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conhecido nacional e internacionalmente, pela incansável luta de sua filha Mãe Jaciara e muitos aliados, a exemplo de Samuel Kobia - Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas, em visita ao Brasil. Mobilizações que trouxeram à tona o livro “Candomblé – diálogos fraternos contra a intolerância religiosa”. KOINONIA tem compromisso com as lutas por políticas afirmativas dos direitos humanos e da democracia. Por isso se soma a quem reafirme o Artigo 6 o da Constituição Federal de 1988, e faz de todos os seus meios esforços para atingir esse fim. O ano de 2004 termina com avanços: os Terreiros de Candomblé têm estimulado iniciativas e liderado ações em favor da afirmação de seus direitos, e KOINONIA tem sido cada vez mais parceira nesses movimentos. São conhecidos em Salvador (e em muitas partes do Brasil) os compromissos de KOINONIA com a diversidade religiosa do candomblé realizados no Programa Egbé - Territórios Negros (ver quadro pág. 2). Desde 1996, nas reuniões com os Terreiros atendidos pelo Programa, levantamos a questão das tensões e agressões no campo religioso brasileiro, movendo ação com outros atores da sociedade contra o escândalo de preconceito, racismo e intolerância religiosa do Museu Estácio de Lima. Mesmo compromisso que nos levou desde a primeira hora, a fazermos a defesa jurídica do caso de Mãe Gilda (finada) do Terreiro Abassá de Ogum, hoje Reconhecida Imunidade do IPTU ao Ilê Axé Taoyá Loni pág. 3 Destaque: Como Elaborar um Estatuto pág. 8 a 10 Um Terreiro, uma História: Ilê Axé Jfocan pág. 5 Editorial: Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais–Ambientais Fala Egbé Fala Egbé Informativo nº 05 ano II novembro de 2004 *Publicação de KOINONIA não estamos sós, mas revigorados por um movimento que cresce em diferentes setores de governo e na Sociedade Civil – que crescerá mais na proporção em que for de todos e todas. Temos notícias do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Brasília, de Belo Horizonte, de Recife e de Porto Alegre rumo ao Fórum Social 2005, onde será abordado o tema da intolerância religiosa no Brasil, que atinge mais gravemente aos afro- brasileiros. Oxalá haja outras iniciativas mais! No espírito de somar forças, este informativo registra ações de que KOINONIA foi parceira: na afirmação da fraternidade contra a intolerância religiosa, no campo da saúde e da reivindicação de direitos territoriais. Nessa mesma linha e para fortalecer as comunidades em suas aspirações, este Fala Egbé sugestões do tipo “cartilha”, passo a passo, sobre a elaboração de estatuto de associações civis de terreiros. Divulgamos, com esse, dois instrumentos de trabalho, considerado o modelo de estatuto divulgado no Fala Egbé anterior. A vida e as lutas continuam, sigamos rumo a 2005 e a um mundo de Direitos, Justiça e Paz! A essas lembranças se somam diferentes iniciativas contra a intolerância religiosa hoje presentes na sociedade brasileira. Foi neste ano que se decretou em Salvador o “dia contra a intolerância religiosa”, 21 de janeiro, mesmo dia do falecimento de Mãe Gilda... Ano também eleitoral, em que eventuais defensores da intolerância foram isolados, envergonhados de afirmá-la publicamente... Agora, como antes Evento Tanuri Junsara Diálogo CMI - Samuel Kobia Feira de Saúde Casa Branca

Editorial: Direitos Humanos Econômicos, Sociais e ... · à tona o livro “Candomblé ... KOINONIA tem compromisso com as lutas por políticas afirmativas dos direitos humanos e

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conhecido nacional einternacionalmente, pela incansávelluta de sua filha Mãe Jaciara e muitosaliados, a exemplo de Samuel Kobia- Secretário Geral do ConselhoMundial de Igrejas, em visita aoBrasil. Mobilizações que trouxeramà tona o livro “Candomblé – diálogosfraternos contra a intolerânciareligiosa”.

KOINONIA tem compromissocom as lutas por políticas afirmativasdos direitos humanos e dademocracia. Por isso se soma a quemreafirme o Artigo 6o da ConstituiçãoFederal de 1988, e faz de todos osseus meios esforços para atingir essefim. O ano de 2004 termina comavanços: os Terreiros de Candomblétêm estimulado iniciativase liderado ações em favorda afirmação de seusdireitos, e KOINONIAtem sido cada vez maisparceira nessesmovimentos.

São conhecidos emSalvador (e em muitaspartes do Brasil) os compromissos deKOINONIA com a diversidadereligiosa do candomblé realizados noPrograma Egbé - Territórios

Negros (ver quadro pág. 2). Desde1996, nas reuniões com os Terreirosatendidos pelo Programa,

levantamos a questão das tensões eagressões no campo religiosobrasileiro, movendo ação com outrosatores da sociedade contra oescândalo de preconceito, racismo eintolerância religiosa do MuseuEstácio de Lima. Mesmocompromisso que nos levou desde aprimeira hora, a fazermos a defesajurídica do caso de Mãe Gilda (finada)do Terreiro Abassá de Ogum, hoje

Reconhecida Imunidade do

IPTU ao Ilê Axé Taoyá Loni

pág. 3

Destaque:

Como Elaborar um Estatuto

pág. 8 a 10

Um Terreiro, uma História:

Ilê Axé Jfocan

pág. 5

Editorial: Direitos Humanos Econômicos,

Sociais e Culturais–Ambientais

Fala EgbéFala EgbéInformativo nº 05 ano II novembro de 2004 *Publicação de KOINONIA

não estamos sós, mas revigorados porum movimento que cresce emdiferentes setores de governo e naSociedade Civil – que crescerá maisna proporção em que for de todos etodas. Temos notícias do Rio deJaneiro, de São Paulo, de Brasília, deBelo Horizonte, de Recife e de PortoAlegre rumo ao Fórum Social 2005,onde será abordado o tema da

intolerância religiosa noBrasil, que atinge maisgravemente aos afro-brasileiros. Oxalá hajaoutras iniciativas mais!

