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Diagramação: Antônio Neto. Revisão: Carlos Bezerra Cavalcanti Editorial A data de 20 de novembro, Dia da Consci- ência Negra, foi escolhida homenageando o líder Zumbi dos Palmares, morto nesta data, em luta contra o governo colonial no final do século XVII, especificamente 1695. Sua cabeça, trazida do Qui- lombo dos Palmares ao Sul de Pernambuco (hoje Alagoas) foi exposta encimando uma alta estaca em frente a Igreja do Carmo no Recife. Para servir de execração pública. A escravidão nunca foi uma exclusividade da etnia negra. Ao longo da história temos: egíp- cios escravizando judeus; romanos escravizando gregos; mulçumanos escravizando cristãos; cristãos escravizando mulçumanos; negros islâmicos escra- vizando brancos; turcos escravizando brancos; por- tugueses escravizando índios; astecas escravizando não astecas; chineses escravizando chineses; rus- sos escravizando russos e até suíços escravizando suíços Os “Verdingkinders” (em português: crian- ças sob contrato). A prática da escravidão sempre foi endê- mica na África. O que levou o português aprovei- tando-se dessa característica trazê-la para o Brasil. Existem citações (Ronaldo Vainfas e Leandro Narlo- ch) dessa prática no próprio Quilombo dos Palma- res. Nele havia uma hierarquia entre os integrantes que dividia os negros em servos e reis, sistema que já era adotado na África pelo mesmo povo que o habitava. O preconceito idiota sempre existiu e exis- te, não só em relação ao negro, como ao pobre, ao asiático e ao próprio negro em relação ao branco. Graças a alguns iluminados compositores cantamos através do cancioneiro loas às mulatas, aos negros e a sua cultura. - “Recife, cidade lendária de pretas de engenho cheirando a banguê...” Melchiades Montenegro REDATOR : Melchiades Montenegro. E-mail: Melchiades [email protected] Fone: (81) 986960041 ANO: 02 Outubro/2018 Nº 29 Nasceu em Pau d’Arco, muni- cípio do Espírito Santo, Paraí- ba, a 20 de abril de 1884, e faleceu em Leopoldina, Minas Gerais, no dia 12 de Novem- bro de 1914. Estudou no liceu Paraibano e divulgou muitos poemas na imprensa de João Pessoa. Veio fazer o Curso de Ciência Ju- rídica na Faculdade de Direito do Recife. Professor de Literatura e poeta de mérito publicou um livro único, o “EU”, no sul do país, ao qual se seguiram edições póstumas, já em 30ª edição, sob o título “EU e Outras Poesias”. AS CISMAS DO DESTINO (Fragmento) Recife, Ponte Buarque de Macedo. Eu, indo de encontro à casa do Agra, Assombrado com a minha sombra magra, Pensava no destino e tinha medo! Na austera abóbada alta o fósforo alvo Das estrelas Luzia... O calçamento Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento, Copiava a polidez de um crânio calvo. Lembro-me bem. A ponte era comprida, E a minha sombra enorme enchia a ponte, Como uma pele de rinoceronte Estendida por toda a minha vida! A noite fecundava o ovo dos vícios Animais. Do carvão da treva imensa Caía um ar danado de doença Sobre a cara geral dos edifícios! Fonte: Origem: Livro - Recife: Crônicas, poesias e contos. Autores: Carlos Bezerra Cavalcanti e Liberato da Costa Júnior. Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos

Editorial Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos

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Page 1: Editorial Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos

Diagramação: Antônio Neto. Revisão: Carlos Bezerra Cavalcanti

Editorial

A data de 20 de novembro, Dia da Consci-

ência Negra, foi escolhida homenageando o líder Zumbi dos Palmares, morto nesta data, em luta contra o governo colonial no final do século XVII, especificamente 1695. Sua cabeça, trazida do Qui-lombo dos Palmares ao Sul de Pernambuco (hoje Alagoas) foi exposta encimando uma alta estaca em frente a Igreja do Carmo no Recife. Para servir de execração pública.

A escravidão nunca foi uma exclusividade da etnia negra. Ao longo da história temos: egíp-cios escravizando judeus; romanos escravizando gregos; mulçumanos escravizando cristãos; cristãos escravizando mulçumanos; negros islâmicos escra-vizando brancos; turcos escravizando brancos; por-tugueses escravizando índios; astecas escravizando não astecas; chineses escravizando chineses; rus-sos escravizando russos e até suíços escravizando suíços – Os “Verdingkinders” (em português: crian-ças sob contrato).

