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Edital de Concorrência Pública Nacional (SQC) nº 40.10756/2006 Serviços de Consultoria Pessoa Jurídica para a elaboração de metodologia que permita mensurar, verificar e avaliar os resultados decorrentes de ações de Eficiência Energética dos Programas de Eficiência Energética – PEE das concessionárias distribuidoras de eletricidade Relatório Produto 2 Agosto de 2009

Edital de Concorrência Pública Nacional (SQC) nº 40 ... · O presente relatório traz um levantamento do estado da arte ... Segundo Cardoso et. al. (2009a), de um modo ... o Reino

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Edital de Concorrência Pública Nacional (SQC) nº 40.10756/2006

Serviços de Consultoria Pessoa Jurídica para a elaboração de metodologia que permita

mensurar, verificar e avaliar os resultados decorrentes de ações de Eficiência Energética

dos Programas de Eficiência Energética – PEE das concessionárias distribuidoras de

eletricidade

Relatório Produto 2

Agosto de 2009

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Relatório do Produto 2 1

APRESENTAÇÃO

Este segundo relatório apresenta o produto 2 do Edital de Concorrência Pública Nacional (SQC)

nº 40.10756/2006, objeto de aprovação, pelo CAP, na Reunião nº 42/2008, de 01 de outubro de

2008 - Caso 02, cujo objeto é a Contratação de Serviços de consultoria para elaboração de

metodologia que permite mensurar, verificar e avaliar os resultados decorrentes de ações de

Eficiência Energética das concessionárias distribuidoras de eletricidade.

O presente relatório traz um levantamento do estado da arte das ações, trabalhos publicados e

relatórios disponibilizados, relacionados à avaliação de impactos e resultados de programas e

projetos de eficiência energética. Foram consideradas as experiências de âmbito nacional e

internacional.

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Relatório do Produto 2 2

SUMÁRIO 1. Introdução..................................................................................................................................3

2. Programas e Projetos de EE no Mundo ..................................................................................5

2.1. Reino Unido ........................................................................................................................5

2.2. Japão....................................................................................................................................7

2.3. Canadá.................................................................................................................................8

2.4. Estados Unidos..................................................................................................................15

2.5. Espanha .............................................................................................................................18

2.6. Alemanha ..........................................................................................................................19

2.7. China .................................................................................................................................21

2.8. Países da América Latina ................................................................................................22

3. Programas e Projetos de EE no Brasil ..................................................................................24

3.1. Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) .................................................................25

3.2. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) ........................25

3.3. Programa de Eficiência Energética (PEE) da ANEEL.................................................29

3.4. Legislação brasileira de Eficiência Energética ..............................................................34

4.1. Importância da M&V ......................................................................................................37

4.2. O papel do PIMVP em Projetos de Eficiência Energética ...........................................39

4.3. Atribuições do PIMVP.....................................................................................................43

4.4. Critérios da ASHREA Guideline 14-2002......................................................................44

5. Discussão e resultados alcançados em Programas e Projetos de Eficiência Energética ...46

5.1. Importância para a Sociedade, Governo e Distribuidoras de Energia Elétrica.........46

5.2. Âmbito Internacional .......................................................................................................48

5.3. Âmbito Nacional ...............................................................................................................53

5.3.1. Projetos desenvolvidos pelo PEE da ANEEL .........................................................53

5.3.2. Projetos de avaliação dos impactos energéticos do Programa Selo PROCEL ....59

5.4. Proposta de um Programa Nacional de Substituição de Geladeiras ...........................62

6. Conclusões................................................................................................................................65

7. Referências ...............................................................................................................................66

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Relatório do Produto 2 3

1. Introdução

Programas de fomento à eficiência energética e redução das perdas no uso final de

energia têm sido desenvolvidos em diversos países, associados a uma maior consciência da

problemática energética e ambiental. Muitos países, tanto no passado como no presente, vem

empregando medidas buscando reduzir as perdas e desperdícios de energia com benefícios

econômicos e ambientais.

Como observou Jannuzzi (2004), os choques do petróleo de 1973-74 e 1979-81 criaram a

percepção de escassez e elevaram os preços dos energéticos, justificando investimentos no

aumento da produção de petróleo nacional, em conservação e maior eficiência no uso dos seus

derivados e na diversificação de fontes alternativas de energia.

Em meados dos anos oitenta, com a estabilização do preço do petróleo, diminuiu a

preocupação com relação à segurança do suprimento de energia. Os fundos disponíveis para

financiar as atividades de conservação e diversificação das fontes primárias de energia foram,

conseqüentemente, bastante reduzidos. No final dos anos oitenta, o impacto das emissões de

poluentes, principalmente as oriundas da queima de combustíveis, na variação climática global,

tornou-se uma preocupação mundial. Esta preocupação e alternativas de solução foram

amplamente discutidas no encontro internacional realizado em 1992, na cidade do Rio de

Janeiro; posteriormente, na cidade japonesa de Kyoto em 1997, firmou-se um acordo

internacional, onde os países signatários estabeleceram metas de redução de emissões de CO2.

Segundo Cardoso (2008), além dos ganhos energéticos, os investimentos em conservação

de energia no uso final apresentam maiores benefícios econômicos do que os investimentos na

ampliação da matriz geradora de energia elétrica de um país. O Governo e as concessionárias

distribuidoras são beneficiados pelas “Usinas Virtuais”, originadas pela economia de energia,

pois em bases proporcionais, os investimentos em ações de eficiência energética, que resultam

em ganhos energéticos, apresentam maior atratividade que os investimentos em ampliação da

matriz de geração. Já a sociedade é beneficiada pela redução de emissões de gases do efeito

estufa, pois, com a economia de energia as usinas elétricas, no primeiro momento, geram menos

energia e conseqüentemente reduzem as suas emissões. No entanto, as dificuldades quanto a

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Relatório do Produto 2 4

medição e verificação (M&V) das medidas de conservação de energia atribuem maiores

incertezas nos ganhos energéticos obtidos.

Além dos benefícios ambientais para a sociedade, as ações de Eficiência Energética no

uso final podem trazer benefícios econômicos para os consumidores. Pode-se citar o exemplo do

Programa Selo PROCEL, criado em 1993 pelo Programa Nacional de Conservação de Energia

Elétricas – PROCEL/Eletrobrás no Brasil, que tem por objetivo informar voluntariamente os

consumidores brasileiros quanto aos equipamentos mais eficientes o mercado. Segundo Cardoso

et. al. (2009a), de um modo geral, os consumidores que compram geladeiras com o Selo

PROCEL são beneficiados economicamente, ou seja, a economia de energia obtida ao longo da

vida útil do equipamento é suficiente para cobrir a diferença entre o custo da geladeira mais

eficiente, de maior preço, e o custo da geladeira correspondente menos eficiente, de menor

preço.

Estima-se que atualmente a eficiência global de conversão de energia primária em

energia útil é de aproximadamente um terço (33%). Em outras palavras, dois terços da energia

primária são dissipados no processo de conversão, principalmente sob a forma de calor a baixas

temperaturas. Segundo estimativas, para os próximos 20 anos a quantidade de energia primária

poderá ser reduzida de 25% a 35% nos países industrializados com ganhos econômicos

significativos. Reduções de mais de 40% poderão ser obtidas na economia em transição da

Europa Oriental e ex-União Soviética. Nos países em desenvolvimento, que se caracterizam por

um alto índice de crescimento econômico e também por uma grande presença de equipamentos

obsoletos e de menor eficiência energética, os potenciais de melhora são ainda maiores, entre

30% e 45% (Goldemberg e Villanueva, 2003).

O uso eficiente de energia apresenta importantes marcos no Brasil e no exterior. Nessa

oportunidade serão apresentados e discutidos alguns Programas e Projetos de Eficiência

Energética no mundo e no Brasil, bem como as metodologias e premissas adotadas para a

medição e verificação – M&V dos seus resultados.

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Relatório do Produto 2 5

2. Programas e Projetos de EE no Mundo

Este capítulo apresenta os principais Programas e alguns Projetos de Eficiência

Energética existentes no mundo. Como comentado na introdução, a maioria desses Programas e

Projetos surgiram entre as décadas de setenta e oitenta, devido às crises energéticas ocorridas

nesses períodos.

Para a promoção da conservação da energia no uso final alguns países criaram agências

públicas de eficiência energética, tais como ADEME (França), NOVEM (Holanda), STEM

(Suécia) e IDAE (Espanha), também encarregadas da proteção ambiental e desenvolvimento de

energias renováveis. Em outros foram criados departamentos de administração de energia

encarregados também da eficiência energética, como na Dinamarca (DEA), na França

(SERURE) e no Reino Unido (EEO). A Itália transformou sua agência de energia nuclear numa

agência responsável também pela eficiência energética, a ENEA, tal como a ETSU inglesa.

Alternativamente, Portugal e Alemanha criaram empresas públicas ou privadas através de “joint-

ventures” com concessionárias de energia, agências estatais nacionais ou regionais e associações

industriais. Além disso, foram criadas equipes especiais para promover investimentos de

conservação de energia na Dinamarca (Danish Fund for Electricity Savings) e no Reino Unido

(Energy Savings Trust – EST). (Martins, 1999)

2.1. Reino Unido

De acordo com Haddad et al. (2006) entre os vários países com ações voltadas à

conservação de energia, tem-se como exemplo o Reino Unido, que criou o Energy Saving Trust

– EST. O EST tem sua atuação direcionada para a eficiência energética nos setores residencial e

comercial, dentro de uma perspectiva social, além da preocupação com a redução das emissões

de CO2. O EST também estabelece normas de eficiência energética para a habitação. O Reino

Unido divulgou em 2003 o Livro Branco da Energia que articula direções para a construção de

edifícios energeticamente mais eficientes.

O EST é uma organização sem fins lucrativos financiada conjuntamente pelo Governo

britânico e setor privado, para a promoção da eficiência energética no Reino Unido. Ele foi

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criado em 1992 e, definiu uma meta, para o ano de 2010, de redução das emissões britânicas de

dióxido de carbono (CO2) em 20% com relação aos níveis de 1990. Atualmente, o EST atua nos

seguintes temas para a promoção da Eficiência Energética:

• Utilização eficiente da energia no setor residencial

• Energias renováveis

• Transporte Eficiente

• Eficiência Energética em reciclagem de resíduos

• Prevenção de poluição e conservação da água.

Em 2004 o Governo aprovou um Plano de Ação para a promoção da Eficiência

Energética com base em documentos feitos em 2003 pelo Energy White Paper. Em maio de 2007

o Reino Unido publicou um novo Plano de Ação visando promover melhorias na eficiência

energética. Este plano de ação reúne políticas e medidas planejadas para melhorar o uso final da

energia e cumprir os objetivos de economia de energia nos diversos setores da economia,

visando proporcionar economias na ordem de 18% até 2016, com relação ao ano de 2007.

Para o setor residencial, o Governo do Reino Unido possui planos de ação, com fundos de

até £ 2.700 por família, para a promoção da eficiência energética em conforto térmico de

residências. Na Inglaterra esse plano de ação é conhecido como “Warm Front”, na Irlanda do

Norte “Hot Homes”, na Escócia “Energy Assistance Package”, e no País de Gales “Household

Energy Efficiency”.

Com relação aos programas de etiquetagem, no Reino Unido há uma série de etiquetas

energéticas que foram criadas para orientar os consumidores a comparar produtos mais eficientes

energeticamente. Essas etiquetas podem ser contínuas (indica o consumo de energia do

equipamento em um determinado tempo (hora, dia, mês ou ano)), classificadas (apresenta as

faixas de consumo energético do equipamento), ou endossadas (informa os consumidores que o

equipamento é o mais eficiente em sua categoria).

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Relatório do Produto 2 7

2.2. Japão

No Japão, a eficiência energética não é apenas uma política governamental, é uma

mentalidade, criada em boa parte pelos elevados custos por utilidade em um país que tem poucos

recursos naturais para o seu desenvolvimento econômico-social. A partir de medidas de

eficiência energética, como por exemplo, reutilização de água quente para o banho, mantimento

de apenas um quarto aquecido durante o inverno, entre outros, a população japonesa começou a

minimizar o seu consumo de energia. A tecnologia é uma das maiores forças do Japão na

conservação da energia fazendo com que o mesmo seja considerado um dos países mais

energeticamente eficientes, do mundo. Segundo estimativas do Governo japonês a eficiência

energética melhorou em mais de 30% desde o ano de 1973. Em 1978, o Governo lançou o

Projeto “Moonlight”, com o objetivo de desenvolver a utilização da energia, de modo a melhorar

a eficiência energética do país. No âmbito desse projeto, o Governo promoveu em larga escala

investimentos em P&D (pesquisas e desenvolvimento) para o desenvolvimento da conservação

da energia no setor privado.

Em 1978, o Energy Conservation Center of Japan – ECCJ foi criado, como uma medida

do governo para minimizar o consumo energético em face da crise do petróleo dos anos setenta.

Hoje, os programas do ECCJ abrangem os setores residencial, comercial, industrial e de

transportes. Deve-se ressaltar o amplo trabalho de divulgação de informações e conscientização

dos consumidores com relação à conservação de energia, os esforços de GLD (Gerenciamento

pelo Lado da Demanda), além do estabelecimento de normas de eficiência energética para a

construção civil, dentre outras várias ações (Haddad et al., 1999).

Em 2003, o Governo japonês elaborou e publicou o Plano Diretor de Energia, com quatro

principais metas:

• Conservação da Energia nos diversos setores da economia

• Diversificação das fontes de energia para o abastecimento

• Reforço das relações com os principais países produtores de energia, já que o Japão é um

grande importador

• Promoção da cogeração de energia.

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Relatório do Produto 2 8

Para a promoção e divulgação dos equipamentos de usos finais mais eficientes do

mercado japonês, o Japão aplica programas de etiquetagem energética em 13 produtos

atualmente: condicionadores de ar, lâmpadas fluorescentes, televisores, geladeiras, freezers,

aquecedores, fogões a gás de cozinha, aquecedores a gás, aquecedores elétricos WC de óleo e

água, computadores, unidades de discos magnéticos e transformadores.

