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EDIÇÃO SEBRAE-RJ / SENAR-RIO / FAERJ 2007

EDIÇÃO SEBRAE-RJ / SENAR-RIO / FAERJ 2007File/NT00042E1E.pdf2 – guia prático da produção | manejo do rebanho serviÇo de apoio Às micro e pequenas empresas no estado do rio

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 1

EDIÇÃO

SEBRAE-RJ / SENAR-RIO / FAERJ2007

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2 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – SEBRAE-RJPRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO: ORLANDO DINIZ

DIRETOR SUPERINTENDENTE: SERGIO MALTA

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL DO RIO DE JANEIRO – SENAR-AR/RJPRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO: RODOLFO TAVARES

SUPERINTENDENTE: MARIA CRISTINA T. C. TAVARES

FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E PESCA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – FAERJPRESIDENTE: RODOLFO TAVARES

TEXTO E PESQUISAVILGON CONSULTORIA E PROJETOS AGROPECUÁRIOS

EDSON GONÇALVES, ZOOTECNISTA

EDIÇÃOJOÃO ANTONIO F. DOS SANTOS

EDIÇÃO DE ARTECASAD’ ARTE DESIGN GRÁFICO

REVISÃOSERGIO MARTINS

IMPRESSÃO E ACABAMENTOEDITORA POPULIS LTDA.

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 3

INTRODUÇÃO ...................................................................... 5CRIAÇÃO DE BEZERROS ................................................... 7 Colostro .............................................................................. 8 Pesagem ............................................................................ 9 Aleitamento artificial ......................................................... 10 Desmame precoce ........................................................... 11 Saúde dos bezerros (prevenção das principais doenças) 11

MANEJO DAS NOVILHAS.................................................. 15 Dieta das novilhas ............................................................ 15 Ganho de peso ................................................................ 15

MANEJO DAS VACAS ....................................................... 17 Conforto dos animais ....................................................... 17

Sombra ............................................................................ 18 Água ................................................................................ 19 Corredores ....................................................................... 20

NUTRIÇÃO DAS VACAS ................................................... 21 Volumoso ......................................................................... 21 Concentrado .................................................................... 21 Minerais ........................................................................... 22

SANIDADE DO REBANHO................................................ 23 Principais doenças e sua prevenção ................................ 24 Controle de endoparasitas e ectoparasitas....................... 28

verminose ..................................................................... 28 carrapato ...................................................................... 28

SUMÁRIO

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4 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 5

INTRODUÇÃO

A eficiência e a auto-sustentabilidade de um sistema de produção intensiva de leite apasto fundamentam-se em quatro pilares: dieta econômica, com base no pastejorotacionado e no uso de cana-de-açúcar corrigida com uréia, por exemplo, comovolumoso na seca; manejo adequado do rebanho, visando à sua formação com ani-

mais melhorados geneticamente e saudáveis para expressarem todo seu potencial de produ-ção; controle sanitário do rebanho baseado em medidas preventivas; e gestão profissional dasatividades, que deve presidir todas as decisões e ações na propriedade.

Neste Manual, são abordados os pontos essenciais que o produtor precisa conhecer edominar para alcançar a eficiência na criação das bezerras e novilhas, no manejo e na nutri-ção das vacas e no controle sanitário do rebanho. O produtor deve ter em mente que a evolu-ção de sua atividade vai depender da renovação constante do rebanho; isto é: as vacas des-cartadas (preferencialmente produtivas) devem ser substituídas por novilhas de maior poten-cial de produção, de modo a garantir que a atividade leiteira continue a sustentar sua evoluçãopara um nível de produção superior.

Para a eficiência nos trabalhos de criação, os cuidados devem se iniciar com a vacagestante no período seco, para que se reduzam os riscos de problemas no parto, aumentando asgarantias de que o bezerro nasça saudável (vale ressaltar que tais cuidados também são funda-mentais para a vida reprodutiva da vaca). Em seguida, os cuidados com o bezerro – ingestão docolostro e "cura" do umbigo – jamais podem ser negligenciados. A garantia de uma novilha bemdesenvolvida e saudável, que será a futura produtora de leite, começa por aí.

Saúde e boa produção, reprodução e produtividade de um rebanho leiteiro são conseqüênciade alimentação correta e manejo adequado dos animais, cujo requisito básico é o conforto. Efechando esse "círculo virtuoso", que deve vigorar em qualquer fazenda, a questão da sanidadeé fundamental por uma razão muitíssimo simples: nenhum rebanho pode ser produtivo e se repro-duzir bem caso tenha sua saúde freqüentemente enfraquecida e ameaçada. Qualquer descuidono trabalho de prevenção de doenças no rebanho jogará por terra tudo o que tiver sido feito como objetivo de melhorar a produtividade e a rentabilidade da produção leiteira.

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6 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 7

CRIAÇÃODE BEZERROS

E

Vaca ebezerrorecém-nascido, eminstalaçõesadequadas

O bezerrodeve mamar ocolostro logonas primeirashoras de vida

m qualquer sistema de produção de leite,a formação de um rebanho especializa-do, saudável e a cada geração mais pro-dutivo deve ser o principal objetivo do pro-dutor. Assim, a criação das bezerras me-

rece uma atenção toda especial, pois a reposição dasvacas leiteiras dependerá de seu sucesso. O melho-ramento genético do rebanho depende do uso desêmen de touros provados e da substituição dasfêmeas mais velhas por fêmeas jovens e de maiorpotencial leiteiro e reprodutivo. Sistemas inadequa-dos de criação causam prejuízos pela morte dosanimais, comprometendo a qualidade do futurorebanho, além de gastos elevados com o tratamentode doenças do gado, que se tornam mais comuns.

Os cuidados com o bezerro devem começar antesdo nascimento, como forma de garantir que ele nasçaforte e de evitar problemas na hora do parto. A vacagestante precisa receber uma dieta adequada paramanter-se bem nutrida até o parto e estar preparadapara a próxima lactação. O parto deve ser assistidopor funcionário devidamente treinado. Higiene é apalavra fundamental para o bom manejo nessa fase.A maternidade ideal deve ser instalada em locallimpo, seco e que facilite a observação diária dosanimais. Após o nascimento, deve-se fazer a desin-fecção do umbigo. A manutenção de programas decontrole sanitário e de higienização é importante paragarantir a saúde dos bezerros.

É importante dispensar atenção especial ao piquetematernidade. Deve ser localizado o mais próximopossível das principais instalações do sistema deprodução (sala de ordenha, escritórios e estábulos,por exemplo), a fim de possibilitar a observaçãoconstante dos animais por diferentes tipos defuncionários, além daquele destinado especificamen-te para tal função. Deve ser limpo, bem drenado,formado por gramíneas rasteiras que fechem bemo solo e possuir sombra e água de excelente

qualidade, proporcionando muito conforto econdições de sanidade de que os animais nessafase necessitam. O espaço também deve estarorganizado para que não aconteçam acidentes como rebanho.

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8 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

O sistema de criaçãodeve ser o mais simplespossível. Recomenda-se autilização de casinhas ouabrigos individuais nessafase, pois seu custo é baixoe o produtor pode utilizardiversos tipos de materiaisdisponíveis em suapropriedade. É fundamentalque cada casinha sejaconfortável, de fácil limpe-za e transferência de local.Esse tipo de abrigo permitemelhor observação dobezerro individualmente e

de baixo risco de transmissão de doenças.Nos primeiros dias de vida, o bezerro não é

capaz de ingerir alimentos sólidos, devendo recebersomente o leite. Ao nascer, ele é um pré-ruminante, ouseja, tem o sistema digestivo semelhante ao do animaladulto, mas somente o abomaso é funcional. Nasprimeiras semanas de vida, o bezerro ingere o leite eeste passa diretamente através da goteira esofágicapara o abomaso, contornando o retículo-rúmen, queestá pouco desenvolvido. Com o crescimento doanimal, o sistema digestivo passa por transformaçõesanatômicas, fisiológicas e metabólicas, e assim apósdois ou três meses, em condições normais, a criatorna-se ruminante.

É importante, nessa fase, fazer com que o bezerroerga a cabeça para sugar o leite (como ocorre quandomama diretamente na vaca), de maneira a facilitar afunção da goteira, que é permitir a passagem dolíquido diretamente para o abomaso.

