal paulista, determinouque a seguradora efetue o pagamentointegral ao hospital. (RESP 326147)B

P

Golden Cross Seguradora S.A., su-cessora da Golden Cross Interna-

cional de Saúde, terá de ressarcir as des-pesas do tratamento de um conveniadoque teve o plano de saúde alterado semque ele concordasse. A determinação, daQuarta Turma do STJ, deu provimento aorecurso especial do espólio, representadopela filha do consumidor, que pediu o res-sarcimento do valor pago ao hospital Al-bert Einstein referente à cirurgia e interna-ção do pai, Ignácio Waligora.

O cliente teria se associado em 2/08/1978 e, em 30/03/1983, a Golden Cross oteria incluído no Plano de Assistência Inte-gral (PAI), restringindo o atendimento mé-dico-hospitalar aos estabelecimentos cre-denciados. Pelo novo plano, o reembolsoobedeceria a tabela da Associação Médica

Ressarcimento de despesasBrasileira (AMB). O paciente foi internadopara uma cirurgia de grande porte e asdespesas (entre 19 e 30/06/1997) chega-ram a R$ 23,9 mil. A empresa negou oreembolso alegando que o hospital nãoconstava da lista de credenciados. A filhaentrou com ação e a primeira instânciaconsiderou o pedido procedente. A em-presa recorreu e o TJ-SP reformou a sen-tença.

No STJ, a filha explicou que interna-ção deu-se por causa do grave quadrocl ínico do paciente, com 80 anos naépoca, e apontou i r regular idades naa l te ração de c láusu las do cont ratosem a participação do consumidor. Orelator, ministro Luis Fel ipe Salomão,aceitou os argumentos e determinou oressarcimento. (RESP 418572)B

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11JUNHO DE 2009

ADVOCACIA

TRIBUNA DO DIREITO

demora do advogado em devolver oprocesso do qual pediu vista, não acar-

reta rejeição do recurso, se este foi interpostodentro do prazo. O entendimento é da Ter-ceira Turma do TST que determinou o retornode recurso do Banco Bradesco S.A. ao TRT-6(BA) para exame.

O tribunal baiano havia rejeitado a apela-ção do banco porque o advogado havia retira-do o processo, permanecendo com ele 42 dias,sem justificativa. O recurso foi protocolado oitodias após a publicação da decisão, ou seja, den-tro do prazo. O TRT recusou-o, fundamentadono CPC, segundo o qual nessas circunstâncias ojuiz deve mandar, de ofício, “riscar o que neleshouver escrito e desentranhar (retirar) as alega-ções e documentos que apresentar”.

O Bradesco recorreu ao TST, com sucesso.O relator, ministro Alberto Bresciani, explicouque a lei não autoriza a rejeição do recursoapresentado dentro do prazo, por conta dadevolução tardia dos autos. Para ele, a re-tenção do processo constitui infração discipli-nar do advogado e “a parte não pode serpenalizada por tal atitude”. (RR 680/2004-024-05-00.8)B

Retenção nãoimpede

acolhimentode recurso

distribuição de vagas nas co-missões legislativas, é “matéria

interna”, sendo vedado ao Poder Ju-diciário interferir na escolha feitas pelopresidente da Casa. O entendimento,da Segunda Turma do STJ, ratificoudecisão do TJ-SP negando um pedidode deputados eleitos em 2005/2007para anular ato do então presidenteda Assembléia Legislativa do Estadode São Paulo, deputado RodrigoGarcia (DEM).

Os líderes Antonio Carlos de Cam-pos Machado (PTB-SP), Arnaldo CalilPereira Jardim (PPS-SP), José Carlos

Escolha política é matériainterna do Legislativo

Vaz de Lima (PSDB-SP), José Souzados Santos (PL-SP) e Roberval ConteLopes Lima (PP-SP) entraram commandado de segurança contra ato dopresidente da Assembléia nomeandoos membros das comissões permanen-tes para o biênio 2005/2007. Alegaramque teriam sido utilizados critérios polí-ticos beneficiando alguns partidos. Susten-taram, ainda, que o presidente teria usadoo método da proporcionalidade apenaspara estabelecer o número total de vagasque cada partido teria nas 23 comissões. OTJ-SP rejeitou os argumentos. (RMS23107)B

STJ definiu ser legal o julgamentorealizado por Turma ou Câmara

de segundo grau formada por maioriade juízes convocados, desde que aconvocação tenha sido realizada naforma da lei. O entendimento, da Ter-ceira Seção, deve orientar as decisõesda Quinta e da Sexta Turmas.

O ministro Felix Fischer, que acom-panhou o entendimento da relatora,desembargadora-convocada Jane Sil-va, explicou que, não havendo dúvidasobre a regularidade da convocação, éincoerente limitar o poder decisóriodos juízes convocados. Ele disse que,entender de modo contrário, poderiaprovocar problemas, como no caso dehaver divergência em uma Câmara,ou Turma, composta majoritariamentepor desembargadores, e o voto do juizconvocado decidir a questão.

A questão foi levantada porque du-rante o julgamento da apelação, oTRF-1 estava composto por dois juízesconvocados e um desembargador.Pelo novo entendimento, sendo regu-lar a convocação dos juízes de primei-ro grau, o poder decisório deve serequiparado ao dos desembargadores.

No final das férias forenses é co-mum que dois desembargadores deuma mesma Câmara ou Turma este-jam em licença ou férias. Caso acomposição majoritária por juízes con-vocados fosse considerada ilegal,inviabilizaria o serviço dessas Câmarasou Turmas, impedindo-as de realizarjulgamentos até o retorno de um dosdesembargadores. (HC 109456)B

Julgamentopor juízes

convocadosé legal

Quinta Turma do STJ anulou ação pe-nal em que o advogado de defesa con-

cordou com a manifestação do Ministério Pú-blico pela condenação de um motorista doAcre. O réu foi condenado por homicídio culposoa pena de dois anos e três meses de detençãoem regime aberto, posteriormente substituída porduas penas restritivas de direito. Ele apelou ao TJ-AC, sem sucesso.

No STJ, o motorista alegou nulidade abso-luta do processo por falta de defesa, já que oadvogado que o defendia nas alegações finaispediu a condenação e não apresentou nenhu-ma tese a seu favor. O relator, ministro Arnal-do Esteves Lima, citou precedentes de várioshabeas corpus concedidos em casos idênticos,e rechaçou os argumentos do Ministério Públicofavoráveis à condenação. (RESP 1000256)B

Condenação de cliente

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Page 12: Edição Junho 2009 - nº 194

12 JUNHO DE 2009

HIC ET NUNC

PERCIVAL DE SOUZA*

MAGISTRATURA

DOMINGOS MANTELLI FILHO*

Justiça fragilizada

indispensável para o bomfuncionamento do Judici-ário e o respeito da socie-dade que nele confia, quehaja um relacionamentorespeitoso entre magistra-

dos de qualquer instância, sob pena de pro-fanação do guardião máximo da cidadania.

Ultimamente, vem ocorrendo graves di-vergências entre as diversas instituições, eem especialmente, entre juízes de todas asinstâncias, produto da desunião, falta de en-tendimento, além de flagrante desrespeito aosritos processuais e ipso facto à perda do res-peito e credibilidade por parte da sociedade.

É indispensável que todo magistradomantenha recato, evitando cenas e comen-tários envolvendo juízo de valor sobrematéria em julgamento e concernentes aopiniões pessoais dos integrantes da ins-tituição. Desinteligências e questões malresolvidas entre juízes e demais autorida-des, produzem um conflito ético interna eexternamente, ou seja, dentro e fora dos

É

tribunais, ressoando perante a sociedade.Lamentavelmente, temos notícias divul-

gadas pela mídia envolvendo magistrados,policiais e outras autoridades em eventospoliciais, o que enfraquece moralmente asinstituições a que pertencem e à socieda-de que nelas confia.

Para consolidação do Estado Democráticode Direito, impõe-se pugnar pela rigorosa re-pressão a ocorrências envolvendo integrantesdas mencionadas instituições, em atitudes eofensas pessoais, polêmicas, onde todos per-dem, especialmente a democracia.

O Poder Judiciário, como guardião do direi-to, é uma instituição digna do respeito de to-dos, porém, deve agir com absoluto rigor con-tra aqueles que ferem os preceitos éticos emorais, como tem ocorrido.

Lamentavelmente, tivemos recentimen-te uma ocorrência profundamente desagra-dável, onde o presidente do Supremo Tribu-nal Federal desentendeu-se com um de seusministros, de maneira áspera e inaceitável,o que, de certa forma, pode abalar a solidezdemocrática dominante e gerar turbulênci-as junto ás demais instituições e até mes-mo desestabilizar o regime.

As instituições do Estado devem prolatardecisões e gerar recursos, sem contudo ferira susceptibilidade dos regimentos e regulamen-tos impostos aos seus membros, punindo atémesmo com impeachment, qualquer reaçãoviolenta, física ou verbal do transgressor.B

*Advogado.

Sob nova direção

Comissão de Ética PúblicaO ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence

preside uma Comissão de Ética Pública, cujoobjetivo é monitorar a conduta de cerca de2.500 funcionários da alta administração pú-blica, o primeiro escalão do governo federal. AComissão, criada há dez anos, não está conse-guindo sequer completar a formação prevista,que é de sete integrantes. Por enquanto, alémde Pertence, estão designados os advogadosHermann Assis Baeta e Roberto de FigueiredoCaldas, e o padre José Ernanne Pinheiro. Os re-cursos disponíveis para a Comissão são de par-cos R$ 155 mil. Dependente da Casa Civil, Per-tence diz que espera uma "solução para breve".Mas seu otimismo não tem alicerce.

De olho no crime organizadoEm menos de um mês, uma oficial de justi-

ça foi assassinada e um oficial baleado quandoforam entregar mandados de intimação emSão Paulo. Situações de perigo estão sendo tra-tadas burocraticamente. No Rio, o TJ decidiucriar uma Central de Assessoramento Criminalpara selecionar processos sobre tráfico de drogas,lavagem de dinheiro e milícias clandestinas, as-sessorando 24 Varas Criminais e quatro Tribunaisdo Júri. O presidente do TJ, Luiz Zveiter, consta-tou vários casos de funcionários ameaçados,constrangidos e tentativas de retardar a trami-tação de processos. Ele analisa: “Temos queacelerar os processos criminais para dar umaresposta à sociedade”. O novo sistema, garante,não limita o direito à ampla defesa e nem aces-so dos advogados aos autos.

Crime OrganizadoEm menos de um mês, uma oficial de Justi-

ça foi assassinada e um oficial baleado quandoforam entregar mandados de intimação emSão Paulo. Situações de perigo estão sendo tra-tadas burocraticamente. No Rio, o TJ decidiucriar uma Central de Assessoramento Criminalpara selecionar processos sobre tráfico de drogas,lavagem de dinheiro e milícias clandestinas, as-sessorando 24 Varas Criminais e quatro Tribunaisdo Júri. O presidente do TJ, Luiz Zveiter, consta-tou vários casos de funcionários ameaçados,constrangidos e tentativas de retardar a trami-tação de processos. Ele analisa: "Temos queacelerar os processos criminais para dar uma

O

resposta à sociedade." O novo sistema, garan-te, não limita o direito à ampla defesa e nemacesso dos advogados aos autos.

"PEC da bengala"A Associação dos Magistrados Brasileiros

está empenhada em reduzir a força política dopresidente da República e sua prerrogativa deindicar os membros da cúpula do Judiciáriobrasileiro. O presidente da entidade, MozartValadares, argumenta que atualmente essesistema "concentra muito poder no Executivoe abre espaço para questionarem a indepen-dência e imparcialidade dos tribunais, o que émuito ruim para a imagem do Judiciário". Atu-almente, os ministros das Cortes Superiores sódeixam o cargo quando completam 70 anos.Mesmo assim, existe uma proposta deemenda constitucional para aumentar a idadepara 75 anos através da chamada "PEC dabengala". Os próprios magistrados, e maispromotores e advogados, são contra. Ao lon-go de sete anos, o presidente Lula já indicou59 dos nomes para o STF, STJ, STM e TST. Ouseja: 57% da cúpula do Judiciário.

*Especial para o “Tribuna”.

TRIBUNA DO DIREITO

Caso IsabellaO caso Isabela Nardoni, 5 anos, jogada do

sexto andar de um prédio em março do anopassado, deve ir a julgamento pelo Tribunal doJúri neste segundo semestre. Calcula-se queleitura de peças, acusação e defesa consumampelo menos dois dias. A defesa está em novasmãos. A anterior tentou por onze vezes, semsucesso, reverter a situação dos réus. O promotorcontinua o mesmo. O processo está com 22 vo-lumes e 5 mil páginas.B

Cachimbo da pazDurante os próximos dez anos, oito dos mi-

nistros do STF terão se aposentado. Com exce-ção de dois: Gilmar Mendes, 53, e JoaquimBarbosa, 54. Ambos se engalfinharam numbate-boca histórico em sessão plenária. Coma aposentadoria compulsória acontecendo so-mente aos 70 anos, Mendes e Barbosa terãoque suportar-se durante mais 16 anos. Ou fu-marem juntos o cachimbo jurídico da paz.

PRECATÓRIOS

Segunda Turma do STJ negouprovimento a recurso em manda-

do de segurança ajuizado pelo Estado deGoiás, que se insurgiu contra decisão doTribunal de Justiça determinando o pa-gamento preferencial de precatório auma pessoa de 89 anos, portadora dedoença crônica. Os ministros, por unani-

Estado deve pagar idosomidade, entenderam que a decisão nãocausa impacto nas contas públicas.

O relator, ministro Herman Bejamin,explicou que os precatórios são pagoscom recursos orçamentários específicosdo Poder Judiciário, que tem a atribui-ção de determinar os pagamentos.(RMS 28084)B

A

presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve escolher no início do mês o novo procurador-geral da República, cargo máximo do Ministério Público Federal, hoje ocupado por

Antonio Fernando Souza. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) pro-moveu dia 21 de maio eleições para formação da lista tríplice. Foram eleitos Roberto Gurgel,54 anos, vice-procurador-geral da Republica, com 482 votos; Wagner Gonçalves, 62, subpro-curador-geral da República em Brasília, com 429 votos; e Ela Eiecko Volkmer de Castilha, 60,subprocuradora-geral da República em Brasília, com 314. O voto não era obrigatório. O nomeescolhido por Lula ainda precisará passar por sabatina no Senado. Desde que tomou posse, em2003, o presidente vem prestigiando o mais votado. A voz da categoria só foi ignorada em2001, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso manteve no posto até o fim (quatromandatos) o procurador Geraldo Brindeiro. Antonio Fernando Souza, que ficará no cargo atéo dia 28 deste mês, não quis ser reconduzido pela terceira vez ao cargo.

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13JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

A Câmara dos Deputados apro-vou, no dia 19 de maio, o Projeto deLei n.º 836/2003 e apensos, que tratado Cadastro Positivo, já largamenteutilizado por países desenvolvidos.

O Projeto foi submetido à apre-ciação e à aprovação do Senado Fe-deral 3. Caso o Senado reformule al-guma disposição do texto aprovadopela Câmara, os pontos eventualmen-te reformulados deverão retornaràquela Casa Legislativa, parareapreciação. Após essas fases, oProjeto será enviado para o Chefe doExecutivo, para sanção Presidencial.

O maior mérito do Cadastro Po-sitivo é estabelecer um rol de proteçãopara os dados pessoais do consumidor.As informações positivas são do própriocidadão e no seu interesse serão utiliza-das; por essa razão é que deverá forne-cer sua autorização para a abertura docadastro. O uso do Cadastro Positivopressupõe essa mudança cultural. Parafacilitar o seu acesso ao crédito o cida-dão passa a ter o direito de manter atua-lizado o seu relatório de crédito.

O Cadastro Positivo é um arqui-vo de informações comportamentaisque evidenciam as características dobom pagador, possibilitando-lhe o aces-so ao crédito de forma mais ágil, sim-ples e a um custo menor. É uma moder-na ferramenta mundialmente adotada naconcessão de crédito, dinamizando omercado de consumo. O progresso so-cioeconômico do País está atrelado aofomento do crédito, cuja oferta aumen-ta com o Cadastro Positivo.

O cadastro positivo tem natu-reza benéfica para o cadastrado e parao desenvolvimento da economia na-cional e viabiliza a concessão de cré-dito com taxas de juros diferenciadas,

segundo o perfil de cada tomador, deacordo com o princípio da isonomia,previsto no art. 5º, “caput” e inciso I,da Constituição Federal.

Isso porque, muito embora o cus-to do capital seja diretamente proporci-onal à inadimplência, para a correta afe-rição da capacidade creditícia do tomadorde crédito, deve-se considerar um uni-verso maior, composto não apenas porinformações de cunho negativo, mas tam-bém pelos compromissos assumidos epontualmente adimplidos pelo cadastra-do, possibilitando-se ao concedenteapurar se eventual informação negativaé isolada no histórico de crédito do ca-dastrado ou se é parte de um compor-tamento reiterado, facultando-lhe o cál-culo preciso e individualizado do custodo capital.

O cadastro positivo é, dessa for-ma, um direito de as pessoas naturaise jurídicas terem a sua capacidade depagamento avaliada com precisão, afim de que sejam a elas aplicáveis astaxas de juros condizentes com o riscodas operações que contratarem.

Essa oferta de tratamento dife-renciado para perfis diferentes detomadores de crédito permite alcan-çar a isonomia material, em obediên-cia ao princípio constitucional da igual-dade, privilegiando-se a máximaaristotélica de que é necessário tratarigualmente os iguais e desigualmenteos desiguais, na medida de suas desi-gualdades.

Vale dizer, o Cadastro Positivopermite mais acerto na concessão doscréditos, provocando, por consequência,uma redução na taxa de inadimplência.Como a inadimplência compõe o“spread bancário”, com a cunha fiscal eo custo operacional, por exemplo, é líci-to concluir que a sua utilização provoca-rá a queda dos juros, sensibilizados pela

Cadastro positivo disciplinará a proteçãodos dados pessoais do consumidor

SILVÂNIO COVAS*redução da inadimplência.

A origem dos cadastros positi-vos, também conhecidos como“Bureaux” de crédito, remonta ao iní-cio do século XIX em países comoos Estados Unidos, o Canadá, a Ale-manha e a Áustria.

Os bancos de dados represen-tam um instrumento de grande impor-tância na atual estrutura econômica glo-bal e, por isso, vários países têm emseu ordenamento jurídico leis específi-cas que regulam as suas atividades,como, por exemplo, o “Fair CreditReporting Act – FCRA”, nos EstadosUnidos (1970), e a Diretiva 95/46/CEdo Parlamento Europeu e do Conse-lho, na Comunidade Européia.

No Brasil, essas instituiçõessurgiram na década de 50, mas aprevisão constitucional expressaocorreu, apenas, em 1988, com aConstituição Federal vigente (art. 5º,inciso LXXII). Na legislaçãoinfraconstitucional, são, basicamen-te, disciplinadas pelo art. 43 da Lein.º 8.078/90 (Código de Defesa doConsumidor) e pela Lei n.º 9.507/97 (Lei do Habeas Data).

A legislação brasileira já permi-te o desenvolvimento do cadastropositivo. Entretanto, com a aprova-ção definitiva do Projeto de Lei n.º836/2003, o cadastro positivo con-tará com regulamentação legal expres-sa, um avanço considerável na eco-nomia nacional, muito embora a legis-lação em vigor já permita a sua exis-tência (“caput” do art. 43 do Códigode Defesa do Consumidor).

Com esse intuito, o Projeto deLei em tela define os bancos de da-dos como o “conjunto de dados rela-tivo à pessoa natural ou jurídica, ar-mazenados com a finalidade de sub-sidiar a concessão de crédito ou ou-

SERASA EXPERIAN LEGALBOLETIM JURÍDICO ANO 8 - N° 92

SERASA EXPERIAN LEGAL

tras transações comerciais”, os quais“poderão conter informações deadimplemento e de inadimplementodo cadastrado”, “objetivas, claras,verdadeiras e de fácil compreensão”.

Além de disciplinar o CadastroPositivo, o Projeto recentemente apro-vado pela Câmara traz regras para o re-gistro de informações de inadimplemento,usualmente denominadas negativas.

Com argumentos de proteçãodo consumidor, a Câmara dos Depu-tados aprovou a comunicação de in-formação negativa ao devedor, porescrito, “comprovando-se, por meiode postagem de Aviso de Recebimen-to ou de serviço similar, a sua entregano endereço fornecido por ele”,exceto se a dívida estiver protestada.Entretanto, essa exigência provocaráefeito contrário, na medida em queelevará os custos da atividade de pro-teção ao crédito e punirá, indistinta-mente, o bom e o mau pagador, comoocorre hoje com as taxas de juros,elevadas para todos em função dainadimplência de alguns.

A carta com aviso de recebi-mento não é necessária, pois hoje,antes de incluir o nome de uma pes-soa no cadastro de inadimplentes, osbancos de dados de proteção ao cré-dito, como a Serasa Experian, já en-viam comunicação prévia, conformedetermina o Código de Defesa doConsumidor. A comunicação préviapermite ao cidadão manifestar-se, emum prazo de 10 (dez) dias, em rela-ção ao débito apontado, ou regulari-zar sua pendência.

É necessário que o SenadoFederal entenda melhor a forma decomunicação ao cadastrado, e evitea elevação dos custos operacionaisem detrimento do consumidor comhistórico de informações positivas.

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14 JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

SERASA EXPERIAN LEGAL

Não se pode perder de vista queas reflexões e conclusões do PoderJudiciário merecem ser aproveitadaspelo Poder Legislativo, haja vista re-presentarem o enfrentamento de con-flitos reais. Nesse sentido, a título deilustração, cumpre mencionar que oSuperior Tribunal de Justiça, em inú-meras decisões sobre o tema, já con-sagrou orientação acerca da publici-dade imanente das informações pro-venientes de fontes públicas, dispen-sando a comunicação ao cadastrado,anteriormente à anotação do fato dainadimplência, nos bancos de dados.

Da mesma forma, ao dispor que“não poderão ser registrados dados deconsumidores por inadimplência deobrigação cujo montante não ultrapas-se R$ 60,00 (sessenta reais)”, a Câma-ra dos Deputados almejou proteger odevedor de dívidas de pequeno valor,mas deixou vulneráveis os pequenoscomerciantes, as microempresas e as depequeno porte, aumentando a proba-bilidade de não pagamento dos crédi-tos por eles concedidos, vez que, ain-da que as referidas dívidas sejam pro-testadas, a não inclusão nos bancos dedados ocultará dos eventuaisconcedentes de crédito a real capaci-dade de pagamento dos tomadores,em detrimento do princípio da boa-fénas relações contratuais, previsto noart. 422 do Código Civil 4 e, bem as-sim, no inciso III do art. 4.º do Códigode Defesa do Consumidor 5 , e dasustentabilidade econômico-financeirado referido mercado creditício.

Ao proibir o registro dasinadimplências até R$ 60,00, a Câmarados Deputados expôs o pequeno em-preendedor a realizar negócios sem asinformações necessárias e inibe o desen-volvimento do microcrédito em detrimen-to do pequeno consumidor, evidente-mente na contramão da história.

O sucesso do cadastro positivobaseia-se no pressuposto fundamentalcultural, no sentido de que um bom epositivo histórico nos registros dosbancos de dados de proteção ao cré-dito é um patrimônio valioso, uma viamais rápida e menos burocrática deacesso ao crédito, fazendo com que o

cadastrado procure os “Bureaux” decrédito para atualizar as suas informa-ções positivas, como ocorre em paí-ses que já o operam há anos.

A mera tramitação de uma pro-posta legislativa, no Congresso Nacio-nal, que tem como objeto o registro deinformação de adimplemento do con-sumidor, reflete o reconhecimento daimportância do cadastro positivo e dosprocedimentos que devem nortear a suacriação e a manutenção dos bancos dedados de proteção ao crédito. Consta-ta-se, dessa forma, a necessidade dedifundir-se uma cultura quanto aos be-nefícios da informação positiva.

De acordo com FranciscoValim 6, presidente da Experian Amé-rica Latina e da Serasa Experian, “ocadastro positivo promove o cresci-

mento do crédito sem motivar osuperendividamento, já que as tran-sações são mais transparentes e ocomportamento financeiro dotomador se torna mais conhecido.Para o Governo, aumenta a estabili-dade do setor financeiro e cria condi-ções para um crescimento mais rápi-do do mercado de crédito. A grandediferença entre o cadastro positivo eo negativo é que o primeiro mostra asreais condições que o demandante decrédito tem para honrar suas dívidas.Hoje, no Brasil, socializa-se ainadimplência, cobrando aritmetica-mente de toda a sociedade o risco decrédito dos maus pagadores, em vezde utilizar ferramentas para odimensionamento do risco individual.Tendo o risco individual menor, o ris-

* Mestre em Direito pela PUC-SP e

Diretor Jurídico da Serasa Experian

co coletivo também deve cair. Osmercados sem cadastro positivo sãocaracterizados pela assimetria de in-formações, prejudicando a avaliaçãodo risco de crédito. Na situação quese encontram, o processo é mais one-roso para ambas as partes:concedentes e tomadores de crédito.

De acordo com os especialis-tas em sistemas de informações paracrédito John Barron, professor daPurdue University, e Michael Staten,professor da Georgetown University,ambas nos EUA, com informaçõespositivas e compartilhadas há umacréscimo de 90% no número de pes-soas que solicitam crédito e são aten-didas, e a taxa de inadimplência caipraticamente pela metade. SegundoMarco Pagano, da Universidade de

Nápoles Federico 2º, em países quetêm informação positiva compartilha-da, o risco de crédito cai entre um ter-ço e metade.

Para ilustrar, Hong Kong temuma das economias mais dinâmicas domundo. O cadastro positivo foi implan-tado em 2003 e, dois anos depois, re-gistrou aumento de 6% nas pessoas queobtiveram crédito e de 3% nos novosofertantes de crédito fora do sistemabancário. Houve um aperfeiçoamentono crédito no médio prazo.

Hoje, o Brasil e a China estãono grupo das 12 maiores economiasdo mundo que não possuem cadastropositivo. A brasileira se apoia na con-dição de decisão de crédito exclusi-vamente pela análise das informaçõesnegativas, enquanto a China ainda

O cadastro positivo beneficia o

cadastrado, o desenvolvimento da

economia nacional e viabiliza

taxas de juros diferenciadas

1 Redação final assinada pelo Relator,Deputado Maurício Rands, disponível em:<http://www2.camara.gov.br/proposicoes/chamadaExterna.html?link=http://www.camara.gov.br/sileg/prop_detalhe.asp?id=112893>. Acesso em: 25de maio 2009.2 Projetos de Lei n.º 2.101/03, 2.798/03,3.347/04, 5.870/05, 5.958/05, 5.961/05,6.558/06 e 6.888/06.3 Projeto de Lei da Câmara n.º 85 de 2009 -disponível em: <http://www.senado.gov.br/sf/atividade/materia/Detalhes.asp?p_cod_mate=91221>. Acessoem: 25 de maio 2009.

4 Art. 422, CC - "Os contratantes são obrigadosa guardar, assim na conclusão do contrato,como em sua execução, os princípios daprobidade e da boa-fé".5 Art. 4º, CDC - "A Política Nacional dasRelações de Consumo tem por objetivo oatendimento das necessidades dos consumidores,o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, aproteção de seus interesses econômicos, amelhoria da sua qualidade de vida, bem como atransparência e harmonia das relações deconsumo, atendidos os seguintes princípios:III – harmonização dos interesses dosparticipantes nas relações de consumo ecompatibilização da proteção do consumidorcom a necessidade de desenvolvimentoeconômico e tecnológico, de modo a viabilizaros princípios nos quais se funda a ordemeconômica (art. 170, da Constituição Federal),sempre com base na boa-fé e equilíbrio nasrelações entre consumidores e fornecedores".6 VALIM, Francisco. Só o Cadastro Positivopode reduzir o “spread”. Folha de São Paulo,Seção Tendências/Debates; 13/02/2009.

viabiliza seu sistema cadastral e deinformações para negócios. É impor-tante destacar que a atual crise globalde crédito tem origem no cenário degrande liquidez, com relaxamento naspolíticas de concessão de recursos e,portanto, na subestimação do riscoem troca de um retorno financeiromaior que os juros reduzidos pratica-dos nos países desenvolvidos - é oexemplo das hipotecas "subprime"nos EUA. Não houve problema na es-trutura das ferramentas de crédito, hou-ve, sim, uma estratégia errada que com-prometeu a qualidade do crédito nosprincipais centros financeiros mundiais”.

Com a aprovação, no SenadoFederal, do Projeto de Lei em tela, oBrasil avança na regulamentação legaldos bancos de dados de proteção ao

crédito, a exemplo do que ocorre nospaíses desenvolvidos, possibilitando aformação de históricos de crédito, cominformações negativas e positivas.

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LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSANO 15 - Nº 170

JUNHO DE 2009

SELMA MARIA FERREIRA LEMES

TRIBUNA DO DIREITO

EUNICE NUNES, especial para o "Tribuna"

Fotos Augusto Canutodvogada, coordena-dora do curso de Ar-bitragem da GVlaw(programa de educa-ção continuada daDireito GV) e autora

de várias obras sobre a matéria, Sel-ma Maria Ferreira Lemes acaba de re-alizar um estudo que indica um cresci-mento de 42% nos valores envolvidosnas causas das cinco principais Câma-ras de Arbitragem brasileiras: o totalpassou de R$ 594,2 milhões em 2007para R$ 844 milhões em 2008. “E a ten-dência é aumentar, não só pela confi-ança que as empresas têm no procedi-mento arbitral, como também pela cri-se econômica global, Os árbitros brasi-leiros são cada vez mais reconhecidosno exterior. Só no ano passado, naCorte Internacional de Arbitragem, se-diada em Paris, atuaram 49 árbitros bra-sileiros”, diz.

O processo de assimilação da arbi-tragem tem sido gradual e consisten-te. Desde 1996, quando a Lei de Arbi-tragem entrou em vigor, e, depois, em2002, com a adesão do Brasil à Con-venção de Nova York, que trata do re-conhecimento e execução de senten-ças arbitrais estrangeiras, “o País deuum salto de 80 anos num período deapenas 12 anos. Foi um avanço enor-me”, avalia Selma Lemes, justificandoque “no ambiente internacional, isso re-presentou mais segurança para os ne-gócios feitos no Brasil e traz um pluseconômico muito grande para o Brasil,porque todo mundo sabe que se surgiruma controvérsia num contrato inter-nacional dá para resolver por arbitra-gem, que é um instrumento de direitouniversal”, afirma.

Autora de Árbitro: Princípio da In-dependência e da Imparcialidade e Ar-bitragem na Administração Pública: Fun-damentos Jurídicos e Eficiência Econô-mica, Selma Lemes destaca como prin-cipais vantagens da arbitragem a in-formalidade do processo, a autonomiada vontade, a celeridade e o custo, queela estima ser 58% inferior ao de umprocesso judicial.

Especialista em arbitragem

“O País deu um salto de 80 anos num período de apenas 12 anos”

A “F“F“F“F“Foi comooi comooi comooi comooi comoum presente.um presente.um presente.um presente.um presente.

FiqueiFiqueiFiqueiFiqueiFiqueientusiasmada”entusiasmada”entusiasmada”entusiasmada”entusiasmada”

Tribuna do Direito — Como éque a carreira tomou o rumo daarbitragem?

Selma Maria Ferreira Lemes —

Comecei a interessar-me pela ar-bitragem no 5º ano de faculdade.Tive um professor maravilhoso,Guido da Silva Soares, que intro-duziu a cadeira de Arbitragem In-ternacional na Faculdade de Direi-to da Universidade de São Paulo.Ele falava de arbitragem e eu fi-cava encantada. Não conseguiaentender como é que uma opçãotão interessante e tão válida eratão pouco utilizada. Depois que meformei, comecei a advogar numamultinacional, mas continuei estu-dando o assunto. A empresa tinhamuitos contratos internacionais,todos com cláusula de arbitragem.Como gostava do tema, pesquisa-va e lia tudo que aparecia. Depoisfui trabalhar no jurídico da Fiesp(Federação das Indústrias do Es-tado de São Paulo) e, por coinci-dência, o primeiro documento queme pediram para analisar era umofício dos Ministérios da Justiça edas Relações Exteriores, que inda-gava se o Brasil deveria aderir àconvenção sobre reconhecimentoe execução de sentenças arbitraisestrangeiras, firmada em NovaYork. Foi como um presente. Fi-quei entusiasmada. Afinal era umassunto que me interessava des-de a faculdade.

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JUNHO DE 20092TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROS

“““““A arbitragem vem tendo cadaA arbitragem vem tendo cadaA arbitragem vem tendo cadaA arbitragem vem tendo cadaA arbitragem vem tendo cadavez maior aceitação entre asvez maior aceitação entre asvez maior aceitação entre asvez maior aceitação entre asvez maior aceitação entre asempresas, pelo fato de ser umempresas, pelo fato de ser umempresas, pelo fato de ser umempresas, pelo fato de ser umempresas, pelo fato de ser umprocedimento mais rápido”procedimento mais rápido”procedimento mais rápido”procedimento mais rápido”procedimento mais rápido”

TD — Na época, a arbitragemainda nem era usada no Brasil...

Selma — Tinha-se uma legislaçãocompletamente obsoleta. A arbitragemera tratada no Código Civil e no Códi-go de Processo Civil, mas nunca erausada. A partir da consulta, fui apro-fundando os estudos sobre arbitragem,comecei a participar de congressos in-ternacionais, até que, em 1990, recebium convite para ir a Paris fazer umestágio na CCI (Câmara de ComércioInternacional). Foi quando propus aopresidente da Fiesp. na época CarlosEduardo Moreira Ferreira, que criasseuma Câmara de Arbitragem. Ele, queera advogado e sabia exatamente doque eu estava falando, gostou da idéiae perguntou-me o que era preciso. Dis-se que tinha recebido o convite para irpara Paris, onde teria a oportunidadede conhecer a arbitragem na prática.Quando voltei, estava superanimada eescrevi um artigo sobre arbitragem ecomércio exterior, que consegui publi-car no jornal “O Estado de S. Paulo”.Algum tempo depois, recebi um tele-fonema de um advogado de Recife cha-mado Petrônio Muniz, que havia lido oartigo, e disse que o senador MarcoMaciel estava disposto a encaminharum projeto de lei sobre arbitragem.

TD — Foi aí que começou a ca-minhada para se tornar co-autorada atual Lei de Arbitragem?

