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1 Orgão de divulgação do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal www.crmdf.org.br - [email protected] Revista Ano IX nº 6 nov./dez. de 2011 ISSN 1807-7285 CRMDF promove Fórum de Urgência e Emergência no DF

Edição Nov. e Dez. de 2011

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ética revista, edição nov. e dez. de 2011

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Orgão de divulgação do ConselhoRegional de Medicina do Distrito Federalwww.crmdf.org.br - [email protected] Revista

Ano IX nº 6 nov./dez. de 2011ISSN 1807-7285

CRMDF promove Fórum de Urgência e Emergência no DF

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Saúde no Brasil. O país tem urgência de ser bem tratado. E o seu médico também.

www.portalmedico.org.br

Como a maioria da população, os médicos não estão contentes com os problemas

da saúde no Brasil. Problemas que eles conhecem de perto, trabalhando todos os dias para

atender pacientes em condições muitas vezes desfavoráveis. Os médicos já fazem e podem

fazer muito mais pela sua saúde. Mas, para resolver os problemas da saúde no país, é

preciso que mais pessoas se juntem a eles: pacientes, empresários, entidades de classe,

políticos e governantes. A saúde no Brasil depende do compromisso de todos nós.

Conselhos de Medicina. Defendendo princípios, aperfeiçoando práticas.

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ÉTICA Revista - nov./dez. – 2011

ExpedienteÉtica RevistaISSN 1807-7285Ano IX, n.º 6, nov./dez., 2011Órgão oficial de divulgação do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal

Diretor responsávelAntônio Carvalho da Silva - [email protected]

Conselho EditorialAlexandre Morales Castillo OlmedoAlexandre Cordeiro Duarte XavierAntônio Carvalho da SilvaDimitri Gabriel HomarEdna Márcia XavierIran Augusto Gonçalves Cardoso

Jornalista responsável - Viviane C. Viana - RP 3081 / SJP DFEditoração eletrônica - Cartaz Publicidade Arte e diagramação - Marcelo Rubartelly Fotolitos e impressão - Kako Gráfica e EditoraçãoPeriodicidade - BimestralTiragem - 10.000 exemplares

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO DFDiretoriaPresidente - Dr. Iran Augusto Gonçalves CardosoVice-Presidente - Dr. Dimitri Gabriel Homar1.º Secretário - Dr. Farid Buitrago Sánchez2.º secretário - Dra. Josélia Lima NunesTesoureiro - Dr. Ricardo Theotônio Nunes de Andrade.

Departamento de Fiscalização Dr. Alexandre Cordeiro Duarte XavierDr. Ely José de AguiarDr. Marcela Augusta Montandon GonçalvesDr. Gustavo Bernardes (Suplente)

CorregedoriaDr. Alexandre Morales Castillo OlmedoDr. Antônio Carvalho da SilvaDr. Denise Prado de AlvarengaDr. Procópio Miguel dos Santos OuvidoriaDr. Antonio Carvalho da Silva

Conselheiros ALAN ANTUNES PINTOALEX FABIANE CASTANHEIRA ALEXANDRE CORDEIRO DUARTE XAVIER ALEXANDRE MORALES CASTILLO OLMEDO ANTONIO CARVALHO DA SILVA CAMILO DE LELIS DE MELO CHAVES JUNIOR DANILO LIMA TORRESDAVI CELSO DE SOUZA CRUZ RODRIGUES DENISE PRADO DE ALVARENGA DIMITRI GABRIEL HOMAR EDNA MARCIA XAVIERELY JOSE DE AGUIARFABIO ZANFORLIN BUISSA FARID BUITRAGO SANCHEZFELIPE DIAS MACIEL DINIZGERIVAL AIRES NEGRE FILHOGUSTAVO BERNARDESICARO ALVES ALCANTARAIRAN AUGUSTO GONCALVES CARDOSOJAIME MIRANDA PARCAJAIR SHIGUEKI YAMAMOTOJOSE DA SILVA RODRIGUES DE OLIVEIRAJOSE NAVA RODRIGUES NETO JOSE RICARDO SIMOES JOSELIA LIMA NUNESLEONARDO RODOVALHO LEONILDA MARION LUCIA ELMARA MARTINS PARCA LUIZ ANTONIO RODRIGUES AGUILA MARCELA AUGUSTA MONTANDON GONCALVES MARCELO SALOMAO ROXO MARCIO SALOMAO ROXOMARCOS GUTEMBERG FIALHO DA COSTA MARIA DA CONCEICAO PINTO CORREA ALVESMIRZA MARIA MOREIRA RAMALHO GOMESPROCOPIO MIGUEL DOS SANTOSRENATO ALVES TEIXEIRA LIMARIAN PASCOAL CAMPELO RICARDO THEOTONIO NUNES DE ANDRADEROBERTO DE AZEVEDO NOGUEIRA ROGERIO NOBREGA RODRIGUES PEREIRATATIANA MIRANDA LEITE DE SIQUEIRA

Conselho Regional de Medicina do Distrito FederalSRTVS Quadra 701 – Centro Empresarial Assis Chateaubriand, Bloco II, 3.º andar, salas 301-314, Brasília-DF- CEP 70340-906 Tel.: (61) 3322-0001 Fax: (61) 3226-1312E-mail: [email protected]

Publicação de interesse cultural e distribuição gratuita. Permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que seja citada a fonte. As matérias e os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da diretoria do CRM-DF. Os artigos para a Ética Revista devem ser enviados para o endereço do CRM-DF ([email protected]) ou para o endereço eletrônico da instituição ([email protected]). Caberá ao Conselho Editorial aprovar a publicação. A Ética Revista adota as normas oficiais do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABNT, do INMETRO e as normas de Vancouver (bibliografias).

OpiniãO dO COnselheirO ...................................................................................................4resOluçãO ....................................................................................................................... 28nOtas ............................................................................................................................... 30

Sumário

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Artigo partiCipaçãO dO estudante de mediCina na aprOvaçãO dO atO médiCO

Artigo

para Onde Caminha a mediCina?

22estudO apOnta para a desigualdade na ditribuiçãO de médiCOs nO brasil

Artigo

privatizações e Outras mumunhas

CrmdF prOmOve O i Fórum de urgênCia e emergênCia nO dF

19senadO avalia prOjetO que trata sObre O atO médiCO

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Opinião do Conselheiro

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Opinião do Conselheiro

da Copa

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Diante de tanta celeuma frente aos preparativos para os jo-

gos da Copa do Mundo e Olimpí-adas de 2014/16, vemos, lemos e ouvimos de tudo. Desde os céticos que, enquanto autênticos colonos, torcem contra e, acham que nós, brasileiros como eles mesmos, não temos capacidade para realizá-las! Quanto à imprensa sensacionalis-ta (que para estar em evidência), põe defeito em tudo, para vir, mais adiante, dizer que sempre pres-tigiou e confiou nas providências ora tomadas, etc. O filme já foi vis-to muitas vezes!

Como não poderia deixar de ser, especialmente no Brasil, os in-dícios de corrupção, superfatura-mento e outras mazelas, também contribuem para o descrédito da programação das obras necessá-

Filhos

rias a eventos como esses, de in-discutível magnitude e importân-cia ímpar, para qualquer país do mundo e, especialmente para o nosso, que precisa se firmar, cada vez mais, no cenário internacional.

É importante salientar que o Brasil precisa estar preparado, não somente com as instalações esportivas, com belos e modernos estádios, ginásios, piscinas e pis-tas de atletismo. É imprescindível que se atue na construção das suas vias de acesso, na estrutura da rede hoteleira, nos aeroportos, nos restaurantes, nos transpor-tes, na segurança, no preparo dos guias de turismo, taxistas, gar-çons e tantos outros profissionais. Estes últimos já deveriam estar em treinamento intensivo para apren-der e dominar bem, pelo menos o

inglês, que é a língua mais usada pelos turistas estrangeiros.

Enquanto médicos, temos redo-bradas preocupações com a rede hospitalar e seu aparelhamento que hoje está sucateado, desde a Capital Federal até os demais es-tados onde se realizarão os jogos. É imprescindível que as autorida-des estejam atentas, não apenas para o aumento no volume dos serviços, o que é óbvio, mas, que também devam estar preparadas, sobremaneira, para eventuais e possíveis eventos extraordiná-rios (agitações, distúrbios, aci-dentes, excesso de consumo de álcool e outras diversas drogas, etecetera, etecetera.).

Para quem é nascido no Rio Grande do Norte e sabe das his-tórias de Natal, daquela Natal da

Por Dr. Antonio Carvalho da Silva

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Opinião do Conselheiro

2ª Guerra Mundial, que ainda du-rante e, após a saída dos solda-dos norteamericanos (ali sedia-dos por algum tempo), viu uma chusma de pequenos brasileiri-nhos de olhos azuis, entregues ao “Deus dará”, a preocupação é também de outra ordem.

Quantos e quais serão os bra-sileiros “filhos da copa”?

Dissemos – filhos da copa...!Certamente não serão poucos.

E a pergunta que não quer calar é: está a nossa Previdência Social pronta para protegê-los? Estão os nossos ministérios da Saúde e da Educação orientando, edu-cando, crianças e adolescentes, para os transtornos que certa-mente advirão?

No país do carnaval, de início, tudo será festa, depois... virão as lágrimas e um punhado de mães--solteiras, sem ter a quem apelar, por uma pensão alimentícia para criar e educar os seus filhos.