Colostro – O colostro é o primeiro leite secretado pelaglândula mamária após o nascimento do bezerro.Possui coloração amarelada, odor característico esabor salgado, além de ser ligeiramente ácido. Émuito rico em proteínas, sais minerais e vitaminas,sendo indispensável ao recém-nascido pela imunida-de que se transfere da vaca ao bezerro por meio dosanticorpos que contém. O valor nutritivo do colostro foiestimado como 40% superior ao leite normal. O colostro

CUIDADOS NO PARTO• O animal em trabalho de parto deve ser observado pelo menosa cada duas horas.• A vaca não deve ser perturbada.• A qualquer problema de parto, não hesitar e chamar rapidamenteo médico veterinário.• A cria deve ficar visível entre duas horas e quatro horas após aruptura da segunda bolsa.• A expulsão do bezerro deve levar entre 30 minutos e duas horas.• A placenta deve ser expelida entre 30 minutos e oito horas após o parto.

Sistemassimples de criação

de bezerros(em casinhas,

na coleira eno piquete)

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possui os mesmos componentes do leite, mas emdiferentes proporções, e é o alimento ideal para obezerro.

Também conhecido como "leite sujo", o colostronão tem valor comercial, mas é ele que vai garantir asobrevivência do bezerro nas primeiras semanas devida, pois para o bezerro esse leite funciona como aprimeira vacinação. Deve ser fornecido imediatamen-te após o parto, nas primeiras quatro horas de vida (nomínimo 2 litros), pois os anticorpos do colostro sãoessenciais para garantir a sobrevivência do bezerronas primeiras semanas de vida.

O colostro, administrado por meio de balde oumamadeira, deve ser aquecido a uma temperatura nãosuperior a 38o C. É importante que sua temperaturaseja sempre a mesma no momento da ingestão, pois,se for variável, poderá causar distúrbios digestivos. Emcaso de morte da vaca por ocasião do parto, deve-se

procurar uma "ama", ou seja, outra vaca que tenhaparido na mesma época. Para evitar problemas éaconselhável que o produtor, devidamente orientado,conserve alguns litros de colostro congeladoprovenientes de vacas saudáveis para que, quandonecessário, descongele-o e forneça-o na temperaturaideal aos bezerros.

Pesagem - É fundamental que o desenvolvimento dosbezerros seja acompanhado com todo o cuidado. As-sim, a primeira pesagem é importante e deve ser feitalogo após o nascimento. Esse peso será a referênciapara as futuras pesagens, permitindo avaliar, por meiodo ganho de peso, se o desenvolvimento está normal

Maneiracorreta defornecerleite com amamadeira aobezerro

Evolução do sistema digestivo do bezerroQuadro comparativo leite e colostro

Variável 1a ord. 2a ord. 3a ord. Leite

Sólidos totais, % 23,9 17,9 14,1 12,5Gordura, % 6,7 5,4 3,9 3,6Proteína total, % 14,0 8,4 5,1 3,2Caseína, % 4,8 4,3 3,8 2,5Albumina, % 0,9 1,1 0,9 0,5Imunoglobulinas, % 6,0 4,2 2,4 0,09IgG,(g/dL) 3,2 2,5 1,5 0,06Lactose, % 2,7 3,9 4,4 4,9Vitamina A, mg/dL 295 190 113 34Vitamina E, mg/g gord. 84 76 56 15Riboflavina, mg/mL 4,9 2,7 1,9 1,5Vitamina B12, mg/dL 4,9 3,4 2,5 0,6

IMPORTÂNCIA DO COLOSTRO• Alto valor nutritivo• Primeira fonte de nutrientes• Rico em imunoglobulinas(que dão proteção ao bezerro)• Fonte de hormônios• Fonte de vitaminas• Fonte de fatores de crescimento• Fonte de minerais

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10 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

ou se há necessidade de ajustes no manejo adotado.No desmame, pesar novamente o animal e calcular oganho de peso médio no período, que não deve serinferior a 0,350kg por dia.

Aleitamento artificial – Entende-se por aleitamentoartificial o fornecimento de dieta líquida em balde paraos bezerros. Para que esse sistema funcione comperfeição é necessário que as vacas "desçam o leite"sem a presença do bezerro e que tenham umaprodução diária mínima que justifique a adoção dessa

prática. É muito importante que o tratador seja treinadoe esteja consciente de que é fundamental a higienepessoal e dos utensílios para o êxito dessa prática.

Esse sistema racionaliza o manejo dos animais,separando o bezerro da vaca, e controla a quantidadede leite ingerida pelo bezerro. Devem ser fornecidos acada bezerro 4 litros por dia (2 litros pela manhã e 2 àtarde). A regularidade dos horários e a temperatura doleite são importantes. Em sistemas de aleitamentoartificial, devido ao valor econômico do leite naturalem algumas épocas do ano, é possível adotaro sucedâneo do leite, desde que a relaçãocusto/benefício seja favorável e que o produtoobedeça aos padrões nutricionais necessários para obom desenvolvimento e a saúde do bezerro.

O sucedâneo, ou leite "em pó", é um compostoformado à base de ingredientes lácteos e componen-tes de origem animal e/ou vegetal, enriquecido comvitaminas e sais minerais, em proporções equilibra-das. Recomenda-se que o uso desse produto sejaavaliado pelo técnico especializado para que secertifique de que em sua composição estejam oselementos indispensáveis ao bom desenvolvimentodos bezerros. A diluição em água aquecida(quantidade de leite em pó por litro de água) deve serrigorosamente obedecida. A qualidade dossucedâneos de leite tem melhorado muito nos últimosanos, com os novos métodos de processamento dasmatérias-primas que os compõem.

PRIMEIROS CUIDADOS COM O BEZERROO produtor deve estar bem treinado para dispensar os seguintes cui-dados logo após o parto:• limpar e desobstruir as narinas e a boca do bezerro;• estimular-lhe a respiração, esfregando seu tórax com um pano seco elimpo;• verificar se há alguma anomalia física;• não sacudir o animal pelas pernas nem dar socos para estimular arespiração;• desinfectar o umbigo com solução de iodo a 7% e cortar o cordãoumbilical, deixando cerca de 5cm. Repetir a aplicação da soluçãodesinfectante a cada 12 horas, por 3-4 dias;• identificar o animal;• eliminar as tetas extras, se for o caso.

Medição epesagem do

bezerro

Fornecimento de leite no balde

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 11

Para que o bezerro desenvolva o rúmen mais cedoé necessário que comece a ingerir o concentrado oquanto antes. Por isso, deve ser deixada à suadisposição uma pequena porção de concentrado, apartir da primeira semana de vida. Esse concentradodeve ser de ótima procedência e preparado comingredientes de excelente qualidade. A verificaçãodiária da higiene dos recipientes é fundamental e deveser rotina obrigatória.

O fornecimento de água de boa qualidade e àvontade é indispensável na criação de bezerros. Afalsa idéia de que bezerros não bebem água naprimeira fase da vida está relacionada aos sistemasem que mamam à vontade na mãe. Quando sãoseparados, é necessário oferecer-lhes água à vonta-de. Trabalhos de pesquisa têm mostrado que, nessascircunstâncias, a restrição de água pode promovermenor consumo de alimentos e prejudicar seriamenteo desenvolvimento do animal. A água disponível deveser limpa, fresca e renovada diariamente.

Desmame precoce – As principais vantagens dodesmame precoce são a redução no custo daalimentação e da mão-de-obra. Comumente a raçãoutilizada tem um custo mais baixo que o do leite.Quando o bezerro passar a consumir cerca de 700gde concentrado/dia, estará pronto para o desmame,independentemente de seu tamanho, idade ou peso.Alguns bezerros chegam às condições de desmamepor volta das três semanas de idade, variando deanimal para animal e de acordo com a qualidade doconcentrado utilizado. Não se deve forçar o desmameantes do tempo, pois a suposta economia advinda daredução da quantidade de leite poderá não se

Água limpa eprimeirasporções deconcentrado

Depois dedesmamados, osbezerros devem

permanecerpor mais um

tempo nomesmo local

justificar ante possíveis gastos com medicamentos eaumento da mortalidade. Recomenda-se o desmameabrupto, ou seja, de uma vez só, já que a reduçãogradativa da quantidade de leite não se justifica e émuito trabalhosa, dependendo do número de animais.Os bezerros devem permanecer em sua instalação pormais algum tempo, recebendo água e alimentossólidos para diminuir o estresse. Na instalação podemser mais bem observados pelo tratador, que deveestar atento ao comportamento deles nessa fase.