A prática da escravidão sempre foi endê-mica na África. O que levou o português aprovei-tando-se dessa característica trazê-la para o Brasil. Existem citações (Ronaldo Vainfas e Leandro Narlo-ch) dessa prática no próprio Quilombo dos Palma-res. Nele havia uma hierarquia entre os integrantes que dividia os negros em servos e reis, sistema que já era adotado na África pelo mesmo povo que o habitava.

O preconceito idiota sempre existiu e exis-te, não só em relação ao negro, como ao pobre, ao asiático e ao próprio negro em relação ao branco. Graças a alguns iluminados compositores cantamos através do cancioneiro loas às mulatas, aos negros e a sua cultura. - “Recife, cidade lendária de pretas

de engenho cheirando a banguê...”

Melchiades Montenegro

REDATOR : Melchiades Montenegro. E-mail: Melchiades [email protected] Fone: (81) 986960041

ANO: 02 Outubro/2018 Nº 29

Nasceu em Pau d’Arco, muni-cípio do Espírito Santo, Paraí-ba, a 20 de abril de 1884, e faleceu em Leopoldina, Minas Gerais, no dia 12 de Novem-bro de 1914. Estudou no liceu

Paraibano e divulgou muitos poemas na imprensa de João Pessoa. Veio fazer o Curso de Ciência Ju-rídica na Faculdade de Direito do Recife. Professor de Literatura e poeta de mérito publicou um livro único, o “EU”, no sul do país, ao qual se seguiram edições póstumas, já em 30ª edição, sob o título “EU e Outras Poesias”.

AS CISMAS DO DESTINO (Fragmento)

Recife, Ponte Buarque de Macedo. Eu, indo de encontro à casa do Agra, Assombrado com a minha sombra magra, Pensava no destino e tinha medo! Na austera abóbada alta o fósforo alvo Das estrelas Luzia... O calçamento Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento, Copiava a polidez de um crânio calvo. Lembro-me bem. A ponte era comprida, E a minha sombra enorme enchia a ponte, Como uma pele de rinoceronte Estendida por toda a minha vida! A noite fecundava o ovo dos vícios Animais. Do carvão da treva imensa Caía um ar danado de doença Sobre a cara geral dos edifícios!

Fonte: Origem: Livro - Recife: Crônicas, poesias e contos. Autores: Carlos Bezerra Cavalcanti e Liberato da Costa Júnior.

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos

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Bonito texto de autor desconhecido. Vale a pena ler.

Aluvião *Telma Brilhante

Percorremos juntos Tensos fios no céu Cidades acorrentadas Vias atapetadas de sóis Horizontes na cerração Agonias e tristezas Alegrias divididas Colheita nas messes Palavras maturadas Silente angústia Dor se avizinhando Pressentindo a partida. *Telma Brilhante é escritora, romancista, contista, crônista e poeta. Membro da Academia Recifense de Letras, Academia Letras e Artes do Nordeste e sócia da UBE

Foi no Diário de Pernambuco, onde

tudo começou há 22 anos. *Ariadne Quintella

A jornalista Maluma Marques nasceu em Santa Maria do Cambucá, em Pernambuco, onde passou a infância, depois levada, por seu pai, comerciante do ramo de produtos farma-cêuticos, juntamente com a família, para Suru-bim, onde vive até hoje. Desde criança, ela ma-nifestou interesse pela leitura, gostava de ma-nusear o suplemento infantil Tia Lola, do Di-ário de Pernambuco e assim começou a tomar gosto pelo que fazia. Hoje, seu jornal Terra da Gente tem mais de vinte anos, fruto daquela atividade encantadora. Segundo ela, é prazeroso falar sobre o “Terra da Gente”, conhecido pelos seus leitores como o “jornal de Maluma”, tratamento que a deixa feliz. “Nosso jornal tem 22 anos, o que representa um bom tempo para um veículo do interior”, diz. Assinala a jornalista que quando chega aos eventos ela mesma fotografa e as pessoas dizem carinhosamente vai sair no jornal de Maluma.“Essa interação ajuda e incentiva o trabalho que faço”, comenta. Uma revelação importante feita por ela: 38 cidades são cobertas pelo “Terra da Gente” e o jornal é distribuído gratuitamente. Apesar do contato diário com as pessoas, o que amplia a sua lista de boas amizades, a jornalista confir-ma que nem tudo são flores – embora esse relacionamento permanente lhe dê excelentes oportunidades de bons contatos e de intercâm-bio de experiências, renovando-lhe as ideias, como aconteceu recentemente ao criar a Anto-logia Perfis de Vencedores, que já vai à quinta edição. *Ariadne Quintela é jornalista, escritora, cronista e Romancista. Membro da Academia Recifense de Letras e Sócia da UBE.