Eis por que nossas autoridades têm que se prevenir com intensas e perenes campanhas contra as doenças sexualmente transmissí-veis (DST-AIDS), com os mecanis-mos eficientes de distribuição de todos os meios possíveis de con-traceptivos (camisinhas, pílula do dia seguinte, etc.), contra a po-tencialização do tráfico de drogas, contra a direção irresponsável de motoristas embriagados, contra a intensificação da criminalidade, o tráfico de armas e tantas outras situações de perigo.

Temos que nos preocupar, te-mos que planejar, temos que trei-nar para não sermos apanhados de “calças curtas”.

Essa história de que Deus é brasileiro, de que Deus proverá é conversa de quem não sabe que “prevenir é melhor do que remediar”.

Eis aqui as nossas apreensões com os filhos da copa!

No país do carnaval, de início, tudo será festa, depois... virão as lágrimas e um punhado de mães-solteiras, sem ter a quem apelar, por uma pensão alimentícia para criar e educar os seus filhos.

Antonio Carvalho da Silva

é médico formado pela Universidade de

Brasília;“fellowship nell’Universitá degli

Studi di Roma - La “Sapienza” - Itália;

Fellowship nell’Istituto di Anestesiologia e

Rianimazione della Facoltá di Medicina e

Chirurgia Agostino Gemelli dell’Universitá

Cattolica del Sacro Cuore, di Roma – Itália;

Doutor em Oftalmologia pela Universidade

de São Paulo – FMRP; Conselheiro Regional

e Diretor da Ética Revista do CRMDF.

E-mail: [email protected]

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Artigo

A Medicina, como profissão mais antiga da Humanidade,

passa a ser a mais respeitada na sociedade, pois lida com o bem maior de ser humano: a vida.

Essa mesma sociedade que res-peita e abraça a Medicina cobra do médico uma postura e uma atuação quase divinas, quase infa-líveis. A consciência e a responsa-bilidade desses deveres devem ser repassadas aos estudantes de Me-dicina, futuros profissionais, que têm no Juramento hipocrático a certificação dessa verdade. Cabe aos cursos de Medicina orientar

os futuros médicos que, na busca da realização profissional, terão suas trajetórias permeadas por mais deveres que direitos quando inseridos no contexto social.

Particularmente, na sociedade brasileira, onde a legislação beira a primazia em sua argumentação, mas peca pelo amadorismo na sua aplicabilidade, ao longo do tempo, os profissionais da medi-cina foram envolvidos pela aco-modação e não se deram conta que a profissão médica tem seus referenciais, e que aos poucos, com o desenvolvimento da socie-

Participação do estudante de medicina na aprovação do PL sobre a regulamentação da profissão médica – Ato Médico

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alunos presentes, ou seja, 20% do corpo discente do Curso de Medi-cina da FACIPLAC, uma faculdade nova, com um curso reconhecido e bem avaliado pelo MEC, que já formou nove turmas de médicos e já conta, entre seus egressos, com profissionais médicos vito-riosos e competentes, aprovados em vários concursos públicos e de residência médica e já exercendo a Medicina dentro dos limites da ética e da seriedade.

Se soubermos trabalhar com sabedoria, esse número tende a se multiplicar, cerrando fileiras na defesa da nossa profissão.

Artigo

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dade, teve seus limites invadidos por outras profissões que se orga-nizaram e se regulamentaram.

Esses argumentos são, talvez, uma tentativa, uma razão social, em virtude do nosso tempera-mento latino quase displicente, de explicar a não regulamentação da nossa profissão.

Mobilizar o estudante de Me-dicina para essa luta não é uma tarefa fácil, pois eles se espelham em incontáveis exemplos de pro-fissionais acomodados, portado-res de uma falsa segurança do exercício de uma profissão que se perde com o início da história da humanidade e que o tempo lhe assegura confiabilidade quanto a seu lugar na sociedade.

Faço essas considerações, no sentido de alertar nossos órgãos de classe que a regulamentação da profissão médica em nosso País é uma tarefa que deveria ter sido já concluída, há algum tem-po, nas salas de aula do Curso Médico. Acredito que essas mes-mas razões levaram os dirigentes dos nossos Conselhos e Sindica-tos a solicitar uma atitude res-ponsável e solidária dos nossos alunos. Foram esses argumentos que usei para levá-los a respon-der ao convite do Sindicato dos Médicos do DF.

Na minha opinião, eles nos responderam positivamente. A participação, nós sentimos, foi expressiva. Lembremo-nos que esses alunos estão em pleno se-mestre letivo, que são jovens, al-guns ainda na adolescência, mas que tiveram durante toda sessão uma postura adulta, acompa-nhando com serenidade todos os diálogos e vibrando com o resul-tado positivo, como se a cada um tivesse sido conferido um grau de participação única e decisiva. Não devemos nos esquecer de que a memória da juventude não segue o tempo. O importante é a repeti-ção desses estímulos para que sua participação continue contribuin-do na nossa luta.

Foi extremamente positiva a maneira como o Sindicato dos Médicos do DF, o Conselho Re-gional de Medicina do Distrito Federal e o Conselho Federal de Medicina os receberam, os aco-lheram e valorizaram sua partici-pação. É importante também que o jovem se sinta liderado, pois ele está em uma situação nova e em um ambiente novo, diante de uma responsabilidade maior e de uma situação que já devia ter sido resolvida pelos adultos, seus antecessores e mestres. Conta-mos, naquela ocasião, com 107

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Dra. Glória Andrade

Coordenadora Geral do Curso de

Medicina das Faculdades Integradas da

União Educacional do Planalto Central

(FACIPLAC)

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Artigo

No dia 09 de junho de 2012, fui submetida a um proce-

dimento cirúrgico por videolapa-roscopia, sem intercorrências. No entanto, antes de realizar qual-quer cirurgia, o médico solicita exames complementares e risco cirúrgico. Realizei exames labo-ratoriais, radiografia de tórax e ECG, que foram todos normais. Por comodidade, agendei uma consulta com cardiologista numa Clínica Privada do DF, que atende o convênio que possuo.

Fui avaliada por um cardio-logista, que colheu dados da anamnese e antecedentes. Fez ausculta cardíaca e pulmonar e aferiu pressão. Prontamente, fui informada de que o exame físico estava normal, com pressão arte-rial de 120 x 80 mmHg.

Levei, ao conhecimento deste profissional, dois pareceres car-díacos de cirurgias anteriores, em que fui categorizada como ASA I, que corresponde a paciente

assintomático de baixo risco. Esta-va certa de que com estas avalia-ções, o parecer seria emitido com prontidão, já que a cirurgia estava agendada para a semana seguinte.

Para minha surpresa, o profis-sional entregou um pedido com as seguintes solicitações: Teste Er-gométrico, Ecodopplercadiogra-ma color, Ecodoppler de artérias carótidas e vertebrais color. Con-tra argumentei que era médica, assintomática, com exames com-plementares normais e que não tinha antecedentes patológicos importantes e, se seria possível que ele emitisse um parecer, com base nestas informações. Simples-mente, o colega respondeu: “Vc não vai escapar... Só vou emitir o parecer depois dos exames”. E completou: “Todos estes exames são feitos nesta clínica”.

Desolada, saí do consultório sem entender a situação. Aprendi nas cadeiras da Faculdade de Me-dicina que a avaliação pré-opera-

tória complementar de um pacien-te assintomático, de 41 anos, que nunca foi fumante, não faz uso de medicamentos, não é obeso, não tem antecedentes mórbidos importantes restringe-se a RX de tórax, ECG e alguns exames la-boratoriais. Talvez meus conheci-mentos estivessem defasados... E como todo profissional da ativa, realizar aqueles exames implica-riam, no mínimo, em faltas desne-cessárias ao trabalho, suspensão de compromissos e uma carga de pressão infundada.

Mais tarde, ao analisar o pedi-do do colega, surpreendi-me com as indicações dos pedidos de exa-mes: CIDsE.14 -Diabetes Mellitus não especificado (não tenho pais diabéticos, muito menos sou dia-bética); E.78 - Distúrbios do meta-bolismo de lipoproteínas e outras lipidemias (todos os meus exames anteriores mostram lipidograma completo normal e tenho IMC classificado como normal); além

Para onde caminha a Medicina?

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Artigo

deI.10 - Hipertensão Essencial Pri-mária (detalhe – nunca tive sequer um pico hipertensivo isolado).

Decidi então, que marcaria nova avaliação cardiológica. Agendei em outra Clínica da medicina privada. O colega, mesmo sem saber que eu era médica, criteriosamente, colheu dados da história, fez exame físico detalhado, incluindo palpação ab-dominal, avaliação de pulsos peri-féricos e com os mesmos exames complementares da primeira ava-liação, emitiu o parecer cardíaco – ASA I, NYHA I, Goldman I – baixo risco cirúrgico, o que possibilitou a confirmação da data previamente agendada para a cirurgia.

Como Professora da Faculda-de de Medicina, que enfatiza a importância da semiologia no exercício da profissão e impelida por curiosidade, resolvi fazer um breve levantamento bibliográfi-co sobre o assunto. Quem sabe, todo o avanço tecnológico e a medicina cada vez mais defensiva pudessem justificar o calhamaço de exames complementares solici-tados pelo primeiro cardiologista.