Saúde dos bezerros (prevenção das principaisdoenças) – Nessa primeira fase da vida dos bezerros,todo o cuidado é pouco, pois é a categoria de animaismais suscetível a doenças, apresentando maiornúmero de seqüelas e perdas por morte. Dentre as

PROBLEMAS QUE OPRODUTOR TEM DE VENCER

• Doenças infecto-contagiosas• Ecto e endoparasitas• Utilização incorreta do colostro e alimento líquido• Ambiente e instalações inadequados• Baixa qualidade de alimento volumoso• Subnutrição• Baixa qualidade da mão-de-obra

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12 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

principais doenças, desta-cam-se as diarréias, queprovocam a desidratação epodem levar o animal à morte.Além dessa perda direta, há osgastos com medicamentose mão-de-obra. Segundoindicam pesquisas, os bezer-ros afetados por diarréia quenão recebem o tratamentoadequado apresentam atrasono crescimento e no apareci-mento do cio.

São vários os fatores ecausas que provocam a diar-réia, o que exige uma atençãoespecial do tratador: bactérias(Escherichia coli, Salmonellasp., Clostridium perfringens);vírus (rotavírus e coronavirus);protozoários (Eimeria sp.);verminoses; desajustenutricional (excesso de leiteou de ração). Por fim, há quese considerar o ambiente, ouseja, instalações que nãoapresentem boas condiçõesde limpeza e higiene, com be-bedouros e cochos sujos e contaminados, favorecemas diarréias de origem infecciosas.

Os tipos de diarréias mais comuns são:Curso vermelho – Diarréia provocada por protozoário(coccidiose ou eimeriose), também conhecida porcurso de sangue ou curso preto. Afeta os bezerros deum a seis meses de idade e também animais adultos,caracterizando-se por fezes líquidas com forte odor,escuras, com presença de muco e sangue, queaderem à cauda. Como prevenção da eimerioseindicam-se medidas higiênicas e de manejo, além dadesinfecção das instalações, com produto indicadopelo médico veterinário.Curso amarelo – Diarréia provocada por vírus(comumente o coronavírus e o rotavírus). Os animaisacometidos, de sete dias até três semanas de idade,ficam fracos, deprimidos e sem apetite, apresentandofezes líquidas com muco e leite coalhado. Além doscuidados com a higiene é necessária a avaliação do

médico veterinário para indicaro tratamento adequado.Diarréia por vermes – Afecçãograstrointestinal que ataca osanimais mais jovens, podendotrazer conseqüências maissérias devido à lesão doepitélio intestinal pela ação dosvermes, o que favorece ainfestação por bactériasoportunistas. Seu controle sedá por meio da vermifugação.Curso branco ou colibacilose– O agente infeccioso é abactéria Escherichia coli. Essainfecção é a principal causa dediarréia em bezerros, e temelevado índice de mortalidade.Afeta os animais nas trêsprimeiras semanas de vida, eestes apresentam fezes de coresbranquiçada e com forte odordesagradável. O bezerro ficaapático, não come, emagrecerapidamente e pode ter mortesúbita. Em seu controle sãofundamentais as medidashigiênicas nas instalações para

evitar novas contaminações. O tratamento deve serindicado pelo médico veterinário.Curso verde ou salmonelose – Também conhecidacomo paratifo dos bezerros, essa moléstia é causadapela bactéria Salmonella sp. É mais comum emanimais com menos de doze semanas de idade. Osdoentes apresentam fezes líquidas, com muco, de coresverdeada ou acinzentada e com bolhas de gás deodor desagradável. Comumente, esse tipo de diarréiaestá associado à pneumonia, devido à queda nasdefesas imunológica do animal, o que favorece àdisseminação de bactérias pelo organismo. Para seucontrole indicam-se medidas higiênicas e de manejo,além de tratamento sob orientação do médicoveterinário.

Outras doenças importantes dos bezerros, pelosprejuízos que causam, são:Pneumonia – Caracteriza-se pela inflamação dos

A qualquer problema com o bezerro, deve-sechamar o médico veterinário o quanto antes

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 13

bronquíolos, com o animal apresentando sintomascomo aumento na freqüência respiratória, tosse e sonsrespiratórios anormais. As pneumonias infecciosas queacometem os bezerros podem ser causadas por vírusou bactérias. A prevenção consiste em alimentaçãoadequada, higiene e isolamento dos animais doentes.Deve-se evitar a aglomeração dos animais em instala-ções abafadas, o que favorece a disseminação dadoença, bem como não deixar que fiquem expostosconstantemente a correntes de vento.Babesiose – A babesiose, também denominadapiroplasmose, é causada por protozoários do gêneroBabesia, transmitidos pelo carrapato. Afeta maisos animais de origem européia, que são os mais

atacados pelos carrapatos. Acarretando sériosprejuízos econômicos, essa doença causa febre alta,falta de apetite, fraqueza, interrupção da ruminação,orelhas caídas, queda na produção de leite, freqüên-cias cardíaca e respiratória aceleradas e anemia.Anaplasmose – Trata-se de moléstia causada pelarickettsia Anaplasma marginale, transmitida pela sali-va do carrapato, ao se fixar no corpo de um animal.Embora estudos mostrem que a anaplasmose é maisgrave nos bovinos adultos, em regiões de forte pre-sença de carrapatos os bezerros acabam sendo viti-mados, o que leva a perdas econômicas devido à morteou ao atraso em seu desenvolvimento. Na fase agudada doença, os animais apresentam febre alta, falta deapetite e, às vezes, leve diarréia. Pode evoluir parasintomas como perda de peso progressiva, com osanimais apresentando mucosas pálidas, icterícia eolhos fundos. Medidas de controle tanto da babesiosecomo da anaplasmose – denominadas também de"tristeza bovina" – prevêem manejo adequado de modoque os animais jovens tenham contato com carrapatospara desenvolverem imunidade. O tratamento deveficar sob a responsabilidade do médico veterinário.Onfaloflebite – Trata-se da inflamação do "cordãoumbilical", provocada por alguma contaminaçãoquando o bezerro nasce. Os sintomas são: aumento

O animal com pneumonia deve ficar isolado dos outros

São necessárioscuidados

para evitar ainflamação do

umbigo

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14 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

de volume no umbigo, com a presença de exsudato(matéria resultante do processo inflamatório) e dorabdominal. A evolução da inflamação pode levar ahepatite, peritonite ou abcesso hepático, pneumonia eaparecimento de bicheira (miíase). As principaismedidas preventivas devem ocorrer no momento doparto, garantindo que a parição ocorra em locaislimpos, tomando-se todos os cuidados no tratamentodo umbigo. O tratamento da doença deve ficar acritério do médico veterinário.Verminoses – Os bezerros devem receber doses devermífugos aos 45 dias de idade, preferencialmentena entrada, meio e final do período seco e na metadedo verão.

O sucesso ou falha na criação de bezerrosdepende, em grande parte, da mão-de-obra emprega-da com esses animais. A mulher destaca-se para essetrabalho, o que se explica por possuir naturalmenteinstinto maternal desenvolvido e conceitos dehigiene mais apurados que o homem. Deve reunirconhecimento sobre o assunto, calma, paciência eamor ao executar as tarefas diárias. Algumas situa-ções devem ser observadas e desenvolvidas pelostratadores, no sentido da prevenção de enfermidades,a saber: ao se levantar o bezerro defeca e urina. Essaé a melhor oportunidade para suspeitar-se de diarréia(fezes líquidas), desidratação (fezes secas) ou tristezaparasitária (urina escura).