Selma — As coisas foram aconte-cendo. Mas a atuação do PetrônioMuniz foi fundamental. Quando ele te-lefonou, disse-me que viria a São Pau-lo participar de uma reunião na Asso-ciação Comercial para tratar de arbi-tragem e convidou-me para ir. Conhecio Carlos Alberto Carmona e o PedroBatista Martins (co-autores da Lei deArbitragem), e começamos a conver-sar com o Petrônio Muniz. Ele mostrouuma carta do senador Marco Maciel efalou da necessidade de uma lei quetratasse da arbitragem no Brasil. Saí-mos de lá incumbidos de elaborar o an-teprojeto. A partir dali, saía da Fiespno final da tarde e ia para o escritóriodo Carmona trabalhar no anteprojeto.O Pedro ficava no Rio de Janeiro e tro-cávamos ideias por fax. Ainda não ha-via internet. Em 39 dias redigimos otexto da lei, esse que tem-se hoje eque praticamente não foi alterado. Emum ano foi aprovado na íntegra peloSenado, sem emendas. Quando che-gou à Câmara dos Deputados, demo-rou quatro anos, de 1992 a 1996, paraser aprovado. Lá foram apresentadas12 emendas que desvirtuavam o pro-jeto. Cada um de nós, Carmona, Pe-dro e eu, pegamos quatro emendaspara rebater os argumentos apresen-

tados pelos autores. Com isso, mais oempenho do senador Marco Maciel edo Petrônio Muniz conseguiu-se afas-tar as 12 emendas e ver a lei ser apro-vada em setembro de 1996. Entrou emvigor em novembro. Foram 60 dias devacatio legis, no meio dos quais surgiuum incidente de inconstitucionalidadeno âmbito de uma sentença arbitral es-trangeira que estava sendo julgada noSupremo. O julgamento só foi aconte-cer em dezembro de 2001, mas o acór-dão foi muito bom e acabou com asdúvidas sobre a constitucionalidade daLei de Arbitragem. A partir daí a arbi-tragem começou a andar no Brasil.

TD — E a Câmara da Fiesp,foi montada nesse mesmo perío-do em que a lei era elaborada?

Selma — Foi tudo mais ou menosna mesma época. Em 1995, ainda nãotinha-se a lei, a Câmara de Mediaçãoe Arbitragem de São Paulo (foi esse onome com que foi batizada) começoua funcionar. Não era pioneira, pois jáhavia a Câmara de Arbitragem da Câ-mara de Comércio Brasil-Canadá, masfoi uma das primeiras. Aí começou todoum trabalho de catequese no Brasil.Não havia o hábito de recorrer à arbi-tragem. Tanto é que o primeiro caso

que ela apreciou foi em 1998. Agora, aprocura tem sido maior.

TD — Existe algum estudo quemostre o crescimento da arbitra-gem no Brasil?

Selma — Recentemente, fiz um le-vantamento nas cinco principais Câma-ras de Arbitragem do País, em São Pau-lo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, quemostra um crescimento acentuado. Des-de 2005, foram resolvidos 121 casos en-volvendo R$ 2,425 bilhões. Só em 2008,foram R$ 844 milhões, um crescimentode 42% em relação a 2007, que ficou comR$ 594,2 milhões. O número de causasaumentou 53% no mesmo período: fo-ram 30 em 2007 contra 46 em 2008.Esses resultados mostram que a arbi-tragem vem tendo cada vez maior acei-tação entre as empresas, pelo fato deser um procedimento mais rápido, sim-plificado e de os árbitros indicados se-rem especialistas nas matérias tratadas.

TD — Com a crise econômica essecrescimento deve acentuar-se?

Selma — Sim. O novo Código Ci-vil consolidou uma série de inovaçõesexistentes na jurisprudência que favo-rece a renegociação ou resolução decontratos, como o conceito de onero-

sidade excessiva e a alteração de cir-cunstâncias no decorrer do tempo.Serão instrumentos importantes a se-rem avaliados em eventuais repactua-ções ou resoluções de contratos queainda deverão ocorrer. Além disso, aarbitragem, como foi instituída no Bra-sil, passou a ser considerada um im-portante diferencial na economia doscontratos, haja vista a celeridade doprocesso, que não admite recursos. Emmédia, a decisão arbitral demora de setemeses a um ano e dois meses, mas podeser menos. E é definitiva. No Judiciário,demoraria 10 anos para mais.

TD — Embora mais célere e sim-ples, o procedimento arbitral nãofica muito caro?

Selma — Em minha tese de dou-torado, com a ajuda de dois engenhei-ros, fiz um estudo comparativo entre ocusto de um procedimento arbitral e ode um judicial, com uma análise de en-foque econômico do Direito. Montei umcaso hipotético, fizemos os cálculos econcluímos que o procedimento arbi-tral saía 58% mais barato do que o ju-dicial. Na análise, levamos em contao chamado custo de oportunidade, ouseja, aquilo que poderia ser feito como dinheiro em jogo se ele fosse libera-do mais rapidamente. Há também umlevantamento da Câmara Internacio-nal de Arbitragem, feito há alguns anos,segundo o qual nos custos de uma arbi-tragem 2% representam as taxas deadministração da Câmara, 14% repre-sentam os honorários dos árbitros e 84%representam os custos com a monta-gem do caso, com o processo propria-mente dito, que engloba honorários deadvogados, deslocamento de testemu-nhas, perícias, produção de provas. NoBrasil, algumas Câmaras cobram 2% dovalor da causa, limitado a um certoteto. Em alguns casos esse limite é deR$ 50 mil. Outras cobram mensalida-de. Cada árbitro recebe honorários nafaixa de R$ 60 mil para o presidente eR$ 45 mil para os outros dois. Em va-lores absolutos, não é barato, mas de-pendendo do montante envolvido naarbitragem e levando-se em conta arapidez da decisão é uma opção van-tajosa. Em geral, interessa para em-presas de porte médio para cima.Logo deverá interessar também apequenas e microempresas. O BIDdesenvolveu um programa no Brasilpara difundir a arbitragem comerci-al e criar multiplicadores. O trabalhofoi feito por meio da Confederação dasAssociações Comerciais do Brasil(CACB), que criou a Câmara Brasileirade Mediação e Arbitragem Empresarial(CBMAE) justamente para atender tam-bém as pequenas e microempresas.

“Agora, a procura (da arbitragem) tem sido maior”

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3JUNHO DE 2009

LIVROSLIVROSTRIBUNA DO DIREITO

TD — Na arbitragem é precisoexecutar a decisão?

Selma — A arbitragem é feita porpessoas especializadas e as partes co-nhecem de antemão as regras. As de-cisões arbitrais são mais facilmentecumpridas. A lei dá às partes o direitode escolher os árbitros, de escolhercomo será o rito processual, de decidirse querem a arbitragem de direito oupor equidade. É fantástico poder deci-dir as coisas por equidade. No Judiciá-rio, não pode. O juiz só pode decidirpor equidade quando é autorizado porlei. Equidade é fazer justiça ao casoconcreto. Além disso, existe um com-prometimento maior com o resultado,ou seja, quando uma empresa recorreà arbitragem ela se compromete aaceitar a decisão arbitral.

TD — Na administração públi-ca também se usa arbitragem?

Selma — Muito pouco, ainda. Masa tendência é aumentar, porque a arbi-tragem está prevista na Lei das PPPs(Parcerias Público-Privadas), na Lei Ge-ral de Concessões e todas as agênciasreguladoras preveem. Se numa licitaçãopública, por exemplo, já se sabe que aarbitragem estará prevista no contratoe que representa uma economia no cus-to da transação, o preço oferecido já serámenor, porque a empresa saberá de an-temão que não vai ficar 15 anos discu-tindo alguma dúvida no Judiciário.

TD — Mas ainda existe con-trovérsia em relação às áreas emque a arbitragem pode ser usada.Ela pode ser aplicada em quaissetores?

Selma — A tudo na área comerci-al, na financeira, na cível. Onde se veri-ficam questões sensíveis é na traba-lhista. Há decisões do TST dizendo quese aplica e outras dizendo que não. Aarbitragem aplica-se na área trabalhis-ta no que diz respeito às cláusulas eco-nômicas. Não vejo problema em discu-tir horas extras, salário, pela via arbi-tral. A própria Constituição, no artigo114, prevê a arbitragem na área traba-lhista para dissídios coletivos. Para dis-sídio individual até pode ser aplicada, masnão pode ser considerada obrigatória.

TD — Qual a diferença entre ar-bitragem e mediação?

Selma — Mediação e concilia-ção são auto-compositivas. Há umterceiro que intervém e ajuda as par-tes a se compor, a chegar a umasolução. A arbitragem é hetero-com-positiva. A solução vem de fora daspartes. O árbitro resolve. Já o me-diador, não. Ele vai ouvir as partese ajudá-las a chegar a um resultadosatisfatório.

TD — A arbitragem se apre-senta como um bom nicho demercado para a Advocacia?

Selma — Excelente. O advogado,tanto pode ser nomeado como árbitro— a lei diz que pode ser árbitro qual-quer pessoa de confiança das partes,desde que seja honesta, de bem, e nãotenha nenhum interesse naquela con-trovérsia —, como pode atuar comoadvogado. O árbitro-advogado tem avantagem de conhecer todos os aspec-tos formais, de conhecer o processolegal. Assim, saberá fazer uma inter-pretação sistemática de tudo o queaconteceu no contrato, a avaliação dasprovas; saberá impugnar testemunhase redigir a sentença arbitral. Um árbi-tro-psicólogo, médico ou engenheironão vai saber fazer isso.

TD — E quais são os requisitospara um advogado atuar nesse mer-cado tão promissor?

Selma — A primeira coisa a fazeré ler e estudar profundamente o assun-to. Um fato animador é que há muitosestudantes se dedicando à arbitragemcomo tema de trabalho de conclusão decurso. Este ano, no desafio internacio-nal de arbitragem para estudantes, emViena, pela primeira vez uma equipebrasileira se classificou entre as oitomelhores do mundo: foi a da Faculdadede Direito da USP (Universidade de SãoPaulo). É o melhor resultado latino-ame-ricano de toda a história da competi-ção, que está em sua 16ª edição e épatrocinada pela Uncitral (órgão da

ONU). Foi uma satisfação enorme verisso acontecer. Mas ainda são poucasas faculdades que têm a arbitragem nagrade curricular. É preciso que prolife-re, para que se forme gente habilitada.

TD — Mas qual é o perfil idealdo advogado na arbitragem?

Selma — O melhor exemplo: eletem de deixar de lado a armadura degladiador, que usa constantemente nofórum, e vestir um terno de cavalheiro.Não que não deva fazer isso no fórum,mas é que na arbitragem há muito me-nos animosidade. Ele vai ter de conver-sar muito com a outra parte. O anta-gonismo a que as pessoas estão habi-tuadas no fórum vai se diluindo, e ascoisas ficando mais leves, mais fluídas.Não que não tenha contencioso, por-que cada um defende o interesse docliente, mas é outra postura, posturade negociador, não de guerreiro. Outracoisa: na arbitragem aplica-se a Lei deArbitragem, não o Código de ProcessoCivil, que pode ser usado, mas supleti-vamente. Querer aplicar os conceitos eprincípios do processo civil na arbitra-gem é uma deturpação.

TD — Resumidamente, como é

que se processa uma arbitragem?Selma — Quando envolve ques-

tões complexas. Tem de ter um timepara trabalhar. Na primeira fase, é pre-ciso compor a demanda, indicar árbi-tros — são 15 dias para cada parte indi-car um árbitro —, verificar se os árbitrosnão estão impedidos, firmar o termo dearbitragem. Aí começa a arbitragem. Tema fase das alegações iniciais, das respos-tas. Toda a parte da instrução do proces-so, de produção de provas.

TD — A senhora tem intimida-de com todo esse rito. Mas quemnão tem, já que o processo arbi-tral é sigiloso, ao contrário do ju-dicial, que é público, como faz paraaprender?

Selma — Para enfrentar isso, noscursos fazemos arbitragens simuladas.Seria importante também as Câmaras deArbitragem franquearem aos alunos a pos-sibilidade de assistir às audiências. O res-to são só documentos. O problema do si-gilo é um pouco complicado mesmo. Àsvezes, consegue-se uma permissão daparte para que advogados venham assis-tir. Agora, efetivamente, aprende-se naprática, embora seja importante fazer cur-sos e estudar bem a matéria.

“““““A emprA emprA emprA emprA empresa saberáesa saberáesa saberáesa saberáesa saberáde antemão que nãode antemão que nãode antemão que nãode antemão que nãode antemão que não

vai ficar 15 anosvai ficar 15 anosvai ficar 15 anosvai ficar 15 anosvai ficar 15 anosdiscutindo”discutindo”discutindo”discutindo”discutindo”

“Aplica-se na área trabalhista”

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JUNHO DE 20094TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROS

Estudos de Direito ConstitucionalEstudos de Direito ConstitucionalEstudos de Direito ConstitucionalEstudos de Direito ConstitucionalEstudos de Direito Constitucional

Paulo Bonavides, GermanaPaulo Bonavides, GermanaPaulo Bonavides, GermanaPaulo Bonavides, GermanaPaulo Bonavides, GermanaMoraes e Roberto RosasMoraes e Roberto RosasMoraes e Roberto RosasMoraes e Roberto RosasMoraes e Roberto Rosas(organizadores)(organizadores)(organizadores)(organizadores)(organizadores)

Livro em homenagem ao juristaCesar Asfor Rocha. Alguns temasabordados: a constitucionalizaçãodo desporto; o pensamento políticode Paulo Bonavides; o regime jurí-dico-constitucional dos bens públi-cos da União: perspectiva histórica epositiva; os princípios da universa-lidade e da igualdade na Constituiçãoportuguesa; o princípio constitu-cional da moralidade e a nova inter-pretação do Direito Administrativo; bre-ves reflexões sobre responsabilidadecivil no âmbito da comunicação; etc.

LANÇAMENTO

EDITORA RENOVAR

O Direito ao MínimoO Direito ao MínimoO Direito ao MínimoO Direito ao MínimoO Direito ao MínimoExistencialExistencialExistencialExistencialExistencial

Ricardo Lobo TorresRicardo Lobo TorresRicardo Lobo TorresRicardo Lobo TorresRicardo Lobo Torres

Apresenta duas partes: introduçãoao estudo do mínimo existencial(positivação e teoria do mínimo exis-tencial, o conceito de direito ao mí-nimo existencial, a estrutura norma-tiva do direito ao mínimo existencial,mínimo existencial, valores eprincípios jurídicos); a efetividade domínimo existencial (a teoria dostatus, status negativus,statuspositivus libertatis, status positivussocialis, status ativus processualis).O autor é professor titular de DireitoFinanceiro na UERJ (aposentado).

LANÇAMENTO

Lições de Direito PúblicoLições de Direito PúblicoLições de Direito PúblicoLições de Direito PúblicoLições de Direito Público

Eduardo Domingos BottalloEduardo Domingos BottalloEduardo Domingos BottalloEduardo Domingos BottalloEduardo Domingos Bottallo

3 edição. As bases do direito publicoestão na Constituição, que não pode— nem deve — ser tida como algodistante da vida social. Uma e outrasão partes da mesma realidade. Aproposta deste livro é destacar algunscontextos que se prestam a revelar econfirmar tão necessária quanto in-dispensável síntese. Apresenta 11capítulos: aspectos propedêuticos;Direito Constitucional e outras disci-plinas jurídicas; breve memória dasConstituições brasileiras; o EstadoFederal brasileiro; etc.

A Fazenda Pública em JuízoA Fazenda Pública em JuízoA Fazenda Pública em JuízoA Fazenda Pública em JuízoA Fazenda Pública em Juízo

Leonardo José CarneiroLeonardo José CarneiroLeonardo José CarneiroLeonardo José CarneiroLeonardo José Carneiroda Cunhada Cunhada Cunhada Cunhada Cunha

DIALÉTICA

Direitos Fundamentais eDireitos Fundamentais eDireitos Fundamentais eDireitos Fundamentais eDireitos Fundamentais eRelaçõesRelaçõesRelaçõesRelaçõesRelações Desiguais nos Desiguais nos Desiguais nos Desiguais nos Desiguais nosContratos BancáriosContratos BancáriosContratos BancáriosContratos BancáriosContratos BancáriosLuiz Carlos ForghieriLuiz Carlos ForghieriLuiz Carlos ForghieriLuiz Carlos ForghieriLuiz Carlos ForghieriGuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarãesGuimarães

Apresenta quatro capítulos: direitos fun-damentais (o positivismo kelsenianoe o pós-positivismo, conceito e signifi-cado de direitos fundamentais, carac-terísticas de direitos fundamentais, lo-calização dos direitos fundamentais,dimensões dos direitos fundamen-tais, proteção dos direitos fundamen-tais, etc.); princípios constitucionais(princípio da dignidade da pessoa hu-mana, princípios constitucionais noâmbito dos contratos, etc.); o anatocismo(capitalização mensal de juros); casospráticos.

LANÇAMENTO

elma Maria Ferrei-ra Lemes é paulis-ta, criada no Ipi-ranga, em uma fa-mília de quatro fi-lhos, dos quais foi

a única a seguir carreira jurídica. Ogosto pelo estudo foi incutido pelopai, um médico-veterinário quesempre direcionou os filhos para aleitura e a pesquisa. Formada pelaFaculdade de Direito da Universida-de de São Paulo, turma de 1978, oprimeiro emprego como advogadafoi numa empresa multinacional,onde trabalhava basicamente com

contratos, Direito Empresarial e Di-reito Internacional. Prosseguiu car-reira no Departamento Jurídico daFiesp, onde o primeiro documentoque lhe deram para analisar era so-bre arbitragem. Encantada com amatéria desde os bancos da univer-sidade, recebeu a incumbência comoum presente. Dali por diante, não pa-rou mais de estudar e trabalhar comarbitragem. Tornou-se uma das co-autoras da Lei de Arbitragem, apre-sentada ao Congresso pelo senadorMarco Maciel e em vigor desde 1996.

O interesse pela matéria levou-a aomestrado na USP, onde teve como ori-

entador o professor Hermes MarceloHuck, e, posteriormente, ao doutora-do, que também fez na USP, mas peloPrograma de Integração da AméricaLatina. “É um programa muito interes-sante que funciona num sistema inter-disciplinar e integra disciplinas de vári-as unidades da Universidade. Frequen-tei as Faculdades de Jornalismo, deEconomia, de História, e fui estudar noChile, que tem uma legislação muitobacana na área de arbitragem admi-nistrativa”, explica.

Além de trabalhar com arbitragem,advogada e árbitro, a partir de 2004passou a coordenar o curso de Arbitra-

gem da GVlaw, programa de educa-ção continuada da instituição. Do altode sua experiência avisa que “é im-portante notar que cursos de arbitra-gem não são para formar árbitros. Sãocursos de capacitação em arbitragem”.

Há cerca de dois anos descobriu acorrida. “Não sabia que era tão bom.Comecei a correr por recomendaçãomédica”, conta, acrescentando quesempre andou muito, mas “achava quecorrer era muito difícil”. “Só que nãofoi. Logo da primeira vez, consegui correr40 minutos sem parar. Hoje, corro qua-tro a cinco vezes por semana e até parti-cipo de alguns campeonatos.” (EN) �

S

Nauniversidade,

um sonho.Depois, arealização

Com Marco Maciel e Pedro Batista Martins e falando sobre arbitragem em Punta del Este

Álbum de Família Álbum de Família

7ª edição, revista, ampliada eatualizada. Alguns temas analisados:a Fazenda Pública; prerrogativas pro-cessuais da Fazenda Pública; dos pra-zos da Fazenda Pública; a prescriçãoe as pretensões formuladas em faceda Fazenda Pública; a Fazenda Públicacomo ré; despesas, honorários sucum-benciais, depósitos judiciais, custas,multas e a Fazenda Pública; da in-tervenção anômala; da denunciaçãoda lide pela Fazenda Pública; do re-exame necessário; a Fazenda Públicae as cautelares e liminares; etc.

LETRAS JURÍDICAS

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ANO 15 - Nº 170

JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

ônus é instituto fundamental para oandamento do processo, de vez queimpõe, objetivando persuadir a partea agir, consequências desfavoráveisaos que não cumprem as faculdadesque lhe são asseguradas pela lei pro-

cessual. É um imperativo do interesse próprio, comodiz Couture (Fundamentos de Direito Processual Ci-vil, Saraiva, 1946, página 120), na linha de quemFernando Hellmeister Clito Fornaciari (Ônus da Pro-va no Processo Civil, dissertação de Mestrado, USP,2005, página 46) conclui que o não atuar tambémrepresenta manifestação válida, mas que repercutesobre a parte que possui o ônus desfavoravelmente,associando, pois, a ele a ideia de risco.

A concepção de ônus permeia diversos institu-tos de processo, realçando-se diante daqueles paraos quais o sistema reserva o contraditório, chaman-do a parte adversa para se manifestar acerca doquanto apresentou seu litigante. Básica sua presen-ça na contestação, cuja falta importa veracidadedos fatos alegados pelo autor (artigo 319); no de-ver de exibição de documento, cuja ausência fazcom que se repute verdadeiro aquilo que com odocumento se pretendia provar (artigo 359); naausência para prestar depoimento pessoal, hipó-tese à qual se associa a confissão ficta (artigo 343,§ 2º). Nesses exemplos, o efeito negativo está pre-visto expressamente na lei, mas também para ou-tras situações, que não tenham igual regra, não sepode negar a ocorrência do malefício.

Decisão da 14ª Câmara de Direito Privado doTJ-SP foi chamada a apreciar esta matéria, de vezque alegação de fato extintivo do direito do autor(pagamento), associada à demonstração de impos-sibilidade da prova material da quitação, dada a fra-terna ligação entre as partes (artigo 402, II, doCPC), ficou sem impugnação do autor. Sobreveio,contudo, decisão, relatada por Virgílio de OliveiraJúnior (Apelação Cível n° 1.308.533-3, julgadoem 15/10/2008), que procurou explicar que peti-ção inicial é petição inicial e contestação é contes-tação, de modo que a veracidade do não impug-nado “não ocorre com relação ao autor por nãoter ele na réplica se manifestado sobre os fatosnarrados na contestação, até porque a defesa nãosubstitui, de forma alguma, a petição inicial”. Aquestão exigia uma abordagem mais profunda.

A defesa do réu, na contestação, não está gizadapara ser restrita à negação do quanto afirmadopelo autor. Pode trazer ocorrências novas, que,por não terem sido consideradas até então, desa-fiam um necessário contraditório, ensejando opor-tunidade de manifestação para o autor, ao qual seimpõe, como decorrência da faculdade que se lheconfere, um ônus, cujas consequências sobre elerecairão, na medida em que não se desincumbir acontento do quanto afirmado pelo adversário.

Não fora a imprescindibilidade do contraditó-

O ônus da réplica para o autorCLITO FORNACIARI JÚNIOR*

rio imposta pelo CPC, haveria de se considerar, nalinha sustentada por Cândido Rangel Dinamarco,a potencialidade de fato dessa ordem afetar demodo negativo o direito do autor, comprometen-do a eficácia do fato constitutivo: “O réu faz umadefesa substancial indireta, quando opõe à preten-são do autor a alegação de um fato impeditivo,modificativo ou extintivo do direito que este alegater. Esses fatos atuam negativamente sobre o direitoe, cada um deles a seu modo, todos comprome-tem a eficácia do fato constitutivo alegado peloautor – sendo todos eles, portanto, dotados deeficácia favorável ao réu.” (Instituições de DireitoProcessual Civil, Malheiros, 3° vol., 2ª edição,2002, n. 1.068, página 466).

Essa “eficácia favorável ao réu” impõe que se as-segure, como estabelecido pelo artigo 326 do CPC,

oportunidade para a manifestação do autor, comdireito até à produção de prova, referindo-se a leiapenas à documental, pois esta, em tese, como teriaque ser contemporânea à inicial, já estaria preclusa.

A atuação do autor é fundamental para que res-taure a higidez de sua postulação, pois, se a alega-ção guarda eficácia favorável ao réu, evidente que aderrubada dessa reclama atuação do autor, contra-pondo-se ao afirmado, sob pena de gerar algumaconsequência processual, que, no caso, seria a acei-tação do afirmado como verdade. É nessa linha tam-bém a posição de Joel Dias Figueira Júnior, quandoensina, sob o prisma dos fatos a provar: “Deixando oautor fluir em branco o prazo decendial, fica o réudispensado de fazer prova a respeito dos fatos novosalegados e que foram opostos na contestação, postoque desnecessária a produção probatória acerca dequestões incontroversas.” (Comentários ao Códigode Processo Civil, Revista dos Tribunais, 4° vol., tomoII, 2ª edição, 2006, página 457).

Evidente que o reconhecimento da veracidade dofato novo, com força extintiva do direito do autor,alegado sem oposição da parte contrária, é decor-rência do sistema, que reputa verdade o não impug-nado, não se restringindo ao quanto afirmado na ini-cial, mas também àquilo que tenha sido trazido nacontestação pelo réu e acerca do qual se dava aoautor o direito de manifestar-se. À sua omissão há dese associar alguma consequência, que caminha, sal-vo em se cuidando de direito indisponível, de fato queexige prova indisponível ou de alegação que fuja daverossimilhança, à veracidade do não impugnado.

O ônus da prova dos fatos extintivos, modificativosou impeditivos do direito do autor é do réu (artigo333, II, do CPC). Todavia, o silêncio do autor so-bre o fato extintivo deduzido pelo réu implica o mes-mo efeito que se tem a partir do silêncio do réu acer-ca do fato constitutivo do direito do autor. O fatotorna-se incontroverso e não precisa ser provado. Aprevisão de direito de manifestação ao autor so-bre o fato novo, não fora para lhe trazer efeito ne-gativo diante do silêncio, seria inócua e até que-braria o princípio da igualdade, isso porque, atéesse instante, as partes falaram nos autos igualnúmero de vezes, de modo que a nova oportuni-dade conferida ao autor não é de ser vista comouma simples homenagem, mas um ônus processu-al, que carrega efeitos, se não for atendido.

Portanto, não é, como equivocadamente lançouo acórdão, que a questão transforma o autor em réue o réu em autor. O que se dá é apenas a vazão paraque o réu se safe do quanto se lhe exige com umaalegação nova, que há de lhe ser permitida, por exis-tirem ocorrências com o condão de nublar o direitodo autor, mesmo que tudo quanto tenha sido por eleafirmado seja verdadeiro. As partes não se trans-mudam, simplesmente porque o sentido da presen-ça e da alegação do réu ainda é somente confinadaa buscar a improcedência da ação, não havendo pos-sibilidade de se lhe dar nada, além disso.

O

*Advogado em São Paulo e mestre em Direito pela PUC-SP.

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JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

STF

JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

��HC 96581/SP — Habeas corpus.Relator(a): min. Ricardo Lewandowski. Julga-mento: 17/3/2009. Órgão julgador: PrimeiraTurma. Publicação: DJE-064. Divulg.: 2/4/2009. Public.: 3/4/2009. Ementa: Vol- 02355-04 PP-00758. Ementa: Processual penal.Habeas corpus. Ação penal. Falta de justacausa. Trancamento. Inadmissibilidade. Impro-cedência. Presença de indícios mínimos de au-toria para a propositura e recebimento da açãopenal. Artigo 41 do CPP. Ordem denegada. I -A análise da suficiência ou não de provas paraa propositura da ação penal, por depender deexame minucioso do contexto fático, nãopode, como regra, ser levada a efeito pela viado habeas corpus. II - Para o recebimento daação penal não se faz necessária a existênciade prova cabal e segura acerca da autoria dodelito descrito na inicial, mas apenas provaindiciária, nos limites da razoabilidade. III - Or-dem denegada, para que a ação penal siga seucurso, com as cautelas de estilo. Decisão: a Tur-ma conheceu do pedido de habeas corpus, maso indeferiu. Unânime. Ausente, justificadamente,o ministro Menezes Direito. 1ª Turma, 17/3/2009.

��RHC 94808/MG — Recurso em ha-

beas corpus. Relator(a): min. Ricardo Lewando-wski. Julgamento: 10/3/2009. Órgão julgador:Primeira Turma. Publicação: DJE-064. Divulg.:2/4/2009. Public.: 3/4/2009. Ementa: Vol.:02355-03 PP-00533. Ementa: Processual pe-nal. Recurso ordinário em habeas corpus. In-tempestividade. Conhecimento do recursocomo habeas corpus originário. Precedentes.Possibilidade de trabalho externo e livramentocondicional. Pleito cuja apreciação representariaindevida supressão de instância. Regressão deregime prisional. Unificação de penas. Benefíci-os da execução. Artigos 111 e 118 da Lei7.210/84. Impossibilidade. Ordem parcialmen-te conhecida e denegada na parte conhecida.I - Recurso interposto intempestivamente masque, conforme orientação firmada por estaCorte (HC 87.304, rel. ministro Sepúlveda Per-tence), deve ser conhecido como habeas cor-

pus originário. II - As pretensões acerca da pos-sibilidade de trabalho externo e da obtenção delivramento condicional não podem ser conhe-cidas, na medida em que o STJ não se pro-nunciou a respeito porque não foram aprecia-das pelo tribunal. III - Exame desses pleitos,nesta sede, importaria em indevida supressãode instância. IV - As saídas temporárias parafrequentar curso superior ou visitar a família sãobenefícios que só podem ser concedidos a con-denados que estejam cumprindo as respectivaspenas em regime semi-aberto, conforme ex-

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pressa disposição da LEP. V - A jurisprudênciadesta Corte não admite o cumprimento dapena em regime mais rigoroso ao argumentode que inexiste estabelecimento para o des-conto da sanção corporal em regime mais

brando (Por exemplo, HC: 94.829/SP, rel. parao acórdão min. Menezes Direito e HC: 87.985/SP, rel. min. Celso de Mello). VI - No caso, to-davia, em virtude de nova condenação, o paci-ente teve suas penas unificadas, o que justifica

a regressão de regime do semi-aberto para ofechado. VII - Ordem parcialmente conhecida edenegada na parte conhecida. Decisão: a Tur-ma, preliminarmente, recebeu o recurso ordiná-rio em habeas corpus como habeas corpus origi-nário. No mérito, conheceu, em parte, do pedi-do, mas, nesta parte, o indeferiu, determinandoque a Defensoria Pública local seja cientificadadesta decisão. Unânime, 1ª Turma, 10/3/2009.

�� Hc 94726/RS — Habeas corpus.Relator(a): min. Carlos Britto. Julgamento: 3/3/2009. Órgão julgador: Primeira Turma. Publi-cação: DJE: 059. Divulg.: 26/3/2009. Public.:27/3/2009. Ementa: Vol: 02354-03. Pp-00635. Ementa: Habeas corpus. Progressão noregime de cumprimento da pena. Cometi-mento de falta grave (fuga). Recontagem dolapso de 1/6 para a obtenção do benefício. 1.Em caso de falta grave, é de ser reiniciada acontagem do prazo de 1/6, exigido para a ob-tenção do benefício da progressão no regimede cumprimento da pena. Adotando-se comoparadigma, então, o quantum remanescenteda pena. Em caso de fuga, este prazo apenascomeça a fluir da recaptura do sentenciado.Precedentes. 2. Habeas corpus indeferido. De-cisão: a Turma indeferiu o pedido de habeas

corpus. Unânime. Não participou, justificada-mente, deste julgamento a ministra CármenLúcia. 1ª Turma, 3/3/2009.

�� Hc 96037/RS — Habeas corpus.Relator(a): min. Ricardo Lewandowski. Julga-mento: 3/3/2009. Órgão julgador: PrimeiraTurma. Publicação: DJE: 064. Divulg.: 2/4-2009. Public.: 3/4/2009. Ementa: Vol.: 02355-03. Pp: 00618. Ementa: Habeas corpus. Penal.Fixação da pena-base acima do mínimo legal.Súmula 691 do STF. Constrangimento ilegal.Inocorrência. Habeas não instruído. Não co-nhecimento. I - a superação da Súmula 691*do Supremo Tribunal Federal somente é admi-tida diante de flagrante ilegalidade, abuso depoder ou teratologia. II- A inicial não veio ins-truída com documentos que comprovem asalegações, o que impossibilita constatar even-tual ilegalidade que justifique a superação damencionada súmula. III - Habeas corpus nãoconhecido. Decisão: Por maioria de votos, aTurma não conheceu do pedido de habeas

corpus; vencido o ministro Marco Aurélio, nostermos do seu voto. 1ª Turma, 3/3/2009. *Súmula STF 691: Não compete ao SupremoTribunal Federal conhecer de habeas corpus

impetrado contra decisão do relator que, emhabeas corpus requerido a tribunal superior, in-defere a liminar.

��HC 96272/SE — Habeas corpus.Relator(a): min. Ellen Gracie. Julgamento: 10/3/2009. Órgão julgador: Segunda Turma. Pu-blicação: DJE: 064. Divulg.: 2/4/2009. Public.:3/4/2009. Ementa: Vol: 02355-04. Pp.: 00661.Ementa: Habeas corpus. Crime de quadrilha.Inépcia da denúncia. Inexistência. Preenchi-mento dos requisitos do artigo 41 do CPP. Ne-cessidade de manutenção da custódia cautelar.Fundamentação idônea. Ausência de violaçãoao artigo 93, IX, da CF. Quadrilha integradapor policiais. Garantia da ordem pública. Aprimariedade dos pacientes não é obstáculo aodecreto de prisão preventiva. Réus que perma-neceram presos durante toda a instrução crimi-nal. Jurisprudência do STF. Ordem denegada. 1.A denúncia preenche os requisitos do artigo 41do Código de Processo Penal, eis que descre-ve, ainda que de forma sucinta, os delitos im-putados aos pacientes, assim como o local e operíodo em que ocorreram, permitindo, assim,o pleno exercício do direito de defesa. 2. Houvefundamentação idônea à manutenção da pri-são processual dos pacientes, não tendo omagistrado se valido de "fatos genéricos", comoalega o impetrante. Não houve, portanto, vio-lação ao artigo 93, IX, da Constituição da Re-pública. 3. Observo que os pacientes são poli-

ciais civis e, como ressaltou o eminente minis-tro Napoleão Nunes Maia Filho, "a existênciade quadrilha formada por membros de institui-ção pública voltada à garantia da segurançada sociedade, configura grave ameaça à or-dem pública e à paz social, haja vista a insegu-rança incutida no meio social, que passa a de-sacreditar nas estruturas sociais formais decombate à criminalidade". 4. A circunstânciados pacientes serem primários, possuírem empre-go e residência fixa, à evidência, não se mostraobstáculo ao decreto de prisão preventiva, desdeque presentes os pressupostos e condições pre-vistas no artigo 312 do CPP (HC 83.148/SP, rel.min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, DJ: 2/9/2005). 5.Por fim, "é pacífica a jurisprudência desta Supre-ma Corte de que não há lógica em permitir queo réu, preso preventivamente durante toda ainstrução criminal, aguarde em liberdade o trânsi-to em julgado da causa, se mantidos os motivosda segregação cautelar". (HC 89.824/MS, rel. min.Carlos Britto, DJ 28/8/8). 6. Ante o exposto,denego a ordem de habeas corpus. Decisão: aTurma, à unanimidade, denegou a ordem dehabeas corpus, nos termos do voto da relatora.Ausentes, justificadamente, neste julgamento, ossenhores ministros Joaquim Barbosa e Eros Grau.2ª Turma, 10/3/2009.