O Programa “Top Runner” é outro esforço para a promoção da eficiência energética para

aparelhos elétricos. Esse Programa define índices mínimos de desempenho energético para

equipamentos elétricos, fabricados no país e importados, para que sejam comercializados no

mercado japonês. Graças a esse Programa, a eficiência energética dos aparelhos de ar

condicionado melhorou em cerca de 40% entre 1997 e 2004. Cabe ressaltar que atualizações

periódicas dos índices mínimos de desempenho energético para equipamentos elétricos são feitas

no país. Para auxílio desse Programa os equipamentos recebem etiquetas de eficiência energética

que indicam o seu desempenho energético.

Outra medida para a promoção da eficiência energética do país ocorreu em 2005, quando,

o Ministério do Meio Ambiente iniciou uma campanha a nível nacional para incentivar as

pessoas a manter temperaturas nos interiores das residências a 28°C no verão e 20°C no inverno.

No âmbito da legislação do país, a Lei de Conservação de energia japonesa, que entrou

em vigor em abril de 2006, introduziu medidas para incentivar a eficiência energética no setor de

transportes. Recentemente o Japão divulgou o “Energy Efficiency and Conservation Policy in

Japan – 2006” para a promoção e avanços no tema de conservação de energia.

2.3. Canadá

Em junho de 1992 o governo canadense promulgou o Energy Efficient Act. Esta lei

delegou ao Natural Resources Canadá – NRCan autoridade para promover programas de

conservação e fontes renováveis de energia. Em 1998 o governo criou o Office of Energy

Efficiency – OEE, com o objetivo de renovar e fortalecer o comprometimento do Canadá com

relação à eficiência energética. A OEE tem implementado programas em vários setores, como

por exemplo, o residencial e comercial (normas na construção civil, padrões mínimos de

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Relatório do Produto 2 9

eficiência para aparelhos eletrodomésticos, iluminação, etc.). Em particular para o setor

industrial, tem-se o Canadian Program for Energy Conservation - CIPEC, como um braço

importante do Natural Resources Canadá na área industrial (Haddad et al., 2006).

A política de eficiência energética canadense tem como principal instrumento o cadastro

de adesão voluntário denominado “Vonluntary Challenge and Registry – VCR”. No âmbito do

VCR funciona o Programa de Energia Alternativa e Eficientização – EAE, conduzido pelo

NRCan”, e que promove a Eficientização Energética em todos os setores de uso final de energia:

equipamentos, edificações, industria e transportes. O programa adota como instrumentos a

iniciativa voluntária, a informação, a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico e a regulação. A

vertente mais desenvolvida do Programa EAE é denominada “Federal Building Initiative – FBI”,

cujo objetivo é incentivar e apoiar departamentos e agências federais na implementação de

medidas de Eficientização Energética em suas instalações. (Martins, 1999)

Na província de Quebec, os consumos energéticos dos setores industrial e comercial

representam, juntos, 53,7% do consumo total, sendo 36,1% relativo à indústria e 17,6% ao

comercio. Segmentos industriais energo-intensivos são responsáveis por 70% do consumo

energético do setor industrial (papel e celulose, siderurgia, cimento e indústria química). A

Agência de Eficiência Energética (AEE) da província não possui, atualmente, nenhum programa

próprio, especifico para o setor industrial, pois este setor foi incluído entre suas áreas de atuação

há apenas dois anos. No entanto, esta agência coordena os principais programas de eficiência

energética para as indústrias oferecidos pelas concessionárias distribuidoras de energia Hydro-

Québec e Gaz-Metro, como:

• Programa de melhorias substanciais em instalações industriais que consomem muita

energia elétrica (Pamuje)

• Programa de análise e demonstração industrial, para grandes consumidores (Padige)

• Programa de iniciativa industrial (PIIGE)

• Programa “Apoio às iniciativas” (Appui aux initiatives)

Esses Programas são descritos a seguir.

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Relatório do Produto 2 10

a. Programa de melhorias substanciais em instalações industriais que consomem muita

energia elétrica

A Hydro-Québec oferece aos seus consumidores industriais de grande porte auxílio

financeiro para a realização de projetos que propiciem grandes reduções no consumo de

eletricidade, tendo como objetivo reduzir o período de retorno do investimento. Geralmente,

estes projetos requerem elevados investimentos em relação aos benefícios esperados, e poucas

vezes eles se concretizam sem alguma alavancagem financeira, como a propiciada por este

programa.

Uma condição requerida para se participar deste programa é se efetuar medidas de

consumo de energia antes e depois da instalação do projeto. Outras condições que precisam ser

satisfeitas são:

• Redução do consumo de energia elétrica em pelo menos 50 GWh ao ano durante 10 anos

• Os objetivos contemplados no projeto devem fazem parte de uma das seguintes

modalidades:

- Substituição de, ao menos, uma linha de produção por uma linha mais eficiente

- Modernização de uma ou mais fábricas, incluindo os processos e sistemas

auxiliares.

- Geração de eletricidade a partir de resíduos e dejetos, sem aumentar a emissão de

gases que causam o efeito estufa (GEE’s)

- Co-geração sem aumento das emissões de GEE’s e cuja eficiência energética seja

maior que o mínimo em vigor nas leis, regulamentos e normas da província do

Quebec.

Vale ressaltar que projetos que visem substituir a eletricidade por combustíveis fósseis

não são elegíveis para participar deste programas. A modalidade de co-geração destinada à

venda de eletricidade não é apoiada pelo Pamuje. A geração de eletricidade que não seja a partir

de resíduos de origem na própria indústria não poderá se beneficiar do auxílio financeiro

propiciado por este programa.

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Relatório do Produto 2 11

A ajuda financeira concedida pela Hydro-Québec visa reduzir o período de retorno do

investimento para 3 anos. Contudo, o valor deste auxílio, calculado antes do projeto ser iniciado,

deve ser menor que:

• A quantia necessária para levar o período de retorno de investimento para 3 anos

• 50% da despesa de investimento admissível do projeto

• 10 centavos de dólar canadense por quilowatt-hora economizado pelo projeto, calculado

durante um período de um ano

• 30 milhões de dólares canadenses por projeto

Esta ajuda financeira é concedida em três etapas: um ano após a assinatura do contrato há

um desembolso de 30% do valor total; depois de um ano de medições, em condições normais de

produção, recebe-se mais 60%; por fim, depois de cinco anos de medições são desembolsados os

últimos 10%.

b. Programa de análise e demonstração industrial, para grandes consumidores

O objetivo deste programa é o de sensibilizar os clientes para a eficiência energética e

demonstrar as vantagens de tecnologias mais eficientes, que permitem a redução do consumo de

energia. Auxílios financeiros são oferecidos neste programa para as seguintes finalidades:

• Realização de um diagnostico energético cobrindo todo tipo de fonte de energia

• Realização de projeto de demonstração de uma nova tecnologia muito eficiente do ponto

de vista de consumo elétrico, implantada pela primeira vez no setor industrial.

Para participar deste programa é preciso ser um grande consumidor industrial da Hydro-

Québec. O primeiro tipo de auxílio financeiro, atribuído a um diagnóstico energético, tem por

objetivo reduzir o consumo global da planta industrial, sensibilizar a direção da empresa e seus

funcionários, implementar uma visão global de eficiência energética, e elaborar um relatório

técnico e um plano de implantação das medidas recomendadas.

Os custos levados em conta no cálculo deste auxílio são os custos dos especialistas,

externos e internos à empresa. A base do calculo da ajuda financeira é feita da seguinte forma:

• Máximo de 50% dos custos do diagnostico energético

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Relatório do Produto 2 12

• Máximo de 25 mil dólares canadenses por diagnostico

• Máximo de 50 mil dólares canadenses acumulados de vários diagnósticos energéticos

O primeiro desembolso, de 50% do valor total, é efetuado logo após a assinatura do

contrato. O segundo pagamento é efetuado quando o plano de implantação das medidas for

emitido.

O segundo tipo de ajuda financeira, atribuída à realização de projetos de demonstração,

visa estabelecer a eficiência de uma nova tecnologia que tem fortes potenciais de redução de

consumo de energia elétrica, além de difundir os resultados e alavancar sua aplicação na

indústria. Esta nova tecnologia deve satisfazer os seguintes critérios:

• Ser comercialmente disponível

• O período de retorno do investimento deve ser inferior a 10 anos (considerando somente

a economia em energia elétrica)

• Não apresentar riscos de implementação

Os custos levados em conta no cálculo deste auxílio são os custos de aquisição de

equipamentos (incluindo instrumentos de medição) e sua instalação e testes, feita por terceiros,

medição do consumo de eletricidade antes e depois da instalação, e trabalhos externos de

engenharia. A base do calculo da ajuda financeira é feita da seguinte forma:

• Máximo de 50% dos custos admissíveis do projeto

• Máximo de 300 000 dólares canadenses por projeto

• Máximo de 300 000 dólares canadenses acumulados de vários projetos

A Hydro-Quebec efetua um acordo com seu cliente concernente à divulgação de toda

informação ligada à tecnologia implantada, para favorecer sua implantação em outras empresas.

c. Programa de iniciativa industrial

O objetivo deste programa é reduzir o consumo especifico de eletricidade. Os projetos

admissíveis no programa precisam visar:

• A substituição de equipamentos por outros de maior eficiência

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Relatório do Produto 2 13

• A instalação de novos equipamentos, permitindo reduzir o consumo especifico de

eletricidade de processos

• A instalação de painéis solares

• A utilização de geotermia

• A substituição de equipamentos, no final de sua vida econômica, por equipamentos

super-eficientes

Uma condição necessária para uma empresa participar deste programa é ela efetuar

medições do consumo específico de eletricidade antes e depois da implantação do projeto.

Não são aceitos no programa projetos cujos períodos de retorno do investimento são

maiores que 10 anos, assim como projetos envolvendo construção ou expansão de fábricas,

novas linhas de produção, substituição de eletricidade por combustíveis fósseis, ou geração de

eletricidade.

Os custos considerados no cálculo do auxílio financeiro do programa são os diferenciais

de custo entre equipamentos eficientes e os seus congêneres padrão (standard), disponíveis no

mercado, além de seus custos de instalação, custos das medições e custos de trabalhos externos

de engenharia.

O valor do auxílio é o menor dos seguintes valores:

• Valor necessário para reduzir o período de retorno do investimento para um ano (com

relação à economia na conta de energia elétrica)

• 75% do custo do projeto

• 15 centavos de dólar canadense por quilowatt-hora economizado pelo projeto, calculado

durante o período de um ano

• 350 mil dólares canadenses por projeto

Cada projeto deve ser realizado em um período máximo de 18 meses e os auxílios

financeiros concedidas por este programa podem ser atribuídos a vários projetos até um valor

máximo acumulado de 8 milhões de dólares canadenses.

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Relatório do Produto 2 14

Este auxílio é liberado em três etapas: 25% do valor total aprovado são liberados no

começo do projeto, 50% depois que os equipamentos estiverem operacionais e o restante no final

do projeto.

d. Programa “Apoio às iniciativas”

Este programa visa auxiliar financeiramente os consumidores da Hydro-Quebec a tomar

decisões visando à redução de seu consumo de eletricidade, através da modernização de

instalações existentes e implantação de novas instalações. O auxílio concedido tem como

objetivo principal reduzir o período de retorno do investimento necessário para a execução do

projeto. Neste programa, o cliente é que elabora, por conta própria, seu projeto, que é, em

seguida, submetido ao julgamento da concessionária distribuidora.

Os clientes alvo deste programa são pequenas e médias empresas e municípios. Os

projetos elegíveis para participar deste programa devem se encaixar nas seguintes categorias:

• Implantação de novas instalações de produção

• Modernização de instalações existentes

• Modificações de sistemas configurados inadequadamente com relação às suas demandas

Os equipamento e processos mais visados neste programa são os de uso mais geral na

indústria, tais como sistemas de bombeamento, ventilação, ar comprimido, refrigeração,

máquinas-ferramentas, iluminação, etc.

Os critérios de admissibilidade para participação são: (i) a implantação de equipamentos

de alto rendimento, em relação aos padrões do mercado; (ii) a geração de uma economia de

energia mínima de 25 MWh/ano; (iii) os equipamentos instalados devem ter uma vida mínima de

5 anos garantida por organismos reconhecidos no mercado.

O valor que o programa atribui para o auxílio financeiro é o menor entre os seguintes

valores:

• 40% do valor necessário para reduzir o período de retorno do investimento para um ano

(exceto projetos de iluminação)

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Relatório do Produto 2 15

• 15 centavos de dólar canadense por quilowatt-hora economizado pelo projeto, calculado

durante o período de um ano

• 300 mil dólares canadenses por projeto

2.4. Estados Unidos

De acordo com uma publicação do Departamento de Energia dos Estados Unidos – DOE

(International Energy Outlook 2001, DOE/EIA-0484 2001), os americanos, com 4,6% da

população do mundo, utilizam 26% de toda a energia e 30% de toda a eletricidade consumida

mundialmente.

O departamento de energia (DOE) tem a missão de, a nível nacional, promover o avanço

econômico e de segurança energética dos Estados Unidos e assim a inovação científica,

tecnológica e ambiental. Os objetivos do departamento para atingir a desejada missão que se

destinam a produzir resultados se dividem em cinco temas:

1. Segurança energética: Promover a segurança energética americana, confiável, limpa e

acessível.

2. Segurança nuclear: Garantir a segurança nuclear americana.

3. Inovações e descobertas científicas: Reforçar as descobertas científicas dos Estados

Unidos, competições científicas e desenvolver a qualidade de vida através de inovações

tecnológicas e científicas.