No espírito de somarforças, este informativoregistra ações de que

KOINONIA foi parceira: naafirmação da fraternidade contra aintolerância religiosa, no campo dasaúde e da reivindicação de direitosterritoriais.

Nessa mesma linha e parafortalecer as comunidades em suasaspirações, este Fala Egbé dásugestões do tipo “cartilha”, passo apasso, sobre a elaboração de estatutode associações civis de terreiros.Divulgamos, com esse, doisinstrumentos de trabalho,considerado o modelo de estatutodivulgado no Fala Egbé anterior.

A vida e as lutas continuam,sigamos rumo a 2005 e a um mundode Direitos, Justiça e Paz!

A essas lembranças se somamdiferentes iniciativas contra aintolerância religiosa hoje presentesna sociedade brasileira. Foi neste anoque se decretou em Salvador o “diacontra a intolerância religiosa”, 21 dejaneiro, mesmo dia do falecimento deMãe Gilda... Ano também eleitoral,em que eventuais defensores daintolerância foram isolados,envergonhados de afirmá-lapublicamente... Agora, como antes

Evento Tanuri Junsara

Diálogo CMI - Samuel Kobia

Feira de Saúde Casa Branca

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2 Cotidiano

Para sua melhor compreensão das atividades desenvolvidas pelo Programa Egbé – Territórios Negros, confira abaixo o quadro com as principais necessidades identificadas nas comunidades de candomblé em

Salvador e os caminhos percorridos na tentativa de apoio à superação:

Necessidades dos Terreiros Caminhos

Formação de sociedade civil Garantia de posse e

propriedade de terra Registro no CNPJ

Elaboração de laudos antropológicos

Elaboração de laudos etnoecológicos Reconhecimento de direitos públicos

Processos de imunidade de IPTU

Elaboração de levantamentos planialtimétricos

Elaboração de projetos paisagísticos Garantia Territorial e

melhoria ambiental Processos de Usucapião

Ações contra o preconceito e a intolerância religiosa Superação do preconceito

e da intolerância religiosa Realização de reflexões e encontros de diálogos que auxiliem as ações contra o preconceito (temas)

Trabalho voluntário

Projetos sociais e econômicos Oficinas: reciclagem de papel; bordado; saúde da mulher; direitos de comunidades.

Ações do ProgramaAções do Programa

Em comemoração aos seus 10

anos KOINONIA realizou de 15 a

17 de outubro de 2004, em Itatiaia,

RJ, a Jornada Ecumênica Regional -

JORNADA ECUMÊNICA REGIONAL - SUDESTE

Ecumenismo, Justiça e Paz

Sudeste, para 80 participantes,

entre sócios, parceiros e

convidados.

Com o tema

Ecumenismo,

Justiça e Paz, a

Jornada buscou

atender aos laços

de compromisso

estabelecidos por

todos os

participantes da última

Jornada Ecumênica

(2002). Teve ênfase o

tema da intolerância

religiosa, com a presença de

representantes do Candomblé de

Salvador e a apresentação do vídeo

“Intolerância Religiosa – A Ameaça

à Paz”.

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3Cotidiano

PROCESSOS

JURIDICO -

ADMINISTRATIVOS

Finalmente! Depois de muitas idase vindas, a Secretaria da Fazenda doMunicípio de Camaçari-BAreconheceu a imunidade do ImpostoPredial e Territorial Urbano - IPTUao terreiro Ilê Axé Oyá Taoyá

L’oni. Além concessão da imunidadedo IPTU retroativa, o terreiroconseguiu também a isenção da Taxade Licença de Localização, sendoexpedido o Alvará de Licençadefinitivo.

débitos anteriores; depois, solicitoualguns documentos, dentre eles ainscrição no cadastro municipal depessoas jurídicas e alvará defuncionamento. Uma parte dadocumentação foi entregue e a outra,por orientação dos advogados, nãofoi providenciada porque a requisiçãofoi considerada indevida.

Agora, com a oficialização do ato,mais um município abre precedentepara outros terreiros com a mesmalocalização.

Para os demais processosjurídicos-administrativos noticiadosno Fala Egbé 04, não houvequaisquer alterações provenientes doFórum ou da Secretaria Municipal daFazenda.

ASSOCIAÇÃO CIVIL

Para o período compreendidoentre setembro e novembro de 2004,apenas dois terreiros solicitaramapoio para formação de associaçãocivil: Oxossi Mutalambô e o Ilê AxéOmim Dewá. Também foram duasas solicitações referentes à alteraçãoestatutária: Ilê Axé Olo Omin e oTerreiro Manso DandalunguaCocoazenza. Este último necessitavaalteração para adequação àsexigências impostas pela AssembléiaLegislativa para o reconhecimento daassociação como de utilidade públicaestadual.

Estão em andamento a formaçãodas associações civis do Terreiro SãoRoque, Tanuri Junsara, Ilê Axé OyóBomin, Ilê Axé Jagun, Ilê Axé KayóAlaketu e o Vodun Zô

CNPJ

Foram registrados nesse períodono Cadastro Nacional das PessoasJurídicas as associações civis dosterreiros Ilê Axé Jualê e Ilê Axé ObáTadê Patiti Obá.