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679JUNHO DE 2009

STF e STJ

TRIBUNA DO DIREITO JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

���HC 96424/MS — Habeas corpus.Relator(a): min. Ellen Gracie. Julgamento: 10/3/2009. Órgão Julgador: Segunda Turma. Publi-cação: DJE-064. Divulg.: 2/4/2009. Public.: 3/4/2009. Ementa: Vol.: 02355-04. Pp-00722.Ementa: Direito Processual Penal. Habeascorpus. Prisão preventiva. Decisão fundamenta-da. Garantia da ordem pública. Denegação daordem. 1. Possível constrangimento ilegal sofridopelo paciente devido à ausência dos requisitosautorizadores para a decretação de sua prisãopreventiva e pela falta de fundamentação idô-nea da decisão que a decretou. 2. Decreto deprisão preventiva baseado em fatos concretosanalisados pelo juiz de Direito na instrução pro-cessual, podendo se extrair que os fatos impu-tados aos pacientes são de extrema gravidadee geram intranquilidade para a sociedade ecujos malefícios coletivos são indiscutíveis. Houvefundamentação idônea à decretação da prisãocautelar do paciente. 3. Há justa causa para odecreto de prisão quando se aponta, de maneiraconcreta e individualizada, fatos concretos queinduzem à conclusão quanto à necessidade dese assegurar a ordem pública. 4. A circunstânciade o paciente ser primário, ter bons anteceden-tes, trabalho e residência fixa, à evidência, nãose mostra obstáculo ao decreto de prisão pre-ventiva, desde que presentes os pressupostos econdições previstas no artigo 312 do CPP. Pre-cedentes. 5. Habeas corpus denegado. Decisão:a Turma, à unanimidade, denegou a ordem dehabeas corpus, nos termos do voto da relatora.Ausentes, justificadamente, neste julgamento,os senhores ministros Joaquim Barbosa e ErosGrau. 2ª Turma, 10/3/2009.

�� HC 96956/SP — Habeas corpus.Relator(a): min. Ellen Gracie. Julgamento: 10/3/2009. Órgão julgador: Segunda Turma. Publica-ção: DJE: 064. Divulg.: 2/4/2009. Public.: 3/4/2009. Ement.: Vol-02355-04. Pp-00810. Ementa:Direito Processual Penal. Habeas corpus. Prisãopreventiva. Decisão fundamentada. Garantia daordem pública. Denegação da ordem. 1. Possívelconstrangimento ilegal sofrido pelo paciente devidoà ausência dos requisitos autorizadores para a de-cretação de sua prisão preventiva e pela falta defundamentação idônea da decisão que a decre-tou. 2. Diante do conjunto probatório dos autos daação penal, a manutenção da custódia cautelar sejustifica para a garantia da ordem pública e daconveniência da instrução criminal, nos termos doartigo 312 do Código de Processo Penal. 3. Funda-mentação idônea, ainda que sucinta, à manuten-ção da prisão processual do paciente, não tendo amagistrada se valido de “referências genéricas”,como alega o impetrante. Não houve, portanto, vi-olação ao artigo 93, IX, da Constituição da República.

4. Como já decidiu esta corte, “a garantia da ordempública, por sua vez, visa, entre outras coisas, evitar areiteração delitiva, assim resguardando a sociedade demaiores danos”. (HC 84.658/PE, rel. min. JoaquimBarbosa, DJ: 3/06/2005), além de se caracterizar“pelo perigo que o agente representa para a socieda-de como fundamento apto à manutenção da segre-gação”. (SC 90.398/SP, rel. min. Ricardo Lewandowski,DJ: 18/05/2007). Outrossim, “a garantia da ordempública é representada pelo imperativo de se impedira reiteração das práticas criminosas, como se verificano caso sob julgamento. A garantia da ordem públicase revela, ainda, na necessidade de se assegurar acredibilidade das instituições públicas quanto à visibili-dade e transparência de políticas públicas de persecu-ção criminal”. (HC: 98.143, de minha relatoria, DJ 27/6/2008). 5. Habeas corpus denegado. Decisão: a Tur-ma, à unanimidade, denegou a ordem de habeascorpus, nos termos do voto da relatora. Ausentes,justificadamente, neste julgamento, os senhores mi-nistros Cezar Peluso e Eros Grau. 2ª turma, 10/3/2009.

��CC 94848/SP — Conflito de Competên-cia: 2008/0067266-3. Relator(a): ministro Na-poleão Nunes Maia Filho. Órgão julgador: S3 -Terceira Seção. Data do julgamento: 16/2/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 20/3/2009. Ementa: Processo penal. Conflito nega-tivo de competência. Inquérito policial. Falsifi-cação e uso de travellers checks. Inexistênciade interesse ou ofensa a bens da união. Impos-sibilidade de subsunção da conduta ao delito demoeda falsa (artigo 289 do CPB). Competênciado juízo estadual. Precedente desta corte. Pa-recer ministerial pela competência do juízo sus-citado. Conflito conhecido para declarar acompetência do juízo estadual, o suscitado. 1.A possível falsificação que permeia a hipótesenão é de outro documento senão cheques deviagem, os quais não se confundem com mo-eda, elemento objetivo do tipo de moeda falsa(artigo 289 do CPB). Precedente desta Corte(CC: 21.908/MG, rel. min. Felix Fischer, DJU:22/3/09). 2. Conforme extrai-se do própriotipo, o crime de moeda falsa apenas terá vezse houver falsificação, por fabricação ou altera-ção, de moeda metálica ou papel-moeda decurso legal no país ou no estrangeiro. 3. A frau-de perpetrada, portanto, não alcança bens ouinteresses da União. Em razão disso, sua apu-ração deve permanecer a cargo da Justiça co-mum estadual. 4. Conflito de competênciaconhecido para declarar competente o juízode Direito do Departamento de InquéritosPoliciais e Polícia Judiciária de São Paulo -DIPO, o suscitado, em consonância com oparecer ministerial. Acórdão: Vistos, relatadose discutidos estes autos, acordam os ministros

da Terceira Seção do Superior Tribunal de Jus-tiça, na conformidade dos votos e das notastaquigráficas a seguir, por unanimidade, co-nhecer do conflito e declarar competente osuscitado, juízo de Direito do Departamento deInquéritos Policiais e Polícia Judiciária de SãoPaulo — DIPO, nos termos do voto do sr. minis-tro-relator. Votaram com o relator os srs. minis-tros Jorge Mussi, Og Fernandes, Celso Limongi(desembargador-convocado do TJ-SP), NilsonNaves, Felix Fischer, Laurita Vaz, Arnaldo Este-ves Lima e Maria Thereza de Assis Moura. Presi-diu o julgamento o sr. ministro Paulo Gallotti.

��CC 101272/PR — Conflito de compe-tência: 2008/0261936-5. Relator(a): ministroNapoleão Nunes Maia Filho. Órgão julgador:S3 - Terceira Seção. Data do julgamento: 16/2/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 20/3/2009. Ementa: Conflito negativo de compe-tência. Juizado Especial e juiz de Direito. Vio-lência doméstica. Lesões corporais leves prati-cadas contra descendente. Artigo 129, § 9°, doCPB, com a redação dada pela Lei 11.340/06.Pena máxima superior a 2 anos. Perda do cará-ter de crime de menor potencial ofensivo. Pa-recer do MPF pela competência do juiz de Di-reito. Conflito conhecido, para declarar compe-tente o Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal dePonta Grossa/PR, o suscitado. 1. A Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), por seu artigo 44, au-mentou para três anos de detenção a penamáxima referente ao crime de lesão corporalqualificada, prevista no parágrafo 9° do artigo129 do Código Penal. 2. Assim, retirou-se apossibilidade de o crime em questão ser julga-do pelo Juizado Especial Criminal, ainda que setrate de lesão leve ou culposa (porquanto nãohá qualquer ressalva nesse sentido no dispositi-vo supra citado), em face do disposto no artigo61 da Lei 9.099/90, que define como de me-nor potencial ofensivo apenas os crimes e ascontravenções penais a que a lei comine penamáxima não superior a 2 (dois) anos, cumuladaou não com multa. 3. Parecer do MPF pelacompetência do juízo suscitado. 4. Conflito co-nhecido, declarando-se competente o juízo da1ª Vara Criminal da comarca de Ponta Grossa/PR, o suscitado. Acórdão: Vistos, relatados ediscutidos estes autos, acordam os ministros daTerceira Seção do Superior Tribunal de Justiça,na conformidade dos votos e das notas taqui-gráficas a seguir, por unanimidade, conhecer doconflito e declarar competente o suscitado, ju-ízo de Direito da 1ª Vara Criminal de PontaGrossa - PR, nos termos do voto do sr. minis-tro-relator. Votaram com o relator os srs. minis-tros Jorge Mussi, Og Fernandes, Celso Limongi(desembargador-convocado do TJ/SP), Nilson

Naves, Felix Fischer, Laurita Vaz, Arnaldo Este-ves Lima e Maria Thereza de Assis Moura. Pre-sidiu o julgamento o sr. ministro Paulo Gallotti.

��CC 101274/PR — Conflito de compe-tência: 2008/0261931-6. Relator(a): ministroNapoleão Nunes Maia Filho. Órgão julgador: S3- Terceira Seção. Data do julgamento: 16/2/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 20/03/2009. Ementa. Conflito negativo de competên-cia. Justiça comum e Juizado Especial. Resistên-cia à prisão (artigo 329 do CPB) e contravençãode perturbação da tranquilidade (artigo 65 doDecreto-Lei 3.688/41). Concurso de crimes.Competência definida pela soma das penasmáximas cominadas aos delitos. Jurisprudênciadeste STJ. Parecer do MPF pela competente dojuízo de Direito. Conflito conhecido, para declarara competência do juízo de Direito da 3ª VaraCriminal de Ponta Grossa/PR, o suscitado. 1. Ocrime antecedente, que teria originado a ordemde prisão e o subsequente delito de resistência,é autônomo; assim, estando adequada a quali-ficação da conduta anterior do investigado comocontravenção de perturbação da tranquilidade,constata-se que, somadas as penas máximasatribuídas, em abstrato, às duas infrações, supe-ra-se o limite do artigo 61 da Lei 9.099/90, quedefine como de menor potencial ofensivo ape-nas os crimes e as contravenções penais a que alei comine pena máxima não superior a 2 (dois)anos, cumulada ou não com multa. 2. É pacíficaa jurisprudência desta Corte de que, no caso deconcurso de crimes, a pena considerada parafins de fixação da competência do Juizado Espe-cial Criminal será o resultado da soma, no casode concurso material, ou a exasperação, na hi-pótese de concurso formal ou crime continuado,das penas máximas cominadas aos delitos;destarte, se desse somatório resultar um apena-mento superior a 2 (dois) anos, fica afastada acompetência do Juizado Especial. 3. Parecer doMPF pela competência do juízo suscitado. 4.Conflito conhecido, para declarar competente ojuízo de Direito da 3ª Vara Criminal de PontaGrossa/PR, o suscitado. Acórdão: Vistos, relata-dos e discutidos estes autos, acordam os minis-tros da Terceira Seção do Superior Tribunal deJustiça, na conformidade dos votos e das notastaquigráficas a seguir, por unanimidade, conhe-cer do conflito e declarar competente o suscita-do, juízo de Direito da 3ª Vara Criminal de Pon-ta Grossa - PR, nos termos do voto do sr. minis-tro-relator. Votaram com o relator os srs. minis-tros Jorge Mussi, Og Fernandes, Celso Limongi(desembargador-convocado do TJ-SP), NilsonNaves, Felix Fischer, Laurita Vaz, Arnaldo Este-ves Lima e Maria Thereza de Assis Moura. Presi-diu o julgamento o sr. ministro Paulo Gallotti.

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JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

31/5/09

STJ

JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

680

��HC 118583/SP — Habeas corpus: 2008/0228390-6. Relator(a): ministro Jorge Mussi. Órgãojulgador: T5 - Quinta Turma. Data do julgamento:5/3/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 23/3/2009. Ementa: Habeas corpus. Homicídio qualifi-cado. Prisão em flagrante. excesso de prazo. Pro-núncia. Recurso em sentido estrito manejado peladefesa e julgado pela corte de origem. Pacientepresa em comarca diversa. Necessidade de expe-dição de precatórias. Razoabilidade. Demora justi-ficada. Ausência de desídia do Estado-juiz. Coaçãonão evidenciada. 1. Os prazos necessários à for-mação da culpa — e, no rito específico do Júri, àsubmissão da ré ao conselho de sentença — nãosão peremptórios, admitindo dilações quando as-sim exigirem as peculiaridades do caso concreto,como a complexidade da ação penal, a pluralidadede acusados, e a necessidade de se deprecar a re-alização de atos da instrução. Mister, no entanto,sejam observados os limites da razoabilidade, em

atenção ao artigo 5º, inciso IXXVIII, da ConstituiçãoFederal. 2. Não se constata demora injustificadana hipótese em que, pronunciada a ré, sua defesainterpôs recurso em sentido estrito da sentençaprovisional, já julgado pela Corte — ao qual negouprovimento —, mostrando-se ainda necessária aexpedição de carta precatória para intimá-la aconstituir novo defensor, ante a renúncia de suaanterior procuradora. 3. Ordem denegada.Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos,acordam os ministros da Quinta Turma do SuperiorTribunal de Justiça, na conformidade dos votos edas notas taquigráficas a seguir, por unanimidade,denegar a ordem. Os srs. ministros Laurita Vaz,Arnaldo Esteves Lima e Napoleão Nunes Maia Fi-lho votaram com o sr. ministro-relator. Ausente,justificadamente, o sr. ministro Felix Fischer.

��HC 112948/DF — Habeas corpus: 2008/0174236-0. Relator(a): ministro Felix Fischer. Órgãojulgador: T5 - Quinta Turma. Data do julgamento:3/3/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 23/3/2009. Ementa: Processual penal. Habeas corpussubstitutivo de recurso ordinário. Crime contra aordem tributária. Pedido de trancamento da açãopenal em razão da existência de ação anulatóriade débito fiscal, bem como decisão favorável àpaciente proferida em ação de consignação empagamento e a compensação da obrigação prin-cipal por meio de precatórios. Questões que nãoobstam, automaticamente, a persecutio criminis,pois não afetam a integridade do lançamento re-alizado. Independência entre as instâncias. I — “aexistência de ação cível anulatória do crédito tribu-tário não impede a persecução penal dos agentesem juízo, em respeito à independência das esferascível e criminal. Precedentes. Ainda que obtido êxi-to no pedido de antecipação de tutela na searacível, a fim de impedir a inscrição dos agentes emdívida ativa, condição de procedibilidade da execu-ção fiscal, inadmissível o trancamento da ação pe-nal, notadamente quando a decisão a eles favorá-vel não afetou diretamente o lançamento do tri-buto devido, que, até decisão definitiva em contrá-rio, não pode ser considerado nulo ou por qualqueroutro modo maculado”. (RHC: 21.929/PR, 5ª tur-ma, relª. minª. Jane Silva — desembargadora-convocada do TJ-MG, DJU de 10/12/2007). II -não se pode, na hipótese, tomar a existência deação anulatória de débito fiscal, bem como decisãofavorável nos autos de ação de consignação de-terminando a suspensão da exigibilidade do créditotributário ou, ainda, a compensação da obrigaçãoprincipal por meio de precatórios, fatos que even-tualmente podem ser tomadas como questões

prejudiciais heterogêneas facultativas (artigo 93 doCódigo de Processo Penal) da questão penal,como um obstáculo automático da persecutiocriminis porquanto, até aqui, o lançamento do tri-buto não foi atingido. III - a prejudicial heterogê-nea não obriga a suspensão da ação penal. Valedizer, não obsta de pronto a persecutio criminis (ar-tigo 93 do CPP). Habeas corpus denegado.Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos emque são partes as acima indicadas, acordam osministros da Quinta Turma do Superior Tribunal deJustiça, por unanimidade, denegar a ordem. Ossrs. ministros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima,Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi vota-ram com o sr. ministro-relator.

��HC 107885/RJ — Habeas corpus: 2008/0121689-0. Relator(a): ministro Arnaldo EstevesLima. Órgão julgador: T5 - Quinta Turma. Data dojulgamento: 19/2/2009. Data da publicação/fonte:DJE: 16/3/2009. Ementa: Processual penal. Habeascorpus. Associação para o tráfico. Procedimento pre-visto na Lei 10.409/02. Defesa preliminar devida-mente apresentada. Citação pessoal. Ocorrência.Ausência de ilegalidade. Ordem denegada. 1. Nãohá qualquer vício a ser sanado, uma vez que, ante asolicitação da defesa para que fosse obedecido o ritoprevisto na Lei 10.409/02, o juízo processante abriuprazo para a apresentação da defesa preliminar e,posteriormente, renovou o interrogatório. 2. A ale-gação de ilegalidade da citação do réu não prospe-ra, uma vez que o artigo 360 do Código de Proces-so Penal foi devidamente atendido. 3. “Encerrada ainstrução criminal, fica superada a alegação de cons-trangimento por excesso de prazo.” (Súmula 52/STJ). 4. Ordem denegada. Acórdão: Vistos, relata-dos e discutidos os autos em que são partes asacima indicadas, acordam os ministros da QuintaTurma do Superior Tribunal de Justiça, por unani-midade, denegar a ordem. Os srs. ministrosNapoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e LauritaVaz votaram com o sr. ministro-relator. Ausente,justificadamente, o sr. ministro Felix Fischer.

��HC 118495/SC — Habeascorpus: 2008/0226955-6. Relator(a):ministro Arnaldo Esteves Lima. Órgãojulgador: T5 - Quinta Turma. Datado julgamento: 19/2/2009. Data dapublicação/fonte: JE 16/3/2009.Ementa: Processual penal. Habeascorpus. Tráfico ilícito de entorpecen-tes. Associação para o tráfico. Recep-tação e adulteração de sinal identifi-cador de veículo automotor. Nulida-de por inobservância do rito previstona Lei 11.343/06. Não-ocorrência.Crimes conexos. Adoção do rito ordi-nário. Maior amplitude de defesa.Ordem denegada. 1. A jurisprudên-

cia do Superior Tribunal de Justiça, reiteradamente, tem decidido que, nas hipóteses de conexãodos crimes previstos na Lei 11.343/06 com outros cujo rito previsto é o ordinário, este deve preva-lecer, porquanto, sob perspectiva global, ele é o que permite o melhor exercício da ampla defesa.2. Ordem denegada. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acimaindicadas, acordam os ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,denegar a ordem. Os srs. ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Laurita Vaz votaramcom o sr. ministro-relator. Ausente, justificadamente, o sr. ministro Felix Fischer.

Jurisprudência extraída do Boletim de Juris-prudência da Procuradoria de Justiça Criminaldo Ministério Público do Estado de São Paulo,coordenada pelos procuradores de Justiça JúlioCésar de Toledo Piza (secretário executivo),Fernando José Marques (vice-secretário execu-tivo) e pelos promotores de Justiça AntonioOzório Leme de Barros e José Roberto Sígolo.

��HC 93862/RS — Habeas corpus: 2007/0259588-9. Relator(a): ministro Jorge Mussi. Órgãojulgador: T5 - Quinta Turma. Data do julgamento:5/3/2009. Data da publicação/fonte: DJE: 23/3/2009. Ementa: Habeas corpus. Prescrição da pre-tensão punitiva. Marco interruptivo. Acórdãoconfirmatório da sentença de pronúncia que ape-nas excluiu qualificadora, dando provimento ao re-curso da defesa. Inocorrência do lapso prescricional.Segregação decorrente de condenação transitadaem julgado. Manutenção que se impõe. Inexis-tência de constrangimento ilegal. 1. O acórdãoconfirmatório da sentença de pronúncia, mesmodando provimento ao recurso da defesa para ex-cluir qualificadora, a teor do disposto no artigo 117,III, do CP, não deixa de ser considerado marcointerruptivo da prescrição. 2. Não caracteriza cons-trangimento ilegal a prisão decorrente de sentençacondenatória transitada em julgado, se constata-do que, entre a data da decisão que manteve asubmissão do paciente a julgamento popular e ado veredicto proferido pelo Tribunal do Júri, nãotranscorreu o lapso necessário ao reconhecimentoda causa extintiva. 3. Ordem denegada. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordamos ministros da Quinta Turma do Superior Tribunalde Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráficas a seguir, por unanimidade,denegar a ordem. Os srs. ministros LauritaVaz, Arnaldo Esteves Lima e Napoleão NunesMaia Filho votaram com o sr. ministro-relator.Ausente, justificadamente, o sr. ministro FelixFischer.

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JUNHO DE 2009

RAQUEL SANTOS

A segunda fase está prevista para o dia 28

ANO 17 - Nº 98

TRIBUNA DO DIREITO

índice de reprovação dos candi-datos que participaram do 5ºExame Nacional de Ordem (equi-valente, em São Paulo, ao 138º),realizado dia 17 de maio, chocoua própria diretoria da secional

paulista, que participou pela primeira vez daprova unificada. Dos 18.925 inscritos, apenas2.233 foram habilitados para a segunda fase,dia 28, o que representa 88,21% de reprova-ção.

As abstenções não foram divulgadas peloCesp (Centro de Seleção e Promoção de Even-tos), ligado à Universidade de Brasília e res-ponsável pela elaboração do Exame. De acor-do com a OAB-SP, sem esses dados o percen-tual de aprovados fica próximo ao do 126ºExame, que teve o pior desempenho até hoje.

O presidente da secional paulista, Luiz Flá-vio Borges D´Urso, afirmou que o resultadosurpreende e deve ser analisado com relaçãoaos obtidos em outros Estados, levando-se emconsideração o número de faculdades e o debacharéis que prestaram a prova. Segundo ele,"em Sergipe, por exemplo, 30% dos candidatosforam aprovados, mas lá existe um número re-duzido de faculdades de Direito". Disse que "oproblema não está no Exame, mas na prepara-ção dos bacharéis".

Com esse índice, o Estado de São Paulo(com 11,79% de aprovados), ocupou a segun-da posição no ranking nacional de reprovação,ficando atrás apenas do Amapá (11,6%), e àfrente de Mato Grosso (11,8%) entre as 26 se-cionais que aderiram ao sistema único de ava-liação. O Exame Unificado teve a participaçãode 59.637 candidatos em todo o País, inclusi-ve dos do Distrito Federal. Apenas Minas Ge-rais mantém o exame próprio.

Para os bacharéis que realizaram a prova naFundação Armando Álvares Penteado (Faap), onovo sistema foi "mais complicado", apesar de oconteúdo não ter sido considerado "difícil". Ale-garam que, além do acréscimo de novas discipli-nas, a prova não foi "separada" por especialida-des, como é tradicional; as questões foram "mis-turadas"; e as opções de resposta eram "muitoextensas" (a prova é de múltipla escolha).

O Cesp distribuiu os 6.763 candidatos daCapital nos prédios da Universidade Paulis-ta (Unip), Casa Metropolitana do Direito(FMU), além da Faap. As cem questões abor-daram temas de Direito Administrativo, Civil,Constitucional, Trabalho, Processo Civil,Processo Penal, Direito do Consumidor, Es-tatuto da Criança e do Adolescente e DireitoAmbiental.

Reprovação surpreende

que "as perguntas foram mais complexas doque as provas anteriores"; que "foram mais di-fíceis para decifrar"; e que as questões foram"curtas" e as alternativas "longas, provocandoerros de interpretação". A mesma opinião deAmanda Rodrigues Cardoso, 33, que participoupela terceira vez. De acordo com ela, além dosargumentos de Ariane, nas provas anteriores asrespostas eram mais compactas e precisas. “Foiuma prova cansativa", reclamou.

Dixon Fernandes, 53, bacharel este anopela Faculdades das Américas, tentou aprova-ção pela segunda vez. Achou a prova fácil, em-bora minuciosa. "Com a unificação, a lingua-gem ficou objetiva, em função de o conteúdoter de ser o mesmo em todas as regiões doPaís", afirmou.

Fabiana Franco, 37, bacharel pela PUC, de-pois de três anos afastada, prestou o Exame deOrdem pela segunda vez. Segundo ela, o graude complexidade continua o mesmo, e apenaso formato foi alterado. Fabiana disse que oExame teve temas atualizados, o que é positi-vo. Formada também em Administração deEmpresas, se for aprovada na segunda fase,pretende atuar em Direito do Trabalho.

Fotos Augusto Canuto

O

A segunda fase do Exame Unificado constaráde redação de uma peça jurídica e cinco questõespráticas. Além das disciplinas clássicas de Direi-to Penal, Direito Civil, Direito Tributário e Direitodo Trabalho, três novas áreas de opção foram in-cluídas: Direito Administrativo, Direito Constitu-cional e Direito Empresarial.

As questões da primeira fase do 138° Exameforam apresentadas em três versões: Omega,Epsilon e Delta. O "Tribuna" publica a versãoÔmega e os três gabaritos.

Artur Prado, 43 anos, que optou por Direitodo Trabalho, prestou o Exame pela segundavez. Achou que a prova foi mais completa naabordagem dos temas e mais objetiva "em com-paração com a anterior". No 137º Exame, con-seguiu 64 pontos na primeira fase, mas foi re-provado na segunda.

Ariane Rodrigues, 45, por sua vez, tentou pelaterceira vez, e considerou a prova "bem pior".Alegou que "a equipe que elaborou o Exame es-queceu de subdividir a prova por matérias";

Opiniões

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JUNHO DE 20092

1. Acerca da advocacia, assinale a opção incorreta.(A) O advogado estrangeiro somente poderá exercer atividade de advocacia

no território brasileiro se estiver inscrito na OAB.(B) Para a inscrição como advogado, é necessário, entre outrosrequisitos,

prestar compromisso perante o Conselho.(C) O advogado é indispensável à administração da justiça, razão pela qual

qualquer postulação perante órgãos do Poder Judiciário é atividade privativade advogado, sem exceção.

(D) No processo judicial, ao postular decisão favorável ao seu constituinte,o advogado contribui para o convencimento do julgador, constituindo seus atosmunus público.

2. Acerca do exercício da advocacia, assinale a opção correta.(A) Todos os membros dos Poderes Legislativo e Judiciário exercem ati-

vidade incompatível com a advocacia.(B) O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,

praticar com dolo ou culpa, respondendo ilimitadamente pelos danos causa-dos aos clientes em decorrência da ação ou omissão.

(C) O advogado que passar a sofrer de doença mental incurável deve licen-ciar-se por prazo indeterminado.

(D) O advogado que passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incom-patível com a advocacia terá sua inscrição suspensa até desincompatibilizar-se.

3. Manuel foi constituído advogado para patrocinar os interesses de Lúcioem uma ação de divórcio litigioso. Durante o trâmite processual, surgiu a acu-sação de que Lúcio seria bígamo, tendo sido instaurada ação penal para apuraro referido crime.

Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção corre-ta de acordo com o Estatuto da OAB.

(A) Caso seja arrolado como testemunha, Manuel deve testemunhar naação penal, independentemente de autorização de Lúcio, visto que não podeeximir-se da obrigação de depor.

(B) Manuel tem o direito de recusar-se a depor como testemunha, caso te-nha tomado ciência dos fatos em razão do exercício profissional.

(C) Não existe óbice para que Manuel seja testemunha na ação penal, vistoque somente é advogado de Lúcio na ação cível, vigorando o dever de sigiloprofissional apenas nesta ação.

(D) Manuel não pode recusar-se a depor, caso seja arrolado como teste-munha de acusação na ação penal e Lúcio consinta com o seu depoimento.

4.Assinale a opção correta com relação aos honorários advocatícios.(A) Os honorários sucumbenciais são devidos ao advogado pela parte per-

dedora da ação, podendo o causídico, inclusive, promover a execução ou cum-primento da sentença, conforme o caso, nos próprios autos da causa em queatuou.

(B) Na execução contra a fazenda pública, é vedado ao advogado pleitearao juízo a expedição de precatório de crédito de honorários contratuais de for-ma separada do valor devido ao cliente.

(C) Nos honorários sucumbenciais, impostos por decisão judicial, estãoincluídos os contratuais, salvo se estipulado o contrário no contrato entre ad-vogado e cliente.

(D) De acordo com o Estatuto da OAB, é imprescritível a ação de cobrançade honorários contratuais, ainda que o contrato preveja prazo certo para tanto.

5. No que concerne à sociedade de advogados, assinale a opção correta.(A) Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advoga-

dos, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Sec-cional.

(B) É possível registrar no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicassociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia.

(C) De acordo com o Estatuto da OAB, a sociedade de advogados adqui-re personalidade jurídica quando do registro dos atos constitutivos perante ajunta comercial em cuja base territorial tiver sede.

(D) Advogados sócios da mesma sociedade profissional podem represen-tar em juízo clientes de interesses opostos, desde que mantenham o decoroe a autonomia funcional.

6. De acordo com o Estatuto da Advocacia e da OAB, o advogado deveapresentar procuração para

(A) retirar autos de processos findos, no prazo previsto em lei.(B) ingressar livremente em qualquer assembleia ou reunião de que par-

ticipe o seu cliente.(C) comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente,quando estes

se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares.

As provas da primeira fase do 138º Exame(D) examinar, em órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo ou da admi-

nistração pública, autos de processos em andamento.

7. Acerca do processo disciplinar regulamentado no Código de Ética eDisciplina da OAB, assinale a opção correta.

(A) Apresentadas as razões finais, o relator profere parecer preliminar e ovoto, a ser submetido ao tribunal, a cujo presidente cabe, após o recebimen-to do processo instruído, inserir o processo na pauta de julgamento.

(B) Caracteriza-se a litigância de má-fé caso se comprove que os interes-sados no processo tenham nele intervindo de modo temerário, com intuito deemulação ou procrastinação.

(C) Ao relator do processo compete determinar a notificação do representadopara a defesa prévia, no prazo de 10 dias, devendo ser designada a defensoriapública em caso de revelia ou quando o representado não for encontrado.

(D) O interessado e o representado deverão incumbir-se do compa-recimento das respectivas testemunhas, a não ser que prefiram intima-ções pessoais, o que deverá ser requerido na representação e na defesaprévia.

8.Acerca dos direitos do advogado previstos no Estatuto da OAB, julgue osseguintes itens.

I. O advogado pode retirar-se, após trinta minutos do horário designado,independentemente de qualquer comunicação formal, do recinto onde estejaaguardando pregão para ato judicial e ao qual ainda não tenha comparecido aautoridade que deva presidir a sessão.

II. O advogado preso em flagrante delito de crime inafiançável tem o direitoà presença de representante da OAB para lavratura do respectivo auto, sob penade a prisão ser considerada nula.

III. É direito do advogado ver respeitada a inviolabilidade de seu escritórioe residência, bem como de seus arquivos, correspondência e comunicações,salvo em caso de busca e apreensão determinadas por magistrado e acompa-nhadas de representante da OAB.

A quantidade de itens certos é igual aA 0.B 1.C 2.D 3.

9. Mário, advogado, foi contratado por Túlio para patrocinar sua defesa emuma ação trabalhista. O pagamento dos honorários advocatícios ocorreu na datada assinatura do contrato de prestação de serviços. No dia da audiência, Má-rio não compareceu nem justificou sua ausência e, desde então, recusa-se aatender e retornar as ligações de Túlio.

Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.

(A) Mário, que descumpriu compromisso profissional, manteve conduta incom-patível com a advocacia, desprestigiando toda a ordem de advogados, razão pelaqual pode receber a sanção de advertência.

(B) Mário abandonou a causa trabalhista sem motivo justo, conduta que carac-teriza infração disciplinar grave, iniciando-se o processo disciplinar, necessaria-mente, com a representação do juiz da causa, que deve certificar o abandono.

(C) A conduta de Mário caracteriza infração disciplinar punível com sus-pensão, o que acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional emtodo o território nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses.

(D) A conduta de Mário caracteriza infração disciplinar de locupletamentoà custa do cliente, cuja sanção legal é a suspensão até que a quantia seja de-volvida ao cliente lesado.

10. Acerca das infrações e sanções disciplinares, segundo o Estatuto daOAB, assinale a opção correta.

(A) A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anui-dade e o máximo de seu décuplo, é aplicávelcumulativamente com a censuraou suspensão, em caso de circunstâncias agravantes.

(B) A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve emcinco anos, contados da data de ocorrência dos fatos.

(C) A sanção disciplinar de suspensão não impede o exercício do mandatoprofissional, mas veda a participação nas eleições da OAB.

(D) O pedido de reabilitação de sanção disciplinar resultante da prática decrime independe da reabilitação criminal, visto que a instância administrativaindepende da penal.

11.No que concerne à perda e à reaquisição da nacionalidade brasileira,assinale a opção correta.

(A) Eventual pedido de reaquisição de nacionalidade feito por brasileiro na-turalizado será processado no Ministério das Relações Exteriores.

(B) A reaquisição de nacionalidade brasileira é conferida por lei de inici-ativa do presidente da República.

(C) Em nenhuma hipótese, brasileiro nato perde a nacionalidade brasileira.(D) Brasileiro naturalizado que, em virtude de atividade nociva ao Estado,

tiver sua naturalização cancelada por sentença judicial só poderá readquiri-lamediante ação rescisória.

12.Com relação aos tratados internacionais, assinale a opção correta à luzda Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969.

(A) Ainda que a existência de relações diplomáticas ou consulares seja in-dispensável à aplicação de um tratado, o rompimento dessas relações, em ummesmo tratado, não afetará as relações jurídicas estabelecidas entre as partes.

(B) Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno parajustificar o inadimplemento de um tratado.

(C) Reserva constitui uma declaração bilateral feita pelos Estados ao as-sinarem um tratado.

(D) Apenas o chefe de Estado pode celebrar tratado internacional.

13.No que se refere aos remédios constitucionais, assinale a opção correta.(A) A ação popular pode ser ajuizada por qualquer pessoa para a proteção

do patrimônio público estatal, da moralidade administrativa, do meio ambientee do patrimônio histórico e cultural.

(B) A ação civil pública somente pode ser ajuizada pelo MP, segundo de-termina a CF.

(C) A doutrina brasileira do habeas corpus, cujo principal expoente foi RuiBarbosa, conferiu grande amplitude a esse writ, que podia ser utilizado, inclu-sive, para situações em que não houvesse risco à liberdade de locomoção.

D O habeas data pode ser impetrado ao Poder Judiciário, independente-mente de prévio requerimento na esfera administrativa.

14. A respeito da arguição de descumprimento de preceito fundamental(ADPF), assinale a opção correta.

(A) A ADPF, criada com o objetivo de complementar o sistema de prote-ção da CF, constitui instrumento de controle concentrado de constitucionali-dade a ser ajuizado unicamente no STF.

(B) A ADPF pode ser ajuizada mesmo quando houver outra ação judicial ourecurso administrativo eficaz para sanar a lesividade que se pretende atacar, emobservância ao princípio da indeclinabilidade da prestação judicial.

(C) O conceito de preceito fundamental foi introduzido no ordenamento ju-rídico brasileiro pela Lei n.º 9.882/1999, segundo a qual apenas as normasconstitucionais que protejam direitos e garantias fundamentais podem serconsideradas preceito fundamental.

(D) Na ADPF, não se admite a figura do amicus curiae.

15. No que diz respeito ao instituto da repercussão geral, inovaçãocriada pela EC 45/2004 e regulamentada pela Lei n.º 11.418/2006, assi-

nale a opção correta.(A) A competência para a verificação da existência de repercussão geral,

por decisão irrecorrível, é dos tribunais superiores e do STF.(B) A decisão que nega a existência de repercussão geral vale para todos

os recursos que versem sobre matéria idêntica, os quais serão indeferidos li-minarmente.

(C) Tal inovação tem por finalidade aumentar o número de processos quedevem ser apreciados no STF, a fim de que as questões relevantes sejam to-das julgadas o mais breve possível.

(D) Para a rejeição da repercussão geral, é necessária a manifestação damaioria absoluta dos membros do STF.

16. De acordo com a CF, todos são iguais perante a lei, sem distinção dequalquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes nopaís a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurançae à propriedade. No que diz respeito aos direitos e garantias fundamentais pre-vistos na CF, assinale a opção correta.