4. Responsabilidade ambiental: Proteger o meio ambiente fornecendo soluções

responsáveis para a produção de armas nucleares.

5. Excelência de administração: Ativar a missão através de uma boa gestão

Dentro desse tema existem dezesseis estratégias que ajudam ao DOE a alcançar com

êxito sua missão e visão. Uma delas é a Eficiência Energética.

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Relatório do Produto 2 16

Eficiência Energética:

O departamento de energia tem como um de seus objetivos a redução da dependência de

petróleo estrangeiro e o desenvolvimento de tecnologias de eficiência energética para

construções, casas, meios de transporte, sistemas de potência e indústria. A missão do Escritório

de Eficiência Energética e Energias Renováveis - EERE é reforçar a segurança energética

americana, a qualidade ambiental e vigor nos parceiros públicos e privados que: melhoram e

aumenta a eficiência energética e a produtividade, trazendo energia limpa e confiável para o

mercado.

O EERE lidera as pesquisas do Governo Federal Americano de desenvolvimento,

implementação e esforços em matéria de eficiência energética. O papel do EERE é investir altos

valores, sobre grandes riscos, em pesquisas e desenvolvimentos que são cruciais para o futuro da

energia dos EUA e não sendo somente papel do setor privado agindo por vontade própria.

As atividades do programa são conduzidas com parceiros do setor privado, com o Estado,

governo local, Laboratórios Nacionais do Departamento de Energia e universidades. O Escritório

também trabalha também com as partes interessadas para desenvolver programas e políticas para

facilitar a implantação de técnicas avançadas e de práticas em tecnologias de energia limpa.

Alguns programas do EERE:

Energia para o futuro americano: A Política Nacional de energia promove o

desenvolvimento e a implementação de sistemas de energia e praticas que irão melhorar as atuais

e futuras gerações com limpeza, eficiência, acessibilidade e energias recicláveis.

Protegendo o ambiente através da eficiência energética: Trabalhando junto com

indústrias privadas, governantes e consumidores, tem-se, por exemplo, o programa “Energy

Star”. Tal programa foi estabelecido em 1992 e visa desenvolver produtos energeticamente

eficientes contribuindo com a redução de emissão de carbono.

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Relatório do Produto 2 17

Mantendo a energia para o futuro: As iniciativas do departamento ajudam a indústria a

manter a infra-estrutura entregando energia para o consumidor do presente e do futuro.

Aprendendo como fazer cada dia do planeta: Exploram meios de economizar energia

melhorando o meio ambiente através de simples atos em sua própria casa.

O Programa Energy Star

Em uma tentativa de promover a conservação de energia, a Agência de Proteção

Ambiental - Environmental Protection Agency – EPA, iniciou o programa Energy Star em 1992.

O que começou como uma maneira de combater o desperdício de energia em computadores

abrange atualmente mais de 50 categorias de produtos.

O Energy Star foi desenvolvido como um programa voluntário para promover inovações

de economia de energia, fornecendo aos consumidores informações objetivas sobre os produtos.

Nem todos têm tempo ou recursos para investigar quanta energia um ventilador de teto ou uma

máquina de lavar louça economiza em comparação a outros produtos. O selo Energy Star indica

que o produto consome menos energia do que outros produtos da mesma categoria. O selo é

muito comum em aparelhos e equipamentos de aquecimento e refrigeração, mas também é

possível encontrá-lo em materiais para telhado, produtos comerciais e de qualidade interna do ar.

A EPA também ampliou a utilização do selo Energy Star para equipamentos utilizados em

prédios comerciais e estruturas industriais.

De acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, "somente no ano de

2007, os norte-americanos, com a ajuda do Energy Star, economizaram energia suficiente para

abastecer 10 milhões de casas e evitar emissões de gás de 12 milhões de carros, o que

corresponde, no total, a 6 bilhões de dólares".

O preço da conversão para produtos Energy Star pode ser alto no início. Para fazer uma

geladeira consumir menos energia, por exemplo, os fabricantes devem gastar dinheiro em

pesquisas e desenvolver inovações para o emprego da energia. O Programa incentiva os

fabricantes a encontrarem maneiras mais baratas de fabricar esses produtos, mas o custo da

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Relatório do Produto 2 18

inovação é, muitas vezes, transmitido ao comprador. Porém, pode-se recuperar o custo ao longo

do tempo, por meio de contas mais baixas de serviços públicos, e o Governo Federal dos EUA

também oferece descontos e abatimentos de impostos para incentivar os consumidores a

trocarem produtos comuns por produtos que tenham o selo Energy Star.

2.5. Espanha

O Instituto para a Diversificação e Economia de Energia (Instituto para la Diversificación

y Ahorro de la Energía – IDAE, em espanhol) desenvolve, na Espanha, os programas

governamentais na área de conservação de energia. O IDAE tem fomentado a conservação de

energia através do financiamento de projetos nesta área, por meio de serviços técnicos

propiciados por ele próprio, e via tarefas de difusão.

O IDAE é uma empresa pública que reporta ao Ministério da Indústria, Turismo e

Comércio através da Secretaria de Estado da Energia.

A função básica do IDAE é promover a eficiência energética e a utilização racional da

energia na Espanha. Além disso, visa promover a diversidade das fontes de energia e da

utilização de fontes renováveis de energia. Ela promove esses assuntos através da divulgação,

consultoria técnica e execução de projetos com uma componente tecnologicamente inovadora.

A IDAE realiza as seguintes atividades:

• Consultoria técnica para os departamentos governamentais a nível nacional, regional e

local, com vista a otimizar os resultados das atividades para melhorar a eficiência

energética e a diversificação.

• Suporte técnico para os usuários.O IDAE, como um órgão independente, também fornece

consultoria técnica para as instituições financeiras relativas a projetos energéticos.

• Difusão: atividades de promoção da eficiência energética e fontes renováveis de energia.

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Relatório do Produto 2 19

• Acordos de cooperação com os setores empresariais e associações para promover a

eficiência energética e a utilização das fontes renováveis de energia pela indústria.

• Desenvolvimento de produtos, a fim de sistematizar a gama de serviços, o IDAE oferece

produtos facilitando:

o Introdução de tecnologias novas e mais eficientes no mercado.

o Incorporação de tecnologias maduras no mercado espanhol.

o Transferência de tecnologia para o setor industrial.

• Apoio financeiro e técnico para a execução da eficiência energética das instalações e

diversificação das fontes de energia, com fontes de energias renováveis. O apoio

financeiro é feito a partir de três principais linhas de ação:

o Apoio para terceiros, na qual o IDAE recupera o seu investimento com as

economias de energia alcançadas.

o Participações em sociedades, na qual os recursos financeiros são utilizados,

principalmente em projetos de energia eólica e biomassa.

o Acordos de cooperação para promover o desenvolvimento de tecnologias em sua

fase final ou de desenvolvimento comercial por meio de manifestações de

projetos.

• Participação na gestão e na promoção dos programas da Comunidade Européia e da

promoção das tecnologias espanholas no exterior, facilitando a sua introdução nos

mercados internacionais, especialmente na Europa, na região do Mediterrâneo e da

América Latina.

2.6. Alemanha

Alemanha já atingiu um elevado nível de eficiência energética com um consumo primário

de energia elétrica inferior a 7 GJ por 1000 € do Produto Interno Bruto (PIB). Ao longo do

tempo o consumo específico de energia no país tem claramente diminuído. No período 1990 -

2006 verificaram-se uma redução média no consumo específico de energia (intensidade

energética) de 1,7% ao ano.

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Relatório do Produto 2 20

O Plano de Ação para Eficiência Energética da Alemanha (Energy Efficiency Action

Plan, EEAP) fez o país adquirir um elevado nível de eficiência energética, atingindo um dos

melhores índices de intensidade energética (consumo de energia por PIB) da Europa.

A Alemanha tem um objetivo ambicioso de eficiência energética, cuja meta é duplicar a

produtividade energética até o ano de 2020 em comparação com a produtividade do ano de 1990.

Conseqüentemente, a eficiência energética também desempenhará um papel importante nos

principais pontos em relação ao aumento da produtividade. Para atingir essa meta o país

elaborou, em 2007, um novo Plano de Ação para Eficiência Energética que pretende alcançar

uma economia de 9% através de medidas de eficiência energética, até o ano de 2020. As ações

com maior destaque são:

o Consolidar e lançar vários programas de financiamento a fim de obter o maior custo-

benefício com ganhos energéticos no setor industrial, residencial, agricultura, comércio e

em serviços e transportes;

o Aumentar a eficiência energética na construção civil, na indústria, no comércio e nos

setores de serviços.

o Apoiar projetos internacionais sobre a proteção climática e eficiência energética (incluindo

a aplicação coerente do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Este novo Plano de Ação contém projeções e consideráveis alternativas cujos

instrumentos e medidas poderão ajudar o Governo alemão a atingir o objetivo de economia de

energia estipulado pela meta.

Cabe ressaltar que em geral o país vem desenvolvendo esforços para alcançar a máxima

economia nos consumos energéticos em usos finais, transportes e construção civil, a fim de

conseguir redução das emissões de gases do efeito estufa. Para o caso de edificações, o país vem

incentivando construções com melhor isolamento térmico e uso de materiais ecológicos.

Recentemente a Alemanha introduziu a “Carteira de Identidade Energética” para edifícios que

atendem as exigências de eficiência energética.

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Relatório do Produto 2 21

2.7. China

Atualmente a China é o país que mais cresce economicamente no mundo e o seu

consumo energético vem aumentando consideravelmente a cada ano. Desta forma, as ações de

eficiência energética no país são de fundamental importância. Segundo estimativas do Governo

chinês, se o país não implantar as medidas de eficiência energética, o consumo de energia em

2020 será superior a quatro vezes do nível de 2000.

Visando fortalecer as ações de eficiência energética, a China tem um Programa de

Etiquetagem voluntária de Eficiência Energética semelhante ao Energy Star. Atualmente ele

cobre vinte produtos, entre os quais refrigeradores, lavadoras de roupa, televisores, motores,

computadores, impressoras, aparelhos de fax, lâmpadas fluorescentes compactas, reatores, fornos

de microondas e aparelhos de cozimento de arroz. O órgão que gerencia o Programa é o Centro

de Certificação de Energia da China. A política de eficiência energética da China foi direcionada

para o desenvolvimento tecnológico e orientada para a melhoria das atividades da indústria. A

China é um dos principais produtores e consumidores da indústria de iluminação do mundo. O

Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e o Global Environment Facility, estão

engajados em um projeto para eliminar gradualmente lâmpadas incandescentes e promover a

“luz verde” da China.

Em dezembro de 2004, o Ministério das Finanças e a Comissão Nacional de

Desenvolvimento e Reforma da China, conjuntamente, emitiram o Procedimento de Políticas

Energéticas para a promoção de produtos eficientes no país. Esse esforço pretende evitar ou adiar

a construção de 8 a 9 grandes usinas nucleares, cada uma com 1 GW de potência, até 2020.

Adicionalmente a China está fazendo atualmente, um investimento substancial em

matéria de eficiência energética de transporte e upgrades para melhorar a eficiência da rede de

transmissão de eletricidade. Para o biênio 2009-2010, pretende-se incrementar um plano de 20%

de melhoria na eficiência energética (até o final de 2010).

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Relatório do Produto 2 22

2.8. Países da América Latina

Na América Latina existem vários programas de eficiência energética. No México, existe

a Comisión Nacional para el Ahorro de Energía (CONAE), que inclui programas de eficiência

energética em vários setores produtivos. Para a promoção e incentivo de produção de

equipamentos elétricos energeticamente mais eficientes, para o uso final, o país tem um

Programa de Etiquetagem energética, o selo FIDE, do Programa Fideicomiso para el Ahorro de

Energía Eléctrica (FIDE), que identifica equipamentos energeticamente mais eficientes do

mercado em sua categoria.

No Peru, foi criada a Lei 37.345/2000 para a promoção da eficiência energética no uso

final através do Programa de Ahorro de Energía (PAE). Na Costa Rica, foi criada a Lei

7.447/1994, para a regulação do uso racional da energia e, como decorrência, surgiu o Programa

Nacional de Uso Racional y Eficiente de la Energía (PROURE). Pelas ações do PROURE em

2015 a Costa Rica espera alcançar uma redução de demanda de ponta de 382 MW, com relação

ao ano de 1999.

Um programa para a promoção do uso racional da energia também foi criado na

Argentina, monitorado pela Secretaria de Energia do país. Esse programa visa à redução da

necessidade de incremento de capacidade para a geração de energia elétrica do país, reduzindo

assim as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. Recentemente o Banco Mundial

aprovou um empréstimo de 15 milhões de dólares, pelo Global Environment Facility (GEF), para

ajudar a Argentina a promover seu programa de eficiência energética.

O Programa de Conservación y Uso Racional de la Energía (CUREN) do Chile inclui

regulamentos e normas para a certificação energética de edifícios e normas técnicas voluntárias

para equipamentos de uso doméstico.

Nas Filipinas, o Governo assinou um contrato com o fabricante de lâmpadas chinês, CE

Lighting, para fornecer cerca de cinco milhões de lâmpadas fluorescentes para a cidade de

Manila e cidades vizinhas. A utilização dessas lâmpadas fluorescentes, em substituição às

incandescentes, pode reduzir a demanda energética em até 40%.

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Relatório do Produto 2 23

O Uruguai possui um Programa Nacional de Eficiência Energética que desenvolve um

projeto destinado a melhorar a utilização da energia por parte dos consumidores finais. O projeto

teve seu início no ano de 2005 com duração de seis anos, durante o qual se procura eliminar as

falhas do mercado que impedem o estabelecimento de um mercado eficiência energética. O

projeto é financiado pelo Global Environment Facility e tem a participação da Comissão

Nacional da Energia e Tecnologia Nuclear (DNETN, UTE, ANCAP, URSEA, OPP, UNIT e

DINAMA). A necessidade do uso eficiente de energia no Uruguai se evidencia quando se

observa que o consumo de energia vem apresentando um potencial crescente, particularmente os

derivados do petróleo e a energia elétrica. De acordo com um estudo realizado no âmbito do

Projeto Eficiência Energética daquele país, há margem muito grande para a redução do consumo

de energia mediante as ações de eficiência energética no seu setor industrial.