Não está claro se pacientes assintomáticos ASA I, com idade superior a 40 anos, beneficiam-se com a realização de exames labo-ratoriais de rotina. Para este caso, em particular, exames como: RX de tórax, ECG e bioquímica san-guínea têm classe de recomenda-ção IIa, com nível de evidência C, ou seja,não há consenso de que o uso rotineiro destes exames mais

simples esteja relacionado à redu-ção ou predição de complicações perioperatórias, muito menos de exames mais complexos. Além disso, não encontrei quaisquer referências ou embasamento científico quanto à solicitação de Teste Ergométrico, Ecodopplerca-diograma color, Ecodoppler de ar-térias carótidas e vertebrais color, especificamente neste contexto. Talvez isto justifique o porquê dos CIDs fictícios usados pelo profis-sional, provavelmente, conhece-dor deste fato.

A II Diretriz de Avaliação Perio-peratória da Sociedade Brasileira de Cardiologia (Arq. Bras. Cardiol. vol. 96 nº 3 supl.1 São Paulo 2011) reforça os dados acima e alerta para os riscos na realização de exa-mes complementares desnecessá-rios. Não apenas por gerar uma carga de ansiedade no paciente, mas também por não trazerem

quaisquer benefícios em relação às mudanças nos planos operatórios.

Somam-se a este fato, os prejuí-zos indiretos relacionados ao tem-po gasto na realização de exames, que implica em faltas injustificadas ao trabalho, gastos pessoais des-necessários, especialmente quan-do há desembolso por co-partici-pação das seguradoras de saúde e também a sobrecarga emocional, para a marcação de exames, o tempo gasto na sala de espera, o grau de ansiedade dispensável ao deparar com laudos que emitem conclusões de significado incerto, dissociados da clínica.

Uma série de perguntas vem à mente com esta nova modali-dade de exercer a Medicina, que passa de defensiva à OFENSIVA. Qual a intenção em pedir tantos exames complementares, mesmo consciente da falta de benefícios? Por que forjar CIDs? O que estará por trás desta prática desumana e imoral, que transforma a rela-ção médico-paciente numa mera relação de consumo em que a parte mais frágil é escancarada-mente explorada? Será uma prá-tica comum, cuja ganância leva à cegueira, diante de colegas da mesma profissão? E sob esta óp-tica desalentadora, tudo converge numa única pergunta: Para onde caminha a Medicina?

Uma série de perguntas vem à mente com esta

nova modalidade de exercer a medicina, que

passa de defensiva à OFENSIVA. Qual a intenção

em pedir tantos exames complementares, mesmo

consciente da falta de benefícios?

Lisiane Seguti Ferreira, neuropediatra,

neurofisiologista e professora da Facul-

dade de Medicina da UNB.

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Privatizações e outras mumunhas

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Artigo

É surpreendente que dirigen-tes de plantão, acomodados

em cargos públicos, proponham soluções para problemas de Saú-de pelo erguimento de obras de cimento e lata. É certo que para a concretização de tão esdrúxu-la pretensão contam com recur-sos extraídos da sociedade, nas quantidades desejadas e sempre tempestivamente. Agem como guias plenipotenciários, melhor seria dizer: faróis de araque. Tais

construções não raro explodem em escândalos avassaladores de perversa corrupção, cantados em verso e prosa. Na história recente, a crônica social está com a barriga cheia deles. Os cidadãos são pro-va viva e constrangida da persis-tência de tantos desvarios.

Referimo-nos à agilidade com a qual se movimentam gestores, como gostam de ser chamados, quando vislumbram possibili-dades de novos investimentos

Privatizações e outras mumunhas

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Artigo

de cimento, ferro e pevecê. Em nome de particular eficiência, construída por meio de agências de comunicação de massa, geral-mente situadas a quilômetros de distâncias de razões confessáveis ou objetivas, superam-se crité-rios técnicos e administrativos, regulares e legais, para o favo-recimento de parcerias empre-sarias privadas, ávidas de lucros incessantes e excessivos. Parce-rias sempre apresentadas como fonte de inspiração divina e po-der intransponível na superação de pendências acumuladas nas famosas heranças malditas. As instâncias regulares de controle do Poder Público evisceram, de rotina, as fraudes que, amiude-mente, infestam acordos entre Estado e iniciativa privada. Não é exagero dizer-se que, há muito tempo, o sentimento da socieda-de por estas classificadas sujei-ras deixou de ser de indignação; agora parece ser de acomodação, como a de quem se posta diante de inevitável desgraça, só encon-trada em relatos medievais. Sin-ceramente, mesmo considerado o país capitalista e de orientação neoliberal em que vivemos, estes esquemas soam como vergonho-sos demais, portadores que são de racionalismos sectários e fran-

camente aviltantes da dignidade que se quer ter.

Seria bom que tais pretensões de tijolos, lata e pevecê, que acompanhamos como edifica-ções inúteis se materializassem, na ambição que motivou a queda de Ícaro no Mar Egeu, por ter ele perdido a cabeça, enlouquecido por aprender a voar, mesmo que precariamente. A penosa dife-rença que pode se estabelecer é que Ícaro teve morte meramente iniciática — e vive de outras ma-neiras; diferentemente do que parece ser o destino dos gestores da modernidade.

Aos prosélitos de tempo inte-gral de iniciativas de tinta e lata, tão a gosto nos dias de hoje, pa-rece-nos obrigatório lembrar que, ao se desejar um sistema de saú-de resolutivo, toma-se por princí-pio a tarefa de fazê-lo em favor da dignidade humana como valor fundamental, em torno da qual se organiza imprescindível lógica.

Em Saúde, definitivamente, na- da pode substituir a ação huma-na a intermediar, com ética, o conhecimento científico em favor de quem dele precisa. Em Saúde é preciso ter-se alma, em opos ção ao desregrado intento do l cro, que se escora em lógica de mercado, que imagina, impor-se

a qualquer preço, pago por quan-tos dinheiros necessários.

Um sistema público de saúde, conduzido com recursos públicos, sob inspiração e compromisso públicos tende a promover a in-clusão social que se busca como atributo de justiça social. E não é mera simplificação dizer-se que a lógica do mercado é excludente, pois que em muitos pontos mun-diais exemplos por demais conhe-cidos confirmam-no.

De fato, ou se prioriza a condi-ção humana, em sua mais legíti-ma dimensão, em detrimento do lucro, ou se especializam os lucros em detrimento da humanidade: tercius non dactur. Fora disto tudo será matéria de ambiguida-de, falsa alternativa, de retórica comumente oportunista, propa-gada por mercadores de ilusão, sectários ao seu turno, promi-tentes de redenção sanitária por meio de estratégias construídas sobre os pilares de eficiência da iniciativa privada. No campo das ambiguidades, a imaturidade é inaceitável como patrimônio de incautos gestores públicos. Mas sobretudo, o que se constata, in-felizmente é, via de regra, desa-vergonhado jogo de dissimulação que dá cobertura e cobertor a um neo-sanitarismo emergente entre

Todos temos constatado como as soluções de cimento e fraude transformam-se em edifícios sem credibilidade e como passam, rapidamente, a cumprir o destino que se lhes reserva: o esquecimento.

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Notícias

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nós, de origem burocrático-pala-ciana, de forte viés privatista, ins-pirado (quem sabe?) no “realismo político de esquerda” em voga no país. Os seguidores deste verda-deiro tsunami juram poder cons-truir o SUS pelo único caminho possível: pelo repasse da gestão de serviços, de responsabilidade e inspiração públicas, para a ini-ciativa privada. Mesmo que isto signifique vergonhosa renúncia de suas obrigações institucionais.

Todos temos constatado como as soluções de cimento e fraude transformam-se em edifícios sem credibilidade e como passam, ra-pidamente, a cumprir o destino que se lhes reserva: o esqueci-mento. Até que por degradação temporal sejam recuperados por novos investimentos de ferro e ti-jolos, sob suspeitas generalizadas de uma sociedade crescentemen-te avessa às mutretas, embora ví-tima costumeira delas.

Não se exige de ninguém sabe-doria plena para discernir como é impossível construir-se um siste-ma público de atenção à saúde, com as características do SUS, atravessando a iniciativa privada, voraz e predadora, no setor de serviços. E a gestão terceirizada tem potencial suficiente para im-plodi-lo, por razões sobejamente evidenciadas. Defender tais pos-tulados não reconhece a decisão da sociedade brasileira construí-da ao longo de decênios de es-forço e luta.

Entre nós, no Distrito federal, chocam as decisões por prédios de lata e cobertura de cimento que, mesmo antes de atingirem a configuração de construções já são garbosos exemplos de ruínas. Choca, também, o fato de termos unidades subaproveitadas, como o Hospital Regional do Paranoá, que é observado por pessoas pro-gressivamente mais atônitas, por cima de cerca de poucos fios de arame, enquanto prosperam no-vas iniciativas de lata e prego, junto com o intento das gestões terceirizadas. Verdadeiros ícones de farsa gigante, que pode trans-formar-se em tragédia de anões.

Estaria de bom tamanho se os gestores da saúde do atual gover-no reconhecessem, com clareza, as prerrogativas das instâncias concebidas para o SUS, como des-critas e legais, para implementa-ção vitoriosa do sistema, que há de permanecer e projetar-se para muito além de um ou dois man-datos políticos.

Estaria de bom tamanho, tam-bém, se tivessem ouvidos para ouvir, olhos para ver que as ins-tituições e setores do Setor Saú-de, como Conselhos, Sindicatos, servidores, Ministérios Públicos, políticos de bom nome, cate-gorias profissionais, técnicos da própria Secretaria de Saúde, e tantos outros, postam-se pe-remptoriamente contra, em cla-ro desfavor destas opções que traem a esperança da sociedade

e maculam a imagem de quem por elas se empenha.