A conquista desse direito foiselada no dia 18 de outubro pelaPrefeitura de Camaçari e publicadano Diário Oficial do Município nº 69de 21 a 26/10/2004.

É bom lembrar que oprocedimento adotado em Camaçarié diferente do realizado pelaPrefeitura de Salvador – embora asdificuldades impostas por ambas asPrefeituras sejam semelhantes. Paraconseguir a imunidade, o Ilê Axé OyáTaoyá L’oni teve que cumprir umasérie de exigências: inicialmente, aPrefeitura dificultou o recebimentodo pedido alegando existência de

Resolução do reconhecimento da Imunidade do IPTU do Ilê Axé Oyá Taoyá Loni

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4 Cotidiano

� Kunderenê - Associação Tanuri

Junsara, em parceria com Koinonia etodas as Nações dos Terreiros deCandomblé da Bahia promoveram oencontro “Compreensão e estratégiascontra a Intolerância Religiosa”,aberto ao público, para discutir o

tema daintolerânciar e l i g i o s a .Esta ques-tão vemsendo dis-cutida comb a s t a n t evigor naB a h i a( e s t a d ocom o maiorpercentualde popu-lação negrado país)

pelos adeptos do Candomblé, comoforma de buscar uma união fraternaentre suas Nações e estabelecerdiálogo, compreensão e convivênciaharmônica entre todas as religiões.

Os palestrantes convidados para oEncontro foram Samuel Vida(coordenador do Afro Gabinete Jurídico- AGANJU), Taata Konmannanjy

(presidente da ACBANTU -Associação Cultural de Preservação doPatrimônio Bantu), Hamilton Borges(ator e militante do Movimento Negro),e como falicitadores dos debates:Valdina Pinto (Makota do Terreiro Tanuri

Junsara), Jaime Sodré (Professor da

Oficinas, Seminários e Parcerias

Faculdade de Filosofia e CiênciasHumanas da UFBA) e Landê Onawalê

(Tata do Terreiro Tanuri Junsara), comomestre de cerimônias o escritor JoséCarlos Limeira. O evento aconteceu nodia 6 de novembro, das 14h às 18h, noTerreiro Tanuri Junsara.

� A Coordenadoria Ecumênica deServiço – CESE, o ConselhoEcumênico Baiano de Igrejas Cristãs –CEBIC e KOINONIA PresençaEcumênica e Serviço realizaram umaReunião sobre Diálogo Inter-religioso,com a presença do Secretário Geral doConselho Mundial de Igreja – CMI, oreverendo metodista Samuel Kobia,primeiro africano a ocupar o mais altocargo executivo do organismoecumênico sediado em Genebra, Suíça.

O encontro aconteceu no dia 07 denovembro, no Tropical Hotel da Bahiae contou com a representação devários Terreiros de Candomblé eorganizações do movimento popular deSalvador. O grupo teve a oportunidadede dialogar sobre a situação deintolerância religiosa no Brasil eespecificamente na Bahia, ficando claroo apoio do Conselho Mundial de Igrejasao diálogo inter-religioso.

� Dentro da proposta decapacitação de pessoal para ocombate e prevenção às DST/HIV/AIDS, o Centro de Referência emAIDS – BA - CREAIDS promoveuuma atividade de capacitação dirigidaa Líderes Religiosos e Espirituais, nosdias 21 e 22 de outubro, no MarazulHotel.

O encontro teve como objetivocentral fornecer subsídios teóricos e

conceituais para que os lideresespirituais possam contribuir para odesenvolvimento de açõespreventivas e de assistência às DST/HIV/AIDS, dentro de suascongregações/comunidades.

KOINONIA foi convidada aparticipar do evento dandocontinuidade à proposta de parceriana área de saúde junto aoCREAIDS, possibilitando ummelhor intercâmbio com estainstituição, a nível local, paraorientação do grupo de terreiroscom que trabalhamos.

Foi a primeira experiência doCREAIDS com liderançasreligiosas, e já contou com apresença de representantes de umagrande diversidade de instituiçõesreligiosas de Salvador. Entre estes,católicos, candomblecistas, HariKhrisnas, espíritas, batistas,islâmicos entre outros.

� O Ilê Axé Iyá Nassô Oká –Terreiro da Casa Branca e o GrupoHermes de Cultura e PromoçãoSocial, realizaram, com o apoio deKOINONIA, a II Feira de Saúdeda Casa Branca, no dia 6 denovembro de 2004, na Praça deOxum do Ilê Axé Iyá Nassô Oká.

O evento contou com aparticipação de religiosos,pesquisadores, estudantes e demaisinteressados em discutir a saúde dapopulação negra e contribuir para aluta contra a desigualdade em saúde.

Foto: Regina Martinelli

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Foto: Arquivo Tanuri Junsara

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5Um Terreiro,uma História

Nasceu Floriano Souza, no dia 01 de maio de 1929, na cidade de Valença-

BA, de onde saiu no início da adolescência para trabalhar no comércio de

Salvador - nessa época já incorporava o Caboclo Serra Negra. Foi iniciado

em 1944, pelo Sr. Américo, filho de Miguel Grosso (Dewandá), que por sua

vez era filho de Joãozinho da Goméia.

Aos 17 anos já fazia reuniões decaboclo no bairro do Bonfim;depois mudou para o bairroMachado, sob a orientaçãoespiritual de Serra Negra. Deram-lhe o codinome Sinhozinho pela suasobriedade e altivez, demonstravadesde infância pela forma que jálidava com as coisas do sagrado edo segredo, apesar de tão jovemainda. E aos poucos sua casa foienchendo, fazendo de Sinhozinhoum líder espiritual de senhores esenhoras bem mais velhos que ele,que apesar da diferença de idadechamavam-no de Pai.