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A Associação Comercial de Per-

nambuco. A Associação Comercial de Pernambuco

surgiu por iniciativa e esforço do comendador José Ramos de Oliveira, seu pioneiro presidente, sendo instalada solenemente em primeiro de a-gosto de 1839, num edifício localizado no antigo Largo do Corpo Santo. Em 1865, a entidade foi transferida para um prédio próprio que desapareceu com a cons-trução de um outro que, por sua vez, também foi demolido para atender ao novo plano de urbani-zação do bairro, ocasião em que foi substituído pelo atual, inaugurado em 16 de dezembro de 1915. Segundo Sebastião de Vasconcelos Galvão, no seu Diccionario Chorographico, o edifício da Associação Comercial de Pernambuco "...está si-tuado na Praça Barão do Rio Branco, entre os do London e River Plate Bank. (1917). São três os seus pavimentos. O primeiro, eleva-se ao nível da soleira, a uma altura de 1,90m. É todo ladrilhado d

de cerâmica americana, que é quase uma porce-lana muito fina e de gosto apurado e esquisito.

As fundações são em alvenaria de pedra e o embasamento em cantaria da Noruega e em alvenaria revestida de cimento lafarge, vulgar-mente conhecido como cimento branco. A parte externa é trabalhada de alvenaria recortada com relevos que lhe dão um aspecto sóbrio e ao mesmo tempo distinto. A fachada mais impor-tante é a que dá para o mar. No alto do frontão destaca-se um grupo de estátuas esculpidas em cimento, simbolizando o comércio, a agricultura e a indústria. Cada uma mede treze metros. A do comércio sustenta na mão direita um caduceu e fixa-se na atitude de quem marcha. É esbelta e dominadora. À entrada dessa fachada fica no vestíbulo, com uma escadaria de mármore bran-co, o qual foi até vencer-se a altura do embasa-mento. Daí para cima continua uma elegante escada de ferro, até o 3º andar, com degraus e corrimões de carvalho. No alto da escadaria de mármore, de cada lado, há uma figura alegórica, empunhando um alamparado de luz elétrica. À esquerda do vestíbulo nota-se o espaço destina-do ao elevador. Não é só essa a única escada nem o único ascessor para se subir ao pavimento superior do edifício. Como no palacete há quatro fachadas, cada uma tem a sua escadaria e seu vestíbulo. O pavimento nobre fica situado no 1º andar. Tanto o assoalho desse como do 2º andar são de acapu amarelo. Todo o 1º andar foi estu-cado, paredes e teto, pelo decorador Paschoal Florentino. O teto é de cimento armado, assentado em colunas de ferro. O hall central forma duais galerias e vai desde o embasamento até o teto, rematado por uma claraboia, circundada de ci-mento armado, com estuque e no centro feita de vitrais em cores rosáceas guarnecem, igualmen-te, os quatro cantos abertos no hall. Essas peças de vidro colorido, que custaram na Inglaterra 10 contos de rés, trazem desenhos adequados à significação do edifício: o café, a cana, o cacau, o algodão, ao fumo.

Carlos Bezerra Cavalcanti

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F I M

Recife é possui um dos mais valiosos conjun-

tos arquitetônicos barrocos do Brasil. Entre eles

destacam-se, os monumentos católicos, a seguir:

1. Basílica do Carmo (Acervo do IBGE)

Fonte: http://revista.algomais.com

2. Matriz de Santo Antônio (Acervo do IBGE)

Fonte: http://revista.algomais.com

3. Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Wi-kipédia).

Fonte: Fonte: http://revista.algomais.com

4. Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares (Acervo da Fundaj)

Fonte: http://revista.algomais.com