Haverá de chegar um tempo em que prevalecerá o que é de natu-reza justa e consensual. Aí, então, estaremos a salvo da impostura de prédios de lata, de gestões ter-ceirizadas, de privatizações e de outras mumunhas mais.

Dr. Jairo Bisol

Promotor de Justiça da Prosus/MPDFT

Dr. Franz Rulli

Médico e ex-Conselheiro do CRMDF

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Notícias

CRMDF promove o I Fórum de Urgência e Emergência no DF

Com o objetivo de qualificar o atendimento emergen-cial, o Conselho Regional de Medicina do Distrito

Federal (CRMDF) promoveu um fórum gratuito, de âm-bito nacional, sobre as medidas de urgência e emergên-cia nos atendimentos. Realizado em Brasília, no mês de novembro, o evento reuniu mais de 200 participantes, entre médicos e estudantes de Medicina. Temas relacio-nados à regulação médica de urgência, aos sistemas de atendimento ao trauma e ao uso racional de dispositivos foram debatidos durante os três dias de evento, além de outras questões essenciais para o atendimento emer-

O evento abordou temas relevantes para médicos de diferentes especialidades e estudantes de Medicina. Profissionais renomados promoveram palestras para mais de 200 participantes.

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Fotos: Ray Sampaio

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Notícias

e hipotermia. Todos foram orien-tados sobre as técnicas, medica-mentos e aparelhos necessários para reverter os referidos casos. Na oficina de suporte básico de vida, os alunos aprenderam inclusive a realizar manobras de ressucita-ção cardiopulmonar, em adultos e crianças, uso de desfibrilador externo automático, desobstrução de vias aéreas e uso de autopulse com imagem automática.

Já na oficina de suporte avan-çado de vida, o uso da telemedici-na foi tratado como solução para diagnósticos precoce no pré-hos-pitalar de pacientes com infarto agudo do miocárdio. Durante a aula de tele medicina, foi apresen-tado inclusive um aparelho que faz o eletrocardiograma e envia o exa-me automaticamente para o Hos-pital do Coração em São Paulo. Os médicos da unidade, por sua vez, emitem em poucos minutos o lau-do para os celulares do médico do SAMU do Distrito Federal, técnica avançada e pioneira nos atendi-mentos de urgência e emergência. O aparelho foi testado pelos parti-cipantes.

Bonecos de treinamento pró-prios para a realização de massa-gens cardíacas e de outros proce-dimentos, modelos de pistola com ponto de acesso vascular, máscara para entubar, aparelhos que viabi-lizam a entubação por visão direta e outros equipamentos de última geração, utilizados no atendimento de urgência e emergência, foram apresentados e utilizados pelos par-ticipantes das oficinas. A avaliação

gencial, como reanimação cardio-pulmonar e emergências neuro-cardiovasculares.

O fórum promoveu também oficinas voltadas para as técnicas de via aérea difícil, suporte básico e avançado, tele medicina, imobi-lização e transporte de pacientes. Equipamentos de última geração, disponibilizados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-DF), foram utilizados nas

oficinas. Havia inclusive bonecos de treinamento, que tornaram mais eficazes as atividades. Os alunos tiveram a oportunidade de aprender e treinar, por meio dos equipamentos fornecidos, as técnicas essenciais para manter o quadro estável dos pacientes.

Os palestrantes orientaram os participantes sobre como proce-der em situações de infarto, de pressão alta, parada respiratória

Palestrantes e conselheiros do CRMDF reunidos no final do evento.

O conselheiro Ícaro Alcântara participou da mesa redonda sobre regulação médica de urgência.

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dos alunos do curso foi extrema-mente positiva perante a pesquisa de opinião realizada pelo CRMDF.

O sucesso do curso se deve principalmente a comissão orga-nizadora do evento, que se pre-ocupou em reunir profissionais renomados de diferentes regiões do país para participar das mesas de discussão. Entre os debatedo-res presentes, estava o presidente da Associação Brasileira de Medi-cina de Emergência (Abramede), Frederico Arnaud, o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência (Abra-murgem), Fernando Sabiá Tallo, o coordenador geral de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde, Paulo de tarso Abraão, o diretor da Sociedade Brasileira de Atendimento Integral ao Trauma-tizado, Sandro Scarpelini.

“O nosso objetivo é aperfeiçoar o atendimento de emergência no país. É fundamental o aprimora-mento dos profissionais que tra-balham nesse setor. Por meio da atualização, os médicos tornam--se cada vez mais capazes de evi-tar as intercorrências, as sequelas e até mesmo o óbito dos pacien-tes. Acredito que congressos deste porte sirvam para motivar, atuali-zar e incentivar os médicos, além de colaborar ainda mais com o progresso nos atendimentos. O CRMDF pretende promover ou-tros fóruns deste tipo”, afirma Iran Augusto, presidente do Conselho Regional de Medicina. Na oportu-nidade, o presidente parabenizou a comissão organizadora do even-

to, em especial o Conselheiro Ely José de Aguiar, o qual tanto se de-dicou à realização do I Fórum de Urgência e Emergência no Distrito Federal. O CRMDF contou também com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM), Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas (Coopanest), Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-DF) na realiza-ção desse evento.

Alunos inscritos no fórum tiveram a oportunidade de participar de diferentes oficinas e de aprender a manusear equipamentos de última geração.

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O cenário encontrado na Uni-dade de Pronto Atendimento

(UPA) de Samambaia era alarman-te. Com o intuito de reverter a si-tuação, os membros do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRMDF) decidiram no dia 23 de novembro apoiar o indica-tivo de interdição ética na unida-de. Inaugurada desde fevereiro de 2011, a UPA já apresentava diver-sas irregularidades, havia inclusive um déficit significativo de médi-cos, o que gerava prejuízo nas es-calas de atendimento. Durante a fiscalização, realizada em novem-bro, o CRMDF constatou que os

plantões da UPA funcionavam com poucos médicos. Algumas especia-lidades, como a pediatria, ficavam com apenas um ou, até mesmo, sem nenhum médico na escala em determinados momentos.

Foi observado ainda pelo de-partamento de fiscalização que os médicos da unidade estavam sobrecarregados devido à reali-zação de plantões sucessivos e ao acúmulo desumano de carga horária. Vale acrescentar ainda que a demanda da unidade era considerada alta. Nos primeiros nove meses de funcionamento, a UPA já havia realizado mais de

CRMDF fiscaliza condições de atendimento na UPA de Samambaia

“O déficit de profissionais e a precária estrutura da Unidade de Pronto Atendimento inviabilizavam o atendimento e prejudicavam a segurança dos médicos.”

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70 mil atendimentos. Funcio-nários do local alegaram tam-bém que a mudança de gestão da unidade, transferida naque-le momento para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), não havia solucionado grande parte dos problemas do corpo clínico. Muitos médicos haviam solicitado inclusive re-moção da UPA, o que colaborou com a redução no quantitativo de profissionais.

Outros problemas estruturais também chamaram a atenção dos fiscais do CRMDF. Havia, por exem-plo, pouca circulação de ar no am-biente, o que poderia gerar uma

contaminação hospitalar. A falta de bioquímicos no laboratório de análises da unidade também foi verificada pelo Conselho. O pro-motor de justiça Jairo Bisol do Mi-nistério Público do Distrito Federal (MPDFT) esteve presente na fis-calização e também não aprovou a estrutura daquela Unidade de Pronto Atendimento. Foi obser-vado ainda que a esterilização de materiais era realizada no Hospital Regional de Samambaia e não na própria unidade.

Vale lembrar que o Conselho Regional de Medicina já havia constatado irregularidades em duas outras fiscalizações, rea-

lizadas na UPA de Samambaia, durante o ano de 2011. Em cada uma delas, a direção da unidade e a Secretaria de Saúde foram noti-ficadas sobre os problemas apre-sentados, mas apesar disso, nada havia sido feito para reverter o quadro até o início do mês de de-zembro. O CRMDF verificou tam-bém que as inscrições da UPA de Samambaia e do seu Responsá-vel Técnico também não haviam sido realizadas junto ao CRMDF, o que contraria a Lei nº 9.656 de 1998. O secretário de Saúde Rafa-el Aguiar Barbosa também foi no-tificado sobre a obrigatoriedade desses registros.

A diretoria e o departamento de fiscalização do CRMDF reu-niram-se, no mês de janeiro, com o corpo clínico e a diretoria da referida Unidade de Pronto Atendimento a fim de cobrar soluções para reverter a precariedade existente na UPA. Na oportunidade, foi estipulado um novo prazo para que os responsáveis sanassem os casos denunciados. No entanto, nada foi feito até o término do prazo estipulado pelo Conselho. Diante disso, os conselheiros deci-diram em reunião plenária realizar uma interdição ética profissional na Unidade de Pronto Atendimento de Samambaia, ato consolidado em 13 de fevereiro de 2012. Após a interdição, os médicos ficaram impedidos de atuar na unidade até que a referida unidade apresen-tasse condições mínimas para a prática segura do exercício médico e para um atendimento adequado.

A reabertura da Unidade de Pronto Atendimento foi discutida durante a audiência, promovida pelo Comitê Executivo de Saúde, em 14 de março de 2012. Na ocasião, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRMDF), Iran Augusto

Cardoso, e os demais conselheiros decidiram suspender a inter-dição após aceitar o compromisso firmado pelo secretário interino de Saúde, Elias Fernando Miziara, em manter a escala da UPA de Samambaia com quatro médicos, no mínimo, por turno.