Pode-se identificar respiração acelerada e/ouforçada, características de animais com problemasrespiratórios. O cheiro, a coloração e a consistênciadas fezes diferentes do normal são indicadores deproblemas clínicos. Mãos treinadas, ao tocarem asorelhas dos animais, podem identificar a temperaturacorporal elevada. Um nariz bem treinado ajudaa identificar uma infecção, seja no umbigo, no

DESAFIOS NACRIAÇÃO DOS BEZERROSÉ fundamental que o produtor esteja ciente

de que a fase do nascimento ao desmame é operíodo mais crítico na vida do bovino, pois obezerro tem de:• sobreviver ao processo de nascimento;• adaptar-se ao novo ambiente extra-uterino;• adaptar-se ao leite materno;• iniciar o crescimento e o desenvolvimentopós-natal;• passar pelas alterações metaból icas,nutricionais e comportamentais para tornar-seum ruminante funcional.Assim, o produtor deve buscar o máximo deeficiência na criação de bezerros para alcançaros seguintes objetivos:• minimizar a mortalidade;• obter um ritmo de crescimento adequado;• obter a reprodução precoce dos animais;• contar com animais saudáveis para a reposição;• garantir o melhoramento genético.

entre-unhas, seja em outra parte do corpo, bem comopode detectar feno mofado ou ração estragada. Ohábito do tratador de falar ou cantar durante o tratodesenvolve confiança e melhora a comunicação comos animais, que o identificam pela voz. O resultadode tudo isso propicia maior satisfação do tratador,menores taxas de mortalidade e, conseqüentemente,eleva os índices de lucratividade.

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 15

MANEJODAS NOVILHAS

Afase de recria, que vai da desmama até aprimeira cobertura, é menos complexa quea fase de bezerros, mas nem por isso exigemenor atenção dos produtores de leite. Aalimentação das novilhas dependerá daidade estabelecida para a primeira cobertu-

ra. A idade à primeira cobertura ao redor de 15 mesesexige melhores condições de manejo e nutrição. Éimportante destacar que a época para a primeira cober-tura é definida pelo peso e não propriamente pelotempo de vida do animal, de acordo com o Quadro 2, napágina 16. Ao se estabelecer o sistema de alimentaçãopara as novilhas, é importante que haja coerência coma fase de cria. De nada adianta dispor de um sistema decria sofisticado e caro, com o qual se obtenham animaisbem desenvolvidos e com excelente aspecto nomomento da desmama, se eles serão mal alimentadose manejados na fase de recria.

Uma recria prolongada significa desperdício derecursos com animais improdutivos, que aindainfluenciam negativamente na eficiência do sistema.Alimentação e manejo adequados, bem como aadoção de um esquema preventivo contra doenças eparasitas, são o alicerce para o sucesso nessa fase.

Dieta das novilhas – A recria pode ser feita a pasto,em sistemas rotacionados planejados para essa fase.Pastos de excelente qualidade e bem manejadossuprem todas as exigências nutricionais das novilhas,desde que recebam como suplemento uma misturamineral adequada. Durante o período da seca, aalimentação deve ser suplementada com volumosono cocho para que os animais não percam peso.Podem ser uti l izadas forragem verde picada,cana-de-açúcar corrigida com uréia e até mesmosilagem e feno, dependendo do nível tecnológico dapropriedade e da relação custo/benefício favorável.

É importante nessa fase evitar-se a competição poralimento e água entre as novilhas, separando-asem lotes por idade. E é muito importante que oscochos e bebedouros tenham sido dimensionados paraatendê-las satisfatoriamente.

O fornecimento de concentrados vai dependerfundamentalmente da qualidade do volumoso e do

Em lotes,segundo seudesenvolvimento,as novilhas ficamem piquetesseparados

manejo estabelecido para que os animais tenham umganho de peso diário compatível com a idadeestabelecida para a primeira cobertura.

O crescimento das bezerras depende basicamenteda nutrição. Deve-se considerar que os animais dasraças especializadas são mais precoces, ou seja,amadurecem sexualmente mais cedo e são capazes deapresentar crescimento muito rápido em curto períodode tempo. Por isso, são muito exigentes e não toleramerros de manejo e nem fases prolongadas desubnutrição.

Ganho de peso – O produtor deve estar sempreatento ao desenvolvimento das novilhas para evitar queganhem peso em excesso, na fase dos 90kg até os280kg de peso vivo, pois isso poderá acarretar acúmulode gordura no úbere, comprometendo seu potencial deprodução de leite. Por essa razão, o ganho de pesodiário não pode ultrapassar os 800 gramas. Assim, épreciso monitorar o desenvolvimento das novilhas compesagens mensais (se possível, quinzenais), parainterferir no manejo nutricional caso o desempenho nãoesteja conforme o esperado.

Embora muitos produtores se preocupem com ocusto de criação de novilhas, é fundamental estarciente de que é uma atividade das mais importantes,sobretudo quando é feito investimento na melhoriagenética do rebanho. As novilhas, quando bemcriadas, terão condições de substituir as vacas

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16 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

leiteiras e espera-se que tenhamvida produtiva longa e maior ca-pacidade de produzir leite quesuas mães.

As vantagens do crescimento"acelerado" de novilhas podem ser

demonstradas quando a produção de leite na primeiralactação for suficiente para pagar qualquer investimen-to adicional a ser feito com a alimentação dos animais.

Geralmente são três os problemas mais comunsnessa fase: o primeiro é o fato de que as novilhascobertas precocemente sofrerão bastante naprimeira lactação, perdendo peso acentuadamenteapós o parto, apresentando intervalos prolongadosentre partos e desenvolvimento corporal prejudicadopara o resto da vida. Isso decorre do fato de a novilhanão ter crescido adequadamente após o estabeleci-mento da gestação e de não ter recebido umaalimentação correta após o parto. O segundoproblema consiste no fato de que muitas vezes oscriadores não são capazes de obter um desenvolvi-mento adequado da novilha de maneira que possamser cobertas na idade de 15 a 18 meses. Normalmen-te, nessas condições, a grande limitação é impostapela baixa qualidade do alimento volumoso. O tercei-ro ponto de estrangulamento da obtenção de cresci-mento normal de novilhas diz respeito a problemasrelacionados com a saúde dos animais. Doençasinfecto-contagiosas e parasitárias podem constituir-se em sérios obstáculos a ganhos de pesosatisfatórios em bezerras de raças especializadas.Adoções de medidas profi láticas e terapêuticasadequadas devem criar condições para que osefeitos da nutrição adequada apareçam e os animaisapresentem os ganhos de peso esperados. Ocombate sistemático às verminoses tem efeito muitopositivo no desenvolvimento de novilhas, mas éprática muitas vezes desprezada pelos criadores.

As novilhas gestantes podem ser manejadas comas vacas secas, recebendo a mesma alimentação.Durante essa fase recomenda-se a divisão em lotespor peso para evitar a competição por alimento ereduzir o estresse social.

De três a quatro semanas antes do parto a novilhadeve ser manejada junto às vacas em lactação, parase acostumar ao novo ambiente. O animal deve sertreinado para a primeira lactação, pois poderá terproblemas de adaptação inicial, com as atividades donovo ambiente.

As novilhas devemreceber alimentaçãoadequada para oganho de pesodesejável

Quadro 2 - Crescimento de fêmeas leiteiras para parição aos 27meses, de acordo com o tamanho da raça

IDADE(meses) RAÇAS GRANDES RAÇAS PEQUENAS

peso ganho Peso ganho(kg) diário(g) (kg) diário(g)

Nascimento 40 30

1º 55 500 42 400

2º 73 600 55 450

4º 109 600 82 450

6º 145 600 109 450

8º 181 600 136 450

10º 217 600 163 450

12º 253 600 190 450

15º 289 600 230 450

18º (cobrição) 352 700 270 450(340 – 360) (260 – 280)

21º 424 800 315 500

24º 496 800 378 700

27º(parição) 580 900 450 800

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 17

MANEJODAS VACAS

Independentemente do sistema deprodução adotado, existem alguns concei-tos universais na produção leiteira. Parase obter sucesso na atividade deve-seatender a três exigências fundamentaisdas vacas: nutrição, sanidade e conforto

do animal.Para que as boas produtoras de leite não percam

peso acentuadamente no início da lactação, elasdevem parir em condições físicas satisfatórias (veja oquadro do escore corporal, no volume Gestão e Quali-dade, página 16). Para tanto, sua dieta deve conside-rar o fato de que após o parto as exigências nutricionaissão muito elevadas, enquanto o apetite é baixo.Exageros na oferta de concentrados não devem ocor-rer, para que se evitem distúrbios metabólicos (acidose,laminite e outros) e queda no teor de gordura do leite. Épreciso ter em mente que alimentos volumosos dequalidade e em quantidade são fundamentais para ofuncionamento adequado do rúmen e para a nutriçãoequilibrada da vaca leiteira. O concentrado deve serconsiderado um complemento do volumoso.