Com o falecimento de seuAmérico, Sinhozinho passou a darobrigação Talajenan,seu irmão deaxé, e também mais velho no axé.Nesse período já com casa aberta

Assim nasceu o Ilê Axé Jfocan

na rua Ponte de Santo Antônio, nº57, no bairro do Uruguai.

Com o passamento de Talajenane com o crescimento da casa,cresceram também as necessidadesespirituais tanto do zelador comodos seus filhos, o que levouSinhozinho, em 1950, a fazerobrigação com dona Damiana(dona Bainha do Engenho. Velho deBrotas), filha de seu Antonio deOxumaré. Alguns anos depois, em1958, foi fundado o candombléconsagrado a Omolú denominadoIlê Axé Jagun Jfokan, na mesma casada rua Ponte de Santo Antônioonde durante 22 anos Sinhozinhoiniciou dezenas de filhos e filhas desanto, ogans e ekedes.

A casa tornou-se pequena e em1980 o candomblé foi transferido

Origem do nome da rua

A Rua Ponte de Santo Antônio recebeu esse nome porque para chegar até a

residência onde funcionavam todas as atividades do sincretismo religioso de Sinhozinho

todos tinham que atravessar o canal por uma ponte feita com esteios e madeiras

velhas. O canal existia na época por causa da maré. Nos eventos da casa, as pessoas

convidadas sempre passaram por essa ponte, cheios de fé, sorridentes e confiantes na

magia que o Babalorixá transmitia para todos.

para uma chácara no bairro do RioSena, 836, no subúrbio ferroviário,por oferecer melhoresacomodações e por existir árvoresque propiciavam as práticasritualísticas.

Sinhozinho fez escola, poismuitos dos filhos dele hoje sãoBabalorixás e Ialorixás. Também noRio Sena outras dezenas de filhos efilhas de santo nasceram para ocandomblé pelas suas mãos. Pormais de 53 anos sinhozinho honrouo candomblé da Bahia com suaprática sacerdotal e vida pessoalilibada, com sua dedicação aosorixás, com seu cuidado à saúdeespiritual dos seus filhos, deixandoquase duas centenas de órfãos em17/09/2003.

Carlos Bomfim Ferreira

* Carlos Bomfim Ferreira é Ogã do terreiro Ilê Axé Jfocan e presidente da Associação Beneficente Cultural e Religiosa São Lázaro

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6

Localização dos Terreiros Atendidos pelRA I Centro

Ilê Erinlé Axé Odé Ifeolá

RA II Itapagipe

Ilê Axé Airá OmimIlê Axé Ogum Ladê Iyá OmimTerreiro de Oxum do Caminho de Areia

RA III São Caetano

Ilê Axé Obá Inan

RA IV Liberdade

Terreiro do VodunzôTerreiro Kanzo Mucambo

RA V Brotas

ACBANTU-Unzo Katende DandalundaAxé Abassá de AmazeCentro Matamba de OnatoIlê Axé EwéIlê Axé JualêIlê Axé Oluwayê Dey’IIlê Axé Omin LonanIlê Axé Oyá TunjáNzó Mdemboa - KenãTerreiro do BogumTerreiro Oxossi CaçadorTerreiro Unzó Awziidi JunçaraTuumba JunçaraTuumbalagi Junçara

RA VI Barra

Sem registro de terreiros atendidos pelo Programa EGBÉ

RA VII Rio Vermelho

Ilê Axé Aché Ibá OgumIlê Axé Iyá Nassô OkáIlê Axé Obá NirêIlê Axé Obá Tadê Patiti ObáIlê Axé Omin DeuáIlê Axé Oyó BomimIlê Obá do CobreIlê OxumaréObá TonyTanuri Junsara

RA VIIIPituba

Sem registro de terreiros atendidos pelo Programa EGBÉ

RA IX Boca do Rio

Sem registro de terreiros atendidos pelo Programa EGBÉ

RA X Itapuã

Axé Abassá de OgumAxé Tony SholayóIlê Axé Osun InkáTerreiro Caboclo ItapuãTerreiro de Oxum da Lagoa do Abaeté

RA IV

RA VIII

RA XI

RA XVI

RA XV

RA III

RA XII

RA II

RA VI

RA I

RA V

RA VII

RA XI Cabula

Ilê Axé Opô AfonjáIlê Axé Oyá DejiTerreiro Sultão das MatasViva Deus Filho

RA XII Tancredo Neves

Ilê Axé Jagun BominIlê Axé Obá FangyIlê Axé Omin AlaxéIlê Axé Omin TogunIlê Axé Pondamim BominfáTerreiro de BoiadeiroTerreiro do Bate-FolhaTerreiro OlufonjáTerreiro São Roque

Baía

de T

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Sant

os

Cotidiano

RA - Região Administrativa

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7

lo Programa EGBÉ / Territórios Negros RA XVI Subúrbios Ferroviários

Axé Onzó de AngorôGidenirêGrupo das Sacerdotisas e Sacerdotes do AxéIlâ Axé LoyiaIlê Asé Ogum AlakaiyêIlê Axé AnandeuiyIlê Axé Flor da MirtáliaIlê Axé JagunIlê Axé JfokanIlê Axé JitolúIlê Axé Kalé BokumIlê Axé Obá OmoIlê Axé Omi EuáIlê Axé Omin LoyáIlê Olorum Axé GiocanLuandan JuciaTerreiro Mucundeuá