Ficou estabelecido ainda que a pediatria da referida unidade terá como referência os Hospitais Regionais de Samambaia (HRSam), Taguatinga (HRT), Asa Norte (HRAN) e o Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). A especialidade de clínica médica terá também como referência o HRSam. Diante disso, os casos de maior com-plexidade serão encaminhados para os hospitais citados. Miziara comprometeu-se em manter inclusive uma escala independente na emergência de pediatria e clínica médica do Hospital de Samam-baia, o que não ocorria até o momento. De acordo com o secretário interino, os médicos escalados para a UPA irão atuar somente na unidade e os profissionais de Medicina destinados ao HRSam, por sua vez, irão cumprir a sua escala exclusivamente na emergência do hospital.

Saiba mais

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O conselheiro Dimitri Gabriel Homar representou o CR-

MDF na audiência da Comissão de Constituição e Justiça, reali-zada no Senado Federal, no dia 14 de dezembro. Membros de outros CRMs do país também presenciaram a audiência. Na ocasião, os conselheiros defen-deram a importância da apro-vação do Projeto de Lei do Se-nado (PLS), que dispõe sobre o Ato Médico.

O senador Antonio Carlos Vala-dares (PSB-SE), relator do projeto, apoiou a aprovação do projeto na Comissão. “Esse PL está há 10 anos tramitando no Senado Fede-ral e na Câmara dos Deputados”, lembrou o parlamentar ao de-monstrar sua indignação diante da demora para a votação da pro-posta. Na ocasião, Valadares elo-giou o projeto e ressaltou que o texto apresentado é apoiado por praticamente todas as 14 catego-

Senado avalia Projeto que trata sobre o Ato Médico

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Saiba mais

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Notícias

rias envolvidas. Apesar da defesa do se-nador diante do projeto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal acatou o pedido do parlamentar Demóstenes Torres e adiou a votação da proposição.

O PLS 268/02 foi aprovado pela CCJ somente em 08 de fevereiro. A propo-sição encontra-se atualmente na Comis-são de Educação (CE) e irá ser apreciada, nos próximos meses, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Se for aprovado, o Projeto de Lei também será apreciado no plenário do Senado Federal e, depois, seguirá para sanção presidencial.

Ao regulamentar o ato médico, a proposta estabelece, por exemplo, que cabe exclusivamente a esse profissional a formulação de diagnóstico e a respectiva prescrição terapêutica. Aponta ainda como privativa do médico a indicação e a execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias, entre outras 15 atribuições.

E exclui desse leque de atribuições as atividades que são privativas da Odontologia ou as que são alvo da atuação do assistente social, do biólogo, biomédico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional da educação física, psicólogo, terapeuta ocupacional e técnico e tecnólogo de radiologia.

Fonte: Agência Senado

O conselheiro Dimitri Homar do CRMDF e demais representantes dos conselhos de Medicina do país manifestaram-se a favor da aprovação do Ato Médico no Senado Federal.

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Notícias

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Já se encontra disponível no Por-tal Médico o Manual de publi-

cidade médica, editado pelo Con-selho Federal de Medicina (CFM). A publicação reúne a Resolução CFM 1.974/11 e seus anexos, além de um capítulo com perguntas e respostas a respeito do tema. Os anexos apresentam detalhes e exemplos de aplicação das novas regras de publicidade em medici-na, aprovadas pelo Conselho em agosto último. Um índice remissi-vo auxiliará o leitor a localizar as-suntos específicos na publicação.

“Queremos que o documento seja amplamente conhecido. Nos-so objetivo é proteger pacientes e médicos, minimizando problemas de relacionamento provocados por equívocos de comunicação, e

resguardar o decoro da atividade médica”, afirma o relator da nor-ma e coordenador da Comissão de Divulgação de Assuntos Mé-dicos do CFM, Emmanuel Fortes, 3º vice-presidente da entidade.

Regras

Entre as inovações trazidas pela nova resolução está a obrigatorie-dade de que médicos que detêm es-pecialidades informem seus respec-tivos números de RQE (registro de qualificação de especialista) sempre que expedirem documentos ou se anunciarem na condição de espe-cialistas. Também foram indicados parâmetros éticos para a colabo-ração de médicos com veículos da imprensa e para a abordagem de assuntos médicos na internet.

As proibições incluem a partici-pação de médicos em concursos para a escolha de profissionais de destaque; a oferta e a prestação de serviços médicos a distância; o uso da imagem de pacientes em peças de publicidade; o anúncio de títu-los de pós-graduação que induzam à crença de conferir ao médico a qualidade de especialista; a oferta de serviços por meio de consórcios ou similares; a participação em anúncios de produtos e serviços re-lacionados à medicina e o uso, em peças publicitárias, de representa-ções visuais abusivas, enganosas ou sedutoras no intuito de sugerir que os resultados de determina-do procedimento ou terapêutica são garantidos.

Fonte: Assessoria de imprensa do CFM

Manual de publicidade médica é publicado

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Estudo

O Brasil é um país marcado pela desigualdade no que

se refere ao acesso à assistência médica. Uma conjunção de fa-tores – como a ausência de po-líticas públicas efetivas nas áreas de ensino e trabalho, assim como poucos investimentos – tem con-tribuído para que a população médica brasileira, apesar de apre-sentar uma curva constante de crescimento, permaneça mal dis-tribuída pelo território nacional, com vinculação cada vez maior aos serviços prestados por planos de saúde, pouco afeita ao traba-

lho na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Estas são algumas das con-clusões da pesquisa Demografia Médica no Brasil: dados gerais e descrições de desigualdades, de-senvolvida em parceria entre Con-selho Federal de Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medici-na do Estado de São Paulo (Cre-mesp). “Numa Nação onde são anunciados avanços econômicos e o combate à pobreza toma ares de programa de governo, torna--se imperioso que a saúde ocu-pe a centro da cena. Para tanto,

temos reiterado a necessidade de mais recursos e o estabeleci-mento de políticas públicas justas para com o médico e com todos os profissionais da área”, ressal-ta o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, confiante em que o trabalho subsidie a elaboração de politicas públicas nos campos do trabalho e do ensino médicos.

Os números do estudo foram apresentados pelo Conselho ao Ministério da Saúde. Confira mais informações na manchete abaixo: CFM repassa dados de pesquisa ao Ministério da Saúde.

Demografia médica no Brasil aponta desigualdade na distribuição de profissionais em todo o paísLevantamento elaborado por CFM e Cremesp pontua os principais desafios para o trabalho médico no Brasil; dados podem subsidiar políticas públicas

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Estudo

Razão médico/habitante aumentou 72,5% entre 1980-2011

Essa diferença provocou um aumento na razão médico x habi-tante. Em 1980, havia 1,13 médi-co para cada grupo de 1.000 re-sidentes no país. Essa razão sobe para 1,48, em 1990; para 1,71, no ano 2000; e atinge 1,89, em 2009. Em 2011, o índice chega a 1,95 médico por 1.000 habitan-tes, ou seja: no período, o aumen-to foi de 72,5%.

Na comparação das duas popu-lações (a geral e a dos médicos), se constata que nos últimos 30 anos a dos profissionais é sempre superior.

Em 1980, por exemplo, o cres-cimento deste segmento foi de 6,3%, enquanto o da população geral ficou em 2,2%, ou seja, três vezes superior ao de habitantes. Em 2009, a taxa de crescimento dos médicos alcançou 1,6%, en-quanto o da população em geral foi de 1,1%, diferença de 45,4% para o grupo de profissionais.

Mulheres são maioria entre médicos mais jovens

O trabalho desenvolvido pelos conselhos de Medicina permite traçar o perfil da população médi-ca. Um ponto que chama a aten-ção é a tendência a uma maior presença de mulheres.

O ano de 2009 foi um marco his-tórico no processo de feminização da Medicina, quando pela primei-ra entraram no mercado mais mu-lheres que homens. (Tabela 2)

Como consequência, e também pela primeira vez, no grupo de mé-dicos com 29 anos ou menos, as mulheres passaram a ser maioria.

Em 2011, dos 48.569 médicos dessa faixa etária, 53,31% são mulheres e 46,69% são homens. Por outro lado, nas faixas mais avançadas, o cenário permanece predominantemente masculino. Do total de 10.799 profissionais com 70 anos ou mais, apenas 18,08% são mulheres.

Este crescimento da participação das mulheres confirma uma ten-dência consistente, que se obser-

IDADE FEMININO (%) MASCULINO (%) TOTAL

< 29 anos 25.890 53,31 22.679 46,69 45.569

30 - 34 anos 25.442 46,09 29.758 53,91 55.200

35 -39 anos 19.596 45,02 23.685 54,98 43.081

40 - 44 anos 16.805 46,18 19.585 53,82 36.390

45 - 49 anos 16.396 44,22 20.682 55,78 37.078

50 - 54 anos 15.070 41,41 21.318 58,59 36.388

55 - 59 anos 13.498 35,36 24.673 64,64 38.171

60 a 64 anos 8.336 25,62 24.197 74,38 32.533

65 a 69 anos 2.355 17,35 11.215 82,65 13.570

>70 anos 1.952 15,08 8.847 81,92 10.799

Total 145.140 41,26 206.639 58,74 351.779

Médicos brasileiros em atividade segundo idade e sexo - Brasil, 2011

Fonte: CFM; Pesquisa Demográfica Médica no Brasil, 2011

Brasil conta com quase 400 mil médicos

O estudo mostra que, em ou-tubro de 2011, os conselhos de Medicina registravam a existên-cia de 371.788 médicos em ativi-dade no Brasil.