Após os primeiros 3-4 meses de lactação, fica maissimples alimentar as vacas porque, com a produçãoem declínio, o consumo de alimento passa a serproporcional à quantidade de leite produzido. Nessafase, normalmente a vaca não utiliza mais as reservasorgânicas e começa a ganhar peso. Uma gestaçãoestabelecida por volta dos 90 dias não irá exigirpraticamente nada do animal, pois o que é exigidopelo feto só se tornará significativo a partir do 7º mêsde gestação, coincidindo com o 9º ou 10º mês delactação, próximo à época de secagem.

No terço final da lactação, com a diminuição daprodução de leite, a alimentação deve ser bemcontrolada, pois pode afetar significativamente oscustos de produção. As vacas devem receber umadieta que não permita que elas ganhem peso emexcesso, mas que lhes dê alimento suficiente,principalmente na época seca do ano, para repor asreservas corporais perdidas no início da lactação.

As vacas leiteiras necessitam de um período secomínimo de 60 dias, durante o qual o tecido daglândula mamária é renovado, fenômeno quefavorece a próxima lactação. Sem esse período dedescanso, a produtividade é sensivelmente reduzida.Para a correta secagem dos animais deve-se ter acerteza da data da cobertura fértil, para então progra-mar-se com antecedência a data da secagem. Naocasião da secagem deverá ser feito o tratamentopreventivo contra a mastite, em todas as vacas.

CONFORTO DOS ANIMAIS

As condições de conforto a que os animais sãosubmetidos têm a mesma importância no desempe-nho produtivo que a alimentação e a sanidade, porexemplo. Os principais sintomas observáveis emvacas submetidas ao estresse térmico são: diminui-ção do consumo de alimentos; redução das taxasde concepção; desaparecimento dos sinais de cio;além de o animal ficar muito tempo em pé, ter arespiração ofegante e apresentar salivação intensa.

Vacas secas, bemalimentadas,

em piqueteadequado

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18 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

Manejo inadequado e condições desconfortáveiscausam problemas sérios em qualquer sistema deprodução, tais como reprodução irregular, baixaprodução de leite, problemas de casco e saúde doúbere. Em muitas propriedades, é comum encontra-rem-se os animais sob condições muitodesconfortáveis e estressantes, como falta desombra e excesso de barro. Além disso, muitosanimais têm que dar longas caminhadas sobrepedras, tocos e outros obstáculos nos pastos, emcorredores maldimensionados e sem manutenção.Como se isso não bastasse, as vacas ficam emsalas de ordenha apertadas e abafadas, paraserem ordenhadas nas horas mais quentes do diapor funcionários despreparados e desmotivados.Mesmo uma vaca bem nutr ida, com a saúdeperfeita, se submetida a esse tipo de "manejo", comcerteza não expressará todo o seu potencial de pro-dução.

Em tais condições, fatalmenteocorre uma redução da produçãomédia e até mesmo uma diminuiçãode até 50% na lactação. Em sistemaintensivo de pastejo, as vacas devemser conduzidas ao novo piquetesempre no final da tarde, evitando-seassim o efeito do calor. No restante dodia, o mais acertado é que tenham àdisposição área sombreada e bemventilada e água fresca. As áreas dedescanso dos animais devem ficarpróximas ao local de ordenha,evitando-se assim que os animaisfaçam caminhadas desnecessárias.

Outra medida importante parareduzirem-se os efeitos do calor sobreas vacas leiterias é realizar as orde-nhas nos períodos mais frescos do dia,principalmente a ordenha da tarde, que deverá serfeita sempre após as 17 horas. Além disso, o produtornão deve usar cavalos e cachorros para a conduçãodas vacas, pois estas são lentas e podem ficarestressadas pela pressão exercida por esses animais.

Sombra – As vacas leiteiras precisam ficar nasombra a maior parte do dia para seu conforto. Asombra pode ser natural ou artificial. É recomendá-vel o plantio de árvores em renque, isto é, emfileiras de 4 a 5 metros de largura, dispostas nosentido norte-sul. Dessa forma, a área de sombra éampliada e reduz-se a formação de barro e lama,pois de manhã os animais ficam de um lado e, àtarde, do outro (assim, o local onde ficaram demanhã receberá todo o sol tarde).

Enquanto a propriedade não dispuser de sombranatural, aconselha-se o uso de sombrite ou dequalquer outro material disponível que garanta espa-ço sombreado, fresco e ventilado aos animais. Opé-direito não deve ser inferior a 4 metros de altura,respeitando-se um espaço de 10m2 por animal, comoforma de reduzir o estresse social.

No caso de sombras de árvores, recomenda-seum manejo de descanso, por meio de um rodízioentre as áreas disponíveis. O excesso de urina e es-terco pode reduzir a vida útil das árvores destinadasa esse fim. Um bom expediente é fazer um cercado de

CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO

Resumidamente, por manejo das vacas leiteiras entende-seo conjunto de práticas para prover-lhes as melhores

condições de produção, como:Condição de peso ao parto: As vacas devem parir nem

excessivamente magras nem gordas. Vacas que ganham muitopeso antes do parto apresentam apetite reduzido, menoresproduções de leite e podem apresentar problemas metabólicose baixa resistência a doenças. Já as excessivamente magrasapresentam baixa produção, demora no retorno ao cio, entreoutros problemas.

Divisão dos animais em lotes por produção: O idealquanto à divisão em lotes é trabalhar com lotes individuais,o que nem sempre é possível de se fazer em rebanhos leitei-ros. A pior situação é o lote único (sem divisões), em que nãosão consideradas as condições de produção de cada vaca.Assim deve-se encontrar, para cada situação, o melhorcritério possível.

De forma geral, a divisão em dois ou três lotes por produçãoatende bem à maioria das fazendas. Na prática, isso significa terum lote de vacas de alta produção (início de lactação, até os 100dias), meio da lactação (de 101 a 200 dias) e um terceiro lotecom as vacas em final de lactação (acima de 200 dias).

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 19

proteção para impedir que os animais fiquem próximosdos troncos das árvores.

A escolha das árvores a serem plantadasdependerá do gosto de cada um. No entanto, éconveniente não usar espécies que em algumperíodo do ano percam as folhas, bem como árvorescujos troncos, folhas ou frutos possam significaralgum t ipo de r isco para os animais. Árvoressensíveis a geadas ou que tenham a copa muitofechada tampouco são desejáveis.

Água – É fundamental que a propriedade disponha defontes para captação de água (nascentes, riachos oupoços artesianos) suficientes para todos os animais,em quantidade e qualidade. O bebedouro, indepen-dentemente de seu tamanho, precisa ter um fluxocontínuo de água, cuja vazão atenda a todo o rebanho.A água oferecida deve ser de boa qualidade, o queexige todo cuidado quando for captada em açudes,ribeirões e córregos, cuja qualidade pode ser bastanteduvidosa. Os acessos tanto à água como às áreas desombra e pastos deverão ser planejados, visando areduzir as distâncias, facilitar o deslocamento e evitar aformação de lama.

A observação dos seguintes pontos é fundamentalpara garantir a qualidade da água num sistemaeficiente de produção de leite: fazer análise

rotineira e específica para confirmar a potabilidadee conhecer a sua composição química; adotarmedidas preventivas e de proteção para evitar acontaminação da água de poços e nascentes; fazerperiodicamente (a cada seis meses) a desinfecçãode poços, reservatórios e canalizações; no caso demanancial contaminado, aplicar, sob a orientaçãodo técnico especializado, produtos à base decloro. Eis um cuidado fundamental contra

Sombrasnatural eartificial(com bambu)

Bebedouro comcalçada ao redor

para evitarempoçamento de

água e lama

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contaminações: não lançar fezes e urina depessoas ou de animais no solo ou na água. Essesdejetos devem receber tratamento por meio decompostagem, biodigestão, esterqueira, fossas,lagoa de estabilização ou outros métodos.

É importante destacar ainda que produtosquímicos utilizados na produção animal e vegetal,como herbicidas, fungicidas e inseticidas, podempoluir seriamente as fontes de água. Por essarazão, o descarte dos recipientes deve seguirrigorosamente a legislação que trata da destinação deembalagens vazias de agrotóxico. O recomendável éque sejam armazenadas em local seguro, no máximopor um ano, e depois devolvidas à loja onde foramcompradas.