RA XVII Ilhas

Sem registro de terreiros atendidos pelo Programa EGBÉ

Região Metropolitana de Salvador

Ilê Asé Maa Asé Ni OdéIlê Axé Gum Tacum WseréIlê Axé JesideaIlê Axé Omim LessyIle Axé Ondô NirêIlê Axé Opô Olú-Odé AlayedaáIlê Axé Taoyá LoniTerreiro Angurusena Bya NzambiTerreiro de JauáTerreiro Filhos de OgunjáTerreiro São BentoTuumbaengongonsara

Outras Cidades

Centro de Candomblé Santa Bárbara ItabunaIlê Axé Kayó Alaketu CachoeiraIlê Axé Obá Nijó Omim MuritibaTerreiro Afoxé dos Orixás Rio de ContasTerreiro de Ilhéus IlhéusTerreiro de Praia do Forte Mata de São JoãoTerreiro de São Sebastião São Sebastião

Terreiros sem localização registrada no Programa

EGBÉ

Centro do Caboclo Oxossi TalamiIlê Odé Omim LoséIlê Axé Odé ToláIlê Axé Odô BiticôIlê Axé Oiá IgebeTerreiro Omim OiáTerreiro Oxossi MutalamôUnzó Katendê Ye DandalundaUnzó Kwa Mpaamzo

RA XIV

RA IX

V

RA XIII

XII

RA X

Terreiro Sete FlechasTerreiro Tumbenci

RA XIII Pau da Lima

Funzó Iemim

RA XIV Cajazeiras

Ilê Axé AiráIlê Axé Omim J´ObáIlê Axé Omin NitaIlê Axé OnijáTerreiro Manso Dandalungua CocoazenzaTerreiro Vintém de Prata

RA XV Valéria

Ilê Axé Omim FunkóIlê Axé Olo Omin

Orla

Mar

ítim

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Salva

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Mapa de Salvador

N

Cotidiano

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8 Destaque

Como Elaborar um Estatuto

Passo a Passo

O que é uma Associação

Civil?

As “Casas de Candomblé” têmatividades religiosas que estão sob aresponsabilidade dos seus sacerdotesou sacerdotisas, que são as autoridadesmaiores em tudo o que se deve praticarcom relação à religião.

Porém, para defender e reclamaros direitos de suas comunidades,receber auxílios, ter privilégios dalei, precisam ter um registro emcartório.

Segundo a lei, esse registrochama o Terreiro ou Casa de“Associação Civil”.

A “Carteira de Identidade”

do Terreiro

Esse registro em cartório segueas leis do Brasil.

Fazer esse registro é como tiraruma carteira de identidade da Casaou Terreiro.

Por exemplo: uma pessoa temque ter documentos para existirdiante das leis.

É certidão de nascimento, écarteira de identidade, é CPF, é umasérie de documentos para umapessoa só.

Para o Terreiro não é diferente.A Casa que faz seu registro temidentidade pela lei.

Antes da “Carteira deIdentidade” vem a “Certidão deNascimento”

Seguindo as exigências da lei, aspessoas antes de terem carteira deidentidade têm que ter certidão denascimento. No caso dos Terreirostambém.

A “Certidão de Nascimento” doTerreiro é o seu Estatuto.

Até aqui vimos que uma Casa de Candomblé, para ser

reconhecida pelas leis do Brasil precisa ter um registro

no cartório. Esse registro, pela lei, chama as

comunidades registradas de “Associação Civil”. Para

começar, antes de ir ao cartório registrar-se como

“Associação Civil”, a Casa tem que ter um Estatuto.

O que é um Estatuto?

Comparando de novo com as pessoas e a “certidão de nascimento”.

Uma pessoa tem na sua “certidão” principalmente: o nome, o pai, a mãe,o avô, a avó, o dia que nasceu, o endereço onde nasceu.

Um Estatuto para registro de uma Associação Civil diz coisas parecidas eoutras mais.

Por exemplo: não é preciso escrever na certidão de nascimento porqueuma pessoa nasceu. Já no Estatuto precisa dizer porque. Por isso é melhorver parte por parte de um Estatuto.

Ainda um passo antes: a Assembléia de Fundação.

Já que vai nascer a “Associação Civil” é preciso reunir os “pais” da “criança”para preencher o documento de “certidão de nascimento”, o Estatuto.Reunidas as pessoas da Casa que vão criar o Estatuto, elas formam umaAssembléia, que se chama Assembléia de Fundação.

Como é um Estatuto, o que deve ter num Estatuto?

Os itens que devem ser preenchidos para ter um Estatuto, como se disse,são parecidos com a “certidão de nascimento”. Vejamos.

1. O nome da Associação

- A “Associação Civil” precisa ter um nome, que pode ser escolhido àvontade pela comunidade do Terreiro.

2. O dia de fundação

- É o dia que se reuniram em Assembléia para preencher os itens para oEstatuto, o “dia do nascimento” da “Associação Civil”.

ATENÇÃO: ESSE DIA NÃO É O DIA DE NASCIMENTO DOTERREIRO, É SÓ O DIA DO NASCIMENTO DA “ASSOCIAÇÃOCIVIL”!!!!!

3. O endereço

- Onde é o endereço da Casa, com rua, número, CEP, cidade, estado.

4. Os objetivos

- É preciso dizer o objetivo que se tem ao registrar a “Associação Civil”.

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9Destaque

Por exemplo: defender os interesses da Casa; zelarpela casa; promover a educação; cuidar do patrimônio;cuidar dos mais velhos...

- Há uma coisa que é fundamental: a Associação

não pode ter fins lucrativos. Não pode ter comoobjetivo dar lucro a nenhuma pessoa ligada a ela. Todoo dinheiro ou doações que conseguir devem ser usadospara executar sua finalidade social. E isso vai escritono Estatuto.