O número confirma uma ten-dência de crescimento exponen-cial da categoria, que perdura 40 anos. Entre 1970, quando havia 58.994 médicos, e o presente mo-mento, o número de médicos sal-tou 530%. O percentual é mais de cinco vezes maior que o do cres-cimento da população, que em cinco décadas aumentou 104,8%.

O aumento expressivo do nú-mero de médicos no Brasil resulta de uma conjugação de fatores. Entre eles, estão as crescentes necessidades em saúde, as mu-danças no perfil de morbidade e mortalidade, as garantias de di-reitos sociais, a incorporação de tecnologias médicas e o envelhe-cimento da população. Também não podem ser ignorados fatores como a expansão do sistema de saúde e a oferta de mais postos de trabalho médico, entre outros.

A perspectiva atual é de manu-tenção dessa curva ascendente. Enquanto a taxa de crescimento populacional reduz sua velocida-de, a abertura de escolas médicas e de vagas em cursos já existen-tes vive um novo boom. A esti-mativa é de que cerca de 16.800 novos profissionais desembarca-rão anualmente no mercado de trabalho a partir de 2011.

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Principais conclusões

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Estudo

va ao longo das últimas décadas e que se acentuou nos últimos anos.

A feminização da Medicina também segue uma tendência mundial. Levantamento da Orga-nização para Cooperação e De-senvolvimento Econômico (OCDE, 2007) mostra que a proporção de mulheres médicas em 30 paí-ses estudados cresceu 30% entre 1990 e 2005.

Novos profissionais superam os inativos

O estudo revela ainda a for-mação de uma reserva de profis-sionais à qual se agregam ano a ano novos médicos. Isso acontece porque as séries históricas da evo-lução de saídas e entradas de mé-dicos indicam que o número de médicos que deixa a atividade é sempre inferior às dos que ingres-sam no mercado de trabalho. Essa diferença mantém a tendência natural de crescimento do grupo.

Na Europa, essa reserva tende a diminuir por conta da faixa etária mais elevada população e da ten-dência de aposentadoria precoce. No Brasil, a situação é oposta. Essa reserva tende a crescer mais rapidamente e a se manter por período mais longo à medida que mais jovens médicos saem das es-colas para o mercado.

Abertura de escolas pressiona população médica

Uma das principais razões para o salto no número de médicos é

a abertura desenfreada de escolas médicas. O país tinha, em 2009, um total de 185 escolas médicas, com uma oferta de 16.876 vagas.

Dados de 2011 indicam que 45% dos cursos estão no Sudes-te. Do total de vagas disponí-veis, 58,7% são oferecidas por instituições privadas e 41,3% por escolas públicas.

Distribuição dos médicos reforça desigualdade

Atualmente, o Brasil conta com uma razão de 1,95 médico por grupo de 1.000 habitantes. Con-tudo, esse índice flutua nas dife-rentes regiões.

O Sudeste, com 2,61 médicos por 1.000 habitantes, tem con-centração 2,6 vezes maior que o Norte (0,98). O resultado do Sul (2,03) fica bem próximo do alcan-çado pelo Centro Oeste (1,99). Ambos têm quase o dobro da concentração de médicos por ha-bitantes do Nordeste (1,19).

Quando se olha por unidade da federação, no topo do ranking ficam Distrito Federal (4,02 médi-cos por 1.000 habitantes), o Rio de Janeiro (3,57), São Paulo (2,58) e Rio Grande do Sul (2,31). São números próximos ou superiores aos de países da União Europeia. Esses três estados, mais Espíri-to Santo (2,11) e Minas Gerias (1,97), estão acima da média na-cional (1,95).

Na outra ponta, estão estados do Norte (Amapá e Pará) e do

Nordeste (Maranhão), com me-nos de um médico por 1.000 ha-bitantes, índices comparáveis a países africanos. Um olhar mais de perto permite notar distor-ções e desequilíbrios ainda mais acentuados dentro dos próprios estados, regiões e micro-regiões.

A concentração tende a ser maior nos pólos econômicos, nos grandes centros popula-cionais e onde se concentram estabelecimentos de ensino, maior quantidade de serviços de saúde e, consequentemente, maior oferta de trabalho. Regi-ões menos desenvolvidas, mais pobres e interiores de estados com grandes territórios e zonas rurais extensas têm, sabidamen-te, maior dificuldade para fixar e atrair profissionais médicos.

Relatório aponta equívoco na avaliação do segmento médico

O relatório final do levanta-mento feito pelos conselhos de Medicina evidencia o equívoco de se contar os médicos “por ca-beça” e de se calcular a relação entre o número de profissionais em atividade e a população do-miciliada.

Em países como o Brasil, de ex-tenso território, com disparidades sócio-econômicas regionais, com grandes diferenças no acesso e na oferta de profissionais, equi-pamentos e tecnologias, além de sede de intensos conflitos entre o público e o privado na saúde, o

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Estudo

cálculo não é eficiente. Como índice desejável para

países em desenvolvimento, po-pularizou-se equivocadamente um padrão mínimo de 1 profis-sional médico para cada grupo de 1.000 habitantes. Essa relação “almejada”, erroneamente atri-buída à Organização Mundial da Saúde (OMS), nunca foi explicada ou justificada, embora continue empregada com frequência.

Da mesma forma, não há justi-ficativa para o parâmetro de 2,5 médicos por 1.000 habitantes, meta divulgada pelos ministérios da Saúde e da Educação, que, supostamente, toma como refe-rência países principalmente da União Europeia que em pouco se assemelham ao Brasil.

Presença de médicos nas capitais é duas vezes maior que a média nacional

É nas cidades de maior porte, especialmente nas capitais, que se concentram a maioria dos mé-dicos brasileiros. Essa situação re-flete a tendência do profissional se fixar e trabalhar na cidade ou região onde fez sua graduação e residência.

A presença predominante dos médicos nas capitais aumenta a desigualdade no acesso ao atendi-mento médico. Em média, o con-junto desses municípios apresenta uma razão de médicos registrados por 1.000 habitantes de 4,22. Esse índice é mais que duas vezes supe-

rior à média nacional (1,95). A cidade de São Paulo, por

exemplo, tem 4,33 médicos re-gistrados por 1.000 habitantes, enquanto o estado tem 2,58. Três capitais de porte médio do Sudeste e do Sul (Vitória, Belo Horizonte e Florianópo-lis) chamam a atenção pela elevada proporção de médi-cos registrados por habitantes, especialmente quando se com-para com os números dos seus próprios estados.

Usuários do SUS têm quatro vezes menos médicos que os do setor privado

A pesquisa indica que os usu-ários do Sistema Único de Saúde contam com quatro vezes menos médicos que os usuários do setor privado para atender suas neces-sidade de assistência.

Quando se considera a dimen-são da população que depende exclusivamente do SUS (3,25 vezes maior que a dos planos), constata--se que a clientela da saúde priva-da conta com 3,9 vezes mais pos-tos de trabalho médico disponíveis que os usuários da rede pública.

No conjunto do país, são 46.634.678 usuários de planos de saúde, segundo dados de 2011 da Agência Nacional de Saúde Su-plementar (ANS). O levantamento indica a existência de 354.536 pos-tos de trabalhos médicos em esta-belecimentos privados que, em tese, prestam todos eles serviços

às operadoras de planos de saúde. Isso significa que para cada

1.000 usuários de planos no país, há 7,60 postos de trabalho médi-co ocupados. Esse índice salta de 3,17 no Amazonas – o pior co-locado entre os estados –, para, em unidades como Sergipe, Piauí, Acre, Distrito Federal e Bahia, en-tre 12 e 15 postos ocupados por 1.000 usuários privados.

Esse índice cai para 1,95 quando se faz a razão entre postos ocupa-dos nos estabelecimentos públicos – que são 281.481 –, e a popula-ção que depende exclusivamente do SUS, que soma 144.098.016 pessoas.

O quadro de penúria e desi-gualdade é ainda maior em esta-dos como Maranhão e Pará, que contam com menos de um posto de trabalho médico ocupado por 1.000 habitantes/SUS.

Entre as regiões há diferenças significativas na concentração de médicos nos serviços público e privado. Os estados do Rio de Ja-neiro e de São Paulo estão num extremo –, com mais de 3 postos ocupados por 1.000 usuários do serviço público – seguidos pelo Distrito Federal, Espírito San-to, Minas Gerais e Roraima, que contam entre 2 e 3 médicos por 1.000 habitantes SUS.

Saiba mais sobre esse estudo no

seguinte endereço: http://por tal.cfm.

org.br/images/stories/pdf/estudo_de-

mografia_junho.pdf

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Artigo

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Definitivamente, NÃO!O Transtorno do Déficit de

Atenção e Hiperatividade (TDAH) constitui um distúrbio neuro-comportamental, caracteriza-do por padrão persistente de desaten¬ção, com ou sem hipe-ratividade, que se manifesta na infância e geralmente persiste na idade adulta. É uma síndrome neuropsiquiátrica comum, ob-servada antes dos sete anos de idade, presente em mais de um contexto (casa/escola) que persis-te por um período mínimo de seis meses.

No Brasil, a prevalência variou entre 3,5 e 8,6% (índices discre-tamente mais elevados que os

de outros países), interrogando aspectos como: subjetividade na avaliação, metodologia utiliza-da, condições sócio-econômicas, grau de escolaridade dos pais, di-ferenças culturais, ambiente edu-cacional mais permissivo, falta de rigor na avaliação médica, atraso no encaminhamento, etc.