Corredores – Os corredores deverão ser largos (comno mínimo 3 metros) e abaulados no centro. Ocorredor precisa ser bem dimensionado e localizar-se num nível superior ao terreno, neste caso parapossibilitar um escoamento eficiente da água,impedindo-se a formação de poças. Na construçãoou na reforma de um corredor é recomendadomisturar calcário (base de cálculo = 3t/ha) à terraremexida por ocasião do trabalho, com a finalidadede promover maior compactação do solo e diminuira formação de barro.

OUTRAS MEDIDAS DE CONFORTO

• Promover a limpeza constante dos locais de trânsito dos animais,objetivando reduzir os riscos de acidentes;• Não tocar as vacas leiteiras com cavalos e cachorros, nemtratá-las agressivamente com gritos e chicote ou ferrão, pois taispráticas as deixam muito estressadas;• Evitar lidar com os animais (vacinações, pesagensinseminações, controle de parasitos) nos horários quentes do dia;• Treinar e capacitar a mão-de-obra para lidar com as vacasleiteiras, pois, por serem animais normalmente dóceis, elasgostam de rotina e precisam ser tratadas com amor e carinho;• Se houver trato dos animais no cocho, fazê-lo sempre nosperíodos mais frescos do dia: até às 9 horas da manhã ouapós as 16 horas.

O primeirocorredorestá muitomalcuidado, e osoutros dois estãoadequadospara o tráfegodas vacas

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 21

NUTRIÇÃODAS VACAS

Aalimentação do rebanho responde por,aproximadamente, 40 a 50% do custo daprodução de leite. A alimentação do gadode leite baseia-se no fornecimento devolumoso de boa qualidade (pasto, cana-de-açúcar com uréia, silagem, feno etc.)

e de alimentos concentrados (rações comerciais,suplementos protéicos, vitamínicos e minerais eresíduos ou subprodutos agroindustriais - caroçode algodão, polpa cítrica, farelos de cereais, etc.) eágua. Para propor-se um sistema de alimentaçãopara uma propriedade rural, é preciso conhecer asnecessidades dos animais e os alimentos disponí-veis. Animal bem nutrido é aquele que em nenhumdia do ano sofra restrição alimentar, tanto emquantidade como em qualidade, tendo uma dietabalanceada.

A grande diferença entre um alimento volumoso eo concentrado é o teor de fibra. Os concentradosapresentam um teor de fibra inferior a 17%, enquantoos volumosos superam os 17%. Os concentrados sãogrãos e farelos de cereais e leguminosas, raízes etubérculos, bem como subprodutos da indústriaalimentícia. Esses produtos têm boa palatabilidade(sabor agradável para os bovinos) e são consumidosrapidamente, graças a seu baixo volume por peso.

Os sistemas de produção intensiva de leite compastejo rotacionado têm como base de alimentaçãono verão, para as vacas em lactação, pastagenssuplementadas com concentrado, oferecido àsvacas, separadas por lotes de acordo o nível deprodução. Trabalhos de pesquisa e a própria práticatêm demonstrado que uma pastagem de boa quali-dade pode sustentar a produção de 10 a 12 litros deleite por vaca por dia sem o uso de concentrado.

Volumoso – Antes de se estabelecer a composiçãoda dieta, devidamente acompanhado pelo técnicoresponsável, o produtor deve fazer uma estimativa

realista da produtividade,da qualidade e do custode cada vo lumoso,considerando tambéma disponibi l idade demão-de-obra. Da esco-lha do volumoso depen-de do desempenho dorebanho.

Concentrado – No casode empregar o concen-trado, os ingredientesque serão utilizados emsua formulação devemestar relacionados àsituação de cada propri-edade, variando deacordo com as condiçõesclimáticas da região, dacapacidade de investi-mento do proprietário, dadisponibi l idade doproduto e do custo decada ingrediente.É importante o produtorestar ciente de que oconcentrado não deveser ut i l izado paracomplementar o baixovalor nutr ic ional dovolumoso. Nesse caso,além do aumento doscustos, há ainda o risco de os animais apresentaremdistúrbios metabólicos e a produção cair. Por isso,é muito mais econômico o criador investir novolumoso do que carregar no concentrado. O usocorreto do concentrado, no inverno, vai dependerde se planejar, no verão, a produção de um bomvolumoso, como cana-de-açúcar corrigida com

Volumoso dequalidade no

cocho

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uréia, por exemplo. O técnico responsável deve sercapacitado para formular uma dieta de acordo comas necessidades do produtor, equilibrando os nutri-entes, de modo a fazer uma adequada composiçãode custos para cada categoria animal.

Minerais – A deficiência, nas pastagens brasilei-ras, principalmente de fósforo, de cobre e de cobalto,exige que o produtor, preocupado em aumentar aprodutividade de seus animais, adicione suplemen-tos minerais na alimentação dos animais. Elesproporcionam aumentos significativos nos índiceszootécnicos, sobretudo na fertilidade e no ganho depeso dos animais.

É necessário incluir a suplementação mineral nosalimentos, para que se alcance uma produtividade maiseficiente. O consumo diário depende de fatores como:a qualidade e a quantidade disponível de pastagens;tipo e nível de desempenho animal; número, tipo elocalização de cochos; composição do suplemento,principalmente quanto à porcentagem do sal comum,quantidade de palatabilizantes, etc.

O custo da suplementação mineral, de acordo complanilhas de custo desenvolvidas por órgãos depesquisa, não passa de 2% ou 3% do custo de produ-ção do leite. Assim, a suplementação torna-seinquestionável, já que a relação custo/benefício émuito boa.

O concentradodeve serformuladoadequadamentepara cadacategoria animal

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 23

SANIDADEDO REBANHO

Aprodução e a produtividade da pecuáriade lei te dependem diretamente dasaúde dos animais. Esses dois fatoressofrem um grande impacto quando, emrebanhos cujos animais apresentam

sintomas de doenças, não se realizam as medidasrotineiras para o controle dos agentes dessasdoenças. As seguintes medidas preventivas devemser observadas e seguidas regularmente: atençãocom a vaca no pré-parto e assistência ao parto;cuidados com o recém-nascido; atenção com a vacano pós-parto (verificar se o animal liberou a placen-ta); contenção cuidadosa dos animais para nãomachucá-los; administração de medicamentos soba orientação do médico veterinário; detecção dosprincipais sintomas das doenças (febre, pêloarrepiado, corrimentos, fezes alteradas, apatia,isolamento do animal do lote, dentre outros);controle da mastite; controle dos ectoparasitas(carrapatos e bernes) e endoparasitas (vermes);cumprimento à risca do calendário de vacinaçõesda sua região; limpeza, desinfecção e higienizaçãodas instalações e dos equipamentos; utilização deágua de excelente qualidade; cuidados quanto àsaúde e higiene pessoal dos tratadores.

As ações preventivas de um médico veterináriocompetente, assistindo o rebanho, treinando eorientando o pessoal da fazenda sobre taispráticas, devem ser vistas como investimento e nãocomo custo.

Observações diárias de todas as categoriasanimais do rebanho, no sent ido de prevenirdoenças, contribuem significativamente para osucesso da atividade.

Todo animal que for entrar na propriedade,independentemente da sua categoria, deve viracompanhado de atestado de sanidade contra asprincipais doenças.

O melhor realmente é prevenir. As vacinas são

medidas preventivas eficientes para controlar asanidade dos rebanhos contra as principaisdoenças, que causam prejuízos econômicos aoprodutor. O médico veterinário deve ser consultadopara estabelecer um calendário adaptado à suaregião, conforme o quadro abaixo.

CALENDÁRIO SANITÁRIOVacinas• Brucelose: fêmeas entre 3 e 8 meses deidade;• Febre aftosa: março e setembro - todos osanimais;• Carbúnculo sintomático: vacas no 8º. mês degestação, bezerras de 3 meses em diante edepois de 6 em 6 meses, até a idade adulta;• Pneumoenterite (paratifo): vacas no 8º. mêsde gestação e bezerros no 7º. dia de vida;• Raiva: deve acompanhar o calendário dasvacinas de aftosa. Em regiões com o problema,de 12 em 12 meses, todos os animais;• Leptospirose: novilhas, vacas e touros de 6em 6 meses.

Vermifugações• Rebanho a partir dos 3 meses de idade,sempre no início, meados e final da seca, alémde meados da estação das águas. Animaisadultos apenas em caso de necessidade. Éimportante sempre buscar orientação junto aomédico veterinário.