Com exceção do Brasil, México e Costa Rica, na maior parte dos países da América

Latina há falta de uma base política e jurídica, explícita e eficaz, para a promoção da eficiência

energética. Apenas alguns poucos programas têm conseguido resultados significativos, muitas

vezes limitados a determinados setores produtivos. Em geral o grande problema é a falta de um

ambiente favorável que permita que esses programas possam alcançar os resultados que

poderiam potencialmente atingir.

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Relatório do Produto 2 24

3. Programas e Projetos de EE no Brasil

De acordo com Geller et. al. (2004) no período de 1975 a 2001 o Brasil apresentou um

aumento de 250% no consumo de energia enquanto que o consumo per capita aumentou 60%

principalmente devido ao grande crescimento industrial, urbanização e ao aumento do nível de

uso de energia nos setores residencial e comercial. Conforme Ghisi et. al. (2007) no período de

1987 a 2000 o aumento do consumo de energia elétrica no setor residencial foi de 6% a.a..

O aumento do consumo energético pela sociedade brasileira criou um grande potencial

para as ações de eficiência energética no país. O Brasil foi capaz de promover iniciativas bem

sucedidas através da criação de leis relacionadas com alguns programas de eficiência energética

e seu financiamento, programas específicos de conservação instituídos por decretos

presidenciais, regulamentos e mecanismos modernos que procuram avançar na introdução de

melhores tecnologias e práticas para uso eficiente de energia. Apesar desses importantes

avanços, ainda existe um significativo potencial e mercado de eficiência energética a ser

explorado e desenvolver.

Este terceiro capítulo visa apresentar uma rápida visão dos principais Programas de

Eficiência Energética desenvolvidos no Brasil, bem como discute e apresenta resultados de

alguns Projetos de Eficiência Energética.

O Programa CONSERVE, criado em 1981, constituiu-se no primeiro esforço de peso em

termos de conservação de energia, visando à promoção da eficiência energética na indústria, ao

desenvolvimento de produtos e processos energeticamente mais eficientes, e ao estímulo à

substituição de energéticos importados. O CONSERVE oferecia a possibilidade de realização de

diagnósticos energéticos em estabelecimentos industriais, sem ônus para as indústrias, visando

identificar o potencial de conservação de energia em cada caso.

A política de tarifas “irreais" de energia elétrica, exercida na década de oitenta, com

vistas à estabilização dos índices inflacionários, tornava inviável o financiamento da expansão do

sistema elétrico, haja vista o elevado montante de investimentos requeridos e o longo prazo de

maturação dos grandes projetos de geração e transmissão priorizados na época. Dessa forma,

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Relatório do Produto 2 25

uma opção estratégica em face da conjuntura existente foi a implementação de uma política de

conservação do uso de energia elétrica, que acabou por se refletir na criação de importantes

Programas de Eficiência Energética que serão apresentados a seguir:

3.1. Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

Depois do Programa CONSERVE, em meados da década de oitenta surge o Programa

Brasileiro de Etiquetagem (PBE), sob a coordenação do Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), que tem como grande objetivo informar os

consumidores brasileiros quanto ao nível de consumo de equipamentos elétricos no mercado

brasileiro, com Etiquetas de Eficiência Energética. As etiquetas são classificadas em A, B, C, D

ou E, onde, o equipamento de classe A é mais eficiente que o equipamento de classe B que, por

sua vez, é mais eficiente que o equipamento de classe C, e assim por diante. A Figura 1 ilustra

uma etiqueta de um refrigerador doméstico de classe de eficiência energética A.

Figura 1: Etiqueta Nacional de Eficiência Energética (ENCE)

3.2. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL)

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Relatório do Produto 2 26

Em 1985, sob a coordenação da ELETROBRÁS, surge o Programa Nacional de

Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) com atuação na promoção da eficiência energética

no uso final. A seguir apresenta-se de forma sucinta os principais sub-programas do PROCEL,

destacando-se o Programa Selo PROCEL, responsável por mais de 90% dos resultados do

PROCEL (PROCEL, 2008).

a. Programa Selo PROCEL

Em 1993 foi desenvolvido pelo PROCEL, o Programa Selo PROCEL de Economia de

Energia. É um programa voluntário que em ações conjuntas com o PBE/INMETRO busca

orientar os consumidores e estimular a fabricação e comercialização de produtos mais eficientes

no país. Os equipamentos, consumidores de energia elétrica, mais eficientes do mercado

brasileiro além de receberem a etiqueta de eficiência energética classe A, recebem também, o

Selo PROCEL (Figura 2) que certifica o produto como o mais eficiente da categoria.

Figura 2: Selo PROCEL

Visando estabelecer os critérios técnicos e indicar os equipamentos agraciados com o

Selo PROCEL, foi constituída, pela Secretaria Executiva do PROCEL, uma Comissão de

Análise Técnica composta por um representante das seguintes entidades: PROCEL, na condição

de Coordenador; Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – CEPEL; Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO; Instituto de Defesa do

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Relatório do Produto 2 27

Consumidor – IDEC; Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – ABINEE;

Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletro-Eletrônicos – ELETROS; Associação

Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento – ABRAVA;

Associação Brasileira da Indústria de Iluminação – ABILUX.

Os critérios atualmente em vigor para a concessão do Selo PROCEL de Economia de

Energia são os seguintes:

1. O produto deve fazer parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem – PBE, coordenado

pelo INMETRO;

2. O produto deve ser submetido anualmente a ensaios de desempenho em laboratórios de

referência indicados pelo PROCEL e pelo INMETRO;

3. De acordo com a classificação obtida pelo produto no processo de etiquetagem, recebem

o Selo PROCEL de Economia de Energia os equipamentos da classe A. De acordo com

os resultados dos testes, os modelos são classificados conforme a eficiência energética de

A a E, sendo os de classe A aqueles de maior eficiência.

Em 1995, apareciam no mercado brasileiro os primeiros produtos com o Selo PROCEL:

os refrigeradores de uma porta; de duas portas ou combinados e freezer vertical. Posteriormente,

considerando sua participação no consumo de energia elétrica nacional, foram incorporadas as

categorias: freezer horizontal, aparelho de ar-condicionado de janela, motores elétricos trifásicos

até 10 cv (hoje abrangendo até 250 cv), coletores solares planos para aquecimento de água para

banho, piscina e reservatórios térmicos, televisores e máquinas de lavar roupa.

b. PROCEL Edifica: Edificações

Tem por objetivo desenvolver atividades com vistas à divulgação e ao estímulo à

aplicação dos conceitos de eficiência energética em edificações, viabilizar a implementação da

“Lei de Eficiência Energética”, no que concerne a edificações, e contribuir com a expansão, de

forma energeticamente eficiente, do setor habitacional do país, reduzindo os custos operacionais

na construção e utilização de imóveis.

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Relatório do Produto 2 28

c. PROCEL Educação

Visa a capacitação de professores de Educação Básica, das redes pública e privada do

País - incluindo SENAI e SENAC como multiplicadores de atitudes anti-desperdício. Também

envida esforços no sentido de possibilitar a atuação dos professores da Educação Básica

(Infantil, fundamental e média), como multiplicadores/orientadores de atitudes anti-desperdício

de energia elétrica, junto aos seus alunos.

d. PROCEL GEM: Gestão Energética Municipal

Este subprograma tem como missão ajudar as prefeituras a gastar menos com energia

elétrica. Para isso, colabora com o administrador público municipal na gestão e uso eficiente da

energia nas unidades consumidoras, na identificação de oportunidades para minimizar os

desperdícios e na monitoração dos gastos com energia elétrica.

e. PROCEL Indústria

O Subprograma Industrial visa dar suporte aos diversos segmentos industriais na

melhoria do desempenho energético de suas instalações, contando com a participação de

diversos agentes do setor, tais como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), federações

estaduais de indústrias, universidades públicas, associações subsetoriais, distribuidoras de

energia, fornecedores, dentre outros.

f. PROCEL Info

O Procel Info foi tem como objetivo cuidar de forma sistemática da disseminação da

informação sobre o uso eficiente da energia elétrica. Para isso foi criado um Centro de

Informações onde são reunidas, organizadas, geradas, armazenadas e divulgadas informações de

interesse, produzidas no país ou no exterior, visando à eficiência energética.

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Relatório do Produto 2 29

g. PROCEL Marketing

O PROCEL Marketing objetiva desenvolver ações visando apoiar o PROCEL a ampliar

sua visibilidade, divulgando os resultados e objetivos do Programa para toda a sociedade.

Também tem o objetivo de promover ações realizadas e aumentar o nível de conhecimento do

Prêmio PROCEL e principalmente do Selo PROCEL.

h. PROCEL RELUZ: Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes

O RELUZ, de abrangência nacional, consiste, basicamente, na implantação de projetos de

eficientização dos sistemas de iluminação pública através da substituição de lâmpadas

incandescentes, mistas e a vapor de mercúrio por lâmpadas a vapor a sódio a alta pressão, mais

eficientes.

i. PROCEL SANEAR: Saneamento Ambiental

Este subprograma visa promover ações que visem ao uso eficiente de energia elétrica e

água em sistemas de saneamento ambiental, incluindo os consumidores finais; Incentivar o uso

eficiente dos recursos hídricos, como estratégia de prevenção à escassez de água destinada à

geração hidroelétrica; contribuir para a universalização dos serviços de saneamento ambiental,

com menores custos para a sociedade.

j. Atendimento a Comunidade Baixa Renda

Este subprograma tem como objetivo atender a comunidades de Baixa Renda, com a

instalação de aquecedores solares em substituição aos chuveiros elétricos e também, a instalação

de pré-aquecedores solares em auxílio a utilização dos chuveiros elétricos.

3.3. Programa de Eficiência Energética (PEE) da ANEEL

Conforme dispõe a Lei 9.991 de 24 de julho de 2000, as Empresas concessionárias ou

permissionárias de energia elétrica devem aplicar o percentual de 0,5% da sua receita

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Relatório do Produto 2 30

operacional líquida anual em Programas de Eficiência Energética (PEE), segundo regulamento

da Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. A seguir estão as sínteses das tipologias de

projetos desenvolvidos no âmbito do PEE, que as concessionárias distribuidoras de energia

elétrica desenvolvem.

a. Comercio/ Serviços

Projetos desenvolvidos em instalações comerciais e de serviços de grande, médio e

pequeno porte, com ações de combate ao desperdício, eficientização de equipamentos.

b. Poder Público

Projetos realizados em instalações de responsabilidade de pessoa jurídica de direito

público, com ações de combate ao desperdício e eficientização de equipamentos:

• Condicionamento ambiental

• Refrigeração

• Iluminação

• Sistemas de gerenciamento energético

• Sistemas de automação, etc.

c. Serviços Públicos

Visa eficiência energética nos sistemas de água, esgoto, saneamento e tração elétrica,

exploradas diretamente pelo poder público ou mediante concessão ou autorização.

d. Gestão energética

Projetos destinados a melhorar a gestão energética na administração pública federal,

estadual e municipal. Tradicionalmente, os projetos de gestão energética foram mais utilizados

na administração pública municipal, buscando mobilizar os municípios brasileiros sobre a

importância do uso eficiente e racional de energia nos serviços públicos. Contudo, a metodologia

utilizada em projetos de Gestão Energética Municipal (GEM) pode ser estendida para setores

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Relatório do Produto 2 31

públicos estaduais e federais, visando à disseminação da figura do gestor público de energia

elétrica em órgãos dessas esferas da administração pública.

e. Gestão Energética Municipal

Projetos que visam estimular os municípios brasileiros a desenvolverem ações voltadas

para a conservação de energia e se beneficiarem com as economias de recursos advindas da

implantação de ações de combate ao desperdício de energia elétrica nos centros consumidores

municipais.

f. Residencial

Projetos, em condomínios, conjuntos habitacionais e residências tais como: incentivo à

utilização de eletrodomésticos eficientes, como geladeiras, condicionadores de ar, aquecimento,

substituição de lâmpadas, etc.

g. Baixa Renda

Projetos de atendimento a comunidades de baixa renda, dirigidos às unidades

consumidoras de baixo poder aquisitivo. Nessa área encontram-se projetos de aquecimento solar

para substituição do chuveiro elétrico, visando à redução do consumo de energia e a redução da

demanda de ponta do sistema elétrico interligado.

h. Rural

Projetos que atuam sobre os processos e métodos de produção rural seja por setor de

produção como cafeicultura, rizicultura, horticultura, avicultura, suinocultura, etc, ou com

enfoque na tecnologia do processo de irrigação por pivô central, por aspersão, por gotejamento;

secagem e beneficiamento de grãos, iluminação de galpões de granjas, etc. Podem ser

considerados, também, projetos que incentivam a utilização de equipamentos elétricos rurais

eficientes (bomba de calor, por exemplo).

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Relatório do Produto 2 32

i. Projetos Educacionais

Projeto dirigido à formação de uma cultura em conservação e uso racional de energia

realizado através da implantação da metodologia PROCEL nas escolas. Focam o valor do kWh

economizado por aluno, devido às ações de eficiência energética desenvolvidas nas escolas

brasileiras.

j. Industrial

Projetos em instalações da grande, média e pequena indústria, com ações de:

• Otimização de processos;

• Introdução de motores eficientes;

• Sistemas de gerenciamento energético;

• Sistemas de acionamento, etc.

k. Projetos de Cogeração

Projeto desenvolvido nos setores dos Segmentos Industrial ou Comercial/Serviços com os

seguintes objetivos principais:

• Redução de demanda de energia elétrica;

• Atendimento à solicitação expressa do consumidor;

• Aproveitamento de combustível disponível e barato (caso de biomassa, por

exemplo);

• Postergação de obras necessárias, etc.

l. Projetos pelo lado da oferta

Somente podem ser incluídos no Programa de Eficiência Energética do Setor Elétrico

Brasileiro projetos voltados à eficiência energética pelo lado da oferta destinados à melhoria do

fator de carga do sistema elétrico por meio de:

• Redução e/ou deslocamento da demanda de ponta

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Relatório do Produto 2 33

• Introdução de novas modalidades tarifárias que estimulem a mudança de hábito

do consumidor.