(A) É admitida a interceptação telefônica por ordem judicial ou adminis-trativa, para fins de investigação criminal ou de instrução processual penal.

(B) O duplo grau de jurisdição, no âmbito da recorribilidade ordinária, nãoconsubstancia garantia constitucional.

(C) Os direitos fundamentais não são assegurados ao estrangeiro em trân-sito no território nacional.

(D) Como decorrência da inviolabilidade do direito à liberdade, a CF as-segura o direito à escusa de consciência, desde que adstrito ao serviço mili-tar obrigatório.

17.Acerca do federalismo nacional, assinale a opção correta.

TRIBUNA DO DIREITO

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JUNHO DE 2009 3(A) A CF, ao extinguir os territórios federais até então existentes, vedou a

criação de novos territórios.(B) A CF não atribuiu ao território a chamada tríplice capacidade.(C) Segundo preceitua a CF, são entes federativos os estadosmembros, o

DF, os municípios e os territórios federais.(D) O DF não possui capacidade de autoadministração visto que não or-

ganiza nem mantém suas próprias polícias.

18. De acordo com a CF e com a doutrina, a intervenção federal(A) exige do presidente da República, quando provocada por requisição, a

submissão do ato ao Conselho da República e ao Conselho de Defesa Nacional,para posterior exame quanto à conveniência e oportunidade da decretação.

(B) é provocada por solicitação quando a coação ou o impedimento reca-em sobre cada um dos três Poderes do Estado.

(C) dispensa, quando espontânea, a autorização prévia doCongresso Nacional.(D) exige, em qualquer hipótese, o controle político.

19. Acerca do controle concentrado de constitucionalidade exercido peloSTF, assinale a opção correta.

(A) A ação direta de inconstitucionalidade por omissão admite pedido demedida liminar.

(B) Declarada a constitucionalidade de lei ou de ato normativo federal, emsede de ação declaratória de constitucionalidade, não se revela possível a re-alização de nova análise contestatória da matéria sob a alegação de que no-vos argumentos conduziriam a uma decisão pela inconstitucionalidade.

(C) É possível a declaração de inconstitucionalidade de normas constitu-cionais originárias.

(D) É cabível o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade cujoobjeto seja lei ou ato normativo distrital decorrente do exercício de competên-cia estadual e municipal.

20. De acordo com a doutrina e jurisprudência, as comissões parlamen-tares de inquérito instituídas no âmbito do Poder Legislativo federal

(A) devem obediência ao princípio federativo, razão pela qual não podeminvestigar questões relacionadas à gestão da coisa pública estadual, distritalou municipal.

(B) podem anular atos do Poder Executivo quando, no resultado das inves-tigações, ficar evidente a ilegalidade do ato.

(C) têm a missão constitucional de investigar autoridades públicas e depromover a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

(D) não podem determinar a quebra do sigilo bancário ou dos registros te-lefônicos da pessoa que esteja sendo investigada, dada a submissão de taiscondutas à cláusula de reserva de jurisdição.

21. No que se refere às prerrogativas conferidas aos parlamentares fede-rais, assinale a opção correta.

(A) A imunidade parlamentar formal não obsta, observado o devido proces-so legal, a execução de pena privativa de liberdade decorrente de decisão ju-dicial transitada em julgado.

(B) As imunidades de deputados e senadores não subsistirão durante o estadode sítio dada a gravidade da situação de crise e da excepcionalidade da medida.

(C) Os delitos de opinião praticados por congressistas, no exercício for-mal de suas funções, somente poderão ser submetidos ao Poder Judiciárioapós o término do mandato do parlamentar.

(D) Recebida a denúncia contra senador ou deputado, por crime ocorridoapós a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativado parlamentar réu ou do partido político a que é filiado, pode sustar o anda-mento da ação.

22. No tocante à responsabilização do presidente da República, assi-nale a opção correta.

(A) Tratando-se de crime de responsabilidade, a decisão proferida peloSenado Federal pode ser alterada pelo STF.

(B) São alternativas as sanções de perda do cargo de presidente e deinabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública.

(C) Na CF, é assegurada ao presidente da República a prerrogativa desomente ser processado, seja por crime comum, seja por crime de respon-sabilidade, após o juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados.

(D) Compete ao STF processar e julgar originariamente o presidente daRepública nas infrações penais comuns e nas ações populares.

23.Considerando os vários tipos de sociedades descritos no Código Civil ecom base na teoria geral do direito empresarial, assinale a opção correta.

(A) As cooperativas, independentemente do objeto social, são sempresociedades simples.

(B) A sociedade anônima pode adotar a forma simples, desde que oseu objeto social compreenda atividades tipicamente civis.

(C) A sociedade simples não possui personalidade jurídica, sendo des-necessária a inscrição de seu contrato social no Registro Civil das PessoasJurídicas do local de sua sede.

(D) Na sociedade em comum, todos os sócios respondem limitada-mente pelas obrigações da sociedade; assim, todos os sócios podemvaler-se do benefício de ordem a que os sócios da sociedade simplesfazem jus.

24. Com base na disciplina jurídica das sociedades anônimas, julgueos seguintes itens.

I As sociedades por ações podem ser classificadas em abertas ou fe-chadas, considerando-se a participação do Estado em seu capital social.

II A Comissão de Valores Mobiliários, entidade autárquica em regimeespecial vinculada ao Ministério da Fazenda, é responsável pela emissãode ações em mercado primário.

III Ações preferenciais são aquelas que conferem ao seu titular umavantagem na distribuição dos lucros sociais entre os acionistas e podem,exatamente por isso, ter limitado ou suprimido o direito de voto.

IV As ações, as debêntures, os bônus de subscrição e as partes bene-ficiárias, entre outras, são espécies de valores mobiliários emitidos pelascompanhias para a captação de recursos.

V O valor nominal da ação é alcançado com a sua venda no ambientede bolsa de valores.

Estão certos apenas os itens(A) I e V.(B) II e III.(C) III e IV.(D) I, II, IV e V.

25. Uma letra de câmbio foi sacada por Z contra X para um beneficiá-rio Y e foi aceita. Posteriormente, foi endossada sucessivamente para A, B,C e D. Nessa situação hipotética,

I Z é o sacado, X é o endossante, Y é o tomador.II aposto o aceite na letra, X torna-se o obrigado principal.III se, na data do vencimento, o aceitante se recusar a pagar a letra, o

portador não precisará encaminhar o título ao protesto para garantir o seudireito de ação cambial ou de execução contra os coobrigados indiretos.

IV se A promover o pagamento ao portador D, os endossantes B e Cestarão desonerados da obrigação. Estão certos apenas os itens

(A) I e III.(B) I e IV.(C) II e III.(D) II e IV.

26.Assinale a opção que não está de acordo com o Código de Defesado Consumidor.

(A) É direito do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos, inclu-indo-se a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, acritério do juiz, for verossímil a alegação ou quando ele for hipossuficiente.

(B) O consumidor tem direito à modificação das cláusulas contratuaisque estabeleçam prestações desproporcionais, mas não à revisão delas emrazão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.

(C) É direito do consumidor a informação adequada e clara sobre osdiferentes produtos e serviços, o que inclui a especificação correta dequantidade, características, composição, qualidade e preço e a explicita-ção dos riscos relacionados a produtos e serviços.

(D) O consumidor tem direito à efetiva reparação de danos patrimoni-

ais e morais, individuais, coletivos e difusos.27. Acerca da responsabilidade no Código de Defesa do Consumidor,

assinale a opção correta.(A) No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável

perante o consumidor o fornecedor imediato, mesmo se identificado cla-ramente o produtor.

(B) A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inade-quação dos produtos e serviços o exime de responsabilidade.

(C) É permitida a estipulação contratual de cláusula que impossibili-te, exonere ou atenue a obrigação de indenizar.

(D) Caso o vício do produto ou do serviço não seja sanado no prazo le-gal, pode o consumidor exigir o abatimento proporcional do preço.

28. A denominada teoria dos entes despersonalizados(A) tem aplicação quando o espólio é acionado.(B) é aplicável na hipótese de herança jacente ou na de massa falida.(C) não é aplicável na sistemática civil brasileira, diante da ausência de

hipóteses caracterizadoras.(D) tem aplicação quando se trata da presença, em juízo, de condomínio.

29. A cláusula segundo a qual o vendedor de coisa imóvel pode reser-var-se o direito de recobrá-la, em determinado prazo, restituindo o preçorecebido e reembolsando as despesas do comprador, é denominada

(A) venda a contento.(B) retrovenda.(C) venda com reserva de domínio.(D) preempção ou preferência.

30. Quanto ao instituto da posse, a lei civil estabelece que(A) é assegurado ao possuidor de boa-fé o direito à indenização pelas

benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, estas, se não fo-rem pagas, poderão ser levantadas, desde que não prejudiquem a coisa.

(B) obsta à manutenção ou à reintegração da posse a alegação de pro-priedade, ou de outro direito sobre a coisa.

(C) a posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, independen-temente de ratificação do favorecido.

(D) o possuidor de má-fé tem direito à indenização pelas benfeitoriasnecessárias, assistindo-lhe o direito de retenção pela importância destas.

31. Em virtude de acidente de trânsito ocorrido em 10/1/2006, um indiví-duo foi condenado a pena privativa de liberdade, tendo a sentença penal tran-sitado em julgado em 15/2/2009. Nessa situação hipotética,

I é possível a vítima cumular as indenizações por danos morais e materi-ais, conforme jurisprudência do STJ.

II a vítima do acidente pode ajuizar ação reparatória civil pelos danos so-fridos, visto que sua pretensão ainda não está prescrita.

III a pretensão de reparação civil prescreve em três anos.IV o indivíduo culpado pelo acidente e a vítima podem, antes de decorri-

da a prescrição, pactuar que o prazo prescricional para a pretensão civil sejade cinco anos.

Estão certos apenas os itens(A) I, II e III.(B) I, II e IV.(C) I, III e IV.(D) II, III e IV.

32.De acordo com o que dispõe o Código Civil a respeito dos contratos,assinale a opção correta.

(A) O evicto pode demandar pela evicção, por meio de ação contra o trans-mitente, mesmo sabendo que a coisa adquirida era alheia ou litigiosa.

(B) A resilição bilateral não se submete à forma exigida para o contrato.(C) A onerosidade excessiva, oriunda de acontecimento extraordinário e im-

previsível, ainda que dificulte extremamente o adimplemento da obrigação de umadas partes em contrato de execução continuada, não enseja a revisão contratual,visto que as partes ficam vinculadas ao que foi originariamente pactuado.

(D) Considere que um indivíduo ofereça ao seu credor, com o consensodeste, um terreno em substituição à dívida no valor de R$ 30 mil, a título dedação em pagamento. Nessa situação, se o credor for evicto do terreno rece-bido, será restabelecida a obrigação primitiva com o devedor, ficando sem efei-to a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

33. A respeito do direito de família, assinale a opção correta.(A) Aplicam-se à união estável as regras do regime da separação de bens,

salvo contrato escrito em que se estipule o contrário.(B) Não pode ser reconhecida como união estável a relação pública, con-

tínua, duradoura e com ânimo de constituir família, entre uma mulher solteirae um homem casado que esteja separado de fato.

(C) Suponha que uma criança tenha sido concebida com material genéti-

TRIBUNA DO DIREITO

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JUNHO DE 20094co de Maria e de um terceiro, tendo sido a inseminação artificial previamenteautorizada pelo marido de Maria. Nessa situação hipotética, o Código Civilprevê expressamente que a criança é presumidamente considerada, para todosos efeitos legais, filha de Maria e de seu marido.

(D) Os cunhados, juridicamente, não podem ser classificados como parentes.

34. A respeito do direito das sucessões, julgue os itens subsequentes. I Oherdeiro necessário não perderá o direito à legítima se também lhe forem dei-xados bens em testamento que constituam a parte disponível do testador.

II No casamento putativo, o cônjuge de boa-fé sucederá o falecido se asentença anulatória do casamento for posterior à morte do cônjuge de cujasucessão se trata.

III O Código Civil, em se tratando de sucessão legítima, assegura ao côn-juge sobrevivente, caso o casamento tenha sido efetuado no regime da comu-nhão universal de bens, o direito de concorrência com os descendentes doautor da herança.

IV O testamento pode ser feito diretamente pelo representante legal do testador.A quantidade de itens certos é igual aA 1.B 2.C 3.D 4.

35. A respeito das regras do domicílio, assinale a opção incorreta.(A) A mera troca de endereço não caracteriza, por si só, mudança de do-

micílio.(B) O domicílio civil é formado pelo elemento objetivo, que consiste na re-

sidência, sendo despiciendo averiguar-se o elemento subjetivo.(C) Admite-se que uma pessoa possa ter domicílio sem possuir residên-

cia determinada, ou que esta seja de difícil identificação.(D) Caso um indivíduo possua diversas residências onde viva alternada-

mente, qualquer uma delas pode ser considerada o seu domicílio.

36. No que se refere aos bens, assinale a opção correta.(A) Não podem ser considerados móveis aqueles bens que, uma vez des-

locados, perdem a sua finalidade.(B) A regra de que o acessório segue o principal tem inúmeros efeitos, en-

tre eles, a presunção absoluta de que o proprietário da coisa principal tambémseja o dono do acessório.

(C) Um bem consumível pode tornar-se inconsumível por vontade das par-tes, o que vinculará terceiros.

(D) A lei não pode determinar a indivisibilidade do bem, pois esta carac-terística decorre da natureza da coisa ou da vontade das partes.

37. Considerando o importante efeito do decurso de tempo tanto na aqui-sição quanto na extinção de direitos, assinale a opção correta.

(A) Se as partes resolverem ampliar prazo prescricional, deverão fazê-lo por escrito.(B) O juiz só pode conhecer de ofício a prescrição, para favorecer o abso-

lutamente incapaz.(C) Se a decadência for convencional, o juiz não poderá suprir a alegação.(D) Se a prescrição não estiver consumada, a renúncia à possibilidade de

alegá-la deverá ser expressa.

38. Segundo a lei processual civil, no processo de execução,(A) o fiador que pagar a dívida pode executar o afiançado, desde que em

autos distintos do processo de execução contra o devedor.(B) é lícito ao credor cumular várias execuções contra o mesmo devedor

quando fundadas em títulos diferentes, independentemente da competência dojuiz e da forma do processo.

(C) aplica-se o princípio do menor sacrifício possível ao executado.(D) o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, apenas

com seus bens presentes.

39.Acerca do processo cautelar, assinale a opção correta de acordocom a legislação processual civil.

(A) Para a concessão de medida cautelar, não se exige prova inequí-voca do direito invocado.

(B) A medida cautelar não faz coisa julgada material, ainda que o juizacolha alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.

(C) Não se admite, no procedimento cautelar, qualquer das espécies de in-tervenção de terceiros.

(D) No procedimento cautelar, exige-se a cognição exauriente do alegado.40. Acerca dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, assi-

nale a opção correta.(A) Tanto na ação de prestar quanto na ação de exigir contas, dispensa-se a

comprovação do vínculo entre autor e réu, dado o caráter objetivo dessas ações.(B) Na pendência de processo possessório, é permitido ao autor e ao réu

intentar ação de reconhecimento de domínio.(C) Na ação de consignação em pagamento, uma vez alegada a insuficiên-

cia do depósito, o réu pode levantar desde logo a quantia ou a coisa deposi-tada, prosseguindo o processo no que se refere à parcela controvertida.

(D) Na ação de depósito, uma vez efetuado o depósito do equivalente emdinheiro, é vedado ao autor promover a busca e apreensão da coisa.

41. Acerca de suspensão e extinção do processo, assinale a opção correta.(A) Se o autor renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, haverá a

extinção do processo, sem resolução do mérito.(B) Falecendo o advogado do réu, o juiz marcará o prazo de 20 dias para

que seja constituído novo mandatário. Se, transcorrido esse prazo, o réu nãotiver constituído novo advogado, o processo prosseguirá à sua revelia.

(C) O juiz não poderá conferir ao autor a possibilidade de emendar a peti-ção inicial quando esta não contiver o pedido, devendo, nesse caso, extinguiro processo, sem resolução do mérito.

(D) A ausência de interesse processual acarreta a extinção do processo,sem resolução do mérito. Entretanto, caso não indefira liminarmente a inicialpor falta de interesse processual, o juiz, em face da preclusão, não poderá, pos-teriormente, extinguir o processo.

42. Assinale a opção correta a respeito dos atos processuais.(A) O prazo estabelecido pelo juiz é interrompido nos feriados.(B) O prazo para oferecimento da contestação, em comarca de fácil trans-

porte, poderá ser prorrogado, desde que autor e réu, de comum acordo, o re-queiram, antes do vencimento do prazo.

(C) Caso tenha sido realizada a citação do réu durante as férias forenses,o prazo para se contestar a ação só começará a correr no primeiro dia útil se-guinte às férias.

(D) A citação somente pode ser realizada em dias úteis.

43. Assinale a opção correta a respeito da sentença.(A) Todas as sentenças devem ser fundamentadas, mas apenas as termi-

nativas podem ter fundamentação concisa.(B) Publicada a sentença de indeferimento liminar da petição inicial, o juiz

não pode mais alterá-la, em face do princípio da inalterabilidade da sentençapelo juiz.

(C) A sentença deve ser certa, salvo quando decida relação jurídica con-dicional.

(D) Na ação que tenha por objeto obrigação de fazer, para a efetivação datutela específica, o juiz poderá, somente a requerimento da parte, impor mul-ta diária em caso de atraso.

44. Considerando o que dispõe o CPC a respeito de recursos, assinale aopção correta.

(A) Havendo sucumbência recíproca e sendo proposta apelação por umaparte, será cabível a interposição de recurso adesivo pela outra parte.

(B) A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ha-bilita o advogado a desistir do recurso.

(C) O MP tem legitimidade para recorrer somente no processo em que é parte.(D) A desistência do recurso interposto pelo recorrente depende da con-

cordância do recorrido.

45. A respeito do agravo, assinale a opção correta.(A) Não se admite juízo de retratação no agravo retido.(B) O recurso cujo objetivo seja o reexame da decisão do juiz sobre os efeitos

em que foi recebida a apelação é o agravo de instrumento.(C) O novo regime jurídico de impugnação das decisões interlocutórias estabe-

lece como regra que o recurso contra essas decisões é o agravo de instrumento.(D) O agravo será na forma retida quando interposto contra decisão que não te-

nha admitido a apelação.

46. Determinada ação foi ajuizada por um município contra uma empresade construção, estando o autor, no entanto, representado pelo secretário deobras, e não, pelo prefeito ou procurador. A ação foi recebida, e a citação doréu, regularmente realizada. Em face dessa situação hipotética, assinale aopção correta.

(A) Comprovada a regular nomeação do secretário de obras para o car-go que ocupa, o vício de representação detectado constituirá mera irregula-ridade e, portanto, não acarretará qualquer consequência para o processo.

(B) O autor será excluído do processo caso não regularize a sua repre-sentação no prazo concedido pelo juiz para tanto.

(C) Caso o autor, após lhe ter sido conferida oportunidade para sanar ovício de representação detectado, omita-se, deixando de tomar qualquer pro-vidência, serão anulados os atos do processo, sendo este extinto, dada aausência de pressuposto processual de validade.

(D) Caberá à empresa ré, se assim o entender, apontar o defeito de represen-tação do autor, visto que, na situação descrita, o juiz não poderá atuar de ofício.

47.Em determinada ação processada sob o rito comum ordinário, o réu,ciente da ausência de interesse processual do autor, deixou de suscitar essapreliminar na sua contestação, fazendo-o apenas nas alegações finais, após o

encerramento da instrução. Na sentença, o juiz reconheceu a carência de açãoe extinguiu o processo, sem julgamento do mérito. Com relação a essa situa-ção hipotética, assinale a opção correta.

(A) Como, de início, o processo teve curso normal, as despesas deverãoser proporcionalmente distribuídas entre as partes.

(B) Na hipótese narrada, autor e réu exerceram regularmente seus respec-tivos direitos de ação e de defesa, devendo ser as despesas, portanto, dividi-das de forma igual entre eles.

(C) O juiz, com fundamento no princípio da causalidade, deverá atribuir aoréu as custas de retardamento, já que o vício deveria ter sido alegado desde aprimeira oportunidade.

(D) Com relação à distribuição das despesas processuais, vigora, no sis-tema processual brasileiro, o princípio da sucumbência, segundo o qual caberásempre ao autor sucumbente a integralidade das despesas do processo.

48. Assinale a opção correta acerca dos bens públicos.(A) Depende de prévia aprovação do Congresso Nacional a alienação ou

cessão de terras públicas, de qualquer tamanho, incluindo-se as destinadas àreforma agrária.

(B) Pode ser autorizada por meio de permissão de uso a utilização, a títuloprecário, de bens públicos imóveis federais para a realização de eventos de curtaduração, de natureza recreativa, esportiva, cultural, religiosa ou educacional.

(C) Consideram-se privados os bens pertencentes às pessoas jurídicas dedireito público aos quais a lei tenha dado estrutura de direito privado.

(D) Considera-se bem público de uso comum o bem público imóvel ondefuncione repartição pública.

49. Um ministro de Estado, após o recebimento de parecer opinativo daconsultoria jurídica do Ministério que chefia, baixou portaria demitindo deter-minado servidor público federal. Considerando essa situação hipotética e oconceito de ato administrativo, assinale a opção correta.

(A) O motivo, na hipótese, é o parecer da consultoria jurídica do Ministério.(B) O ato de demissão do servidor não é passível de anulação pelo Poder

Judiciário, visto que a valoração acerca da existência, ou não, da infração étema que compete exclusivamente ao Poder Executivo.

(C) O ato opinativo, como o parecer da referida consultoria jurídica, por nãoproduzir efeitos jurídicos imediatos, não é considerado ato administrativo pro-priamente dito. Dessa forma, será ato administrativo o ato decisório que o aco-lha ou rejeite, mas não o parecer, que é considerado ato da administração.

(D) O ato de demissão é ilegal por ter sido proferido por autoridade incom-petente, haja vista que a delegação de poderes, nessa hipótese, é vedada.

50. No que se refere a licitação e contratos, assinale a opção correta.(A) Não está impedida de participar de licitações a empresa que se utilize do tra-

balho do menor de dezesseis anos de idade, mesmo fora da condição de aprendiz.(B) A microempresa ou empresa de pequeno porte que deixe de compro-

var, na fase de habilitação, a sua regularidade fiscal será excluída de imedia-to do certame.

(C) Em regra, a venda de bens públicos imóveis passíveis de alienaçãoocorre por meio das modalidades de concorrência ou leilão.

(D) É dispensável a licitação quando não acudirem interessados à licitaçãoanterior, e a licitação, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo paraa administração, mantidas, nesse caso, todas as condições preestabelecidas.

51.Com base no regime jurídico dos servidores públicos federais, assinalea opção correta.

(A)O servidor público que tenha sido absolvido na esfera criminal, por faltade provas da existência de crime, deve ser, obrigatoriamente, absolvido dainfração administrativa.

(B) O servidor público detentor de cargo efetivo que seja demitido por le-são aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio não pode mais retornar aoserviço público.

(C) Remoção caracteriza-se como o deslocamento de cargo de provimentoefetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro ór-gão ou entidade do mesmo poder.

(D) A anulação do ato de demissão de servidor público detentor de cargoefetivo ou em comissão implica a sua reintegração ao cargo.

52. Conforme dispõe a lei geral de concessões, a encampação consiste(A) na retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da con-

cessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica eapós prévio pagamento da indenização.

(B) no fim do contrato de concessão, por iniciativa do concessionário, quandohouver descumprimento das condições do contrato pelo poder concedente.

(C) no retorno dos bens públicos aplicados na execução do objeto do con-trato de concessão ao poder concedente.

(D) na declaração de extinção do contrato de concessão em face da ine-xecução total ou parcial do contrato, desde que respeitados o devido proces-so legal, o contraditório e a ampla defesa.

TRIBUNA DO DIREITO

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JUNHO DE 2009 553.Assinale a opção correta no que se refere à Lei n.º 9.784/1999, que

regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal.(A) O desatendimento da intimação para ciência de decisão importa o re-

conhecimento da verdade dos fatos pelo administrado.(B) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedi-

mento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares,ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando forconveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômi-ca, jurídica ou territorial.

(C) Considera-se entidade administrativa a unidade de atuação integran-te da estrutura da administração direta.

(D) São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de de-zesseis anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.

54. Assinale a opção correta conforme a Lei de Improbidade (Lei n.º 8.429/1992).(A) Proposta a ação de improbidade, é permitido o acordo, a transação ou

a conciliação.(B) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou enrique-

cer ilicitamente está sujeito às cominações da lei além do limite do valor da he-rança.

(C) É cabível a indisponibilidade dos bens do indiciado quando o ato deimprobidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimentoilícito.

(D) Se houver fundados indícios de responsabilidade, será cabível o arres-to dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou cau-sado dano ao patrimônio público.

55. Acerca da intervenção do Estado na propriedade privada, assinale aopção correta.

(A) A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, éde competência da União e dos estados, devendo ser realizada sobre imóvelrural que não esteja cumprindo a sua função social, mediante prévia indeni-zação em títulos da dívida agrária.

(B) Ocorre a desapropriação indireta quando a entidade da administraçãodireta decreta a desapropriação, sendo o processo expropriatório desenvolvi-do por pessoa jurídica integrante da administração descentralizada.

(C) A limitação administrativa consiste na instituição de ônus real de usopelo poder público sobre a propriedade privada.

(D) A desapropriação, que consiste na transferência de propriedade de ter-ceiro ao poder público, tem por objeto bens móveis ou imóveis, corpóreos ouincorpóreos, públicos ou privados.

56. O INSS, em processo administrativo, concluiu, com base em entendi-mento antigo e recorrente na autarquia, que a servidora pública Kátia deveriaressarcir determinada quantia aos cofres públicos. A referida servidora recorreue, quando ainda pendente o julgamento do recurso administrativo, o INSS to-mou ciência de decisão do STF proferida em sede de reclamação, na qual seconsagrava o entendimento de que o servidor, em casos análogos ao de Ká-tia, não tem o dever de ressarcir a quantia. Nessa decisão, o STF entendeu tersido violado enunciado de súmula vinculante. Com referência a essa situaçãohipotética e com enfoque nos reflexos da súmula vinculante no processo ad-ministrativo, assinale a opção correta.

(A) A autoridade responsável pelo julgamento do processo administrativonão se sujeita à responsabilização pessoal caso não ajuste a decisão adminis-trativa reiteradamente aplicada ao comando da súmula.

(B) Os enunciados de súmula vinculante só vinculam o Poder Judiciário,com exceção do STF, e a administração direta, não abarcando as autarquias.

(C) O INSS deve seguir o entendimento firmado na súmula vinculante eadequar suas futuras decisões ao enunciado da súmula.

(D) Ao julgar o processo administrativo, a autoridade pode proferir deci-são sem abordar a questão relativa à súmula caso entenda que esta não sejaaplicável à espécie.

57.Julgue os itens subsequentes, relativos à organização e estruturação daadministração pública.

I Uma lei que reestruture a carreira de determinada categoria de servido-res públicos pode também dispor acerca da criação de uma autarquia.

II O controle das entidades que compõem a administração indireta daUnião é feito pela sistemática da supervisão ministerial.

III As autarquias podem ter personalidade jurídica de direito privado.IV As autarquias têm prerrogativas típicas das pessoas jurídicas de direi-

to público, entre as quais se inclui a de serem seus débitos apurados judici-almente executados pelo sistema de precatórios.

Estão certos apenas os itens(A) I e II.(B) I e III.(C) II e IV.(D) III e IV.

58. Duas pessoas físicas, maiores e capazes, celebram contrato de loca-ção de imóvel residencial no qual é estipulado que a responsabilidade pelopagamento do imposto sobre a renda incidente sobre o aluguel será do loca-tário, que o descontará do valor pago pela locação. Considerando essa situa-ção hipotética, assinale a opção correta.

(A) O contrato é válido e produz efeitos entre as partes, mas é ineficaz pe-rante a fazenda pública, pois as convenções particulares, salvo disposições delei em contrário, não podem definir a responsabilidade pelo pagamento de tri-buto de modo diverso do previsto na lei tributária.

(B) O contrato é válido e eficaz até mesmo perante a fazenda pública, poiso imposto de renda admite a retenção na fonte, havendo transferência da res-ponsabilidade tributária para quem efetua o pagamento.

(C) O contrato é absolutamente ineficaz e inválido, por transferir a outra pes-soa, que não a legalmente responsável, a obrigação pelo pagamento de imposto.

(D) O contrato é válido, e a responsabilidade tributária, no caso, passa a sersolidária, podendo a fazenda pública exigir o imposto de qualquer das partescontratantes.

59.É de competência exclusiva da União instituir(A) contribuição para o custeio do regime previdenciário próprio dos ser-

vidores estaduais.(B) contribuição de melhoria, no caso de investimento público de caráter

urgente e de relevante interesse nacional.(C) contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de in-

teresse das categorias profissionais ou econômicas.(D) contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

60. O princípio constitucional da imunidade recíproca(A) não se aplica aos impostos diretos, abrangendo apenas os indiretos.(B) é extensivo às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo po-

der público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vincula-dos a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

(C) não se aplica aos municípios, abrangendo apenas a União, os estadose o DF.

(D) aplica-se aos entes políticos que exerçam atividade econômica emconcorrência com o particular.

61. A vedação constitucional à cobrança de tributos antes dedecorridos noventadias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu não se aplica

(A) à fixação da base de cálculo do imposto sobre propriedade de veícu-los automotores.

(B) à fixação da base de cálculo do imposto sobre serviços de qual-quer natureza.

(C) ao imposto sobre propriedade territorial rural.(D) ao imposto sobre produtos industrializados.

62. AB Alimentos Ltda. adquiriu, em 5/1/2009, o estabelecimento empresa-rial da CD Laticínios Ltda. e continuou a exploração da respectiva atividade, soboutra razão social. Nessa situação hipotética, a responsabilidade pelo pagamentode tributos relativos ao estabelecimento empresarial, devidos até 5/1/2009, é

(A) solidária, entre AB Alimentos Ltda. e CD Laticínios Ltda., em qualquer hipótese.(B) subsidiária, de AB Alimentos Ltda. com CD Laticínios Ltda., se a alie-

nante prosseguir na exploração da atividade econômica ou iniciar nova ativi-dade dentro de seis meses, a contar da data da alienação.

(C) integralmente de AB Alimentos Ltda., em qualquer hipótese.(D) integralmente de AB Alimentos Ltda., se CD Laticínios Ltda. continuar

a exploração da respectiva atividade econômica.

63. Constitui hipótese de lei tributária irretroativa(A) lei que deixe de definir certo ato como infração, desde que se trate de

ato não definitivamente julgado.(B) lei que majore as alíquotas do imposto sobre serviços.(C) lei instrumental que regule formalidades aplicáveis ao lançamento.(D) lei expressamente interpretativa.

64. A criação, pelo Estado, de nova contribuição de intervenção sobre odomínio econômico, incidente sobre a produção de veículos, implica a insti-tuição de alíquota

(A) ad valorem, obrigatoriamente.(B) específica, exclusivamente.(C) ad valorem, com base no faturamento, na receita bruta ou no valor da

operação; ou específica, com base na unidade de medida adotada.(D) ad valorem, com base na unidade de medida adotada; ou específica,

com base no faturamento, na receita bruta ou no valor da operação.

65. Entidade beneficente de assistência social sem fins lucrativos podegozar, desde que atenda aos requisitos legais, de imunidade de

(A) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços e de contribuições para

TRIBUNA DO DIREITO

a seguridade social.(B) quaisquer impostos, mas não de contribuições para a seguridade social.(C) contribuições para a seguridade social, a despeito de ter de pagar im-

postos sobre patrimônio, renda e serviços.(D) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços, mas não de contribui-

ções para a seguridade social.

66. Não está prevista, no Código Tributário Nacional, no que se refere alançamento efetuado de ofício, a comprovação de

(A) ocorrência, no lançamento anterior, de fraude funcional da autoridadeque o efetuou.

(B) ocorrência, no lançamento anterior, de omissão de formalidade espe-cial da autoridade que o efetuou.

(C) ação ou omissão do sujeito passivo que dê lugar à aplicação de pena-lidade pecuniária.

(D) falta funcional que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária.

67. Dalton pagou, com cheque, uma multa tributária correspondente a150% do valor de um imposto devido e o valor total de uma taxa. Com relaçãoa essa situação hipotética, é correto afirmar que

(A) o pagamento do valor total da taxa importa em presunção de pagamentode outros créditos referentes a essa taxa.

(B) as obrigações tributárias somente serão consideradas extintas após odébito na conta de Dalton.

(C) o pagamento da multa de 150% do imposto extingue a obrigação tri-butária principal relativa a esse imposto.

(D) o pagamento do valor total da taxa não importa em presunção de pa-gamento referente a outros tributos.

68. Com relação ao décimo terceiro salário, assinale a opção correta.(A) Na dispensa com justa causa, cabe o pagamento do décimo terceiro sa-

lário proporcional ao empregado.(B) O pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário deverá ser

feito entre fevereiro e novembro de cada ano, e o valor corresponderá à meta-de do salário percebido no mês anterior, não estando o empregador obrigadoa pagar o adiantamento, no mesmo mês, a todos os seus empregados.

(C) O empregador deverá proceder ao adiantamento da primeira parcela dodécimo terceiro salário no mês de novembro de cada ano e ao da segunda par-cela, em dezembro.

(D) Todos os empregados deverão receber o pagamento da primeira par-cela do décimo terceiro salário no mesmo mês de cada ano, em face do prin-cípio da igualdade.

69. Assinale a opção correta de acordo com o contrato individual de tra-balho regido pela CLT.

(A)Um contrato de trabalho por prazo determinado de dois anos poderá serprorrogado uma única vez, por igual período.

(B) No contrato mencionado, o contrato de experiência poderá ser prorro-gado uma única vez, porém não poderá exceder o prazo de noventa dias.

(C) O referido contrato somente poderá ser acordado de forma expressa.(D) É exigida forma especial para a validade e eficácia do contrato em apre-

ço, motivo pelo qual não é permitida a forma verbal.

70. A respeito da proteção conferida ao menor trabalhador, assinale a op-ção correta.

(A) É lícita a quitação advinda da rescisão contratual firmada por empre-gado menor sem a assistência do seu representante legal.

(B) Excepcionalmente, é permitido o trabalho noturno de menores de 18anos de idade, mas, em nenhuma hipótese, é admitido o trabalho de menoresde 16 anos de idade.

(C) Não corre nenhum prazo prescricional contra os menores de 18 anosde idade.

(D) É vedado ao menor empregado firmar recibos legais pelo pagamentodos salários sem que esteja assistido pelos seus representantes.

71. Acerca da execução trabalhista regulamentada pela CLT, assinale aopção correta.

(A) O prazo estipulado para o ajuizamento dos embargos à execução é dedez dias após garantida a execução ou penhorados os bens.

(B) Não poderão ser executadas ex officio as contribuições sociais devidasem decorrência de decisão proferida pelos juízes e tribunais do trabalho e re-sultantes de condenação ou homologação de acordo.

(C) Somente as partes poderão promovê-la.(D) Poderá ser impulsionada ex officio pelo juiz.