Carrapaticidas• De acordo com a infestação, deve-se obede-cer à recomendação do veterinário e à bulados produtos prescritos.

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24 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

PRINCIPAISDOENÇAS E SUA PREVENÇÃO

Brucelose – O animal é infectado ao entrar emcontato com feto abortado, placenta ou pelo ambi-ente contaminado pelo líquido fetal ou corrimentovaginal de fêmea que tenha acabado de abortar. Sehouver monta natural, pode ocorrer a transmissãodo agente infeccioso do touro para a vaca ouvice-versa. Na propriedade, a primeira suspeitaaparece quando uma ou mais vacas abortam emtorno do 7º mês de gestação. O quanto antes omédico veterinário deve ser consultado paraavaliar a situação e colher material para análise, afim de obter um diagnóstico preciso.

Na grande maioria dos casos, a brucelose surgenum rebanho graças à introdução de animaiscontaminados provenientes de outros rebanhos, emque não se tomaram as medidas preventivasnecessárias. Por isso, o produtor deve ficar muitoatento quando da compra de novos animais. Assim,recomenda-se comprar animais jovens, as fêmeasantes da cobertura e os machos antes de seremusados. Isso não só por causa da brucelose, mastambém devido a outras doenças, como a campilo-bacteriose, a rinotraqueíte, a tricomonose etc.Também só se devem adquirir animais de rebanhoscomprovadamente negativos para a brucelose. Osanimais comprados precisam ficar em quarentena,em pastos isolados, longe dos animais da proprie-dade, até que os exames específicos comprovemsua saúde.

Prevenção: As fêmeas devem ser vacinadasentre o 3º e 8º mês de idade. A brucelose é umadoença infecto-contagiosa que se caracteriza porprovocar abortos, com mais freqüência no 7º mêsde gestação, sem que a vaca se mostre doente.

Importante: A brucelose é uma zoonose trans-missível do animal para o homem e vice-versa.

Tuberculose – A tuberculose é uma doença de evolu-ção crônica, que afeta tanto o homem como osanimais. No Brasil, a situação da tuberculose não ébem conhecida, devido à ausência de um programanacional de controle e pouca sensibilidade para oproblema. Tudo porque a tuberculose, como doençacrônica, não apresenta sintomas alarmantes comoaborto, febre alta, queda abrupta de produção de leite,dentre outros. A importância econômica atribuída àtuberculose está baseada nas perdas diretas ocasio-nadas pela morte dos animais, queda da produção deleite, descarte precoce, eliminação de animais de altovalor zootécnico e condenação de carcaça.

Estima-se que os animais infectados percam de10 a 25% de sua eficiência reprodutiva. A perda decredibilidade da propriedade rural, mesmo após aerradicação, é muito comum de acontecer. Oscriadores, em geral, preocupam-se com outrasdoenças, como brucelose, raiva e aftosa, porexemplo, mas dão pouca atenção à prevenção datuberculose. Quando o criador é alertado para oprob lema dessa mo lés t ia e busca aux í l io

Vacas emtratamento com

antibiótico, comono caso de

mastite ou outradoença, devem

ter o leitedescartado

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 25

pro f i ss iona l , a p reva lênc ia da doença norebanho encontra-se acima de 40%.

Prevenção: Teste periódico de tuberculinizaçãono rebanho. Somente o médico veterinário podefazê-lo. Na compra de animais, é indispensáveltomar as seguintes precauções: adquirir animaissomente de rebanhos negativos; fazer a tuberculi-nização no ato da compra, na propriedade deorigem; e manter os animais adquiridos isolados atéo segundo teste, executado 60 dias após o primeiropor ocasião da compra.

Importante: A tuberculose é uma zoonose que setransmite do animal para o homem e vice-versa.

Aftosa – Trata-se de uma doença infecto-contagio-sa, causada por vírus, que tem grande impactoeconômico, pois prejudica a comercialização do leitee da carne. É de rápida disseminação entre animaisnão vacinados, ou em período negativo deimunidade (recém-vacinados). Traz grandes prejuí-zos aos produtores pela diminuição da produçãode leite. Os principais sintomas são: febre, depres-são e aparecimento de aftas na língua, que sedisseminam por toda a mucosa bucal, pela pele dofocinho e narinas. Multiplicado no sangue, o vírusdissemina-se por todo o organismo, aparecendoaftas nos tetos e entre os cascos.

Prevenção: A vacinação em todos os animais emmarço e setembro.

Carbúnculo sintomático – Conhecida também comomanqueira, mal-do-ano e quarto inchado, é umaclostridiose causada pelas bactérias da espécieClostr idium chauvoei , que não precisam deoxigênio para desenvolverem-se e multiplicarem-se. Normalmente, a contaminação se dá por meiode esporos (formas altamente resistentes) contidosnos alimentos ingeridos. Esses esporos podempermanecer vivos por vários anos no solo e conta-minar os animais, penetrando em seu organismoatravés de escoriações ou ferimentos. O apareci-mento da doença pode ocasionar a morte, na faseaguda, num período de 8 a 12 horas. Os principaissintomas são: febre alta, tr isteza, parada deruminação, aparecimento de tumores nos músculosdianteiros e traseiros, que provocam a manqueira.

A febre aftosa(que tambémafeta o casco),traz grandesprejuízos aoprodutor

Medidaspreventivas,

como opediluvio,são muito

importantes

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26 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

Prevenção: As vacas devem ser vacinadas no 8ºmês de gestação e os bezerros do 3º mês de idade emdiante e depois de 6 em 6 meses, até a idade adulta.

Obs.: As clostridioses referem-se a diversas doen-ças causadas por bactérias do gênero Clostridium oupor suas toxinas. Entre as mais comuns nos rebanhosbrasileiros estão o carbúnculo sintomático, o botulismo,as gangrenas gasosas e o tétano.Pneumointerite (paratifo) – Também conhecidacomo diarréia dos bezerros, curso branco, enteriteinfecciosa, salmonelose, colibacilose e septicemiados bezerros, é provocada principalmente por doistipos de de germes: Salmonella dublin e Escherichiacoli. Essa doença caracteriza-se por elevadas taxasde mortalidade. A infecção se dá pelas vias digestivas.As fezes dos enfermos contaminam o chão, a palha decamas, os alimentos, a água etc. A falta de higiene e aalimentação adequada facilitam a instalação da doen-ça. No início observam-se tristeza e abatimento,seguindo-se a diarréia. As fezes são abundantes, decoloração branco-amarelada e fétidas. Notam-sefebre elevada, pêlos arrepiados, focinho seco, perdade apetite. O ventre retrai-se e os flancos ficam fundos.A grande perda de água causa a desidratação. Omédico veterinário deve ser chamado logo que senotam os primeiros sintomas, para prescrever otratamento.

Prevenção: As vacas devem ser vacinadas no 8ºmês de gestação, e os bezerros no 7º dia de vida.

Raiva – É uma doença infecciosa provocada porvírus transmitido pela mordida de animais portado-res, podendo também afetar os animais e o homem,causando sempre a morte. Normalmente é transmiti-da pelo morcego hematófago. A forma de raiva maiscomum é a paralítica, raramente ocorrendo aforma furiosa. No início, os animais apresentamfraqueza nos músculos posteriores e dificuldadepara caminhar, ocorrendo então a interrupção naprodução de leite. A seguir, o animal encontradificuldade para engolir e pára de comer e debeber, apresentando excesso de sal ivação eurinando gota a gota. O quadro leva rapidamenteaté a morte, que ocorre entre quatro e seis dias apóso aparecimento dos primeiros sintomas.

Prevenção: Deve-se acompanhar o calendáriodas vacinas de aftosa. Em regiões onde o problemaé comum, de 12 em 12 meses todos os animaisdevem ser vacinados.

Leptospirose – É uma infecção sistêmica quegeralmente não apresenta sintomas. Em algunsrebanhos, pode causar septicemia (bactéria nosangue), inflamação renal, anemia e abortos. Osdiferentes tipos de bactérias leptospiras podeminfectar mais de uma espécie animal, possibilitandoa transmissão para bovinos por meio de outrosanimais, como ovinos, eqüinos, animais silvestres eroedores.