Ações inerentes à atividade de prestação de serviço público de distribuição de energia não

podem ter aporte dos recursos dos Programas de Eficiência Energética, visto que tais

investimentos, quando considerados prudentes, já são remunerados na revisão tarifária periódica

da empresa.

m. Projeto piloto

Projeto promissor, inédito ou inovador, incluindo pioneirismo tecnológico e buscando

experiência para ampliar, posteriormente, sua escala de execução. Não deverão ser incluídos

nesse tipo de projeto custos relativos à pesquisa e/ou desenvolvimento tecnológico.

Além de possíveis metas de Energia Economizada (EE) e de Redução de Demanda na

Ponta (RDP), são avaliados o caráter inovador e estratégico do projeto e seus impactos potenciais

na transformação do mercado de energia elétrica. Para esse tipo de projeto, a RCB (Relação

Custo-Benefício) pode ser maior que 0,8, desde que inferior a 1,0.

n. Projeto prioritário

Projeto de grande relevância e abrangência, concebido no âmbito de uma política

nacional de eficiência energética.

Os critérios para adesão das Empresas a esse tipo de projeto são definidos em conjunto

com o Poder Executivo Federal. As empresas com mercado de energia vendida inferior a 1.000

GWh por ano podem aplicar a totalidade dos recursos do PEE nesse tipo de projeto.

Os critérios e procedimentos para elaboração, execução e avaliação desse tipo de projeto

são definidos em regulamento específico.

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Relatório do Produto 2 34

São exemplos de projetos que podem ser enquadrados nessa modalidade, substituição de

geladeiras em grande escala, iluminação pública, substituição de chuveiros elétricos por

aquecedores solares, eficientização de sistemas de abastecimento público de água e de irrigação.

o. Projeto cooperativo

Projeto desenvolvido de forma cooperativa, por duas ou mais Empresas, buscando economias de

escala, complementaridade de competências, aplicação das melhores práticas e a produtividade e

qualidade dos projetos realizados. Os benefícios auferidos na área de concessão de cada empresa

participante do projeto devem ser proporcionais às suas parcelas de investimento.

3.4. Legislação brasileira de Eficiência Energética

Entre as leis criadas para a promoção da Eficiência energética no Brasil destacam-se

duas. A primeira refere-se à Lei n° 10.295/2001, que dispõe sobre a Política Nacional de

Conservação e Uso Racional de Energia. Ela prevê o estabelecimento de “níveis máximos de

consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos

consumidores de energia fabricados e comercializados no país”, responsabilidade do Comitê

Gestor de Indicadores e de Níveis de Eficiência energética (CGIEE), constituído pelo Executivo

nos termos do Decreto 4.059, também de 2001. Cabe ressaltar que os primeiros equipamentos

elétricos a aderirem a Lei foram os motores elétricos pelo Decreto 4.508/2002. A Figura 3 e a

Tabela 1 mostram os níveis mínimos de eficiência de motores elétricos do tipo alto rendimento e

padrão, para várias potências.

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Relatório do Produto 2 35

Figura 3: Curva de desempenho energético mínimo de motores de indução trifásicos (MIT) 4

pólos rotor gaiola (Decreto 4.508/2002)

Hoje vários equipamentos elétricos do mercado brasileiro, como por exemplo, geladeiras,

condicionadores de ar, lâmpadas fluorescentes compactas (LFC), entre outros, já são

contemplados com a aplicação da Lei 10.295/2001.

Como comentado anteriormente, outra lei importante é a Lei 9.991/2000, que tem

orientado a aplicação dos recursos financeiros das concessionárias de energia elétrica em

Programas de Eficiência Energética (PEE).

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Relatório do Produto 2 36

Tabela 1: Rendimentos Nominais Mínimos (Decreto 4.508/2002)

PADRÃO ALTO RENDIMENTO Pólos Pólos

cv ou hp

Kw 2 4 6 8 2 4 6 8

1,0 0,75 77,0 78,0 73,0 66,0 80,0 80,5 80,0 70,0

1,5 1,1 78,5 79,0 75,0 73,5 82,5 81,5 77,0 77,0

2,0 1,5 81,0 81,5 77,0 77,0 83,5 84,0 83,0 82,5

3,0 2,2 81,5 83,0 78,5 78,0 85,0 85,0 83,0 84,0

4,0 3,0 82,5 83,0 81,0 79,0 85,0 86,0 85,0 84,5

5,0 3,7 84,5 85,0 83,5 80,0 87,5 87,5 87,5 85,5

6,0 4,5 85,0 85,5 84,0 82,0 88,0 88,5 87,5 85,5

7,5 5,5 86,0 87,0 85,0 84,0 88,5 89,5 88,0 85,5

10 7,5 87,5 87,5 86,0 85,0 89,5 89,5 88,5 88,5

12,5 9,2 87,5 87,5 87,5 86,0 89,5 90,0 88,5 88,5

15 11 87,5 88,5 89,0 87,5 90,2 91,0 90,2 88,5

20 15 88,5 89,5 89,5 88,5 90,2 91,0 90,2 89,5

25 18,5 89,5 90,5 90,2 88,5 91,0 92,4 91,7 89,5

30 22 89,5 91,0 91,0 90,2 91,0 92,4 91,7 91,0

40 30 90,2 91,7 91,7 90,2 91,7 93,0 93,0 91,0

50 37 91,5 92,4 91,7 91,0 92,4 93,0 93,0 91,7

60 45 91,7 93,0 91,7 91,0 93,0 93,6 93,6 91,7

75 55 92,4 93,0 92,1 91,5 93,0 94,1 93,6 93,0

100 75 93,0 93,2 93,0 92,0 93,6 94,5 94,1 93,0

125 90 93,0 93,2 93,0 92,5 94,5 94,5 94,1 93,6

150 110 93,0 93,5 94,1 92,5 94,5 95,0 95,0 93,6

175 132 93,5 94,1 94,1 94,7 95,0 95,0

200 150 94,1 94,5 94,1 95,0 95,0 95,0

250 185 94,1 94,5 95,4 95,0

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Relatório do Produto 2 37

4. Medição e Verificação de Projetos de Eficiência Energética

Este capítulo aborda a importância da Medição e Verificação (M&V) dos resultados de

Projetos de Eficiência Energética, destacando a importância do Protocolo Internacional de

Medição e Verificação de Performance (PIMVP), principal referência existente atualmente em

avaliação de resultados de medidas de Eficiência Energética.

4.1. Importância da M&V

Todos os Projetos e Programas de Eficiência Energética deveriam, pelo menos em algum

momento, adotar critérios visando a Medição e Verificação – M&V dos resultados obtidos.

Atualmente, a grande maioria dos Projetos de Eficiência Energética procura obedecer as

diretrizes do Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance – PIMVP para a

avaliação e acompanhamento dos resultados energéticos alcançados.

O PIMPV é um documento publicado pela Efficiency Valuation Organization (EVO),

organizado em três volumes:

• Volume I: Concepts and Options for Determining Energy and Water Savings (2007)

• Volume II: Concepts and Practices for Improved Indoor Environmental Quality (2001)

• Volume III: Applications (Concepts and Options for Determining Energy Savings in New

Construction, 2006 e Concepts and Practices for Determining Energy Savings in

Renewable Energy Technologies Applications, 2003)

Interessa especialmente o Volume I, cobrindo o escopo pretendido pela Agência

Internacional de Energia (IAE). Como indicado no próprio documento, o Protocolo é um guia,

descrevendo práticas usuais na medição, cálculo e reportação de economias de energia (e água)

obtidas por projetos de uso final, apresentando uma estrutura (“framework”) e opções para

registro de forma transparente, confiável e consistente.

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Relatório do Produto 2 38

O Protocolo não apresenta, propriamente, os procedimentos necessários ao processo de

M&V mas, sim, um conjunto de recomendações. Convertê-las em métodos adequados requer

conhecimento não apenas de suas prescrições, mas também das técnicas e atividades de projetos

de eficiência energética.

Segundo Birner e Martinot (2005) quanto mais cedo começar o monitoramento das

medidas de Eficiência energética através da M&V melhores resultados serão adquiridos, além da

maior percepção das transformações do mercado.

Existe um grande número de metodologias gerais para a avaliação de impactos de

programas de eficiência energética em uso final, economia de energia de equipamentos e

redução da demanda de ponta, sendo importante determinar qual apresenta resultados mais

consistentes, com menor incerteza e com menores custos de elaboração e execução. Uma revisão

detalhada e abrangente dessas metodologias consta do Manual para Avaliação (Vol.1), do

IEA/DSM (Programa de Avaliação das Medidas para a Eficiência energética e Gerência da

Demanda), desenvolvido pela Agência Internacional de Energia e com estudos de casos na

Bélgica, Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca, França, Holanda, Itália e Suécia. Como regra geral,

esse manual recomenda a comparação das curvas de carga antes e após a adoção das medidas de

fomento da eficiência, cotejando assim as curvas de linha de base com as curvas de carga

modificadas (IEA/DSM, 2006). De um modo ainda mais explícito recomendando que a

utilização de linha de base (baseline) deve-se mencionar as referências da Collaborative Labeling

and Appliance Standards Program – CLASP, um programa que desde 1999 envolve o Lawrence

Berkeley National Laboratory – LBNL, a Alliance to Save Energy e o International Institute for

Energy Conservation – IIEC, com a missão de promover o uso adequado de padrões de

eficiência e etiquetagem energética, em especial nos países em desenvolvimento (CLASP, 2005).

De modo sintético, os resultados das avaliações do impacto dos programas de eficiência

energética têm sua qualidade definida essencialmente por dois componentes:

a) Pelo modelo conceitual adotado, que deve expressar adequadamente as relações entre as

variáveis técnicas e do mercado.

b) Pelos dados que serão associados a este modelo.

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Relatório do Produto 2 39

Em geral, a avaliação meticulosa de programas de eficiência energética requer pesquisas

nos participantes e não-participantes, estudos de campo, estudos de mercado e análise de

efetividade de custos. Essas atividades demandam recursos expressivos para serem

satisfatoriamente implementadas, sendo mencionado para o caso americano um custo entre 5 a

10 % do custo dos programas de eficiência energética (CLASP, 2005).

Tal investimento na avaliação de programas de eficiência energética é fundamental para

entender e dimensionar os impactos dos diversos programas bem como para possivelmente

modificar sua concepção e melhorar sua efetividade. Segundo Clinch e Healy (2001) as análises

de custo-benefício, levando em consideração a economia de energia alcançada, redução de

emissões decorrentes das ações e benefícios sociais têm extrema relevância na avaliação das

ações de eficiência energética.

4.2. O papel do PIMVP em Projetos de Eficiência Energética

A eficiência energética oferece, na maioria das vezes, a maior e melhor oportunidade de

custo efetivo para os países industrializados e para os em desenvolvimento para limitar os

enormes custos financeiros em saúde e meio-ambiente associados à queima de combustíveis

fósseis. Os investimentos de custo efetivo disponíveis para eficiência nos usos de energia e água

são globalmente estimados em dezenas de bilhões de dólares por ano. Entretanto, o nível atual de

investimento é muito menor, representando apenas uma fração das oportunidades

financeiramente atrativas existentes para investimentos em economias de energia.

Embora haja diferenças entre ações para eficiência energética e ações para eficiência em

água, elas têm muitos atributos comuns e freqüentemente fazem parte do mesmo projeto. Se

todos os investimentos de custo efetivo em eficiência fossem feitos nos edifícios públicos e

comerciais americanos, os dispêndios com projetos em eficiência quase triplicariam e dentro de

uma década resultariam em economias de $ 20 bilhões por ano com os custos de energia e água,

gerariam mais de 100.000 empregos permanentes e diminuiriam significativamente a poluição.

Para os países em desenvolvimento com rápido crescimento econômico e aumento do consumo

de energia, um projeto eficiente de energia e água oferece uma forma muito efetiva de controlar

os altíssimos custos de construção de usinas elétricas e de tratamento de água. Ao mesmo tempo

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Relatório do Produto 2 40

em que limitam despesas futuras com importações de energia e os danos decorrentes à saúde e ao

meio-ambiente e custos resultantes da queima de combustíveis fósseis.

Estas oportunidades em eficiência e seus benefícios inerentes inspiraram o Departamento

de Energia americano, no início de 1994, a começar a trabalhar junto à indústria para chegar a

um consenso sobre medição e verificação dos investimentos em eficiência, de modo a superar as

barreiras existentes em relação a ela. O PIMVP, (também chamado de PMV), foi publicado

inicialmente em 1996 e continha metodologias que foram reunidas por um comitê técnico

composto por centenas de especialistas da indústria, inicialmente dos Estados Unidos, Canadá e

México.

Em 1996 e 1997, vinte empresas nacionais de 12 países trabalharam em conjunto para

revisar, ampliar e publicar uma nova versão do PIMVP em dezembro de 1997. Esta segunda

versão foi amplamente adotada internacionalmente e tornou-se o documento padrão para M&V

em vários países. As empresas de serviços de energia americanas também adotaram o PIMVP

como padrão da indústria para medição e verificação (M&V) dos Projetos de Eficiência

Energética.

Instituições como o Banco Mundial e a International Finance Corporation (IFC) julgam o

Protocolo útil e estão incorporando-o como parte de novos projetos de eficiência energética,

impulsionando o surgimento de novas ESCOs pelo mundo.