72. Acerca da remuneração do trabalhador estipulada pela CLT e jurispru-dência do TST, assinale a opção correta.

(A) Não integram a remuneração do trabalhador as gorjetas incluí-

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JUNHO DE 20096das nas notas de serviços e as oferecidas espontaneamente pelos cli-entes.

(B) O vale-refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, não tem cará-ter salarial nem integra a remuneração do empregado para qualquer efeito legal.

(C) Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diári-as para viagem que não excedam cinquenta por cento do salário percebido peloempregado.

(D) Não integram o salário as comissões, percentagens, gratificações ajus-tadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.

73. Assinale a opção correta acerca do aviso prévio na CLT e em confor-midade com o entendimento do TST.

(A) É incabível o aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos deexperiência, mesmo ante a existência de cláusula assecuratória do direito re-cíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado.

(B) O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio inde-nizado.

(C) A falta de aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o di-reito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, mas nem sempre garantea integração desse período no seu tempo de serviço.

(D) É indevido o aviso prévio na despedida indireta.

74. A respeito das Comissões de Conciliação Prévia, assinale a opçãocorreta.

(A) O termo de conciliação é considerado título executivo judicial.(B) É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros das

comissões em apreço até um ano após o final do mandato, salvo se comete-rem falta grave.

(C) É obrigatória a instituição de tais comissões pelas empresas e sindicatos.(D) As referidas comissões não interferem no curso do prazo prescricional.

75. No que concerne às convenções coletivas de trabalho, assinale a op-ção correta.

(A) Não é lícito estipular duração de validade superior a dois anos para aconvenção coletiva de trabalho.

(B) É facultada a celebração verbal de acordo coletivo de trabalho, desdeque presentes, ao menos, duas testemunhas.

(C) Acordo coletivo é o negócio jurídico pelo qual dois ou mais sindica-tos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam con-dições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, àsrelações individuais do trabalho.

(D) Para ter validade, a convenção coletiva de trabalho deve ser, obrigato-riamente, homologada pela autoridade competente.

76. A respeito do recurso de revista, assinale a opção correta.(A) Os requisitos de admissibilidade do recurso de revista devem ser apre-

ciados pelo tribunal de origem, na pessoa do seu presidente, não cabendo re-curso para atacar a decisão que lhe nega seguimento.

(B) O presidente do tribunal recorrido pode conferir efeito suspensivo aorecurso de revista interposto, desde que a parte interessada assim o requeira.

(C) Não cabe recurso de revista contra decisão proferida na fase de execu-ção de sentença pelos tribunais regionais do trabalho ou por suas turmas, salvona hipótese de ofensa direta e literal de norma da CF.

(D) Não é cabível a interposição de recurso de revista nas causas sujeitasao procedimento sumaríssimo.

77. Com relação ao procedimento sumaríssimo estipulado na CLT, assinale aopção correta.

(A) O procedimento sumaríssimo é apropriado para reclamação trabalhistacom valor de até sessenta vezes o salário mínimo vigente na data do seu ajui-zamento.

(B) O número máximo de testemunhas que cada uma das partes pode indicar étrês, devendo elas comparecer à audiência de instrução e julgamento independente-mente de intimação ou convite.

(C) Nas reclamações enquadradas no referido procedimento, não é permi-tida a citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e doendereço do reclamado.

(D) Nas reclamações enquadradas no referido procedimento, o pedido pode ser ilí-quido, desde que não seja possível a parte indicá-lo expressamente.

78. Com base no que dispõe a CLT sobre a ação rescisória e à luz do en-tendimento do TST sobre a matéria, assinale a opção correta.

(A) É admissível o reexame de fatos e provas do processo que originou a de-cisão rescindenda mediante ação rescisória fundamentada em violação de lei.

(B) É dispensável a prova do trânsito em julgado da decisão rescindendapara o processamento de ação rescisória, mesmo porque é admissível a açãorescisória preventiva.

(C) Por falta de previsão legal, a ação rescisória é incabível no âmbito dajustiça do trabalho.

(D) A ação rescisória é cabível no âmbito da justiça do trabalho e está su-jeita ao depósito prévio de 20% do valor da causa, salvo o caso de miserabi-lidade jurídica do autor.

79. Com relação aos embargos de declaração na justiça do trabalho, as-sinale a opção correta.

(A) O prazo para a oposição de embargos de declaração é de oito dias, acontar da data da sentença ou do acórdão.

(B) Não é passível de nulidade decisão que acolhe embargo de declara-ção com efeito modificativo tomada sem que a parte contrária tenha se mani-festado.

(C) Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício ou a requerimentode qualquer das partes.

(D) O embargo de declaração não está previsto taxativamente na CLT, ra-zão pela qual se aplicam, subsidiariamente, as normas do CPC.

80. O agravo de petição é o recurso cabível contra a decisão do juiz do tra-balho, nas execuções. A respeito desse recurso, assinale a opção correta.

(A) O julgamento do agravo de petição cabe ao juiz do trabalho da varaonde estiver em curso a execução.

(B) O agravo de petição somente será recebido se o agravante tiver deli-mitado, justificadamente, as matérias e os valores impugnados.

(C) A simples interposição do agravo de petição suspende a execução nasua totalidade.

(D) O prazo para a interposição do agravo de petição é de 10 dias

81. Assinale a opção correta a respeito dos dissídios coletivos do trabalho.(A) A competência originária para o julgamento dos dissídios coletivos é

do juiz do trabalho de 1.º grau.(B)A sentença normativa não se submete a processo de execução, mas,

sim, a ação de cumprimento.(C) Da sentença normativa proferida pelo tribunal regional do trabalho cabe

recurso de revista para o TST.(D) O Ministério Público do Trabalho possui legitimidade para propor dis-

sídios coletivos em qualquer situação.

82. Considerando o recurso de embargos, após a edição da Lei n.º 11.496/2007, assinale a opção correta.

(A) Cabem embargos para impugnar decisão não unânime prolatada emdissídio coletivo de competência originária do TST.

(B) Cabem embargos contra decisão proferida pelo tribunal pleno, salvo sea decisão estiver em consonância com súmula ou jurisprudência uniforme

do TST.(C) São incabíveis os embargos contra decisão proferida, em agravo, por

Turma do TST, que tenham a finalidade de impugnar o conhecimento de agravode instrumento.

(D) São cabíveis os embargos contra as decisões que, tomadas por turmasdo TST, contrariarem a letra de lei federal e(ou) da CF.

83. Tendo em vista as normas sobre meio ambiente constantes da CF, as-sinale a opção correta.

(A) Compete à União, aos estados e ao DF legislar sobre florestas, caça,pesca, fauna, conservação da natureza, proteção do meio ambiente e controleda poluição. Aos municípios cabe suplementar a legislação federal e a esta-dual, no que couber.

(B) A floresta amazônica brasileira, a mata atlântica e o pantanal mato-gros-sense são considerados patrimônio nacional. Assim também o são a Serra doMar, a zona costeira, o cerrado e a caatinga, devendo a utilização de qualquerdessas áreas dar-se na forma da lei.

(C) Em face do princípio constitucional da livre iniciativa, os recursos mineraispodem ser explorados independentemente de autorização ou de concessão dopoder público, mas o explorador deve promover a recuperação do meio ambientedegradado de acordo com as normas técnicas exigidas pela administração.

(D) O meio ambiente é bem de uso especial, sob domínio do Estado, e suautilização se dá por interesse da administração.

84. Com base na disciplina legal sobre a política de desenvolvimento ur-bano, julgue os itens a seguir.

I Compete aos municípios instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-no, incluindo-se habitação, saneamento básico e transportes urbanos.

II O plano diretor, instrumento básico da política de desenvolvimento e ex-pansão urbana, é obrigatório para as cidades com mais de vinte mil habitan-tes, para as que pertencem a regiões metropolitanas e aglomerações urbanase para as que integram área de especial interesse turístico.

III Aquele que possuir, como sua, área ou edificação urbana de até duzen-tos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e semoposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á odomínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

IV Compete aos municípios, como executores da política de desenvolvi-mento urbano e no exercício de sua autonomia legislativa, editar normas ge-

rais de direito urbanístico. Estão certos apenas os itens(A) I e II.(B) I e IV.(C) II e III.(D) III e IV.

85. Ana e Bruna desentenderam-se em uma festividade na cidade ondemoram e Ana, sem intenção de matar, mas apenas de lesionar, atingiu levemen-te, com uma faca, o braço esquerdo de Bruna, a qual, ao ser conduzida aohospital para tratar o ferimento, foi vítima de acidente de automóvel, vindo afalecer exclusivamente em razão de traumatismo craniano.

Acerca dessa situação hipotética, é correto afirmar, à luz do CP, que Ana(A) deve responder pelo delito de homicídio consumado.(B) deve responder pelo delito de homicídio na modalidade tentada.(C) não deve responder por delito algum, uma vez que não deu causa àmorte de Bruna.D deve responder apenas pelo delito de lesão corporal.

86. Acerca dos crimes contra a honra, assinale a opção correta.(A) Caracterizado o crime contra a honra de servidor público, em razão do

exercício de suas funções, a ação penal será pública incondicionada.(B) O CP prevê, para os crimes de calúnia, de difamação e de injúria, o insti-

tuto da exceção da verdade, que consiste na possibilidade de o acusado compro-var a veracidade de suas alegações, para a exclusão do elemento objetivo do tipo.

(C) Não constituem injúria ou difamação punível a ofensa não excessivapraticada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu advogado ea opinião da crítica literária sem intenção de injuriar ou difamar.

(D) Em regra, a persecução criminal nos crimes contra a honra processa-se mediante ação pública condicionada à representação da pessoa ofendida.

87.Acerca dos crimes contra o patrimônio, assinale a opção correta.(A) Quem falsifica determinado documento exclusivamente parao fim de

praticar um único estelionato não responderá pelos dois delitos, mas apenaspelo crime contra o patrimônio.

(B) O crime de apropriação indébita de contribuição previdenciária é de-lito material, exigindo-se, para a consumação, o fim específico de apropriar-se da coisa para si (animus rem sibi habendi).

(C) O crime de latrocínio só se consuma quando o agente, após matar a ví-tima, realiza a subtração dos bens visados no início da ação criminosa.

(D) O crime de extorsão é consumado quando o agente, mediante violên-cia ou grave ameaça, obtém, efetivamente, vantagem econômica indevida,constrangendo a vítima a fazer alguma coisa ou a tolerar que ela seja feita.

88. Com relação à finalidade das sanções penais, assinale a opção correta.(A) O ordenamento jurídico brasileiro não reconheceu somente a função de

retribuição da pena, sendo certo que a denominada teoria mista ou unificado-ra da pena é a mais adequada ao regime adotado pelo CP.

(B) As medidas de segurança têm finalidade essencialmente retributiva.(C) Segundo entendimento doutrinário balizador das normas aplicáveis à

espécie, as teorias tidas por absolutas advogam a tese da aplicação das penaspara a prevenção de futuros delitos.

(D) As teorias tidas por relativas advogam a tese da retribuição do crime, justifica-da por seu intrínseco valor axiológico, que possui, em si, seu próprio fundamento.

89. Em relação às causas de exclusão de ilicitude, assinale a opção incorreta.(A) Um bombeiro em serviço não pode alegar estado de necessidade para

eximir-se de seu ofício, visto que tem o dever legal de enfrentar o perigo.(B) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios

necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(C) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para sal-

var de perigo atual, que não provocou por sua vontade nem podia de outromodo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, nãoera razoável exigir-se.

(D) Considera-se causa supralegal de exclusão de ilicitude a inexigibilidadede conduta diversa.

90. Constitui conduta criminosa(A) emitir cheque pré-datado, sabendo-o sem provisão de fundos.(B) destruir culposamente a vidraça de prédio pertencente ao departamento

de polícia civil.(C) deixar o pai de prover, sem justa causa, a instrução primária do filho

em idade escolar.(D) cometer adultério.

91.Acerca dos institutos da desistência voluntária, do arrependimentoeficaz e do arrependimento posterior, assinale a opção correta.

(A) Crimes de mera conduta e formais comportam arrependimento eficaz,uma vez que, encerrada a execução, o resultado naturalístico pode ser evitado.

(B) A natureza jurídica do arrependimento posterior é a de causa gera-

TRIBUNA DO DIREITO

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JUNHO DE 2009 7dora de atipicidade absoluta da conduta, que provoca a adequação típicaindireta, de forma que o autor não responde pela tentativa, mas pelos atosaté então praticados.

(C) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execuçãoou impede que o resultado se produza responderá pelo crime consumadocom causa de redução de pena de um a dois terços.

(D) A desistência voluntária e o arrependimento eficaz, espécies de tentati-va abandonada ou qualificada, passam por três fases: o início da execução, a nãoconsumação e a interferência da vontade do próprio agente.

92. Jaime foi denunciado pela prática de crime político perante a 12.ª VaraCriminal Federal do DF. Acolhida a pretensão acusatória e condenado o réu,a decisão condenatória foi publicada no Diário da Justiça. Nessa situação hi-potética, considerando se que não há fundamento para a interposição de ha-beas corpus e que não há ambiguidade, omissão, contradição ou obscurida-de na sentença condenatória, contra esta cabe

(A) recurso de apelação ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região.(B) pedido de revisão criminal ao próprio juízo sentenciante.(C) recurso ordinário constitucional diretamente ao STF.(D) recurso ordinário constitucional diretamente ao STJ.

93. Em relação ao inquérito policial, assinale a opção incorreta.(A) Nas hipóteses de ação penal pública, condicionada ou incondiciona-

da, a autoridade policial deverá instaurar, de ofício, o inquérito, sem que sejanecessária a provocação ou a representação.

(B) A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito,uma vez que tal arquivamento é de competência da autoridade judicial.

(C) Caso as informações obtidas por outros meios sejam suficien-tes para sustentar a inicial acusatória, o inquérito policial torna-se dis-pensável.

(D) O MP não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial,senão para que sejam realizadas novas diligências, dado que imprescindíveis ao ofe-recimento da denúncia.

94. Acerca do significado dos princípios limitadores do poder punitivoestatal, assinale a opção correta.

(A) Segundo o princípio da ofensividade, no direito penal somente se con-sideram típicas as condutas que tenham certa relevância social, pois as con-sideradas socialmente adequadas não podem constituir delitos e, por isso, nãose revestem de tipicidade.

(B) O princípio da intervenção mínima, que estabelece a atuação do direitopenal como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, pre-conizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituirmeio necessário para a proteção de determinado bem jurídico.

(C) Segundo o princípio da culpabilidade, o direito penal deve limi-tar-se a punir as ações mais graves praticadas contra os bens jurídicosmais importantes, ocupando-se somente de uma parte dos bens prote-gidos pela ordem jurídica.

(D) De acordo com o princípio da fragmentariedade, o poder punitivo es-tatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humanaou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados por sentençatransitada em julgado.

95. Acerca de exceções, assinale a opção correta.

(A) A exceção de incompetência do juízo, que não pode ser oposta verbal-mente, deve ser apresentada, no prazo de defesa, pela parte interessada.

(B) A parte interessada pode opor suspeição às autoridades policiais nosatos do inquérito, devendo fazê-lo na primeira oportunidade em que tiver vis-ta dos autos.

(C) Podem ser opostas exceções de suspeição, incompetência de juízo, li-tispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada e, caso a parte oponha maisde uma, deverá fazê-lo em uma só petição ou articulado.

(D) Tratando-se da exceção de incompetência do juízo, uma vez aceita adeclinatória, o feito deve ser remetido ao juízo competente, onde deverá ser de-clarada a nulidade absoluta dos atos anteriores, não se admitindo a ratificação.

96. Acerca do procedimento relativo aos crimes de menor potencial ofen-sivo, previsto na Lei n.º 9.099/1995, assinale a opção correta.

(A) Na audiência preliminar, o ofendido terá a oportunidade de exercer odireito de representação verbal nas ações penais públicas condicionadas e,caso não o faça, ocorrerá a decadência do direito.

(B) Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sen-do o caso de arquivamento, o MP poderá propor a aplicação imediata de pena de mul-ta, a qual, se for a única aplicável, poderá ser reduzida, pelo juiz, até a metade.

(C) A reparação dos danos sofridos pela vítima não é objetivo do proces-so perante o juizado especial criminal, devendo ser objeto de ação de indeni-zação por eventuais danos materiais e morais sofridos, perante a vara cível ouo juizado especial cível competente.

(D) Não sendo encontrado o acusado, para ser citado pessoalmente, e ha-vendo certidão do oficial de justiça afirmando que o réu se encontra em localincerto e não sabido, o juiz do juizado especial criminal deverá proceder à ci-tação por edital, ouvido previamente o MP.

97. A respeito do questionário utilizado no tribunal do júri, assinale a opção correta.(A) Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição com outra

ou outras já apresentadas, o juiz-presidente deverá, de imediato, declarar a

nulidade da sessão de julgamento, designando outra para o primeiro dia de-simpedido.

(B) Se, pela resposta apresentada a um dos quesitos, o juizpresidente ve-rificar que ficam prejudicados os seguintes, assim o declarará, dando por findaa votação.

(C) O juiz-presidente não deve formular quesitos sobre causas dediminuição de pena alegadas pela defesa, visto tratar-se de matéria ati-nente à fixação da pena, que incumbe ao juizpresidente, e não, aos ju-rados.

(D) Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitosdevem ser formulados em série única, dividida em capítulos conforme ocrime ou o acusado.

98. Acerca da substituição da pena privativa de liberdade, assinale a op-ção incorreta.

(A) A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quan-do ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta.

(B) A pena de multa descumprida não pode ser convertida em pri-são. restritivas de direitos são autônomas e substituem as penas pri-vativas de liberdade, podendo ser aplicadas em casos de crimes co-metidos com grave ameaça, desde que não tenha havido violênciacontra a pessoa.

(D) Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição,desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente re-comendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática domesmo crime.

99. Com relação às disposições do ECA acerca da colocação da criançae do adolescente em família substituta, assinale a opção correta.

(A) Somente a adoção constitui forma de colocação da criança em famí-lia substituta.

(B) O guardião não pode incluir a criança que esteja sob sua guarda comobeneficiária de seu sistema previdenciário visto que a guarda não confere àcriança condição de dependente do guardião.

(C) A colocação da criança em família substituta, na modalidade de ado-ção, constitui medida excepcional, preferindo-se que ela seja criada e educadano seio saudável de sua família natural.

(D) A guarda destina-se a regularizar a posse de fato e, uma vez deferidapelo juiz, não pode ser posteriormente revogada.

100.Acerca da medida socioeducativa de internação, prevista no ECA, as-sinale a opção correta.

(A) No processo para apuração de ato infracional de adolescente, nãose exige defesa técnica por advogado.

(B) A medida socioeducativa de internação não comporta prazo determi-nado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamen-tada, no máximo a cada 6 meses.

(C) Comprovada a autoria e materialidade de ato infracional consi-derado hediondo, tal como o tráfico de entorpecentes, ao adolescenteinfrator deve, necessariamente, ser aplicada medida socioeducativa deinternação.

(D) O adolescente que atinge os 18 anos de idade deve ser compul-soriamente liberado da medida socioeducativa de internação em razão doalcance da maioridade penal.

TRIBUNA DO DIREITO

Gabarito Ômega Gabarito Epsilon Gabarito Delta 1 C 6 B11 D16 B21 A26 B31 A36 A41 B46 C

2 B 7 D12 B17 B22 C27 D32 D37 C42 C47 C

3 B 8 A13 C18 C23 A28 B33 C38 C43 A48 B

4 A 9 C14 A19 B24 C29 B34 B39 A44 A49 C

5 A10 A15 B20 A25 D30 A35 B40 C45 B50 D

51 B56 C61 A66 D71 D76 C81 B86 C91 D96 B

52 A57 C62 B67 D72 C77 C82 A87 A92 C97 B

53 B58 A63 B68 B73 B78 D83 A88 A93 A98 C

54 C59 C64 C69 B74 B79 C84 C89 D94 B99 C

55 D60 B65 A70 C75 A80 B85 D90 C95 C

1 B 6 A11 C16 A21 D26 A31 A36 D41 A46 B

2 A 7 C12 A17 A22 B27 C32 C37 B42 B47 B

3 A 8 A13 B18 B23 D28 A33 B38 B43 D48 A

4 D 9 B14 D19 A24 C29 A34 B39 D44 D49 B

5 D10 D15 A20 D25 D30 D35 A40 B45 A50 C

51 A56 B61 D66 C71 C76 B81 A86 B91 C96 A

52 D57 C62 A67 C72 B77 B82 D87 D92 B97 A

53 A58 D63 A68 A73 A78 C83 D88 D93 D98 B

54 B59 B64 B69 A74 A79 B84 C89 C94 A99 B

55 C60 A65 D70 B75 D80 A85 C90 B95 B

1 A 6 D11 B16 D21 C26 D31 A36 C41 D46 A

2 D 7 B12 D17 D22 A27 B32 B37 A42 A47 A

3 D 8 A13 A18 A23 C28 D33 A38 A43 C48 D

4 C 9 A14 C19 D24 C29 D34 B39 C44 C49 A

5 C10 C15 D20 C25 D30 C35 D40 A45 D50 B

51 D56 A61 C66 B71 B76 A81 D86 A91 B96 D

52 C57 C62 D67 B72 A77 A82 C87 C92 A97 D

53 D58 C63 D68 D73 D78 B83 C88 C93 C98 A

54 A59 A64 A69 D74 D79 A84 C89 B94 D99 A

55 B60 D65 C70 A75 C80 D85 B90 A95 A

100 B 100 A 100 D

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JUNHO DE 20098TRIBUNA DO DIREITO

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5JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITOLIVROSLIVROS

Curso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoConstitucionalConstitucionalConstitucionalConstitucionalConstitucional

Paulo BonavidesPaulo BonavidesPaulo BonavidesPaulo BonavidesPaulo Bonavides

24ª edição, atualizada e ampliada.Traz, em apêndice, texto da Constitui-ção Federal de 1988, com as EmendasConstitucionais até a de n° 57, de 18/12/08. Apresenta 19 capítulos: o Di-reito Constitucional; a Constituição;o sistema constitucional; o poderconstituinte; a teoria formal e a teo-ria material da Constituição; a refor-ma da Constituição; a teoria das nor-mas constitucionais; dos princípiosgerais de direito aos princípios consti-tucionais; o controle da constitucio-nalidade das leis; as inovações intro-duzidas no sistema federativo pelaConstituição de 1988; o Estado bra-sileiro e a Constituição de 1988; etc.

MALHEIROS EDITORES

Resumo de Direito CivilResumo de Direito CivilResumo de Direito CivilResumo de Direito CivilResumo de Direito Civil

Maximilianus CláudioMaximilianus CláudioMaximilianus CláudioMaximilianus CláudioMaximilianus CláudioAmérico FührerAmérico FührerAmérico FührerAmérico FührerAmérico Führer

38ª edição, atualizada. Volume 3 daColeção Resumos. Abrange toda amatéria do Direito Civil. Excetua-sea parte referente às Obrigações eContratos, que são tratados no volu-me 2 (Resumo de Obrigações eContratos). Excetua-se também oDireito de Empresa e os Títulos deCrédito, que são objeto do volume 1,referente ao Direito Comercial (Em-presarial). Apresenta seis capítulos:introdução ao direito; parte geral doDireito Civil; Direitos das Coisas; DireitoAutoral; Direito de Família; etc.

Resumo de Direito PenalResumo de Direito PenalResumo de Direito PenalResumo de Direito PenalResumo de Direito Penal(Parte Geral)(Parte Geral)(Parte Geral)(Parte Geral)(Parte Geral)

Maximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. Führer

29ª edição. Volume 5 da Coleção Re-sumos. Apresenta 10 capítulos: intro-dução — aplicação da lei penal; ofato típico; a antijuridicidade; aculpabilidade; concurso de pessoas;medidas de segurança; efeitos dacondenação, reabilitação, ação penal;extinção da punibilidade, prescrição.Traz estudos especiais sobre o fun-cionalismo do Direito Penal e teoriada imputação objetiva (consideraçõesgerais, critérios de imputação objetiva,critérios de atribuição, critérios deexclusão, etc.).

Resumo de Direito TributárioResumo de Direito TributárioResumo de Direito TributárioResumo de Direito TributárioResumo de Direito Tributário

Maximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. Führer

20ª edição, atualizada. Volume 8 daColeção Resumos. Trata do DireitoFinanceiro (competência legislativa,a receita, o orçamento, a despesa,etc.); e do Direito Tributário: teoriageral (introdução, legislação tributária,obrigação tributária, crédito tributário,exclusão do crédito tributário, etc.);impostos (federais, estaduais e mu-nicipais); crimes contra a ordem tri-butária (os crimes do artigo 1° da Lei8.137/90, os crimes do artigo 2° da Lei8.137/90, os crimes funcionais doartigo 3° da Lei 8.137/90, etc.).

Resumo de DireitoResumo de DireitoResumo de DireitoResumo de DireitoResumo de Direitodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalho

Maximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. Führer

21ª edição, atualizada. Volume 9 daColeção Resumos. Apresenta 20capítulos: história e conceitos bási-cos; princípios de Direito do Trabalho;Direito Internacional do Trabalho;contrato individual de trabalho; su-jeitos do contrato de trabalho; altera-ções no contrato de trabalho e iusvariandi; salário e remuneração; fé-rias; suspensão e interrupção do con-trato de trabalho; extinção do con-trato individual do trabalho; avisoprévio; prescrição; greve; Justiça doTrabalho; sindicato; etc.

Apontamentos deApontamentos deApontamentos deApontamentos deApontamentos deDireito TributárioDireito TributárioDireito TributárioDireito TributárioDireito Tributário

Valéria FurlanValéria FurlanValéria FurlanValéria FurlanValéria Furlan

3ª edição, ampliada, revista e atua-lizada. Alguns temas analisados:Direito Tributário; tributo; classifi-cação dos tributos; princípios cons-titucionais tributários; da legislaçãotributária; vigência e aplicação dalegislação tributária; interpretaçãoe integração da legislação tributária;competência e capacidade tributária;imposto; taxa; contribuição de me-lhoria; imunidade tributária; respon-sabilidade tributária; garantias e pri-vilégios do crédito tributário; processoadministrativo tributário; etc.

Malheiros Editores lançou a 6ªedição, revista e atualizada do livroInstituições de Direito ProcessualCivil, em quatro volumes, do juristaCândido Rangel Dinamarco. Vo-

lume 1 — os fundamentos e asinstituições fundamentais (o Di-reito Processual Civil, o acesso àJustiça e a tutela jurisdicional, oprocesso civil brasileiro, nos ins-titutos fundamentais); a funçãodo Estado no processo: jurisdição(jurisdição e poder, órgãos e orga-nismos encarregados da jurisdição,a distribuição do exercício da juris-dição: competência, o exercício dajurisdição civil: serviços paralelos).Volume 2 — o método de exercício

da jurisdição: processo (processocivil: conceito e função, formaçãodo processo civil e litispendência, ademanda e o objeto do processo civil,relação jurídica processual civil,sujeitos do processo civil, o proce-dimento e os atos processuais civis,os meios instrumentais do processocivil, os pressupostos e as crises, oregime financeiro do processo civil).Volume 3 — o processo civil de conhe-cimento (o processo civil de conhe-cimento, teoria geral da prova, pres-supostos e crises no processo civil deconhecimento, a tutela jurisdicionalno processo civil de conhecimento,os resultados do processo civil e suaimunização: coisa julgada material,

os procedimentos no processo civilde conhecimento em primeiro graude jurisdição); o procedimento co-mum no processo civil brasileiro deprimeiro grau de jurisdição (o proce-dimento ordinário, o procedimentosumário); processos diferenciados(a tutela jurisdicional diferenciadano Código de Processo Civil). Volume

4 — execução forçada (a execuçãoem geral, o crédito e o título execu-tivo, responsabilidade patrimonial efraudes do devedor, o cumprimentode sentença e as diversas espécies deexecução, execução específica, exe-cução por quantia certa contra deve-dor solvente, liquidação e concen-tração das obrigações, defesa do

executado e de terceiros, execuçãoprovisória, crises da execução, exe-cução por quantia certa contra deve-dor insolvente). Cândido RangelDinamarco é advogado, profes-sor aposentado de Direito Proces-sual da Faculdade de Direito daUniversidade de São Paulo, desem-bargador aposentado do Tribu-nal de Justiça do Estado de SãoPaulo e procurador de Justiçaaposentado. Especializou-se emDireito Processual Civil na Uni-versidade Estatal de Milão, Itália,junto ao professor Enrico Tullio Lie-bman. Integrou a Comissão de Re-visão dos Códigos, do Ministério daJustiça.

Instituições de Direito Processual CivilInstituições de Direito Processual CivilInstituições de Direito Processual CivilInstituições de Direito Processual CivilInstituições de Direito Processual CivilCândido Rangel DinamarcoCândido Rangel DinamarcoCândido Rangel DinamarcoCândido Rangel DinamarcoCândido Rangel Dinamarco

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JUNHO DE 20096LIVROSLIVROS

TRIBUNA DO DIREITO

EDITORA LEUD

Avaliações de Imóveis RuraisAvaliações de Imóveis RuraisAvaliações de Imóveis RuraisAvaliações de Imóveis RuraisAvaliações de Imóveis Rurais

Carlos Augusto Arantes eCarlos Augusto Arantes eCarlos Augusto Arantes eCarlos Augusto Arantes eCarlos Augusto Arantes eMarcelo Suarez SaldanhaMarcelo Suarez SaldanhaMarcelo Suarez SaldanhaMarcelo Suarez SaldanhaMarcelo Suarez Saldanha

Com o apoio do Instituto de Períciase Engenharia de Avaliações do RioGrande do Sul (IBAPE-RS).Os autoresanalisam a NBR 14.653-3 da Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas(ABNT), que trata da avaliação deimóveis rurais. Apresenta referên-cias normativas; definições; sím-bolos e abreviaturas; classificaçãodos bens, seus frutos e direitos; pro-cedimentos de excelência; ativida-des básicas; metodologia aplicável;especificação das avaliações e proce-dimentos específicos.

Inspeção PredialInspeção PredialInspeção PredialInspeção PredialInspeção Predial

Vários autoresVários autoresVários autoresVários autoresVários autores

2ª edição. Co-edição com o Ins-tituto Brasileiro de Avaliações ePerícias de Engenharia de SãoPaulo (Ibape/SP). A inspeção pre-dial é procedimento rotineiro nospaíses do primeiro mundo, sendousual a fixação de certificado atua-lizado da mesma no quadro deavisos dos edifícios, principal-mente aqueles de utilidade pú-blica. Temas abordados: inspeçãopredial e sua importância para amanutenção; o laudo de inspeçãopredial; a manutenção predial; etc.

Direito EmpresarialDireito EmpresarialDireito EmpresarialDireito EmpresarialDireito Empresarial

Daniel Moreira do PatrocínioDaniel Moreira do PatrocínioDaniel Moreira do PatrocínioDaniel Moreira do PatrocínioDaniel Moreira do Patrocínio

Na primeira parte, denominadateoria geral, foi abordada a evoluçãohistórica do Direito Empresarial, pas-sando pelo conceito jurídico de empre-sário e de empresa, e do complexo debens corpóreos e incorpóreos utili-zado no exercício da atividade nego-cial, o estabelecimento empresarial.Foram também examinados os prin-cipais institutos do Direito da Proprie-dade Industrial (marcas e patentes).Tratou o autor do Direito Societário,com ênfase para as sociedades limi-tadas e as sociedades anônimas.

Manual Faria de TrânsitoManual Faria de TrânsitoManual Faria de TrânsitoManual Faria de TrânsitoManual Faria de Trânsito

Gilberto Antonio Faria DiasGilberto Antonio Faria DiasGilberto Antonio Faria DiasGilberto Antonio Faria DiasGilberto Antonio Faria Dias

Esta 12ª edição, revista e atualizada,é composta por duas partes: aprimeira, que reproduz o texto legal,trata das infrações previstas no CTB(I-001 a I-286-B) e no RTPP (I-287 a I-315); a segunda, em forma de ques-tões e respostas, cuida de uma sériede esclarecimentos sobre penali-dades, medidas administrativas, ha-bilitação, crimes e contravenções pe-nais, equipamentos obrigatórios,utilização do bafômetro, interposiçãode defesa e recursos, seguro obriga-tório DPVAT, etc.

Propaganda EleitoralPropaganda EleitoralPropaganda EleitoralPropaganda EleitoralPropaganda Eleitoral

Dorival Renato PavanDorival Renato PavanDorival Renato PavanDorival Renato PavanDorival Renato Pavan

Temas abordados pelo autor, desem-bargador do Tribunal de Justiça deMato Grosso do Sul: conceito de pro-paganda; modalidades de propa-ganda; propaganda lícita, propagan-da irregular, propaganda criminosa— distinções; postulados e princí-pios da propaganda política; a pro-paganda não depende de licençaprévia; propaganda eleitoral -regrasgerais sobre a propaganda eleitoral;proibições quanto à propagandaeleitoral; proibições da Lei 9.504/97 eda Resolução TSE 22.718/08; etc.

A Genética na Prova PenalA Genética na Prova PenalA Genética na Prova PenalA Genética na Prova PenalA Genética na Prova Penal

Roberto José MedeirosRoberto José MedeirosRoberto José MedeirosRoberto José MedeirosRoberto José Medeiros

Apresenta duas partes: direito, ge-nética e bioética (considerações pre-liminares, a possibilidade de asso-ciar ciências diferentes, citogenéticae terminologia cromossômica, a ge-nética, a psicanálise e criminologia,privacidade dos caracteres cromos-sômicos, bioética); prova penal (aprova penal e os direitos humanos,análises de vestígios biológicos naprática forense, fundamentos éticosjurídicos e periciais do exame de DNAna prova penal, evolução biotecno-lógica e sociedade de risco).

A Luta pelo DireitoA Luta pelo DireitoA Luta pelo DireitoA Luta pelo DireitoA Luta pelo Direito

Rudolf von IheringRudolf von IheringRudolf von IheringRudolf von IheringRudolf von Ihering

Tradução e notas por Ivo de Paula,mestre em Direito Internacional Ban-cário e Comércio Exterior pela Ame-rican University em Washington,D.C., nos Estados Unidos e advogadoformado pela Faculdade de Direitoda PUC-SP. Prefácio de Clovis Bevi-laqua. Ivo de Paula fez uma divisãoem capítulos sem, entretanto, alterarem nada a ordem seguida pelo autorno original. Temas abordados: o inte-resse na luta pelo direito; a luta pelodireito na esfera individual; a lutapelo direito na esfera social; etc.

EDITORA JUAREZ DE OLIVEIRA

EDITORA GZ

Manual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito PenalManual de Direito Penal

César Dario Mariano da SilvaCésar Dario Mariano da SilvaCésar Dario Mariano da SilvaCésar Dario Mariano da SilvaCésar Dario Mariano da Silva

6ª edição, revista, atualizada eampliada. Alguns temas abordadospelo autor, promotor de Justiça emSão Paulo e professor: evolução his-tórica do Direito Penal; relações doDireito Penal; introdução ao DireitoPenal; aplicação da lei penal; teoriageral do crime; sanção penal; me-didas de segurança; ação penal; ex-tinção da punibilidade; prescrição;crimes contra a pessoa; crimes contrao patrimônio; crimes contra a pro-priedade imaterial; crimes contra aorganização do trabalho; etc.