Os animais que não morrem disseminam adoença. O animal atacado apresenta poucos sinaisda moléstia, às vezes ocorrendo aborto, que comu-mente não é percebido como sintoma. Em certoscasos, há febre alta, falta de apetite, parada dorúmen e diarréia fraca. A leptospirose é transmissívelao homem, sendo a urina ou o conteúdo uterinoinfectados a via mais comum de contaminação.Apesar de a doença muitas vezes não apresentarsintomas, o simples sinal de aborto no terço final dagestação serve de alerta quanto à possibilidade dadoença. Para confirmar o diagnóstico deve-se recor-rer a testes laboratoriais específicos, recomendadospelo médico veterinário. Como medidas preventivas,deve-se eliminar os portadores, evitar o contato dosanimais com fontes de contaminação, como águasparadas, animais silvestres e roedores. Lavagens edesinfecções das instalações também são medidasrecomendadas. Não existe tratamento e o melhorcontrole, além do isolamento dos animais doentese suspeitos, é adotar um esquema de vacinação.

Prevenção: Novilhas, vacas e touros devemser vacinados de 6 em 6 meses. Também sãorecomendados os testes sorológicos anuais.

Leucose enzoótica bovina (LEB) – É uma doençade grande significado econômico, pois provocaperdas econômicas significativas. Foi introduzida noBrasil por importações de animais oriundos depaíses que já conviviam com o problema. Existemduas formas de contaminação: a primeira é por meiodo sangue de animais contaminados (transmissãohorizontal) - equipamentos cirúrgicos, colocação de

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Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho – 27

CANAVIAL:UM SILO EM PÉ

brincos, descorna, palpações retais, insetoshematófagos e através da premunição (animaisinfectados que desenvolvem anticorpos, mascontinuam portadores, disseminando a infecção norebanho). A transmissão vert ical ocorre porintermédio da placenta (da mãe para o bezerro). Oleite e o colostro de vacas infectadas também cons-tituem fonte de infecção para os bezerros. A formaclínica da doença ( l infossarcoma – nódulosaparentes na musculatura do animal), geralmentese apresenta em animais maduros (com idade entrequatro e cinco anos). O animal afetado perde oapetite, emagrece progressivamente e apresentaredução acentuada na produção de leite. Naaquisição de animais, o criador deve exigir o testesorológico negativo para o vírus LEB, independen-temente da procedência.

Prevenção: O controle da leucose consiste naidentificação sorológica da doença e isolamento doscasos positivos.

Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) – É umainfecção virótica, caracterizada por enfermidades notrato respiratório, que provoca abortos, conjuntivitese encefalites. Essa doença afeta animais com idadeacima dos seis meses. A disseminação do vírus sedá principalmente pelos aerossóis ("espirros") esecreções nasais. Em geral, os sintomas manifes-tam-se simultaneamente e apresentam variaçõesrelacionadas à "cepa" (tipo ou variedade) do vírus,à intensidade da infecção e à via de contaminaçãodo animal. A forma respiratória é caracterizada portemperatura elevada, rinite, redução do apetite,dificuldade respiratória, aceleração da respiraçãoe presença de muco nas vias respiratórias. Podeocorrer acúmulo de sangue nas mucosas esurgimento de lesões necróticas. Nessa forma daenfermidade, a mortalidade é baixa, mas podeaumentar, caso ocorram infecções secundárias,bacterianas ou virais, por causa do estresse. A faseviral caracteriza-se por inflamação da conjuntiva eestá associada à forma respiratória. A formaencefálica pode produzir infecções nas meninges,manifestando-se por sinais de incoordenação,depressão profunda, andar para trás ou em círculose encurvamento do corpo. Alguns animais

deitam-se lateralmente,realizando movimentos depedalar. Morrem em poucosdias.

Prevenção: A doençapode ser detectada pelasorologia dos animais.Recomenda-se o usopreventivo de vacinas, soba orientação do médicoveterinário.Neosporose - A neos-porose é responsável porboa parte dos abortosbovinos em diversas regi-ões do mundo (comoCalifórnia e outros estadosdos EUA, no Canadá eNova Zelândia). O agenteinfeccioso é o protozoárioNeospora caninum, quetem como hospedeirodefinitivo os cães. A doen-ça chega ao bov inoquando este ingere alimen-tos ou água contaminadospelas fezes de cãesinfectados. No Brasil, aneosporose foi confirmada em 1998 e suspeita-seque cerca de 14% do rebanho brasileiro estejainfectado. Desde então, institutos de pesquisas vêminvestigando amostras de sangue de animais(bovinos e cães) de diferentes regiões do país. Adoença pode afetar também caprinos, ovinos eeqüinos. A forma mais preocupante de transmissãoé a vertical, ou seja, quando o agente é transmitidopara o feto em cada prenhez. As vacas contamina-das abortam entre o terceiro e quinto mês degestação.

Prevenção: Não existe tratamento para adoença. O recomendado é evitar a presença de cãesnos locais de depósito de alimentos e bebedourosde água. Todos os fetos abor tados e restosplacentários devem ser enterrados (para evitar queos cães os comam e se contaminem). Nos rebanhoscom ocorrência de abortos, o produtor deveprovidenciar exames para verificar se não sãoprovocados pela neosporose.

É muitoimportante

seguir ocalendário de

vacinaçãoindicado para

a região

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28 – Guia Prático da Produção | Manejo do Rebanho

CONTROLE DE ENDOPARASITASE ECTOPARASITAS

Verminose – Por verminose entende-se a doençaparasitária provocada por vermes que vivem noorganismo do animal, localizando-se em diferentesórgãos. Chamados de endoparasitas, eles vivem e sereproduzem principalmente no intestino, causandoprejuízos significativos a seu hospedeiro, sugandonutrientes e sangue, lesando tecidos e órgãos. Emconseqüência, as defesas orgânicas do animal caem,predispondo-o a doenças secundárias, à deficiêncianutricional e ao estresse. As verminoses causamainda a redução do apetite, comprometendo o desen-volvimento do animal e, até mesmo, podem levá-lo àmorte. Os prejuízos variam em extensão e natureza,conforme o tipo de parasita e o grau de infestação.

Prevenção: As medidas de controle mais eficazessão as aplicações estratégicas de vermífugos nosanimais, a partir dos 3 meses de idade, no período daseca. Esse trabalho deve ser realizado sob a orienta-ção do médico veterinário e de acordo com asindicações do fabricante.

Carrapatos – São ectoparasitas que se alimentam desangue. No Brasil existem várias espécies de carrapa-tos parasitando os bovinos, sendo a mais comum aBoophilus microplus. As infestações de carrapato nosbovinos leiteiros (sobretudo nas de raças de origem

européia e mestiços com essas raças), causamenormes prejuízos econômicos. Cada fêmea decarrapato, durante seu ciclo parasitário, retira dohospedeiro 0,5ml a 3ml de sangue. Isso já é suficientepara causar diminuição da produção de leite, atrasono crescimento e redução do índice de fertilidade dorebanho. Os principais prejuízos causados são:perdas na produção de leite; redução no ganho depeso; diminuição da eficiência reprodutiva; elevadadespesa com medicamentos; mortalidade; aumento decusto da mão-de-obra; prejuízos decorrentes daincidência da tristeza parasitária bovina.

Atenção: No controle estratégico do carrapato, queexige diversas aplicações de carrapaticida ao ano,muitas vezes feitas sem critérios ou em excesso, há orisco de os parasitas desenvolverem resistência adiversas substâncias empregadas. Assim, é necessá-rio adotar práticas especiais, como fazer aplicaçõesalternando os diferentes princípios ativos ou associá-los, seguindo sempre a orientação do médicoveterinário.

Prevenção: O controle deve ser feito de acordo coma infestação do parasita, por meio de aplicaçãoperiódica de carrapaticidas específicos (banhos oupour on). Essa ação deve obedecer às recomenda-ções do fabricante, com a devida supervisão domédico veterinário. Vale reforçar que os esquemas devermifugação e aplicação de carrapaticidas variam depropriedade para propriedade e devem ser definidosde acordo com a infestação, obedecendo aocalendário proposto pelos especialistas de cadaregião.

CUIDADOSRecomenda-se o máximo cuidado na mani-

pulação e aplicação dos produtos químicosempregados no controle de carrapatos, bernese moscas, pois são perigosos para a saúde dohomem, de animais domésticos e silvestres.

Por isso, é muito importante seguir à risca asorientações do fabricante, observando-seas normas de segurança para o aplicador(máscara, óculos, luvas, botas etc.).

Aplicação decarrapaticida compulverizador