5. As regras de direção da “Associação Civil”

- São uma série de itens que devem ser preenchidos,de acordo com a lei e com o que for combinado pelaCasa, para ficar bem claro quem manda e como mandaou não na “Associação Civil”, e quem pode e quem nãopode falar em nome dela.

OS ITENS 6 e 7 QUE SEGUEM SÃO OS QUE

PREENCHEM AS REGRAS DE DIREÇÃO DA

“ASSOCIAÇÃO CIVIL”

6. A Assembléia (composição, mandato,

periodicidade de reuniões, tipos)

A “Associação Civil” de um Terreiro nasce e tem asua certidão de nascimento que é o Estatuto. Como numcorpo a cabeça é que manda, a Assembléia é a cabeçade uma “Associação Civil”. Quando a Assembléiafunciona, ela decide tudo e qualquer coisa de uma“Associação Civil”. Se alguém perguntar quem mandamais em uma “Associação Civil” a resposta é certa: aAssembléia. Para que não haja dúvidas a lei exige quese escreva isso no Estatuto.

O que é a Assembléia?

É a reunião das pessoas que criaram a “AssociaçãoCivil” e daquelas que foram se juntando depois. É aAssembléia da “Associação Civil”.

Mas no caso de tomar uma decisão como é que aAssembléia faz? Ela precisa primeiro se reunir. É precisosaber quando. Depois de reunida é preciso saber quemvota em uma decisão. Para isso é necessário saber quemé que vai toda vez que a reunião da Assembléia éconvocada... São os associados.

Quem são os associados?

São as pessoas que foram sendo inscritas desde aprimeira reunião. O Estatuto tem que dizer quem são

os associados que decidem e quem só dá palpite. Temque dizer também como se inclui e como se tira umassociado da “Associação”.

Mas se só dois associados forem a uma

Assembléia o que eles decidirem está valendo?

Depende do que se escrever no Estatuto. Daí serimportante dizer com quantos associados presentes sefaz uma Assembléia. Isso é a gosto. Pode constar noEstatuto que a Assembléia se faz com os presentes,ou com 1/3 ou 2/3 ou metade dos associados da“Associação Civil”.

E como é que se sabe que vai ac

ontecer uma Assembléia?

Desde a primeira Assembléia, que se chamaAssembléia de Fundação, os associados devemcombinar quando será e como vão ser convocadas aspróximas. A lei diz que a Assembléia deve se reunirno mínimo uma vez por ano, e os associados reunidosna primeira Assembléia (ou seja, na Assembléia deFundação) combinam como será a convocação dasoutras: por carta, por anúncio nos classificados, ououtra forma.

A lei fala algumas coisas sobre as Assembléias queprecisam ser respeitadas. Infelizmente, não basta dizerque os associados vão se reunir dia tal em Assembléia.É preciso dizer para quê, com que objetivo.Dependendo do assunto a ser tratado a Assembléiapoderá ser Ordinária ou Extraordinária. A AssembléiaOrdinária é aquela que se faz sempre, trata dosassuntos de sempre, que dizem respeito aoacompanhamento do que está acontecendo: como vãoas contas, como vão as atividades e se deve havereleição ou não... Já a Extraordinária é extra, édiferente, vai tratar de um assunto especial, daquelesque não se trata sempre: como a venda de alguma coisada “Associação”, por exemplo.

Mas se uma Assembléia é a cabeça e só se

reúne uma vez por ano, como é que se tomam

decisões avalia e se encaminham as coisas entre

as reuniões da Assembléia?

A Assembléia deve combinar como fazer.Geralmente, ela escolhe um grupo de associados quevai tomar decisões e tocar as atividades da “AssociaçãoCivil” entre uma reunião e outra da Assembléia. Essegrupo de associados tem o nome de Diretoria.

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10 Destaque

LEMBRANDO:

- A Assembléia tem que se reunir no mínimo uma vezpor ano.

- A distância entre uma reunião e outra pode serdefinida pela comunidade, mas é preciso que esteja escritono Estatuto!

- O objetivo da Assembléia tem que ser claro.Dependendo do objetivo, será uma Assembléia Ordináriaou Extraordinária.

- Entre as Assembléias quem decide é a Diretoria.

7. A Diretoria (composição, mandato, tempo de

mandato)

O grupo de associados que representa a Associação,toma decisões e encaminha tudo o que acontece enquantoa Assembléia da Associação não se reúne é a Diretoria.

A Diretoria é escolhida (por meio de eleição) pelaspróprias pessoas da Casa, que se reuniram comoassociados da Associação Civil em Assembléia Ordinária.

Mas a Diretoria será sempre a mesma? Quanto tempoesse grupo de associados (gente da Casa) continua comoDiretoria? Depende do que se escrever no Estatuto. CadaEstatuto diz: pode ser um ano, dois anos, quantos anos forem.

Cada uma das pessoas da Diretoria deve serresponsável por assuntos diferentes para facilitar oacompanhamento das atividades. Isso é feito com cargosdiferentes; cada um tem uma função: Presidente e Vice-presidente; Secretário; Tesoureiro; Diretor de Patrimônioou Tesoureiro; e Conselho Fiscal [composto por umpequeno grupo de pessoas para analisar e aprovar todoano as contas da “Associação Civil”].

A Diretoria não é para sempre! Ela vai ter um tempodefinido pela própria Associação e pode durar 1, 2, 3 ouquantos anos se queira. Assim como ela foi eleita emAssembléia, a próxima Diretoria também deve ser. E aDiretoria também pode ser reeleita, caso a comunidade queira.