EDITORA PILLARES

As Misérias do Processo PenalAs Misérias do Processo PenalAs Misérias do Processo PenalAs Misérias do Processo PenalAs Misérias do Processo Penal

Francesco CarneluttiFrancesco CarneluttiFrancesco CarneluttiFrancesco CarneluttiFrancesco Carnelutti

Tradução de Carlos Eduardo TrevelinMillan. Carnelutti foi um eminenteadvogado e jurista italiano, nascidoem Udine (1879) e falecido em Milão(1965). Lecionou em inúmeras facul-dades. Em 1924, fundou e dirigiu aRivista di Diritto Processuale. Tam-bém foi o principal inspirador doCódigo Civil italiano de 1940. Temasabordados: a toga; o preso; o advo-gado; o juiz e as partes; parcialidadedo defensor; das provas; o juiz e o im-putado; o passado e o futuro no pro-cesso penal; a sentença penal; etc.

LANÇAMENTO LANÇAMENTO

LANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO

FORENSE UNIVERSITÁRIA

Manual de Teoria Geral doManual de Teoria Geral doManual de Teoria Geral doManual de Teoria Geral doManual de Teoria Geral doEstado e Ciência PolíticaEstado e Ciência PolíticaEstado e Ciência PolíticaEstado e Ciência PolíticaEstado e Ciência Política

José G. B. FilomenoJosé G. B. FilomenoJosé G. B. FilomenoJosé G. B. FilomenoJosé G. B. Filomeno

7ª edição, revista e atualizada. Algunstemas abordados: o momento his-tórico atual e o direito político; TeoriaGeral do Estado: terminologia, objetoe conceito; sociedade: teorias expli-cativas de sua formação e conceito;sociedade: elementos constituti-vos; sociedade: espécies; Nação eneonacionalismo; o Estado: no-ções, justificação, evolução e direi-to público; Estado e Direito: con-ceito e natureza do Estado; com-ponentes do Estado; formas de go-verno; etc.

Page 33: Edição Junho 2009 - nº 194

7JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITOLIVROSLIVROS

EDITORA SARAIVA

CLT—1.000 PerguntasCLT—1.000 PerguntasCLT—1.000 PerguntasCLT—1.000 PerguntasCLT—1.000 Perguntase Respostase Respostase Respostase Respostase Respostas

Luciano Viveiros eLuciano Viveiros eLuciano Viveiros eLuciano Viveiros eLuciano Viveiros eJoão Batista dos SantosJoão Batista dos SantosJoão Batista dos SantosJoão Batista dos SantosJoão Batista dos Santos

4ª edição, revista e atualizada. Deacordo com as Leis 11.770/08 (pror-rogação da licença-maternidade) e11.788/08 (contrato de estágio). Or-ganizada sob a forma de perguntase respostas. Em face da EC 45/04 que,dentre outras inovações, am-pliou acompetência da Justiça do Trabalhoe da Resolução 129/05, que promoveua fusão das súmulas do Tribunal Su-perior do Trabalho e a estas incorporouorientações jurisprudenciais, os autoresnão se descuidaram da pertinenteatualização.

Responsabilidade dos SóciosResponsabilidade dos SóciosResponsabilidade dos SóciosResponsabilidade dos SóciosResponsabilidade dos Sóciosna Sociedade Limitadana Sociedade Limitadana Sociedade Limitadana Sociedade Limitadana Sociedade Limitada

Itamar GainoItamar GainoItamar GainoItamar GainoItamar Gaino

2ª edição. A sociedade limitada cons-titui a modalidade de pessoa jurídicamais amplamente utilizada para oexercício da atividade empresarial,graças à limitação da responsabi-lidade dos sócios, que é sua caracte-rística mais marcante. Para auxiliarna compreensão do tema, o autortraça os antecedentes históricos dasociedade limitada e lembra que aautonomia patrimonial dos sóciosemana do princípio constitucionalda livre iniciativa, no qual se funda-menta a economia capitalista.

Direito ProcessualDireito ProcessualDireito ProcessualDireito ProcessualDireito Processualdo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalho

Eduardo HenriqueEduardo HenriqueEduardo HenriqueEduardo HenriqueEduardo HenriqueRaymundo von AdamovichRaymundo von AdamovichRaymundo von AdamovichRaymundo von AdamovichRaymundo von Adamovich

Da Coleção Roteiros Jurídicos, coor-denada pelo professor José FabioRodrigues Maciel. Apresenta 13 capí-tulos: definição; especialização e dis-tinção das demais disciplinas pro-cessuais; princípio e regras de funcio-namento; jurisdição: característi-cas; a Justiça do Trabalho na organi-zação judiciária brasileira; MinistérioPúblico do Trabalho; competênciaconstitucional da Justiça do Traba-lho; competência funcional; compe-tência por valor da causa; a ação noprocesso do trabalho; etc.

A Nova Interpretação doA Nova Interpretação doA Nova Interpretação doA Nova Interpretação doA Nova Interpretação doCódigo Brasileiro de DefesaCódigo Brasileiro de DefesaCódigo Brasileiro de DefesaCódigo Brasileiro de DefesaCódigo Brasileiro de Defesado Consumidordo Consumidordo Consumidordo Consumidordo Consumidor

Ricardo MaurícioRicardo MaurícioRicardo MaurícioRicardo MaurícioRicardo MaurícioFreire SoaresFreire SoaresFreire SoaresFreire SoaresFreire Soares

2ª edição. Apresenta quatro partes:a crise da modernidade e seus reflexosjurídicos (fundamentos do projetode modernidade, os elementos damodernidade jurídica, etc.); o direitocomo universo hermenêutico (her-menêutica e interpretação, raízesfilosóficas da hermenêutica jurídica,etc.); fundamentação linguístico-principiológica da interpretação ju-rídica; hermenêutica aplicada ao CDC(a crise da modernidade, a sociedadede consumo e o Código Brasileiro deDefesa do Consumidor, etc.).

Recursos CíveisRecursos CíveisRecursos CíveisRecursos CíveisRecursos Cíveis

Luiz Orione NetoLuiz Orione NetoLuiz Orione NetoLuiz Orione NetoLuiz Orione Neto

3ª edição, de acordo com as Leis 11.441/07, 11.495/07, 11.636/07 e 11.672/08, que trata do sobrestamento derecursos especiais com fundamentoem idêntica questão de direito, o quelevou o autor a acrescentar um tó-pico no capítulo dedicado ao recur-so especial. Apresenta cinco partes:teoria geral dos recursos; os prin-cípios fundamentais dos recursoscíveis; dos recursos em espécie;tutela de urgência no âmbito re-cursal; da ordem dos processos notribunal.

LANÇAMENTO

Responsabilidade CivilResponsabilidade CivilResponsabilidade CivilResponsabilidade CivilResponsabilidade Civilpelo Risco da Atividadepelo Risco da Atividadepelo Risco da Atividadepelo Risco da Atividadepelo Risco da Atividade

Claudio Luiz Bueno de GodoyClaudio Luiz Bueno de GodoyClaudio Luiz Bueno de GodoyClaudio Luiz Bueno de GodoyClaudio Luiz Bueno de Godoy

Da Coleção Professor AgostinhoAlvim, coordenada pelo professorRenan Lotufo. Traz um estudo doparágrafo único do artigo 927 doCódigo Civil de 2002, apresentandouma análise aprofundada do assun-to. Apresenta cinco capítulos: intro-dução; perspectivas da responsabili-dade civil; direito comparado; a cláu-sula geral da responsabilidade semculpa no Código Civil de 2002; a ope-ratividade da cláusula geral doparágrafo único do artigo 927 doCódigo Civil de 2002.

Execução da TutelaExecução da TutelaExecução da TutelaExecução da TutelaExecução da TutelaJurisdicional ColetivaJurisdicional ColetivaJurisdicional ColetivaJurisdicional ColetivaJurisdicional Coletiva

Wilges BruscatoWilges BruscatoWilges BruscatoWilges BruscatoWilges Bruscato

Alguns temas abordados: a ação civilpública e seu objeto; a execução (con-ceito, histórico, causas de alterações noCPC e sua importância na execução datutela coletiva, requisitos e pressupos-tos da execução, título executivo, proce-dimentos executórios, etc.); efeitos dacoisa julgada em ações coletivas; pecu-liaridades da execução nos processoscoletivos (tipos de interesses protegidos,legitimidade, liquidação e habilitação,etc.); a defesa do executado; conside-rações finais: respeito aos direitos co-letivos e manutenção da empresa.

Prova CivilProva CivilProva CivilProva CivilProva Civil

André Almeida GarciaAndré Almeida GarciaAndré Almeida GarciaAndré Almeida GarciaAndré Almeida Garcia

Apresenta quatro capítulos: proces-so e cognição (jurisdição e tutela ju-risdicional, evolução da ciência pro-cessual, instrumentalismo substan-cial: a efetividade do processo, etc.);teoria geral da prova (a prova comoinstrumento da cognição, presun-ções, máximas de experiência e conhe-cimento privado do juiz); os meiosde prova (prova pericial, prova oral,prova documental, inspeção judicial,prova emprestada); a decisão judiciale a valoração da prova (o juiz e adecisão judicial, convicção, etc.).

Notas e Registros PúblicosNotas e Registros PúblicosNotas e Registros PúblicosNotas e Registros PúblicosNotas e Registros Públicos

Lair da Silva Loureiro FilhoLair da Silva Loureiro FilhoLair da Silva Loureiro FilhoLair da Silva Loureiro FilhoLair da Silva Loureiro Filhoe Claudia Regina M.Loureiroe Claudia Regina M.Loureiroe Claudia Regina M.Loureiroe Claudia Regina M.Loureiroe Claudia Regina M.Loureiro

3ª edição, revista, ampliada e atua-lizada de acordo com a Lei 11.790/08. Temas abordados: dos serviçosnotariais e de registros; da funçãocorrecional; protesto de títulos e docu-mentos; do registro de títulos e docu-mentos; do registro civil das pessoasjurídicas; do registro civil das pessoasnaturais; do cartório de notas; doregistro de imóveis; Código de Águas;Estatuto da Cidade. Os autores co-mentam também as normas da Cor-regedoria-Geral de Justiça e as últi-mas inovações legislativas.

Mandado de SegurançaMandado de SegurançaMandado de SegurançaMandado de SegurançaMandado de SegurançaIndividual e ColetivoIndividual e ColetivoIndividual e ColetivoIndividual e ColetivoIndividual e Coletivo

José Antonio RemédioJosé Antonio RemédioJosé Antonio RemédioJosé Antonio RemédioJosé Antonio Remédio

2ª edição, revista e atualizada. Ostemas são analisados sob a óticahistórica, doutrinária, legal e juris-prudencial, inclusive através do DireitoComparado, procurando destacar arelevância e a aplicabilidade dosinstitutos na solução rápida e eficazdos litígios que envolvem, em pólosdistintos, de um lado, as pes-soas ouos agrupamentos sociais e, de outrolado, o Estado e, às vezes, tambémos particulares. O autor é promotorde Justiça do Estado de São Paulo edoutor em Direito do Estado.

LANÇAMENTO LANÇAMENTOLANÇAMENTO

Page 34: Edição Junho 2009 - nº 194

JUNHO DE 20098LIVROSLIVROS

TRIBUNA DO DIREITO

EDITORA SARAIVA

Responsabilidade CivilResponsabilidade CivilResponsabilidade CivilResponsabilidade CivilResponsabilidade Civil

Carlos Roberto GonçalvesCarlos Roberto GonçalvesCarlos Roberto GonçalvesCarlos Roberto GonçalvesCarlos Roberto Gonçalves

11ª edição, revista. Traz uma análisedetalhada da responsabilidade civilem geral e da responsabilidade civilautomobilística e encontra-se de acor-do com o novo Código Civil. Examinaassuntos da atualidade, como a res-ponsabilidade decorrente do danoatômico, do dano ecológico, do danoprovocado pela AIDS e aspectos doCDC, que trouxe profundas altera-ções ao regime da responsabilidadecivil de médicos, dentistas, etc. A se-gunda parte aborda a responsabili-dade civil automobilística.

Direitos Humanos,Direitos Humanos,Direitos Humanos,Direitos Humanos,Direitos Humanos,Democracia e RepúblicaDemocracia e RepúblicaDemocracia e RepúblicaDemocracia e RepúblicaDemocracia e RepúblicaMaria Benevides, GilbertoMaria Benevides, GilbertoMaria Benevides, GilbertoMaria Benevides, GilbertoMaria Benevides, GilbertoBercovici e Claudineu deBercovici e Claudineu deBercovici e Claudineu deBercovici e Claudineu deBercovici e Claudineu deMelo (organização)Melo (organização)Melo (organização)Melo (organização)Melo (organização)

Livro em homenagem ao juristaFábio Konder Comparato. Apresentatrabalhos de 47 especialistas. Algunstemas abordados: o "diálogo" das fontes:fragmentação e coerência no DireitoInternacional contemporâneo; alémdo Direito Econômico; o que é aFilosofia do Direito?; aventuras edesventuras do Estado social; mono-pólio cultural e subdesenvolvimen-to; o Ato das Disposições Transitó-rias na Constituição de 1988; segu-rança jurídica, boa fé e confiançalegítima; etc.

Teoria da Norma TributáriaTeoria da Norma TributáriaTeoria da Norma TributáriaTeoria da Norma TributáriaTeoria da Norma Tributária

Paulo de Barros CarvalhoPaulo de Barros CarvalhoPaulo de Barros CarvalhoPaulo de Barros CarvalhoPaulo de Barros Carvalho

5ª edição. Apresenta duas partes: anorma jurídica — alguns conceitosde Teoria Geral do Direito (observaçãopreliminar, traço característico e es-sência do direito, o conceito de normajurídica e as proposições prescritivasde Norberto Bobbio, etc.); aplicaçãodos conceitos fundamentais da Teo-ria Geral do Direito ao estudo do Di-reito Tributário (introdução, DireitoTributário — dificuldades no seuconceito, a noção de tributo — con-siderações gerais, críticas ao con-ceito vigente de tributo, etc.).

Fusão, Cisão, IncorporaçãoFusão, Cisão, IncorporaçãoFusão, Cisão, IncorporaçãoFusão, Cisão, IncorporaçãoFusão, Cisão, Incorporaçãoe Temas Correlatose Temas Correlatose Temas Correlatose Temas Correlatose Temas Correlatos

Walfrido Jorge Warde Jr.Walfrido Jorge Warde Jr.Walfrido Jorge Warde Jr.Walfrido Jorge Warde Jr.Walfrido Jorge Warde Jr.(coordenador)(coordenador)(coordenador)(coordenador)(coordenador)

Apresenta trabalhos de 18 especia-listas. Alguns temas: fusões, incor-porações e aquisições — aspectos so-cietários, contratuais e regulatórios;incorporação de ações: aspectospolêmicos; incorporação de com-panhia controlada; qual o modelo degovernança corporativa que exsur-ge da disciplina das reorganiza-ções societárias no Brasil?; a Lei11.638/07 e o cálculo do dividendomínimo obrigatório; aspectos dasfusões, cisões e incorporações no âm-bito da recuperação judicial; etc.

O STF e o DO STF e o DO STF e o DO STF e o DO STF e o D. . . . . InternacionalInternacionalInternacionalInternacionalInternacionaldos dos dos dos dos Direitos Humanos Direitos Humanos Direitos Humanos Direitos Humanos Direitos Humanos

Alberto do A. Junior e LilianaAlberto do A. Junior e LilianaAlberto do A. Junior e LilianaAlberto do A. Junior e LilianaAlberto do A. Junior e LilianaLyra Jubilut Lyra Jubilut Lyra Jubilut Lyra Jubilut Lyra Jubilut (organização)(organização)(organização)(organização)(organização)

Apresenta trabalhos de 30 especi-alistas. Alguns temas tratados: oDireito Internacional dos DireitosHumanos e o Supremo TribunalFederal; questões preliminares deinteração entre o STF e o DireitoInternacional dos Direitos Huma-nos; direitos humanos: por quesua fundamentação moral é ne-cessária?; o Judiciário e os direitoshumanos: um panorama sobre adiscussão relativa à justiciabilidadedesses direitos; democracia materi-al e direitos humanos; etc.

Regina Helena CostaRegina Helena CostaRegina Helena CostaRegina Helena CostaRegina Helena Costa

Reúne, em um só volume, os linea-mentos do sistema constitucionaltributário e a análise do conteúdoessencial do CTN. Apresenta seispartes: fundamentos do Direito Tri-butário (a tributação e os direitosfundamentais, perfil do Direito Tri-butário, fontes do Direito Tribu-tário); sistema constitucional tribu-tário (a disciplina constitucional datributação, competência tributária,limitações ao poder de tributar,

tributo e suas espécies); o CTN esuas normas gerais (o papel doCTN, capacidade tributária ativa,legislação tributária — vigência,interpretação, integração e aplica-ção, obrigação tributária, fato gera-dor, crédito tributário e lançamento,suspensão da exigibilidade do cré-dito tributário, extinção do créditotributário, exclusão do crédito tri-butário, infrações e sanções tribu-tárias, garantias e privilégios docrédito tributário, administraçãotributária); impostos em espécie(federais, estaduais, municipais);noções sobre as relações processuaisem matéria tributária (conside-rações gerais, aspectos do processoadministrativo tributário, aspectosdas ações judiciais utilizadas pelossujeitos das relações tributárias);outros temas (necessidades de alte-rações no Imposto sobre a Renda depessoa física, ação civil pública emmatéria tributária). A autora é de-sembargadora do Tribunal Regio-nal Federal da 3ª Região.

Curso de DirCurso de DirCurso de DirCurso de DirCurso de Direito Teito Teito Teito Teito Tributário — Constituiçãoributário — Constituiçãoributário — Constituiçãoributário — Constituiçãoributário — Constituição

e Código T e Código T e Código T e Código T e Código Tributário Nacionalributário Nacionalributário Nacionalributário Nacionalributário Nacional

LANÇAMENTO

Coleção SOS — SíntesesColeção SOS — SíntesesColeção SOS — SíntesesColeção SOS — SíntesesColeção SOS — SíntesesOrganizadas SaraivaOrganizadas SaraivaOrganizadas SaraivaOrganizadas SaraivaOrganizadas Saraiva

A Coleção SOS (Sínteses Organi-zadas Saraiva), composta por 26volumes e coordenada pelos pro-fessores Fábio V. Figueiredo, Fer-nando F. Castellani e Marcelo T.Cometti, está sendo lançada nomercado pela Editora Saraiva. Sãolâminas de plástico que trazem oconteúdo essencial de cada matériade forma rápida, organizada eeficiente. Os autores, professoresuniversitários que lecionam emcursos preparatórios, adequaramo texto relativo a cada área doconhecimento jurídico à didáticade quadros, esquemas, lembretese dicas de aprendizado em lingua-gem fácil e objetiva. Uma coleçãoque também se destaca pelas corese pelo formato. Títulos já lançados:Monografia Jurídica; DireitoAdministrativo; Direito Constitu-cional; Direito Civil 1— Parte Geral;Direito Empresarial 1—TeoriaGeral e formas societárias; DireitoEmpresarial 2 — títulos de crédito,contratos mercantis, falência erecuperação de empresas; Direito eProcesso do Trabalho; DireitoPrevidenciário; Direito Penal 1 —Parte Geral; Processo Civil 1—Teoria Geral do Processo e Processode Conhecimento; Direito Eleitoral;Direito Internacional — Público ePrivado. A coleção completa estaráno mercado até o final deste mês.

Lei dos RegistrosLei dos RegistrosLei dos RegistrosLei dos RegistrosLei dos RegistrosPúblicos ComentadaPúblicos ComentadaPúblicos ComentadaPúblicos ComentadaPúblicos Comentada

Walter CenevivaWalter CenevivaWalter CenevivaWalter CenevivaWalter Ceneviva

19ª edição, atualizada conforme asLeis 11.789/08, 11.790/08 e 11.802/08. Examina detalhadamente cadaartigo da Lei 6.015/73, Lei dos Re-gistros Públicos. Traz as mais re-centes formulações doutrinárias eas soluções mais acatadas pela praxe,devidamente complementada pelajurisprudência. São apontadas, ain-da, observações referentes à incor-poração imobiliária, parcelamentodo solo urbano, alienação fiduciáriaem garantia, letra e cédula de créditoimobiliário. O autor é advogado.

EDITORA QUARTIER LATIN

LANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO

Vários autoresVários autoresVários autoresVários autoresVários autores

LANÇAMENTO

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15JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

NOS TRIBUNAIS

LeasingA NHT Linhas Aéreas Ltda. não terá de pagar ICMS por aluguel de aeronaves pelo sistema

de leasing operacional. A decisão é da Primeira Turma do STJ, que aplicou o entendimento doSTF, definindo que o imposto não incide sobre a entrada de bens ou mercadorias importadas,independentemente da natureza do contrato internacional do qual decorre a importação.(RESP 1032611)

Reserva remuneradaO presidente do STJ, ministro Ce-sar Asfor Rocha, negou liminarem mandado de segurança a umsuboficial da Aeronáutica, contra

decisão do comandante que negou a transfe-rência para a reserva remunerada na cotacompulsória. Mesmo diante dos argumentosda defesa, de que a manutenção da decisãotraria prejuízos financeiros ao militar, o ministrodisse não haver urgência no mandado de segu-rança. (MS 14004)

ProfessorasO presidente do STJ, ministro Ce-sar Asfor Rocha, indeferiu liminarem medida cautelar impetradapor cinco profissionais, contratadas

temporariamente como educadoras no Pará.Elas pediram para permanecer na função ale-gando que, após cinco anos ininterruptos nafunção pública, haviam adquirido estabilidade.O TJ-PA negou, observando que a pretensãodas requerentes vai contra dispositivo constitu-cional que obriga a realização de concurso pú-blico para ingresso no funcionalismo. Elas recor-reram ao STJ, sem êxito. (MC 15173)

GratificaçõesO presidente do STJ, ministro Ce-sar Asfor Rocha, determinou asuspensão do pagamento de gra-tificação especial de técnico de

nível superior a 29 servidores do Poder Judiciáriodo Rio Grande do Norte. O Estado recorreu aoSTJ contra decisão do TJ-RN, que havia deter-minado os pagamentos depois de julgar osmandados de segurança dos servidores. Elespediam gratificação de 100% sobre o salário-base, além do pagamento dos valores retroati-vos ao ajuizamento das ações. Para o STJ, háameaça de grave lesão à economia públicapela falta de previsão orçamentária. (SS1947...)

Certidões negativasA Primeira Seção do STJ rejeitoumandado de segurança da Asso-ciação Educativa do Brasil (Soe-bras) para excluir a exigência da

apresentação de certidões negativas de débi-tos fiscais em convênios com o Ministério daSaúde. No recurso, a entidade, que é mante-nedora de várias instituições de saúde e deensino, sustentou ser ilegal exigir comprovantesde regularidade com a Fazenda, com a seguri-dade social e com o FGTS, já que o Estado temoutros meios para cobrança de tributos e nãopode impedir a atividade profissional do contri-buinte. O relator, ministro Humberto Martins,disse que as determinações estão previstas em

lei e não configuram práticas abusivas ou ile-gais. (MS 13985)

FactoringEmpresas de factoring não sãoinstituições financeiras e só podemcobrar juros de 12% ao ano noscontratos. A decisão é da Quarta

Turma do STJ, que negou recurso de uma ad-ministradora de valores do Rio Grande do Sul. Orelator, ministro Aldir Passarinho Junior, aplicoua regra da “Lei de Usura”, que limita a cobran-ça. Ele ressaltou que a empresa de factoringnão é uma instituição financeira, pois não cap-ta recursos de depositantes, e o funcionamentonão está subordinando à autorização do BancoCentral. (RESP 1048341)

Fundef

A União não deverá estornar R$8.277,058,45 ao município deJoão Pessoa (PB). Com essa deci-são, o presidente do STJ, ministro

César Asfor Rocha, acolheu pedido de suspen-são de tutela antecipada determinada pelo

TRF-5 que garantia o estorno da quantia de-duzida do Fundo de Movimentação e Desen-volvimento do Ensino Fundamental e de Valo-rização do Magistério (Fundef). (SLS 1012)

MultaA Segunda Turma do STJ consi-derou legítima a multa aplicada àBrasimac S.A. Eletrodomésticos,por falta de informações relativas

à contribuições sindicais e alterações salariais nolivro de registro de empregados. A empresa,recorreu ao TRF-4, que acolheu os embargos àexecução fiscal para anular a multa. No STJ, aFazenda sustentou que a CLT e a Portaria3.636/91 do Ministério do Trabalho, regula-mentam o livro de registro de empregados eamparam a imposição de multa. A Turmaacatou os argumentos. (RESP 922996)

SupermercadosO STJ negou recurso da Associa-ção Cearense de Supermercados(Acesu), que se insurgiu contra aobrigação de submeter-se às nor-

mas do Sistema Integrado de Simplificação dasInformações Fiscais (Sisif), que determina que atransferência de dados das transações comer-ciais relativas ao ICMS seja feita por meio ele-trônico. O relator, ministro Herman Benjamin,refutou as alegações da entidade, entre elas ade que a exigência criaria onerosidade oucomplexidade no “uso da nova tecnologia”, ea de que o sistema permitiria a violação do sigi-lo fiscal. (RMS 15597)

Tutela antecipadaA Segunda Turma do STJ, por maio-ria, acatou recurso do município deCoari (AM), e declarou nula a tutelaantecipada concedida pelo Tribunal

de Justiça em processo onde municípios discutemo repasse de ICMS. Coari (que abriga a base deUrucu), alegou que a Secretaria da Fazenda doAmazonas não inclui no ICMS os valores referentesà saída de petróleo cru e GLP. O TJ-AM acatou opedido do município e determinou a elevação doíndice de 2% para quase 7%. O município deManaus, apelou ao STJ. A Turma, em novembrode 2008, havia acatado recurso de Manaus contrao acórdão do TJ-AM, que havia favorecido Coarialterando o índice do imposto. (RESP 1063123)

PanificadoraA Vasp e a Rural Seguradora S.A.não pagarão indenização por da-nos moral e material à uma pani-ficadora, em função do atraso na

entrega de uma encomenda de matéria-primaque seria empregada na fabricação de paneto-nes no período de Natal de 1997. A decisão daQuarta Turma do STJ é idêntica à do TJ-MT,que constatou inverdades na alegação da pani-ficadora de que o produto (polisorbato 80),comprado em São Paulo, deveria ter sido entre-gue no dia 30 de outubro, mas que só chegoua Cuiabá em 3 de novembro, provocando ocancelamento dos pedidos. (RESP 794537)

Trabalho escravoA Primeira Seção do STJ nemchegou a apreciar o mérito domandado de segurança preventi-vo impetrado pela Agropecuária

Campo Alto S.A., que pretendia evitar ser ins-crita no cadastro de empresas que mantêmmão-de-obra escrava. O processo foi conside-rado extinto. Ela foi autuada 29 vezes por ins-petores do trabalho por, supostamente, manter600 homens em situação degradante na la-voura de cana em Gouvelândia (GO). A em-presa argumentou que a inscrição no cadastro aimpediria de obter crédito rural, prejudicando asatividades econômicas e as ações sociais. O pe-dido de liminar já havia sido negado pelo relator,ministro Benedito Gonçalves. (MS 13697)B

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16 JUNHO DE 2009

JUAREZ DE OLIVEIRA

Advogado em São Paulo e diretorda Editora Juarez de Oliveira Ltda.. [email protected].

LEGISLAÇÃO

ACORDOS/CONVENÇÕES E TRATA-DOS — Decreto n° 6.700 de 17/12/2008(“DOU” de 17/1/ 2008), promulga o Acordode Cooperação no Domínio do Turismo entre aRepública Federativa do Brasil e a RepúblicaPortuguesa, firmado em Salvador, em 29/10/2005.

Decreto n° 6.699 de 17/12/2008 (“DOU”de 17/12/2008), dispõe sobre a execução do66° protocolo adicional ao Acordo de Comple-mentação Econômica n° 18 (66PA-ACE18),entre os governos da República Argentina, daRepública Federativa do Brasil, da República doParaguai e da República Oriental do Uruguai,de 27/8/2008.

Decreto n° 6.719 de 29/12/2008 (“DOU”de 30/12/2008), promulga o acordo básico deCooperação Técnica entre o governo da Repú-blica Federativa do Brasil e o governo da Repú-blica da Nicarágua, celebrado em Manágua,em 2 /2/2006.

Decreto n° 6.718 de 29/12/2008 (“DOU”de 30/12/2008), promulga o acordo de parce-ria e de cooperação entre o governo da Repú-blica Federativa do Brasil e o governo da Repú-blica Francesa em matéria de Segurança Públi-ca, celebrado em Brasília, em 12/3/1997.

Decreto n° 6.738, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o tratado de extradiçãoentre o governo da República Federativa doBrasil e o governo da República Dominicana,celebrado em Brasília, em 17/11/2003.

Decreto n° 6.737, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o acordo entre o gover-no da República Federativa do Brasil e o gover-no da República da Bolívia para Permissão deResidência, Estudo e Trabalho a NacionaisFronteiriços Brasileiros e Bolivianos, celebradoem Santa Cruz da Serra, em 8/7/2004.

Decreto n° 6.736, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o acordo entre a Repú-blica Federativa do Brasil e a República Argen-tina, celebrado em Puerto Iguazú, em 30/11/2005.

Decreto n° 6.735, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), dispõe sobre a incorporação, aoordenamento jurídico nacional, da Resolução n°1.835, de 27/9/2008 do Conselho de Seguran-ça das Nações Unidas, a qual mantém as san-

ções previstas nas Resoluções n°s 1.737 (2006),1.747 (2007) e 1.803 (2008) daquele conselho.

Decreto n° 6.734, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o acordo, por troca denotas, sobre Supressão de Vistos, entre o go-verno da República Federativa do Brasil e o go-verno da República Federal da Lituânia firmadoem Brasília, em 4/11/2002.

Decreto n° 6.733, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o acordo de sede entreo governo da República Federativa do Brasil ea Liga dos Estados Árabes para a instalação daDelegação Permanente da Liga dos EstadosÁrabes em Brasília, celebrado no Cairo, em 23/4/2007.

Decreto n° 6.732, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o acordo de cooperaçãoeconômica entre o governo da República Fe-derativa do Brasil e o governo da República daHungria, celebrado em Brasília, em 5/5/2006.

Decreto n° 6.731, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o acordo entre a Repú-blica Federativa do Brasil e a República Orientaldo Uruguai sobre Cooperação Policial em ma-téria de investigação, prevenção e controle defatos delituosos, celebrado em Rio Branco, Uru-guai, em 14/4/2004.

Decreto n° 6.730, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), dispõe sobre a execução do 4°protocolo adicional ao Acordo de Alcance Par-cial n° 38, entre os governos da República Fe-derativa do Brasil e da República Cooperativistada Guiana, de 26/8/2008.

Decreto n° 6.729, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o protocolo de Integra-ção Educativa e Reconhecimento de Certifica-dos e Estudos de Nível Fundamental e MédioNão-Técnico entre os estados-partes do Mer-cosul, Bolívia e Chile, assinado em Brasília, em5/12/2002.

Decreto n° 6.728, de 12/1/2009 (“DOU” de13/1/2009), promulga o protocolo sobre privilé-gios e imunidades da autoridade internacionaldos Fundos Marinhos, assinado em Kingston,em 27/8/1998.

ADMINISTRAÇÃO FEDERAL — Decre-to n° 6.692 de 12/12/2008 (“DOU” de 15/12/2008), dá nova redação aos artigos 9o, 10, 13

e 19 do Decreto n° 3.591, de 6/9/2000, quedispõe sobre o Sistema de Controle Interno doPoder Executivo Federal, e acresce parágrafoao artigo 8o do Decreto n° 5.480, de 30/6/2005, que dispõe sobre o Sistema de Correiçãodo Poder Executivo Federal.

Decreto n° 6.714 de 29/12/2008 (“DOU”de 29/12/2008, edição extra),discrimina açõesdo Programa de Aceleração do Crescimento(PAC) a serem executadas por meio de trans-ferência obrigatória.

Decreto n° 6.713 de 29/12/2008 (“DOU”de 29/12/2008), autoriza a integralização decotas do Fundo Fiscal de Investimentos e Esta-bilização (Ffie) e dá outras providências.

Decreto n° 6.694 de 15/12/2008 (“DOU” de16/12/2008), discrimina ações do Programa deAceleração do Crescimento (PAC) a serem exe-cutadas por meio de transferência obrigatória.

ADVOGADOS — ESTATUTO – Lei n°11.902, de 12/1/2009 (“DOU” de 13/1/2009), acrescenta dispositivo à Lei n° 8.906, de4/7/1994, que dispõe sobre o Estatuto da Ad-vocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil(OAB).

ARMAS DE FOGO — Decreto n° 6.715de 29/12/2008 (“DOU” de 29/12/2008, ediçãoextra), altera o Decreto n° 5.123, de 1/7/2004,que regulamenta a Lei n° 10.826, de 22/12/2003, que dispõe sobre registro, posse e co-mercialização de armas de fogo e munição,sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) edefine crimes.

CINEMA BRASILEIRO — Decreto n°6.711 de 24/12/2008 (“DOU” de 26/12/2008),dispõe sobre a obrigatoriedade de exibição deobras audiovisuais cinematográficas brasileiras,

e dá outras providências.

CÓDIGO CIVIL — Lei Complementar n°128, de 19/12/2008 (“DOU” de 22/12/2008), al-tera a Lei n °10.406, de 10/1/2002 ( Código Civil).

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL — Lein° 11.900, de 8/1/2009 (“DOU” de 9/1/2009),altera dispositivos do Decreto-lei n° 3.689, de 3/10/ (Código de Processo Penal), para prever apossibilidade de realização de interrogatório eoutros atos processuais por sistema de video-conferência, e dá outras providências.

CONSUMIDOR — Decreto n° 6.723 de30/12/2008 (“DOU” de 31/12/2008 – ediçãoextra), dispõe sobre a venda direta a consumidorfinal dos produtos classificados nos anexos I e IIdo Decreto n° 6.687, de 11/12/2008, e no ane-xo do Decreto n° 6.696, de 17/12/2008, e alte-ra o artigo 2º do Decreto n° 6.687, de 2008.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL — EmendaConstitucional n° 57, de 18/12/2008 (“DOU”de 18/12/2008), acrescenta artigo ao Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias paraconvalidar os atos de criação, fusão, incorpora-ção e desmembramento de municípios.

DEFESA NACIONAL — Decreto n°6.703 de 18/12/2008 (“DOU” de 19/12/2008),aprova a Estratégia Nacional de Defesa, e dáoutras providências.

EDUCAÇÃO FEDERAL — Lei n° 11.892,de 29/12/2008 (“DOU” de 30/12/2008), insti-tui a rede federal de Educação Profissional, Ci-entífica e Tecnológica, cria os Institutos Fede-rais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dáoutras providências.B

BOMBEIROS — Lei n° 11.901, de 12/1/2009 (“DOU” de 13/1/2009), dispõe sobre aprofissão de bombeiro civil e dá outras providências.