O diagnóstico é feito essen-cialmente com base nos achados clínicos, por meio de critérios propostos pelo DSM-IV ou CID-10. Não existe, até o momento, nenhum exame laboratorial, neu-rofisiológico ou de neuroimagem que confirme inequivocamen-te a existência ou não de TDAH. Neste sentido, a coleta de uma

anamnese criteriosa e detalhada, associadamente ao exame físico e neurológico são fundamentais e suficientes para se alcançar o diagnóstico correto na maioria dos casos.

Forçados por uma necessida-de premente de se conseguir um método diagnóstico preciso para esta condição, alguns profissio-nais elegeram o Potencial P300, como marcador da existência ou não de TDAH. Este entendimen-to foi amplamente difundido no Distrito Federal, de tal forma que os próprios pacientes já chegam ao consultório médico solicitando o exame para confirmação diag-nóstica.

O P300 é fundamental para o diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção?

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Estudo

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São frequentes, na prática neu-ropediátrica, as seguintes frases: “Dra, vim aqui para fazer o exame que confirma se ele tem TDAH ou não”. “Dra, a psicóloga pediu que a senhora solicite aquele exame do Déficit de Atenção”. “Dra, a professora da escola disse que ele precisa fazer aquele exame para confirmar o TDAH”. “Dra, a fono-audióloga pediu para a senhora solicitar o P300, pois ela só vai reabilitá-lo depois deste exame”.

Será gasto um tempo infinito e dispendioso até que se escla-reça aos pais, que o diagnóstico depende exclusivamente de uma boa avaliação clínica e que fatores como sonolência, cansaço e uma série de outras condições podem interferir no resultado do exa-me. Entretanto, na esperança de um diagnóstico “mais preciso”, os pais insistem até conseguirem alguém que solicite o milagroso P300.

Louzã Neto, em publicação recente, intitulada – “TDAH ao longo da vida”, que contou com quase 40 colaboradores e espe-cialistas da área, os quais fizeram uma revisão detalhada e apro-fundada sobre o assunto, em ne-nhum momento, cita o Potencial P300 como método necessário para investigação do transtorno.

Esta falácia de que é necessária a realização do P300 para diag-nosticar o TDAH, reflete-se, não

apenas no atraso diagnóstico, já que no Hospital de Base, único Hospital Público do DF, onde se realiza o exame, o paciente tem que esperar, no mínimo, seis me-ses para “confirmação diagnósti-ca”, mas também na tomada de decisões tardia, que interfere di-retamente no prognóstico desta condição.

Soma-se, o agravante, de que a banalização deste exame cola-bora para o excessivo diagnós-tico de TDAH. Dados da Anvisa têm demonstrado que o Distrito Federal lidera a lista no consumo de psicoestimulantes no Brasil. Em observação pessoal, a autora pode afirmar que pacientes tanto da clínica privada, quanto públi-ca em Brasília, trazem exames de P300 alterados em mais de 80% dos casos.

Ressalte-se que dentre estes pacientes muitos apresentam transtorno de conduta, transtor-no opositor desafiante, distúrbio de aprendizado, síndrome de Gilles de La Tourette, ansiedade generalizada, esquizofrenia, dis-túrbio bipolar afetivo, retardo mental, hipoacusia, dislexia, au-tismo, transtornos invasivos do desenvolvimento, epilepsia, hi-pertireoidismo, intoxicação crôni-ca por metais pesados, distúrbios nutricionais ou mesmo inquieta-ção por birra e falta de limites, condições que devem figurar en-

tre os diagnósticos diferenciais e comorbidades do TDAH.

É fundamental e urgente a di-vulgação das limitações do P300 a todos os profissionais envol-vidos neste assunto. O exercício profissional deve ser facilitado pela difusão de conhecimentos pautados em dados científicos. Em todo o mundo e em toda a li-teratura médica, não se conhece, até o momento, nenhum marca-dor biológico definitivo para este transtorno.

É necessária a realização de le-vantamentos epidemiológicos no DF quanto aos índices de TDAH, comparativamente aos outros Es-tados brasileiros. É urgente que sejam desenvolvidas pesquisas locais para avaliação de marca-dores de validade deste método neurofisiológico. É fundamental que as Sociedades Científicas e o Conselho Regional de Medicina fiscalizem, com rigor, a qualidade na realização e interpretação dos exames neurofisiológicos.

Caso contrário, continuare-mos, médicos e pacientes, presas fáceis da tecnologia armada, bem equipada, mas falseada pelo des-preparo e pela difusão de infor-mações equivocadas.

Lisiane Seguti Ferreira, neuropediatra,

neurofisiologista e professora da Facul-

dade de Medicina da UNB.

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Resolução

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O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regu-lamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, alterado pelo Decreto nº 6.821, de 14 de abril de 2009, e,CONSIDERANDO as disposições contidas na Lei nº 12.514, de 28 de outubro de 2011;CONSIDERANDO a Resolução CFM nº 997, de 23 de maio de 1980, que criou nos con-selhos regionais de medicina os cadastros regionais e o Cadastro Central dos Estabe-lecimentos de Saúde de Direção Médica, res-pectivamente;CONSIDERANDO a Lei nº 6.839, de 30 de outubro de 1980, que instituiu a obrigatorie-dade do registro das empresas de prestação de serviços médico-hospitalares nos conse-lhos regionais de medicina e a anotação dos profissionais legalmente habilitados;CONSIDERANDO ser atribuição do Conselho Federal de Medicina e dos conselhos regio-nais de medicina supervisionarem a ética profissional em toda a República, cabendo--lhes zelar e trabalhar por todos os meios pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente, conforme determina o art. 2º da Lei nº 3.268/57, e considerando que a prestação de serviços médicos, ainda que em ambulatórios e por empresa cujo objetivo social não seja a pres-tação de assistência médica, caracteriza ati-vidade médica passível de fiscalização;CONSIDERANDO a Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, que determinou que para a obtenção da autorização de funcionamento expedida pelo órgão responsável as operado-ras de planos privados de assistência à saúde devem, entre outros requisitos, comprovar o registro nos conselhos regionais de medicina;CONSIDERANDO a Resolução CFM nº 1.240, de 12 de junho de 1987, que reco-nhece o caráter tributário das anuidades;CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária realizada no dia 7 de dezem-bro de 2011,RESOLVE:Art. 1º Baixar a presente instrução, constan-

te no anexo a esta resolução, aos conselhos regionais de medicina, objetivando propiciar a fiel execução da Resolução CFM nº 997, de 23 de maio de 1980, da Lei nº 6.839, de 30 de outubro de 1980, e da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998.Art. 2º Esta resolução e as instruções constan-tes em seu anexo entram em vigor na data de publicação, ficando revogadas as disposições em contrário, especialmente a Resolução CFM nº 1.971, de 9 de junho de 2011.Brasília-DF, 7 de dezembro de 2011.ROBERTO LUIZ D’AVILA Presidente JOSÉ HIRAN DA SILVA GALLO Tesoureiro

ANEXO À RESOLUÇÃO CFM Nº 1.980/2011

CAPÍTULO I - CADASTRO E REGISTROArt. 1º A inscrição nos conselhos regionais de medicina da empresa, instituição, entida-de ou estabelecimento prestador e/ou inter-mediador de assistência médica será efetua-da por cadastro ou registro, obedecendo-se as normas emanadas dos conselhos federal e regionais de medicina.Art. 2º Os estabelecimentos hospitalares e de saúde, mantidos pela União, estados--membros e municípios, bem como suas autarquias e fundações públicas, deverão se cadastrar nos conselhos regionais de medi-cina de sua respectiva jurisdição territorial, consoante a Resolução CFM nº 997/80.Parágrafo único. As empresas e/ou insti-tuições prestadoras de serviços exclusivos médico-hospitalares mantidas por associa-ções de pais e amigos de excepcionais e deficientes, devidamente reconhecidas como de utilidade pública, nos termos da lei, de-vem cadastrar-se nos conselhos regionais de medicina da respectiva jurisdição territorial.Art. 3º As empresas, instituições, entidades ou estabelecimentos prestadores e/ou in-termediadores de assistência à saúde com personalidade jurídica de direito privado de-vem registrar-se nos conselhos regionais de medicina da jurisdição em que atuarem, nos

termos das Leis nº 6.839/80 e nº 9.656/98.Parágrafo único. Estão enquadrados no “caput” do art. 3º deste anexo:a) As empresas prestadoras de serviços médico-hospitalares de diagnóstico e/ou tra-tamento;b) As empresas, entidades e órgãos mantene-dores de ambulatórios para assistência médi-ca a seus funcionários, afiliados e familiares;c) As cooperativas de trabalho e serviço médico;d) As operadoras de planos de saúde, de medicina de grupo e de planos de auto-gestão e as seguradoras especializadas em seguro-saúde;e) As organizações sociais que atuam na prestação e/ou intermediação de serviços de assistência à saúde;f) Serviços de remoção, atendimento pré--hospitalar e domiciliar;g) Empresas de assessoria na área da saúde;h) Centros de pesquisa na área médica;i) Empresas que comercializam serviços na modalidade de administradoras de ativida-des médicas.Art. 4º A obrigatoriedade de cadastro ou registro abrange, ainda, a filial, a sucursal, a subsidiária e todas as unidades das em-presas, instituições, entidades ou estabeleci-mentos prestadores e/ou intermediadores de assistência à saúde citadas nos artigos 2º e 3º deste anexo.Art. 5º O cadastro ou registro da empresa, instituição, entidade ou estabelecimento de-verá ser requerido pelo profissional médico responsável técnico, em requerimento pró-prio, dirigido ao conselho regional de medi-cina de sua jurisdição territorial.Art. 6º No requerimento devem constar as seguintes informações:a) Relação de médicos componentes do cor-po clínico, indicando a natureza do vínculo com a empresa, se associado ou quotista, se contratado sob a forma da legislação traba-lhista ou sem vínculo; b) Número de leitos;c) Nome fantasia, caso haja;d) Nome e/ou razão social;

(Publicada no D.O.U. 13 dez. 2011, Seção I, p.225-226) Fixa regras para cadastro, registro,responsabilidade técnica e cancelamento para as pessoas jurídicas, revoga a Resolução CFM nº 1.971, publicada no D.O.U. de 11 de julho de 2011 e dá outras providências.