Entre várias finalidades do PIMVP podem-se citar o aumento dos investimentos em

Eficiência Energética e energia renovável. Para atingir essa e outras finalidades a aplicação

correta de um Protocolo possibilita:

a. Aumentar as economias de energia

A determinação precisa das economias propicia aos clientes e administradores um

feedback valioso para a operação de suas instalações, permitindo-lhes ajustes na administração

que levem as maiores níveis de economias de energia, maior durabilidade e redução da

variabilidade das economias. Um conjunto crescente de dados mostra que melhor medição e

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Relatório do Produto 2 41

verificação resultam em níveis significativamente maiores de economias, maior durabilidade ao

longo do tempo e menor variabilidade das economias (Kats et al. 1997 e 1999. Habert et al.

1996). Isto faz sentido, logicamente, uma vez que medições em tempo real em variados pontos

oferecem uma possante ferramenta para diagnóstico aos gerentes de prédios, que lhes permite

compreender melhor, monitorar e ajustar os sistemas de energia de modo a aumentar e manter as

economias. Isto vai ao encontro da experiência dos Programas Federais de Gerenciamento de

Energia americanos e reflete o extensivo trabalho de medição de longo prazo realizado no

programa da Texas A&M University Loan Star (Claridge et. al. 1996). Maior durabilidade e

menor variabilidade podem proporcionar a base técnica para remunerar projetos de eficiência

energética que empregam técnicas avançadas de M&V para determinar as economias de energia.

b. Reduzir o custo de financiamento dos Projetos

No início de 1994, muitos consultores financeiros mostraram-se preocupados com os

protocolos existentes (e aqueles em desenvolvimento), que criavam uma miscelânea de

inconsistentes e às vezes não confiáveis práticas para instalação e medição eficientes. Esta

situação reduzia a confiabilidade e o desempenho dos investimentos em eficiência e aumentava

os custos de transação do projeto e impedia o desenvolvimento de novas formas para reduzir o

custo dos financiamentos. O PIMVP procura fornecer orientação e informações sobre

gerenciamento de riscos úteis para a estruturação de contratos de financiamento.

Ao proporcionar economias maiores e mais confiáveis e uma abordagem comum para

determinar as economias, a adoção de um Protocolo de M&V torna mais confiável e rentável os

investimentos em eficiência e favorece o desenvolvimento de novos tipos de redução do custo de

financiamentos. Ao definir mais claramente projetos e métodos de M&V geralmente aceitos, um

Protocolo oferece confiança às instituições financeiras quanto à determinação das economias e à

medição do desempenho. Isto se torna então a segurança que respalda o financiamento. Se um

nível de confiança puder ser alcançado, a porta poderá ser aberta para os financiamentos fora do

balanço, onde o débito do projeto não aparece na linha de crédito da instalação hospedeira.

Historicamente o maior obstáculo à implementação de projetos de eficiência energética.

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Relatório do Produto 2 42

Um Protocolo de M&V, como o PIMVP, é parte importante da equação de crédito para a

maioria dos tomadores de empréstimos, uma vez que ele fornece um mecanismo estável e

independente para determinar economias em energia.

c. Encorajar melhores projetos de engenharia

Uma vez que boas práticas de M&V estão intimamente ligadas a bons projetos de

eficiência energética, como por exemplo, os de retrofits, os procedimentos do PIMVP sobre

M&V encorajam bons projetos de gerenciamento de energia. Um bom plano de M&V e o

progresso do monitoramento do desempenho ajudarão a criar projetos que funcionem

efetivamente para proprietários e usuários dos espaços e processos afetados. Bons métodos de

gerenciamento de energia ajudam a reduzir problemas de manutenção em instalações,

permitindo-lhes trabalhar com eficiência. Dentre as melhorias que podem ser observadas por um

plano de engenharia para uma dada ação de eficiência energética em sistemas de

condicionamento ambiental, é um aumento da qualidade interna do ar nos espaços ocupados.

d. Ajudar a demonstrar e apreender o valor das emissões reduzidas por meio de

investimentos em eficiência energética e energia renovável

As emissões reduzidas devido a projetos de eficiência incluem CO2, o gás primário do

efeito estufa (que causa o aquecimento global), o SO2, NOx e o mercúrio. A não inclusão do

custo benefício destas emissões tem distorcido as sinalizações de preços relativos aos

investimentos deixando de lado uma estratégia de investimentos em energia mais racional em

todo o mundo. A determinação do nível de redução de poluentes necessita de habilidade para

estimar com confiabilidade os efeitos das economias de energia.

Um Protocolo de M&V, como o PIMVP, pode fornecer uma estrutura para calcular as

reduções de energia antes (base) e após a implementação dos projetos. O PIMVP pode ajudar a

alcançar e documentar as reduções das emissões decorrentes de projetos que diminuem o

consumo de energia e ajudam no sentido de que os investimentos em eficiência energética sejam

reconhecidos como uma estratégia para gerenciamento de emissões. Tal perfil também ajudará a

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Relatório do Produto 2 43

atrair recursos para projetos de eficiência energética através da venda de créditos de emissões

comprovados.

e. Aumentar a compreensão sobre o gerenciamento de energia como uma ferramenta de

política pública

Através da melhoria da credibilidade dos projetos de gerenciamento de energia, a M&V

aumenta a aceitação pública das atividades relacionadas. Isto encoraja os investidores a

aplicarem em projetos de eficiência energética ou nos créditos de emissões que eles possam

gerar. Aumentando as economias, a boa prática de M&V também chama mais atenção para os

benefícios públicos oferecidos pelo bom gerenciamento da energia, como melhoria da saúde da

comunidade, redução da degeneração ambiental e aumento de empregos.

f. Auxiliar as organizações nacionais e industriais a promoverem e alcançarem eficiência

nos recursos e objetivos ambientais

O PIMVP está sendo muito adotado por agências governamentais nacionais e regionais e

por organizações industriais e comerciais para auxiliar no aumento de investimentos em

eficiência energética e para alcançar benefícios ambientais e de saúde.

4.3. Atribuições do PIMVP

A seguir estão listadas as principais atribuições do PIMVP:

a) Fornece aos compradores, vendedores e financiadores de projetos de eficiência

energética um conjunto de termos comuns para discutir questões chaves de projetos de M&V e

estabelecer métodos que podem ser utilizados em contratos de desempenho de energia.

b) Define as técnicas para determinar as economias de toda a instalação e de uma

tecnologia particular.

c) Aplicam-se a uma variedade de instalações incluindo prédios residenciais, comerciais,

públicos e industriais além de processos industriais.

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Relatório do Produto 2 44

d) Fornece um resumo de procedimentos que: i) podem ser aplicados a projetos similares

em todas as regiões geográficas e ii) são internacionalmente aceitos, imparciais e confiáveis.

e) Apresenta procedimentos com diferentes níveis de exatidão e custo para medição e/ou

verificação: i) condições da base e instalação do projeto e ii) economias de energia a longo

prazo.

f) Fornece uma abordagem abrangente para assegurar que as questões de qualidade

ambiental interna do prédio sejam verificadas em todas as fases do plano de ação,

implementação e manutenção.

g) Cria um documento vivo que inclui um conjunto de metodologias e procedimentos que

permitem que ele evolua com o tempo.

4.4. Critérios da ASHREA Guideline 14-2002

Esse documento é uma publicação da American Society of Heating, Refrigerating and

Air- Conditioners Engineers (ASHARE), sobre medições de economia de energia e redução de

demanda de ponta provenientes do aumento de desempenho de equipamentos de aquecimento,

refrigeração e ar condicionado. Esse Guia também estabelece diretrizes e metas para a M&V,

além de sugerir análise de incertezas nas avaliações.

Em geral o documento recomenda o acompanhamento dos consumos energéticos, antes,

durante e após as ações de eficiência energética como esquematiza a Figura 5. Apresenta

diferentes métodos de avaliação de economia de energia entre eles, Método Simplificado, de

Regressão (Simples e Múltipla), Dinâmicos e de Simulações Computacionais (U.S. Department

of Energy Federal Energy Management Program, 2008).

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Relatório do Produto 2 45

Figura 5: Metodologia básica para avaliação da economia de energia pelo critério da ASHREA

Guideline 14 (Haberl et.al., 2005).

A Figura 5 mostra que para a obtenção da economia de energia de uma ação de eficiência

energética, primeiramente deve-se adotar uma linha de base de consumo (Baseline Use), antes da

ação de eficiência energética e, depois da implementação da ação, a nova linha de consumo (Post

Retrofit Use) obtida deve ser comparada a Baseline.

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Relatório do Produto 2 46

5. Discussão e resultados alcançados em Programas e Projetos de Eficiência Energética

Atualmente várias iniciativas de projetos envolvendo Eficiência Energética vêm sendo

promovidas em diversos países que estão engajados e comprometidos com este fim. O presente

capítulo discute e apresenta resultados alcançados por alguns Programas e Projetos de Eficiência

Energética do mundo, bem como seus potenciais.

5.1. Importância para a Sociedade, Governo e Distribuidoras de Energia Elétrica

Os resultados alcançados por medidas de eficiência energética implementadas por

Programas ou Projetos, são de fundamental importância para o Governo, concessionárias

distribuidoras de energia elétrica e para toda a sociedade. O Governo e concessionárias

distribuidoras de energia elétrica são beneficiados pelas “Usinas Virtuais”, originadas pela

economia de energia, pois em bases proporcionais, os investimentos em ações de eficiência

energética, que resultam em ganhos energéticos, são mais baratos que os investimentos em

ampliação da matriz de geração. Ou seja, o custo de cada MWh economizado por ações de

eficiência energética é mais barato que o custo marginal de expansão da matriz de geração de

energia elétrica (adição de cada MWh).

Pelo fato do sistema nacional de distribuição de energia elétrica brasileiro ser interligado,

os impactos energéticos obtidos pelas ações de eficiência energética em uma determinada região

do país afetarão todo o sistema. Então, se a uma concessionária da região Sul do Brasil, por

exemplo, conseguir reduzir seu consumo energético ela dará a oportunidade de outra região do

país consumir essa energia economizada, já que o sistema de distribuição é único. Logo se pode

dizer que uma ação local de eficiência energética terá impacto global.

Em sistemas de energia elétrica, continuamente ocorrem perdas, devido à resistência

elétrica nas linhas e equipamentos. Segundo notícias da UNIVERSIA (2009) estima-se que 7%

de toda a energia elétrica gerada em sistemas de potência são perdidas, sendo 2% na transmissão

e 5% na distribuição, segundo diversos estudos acadêmicos. Recomendações feitas pela ANEEL

– Agência Nacional de Energia Elétrica através de suas Resoluções e Notas Técnicas visam

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Relatório do Produto 2 47

promover a redução das perdas técnicas e não técnicas ou comerciais, respectivamente, as

abreviações PT e PNT.

Considera, também, as perdas ditas irrecuperáveis. O tratamento dado às perdas técnicas

está baseado nas características físicas e de carregamento dos componentes da rede, ou seja,

geração e transporte de energia elétrica pelas redes de transmissão e distribuição envolvidas. As

perdas não técnicas ou comerciais são baseadas na comparação de empresas através de estudos

de comparabilidade, benchmark, respeitando a complexidade sócio-econômica de cada área de

concessão. Estão associadas a erros de medição de leitura, fraudes e furtos relativos à gestão

comercial.

A ANEEL tem envidado esforços no sentido de adotar metodologia para tratamento

regulatório das perdas. Esta metodologia seria empregada para uma avaliação top-down das

perdas por nível de tensão iniciando-se pelo sistema de alta tensão. A metodologia procura

responder a duas questões principais, sobre quanto é possível reduzir o nível de perdas não

técnicas e quanto é possível reduzir o nível de perdas técnicas da concessionária.

Com relação à redução das perdas técnicas a Eficiência Energética tem um importante

papel, pois, quanto menos energia for transportada pelas redes de transmissão e distribuição de

energia, menor serão as perdas do sistema. Essa redução das perdas traz benefícios para o

Governo e principalmente as concessionárias distribuidoras de energia, sob o aspecto energético,

econômico e ambiental (pela redução de emissões de gases do efeito estufa).

Cabe ressaltar, segundo (ELETROBRÁS, 1982) que do ponto de vista econômico, não é

tão fácil determinar o custo das perdas de energia, pois:

• O valor da tarifa não é o valor a ser utilizado, visto que, se tal valor for aplicado,

pressupõe-se que haverá sempre a possibilidade de vender aquela energia

dissipada em perdas, o que não ocorre usualmente.

• As perdas implicam na geração de energia elétrica adicional, considerando-se o

mercado constante. Isto conduz, numa análise global, à instalação de usina

adicional capaz de suprir as perdas de energia e ponta.

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Relatório do Produto 2 48

• Para as empresas que suprem o seu mercado com geração própria, as perdas de

energia, nos casos de anos hidrologicamente favoráveis, têm um valor, em termos

de custos, muito pequeno, ocorrendo o contrário nos anos hidrologicamente

desfavorável.

• Nessas condições, apresentam-se duas alternativas de metodologia para o cálculo

do custo das perdas:

o 1°) custo anual das perdas, calculado em função da energia perdida

anualmente e custos de demanda (associado aos investimentos na geração

para o suprimento das perdas) e,

o 2°) capitalização do custo anual das perdas, que utiliza o método do

Valor Presente Líquido – VPL para calcular o custo anual das perdas, em

função das tarifas de compra de energia da empresa supridora. Este fato

pressupõe que as perdas têm um custo adicional e, eventualmente a

redução das mesmas implica na diminuição da energia comprada.

Com relação à sociedade, além da redução das “contas de luz” ela é beneficiada pela

redução de emissões de gases do efeito estufa quando adquire equipamentos mais eficientes para

o uso final, ou consegue economizar energia com mudanças de hábitos de uso. Com a economia

de energia alcançada, as usinas elétricas deixam de gerar essa energia economizada e

conseqüentemente reduzem as suas emissões, evitando a intensificação do aquecimento global.