TRIBUNA DO DIREITO

Page 37: Edição Junho 2009 - nº 194

17JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

GENTE DO DIREITO

Andréa Martins, aadvogada que decidiu

ser atleta

Por Raquel Santos

Andréa Martins, 32 anos, solteira, deixou aAdvocacia para ser instrutora em academiasde ginásticas na Capital. Dizsentir-se realizada profissionalmente.Bacharel em Direito em 1999 pelaUniversidade São Judas, de São Paulo,atuou durante dois anos no escritório Morello& Toledo Advogados, formado pelos sóciosRenato Marcondes e Bruno de Toledo.Apesar de ter cumprido todos os requisitos,

inclusive estágios, recém-formada, aadvogada tinha um olho nos compêndiosjurídicos e o outro nas quadras enas piscinas. O entusiasmo pelasatividades físicas e o espírito inquietantefalaram mais alto. Ainda trabalhandocomo advogada, Andréa nadava ecorria em competições organizadas poracademias do bairro do Ipiranga, ondemorava, mesmo contra a vontade dos pais.Transformou-se em atleta de duatlon (duasmodalidades). Uma das pessoas quemais a incentivou a mudar de área foi oamigo Jean Patrick Martins, atual treinadorda Body Sistems e Coordenador da Cia.Athletica. “De repente deixei o escritórioe fui trabalhar em outras áreas, até que umdia decidi montar uma loja de artigosesportivos chamada ‘Orange Sport’, emsociedade com uma amiga. Consegui odinheiro suficiente para começara cursar a Faculdade de Educação Física”,conta Andréa, em tom divertidoe desafiador. Disse ter prestadovestibular em segredo e que sóavisou os pais quando foi matricular-se nasFaculdades Metropolitanas Unidas (FMU).“No início, eles resistiram à ideia, mas aospoucos foram relaxando.Hoje dão a maior força”, revela. Mesmoantes de graduar-se, Andréa trabalhou emdiversas academias em São Paulo, comoTraning Up (antiga Ginastic Sport);Aquasports; Hubel Academia; Pelé Club deAlphaville; e na Nível A, onde permaneceagora. Andréa rebate veementemente oconceito de que atividade física está ligadaapenas ao culto ao corpo, e como professora diz que quem pensa assimse dá mal. “Nosso objetivo é cuidar do corpo e da saúde dos outros”, alega. Elaatende de adolescentes, que frequentam aacademia para cultivar amizades,até pessoas de 60 a 70 anos, quea procuram por orientação médica. A jovem instrutora não mede o grau desatisfação na nova profissão.Em termos financeiros, revela que aremuneração é idêntica a que teria seestivesse atuando em Direito, mas nãopensa em voltar à Advocacia.B

Divulgação

Felix FischerO ministro do STJ foi eleito diretor

da revista do tribunal. Ele substitui oministro Fernando Gonçalves.

Fernando GonçalvesO ministro foi eleito pelo STJ dire-

tor-geral da Escola Nacional de For-mação e Aperfeiçoamento de Magis-trados (Enfam). O ministro FelixFischer assumiu a vice-diretoria.

Henrique Cláudio MauésFoi eleito presidente do Instituto

dos Advogados Brasileiros (IAB).

Maria Nailde Pinheiro NogueiraA juíza tomou posse como desem-

bargadora do TJ-CE. B

André Ramos Tavares......Antonio Pedrosa Calhao, Erick Wil-

son Pereira, Felipe Locke Cavalcanti,Ives Gandra Martins Filho, JeffersonKravchychyn, Jorge Hélio Chaves deOliveira, José Callou de Araújo Sá,Leomar Amorim de Sousa, Milton deBrito Nobre, Morgana Richa, NelsonThomaz Braga e Walter Nunes da Sil-va Júnior são os 13 indicados paracompor o Conselho Nacional de Justiçaaté 2011 e que tiveram os nomesaprovados pela CCJ do Senado.

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18 JUNHO DE 2009

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNA DO DIREITO

RASÍLIA – Colocadona vitrine após asaltercações entredois ministros doSupremo TribunalFederal, o Poder Ju-

diciário brasileiro vive um momento dedefinição de rumos em que ele mesmoesculpe sua própria imagem perante aopinião pública. A tarefa não é dasmais fáceis, exige habilidade política eos sintomas são de que o presidenteda mais alta Corte de Justiça do País,Gilmar Mendes, não conseguiu aindadigerir as críticas feitas pelo colegaJoaquim Barbosa.

É como se os dois tivessem trava-do um duelo, com reflexos internos eexternos. Ambos estudaram na Uni-versidade de Brasília e possuem umcurrículo respeitável. Mendes é consi-derado nos meios jurídicos o top do Di-reito Difuso, com mestrado na Alema-nha. Conseguiu grande visibilidade aose opor a métodos adotados pela Po-lícia Federal, insurgir-se contra o usogeneralizado de algemas — estas, se-gundo a voz do povo, apenas uma in-conveniência para os abastados de co-larinho branco. Barbosa, doutor emDireito Público pela Universidade deParis II, foi ferozmente para cima doshomens acusados de corrupção atra-vés do chamado “mensalão”, a uniãoentre políticos, empresários e mem-bros do governo. Os dois interpretamde maneira oposta os chamados “em-bargos de declaração”. Mendes enten-de ser cabível uma técnica de modula-ção dos efeitos, ou seja, a Corte pode-ria precisar a partir de quando deter-minada decisão será aplicada. Já Bar-

Em busca do resgate da imagemPERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"

B

bosa entende que não se pode fazerisso com embargos, o que seria sinôni-mo de instabilidade com relação àsdecisões do STF. A chamada modula-ção está entre as mais recentes ino-vações da Corte. Este foi o tema, téc-nico, que provocou áspera discussãoentre ambos.

Agora que a temperatura ficou umpouco mais suave, o que exigiu arti-culações políticas para contemporizar,com empenho diplomático interno de-senvolvido por alguns ministros doSTF, o ministro Gilmar Mendes, pre-sente em seminário organizado pelaAssociação dos Magistrados Brasilei-ros, fez declarações que deram a im-pressão de pretender fixar uma posi-ção que costuma adotar como magis-trado. Ele disse que juiz que se prezanão precisa ficar consultando o “sujei-to da esquina” antes de tomar deci-sões. “Não se dá independência ao

juiz para isso. Ele tem o dever de ar-rostar a opinião pública em muitoscasos. Do contrário, teríamos a penade morte. Em determinados momen-tos, teríamos o linchamento comoprática institucional”, declarou.

Gilmar Mendes deu a impressãode que respondia a Joaquim Barbo-sa, que em plenário do STF sugeriuque ele “saísse às ruas” para saber oque o povo pensava sobre as atitu-des que costuma tomar. Agora, comBarbosa recolhido ao silêncio, Men-des afirmou: “Vamos ouvir as ruaspara saber o que o povo pensa sobreo STF conceder ou não habeas

corpus? Ou os nossos blogueiros? Ajurisdição constitucional, por defini-

ção, é contramajoritária. A gentenão pode perder de vista o Estado deDireito. Se o juiz perde essa bússola,ele pode ser qualquer outra coisa,menos juiz.”

O risco de a Corte se dividir naapreciação de processos consideradospolêmicos que estão em pauta levouseus integrantes a buscar uma saídapara a crise, numa intensa movimen-tação de bastidores. A maior preocu-pação dos ministros era relativa àimagem da Corte, em particular, e doJudiciário, no genérico. Uma pesquisarecente é a mais nova radiografia doJudiciário. Ajuda muito a ficar saben-do prós e contras do que a sociedadepensa a respeito dele.

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19JUNHO DE 2009

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNA DO DIREITO

astidores sigilosos da Corte: ministros sereuniram reservadamente com Gilmar

Mendes. Pensaram na elaboração de uma notaoficial com reprimenda a Barbosa, conforme pro-posta de Carlos Alberto Menezes Direito. CesarPeluzo concordou com uma citação nominal. Masa maioria entendeu ser melhor não citar o nomede Barbosa. Argumento: além de isolar e estigma-tizar Barbosa quase que oficialmente dos demaisministros, uma nota nesse tom poderia ensejar umprocesso formal contra um dos ministros, até mes-mo em forma de pedido de impeachment, quepoderia ser, em tese, o primeiro na história do STF.A crise, portanto, poderia se tornar ainda maior —e nesse sentido manifestaram-se enfaticamenteCarlos Ayres Britto, Marco Aurélio de Mello e Cár-men Lúcia Antunes. A solução deveria ser outra.Eros Grau e Ricardo Lewandowski concordaramcom esta análise. Prevaleceu a idéia de elaboraruma nota de “confiança e respeito” a Gilmar, massem mencionar Barbosa.

Em seguida, Barbosa recebeu convite para al-moçar com Ayres Britto, que levou consigo, estra-tegicamente, o ministro Lewandowski, este, maispróximo do ministro Direito, que pensava numaposição mais dura contra Barbosa. O encontroaconteceu no restaurante Universal, de concep-ção moderna e cardápio refinado. Ali, Barbosa dis-se aos dois que não se sentia culpado pelo quehavia acontecido em plenário, não iria se descul-par e que futuras relações cordiais dependeriam,na essência, de Mendes. Este, por sua vez, garan-tiu a colegas que não ingressaria com queixa-crimecontra Barbosa, como alguns chegaram a temer.Quando Mendes completou um ano na presidên-cia do Supremo, o ministro Celso de Mello fez umdiscurso de 25 minutos em tom de desagravo,afirmando que “o STF é mais importante do quetodos e cada um de seus ministros”.

Os efeitos da surpreendente discussão en-tre ministros levaram a pensar sobre os efeitosdo comportamento de Barbosa e Mendes esuas eventuais repercussões dentro e fora doJudiciário. O Instituto de Pesquisas Sociais, Po-líticas e Econômicas (Ipespe) fez um levanta-mento nacional, entrevistando 1.200 pessoasem todo o Brasil para colher opiniões sobrecomo as pessoas são atendidas e também osresultados obtidos no Judiciário. Os resultadosforam favoráveis à instituição: 53% dos pes-quisados se declararam “satisfeitos” pela formacom que são atendidos e os resultados obti-dos. Além disso, 44% afirmaram que o siste-ma judicial melhorou ao longo dos últimos cin-co anos. Esse período foi considerado pelo fatode, em 2004, ter entrado em vigor a EmendaConstitucional nº 45, que criou o Conselho Na-cional de Justiça, órgão de controle externo.Responderam favoravelmente à pesquisa 26%de consultados, que acreditam no acelera-mento de processos contra a corrupção e irre-gularidades. Entre as pessoas consultadas,33% acreditam que a situação “continuouigual” em relação ao que já era antes e 19%acreditam que “piorou”. Outros 27% acredi-tam que se tornou mais fácil o acesso das pes-soas de baixa renda à Justiça.

A pesquisa foi encomendada pelo diretor daEscola de Direito do Rio da Fundação GetúlioVargas, Joaquim Falcão, que também émembro do Conselho Nacional de Justiça. Al-guns dados obtidos mostram a visão do brasi-leiro diante da máquina judiciária, que segun-

do ele (88%) tem a lentidão como a sua prin-cipal máquina registrada. Além disso, 78%apontaram que os custos processuais são de-masiados. A parte mais crítica da pesquisa re-vela que 63% mantêm um pé atrás em rela-ção à independência do Judiciário, consideran-do que pesam na balança a influência exerci-da pela mídia, políticos e empresários. E mais:39% acreditam plenamente na honestidadedo Judiciário, enquanto 37% imaginam o en-volvimento pelas teias da corrupção. A propó-sito, a pesquisadora Maria Tereza Sadek, doCebepej (Centro Brasileiro de Estudos e Pes-quisas Judiciais) afirma que a instituição estádemonstrando que sabe enfrentar seus pro-blemas. “É diferente de anos atrás. É mais pró-ativo. Quando se comparam os três Poderesda República, não tenho temor em dizer que éaquele que se mostrou mais transparente paraa sociedade.” Sadek, professora na Universida-de de São Paulo, analisa: o lado mais crítico dapesquisa — a lentidão — tem entre suas cau-sas a Constituição de 1988, que prevê a exis-tência de direitos a serem reivindicados, masnão os regulamenta. O detalhe aumenta abusca pela Justiça, mas enfrenta o que ela classi-fica como “usuários de má-fé”, como disse numaentrevista ao jornal “Valor Econômico”. “Temgente que sabe que está errada, que sabe quevai perder. É necessário criar um mecanismo parapunir esses usuários.” Sobre essa lentidão, Joa-quim Falcão acredita que seria bom fixar-se umameta de produtividade para os magistrados. “Ojuiz-autoridade só se justifica se for juiz-servidor.”

Ainda a lentidão: uma resolução firmada pe-los presidentes do STF, Gilmar Mendes, e do Su-perior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha,determina que nas capas de cada um dos pro-cessos em julgamento conste obrigatoriamente oregistro das datas das respectivas prescrições. OMinistério Público Federal fez um levantamentono TRF-1 e descobriu que 729 apelações, entreelas, casos graves como tráfico de drogas e pecu-lato, em condições de serem julgadas, mas mes-mo assim paradas por mais de dois anos. Essademora, segundo o procurador-regional da Repú-blica Ronaldo Albo, “é uma das causas da impu-nidade no País”. O presidente do Tribunal Regio-nal Federal da 1ª Região, Jirair Meguerian, con-cordou com a colocação de um sinal de alerta nacapa dos processos: “Essa medida poderia seradotada também em outros tribunais. Ajuda adar celeridade”, argumentou.

Os “acertos” nos

bastidores da Corte ilmar Mendes continua avançando po-liticamente. Esteve no mês passado na

Universidade de Granada, na Espanha, quehomenageou o professor da entidade naAlemanha, Peter Haberle, que o influenciou aponto de serem dele várias ideias implemen-tadas no STF, como a realização de audiênci-as públicas para entidades de classe. Haberleé adepto da internacionalização do Direito,valorizando tratados internacionais.

Foi esse pensamento que levou Mendesa propor a criação de uma Corte de Justiçaespecial para o Mercosul. O presidente do STFacredita que a implantação poderia represen-tar uma “evolução” em direção do direitocomunitário, à semelhança do que já existena Europa. Poderia nascer, entende Mendes,uma espécie de catálogo internacional dosdireitos humanos, que poderia ser adotadopor países que integram um bloco econômi-co. Para o ministro, “o fenômeno da interna-cionalização nas relações unilaterais acabatendo um efeito irradiador sobre o sistemaconstitucional”.

O consenso entre ministros do STF, contu-do, ainda passa longe. Depois de decisõesantagônicas sobre a presunção constitucionalde inocência impedir o decreto de prisões, oSTF tornou juridicamente forte o chamado“princípio da insignificância”, aplicável a pesso-as acusadas de praticar crimes de reduzidopotencial ofensivo. Mas, no final do mês pas-sado o ministro Marco Aurélio de Melo negouem pedido de habeas corpus a aplicaçãodesse princípio para uma mulher que foracondenada a dois anos de prisão por ter fur-tado duas caixas de goma de mascar. A con-denação de primeira instância aconteceu emSete Lagoas (MG). Ela recorreu ao TJ-MG,que reduziu a pena para um ano e três me-ses, mas rejeitou o argumento da “insignifi-cância”, mesma posição que seria adotadapelo STJ. O caso continua na pauta do STF,para ser julgado pela Primeira Turma, aindasem data marcada. Em despacho, Melo re-conhece o pequeno valor do furto, mas des-taca que “não se trata de furto famélico” e ofato da ré ser reincidente específica.

Dados do STF revelam que, de março de2008 a março de 2009, a Corte adotou oprincípio da insignificância em 14 ações pe-nais. Num dos episódios, do Rio Grande doSul, campeão nesse tipo de processo, um ho-mem fora condenado a dois anos de prisão emulta pelo fato de ter furtado sete cadeadose um condicionador de cabelos, avaliados emR$ 86,50. A Segunda Turma do STF conce-deu recentemente habeas corpus a um ho-mem que tentou furtar cinco barras de cho-colate. E também anulou uma condenação

B

O STF sofreu nova derrota no final demaio. A indicação da ministra Ellen Gra-cie Nortfleet para juíza da OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC), que eraconsiderada “certa” e que abriria umavaga importante no Supremo, foi rejeita-da pelo organismo internacional, quepreferiu escolher o advogado mexicanoRicardo Ramirez. A alegação foi a de quea ministra brasileira não “conhecia co-mércio”, a matéria que teria de julgar. Obrasileiro Luiz Olavo Baptista ocupou ocargo por oito anos e a eventual eleiçãode Ellen Gracie significaria 16 anos dehegemonia brasileira no cargo.B

OMC não aceita Gracie

Longe do consensode sete anos e quatro meses de prisão de umrapaz que furtara um pacote de arroz, um litrode catuaba, um litro de conhaque e dois pa-cotes de cigarro.

Curiosamente, os mesmos gaúchos im-placáveis em relação aos casos considerados“insignificantes” criaram um núcleo autode-nominado de “direito alternativo”, onde ma-gistrados alegam uma justiça social para fazeruma interpretação da lei sempre a favor doschamados “mais fracos”.

Os custos da estrutura judiciária nacionalreceberam um impacto de R$ 129,3 mi-lhões/ano depois que votações simbólicas naCâmara dos Deputados aprovaram a criaçãode 1.445 novos cargos na Justiça do Trabalhoem vários Estados e no Ministério Público. São11 projetos, já encaminhados para o Senado,através dos quais são criados 243 cargos dejuízes do Trabalho, 584 para o quadro de fun-cionários efetivos e 97 cargos de confiança emais 521 comissionamentos. São contempla-dos os TRTs de São Paulo (143 cargos de juizpara a Capital e mais 84 para Campinas),Espírito Santo, Pará, Amazonas e Maranhão.Os TRTs informaram que a criação dos cargosfoi aprovada pelo Conselho Superior da Justi-ça do Trabalho. O presidente da Câmara,Michel Temer, disse que os novos cargos sãoimportantes, mesmo criados em momentode crise econômica.

Paralelamente, o STF deu prazo até omeio deste mês para seis juízes fluminenses sedefenderem da acusação de fraude em con-curso que os aprovou em 2006. Segundo oMP-RJ, seis deles seriam parentes de desem-bargadores. O MP pretendia que todos fos-sem afastados, em caráter liminar. O ministroEros Grau não atendeu ao pedido, frisando,porém, que não tomava a decisão “ao me-nos imediatamente”.

Em outro processo, num acordo sui gene-ris, o presidente do TRF-1, Jirair Meguerian, opresidente do STF e do CNJ, Gilmar Mendes,e o procurador-geral da República, AntonioFernando de Souza, decidiram suspender aexecução de obras da nova sede do TRF-1(DF). Isso porque o Tribunal de Contas daUnião (TCU) apresentou relatório afirmandoque a obra, inicialmente orçada em R$ 477,8milhões, apresentava um superfaturamentode R$ 30,7 milhões. Segundo o TCU, o preçode cada metro quadrado da obra, calculadoem R$2,8 mil, é 61% mais do que as obras danova sede da Polícia Rodoviária Federal (R$1,7 mil). Só para o equipamento de ar condi-cionado, foram previstos gastos de R$ 52 mi-lhões. Se tivesse sido feita uma licitação sepa-rada, só nisso o TRF-1 economizaria R$ 25,8milhões. (PS)B

G

Page 40: Edição Junho 2009 - nº 194

20 JUNHO DE 2009

EMENTAS

ADVOCACIA. EXERCÍCIO DA PRO-

FISSÃO EM COOPERATIVA MULTI-

PROFISS IONAL. ESPECIALISTA EM

GESTÃO AMBIENTAL. FORNECI-

MENTO DE SERVIÇOS DE CONSULTORIA, PERÍCIAS,

TREINAMENTO E CURSOS. EXERCÍCIO PROFISS IO-

NAL FORA DOS PARÂMETROS LEGAIS. VEDAÇÃO.

ARTIGOS 16 E 34, I, DO EOAB. SERVIÇOS

PROFISS IONAIS QUE PODEM IMPLICAR EM CAPTA-

ÇÃO INDIRETA DE CLIENTELA. OFENSA AO ARTI-

GO 7º DO CED. V ÍNCULO COM ATIVIDADE

MERCANTIL. PROIBIÇÃO CONTIDA NO ARTIGO 5º

DO CED — A participação de advogado emcooperativa multiprofissional de serviços, para aprestação de serviços de implantação de ges-tão ambiental, gestão de qualidade, perma-cultura, auditoria, cursos in company, treina-mentos, laudos, perícia e projetos de sustenta-bilidade, na qualidade de especialista de ges-tão ambiental, ainda que sob o título de espe-cialista de gestão ambiental, encontra veda-ção nos artigos 16 e 34, I, do EOAB, por impli-car em exercício profissional fora dos moldesprevistos em lei. Ainda que não exista o exercí-cio da Advocacia judicial, o emprego do co-nhecimento técnico do profissional do direito naatividade, configura o exercício da profissão daAdvocacia, cuja prática deve se dar dentro dosmoldes previstos na legislação específica. Alémdisso, tal prática implica em oferecimento deserviços profissionais capazes de gerar captaçãoindireta de clientela, ofendendo o artigo 7º doCED, além de vinculá-los à atividade mercantil,

o que encontra barreira no artigo 5º do mesmodiploma. Proc. E-3.668/2008, v.m., em 18/9/2008, do parecer e ementa do rel. dr. José Eduar-do Haddad, com declaração de voto divergenteda julgadora drª Beatriz Mesquita de Arruda Ca-margo Kestener, rev. dr. Guilherme Florindo Figuei-redo, presidente dr. Carlos Roberto F. Mateucci.

EXERCÍCIO PROFISSIONAL. ENTEN-

DIMENTO COM A PARTE ADVERSA.

VEDAÇÃO SOB PENA DE INFRA-

ÇÃO DISCIPLINAR — Constitui in-fração disciplinar o advogado estabelecer en-tendimentos com a parte adversa sem a ciên-cia do seu advogado (artigo 34, inciso VIII, doEstatuto da OAB). Ademais, trata-se de umdever do advogado o de não se entender dire-tamente com a parte adversa que tenha pa-trono constituído sem o consentimento deste(artigo 2º, § único, inciso VIII, letra “e”). É umadas regras deontológicas fundamentais queexige do profissional do Direito absoluto respei-to, sob pena de infração disciplinar. Proc. E-3.665/2008, v.u., em 18/9/2008, do parecer eementa da relª drª Márcia Dutra Lopes Matro-ne, rev. dr. Fábio Guedes Garcia da Silveira,presidente dr. Carlos Roberto F. Mateucci.

EXERCÍCIO PROFISSIONAL. TAXA

DE MANDATO JUDICIAL. ISENÇÃO

QUE NÃO ABRANGE A PARTE QUE

NÃO É BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA

GRATUITA.NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO QUAN-

DO O CLIENTE NÃO LOGROU RECEBER A CON-

CESSÃO — A responsabilidade pelo pagamen-to da taxa pela juntada de procuração é daparte e não do advogado (artigos 40, 48 e 49da Lei 10.394/70), conforme entendimentodeste tribunal (E.2756/03) , salvo hipótese emque haja previsão contratual atribuindo tal en-cargo ao advogado. Não possuindo o clientecondições de pagar a referida taxa, não sepode obrigar o advogado a fazê-lo com recur-sos próprios por ausência de comando legalpara tanto. Se não há responsabilidade, não sepode inferir infração, porque “ninguém pode serobrigado a fazer (ou deixar de fazer) algumacoisa senão em virtude de lei” (inciso II, artigo5º, da Constituição Federal). Solução que nãoisenta o advogado de esgotar todos os meiosprocessuais disponíveis para a concessão do be-nefício da gratuidade. Proc. E-3.666/2008,v.u.,em 18/9/2008, do parecer e ementa da relª drªMary Grün, rev. dr. Luiz Antônio Gambelli, presi-dente dr. Carlos Roberto F. Mateucci.

HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA .

EXECUÇÃO. PENHORA INSUFICI-

ENTE. RECEBIMENTO DA VERBA

DE SUCUMBÊNCIA, BEM COMO DE

HONORÁRIOS CONTRATADOS, PROPORCIONAL-

MENTE AO VALOR ARREMATADO. INEXISTÊNCIA

DE VEDAÇÃO ÉTICA — Em execução transitadaem julgado, com condenação em honorários desucumbência, não sendo os bens penhoradossuficientes para satisfazer o total do crédito in-cluída nele a sucumbência, não há vedação éti-ca para que o advogado retenha a verba de su-cumbência na proporção do valor efetivamentelevantado na arrematação. Pode ainda o advo-gado cobrar os honorários contratuais, na formacontratada, também proporcionalmente ao va-lor levantado, levando-se em consideração oprincípio da moderação estabelecido no artigo36 do Código de Ética e Disciplina da OAB. Proc.E-3.669/2008, v.u., em 18/9/2008, do parecere ementa do rel. dr. Zanon de Paula Barros, rev.dr. Guilherme Florindo Figueiredo, presidente dr.Carlos Roberto F,Mateucci.

CONSULTA DE TERCEIRO. NECES-

SIDADE DE CONHECIMENTO NO

CAMPO DAS HIPÓTESES EM FACE

DE PARECER DE CONSELHO DE

CLASSE DA CONSULENTE COM POSSIBIL IDADE DE

INTERPRETAÇÕES DUVIDOSAS. EXERCÍCIO DA

ADVOCACIA. S IMULTANEIDADE COM OUTRAS

PROFISSÕES. IMPOSSIBIL IDADE DE ATIVIDADE

CONJUNTA. NÃO IMPEDIMENTO DE ADVOGADO

SER SÓCIO DE ESCRITÓRIO DE CONTABIL IDADE ,

PORÉM COM DIREITOS LIMITATIVOS E RESTRITIVOS

— Consulta formulada por quem não perten-

ce à classe dos advogados, mas fazendo refe-rência expressa a parecer de outra entidade declasse comercial, pode ser conhecida no terre-no das hipóteses com o objetivo de alcançar aorientação ética. Tal conhecimento se deve aparecer do Conselho Regional de Contabilidadepermitindo que uma contadora seja sócia deum advogado no escritório de contabilidade.Não há qualquer impedimento que um advo-gado seja sócio de um escritório de contabili-dade, porém há proibições da OAB nesta atu-ação conjunta. O advogado tem assegurado odireito constitucional do livre exercício profissio-nal, concomitantemente com outras profissõesregulamentadas, que não sejam, por lei ouprincípios normativos, incompatíveis com a Ad-vocacia. Exigência ético-profissional de que asatividades ou profissões consideradas paralelassejam compatíveis com a nobreza e a dignida-de da Advocacia; não sejam exercidas dentrodo mesmo espaço físico do escritório do advo-gado, no resguardo da necessidade inviolabili-dade do domicílio advocatício, dos arquivos edo sigilo profissional; que não constituam, dire-ta ou indiretamente, meio de tráfico de influ-ência ou captação de causas ou clientes e que apromoção publicitária seja elaborada e efetivada,observando-se, no espaço e no tempo, comple-ta autonomia, entre a Advocacia e as demaisprofissões. Nada impede que o advogado parti-cipe como sócio de um escritório de contabilida-de, mas está sujeito a não advogar para clientesdeste escritório, a não exercer a atividade nomesmo local deste escritório, mesmo com entra-das independentes, e observar rigidamente to-dos os princípios éticos do Código de Ética, doEstatuto da Advocacia, demais provimentos eresoluções da OAB. Proc. E-3.671/2008 , v.u., em18/9/2008, do parecer e ementa do rel. dr. Cláu-dio Felippe Zalaf, rev. dr. Benedito Édison Trama,presidente dr. Carlos Roberto F. Mateucci.

Ementas do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP.

EXERCÍCIO PROFISSIONAL. SOCIE-

DADE DE ADVOGADOS. EXTEN-

SÃO, TRANSMISSÃO OU CONTAMI-

NAÇÃO DO IMPEDIMENTO E JUBI-

LAÇÃO POR DOIS ANOS PARA ADVOGAR CONTRA

EX-CLIENTE — Como regra geral, as normasrestritivas ao exercício profissional devem ser in-terpretadas segundo as regras da hermenêuti-ca, de modo restrito, não se admitindo aplica-ção analógica ou extensiva. De igual modoe como regra geral os impedimentos nãose transmitem. A extensão do impedi-mento depende de circunstâncias especí-f icas de cada caso concreto porque afraude não se presume. Dessa forma, emtese e via de regra, o impedimento de umadvogado relativo a ex-cliente não é ex-tensivo a seus parentes, agregados ou só-cios da mesma sociedade de advogados.O entendimento acima deixa de prevale-cer sempre que quaisquer circunstâncias,ainda que provadas por indícios, a seremverificadas pelas turmas disciplinares emcada caso concreto, demonstrarem queadvogados ou sociedades de advogados,seja de que porte forem, se uti l izam doprincípio geral, acima enunciado apenasem tese, para burlar as regras que estatu-em impedimentos. Proc. E-3.660/2008 ,v.u., em 18/9/2008, do parecer e ementado rel. dr. Luiz Antônio Gambelli, revª drªBeat r i z Mesqu i ta de Ar ruda CamargoKestener, presidente dr. Carlos Roberto F.Mateucci.B

TRIBUNA DO DIREITO

Page 41: Edição Junho 2009 - nº 194

21JUNHO DE 2009

TRABALHO

TRIBUNA DO DIREITO

ão é obrigatória ahomologação deacordo pelo juiz.Com esse entendi-mento a Seção Es-

pecializada em Dissídios Individuais doTST (SDI-2) negou recurso ordinárioem agravo de instrumento da JBSS.A. (empresa do ramo alimentício),que contestava a não-homologação deacordo com um ex-empregado.

A JBS havia interposto mandado desegurança, sem sucesso, alegando ilega-lidade no ato da juíza do Trabalho, quese absteve de homologar o acordo fir-mado entre as partes com objetivo demanter a realização de perícia já desig-nada. Com o mandado indeferido, a em-presa entrou com recurso ordinário noTST. O ministro Barros Levenhagen,relator da SDI-2, entendeu que a homo-logação do acordo foi indeferida porqueo conflito tratava de condições do ambi-ente de trabalho, e que a juíza conside-rou a necessidade da intervenção préviado Ministério Público.

O trabalhador, dispensado em 2006,

Homologação de acordo não é obrigatóriaapós 21 anos de serviços como ser-vente, pediu, entre outras verbas, orecebimento de adicional de insalubri-dade em grau máximo, alegando tertrabalhado no setor de cozimento eacondicionamento de alimentos nasembalagens, sob calor e ruído, semuso de equipamento de proteção.

A Vara do Trabalho de Barretos (SP)constatou que ali tramitavam 250 pro-cessos contra a JBS, todos pelo mes-mo motivo: insalubridade. O juízo de-terminou a realização de perícia nas ins-talações da empresa, e as ações traba-lhistas foram suspensas. Em março de2008, a JBS firmou acordo com o ser-vente para o pagamento de R$ 10 mil,condicionado à homologação. Em abrildo mesmo ano, um perito foi impedidode entrar na fábrica e o Ministério Pú-blico do Trabalho solicitou, com sucesso,a intervenção na empresa. O ministroBarros Levenhagen, relator da SDI-2, aorejeitar o recurso da JBS, afirmou quenão há obrigatoriedade de o juiz homo-logar acordo celebrado entre as partes.(ROAG-700/2008-000-15-40.2)B

N

falta de carta de preposto, em que a em-presa outorga poderes para alguém re-

presentá-la em audiência na Justiça do Trabalho,não constitui irregularidade. Com esse entendi-mento, a Sexta Turma do TST devolveu um pro-cesso contra o Banco Santander para ser julgadona 6ª Vara do Trabalho de Campinas (SP).

O banco havia sofrido pena de confissãodo juiz, porque durante a audiência de con-ciliação e instrução o representante da insti-tuição financeira pediu prazo para apresen-

Falta de carta de preposto

tar a carta de preposição. Mesmo enten-dendo que a carta poderia ser anexada pos-teriormente, o juiz não permitiu, já que dariaa sentença na própria audiência. Ele enten-deu que não poderia condicionar a decisão àjuntada de documento após aquela data. OSantander recorreu ao TRT-15, sem sucesso.

No TST, o relator, ministro Aloysio Cor-rêa da Veiga, anulou a sentença e devol-veu o processo à origem. (RR-1300-2003-093-15-00.0)B

A

Horas extras IA Terceira Turma do TST rejeitou recurso

da Carbonífera Criciúma S.A. contra decisãodo TRT-SC (12ª Região), que a condenou apagar horas extras a um funcionário que ha-via trabalhado em jornada superior a 36 ho-ras semanais, no subsolo de uma mina decarvão mineral. Ele havia questionado naJustiça a validade do acordo coletivo que al-terou a jornada para 37h30. No recurso aoTST, a empresa sustentou que a única exi-gência feita pela Constituição Federal paracompensação ou prorrogação de horário é aconvenção coletiva, mas a relatora, ministraRosa Maria Weber, alegou que a legislaçãodefiniu regras especiais para trabalhadoresem minas e rejeitou o recurso. (RR 1567/2006-053-12-00.7)

Diferenças salariaisA Sétima Turma do TST rejeitou recurso de

revista da Ask Companhia Nacional de CallCenter, que se negava a pagar diferenças sala-riais a uma operadora de telemarketing demi-tida sem justa causa. A ex-funcionária ajuizouação pedindo equiparação salarial com umafuncionária da Companhia Paranaense deEnergia (Copel), alegando realizar atividadesidênticas. Ambas atendiam os clientes da

companhia, e registravam ocorrências comoqueda de energia e venda de postes. Segundoa ex-operadora, a diferença salarial era de50%. A Ask alegou impossibilidade de equipa-ração por serem empregadores diferentes. Opedido da funcionária foi negado em primeirograu, mas o TRT-PR reformou a decisão. (RR1575-2006-007-09-00.9)

DiscriminaçãoA Sexta Turma do TST rejeitou recurso da Te-

lecomunicações do Paraná (Telepar) contra deci-são que obrigou a empresa a readmitir 680 em-pregados por prática discriminatória. A decisão foibaseada na Lei 9.029/95. A ação foi proposta peloMP Trabalho, depois que os veículos de comuni-cação noticiaram as demissões. Após investiga-ções, concluiu-se que os empregados demitidostinham em média 40 anos, e muitos estavampróximos da aposentadoria. O sindicato dos tra-balhadores (Sinttel) também se manifestou contraa atitude da Telepar. No recurso ao TST, a em-presa tentou reverter a condenação, sem suces-so. (RR-44722/2002-900-09-00.0)

Dano moral IA Sétima Turma do TST negou provimento

ao agravo de instrumento da ALL América La-tina Logística Intermodal S.A., que pretendiaanular a condenação de indenização por danosmoral e material a um motorista que teve ocaminhão assaltado e sofreu agressões. Mesmotendo registrado boletim de ocorrência, o traba-lhador foi interrogado e intimidado por um re-presentante da empresa, sob arma de fogo. Eledisse ter sido obrigado a dar novas explicações eque foi acusado de ter participado ou facilitado oassalto. Segundo o TRT-RS (4ª Região), a em-presa é reincidente. A ALL foi condenada a pa-gar indenização de R$ 35 mil ao motorista.Para o TRT, o valor refere-se não somente àhumilhação pelo interrogatório, mas tambémaos danos morais devido à exposição do em-pregado a outras situações exatórias, comoreceber golpes nas costas com um pênis deborracha e ter o nome exposto em um mu-ral, por ter chegado atrasado. (AIRR – 1304/2005-003-04-40.9)B

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22 JUNHO DE 2009

TRABALHO

Terceira Turma doTST não admitiu autilização de arbi-tragem para solu-ção de questão tra-

balhista individual, restringindo-a ape-nas aos dissídios coletivos, nos quaisos trabalhadores são representadospor sindicatos. Com esse entendimento,o relator, ministro Alberto Bresciani,determinou o retorno dos autos à 28ªVara do Trabalho de Salvador (BA),para julgamento de uma ação movidapor um ex-gerente contra a Xerox Co-mércio e Indústria Ltda..