ATENÇÃO: O TEMPO DE DURAÇÃO DA

DIRETORIA E SE ELA PODE SER REELEITA TAMBÉM

PRECISAM ESTAR ESCRITOS NO ESTATUTO.

Mas alguém pode perguntar: tudo bem, fizemos a“Associação Civil”, mas como é que se garante que aMãe de Santo ou o Pai de Santo manda? Afinal a“Associação Civil” nada mais é que a “carteira deidentidade” do Terreiro.

Esse é um problema que deve ser resolvido logo. OEstatuto deve prever um cargo para ser ocupado na“Associação Civil” pelo dirigente máximo do Terreiro.

Em algumas Casas o que se quer é que o “Presidente”seja sempre a “Mãe ou o Pai de Santo” da Casa. Noentanto, como todos os cargos da Diretoria e ConselhoFiscal são obrigatoriamente preenchidos através deeleição, um cargo específico pode ser criado. Trata-se da(o) Suprema (o) Dirigente, que corresponde à (ao)Dirigente Máxima (o) da Casa e sempre referendará asdecisões da Diretoria.

8. As regras para acabar com a “Associação Civil”

Qualquer Associação que é criada pode acabar umdia. Mas, da mesma forma que se fez para criá-la, paradesativá-la também é necessário seguir alguns passos:

O Estatuto deve prever a forma de decisão para

o encerramento. Assim como outras decisõesimportantes esta deve constar no Estatuto. Deve-sedefinir conforme a lei, que a Assembléia que tratará desseassunto será Extraordinária e com quantos associados sedeve tomar a decisão. Esta Assembléia Extraordináriaprecisará:

- Garantir a vontade dos associados;

- Saber o que fazer com os bens que ela possa ter;

- Decidir como quitar as dívidas (se existirem);

- Principalmente, ter tudo registrado em uma ATA.

Agora, sabendo o que é uma associação e de posse domodelo básico de estatuto utilizado para a AssociaçãoCivil de Terreiros de Candomblé (publicado no Fala Egbé04), veremos como fazer para registrá-la.

O que é necessário?

1. Ajustar o estatuto à sua associação

2. Escolher a Diretoria

3. Realizar uma Assembléia de fundação daAssociação

4. Realizar a eleição e posse da diretoria.

5. As atas dessa Assembléia, juntamente com oestatuto aprovado, assinado por todos os fundadores (comtodas as folhas rubricadas) deverão ser encaminhados aum cartório para o registro.

Lembramos que:

a)Todos os integrantes da diretoria deverão ter a suaqualificação anexada ao estatuto. Os tópicos daqualificação são: Nome completo, endereço, número daCarteira de Identidade e CPF, estado civil e profissão,devidamente assinados.

b)Cada cartório solicita um prazo próprio para análisede estatuto e registro da associação. Em média pode levar20 (vinte) dias para a conclusão, que tem um custo médioatual para a Cidade de Salvador de R$ 40,00.

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11Avaliação eEncaminhamentos

Avaliação e Encaminhamentos

O último Encontro Trabalho eFraternidade, realizado no dia 28 deagosto, contou com a presença derepresentantes de 42 Terreiros deCandomblé. Foram feitos relatos dasações do Programa Egbé dentro daprogramação proposta para estesencontros. Teve destaque ainformação sobre a açãoindenizatória do Ilê Axé Abassá de

Ogum para qual os advogadosenfatizaram a importância dapresença de todos, preferencialmentevestidos a caráter, na data doresultado do julgamento do processo(ainda a ser divulgada), como formade exercer uma grande pressãopolítica da comunidade. Naoportunidade, foi sugerido tambémque a elaboração de um abaixo-assinado a ser passado entre ascomunidades de candomblé edirigido à instância de julgamento.Tais encaminhamentos, além deformas de pressão, fazem dosintegrantes das comunidades decandomblé agentes efetivos doprocesso contra a intolerânciareligiosa.

De acordo com resolução dogrupo presente em reuniõesanteriores os temas que auxiliam nodebate contra a Intolerância Religiosadeveriam ser retomados. “Porque énecessário o sacrifício?” foi o temaeleito para ser discutido nesseencontro. O debate marcou osegundo momento da reunião; apósanálise em pequenos grupos, osparticipantes discutiram em plenáriaos posicionamentos sobre o tema, apartir das seguintes perguntas:

1) O que é sacrifício para

você?

2) Sem falar como são feitas

as coisas, apenas reflita: aquilo

que fazem em sua Casa nos

rituais deve ser chamado de

sacrifício?

3) Dependendo do que você

respondeu na pergunta 2, diga o

que você acha da pergunta que

combinamos no encontro

passado: Por quê é necessário o

sacrifício?

Data: 28 de agosto de 2004

Local: Restaurante do Grande Hotel da Barra

-Oração Inicial - Mãe Marinalva

-Apresentações

-Relato de Atividades

-Discussão temática

-Tribuna Livre

-Oração Final – Tata Laércio

PRÓXIMA REUNIÃO:

27/11/2004

A discussão foi gravada para quetodas as posições sejamcontempladas em texto a serelaborado e submetido ao grupo, nopróximo encontro, para análise,correções e devidos acréscimos.