Com informações como as do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT (2008), quanto aos

fatores de emissões de Gases do Efeito Estufa – GEE, torna-se possível estimar os benefícios

ambientais, em termos de redução de emissões de GEE proveniente das ações de eficiência

energética, em função da energia conservada anual (MWh) e do fator de emissão do sistema

elétrico (tCO2).

5.2. Âmbito Internacional

A Comissão Européia tem alguns programas e organizações, operando numa estrutura de

rede de inovação, que dissemina informações, assistência técnica, desenvolvimento tecnológico e

comercialização de tecnologias, tais como os Programas SAVE, THERMIE, JOULE e OPET. O

Programa JOULE está encarregado no desenvolvimento de projetos de pesquisa e

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Relatório do Produto 2 49

desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias de energia. O Programa THERMIE trata da

aplicação das tecnologias emergentes em escala de demonstração, acelerando sua absorção pelo

mercado, sendo sua área de atuação a eficiência energética, energias renováveis, combustíveis

sólidos e hidrocarbonetos. Através do Programa SAVE, a Comissão iniciou um processo de

promoção de projetos de gerenciamento pelo lado da demanda (GLD) no setor industrial com

diferentes concessionárias de energia da União Européia, obtendo ganhos de energia,

desenvolvendo a eficiência energética e colaborando com a redução da emissão de CO2.

Entre muitos projetos de eficiência energética em desenvolvimento em diversos países,

na China e Malásia se destacam projetos de implementação de padrões mínimos de desempenho

em refrigeradores e freezers. De acordo com projeções de (Mahlia, 2005), a implementação dos

padrões mínimos em 2004 na Malásia, economizará cerca de 9.000 GWh até o ano de 2013. Para

reduzir o consumo de energia no setor residencial, o país implementou etiquetas indicadoras de

desempenho dos eletrodomésticos, incluindo os ventiladores a partir de 2005, para a informação

voluntária dos consumidores quanto aos produtos mais eficientes do mercado. Uma dessas

etiquetas está representada na Figura 6.

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Relatório do Produto 2 50

Figura 6: Etiqueta de Eficiência Energética da Malásia

Nos EUA, também existem projetos de substituição de refrigeradoras domésticos, onde se

espera que cada refrigerador substituído economize 1 MWh/ano (Kim, et. al., 2005). Esses

projetos vêm sendo impulsionado por Programas de Etiquetagem Energética do país e, segundo a

CLASP (2007) em 2005, os refrigeradores domésticos (novos) americanos reduziram o seu

consumo em cerca de 74% com relação ao ano de 1977, como indicado na Figura 7.

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Relatório do Produto 2 51

Figura 7: Evolução do consumo médio de refrigeradores domésticos novos dos Estados

Unidos

Nos Estados Unidos diversos estudos de M&V de ações de eficiência energética foram

realizados nos diversos setores econômicos. Segundo Konopacki et. al. (1998) ações de

eficiência energética geraram economias de energia na ordem de 12-18% em dois edifícios

comerciais em Califórnia. Konopacki e Akbari (2001) documentaram economias de energia de

12%, por adoção de melhorias no sistema de refrigeração e iluminação, em uma grande loja em

Austin, Texas. Akbari (2003) documentou economias de energia de 31-39 Wh/m2/dia em dois

pequenos edifícios comerciais no Texas, conseguidas por melhorias de eficiência energética nos

prédios que resultaram em reduções das cargas térmicas. Parker et. al. (1998) mediu economias

médias de energia de 19% em onze residências da Florida aplicando revestimentos reflexivos nos

telhados. Os resultados conseguidos por Parker et. al. (1998) em 11 regiões metropolitanas dos

Estados Unidos foram extrapolados para todo o país. O estudo estima que o país pudesse

alcançar cerca de 7 GW de redução de demanda de ponta com revestimentos reflexivos nos

telhados em edifícios residenciais e comerciais do país.

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Relatório do Produto 2 52

Cabe destacar que os Estados Unidos possuem o U.S. Department of Energy Federal

Energy Management Program, que vem estabelecendo diretrizes para a M&V dos resultados

alcançados por Programas e Projetos de eficiência energética do país. Um documento

recentemente publicado com esse fim é o M&V Guidelines: Measurement and Verification for

Federal Energy Projects Version 3.0.

No Paquistão, um projeto iniciado em 1997 de Mitigação de Emissões do Setor

Energético, através melhoria da eficiência energética, terá vigência até 2015 (Shrestha et. al.,

1998). Segundo (Mecrow, 2008) na Inglaterra, investimentos em pesquisas de novas tecnologias

de motores elétricos, materiais e técnicas de construção, estão sendo implementados, pois esses

equipamentos consomem metade da produção de energia elétrica do país. Na Universidade

Nacional de Singapura está em andamento um projeto de modelos de programação linear para

medir o nível de economia em medidas de eficiência energética. Estes modelos propostos serão

aplicados para medir o nível de eficiência energética de 21 países da OCDE (Zhou, 2008).

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Relatório do Produto 2 53

5.3. Âmbito Nacional

No âmbito nacional, entre os projetos de eficiência energética com maiores destaques no

cenário brasileiro, encontram-se os projetos desenvolvidos com recursos do PEE da ANEEL e os

projetos de avaliação dos impactos energéticos do Programa Selo PROCEL. A seguir serão

comentados esses projetos abordando os critérios utilizados de M&V bem como apresentados

alguns resultados de seus impactos energéticos, econômicos e ambientais, para o governo,

concessionárias distribuidoras de energia elétrica e sociedade.

5.3.1. Projetos desenvolvidos pelo PEE da ANEEL

Nos últimos anos foram realizados diversos projetos de eficiência energética pelo PEE da

ANEEL em várias tipologias como Baixa Renda, comércio e serviços, industrial, poder público,

rural, serviços públicos, gestão energética, educacional, cogeração e residencial. No caso da

M&V dos projetos, recomendam-se algumas diretrizes a serem seguidas descritas no próximo

tópico. Basicamente procuram seguir os Manuais da ANEEL e o principal indicador de

viabilidade dos projetos dado pela Relação Custo-Benefício (RCB).

Critérios para a Medição e Verificação

As campanhas de medição em projetos de eficiência energética desempenham um papel

fundamental na avaliação das reais reduções de consumo conseguidas e são o foco da avaliação

dos projetos por parte da ANEEL.

A proposta para campanhas de medições deverá ser baseada no PIMVP, que fornece uma

visão geral das melhores práticas atualmente disponíveis para medir e verificar os resultados de

projetos de eficiência energética.

A especificação de campanhas de medição pode fornecer diretrizes para os agentes

envolvidos, no que confere a seleção da abordagem de medição e verificação que melhor se

aplique ao projeto, formatar os custos do projeto e a grandeza das economias, entender as

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Relatório do Produto 2 54

necessidades tecnológicas específicas, aumento da sensibilidade do risco entre comprador e

vendedor, garantias de responsabilidades na execução dos projetos, além de auxiliar a ANEEL

na verificação e acompanhamento dos programas.

Levando-se em conta que não se pode gerenciar o que não se mede, metodologias de

medição e verificação bem definidas podem ajudar a compreender as reais necessidades e

prioridades dos Programas de Eficiência Energética implementados no país, levando a uma

regulamentação mais eficiente e eficaz quanto à aplicação de recursos e obtenção de resultados.

Uma metodologia consistente de medições deve almejar objetivos básicos, como:

• Fornecer aos compradores, vendedores e financiadores de projetos de eficiência

energética um conjunto de termos comuns para discutir questões-chave de projetos de

medição e estabelecer métodos que podem ser utilizados em contratos de desempenho ou

em projetos comuns, garantindo a sua viabilidade.

• Definir as técnicas para determinar as economias de toda a instalação e ou de uma

tecnologia particular para um determinado sistema.

• Aplicar-se a uma variedade de instalações incluindo prédios residenciais, comerciais,

públicos, industriais e processos industriais.

• Fornecer procedimentos que podem ser aplicados a projetos similares em todas as regiões

geográficas e são internacionalmente aceitos, imparciais e confiáveis.

• Apresentar procedimentos com diferentes níveis de exatidão e custo para medição e/ou

verificação, condições da base e instalação do projeto e economias de energia em longo

prazo.

• Criar um documento que inclua um conjunto de metodologias e procedimentos que

permitem que ele evolua com o tempo.

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Relatório do Produto 2 55

As economias de energia ou reduções de demanda são determinadas pela comparação dos

usos medidos de energia ou demanda antes e após a implementação de um programa de

economia de energia. Em geral:

Economias de energia = Uso da energia consumo-base - Uso da energia pós-retrofit ±

Ajustes

O termo Ajustes nesta equação geral tem a função de trazer o uso da energia de dois

períodos de tempo distintos para as mesmas condições. As condições que geralmente afetam o

uso de energia são o clima, ocupação, turnos de trabalho, produtividade total da planta e

operações do equipamento requeridas por estas condições, sendo que estes ajustes podem ser

positivos ou negativos.

Os ajustes são derivados de fatos físicos identificáveis, sendo feitos tanto rotineiramente,

como devido a mudanças climáticas, ou se necessários como quando um segundo turno é

adicionado, há inclusão de ocupantes no espaço, ou aumento da utilização de equipamentos

elétricos no sistema. Os ajustes são comumente executados para restabelecer o consumo-base

sob condições pós-retrofit.

A determinação adequada das economias é uma parte necessária à estruturação de um

bom programa de economias. Entretanto, a abordagem básica para a determinação das

economias está relacionada a alguns elementos dos projetos que integram o PEE. A abordagem

básica comum a toda determinação de economias requer os seguintes passos:

• Selecionar a opção de medição e verificação que seja consistente com o objetivo

pretendido do projeto e determinar os ajustes necessários para as condições pós-retrofit.

• Reunir dados relevantes do consumo-base de energia e operação do sistema e registrá-los

de modo que possam ser acessados no futuro.

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Relatório do Produto 2 56

• Projetar o programa de economias de energia. Isto deve incluir a documentação tanto do

objetivo do projeto quanto os métodos a serem utilizados para demonstrar o alcance do

objetivo do projeto.

• Preparar os Planos de Medição e de Verificação, que definiram fundamentalmente o

significado da palavra economia para cada projeto.

• Projetar, instalar e testar qualquer equipamento de medição especial necessário ao Plano

de Medição e Verificação.

• Após a implementação do programa de economia de energia, inspecionar o equipamento

instalado e revisar os procedimentos de operação (comissionamento) para assegurar que

eles estejam de acordo com o objetivo do projeto.

• Reunir dados de consumo de energia e operação do sistema no período pós-retrofit, e que

estes sejam consistentes com os dados do consumo-base e operação anterior do sistema,

conforme definido no Plano de Medição e Verificação. As inspeções necessárias para

coletar estes dados devem incluir a repetição periódica das atividades de

comissionamento para garantir que o equipamento esteja funcionando conforme

planejado.

• Computar e registrar as economias de acordo com o Plano de Medição e Verificação.

A preparação de um Plano de Medição e Verificação é fundamental para a determinação

apropriada das economias e também é a base para a verificação, tanto entre os agentes

envolvidos, e também para a fiscalização do Órgão Regulador. O planejamento prévio assegura

que todos os dados necessários à determinação das economias estarão disponíveis após a

implementação do programa de economia de energia, dentro de um orçamento aceitável.

A documentação deve ser preparada de modo que seja facilmente acessada pelos

verificadores ou fiscalização, já que poderão se passar longos períodos até que estes dados sejam

necessários. Um Plano de Medição e Verificação deve conter em seu escopo:

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Relatório do Produto 2 57

• Uma descrição das ações de eficiência energética e o resultado esperado.

• A identificação dos limites da determinação das economias. Eles podem ser tão restritos

quanto o fluxo da energia através de uma única carga ou tão abrangentes quanto a

utilização total de energia de um ou vários sistemas.

• Documentação das condições da operação da instalação e os dados de energia do

consumo-base.

• É necessária uma auditoria abrangente para reunir as informações do consumo-base e

dados de operação do sistema, que sejam relevantes para a medição e verificação:

1. Perfis de consumo de energia e demanda;

2. Tipo de ocupação, densidade e períodos;

3. Condições parciais ou de toda a área da instalação em cada período de

operação e estação do ano;

4. Inventário dos equipamentos: dados de placa, localização, condições,

fotografias ou vídeos são maneiras efetivas para registrar as condições do

equipamento.

5. Práticas de operação do equipamento (horários e regulagens,

temperaturas/pressões efetivas);

6. Problemas significativos do equipamento ou perdas.

Nos projetos onde haverá a recuperação de investimentos através de contrato de

desempenho o plano de medição e verificação será objeto de negociação entre as partes

envolvidas, à luz das diretrizes do PIMVP.

A avaliação econômica dos projetos de eficiência energética após a M&V é feita por

meio do cálculo do RCB de cada uso final, como exemplifica a Equação 1:

CEEEFRCCTRCB××

= (1)

onde:

CT – Custo apropriado do projeto (R$)

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Relatório do Produto 2 58

FRC – Fator de Recuperação de Capital

EE – Energia elétrica conservada (MWh/ano)

CE – Custo evitado de energia (R$/MWh)

Os projetos de eficiência energética apresentam melhores RCB com relação à ampliação

da matriz energética. A Tabela 2 mostra os impactos energéticos dos últimos ciclos de projetos

de eficiência energética realizados pelo PEE da ANEEL, nas diversas tipologias. Por essa tabela

pode-se concluir que foram investidos cerca de R$ 3.350,00 para cada kW economizado. Se o

Governo fosse investir na ampliação da matriz energética, provavelmente gastaria um valor

maior por kW. No entanto, não se sabe com precisão os níveis de incertezas associados aos

resultados obtidos na M&V, por isso, o estabelecimento de uma base de premissas para a

avaliação dos resultados alcançados por Programas e Projetos de Eficiência Energética é de

fundamental importância para garantir níveis aceitáveis de incertezas. Assim fica mais fácil

elaborar o planejamento energético do Governo e/ou concessionárias distribuidoras de energia

elétrica.