O gerente foi demitido após 14anos, sem justa causa. A rescisãocontratual foi homologada por sen-tença do Conselho Arbitral da Bahia.O ex-funcionário entrou com açãocontra a multinacional requerendo

Arbitragem só para dissídio coletivodireitos trabalhistas, mas a Vara doTrabalho extinguiu a ação, sem jul-gamento do mérito, sob a justifica-tiva de que a arbitragem instituídapelas partes já havia encerrado asdivergências. O tribunal regionalmanteve a sentença.

No TST, a defesa do gerente ale-gou, entre outros fatos, que o funcio-nário teria sido coagido a assinar do-cumentos para simular a adesão aoprograma de desligamento voluntárioda empresa. Sustentou, ainda, quesomente depois de assiná-los o tra-balhador teve acesso ao benefício daempresa chamado briding (gratifica-ção a demitidos sem justa causa, cal-culada com base nos anos trabalha-dos e no último salário). Os argumen-tos foram aceitos pela Turma. (RR795/2006-028-06-00.8)B

A

PericulosidadeA Sétima Turma do TST negou provimento

ao agravo de instrumento da Infraero e daTuris Silva Serviços Auxiliares de TransportesAéreos Ltda., que pretendiam não pagar adi-cional de periculosidade a um motorista deônibus de aeroporto que fazia o transporte datripulação e de passageiros entre o terminal eo avião. A Turma entendeu que o ex-funcio-nário, demitido em 2005, embora não tivessecontato direto com substâncias perigosas, esta-va em constante exposição a elas, por traba-lhar nos locais de abastecimento das aerona-ves. O pedido de pagamento do adicional de30% sobre o salário-base havia sido acatadopela 15ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, epelo TRT-RS. (AIRR - 293/2006-015-04-40.0)

tendeu que a reintegração não impede o rece-bimento da indenização por danos materiais.A funcionária, demitida em 1997, adquiriu aLesão por Esforços Repetitivos (LER) depois deficar mais de 10 anos embalando bombons,encaixotando e carimbando caixas de chocola-tes. O pedido de indenização por dano moralfoi julgado improcedente pela 9ª Vara do Tra-balho de Vitória, mas o TRT-ES (17ª Região) re-conheceu o direito e condenou a empresa apagar R$ 25 mil. No TST, a indenização pordanos materiais foi transformada em pensãovitalícia. (RR - 71/2006-009-17-00.0)

Anuênio A Segunda Turma do TST julgou improce-

dente a condenação imposta pela Vara doTrabalho de Campo Mourão e confirmada peloTRT (9ª Região), obrigando o Banco do Brasil a

pagar 1% de anuênio aos funcionários filiadosao Sindicato dos Empregados em Estabeleci-mentos Bancários de Umuarama, Assis Cha-teubriand e região. Na ação, iniciada em 2000,o sindicato pediu a manutenção do benefíciopara funcionários admitidos até 31/8/96 ale-gando tratar-se de acordo coletivo. (RR -44763-2002-900-09-00.7)

ProfessorA Sétima Turma do TST rejeitou agravo de

instrumento de um professor que pediu indeni-zação por dano moral da União de Ensino doSudeste do Paraná S/C Ltda. (Unisep), alegandoque após a demissão teve o nome veiculado nainternet para divulgação do curso de "pós-gra-duação em Atividade Física e Saúde". A Varado Trabalho de Francisco Beltrão (PR) negou opedido. A decisão foi mantida pelo TRT-PR (9ªRegião) ao constatar que "o curso não foi realiza-do devido ao número insuficiente de interessa-dos". Segundo o representante da Uniesp, onome foi mantido no site porque "se houvessealunos suficientes, o professor seria convidado aparticipar". (AIRR - 125/2004-094-09-40.8)

EquiparaçãoA Seção Especializada em Dissídios Individuais

(SDI-1) do TST deu provimento a embargos deum empregado da Petrobras e restabeleceudecisão da JT-PR (9ª Região) concedendo equi-paração salarial com um colega que exercia asmesmas funções. A SDI-1 entendeu que o tra-balho imposto pela empresa sendo idêntico,não é possível distinguir a capacidade entre fun-cionários. (E-ED-RR-29-2005-654-09-40.0)

RepresentanteA Seção Especializada em Dissídios Indi-

viduais (SDI-2) do TST rejeitou recurso dafabricante de adesivos Avery Dennison quepretendia deixar de pagar indenização deR$ 490 mil a um representante comercial.Ele havia trabalhado 18 anos para a em-presa no Distrito Federal, desde 1987 e, em2005, descobriu que havia sido contratadoum outro profissional para a mesma área.O representante pediu indenização por res-cisão de contrato, como prevê a Lei nº4.886/65 alegando ter exclusividade na re-gião. A condenação foi mantida pelo TRTda 10ª Região. Um ano depois, a AveryDennison ajuizou ação rescisória, rejeitadapelo TRT-DF. A empresa a interpôs recursono TST, sem sucesso. (ROAR 275/2007-000-10-00-3)B

Seção Especializada em Dissídios Individu-ais (SDI-1) do TST admitiu que a omissão

das partes em ação trabalhista pode resultar naaplicação da “prescrição intercorrente” (perda dodireito de ação no curso do processo). Embora aSúmula 214 determine que a prescrição intercor-rente não alcança a execução trabalhista, algunsministros entenderam que ela (súmula) está restri-ta aos casos em que o andamento do processodepende do juiz do Trabalho, e não quando é pa-ralisado por descaso dos interessados.

Prescrição intercorrenteO processo envolve um grupo de 23 funcio-

nários de vários ministérios, que ajuizaramações trabalhistas contra a União, cobrandodiferenças salariais referentes ao “Plano Bres-ser”. A defesa foi intimada a apresentar os cál-culos em 30 dias, mas deixou passar quase trêsanos. Em primeiro grau, foi determinada a ex-tinção do processo. O TRT-10 (DF/TO) confir-mou a decisão. A execução prossegue separa-damente para apenas um dos reclamantes.(E-RR.693.039/2000.6)B

2 x 6

12 horasO corregedor-geral da JT, ministro João

Oreste Dalazen, suspendeu a tutela antecipa-da obtida pelo Ministério Público do Trabalho(MPT), que entrou com ação para impedir a re-novação da cláusula de contrato coletivo entrea Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST) e trabalha-dores, que prevê o turno de 12 horas. O Sindi-cato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindi-metal) e o MPT tentam implantar a jornada deoito horas fixas. A CST e mais de 80% dos tra-balhadores pediram a manutenção do turno

pratica do há mais de 10 anos. O MPT inter-pôs, sem sucesso, agravo regimental, alegan-do, entre outras coisas, que o objetivo era"prestigiar a saúde e a segurança dos trabalha-dores". (AG-RC - 195136-2008-000-00-00.0)

LERA Sétima Turma do TST condenou a Choco-

lates Garoto S.A. a pagar a uma empregadaindenização por danos materiais, convertidaem pensão mensal vitalícia, além do saláriopela reintegração ao emprego. A Turma en-

TRIBUNA DO DIREITO

A

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23JUNHO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

TRABALHO

necessário indicar osite da internet deonde foi extraído oteor do acórdão pa-ra comprovação dedivergência jur is-

prudencial na apresentação de re-curso ao TST. Com esse entendi-mento, a Seção Especializada emDissídios Individuais (SDI-1) rejei-tou embargos de uma trabalhado-ra que não atendeu à formalidadeexigida pela Súmula 337 do TST. Aex-funcionária da IBM Brasil ajui-zou ação pedindo diferenças salari-ais decorrentes dos planos Collor eVerão sobre a multa de 40% dosdepósitos do FGTS. A 3ª Vara doTrabalho de Florianópolis (SC) jul-gou extinto o processo, devido àprescrição bienal. A secretária re-correu ao TRT da 12ª Reg ião ,

Recurso de acórdãoobtido pela internet tem

que indicar sitesem sucesso. No TST, o recurso foibarrado pela Terceira Turma, porque adecisão anexada ao processo (oriundado TRT-3), que deveria comprovar di-vergência de jurisprudência, não per-mitia a verificação da autenticidadedas transcrições feitas pela parte.

A cópia não teria assinatura do juize não foi autenticada. Além disso, aindicação do “Diário da Justiça”, quesó publica as ementas, foi consideradainsuficiente.

Na SDI, a ex-funcionária, entre osargumentos, disse ser impossível ob-ter cópias autenticadas da decisão doTRT-MG. A SDI manteve o entendi-mento do tribunal regional e rejeitouos embargos. De acordo com orelator, ministro Vantuil Abdala, é ne-cessário juntar cópia do acórdão e in-dicar a que sítio pertence. (E-A-RR-5308/2003-026-12-00.0)B

É

mpregado que desenvolve Lesão por Es-forço Repetitivo (LER), mas mantém a

capacidade para trabalhar, não tem direito àpensão vitalícia. Com esse entendimento a Sé-tima Turma do TST, nem chegou a analisar omérito do recurso apresentado por uma traba-lhadora que contestava a decisão do TRT-9 (PR)negando pedido de indenização de pensão.

Ex-funcionária da Woodgrain do Brasil Ltda.,ela trabalhou um ano e meio como “moldu-reira”. Segundo ela, a doença profissional foiconsequência do excesso de esforço físico. Aperícia médica constatou a existência de cistosinovial e tendinite no punho direito, o que le-vou a trabalhadora a requerer indenização pordano moral de 100 salários mínimos, reembolsodas despesas com tratamento médico e pen-

Negada indenização por LERsão vitalícia equivalente a 50% do último salá-rio.

A Segunda Vara do Trabalho de São Josédos Pinhais (PR) negou o pedido. O TRT deuprovimento parcial ao recurso, condenando aempresa apenas ao pagamento de R$ 1 mil deindenização, já que a perícia técnica atestouque o afastamento do trabalho e a fisioterapiacontribuíram para a regressão da doença.

A empregada recorreu ao TST, contestandoo valor da indenização, reiterando os pedidosda inicial. O relator, ministro Guilherme CaputoBastos, concordou com o tribunal regional, ealegou que para rever o entendimento serianecessário reexaminar as provas dos autos, oque é vedado ao TST. (RR – 78079/2006-892-09-00.2)B

Má-féA Seção Especializada em Dissídios Individu-

ais (SDI-2) manteve decisão que reverteu ademissão por justa causa de um encarregadode serviços do Jockey Club Brasileiro, acusadode ter apresentado atestados médicos supos-tamente falsos. O argumento do recurso ordi-nário é ter havido “falta de percepção do juiz”no exame de documento em que o antigoInamps declara a não autenticidade dos ates-tados. O empregado, hoje com 70 anos, traba-lhou entre 1956 e 1983, e foi demitido por jus-ta causa depois de apresentar dez atestadosmédicos em um ano. O Jockey questionou aoInamps a autenticidade dos documentos, ten-do sido informado de que se tratava de timbres

E

Horas extras IIA Telemar Norte Lesta S.A. terá de pagar horas extras e reflexos

a uma telefonista que também realizava o trabalho de digitadora.A decisão é da Oitava Turma do TST ao entender que ficou eviden-te a jornada especial (duas atividades). A 3ª Vara do Trabalho deJuiz de Fora (MG) concedeu apenas a equiparação salarial. Já o TRThavia entendido ser possível o exercício das duas atividades simulta-neamente, mas concluiu não se aplicar a jornada de seis horas. Atrabalhadora recorreu ao TST, com sucesso. (RR – 1213/2003-037-03-00.0)

falsos, que um dos médicos não reconheceu aassinatura, e que o outro havia aposentado. Ofuncionário acionou a Justiça e o próprio TRT-RJ reconheceu que o Jockey não conseguiuprovar a alegada falsidade dos atestados, con-cluindo que não houve má-fé do trabalhador.(ROAR – 55386/2000-000-01-00.0)

Dano moral IIA Sétima Turma do TST negou recurso de

uma ex-teleoperadora da Vivo de Goiânia,que pretendia receber indenização por danomoral por ter se sentido ofendida com a normada empresa que só permitia que os emprega-dos usassem a toalete durante o expedientenos intervalos de duas pausas de 15 e 5 minu-tos. No TST, a ex-teleoperadora alegou que “ocontrole das necessidades fisiológicas” justifica-ria a indenização “em face da violação dahonra, da imagem, da integridade física e psí-quica e da liberdade pessoal”. O relator, minis-tro Ives Gandra Martins Filho, negou o recursoalegando que teria de haver reexame dos fatose provas, o que não é possível. (RR – 1419-2007/001-18-00.1)

Justiça gratuitaA justiça gratuita é assegurada ao trabalha-

dor que declarar em juízo não ter condições depagar as custas processuais sem comprometer opróprio sustento e o da família. Mas, o julgadorpode indeferir o benefício, caso constate o con-trário, baseando-se nos documentos e nas de-clarações dos autos. Com essa fundamentação,a Seção Especializada em Dissídios Individuais(SDI-2) do TST extinguiu o mandado de segu-rança impetrado por um consultor contra deci-são do TRT-SP, negando-lhe o benefício depoisque ele afirmou ganhar mais de R$ 15 mil pormês. (ROMS 12648/2005-000-02-00.0)

SegurançaA Sétima Turma do TST determinou que a

Modecol Decorações Ltda. pague R$ 30 mil deindenização por dano moral a um ex-empre-gado que sofreu perda da audição em decor-rência da constante exposição ao ruído. Omarceneiro trabalhou durante 15 anos sem a

utilização de protetor auricular. O empregadoajuizou ação e obteve parecer favorável na 2ªVara do Trabalho de São José (SC), que haviafixado a indenização em R$ 10 mil. A sentençafoi confirmada pelo TRT da 12ª Região. No TST,o valor foi aumentado para R$ 30 mil. Os mi-nistros consideraram a idade do trabalhador (57anos) com deficiência auditiva e a dificuldadeque ele terá para conseguir outro emprego. (RR– 3664/2005-032-12-00.2)

Dano moral IIIA Sétima Turma do TST rejeitou agravo de

instrumento de um motorista que pedia indeni-zação por danos moral e material de R$ 130mil e pensão até os 70 anos, por ter sido atin-gido por três tiros enquanto dirigia o ônibus daViação Paratodos Transporte e Turismo Ltda., eEle alegou ter sofrido lesões emocionais e cor-porais graves, com a perda de parte do movi-mento do braço direito. O pedido foi julgadoimprocedente no primeiro grau, pelas evidênci-as de que “os tiros foram disparados por anti-gos comparsas do motorista num furto de car-reta em Cachoeiro do Itapemirim, a pretexto deum acerto de contas”. A empresa havia alegadoque os disparos haviam sido feitos da porta, eque os atiradores fugiram sem roubar os passa-geiros ou cobrador. No TST, os ministros rejeita-ram as alegações que atribuem responsabilida-de ao empregador para reparação de danoscausados aos empregados no exercício de suasfunções. (AIRR 601/2005-009-17-40.4)

Justa causa

A Sétima Turma do TST rejeitou recurso daempresa paranaense de transportes coletivos Péro-la do Oeste contra decisão da JT da 9ª Região, queconsiderou rigorosa a dispensa por justa causa deum funcionário que comprou 11 vales-transportede um passageiro para uso pessoal. A JT analisou ohistórico funcional do trabalhador, que entre 1992 e2005 não recebeu nenhuma sanção disciplinar. Ajusta causa foi convertida em dispensa imotivada.Para o TRT-PR, os fatos apurados não revelam terhavido falta grave suficiente para motivar a dispen-sa justificada. O TST manteve o entendimento doTRT. (RR-1284-2005-659-09-00.8)B

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24 JUNHO DE 2009

À MARGEM DA LEI

LAZER

Uma pequena cidade do interior de SãoPaulo chora a morte do advogado mais co-nhecido na região. Profissional competen-te, dedicado, conhecido de todos e patro-no da maior parte dos casos que tramita-ram nas comarcas da região; respeitadopor todos.

No auge da cerimônia fúnebre, apósjá ter passado por lá todas as autorida-des da região e muitas vindas da Capital,entra o “venerável” da loja maçônica.Com ar sóbrio, vestindo um impecávelterno preto, com rosto visivelmenteabatido ao ver o “irmão” deitado noataúde, põe-se em pé na cabeceira docaixão e toma a palavra em nome da“irmandade”.

Com um primeiro suspiro profundo,

pausado, inicia o discurso sob a aten-ção dos presentes e familiares.

- Eis aqui o jatobá....Pausa longa...e reinicia:- Eis aqui o jatobá....Um suspiro profundo e pausa:- O jatobá caiu....Outra pausa longa, e retoma:- Eis aqui o jatobá lançado ao chão.... Mais uma pausa, e:- O jatobá está no chão.... Mais outra longa pausa, e retorna:- O jatobá caído, está ao chão.Não mais aguentando tanta pausa e

tanto suspiro e vendo que o burburinhojá começava a tomar conta do recinto,um amigo do “venerando” chega-se aoouvido e sussurra:

- Venerando, é melhor deixar o jatobáquieto porque tem umas pessoas ai foraquerendo mandá-lo pra serraria.

Com um arranhar na garganta, rapi-damente o “venerando” acelerou o dis-curso, e foi aprovado com risinhos dealguns presentes.B

O maçon,o velórioe o jatobá

ELIAS RAMOS*

*Advogado.

TRABALHO

A nova Súmula 377 do TSTe as micro e pequenas empresas

m meados de abril de 2008houve mudança no texto daSúmula 377 do TST, cuja re-dação alterada assim pas-sou a preconizar: “Excetoquanto à reclamação de em-

pregado doméstico, ou contra micro ou pe-queno empresário, o preposto deve ser ne-cessariamente empregado do reclamado. In-teligência do artigo 843, § 1º, da CLT e doartigo 54 da Lei Complementar nº 123, de14 de dezembro de 2006.”

Antes da mudança em questão, a prer-rogativa da reclamada em não se fazer re-presentar por preposto empregado cabia so-mente aos empregadores domésticos ten-do se alargado o entendimento em favordo micro e do pequeno empresário.

O conceito de micro e pequena empre-sa é aquele da Lei Complementar 123/2006(Estatuto Nacional da Microempresa e daEmpresa de Pequeno Porte) e, portanto,só quem se enquadrar nas definições de-clinadas no artigo 3º, de referido diplomalegal, poderá lograr o uso da prerrogativade nomear prepostos não empregados emsede de reclamação trabalhista.

Assim dispõe o artigo 3º supra citado:“Artigo 3° - Para os efeitos desta Lei Com-plementar, consideram-se microempresasou empresas de pequeno porte a socieda-de empresária, a sociedade simples e o em-presário a que se refere o artigo 966 da Leinº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, de-vidamente registrados no Registro de Em-presas Mercantis ou no Registro Civil dePessoas Jurídicas, conforme o caso, des-de que: I – no caso das microempresas,o empresário, a pessoa jurídica, ou a elaequiparada, aufira, em cada ano-calendá-rio, receita bruta igual ou inferior a R$240.000,00 (duzentos e quarenta mil re-ais); II – no caso das empresas de peque-

E

ANTONIO MARCOS B. FONTES*

*Advogado.

TRIBUNA DO DIREITO

no porte, o empresário, a pessoa jurídica,ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$240.000,00 (duzentos e quarenta milreais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00(dois milhões e quatrocentos mil reais).”

Oportuno chamar a atenção para o fatode que o parágrafo 4º do aludido disposi-tivo legal traz ainda um leque de situaçõesjurídicas que impedem o empresário degozar dos benefícios de referido estatutoao passo que os subsequentes §§ 9º, 10º,11º e 12º elencam situações de exclusãodas empresas do regime especial previstonessa lei complementar.

Com efeito, micro empresa ou empresade pequeno porte não goza das benessesa elas pertinentes pela mera inserção dasigla ME ou EPP em sua razão social. Seuenquadramento como tal, ou seja, sua ca-racterização para fins de percepção dasprerrogativas a que faz jus, depende de seufaturamento bruto.

Note-se que, segundo se depreende daprópria lei, o enquadramento num ano fis-cal pode não ser o mesmo de outro ano e,sendo assim, é preciso que a empresa quepretenda fazer uso dos benefícios a quealude a Súmula 377 do TST, traga a cadaoportunidade em que se faça representarem juízo a demonstração efetiva de queestá enquadrado no regime especial e deque subsiste seu enquadramento.

E como o enquadramento e desenqua-dramento respectivo dependem de aferiçãopor parte do órgão fiscal de que o fatura-mento bruto da empresa não alcança ousupera o valor teto exigido pela lei, resta claroque a demonstração da condição de microou pequena empresa só se dá pela exibiçãode prova oficial consistente em certidão deemissão do órgão fiscal competente.

Afinal, consoante se depreende do pró-prio estatuto da micro e pequena empresa,a condição de ME e EPP não se presume etampouco é ônus da parte reclamante pro-var ou do órgão judicante perquirir.

Ao reverso disso: cabe à reclamada, acada audiência em que se fizer represen-tar, instruir os autos com a prova de quefaz jus a tal benefício sob pena de preclu-são e da aplicação da pena de confissãoquanto à matéria de fato.B

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25JUNHO DE 2009

LAZER

GLADSTON MAMEDE*

a coluna de abril, a in-dicação do BaronneCharlotte, um vinhobranco de 2003, inco-modou a alguns leito-res: não estaria velho

demais para ter todas as virtudes descri-tas? A observação é correta. É precisocuidado ao comprar um vinho branco. Aesmagadora maioria não resiste a mais detrês anos. Para ir além, é preciso fruta deótima qualidade e, preferencialmente, umestágio em madeira. Mesmo sabendo dis-so, janeiro trouxe-me um grande desafio:vinhos brancos com seis anos e ótimospreços. Muitos dos que comprei estavamimprestáveis. Alguns, porém, surprende-ram pela qualidade. Vale a pena, também, experimentar:

MontGras, chardonnay,reserva, 1999, 14% deálcool, Colchagua, Chile(R$ 75,00). Amarelo cla-

ro, bem cristalino, com cheiros cítricos,florais, além de manteiga. Corpo médio, re-dondo, equilibrado, elegante. Notas de pãode mel, chocolate branco e amêndoas.Delicioso retrogosto.

Lirac (Château Saint-Roch), 2003,12% de álcool, Cotes du Rhone, Fran-ça (R$ 77,00). Dourado claro, comcheiro forte: cevada, polvilho, mel,ameixas claras, jambo, frutas crista-lizadas, couro cru e castanhas. Cor-po médio, com notas de pêssego em

calda e pão de ló. Não é um vinho fácil,leve e refrescante; o sabor é complexo,com destaque para as leveduras de fer-mentação, determinando um amargor quecativa apreciadores de vinhos austeros.Longa persistência

Branco da Gaivosa, 2003, 12,5%de álcool, Douro, Portugal (R$88,00). Surpreendentemente pa-lha claro, quase translúcido e cris-talino, cheirando casca de limão,

Velhos improváveis

Nabacaxi, nata, aspargos, castanhas, fo-lhas verdes, minerais e pequenas floresbrancas. Corpo ligeiro para médio, comboa estrutura. Refrescante e complexo,explicando porque o enólogo responsá-vel pela safra, Domingos Alves de Souza,é considerado um dos melhores em Por-tugal. Notas gustativas de lima, herbáce-os e baunilha. Estupendo. Vendido pelaDecanter: [email protected]

De Martino, sauvignon blanc, singlevineyard, 2003, 13,5% de álcool,Vale de Casablanca, Chile (R$107,00). Palha claro, com reflexosesverdeados, com aromas de jas-mins, flor de maracujá, aspargos fres-cos, leite de coco, casca de limão e

cheiro verde. Encorpado, feito com fru-tas da melhor qualidade, o que lhe dá umavivacidade ímpar, própria e frescor inco-mum. Ótimo fim de boca. Vendido pelaDecanter: [email protected]

Manna (Franz Haas), 2003,13,5% de álcool, Alto Adige, Itá-lia (R$ 160,00). Os anos aindanão o venceram. Cor dourada

clara e aromas minerais, além de lima,flores brancas, palha, castanhas, aspar-gos, manteiga, mel, ervas aromáticas. Cor-po médio, cremoso, com excelente es-trutura e complexidade, revelando frutapotente e madeira muito bem aplicada.Boa persistência final. Vendido pela De-canter: [email protected]

DICA: Para quem está em Londres,uma boa opção para a compra de vi-nhos são as lojas da Majestic e OddBins. Mas, atenção: a Majestic, que temmelhores preços, só vende, no míni-mo, 12 garrafas.

*Advogado em Belo Horizonte (MG)[email protected]

TRIBUNA DO DIREITO

VALE A PENA

Ponto de partida, Marrakesh no Marro-cos, destino Merzouga povoado já nodeserto do Saara. Esse trajeto de mais oumenos 670 km, sem sombra de dúvidas,vale a pena ser percorrido. Marrakesh é aterceira maior cidade do Marrocos e contacom diversos monumentos consideradospatrimônio da humanidade. Um passeio pelaMedina, pela Mesquita dos Escribas, peloParque Agudal e Praça Jemaa el-Fna sãoobrigatórios. Cidade conhecida, missãocumprida, aluga-se um carro 4x4 parachegar no povoado de Merzouga. A via-gem é linda, cruza-se a Cordilheira do Atlaspassando por lugares e paisagens inesque-cíveis, dentre elas, o também consideradopatrimônio da humanidade, o Kasbah deAit Benhaddou. Os Kasbahs são constru-ções de cidades fortificadas para proteçãodos Berberes dos ataques nômades. OKasbah de Ait Benhaddou é um dos maisbem conservados e serviu de locação paradiversos filmes, dentre eles o Lawrence daArábia. Outro ponto interessante é a Gar-ganta de Todra. Localizada no vale que leva

o mesmo nome, a designação atribuídaao caminho circundado por paredões derochedo de 300 metros de altura que con-duzem o andarilho a um oásis. O pontoculminante da viagem é a noite no deser-to do Saara. Sem a interferência de qual-quer iluminação artificial o céu é mais es-trelado, uma imagem indescritível. Alémde lugares maravilhosos no Marrocos,come-se cuscuz de várias qualidades,todos ótimos e bebe-se excelentes chásde hortelã.B

Julia Affonso Ferreira Mesquita,advogada de Manuel AlceuAffonso Ferreira Advogados.

Internet

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26 JUNHO DE 2009

LAZER

TRIBUNA DO DIREITO

TURISMOROTEIROS E INDICAÇÕES

DE MARIA MAZZA

ara os brasileiros, prin-cipalmente os 25 milpraticantes de esqui ede snowboarding, asférias de meio de anoremetem à paraísos

gelados e os tradicionais biquí-nis e sungas dão lugar a casacões,cachecol e luvas. Para os queapreciam, a sugestão é Cerro Cas-tor, em Ushuaia, na Argentina, quepossui uma a estação de esquimais ao Sul do mundo.

Localizada na Terra do Fogo(um arquipélago a 3h30 de vôode Buenos Aires), a estação deesqui de Cerro Castor é a maisnova da Argentina: está a195metros do nível do mar e ocume chega a 1.057 metros.Tem 24 pistas espalhadas por28 quilômetros e é rodeada porbosques, montanhas, rios e la-gos. A temperatura varia entre(-) 5 e 5 graus positivos, e atemporada de neve se estendeaté a primeira semana de outu-bro. Os meios de elevação temcapacidade para 2.700 pessoas.

Além de esquiar e praticarsnowboarding, o turista poderávisitar o Parque Nacional Terrado Fogo, a uma hora de Ushuaia,a Baia Lapataia, um pedaço demar azul entremeado de forma-ções rochosas, e o lago Roca.

Em Cerro Castor, além daspistas, recomenda-se uma visi-ta ao restaurante Morada DelAguila para saborear um “corderofueguino”.

Cerro Castor, a opção de inverno

“Pacote”

O “pacote” inclui passagem aérea SãoPaulo/Buenos Aires/Ushuaia/Buenos Aires/São Paulo, pela Aerolíneas Argentinas, trêsnoites em Buenos Aires (com café da ma-nhã), duas na ida e uma na volta; city tourde meio dia pela capital argentina; seis noi-tes de hospedagem em Ushuaia, tambémcom café da manhã; excursão ao ParqueNacional; passeio de trenó e com motos deneve; acesso ao Cerro Castor em dois dias; etraslados a partir de U$ 1,438,00, mais ta-xas, por pessoa para saída dia 20. Não há ne-cessidade de visto, apenas de passaporte comvalidade de, no mínimo, seis meses ou carteirade identidade expedida há menos de 10 anos.Informações na Paramount Turismo, telefone(0xx11) 3465-9777.B

P

ampos do Jordão, na serra da Mantiquei-ra (SP),ganha este mês um novo-velho

hotel: o tradicional Villa Inglesa reabre, depoisde dois anos de restauração, com novo nome(Hotel Villa Mazzaropi). O novo-velho hotelpertence agora ao mesmo grupo empresarialque comanda o Hotel-Fazenda Mazzaropi,em Taubaté.

São 37 apartamentos com calefação, inclu-sive nos banheiros, ar condicionado quente efrio, TV de LCD com canais por assinatura, tele-fone e cofre. Algumas unidades dispõem de

banheira e varanda com vista para montanha.A diária para casal custa a partir de R$

390,00, com café da manhã. O valor não éválido para feriados e as reservas devem ser,nomínimo, para dois dias. Em julho, o “pacote”será de, no mínimo, cinco dias e custará a partirde R$ 3.450,00, com pensão completa. Infor-mações pelo telefone (0xx12) 3634-3429 ouem www.mazzaropi.com.brB

A volta do VillaInglesa, agora

Villa Mazzaropi

C

Divulgação

Divulgação

Page 47: Edição Junho 2009 - nº 194

27JUNHO DE 2009

PAULO BOMFIM

inha avó Zilota é umdos Elos de uma Cor-

rente, livro que LauraRodrigo Otávio escre-veu aos 100 anos. Nacomovedora evoca-

ção da viúva de Rodrigo Otávio Filho, aamiga de mocidade é fixada em traçosrápidos e sensíveis.

Foi em casa dessa avó que passei ainfância e os primeiros tempos de juventu-de. Ela e sua irmã Nicota foram figuras derara beleza. Viveram e envelheceram livresde maquilagem com os cabelos que foramse tornando a moldura grisalha de doisrostos moços até o fim de seus dias.

As duas possuíam donaire, uma pos-tura naturalmente elegante que se so-bressaía onde estivessem. Tia Nicota, fun-dadora de ligas assistenciais, foi, poste-riormente à Revolução de 32, o “anjotutelar dos exilados paulistas”. Enquan-to curtiam as agruras do exílio, houvena retaguarda alguém cuidando de suasfamílias com o mesmo desvelo com quecuidou, durante a Revolução, das famí-lias dos combatentes.

A expressão “anjo tutelar” foi dada porGuilherme de Almeida na ocasião de seufalecimento. Hoje, jaz sepultada no Mau-soléu do Soldado Constitucionalista, noIbirapuera, entre aqueles cujas famíliascuidou com tanto amor.

A seu lado jaz “Maria Soldado”, a hero-ína que deixou de ser sua cozinheira parase alistar na “Legião Negra”, onde se cobriude glória em vários combates. A grandesenhora repousa ao lado de sua antiga

Os dias claros de

minha infânciae m p r e g a d a . A sduas e Brisa, espo-sa de Ibrahim No-bre, são as únicasmulheres naquela“última trincheira”feita para receber oscombatentes do“glório São Paulode 32”, no dizer deGuimarães Rosa.

A intimidade en-tre o neto e sua avó resultou em muitasdas histórias que vou escrevendo. Atra-vés dela conheci o Imperador Pedro II, luteipela Abolição e participei da RevoluçãoMonarquista de 1902, chefiada por seu pai.

Foi a confidente de meus amores e aavalista de minha irresponsabilidade. Quan-do todos já me achavam um caso perdido,um boêmio irrecuperável, foi nela e em minhamãe que fui buscar forças para provar ocontrário. Evocando sua figura repito osversos que tio Carlos dedicou a ela:

Os dias claros de minha infância

Cheios de sol, cheios de ti.

Na cozinha, dando as ordens para ojantar, na sala de visitas recebendo inte-lectuais e artistas que frequentavam nossacasa, ao pé dos enfermos, nas crises enos momentos de dor, era sempre aque-la suave figura de paulista antiga, pou-sando sobre todos a bênção de suasmãos.

Quando penso nas dimensões quetransporei um dia, a esperança é saber quea eternidade principiou em minha infânciano sorriso de vovó Zilota.B

MInternet

POESIAS

LAZER

gora tu sabes tudoA ti revelei o meu segredoMas a pena que me imputastesFoi pior que o degredo.

Minha vontade é tantaDe me atirar em teus braçosNão tenho espaçoMeu coração fica em pedaços.

InsensívelAdelita Rodrigues de Farias

(Advogada)

Vou te arremessar um estilhaçoPreciso atingir o teu coraçãoQue é todo de açoE me deixa em embaraço.

Esse teu orgulho entãoA nada pode se compararEle te faz friamente repelirTodo esse meu querer a ti. B

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M. AMY

C R U Z A D A S

Horizontais

1-(Dir.Civ.) Que não se pode vender, ceder,em virtude de imposição legal.

2- (Dir.Civ.) Aquele que não tem meios para asua subsistência.

3-Consoantes de "foto"; A mítica prisioneira deArgos; (Dir.Pen.) Congênito, hereditário.

4-Salvou Deus da destruição de Sodoma.

5-(Dir.Civ.) Que cristaliza, segundo a mesmalei; Ministério da Agricultura.

6-Instrumento de madeira que serve paramanobrar pequenas embarcações; Sigla doMuseu de Arte Moderna.

7-(Dir. Civ.) Contrato que não tem denomina-ção especificado por lei.

8-(Dir.Comp.) Chefe etíope; (Dir.Civ.) Pessoas que pra-ticam ato jurídico,tendo responsabilidade por ele (pl.).

9 - Vogais de "tudo"; (Element.Comp.) Ar.

Verticais

1-(Dir.Civ.) Causar danos com maus tratos.

2-(Dir.Civ.) Filhos ou filhas em relação aos avós;(Dir.Marít.) Embarcação de grande porte.

3-Antes de Cristo (sigla); Robusto, vigoroso.

4-(Teor. Ger. do Dir.) Produto da legislação;(conjunção) e não.

5-(Dir.Const.) Igualdade de todos perante a lei.

6-Sigla do Estado do Espírito Santo; (Dir.Canôn.)Religioso que vive no mosteiro.

7-(Dir.Agr.) Local onde as fêmeas criam os fi-lhotes; As duas primeiras vogais.

8- (Di r .C iv . ) Regis t ro de assemblé ias;(Med.Leg.) Sigla da substância básica de to-dos os seres.

9 - Profeta; Divisa, lema.

10 - Antigo nome de Tóquio; Sigla do Es-tado do Maranhão; A segunda desinênciaverbal.

11 - Certo tecido ralo; Aquele que tem gran-de reputação, seja boa ou má.B

Soluções na página 10

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28 JUNHO DE 2009

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