Fotos: Arquivo Koinonia

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KOINONIAPresença Ecumênica e ServiçoRua Santo Amaro, 129 Glória22211-230 Rio de Janeiro RJTelefone (21) 2224-6713Fax (21) [email protected]

PROGRAMA EGBÉ - TNLadeira dos Barris, 145 Barris40070-050 Salvador BATel.: (71)[email protected]

Este informativo é produzido pelo ProgramaEGBÉ - Territórios Negros de KOINONIAPresença Ecumênica e Serviço. Dirigido àscomunidades negras urbanas de candomblé ea redes de solidariedade civil e ecumênica

Editoria: Jussara Dias e Rafael Soares de OliveiraSecretário Executivo de Koinonia: RafaelSoares de OliveiraRedação de Atividades: Lucimar Novaes, ElgaLessa e Jussara DiasRevisão: Helena Costa e Manuela ViannaFotos da Capa: Critina Pechine (esquerdasuperior), Maia Neto (abaixo) e Arquivo TanuriJunsara (direita superior)Editoração Eletrônica e Impressão: Fast Design

Agenda/Informes

Instituições parceiras em

atividades neste período:

Lista dos terreiros presentes no último encontro

� Nos dias 4 e 5 de novembro, na cidadedo Rio de Janeiro, realizou-se a “ConferênciaEstadual da Hierarquia e Contemporaneidadedas Religiões de Matrizes Africanas”. O eventofoi uma promoção do “Movimento DiálogoInter-religioso pela Paz”, que é inspirado emmétodos de trabalho aprendidos no ProgramaEgbé - Territórios Negros, por líderes decandomblé de Salvador que migraramrecentemente para o Rio. Os registros dessaação e de outras do “Movimento” estão como 6Ogan Israel Evangelista do Ile Axé

Oxumaré.

� Os Programas de educação emcomunidades Brasil Alfabetizado e Aja Bahia,do governo federal e estadual, respectivamente,conseguiram inscrever 38 terreiros e em brevedeverão estar iniciando as atividades.

� Aconteceu, de 15 a 17 de agosto, o 1ºCongresso Municipal Cultura Afro-brasileirade Vitória da Conquista/BA com a participaçãode representantes de terreiros de Salvador. Naocasião foi exibido o vídeo “IntolerânciaReligiosa: A Ameaça à Paz” e lançado o livro“Candomblé – Diálogos Fraternos contra a

intolerância religiosa”. Ambos foram muitobem aceitos pela comunidade presente.

� Mais uma vez o vídeo: ele tem sidomuito importante no movimento contra aintolerância, sendo bastante divulgado eaplaudido em encontros com terreiros emSalvador e em vários municípios do Estado,como Feira de Santana e Terra Nova.

� A Macota Valdina, do Terreiro TanuriJunsara, foi homenageada em 31 de agosto,quando recebeu uma Comenda Maria Quitéria– Câmara dos Vereadores no auditório noPlenário Cosme de Farias.

� Oficializado o TombamentoEstadual do Terreiro Ilê Axé Oxumaré no dia05 de novembro.

� O Hospital Aristides Maltez pedesocorro! O Fórum Ecumênico de Saúdediagnosticou que o hospital precisa de ajudapara que a população de baixa renda, que nãotem nenhuma assistência médica, possa ter seutratamento garantido. Solicita-se a adesão devoluntários na campanha de doação mensalde no mínimo R$ 5,00 (cinco reais), na tentativade evitar o colapso do hospital.

� Alerta para o povo de candomblé:uma igreja publicou um livro que diz:“Caboclos Guias e Orixás - Deuses ouDemônios?” Isso necessita da atenção detodos dentro do movimento contra aintolerância!

� Tem acontecido casos de agressão aintegrantes do candomblé em missão –oportunidade na qual adeptos de candomblé detodas as nações têm uma obrigação que consistenuma peregrinação pelas ruas da cidade e emvisitas à terreiros, distribuindo pipocas em umtabuleiro, durante o mês de agosto. Foram trêsos casos registrados: (1) ocorrido nas imediaçõesda Praça da Piedade: uma evangélica ameaçoujogar a bíblia no rosto de um irmão de santo queestava com um tabuleiro dizendo “Sai, diabo!”.O público interveio e afastou a desordeira. (2)No dia 20 de agosto uma fiel da Igreja Deus éAmor puxou o tabuleiro dizendo para o diabosair e o jogou no chão. O público que presencioulevou o caso para a polícia e a imprensa,conseguindo dar queixa. (3) No Mercado Modelo,um dos barraqueiros saiu da barraca agredindo orapaz com o tabuleiro, o que resultou em políciaoutra vez.

Centro de Umbanda Aldeia do Caboclo Tupinambá

Centro do Caboclo Oxossi TalamiCentro do Caboclo Sultão das MatasIlê Ase JagunIlê Ase Odé TomingwáIlê Axé Abassá de OgumIlê Axé AyráIlê Axé Ayrá OuminIlê Axé EwêIlê Axé Ibá OgumIlê Axé Iyá Nassô OkáIlê Axé Iyá Omin LônanIlê Axé Jfokan

Ilê Axé Jualê OumiladêIlê Axé Kayó AlaketuIlê Axé Maa Ase Ni OdéIlê Axé Obá Nijó OminIlê Axé Obá TonyIlê Axé Omin (RJ)Ilê Axé Omin FunkóIlê Axé Omin J’ObáIlê Axé Omin OguntéIlê Axé OninjáIlê Axé OxumaréIlê Axé OyáIlê Axé Oyá TunjáIlê Axé Pondamin Bominfá

Ilê Axé Taoyá LoniIlê Obá FangyTerreiro de JauáTerreiro de Oxossi MutalambôTerreiro de Oxum (C. de Areia)Terreiro do Caboclo CatimboráTerreiro Kanzo MucamboTerreiro Manso Dandalungua CocoazenzaTerreiro MucundeuáTerreiro Mutamba de OnatoTerreiro Sete FlechasTerreiro Tuumba JunçaraTomoro de Orixá Nla

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