Tabela 2: Últimos Projetos de Eficiência Energética realizados pela ANEEL (ANEEL,2009)

Tipo QuantidadeInvestimento

(R$)

Economia de energia

(MWh/ano) RDP (kW)

Aquecimento solar 8 1.906.480 475 544 Baixa Renda 37 214.538.958 238.580 94.020

Comércio e Serviços 12 4.110.107 1.741 778 Industrial 2 34.325.896 3.338 396

Poder Público 39 39.494.507 44.995 6.940 Projeto Piloto 3 17.449.715 4.392 6.277

Rural 9 4.723.725 7.735 3.669 Serviços Públicos 19 88.778.571 94.919 19.774 Gestão Energética 2 2.899.344 0 0

Educacional 6 27.562.173 0 0 Cogeração 1 22.825.000 35.628 4.519 Residencial 1 1.098.518 17 36

TOTAL 139 459.712.994 431.820 136.953

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Relatório do Produto 2 59

5.3.2. Projetos de avaliação dos impactos energéticos do Programa Selo PROCEL

Os projetos de avaliação dos impactos energéticos do Programa Selo PROCEL foram

desenvolvidos com o apoio de diversos centros de pesquisas, entre eles o Centro de Excelência

em Eficiência Energética (EXCEN) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e empresas

privadas, sob a coordenação do PROCEL/Eletrobrás. O principal objetivo desses projetos é a

avaliação dos impactos energéticos (economia de energia e redução de demanda de ponta)

atribuídos às ações voluntárias de eficiência energética do Programa Selo PROCEL. Os

equipamentos já avaliados, em avaliação e a serem avaliados estão descritos a seguir.

a. Equipamentos Avaliados: Refrigeradores e freezers domésticos, lâmpadas e

reatores eletromagnéticos de partida rápida e condicionadores de ar (do tipo janela

e split).

b. Equipamentos em Avaliação: Motores elétricos de indução trifásicos (1-250 cv).

c. Equipamentos a serem Avaliados: Sistemas de aquecimento solar (coletores

solares térmicos e reservatórios).

Para a M&V dos impactos energéticos do Programa, foram adotadas algumas premissas

do PIMVP, descritas a seguir. Além disso, efetuaram-se análises condicionadas pela demanda, o

que obrigou a efetuar-se avaliações desagregadas por região do país, setor produtivo (comercial,

industrial e residencial), categoria de equipamentos e período do ano (seco e úmido). As

premissas das metodologias utilizadas são:

a. Adoção de premissas do Protocolo Internacional de Medição e Verificação de

Performance – PIMVP, como, por exemplo, a utilização de conceitos de “linha de

base” para a Medição e Verificação – M&V dos impactos energéticos alcançados.

b. Avaliação dos impactos energéticos do parque de equipamentos instalados no

Brasil com o Selo PROCEL (classe A), ao longo da vida útil dos equipamentos e

de forma desagregada para a inclusão de efeitos sazonais (como, por exemplo, a

temperatura ambiente) e perda de desempenho dos equipamentos devido à idade.

c. Análises de incertezas das modelagens de avaliação.

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Relatório do Produto 2 60

Para a avaliação dos impactos energéticos dos equipamentos que possuem o Selo

PROCEL, assumiu-se como linha de base nesses estudos o consumo de um “parque virtual”

formado somente por equipamentos menos eficientes (classe B, C,....,E) para a comparação com

a situação real, na qual o parque é formado por uma fração desses equipamentos e outra por

equipamentos mais eficientes (classe A (com Selo PROCEL)). Quando se considera uma

situação potencial, onde todo o parque é formado apenas por equipamentos mais eficientes (com

o Selo PROCEL), pode-se calcular o impacto potencial, em relação à linha de base. Com isso

consegue-se obter os impactos energéticos como mostra a Figura 8 (para resultados de economia

de energia).

Economia observadaEconomia observada Mercado com produtos da Mercado com produtos da ““linha de linha de basebase”” (equipamentos sem o Selo)(equipamentos sem o Selo)

Mercado Mercado ““realreal”” estimado (C.S e S.S)estimado (C.S e S.S)

tempotempo

MWhMWh

Economia potencialEconomia potencialEconomia ainda possEconomia ainda possíívelvel

Mercado Mercado ““potencialpotencial”” com 100% Eficientecom 100% Eficiente

Figura 8: Modelagem para Avaliação de Economia de Energia do Parque de Equipamentos

As modelagens elaboradas para as estimativas da Redução de Demanda de Ponta (RDP)

são em função da economia de energia, fatores de coincidência de ponta e tempo de operação

dos equipamentos.

Os principais resultados da avaliação dos impactos energéticos do Programa Selo

PROCEL dos equipamentos avaliados, no ano de 2007, encontram-se na Tabela 3. Segundo

avaliações o Programa economizou cerca de 1,3 GW de demanda na ponta no ano de 2007, cerca

de 2% da demanda máxima registrada nesse ano.

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Relatório do Produto 2 61

Tabela 3: Síntese dos Resultados do Selo PROCEL em 2007

Equipamentos

Avaliados

Economia de Energia

(GWh)

Redução de

Demanda de Ponta

(MW)

Refrigeradores /Freezers 1.380 197 Condicionadores de Ar 349 130 Lâmpadas e Reatores 1.830 931 Motores Elétricos* 132 16 Coletores Solares* 19 27 Reservatórios Térmicos* 12 3 Total 3.722 1.304

* Produtos avaliados com a modelagem antiga, ou seja, uma modelagem utilizada nos antigos relatórios de avaliação dos impactos energéticos do Programa Selo PROCEL em que se baseavam apenas no consumo unitário do equipamento novo e no parque de equipamentos. Essa modelagem não leva em conta os efeitos sazonais, a perda de desempenho dos equipamentos ao longo da vida útil e nem faz desagregações do parque para a avaliação da economia de energia e redução de demanda de ponta ao longo da vida útil dos equipamentos, como a atual.

Os resultados apresentados pela Tabela 3 apresentam incertezas na ordem de 28%, pois, a

avaliação de milhões de equipamentos, localizados em diferentes regiões climáticas e sujeitos a

diferentes hábitos de uso, requer diversas informações técnicas e de mercado, que possuem

incertezas. A propagação das incertezas dessas informações resulta em um nível considerável de

incerteza na M&V dos impactos energéticos.

Além dos aspectos energéticos, as ações de Eficiência Energética também trazem

benefícios econômicos e ambientais. Um resultado importante quanto a M&V dos resultados das

ações de eficiência energética em geladeiras, destacado por Cardoso et. al. (2009a), foi que os

consumidores de baixo consumo de energia elétrica (<200 kWh/mês) da região Sul do Brasil não

são beneficiados economicamente pela compra de uma geladeira com o Selo PROCEL. Isso

acontece, pois, a região Sul é fria, o que faz com que o equipamento consuma menos energia e

assim a economia de energia obtida com o a geladeira mais eficiente não é suficiente para pagar

a diferença de custo com relação a uma menos eficiente.

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Relatório do Produto 2 62

Quanto ao aspecto ambiental, as economias de energia geradas pelas ações de eficiência

energética atribuem benefícios para a sociedade pela redução de emissões de gases do efeito

estufa. Essa redução de emissões depende das fontes primárias de energia da matriz de geração,

pois, se a base das fontes for de combustível fóssil, a redução é maior com relação à matriz de

base renovável, como é o caso do Brasil, pois, cada kWh que se deixa de consumir implica em

uma redução de emissões mais significativas pela não queima de combustível fóssil do que pelo

não uso de uma usina elétrica renovável. Assim cada país tem uma “linha de base” de emissões

de gases do efeito estufa para cada unidade de energia gerada. Segundo MCT (2008) no Brasil os

índices de emissões de gases do efeito estufa do sistema interligado nacional esteve na ordem de

48,4 kg CO2 /MWh gerado.

Com base nas informações de emissões de gases do efeito estufa do sistema interligado

nacional Cardoso et. al. (2009b) constatou que a substituição de lâmpadas incandescentes por

lâmpadas fluorescentes compactas resultaram em reduções de emissões de gases do efeito estufa

na ordem de 590 mil tCO2 no ano de 2005, com um potencial de 949 mil t CO2.

Cabe ressaltar que o Governo, as concessionárias distribuidoras de energia elétrica e toda

a sociedade, são beneficiados pelas ações de eficiência energética. O Governo e concessionárias

distribuidoras são beneficiados pelas “Usinas Virtuais”, originadas pela economia de energia,

pois em bases proporcionais, os investimentos em ações de eficiência energética, que resultam

em ganhos energéticos, são mais baratos que os investimentos em ampliação da matriz de

geração. Já a sociedade, como comentado anteriormente, é beneficiada pela redução de emissões

de gases do efeito estufa, pois, com a economia de energia as usinas elétricas deixam de gerar

essa energia economizada e conseqüentemente reduzem as suas emissões.

5.4. Proposta de um Programa Nacional de Substituição de Geladeiras

O Ministério de Minas e Energia está discutindo o Programa Nacional de Substituição de

Geladeiras. O Programa terá por objetivo substituir e reciclar 10 milhões de geladeiras de uma e

duas portas, com mais de 10 anos de uso, por novas geladeiras que possuem o Selo PROCEL e o

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Relatório do Produto 2 63

ciclopentano como agente de expansão das espumas isolantes. O Programa buscará implementar

a eficiência energética no setor residencial podendo trazer benefícios energéticos para o Governo

pela economia de energia e econômicos e ambientais para toda a sociedade, já que o consumidor

poderá reduzir a conta de luz e pela conseqüência da economia de energia, menos emissões de

GEE poderão ser emitidas para a atmosfera.

A metodologia de M&V dos impactos energéticos do Programa de Substituição de

Geladeiras deverá se basear na relação entre o parque de refrigeradores do Programa e o

consumo unitário dos equipamentos.

a. Medição e Verificação

O programa de substituição de geladeiras, provavelmente, irá utilizar a metodologia de

medição e verificação baseada no PIMVP com as seguintes características:

Adoção das premissas do PIMVP

Avaliação ao longo da vida útil dos equipamentos

Desagregação em nível regional

Inclusão dos efeitos de perda de desempenho e temperatura ambiente

Substituição de uma geladeira usada e degradada (com mais de 10 anos de uso) por uma

geladeira nova e eficiente com o Selo PROCEL e que utiliza o ciclopentano como agente

de expansão das espumas isolantes.

b. Metodologia

Para o cálculo das economias de energia deste programa, poderá ser utilizada a seguinte

metodologia com base no parque de refrigeradores do Programa: consideram-se duas situações

de consumo dos equipamentos:

• 1°) Consumo de equipamentos usados e degradados com mais de 10 anos de uso

(retirados do mercado)

• 2°) Consumo dos refrigeradores do Programa (novos e eficientes)

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Relatório do Produto 2 64

A diferença entre o consumo das duas situações do parque representa a economia de

energia atribuída ao Programa em estudo, como indicado na Figura 8.

Figura 8: Visão esquemática do Modelo de Avaliação

LL..BB.. MMeerrccaaddoo ddee eeqquuiippaammeennttooss uussaaddooss ((ddeessccaarrttaaddooss))

MMeerrccaaddoo ddee eeqquuiippaammeennttooss ddoo PPrrooggrraammaa

tt ((aannoo))

MMWWhh

EEccoonnoommiiaa ddee EEnneerrggiiaa ddoo PPrrooggrraammaa

2009 2018

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Relatório do Produto 2 65

6. Conclusões

O presente relatório fez uma breve apresentação de alguns Programas e Projetos de

Eficiência Energética de uso final da energia do mundo e do Brasil, bem como enfatizou a

importância do Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance (PIMVP) na

Medição e Verificação dos resultados das ações de conservação de energia. No caso do Brasil

diversos Programas e legislações foram criados para a promoção de Eficiência Energética do

país. No campo da M&V das medidas dos impactos energéticos das ações de Eficiência

Energética, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) vem

desenvolvendo trabalhos para a avaliação dos impactos do Programa Selo PROCEL.

De um modo geral as avaliações de M&V das medidas de Eficiência Energética

procuram seguir as diretrizes do PIMVP, como por exemplo, adoção de linhas de base e

consideração dos impactos energéticos ao longo da vida útil dos equipamentos. Além disso, nas

M&V realizam-se análises condicionadas pela demanda, para a inclusão dos efeitos sazonais e

de hábitos de uso, fazendo com que as avaliações sejam desagregadas. Mesmo com essas

considerações, as avaliações dos impactos energéticos das ações de eficiência energética ainda

trazem significativos níveis de incertezas. No caso dos Projetos de Avaliação dos impactos

energéticos do Programa Selo PROCEL as incertezas chegam a 28%. Para que se reduzam essas

incertezas é necessário que se invista em pesquisas de mercado e melhorem as fontes de

divulgação das informações necessárias para a aplicação das modelagens desenvolvidas para a

avaliação. Além disso, pesquisas acadêmicas e ensaios de desempenho em laboratórios também

são essenciais.

Por fim, cabe destacar que o Governo, as concessionárias distribuidoras de energia

elétrica e toda a sociedade, são beneficiados pelas ações de eficiência energética. O Governo e

concessionárias distribuidoras são beneficiados pelas “Usinas Virtuais”, originadas pela

economia de energia, pois em bases proporcionais, os investimentos em ações de eficiência

energética, que resultam em ganhos energéticos, são de menores custos que os investimentos em

ampliação da matriz de geração. Já a sociedade é beneficiada pela redução de emissões de gases

do efeito estufa, pois, com a economia de energia as usinas elétricas deixam de gerar essa

energia economizada e conseqüentemente reduzem as suas emissões.

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Relatório do Produto 2 66

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