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.980/2011

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e) Endereço completo;f) Natureza jurídica;g) Tipo de estabelecimento (hospital, clínica, laboratório, dentre outros);h) Capital social;i) Especialidades desenvolvidas;j) Nome e número de CRM do médico res-ponsável técnico;k) Nome e número de CRM do médico dire-tor clínico eleito, caso haja;l) Qualificação do corpo societário;m) Qualificação do responsável pela escrita fiscal;n) Número de inscrição no CNPJ do Ministé-rio da Fazenda;o) Licença de funcionamento da prefeitura municipal, de acordo com a legislação local; p) Alvará da vigilância sanitária.Parágrafo primeiro. O requerimento a que se refere o “caput” do art. 6º deste anexo deverá ser instruído, no mínimo, com as se-guintes documentações:a) Instrumento de constituição (contrato social, estatuto, ata de fundação, dentre ou-tros);b) Cópia do cartão de inscrição no CNPJ do Ministério da Fazenda;c) Alteração do instrumento de constituição, caso haja;d) Comprovante de pagamento das taxas de inscrição, anuidade e certificado;e) Ata da eleição do diretor clínico e comis-são de ética, quando for o caso;f) Alvará da vigilância sanitária;g) Licença da prefeitura municipal para fun-cionamento.Parágrafo segundo. A alteração do cadastro ou registro somente será efetuada após a emis-são do documento de liberação pelo setor de fiscalização do conselho regional de medicina.Art. 7º A alteração de qualquer dado deve-rá ser comunicada ao conselho regional de medicina competente, no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da data de sua ocor-rência, sob pena de procedimento disciplinar envolvendo o médico responsável técnico.Art. 8º A regularidade do cadastro ou re-gistro da empresa, instituição, entidade ou estabelecimento é dada pelo certificado de cadastro ou registro, a ser requerido e ex-pedido anualmente, no mês do vencimento, desde que não haja pendências no Departa-mento de Fiscalização.Parágrafo primeiro. A empresa, instituição, entidade ou estabelecimento que não reno-var o cadastro ou registro por período supe-

rior a 2 (dois) exercícios consecutivos estará sujeita à suspensão de cadastro ou registro a partir de deliberação de plenária do respecti-vo regional, sem prejuízo das anuidades em débito até sua inativação ex officio no cadas-tro de pessoas jurídicas.Parágrafo segundo. Será permitido às em-presas enquadradas no parágrafo anterior requererem sua reativação, devendo, neste caso, recolher por ocasião do pedido o to-tal das anuidades e taxas de renovação de certidão devidas desde o primeiro exercício em débito até sua reativação, obedecidas as demais normas em vigor.Parágrafo terceiro. É obrigatória a dispo-nibilização ao público em geral do Certifica-do de Inscrição de Empresa expedido pelos conselhos regionais de medicina, devida-mente atualizado.

CAPÍTULO II - RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Art. 9º O diretor técnico responde etica-mente por todas as informações prestadas perante os conselhos federal e regionais de medicina.Art. 10 A responsabilidade técnica médica de que trata o art. 9º somente cessará quan-do o conselho regional de medicina tomar conhecimento do afastamento do médico responsável técnico, mediante sua própria comunicação escrita, por intermédio da em-presa ou instituição onde exercia a função. Art. 11 A empresa, instituição, entidade ou estabelecimento promoverá a substituição do diretor técnico ou clínico no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do impedimento, suspensão ou demissão, co-municando este fato ao conselho regional de medicina — em idêntico prazo, mediante requerimento próprio assinado pelo profis-sional médico substituto, sob pena de sus-pensão da inscrição — e, ainda, à vigilância sanitária e demais órgãos públicos e priva-dos envolvidos na assistência pertinente.Art. 12 Ao médico responsável técnico in-tegrante do corpo societário da empresa, instituição, entidade ou estabelecimento so-mente é permitido requerer baixa da respon-sabilidade técnica por requerimento próprio, informando o nome e número de CRM de seu substituto naquela função.

CAPÍTULO III - CANCELAMENTOArt. 13 O cancelamento de cadastro ou registro ocorrerá nas seguintes hipóteses:I - Pelo encerramento da atividade e requeri-do pelo interessado, fazendo-se instruir com:a) Requerimento, assinado pelo responsável

técnico, proprietário ou representante legal, solicitando o cancelamento do registro;b) Pagamento da taxa de cancelamento, em caso de registro;c) Distrato social ou documento semelhante (baixas no CNPJ do Ministério da Fazenda ou no cadastro da prefeitura municipal);d) Caso os itens acima estejam corretos, o cancelamento será efetuado no âmbito do conselho regional de medicina, após homo-logação da plenária;e) Em casos especiais, desde que a funda-mentação seja homologada pelo plenário do conselho regional de medicina, a baixa po-derá ser sumariamente efetivada ou concedi-da com a supressão da letra “c” deste inciso. II - Como penalidade, após decisão definitiva.Art. 14 O pedido de cancelamento do regis-tro ou o processo de cancelamento punitivo do registro serão decididos pelo conselho regional de medicina, cabendo, no segundo caso, recurso ao Conselho Federal de Medi-cina, no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da data de intimação dos responsá-veis técnicos.Art. 15 O cancelamento punitivo não elide as penalidades sobre o responsável técnico ou clínico ou demais médicos da empresa, instituição, entidade ou estabelecimento.Art. 16 Caso a empresa, instituição, entida-de ou estabelecimento não estiver quite com a anuidade quando do pedido de cancela-mento de registro, pagará a última anuidade na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de atividade, entendendo-se como final da atividade a data constante do protocolo no requerimento de cancelamento ou a data do documento de baixa expedido por outro órgão oficial.Art. 17 O cancelamento de cadastro ou re-gistro da pessoa jurídica no conselho regio-nal de medicina encerra definitivamente as atividades médicas da empresa.

CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES FINAISArt. 18 A Comissão de Ética Médica e as demais comissões, bem como o Regimento Interno do corpo clínico, obedecerão às nor-mas estabelecidas pelos conselhos federal e regionais de medicina.Art. 19 Os casos omissos serão decididos pelo Conselho Federal de Medicina.

ROBERTO LUIZ D’AVILA Tesoureiro JOSÉ HIRAN DA SILVA GALLO Presidente

Resolução

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Notas

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Seja nosso Colaborador!A Ética Revista está aberta à sua participação. Artigos e cartas podem ser enviados para o Conselho Editorial

([email protected] ou [email protected]), que analisará a viabilidade de publicá-los. Os artigos devem

ser, no máximo, de duas páginas em formato A4, acompanhados de fotos.

VAGAS PARA AMBULATÓRIO (24 HORAS)Instituição: Secretaria de Saúde Municipal de Novo Gama – GO (a menos de 40 km do centro de Brasília - caminho para Luziânia e antes do Valparaíso)

Carga horária: plantão de 12 horas

Local: Hospital do Novo Gama (GO)

Contatos: (61) 3628-1077/3628-5639/3628-5355/9260-5640/

9943-0546 (falar com Elaine ou Elizangela).

Observação: Poucas vagas disponíveis

O XVI Congresso Brasileiro de Nutrologia reunirá em São Paulo mais de três mil médicos e espe-cialistas nacionais e internacio-nais para palestrar e discutir os principais assuntos ligados à Nu-trologia. O evento é organizado pela Associação Brasileira de Nu-trologia (ABRAN) e ocorrerá no Centro de Convenções do Mak-soud Plaza Hotel, entre os dias 19 a 21 de setembro.

Serão abordados temas como: obesidade, estresse oxidativo, transtornos da conduta alimentar, biotecnologia, nutrologia pediá-trica e geriátrica, alimentação do adolescente, nutrologia esportiva, nutrição enteral, nutrição parente-ral, síndrome metabólica, medicina funcional, diabetes, longevidade,

nutrologia pediátrica, nutrologia geriátrica, transtornos alimentares, nutrologia esportiva, nutrogenô-mica, medicina estética, alergia ali-mentar, ergogênicos, entre outros.

O evento disponibilizará tam-bém dois Cursos Pré-Congresso. Os temas abordados serão: 4ª Atualização em Transtornos Ali-mentares e 1º Atualização em Suplementação Alimentar no Es-porte: do Amador ao Profissional.

Data: 19, 20 e 21 de setembro de 2012

Local: Hotel Maksoud Plaza

São Paulo (SP)

Tel.: (17) 3523-9732

Demais informações:

www.abran.org.br/congresso

Fonte: Assessoria da ABRAN -

Barcelona Soluções Corporativas

Oportunidade para médicos

XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTROLOGIA

ÉTICA Revista - nov./dez. – 2011

Page 31: Edição Nov. e Dez. de 2011

31Memorial de Incorporação nº R10 - 143564, registrado em cartório

do 3º Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal. *90 dias a partir

da sua aprovação do projeto arquitetônico de acordo com às suas necessidades.

semark

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